CAPÍTULO 2 A arte e o sagrado

Fotografia. Escultura de madeira representando seis mulheres de alturas e larguras diferentes com as mãos juntas à  frente do corpo e próximas ao queixo, como se estivessem em prece.
BEZERRA, José. Santas. cêrca de 2008. Esculturas em madeira.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “A arte e o sagrado”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Artes visuais; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  1. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
  2. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fóra dela no âmbito da Arte.
  1. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
  2. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Sobre a imagem

Essas esculturas são de autoria do artista José Bezerra (1952-). Elas foram escolhidas para compor a abertura do capítulo por representarem o sagrado no contexto da cultura popular tradicional brasileira, com forte influência da colonização ibérica. Você pode retomar informações sobre o trabalho desse artista no capítulo 4 do livro do 7º ano.

Justificativa

Neste capítulo, apresentamos algumas relações entre Artes visuais e imaterialidade. Em razão das particularidades dessa linguagem artística, materialidade e imaterialidade estão integradas nos exemplos apresentados. Veremos objetos, esculturas, pinturas e instalações – obras de arte materiais cuja temática ou motivação para sua construção é de ordem imaterial. Dessa fórma, esperamos que os estudantes desenvolvam a capacidade de expressar materialmente seus sentimentos, sensações, convicções, inquietações ou qualquer outra motivação de ordem conceitual e simbólica.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais”.

  1. Observe a imagem da abertura do capítulo. Quais elementos dessas esculturas permitem reconhecer as figuras retratadas?
  2. Do seu ponto de vista, o que há de religioso e de sagrado nessa obra? Justifique sua resposta.
  3. Em quais religiões é possível encontrar posturas iguais ou similares às das figuras em momentos de devoção?

A relação entre a arte e o sagrado remonta às primeiras manifestações culturais de que se tem notícia e tem acompanhado a história da arte ao longo dos séculos.

Se retomarmos as pinturas e gravuras rupestres do período pré-histórico encontradas em grutas e cavernas em diferentes regiões do mundo, veremos que uma de suas funções, atribuída por arqueólogos, era de caráter ritualístico.

O sagrado pode ser entendido, em um sentido amplo, como aquilo que tem um valor especial para uma pessoa ou para um grupo social; algo que merece ser preservado, respeitado, cuidado. Dentro da concepção do sagrado, a religiosidade é uma das manifestações mais comuns, e ela será abordada neste capítulo – que tem como base a história da Arte Barroca – pelo modo como se revela em representações ou objetos artísticos.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O que é sagrado para você?
  2. Como o sagrado está presente ou se manifesta em sua vida?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades: Para refletir

Com base nas respostas, problematize com a turma que a noção de sagrado deve considerar o que é sagrado para diversas pessoas ou grupos, não apenas para os estudantes individualmente. Desse modo, é possível reconhecer o sagrado em religiões ou práticas ritualísticas que não sejam apenas as deles.

Orientações gerais sobre o capítulo

Embora muitos exemplos apresentados neste capítulo se relacionem com o universo religioso, não se trata de um estudo sobre religiosidade, visto que o conceito de sagrado pode ser muito mais amplo.

O sagrado pode se manifestar por meio de rituais de agradecimento, de relações pessoais com a espiritualidade (como momentos de meditação, de mentalização ou oração) e do valor atribuído a alguns objetos, locais ou situações.

Evidencie para a turma que a opção religiosa de cada um não será o foco dos estudos e aproveite o momento para trabalhar o respeito às múltiplas religiões e a quem opta por não seguir nenhuma delas.

Como as religiões, ao longo da História, foram/são motivo para diversos conflitos pelo mundo, deve prevalecer o respeito à diversidade religiosa, que vai muito além da tolerância, para que seja assegurada uma cultura de paz no ambiente escolar.

Sobre as atividades

  1. As figuras podem ser reconhecidas como mulheres, identificadas pelas vestimentas e pelos cabelos, que também podem ser interpretados como véus, usados em diferentes tipos de cerimônia religiosa.
  2. As mãos unidas remetem à prática religiosa, mas você pode chamar a atenção para a ausência de símbolos de uma única crença. Embora o nome da obra seja Santas, não é possível identificar se são santas ou mulheres comuns em um momento de adoração. De todo modo, a postura das figuras indica a presença do sagrado.
  3. Solicite aos estudantes que citem referências das religiões que eles conhecem.

SOBREVOO

O Barroco ontem e hoje

Na relação entre arte e sagrado, as religiões tiveram um papel fundamental no desenvolvimento das produções artísticas em diversas épocas e culturas. No antigo Egito, por exemplo – em um período estimado entre 3000 até 30 antes de Cristo –, a crença na eternidade rendeu construções de monumentos sagrados de grande valor artístico, como a Necrópole de gizé (onde se encontram as Grandes Pirâmides) e o Vale dos Reis.

Fotografia. Um homem caminha em campo aberto segurando um cordão preso a um camelo. Sobre o camelo, há duas pessoas. Atrás, há duas pessoas montadas em outro camelo. Ao fundo, há três pirâmides altas e três pirâmides baixas. As duas da esquerda estão em ruínas.
Pirâmides da Necrópole de gizé, Cairo, Egito. Fotografia de 2019.
Escultura. Vênus, uma mulher com cabelos encaracolados presos, seios à mostra e tecido cobrindo as pernas e os pés. No tronco, faltam ambos os braços.
VÊNUS DE MILO. cêrca de 150-125 antes de CristoEscultura em mármore, 204 centímetros de altura. Museu do Louvre, Paris, França. Fotografia de 2020.
Escultura. Vitória de Samotrácia. Silhueta do corpo de uma mulher com tecido que envolve os seios e a cintura e expõe a barriga. Os braços estão estendidos para cima e para trás. Atrás do corpo, há asas.
VITÓRIA DE SAMOTRÁCIA. cêrca de 200 antes de Cristo Escultura em mármore, 244centímetros de altura. Museu do Louvre, Paris, França. Fotografia de 2021.

No período dominado pela civilização grega e, mais tarde, pela romana, a crença em seres mitológicos serviu de inspiração para a criação de esculturas, como as conhecidas Vênus de Milo e Vitória de Samotrácia.

A partir da Idade Média, o cristianismo se consolida e se dissemina no Ocidente, adquirindo grande poder político e econômico e influenciando diversos movimentos artísticos. A arte torna-se, então, um poderoso instrumento utilizado pela Igreja Católica para transmitir suas crenças. Naquela época, poucas pessoas eram alfabetizadas e o acesso à produção escrita era restrito. Mas as obras de arte, materializadas em suas composições visuais e arquitetônicas, falam diretamente com a sensibilidade e os sentidos das pessoas, independentemente do grau de escolaridade. Consciente desse poder, a Igreja Católica explorou elementos religiosos em produções artísticas para comunicar de modo efetivo a mensagem de fé que queria difundir.

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção traz obras de períodos diversos que têm o sagrado como motivação para sua produção, principalmente a Arte Barroca, que se desenvolveu no Brasil e na Europa.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Materialidades; Sistemas da linguagem; Processos de criação; Matrizes estéticas e culturais; Patrimônio cultural; Arte e tecnologia.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(ê éfe seis nove á érre zero três) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera.).

(ê éfe seis nove á érre zero sete) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

(ê éfe seis nove á érre zero oito) Diferenciar as categorias de artista, artesão, produtor cultural, curador, designer, entre outras, estabelecendo relações entre os profissionais do sistema das artes visuais.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três dois) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

(ê éfe seis nove á érre três cinco) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Sobre as pirâmides

Pergunte aos estudantes se eles conhecem o local da imagem e onde já o viram, uma vez que essa é uma referência comum em filmes de aventura e desenhos animados – além das aulas de História. Conduza a conversa incentivando-os a refletir sobre a função dessas construções. As pirâmides do Egito foram erguidas para ser mausoléus de faraós, portanto são construções ligadas ao sagrado, sem ser propriamente templos religiosos. Elas também podem ser reconhecidas como manifestações artístico-culturais, por sua monumentalidade e pela riqueza com que eram adornadas internamente. Amplie a abordagem sobre construções similares, mencionando as pirâmides pré-colombianas de têotirruacân, no atual México.

Com origem no fim do século dezesseis, em Roma, atual capital da Itália, um estilo artístico difundiu-se por vários países da Europa no século seguinte; em cada lugar, os artistas fizeram adaptações de acordo com seus contextos e, assim, esse estilo foi ganhando características particulares. A partir do século dezoito, os historiadores o nomearam de Arte Barroca.

O significado da palavra barroco abrange definições como estranho, extravagante, confuso, irregular, grotesco; isto é, algo diferente da ordem e da simetria renascentistas praticadas até então. No entanto, todos esses termos mencionados não dão conta da análise das obras consideradas barrocas, justamente porque o Barroco é muito diverso, seja nas características de estilo, seja na variedade de técnicas e linguagens. Considerando apenas a linguagem de artes visuais, que é o foco deste capítulo, encontramos o Barroco representado em esculturas, pinturas e construções arquitetônicas (sem contar a música, a literatura e o teatro barrocos).

Fotografia. Escultura em mármore  de Davi, um homem seminu, apenas com um tecido envolvendo a cintura. Ele tem cabelos cacheados e está em pé, pisando um lira e uma armadura. Cruzando o seu peito há uma bolsa. Ele está inclinado para a direita, com o corpo retorcido em posição de arremesso da pedra que segura na mão esquerda, na ponta de uma atiradeira. Com a mão direita, ele estica a outra ponta da atiradeira. Ele está com o cenho franzido, os olhos tensionados e morde o lábio.
BERNINI, Gian Lorenzo. Davi. Entre 1623 e 1624. Escultura em mármore, 170 centímetros de altura. Galeria Borghese, Roma, Itália. Fotografia de 2019.

Faça no caderno.

1. Observe a escultura do artista italiano Gian Lorenzo Bernini (1598-1680). Quais características você percebe nessa escultura, em uma primeira observação?

A escultura é de Davi, um personagem bíblico que, entre outras façanhas, venceu o gigante Golias.

  1. Observe os detalhes com atenção: como é o Davi esculpido por Bernini? Quais são as características físicas que se sobressaem?
  2. Por que você acha que o artista optou por esse tipo de representação?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Pergunte à turma: “Na escultura de Bernini há ação, ou impressão de movimento?” [O corpo contorcido de Davi sugere que ele está prestes a agir]; “Qual é a expressão facial da figura esculpida?” [Sua expressão, principalmente por causa da testa franzida próximo das sobrancelhas, pode transmitir a ideia de força, de coragem, de quem está mirando um alvo].
  2. O artista representa Davi como um homem forte e com uma aparência que demonstra determinação. Chame a atenção para as fórmas definidas da musculatura de Davi.
  3. Nessa escultura de Bernini, podem ser reconhecidas algumas características de obras barrocas, como o registro de uma ação em curso, dinâmica, tal qual uma cena de teatro; o tema religioso, que é explorado com dramaticidade, de modo a valorizar a passagem bíblica. Um dos objetivos das obras barrocas era a persuasão e a comoção de quem as contemplava.

Sugestão para o professor

Vitória de Samotrácia, citada na página 24, é uma escultura grega que foi encontrada na Ilha de Samotrácia em 1863. Não se sabe sua autoria, apenas que foi produzida entre 220 antes de Cristo e 185 antes de Cristo, no período helenístico (323 antes de Cristo-30 a.C.). Ela foi esculpida em vários blocos de mármore que se encaixam. Para ampliar seus conhecimentos sobre a escultura e apresentá-la aos estudantes, acesse o site do Museu do Louvre (em inglês). Disponível em: https://oeds.link/qUYtTl. Acesso em: 22 fevereiro 2022.

Fotografia. Interior de uma igreja em que há uma espécie de dossel em bronze. Na parte  superior, uma cruz aponta para uma  cúpula dourada muito alta. De cada lado da cruz, há uma escultura de anjos. Nas laterais do altar, há paredes com relevos, esculturas e dizeres em latim.
Interior da Basílica de São Pedro, no Vaticano, com destaque para o baldaquino em bronze criado por Bernini no século dezessete. Fotografia de 2019.

Ao observar com atenção o interior de uma igreja barroca, é possível identificar esse estilo artístico e entender por que ele foi tão importante para a Igreja Católica.

A Basílica de São Pedro, no Vaticano, séde da Igreja Católica, foi projetada inicialmente por Miquelângelo Buonarroti (1475-1564) e finalizada por Bernini. Ela levou mais de um século para ser concluída e, devido ao longo período de construção, contou também com a participação de outros artistas e arquitetos, como Donato di Angelo del pasquiútio Bramante (1444-1514), Rafael Sãnzio (1483-1520), Carlo Maderno (1556-1629), entre outros.

Construída sobre a antiga Basílica de São Pedro, que datava do século três, a basílica atual começou a ser erguida no período renascentista e foi, ao longo da construção, incorporando o estilo barroco. O principal exemplo dessa integração de estilos é o imenso baldaquino em bronze – obra arquitetônica que cobre o altar e é sustentada por colunas retorcidas –, que foi incorporado posteriormente por Bernini, ocupando o espaço central da cúpula que tinha sido projetada por Miquelângelo, valorizando o altar e a cripta onde se acredita que estão os restos mortais do apóstolo Pedro.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre Miquelângelo Buonaróti

É provável que os estudantes já tenham ouvido falar de Miquelângelo, pois ele é um dos artistas mais famosos da história da arte.

Pintor, poeta, arquiteto e principalmente escultor, Miquelângelo foi reconhecido ainda em vida como um dos mais importantes artistas italianos de sua época. Por cerca de 70 anos realizou a maioria de seus trabalhos entre Florença e Roma. Teve grandes patrocinadores, dentre os quais a família Médici, de Florença, e diversos papas. Sua produção escultórica (entre as quais Davi, Pietá e Moisés) tornou-se uma referência fundamental do Renascimento – e da própria história da arte ocidental. Miquelângelo também marcou profundamente a pintura renascentista, com destaque para o monumental afresco realizado no teto da Capela Sistina, localizada no atual Museu do Vaticano.

Atividade complementar

Acesse o site do Museu do Vaticano (em inglês) e faça o tour virtual pela Capela Sistina.

muzêi vaticâni. sistíne chápel. Disponível em: https://oeds.link/dzTCPn. Acesso em: 16 junho 2022.

Se possível, para que a experiência fique mais próxima do real, projete a imagem do afresco no teto da sala de aula e estimule os estudantes a refletir sobre a diferença entre apreciar uma obra de arte fixa na parede e apreciar uma obra pintada no teto. Pergunte à turma: “Qual será a sensação de quem entra nessa capela?”; “De que fórma o sagrado pode se apresentar nessa experiência?”.

Ao estimular a capacidade de imaginação dos estudantes e uma leitura crítica da obra apresentada, a atividade contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero um) da Bê êne cê cê.

Sobre a imagem

Conduza a mediação da imagem de modo a deixar claro, através da observação, quais são as referências renascentistas e as barrocas citadas no texto, analisando e contextualizando os dois estilos visuais, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero dois) da Bê êne cê cê. Questione: “Onde é possível encontrar simetria na construção?” [Principalmente nas colunas e na organização do altar.]; “Onde é possível encontrar ornamentos rebuscados?” [Especialmente nas colunas do baldaquino, que é inteiramente contorcido e com arabescos.].

4. Observe na imagem o interior da Basílica de São Pedro. Repare na composição desse salão, atentando-se para cada detalhe. Qual é o efeito que essa arquitetura pode ter sobre as pessoas dentro da igreja? Quais recursos os arquitetos utilizaram para alcançar esse efeito?

Em um período histórico em que a Contrarreforma tentava renovar a fé católica, os artistas, patrocinados pela Igreja, tinham a missão ou o objetivo de enaltecer o catolicismo, a fim de manter os fiéis, bem como promover sua expansão e frear o avanço da Reforma Protestante.

Foco na História

Reforma, Contrarreforma e Barroco

No século quinze, tem início a transição da Idade Média para a Idade Moderna. A nobreza e o clero começam a perder espaço para a burguesia emergente e, nesse contexto, um movimento reformista cristão afeta profundamente o poder exercido pela Igreja Católica Apostólica Romana no início do século dezesseis: a Reforma Protestante.

Em um período no qual a Igreja Católica ostentava poder e riqueza, Martinho Lutero (1483-1546), um alemão que dedicou sua vida integralmente à religião, sendo monge e dando aulas sobre o assunto, tornou-se a figura central da Reforma Protestante. Esse movimento se opunha a diversos dogmas da Igreja, o que levou ao surgimento de novas religiões cristãs dissidentes do catolicismo.

Em oposição a essa Reforma Protestante, surge o movimento católico conhecido como Contrarreforma, que nasceu quando líderes da Igreja Católica perceberam a necessidade de uma revisão das práticas vigentes. A fundação da Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como jesuítas, ocorre no contexto da Contrarreforma e contribui com a difusão da fé católica pelas colônias do Novo Mundo.

Nesse processo de reafirmação, a arte é usada como uma potente ferramenta de transmissão dos valores católicos, papel desempenhado pelo Barroco. Diferentemente do aspecto mais racional das obras renascentistas, esse estilo artístico atingiria o espectador por seu aspecto mais emocional e com ênfase na fé. Contudo, a arte barroca não atende apenas aos interesses da Igreja Católica – ou mesmo das protestantes –, já que ela também é patrocinada tanto por monarquias absolutistas europeias quanto pela crescente burguesia.

Orientações e sugestões didáticas

Sugestão para o professor

Incorpore à aula a imagem da pintura A escola de Atenas, de Rafael Sãnzio (1483-1520), para incentivar os estudantes a perceber as características renascentistas que se repetem na arquitetura da Basílica de São Pedro.

MUSEI VATICANI. School of Athens. Disponível em: https://oeds.link/LnJxWG. Acesso em: 7 fevereiro. 2022.

Sobre a atividade

4. A grandiosidade e a solenidade da construção, comparadas à escala humana, procuram impor respeito, reverência e, inclusive, sensações de submissão e temor. Outros elementos que contribuem na imposição de uma atmosfera de respeito e solenidade são a iluminação; os detalhes do teto; a presença de imagens de santos, no alto da parede; a imensa distância entre o teto e o chão, que faz a voz ecoar pelo salão etcétera

Sobre a seção Foco na História

Se possível, estabeleça um diálogo interdisciplinar com o professor de História para conciliar os estudos referentes aos movimentos da Reforma Protestante e da Contrarreforma Protestante.

Atividade complementar

Há indícios de que a relação entre arte e sagrado exista desde o início da história da humanidade. Por isso, propomos que seja apresentada aos estudantes uma pesquisa sobre objetos arqueológicos sagrados encontrados em território brasileiro. Essa pesquisa procura relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, analisar aspectos históricos que problematizam as diversas categorizações da arte, bem como valorizar o patrimônio cultural, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre três um), (ê éfe seis nove á érre três três) e (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê.

Urnas funerárias, muiraquitãs, zoólitos, vasos e cariátides são alguns exemplos de objetos esteticamente elaborados que, provavelmente, tinham função ritual.

Ao apresentar as peças, conduza a mediação com questões como: “Você conhece esse objeto? Imagina qual seria sua função? De que material é feito? Quais fórmas se destacam?”.

Sugestão para o professor

Sugerimos como fonte de pesquisa o site do Museu Nacional, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), onde são encontrados exemplos de peças das culturas Marajoara, Santarém e Maracá. MUSEU NACIONAL. Arqueologia brasileira. Disponível em: https://oeds.link/iSvazb. Acesso em: 7 fevereiro 2022.

Para pesquisar

Pintura barroca

Fotografia. Pintura. À esquerda, Jesus, homem com cabelos castanhos na altura do ombro e barba. Ele está em pé e seminu, apenas com o corpo envolto em tecido bege. Ao lado dele, Tomé, um homem com cabelos e barba ruivos, usa bata laranja e está inclinado na direção de Jesus e coloca o dedo indicador em um ferimento na costela de Jesus. Atrás dele, um homem calvo e outro com bata vermelha e cabelos pretos observam a cena, ambos  inclinados na direção de Jesus.
caravádio, Miquelângelo Merisi da. A incredulidade de São Tomé. 1602-1603. 107 centímetros por 146 centímetros. Galeria do Palácio Sanssouci, Potsdam, Alemanha.

E como o Barroco se manifestou na pintura? Que tal pesquisar e conhecer alguns de seus representantes?

O pintor Miquelângelo Merisi (1571-1610), mais conhecido como caravádio, nome da cidade onde viveu, foi uma das grandes referências da pintura barroca italiana, tendo produzido obras de temática religiosa que exploravam muito o contraste entre claro e escuro para dar dramaticidade às cenas, no sentido teatral, como pode ser observado na pintura.

Entre as artistas, é importante saber mais sobre uma pintora que se destacou no cenário do Barroco italiano, apesar do contexto desfavorável em que vivia, considerando que a opressão às mulheres era muito forte: artemísia gentilêsqui (1593-1653), que em muitos de seus quadros retratou histórias de mulheres fortes como ela própria.

Nos Países Baixos, onde a religião oficial era a protestante, o movimento foi desenvolvido por artistas influenciados por caravádio e patrocinados por colecionadores particulares burgueses. Nessa época, havia no país um mercado de arte que movimentava a economia local e alguns de seus principais pintores foram Frans ráus (1580/85-1666), Rêmbrânt Harmenszoon van Rijn (1606-1669) e Iorranes Vermeer (1632-1675).

É bem possível que você já tenha ouvido falar de vários desses artistas. Que tal então pesquisar as suas pinturas em sites oficiais de museus italianos e dos Países Baixos? Conte com a ajuda do professor para identificar nas obras as particularidades do estilo de cada artista.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Para expandir os estudos sobre a pintura barroca, sugerimos que você assista ao filme Moça com brinco de pérola (2003), do diretor inglês píter vêber (1968-). Ele conta a história de uma menina que trabalha na casa do pintor juanes vêrmér (1632-1675) – um dos maiores representantes da pintura barroca holandesa – e teria sido modelo para a pintura Moça com brinco de pérola, de 1665. Embora seja uma obra de ficção, o filme recria o que seria o ambiente de vida e de trabalho de um artista na Holanda do século dezessete. É importante destacar que se trata de uma interpretação sobre como seria a vida desse pintor em particular, para não reforçar estereótipos sobre as características psicológicas de artistas.

Avalie a possibilidade de exibir para a turma trechos específicos do filme, como as cenas que mostram a atividade do pintor em seu ateliê. Nesse caso, apresente a pintura que dá nome ao filme: VERMEER, Iorranes . Moça com brinco de pérola. 1665. Óleo sobre tela, 44,5 cm × 39 centímetros. Maurítzrrãs, Haia, Holanda.

Ao apresentá-la, incentive os estudantes a analisar como são trabalhadas as cores, as fórmas, as texturas, a luz e o efeito de claro e escuro nas duas modalidades artísticas – pintura e cinema –, de modo a contemplar a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero quatro) da Bê êne cê cê.

A pintura pode ser visualizada no site do museu holandês Mauritshuis:

Maurítzrrãs. Girl with a Pearl Earring. Disponível em: https://oeds.link/IvlLdO. Acesso em: 7 fevereiro 2022.

Sobre a imagem

Conduza a leitura da obra pedindo aos estudantes que descrevam a pintura em detalhes, incluindo as expressões dos personagens. Em seguida, pergunte à turma: “Quem conhece a história de São Tomé?” [Ele é um personagem bíblico, apóstolo conhecido por duvidar da ressurreição de Jesus, precisando “ver para crer” o milagre da ressureição.]; “O que parece estar acontecendo na cena?” [caravádio representa a ação acontecendo, no momento em que Tomé toca uma chaga de Cristo.]; “Como o artista imprimiu dramaticidade à pintura?” [O uso da técnica de luz e sombra foi explorada nos detalhes da cena: no drapeado do tecido, nas rugas das testas, nos cachos dos cabelos e no pescoço de São Tomé.].

Para experimentar

Criando uma cena barroca

Você já pensou em ser modelo para uma obra de arte? Que tal experimentar? caravádio usava como modelos pessoas comuns para criar cenas e, a partir delas, fazer suas pinturas. Na época, ele recriava histórias bíblicas, mas sugerimos que você recrie histórias de outra natureza.

  1. Em grupos de quatro a seis integrantes, escolham uma imagem que retrate alguma cena de um episódio histórico de nosso país ou de sua região. Cada integrante escolherá um personagem e vocês reproduzirão essa cena, inclusive cuidando do figurino, dos adereços e dos cenários para compor esse “quadro”, como se a ação ficasse “congelada”.
  2. Um dos integrantes deve cumprir o papel de fotógrafo, preocupando-se com a composição e com a iluminação. Utilizem lanternas ou refletores para criar efeitos de luz e sombra sobre a cena, como nas pinturas barrocas. Com tudo pronto, é hora de fotografar.
  3. Vocês podem trocar de papéis e experimentar novos ângulos para a iluminação e para a fotografia; dessa fórma, todos vivenciarão os desafios de cada função dentro do grupo.
  4. Depois, se possível, utilizem um editor de imagens para manipular as fotografias e brinquem com os ajustes de brilho, contraste, saturação e outros recursos que possam causar ou intensificar efeitos de claro e escuro digitalmente.
  5. Compartilhem as imagens com os outros grupos e vejam se reconhecem as histórias retratadas.
  6. Ao final, conversem sobre os desafios e as soluções encontradas em cada proposta:
    1. A atividade foi divertida?
    2. Com qual papel você mais se identificou?

Assim como em outras colônias da América do Sul, o Barroco também se desenvolveu no Brasil, ainda que mais tardiamente, e, como em outros países, o movimento resultou em um estilo próprio.

O processo de colonização portuguesa foi, como todo processo dessa natureza, bastante violento, com imposição de valores sociais, culturais, religiosos e também artísticos. Nesse processo de aculturação, os portugueses importaram suas referências artísticas; entre elas, o estilo arquitetônico. No caso do Barroco, somaram-se ao estilo europeu características africanas e indígenas, além de adaptações às condições técnicas e de materiais locais. O mármore, por exemplo, utilizado na Itália, foi em grande parte substituído por pedra-sabão glossário no Brasil. Na produção de esculturas, predominou o uso da madeira.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Para ampliar a experiência, você pode incentivar os estudantes a criar uma fotonovela. Esse tipo de publicação, usual no Brasil entre as décadas de 1950 e 1970, consiste em utilizar cenas fotografadas dispostas em sequência, juntamente com balões de falas e legendas, de modo a criar uma narrativa. É como uma história em quadrinhos, que veremos no capítulo 4 deste livro, mas com o uso de fotografias no lugar de desenhos. Os estudantes podem aproveitar as cenas que já criaram e, se necessário, criar outras para compor a narrativa. Mantendo a ideia original, o ideal é que a fotonovela seja impressa, podendo ser colorida ou em preto e branco. No entanto, tendo em vista os recursos tecnológicos disponíveis atualmente, considere a possibilidade de auxiliar os estudantes a apresentá-la em um meio digital.

Orientações: Para experimentar

Para incluir todos os estudantes, sugerimos que não sejam representadas cenas de natureza religiosa. Incentive-os a escolher o tema coletivamente, considerando os assuntos de interesse da turma. Essa atividade permite analisar a integração entre as linguagens das artes visuais e as cenográficas, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero três) da Bê êne cê cê.

Sobre a seção Para experimentar

Essa seção propõe uma atividade prática que consiste em montar uma cena seguindo padrões de composição da pintura barroca. A atividade possibilita incentivar os estudantes a compreender alguns conceitos na prática. A montagem de uma cena aproxima-se da pintura barroca por meio da escolha das cores presentes nos figurinos e cenários, no trabalho com a iluminação que reforça o seu tom dramático, na organização dos elementos que compõem a cena e no “congelamento” de uma ação que está em curso. Essa vivência explora a integração e as relações processuais entre as linguagens de Artes visuais e Teatro, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre três dois) da Bê êne cê cê.

No período mais próspero da mineração, observou-se grande uso do ouro no douramentoglossário de peças. Essas adaptações foram necessárias para que a produção continuasse a se desenvolver, garantindo a construção de novas obras deslumbrantes para a conquista de devotos.

No Brasil, eram as pessoas escravizadas que, na maioria das vezes, executavam as tarefas mais pesadas nas oficinas de trabalho. Sem conhecimentos sobre os padrões artísticos eruditos europeus, elas trabalhavam sob a coordenação dos chamados Mestres de Ofício, alguns vindos de Portugal e outros já formados no Brasil, que projetavam e planejavam as construções. Foi nesse contexto de combinação de diferentes padrões culturais e, consequentemente, artísticos que surgiu o Barroco brasileiro.

5. Observe a imagem da igreja a seguir. Em um primeiro momento, o que mais chama a sua atenção nela?

Fotografia. Vista interna de igreja com paredes e colunas douradas com muitos detalhes. Nas laterais, há fileiras de cadeiras de madeira. Ao fundo, há um altar com uma escultura central.
Interior da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. Em 1933, o espaço franciscano da Ordem Terceira, localizado no Largo da Carioca, no centro da cidade, foi elevado à categoria de museu e passou a ser chamado Museu Sacro Franciscano. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Fotografia de 2019.

6. Volte a olhar a imagem do interior da Basílica de São Pedro. Quais são as semelhanças e diferenças entre ambas?

Versão adaptada acessível

6. Retome a imagem do interior da Basílica de São Pedro. Quais são as semelhanças e diferenças entre ambas?

A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência fica no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Externamente, a igreja é singela, tem paredes brancas e a ornamentação concentra-se especialmente em suas portadasglossário , feitas em mármore, mas seu interior é um exemplo de como a obra barroca integra pintura, escultura e arquitetura para criar uma atmosfera de deslumbramento.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as Ordens Terceiras

Se na Itália a igreja oficial era responsável por patrocinar o Barroco, no Brasil esse papel foi desempenhado por Irmandades e Ordens Terceiras. Essas associações, chamadas também de confrarias, eram formadas por pessoas leigas – que não tinham uma função oficial na hierarquia religiosa –, geralmente sem domínio da escrita, tendo conhecimento dos valores cristãos e das histórias bíblicas através da tradição oral ou pelo acesso às imagens. O que unia essas pessoas não era apenas a devoção por um determinado santo, uma vez que as Irmandades e Ordens Terceiras tiveram um importante papel social no Brasil colonial, pois davam apoio a diversos grupos sociais, inclusive a escravizados. Os integrantes dessas confrarias precisavam pagar um valor com regularidade, participar ativamente de seus eventos e, em troca, tinham ajuda em momentos de enfermidade, de luto, quando precisavam de orações etcétera. Os recursos dessas associações vinham das festas, das doações, da locação de imóveis, entre outras fontes, e custeavam a construção e ornamentação das igrejas, com o objetivo de trazer (e manter) os seus devotos. A apresentação histórica e o foco em técnicas artísticas e obras barrocas nestas páginas, incluindo a produção brasileira, contemplam as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero um), (ê éfe seis nove á érre zero dois), (ê éfe seis nove á érre três um), (ê éfe seis nove á érre três três) e (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê.

Sobre a atividade

6. A escala é marcante nessa análise, uma vez que a igreja vaticana é muito mais ampla e conta com mais iluminação. Já o brilho do dourado é muito mais evidente na igreja brasileira. Repare também que na Igreja da Ordem Terceira há outras cores e o rebuscado parece mais acentuado, como se os elementos constituíssem um único volume.

A Ordem Terceira de São Francisco também foi responsável pela construção de outra igreja apontada como referência do Barroco brasileiro: a Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (Minas Gerais). Ela foi projetada pelo artista mais conhecido do Barroco mineiro: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814). A arquitetura da igreja é barroca, mas a decoração interior é considerada de outro estilo artístico, o Rococó.

7. Observe as imagens do exterior e do interior da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto. O que há de comum entre elas?

Fotografia. Fachada de  igreja com pintura branca desgastada e adornos dourados,  duas torres com sinos, uma cruz no centro, três pequenas janelas no alto e uma porta central verde.
Fachada da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (Minas Gerais). Fotografia de 2021.
Fotografia. Vista interna de igreja. No centro, altar com pinturas azuis e douradas. Nas laterais, há pilares dourados. No teto, pintura de figuras angelicais com predomínio das cores azul, vermelho e dourado.
Interior da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (Minas Gerais). O teto foi pintado por Manoel da Costa ataíde, conhecido como mestre ataíde. Fotografia de 2010.

Externamente, a igreja apresenta elementos barrocos, como a portada e o medalhão trabalhados em pedra-sabão. As torres laterais foram modificadas em uma segunda versão do projeto e ficaram recuadas em relação à fachada, o que foi uma eficiente solução encontrada por Aleijadinho, que, assim, conseguiu valorizar a frente da igreja e dar-lhe um aspecto mais compacto. Internamente, a decoração é mais clara, mais suave, com menos elementos do que as igrejas que vimos anteriormente.

Tais características são próprias do Rococó, estilo artístico que nasceu na França e foi praticado no final do século dezoito, especialmente na decoração de residências nobres, mas sem o mesmo fim religioso do Barroco. Porém, os estilos se desenvolveram quase simultaneamente e, por vezes, foram mesclados, dificultando em alguns casos a diferenciação entre o Rococó e o Barroco. Ambos tiveram características presentes na arte sacra brasileira.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre Aleijadinho

Antônio Francisco Lisboa, filho de uma mulher escravizada e um imigrante português, sempre desenvolveu seu trabalho em Minas Gerais, onde começou como artesão, chegando posteriormente ao reconhecimento como arquiteto e escultor. Ele ficou conhecido como Aleijadinho devido a uma doença que o acometeu após os 40 anos de idade que fez com que seus membros fossem se deformando, dificultando seu trabalho manual. Mesmo após a enfermidade, ele seguiu produzindo com a ajuda de seus aprendizes e de homens escravizados, pois era um mestre de ofício. Sua produção foi tão expressiva na região que seu nome é visto quase como um sinônimo do Barroco em Minas Gerais e, de certa fórma, no Brasil colonial.

Conhecer a história e a produção de Aleijadinho contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê.

Sobre a atividade

7. Ambas têm elementos decorativos com muito detalhamento, especialmente os ornamentos das portas e janelas, que se repetem nos altares. Também é comum às duas o equilíbrio entre áreas ricamente ornamentadas e regiões com respiro onde são empregadas cores claras.

Além do projeto arquitetônico e dos entalhes presentes na fachada, Aleijadinho também se encarregou da feitura dos púlpitos, do altar-mor, dos altares laterais, dos lavatórios, entre outros elementos da igreja. E ele pôde cuidar de todos esses aspectos porque era arquiteto, escultor, entalhador e carpinteiro, o que não era incomum naquela época (na Itália, tanto Bernini como Miquelângelo também eram arquitetos e escultores).

O teto da igreja foi pintado por Manoel da Costa ataíde (1762-1830), que realizou também o douramento das peças. Uma particularidade dessa pintura é que o artista usou como modelo para representar Nossa Senhora da Porciúncula uma mulher de feições negras, assim como os anjos que a rodeiam, prática incomum nas imagens religiosas da época.

Fotografia. Detalhe de pintura do teto de interior de igreja. No centro, a figura da Virgem Maria  sentada em um trono com manto azul claro e as mãos juntas à frente do corpo. Na parte superior, anjos com corpo de crianças sobre as nuvens. Na parte inferior, anjos com corpo de homens. Eles estão tocando instrumentos entre as nuvens. Nas extremidades, pintura de pilares com detalhes dourados. Predominam as cores azul, vermelho e dourado.
Pintura policromada do teto da Igreja de São Francisco de Assis representando a Assunção da Virgem Maria, em Ouro Preto (Minas Gerais), feita no século dezoito por Manoel da Costa ataíde. Fotografia de 2015.

A história do Barroco mineiro teve algumas particularidades, em virtude de seu contexto socioeconômico. No auge da exploração do ouro na região, as cidades cresceram rapidamente e a sociedade foi se organizando e sendo moldada por esse mercado. Alguns negros conseguiam comprar a liberdade e iam trabalhar nas oficinas como artesãos. Essas oficinas funcionavam de fórma semelhante às antigas corporações de ofícios medievais, onde um mestre (português ou branco nascido no Brasil, ou até mesmo mestiço) tinha a função de coordenar todo o trabalho e ensinar as suas técnicas aos aprendizes. Aleijadinho, por exemplo, além de ser filho de arquiteto, foi aprendiz de Francisco Xavier de Britto, que fez o entalhe da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. Nesse período, eram muitas as corporações atuando em Minas Gerais, em especial em Ouro Preto, resultando em um cenário repleto de igrejas em meio aos morros da cidade.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Conduza a leitura da obra perguntando aos estudantes: “Considerando que o artista teria se inspirado em sua esposa e filhos para pintar a santa e os anjos, como são as feições dos personagens?” [Eles têm traços afro-brasileiros.] “Quais fórmas e cores são utilizadas na pintura?” [Ele usa tons de azul, vermelho e rosa e representa muitos anjos e arabescos florais. Tanto as cores quanto as fórmas eram comuns em obras de estilo Rococó]. “Considerando que a pintura está no teto, como ele gera a ilusão de profundidade?” [Ele usa as oito colunas num efeito de perspectiva, como se todas fossem convergir no centro da imagem (ponto de fuga), numa linha imaginária.].

Sobre Manoel da Costa ataíde

Esse artista mineiro também ficou conhecido como Mestre ataíde, uma vez que formava outros artesãos, uma prática comum na época (quando um artesão ensinava os mais jovens em corporações de ofícios). Ele foi parceiro de Aleijadinho em diversos projetos, incluindo o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, apresentado na seção Foco emreticências deste capítulo. Nesse projeto, ele ficou responsável pelas pinturas das esculturas feitas em madeira por Aleijadinho. Esse processo de colorir as esculturas é chamado de “encarnação” das peças. Ele também fez o douramento das esculturas. Além de pintor, conhecido pelo estilo Rococó, ele era entalhador.

Ex-votos: arte e devoção

As salas dos milagres, ou salas das promessas, presentes em muitas igrejas católicas brasileiras, são um exemplo de manifestação popular em que arte e sagrado se encontram e onde o acúmulo de objetos cria ambientes de devoção.

8. Observe a imagem a seguir. Você reconhece o que essas peças penduradas no teto da sala representam? E o material de que são feitas?

Fotografia. Na parte superior, esculturas de pernas e pés,  de braços e mãos em tons amarelados. Eles estão pendurados em ganchos. Abaixo, pendurados sobre uma  parede laranja,  diversos quadros com fotografias de rostos de pessoas e  esculturas de mãos e braços penduradas. Há também algumas  esculturas de bonecos penduradas. À direita, escultura de um anjo com manto branco e asas azuis. Ele está sobre nuvens azuis, e com as mãos unidas diante do peito,  olhando para cima. Atrás, um tabernáculo dourado com uma cruz no topo.
Sala dos Milagres, com fotografias e ex-votos, na Basílica Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida (São Paulo). Fotografia de 2007.

Esses objetos que preenchem a sala são ex-votos. O ex-voto é uma maneira de materializar a fé, representando por meio de objetos uma graça alcançada. Eles são apresentados ao santo que fez o "milagre" como fórma de agradecimento e podem ser pinturas (feitas em papel, tela, madeira), fotografias, placas, maquetes, esculturas (de madeira, gesso ou cera), cartas e os mais variados e inusitados objetos que simbolizam um pedido realizado.

Na imagem do ex-voto, por exemplo, o devoto agradeceu a graça alcançada com uma pintura representando seus olhos, e acrescentou um texto, no qual descreve o pedido.

Os motivos que levam à produção dos ex-votos são os mais diversos: as pessoas agradecem por doenças curadas, por sobreviverem a acidentes, por se livrarem de endividamentos, por conquistarem um amor, encontrarem um trabalho etcétera. Também agradecem milagres para si mesmas, para outras pessoas e até para animais.

Fotografia. Escultura de madeira nas cores vermelho e preta. Na parte superior, ao centro, desenho de olhos castanhos, envoltos em um desenho em formato de máscara de olhos vermelha. Na parte inferior, texto escrito em letra cursiva.
Ex-voto pictórico de estilo barroco, típico do século dezoito, encontrado em Angra dos Reis (Rio de Janeiro). Fotografia de 2010.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

8. As peças, esculpidas em cera, representam partes do corpo humano e simbolizam curas que os devotos atribuem à ação de um milagre. As fotografias na parede da sala de milagres também foram ofertadas por devotos que alcançaram uma graça. A abordagem do tema dos ex-votos no contexto deste Sobrevoo, diferenciando a produção de artistas e artesãos e relacionando suas práticas às diferentes dimensões da vida social, contempla as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero oito) e (ê éfe seis nove á érre três um) da Bê êne cê cê.

Atividade complementar

Que tal convidar os estudantes a experimentar um modo diferente de agradecer? Costumamos usar o simples e objetivo “obrigado”, mas um agradecimento também pode ser feito por meio de um objeto. Para isso, busque inspiração na técnica da assemblage, que consiste em utilizar materiais diversos e objetos que já existem para compor algo novo. Artistas como Farnese de Andrade (1926-1996) e Nuno Ramos (1960-) exploram essa técnica, ainda que com outra temática.

Sugerimos a seguinte atividade:

  • Peça aos estudantes que escolham um motivo pelo qual agradecer.
  • Oriente-os a selecionar materiais ou objetos que possam simbolizar esse acontecimento.
  • Disponibilize para a atividade um ou mais rolos de barbante, palitos, cola, tesoura escolar e pequenos objetos.
  • Incentive-os a explorar a tridimensionalidade nessa construção, dando volume ao que está sendo produzido e atentando-se ao acabamento.
  • Estimule a experimentação de modos diferentes de organizar os recursos à disposição.

Tenha em mente que os resultados também podem ser abstratos, desde que contemplem simbolicamente o que está sendo agradecido. Deixe claro para a turma que o objeto não precisa, necessariamente, ser entregue a alguém. O mais importante é a experiência de pensar sobre a gratidão e a possibilidade de se expressar concreta e simbolicamente, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero cinco) e (ê éfe seis nove á érre zero sete) da Bê êne cê cê.

Pagar promessas com objetos votivos é uma prática antiga e presente em várias culturas. Há indícios de ex-votos desde a Antiguidade greco-romana, descobertos na Ásia, na África, na Europa e nas Américas. No Brasil, eles podem ser encontrados especialmente nos santuários Bom Jesus de Matosinhos (Minas Gerais), Nossa Senhora Aparecida (São Paulo), Bom Jesus da Lapa (Bahia) e Juazeiro do Norte (Ceará).

O sagrado na obra de Efrain Almeida

Os ex-votos têm sido foco de pesquisa e muitos museus de arte popular os apresentam em seus acervos, pois eles expressam a cultura de um povo. É uma prática muito presente na região Nordeste do Brasil, onde nasceu o artista contemporâneo Efrain Almeida (1964 -), que trouxe para sua criação artística a estética dos ex-votos.

Efrain Almeida trabalha principalmente com a madeira como matéria-prima e muitas de suas esculturas representam partes do corpo, assim como as esculturas votivas que vimos anteriormente.

Fotografia.  Escultura de dois olhos azuis  em relevo, marejados, olham para cima. Não há cílios. Há uma pequena bolsa de pele embaixo de cada olho.
ALMEIDA, Efrain. Olhos. 2010. Escultura em umburana e óleo, 11,5 centímetros. Coleção particular.

9. Que expressão você identifica nesses olhos? Considerando que esse trabalho foi exposto em uma galeria de arte, como você o interpreta? Essa leitura seria diferente se a escultura estivesse em uma sala de milagres?

No início da carreira, Efrain pesquisou materiais e acabou optando pela madeira na confecção de suas obras, que, em geral, são de pequenas dimensões, com um entalhe delicado e detalhado. Recentemente, embora não tenha abandonado a madeira, ele também começou a fazer esculturas de bronze por serem mais resistentes.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades (página 34-35)

  1. Cada estudante pode perceber uma expressão diferente. Em uma sala de milagres, essa escultura poderia representar uma cura. No caso da exposição em uma galeria de arte e considerando que a peça não foi feita como um ex-voto, a mediação pode contemplar outras questões, como: “Que conteúdo simbólico pode ser atribuído a um par de olhos?” [Pode ser a visão literalmente, ou a sugestão de que a obra é vista ao mesmo tempo que vê o espectador.]; “Quem ou o que ele pode estar olhando?” [Pode ser o espectador, ou o futuro etcétera]. “Quais sensações eles podem despertar em quem observa a obra?” [Pode ser incômodo, curiosidade etcétera].
  2. O gesto pode simbolizar proteção a algo que é frágil ou precioso, ou pode ser uma oferenda ao espectador ou a uma entidade, tal qual acontece com os ex-votos. Outra relação com os ex-votos pode ser o potencial narrativo da obra, ainda que ela não tenha necessariamente esse objetivo.
Fotografia.  Escultura em madeira. Destaque para duas mãos que envolvem a cabeça de um homem sem cabelos com uma cicatriz na parte superior esquerda da cabeça e na lateral esquerda do nariz. Ele tem bigode e cavanhaque castanhos com poucos fios brancos.
ALMEIDA, Efrain. Mãos com cabeça. 2007. Escultura em umburana e óleo, 18 cm × 18 cm × 15 centímetros. Coleção particular.

10. Nessa escultura, Efrain apresenta uma cabeça feita à sua própria imagem. O que esse gesto com as mãos pode simbolizar? No que essa escultura se assemelha a um ex-voto? O que pode haver de sagrado em uma obra como essa?

A arte de esculpir a madeira remete à manufatura dos ex-votos, à arte popular e ao artesanato, mas o propósito da obra do artista cearense não representa, necessariamente, o pagamento de uma promessa. Por meio de esculturas que tratam de sua própria história, Efrain nos permite conhecer um pouco de muitas outras histórias, já que nos aproxima à prática cultural de toda uma comunidade.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Como a arte está presente nas religiões que você conhece?
  2. Quais as principais diferenças entre objetos feitos com objetivo artístico em relação a objetos feitos com objetivo religioso?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Além das Artes visuais, você pode expandir para outras linguagens artísticas, já que a Música, a Dança e o Teatro são muito presentes em diversas crenças. Incentive os estudantes a ir além das religiões praticadas por eles, refletindo sobre outras práticas religiosas de que tenham conhecimento. Assim, é possível contemplar até mesmo aqueles que não praticam nenhuma religião, mas têm conhecimentos sobre elas.
  2. A principal diferença está na motivação de quem produz o objeto, já que, muitas vezes, a técnica utilizada na confecção de ambos pode ser a mesma. Em alguns casos, o local onde esses objetos ficam expostos pode indicar se as peças têm a função de apreciação ou adoração. No entanto, como foi visto nos exemplos de esculturas barrocas, nem sempre é possível fazer uma distinção entre o religioso e o artístico. Essa questão contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero oito) da Bê êne cê cê.

Atividade complementar

Você pode se utilizar das obras de Aleijadinho e de Efrain Almeida para apresentar aos estudantes algumas técnicas tradicionais de escultura, desenvolvendo as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero quatro) e (ê éfe seis nove á érre zero cinco) da Bê êne cê cê.

Para cada técnica, proponha a análise de uma obra, identificando os resultados plásticos que cada uma proporciona. Sugerimos expandir a atividade pedindo aos estudantes que pesquisem obras contemporâneas que façam uso de diferentes técnicas de escultura:

  • Escultura em madeira: com uma ferramenta pontiaguda (pode ser um formão) o escultor extrai lascas da madeira para formar a figura. Essa técnica é usada por Efrain Almeida.
  • Escultura em pedra: com uma ferramenta pontiaguda (pode ser um cinzel) e um martelinho ou com lixas, o escultor retira o material para criar a figura. Usada por Aleijadinho e Bernini.
  • Escultura fundida: um molde é confeccionado previamente e o metal derretido (pode ser bronze, ouro, prata, ferro) preenche esse espaço vazio (o molde), endurecendo posteriormente e gerando a figura. Usada por Efrain Almeida.
  • Escultura modelada: é utilizado material maleável, como argila, gesso, biscuit, resina, entre outros. O escultor modela o material com as mãos ou usando ferramentas para dar mais precisão às fórmas e, assim, cria a figura. Muito frequente na arte popular, como nas obras de Mestre Vitalino.

Foco em...

Santuário do Bom Jesus de Matosinhos

As imagens a seguir mostram o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (Minas Gerais), construído na segunda metade do século dezoito. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Na­cio­nal (ifãn), em 1939, ele foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco em 1985.

Fotografia. Fachada de uma igreja com paredes brancas e detalhes na cor bronze com duas torres com sino. No centro, na parte superior, há uma cruz. Na frente, escadaria com esculturas.
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (Minas Gerais). Fotografia de 2021.
Fotografia. Pátio aberto com grama nas laterais, árvores esparsas, arandelas de jardim e um caminho de pedras. Nas laterais, há duas capelas. Ao fundo, há uma igreja pintada de branco e detalhes na cor bronze com duas torres com sino. No centro dela, na parte superior, uma cruz. Na frente, escadaria com esculturas. Do lado direito, atrás, há uma construção azul e branca.
Capelas com os Passos da Paixão e, ao fundo, o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (Minas Gerais). Fotografia de 2021.

Do ponto inicial da jornada por este conjunto monumental, podemos ver um terreno inclinado, onde seis pequenas capelas formam um caminho em zigue-zague que culmina em uma igreja, no topo, onde o trajeto se encerra. A igreja é cercada por 12 esculturas, que parecem guardiões, e que podem ser devidamente apreciadas quando chegamos mais perto.

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção está centrada na apresentação e análise do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, projeto de Aleijadinho.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Faça no caderno.

1. Antes de chegar à igreja, o trajeto nos leva a cada uma das capelas. Observe, na imagem a seguir, o que há em uma delas. Você reconhece a cena e os personagens representados?

Fotografia. Escultura em madeira em tamanho natural representando 14 homens . À esquerda, um homem com cabelos no ombro segura com as mãos uma jarra e um prato. Ao lado, uma mesa com 12 homens sentados ao redor dela. No centro da mesa, ao fundo, um homem com cabelo na altura do ombro e túnica azul. Ele está com os braços estendidos. Ao lado, um dos homens deita seu rosto próximo ao peito dele. À direita, outro homem com os braços estendidos, de pé. Ao fundo, parede com pintura de janela fechada de vidro e madeira, com cortina presa do lado esquerdo. Ao fundo, nos cantos, há pintura de prateleiras.
ALEIJADINHO. Ceia [A Última Ceia]. 1795-1796. Esculturas esculpidas em cedro, em tamanho natural. Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas (Minas Gerais). Fotografia de 2016.

A imagem apresenta o protagonista no ponto mais distante, em contraposição às figuras que estão mais próximas, evidenciando a perspectiva do espaço ali construído, com o volume das esculturas, todas feitas em madeira, assim como a mesa e o próprio piso. Completam o espaço as estantes e a janela que, na realidade, são pinturas feitas nas paredes, que buscam criar a ilusão de que são verdadeiras.

2. Repare nas vestimentas das figuras. O que é possível dizer sobre elas?

O conjunto dessa obra representa a Paixão de Cristo. As capelinhas são chamadas de "passos" e representam as Estações da Cruz, reproduzindo a via-sacra. Em cada passo, novas cenas com esculturas de madeira vão contando os capítulos da história: Agonia no Horto das Oliveiras, Prisão de Jesus, Flagelação e Coroação de Espinhos, Subida do CalváriobarraCarregamento da Cruz, e, por fim, a Crucificação.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Inicie a leitura da imagem solicitando aos estudantes que descrevam o que parece estar acontecendo na cena e quem são as pessoas. São homens que, em sua maioria, usam barba e estão descalços, sentados à mesa, como em um jantar. Há dois personagens mais à frente que parecem estar servindo os que estão sentados. A imagem representa uma passagem conhecida na tradição cristã, a Última Ceia, com Cristo no centro, ao fundo, sentado em torno de uma mesa arredondada, junto aos apóstolos.
  2. A ideia é chamar a atenção não apenas para o tratamento estético das vestimentas – como o drapeado, bem característico do Barroco – mas também sobre as aproximações com roupas do período colonial brasileiro.

Atividade complementar

Uma das mais conhecidas representações da Última Ceia é de autoria de Leonardo da vinti (1452-1519). Incentive os estudantes a conhecer um pouco mais sobre esse artista italiano, que é o autor de uma das pinturas mais famosas do mundo, a Mona Lisa (1503-1505).

Da vinti transitava por muitas áreas do conhecimento, como a Arte, a Engenharia, a Anatomia, a Botânica, entre outras. Como inventor, chegou a realizar estudos sobre meios de transporte que só se desenvolveriam muito tempo depois, como a bicicleta e o helicóptero. Ele também analisou o corpo humano e fez estudos de anatomia. No campo das Artes, destacou-se como pintor entre os artistas renascentistas. Suas pinturas buscavam captar aspectos psicológicos ou emocionais dos retratados, como a pintura de Mona Lisa, cujo sorriso sutil instiga a curiosidade do espectador. Em sua obra A última ceia (1495-1498), ele representa Cristo no meio da cena e retrata os apóstolos em ambos os lados, com gestos que mostram como conversavam entre si naquele momento. Aproveite a oportunidade e peça aos estudantes que busquem por representações da Última Ceia de Leonardo da vinti e de outros pintores de épocas e regiões diferentes, uma vez que esse tema é bastante comum entre os artistas. A atividade de pesquisa e análise de obras com o mesmo tema, mas com estilos diferentes, contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero dois) da Bê êne cê cê.

O conjunto de 66 esculturas em madeira policromada e em tamanho natural é considerado uma das grandes obras-primas de Aleijadinho. E a essas somam-se outras 12 esculturas em pedra-sabão, também produzidas pelo mestre e sua equipe, aquelas que, no começo do trajeto, comentamos que “guardam” a igreja. Elas representam profetas do Antigo Testamento: Isaías, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Abdias, ábacúc, Jonas e Naum.

3. Observe a imagem. Quais características se sobressaem na escultura do profeta Isaías?

Fotografia. Escultura em pedra. Isaías, homem com barba longa, que usa um manto cobrindo os cabelos, roupa longa e botas. Nas bordas do manto e da roupa há detalhes de bordado. Ele está de pé e segura um pergaminho aberto que encosta no chão. Sobre o pergaminho há textos. Ao fundo, há outra escultura e uma igreja.
ALEIJADINHO. Profeta Isaías. 1800-1805. Escultura em pedra-sabão. Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas (Minas Gerais). Fotografia de 2015.

4. Observe novamente a imagem, mas agora em conjunto com a escultura de Davi, de Bernini, vista no Sobrevoo deste capítulo. Como cada artista trabalha a expressão facial das esculturas? E os adereços que compõem a cena? Quais particularidades se evidenciam no estilo de cada um?

A construção desse ambiente externo, em pedra, é diferente da composição dos pequenos ambientes internos, em madeira, que, juntos, compõem um grande conjunto espacial, integrado à arquitetura das capelas e da igreja. O conjunto do Santuário Bom Jesus de Matosinhos oferece diferentes relações com o espaço, o volume e as texturas dos materiais empregados. A obra conduz o espectador em sua visitação, levando-o a percorrer essa via-sacra até chegar à igreja, estratégica e simbolicamente no alto do terreno, mais próxima do “céu”. Isso também pode ser entendido como um convite para os visitantes se aproximarem cada vez mais do aspecto ritualístico desse espaço e das histórias que ele busca contar. Ao entrar na igreja ao final do percurso, o espectador – que pode ser um fiel ou não – poderá estar totalmente envolvido por essa atmosfera do sagrado.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Como é a arquitetura dos templos que você conhece e/ou frequenta?
  2. Quais elementos dessas construções simbolizam os principais valores dessas religiões?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Aleijadinho trabalha sutilmente a torção do corpo, o que pode ser notado na posição dos pés em relação ao tronco e à cabeça. Ele esculpe ornamentos em fórma de arabescos nas botas, na bolsa e nas roupas. Os elementos curvos estão presentes também na barba e até na maneira como esculpe as letras.
  2. Chame a atenção dos estudantes para o modo como ambos os artistas trabalham a ideia de movimento. Na escultura de Bernini a ação parece estar em andamento, enquanto no profeta ele parece estar em repouso, como se estivesse transmitindo uma mensagem a quem o observa. Esta comparação, ao analisar e contextualizar diferentes estilos visuais, contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero dois) da Bê êne cê cê.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Estimule os estudantes a contemplar diferentes religiões, iniciando a discussão pelos templos que eles conhecem pessoalmente, que estão próximos às suas casas. Depois, expanda para outros locais, como os templos que eles conhecem pela divulgação em meios de comunicação, ou que são patrimônios culturais. Você pode retomar a seção Foco na História do capítulo 2 do livro do 7º ano desta coleção, na qual foi abordada a arquitetura religiosa.
  2. Auxilie os estudantes a identificar elementos que ajudam a construir a atmosfera de sagrado nos espaços que eles conhecem e/ou frequentam, como a presença de objetos ou imagens, bem como o local onde eles são dispostos; o modo como se organizam os elementos em um altar; o formato de portas, janelas ou até mesmo a planta do local; o mobiliário escolhido; as cores utilizadas em paredes e no teto; o modo como a luz adentra a construção; a maneira como o som ecoa no local. E lembre-os de sempre buscar relações com o universo da arte.

Foco no conhecimento

Instalação

Nesta manifestação artística contemporânea, o artista apropria-se de um espaço e cria a sua obra envolvida nele e por ele. Os objetos presentes nesse ambiente, a maneira como são dispostos, sua relação com a espacialidade, com a iluminação e com o espectador constituem a obra em si.

Além de ser observada, uma instalação precisa da interação do público para ser compreendida em sua totalidade, já que é necessário que ele “adentre” nela.

Uma instalação pode fazer uso de uma diversidade de recursos, materiais, técnicas e linguagens artísticas. E, por ser tão diversa, confunde-se (ou funde-se) com outras modalidades artísticas, como a intervenção artística (quando o artista interfere em um ambiente); a assemblage (quando o artista faz uma composição com diversos objetos); o site specific (quando a instalação ou intervenção é criada exclusivamente para determinado local).

No Brasil, alguns artistas se destacaram na produção de instalações, como Hélio Oiticica (1937-1980), Tunga (1952-2016), Nuno Ramos (1960-), Regina Silveira (1939-) e Cildo Meireles (1948-).

Fotografia. Uma sala, com tijolos nas paredes e pintura branca acima dos tijolos, telhas e vigas de madeira aparentes no teto e chão de cimento queimado cinza. À esquerda, uma arara de roupas com uma túnica branca. Ao lado, um tecido branco e laranja pendurado. À direita, uma cadeira branca. Ao fundo, duas cadeiras brancas.
LEONILSON. Instalação sobre duas figuras. 1993. Site specific. Bordado e costura sobre tecidos de algodão, tecidos de algodão listrados, camisas de algodão, camisas de piquê, voile, cabide de arame, cabideiro, cadeiras de madeira e cadeira de metal, 179 centímetrospor 600centímetrospor 1200 centímetros. Capela do Morumbi, São Paulo (São Paulo).

Essa instalação de José Leonilson (1957-1993) foi montada na Capela do Morumbi, um edifício histórico que abriga exposições de arte contemporânea na cidade de São Paulo (São Paulo). Não há certeza de que as ruínas sobre as quais este edifício foi construído tenham sido uma capela; o que há são muitas camadas de história que se sobrepõem.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre a seguinte questão e compartilhe sua resposta com os colegas e com o professor.

1. Considerando a carga simbólica que essa capela pode ter, quais relações é possível estabelecer entre a obra e o sagrado?

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção apresenta o conceito de instalação artística e traz como exemplo uma obra do artista José Leonilson.

Atividade complementar

O conceito de instalação é muito amplo e as obras exploram técnicas muito diversas. Com o objetivo de ampliar o repertório, sugerimos uma atividade de pesquisa com base na lista a seguir. Se achar conveniente, substitua por obras ou artistas que sejam mais significativos em seu contexto. Oriente os estudantes a buscar informações técnicas e conceituais sobre as obras. Se possível, peça a eles que incluam vídeos e informações biográficas dos artistas.

Sugestões de instalações: Ana Maria Maiolino: Arroz com feijão (1979); Cildo Meireles: Desvio para o vermelho (1967-1984); Thiago Honório: Roçabarroca (2018-2020); Geraldo Zamproni: Tramas Vitais (2021); Henrique Oliveira: Baitogogo (2013); Nelson Leirner: Adoração (altar para Roberto Carlos) (1966); Nuno Ramos: 111 (1992) e Morte das Casas (2004); Regina Silveira: abissal (2010); Tatiana Blass: Penélope (2011); Tunga: Tríade Trindade (2001).

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Materialidades.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero três) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera.).

Sobre a atividade: Para refletir

1. A disposição dos elementos no salão, com as duas cadeiras centralizadas ao fundo, pode conotar um altar. As peças brancas, que se destacam frente às paredes escuras, remetem à cor que habita o imaginário do sagrado na cultura ocidental. A economia de elementos no espaço também cria uma atmosfera de contemplação, que lembra a prática de adoração em igrejas.

Processos de criação

Integrando os dois elementos que norteiam o capítulo, a arte e o sagrado, e usando a técnica da instalação, o desafio desta atividade será criar ambientes.

  1. Retome a questão do início do capítulo: o que é sagrado para você? Escolha apenas uma opção de resposta (o sentido de sagrado que julgar mais importante) e escreva em um papel, juntamente com seu nome.
  2. O professor juntará os papéis de toda a turma, que serão agrupados por proximidade (os que se referem a família, religião, objetos, locais etcétera). Isso determinará os grupos de trabalho.
  3. Cada grupo deve desenvolver o projeto de uma instalação que represente artisticamente o que é sagrado para ele, criando um ambiente que pode ser de agradecimento, de respeito ou de contemplação.
  4. Lembre-se de considerar:
    1. Onde será a instalação?
    2. Quais objetos integrarão o ambiente e como serão dispostos?
    3. Como será a iluminação e o som no ambiente?
    4. Como será o acesso das pessoas à instalação?
  5. Prepare a instalação com antecedência, trazendo de casa os objetos e materiais que serão utilizados na elaboração.
  6. Na data previamente marcada com o professor, cada grupo deve escolher locais diferentes para realizar sua instalação, já que todas serão montadas simultaneamente.
  7. Depois de prontas, todos visitarão as instalações uns dos outros.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O grupo conseguiu simbolizar o sagrado em sua instalação?
  2. Quais recursos e técnicas cada grupo utilizou?
Orientações e sugestões didáticas

Esta seção propõe a criação e montagem de uma instalação artística.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objetos de conhecimento

Materialidades; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performanceetcétera).

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre zero sete) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

Orientações

Por se tratar de uma proposta de instalação artística, a escolha do local é fundamental. Auxilie os estudantes nessa escolha, considerando a carga simbólica do local escolhido.

Sobre as atividades: Para refletir

Para contemplar as respostas dessa seção, faça a mediação das instalações dos grupos. Instigue os estudantes a identificar a representação do sagrado representado nas produções dos colegas antes que os próprios autores se manifestem. Depois que todos já tiverem analisado cada instalação, peça aos autores que verbalizem como se deu seu processo de criação: o que os motivou a escolher essa representação do sagrado, por que elegeram esses objetos para compor a instalação, qual a importância do local escolhido etcétera

Organizando as ideias

Recorte de quatro imagens lado a lado. Da esquerda para a direita: Imagem 1:  Detalhe de escultura de madeira de duas mulheres de tamanhos diferentes com as mãos juntas na frente do corpo, próximas ao queixo. Imagem 2: Detalhe de pintura de Jesus , à esquerda, homem com cabelos na altura do ombro e barba. Ele está de pé, com o corpo envolto a um tecido. Ao lado dele, Tomé, um homem com cabelos e barba ruivos, usa bata laranja e está inclinado na direção de Jesus com o dedo indicador sobre um ferimento na costela de Jesus. Atrás, um homem calvo observa a cena. Imagem 3: Detalhe de escultura de cabeça de um homem careca de bigode e cavanhaque castanhos, com uma cicatriz na parte superior esquerda da cabeça e na lateral esquerda do nariz. . Imagem 4: Escultura em madeira e tamanho natural de Jesus,  homem com cabelo na altura do ombro e túnica azul. Ele está com os braços estendidos. Ao lado, um dos homens deita seu rosto próximo ao peito dele. Há mais esculturas de homens ao lado deles. Ao fundo, parede com pintura de janela.

Neste capítulo, foi traçado um longo percurso que envolveu a observação de obras artísticas que lidam com o sagrado e com a arte. Foram apresentadas obras de séculos passados e obras contemporâneas, manifestações eruditas e populares, arte barroca e arte contemporânea. Você viu o conceito de instalação e também como a composição de um ambiente pode estimular uma sensação ou um sentimento.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Em quais das manifestações artísticas estudadas neste capítulo você percebeu uma presença maior do sagrado? O que o levou a pensar assim?
  2. Como o conceito de instalação pode ser encontrado (em sua totalidade ou parcialmente) nas obras apresentadas?
  3. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

Orientações

No encerramento do capítulo, procure retomar com a turma os conteúdos estudados, listando com os estudantes as suas descobertas e experiências mais significativas.

Sobre as atividades

  1. Esta questão é bastante subjetiva, porque o sagrado pode ser um conceito muito diverso para cada estudante, mas procure incentivá-los a perceber quais elementos artísticos, atributos físicos ou conceituais foram adotados pelos artistas com o objetivo de suscitar essa interpretação no espectador e a refletir sobre eles.
  2. Retome como as igrejas barrocas integravam pinturas, esculturas e arquitetura e com isso criavam um ambiente sagrado. Assim como ocorre em uma instalação, o público (ou o devoto) precisa adentrar neste ambiente sagrado para percebê-lo em sua totalidade. No caso dos ex-votos, por serem expostos todos juntos, as salas de milagres podem remeter a instalações artísticas. Aponte os limites dessa comparação, uma vez que não há intenção artística consciente na produção e exibição de ex-votos.

Glossário

Pedra-sabão
Nome popular de um tipo de rocha chamada esteatito, que é menos dura, sendo assim mais fácil de ser esculpida, inclusive porque permite o polimento. Entre os minerais que a constituem, um deles, chamado “talco”, assegura essa característica. É uma rocha metamórfica, ou seja, que passa por transformações em sua constituição, em virtude das altas temperaturas onde se encontra na natureza.
Voltar para o texto
Douramento
Técnica artística de revestir a madeira esculpida com finas lâminas (folhas) de ouro, por meio de elaborados processos que envolvem o uso de colas e lixamento para resultar no aspecto dourado da peça.
Voltar para o texto
Portada
Termo usado para referir-se à porta de entrada das igrejas barrocas que recebem ornamentação.
Voltar para o texto