CAPÍTULO 1 Arte e vida coletiva

Fotografia. Grupo de dezenas de pessoas caminha na rua de uma cidade, com árvores e prédios ao fundo. Todas vestem um único tecido, longo e branco, semelhante a um lençol. Apenas a cabeça e os pés das pessoas são visíveis.
Participantes da performance Divisor, obra de Lygia Pape, realizada em uma exposição em rrong Kong, em 2013.

1. O que você entende pela palavra coletivo?

Coletivo pode se referir a algo que é composto de ou compartilhado por mais de uma pessoa. Nesse sentido, grande parte do que está ao seu redor pode ser considerado coletivo: espaços públicos, ideias, questões sociais ou bens culturais.

Atualmente, é comum o uso da palavra coletivo para se referir também a grupos de pessoas que trabalham com diferentes linguagens artísticas. Isso geralmente enfatiza uma preferência de organização de modo que todos os integrantes tenham o mesmo protagonismo nas decisões do grupo e nos processos de criação.

O termo coletivo poderá aparecer neste livro com diferentes usos, mas o foco principal será a relação entre as pessoas e, consequentemente, as questões e os desafios que podem surgir dos modos de convivência entre elas.

2. Observe a imagem da abertura do capítulo. Quais elementos chamam a sua atenção? Quais desses elementos podem ser associados à ideia de coletividade?

Versão adaptada acessível

2. Retome a imagem da abertura do capítulo. Quais elementos chamam a sua atenção? Quais desses elementos podem ser associados à ideia de coletividade?

A artista visual Lygia Pape (1927-2004) realizou a performance Divisor pela primeira vez em 1968. Como pode ser visto na imagem, nessa intervenção, um longo tecido branco com diversas fendas era colocado sobre o coletivo de participantes, permitindo que apenas a cabeça deles ficasse visível. Desse modo, ao se movimentar, cada participante necessariamente interagia com todos os outros – e a movimentação coletiva gerava uma espécie de coreografia improvisada.

3. alguma relação entre a performance e a convivência das pessoas nos coletivos dos quais você faz parte, como a família, a escola, o país ou de outros grupos?

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você considera que uma manifestação artística pode promover transformações no cotidiano? Por quê?
  2. Algum tipo de arte já estimulou você a pensar sobre as relações com as pessoas com quem convive? Comente.

SOBREVOO

Coletividade

Faça no caderno.

1. Quais são os espaços públicos que você costuma frequentar no lugar onde mora? Como é a interação entre as pessoas nesses locais? Que tipo de encontros poderiam ocorrer e quais de fato acontecem?

Fotografia. Vista de uma praça, com vegetação e um monumento. Em primeiro plano, à esquerda, pessoas ao redor de uma mesa, algumas sentadas e outras em pé. Na mesa há comidas e bebidas, e ela está coberta com uma toalha. Ao centro da imagem, há um homem que retira produtos de um carrinho de supermercado; ao lado dele, há uma mulher diante de um fogão preto, mexendo com uma colher o conteúdo de uma panela; mais ao fundo há um suporte com diversos galões de água. À direita da imagem, há uma mesa com três tonéis azuis; uma mulher está se servindo do conteúdo de um dos tonéis.
Ocupação OPAVIVARÁ! AO VIVO!, na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 2012.

2. Observe a imagem. O que parece estar acontecendo nessa praça? O que você identifica como intervenção artística nessa imagem?

Na ocupação artística OPAVIVARÁ! AO VIVO!, uma cozinha coletiva foi instalada na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro Rio de Janeiro, e qualquer pessoa podia levar seus ingredientes e suas receitas e cozinhar a muitas mãos em plena região central da cidade.

Nesse encontro, que reuniu indivíduos com perfis diversos, nada era vendido e tudo era compartilhado pelos participantes da ação – de modo que a troca de receitas se tornou também uma troca de experiências.

A ação foi organizada pelo coletivo de artistas OPAVIVARÁ! para dar voz e vez aos frequentadores dos espaços públicos da cidade, provocando reflexões sobre como os indivíduos podem ocupar esses locais, pelos quais normalmente transitam, mas com os quais não se relacionam de fato.

Além dos espaços convencionais de arte como instituições culturais, o OPAVIVARÁ! atua em praças, praias, ruas e outros locais de convivência. Em suas propostas, o público deixa de ser apenas espectador e se torna um agente responsável por ativar as intervenções artísticas desse coletivo. O grupo existe desde 2005 e, ao se apresentar, evita nomear cada integrante individualmente, pois prefere ressaltar que a autoria de seus trabalhos é coletiva.

  1. Quais ações semelhantes à realizada pelo coletivo OPAVIVARÁ! acontecem ou poderiam acontecer no lugar onde você vive?
  2. Sua comunidade se manifesta e participa das discussões sobre o que acontece em sua escola ou em seu bairro? Como?
Ícone. Tema contemporâneo transversal: Cidadania e Civismo.

A dança dos encontros que transforma a vida coletiva no cotidiano

Fotografia. Quatro homens usam uniforme semelhante ao de funcionários dos Correios, composto de camiseta amarela e azul e de short azul. Eles estão alinhados em uma calçada, tendo ao fundo algumas lojas e pedestres. Em primeiro plano, um dos homens do grupo está agachado e cumprimenta uma pessoa em situação de rua que está deitada na calçada, coberta por um cobertor.
DANÇA por correio. Direção: Márcio grêic. Interpretação e criação: Zumb.boys (grupo formado por Danilo Nonato, Deivid Xavinho, Márcio grêic, Guilherme Nobre, Igor Souza, édi Guedes). São Paulo São Paulo, 2016.

5. Observe a imagem. Ela transmite alguma ideia de coletividade a você? Qual?

Dança por correio é uma intervenção artística do grupo Zumb.boys. Ela é realizada em praças, parques e outras áreas de lazer e de convivência. Durante a apresentação, o elenco de dançarinos entrega cartas aos frequentadores desses lugares e os convida a dançar com eles.

Ao receber a carta, a pessoa do público lê a orientação para se movimentar e experimentar diferentes fórmas de se relacionar com o outro – dançarino ou espectador – tomando parte na dança. As pessoas que se mostram interessadas ou abertas ao encontro com os artistas podem criar movimentos e ações de acordo com as propostas das cartas ou então participar da intervenção apenas como espectadoras.

Esse trabalho do grupo Zumb.boys depende da interação com o público e não é apresentado em espaços teatrais convencionais. Por essa razão, os componentes do grupo o consideram uma intervenção artística.

Fotografia. Um homem com cabelos cacheados usa uniforme semelhante ao de funcionários dos Correios. Ele está sorrindo e segura no alto um envelope azul. Ao redor dele há diversas crianças com as mãos erguidas na direção do envelope.
DANÇA por correio. Direção: Márcio grêic. Interpretação e criação: Zumb.bóis (grupo formado por Danilo Nonato, Deivid Xavinho, Márcio grêic, Guilherme Nobre, Igor Souza, édi Guedes). Apresentação em uma escola em São Paulo São Paulo, 2017.
Fotografia. Quatro homens usando uniforme semelhante ao de funcionários dos Correios, nas cores amarelo e azul. Eles seguram envelopes de papel coloridos e estão inclinados na direção de diversas crianças sentadas no chão.
DANÇA por correio. Direção: Márcio Greyk. Interpretação e criação: Zumb.boys (grupo formado por Danilo Nonato, Deivid Xavinho, Márcio Greyk, Guilherme Nobre, Igor Souza, édi Guedes). Apresentação em uma escola em São Paulo São Paulo, 2017.

Os integrantes do Zumb.boys criam suas coreografias com o objetivo de tornar seu trabalho acessível a qualquer pessoa e propõem reflexões sobre a convivência nos diversos contextos e locais onde se apresentam.

Esse grupo começou a atuar em 2003 como equipe de competição em batalhas de danças urbanas. Em 2007, os integrantes do grupo incorporaram suas experiências como b-boysglossário  a técnicas de outras modalidades de dança na criação de seus espetáculos cênicos, mas mantendo o breakingglossário como base da movimentação.

6. Você acha que as danças urbanas podem promover reflexões sobre questões sociais? Por quê?

A vida coletiva sobe à cena

Fotografia. Sobre um tablado verde circular, há um grupo de pessoas de diversas idades, usando roupas comuns. À esquerda desse tablado, em um nível mais baixo, está um jovem de pé, usando camiseta cinta e calça escura; com uma das mãos ele segura um skate. À direita do tablado, está uma jovem usando camiseta e calça escuras; ela segura um objeto vermelho. Ao fundo, há um telão com uma projeção circular do mapa da cidade de São Paulo, dividido por regiões, cada uma representada por uma cor.
100% SÃO PAULO. Concepção: Rimini protocói. Direção: reilgart ráug, istêfãn quégui e dániê vétize. Teatro Municipal de São Paulo, São Paulo São Paulo, 2016.

7. Observe a imagem. Quais elementos estão sendo utilizados cenicamente nessa fotografia?

O projeto 100% City, dos artistas do coletivo teatral alemão Rimini protocói, já foi apresentado em muitas cidades desde 2008. Em cada localidade por onde passam, os artistas convidam 100 habitantes para participar do espetáculo, a fim de compor, com base em dados estatísticos, uma representação da população da cidade escolhida.

Em 2016, o coletivo se apresentou no Teatro Municipal de São Paulo São Paulo. Para a realização da montagem 100% São Paulo, os artistas se perguntaram: “E se a população de São Paulo pudesse ser representada em cena por 100 pessoas? Quem seriam elas? Estaria faltando alguém?”.

Ao longo do espetáculo, os convidados se apresentavam ao público presente no teatro e, após essa introdução, respondiam a uma série de questões propostas pelo coletivo alemão.

As perguntas eram as mais diversas e abordavam desde assuntos sociais e políticos – como: “Quem é a favor de cotas raciais?”, “Quem é contra a corrupção?” – até temas mais cotidianos como: “Quem tem um animal de estimação?”, “Quem come carne?” etcétera Para respondê-las, as pessoas se deslocavam até os setores do palco que indicavam “sim” ou “não”, levantavam cartazes ou falavam ao microfone.

O objetivo do espetáculo 100% São Paulo era discutir um ponto fundamental da convivência democrática: a possibilidade de qualquer indivíduo assumir a palavra e ter voz, tanto na vida quanto no palco.

Fotografia. Uma menina negra, usando vestido colorido, está de pé em um palco. Com uma mão, ela segura um microfone que está em um pedestal; a outra mão está apoiada na cintura. No palco, são projetadas luzes, formando um círculo de luz sob ela. Ao lado da menina há uma mulher de cabelos ruivos, presos em um coque, usando vestido preto, que segura uma mochila. Nas duas margens do palco há várias pessoas em pé. Ao fundo, há um telão com uma projeção circular da menina.
100% SÃO PAULO. Concepção: Rimini Protokoll. Direção: Helgard Haug, Stefan Kaegi e Daniel Wetzel. Theatro Municipal de São Paulo, São Paulo São Paulo, 2016.
  1. Você imagina uma peça semelhante ao espetáculo 100% São Paulo em sua cidade? Quais poderiam ser os assuntos abordados?
  2. Dar voz aos habitantes de uma cidade pode viabilizar alguma transformação da vida coletiva? De que fórma? Quais transformações você imagina que poderiam ser propostas?
Ícone. Tema contemporâneo transversal: Cidadania e Civismo.

Para experimentar

Criando um fórum cênico sobre os direitos do adolescente

Após ler sobre o teatro-fórum, na seção a seguir, e conhecer um pouco a respeito do espetáculo 100% São Paulo, que tal experimentar a elaboração de uma cena teatral que envolva um debate com os espectadores e a sua possível intervenção em cena?

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de quatro integrantes.
  2. Com o auxílio do professor, façam uma pesquisa sobre alguns dos direitos previstos para os jovens pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Escolham um ou dois desses direitos para o debate.
  3. Com base na pesquisa e na escolha dos pontos do estatuto, escolham juntos alguma situação do cotidiano que apresente um problema social relacionado à violação desse direito. Pode ser uma situação veiculada em uma notícia de jornal, em alguma história de ficção ou, ainda, um episódio ocorrido na vida de alguém do grupo.
  4. Cada grupo desenvolverá um exercício cênico para apresentar à turma o tema escolhido. A proposta deve possibilitar a intervenção e o debate dos espectadores, com o objetivo de propor uma transformação da situação, bem como saídas para o conflito.
  5. Após a apresentação de todas as cenas, converse com os colegas e com o professor sobre as seguintes questões:
    1. Quais problemas persistiram sem resolução?
    2. Quais aprendizados nasceram das propostas apresentadas?
    3. Qual é a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente para a vida e a dignidade dos jovens?

Foco na História

Teatro-fórum: a cena como espaço de debate e transformação social

Fotografia. Duas mulheres e dois homens estão em pé sobre cubos, com os braços direitos erguidos e os punhos cerrados. Um dos homens segura um berimbau. Ao redor deles há outras três pessoas sentadas ou agachadas tocando tambores. Todos eles usam roupas pretas. Em volta deles, há pessoas em pé, assistindo à apresentação. Atrás do público há casas, muros com grafite e vegetação.
SACO Preto. Direção: Alessandro Conceição e Claudia Simone. Concepção e supervisão artística: Bárbara Santos. Interpretação: Grupo de Teatro do Oprimido Cor do Brasil. Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 2016.

A partir da década de 1950, no Brasil, uma série de movimentos artísticos passou a questionar a potência política e de transformação social da arte. No teatro, não poderia ter sido diferente.

Várias experiências teatrais foram concebidas a partir dessa época, gerando fórmas cênicas que buscavam tanto diversificar o público que comparecia aos espetáculos teatrais quanto convidá-lo a pensar em novas configurações de vida e de ação política.

Uma das correntes nascidas com essa politização foi o teatro-fórum, surgido dos experimentos do Teatro do Oprimido, desenvolvido pelo diretor teatral Augusto Boal (1931-2009).

Os princípios do teatro-fórum são:

  1. A transformação do espectador em protagonista da cena teatral e, portanto, da ação.
  2. A tentativa de propor uma transformação concreta de situações e problemas reais, buscando possíveis soluções, por intermédio da análise e intervenção artística.

O teatro-fórum, assim, constitui-se como um teatro-debate. Nele, o participante-espectador assume o protagonismo na cena e é convidado a transformar uma situação previamente proposta pelos artistas.

Nesses espetáculos, comumente realizados em ruas e em espaços públicos, o espectador pode intervir no enredo que está sendo apresentado. Quando alguém diz “Para!”, os participantes-atores que estão realizando uma ação cênica congelam e o espectador pode propor uma resolução para os conflitos apresentados, enquanto outros espectadores debatem até chegar a uma solução em conjunto.

Uma das propostas do teatro-fórum é a de que o espectador formule possíveis respostas para os problemas da vida no dia a dia. Assim, o aprendizado obtido no teatro pode ser levado para a vida de cada um.

Não era à toa que Augusto Boal, propondo a mistura entre os papéis de quem assistia às apresentações e de quem fazia teatro, chamava os participantes desse fórum cênico de espect-atores, pois todos eram considerados artistas e contribuíam para a realização do espetáculo.

Coletividade evocada em uma música

A arte também pode explorar a interação entre pessoas de diferentes países. Veja o seguinte exemplo.

10. Leia a letra da “Canción con todos” e compartilhe suas impressões com os colegas.

Canción con todos

Salgo a caminar

por la cintura cósmica del sur,

piso en la región

más vegetal del viento y de la luz

Siento al caminar

toda la piel de América en mi piel

y anda en mi sangre un río

que libera en mi voz su caudal


Sol de Alto Perú,

rostro Bolivia, estaño y soledad,

un verde Brasil,

besa a mi Chile cobre y mineral

Subo desde el sur

hacia la entraña América y total,

pura raíz de un grito

destinado a crecer y a estallar


Todas las voces, todas,

todas las manos, todas,

toda la sangre puede

ser canción en el viento

Canta conmigo, canta,

hermano americano,

libera tu esperanza

con un grito en la voz

CANCIÓN con todos. Intérprete: Mercedes sôssa. Compositores: Armando terrada gômes e Julio César Isella. In: EL grito de la tierra. Intérprete: Mercedes sôssa. abre colcheteS. l.]: Phillips Records, 1970. 1 disco sonoro. Lado B, faixa 3.

  1. Você reconhece o idioma em que está escrita a letra dessa canção? Apesar de não ser o português, é provável que você compreenda a maioria dos versos; afinal, trata-se de um idioma que tem muitas semelhanças com a língua portuguesa. Quais são os países citados na letra? O que eles têm em comum?
  2. Leia os versos e em seguida comente com os colegas: do que trata essa canção? A quem é dirigido o convite na última estrofe da letra?
Fotografia. Uma mulher com cabelos na altura dos ombros, usando um casaco. Ela está sentada, com a boca aberta perto de um microfone e segurando com uma das mãos um bumbo e, com a outra, uma baqueta.
Mercedes apóstrofo sosa cantando e tocando bumbo legueroglossário em um show em Londres, Inglaterra. Fotografia de 1999.

A cantora Mercedes sôssa (1935-2009) e o poeta Armando terrada gômes (1929-1992), um dos compositores de Canción con todos”, ambos argentinos, fizeram parte do Movimento Novo Cancioneiro, iniciado na década de 1960.

Esse movimento denunciou problemas sociais e propôs a busca de uma música de caráter realmente popular para refletir a identidade argentina, problematizando o tango – gênero musical aclamado como um dos símbolos da identidade nacional –, que, na época, alegavam estar vinculado mais a interesses econômicos do que artísticos.

Assim, o movimento impulsionou a valorização de músicas nativas, que passaram a ser mais populares na Argentina daquela época em diante. Com isso, o Movimento Novo Cancioneiro provocou reflexões sobre questões políticas e sociais, bem como transformações na música popular argentina. Além disso, como nos versos da canção, esses artistas estimularam o espírito de irmandade (“Canta conmigo, canta, hermano americano”) entre os países latino-americanos.

Para experimentar

Cantando na língua dos vizinhos latino-americanos

Agora que você leu e refletiu sobre a letra de uma música escrita na língua dos países vizinhos do Brasil, que tal aprender a cantá-la?

  1. Ouça com atenção a Canción con todos” no site indicado na página 158 (https://oeds.link/mUzV1V), acompanhando-a com a letra em seu livro.
  2. Cante junto até memorizar a canção.
  3. Preste atenção nas características do andamento da música, na sua dinâmica (variações de intensidade) e em todos os outros aspectos musicais que conseguir perceber. Repare que as primeiras partes da música são cantadas de fórma declamada e, nas duas últimas estrofes, o ritmo é mais marcado e entusiasmado.
  4. Reúna-se em grupo com três colegas para interpretar essa canção. Vocês podem manter ou alterar as características da música, ou seja, criar um modo para cantá-la juntos.
  5. Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. Que características dessa canção se destacam para você?
    2. Ouvir e cantar essa música ampliou, de alguma fórma, a percepção inicial que você teve da canção apenas lendo a letra? Comente.
    3. Você conhece outras músicas que falam sobre questões sociais e identidades coletivas? Quais?
Ilustração. Desenho de um óculos 3D, que corresponde ao ícone do Para assistir.

Se possível, assista ao filme-documentário Mercedes sôssa: a voz da América Latina. Direção: Rodrigo H. Vila. Argentina: Cinema 7 Films, 2013 (93 minutos).

O documentário mostra a importância de sôssa para a história política e musical da América Latina.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Considerando a relação entre arte e vida coletiva, qual dos exemplos apresentados neste Sobrevoo mais chamou sua atenção? Por quê?
  2. Quais outros artistas e obras que você conhece dialogam com a perspectiva da arte como elemento transformador da vida coletiva?
Ícone TCT Multiculturalismo.

Para pesquisar

Arte latina

Que tal ampliar um pouco mais seus conhecimentos e descobrir outras representações artísticas de alguns países vizinhos?

O repertório é vasto, já que a América Latina é constituída por 20 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Observe no mapa.

Esses países, localizados na América do Norte, América Central e América do Sul, viveram processos históricos semelhantes, combinando em sua formação elementos culturais dos povos indígenas nativos com os que vieram como colonizadores (falantes de línguas de origem latina), escravizados e imigrantes.

PAÍSES DA AMÉRICA LATINA

Mapa. Países da América Latina. Mapa político da América Latina. Destaque na cor laranja para os países: MÉXICO, GUATEMALA, EL SALVADOR, COSTA RICA, PANAMÁ, HONDURAS, NICARÁGUA, CUBA, HAITI, REPÚBLICA DOMINICANA, VENEZUELA, COLÔMBIA, EQUADOR, PERU, BRASIL, BOLÍVIA, CHILE, PARAGUAI, URUGUAI e ARGENTINA. No canto inferior, à esquerda, apresentação da rosa dos ventos e escala de 990 quilômetros.
Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. sétima edição Rio de Janeiro, 2016. página 32.

Faça no caderno.

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de quatro a seis integrantes.
  2. Cada grupo deverá escolher um país para pesquisar (com exceção do Brasil). A pesquisa pode ser feita na internet ou em livros, na biblioteca da escola.
  3. Deve ser pesquisado ao menos um exemplo de cada linguagem artística originária do país escolhido (um representante da produção de artes visuais, um de dança, um de música e um de teatro). Podem ser exemplos de produções tradicionais ou contemporâneas.
  4. Ao final da pesquisa, compartilhem suas descobertas em uma roda de conversa com a turma, se possível, utilizando os equipamentos necessários para apresentar vídeos e imagens.
  5. Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. Após conhecer um pouco da produção artística de países da América Latina, qual descoberta foi mais surpreendente para você? Por quê?
    2. Em quais manifestações você percebeu semelhanças com produções artísticas brasileiras?

Processos de criação

Chegou o momento de experimentar um processo de criação coletivo que pode provocar transformações em seu entorno. Inspirados pelos exemplos apresentados neste capítulo, você e sua turma criarão uma intervenção artística que contará com a participação ativa do público e que explorará uma ou mais linguagens artísticas.

Faça no caderno.

  1. Reúna-se com os colegas em grupos de quatro a seis integrantes.
  2. Cada grupo escolherá um espaço público da escola ou da comunidade: pode ser uma praça, um parque, uma biblioteca, um centro cultural etcétera Deem preferência aos locais que vocês já frequentam.
  3. Primeiramente, atuem como observadores. Visitem o local e anotem suas impressões sobre os frequentadores do espaço: quem são, o que fazem, como se comportam no local, como interagem entre si e outras informações que acharem relevantes.
  4. Em seguida, realizem entrevistas com os frequentadores do local. Elas podem ser registradas em áudio, em vídeo ou por escrito. As entrevistas podem conter questões como:
    1. O que o faz frequentar esse espaço?
    2. Como as pessoas são recebidas nele?
    3. Do que você mais gosta e do que menos gosta nesse local?
    4. O que você transformaria nesse espaço?
  5. Após esse levantamento, discutam sobre os resultados das observações e das entrevistas e escolham o espaço onde será realizada a intervenção artística.
  6. Como serão intervenções coletivas, planejem cuidadosamente cada detalhe. Elaborem um projeto com informações como:
    1. Local, data, horário e duração da ação.
    2. Responsabilidades de cada integrante da equipe.
    3. Lista de materiais necessários.
    4. Momento e maneira em que se dará a participação do público.
    5. Linguagens artísticas exploradas na ação.
  1. Objetivo da ação (o que vocês pretendem transformar com essa intervenção).
  2. Como e por quem a ação será registrada, para que possa ser compartilhada posteriormente.
  1. Com o auxílio do professor, analisem o projeto, façam as adaptações necessárias e iniciem o trabalho.
  2. Sugerimos a seguir algumas possibilidades de intervenção, mas vocês podem propor outras ações motivadas pelas necessidades que detectaram ao observar o espaço ou pelos desejos apontados pelo público nas entrevistas:
    1. Fazer pintura mural coletiva em um grande suporte de papel ou tecido, disponibilizando pincéis e tintas para que todos possam se expressar. O tema pode ser previamente definido, juntamente com os participantes.
    2. Convidar o público a se expressar no mural por meio de fotografias ou de depoimentos e opiniões a respeito do local.
    3. Organizar uma roda de conversa para troca de experiências e convidar os frequentadores a contar histórias que já viveram naquele local.
    4. Escolher músicas para ensinar às pessoas e cantar com elas em uma roda musical organizada no espaço. Estimular os frequentadores a também ensinarem uma música para o coletivo cantar junto.
    5. Organizar uma pequena apresentação cênica nos moldes do teatro-fórum, como foi visto na seção Foco na história deste capítulo.
    6. Organizar uma roda de dança ao som de músicas dançantes que atendam ao gosto dos frequentadores do lugar.
  3. Com o auxílio do professor, organizem o compartilhamento dos registros realizados nas intervenções.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Houve alguma transformação no espaço escolhido ou nas pessoas que o frequentam após a intervenção artística?
  2. Como foi a experiência de realizar um projeto cultural com o público?

Organizando as ideias

Mosaico de fotografias. Composto de um recorte vertical de quatro fotografias. Da esquerda para a direita: grupo de dezenas de pessoas vestindo um único tecido branco caminha na rua de uma cidade, com árvores e prédios ao fundo; vista de uma praça, onde, em primeiro plano, há uma mulher diante de um fogão preto, mexendo com uma colher o conteúdo de uma panela e, mais ao fundo, há um suporte com diversos galões de água; um homem usando uniforme semelhante aos de funcionários dos Correios, nas cores azul e amarelo, segura um envelope de papel colorido e está inclinado na direção de crianças; uma mulher usando roupa preta está em pé sobre um cubo, com o braço direito erguido e o punho cerrado, e mais atrás dela há um homem tocando um tambor.

Neste capítulo, você foi apresentado ao eixo temático que norteará o livro do 9º ano: “Como as artes transformam as realidades e são transfor­madas nessa relação?”. Após essa primeira incursão no tema e as experimentações práticas realizadas, converse com os colegas e com o professor sobre as seguintes questões.

Faça no caderno.

  1. Quais exemplos de transformação coletiva você identificou nas propostas artísticas apresentadas neste capítulo e nas experimentações e pesquisas realizadas por você e pela turma?
  2. Em quais momentos você pôde perceber mais nitidamente a arte também sendo transformada pela experiência coletiva?
  3. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?

Glossário

B-boy
e b-girl Praticante de breaking.
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Breaking
Dança associada ao movimento hip-hop. Os movimentos característicos do breiquin são dobras e torções pouco usuais das articulações, giros em que o corpo está apoiado com a cabeça ou com as costas no chão, além de saltos e outros movimentos virtuosos. É uma dança ritmicamente complexa.
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Bumbo leguero
Tambor de tamanho médio e som grave, feito de madeira e pele de animal, utilizado em músicas tradicionais da Argentina.
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