CAPÍTULO 5  Colonizações espanhola e inglesa na América

Cena do filme. Ilustração de mulher indígena, de cabelos escuros e longos, usando vestido bege e colar azul. Está sobre um galho de árvore ao lado de um guaxinim. Próximo a eles, um beija-flor. Todos observam uma grande cidade ao fundo, pela qual passa um grande rio.
Cena do filme Pôcarrontas dois: uma jornada para o Novo Mundo, de 1998. A animação trata, entre outros temas, do romance entre a indígena Pôcarrontas e o aventureiro inglês Djón Rolfe.

No comêço do século dezessete, foi estabelecida, no norte do continente americano, uma associação entre cêrca de trinta povos indígenas do grupo algonquino. Eles eram liderados pelo chefe indígena uá run senáca, nascido em tôrno de 1540, muitas vezes também chamado de pouatân, nome de seu povo. A poderosa união das tribos algonquinas ficou conhecida como Confederação pouatân. Ameaçados por inimigos do oeste e procurando conter os invasores europeus, os indígenas confederados buscavam estabelecer alianças estratégicas com os estrangeiros para sobreviver.

A história da Confederação pouatân e do ímpeto colonialista na região da Virgínia, atualmente parte dos Estados Unidos, foi disseminada na cultura popular pelos filmes Pôcarrontas e Pôcarrontas dois, de 1995 e 1998.

  • O que você sabe sobre as relações entre europeus e indígenas na colonização da América?
  • Em sua opinião, filmes como Pôcarrontas ajudam a dar visibilidade ao que ocorreu com os indígenas na América após a chegada dos europeus?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo contempla a habilidade ê éfe zero sete agá ih um zero e parcialmente as habilidades ê éfe zero sete agá ih zero dois, ê éfe zero sete agá ih zero três, ê éfe zero sete agá ih zero oito, ê éfe zero sete agá ih zero nove, ê éfe zero sete agá ih um três, ê éfe zero sete agá ih um quatro e ê éfe zero sete agá ih um seis (ao tratar de aspectos sociais, econômicos e culturais do mundo colonial americano, ressaltando as conexões entre a Europa e a África no contexto da conquista da América). O capítulo também contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero cinco (ao abordar as relações entre a adoção do anglicanismo na Inglaterra e a colonização da América e as relações entre puritanos e indígenas). O trabalho para o desenvolvimento dessas habilidades se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações no quadro de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Caracterizar o processo de conquista dos impérios e povos pré-colombianos pelos europeus.
  • Discutir os impactos da colonização europeia entre os povos nativos.
  • Avaliar as estratégias de aliança e resistência praticadas pelos nativos diante dos colonizadores.
  • Identificar as principais características da administração da América espanhola.
  • Identificar os motivos da vinda dos primeiros colonos ingleses para a América do Norte.
  • Diferenciar a colonização que se organizou no norte e no centro da América inglesa da estabelecida no sul.
  • Analisar as trocas comerciais entre África e América, com destaque para o comércio triangular.
  • Reconhecer a influência da doutrina protestante na vida cultural e educacional da Nova Inglaterra.

Abertura do capítulo

Os filmes sobre Pôcarrontas, cujo nome era, na verdade, Matoaka, apresentam uma versão romantizada da vida da lendária filha do chefe pouatân. No segundo filme, referido na abertura deste capítulo, ela viaja à Europa para tentar convencer os ingleses a não entrar em guerra contra o seu povo. Para isso, Pôcarrontas tem a ajuda de Djón Rolfe, colono inglês que, na vida real, tornou-se seu marido depois de ter participado das expedições coloniais na América.

Questione os alunos sobre o que sabem acerca do tema da colonização da América do Norte e verifique se os conhecimentos prévios deles têm a influência de ideologias difundidas pela indústria cultural. Atente-se a se os alunos refletem uma impressão romantizada da colonização ou se estão cientes da violência presente nas relações entre europeus e indígenas no processo de ocupação do território americano pelos colonos europeus. Espera-se que os alunos afirmem que filmes com a temática da colonização americana ajudam a dar visibilidade para os processos e os sujeitos históricos que deles participaram ao alcançarem um amplo público espectador.

A América às vésperas da colonização europeia

No final do século quinze, a América já era habitada há milhares de anos por uma grande diversidade de povos. Pesquisas estimam que entre 14 milhões e 52 milhões de pessoas viviam espalhadas por todo o continente às vésperas da colonização europeia.

Na região que corresponde atualmente aos Estados Unidos, os povos nativos apresentavam grande diversidade linguística e cultural. Seus modos de vida eram bastante diversos, havendo desde povos nômades, como os inuítes, até povos agricultores que construíram represas e sistemas de estradas e habitavam populosas cidades, como os anasazi.

Na América Central, formaram-se civilizações complexas, com sociedades hierarquizadas e Estado organizado, como a dos astecas e a dos maias. Na América do Sul, também viviam centenas de povos nativos que sobreviviam da caça, pesca e coleta ou da agricultura e da criação de animais. Alguns eram seminômades, como os Tupi; outros estabeleceram grandes centros urbanos, como a cidade de Cuzco, capital do Império Inca.

Fotografia. Pequeno bairro ao pé de uma montanha. As casas são simples, com poucas janelas, e sobrepostas. O chão é de terra.
Taos Pueblo, território onde ainda vivem indígenas anasazi, no Novo México, Estados Unidos. Foto de 2018.

Colonização espanhola na América

As primeiras terras ocupadas pelos espanhóis na América foram as das atuais ilhas do Caribe, após a chegada de Cristóvão Colombo, em 1492. Depois do primeiro encontro amistoso, o contato entre os indígenas que viviam nessas ilhas e os espanhóis se tornou bastante violento. Um desses povos, o caraíba, resistiu com firmeza à ocupação e acabou dizimado durante o conflito com os espanhóis. Os demais nativos da região foram praticamente extintos em guerras ou pelo trabalho forçado.

As rivalidades entre os povos nativos

Os espanhóis encontraram pouca quantidade de ouro e prata nas ilhas caribenhas; por isso, seguiram em busca de outras terras para exploração. Uma das expedições, chefiada pelo oficial espanhol hernãn cortês, chegou às terras do Império Asteca, na região correspondente à do atual México, em 1519. O império tinha três importantes centros políticos: tescôco, tlacopán e Tenochtitlán.

A expedição de Cortês atravessou as terras ocupadas pelos povos tlaquissaltécas, então dominados pelos astecas. Como desejavam se libertar da duradoura dominação a que estavam submetidos, os tlaquissaltécas aliaram-se aos espanhóis e os acompanharam até Tenochtitlán, a capital do império.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar as interações entre as sociedades do Novo Mundo e as da Europa e a questão das navegações no Atlântico, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero dois.

Ao descrever a organização e a expansão do Império Asteca e suas disputas internas, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três. Ao tratar da configuração das sociedades mesoamericanas na época da conquista, o conteúdo também contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero oito.

População americana

A população em toda a América às vésperas do contato com os europeus é estimada entre 14 e 52 milhões de pessoas, segundo SILVER, Shirley; míler, uíqui R. American indian languages: cultural and social contexts. Arizona: The University of Arizona Press: Tucson, 1997. página 7.

A complexidade das relações entre os povos

Ao tratar da rivalidade entre astecas e tlaquissaltécas, retome aspectos da sociedade mesoamericana e reforce a heterogeneidade dos povos nativos no momento da chegada dos europeus. Como apontam diversos documentos, os conflitos preexistentes no Império Asteca foram explorados pelos conquistadores europeus e tiveram papel expressivo na conquista da América. Ao associar-se aos tlaquissaltécas, por exemplo, os europeus conseguiram reforço militar e informações sobre caminhos e recursos.

A chegada dos espanhóis a Tenochtitlán

Em novembro de 1519, os espanhóis entraram em Tenochtitlán e foram recebidos pelo imperador Montezuma e por alguns nobres astecas, que lhes forneceram abrigo e alimentos.

A comunicação entre o imperador e Cortês foi facilitada pelos intérpretes Jerônimo de Aguilar, náufrago espanhol que vivia entre grupos nativos da Península de iucatãn, e Malinche, uma indígena maia que falava náuatle, a língua asteca, além do espanhol.

Logo após esse primeiro contato, Cortês aproveitou-se da proximidade do imperador Montezuma para aprisioná-lo em seu palácio, assegurando assim o comando sobre toda a região antes dominada pelos astecas.

Ilustração. À esquerda, grupo de pessoas indígenas, com mantos sobre os ombros e adornos de penas na cabeça. A pessoa que está à frente faz gestos com a mão. À direita, de frente para os indígenas, um homem branco sentado em uma cadeira. Ao lado dele, uma mulher indígena de cabelos longos fazendo gestos com as mãos. Atrás deles, homens brancos com escudos e lanças.
Detalhe de ilustração do códice liênzo de tlaquiscála da segunda metade do século dezesseis, 1892. A ilustração representa Malinche no papel de intérprete entre Montezuma e hernãn cortês.
Queda do Império Asteca

Em 1520, a tensão entre espanhóis e astecas se transformou em conflito aberto. Durante uma celebração, os espanhóis invadiram o Templo maior de Tenochtitlán e assassinaram muitos astecas.

Diante do massacre, Montezuma foi forçado a pedir aos demais súditos que não resistissem. Porém, como ele havia perdido a liderança, acabou sendo morto por inimigos.

Em 1521, após um cerco de três meses, os espanhóis ocuparam Tenochtitlán com o apôio de cêrca de cinquenta cidades anteriormente subordinadas ao Império Asteca. A capital asteca foi destruída.

qualtêmoc, o último imperador asteca, assumiu o trono após o massacre do Templo maior e tentou liderar a resistência contra o avanço espanhol até a tomada de Tenochtitlán, quando foi capturado. Em 1525, foi torturado e executado por Cortês.

Nesse contexto, Malinche tornou-se símbolo da traição, por ter se tornado companheira de hernãn cortês, ao passo que qualtêmoc, líder que morreu lutando em defesa da sociedade asteca, foi considerado herói.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Que interesses levaram os espanhóis às terras do Império Asteca?
  2. Como os exploradores foram inicialmente recebidos pelos nativos mesoamericanos?
  3. Por que os tlaquissaltécas apoiaram os espanhóis na conquista de Tenochtitlán?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A interpretação das imagens históricas apresentadas no conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih um zero.

Leitura de imagens

Ao longo do capítulo, solicite aos alunos que observem com atenção as imagens relacionadas ao encontro entre europeus e indígenas, identificando os elementos que as constituem, a maneira como cada personagem é representado na cena, considerando sua postura, seus trajes, entre outros elementos.

A leitura das legendas das imagens é igualmente importante. Faça perguntas orientadoras da leitura, como: Quando foi produzida a representação? Por quem? Que formato e técnica foram empregados? Com base nessas informações, o trabalho de análise das imagens adquire sentidos mais amplos e pode revelar o modo como elas expressam o ponto de vista europeu sobre a América.

Bê êne cê cê

O trabalho com imagens contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 4 e da Competência específica de História nº 4.

Malinche

Malinche é uma das personagens mais controversas da conquista do Império Asteca. Indígena, provavelmente do grupo nauá, ela viveu como escravizada dos maias e foi entregue como presente aos espanhóis. Malinche falava maia e náuatle, a língua dos astecas, e aprendeu espanhol com os conquistadores, atuando como intérprete. Proponha aos alunos que pesquisem mais informações sobre Malinche, sua trajetória e seu papel na conquista.

Recapitulando

  1. Os espanhóis avançaram às terras do Império Asteca em busca de ouro e prata.
  2. Os exploradores foram bem recebidos inicialmente por alguns povos nativos mesoamericanos. Os tlaquissaltécas, por exemplo, decidiram associar-se aos espanhóis, e Montezuma e sua côrte ofereceram abrigo e alimentos a eles. A comunicação foi facilitada por intérpretes das duas línguas.
  3. Os tlaquissaltécas se aliaram aos espanhóis e os apoiaram na conquista de Tenochtitlán na tentativa de libertar-se da dominação asteca.

Conquistadores e deuses

O historiador Zisvêtâm Todorov, em A conquista da América: a questão do outro, afirma que o sucesso da conquista espanhola no México deveu-se à compreensão de hernãn cortês sobre os signos da cultura religiosa asteca. O espanhol explorou a identificação que os astecas teriam estabelecido entre ele e o deus Quetzalcóatl. Alguns historiadores questionam essa interpretação: para eles, a recepção a Cortês foi menos efusiva e, pelos indícios e relatos, a associação dos conquistadores com deuses parece pouco provável.

Os espanhóis na América do Sul

No início do século dezesseis, os domínios do Império Inca estendiam-se da fronteira sul da região correspondente à da atual Colômbia até o norte da região onde hoje estão o Chile e a Argentina. A riqueza em ouro dos incas era conhecida até mesmo fóra dos limites do império; por isso, é possível compreender como essa informação chegou aos espanhóis.

De 1524 a 1528, as expedições dos espanhóis Francisco Pizarro e Diego de Almagro estavam se aproximando cada vez mais do centro do Império Inca, mas recuaram ao encontrar muitos nativos. Para obter os recursos necessários à conquista, Pizarro viajou à Espanha em 1528, solicitando a autorização do rei para a conquista do território mais tarde conhecido como Peru.

Fim do Império Inca

Enquanto os espanhóis se preparavam para atacar, ruáscar e Atarrualpa – filhos do então recém-falecido Sapa Inca (imperador) Ruáina Cápaqui – disputavam o trono. O Império Inca foi dividido entre ruáscar, que tinha séde em Cuzco, e Atarrualpa, estabelecido em Quito. Após várias batalhas, os generais de Atarrualpa derrotaram ruáscar e reunificaram o império. A crise, porém, enfraqueceu os incas e favoreceu a eclosão de revoltas dos povos por eles dominados.

Em maio de 1532, três navios espanhóis aportaram no noroeste do Peru com cêrca de duzentos soldados comandados por Francisco Pizarro. O primeiro encontro entre o imperador e os estrangeiros foi amistoso, mas logo os espanhóis atacaram os incas e prenderam Atarrualpa, que foi executado em 1533.

Os espanhóis avançaram para o sul e tomaram Cuzco, a capital inca. Dois anos depois, fundaram Lima, que se tornou a nova capital. Alguns grupos indígenas, como os participantes do movimento Taqui Ongoyglossário , ainda resistiram à conquista e à cristianização por quase quatro décadas.

Apesar da resistência, muitos povos dominados pelos incas viam os espanhóis como libertadores. Dessa maneira, aliaram-se aos invasores e os ajudaram a conquistar o Império Inca.

Gravura em preto e branco. À esquerda, um numeroso grupo de homens indígenas com lanças nas mãos. Um deles, em destaque, usa uma coroa e carrega um cetro nas mãos. Estão de frente para um grupo de homens brancos montados em cavalos. Um deles, em destaque, carrega uma lança apontada para o indígena de coroa.
A conquista do Império Inca, gravura de teôdór de brí, 1590. Representação do encontro entre o imperador inca Atarrualpa e o explorador espanhol Hernando de Soto. Biblioteca dión cárter bráun, próvidens, Estados Unidos.

Responda em seu caderno.

Explore

  1. Como os incas e seu imperador foram representados na gravura?
  2. Como os espanhóis foram representados em comparação aos nativos?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das fórmas de organização política dos incas e dos saberes que eles detinham antes da chegada dos europeus, em especial aqueles relacionados à medicina, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três. Ao abordar e descrever fórmas de organização das sociedades americanas no período da conquista e os mecanismos de alianças e fórmas de resistência, o conteúdo também contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero sete agá ih zero oito e ê éfe zero sete agá ih zero nove.

Explore

  1. Os incas foram representados quase nus, à semelhança dos indígenas do Brasil e do Caribe. O imperador Atarrualpa veste apenas uma espécie de camisa e uma tanga. Informe aos alunos que essa representação não corresponde aos registros documentais da época, segundo os quais os incas utilizavam roupas, e o imperador trajava vestes sofisticadas.
  2. Os espanhóis foram representados vestidos com requinte, o que acentua o contraste entre os conquistadores e os incas. A presença de quatro cavalos reforça a ideia de “superioridade” dos europeus. O espanhol Hernando de Soto foi representado como um soberano, enquanto o inca Atarrualpa foi representado como um “selvagem” seminu. Saliente que essas representações feitas na gravura são expressões da ideologia eurocêntrica de superioridade.

Ampliando: táqui ongói

“Como exemplo de resistência pacífica à colonização espanhola, podemos citar o táqui ongói (expressão quéchua que significa ‘enfermidade da dança’). Iniciado em meados do século dezesseis por pregadores nativos comandados por ruãn tchóquine, este movimento, de forte caráter milenarista, anunciava a vitória das divindades indígenas diante do Deus cristão. reticências Apesar de pacífico, este movimento foi intensamente combatido pelos espanhóis, que suspeitavam haver ligações entre ele e os revoltosos de Vilcabamba [último refúgio do Império Inca que sucumbiu às fôrças espanholas em 1572].”

KALIL, Luis Guilherme. A derrota dos incas e a resistência aos novos senhores políticos. Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas (Amplác). Disponível em: https://oeds.link/4rBKKm. Acesso em: 25 abril 2022.

Armas da conquista

Ao estudar a colonização espanhola na América, um dos aspectos que mais chama a atenção é o fato de que um pequeno grupo de europeus submeteu milhões de indígenas e derrotou centenas de milhares de soldados que defendiam os impérios pré-colombianos.

A vitória dos invasores sobre os povos americanos, no entanto, pode ser explicada por alguns fatores. Entre os astecas havia a crença de que os invasores eram, na verdade, deuses que deveriam ser bem recebidos pelos nativos. Isso facilitou o acesso às autoridades que governavam a civilização asteca. Os espanhóis se aproveitaram também das disputas internas entre os vários povos, bem como de sua superioridade bélica, usando armas de fogo, espadas de aço (metal muito resistente) e cavalos para subjugar os nativos.

Além disso, algumas doenças que chegaram à América com os europeus, como a varíola, o sarampo e a gripe, causaram a morte de milhares de indivíduos das populações nativas, que não tinham imunidade para elas. A sofisticada medicina inca, que utilizava os princípios ativos de cêrca de 4 mil plantas medicinais, além de técnicas cirúrgicas, não foi suficiente para conter a expansão dessas doenças desconhecidas na América até então.

Gravura. Grande batalha entre homens indígenas e soldados espanhóis portando armas de fogo e canhões. À frente, corpos de indígenas caídos perto de canhões. No centro, um homem indígena portando um cetro, sendo carregado por outros indígenas sobre um pequeno tablado suspenso. Perto deles um soldado espanhol. Ao fundo, grupos em confronto.
Detalhe de A captura de Atarrualpa, gravura de teôdór de brí, cêrca de 1590. Biblioteca do Congresso, uóshinton, Estados Unidos. Na Batalha de Cajamarca, de 1532, milhares de incas foram derrotados, e o imperador Atarrualpa, preso.

História em construção

Explicações sobre a conquista

Leia os argumentos apresentados pelo historiador djérdi dáiamondi para explicar a conquista do Império Inca.

Pizarro foi a Cajamarca graças à tecnologia marítima europeia, que permitiu a construção de navios que o levaram reticências ao Peru. Pizarro dependia da organização política centralizada que permitiu à Espanha financiar, construir, formar gente e equipar os navios. reticências

Além disso, o fato de [os incas] conhecerem a escrita fez dos espanhóis herdeiros de uma imensa quantidade de conhecimentos sobre o comportamento humano e a história. Já Atarrualpa não tinha nenhuma ideia sobre os espanhóis nem experiência com invasores vindos do outro lado do oceano reticências. Esse abismo entre suas respectivas experiências estimulou Pizarro a montar sua armadilha, e Atarrualpa, a cair nela.

dáiamondi, djérdi. Armas, germes e aço. quarta edição Rio de Janeiro: Record, 2003. página 77-80.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. De que fórma o sistema político espanhol influenciou a realização de empreendimentos de conquistas como a conduzida por Pizarro?
  2. Cite dois fatores que contribuíram para a conquista do Império Inca pelos espanhóis, segundo o autor.

Respostas e comentários

O papel da guerra

Analise com os alunos os fatores que contribuíram para a colonização espanhola da América. Enfatize o domínio que os astecas e os incas exerciam sobre outros povos e a violenta resistência interna que eles enfrentavam. A discussão é importante para evitar uma perspectiva idealizada que apresenta a América como una e harmoniosa antes da conquista.

Explique que os astecas tinham como ética de guerra não matar os prisioneiros em batalhas, mas sacrificá-los em honra aos deuses. Esse modêlo de combate dificultou a resistência asteca, pois os espanhóis lutavam com armas mais poderosas e estavam acostumados a matar o inimigo durante as batalhas.

O genocídio indígena na América

Para enriquecer a discussão sobre o tema, sugerimos a leitura de TODOROV, Zisvêtâm. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1999. página 158-159.

História em construção

  1. O govêrno espanhol era centralizado e organizado, e pôde investir em tecnologia náutica e na construção de navios, além de financiar a mão de obra e as expedições, como a liderada por Pizarro.
  2. De acôrdo com o autor, os fatores que contribuíram para a conquista do Império Inca pelos espanhóis foram a tecnologia marítima e os conhecimentos sobre comportamento humano e história aos quais os espanhóis tiveram acesso por meio da escrita inca.

Sociedade e administração da América espanhola

Os primeiros espanhóis encarregados de colonizar a América eram chamados adelantados. Eles recebiam autorização da coroa para explorar e ocupar as terras encontradas, ficando responsáveis pela justiça e pelo contrôle político e econômico delas. Em troca, deviam enviar à Espanha um quinto de toda a riqueza extraída ou produzida nas colônias.

A intenção da coroa espanhola era garantir a ocupação rápida de seus domínios americanos com o menor gasto possível. Entretanto, ela não conseguiu controlar os ganhos dos adelantados e a cobrança dos tributos devidos. Por essa razão, em 1503, a rainha Isabel primeira criou a Casa de Contrataçãoglossário , que garantia o contrôle político e comercial direto das terras na América, a fim de impedir o contrabando e garantir o pagamento dos impostos.

Com essa medida, o govêrno espanhol procurava assegurar o exclusivo metropolitano do comércio colonial, ou seja, a obrigação de que as colônias comerciassem apenas com a metrópole.

Vice-reinos e cabildos

A administração direta da coroa espanhola na América foi alterada com a fundação do Vice-Reino da Nova Espanha, no território correspondente ao do atual México, em 1535. Oito anos depois, foi criado o Vice-Reino do Peru e, no século dezoito, os vice-reinos de Nova Granada e do Rio da Prata. Além dos vice-reinos, havia outras unidades administrativas chamadas capitanias-gerais.

Os vice-reis, escolhidos entre nobres espanhóis, eram a autoridade máxima e os principais responsáveis pelas decisões administrativas, financeiras, religiosas e militares nas colônias, mas ainda estavam sujeitos ao contrôle da coroa.

Nas vilas e nos municípios, a administração era exercida por conselhos chamados cabildos, compostos de representantes das elites locais, ou seja, espanhóis e seus descendentes, os criollos. Os integrantes dos cabildos escolhiam o alcaide-maior, principal autoridade no local, encarregado de garantir o cumprimento das determinações do rei ou do vice-rei.

Os vice-reinos da América espanhola (século dezoito)

Mapa. Os vice-reinos da América espanhola, século dezoito. Mapa com terras da América.
Sem legenda.

Vice-Reino da Nova Espanha: abrange o território sul da América do Norte, com destaque para as cidades do México e Veracruz. 
Capitania Geral de Cuba: abrange a Flórida e a Ilha de Cuba, destaque para a cidade de Havana. 
Capitania Geral da Guatemala, destaque para a cidade da Guatemala. 
Vice-Reino de Nova Granada: abrange parte das Américas Central e do Sul, com destaque para as cidades de Porto Belo, Cartagena, Bogotá e Quito. 
Capitania Geral da Venezuela, abrange o norte da América do Sul, com destaque para a cidade de Caracas. 
Vice-Reino do Peru: abrange parte do oeste da América do Sul, com destaque para as cidades de Lima e Cuzco. Capitania Geral do Chile: abrange parte do oeste da América do Sul, com destaque para a cidade de Santiago.
Vice-Reino do Rio da Prata: abrange parte do sul e do centro da América do Sul, destaque para a cidade de Buenos Aires.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de zero a 930 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987. página 239.


Respostas e comentários

A administração colonial espanhola

Nos primeiros anos da colonização, apenas os portos de Havana (Cuba), Veracruz (México), Porto Belo (Panamá) e Cartagena (Colômbia) podiam enviar em-barcações para a Espanha. Essa restrição pretendia garantir maior contrôle sobre os produtos que saíam das colônias e as rótas usadas para levar riquezas à Espanha.

Em 1524, foi criado o Conselho das Índias, composto pelo rei e por pessoas indicadas por ele. Esse conselho criava leis, exercia a justiça e estabelecia normas para a atuação dos espanhóis nas colônias.

Os grupos sociais

Para controlar o território e a circulação das riquezas, os espanhóis reprimiram a resistência indígena e submeteram os nativos a um regime de servidão. Nas colônias espanholas, as diferenças étnicas determinavam a posição das pessoas na sociedade e suas possibilidades de ascender socialmente.

Leia a seguir as principais características de cada grupo social.

  • Chapetones. Eram os brancos nascidos na Espanha. Proprietários de terras e minas, ocupavam os postos mais altos da administração colonial e eram os únicos autorizados a atuar no comércio externo.
  • Criollos. Eram descendentes de espanhóis nascidos na América. Exerciam cargos inferiores na administração colonial, mesmo possuindo terras e minas.
  • Mestiços. Eram filhos de espanhóis com indígenas. Pessoas livres que atuavam no pequeno comércio urbano e no artesanato. No meio rural, muitas vezes trabalhavam como capatazes ou auxiliavam os proprietários na administração das fazendas.
Pintura. Representação de uma família. Homem branco de cabelos loiros e ondulados. Veste um longo sobretudo marrom e camisa com babados na gola e nos punhos. A mulher é indígena, tem os cabelos pretos e um lenço azul sobre a testa. Tem o rosto redondo com o queixo pequeno. Usa gargantilha e um longo vestido floral. Ela segura no colo uma menina de pele branca, olhos grandes e cabelo castanho, arrumado para trás. A menina está de vestido vermelho.
Família composta de pai espanhol, mãe indígena e filha mestiça, pintura de Miguel Cabrera, 1763. Museu da América, Madri, Espanha.
  • Indígenas. Formavam o grupo social menos favorecido. Eram submetidos a trabalhos forçados nas minas, em obras públicas e na agricultura.
  • Africanos escravizados. Prevaleciam no trabalho agrícola apenas nas ilhas do Caribe e no norte da América do Sul. A escravidão africana foi menos expressiva na América espanhola do que na portuguesa.
Fotografia. Mulheres negras, sorridentes, posando para a foto. Usam vestidos coloridos em azul, vermelho, verde e amarelo. Todas carregam no topo da cabeça uma bacia de metal com frutas dentro.
Afro-colombianas vendedoras de frutas em Cartagena, Colômbia. Foto de 2018. Cartagena das Índias foi o principal ponto de entrada de escravizados africanos na América espanhola. A cidade, que atualmente é chamada apenas Cartagena, concentra grande parte da população afrodescendente do país.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que a rainha Isabel primeira fundou a Casa de Contratação?
  2. Defina vice-reinos e cabildos e explique como cada um deles era administrado.
  3. Elabore um esquema representando os grupos sociais na América espanhola, suas características e hierarquias.

Respostas e comentários

Mestiçagem na América espanhola

A pintura de Miguel Cabrera representa um exemplo de mestiçagem entre indígenas e europeus. Discuta com os alunos o surgimento de uma população nascida do arranjo entre essas duas culturas e o papel dos mestiços na sociedade colonial.

Bê êne cê cê

Ao considerar a pintura como um documento histórico sobre a dinâmica da mestiçagem na América espanhola, a análise iconográfica contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih um zero.

Recapitulando

  1. Em 1503, a rainha Isabel primeira criou a Casa de Contratação na tentativa de controlar os ganhos dos adelantados e a cobrança dos tributos. Assim, a coroa espanhola pretendia garantir o contrôle político e comercial direto das terras na América, impedindo o contrabando, assegurando o pagamento dos impostos e mantendo o exclusivo metropolitano.
  2. Vice-reinos eram as grandes unidades territoriais da América hispânica. A administração deles cabia aos vice-reis (indicados pelos reis), que atuavam como autoridades máximas, embora subordinados à coroa. Os cabildos eram os conselhos das unidades menores, as vilas e os municípios, e eram administrados pelas elites locais.
  3. Verifique se o esquema elaborado pelos alunos apresenta a hierarquia social espanhola, dividida em chapetones (brancos nascidos na Espanha, que ocupavam os postos mais altos na administração colonial); criollos (descendentes de espanhóis nascidos na América, que possuíam terras e minas e exerciam cargos inferiores na administração colonial); mestiços (filhos de espanhóis com indígenas que trabalhavam no comércio, na produção artesanal e na administração das fazendas); indígenas (obrigados a realizar trabalhos forçados) e africanos escravizados (que atuavam nas minas, em obras públicas e na agricultura).

A exploração de ouro e prata

A mineração logo se tornou a principal atividade econômica realizada nas colônias espanholas. Considerado proprietário das minas descobertas, o rei concedia a membros da nobreza espanhola o direito de extrair os minérios. Esses nobres assumiam os custos da exploração e comprometiam-se a criar condições adequadas para a extração e a pagar tributos à coroa.

As minas atraíam muitos forasteiros e a população cresceu em seus arredores, originando várias cidades. Como raramente o abastecimento da população era feito com gêneros produzidos na região mineradora, foram abertas estradas que serviam tanto para facilitar o transporte dos produtos vindos de fóra quanto para levar os metais extraídos até os portos, de onde seguiam para a Europa.

Agricultura e pecuária

O clima e o solo americanos eram adequados para o cultivo de produtos tropicais, mas os espanhóis priorizaram a exploração das reservas de metais preciosos encontradas em suas colônias. Por isso, foi somente no século dezoito que eles intensificaram a produção de açúcar. Os maiores centros açucareiros foram instalados nas grandes fazendas de Cuba e da Ilha Hispaniola, onde o trabalho era feito por africanos escravizados.

O cultivo de outros produtos, como tabaco e cacau, também prosperou nas colônias espanholas que utilizavam trabalho escravo. Enviados à Espanha, esses produtos eram vendidos internamente ou direcionados para outros países da Europa.

Na pecuária, mulas, cavalos e bois eram criados para tração, transporte e alimentação da população local.

Gravura. Homens brancos de roupas largas e coloridas observam homens indígenas trabalhando. Os indígenas carregam grandes baldes e despejam ouro no chão. Ao fundo, mais indígenas trabalhando na encosta de uma montanha.
Espanhóis supervisionam o trabalho indígena em mina de ouro na América, gravura de teôdór de brí, cêrca de 1594-1596.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar as dinâmicas produtivas e comerciais na sociedade colonial da América espanhola e a relação direta dessas com outras sociedades do Ocidente, por via direta e indireta, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih um quatro.

Ampliando: o processamento da prata

“Para eliminar o material inútil que o acompanhava, o minério de prata era fragmentado na mina. Depois disso, o concentrado resultante estava pronto para ser processado, o que era feito de maneira geral por amalgamação numa casa de fundição, que na Nova Espanha recebia o nome de hacienda de minas e nos Andes de ingenio. A casa de fundição e amalgamação constituía uma instalação complexa. Caracteristicamente, consistia de uma grande área murada, onde se localizavam os depósitos, os estábulos, uma capela, as acomodações do proprietário e dos trabalhadores, e as máquinas de triturar metais, os tanques ou pátios pavimentados para sua amalgamação e as tintas para a lavagem. De modo geral, as casas de fundição estavam agregadas às vilas mineiras, onde podiam tirar proveito da concentração dos serviços e suprimentos, como mão de obra, operários especializados (especialmente carpinteiros e ferreiros) e alimentos.”

bétel, Leslie (organizador). História da América Latina: América Latina colonial. São Paulo: êduspi; Brasília, Distrito Federal: Fundação Alexandre de Gusmão, 2004. volume dois, página 107-108.

Trabalho forçado e tributo

No Caribe e no norte da América do Sul (atuais Colômbia e Venezuela), as populações nativas foram praticamente dizimadas durante a colonização. Por essa razão, a produção colonial, principalmente agrícola, foi feita predominantemente com mão de obra de africanos escravizados.

No restante da América espanhola, empregou-se largamente o trabalho dos indígenas, pela escravização ou pelos sistemas de repartimiento e encomienda.

Repartimiento era o nome dado a um imposto pago pelos indígenas em fórma de trabalho, bastante utilizado na mineração e nas obras públicas. Esse imposto era uma adaptação espanhola de tributos tradicionalmente cobrados nos grandes impérios indígenas: a mita, no antigo Império Inca, e o cuatequil, no Império Asteca.

No sistema da mita, os colonos encarregavam os chefes das comunidades indígenas de indicar pessoas para o trabalho obrigatório e de levá-las até o local determinado, onde permaneciam cêrca de seis meses. No regime do cuatequil, o recrutamento de trabalhadores indígenas era feito pelos próprios espanhóis. Os dois sistemas ofereciam alimentação e baixa remuneração aos indígenas. Embora o pagamento fosse individual, o repartimiento era um tributo coletivo, que recaía sobre a comunidade indígena.

A encomienda era uma instituição pela qual o colono recebia autorização do rei para explorar a mão de obra indígena. O colono, chamado de encomendero, podia cobrar tributos de uma comunidade indígena ou explorar seu trabalho na agricultura ou na mineração. Em troca, ele se comprometia a alimentar e a catequizar os indígenas e a libertá-los no fim do contrato.

A revolta de Túpac Amaru segundo

A brutalidade no recrutamento dos indígenas por meio do repartimiento e a exploração de suas comunidades pelos colonos provocaram diversas revoltas, que eram violentamente reprimidas.

No final de 1780, o indígena José Gabriel Condorcanqui Noguera liderou uma rebelião contra os espanhóis que reuniu cêrca de 40 mil nativos. Ele era cacique na região de Tinta, no Vice-Reino do Peru, e se apresentava como descendente de Túpac Amaru, último imperador inca executado pelos espanhóis no século dezesseis; por isso, adotou o nome de Túpac Amaru segundo. Inicialmente, ele agiu de fórma pacífica, pedindo às autoridades que os indígenas de Tinta não fossem obrigados a pagar tributos nas minas de Potosí, na região correspondente à da atual Bolívia. Como seu pedido foi negado, os indígenas recorreram às armas.

Após vencerem algumas batalhas, no início de 1781, os indígenas foram derrotados, e seus líderes, presos. Em maio, Túpac, sua mulher e seu filho foram condenados à morte e executados na cidade de Cuzco.

Pintura. Em primeiro plano, Túpac Amaru Segundo, homem indígena de cabelos grandes e escuros. Usa um manto vermelho sobre os ombros e adereços dourados nas pernas. Sua roupa é azul com detalhes em vermelho e dourado. Usa uma sandália no mesmo tom de azul que a roupa. Segura um cetro com uma das mãos. A outra mão está erguida. Em segundo plano, pessoas realizando atividades cotidianas, como a coleta de água. Ao fundo, casas e animais.
Detalhe de mural representando Túpac Amaru segundo, em Cuzco, Peru. Foto de 2017.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Que atividades econômicas eram realizadas nas colônias espanholas? Qual era o destino das riquezas produzidas?
  2. Que tipo de mão de obra era empregada nas colônias espanholas?
  3. Quem foi Túpac Amaru segundo? Qual é sua importância na história indígena da América do Sul?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao discutir os trabalhos e tributos a que os indígenas eram submetidos, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero nove.

Recapitulando

  1. As atividades econômicas realizadas nas colônias espanholas eram a mineração, que estimulou a urbanização das regiões das minas, e a agricultura, com o cultivo de cana-de-açúcar, tabaco e cacau. Todas as riquezas produzidas eram comercializadas pela Espanha graças ao exclusivo comercial. A pecuária também era praticada com o objetivo de fornecer animais para o transporte de pessoas e mercadorias e para o consumo local.
  2. Nas colônias espanholas, era empregada a mão de obra indígena, principalmente compulsória, por meio do pagamento de tributos como repartimiento e encomienda. O trabalho de africanos escravizados era usado em maior escala nas colônias antilhanas e no norte da América do Sul.
  3. Túpac Amaru segundo foi um líder indígena que se apresentou como descendente do último imperador inca, Túpac Amaru. Sua importância consiste no fato de ter sido um emblemático representante da resistência indígena contra a exploração dos colonizadores espanhóis.
Pintura. Conflito em alto mar entre diversos navios. Dois grupos de navios posicionados, frente a frente. Carregam diferentes bandeiras. À direita, pessoas no alto de uma montanha seguram mastros com bandeiras e observam a batalha.
Navios ingleses em ataque à esquadra espanhola, pintura flamenga, cêrca de 1605. Galeria Rafael Valls, Londres, Reino Unido.

Ingleses na América

Como você estudou anteriormente, o pioneirismo ibérico nas navegações e a descoberta de ouro na América espanhola despertaram a cobiça dos demais países europeus, principalmente da França, da Inglaterra e da Holanda.

Na Idade Moderna, garantir reservas de ouro e o abastecimento de produtos para o comércio conferia muitas vantagens, como a manutenção da balança comercial favorável. Com base nisso, foi estabelecida uma disputa entre os principais países europeus por rótas, portos e colônias do Atlântico. Entretanto, a colonização empreendida pelos ingleses na América foi impulsionada principalmente por interesses privados, não pela iniciativa estatal.

No século dezessete, os conflitos religiosos desencadeados pela Reforma Protestante culminaram na perseguição de parte da população inglesa. Além disso, transformações no regime de ocupação e posse das terras no campo criaram uma massa de desempregados nas cidades. Somados, esses fatores contribuíram para a formação de um contingente de pessoas dispostas a reconstruir a vida e a praticar a fé em lugares além-mar.

Saiba mais

Piratas e corsários

A partir do século dezesseis, holandeses, franceses e ingleses avançaram pela América pilhando e estabelecendo domínios nas áreas desprotegidas do poder ibérico. A atuação de piratas e corsários foi representada em diversos livros e filmes. Embarcações grandiosas, mares revoltos, tesouros escondidos e batalhas arriscadas fazem parte do imaginário criado em tôrno dessas figuras históricas.

Impedidos de explorar os caminhos marítimos graças às restrições impostas por Portugal e Espanha, navegadores franceses e ingleses, entre outros, passaram a assaltar as embarcações ibéricas e a praticar pilhagens também nas colônias. Esses navegadores podiam atuar tanto por conta própria (os piratas) como a serviço de um Estado (os corsários).

Em 1558, o navegador Frencis Dreic recebeu a carta de corso, isto é, a permissão real para praticar atos de pirataria contra os inimigos da coroa britânica. Motivado pelo lucro, Drêic realizou grandes façanhas, como a circum-navegação pelo Estreito de Magalhães, e se tornou o mais famoso corsário inglês, sendo considerado herói na Inglaterra.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao vincular a empresa colonial às práticas mercantilistas e delinear a disputa comercial dos Estados europeus pelo Atlântico, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih um três. Ao relacionar o anglicanismo na Inglaterra às motivações dos puritanos para a colonização da América do Norte, contempla-se parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero cinco.

Ampliando: as especificidades das Treze Colônias como resultado de crises na Inglaterra

“Essa situação da Inglaterra ajuda a compreender a ausência de um projeto colonial sistemático para a América e a própria ‘ausência’ da metrópole no século dezessete. Há a falta de um referencial uniforme que norteie a colonização.

As perseguições religiosas que marcaram o período também estimularam muitos grupos minoritários reticências a se refugiarem na América. O aumento da pobreza nas cidades favorece grupos sem posses a ver na América a oportunidade de melhorarem sua vida e serem livres. reticências

O Estado e a Igreja oficial, na verdade, não acompanharam os colonos ingleses. Aqui eles teriam de construir muita coisa nova, inclusive a memória. No entanto, uma memória só foi possível graças às transformações que a própria história inglesa havia sofrido desde o final da Idade Média e a consequente criação de novos referenciais culturais.”

KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação. São Paulo: Contexto, 2008. página 26-27. (Coleção Repensando a história).

Puritanos rumo à América

Você estudou no capítulo 2 que em 1534 o rei Henrique oitavo, da dinastia Tudor, rompeu com o papa e fundou a Igreja Anglicana. Como a ruptura com a Igreja de Roma tinha sido motivada mais por interesses políticos e econômicos do que por diferenças de doutrina, a Igreja Anglicana manteve vários ritos e normas católicos. Descontente, um grupo de calvinistas passou a combater os “desvios” católicos do anglicanismo e a defender a purificação da Igreja. Por isso, ficaram conhecidos como puritanos.

Com a morte da rainha Elizabeth primeira, em 1603, começou uma nova dinastia na Inglaterra, a dos Istíuart. Os reis dessa dinastia radicalizaram a política absolutista no país, e as medidas disciplinares da Igreja Anglicana contra os puritanos se transformaram em repressão política. Muitos puritanos foram presos por não acatar as determinações da Igreja oficial.

Além das tensões religiosas e políticas, uma crise social também crescia na Inglaterra. Nos campos, os proprietários queriam ampliar a área de criação de ovelhas, interessados em produzir lã para abastecer as manufaturas têxteis em expansão no país. Assim, passaram a demarcar as terras de uso comum, política que ficou conhecida como cercamento, expulsando os camponeses que faziam uso delas.

Desalojadas, muitas famílias migraram para as áreas urbanas. Porém, como nas cidades não havia trabalho para todos, a pobreza e a tensão social aumentaram expressivamente. Dessa fórma, a migração para a América passou a ser a opção de muitos trabalhadores ingleses.

Assim, em setembro de 1620, um grupo de cento e duas pessoas partiu no navio Mayflower rumo ao que chamavam de Novo Mundo. Dois meses depois, desembarcaram na América do Norte e fundaram a colônia de Plymouth, no território correspondente ao do atual estado de Massachusetts, nos Estados Unidos.

Pintura. À frente homens, crianças e mulheres em um porto. Estão próximos de pequenos barcos carregados com alimentos. Alguns barcos têm pessoas dentro. Ao fundo um grande navio de madeira. Tem janelas e mastros altos.
A partida dos pais peregrinos, pintura de Bêrnardi fínegãn gríbou, cêrca de 1940. Biblioteca Nacional da Austrália, Camberra. A obra representa o embarque dos puritanos ingleses no navio Mayflower, em 1620, com destino à América do Norte.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Relacione as práticas mercantilistas vigentes no período às disputas pelo domínio colonial e marítimo do Atlântico.
  2. Que relação pode ser estabelecida entre as questões religiosas, os cercamentos na Inglaterra e a colonização da América do Norte?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. Os europeus buscavam reservas de metais preciosos na América para enriquecer os Estados nacionais, além de estabelecer colônias que pudessem fornecer matérias-primas a ser comercializadas, a fim de manter a balança comercial estável. Assim, as disputas comerciais envolviam as colônias e as rótas marítimas, objetivando o metalismo, o colonialismo e a balança comercial favorável – práticas características do mercantilismo.
  2. O anglicanismo gerou intensa perseguição religiosa dos puritanos e os cercamentos desalojaram muitas pessoas das terras em que viviam. Essa conjuntura resultou em grande contingente populacional que buscava outro lugar para viver. Por esse motivo, houve intensa migração da Inglaterra para a América do Norte.

A formação das Treze Colônias

A fundação de Plymouth revela que o início da colonização inglesa foi uma iniciativa privada, e não um empreendimento dirigido pela coroa, como a colonização ibérica. Contudo, isso não significa que o govêrno inglês não participou da empreitada.

Antes mesmo da viagem do Mayflower, a coroa autorizou as companhias de comércio da Inglaterra a levar colonos para a América e a explorar comercialmente suas terras. Porém, a maioria dos interessados em emigrar era formada por camponeses sem recursos para pagar a viagem. A alternativa foi estabelecer com os interessados um contrato por meio do qual eles se comprometiam a trabalhar gratuitamente nas terras americanas, de quatro a sete anos, para a pessoa ou a empresa que financiasse a viagem. Esse sistema ficou conhecido como servidão temporária. Quando o tempo estabelecido pelo contrato encerrava, o imigrante recebia terras para que pudesse cultivar e iniciar, de fato, sua “nova vida” na América.

Depois de Plymouth, a colonização ampliou-se para o norte, o centro e o sul, formando as Treze Colônias (consulte o mapa). No centro, holandeses fundaram alguns núcleos coloniais, como a colônia de Nova Amsterdã (atualmente Nova iórque), mas, em 1664, todos passaram para o domínio inglês.

As Treze Colônias inglesas (século dezessete)

Mapa. As treze colônias inglesas, século dezessete. Destaque para regiões na costa leste da América do Norte. 
Legenda:
Rosa: Colônias do norte (Nova Inglaterra).
Amarelo: Colônias do centro.
Verde: Colônias do sul.

Colônias do norte (Nova Inglaterra): Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Connecticut. 
Colônias do centro: Nova York, Pensilvânia, Nova Jersey, Delaware. 
Colônias do sul: Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia. 
Ao sul das colônias inglesas, territórios espanhóis. À oeste das colônias inglesas, territórios franceses. À leste das colônias inglesas, o Oceano Atlântico.

No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de zero a 300 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M.; REIS, Arthur C. F.; CARVALHO, Carlos D. de C. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 54.

Fotografia. Vila com casas de madeira, com cercas baixas também de madeira. As casas têm estrutura triangular. Ao redor muitas árvores. Ao fundo, o mar.
Parque temático que reproduz uma vila do século dezessete com casas, moinho e atores vestidos a caráter, com quem os visitantes podem interagir, em Plymouth, Estados Unidos. Foto de 2015.

Respostas e comentários

Ampliando: o interesse da metrópole inglesa na emigração

“A ideia de uma terra fértil e abundante, um mundo imenso e a possibilidade de enriquecer a todos era um poderoso ímã sobre essas massas.

Naturalmente as autoridades inglesas também viam com simpatia a ida desses elementos para lugares distantes. A colônia serviria, assim, como receptáculo de tudo o que a metrópole não desejasse. (A ideia de que para a América do Norte dirigiu-se um grupo seleto de colonos altamente instruídos e com capitais abundantes é, como se vê, uma generalização incorreta.)

A própria Companhia de Londres declarara, em 1624, que seu objetivo era: ‘a remoção da sobrecarga de pessoas necessitadas, material ou combustível para perigosas insurreições e assim deixar ficar maior fartura para sustentar os que ficam no país’.”

KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação. quinta edição São Paulo: Contexto, 2013. página 35-36. (Coleção Repensando a história).

As colônias do norte e do centro

Diferente do que ocorria nas colônias portuguesas e espanholas, a maior parte das Treze Colônias inglesas tinha autonomia política e desfrutava de relativa liberdade religiosa (inexistente na Europa), o que facilitou a imigração de diversos grupos religiosos, como católicos e judeus, além de puritanos.

Pintura. Grupo de pessoas andando na neve. Os homens usam casacos, chapéu alto e carregam grandes armas. As mulheres e crianças vestem capas sobre vestidos longos. Todos carregam pequenos livros.
Peregrinos indo à igreja, pintura de Jórge rênri báuron, 1867. Sociedade Histórica de Nova iórque, Estados Unidos.

As colônias do norte englobavam Massachusetts, Rhode Island, Connecticut e New Hampshire, conhecidas como Nova Inglaterra. Os puritanos representavam a maioria da população local. Eles esta-beleceram regras morais e religiosas muito rígidas e passaram, em muitos locais, a perseguir os não puritanos.

Os colonos dessa região criavam animais, principalmente ovelhas, com o objetivo de obter matéria-prima para a produção de tecidos. Também praticavam a caça e a pesca com fins comerciais e extraíam madeira, utilizada na construção de barcos. O litoral oferecia ótimas condições para o atracamento de barcos, o que facilitou o comércio marítimo. A venda de peles também foi importante para a economia dessas colônias. Das colônias do norte partiam em direção à Europa grandes carregamentos de peles de animais para confeccionar roupas e acessórios para as pessoas das camadas sociais mais ricas.

A agricultura era limitada pelo terreno acidentado e pelo clima frio. Por isso, predominava a cultura de subsistência, praticada em pequenas propriedades pela própria família ou por servos temporários. O cultivo combinava cereais e frutas trazidos da Europa (trigo, cevada, maçã e pêssego) e plantios aprendidos com os nativos (batata e milho, principalmente).

As colônias do centro eram economicamente muito parecidas com a Nova Inglaterra. No entanto, havia consideráveis diferenças culturais e religiosas, principalmente por causa da presença de outros povos na região, como holandeses, suecos e alemães. A maior diversidade étnica nessas colônias contribuiu para a existência de uma tolerância cultural e religiosa nessa região que não havia no norte nem no sul da América inglesa.

Saiba mais

A “Inquisição” puritana em Salem

As acusações de bruxaria que recaíam constantemente sobre mulheres na Europa medieval e moderna também ocorreram na América do Norte. Em 1692, na pequena cidade de Salem, na colônia de Massachusetts, uma histeria coletiva tomou conta da comunidade depois que meninas, cujo comportamento era considerado estranho, pressionadas, acusaram algumas pessoas de praticar bruxaria. Um tribunal puritano foi instalado para investigar as acusações. Em 1693, quando esse tribunal foi dissolvido, 24 pessoas tinham sido executadas por prática de bruxaria.


Respostas e comentários

Conflitos religiosos e a fuga de colonos para a América

A pintura Peregrinos indo à igreja, de Jórge rênri báuron, apresenta puritanos indo à igreja na Nova Inglaterra. Aproveite o momento para reforçar as relações com o tema da Reforma Protestante, retomando com os alunos os desdobramentos das perseguições religiosas, na Inglaterra anglicana, que motivaram a fuga de muitos colonos para a América.

Ampliando: a “Inquisição” puritana em Salem

“Algumas [explicações], de caráter mais psicológico, lembram as tensões entre mães e filhas, estas fazendo coisas que não poderiam normalmente fazer e alegando estarem enfeitiçadas. Em outras palavras, alegando o poder do demônio, uma jovem poderia gritar com sua mãe ou mesmo ficar nua! Afinal, era tudo obra do demônio... reticências Assim, diante dessa vida dura, a possessão passou a ser uma boa saída.

Outras explicações remetem às tensões internas das colônias – entre as principais famílias – em que acusar o membro de uma família rival de bruxo ou bruxa tinha grande pêso político.

Conflitos entre indígenas e puritanos reticências tinham deixado a Nova Inglaterra em tensão permanente. Muitos colonos haviam sido mortos ou capturados. As tensões vinham se acumulando. Tudo isso colabora para explicar o ambiente que gerou o surto de Salem.”

KARNAL, Leandro êti ól História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. segunda edição São Paulo: Contexto, 2008. página 52-53.

As colônias do sul

As colônias do sul diferenciavam-se bastante das demais possessões inglesas na América do Norte. A economia da região baseava-se na produção agrícola monocultoraglossário , cultivada em grandes propriedades com emprego de mão de obra escravizada. Esse sistema, denominado plantation, era semelhante ao praticado por portugueses e espanhóis em suas colônias americanas. Nas grandes fazendas do sul, predominava o cultivo de algodão, arroz, tabaco e anil. Esses produtos abasteciam principalmente a Inglaterra e eram negociados pelas companhias de comércio inglesas.

Porém, diferente do que ocorria na América ibérica, essas companhias tinham certa liberdade na comercialização das mercadorias, não se limitando aos negócios com a metrópole. Isso permitiu o estabelecimento de relações comerciais diversificadas, que incluíam o comércio triangular.

O comércio triangular

O comércio triangular envolvia as Treze Colônias, as Antilhas (na região do Caribe) e a África. Ele era facilitado pela autonomia que a Inglaterra concedia às suas colônias e pela independência que elas tinham umas das outras. Apesar de as leis estabelecerem limites, os comerciantes das colônias seguiam mais a lei da oferta e da procura do que as leis do Parlamento inglês.

Em geral, os colonos do norte compravam açúcar e melaço das colônias do Caribe e os transformavam em rum. Depois, trocavam o rum e outros manufaturados produzidos no norte, como tecidos e armas, por escravizados na África. Estes eram vendidos para as colônias inglesas do sul e das Antilhas.

Os lucros desse comércio intercontinental eram muito altos. Com a venda de escravizados para as ilhas do Caribe, os colonos do norte compravam melaço e açúcar, que utilizariam em futuras trocas. Os sulistas, por sua vez, obtinham mão de obra para suas grandes propriedades monocultoras.

O comércio triangular (séculos dezessete e dezoito)

Mapa. O comércio triangular, séculos dezessete e dezoito. Destaque para a área entre o sul da América do Norte e a costa oeste da África.
Legenda: 
Círculos pretos: principais portos nas Treze Colônias.
Vermelho: área de colonização inglesa (Treze Colônias).
Seta vermelha: Treze Colônias para a África.
Seta verde: África para as Antilhas.
Seta roxa: Antilhas para as Treze Colônias.

Principais portos na área de colonização inglesa: Boston, Newport, Nova York, Filadélfia, Norfolk e Charleston na América do Norte.
Rota das Treze Colônias para a África: saída de Newport carregando rum, armas e tecidos em direção ao litoral da África Ocidental. 
Rota da África para as Antilhas: saindo do litoral da África Ocidental em direção a Porto Rico e Jamaica, carregando escravizados e ouro.
Rota das Antilhas para as Treze Colônias: partindo de Cuba para Charleston, carregando escravizados, e de Cuba para Nova York, carregando cana-de-açúcar.  
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de zero a 940 quilômetros.

Fonte: NARO, Nancy Priscilla S. A formação dos Estados Unidos. terceira edição. São Paulo: Atual; Campinas: unicâmpi, 1987. página 15.


Responda em seu caderno.

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  1. Que artigos eram produzidos na América e vendidos na África?
  2. Que produtos eram trocados na África e vendidos na América?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das relações comerciais triangulares estabelecidas entre África, Caribe e as colônias ao sul da América do Norte pelo Oceano Atlântico, o conteúdo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero sete agá ih zero dois e ê éfe zero sete agá ih um quatro. Ao abordar o comércio de escravizados, apontando os responsáveis pelo tráfico e os locais de procedência dos escravizados que eram recebidos nas colônias do sul da América inglesa, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih um seis e contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História nº 5.

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  1. Rum, armas e tecidos.
  2. Escravizados e ouro.

Atividade complementar

Esclareça para os alunos que o comércio triangular expunha os limites do protecionismo mercantilista na colonização inglesa da América do Norte, ou seja, a dificuldade de aplicar as regras do monopólio do comércio colonial (também chamado de “exclusivo metropolitano”), praticado na América portuguesa e na América espanhola.

Oriente os alunos a consultar o mapa “As Treze Colônias inglesas (século dezessete)”, na página 93, e a localizar as áreas de colonização explorando suas características geográficas. Com base no conteúdo estudado, solicite a eles que organizem um quadro comparando as colônias do norte, do centro e do sul. Esse quadro pode conter os seguintes dados: principais atividades econômicas, regime de concentração de terras (pequena propriedade, grande propriedade), tipo de mão de obra predominante, fórma de escolha dos governantes, entre outros.

A relação dos colonos com a população nativa

Com a chegada dos europeus ao continente americano, muitos territórios indígenas foram violentamente invadidos e tomados para a fundação de núcleos de povoamento. Apoiados na ideia de que tinham de cumprir uma missão civilizatória na América, os colonos trataram os indígenas como obstáculos que deveriam ser removidos a qualquer custo.

Considerados selvagens e primitivos pelos europeus, os nativos americanos foram expulsos de suas terras ou, em alguns casos, acabaram escravizados. Os puritanos também adotaram medidas para cristianizar os indígenas, mas elas não foram tão frequentes como nas áreas de colonização espanhola e portuguesa.

As populações indígenas resistiram muito às investidas dos colonizadores, e esse é um dos motivos que explicam o fracasso das primeiras tentativas da coroa inglesa de colonizar o território. A luta dos nativos para manter suas terras e seu modo de vida continuou por todo o período colonial.

Além das guerras e dos deslocamentos forçados, as epidemias também contribuíram para a redução drástica da população nativa da região da América do Norte.

Charge. Dois homens indígenas escondidos nos arbustos observam três homens de pele branca vindo em um pequeno barco. Ao fundo um grande navio. Um indígena diz para o outro: EU DIGO: DEIXO-OS ENTRAR! QUE MAL PODERIA ACONTECER?
Eu digo: deixe-os entrar!, charge de róberti arêil, 2015.

Refletindo sobre

Os espaços em que os povos indígenas viviam e dos quais obtinham seu sustento foram aos poucos apropriados pelos colonos. Se você fosse um indígena na América do Norte naquele período, o que faria para sobreviver e manter seu modo de vida? Que relação pode ser estabelecida entre os direitos dos povos indígenas e a preservação do meio ambiente?


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que é servidão temporária e como ela foi utilizada para atender a diferentes interesses no processo de colonização da América do Norte?
  2. Que grupo social predominava nas colônias do norte? Como eles viviam?
  3. Que características da formação das colônias do centro ajudam a explicar a existência de uma tolerância religiosa nesses locais?
  4. Que tipo de mão de obra foi mais utilizado nas colônias do sul?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das relações entre nativos e colonos na América do Norte, bem como das alianças e dos mecanismos de resistência, o conteúdo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero sete agá ih zero oito, ê éfe zero sete agá ih zero nove e ê éfe zero sete agá ih um zero.

Refletindo sobre

Espera-se que os alunos argumentem que, sem os meios de sustento, era praticamente impossível aos indígenas remanescentes continuar com seu modo de vida, tendo de migrar ou adotar o modo de vida dos colonos para sobreviver. É desejável também que os alunos reconheçam que os indígenas dependem do meio ambiente para obter o sustento, bem como para manter as suas tradições e crenças. Por isso, a garantia de áreas de reserva está diretamente relacionada aos direitos fundamentais dos povos indígenas.

Bê êne cê cê

A atividade envolve aspectos relacionados aos direitos humanos e à consciência socioambiental, contribuindo para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 6, além de favorecer o trabalho com o tema contemporâneo transversal Educação ambiental.

Recapitulando

  1. Servidão temporária é o equivalente a uma servidão por dívidas, com a diferença de que o período de trabalho sem pagamento era estabelecido em contrato. Aqueles que pretendiam construir nova vida na América eram geralmente pobres e não podiam financiar os custos da viagem. Os empresários e as companhias, por sua vez, precisavam de pessoas para ocupar e cultivar as terras. Assim, o contrato de servidão temporária estabelecido entre eles na América do Norte era vantajoso para as duas partes envolvidas.
  2. Os puritanos eram maioria nas colônias do norte e nelas se estabeleceram produzindo alimentos para subsistência, criando animais, dos quais tiravam lã para a produção de tecidos, e praticando a caça e a pesca.
  3. As colônias do centro eram formadas por pessoas de diferentes origens, como holandesa, sueca e alemã. Essa diversidade favoreceu o exercício de ampla tolerância religiosa, diferentemente do ocorrido em outras partes da América inglesa.
  4. A mão de obra escravizada africana.
A administração das Treze Colônias

As Treze Colônias, como você estudou, tinham muita autonomia em relação à metrópole inglesa e eram independentes umas das outras. Não havia um sistema que as unificasse sob um mesmo comando, diferente do que ocorreu na América portuguesa, com o govêrno-geral, e na América espanhola, com os vice-reinos.

Cada colônia tinha o próprio governante, diretamente subordinado à coroa inglesa. Nas colônias do sul, onde eram produzidos os artigos mais lucrativos para o comércio europeu, o governador era indicado pela metrópole. No centro e no norte, os colonos tinham o direito de escolher seus governantes e representantes nas assembleias locais.

A autonomia política das Treze Colônias foi mantida após a independência. Ainda hoje a autonomia dos estados é uma das bases do modêlo político nacional dos Estados Unidos.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

16. As Treze Colônias dependiam umas das outras ou elas eram autônomas? Justifique.

Educação de base protestante

Uma das bases da Reforma Protestante na Europa foi a defesa da livre interpretação dos textos bíblicos. Para isso, os fiéis precisavam ser alfabetizados. Assim, o predomínio de protestantes nas Treze Colônias inglesas colaborou para a tomada de medidas importantes na área da educação. Em 1642, uma lei da colônia de Massachusetts, por exemplo, determinava que os pais deveriam garantir a seus filhos o desenvolvimento da leitura e da escrita para que eles aprendessem a doutrina protestante e as leis locais. Cinco anos depois, o govêrno da mesma colônia decretou outra lei relacionada à educação. Leia algumas determinações dessa lei.

Sendo um projeto principal do Velho Satanás manter os homens distantes do conhecimento das Escrituras, como em tempos antigos quando as tinham numa língua desconhecida reticências, se decreta para tanto que toda municipalidade nesta jurisdição, depois que o Senhor tenha aumentado sua cifra para cinquenta famílias, dali em diante designará a um dentre seu povo para que ensine a todas as crianças, que recorram a ele para ler e escrever reticências.

LEI de educação de Massachusetts [1647]. In: KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. segunda edição São Paulo: Contexto, 2008. página 48.

A preocupação dos colonos puritanos com a educação também se explica pela ideia, defendida por eles, de que representavam o novo povo eleito por Deus, designado para ocupar a América, a nova Terra Prometida. Para cumprir essa missão divina, os colonos tinham de ser preparados para estudar as Escrituras Sagradas e viver de acôrdo com suas recomendações.

Gravura em preto e branco. À esquerda, homem de cabelos compridos, em pé, ao lado de uma mesa. Está com uma das mãos apoiada sobre ela. À frente dele, crianças sentadas em bancos. A mesa das crianças é um grande tronco de árvore cortado ao meio. Duas crianças estão em pé. Ao fundo, uma lareira e uma pequena janela.
Uma escola primitiva na Nova Inglaterra, gravura publicada no livro Columbus and Columbia: a Pictorial History of the Man and the Nation, de djêimes guílespi blêine, século dezenove. Biblioteca da Universidade da Califórnia, Estados Unidos.

Respostas e comentários

Recapitulando

16. As Treze Colônias eram autônomas: cada uma tinha o próprio governante, que era subordinado diretamente à coroa inglesa.

Ampliando: lutando em nome da fé

“Desde a travessia do Atlântico, os pilgrim fathers [pais peregrinos] passaram a reconhecer sua história na Bíblia, na experiência do povo eleito por Deus, atravessando o deserto e enfrentando provações, para alcançar Canaã, a ‘cidade no topo da colina’, conforme pregava djôn uíntoropi, em 1630. Encarnando todas as potencialidades do Novo Mundo, a ‘América’, fiadora da liberdade e da igualdade, adquiria um contorno espiritual, e não físico, o sentido de uma empresa santificada, uma profecia a se cumprir e a se projetar no Oeste e no futuro. Essa ideia acabou por constituir o núcleo de um discurso inaugural, base de uma ordem mítica, esteio da identidade nacional norte-americana.

reticências

Algumas décadas após a independência, viajando pelos Estados Unidos da América, o francês e católico Alêxís dê tôquevíl sublinhava as afinidades entre protestantismo e sistema republicano e percebia argutamente que, embora separada do Estado, a religião deveria ser considerada ‘a primeira das instituições políticas’ norte-americanas, já que, através do rígido código moral que promovia, exercia indiretamente uma poderosa influência sobre a sociedade política, inibindo o desrespeito às leis e alimentando o patriotismo.”

AZEVEDO, Cecília da Silva. A santificação pelas obras: experiências do protestantismo nos Estados Unidos da América. Tempo, Rio de Janeiro, volume 6, número 11, página 115-116, 2001.

Gravura. Grande prédio horizontal com quatro andares. Tem diversas janelas por andar. À frente um jardim cercado. Ao redor do prédio, algumas casas e pessoas andando em ruas de terra.
Primeiros prédios da Universidade de Princeton, Estados Unidos, gravura de 1764. Biblioteca da Universidade de Princeton, Nova Djerzí, Estados Unidos.

O ensino superior

Diante da necessidade de formar pessoas para desempenhar as funções religiosas e administrativas das Treze Colônias, os governos deram atenção ao ensino superior. Até 1764, foram fundadas sete universidades nas colônias inglesas da América do Norte, entre elas Harvard, Yale e Princeton, três das melhores universidades do mundo atualmente. Para ingressar nessas universidades, era preciso “levar uma vida inofensiva” e ler e escrever a Bíblia em latim, o que mostra o quanto elas estavam ligadas a princípios religiosos.

Muitos filhos de famílias ricas das Treze Colônias iam estudar na França ou na Inglaterra. Ao voltar para a América, os jovens levavam muitas ideias e conhecimentos difundidos na Europa. Assim, no século dezoito, as instituições de nível superior das Treze Colônias receberam muita influência do pensamento europeu.

A preocupação com a educação fez das colônias inglesas da América do Norte a região com o menor índice de analfabetismo do Novo Mundo. É importante lembrar, porém, que a maior parte da população instruída era formada por indivíduos brancos e ricos.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

17. Explique a relação entre o predomínio de protestantes nas Treze Colônias e as ações na área da educação.

Conexão

O Novo Mundo

País: Estados Unidos

Direção: Térence Mélic

Ano: 2005

Duração: 157 minutos

O filme conta a história da indígena Pôcarrontas e de seu casamento com o comerciante inglês Djón Rolfe, relacionando-o com a fundação da cidade de Jamestown no início do século dezessete, na Virgínia, a primeira das Treze Colônias da América do Norte. O filme procura mostrar os pontos de vista da mulher indígena e do inglês diante de suas diferenças culturais.


Cartaz de filme. Na parte superior os nomes dos atores. No centro o título do filme. Ocupando todo o cartaz a fotografia de um homem de pele branca, cabelos compridos e barba segurando uma espada, uma moça indígena de perfil e um homem de pele branca, bigode e cavanhaque.

Respostas e comentários

Ensino superior nas Américas espanhola e portuguesa

A primeira universidade da América foi a Universidade São Domingos, fundada em 1538 (ainda não tinha um caráter formal). Treze anos depois, foi fundada, no Peru, a Universidade de São Marcos, antes da implantação das universidades nas colônias inglesas. Já na América portuguesa, os primeiros cursos de ensino superior foram criados a partir da chegada da família real, em 1808. As primeiras escolas de ensino superior foram: a Academia Médico-Cirúrgica (atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia), a de Anatomia, Medicina e Cirurgia (atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Academia da Guarda Marinha e a Academia Real Militar (atual Escola Nacional de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Apenas no século vinte o Brasil passou a ter universidades integradas.

Recapitulando

17. Uma das bases da Reforma Protestante era a livre interpretação da Bíblia, ou seja, os fiéis deviam saber ler os textos bíblicos e aprender a doutrina protestante e as leis locais. Por isso deviam estudar as Escrituras Sagradas e viver de acôrdo com seus princípios.

Conexão

Após a exibição do filme Novo Mundo, proponha uma atividade de análise de recepção do filme pela turma. Organize os alunos em duplas e peça a cada aluno que entreviste o colega sobre suas impressões acerca do filme. Para isso, eles devem elaborar questões como: De que maneira os europeus colonizadores foram representados no filme? E os indígenas? A versão da história contada no filme condiz com o conteúdo estudado neste capítulo? Peça a eles que elaborem as questões autonomamente.

Após as entrevistas, esclareça que o filme é um produto da indústria cultural estadunidense que valoriza a cultura do branco e romantiza a história de Pôcarrontas. Depois, explore aspectos da colonização apresentados no filme, como as dificuldades da travessia do Atlântico e as razões para a fixação dos colonizadores naquele local, a construção do forte para proteger as terras de invasões de outras nações e garantir a posse delas, além dos primeiros contatos entre os indígenas e os colonizadores. A organização dos indígenas também é evidenciada no filme, como o conselho que ocorre dentro de uma grande casa com a presença do chefe, dos xamãs, de guerreiros, de mulheres e crianças.

A atividade favorece o desenvolvimento de noções de construção de questionários e de estudo de recepção de produtos da indústria cultural.

Enquanto isso…

A presença francesa na América

Apenas na segunda metade do século dezesseis, a França intensificou sua atuação no Novo Mundo. Até esse período, somente aventureiros franceses, organizados em expedições que nem sempre tinham apôio real, interessavam-se pela América.

Em 1556, liderados pelo almirante Nicolas diurrân dê vilêganhôn, os franceses atacaram a região da Baía da Guanabara, na América portuguesa. Lá fundaram a chamada França Antártica, que durou até 1567, quando os portugueses tomaram o contrôle do local.

Em março de 1612, exploradores franceses voltaram a avançar sobre a América portuguesa, fundando um povoado ao norte da colônia, ao qual deram o nome de São Luís.

Expulsos de São Luís, os franceses estabeleceram-se na região correspondente à da atual Guiana Francesa, em 1626. As colônias fundadas pelos franceses em São Luís e na Guiana ficaram conhecidas como França Equinocial.

Leia a declaração do chefe Tupinambá Momboré-uaçu, da aldeia Essauap, no Maranhão, em 1612, sobre o estabelecimento dos franceses no Nordeste brasileiro.

Assim aconteceu com os franceses. Da primeira vez que viestes aqui, vós o fizestes somente para traficar. Como os peró [portugueses], não recusáveis tomar nossas filhas e nós nos julgávamos felizes quando elas tinham filhos. Nesta época, não faláveis em aqui vos fixar. Apenas vos contentáveis com visitar-nos uma vez por ano, permanecendo entre nós somente quatro ou cinco luas. Regressáveis então a vosso país, levando os nossos gêneros para trocá-los com aquilo de que carecíamos.

Agora já nos falais de vos estabelecerdes aqui, de construirdes fortalezas para defender-vos contra os vossos inimigos. Para isso, trouxestes um Morubixaba [chefe] e vários paí [franceses]. Em verdade, estamos satisfeitos, mas os peró fizeram o mesmo.

Depois da chegada dos paí, plantastes cruzes como os peró. Começais agora a instruir e batizar tal qual eles fizeram; dizeis que não podeis tomar nossas filhas senão por esposas e após terem sido batizadas. O mesmo diziam os peró. Como estes, vós não queríeis escravos, a princípio; agora os pedis e quereis como eles no fim. Não creio, entretanto, que tenhais o mesmo fito que os peró; aliás, isso não me atemoriza, pois velho como estou nada mais temo. Digo apenas simplesmente o que vi com meus olhos.

“DIGO apenas simplesmente o que vi com meus olhos”: registro do discurso de um chefe Tupinambá no século dezessete. In: ISA. Povos Indígenas no Brasil. São Paulo, 10 julho 2018. Disponível em: https://oeds.link/1VsVIy. Acesso em: 26 fevereiro 2022.

Franceses na América Central

A colonização francesa no Caribe foi mais bem-sucedida do que as tentativas feitas na América portuguesa. No final do século dezessete, a Espanha cedeu a parte ocidental da Ilha Hispaniola à França, que lá fundou a colônia de São Domingos, futuro Haiti.

As condições climáticas da região possibilitaram o cultivo de cana-de-açúcar e café. Inicialmente, a mão de obra utilizada nas plantações era formada por franceses pobres, que trabalhavam no regime de servidão. Em troca do financiamento da viagem para a América, eles se comprometiam a trabalhar na colônia por três anos. O cultivo de artigos tropicais na ilha só prosperou anos depois e, nesse momento, a mão de obra servil foi substituída pela dos africanos escravizados, transportados por traficantes da costa do Senegal.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao trabalhar as investidas colonizadoras francesas que ocorreram em paralelo aos esforços colonizadores dos espanhóis e dos ingleses, algumas vezes no mesmo espaço e, em outras, em espaços diversos, a seção contribui para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 5.

Ampliando: Haiti, um país negro na América

“O meio milhão de escravos negros, que labutavam nas plantações e nos engenhos, era dominado por trinta mil brancos, incluindo os proprietários e seus auxiliares (feitores, técnicos, vigilantes etcétera). Além dos negros e brancos, havia um segmento de poucos milhares de mulatos, já livres, mas submetidos a extorsões e agressões dos brancos escravocratas. Apesar de tal desvantagem, vários mulatos espertos e ambiciosos conseguiam aproveitar as oportunidades de negócios e enriquecer.

O tratamento dado pelos escravistas aos seus servidores era terrivelmente cruel. A par do trabalho, que esgotava rapidamente as energias, pesavam sobre os escravos a alimentação escassa, a moradia sórdida e a inexistência de assistência médica. A labuta diária se processava durante longas jornadas, sob acionamento frequente do açoite dos feitores. reticências. O regime escravista de São Domingos se identificava, sob muitos aspectos, com o brasileiro.”

GORENDER, Djeicób. O épico e o trágico na história do Haiti. Estudos Avançados, São Paulo, volume 18, número 50, página 296-297, janeiro a abril 2004.

Avançando para o sul, os franceses ocuparam Martinica e Guadalupe, em 1635. Lá adotaram o mesmo modêlo de produção do Haiti, que se baseava no cultivo de tabaco, anil, cana-de-açúcar e café e na exploração da mão de obra escravizada.

Franceses na América do Norte

As primeiras investidas francesas na América do Norte ocorreram na primeira metade do século dezesseis. A ocupação efetiva, porém, só começou no século seguinte, com a fundação de Quebec, no território correspondente à porção leste do atual Canadá, em 1608.

Contudo, como o clima frio dificultava a produção de gêneros tropicais, a coroa francesa mostrou pouco interesse em investir na região. A colônia ficou praticamente sob domínio de companhias de comércio privadas e de aventureiros.

Ampliando seus domínios na América do Norte, no início do século dezoito os franceses chegaram ao Vale do Rio Mississípi, onde fundaram Louisiana e o povoado de Nova Orleans, integrado aos Estados Unidos no século seguinte. Por volta de 1750, a França ocupava os dois lados do Rio Mississípi e dominava uma vasta faixa de terras, que se estendia do sudeste do território do atual Canadá ao Golfo do México. Essas terras receberam o nome de Nova França.

Derrotada pela Inglaterra na Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a França entregou a região leste do Rio Mississípi e suas possessões no Canadá à coroa inglesa. A Louisiana passou para as mãos dos espanhóis. Em 1800, foi devolvida à França, que três anos depois vendeu-a aos Estados Unidos.


Fotografia. Músicos tocando em uma rua. Perto deles um homem de terno claro sentado em uma cadeira. Pessoas nas calçadas observam. A maioria das construções têm três andares e muitas plantas nas sacadas. As fachadas são decoradas com bandeiras e artigos coloridos. Ao fundo mais pessoas andando na rua e nas calçadas.
Quarteirão Francês, em Nova Orleans, estado da Louisiana, Estados Unidos. Foto de 2016. O bairro apresenta forte influência da arquitetura e da cultura francesa.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Que interesses os franceses tinham na costa brasileira?
  2. Nas considerações feitas pelo chefe Tupinambá Momboré-uaçu, há uma insinuação em relação aos franceses, com quem ele havia se aliado. Qual é essa insinuação?
  3. Segundo o historiador márc ferrô, houve uma “dupla falência colonial” da França nos séculos quinze e dezesseis. O que teria causado esse fracasso? Utilize os eventos ocorridos nos séculos quinze e dezesseis para compor sua explicação.

Respostas e comentários

A colonização francesa

Após a leitura do texto, peça aos alunos que identifiquem as diferentes estratégias de ocupação e de organização das atividades econômicas adotadas pelos franceses em suas colônias. Lembre-os de que a França ainda possui algumas dessas possessões no continente americano: a Guiana Francesa e as ilhas de Guadalupe e de Martinica, departamentos ultramarinos franceses.

Enquanto isso...

  1. Na costa brasileira, os franceses tinham interesse na exploração dos produtos coloniais, que eram levados para serem vendidos na Europa.
  2. O chefe Tupinambá insinua que os europeus tinham todos os mesmos interesses na América e que sua aliança com os nativos era oportunista. Para obter essa informação, os alunos devem realizar inferências e deduzir, com base no comentário do chefe, que a aliança dos Tupinambás com os franceses para resistir às investidas dos portugueses não se mostrava vantajosa para os nativos, pois os franceses lhes impunham, aos poucos, a mesma violência que seus inimigos lusitanos.
  3. No século quinze, a França não empreendeu a expansão marítima e, no século dezesseis, tentou, sem sucesso, instalar colônias nos atuais estados do Rio de Janeiro e do Maranhão.

Bê êne cê cê

Por envolver a interpretação de um documento histórico, a questão 2 favorece o desenvolvimento da Competência específica de História nº 3.

Atividade complementar

O Canadá é um país bilíngue, em razão de seu território ter sido colonizado por ingleses e franceses. Na província de Quebec a cultura predominante é a francesa, sendo o francês sua língua oficial. Ao longo da história, diversos conflitos ocorreram pelas diferenças culturais de Quebec em relação às regiões de colonização inglesa.

Organize os alunos em grupos e proponha uma pesquisa sobre o movimento por autonomia da província de Quebec. Os grupos devem tomar nota do que pesquisaram e produzir um relatório, com os resultados obtidos e as fontes utilizadas.

Com base nesses relatórios, eles podem montar um painel com imagens e uma linha do tempo com marcos da história do movimento.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Leia um trecho do livro do clérigo espanhol Francisco López de Gómara, publicado em 1552, para responder às questões.

É a grande glória e honra de nossos reis e dos espanhóis terem feito os índios aceitarem um só Deus, uma só fé e um só batismo e tê-los afastado da idolatria, dos sacrifícios humanos, do canibalismo reticências e de outros grandes reticências pecados que nosso bom Deus detesta e pune. reticências Da mesma fórma, reticências mostraram-lhes o alfabeto sem o qual os homens são como animais, e o emprego do ferro, tão necessário ao homem. reticências Tudo isso reticências vale mais do que as plumas, as pérolas, o ouro que deles tomaram, tanto mais que não se serviam desses metais como dinheiro – que é seu emprego adequado e verdadeiro modo de aproveitá-los reticências.

GÓMARA, Francisco López de. Historia general de las Indias. In: FERRO, Marc. História das colonizações. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. página 49.

  1. Que elementos do texto revelam o ponto de vista europeu sobre a colonização? Explique.
  2. Segundo o autor, a diferença entre o que foi dado aos indígenas e o que lhes foi tirado foi positiva ou negativa para eles? Justifique.

2. Leia o texto do frei buenaventúra de Salinas uái Córdova, que testemunhou a condição dos indígenas nas colônias ao sul da América espanhola. Depois, responda às questões.

No tempo das ‘mitas’, é lastimável ver os índios reticências presos como malfeitores, com cordas e argolas de ferro; e as mulheres, os filhos e os parentes se despedindo dos templos, deixando fechadas suas casas e os seguindo, dando alaridos aos céus, desgrenhando os cabelos, cantando em sua língua tristes canções e lamentos reticências. [Os índios] vendem suas mulas, empenham suas roupas e, o pior de tudo, alugam suas filhas e mulheres aos proprietários das minas, na tentativa de se verem livres do trabalho nas minas reticências.

CÓRDOVA, Frei buenaventúra de Salinas uái. Memorial de las historias del Nuevo Mundo, 1631. In: GERAB, Kátia; RESENDE, Maria Angélica Campos. A rebelião de Túpac Amaru. São Paulo: Brasiliense, 1987. página 12.

  1. Segundo o frei buenaventúra de Salinas uái Córdova, como os indígenas eram levados para trabalhar nas minas?
  2. De que maneira os indígenas tentavam se livrar do trabalho na mineração?
  3. Explique o motivo da tristeza dos indígenas ao se encaminhar para o trabalho nas minas.

3. Qual era a principal diferença entre a organização política das Treze Colônias e a da América espanhola?

Aluno cidadão

  1. Em junho de 2021, durante a vacinação contra a covíd-19 no Brasil, indígenas isolados do Vale do Javari, no Amazonas, manifestaram a doença. A suspeita inicial foi a de que a infecção dos indígenas tivesse ocorrido por meio de profissionais da saúde, mas o Ministério da Saúde contestou a hipótese, alegando que muitos pescadores e comerciantes circulam pela região. Que medidas o Estado brasileiro deve tomar para proteger a saúde das populações indígenas? Para responder a essa questão, siga o roteiro.
    1. Reúna-se em grupo para investigar a condição de saúde dos povos indígenas no Brasil atual.
    2. Pesquisem: Quais doenças mais afetam as populações indígenas atualmente? Existem programas do Estado para atendimento médico de indígenas? Quais são eles? Esses programas têm sido efetivos na preservação da saúde indígena?
    3. Apresentem os resultados da pesquisa aos demais colegas, por meio de imagens e textos. Ao final, a turma deve debater soluções possíveis para os problemas levantados.

Respostas e comentários

Atividades

    1. Os elementos que revelam o ponto de vista europeu sobre a colonização no texto são o elogio aos valores cristãos levados aos indígenas e o enaltecimento do fato de os colonizadores lhes terem apresentado o alfabeto e o emprego do ferro. Tais elementos são citados no texto como se conferissem progresso à cultura dos nativos, sem colocar em questão o custo humano do processo colonizador para os indígenas.
    2. Segundo o autor, a diferença foi positiva para os indígenas, pois a libertação do pecado e os conhecimentos da civilização oferecidos pelos europeus tinham muito mais valor do que o ouro, as plumas e as pérolas que os espanhóis tomaram dos indígenas.
    1. Presos com cordas e argolas de ferro, como se fossem malfeitores.
    2. Eles vendiam suas mulas, penhoravam suas roupas e até alugavam suas filhas e mulheres para os proprietários das minas.
    3. A tristeza dos indígenas se devia ao fato de deixarem seus familiares e amigos, não poder mais praticar sua religião nem morar em suas casas. Além disso, eles tinham de executar trabalhos insalubres nas minas em troca de remunerações baixíssimas.
  1. As Treze Colônias inglesas tinham muita autonomia em relação à metrópole, diferentemente do que ocorria na América espanhola. Não havia um sistema que as unificasse sob um mesmo comando. Cada colônia tinha o próprio governante, que era diretamente subordinado à Inglaterra.
  2. As informações podem ser pesquisadas no site da Secretaria Especial de Saúde Indígena (cêzái) (disponível em: https://oeds.link/EucGlz; acesso em: 18 maio 2022) e no portal da Fundação Oswaldo Cruz, pesquisando por “saúde indígena” (disponível em: https://oeds.link/hd7rSg; acesso em: 18 maio 2022).

Oriente os alunos na pesquisa e solicite a eles que organizem os dados levantados por meio de gráficos, tabelas, quadros ou outros organizadores gráficos para compor a apresentação dos resultados. Após as apresentações, proponha à turma um debate para discutir as soluções possíveis para o problema da saúde indígena. Esse debate, subsidiado pelos dados pesquisados, favorece a argumentação com base em dados científicos.

Conversando com língua portuguesa

5. O romance Filha de Feiticeira, de Celia rís, é escrito em primeira pessoa, na fórma de um diário. Ele conta a história de Méri, uma menina inglesa do século dezessete que foi criada por uma avó com poderes mediúnicos. Após a trágica morte da avó, ela é obrigada a emigrar para a América na companhia de outros colonos e a se adaptar à vida no Novo Mundo. Méri se instala na cidade de Salem, onde terá de enfrentar a desconfiança e as superstições da comunidade puritana. Leia um trecho do romance e faça o que se pede.

A pequena éni havia se tornado a Senhora éni fréncis, casada com ezequiél fréncis, um dos principais representantes da comunidade. Segundo Martha, na Inglaterra, ezequiél fréncis não passava muito de um empregado, mas aqui é proprietário de muita terra. É um dos homens de projeção da aldeia e está claro que a Senhora fréncis espera que a irmã seja sua criada, comigo de contrapeso. ‘Não foi para isso que atravessei o oceano. Você também não. Achei que todos fossem livres aqui’, disse-me Martha.

rís, Celia. Filha de Feiticeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. página 111.

  1. Filha de Feiticeira é um romance histórico. Quais são as características desse gênero literário?
  2. Para escrever a história de Méri, que conhecimentos históricos a autora precisou dominar?
  3. No trecho selecionado, que informação histórica ela mobiliza para construir a história de Méri?
  4. Crie um conto ambientado em uma das regiões da América à época da colonização em que interajam ao menos uma personagem nativa e um personagem europeu.

Mão na massa

6. Uma das criações mais populares da comunicação em redes sociais é o meme (palavra que deriva de “mimese”, que significa “imitação”). Geralmente, apresentam um formato multimodal, isto é, são compostos de mais de um tipo de linguagem, verbal ou não verbal, como imagens, vídeos ou frases curtas. Os memes têm tom humorístico e irônico e se espalham rapidamente pelas redes sociais. Analise este meme e faça o que se pede.

Fotografia. Montagem com duas fotografias, uma em cima e uma embaixo. Na fotografia de cima, Donald Trump, homem de pele branca, cabelo e sobrancelhas claros. Está com a boca aberta e o dedo indicador apontado para a frente. Ao lado dele a frase: “Vamos expulsar os imigrantes dos Estados Unidos”. Embaixo, foto em preto e branco de um homem indígena usando um cocar sobre a cabeça, olhando para a frente. Ao lado dele a frase: “Combinado!”
Meme satirizando a política de imigração do govêrno dônald tramp, de 2018.
  1. Considerando que o ex-presidente estadunidense dônald tramp defendia uma política de restrição à entrada de imigrantes, principalmente mexicanos, nos Estados Unidos, explique a sátira do meme.
  2. Identifique que recursos multimodais foram usados na produção do meme. Na sequência, comente qual foi a importância deles para a compreensão da mensagem que se buscou transmitir nessa comunicação.
  3. Em dupla, criem um meme com o tema da conquista da América estudado no capítulo. Lembrem-se de usar ironia e humor.

Respostas e comentários
    1. Romance histórico é um gênero literário que surgiu no início do século dezenove e se caracteriza por ambientar uma narrativa ficcional em um contexto histórico, que lhe confere verossimilhança.
    2. A autora precisou conhecer o contexto das transformações políticas e religiosas na Inglaterra do século dezessete e a colonização da América pelos primeiros colonos naquele século. Assim, ela buscou entender o que levou famílias inglesas a saírem de seu país, que dificuldades enfrentaram e como se constituíram as comunidades de colonos, entre outros fatos.
    3. A autora mobiliza informações sobre a composição da sociedade e o funcionamento das relações matrimoniais e familiares no contexto da colonização. Assim, sabemos que ezequiél ascendeu socialmente ao se estabelecer no Novo Mundo e que ali constituiu família; que o casamento era um meio de as jovens conquistarem estabilidade; e que meninas podiam ser submetidas a uma condição de sujeição em relação aos parentes mais abastados.
    4. Espera-se que os alunos consigam criar personagens e ambientá-los em um cenário coerente com o contexto de conquista da América.

Interdisciplinaridade

Ao estimular a criação de narrativas ficcionais que utilizem cenários e personagens realistas ou de fantasia, observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, a atividade desenvolve habilidades do componente curricular língua portuguesa, especificamente a habilidade ê éfe seis sete éle pê três zero.

    1. O meme ironiza o fato de que as terras colonizadas pelos europeus eram ocupadas pelos indígenas antes da colonização. Assim, os atuais estadunidenses são, em grande parte, descendentes dos colonizadores ingleses que podem ser considerados, genericamente, imigrantes.
    2. No meme foram usados recursos das linguagens não verbal e verbal: duas fotografias e duas frases curtas. As fotografias permitem identificar os sujeitos envolvidos na comunicação – de um lado, o ex-presidente estadunidense Donald trãmp, e, de outro, um indígena que representa os povos nativos da América do Norte. As frases, por sua vez, possibilitam a compreensão do tema do diálogo, considerando os seus respectivos locutores.
    3. A atividade exige dos alunos repertório histórico, habilidade de associar informações e de fazer síntese e pode ser feita de fórma analógica ou digital. Por meio de um recurso da cultura juvenil comum nas redes sociais digitais, a atividade favorece o desenvolvimento de habilidades de inferência, análise de discurso multimodal e identificação de fragilidade argumentativa.

Glossário

Taqui Ongoy
: expressão em língua quéchua que significa “enfermidade da dança”. Designa um movimento dos nativos, ocorrido na segunda metade do século dezesseis, que teve por base a resistência à conversão ao cristianismo e a crença de que espíritos ancestrais voltariam para vingar os indígenas.
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Casa de Contratação
: nesse caso, órgão do govêrno espanhol sediado em Sevilha, que servia como único porto de partida e chegada dos navios que faziam comércio com as colônias.
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Monocultura
: cultivo de apenas um produto agrícola.
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