CAPÍTULO 9  Expansão das fronteiras da América portuguesa

Fotografia. Encontro de dois grandes rios. Um se estende verticalmente pela paisagem e o outro passa horizontalmente. Nas margens, vegetação densa.
Encontro dos rios Paraná e Iguaçu. Foto de 2022. O encontro desses rios é chamado de Marco das Três Fronteiras, pois o Rio Iguaçu marca a fronteira entre o Brasil e a Argentina; e o Rio Paraná, entre o Brasil e o Paraguai.

Quando você pensa no mapa do Brasil, provavelmente imagina um território com fronteiras fixas e bem estabelecidas. Porém, a conformação do território brasileiro como você conhece é recente. Nossas fronteiras já foram bem diferentes e passaram por diversas mudanças ao longo do tempo.

No período inicial da colonização, os limites políticos seguiam as determinações do Tratado de Tordesilhas, de 1494, e o interior da então América portuguesa era pouquíssimo conhecido. No entanto, criadores de gado, religiosos, bandeirantes, entre outros colonos portugueses, desrespeitaram o tratado e avançaram nas direções sul e oeste do que hoje é o Brasil.

Ao longo da história, as fronteiras do território brasileiro foram redefinidas várias vezes por meio de tratados políticos, invasões de terras, conflitos e compras de território.

  • Você sabe como é definida a fronteira de um país atualmente?
  • Como a foto pode ser relacionada à expansão das fronteiras da América portuguesa?

A expansão para o interior

Durante o século dezesseis, a colonização da América pelos portugueses limitou-se às áreas litorâneas. A coroa portuguesa tinha receio de que um movimento para o interior do continente pudesse desproteger a costa e facilitar as invasões.

Em pouco tempo, porém, os colonos avançaram em direção ao interior e ampliaram as fronteiras portuguesas. A ocupação do interior do que hoje corresponde à parte da Região Nordeste foi obra principalmente dos criadores de gado, que partiram sobretudo das capitanias de Pernambuco e da Bahia. Mais ao sul, o avanço em direção à região atual de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso teve como ponto de partida a capitania de São Vicente, de onde saíram os bandeirantes. No Sul, a ocupação foi resultado da iniciativa da coroa, com a fundação da Colônia do Sacramento, combinada com a ação de paulistas perseguidores de indígenas, de jesuítas espanhóis e de criadores de gado de origem portuguesa.

Aspectos físico-naturais retardaramglossário a ocupação do vale amazônico, que só se iniciou efetivamente na segunda metade do século dezessete. A iniciativa coube a ordens religiosas e aos exploradores das drogas do sertão e de outros recursos da floresta.

Desenvolvimento da pecuária (século dezoito)

Mapa. Desenvolvimento da pecuária, século dezoito. Destaque para o atual território brasileiro.
Legenda: 
Verde: área de pecuária: caminhos de gado, currais e estâncias.
Pequena cabeça de gado marrom: feiras de gado.
Grande cabeça de gado laranja: centros de indústrias de carnes: carne-seca do Ceará e do Piauí e charqueadas de Pelotas.
Linha cinza: limites atuais do Brasil.

Feiras de gado: Itabaiana, no atual estado da Paraíba; Santana, no atual estado da Bahia; e Sorocaba, no atual estado de São Paulo.
Área de pecuária: caminhos de gado, currais e estâncias: abrange área no extremo sul da região Sul, se estende a pouca distância do litoral das atuais regiões Sul e Sudeste, com destaque para as cidades de Viamão, Vacaria, Lajes, Curitiba, São Paulo, São Vicente, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, avançando para o interior do atual estado de Minas Gerais, com destaque para São João del-Rei e Vila Rica, e segue pelo interior da atual região Nordeste pelas margens do Rio São Francisco, atingindo Salvador e Oeiras. Focos de pecuária também são observados na área central do país e em dois pontos do extremo norte, nos atuais estados de Roraima e Pará. 
Centros de indústria de carnes: carne-seca do Ceará e do Piauí e charqueadas de Pelotas: próximo às cidades de Fortaleza, no Ceará, Oeiras, no Piauí, e Pelotas, no Rio Grande do Sul.
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala indicando 360 quilômetros.

Fonte: RESENDE, Maria Efigênia Lage de; MORAES, Ana Maria. Atlas histórico do Brasil. Belo Horizonte: Vigília, 1987. página 37.


O desenvolvimento da pecuária

No início da colonização, o gado era criado solto próximo aos canaviais e servia para suprir as necessidades dos moradores dos engenhos. A pecuária completava a dieta básica da população com carne e leite, além de fornecer couro para a produção de artefatos. O gado também era utilizado para movimentar as moendas dos engenhos e transportar pessoas e mercadorias.

À medida que se expandiu, a criação de gado passou a ocupar o espaço dos canaviais e era comum os animais invadirem as plantações de cana e destruírem o cultivo, causando prejuízos aos colonos. Em razão disso, a coroa portuguesa, em 1701, proibiu a criação de gado na faixa litorânea, local de maior concentração das plantações de cana-de-açúcar.

Assim, partindo principalmente da Bahia e de Pernambuco, a criação de gado avançou em direção ao Rio São Francisco e se espalhou pela área correspondente à ocupada pelos atuais estados da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará, do Piauí e do Maranhão. Nas fazendas de gado eram empregados trabalhadores livres (indígenas, mestiços e negros libertos) e negros escravizados. Os responsáveis por conduzir e cuidar do gado, chamados vaqueiros, geralmente eram pagos com animais: a cada quatro bezerros nascidos em determinado período, um era destinado a esse pagamento. Caso os bezerros morressem ou se perdessem, o trabalhador poderia ficar sem remuneração.

Fotografia. Três homens montados à cavalo. Eles usam casacos de couro e chapéus arredondados. O chão é de terra. Ao redor deles uma névoa formada pela terra seca. Ao fundo, árvores secas.
Vaqueiros montando cavalo em meio à caatinga na comunidade do Muquém, em Petrolina, Pernambuco. Foto de 2021. A atividade de vaqueiro ainda é realizada no sertão nordestino.

O comércio e a abertura de estradas

Os moradores do sertão nordestino mantinham contato frequente com os do litoral. Os donos das fazendas geralmente residiam nos grandes centros litorâneos, deixando a propriedade aos cuidados de administradores.

Para facilitar a comunicação entre o litoral e o interior, foram abertas muitas estradas, que atravessavam áreas onde havia pastagem e água para o gado. Por elas circulava o comércio de carne-sêca e, principalmente, de couro. Além de ser exportado para Portugal, o couro tornou-se a principal matéria-prima para a confecção de roupas, acessórios e outros artigos usados pelos sertanejos.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que durante o século dezesseis a colonização portuguesa na América se concentrou no litoral?
  2. Qual foi o motivo da interiorização da criação de gado no período colonial?
  3. Quem desempenhava o trabalho de vaqueiro e como era remunerado?

A pecuária no Sul

Nos campos do Rio Grande do Sul, a pecuária desenvolveu-se no comêço do século dezoito. Como o gado pastava solto pelos campos da bacia do Rio da Prata, a pecuária sulina ocupava grandes propriedades, nas quais se formaram as estâncias, como eram chamadas as fazendas de gado gaúchas. Como o objetivo inicial era a produção de couro, todo o resto do animal abatido era abandonado nos campos.

Ainda no século dezoito, com a introdução da indústria do charque (carne salgada e sêca ao sol), destinada a abastecer a região das Minas Gerais, a carne passou a ter importância. No final daquele século, o Sul já havia se transformado no principal fornecedor de couro, animais e charque da colônia.

O Sul também se destacou na criação de cavalos, fundamentais para a realização do “rodeio” do gado, ocasião festiva em que os peões reuniam o gado selvagem para marcá-lo e castrá-lo. As mulas foram outra especialidade da criação sulina, destinadas principalmente à região das Minas Gerais, na qual serviam como animais de carga.

A criação de gado no Sul do Brasil impulsionou o movimento dos tropeirosglossário e a criação de caminhos que ligavam as áreas produtoras aos centros de comércio na colônia. Trataremos desse assunto no capítulo 10.

Gravura. Homem indígena com lenço ao redor da cabeça. Sobre ele um chapéu. Tem um tecido longo atravessado diagonalmente sobre o corpo. Carrega em um dos braços uma corda enrolada, e na outra mão traz uma boleadeira. Usa botas com babados.
Detalhe de Charruas, gravura de Jãn Batiste Dêbret, 1834. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro. Indígenas da etnia Charrua trabalhavam como condutores de tropas do Rio Grande do Sul.

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O boi e a cultura brasileira

O boi teve importância econômica e cultural na formação do Brasil, tornando-se tema de músicas, festas e celebrações populares.

De norte a sul do país são realizadas festas de boi, que recebem variados nomes. No Norte e no Nordeste, existe o Bumba meu boi. Na Região Sul chama-se Boi de mamão. As festas têm elementos culturais de origem europeia, indígena e africana e são uma representação artística da lenda folclórica em tôrno da morte e da ressurreição de um boi.

No Amazonas é realizado o Boi de Parintins, um festival folclórico em que, por meio de desfile alegórico, competem os bois Garantido e Caprichoso. Durante a celebração, o município de Parintins é decorado com as cores dos bois, o vermelho do Garantido e o azul do Caprichoso, e atrai milhares de turistas.


Fotografia. Em primeiro plano, um personagem representando um boi. Ele é branco, tem orelhas grandes. As pontas dos chifres escuras e um coração vermelho na testa. Em segundo plano, pessoas de vermelho tocam instrumentos musicais.
Desfile do boi Garantido, em Parintins, Amazonas. Foto de 2019.

A ação missionária dos jesuítas

Nas colônias de Portugal e da Espanha, a Igreja Católica foi representada principalmente por padres da Companhia de Jesus, ordem religiosa fundada pelo espanhol Inácio de Loyola em 1534.

A Companhia de Jesus, no contexto da Contrarreforma, atuou para expandir a fé católica e conter o avanço do protestantismo. Em 1553, a América portuguesa foi alvo das atividades evangelizadoras e pedagógicas dos jesuítas. As capitanias da Bahia e de São Vicente foram os primeiros núcleos da ação da Companhia de Jesus.

Na Bahia, os jesuítas chegaram com a comitiva do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, em 1549. Dirigidos pelo padre Manuel da Nóbrega, eles receberam da coroa portuguesa o monopólio das atividades de catequização dos indígenas. Em São Vicente, o padre Leonardo Nunes fundou a primeira escola-seminário, que funcionava como igreja e colégio. O objetivo era formar sacerdotes e instruir os nativos e os colonos.

Mais tarde, outros colégios foram fundados. No Planalto de Piratininga, os jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega inauguraram o Colégio de São Paulo (marco inicial da cidade de São Paulo), em 1554, que se tornou um dos principais núcleos de evangelização dos nativos da região. No Rio de Janeiro, a construção do primeiro colégio jesuíta começou em 1567, por iniciativa do padre Inácio de Azevedo e Nóbrega.

No século dezessete, os jesuítas chegaram ao Ceará, ao Piauí, ao Maranhão e ao Pará. As casas que fundavam convertiam-se em novos colégios. Isso aconteceu em Olinda (1576), São Luís (1622), Belém (1626) e Recife (1655). No Sul, as ações missionárias foram iniciadas pelos jesuítas espanhóis, que, em 1635, chegaram à aldeia indígena de Caibi, próximo à atual cidade de Porto Alegre.

Fotografia. Construção comprida horizontalmente, com dois andares. É toda branca com janelas e portas azuis. Em uma das extremidades uma torre. Algumas pessoas estão aglomeradas na porta. Ao redor da construção, grades.
Pateo do Collegio, no centro da cidade de São Paulo, São Paulo. Foto de 2019. Originalmente, o local foi residência dos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Entre as décadas de 1950 e 1970, o Pateo do Collegio passou por grandes reformas e atualmente abriga o Museu Anchieta e um centro cultural.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que eram as estâncias, que se desenvolveram na região do Sul do território que hoje é o Brasil?
  2. Qual era o objetivo das ações da Companhia de Jesus na colônia portuguesa na América no século dezesseis?

A catequização dos nativos

Para a conversão dos nativos, os padres jesuítas criaram, em várias partes da colônia, aldeamentos indígenas conhecidos como missões ou reduções.

Nas missões, os padres reprimiam os costumes dos nativos, como a poligamia e a antropofagia, visando transformar os hábitos dessas populações. Contudo, mesmo quando pareciam aceitar a fé católica, os indígenas persistiam na sua cultura. A solução encontrada pelos religiosos foi adaptar celebrações, utilizar as línguas nativas nas pregações, promover aulas de canto e encenações teatrais, traduzir obras religiosas para a língua-geralglossário e admitir costumes não prejudiciais ao trabalho missionário, criando um ambiente de trocas culturais.

Nas missões, além de participar das atividades pedagógicas e religiosas, os indígenas cuidavam das tarefas agrícolas e artesanais, construíam igrejas e outras edificações e criavam animais. Os nativos também produziam instrumentos musicais de sopro e corda.

As missões religiosas (séculos dezesseis a dezoito)

Mapa. As missões religiosas, séculos dezesseis a dezoito. Destaque para o atual território brasileiro.
Legenda: 
Cruz roxa: missões portuguesas.
Cruz vermelha: missões espanholas.
Linha cinza: limites atuais do Brasil

Em vermelho, Linha do Tratado de Tordesilhas (1494).

Missões portuguesas: à leste da Linha do Tratado de Tordesilhas, na porção norte do território, nas proximidades das cidades de Belém, Gurupi, Turiaçu, São Luís e à norte da Paraíba; à oeste da Linha do Tratado de Tordesilhas, ao redor dos rios Madeira, Amazonas, e Tapajós.
Missões espanholas:  à oeste da Linha do Tratado de Tordesilhas, nas regiões de Tape, Sete Povos das Missões, Guairá e Itatim, além de territórios hoje pertencentes à Bolívia, nas proximidades de Santa Cruz de la Sierra, Paraguai, Argentina e Uruguai. 

No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala indicando 370 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M.; REIS, Arthur C. F.; CARVALHO, Carlos D. de C. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: fei , 1991. página 57.


A expulsão dos jesuítas

Nos países ibéricos, a Igreja estava subordinada à coroa e cabia ao Estado prover a subsistência das missões. Em 1564 foi criada a redízima, uma taxa descontada dos impostos cobrados pela coroa para ser repassada à Companhia de Jesus. Porém, como os fundos não eram suficientes para manter as missões, os jesuítas procuravam gerar os próprios recursos utilizando o trabalho indígena.

Beneficiados por essas condições, os missionários desenvolveram uma próspera atividade agropecuária nos aldeamentos. Na região amazônica, a ordem religiosa tornou-se uma das principais exploradoras das drogas do sertão, que eram enviadas diretamente à Europa sem o recolhimento de impostos aos cofres portugueses.

Com o tempo, a Companhia de Jesus acumulou terras, engenhos, gado e africanos escravizados. Sua riqueza e seu prestígio social cresceram tanto que a ordem se transformou em um poder paralelo e foi vista pelo govêrno português como uma ameaça ao poder real.

Entre os séculos dezessete e dezoito, os jesuítas foram acusados de abuso de poder, de desrespeito ao exclusivo comercial metropolitano e de monopólio do trabalho indígena, que causava escassez de mão de obra nas lavouras dos colonos.

As tensões entre a Companhia de Jesus e o govêrno português cresceram a ponto de se tornar um dos principais fatores para o decreto de 1759, que determinou a expulsão dos jesuítas dos territórios portugueses.

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Sete Povos das Missões

No final do século dezessete e no início do século dezoito, no Rio Grande do Sul, jesuítas espanhóis estabeleceram um grupo de sete aldeamentos Guarani que ficou conhecido como Sete Povos das Missões. As missões organizavam-se como comunidades relativamente autossuficientes, em que, além da igreja, havia hospital, asilo, escola, plantações, criação de gado e oficinas. Os aldeamentos constituíram verdadeiras cidades e se transformaram no modêlo missionário desenvolvido pelos jesuítas na América.


Ilustração. Casas agrupadas em quadrantes. No centro uma praça. Atrás uma construção grande toda cercada.
Plano da redução de São João Batista, localizada no atual município de Entre-Ijuís, Rio Grande do Sul, 1753. Arquivo Geral de Simancas, Espanha.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. De que maneira ocorria a evangelização nas missões ou reduções?
  2. Por que os jesuítas foram expulsos da América portuguesa no século dezoito?

As bandeiras paulistas

Em 1553, com o objetivo de se aproximar dos indígenas estabelecidos nas aldeias distantes do litoral, os padres jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta chegaram ao Planalto de Piratininga e instalaram uma escola para os nativos denominada Real Colégio de Piratininga de São Paulo.

A maioria dos portugueses instalados na colônia vivia na região litorânea, dedicando-se à produção açucareira. Mas, na capitania de São Vicente (no atual estado de São Paulo), a baixa qualidade do solo, a distância em relação aos portos europeus e a presença da Serra do Mar, que dificultava ou impedia a expansão das áreas de cultivo agrícola, levaram os colonos a explorar terras em direção ao interior. Assim, ao redor do colégio de Piratininga, formou-se o povoado de São Paulo, reunindo os padres jesuítas, colonos portugueses, indígenas e mestiços.

Nesse povoado, elevado a vila em 1560, os colonos cultivavam algodão, frutas, cana-de-açúcar, milho, mandioca e trigo e criavam animais para abastecer o mercado interno. A mão de obra básica era a do indígena escravizado.

Com a constante falta de mão de obra, os paulistas passaram a organizar expedições de apresamentoglossário de indígenas pelo interior – as chamadas bandeiras. Os integrantes dessas expedições foram chamados de bandeirantes. Essas expedições eram financiadas pelos próprios colonos, mas também existiram as que recebiam recursos da coroa. Nesse caso, eram chamadas de entradas e aconteceram principalmente nos primeiros tempos da colonização, declinando no início do século dezessete.

As bandeiras foram impulsionadas, em parte, pela posição geográfica da vila de São Paulo, que se situava na ligação das rótas para o interior, e pela presença dos rios Tietê e Paraná, usados como vias de transporte.

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Monções a caminho do Centro-Oeste

As monções foram expedições realizadas pelos paulistas através dos rios Tietê, Paraná e Grande em direção ao Centro-Oeste para a comercialização de alimentos e roupas, a exploração científica da fauna e da flora e a demarcação territorial. Elas começaram em 1710, depois da descoberta de ouro perto do Rio Coxipó, afluente do Rio Cuiabá, e da criação do primeiro núcleo minerador na região.

Como já ocorria com as bandeiras, as monções aproveitavam técnicas e conhecimentos indígenas sobre os recursos naturais para facilitar o deslocamento pelas áreas do interior da colônia. Essas travessias eram feitas em grandes barcos, chamados “batelões”. A viagem costumava durar cêrca de sete meses e ocorria entre março e abril, quando os rios estavam mais favoráveis à navegação.


Fotografia. Pessoas indígenas navegando no rio em uma canoa. Um adulto está em pé, remando. Algumas crianças estão sentadas na embarcação.
Indígenas da etnia uaurá seguindo para pesca em Gaúcha do Norte, Mato Grosso. Foto de 2019. Os conhecimentos indígenas sobre o curso dos rios, a navegação e o aproveitamento dos recursos naturais foram fundamentais para a realização das monções.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que os paulistas, diferentemente dos colonos de outras regiões do Brasil, direcionaram-se para o interior da colônia?
  2. Qual era o objetivo das expedições de apresamento? Como elas eram organizadas?

A busca por “negros da terra”

As bandeiras de apresamento de indígenas, chamados à época de “negros da terra”, ocorreram inicialmente nas aldeias próximas à vila de São Paulo. Entretanto, à medida que aumentava a procura por cativos para servirem de mão de obra nas plantações, os paulistas passaram a buscá-los em territórios cada vez mais distantes.

As bandeiras direcionavam-se para os territórios dos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Por volta de 1620, elas atingiram a região das missões jesuíticas, começando pela do Guairá, situada no atual estado do Paraná (consulte o mapa). Depois disso, os ataques às missões tornaram-se frequentes, pois os nativos aldeados estavam mais adaptados ao trabalho braçal. Os assaltos dos bandeirantes às missões e a oposição dos religiosos à escravidão indígena provocaram vários conflitos entre paulistas e jesuítas.

A partir de 1630, quando os holandeses conquistaram áreas da capitania de Pernambuco e os principais portos de abastecimento de mão de obra escrava na África, houve um aumento da demanda pela mão de obra indígena escravizada. Os plantadores paulistas foram duramente afetados porque não tinham condições de custear o alto preço dos escravizados. Para agravar a situação, a coroa proibiu a escravização dos indígenas, que era admitida apenas nos casos de “guerra justa”, isto é, quando os nativos atacavam os colonos.

O sertanismo de contrato

O declínio da atividade de apresamento de indígenas na segunda metade do século dezessete modificou a atividade dos bandeirantes. Eles passaram a usar o conhecimento adquirido sobre os caminhos do sertão e as técnicas de enfrentamento a grupos indígenas hostis para prestar serviço aos grandes proprietários de terras e às autoridades coloniais do Nordeste. Por esse serviço, conhecido como sertanismo de contrato, os bandeirantes recebiam pagamento ou terras.

O avanço bandeirante (séculos dezesseis a dezoito)

Mapa. O avanço bandeirante, séculos dezesseis a dezoito. Atual território brasileiro dividido verticalmente em duas partes pelo Meridiano de Tordesilhas.
Legenda:
Seta vermelha: apresamento de indígenas.
Seta verde: sertanismo de contrato.
Seta roxa: mineração.
Linha cinza: limites atuais do Brasil.

Apresamento de indígenas: Rota que sai das proximidades de São Paulo, Santos e Sorocaba, no atual estado de São Paulo, e avança para oeste do Meridiano de Tordesilhas, atingindo a região do Tape e Lagoa dos Patos, no atual estado do Rio Grande do Sul. Outra rota tem a mesma origem e segue para Itatim e Santiago do Xerez, no atual Mato Grosso do Sul. Uma das Rotas atravessa o oeste dos atuais estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia, avançando pelo Amazonas e Pará até Gurupá.
Sertanismo de contrato: Rota que sai de Santos, segue pelo mar até Salvador, na atual Bahia. Lá ela se divide e segue rumo ao sertão nordestino. Rotas menores saem do Nordeste: do Recife para Palmares; De Olinda para Fortaleza.
Mineração: Rotas que saem das proximidades de São Paulo, Porto Feliz e Taubaté, no atual estado de São Paulo, e seguem para Cuiabá, no atual Mato Grosso, e Vila Boa, no atual estado de Goiás, ambas à oeste do Meridiano de Tordesilhas, para Belém, no atual estado do Pará, e para a região perto de Sabará, no atual estado de Minas Gerais.
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 400 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M.; REIS, Arthur C. F.; CARVALHO, Carlos D. de C. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: fei , 1991.


Responda em seu caderno.

Explore

  1. O Tratado de Tordesilhas, que definiu as terras da América pertencentes a Portugal e Espanha, limitou o avanço dos bandeirantes? Justifique.
  2. De acôrdo com o mapa, que tipo de bandeirismo predominou no Sul? E no Nordeste?

Como viviam os bandeirantes

A bandeira era uma expedição numerosa, composta de um chefe, um capelão, homens brancos, mamelucos e indígenas. Na viagem, que podia durar anos, os bandeirantes levavam arcabuzesglossário , pistolas, chumbo e pólvora, machados, facas, foices e cordas para prender e conduzir os indígenas escravizados.

Os exploradores paulistas, em sua maioria mamelucos, adotavam muitos costumes das populações nativas. Andavam descalços e em fila indiana, percorrendo longos caminhos a pé, pois o cavalo era impróprio para o deslocamento em meio à vegetação densa e em terrenos irregulares. Eles empregavam técnicas indígenas de caça e coleta, de localização de alimentos e água, de uso de ervas curativas e de identificação de animais perigosos. Sabiam, ainda, como fabricar canoas com troncos de árvores, manejar o arco e flecha e construir habitações temporárias.

Em busca dos metais preciosos

Na segunda metade do século dezessete intensificaram-se as bandeiras que partiam em busca de pedras e metais preciosos. Essas expedições, conhecidas como bandeiras de prospecção, já existiam desde os primeiros anos da colonização, quando a coroa portuguesa passou a incentivar as buscas de ouro e prata no Brasil.

Entrando cada vez mais no interior em busca dessas riquezas, os bandeirantes paulistas chegaram a Minas Gerais no final do século dezessete e, ultrapassando os limites do Tratado de Tordesilhas, atingiram Mato Grosso e Goiás.

História em construção

As tropas bandeirantes

Ao longo do tempo, criou-se uma imagem dos bandeirantes como homens portugueses brancos e robustos. Contudo, além de os bandeirantes andarem frequentemente descalços e famintos, suas tropas eram diferentes do imaginário que se formou, como mostra este texto.

reticências a maioria dos integrantes era constituída de escravos indígenas, geralmente Guarani ou Carijó, que formavam tropas auxiliares encarregadas de combater e capturar índios no sertão. reticências Os mamelucos, descendentes de pai branco e mãe índia, muitas vezes atuavam como guias e intérpretes, pois falavam a ‘língua-geral’ reticências.

A primeira bandeira de grande porte saiu de São Paulo em 1628, reticências com cêrca de 900 paulistas e 2 mil guerreiros Tupi.

KOK, Glória. Descalços, violentos e famintos. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, número 34, página 23, julho 2008.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Em que as tropas bandeirantes diferiam do imaginário que se criou sobre elas?
  2. Segundo o texto, que papel desempenharam os mamelucos?

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que provocou o aumento da demanda por mão de obra indígena no século dezessete?
  2. Explique como o conhecimento dos indígenas foi utilizado pelos bandeirantes para realizar as expedições.

Enquanto isso…

A resistência indígena na Confederação Cariri

A Confederação Cariri, também chamada Guerra dos Bárbaros, foi um longo movimento de resistência da nação indígena Cariri (ou Kiriri), ocorrido entre 1687 e 1720, à invasão de suas terras e à tentativa de escravização.

As batalhas ocorreram no sertão nordestino, em terras que correspondem ao atual território do Rio Grande do Norte, da Paraíba e do Ceará. Os primeiros conflitos foram vencidos pelos indígenas, que mataram vários colonos e milhares de cabeças de gado.

Diante da resistência indígena, em 1688 as autoridades portuguesas contrataram os serviços do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Seu objetivo era claro, como é relatado na carta que recebeu do governador-geral do Rio Grande: “Espero que Vossa Mercê me repita novas de outros maiores sucessos, até finalmente me vir a última, e mais gloriosa de se ter acabado a guerra, e ficarem totalmente extintos os ‘bárbaros’.”

Enquanto crescia o número de combatentes, um novo conflito começava: bandeirantes paulistas e colonos passaram a disputar as terras tomadas dos indígenas. Mais do que a mão de obra nativa, interessava aos colonos ocupar as terras indígenas com a criação de gado e garantir o contrôle estratégico dos caminhos terrestres do Nordeste.

Além de usar cavalos e armas de fogo, obtidas pelo comércio com piratas, os indígenas criaram estratégias e táticas de guerra imprevisíveis. Mas, apesar da resistência, a maioria dos que formavam a Confederação Cariri foram exterminados.

Os Tapuia que escaparam migraram ou foram aldeados por missionários e se aliaram aos portugueses. Desta fórma, o sertão nordestino estava ‘limpo’ para a exploração da pecuária, que era a principal atividade econômica da região reticências, e mais um capítulo do processo colonizador português no Brasil estava escrito.

DIAS, Leonardo Guimarães Vaz. A guerra dos bárbaros: manifestações das fôrças colonizadoras e da resistência nativa na América portuguesa. Revista Eletrônica de História do Brasil, Juiz de fóra, volume 5, número 1, página 17, janeiro até junho 2001.

Pintura. Homens indígenas nus reunidos com lanças na mão. Estão com o corpo inclinado para frente, realizando uma dança. À direita, mulheres indígenas observam a dança.
Dança Tapuia, pintura de âubert équirráut, 1643. Museu Nacional de Arte da Dinamarca, Copenhague. Os Cariri eram chamados pelos portugueses e pelos povos Tupi de Tapuia.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. O que os indígenas unidos na Confederação Cariri buscavam? Em que região essa confederação foi formada?
  2. Qual foi o resultado das batalhas entre indígenas e colonos?
  3. Em sua opinião, o Estado brasileiro deveria ressarcir de alguma fórma os descendentes dos indígenas expulsos das terras em que viviam no período colonial? Discuta essa questão com os colegas.

A colônia portuguesa cresceu

No início do século dezoito, a América portuguesa tornara-se bem maior do que a área delimitada pelo Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494. Ao longo do tempo, criadores de gado, jesuítas, exploradores das riquezas da Amazônia e bandeirantes tinham avançado pelo interior, alcançando territórios pertencentes à coroa espanhola e, assim, ampliando os limites coloniais portugueses.

Durante o século dezoito, as relações entre as duas coroas foram marcadas por conflitos e negociações diplomáticas. O principal motivo de atrito envolvia a disputa pela Colônia do Sacramento (no atual Uruguai) e pela região dos Sete Povos das Missões (no atual Rio Grande do Sul). Em 1801, pelo Tratado de Badajoz, definiu-se o contrôle português sobre a região dos Sete Povos e o domínio espanhol sobre a Colônia do Sacramento.

Fotografia. Rua de pedra com construções simples coloridas. Uma tem muro laranja e a outra é branca com janelas e portas verdes. Na frente delas duas árvores de tronco largo. Entre as árvores, dois canhões. Ao fundo, ruínas de um muro e uma torre cilíndrica com um farol marítimo em cima.
Vista do centro histórico de Colônia do Sacramento, Uruguai. Foto de 2019.

A Colônia do Sacramento (séculos dezessete e dezoito)

Mapa. A colônia do Sacramento, séculos dezessete e dezoito. Destaque para a região sul da América do Sul. 
Legenda: 
Cruz vermelha: Sete Povos das Missões.
Linha tracejada cinza: Limites atuais entre os estados brasileiros.
Linha cinza: Limites atuais entre os países.

Sete povos das Missões: oeste do Rio Grande do Sul.
Destaque para as cidades de Colônia do Sacramento e Montevidéu no atual Uruguai. À oeste da Colônia do Sacramento, Buenos Aires, na Argentina. Ao norte, Assunção, no Paraguai.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala indicando 230 quilômetros.

Fonte: PIMENTA, João Paulo G. Estado e nação no fim dos impérios ibéricos no Prata: 1808-1828. São Paulo: Ucitéc/fapésp, 2002. página 123.

As rebeliões coloniais

A expansão das fronteiras da América portuguesa teve sua fase de mais vigor na segunda metade do século dezessete, momento em que a economia colonial e as finanças portuguesas eram atingidas pela queda nos preços do açúcar no mercado internacional.

A concorrência do açúcar produzido nas Antilhas por holandeses, ingleses e franceses resultou na queda das vendas e dos preços do açúcar brasileiro. Portugal, que já tinha perdido para a Holanda possessões coloniais na Ásia e na África, ficou em uma situação econômica difícil.

Para equilibrar as finanças portuguesas, a coroa decidiu extrair mais recursos de sua colônia americana, elevando os impostos e aumentando o contrôle sobre o comércio colonial. A insatisfação dos colonos com essas medidas, somada aos conflitos de interesses entre membros da elite colonial, provocou reações violentas, entre elas a Revolta de Bécman e a Guerra dos Mascates.


A Revolta de Bécman

No final do século dezessete, o Maranhão sofria com a falta de recursos e a distância dos principais portos europeus, que dificultavam o acesso a africanos escravizados para trabalhar nas lavouras. Por isso, assim como os paulistas, os colonos do Maranhão recorreram à escravização de indígenas, realizando uma série de ataques às missões jesuíticas.

A metrópole comprometeu-se a resolver o problema da mão de obra com a criação, em 1682, da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, responsável por abastecer a região com africanos escravizados. Porém, a companhia não cumpriu o acôrdo e ainda elevou o preço de produtos que monopolizava, como bacalhau, vinho e trigo.

Descontentes, em 1684 proprietários e comerciantes, liderados pelos senhores de engenho Manuel e tômas béquiman, ocuparam o armazém da companhia, depuseram o governador do Maranhão e expulsaram os jesuítas do local. Porém, reprimida pela metrópole e sem apôio de outras capitanias, a revolta fracassou.

A Guerra dos Mascates

A Guerra dos Mascates teve início em 1710 e se originou das mudanças ocorridas em Pernambuco depois da expulsão dos holandeses em 1654. A Câmara de Vereadores de Olinda era dominada por senhores de engenho, os quais estavam sendo prejudicados pela concorrência do açúcar das Antilhas. Recife, por sua vez, prosperava graças às melhorias trazidas pelo govêrno holandês e ao comércio controlado pelos portugueses lá residentes; porém, como não tinha condição de vila, subordinava-se a Olinda.

Os senhores de engenho olindenses, além das dívidas contraídas com os comerciantes do Recife – chamados pejorativamente de mascates –, usavam o contrôle da câmara somente a seu favor, o que agravava a tensão. Descontentes, os comerciantes do Recife solicitaram ao rei a elevação do povoado à condição de vila. O pedido foi atendido.

Os fazendeiros de Olinda, inconformados com a decisão, invadiram Recife e assumiram o govêrno. A guerra durou até 1711, quando os mascates, com o apôio das tropas da coroa, venceram o conflito. Recife manteve a condição de vila e tornou-se séde da capitania de Pernambuco.

Conexão

Bandeirantes

Regina Helena de Araújo Ribeiro e vanderlei Loconte. São Paulo: Saraiva, 2004.

O livro apresenta a trajetória de Diogo Fernandes de Sá, um jovem que vive com sua família na Vila de São Paulo de Piratininga. O garoto estuda em um colégio jesuíta e tem um amigo indígena, araráigui. A ficção é permeada por diversas situações ocorridas no período colonial do Brasil.


Capa de livro. No centro o título. Na parte de cima a ilustração de um homem com uma arma no ombro. Ao fundo, pessoas indígenas em fila. Na parte inferior da capa a ilustração do mapa de um aldeamento indígena.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que foi o Tratado de Badajoz?
  2. Explique o objetivo da criação da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão e relacione-a com a Revolta de Bécman.
  3. O que provocou a Guerra dos Mascates?

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Analise a imagem, leia a legenda e faça o que se pede.

Escultura. Nossa Senhora da Conceição, mulher de cabelos longos, escuros e lisos, divididos ao meio. Seus olhos são amendoados e a pele avermelhada. Está com um manto sobre os ombros. As mãos estão juntas à frente do corpo, unidas em sinal de oração.
Escultura de Nossa senhora da Conceição, século dezessete. Museu Julio de Castilhos, Porto Alegre.
  1. Em sua percepção, os traços do rosto dessa escultura lembram uma mulher europeia, africana ou indígena?
  2. Considerando que essa obra integra o acervo do Museu Julio de Castilhos, que reúne peças feitas nas missões jesuítas do Sul do Brasil, levante uma hipótese para explicar por que ela tem essas características físicas.

2. Leia o texto e responda às questões.

A fundação da Colônia do Sacramento, no Rio da Prata, reticências foi a materialização do processo de expansão territorial e comercial do Estado lusitano e das elites mercantis luso-brasileiras rumo ao [Rio da] Prata. Sacramento devia viabilizar e restabelecer os vínculos com o Prata rompidos após o fim da União Ibérica em 1640.

PRADO, Fabrício. Colônia do Sacramento: a situação na fronteira Platina no século dezoito. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 9, número 19, julho 2003. página 80.

  1. O que significou a fundação da Colônia do Sacramento?
  2. Qual era a importância da Colônia do Sacramento para Portugal?
  3. Como Sacramento voltou a ser território da América espanhola?

3. Leia o texto para responder às questões.

Em São Paulo não se realizaram os desígnios gerais da colonização portuguesa no Brasil; reticências O bandeirante foi fruto social de uma região marginalizada, de escassos recursos naturais e de vida econômica restrita, e suas ações se orientaram no sentido de tirar o máximo proveito das brechas que a economia colonial eventualmente oferecia para a efetivação de lucros rápidos e passageiros em conjunturas favoráveis reticências ou no sentido de buscar alternativas econômicas fóra dos quadros da agricultura voltada para o mercado externo reticências.

davidóf, Carlos. Bandeirantismo: verso e reverso. São Paulo: Brasiliense, 1994 . página 25.

  1. Por que o autor afirma que “em São Paulo não se realizaram os desígnios gerais da colonização portuguesa no Brasil”?
  2. Que alternativas econômicas se apresentaram aos paulistas?

Aluno cidadão

  1. Em 2013, na cidade de São Paulo, manifestantes jogaram tinta vermelha sobre o Monumento às bandeiras, obra do escultor Victor brêchêrê em homenagem aos bandeirantes. Eles protestavam contra a Proposta de Emenda Constitucional (péqui) 215, que transferia a competência de demarcar as terras indígenas e ribeirinhas do Poder Executivo para o Legislativo. Algumas pessoas consideraram o protesto uma violação do patrimônio público; outras destacaram o simbolismo do ato ao lembrar que a atuação dos bandeirantes resultou na morte e na exploração de povos indígenas. Considerando que monumentos têm como função perpetuar a memória de personagens ou acontecimentos relevantes da história de uma comunidade, responda às questões.
    1. Em sua opinião, o protesto mencionado no texto é justificável? Por quê?
    2. Você conhece outro monumento histórico que foi alvo de protestos?
    3. Que destino devem ter monumentos que se tornam alvo de protestos por desagradarem a comunidade?

Conversando com geografia

5. O mapa a seguir apresenta as cinco Grandes Regiões brasileiras, regionalização produzida pelo í bê gê É em 1990 e tida como oficial até os dias atuais. Compare-o com os mapas apresentados nas páginas 150 e 157 para responder às questões.

Grandes Regiões do Brasil (í bê gê É)

Mapa. Grandes regiões do Brasil (IBGE)
Legenda: 
Roxo: Região Norte.
Vermelho: Região Nordeste.
Amarelo: Região Centro-Oeste.
Verde: Região Sudeste.
Laranja: Região Sul.
O mapa apresenta os estados brasileiros e suas respectivas capitais. 

Na Região Norte: Roraima, capital Boa Vista; Amazonas, capital Manaus; Acre, capital Rio Branco; Rondônia, capital Porto Velho; Pará, capital Belém; Amapá, capital Macapá; Tocantins, capital Palmas. 
Na Região Nordeste: Bahia, capital Salvador; Sergipe, capital Aracaju; Alagoas, capital Maceió; Pernambuco, capital Recife; Paraíba, capital João Pessoa; Rio Grande do Norte, capital Natal; Ceará, capital Fortaleza; Piauí, capital Teresina; Maranhão, capital São Luís. 
Na Região Centro-Oeste: Mato Grosso, capital Cuiabá; Mato Grosso do Sul, capital Campo Grande; Goiás, capital Goiânia; Distrito Federal, onde está localizada a capital federal, Brasília. 
Na Região Sudeste: Minas Gerais, capital Belo Horizonte; Espírito Santo, capital Vitória; Rio de Janeiro, capital Rio de Janeiro; São Paulo, capital São Paulo. 
Na Região Sul: Paraná, capital Curitiba; Santa Catarina, capital Florianópolis; Rio Grande do Sul, capital Porto Alegre.

O litoral é banhado pelo Oceano Atlântico.
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 400 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 90.

  1. A atividade pecuária no século dezoito ocorria principalmente em quais regiões do Brasil atual?
  2. O ponto de partida das bandeiras corresponde à parte do território de qual estado do Brasil atual?
  3. Que semelhança existe entre a ocupação pelos portugueses das terras que hoje integram a Região Sul e a das terras que fazem parte do interior do Nordeste?
  4. Quais estados atuais, cujos territórios estariam fóra das terras destinadas à coroa portuguesa pelo Tratado de Tordesilhas, foram ocupados com a expansão pecuária e as expedições de apresamento?

Mão na massa

6. Imagine que você é um artista e recebeu a encomenda de fazer um monumento histórico representando uma cena ou um personagem do período da expansão das fronteiras da América portuguesa. Para realizar o trabalho, escolha um evento histórico ou personagem relativo ao tema. É importante que seu monumento não seja ofensivo a descendentes de indígenas, africanos, portugueses, entre outros povos. Primeiro faça em papel um esboço do monumento que você idealizou, em seguida escolha um material para esculpi-lo: pode ser papel machê, argila ou massa de modelar. Depois de modelar, você pode pintá-lo. Quando estiver pronta, apresente sua criação à turma e explique o motivo da escolha do evento histórico ou do personagem representado no monumento.


Versão adaptada acessível

6. Imagine que você é um artista e recebeu a encomenda de fazer um monumento histórico representando uma cena ou um personagem do período da expansão das fronteiras da América portuguesa. Para realizar o trabalho, escolha um evento histórico ou personagem relativo ao tema. É importante que seu monumento não seja ofensivo a descendentes de indígenas, africanos, portugueses, entre outros povos. Primeiro faça um modelo do monumento que você idealizou e, em seguida, escolha um material para esculpi-lo: pode ser papel machê, argila ou massa de modelar. Depois de modelar, você pode pintá-lo. Quando estiver pronta, apresente sua criação à turma e explique o motivo da escolha do evento histórico ou do personagem representado no monumento.

Fazendo e aprendendo

Organizador gráfico

Você sabe o que é um organizador gráfico? Trata-se de uma fórma de dispor informações e conceitos de modo que as ideias principais sobre um assunto sejam destacadas e resumidas. Os organizadores gráficos – também chamados de resumos esquemáticos – são bastante eficientes para estudar e fixar conteúdos. Existem vários formatos de organizadores gráficos, que podem ser usados conforme a natureza do assunto estudado. Confira alguns exemplos.

1. Rede de tópicos.

Esquema. No centro, retângulo laranja com o texto: Mercantilismo. Ao redor, quatro retângulos com borda laranja ligados por um fio laranja ao texto central. Cada um dos retângulos trás um dos seguintes termos: Metalismo; Colonialismo; Balança comercial favorável; Protecionismo alfandegário.

Esse organizador gráfico é utilizado quando um conceito central aglutina diferentes características. Por exemplo, as diferentes características do mercantilismo.

2. Processo.

Esquema. Retângulos de borda verde ligados por setas verdes, alinhados em sequência. Cada um dos retângulos trás um texto, nessa ordem: Moenda; Caldeira; Casa de purgar; Banho de sol; Caixaria; Porto.

Esse formato de organizador gráfico apresenta uma sequência de caixas ligadas por setas, indicando fatos que se sucedem. No exemplo, temos as etapas de produção do açúcar.

3. Semelhanças, diferenças e aspectos em comum.

Esquema. Duas formas ovais. Uma, azul, com o título América espanhola. Outra, laranja, com o título América portuguesa, As formas estão dispostas lado a lado, com uma área de intersecção, ao centro. Há textos divididos em tópicos no interior de cada uma das formas e na área de intersecção. Na área da América espanhola, os textos: Chegada em 1492; Organização em vice-reinos. Na área da América portuguesa, os textos: Chegada em 1500; Organização em capitanias-gerais. Na área de intersecção, comum à América espanhola e à América portuguesa, os textos: Catequese de indígenas; Exploração de mão de obra indígena.

Esse modêlo de organizador gráfico representa semelhanças, diferenças e aspectos em comum de dois ou mais elementos. Por exemplo, a comparação entre a colonização da América espanhola e a da América portuguesa.

Para ler e analisar um organizador gráfico, pode-se seguir estes procedimentos.

  1. Identificar o assunto que se desejou resumir e a sua natureza. Verificar se o organizador gráfico apresenta uma explicação de um processo composto de etapas, uma classificação ou comparação entre elementos, características de um conceito central, semelhanças e diferenças entre conceitos ou eventos, ou uma explicação de relação de causa e efeito.
  2. Reconhecer as conexões e hierarquias entre as partes do diagrama. Um bom organizador gráfico deve deixar evidentes as relações entre partes, temas e conceitos, mostrando claramente a relação de subordinação entre seus elementos.
  3. Verificar a clareza e a precisão do organizador gráfico. Conferir o formato escolhido, o uso das palavras-chave e a subordinação entre os elementos do organizador gráfico.

Responda em seu caderno.

Aprendendo na prática

Agora, você e seus colegas deverão avaliar os diversos assuntos estudados nesta unidade e sintetizar as principais informações em um organizador gráfico.

Reúnam-se em grupos e sigam os passos sugeridos.

  1. Selecionem um tema para estudar e sintetizar. Considerem os diferentes capítulos da unidade e escolham um capítulo completo ou um assunto tratado neles.
  2. Leiam pelo menos duas vezes o texto selecionado e façam um resumo identificando as ideias principais. Procurem não copiar trechos do texto, mas parafrasear, isto é, reescrever com suas palavras o conteúdo lido.
  3. Com base no resumo, escolham um formato de organizador gráfico. Lembrem-se de que o organizador deve ter sentido sozinho, por isso é importante que todos os pontos referentes ao assunto selecionado estejam presentes. Usem esse momento para observar os detalhes de síntese e de conexão feitos no resumo.
  4. Elaborem o organizador gráfico atentando para as conexões estabelecidas entre conceitos, características ou fatos e a hierarquia.
  5. Apresentem aos colegas os organizadores gráficos criados. A exposição pode ser feita em folhas avulsas no tamanho que desejarem. Troquem os organizadores gráficos entre vocês, permitindo que as informações circulem, facilitando, assim, a fixação dos conteúdos estudados.

Glossário

Retardar
: atrasar, fazer chegar mais tarde.
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Tropeiro
: condutor de tropas de carga ou de gado.
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Língua-geral
: expressão utilizada para designar tanto as línguas originadas da miscigenação entre portugueses e indígenas (como a língua-geral paulista e a língua-geral amazônica) quanto a codificação dos dialetos Tupi pelos jesuítas, segundo a gramática portuguesa, para promover a catequização.
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Apresamento
: aprisionamento.
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Arcabuz
: antiga arma de fogo portátil.
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