UNIDADE 1  O surgimento da modernidade

Fotografia. Rainha Elizabeth Segunda do Reino Unido, senhora de pele e cabelos brancos, de chapéu e sobretudo azuis. Carrega um buquê de flores em uma das mãos e uma bolsa preta e uma bengala na outra. Em pé, à direita, homens com vestes clericais. Um deles veste uma longa batina escura com uma estola vermelha sobre os ombros. Os outros dois homens vestem batinas claras com manto dourado. Atrás da rainha duas mulheres e duas meninas.
Rainha Elizabeth segunda, com autoridades clericais e súditos na Catedral de uéstminster, em Londres, Reino Unido. Foto de 2021. Em 2022, a monarca britânica completou 70 anos de reinado.

O que estudaremos na unidade

Você já ouviu falar do absolutismo monárquico? Sabe no que consistiram os movimentos do Humanismo e do Renascimento? E as expansões marítimas europeias? Nesta unidade, você vai conhecer mais sobre esses temas e a relação deles com o processo de formação dos Estados nacionais europeus. Poderá compreender também o impacto provocado pelos movimentos mencionados e pelas Reformas Religiosas. Tais reformas causaram muitos conflitos no período, contribuindo para o surgimento de diferentes denominações cristãs. No entanto, atualmente, essas denominações buscam superar as diferenças do passado por meio do diálogo e da tolerância religiosa.


Respostas e comentários

Abertura da unidade

Esta unidade trata dos eventos que marcam a passagem da Idade Média para a Idade Moderna na Europa. No período estudado, são abordados o processo de formação dos Estados nacionais europeus, o desenvolvimento das ciências e das artes durante o Renascimento e a expansão marítima europeia, uma das consequências das inovações técnicas que permitiram aos europeus deixar o continente e se aventurar pelos oceanos em busca de novas terras.

As imagens apresentadas têm o objetivo de sensibilizar os alunos sobre esses três grandes temas estudados na unidade. Por meio da primeira imagem, que registra a presença de autoridades clericais e súditos próximos da Rainha Elizabeth segunda, pode-se estimulá-los a explicar o porquê dessa proximidade e quais são as atribuições e a importância da monarca e dos representantes clericais no mundo atual.

O nome de Leonardo Da vinti, mencionado na legenda da imagem de Eduardo Kobra, deve ser familiar a alguns alunos. Faça uma leitura cuidadosa da legenda, associando as características mencionadas nela ao mural. Questione os alunos a respeito do sentido do termo releitura, incentivando-os a identificar as referências utilizadas por Kobra para compor a sua obra.

Com base na imagem e na legenda sobre a réplica da caravela de Cristóvão Colombo, converse com os alunos a respeito do processo de expansão marítima – que resultou na colonização da América – e da importância das caravelas nesse processo. Para finalizar a conversa, destaque a relação entre centralização política, desenvolvimento técnico e científico e expansão marítima, reforçando que esses processos resultaram em transformações sociais, econômicas, políticas e culturais na Europa e ampliaram a noção de mundo conhecido até então.

Fotografia. Destaque para um grande mural, no qual foi representado um homem de cabelos compridos e cacheados, testa franzida e marcas de expressão ao lado da boca. Ele tem quatro braços, dois direitos e dois esquerdos. Estão todos simetricamente esticados para os lados. É possível visualizar seus músculos e as articulações dos punhos e dos cotovelos. A pintura é toda colorida com listras na vertical, sobre o homem, e formas geométricas agrupadas ao fundo.
Mural do artista brasileiro Eduardo Kobra exposto no Museu da Imagem e do Som, no município de São Paulo, São Paulo. Foto de 2022. Nesse mural, Kobra fez uma releitura do desenho O homem vitruviano, de Leonardo da vinti, criado no século quinze, representando elementos fundamentais da arte renascentista, como a simetria, a proporção, o movimento e o equilíbrio.
Fotografia. Destaque para uma caravela sobre as águas. A embarcação possui mastros e velas enroladas nos topos, e uma bandeira de Portugal atrás. A parte central do casco é mais baixa, e há outros dois níveis de altura, um na parte da frente e outro na parte de trás da embarcação. Ao fundo, uma cidade e alguns morros.
Réplica da caravela Santa Maria, de Cristóvão Colombo, próximo à Ilha da Madeira, em Portugal. Foto de 2019. O desenvolvimento das ciências no Renascimento, combinado com as tecnologias de navegação herdadas dos árabes, foi fundamental para a construção de embarcações capazes de cruzar o Atlântico. 

Sumário da unidade

Capítulo 1

Os Estados europeus e o absolutismo monárquico, 12

Capítulo 2

Humanismo, Renascimento e Reformas Religiosas, 26

Capítulo 3

Expansão marítima europeia, 42


Respostas e comentários

Unidade 1: justificativas

Na primeira página de cada capítulo desta unidade, estão listados os objetivos previstos para serem trabalhados com os alunos.

Os objetivos do capítulo 1 se justificam por desenvolver noções sobre os princípios que nortearam a formação da modernidade, entendida aqui simultaneamente como ruptura e decorrência do período medieval. Especificamente, são evidenciadas as estruturas políticas modernas, caracterizadas pela centralização do poder e a formação do aparato burocrático, militar e simbólico do monarca absolutista. Nesses processos, ressaltam-se as heranças medievais, bem como as inovações que irão contribuir para a formação do mundo contemporâneo.

No capítulo 2, a pertinência dos objetivos se deve à importância da emergência de uma nova sensibilidade estética, científica e religiosa que nos foi legada pelos modernos, e que resultou nos movimentos do Renascimento e das Reformas Religiosas.

Os objetivos do capítulo 3 se justificam pela relevância das navegações europeias dos séculos quinze e dezesseis para o processo de colonização do continente americano e para a história brasileira. Além disso, esses objetivos levam os alunos a identificar permanências na história do Ocidente em relação ao enfrentamento do desconhecido e a refletir criticamente sobre o eurocentrismo.

CAPÍTULO 1  Os Estados europeus e o absolutismo monárquico

Cena de filme. No centro, uma rainha de pele branca e cabelos vermelhos e curtos.  Ela tem a cabeça grande, desproporcional ao tamanho do corpo. Tem boca pequena e maquiagem azul sobre os olhos. No topo da cabeça uma coroa pequena e dourada. Ela usa um longo vestido dourado e vermelho com corações de borda preta. À esquerda, vários sapos em pé, de paletó vermelho e gravata borboleta preta, um ao lado do outro. Estão em um salão alto com pilares vermelhos.
Cena do filme estadunidense Alice no país das maravilhas, de Tim Bãrton, 2010.

‘Com quem está falando?’, indagou o Rei, aproximando-se de Alice e olhando para a cabeça do Gato com muita curiosidade.

‘É um amigo meu… um Gato de chéchai’, disse Alice. ‘Permita-me que lhe apresente.’

‘Não gosto nada da cara dele’, falou o Rei; ‘contudo, ele pode me beijar a mão se quiser’. ‘Prefiro não’, observou o Gato. ‘Não seja impertinente’, disse o Rei, ‘e não me olhe desse jeito!’ Pôs-se atrás de Alice enquanto falava.

‘Um gato pode olhar para um rei’, disse Alice. ‘Li isso em algum livro, mas não me lembro qual.’

‘Bem, ele deve ser banido’, decidiu o Rei com muita firmeza, e chamou a Rainha, que estava passando nesse momento: ‘Minha Cara! Quero que mande banir este gato!’

A Rainha só tinha uma maneira de resolver todas as dificuldades, grandes ou pequenas. ‘Cortem-lhe a cabeça!’, ordenou, sem pestanejar.

‘Eu mesmo vou buscar o carrasco’, propôs o Rei, impaciente, e saiu correndo.

quérol líuis Alice: Aventuras de Alice no país das maravilhas e Através do espelho. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 2012. página 69.

Em Alice no país das maravilhas, obra do escritor líuis quéról, o Rei e a Rainha são personagens exagerados que governam de modo autoritário. Eles foram inspirados em monarcas que reinaram entre os séculos dezesseis e dezoito, período de centralização do poder político na Europa.

  • Você conhece a história Alice no país das maravilhas? O que sabe sobre ela?
  • Para você, qual é a função de um monarca? Baseando-se no trecho lido, o que você diria sobre isso?
  • Em sua opinião, o modo de governar representado é comum atualmente?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo contempla a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero um (ao tratar das discussões sobre o conceito de modernidade). Além dela, o capítulo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero sete (ao abordar os interesses de cada setor social na centralização monárquica e as principais características do Estado moderno, além de descrever o processo de formação das monarquias portuguesa, espanhola, francesa e inglesa, e o processo de formação do Sacro Império Romano-Germânico, bem como as particularidades que o impediram de constituir um Estado nacional). O trabalho para o desenvolvimento dessas habilidades se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações no quadro de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Compreender as condições sociais e políticas que levaram à formação das monarquias nacionais na Baixa Idade Média.
  • Caracterizar os Estados europeus e analisar suas dinâmicas de ruptura e permanência em relação às estruturas medievais.
  • Conhecer e descrever os processos ocorridos na Península Ibérica, na França, na Inglaterra, na Península Itálica e no Sacro Império Romano-Germânico, identificando suas particularidades e temporalidades.
  • Refletir sobre a construção do conceito de modernidade, avaliando suas contradições e limitações.
  • Estudar as monarquias absolutistas e os efeitos da centralização do poder político.

Abertura do capítulo

Publicada em 1865 pelo escritor inglês líuis quéról, a obra Alice no país das maravilhas se tornou um dos maiores clássicos da literatura mundial. Por isso, é possível que os alunos saibam algo sobre seu enredo. Explore esses conhecimentos prévios, incentivando-os a caracterizar os personagens do Rei e da Rainha de Copas. Espera-se que os alunos exponham impressões sobre essas figuras e seu modo de governar, fornecendo elementos para avançar na discussão sobre as relações entre a ficção e os sujeitos e acontecimentos históricos que ela alegoriza.

Este capítulo trata do estabelecimento de Estados nacionais governados por monarcas que, ao longo do tempo, tomaram medidas no sentido de ampliar cada vez mais o seu poder. Como os personagens de Alice no país das maravilhas, os monarcas absolutos concentravam inúmeras funções além de impor sua moral e seus valores e exigir a reverência dos súditos. Assim, características como a vaidade, o autoritarismo e o fato de nutrirem temor entre os súditos são aproximações válidas entre os monarcas absolutistas e os personagens criados por líuis quéról. Espera-se que os alunos mencionem que esse modo de governar não é comum, pois existem poucas monarquias absolutas atualmente. Existem monarquias absolutas apenas no éssuótini (antiga Suazilândia), no Vaticano, no Catar, na Arábia Saudita, no Sultanato de Omã, no Brunei e nos Emirados Árabes Unidos.

A crise do sistema feudal e a centralização do poder real

A partir do século doze, em algumas regiões da Europa Ocidental, fatores como a expansão do comércio, o crescimento das cidades e o enriquecimento da burguesia propiciaram um gradual processo de centralização e fortalecimento do poder real. Essas transformações sociais e econômicas permitiram aos reis submeter os nobres ao poder monárquico e impor sua autoridade à população (observe a ilustração).

Sob o domínio do rei, os feudos e os condados passaram a compor unidades administrativas e políticas mais complexas, os Estados nacionais ou modernos. Os nobres tornaram-se parte da côrte real, e aos poucos foram delimitadas as fronteiras e os territórios nacionais.

A centralização do poder pelo rei envolveu alguns grupos sociais do período. Consulte a seguir os principais interesses de cada um desses grupos nesse processo.

A quem interessava a autoridade do rei?

Ilustração. A quem interessava a autoridade do rei? Dividida em cinco partes:
1. Ilustração de um casal de camponeses. Eles usam roupas rasgadas, estão sujos e carregam lenha. Ela tem o cabelo coberto por um lenço e usa um vestido azul e amarelo. Ele usa um sapato baixo e roupas em tom de amarelo e marrom. Junto a eles, o seguinte texto: 1. A crise econômica, a redução demográfica e os altos impostos senhoriais afetavam diretamente os camponeses, que passaram a se rebelar com frequência contra a situação de exploração e miséria.
2. Ilustração de um casal da nobreza. A mulher usa um longo vestido verde e cobre a cabeça com um chapéu da mesma cor. O homem é calvo e de barbas longas, carrega uma espada na cintura e segura um escudo. Ele usa sapato de salto e armadura azul e dourada. Junto a eles, o seguinte texto: 2. O fortalecimento dos reis interessava em parte à nobreza. Para ela, era vantajoso apoiar um Estado forte e centralizado em troca de alguns privilégios, como isenção de impostos e apoio real em caso de revoltas camponesas.
3. Ilustração de um rei sentado no trono. Ele veste um longo manto azul e uma coroa dourada e vermelha sobre a cabeça. Junto a ele, o texto: 3. Aos reis interessava o apoio da burguesia, que tinha o dinheiro necessário para financiar as despesas do Estado. Uma delas era com o exército nacional, que garantia o monopólio do poder pela força.
4. Ilustração de homem representante da Igreja. Ele veste uma túnica laranja e um manto verde. Usa uma mitra, chapéu comprido e pontiagudo, sobre a cabeça. Junto a ele, o texto: 4. A centralização do poder político representou uma ameaça à Igreja Católica em alguns reinos europeus. Na Inglaterra, por exemplo, durante o reinado de Henrique VIII, o papa perdeu influência sobre a monarquia.
5. Ilustração de dois homens da burguesia. Eles vestem roupas largas e coloridas e chapéus. Estão manuseando tecidos em um cesto. Sobre o cesto e em uma banqueta à direita, dois sacos repletos de moedas douradas. Junto a eles, o texto: 5. Para a burguesia, a centralização do poder real significava a facilitação das atividades comerciais porque garantia o uso de apenas uma moeda, a padronização dos pesos e medidas e a cobrança de impostos apenas pelo Estado.
Ilustração de Ivan Coutinho representando grupos sociais da Europa no século quinze. Criação de 2018 com cores-fantasia.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar dos interesses de cada setor social na centralização monárquica e das principais características do Estado moderno, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero sete.

A autoridade do rei

Ao analisar a ilustração e as informações respectivas a cada setor social, espera-se que os alunos compreendam que as mudanças ocorridas na Baixa Idade Média foram consequências das transformações econômicas e sociais do período.

As lutas e transformações sociais confirmaram a tendência de declínio da ordem feudal e, em alguns casos, permitiram a formação de monarquias nacionais. O contexto de crise econômica, por sua vez, favoreceu principalmente os setores burgueses, que apoiaram a centralização política e a padronização de taxas e medidas.

É também importante esclarecer sobre a ruína financeira de muitos nobres, que visavam manter sua posição social e seus privilégios. Essa observação ajuda a compreender a ambiguidade da condição da burguesia e de parte da nobreza no Estado moderno: o enriquecimento da primeira não garantia acesso ao poder político; o empobrecimento da segunda não eliminava sua influência política.

Atividade complementar

Organize a turma em pequenos grupos. Cada grupo ficará responsável por um dos segmentos sociais apresentados na ilustração da página 13. Eles deverão elaborar uma reivindicação ao rei, considerando as características sociais e econômicas e as expectativas do segmento social que representam, e realizar uma breve encenação. Ao assumir diferentes papéis, os alunos poderão aprofundar a compreensão sobre o contexto da formação das monarquias nacionais. Além disso, o trabalho em grupo favorece o desenvolvimento da cooperação e da empatia. Após a encenação, proponha à turma uma roda de conversa para que os alunos realizem uma autoavaliação.

Características do Estado moderno

Do século doze ao século quinze, formaram-se monarquias nacionais em Portugal, Espanha, França e Inglaterra, principais Estados europeus do período.

Os monarcas eram soberanos sobre seu Estado, isto é, sua autoridade não dependia ou se submetia a nenhuma outra e se estendia a todos os que viviam dentro de seu território. Assim, uma das principais características do Estado moderno é a autonomia do governante em relação a interferências externas, como as de lideranças religiosas e a influência papal.

É possível caracterizar os Estados modernos, ainda, pela unificação do sistema monetário, pela instituição de leis nacionais, pela criação e manutenção de exércitos permanentes e pela organização da arrecadação de impostos.

História em construção

Por que moderno?

A palavra moderno significa “novo”, “atual”. A formação das monarquias nacionais e a configuração dos Estados europeus foram interpretadas por historiadores como uma ruptura com as estruturas e os valores típicos da Idade Média. Iniciou-se, nesse contexto, o que se denominou modernidade, diretamente relacionada aos acontecimentos europeus e restrita à civilização ocidental.

Resgatando os valores da Antiguidade Clássica, a construção da modernidade partiu de fundamentos como a valorização da razão e a afirmação de práticas de cidadania. O Estado típico da modernidade, chamado Estado moderno, seria, portanto, uma entidade política regida por leis e administrada por funcionários especializados.

O debate em tôrno do assunto causa controvérsias entre historiadores. Enquanto uns defendem a ideia de que houve exemplos de estruturas políticas semelhantes aos Estados modernos em momentos anteriores, questionando assim o marco histórico convencionado, outros alegam que a modernidade é um engano, e o que aconteceu foi uma “longa Idade Média” até o século dezoito.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Qual é o significado desta frase: “Os valores modernos foram baseados nos antigos”?
  2. A ideia de que houve uma transição das estruturas medievais para as modernas é consensual entre os historiadores? Comente.
  3. O conceito de modernidade pode ser utilizado para designar o modo como viviam os povos não europeus no período? Explique.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Que fatores contribuíram para a centralização do poder pelos reis entre os séculos doze e quinze?
  2. Que grupos sociais estavam interessados nessa centralização? Por quê?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A construção da ideia de modernidade e as controvérsias sobre a utilização desse termo entre os historiadores, tratadas nesta página, contemplam a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero um e contribuem para o desenvolvimento das Competências específicas de História nº 2 e nº 6.

História em construção

  1. Apesar de se identificar com o “novo”, propondo uma ruptura com o passado medieval, a modernidade foi construída com base em elementos da Antiguidade Clássica, como a valorização da razão e o resgate da noção de cidadania.
  2. Não. Há um debate aberto entre historiadores que defendem a ideia de que as transformações na Europa causaram um rompimento com as estruturas feudais e os que afirmam que as permanências feudais provocaram uma “longa Idade Média”. Isso demonstra que a história como campo do conhecimento está sempre em construção e apresenta interpretações divergentes sobre certos acontecimentos e períodos.
  3. O conceito de modernidade foi construído com base em processos ocorridos na Europa; portanto, não é universal, permanecendo restrito à realidade de alguns povos europeus.

Recapitulando

  1. O processo de centralização do poder pelos reis entre os séculos doze e quinze foi resultado de um conjunto de fatores, entre os quais a expansão do comércio, o crescimento das cidades e o enriquecimento da burguesia.
  2. Os nobres e a burguesia estavam interessados nessa centralização do poder. Para os nobres era vantajoso apoiar um Estado forte e centralizado em troca de alguns privilégios, como isenção de impostos e auxílio no caso de revoltas camponesas. Para a burguesia, a centralização do poder significava o uso de apenas uma moeda e de um padrão único de pesos e medidas, o que facilitaria as atividades comerciais. Ao mesmo tempo, a cobrança de impostos passaria a ser feita apenas pelo Estado, e não mais pelos feudos, tornando mais barato o comércio entre diferentes regiões. Aos reis interessava o apôio da burguesia, que tinha o dinheiro necessário para financiar as despesas do Estado, como a manutenção de um exército nacional.

Formação dos Estados modernos europeus

Na Europa Ocidental, os primeiros Estados se constituíram ao longo da modernidade, como resultado de um período de grandes mudanças políticas e sociais.

Reconquista e centralização política na Península Ibérica

Na Península Ibérica, a formação das monarquias nacionais foi um dos resultados dos conflitos entre cristãos e mouros – muçulmanos do norte da África que haviam ocupado a Península Ibérica no século oito. Nessas lutas, conhecidas como Reconquista, os cristãos avançaram sobre os territórios mouros e neles fundaram reinos, entre os quais se destacaram os de Leão, Castela, Navarra e Aragão. Em Portugal e na Espanha, a religião participou da construção da identidade nacional. Nesse sentido, a luta contra os mouros uniu os reinos cristãos na construção da unidade nacional baseada em uma identidade religiosa e territorial.

Durante as guerras de Reconquista, o rei de Castela concedeu a Henrique de Borgonha, nobre da região da França que havia lutado junto aos castelhanos, o govêrno do Condado Portucalense. Em 1139, Afonso Henriques, filho de Henrique de Borgonha, proclamou a independência do condado, que passou a se chamar Reino de Portugal, consolidando a primeira monarquia centralizada da Europa.

A formação precoce do Estado português e de suas instituições facilitou a realização das atividades comerciais e possibilitou o fortalecimento da burguesia nacional.

No século quinze, os reinos cristãos de Aragão e Castela foram unificados sob a liderança de Fernando e Isabel, conhecidos como os Reis Católicos. Juntos, eles reconquistaram Granada, expulsando os mouros de seu último reduto na Península Ibérica. Formava-se, assim, a Espanha moderna.

Por reunir diferentes culturas no mesmo território e submetê-las ao mesmo govêrno, a imposição da autoridade dos castelhanos sobre as demais regiões ibéricas causou, ao longo dos séculos, conflitos comuns até hoje em locais como a Catalunha e o País Basco.

A Península Ibérica durante a Reconquista

Mapa. A Península Ibérica durante a Reconquista. Três mapas em sequência destacam a área da Península Ibérica.
Legenda: 
Seta vermelha: territórios conquistados; Arco preto: territórios unificados.

No primeiro mapa, que indica o século dez, a Península Ibérica encontra-se dividida em seis partes: Califado de Córdoba, em verde-claro; Leão, em rosa; Castela, em rosa; Navarra, em verde-escuro; Aragão, em laranja; e Condado de Barcelona, em roxo. O Califado de Córdoba é a maior das seis partes. Setas vermelhas indicam a conquista de territórios do Califado de Córdoba por Leão, Castela, Aragão e Condado de Barcelona. Um arco preto indica a unificação de Leão e Castela. 

No segundo mapa, referente ao século doze, a Península Ibérica encontra-se dividida em sete partes: Império Almorávida, em verde; Portugal, em lilás; Leão, em rosa; Castela, em rosa; Navarra, em verde-escuro; Aragão, em laranja; e Condado de Barcelona, em roxo. O Império Almorávida se encontra no local onde estava o Califado de Córdoba no século dez, mas possui território menor. Castela ficou maior, e Leão ganhou territórios, mas perdeu outros para Portugal. Os demais territórios encontram-se com o mesmo tamanho. Setas vermelhas indicam a conquista de territórios do Império Almorávida por Leão, Castela e Aragão. Um arco preto indica a unificação entre Aragão e o Condado de Barcelona.

No terceiro mapa, referente ao século quinze, a Península Ibérica encontra-se dividida em cinco partes: Granada, em rosa; Castela, em rosa; Portugal, em lilás; Navarra, em verde-escuro; e Aragão, em laranja. Castela aumentou bastante seu tamanho, assim como Portugal. Navarra está ligeiramente menor, e Aragão incorporou totalmente o Condado de Barcelona. Granada possui território bastante reduzido. Setas vermelhas indicam a conquista de territórios de Granada por Castela, a expansão de Granada em direção à África, e de Aragão em direção ao Mar Mediterrâneo. Um arco preto indica a unificação de Castela e Aragão.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 400 quilômetros.

Fonte: Ríguelmãn, Vérner; Quínder, Rérmãn. Atlas historique. Paris: Perrin, 1992. página 182.

Pintura. Em primeiro plano, o Rei Filipe segundo da Espanha usando roupas escuras e um chapéu cilíndrico. Está sentado em uma poltrona com os pés sobre uma almofada. À sua frente um rapaz de cabelo curto, em pé, tem nas mãos um papel esticado com um desenho. Em segundo plano, em pé, à direita, homens de cabelo curto e roupas em tons de laranja, amarelo e verde e, à esquerda, um religioso de trajes azuis observam a cena.
Representação de funcionários da administração real mostrando ao rei Filipe segundo a nova planta da cidade de Valladolid, 1562. Azulejos do Palácio de Pimentel, Valladolid, Espanha.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao descrever o processo de formação das monarquias portuguesa e espanhola e a primazia dos Estados ibéricos sobre os demais Estados europeus nos primeiros séculos da Era Moderna, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero sete.

Interpretação cartográfica

Ao abordar a unificação da Espanha por Dom Fernando e Dona Isabel, retome com os alunos o que sabem sobre a presença moura na Península Ibérica e as lutas entre cristãos e muçulmanos na Baixa Idade Média. Solicite a eles que analisem o mapa “A Península Ibérica durante a Reconquista” e identifiquem os territórios mouros (o Califado de Córdoba, o Império Almorávida e Granada) ao longo dos séculos.

A centralização do poder na França

Na França, o processo de centralização do poder começou no século doze, quando o rei Filipe Augusto, da dinastia capetíngia, unificou a moeda em todo o território, iniciou a formação de um exército nacional e adotou outras medidas que favoreciam a burguesia em detrimento da nobreza feudal.

Seus sucessores contribuíram com outras medidas de aceleração do processo de formação do Estado francês. Entre eles destacou-se Filipe quarto, o Belo, que fortaleceu a burocracia do Estado, impôs tributos a todos os grupos sociais, incluindo a Igreja, e aumentou o número de soldados do exército.

A Guerra dos Cem Anos

Em 1328, Carlos quarto, rei da França, morreu sem deixar herdeiros diretos, o que colocou fim à dinastia capetíngia e provocou um longo período de instabilidade. O rei da Inglaterra, Eduardo terceiro, e Filipe de valoá, nobre francês sobrinho de Carlos quarto, reclamaram o direito ao trono. Embora Filipe tenha recebido a coroa, Eduardo terceiro proclamou-se rei da França e da Inglaterra em 1337, iniciando uma guerra que se estendeu por mais de um século (1337-1453). Interrompido por períodos de trégua e recuo de ambas as partes, o conflito terminou em 1453 com a vitória da França.

A guerra destruiu campos cultiváveis e deixou milhares de mortos em ambos os lados. Para lidar com a situação de instabilidade, os senhores feudais recorreram ao poder do rei e a seus exércitos, contribuindo para a consolidação da monarquia nacional francesa.

Saiba mais

Joana Dárc e a construção do nacionalismo francês

Em 1428, a camponesa Joana Dárc apresentou-se para lutar junto aos exércitos franceses na Guerra dos Cem Anos, alegando ter sido enviada por Deus para contribuir com a vitória e a emancipação da França. Apesar de enfrentar a desconfiança da nobreza, passou a comandar diversas lutas contra a Inglaterra.

A conquista da cidade de orlêans e outros feitos heroicos contribuíram para a construção de uma ideia mítica em tôrno de Joana Dárc, que, mesmo acusada de heresia e morta na fogueira em 1431, inspirou as tropas francesas a se empenhar e vencer a guerra.

O mito de Joana Dárc e o reconhecimento de sua dedicação à nação permaneceram vivos na França e, nos séculos dezenove e vinte, passaram a ganhar projeção como símbolos do nacionalismo francês.


Pintura. Joana d’Arc montada em um cavalo. Ela tem pele branca, cabelos curtos e claros, e veste uma armadura. Carrega um mastro com uma bandeira branca. Nas ruas, ao redor dela, uma multidão acompanha sua passagem. Pessoas nas janelas acenam.
A entrada de Joana Dárc em orlêans em 1429, pintura de jãn jáque chérrer, 1887. Museu de Belas Artes, orlêans, França.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. De que fórma a luta contra os mouros na Península Ibérica contribuiu para a formação de Portugal e da Espanha?
  2. É possível afirmar que a Guerra dos Cem Anos contribuiu para o fortalecimento das monarquias nacionais francesa e inglesa? Justifique.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar o processo de centralização do poder na França, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero sete.

Recapitulando

  1. O Reino de Portugal se formou a partir do Condado Portucalense, território que havia sido cedido a Henrique de Borgonha por seu auxílio na luta contra os mouros. Em 1139, Afonso Henriques, filho de Henrique, proclamou a independência do condado, fundando o Reino de Portugal. Já a Espanha se formou com o casamento de Fernando, rei de Aragão, e Isabel, rainha de Castela. Juntos, os Reis Católicos conquistaram Granada, último território mouro da Península Ibérica.
  2. Sim. Com a guerra, os monarcas de ambos os países precisaram fortalecer seus exércitos nacionais, fator que auxiliou o processo de centralização política. Além disso, com a destruição dos campos e a instabilidade provocada pelo conflito, muitos senhores feudais recorreram ao poder dos reis para manter seus privilégios, favorecendo a consolidação da monarquia nacional francesa.

Joana Dárc

Ao representar Joana Dárc no centro da imagem, cercada por clérigos, nobres e populares, que a cumprimentam levantando os chapéus e saindo às janelas, o pintor jãn jáque chérrer constrói a ideia de que ela era venerada por todos os setores sociais. Outros elementos, ainda, reforçam essa construção: as vestes do cavalo estampadas com a flor-de-lis, símbolo da monarquia francesa; a postura de Joana Dárc, que olha para o alto, com o rosto iluminado e vestes de batalha; e o protagonismo da figura feminina à frente do exército.

A Guerra dos Cem Anos

Além de uma longa guerra entre Inglaterra e França, a Guerra dos Cem Anos representou também a passagem da Idade Média para a Moderna, constituindo um marco fundacional da ideia de nação. Iniciada por nobres feudais em conflito, a guerra terminou como uma disputa entre dois Estados que, em processo de centralização, já contavam com exércitos nacionais e mobilizavam seus membros em tôrno de um ideal que pode ser considerado o embrião do sentimento nacional moderno.

Inglaterra: os limites do poder real

Na Inglaterra, a centralização monárquica recebeu um forte impulso no século doze, sob o reinado de Henrique segundo, que estabeleceu tribunais reais, enfraquecendo o poder judicial da nobreza. Entretanto, durante o reinado de seu filho, João primeiro, chamado de João Sem Terra, a cobrança de pesados impostos aumentou a insatisfação entre os nobres, que reagiram e entraram em conflito com a realeza. Derrotado em 1215, o rei foi obrigado a assinar a Magna Carta, documento que estabelecia limites ao poder real.

Reconhecida como um dos primeiros documentos legais a registrar a garantia de liberdades universais, a Magna Carta inspirou a redação de constituições posteriores. A Carta previa a organização de uma assembleia de nobres e clérigos que poderia decidir, entre outras medidas, sobre o aumento na cobrança de impostos. Além disso, impedia que qualquer pessoa fosse presa sem ter sido julgada e versava sobre o direito de propriedade.

Esse fato dotou a monarquia inglesa de uma característica singular: o rei precisava sempre ajustar suas decisões aos interesses dos grandes senhores, representados no Parlamento. Em 1341, com a inclusão da burguesia no Parlamento, ele se dividiu em duas Câmaras: a dos Lordes e a dos Comuns.

A Guerra das Duas Rosas

O alto custo financeiro e humano causado pela longa Guerra dos Cem Anos também contribuiu para a desestabilização da coroa inglesa. A partir de 1455, as famílias Lancaster e iórque passaram a disputar o trono da Inglaterra em uma série de conflitos que ficou conhecida como a Guerra das Duas Rosas. A nobreza dividiu-se entre os dois lados opostos, o que contribuiu para seu enfraquecimento e a posterior retomada da centralização monárquica.

Ao longo da guerra, transcorreram episódios de extrema violência; muitas pessoas foram mortas e cidades e aldeias inteiras, destruídas. Com o apôio da burguesia, Henrique Tudor, que reivindicou ter vínculo de sangue com a família Lancaster, assumiu o poder na Inglaterra em 1485 como Henrique sétimo, pondo fim aos conflitos. Seu govêrno e os de seus sucessores foram marcados por uma série de medidas de centralização do poder, processo contido pela Magna Carta.

Pintura. Diversos homens em um jardim. Em primeiro plano, um homem vestindo uma longa túnica vermelha. Usa um chapéu vermelho sobre a cabeça e ergue uma rosa branca com uma das mãos. À sua frente, jardim com roseiras brancas e vermelhas. À direita, outro homem, de chapéu preto, vestindo uma roupa com detalhes dourados e uma rosa vermelha no peito segura uma adaga. Em segundo plano, à esquerda, atrás do homem de vermelho, três homens de túnicas e chapéus pretos observam a cena. À direita, atrás do homem de dourado, outro homem de chapéu preto, vestindo roupa vermelha, segura uma rosa vermelha na altura do rosto.
Colhendo as rosas vermelha e branca no jardim do antigo templo, afresco de Enri A. pêine, cêrca de 1910. Casas do Parlamento, uéstminster, Londres, Reino Unido. Uíliam Xêiquispíer representou a Guerra das Duas Rosas na peça Henrique sexto, de 1590. Na imagem, pêine ilustrou a cena da escolha das rosas: vermelha para os Lancaster e branca para os iórque.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Explique o que foi a Magna Carta e o que ela previa.
  2. De que fórma a Guerra das Duas Rosas contribuiu para o processo de centralização política na Inglaterra?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. A Magna Carta foi um documento elaborado por nobres que pretendiam limitar os poderes do rei. Ela previa medidas como a criação de uma assembleia formada por clérigos e nobres, a proibição da prisão sem julgamento prévio e o direito de propriedade.
  2. Com o apôio da burguesia, Henrique Tudor venceu a Guerra das Duas Rosas, assumindo o trono inglês com o título de Henrique sétimo e dando início à Dinastia Tudor. Tendo alcançado o poder, o monarca iniciou um processo de centralização política que havia sido interrompido com a elaboração da Magna Carta.

Atividade complementar

Nas quase 40 peças que escreveu, Uíliam Xêiquispíer produziu um vasto relato dos costumes e das disputas políticas nos reinos europeus. Nobres e burgueses são personagens de tragédias e comédias que refletem a moral da sociedade moderna em formação. Os reis ingleses tiveram especial destaque na obra de Xêiquispíer, que escreveu Henrique quarto, Henrique quinto, Henrique sexto, Henrique oitavo, Ricardo segundo e Ricardo terceiro.

Proponha aos alunos que pesquisem as peças de Xêiquispíer e selecionem trechos relacionados ao que aprenderam sobre o contexto europeu e a monarquia inglesa. As pesquisas podem ser apresentadas em fórma de transcrições comentadas, de sarau, em que os trechos podem ser recitados para a comunidade escolar, ou em formato de podcast.

A descentralização na Península Itálica

Na Península Itálica, as cidades formavam unidades administrativas independentes e não passaram por processo de unificação e consolidação de um Estado nacional, tendo permanecido fragmentadas até o século dezenove.

O norte da Itália, já em meados do século doze, perdera seu caráter feudal e instituiu novas fórmas de organização política e social. Como resultado, as cidades italianas, estimuladas pelo desejo de liberdade, tornaram-se repúblicas independentes reticências. No entanto, a liberdade das cidades italianas era constantemente ameaçada pelas investidas dos imperadores do Sacro Império Romano-Germânico e também dos pontífices.

Dentro desse quadro de ameaças externas, a concepção de liberdade dos italianos trazia em si duas ideias: primeiro, liberdade era entendida como soberania; segundo, como o direito de conservar o govêrno republicano independente.

FERNANDES, Márcia Gomes. Nicolau Maquiavel: um estudo sobre a teoria dos humores. 2010. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. página 56.


Responda em seu caderno.

Explore

De acôrdo com o texto, o que caracterizava a região norte da Península Itálica?

No início da Idade Moderna, não havia na Península Itálica nem um Estado que tivesse formação social semelhante à de outros países da Europa e, assim, pudesse efetivar um processo de unificação política. Nesses países, houve uma articulação da nobreza feudal (fundiária) com a monarquia dinástica, que se encontrava acima de todos na “pirâmide de poder”. Formava-se na região o que o historiador suíço iácôb burcrrart chamou de “Estados italianos centralizados”, diversas repúblicas que, como Gênova, Florença e Veneza, cada uma a seu modo, desenvolveram aspectos modernos como dinamismo econômico, cultura sofisticada e estabilidade política. Segundo bôquirrart, elas teriam sido referências para a formação de Estados como a França e a Espanha.

Pintura. Vista aérea de Florença, grande cidade nas margens de um longo rio. À frente, pessoas se banhando no rio e pequenas embarcações. No centro, diversas construções no interior da cidade e pontes interligando os dois lados do território. Ao fundo, montanhas e árvores.
Representação da cidade de Florença, 1490. Museu de Florença, Itália.

Respostas e comentários

Explore

A região norte da Península Itálica não tinha mais caráter feudal desde meados do século doze, sendo caracterizada por cidades que tornaram-se repúblicas independentes.

Pode-se complementar a informação explicando aos alunos que as cidades do norte da Península Itálica se dedicavam especialmente à atividade comercial e eram controladas por uma burguesia forte e próspera.

Maquiavel e o poder dos príncipes

“Todos os Estados, todos os domínios que têm havido e que há sobre os homens, foram e são repúblicas ou principados.” É assim que o filósofo Nicolau Maquiavel, um dos principais teóricos do Estado moderno, nascido na cidade de Florença, inicia a obra O príncipe. Nela, Maquiavel desenvolveu os fundamentos do poder dos príncipes e teorizou sobre os meios pelos quais os Estados são constituídos, mantidos e ampliados. Em tom de aconselhamento, conclui que os príncipes devem praticar o necessário para garantir seu poder e sempre demonstrar a virtude de sua conduta, preferindo, no entanto, ser temidos a ser amados. Vivendo em uma Itália fragmentada, Maquiavel abordou também a organização de um exército nacional, com o qual os príncipes pudessem libertar o país da dominação estrangeira e, enfim, unificá-lo.

O Sacro Império Romano-Germânico

O Sacro Império Romano-Germânico foi instituído na região central da Europa em 962, após o papa João doze coroar o rei da Germânia, Oto primeiro, como monarca desse império, a fim de restaurar a grandiosidade romana da Antiguidade.

No início, o império estendia-se da costa do Mar do Norte até parte do litoral do Mediterrâneo e do Mar Adriático, região onde hoje se encontram Alemanha, Itália, Suíça, Áustria, lichten stáin, República Tchéca, Eslovênia, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo.

O govêrno de Oto primeiro e os de seus sucessores foram marcados por tentativas de estender o contrôle do Estado sobre a Igreja. Ao atuar ao mesmo tempo como autoridade política e religiosa, os imperadores provocaram insatisfação na esfera eclesiástica, culminando na Querela das Investiduras. Na ocasião, o imperador Henrique quarto passou a exigir o poder de nomear bispos, desafiando a autoridade do papa Gregório sétimo.

A situação entre o Sacro Império Romano-Germânico e a Igreja foi solucionada com a Concordata de Worms, firmada em 1122, que selou o acôrdo segundo o qual os bispos seriam nomeados tanto pelo papa como pelo imperador.

Gravura. Uma águia preta de duas cabeças e grandes asas abertas. Sobreposto ao corpo da águia, a imagem de Jesus crucificado. Sobre cada cabeça da ave uma coroa, e um círculo dourado atrás. Sobrepostos dentro das asas, vários brasões.
Gravura de djóst de néguiker representando os brasões de armas dos principados que compunham o Sacro Império Romano-Germânico, cêrca de 1510. Ao centro, a figura de Jesus crucificado representa a importância da Igreja.
A fragmentação do império

Pouco a pouco, o império fragmentou-se com a independência de diversas regiões, como as cidades comerciais italianas.

No final do século treze, mais de duzentos principados compunham o Sacro Império Romano-Germânico, e os príncipes locais eram, de modo geral, politicamente mais influentes do que o imperador.

O fim do Sacro Império foi decretado somente em 1806. Como na Itália, os territórios alemães passaram a constituir Estado único apenas na segunda metade do século dezenove, com a conclusão do processo de unificação.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Podemos afirmar que a Península Itálica e o Sacro Império Romano-Germânico constituíam monarquias centralizadas? Justifique.
  2. O que foi a Querela das Investiduras? Descreva qual foi a solução encontrada para o fim desse conflito.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar o processo de formação do Sacro Império Romano-Germânico e as particularidades que dificultaram a construção de um Estado nacional unificado, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero sete.

Recapitulando

  1. Não. Na Península Itálica, as cidades eram unidades político-administrativas independentes umas das outras, não passando por um processo de centralização política. Já no Sacro Império houve uma tentativa de centralização iniciada com a coroação de Oto primeiro, em 962. No entanto, aos poucos, os territórios foram se tornando independentes, de modo que os príncipes locais eram mais influentes que o imperador romano-germânico.
  2. A Querela das Investiduras foi um movimento de insatisfação dos clérigos com os imperadores do Sacro Império, que exigiam o direito de nomear bispos. Os imperadores, que atuavam como autoridades políticas e religiosas, buscavam estender seu poder sobre a Igreja e desafiavam a autoridade papal. A questão foi solucionada na Concordata de Worms, em 1122, quando houve consenso entre as partes em assuntos como a nomeação dos bispos tanto pelo papa quanto pelo imperador.

O poder absoluto dos reis

Em alguns países, o fortalecimento do poder real originou as chamadas monarquias absolutistas. No regime absolutista, o rei ou a rainha tinha o poder de elaborar as leis, praticar a justiça, cobrar os impostos, organizar o exército e administrar o Estado. Isso significa que o soberano se colocava acima de todas as instituições e exercia o poder praticamente sem restrições.

As principais monarquias absolutistas europeias da Idade Moderna foram as da França, da Espanha, da Áustria e de Portugal.

As justificativas para o poder real

Ao longo dos séculos dezesseis e dezessete, diversos pensadores produziram obras em que procuravam justificar a concentração do poder pelos reis. Um deles foi o inglês Tômas Róbes. Em uma de suas obras, intitulada O Leviatã, ele argumentou que as pessoas, em seu estado de natureza, viviam em permanente conflito. Para manter a paz, elas se organizaram em sociedades governadas por uma autoridade soberana, como o rei, evitando assim a desordem e a violência extrema. Segundo rróbis, para garantir a paz e a vida em sociedade, os indivíduos, por meio de um pacto, renunciavam a sua liberdade e se submetiam ao poder de um governante.

Na França, o teólogo jáque bossuê estabeleceu uma relação direta entre o poder dos reis e a vontade de Deus. Para ele, o poder dos reis era praticamente ilimitado e incontestável, pois havia sido concedido por Deus. Essa teoria ficou conhecida como teoria do direito divino dos reis.

Pintura. Homem representando o rei Luís catorze, de cabelos castanhos, longos e cacheados, usando roupas douradas, está sentado em um carro dourado, puxado por dois cavalos brancos alados entre nuvens. O carro é conduzido por um ser alado que carrega uma coroa de louros em uma das mãos. Outros seres mitológicos com corpo e feições humanas estão presentes na cena. Um deles segura uma coroa acima da cabeça do rei. À frente, outros dois estão sentados em nuvens, carregando frutas em uma cornucópia. À direita deles, outro ser mitológico, com as asas abertas, toca uma trombeta.
Apoteose de Luís catorze, pintura de charlles lê brún, século dezessete. Museu Ingres, montaubân, França. O rei Luís catorze, que governou a França entre meados do século dezessete e o início do século dezoito, encarnou como nenhum outro soberano a figura do monarca absoluto da Europa moderna.

Responda em seu caderno.

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  1. O que significa a palavra apoteose, utilizada para nomear a pintura?
  2. Que relação pode ser estabelecida entre essa representação de Luís catorze e a teoria de jáque bossuê?

Refletindo sobre

Para justificar o poder absoluto do monarca, teóricos como jáque bossuê defendiam a ideia de que “todo poder emana de Deus”. A Constituição brasileira de 1988, por sua vez, determina que “todo poder emana do povo”.

De que modo cada uma dessas frases expressa o poder político estabelecido nesses diferentes momentos?


Responda em seu caderno.

Recapitulando

9. Cite três características das monarquias absolutistas.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A questão possibilita discutir a natureza do poder e refletir sobre as diferenças entre o poder absolutista e o poder da coletividade, contribuindo para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 1 e da Competência específica de História nº 1.

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  1. A palavra apoteose originou-se da língua grega e significa “tornar-se deus”. O emprego dessa palavra para nomear a pintura permite associar o momento representado à transformação de Luís catorze em divindade.
  2. A pintura é uma alegoria que sacraliza a figura de Luís catorze. Sentado em um carro de ouro puxado por dois cavalos alados, o rei é transportado pelo céu, como um deus. Cercam-no diversas figuras mitológicas. Uma delas conduz os cavalos e carrega uma coroa de louros, enquanto outra está prestes a cingir a cabeça do monarca com uma espécie de coroa. Uma terceira figura toca trombeta para anunciar a passagem do rei. Duas outras seguram uma cornucópia, vaso em fórma de chifre abarrotado de frutas e outros alimentos que, na mitologia, simboliza a fertilidade e a abundância. Essa alegoria tem relação direta com a teoria do direito divino dos reis de bossuê: tanto a cena quanto a teoria justificavam e legitimavam o poder de Luís catorze.

Refletindo sobre

Espera-se que os alunos compreendam que, ao assumir que o poder emana de Deus e que cabe à vontade divina a escolha de um governante, não é possível ser contrário a este. A Constituição brasileira de 1988, ao determinar que o poder emana do povo, atribui a natureza do poder à noção de coletividade potencialmente democrática.

Recapitulando

9. Os alunos podem citar o exercício do poder quase sem restrições pelo monarca, a centralidade da figura do rei acima das instituições e setores sociais, a justificativa divina do poder real, a hegemonia monárquica em legislar, praticar a justiça, cobrar impostos, organizar o exército e administrar o Estado, entre outras características.

Leitura complementar

A construção da imagem do monarca absoluto

Neste texto, a pesquisadora Débora Russi Frasquete discute o modo como Luís catorze utilizou as vestimentas e a arte para enaltecer e eternizar sua imagem.

Desde os tempos mais remotos a opinião das pessoas é influenciada pelos meios de comunicação a criar certa ideia sobre uma imagem transmitida. A indumentária no processo de construção da imagem é uma grande aliada, pois como símbolo essa se aplica perfeitamente à transferência de significados, visando à comunicação entre os integrantes de sociedades. Como ‘o vestuário é comunicação’, já no século dezessete a vestimenta é utilizada como elemento estratégico no processo de fabricação da imagem e na sua difusão.

Luís catorze, monarca absolutista francês que reinou de 1643 a 1715, conhecido também como Rei Sol, como um rei muito vaidoso, manteve uma relação muito próxima com a indumentária, por meio da representação de elementos visuais tanto das roupas utilizadas por ele no período, muito exuberantes e ricamente ornamentadas, como também com aquelas que este se deixava ser pintado, representado. Desta relação homem e indumentária, analisando as pinturas, é possível refletir sobre o papel da moda como recurso de divulgação e exaltação da imagem real.

Essa representação era tão importante no reinado que, na ausência física do rei, os seus retratos, ou seja, suas pinturas deveriam ser reverenciadas como se fossem o rei em pessoa. Em suas memórias, Luís catorze relata a importância da imagem real. Estes escritos eram uma fórma de mostrar o seu poder e objetivavam ensinar ao Delfim (seu filho) a respeito de como governar, deixando ensinamentos que ele considerava indispensáveis para ser um bom rei. Neles fica evidente a importância que o monarca francês dava à imagem real. reticências


Pintura. Luís catorze da França, homem branco, de rosto arredondado e lábios finos. Tem o cabelo preto, volumoso e comprido, amarrado atrás com um laço preto. Veste uma armadura escura. Tem uma faixa azul pendurada diagonalmente no corpo e um lenço branco amarrado na cintura. Logo abaixo do lenço avista-se o cabo de uma espada. Usa botas longas até o joelho. Está com uma mão na cintura e outra apoiada em uma haste comprida, demonstrando postura altiva. Em segundo plano, ambiente aberto, com muitas nuvens no céu.
Retrato de Luís catorze, pintura de riassãnti rigô, 1694. Museu do Prado, Madri, Espanha.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A seção contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 3 ao valorizar as manifestações artísticas e culturais para o entendimento de contextos históricos.

Luís catorze buscou o aperfeiçoamento de sua reputação, ou seja, de sua imagem, durante todo o seu reinado, de maneira que o agradasse e que da mesma fórma transmitisse o tamanho da sua grandiosidade. Porém, como escreve Bãrke, ‘havia incômodas discrepâncias entre a imagem oficial do rei e a realidade cotidiana’, e ‘essas discrepâncias reticências complicavam a tarefa de artistas, escritores e outros envolvidos com o que se poderia chamar de a administração da imagem real’. Um exemplo é a diferença ‘entre sua altura real e o que poderíamos chamar de sua altura social [que] tinha de ser camuflada de vários modos’. Nesse sentido, recursos visuais, estéticos e de indumentária auxiliavam a representação do rei para que isso não fosse um inconveniente à sua imagem.

Tendo em vista, então, que o monarca e sua equipe sabiam da importância da representação do mundo vivido ou da realidade, considera-se que Luís catorze, junto a sua equipe de ‘marqueteiros’, escolheu representar a si e a seus feitos com algumas particularidades, sempre utilizando a indumentária como elemento midiático. Em algumas pinturas a sua representação está aliada a vestimentas extremamente luxuosas, em outras está relacionada à indumentária da Antiguidade Clássica, associando Luís ao deus grego Apolo, e em outras ainda, associando Luís a Alexandre, o Grande, por meio da similar representação da vestimenta.

FRASQUETE, Débora Russi. A representação da indumentária como elemento midiático na construção da imagem real de Luís catorze. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM DESIGN E MODA, 1., COLÓQUIO DE MODA, 10., 2014, Caxias do Sul. Anais reticências. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul (ú cê ésse), 2014. página 1-4.


Pintura. Luís catorze da França em pé, virado de lado. Traja vestes largas e claras. Usa um longo manto azul com detalhes dourados representando flores-de-lis. O cabelo é preto, volumoso e comprido. Apoia uma das mãos na cintura e a outra em um cetro dourado, com postura altiva. Nas pernas usa calças justas e brancas. O sapato branco tem saltos alaranjados. Abaixo do manto, próximo à cintura, avista-se o cabo de uma espada. Próximo ao cetro há uma coroa dourada. Ao fundo, grande pilar encoberto parcialmente por um tecido vermelho e dourado.
Retrato de Luís catorze, pintura de riassãnti rigô, 1701. Museu do Lúvri, Paris, França.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. De que modo as atividades artísticas e a indumentária contribuíram para a construção da imagem de Luís catorze?
  2. Com base no texto, é possível afirmar que o modo como o rei se apresentava tinha uma função política? Explique.
  3. Observe os retratos de Luís catorze reproduzidos nas páginas 21 e 22. É possível perceber diferenças no modo como o rei foi representado em cada uma delas? Considerando que a indumentária é uma fórma de comunicação, o que cada uma das imagens comunica?

Respostas e comentários

Leitura complementar

  1. As atividades artísticas foram utilizadas por Luís catorze para produzir representações luxuosas de si mesmo. A indumentária simbolizava o poder do rei, com elementos que remetiam ora a deuses da Antiguidade, ora a imperadores ou conquistadores do mundo clássico, como Alexandre, o Grande.
  2. Sim, pois a indumentária era cuidadosamente escolhida para conferir distinção e expressar o poder do rei, além de “camuflar” aspectos indesejados, como a altura do monarca. As representações pictóricas eram tão importantes que assumiam o lugar do rei, devendo ser reverenciadas na ausência dele.
  3. Espera-se que os alunos percebam que, na imagem da página 22, Luís catorze foi representado com uma indumentária luxuosa e porta insígnias que simbolizam seu poder, como o cetro e o manto estampado com flores-de-lis (símbolo da monarquia francesa). A coroa também foi representada na pintura, próxima ao cetro real. Na imagem da página 21, Luís catorze foi representado em um ambiente aberto com roupas militares, simbolizando uma das funções do monarca: liderar os exércitos. Em ambas as imagens, ele aparece em postura altiva, portando uma espada, o que reforça a associação entre poder político e poder militar.

Atividade complementar

Para aprofundar as discussões levantadas pelo texto sobre Luís catorze, pode-se propor aos alunos que reflitam sobre a construção da imagem de lideranças políticas na atualidade. Solicite a eles que acompanhem aparições públicas de um político da região (vereador, prefeito, deputado, governador etcétera) transmitidas pela mídia ou divulgadas pelas redes sociais. Peça-lhes que observem a indumentária da personalidade escolhida, o modo como se expressa e gesticula, o local onde é filmada e os objetos e pessoas à sua volta. Oriente-os a tomar nota sobre os principais aspectos observados e a organizar essas anotações em um relatório. Em sala de aula, proponha a seguinte questão: Os líderes políticos do presente manifestam preocupação com a própria imagem perante o povo? Oriente os alunos a defender seu ponto de vista com base no relatório que construíram.

A política mercantilista

Os monarcas absolutistas procuravam fortalecer seu poder adotando medidas econômicas para aumentar a riqueza do reino. O conjunto dessas medidas é conhecido como mercantilismo.

Cada Estado europeu usava as práticas mercantilistas de acôrdo com suas estratégias econômicas e necessidades financeiras. Conheça, a seguir, alguns princípios e práticas do mercantilismo.

Metalismo. Princípio que definia a riqueza de um Estado pela quantidade de ouro e prata acumulada nos cofres do govêrno.

Moeda. É redonda e dourada. Por todo o contorno da borda palavras em outro idioma. No centro um brasão e desenhos ornamentados encimado por uma coroa com uma cruz.
Moeda de ouro do século dezesseis cunhada com o brasão do rei Henrique oitavo, da Inglaterra. Arquivo Nacional da França, Paris.
  • Balança comercial favorável. Prática em que as exportações (vendas ao exterior) deveriam ser maiores do que as importações (compras do exterior), evitando a saída de metais do reino.
  • Colonialismo. Exploração de territórios fóra da Europa, em que as coroas podiam obter metais preciosos e produtos de alto valor no mercado europeu, como especiarias (diversos tipos de temperos).
  • Protecionismo alfandegário. Cobrança de pesadas taxas sobre os produtos importados, para proteger os similares produzidos no reino ou trazidos das colônias.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Qual é o nome do conjunto de medidas econômicas adotado pelas monarquias absolutistas? Qual era sua finalidade?
  2. Explique os princípios do metalismo e das práticas mercantilistas, como a balança comercial favorável, o colonialismo e o protecionismo alfandegário.

Conexão

Joana Dárc e suas batalhas

fíl róbins. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (Coleção Mortos de fama).

A história de Joana Dárc inspirou muitos filmes e livros que contam como a camponesa se tornou a principal heroína do povo francês. Em quadrinhos, essa obra aborda de um jeito divertido aspectos como a vida no campo durante a Idade Média e as batalhas da Guerra dos Cem Anos.


Capa do livro. Na parte superior o título e o nome do autor. Abaixo a ilustração de uma moça branca, com bochechas rosadas e cabelos curtos, lisos e pretos. Usa franja. Está com a sobrancelha franzida e lábios fechados.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar a política mercantilista, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História nº 5.

Recapitulando

  1. Mercantilismo. As práticas econômicas mercantilistas tinham como finalidade aumentar a riqueza do reino.
  2. O metalismo é o princípio que define a riqueza de um Estado pela quantidade de metais preciosos que possui. A balança comercial favorável é a prática do superávit no comércio internacional obtido com o aumento das exportações e a restrição das importações. O colonialismo é a exploração de territórios fóra da metrópole – no caso, fóra da Europa. O protecionismo alfandegário é a prática da cobrança de impostos e taxas pelo govêrno para combater a concorrência de produtos estrangeiros no mercado interno.

Noção de riqueza

Ao discutir as práticas mercantilistas, enfatize o caráter fortemente protecionista com o qual foram fundamentadas, tornando familiares esses conceitos econômicos aos alunos. Pergunte o que eles consideram riqueza material: somente os metais nobres entesourados ou também outros elementos, em outras condições e circunstâncias? A pergunta permite historicizar a noção de riqueza e perceber como nossa percepção diverge da que era adotada por alguns Estados europeus entre os séculos quinze e dezoito.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Leia o texto a seguir e, depois, responda às questões.

A Europa moderna nasceu da luta das diversas classes da sociedade. Em outros lugares reticências esta luta conduziu a resultados bem diferentes. reticências [Na Europa] nenhuma das classes pôde vencer nem se sujeitar às outras; a luta, ao invés de tornar-se um princípio de imobilidade, foi a causa do progresso. As relações das diversas classes entre si, a necessidade em que se encontravam de se enfrentar e de ceder alternadamente; a diversidade de interesses, de suas paixões; a necessidade de se vencer, sem poder chegar até o fim; disto saiu talvez o mais enérgico, o mais fecundo princípio de desenvolvimento da civilização europeia.

guizô, françuá. In: MENDES, Claudinei M.; OLIVEIRA, Therezinha (organizador). Formação do terceiro estado: As comunas. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2003. página 41-42.

  1. A qual fator o autor do texto atribui o nascimento da Europa moderna?
  2. Quais classes sociais formavam os Estados modernos europeus?
  3. O autor ressalta os conflitos ou os consensos entre as classes sociais? Explique.

2. Leia o texto a seguir e, depois, responda às questões.

[No século catorze] Siena era governada por um conselho eleito, formado por nove membros das classes médias, o Conselho dos Nove. Os nobres tinham ficado em segundo plano. Essa era uma cidade com cêrca de 50 mil habitantes. E em pleno crescimento. Além de serem ativos ali o crédito bancário e o comércio, a agricultura continuava a ser explorada. Florença era a grande rival desse centro urbano.

QUEIRÓZ, Tereza Aline Pereira de. Cidades renascentistas. São Paulo: Atual, 2005. página 16.

  1. Em Siena, cidade da região da Toscana, na Península Itálica, quem detinha o poder político?
  2. Como eram escolhidos os governantes de Siena?
  3. Politicamente, o que diferenciava os Estados italianos dos Estados ibéricos?

3. Analise a tirinha e responda às questões.

Tirinha em preto e branco em dois quadros. Quadro 1: o rei sentado no trono. Ele é pequeno, apenas sua cabeça e as pontas dos pés estão para fora do trono. Ele tem um grande nariz oval. À frente dele um homem lê um grande pedaço de papel e diz: LEVANTEM A MÃO TODOS AQUELES A FAVOR DA PROPOSTA DO REI. Próximos a ele alguns homens em fila. Quadro 2: o homem continua a leitura, dizendo: OS QUE FOREM CONTRA, FORMEM UMA FILA EM FRENTE À FORCA. Os demais homens estão espantados.
O mago de Id, tirinha de Brénti párquer e djôni rárti, 2009.
  1. Que regime a tirinha satiriza?
  2. Qual termo é mais adequado para se referir às pessoas em pé na fila: súditos ou cidadãos? Por quê?
  3. Explique as falas do funcionário do rei.

Respostas e comentários

Atividades

    1. O autor atribui o nascimento da Europa moderna à luta das diversas classes sociais.
    2. As classes sociais dos Estados modernos eram a burguesia, a nobreza, o povo e os membros da Igreja (clero).
    3. O autor menciona que, na Europa, nenhuma classe social foi capaz de vencer a outra e, em meio aos conflitos, eventualmente tiveram que estabelecer consensos entre si. De acôrdo com ele, esse dinamismo fundamentou o progresso moderno e a civilização europeia.
    1. O poder político de Siena estava nas mãos de nove membros das classes médias, representados por meio do Conselho dos Nove.
    2. Eles eram eleitos.
    3. Os Estados italianos eram repúblicas independentes, controladas pela burguesia, ao passo que os Estados ibéricos eram Estados nacionais governados por monarquias absolutistas, nas quais a nobreza e o clero detinham muito poder.
    1. A tirinha satiriza a monarquia absolutista, que vigorou em alguns países europeus a partir da formação do Estado moderno.
    2. O termo mais adequado é súditos, pois eles não participam ativamente das decisões políticas, submetendo-se às determinações do rei ou sofrendo as consequências quando discordam.
    3. As falas do funcionário do rei revelam uma ameaça àqueles que discordassem do monarca. Espera-se que os alunos percebam que, por trás dessa ameaça, há um pensamento que determina que as ordens reais não devem ser questionadas. Para explicar suas respostas, os alunos podem utilizar os argumentos apresentados pelos teóricos do absolutismo, que afirmavam que o rei seria um escolhido de Deus ou que a submissão à vontade do rei seria necessária para manter o ordenamento da sociedade.

Aluno cidadão

4. Nas democracias atuais, o poder dos governantes é limitado. Isso significa que o rei ou presidente não pode tomar decisões sozinho. Pesquise em jornais, revistas ou sites de veículos da imprensa notícias que exemplificam situações em que uma decisão do governante foi barrada por algum outro órgão do Estado ou por iniciativa da sociedade civil.

Em sala, utilize as notícias pesquisadas para debater a seguinte questão com os colegas: Quais são os riscos de permitir que o governante exerça poder sem limites?

Conversando com geografia

5. Leia o texto a seguir sobre as ricas famílias de Florença, na Península Itálica, que se destacou como uma das principais cidades comerciais do século treze.

Séculos se passaram, mas as famílias mais ricas de Florença continuam as mesmas. É isso que indica um recente estudo realizado por dois economistas italianos, no qual é mostrado que a maior parte das riquezas da cidade está passando de geração em geração há nada menos que 600 anos. reticências

Observando os sobrenomes das famílias com as maiores rendas desde o século quinze, os dois economistas perceberam que eles são os mesmos nos anos seguintes até o século vinte e um [e puderam] concluir que reticências não houve uma mobilidade econômica significativa em Florença.

Além disso, os italianos também concluíram que reticências os mais ricos detinham – e ainda detêm – os cargos mais altos e as profissões mais lucrativas e renomadas.

FAMÍLIAS mais ricas de Florença permanecem as mesmas há 600 anos, diz estudo. Opera Mundi, São Paulo, 31 maio 2016. Disponível em: https://oeds.link/ez40yb. Acesso em: 15 fevereiro 2022.

  1. O que significa “mobilidade econômica”? Se necessário, consulte um dicionário.
  2. Qual era a atividade econômica exercida pelas famílias mais ricas de Florença no século quinze?
  3. De acôrdo com a notícia, é possível afirmar que a produção e a circulação de mercadorias na Era Moderna influenciaram na atual distribuição de riqueza na cidade de Florença? Explique.

Mão na massa

  1. No início da formação dos Estados europeus, as bandeiras eram associadas ao poder dos monarcas e serviam para identificar tudo o que lhes pertencia, como objetos, exércitos e navios. Somente a partir do século dezoito as bandeiras se desvincularam dos governantes, tornando-se símbolo de um país e de seu povo. Junte-se a alguns colegas e sigam as instruções para criar uma bandeira.
    1. Pesquisem algumas bandeiras (antigas e atuais) e verifiquem os padrões, as cores e os formatos que são geralmente utilizados. Pesquisem também seus significados, representações e mudanças promovidas ao longo do tempo.
    2. Criem uma bandeira para o grupo usando cartolina (ou tecido branco), tintas e pincéis.
    3. Exponham a bandeira produzida na sala de aula, explicando para a turma quais foram as suas inspirações.

Respostas e comentários

Aluno cidadão

4. Espera-se que os alunos percebam que o poder exercido de maneira arbitrária coloca em risco a liberdade e a segurança dos cidadãos e pode ser usado para satisfazer os interesses particulares de grupos econômicos ou sociais que se associam ao governante, e não para o bem coletivo.

Bê êne cê cê

Ao incentivar a reflexão sobre o exercício do poder na atualidade, a atividade contribui para o desenvolvimento do tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos e para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 6.

    1. Mobilidade econômica é o fenômeno em que um indivíduo ou grupo supera ou reduz a sua condição econômica, podendo adquirir maior ou menor remuneração ou riqueza.
    2. As famílias mais ricas em Florença, uma cidade essencialmente comercial, praticavam o comércio.
    3. Sim. Segundo o texto, as famílias que eram ricas no século quinze continuam ricas hoje, o que permite relacionar a atividade comercial, que garantiu a prosperidade econômica no período, a uma trajetória de concentração de riqueza que permanece até hoje.

Interdisciplinaridade

Ao trabalhar noções de mercantilismo, circulação de mercadorias e distribuição de riquezas, a atividade contribui para o desenvolvimento de habilidades do componente curricular geografia, especificamente as habilidades ê éfe zero sete gê ê zero cinco e ê éfe zero sete gê ê zero seis.

6. Em sua maioria, as bandeiras seguem padrões geométricos, com cores e eventuais ilustrações trazendo vários significados. Por exemplo, a bandeira da Espanha leva o Brasão de Armas do país, e a do Líbano apresenta em seu centro a representação de um cedro-do-líbano, árvore-símbolo do país. Incentive os alunos a pensar nos elementos gráficos que melhor representariam suas ideias e inspirações e como poderiam ser organizados harmonicamente em uma bandeira. Ao estimular a identificação de padrões na criação das bandeiras, a atividade desenvolve o pensamento computacional.