CAPÍTULO 8  Roma republicana

Fotografia. Ponte composta por três andares. Os andares de baixo tem arcos grandes e largos. O andar de cima tem arcos menores e mais próximos um do outro. Ela passa sobre um rio. Nas margens vegetação e pedras.
Ponte do Gard, aqueduto romano do século um antes de Cristo, na região sul da França. Foto de 2020.

Na cidade em que você mora, existem pontes de concreto, estradas pavimentadas, sistemas de esgoto e abastecimento de água e grandes construções, como prédios públicos e estádios? Você sabia que, no século dois antes de Cristo, obras como essas já faziam parte do cotidiano da população que vivia em Roma?

Roma foi uma das maiores cidades do mundo antigo, e as obras nela realizadas resultaram do desenvolvimento de técnicas aprimoradas de construção. Os romanos criaram o concreto: uma pasta feita de areia, cascalho e cal utilizada para fixar blocos de pedra. Também construíram arcos, ou seja, estruturas que distribuem o peso da construção e permitem a edificação de grandes obras.

Observe a fotografia do aqueduto romano.

  • Você sabe qual era a função dessa construção?
  • O que era necessário para que uma construção como essa fosse realizada?
  • Em sua opinião, qual é a importância de preservar construções antigas como essa?

A República Romana

O regime monárquico romano foi extinto em 509 antes de Cristo, quando uma rebelião dos patrícios expulsou o último rei etrusco da cidade. Roma tornou-se, então, uma república, palavra de origem latina (rés pública) que significa “coisa pública”. Ou seja, o governo romano passou a ter como função atender às necessidades do conjunto dos cidadãos e não aos interesses particulares do governante ou de determinado grupo de indivíduos. A preponderância dos interesses públicos sobre os privados era garantida pelas leis.

As instituições políticas republicanas em Roma

A instituição mais poderosa da República Romana era o Senado, que existia desde os tempos da monarquia. Ele era composto de trezentos membros das famílias mais influentes de Roma e se encarregava da administração, das finanças, das declarações de guerra e dos acordos de paz. O cargo de senador era vitalício.

Os principais cargos da administração de Roma eram exercidos por magistrados eleitos pelas assembleias de cidadãos. Os magistrados que detinham maior poder eram os cônsules. Eles decidiam questões ligadas à aplicação da justiça, comandavam o exército em tempos de guerra, convocavam o Senado e presidiam os cultos religiosos públicos. A cada eleição, eram eleitos dois cônsules. Consulte na ilustração os principais cargos da magistratura romana.

Principais magistrados

Ilustração. Principais magistrados. Estão representados por homens em degraus, todos vestindo túnica branca. No topo, um homem de cabelos brancos, sentado em uma cadeira com um cetro na mão. Ao lado dele, o texto: 1. Cônsul. Comandava o exército, além de presidir o Senado. Abaixo do cônsul, um homem sentado em uma cadeira segurando uma balança. Ao lado dele, o texto: 2. Pretor. Era o responsável pela justiça. Um pouco abaixo dele, à esquerda, outro homem sentado. Próximo a esse homem o texto: 3. Censor. Levantava o número de habitantes, supervisionava a conduta dos cidadãos e as despesas públicas. Abaixo do Pretor, um homem em pé segurando um bastão. Ao lado dele, o texto: 4. Edil. Dirigia os serviços públicos. Abaixo do edil, um homem em pé segurando um pote com moedas de ouro. Ao lado dele, o texto: 5. Questor. Cuidava das finanças.
Ilustração de Roko representando os principais cargos da magistratura romana antiga. Criação de 2011 com cores-fantasia.

Fonte: FERREIRA, Olavo Leonel. Visita à Roma antiga. São Paulo: Moderna, 2003. página 11-13.

Em Roma, a cidadania estava atrelada à participação no exército: o cidadão romano era antes de tudo um soldado. Como no início da república o exército romano não tinha caráter permanente nem profissional, os soldados não recebiam pagamento e financiavam o próprio equipamento. Por isso, apenas os patrícios tinham condições de integrar a infantaria pesada e, por decorrência, eram a única classe social com direito à cidadania ativa, o que significa que só eles podiam se eleger para cargos públicos.

Os soldados se organizavam na Assembleia Centuriata para votar as leis e eleger os principais magistrados. Todos os soldados participavam dessas assembleias, que aconteciam no Campo de Marte. Contudo, o sistema de votação beneficiava somente os patrícios, de maneira que seus interesses sempre prevaleciam.

Além da Assembleia Centuriata, havia ainda a Assembleia Curiata, que examinava as questões religiosas, e a Assembleia das Tribos, que elegia os magistrados ligados aos assuntos municipais.


As conquistas plebeias

No início do período republicano, os plebeus, que apoiaram os patrícios contra o último rei etrusco, esperavam aumentar sua presença nas instituições políticas romanas. Porém, contrariando essa expectativa, os patrícios ampliaram seu contrôle sobre o Estado e restringiram a participação política da plebe, que constituía a maior parte da sociedade.

Diante disso, em protesto, os plebeus retiraram-se de Roma e ameaçaram fundar uma nova cidade. Em razão das tensões geradas pelo embate entre os dois grupos, os patrícios tomaram uma série de medidas que ampliaram, progressivamente, os direitos dos plebeus. Entre elas, estavam as seguintes:

  • 494 antes de Cristo Os plebeus conquistaram o direito de eleger o tribuno da plebe, um magistrado que os representava. O poder desses magistrados era inviolável. Os tribunos podiam vetarglossário as decisões dos demais magistrados, ou do Senado, que contrariassem os interesses dos plebeus.
  • 450 antes de Cristo Os plebeus conseguiram aprovar a Lei das Doze Tábuas, que estabelecia a igualdade jurídica dos cidadãos. Essa lei regulava vários aspectos da vida cotidiana, como o casamento, o divórcio e as punições pelos crimes cometidos.
  • 445 antes de Cristo A publicação da Lei Canuleia permitiu o casamento entre patrícios e plebeus, antes proibido. Entretanto, não houve modificação da situação social dos mais pobres, pois as famílias patrícias casavam os filhos apenas com integrantes de famílias de plebeus enriquecidos.
  • 367 antes de Cristo Uma nova lei permitiu o acesso dos plebeus a todas as magistraturas e ao Senado e aboliu a escravidão por dívidas, situação que afetava muitos plebeus.

Mesmo com essas conquistas, somente os plebeus mais ricos exerciam alguma influência política. Com a união entre plebeus ricos que ingressavam nas altas magistraturas e os patrícios, formou-se uma nova aristocracia, conhecida como nobilitas.

Saiba mais

O casamento entre os antigos romanos

Em Roma, o casamento entre os membros da elite era um acordo feito pelos pais dos noivos ou pelo pai da noiva e seu futuro genro. O objetivo era aumentar o patrimônio familiar e manter um sistema que garantia privilégios aos patrícios e plebeus ricos por meio da transmissão de herança aos filhos do casal.

Entre os pobres, o amor também não era o fator mais importante. A união pelo casamento servia de estratégia de sobrevivência e para gerar filhos a fim de aumentar a fôrça de trabalho da família.


Escultura. Imagem em alto relevo feito em pedra. Representa duas pessoas apertando as mãos. Atrás delas, outra pessoa observa.
Detalhe de relevo representando cerimônia de casamento e aperto de mãos selando compromisso, século três. Museu Nacional Romano, Roma, Itália.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que significa a palavra república?
  2. Quem administrava a República Romana?
  3. Todos os romanos tinham plenos direitos à cidadania no início do governo republicano? Explique.
  4. Qual era a função do Senado Romano?
  5. Por que os plebeus se rebelaram contra os patrícios?
  6. Quem formava a camada social nobilitas?

A expansão romana

Os romanos iniciaram o processo de expansão territorial no período republicano. Em cinco séculos, Roma dominou toda a Península Itálica e grande parte do continente europeu e estendeu seus limites até o norte da África e os territórios que hoje chamamos de Oriente Médio.

Ao conquistar novas terras, os romanos garantiram mais áreas para a agricultura e para a criação de animais, a exploração de riquezas minerais, novas fontes de alimentos e muitos escravizados.

As Guerras Púnicas

Com a expansão pelo sul da Península Itálica e pelo Mediterrâneo, Roma transformou-se na principal rival da cidade de Cartago, potência naval de origem fenícia que controlava a costa do norte da África, o sul da Espanha e as ilhas de Córsega, Sardenha e grande parte da Sicília.

Por causa da disputa pelo contrôle comercial do Mediterrâneo, as duas potências se enfrentaram, nos séculos três antes de Cristo e dois antes de Cristo, em três guerras conhecidas como Guerras Púnicasglossário . Ao final da terceira guerra, em 146 antes de Cristo, Cartago e seus domínios tornaram-se províncias romanas.

No Mediterrâneo oriental, os romanos expandiram-se em direção à Grécia e aos demais territórios macedônicos. Ao final da república, os romanos dominavam quase todo o Mediterrâneo, da Espanha, a oeste, até a Síria, a leste. O Mar Mediterrâneo transformou-se, para os romanos, no máre nóstrum (“nosso mar”, em latim).

A expansão romana até o século um antes de Cristo

Mapa. A expansão romana até o século um antes de Cristo. Destaque para porções do território da Europa, Ásia e África. 
Legenda:
Em roxo: Roma e suas possessões em 201 antes de Cristo, após a Segunda Guerra Púnica.
Estrela preta: Destruição de Cartago e de Corinto em 146 antes de Cristo.
Em verde: Conquistas de Roma no século dois antes de Cristo.
Em laranja: Conquistas do século um antes de Cristo.
No mapa, a área de Roma e suas possessões em 201 antes de Cristo, após a Segunda Guerra Púnica abrange a Itália, as ilhas de Sicília, Córsega e Sardenha, e todo o litoral sul da Hispânia. A estrela preta indica a localização das cidades de Cartago, no norte da África, e de Corinto, na Macedônia.
A área referente às conquistas de Roma no século dois antes de Cristo abrange a Hispânia, a sul da Gália, a Ilíria, a Macedônia, incluindo as cidades de Corinto e de Atenas, a Ásia Menor, a ilha de Creta e uma porção da Numídia, incluindo a cidade de Cartago. A área referente às conquistas do século um antes de Cristo abrange a Gália, na Europa; a Numídia, Cirenaica, e parte do Egito, incluindo a cidade de Alexandria, na África; a Judeia, incluindo a cidade de Jerusalém, a Síria, incluindo a cidade de Antioquia, na Ásia, a ilha de Chipre, no Mar Mediterrâneo; e Bitínia e Ponto, no litoral do Mar Negro.
Na parte inferior, ao centro, rosa dos ventos e escala de 0 a 270 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 46-47.


Resultados das conquistas

Os soldados romanos saqueavam os territórios conquistados e levavam para Roma ouro, prata, cabeças de gado, obras artísticas e outros bens de valor. Um governador nomeado por Roma administrava as novas províncias formadas e estabelecia a cobrança de impostos da população dominada.

As guerras de conquista representavam a principal fonte de escravizados para os romanos. Com a expansão territorial, muitos plebeus acumularam grandes fortunas com o fornecimento de armas, alimentos e vestimentas para o exército, com o comércio marítimo, com a cobrança de impostos e com a venda de escravizados. Esses plebeus ingressaram na ordem equestre ou ordem dos cavaleiros e passaram a integrar o grupo social dominante em Roma, encabeçado pela nobreza, representada na ordem senatorial.

Mudanças culturais

As conquistas territoriais promoveram muitas mudanças na cultura de Roma e dos povos dominados. Nos territórios ocupados, ocorreu um processo de romanização, ou seja, a população assimilou muitas características do modo de vida romano, como o uso do latim e o gosto pelo teatro; e as cidades foram moldadas de acordo com as características dos centros urbanos romanos, recebendo aquedutos, pontes, anfiteatros etcétera

Os romanos também se apropriaram de práticas e costumes dos povos conquistados. O contato mais intenso se deu com a Grécia, a Macedônia e outras regiões do mundo helenístico. A cultura grega exerceu muita influência nos valores, na religião e nas artes romanas. Esse processo é chamado helenização de Roma.

Muitos romanos ricos entregavam a instrução dos seus filhos aos cuidados de oradores e filósofos de origem grega. Do mundo grego, também chegavam obras de arte, móveis e adornos, tomados como butimglossário de guerra ou como pagamento de tributos. Grandes obras da arte grega, como a escultura de Esculápio (deus da medicina), chegaram aos dias atuais por meio das cópias feitas pelos romanos.

Escultura. Imagem de um homem com a parte superior do corpo à mostra. O restante do corpo está envolto em uma túnica. Ele tem cabelos e barba ondulados. Usa sandálias. Está com uma das mãos apoiadas em uma haste vertical. Uma cobra, enroscada na haste está perto da mão do homem.
Esculápio, cópia romana produzida com base na escultura original grega, cêrca de 400 antes de Cristo Museu Arqueológico Nacional, Nápoles, Itália.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que Roma entrou em conflito com a cidade de Cartago?
  2. Por que a derrota de Cartago foi um passo fundamental para a expansão territorial de Roma?
  3. Quais foram os resultados econômicos e o que as conquistas proporcionaram?
  4. Diferencie “romanização” de “helenização”.

A crise agrária

A expansão territorial romana causou empobrecimento da plebe. Ao ser convocados para servir nas legiões romanas, os pequenos agricultores precisavam se afastar de suas terras. Ao retornar, encontravam os campos devastados e, às vezes, a propriedade invadida. Além disso, a concorrência dos bens produzidos nas províncias com mão de obra escravizada lhes causava sérios problemas econômicos.

Para saldar as dívidas, muitos pequenos proprietários precisavam vender suas terras, que se acumulavam nas mãos dos patrícios ou dos plebeus enriquecidos. Estes também se assenhoravam das terras conquistadas nas guerras de expansão (aguêr públicus), tornando-se cada vez mais ricos e poderosos.

Muitos camponeses que perderam suas terras migraram para as cidades, principalmente para Roma, agravando os problemas urbanos. Alguns deles passaram a trabalhar como artesãos em pequenas oficinas, mas muitos ficaram sem ocupação fixa e sobreviviam com imensa dificuldade. A grande desigualdade social e econômica entre patrícios e cavaleiros, de um lado, e plebeus pobres, de outro, gerou rebeliões sociais. Para contê-las, Tibério e Caio Graco, que ocuparam o cargo de Tribunos da Plebe na última metade do século dois antes de Cristo, propuseram a realização de uma reforma agrária em Roma.

Escultura. Imagem esculpida em alto relevo em superfície rochosa. Representa um homem guiando bois que puxam uma carroça com uma grande sacola dentro. Atrás da carroça uma criança caminhando.
Relevo romano representando carro de bois carregado de mercadorias, cêrca de século um. Museu da Civilização Romana, Roma, Itália.

Saiba mais

A reforma agrária hoje

Reforma agrária é um conjunto de medidas adotadas pelo Estado com o objetivo de tornar mais justa a distribuição de terras. Com essa reforma, espera-se diminuir as desigualdades sociais, gerar renda para os povos do campo, criar postos de trabalho e combater a fome. Até 2018, no Brasil, a reforma agrária estava sob a responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (íncra). Em janeiro de 2019, o íncra – antes ligado à pasta da Casa Civil – foi transferido para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Refletindo sobre

As profundas desigualdades sociais marcam muitas sociedades atualmente. Você considera a sociedade brasileira desigual? Que aspectos você observou para chegar a essa conclusão? Converse com os colegas a respeito disso.


A política dos irmãos Graco

Com a expansão territorial, passou a haver grave desequilíbrio social em Roma, pois a riqueza se concentrou nas mãos dos grandes proprietários e dos grandes comerciantes. Diante disso, os plebeus, cada vez mais pobres, não conseguiam mais custear equipamentos de guerra, o que reduzia o número de soldados no exército romano. No século dois antes de Cristo, dois tribunos da plebe, Tibério Graco e Caio Graco, defenderam um projeto de reforma agrária com o objetivo de reduzir esse desequilíbrio.

Tibério Graco procurou validar uma antiga lei que limitava o tamanho das terras que um cidadão romano poderia possuir. Para isso, apresentou no Senado um projeto segundo o qual o Estado se apropriaria das terras que excedessem o limite determinado pela legislação e as distribuiria aos pobres. A lei foi aprovada, mas os grandes proprietários de terra não a aceitaram e promoveram uma revolta para que ela não fosse aplicada, mobilizando milhares de clientes. Tibério Graco e mais trezentos defensores da reforma agrária foram assassinados em razão do conflito.

Dez anos mais tarde, em 123 antes de Cristo, Caio Graco, irmão de Tibério, apresentou outro projeto de reforma agrária, que vigorou por algum tempo. Com o apoio do grupo dos cavaleiros, ele conseguiu ampliar a participação popular no governo e baratear o trigo para os pobres. Além disso, propôs estender a cidadania romana aos povos aliados na Península Itálica.

As propostas de Caio Graco também contrariaram os ricos proprietários de terras. Os senadores, temendo o rumo das reformas populares, começaram a conspirar contra o tribuno. Em novos conflitos, partidários de Caio Graco foram assassinados, e o tribuno pediu a um escravizado que o matasse para impedir seus inimigos de fazerem isso.

Fotografia. Dois pedaços irregulares de tabuletas. A superfície é lisa e completamente preenchida por textos.
Tabuletas romanas da léx atília repêtundárum, cêrca de 123-122 antes de Cristo Museu Arqueológico Nacional, Nápoles, Itália. Provavelmente criada pelo tribuno Caio Graco, a léx atília transferia dos senadores para os cavaleiros a tarefa de julgar as denúncias de crimes de extorsão nas províncias e de punir os agentes públicos acusados desses crimes.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que a expansão romana promoveu o aumento do número de escravizados?
  2. Quem formava a ordem equestre em Roma?
  3. De que maneira os pequenos proprietários foram afetados pela expansão romana?
  4. Qual foi a solução proposta pelos irmãos Graco para a crise social da República Romana no século dois antes de Cristo?

A crise da república

No século um antes de Cristo, Roma atravessava um período de grande instabilidade. Em todo o território ocorriam revoltas de escravizados e de povos que exigiam a ampliação de direitos ou buscavam se libertar do domínio romano. Para controlar os diversos conflitos, o Estado tornou-se cada vez mais dependente da atuação do exército, o que conferiu mais poder aos generais.

A profissionalização do exército, promovida em 107 antes de Cristo pelo general Mário, e o prestígio que os oficiais conquistavam com as vitórias em guerras contribuíram para que os militares se tornassem a maior fôrça política de Roma. Nessa condição, o general Mário, apoiado pela ordem equestre, entrou em conflito com o general Sila, que representava os interesses da ordem senatorial, iniciando-se em Roma uma prolongada guerra civil.

Os triunviratos

Para tentar pôr fim às disputas sangrentas pelo poder, os romanos criaram os triunviratos, isto é, governos compostos de três indivíduos, os triúnviros, que estabeleciam entre si uma aliança político-militar.

O Primeiro Triunvirato foi formado pelos generais Pompeu, Crasso e Júlio César. Crasso, enviado para o Oriente, morreu lutando contra adversários de Roma. Júlio César dirigiu-se para a Gália, venceu os gauleses, que impunham dura resistência ao avanço romano, e se afirmou como grande conquistador. A grande popularidade de César preocupou Pompeu, que, com apoio do Senado, tentou anular o poder do rival. No entanto, César enfrentou Pompeu com suas tropas, derrotando-o.

Depois disso, César concentrou poderes e passou a ocupar vários cargos simultaneamente, o que contrariava a tradição republicana. Em 46 antes de Cristo, ele recebeu o título de ditadorglossário vitalício. No governo, César distribuiu terras para os soldados, estimulou a ocupação das províncias romanas e promoveu a reforma do calendário e a doação de trigo aos pobres, o que lhe rendeu muito apoio popular.

Pintura. Em primeiro plano, um homem de cabelos claros e longos está montado em um cavalo branco. Ele está com os braços esticados para baixo, jogando suas espadas e lanças ao chão. À sua frente, um homem de manto vermelho com uma coroa de folhas douradas na cabeça está sentado. Ao redor deles diversos homens de túnica azul e soldados observam o homem montado a cavalo. No canto direito, próximo aos pés do homem de manto vermelho, um homem ajoelhado, sem camisa, com os braços amarados para trás e vários ferimentos no corpo.
Vêrtíndjêtórics depõe armas aos pés de Júlio César, pintura de liunél nôél ruaiê, 1899. Museu Crozatier, Le Puy-en-Velay, França. A conquista da Gália pelos romanos durou de 58 antes de Cristo a 52 antes de Cristo

Responda em seu caderno.

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  1. Em que ano foi produzido o quadro Vêrtíndjêtórics depõe armas aos pés de Júlio César? Quanto tempo se passou entre a data do evento representado e a data da criação da pintura?
  2. O artista francês liunél nôél ruaiê criou uma versão idealizada do evento para glorificar a atuação do líder gaulês Vêrtíndjêtórics. Que elementos da pintura confirmam essa afirmação?

O fim da República Romana

Os senadores romanos, convencidos de que Júlio César pretendia dar um golpe e restaurar a monarquia, organizaram uma conspiração contra o magistrado que culminou com seu assassinato em 44 antes de Cristo Os senadores procuraram justificar o ato alegando que defendiam a república, mas a população rebelou-se e não permitiu que eles assumissem o poder. Formou-se, então, o Segundo Triunvirato, composto de três generais leais ao governante morto: Marco Antônio, Lépido e Otávio, sobrinho de César e adotado por ele como filho. Marco Antônio ficou responsável pelo contrôle do Oriente, enquanto Otávio assumiu o comando do Ocidente. Lépido, por sua vez, tornou-se pontífice máximo, cargo mais importante da religião romana.

Os integrantes do novo triunvirato, porém, logo entraram em conflito, e os generais do Oriente e do Ocidente passaram a disputar o poder. Em 31 antes de Cristo, Otávio venceu os exércitos de Marco Antônio e de Cleópatra, rainha do Egito, que havia se aliado a ele. Quando retornou a Roma, Otávio foi saudado com todas as honras e recebeu do Senado, em 27 antes de Cristo, os títulos de Augusto, que significa “venerado”, de príntxéps sênátus (primeiro dos senadores) e de Imperátor, ou seja, comandante absoluto do exército. A subida de Otávio ao poder marcou o fim da república e o início do Império Romano.

Legionário – soldado do exército romano

Ilustração. Legionário, soldado do exército romano. Veste armadura feita por camadas sobrepostas e presas por fivelas douradas. Veste um saiote vermelho com um cinto dourado. Usa um capacete que protege toda a cabeça e o rosto, deixando apenas boca, olhos e nariz à mostra. Utiliza diversos acessórios, explicados por meio de textos. Na cintura tem pendurada uma pequena espada. Junto a ela o texto: O gladio, a espada curta, servia para apunhalar o inimigo. Nos pés, sandálias. Junto a elas o texto: A sandália, de couro, possuía cravos de ferro na sola. Com uma das mãos apoia uma haste de madeira. Na ponta dela, picareta e utensílios pendurados. Junto a esses utensílios o texto: Os equipamentos e os mantimentos do legionário ficavam com ele no acampamento militar. Na outra mão carregava uma haste cilíndrica e pontiaguda. Junto a ela o texto: O dardo, ou pilum, que podia ser arremessado para atacar o inimigo à distância. Com a mesma mão segura um grande escudo vermelho, com um brasão dourado desenhado. Junto a ele o texto: O escudo, feito de madeira, era forrado com couro.
Ilustração de Roko representando legionário romano. Criação de 2015 com cores-fantasia.

Fonte: GANERI, Anita. Como seria sua vida na Roma antiga? São Paulo: Cipiône, 1996. página 37.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Como se explica o aumento da importância dos generais na vida política romana?
  2. O que foram os triunviratos?
  3. Como Otávio tornou-se imperador de Roma?

A vida cotidiana em Roma

As cidades eram o principal centro da vida cultural, econômica e política da civilização romana. Nelas ocorriam atos cívicos, cerimônias religiosas e atividades comerciais.

Acredita-se que na cidade de Roma viviam cêrca de 1 milhão de pessoas vindas de diferentes partes do império: da Ásia, da África e de outras regiões da Europa.

Em Roma, a ocupação do espaço expressava as diferenças sociais. A aristocracia patrícia e os grupos enriquecidos com as conquistas moravam, em geral, nas colinas, especialmente nos montes Aventino e Palatino, em residências amplas e decoradas com mosaicos e relevos.

A população pobre vivia nos vales, em prédios divididos em aposentos mínimos. Comparados às residências das elites, eles apresentavam pouco conforto, problemas graves de saneamento e risco de incêndio.

Festividades e entretenimentos

Na cidade de Roma existia uma rede de diversões, que incluía combates de gladiadoresglossário até espetáculos teatrais e corridas de carros puxados por cavalos. Durante a república, esses eventos eram geralmente realizados em datas religiosas importantes. Na época do império, contudo, muitos deles passaram a ser patrocinados pelo Estado com o objetivo de entreter a multidão ou por pessoas ricas que desejavam conquistar popularidade para se eleger a algum cargo público.

As cidades romanas também contavam com termas (locais para banhos públicos), em que havia piscinas e saunas. O maior prazer dos romanos, contudo, era assistir a corridas de carros puxados por cavalos e a lutas entre gladiadores. Desses espetáculos participava toda a sociedade, desde o magistrado principal até o plebeu mais pobre. Um dos mais frequentados locais de entretenimento era o Circo Máximo, destinado às corridas de bigasglossário e de quadrigasglossário . Com 620 metros de comprimento, ele podia receber 250 mil espectadores.

Mosaico. Três homens dentro de um carro de madeira de duas rodas, puxado por quatro cavalos.
Mosaico romano retratando corrida de quadrigas, século três. Museu Arqueológico Nacional, Madri, Espanha.

As crenças religiosas

A religião romana passou por muitas mudanças ao longo do tempo. Originalmente, as crenças estavam centradas nos espíritos da natureza, com os quais os romanos deviam manter sempre boas relações. Com o tempo, três deuses começaram a se destacar: Júpiter, deus dos céus (associado ao deus grego Zeus), Marte, deus da guerra (correspondia ao deus grego Ares), e Quirino, que representava o povo romano.

Do contato com os gregos, no século quatro antes de Cristo, os romanos assimilaram muitas tradições da mitologia helênica. Divindades gregas receberam outros nomes e passaram a ser cultuadas pelos romanos. No entanto, diferentemente da tradição grega, os deuses romanos não eram associados a disputas nem a relacionamentos com os humanos.

Os romanos também cultuavam deuses do lar. Os cultos domésticos eram dirigidos pelos pais das famílias e incluíam a adoração aos deuses Lares (protetores do lar e do campo), Manes (alma dos antepassados) e Penates (protetores da alimentação dos animais).

Escultura. Imagem esculpida em alto relevo. Homens de túnicas compridas aglomerados se entreolhando. Na frente deles um porco, uma ovelha e um boi.
Relevo representando o sacrifício de um porco, de um carneiro e de um boi em homenagem ao deus Marte, século um. Museu do Louvre, Paris, França.
A condição das mulheres

Embora tivessem uma posição social mais elevada que as atenienses, as mulheres romanas não possuíam direitos políticos nem podiam votar. A sociedade atribuía a elas os papéis de esposas, conselheiras e mães.

As mulheres pobres podiam trabalhar ao lado dos maridos ou administrar negócios próprios. Além disso, a participação feminina era aceita em certas festas e atividades públicas. Algumas mulheres chegavam a adquirir propriedades rurais.

As mulheres romanas costumavam tingir os cabelos de loiro e maquiar os olhos com grafite ou açafrão. As tinturas eram feitas com sebo de carneiro e cinzas. No caso de cabelos muito escuros, era comum o uso de perucas, feitas com cabelos de mulheres germânicas ou gaulesas.

As romanas também apreciavam os perfumes, que podiam ser feitos de rosas, flores da manjerona ou açafrão. As mais ricas preferiam aromas obtidos da mistura de vários ingredientes, como a mirra, a canela, a amêndoa e o bálsamo, alguns deles importados do Oriente.

Pintura. Mulher de perfil. Veste um longo e largo vestido. Seu rosto é pequeno e o nariz fino. Tem os cabelos curtos e enfeitados com folhas. Seu rosto está inclinado em direção a uma tela.
Afresco encontrado nas ruínas de Pompeia representando uma mulher pintando, século um. Museu Arqueológico Nacional, Nápoles, Itália.

A educação das crianças

Como acontecia na Grécia, a educação das crianças romanas variava de acordo com o grupo social e o sexo. Os filhos dos aristocratas aprendiam a ler e a escrever em latim e grego. Além disso, estudavam história, geografia, matemática, agricultura, astronomia, religião, retóricaglossário e arquitetura. As mães ensinavam as meninas a fiar, a tecer e a cozinhar. As meninas também recebiam lições de cálculo, leitura e escrita até por volta dos 13 anos de idade.

As crianças pobres não tinham muito tempo para estudar. Aquelas que conseguiam frequentar a escola recebiam alguma instrução em leitura e escrita. A maioria delas trabalhava para ajudar no sustento da família e aprendia um ofício manual, como a marcenaria e a carpintaria.

Escultura. Imagem de crianças esculpida em alto relevo, em mármore. Elas usam túnicas. Algumas estão olhando para o lado. Outras estão inclinadas, com a mão à frente do corpo, como se arremessassem algum objeto.
Detalhe de relevo em sarcófago representando crianças romanas brincando, cêrca de 170-180. Museu de História da Arte, Viena, Áustria.

Saiba mais

A adoção em Roma

Em Roma, a adoção era uma prática frequente. Leia o trecho de um texto escrito pelo historiador pôu vêine sobre o assunto.

Há dois meios de se ter filhos: gerando-os ou adotando-os; este podia ser um modo de impedir a extinção de uma estirpeglossário e também de adquirir a condição de pai de família exigida por lei dos candidatos a honras públicas e aos governos das províncias: tudo que o casamento propicia é propiciado igualmente pela adoção. Assim como um testador tornava seu continuador aquele a quem instituía herdeiro, assim também, ao adotar um jovem bem escolhido, elegia-se um sucessor digno de si.

veine pou. O Império Romano. In: Arriés Filíp; dubí jórj direção História da vida privada: do Império Romano ao ano mil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. volume um, página 28.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Compare a situação da mulher romana com a da mulher ateniense na Antiguidade.
  2. Compare a educação dada às meninas em Roma com a que as meninas recebiam em Atenas durante a Antiguidade.

A escravidão em Roma

Na Antiguidade, a prática da escravidão era amplamente difundida. Em Roma, assim como na Grécia, os escravizados e seus filhos podiam ser vendidos, comprados ou alugados. A condição de cativo era hereditária, ou seja, passava de pai para filho.

No período da fundação de Roma, havia poucos escravizados, que trabalhavam principalmente em atividades agrícolas e na criação de animais. Eles eram prisioneiros de guerra ou pessoas que não tinham como quitar suas dívidas. A escravidão por dívidas foi suspensa a partir do século quatro antes de Cristo

Com a expansão romana, o número de escravizados aumentou. Eles foram utilizados nos mais variados tipos de trabalho: na mineração, na agricultura, nos trabalhos domésticos, no comércio etcétera Escravizados também atuavam como gladiadores, músicos, pedagogos, poetas e filósofos. Nas atividades em que era necessário estabelecer laços de confiança com o senhor, os cativos podiam receber uma comissão e até comprar a liberdade. Um escravizado liberto por um cidadão romano podia tornar-se cidadão.

História em construção

A revolta de Espártaco

Espártaco nasceu na Trácia, região ao norte da Grécia, por volta de 113 antes de Cristo, onde trabalhou como pastor e soldado. Por deixar o exército, foi escravizado e vendido a uma escola de gladiadores. Em 73 antes de Cristo, liderou a última grande revolta escrava do mundo romano, reunindo cêrca de 90 mil escravizados sob seu comando. As autoridades romanas precisaram mobilizar 10 legiões para derrotar os rebeldes. Leia um relato sobre essa revolta escrito por Orósio, historiador e teólogo que viveu entre os séculos quatro e cinco na Hispânia romana, atual Espanha.

No ano [73 antes de Cristo], 74 gladiadores fugiram da escola de nêus lentúlus. Imediatamente, sob a chefia dos gauleses crícsus e Oenomaus e do trácio Espártaco, apoderaram-se do Monte Vesúvio. reticências em pouco tempo, juntaram uma tropa de 10 mil homens crícsus e 30 mil Espártaco reticências. reticências [Depois de vários combates e de grande morticínio de escravizados revoltados] os outros [escravizados] erravam à aventura e acabaram por cair nas muitas armadilhas que lhes estabeleceram uma multidão de generais, e foram esmagados.

ORÓSIO. Histórias. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de história. Lisboa: Plátano, 1977. página 95.


Escultura. Homem jovem, cabelos penteados para trás. Os braços são musculosos. Tem lábios finos. Está com os braços à frente do corpo. Com uma das mãos segura uma faca.
Escultura representando Espártaco, produzida em 1830. Museu do Louvre, Paris, França.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Orósio foi testemunha ocular da revolta que relata?
  2. Como Orósio pode ter obtido informações sobre a revolta liderada por Espártaco?
  3. A descrição de Orósio pode ser considerada uma fonte histórica? Se sim, que cuidados devem ser tomados ao utilizá-la?

Responda em seu caderno.

Recapitulando

20. O que podia acontecer ao escravizado após a sua libertação por um cidadão romano?


Direito romano

Nos primeiros séculos da história de Roma, o direito era ditado pelos costumes e estava intimamente ligado à religião. O Estado só intervinha na relação entre os cidadãos em casos extremos, e os conflitos eram resolvidos entre os envolvidos. O rei podia propor leis que, para serem validadas, precisavam ser aprovadas em Assembleia e ratificadasglossário pelo Senado. Essas leis, porém, só diziam respeito a situações específicas.

Foi somente na República Romana, especialmente com a aprovação da Lei das Doze Tábuas, em 450 antes de Cristo, que o direito romano começou a se organizar de maneira mais formal. As leis romanas passaram a regular a atividade política, a vida dos cidadãos e dos estrangeiros e as relações destes com os romanos. Uma característica do direito romano era a preocupação em proteger a propriedade privada.

O direito dividia-se entre público e privado. O direito público dizia respeito às magistraturas e às diferentes instituições políticas de Roma. Já o direito privado regia as relações entre os cidadãos em diferentes esferas, como propriedade, família e comércio.

A influência do direito romano sobre os direitos nacionais europeus e o sistema jurídico nos países latino-americanos perdura até hoje. Ele inspirou a criação de diversos códigos de lei modernos, como o Código Civil francês (1804) e o Código Civil alemão (1900).

Escultura. Imagem esculpida em alto relevo. Casal de mãos dadas. Ambos usam longas túnicas. Entre eles, na frente uma criança pequena. Ela está nua e segura uma pequena tocha nas mãos.
Detalhe de relevo em sarcófago representando casal romano, século dois. Gliptoteca, Munique, Alemanha. As questões relacionadas ao casamento e à família eram regidas pelo direito privado em Roma.

Conexão

asterics e obelics contra César

Países: França, Alemanha e Itália

Direção: clôd zidí

Ano: 1999

Duração: 109 minutos

Em 50 antes de Cristo, os personagens asterics e obelics vivem em uma aldeia da Gália (atual França) e lutam para defender a vila dos ataques romanos. Para isso, contam com uma arma secreta: uma poção mágica que dá aos gauleses uma fôrça gigantesca. A história desses gauleses é inspirada nas batalhas da conquista da Gália pelo exército de Júlio César


Cena de filme. Diversos homens correndo em um campo gramado. À frente, Asterix, homem de estatura baixa, com o cabelo curto e avermelhado. Usa um colete marrom e calça vermelha. Ele está com a boca aberta. Ao lado dele, Obelix, homem alto e barrigudo. Tem o cabelo avermelhado e arrumado em longas tranças. Veste um colete aberto e uma calça de cintura bem alta, com listras azuis e brancas.
Cena do filme asterics e obelics contra César, dirigido por clôd zidí, 1999.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

21. Qual era a diferença entre direito público e direito privado em Roma?


Enquanto isso…

O povo celta

Os primeiros fragmentos que os arqueólogos encontraram da cultura celta datam de cêrca de 800 antes de Cristo, ou seja, mesmo período em que Roma é fundada. Nessa época, os celtas formavam um conjunto de tribos espalhadas entre os rios Reno e Danúbio, no sudoeste da atual Alemanha. Eram povos guerreiros que utilizavam o cavalo com muita habilidade. Isso lhes deu ampla vantagem comercial e bélica em relação aos povos vizinhos. É provável que essa vantagem tenha permitido a expansão dos celtas por várias regiões da Europa e pela Ásia Menor.

O povo celta nunca formou um Estado centralizado como os romanos. Viviam em um ambiente rural e sua economia baseava-se na agricultura e no pastoreio. As ferramentas que eles produziam para uso no campo eram refinadas e muito eficientes para o cultivo de trigo, cevada e aveia. O comércio e os saques resultantes das guerras também eram fontes de riqueza importantes para os celtas.

Nas florestas, locais sagrados para os celtas, as cerimônias religiosas eram conduzidas pelos druidas, sacerdotes com muito poder político, que eram responsáveis por guardar e ensinar as tradições e aplicar a justiça. A sabedoria dos druidas era transmitida oralmente, por meio de cânticos, poemas ou histórias. Por isso, eles estavam sempre acompanhados pelos bardosglossário .


Fotografia. Escudo dourado, de formato retangular com as extremidades arredondadas. Tem desenhado três círculos. O círculo central é maior. Dentro de cada um deles, arabescos e pedras brilhantes.
Escudo de bronze celta produzido entre os séculos dois e um antes de Cristo encontrado no Reino Unido. Museu Britânico, Londres, Reino Unido.

A expansão celta na Europa

Mapa. A expansão celta na Europa. Destaque para o continente europeu. Legenda:
Em rosa: Celtas primitivos, século oito antes de Cristo.
Em laranja: Principal área de povoamento e influência celta em 200 antes de Cristo.
Diferentes setas verdes indicam as  principais migrações celtas. Seta contínua: principais rotas para passagem e povoamento. Seta tracejada: Penetração de povos de língua celta - séculos oito antes de Cristo e sete antes de Cristo. Seta de fundo claro: Introdução céltica - século quatro antes de Cristo.
No mapa, os celtas primitivos localizam-se entre a Gália e a Germânia, em área parcial das atuais França, Alemanha e Suíça. A principal área de povoamento e influência celta em 200 antes de Cristo abrange toda a região centro-leste da Europa, em territórios hoje pertencentes à França, Países Baixos, Alemanha, Bélgica, República Tcheca, Itália, Suíça, Áustria, Eslovênia, Hungria, Eslováquia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia e Bulgária, e a região da Galácia, atual Turquia, na Ásia Menor. As principais rotas para passagem e povoamento celta partem da Trácia, na atual Bulgária, para a Galácia, em 276 antes de Cristo. Da Trácia para Macedônia, na Península Balcânica. Do norte da Trácia em direção ao leste europeu. Da região central da Europa para Roma em 390 antes de Cristo, avançando até o sul da Península Itálica. A penetração de povos de língua celta partiu da região central da Europa em direção à Hispânia, atuais Portugal e Espanha, na Península Ibérica. A introdução céltica, no século quatro antes de Cristo, partiu do norte da Europa para a ilha da Bretanha, atual Reino Unido.
No canto direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 360 quilômetros.

Fonte: parquer djéfri (edição). Atlas da história do mundo. São Paulo: Folha da Manhã, 1995. página 84.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Qual era a importância da guerra para os celtas?
  2. Com base no mapa da expansão celta na Europa, identifique as regiões desse continente provavelmente marcadas pela antiga cultura celta.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

  1. Sobre a expansão territorial romana, responda às questões.
    1. Que instituição romana foi essencial na conquista de novas terras?
    2. É correto afirmar que as conquistas possibilitaram o intercâmbio cultural entre Roma e suas províncias? Dê exemplos.
  2. Transcreva em seu caderno os acontecimentos de acordo com a sequência cronológica.
    1. Otávio derrotou as forças de Marco Antônio e Cleópatra e concentrou poderes em suas mãos com autorização do Senado.
    2. Cartago foi derrotada nas Guerras Púnicas e Roma iniciou um vigoroso processo de expansão pela região do Mediterrâneo.
    3. Uma revolta de escravizados se espalhou pela Península Itálica mobilizando milhares de cativos contra o poder de Roma.
    4. Eleito tribuno da plebe, Tibério Graco propôs leis que beneficiavam os camponeses.
    5. Foi autorizado o casamento entre pessoas de famílias plebeias e patrícias.
    6. Os romanos derrubaram o último rei etrusco e instauraram a república.
  3. O texto a seguir trata de alguns aspectos da condição de escravizado no final da república e início do império em Roma.

O escravo é inferior por natureza, não importa quem seja e o que faça; isso acompanha uma inferioridade jurídica. reticências Os romanos estavam tão seguros de sua superioridade que consideravam os escravos como crianças grandes; geralmente os chamavam de ‘pequeno’, ‘menino’ (pais, puer) mesmo quando eram velhos. reticências Criaturinhas sem importância social reticências, seus amores e proles são como os dos animais de um rebanho: o dono ficará contente de ver o rebanho crescer, só isso.

veine pou. O Império Romano. In: Arriés Filíp; dubí jórj direção História da vida privada: do Império Romano ao ano mil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. volume 1, página 68-70.

  1. Por que o escravizado, independentemente de quem fosse ou do que fizesse, era considerado inferior na sociedade romana?
  2. Qual é o tipo de comparação que o autor do texto faz entre os escravizados e as crianças em Roma?
  3. Por que a esposa e os filhos de um escravizado representavam o aumento do rebanho do senhor? Explique.

Aluno cidadão

  1. A alimentação dos romanos se diversificou e foi muito influenciada pela culinária de outros povos. Os patrícios dispunham de mais recursos para ter uma alimentação variada, com carnes (peixes, porcos, cordeiros, aves), legumes e verduras diversas, azeites, cereais, vinhos, queijos, ovos, frutas do Oriente (damasco, melancia, romã, pêssego) etcétera Já os plebeus se alimentavam de um tipo de mingau de trigo ao qual podiam adicionar pedaços de carne, além de ovos, queijo, verduras e legumes cultivados em suas hortas e, em alguns casos, de carnes de animais que criavam (como galinhas, bodes e vacas). O pão também estava presente na mesa romana.
    1. Havia diferença de hábitos alimentares entre patrícios e plebeus?
    2. Que diferenças e semelhanças você nota entre a alimentação dos romanos antigos e o hábito alimentar das pessoas do município e do estado em que você mora?
    3. Você consome algum alimento que considera pouco saudável? Por quê?
    4. Em 2020, 15,9% dos menores de 5 anos e 31,8% das crianças entre 5 e 9 anos tinham sobrepeso, e, dessas, 7,4% e 15,8% apresentavam obesidade, respectivamente, algo prejudicial ao crescimento saudável. Debata com os colegas: que hábitos podem ser adotados para evitar a obesidade infantil?

Conversando com arte

5. Observe as imagens e responda às questões.

Fotografia 1. Escultura. Três pessoas sobre um altar. Todas vestem túnicas compridas. Na parte de baixo do altar inscrições. A escultura é toda decorada nas extremidades por arabescos.
Fotografia 2. Escultura. Imagem de um homem forte de cabelos e barba grandes e cacheados. Está com a parte superior do corpo descoberta. Seu corpo tem formas e proporções realistas. Uma mão está na cintura e a outra está no alto, segurando um feixe.
1. Altar romano dedicado a Lares, século dois antes de Cristo, Museu da Civilização Romana, Roma, Itália; 2. Júpiter de Esmirna, escultura em mármore, século dois antes de Cristo Museu do Louvre, Paris, França.
  1. Quais influências da cultura grega é possível observar na imagem 2?
  2. Das imagens, qual representa a religião da família e qual representa a da vida pública?
  3. Que característica importante da religiosidade do período é evidenciada na representação de figuras como essas? Justifique sua resposta.

Você é o autor

6. Os franceses albért uderzo e renê gôciní criaram, em 1959, dois personagens até hoje famosos no mundo dos quadrinhos: asterics e obelics. Partindo da história da resistência gaulesa às investidas romanas na Idade Antiga, os dois trataram com muito humor de temas políticos e culturais de seu tempo. Nos quadrinhos, obelics apresentava incrível capacidade de resistência devido a uma fórmula mágica secreta preparada pelo druida de sua aldeia, em que ele caiu quando era um garotinho. Observe.

Tirinha em três quadros. Asterix é um homem de estatura baixa, nariz grande. Usa um chapéu com duas asas. Obelix é um homem grande e barrigudo. Usa calça de cintura alta. Ela tem listras azuis e brancas. Ele tem os cabelos longos e vermelhos, arrumados em duas tranças.
Quadro 1. Asterix e Obelix estão conversando com um homem de blusa verde, calça azul e um chapéu com dois pequenos chifres nas laterais. O homem diz: QUE FORÇA! ELE DEVE ISSO À MÁGICA POÇÃO? Asterix responde: SIM, OBELIX CAIU NUM CALDEIRÃO DE POÇÃO MÁGICA QUANDO ERA BEBÊ!  Obelix retruca: PRONTO! TINHA QUE CONTAR!
Quadro 2. Gesticulando com as mãos, o homem continua falando. JUSTAMENTE, PRIMO ASTERIX, NÓS NECESSITAMOS DA MÁGICA POÇÃO PARA COMBATER OS ROMANOS EXÉRCITOS.
Quadro 3. Asterix andando diz: VENHA, CINEMAX. VAMOS CONVERSAR COM ABRACURCIX, NOSSO CHEFE! Obelix pergunta para o homem: POR QUE É QUE VOCÊ DIZ TUDO AO CONTRÁRIO? O homem responde com uma pergunta: EU PEÇO O SEU PERDÃO?
Tirinha da obra asterics entre os bretões, escrita por R. Goscinny e ilustrada por A. Uderzo, publicada no Brasil em 1985.

Agora, junte-se a um colega para criar uma história em quadrinhos inédita. Imaginem as situações que seriam vividas na história, com quem os personagens se relacionariam e como se comportariam. Retomem a leitura do capítulo para extrair o contexto da história e caracterizar os personagens.


Glossário

Vetar
: não autorizar.
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Púnico
: nome pelo qual os cartagineses eram conhecidos pelos romanos; punícos em latim.
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Butim
: produto de roubo ou de pilhagem.
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Ditador
: em Roma, era o indivíduo que recebia plenos poderes do Senado em épocas de crise.
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Gladiador
: lutador que combatia, em anfiteatros, outros lutadores ou animais para o divertimento da plateia.
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Biga
: carro de duas ou quatro rodas puxado por dois cavalos.
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Quadriga
: carro puxado por quatro cavalos emparelhados.
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Retórica
: arte de discursar e argumentar com perfeição.
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Estirpe
: nesse caso, linhagem familiar.
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Ratificada
: nesse caso, confirmada pelo Senado.
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Bardo
: poeta ou declamador celta.
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