CAPÍTULO 5  Colonizações espanhola e inglesa na América

Cena do filme. Ilustração de mulher indígena, de cabelos escuros e longos, usando vestido bege e colar azul. Está sobre um galho de árvore ao lado de um guaxinim. Próximo a eles, um beija-flor. Todos observam uma grande cidade ao fundo, pela qual passa um grande rio.
Cena do filme Pôcarrontas dois: uma jornada para o Novo Mundo, de 1998. A animação trata, entre outros temas, do romance entre a indígena Pôcarrontas e o aventureiro inglês Djón Rolfe.

No comêço do século dezessete, foi estabelecida, no norte do continente americano, uma associação entre cêrca de trinta povos indígenas do grupo algonquino. Eles eram liderados pelo chefe indígena uá run senáca, nascido em tôrno de 1540, muitas vezes também chamado de pouatân, nome de seu povo. A poderosa união das tribos algonquinas ficou conhecida como Confederação pouatân. Ameaçados por inimigos do oeste e procurando conter os invasores europeus, os indígenas confederados buscavam estabelecer alianças estratégicas com os estrangeiros para sobreviver.

A história da Confederação pouatân e do ímpeto colonialista na região da Virgínia, atualmente parte dos Estados Unidos, foi disseminada na cultura popular pelos filmes Pôcarrontas e Pôcarrontas dois, de 1995 e 1998.

  • O que você sabe sobre as relações entre europeus e indígenas na colonização da América?
  • Em sua opinião, filmes como Pôcarrontas ajudam a dar visibilidade ao que ocorreu com os indígenas na América após a chegada dos europeus?

A América às vésperas da colonização europeia

No final do século quinze, a América já era habitada há milhares de anos por uma grande diversidade de povos. Pesquisas estimam que entre 14 milhões e 52 milhões de pessoas viviam espalhadas por todo o continente às vésperas da colonização europeia.

Na região que corresponde atualmente aos Estados Unidos, os povos nativos apresentavam grande diversidade linguística e cultural. Seus modos de vida eram bastante diversos, havendo desde povos nômades, como os inuítes, até povos agricultores que construíram represas e sistemas de estradas e habitavam populosas cidades, como os anasazi.

Na América Central, formaram-se civilizações complexas, com sociedades hierarquizadas e Estado organizado, como a dos astecas e a dos maias. Na América do Sul, também viviam centenas de povos nativos que sobreviviam da caça, pesca e coleta ou da agricultura e da criação de animais. Alguns eram seminômades, como os Tupi; outros estabeleceram grandes centros urbanos, como a cidade de Cuzco, capital do Império Inca.

Fotografia. Pequeno bairro ao pé de uma montanha. As casas são simples, com poucas janelas, e sobrepostas. O chão é de terra.
Taos Pueblo, território onde ainda vivem indígenas anasazi, no Novo México, Estados Unidos. Foto de 2018.

Colonização espanhola na América

As primeiras terras ocupadas pelos espanhóis na América foram as das atuais ilhas do Caribe, após a chegada de Cristóvão Colombo, em 1492. Depois do primeiro encontro amistoso, o contato entre os indígenas que viviam nessas ilhas e os espanhóis se tornou bastante violento. Um desses povos, o caraíba, resistiu com firmeza à ocupação e acabou dizimado durante o conflito com os espanhóis. Os demais nativos da região foram praticamente extintos em guerras ou pelo trabalho forçado.

As rivalidades entre os povos nativos

Os espanhóis encontraram pouca quantidade de ouro e prata nas ilhas caribenhas; por isso, seguiram em busca de outras terras para exploração. Uma das expedições, chefiada pelo oficial espanhol hernãn cortês, chegou às terras do Império Asteca, na região correspondente à do atual México, em 1519. O império tinha três importantes centros políticos: tescôco, tlacopán e Tenochtitlán.

A expedição de Cortês atravessou as terras ocupadas pelos povos tlaquissaltécas, então dominados pelos astecas. Como desejavam se libertar da duradoura dominação a que estavam submetidos, os tlaquissaltécas aliaram-se aos espanhóis e os acompanharam até Tenochtitlán, a capital do império.


A chegada dos espanhóis a Tenochtitlán

Em novembro de 1519, os espanhóis entraram em Tenochtitlán e foram recebidos pelo imperador Montezuma e por alguns nobres astecas, que lhes forneceram abrigo e alimentos.

A comunicação entre o imperador e Cortês foi facilitada pelos intérpretes Jerônimo de Aguilar, náufrago espanhol que vivia entre grupos nativos da Península de iucatãn, e Malinche, uma indígena maia que falava náuatle, a língua asteca, além do espanhol.

Logo após esse primeiro contato, Cortês aproveitou-se da proximidade do imperador Montezuma para aprisioná-lo em seu palácio, assegurando assim o comando sobre toda a região antes dominada pelos astecas.

Ilustração. À esquerda, grupo de pessoas indígenas, com mantos sobre os ombros e adornos de penas na cabeça. A pessoa que está à frente faz gestos com a mão. À direita, de frente para os indígenas, um homem branco sentado em uma cadeira. Ao lado dele, uma mulher indígena de cabelos longos fazendo gestos com as mãos. Atrás deles, homens brancos com escudos e lanças.
Detalhe de ilustração do códice liênzo de tlaquiscála da segunda metade do século dezesseis, 1892. A ilustração representa Malinche no papel de intérprete entre Montezuma e hernãn cortês.
Queda do Império Asteca

Em 1520, a tensão entre espanhóis e astecas se transformou em conflito aberto. Durante uma celebração, os espanhóis invadiram o Templo maior de Tenochtitlán e assassinaram muitos astecas.

Diante do massacre, Montezuma foi forçado a pedir aos demais súditos que não resistissem. Porém, como ele havia perdido a liderança, acabou sendo morto por inimigos.

Em 1521, após um cerco de três meses, os espanhóis ocuparam Tenochtitlán com o apôio de cêrca de cinquenta cidades anteriormente subordinadas ao Império Asteca. A capital asteca foi destruída.

qualtêmoc, o último imperador asteca, assumiu o trono após o massacre do Templo maior e tentou liderar a resistência contra o avanço espanhol até a tomada de Tenochtitlán, quando foi capturado. Em 1525, foi torturado e executado por Cortês.

Nesse contexto, Malinche tornou-se símbolo da traição, por ter se tornado companheira de hernãn cortês, ao passo que qualtêmoc, líder que morreu lutando em defesa da sociedade asteca, foi considerado herói.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Que interesses levaram os espanhóis às terras do Império Asteca?
  2. Como os exploradores foram inicialmente recebidos pelos nativos mesoamericanos?
  3. Por que os tlaquissaltécas apoiaram os espanhóis na conquista de Tenochtitlán?

Os espanhóis na América do Sul

No início do século dezesseis, os domínios do Império Inca estendiam-se da fronteira sul da região correspondente à da atual Colômbia até o norte da região onde hoje estão o Chile e a Argentina. A riqueza em ouro dos incas era conhecida até mesmo fóra dos limites do império; por isso, é possível compreender como essa informação chegou aos espanhóis.

De 1524 a 1528, as expedições dos espanhóis Francisco Pizarro e Diego de Almagro estavam se aproximando cada vez mais do centro do Império Inca, mas recuaram ao encontrar muitos nativos. Para obter os recursos necessários à conquista, Pizarro viajou à Espanha em 1528, solicitando a autorização do rei para a conquista do território mais tarde conhecido como Peru.

Fim do Império Inca

Enquanto os espanhóis se preparavam para atacar, ruáscar e Atarrualpa – filhos do então recém-falecido Sapa Inca (imperador) Ruáina Cápaqui – disputavam o trono. O Império Inca foi dividido entre ruáscar, que tinha séde em Cuzco, e Atarrualpa, estabelecido em Quito. Após várias batalhas, os generais de Atarrualpa derrotaram ruáscar e reunificaram o império. A crise, porém, enfraqueceu os incas e favoreceu a eclosão de revoltas dos povos por eles dominados.

Em maio de 1532, três navios espanhóis aportaram no noroeste do Peru com cêrca de duzentos soldados comandados por Francisco Pizarro. O primeiro encontro entre o imperador e os estrangeiros foi amistoso, mas logo os espanhóis atacaram os incas e prenderam Atarrualpa, que foi executado em 1533.

Os espanhóis avançaram para o sul e tomaram Cuzco, a capital inca. Dois anos depois, fundaram Lima, que se tornou a nova capital. Alguns grupos indígenas, como os participantes do movimento Taqui Ongoyglossário , ainda resistiram à conquista e à cristianização por quase quatro décadas.

Apesar da resistência, muitos povos dominados pelos incas viam os espanhóis como libertadores. Dessa maneira, aliaram-se aos invasores e os ajudaram a conquistar o Império Inca.

Gravura em preto e branco. À esquerda, um numeroso grupo de homens indígenas com lanças nas mãos. Um deles, em destaque, usa uma coroa e carrega um cetro nas mãos. Estão de frente para um grupo de homens brancos montados em cavalos. Um deles, em destaque, carrega uma lança apontada para o indígena de coroa.
A conquista do Império Inca, gravura de teôdór de brí, 1590. Representação do encontro entre o imperador inca Atarrualpa e o explorador espanhol Hernando de Soto. Biblioteca dión cárter bráun, próvidens, Estados Unidos.

Responda em seu caderno.

Explore

  1. Como os incas e seu imperador foram representados na gravura?
  2. Como os espanhóis foram representados em comparação aos nativos?

Armas da conquista

Ao estudar a colonização espanhola na América, um dos aspectos que mais chama a atenção é o fato de que um pequeno grupo de europeus submeteu milhões de indígenas e derrotou centenas de milhares de soldados que defendiam os impérios pré-colombianos.

A vitória dos invasores sobre os povos americanos, no entanto, pode ser explicada por alguns fatores. Entre os astecas havia a crença de que os invasores eram, na verdade, deuses que deveriam ser bem recebidos pelos nativos. Isso facilitou o acesso às autoridades que governavam a civilização asteca. Os espanhóis se aproveitaram também das disputas internas entre os vários povos, bem como de sua superioridade bélica, usando armas de fogo, espadas de aço (metal muito resistente) e cavalos para subjugar os nativos.

Além disso, algumas doenças que chegaram à América com os europeus, como a varíola, o sarampo e a gripe, causaram a morte de milhares de indivíduos das populações nativas, que não tinham imunidade para elas. A sofisticada medicina inca, que utilizava os princípios ativos de cêrca de 4 mil plantas medicinais, além de técnicas cirúrgicas, não foi suficiente para conter a expansão dessas doenças desconhecidas na América até então.

Gravura. Grande batalha entre homens indígenas e soldados espanhóis portando armas de fogo e canhões. À frente, corpos de indígenas caídos perto de canhões. No centro, um homem indígena portando um cetro, sendo carregado por outros indígenas sobre um pequeno tablado suspenso. Perto deles um soldado espanhol. Ao fundo, grupos em confronto.
Detalhe de A captura de Atarrualpa, gravura de teôdór de brí, cêrca de 1590. Biblioteca do Congresso, uóshinton, Estados Unidos. Na Batalha de Cajamarca, de 1532, milhares de incas foram derrotados, e o imperador Atarrualpa, preso.

História em construção

Explicações sobre a conquista

Leia os argumentos apresentados pelo historiador djérdi dáiamondi para explicar a conquista do Império Inca.

Pizarro foi a Cajamarca graças à tecnologia marítima europeia, que permitiu a construção de navios que o levaram reticências ao Peru. Pizarro dependia da organização política centralizada que permitiu à Espanha financiar, construir, formar gente e equipar os navios. reticências

Além disso, o fato de [os incas] conhecerem a escrita fez dos espanhóis herdeiros de uma imensa quantidade de conhecimentos sobre o comportamento humano e a história. Já Atarrualpa não tinha nenhuma ideia sobre os espanhóis nem experiência com invasores vindos do outro lado do oceano reticências. Esse abismo entre suas respectivas experiências estimulou Pizarro a montar sua armadilha, e Atarrualpa, a cair nela.

dáiamondi, djérdi. Armas, germes e aço. quarta edição Rio de Janeiro: Record, 2003. página 77-80.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. De que fórma o sistema político espanhol influenciou a realização de empreendimentos de conquistas como a conduzida por Pizarro?
  2. Cite dois fatores que contribuíram para a conquista do Império Inca pelos espanhóis, segundo o autor.

Sociedade e administração da América espanhola

Os primeiros espanhóis encarregados de colonizar a América eram chamados adelantados. Eles recebiam autorização da coroa para explorar e ocupar as terras encontradas, ficando responsáveis pela justiça e pelo contrôle político e econômico delas. Em troca, deviam enviar à Espanha um quinto de toda a riqueza extraída ou produzida nas colônias.

A intenção da coroa espanhola era garantir a ocupação rápida de seus domínios americanos com o menor gasto possível. Entretanto, ela não conseguiu controlar os ganhos dos adelantados e a cobrança dos tributos devidos. Por essa razão, em 1503, a rainha Isabel primeira criou a Casa de Contrataçãoglossário , que garantia o contrôle político e comercial direto das terras na América, a fim de impedir o contrabando e garantir o pagamento dos impostos.

Com essa medida, o govêrno espanhol procurava assegurar o exclusivo metropolitano do comércio colonial, ou seja, a obrigação de que as colônias comerciassem apenas com a metrópole.

Vice-reinos e cabildos

A administração direta da coroa espanhola na América foi alterada com a fundação do Vice-Reino da Nova Espanha, no território correspondente ao do atual México, em 1535. Oito anos depois, foi criado o Vice-Reino do Peru e, no século dezoito, os vice-reinos de Nova Granada e do Rio da Prata. Além dos vice-reinos, havia outras unidades administrativas chamadas capitanias-gerais.

Os vice-reis, escolhidos entre nobres espanhóis, eram a autoridade máxima e os principais responsáveis pelas decisões administrativas, financeiras, religiosas e militares nas colônias, mas ainda estavam sujeitos ao contrôle da coroa.

Nas vilas e nos municípios, a administração era exercida por conselhos chamados cabildos, compostos de representantes das elites locais, ou seja, espanhóis e seus descendentes, os criollos. Os integrantes dos cabildos escolhiam o alcaide-maior, principal autoridade no local, encarregado de garantir o cumprimento das determinações do rei ou do vice-rei.

Os vice-reinos da América espanhola (século dezoito)

Mapa. Os vice-reinos da América espanhola, século dezoito. Mapa com terras da América.
Sem legenda.

Vice-Reino da Nova Espanha: abrange o território sul da América do Norte, com destaque para as cidades do México e Veracruz. 
Capitania Geral de Cuba: abrange a Flórida e a Ilha de Cuba, destaque para a cidade de Havana. 
Capitania Geral da Guatemala, destaque para a cidade da Guatemala. 
Vice-Reino de Nova Granada: abrange parte das Américas Central e do Sul, com destaque para as cidades de Porto Belo, Cartagena, Bogotá e Quito. 
Capitania Geral da Venezuela, abrange o norte da América do Sul, com destaque para a cidade de Caracas. 
Vice-Reino do Peru: abrange parte do oeste da América do Sul, com destaque para as cidades de Lima e Cuzco. Capitania Geral do Chile: abrange parte do oeste da América do Sul, com destaque para a cidade de Santiago.
Vice-Reino do Rio da Prata: abrange parte do sul e do centro da América do Sul, destaque para a cidade de Buenos Aires.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de zero a 930 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987. página 239.


Os grupos sociais

Para controlar o território e a circulação das riquezas, os espanhóis reprimiram a resistência indígena e submeteram os nativos a um regime de servidão. Nas colônias espanholas, as diferenças étnicas determinavam a posição das pessoas na sociedade e suas possibilidades de ascender socialmente.

Leia a seguir as principais características de cada grupo social.

  • Chapetones. Eram os brancos nascidos na Espanha. Proprietários de terras e minas, ocupavam os postos mais altos da administração colonial e eram os únicos autorizados a atuar no comércio externo.
  • Criollos. Eram descendentes de espanhóis nascidos na América. Exerciam cargos inferiores na administração colonial, mesmo possuindo terras e minas.
  • Mestiços. Eram filhos de espanhóis com indígenas. Pessoas livres que atuavam no pequeno comércio urbano e no artesanato. No meio rural, muitas vezes trabalhavam como capatazes ou auxiliavam os proprietários na administração das fazendas.
Pintura. Representação de uma família. Homem branco de cabelos loiros e ondulados. Veste um longo sobretudo marrom e camisa com babados na gola e nos punhos. A mulher é indígena, tem os cabelos pretos e um lenço azul sobre a testa. Tem o rosto redondo com o queixo pequeno. Usa gargantilha e um longo vestido floral. Ela segura no colo uma menina de pele branca, olhos grandes e cabelo castanho, arrumado para trás. A menina está de vestido vermelho.
Família composta de pai espanhol, mãe indígena e filha mestiça, pintura de Miguel Cabrera, 1763. Museu da América, Madri, Espanha.
  • Indígenas. Formavam o grupo social menos favorecido. Eram submetidos a trabalhos forçados nas minas, em obras públicas e na agricultura.
  • Africanos escravizados. Prevaleciam no trabalho agrícola apenas nas ilhas do Caribe e no norte da América do Sul. A escravidão africana foi menos expressiva na América espanhola do que na portuguesa.
Fotografia. Mulheres negras, sorridentes, posando para a foto. Usam vestidos coloridos em azul, vermelho, verde e amarelo. Todas carregam no topo da cabeça uma bacia de metal com frutas dentro.
Afro-colombianas vendedoras de frutas em Cartagena, Colômbia. Foto de 2018. Cartagena das Índias foi o principal ponto de entrada de escravizados africanos na América espanhola. A cidade, que atualmente é chamada apenas Cartagena, concentra grande parte da população afrodescendente do país.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que a rainha Isabel primeira fundou a Casa de Contratação?
  2. Defina vice-reinos e cabildos e explique como cada um deles era administrado.
  3. Elabore um esquema representando os grupos sociais na América espanhola, suas características e hierarquias.

A exploração de ouro e prata

A mineração logo se tornou a principal atividade econômica realizada nas colônias espanholas. Considerado proprietário das minas descobertas, o rei concedia a membros da nobreza espanhola o direito de extrair os minérios. Esses nobres assumiam os custos da exploração e comprometiam-se a criar condições adequadas para a extração e a pagar tributos à coroa.

As minas atraíam muitos forasteiros e a população cresceu em seus arredores, originando várias cidades. Como raramente o abastecimento da população era feito com gêneros produzidos na região mineradora, foram abertas estradas que serviam tanto para facilitar o transporte dos produtos vindos de fóra quanto para levar os metais extraídos até os portos, de onde seguiam para a Europa.

Agricultura e pecuária

O clima e o solo americanos eram adequados para o cultivo de produtos tropicais, mas os espanhóis priorizaram a exploração das reservas de metais preciosos encontradas em suas colônias. Por isso, foi somente no século dezoito que eles intensificaram a produção de açúcar. Os maiores centros açucareiros foram instalados nas grandes fazendas de Cuba e da Ilha Hispaniola, onde o trabalho era feito por africanos escravizados.

O cultivo de outros produtos, como tabaco e cacau, também prosperou nas colônias espanholas que utilizavam trabalho escravo. Enviados à Espanha, esses produtos eram vendidos internamente ou direcionados para outros países da Europa.

Na pecuária, mulas, cavalos e bois eram criados para tração, transporte e alimentação da população local.

Gravura. Homens brancos de roupas largas e coloridas observam homens indígenas trabalhando. Os indígenas carregam grandes baldes e despejam ouro no chão. Ao fundo, mais indígenas trabalhando na encosta de uma montanha.
Espanhóis supervisionam o trabalho indígena em mina de ouro na América, gravura de teôdór de brí, cêrca de 1594-1596.

Trabalho forçado e tributo

No Caribe e no norte da América do Sul (atuais Colômbia e Venezuela), as populações nativas foram praticamente dizimadas durante a colonização. Por essa razão, a produção colonial, principalmente agrícola, foi feita predominantemente com mão de obra de africanos escravizados.

No restante da América espanhola, empregou-se largamente o trabalho dos indígenas, pela escravização ou pelos sistemas de repartimiento e encomienda.

Repartimiento era o nome dado a um imposto pago pelos indígenas em fórma de trabalho, bastante utilizado na mineração e nas obras públicas. Esse imposto era uma adaptação espanhola de tributos tradicionalmente cobrados nos grandes impérios indígenas: a mita, no antigo Império Inca, e o cuatequil, no Império Asteca.

No sistema da mita, os colonos encarregavam os chefes das comunidades indígenas de indicar pessoas para o trabalho obrigatório e de levá-las até o local determinado, onde permaneciam cêrca de seis meses. No regime do cuatequil, o recrutamento de trabalhadores indígenas era feito pelos próprios espanhóis. Os dois sistemas ofereciam alimentação e baixa remuneração aos indígenas. Embora o pagamento fosse individual, o repartimiento era um tributo coletivo, que recaía sobre a comunidade indígena.

A encomienda era uma instituição pela qual o colono recebia autorização do rei para explorar a mão de obra indígena. O colono, chamado de encomendero, podia cobrar tributos de uma comunidade indígena ou explorar seu trabalho na agricultura ou na mineração. Em troca, ele se comprometia a alimentar e a catequizar os indígenas e a libertá-los no fim do contrato.

A revolta de Túpac Amaru segundo

A brutalidade no recrutamento dos indígenas por meio do repartimiento e a exploração de suas comunidades pelos colonos provocaram diversas revoltas, que eram violentamente reprimidas.

No final de 1780, o indígena José Gabriel Condorcanqui Noguera liderou uma rebelião contra os espanhóis que reuniu cêrca de 40 mil nativos. Ele era cacique na região de Tinta, no Vice-Reino do Peru, e se apresentava como descendente de Túpac Amaru, último imperador inca executado pelos espanhóis no século dezesseis; por isso, adotou o nome de Túpac Amaru segundo. Inicialmente, ele agiu de fórma pacífica, pedindo às autoridades que os indígenas de Tinta não fossem obrigados a pagar tributos nas minas de Potosí, na região correspondente à da atual Bolívia. Como seu pedido foi negado, os indígenas recorreram às armas.

Após vencerem algumas batalhas, no início de 1781, os indígenas foram derrotados, e seus líderes, presos. Em maio, Túpac, sua mulher e seu filho foram condenados à morte e executados na cidade de Cuzco.

Pintura. Em primeiro plano, Túpac Amaru Segundo, homem indígena de cabelos grandes e escuros. Usa um manto vermelho sobre os ombros e adereços dourados nas pernas. Sua roupa é azul com detalhes em vermelho e dourado. Usa uma sandália no mesmo tom de azul que a roupa. Segura um cetro com uma das mãos. A outra mão está erguida. Em segundo plano, pessoas realizando atividades cotidianas, como a coleta de água. Ao fundo, casas e animais.
Detalhe de mural representando Túpac Amaru segundo, em Cuzco, Peru. Foto de 2017.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Que atividades econômicas eram realizadas nas colônias espanholas? Qual era o destino das riquezas produzidas?
  2. Que tipo de mão de obra era empregada nas colônias espanholas?
  3. Quem foi Túpac Amaru segundo? Qual é sua importância na história indígena da América do Sul?

Pintura. Conflito em alto mar entre diversos navios. Dois grupos de navios posicionados, frente a frente. Carregam diferentes bandeiras. À direita, pessoas no alto de uma montanha seguram mastros com bandeiras e observam a batalha.
Navios ingleses em ataque à esquadra espanhola, pintura flamenga, cêrca de 1605. Galeria Rafael Valls, Londres, Reino Unido.

Ingleses na América

Como você estudou anteriormente, o pioneirismo ibérico nas navegações e a descoberta de ouro na América espanhola despertaram a cobiça dos demais países europeus, principalmente da França, da Inglaterra e da Holanda.

Na Idade Moderna, garantir reservas de ouro e o abastecimento de produtos para o comércio conferia muitas vantagens, como a manutenção da balança comercial favorável. Com base nisso, foi estabelecida uma disputa entre os principais países europeus por rótas, portos e colônias do Atlântico. Entretanto, a colonização empreendida pelos ingleses na América foi impulsionada principalmente por interesses privados, não pela iniciativa estatal.

No século dezessete, os conflitos religiosos desencadeados pela Reforma Protestante culminaram na perseguição de parte da população inglesa. Além disso, transformações no regime de ocupação e posse das terras no campo criaram uma massa de desempregados nas cidades. Somados, esses fatores contribuíram para a formação de um contingente de pessoas dispostas a reconstruir a vida e a praticar a fé em lugares além-mar.

Saiba mais

Piratas e corsários

A partir do século dezesseis, holandeses, franceses e ingleses avançaram pela América pilhando e estabelecendo domínios nas áreas desprotegidas do poder ibérico. A atuação de piratas e corsários foi representada em diversos livros e filmes. Embarcações grandiosas, mares revoltos, tesouros escondidos e batalhas arriscadas fazem parte do imaginário criado em tôrno dessas figuras históricas.

Impedidos de explorar os caminhos marítimos graças às restrições impostas por Portugal e Espanha, navegadores franceses e ingleses, entre outros, passaram a assaltar as embarcações ibéricas e a praticar pilhagens também nas colônias. Esses navegadores podiam atuar tanto por conta própria (os piratas) como a serviço de um Estado (os corsários).

Em 1558, o navegador Frencis Dreic recebeu a carta de corso, isto é, a permissão real para praticar atos de pirataria contra os inimigos da coroa britânica. Motivado pelo lucro, Drêic realizou grandes façanhas, como a circum-navegação pelo Estreito de Magalhães, e se tornou o mais famoso corsário inglês, sendo considerado herói na Inglaterra.


Puritanos rumo à América

Você estudou no capítulo 2 que em 1534 o rei Henrique oitavo, da dinastia Tudor, rompeu com o papa e fundou a Igreja Anglicana. Como a ruptura com a Igreja de Roma tinha sido motivada mais por interesses políticos e econômicos do que por diferenças de doutrina, a Igreja Anglicana manteve vários ritos e normas católicos. Descontente, um grupo de calvinistas passou a combater os “desvios” católicos do anglicanismo e a defender a purificação da Igreja. Por isso, ficaram conhecidos como puritanos.

Com a morte da rainha Elizabeth primeira, em 1603, começou uma nova dinastia na Inglaterra, a dos Istíuart. Os reis dessa dinastia radicalizaram a política absolutista no país, e as medidas disciplinares da Igreja Anglicana contra os puritanos se transformaram em repressão política. Muitos puritanos foram presos por não acatar as determinações da Igreja oficial.

Além das tensões religiosas e políticas, uma crise social também crescia na Inglaterra. Nos campos, os proprietários queriam ampliar a área de criação de ovelhas, interessados em produzir lã para abastecer as manufaturas têxteis em expansão no país. Assim, passaram a demarcar as terras de uso comum, política que ficou conhecida como cercamento, expulsando os camponeses que faziam uso delas.

Desalojadas, muitas famílias migraram para as áreas urbanas. Porém, como nas cidades não havia trabalho para todos, a pobreza e a tensão social aumentaram expressivamente. Dessa fórma, a migração para a América passou a ser a opção de muitos trabalhadores ingleses.

Assim, em setembro de 1620, um grupo de cento e duas pessoas partiu no navio Mayflower rumo ao que chamavam de Novo Mundo. Dois meses depois, desembarcaram na América do Norte e fundaram a colônia de Plymouth, no território correspondente ao do atual estado de Massachusetts, nos Estados Unidos.

Pintura. À frente homens, crianças e mulheres em um porto. Estão próximos de pequenos barcos carregados com alimentos. Alguns barcos têm pessoas dentro. Ao fundo um grande navio de madeira. Tem janelas e mastros altos.
A partida dos pais peregrinos, pintura de Bêrnardi fínegãn gríbou, cêrca de 1940. Biblioteca Nacional da Austrália, Camberra. A obra representa o embarque dos puritanos ingleses no navio Mayflower, em 1620, com destino à América do Norte.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Relacione as práticas mercantilistas vigentes no período às disputas pelo domínio colonial e marítimo do Atlântico.
  2. Que relação pode ser estabelecida entre as questões religiosas, os cercamentos na Inglaterra e a colonização da América do Norte?

A formação das Treze Colônias

A fundação de Plymouth revela que o início da colonização inglesa foi uma iniciativa privada, e não um empreendimento dirigido pela coroa, como a colonização ibérica. Contudo, isso não significa que o govêrno inglês não participou da empreitada.

Antes mesmo da viagem do Mayflower, a coroa autorizou as companhias de comércio da Inglaterra a levar colonos para a América e a explorar comercialmente suas terras. Porém, a maioria dos interessados em emigrar era formada por camponeses sem recursos para pagar a viagem. A alternativa foi estabelecer com os interessados um contrato por meio do qual eles se comprometiam a trabalhar gratuitamente nas terras americanas, de quatro a sete anos, para a pessoa ou a empresa que financiasse a viagem. Esse sistema ficou conhecido como servidão temporária. Quando o tempo estabelecido pelo contrato encerrava, o imigrante recebia terras para que pudesse cultivar e iniciar, de fato, sua “nova vida” na América.

Depois de Plymouth, a colonização ampliou-se para o norte, o centro e o sul, formando as Treze Colônias (consulte o mapa). No centro, holandeses fundaram alguns núcleos coloniais, como a colônia de Nova Amsterdã (atualmente Nova iórque), mas, em 1664, todos passaram para o domínio inglês.

As Treze Colônias inglesas (século dezessete)

Mapa. As treze colônias inglesas, século dezessete. Destaque para regiões na costa leste da América do Norte. 
Legenda:
Rosa: Colônias do norte (Nova Inglaterra).
Amarelo: Colônias do centro.
Verde: Colônias do sul.

Colônias do norte (Nova Inglaterra): Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Connecticut. 
Colônias do centro: Nova York, Pensilvânia, Nova Jersey, Delaware. 
Colônias do sul: Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia. 
Ao sul das colônias inglesas, territórios espanhóis. À oeste das colônias inglesas, territórios franceses. À leste das colônias inglesas, o Oceano Atlântico.

No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de zero a 300 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M.; REIS, Arthur C. F.; CARVALHO, Carlos D. de C. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 54.

Fotografia. Vila com casas de madeira, com cercas baixas também de madeira. As casas têm estrutura triangular. Ao redor muitas árvores. Ao fundo, o mar.
Parque temático que reproduz uma vila do século dezessete com casas, moinho e atores vestidos a caráter, com quem os visitantes podem interagir, em Plymouth, Estados Unidos. Foto de 2015.

As colônias do norte e do centro

Diferente do que ocorria nas colônias portuguesas e espanholas, a maior parte das Treze Colônias inglesas tinha autonomia política e desfrutava de relativa liberdade religiosa (inexistente na Europa), o que facilitou a imigração de diversos grupos religiosos, como católicos e judeus, além de puritanos.

Pintura. Grupo de pessoas andando na neve. Os homens usam casacos, chapéu alto e carregam grandes armas. As mulheres e crianças vestem capas sobre vestidos longos. Todos carregam pequenos livros.
Peregrinos indo à igreja, pintura de Jórge rênri báuron, 1867. Sociedade Histórica de Nova iórque, Estados Unidos.

As colônias do norte englobavam Massachusetts, Rhode Island, Connecticut e New Hampshire, conhecidas como Nova Inglaterra. Os puritanos representavam a maioria da população local. Eles esta-beleceram regras morais e religiosas muito rígidas e passaram, em muitos locais, a perseguir os não puritanos.

Os colonos dessa região criavam animais, principalmente ovelhas, com o objetivo de obter matéria-prima para a produção de tecidos. Também praticavam a caça e a pesca com fins comerciais e extraíam madeira, utilizada na construção de barcos. O litoral oferecia ótimas condições para o atracamento de barcos, o que facilitou o comércio marítimo. A venda de peles também foi importante para a economia dessas colônias. Das colônias do norte partiam em direção à Europa grandes carregamentos de peles de animais para confeccionar roupas e acessórios para as pessoas das camadas sociais mais ricas.

A agricultura era limitada pelo terreno acidentado e pelo clima frio. Por isso, predominava a cultura de subsistência, praticada em pequenas propriedades pela própria família ou por servos temporários. O cultivo combinava cereais e frutas trazidos da Europa (trigo, cevada, maçã e pêssego) e plantios aprendidos com os nativos (batata e milho, principalmente).

As colônias do centro eram economicamente muito parecidas com a Nova Inglaterra. No entanto, havia consideráveis diferenças culturais e religiosas, principalmente por causa da presença de outros povos na região, como holandeses, suecos e alemães. A maior diversidade étnica nessas colônias contribuiu para a existência de uma tolerância cultural e religiosa nessa região que não havia no norte nem no sul da América inglesa.

Saiba mais

A “Inquisição” puritana em Salem

As acusações de bruxaria que recaíam constantemente sobre mulheres na Europa medieval e moderna também ocorreram na América do Norte. Em 1692, na pequena cidade de Salem, na colônia de Massachusetts, uma histeria coletiva tomou conta da comunidade depois que meninas, cujo comportamento era considerado estranho, pressionadas, acusaram algumas pessoas de praticar bruxaria. Um tribunal puritano foi instalado para investigar as acusações. Em 1693, quando esse tribunal foi dissolvido, 24 pessoas tinham sido executadas por prática de bruxaria.


As colônias do sul

As colônias do sul diferenciavam-se bastante das demais possessões inglesas na América do Norte. A economia da região baseava-se na produção agrícola monocultoraglossário , cultivada em grandes propriedades com emprego de mão de obra escravizada. Esse sistema, denominado plantation, era semelhante ao praticado por portugueses e espanhóis em suas colônias americanas. Nas grandes fazendas do sul, predominava o cultivo de algodão, arroz, tabaco e anil. Esses produtos abasteciam principalmente a Inglaterra e eram negociados pelas companhias de comércio inglesas.

Porém, diferente do que ocorria na América ibérica, essas companhias tinham certa liberdade na comercialização das mercadorias, não se limitando aos negócios com a metrópole. Isso permitiu o estabelecimento de relações comerciais diversificadas, que incluíam o comércio triangular.

O comércio triangular

O comércio triangular envolvia as Treze Colônias, as Antilhas (na região do Caribe) e a África. Ele era facilitado pela autonomia que a Inglaterra concedia às suas colônias e pela independência que elas tinham umas das outras. Apesar de as leis estabelecerem limites, os comerciantes das colônias seguiam mais a lei da oferta e da procura do que as leis do Parlamento inglês.

Em geral, os colonos do norte compravam açúcar e melaço das colônias do Caribe e os transformavam em rum. Depois, trocavam o rum e outros manufaturados produzidos no norte, como tecidos e armas, por escravizados na África. Estes eram vendidos para as colônias inglesas do sul e das Antilhas.

Os lucros desse comércio intercontinental eram muito altos. Com a venda de escravizados para as ilhas do Caribe, os colonos do norte compravam melaço e açúcar, que utilizariam em futuras trocas. Os sulistas, por sua vez, obtinham mão de obra para suas grandes propriedades monocultoras.

O comércio triangular (séculos dezessete e dezoito)

Mapa. O comércio triangular, séculos dezessete e dezoito. Destaque para a área entre o sul da América do Norte e a costa oeste da África.
Legenda: 
Círculos pretos: principais portos nas Treze Colônias.
Vermelho: área de colonização inglesa (Treze Colônias).
Seta vermelha: Treze Colônias para a África.
Seta verde: África para as Antilhas.
Seta roxa: Antilhas para as Treze Colônias.

Principais portos na área de colonização inglesa: Boston, Newport, Nova York, Filadélfia, Norfolk e Charleston na América do Norte.
Rota das Treze Colônias para a África: saída de Newport carregando rum, armas e tecidos em direção ao litoral da África Ocidental. 
Rota da África para as Antilhas: saindo do litoral da África Ocidental em direção a Porto Rico e Jamaica, carregando escravizados e ouro.
Rota das Antilhas para as Treze Colônias: partindo de Cuba para Charleston, carregando escravizados, e de Cuba para Nova York, carregando cana-de-açúcar.  
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de zero a 940 quilômetros.

Fonte: NARO, Nancy Priscilla S. A formação dos Estados Unidos. terceira edição. São Paulo: Atual; Campinas: unicâmpi, 1987. página 15.


Responda em seu caderno.

Explore

  1. Que artigos eram produzidos na América e vendidos na África?
  2. Que produtos eram trocados na África e vendidos na América?

A relação dos colonos com a população nativa

Com a chegada dos europeus ao continente americano, muitos territórios indígenas foram violentamente invadidos e tomados para a fundação de núcleos de povoamento. Apoiados na ideia de que tinham de cumprir uma missão civilizatória na América, os colonos trataram os indígenas como obstáculos que deveriam ser removidos a qualquer custo.

Considerados selvagens e primitivos pelos europeus, os nativos americanos foram expulsos de suas terras ou, em alguns casos, acabaram escravizados. Os puritanos também adotaram medidas para cristianizar os indígenas, mas elas não foram tão frequentes como nas áreas de colonização espanhola e portuguesa.

As populações indígenas resistiram muito às investidas dos colonizadores, e esse é um dos motivos que explicam o fracasso das primeiras tentativas da coroa inglesa de colonizar o território. A luta dos nativos para manter suas terras e seu modo de vida continuou por todo o período colonial.

Além das guerras e dos deslocamentos forçados, as epidemias também contribuíram para a redução drástica da população nativa da região da América do Norte.

Charge. Dois homens indígenas escondidos nos arbustos observam três homens de pele branca vindo em um pequeno barco. Ao fundo um grande navio. Um indígena diz para o outro: EU DIGO: DEIXO-OS ENTRAR! QUE MAL PODERIA ACONTECER?
Eu digo: deixe-os entrar!, charge de róberti arêil, 2015.

Refletindo sobre

Os espaços em que os povos indígenas viviam e dos quais obtinham seu sustento foram aos poucos apropriados pelos colonos. Se você fosse um indígena na América do Norte naquele período, o que faria para sobreviver e manter seu modo de vida? Que relação pode ser estabelecida entre os direitos dos povos indígenas e a preservação do meio ambiente?


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que é servidão temporária e como ela foi utilizada para atender a diferentes interesses no processo de colonização da América do Norte?
  2. Que grupo social predominava nas colônias do norte? Como eles viviam?
  3. Que características da formação das colônias do centro ajudam a explicar a existência de uma tolerância religiosa nesses locais?
  4. Que tipo de mão de obra foi mais utilizado nas colônias do sul?

A administração das Treze Colônias

As Treze Colônias, como você estudou, tinham muita autonomia em relação à metrópole inglesa e eram independentes umas das outras. Não havia um sistema que as unificasse sob um mesmo comando, diferente do que ocorreu na América portuguesa, com o govêrno-geral, e na América espanhola, com os vice-reinos.

Cada colônia tinha o próprio governante, diretamente subordinado à coroa inglesa. Nas colônias do sul, onde eram produzidos os artigos mais lucrativos para o comércio europeu, o governador era indicado pela metrópole. No centro e no norte, os colonos tinham o direito de escolher seus governantes e representantes nas assembleias locais.

A autonomia política das Treze Colônias foi mantida após a independência. Ainda hoje a autonomia dos estados é uma das bases do modêlo político nacional dos Estados Unidos.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

16. As Treze Colônias dependiam umas das outras ou elas eram autônomas? Justifique.

Educação de base protestante

Uma das bases da Reforma Protestante na Europa foi a defesa da livre interpretação dos textos bíblicos. Para isso, os fiéis precisavam ser alfabetizados. Assim, o predomínio de protestantes nas Treze Colônias inglesas colaborou para a tomada de medidas importantes na área da educação. Em 1642, uma lei da colônia de Massachusetts, por exemplo, determinava que os pais deveriam garantir a seus filhos o desenvolvimento da leitura e da escrita para que eles aprendessem a doutrina protestante e as leis locais. Cinco anos depois, o govêrno da mesma colônia decretou outra lei relacionada à educação. Leia algumas determinações dessa lei.

Sendo um projeto principal do Velho Satanás manter os homens distantes do conhecimento das Escrituras, como em tempos antigos quando as tinham numa língua desconhecida reticências, se decreta para tanto que toda municipalidade nesta jurisdição, depois que o Senhor tenha aumentado sua cifra para cinquenta famílias, dali em diante designará a um dentre seu povo para que ensine a todas as crianças, que recorram a ele para ler e escrever reticências.

LEI de educação de Massachusetts [1647]. In: KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. segunda edição São Paulo: Contexto, 2008. página 48.

A preocupação dos colonos puritanos com a educação também se explica pela ideia, defendida por eles, de que representavam o novo povo eleito por Deus, designado para ocupar a América, a nova Terra Prometida. Para cumprir essa missão divina, os colonos tinham de ser preparados para estudar as Escrituras Sagradas e viver de acôrdo com suas recomendações.

Gravura em preto e branco. À esquerda, homem de cabelos compridos, em pé, ao lado de uma mesa. Está com uma das mãos apoiada sobre ela. À frente dele, crianças sentadas em bancos. A mesa das crianças é um grande tronco de árvore cortado ao meio. Duas crianças estão em pé. Ao fundo, uma lareira e uma pequena janela.
Uma escola primitiva na Nova Inglaterra, gravura publicada no livro Columbus and Columbia: a Pictorial History of the Man and the Nation, de djêimes guílespi blêine, século dezenove. Biblioteca da Universidade da Califórnia, Estados Unidos.

Gravura. Grande prédio horizontal com quatro andares. Tem diversas janelas por andar. À frente um jardim cercado. Ao redor do prédio, algumas casas e pessoas andando em ruas de terra.
Primeiros prédios da Universidade de Princeton, Estados Unidos, gravura de 1764. Biblioteca da Universidade de Princeton, Nova Djerzí, Estados Unidos.

O ensino superior

Diante da necessidade de formar pessoas para desempenhar as funções religiosas e administrativas das Treze Colônias, os governos deram atenção ao ensino superior. Até 1764, foram fundadas sete universidades nas colônias inglesas da América do Norte, entre elas Harvard, Yale e Princeton, três das melhores universidades do mundo atualmente. Para ingressar nessas universidades, era preciso “levar uma vida inofensiva” e ler e escrever a Bíblia em latim, o que mostra o quanto elas estavam ligadas a princípios religiosos.

Muitos filhos de famílias ricas das Treze Colônias iam estudar na França ou na Inglaterra. Ao voltar para a América, os jovens levavam muitas ideias e conhecimentos difundidos na Europa. Assim, no século dezoito, as instituições de nível superior das Treze Colônias receberam muita influência do pensamento europeu.

A preocupação com a educação fez das colônias inglesas da América do Norte a região com o menor índice de analfabetismo do Novo Mundo. É importante lembrar, porém, que a maior parte da população instruída era formada por indivíduos brancos e ricos.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

17. Explique a relação entre o predomínio de protestantes nas Treze Colônias e as ações na área da educação.

Conexão

O Novo Mundo

País: Estados Unidos

Direção: Térence Mélic

Ano: 2005

Duração: 157 minutos

O filme conta a história da indígena Pôcarrontas e de seu casamento com o comerciante inglês Djón Rolfe, relacionando-o com a fundação da cidade de Jamestown no início do século dezessete, na Virgínia, a primeira das Treze Colônias da América do Norte. O filme procura mostrar os pontos de vista da mulher indígena e do inglês diante de suas diferenças culturais.


Cartaz de filme. Na parte superior os nomes dos atores. No centro o título do filme. Ocupando todo o cartaz a fotografia de um homem de pele branca, cabelos compridos e barba segurando uma espada, uma moça indígena de perfil e um homem de pele branca, bigode e cavanhaque.

Enquanto isso…

A presença francesa na América

Apenas na segunda metade do século dezesseis, a França intensificou sua atuação no Novo Mundo. Até esse período, somente aventureiros franceses, organizados em expedições que nem sempre tinham apôio real, interessavam-se pela América.

Em 1556, liderados pelo almirante Nicolas diurrân dê vilêganhôn, os franceses atacaram a região da Baía da Guanabara, na América portuguesa. Lá fundaram a chamada França Antártica, que durou até 1567, quando os portugueses tomaram o contrôle do local.

Em março de 1612, exploradores franceses voltaram a avançar sobre a América portuguesa, fundando um povoado ao norte da colônia, ao qual deram o nome de São Luís.

Expulsos de São Luís, os franceses estabeleceram-se na região correspondente à da atual Guiana Francesa, em 1626. As colônias fundadas pelos franceses em São Luís e na Guiana ficaram conhecidas como França Equinocial.

Leia a declaração do chefe Tupinambá Momboré-uaçu, da aldeia Essauap, no Maranhão, em 1612, sobre o estabelecimento dos franceses no Nordeste brasileiro.

Assim aconteceu com os franceses. Da primeira vez que viestes aqui, vós o fizestes somente para traficar. Como os peró [portugueses], não recusáveis tomar nossas filhas e nós nos julgávamos felizes quando elas tinham filhos. Nesta época, não faláveis em aqui vos fixar. Apenas vos contentáveis com visitar-nos uma vez por ano, permanecendo entre nós somente quatro ou cinco luas. Regressáveis então a vosso país, levando os nossos gêneros para trocá-los com aquilo de que carecíamos.

Agora já nos falais de vos estabelecerdes aqui, de construirdes fortalezas para defender-vos contra os vossos inimigos. Para isso, trouxestes um Morubixaba [chefe] e vários paí [franceses]. Em verdade, estamos satisfeitos, mas os peró fizeram o mesmo.

Depois da chegada dos paí, plantastes cruzes como os peró. Começais agora a instruir e batizar tal qual eles fizeram; dizeis que não podeis tomar nossas filhas senão por esposas e após terem sido batizadas. O mesmo diziam os peró. Como estes, vós não queríeis escravos, a princípio; agora os pedis e quereis como eles no fim. Não creio, entretanto, que tenhais o mesmo fito que os peró; aliás, isso não me atemoriza, pois velho como estou nada mais temo. Digo apenas simplesmente o que vi com meus olhos.

“DIGO apenas simplesmente o que vi com meus olhos”: registro do discurso de um chefe Tupinambá no século dezessete. In: ISA. Povos Indígenas no Brasil. São Paulo, 10 julho 2018. Disponível em: https://oeds.link/1VsVIy. Acesso em: 26 fevereiro 2022.

Franceses na América Central

A colonização francesa no Caribe foi mais bem-sucedida do que as tentativas feitas na América portuguesa. No final do século dezessete, a Espanha cedeu a parte ocidental da Ilha Hispaniola à França, que lá fundou a colônia de São Domingos, futuro Haiti.

As condições climáticas da região possibilitaram o cultivo de cana-de-açúcar e café. Inicialmente, a mão de obra utilizada nas plantações era formada por franceses pobres, que trabalhavam no regime de servidão. Em troca do financiamento da viagem para a América, eles se comprometiam a trabalhar na colônia por três anos. O cultivo de artigos tropicais na ilha só prosperou anos depois e, nesse momento, a mão de obra servil foi substituída pela dos africanos escravizados, transportados por traficantes da costa do Senegal.


Avançando para o sul, os franceses ocuparam Martinica e Guadalupe, em 1635. Lá adotaram o mesmo modêlo de produção do Haiti, que se baseava no cultivo de tabaco, anil, cana-de-açúcar e café e na exploração da mão de obra escravizada.

Franceses na América do Norte

As primeiras investidas francesas na América do Norte ocorreram na primeira metade do século dezesseis. A ocupação efetiva, porém, só começou no século seguinte, com a fundação de Quebec, no território correspondente à porção leste do atual Canadá, em 1608.

Contudo, como o clima frio dificultava a produção de gêneros tropicais, a coroa francesa mostrou pouco interesse em investir na região. A colônia ficou praticamente sob domínio de companhias de comércio privadas e de aventureiros.

Ampliando seus domínios na América do Norte, no início do século dezoito os franceses chegaram ao Vale do Rio Mississípi, onde fundaram Louisiana e o povoado de Nova Orleans, integrado aos Estados Unidos no século seguinte. Por volta de 1750, a França ocupava os dois lados do Rio Mississípi e dominava uma vasta faixa de terras, que se estendia do sudeste do território do atual Canadá ao Golfo do México. Essas terras receberam o nome de Nova França.

Derrotada pela Inglaterra na Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a França entregou a região leste do Rio Mississípi e suas possessões no Canadá à coroa inglesa. A Louisiana passou para as mãos dos espanhóis. Em 1800, foi devolvida à França, que três anos depois vendeu-a aos Estados Unidos.


Fotografia. Músicos tocando em uma rua. Perto deles um homem de terno claro sentado em uma cadeira. Pessoas nas calçadas observam. A maioria das construções têm três andares e muitas plantas nas sacadas. As fachadas são decoradas com bandeiras e artigos coloridos. Ao fundo mais pessoas andando na rua e nas calçadas.
Quarteirão Francês, em Nova Orleans, estado da Louisiana, Estados Unidos. Foto de 2016. O bairro apresenta forte influência da arquitetura e da cultura francesa.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Que interesses os franceses tinham na costa brasileira?
  2. Nas considerações feitas pelo chefe Tupinambá Momboré-uaçu, há uma insinuação em relação aos franceses, com quem ele havia se aliado. Qual é essa insinuação?
  3. Segundo o historiador márc ferrô, houve uma “dupla falência colonial” da França nos séculos quinze e dezesseis. O que teria causado esse fracasso? Utilize os eventos ocorridos nos séculos quinze e dezesseis para compor sua explicação.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Leia um trecho do livro do clérigo espanhol Francisco López de Gómara, publicado em 1552, para responder às questões.

É a grande glória e honra de nossos reis e dos espanhóis terem feito os índios aceitarem um só Deus, uma só fé e um só batismo e tê-los afastado da idolatria, dos sacrifícios humanos, do canibalismo reticências e de outros grandes reticências pecados que nosso bom Deus detesta e pune. reticências Da mesma fórma, reticências mostraram-lhes o alfabeto sem o qual os homens são como animais, e o emprego do ferro, tão necessário ao homem. reticências Tudo isso reticências vale mais do que as plumas, as pérolas, o ouro que deles tomaram, tanto mais que não se serviam desses metais como dinheiro – que é seu emprego adequado e verdadeiro modo de aproveitá-los reticências.

GÓMARA, Francisco López de. Historia general de las Indias. In: FERRO, Marc. História das colonizações. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. página 49.

  1. Que elementos do texto revelam o ponto de vista europeu sobre a colonização? Explique.
  2. Segundo o autor, a diferença entre o que foi dado aos indígenas e o que lhes foi tirado foi positiva ou negativa para eles? Justifique.

2. Leia o texto do frei buenaventúra de Salinas uái Córdova, que testemunhou a condição dos indígenas nas colônias ao sul da América espanhola. Depois, responda às questões.

No tempo das ‘mitas’, é lastimável ver os índios reticências presos como malfeitores, com cordas e argolas de ferro; e as mulheres, os filhos e os parentes se despedindo dos templos, deixando fechadas suas casas e os seguindo, dando alaridos aos céus, desgrenhando os cabelos, cantando em sua língua tristes canções e lamentos reticências. [Os índios] vendem suas mulas, empenham suas roupas e, o pior de tudo, alugam suas filhas e mulheres aos proprietários das minas, na tentativa de se verem livres do trabalho nas minas reticências.

CÓRDOVA, Frei buenaventúra de Salinas uái. Memorial de las historias del Nuevo Mundo, 1631. In: GERAB, Kátia; RESENDE, Maria Angélica Campos. A rebelião de Túpac Amaru. São Paulo: Brasiliense, 1987. página 12.

  1. Segundo o frei buenaventúra de Salinas uái Córdova, como os indígenas eram levados para trabalhar nas minas?
  2. De que maneira os indígenas tentavam se livrar do trabalho na mineração?
  3. Explique o motivo da tristeza dos indígenas ao se encaminhar para o trabalho nas minas.

3. Qual era a principal diferença entre a organização política das Treze Colônias e a da América espanhola?

Aluno cidadão

  1. Em junho de 2021, durante a vacinação contra a covíd-19 no Brasil, indígenas isolados do Vale do Javari, no Amazonas, manifestaram a doença. A suspeita inicial foi a de que a infecção dos indígenas tivesse ocorrido por meio de profissionais da saúde, mas o Ministério da Saúde contestou a hipótese, alegando que muitos pescadores e comerciantes circulam pela região. Que medidas o Estado brasileiro deve tomar para proteger a saúde das populações indígenas? Para responder a essa questão, siga o roteiro.
    1. Reúna-se em grupo para investigar a condição de saúde dos povos indígenas no Brasil atual.
    2. Pesquisem: Quais doenças mais afetam as populações indígenas atualmente? Existem programas do Estado para atendimento médico de indígenas? Quais são eles? Esses programas têm sido efetivos na preservação da saúde indígena?
    3. Apresentem os resultados da pesquisa aos demais colegas, por meio de imagens e textos. Ao final, a turma deve debater soluções possíveis para os problemas levantados.

Conversando com língua portuguesa

5. O romance Filha de Feiticeira, de Celia rís, é escrito em primeira pessoa, na fórma de um diário. Ele conta a história de Méri, uma menina inglesa do século dezessete que foi criada por uma avó com poderes mediúnicos. Após a trágica morte da avó, ela é obrigada a emigrar para a América na companhia de outros colonos e a se adaptar à vida no Novo Mundo. Méri se instala na cidade de Salem, onde terá de enfrentar a desconfiança e as superstições da comunidade puritana. Leia um trecho do romance e faça o que se pede.

A pequena éni havia se tornado a Senhora éni fréncis, casada com ezequiél fréncis, um dos principais representantes da comunidade. Segundo Martha, na Inglaterra, ezequiél fréncis não passava muito de um empregado, mas aqui é proprietário de muita terra. É um dos homens de projeção da aldeia e está claro que a Senhora fréncis espera que a irmã seja sua criada, comigo de contrapeso. ‘Não foi para isso que atravessei o oceano. Você também não. Achei que todos fossem livres aqui’, disse-me Martha.

rís, Celia. Filha de Feiticeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. página 111.

  1. Filha de Feiticeira é um romance histórico. Quais são as características desse gênero literário?
  2. Para escrever a história de Méri, que conhecimentos históricos a autora precisou dominar?
  3. No trecho selecionado, que informação histórica ela mobiliza para construir a história de Méri?
  4. Crie um conto ambientado em uma das regiões da América à época da colonização em que interajam ao menos uma personagem nativa e um personagem europeu.

Mão na massa

6. Uma das criações mais populares da comunicação em redes sociais é o meme (palavra que deriva de “mimese”, que significa “imitação”). Geralmente, apresentam um formato multimodal, isto é, são compostos de mais de um tipo de linguagem, verbal ou não verbal, como imagens, vídeos ou frases curtas. Os memes têm tom humorístico e irônico e se espalham rapidamente pelas redes sociais. Analise este meme e faça o que se pede.

Fotografia. Montagem com duas fotografias, uma em cima e uma embaixo. Na fotografia de cima, Donald Trump, homem de pele branca, cabelo e sobrancelhas claros. Está com a boca aberta e o dedo indicador apontado para a frente. Ao lado dele a frase: “Vamos expulsar os imigrantes dos Estados Unidos”. Embaixo, foto em preto e branco de um homem indígena usando um cocar sobre a cabeça, olhando para a frente. Ao lado dele a frase: “Combinado!”
Meme satirizando a política de imigração do govêrno dônald tramp, de 2018.
  1. Considerando que o ex-presidente estadunidense dônald tramp defendia uma política de restrição à entrada de imigrantes, principalmente mexicanos, nos Estados Unidos, explique a sátira do meme.
  2. Identifique que recursos multimodais foram usados na produção do meme. Na sequência, comente qual foi a importância deles para a compreensão da mensagem que se buscou transmitir nessa comunicação.
  3. Em dupla, criem um meme com o tema da conquista da América estudado no capítulo. Lembrem-se de usar ironia e humor.

Glossário

Taqui Ongoy
: expressão em língua quéchua que significa “enfermidade da dança”. Designa um movimento dos nativos, ocorrido na segunda metade do século dezesseis, que teve por base a resistência à conversão ao cristianismo e a crença de que espíritos ancestrais voltariam para vingar os indígenas.
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Casa de Contratação
: nesse caso, órgão do govêrno espanhol sediado em Sevilha, que servia como único porto de partida e chegada dos navios que faziam comércio com as colônias.
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Monocultura
: cultivo de apenas um produto agrícola.
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