CAPÍTULO 3 Dançar e pensar a sociedade

Fotografia. Em primeiro plano, três jovens dançarinos em uma calçada. Uma mulher com cabelos trançados, presos atrás da cabeça, usando blusa rosa e calça marrom, está de pé, de perfil, com os braços abertos e um dos joelhos flexionado, inclinando-se para trás; um homem com dreadlocks, usando camiseta amarela e calça bege, está de frente, agachado, com uma das mãos apoiada no chão; um homem com cabelos raspados, usando blusa branca com capuz e calça verde, está de costas, inclinado, com uma das mãos apoiada no chão. Ao fundo, há um grande edifício antigo e pessoas olhando na direção deles.
ENCRUZILHADA. Direção: Douglas Iesus. Coreografia e interpretação: Fragmento Urbano. São PauloSão Paulo, 2016.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Dançar e pensar a sociedade”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Dança; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  1. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fóra dela no âmbito da Arte.
  1. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de fórma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade.
  2. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.
  3. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Sobre a imagem

A imagem mostra bailarinos do grupo Fragmento Urbano em meio a uma cena do espetáculo Encruzilhada, apresentado próximo ao Mosteiro de São Bento, no centro da cidade de São PauloSão Paulo. É possível ver algumas pessoas que pararam para observar o que estava acontecendo. No espetáculo, os bailarinos interferem na situação cotidiana, provocando um encontro com os transeuntes por meio da dança. Repare nos figurinos: ao mesmo tempo que são parecidos com roupas usadas no cotidiano urbano, eles revelam elementos próprios – os cortes, as cores e as costuras aparentes –, que identificam os bailarinos como um conjunto.

1. De que fórma você acha que um espetáculo de dança pode promover uma reflexão sobre o convívio em sociedade?

Encruzilhada (2016) é o título de um espetáculo do grupo Fragmento Urbano, do distrito de Guaianases, na cidade de São PauloSão Paulo. Uma encruzilhada é um encontro de caminhos, um lugar de passagens. Esse encontro pode ser uma oportunidade para conhecer alguém e trocar ideias e opiniões.

As inquietações dos artistas dessa companhia em relação ao lugar onde vivem e produzem sua arte foi o que os motivou a se engajar em uma busca para conhecer mais profundamente mestres da cultura popular e da cultura hip-hop.

Os encontros com artistas mais experientes contribuíram para que os dançarinos do grupo se conhecessem melhor e pudessem transformar seu modo de pensar e se expressar por meio da dança, abrindo novas possibilidades de encontro com os espectadores.

2. Se você tivesse de apresentar a si mesmo e o seu contexto por meio da dança, quais seriam os movimentos que executaria, que música e figurinos escolheria e onde dançaria?

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você tem inquietações a respeito do convívio em sociedade? Quais? De que maneira você as expressa?
  2. Nas danças a que já assistiu ou de que participou, você identifica algum assunto relacionado a questões sociais? Quais são esses assuntos e como eles foram abordados pelos artistas?
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

Neste capítulo, a linguagem da Dança é explorada com base no seguinte recorte: “Como nos vemos e como o mundo nos vê?”. O mote para as reflexões propostas é a encruzilhada como um lugar de encontro com o outro, um lugar de passagem, de mudança de rota. Com base nessa ideia, expressa no título do espetáculo do grupo Fragmento Urbano, propomos aos estudantes que reflitam sobre os caminhos que já tomaram e os encontros que tiveram ao longo da vida.

Este capítulo também proporciona a eles a percepção de que cada proposta artística apresenta um ponto de vista, mas pode ser abordada de pontos de vista diferentes – uma variedade que também caracteriza a vida coletiva. O convívio com outras pessoas marca nossa vida em sociedade. Assim, a capacidade de nos posicionarmos publicamente depende sempre do encontro com o outro.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Sobre a atividade

1. No caso do grupo Fragmento Urbano, os bailarinos se apresentam na rua, propondo uma relação direta com o espectador. Você pode instigar os estudantes a pensar como uma dança realizada em um palco italiano, com uma divisão espacial clara entre bailarinos e plateia, também pode promover reflexões sobre o convívio em sociedade.

Sugestão para o professor

Acesse a exposição virtual A dança no espaço urbano. Disponível em: https://oeds.link/U3hLAq. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

SOBREVOO

No encontro também aprendemos sobre nós mesmos

Faça no caderno.

1. Por quais tipos de mudanças você já passou? Como lidou com elas? Quais foram os motivos dessas mudanças?

Ao longo da vida é necessário mudar. Nós crescemos, mudamos de aparência, de ideias, de turma, de casa e passamos por muitas outras transformações. No espetáculo de dança Qualquer coisa a gente muda (2011), a mudança era o fio condutor das ações das bailarinas ângel Vianna (1928-), nascida em Minas Gerais, e da bailarina Maria Alice Poppe (1971-), natural do Rio de Janeiro, que juntas criaram uma dança sobre as experiências de vida que tiveram até seu encontro naquele momento.

Fotografia. Sobre um tablado há uma mulher, usando calça e camiseta de manga longa, sentada sobre uma mesa. Ao redor dela, há dezenas de pessoas de pé e duas sentadas.
QUALQUER coisa a gente muda. Direção: João Saldanha. Intérpretes: ângel Vianna e Maria Alice Poppe. Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 2011. Fotografia do início do espetáculo, com o público no palco junto da bailarina Maria Alice Poppe.
Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, são apresentadas ações artísticas que revelam, por meio de elementos intrínsecos à linguagem da Dança, pontos de vista sobre a sociedade.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Dança; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Processos de criação; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

Pesquisar e analisar diferentes fórmas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.

Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o desenvolvimento das fórmas da dança em sua história tradicional e contemporânea.

Experimentar e analisar os fatores de movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como elementos que, combinados, geram as ações corporais e o movimento dançado.

Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.

Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando estereótipos e preconceitos.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Sobre as atividades (página 46-47)

  1. Promova uma reflexão sobre como as mudanças na fórma de ser e de interesses podem se conectar com as mudanças corporais pelas quais passamos ao longo da vida.
  2. Na primeira imagem, o público está no palco junto com a artista, o que não é comum. Na segunda, é possível verificar que uma das bailarinas é idosa, algo que não corresponde à imagem comumente associada à figura da bailarina.

4. Esta pergunta propõe ao estudante uma reflexão sobre o envelhecimento, seus efeitos sobre o corpo de um indivíduo e sobre o modo como a sociedade se relaciona com esse processo. A questão pode ser ampliada e aprofundada com a atividade complementar sugerida na página do estudante, contemplando a habilidade da Bê êne cê cê e o tê cê tê Cidadania e civismo Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso.

2. Observe esta imagem e a anterior. Que elementos se destacam em ambas para você?

Fotografia. Uma mulher com cabelos curtos, usando blusa de mangas compridas vermelha e calça preta, está de pé, gesticulando, com os braços flexionados. Atrás dela, há uma mulher com cabelos ondulados, presos atrás da cabeça, usando blusa de mangas compridas verde e calça preta; ela está de pé, descalça, com um dos braços estendido, próximo à mulher de vermelho.
QUALQUER coisa a gente muda. Direção: João Saldanha. Intérpretes: ângel Vianna e Maria Alice Poppe. Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 2011.

3. Com base no título do espetáculo, como você imagina essa dança?

Em Qualquer coisa a gente muda (2011), o público entrava no teatro pelo palco e se deparava com uma jovem bailarina sentada em uma mesa, preparando-se para entrar em cena. Em seguida, as cortinas se abriam, revelando aos espectadores as poltronas vazias da plateia, exceto por uma, ocupada pela bailarina ângel Vianna. Quando esse trabalho foi apresentado, ela estava com 83 anos e sua atuação desafiou o estereótipo de que pessoas idosas não dançam.

4. O que você pensa sobre o fato de a bailarina ângel Vianna ter se apresentado aos 83 anos?

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Cidadania e Civismo.

A história de vida de ângel Vianna se confunde com a história da própria dança no Brasil. Ela criou, com o marido cláus Vianna (1928-1992) e com o filho Ríner Vianna (1958-1995), um método de ensinar dança que busca desenvolver a sensibilidade, a imaginação, a criatividade e a comunicação – esse método vem sendo modificado até hoje, segundo suas novas vivências.

O título Qualquer coisa a gente muda nos convida a uma reflexão sobre o quanto os encontros com outras pessoas nos permitem aprender, gerar novas ideias e novas possibilidades de entendermos o mundo e de nos relacionarmos com aqueles que são diferentes de nós.

Orientações e sugestões didáticas

cláus Vianna

Foi um bailarino, coreógrafo e professor de dança, nascido em Belo Horizonte Minas Gerais, que se empenhou em estudar anatomia para favorecer o ensino de balé. Foi diretor do atual Balé da Cidade de São Paulo e atuou em escolas de formação nas cidades de Belo Horizonte Minas Gerais, São PauloSão Paulo, Rio de Janeiro Rio de Janeiro e Salvador Bahia . Desenvolveu práticas envolvendo tanto a dança quanto o teatro que são utilizadas ainda hoje.

Os conteúdos apresentados nestas páginas sobre a obra de ângel e cláus Vianna contemplam as habilidades e da BNCC.

Sugestões para o professor

Se possível, assista a uma entrevista com João Saldanha, ângel Vianna e Maria Alice Poppe sobre o espetáculo Qualquer coisa a gente muda (2011).

Disponível em: https://oeds.link/9vn6Np. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

Conheça mais sobre a artista ângel Vianna em entrevista ao programa Arte do Artista, da TV Brasil.

Disponível em: https://oeds.link/YzQuS3 e https://oeds.link/XTebzf. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

Atividade complementar

Em conexão com a questão 4, sugerimos uma pesquisa sobre a ideia de beleza em textos filosóficos e históricos. A discussão sobre a beleza e padrões estéticos relativos ao corpo humano é ampla e diversificada e precisa ser bem orientada para que os estudantes a compreendam. Por isso, recomendamos que você organize uma aula para apresentar as variações dessa ideia ao longo da história da arte ocidental e oriental. Procure aproximar essa pesquisa dos conteúdos sobre ângel Vianna e sobre a companhia Giradança, apresentados nesta seção – suas obras podem suscitar inquietações sobre a beleza do movimento e dos corpos de pessoas idosas ou jovens e de pessoas com ou sem deficiência.

O que se quer ver?

Fotografia. Sobre um palco, há seis bailarinos usando roupas pretas. Um homem está engatinhando; um homem está abraçado a uma mulher, de pé, caminhando; outro homem está atrás deles, caminhando; e ao fundo há duas mulheres, uma engatinhando e a outra com as mãos apoiadas nas costas a primeira. No cenário, há uma parede de tijolos aparentes e lanças ao fundo.
DANÇA que ninguém quer ver. Direção artística e coreográfica: Alexandre Américo. Intérprete: Companhia Giradança. Natal Rio Grande do Norte, 2020.

A Companhia Giradança, de Natal Rio Grande do Norte, foi criada em 2005 pelo bailarino carioca Anderson Leão e pelo bailarino natalense Roberto Morais. Em seus trabalhos, o elenco dessa companhia – formado por pessoas com e sem deficiência – procura descobrir as possibilidades do corpo de cada integrante. Eles criaram um espaço para explorar os potenciais e as qualidades cênicas da dança de cada indivíduo.

Para os integrantes da Giradança, o nome do espetáculo Dança que ninguém quer ver (2015) é uma provocação. Os profissionais que compõem a companhia se fizeram a pergunta: “O que se quer ver?, e descobriram que queriam ver as próprias danças, a dança da pessoa com deficiência, a dança da pessoa sem deficiência, a dança do encontro entre as pessoas do grupo e a dança do encontro delas com a sociedade.

5. E você? Quais são as danças que quer ver? Por quê?

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

A discussão sobre a produção de dança por pessoas com deficiência é ampla, porém recorremos aqui à leitura da professora doutora Lúcia Matos e do professor, mestre, bailarino e coreógrafo Edu O. Ambos entendem que pessoas com deficiência podem ter aptidão para dançar e criar de maneira autônoma, desde que a produção do movimento para a dança deixe de ser idealizada. Evitar a idealização do movimento é um objetivo recorrente ao longo desta coleção. Para isso, buscamos promover a dança como uma possibilidade de comunicação para estudantes com histórias, hábitos e corpos diversos. É necessário, portanto, entender as especificidades de cada pessoa para poder estabelecer os parâmetros da criação artística. Com base nessa reflexão, é possível pensar sobre a produção de artistas com deficiência como uma comunicação legítima que pode tratar ou não de assuntos relativos à deficiência – a fórma de uma produção artística deve mostrar as especificidades de modos de atuar e de produzir da pessoa que a criou. O debate em torno desses conteúdos contempla as habilidades e da BNCC.

Sugestões para o professor

Para aprofundar a discussão e as práticas artísticas relativas a pessoas com deficiência, sugerimos as seguintes leituras:

CARMO, Carlos Eduardo O. do. Entre lágrimas e compaixões: implicações das políticas públicas culturais brasileiras (2007 a 2012), na produção de artistas com deficiência na dança. Salvador: úfiba, 2014.

lapôni, Estela; O., Edu; Chuárts, váguiner. “Você: um outro que o outro não é”. In: Mostra Internacional de Arte+Sentidos, 2014. Disponível em: https://oeds.link/cbKGx5. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

MATOS, Lúcia. Dança e diferença: cartografia de múltiplos corpos. Salvador: editora da universidade federal da Bahia, 2014.

Segundo os próprios bailarinos, que também criaram as coreografias, a proposta desse espetáculo é descobrir-se, sem negar quem se é nem como se é. Essa descoberta envolve o questionamento dos padrões de beleza, de corpo, de movimento e de dança aceitos durante muito tempo – padrões que negavam às pessoas com deficiência a possibilidade de dançar.

Por se pautar na especificidade de cada corpo e aceitar e acolher suas diferenças, o elenco da Companhia Giradança apresenta uma ampla gama de possibilidades para a pesquisa de movimento. Isso permite que as combinações de movimento provoquem, a cada encontro, uma nova descoberta, um novo acontecimento, uma nova possibilidade de dançar. O que motiva os integrantes do grupo a mover-se são as diferenças entre os indivíduos.

Dança que ninguém quer ver é a dança que dá espaço a pessoas nem sempre valorizadas na sociedade, que são pouco lembradas e pouco contempladas nos espaços públicos e nas discussões coletivas. A cena, nesse caso, pode operar como uma extensão do espaço público: dar visibilidade ao que é relegado a estar à margem pode provocar transformações, mudando inclusive a relação entre o que é considerado central e o que é comumente visto como periférico.

Fotografia. Sobre um palco, há três bailarinos usando roupas pretas. Um homem está agachado, com os joelhos e as mãos apoiados no chão; sobre as costas dele, há outro homem de pé; de frente para esse homem, segurando a cintura dele e olhando para ele, está outro homem. No cenário, ao fundo, há uma cadeira de rodas e lanças.
DANÇA que ninguém quer ver. Direção artística e coreográfica: Alexandre Américo. Intérprete: Companhia Giradança. Natal Rio Grande do Norte, 2020.

6. De que modo o encontro com uma dança fóra dos padrões tradicionais pode trazer novas ideias sobre o convívio em sociedade? Que reflexões esse exemplo despertou em você?

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades (página 48-49)

  1. O objetivo é convidar os estudantes a pensar sobre como os encontros com o outro podem abrir caminhos para novos modos de aprender e de viver, distintos dos que cada um está acostumado. Esse encontro com a alteridade amplia possibilidades de convivência e de se pensar as relações entre as pessoas em sociedade.
  2. Provoque o estudante a pensar sobre o que significa considerar algo fóra do padrão. Questione também quais são os padrões que eles adotam. Sem dúvida, deve haver muita diversidade de padrões na sala. Será que algum deles deve se sobrepor ao outro?

Sobre a Giradança

A companhia, formada por bailarinos com e sem deficiência, foi criada em 2005, em Natal Rio Grande do Norte. Ela trabalha com base na ideia de corpo diferenciado, na qual os bailarinos pesquisam e descobrem, a partir das especificidades de cada corpo, os próprios modos de dançar.

Para experimentar

Um encontro por meio da dança

Que tal fazer uma atividade em que os intérpretes transformarão a execução dos movimentos da sequência coreográfica criada por um coreógrafo?

Antes de iniciar, escute o áudio Desenhando com movimento, que servirá de aquecimento corporal para essa atividade.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de três integrantes.
  2. Decidam quem será o coreógrafo e quem serão os intérpretes da sequência coreográfica.
  3. O coreógrafo criará uma sequência inicial de movimentos com 16 tempos para ensinar aos intérpretes.
  4. Em seguida, os intérpretes deverão modificar a sequência coreográfica inicial, variando a altura (nível), a parte do corpo que realiza o movimento, a direção, a velocidade e a amplitude do movimento. Pode-se compor a sequência coreográfica inicial ou modificar os movimentos, buscando apresentar algo de seu modo de dançar.
  5. Todos os integrantes do trio deverão aprender as sequências modificadas.
  6. Após todos terem aprendido, as sequências coreográficas de cada grupo poderão ser apresentadas à turma.
  7. Depois das apresentações, compartilhe com o professor e com os colegas as respostas dadas às questões a seguir:
    1. Quais especificidades suas e dos colegas ficaram evidentes durante a atividade?
    2. Quando você e os colegas dançaram juntos, quais foram suas dificuldades para lidar com as habilidades deles que eram diferentes das suas? Como você resolveu essas dificuldades?
    3. O que você aprendeu sobre convivência com essa atividade?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

A escuta do áudio Desenhando com movimento poderá servir como aquecimento corporal e possibilitar a criação de um repertório de movimento para a atividade da seção Para experimentar, que propõe a composição de uma sequência coreográfica, por isso sugerimos a escuta do áudio antes do início da da proposta “Um encontro por meio da dança”. Para começar, organize a sala afastando mesas e cadeiras. O áudio conduzirá a uma improvisação em que os estudantes pesquisarão a trajetória dos movimentos no espaço, atividade que contempla as habilidades ,, e da Bê êne cê cê.

O objetivo desta atividade é trabalhar com as dinâmicas do movimento e as preferências com relação ao uso do espaço, na criação de ações corporais. Ao se relacionarem com os colegas durante a dança, os estudantes poderão modular seus gestos, palavras e ideias no sentido de se encontrar com o outro e estabelecer relações de afinidade e de compreensão mútua. A exploração dos elementos constitutivos do movimento dançado, a investigação de procedimentos de improvisação e criação e a vivência de experiências coletivas em dança são propostas nesta atividade.

  1. O coreógrafo vai propor uma sequência com duração de 16 pulsos ou tempos. Nesse sentido, um movimento pode durar mais de um pulso. É possível utilizar música, se você preferir.
  2. Depois de aprender a coreografia, os intérpretes precisam continuar realizando as mesmas ações corporais que o coreógrafo propôs, modificando-as segundo as sugestões apresentadas no enunciado.
  3. Cada integrante deve aprender as modificações propostas pelos outros. A seguir, o grupo deve encontrar os modos de passar de uma proposta para outra, formando uma nova coreografia.
  4. Esta etapa não é obrigatória, mas é importante que todos estudem as suas sequências coreográficas individuais para trabalhar com elas posteriormente.
  5. Avalie com os estudantes como foi participar da proposta sugerida no áudio e na atividade da seção Para experimentar. As questões a, b e c visam promover reflexões críticas e autocríticas em relação às ações de cada um e, ao mesmo tempo, exercitar a compreensão da alteridade e possibilitar o encontro com as diferenças.

De passinho em passinho, uma dança que transborda

7. O que você sabe sobre a modalidade de dança conhecida como passinho?

Fotografia. Sobre um palco, um grupo de oito jovens bailarinos faz o mesmo movimento, com as pernas afastadas e flexionadas e os braços flexionados. No teto, há refletores que jogam sobre os bailarinos feixes de luz.
Cena do espetáculo #Passinho. Direção: Lavínia Bizzoto e Rodrigo Vieira. Intérpretes: celí , CL Fabulloso, DG Fabulloso, gê êne Fabulloso, Iguinho Imperador, Djéksôn Fantástico, leôni Fabulloso, michél Quebradeira Pura, Nego e Sheick. Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 2011.

O passinho, modalidade de dança nascida na periferia do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, é apresentado no espetáculo rréchitégui (cerquilha, sustenido)Passinho, que levou para o palco dançarinos de comunidades dessa cidade.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Ao apresentar o passinho como uma modalidade emergente de dança, consideramos seus contextos e modo de pensar o corpo e o movimento, contemplando as habilidades e da Bê êne cê cê. É preciso reconhecer no passinho uma criação urbana cultural que emerge de um contexto específico. Questione os estudantes sobre os discursos que estão associados a esse modo de fazer dança.

Proponha a eles uma reflexão pautada em um encadeamento das seguintes perguntas: “O que conhecemos sobre os contextos nos quais o passinho foi criado?”; “Como nos relacionamos com essa modalidade de dança, com seu contexto de origem e com as pessoas que o criaram?”; “Essas reflexões nos provocam algum tipo de transformação?”.

Sugestão para o professor

Para aprofundar as reflexões sobre o passinho, sugerimos a leitura de:

MUNIZ, Bruno Barboza. Quem precisa de cultura? O capital existencial do funk e a conveniência da cultura. In: Sociol. Antropol., Rio de Janeiro, volume 6, número 2, página 447-467, agosto 2016.

Disponível em: https://oeds.link/ELbxvW. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

Sugestão para o estudante

Assista com a turma o registro do espetáculo rréchitégui (cerquilha, sustenido)Passinho. Disponível em: https://oeds.link/BvH2en. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

O passinho ganhou visibilidade através de vídeos publicados na internet. O acesso às mídias digitais colaborou para a difusão e para a troca de informação entre seus praticantes. Graças a isso, o que era inicialmente uma dança de periferia passou a ter uma visibilidade global.

Os dançarinos de passinho, em geral, são trabalhadores que atuam em diversos setores e, por isso, as horas de ensaio, as batalhas entre dançarinos e as apresentações muitas vezes são intercaladas com a busca por sustento e qualidade de vida. Nas batalhas de passinho, cada um dos participantes, de fato, está lutando para se apresentar e ganhar seu espaço. Com a visibilidade que ganharam com o passinho, alguns dos jovens dançarinos tornaram-se reconhecidos como artistas e foram convidados a dar aulas dessa modalidade de dança e a protagonizar filmes e documentários.

A difusão do passinho trouxe notoriedade e oportunidades a grupos de artistas que tiveram a possibilidade de se relacionar com o mundo tradicional das artes, sem perder o vínculo com a sua realidade, podendo inclusive transformar a fórma como o mundo a vê. Transformações como essa também fazem parte da história de outras danças urbanas, como você verá mais à frente.

Para pesquisar

Métrica das redes sociais

As redes ou mídias sociais tornaram-se, nos últimos anos, um importante canal de geração de conteúdo. Os usuários utilizam as redes sociais para divulgar ideias, trocar informações, vender marcas e serviços, entre outras possibilidades. Pela enorme quantidade de dados gerada nessas mídias, é possível conhecer o perfil de comportamento de seus usuários. Uma de suas principais características é a busca pelo engajamento, que é o nível de interação das pessoas com aquilo que é proposto.

Observe a página oficial do documentário A Batalha do Passinho – O Filme (2013) em uma rede social. Essa página estava ativa até o momento da publicação desta obra (2022), mesmo quase 10 anos depois da estreia do documentário.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para pesquisar

As redes sociais estão cada vez mais presentes nas nossas vidas, influenciando nosso modo de pensar e agir. Por isso, é importante que os estudantes sejam estimulados a observar e analisar os conteúdos das redes sociais para que suas escolhas e opiniões sejam conscientes.

Durante o período em que eles estiverem acompanhando as redes sociais, é importante que você esclareça que não só o fato de “curtir” um post demonstra engajamento, mas também o fato de estar inscrito e acompanhar as postagens.

Antes de os grupos elaborarem o infográfico, mostre os detalhes das informações do modelo apresentado. Converse sobre os recursos imagéticos e verbais utilizados. Existem algumas plataformas gratuitas de criação de infográficos de fórma intuitiva que podem ajudar os estudantes a elaborar a apresentação dos dados. Caso seja possível, ajude-os a fazer uma busca na internet. Se a escola não tiver acesso à internet, os estudantes poderão apresentar os dados em cartazes, utilizando recursos visuais para tornar a apresentação mais atrativa.

Página de internet. Divisão em duas colunas. Na coluna da esquerda há o texto: Sobre. Documentário – 2013 – 75 minutos. De: Emílio Domingos. Produzido por: Osmose Filmes. Contatos: osmosefilmes@gmail.com. Surgido nas favelas cariocas, o passinho, explodiu em 2008 e desde então vem mudando a cara da periferia do Rio de Janeiro. Uma nova forma de dançar o funk, o Passinho é a manifestação cultural carioca mais importante dos últimos 10 anos. O documentário “A Batalha do Passinho”, dirigido por Emilio Domingos, acompanha de perto esse fenômeno e mostra de dentro do movimento a evolução dessa cultura. Na parte inferior, ícone de like, mão com o dedo polegar para cima. Ao lado do ícone, o texto: 60.137 pessoas curtiram isso. Abaixo, ícone de seguidores, composta de uma caixa com um tique dentro. Ao lado do ícone, o texto: 59.918 pessoas estão seguindo isso. Abaixo, ícone de um globo terrestre. Ao lado dele, o texto: https://www.osmosefilmes.com.br/. Abaixo, ícone de um envelope. Ao lado dele, o texto:  contato@osmosefilmes.com.br. Abaixo, ícone de uma pasta. Ao lado dele, o texto: Filme. Abaixo, ícone de uma câmera. Ao lado dele, o texto: https://www.facebook.com/OSmoseFilmes/. 
Na parte superior da coluna da direita, há um círculo com uma imagem dentro e, ao lado dele, o texto: A Batalha do Passinho - O Filme. 20 de agosto de 2021. Mais abaixo, há o texto: Na semana que vem, o filme Batalha do Passinho ficará disponível no CINEBELA, cineclube do Galpão Bela Maré e na sexta haverá um debate sobre protagonismo feminino no Passinho entre Gabrielle Vidal e May IDD. Abaixo, há a imagem de dois cartazes, compostos da fotografia de meninos dançando passinho. Na parte superior do primeiro cartaz, o texto: CINEBELA. SESSÃO SABARÁ. ABERTURA DA SESSÃO. Dia 24 de agosto. Terça-feira. Na parte superior do segundo cartaz, há o texto: CINEBELA. SESSÃO SABARÁ. LIVE DEBATE. Abaixo, dentro de um círculo, há o retrato de uma mulher com cabelos ruivos, acompanhado do texto: Mayra Lima. No canto inferior direito, há o texto: Ao vivo, @galpaobelamare.
A BATALHA do Passinho – O Filme [página em rede social].

Com base nessa observação, responda:

  1. Qual é a finalidade dessa página na rede social?
  2. Quais informações sobre o assunto da página você identifica?
  3. Qual é o número de seguidores? Qual é a importância dessa informação?

Atividade de observação

Seguindo as orientações do professor, vamos fazer uma observação da divulgação de atividades artísticas nas redes sociais e analisar como esses dados nos informam sobre o engajamento das pessoas.

  1. Reúnam-se em grupos de seis integrantes.
  2. Cada grupo irá selecionar eventos relacionados ao Passinho (evento público ou privado) em uma rede social.
  3. Acompanhem por uma semana a movimentação da página nessa rede social.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Espera-se que o estudante mencione que a finalidade é a divulgação do filme, o compartilhamento de assuntos relacionados ao tema e a ampliação do engajamento com postagem de vídeos de eventos e publicações.
  2. Na página podem ser verificados o número de seguidores, de curtidas, a produtora do filme e o ano de lançamento, entre outras informações.
  3. São 59 918 seguidores. Espera-se que o estudante perceba que a quantidade de seguidores está relacionada ao alcance de possíveis espectadores do filme e, portanto, serve como divulgação da obra e de avaliação do engajamento do público com esse tipo de evento artístico. O número de seguidores em uma rede social é usado para atrair mais público para a página. Quanto maior o número de seguidores, maior é a impressão de relevância, motivando novos seguidores. Isso não significa que todos acompanham o conteúdo, mas, sim, que em algum momento o seguidor acessou a página e clicou em “seguir.

Coleta de dados

  1. Anotem a variação do número de seguidores, o número de likes e de compartilhamentos.
  2. Observem os assuntos das postagens e o envolvimento dos usuários da plataforma com cada uma delas. Importante! Verifiquem se durante a semana ocorreu alteração no número de seguidores.

Apresentação dos resultados

6. Elaborem um infográfico demonstrando o número de seguidores, quantidade de postagens, quantidade de curtidas e de compartilhamentos. Observem um exemplo:

Infográfico. 90,8% dos internautas brasileiros acessam redes sociais. 4,9 horas mensais gastamos nestes sites. 60% dos internautas brasileiros se inscreveram em alguma rede social nos últimos 3 meses. As redes que mais ganharam novos usuários foram: Facebook: 27,5%. Google Mais: 27%. Twitter: 11,8%. YouTube: 9,4%. Sites com mais usuários: Facebook: 94%. Orkut: 75%. Twitter: 73%. YouTube: 69%. Google Mais: 56%. Frequência de uso: Facebook: 88,9%. Twitter: 41%. MSN: 34,3%. Orkut: 31,7%. YouTube: 21,7%. Mulheres versus Homens: 58,7% da quantidade de acessos das redes sociais é das mulheres. Compras: 41% pesquisam nas redes sociais antes de comprar. Duas a cada três dão feedback para as marcas via redes sociais. 54% seguem empresas no Twitter. 74% “curtem” empresas no Facebook. Acesso: 68,5% usam aplicativos para acessar – o uso dobrou de 2011 para 2012. E-Buddy: 35%. Tweetdeck: 31,9%. Hootsuite: 1,4%. 56% usam celular ou smartphones para acessar o Facebook. 70% usam desktops e 60% notebooks.
Infográfico com o perfil dos usuários brasileiros de redes sociais, em 2012. Fonte: https://oeds.link/xQquCv. Acesso em: 12 julho 2022.
  1. Após a elaboração do infográfico, sugerimos a seguinte reflexão, com base na observação das postagens e dos dados coletados:
    1. Ao observar as postagens, quais informações você identifica sobre a atuação dos dançarinos de Passinho em suas comunidades?
    2. Quais são os assuntos das postagens? Quais desses assuntos têm mais envolvimento dos usuários nessa página?
    3. Qual é o número de seguidores na página escolhida para o acompanhamento? Qual é a importância desse dado nessa página?
  2. Ao final da pesquisa, cada grupo apresenta para a turma seu infográfico e suas reflexões orientadas pelas perguntas anteriores.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

    1.  Espera-se que os estudantes leiam as postagens e identifiquem os tipos de ação que as pessoas envolvidas com o passinho desempenham em suas comunidades.
    1.  Chame a atenção dos estudantes para os assuntos tratados nas postagens e como mobilizam ou não a conversa ou algum tipo de reflexão nos usuários das redes sociais.
    1.  Essa questão retoma e aprofunda a reflexão sobre o alcance e a divulgação do assunto. Converse com os estudantes sobre como cada um deles se envolve com as postagens nas redes sociais e quais são os impactos.

Habilidade contemplada na atividade: Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

A dança que se espalha mundo afora

Fotografia. Sete jovens, cinco deles meninos e duas meninas, estão dançando em um ambiente a céu aberto. Os meninos estão usando camisetas coloridas e calças azuis, com as mãos apoiadas no chão; alguns deles estão com as pernas no ar. Atrás deles, as meninas estão em pé, de braços cruzados, e usam vestidos coloridos. Ao fundo, outros jovens conversam e observam a apresentação. Há também vegetação e um prédio com muitas janelas.
The Rock Steadycrúl, com o cofundador Ríchard creizi léguis côlon (no centro), dançando breaking no pátio da escola Booker T. Washington, em Nova York, Estados Unidos. Fotografia de 1983.

A Rock Steady Crew foi fundada em 1977 no Bronx, distrito da cidade de Nova York. Ela é uma das mais antigas crewsglossário do movimento hip-hop e muitos b-boys que fizeram parte dela no seu início deixaram seu legado na fórma de movimentos de dança, versos, músicas e pensamentos.

Nas décadas de 1970 e 1980, juntando-se a outras equipes, a apareceu em filmes, programas de televisão, jornais e revistas, além de ter suas músicas tocadas em programas de rádio. Essa difusão em diferentes mídias contribuiu para consolidar o hip-hop nos Estados Unidos e em outros países como um movimento cultural cujas manifestações artísticas promoviam a esperança de mudança e de transformação da realidade.

Desde seu surgimento, o movimento hip-hop tinha como um de seus objetivos denunciar a desigualdade social e racial. Nos Estados Unidos, ele se incorporou à luta pelos direitos civis e pelo fim da segregação racial no país. No entanto, ao longo do tempo, o movimento também se transformou e, em cada lugar onde se instalou, ganhou adeptos, características e propósitos nascidos do encontro com as culturas locais.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre Rock Steady Crew

É um dos grupos mais antigos de b-boys, b-girlse hip-hop. Esta crew formou-se junto com a configuração do hip-hop como um movimento cultural. Ela se mantém atuante e se renova desde sua criação, em 1977. Muitos dos b-boys que fizeram parte dela, como o famoso deixaram sua marca e seu legado em fórma de um amplo repertório de movimentos.

Atividade complementar

Caso seja possível, sugerimos que você organize uma visita de artistas ligados ao movimento hip-hop à sua escola para que os estudantes possam conhecer seus trabalhos e conversar com eles. Procure organizar workshops de dança, grafite, discotecagem e poesia com os artistas convidados.

Foco na História

O início do movimento hip-hop

Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

Fotografia em preto e branco. Um grupo de homens está em uma quadra poliesportiva, diante de uma mesa em que há picapes de som, vitrola e um ventilador. Alguns deles estão com as mãos sobre o aparelho, outro segura um microfone próximo à boca. Ao fundo há diversas pessoas.
Encontro de hip-hop no bairro do Bronx, em Nova York, Estados Unidos. Fotografia de 1980.

Na década de 1960, bairros periféricos da cidade de Nova York, nos quais faltavam escolas, hospitais e outros serviços, além de infraestrutura, abrigavam uma população de baixa renda constituída majoritariamente por afro-americanos e imigrantes latinos. Nessa época, os altos índices de desemprego e a precariedade do sistema de ensino público facilitaram o estabelecimento de comércios ilegais e o aumento da violência. O Bronx era um desses bairros, e foi nele que nasceu um movimento artístico de grande relevância social.

A grande mudança começou em 1971, quando 42 gangues iniciaram um movimento cujo lema era “paz, amor, união e diversão”. O aspecto da diversão envolvia a participação nos bailes blackglossário   e a formação de crews para dançar breaking.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Foco na História

O surgimento da cultura hip-hop nos Estados Unidos está ligado diretamente ao contexto vivido por habitantes da periferia da cidade de Nova York. A população em bairros como o Bronx era majoritariamente negra e latina, composta de descendentes dos africanos escravizados entre os séculos dezessete e dezenove ou de imigrantes da América Central. Nesses bairros periféricos a maior parte das pessoas encontrava-se em situação de pobreza – em geral desempregadas ou subempregadas em trabalhos precários.

Alguns autores defendem que o movimento hip-hop nasceu, nos anos 1970, como alternativa criativa de convívio social em face da situação econômica degradada, da gentrificação e da falta de recursos vividas por essas populações. O hip-hop emergiu então como alternativa entre grupos rivais que frequentavam as festas de rua chamadas block parties e realizadas principalmente no Bronx.

Posteriormente, a cultura hip-hop se difundiu em várias partes do mundo, de modos diferentes, nos mais diversos contextos. No entanto, há elementos comuns no que se refere às expressões artísticas do hip-hop.

As figuras principais desta cultura são: o MC, mestre de cerimônias, poeta e cantor; o DJ, ou disc jockey, que mantém as batidas da música; os b-boysb-girls – dançarinos que participam de batalhas virtuosísticas a fim de representar sua crew ou seu território; e, por fim, o artista do grafite, que pinta inscrições e desenhos nas paredes, com temas referentes à comunidade onde vive.

O conteúdo desta seção Foco na História contempla as habilidades ( e da Bê êne cê cê.

Um dos líderes desse movimento foi quévin dônovan (1957-), que se tornou ativista social após uma viagem para a África, onde conheceu diferentes países e culturas. De volta aos Estados Unidos, dônovan adotou o nome bambáta e fundou a Zulu Nation, uma crew composta de homens e mulheres.

bambáta reuniu, em um só movimento, a música, as danças e os grafites. As festas promovidas pela Zulu Nation contavam com alguns elementos que já existiam nos bailes black, como o microfone aberto ao público que quisesse improvisar acompanhando o ritmo do funk, um costume jamaicano popularizado pelos DJsglossário Cúl Rérqui (1955-), natural da Jamaica, e grêndméster flésh (1958-), nascido em Barbados. Nessas festas, os dançarinos também se reuniam para dançar breaking e pintar com tinta spray – como fazia o jovem Lonny uúd (1958-2019), conhecido como fêisi tíu, que criava grandes painéis com mensagens positivas.

O hip-hop aglutina o rap, representado pelo DJ, que compõe músicas com fragmentos de outras, e pelo êmi ci, responsável pelos versos rimados das canções, além do grafite e do breaking. Esse movimento fundou uma cultura urbana que amplificou a voz de comunidades das periferias de Nova York e logo se espalhou por outros países, ganhando, em cada lugar, novas características, como aconteceu no Brasil.

Fotografia em preto e branco. Em primeiro plano, há um jovem usando óculos de sol, camisa, calça e tênis. Ele está de perfil, com a cabeça e as mãos e apoiadas no chão e um dos pés no ar. Mais ao fundo, há outra pessoa, retratada parcialmente, que usa calças e tênis e está com as pernas para o alto.
Break-dancers na casa noturna The Roxy, em Nova York, Estados Unidos. Fotografia de 1981.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. De que modo conhecer as obras e os artistas apresentados neste Sobrevoo contribuiu para a sua compreensão da linguagem da dança como fórma de reflexão sobre a sociedade?
  2. Algum dos exemplos provocou em você uma reflexão mais profunda ou o desejo de ler mais sobre ele e conhecê-lo melhor? Qual deles? Quais foram as inquietações causadas?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Conhecer as obras e os artistas faz com que os estudantes percebam que a produção de arte está conectada à vivência pessoal e social dessas pessoas. Eles poderão elaborar suas respostas organizando sua fala ou escrita ao compreender os elementos da dança estudados ao longo desta coleção.
  2. Esta pergunta possibilita aos estudantes expor seu ponto de vista diante das novas informações e reflexões, reorganizando e ressignificando seus conhecimentos e experiências prévias.

Foco em...

Hip-hop no Brasil

Fotografia em preto e branco. Três dançarinos usando camiseta e calça dançam diante de uma escadaria a céu aberto. À esquerda, um homem está com as costas apoiadas no chão e as pernas afastadas para o alto; ao lado dele, um jovem está com as duas mãos apoiadas no chão e as pernas para o ar; à direita, um jovem está com as costas apoiadas no chão e as pernas afastadas para o alto. Ao fundo há pessoas sentadas na escadaria assistindo à apresentação.
Dançarinos de breaking na estação São Bento do metrô, em São PauloSão Paulo. Fotografia de 1988.

Na década de 1980, a estação São Bento do metrô, na cidade de São PauloSão Paulo, foi um ponto de encontro importante de b-boys e b-girlsMCs, DJs e artistas do grafite de todos os estados do país.

Os encontros, que aconteciam espontaneamente, davam a oportunidade de trocar informações e aprender mais sobre o movimento hip-hop, que, naquele momento, ainda estava começando no Brasil.

Artistas como os b-boys Triunfo (1954-) e Marcelinho Back Spin (1966-), o rapper Thaíde (1967-), o DJ Hum (1966-) e os artistas do grafite Gustavo e Otávio Pandolfo (1974-), atualmente conhecidos como os gêmeos, fizeram parte desse movimento.

Antes de chegar à estação São Bento, as sementes do movimento no Brasil foram plantadas nos bailes blék da década de 1970, nos quais começou a se formar uma consciência sobre a cultura negra, viabilizada por esses encontros e pelas referências que chegavam de outros países por meio de músicas, filmes e revistas.

Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, apresentamos o início do movimento hip-hop no Brasil.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Dança; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Processos de criação; Matrizes estéticas e culturais; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

Pesquisar e analisar diferentes fórmas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.

Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando estereótipos e preconceitos.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera.

Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Sugestões para o professor

Para uma maior compreensão das dinâmicas do movimento ou cultura hip-hop, sugerimos algumas leituras:

GOMES, Renan Lélis. Território usado e movimento hip-hop: cada canto um rap, cada rap um canto. Campinas: unicâmpi, 2012.

SILVA, Ana Cristina Ribeiro. Dança de Rua: do ser competitivo ao artista da cena. Campinas: Unicamp, 2014.

SOUSA, Rafael Lopes de. O movimento hip-hop: a anti-cordialidade da “República dos Manos” e a Estética da Violência. São Paulo: Annablume, 2012.

Dentre os participantes desses bailes, destaca-se nélson Triunfo, natural do município de Triunfo (PE). Ele percorreu um longo caminho em busca do objetivo de ser dançarino profissional, que concretizou em São PauloSão Paulo. Sua história de vida está conectada à história do movimento hip-hop no Brasil. Ele foi um dos primeiros dançarinos de breaking e, em 1977, formou o grupo Funk & Companhia.

No início da década de 1980, Triunfo resolveu ir dançar com seu grupo na rua 24 de Maio, na região central da cidade de São Paulo. Em meados dessa mesma década, o dançarino João Brêiqui chegou à estação São Bento para dançar, concentrando nessa área o movimento de break dance.

As crews que treinavam na estação São Bento tinham como objetivo disputar as batalhas de dança. Esse caráter de competição permanece como um método de aprendizado. A batalha pode ser considerada um modo de valorizar qualidades individuais, dar voz e visibilidade às pessoas para que elas tenham seu lugar de expressão e fala, e possam manifestar suas opiniões e sua arte.

O movimento hip-hop no Brasil mantém seu vínculo com pessoas e comunidades marginalizadas ou, de alguma fórma, excluídas dos circuitos tradicionais da arte (assim como faz, embora com outra proposta, o espetáculo Dança que ninguém quer ver, visto neste capítulo). Muitos artistas do movimento direcionam seu trabalho para a denúncia das desigualdades sociais. Em cada estado do Brasil, MCsDJs b-boys, b-girls e artistas do grafite encontram os próprios modos de falar de si e de sua realidade.

Fotografia em preto e branco. Um homem usando macacão com listras laterais e touca, está com os joelhos flexionados, quase encostando um no outro, um dos braços estendido para a direita da imagem e o outro flexionado à frente do corpo. Atrás dele há quatro jovens e um menino, que faz um movimento semelhante ao dele.
nélson Triunfo dança breaking no centro da cidade de São PauloSão Paulo. Fotografia de 1984.
Fotografia. Um jovem usando um lenço na cabeça, camiseta e calça pretas, está com as duas mãos apoiadas no chão e as pernas para o alto. Ao fundo, há pessoas assistindo à apresentação e um prédio antigo.
Jovens participam do projeto Fica Vivo, que oferece atividades de street dance e grafite, no viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte Minas Gerais. Fotografia de 2009.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O que você conhece sobre a cultura hip-hop?
  2. Você concorda que a cultura hip-hop pode gerar transformações na sociedade? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Sugestões para o professor

Caso você tenha interesse em aprofundar seu conhecimento sobre a cultura hip-hop no Brasil, o Portal do rap nacional é um site no qual você poderá encontrar informações sobre o movimento, a cultura de rua, as danças urbanas e assuntos afins, em diversas regiões do país. Disponível em: https://oeds.link/HidH5K. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

Conheça o movimento hip-hop da floresta, acessando o blog: https://oeds.link/dPOMNk. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

Também recomendamos os seguintes documentários:

Marco zero do hip-hop. Este filme mostra o lugar de encontro das pessoas que iniciaram o movimento na cidade e onde se encontra a placa do marco do hip-hop em São Paulo.

Disponível em: https://oeds.link/q2WdXx. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

Hip-hop a voz da periferia.

Disponível em: https://oeds.link/sgnSo7. Acesso em: 23 fevereiro 2022.

Orientações

Apresentamos nesta seção o movimento de dançarinos que ocupavam a estação São Bento do metrô, na cidade de São Paulo, na década de 1980. Esses artistas fizeram desse lugar um ponto de encontro para batalhas, convívio e mobilização de uma consciência social e política. Os desdobramentos dessas ações são visíveis até hoje, e se expressam em diversos projetos ainda atuantes nas áreas da educação e da cultura.

Foco no conhecimento

Estratégias para dançar em grupo

Você conhecerá nesta seção alguns recursos muito utilizados nas composições coreográficas de diferentes modalidades de dança e que podem ser identificados nas ações de alguns dos artistas apresentados no Sobrevoo: o corpo de baile, o solo, o uníssono e o cânon.

1. Corpo de baile

Termo usado nas companhias de balé tradicionais para denominar todo o grupo de bailarinos. O termo se estende a diferentes modalidades de dança. Nas montagens, o corpo de baile faz os papéis coletivos, executando sequências coreográficas em grupo que emolduram a dança dos bailarinos que são o foco da ação.

Ilustração. Sobre um palco, há silhuetas de três bailarinos à esquerda e três à direita, formando uma meia-lua. Eles fazem um movimento espelhado, com um dos braços estendidos para o alto e o outro flexionado junto ao corpo.

2. Solo

Momento em que um bailarino dança sozinho ou se destaca do corpo de baile com uma sequência coreográfica executada apenas por ele.

Ilustração. Sobre um palco e sob um foco de luz, ao centro ha um bailarino de perfil, com os braços levantados na altura dos ombros, num gestual como quem está dançando. À esquerda dele, há três bailarinos  dançando com o braço esquerdo para o alto e o outro flexionado junto ao corpo .  Á  direita  outros três bailarinos fazem o movimento espelhado, com o braço direito estendido para o alto e o outro flexionado junto ao corpo. Todos eles usam calça e camisa verdes.
Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, apresentamos estratégias de composição em dança.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Dança.

Objetos de conhecimento

Elementos da linguagem; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o desenvolvimento das fórmas da dança em sua história tradicional e contemporânea.

Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.

Orientações

Os recursos para composição coreográfica apresentados nesta seção podem ser facilmente observados em diferentes modalidades de dança e em mídias que veiculam dança: videoclipes, shows de cantores que levam consigo um grupo de dança, grupos de k-pop de passinho, companhias de balé, dejazzetcétera.

3. Uníssono

É um termo da música. Tradicionalmente, é o momento em que dois ou mais bailarinos dançam juntos uma mesma sequência coreográfica. Você conheceu um exemplo de movimento em uníssono na imagem do espetáculo rréchitégui (cerquilha, sustenido)Passinho, apresentado no Sobrevoo.

Ilustração. Sobre um palco, usando maiôs azuis, seis bailarinas fazem movimentos identicos: equilibrando-se na ponta dos pés, elas  levantam uma das pernas e esticam os braços para o alto. Todas estão com os cabelos presos em coque.

4. Cânon ou cânone

Conceito também emprestado da linguagem musical, mas que na dança se relaciona com movimentos. Todos os bailarinos executam a mesma sequência, porém começando em momentos diferentes: um começa e, pouco depois, outro inicia a mesma sequência. A partir daí podem ir entrando outros bailarinos, cada um em um momento diferente. Assim, embora a mesma sequência coreográfica esteja sendo dançada, o encadeamento vai criando uma multiplicidade de fórmas em movimento.

Ilustração. Uma tabela com os números 1, 2, 3 e 4 na horizontal e as letras a, b e c na vertical. A tabela mostra a silhueta de três bailarinas, representadas pelas letras a, b e c, iniciando uma sequência de movimentos em três momentos, representados pelos números 1, 2 e 3. Sobre elas há um refletor que faz incidir um foco de luz sobre as silhuetas das bailarinas.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais dos recursos apresentados nesta seção foram usados nas danças a que você já assistiu?
  2. Ainda sobre essas danças assistidas por você, que tipo de efeito visual esses recursos causaram?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para refletir

  1. Espera-se que os estudantes consigam identificar os recursos – corpo de baile, solo, uníssono e cânon – em coreografias de diferentes modalidades de dança ou momentos dançados que guardem semelhanças com esses conceitos. Incentive-os a associar esses recursos a exemplos já vistos em sala de aula ou, ainda, às coreografias e improvisações práticas desenvolvidas durante o capítulo.
  2. Essa questão possibilita aos estudantes fazer descrições detalhadas dos movimentos coreográficos e associá-los às sensações causadas por eles, construindo, junto ao repertório, um vocabulário crítico relativo à dança, conforme a habilidade da Bê êne cê cê.

Processos de criação

Convidamos você a se juntar aos colegas e montar uma coreografia utilizando os seguintes recursos: corpo de baile, solo, uníssono ou cânon para se relacionarem entre si.

Tenha em mente que o tema do capítulo gira em torno das transformações da arte na vida coletiva. Portanto, procure explorar maneiras de cada integrante do grupo ver e ser visto pelos outros. Pense também na posição do público em relação à cena.

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de três ou mais integrantes, preferencialmente o mesmo que realizou a atividade Um encontro por meio da dança, apresentada na seção Para experimentar deste capítulo. Cada membro do grupo tem a sua sequência coreográfica inicial e uma sequência nova, desenvolvidas naquela atividade.
  2. Escolham juntos uma música.
  3. Determinem as sequências coreográficas que poderão ser dançadas pelo corpo de baile e as que serão dançadas solo, em uníssono (dois ou mais) e como cânon. Não é necessário utilizar todas as sequências e, caso seja preciso, pequenas modificações podem ser feitas segundo as necessidades do grupo.
  4. Organizem as passagens entre os momentos: corpo de baile, solo, uníssono e cânon.
  5. Apresentem a composição para a turma e para o professor e assistam às apresentações dos colegas.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Com relação à dança, quais são as suas reflexões sobre ter participado de um corpo de baile, ter feito um solo, um uníssono e um cânon?
  2. Em seu grupo, como vocês lidaram com a hierarquia? Por quê?
  3. No dia a dia, ao andar pelas ruas ou em algum momento em que teve a oportunidade de observar uma multidão, você se lembra de ter visto algo que poderia chamar de corpo de baile, solo, uníssono ou cânon?
Orientações e sugestões didáticas

Na atividade proposta nesta seção, os estudantes serão provocados a pensar em como se relacionam com o grupo.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Dança.

Objetos de conhecimento

Elementos da linguagem; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o desenvolvimento das fórmas da dança em sua história tradicional e contemporânea.

Experimentar e analisar os fatores de movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como elementos que, combinados, geram as ações corporais e o movimento dançado.

Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.

Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora etcétera e espaços (convencionais e não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica.

Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando estereótipos e preconceitos.

Orientações

Explique aos estudantes que, ao criar coreografias, os artistas da dança têm inventado, explorado e adaptado diversos recursos para expressar uma ideia. Apesar de ser possível utilizar palavras, o que caracteriza a linguagem da dança é o movimento no corpo e o modo como ele cria dinâmicas com o espaço e com o tempo.

Será possível identificar vários tipos de comportamento: dominadores, cooperativos, apáticos, críticos etcétera Tais modos de agir precisam ser problematizados, a fim de se entender o que significam dentro do convívio social: “Todos têm seu momento de destaque durante a dança?”; “A experiência de dançar junto pode ser uma experiência social?”; “Quais são as sensações de dançar um mesmo movimento em conjunto? E as de dançar sozinho na cena?”.

Organizando as ideias

Mosaico de fotografias. Composto de um recorte vertical de quatro fotografias. Da esquerda para a direita: sobre um tablado há uma mulher, usando calça e camiseta de manga longa, sentada sobre uma mesa e, em primeiro plano, pessoas de pé a observam; dois bailarinos, um homem e uma mulher, usando roupas pretas, caminhando sobre um palco; fotografia em preto e branco de uma mesa em que há aparelhos de som e um ventilador e, ao lado dela, um homem negro está segurando um microfone próximo à boca; um jovem usando um lenço na cabeça, camiseta e calça pretas, está com as duas mãos apoiadas no chão e as pernas para o alto, sendo observado por algumas pessoas que estão ao fundo.

Neste capítulo, você conheceu artistas da dança que, por meio de sua arte, expressam suas reflexões e visões de mundo e se posicionam como seres sociais e políticos.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Os trabalhos apresentados ofereceram a você novos pontos de vista sobre os assuntos abordados? Quais?
  2. Quais relações é possível estabelecer entre o movimento hip-hop e o passinho?
  3. Quais relações você estabelece entre as atividades práticas e as obras apresentadas?
  4. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Dança.

Objeto de conhecimento

Processos de criação.

Habilidade em foco nesta seção

Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando estereótipos e preconceitos.

Orientações: Organizando as ideias

Retome com os estudantes os conteúdos abordados neste capítulo e proponha uma reflexão sobre a ideia de “encruzilhada”: “Quais encontros, bifurcações e mudanças de rota foram possibilitados pelos exemplos de dança de rua abordados neste percurso?”.

Sobre a atividade: Para refletir

3. O objetivo desta pergunta é ampliar as discussões do âmbito da dança para o âmbito da sociedade. Proponha a leitura de movimentos coletivos realizados simultaneamente, sem que haja a interferência de um coreógrafo externo.

Quais são os movimentos das pessoas? Há movimentos em conjunto? Há movimentos individuais? Ritmos? Andamentos? É possível dizer que há uma organização no movimento de uma multidão? Olhar para as multidões ou grandes grupos de pessoas em movimento, tendo em vista esses conceitos, pode estimular a criatividade, além de aprofundar o entendimento sobre os recursos coreográficos descritos neste capítulo.

Glossário

Crew
Nome dado às equipes de hip-hop formadas por b-boys, b-girls, DJs, rappers e artistas do grafite.
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Baile black
Festa produzida e frequentada majoritariamente por pessoas negras, na qual se veiculavam músicas de artistas negros em sua maioria. Era parte de um movimento de afirmação da comunidade negra.
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DJ
Disc-jockey. Pessoa responsável por manipular os toca-discos nos bailes. No hip-hop, é quem altera as músicas por meio de efeitos como o scratch [riscar] e outros para dar suporte à rima do poeta [rapper] e à dança.
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