CAPÍTULO 7 Entre a indústria cultural e a transformação social

Fotografia. Três homens com pinturas faciais diferentes, nas cores branco, preto e dourado. Eles parecem estar abraçados, e o do centro está olhando para o da esquerda e usa um adereço na cabeça. Eles estão sem camisa e usam colares e plumas em volta do pescoço.
Integrantes da banda Secos e Molhados. [sem local]. Fotografia de 1974.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Entre a indústria cultural e a transformação social”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Música; Teatro; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
  3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
  4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fóra dela no âmbito da Arte.
  1. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de fórma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade.
  2. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.
  3. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
  4. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Sobre a imagem

O grupo Secos e Molhados, formado por Ney Matogrosso (1941-), João Ricardo (1949-) e Gérson Conrad (1952-), teve grande destaque e visibilidade logo que surgiu, na década de 1970. Eles costumavam se apresentar com os rostos pintados e com figurinos exuberantes, quebrando padrões de comportamento e defendendo a liberdade de expressão. As letras de suas canções misturavam poemas de autores brasileiros e portugueses, questões políticas e ideais de liberdade. Musicalmente, apresentavam elementos do cancioneiro brasileiro mesclados com elementos de músicas da América hispânica e do rock-and-roll, influenciados pelo Tropicalismo, que, anos antes, já realizara esse tipo de mistura.

1. Observe a imagem da abertura do capítulo. Você imagina que se trata de um grupo de teatro ou de música? Qual seria a intenção dos artistas ao usar essas pinturas e esses figurinos?

Versão adaptada acessível

1. Retome a imagem da abertura do capítulo. Você imagina que se trata de um grupo de teatro ou de música? Qual seria a intenção dos artistas ao usar essas pinturas e esses figurinos?

  1. Em quais ocasiões você imagina que as linguagens artísticas do teatro e da música se encontram?
  2. Você já ouviu falar na expressão “indústria cultural”? Para você, qual é a diferença entre essa expressão e a ideia de que a arte pode ser um veículo de transformações sociais?

A união entre música e teatro pode ampliar as possibilidades de uma obra artística interagir com o público. Além disso, pode torná-la mais rica e interessante como produto de entretenimento. Levando isso em consideração, muitos músicos usam elementos teatrais em suas apresentações, da mesma fórma que dramaturgos, diretores e atores enriquecem suas peças com músicas ou até mesmo dão a elas um papel central na encenação.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você já assistiu a alguma apresentação artística que integra música e teatro e estimula reflexões sobre o comportamento ou as relações humanas? Se sim, conte como foi.
  2. Você considera que o conteúdo de uma apresentação artística e a maneira de os artistas se apresentarem podem estimular transformações na vida coletiva? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

Este capítulo traz aproximações entre as linguagens de Teatro e Música. Para isso, adotamos como perspectiva o teatro musical e obras de músicos que enfatizam a dimensão teatral de suas apresentações. As obras apresentadas procuram dialogar com seu contexto histórico-cultural, impulsionando críticas e transformações – sociais, comportamentais, ou das próprias linguagens artísticas. Ao final, os estudantes serão convidados a mesclar ambas as linguagens na criação de uma pequena obra cênica musical.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Sobre a atividade

3. No contexto da sociedade de consumo, parte-se do princípio de que a arte também está inserida na indústria cultural. Se a arte pode ser um potente veículo de transformação social, ela também está inserida no jogo de concorrência do mercado. O conceito de indústria cultural tem como referência as reflexões realizadas em torno da chamada Escola de Frankfurt (Alemanha), por autores como Uálter Bêndjamin (1892-1940), têodór adôrno (1903-1969) e mács rôcáime (1895-1973). Caso julgue pertinente, as discussões referentes à indústria cultural e às transformações sociais podem se desdobrar em assuntos como arte e consumo; trabalhos e gastos envolvidos na produção e divulgação de obras artísticas; e arte como campo de trabalho, relacionando o tema com o tê cê tê Economia – Trabalho e também Educação Financeira.

Sugestão para o professor

Para a formulação original do conceito de indústria cultural, consulte:

ADORNO, têodór W.; rórc ráimer, mács. A dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge zarrár Editor, 1995.

SOBREVOO

Teatro, música e coletividade

Você conhecerá nesta seção alguns artistas que estabelecem em suas obras diálogos entre as linguagens da música e do teatro e propõem reflexões sobre a vida coletiva. Também será apresentado um formato de espetáculo específico que se caracteriza pelo encontro das duas linguagens: o teatro musicalglossário .

A contestação em “Roda-viva”

Leia atentamente o trecho inicial da canção “Roda-viva”, do compositor, intérprete, poeta e escritor Chico Buarque (1944-):

Roda-viva

Tem dias que a gente se sente

Como quem partiu ou morreu

A gente estancou de repente

Ou foi o mundo então que cresceu

A gente quer ter voz ativa

No nosso destino mandar

Mas eis que chega a roda-viva

E carrega o destino pra lá

Roda mundo, roda-gigante

Rodamoinho, roda pião

O tempo rodou num instante

Nas voltas do meu coração

reticências

RODA-VIVA. Intérpretes: Chico Buarque e ême pê bê quatro. Compositor: Chico Buarque. In: CHICO Buarque de Hollanda – Volume 3. Intérpretes: Chico Buarque . Rio de Janeiro: Som Livre, 2006. 1 disco sonoro. Lado A, faixa 6.

Faça no caderno.

  1. Que história você imagina que está sendo contada ao ler o trecho da canção “Roda-viva”?
  2. Com base na leitura do trecho da letra, qual é a sua interpretação do termo “roda-viva”, enunciado pela canção?

A canção “Roda-viva” foi composta para um espetáculo musical de mesmo nome, que estreou em 1968, e ganhou uma nova montagem cinquenta anos depois, em 2018. O texto foi escrito por Chico Buarque e a encenação foi realizada por José Celso Martinez Corrêa (1937-), também conhecido como Zé Celso, no Teatro Oficina. Esse espetáculo até hoje é considerado um dos musicais mais importantes já produzidos no Brasil.

Orientações e sugestões didáticas

Neste Sobrevoo abordaremos exemplos de obras e artistas que se engajam em transformações sociais e problematizaremos a relação entre arte e indústria cultural.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Teatro; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Processos de criação; Matrizes estéticas e culturais; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do conhecimento musical.

Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmas e gêneros musicais.

Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etcétera), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Fotografia. Um grupo de atores com o rosto pintado de branco usando roupas coloridas. Eles estão com a boca aberta e com as mãos espalmadas, alguns com os braços estendidos para cima, e outros com os braços estendidos para baixo. Ao fundo, há um telão onde são projetadas as costas de alguns atores com roupas coloridas.
RODA-VIVA. Direção: José Celso Martinez Corrêa. Dramaturgia: Chico Buarque de Hollanda. Teatro Oficina, São Paulo São Paulo, 2018.

Observe na fotografia uma cena de Roda-viva. O espetáculo conta a história do músico Benedito Silva, que luta cotidianamente para sobreviver do seu trabalho artístico. Percebendo que a situação da arte no mundo está mudando e que a aparência e o dinheiro ganham cada vez mais espaço em detrimento da qualidade artística das obras, Benedito decide mudar seu nome para Ben sílver.

Ao adotar um nome artístico mais próximo da cultura anglo-americana, o personagem acredita que agradará ao público. A partir de então, Ben sílver cai em uma rede de manipulações orquestrada pela indústria cultural e vive a ascensão e a decadência de sua carreira no mercado fonográfico.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Este Sobrevoo apresenta diferentes artistas e obras que transitam ou se situam entre as linguagens do Teatro e da Música. Além disso, apresentamos aos estudantes outra modalidade artística: o teatro musical. Há inúmeros exemplos, na história do teatro, de situações em que música e teatro estão juntos em uma mesma estrutura cênica. Apesar disso, a denominação teatro musical, também referida no Brasil apenas como musical, data do começo do século vinte. Os exemplos de musicais abrangem autores diversos, como bértold Brécht (1898-1956), (1900-1950) e istôc ráusêin (1928-2007), na Alemanha; Chico Buarque (1944-) e Augusto Boal (1931-2009), no Brasil; Stiven Sondheim (1930-) e a dupla ródigers (1902-1979) e rêmerstáin (1895-1960), nos Estados Unidos.

Sobre Roda-viva

O exemplo do espetáculo Roda-viva é apresentado neste capítulo por razões que podem ter desdobramentos em sala de aula. O primeiro deles consiste em apresentar aos estudantes uma obra de qualidade do teatro brasileiro, cujo enredo e composições musicais oferecem a possibilidade de pensar a relação entre arte e indústria cultural, tema do capítulo. A apresentação e o debate em torno dessas questões contemplam as habilidades , , e ( da Bê êne cê cê.

Em segundo lugar, acreditamos ser fator importante que os estudantes reconheçam e apreciem obras de teatro musical provenientes de um diálogo direto com a cultura e temas brasileiros. Esta análise crítica dos meios de circulação da música e a valorização do patrimônio cultural brasileiro contemplam as habilidades e da Bê êne cê cê.

Sobre as atividades (página 124)

1. e 2. Incentive os estudantes a notar o contraste entre a expectativa de se ter voz ativa, de poder determinar o próprio destino, e a chegada da roda-viva. Pode-se relacionar a roda-viva tanto a elementos subjetivos quanto às estruturas sociais, como a lógica de mercado. Experimente relacionar a letra da canção ao conteúdo da narrativa da peça de Chico Buarque. Estas atividades contemplam a habilidade (EF69AR31) da BNCC.

Fotografia em preto e branco. À esquerda está um homem usando camisa xadrez e bermuda branca. Ao lado dele, há quatro atores usando capa e, diante deles, um ator usando asas de anjo nas costas e calça jeans. Ao fundo, há um tecido florido pendurado.
Chico Buarque participa do ensaio da peça Roda-viva, no Rio de Janeiro Rio de Janeiro. Fotografia de 1968.

Se o conteúdo da peça Roda-viva já apresentava uma crítica em relação aos rumos que o fazer artístico vinha tomando no Brasil na década de 1960, a encenação de Zé Celso intensificou essa mensagem. Os atores interagiam com o público, cantavam, dançavam e com seus gestos e posturas faziam duras críticas aos comportamentos e à censura vigentes durante a ditadura militar.

Um episódio brutal e explícito de censura aconteceu no final do ano de 1968, quando um grupo de pessoas do Comando de Caça aos Comunistas invadiu o teatro em que a peça estava sendo apresentada em São Paulo São Paulo, agrediu os artistas e destruiu os cenários.

Após esse ataque, diversos artistas se mobilizaram para exigir o fim da censura às artes. Esse foi mais um dos motivos que levou Roda-viva a figurar como uma das mais importantes encenações nacionais.

Orientações e sugestões didáticas

Sugestão para o professor

Na década de 1960, o Festival de Música Popular Brasileira era um evento anual organizado pela tê vê Record com base no modelo dos festivais musicais de Sanremo (Itália). Diversos intérpretes e compositores se destacaram ao longo dos festivais – entre os quais Gilberto Gil, Os Mutantes, Caetano Veloso, Sérgio Ricardo, Nara Leão, Elis Regina, Jair Rodrigues etcétera Você pode explorar com a turma composições destes artistas e exibir vídeos de suas apresentações nos festivais (vários deles podem ser encontrados na internet). Chame a atenção dos estudantes para que notem a forte relação entre os músicos e o público, uma vez que o festival era competitivo.

No Festival de 1967, houve a reunião entre Chico Buarque e o grupo ême pê bê quatro apresentando a música “Roda-viva”, que ganhou o terceiro lugar na noite de premiação. Ela perdeu para a composição “Ponteio” de Edu Lobo e para “Domingo no Parque” de Gilberto Gil. Há um documentário – Uma noite em 67 sobre esse festival. Experimente assistir ao filme com a turma (ele foi sugerido no capítulo 6 deste volume).

Atividade complementar

Se julgar conveniente, pesquise alguns trechos da dramaturgia do espetáculo Roda-viva e experimente lê-los com os estudantes. A partir do enredo da peça, converse com eles a respeito da indústria fonográfica, conforme a habilidade da Bê êne cê cê. Você pode fazer as seguintes perguntas à turma: “Por que ouvimos as músicas que ouvimos e não outro tipo de sonoridade?”; “O que faz com que gostemos de determinado artista musical ou não?”; “Por que artistas locais e regionais geralmente têm mais dificuldades para divulgar e promover a circulação de seus trabalhos artísticos?”. Nesse momento pode ser abordado o papel exercido pelos profissionais de marketing, por empresários e pela mídia televisiva na veiculação de produções artísticas, estabelecendo relação entre as Artes e outros campos de atuação profissional e fazendo conexão com o tê cê tê Economia – Trabalho.

Foco na História

Em busca de um teatro nacional e popular

Entre as décadas de 1950 e 1970, uma série de iniciativas tinha como objetivo renovar e politizar a cena teatral brasileira.

Dentre os frutos artísticos desse período, destacam-se:

O Teatro de Arena, em São Paulo

Espaço responsável, a partir de 1955, pela pesquisa e pelo desenvolvimento da dramaturgia nacional em estreita conexão com temáticas de transformação social.

O Centro Popular de Cultura (cê pê cê)

Movimento que acontecia em várias regiões do país e envolvia diversas linguagens artísticas, produzindo junto às comunidades (rurais, camponesas, operárias e periféricas) ações educativas e arte de contestação social.

O show musical Opinião, no Rio de Janeiro Rio de Janeiro

Importante manifestação cultural, lançada em 1964, logo após o golpe militar. Surge, assim, a fórma do show de protesto político. O elenco lançou artistas importantes da música popular brasileira, como Nara Leão (1942-1989), Zé Kéti (1921-1999), João do Vale (1934-1996) e Maria Bethânia (1946-). Observe uma imagem desse show.

Fotografia na cor sépia. Em primeiro plano, ao centro, sobre um tablado, está uma mulher com cabelos na altura dos ombros, usando camisa xadrez e calça; ela está em pé, com a cabeça inclinada para o lado e de boca aberta. Ao fundo, à esquerda, está um homem negro usando roupas brancas; ele está com um dos joelhos flexionado sobre o tablado e a outra perna estendida no nível inferior; ao fundo, atrás da mulher, há um homem sentado no tablado, tocando um violão; ao fundo, à direita, outro homem, parcialmente calvo, usando camiseta listrada, com os braços cruzados sobre um dos joelhos, que está flexionado sobre o tablado.
João do Vale, Nara Leão, Zé Keti e Roberto Nascimento (com o violão), no show Opinião, dirigido por Augusto Boal. Teatro de Arena, Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 1964.

A partir de 1968, com o decreto do Ato Institucional nº 5, esses movimentos contestatórios tiveram muita dificuldade para continuar atuando.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Foco na História

Apresentamos um breve panorama do movimento de politização teatral entre as décadas de 1950 e 1970 no Brasil.

A mobilização política do teatro brasileiro pode ser compreendida à luz da ideia de teatro popular. Esse teatro buscava dialogar com a população do país, levando em conta diversos fatores: a diversidade dessa população, sua escolarização e sua distribuição geográfica. O teatro popular também estava vinculado à criação de um teatro nacional que tivesse como eixo principal o debate de assuntos da vida brasileira – e não a mera importação de temas e costumes que não faziam parte do cotidiano do país.

Se jugar pertinente, você pode buscar pelo álbum do show Opinião e ouvi-lo na íntegra com a turma, propondo uma discussão a respeito das letras em relação ao contexto político da época. Se possível, apresente e leia com os estudantes trechos das peças teatrais: A mais-valia vai acabar, seu Edgar (1960) e Rasga coração (1974), de Oduvaldo Vianna Filho (1936 -1974); Gota dágua (1975), de Chico Buarque e Paulo Pontes (1940-1976); Eles não usam black-tie (1958), de Gianfrantchesco Guarniéri (1934-2006), e Revolução na América do Sul (1960), de Augusto Boal.

Esta seção apresenta a variada produção de autores e grupos brasileiros para a apreciação dos estudantes, contemplando a habilidade da Bê êne cê cê.

Sugestão para o professor

Ao abordar o teatro brasileiro dos anos 1960, e, especificamente, o espetáculo Roda-viva, retome com os estudantes a seção Foco em... Teatro Oficina, no capítulo 6 do livro do 7º ano desta coleção, que apresentou o encenador José Celso Martinez Corrêa.

Para experimentar

Criando uma cena a partir de uma música

Com base no que foi visto até aqui nos exemplos dos espetáculos musicais brasileiros, que tal criar coletivamente uma cena a partir de uma letra de música?

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo.
  2. Escolham uma canção que traga reflexões que todos considerem importantes.
  3. Com base nela, você e seu grupo devem criar o roteiro de uma cena a ser apresentada para os colegas. A criação deve considerar os aspectos sonoros e o conteúdo da letra da canção.
  4. Assim como foi visto na seção Processos de criação do capítulo 5, não se esqueçam de pensar no espaço onde a cena acontecerá, nos figurinos, nos elementos cênicos, na dramaturgia, na atuação, na iluminação e na sonoplastia.
  5. Após as apresentações, converse com os colegas e o professor sobre as seguintes questões:
    1. Quais foram os desafios enfrentados na criação de uma cena baseada em uma letra de música?
    2. Como a música influenciou a cena?
    3. Como a cena transformou os sentidos da canção?

Crítica social e experimentação estética

3. Observe a imagem a seguir. O que esse homem parece estar fazendo? Qual será a profissão dele? Você o conhece?

Fotografia. Homem de barba e bigode, usando capacete amarelo, óculos de proteção amarelo e macacão azul. Ele segura um esmeril, que solta faíscas.
Tom Zé tocando um esmeril em um show em São Paulo São Paulo. Fotografia de 2000.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Aproveite o exemplo dos espetáculos musicais brasileiros para incentivar os estudantes a produzir, coletivamente, uma cena a partir de uma música. Você pode reproduzir para a turma canções presentes nos espetáculos musicais citados ou pedir aos estudantes que procurem referências de músicas para inspirar a construção de suas cenas. Com base nos elementos explorados no capítulo sobre Teatro, instigue os estudantes a refletir sobre os diversos aspectos da cena e como esses elementos dialogam com a questão musical da proposta. A sintonia entre teatro e música pode ampliar as possibilidades de experimentação, em sala de aula, de atmosferas sensíveis, rítmicas e, inclusive, uma união com elementos da linguagem da dança. Essa proposta de composição de cena com base no estímulo musical contempla a habilidade da Bê êne cê cê.

Sobre a atividade

3. A intenção é destacar elementos cênicos utilizados pelo artista e estimular a percepção e a análise de relações processuais entre diferentes linguagens artísticas, conforme a habilidade da Bê êne cê cê. Tom Zé é um dos músicos que participou da criação do álbum coletivo tropicália ou Pânis ét circêncis, abordado no capítulo 6 deste livro. Nessa imagem, que mostra um momento do show, ele aparece vestido de operário industrial e utiliza um esmeril.

4. Sabendo que a pessoa que aparece nessa imagem é um cantor e compositor e que essa fotografia é de um show, você diria que ele se prende a padrões preestabelecidos ou prefere experimentar e quebrar padrões?

O músico baiano Tom Zé (1936-), que participou do álbum Tropicália ou Pânis ét circêncis, apresentado no capítulo 6, é quem aparece na imagem anterior. Ele desenvolve, desde a década de 1960, um trabalho que une experimentações musicais e cênicas em seus shows. Além de instrumentos musicais convencionais, ele já usou, por exemplo, um teclado acoplado a aparelhos elétricos como um liquidificador, uma batedeira, uma enceradeira e também um esmeril (um amolador elétrico de lâminas e polidor de chaves), acionando cada um deles em momentos específicos das suas músicas. O esmeril, quando usado contra uma placa de metal, como a que aparece na fotografia, além do efeito sonoro, produz um forte efeito visual e cênico ao lançar fagulhas brilhantes.

Tanto a letra de suas canções quanto suas performances musicais cheias de elementos cênicos problematizam as relações humanas ou as linguagens artísticas na nossa sociedade.

Na letra da canção “Vai (Menina, amanhã de manhã)” o artista apresenta uma reflexão sobre algo que é incessantemente buscado na vida das pessoas: a felicidade. Leia a seguir um trecho da letra:

Vai (Menina, amanhã de manhã)

reticências

Menina, a felicidade

é cheia de ano

é cheia de Eno

é cheia de hino

é cheia de ônu.

reticências

VAI (Menina, amanhã de manhã). Intérprete: Tom Zé. Compositores: Tom Zé e Antonio pê ponto Fróes. In: ESTUDANDO o samba. Intérprete: Tom Zé. [sem local]: Continental, 2000. 1 CD. Faixa 5.

5. Ouça a música “Vai (Menina, amanhã de manhã)”. Após a escuta, converse com um colega sobre os aspectos da letra que chamaram sua atenção. Conversem também a respeito do ritmo, da melodia e do arranjo dessa música. Que elementos se destacam para cada um de vocês?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

6. Pensando em felicidade, o que sugerem para você as palavras ano, Eno, hino e ônu, apresentadas na letra da canção?

Ilustração. Desenho de um óculos 3D, que corresponde ao ícone do Para assistir.

Se possível, assista ao filme-documentário indicado a seguir para ouvir algumas músicas de Tom Zé e conhecer mais sobre o trabalho desse artista.

Fabricando Tom Zé. Direção: Décio Matos Jr. São Paulo: SpectraMusic Group, 2006. (90 minutos).

O filme-documentário mostra uma visão detalhada do universo musical do cantor.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Aliada à questão anterior, a ideia é estimular a continuidade das reflexões sobre as interações entre elementos visuais, teatrais e musicais na obra do artista, seus possíveis impactos estéticos e, consequentemente, as relações com diferentes dimensões da vida – contemplando as habilidades e da Bê êne cê cê.
  2. Após a escuta do áudio da música “Vai (Menina, amanhã de manhã)”, sugira aos estudantes que conversem em duplas ou grupos sobre as características evocadas nesta atividade. Estimule sempre a atenção ao máximo de aspectos musicais perceptíveis – retomando as propriedades sonoras e os demais elementos musicais já estudados.
  3. Essas palavras podem ser interpretadas de diferentes maneiras, trazendo à tona conteúdos objetivos e subjetivos. O propósito não é a formulação de uma resposta fechada, mas sim estimular os estudantes a desenvolver interpretações, pesquisas e reflexões, com base nas palavras e na música de Tom Zé.

Observação

Relembrando conteúdos já estudados, você pode comentar a relação desse tipo de experimentação musical e visual de diferentes objetos, proposta na produção de Tom Zé, com as criações de Uálter Ismeták (1913-1984), apresentado no capítulo 3 do livro do 7º ano desta coleção. Ismeták foi professor de Tom Zé no curso de música da Universidade Federal da Bahia.

Orientação

Continuando a discussão sobre indústria cultural, é possível notar que o trabalho de Tom Zé vai na contramão do que geralmente é considerado comercial e voltado para o consumo. Tom Zé prioriza as experimentações estéticas, o estímulo à reflexão e a problematização de questões políticas e sociais, como na música “Parque industrial”, que criou para o álbum tropicália ou Pânis ét circêncis, na qual faz críticas aos meios de comunicação de massa.

Atividade complementar

A partir de composições de Tom Zé é possível dar continuidade ao estudo sobre estruturas musicais. Pesquise previamente algumas músicas do artista para reproduzi-las em sala de aula. Peça aos estudantes que percebam e anotem as estruturas das canções ouvidas. Pergunte a eles: “Quantas partes tem a canção?”; “Ela tem uma introdução?”; “Ela tem refrão?”. Solicite a eles que as comparem com a canção estudada no capítulo 6 deste livro: “As que ouviram agora são iguais ou diferentes?”; “Em que aspectos?”. Note que o mais importante por enquanto não é que os estudantes usem conceitos técnicos para descrever estruturas, mas que estejam atentos a elas, percebendo a importância dessas estruturas no momento de realizar composições musicais ou estabelecer interações com elementos de outras linguagens, como a teatral.

Na obra de Tom Zé, inquietações sobre questões políticas e sociais, bem como o desejo de transformação, manifestam-se não apenas de modo direto na letra das canções, mas também em propostas estéticas transformadoras, que envolvem desde os figurinos, os adereços e os efeitos visuais usados da parte cênica de um show até a fórma das músicas.

Mobilização de jovens artistas

Chico Science e Nação Zumbi é o nome de uma banda de música brasileira do estado de Pernambuco que apresentava, em seus espetáculos e videoclipes, elementos de teatralidade inspirados em manifestações culturais populares. Esses elementos eram associados a canções com letras cheias de reflexões e questionamentos sobre a sociedade. O ritmo do maracatu dá as bases para muitas de suas composições, que também incluem influências do rap, rock-and-roll e outros gêneros musicais.

Fotografia. Sete homens, três agachados e quatro em pé, sobre uma pedra. Eles vestem apenas bermudas e seus corpos estão cobertos de lama. Ao fundo, um céu azul com algumas nuvens.
Chico Science e Nação Zumbi cobertos de lama durante a gravação do videoclipe de “Maracatu atômico” em Recife (PE). Fotografia de 1996.

Observe a imagem da banda. Onde você imagina que o grupo gravou essa cena? Ela foi registrada durante a gravação do videoclipe da canção “Maracatu atômico”, composta na década de 1970 pelo cantor, compositor e escritor Jorge máutiner (1941-) e pelo compositor nélson Jacobina (1953-2012).

Esse videoclipe é um exemplo de como os artistas da banda exploravam elementos teatrais em suas interpretações. Além de usar indumentárias características do maracatu, eles aparecem dançando cheios de lama e se locomovendo com as mãos e os pés no chão, o que faz referência aos caranguejos de manguezais.

A banda Chico Science e Nação Zumbi surgiu em 1990 em um centro de educação e cultura administrado por uma organização não governamental em Recife (Pernambuco). A partir de então, o cantor e compositor Chico Science (1966-1997) começou um movimento de união de jovens artistas para construir espaços coletivos, organizando festas e encontros de bandas. Ele escreveu, em parceria com o compositor e cantor Fred Zero Quatro (1965-), o “Manifesto dos caranguejos com cérebro”, no qual explicava as bases dessa mobilização cultural que se tornou um dos marcos da mobilização de artistas que ficou conhecida como Movimento manguebíti. Com isso, esse grupo também impulsionou a abertura de espaços na indústria cultural do país para produções de músicos da região Nordeste.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Se possível, faça uma pesquisa na internet e reproduza para a turma o videoclipe de “Maracatu atômico”. Além de usar indumentárias características do maracatu, os integrantes do grupo aparecem dançando e se locomovendo com as mãos e os pés no chão, cheios de lama, em referência aos caranguejos e aos manguezais. Essa referência, por sua vez, remete à obra do médico e cientista social Josué de Castro (1908-1973), que trabalhou pelo combate à fome em Pernambuco e no país como um todo. Seu livro mais conhecido é:

CASTRO, Josué de. Homens e caranguejos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

Comente com a turma que, na década de 1990, a indústria fonográfica brasileira concentrava seu interesse nas regiões de São Paulo São Paulo, Rio de Janeiro Rio de Janeiro e proximidades. O Movimento manguebíti chamou a atenção para o Nordeste, possibilitando uma reinserção no mercado de gêneros populares nordestinos, como a ciranda, o coco e o frevo, e abriu espaços para outras bandas que tinham trabalhos semelhantes. Assim, evoca-se a relação das práticas artísticas com diferentes dimensões da vida, contemplando a habilidade da Bê êne cê cê.

Sugestões para o professor

Veja mais sobre Chico Science e Nação Zumbi e o movimento manguebíti em:

ciêglínsqui, Amanda; MELITO, Leandro. Chico Science 50 anos. ê bê cê (Empresa Brasil de Comunicação). Disponível em: https://oeds.link/VIaagQ. Acesso em: 17 março 2022.

LUCAS, Amanda Fará de. Chico Science e Nação Zumbi: narrativa, performance, movimento manguebíti. In: ENCONTRO REGIONAL SUDESTE DE HISTÓRIA ORAL, onze, 2015, Niterói Rio de Janeiro. Anais reticências. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2015. Disponível em: https://oeds.link/kYTJXu. Acesso em: 17 março 2022.

7. Chico Science usou o mangue, a lama e os caranguejos como metáforas – em letras de músicas e em representações teatralizadas – para tratar de questões sociais do Recife. Se você fosse falar da região onde vive, que elementos usaria?

A história cantada em rap

8. Observe as duas imagens a seguir, ambas do espetáculo rrémilton. Quais elementos fazem referência a outro tempo histórico e quais elementos são contemporâneos?

Fotografia. Quatro atores usando fraque azul e branco, colete branco, calça branca e botas pretas com uma faixa marrom até os joelhos, estão sobre um palco, de pernas flexionadas. Dois deles têm os braços estendidos na lateral e os outros dois seguram taças de vidro.
rrémilton. Concepção: Lin-Manuel Miranda. Direção: Public Theater Nova York, Estados Unidos, 2015.
  1. Qual é o seu episódio favorito da história do Brasil? Que ritmo musical você escolheria para contá-lo?
  2. Como as fórmas de se contar a história de um país podem ser motivo de transformação social?

A história também pode ser contada na fórma de um rap: foi o que propôs o compositor porto-riquenho Lin-Manuel Miranda (1980-). Proveniente da cultura hip-hop, o rap foi o ritmo usado por ele para contar parte da história dos Estados Unidos.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

O hip-hop e o rap já foram abordados em outros capítulos desta coleção. Parte desses conteúdos pode ser rememorada aqui, buscando apresentar a interação processual entre diferentes linguagens artísticas, problematizando aspectos históricos, políticos, sociais e estéticos de determinado contexto, como esclarecido no texto do capítulo. Esta abordagem favorece também a construção de vocabulário e repertório relativos às linguagens de Teatro e Música, destacando, nesse caso, o encontro das duas linguagens em um exemplo de teatro musical. A apresentação e o debate de tais temas contemplam as habilidades (ê éfe seis nove á érre três um), e da Bê êne cê cê.

Sobre as atividades

  1. Pelas imagens, pode-se depreender que a indumentária faz alusão ao passado setecentista estadunidense. Entretanto, os estudantes podem notar que os movimentos dos atores, seus cabelos e até mesmo o córte das roupas são contemporâneos. Além disso, no século dezoito, os Estados Unidos viviam sob um regime escravocrata. O espetáculo rrémilton apresenta como protagonistas atores e atrizes negros e imigrantes.
  2. Aproveite o exemplo do espetáculo musical rrémilton para propor aos estudantes que procurem relembrar um episódio da história do Brasil que os interesse. A partir do episódio escolhido, peça que investiguem o melhor ritmo e estilo musical para narrar a história. Há alguns exemplos de episódios históricos narrados musicalmente, como em algumas letras de músicas de Chico Buarque, sambas-enredo de escolas de Carnaval e alguns sambas de breque do cantor e compositor Moreira da Silva (1902-2000). Se julgar pertinente, apresente alguns desses exemplos para a turma.
  3. A partir do exemplo do espetáculo rrémilton, pode-se debater o fato de que os artistas do musical, em sua maioria composto de pessoas negras e descendentes de imigrantes latinos e asiáticos, recontam justamente a história de uma época em que os Estados Unidos viviam um regime escravocrata, comandado por descendentes de europeus. Discuta também com os estudantes a contradição entre a sociedade escravocrata estadunidense e o texto da Constituição elaborada por essa sociedade, que tinha como eixo a ideia de liberdade.

Em 2015, estreou na Broadwayglossário o espetáculo musical rrémilton, que narra a vida de Alexander rrémilton, o primeiro secretário do tesouro dos Estados Unidos e um dos responsáveis pela redação da Constituição estadunidense.

Mesmo escrevendo sobre um homem que nasceu em 1755, Lin-Manuel Miranda optou por contar a história usando raps, canções pop e batidas contemporâneas. Além disso, a montagem foi realizada com um elenco de atores negros ou com ascendência latina ou asiática. Essa escolha foi intencional: os Estados Unidos têm um alto índice de discriminação racial e de imigrantes. A escolha do elenco das montagens de Hamilton afirma o fato de que é possível contar a história de uma nação pela perspectiva dos imigrantes e dos marginalizados socialmente.

Fotografia. No centro de um palco há um ator usando fraque azul e bege, calça branca e bota preta com uma faixa marrom. À esquerda e à direita dele, há outros quatro atores, usando fraque, calça branca e botas pretas. Eles estão em linha, olhando para o ator que está ao centro.
HAMILTON. Concepção: Lin-Manuel Miranda. Direção: Thomas Kail. The Beacon Theatre, Nova York, Estados Unidos, 2016.

As letras das canções do espetáculo abordam temas como feminismo, ativismo e luta contra preconceitos, além de serem bem-humoradas, pois utilizam jogos de palavras, prática comum na cultura hip-hop.

Até mesmo as escolas aderiram à proposta de rrémilton para despertar o interesse de jovens estudantes pela história. Tudo isso foi possível graças ao improvável encontro entre uma figura histórica do século dezoito, um compositor porto-riquenho nascido no século vinte e a linguagem contemporânea do hip-hop.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Com base na discussão proposta pela atividade 10 da página anterior e no exemplo do espetáculo rrémilton, incentive os estudantes a produzir, coletivamente, um rap que narre um acontecimento histórico. Pode ser feito um trabalho interdisciplinar em parceria com o professor de História nesta atividade. A fórma do rap (estrutura, ritmo, batida etcétera) pode nascer a partir de alguma referência explorada na proposta apresentada na seção Para pesquisar, da página do estudante. A musicalidade do rap pode se tornar um instrumento pedagógico para o estudo e aprendizado de História. A composição de um rap, tendo como estímulo a narrativa de uma situação histórica, contempla a habilidade da Bê êne cê cê.

  • Organize a turma em grupos de até cinco integrantes.
  • Proponha aos estudantes que escolham um acontecimento histórico brasileiro, que será tema de seu rap.
  • A partir das referências estudadas na pesquisa “Rap e construção narrativa”, os estudantes devem definir o ritmo da batida e a letra da composição.
  • Os raps criados coletivamente devem ser apresentados para toda a turma.
  • Para concluir, converse com a turma a respeito dos trabalhos apresentados a partir das seguintes questões: “Quais narrativas foram mais surpreendentes?”; “Em quais momentos houve a relação mais interessante entre letra e ritmo?”.

Sugestão para o professor

Para conhecer mais sobre rrémilton, acesse o site do espetáculo (em inglês). Disponível em: https://oeds.link/SK9Zyf. Acesso em: 17 março 2022.

Se possível, assista com os estudantes a uma apresentação do elenco do espetáculo rrémilton na Casa Branca, nos Estados Unidos. Disponível em: https://oeds.link/uDS7Wj. Acesso em: 17 março 2022.

Atualmente nos serviços de streaming é possível encontrar uma versão integral da filmagem do musical rrémilton.

Para pesquisar

Rap e construção narrativa

O rap é um dos pilares da cultura hip-hop e, em geral, consiste em uma elaboração poética e ritmada com fortes conteúdos de contestação social. Investigue agora alguns rappers brasileiros e estude características de seus trabalhos.

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo.
  2. Elejam um grupo ou artista de rap para pesquisar. Fornecemos esta lista, mas vocês podem propor algum outro nome.
    • Racionais MC’s
    • Emicida
    • Gabi niarái
    • Sabotage
    • Tássia Reis
    • Luana Hansen
    • MC Soffia
    • Triz
    • Rael
    • Thaíde
    • Tarja Preta (Preta Rara e Negra Djék)
  3. Pesquisem em sites, blogs, podcasts, revistas ou livros a história da formação do grupo ou do início da carreira do artista.
  4. As questões a seguir podem orientar a pesquisa:
    1. Qual é a relação da proposta desse grupo ou artista com a perspectiva de transformação social?
    2. Quais são as principais temáticas abordadas por esse artista ou esses artistas? O que justifica essa escolha?
    3. Qual é o público que esse artista pretende ou esses artistas pretendem atingir?
  5. Selecionem uma música desse grupo ou artista e estudem a letra e o ritmo, de modo que seja possível responder às seguintes questões:
    1. Quais foram as sensações do grupo ao ouvir o rap selecionado? O que causou essas sensações?
    2. Como a narrativa é contada ao longo da letra?
    3. De que fórma o ritmo intensifica, surpreende, suaviza etcétera a história que está sendo contada?
  6. Para concluir, conversem com os colegas e com o professor sobre os artistas e as músicas que foram objeto de pesquisa dos grupos.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Dos exemplos apresentados neste Sobrevoo, qual você sente que tem mais relação com aspectos da sua vida? Por quê?
  2. Das músicas exploradas ao longo do estudo dos exemplos do Sobrevoo, quais são as que mais apresentam elementos teatrais? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para pesquisar

Em conexão com um dos assuntos deste capítulo – a narrativa de histórias por meio da música –, proponha uma pesquisa sobre um dos pilares da cultura hip-hop, a prática de contestação social e elaboração narrativa pela palavra: o rap. Verifique com a turma se há rappers na região em que a escola está situada. Ao longo da pesquisa, os estudantes podem levar as letras e as músicas para serem escutadas em sala de aula e fruídas coletivamente. Esta seção incentiva a apreciação das contribuições de músicos brasileiros para o desenvolvimento do gênero musical do rap, contemplando a habilidade da Bê êne cê cê.

Note-se também que, por tratar de noções introdutórias de práticas de pesquisa, essa proposta remete a metodologias de pesquisa da área de Ciências Humanas que lidam com biografias, histórias de vida e podem receber diferentes denominações, como pesquisa biográfica ou metodologia de histórias de vida. Para saber mais sobre metodologias semelhantes, você pode consultar:

JOSSO, Marie-Christine. Experiências de vida e formação. São Paulo: Cortez, 2004.

NÓVOA, António; FINGER, Matthias. (organizador). O método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde/. dos Recursos Humanos da Saúde/Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional, 1988.

Sobre a atividade: Para refletir

2. Com a escuta dos áudios em sala de aula ao longo do estudo do capítulo e os exemplos obtidos nas pesquisas realizadas pelos estudantes, pode-se escutar novamente as músicas com elementos mais marcadamente teatrais. Alguns elementos teatrais observados em músicas são: presença de diálogo, forte cunho narrativo, jogos entre tipos de sons e vozes distintas para representar personagens, dramaticidade vocal etcétera

Foco em...

Teatro musical

Fotografia. Em primeiro plano, ao centro de um palco, há um homem com cabelos brancos, parcialmente calvo, usando roupas brancas e um colar colorido. Ele está com os braços estendidos nas laterais. Atrás dele, há um grupo de atores com pinturas faciais brancas, usando roupas coloridas, e um homem usando roupas vermelhas manipulando uma câmera filmadora. Atrás deles, há um palanque e, sobre ele, um homem com pintura facial branca e roupas brancas. Ao fundo, há um telão que exibe uma imagem colorida.
Ensaio da peça Roda-viva. Direção: José Celso Martinez Corrêa. Dramaturgia: Chico Buarque de Hollanda. Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 2019.

No Brasil, o teatro musical começou a se desenvolver no século dezenove, mesclando referências de diferentes tipos de espetáculo europeus. A guinada, no entanto, aconteceu na década de 1950, quando o movimento de politização do teatro começou a desenvolver suas montagens na fórma de espetáculos musicais. Esse estilo de musical pretendia estabelecer uma crítica à sociedade brasileira, propondo possíveis transformações sociais e refletindo sobre elas.

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção destaca um tipo de produção artística que integra as linguagens da Música e do Teatro: o teatro musical.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Teatro.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidades em foco nesta seção

Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmas e gêneros musicais.

Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

Orientações

A partir de exemplos explorados ao longo do Sobrevoo Hamilton e Roda-viva , convidamos os estudantes a pensar a respeito das relações entre a arte e a indústria cultural. Se, por um lado, a arte pode ser um forte elemento de transformação social, como vem sendo visto ao longo deste livro, pode, ao mesmo tempo, gerar muito dinheiro e ser comercializada como uma mercadoria qualquer. Você pode apresentar outros exemplos da indústria cultural e problematizar mídias de difusão cultural que têm alcance massivo, como a televisão e a internet.

Entre os compositores e dramaturgos que mais se destacaram com suas produções, estão Chico Buarque de Hollanda (1944-), Augusto Boal (1931-2009), Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974), Joracy Camargo (1898-1973), Paulo Pontes (1940-1976) e vinícius de Moraes (1913-1980).

Outro importante espetáculo do teatro musical é Elza – o musical, que conta a história de vida da cantora brasileira Elza Soares (1930-2022). Permeado de músicas tornadas célebres na voz da cantora e com um elenco composto inteiramente por mulheres, o espetáculo aborda questões raciais e de gênero.

Fotografia. Em primeiro plano, mulheres negras dançando e cantando sobre um palco. Elas usam figurinos em tons de cinza. No palco, há latas e baldes prateados. Uma das mulheres está sentada sobre a base de um balde e segura outro balde. Outras duas mulheres também seguram baldes. Ao fundo, há uma banda composta de quatro mulheres, que tocam instrumentos.
ELZA – O musical. Direção: Duda Maia. Espetáculo encenado no Sarau Agência de Cultura Brasileira, no Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 2020.

Um dos centros mundiais de produção de teatro musical é o circuito da Broadway, na cidade de Nova York, que exibiu o espetáculo Hamilton, visto no Sobrevoo deste capítulo.

Nos Estados Unidos, os espetáculos musicais começaram a ser produzidos em 1842, como experimentações que misturavam elementos dos espetáculos europeus, como o vaudevilleglossário , e os shows de variedades.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Instigue os estudantes a pesquisarem a história do cinema musical, apresentando exemplos de filmes e contextualizando historicamente sua produção. Estimule-os a investigar as relações entre música e narrativa que cada uma das obras pesquisadas estabelece.

Não se pode aludir às fórmas do teatro musical sem levar em conta a intensa produção cinematográfica de musicais do século vinte. O filme sonorizado surgiu no ano de 1927, com o longa-metragem estadunidense O cantor de jazz. Entre 1927 e 1930, mais de 200 musicais foram produzidos nos Estados Unidos. A partir daí o gênero se popularizou, gerando obras importantes como Cantando na chuva, O mágico de Oz, A noviça rebelde, The Wiz, Chicago etcétera A indústria do cinema musical não teve sucesso apenas nos Estados Unidos. Na França, por exemplo, Jacques Demy produziu diversos musicais, como Os Guarda-Chuvas do Amor. Hoje, Bóliúdi, a indústria cinematográfica indiana, produz inúmeros filmes musicais por ano.

Sugestões para o professor

Aproveite para apresentar aos estudantes alguns importantes musicais brasileiros. Você pode narrar para eles a dramaturgia dos espetáculos e ouvir com eles algumas músicas da peça. Sugira uma atividade interdisciplinar em parceria com o professor de História, organizando uma pesquisa sobre os espetáculos, buscando articular os significados das peças com o contexto histórico. Algumas possibilidades de espetáculos a serem pesquisados são: Orfeu da Conceição, de vinícius de Moraes; Revolução na América do Sul, de Augusto Boal; Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto; Arena conta Zumbi e Arena conta Tiradentes, de Augusto Boal e Gianfrantchesco Guarniéri; Calabar, Gota dágua e A ópera do malandro, de Chico Buarque.

Desde sua origem, chama atenção o caráter tecnológico dos musicais estadunidenses, cuja produção teatralglossário e artística se caracterizou pela utilização de uma série de efeitos cênicos, como cenários sofisticados, elementos de mágica, fogo, água e cenários móveis.

O teatro musical estadunidense também privilegia virtuoses, isto é, artistas que são excelentes cantores e também dominam a dança e a interpretação teatral. Esse virtuosismo do ator de musicais muitas vezes se sobressai à qualidade das narrativas e à dramaturgia do espetáculo em si.

Ao longo do século vinte, o teatro musical estadunidense tornou-se um elemento importante da indústria cultural. Movimentando grandes quantias de dinheiro e de público, a Broadway tem, atualmente, um ritmo intenso de apresentações: em geral, realizam-se de 9 a 12 apresentações semanais das peças em cartaz, em teatros que podem receber mais de mil pessoas por sessão.

Desde a década de 2000, uma série de franquias de musicais da Broadway começou a migrar para o Brasil. Com ingressos a custos altos, essas produções vêm se popularizando e movimentando a indústria cultural de grandes capitais brasileiras. Também vem crescendo o interesse dos produtores teatrais em buscar patrocínios para desenvolver musicais que homenageiam cantores e celebridades brasileiras conhecidas do grande público, na expectativa de lotar de espectadores as salas de espetáculo.

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Economia.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais são as principais diferenças que você observa entre um tipo de arte mais próxima da lógica mercadológica e outra mais aproximada da pesquisa processual?
  2. Quais pontos aproximam o teatro musical da Broadway da indústria cultural?
  3. Quais pontos diferenciam o teatro musical brasileiro das décadas de 1950 a 1970 da indústria cultural?
  4. De acordo com sua perspectiva, qual seria um valor justo a ser pago por um ingresso teatral? Justifique sua resposta e discuta essa questão com a turma.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Revisite os exemplos abordados ao longo dos últimos dois capítulos para realizar a comparação entre um tipo de arte destinada à indústria cultural e outro tipo cujo fim se aproxima mais da mobilização social e da pesquisa de linguagem, com ênfase nos processos criativos. Problematize a relação desse segundo tipo de produção artística com as trocas comerciais.
  2. Preços elevados de ingressos, capacidade de lotação dos teatros de mais de mil lugares, mescla de elementos da cultura pop, efeitos visuais impactantes etcétera
  3. Parte-se do princípio de que as produções musicais brasileiras dessas décadas tinham como objetivo um engajamento nas questões sociais, que, muitas vezes, problematizavam a própria indústria cultural e a posição do artista frente ao capitalismo, como no caso do espetáculo Roda-viva.
  4. A pergunta oferece uma boa possibilidade de conversar com os estudantes sobre o valor atribuído à arte. Políticas públicas na área da cultura ou programas sociais levados a cabo por instituições privadas vêm possibilitando que as entradas para alguns espetáculos sejam gratuitas. Entretanto, no caso das superproduções internacionais de musicais, os ingressos chegam a custar valores altos. Comente com a turma sobre essas diferenças e sobre o valor da arte. A discussão desse tema estabelece relações entre o componente curricular Arte e o tê cê tê Economia – Trabalho, proporcionando uma reflexão sobre o que tem sido chamado de “economia criativa”, ou seja, segmentos da Economia que lidam com produção, distribuição, comercialização de bens ou serviços relacionados a cultura, criatividade e entretenimento, de modo a gerar renda e emprego, podendo, portanto, ter impacto no crescimento econômico de uma cidade, estado ou país. Essa discussão aborda a interação entre arte e trabalho, contemplando o tê cê tê Economia – Educação financeira.

Sugestões para o professor

Para expandir o estudo e as referências sobre o teatro musical brasileiro, consulte:

, . A Broadway não é aqui: panorama do teatro musical no Brasil. São Paulo: guióstri, 2015.

VENEZIANO, Neyde. O teatro de revista no Brasil. São Paulo: sézi-São Paulo, 2013.

Foco no conhecimento

Elementos do teatro musical

O teatro musical é um gênero que se diferencia de um outro tipo de teatro, o musicado. No teatro musicado, as canções funcionam como trilha sonora de segundo plano, tendo a cena como protagonista. No teatro musical, música e cena são indissociáveis, mas a música é predominante em relação à cena. Alguns aspectos devem ser considerados na montagem de um espetáculo musical:

  1. Quando composto de música ao vivo (canto e instrumentos), a banda ou orquestra nem sempre estão à vista do público.
  2. Conta com números de atuação, canto e dança. Em geral, esse encontro entre linguagens acontece simultaneamente.
  3. Pode acontecer em palcos com cenários simples ou suntuosos.
  4. A dramaturgia alterna, em geral, momentos de fala e momentos de canto. Em ambos os casos, a narrativa segue avançando.

Todos os sons, produzidos tanto pelos objetos cênicos quanto pelos atores, podem ser considerados de um ponto de vista musical, ou seja, é possível ajustar seus timbres, os ritmos e as alturas, incorporando-os na dramaturgia. Quanto às canções compostas para as cenas, elas podem se conectar à história de diferentes maneiras:

  1. Complementando o que está sendo contado.
  2. Representando uma fala, um pensamento, um sentimento ou o ponto de vista de um personagem.
  3. Sendo poéticas, conectando-se de modo menos direto ao enredo.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre a seguinte questão e compartilhe sua resposta com os colegas e com o professor.

1. Quais elementos diferenciam a encenação do teatro musical de uma encenação comum?

Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção apresentaremos alguns elementos presentes na composição do teatro musical, que são importantes para a realização da proposta apresentada na seção Processos de criação.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Teatro.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem.

Habilidades em foco nesta seção

Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

Orientações

Experimente apresentar para os estudantes enredos de musicais brasileiros, assim como letras de músicas que cumprem o papel de narrar histórias. Se tiver oportunidade, apresente a eles outros trechos de espetáculos musicais – atentando-se sempre para os elementos cênicos e musicais que compõem cada uma dessas narrativas, conforme as habilidades e da Bê êne cê cê.

Sobre a atividade: Para refletir

1. A intenção é levar os estudantes a elaborar as próprias maneiras de explicar, a partir do que apreenderam das explicações anteriores. Vale, se necessário, lembrar que a música pode fazer parte de qualquer espetáculo de teatro, independente de ser “teatro musical” ou não. A diferença nesse último está no papel proeminente que dá para algumas músicas na condução da narrativa e na construção de cenas, geralmente cantadas, nas quais a interpretação das canções é mais performática, algumas vezes acompanhada por dança.

Sugestão para o professor

trégtenbérg, Livio. Música de cena: dramaturgia sonora. São Paulo: Perspectiva, 2008. (Coleção Signos música; 6).

Processos de criação

Que tal experimentar uma criação coletiva que traga à tona alguma questão referente à vida coletiva usando elementos teatrais e musicais?

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo.
  2. Os temas escolhidos pelos grupos podem se basear em questões sociais da comunidade onde vocês vivem, ou em questões comportamentais ou podem conter outras reflexões sobre a vida coletiva.
  3. A elaboração cênico-musical pode seguir diferentes caminhos. Sugerimos alguns:
    1. Elaborar uma sequência curta de cenas e escolher ou compor músicas que farão parte dessa encenação.
    2. Pensar a criação como uma apresentação musical, definindo quem vai cantar ou tocar instrumentos e escolher elementos cênicos que enriqueçam ou reforcem o conteúdo da música que será apresentada.
    3. Usar texto e música de uma cena de alguma peça de teatro musical já existente.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

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  1. Escolher sons para incluir efeitos sonoros ou sonoplastia, a fim de enriquecer as criações cênicas ou os arranjos musicais em todas as opções sugeridas anteriormente. Para isso, poderão ser utilizados os áudios de sons variados indicados nesta seção, ou outros gravados ou executados ao vivo. É possível também usar mais de um som ao mesmo tempo em uma mesma cena.

4. Com o auxílio do professor, planejem um calendário para reuniões e ensaios e organizem datas para a apresentação de cada grupo.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre a seguinte questão e compartilhe sua resposta com os colegas e com o professor.

1. Considerando as criações de todos os grupos, houve algum elemento cênico ou musical que se destacou para você? Comente.

Orientações e sugestões didáticas

Essa seção propõe uma criação a partir de interações entre elementos musicais, teatrais e reflexões sobre a vida coletiva.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Teatro; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.

Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

Investigar e experimentar diferentes funções teatrais e discutir os limites e desafios do trabalho artístico coletivo e colaborativo.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

Orientações

Mobilize os resultados das pesquisas realizadas ao longo deste capítulo. Retome também as experimentações anteriores – como o rap composto coletivamente, a música criada na atividade final do capítulo 6 ou a encenação coletiva criada no capítulo 5.

A peça escolhida para o item 3.c) pode ser sugerida por você ou por algum estudante. Alternativamente, a turma pode fazer uma pesquisa para identificar peças que tenham afinidade com o tema escolhido. Sugerimos duas possibilidades: Roda-viva e A ópera do malandro, ambas de Chico Buarque.

Organizando as ideias

Mosaico de fotografias. Composto de um recorte vertical de quatro fotografias. Da esquerda para a direita: um homem com pintura facial branco e preta, usando colar e um adereço na cabeça, está sem camisa olhando para a esquerda; homens sobre uma pedra, com os corpos cobertos de lama; atores com o rosto pintado de branco usando roupas coloridas, com a boca aberta; um ator usando fraque azul e branco, colete branco, calça branca e botas pretas com uma faixa marrom até os joelhos, estão sobre um palco.

Neste capítulo, as relações entre indústria cultural e produções artísticas envolvendo música e teatro com intenção de transformar a vida coletiva foram vistas por diferentes ângulos. Você pôde conhecer um pouco sobre teatro musical nacional e internacional, bem como apresentações musicais que integram diferentes elementos cênicos. Você também foi convidado a experimentar compor uma letra de rap, a pesquisar artistas ligados a esse gênero musical e, no final, a desenvolver uma criação coletiva integrando teatro e música.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. De tudo o que foi visto neste capítulo, como você diria que as linguagens da música e do teatro podem dialogar entre si?
  2. Quais elementos do teatro musical brasileiro mais chamaram sua atenção?
  3. Considerando os exemplos vistos neste capítulo, reflita: a crítica política, estética ou comportamental pode estar presente em produtos da indústria cultural? Comente.
  4. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Teatro; Artes integradas.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidades em foco nesta seção

Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do conhecimento musical.

Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Sobre as atividades

  1. Estimule os estudantes a construir respostas com as próprias palavras. Retome, a partir de exemplos vistos, as fórmas do teatro musical e a possibilidade de teatralizar shows musicais.
  2. Retomando exemplos de espetáculos brasileiros, questione: “O que mais chama a atenção, o conteúdo temático dos espetáculos, as narrativas, as melodias, as letras, ou a própria fórma de enfrentamento social proposta por essas peças?”.
  3. Algumas produções artísticas incluem conteúdos críticos e ao mesmo tempo conquistam lugar no mercado. O mercado pode ter papel ambíguo: ele pode permitir que ideias críticas sejam veiculadas a uma audiência massiva, mas também pode levar à banalização ou ao enfraquecimento dessas ideias.

Glossário

Teatro musical
Formato de teatro que consiste na união entre música, texto e encenação.
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Broadway
Uma das principais avenidas da cidade de Nova York (Estados Unidos), referência mundial em espetáculos musicais vinculados à indústria do entretenimento. Ao todo, contabilizam-se 43 teatros no circuito principal desse centro nova-iorquino.
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Vaudeville
Tipo de peça teatral que surgiu no século quinze na França. Também pode ser chamado de teatro de variedades. As peças são compostas de canções, acrobacias, danças e textos, e seu principal objetivo é entreter e divertir a plateia com enredos simples e com a exploração de assuntos populares.
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Produção teatral
Área responsável pela viabilização material de uma peça de teatro ou processo criativo. Geralmente centrada na figura do produtor teatral, a etapa de produção acontece antes, durante e após o término de um processo criativo e da temporada teatral.
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