UNIDADE 4  África e Europa medieval

O que estudaremos na unidade

Na unidade três, você estudou os gregos e os romanos na Antiguidade e como esses povos exploraram o Mar Mediterrâneo, transformando-o em um espaço de trocas. Nesta unidade, você estudará a África, as transformações no continente europeu após a desintegração do Império Romano e como africanos, árabes e europeus constituíram novas fórmas de interação quando os desafios da travessia do Deserto do Saara foram superados, incrementando ainda mais as trocas culturais e comerciais na região do Mediterrâneo.

Fotografia. Destaque para um homem com a cabeça encoberta por um lenço claro. Ele está montado em um dromedário. Atrás dele outros dromedários, em fila, carregando objetos. Ao fundo, céu azul, poucas árvores e solo seco de terra clara.
Berbere conduzindo caravana de dromedários pelas Montanhas de Aïr, no Deserto do Saara. Níger. Foto de 2020. Esse povo sobrevive no Deserto do Saara há milhares de anos.

Respostas e comentários

Abertura da unidade

Espera-se, com a abertura desta unidade, despertar o interesse dos alunos pela temática das trocas culturais e de mercadorias entre diferentes povos.

A expansão do islã pela África intensificou o comércio através do Deserto do Saara, sobretudo após a conquista dos berberes, povos nômades conhecedores de rotas que atravessavam o deserto. O conhecimento desses povos foi fundamental para o desenvolvimento comercial e o contato cultural entre africanos, árabes e europeus.

Por meio das fotografias mostradas nessa abertura, pode-se explorar a presença milenar dos berberes no Deserto do Saara e sua importância para o comércio na região atualmente, sensibilizando os alunos para alguns dos assuntos que serão explorados ao longo da unidade.

No capítulo 10, serão abordadas a expansão islâmica e a diversidade dos reinos africanos. A partir do contato entre os povos, houve disseminação intensa da cultura árabe islâmica, que pode ser percebida na atualidade, por exemplo, pela presença de palavras de origem árabe na língua portuguesa e pelos conhecimentos desenvolvidos por esses povos em diversas áreas. Apesar de ter havido uma redução do comércio na Europa feudal, tema do capítulo 11, essas trocas e contatos e o desenvolvimento de conhecimentos não deixaram de existir. Com a retomada das rotas comerciais entre a Europa feudal e o Oriente, houve um aumento da circulação de pessoas e de mercadorias que transformou o cenário europeu, fazendo com que chegasse ao fim o período que ficou conhecido como Idade Média. No capítulo 12, são retomados os temas envolvendo os contatos entre povos interligados por rotas marítimas e terrestres.

Fotografia. Pintura rupestre em rochas avermelhadas. Desenhos de homens e diversos animais com uma corcova, em fila.
Pinturas rupestres encontradas em tassilí nagér, na Argélia. Essas pinturas indicam que os berberes sobrevivem no deserto há cêrca de 12 mil anos. Observe na imagem a representação de uma possível caravana com pessoas e dromedários atravessando o deserto.
Fotografia. Diversas pequenas lojas em um ambiente coberto. A loja da frente, em destaque, tem especiarias diversas em cilindros compridos. Elas são coloridas, de tamanhos e composição variadas. Algumas são vendidas em pedaços grandes, outras em pedaços menores. As mais coloridas estão em pó. As demais lojas têm especiarias e roupas coloridas penduradas.
Mercado de especiarias no Marrocos que é abastecido pela atividade comercial dos berberes há séculos. Foto de 2013.

Sumário da unidade

Capítulo 10

A expansão do islã e os reinos africanos, 184

Capítulo 11

A Europa feudal, 203

Capítulo 12

Transformações na Europa medieval, 219


Respostas e comentários

Unidade 4: justificativas

Na primeira página de cada capítulo desta unidade, estão listados os objetivos previstos para serem trabalhados com os alunos.

Os objetivos do capítulo 10 se justificam por contribuir para a compreensão dos princípios do islamismo e do processo de expansão islâmica na África. Além disso, a pertinência dos objetivos é justificada pelo estímulo à valorização da diversidade de povos e culturas existentes no continente africano antes da expansão islâmica e da chegada dos europeus.

No capítulo 11, a pertinência dos objetivos se deve à análise das transformações econômicas, políticas e culturais que caracterizaram a transição para o feudalismo, bem como ao incentivo à desconstrução da ideia de que a Idade Média foi um período de atraso, ressaltando, por exemplo, a influência medieval na produção cultural da contemporaneidade.

No capítulo 12, os objetivos se justificam por estimular a identificação das mudanças ocorridas na Europa medieval a partir do século onze, por incentivar o reconhecimento da importância do Mar Mediterrâneo na interação entre a Europa, a África e o Oriente Médio, além de fomentar discussões relacionadas às Cruzadas e à expansão das cidades medievais, conduzindo, por fim, à compreensão das razões que provocaram a crise do século catorze e o enfraquecimento do feudalismo.

CAPÍTULO 10  A expansão do islã e os reinos africanos

Fotografia. Meninas muçulmanas na escola. Usam lenços azuis para cobrir toda a cabeça e os ombros. Elas estão agrupadas, sorrindo para a foto.
Jovens estudantes muçulmanas em Makassar, Indonésia. Foto de 2019. Por razões religiosas, as meninas e mulheres muçulmanas cobrem os cabelos. Existem vários tipos de indumentária para isso, que variam conforme a cultura local.

O islamismo começou a ser praticado na Península Arábica, no século sete, e difundiu-se rapidamente pelo Oriente Médio, pelo norte da África, pela Ásia e pelo sul da Espanha.

Atualmente, os muçulmanos constituem o segundo grupo religioso mais numeroso do globo, com mais de 1,8um reais e oitenta centavos bilhão de pessoas, o que corresponde a mais de um quinto da população mundial. É a segunda religião mais praticada no mundo – o cristianismo é a primeira, com cêrca de 2,3dois reais e trinta centavos bilhões de adeptos.

A prática do comércio contribuiu para a difusão da religiosidade islâmica e da cultura árabe islâmica pelo mundo. Da invenção dos números indo-arábicos à manivela, da descoberta do álcool destilado à bebida feita com café, é fácil perceber a influência dessa cultura em nosso cotidiano.

  • Você conhece alguém que professe a fé islâmica?
  • O que você sabe sobre o islã?
  • Você reconhece outros elementos da cultura árabe islâmica presentes no nosso dia a dia?
  • Como o islã é mostrado na mídia?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

O capítulo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro (ao abordar a expansão do islã pela Península Ibérica), ê éfe zero seis agá ih um cinco (ao tratar do desenvolvimento de reinos africanos e da interação comercial entre as rotas transaarianas e cidades portuárias), ê éfe zero seis agá ih um sete (ao discutir a instituição da escravidão no continente africano). O trabalho para o desenvolvimento dessas habilidades se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações na tabela de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Conhecer aspectos da história do islamismo e seus principais fundamentos.
  • Reconhecer e valorizar a diversidade de povos e culturas existente no continente africano antes da expansão islâmica e da atuação europeia nesse continente.
  • Compreender o processo de islamização da região do Sael e seus resultados para a cultura, a sociedade e a economia dos povos da região.
  • Identificar e diferenciar as fórmas de trabalho compulsório no continente africano antes e depois da expansão islâmica.
  • Relacionar os aspectos físicos da África às características comerciais regionais desse continente, identificando as estratégias usadas pelos diferentes povos africanos para a superação de barreiras naturais.
  • Identificar aspectos e fórmas de registro das sociedades da África e do Oriente Médio entre os sécu- los quatro e catorze.

Abertura do capítulo

O objetivo desta abertura é sondar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o islã. A difusão do conhecimento produzido pelos muçulmanos foi facilitada pela disseminação da língua árabe. Algumas palavras de origem árabe, como algodão, alecrim, álgebra, azeitona, zênite e zero, estão presentes na língua portuguesa. É importante mencionar ainda o aprimoramento ou o desenvolvimento da trigonometria, da farmácia e da medicina realizado por árabes e de algum modo apropriado pelo mundo ocidental, além da preservação pelos árabes muçulmanos de boa parte da literatura grega, por meio de traduções e acréscimos. Ao discutir o modo como o islã é mostrado na mídia, vale destacar que existe muito preconceito contra os muçulmanos em razão de ações de grupos extremistas, porém esses grupos representam uma minoria no mundo islâmico.

Os dados relativos ao censo religioso foram extraídos de uma pesquisa publicada pelo Centro de Pesquisa Pew Research Center, em 2017. Disponível em: https://oeds.link/Bcj4h1. Acesso em: 16 março 2022.

A fundação do islamismo

A religião islâmica foi oficialmente fundada em 622, na Península Arábica, localizada no Oriente Médio. No início do século sete, as partes norte e central da península, ocupadas por grandes desertos, eram habitadas por grupos nômades ou seminômades conhecidos como beduínos. Eles criavam camelos, carneiros e cabras e participavam do comércio de caravanas. Organizavam-se em tribosglossário , que eram chefiadas por um líder chamado sheik, escolhido entre seus membros. Os integrantes das tribos estavam ligados uns aos outros por laços de parentesco e mantinham fortes vínculos de lealdade, defendendo-se mutuamente. Por causa da severidade das condições de sobrevivência em grande parte da península, onde o clima é extremamente árido, as tribos disputavam o contrôle sobre os oásisglossário , o que fazia com que estivessem constantemente em conflito.

Numa faixa de terra mais ao sul da Península Arábica conhecida como Arábia Feliz, o regime de chuvas mais favorável à agricultura permitiu o estabelecimento de assentamentos permanentes. Além disso, a posição estratégica entre os continentes asiático e africano e a proximidade com o Mar Vermelho e o Oceano Índico propiciavam a atividade comercial. Por isso, ali se desenvolveram cidades populosas e prósperas.

A Península Arábica (século sete)

Mapa. A Península Arábica, século sete. Destaque para a Península Arábica, o nordeste da África e o sudoeste da Ásia.
Legenda:
Laranja: Deserto.
Verde: Arábia Feliz.
Linha cinza: Limites da Península Arábica.
Linha vermelha: Principais rotas de comércio terrestres.
Linha azul: Principais rotas de comércio marítimas.
A Península Arábica localiza-se no sudoeste da Ásia, tendo à noroeste o Mar Mediterrâneo, à oeste o Mar Vermelho e o noroeste da África, à sudeste o Oceano Índico, à nordeste o Golfo Pérsico e a Ásia Central. No norte, os limites da península estendem-se do Golfo Pérsico ao Mar Vermelho. No mapa, destacam-se duas áreas de deserto maiores, uma na fronteira norte, que avança para além da Península Arábica, atingindo as proximidades do Rio Eufrates e das cidades de Emesa, Damasco, Jerusalém e Kufa. Outra, abrange grande parte do centro e do leste da Península Arábica. Três áreas de deserto menores estão localizadas no interior da península. A Arábia Feliz está localizada no sul da península, abrangendo a maior parte do litoral banhado pelo Oceano Índico e áreas próximas ao litoral banhado pelo Mar Vermelho, incluindo as cidades de Sana e Taif. Em uma faixa de terra entre a Arábia Feliz e o deserto, estão localizadas as cidades de Maarib e Nejran. A cidade de Meca localiza-se nas proximidades da Árábia Feliz, à nordeste da cidade de Taif. As principais rotas de comércio terrestres interligam as cidades de Maarib, Sana, Taif, Meca, Yathrib (Medina), Yambo, Fadak, Khaybar, Tayma, Tabuk e Al-Jawf, na Penísnula Arábica, a cidade de Fostat, na África, as cidades de Aqaba, Jerusalém, Damasco, Emesa, Alepo, Antioquia, Edessa, Tarso, Irônio, Cesareia, Niceia, Melitena, Dvin, Mossul, Ecbátana, Mandain, Hira, Basra, Ispaan, Persépolis, Ormuz e Nishapur, na Ásia, e a Constantinopla, no leste da Europa. As principais rotas de comércio marítimas partem das rotas terrestres, no Golfo Pérsico, nas proximidades da cidade de Basra navegando em direção às cidades de Sifaf e Ormuz, também no Golfo Pérsico, e de lá para a Índia. Na costa sul, as rotas que passam pelas cidades de Sana e Maarib avançam pelo Oceano Índico em direção à Índia. A rota que parte de Sana também avança para o sul do Oceano Índico, em direção à África Oriental. No Mar Vermelho, uma rota liga a Península Arábica, nas proximidades da cidade de Meca, ao Continente africano e segue por terra até a cidade de Fostat.
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 400 quilômetros.

Fonte: mantram róbert. Expansão muçulmana: séculos sete-onze. São Paulo: Pioneira, 1977. página 57.

Saiba mais

Árabes e muçulmanos

Os termos árabe e muçulmano têm sido erroneamente utilizados como sinônimos. Na Idade Média, a palavra árabe designava o povo semita originário da Península Arábica. Hoje, ela se refere ao habitante de um país falante da língua árabe. Muçulmano é o seguidor do islã. Portanto, nem todo árabe é muçulmano, assim como nem todo muçulmano é árabe. Aliás, o país com maior número de muçulmanos no mundo é a Indonésia, cuja população não é de origem árabe.


Respostas e comentários

Árabes e muçulmanos

Um equívoco comum é pensar que todos os países do Oriente Médio e todos os muçulmanos são árabes. É interessante explicar aos alunos que, apesar de concentrar muitos muçulmanos, o Oriente Médio é uma região geográfica que não pode ser definida somente pela origem ou pela religião dos povos que a habitam. Podem ser citados como exemplos a Argélia e o Egito, países árabes do norte da África que estão fóra do Oriente Médio, e o Irã, que, apesar de estar localizado no Oriente Médio, é habitado principalmente por persas. Entretanto, a maioria da população dos três países citados adotou o islã como religião. Destaque o fato de que o Oriente Médio concentra uma parcela considerável dos seguidores do islã, mas há uma grande população muçulmana no norte da África, no Sudeste Asiático e na Ásia Meridional.

Meca: cidade sagrada

Localizada nas proximidades da grande feira de ôcás, a cidade de Meca servia como posto de abastecimento de água para as caravanas de comerciantes que cruzavam a região. Em razão do intenso movimento de mercadores na cidade, as tribos locais enriqueceram e se tornaram intermediárias nas transações comerciais entre povos da Europa, da África e da Ásia.

No século cinco, Meca transformou-se em um importante centro de peregrinação religiosa porque abrigava a Caaba (do termo de origem árabe caáb, que significa “cubo”), um grande santuário em fórma cúbica. Na Caaba ficava guardada a Pedra Negra, um meteorito sagrado, rodeada por imagens das principais divindades árabes. Na época, os árabes eram politeístas e cada tribo adorava um deus protetor. Assim, milhares de pessoas se dirigiam a Meca para venerar seus deuses e símbolos sagrados, o que contribuía para o fortalecimento da tribo dos coraixitas, a quem cabia a segurança da Pedra Negra e a manutenção da paz na cidade.

Ilustração. Homens em pequenos grupos. Vestem túnicas e um lenço na cabeça. Tem a barba comprida. Estão agrupados ao redor da Caaba, uma estrutura comprida e retangular de cor escura, posicionada em destaque, na parte superior da imagem. Ela está dentro de um cercado. À direita da imagem, a maioria dos homens está de joelhos. À esquerda, os homens estão em pé.
Iluminura representando a adoração à Caaba em Meca, século dezoito. Cópia turca de ilustração do século dezesseis. Museu de Arte Turca e Islâmica, Istambul, Turquia.
Fotografia. Pessoas agrupadas ao redor da Caaba, uma estrutura comprida e retangular de cor escura. Estão em pé, segurando guarda-chuvas verdes, em sua maioria. Ao fundo muro composto por grandes arcos.
Muçulmanos ao redor da Caaba durante a peregrinação anual, em Meca, Arábia Saudita. Foto de 2021.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que a posição geográfica da Península Arábica favoreceu o desenvolvimento do comércio na região?
  2. Explique a importância de Meca segundo as perspectivas econômica e religiosa.

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. A Península Arábica localiza-se em uma região estratégica, com saídas para a Ásia Central e a África, e perto do Mar Mediterrâneo, o que favorece acesso ao mercado europeu. A península era atravessada por rotas terrestres e marítimas, e a proximidade com o Mar Vermelho e com o Oceano Índico beneficiava as transações comerciais.
  2. Localizada próximo à feira de ôcás, a cidade de Meca tornou-se um entreposto do comércio caravaneiro. As caravanas abasteciam-se de água e comercializavam seus produtos com mercadores que passaram a desempenhar o papel de intermediários nas transações entre povos da Europa, da África e da Ásia. A partir do século cinco, a cidade transformou-se em um importante centro de peregrinação religiosa de milhares de pessoas, que buscavam cultuar seus deuses e símbolos sagrados na Caaba.
Maomé: o profeta do islã

Maomé (ou murrãmad), o fundador do islã, nasceu na cidade de Meca por volta de 570. Ele fazia parte da tribo dos coraixitas e desde jovem acompanhava as caravanas que partiam da Península Arábica.

Maomé, seguindo as atividades comerciais do tio abú tálib, foi contratado para conduzir caravanas de uma rica viúva chamada radíja. No papel de mercador, estabeleceu contatos com tribos judias e cristãs que habitavam o Oriente Médio, sendo influenciado pelo monoteísmo. Aos 25 anos, casou-se com radíja e com ela teve quatro filhos. Aos 40 anos, Maomé desfrutava de uma posição social confortável: era um mercador bem-sucedido, pertencente à tribo mais poderosa de Meca.

Segundo a tradição, Maomé tinha o hábito de meditar em uma caverna no Monte íra, nas proximidades de Meca. Em 610, durante um desses momentos de reflexão, ele viveu uma experiência mística: segundo a tradição, o arcanjo Gabriel apareceu para o mercador e lhe revelou que Deus o havia escolhido para ser seu último profeta e pregar a fé em um Deus único.

A aparição do arcanjo Gabriel no Monte íra foi a primeira de muitas outras que se sucederiam durante 23 anos, até a morte do profeta, em 632. As revelações recebidas por Maomé deram origem ao Alcorão (ou Corão), o livro sagrado dos muçulmanos.

Iluminura. Homem de túnica verde, ajoelhado em um monte. Ele está com as mãos à frente do tórax. Seu rosto está coberto por um véu claro. Ao redor de seu corpo, chamas. Próximo a ele, um anjo com asas verdes e vermelhas. Ele está com os braços cruzados na frente do corpo.
Iluminura do manuscrito turco siiér aí nibí representando Maomé recebendo a revelação do anjo Gabriel, século dezesseis. Museu do Palácio tôfcapí, Istambul, Turquia. Repare que Maomé é retratado com o rosto coberto por um véu, pois a representação visual do profeta ou de qualquer outro ser vivo é proibida pelos muçulmanos tradicionais a fim de evitar idolatria.
Alcorão, o livro sagrado do islã

A palavra Alcorão vem do árabe côrán e significa “leitura” ou “recitação”. Originalmente, os versos que o compõem eram memorizados e transmitidos pela oralidade. Só mais tarde os seguidores de Maomé os colocaram por escrito, reunindo-os em um só texto. Como os muçulmanos acreditam que os versos do Alcorão são as próprias palavras de Deus, eles devem ser reproduzidos exatamente como foram transmitidos por Maomé. Por isso, todos os muçulmanos, independentemente de seu idioma nativo, devem aprender o árabe para poder ler e recitar os textos corânicos.

No Alcorão estão definidos os pilares da fé islâmica e são oferecidas orientações referentes à família, ao casamento e às questões legais, éticas e sociais.

Além do Alcorão, os muçulmanos também se guiam pela Suna, texto que reúne leis islâmicas e feitos de Maomé. A Suna foi composta com base nos hadiths, que são os ditos e os atos do profeta, memorizados pelos seus seguidores mais próximos e transmitidos às gerações seguintes.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

3. O que é o Alcorão?


Respostas e comentários

Recapitulando

3. Alcorão (ou Corão) é o livro sagrado dos muçulmanos. Ele teria sido revelado pelo anjo Gabriel a Maomé em fórma de versos, no século sete.

Alcorão

É difundida a crença de que o Alcorão transmite ideias radicais contra determinados grupos sociais ou religiosos. No entanto, essa perspectiva deriva em grande medida da leitura que grupos extremistas fazem dele e da sobrevivência de costumes culturais pré-islâmicos, estranhos ao Ocidente, praticados por povos convertidos ao islamismo. Para compreender o Alcorão, assim como a Torá e os textos bíblicos, é preciso considerar o contexto em que foram escritos e no qual seus ensinamentos se difundiram.

Por exemplo, quando Maomé começou a pregar o monoteísmo, o universo das tribos árabes era marcadamente masculino. Cabia ao homem obter, pelos saques ou pela atividade comercial, os recursos para o sustento do grupo. Era também ele quem deveria garantir a segurança da família. Ocorre que, na época, as mulheres eram parte dos espólios de guerra. A vitória de uma tribo sobre outra pressupunha o sequestro, a violação e a escravização das mulheres da tribo derrotada. Assim, o aprisionamento das esposas e filhas por tribos inimigas era motivo de desonra para os homens. Protegê-las e mantê-las exigia, portanto, grande esforço, e por isso as tribos evitavam ter muitas integrantes do sexo feminino, enterrando na areia do deserto as meninas recém-nascidas.

Nesse contexto, o Alcorão foi revolucionário. O livro sagrado muçulmano combateu as graves violações praticadas contra as mulheres árabes ao pregar a igualdade entre elas e os homens aos olhos de Deus e ao condenar a prática do infanticídio feminino.

A Hégira e o início de um novo calendário

As pregações de Maomé foram mal recebidas pelos líderes coraixitas. Elas contrariavam as crenças politeístas tradicionais e colocavam em risco as peregrinações de fiéis a Meca, o que poderia causar a ruína dos negócios. Por esse motivo, os coraixitas perseguiram Maomé e seus seguidores, que migraram para a cidade de Iátrib, episódio conhecido como Hégira. Esse evento foi adotado para marcar o ano 1 do calendário muçulmano (622 da cronologia cristã) por sua importância para o islã.

A expansão do islã pela Península Arábica

Em Iátrib, Maomé aliou-se aos chefes tribais, converteu grande número de pessoas e organizou a primeira comunidade islâmica, a úma. Com isso, Iátrib passou a se chamar Medina, que significa “cidade do profeta”. Lá foi construída a Mesquitaglossário de côba, que hoje é um lugar de oração e um espaço comunitário no qual os fiéis se encontram e estudam o Alcorão.

Enquanto isso, em Meca, os conflitos entre islâmicos e os líderes da cidade continuavam. Em 630, Maomé reuniu cêrca de 3 mil guerreiros e entrou em Meca, ocupando-a quase sem resistência. A Caaba assumiu novo significado, sendo absorvida pela fé islâmica, e a cidade transformou-se em centro de peregrinação para os muçulmanos e local de difusão do islã. Quando Maomé morreu, em 632, a Península Arábica estava quase totalmente islamizada e unificada em torno de um grande Estado árabe.

Fotografia. Pessoas em frente a uma grande mesquita de muros brancos. Nas extremidades dos muros, grandes torres chamadas minaretes. No centro do muro uma porta.
Muçulmanos reunidos na praça em frente à Mesquita de côba, em Medina, Arábia Saudita. Foto de 2019.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

4. Por que os coraixitas combatiam as pregações de Maomé?


Respostas e comentários

Recapitulando

4. Os coraixitas temiam que o abandono da religião politeísta tradicional prejudicasse as peregrinações a Meca e enfraquecesse o comércio na cidade.

Ampliando: a difusão do islamismo

“Entre os deveres de todo devoto do islã está a obrigatoriedade de pelo menos uma vez na vida fazer uma peregrinação a Meca, cidade sagrada na qual Maomé primeiro pregou a nova religião. Nem todos podiam fazer a peregrinação, mas muitos faziam, geralmente juntando-se às caravanas que percorriam o Saara, chegando a Meca a partir do Cairo. Essa circulação de pessoas, que entravam em contato com os lugares nos quais era intenso o ensino do islã, criava vínculos entre todo o mundo muçulmano do Sael, norte da África e Península Arábica. Os ensinamentos islâmicos eram ainda reforçados pela ação dos ulemás, estudiosos do Alcorão que se assentavam em algumas cidades ou passavam períodos em diferentes lugares. As escolas corânicas, nas quais os meninos liam e decoravam o Alcorão, também eram lugares de atuação dos ulemás, que mantinham vivo o ensino do islã.”

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. segunda edição São Paulo: Ática, 2007. página 34.

Os califados e a expansão do império

A morte de Maomé em 632 abriu um cenário de incertezas para os muçulmanos. O profeta não havia definido regras para a escolha de seu sucessor (califaglossário ). Uma parte dos muçulmanos, os xiitas, defendia a escolha do sucessor entre os parentes do profeta. Assim, o califa deveria ser ali êbnú abú tálib, primo e genro de Maomé. Para os xiitas, a única fonte de autoridade era o Alcorão. O outro grupo, o dos sunitas (aqueles que reconheciam também a Suna como fonte), defendia a escolha do sucessor mediante eleições. A disputa foi vencida pelos sunitas, e abú bácr, um dos mais antigos seguidores de Maomé, tornou-se o primeiro califa.

A expansão do islã para fóra da Península Arábica começou no segundo califado, com a conquista da Síria, do Egito, do Irã, do Iraque e da Palestina. Com o quinto califa, teve início a dinastia omíada (661-750), quando o califado se tornou hereditário e a capital do Império Muçulmano foi transferida de Meca para Damasco, na Síria. Nesse período, o islã cresceu no norte da África e chegou ao Afeganistão e à Península Ibérica.

Em 750, os abássidasglossário derrotaram os omíadas e estabeleceram um novo califado com séde em Bagdá, no atual Iraque. Com a nova dinastia, houve uma prolongada paz interna e um considerável desenvolvimento científico e cultural. Contudo, a enorme extensão do império trouxe muitas dificuldades. A formação de dinastias regionais enfraqueceu o poder dos abássidas e permitiu a invasão do território pelos turcos otomanos, que passaram a controlar a parte oriental do império.

Expansão do Império Islâmico

Mapa. Expansão do Império islâmico. Destaque para terras na Europa, na Ásia e na África, ao redor do Mar Mediterrâneo.
Legenda:
Laranja: Arábia na época de Maomé (622 a 632).
Amarelo: Expansão sob os quatro primeiros califas (632 a 661).
Rosa: Expansão sob os califas omíadas (661 a 750).
Hachurado cinza: Domínio abássida (750 a 1258)
Verde: Império Bizantino.
No mapa, a Arábia na época de Maomé abrange toda a  Península Arábica, incluindo as cidades de Medina (Yatrib) e Meca. A expansão sob os quatro primeiros califas conquistou regiões do Egito, incluindo a cidade de Alexandria, da Líbia e da Tripolitânia, incluindo a cidade de Trípoli, na África; do Oriente Médio, incluindo as cidades de Jerusalém, Damasco, Antioquia, Bagdá e a região da Pérsia, na Ásia; e do leste da Europa, incluindo a região da Armênia. A expansão sob os califas omíadas avançou para a Península Ibérica, na Europa, incluindo as cidades de Sevilha, Córdoba e, Barcelona; para a região do Magreb, no norte da África, incluindo as cidades de Tânger e Cartago; e para o sul da Ásia, incluindo a região do Rio Indo. O domínio abássida abrangeu toda a Península Arábica, a maior parte dos territórios conquistados durante a expansão dos quatro primeiros califas, uma parte do norte da África conquistada pelos califas omíadas, incluindo a cidade de Cartago, e o sul da Ásia, até as proximidades do Rio Indo. O Império Bizantino abrange terras da atual Turquia e a maior parte das terras europeias às margens do Mar Mediterrâneo, incluindo o litoral da Península Balcânica, onde estão localizadas as cidades de Atenas e Constantinopla, a Península Itálica, onde está localizada a cidade de Roma, e as ilhas de Córsega, Sardenha, Sicília, Creta e Chipre.
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 500 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 1987. página 196-197, 209.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Qual foi a importância política de Maomé para os povos árabes?
  2. Como ocorreu o processo de sucessão do profeta Maomé?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar a expansão do islã pela Península Ibérica, contempla-se parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro.

Recapitulando

  1. Por meio da religião e dos acordos feitos com os líderes tribais das cidades da Península Arábica, Maomé conseguiu unificar as tribos árabes e estabelecer uma liderança centralizada, dando origem a um grande Estado árabe.
  2. Maomé morreu sem definir as regras que deveriam orientar a escolha de um sucessor (califa) para liderar a comunidade islâmica. Parte de seus seguidores, denominados xiitas, entendia que o sucessor deveria ser um parente do Profeta, enquanto outra parte, formada pelos sunitas, defendia a escolha do califa pela comunidade. As disputas pela sucessão de Maomé estabeleceram uma rivalidade entre os grupos que permanece até o presente.

Domínio islâmico

A Península Ibérica continuou sob domínio omíada até 1031, quando foi destituído o último califa omíada. Apesar desse episódio, os omíadas continuaram na região até o século quinze, quando os reis católicos espanhóis Fernando e Isabel conquistaram Granada, em 1492.

Cotidiano e costumes no islã

Diferentes sociedades e culturas atuais têm como religião o islamismo. Costumes e tradições unem muçulmanos de várias partes do mundo, sobretudo em questões alimentares. Há os alimentos e bebidas permitidos e os proibidos. Entre os proibidos estão a carne de porco, considerada impura, e as bebidas alcoólicas. Também não é permitido participar de jogos de azar.

Embora muitos traços culturais unam os adeptos do islamismo no mundo todo, é importante destacar o fato de que os costumes islâmicos foram adaptados à cultura e às condições de cada país.

Os cinco pilares

Os princípios do islã, conhecidos como os “cinco pilares”, constituem os deveres básicos do muçulmano. Conheça-os a seguir.

  1. Credo (charráda): ao professar a fé no islã, o fiel deve reconhecer que não há outro Deus senão Alá e que seu profeta é Maomé. Esse é o primeiro ato para aquele que deseja se converter e fazer parte da comunidade islâmica (úma).
  2. Oração (sálaa): o fiel deve orar cinco vezes ao dia, sempre voltado para Meca. Toda sexta-feira, dia considerado sagrado, deve interromper suas atividades ao meio-dia para uma oração comum na mesquita.
  3. Caridade (zacát): o religioso deve fazer caridade ou dar esmola aos necessitados. Hoje, nos países islâmicos, a zacát está embutida nos impostos recolhidos pelo Estado e equivale a 2,5% da renda anual do muçulmano.
  4. Jejum (sáum): o Ramadã, nono mês do calendário muçulmano, é considerado sagrado, pois foi nesse mês que Maomé recebeu sua primeira revelação. Durante o Ramadã, os muçulmanos adultos em boas condições de saúde estão proibidos de comer, beber, fumar e manter relações sexuais do amanhecer até o anoitecer.
  5. Peregrinação (rájj): todo fiel com condições físicas e financeiras deve peregrinar por Meca pelo menos uma vez na vida. Nessa visita à cidade sagrada, o muçulmano faz um exame de consciência e passa o dia rezando e pedindo perdão.
Fotografia. Homem de túnica marrom e um lenço marrom cobrindo a cabeça e o pescoço. Tem barba grisalha. Ele despeja um líquido de dentro de uma chaleira em um copo de vidro. O líquido está quente, sai fumaça. Ao fundo, uma tapeçaria com estampa de triângulos coloridos.
Beduíno da região de sir, na Líbia. Foto de 2022. Comum entre os islâmicos, a túnica é uma vestimenta que cobre todo o corpo; por isso, é adequada ao clima do deserto, com altas temperaturas durante o dia e extremo frio à noite.

Saiba mais

jirrád

jirrád é um termo árabe que significa “empenho” ou “esforço”. Para o islã, esse empenho pode ser entendido como a missão de propagar a mensagem de Deus. Pode significar também a luta individual do muçulmano contra as tentações e as práticas politeístas. Em última instância, jirrád diz respeito ao sacrifício individual feito em nome da proteção da comunidade islâmica de agressores externos. Portanto, a jirrád não pode ser confundida com práticas violentas, pois o próprio Alcorão proíbe a conversão forçada. As demonstrações de violência e intolerância são consequências de uma interpretação radical da mensagem do Alcorão.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

7. Que elementos da tradição islâmica unem os muçulmanos de diferentes partes do mundo?


Respostas e comentários

Os trajes do homem muçulmano

Com a expansão do islã, a túnica e o turbante foram incorporados por diversas culturas. Outro traje típico masculino é o chamado quêfíé, um lenço cujo formato e cuja cor indicam a região de origem de quem o usa. Em muitos países, os homens utilizam apenas um pequeno chapéu, chamado tácôiá, que pode ser de qualquer cor. Mas, se for usado com o lenço, o tácôiá deve ser branco.

Recapitulando

7. Alguns elementos da religião são comuns aos diversos grupos muçulmanos espalhados pelo mundo. Entre esses elementos podem-se citar a proibição de consumir bebida alcoólica e carne de porco, praticar jogos de azar e a observância aos cinco pilares da fé islâmica.

Ampliando: a jirrád

“O senso de pertencer a uma comunidade de fiéis expressava-se na ideia de que era dever dos muçulmanos cuidar das consciências uns dos outros, proteger a comunidade e estender seu âmbito onde possível. A jirrád, guerra contra os que ameaçavam a comunidade, fossem eles infiéis hostis de fóra ou não muçulmanos de dentro que rompessem seu acordo de proteção, era em geral encarada como uma obrigação praticamente equivalente a um dos pilares [do islã] reticências. A natureza e a extensão da obrigação eram cuidadosamente definidas pelos autores legais. Não era uma obrigação individual de todos os muçulmanos, mas da comunidade, de fornecer um número suficiente de combatentes. Após a grande expansão do islã nos primeiros séculos, e com o início do contra-ataque da Europa Ocidental, a jirrád tendeu a ser encarada mais em termos de defesa que de expansão.”

rúrãni álbert. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. página 205-207.

A mulher no islã

Em alguns países islâmicos, a mulher muçulmana vive em posição subalterna, cercada por regras que limitam sua liberdade, como a proibição de estudar, trabalhar e usar roupas de sua preferência. Porém, de acordo com alguns estudiosos, essas regras que limitam os direitos da mulher contrariam as recomendações do profeta Maomé descritas no Alcorão. Para saber mais sobre o assunto, leia o texto a seguir.

O Alcorão reticências dava às mulheres direitos legais de herança e divórcio; a maioria das [mulheres] ocidentais nada teve de comparável até o século dezenove. Maomé encorajava as mulheres a desempenhar um papel ativo nos assuntos da úma [comunidade islâmica], e elas manifestavam suas opiniões sem rodeios, confiantes em que seriam ouvidas.

armstrông cáren. Uma história de Deus: quatro milênios de busca do judaísmo, cristianismo e islamismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. página 164-165.


Responda em seu caderno.

Explore

De acordo com o texto, que tipo de tratamento era dado às mulheres segundo as determinações do Alcorão?

Os trajes da mulher muçulmana estão ligados à fórma pela qual cada comunidade islâmica interpreta os escritos sagrados. Grande parte das muçulmanas cobre apenas os cabelos e o pescoço com um lenço ou véu chamado ríjab. O tudún, uma peça fechada que cobre a cabeça, o pescoço e parte do tronco, é comum entre as muçulmanas da Malásia e da Indonésia. Já no Irã e na Arábia Saudita, recomenda-se o uso do xádor, traje que envolve a mulher da cabeça até os pés, com exceção do rosto. O ní-cab, por sua vez, é popular na Arábia Saudita, no Iêmen, no Omã e nos Emirados Árabes. Ele cobre todo o corpo, deixando apenas os olhos à vista. A burca, traje típico do Afeganistão e de algumas regiões do Paquistão, não permite nem que os olhos fiquem aparentes.

Fotografia 1. Moça usando um lenço roxo que cobre seus cabelos e pescoço. Seu rosto está à mostra. Ela tem os olhos escuros e arredondados.
Muçulmana usando o ríjab em bãngladéch. Foto de 2022.
Fotografia 2. Mulher usando um lenço preto que cobre toda a cabeça e rosto, deixando à mostra apenas os olhos. Ela segura um bebê dormindo no colo.
Muçulmana usando ní-cab em bãngladéch. Foto de 2020.

Refletindo sobre

A falta de conhecimento sobre o islã gera uma série de preconceitos. Você sabe o que é um comportamento preconceituoso? Como identificá-lo? Como esse tipo de comportamento produz efeitos negativos para a vida em sociedade? Como nos sentimos quando agem de maneira preconceituosa conosco? Debata com os ou as colegas.


Respostas e comentários

Explore

Segundo o texto, o Alcorão conferia um tratamento positivo às mulheres. Tal tratamento era mais avançado do que o praticado no Ocidente no mesmo período. O livro garantia às mulheres direitos de herança e divórcio, e Maomé as encorajava a desempenhar um papel ativo na comunidade islâmica, que deveria ouvi-las e respeitá-las.

Refletindo sobre

De acordo com o dicionário Uáis, a palavra preconceito significa “opinião proferida sem exame crítico; ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado sem conhecimento abalizado ou sem o uso da razão; intolerância; sentimento hostil assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio”. É importante que os alunos discutam essa questão e passem a refletir sobre comportamentos preconceituosos que eventualmente possam ter ou sofrer em razão de atitudes discriminatórias de outras pessoas. Desse modo, espera-se contribuir para o desenvolvimento de atitudes que favoreçam o convívio harmônico e a empatia, estimulando a garantia da igualdade na diversidade e da cultura de paz.

Bê êne cê cê

Ao problematizar a questão do preconceito, aborda-se o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos. Essa atividade também contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 9 e nº 10 e das Competências específicas de Ciências Humanas nº 3 e nº 4.

A mulher no islã

Em alguns países muçulmanos, as mulheres enfrentam diversas dificuldades, como o acesso restrito à educação e ao trabalho remunerado, o tratamento jurídico diferenciado etcétera No Irã, por exemplo, o testemunho de uma mulher nos tribunais não tem o mesmo valor que o testemunho masculino. Além disso, a lei admite a execução ou a punição violenta de mulheres que cometeram atos considerados ofensivos contra o marido ou a família. Contudo, é importante lembrar que a política iraniana se baseia em uma interpretação radical do islã, que não pode ser confundida com os mandamentos do Alcorão.

Ciências no islã

Com a expansão do islã pelo Oriente Médio, pela Ásia Central, pelo norte da África e pela Península Ibérica, diversos povos entraram em contato com a cultura árabe. O resultado dessa expansão foi a formação de uma cultura diversificada, com elementos de várias origens. Por onde passou, a civilização árabe muçulmana deixou sua marca na arquitetura, na literatura, na língua, na culinária etcétera

Na matemática, abú mussá ál rauáruzmiô (cêrca de 780-850) redigiu um tratado sobre os símbolos numéricos indianos, que conhecemos como indo-arábicos (de 0 a 9) – a palavra algarismo se originou de seu nome. No campo da medicina, destacou-se abú alí ál russã êbnú Sina, conhecido no Ocidente como Avicena (cêrca de 980-1037). Em sua obra Cânone, ele descreveu diversos órgãos do corpo humano, assim como doenças e fórmas de tratamento. Avicena traduziu para a língua árabe obras de pensadores gregos, que assim puderam ser utilizadas como referência para estudos posteriores na Europa Ocidental.

Arquitetura: mesquitas e palácios

Na arquitetura, os muçulmanos destacaram-se na construção de mesquitas e palácios. A representação artística de Alá, de Maomé e de animais é proibida pelo islã. Por isso, a decoração é caracterizada pelo uso de arabescos, ornamento em que ocorre a repetição de fórmas geométricas, linhas e folhagens. Há também o uso de desenhos e de caligrafia, com inscrições estilizadas de trechos do Alcorão.

A presença nas construções de arcos, ovais ou em fórma de ferradura, é uma característica da arquitetura muçulmana. Outra é a do minarete, torre em que o álmuadí (o encarregado de chamar os muçulmanos para a oração) convoca os fiéis para a mesquita.

Fotografia. Mesquita, grande construção branca com muro extenso. Atrás do muro diversas cúpulas, de tamanhos variados. No topo de cada uma delas uma ponteira dourada. Entre elas, duas torres com a ponta dourada chamadas minaretes.
Mesquita xêiqui zaíd, em abú dábi, Emirados Árabes Unidos. Foto de 2019.

Saiba mais

As mil e uma noites

A obra As mil e uma noites narra a história do rei xariá, que, após ser traído por sua esposa, todos os dias escolhia uma jovem com quem passava a noite e, na manhã seguinte, ordenava a execução dela. xerazáde, ao ser escolhida por ele, elaborou um plano para não morrer: a cada noite, contava parte de uma história. Curioso, o rei poupou-lhe a vida por mil e uma noites. No fim, ela conseguiu que o rei desistisse de condená-la à morte.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

8. Cite dois campos da ciência islâmica que se destacaram na Idade Média.


Respostas e comentários

Ciências no islã

Os muçulmanos acreditavam que todas as coisas no universo equivaliam a signos de uma linguagem divina, como se fossem letras, e cabia aos seres humanos descobrir seus significados para poder “ler” no mundo a vontade de Deus. Assim, quanto mais conhecimento os seres humanos tivessem do mundo natural, mais se aproximariam de Alá. Em razão do interesse pela decifração dos enigmas divinos escondidos nas leis naturais, a cultura árabe muçulmana produziu importantes estudos em várias áreas do conhecimento. Vale destacar também o fato de que, após a queda do Império Romano, muitas obras da Antiguidade Clássica foram relegadas ao esquecimento na Europa Ocidental, em razão da hegemonia do pensamento da Igreja Católica. Diante disso, além dos monges copistas, os intelectuais muçulmanos foram importantes na preservação e no estudo de obras antigas para que estas não se perdessem.

Recapitulando

8. A matemática, com a difusão do uso dos números indo-arábicos, e a medicina, com a tradução de estudos gregos da Antiguidade.

O estudo da África

O continente africano abrigou – e ainda abriga – grande diversidade de povos e culturas. Como muitas sociedades africanas baseavam-se na cultura oral e não na escrita, os pesquisadores da história africana estudam documentos escritos por outros povos sobre as culturas africanas, vestígios arqueológicos encontrados no continente e relatos orais de comunidades tradicionais.

Fontes escritas importantes para o estudo da história africana são os relatos de viajantes árabes, como os de Ibn Battutaglossário e Ibn Khaldunglossário , que viveram no século catorze. Depois deles, outros viajantes, principalmente europeus interessados no comércio entre a Europa, as colônias da América e as sociedades africanas, produziram documentos sobre os povos africanos.

Muitas sociedades africanas baseiam-se na cultura oral, assim, as fontes orais são importantes fontes históricas sobre costumes, fórmas de governo, crenças e outras características dessas sociedades. As narrativas dos griôs têm importância fundamental no estudo dos povos da África.

O papel dos griôs

Os griôs são homens e mulheres contadores de histórias, que têm o compromisso de preservar a memória dos acontecimentos importantes para seu povo. Eles utilizam a música e a dança para contar histórias antigas ou relembrar os grandes feitos de personagens africanos.

No passado, os griôs também serviam como conselheiros de nobres e reis, revelando a eles os exemplos que deviam ser seguidos ou rejeitados. Por causa de sua importância social, os griôs eram poupados até pelos inimigos nas guerras, pois todos sabiam que eles guardavam conhecimentos essenciais.

Ainda hoje, vários povos africanos têm os griôs como guardiões de sua história.

Fotografia. Homem no interior de uma sala com paredes azuis e duas janelas. Ele é negro, usa roupas largas e segura duas hastes de madeira nas mãos. Ao redor dele, objetos pelo chão.
Chefe da oficina de confecção de côrás, espécie de harpa africana comumente utilizada pelos griôs. Abadia de côr mússa, Senegal. Foto de 2021.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

9. Cite algumas fontes disponíveis para o estudo da história do continente africano.


Respostas e comentários

Recapitulando

9. Os alunos podem destacar os vestígios arqueológicos, os relatos dos viajantes e as narrativas dos griôs, por exemplo.

Ampliando: o papel assumido pela fala nas sociedades orais

“Uma sociedade oral reconhece a fala não apenas como um meio de comunicação diária, mas também como um meio de preservação da sabedoria dos ancestrais, venerada no que poderíamos chamar elocuções-chave, isto é, a tradição oral. reticências Quase em toda parte, a palavra tem um poder misterioso, pois palavras criam coisas. Isso, pelo menos, é o que prevalece na maioria das civilizações africanas. reticências

A oralidade é uma atitude diante da realidade e não a ausência de uma habilidade. reticências Fú kiáu, [pesquisador] do Zaire, diz, com razão, que é ingenuidade ler um texto oral uma ou duas vezes e supor que já o compreendemos. Ele deve ser escutado, decorado, digerido internamente, como um poema, e cuidadosamente examinado para que se possam apreender seus muitos significados reticências.”

vansina, J. A tradição oral e sua metodologia. In: kízêrbô, joséf (edição). História geral da África: metodologia e Pré-história da África. segunda edição Brasília: Unesco, 2010. volume 1, página 139-140.

A expansão do islã pela África

A partir do século sete, os árabes muçulmanos construíram um enorme império, que se estendia pelo Oriente Médio e passava por todo o norte da África, chegando até a Península Ibérica, no sul da Europa. Na África, o início da expansão do islã ocorreu principalmente por meio da conquista militar. A primeira área islamizada foi a região norte do continente (retome o mapa da página 189). Em pouco tempo, tanto os povos que viviam ao norte do Deserto do Saara quanto os que habitavam o sul da Europa tornaram-se uma sólida parte do mundo islâmico.

Os árabes que penetraram na África a partir do século sete eram beduínos do Deserto da Arábia. Vivendo basicamente da criação de animais, muitos garantiam a subsistência assaltando as caravanas de comerciantes que cruzavam o deserto ou servindo como mercenários nos exércitos islâmicos.

Movidos por necessidades econômicas e pela promessa de um rico espólioglossário , esses grupos integraram as tropas dos califas. Nesse processo de expansão dos árabes em direção ao Mediterrâneo (norte da África e Península Ibérica), razões econômicas se misturaram à motivação religiosa de expandir o islã pelo mundo e ampliar a comunidade muçulmana.

Partindo de suas bases no Egito, os árabes conquistaram as tribos berberes do deserto. Povos predominantemente nômades, os berberes eram profundos conhecedores das rotas do comércio transaarianoglossário . Aos poucos, eles se converteram ao islã e, no século doze, já estavam islamizados.

Fotografia. Mulher vestida com uma longa túnica preta, usa um lenço na cabeça e no rosto, deixando apenas os olhos à mostra. Atrás dela, pessoas caminhando. Estão em uma área rochosa, com muitas pedras soltas aglomeradas.
Mulher beduína conduzindo um grupo de caminhantes em uédi sarruí, na província do Sinai do Sul, Egito. Foto de 2019.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

10. Quem eram os árabes que se espalharam pelo continente africano? Quais eram as principais motivações desses grupos?


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar a expansão do islã em direção ao Mediterrâneo, relacionando as necessidades econômicas às motivações religiosas, contempla-se parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Recapitulando

10. Os árabes que se espalharam pelo continente africano eram os beduínos. Suas principais motivações eram religiosas e econômicas.

Ampliando: o Saara

“Conhecemos os métodos analíticos dos geógrafos e historiadores antigos. Sem poder visitar as regiões inacessíveis, recolhiam informações de segunda mão, permeadas de erros e fabulações. Terra incógnita, o grande deserto nem chegou a receber nome. Só após a chegada dos árabes é que o termo Saara foi aplicado a essa vasta região reticências. Os gregos, e posteriormente os romanos, falavam apenas de uma ‘Líbia Interior’, expressão geográfica bastante vaga que servia para designar as terras além dos territórios norte-africanos, ou ‘Etiópia Interior’, zona ainda mais meridional, que derivava seu nome da pele escura de seus habitantes.”

SALAMA, P. O Saara durante a Antiguidade Clássica. In: mórr-tar, G. (edição). História geral da África: África antiga. segunda edição Brasília: Unesco, 2010. volume dois, página 562.

O comércio transaariano e a islamização da região do Sael

O domínio árabe no norte da África modificou as relações estabelecidas entre os povos ao norte e ao sul do Deserto do Saara. Graças à experiência comercial e à introdução do camelo e do dromedárioglossário no continente, caravanas passaram a cruzar o deserto com regularidade, dinamizando a interação entre a região do Sahelglossário , as cidades do norte da África e os portos do Mediterrâneo. Os produtos mais valiosos comercializados pelas rotas do Saara eram o ouro, a noz-de-colaglossário , o cobre e o sal. O comércio de seres humanos escravizados também ocupava lugar de destaque nas trocas comerciais encabeçadas pelos muçulmanos.

A expansão do comércio impulsionou o desenvolvimento de vários reinos na África Subsaarianaglossário . Os comerciantes foram os principais difusores do islã por toda essa região, que corresponde aos atuais Mali, Níger, Sudão, Chade, Burkina Fasso e Mauritânia, além do Saara Ocidental. Foi lá que se formaram os antigos impérios de Gana, Mali e sôngai.

Comércio transaariano (século catorze)

Mapa. Comércio transaariano, século catorze. Destaque para o continente africano. 
Legenda:
Zonas Climáticas
Em vermelho: Equatorial.
Em laranja: Tropical.
Em ocre: Desértico.
Em amarelo: Semiárido.
Em verde: Mediterrâneo.
Em roxo: Frio de montanha.
Linha pontilhada laranja: rotas comerciais transaarianas.
Linha vermelha: Limites aproximados do deserto.
Linha roxa: Limites aproximados da floresta.
Quadrado amarelo: Maiores fontes de ouro.
Quadrado branco: Maiores fontes de sal.
Quadrado laranja: Maiores fontes de noz-de-cola.
No mapa, a zona climática equatorial localiza-se no centro do continente, ao redor do Rio Congo; em uma faixa no oeste do continente, abrangendo Serra Leoa; e no sudeste, na maior parte da Ilha de Madagascar. A zona climática tropical localiza-se maior parte da porção central e sul do continente, incluindo as regiões do Congo, Luanda, Luba e Grande Zimbábue, além de uma pequena faixa no leste da Ilha de Mandagascar. A zona climática desértica ocupa a maior parte do norte do continente, incluindo o Egito. Áreas de clima semiárido estão localizadas na maior parte do litoral norte do continente, em parcela da faixa litorânea leste do continente e em uma faixa que segue os limites aproximados do deserto, entre o Rio Senegal e o Mar Vermelho, e no sul do continente, na região do Império Monomotapa. Pequenas faixas de clima mediterrâneo estão localizadas no extremo norte do continente, incluindo as cidades de Túnis, Argel e Fez; e no extremo sul. Pequenas áreas de clima frio de montanha estão localizadas nas proximidades da Etiópia e de Lagos. Os limites aproximados do deserto atravessam o norte do continente de oeste, nas proximidades de Awil, na costa do Oceano Atlântico, à leste, até o Mar Vermelho. Os limites aproximados da floresta partem do oeste do continente, nas proximidades de Futa Jalon, passando pelos reinos de Oyo e Ifé, até a porção central do continente.
As rotas comerciais transaarianas interligam cidades e povos ao norte e ao sul do Deserto do Saara. Essas rotas passam, do norte para o sul, em: Argel, Túnis, Fez, Marrakech, Trípoli, Cairo, Sidjilmasa, Idjill, Teghazza, Taodeni, Awil.  Audagoste, Walata, Tadmekka, BilmaTimbuctu, Galam, Takedda, Gao, Kumbi, Agadés, Djenné, Cabo Verde, Futa Jalon, Serra Leoa, Oyo, Akam, Ifé, Benin e Fernando Pó. As maiores fontes de ouro estão localizadas nas proximidades de Akam, Saleh, Kumbi e Djenné. As maiores fontes de sal estão localizadas nas proximidades de Benin, Fernando Pó, Akam, Djenné, Serra Leoa, Futa Jalon, Cabo Verde, Awil, Idjill, Teghazza, Taodeni e Bilma. As maiores fontes de noz-de-cola estão localizadas nas proximidades de Akam.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 620 quilômetros.

Fontes: nianê dibríl tamsír (edição). História geral da África: África do século doze ao dezesseis. terceira edição São Paulo: Cortez; Brasília, Distrito Federal: unêsco, 2011. volume 4, página 173. (Coleção História geral da África); í bê gê É. Atlas geográfico escolar. quinta edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2009. página 58.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

11. Como o islã se difundiu no norte da África e na região do Sael?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.


Transcrição do áudio

O comércio caravaneiro

[Locutor]: As viagens regulares das caravanas pelo deserto do Saara na África começaram há cerca de 2 mil anos. Com o tempo, os viajantes passaram a ser favorecidos pela unidade islâmica no norte da África, que proporcionava maior segurança no trajeto das caravanas. Até o final do século XIX, caravanas com centenas de camelos carregados de mercadorias percorriam o Saara.

Os principais produtos levados do norte do continente para o sul do deserto eram sal, tâmaras, passas, raízes, gado, cavalos e artefatos de metais. Do sul do Saara para o norte do continente, eram negociados especialmente ouro, noz-de-cola, resinas, gomas, couro, escravos e alimentos.

Do século XIII ao XVI, o sal era uma das mercadorias mais importantes e caras do comércio caravaneiro. Em algumas regiões subsaarianas, o sal tinha o mesmo valor do ouro. Até hoje, o sal retirado das minas de Taudeni é levado pelas caravanas para os mercados próximos a Timbuctu. Taudeni está a 800 quilômetros de distância de Timbuctu. Em média, uma caravana leva 40 dias para completar a viagem de ida e volta nesse trecho. As caravanas de sal viajam nas épocas de temperaturas mais baixas e tempo mais seco.

Os camelos são utilizados nas caravanas por serem resistentes às longas travessias no deserto. Eles podem ficar de 10 a 15 dias sem beber água. Além disso, conseguem carregar até 200 quilos de carga. No deserto, os condutores das caravanas se orientam observando as constelações, a direção do vento, a formação das dunas e a cor da areia. Para muitos povos nômades do Saara, as caravanas e os camelos são parte de sua cultura.


Respostas e comentários

Recapitulando

11. A difusão do islã no norte da África ocorreu principalmente por meio da invasão militar, e na região do Sael, em razão do intenso intercâmbio comercial.

Camelus

Pelo fato de o camelo (camêlus básctranus) e o dromedário (camêlus dromedálius) pertencerem ao mesmo gênero, muitos autores não diferenciam esses mamíferos. Seguindo o exemplo de Alberto da Costa e Silva, especialista em história da África, nesta obra optou-se predominantemente pelo uso do primeiro termo, mais comumente encontrado na literatura produzida sobre a história africana. Os camelos armazenam grande quantidade de gordura nas corcovas e, por isso, são muito resistentes, podendo percorrer longas distâncias sem que precisem consumir líquidos e alimentos sólidos. Além disso, são animais muito fortes e com cascos adequados para caminhar em terrenos arenosos, tornando-se excelentes para o transporte e combate em áreas áridas.

Leitura complementar

O camelo e o comércio no norte da África

O emprego do camelo como meio de transporte possibilitou aos mercadores atravessar o Saara, dinamizando o comércio e favorecendo o desenvolvimento das cidades portuárias caravaneiras.

O carro de rodas, puxado a boi, asno ou cavalo, não pôde resistir, onde a encontrou, à competição do camelo. Este, nas regiões áridas e semiáridas, era mais resistente reticências à carência de água e de alimento. reticências Enquanto um carro de um par de bois reticências só podia vencer por jornada entre 12 e 15 quilômetros, uma cáfilaglossário alcançava trinta ou até mesmo 40 quilômetros. Cada carro tinha de ter condutor próprio; um só cameleiro era capaz de conduzir de três a seis dromedários. O carro exigia boas estradas; ao camelo elas eram indiferentes. O carreiro tinha de cuidar não apenas de seus animais, mas manter-se também constantemente atento ao estado do veículo, cujos eixos, rodas e varais com frequência se partiam. reticências.

A posse do dromedário alteraria completamente a vida dos berberes do deserto reticências. Deixava o Saara de ser uma espécie de terra de ninguém, para ver-se apossado pelas tribos nômades que conheciam os seus caminhos reticências e deles cuidavam, desde os litorais nortenhos às praias do Sael. O deserto tornava-se assim um mar interior, um mar de aridez que, graças ao dromedário, podia ser percorrido pelo homem. reticências

O camelo atravessava o deserto, mas não se adaptava ao clima da savana. Por isso, as mercadorias que trazia tinham de ser transferidas, no Sael, para as costas dos bois e dos jumentos. E por isso, não podia o cameleiro ir trocar diretamente os seus bens reticências. A intermediação nas trocas transformaria as aldeias de alguns régulosglossário em centros de comércio, riqueza e poder. Nos portos caravaneiros do Sael, cobravam-se tributos de passagem e direitos alfandegários, prestavam-se serviços de descarga e recarga de animais, consertavam-se cabrestos, selas e odres, fabricavam-se artigos de couro e metal, armazenavam-se escravos e cereais para a exportação e recebia-se o sal, que era em parte consumido localmente, mas servia sobretudo como moeda de escambo com outros povos. Comprava-se e vendia-se. As manufaturas prosperavam, assim como todas as atividades ligadas à chegada, ao recebimento, à hospedagem e à partida das caravanas.

SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. página 230-253.


Fotografia. Homem de túnica escura e lenço cobrindo a cabeça e o corpo, apenas com nariz e olhos à mostra. Está montado em um dromedário em uma região desértica.
Berbere com caravana de dromedários na região de Iferouane, norte do Níger. Foto de 2020.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Qual era a fórma mais vantajosa de se deslocar pelas regiões áridas e semiáridas? Explique.
  2. Qual é a relação entre a presença dos caravaneiros árabes no Saara e o desenvolvimento das aldeias africanas do Sael?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao apresentar o comércio caravaneiro como elemento dinamizador das trocas comerciais entre as regiões do norte da África e o sul do Deserto do Saara, contempla-se parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco. Ao apresentar essa região como espaço de circulação de pessoas e mercadorias, o conteúdo desta página contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História nº 5.

Leitura complementar

  1. O camelo é um animal resistente à escassez de água e de alimento e pode percorrer distâncias longas em regiões áridas e semiáridas, como o Saara. Sua utilização era notavelmente vantajosa em relação aos carros puxados por bois, que exigiam boas estradas e a manutenção constante de seus componentes (eixos, rodas e varais).
  2. A atuação dos caravaneiros foi importante para desenvolver e dinamizar o comércio no norte da África e possibilitou a aproximação entre as cidades portuárias do Mar Mediterrâneo e os povos que viviam ao sul do Saara. No entanto, os camelos não apresentavam bom desempenho nas áreas de savana, havendo a necessidade da transferência das mercadorias, no Sael, para os carros puxados por bois. Isso impedia que os caravaneiros trocassem diretamente suas mercadorias com os compradores. Assim, nas cidades onde as caravanas descarregavam a carga se desenvolveram um sistema de cobrança de tributos sobre as mercadorias transportadas e comercializadas, atividades comerciais ligadas à hospedagem dos caravaneiros, além de uma rede de prestação de serviço de manutenção dos carros tracionados por bois. Em razão disso, pequenos Estados africanos se converteram em centros de riqueza e poder.

Os grandes reinos do Sael

No século quinze, havia no continente grandes reinos e impérios, com variadas fórmas de organização social, política e econômica.

Na parte ocidental da África, em que hoje se localizam Níger, Mali, Senegal, Mauritânia e Gana, desenvolveram-se os três maiores impérios da região (Gana, Mali e sôngai), que se beneficiaram do comércio estabelecido com o norte do continente.

Reinos e impérios do Sael (séculos dez a dezesseis)

Mapa. Reinos e impérios do Sahel, séculos dez a dezesseis. Destaque para a região norte da África. 
Legenda:
Linha tracejada marrom: Rotas comerciais transaarianas.
Linha verde-escuro: Reino de Gana, século três a onze.
Linha lilás: Reino do Mali, século treze a dezesseis.
Linha verde-claro: Império Songhai, século quinze a dezesseis.
Linha tracejada vermelha: Região do Sahel.
Linha tracejada roxa: Deserto do Saara.
Laranja: Áreas de influência islâmica.
No mapa, as rotas comerciais transaarianas fazem um zigue-zague indo de norte a sul, da costa Oeste do continente, no Oceano Atlântico, à costa Leste, no Mar Vermelho. Elas atravessam o Deserto do Saara e a Região do Sahel, passando pelas cidades de Teghazza, Taodeni, Walata, Timbuctu, Gao, Kumbi-Saleh e Djenné, e pelas margens dos rios Senegal, Níger, Volta e Nilo. A Região do Sahel corresponde a uma faixa estreita que abrange o Rio Senegal e se estende horizontalmente até o Mar Vermelho. Nessa região estão localizadas Walata, Kumbi-Saleh, Djenné, Gao e Timbuctu. O
Deserto do Saara ocupa um largo trecho horizontal ao norte do continente, ao norte da Região da Sahel, abrangendo Teghazza, Taodeni e Rio Nilo, na costa leste. Áreas de influência islâmica são identificadas em toda região ao redor do Deserto do Saara, na Região do Sahel, incluindo porções dos reinos de Gana e do Mali e do Império Songhai, e na costa leste do continente.
O Reino de Gana localiza-se principalmente na Região do Sahel, próximo ao Rio Senegal, na costa oeste, abrangendo Walata e Kumbi-Saleh. Apenas uma pequena porção ao norte do território está localizada no Deserto do Saara. O Reino do Mali incorpora a maior parte do território do Reino de Gana, exceto a porção localizada no Saara, e avança para a foz do Rio Senegal e para o Rio Níger, abrangendo Walata, Kumbi-Saleh, Djenné, Gao, Timbuctu. O
Império Songhai, incorpora a porção leste do Reino do Mali e avança para o norte, no Deserto do Saara, e para o leste, na Região do Sahel, abrangendo Teghazza, Taodeni, Timbuctu, Gao, Djenné e Walata. 
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 730 quilômetros.

Fontes: munãnga cabenguelê. Origens africanas do Brasil contemporâneo: histórias, línguas, culturas e civilizações. São Paulo: Global, 2009. página 57-87; parquer djéfri; LOVETT, Robert A. Atlas Verbo de história universal. Lisboa: Verbo, 1997. página 54-55; HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. página 34, 41.

O Reino de Gana

O primeiro grande reino da África Ocidental foi Gana, que floresceu a partir do século três e dominou a região até o século treze. A partir do século sete, o contato com os árabes expandiu o comércio pelo deserto, contribuindo para o engrandecimento do reino.

A maior fonte de riqueza de Gana era o ouro. O metal era trocado por sal, cobre, tecidos, joias e alimentos, como figos e tâmaras, vindos do norte da África, da Ásia e da Europa. Ele também era utilizado no pagamento de tributos cobrados sobre os produtos que cruzavam o reino. A prosperidade econômica do Reino de Gana também era resultado da agricultura, da criação de animais, do curtumeglossário , da serralheria e do contrôle do transporte pelos rios Níger, Gâmbia e Senegal e das praças mercantis do Sael.

A partir do século nove, os governantes ganenses permitiram que mercadores, intelectuais e líderes religiosos islâmicos, chamados marabutos, se instalassem na capital, formando uma vila muçulmana. Esse contato deu início à penetração do islã no Reino de Gana. Muitos letrados, funcionários da côrte e assessores do rei se converteram ao islamismo. Entretanto, as camadas populares e o próprio rei (chamado gana, “rei guerreiro”) permaneceram fiéis às crenças tradicionais.

A partir do século onze, várias batalhas contra berberes islamizados vindos do deserto enfraqueceram o Reino de Gana, que se fragmentou em pequenos grupos tribais, os quais foram conquistados pelo Reino do Mali no século treze.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

12. Que produto abundante em Gana possibilitou sua riqueza e poder?


Respostas e comentários

Ampliando: as origens do Império de Gana

“No Sudão Ocidental, o Império de Gana erigiu-se sobre uma base étnica muito ampla: a grande família manden espalha-se desde a floresta ao sul até o Sael, vizinho ao Saara. O Reino de Gana pertence à parte setentrional, povoada de soninquês que estão em relação com os nômades brancos do Saara. Tradições orais recolhidas em Timbuctu, cêrca de um milênio após a fundação de Gana, reportam que a primeira dinastia reinante neste país era branca.

A frequência com a qual tradições orais nascidas no seio das próprias sociedades sudanesas atribuem a sua fundação a ancestrais brancos poderia causar surpresa. Este estado de coisas coloca a questão da origem das estruturas estatais no Sudão. Entretanto, a datação tardia destes relatos, bem como a situação das sociedades negras que os produziram, oferece elementos de resposta: estes relatos não fazem senão projetar, no passado, fatos que lhes são contemporâneos. As tradições orais relativas a ancestrais brancos surgem, na realidade, em um contexto no qual os grupos berberes do norte desempenham um papel dominante.”

medêiros franssôá. Os povos do Sudão: movimentos populacionais. In: El Fasi, Morrãmmedi (edição). História geral da África: África do século sete ao onze. Brasília: Unesco, 2010. volume três, página 157.

Recapitulando

12. O ouro.

O Império do Mali

O Reino do Mali desenvolveu-se entre os séculos treze e dezesseis. Era habitado por vários grupos étnicos, predominando os mandingas. No Mali, a conversão ao islã foi mais completa do que em Gana. Os próprios governantes adotaram a crença islâmica, interessados em comercializar com os muçulmanos e em aumentar seu poder. Graças às alianças estabelecidas com os comerciantes muçulmanos, o governo do Mali formou um grande império na região do Sael.

A cultura islâmica passou a ser oficialmente divulgada nas escolas, formando quadros para assumir a administração pública. A cidade de Timbuctu tornou-se um dos maiores centros culturais da África e do mundo árabe. Suas bibliotecas, escolas e a Universidade de sancore atraíam intelectuais e artistas de todo o continente.

Dijenê foi outra cidade muçulmana importante do Império do Mali. Próspero entreposto comercial, a cidade abrigou muitas mesquitas e madrasasglossário . A mesquita mais conhecida é a Grande Mesquita de Dijenê, declarada patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco) em 1988.

Fotografia. Mesquita com grandes muros cinzas. Ela tem três partes mais altas e grandes protuberâncias por toda sua extensão. O terreno ao redor é de terra. Ela está em um nível mais alto que o solo. O acesso é feito por uma escadaria.
Mesquita de Dijenê, Mali. Foto de 2019. Em 1907, foi concluída a reconstrução original dessa mesquita, construída por volta do século treze.

História em construção

O islã entre os malineses

Após visitar o Mali no século catorze, êbnú batiúta relatou a prática do islã entre os malineses.

[Num dia de festa na côrte do Mali] apresentam-se os poetas, os jula reticências. Cada um deles cobre-se com uma vestimenta feita de penas, a imitar uma ave reticências. Sobre essa roupagem fixa-se uma cabeça de madeira com um bico vermelho reticências. Põem-se diante do rei reticências e recitam os seus poemas. Explicaram-me que esses poemas são uma espécie de exortação ao rei. Dizem-lhe: ‘Nesta plataforma ou bandi em que estás sentado, sentou-se o rei fulano, cujas façanhas foram tais e tais; faz, portanto, o bem para que sejas lembrado pela posteridade’. reticências Informaram-me que este é um costume antigo, de antes da conversão ao islamismo, e que persiste entre eles.

BATTUTA, Êbnú. Virtudes e defeitos da gente do Mali. In: SILVA, Alberto da Costa e. Imagens da África. São Paulo: Penguin/Companhia das Letras, 2012. página 51.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Segundo êbnú batiúta, quem eram os jula? Que papel social desempenhavam entre os malineses?
  2. Na África Subsaariana, o islã foi pouco a pouco adaptado às crenças tradicionais. Houve coexistência entre as religiões africanas e o islamismo. O relato de êbnú batiúta confirma ou nega essa afirmação? Justifique sua resposta.

Respostas e comentários

História em construção

  1. Os jula eram poetas, segundo o relato de êbnú batiúta. Eles desempenhavam o papel de contadores de histórias. Por meio da tradição oral, informavam o rei contemporâneo das façanhas de reis anteriores, exortando-o a fazer o bem para também ser lembrado pela posteridade.
  2. O relato de êbnú batiúta confirma a coexistência entre as religiões africanas e o islamismo, pois apresenta a permanência de tradições antigas mesmo após a conversão dos malineses ao islã. Vale destacar o fato de que esse sincretismo religioso foi muito comum entre outros povos islamizados da África Subsaariana.

Ao elaborar a justificativa para sua resposta, o aluno precisa identificar no texto as informações que podem ser usadas para sustentar a posição que assumiu – no caso, a de que o relato de êbnú batiúta confirma a coexistência entre as religiões tradicionais africanas e o islamismo. As operações cognitivas de selecionar informações e articulá-las à posição assumida são a base do desenvolvimento da argumentação.

O Império sôngai

No início do século quinze, formou-se no Sael o Império sôngai, última grande civilização da África Subsaariana anterior à chegada dos europeus. suní alí ber foi o grande imperador da primeira dinastia sôngai, tendo governado de 1464 a 1492. Nesse período, o império foi estendido para toda a região do Rio Níger, a economia desenvolveu-se e a administração interna foi reorganizada. Após sua morte, uma dinastia muçulmana assumiu o poder, transformando o sôngai em um Estado islâmico, governado segundo as leis do Alcorão. O poder foi centralizado na figura de seu dirigente, chamado ásquia. Suas três principais cidades – Gao, Dijenê e Timbuctu –, que tinham pertencido ao Império do Mali, tornaram-se grandes centros comerciais e culturais islâmicos.

No século dezesseis, a invasão de Timbuctu pelos marroquinos e as lutas internas entre os imperadores e a nobreza contribuíram para o fim do império. Mesquitas, escolas e bibliotecas foram derrubadas, os órgãos do Estado se desorganizaram e as crenças tradicionais voltaram a florescer. A economia urbana ficou arruinada, obrigando grande parte dos habitantes a retornar à atividade agropastoril. Tudo isso facilitou o estabelecimento dos portugueses na costa do Senegal e na região da Costa do Ouro, entre os séculos quinze e dezesseis.

Saiba mais

A cultura islâmica na África

Na África, os muçulmanos investiram parte dos lucros do comércio na criação de bibliotecas, escolas e universidades. Na cidade de Timbuctu, por exemplo, havia cêrca de 120 escolas islâmicas, frequentadas por milhares de alunos africanos e asiáticos. Na Universidade de sancore, que chegou ao auge durante o domínio sôngai, aprendia-se árabe, direito, gramática, retórica, lógica, matemática, história e geografia.

Fotografia. Vista da fachada de uma mesquita com muro simples, feito de adobe, e uma porta. No centro do muro uma estrutura semelhante a uma pirâmide toda revestida por protuberâncias. Em frente à mesquita, pessoas passando em rua de terra.
Mesquita e madrasa de sancore, em Timbuctu, no Mali. Foto de 2019. Construída por volta do século quinze, essa mesquita fazia parte da Universidade de sancore.

Responda em seu caderno.

Explore

Compare essa mesquita africana com a que você observou na página 192. O que você nota a respeito desse tipo de construção religiosa?


Responda em seu caderno.

Recapitulando

13. Cite duas razões que contribuíram para o fim do Império sôngai.


Respostas e comentários

Explore

O estilo arquitetônico da mesquita, edifício típico da cultura islâmica, adaptou-se às condições do território e à cultura local. Nesse ambiente do deserto, a mesquita foi feita de adobe, que garante mais durabilidade à construção. É um material sustentável e adequado ao clima dessa região da África, seco e quente durante o dia, mas com noites frias, momento em que o adobe funciona como isolante térmico. Além disso, o estilo arquitetônico é diferente do das mesquitas do Oriente Médio (imagem da página 192), em que se veem os minaretes e as cúpulas em seus formatos tradicionais.

Recapitulando

13. A invasão marroquina de Timbuctu e as lutas internas entre imperadores e nobreza no século dezesseis foram razões que contribuíram para o fim do Império sôngai.

Atividade complementar

Proponha aos alunos uma atividade para criação de aplicativos para dispositivos eletrônicos, como smartphones e tablets, sobre a diversidade dos impérios africanos. Para isso, organize a turma em grupos e peça a cada grupo que pesquise informações sobre os impérios estudados ou sobre outros povos de diferentes regiões da África. Eles devem pesquisar:

  • informações importantes sobre os reinos ou povos;
  • mapas para localizá-los;
  • imagens, se houver, de construções importantes e peças arqueológicas ou artísticas que revelem informações relevantes sobre o povo estudado.

Após a pesquisa, oriente-os a reunir as informações pesquisadas por toda a turma e a buscar na internet sites que disponibilizam plataformas gratuitas para criação de aplicativos desse tipo. Os aplicativos poderão conter, além de fotos, mapas e informações, vídeos e jogos. Essa atividade é importante para que os alunos tenham a experiência de acessar e criar tecnologias digitais voltadas para o ensino.

Bê êne cê cê

Essa atividade favorece o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 5 e da Competência específica de História nº 7.

A escravidão na África

Assim como em diversas sociedades da Antiguidade (Mesopotâmia, Grécia e Roma), a escravidão no continente africano foi bastante comum. Embora o emprego dessa mão de obra pudesse variar entre as diversas sociedades africanas, o escravizado era quase sempre o “outro”, encarado como um inimigo ou um estrangeiro, e não como um semelhante.

No continente africano, os prisioneiros de guerra formavam a maior população de escravizados. Havia também outros motivos que levavam à perda da liberdade e da condição de membro de uma sociedade: a condenação por crimes e a impossibilidade de quitar dívidas, por exemplo. Em poucos casos, os escravizados eram bem tratados, pois, no geral, o uso da violência era a regra que garantia a manutenção da escravidão.

Era comum a utilização dos escravizados em tarefas domésticas, em trabalhos de cultivo agrícola, de cuidado com o gado, de pesca e de caça.

No sistema escravista, cada família possuía poucos escravizados e a posse deles estava ligada a prestígio social e poder econômico.

A escravidão pós-expansão islâmica

A partir do final do século sete, com a progressiva ocupação muçulmana do norte do continente africano, a prática da escravidão foi sistematizada e transformada em atividade comercial de grande escala. Com o desenvolvimento de grandes reinos como os de Gana, Mali e sôngai, os escravizados passaram a realizar a agricultura em maiores extensões de terra, e o produto do trabalho deles alimentava os membros da côrte e do exército. Parte da produção de alguns vegetais, como o milhete (variedade de milho) no Mali, era vendida para localidades fóra dos reinos.

Além disso, vários reinos africanos passaram a promover guerras com o propósito de aprisionar pessoas para vendê-las como escravizados dentro e fóra do continente africano. O comércio de africanos escravizados abasteceu entrepostos comerciais no Mar Mediterrâneo e no Oriente Médio, além de mercados chineses e indianos, por exemplo.

Embora as fontes documentais sejam escassas, estima-se que os muçulmanos movimentaram o comércio de mais de 5 milhões de africanos escravizados entre os anos 650 e 1600.

Conexão

Sundiata, o leão do Mali: uma lenda africana

uíl áisner. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

uíl áisner reconta em quadrinhos as aventuras de Sundiata Keita, imperador do Mali durante o século catorze: sua infância, os anos de exílio e a reconquista do trono malinês contra o poderoso Sumanguru, o rei de Sasso.


Capa de livro. Na parte superior, o título. À esquerda, ilustração de um soldado apontando um arco e flecha na direção de um homem no topo de um morro, à direita. O homem da direita usa uma capa, tem uma espada na mão e com a outra ele toca um raio vindo de cima.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

14. Aponte uma diferença entre a escravização na África antes da expansão islâmica e a ocorrida depois dela.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao discutir a escravidão no continente africano, tema que será ampliado na seção “Atividades”, contempla-se parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um sete.

Recapitulando

14. Antes, os escravizados eram, sobretudo, prisioneiros de guerra e seu número era pequeno. Depois da islamização, a escravidão foi transformada em comércio lucrativo e, assim, multiplicou-se de fórma considerável o número de indivíduos escravizados.

A escravidão pós-expansão islâmica

Para adensar a discussão sobre as estimativas do número de africanos escravizados por meio do comércio muçulmano, leia: SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

Conexão

Existem muitas versões da epopeia de Sundiata na reconquista do trono malinês. Nessa fábula, narra-se a interferência de espíritos nas condutas dos indivíduos. Sumanguru, o rei de Sasso, é perverso e se faz respeitar ao espalhar o temor entre as pessoas. Ele conquista as terras do Mali e poupa a vida de Sundiata, considerado inofensivo por ser coxo. Sundiata é curado por um feiticeiro e cresce destemido, partindo, então, para reconquistar as terras de seu povo. A história pode ser lida como estímulo à superação de obstáculos em âmbito pessoal, destacando o papel do coletivo nessa tarefa.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

  1. Sobre a Península Arábica, responda às questões a seguir.
    1. O que diferenciava a “Arábia Feliz” das partes norte e central da península?
    2. Quem eram os beduínos? Como eles viviam?
    3. Por que nem todo árabe é muçulmano, assim como nem todo muçulmano é árabe?
  2. Identifique a afirmação incorreta. Depois, corrija-a em seu caderno.
    1. A cidade de Meca se tornou um importante centro de peregrinação somente após a conversão dos árabes ao islamismo.
    2. Embora o islã tenha surgido na Península Arábica, a cultura islâmica está presente em outros continentes, como o europeu e o africano.
    3. Desenvolver meios para cruzar o Deserto do Saara foi fundamental para estabelecer o comércio entre o norte da África e a região do Sael.
    4. A penetração muçulmana na África começou com as conquistas militares no norte do continente. Em seguida, os muçulmanos estenderam sua influência para a região do Sael por meio do comércio e da conversão dos nativos ao islã.
    5. No século sete, os povos árabes beduínos, motivados por interesses e vantagens econômicas, vincularam-se aos califas e passaram a trabalhar na expansão do islã e da comunidade islâmica na África.
  3. Sobre a África Subsaariana, identifique quais afirmações se referem ao Reino de Gana, quais se referem ao Império do Mali e quais se referem ao Império sôngai.
    1. Invasões marroquinas e lutas internas contribuíram para seu fim.
    2. Transformou a cidade de Timbuctu em um grande centro cultural.
    3. Considerado o primeiro grande reino do Sael africano islamizado.
    4. Transformou-se em um Estado islâmico, governado segundo as leis do Corão.
    5. Reino localizado entre os atuais Mali e Mauritânia, ficou conhecido como “Terra do Ouro”.
    6. A islamização de seu povo se aprofundou, pois os próprios governantes se converteram ao islã.
    7. Enfraqueceu-se em razão de batalhas contra berberes islamizados. Foi conquistado no século treze.
    8. Última grande civilização da África Subsaariana anterior à chegada dos europeus.
  4. Leia o texto a seguir sobre a escravidão nas sociedades africanas para responder às questões.

Ao ampliar o número dos dependentes do chefe de família, o escravo incrementava-lhe a riqueza e lhe fortalecia o poder. reticências. Podia ser estimulado a ter filhos, que pertenciam ao senhor, quer fossem de casais cativos, quer, em certas sociedades, de um homem livre com uma jovem escrava. Em outras, a criança acompanhava a condição do pai. Na maior parte dos casos, os escravos nascidos na casa do amo não podiam ser vendidos e recebiam tratamento mais brando. Seus descendentes iam, de geração em geração, perdendo a condição servil e sendo paulatinamente assimilados à linhagem do dono. reticências Acresce que o processo de absorção, em boa parte das sociedades africanas, não era completo. Mesmo depois de incorporados à linhagem do amo, os descendentes de escravos continuavam, em muitas comunidades, a ser estigmatizados como tais.

SILVA, Alberto da Costa e. A manilha e o libambo: a África e a escravidão, de 1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. página 82-83.

  1. Segundo o texto, qual era a função do escravizado na sociedade africana?
  2. Na África, a escravidão era hereditária?

Respostas e comentários

Atividades

    1. A “Arábia Feliz”, situada ao sul e banhada pelas águas do Mar Vermelho e do Oceano Índico, é uma região de chuvas regulares, relacionadas ao clima de monções. Essa condição climática especial possibilitou o desenvolvimento da agricultura, a formação de núcleos urbanos e sedentários e a expansão do comércio na região.
    2. Os beduínos eram os povos que habitavam as áreas desérticas do norte e do centro da Península Arábica. Eram povos nômades ou seminômades que sobreviviam da criação de camelos, carneiros e cabras, da cobrança de taxas de proteção e da participação direta no comércio de caravanas. Eles tinham um modo de vida tribal e falavam o árabe.
    3. Até a Idade Média, a palavra árabe designava o povo originário da Península Arábica. Atualmente, o termo se refere ao habitante de um país falante da língua árabe. Já a palavra muçulmano designa o seguidor da religião islâmica. A Indonésia e o Irã, por exemplo, não são países de língua árabe, mas são considerados muçulmanos porque a maioria da população professa essa religião.
  1. Alternativa incorreta: a. Correção: A cidade de Meca era um centro de peregrinação de árabes politeístas antes do início do islamismo.
  2. Reino de Gana: c, e, g; Império do Mali: b, f; Império sôngai: a, d, h.
    1. De acordo com o texto, na sociedade africana, a função do escravizado era aumentar a força de trabalho e a riqueza do senhor.
    2. Na África, a condição dos filhos dos escravizados variava de sociedade para sociedade. No geral, eles pertenciam ao senhor. Porém, em algumas sociedades, a criança acompanhava a condição do pai. Além disso, na maioria dos casos, os escravizados nascidos na casa do senhor não podiam ser vendidos, recebiam tratamentos mais brandos e seus descendentes, paulatinamente, perdiam a condição servil e eram incorporados à linhagem do senhor, porém, de modo incompleto, permanecendo estigmatizados.
  1. Construa no caderno uma linha do tempo situando os principais acontecimentos relacionados à história do islã e a outros assuntos estudados até agora.
    1. Hégira.
    2. Morte de Maomé.
    3. Tomada de Meca.
    4. Nascimento de Maomé.
    5. Primeira revelação do anjo Gabriel.
    6. Queda do Império Romano do Ocidente.
    7. Inauguração da Grande Mesquita de abú dábi.
    8. Oficialização do cristianismo como religião do Império Romano.

Versão adaptada acessível
  1. A seguir estão listados os principais acontecimentos relacionados à história do islã e a outros assuntos estudados até agora.
    1. Hégira.
    2. Morte de Maomé.
    3. Tomada de Meca.
    4. Nascimento de Maomé.
    5. Primeira revelação do anjo Gabriel.
    6. Queda do Império Romano do Ocidente.
    7. Inauguração da Grande Mesquita de Abu Dhabi.
    8. Oficialização do cristianismo como religião do Império Romano.

Com base nesses eventos, construa uma linha do tempo tátil. Para isso, selecione materiais de diferentes texturas e elabore uma linha horizontal com um material mais espesso, como papelão ou emborrachado. Em seguida, divida essa linha em oito espaços, utilizando materiais mais finos, como palitos ou pedaços de barbante. Cada um dos acontecimentos vinculados à história do islã e dos outros assuntos estudados devem ser relacionados aos anos correspondentes. Após demarcar os intervalos na linha do tempo para contemplar os eventos, escreva as datas de cada um deles. Por fim, compartilhe a sua produção com os colegas.

Orientação para acessibilidade

Uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero, fino e espesso, tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Dessa forma, podem ser utilizados material emborrachado, diversos tipos de papéis, palitos, linhas, botões etc. Auxilie os estudantes durante a seleção e a organização dos materiais. Para facilitar a percepção em alto-relevo, sugerimos que linha principal seja feita com materiais mais espessos. Já os marcos temporais podem ser representados por materiais mais finos. Após a montagem dessa estrutura, oriente que os estudantes escrevam e colem próximos aos marcos temporais os acontecimentos indicados. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade. Os estudantes também podem destacar a cronologia dos acontecimentos em forma de texto ou oralmente, desde que as relações de anterioridade e posterioridade sejam evidenciadas.

Aluno cidadão

  1. Desde o século passado, ataques terroristas praticados por grupos radicais islâmicos levaram à associação entre islamismo e violência. Mesmo que os responsáveis por tais ataques representem uma minoria entre os muçulmanos, o impacto causado por essas ações produziu rejeição à comunidade islâmica.
    1. Reúnam-se em grupo para fazer uma pesquisa em jornais e sites sobre como a comunidade islâmica reage às ações desses grupos terroristas.
    2. Sob a coordenação do seu professor, debatam: A ação desses grupos minoritários justifica afirmar que o islamismo é uma religião intolerante?

Conversando com língua portuguesa

7. Leia a seguir o relato de um griô ao historiador Dibríl Nianê.

Sou griô. Meu nome é djeli mamádu cuiatê, filho de bintu cuiatê e de djeli quediã cuiatê, mestre na arte de falar. reticências A arte da palavra não apresenta qualquer segredo para nós; sem nós, os nomes dos reis cairiam no esquecimento; nós somos a memória dos homens; através da palavra, damos vida aos fatos e façanhas dos reis perante as novas gerações.

Recebi minha ciência de meu pai djeli quediã, que a recebeu igualmente de seu pai; a história não tem mistério algum para nós reticências.

nianê dibríl tamsír. Sundjata ou a epopeia mandinga. São Paulo: Ática, 1982. página 11.

  1. Qual é a importância dos griôs para a história e a cultura dos mandingas?
  2. Segundo o relato, como mamádu cuiatê se tornou um griô? Indique a importância da cultura oral nesse processo.

Mão na massa

8. As máscaras estão presentes em muitas sociedades africanas. Elas são usadas em cerimônias e rituais e, segundo as crenças africanas, permitem que o corpo do mascarado seja momentaneamente habitado pelo espírito dos ancestrais ou de uma divindade. As máscaras africanas costumam ser feitas de madeira – pois às árvores são atribuídos poderes mágicos e espirituais – e também de cobre, ouro ou moldadas em cerâmica. Algumas são coloridas. Observe a máscara africana apresentada a seguir e inspire-se nela para criar uma máscara. Você pode usar papéis coloridos, papel machê ou argila. Ao criar sua máscara, pense em um significado para ela.

Fotografia. Máscara vista de perfil. Tem muitas linhas por todo contorno da parte de baixo, semelhante a uma barba. A parte de cima é decorada com contas. No topo, uma haste curvada para frente com um adorno na ponta.
Máscara africana do povo Kuba, da República Democrática do Congo. Museu de Antropologia, Winston-Salem, Estados Unidos.

Respostas e comentários

5. A sequência correta da linha do tempo é: h) 380; f) 476; d) c. 570; e) 610; a) 622; c) 630; b) 632; g) 2007.

6. a) A comunidade islâmica condena os atentados e o modo como esses grupos utilizam versos do Alcorão de fórma descontextualizada para justificar seus atos.

Oriente os alunos a realizar a pesquisa em fontes confiáveis. Eles devem observar, por exemplo, se o site identifica seus mantenedores, se está vinculado a alguma associação, instituição, organização ou autoridade reconhecida pela comunidade islâmica ou se está vinculado a agências de notícias confiáveis.

b) Ações de grupos islâmicos minoritários não representam a comunidade muçulmana. Tanto a história do islã quanto a conduta atual de seus adeptos dão lições de tolerância e estímulo à ciência e às artes.

Durante o debate, oriente os alunos a utilizar as informações levantadas na pesquisa para sustentar seus argumentos.

7. a) Os griôs fornecem uma narrativa oral sobre o passado e as tradições mandingas. Apresentam-se como o repositório da memória e da história.

b) De acordo com o relato, mamádu cuiatê herdou a condição de griô de seus ancestrais. A cultura oral é o suporte desse processo. O ofício é passado de geração em geração por meio dessas narrativas.

Interdisciplinaridade

Ao auxiliar os alunos a compreender um relato, sobretudo no que tange ao exercício da atividade de griô, contempla-se parcialmente a habilidade ê éfe seis sete éle pê dois oito.

8. O objetivo da atividade é possibilitar o desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico dos alunos, de modo que se posicionem contra atitudes preconceituosas e de intolerância.

Para ampliar o conhecimento dos alunos sobre o significado das máscaras, se possível, oriente-os a consultar o site do Museu Afro-brasileiro da úfiba, disponível em: https://oeds.link/4czXXS ou o livro África em Artes, de Juliana Ribeiro da Silva Bevilacqua e Renato Araújo da Silva, disponível em: https://oeds.link/Ng8v29. Acessos em: 17 março 2022.

Chame a atenção dos alunos para os diferentes estilos de máscara e para a variedade dos padrões decorativos africanos. Durante a confecção das máscaras, incentive-os a expressar os sentimentos e impressões que desejam transmitir por meio delas, escolhendo padrões e cores relacionadas às suas intenções.

Glossário

Tribo
: grupo social autônomo com origem comum, que ocupa o mesmo território, tem laços de parentesco e apresenta certas características semelhantes, como a língua e os costumes.
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Oásis
: área fértil com presença de lagos naturais em meio ao deserto.
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Mesquita
: do árabe méxi, significa “lugar de prosternação”, no qual o fiel deve se curvar em sinal de respeito.
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Califa
: sucessor do profeta Maomé, na qualidade de guia ou líder temporal e espiritual da comunidade islâmica.
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Abássidas
: descendentes de Abas ibne Abedal Mutalibe, tio de Maomé, não aceitavam a legitimidade da dinastia omíada e se consideravam os verdadeiros herdeiros do profeta.
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: explorador e viajante marroquino que viveu no século catorze. Ele percorreu regiões que correspondem a cêrca de 44 países da atualidade, passando pela África, pelo Oriente Médio e pela Ásia Central.
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: intelectual muçulmano nascido em Túnis, em 1332, que estudou diversas áreas do conhecimento, como história e astronomia.
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Espólio
: conjunto de riquezas tomadas do inimigo pelo vencedor em uma guerra.
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Transaariano
: que cruza o Deserto do Saara.
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Dromedário
: animal da família do camelo. Tem apenas uma corcova, enquanto o camelo apresenta duas corcovas.
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: zona fronteiriça ao sul do Deserto do Saara.
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Noz-de-cola
: semente de planta utilizada como estimulante e revigorante.
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África Subsaariana
: região da África situada ao sul do Deserto do Saara.
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Cáfila
: caravana de mercadores transportada por camelos.
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Régulo
: chefe de pequeno Estado africano.
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Curtume
: local onde se processa o curtimento do couro; atividade de mergulhar o couro em líquido para deixá-lo mais flexível.
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Madrasa
: instituição de ensino de estudos islâmicos.
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