CAPÍTULO 2 Transformações individuais, reflexos no coletivo

Fotografia. Um viaduto visto de baixo. Algumas cordas entrelaçadas e presas no guarda-corpo sobre o viaduto seguram balanços próximo ao chão, nos quais algumas pessoas se balançam. Presas às cordas há faixas coloridas e triangulares.
A CIDADE é para brincar. Sou criança de 0 a 99 anos. Concepção: Coletivo Basurama. São Paulo São Paulo, 2013.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Transformações individuais, reflexos no coletivo”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Artes visuais; Dança; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
  1. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fóra dela no âmbito da Arte.
  2. Mobilizar recursos tecnológicos como fórmas de registro, pesquisa e criação artística.
  3. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de fórma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade.
  4. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.
  5. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Sobre a imagem

Realizada em um espaço público, a ação apresentada na imagem que abre este capítulo ilustra a ideia de coletividade e proporciona, ao mesmo tempo, uma experiência individual. Os balanços instalados no local convidavam crianças e adultos a interagir com a proposta. Para os adultos, além de uma atividade lúdica, os balanços podem remeter a memórias pessoais da infância.

De que modo a arte estimula transformações individuais que se refletem na vida coletiva? Para que transformações ocorram em um contexto social amplo, é preciso que elas aconteçam também nos indivíduos?

1. Observe a imagem da abertura do capítulo. O que as pessoas nos balanços parecem estar sentindo? Explique.

Versão adaptada acessível

1. Retome a imagem da abertura do capítulo. O que as pessoas nos balanços parecem estar sentindo? Explique.

2. Uma intervenção como a que você vê na imagem sugere transformações individuais ou coletivas? Quais? Como você acredita que elas acontecem?

Em 2013, os artistas do coletivo espanhol Basurama instalaram vários balanços em um local histórico no centro da cidade de São Paulo São Paulo e convidaram as pessoas que transitavam por lá a se aventurar nos brinquedos, intervindo no cotidiano agitado da metrópole com uma ação geralmente associada ao universo infantil. Agora imagine quantos adultos gostariam de repetir essa experiência vivida na infância, mas não têm coragem de se expor em público e romper com os padrões de comportamento social geralmente associados a quem “já cresceu”!

Neste capítulo, ao apresentar algumas obras de artistas contemporâneos, convidamos você a vivenciar possíveis transformações internas e a pensar em como elas podem se refletir em seu entorno.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Como você se vê dentro do coletivo que é a sua turma escolar?
  2. De que fórma a sua turma se vê inserida em um coletivo maior, dentro da escola?
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

O objetivo deste capítulo é encaminhar os estudantes a perceberem que, ao tratarmos de coletividade, não estamos nos referindo apenas aos outros ou a algo externo e impessoal. A intenção é promover reflexões acerca do papel que cada indivíduo tem em um coletivo. A ideia de coletividade perpassa desde o contexto escolar (o coletivo formado pela turma, pelos anos, pela escola) até contextos mais amplos, como a comunidade em que os estudantes vivem, ou, de modo mais geral, a sociedade.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Sobre o Basurama

Basurama é o nome de um coletivo de artistas e arquitetos espanhóis, com sédes em (Espanha) e em São Paulo São Paulo. Basura, em espanhol, significa “lixo”, e esse é o tema da pesquisa e dos trabalhos do Basurama. Com oficinas e ações artísticas lúdicas, o grupo propõe reflexões sobre o excesso de lixo físico e virtual produzido na sociedade contemporânea.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Incentive a fala de todos os estudantes, assegurando, inclusive, que os mais tímidos se posicionem. Conduza com a turma uma reflexão a respeito das diversas personalidades presentes, que, quando somadas, resultam no coletivo e dão a ele características próprias. Esta é também uma oportunidade para ser trabalhado o respeito à diversidade dentro de um coletivo, em que todos devem ter os mesmos direitos e seus espaços garantidos.
  2. Ao se perceberem como parte de uma coletividade, os estudantes podem refletir sobre sua atuação nesse coletivo mais amplo, ou seja, a escola.

SOBREVOO

Transformações cotidianas

Você conhecerá a seguir alguns artistas que fizeram de suas obras ou propostas artísticas disparadores para reflexões que buscavam transformar o modo de pensar e de agir dos indivíduos em suas atividades cotidianas.

As instruções de iôco ôno

Poema. TUNAFISH SANDWICH PIECE.
Imagine one thousand suns in the sky at the same time. Let them shine for one hour. Then, let them gradually melt into the sky. Make one tunafish sandwich and eat. 1964 spring.
Em letras pretas sobre fundo cinza: SANDUÍCHE DE ATUM. Imagine mil sóis no céu ao mesmo tempo. Deixe-os brilhar por uma hora. Então, deixe-os gradualmente derreter no céu. Faça um sanduíche de atum e coma-o. 1964, primavera. [Tradução livre feita pelos autores desta obra]

. greipfrut. Tokyo: Wunternaum Press, 1964.

Faça no caderno.

1. Leia a tradução do texto. Como você realizaria essa instrução?

A artista japonesa iôco ôno (1933-) publicou, em 1964, o livro greipfrut, em que apresentou diversas “instruções” que envolviam propostas de ações práticas ou imaginárias e convidavam o leitor a ressignificar alguns de seus hábitos cotidianos.

  1. Por que você acha que iôco ôno criou essas instruções?
  2. Quais transformações essas instruções podem provocar no público?

iôco ôno nasceu no Japão, mas ainda bebê foi levada para os Estados Unidos, onde seu pai trabalhava. Anos depois, voltou para Tóquio (Japão), onde morou até os 18 anos, quando se mudou para Nova iórque (Estados Unidos). Nessa cidade, conheceu o compositor estadunidense John (1912-1992) e também integrou um grupo de artistas chamado Fluxus. Yoko tem formação acadêmica em música e suas experimentações no campo das artes visuais, da música, da performance e do cinema fizeram com que se tornasse uma referência para artistas do mundo todo.

Ela foi esposa do músico e ativista inglês John Lennon (1940-1980), integrante da banda The Beatles. Em Lennon, a artista encontrou um parceiro de vida e de criação artística. As obras do casal tinham caráter ideológico, de defesa dos direitos humanos e promoção da paz.

Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, são apresentados artistas contemporâneos que se inspiram em ações cotidianas em suas produções.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Dança; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Materialidades; Elementos da linguagem; Processos de criação; Arte e tecnologia.

Habilidades em foco nesta seção

Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

Pesquisar e analisar diferentes fórmas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.

Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o desenvolvimento das fórmas da dança em sua história tradicional e contemporânea.

Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora etcétera) e espaços (convencionais e não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica.

Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando estereótipos e preconceitos.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Sobre as atividades (página 28)

  1. Primeiramente, permita a cada estudante descrever o modo como cumpriria essa tarefa. Depois, converse com a turma sobre a carga simbólica da instrução, que não precisa ser entendida no sentido literal, se assim preferir o espectador/leitor.
  2. As instruções de iôco ôno transformam em poesia um modo de estimular a imaginação e levam o leitor a pensar na vida de um modo inusitado e sensível.
  3. As instruções podem despertar no leitor um modo diferente de ver o mundo, podem ser uma crítica ao automatismo das ações cotidianas, ou, ainda, questionar padrões de comportamento que são interiorizados e reproduzidos.

Para experimentar

Instruções

Que tal participar de um jogo para despertar os sentidos e estimular novas percepções?

Você terá uma semana para cumprir estas instruções e, na semana seguinte, o professor organizará um dia para a turma compartilhar os resultados das experiências.

  1. Você pode escolher cumprir uma ou duas das instruções a seguir. Será um desafio à sua criatividade e à sua persistência.
    1. Observe uma flor durante cinco dias; esteja com ela pelo menos duas vezes ao dia. Anote em seu diário de bordo o que ela “contar” a você.
    2. Durante três dias, encontre um modo de espalhar perfumes em lugares inusitados. Nos dias seguintes, investigue se alguém os percebeu. Anote em seu diário de bordo o que aconteceu.
    3. Durante cinco dias, procure experimentar um sabor novo a cada dia. Anote todas as sensações em seu diário de bordo.
  2. No dia combinado com o professor e com a turma, leve seus registros e conte como foi a sua experiência.
  3. Para concluir, converse com os colegas e com o professor sobre as seguintes questões:
    1. Como você se sentiu ao longo da experiência ou das experiências que escolheu fazer?
    2. O que você descobriu sobre si mesmo ao realizar essa ou essas atividade ou atividades?
    3. Quais foram as reações mais surpreendentes vividas por você ou por outra pessoa durante a experiência?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

As propostas artísticas apresentadas neste Sobrevoo miram as atitudes pessoais e cotidianas. Elas podem ou não convidar o público a participar, mas todas o incentivam a questionar a si próprio e sua posição em relação a um coletivo. Todos os exemplos escolhidos também abordam, de algum modo, questões relacionadas ao corpo, ao modo como a pessoa se move e às sensações corporais. Convide os estudantes a lembrar quais sensações eles vivem cotidianamente e como essas sensações estão ligadas aos sentimentos que variam ao longo do dia, a cada situação vivida. Por exemplo, uma pausa inusitada em um parque onde ele possa se sentar em um balanço: que sensações o ato de balançar provoca? Um frio na barriga, uma vertigem? Quais sentimentos se revelam? Alegria, medo? Essa série de exemplos e questões contempla as habilidades e da Bê êne cê cê.

Sobre Djón

O compositor estadunidense Djón foi revolucionário no cenário musical, pois propôs experimentações que inovaram o modo de fazer música. Entre outras experiências, é importante destacar a inserção de materiais diversos junto às cordas do piano, para alterar sua sonoridade; o uso de recursos eletrônicos ou de ruídos do cotidiano em suas composições; a exploração do silêncio extremo. Em uma de suas peças mais famosas, chamada , apresentada a uma plateia em um teatro, um músico senta-se à frente de um piano e interpreta uma partitura constituída exclusivamente por compassos de silêncio.

Orientações: Para experimentar

O objetivo desta proposta é sensibilizar os estudantes para a realização de performances ou happenings, contemplando a habilidade da Bê êne cê cê. A ideia é que as instruções mobilizem ações individuais que envolvam os sentidos. Caso julgue pertinente, você pode sugerir outras instruções.

Arte e vida na obra de Álan Cáprou

Fotografia. Espaço delimitado por alambrados de metal, com vários pneus pendurados e empilhados no chão. Diversas pessoas estão escalando os pneus e saltando os alambrados.
YARD. Out of Actions. Concepção: Geffen Contemporary, Museu de Arte Contemporânea, Los Angeles, Estados Unidos, 1998.

4. Observe a imagem. O que parece estar acontencendo nessa cena?

O artista estadunidense Álan Cáprou (1927-2006) é autor da obra Yard, que você vê na fotografia. Assim como iôco ôno, cáprou também integrou o grupo Fluxus e foi quem, na década de 1960, criou e deu nome aos primeiros happenings, “eventos artísticos” que acontecem em diversos locais – nem sempre de arte – sem ensaio prévio e com a participação do público.

Um dos princípios de cáprou é o de que um happenings nunca é igual a outro e pode ser reinventado muitas vezes, inclusive por outras pessoas. Seus happenings podiam ser refeitos em muitos contextos, como aconteceu com vários deles, incluindo Yard, em que ele usou pneus para compor um ambiente e propôs ao público que interagisse como preferisse com tudo o que havia no espaço.

Álan Cáprou se interessava pela relação entre arte e vida, assim como o artista francês Marcel diuchomp (1887-1968), que já havia questionado essa relação anos antes com seus ready-mades objetos comuns convertidos em obras de arte. Entretanto, cáprou não levava os elementos da vida cotidiana para o mundo da arte; em vez disso, levava a arte para o contexto da vida.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

4. Questione os estudantes sobre quais locais eles conhecem que se assemelham ao da imagem. Peça a eles que observem as pessoas na cena e questione como elas parecem estar interagindo.

Sugestão para o professor

A obra Yard foi montada pela primeira vez em 1961, no jardim de uma galeria de arte em Nova York – seguindo a concepção de cáprou acerca de seus happenings. Desde então, já foi remontada em diversos contextos, épocas e locais. Existem diversos vídeos na internet que mostram esses ambientes. Se julgar pertinente, faça uma pesquisa prévia e apresente algum deles à turma para elucidar as questões que possam aparecer.

Atividade complementar

Um dos trabalhos mais importantes de Álan Cáprou, realizado no início de suas experimentações com Répenins, foi o 18 Happenings in 6 Parts [18 happenings em 6 partes]. Tratava-se de um convite para a abertura da Galeria Reuben em Nova York, em outubro de 1959. Neste happening, o artista instigava o público a comparecer, aguçando sua curiosidade por meio de breves descrições dos espaços e dando dicas do que aconteceria no evento, mas sem contar detalhes. Ao final do convite, ele convocava o público a contribuir com um valor para que a ação acontecesse. Um artigo publicado pela Fundação Bienal de São Paulo descreve detalhadamente como era essa peça gráfica. Acesse o artigo com os estudantes e proponha que leiam e analisem tanto o conteúdo como a fórma do convite. Experimentem, então, um exercício de imaginação, tal qual o público convidado fez na ocasião. Disponível em: https://oeds.link/cYHEOU. Acesso em: 17 março 2022.

Sugerimos a seguir algumas questões para nortear a discussão após a leitura.

“O que havia de não convencional no ambiente descrito por cáprou?”. Considere o contexto dos estudantes, perguntando também como são os eventos que eles costumam frequentar: se há convite, como esses eventos são e o que esperam quando são convidados a ir a um local ao qual nunca foram.

Pergunte quanto eles pagariam pelo evento e problematize: “O que o motivaria a ir e a contribuir com um evento como esse?”; “Quanto custa um evento de arte?”; “De quais outras fórmas o público poderia contribuir para essa ação?”.

A proposta de análise do convite contempla a habilidade da Bê êne cê cê.

Em suas propostas denominadas activities [atividades], quem participava era convidado a tomar consciência das ações automáticas que realizava em privado, longe do público, como escovar os dentes, olhar-se no espelho ou lavar a louça.

Para cáprou, quando alguém se dispõe a realizar uma ação conscientemente, uma transformação acontece, pois a pessoa começa a prestar atenção no movimento realizado, nas partes do corpo envolvidas e no som produzido, por exemplo. A relação do indivíduo com o tempo também se transforma: muitas ações precisam ser feitas demorada e repetidamente para que cada detalhe seja percebido e assimilado.

5. A partir da proposta de Álan Cáprou, reflita: quais ações você realiza automaticamente e quando elas se tornaram automáticas? Como você as percebe?

Faça no caderno.

Para pesquisar

Marcel diuchomp e os ready-mades

O artista francês Marcel diuchomp influenciou várias gerações de artistas com sua postura questionadora e revolucionária. Ele integrou um movimento artístico chamado Dadaísmo, em que os artistas contestavam o sistema de arte e os padrões culturais da época com obras provocativas e irônicas.

diuchomp chamou de ready-made as obras que produziu com objetos do cotidiano escolhidos aleatoriamente e que eram posteriormente exibidas em ambientes tradicionais de arte, como salões e galerias.

Por ter sido um artista importante para a história da arte, sugerimos que você amplie seu repertório pesquisando e conhecendo alguns dos trabalhos mais relevantes de diuchomp. Para isso, você pode consultar livros de história da arte moderna e contemporânea na biblioteca da escola ou da cidade ou buscar informações na internet. Se optar pela pesquisa on-line, acesse fontes de pesquisa variadas, confronte as informações e procure escolher sites de museus e de revistas de arte. Se necessário, peça ajuda ao professor.

Fotografia em preto e branco. Homem com cabelos grisalhos, usando terno e gravata, está sentado em uma cadeira de perfil. Ao lado dele, há obras de arte.
Marcel Duchamp em uma galeria de arte em ranôver, Alemanha, 1965. Na foto vemos duas obras do artista. No alto, à esquerda: , 1917 (original perdido) - 1964 (réplica). Madeira. 22 por 44 por 33 cm. Museu de Israel, Jerusalém. À direita: Bicycle wheel [Roda de bicicleta] 1913 (original perdido) - 1964 (réplica). 126,5 por 63,5 por 31,8 cm. Museu de Israel, Jerusalém.
  1. Individualmente, pesquise imagens das seguintes obras: Roda de bicicleta (1913), Porta-garrafas (1914) e Fonte (1917).
  2. Escolha uma das obras e, após analisá-la, responda às questões:
    1. O que essa obra despertou em você?
    2. O que há de contestador nela?
    3. Quais transformações diuchomp provocou no mundo das artes?
  3. Para concluir, converse com os colegas e com o professor sobre as respostas de cada um.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

5. O ato de fazer algo de fórma automática, em geral, está associado à ideia de repetição. É quando a ação já foi incorporada aos gestos cotidianos. Quando uma criança está aprendendo a tomar banho, a escovar os dentes ou a andar, ela ainda não pratica as ações de modo mecânico – ou seja, ela tem uma percepção ativa sobre sua ação. Mesmo os adultos, quando realizam determinada ação cotidiana em um contexto diferente, também têm uma percepção diferente dela (por exemplo, pentear-se para ir a uma festa). Incentive os estudantes a refletir sobre isso e sobre a consciência (ou não) que eles têm das próprias ações: como percebem cada gesto, cada movimento e cada som.

Orientações: Para pesquisar

Sugerimos uma pesquisa sobre o artista Marcel diuchomp e os ready-mades. Todavia, se você julgar conveniente, amplie o trabalho de modo a contemplar o Dadaísmo ou outros artistas pertencentes a esse movimento, como o fotógrafo (1890-1976).

As respostas às questões do item 2 desta seção virão das pesquisas realizadas pelos estudantes. Você pode complementar destacando que contestou a concepção tradicional de arte ao apresentar peças artísticas que não foram produzidas “plasticamente” ou “manualmente” pelo artista.

Apresente e analise com a turma a concepção que diuchomp tinha da arte. Segundo ele: “A ideia que faço de arte é a de que tanto ela pode ser ruim, como boa, como indiferente, mas de qualquer modo, continua sendo arte, da mesma maneira que uma emoção, por ser ruim, não deixa de ser emoção.” (TOMKINS, Calvin. diuchomp: uma biografia. São Paulo: Cosac Naify, 2004. página 518.).

Como aquecimento para a conversa, você pode ouvir com os estudantes o podcast rréchitégui (cerquilha, sustenido)1: PERGUNTA QUE EU RESPONDO: O que é arte? Locução: Karina Sérgio Gomes. São Paulo: Conversas sobre Artes Visuais, setembro 2018. Disponível em: https://oeds.link/0LmVtU. Acesso em: 13 maio 2022.

Esse tipo de pesquisa, que incentiva o contato com a concepção de arte de determinado artista, por meio de seus contextos e suas produções, orienta o estudante a questionar as próprias concepções de arte, de modo crítico e autônomo, desenvolvendo, assim, as habilidades , e da Bê êne cê cê.

Quando as coisas contam histórias

Fotografia. Em primeiro plano, há um grande número de objetos espalhados pelo chão: canetas, caixas de fósforo, embalagens diversas, caixas de remédio, papéis, tecidos dobrados etc. Ao fundo uma mulher com cabelos na altura dos ombros está inclinada com uma das mãos estendida na direção dos objetos. Atrás dela, veem-se caixas de papelão abertas.
ANATOMIA das coisas encalhadas. Concepção e interpretação: Silvia Moura. Fortaleza Ceará , 2009.
  1. Observe a imagem. Quais temas esse espetáculo de dança parece abordar? Explique sua resposta.
  2. Você guarda objetos que poderiam formar uma coleção? O que esses objetos contam sobre você?

No espetáculo Anatomia das coisas encalhadas, a bailarina cearense Silvia Moura (1964-) apresenta a si própria e o seu cotidiano mostrando suas coleções. A coleção de objetos de Silvia Moura segue um critério: são colecionáveis os produtos descartados após o consumo de seu conteúdo. Assim, ela coleciona cabides de roupas íntimas, caixas de remédios, chaves, fones de ouvido quebrados, entre outros objetos que são organizados segundo a data, o que continham e a quem pertenciam. A bailarina anuncia que quer aumentar o tempo de vida das coisas, descobrindo novos modos de usá-las.

Além dos objetos, ela considera que suas coreografias anteriores também formam uma coleção. E, na coleção de movimentos, Silvia Moura apresenta criações feitas por ela na década de 1990.

Mas será que é mesmo possível catalogar um movimento criado e executado há tantos anos, como se ele fosse permanecer igual? Como garantir que o movimento permanecerá o mesmo? Ao expor esses movimentos corporais, criados muitos anos antes, Silvia Moura também expõe o próprio corpo, que envelheceu. Nesse espetáculo, além de repensar o ciclo de vida útil dos objetos que os rodeiam, os espectadores também são convidados a pensar sobre si, sobre como envelhecem e sobre como lidam com as marcas e com as transformações e limitações corporais que a ação do tempo impõe.

8. No seu ponto de vista, qual é a diferença entre colecionar e acumular? Como você descarta seus objetos? Quantos tipos de lixo diferentes você produz?

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Meio ambiente.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre Silvia Moura

Bailarina, coreógrafa e professora. Ela atua fomentando a formação e a criação em dança por meio do Centro de Experimentação em Movimento (CEM) e das próprias criações coreográficas desde a década de 1990.

Orientações

Pela leitura do texto sobre o trabalho de Silvia Moura, é possível propor uma reflexão sobre o consumo de objetos e de ideias, assim como sobre modos de ser e de existir. A artista trabalha em seus espetáculos as noções de coleção e de acumulação no âmbito do cotidiano. Ela promove a ideia de que o espectador deve voltar-se a si próprio – aos seus hábitos, às suas atitudes perante a oferta material e imaterial de bens, sua utilização e descarte. Em relação aos bens materiais, todo esse processo envolve, por exemplo, a organização de um espaço e estratégias de catalogação. Com relação aos bens imateriais, envolve a compreensão da passagem do tempo, as transformações das ideias, a percepção de coerências e incoerências das próprias ações, a capacidade de autocrítica etcétera

A abordagem do trabalho de Silvia Moura contempla as habilidades , e da Bê êne cê cê.

O trabalho da bailarina Silvia Moura contempla o tê cê tê Meio ambiente – Educação para o consumo. Ao propor uma coleção dos próprios movimentos, ao mesmo tempo que discute o consumismo, ela revela a passagem do tempo e do envelhecimento, assunto relacionado ao tê cê tê Cidadania e civismo Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso.

Sobre as atividades

  1. Os estudantes podem apontar: reciclagem, produção de lixo, acumulação de objetos inúteis etcétera
  2. As coleções carregam informação, histórias. Elas também são fórmas de organizar, segundo critérios específicos, aquilo que se quer manter. A ideia é chamar a atenção para as escolhas, as classificações, o modo de organizar. É também uma oportunidade para conversar sobre hábitos de consumo.
  3. Ao perguntar sobre o acúmulo, o descarte dos objetos e os tipos de lixo, convidamos o estudante a pensar sobre a utilização dos recursos naturais e de materiais tóxicos, utilizados para a produção dos bens ou realização de serviços dos quais ele se beneficia. Esse questionamento contempla o tê cê tê Meio Ambiente – Educação para o Consumo e a habilidade da Bê êne cê cê. Com base nessa reflexão, será possível abordar o Plano de ação para a produção e o consumo sustentáveis (PPCS), documento do Ministério do Meio Ambiente que apresenta estratégias para uma mudança nos hábitos de consumo a fim de preservar os recursos naturais e, portanto, a vida no planeta. Sugerimos que sejam selecionados os trechos desse documento que se referem ao consumo e que, por intermédio da leitura e nas conversas apontadas no trabalho Anatomia das coisas encalhadas, os estudantes criem um painel com possibilidades de soluções – que podem incluir propostas utópicas – para os problemas de consumo identificados.

Transformação na velocidade das informações digitais

Fotografia. Duas mulheres e dois homens estão dançando em um ambiente urbano, com carros, vegetação e pessoas ao fundo. Eles estão de mãos dadas e usam viseiras com plumas brancas, camisetas regatas coloridas e saias de tule, semelhante à de bailarina.
OS SUPERFICIAIS. Direção e trilha sonora: Marcelo Sena. Interpretação:Companhia etcétera (Elis Costa, Renata Vieira, José W. júnior, Marcelo Sena). Pracinha de Boa Viagem, Olinda (PE), 2015.

9. Observe a imagem. O que chama sua atenção nos figurinos desse conjunto de dançarinos? Por quê?

No espetáculo Os superficiais, o elenco daCompanhia etcétera, que atua em Pernambuco, organiza a coreografia mesclando referências relacionadas à profissão de bailarino, ao lazer, aos estudos etcétera O grupo brinca com essas referências, misturando e sobrepondo ideias, apresentando recordações de infância e contando casos. Além disso, problematiza temas veiculados em meios de comunicação de massa ou a relação das pessoas com os dispositivos eletrônicos, por exemplo. Todas essas referências são usadas na composição da coreografia e dos figurinos dos bailarinos.

  1. Como você interpreta o título do espetáculo?
  2. Em sua opinião, o que é ser superficial? Em quais momentos da sua vida você considera que foi superficial?
  3. O que diferencia uma pessoa ou uma experiência superficial de outras não superficiais?

Com o espetáculo Os superficiais, aCompanhia etcétera propõe um encontro com espectadores de diferentes gerações, convidando-os a pensar nas relações entre as pessoas e na fórma como lidam com a vida de hoje.

Esse trabalho parte do pressuposto de que produzimos e recebemos diariamente uma enxurrada de informações. E, em meio a isso, a tendência é de que a nossa capacidade de fazer escolhas e de prestar atenção diminua.

Orientações e sugestões didáticas

Sugestão para o professor

Assista a trechos da peça Anatomia das coisas encalhadas. Disponível em: https://oeds.link/VugkDU. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

Sobre as atividades

9. É provável que os estudantes mencionem elementos como as saias de balé, os bonés com penas que lembram cisnes, as cores vibrantes que lembram roupas esportivas, as estampas misturadas. Cada uma dessas referências costuma estar em um contexto muito específico. Ao unir esses elementos, o grupo evidencia visualmente uma das estratégias da composição coreográfica: a colagem de diferentes referências de modalidades de dança vividas por cada um dos bailarinos e que foram transformadas ao ser compartilhadas para o grupo. Esta atividade explora a habilidade daBê êne cê cê.

Sobre aCompanhia etcétera (2000)

ACompanhia etcétera trabalha em Pernambuco desde 2000. Quatro bailarinos atuam e criam as obras por meio de pesquisas teóricas e práticas. Seus trabalhos são danças, videodanças e experimentações com sons – para as quais deram o nome de audiodanças.

Orientações

A análise da obra Os superficiais possibilita iniciar uma conversa sobre o fluxo de informações ao qual estamos expostos diariamente, principalmente ao acessar as mídias digitais. Como essas informações tornam-se significativas ou não? Que tipo de relação estabelecemos com o que acessamos e produzimos? Amplie o debate sobre consumo e descarte apresentado na obra de Silvia Moura com foco nas informações digitais. Pense também no fluxo dessas informações e sua interferência nas memórias, na produção de afetos e de conhecimento sobre o mundo. Este conteúdo contempla a habilidade (EF69AR35) da BNCC e o tê cê tê Meio ambiente – Educação para o consumo.

Sobre as atividades

11. e 12. Conduza uma reflexão sobre as dinâmicas da vida: dos momentos de diversão aos de seriedade, por exemplo. É possível estabelecer também uma relação com o espetáculo apresentado na página anterior. Pode-se pensar ainda na quantidade de informações inúteis acumuladas que influenciam na criação de memórias significativas.

Para experimentar

O cotidiano em uma dança

Convidamos você e seus colegas a compor uma dança sorteando movimentos que já conhecem. A coreografia vai ser o modo de organizar os movimentos com a música.

  1. Preparação para o sorteio:
    1. Cada integrante da turma escreverá em um pedaço de papel alguma sugestão de movimento do seu cotidiano ou de uma dança de que goste.
    2. Todos os papéis da turma serão dobrados e depositados em um recipiente. Em outro, que será preparado pelo professor, haverá papéis com títulos de músicas diferentes.
  2. Sorteio e colagem:
    1. Reúna-se com os colegas em um grupo de cinco integrantes.
    2. Um representante de cada grupo deverá retirar oito papéis do primeiro recipiente, que serão as indicações de movimentos para a coreografia, e, do segundo recipiente, deverá sortear o papel com o título da música que será usada na dança do grupo.
    3. Faça com os colegas de grupo os movimentos sorteados para criar a coreografia. Vocês inventarão um modo de combinar os oito movimentos entre si, usando a música sorteada como trilha sonora.
    4. Em seguida, os grupos apresentarão suas coreografias para a turma.
  3. Após apresentar e assistir às danças, converse com os colegas e com o professor sobre as seguintes questões:
    1. Você enfrentou alguma dificuldade para fazer a atividade? Se enfrentou, como a resolveu?
    2. Quais adaptações seu grupo precisou fazer nos movimentos para conectá-los entre si e com a música?
    3. As composições coreográficas criaram novas possibilidades de perceber um movimento já conhecido? Quais foram as leituras?

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O que pode haver em comum entre as obras apresentadas neste Sobrevoo?
  2. Quais foram as suas reações e reflexões perante cada uma das obras apresentadas?
  3. Quais obras o fizeram pensar em suas ações cotidianas (ou transformá-las)?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Esta atividade propõe a criação de uma dança a partir da justaposição aleatória de referências, que podem vir do próprio estudante ou de um colega. A ideia é que os estudantes se apropriem de memórias compartilhadas, ressignificando os contextos e a criação de novos afetos com os materiais, movimentos e músicas que serão disponibilizados ao longo da atividade. Essa exploração contempla as habilidades e da Bê êne cê cê. Organize o espaço para que os grupos possam criar suas danças.

    1. Peça aos estudantes que escrevam movimentos que possam ser reconhecidos por meio da leitura. Podem ser ações, como giro ou salto, partes de uma coreografia de uma música específica, ou indicações de como dançar forró, samba, funk etcétera
    1. Faça uma lista de músicas, selecionadas previamente por você, e escreva os títulos delas em pedaços de papel.
    1. Faça o sorteio, primeiro dos movimentos e depois da música. Os integrantes do grupo deverão anotar os movimentos descritos nos oito papéis e, em seguida, devolvê-los ao recipiente para o sorteio do grupo seguinte.
    1. Por meio desta pergunta, pretende-se estimular uma nova leitura dos diferentes movimentos, inseridos agora em um novo contexto.

Sobre as atividades: Para refletir

1. Todas as propostas artísticas apresentadas lidam com situações do cotidiano. Os artistas provocam encontros ou experiências com e para o público nos quais se procura transformar, de algum modo, a atitude das pessoas. Outras associações podem ser encontradas pelos estudantes, já que as interpretações refletem o contexto em que as obras são analisadas.

Foco em...

Experimentações do Fluxus

Fotografia. Vista de cima de uma caixa branca aberta, semelhante a uma maleta. Dentro dela, ao centro, há um pedaço de papel com o texto: Arrange the beads so that they are the same. Arrange the beads so that they are different. De um lado do papel há duas bolas pretas de tamanho médio e do outro há uma bola branca maior e uma vermelha menor.
bréti diórj. Games and Puzzles [Jogos e quebra-cabeças, em tradução livre] da obra Flux Year Box 2. cêrca de1968. Edição do Fluxus anunciada em 1964. uma caixa de plástico com rótulo em offset, contendo quatro contas de plástico e dois cartões em offset. Design e montagem de George Maciunas. 1,7 centímetros por 6,7 centímetros por 7,5 centímetros. Museu de Arte Moderna, Nova York, Estados Unidos.

Faça no caderno.

1. Observe a imagem do jogo criado pelo artista estadunidense George Brecht. Nas instruções, está escrito (em inglês): BEAD PUZZLE / Arrange the beads so that they are the same. / Arrange the beads so that they are different [“QUEBRA-CABEÇA DE CONTAS / Organize as contas de fórma que elas fiquem iguais. / Organize as contas de fórma que elas fiquem diferentes.”, em tradução livre.] Como você imagina que esse jogo possa acontecer? Por que você acha que o artista chamou o jogo de quebra-cabeça?

Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção apresentamos brevemente o Fluxus, suas concepções não convencionais sobre arte e algumas de suas produções.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Processos de criação; Matrizes estéticas e culturais; Arte e tecnologia.

Habilidades em foco nesta seção

Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

( Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

( Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Sobre a atividade (página 35)

1. O artista pode estar ironizando o termo “quebra-cabeça”, ao propor um desafio que aparentemente não tem resolução convencional. Ao mesmo tempo, ao refletirmos sobre a invenção do artista e sua apresentação do jogo como uma obra artística, estamos “quebrando a cabeça” – materializando, em uma prática reflexiva, o conceito do jogo. Caso não esteja claro, explique aos estudantes que a palavra “conta”, na tradução, significa uma pequena peça, geralmente esférica, que pode ser feita de diversos materiais e tem um furo, pelo qual se pode passar um fio. É normalmente usada em colares, pulseiras, brincos, bordados, rosários etcétera

2. Pense nos jogos que você conhece. Você considera algum deles uma obra de arte? Por quê?

A relação entre arte e vida esteve no centro das discussões e experimentações de diversos artistas próximos ao Fluxus.

Fluxus era o nome de uma revista organizada pelo artista e designer lituano George Maciunas (1931-1978). Em um segundo momento, o nome foi adotado por um coletivo de artistas que se tornou uma referência na história da arte. A palavra fluxus (em latim) significa “mudança”, “movimento” ou “fluxo”. Podemos supor, portanto, que os artistas visavam mudanças na fórma de pensar e de conceber arte.

Criado por Maciunas em 1961, durante um festival celebrado na Alemanha, o Fluxus reuniu artistas de diversas nacionalidades (franceses, japoneses, alemães, estadunidenses, entre outros) que produziam em diferentes linguagens e modalidades artísticas – como artes visuais, música, teatro, performance, fotografia e vídeo. Alguns deles se reuniam no estúdio de iôco ôno, em Nova York, para desenvolver seus happenings e concertos.

O Fluxus também é entendido como um movimento, pois seus ideais se difundiram e foram explorados em muitas produções artísticas, tanto na época quanto atualmente.

Diversos artistas criaram, e ainda hoje criam, obras baseadas nas experimentações do Fluxus, com destaque para o alemão Joséf (1921-1986), o sul-coreano (1932-2006), o francês bên (1935-) e o estadunidense djêordji bréche (1926-2008).

Com artistas tão variados, de diferentes nacionalidades, as criações propostas pelo grupo rompiam os limites entre as linguagens artísticas, com trabalhos que podiam ser considerados performances ou concertos. Muitas obras eram experimentos influenciados pelas aulas que vários de seus integrantes (incluindo e cáprou) tiveram com o músico Djón , que explorava em suas composições elementos sonoros diversos, incluindo ruídos do cotidiano.

Nam , um dos artistas pioneiros nas produções de videoarte, criou – entre muitas outras obras – a TV tchélo, um instrumento único que misturava televisores de diversos tamanhos com elementos de um instrumento de corda, resultando em um violoncelo alternativo, que pode ser visto na imagem a seguir.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

2. Solicite aos estudantes que reflitam sobre os aspectos plásticos dos jogos, assim como sua dinâmica e a reação que provocam em quem joga. Essa questão pode ser retomada depois da leitura do texto, já que, para os artistas do Fluxus, qualquer pessoa pode fazer arte e qualquer coisa pode se converter em obra de arte. Esse questionamento contempla a habilidade da BNCC.

Atividade complementar

O grupo Fluxus influenciou artistas em muitos países, inclusive no Brasil, como o Grupo Rex. Criado pelos artistas uéslei Dúqui Li, Geraldo de Barros e nélson lêirner, o Rex adotava uma postura irônica, de contestação e experimentação. Tais características também são percebidas nas produções desses artistas realizadas mesmo após a dissolução do grupo.

Proponha aos estudantes que façam uma pesquisa sobre esses artistas, buscando analisar como e quando a ironia, a contestação e a experimentação se dão em suas produções. Esta atividade contempla a habilidade da BNCC.

Este pode ser um bom momento para provocar uma discussão em sala sobre o mercado de arte, já que o Grupo Fluxus contestou o papel dos críticos, galeristas, marchands e curadores (assim como fizeram Marcel diuchomp e, no Brasil, o Grupo Rex).

É possível trazer algumas questões para o debate: “Quem determina o que pode ou não ser arte?”; “Por que algumas obras valem (financeira ou simbolicamente) mais do que outras?”.

Esse é um terreno delicado, por isso sua mediação é fundamental. Não há uma resposta fechada para essas questões, mas relembre os estudantes que em cada local, época e contexto há instituições que, direta ou indiretamente, têm influência sobre as tendências artísticas.

No entanto, é importante destacar que há duas posições: a da arte “oficial” (institucionalizada) e a da arte que se apresenta como contestadora – justamente como fizeram muitos artistas que não foram reconhecidos em seu tempo.

Reflita com os estudantes: “Atualmente, o que ou quem determina o que é arte?”; “O que diferencia a arte institucionalizada e a que está fóra do mercado de arte?”.

Você pode ler mais sobre o assunto em: cóclin, Anne. Arte contemporânea – uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Ciência e Tecnologia.
  1. Observe a imagem. Como você imagina que as linguagens artísticas de artes visuais e música se integram nesse “concerto/performance”?
  2. Por que você acha que o artista usou aparelhos que na época eram de tecnologia avançada para criar ou recriar um instrumento tradicional como o violoncelo?
  3. Como essa obra poderia ser recriada com a tecnologia disponível atualmente?

Como outros movimentos de vanguarda, o Fluxus divulgou, em 1963, um manifesto no qual expressava seu objetivo de promover uma arte revolucionária, que questionava o sistema artístico e o sistema político da época. Mesmo quando os integrantes do coletivo criavam jogos ou chamavam a atenção para as ações cotidianas, o tom de ironia que utilizavam demonstrava um posicionamento político.

Fotografia em preto e branco. Uma mulher com cabelos escuros e compridos, usando um vestido, está de pé e toca um violoncelo que é feito de três televisores de tubo empilhados. Os televisores têm estrutura de acrílico.
A violoncelista estadunidense Charlotte Moorman (1933-1991) toca a TV Cello de Nam Díune Peinque, na Alemanha, 1977.

Nesse manifesto, eles declararam: “Promovam uma arte viva, uma antiarte, uma realidade não artística, para ser compreendida por todos, não apenas pelos críticos, diletantes e profissionais. ” [em tradução livre].

O Fluxus questionava instituições artísticas, como museus e galerias, assim como o individualismo excessivo da produção artística tradicional. Seus membros acreditavam que a arte deveria ser feita para o público, com o público e pelo público. Suas propostas buscavam uma aproximação com a vida, usando elementos do cotidiano e sendo realizadas em ambientes comuns, como vimos nas produções dos artistas Álan Cáprou e iôco ôno.

O Fluxus encerrou suas atividades em 1978, quando George Maciunas faleceu. Contudo, os seus ideais continuaram presentes nas produções dos integrantes, que desenvolveram suas carreiras individuais paralelamente.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Questione o que os estudantes entendem por “tecnologia avançada”. Essa ideia compreende algo além da ideia de tecnologias digitais? Resgate com a turma o uso de algumas tecnologias na área de artes visuais que foram inovadoras na época de sua adoção pelos artistas. Mencione exemplos como a tinta a óleo em bisnaga, que possibilitou aos artistas pintarem ao ar livre; a invenção da fotografia, que propiciou que as imagens fossem captadas através da luz. Há também invenções que surgiram em outras áreas, mas que foram incorporadas ao meio artístico, como a máquina de fotocópias, a tê vê e a impressora 3 dê.

Se julgar conveniente, sugira aos estudantes que desenvolvam um projeto sobre o assunto, para que descubram inovações que influenciaram a arte e a vida das pessoas em diferentes épocas. Ao identificar diferentes tecnologias e recursos técnicos, a atividade contempla a habilidade da BNCC.

Sobre as atividades

As questões 3, 4 e 5 propõem aos estudantes reflexões acerca do conceito de tecnologia para além do campo virtual, como é mais conhecida na contemporaneidade. Reflexões como essa contemplam o tê cê tê Ciência e Tecnologia.

  1. A integração das duas linguagens se dá pela movimentação das cordas. À medida que a música é tocada, há movimento nos televisores também, já que os monitores transmitem vídeos das pessoas tocando instrumentos. As ações da musicista parecem causar distorções nas imagens transmitidas.
  2. Como importante marca de seu trabalho, o artista subvertia o uso de televisores. Ele explorava o conteúdo transmitido e a dimensão escultórica dos aparelhos. Além da exploração das linguagens visuais e sonoras e das (então) novas tecnologias, o artista abria uma reflexão sobre o embate e o diálogo entre a tradição e a inovação. Esse conteúdo contempla a habilidade da Bê êne cê cê.
  3. Considerando recursos disponíveis na segunda década do século vinte e um, o artista poderia fazer uso de realidade virtual, utilizar uma série de tablets ou smartphones para receber as imagens, que poderiam ser transmitidas via bluetooth. A violoncelista poderia até mesmo executar a peça a distância, entre muitas possibilidades.

Para conhecer alguns artistas que exploram tecnologias inovadoras como objetos de arte, consulte com a turma o site do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, que acontece anualmente e pode ser acessado on-line. Disponível em: https://oeds.link/bXtkjT. Acesso em: 15 fevereiro 2022.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais transformações o Fluxus provocou no mundo da arte na época em que surgiu?
  2. Em sua opinião, por que o Fluxus influencia artistas até hoje?
  3. Você concorda com a noção de arte que os artistas do grupo Fluxus proclamavam? Por quê?

Foco na História

Os manifestos artísticos

No século vinte e um, a comunicação entre pessoas se tornou algo imediato e fácil, especialmente com o surgimento das redes sociais. Entretanto, muito antes disso, os artistas já criavam suas redes de contatos e de trocas de ideias. Uma fórma de apresentar e divulgar seus ideais era publicando documentos chamados manifestos em veículos de comunicação. Eventos como saraus também eram celebrados para difundir esses manifestos. Como você viu, os artistas do Fluxus usaram esse recurso para divulgar o que eles pensavam e esperavam da arte.

Os manifestos artísticos são declarações escritas nas quais um grupo, geralmente formado por artistas e intelectuais, apresenta a sua visão da arte, os objetivos que pretende alcançar com suas produções, justifica suas escolhas e, em alguns casos, até convida o leitor ou ouvinte a participar da criação das obras, das ações artísticas ou de uma reflexão. Os manifestos também podem ter objetivos políticos, de fórma direta ou indireta, dependendo do contexto histórico no qual estão inseridos.

Essa fórma de comunicação textual teve destaque entre os artistas de vanguarda do início do século vinte, que buscavam romper com os padrões artísticos da época, especialmente com a ideia de arte apenas como representação da realidade. Alguns manifestos se tornaram referência no cenário artístico, como o Manifesto Futurista, publicado pelo poeta, escritor e editor italiano filípo tomáso marinêti (1876-1944). O Futurismo, que se destacou na Itália, valorizava ao extremo a modernidade, assim como a importância das máquinas e da tecnologia, representando a velocidade e o movimento como símbolo de renovação.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Com seus Répenins e ações bem-humoradas, o Fluxus demonstrou que as criações artísticas podiam ir além da produção de objetos convencionais, como era o esperado pelas galerias de arte.
  2. Devido à atitude de quebra de limites e barreiras, que eliminavam a necessidade de enquadrar as obras artísticas em uma ou outra linguagem específica.

Orientações: Foco na História

Nesta seção apresentamos a importância dos manifestos artísticos, citando alguns de seus exemplos mais representativos. Os manifestos são também um gênero textual e, portanto, podem render um bom projeto interdisciplinar entre Arte e Língua Portuguesa.

Se possível, proponha uma atividade interdisciplinar com o professor de Língua Portuguesa e realizem conjuntamente um seminário com o tema: Os manifestos como meio de expressão.

Além da análise dos manifestos citados, incluam outras produções e façam observações focadas nas duas áreas do conhecimento.

No campo da Arte, é possível analisar a proposta visual e a organização do texto. Procure demonstrar como esses aspectos se relacionam com as próprias ideias defendidas no texto, destacando o que cada um deles trazia como inovação. Por fim, para além dos aspectos específicos das duas disciplinas, busquem pontos de encontro entre as diferentes linguagens artísticas. Essa abordagem relativa à integração entre as linguagens e a análise visual dos manifestos contempla as habilidades e da Bê êne cê cê.

Artistas de diversas modalidades (arquitetura, cinema, pintura e teatro) aderiram ao movimento futurista, publicando seus próprios manifestos. Eles contribuíram para divulgar propostas estéticas de diversos movimentos, como os das vanguardas históricas europeias, os movimentos Suprematista (1915), Dadaísta (1916 e 1918) e Surrealista (1924).

Os manifestos não ficavam restritos aos seus países de origem: muitos deles foram publicados em jornais de outras partes do mundo, inclusive do Brasil.

No século vinte, diversos artistas brasileiros também publicaram manifestos, com destaque para o Manifesto Antropófago (ou Antropofágico) (1928), o Manifesto Ruptura (1952, ligado à Arte Concreta) e o Neoconcreto (1959).

Na dança do século vinte, foi publicado o No Manifesto [Não manifesto, em tradução livre] (1965), pela dançarina e coreógrafa ívôn rêiner (1934-), em que propunha a oposição às danças espetaculares e extravagantes que eram produzidas nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970.

Cartaz. Na parte superior, escrito em vermelho, há o título: Ruptura. Abaixo dele, texto, todo em letras minúsculas e em preto: A arte antiga foi grande, quando foi inteligente. Contudo, a nossa inteligência não pode ser a de Leonardo. A história deu um salto qualitativo: não há mais continuidade! Então nós distinguimos: os que criam formas novas de princípios velhos; os que criam formas novas de princípios novos. Por que? O naturalismo científico da renascença – o método para representar o mundo exterior (três dimensões) sobre um plano (duas dimensões) – esgotou a sua tarefa histórica. Foi a crise. Foi a renovação. Hoje o novo pode ser diferenciado precisamente do velho. Nós rompemos com o velho por isto afirmamos: é o velho: todas as variedades e hibridações do naturalismo; a mera negação do naturalismo, isto é, o naturalismo errado das crianças, dos loucos, dos primitivos dos expressionistas, dos surrealistas, etc...; o não-figurativismo hedonista, produto do gosto gratuito, que busca a mera excitação do prazer ou do desprazer. É o novo: as expressões baseadas nos novos princípios artísticos; todas as experiências que tendem à renovação dos valores essenciais da arte visual (espaço-tempo, movimento, e matéria); a instituição artística dotada de princípios claros e inteligentes e de grandes possibilidades de desenvolvimento prático; conferir à arte um lugar definido no quadro do trabalho espiritual contemporâneo, considerando-a um meio de conhecimento deduzível de conceitos, situando-a acima da opinião, exigindo para o seu juízo conhecimento prévio. Na parte inferior do cartaz, escrito em vermelho, há o texto: arte moderna não é ignorância, nós somos contra a ignorância.
Manifesto do Grupo Ruptura, publicado em 1952. Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Já que estamos tratando da circulação da arte na sociedade, propomos uma experiência com arte postal. Nessa prática, o artista produz seus trabalhos especificamente para que circulem por meio postal, e consideram-se parte da criação desde o envelope e o selo até o que está dentro do envelope. O artista pernambucano Paulo Brúsqui (1949-) explorou bastante a arte postal na década de 1970. Analise com os estudantes essa produção, orientando-os a observar como ele articula elementos visuais, utilizando a junção de técnicas variadas com um conteúdo político e provocador.

Em seguida, convide-os a criar os próprios cartões-postais usando a técnica que for mais adequada para expressar cada ideia. O ideal é que esse projeto se realize integralmente, com o envio dessa produção pelo correio para amigos ou estudantes de outras escolas, com sua mediação. Mas, se essa ação não for viável, organize a troca de cartas dentro da própria turma, algo que não demanda serviços de terceiros nem recursos financeiros. Esta atividade contempla as habilidades e da BNCC.

Foco no conhecimento

Arte efêmera

Você sabe o que significa “efêmero”? Esse conceito é amplo e utilizado em muitos outros contextos além do artístico.

Observe agora a seguinte definição, extraída do Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:

efêmero

adjetivo

1 que dura um dia

2 que é passageiro, temporário, transitório

EFÊMERO. In: Grande Dicionário Uáis da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Uáis de Lexicografia, 2020.

Quando o conceito é empregado no campo da arte, pode abarcar propostas de diversas linguagens artísticas. A arte efêmera pode ser aquela que foi criada com o objetivo de se desfazer com o tempo ou aquela que dura um tempo predeterminado. Algumas fórmas de arte que se enquadram nesse conceito são:

1. Espetáculos de dança, de música e de teatro

Esses espetáculos acontecem em um intervalo de tempo e em um espaço predeterminado. Há fórmas de registrar essas produções para preservá-las total ou parcialmente, mas a ação em si é efêmera.

2. Happenings

São “eventos”, “acontecimentos” que, ainda que sigam um roteiro, cada vez que são realizados, apresentam elementos diferentes, como o local, os participantes, o clima e o ambiente. Um happening nunca será igual a outro.

3. Performances

Assim como os happenings, as performances são eventos que acontecem em um intervalo de tempo determinado. Elas podem ser registradas, mas uma performance em si é uma proposta artística realizada em determinados momento e espaço.

4. Grafites

Os grafites são pinturas produzidas em espaços públicos; podem durar alguns anos e se transformam ao sofrer as ações do clima: chuva, vento e sol vão alterando suas características à medida que o tempo passa. Outra razão que determina sua efemeridade é que um grafite está sujeito a qualquer tipo de intervenção externa – por exemplo, uma nova pintura que o apague total ou parcialmente ou que o transforme.

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção apresenta o conceito de arte efêmera, retomando algumas modalidades de artes que integraram outros capítulos desta coleção.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Materialidades; Processos de criação; Arte e tecnologia.

Habilidades em foco nesta seção

Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Orientações

Mais do que um conceito de arte ou uma técnica específica, essa seção revela uma categoria de produção artística que está intrinsecamente conectada com o contexto em que determinadas obras se apresentam. O objetivo é fazer os estudantes compreenderem que algumas produções artísticas podem não ser duradouras e, ainda assim, ser capazes de provocar transformações nas pessoas que as contemplam ou que interagem com elas.

Algumas das modalidades artísticas listadas já foram abordadas em outros capítulos desta coleção. É o caso da performance (estudada no capítulo 7 do livro do 6º ano), daLand Art (apresentada no capítulo 4 do livro do 7 º ano) e do grafite (que será explorado no capítulo 4 deste livro).

Você pode retomar conceitos, exemplos e atividades dos capítulos referentes a essas modalidades para alimentar as conversas no trabalho com a seção.

5. Action paintings

O foco de uma action painting está na ação do pintor, e não no resultado da pintura em si. A pintura permanece registrada (é perene), mas o gesto do pintor é efêmero. Essa técnica teve como principal representante o artista estadunidense Djéksôn Póloqui (1912-1956).

6. Algumas produções de Land Art

Algumas dessas obras, quando produzidas diretamente na natureza, também sofrem com a ação do tempo, assim como o grafite. As obras podem se transformar de acordo com as mudanças da própria natureza (mata que cresce, maré que sobe e areia que se movimenta são alguns exemplos de alterações do ambiente que podem transformar obras realizadas em um ambiente natural).

Por fim, há obras de arte que podem ser consideradas efêmeras por causa do material com que são produzidas, como as esculturas feitas de algum material orgânico (por exemplo, alimentos) ou de gelo. Veja a seguir uma imagem da obra Monumento mínimo, da artista Néle Azevedo.

Fotografia. Nos degraus de uma escadaria há centenas de esculturas de gelo com formato de pessoas em miniatura sentadas de pernas cruzadas. Em volta das esculturas, há crianças e adultos que as observam.
AZEVEDO, Néle. Monumento mínimo. 2014. 5 mil esculturas de gelo expostas na Praça Chamberlain, Birmingham, Inglaterra.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais são os desafios que podem ser enfrentados pelos artistas que produzem obras efêmeras?
  2. Considerando a definição apresentada, o que você descreveria como efêmero no mundo contemporâneo? E em sua vida?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades: Para refletir

1. Um dos maiores desafios pode ser lidar com o imprevisível, uma vez que as transformações da obra podem ocorrer sem que o artista possa controlar o modo como as pessoas vão interagir, ou os efeitos que serão causados pelo tempo. Em alguns casos, há ainda a questão do registro (fotográfico, audiovisual ou escrito) e da documentação do trabalho efêmero. Esta questão aborda conteúdos propostos na habilidade da BNCC.

2. Conduza uma conversa sobre o conceito de efemeridade. A dimensão do efêmero é muito presente na experiência contemporânea. Entre outros elementos, a cultura digital e os meios tecnológicos atuais contribuem muito para essa importância das experiências efêmeras. A comunicação e o acesso às informações são cada vez mais instantâneos, fazendo com que produtos, personalidades, tendências e mesmo ideias se tornem obsoletas de fórma muito veloz – rapidamente substituídas por “novidades” (muitas vezes antigas, mas com novas roupagens). Ao relacionar as práticas artísticas com diferentes dimensões da vida social, cultural e estética, as discussões propostas contemplam a habilidade da BNCC.

Atividade complementar

Além das obras efêmeras que constam no capítulo, destacamos outras produções de artes visuais que lidam com as ações do tempo:

  • Anna Maria Maiolino, Arroz e feijão, 1979.
  • diéfi cuns, Puppy, 1992.
  • Ana Mendieta, Série Silhuetas, iniciada em 1973.
  • rut íuên, Back to the field, 2015-16.

Pesquise, apresente as obras à turma e conduza a leitura, destacando:

  • Elementos visuais que as constituem: “Qual é a técnica e os materiais utilizados?“; “Como o artista trabalha com as cores e as texturas?”.
  • Leituras simbólicas: “Qual tema é abordado?”; “Quais reflexões são suscitadas pela obra?”; “Como o caráter efêmero se apresenta?”.
  • Relações com o conteúdo explorado no capítulo: “A obra sugere alguma transformação? Qual?”; “Há relação entre a obra pesquisada e alguma obra vista no capítulo?”.

Processos de criação

Nesta proposta, você terá liberdade para criar explorando a linguagem artística que escolher, mas deve respeitar as seguintes regras:

  • O projeto deve, de algum modo, se relacionar com o efêmero.
  • O processo deve prever a interação com o público.
  1. Reúna-se com os colegas em grupos de três a cinco integrantes.
  2. Elaborem uma proposta que estimule sutis transformações nos participantes. Deem preferência a algo que os leve a pensar na maneira como se relacionam com os colegas, com a escola ou com o ambiente em que vivem.
  3. Com o auxílio do professor, façam um planejamento da proposta. Ele deve conter a descrição da ação, por que escolheram essa atividade, como preveem a participação do público e o que esperam transformar nele, além da duração da ação, do local onde vai acontecer e dos materiais que serão utilizados.
  4. Seguindo a organização proposta pelo professor, as ações serão realizadas com a presença e a participação do público no dia determinado. Organizem-se para participar das propostas de todos os colegas da turma.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Seu grupo conseguiu realizar tudo o que foi planejado no projeto? O que deu certo? O que aconteceu de modo diferente na prática?
  2. Quais elementos da ação você acha que contribuíram para evidenciar a reflexão proposta por seu grupo? E quais foram os elementos que atrapalharam essa reflexão?
  3. Como suas ideias ou seus relacionamentos se transformaram depois de vivenciar as ações propostas pelos colegas?
Orientações e sugestões didáticas

A proposta desta seção convida os estudantes a desenvolver uma produção artística efêmera.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Materialidades; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

( Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

Orientações

Esta proposta tem como objetivo proporcionar experiências transformadoras. Sugira aos estudantes que criem os trabalhos com base em seus conhecimentos prévios. Oriente-os a buscar referências em obras de artistas apresentados neste capítulo, nas obras de outros artistas que conheçam, em trabalhos de artistas de rua, entre outras referências, artísticas ou não. A proposta pode ser desenvolvida em grupo ou individualmente.

Eles podem realizar happenings, criar instruções destinadas aos demais estudantes ou ainda propor uma performance ou espetáculo que, de alguma fórma, permita a participação do público.

Durante a confecção ou a produção dos trabalhos, proponha a eles que testem e discutam coletivamente os conceitos abordados em suas produções, antes de apresentá-las a um público maior.

Após ler os projetos, você pode auxiliá-los a adequar o que for necessário para a sua realização.

Organizando as ideias

Mosaico de fotografias. Composto de um recorte vertical de quatro fotografias. Da esquerda para a direita: embaixo de um viaduto, três pessoas estão sobre balanços, em cujas cordas há faixas coloridas e triangulares; uma mulher com cabelos na altura dos ombros está inclinada com uma das mãos estendida na direção de diversos objetos espalhados no chão; um homem e uma mulher usando viseiras com plumas brancas, camisetas regatas coloridas e saias de tule dançam em ambiente urbano; uma mulher com cabelos escuros e compridos, usando um vestido, está de pé e toca um violoncelo que é feito de três televisores de tubo empilhados.

As propostas artísticas apresentadas neste capítulo provocam experiências que podem ser transformadoras para o público, ainda que nem sempre essas mudanças aconteçam imediatamente. Algumas transformações são um processo que ocorre ao longo da vida e dependem da disposição de pensar sobre si e sobre sua ação no mundo. Desse modo, certas mudanças se iniciam como experiências individuais que se ampliam para o coletivo, criando uma conexão entre as pessoas a partir de uma experiência comum.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Que transformações você percebeu em suas ações após conhecer os artistas e as obras deste capítulo?
  2. Quais mudanças você percebeu nas atitudes dos colegas após experimentar as propostas práticas apresentadas neste capítulo?
  3. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Dança; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Processos de criação; Matrizes estéticas e culturais; Arte e tecnologia.

Habilidades em foco nesta seção

Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

Pesquisar e analisar diferentes fórmas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.

Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando estereótipos e preconceitos.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Orientações

As questões 1, 2 e 3 visam promover uma síntese reflexiva e crítica sobre possibilidades de a arte proporcionar transformações individuais. Muitas vezes sutis e quase imperceptíveis, essas propostas de transformação são fundamentais para as relações interpessoais e para o convívio em coletividade.