CAPÍTULO 12  Transformações na Europa medieval

Fotografia. Pessoas com armaduras e capacetes de metal empunham espadas e escudos. Elas estão em confronto. Ao fundo pessoas observam e fotografam.
Representação de combate entre cavaleiros armados semelhante aos dos torneios medievais, na região de Madri, Espanha. Foto de 2021.

Você já ouviu falar dos torneios medievais? No começo do século doze, esses espetáculos eram realizados em muitas regiões da Europa. Caracterizados como eventos da nobreza, duravam vários dias e reuniam dois grupos de cavaleiros fortemente armados que disputavam um espaço por meio de ataques, emboscadas e simulações de fuga. Os combates eram realizados geralmente em campos e bosques abertos.

Os torneios eram um momento para os cavaleiros demonstrarem ter qualidades, como coragem, inteligência, fôrça e honra, valorizadas na época. Entretanto, por serem muito violentos, os torneios foram proibidos pela Igreja, que considerava que eles incentivavam sentimentos como o ódio, a violência, a soberba e a inveja.

Com o passar do tempo, foram criadas algumas regras para evitar as mortes e os acidentes nos torneios, como a substituição da ponta das lanças por uma coroa e a inserção de uma barra de madeira entre os combatentes. Além disso, a maior parte dos torneios passou a ser disputada por apenas dois cavaleiros: as chamadas justas. Essas mudanças transformaram os eventos em jogos e espetáculos de entretenimento, apreciados por toda a população.

Atualmente, esses torneios ainda ocorrem em diversos lugares da Europa, como campeonatos de lutas medievais, e atraem pessoas interessadas na história medieval.

  • Por que podemos afirmar que os torneios medievais eram reflexos de uma sociedade marcada pelas atividades militares?
  • Na sua opinião, os torneios medievais podem ser considerados um esporte? Justifique.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo contempla as habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro, ê éfe zero seis agá ih um cinco, ê éfe zero seis agá ih um seis, ê éfe zero seis agá ih um sete e ê éfe zero seis agá ih um oito (ao tratar do revigoramento urbano, das alterações sociais e comerciais, das rotas mediterrânicas e dos contatos culturais diversos decorrentes da circulação de pessoas, bem como do papel do cristianismo na organização da sociedade medieval ocidental).

Objetivos do capítulo

  • Identificar as principais mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais ocorridas na Europa medieval a partir do século onze.
  • Reconhecer a importância do Mar Mediterrâneo no processo de interação entre as sociedades da Europa, da África e do Oriente Médio.
  • Reconhecer os objetivos, as características e os resultados das Cruzadas.
  • Discutir o processo de expansão das cidades medievais e a formação de novas camadas sociais.
  • Compreender os motivos da crise do século catorze e do enfraquecimento do feudalismo.

Abertura do capítulo

Além de apresentar um exemplo de atividade de entretenimento atual que existia na Idade Média, a abertura possibilita a introdução de um aspecto da organização social da época. Os torneios fortaleceram a identidade dos cavaleiros e contribuíram para definir um traço distintivo da nobreza, afirmando seus privilégios e státus. Esse tema é interessante para iniciar os estudos sobre as transformações ocorridas na Europa medieval a partir do século onze, já que os torneios tiveram início no contexto das Cruzadas e da revitalização do comércio marítimo no Mediterrâneo. Pode-se levantar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema, perguntando a eles se já viram cenas de torneios medievais em filmes e o que sabem sobre esses eventos. Pode-se, também, comentar que, ao se popularizarem como um esporte, ainda no período medieval, os torneios passaram a ter regras e equipamentos obrigatórios, como o capacete, o escudo e a armadura.

As inovações agrícolas

A partir do século onze, a Europa medieval passou por profundas transformações, iniciadas principalmente com o desenvolvimento de técnicas agrícolas que aumentaram a produção de alimentos. Uma dessas inovações foi a charrua, espécie de arado feito de ferro. Ela penetrava profundamente na terra, aumentando a oxigenação e a fertilidade do solo.

Outra inovação importante ocorreu na fórma de atrelamento dos animais utilizados nos campos. Os arreios não eram mais presos ao pescoço dos animais, mas a seus ombros e dorso. Essa mudança possibilitou a melhor distribuição do peso dos arados no corpo dos animais e acabou com o risco de sufocar cavalos e bois.

Iluminura. Homem de vestes largas está arando a terra com o auxílio de bois. Eles puxam um instrumento curvo que passa pelo solo. No morro um menino sentado observando.
Um agricultor ensina o seu filho a arar a terra, iluminura, século treze. Biblioteca do Mosteiro de San Lorenzo do Escorial, Madri, Espanha. Observe que o arado de ferro não é preso ao pescoço dos bois.

Nesse período também foi introduzida a rotação trienal de culturas. A técnica consistia em dividir o solo em três partes para o cultivo de cereais e leguminosas com o objetivo de evitar o esgotamento do solo (observe a ilustração).

Rotação trienal de culturas

Esquema. Rotação trienal de culturas. O esquema ilustra o plantio realizada em três lotes diferentes ao longo de três anos. 
Primeiro Lote: Primeiro ano: Trigo; Segundo ano: Aveia; Terceiro ano: Descanso (mato).
Segundo Lote: Primeiro ano: Aveia; Segundo ano: Descanso (mato); Terceiro ano: Trigo.
Terceiro Lote: Primeiro ano: Descanso (mato); Segundo ano: Trigo; Terceiro ano: Aveia.

Fonte: FRANCO JÚNIOR, Hilário. O feudalismo. sexta edição São Paulo: Brasiliense, 1987. página 62-78.

Com essas inovações técnicas, somadas às mudanças do clima, que se tornou mais quente e seco em algumas regiões da Europa, foi possível aumentar a produção de leguminosas, como ervilha, lentilha, feijão e grão-de-bico. A dieta da população tornou-se mais variada e, portanto, mais nutritiva. Bois, cabras e carneiros também passaram a alimentar-se melhor, o que fez crescer os rebanhos e a produção de carne, leite e lã. Dessa fórma, o problema da fome diminuiu e as pessoas ficaram mais resistentes às doenças, reduzindo os índices de mortalidade. O aumento da produção de alimentos e o crescimento populacional favoreceram a expansão do comércio e das cidades.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar as inovações agrícolas, que contribuíram para o aumento da produção de alimentos e, consequentemente, da população europeia e do crescimento das cidades no final da Idade Média, o texto contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis.

Os efeitos das inovações

De acordo com o historiador Jaques Le Gófi, as consequências dessas inovações na agricultura foram notáveis. A população europeia, que em 1050 era de 46 milhões, em 1150 atingiu 50 milhões, chegando a 61 milhões em 1300.

Atividade complementar

A partir do século onze, na Europa, houve grande crescimento populacional e expansão das cidades. Nos campos, diante da demanda por alimentos, aumentaram as áreas de cultivo e a derrubada de florestas para garantir terras para a agricultura. Para alguns autores, o resultado dessas mudanças foi um grave desequilíbrio ecológico, marcado pelo aumento do volume de chuvas e inundações. As consequências dessas alterações ambientais foram mais duramente sentidas no século catorze, quando as colheitas foram significativamente afetadas e os preços dos alimentos subiram.

Explique essa hipótese aos alunos e aproveite a oportunidade para debater um assunto que continua atual: Quais são as consequências ambientais do uso das tecnologias desenvolvidas para manter o padrão de consumo no mundo? O planeta tem recursos suficientes para que toda a sua população tenha o mesmo padrão de consumo?

Se possível, programe a discussão com a parceria de professores de outros componentes curriculares, como geografia e ciências, que podem contribuir para a ampliação do estudo do tema.

O revigoramento comercial e urbano

Como estudamos no capítulo 11, na Europa feudal os senhorios tendiam a produzir quase todos os artigos necessários à sobrevivência dos moradores. Assim, a princípio, o comércio era uma atividade secundária.

A maior parte das trocas comerciais era feita nas proximidades dos castelos, com uso restrito de dinheiro. Prevalecia o escambo, ou seja, a troca direta de produtos. O excedente de artigos como cereais, hortaliças e queijos, produzidos pelos camponeses, era trocado por calçados, tecidos, utensílios domésticos e outros produtos. Havia também um tímido comércio a longa distância, principalmente de artigos de luxo provenientes do Oriente. Esses produtos eram consumidos pelo alto clero e pelos aristocratas.

Com o crescimento populacional decorrente das inovações agrícolas, houve um aumento da mão de obra para o trabalho nos campos. Assim, parte da população buscou novas áreas agrícolas para cultivar ou migrou para as cidades. Localizadas nas proximidades de rios ou de estradas frequentadas por comerciantes, várias cidades logo começaram a crescer. O grande aumento da produtividade nos campos gerou um excedente que também abastecia a população urbana.

A produção de tecidos e o artesanato tiveram grande desenvolvimento nos centros urbanos, especialmente em Flandres (parte da atual Bélgica), na Península Itálica e na Inglaterra, graças ao aumento da produção de lã. Outro setor que ganhou impulso foi o da construção civil. Aproveitando a oferta de mão de obra originária dos campos, muitas catedrais, muralhas e casas foram construídas, assim como palácios e hospitais.

As moedas tornaram-se o principal meio de pagamento, tanto na compra e venda de produtos quanto na remuneração dos trabalhadores. Como resultado desse dinamismo comercial, muitas cidades cresceram e prosperaram. Porém, embora tenham sido formadas cêrca de 140 cidades no Ocidente entre 1100 e 1300, o mundo feudal era essencialmente agrário: apenas 15% da população europeia vivia nas cidades.

Iluminura. Rua estreita de casas de muro cinza com detalhes em madeira ao redor das janelas. À frente das casas, pessoas em bancas, vendendo alimentos, objetos e roupas. À esquerda, duas pessoas em uma banca manuseiam tecidos. Duas pessoas e um cachorro estão parados ao lado da banca. Ao fundo, em outra banca, uma mulher em pé está com as mãos no cabelo de uma mulher sentada.
Iluminura representando artesãos e comerciantes, retirada do manuscrito Livre du gouvernement des princes, de gíle dê rôme, século quinze. Biblioteca do Arsenal, Paris, França.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Cite e descreva duas inovações técnicas ocorridas na agricultura europeia ao longo da Baixa Idade Média.
  2. De que modo as inovações agrícolas contribuíram para o desenvolvimento do comércio e das cidades?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao apresentar as mudanças nas fórmas de trabalho e o aumento da atividade comercial no período medieval, o texto contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis.

Recapitulando

  1. No âmbito das técnicas agrícolas, a introdução da rotação trienal de culturas foi fundamental para um melhor aproveitamento da terra. A técnica consistia em dividir o solo em três partes alternando o cultivo de cereais e leguminosas periodicamente, com o objetivo de evitar o esgotamento do solo. A cada ano, enquanto duas áreas forneciam produtos distintos, a terceira permanecia em descanso, sendo utilizada para pastagens. Além disso, os arados, chamados charruas, que passaram a ser feitos de ferro, podiam penetrar mais profundamente na terra, aumentando a oxigenação e, consequentemente, a fertilidade do solo.
  2. Com as inovações agrícolas, houve crescimento populacional, que gerou um excedente de mão de obra nos campos. Com isso, muitas pessoas migraram para as cidades, impulsionando o desenvolvimento do comércio, do artesanato, da construção civil etcétera Esse dinamismo urbano culminou na revitalização do comércio na Europa Ocidental a partir do século onze.

A expansão do comércio terrestre e marítimo

O comércio europeu teve grande crescimento a partir do século onze. As trocas comerciais terrestres passaram a se concentrar nas feiras – mercados temporários organizados anualmente em locais preestabelecidos –, que atraíam comerciantes de várias regiões da Europa e do Oriente. Nessas feiras, circulavam mercadorias produzidas localmente e produtos de outras regiões.

Os mercadores que se dedicavam ao comércio marítimo comercializavam produtos raros na Europa cristã, como especiarias, seda e marfim. Os dois principais eixos comerciais marítimos do século onze situavam-se no Mar Mediterrâneo, comandado por genoveses e venezianos, e no Mar do Norte, sob contrôle germânico. O comércio no Mediterrâneo ligava as cidades italianas de Veneza, Gênova e Nápoles às cidades no norte da África, como Túnis, Trípoli, Alexandria e Cairo, e às cidades da Ásia, como Constantinopla (observe o mapa).

Rotas comerciais (século treze)

Mapa. Rotas comerciais, século treze. Destaque para terras na Europa, na Ásia e na África ao redor do Mar Mediterrâneo.
Legenda:
Linha vermelha: Rota comercial terrestre.
Linha verde: Rota comercial marítima.
Linha tracejada vermelha: Caravanas.
Linha tracejada azul: Navegação de cabotagem.
Triângulo laranja: Feiras comerciais. 
No mapa, as rotas terrestres interligam as cidades de Lisboa, Porto, Cádiz, Barcelona, Toulouse, Bordeaux, Orleans, Paris, Tryes, Lyon, Marselha, Gênova, Turim, Milão, Veneza, Florença, Pisa, Roma, Nápoles, Viena, Praga, Leipzig, Bruges, Londres, York, Cracóvia, Riga, Kiev, Budapeste, Belgrado e Constantinopla, na Europa; a cidade de Bagdá, na Ásia; e as cidades de Alexandria e do Cairo, na África. As rotas marítimas desenvolvem-se: no Mar do Norte, ligando as cidades de Estocolmo, Riga, Londres e Bruges; na costa do Oceano Atlântico, ligando Londres, Porto e Lisboa, na Europa, e Ceuta, na África; no Mar Mediterrâneo, ligando Ceuta, Túnis, Trípoli e Alexandria, na África, Barcelona, Gênova, Nápoles e Constantinopla, na Europa; no Mar Negro, ligando Constantinopla ao leste europeu e à Ásia. Rotas de caravanas ligam Bagdá a Damasco, seguindo pela Península Arábica;  também partem de Trípoli e de Ceuta para o interior da África. A navegação de cabotagem ocorre no litoral do Mar Mediterrâneo, ligando Barcelona, Marselha e Gênova; e no Mar do Norte, na costa leste de Londres. No território europeu, estão localizadas as seguintes feiras comerciais: Medina do Campo, Flanders, Bar-Sur-Aube, Provins, Laggny, Frankfurt e Ausburgo.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 340 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. página 64-65.

O crescimento do comércio tornou mais frequente o uso de moedas. Como até então cada senhorio cunhava as próprias moedas, elas geralmente tinham formato e peso diferentes. Nesse contexto, surgiram os negociantes especializados em avaliar e trocar as moedas: os cambistas.

A atividade desses negociantes foi se aprimorando cada vez mais para atender às necessidades do comércio de longa distância. Por ser arriscado transportar muitas moedas em longas viagens, os cambistas passaram a fornecer cheques e letras de câmbioglossário e a emprestar dinheiro aos mercadores, mediante a cobrança de juros. Surgia, assim, a figura do banqueiro.

Pintura. Casal sentado lado a lado olhando moedas sobre a mesa. O homem tem vestes escuras e um lenço preto no cabelo. Ele manuseia moedas. A mulher ao lado dele, de vestido avermelhado e lenço claro nos cabelos, está com as mãos sobre um livro, mas olha para as moedas. Ao fundo, estante com objetos.
O banqueiro e sua mulher, pintura de Cuêntin Méticis, 1514. Museu do Louvre, Paris, França.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar o aumento da circulação de pessoas e de mercadorias no Mediterrâneo, o texto desta página contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Mercadores e banqueiros

Inicialmente, não havia diferenciação clara entre a figura do mercador e a do banqueiro. Um mercador, à medida que prosperava e se capitalizava, ampliava sua rede de colaboradores e seus negócios. Os grandes mercadores marítimos de Flandres, das cidades italianas e da Inglaterra foram, em geral, os que mais acumularam riquezas, o que lhes permitiu atuar nas operações bancárias de câmbio e de crédito. Esses homens de negócios eram os chamados mercadores-banqueiros.

A formação da burguesia

Aos poucos, as feiras de mercadores tornaram-se permanentes. Várias dessas feiras deram origem a novos núcleos urbanos ou contribuíram para revitalizar os que já existiam, mas eram pouco frequentados. Esses núcleos, ou cidades, recebiam o nome de burgos e seus moradores eram chamados de burgueses. Alguns burgos se desenvolveram dentro de domínios senhoriais; por isso, seus moradores deviam obrigações aos senhores, como o pagamento de taxas pelo uso de pontes e estradas.

Para escapar das obrigações senhoriais, os burgueses passaram a reivindicar autonomia. Muitos se revoltaram contra os senhores, organizando os chamados movimentos comunais. Depois de longos embates, senhores e comunas entraram em um acordo por meio das Cartas de Franquia ou Cartas Comunais. Esses documentos garantiam a liberdade das cidades mediante o pagamento de indenização aos senhores.

Em alguns casos, os moradores das cidades não pegaram em armas, firmando apenas cartas de compromisso com os senhores. Por meio delas, comprometiam-se a pagar impostos ao senhor para poder desenvolver livremente suas atividades econômicas, bem como ter o direito de administrar a cidade.

Muitos servos, sem trabalho no campo e descontentes com a cobrança de numerosas taxas nos senhorios, viram nas cidades a oportunidade de desenvolver novas atividades e escapar dos encargos feudais. O número de habitantes nas cidades cresceu rapidamente sem a infraestrutura necessária, o que gerou diversos problemas urbanos, como a falta de saneamento e de limpeza das ruas.

Pintura. Muitas pessoas aglomeradas na entrada de uma cidade. O chão é de terra. Algumas pessoas estão a cavalo. As mulheres usam longos vestidos. As casas têm o primeiro andar mais alto e aberto em arcos. A parte superior das casas têm muitas janelas.
Detalhe de Efeitos do bom governo na cidade, pintura de ãmbródjio lorenzéti, 1338-1339. Palácio de Siena, Itália.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Que relação havia entre a atividade dos banqueiros e as transformações econômicas ocorridas na Baixa Idade Média?
  2. Explique de que modo os contatos no Ocidente, no Oriente e no norte da África se estreitaram na Idade Média.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar a formação da burguesia e o desenvolvimento das cidades, diferencia-se a servidão no campo do trabalho livre urbano, contemplando parcialmente as habilidades ê éfe zero seis agá ih um seis e ê éfe zero seis agá ih um sete.

Recapitulando

  1. A atividade do mercador-banqueiro, recente no panorama medieval, era expressão de uma economia monetária, na qual a troca direta de produtos (escambo) cedeu lugar à moeda como intermediária entre o vendedor e o comprador. Esse emprego da moeda em larga escala foi resultado da expansão do comércio e estava na base da economia europeia na Baixa Idade Média.
  2. A expansão do comércio a longa distância, propiciada pela abertura de rotas terrestres e marítimas, contribuiu para estreitar os laços entre a Europa Ocidental, o Oriente e o norte da África na Idade Média, como mostra o mapa Rotas comerciais (século treze), da página 222. Recomenda-se a interpretação dessa imagem, de modo a evidenciar as áreas mais densamente servidas de rotas e feiras comerciais e a localização das cidades que centralizavam o fluxo dos produtos.

Ampliando: o poder na cidade

“Nascido da fôrça e das aspirações dos mercadores e dos artesãos pela liberdade econômica e pela liberdade pura e simples, o movimento comunal reticências arranca o poder aos senhores e consagra os burgueses. reticências O ‘bom governo’ tende a imitar o modelo do príncipe justo, num espaço mais restrito no qual se podem diversificar as experiências políticas, com a exceção da heresia. reticências As revoltas urbanas insurgem-se contra a tendência despótica do príncipe, coletor de impostos, e contra a dominação de algumas famílias que rompem o primitivo contrato comunal de igualdade.”

LE GÓFI, Jaques. Por amor às cidades: conversações com jiã lebrã. São Paulo: Editora Unésp, 1998. página 95.

As corporações de ofício

No campo existiam basicamente dois grupos sociais: o dos senhores feudais e o dos camponeses. Nas cidades, porém, havia maior diversidade social. Para atender às necessidades da população urbana em crescimento, passaram a ser realizadas novas atividades econômicas.

Os grandes mercadores e banqueiros eram os burgueses mais ricos e poderosos das cidades. A maior parte da população urbana, contudo, era formada por artesãos e pequenos comerciantes.

Os artesãos de uma cidade ou de determinado ramo de trabalho, como os ferreiros, padeiros, sapateiros ou alfaiates, uniam-se em associações chamadas corporações de ofício. Essas corporações controlavam a produção, os preços e a distribuição dos produtos das oficinas.

Os donos das oficinas eram os mestres de ofício, que detinham a propriedade das ferramentas e das matérias-primas, além de ser responsáveis pela contratação de trabalhadores e pela determinação dos salários. Os oficiais trabalhavam para eles e recebiam as melhores remunerações, pois tinham experiência profissional.

Os trabalhadores contratados para executar atividades por jornada, ou seja, por dia, eram chamados de jornaleiros. Eles formavam a maior parte dos trabalhadores das oficinas. Havia também os aprendizes, jovens com idade entre 10 e 12 anos que ingressavam nas oficinas para aprender o ofício de mestre. Eles recebiam moradia, comida e aprendizado em troca do trabalho.

Iluminura. Ao centro, um homem de túnica azul sentado. Ele está com uma das mãos levantadas, com a palma para frente. À sua frente, dois homens trabalhando. Um deles entalha um pedaço de madeira. O outro manuseia pedaços de tábuas.
Mestre, carpinteiro e pedreiro, iluminura da obra Da propriedade das coisas, de Bartolomeus Anglicus, 1482. Biblioteca Britânica, Londres, Reino Unido. Essa imagem representa um mestre de ofício julgando o trabalho de dois aprendizes.

Refletindo sobre

A ideia de infância como uma fase que requer cuidados e proteção não existia na Idade Média. A sociedade medieval considerava as crianças “pequenos adultos”. Desde cedo, elas trabalhavam nas lavouras, cuidavam das tarefas domésticas, eram treinadas para as artes militares ou aprendiam um ofício urbano nas corporações.

Hoje, o trabalho infantil é proibido no mundo todo e existem leis que protegem as crianças e os adolescentes, garantindo seus direitos. Você sabe qual é a lei brasileira que protege as crianças e os adolescentes? Em sua opinião, qual é a importância de leis como essa?


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar o surgimento e a organização das corporações de ofício, o texto desta página contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis.

Refletindo sobre

Espera-se que, ao refletir sobre a questão, os alunos se reconheçam como cidadãos que possuem direitos e deveres, compreendendo a importância das leis voltadas para a proteção das crianças e dos adolescentes. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (éca), publicado em 1990, determina uma série de medidas que garantem às crianças e aos adolescentes direitos necessários ao seu adequado desenvolvimento físico, emocional e intelectual. Entre eles estão os direitos à educação, à família, ao lazer, à saúde, à cultura, à moradia, à proteção etcétera Durante o debate, pode ser interessante expor aos alunos que, apesar da existência dessas leis, muitos direitos das crianças e dos adolescentes ainda são desrespeitados. São exemplos os casos de exploração do trabalho de menores, de abandono, de violência doméstica contra eles etcétera

Bê êne cê cê

Essa atividade contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 4, nº 6 e nº 7, das Competências específicas de Ciências Humanas nº 2, nº 4 e nº 6 e da Competência específica de História nº 1. Além disso, possibilita o trabalho com o tema contemporâneo transversal Direitos da criança e do adolescente.

O ensino na Baixa Idade Média

Com o crescimento populacional ocorrido na Europa a partir do século onze, foram fundadas as primeiras escolas urbanas. Isso ocorreu porque se tornou necessário um número maior de pessoas que soubessem ler e escrever para administrar ou participar das atividades que cresciam nas cidades. Por exemplo, havia a necessidade de pessoas capacitadas para escrever cartas, cuidar da contabilidade dos negócios e administrar os lucros.

O clero católico ainda dirigia a maior parte das escolas. Algumas delas deram origem a universidades, como a de Bolonha, na Península Itálica, a primeira a ser criada em 1088.

Os alunos ingressavam nas universidades por volta dos 14 anos. Após seis anos de estudo básico em gramática, retórica e lógica, os estudantes optavam pelo aprofundamento em uma de três carreiras – direito, medicina ou teologia –, o que podia demorar mais quinze anos.

Ao longo do século treze, as universidades europeias sofreram muita influência de pensadores muçulmanos, como Averróis e Avicena, que tinham como base de seus estudos a filosofia e a tradição gregas.

A Escolástica, corrente de pensamento surgida no século nove, também ganhou fôrça na Baixa Idade Média. Os escolásticos procuravam conciliar fé e razão, ou seja, buscavam explicar Deus e as obras divinas de maneira racional, colocando a filosofia e a ciência a serviço da fé. Um dos principais representantes desse pensamento filosófico foi São Tomás de Aquino.

Iluminura. À esquerda, homem de vestes largas, está sentado em uma cadeira à frente de um grande livro aberto. Próximo a ele, sentadas à direita, crianças com livros nas mãos. Ao fundo, estantes com livros.
Iluminura representando uma cena escolar, retirada da Bíblia dos Grandes Agostinianos, 1494. Biblioteca Mazarine, Paris, França.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Quem eram os burgueses na Baixa Idade Média?
  2. Explique como funcionavam as corporações de ofício formadas na Baixa Idade Média.
  3. Quais eram os papéis dos mestres de ofício e dos aprendizes?
  4. A educação na Europa medieval estava intimamente atrelada à religião. Comente o significado dessa afirmação.

Respostas e comentários

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Ao abordar o papel da religião na cultura medieval e na organização do ensino, o texto contempla a habilidade ê éfe zero seis agá ih um oito.

Recapitulando

  1. Os burgueses eram os moradores das cidades ou burgos medievais.
  2. As corporações de ofício eram associações de trabalhadores da mesma categoria (por exemplo, artesãos, comerciantes, pesqueiros e tintureiros) formadas com o objetivo de controlar a produção, os preços e a distribuição do que produziam.
  3. Os mestres de ofício eram os donos das oficinas e, portanto, detinham o conhecimento sobre as técnicas de produção, a propriedade das ferramentas e das matérias-primas, assim como eram responsáveis por contratar os trabalhadores e fixar salários. Os aprendizes eram jovens de 10 a 12 anos que ingressavam nas oficinas para aprender um ofício.
  4. Na Europa medieval, o ensino era controlado pela Igreja e o clero católico dirigia a maioria das escolas. Além disso, o pensamento escolástico, de acordo com o qual se procurava conciliar fé e razão, influenciou muito as universidades.

O ensino da medicina na Baixa Idade Média

Os cursos ocidentais de medicina, antes do século treze, eram socialmente desvalorizados. A medicina era vista como um conjunto de práticas mágicas e a Igreja a depreciou durante séculos. Não se praticava, por exemplo, a dissecação de cadáveres humanos, pois abrir um corpo para pesquisa era considerado uma violência contra os princípios cristãos. Além disso, sobre o ofício de médico pairava o horror ao sangue, tabu que também atingia os ofícios de açougueiro e carniceiro.

Ampliando: trabalho e estudo nas cidades

“Esta é uma das funções históricas fundamentais da cidade: nela são vistos os resultados criadores e produtivos do trabalho. Todos esses curtidores, ferreiros, padeiros... são pessoas que produzem coisas úteis, boas e, às vezes, belas, e tudo isso se faz pelo trabalho, à vista de todo mundo. Inversamente, a ociosidade é depreciada: o preguiçoso não tem lugar na cidade. Some-se a isso que, a partir do momento em que se desenvolve um movimento escolar num certo número de grandes cidades, o fato de ensinar e aprender contribui para a valorização do trabalho. reticências

Uma universidade é, para uma cidade, um bom negócio, primeiro porque fornece um mercado e inquilinos para as casas reticências. Os universitários, os estudantes, mesmo aqueles que se dizem pobres, dispõem, apesar de tudo, de um poder de compra. reticências A maior parte deles vem, com mais frequência, da pequena nobreza e representa, portanto, consumidores que interessam à cidade e ao ambiente burguês.”

LE GÓFI, Jaques. Por amor às cidades: conversações com jiã lebrã. São Paulo: Editora Unésp, 1998. página 49, 63.

As Cruzadas

Lembra-se de que, no capítulo 10, você estudou a expansão do islã? Nesse processo de ampliação territorial, a cidade de Jerusalém, sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, foi conquistada pelos árabes muçulmanos no século sete. Eles construíram na cidade o Domo da Rocha, no mesmo local do antigo Templo de Salomão, e a Mesquita de al áquissa. Durante a dominação árabe, Jerusalém continuou a ser visitada por peregrinos cristãos e judeus.

No ano 1076, porém, Jerusalém foi conquistada pelos turcos. Originários da Ásia Central, eles entraram em contato com os árabes e se converteram gradualmente ao islã. Além de conquistar Jerusalém e de proibir a entrada de cristãos na cidade, os turcos tomaram territórios do Império Bizantino. Para combatê-los, o então imperador bizantino Aleixo primeiro solicitou, em 1095, ajuda militar ao papa Urbano segundo.

No mesmo ano, o papa convocou os cristãos para retomar Jerusalém e conquistar uma parte da Síria, com o objetivo de estender o poder do catolicismo romano até o Oriente e restaurar a unidade cristã, rompida em 1054 com a separação da Igreja Bizantina, que se tornou independente da Igreja de Roma (acontecimento conhecido como Cisma do Oriente).

A retomada da Terra Santa só seria possível com a organização de um grande exército. Para formá-lo, o papa Urbano segundo garantiu que os participantes da expedição seriam absolvidos de seus pecados. Essa promessa motivou muitas pessoas a abandonar suas terras para lutar no Oriente.

Iluminura. À esquerda, homens de túnica e capacete escuro na cabeça apontam arcos e flechas na direção de homens de lenço branco na cabeça que estão à direita, atrás das muralhas de um castelo. Os homens à direita também apontam arcos e flechas na direção dos homens à esquerda. Na torre central do castelo, um homem de coroa dourada.
Os cruzados assaltam Jerusalém em 1099, iluminura francesa do século catorze. Biblioteca Nacional da França, Paris. A imagem representa um conflito entre cristãos e muçulmanos durante a Primeira Cruzada.

Saiba mais

Os muçulmanos na Península Ibérica

No século oito, a expansão islâmica atingiu a Península Ibérica. Os árabes muçulmanos permitiram aos cristãos e judeus que lá viviam praticar sua religião mediante o pagamento de impostos. Os que se convertessem ao islã, porém, poderiam ter os mesmos privilégios que os dominadores. Essas medidas proporcionaram a construção de uma sociedade marcada por relativa tolerância religiosa e pelo intercâmbio cultural. O domínio árabe na Península Ibérica começaria a se desfazer com o início das Cruzadas.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das Cruzadas e suas consequências e das relações entre cristãos e muçulmanos, o texto contempla a habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro.

Os muçulmanos na Península Ibérica

A tolerância religiosa estabelecida pelo governo islâmico em Al-Andaluz foi muito relativa. Apesar de permitir aos cristãos e judeus manter suas tradições e práticas religiosas, os árabes muçulmanos impuseram uma série de restrições a esses grupos, como a proibição de exteriorizar seus símbolos religiosos e a definição de um córte de cabelo e de um tipo de traje que os diferenciasse. Havia regras também para os que haviam se convertido ao islã, como a proibição de portar armas e de montar em cavalos, animais considerados nobres e destinados apenas aos árabes muçulmanos.

Os interesses envolvidos

Juntos, Urbano segundo e o imperador bizantino conseguiram arrecadar recursos suficientes e mobilizar grande quantidade de cavaleiros para compor o exército cristão. Para se identificar como cristãos, esses homens usavam cruzes bordadas nas roupas. Por isso, as expedições ficaram conhecidas como Cruzadas.

Membros de vários grupos sociais participaram das Cruzadas por razões diferentes. Os nobres, principalmente os que não eram primogênitos e, portanto, não tinham direito a heranças, viam as Cruzadas como meio de conquistar terras e riquezas. Havia também os camponeses, que buscavam terras, e os comerciantes de cidades italianas, como Gênova e Veneza, interessados em conquistar mercados e em controlar rotas marítimas do Mediterrâneo.

Os resultados das Cruzadas

A Primeira Cruzada partiu com destino a Jerusalém em 1096 e levou três anos para chegar à cidade. Apesar do grande número de mortes durante o percurso, os cruzados que chegaram à cidade venceram os muçulmanos.

A união de esforços entre a Igreja e os nobres europeus rumo às terras do Oriente continuou por mais de um século. Oficialmente, oito Cruzadas partiram da Europa entre 1096 e 1270, mobilizando milhares de combatentes. Suas conquistas territoriais, entretanto, não foram mantidas. Em meados do século treze, os muçulmanos já tinham retomado o contrôle de diversas regiões, incluindo a cidade de Jerusalém.

As Primeiras Cruzadas (séculos onze-treze)

Mapa. As primeiras Cruzadas, séculos onze a treze. Destaque para terras na Europa, na Ásia e na África ao redor do Mar Mediterrâneo. 
Legenda:
Círculo lilás: Principais áreas de encontro da Primeira Cruzada.
Linha vermelha: Primeira Cruzada, 1096 a 1099.
Linha verde: Segunda Cruzada, 1147 a 1149.
Linha roxa: Terceira Cruzada, 1189 a 1192.
Em amarelo: Cristãos latinos.
Em verde: Cristãos do Oriente.
Em rosa: Mundo muçulmano.
Em marrom: Território disputado entre os turcos seljúcidas e os bizantinos em 1094.
Em laranja: Reconquista cristã no século doze.
Hachurado roxo: Latinos no Oriente.
No mapa, as principais áreas de encontro da Primeira Cruzada localizam-se em Clermont e Paris, na França, e em Brindisi, na Península Itálica. A Primeira Cruzada tem como pontos de partida as cidades de Paris, Clermont, Roma, Brindisi e Worms. Essas rotas passam pelas cidades de Vézelay, Lyon, Milão, Pisa, Veneza, Spalato, Ragusa. Durazzo, Ohrid, Ratisbona, Viena e Nis e se encontram na cidade de Constantinopla. De lá os cruzados partem para Niceia, Antioquia, Trípoli, São João d’Acre e Jerusalém. A Segunda Cruzada parte de Vézelay, na França, e passa por Nis, Constantinopla, Niceia, Atalaia em direção a Antioquia, e de Constantinopla em direção a São João d’Acre. A Terceira Cruzada parte de Londres, avança pelo litoral norte e sul da Europa, passando por Marselha, Lyon, Vézelay, Messina, Candia (na ilha de Creta) em direção a São João d’Acre. Outra rota parte de Vézelay, passando por Gênova, Pisa, Roma, Messina e Candia em direção a São João d’Acre. Uma terceira rota parte de Ratisbona, no interior da Europa, para Viena, Gran e Nis, terminando no Mar Mediterrâneo. A Quarta Cruzada parte de Veneza, passando por Spalato, Durazzo, sul do Império Romano do Oriente até chegar a Constantinopla. Os cristãos latinos ocupam a maior parte do território europeu, incluindo os reinos de Leão, Castela e Navarra, a França, onde estão as cidades de Paris, Clermont, Lyon e Marselha, a Península Itálica, onde estão os Estados pontifícios e as cidades de Roma, Gênova, Milão, Veneza, Pisa, Brindisi e Messina, o Reino da Sicília, a Inglaterra, onde está a cidade de Londres, o Reino da Hungria e as cidades de Worms, Ratisbona, Viena e Gran. Os cristãos do Oriente localizam-se no nordeste e no sudeste da Europa, incluindo as cidades de Spalato e Ragusa e no Império Romano do Oriente, incluindo as cidades de Durazzo, Ohrid, Constantinopla, Niceia, Atalaia, Antioquia e a Ilha de Creta, onde está a cidade de Candia. O mundo muçulmano abrange todo o litoral norte da África, a porção oeste da Ásia, incluindo as cidades de Jerusalém, Damasco e Trípoli, e o sul da Península Ibérica, na Europa. O território disputado entre os turcos seljúcidas e os bizantinos em 1094 abrange uma faixa vertical de terra entre o Mar Negro até as proximidades do Mar Mediterrâneo. A Reconquista cristã no século doze ocorreu na Península Ibérica, em uma faixa de terra que abrange Portugal, incluindo a cidade de Lisboa, e o Reino da Catalunha. A área ocupada pelos latinos no Oriente abrange uma faixa de terra no litoral oeste da Ásia, incluindo as cidades de Jerusalém, Damasco, Trípoli e Antioquia.
Na lateral direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 320 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. página 66.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que foram as Cruzadas?
  2. Explique as motivações não religiosas de nobres, comerciantes e camponeses para participar das Cruzadas.

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. As Cruzadas foram expedições militares e religiosas que partiram da Europa rumo ao Oriente, entre os anos 1096 e 1270. Elas tiveram início quando o papa Urbano segundo convocou os cristãos para lutar pela reconquista de Jerusalém – que havia sido tomada pelos turcos muçulmanos em 1076 – e pela ampliação do poder católico no Oriente. Inicialmente, os cruzados participaram das expedições motivados pela promessa de absolvição de seus pecados, mas muitos passaram a lutar por interesses próprios.
  2. Muitos nobres que não herdaram terras de suas famílias viam nas Cruzadas a possibilidade de conquistar territórios e riquezas. Os comerciantes buscavam controlar as rotas marítimas do Mar Mediterrâneo. Os camponeses pretendiam obter terras e melhorar sua situação econômica.

A Quarta Cruzada

A Quarta Cruzada foi financiada pelos mercadores da cidade-Estado de Veneza, interessados em controlar o comércio com o Oriente. Sua grande rival nesse lucrativo negócio era Constantinopla, capital do Império Bizantino. Diante disso, em 1202, os cruzados saíram de Veneza, mas, em vez de se dirigir a Jerusalém, rumaram para Constantinopla, invadindo-a e saqueando-a em 1204. Além do massacre da população, das pilhagens e da destruição de estátuas, mosaicos e relíquias acumuladas durante quase um milênio, os cruzados profanaram templos ortodoxos, contribuindo para aumentar a distância entre a Igreja Bizantina e a Igreja de Roma.

Intercâmbio comercial e cultural

Durante a Idade Média, as rotas marítimas que permitiam o comércio de longa distância entre o Ocidente e o Oriente foram, em grande medida, controladas pelos bizantinos e pelos árabes muçulmanos. Com as Cruzadas, os europeus se apossaram de portos e territórios estratégicos da costa mediterrânica, e passaram a percorrer com regularidade aquelas rotas, expandindo sua atividade comercial.

A intensificação das relações comerciais entre povos diferentes favoreceu as trocas culturais e, por consequência, o desenvolvimento de novos saberes. O contato do Ocidente com o Oriente permitiu acessar o conhecimento produzido pelos árabes em áreas como medicina, astronomia e matemática. E também garantiu aos europeus conhecer importantes obras da Antiguidade Clássica, que haviam sido preservadas e traduzidas pelos bizantinos e pelos árabes muçulmanos.

Ilustração. Cinco pessoas em um quarto. Ao centro, um homem de túnica preta e turbante branco na cabeça está sobre uma cama examinando o braço de um homem sentado. À esquerda, atrás do homem de túnica preta, três mulheres observam.
Ilustração islâmica representando uma consulta médica, retirada de O livro de Kalila e Dimna, século catorze. Biblioteca Nacional do Egito, Cairo.

História em construção

As Cruzadas vistas pelos árabes

Há muitos estudos historiográficos sobre a visão dos cristãos a respeito dos muçulmanos na época das Cruzadas. Porém, são escassas as pesquisas que tratam da visão dos muçulmanos sobre os cristãos. Uma delas é o livro As Cruzadas vistas pelos árabes, do escritor libanês Amín Malúf, que se baseou em fontes e relatos de historiadores e cronistas árabes da época para analisar as Cruzadas pela perspectiva dos árabes muçulmanos. De acordo com a obra, essas expedições significavam invasão de seus territórios e violência contra os seguidores do islã.

Conheça, a seguir, um trecho do livro no qual o irmão do sultão ál ádel responde a Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, que lhe propôs um acordo depois de obter algumas vitórias.

A Cidade Santa é tão importante para nós quanto para vós; ela é até mais importante para nós, pois foi em sua direção que nosso profeta realizou sua viagem noturna, e é ali que nossa comunidade irá reunir-se no dia do julgamento final. Está portanto excluída a possibilidade de a abandonarmos. reticências No que diz respeito ao território, ele sempre foi nosso, e vossa ocupação é apenas passageira. reticências Quanto à cruz, ela representa um grande trunfo em nossas mãos, e não nos separaremos dela senão quando obtivermos em contrapartida uma concessão importante em favor do islã.

malúf amín . As Cruzadas vistas pelos árabes. São Paulo: Brasiliense, 2007. página 198-199.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Segundo o texto, por que Jerusalém, a Cidade Santa, é importante para os muçulmanos?
  2. A cruz é um símbolo cristão. Com base nos seus conhecimentos, explique por que os muçulmanos a teriam nas mãos.
  3. Levante uma hipótese sobre qual poderia ser a “concessão importante” citada no trecho.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar do contato, da resistência e das trocas culturais entre povos no espaço do Mediterrâneo, o texto contempla a habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco.

História em construção

  1. Porque foi em direção a Jerusalém que Maomé “realizou sua viagem noturna” e onde os muçulmanos esperam se reunir no dia do Juízo Final. Os alunos provavelmente não saberão do que se trata a “viagem noturna” mencionada. Explique-lhes que se trata de um episódio narrado pela tradição islâmica no qual Maomé, na companhia do arcanjo Gabriel, percorreu o caminho de Meca para Jerusalém, onde se encontrou com os profetas que o antecederam. Ali oraram juntos e então Maomé foi conduzido pelo Céu até a presença de Deus.
  2. Algumas passagens do texto demonstram que os muçulmanos obtiveram vitórias contra os cristãos; por isso, o irmão do sultão afirma que a cruz estava nas mãos deles. Para chegar à resposta, os alunos deverão proceder a uma leitura inferencial, buscando informações não explícitas no texto a partir dos referenciais que têm sobre as Cruzadas.
  3. Na correção da atividade, estimule os alunos a exporem suas hipóteses, lembrando-se de solicitar sempre que indiquem em que conhecimentos se basearam para chegar a elas. Pelo contexto, a concessão importante poderia ser os cristãos desistirem de ocupar Jerusalém.

O debate sobre a visão dos árabes muçulmanos a respeito das Cruzadas contribui para a formação de uma consciência crítica em relação aos fatos históricos, na medida em que os alunos podem refletir sobre um mesmo acontecimento a partir de outro ponto de vista. A análise também permite o desenvolvimento da empatia, ao possibilitar que os alunos se coloquem na posição do outro grupo social (no caso, o dos árabes muçulmanos). Aproveite as atividades desse boxe para ressaltar a importância do respeito às diferenças religiosas e, assim, promover a cultura de paz.

A crise do século catorze

Após uma fase de expansão comercial e de crescimento econômico e demográfico, no século catorze praticamente toda a Europa enfrentou uma grave crise econômica e social, que iniciou o declínio do feudalismo. Esse período foi marcado por catástrofes climáticas, queda da atividade econômica, guerras prolongadas, tensões sociais e grandes epidemias.

A grande fome

No século onze, a produção de alimentos aumentou graças à introdução de novos equipamentos, ao aprimoramento de técnicas agrícolas e à expansão da área cultivável.

Pântanos foram drenados e áreas de pastagem foram ocupadas para incrementar a produção agrícola. Além disso, florestas foram derrubadas para dar lugar às plantações de cereais e para a obtenção de madeira usada na expansão das cidades.

É possível que esse desmatamento tenha contribuído para alterar as condições climáticas e o regime de chuvas do continente europeu. Chuvas muito fortes causaram inundações, que prejudicaram as colheitas. Entre 1314-1315, houve um grande aumento no preço do trigo, principal cereal consumido pela população, afetando os gastos das famílias com alimentação. Comerciantes que tinham trigo estocado vendiam a mercadoria a preços muito altos, o que levou a população à subnutrição e à fome, provocando milhares de mortes.

Ilustração. Em primeiro plano, à esquerda, corpos de pessoas sobre o chão em uma estrada. Em segundo plano, pessoas passando em outras estradas de terra observam os corpos. Ao fundo, colinas verdes, muralhas de pedra, embarcações e o mar.
Mortes por fome, ilustração publicada nas Crônicas da Inglaterra, de Jean de Wavrin, cêrca de 1470-1480. Biblioteca Britânica, Londres, Reino Unido.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

11. Cite duas importantes consequências das Cruzadas.


Respostas e comentários

Recapitulando

11. Com as Cruzadas, houve a ampliação do comércio entre o Ocidente e o Oriente por rotas marítimas, especialmente pelo Mar Mediterrâneo, assim como um intenso intercâmbio cultural entre os povos das duas regiões.

Ampliando: relato sobre a fome em Flandres

“No ano de 1316, no mês de maio, a penúria e a carestia tinham aumentado e houve em nossas regiões intempéries e desordens atmosféricas reticências e o povo começou em muitos lugares a comer pouco pão, porque não o havia e muitos misturavam, como podiam, as favas, cevadas, avelãs e todos os outros grãos que conseguiam. Por causa das intempéries e da fome tão atroz, os corpos começavam a debilitar-se e as doenças a se desenvolverem e resultou disso uma mortandade tão grande como nenhum ser vivo tinha visto jamais ou tinha ouvido falar de coisa semelhante.”

CHRONIQUE et annales de Gilles le Muisit, abbé de Saint Martin de Tournai [1272-1352]. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Editora Unésp, 2000. página 193.

A peste negra

A peste negra ou peste bubônica é uma doença altamente contagiosa causada pela bactéria iérsínia péstis, presente no organismo de roedores, como ratos e esquilos. Ela pode ser transmitida ao ser humano por pulgas contaminadas. Acredita-se que a doença foi transmitida entre comerciantes da Ásia e da Europa nas rotas comerciais marítimas e que a falta de higiene contribuiu para a rápida proliferação da enfermidade. Os sintomas da doença incluíam febre alta, delírios, manchas escuras e inchaços pelo corpo.

O cenário de subnutrição vivido na Europa também colaborou para o avanço da doença, pois a falta de nutrientes afeta o sistema imunológico, o que acelerava a morte dos doentes. As principais vítimas da epidemia foram os habitantes das cidades e dos mosteiros, locais com maior aglomeração de pessoas.

A fome e a peste negra causaram significativa redução da população europeia (consulte a tabela). Estima-se que, entre os meses de junho e setembro de 1348, um terço da população da Europa tenha sido dizimada pela fome e pela peste.

POPULAÇÃO EUROPEIA (SÉCULOS XIII-XVII)

Ano

Milhões de habitantes

1300

50

1400

35

1500

48

1600

55

1700

72

Fonte: FRANCO JÚNIOR, Hilário. Feudalismo: uma sociedade religiosa, guerreira e camponesa. São Paulo: Moderna, 1999. página 61.

Ilustração. Duas pessoas deitadas em uma cama com parte do corpo coberto por um tecido. Elas têm protuberâncias avermelhadas em toda a pele. Em pé, ao lado delas, um homem de túnica larga e cabelos longos, com os braços erguidos para o alto.
Ilustração representando pessoas infectadas pela peste negra, retirada da Bíblia tódenburg, 1411. Museu de Gravuras e Desenhos, Berlim, Alemanha.

Saiba mais

A medicina na Idade Média

Na Alta Idade Média, o conceito de doente não se referia apenas às pessoas que tinham algum problema de saúde, mas também às que viviam na pobreza. Com o tempo, a distinção entre as duas situações ficou mais clara e as pessoas passaram a se preocupar cada vez mais com o bem-estar físico.

A Igreja, a princípio, administrava os hospitais, onde moribundos e pessoas desvalidas recebiam cuidados. Na época, as doenças muitas vezes eram atribuídas a práticas mágicas e a castigos divinos, mas com o tempo cresceu o entendimento de que podiam ter causas naturais.

A partir do século treze, com a fundação das universidades e do ensino de medicina, os estudos sobre o corpo humano na Europa foram ampliados. O contato dos cristãos com os tratados médicos legados pelos médicos judeus e muçulmanos foi essencial para o desenvolvimento da medicina ocidental.


Respostas e comentários

Perseguição aos judeus

Em muitas cidades medievais da Europa, os judeus tinham presença marcante como comerciantes, banqueiros, médicos e artesãos. O fato de suas atividades econômicas não serem condenadas pela religião que praticavam, como acontecia com os burgueses cristãos submetidos aos dogmas da Igreja, levou os judeus a prosperarem e acumularem riqueza, muitas vezes derivada da cobrança de juros pelos empréstimos que concediam aos cristãos. Em razão de seus costumes, preceitos e ritos religiosos, os judeus se diferenciavam da comunidade predominantemente cristã onde estavam inseridos. Eram, por conseguinte, facilmente identificados e alvo de estranhamento e preconceito. Assim, quando adveio a epidemia de peste negra, a população aterrorizada acusou os judeus de compactuarem com o diabo e envenenarem poços de água, o que acreditavam ter contribuído para a disseminação da doença. Por isso, os judeus tornaram-se alvos de massacres e violentas perseguições por parte dos cristãos.

Atividade complementar

A tabela é um excelente recurso para que os alunos sejam capazes de ordenar os dados da cronologia e da redução populacional para, em seguida, associá-los ao conteúdo estudado. Recomenda-se fazer a leitura da tabela sobre a variação da população europeia entre os séculos treze e dezessete coletivamente, estimulando os alunos a comparar os números e associar a variação da população a questões como fome, doenças e guerras, de acordo com o que estão estudando.

Ampliando: grandes epidemias

“No ano do Senhor, 1348, aconteceu sobre quase toda a superfície do globo uma tal mortandade que raramente se tinha conhecido semelhante. reticências Um terror tão grande tinha-se apoderado de quase todo o mundo, de tal maneira que no momento que aparecia em alguém uma úlcera ou um inchaço, geralmente embaixo da virilha ou da axila, a vítima ficava privada de toda assistência, e mesmo abandonada por seus parentes. O pai deixava o filho no leito, e filho fazia o mesmo com o pai. Não é surpreendente, pois, que quando numa casa alguém tinha sido tocado por este mal e tinha morrido, acontecesse muito frequentemente, todos os outros moradores terem sido contaminados e mortos da mesma maneira súbita reticências. Aqueles que estavam sãos fugiram apavorados de medo. E assim, muitos morreram por descuido, os quais talvez teriam escapado de outro modo. Muitos ainda reticências foram transportados, sem a mínima discriminação, até a fossa de inumação. E assim, um grande número foi enterrado vivo.”

vitê papárum avénium siôn clêments sexto. A grande peste (1348). In: PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Editora Unésp, 2000. página 194-195.

Revoltas no campo e nas cidades

No campo, a crise econômica e a redução da população tiveram duas consequências opostas. Em algumas regiões, camponeses ocuparam terras despovoadas e, assim, escaparam da servidão. Em outros lugares, muitos senhores buscaram reforçar os laços de dependência camponesa para tentar recuperar seus ganhos, retomando a cobrança de antigas taxas e impostos senhoriais. Essa situação de exploração provocou a reação dos camponeses, que promoveram diversas revoltas na segunda metade do século catorze.

Na França, destacou-se a jacquerieglossário , em 1358, que expressou o desespero dos camponeses daquele reino. Os rebeldes saquearam e queimaram castelos, além de assassinar famílias nobres. A repressão ao movimento foi igualmente violenta. Estima-se que cêrca de 20 mil camponeses tenham morrido durante os conflitos.

Iluminura. Em primeiro plano, pessoas com machados nas mãos atacando um cavaleiro de armadura que está em cima de um cavalo. O cavalo está machucado. Ao fundo, à esquerda, as muralhas de um castelo e, à direita, outros cavaleiros em meio a árvores e tendas.
Iluminura das Crônicas de jiã frosár, século catorze. Biblioteca Nacional da França, Paris. A imagem representa camponeses atacando um cavaleiro nas proximidades de um castelo durante a jacquerie de 1358, na França.

A cobrança de taxas e impostos também provocou a reação de camponeses ingleses, que, em 1381, revoltaram-se em várias cidades. Em Londres, houve saques e destruição de palácios e prédios públicos. O rei Ricardo segundo negociou a paz com os rebeldes, mas, quando o movimento se dispersou, ele anulou todos os termos negociados e puniu com violência os camponeses.

Na área urbana, a crise provocou o fechamento de muitas corporações de ofício e reforçou o poder dos proprietários, que reduziram drasticamente os salários dos trabalhadores. Os baixos salários e a alta de preços e impostos causaram várias rebeliões. Entre 1366 e 1384, em Auvergne e no Languedoc, no sul da França, artesãos empobrecidos e trabalhadores descontentes uniram-se aos camponeses, formando grupos armados que ficaram conhecidos como Tuchins.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Identifique as principais causas da crise do século catorze na Europa.
  2. O que é a peste negra? Como ela foi introduzida na Europa medieval?
  3. Explique o que foram as jacqueries, apresentando as motivações e as consequências desses movimentos.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar os movimentos comunais e as revoltas camponesas e urbanas, o texto contempla a habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis.

Recapitulando

  1. A partir do século catorze, em razão das péssimas colheitas decorrentes de mudanças climáticas, houve na Europa uma acentuada queda na produção de alimentos e, consequentemente, mortes por desnutrição e fome. Para agravar a situação, a epidemia de peste negra assolou o continente, aumentando ainda mais o número de mortos. Esses fatores contribuíram para que os senhores aumentassem a exploração sobre os camponeses com o objetivo de recuperar o que haviam perdido, dando origem a diversas revoltas. O clima de tensão agravou-se com inúmeras guerras entre diversos nobres, que trouxeram ainda mais violência e mortes.
  2. A peste negra é uma doença contagiosa causada pela bactéria iérsínia péstis, transmitida aos humanos por pulgas infectadas. A doença causa febre alta, delírios, manchas escuras e inchaços pelo corpo. Na Europa medieval, ela foi introduzida por embarcações de Veneza e Gênova que vieram da Ásia repletas de roedores com pulgas contaminadas.
  3. As jacqueries foram revoltas de camponeses ocorridas na França em 1358. Em algumas regiões da Europa, a exploração da mão de obra camponesa intensificou-se em razão da crise econômica e da redução demográfica causada pelas guerras, pela fome e pelas doenças. Muitos senhores passaram a reforçar os laços de dependência camponesa, retomando a cobrança de antigas taxas e impostos. Indignados, os camponeses reagiram saqueando e queimando castelos e assassinando membros de famílias nobres.
A desestruturação do feudalismo

A crise econômica afetou a produção de tecidos de luxo, mas a de tecidos mais simples, feitos de algodão, ganhou importância crescente. As áreas destinadas à agricultura diminuíram, cedendo lugar à criação de animais, principalmente ovelhas, de manejoglossário mais simples e mais barato.

Muitos camponeses puderam ocupar campos desabitados ou comprar pequenos lotes de terra e dedicar-se à criação de animais. Aos poucos, eles também passaram a integrar o clero, constituído anteriormente apenas por membros da aristocracia.

O feudalismo desestruturava-se. Muitos senhores feudais, que conservavam sua posição social e seus privilégios, contraíam empréstimos de burgueses e acabavam endividados. Interessados em unificar pesos, medidas e moedas e em eliminar as taxas feudais, os burgueses apoiaram os reis no processo de centralização do poder político.

Pintura. No centro, um esqueleto envolto em um tecido branco segura dois homens pelas mãos. O homem da esquerda veste uma túnica branca, um manto vermelho e um chapéu pontiagudo. O homem da direita veste roupa longa vermelha, um manto claro e uma grande coroa e segura uma espada e uma orbe. Ao redor deles, diversos esqueletos de pessoas carregando objetos e em posição de dança. No canto esquerdo, um dos esqueletos toca um instrumento musical semelhante a uma gaita de fole e um homem de chapéu preto observa a cena de uma tribuna.
Detalhe de Dança macabra, pintura de ber notquê, cêrca de 1475. Igreja de São Nicolau, Museu de Arte da Estônia, Tallinn.

Responda em seu caderno.

Explore

  1. Relacione a pintura de Bernt Notke com a crise do século catorze na Europa. Que elementos do cenário representam os problemas e os medos do período?
  2. Que grupos sociais podem ser identificados na pintura?
  3. Qual teria sido a intenção do artista ao representar os esqueletos tocando e acompanhando as pessoas?

Conexão

Marco Polo e sua maravilhosa viagem à China: para crianças e jovens

Janis Herbert. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 2003.

Nesse livro, são narradas as aventuras do mercador veneziano Marco Polo durante sua viagem pela Ásia Central e pelo Extremo Oriente, no século treze. O autor trata ainda de diversos aspectos e curiosidades sobre os costumes de cada lugar pelo qual Marco Polo passou, como a preparação de papel e máscaras e exercícios de ioga.


Capa de livro. Na parte superior, o título sobre o fundo vermelho. Ao centro, ilustração de embarcações perto de uma cidade. Na parte inferior, ilustração de um homem em pé com um grande chapéu e roupas largas.

Respostas e comentários

Explore

  1. A ocorrência de epidemias, mortes, miséria e desolação enfrentados por homens e mulheres do período medieval influenciou a produção artística da época, como essa pintura de ber notquê. Nela, as figuras esqueléticas representam a morte em uma dança macabra, ao som de um instrumento musical tocado por um esqueleto, à esquerda, também ele mensageiro da morte.
  2. As duas figuras que estão sendo levadas pelas representações da morte são um rei e um membro da Igreja, talvez o próprio papa.
  3. A intenção do artista, certamente, foi advertir a sociedade de que diante da morte todos são iguais: reis e súditos, clérigos e leigos, ricos e pobres etcétera

Conexão

O renascimento comercial é uma das características do período conhecido como Baixa Idade Média na Europa. Uma das histórias que mais encantaram os europeus ao longo do tempo foi a da viagem do veneziano Marco Polo à China. Para explorar esse aspecto de “curiosidade” como motivador do estudo do período, pode-se solicitar aos alunos que, ao final da leitura do livro indicado na seção, produzam uma dissertação relacionando a viagem de Marco Polo aos tópicos estudados no capítulo.

Enquanto isso…

A era dos samurais: o Japão feudal

Milhares de quilômetros a leste da Europa, o Japão iniciou uma experiência histórica muito semelhante à do feudalismo europeu. As constantes disputas entre os senhores de terras levaram ao fortalecimento dos samurais, que formavam a elite guerreira do Japão. Conheça alguns aspectos do chamado feudalismo japonês.

A origem dos samurais reticências remonta aos séculos quatro antes de Cristo e três antes de Cristo, quando começaram a surgir elites armadas nos grupos tribais que formaram pequenas entidades sociais. reticências Os membros dessas elites guerreiras eram conhecidos como buxí, termo que significa ‘aquele que serve’ e que com o tempo acabou se tornando sinônimo de guerreiro.

A ascensão dos samurais como uma classe social começou no período Heian (nome da então capital do país, a atual Kyoto), com a derrota do governo aristocrático Taira, na Guerra Genpei, no fim do século doze, quando o clã de Minamoto no Yoritomo vence o conflito e recebe o título de xogum: um título de distinção militar concedido pelo imperador, equivalente a comandante do exército.

A partir daí, e ao longo de mais de 400 anos, o imperador era o legítimo governante, mas era o xogum quem governava de fato o Japão. Quem era agraciado pelo imperador com esse título tinha autoridade civil, militar, diplomática e judiciária. reticências

Na sociedade japonesa do século dezesseis, os samurais formavam uma casta a serviço da alta nobreza, os daymiô, que exerciam o poder por meio de uma rede de ligações pessoais e familiares. Ao lado de sua família mais direta, os daymiô ocupavam o topo da hierarquia feudal. Abaixo deles, vinham os fudai (aquelas famílias que sempre estiveram a serviço daquela família principal) e, finalmente, os vassalos, que muitas vezes haviam sido antigos senhores que, derrotados, haviam jurado fidelidade, a fim de manter sua propriedade. reticências

Paralelamente a essa organização política, havia outra que inicialmente era estritamente militar e representava os samurais. reticências os samurais, com o tempo, foram se tornando tão poderosos que ultrapassaram os limites dos feudos e acumularam influência política e militar.

MUSARRA, Fabíola. Samurais: os guerreiros da honra. Planeta, edição 450, março 2010. Disponível em: https://oeds.link/u35R3S. Acesso em: 12 abril 2022.


Ilustração. À esquerda, dois samurais montados a cavalo segurando espadas. À frente deles, homens representando os soldados mongóis. Um deles está caído no chão.
Ilustração japonesa representando a luta de samurais contra os mongóis, século treze.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Identifique o personagem do Japão feudal que desempenhava cada um dos papéis.
    1. Membro da nobreza feudal.
    2. Guerreiro disciplinado a serviço de um senhor feudal.
    3. Supremo comandante militar e autoridade política.
  2. Que semelhanças você percebeu entre o feudalismo europeu e o feudalismo japonês?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Esta seção contribui para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 5.

Enquanto issoreticências

    1. Daymiô.
    2. Samurai.
    3. Xogum.
  1. A economia baseada na exploração da terra, a presença de uma aristocracia guerreira que acumulava funções públicas e privadas, os laços de lealdade e fidelidade entre os senhores e seus guerreiros e vassalos e o enfraquecimento do poder do imperador.

Feudalismo fóra da Europa?

Alguns estudiosos discordam da transferência do conceito de feudalismo para sociedades não europeias, pois veem nessa elaboração teórica o reflexo de uma visão evolucionista e eurocêntrica da história. Contudo, importantes autores da Escola dos Annales, como fernã brôdél e Marc Blok, consideram legítimo procurar em outras sociedades características sociais semelhantes às do feudalismo europeu, o que foi identificado principalmente no Japão. Segundo esses autores, ainda que com diferenças, é inegável que o feudalismo existiu também fóra da Europa. O historiador Djón uitinei ról, especialista em história japonesa, chegou a afirmar que as diferenças entre as instituições desenvolvidas pela aristocracia militar japonesa e as europeias seriam principalmente semânticas.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Leia o texto e faça o que se pede.

Apoiado nas cidades, este grande comércio nascente beneficiava dois outros fenômenos de primeira grandeza. Pelo estabelecimento de filiais distantes, ele completava a expansão da cristandade medieval. No Mediterrâneo, a expansão genovesa e veneziana chegou mesmo a ultrapassar o quadro de uma colonização comercial. reticências e, após a quarta Cruzada de 1204, fundaram um verdadeiro império colonial às margens do Adriático, em Creta, nas ilhas jônicas e egeias reticências. Os genoveses transformaram seus estabelecimentos na costa da Ásia Menor e do norte do Mar Negro em pontos sólidos de escoamento de mercadorias e homens (escravos domésticos de ambos os sexos).

LE GÓFI, Jaques. A civilização do Ocidente medieval. São Paulo: êdúsqui, 2005. página 68.

  1. Explique o significado do seguinte trecho do texto: “[O desenvolvimento comercial] completava a expansão da cristandade medieval”.
  2. Segundo o texto, que tipo de relação os venezianos e os genoveses estabeleceram por meio do comércio?

2. Leia o texto que trata das cidades medievais. Depois, faça o que se pede.

A cidade da Idade Média é um espaço fechado. A muralha a define. Penetra-se nela por portas e nela se caminha por ruas infernais que, felizmente, desembocam em praças paradisíacas. reticências Lugar de cobiça, a cidade aspira à segurança.

Seus habitantes fecham suas casas a chave, cuidadosamente, e o roubo é severamente reprimido. A cidade, bela e rica, é também fonte de idealização: a de uma convivência harmoniosa entre as classes. A misericórdia e a caridade se impõem como deveres que se exercem nos asilos, essas casas de pobres. reticências.

LE GÓFI, Jaques. Por amor às cidades. São Paulo: Editora Unésp, 1998. página 71.

  1. Identifique três características das cidades medievais descritas no texto.
  2. Que preocupação relacionada à vida na cidade foi exposta no texto? Essa preocupação ainda existe nas cidades atuais?
  3. Quais são as semelhanças e as diferenças entre as cidades atuais e as cidades medievais descritas no texto?

3. Observe a charge. Depois, responda às questões.

Charge. À esquerda, um soldado com uma cruz estampada na roupa e uma espada na mão. Na ponta dela, sangue. À direita, homem de lenço na cabeça segurando um facão sujo de sangue. Ao redor de ambos, a cidade destruída e pedaços de corpos espalhados.
“Sejamos honestos”, diz o personagem da esquerda para o da direita, “nossa primeira reunião consultiva inter-religiosa não foi lá um sucesso absoluto”. Charge de Richard Jolley, 2008.
  1. Por que os soldados dizem que a reunião sobre assuntos religiosos não foi um sucesso absoluto?
  2. Em sua opinião, as diferenças religiosas entre povos deveriam dar origem a guerras? Converse com os colegas sobre isso.
  1. Observe novamente os mapas das páginas 222 e 227, sobre as rotas comerciais e os caminhos das Cruzadas, respectivamente.
    1. Identifique as religiões e as regiões com as quais os europeus entraram em contato no período.
    2. Que relação existe entre os dois mapas?

Respostas e comentários

Atividades

    1. O trecho significa que a expansão comercial entre o Ocidente e o Oriente contribuiu para levar os preceitos do cristianismo a áreas distantes da Europa, estabelecendo não apenas o domínio do comércio pelos ocidentais na região do Mediterrâneo e do Mar do Norte, mas também a difusão da cultura cristã.
    2. Segundo o texto, venezianos e genoveses promoveram uma espécie de “colonização comercial” por dominar as principais rotas terrestres e marítimas que ligavam o Ocidente ao Oriente, conseguindo até mesmo estabelecer seu comércio às margens do Mar Adriático, em Creta, nas ilhas jônicas, egeias etcétera
    1. Os alunos podem citar a preocupação com a segurança, os edifícios fortificados com torres e muralhas, a existência de ruas movimentadas e praças e a desigualdade social.
    2. A preocupação com a segurança. Hoje, principalmente nas grandes metrópoles dos países em desenvolvimento, onde a violência atinge índices alarmantes, a segurança é uma das preocupações centrais das pessoas.
    3. Como semelhanças, é possível citar a atual preocupação com a segurança. Como diferenças, os alunos podem mencionar a maior preocupação nos dias de hoje com a segurança individual do que com a coletiva; o fato de o roubo não ser um dos crimes mais severamente reprimidos; o fato de a misericórdia e a caridade não serem mais deveres, sendo restritas a grupos religiosos e de ajuda humanitária.
    1. Porque não aconteceu, de fato, uma reunião em que se estabeleceu o diálogo, mas uma batalha de guerra em que houve destruição e morte.
    2. A atividade permite aos alunos exercitar a leitura inferencial, na medida em que precisam analisar as informações da imagem, não escritas, e relacioná-las às informações escritas. Espera-se também que sejam capazes de argumentar a favor do respeito às diferenças religiosas, defendendo a importância dessa dimensão para a construção de uma sociedade democrática e inclusiva.
    1. Os europeus entraram em contato com muçulmanos do norte da África, do Oriente e da Península Ibérica, além de cristãos ortodoxos que habitavam as áreas sob domínio do Império Bizantino.
    2. Os dois mapas representam caminhos terrestres e marítimos percorridos pelos europeus na Baixa Idade Média. Ao compará-los, os alunos poderão perceber que os alvos das expedições militares cristãs coincidem com alguns dos principais pontos de chegada e saída de rotas comerciais ligando o Oriente e o Ocidente (Constantinopla e Damasco).

Aluno cidadão

  1. Construir muralhas altas e resistentes foi uma estratégia de defesa importante durante a Idade Média. Atualmente, existem diversos tipos de muro no mundo delimitando espaços. Para refletir sobre o tema, junte-se a alguns colegas e sigam o roteiro para prepararem-se para um debate.
    • Pesquisem imagens e informações sobre os seguintes locais: Muro da Cisjordânia; cercas, muros ou barreiras na fronteira entre os Estados Unidos e o México, construídos a partir dos anos 1990; e condomínio murado em uma grande cidade brasileira.
    • Durante a pesquisa, procurem responder às questões: Para que esses muros servem? Quem defende a construção deles e quem a condena?
    • Escrevam um pequeno texto expressando as conclusões do grupo sobre o tema.
    • Debatam o tema com o restante da turma defendendo o ponto de vista do grupo sobre o assunto.

Conversando com ciências

6. Leia o texto sobre a peste negra. Depois, faça o que se pede.

Quando um terço ou metade da população desaparece subitamente, as consequências sociais e psicológicas são gigantescas. Os que permanecem são muito menos numerosos para repartir o bolo, as heranças, as fortunas. A epidemia determinou uma elevação geral do nível de vida. Ela livrou a Europa de um aumento da população. Durante meio século, a peste permaneceu no estado endêmicoglossário , com retornos em quatro ou cinco anos, até por volta de 1400, quando o organismo humano finalmente desenvolveu anticorpos que lhe permitiram resistir. reticências

dubí jórj. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos. São Paulo: Editora Unésp/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999. página 86.

  1. Quais são os sintomas da peste negra?
  2. De acordo com o texto, quais foram os impactos negativos e os positivos da disseminação dessa doença?
  3. Explique o que foi o “estado endêmico” da peste negra, quando ele se encerrou e por quê.

Mão na massa

  1. As guerras religiosas ainda são recorrentes na África, no Oriente Médio e em outras partes da Ásia. Além dos conflitos, permanece o preconceito religioso, principalmente contra os muçulmanos, que muitas vezes são equivocadamente associados ao terrorismo. Sabendo disso, reúna-se com alguns colegas e façam o que se pede.
    • Criem um cartaz com imagens e textos, enfatizando a necessidade do respeito a todas as religiões e a importância da diversidade religiosa.
    • Com o auxílio do professor ou da professora, montem uma exposição para apresentar o resultado do trabalho.

Respostas e comentários

5. Espera-se que, no debate, os alunos comparem situações diversas e percebam que os muros têm como objetivo comum isolar um território do “outro”, que pode ser o inimigo, o estrangeiro ou o indivíduo de outra classe social. Estimule-os a decompor o problema principal (a multiplicação de muros) em problemas menores (os conflitos étnicos e religiosos, a desigualdade social etcétera) e apontar medidas para reduzir a necessidade de muros. O parcelamento de uma situação-problema em fatores menores e a tentativa de definir estratégias para solucioná-los são operações importantes para o desenvolvimento do pensamento computacional.

Interdisciplinaridade

Essa atividade relaciona-se com o componente curricular geografia, especificamente com as habilidades ê éfe zero seis gê ê zero um e ê éfe zero seis gê ê zero sete.

    1. Os sintomas da peste negra são manchas escuras e inchaços pelo corpo, febre alta e delírios.
    2. De acordo com o texto, os impactos negativos da disseminação da peste negra foram a morte de milhões de pessoas e graves consequências psicológicas para os que sobreviveram à epidemia. Os positivos foram a contenção do aumento demográfico e a elevação geral do nível de vida, visto que os sobreviventes herdaram a fortuna de suas famílias sem precisar dividi-la entre os irmãos.
    3. O “estado endêmico” da peste negra foi o período em que a doença voltou a atingir determinados locais, com intervalos de quatro ou cinco anos. Encerrou-se por volta de 1400, quando a população finalmente desenvolveu imunidade à doença.
  1. A atividade tem o objetivo de incentivar nos alunos atitudes de respeito à diversidade religiosa e de convivência pacífica entre os povos, de modo que sejam valorizadas as diferenças e a solidariedade. Desse modo, busca-se promover a cultura de paz.

Bê êne cê cê

Essa atividade contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 4, nº 6 e nº 9, bem como das Competências específicas de Ciências Humanas nº 1 e nº 4.

Fazendo e aprendendo

Mapa de história

As fronteiras geográficas mudam ao longo do tempo, como aconteceu, por exemplo, durante a Idade Média. O estudo da história envolve a pesquisa sobre essas mudanças.

Os mapas históricos são importantes fontes de pesquisa para compreender as mudanças espaciais ao longo do tempo, pois representam os locais como eram em determinado momento do passado. Para analisar um desses mapas, siga estes procedimentos:

  1. Leia o título do mapa e verifique o principal assunto tratado e o período histórico (datas) a que se refere. Essas informações são fundamentais para a análise do mapa: por exemplo, em um mapa político, é possível identificar os limites entre os países ou estados no período em questão; em um mapa sobre comércio, podem-se localizar as principais rotas comerciais do período; e em um mapa sobre religião, é possível verificar a quantidade de adeptos das religiões em determinado espaço e tempo.
  2. Observe a legenda e procure relacionar as informações textuais com os elementos visuais do mapa. A leitura da legenda também é fundamental para a análise de um mapa.
  3. Compare o mapa histórico com um mapa atual do mesmo local e com o mesmo tema. Assim, é possível identificar as mudanças e as permanências ao longo do tempo.
  4. Verifique a orientação geográfica e a escala. Nos mapas, a orientação geográfica é indicada pela rosa dos ventos. E a escala informa sobre a proporção entre as dimensões da representação cartográfica e as do espaço real.
  5. Anote resumidamente, em uma lista de itens, as conclusões obtidas por meio da análise do mapa.

Com base nesses procedimentos para a análise de mapas históricos, responda: Qual é a importância desse tipo de representação?


Responda em seu caderno.

Aprendendo na prática

O mapa da página seguinte representa algumas rotas comerciais medievais, porém outras estão faltando. Com base nas informações da legenda, complete o mapa seguindo este roteiro:

1. Copie o mapa em uma folha de papel vegetal: coloque a folha sobre o mapa e transponha nela os elementos da representação. Para isso, use canetas ou lápis coloridos.


Respostas e comentários

Fazendo e aprendendo

A atividade de representação cartográfica permite aos alunos sistematizar, por meio da prática, o que aprenderam sobre leitura e análise de um mapa histórico. Ela também garante que eles percebam que a cartografia pode ser utilizada para o estudo das modificações que ocorrem em diferentes espaços ao longo do tempo.

A atividade também contribui para a retomada e a consolidação de noções de cartografia desenvolvidas no decorrer dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Para responder às questões propostas no final da seção, os alunos devem comparar o mapa que produziram com o mapa atual do continente europeu. Entre as principais cidades pelas quais passavam as rotas comerciais estavam Constantinopla (cortada por duas rotas) e Londres (uma das mais importantes feitorias hanseáticas, atravessada por duas rotas). Entre as principais cidades do eixo do Mediterrâneo, podem ser citadas Gênova, Marselha e Argel; no eixo do Mar do Norte, Londres, Bruges e Hamburgo. A maioria dessas cidades ainda existe; algumas mudaram de nome, como Constantinopla, que hoje se chama Istambul.

Aprendendo na prática

Espera-se que os alunos representem o traçado das rotas comerciais indicadas na legenda da fórma como estão dispostas no mapa “Principais rotas comerciais no século treze”.

Principais rotas comerciais no século treze

Mapa. Principais rotas comerciais no século treze. Destaque para terras na Europa, na Ásia e no norte da África. Legenda:
Quadrado verde: Centros econômicos italianos.
Quadrado amarelo: Centros econômicos hanseáticos. 
Triângulo verde: Principais feitorias italianas.
Triângulo amarelo: Principais feitorias hanseáticas.
Linha verde: Rotas comerciais genovesas.
Linha vermelha: Rotas comerciais venezianas.
Linha amarela: Rotas comerciais hanseáticas.
Estrela preta: Feiras.
Linha pontilhada preta: Itinerários das feiras.
Linha tracejada preta: Caravanas.
No mapa os centros econômicos italianos estão localizados em Milão, Veneza, Piacenza, Luca, Florença, Siena e Gênova. Os centros econômicos hanseáticos estão localizados em Guimarães, Colônia, Bremen, Hamburgo, Lubeck, Minden, Magdeburgo, Sttalsund, Stettin,  Visoy, Riga, Dantzig, Thorn, Breslau, Cracóvia, Estocolmo e Reval. As principais feitorias italianas localizam-se em Bari, Palermo, Nápoles, Roma, Bruges, Southampton, Londres, Montecastro e Caffa, na Europa;   Túnis, Bougie e Alexandria, na África; São João d’Acre, Antioquia e Famagusta, na Ásia. As principais feitorias hanseáticas localizam-se em Novgorod, Bruges e Londres, na Europa. As feiras localizam-se em Novgorod, Malmoe, Boston, Northampton, Winchester, Messines, Freiberg, Leipzig, Frankfurt, Lendit, Lagny, Provins, Bar, Troyes, Beaucaire e Barletta, na Europa. Os itinerários das feiras ligam Messines, Lendit, Lagny, Provins, Troyes, Dijon, Lyon, Beaucaire, Turim, Milão, Piacenza e Luca, na Europa. As caravanas ocorrem na África: de Meknes, Fez e Tlemcen, para Sidjilmasa e Taghasa, avançando para o interior do continente; e de Trípoli para o interior do continente. No litoral do Oceano Atlântico também estão identificadas as cidades de La Rochelle, na Europa, e Sale, na Africa. No litoral do Mar Mediterrâneo, estão identificadas as cidades de Argel, na África; Valência, Barcelona, Montpellier, Marselha, Pisa, Zara, Ragusa, Cortu, Modon, Negroponto e Cândia, na Europa; e Foceia, na Ásia. No litoral do Mar Negro, estão identificadas as cidades de Constantinopla, na Europa; e Trebizonda, na Ásia.
Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 350 quilômetros.

Fonte: FRANCO JÚNIOR, Hilário. Atlas de história geral. quinta edição São Paulo: Scipione, 2000. página 27.

  1. Cole a folha de papel vegetal sobre uma folha de papel sulfite para melhorar a visualização das informações.
  2. Com base na legenda, pesquise neste livro ou na internet o traçado das rotas comerciais faltantes no mapa para completá-lo.
  3. Com base em sua pesquisa, represente as rotas comerciais faltantes no mapa e, se desejar, inclua outras. Verifique se todas as cidades por onde passavam as rotas estão inseridas no mapa e confira a cor indicada na legenda para cada rota.
  4. Finalizada a confecção das linhas referentes às principais rotas comerciais, utilize lápis de cor e/ou caneta hidrográfica para colorir o restante do mapa. Lembre-se: a cor azul é utilizada para colorir corpos de água (rios, mares, lagos e oceanos).
  5. Não se esqueça de incluir o título do mapa.

Ao final, responda às questões a seguir.

  • Quais eram as principais cidades pelas quais passava cada uma dessas rotas comerciais?
  • Quais eram as principais cidades comerciais da região do Mediterrâneo? E do Mar do Norte?
  • Essas cidades ainda existem?

Versão adaptada acessível

Os procedimentos listados para realização da atividade de elaboração do mapa podem ser adaptados para a construção de uma versão tátil. Ouça atentamente a descrição do mapa, com destaque para a legenda e a orientação sobre as rotas comerciais indicadas. Em seguida, com base no uso de materiais como papéis, tecidos, linhas de diferentes espessuras, botões, entre outros, crie contornos e preencha formas para representar as regiões apresentadas no mapa da página. A utilização de texturas lisas e ásperas favorece a diferenciação das áreas que formarão a sua representação.

Orientação para acessibilidade

Caso possível, proponha a elaboração de um mapa tátil a partir de materiais de diferentes texturas. Uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero, fino e espesso, tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Dessa forma, podem ser utilizados material emborrachado, diversos tipos de papéis, tecidos, linhas de diferentes espessuras, botões etcétera Auxilie os estudantes durante a seleção e a organização dos materiais. Sugere-se que o professor leve pronto o contorno da região com as principais rotas comerciais do século treze sobre uma base emborrachada. Em sala de aula, as rotas comerciais faltantes podem ser feitas com barbante ou outros materiais maleáveis, facilitando a percepção dos estudantes. A transposição de uma representação visual para uma representação feita com base nos materiais indicados tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade, que pode ser contemplada por meio de relatos orais ou textuais.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao realizar a atividade de elaboração do mapa, os alunos podem comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espaço e em espaços variados e eventos ocorridos em tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados, desenvolvendo a Competência específica de Ciências Humanas nº 5.

Se considerar conveniente, solicite aos alunos que façam uma pesquisa sobre cidades onde se organizavam grandes feiras no período medieval para que descubram se o comércio ainda hoje é parte importante da economia dessas localidades. Essa atividade pode contribuir para que os alunos compreendam melhor a função de um mapa histórico como ferramenta de comparação entre passado e presente.

Mapa. Principais rotas comerciais no século treze. Destaque para terras na Europa, na Ásia e no norte da África. Legenda:
Quadrado verde: Centros econômicos italianos.
Quadrado amarelo: Centros econômicos hanseáticos. 
Triângulo verde: Principais feitorias italianas.
Triângulo amarelo: Principais feitorias hanseáticas.
Linha verde: Rotas comerciais genovesas. Ao lado deste texto na legenda, aparece o número um grafado na cor magenta, indicando resposta correta.
Linha vermelha: Rotas comerciais venezianas. Ao lado deste texto na legenda, aparece o número dois grafado na cor magenta, indicando resposta correta.
Linha amarela: Rotas comerciais hanseáticas. Ao lado deste texto na legenda, aparece o número dois grafado na cor magenta, indicando resposta correta.
Estrela preta: Feiras.
Linha pontilhada preta: Itinerários das feiras.
Linha tracejada preta: Caravanas.
No mapa os centros econômicos italianos estão localizados em Milão, Veneza, Piacenza, Luca, Florença, Siena e Gênova. Os centros econômicos hanseáticos estão localizados em Guimarães, Colônia, Bremen, Hamburgo, Lubeck, Minden, Magdeburgo, Sttalsund, Stettin,  Visoy, Riga, Dantzig, Thorn, Breslau, Cracóvia, Estocolmo e Reval. As principais feitorias italianas localizam-se em Bari, Palermo, Nápoles, Roma, Bruges, Southampton, Londres, Montecastro e Caffa, na Europa;   Túnis, Bougie e Alexandria, na África; São João d’Acre, Antioquia e Famagusta, na Ásia. As principais feitorias hanseáticas localizam-se em Novgorod, Bruges e Londres, na Europa. As feiras localizam-se em Novgorod, Malmoe, Boston, Northampton, Winchester, Messines, Freiberg, Leipzig, Frankfurt, Lendit, Lagny, Provins, Bar, Troyes, Beaucaire e Barletta, na Europa. Os itinerários das feiras ligam Messines, Lendit, Lagny, Provins, Troyes, Dijon, Lyon, Beaucaire, Turim, Milão, Piacenza e Luca, na Europa. As caravanas ocorrem na África: de Meknes, Fez e Tlemcen, para Sidjilmasa e Taghasa, avançando para o interior do continente; e de Trípoli para o interior do continente. No litoral do Oceano Atlântico também estão identificadas as cidades de La Rochelle, na Europa, e Sale, na Africa. No litoral do Mar Mediterrâneo, estão identificadas as cidades de Argel, na África; Valência, Barcelona, Montpellier, Marselha, Pisa, Zara, Ragusa, Cortu, Modon, Negroponto e Cândia, na Europa; e Foceia, na Ásia. No litoral do Mar Negro, estão identificadas as cidades de Constantinopla, na Europa; e Trebizonda, na Ásia.
No mapa, está inscrita uma linha em magenta escura, com o número um indicando a resposta. Essa linha que mostra o comércio marítimo genovês, abarca o Mar Negro e o Mediterrâneo, e cidades como Montecastro, Caffa, Constantinopla, Foceia, Palermo, Nápoles, Gênova, Marselha, Barcelona, Valência, Argel, Túnis e Sale.
No mapa, está inscrita uma linha em magenta escura, com o número dois indicando a resposta. Essa linha que mostra o comércio marítimo veneziano, e abarca o Mar Negro e o Mediterrâneo e o Oceano Atlântico, e cidades como Trebizonda, Constantinopla, Antioquia, Famagusta, São João d’Acre, Alexandria, Negroponto, Cândia, Modon, Cortu, Ragusa, Zara, Veneza, La Rochelle, Messines, Londres e Bruges.
No mapa, está inscrita uma linha em magenta escura, com o número três indicando a resposta. Essa linha que mostra o comércio marítimo e terrestre hanseático, e abarca o Oceano Atlântico, e cidades como La Rochelle, Messines, Bruges, Hamburgo, Lubeck, Dantzig, Visoy, Estocolmo, Riga, Reval e Novgorod.
Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 350 quilômetros.

Glossário

Letra de câmbio
: documento que podia ser trocado por dinheiro em certas casas bancárias. Ele evitava que os mercadores transportassem grandes quantias em dinheiro durante suas viagens.
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: o termo tem origem no nome jác bonôme, usado pelos franceses para designar genericamente os camponeses, mas passou a ter o significado pejorativo de “joão-ninguém”.
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Manejo
: nesse caso, cuidados com os animais.
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Endêmico
: deriva da palavra “endemia”, que descreve uma situação em que uma doença infecciosa ocorre apenas dentro dos limites de determinada localidade.
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