CAPÍTULO 6 Música e vida em transformação

Fotografia em preto e branco. Dez homens , usando calças e casacos de diversos tipos, sorriem; alguns estão em pé sobre mesas de madeira e usam chapéus e óculos de sol; um deles segura um instrumento de percussão.
Integrantes da banda de funk estadunidense Parliament-Funkadelic, em meados de 1974.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Música e vida em transformação”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Música; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  1. Mobilizar recursos tecnológicos como fórmas de registro, pesquisa e criação artística.
  2. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de fórma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade.
  3. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.
  4. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

A arte produzida em cada época pode manifestar, refletir e estimular os modos de pensar e de conviver do período. Convidamos você a observar essa influência no campo da música e, também, a entender como dessa dinâmica cultural coletiva surgem transformações na linguagem musical.

Ao longo das últimas décadas, a música tem sido um potente alto-falante das reivindicações e esperanças de várias gerações no mundo inteiro. Nesse tempo, a qualidade das produções e sua enorme popularização social converteram essa linguagem em um dos principais pilares culturais da nossa sociedade.

1. Observe a imagem da abertura do capítulo. Como você imagina a música tocada por esse grupo? Você supõe que ela esteja ligada a algum tipo de evento coletivo? Será que ela pode estimular comportamentos específicos?

Versão adaptada acessível

1. Retome a imagem da abertura do capítulo. Como você imagina a música tocada por esse grupo? Você supõe que ela esteja ligada a algum tipo de evento coletivo? Será que ela pode estimular comportamentos específicos?

O grupo que aparece na imagem é conhecido como Parliament-Funkadelic e era liderado pelo músico estadunidense diórdi clíntãn (1941-). Os integrantes desse grupo começaram a atuar na década de 1960, nos Estados Unidos, em um contexto de mobilização de artistas negros em prol da afirmação da identidade afro-americana, contra o preconceito racial e na busca de um lugar no mercado musical. Eles faziam arranjos musicais e performances inovadoras, tocando diferentes vertentes do gênero musical funk.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Em que momentos a música está presente em sua vida?
  2. Você sente que alguma das músicas que ouve influencia de algum modo o seu jeito de ser ou de se relacionar com outras pessoas? Como?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade (página 103)

1. Se possível, disponibilize previamente alguma música do grupo Parliament-Funkadelic e associe a leitura da imagem com a apreciação da música. Sugerimos “Flash Light”, de 1977. Durante a escuta, você pode perguntar à turma: “A música é semelhante ou diferente do que você imaginava vendo a imagem?”; “Em que aspectos?”.

Justificativa

Neste capítulo, olharemos para a relação de algumas produções musicais com diferentes contextos culturais. Abordaremos os modos como a música pode interferir na vida coletiva, propondo reflexões sobre a estrutura musical e sobre a expressão de ideias por meio da música. Para isso, estimularemos sempre a escuta dos exemplos musicais, que podem enriquecer bastante os estudos.

Este capítulo também apresenta algumas letras de músicas que, além de contribuírem para o estudo de estruturas musicais, possibilitam desenvolver ações interdisciplinares envolvendo música e as disciplinas de Língua Portuguesa ou Língua Inglesa.

A abordagem desenvolvida pretende contribuir ao mesmo tempo para a ampliação de conhecimentos sobre a Música tanto como linguagem quanto como fenômeno social associado a contextos históricos e culturais.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Orientações

Comente com os estudantes que o funk (estadunidense) mencionado no texto é anterior ao fank carioca. Ele começou a se configurar como gênero musical no final da década de 1950 nos Estados Unidos, a partir de outros gêneros musicais – como jazz, soul music e R&B (rhythm and blues) – e do trabalho de músicos que buscavam ritmos dançantes em suas composições. Esse gênero se tornou mundialmente conhecido nas interpretações do cantor e dançarino estadunidense diêimes bráun (1933-2006). O grupo Parliament-Funkadelic, em seus arranjos, passou a agregar efeitos eletrônicos e instrumentos até então pouco comuns no gênero.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Você pode contribuir citando possíveis situações: festas e bailes, shows musicais, rodas de samba, cultos religiosos etcétera
  2. Comente as possíveis associações entre os diferentes estilos musicais e movimentos culturais, ou as relações da música com a propaganda e a venda de produtos, com crenças ou ideologias etcétera

SOBREVOO

Músicas e contextos

Você vai conhecer a seguir produções musicais que dialogam de modo crítico ou inovador com o contexto histórico-cultural em que foram criadas, impulsionando transformações na sociedade ou na própria linguagem musical, seja por meio de mensagens na letra, seja por características da fórma musical.

O impacto estético de A sagração da primavera

Fotografia em preto e branco. Quatro bailarinos, usando figurinos branco com detalhes estampados, estão fazendo movimentos com pés e braços. O primeiro está de perfil com os braços flexionados, um dos pés levantado e uma das mãos acima da altura da cabeça; o segundo está com os joelhos flexionados e os braços junto ao corpo; o terceiro está na ponta dos pés com os braços flexionados e as mãos na altura do rosto, olhando para cima; o quarto está de perfil, com o queixo para cima e as mãos na altura da cintura. Atrás deles, há uma parede estampada.
A SAGRAÇÃO da primavera. Concepção: Igor Istravínsqui. Coreografia: . Théâtre des Champs Élysées, Paris, França, 1913.

Observe a imagem. Ela apresenta a cena de um balé do início do século vinte, cujas música e coreografia tiveram grande impacto no público em sua primeira apresentação.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Faça no caderno.

1. Escute com os colegas um trecho da primeira parte da música do balé A sagração da primavera: “Augúrios primaveris (dança das adolescentes)”.

Orientações e sugestões didáticas

Neste Sobrevoo, destacamos o fato de que, muitas vezes, transformações na linguagem musical ocorrem entrelaçadas a transformações no contexto político, histórico e social.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Notação e registro musical; Processos de criação; Matrizes estéticas e culturais; Patrimônio cultural; Arte e tecnologia.

Habilidades em foco nesta seção

Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do conhecimento musical.

Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmas e gêneros musicais.

Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

Explorar e identificar diferentes fórmas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

( Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

  1. Após a escuta, reflita: o que é mais marcante nessa música para você? Alguma característica dela o surpreendeu? Pelas características da música, você imagina algum possível tema para o enredo desse balé?
  2. Veja a seguir a imagem de um trecho da partitura original dessa música. Se considerarmos que esses manuscritos registram parte do processo de criação do compositor, o que a imagem pode informar sobre esse processo?
Fotografia. Partitura com desenhos de notas musicais e anotações nas cores azul e vermelho.
Partitura original de A sagração da primavera (1913), de Igor Istravínsqui. Coleção particular.

A música é de autoria do compositor russo Igor Istravínsqui (1882-1971) e a coreografia do balé A sagração da primavera, em sua primeira versão, foi criada pelo bailarino e coreógrafo vátsláv níijínsqui (1889-1950), também de origem russa.

O espetáculo foi apresentado pela primeira vez em 1913, em Paris (França), e causou um verdadeiro tumulto no teatro. Algumas pessoas da plateia gritavam ofensas, enquanto outras retrucavam ou mandavam elas se calarem. Os bailarinos tentavam continuar com a apresentação, apesar de não conseguirem ouvir bem a música por causa da gritaria do público. Para auxiliá-los, o coreógrafo gritava, dos bastidores, números de referência para a sequência da dança, enquanto uma pessoa da equipe tentava fazer a plateia se calar, acendendo e apagando as luzes do teatro.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Neste Sobrevoo, ao tratar sobre fórmas e estruturas musicais, buscaremos aprofundar os estudos sobre os elementos constitutivos da música, ampliando as referências para exercícios de criação musical. A abordagem do impacto de cada exemplo musical em seu contexto de produção pode levar também a análises críticas de diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música, principalmente no que se refere à indústria fonográfica e seu papel em cada contexto, conforme a habilidade da Bê êne cê cê.

Para o melhor aproveitamento dos assuntos abordados, o ideal é que você e os estudantes ouçam as músicas comentadas.

Sobre A sagração da primavera

Uma versão desse balé, realizada pela companhia de Pina báuchi, foi apresentada no capítulo 7 do livro do 7º ano desta coleção.

Procure estabelecer um diálogo entre a música e a imagem, que retrata um momento do balé A sagração da primavera – o trecho chamado “Augúrios primaveris (dança das adolescentes)”. Pergunte aos estudantes: “As posturas e gestos dos bailarinos contrastam ou se assemelham com o que você imagina quando pensa em um balé?”; “E os figurinos e expressões faciais?”.

Sobre as atividades

  1. A intenção, após a escuta do áudio, é, aproveitando a apreciação da obra e as impressões ou sensações que ela possa provocar, comentar mais sobre o impacto na época de sua primeira apresentação.
  2. A intenção do diálogo com a imagem da partitura de A sagração da primavera é estimular os estudantes a refletir sobre os próprios processos de criação, dos quais podem fazer parte momentos de experimentação, alterações e revisões. É possível também sugerir comparações com seus diários de bordo.

4. Você consegue imaginar por que uma apresentação de música e dança causou tamanha reação coletiva? Você já presenciou algo parecido?

Na época, algumas características da obra, cujo enredo narra um ritual sagrado pagão que envolve o sacrifício de uma jovem como oferenda ao deus da primavera, foram associadas a ideias pejorativas sobre o conceito de primitivo e se chocaram com a sensibilidade da sociedade de então.

A sagração da primavera é considerada, atualmente, uma das principais obras musicais do século vinte. Algumas inovações musicais da composição de Istravínsqui eram, no ritmo, partes em que se alternavam grupos de compassos de dois, de três e de cinco tempos e, na harmonia, combinações até então inéditas de acordesglossário e dissonâncias glossário inesperadas. Tudo isso se associava ainda a movimentações incomuns por parte dos bailarinos, como as mãos fechadas e os pés torcidos para dentro, como se pode observar na imagem que inicia esta seção.

5. Escute exemplos de acordes musicais nos quais se destacam a dissonância e a consonância. Em seguida, compartilhe suas impressões com um colega.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Ainda que o público da época não tenha recebido bem essa obra, a reação acalorada também revela que aquelas pessoas, de modo geral, valorizavam as produções artísticas como manifestação humana e veículo de uma visão de mundo do coletivo em que estavam inseridas.

6. E na sociedade de hoje, de que fórma o público se relaciona com as produções artísticas?

Cantando contestações

Você conhecerá agora uma música de outro estilo, produzida em outra época e em outro local, mas que também se conecta a pensamentos e a sentimentos de uma coletividade em um contexto histórico concreto.

7. Leia a seguir a tradução de trechos da letra da música Ain’t got no – I got life [Eu não tenho – eu tenho vida, em tradução livre]. Como você interpreta esses trechos?

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Com base no comentário sobre a variação de compassos em A sagração da primavera, relembre com os estudantes o conceito de compasso, visto no capítulo 3 do livro do 8º ano desta coleção. O estudo dos elementos constitutivos da música contempla a habilidade (EF69AR20) da BNCC.

Sobre as atividades

  1. Levante hipóteses, imaginando situações e motivos pelos quais uma obra de arte pode causar grande impacto nos espectadores. A seguir, com apoio na continuidade do texto desta página, contextualize a situação concreta que envolveu a reação à composição de Stravinsky.
  2. Esta atividade apresenta trechos de músicas de dois compositores: Wolfgang Amadeus Mozart e Béla Bartók. A intenção é estimular a compreensão das noções de dissonância e consonância, enfocando as sensações auditivas que elas representam. Dissonâncias e consonância estão presentes, de modo diferente, em ambos os trechos. No áudio com a composição de Mozart, pode-se destacar maior presença de consonância, e, no de Bartók, de dissonâncias. A intenção não é avaliar erros ou acertos, mas ajudar os estudantes a relacionarem suas sensações auditivas a tais conceitos musicais e propiciar ampliação de repertório.
  3. Se julgar pertinente, aproveitando essa questão, proponha uma discussão sobre o lugar da arte na sociedade: como área de conhecimento, entretenimento, intervenção social etc. Comente quanto essas diferentes dimensões interagem ou entram em conflito.
  4. É importante dar espaço para as interpretações subjetivas que possam surgir. Procure mencionar elementos objetivos, contextualizando a referência que a letra faz à resistência e à sobrevivência dos afrodescendentes, atuando como um estímulo à resistência cultural.

Orientações

Trazemos uma apresentação inicial da obra da cantora Nina Simone – que será aprofundada na seção seguinte deste capítulo. Nina Simone esteve envolvida com diversos gêneros musicais, principalmente blues, jazz, folk e pop estadunidense. Destaca-se aqui, em sintonia com o tema do capítulo, a relação dessa musicista e de sua obra com o contexto histórico-cultural e as transformações na sociedade de sua época. A abordagem sobre a obra de Nina Simone contempla as habilidades (EF69AR16), (EF69AR18), (EF69AR19), (EF69AR31) e (EF69AR33) da BNCC.

Fotografia. Mulher negra, tem os cabelos presos por uma touca da cor terracota e usa um vestido longo da mesma cor e do mesmo tecido, e dois brincos de argolas grandes. Ela está de perfil, sentada em um banco, com as mãos sobre um piano. Há um microfone acoplado ao piano, próximo de sua boca. Atrás dela, há um cartaz branco onde está escrito "Salute to jazz".
Nina Simone se apresentando no Newport Jazz Festival, em Rhode Island, Estados Unidos, em 1970.

Eu não tenho – eu tenho vida

Eu não tenho casa, não tenho sapatos

Não tenho dinheiro, não tenho classe

Não tenho saias, não tenho casaco

Não tenho perfume, não tenho barba

Não tenho mente.


Não tenho mãe, não tenho cultura

Não tenho amigos, não tenho escolaridade

Não tenho amor, não tenho nome

Não tenho ingresso, não tenho ficha

Não tenho Deus.

Eu tenho meu cabelo, tenho minha cabeça

Eu tenho meu cérebro, tenho meus ouvidos

Eu tenho meus olhos, tenho meu nariz

Eu tenho minha boca, tenho meu sorriso.

Eu tenho meus braços, tenho minhas mãos

Eu tenho meus dedos, tenho minhas pernas

Eu tenho meus pés, tenho meus dedos

Eu tenho meu fígado, tenho meu sangue.


Eu tenho vida, eu tenho minha liberdade

Eu tenho uma vida, eu tenho uma vida e eu vou mantê-la

Eu tenho uma vida, e ninguém vai tirá-la

Eu tenho uma vida.

AIN’T got no – I got life. Intérprete: Nina Simone. Compositores: , Gerome ráguini e Djeimes rádô. In: Intérprete: Nina Simone. [sem local]: RCA Victor, 1968. 1 disco sonoro. Faixa 8. [Tradução livre feita pelos autores desta obra.]

Nessa interpretação da canção, a cantora Nina Simone (1933-2003) uniu, de modo sugestivo, partes de duas canções – Ain’t got no [Eu não tenho] e I got life [Eu tenho vida] –, em um contexto no qual nos Estados Unidos se vivenciava marcante presença de racismo e discriminação em relação a pessoas negras.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Como toda obra artística, a apreciação da letra da música pode levar a diferentes interpretações ou reflexões. Sendo assim, você pode desenvolver mais exercícios de análise e interpretação dessa letra:

  • Divida a turma em grupos de até cinco integrantes e sugira uma roda de discussão sobre o que cada um entende e pensa da letra.
  • Uma pessoa de cada grupo ficará responsável por tomar notas dos assuntos destacados.
  • Reúna novamente a turma toda em uma grande roda.
  • Um integrante de cada grupo atuará como orador, fazendo uma síntese dos principais pontos discutidos em seu grupo, a partir dos quais os colegas poderão tecer novas reflexões e comentários.

Diversos assuntos e questões podem aparecer nas discussões. Você também pode estimular reflexões perguntando: “O que temos e o que não temos?”; “O que realmente precisamos ter e o que são necessidades artificiais de consumo?”; “Como o racismo está presente em nossa sociedade atualmente?”.

Tropicalismo e transformações

Na mesma época em que Nina Simone desenvolvia seu trabalho musical e sua militância pela causa dos negros nos Estados Unidos, alguns músicos brasileiros produziam canções que problematizavam questões sociais e protestavam contra o regime político vigente.

Alguns desses músicos também impulsionaram transformações no modo de fazer música popular no Brasil, a partir da incorporação de elementos musicais nacionais e internacionais.

Uma das inovações mais destacadas foi a utilização da guitarra elétrica na música popular brasileira, junto de instrumentos afro-brasileiros e instrumentos orquestrais. Além disso, os artistas compunham letras musicais com estruturas pouco convencionais, que dialogavam com a produção poética da época e geralmente traziam mensagens ligadas ao contexto histórico ou contestações. Muitas vezes essas contestações se manifestavam de modo implícito, disfarçadas nas letras, para não serem barradas pela censura da época.

Capa de álbum. Na lateral esquerda, escrito na vertical, está o título do álbum: Tropicalia. Na lateral direita, também escrita na vertical, está a continuação do título do álbum: ou Panis et circencis. Centralizada na capa, há a fotografia de nove pessoas. Em primeiro plano há um homem usando cavanhaque e roupa estampada; ele está sentado no chão, segurando um retrato em preto e branco dentro de uma moldura. Atrás dele, sentadas em um banco branco, há três pessoas: um homem de pernas cruzadas, usando óculos, bigode, camisa e calça, segura um penico branco e, sob ele, um prato; uma mulher com cabelos curtos, usando vestido amarelo estampado; e um homem de pernas cruzadas usando blazer e calça. Atrás deles há quatro pessoas de pé: um homem segurando um baixo, usando blazer verde; um homem com cabelos enrolados, segurando um retrato em branco e preto dentro de uma moldura; uma mulher com cabelos ruivos compridos, usando blazer verde; um homem com cabelos lisos na altura dos ombros segurando uma guitarra; e um homem usando terno segurando uma bolsa marrom.
Capa do álbum tropicália ou . Intérpretes: Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé. São Paulo: Philips Records, 1968.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Fazemos aqui uma breve apresentação do contexto cultural brasileiro entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970, período no qual a música popular brasileira teve um papel de destaque. Nessa apresentação, procuramos enfatizar a problematização de questões políticas, sociais e culturais, contemplando as habilidades e da Bê êne cê cê. Você pode acrescentar informações sobre o contexto político do Brasil na época e sugerir pesquisas sobre músicas, compositores e intérpretes que se destacavam, como Gilberto Gil; Sérgio Sampaio; Rita Li; Chico Buarque; Raul Seixas; Nara Leão; Caetano Veloso; Edu Lobo; Maria Bethânia, entre outros.

Sobre a imagem

Esta capa do disco tropicália ou Pânis ét circêncis foi elaborada pelos músicos e poetas participantes do disco junto com dois artistas visuais: Rubens guérchmen e . Traga informações ou sugira uma pesquisa sobre esses artistas, estabelecendo um diálogo com os conteúdos relativos às Artes visuais, de modo a contemplar a habilidade da Bê êne cê cê.

Com os festivais de música, então produzidos por emissoras de tê vê, esses músicos tornaram-se muito populares entre o grande público e, juntando-se a artistas de teatro, artes visuais e cinema, organizaram-se coletivamente em um movimento cultural que ficou conhecido como Tropicalismo.

O álbum produzido coletivamente em 1968, intitulado ou Pânis ét circêncis, foi um dos principais manifestos musicais desse movimento.

Na capa do disco, reproduzida na página anterior, você pode ver os artistas que participaram desse trabalho e que até hoje são grandes nomes da música brasileira: Gilberto Gil (1942-), logo à frente; sentados logo atrás dele estão o maestro e arranjador Rogério duprá (1932-2006) segurando um penico, Gal Costa (1945-) e Torquato Neto (1944-1972). Mais atrás, em pé, aparecem Arnaldo Baptista (1948-), Caetano Veloso (1942-), Rita Li (1947-), Sérgio Dias (1950-) e, na extrema direita, Tom Zé (1936-). Capinam (1941-) e Nara Leão (1942-1989), que também participaram do álbum, mas não puderam comparecer no dia da realização da fotografia, são representados pelos retratos segurados por Gilberto Gil e Caetano Veloso.

A expressão – que também é o título de uma das faixas do álbum – é uma variação na escrita da expressão em latim panem et tchirtchenses, que significa “pão e circo”, e foi o nome pelo qual ficou conhecida uma política adotada no antigo Império Romano, que, resumidamente, consistia em fornecer alimento e diversão à população para diminuir seu espírito crítico diante das condições de vida e mantê-la minimamente acomodada e sem se revoltar.

  1. Considerando a explicação sobre a política do panem et tchirtchenses, qual relação pode ser estabelecida entre o álbum e o contexto político e social da época?
  2. Quais artistas da atualidade abordam questões semelhantes às dos tropicalistas?
Ilustração. Desenho de um caderno branco aberto, que corresponde ao ícone do Para ler.

Você pode conhecer mais sobre o Tropicalismo no livro: gúlo, Carla; gúlo, Rita; vanútchi, Camilo. Jovem Guarda e Tropicália. São Paulo: Moderna, 2016.

O livro explica como a Jovem Guarda e a Tropicália revolucionaram a música brasileira nas décadas de 1960 e 1970.

Ilustração. Desenho de um óculos 3D, que corresponde ao ícone do Para assistir.

Se possível, assista ao filme-documentário: Uma noite em 67. Direção: Renato Terra e Ricardo Calil. Rio de Janeiro: Video Filmes, 2010. (85 minutos).

O documentário resgata a final do 3º Festival de Música Popular Brasileira, realizada em outubro de 1967 e considerada um marco do Tropicalismo.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

O movimento cultural conhecido como Tropicalismo começou antes do lançamento do álbum tropicália ou Pânis ét circêncis e envolveu várias outras linguagens artísticas.

Em consonância com a habilidade da Bê êne cê cê, sugira uma pesquisa ou traga informações sobre algumas produções artísticas consideradas marcos importantes desse movimento: a instalação Tropicália, do artista visual Hélio Oiticica; o filme Terra em transe, do cineasta Glauber Rocha; a encenação teatral de O rei da vela (texto de osváld de Andrade), dirigida por José Celso Martinez Corrêa; o Festival de Música da recór, de 1967.

Sobre a atividade

8. Pode-se deduzir que há um conteúdo crítico no uso desta expressão no título do disco e de uma das músicas. A expressão reconhece criticamente a política levada a cabo pelo governo da época, que envolvia o desenvolvimento de instrumentos de alienação voltados à população: a miragem do chamado “milagre econômico”; a intervenção na educação pública; o incentivo ao entretenimento sem conteúdo reflexivo, principalmente via televisão etcétera

   A partir dessa questão, você pode, entre outros assuntos, estimular uma discussão sobre o papel que a indústria do entretenimento, o marketing e a manipulação das informações nas mídias de grande alcance têm no direcionamento das questões da atualidade. Esta atividade desenvolve conteúdos contemplados na habilidade da Bê êne cê cê.

Para pesquisar

As músicas do álbum ou Pânis ét circêncis

Nas faixas do álbum ou Pânis ét circêncis é possível perceber os aspectos mencionados anteriormente neste capítulo: a presença de instrumentos ou arranjos musicais até então pouco comuns; estruturas inovadoras nas letras das músicas; conteúdos críticos relacionados a questões políticas e sociais. Sugerimos então que, para aprofundar seu conhecimento sobre a produção musical da época, você realize pesquisas sobre esse álbum, os artistas e as músicas presentes nele. Além de auxiliar na identificação de aspectos como os citados, esse estudo proporcionará novas informações, estimulando novas perguntas sobre a época em questão e sobre a relação entre música e vida coletiva.

  1. Com o professor e os colegas, identifique cada uma das faixas presentes no álbum.
  2. Em seguida, a turma deverá se dividir em 12 grupos. Cada um ficará responsável pela pesquisa a respeito de uma das canções.
  3. Algumas possibilidades de pesquisa sobre cada faixa são: quem é o compositor, quem canta, quem fez o arranjo, que características inovadoras ela apresenta, como foi a recepção do público na época do lançamento, quais ritmos ou gêneros musicais se percebem no arranjo, que instrumentos são utilizados, além de outros aspectos que forem considerados relevantes durante a pesquisa. Inclua também comentários sobre suas percepções e impressões a respeito da música pesquisada.
  4. Algumas possíveis fontes de pesquisa são:
    1. Textos, áudios, podcasts ou vídeos referentes ao assunto disponíveis na internet, incluindo entrevistas com os artistas ou estudiosos do assunto. Uma opção para o momento da pesquisa é digitar em sites de busca o nome da canção, seguido de: “análise da letra” ou “análise da música”.
    2. Livros que abordam a produção musical da época em questão.
    3. Pessoas que vivenciaram ou estudam aquela época e possam ser entrevistadas.
  5. Escrevam um relatório organizando de modo sintético as informações encontradas que escolherem para compartilhar com a turma.
  6. Cada grupo fará então uma explanação sobre a canção escolhida, na qual unirá a apreciação da canção com a apresentação do relatório da pesquisa.
  7. Para concluir, conversem com os colegas e com o professor sobre as pesquisas e as apresentações de cada grupo.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para pesquisar

Essa pesquisa aborda a concepção conceitual e estética de um álbum musical: as relações entre as músicas que o compõem, o que elas compartilham como proposta estética, sua função dentro do disco como um todo. Dessa fórma, além de proporcionar o estudo de elementos constitutivos da música, a proposta estimula reflexões sobre os meios e equipamentos culturais de circulação da música e do conhecimento musical (no caso, o disco sonoro), conforme as habilidades e da Bê êne cê cê.

Além disso, essa atividade contribui para o estudo de noções introdutórias de práticas de pesquisa, remetendo a um tipo de pesquisa próprio da área científica de Musicologia, na qual, entre outras modalidades, são desenvolvidas investigações voltadas tanto a aspectos formais e estéticos como sociais, políticos ou históricos referentes a uma obra musical, que pode ser um disco específico e seu contexto de produção, como na atividade sugerida.

Reflexões e inovações na obra de Raul Seixas

Fotografia em preto e branco. Busto de homem com cabelos encaracolados, barba comprida e óculos, usando uma jaqueta. Ele segura uma guitarra e olha para o braço dela.
Raul Seixas se apresentando em um festival em Iacanga São Paulo. Fotografia de 1984.

Críticas sociais e leituras contundentes sobre o contexto histórico-cultural estão presentes também na obra do artista baiano Raul Seixas (1945-1989), que começou a ficar conhecido na década de 1970 e é muito ouvido até hoje. Além de misturar instrumentos e gêneros musicais, incorporando, por exemplo, a guitarra – típica do rock-and-roll – em ritmos nordestinos, em suas canções esse artista também desenvolveu reflexões sobre a vida em sociedade, como é possível observar nas músicas “Ouro de tolo” ou “O dia em que a Terra parou”.

O interesse de Raul Seixas por literatura, filosofia e questões existenciais se reflete em sua produção como letrista. Ele mesmo chegou a declarar que sua intenção inicial era de se tornar escritor – a música foi o meio que ele encontrou para dizer o que pensava. Ele foi um dos precursores do rock brasileiro, tendo formado, em 1962, a primeira banda a usar guitarra elétrica na Bahia. Entre suas músicas mais conhecidas estão , “Eu nasci há dez mil anos atrás”, “Maluco beleza”, “Medo da chuva” e “Tente outra vez”.

Ilustração. Desenho de um óculos 3D, que corresponde ao ícone do Para assistir.

Para conhecer mais sobre Raul Seixas, assista, se possível, ao filme-documentário:

Raul – o início, o fim e o meio. Direção: Uálter Carvalho e Evaldo Mocarzel. São Paulo: Denis Feijão/Globo Filmes/tê vê Cultura, 2012. (120 minutos).

Documentário sobre a vida e a obra de Raul Seixas, considerado um dos maiores ícones do rock brasileiro.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Neste tópico tratamos de um músico brasileiro cuja obra teve forte impacto no que se refere à problematização de questões comportamentais e políticas. No contexto da música brasileira, Raul Seixas é um autor singular – principalmente no que se refere à utilização, em uma mesma música, de elementos provenientes de vários estilos ou gêneros musicais diferentes. Esta apresentação de sua obra contempla as habilidades e da Bê êne cê cê.

Sugestão para o professor

Você pode conhecer mais sobre esse compositor, cantor, guitarrista e produtor musical em:

TEIXEIRA, Rosana da Câmara. ! Cuidado, aí vem Raul Seixas. Rio de Janeiro: 7Letras/fapérgi, 2008.

Atividade complementar

É possível que os estudantes conheçam outras músicas de Raul Seixas, além das citadas nesta página. Escolha algumas junto com a turma e proponha aos estudantes que efetuem uma análise de suas características musicais, compartilhando os resultados com todos.

Foco na História

1968 – Manifestação política e musical da juventude

Fotografia. Vista aérea de um trecho de uma manifestação. Na imagem, dezenas de pessoas estão em uma rua; algumas delas seguram cartazes. Em um dos cartazes há o texto: Contra a repressão.
Passeata dos Cem Mil, na cidade do Rio de Janeiro, em 1968.

O ano de 1968 foi repleto de mobilizações de artistas e de estudantes em todo o mundo. Na fotografia, pode-se ver um detalhe da maior manifestação contra a ditadura militar ocorrida no Brasil, que ficou conhecida como Passeata dos Cem Mil, organizada depois que um estudante foi assassinado em um restaurante universitário na cidade do Rio de Janeiro, antigo estado da Guanabara, atual estado do Rio de Janeiro.

A passeata contou com a participação de estudantes, mães e pais, intelectuais, religiosos, poetas e músicos, entre outros segmentos da população.

Nos Estados Unidos, o assassinato do ativista político Mártin Lúter King (1929-1968) intensificou o movimento pelos direitos civis dos afrodescendentes. Foi nessa ocasião que Nina Simone compôs e cantou, em homenagem a esse líder, a canção “Why? (The king of love is dead)” [Por quê? (O rei do amor está morto), em tradução livre], que questionava como seria a mobilização dos negros depois daquela morte.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Foco na História

A ideia desta seção é ampliar a explanação sobre o contexto de produção e circulação de músicas comentadas no Sobrevoo, com ênfase em um ano da década de 1960 marcado por forte mobilização da juventude em vários locais do mundo.

Quando estudamos manifestações culturais de determinada época, é interessante estabelecer relações entre o que estava acontecendo em nosso país e em outros locais do mundo. Isso pode ajudar a perceber como, de certo modo, compomos todos um coletivo, no qual as diferentes partes podem influenciar umas às outras. Esse aspecto global das manifestações culturais pode ser destacado nas conversas desenvolvidas por intermédio desse conteúdo, relativo aos eventos do ano de 1968. Esta seção contempla as habilidades e da Bê êne cê cê.

Sugestão para o estudante

A música: Why? (The king of love is dead, interpretada por Nina Simone, pode ser ouvida no site indicado a seguir. Disponível em: https://oeds.link/Ef1QUj. Acesso em: 17 março 2022.

A França também foi palco de protestos e manifestações protagonizadas por estudantes e trabalhadores, que pediam reformas na educação, nas políticas trabalhistas e, em geral, uma alternativa ao conservadorismo e aos valores e padrões de vida tradicionais da sociedade capitalista ocidental.

Entre as frases presentes nas faixas e nos muros de Paris durante as manifestações estava Il est interdit d’interdire [É proibido proibir!]. Sua tradução foi usada pelo cantor Caetano Veloso como título e refrão da música É proibido proibir, apresentada naquele ano em um festival televisivo de música, que contou também com um acalorado discurso do cantor contra o conservadorismo do público.

Fotografia em preto e branco. Diversas pessoas caminham de mãos dadas em uma rua. Algumas seguram faixas. Ao redor, há prédios e árvores.
Manifestação de estudantes no Quartier Latin, em Paris, França, 1968.

Nesse contexto cultural, o rock-and-roll vai assumindo protagonismo sendo considerado um gênero musical ligado à contestação e à quebra de padrões de comportamento. O reflexo disso no Brasil é visto na presença da guitarra elétrica como fator marcante na transformação estética promovida pelo Tropicalismo, assim como na contundência de artistas como Raul Seixas, um dos pioneiros do róqui nacional, que gravou seu primeiro disco justamente em 1968.

Um ano antes, o grupo inglês The Beatles havia lançado o álbum Sgt. Pepper’s Lonely Clube béndi, considerado, por suas inovações relacionadas a técnicas de gravação e incorporação de elementos de diferentes vertentes musicais, o disco de rock-and-roll mais influente da época e que foi uma das referências para os tropicalistas na produção, também em 1968, do álbum Tropicália ou Pânis ét circêncis.

No fim daquele ano, o governo militar decretou o Ato Institucional no 5, que, entre outras restrições aos direitos políticos e de expressão, estabeleceu a censura aos meios de comunicação e às produções artísticas de música, teatro e cinema. Alguns músicos foram presos e expulsos do Brasil por escreverem letras com críticas à ditadura, mas continuaram produzindo fóra do país. Outros, como o músico e compositor Chico Buarque de Hollanda, usaram nomes falsos para assinar suas canções, pois a censura proibia qualquer publicação com seu nome.

Naquele momento histórico, a juventude se afirmou como um grupo protagonista e ativo, capaz de promover transformações na vida coletiva por meio de manifestações, atitudes e, especialmente, por meio da arte.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Foco na História

Se possível, desenvolva sessões de apreciação musical com as músicas citadas nesta seção. Além de possibilitar a ampliação de repertório dos estudantes, aprofundará as possibilidades de compreensão do contexto descrito e da relação entre a realidade social e a produção musical da época, contemplando a habilidade ( da Bê êne cê cê.

Para experimentar

Criando versos

Leia a seguir a letra da música “Prelúdio”, de Raul Seixas:

Prelúdio

Sonho que se sonha só

É só um sonho que se sonha só

Mas sonho que se sonha junto

É realidade

PRELÚDIO. Compositor e intérprete: Raul Seixas. In: guitá. Intérprete: Raul Seixas. [sem local]: Philips, 1974. 1 disco sonoro. Faixa 10.

Tomando como referência o assunto e a estrutura da letra da música, sugerimos que você também escreva quatro versos. Procure desenvolver nesse processo alguma reflexão sobre a relação entre ideias ou desejos individuais e ideias ou desejos coletivos. Siga estas etapas:

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de quatro integrantes.
  2. Conversem sobre a relação entre o que é individual (ideias, crenças, ideologias, desejos, necessidades etcétera) e o que pode ser considerado coletivo.
  3. A partir dessa conversa, escolham ideias, palavras e frases para construir os quatro versos. Uma possibilidade é cada pessoa do grupo criar um dos versos como continuidade do que veio antes.
  4. Em seguida, compartilhem as criações com os colegas em uma roda em que um integrante de cada grupo leia os seus versos para toda a turma.
  5. Para concluir, conversem sobre os versos de cada grupo.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Qual das músicas aqui apresentadas você achou mais interessante? Por quê?
  2. As obras apresentadas neste capítulo influenciam ou propõem, de vários modos, transformações na vida coletiva. Como você vê o papel da indústria fonográficaglossário nesse processo?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Antes de iniciar a atividade, peça aos estudantes que leiam a letra da canção “Prelúdio” e compartilhem suas impressões sobre ela. Se possível, disponibilize previamente uma versão da música para reproduzi-la em sala de aula.

5. Nos momentos de apresentação, nessa e em todas as outras atividades sugeridas, faça a mediação durante as trocas, perguntas e comentários, de modo a dar espaço para que todos se expressem e, ao mesmo tempo, evitar que haja desrespeito ou bullying.

Sobre a atividade: Para refletir

2. Um possível ponto de vista é o de que a indústria fonográfica ajuda a divulgar o trabalho dos artistas. Todos os músicos citados tiveram seus trabalhos difundidos através dela. As músicas de Nina Simone e as do Parliament-Funkadelic, por exemplo, chegaram ao Brasil e a outros países principalmente por meio das rádios e dos discos, o que possibilitou que estimulassem um espírito de identificação e coletividade entre afrodescendentes de diferentes locais. Contudo, na maioria das vezes, o ponto de vista das gravadoras é unicamente comercial e seus critérios de avaliação podem reduzir a autonomia dos artistas em relação ao que gravar, interferindo na qualidade e autenticidade de seu trabalho. Para complementar, você pode acrescentar uma discussão sobre o público, que pode tanto se relacionar com as produções musicais de modo menos ou mais crítico ou consumista quanto influenciar os rumos da indústria fonográfica. Essa discussão contempla o que está previsto no tê cê tê Meio Ambiente – Educação para o consumo.

Foco em...

Nina Simone

Fotografia em preto e branco. Uma menina negra com cabelos presos em duas tranças laterais, usando vestido com botões. Ela está sentada em uma mureta com as mãos juntas sobre o colo. Ao fundo, há um muro, árvores e uma pequena casa.
Nina Simone aos 8 anos em tráion, nos Estados Unidos. Fotografia de 1941.

Eunice quétlin uêimãn é o nome de batismo da musicista mostrada na fotografia. Ela nasceu em 21 de fevereiro de 1933, na cidade de tráion, na Carolina do Norte (Estados Unidos), filha de Méri. , empregada doméstica e ministra de uma igreja metodista, e de . , marceneiro e autônomo na área de limpeza a seco. Na fotografia, ela está com 8 anos de idade.

Desde pequena, ela demonstrou grande talento ao piano, acompanhando o coro de sua igreja. Ao perceber esse talento, os patrões de sua mãe se dispuseram a ajudá-la financeiramente com seus estudos musicais, e Nina começou, então, a fazer aulas com uma professora particular, que foi sua grande incentivadora.

Com aproximadamente 11 anos de idade, realizou seu primeiro recital. Na época, ainda vigoravam oficialmente em alguns estados políticas segregacionistas e, durante o recital, seus pais, negros, tiveram de ceder os lugares onde estavam sentados a pessoas brancas. Nina então disse que só voltaria a tocar se seus pais voltassem à primeira fila. Ela já manifestava, naquele momento, uma postura crítica e combativa em relação às desigualdades entre negros e brancos que marcaria sua carreira.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Esta seção ampliará o estudo sobre a vida e a obra de Nina Simone.

A trajetória artística de Nina Simone foi marcada por seu amplo envolvimento em questões sociais, políticas e comportamentais. O feminismo e as questões raciais presentes em sua trajetória continuam relevantes até hoje. Assim, converse com a turma a respeito desses assuntos, estabelecendo relação com o contexto local e questionando se tais questões também costumam estar presentes em produções musicais atuais.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Matrizes estéticas e culturais; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmas e gêneros musicais.

Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Seguindo seus estudos de piano erudito, frequentou a renomada escola Juilliard, em Nova York, e, ao tentar obter uma vaga no Instituto Curtis de Música, na Filadélfia, foi recusada por discriminação racial. Isso abalou suas expectativas de ser a primeira pianista clássica negra dos Estados Unidos, mas não a impediu de continuar se apresentando. Pelo contrário, para se manter e custear suas aulas de piano, começou a tocar e a cantar em bares. Foi a partir de então que se tornou conhecida como pianista e cantora de jazz com o nome artístico que escolheu: Nina Simone. Simone por causa do nome de uma atriz que admirava, e Nina porque era o apelido carinhoso que ganhou de um namorado.

Após o assassinato de um ativista político negro, e dias depois de quatro crianças negras serem mortas em um atentado racista a uma igreja, o sentimento de Nina sobre o que era ser mulher negra em seu país mudou definitivamente. Sua música não tinha mais como ser a mesma. A partir daquele momento, ela passou a dedicar cada vez mais sua atuação musical à causa negra e a questões culturais, políticas e raciais envolvendo os afrodescendentes.

Durante uma entrevista no auge de sua carreira, respondendo sobre como via sua relação com os jovens negros, Nina Simone destacou a importância de estimular a curiosidade e o interesse deles para se conscientizarem sobre suas origens e sobre si mesmos.

Fotografia em preto e branco. Destaque para o rosto de uma mulher com cabelos curtos. Ela está com os olhos fechados e a boca aberta próximo a um microfone.
Nina Simone cantando em um comício realizado antes da terceira manifestação das Marchas de Selma a Montgomery, em prol dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Fotografia de 24 de março de 1965.
  1. Para conhecer um pouco mais da expressão musical e política de Nina Simone, leia, na página seguinte, a tradução da letra de uma canção que foi interpretada por ela: “I wish I knew how it would feel to be free” [Eu gostaria de saber como é a sensação de ser livre, em tradução livre].
  2. Você já sentiu algo semelhante ao que a letra da canção diz? Comente.
  3. A quem você acha que se direcionam os quatro últimos versos da primeira estrofe da letra?
Orientações e sugestões didáticas

Sugestões para o professor

Para saber mais sobre a trajetória artística de Nina Simone, seu envolvimento em causas políticas e sociais e as características marcantes de suas performances musicais, você pode consultar:

CESAR, Rafael do Nascimento. A Fragata Negra – tradução e vingança em Nina Simone. Mana, volume 24, número 1, página 39-70, abril 2018. Disponível em: https://oeds.link/xKFkRZ. Acesso em: 1 agosto 2022.

, Jazz Ladies: a história de uma luta. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2012.

Sobre as atividades

  1. A intenção aqui é dar espaço para conteúdos sensíveis e subjetivos, ligados à possível identificação dos estudantes com a vida ou obra da artista.
  2. Uma possível interpretação é que os versos são direcionados a pessoas não negras, ou ainda aos envolvidos nas questões raciais latentes na sociedade estadunidense da época.

Eu gostaria de saber como é a sensação de ser livre

Eu gostaria de saber

como é a sensação de ser livre

Eu gostaria de poder quebrar

todas as correntes que me prendem

Eu gostaria de poder dizer

todas as coisas que eu gostaria de dizer

Dizer em alto e bom som

para o mundo todo ouvir

Eu gostaria de poder compartilhar

todo amor que há em meu coração

Remover todas as barreiras

que nos mantêm separados

Eu gostaria que você soubesse

o que significa ser quem eu sou

Então você veria e concordaria

que todo homem deveria ser livre


Eu gostaria de poder dar

tudo que eu posso dar

Eu gostaria de poder viver

tudo que eu posso viver

Eu gostaria de poder fazer

todas as coisas que eu posso fazer

E quando eu chegasse no limite

começaria tudo de novo


Bem, eu gostaria de poder ser

como um pássaro no céu

Quão doce seria

se eu descobrisse que posso voar

Oh, eu voaria alto até o sol

e olharia lá embaixo para o mar

Então cantaria porque eu sei

Então cantaria porque eu sei

Então cantaria porque eu sei

Eu saberia como é a sensação

Oh, eu saberia como é se sentir livre

Oh, eu saberia como é a sensação

Sim, eu saberia

Oh, eu saberia

Como é a sensação

Como é a sensação

De ser livre

I WISH I knew how it would feel to be free. Intérprete: Nina Simone. Compositor: In: SILK & Soul. Intérprete: Nina Simone. [sem local]: Beemegê Music, 2006. 1 cedê. Faixa 6. [Tradução livre feita pelos autores desta obra.]

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você acha que Nina Simone pode ser considerada um exemplo para todos que atualmente sofrem com diferentes tipos de preconceito e exclusão? Por quê?
  2. Já houve em sua vida algum momento de mudança no qual você sentiu que uma música teve papel importante? E o inverso, algum acontecimento significativo da vida coletiva fez você passar a ouvir um tipo diferente de música, ou ter vontade de fazer algum tipo de música?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Estimule os estudantes a refletir sobre os diferentes mecanismos de exclusão social e sobre fórmas de lidar com eles e diminuir seus efeitos, inclusive por meio da arte.
  2. A intenção é que neste momento cada estudante volte a atenção para suas experiências pessoais, em seus aspectos individuais e coletivos, e reflita sobre a possível presença ou papel de músicas nessas experiências.

Atividade complementar

Na música popular é comum que artistas façam versões de músicas estrangeiras. Para exercitar essa prática, você pode propor uma atividade interdisciplinar em parceria com o professor de Língua Inglesa. Apresente a letra original da música explorada nesta página, confrontando-a com a versão em português. Você pode encontrar transcrições da letra original na internet pesquisando pelo título em inglês, “I wish I knew how it would feel to be free”. A partir da apreciação das duas versões, proponha as seguintes questões:

  • Quais são as diferenças gramaticais no que se refere à ordem dos elementos das frases (verbos, substantivos etcétera) em cada idioma?
  • Você consegue imaginar outras opções de tradução para as frases, diferentes das apresentadas no livro?
  • E se você quiser cantar a música em português: é possível encaixar a versão apresentada na melodia original? Se não, que adaptações poderiam ser feitas?

Essa última questão é a que de fato traz à tona o exercício de versão musical: na tentativa de encaixar a letra na melodia é que aparecem as necessidades de adaptações – que podem inclusive envolver a substituição de palavras por sinônimos ou recriações poéticas do sentido da frase original.

Essa atividade interdisciplinar promove a interação entre dois componentes que fazem parte da área de Linguagens do Ensino Fundamental na Bê êne cê cê: Música (Arte) e Língua Inglesa.

Foco no conhecimento

Estruturas musicais

Quando se fala em transformações musicais ao longo da história, geralmente essas transformações estão ligadas à estrutura musical. Essa expressão se refere ao modo como estão organizadas as partes de uma música. Em alguns casos, cada uma dessas partes é caracterizada por uma melodia e pode ser chamada de tema. Para diferenciar os temas, é comum usar letras: tema A, tema B, tema C e assim por diante, conforme a ordem em que são tocados.

Em gêneros de música popular, como rock-and-roll, samba e MPB, as músicas, de modo geral, são mais concisas e é mais fácil identificar e acompanhar a alternância ou a repetição dos temas. Algumas das canções desses gêneros têm um refrão, ou seja, um tema que se repete entre outras partes da música e geralmente com a mesma letra. Além disso, nas partes que antecedem o refrão, a letra costuma ser diferente a cada vez, mas os temas melódicos geralmente se mantêm os mesmos, às vezes com pequenas variações.

Você se lembra de alguma música que seja parecida com a descrição? Ela vale para alguma faixa do álbum tropicália ou Pânis ét circêncis, que foi pesquisado pela turma? Se ouvir esse álbum, preste atenção também aos arranjos do músico Rogério duprá, que, mesmo nas canções com estruturas mais simples, enriquece a composição como um todo.

Repetições de um mesmo tema, intercaladas pela apresentação de outros, como nas músicas com refrão, são comuns também em um tipo de estrutura musical que tem suas origens na Europa do século catorze, nas interações entre música e poesia. Essa fórma musical é chamada de rondó e, desde então, seguiu sendo usada por muitos compositores, inclusive em músicas instrumentais.

1. Escute um exemplo de uma música instrumental em fórma de rondó, a (3º movimento da “Sonata para piano nº 11”), do músico austríaco vôlfigan Amadeus môzar (1756-1791). Após a escuta, converse com os colegas. Vocês conseguiram identificar o tema principal, com suas repetições? E os outros temas apresentados entre elas?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

2. Escute agora uma gravação apenas dos temas dessa música, sem os detalhes do arranjo ao piano. A percepção das partes da música é diferente ouvindo-a dessa maneira? Por quê?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Orientações e sugestões didáticas

Trataremos nesta seção da fórma ou estrutura musical.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Música.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem.

Habilidades em foco nesta seção

Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

Orientações

O assunto explorado nesta seção é fundamental para o aprimoramento da apreciação da estética musical; para a melhor compreensão de transformações ocorridas na linguagem musical (mencionadas no Sobrevoo); e para a construção de repertório e referências para exercícios de composição musical.

Estes conteúdos contemplam as habilidades e da Bê êne cê cê.

Eles poderão ser mais bem aproveitados se os estudantes puderem escutar as músicas às quais o texto se refere. Se não for possível fazer isso em sala de aula, peça a eles que tentem escutar em casa para comentarem e discutirem na aula seguinte.

Retome com a turma o conceito de melodia, apresentado no capítulo 3 do livro do 7º ano desta coleção.

Orientações para a apreciação musical

Proponha a escuta do áudio , desenvolvendo uma conversa sobre essa apreciação com base nas perguntas apresentadas.

Sugira pesquisas de aprofundamento sobre essa música ou sobre o desenvolvimento da fórma rondó ao longo da história, sempre estimulando a utilização de exemplos sonoros.

Atividade complementar

Com base nos gêneros de música popular enumerados nesta página, sugira aos estudantes que, divididos em grupos, pesquisem e escolham uma música para mostrar para a turma e, juntos, identifiquem as características básicas de sua estrutura. Pergunte a eles: “É possível identificar diferentes temas?”; “Um deles se repete como refrão?”.

Vejamos agora um pouco sobre a estrutura da música do balé A sagração da primavera, um dos exemplos do Sobrevoo. É importante notar que se trata de um balé, em que música e dança contam juntas uma história. Toda a estrutura está organizada em função do enredo, que narra um momento na vida de uma comunidade tribal em que uma jovem será sacrificada no ritual de sagração da primavera. A música está estruturada em duas grandes partes: a primeira, dividida em sete partes menores, e a segunda, em seis. Veja a seguir:

1. A adoração da terra

Introdução / Augúrios primaveris (dança das adolescentes) / jôgo do rapto / Danças primaveris / jôgo das tribos rivais / Cortejo do sábio / Dança da terra.

2. O grande sacrifício

Introdução / Círculo místico das adolescentes / Glorificação da eleita / Evocação dos antepassados / Ritual dos antepassados / Dança sacrificial.

Nesse exemplo, cada passagem da história contada na peça, além de ter temas melódicos específicos em alguns momentos, é caracterizada por diferentes escolhas de ritmo, timbre e orquestração, ou seja, diferentes combinações de instrumentos que tocam juntos ou isoladamente, bem como diferentes maneiras de tocá-los. Em músicas assim, com muitas partes, também é comum que sejam retomados temas que apareceram em partes anteriores. Isso ocorre, por exemplo, na parte “Círculo místico das adolescentes”, que remete a temas da parte anterior, “Danças primaveris”. Se possível, procure essa música na internet e escute-a, percebendo com atenção suas várias partes.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O que você achou de ouvir e de analisar as músicas dessa maneira, considerando sua estrutura? Tente fazer isso com outras músicas que você conhece e de que gosta.
  2. Na sua opinião, pensar nas estruturas musicais pode ajudar a compor músicas? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Procure desenvolver atividades de apreciação musical ou ao menos estimular os estudantes a lembrar de exemplos conhecidos a partir das explicações, como indicado nas perguntas do texto.

Atividade complementar

Se possível, providencie uma gravação completa de A sagração da primavera e desenvolva uma atividade de apreciação musical, buscando identificar, junto com os estudantes, os aspectos citados no Sobrevoo e nesta seção. Para isso, desenvolva previamente junto com os estudantes uma releitura atenta do texto, listando todos os aspectos dessa obra destacados no capítulo, que servirão de estímulo e referência para a apreciação musical.

Sobre a atividade: Para refletir

1. Estimule os estudantes a exercitar a observação e compreensão de estruturas de outras músicas que eles costumam ouvir. Perceber as estruturas pode ajudar a compreender melhor elementos musicais como harmonia e arranjo. A partir dessa questão, sugira a cada estudante que escolha uma música para, fóra do espaço da aula, escutar atentamente e, em seguida, analisá-la. Em uma aula posterior, eles devem descrever a estrutura para os colegas, o que pode ser acompanhado pela escuta da música, contemplando a habilidade da Bê êne cê cê.

Processos de criação

Que tal compor uma canção que traga uma mensagem para um dos coletivos dos quais você faz parte?

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo.
  2. Reflitam juntos sobre as seguintes questões:
    1. De que coletivos sociais vocês fazem parte?
    2. O que gostariam de dizer para algum desses coletivos?
  3. Quando tiverem decidido o que querem dizer e para quem, comecem a compor a canção.
  4. Vocês podem começar de diferentes maneiras. Vejam a seguir alguns exemplos:
    1. Escrevendo a letra, para depois decidir como cantá-la.
    2. Escolhendo um gênero musical para a composição (rock-and-roll, samba, rap, funk, sertanejo etcétera).
    3. Definindo a estrutura da música (ela terá um tema A e um tema B? Terá um refrão?).
    4. Escolhendo instrumentos musicais para fazer o acompanhamento.
  5. Experimentem até descobrir a melhor fórma de cantar juntos e, então, ensaiem.
  6. Se possível, façam registros sonoros dos ensaios. Com isso, além de terem um registro da produção da turma, poderão ouvir outras vezes as canções para avaliar e fazer melhorias.
  7. Compartilhem a canção com os outros grupos e ouçam a canção deles. Em seguida, conversem sobre esse processo de criação.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Como foi tentar se expressar por meio de uma música? Você sente que conseguiu passar a mensagem que queria? Por quê?
  2. Foi possível escolher coletivamente o que expressar e como compor a música? Que dificuldades e facilidades surgiram nesse processo?
Orientações e sugestões didáticas

Esta seção propõe a composição de uma canção.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Notação e registro musical; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

Explorar e identificar diferentes fórmas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.

Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.

Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Orientações

Estimule os estudantes a colocar em prática os conhecimentos de linguagem musical adquiridos neste ano e nos anteriores. Incentive-os a exercitar o protagonismo e a expressão individual e coletiva. Eles podem reutilizar ritmos ou melodias, aprendidos ou inventados, considerar as várias propriedades do som e outros elementos musicais e mobilizar, de modo integrado, todos os seus conhecimentos musicais.

  1. e 4. Os estudantes poderão adotar como referência as músicas conhecidas neste capítulo e outras músicas de seu repertório. Traga novamente os conteúdos abordados na seção Foco no conhecimento sobre estrutura musical.

6. Se na escola houver microfones e computadores disponíveis, você pode incentivar o uso desses equipamentos para fazer registros; caso contrário, os estudantes podem utilizar qualquer outro dispositivo eletrônico, contemplando as habilidades , e da Bê êne cê cê.

Organizando as ideias

Mosaico de fotografias. Composto de um recorte vertical de quatro fotografias. Da esquerda para a direita: fotografia em preto e branco de bailarino usando figurino branco com detalhes estampados; ele está de perfil com os braços flexionados, um dos pés levantado e uma das mãos acima da altura da cabeça; uma mulher tem os cabelos presos por uma touca da cor terracota e usa um vestido longo da mesma cor e do mesmo tecido, e dois brincos de argolas grandes; ela está de perfil, sentada em um banco, com as mãos sobre um piano, com a boca próxima a um microfone; capa de álbum em que, em primeiro plano, há um homem usando cavanhaque e roupa estampada; ele está sentado no chão, segurando um retrato em preto e branco dentro de uma moldura; atrás dele, sentada em um banco, há uma mulher com cabelos curtos, usando vestido amarelo estampado; e mais atrás, de pé, há um homem usando blazer verde, um homem com cabelos enrolados, segurando um retrato em branco e preto dentro de uma moldura, uma mulher com cabelos ruivos compridos, usando blazer verde, e um homem com cabelos lisos na altura dos ombros segurando uma guitarra; fotografia em preto e branco de homem com cabelos encaracolados, barba comprida e óculos, usando uma jaqueta; ele segura uma guitarra.

Neste capítulo, você viu exemplos de como a música pode estar envolvida em processos coletivos. A partir dessa abordagem, você pôde conhecer músicas de diferentes estilos, épocas e locais e experimentar criar musicalmente como fórma de se expressar.

Para concluir, converse com os colegas e com o professor sobre as seguintes questões:

Faça no caderno.

  1. De tudo o que foi visto neste capítulo, o que foi mais marcante para você? Por quê?
  2. Algo mudou, depois desse estudo, no seu modo de ver a relação entre música e vida coletiva? Por quê?
  3. algo que não foi possível compreender muito bem ou que você gostaria de estudar mais?
  4. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Música.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidade em foco nesta seção

Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Sobre as atividades

Essas questões, além de possibilitar a realização de uma autoavaliação aos estudantes, dão oportunidades para você perceber como eles estão apreendendo o conteúdo e, a partir disso, avaliar e dar continuidade aos planos de conteúdos e procedimentos didáticos.

Glossário

Acorde
Conjunto de três ou mais notas musicais geralmente tocadas ao mesmo tempo, mas que também podem ser arpejadas, ou seja, tocadas imediatamente uma após a outra. A variação desses agrupamentos de notas estimula diferentes sensações ao longo de uma música, conduzindo o discurso musical.
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Dissonâncias
Sensação auditiva que pode ser traduzida como tensão, inquietação e necessidade de que algo se resolva. É causada por algumas combinações de notas. É o oposto de consonância, a sensação auditiva que pode ser associada a ideias de estabilidade, repouso e resolução.
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Indústria fonográfica
Conjunto de empresas que realizam a gravação de músicas e sua venda em diferentes tipos de mídia, como CDs e discos de vinil, ou em formato digital, como o ême pê três.
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