CAPÍTULO 4 Arte que difunde ideais

Cartaz. À esquerda, há um círculo com fundo azul e, dentro dele, a cabeça em preto e branco de uma mulher com um lenço na cabeça. Ela está com uma das mãos ao lado da boca aberta, de onde sai uma palavra em russo, escrita em formato cônico dentro de um triângulo que lembra um megafone. Ao redor há uma moldura preta e vermelha com palavras escritas em russo.
. 1925. 1 pôster, litografia colorida. Museu de Design de Moscou, Rússia. Pôster elaborado para a editora estatal de Leningrado.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Arte que difunde ideais”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Artes visuais; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
  1. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.
  1. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de fórma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade.
  2. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.
  3. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Sobre a imagem

alequissânder rotchênco usou uma fotografia de Lília bríc (1891-1978) – artista, atriz, modelo e escritora ligada à vanguarda artística soviética. O cartaz apresenta bríc sorrindo, com a expressão de quem acredita no que está anunciando. Esta obra é considerada um ícone das artes gráficas, pois articula, com eficiência, a comunicação de uma ideia por meio de palavras, fórmas e imagens. O cartaz ilustra também como a arte pode provocar reflexões sobre questões políticas e sociais, direta ou indiretamente. Ele inspirou capas de álbuns de música, de revistas e campanhas publicitárias recentes.

Neste capítulo, vamos tratar de um tipo de ação artística que transmite sua mensagem apelando diretamente à consciência e à sensibilidade do público, de modo provocativo e/ou contestatório.

1. Observe a imagem da abertura do capítulo. O que você imagina que está sendo anunciado? Como o autor,alequissânder rotchênco (1891-1956), consegue chamar a atenção do público com esse cartaz?

Versão adaptada acessível

1. Retome a imagem da abertura do capítulo. O que você imagina que está sendo anunciado? Como o autor, Alexander rotchênco (1891-1956), consegue chamar a atenção do público com esse cartaz?

Além de explorar as soluções que alguns artistas encontram para se comunicar, você também vai conhecer os ideais que eles pretendem difundir e as transformações que buscam promover.

Para pesquisar

Cartazes

Que tal investigar os cartazes presentes em seu cotidiano?

  1. Ao longo de uma semana, registre os cartazes que encontrar. Você pode fotografá-los, desenhá-los ou fazer anotações sobre eles em seu diário de bordo.
  2. Em uma aula posterior, compartilhe o resultado de sua pesquisa com os colegas e com o professor e conversem sobre as seguintes questões:
    1. Quais cartazes você encontrou?
    2. O que eles comunicam?
    3. Como eles parecem ter sido produzidos? Tente identificar as técnicas de impressão utilizadas e o modo como a visualidade se organiza ao articular imagens, textos, tipos de letra, fórmas e cores.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. De quais recursos visuais os artistas dispõem para se comunicar por meios gráficos com um público amplo?
  2. Que recursos você usaria para expor ao mundo uma grande ideia?
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

Ao observar o poder contestador de algumas produções artísticas e refletir sobre ele, os estudantes são estimulados a pensar autônoma e criticamente sobre a sociedade em que vivem e perceber que eles também podem ser agentes transformadores da própria realidade.

As obras e ações artísticas apresentadas neste capítulo foram selecionadas pelo potencial de comunicação e transformação dos contextos sociais e culturais.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Sobre a atividade

1. Instigue os estudantes a analisar os elementos que compõem esse pôster. Trata-se de um anúncio de livros, que reproduz a fotografia de uma mulher. Além dela, o cartaz apresenta fórmas geométricas e textos, em russo, com grandes letras do alfabeto cirílico. O modo como o artista articulou as letras e as fórmas geométricas apresenta uma ideia visual: as palavras que saem da boca da mulher na fotografia se propagam no espaço, como o som de um megafone. Repare que, no contexto da época, o lenço no cabelo remetia à figura de uma trabalhadora, provavelmente um dos segmentos da sociedade ao qual o anúncio era dirigido.

Orientações: Para pesquisar

2a. e 2b. Alguns exemplos de cartazes que podem ser encontrados: de cinema, teatro, shows de música, peças publicitárias, anúncios de emprego e propagandas políticas.

2c. Peça aos estudantes que reflitam sobre a qualidade estética dos exemplos citados. Oriente-os a avaliar, em conjunto, se a visualidade de cada peça – integrada ao conteúdo textual – foi capaz de transmitir sua mensagem claramente ao público.

Orientações: Para refletir

Como em outras produções artísticas, um artista ou designer pode fazer uso de variadas e múltiplas técnicas para criar suas peças gráficas, como impressões artesanais (gravuras, serigrafias etcétera ou digitais (plotagem, impressão a laser, entre outras). O mais importante é ter em mente que, para tornar-se acessível a seu público-alvo, a comunicação deve ser objetiva, de fácil e rápida compreensão e apreensão.

SOBREVOO

Arte e transformação social

Faça no caderno.

1. Você já pensou em como arte e propaganda podem caminhar juntas? Pense nas propagandas que conhece. O que elas divulgam? Você considera alguma delas uma obra de arte? Justifique sua resposta.

Cartaz. Na parte superior, texto. À esquerda, em destaque, ilustração de uma mulher com um lenço vermelho na cabeça e camisa azul. Atrás dela, fundo na cor laranja. Ao lado dela, em tons de sépia, quatro pequenas fotografias de mulheres trabalhando, de cima para baixo: mulher vestida com uniforme militar; mulher operando um equipamento agrícola;  mulher manuseando uma máquina de tecelagem;  três mulheres sorrindo. À direita, em preto e branco, fotografia que mostra dezenas de civis e soldados em confronto; em destaque, dois soldados segurando uma mulher. Na parte inferior esquerda, texto.
KULAGINA, Valentina. Dia Internacional da Trabalhadora – dia de luta do proletariado. 1931. 1 cartaz, serigrafia, 105 centímetros por 74 centímetros. Museu de Arte Smart, Chicago, Estados Unidos.
Orientações e sugestões didáticas

Esta seção apresenta obras e ações artísticas que abordam questões políticas ou sociais. Algumas delas utilizam técnicas ligadas aos meios de comunicação.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Materialidades; Processos de criação; Matrizes estéticas e culturais.

Habilidades trabalhadas nesta seção

Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera, gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera, cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera na apreciação de diferentes produções artísticas.

Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera;

Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera.

Sobre a atividade

1. Os estudantes podem mencionar referências de propagandas gráficas ou audiovisuais. Em ambos os casos, é importante realizar uma análise formal, destacando os elementos estéticos presentes nessas peças – os elementos constitutivos da linguagem visual, bem como os elementos cênicos e sonoros na produção audiovisual. Esse exercício de análise contempla as habilidades , e da Bê êne cê cê.

Além de ter a função de divulgar produtos e serviços, a propaganda também é usada para expressar ideias, promover reflexões, difundir opiniões ou defender causas.

  1. Procure identificar as informações contidas no cartaz da página anterior. O que as imagens inseridas nessa obra parecem mostrar? Quais cores e fórmas foram trabalhadas por Valentina Kulagina? Converse com os colegas sobre a sua análise.
  2. Mesmo sem saber a tradução do texto escrito no cartaz, o que você acha que ele comunica?

No início do século vinte, após a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa, a arte gráfica teve grande destaque na Rússia, que na época fazia parte da União Soviética.

Os artistas gráficos russos usavam a litografiaglossário  para reproduzir seus cartazes. As composições originais eram feitas utilizando colagens de fotografias, pinturas e escrita e, geralmente, priorizavam cores primárias (amarelo, azul e vermelho).

As imagens escolhidas para compor os cartazes precisavam ser claras e objetivas, uma vez que as mensagens a serem divulgadas deveriam ser compreendidas por operários e camponeses, muitos deles analfabetos ou com pouca instrução. Os cartazes convocavam essas classes trabalhadoras a ter participação política com o objetivo de promover transformações sociais.

Para pesquisar

Artes gráficas

As artes gráficas estão presentes de tal maneira no dia a dia que é até difícil imaginar a vida sem elas. Que tal identificar o que você já conhece a respeito?

  1. Ao longo de um dia, anote em seu diário de bordo todos os momentos em que se deparar com um exemplo de arte gráfica.
  2. Você pode separar os itens de que mais gostar e levá-los para a escola.
  3. Em uma aula posterior, compartilhe suas anotações com os colegas e com o professor e conversem sobre as seguintes questões:
    1. Que tipos de material foram encontrados?
    2. O que os exemplos têm em comum?
    3. Em quais deles você percebeu um cuidado mais apurado na organização de imagem e texto, no modo de integrar e trabalhar com as cores, com as fórmas e com os tipos de letra?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Faça a análise do cartaz com os estudantes, observando cada uma das fotografias que compõem esta montagem. Além da imagem da mulher em destaque, as demais fotografias mostram mulheres em diversos contextos – agrícola, fabril, militar etcétera
  2. Chame a atenção inicialmente para o título da obra. O objetivo de cartazes como esse era envolver os trabalhadores – no caso específico, as trabalhadoras – nas lutas político-sociais da época, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas . Ressalte o fato de que esse cartaz foi produzido por uma mulher.

Orientações: Para pesquisar

Essa seção propõe uma pesquisa sobre as artes gráficas presentes no cotidiano. O conteúdo proposto contempla as habilidades , , ( e da Bê êne cê cê.

  1. e 2. Alguns exemplos de produtos gráficos encontrados no cotidiano: embalagens diversas, livros, revistas, jornais, cartazes, panfletos e até mesmo cédulas de dinheiro.
  1. b. De modo geral, independentemente dos elementos visuais (fotografias, desenhos, ilustrações, colagens, cores, fórmas geométricas etcétera e do material utilizado (papel, plástico, tecido etcétera, a produção gráfica pressupõe algum tipo de processo de impressão. Com a proliferação das telas (sejam os grandes painéis luminosos em vitrines ou espaços públicos, sejam as telas individuais de smartphones e tablets), a linguagem das artes gráficas também migrou para esses meios – descartando o processo de impressão que tradicionalmente caracterizou este tipo de produção artística. Proponha um debate sobre essas novas aplicações e modos “virtuais” de produzir conteúdos de comunicação.

3. c. Alguns exemplos dados pelos estudantes poderão ter maior nível de qualidade estética que outros; alguns terão função prioritariamente comercial, enquanto outros poderão ter uma função artística capaz de articular conteúdos simbólicos de fórma mais elaborada. Essa diferença pode ser percebida comparando-se exemplares de livros, embalagens, revistas e jornais variados. Cabe lembrar que mesmo produtos comerciais podem ter qualidade estética. Incentive a turma a refletir sobre como se articulam a fórma e o conteúdo em uma peça gráfica.

Foco na História

As vanguardas russas

Até o início do século vinte, a arte ocidental era geralmente voltada à representação da realidade, ainda que cada artista, à sua época, tenha feito isso com um estilo próprio.

Contudo, desse período em diante, muitos artistas começaram a questionar esse tipo de representação, bem como a função da arte.

Na Europa, vários artistas aderiram a diversos movimentos que ficaram conhecidos como vanguardas históricas. As vanguardas históricas europeias defendiam uma posição experimental para a produção artística, baseada na liberdade criativa.

Entre as vanguardas russas, dois movimentos artísticos são muito importantes para entender o contexto da produção dos cartazes: o Suprematismo e o Construtivismo.

Fotografia em preto e branco. Parede onde estão expostos quadros com formas geométricas diversas.
Sala de cazimir málevítch com obras suprematistas na exposição Última exposição de pintura futurista. São Petersburgo, Rússia, 1915.

O Suprematismo teve como maior representante o artista plástico russo cazimir málevítch (1878-1935). Os artistas ligados a esse movimento defendiam que a arte não deveria ter a função de “representar” a realidade: para os suprematistas, a arte era puramente uma construção plástica. Por exemplo, a pintura de um quadrado não deveria simbolizar qualquer fórma real nem ter a função de ser ou não bela; seria apenas a pintura de um quadrado.

No Construtivismo, assim como no Suprematismo, a arte também não deveria “representar” algo. Entretanto, os construtivistas acreditavam que as obras de arte deveriam ter uma função específica – a de contribuir para a “construção” da nova sociedade – e precisavam, portanto, ter uma função social.

Muitos artistas, engajados com os movimentos políticos revolucionários da época, buscando transformações sociais, adotaram as artes (artes visuais, literatura, teatro, arquitetura, entre outras linguagens) como um tipo de postura política mais sensibilizada. Nesse caso, a arte ligada à construção da nova sociedade deveria intervir nos comportamentos da vida cotidiana, servindo como instrumento de transformação.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Foco na História

Esta seção apresenta as vanguardas históricas do início do século vinte, com foco em dois movimentos da vanguarda artística russa: o Suprematismo e o Construtivismo. Após ler o texto da seção, ouça com a turma o podcast rréchitégui (cerquilha, sustenido)2: PERGUNTA QUE EU RESPONDO: Um quadro preto não é só um quadro preto? Locução: Karina Sérgio Gomes. São Paulo: Conversas sobre Artes Visuais, setembro, 2018. Disponível em: https://oeds.link/Q3jQHs. Acesso em: 13 maio 2022. Se possível, trabalhe de modo interdisciplinar em parceria com o professor de História, abordando a Revolução Russa de 1917, uma vez que a produção artística de vanguarda na Rússia esteve intimamente ligada ao contexto revolucionário. Aproveite a oportunidade para apresentar aos estudantes obras de artistas que se tornaram referências no Suprematismo e Construtivismo, como .

Ao apresentar um aprofundamento sobre o contexto histórico e os conceitos específicos de movimentos artísticos nesse conteúdo, são contempladas as habilidades e da Bê êne cê cê.

A arte que segue nas ruas: o grafite de bânquissi

Além dos cartazes, há outras fórmas de exibir a arte nas ruas e estabelecer comunicação com um grande número de pessoas.

  1. Pense nas ruas próximas à sua casa ou em alguns bairros de sua cidade. Onde você encontra imagens artísticas?
  2. Como essas imagens foram produzidas e o que elas retratam?

No final da década de 1980, os grafites de um artista anônimo ganharam destaque nas ruas das cidades de Bristol e Londres, na Inglaterra.

Assinando suas obras com o pseudônimo bânquissi, para preservar sua identidade, esse artista só se comunica por meio de porta-vozes. Em razão desse mistério, não se conhece a sua biografia; nem mesmo a autoria de alguns trabalhos atribuídos a ele pode ser contestada. Analisar o estilo dos grafites é a única maneira de tentar identificar suas obras, hoje encontradas em diversos países.

Fotografia. Grafite na fachada lateral de um prédio. Imagem nas cores cinza e preto de uma criança de costas que hasteia uma bandeira branca, vermelha e azul, em formato de sacola plástica da rede de supermercados Tesco. Para representar o mastro da bandeira, o artista usou uma canaleta que já havia na parede. À esquerda da bandeira, há outras duas crianças com a mão esquerda no peito, olhando para o alto, na direção da bandeira. Ao lado da fachada, há uma rua com lojas, um carro estacionado, um pedestre e uma moto.
VERY little helps (ou Tesco kids), grafite de bânquissi em Londres, Inglaterra. Fotografia de 2008.
  1. Observe na fotografia um dos grafites de bânquissi encontrado na cidade de Londres. Como o grafite parece ter sido produzido? O que está representado nele?
  2. Quem poderiam ser essas pessoas e o que parece estar acontecendo na cena?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações (página 69)

Ao longo deste capítulo, chamamos a atenção para produções artísticas que abordam ideias e ideais. Alguns exemplos abordam questões políticas. Por isso, queremos destacar que trabalhamos aqui com o entendimento de “política” no sentido etimológico do termo – que tem origem na pólis grega e se relaciona à ideia de cidadania. Dessa fórma, este capítulo não procura polarizar questões político-partidárias. O objetivo é levar os estudantes a pensar de modo crítico e autônomo sobre seu papel na sociedade, relacionando as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética, em consonância com a habilidade da Bê êne cê cê.

Sobre as atividades

Ao se referir às diversas dimensões da vida social, problematizando as categorizações artísticas tradicionais, as questões e conteúdos abordados nesta página contemplam as habilidades e da Bê êne cê cê.

  1. Os estudantes podem mencionar grafites, lambe-lambes, cartazes, murais etcétera, além de pichações. Acesse o verbete “grafitti” na enciclopédia do Itaú Cultural para entender algumas diferenciações entre grafite e pichação. Disponível em: https://oeds.link/cRtOIg. Acesso em: 17 fevereiro 2022.
  2. A produção de grafites envolve tinta spray, pincel ou rolinho, e, complementarmente, máscaras de estêncil. Lambe-lambes e cartazes são produzidos a partir de diferentes fórmas de impressão. Retome as questões discutidas até o momento e incentive os estudantes a refletir sobre os exemplos.
  3. O artista usou os elementos que já existiam na parede. Com a sua intervenção, a canaleta passou a representar um mastro, já que na ponta dela foi pintada uma espécie de bandeira. Chame a atenção da turma para o fato de que a bandeira é também a representação de uma sacola plástica de uma rede de supermercados.
  4. A cena apresenta crianças uniformizadas: duas delas têm as mãos sobre o lado esquerdo do peito. Essa postura remete a um juramento à bandeira – um gesto de lealdade e patriotismo. Tendo em vista a interpretação proposta sobre a bandeira/sacola de supermercado na atividade 6, questione os estudantes: “A que essas crianças poderiam estar jurando lealdade?”; “Há algum tipo de crítica social nesta obra?”. Considere a ironia contida na imagem, característica encontrada com recorrência nos grafites de bânquissi. A obra pode ser vista como um questionamento das relações entre a sociedade e o consumo, remetendo ao tê cê tê Meio ambiente – Educação para o consumo.

De acordo com o Parecer /2000, “o uso didático de imagens comerciais identificadas pode ser pertinente desde que faça parte de um contexto pedagógico mais amplo, conducente à apropriação crítica das múltiplas fórmas de linguagem presentes em nossa sociedade, submetido às determinações gerais da legislação nacional e às específicas da educação brasileira, com comparecimento módico e variado”. Para saber mais, consulte o parecer na íntegra, principalmente a parte – Voto do relator”. Disponível em: https://oeds.link/STf9wn. Acesso em: 17 março 2022.

Independentemente do reconhecimento da identidade do artista, os grafites com a estética bânquissi são reconhecidos mundialmente por terem um caráter contestador e provocativo, abordando temas polêmicos da sociedade contemporânea, seja pelo local em que são produzidos, seja pelo teor das suas imagens. Grande parte desses grafites é feita com a técnica do estêncilglossário , que permite a reprodução da mesma imagem em diversos locais. Outras obras, apresentadas em exposições de arte, são feitas com serigrafiaglossário , uma técnica de impressão que permite a tiragem de muitas cópias.

A escolha do local é uma etapa importante na criação de muitos artistas que trabalham com grafite, pois faz parte do conceito da obra.

Em 2015, por exemplo, o site oficial de bânquissi postou um vídeo com o que seria a sua entrada em uma das regiões mais conflituosas do mundo, a Faixa de Gaza, no Oriente Médio, onde é proibida a circulação de pessoas não autorizadas. Nesse local, o artista teria feito vários grafites, dentre eles o que pode ser visto na imagem a seguir.

Fotografia. À esquerda, parede com grafite de um gato preto e branco com um laço vermelho no pescoço e uma pata levantada. Embaixo da pata do gato, diante da parede, há uma estrutura metálica emaranhada, semelhante a um novelo. Próximo a essa estrutura, há diversas pedras brancas. Ao fundo, há uma construção cinza e um terreno pedregoso com pessoas, roupas e colchão pendurados, caixas-d'água, armários.
Grafite de bânquissi na região da Faixa de Gaza. Fotografia de 2015.
  1. O que chama sua atenção nessa imagem?
  2. Em sua opinião, por que o artista escolheu esse local para expressar sua arte?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Curiosamente, algumas obras de bânquissi são comercializadas em leilões e galerias de arte, por milhões de dólares, e essa prática pode ser encarada como uma contradição, considerando as críticas contundentes do artista ao consumismo. Até mesmo o mistério em torno de sua identidade – e consequentemente alguma dúvida sobre a autoria de alguns de seus trabalhos – pode ser interpretado como uma estratégia mercadológica. No entanto, ressaltamos que ainda assim (ou principalmente por esse motivo) sua produção é uma referência na arte urbana, portanto é importante ser analisada de modo crítico pelos estudantes. Proponha uma roda de conversa para refletir coletivamente sobre o mercado de obras de arte. Faça perguntas: “Uma produção como a de bânquissi, se apresentada em um contexto de galeria de arte, continua sendo um grafite?”; “O que pode motivar algumas pessoas a querer ter obras de bânquissi em seu acervo particular?”. Você pode salientar que, conforme o artista passa a ter sua produção reconhecida socialmente, além do valor estético, opera-se um jogo de especulação com o valor de mercado de suas obras.

Complemente sua formação com a escuta do podcast bânquissi: Arte paleta episódio 10. Locução: Eduardo Duique, Maurício Soares Filho e Renan Brienza. São Paulo: Paleta Cultural, dezembro, 2019. Disponível em: https://oeds.link/N3khRD. Acesso em: 13 maio 2022.

Recomende-o também aos estudantes.

Esta atividade se articula à competência específica do componente curricular Arte nº 6 da Bê êne cê cê, citada na abertura do capítulo.

Sobre as atividades

8. e 9. Converse com a turma a respeito do cenário de destruição apresentado na imagem. Pergunte aos estudantes como imaginam ser a vida das pessoas em um local onde a tensão é diária. A Faixa de Gaza é uma região populosa que possui escolas, museus e mesquitas. Converse com o professor de História sobre uma possível atividade interdisciplinar nessa aula, para contextualizar o assunto com maior aprofundamento. Independentemente dessa parceria, você pode aproveitar o momento para discutir com a turma os efeitos diretos e colaterais que uma guerra gera na sociedade, principalmente para a população mais vulnerável, representada pelas crianças e pelos idosos. É sempre importante pautar a preservação e o incentivo à cultura de paz, seja ela no ambiente doméstico, escolar, seja no âmbito mundial.

Para experimentar

Pintura com estêncil

Fotografia. Grafite na fachada de um prédio, com a figura de um astronauta; do visor do capacete dele sai uma luz amarela; ao fundo há um círculo vermelho em um céu azul, e sob os pés do astronauta, a sombra dele projetada no chão marrom e um círculo cinza.
Fotografia. Celso, homem com bigode, usando camisa azul, calça cinza e chapéu. Ele está sentado em uma cadeira, segurando com as mãos um molde de estêncil com manchas de tinta.
TVnauta do deserto, obra em estêncil de Celso gitarrí, na esquina da rua Treze de Maio com a avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo. Fotografia de 2022. Na imagem do alto Celso gitarrí trabalhando em um estêncil no seu estúdio em São Paulo, em abril de 2021.

Chegou o momento de experimentar fazer uma pintura com estêncil, técnica comum no mundo do grafite.

  1. Com o auxílio do professor, providencie os seguintes materiais:
    • 2 metros de papel kraft ou papel sulfite
    • 4 ou mais folhas de transparência (acetato) ou radiografias antigas
    • fita-crepe
    • tesoura escolar
    • caneta hidrográfica permanente
    • tinta preta
    • esponja macia
    • panos de limpeza
    • pincel grosso ou rolo de pintura
  2. Reúna-se com os colegas em um grupo de três a quatro integrantes.
  3. Escolham as imagens que irão imprimir utilizando o estêncil. A escolha deve ser motivada pelo seguinte questionamento: quais transformações são necessárias na educação hoje em dia?
  4. Procurem escolher imagens de silhuetas ou com grandes áreas preenchidas, mas com poucos detalhes, já que terão de recortar o contorno da figura. Elas podem ser desenhos criados por vocês ou imagens impressas encontradas na internet.
  5. Coloquem a folha de transparência ou a radiografia sobre a folha de papel com a imagem que será copiada (se necessário, prendam a transparência à folha com pedaços de fita-crepe nas pontas) e façam o contorno da imagem com a caneta permanente.
  6. Após terem feito o desenho, recortem cuidadosamente o contorno da imagem com o auxílio do professor. A tinta passará pelas áreas que ficarem vazadas.
  7. As imagens já poderão ser impressas com a tinta no painel de papel cráfiti. Cada painel receberá pinturas de todos os integrantes do grupo, resultando em uma composição coletiva. Cada estêncil pode ser reutilizado muitas vezes, criando uma repetição da imagem, se desejarem.
  8. Vocês podem usar a mesma técnica do estêncil para inserir textos na composição.
  9. Para concluir, façam a exposição dos painéis e conversem com os colegas e com o professor a respeito da escolha das imagens, da organização das composições e das transformações desejadas por cada grupo.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Por sua natureza, o grafite é uma ação artística realizada na rua, nos muros da cidade e, desse modo, procura suscitar reflexões e questionamentos para as comunidades que habitam o entorno. No entanto, por reconhecer que a produção fóra do ambiente escolar nem sempre é viável, propomos uma atividade em que uma técnica de grafite pode ser explorada dentro da sala de aula. Caso haja a possibilidade de se trabalhar sobre os muros da escola ou do seu entorno, desenvolva um projeto com os estudantes para que a atividade ganhe o espaço externo. Nesse caso, é preciso garantir o acompanhamento da coordenação e/ou da direção da escola, bem como obter as devidas autorizações dos responsáveis pelos estudantes e pelos locais onde será desenvolvida a atividade.

Para realizar essa atividade, você pode apresentar à turma algumas imagens de obras feitas com estêncil. É preciso que fiquem claros para os estudantes os procedimentos técnicos que envolvem o recorte da imagem: a máscara utilizada na técnica do estêncil pode servir tanto de positivo quanto de negativo.

No primeiro caso (em que a máscara for o positivo), o resultado será uma pintura do contorno da imagem; o segundo caso (negativo) resultará em uma imagem inteiramente preenchida, tal qual a apresentada na fotografia desta página. Auxilie os estudantes a escolher uma imagem com poucos detalhes, para que seja possível fazer o recorte manualmente. Auxilie-os também na etapa do recorte, lembrando que tanto a transparência quanto a radiografia são materiais rígidos e muito lisos; portanto, o córte com estilete pode ser perigoso, uma vez que tende a escorregar pela placa. Dê preferência à tesoura e seja cuidadoso, e assim evitar acidentes. Esta atividade propõe a experimentação, desenvolvendo um processo de criação coletivo e colaborativo, conforme as habilidades e da Bê êne cê cê.

As denúncias das Guerrilla Girls

Cartaz. Sobre fundo amarelo, há à esquerda a silhueta de uma mulher deitada de perfil, nua, sobre almofadas lilases. No lugar da cabeça da mulher, há a cabeça de um gorila. À direita, há o texto: As mulheres precisam estar nuas para entrar no Museu de Arte de São Paulo? Apenas 6% dos artistas do acervo em exposição são mulheres, mas 60% dos nus são femininos.
Cartaz de protesto das Guerrilla Girls, integrante da exposição Guerrilla Girls Gráfica – 1985-2017, realizada no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (maspi), em 2017.
  1. Observe o cartaz. Em sua opinião, o que se destaca nessa obra? Justifique sua resposta.
  2. Como a mulher aparece retratada na imagem?
  3. Por que as Guerrilla Girls optaram por utilizar essa imagem junto com o texto?
  4. O que os números que aparecem na imagem representam? Por que eles são apresentados, na sua opinião?
  5. Iniciativas como a dessa ação artística pretendem promover quais tipos de mudanças?

Em 1985, um grupo de mulheres se uniu para manifestar sua indignação contra uma exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), anunciada como um panorama da produção artística do momento, mas que contava com apenas 16 mulheres incluídas em um grupo de mais de 160 homens. Como fórma de protesto, elas espalharam cartazes pela cidade questionando esses números. Nascia então o coletivo feminista de mulheres Guerrilla Girls.

Assim como bânquissi, as integrantes desse coletivo não revelam sua identidade: elas se apresentam em público usando máscaras de gorila e adotam nomes de importantes artistas mulheres já falecidas. Também não se sabe quantas mulheres integram o coletivo, pois, ao longo de quase 40 anos de existência, mais de 55 militantes já atuaram nele em algum momento.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. A figura feminina nua, deitada sobre tecidos e almofadas, é uma posição tradicional em pinturas clássicas e acadêmicas. Esta imagem, especificamente, é uma colagem feita a partir de uma reprodução fotográfica da pintura A grande odalisca (1814), do pintor neoclássico francês jãn ógust dominíque ângr (1780-1867). Apresente essa obra aos estudantes, acessando o site do Museu do Louvre. Disponível em: https://oeds.link/xu0Rb4. Acesso em: 16 agosto 2022.
  2. Ao utilizar essa imagem, o coletivo de artistas chama a atenção para o tema da erotização do corpo feminino nos museus e para a desvalorização da produção artística de mulheres no mundo da arte. Ao mesmo tempo, ao utilizar uma máscara de gorila no lugar do rosto da modelo, o grupo propõe um olhar provocativo em relação à pintura original de íngres. Enquanto a pintura explora o olhar sensual da odalisca, na colagem feita pelo grupo Guerrilla Girls, a máscara sugere uma postura de embate ou confronto, podendo sinalizar que a modelo não está necessariamente de acordo com o olhar lançado sobre ela pelo pintor.
  3. Além de divulgar esses números no contexto brasileiro, a estatística procura mostrar a realidade no campo artístico institucional, que é um reflexo de outros segmentos da sociedade. Para as artistas, expor esses dados mostra a seriedade de suas pesquisas e justifica a necessidade de seguir lutando pela igualdade de gênero.
  4. Transformar a realidade requer tempo e persistência. Tomar consciência dos fatos é apenas o primeiro passo. Converse com a turma sobre como essas ações podem incentivar as mulheres a se manifestar, e fazer com que os homens se conscientizem dessa desigualdade de gênero, para que essa realidade possa ser modificada. A leitura aprofundada desta obra, contando com a efetiva participação crítica dos estudantes, contempla a habilidade da Bê êne cê cê.

Sobre o cartaz do coletivo Guerrilla Girls

A primeira versão desse trabalho foi realizada com dados estatísticos do Museu Metropolitan de Nova York, em 1989. As integrantes do coletivo divulgaram em outdoors: “Menos de 5% dos artistas das seções de arte moderna são mulheres, mas 85% dos nus são femininos”. Em 2012, elas refizeram a obra com dados atualizados: “Menos de 4% dos artistas das seções de arte moderna são mulheres, mas 76% dos nus são femininos”. Ao relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social e problematizar as categorizações artísticas tradicionais, as questões e os conteúdos apresentados nestas duas páginas contemplam as habilidades e da Bê êne cê cê.

Fotografia. Cinco mulheres usando roupas coloridas e máscara de gorilas. Elas estão segurando baldes e rolos de papel, e andam no meio da rua. Ao redor, há prédios e um táxi.
Ativistas do coletivo de artistas feministas Guerrilla Girls nos Estados Unidos. Fotografia de 1991.
  1. Observe a fotografia. Por que motivo as militantes teriam escolhido usar máscaras de gorila? O que essas máscaras podem simbolizar?
  2. Em sua opinião, por que as Guerrilla Girls optaram por não se identificar?

Você deve ter notado que o sexismo no mundo das artes – ainda dominado por homens – é um dos temas discutidos pelo grupo. Com o tempo, as integrantes do coletivo Guerrilla Girls foram ampliando suas reflexões e seus questionamentos, levantando também debates sobre racismo, o mercado de arte e questões sociais e políticas em geral.

Essas artistas costumam usar dispositivos gráficos para se manifestar, como cartazes, outdoors, banners, displays eletrônicos etcétera A exibição de muitos deles ocorre nas ruas, mas, com o tempo, as ações dessas ativistas foram ganhando espaço em museus e galerias e elas também incluíram a internet como meio de divulgação.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O que os exemplos apresentados neste Sobrevoo têm em comum ou de diferente?
  2. Do seu ponto de vista, o que garante o impacto dessas obras e ações artísticas? Qual foi o impacto delas em você?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Em inglês, as palavras “guerrilha” e “gorila” têm sonoridade similar, o que pode ter motivado a escolha. Outras interpretações podem surgir na discussão. As máscaras de gorila tanto podem servir como argumento de que, ao contrário das representações clássicas ou mesmo das representações publicitárias, as mulheres não devem ser consideradas por sua aparência, como podem simbolizar fôrça e ferocidade.
  2. Entre as possibilidades: para garantir maior liberdade às artistas; por segurança; para mostrar que a igualdade de gênero é uma causa coletiva e não apenas uma insatisfação pessoal. Procure levantar com os estudantes outras motivações possíveis.

Atividade complementar

Para dar sequência às discussões sobre a presença das mulheres no universo da arte, problematizando a objetificação da figura da mulher em contraponto com o espaço que lhe foi determinado como produtora de arte ao longo da história da arte ocidental, ouça com a turma o podcast MULHERES NA ARTE: segundas em série. Locução: Andréia Bandeira. Participação: Marcela Boni e Indiara Laura Cardoso. Pernambuco: Segundas Feministas, 24, janeiro, 2022. Disponível em: https://oeds.link/wPe9eS. Acesso em: 13 maio 2022.

Em seguida, reflitam sobre os pontos apresentados no áudio e façam um paralelo com o trabalho do coletivo Guerrilla Girls. Essa atividade estimula o desenvolvimento da habilidade da Bê êne cê cê.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. As respostas podem abordar aspectos técnicos (materiais e procedimentos utilizados), estéticos (resultado visual das composições) ou temáticos das obras.
  2. São obras e ações artísticas que buscam deixar claro para o público o que o artista pretende comunicar. Elas são apresentadas em locais públicos ou por meio de dispositivos de grande circulação (revistas, muros, outdoors). O impacto causado também pode estar relacionado às temáticas abordadas: questões sociais ou políticas que, no contexto em que foram produzidas, têm grande relevância.

Foco em...

Alexander Rodchenko

Fotografia em preto e branco. Vista de cima, enquadrada de um ângulo diagonal. Destaque para uma mulher usando vestido preto, segurando uma criança no colo. Ela sobe os degraus de uma escadaria. Nessa perspectiva, os degraus parecem listras paralelas pintadas no chão, na diagonal, intercalando listras mais claras e mais escuras.
. A escadaria. 1929. uma fotografia, impressão em gelatina de prata, 3,18 centímetros por 9,53 centímetros. Museu de Arte Moderna de São Francisco, São Francisco, Estados Unidos.

Faça no caderno.

  1. Observe a fotografia. O que se destaca nela, para você?
  2. Essa imagem foi capturada há quase um século e até hoje é uma referência entre os fotógrafos. Em sua opinião, por que isso acontece?

Até o momento, você viu exemplos de produções artísticas que buscam promover transformações na sociedade. Como a arte se transforma nesse contexto?

Observando as obras do russo alequissânder rotchênco (1891-1956), podemos perceber como um mesmo artista pode ir experimentando diferentes modos de se expressar ao longo de sua carreira sem perder sua voz de contestação.

rotchênco não se contentou em explorar apenas uma linguagem artística; ele fez experimentações na pintura, escultura, colagem e fotografia, além de ter atuado como designer gráficoglossário e designer de produtosglossário .

Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, apresentamos a produção de Alexander rotchênco, artista russo ligado ao Construtivismo que se tornou uma referência importante para as artes gráficas e para a fotografia.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Materialidades.

Habilidades em foco nesta seção

Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera, gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera, cenográficas, coreográficas, musicais etc.

(EF69AR04) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera na apreciação de diferentes produções artísticas.

Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera.

Sobre as atividades

  1. Trata-se, a princípio, de uma cena cotidiana, mostrando uma mulher e uma criança. Ao buscar o ângulo diagonal da escadaria, o artista converte as sombras dos degraus em elementos gráficos. As sombras com áreas escuras, nos cantos superiores, criam um contraponto com as linhas paralelas que tomam mais de dois terços da imagem, trazendo equilíbrio à composição.
  2. Na época em que essa imagem foi produzida, a fotografia era usada principalmente para registrar a realidade. rotchênco explorou a técnica fotográfica com uma preocupação estética, buscando ângulos não convencionais, o que levou seu trabalho a ser reconhecido como um marco para a história da fotografia.

Nascido na cidade de São Petersburgo, na Rússia, ele frequentou uma escola de artes e, ao longo da vida, envolveu-se em instituições culturais oficiais. Foi professor por aproximadamente uma década e, em 1920, tornou-se diretor do Departamento de Museus de Moscou. Como artista, suas primeiras produções foram no campo da pintura.

Ilustração. Três retângulos com texturas, um ao lado do outro. Da esquerda para a direita: um retângulo vermelho, um retângulo amarelo e um retângulo azul.
rotchênco, Alexander. Cor vermelho puro, Cor amarelo puro, Cor azul puro. 1921. Óleo sobre tela, tríptico, 62,5 centímetros por 52,5 centímetros cada tela. Arquivo Alexander rotchênco e Varvara Stepanova, Moscou, Rússia.

3. A partir do que você conheceu sobre o Suprematismo no Sobrevoo, o que diria a respeito dessas pinturas?

rotchênco, assim como outros artistas de sua época, teve contato com obras de arte cubistas, dadaístas e futuristas, produzidas por artistas ligados às vanguardas históricas, que você conheceu na seção Foco na História deste capítulo.

Os artistas envolvidos nesses movimentos questionavam o que vinha sendo produzido nas artes até então, como a representação figurativa. Assim, eles buscaram e experimentaram novas fórmas de se expressar, criando trabalhos em que a abstração era explorada ao extremo, como nas pinturas de rotchênco aqui reproduzidas.

As experiências suprematistas constituíram uma etapa no processo do artista, que logo caminhou para o Construtivismo, movimento em que as obras artísticas deviam ter um caráter prático, com o objetivo de contribuir para um cotidiano mais funcional e, assim, melhorar a vida das pessoas. Diversos artistas construtivistas também eram designers, como o próprio rotchênco, que foi responsável pela capa da revista léf (Frente de Esquerda das Artes), em que explorou a técnica da colagem.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

3. O que se vê nas pinturas são cores puras. Elas não simbolizam, não representam nem significam qualquer outra coisa que não seja a própria cor. As produções de vanguarda que posteriormente ganharam reconhecimento no meio artístico por seu caráter inovador, em geral, causaram grande estranhamento na época em que foram realizadas. Amplie a discussão para que os estudantes se posicionem sobre o que eles próprios pensam a respeito desse conjunto de pinturas. A discussão sobre essas pinturas contempla as habilidades e da Bê êne cê cê.

Atividade complementar

rotchênco capta imagens do cotidiano, tal como fazia vívian méier, a fotógrafa apresentada no capítulo 6 do livro do 6o ano. Por outro lado, os resultados plásticos das fotografias de ambos os fotógrafos são distintos – a organização geométrica, por exemplo, é uma característica marcante na produção do artista russo. Retome com os estudantes, ou apresente a eles, o trabalho de vívian méier e sugira uma leitura comparativa de suas fotografias com as de , orientando-os a analisar como são trabalhadas as cores, os contrastes, as fórmas e como cada artista capta o momento exato de uma ação. Esta atividade contempla as habilidades e da Bê êne cê cê.

  1. Observe a imagem. Como o artista organizou texto e imagem? Como você interpreta a fotomontagem nessa capa de revista?
  2. Comparando a capa dessa edição da revista léf com as capas de revistas que você conhece, o que mudou nas publicações impressas?

Em suas primeiras colagens, rotchênco usava fotografias de outros artistas, mas, entre os anos 1920 e 1930, investiu em seu trabalho como fotógrafo. Adquirir uma câmera fotográfica portátil foi um passo decisivo para que ele pudesse explorar uma multiplicidade de pontos de vista sobre um mesmo assunto, em geral, relacionado a cenas cotidianas.

Capa de revista. Na parte inferior há o título da revista em russo. Na parte superior, há a ilustração de um avião em que está inscrito o título da revista. O avião lança uma caneta-tinteiro na direção de um gorila, que está no ar segurando uma flecha.
Capa da revista léf, número 3, junho/julho de 1923. Projeto gráfico de autoria de Alexander rotchênco. Museu de Arte Moderna de Nova York, Nova York, Estados Unidos.

6. Qual você imagina ter sido o ponto de vista do fotógrafo para conseguir captar a imagem a seguir e por que você acha que ele optou por fotografar desse ângulo?

Fotografia em preto e branco. Vista de baixo de uma torre de transmissão, que destaca as linhas diagonais e paralelas e os arcos que formam a estrutura de aço da torre.
rotchênco, Shukhov Tower. 1929. Fotografia. Coleção particular.

7. Retorne à fotografia da escadaria de rotchênco e compare-a com essa imagem. O que elas têm em comum?

A fotografia, sob o olhar de rotchênco, ganha um caráter artístico. Os planos e as linhas eram explorados de modo a se tornarem quase abstratos.

Na década de 1940, ele regressou à pintura, mas foram suas experiências como fotógrafo e designer que mais viriam a influenciar as gerações seguintes.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Chame a atenção da turma para as letras em duas cores, como se o vermelho e o azul se “equilibrassem” na composição. Analise com os estudantes a concentração das letras na parte inferior da composição – isso cria um destaque para a imagem na parte superior e para o número da edição. Incentive-os a perceber também as áreas de respiro (em branco). Ao apresentar imagens figurativas, a fotomontagem propicia interpretações variadas.
  2. Pergunte aos estudantes quais revistas eles conhecem e, se possível, leve para a sala de aula algumas publicações para analisarem, juntos, as capas. Converse com a turma sobre os recursos técnicos contemporâneos de impressão e também sobre a organização visual das composições, que atualmente, em sua maioria, contam com grande número de elementos gráficos. Se houver possibilidade, analise mais de um perfil de revista (de moda, de arte, de notícias etcétera para entender como cada uma delas se comunica com o leitor. Esta proposta contempla as habilidades e da Bê êne cê cê.
  3. Provavelmente, ele estava abaixo da torre e registrou um ângulo que comumente não se vê em fotografias, explorando as intersecções visuais das linhas.
  4. Ambas exploram as linhas (diagonais e paralelas), o contraste entre claro e escuro, as fórmas geométricas etcéteraA análise dos elementos que compõem essas imagens contempla a habilidade da Bê êne cê cê.

Para experimentar

Experimentações do olhar

Será que você consegue enxergar linhas e fórmas geométricas em seu entorno, assim como o artista alêquissânder rotchênco? Este é um convite para olhar os lugares que você vê todos os dias sob novos pontos de vista.

A atividade é individual e introspectiva. Concentre-se em desenvolvê-la sozinho, em silêncio, e não se contente com apenas um resultado.

  1. Você vai precisar de uma câmera fotográfica ou de um dispositivo eletrônico com câmera para registrar as suas imagens.
  2. Se possível, fotografe em preto e branco (algumas câmeras permitem alterar a configuração para esse padrão).
  3. Caminhe pelos espaços da escola em que você costuma passar diariamente e procure identificar e fotografar locais onde reconheça fórmas geométricas (linhas paralelas ou diagonais, fórmas circulares, fórmas que surgem das construções arquitetônicas ou da projeção das sombras, entre outras fórmas que encontrar).
  4. Retrate o mesmo local de diversos ângulos e de pontos de vista diferentes (do alto, de baixo, da lateral, por uma brecha, de perto e de longe). Fotografe quantas possibilidades conseguir.
  5. Ao concluir, reveja as imagens atentamente e reflita sobre a seguinte questão: você conseguiu capturar com a câmera o que seus olhos perceberam?
  6. Se julgar necessário, retorne ao local escolhido e busque novos ângulos para fotografar.
  7. Em seguida, escolha as imagens que resultaram em composições mais abstratas.
  8. Com o auxílio do professor, junte-se aos colegas e organizem uma exposição reunindo os trabalhos de todos, tentando identificar o local que cada um escolheu.
  9. Para concluir, conversem sobre o desafio de provocar o próprio olhar para encontrar novos modos de ver.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Que relações você consegue estabelecer entre as obras de rotchênco apresentadas nesta seção?
  2. Como observador, qual foi o impacto que essas obras tiveram sobre você?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Esta seção convida os estudantes a realizar um ensaio fotográfico buscando apreender fórmas geométricas que podem ser encontradas em seu entorno. Essa atividade de experimentação, que contempla a habilidade da Bê êne cê cê, será mais bem aproveitada se os estudantes tiverem liberdade para percorrer por conta própria os espaços da escola, em uma investigação pessoal. Caso isso não seja viável, delimite um espaço por onde eles poderão circular – o pátio, a quadra da escola ou uma escada. Se houver limites estritos de espaço e circulação, a atividade pode ser realizada dentro da sala de aula. Nesse caso, é possível explorar a organização do mobiliário da sala. Caso nem todos os estudantes tenham uma câmera fotográfica, organize pequenos grupos para compartilhar o equipamento. E se essa também não for a realidade da sua escola, lembre-se de que, mais do que ser necessário obter um equipamento, para fotografar é preciso exercitar o olhar. Por isso, na ausência de máquinas fotográficas, trabalhe o registro das fórmas geométricas sugerindo desenhos com lápis preto e régua.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. A fotografia e a capa de revista são semelhantes quanto à organização do layout, com o uso de linhas paralelas e diagonais. A capa da revista e as pinturas coincidem no uso de cores “puras” (primárias). Ao retomar as imagens apresentadas, vocês podem encontrar outras relações entre elas.
  2. Esta questão propõe uma reflexão sobre como os estudantes se reconhecem na condição de espectadores diante das obras de rotchênco, levando em consideração as diferenças contextuais.

Foco no conhecimento

Fanzine

Você já ouviu falar em fanzine? Trata-se de um veículo de comunicação alternativo que pode ser produzido por qualquer indivíduo que queira compartilhar uma ideia com outras pessoas.

Surgido nos Estados Unidos em meados da década de 1920 e na década de 1960 no Brasil, o termo “fanzine” (também conhecido como “zine”) tem origem na combinação das palavras em inglês fan e magazine, e pode ser traduzido como “revista de fãs”.

Algumas características dos fanzines:

  1. São publicações independentes, produzidas por editores amadores, ou seja, que não estão ligados a uma editora ou a uma instituição.
  2. São produzidos para compartilhar um assunto entre pessoas com os mesmos interesses.
  3. Costumam ter tiragem limitada e circulação reduzida, sendo veiculados em feiras, eventos ou enviados pelo correio.
  4. Podem ser vendidos, mas geralmente são distribuídos gratuitamente.
  5. Com frequência são veículos de protesto ou de experimentação artística e gráfica.
  6. Têm formatos variados: podem ser de tamanhos diversos, com poucas ou muitas páginas, coloridos ou não.
  7. São reproduzidos de diversas fórmas: fotocópia, impressão em gráfica ou impressão artesanal.
  8. Exploram diversas linguagens: podem ter textos em prosa, poesia, fotografias, imagens de arte, entre outras fórmas de expressão.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais assuntos você abordaria em um fanzine?
  2. Quais publicações o influenciariam na produção de um fanzine?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objeto de conhecimento

Materialidades.

Habilidade em foco nesta seção

Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera.

Atividade complementar

Sugerimos uma atividade que pode ser uma oportunidade para que os estudantes conheçam algumas técnicas de impressão utilizadas por artistas.

Organize a turma em grupos para que cada um pesquise uma técnica de impressão diferente: monotipia; serigrafia; litografia; gravura em metal, xilogravura; impressão em offset etcéteraOs grupos deverão pesquisar e apresentar aos demais algumas informações sobre a técnica escolhida. A pesquisa deve contemplar:

  • Vídeos que apresentem a técnica.
  • Artistas que fizeram uso dela.
  • Uma breve história sobre como e onde surgiu a técnica escolhida.
  • Informações sobre a utilização da técnica na atualidade – para trabalhos artísticos ou com outras finalidades.

Essa pesquisa possibilita ao estudante ampliar seu repertório acerca das materialidades envolvidas na produção de obras de arte. Oriente-os a buscar mais de uma fonte de pesquisa. Você pode auxiliá-los neste processo de seleção.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Chame a atenção para o fato de que o fanzine é, atualmente, um meio comumente utilizado por manifestações artísticas e políticas. Incentive os estudantes a perceberem o potencial de circulação desse meio. Procure reparar quais assuntos são constantes entre eles. Isso pode ajudar a definir os grupos de trabalho na atividade proposta na seção Processos de criação deste capítulo.
  2. Investigue se os estudantes são leitores de histórias em quadrinhos, jornais, revistas, mangás ou se conhecem algum fanzine.

Processos de criação

Chegou o momento de criar um fanzine e compartilhar seus ideais com a escola. Convidamos você a colocar em prática algumas técnicas artísticas vistas nas produções de rotchênco e das Guerrilla Girls.

Embora seja possível abordar qualquer assunto em um fanzine, nessa edição sugerimos que você apresente as transformações que deseja para a escola.

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de quatro integrantes.
  2. Escolham os materiais que serão utilizados.
  3. Decidam juntos a pauta do fanzine. Anotem no diário de bordo as discussões que surgirem a partir do desafio proposto sobre as transformações na escola.
  4. Façam um planejamento de como pretendem expressar essas ideias: utilizando textos (conto, poesia, prosa etcétera, fotografias (produzidas por vocês, encontradas em livros ou na internet etcétera, imagens de reproduções de obras de arte etcéteraVocês também podem usar as imagens produzidas por estêncil e as fotografias feitas nas atividades propostas nas seções Para experimentar deste capítulo.
  5. Organizem as etapas de trabalho entre os integrantes do grupo: avaliem se é mais produtivo que todos façam tudo em conjunto ou se cada um deve assumir uma tarefa específica.
Fotografia. Uma mesa com dezenas de fanzines, com destaque para textos, ilustrações e fotografias.
Fanzines diversos. São Paulo São Paulo, 2019.
Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, convidamos os estudantes a desenvolver o próprio fanzine e aplicar o conteúdo explorado na seção Foco no conhecimento.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objetos de conhecimento

Materialidades; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera.

Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

Orientações

Para que os estudantes possam propor ações transformadoras em seus fanzines, sugira a realização de um fórum em que sejam debatidos aspectos do contexto escolar. Ele pode ser realizado apenas entre a turma ou pode envolver enquetes para a participação de outros estudantes da escola. Estimule o grupo a pensar sobre como cada agente dentro da instituição tem desenvolvido seu papel: gestores, coordenadores, professores, funcionários e estudantes. Esta proposta procura ampliar o olhar crítico sobre o funcionamento da instituição e estimula os estudantes a avaliar as próprias contribuições e intervenções nessa realidade.

  1. Projetem o formato: qual será o tamanho do fanzine? Que tipo ou tipos de papel vocês utilizarão?
  2. Com o auxílio do professor, decidam como será feita a reprodução desse exemplar: fotocópia, impressão em gráfica ou alguma técnica de impressão artesanal.
  3. Assim que o planejamento estiver concluído, compartilhem o projeto com o professor e, se necessário, ajustem os detalhes.
  4. Iniciem a produção do fanzine coletando ou produzindo o material necessário (imagens e textos).
  5. Façam a diagramação do material, ou seja, a disposição dos textos e das imagens em cada página. Escolham a tipografia que usarão. Toda essa etapa pode ser feita no computador ou artesanalmente.
  6. Dediquem um tempo à criação da capa. Retomem as análises da capa da revista russa e das revistas contemporâneas feitas neste capítulo.
  7. Organizem um rascunho do fanzine. Dessa fórma, vocês poderão avaliar se a proposta está clara, se a tipografia escolhida possibilita uma leitura agradável, se as imagens têm boa resolução e se a paginação está funcionando.
  8. Façam os ajustes necessários e produzam as cópias.
  9. Organizem uma feira de trocas para compartilhar os fanzines produzidos.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Como foi o seu envolvimento no projeto?
  2. Quais etapas você achou mais desafiadoras? Quais foram as mais prazerosas?
  3. Quais transformações sugeridas pelos grupos você considera mais urgentes? Por quê?
  4. Quais ações podem ser colocadas em prática para que as mudanças propostas comecem a se concretizar?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Pela natureza do fanzine, a proposta desta seção Processos de criação implica que o trabalho dos grupos seja desenvolvido com ampla liberdade. Para que o processo seja produtivo, é importante que você oriente os estudantes a planejar bem as ações. Você pode pedir a eles que entreguem um projeto escrito, referente às etapas de planejamento. Assim, todos podem avaliar conjuntamente se os caminhos escolhidos pelos grupos são viáveis. Se necessário, replanejem as etapas que pareçam muito complexas ou que apresentem dificuldades. Combine previamente com a turma quantos exemplares do fanzine serão produzidos. Eles devem avaliar o público que pretendem atingir (se as publicações serão distribuídas entre as turmas da escola ou apenas entre os grupos da sala) e os recursos que podem ser investidos na impressão. Caso a publicação impressa não seja financeiramente viável, existe a opção de publicar digitalmente o material em plataformas gratuitas na internet, ou então avalie a possibilidade de publicar na rede social da escola.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Retome coletivamente todas as transformações sugeridas pelos grupos. Liste-as no quadro e façam uma votação sobre as prioridades.
  2. Esse é o momento de avaliar com a turma o papel de cada um nas transformações propostas, para que o trabalho cumpra sua função prática. Se possível, promova um diálogo entre os estudantes e os gestores da unidade escolar – de modo que as transformações aqui sugeridas possam ser ouvidas e postas em prática no ambiente escolar.

Organizando as ideias

Mosaico de fotografias. Composto de um recorte vertical de quatro fotografias. Da esquerda para a direita: cartaz composto de ilustração de mulher na cor cinza com lenço vermelho na cabeça, usando uma blusa azul, sobreposta por textos em russo; fotografia em preto e branco de parede onde estão expostos quadros com formas geométricas diversas; fotografia de parede com grafite de um gato preto e branco com um laço vermelho no pescoço e uma pata levantada; fotografia em preto e branco de uma mulher usando vestido preto, que sobe uma escadaria segurando uma criança no colo.

Ao longo deste capítulo, foram apresentados artistas que fazem pensar sobre a arte como instrumento de transformação social e o quanto ela pode ampliar o alcance de comunicação com o grande público.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Quais das obras e ações artísticas apresentadas mais impactaram você? Por quê?
  2. Sobre quais questões levantadas pelos artistas você acredita que os membros de sua comunidade precisariam refletir?
  3. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidades em foco nesta seção

Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Sobre as atividades

  1. Retome os exemplos vistos e as discussões que surgiram entre os estudantes, para que possam argumentar sobre as que tiveram maior impacto. Incentive-os a buscar suas anotações no diário de bordo.
  2. Retome os assuntos das obras de bânquissi e das Guerrilla Girls e incentive a turma a inseri-los em seu contexto: “Como essas questões são tratadas em seu bairro ou em sua cidade?”. Se julgar pertinente, retome também as discussões propostas na abertura deste capítulo.

Glossário

Litografia
Técnica de impressão praticada desde o final do século dezoito em que a matriz é uma pedra porosa, chamada de pedra litográfica. Sobre ela, o artista faz sua composição utilizando algum material oleoso (pode ser tinta, lápis ou bastão), que se fixa na superfície após receber um banho com água e soluções químicas específicas. A impressão é feita por uma prensa que utiliza um papel sobre a pedra entintada.
Voltar para o texto
Estêncil
Técnica de reprodução de uma imagem, desenho ou texto feita com uso de uma matriz vazada de papel rígido ou acetato por onde passa a tinta, que pode ser aplicada com pincel, rolo ou spray.
Voltar para o texto
Serigrafia
Processo de impressão em que a matriz é uma tela de nylon esticada. Sobre essa tela, a imagem é gravada por meio de um processo químico. Como o suporte é feito de microfuros, o local onde a imagem está gravada fica vedado e o restante fica poroso. Ao passar uma tinta com um rolo ou rodo, ela transpassa a tela só nas regiões porosas, ficando impressa sobre o papel ou tecido.
Voltar para o texto
Designer gráfico
Profissional que desenvolve projetos de linguagem visual, articulando imagens e/ou textos e entendendo os dois como elementos visuais em uma composição gráfica que visa à comunicação.
Voltar para o texto
Designer de produtos
Profissional que desenha/projeta objetos e produtos.
Voltar para o texto