CAPÍTULO 7  Transformações no mundo grego antigo

Charge. Homem de pernas finas, braços compridos, nariz grande e olhos arregalados. Está em pé apoiando a mão sobre um microfone que está preso em um tripé. Com a outra mão ele bate no microfone e diz: EI, EI, DEMOCRACIA, TESTE, TESTE, UM DOIS, TESTANDO...
Charge do cartunista Duke sobre a democracia, 2019.

Ao repetir a palavra “teste”, a charge do cartunista Duke satiriza os desafios enfrentados pela democracia na atualidade. A palavra democracia vem do grego demos + kratos e significa “poder do povo”. Ela nomeia um regime político em que os cidadãos podem discutir e tomar decisões sobre as questões que afetam a vida coletiva. Em uma democracia, os cidadãos participam do governo do lugar em que vivem.

A primeira experiência democrática da história desenvolveu-se na cidade de Atenas, na Grécia antiga, no final do século seis antes de Cristo Em Atenas, o modelo adotado era o da democracia direta, regime em que os cidadãos participavam diretamente da tomada de decisões, ao votar nas soluções que julgavam mais acertadas para a coletividade.

Atualmente, o modelo de democracia vigente na maioria dos países é o representativo. Nesse modelo, os cidadãos votam em representantes para os cargos dos poderes Legislativo e Executivo. Caso não aprovem as medidas tomadas por seus representantes, têm o direito de protestar e de exigir a revisão do que foi decidido em seu nome.

  • Que diferença você pode apontar entre a democracia grega antiga e a democracia brasileira atual?
  • Cite outra fórma de governo, além da democracia. Como você imagina que é a vida em um país onde não há democracia?
  • Em sua opinião, quem são os responsáveis pela manutenção da democracia?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo conclui os estudos relacionados à habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero (ao tratar da formação da Grécia antiga por meio do desenvolvimento da pólis e de suas transformações políticas, sociais e culturais). Além disso, o capítulo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero seis agá ih um dois, ê éfe zero seis agá ih um três, ê éfe zero seis agá ih um seis, ê éfe zero seis agá ih um sete e ê éfe zero seis agá ih um nove conforme marcações ao longo do texto. O trabalho para o desenvolvimento dessas habilidades se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações na tabela de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Explicar a formação da Grécia antiga e compreender as principais características da democracia grega, estabelecendo diferenças e semelhanças entre esse sistema e a democracia atual.
  • Participar da discussão de assuntos de interesse coletivo e usar mecanismos democráticos de participação.
  • Diferenciar a sociedade ateniense da espartana, principalmente no que se refere à organização política e à educação de crianças e jovens.
  • Definir o conceito de cidadania ateniense, identificando seu caráter excludente e o papel das mulheres naquele contexto.
  • Caracterizar a escravidão na Grécia antiga.
  • Relacionar o desenvolvimento do teatro grego à democracia ateniense.
  • Analisar a organização urbana de Atenas, identificando os espaços destinados à participação dos cidadãos.
  • Explicar transformações sociais, políticas e culturais ocorridas na Grécia antiga entre os séculos oito antes de Cristo e quatro antes de Cristo
  • Explicar a crise das pólis e a formação do Império Macedônico.

Abertura do capítulo

Por meio da charge, do texto e das questões, busca-se sensibilizar os alunos para o conceito de democracia, introduzindo a diferenciação entre democracia direta e democracia representativa. Aproveite o momento para observar o entendimento que os alunos têm do conceito de democracia e como o aplicam à realidade brasileira. Note se são capazes de delimitar o que é do campo da ação política e se conseguem diferenciar os interesses públicos dos interesses privados. Perceba se valorizam as iniciativas democráticas ou se esperam intervenções autoritárias dos governantes. Nesse sentido, outra fórma de governo que pode ser citada pelos alunos é a ditadura. Explique que, diferentemente da democracia, em uma ditadura o governo é exercido por uma pessoa ou por um grupo de pessoas de fórma autoritária, e são suprimidos ou restringidos os direitos individuais. Destaque que o diálogo em sala de aula é um exemplo de prática democrática e que a manutenção da democracia é responsabilidade de todos os cidadãos.

Participação política e cidadania

O termo política origina-se da palavra pólis (em grego, polis), que pode ser traduzida como “cidade”. Porém, para os gregos antigos, cidade não era somente um espaço físico, mas também a comunidade que vivia nesse espaço. Assim, na Grécia antiga “fazer política” significava interessar-se pelos assuntos públicos, participando das discussões e decisões que envolviam a coletividade. Política era a arte de administrar bem a cidade, atitude entendida como uma responsabilidade de todos os cidadãos.

Durante a Antiguidade, as primeiras pólis gregas eram todas governadas por reis, mas, diferentemente do que ocorria no Egito e na Mesopotâmia, nelas a aristocracia guerreira participava das discussões que envolviam assuntos de interesse público, como uma declaração de guerra ou mudanças no sistema de impostos, reunindo-se em assembleias organizadas na ágora, que era a praça pública. Contudo, como as pólis eram independentes umas das outras, com o tempo, passaram por transformações que deram origem a fórmas distintas de governo.

Saiba mais

O que é cidadania?

A palavra cidadania pode ser definida, no sentido original, como o “direito que o indivíduo tem de participar de modo direto ou indireto na formação do governo de seu país e na sua administração”. Atualmente, no entanto, a prática da cidadania envolve muito mais do que o direito ao voto e à participação política. Ser cidadão hoje é ter direito à educação, à saúde, à moradia e a uma vida digna e atuar na sociedade pela concretização desses direitos.

Cidadania também envolve um conjunto de deveres na relação com a coletividade, demonstrando uma atitude de respeito aos interesses públicos. Ser cidadão significa, portanto, respeitar as regras de convivência social e a natureza: obedecer às leis de trânsito, respeitar os idosos, combater a indiferença diante dos problemas sociais, promover a inclusão de pessoas com deficiência, preservar o ambiente, entre outras ações.


Fotografia. Placas informativas na frente de vagas exclusivas para deficientes físicos e idosos. Na placa em primeiro plano, um rapaz cadeirante segurando uma cartaz com os dizeres: VOCÊ VAI MESMO PARAR AQUI?
Placas de campanha de conscientização sobre o uso de vagas de estacionamento exclusivas para idosos e deficientes físicos em Cuiabá, Mato Grosso. Foto de 2019. As vagas exclusivas são um direito conquistado por idosos e pessoas com deficiência. Respeitá-las é um ato de cidadania.

Refletindo sobre

No trânsito, somos todos cidadãos. Em sua opinião, motoristas e pedestres, em geral, respeitam as leis de trânsito no local em que você vive?


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao discutir o conceito de cidadania e de participação política na Grécia antiga, o texto contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois.

Refletindo sobre

Espera-se, com essa questão, verificar a maneira como os alunos percebem o trânsito no município em que vivem. Se julgar interessante, demonstre-lhes que as regras de trânsito servem para assegurar o bem comum.

Bê êne cê cê

O conteúdo dos boxes “Refletindo sobre” e “Saiba mais” possibilita o trabalho com o tema contemporâneo transversal Educação para o trânsito.

Ampliando: cidadania

“A rigor podemos definir cidadania como um complexo de direitos e deveres atribuídos aos indivíduos que integram uma nação, complexo que abrange direitos políticos, sociais e civis. Cidadania é um conceito histórico que varia no tempo e no espaço. reticências A noção de cidadania está atrelada à participação social e política em um Estado. Além disso, a cidadania é sobretudo uma ação política construída paulatinamente por homens e mulheres para a transformação de uma realidade específica, pela ampliação de direitos e deveres comuns. reticências

Historicamente, a cidadania é, muitas vezes, confundida com democracia, ou seja, com o direito de participação política, de votar e ser votado. No entanto, nem o voto é uma garantia de cidadania, nem a cidadania pode ser resumida ao exercício do voto. De outra fórma, para aqueles reticências que defendem o exercício pleno da democracia, os direitos políticos são a base para a conquista dos demais direitos que ajudam a definir a cidadania, que são os direitos sociais e civis. Muitos autores se voltam para a Grécia Clássica de Péricles, no século cinco antes de Cristo, em busca da origem histórica da noção de cidadania. Mas o tipo de cidadania dos gregos era muito diferente da cidadania atual. Na Grécia, só os homens, gregos e livres, eram cidadãos e podiam exercer a democracia direta. Hoje, no entanto, milhões de indivíduos exercem democracia indireta, escolhendo os representantes que decidirão por eles.”

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. segunda edição São Paulo: Contexto, 2009. página 47-48.

Transformações da pólis

Como visto no capítulo 6, a dissolução dos genos por volta do século oito antes de Cristo originou as cidades-Estado gregas. Nesse período, o direito à participação política era concedido apenas aos proprietários das terras mais férteis, os aristocratas. Eram eles que participavam do governo e ocupavam os cargos administrativos.

Nessa fase da história grega, predominaram os governos oligárquicos (do grego oligár-quiá, “governo de poucos”), pois o poder político era controlado por um grupo reduzido de pessoas. Porém, em algumas cidades-Estado gregas, como Atenas, a formação de exércitos hoplitas colaborou para mudar essa situação.

O exército hoplita era formado por pequenos proprietários de terras, que adquiriam com recursos próprios os equipamentos de guerra. Munidos de uma lança longa, uma espada curta e um escudo redondo e grande (o fóplion), os hoplitas organizavam-se em fileiras cerradas (as falanges). Nessas fileiras, todos os soldados se deslocavam ao mesmo tempo e lutavam com disciplina. Para esses exércitos, a coesão das falanges era mais valiosa do que o heroísmo individual.

Os gregos consideravam o agricultor um importante soldado, pois tinha vínculo com a terra, que defendia com suas armas. Além disso, entendiam que o trabalho no campo dava vigor e saúde, melhorando a disposição física para a guerra.

A formação das falanges hoplitas causou uma mudança importante na vida política das cidades-Estado gregas porque os soldados passaram a exigir o direito de participação nas decisões que diziam respeito à vida pública. Assim, a ampliação das camadas que compunham o exército fez com que a cidadania se estendesse também aos pequenos proprietários, que passaram a exigir mais direitos e acesso aos cargos públicos.

Fotografia. Parte externa de um vaso com pintura representando soldados com escudos e flechas se enfrentando. A superfície tem algumas rachaduras.
Pintura em vaso representando falange hoplita grega, cêrca de 650 antes de Cristo Museu Nacional Etrusco de Vila Giulia, Roma, Itália.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que os antigos gregos entendiam por política?
  2. A quem cabia decidir o que era melhor para todos os cidadãos nas primeiras pólis gregas?
  3. De que fórma a vida política das cidades-Estado gregas foi alterada pela formação das falanges hoplitas?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. Para os gregos antigos, a política era a arte de gerir bem a cidade, entendida como uma comunidade de cidadãos.
  2. A responsabilidade de decidir o que era melhor para os cidadãos, ou seja, de governar a cidade, no início, cabia aos aristocratas.
  3. A formação das falanges alterou a vida política das cidades-Estado gregas à medida que seus integrantes, majoritariamente pequenos proprietários rurais, passaram a reivindicar mais direitos e participação na administração pública.

A pólis de Atenas

Fundada pelos jônios na planície da Ática, próxima ao Mar Egeu, Atenas era uma das principais pólis do mundo grego. Inicialmente governada por uma elite de grandes proprietários de terra, a pólis ateniense desenvolveu uma fórma de governo que estendeu a cidadania a todos os homens livres, proprietários ou não, permitindo-lhes a participação nas decisões a respeito dos interesses da cidade. O processo político que levou a essa transformação se iniciou no século seis antes de Cristo, quando Sólon, legislador e membro da aristocracia ateniense, reformou as leis da cidade para diminuir a tensão social causada pela pressão dos pequenos proprietários, que exigiam mais direitos políticos.

Entre outras resoluções, Sólon aboliu a escravidão por dívidas e criou a Eclésia, a assembleia popular. Todos os cidadãos atenienses podiam participar da Eclésia, onde debatiam os problemas da cidade. A Bulé, formada por um conselho de quatrocentos cidadãos, era encarregada de preparar as leis que seriam discutidas e votadas na Eclésia.

A tirania

Embora as reformas de Sólon fossem importantes, não atendiam plenamente às expectativas de parte dos cidadãos, especialmente dos pequenos proprietários. Por essa razão, houve agitação social até 560 antes de Cristo, quando o aristocrata Pisístrato aproveitou a insatisfação popular a seu favor, tomando o governo de Atenas por meio da fôrça.

Em seu governo, Pisístrato manteve as instituições atenienses funcionando, mas exerceu contrôle rigoroso sobre elas. Como a permanência dele no poder dependia do apoio popular, tomou medidas favoráveis aos pequenos proprietários, contrariando os interesses da aristocracia: realizou uma reforma agrária, concedeu empréstimos aos pequenos proprietários para estimular a agricultura e incentivou o comércio, fortalecendo a classe dos mercadores.

O tipo de governo inaugurado por Pisístrato ficou conhecido como tirania, palavra que vem do grego túranos e significa “senhor”, “soberano”. Após a morte de Pisístrato, em 527 antes de Cristo, seus filhos Hiparco e Hípias o sucederam, mas não conseguiram manter o contrôle sobre Atenas. Hiparco foi assassinado, e Hípias foi derrubado por uma conspiração liderada por um grupo de aristocratas.

Fotografia. Vaso preto de cerâmica brilhante. Nele o desenho, em marrom, de três homens. O Homem do meio usa uma longa túnica. O vaso tem uma tampa.
Pintura em vaso representando a morte de Hiparco, século cinco antes de Cristo Museu Martin von Wagner, Wurtzburgo, Alemanha.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que era a Eclésia? Por quem ela foi criada?
  2. Qual era a função da Bulé? Por quem ela era formada?
  3. Como as instituições atenienses funcionavam na tirania de Pisístrato?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao descrever as transformações políticas e sociais decorrentes do desenvolvimento da pólis, o texto contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Recapitulando

  1. A Eclésia era uma assembleia popular, em que todos os cidadãos podiam participar, debatendo os problemas da cidade. Ela foi criada por Sólon.
  2. A Bulé preparava as leis que seriam discutidas e votadas na Eclésia. Ela era formada por um conselho de quatrocentos cidadãos.
  3. As instituições atenienses foram rigidamente controladas por Pisístrato durante a tirania.

Ampliando: Pisístrato e Sólon

“Sólon, no fim de sua vida, vendo Pisístrato utilizar os demagogos junto do povo para ser bem visto, visando à tirania, tentou de início fazê-lo raciocinar para desviá-lo de seu projeto. Como o outro não o escutasse, foi para a ágora com todas as suas armas apesar de sua idade muito avançada. O povo reuniu-se, logo, em torno dele, diante deste espetáculo inexplicável. Sólon convidou então os cidadãos a tomar as armas e se lançar sobre o campo do tirano. Ninguém o escutou; todo mundo condenou sua loucura; alguns declaram que sua velhice o estava afetando. Pisístrato que já estava rodeado por alguns lanceiros abordou Sólon e lhe perguntou: ‘O que te deu a audácia de querer derrubar a tirania?’. ‘Minha velhice’, respondeu Sólon. O outro não pôde senão admirar seu bom senso e, de fato, não lhe fez nenhum mal...

Sólon o legislador foi à assembleia para pressionar os atenienses a derrubar a tirania antes que seu poder se tornasse absoluto. Mas ninguém lhe prestou a menor atenção. Ele inverteu então sua tática de combate por completo e foi à ágora, apesar de sua avançada idade. Tomando os deuses por testemunha, ele afirmou que não havia medido nem suas palavras, nem seus atos para socorrer a pátria em perigo. Mas as massas não tomavam conhecimento da manobra de Pisístrato. Resultou que Sólon, tendo dito a verdade, foi deixado de lado. Segundo a tradição oral, Sólon mesmo previu o estabelecimento da tirania por seus versos elegíacos: ‘A nuvem traz rajada de neve e granizo; o trovão vem do céu brilhante; os homens importantes destroem a cidade, o povo cai na escravidão de um só senhor por ignorância’.”

DEODORO. In: Pínsqui, Jaime. 100 textos de história antiga. nona edição São Paulo: Contexto, 2009. página 77-78.

A fundação da democracia

Depois da queda dos tiranos, Clístenes, um dos líderes da reação contra a tirania, assumiu o governo de Atenas e realizou as reformas que instituiriam a democracia. Ele eliminou a divisão política da sociedade ateniense com base na riqueza e estabeleceu a igualdade de todos os cidadãos perante a lei. Também aumentou o número de integrantes da Bulé de quatrocentos para quinhentos e criou uma lei de acordo com a qual um cidadão que ameaçasse a democracia podia ser punido com o ostracismo, que era o exílio por dez anos.

Na democracia ateniense, eram considerados cidadãos apenas os homens livres maiores de 18 anos, filhos de mãe e pai atenienses. Somente eles podiam participar da vida política e adquirir propriedades.

Para os cidadãos atenienses, a política era a atividade fundamental, que conferia ao indivíduo o respeito da comunidade. Além da política, os cidadãos deviam se dedicar à filosofia e aos esportes para o aprimoramento intelectual e físico.

Além dos cidadãos, a sociedade ateniense era composta de metecos e escravizados. Os metecos eram estrangeiros, que, em geral, dedicavam-se ao comércio e ao artesanato. Eles podiam participar das cerimônias e festividades, mas não tinham direitos políticos e não podiam possuir terras. Os escravizados não tinham direitos, mas podiam ser recompensados por seus serviços, acumulando algum dinheiro para comprar a liberdade.

Em Atenas, além dos metecos e escravizados, as mulheres e crianças também não tinham direito à cidadania. Desse modo, a maioria da população ateniense não era considerada cidadã.

Fotografia. Grande estrutura de pedra em ruínas. A escadaria na frente tem apenas alguns degraus.
Ruínas da puí, em Atenas, Grécia. Foto de 2019. Com a ampliação da cidadania em Atenas, o local em que ocorria a assembleia mudou da ágora para a puí. Os cidadãos reuniam-se em torno da tribuna de pedra, de onde falavam os oradores.

A população de Atenas no século cinco antes de Cristo

Gráfico em formato circular. A população de Atenas no século cinco antes de Cristo.
Em amarelo: Cidadãos, 40 mil.
Em verde: Mulheres e crianças, 120 mil.
Em vermelho: Escravizados, 60 mil.
Em azul: Estrangeiros, 135 mil.

Fonte: finlei mouses. Os gregos antigos. segunda edição Lisboa: Edições 70, 1988. página 27.


Responda em seu caderno.

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  1. Segundo o gráfico, quantas pessoas estavam excluídas da vida política ateniense no século cinco antes de Cristo?
  2. O que esse número revela a respeito do acesso à cidadania em Atenas?

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Que transformações Clístenes promoveu ao estabelecer a democracia em Atenas?
  2. Quem não tinha direito à cidadania em Atenas?

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.


Respostas e comentários

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  1. cêrca de 315 mil pessoas (135 mil estrangeiros mais 120 mil mulheres e crianças mais 60 mil escravizados) estavam excluídas da vida política ateniense.
  2. Apenas 40 mil eram cidadãos, ou seja, homens, maiores de 18 anos, filhos de mãe e pai atenienses. Esse número revela que a cidadania ateniense era profundamente excludente.

Considerando a dificuldade de alguns alunos para entender gráficos e proporções, é recomendável conduzir o trabalho de observação, entendimento e significação do gráfico. Explique aos alunos que cada um dos setores apresenta o total de habitantes por segmento da população da cidade de Atenas no século cinco antes de Cristo A seguir, por meio de perguntas, incentive-os a fazer a leitura da legenda e sua correspondência com a imagem. É importante que percebam a desproporção entre não cidadãos e cidadãos e o grande número de estrangeiros em Atenas. Ajude-os ainda a identificar, com base nas informações estudadas no texto didático, quem eram os cidadãos. Esse exercício de transferência do conhecimento de um contexto para outro é fundamental para a consumação do processo inferencial, que permite uma compreensão mais verticalizada da leitura – seja de textos escritos, seja de gráficos ou imagens.

Recapitulando

  1. Clístenes se opôs à tirania em Atenas e implementou reformas que limitaram o poder da aristocracia. Ele modificou os critérios para organizar a sociedade ateniense, estabeleceu a igualdade perante a lei, aumentou o número de membros da Bulé e instituiu o ostracismo.
  2. Não tinham direito à cidadania: mulheres, escravizados, metecos (estrangeiros) e homens menores de 18 anos (ainda que filhos de mãe e pai atenienses).
A escravidão em Atenas

A escravidão existiu em todo o antigo mundo grego. Em algumas cidades-Estado, esse tipo de mão de obra era mais usado do que em outras. Atenas foi uma das cidades gregas que concentrou maior número de escravizados.

Como a escravidão por dívidas foi abolida em Atenas, as pessoas que se endividavam não podiam ser escravizadas pelos credores. Assim, os cativos geralmente eram prisioneiros de guerra, filhos de escravizados ou comprados de comerciantes estrangeiros.

Os escravizados realizavam todo tipo de tarefa, das mais simples às mais especializadas. Os proprietários mais ricos empregavam homens muito pobres ou escravizados na agricultura. O trabalho escravo também podia ser empregado nas oficinas de artesanato, no serviço doméstico, no comércio, nas escolas, nas pedreiras e nas minas. Graças ao trabalho escravo, os cidadãos tinham tempo ocioso, podendo se exercitar nos ginásios, educar-se, passar tempo com os amigos e participar de debates públicos.

História em construção

Vestígios da escravidão

Para estudar a escravidão na Grécia antiga, os historiadores utilizam textos escritos e material arqueológico, o que inclui as fontes nas quais há representação de escravizados em imagens. Nessas fontes, porém, é difícil distinguir a representação de pessoas livres e escravizadas.

Em razão dessa dificuldade, até meados do século vinte, foram feitos poucos estudos sobre a escravidão na Grécia antiga usando imagens. A base para o estudo da escravidão eram as fontes escritas. Com o tempo, os pesquisadores perceberam que podiam utilizar as fontes escritas para definir critérios de identificação dos escravizados nas imagens. Por exemplo, os textos tratavam dos córtes de cabelo mais comuns entre escravizados e das roupas que utilizavam com mais frequência, além dos ofícios que realizavam.

Ao observar as imagens com esses critérios em mente, os pesquisadores descobriram que os escravizados eram representados em tamanho menor do que outras figuras e, frequentemente, deformados e feios. Também podiam aparecer em posições indignas para um homem livre ou isolados dos demais personagens.


Fotografia. Artefato de cerâmica de formato circular. Na superfície o desenho dourado de um homem nu, usando capacete. Ele está de lado, com o corpo inclinado para frente, manuseando uma picareta. Ao lado de suas pernas, um grande cesto.
Cerâmica grega do século cinco antes de Cristo representando um escravizado trabalhando em uma mina.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

9. Quem eram os escravizados em Atenas?


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao aprofundar o sentido da escravidão e da liberdade na maioria das pólis gregas, o conteúdo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero seis agá ih um seis e ê éfe zero seis agá ih um sete.

Recapitulando

9. Eram prisioneiros de guerra, filhos de escravizados ou cativos comprados de comerciantes estrangeiros.

Ampliando: escravidão e democracia em Atenas

“Entre os séculos oito e seis antes de Cristo a escravidão começou a tomar fórmas originais no mundo grego, num momento em que ele entrava no período de sua história que ficou conhecido como Clássico reticências. Não devemos ver isso como um processo evolutivo, com uma série de etapas distintas, mas como consequência do surgimento de condições que facilitaram o desenvolvimento da escravidão: a ‘fome de terra’ decorrente de seu monopólio pelos mais ricos, o avanço do comércio e a transformação do ‘povo’ reticências em comunidade cívica em algumas pólis.

Vejamos um exemplo famoso: Atenas, a grande rival de Esparta, onde a escravidão por dívida parece ter sido bastante disseminada, pelo menos até o legislador Sólon reticências. Ele pôs fim ao direito de mandar prender por motivo de dívida, do qual os eupátridas, grandes proprietários fundiários da aristocracia, se beneficiavam. reticências

Essas grandes reformas deram origem à democracia ateniense. Elas permitiram restringir as tensões internas, que aumentaram depois que a nobreza monopolizou as terras; levar em conta as reivindicações dos comerciantes e dos artesãos; unir os cidadãos e reforçar o poderio militar de Atenas. De fato, já que todos os cidadãos podiam participar da vida política, todos tinham de servir à pólis em tempos de guerra. A infantaria dos famosos hoplitas, composta por cidadãos menos abastados que os cavaleiros nobres, constituiu, ao lado dos marinheiros, a fôrça de Atenas.

Mais ou menos no momento em que ‘inventou’ a democracia, Atenas começou a receber cada vez mais escravos do exterior.

Prisioneiros de guerra, comprados de mercadores ou diretamente raptados, os escravos logo se tornaram presentes por toda parte, nas cidades e no campo. O paradoxo pode surpreender: a cidade tornou-se cada vez mais escravagista à medida que se democratizou.”

petrê grenuiiô oliviê. A história da escravidão. São Paulo: Boitempo, 2009. página 70-72.

A educação ateniense

Em Atenas, as famílias decidiam como educar os filhos. Por volta dos 7 anos, os meninos das famílias mais ricas tinham aulas de gramática e música, além de aprender a declamar poemas.

Aos 15 anos de idade, os rapazes iam para os ginásios, onde praticavam atividades físicas e tinham aulas de leitura, escrita, cálculo, poesia e música. Aprendiam os poemas de Homero e de Hesíodo e as fábulas de Esopo. Também estudavam política e filosofia, preparando-se para atuar na vida pública.

As meninas geralmente não eram alfabetizadas. Em casa, instruídas pela mãe ou por escravizadas, elas aprendiam a fiar, tecer e cozinhar, entre outros afazeres considerados importantes para a vida doméstica, pois eram obrigadas a casar muito jovens.

Homens e mulheres na pólis grega

Em Atenas, e na maioria das demais cidades da Grécia antiga, guerra, jogos atléticos e política eram atividades masculinas. Os homens ocupavam os campos de batalha, a ágora e os ginásios. Participavam de reuniões públicas e de assembleias para debater ou votar assuntos que afetavam a vida da cidade.

Já as mulheres eram mantidas em casa, segregadas do convívio social. Não participavam das festas nem dos cultos religiosos públicos, embora houvesse algumas cerimônias dedicadas ou abertas a elas. Depois de casadas, as mulheres não conquistavam autonomia. Elas apenas passavam da tutela do pai para a do marido.

Casa grega (século cinco antes de Cristo)

Ilustração. Casa grega, século cinco antes de Cristo. A porta é larga e coberta por um pequeno telhado. Dentro vários cômodos amplos. À direita, o Androceu, uma grande sala reservada aos homens. Alguns estão deitados em espreguiçadeiras. No centro da casa uma chama. À esquerda, o gineceu. Cômodos só com mulheres. Uma mulher está dentro de uma banheira e outras duas mulheres, em pé, próximas a ela. No canto inferior, outra mulher trabalhando em um tear.
Ilustração de Carlos Caminha representando uma casa grega do século cinco antes de Cristo Criação de 2018 com cores-fantasia. O gineceu era a parte da casa destinada às mulheres, com entrada permitida apenas aos homens com laços de parentesco; e o androceu era o espaço reservado aos homens, onde ofereciam banquetes e recebiam visitas.

Fonte: nevet, Lisa C. House and Society in the Ancient Greek World. Cambridge: Cambridge University Press. 1999, página 22-23.

Saiba mais

O casamento

Para os mais pobres, o casamento na Grécia antiga era uma fórma de unir forças para lutar pela sobrevivência; acontecia cedo e sem muita formalidade.

Entre os aristocratas, a decisão cabia aos homens, com um acordo entre o pai da noiva e o pretendente. Até se casar, por volta dos 13 anos de idade, a jovem aristocrata era mantida sob a autoridade paterna. Esperava-se que vivesse reclusa no espaço doméstico, saindo somente em ocasiões especiais. Depois do matrimônio, ela ia viver na casa da família do marido, a quem devia obediência. Se ela não engravidasse, o marido poderia pedir a separação.


Respostas e comentários

Ampliando: o ensino da leitura na Grécia antiga

“Os alunos iniciavam os estudos aos sete anos e graduavam-se aos 14. O ensino de leitura seguia um método analítico que rendia lento progresso. Em primeiro lugar, ensinava-se o alfabeto grego, do alfa ao ômega. Depois, de trás para a frente. Em seguida, partia-se simultaneamente de ambos os extremos: alfa-ômega, beta-psi, terminando em ême í êne í. Com base nisso, praticavam-se sílabas mais complexas. Depois, ensinavam-se palavras inteiras, de uma, duas e, por fim, de três sílabas. Posteriormente, acrescentava-se vocabulário, incluindo palavras raras (como termos técnicos e médicos) escolhidas por critérios de dificuldade de leitura e pronúncia. Passados alguns anos, os alunos já liam textos contínuos (primeiro memorizados), os quais constituíam antologias especiais de passagens famosas selecionadas também de acordo com o conteúdo moral: em geral Homero, Eurípides e alguns outros. A declamação tinha importância equivalente à leitura, pois ler sempre significou a leitura em voz alta. A retórica formal abrangia um estudo avançado que era desenvolvido sobre o alicerce da leitura. A pedagogia grega antiga era rígida, severa e repressora.”

fichêr stíven ródjer. História da leitura. São Paulo: Editora Unésp, 2005. página 52.

A condição feminina

Em quase toda a Grécia antiga, as mulheres ficavam restritas à vida privada. Alguns dos escritos mais duros sobre as mulheres foram deixados pelo filósofo grego Aristóteles, que viveu no século quatro antes de Cristo Ele acreditava que os seres humanos não eram iguais por natureza porque alguns já nasciam melhores do que outros. Com base nessa ideia, defendia a inferioridade feminina e a escravidão. Mas nem todos os filósofos gregos concordavam com Aristóteles. Seu mestre, Platão, por exemplo, defendia a ideia de que as mulheres eram tão dotadas de razão quanto os homens e, em uma cidade ideal, elas podiam desempenhar as mesmas funções que os homens, inclusive administrativas e militares.

Apesar da condição de inferioridade das mulheres na maioria das pólis, houve exceções. No século sete antes de Cristo, existiu uma escola feminina na Ilha de Lesbos, onde moças aristocratas aprendiam a cantar, dançar, tocar lira, comportar-se e cuidar da aparência física. A escola era dirigida pela poetisa Safo, uma das poucas mulheres gregas que conseguiu deixar seu nome registrado na história. Safo compunha poemas líricos, nos quais falava de maneira delicada e direta sobre seus sentimentos. A maioria desses poemas se perdeu e hoje só resta um deles completo – o “Hino a Afrodite” – e alguns trechos de outros.

Somente as mulheres que viviam na pólis de Esparta, que você estudará na página a seguir, tinham alguma liberdade, e isso era malvisto pelos gregos de outras cidades. As espartanas de sangue aristocrático usufruíam de uma situação diferente das outras mulheres: eram mais bem alimentadas, não faziam trabalhos domésticos – considerados tarefas de escravizados –, praticavam intensa atividade física para se tornarem fortes e podiam possuir e administrar propriedades.

Escultura. Mulher com o cabelo arrumado para trás. Está com o tronco para frente, pernas afastadas. Uma delas está flexionada. A cabeça está de lado.
Escultura de bronze do século seis antes de Cristo encontrada na moderna cidade de Esparta, na Grécia. Museu Britânico, Londres, Reino Unido. As mulheres espartanas praticavam exercícios físicos com o objetivo de gerar valentes guerreiros.
Fotografia. Detalhe de um vaso com a pintura na superfície amarelada. Mulheres de túnica preta seguram grandes jarros. Algumas estão com o jarro acima da cabeça.
Pintura em vaso representando mulheres na Grécia antiga, século seis antes de Cristo Museu Nacional Etrusco de Vila Giulia, Roma, Itália. Um dos poucos momentos em que as mulheres atenienses podiam sair de casa e ser vistas no espaço público era quando iam até as fontes para coletar água.

Refletindo sobre

O direito à educação e à ocupação dos espaços públicos vem sendo conquistado por meninas e mulheres de todo o mundo. No local em que você vive, as meninas e as mulheres ocupam ruas, praças ou escolas em condições de igualdade em relação aos homens? Que atitudes você toma para promover essa igualdade?


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar a condição das meninas e das mulheres gregas, o conteúdo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero seis agá ih um dois e ê éfe zero seis agá ih um nove.

Refletindo sobre

Espera-se que, ao realizar essa atividade, os alunos reflitam sobre o mundo em que vivem e sobre as possibilidades de intervenção em sua realidade para acolher as diferenças, promover o respeito a todas as pessoas, independentemente do gênero ou da orientação sexual, e contribuir para o desenvolvimento da cultura de paz.

Bê êne cê cê

Ao propor a reflexão sobre a condição da mulher na atualidade, o conteúdo desse boxe contribui para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 4.

Esparta: uma sociedade militarizada

A cidade de Esparta, situada na região da Lacônia, na Península do Peloponeso, foi fundada no século dez antes de Cristo pelos dórios. Seus descendentes, vários anos depois, conquistaram novas terras e dominaram a população nativa, exercendo sobre ela grande pressão militar para evitar qualquer rebelião.

Ao contrário de Atenas, em que o regime oligárquico caminhou para a democracia, Esparta manteve-se sempre sob o contrôle da aristocracia guerreira.

A sociedade espartana

Em Esparta foi criada uma estrutura social rigidamente hierárquica, em que somente descendentes dos dórios tinham direitos sociais e políticos. Havia três grupos sociais claramente definidos na cidade: espartanos, periecos e hilotas.

  • Espartanos. Também chamados de iômi (“iguais”), descendiam dos antigos dórios e eram os únicos considerados cidadãos. Dedicavam-se à atividade militar e à política. Passavam grande parte da vida nos acampamentos militares, onde eram preparados para ser hábeis guerreiros. Nenhum espartano se dedicava a qualquer atividade produtiva.
  • Periecos. Homens livres que viviam nos arredores de Esparta e se dedicavam à agricultura, ao artesanato e ao comércio. Não tinham direitos políticos, mas deviam pagar tributos e prestar serviços ao exército espartano.
  • Hilotas. Descendentes dos povos dominados pelos dórios, formavam a população mais numerosa de Esparta. Servos do Estado, não tinham qualquer direito civil, político ou social. Viviam em aldeias separadas dos espartanos e eram obrigados a trabalhar para eles, entregando-lhes boa parte da produção.

A extrema violência contra a população hilota marcou a sociedade espartana. No início de cada ano, os espartanos declaravam guerra aos hilotas. Isso ocorria durante a criptêá, espécie de ritual de passagem dos meninos espartanos para a vida adulta em que se revivia o momento da conquista do Peloponeso pelos dórios. Nesse evento, os jovens tinham de caçar e matar hilotas.

A sociedade espartana

Ilustração. A sociedade espartana. Três degraus cilíndricos. Em cada um deles um representante da sociedade. No degrau mais alto os Espartanos, representados por um soldado de roupa vermelha e armadura dourada. Usa um capacete dourado. Segura em uma das mãos uma espada, e com a outra carrega um escudo e uma lança.
Os periecos estão no segundo degrau. São representados por um homem de cabelos curtos, túnica azul. Está sentado com as mãos em um grande vaso com alças. Ao redor dele outros objetos. No último degrau os Hilotas, representados por um homem de túnica curta cinza, com os cabelos compridos. Carrega uma enorme cesta nos ombros.

Fontes: páuel énton; stíl fílip. The greeks news. Londres; Boston; Sidney: Walker Books, 2009. página 12-29; médonald, Fiona. Como seria sua vida na Grécia antiga? São Paulo: Scipione, 1996. página 23.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Aponte algumas diferenças entre homens e mulheres na Grécia antiga.
  2. Quais eram os grupos sociais em Esparta?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao caracterizar o regime político espartano e suas instituições, bem como a organização política, social e cultural da pólis de Esparta para a manutenção do regime de servidão dos hilotas, esse conteúdo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero seis agá ih um zero, ê éfe zero seis agá ih um dois, ê éfe zero seis agá ih um seis e ê éfe zero seis agá ih um sete.

Recapitulando

  1. Na Grécia antiga, as mulheres estavam restritas à vida privada, enquanto os homens se dedicavam à vida pública. Os homens eram considerados cidadãos e frequentavam os espaços públicos das pólis. Já as mulheres, em geral, não eram alfabetizadas, não tinham direito à cidadania e permaneciam dentro de casa, aprendendo as tarefas domésticas. As mulheres da aristocracia espartana, no entanto, possuíam mais liberdade que as demais mulheres do mundo grego.
  2. Em Esparta, havia três grupos sociais: o dos espartanos (iguais), o dos periecos e o dos hilotas.
O regime oligárquico de Esparta

O governo de Esparta era exercido por uma diarquia, ou seja, dois reis com poder hereditário e vitalícioglossário . Os reis encarregavam-se de comandar o exército e as cerimônias religiosas.

A Gerúsia, um conselho formado pelos dois reis e pelos anciãos das famílias espartanas mais poderosas, definia as propostas que seriam submetidas à votação na assembleia, chamada Ápela.

A Ápela, formada por todos os cidadãos, tinha a tarefa de votar os projetos apresentados pela Gerúsia. Porém, o poder de decisão da assembleia era limitado. Ela podia ser dissolvida pela Gerúsia, que também tinha autoridade para anular uma votação com resultado desfavorável.

A mais alta autoridade espartana era exercida pelos éforos, cinco membros eleitos para controlar a vida dos cidadãos e supervisionar a Gerúsia, os reis e a assembleia. Os éforos tinham poder de vetoglossário sobre as decisões da Ápela e da Gerúsia.

Educação para a guerra

Acredita-se que Licurgo, legislador lendário que teria vivido no século oito antes de Cristo, tenha lançado as bases do sistema de educação espartano. Chamado de agogê (palavra grega que significava “treinamento ou orientação”), esse sistema foi sendo aperfeiçoado pelo menos até o século cinco antes de Cristo

A educação era pública e obrigatória para os filhos dos espartanos, com o objetivo de formar futuros guerreiros leais à pólis. O agogê era condição para o indivíduo obter a cidadania. Por isso, os alunos eram supervisionados pelo Estado e pela comunidade.

Aos 7 anos de idade, os meninos espartanos deixavam o lar materno e iam viver nos acampamentos militares, onde permaneciam até por volta dos 30 anos. Lá, o treinamento consistia em exercícios rigorosos de preparação física e atletismo. A disciplina era rígida e incluía castigos físicos por parte dos instrutores e dos meninos mais velhos.

Ao sair do quartel, eles deviam casar e ter filhos, mas não teriam, com isso, uma rotina familiar. Por exemplo, os homens deviam comer juntos, e não com suas famílias. Um cidadão espartano podia ser convocado para a guerra até os 60 anos de idade.

Fotografia. Fundo de uma vasilha com pintura. Duas pessoas caçando um animal. Dele escorre sangue. Ao redor deles, peixes e aves mortas.
Pintura em vasilha representando uma caçada, século seis antes de Cristo, encontrada na região da cidade histórica de Esparta. Museu do Louvre, Paris, França.

Respostas e comentários

A pintura em cerâmica grega

Assim como a arquitetura e a escultura, a produção cerâmica é uma fonte importante para o conhecimento da arte e dos costumes gregos. A cerâmica está presente nas culturas humanas desde a Pré-história e, no caso grego, estava muito relacionada aos utensílios de uso cotidiano. Os vasos eram utilizados para o transporte de água, azeite e vinho, sendo aproveitados também em rituais religiosos. Cada tipo de vaso tinha nome e função característicos, como os cálices, para vinho, as hídrias, para armazenar água, e os lécitos, para aplicar no corpo óleos perfumados.

Por sua durabilidade, as peças de cerâmica gregas sobreviveram ao tempo e hoje constituem a principal fonte para o estudo da pintura helênica, pois, em razão da fragilidade de seus suportes, geralmente de madeira, os afrescos e painéis foram perdidos ao longo do tempo, exceção feita aos realizados em alguns murais e tumbas. A pintura grega era executada com técnicas variadas, tendo sido alguns pintores formados em escolas artísticas, como Polignoto, zúis e Apeles.

Ampliando: educação espartana

“Nada mais sisudo do que o modo de vida em Esparta. Nesta sociedade de ferro, desde a mais tenra infância, os garotos eram criados como futuros guerreiros, submetidos a condições muito duras, tanto para o seu corpo como para o seu espírito, de maneira a se tornarem pessoas extremamente resistentes e, por isso, se usa até hoje, o adjetivo ‘espartano’ para designar a sobriedade, o rigor e a severidade. Ficavam todo o tempo treinando para a guerra. reticências Os jovens deviam obedecer às ordens dos mais velhos sem qualquer resistência e só podiam falar quando alguém mais idoso o permitisse, a tal ponto que os gregos diziam que era mais fácil ouvir uma estátua falar do que um lacônio. Como falavam pouco, os espartanos o faziam com grande precisão e concisão, e esse tipo de fala passou a ser conhecida como ‘lacônica’.”

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. quinta edição São Paulo: Contexto, 2013. página 31.

Gregos e persas: dois mundos em confronto

Enquanto as pólis desenvolviam-se na Grécia, o Império Persa começava a se formar na região onde atualmente está o Irã. A partir do século seis antes de Cristo, durante o governo de Ciro, o Grande, os persas conquistaram a Ásia Menor e a Babilônia. Depois, com os sucessores de Ciro, o império estendeu-se pelo norte da África, pela Ásia Central e atingiu a Europa (observe o mapa).

A expansão do Império Persa (550-333 antes de Cristo)

Mapa. A expansão do Império Persa, 550 a 333 antes de Cristo. Destaque para a área entre Egito, Arábia, Ásia e Macedônia. 
Legenda:
Laranja: Núcleo original.
Roxo: Império de Ciro.
Amarelo: Conquistas de Cambises.
Verde: Conquistas de Dario Primeiro.
Linha vermelha: Estrada real.
No mapa, o núcleo original do Império Persa localiza-se nas proximidades do Golfo Pérsico, incluindo as cidades de Pasárgada e Persépolis. O Império de Ciro avança à noroeste, conquistando as regiões da Média, Mesopotâmia e Ásia Menor, incluindo as cidades de Ecbátana, Susa, Assur, Babilônia, Damasco, Tiro, Jerusalém, Mileto, Éfeso, Sardes e a Ilha de Chipre; e à nordeste, incluindo a região de Bactriana e a cidade de Samarcanda. As conquistas de Cambises concentram-se ao sul e à sudoeste do Império de Ciro, avançando para o norte da Arábia, e para o Egito, incluindo a cidade de Mênfis. As conquistas de Dario Primeiro concentram-se ao norte e ao leste do Império de Ciro, abrangendo o oeste da Índia, uma área à noroeste de Samarcanda e a Trácia, incluindo a cidade de Bizâncio. A Estrada real começa em  Susa, perto do Golfo Pérsico, atravessa a Mesopotâmia e a Ásia Menor até a cidade de Sardes, próxima ao Mar Mediterrâneo.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 340 quilômetros.

Fonte: Ríguelmãn, Vérner; Quínder, Rérmãn. Atlas historique: de l'apparition de l'homme sur la terre à l'ère atomique. Paris: Perrin, 1992. página 40.

Nesse império, o poder era centralizado pelo monarca, que contava com uma poderosa estrutura administrativa e uma imensa rede de estradas para facilitar a comunicação entre as províncias. Aos povos dominados não era concedido qualquer direito de participação política. Apesar disso, desde que pagassem os tributos, servissem o exército imperial e aceitassem a autoridade persa, eles podiam manter seus costumes e sua religião.

Os gregos desprezavam o sistema político adotado pelos persas. Para eles, a concentração de poderes nas mãos de um rei e a falta de liberdade para participar dos debates e decisões políticas eram inaceitáveis. Por isso, quando o rei persa Dario primeiro conduziu seus exércitos até a Ásia Menor e conquistou as cidades jônicas da Anatólia no século cinco antes de Cristo, Atenas e Erétria reagiram, dando apoio à rebelião das cidades dominadas.

Além de reprimir a rebelião, Dario decidiu avançar mais em direção ao oeste, conquistando outras pólis gregas. Tiveram início, assim, vários conflitos que ficaram conhecidos como Guerras Médicas. A palavra médicas deriva de medo, nome de um dos povos que habitavam a região em que se formou o Império Persa.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Que regime político vigorava em Esparta?
  2. Indique uma diferença entre o sistema político persa e o grego.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao demonstrar os conflitos que envolveram o Império Persa e as cidades gregas, bem como a emergência do poderio ateniense, que desequilibrou as relações políticas na Grécia, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um três.

Recapitulando

  1. Em Esparta, vigorava o regime oligárquico, que só concedia cidadania aos espartanos, descendentes dos dórios.
  2. No Império Persa, o poder era centralizado por um monarca, cujos súditos não tinham direito à participação política, ao passo que, na Grécia, o governo era descentralizado e a administração das pólis era feita com a participação ativa dos cidadãos.
As Guerras Médicas e a Liga de Delos

Após sufocar a rebelião das cidades jônicas, o rei persa Dario ih decidiu enfrentar os atenienses. Segundo o relato do historiador grego Heródoto, o exército ateniense venceu os persas na Batalha de Maratona, em 490 antes de Cristo

Dez anos depois, os persas, sob o reinado de Xerxes ih, retomaram a ofensiva e invadiram o território grego. Em apoio a Atenas, os espartanos enfrentaram o exército invasor na Batalha das Termópilas. Enquanto os espartanos resistiam sob a liderança do rei Leônidas, Atenas foi evacuada. Depois de vários dias, os persas venceram a batalha e marcharam rumo a Atenas, destruindo-a. Contudo, ao retornar a suas embarcações, os guerreiros persas foram surpreendidos pela esquadra ateniense. Apesar de numericamente inferiores, os atenienses possuíam embarcações menores e mais ágeis, fator determinante para a vitória grega na Batalha de Salamina.

No decorrer da guerra, os atenienses formaram a Confederação ou Liga de Delos, uma aliança defensiva que reunia as ilhas do Mar Egeu e as pólis da Ásia Menor com o objetivo de expulsar os persas dos territórios gregos e prevenir novos ataques. Sob a liderança ateniense, as pólis aliadas entregavam navios, homens ou dinheiro para a Liga, a fim de financiar os custos com a defesa. Parte dos bens acumulados era guardada na Ilha de Delos. A união grega surtiu efeito e os persas foram derrotados. Em 448 antes de Cristo, os persas assinaram o Tratado de Susa, em que se comprometeram a não atacar novamente a Grécia.

Fotografia. Destaque para a estátua de um homem forte, em pé com uma das pernas para frente. Ele tem o rosto largo. Com um dos braços apoia o escudo. Com a outra mão ergue a uma lança. Usa um capacete com adereço. Ao fundo, folhagens verdes e o céu azul.
Estátua do rei Leônidas no Memorial aos 300 Espartanos, em Termópilas, na Grécia. Foto de 2021.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

14. Qual foi a causa das Guerras Médicas?


Respostas e comentários

Recapitulando

14. As Guerras Médicas foram causadas pela resistência das pólis gregas ao expansionismo persa e à tentativa de conquistar a Grécia.

Ampliando: batalha das Termópilas

“Os espartanos enviaram na frente Leônidas, com seus trezentos homens, a fim de encorajar com essa conduta o resto dos aliados e com receio de que eles abraçassem a causa dos persas, vendo a lentidão dos primeiros em socorrer a Grécia. reticências Os outros aliados reticências, como não esperavam combater tão cedo nas Termópilas, tinham-se limitado a enviar um pequeno número de tropas de vanguarda. reticências

Xerxes reticências, depois de haver esperado algum tempo, pôs-se em marcha reticências. Descendo a montanha, os bárbaros e o soberano aproximaram-se do ponto visado. Leônidas e os gregos, marchando como para uma morte certa, avançaram muito mais do que haviam feito antes, até o ponto mais largo do desfiladeiro, já sem a proteção da muralha. reticências Neste dia a luta travou-se num trecho mais amplo, ali perecendo grande número de bárbaros. Os oficiais destes últimos, colocando-se atrás das fileiras com o chicote na mão, impeliam-nos para a frente à fôrça de chicotadas. Muitos caíram no mar, onde encontraram a morte, enquanto inúmeros outros pereceram sob os pés de seus próprios companheiros. Os gregos lançavam-se contra o inimigo com inteiro desprezo pela vida, mas vendendo-a a alto preço. A maioria deles já tinha as suas lanças partidas, servindo-se apenas das espadas contra os persas. reticências

Leônidas foi morto nesse encontro, depois de haver praticado os mais prodigiosos feitos. Com ele pereceram outros espartanos de grande valor reticências. Os persas perderam também muitos homens de primeira categoria reticências.”

HERÓDOTO. História. Rio de Janeiro: W. M. Djéksôn, 1950. volume 2, página 597, 604.

Atenas sob o governo de Péricles

Por volta do ano 450 antes de Cristo, durante o governo do aristocrata Péricles, o tesouro da Liga de Delos foi transferido para a cidade de Atenas. O dinheiro foi investido na construção de uma grande frota comercial e no embelezamento e na fortificação da cidade, que havia sido destruída pelos persas. O esplendor de Atenas nesse período marcou o chamado século de Péricles.

Péricles incentivou as artes, iniciou a reconstrução da Acrópole e ergueu o Partenon em homenagem a Atena, a deusa da cidade. No campo econômico, graças ao contrôle exercido sobre a Liga de Delos, Atenas dominou as rotas comerciais do Mar Negro e passou a exportar seus produtos para todo o Mediterrâneo.

Na área social, o governo de Péricles instituiu a mistoforia, uma remuneração para os cidadãos que participavam das assembleias ou assumiam cargos públicos. Criou também um subsídio estatal para que os cidadãos sem recursos pudessem comparecer às festividades públicas.

Fotografia. Pessoas à frente das ruínas de uma grande construção retangular, com estrutura composta por diversos pilares cilíndricos.
Turistas visitam as ruínas do Partenon, em Atenas, na Grécia. Foto de 2021. Desde 1987, o Partenon e os demais monumentos da Acrópole de Atenas são considerados Patrimônio Mundial pela Unesco.

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A mistoforia

Apesar do valor relativamente baixo, a mistoforia era suficiente para possibilitar aos cidadãos pobres a participação mais ativa na vida política da cidade. Para os defensores da medida, ela assegurava a ampliação da democracia.

Os contrários à mistoforia, porém, afirmavam que os gastos do Estado com ela eram excessivos. Eles acreditavam que a participação nos assuntos públicos não podia ser motivada por interesses privados (no caso, a busca de remuneração) e alertavam para o risco de a mistoforia acabar corrompendo a democracia.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

15. Qual é a relação entre o crescimento do poderio ateniense no século cinco antes de Cristo e as Guerras Médicas?


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao relacionar o aprofundamento da democracia ateniense ao domínio de Atenas sobre as demais pólis gregas, o conteúdo desta e da próxima página contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero seis agá ih um dois e ê éfe zero seis agá ih um três.

Recapitulando

15. Atenas liderou a Liga de Delos e, uma vez concluída a guerra contra os persas, passou a utilizar os recursos da confederação para seu crescimento. Além disso, lançou mão de seu poderio militar para coagir as cidades aliadas a não abandonar a liga.

A Guerra do Peloponeso

Ao terminarem as Guerras Médicas, a aliança que unia as cidades gregas começou a se romper. Esparta recusou-se a permanecer na Liga de Delos, liderada por Atenas, e formou, com outras cidades, a Liga do Peloponeso. As aliadas de Atenas também questionavam o uso do tesouro da Liga de Delos em benefício da pólis ateniense.

Por causa disso, teve início em 431 antes de Cristo um conflito entre Atenas e Esparta que se prolongou até 404 antes de Cristo A Guerra do Peloponeso passou por várias fases e terminou com a derrota de Atenas e a imposição da supremacia espartana sobre as demais pólis gregas.

Menos de um ano depois, Atenas e outras cidades gregas rebelaram-se contra Esparta, dando continuidade às lutas internas que enfraqueceram todas as cidades-Estado gregas. Debilitada, a Grécia não pôde evitar o domínio de uma nova potência que surgia ao norte: a Macedônia.

Fotografia. Destaque para a pintura de uma superfície amarela de um vaso. Dois guerreiros se enfrentando. Eles têm lanças e escudos. O guerreiro da direita está ajoelhado e o guerreiro da esquerda está com o corpo inclinado para frente, na direção de seu oponente.
Detalhe de pintura em vaso representando dois guerreiros em combate, século cinco antes de Cristo Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, Itália. Ao longo do século cinco antes de Cristo, as cidades-Estado gregas guerrearam entre si, contribuindo para que se enfraquecessem nesse período.

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A peste que derrotou Atenas

No decorrer da Guerra do Peloponeso, os atenienses precisaram enfrentar um inimigo com o qual não contavam e contra o qual não tinham armas: uma terrível epidemia, que provocou a morte de parte considerável da população, inclusive do próprio Péricles. Desconhecida dos médicos da época, a doença causava intensa dor de cabeça, vermelhidão nos olhos e irritação nas vias respiratórias, seguidas de problemas gastrointestinais. A peste de Atenas, como ficou conhecida, causou muitas perdas ao exército da cidade e abalou o ânimo dos combatentes, contribuindo para a derrota na guerra contra Esparta.

Por muitos anos debateu-se sobre a doença misteriosa. Em 2006, um estudo feito com a polpa dentária de esqueletos encontrados em um antigo cemitério ateniense solucionou o mistério. Os moradores de Atenas foram vitimados por uma bactéria, a salmonéla táipi, que causa a febre tifoide e é transmitida pela água ou por alimentos contaminados, principalmente o ovo.


Escultura. Estátua de uma mulher em pé, vestindo uma longa túnica. Ela está com a cabeça inclinada para a direita, olhando para baixo. Segura nas mãos uma serpente. Próximo a seus pés uma figura humana em tamanho reduzido.
Estátua de mármore de Higeia, deusa grega da saúde, século três antes de Cristo Museu Arqueológico, Cós, Grécia.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Quais foram as principais forças combatentes na Guerra do Peloponeso?
  2. Que consequências a Guerra do Peloponeso causou para a Grécia?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao demonstrar o desequilíbrio causado pelos conflitos entre diferentes povos gregos e entre gregos e macedônicos, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um três.

Recapitulando

  1. Foram a Liga de Delos, liderada por Atenas, e a Liga do Peloponeso, liderada por Esparta.
  2. A Guerra do Peloponeso causou muito desgaste e perda de recursos para os gregos, enfraquecendo-os e tornando-os vulneráveis às investidas da Macedônia.

Ampliando: das cidades-Estados ao Império Macedônico

“A luta entre Atenas e Esparta foi o resultado da disputa pelo contrôle das cidades gregas e, mesmo após a derrota de Atenas, as guerras entre as cidades gregas continuaram a ocorrer, resultando no enfraquecimento das cidades e na ruína para camponeses e artesãos. reticências

Nesse contexto, as cidades gregas mantiveram suas disputas até que Felipe da Macedônia começou a conquistá-las e seu filho Alexandre, o Grande, dominou não apenas toda a Grécia como venceu os persas e chegou até a Índia, estabelecendo um império imenso. reticências Com a morte de Alexandre, seu império desintegrou-se, com monarquias na Macedônia, Egito e Síria. Os Estados helenísticos fizeram com que as cidades perdessem sua independência, não tivessem mais exército ou política externa autônoma. As cidades-Estados gregas, entretanto, continuaram a existir e cada uma delas manteve sua própria constituição e leis.”

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. quinta edição São Paulo: Contexto, 2013. página 74-75.

A expansão macedônica

No século quatro antes de Cristo, a Macedônia, situada ao norte da Grécia, era governada pelo monarca Filipe segundo. Os macedônicos falavam uma língua similar à dos gregos e tinham como base econômica a agricultura.

Após a reorganização e a modernização do exército macedônico, o rei iniciou um processo de expansão territorial e conquista de áreas ricas em jazidas de ouro e prata.

As cidades gregas, desunidas e debilitadas pelo longo período de guerras, não conseguiram resistir à ofensiva dos exércitos macedônicos. As pólis reconheceram a autoridade da Macedônia e incorporaram-se à Liga de Corinto, comprometendo-se a fornecer soldados, navios e armas e a prestar obediência ao rei macedônico.

Com a morte de Filipe segundo, em 336 antes de Cristo, seu filho, Alexandre, o Grande, ou Alexandre Magno, assumiu o poder e deu continuidade à política expansionista do pai. Em onze anos, seus exércitos conquistaram a Pérsia, o Egito, a Síria, a Mesopotâmia e chegaram ao Rio Indo, na Índia. A Macedônia tornou-se o centro do maior império formado até então, estendendo-se da Grécia até a Índia.

Mosaico. Destaque para um homem de cabeça pequena, cabelos curtos, olhos grandes e arregalados. Ele está com a cabeça virada para a direita, olhando atentamente. Veste uma armadura com a espada encaixada nela.
Detalhe de mosaico romano representando Alexandre, o Grande, século um antes de Cristo Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, Itália. Alexandre foi um importante chefe militar que conquistou vastos territórios em um curto período.

O Império Macedônico no século quatro antes de Cristo

Mapa. O Império Macedônico no século quatro antes de Cristo. Destaque para parte dos territórios da Europa, África e Ásia.
Legenda: 
Em amarelo: Territórios dominados.
Em rosa: Territórios aliados.
Em verde: Estados independentes.
Linha vermelha: itinerário de Alexandre.
No mapa, os territórios dominados abrangem uma grande área desde o Egito, incluindo as cidades de Tebas, Mênfis e Alexandria e o Templo de Amon; a Macedônia; a Trácia, incluindo a cidade de Bizâncio; a Ásia Menor, incluindo as cidades de Górdio, Halicarnasso e Antioquia; a Síria, incluindo a cidade de Tiro; a Palestina, incluindo Jerusalém; a Armênia; a Mesopotâmia, incluindo as cidades de Arbela e Babilônia; a Assíria; a Média, incluindo a cidade de Ecbátana; a Susiana, incluindo a cidade de Susa; a Pérsia, incluindo as cidades de Pasárgada e Persépolis; a Carmânia; a Pátria; a Aracósia; o Afeganistão; Bactriana e Gandara, além das cidades de Alexandria e Porto de Alexandria, no sul; Alexandria, entre a Aracósia e o Afeganistão; Niceia, ao sul da região de Gandara; e Samarcanda e Alexandria, ao norte da região de Bactriana. Os territórios aliados: eram Cirenaica, no norte da África; Chipre, Creta, Grécia, incluindo as cidades de Delfos, Tebas, Atenas e Corinto, e a Jônia, incluindo a cidade de Pérgamo. Os Estados independentes: eram parte da Macedônia; Esparta, na Grécia; Pisídia, Sardas e Nicomédia, na Ásia Menor. O itinerário de Alexandre parte de Macedônia, passa por Pérgamo, Halicarnasso, Estado da Pisídia, Antioquia, Tiro, Alexandria (no norte da África), Templo de Amon e Mênfis, no Egito, Tiro, Arbela, Babilônia, Susa, Pasárgada, Ecbátana, Alexandria (entre a Aracósia e o Afeganistão), Samarcanda e Alexandria (ao norte de Bactriana), Niceia, Porto de Alexandria, Persépolis e Babilônia. 
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 330 quilômetros.

Fonte: Quínder, Rírman; Rilgamán, Véarná; Rért, Mânfred. Atlas histórico mundial: de los orígenes a nuestros días. vigésima segunda edição Madri: Akal, 2007. página 64.


Respostas e comentários

Ampliando: Alexandre explica a seu exército as razões da tomada de Tiro

“Amigos e aliados, vejo que a marcha em direção ao Egito não está assegurada enquanto os persas dominarem o mar; não é prudente de muitos pontos de vista, sobretudo no que concerne aos gregos, perseguir Dario, deixando atrás esta duvidosa cidade de Tiro, enquanto que o Egito e Chipre continuam em mãos dos persas. Se algum dia os persas dominarem novamente as regiões próximas ao mar – enquanto nossas forças avançam em direção à Babilônia e a Dario – com uma armada reforçada eles fariam a guerra na Grécia, onde existe a hostilidade dos lacedemônios e a neutralidade atual dos gregos, devida mais ao temor do que à simpatia. No entanto, se Tiro fosse tomada, dominaríamos a Fenícia, e logicamente a frota fenícia (isto é, a melhor parte da frota persa) estaria do nosso lado, pois nem os marinheiros, nem as tropas enviadas da Fenícia, correriam o risco de uma batalha em benefício de outrem, se dominássemos suas cidades. Após isso, Chipre se juntaria a nós sem dificuldade, ou seria derrotada facilmente por uma expedição.

Uma vez reunidas as frotas fenícia e egípcia e ainda Chipre, dominaríamos seguramente o mar, tornando a expedição ao Egito um golpe fácil.”

ARRIANO. In: Pínsqui, Jaime. 100 textos de história antiga. nona edição São Paulo: Contexto, 2009. página 31-32.

O helenismo

Alexandre utilizou algumas estratégias para assegurar a estabilidade dos territórios conquistados: procurou recompensar aqueles que se rendiam rapidamente, incentivou o casamento entre seus oficiais e jovens da nobreza oriental e tolerou as práticas religiosas locais. Em algumas regiões conquistadas, sobretudo as que estavam submetidas até então ao Império Persa, Alexandre foi considerado um libertador e um governante respeitoso em relação às divindades locais.

Com o objetivo de difundir a cultura e o modo de vida dos gregos, Alexandre investiu na construção de cidades e centros culturais. O resultado dessa política foi o desenvolvimento de uma nova cultura, o helenismo, que mesclava elementos culturais gregos e orientais.

O Império Macedônico não sobreviveu à morte de Alexandre, em 323 antes de Cristo A disputa pelo poder entre seus generais fragmentou e enfraqueceu o império, que foi dominado por Roma alguns séculos depois.

Saiba mais

Uma joia da Antiguidade

A cidade de Alexandria, no atual Egito, foi fundada por Alexandre em 331 antes de Cristo Por séculos, ela abrigou um dos mais importantes centros de estudo da Antiguidade, a Biblioteca de Alexandria, construída em 283 antes de Cristo Com um acervo de aproximadamente 500 mil volumes, a biblioteca era acessível a estudiosos das mais diversas especialidades, que liam, trabalhavam e, provavelmente, ensinavam em seu interior.

Inspirada no conceito de uma biblioteca universal, a Biblioteca de Alexandria foi construída com o objetivo de concentrar todo o conhecimento possível. Para atrair pesquisadores, o governo lhes oferecia transporte e hospedagem, salário por toda a vida, além de isenção fiscal e disponibilização de criados. Contudo, os pesquisadores deviam permanecer nas dependências do palácio e não tinham liberdade para estudar, escrever e lecionar o que quisessem.

Acredita-se que a maior parte do acervo tenha se perdido com a conquista romana, no século um antes de Cristo Após ser parcialmente destruída, a biblioteca desapareceu no século sete, atingida por um grande incêndio.


Fotografia. Fachada de um prédio. Grande muro suspenso por pilares. Ele é composto por blocos retangulares com símbolos e outras inscrições.
Edifício da moderna Biblioteca de Alexandria, no Egito, inaugurada em 2002 com o propósito de se tornar um referencial de conhecimento, como a biblioteca da Antiguidade. Foto de 2019.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

18. Que estratégia Alexandre, o Grande, adotou para estimular a integração de seu império e reduzir os riscos de rebeliões nas províncias?


Respostas e comentários

Recapitulando

18. Alexandre estimulou a miscigenação dos povos de seu império, a difusão no Oriente da cultura grega e a fusão desta com as culturas orientais.

Atividade complementar

Para a sistematização do conteúdo de fórma lúdica, organize a turma em grupos de quatro a seis pessoas para a criação de jogos de trilha. Proponha um jogo sobre democracia, Guerra do Peloponeso ou Expansão do Império Macedônico. Cada grupo deve escolher um tema, definir as regras (quantidade de jogadores, objetivo, aspecto e modo de avanço das peças, fórma das casas etcétera) e aprofundar os conhecimentos sobre o tema por meio de uma pesquisa. Oriente os alunos a selecionar as informações utilizadas para construir o jogo (por exemplo, se escolherem a Guerra do Peloponeso, poderão representar em uma casa a peste de Atenas e fazer o jogador passar uma rodada sem jogar ou retroceder algumas casas). Instrua que planejem a construção do jogo, definindo material, responsabilidade de cada membro do grupo, montagem etcétera Em data previamente combinada, peça aos grupos que apresentem seus jogos prontos. Nesse dia, os alunos experimentarão os jogos desenvolvidos pelos colegas. Para avaliar o trabalho, estabeleça os critérios e informe aos alunos. Considere:

  • riqueza das informações utilizadas;
  • organização e capricho na confecção do tabuleiro e das peças;
  • criatividade;
  • funcionalidade do jogo. Para isso, é preciso que ele seja testado em sala. Delegue aos alunos a tarefa de avaliar o funcionamento dos jogos experimentados.

O mundo helenístico

Como derivação do termo heleno, que se tornou sinônimo de grego (por causa dos povos helênicos, ancestrais dos gregos que viveram na região de Epiro, noroeste da Grécia), os estudiosos adotaram os termos helenístico e helenismo para designar os domínios e a cultura dos territórios conquistados pelas fôrças de Alexandre, o Grande. Uma das principais características do mundo helenístico era a pluralidade de sua configuração: inúmeros povos, que falavam diversas línguas. O que esses povos tinham em comum era um governante de origem macedônica e o grego como idioma oficial.

O teatro grego

No século cinco antes de Cristo, uma das mais importantes atividades públicas na Grécia era o teatro. As montagens ocorriam em muitas cidades, mas principalmente em Atenas. Todos os anos, nessa cidade-Estado, promovia-se o festival em homenagem ao deus Dionísio, ocasião em que eram realizados concursos de teatro. As encenações eram feitas ao ar livre, nos anfiteatros, que comportavam milhares de pessoas.

As peças teatrais estavam intimamente relacionadas à experiência democrática. Além de seu papel pedagógico de transmitir valores cívicos, elas estimulavam o debate e a reflexão sobre temas que afetavam a cidade. O comediógrafo Aristófanes (cêrca de 447-385 antes de Cristo), por exemplo, fazia muitas críticas ao sistema democrático de Atenas, expondo suas falhas e ridicularizando personagens conhecidos da vida política da cidade.

Fotografia. Teatro a céu aberto. Ele é oval e tem os assentos dispostos em grandes degraus. Na parte mais baixa, o palco. Atrás dele ruínas do muro composto por arcos.
Teatro de Taormina, na Sicília, sul da Itália. Foto de 2021. Construído pelos gregos na chamada Magna Grécia, provavelmente no século três antes de Cristo, e reformado na época romana, esse teatro é um exemplar da cultura grega na Itália.

O texto a seguir é um trecho de As vespas, comédia de Aristófanes que satiriza o tribunal do júri ateniense. A fala é do Corifeu, o líder do coro que interrompe a cena para comentá-la, interrogar os atores ou dirigir-se ao público. Nessa fala, o Corifeu refere-se a Laques, um general ateniense que pode ter enriquecido com o dinheiro da cidade, e a Clêon, que foi um orador e político ateniense controverso e corrupto.

Todos entram e aparece o CORO de velhos juízes fantasiados de vespas.

CORIFEU

Avancem, marchem com firmeza! reticências Mas vamos nos apressar, amigos! Hoje é o julgamento de Laques. Todos dizem que seu cofre ficou recheado de dinheiro. É por isto que ontem Clêon, nosso sustentáculo, nos disse para virmos cedo, com raiva para três dias, para punir o malandro pela roubalheira dele. Vamos nos apressar, amigos, antes do dia clarear. Vamos marchar olhando bem para todos os lados, com o auxílio de nossos lampiões, para evitar os assaltos dos malfeitores contra nós.

ARISTÓFANES. As vespas. In: As vespas. As aves. As rãs. Virtual Book. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 2004. Paginação irregular.


Responda em seu caderno.

Explore

  1. No texto de Aristófanes, a fala do Corifeu demonstra alguma intenção dos juízes responsáveis pelo julgamento de Laques?
  2. Que tipo de reflexão esse trecho de Aristófanes poderia ter provocado nos cidadãos atenienses?

Responda em seu caderno.

Recapitulando

19. Por que o teatro era parte da experiência política na Grécia?


Respostas e comentários

Recapitulando

19. O teatro tinha a função pedagógica de ensinar o que se deveria esperar de um bom cidadão e estimulava a reflexão e a discussão sobre os problemas que afetavam a vida coletiva dos gregos.

Explore

  1. Sim. Eles queriam condená-lo.
  2. A fala do Corifeu pode ter incentivado os atenienses a perceber que Laques não teria um julgamento justo, já que os juízes, sustentados por Clêon, estavam predispostos a condená-lo. Assim, esse trecho demonstra não apenas os vícios do tribunal, mas também a relação indecorosa entre este e os governantes.

Bê êne cê cê

Essa atividade contribui para que o aluno seja capaz de localizar informações explícitas no texto e realizar pequenas inferências a partir da compreensão do texto como um todo. Além disso, ela favorece o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 3 e da Competência específica de História nº 3.

Tragédia e comédia

Os espetáculos teatrais na Grécia antiga podiam ser de dois gêneros: tragédia e comédia. Primeiro foram criadas as tragédias e, meio século depois, apareceram as comédias. Inicialmente encenadas em Atenas, elas se disseminaram mais tarde por outras cidades da Grécia, pelas colônias gregas do Mediterrâneo e pelo mundo romano.

  • Tragédia. Os atores das peças gregas encenavam histórias míticas, muitas vezes interpretando deuses e heróis conhecidos, como Héracles e Prometeu. Esses personagens, porém, viviam dramas que podiam ser reconhecidos na política e na vida cotidiana dos cidadãos gregos. Segundo o filósofo Aristóteles, a tragédia representava as ações de homens virtuosos divididos entre sua vontade e a decisão dos deuses. Ao despertar o temor e a piedade no público, a tragédia libertaria suas emoções e o purificaria espiritualmente. Os autores mais importantes da tragédia grega no século cinco antes de Cristo foram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, os únicos dos quais ainda se preservam obras completas.
  • Comédia. Originalmente, as peças cômicas tratavam de temas políticos e ridicularizavam os homens públicos da época. Com o tempo, começaram a abordar assuntos da vida privada, como os casamentos, a avareza e a vaidade. O objetivo da comédia era criticar a sociedade grega por meio do humor, denunciando os comportamentos considerados incorretos. As obras de Aristófanes, principal autor de comédias do século cinco antes de Cristo, ainda estão preservadas.

Os atores do teatro grego eram todos homens. Ao encenar as peças no palco, eles apareciam com o rosto coberto por máscaras coloridas, inclusive os que representavam papéis femininos.

Fotografia. Máscara de uma mulher de cabelo na altura dos ombros. Nariz pequeno e grandes bochechas.
Máscara grega utilizada na interpretação de personagem feminino, produzida entre os séculos um e dois antes de Cristo Museu de Belas Artes de Boston, Estados Unidos.

Conexão

Monstros e heróis (Série Mitos recriados em quadrinhos)

uélinton éssérbéc e uil. São Paulo: Nemo, 2012.

Por meio das narrativas dos antigos mitos gregos, o professor Lobato mostra a seu neto como a cultura grega da Antiguidade está presente em nosso imaginário, sendo inspiração para a criação de monstros e heróis na atualidade.

Quarto título da série Mitos recriados em quadrinhos, Monstros e heróis envolve os leitores com a recriação de empolgantes histórias da antiga mitologia grega, como a batalha entre Hércules e a temida Hidra de Lerna e a conquista da cabeça da Medusa por Perseu.


Capa de livro. Na parte superior título e autoria. No centro, em destaque, a ilustração de um soldado de capacete que cobre parcialmente o rosto e a cabeça, deixando à mostra os olhos e a boca. Ele segura a espada com uma mão e com a outra o escudo, ambos dourados.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

20. Quais eram os dois gêneros de teatro que existiam na Grécia?


Respostas e comentários

Autores gregos

Além de serem conhecidos pela qualidade de suas obras, alguns autores gregos destacaram-se por introduzir inovações importantes no teatro. Ésquilo (cêrca de 525-456 antes de Cristo), autor de Os persas, Os sete contra Tebas e da trilogia Oréstia, introduziu o uso de um segundo ator, além do protagonista e do coro, permitindo enredos complexos e conferindo dramaticidade à tragédia. Sófocles (cêrca de 496-406 antes de Cristo), autor de Antígona, Electra e Édipo rei, inseriu um terceiro ator no palco, ampliando o número de personagens. Eurípedes (cêrca de 480-406 antes de Cristo), autor de Medeia, Hipólito, Andrômaca e As troianas, foi o primeiro a dar destaque a personagens femininos, por considerá-los mais sujeitos a emoções, como a ternura, o ódio e a paixão, que os homens.

Recapitulando

20. A tragédia e a comédia.

Conexão

Há milhares de anos as narrativas gregas servem de inspiração para obras artísticas de todo tipo. É recomendável, sempre que possível, a indicação de obras relacionadas à temática para estimular o interesse dos alunos no estudo de história antiga, como a agá quê Monstros e heróis (2012). A utilização de agá quês, muito presentes nas culturas juvenis, também contribui para despertar o interesse dos alunos para esse estudo. Se for possível, solicite a eles que recontem em sala de aula a história apresentada na obra de que mais gostaram. Além disso, os alunos podem produzir cartazes com histórias sobre a Grécia antiga não abordadas nessa agá quê utilizando a linguagem de história em quadrinhos.

Leitura complementar

A identidade grega

Os gregos antigos tinham várias características em comum, mas demorou algum tempo para que eles tomassem consciência dessas semelhanças. É o que discute o historiador Djônatan M. ról neste texto.

reticências Aprendemos que os gregos criaram as bases políticas, artísticas, culturais, educacionais, filosóficas e científicas em que se fundamenta a cultura ocidental. reticências Mas, afinal, quem foram os gregos? reticências

reticências minha preocupação reticências não é com o que nós pensamos que os gregos eram, mas com o que eles pensavam que eram. reticências

reticências os especialistas têm sugerido com frequência que um sentimento de autoconsciência verdadeira, de helenidade, surgiu apenas depois da invasão dos persas e a sua derrota na Grécia nos anos 480-479 [antes de Cristo]. A evidência examinada até o momento parece refutar esta hipótese. Muitos gregos, ainda que nem todos, procuraram uma unidade comum em termos de parentesco compartilhado, pelo menos duas gerações antes da invasão dos persas. Entretanto, é verdade que a invasão persa teve um efeito na fórma como os gregos se enxergavam. reticências

Nos séculos sete antes de Cristo e seis antes de Cristo, o Oriente era um objeto de fascinação exótica para os gregos reticências mas a invasão persa reticências gerou uma visão negativa dessa região. A palavra ‘bárbaros’ – tanto o adjetivo quanto o substantivo –, registrada apenas ocasionalmente antes da invasão, entra agora no uso comum para designar não apenas os persas, mas todos os outros grupos de não gregos, sem qualquer diferenciação. Na tragédia e na comédia grega, os personagens bárbaros assumem um papel mais central e são em geral representados como cruéis, sem moderação, covardes, servis reticências.

Diante dos estereótipos no teatro e nas artes, os gregos começam a especular mais a respeito de sua própria identidade. Começam a perguntar-se o que, afinal, torna os bárbaros tão estranhos. reticências se a identidade grega foi construída de fórma agregativa por meio das similaridades entre grupos de pares, ela era agora definida em termos das diferenças percebidas e em oposição a grupos externos de bárbaros.

ról, Djônatan marqui. Quem eram os gregos. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo, volume 11, 2001. página 213-220.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. De acordo com o texto, há uma diferença entre o modo como vemos atualmente os gregos antigos e como eles percebiam a si mesmos.
    1. Como nós, atualmente, percebemos os gregos?
    2. De que maneira o autor define o conceito de identidade?
  2. Que tipos de preconceito se desenvolveram quando os gregos tomaram consciência de sua identidade? Qual era o papel das artes nesse contexto?
  3. Atualmente, há conflitos que se originam com base em preconceitos e estereótipos? Cite exemplos.
  4. Em sua opinião, o que pode ser feito para superar esses conflitos?

Respostas e comentários

Leitura complementar

    1. Vemos os gregos como nossos antepassados em termos culturais, políticos, artísticos, educacionais, filosóficos e científicos.
    2. Para o autor, um povo adquire identidade quando desenvolve a autoconsciência de que seus integrantes apresentam características em comum e são diferentes de outros povos.
  1. A percepção de que o “outro” é um “bárbaro”, inferior, cruel, servil etcétera As artes reforçavam e ajudavam a difundir esses preconceitos.
  2. Incentive os alunos a refletir sobre o fato de que muitos conflitos derivam de questões identitárias de diversas modalidades. Os alunos podem mencionar conflitos religiosos, guerras civis entre facções políticas ou as dificuldades relacionadas ao acolhimento de refugiados. Demonstre que há conflitos ligados a questões que envolvem classe social, gênero, idade, etnia e supostos padrões estéticos, como a rejeição de espaços públicos frequentados pelos mais pobres, a violência contra mulheres e homossexuais, os maus-tratos aos idosos, a negação de direitos a crianças e adolescentes, a discriminação de negros e indígenas e a gordofobia.
  3. É importante reforçar uma atitude positiva de tolerância em relação à diversidade étnica, religiosa, de gênero, de idade e de corpos e buscar, com os alunos, soluções para a superação de conflitos no ambiente escolar. Se julgar conveniente, proponha a eles um debate para, em seguida, promover uma campanha pelo respeito à diversidade na escola.

Bê êne cê cê

Essa atividade contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 9, da Competência específica de Ciências Humanas nº 1 e da Competência específica de História nº 4.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Leia o texto para responder às questões.

As propriedades são uma reunião de instrumentos e o escravo é uma propriedade instrumental animada reticências. Se cada instrumento pudesse executar por si próprio a vontade ou o pensamento de seu dono reticências se (por exemplo) o arco pudesse tirar sozinho da cítara os sons desejados, os arquitetos não teriam necessidade de operários, nem os senhores teriam necessidade de escravos.

ARISTÓTELES. Política. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de história. Coimbra: Plátano, 1977. página 70.

  1. Qual é o posicionamento de Aristóteles em relação à escravidão?
  2. Como Aristóteles define o escravo?
  1. Identifique a afirmação correta sobre a educação na Grécia antiga.
    1. Em Atenas, os meninos eram submetidos a um rigoroso treinamento militar.
    2. A educação espartana era pública e obrigatória, e tinha como finalidade formar guerreiros espartanos e periecos.
    3. Os atenienses aprendiam poesia, filosofia, gramática, retórica e oratória, e eram incentivados a praticar esportes.
    4. Em Esparta, por meio da educação, o governo tinha como principal objetivo desenvolver cidadãos capazes de refletir, analisar, julgar e falar com persuasão.
  2. Copie o quadro a seguir em seu caderno e complete-o.

Democracia ateniense na Antiguidade

Democracia brasileira contemporânea

Quem podia/ pode votar

Como as decisões políticas eram/ são tomadas

4. Observe este exemplo de tetradracma, moeda cunhada no Império Macedônico.

Fotografia. Moeda redonda, de dimensões irregulares. Em uma face o rosto de um homem de perfil. Sua cabeça é coberta com a pele de um leão. Na outra face um homem sentado em um trono, segurando uma ave em uma das mãos e um cetro em outra.
Moeda de prata da Macedônia cunhada entre 240-180 antes de Cristo
  1. Que imagens estampadas nessa moeda você identifica?
  2. Tomando por base o que você estudou sobre o Império Macedônico, que significado essas figuras do tetradracma poderiam ter?
  3. Por que as moedas são um importante símbolo do poder de um Estado imperial?

Aluno cidadão

5. Nas cidades gregas antigas, as reuniões políticas aconteciam na ágora, praça pública onde os cidadãos se encontravam para debater ideias e votar.

Nas cidades democráticas de hoje também existem espaços destinados exclusivamente à atividade política, como as assembleias legislativas, abertas para os cidadãos que quiserem acompanhar o trabalho de seus representantes.

Além dos espaços próprios para a atividade política, os cidadãos frequentemente ocupam outros lugares da cidade para manifestar seu apoio ou descontentamento diante das decisões dos governantes, como praças, avenidas e parques. Esse é um direito assegurado aos cidadãos pelas leis dos países democráticos.


Respostas e comentários

Atividades

    1. Aristóteles considera a escravidão necessária para a realização das atividades produtivas.
    2. Segundo o filósofo, o escravo é um instrumento animado.
  1. Alternativa c.
  2. Quem podia/pode votar. Em Atenas, os cidadãos, ou seja, os homens livres maiores de 18 anos, filhos de mãe e pai atenienses. No Brasil, o voto é obrigatório para homens e mulheres maiores de 18 anos e facultativo para analfabetos, maiores de 70 anos e jovens com idade entre 16 e 18 anos.

Como as decisões políticas eram/são tomadas. Na democracia ateniense, as decisões políticas eram tomadas nas assembleias com voto direto dos cidadãos. No Brasil, as decisões são tomadas por representantes eleitos pelo povo em diversas instituições do Estado, como a Câmara dos Deputados, o Senado, a Câmara dos Vereadores etcétera

A despeito das diferenças entre a democracia ateniense e a democracia vivida no Brasil, é possível instigar os alunos a identificar a existência de elementos comuns no funcionamento dos sistemas democráticos, o que é importante para que possam construir o conceito de democracia. Alguns desses elementos são: a participação, direta ou indireta, dos cidadãos nos processos decisórios e a primazia do bem comum sobre os interesses privados.

    1. A face da moeda tem a representação do rosto em perfil de um homem, com a cabeça coberta com pele de leão. No verso há a representação de um homem sentado em um trono com um cetro em uma mão e uma ave de rapina na outra. O rosto é de Alexandre, e o homem sentado no trono é Zeus.
    2. As figuras representam o poder sobre-humano do imperador e sua capacidade de controlar os territórios conquistados.
    3. As moedas estão associadas ao alcance do poder econômico do Estado e marcam a presença da autoridade dos governantes nos territórios em que elas circulam.

Essa atividade possibilita trabalhar a interpretação de aspectos simbólicos das fontes materiais e permite ao aluno construir inferências a partir deles, levando em consideração o que estudou ao longo do capítulo.

Reúna-se com alguns colegas para pesquisar e debater as questões a seguir.

  1. Em que lugar do município onde vocês moram está localizada a Câmara dos Vereadores? Na opinião de vocês, essa localização facilita ou dificulta a participação política dos cidadãos? Por quê?
  2. Identifiquem outros espaços no município em que vivem onde acontecem reuniões ou manifestações políticas.
  3. Na opinião de vocês, as manifestações políticas dos cidadãos são importantes? Por quê?
  4. Do ponto de vista de cada um, deve haver limites para a manifestação política dos cidadãos? Justifiquem.
  5. Escolham um projeto de lei aprovado na Câmara dos Vereadores do município onde moram e discutam os impactos positivos e negativos desse projeto na vida dos habitantes da cidade. Depois, apresentem o resultado da pesquisa aos demais colegas.

Conversando com geografia

6. Os gregos antigos davam muito valor a suas cidades-Estado. Assumiam a responsabilidade de participar do governo e de decidir sobre o destino dos demais cidadãos.

Com essa atitude em mente, junte-se a alguns colegas e sigam o roteiro.

  1. Reflitam: quais são as qualidades e os problemas da cidade em que vocês moram?
  2. Elaborem um cartaz com fotos, desenhos e colagens mostrando aspectos positivos e negativos da cidade.
  3. Exponham o cartaz em sala de aula e comparem-no com os de seus colegas. Vocês perceberam os mesmos aspectos da cidade? Quais problemas ou qualidades o seu grupo não notou?
  4. Formem uma assembleia para debater os problemas da cidade que vocês consideram mais sérios e proponham medidas que poderiam ser implementadas para resolvê-los.

Mão na massa

7. Diferentemente do que acontecia na Grécia antiga, na sociedade atual as mulheres exercem variadas funções. Mas as coisas nem sempre foram assim.

No Brasil, até 1827, as mulheres não tinham o direito de estudar e o direito de voto foi conquistado na década de 1930.

Atualmente, as mulheres ainda precisam lutar pela garantia de direitos e por mais espaço na política e em posições de poder na sociedade, por exemplo.

  1. Formem grupos de trabalho para, por meio de entrevistas, investigar as situações de desigualdade em relação aos homens vividas pelas mulheres no local onde vocês vivem.
  2. Preparem a entrevista elaborando um roteiro de perguntas, que podem ser relacionadas à divisão do trabalho doméstico, aos cuidados com os filhos, à carreira, aos estudos, ao tempo destinado ao lazer etcétera
  3. Escolham as mulheres que serão entrevistadas e combinem com elas uma data para a conversa. No dia da entrevista, levem um aparelho de gravação de áudio e/ou um caderno de anotações. Caso elas autorizem, tirem fotos e gravem a experiência.
  4. Organizem um relatório com os resultados da pesquisa e anexem a ele as fotografias e as outras imagens.

Respostas e comentários

5. Para o desenvolvimento dessa atividade, ajude os alunos a identificar a Câmara dos Vereadores em um mapa do município, avaliando as dificuldades e facilidades encontradas pelos cidadãos para chegar até o endereço. Verifique se eles consideraram fácil ou difícil obter informações sobre as discussões e votações realizadas pelos parlamentares. Se julgar conveniente, encoraje os alunos a pesquisar na mídia local informações sobre a ocorrência de reuniões políticas e manifestações.

Com base na apresentação da pesquisa aos colegas, sugerida no item e, pode-se ampliar a discussão das questões propostas para toda a turma. Para isso, pode-se adotar alguma estratégia de ordenação das falas (inscrição de alunos debatedores, nomeação de alunos porta-vozes dos grupos formados inicialmente para a atividade etcétera). Independentemente da estratégia escolhida, é importante orientar os alunos a construir seus argumentos e sustentar suas opiniões considerando as informações pesquisadas durante a atividade.

6. Oriente os alunos a conversar com o professor de geografia sobre o conceito de cidade. Caso seja possível, organize, em parceria com o professor de geografia, um trabalho de pesquisa sobre os problemas mais graves da cidade onde vivem (mobilidade urbana, meio ambiente, saúde, educação, segurança, saneamento básico etcétera). Selecionem dois ou três temas e promovam rodadas de debate, reunindo os alunos em assembleia. O objetivo é familiarizá-los com a prática da argumentação e incluir as assembleias na rotina escolar.

Interdisciplinaridade

Essa atividade contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero seis gê ê zero um e favorece o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 3.

7. Oriente os alunos a entrevistar mulheres de diferentes faixas etárias sobre as dificuldades enfrentadas por elas e as desigualdades de direitos entre os gêneros.

Antes da realização da entrevista, ajude os alunos no levantamento de temas para a elaboração do roteiro de perguntas e oriente-os a solicitar autorização para a coleta de áudio e de imagens das entrevistadas. Peça-lhes que produzam um relatório com base nos dados levantados. Defina uma estrutura para a organização desse relatório, por exemplo: título, introdução, desenvolvimento e considerações finais. Se possível, solicite aos grupos que apresentem os relatórios aos demais colegas, para que a discussão sobre a igualdade de direitos entre os gêneros se amplie.

Glossário

Vitalício
: que dura a vida inteira.
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Veto
: ato de impedir, barrar ou proibir algo.
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