CAPÍTULO 6  A colonização portuguesa na América

Fotografia. Grupo de pessoas indígenas reunidas em uma grande roda na praia. No centro, alguns indígenas de camiseta laranja.
Conferência indígena realizada em resposta às comemorações dos 500 anos do Brasil, em Santa Cruz Cabrália, Bahia. Foto de 2000. Os indígenas aparecem reunidos diante da cruz instalada no local da primeira missa católica realizada pelos colonizadores portugueses nas terras do atual território brasileiro em 1500.

Em 1500, após 44 dias de viagem, os navegadores portugueses chefiados por Pedro Álvares Cabral aportaram em terras da América do Sul.

Leia o relato de Pero Vaz de Caminha, que era escrivão da frota de Cabral, descrevendo essa chegada.

E assim seguimos nosso caminho por este mar – de longo – até que reticências houvemos vista de terra! Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo; reticências ao qual reticências o capitão pôs o nome de Monte Pascoal e à terra, Terra de Vera Cruz! reticências

Ao domingo de Pascoelaglossário pela manhã, determinou o capitão ir ouvir missa e sermão reticências. reticências estaria na praia outra tanta gente reticências com seus arcos e flechas, e andava folgando. E olhando-nos, sentaram. E depois de acabada a missa reticências, levantaram-se muitos deles e tangeramglossário corno ou buzina, saltando e dançando por um bom tempo.

CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil. segunda edição São Paulo/Porto Alegre: Ele e Pê ême, 1987. volume 4, página 75-83.

  • Qual teria sido a motivação dos portugueses ao celebrar a missa relatada por Caminha?
  • Como os indígenas reagiram a essa celebração segundo o relato?
  • Como você explica a manifestação indígena realizada no ano 2000?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero sete agá ih zero dois, ê éfe zero sete agá ih zero oito, ê éfe zero sete agá ih zero nove e ê éfe zero sete agá ih um dois (ao tratar da organização das populações indígenas, do contato com os europeus e das relações estabelecidas no início da colonização). O trabalho para o desenvolvimento dessas habilidades se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações no quadro de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Entender a fórma de organização das sociedades indígenas no tempo da conquista e como os colonizadores se aproximaram dessas sociedades para estabelecer alianças e provocar confrontos.
  • Caracterizar o encontro entre indígenas e portugueses.
  • Reconhecer as principais razões que levaram a coroa portuguesa a iniciar a colonização do Brasil.
  • Compreender as principais características da organização do império ultramarino português.
  • Conhecer as características da administração colonial.

Abertura do capítulo

A abertura tem o objetivo de levantar os conhecimentos prévios dos alunos em relação à chegada dos portugueses à costa brasileira e aos primeiros contatos entre europeus e indígenas. Espera-se que os alunos associem a realização da missa relatada por Caminha à religiosidade portuguesa, baseada no catolicismo, e que identifiquem a expansão religiosa como um dos aspectos da colonização. Segundo o relato, os indígenas sentaram-se para acompanhar a celebração e, depois, muitos passaram a tocar e dançar. No entanto, vale destacar que o documento expressa apenas o ponto de vista dos portugueses sobre o evento. Estimule os alunos a imaginar por que os indígenas realizaram uma conferência em 2000, e se essa manifestação foi uma celebração ou uma crítica ao marco cronológico que comemorou os “500 anos do Brasil”.

Bê êne cê cê

A discussão introdutória a respeito dos primeiros contatos entre portugueses e indígenas favorece o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 7, das Competências específicas de Ciências Humanas nº 1 e nº 4 e da Competência específica de História nº 3.

A expedição de Pedro Álvares Cabral

Em março de 1500, o capitão-mor Pedro Álvares Cabral partiu do porto de Lisboa com a missão de chefiar uma nova expedição às Índias. O caminho seguido por ele deveria ser o mesmo percorrido por Vasco da Gama, contornando a costa africana. Entretanto, Cabral se afastou da Róta e velejou em direção ao sudoeste. Em 22 de abril de 1500, ele e seus homens avistaram terra e aportaram no litoral sul do atual estado da Bahia, como estudamos na abertura do capítulo.

O desvio da frota foi grande: do litoral africano até a América do Sul, os navegadores percorreram mais de 3 mil quilômetros em mar aberto. Para alguns historiadores, isso indica que a coroa portuguesa pretendia estabelecer domínio sobre terras situadas a leste da Linha de Tordesilhas, como lhe garantia o tratado firmado com a Espanha em 1494.

Durante os dez dias que passaram nas terras chamadas pelos povos Tupi de Pindorama, os portugueses fizeram contatos amistosos com mais de quatrocentos nativos, segundo o relato de Pero Vaz de Caminha em sua carta ao rei de Portugal.

Grafia dos nomes dos povos indígenas

Nos livros desta coleção, os nomes dos povos indígenas do Brasil foram escritos de acôrdo com a Convenção para a Grafia dos Nomes Tribais, aprovada na Primeira Reunião Brasileira de Antropologia, em 1953.

  • Com inicial maiúscula, quando usados como substantivo, e opcional quando usados como adjetivo.
  • Sem flexão de número ou de gênero.
Gravura em preto e branco. Pedro Álvares Cabral em cima de uma tábua, descendo de um pequeno barco. Ele tem barba grande, usa calça justa, blusa com mangas bufantes e gola de babados. Tem uma espada pendurada na cintura e um chapéu com uma pena na cabeça. Ele se apoia no ombro de um rapaz que está em pé, fora do barco. Atrás dele descem outros homens. À esquerda, pessoas indígenas observam. Ao fundo grandes embarcações.
Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil, gravura de Maurício José do Carmo Sendim, 1839. Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das conexões entre as sociedades da Europa e da América, bem como do estabelecimento de rótas marítimas que atravessavam o Oceano Atlântico, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero dois.

Ampliando: a partida de Cabral

“No dia 8 de março de 1500 – é um domingo –, o monarca e a côrte reúnem-se em Belém. Na ermida de Nossa Senhora, no Restelo, é realizada missa. O bispo de Ceuta dom Diogo Ortiz, no sermão, invoca a dimensão religiosa da expedição; certamente terá aludido aos propósitos régios de expansão em terra infiel. Não estamos longe da doutrina cruzadista, entendida como instrumento ideológico de legitimação da atuação portuguesa em terras ultramarinas, tal como é entendida em Portugal nos finais da Idade Média reticências.

reticências A armada é constituída por 13 navios; embora não exista unanimidade nas fontes quanto ao seu número, este é o geralmente admitido. As naus constituem o grosso da frota. São 10 ao todo os navios. Os maiores capitaneados por Pedro Álvares e Sancho de Tovar aproximam-se dos 300 tonéis. reticências As caravelas, em número de três, seriam redondas, com cêrca de 100 tonéis e comprimento total de aproximadamente 25 metros. reticências [Elas] Possuem qualidades náuticas (facilidade no bolinar e pequeno calado) que as tornam extremamente úteis na expedição. Mas tudo isso são hipóteses, porque é imperioso reconhecer ser praticamente impossível encontrar uma classificação da frota que seja aceita por todos os autores.”

FONSECA, Luís Adão da. De Vasco a Cabral: Oriente e Ocidente nas navegações oceânicas. Bauru: êdúsqui, 2001. página 87-90.

História em construção

Os indígenas segundo Pero Vaz de Caminha

O fidalgo Pero Vaz de Caminha, na condição de escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral, enviou uma carta ao rei de Portugal discorrendo sobre a terra de Pindorama e sua população. Leia mais um trecho dela.

reticências deduzo que é gente bestial e de pouco saber, e por isso tão esquiva. Mas apesar de tudo isso andam bem curados, e muito limpos. reticências

Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. reticências porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. reticências

Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha reticências. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. reticências

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo, a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados reticências. Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente.

CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil. segunda edição São Paulo/Porto Alegre: Ele e Pê ême, 1987. volume 4, página 88, 94, 97-98.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. A função de Pero Vaz de Caminha pode ter influenciado a escolha dos fatos e informações que ele relatou? Por quê?
  2. Dois dos principais objetivos da colonização portuguesa eram a exploração de riquezas e a expansão da fé cristã. Identifique no documento trechos relacionados a esses objetivos.

Os primeiros contatos

Os portugueses não encontraram de imediato os tão cobiçados metais preciosos. Por essa razão, nas terras americanas, a coroa limitou-se inicialmente a enviar expedições com o fim de estudar a costa do território.

Nos primeiros anos, a relação entre portugueses e indígenas foi marcada por um estranhamento mútuo. Os europeus não compreendiam o modo de vida, a organização social dos povos indígenas e a ausência de propriedade privada da terra, e ficavam chocados com a antropofagia. Por sua vez, os indígenas estranhavam a aparência dos portugueses, de pele clara, com barbas longas e muitas roupas.

Apesar do espanto e da incompreensão mútua, os primeiros contatos entre as duas culturas foram pacíficos. Contudo, com o passar do tempo, os portugueses passaram a escravizar os nativos para obter mão de obra para seus empreendimentos na América, o que gerou violentos conflitos, nos quais morreram milhares de indígenas.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Qual era o objetivo da coroa portuguesa ao patrocinar a expedição de Pedro Álvares Cabral?
  2. Como foram os primeiros contatos entre portugueses e indígenas?
  3. Por que a relação entre portugueses e indígenas se tornou conflituosa?

Respostas e comentários

História em construção

  1. Sim, pois Pero Vaz de Caminha era escrivão da comitiva enviada pela coroa portuguesa para as terras da América e, por isso, ele provavelmente incluiu em seu relato apenas aspectos que interessavam à exploração das terras, valorizando aqueles que sugeriam que a expedição vinha sendo bem sucedida.
  2. Exploração de riquezas: “Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos.”. Expansão da fé cristã: “Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências.”.

Bê êne cê cê

Ao propor a análise da carta de Pero Vaz de Caminha, uma fonte documental primária, a atividade favorece o desenvolvimento da Competência específica de História nº 3.

Recapitulando

  1. O objetivo da coroa era que Cabral fizesse uma expedição para as Índias; contudo, houve um desvio que o levou para a América do Sul. A distância percorrida nesse desvio fez os historiadores suspeitarem de que a coroa havia solicitado ao navegador que tomasse posse de terras ao sul daquelas que haviam sido encontradas por Colombo.
  2. Os primeiros contatos foram amistosos, apesar de portugueses e indígenas terem se estranhado. Os portugueses não compreendiam a fórma como os nativos se organizavam socialmente, por causa da inexistência da propriedade privada e da prática da antropofagia ritual. Já os indígenas estranharam a aparência e a fórma de vestir dos europeus.
  3. Porque os portugueses passaram a escravizar os indígenas para obter mão de obra para os seus empreendimentos na América, prática que gerou violentos conflitos entre eles.

Sociedades indígenas e a ação colonizadora

Quando os portugueses chegaram às terras que viriam a ser o Brasil, no final do século quinze, milhões de indígenas viviam no território, distribuídos em mais de mil povos, que falavam cêrca de uma.trezentas línguas.

As sociedades indígenas não se organizavam em tôrno de um Estado. Os diversos grupos dividiam-se em aldeias de instalação temporária. Em cada uma delas, havia um pajé, responsável pelos rituais religiosos, e um cacique, como líder. No entanto, essa liderança não era absoluta. Caso os membros da aldeia discordassem de uma decisão do cacique, poderiam ignorá-la.

Para os portugueses, a falta de hierarquia social e a inexistência de cidades ou de comércio, bem como algumas práticas culturais (como a antropofagia e a poligamia), faziam dos nativos “selvagens”, cujo modo de vida contrariava os padrões da vida “civilizada”, orientada pelos valores cristãos. Segundo essa perspectiva, cabia aos portugueses evangelizá-los e sujeitá-los às regras da sociedade europeia. Com esse objetivo, em 1549, a coroa autorizou a instalação de missões jesuíticas em seus domínios coloniais na América.

Desse modo, embora os portugueses tenham utilizado os conhecimentos indígenas para sobreviver em suas possessões – como técnicas de caça e coleta e de percepção da aproximação de animais perigosos –, eles reproduziram na colônia o modêlo administrativo europeu. Além disso, como outros colonizadores europeus, aproveitaram-se das rivalidades entre os vários povos indígenas, estabelecendo alianças com alguns grupos para enfrentar os que eram considerados seus inimigos. Assim, aliaram-se, por exemplo, aos Tupiniquim para combater o grupo dos chamados Botocudos, que apresentavam maior resistência à colonização portuguesa – e, por isso, foram exterminados ou expulsos das regiões em que viviam.

Fotografia. Sala de aula com o chão de terra e as paredes feitas com placas de madeira fina. Os alunos são crianças indígenas, e estão sentados em carteiras escolares. Estão de frente para uma lousa branca. No canto da sala, uma professora indígena sentada à mesa.
Sala de aula em escola de indígenas da etnia uaurá, na aldeia Piiulága, em Gaúcha do Norte, Mato Grosso. Foto de 2019.

Refletindo sobre

Diante da diferença de costumes entre portugueses e indígenas, os colonizadores impuseram a cultura europeia sobre a nativa. Atualmente, o Estado reconhece o direito de os povos indígenas preservarem sua língua, tradições e costumes. Em sua avaliação, a conquista desse direito pelos povos indígenas fortalece a cultura brasileira? Debata o assunto com os colegas.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao descrever a fórma de organização das sociedades nativas do Brasil no período da conquista portuguesa, visando compreender as alianças e os confrontos ocorridos, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero oito.

Refletindo sobre

Espera-se que os alunos reconheçam que as culturas indígenas compõem a diversidade cultural brasileira, portanto a garantia dos direitos indígenas, que permitem a preservação do seu modo de vida, fortalece a cultura brasileira.

A atividade permite aos alunos refletir sobre a riqueza e a diversidade características da cultura brasileira e estimular o respeito às diferenças entre os grupos e os povos, independentemente de etnia, cor, crença religiosa, cultura ou gênero, promovendo assim a cultura de paz.

Bê êne cê cê

Ao tratar da necessidade do respeito às diferenças em uma sociedade plural, a atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Diversidade cultural e Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras, e favorece o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 1.

Grupos indígenas

Botocudos era o nome genérico dado pelos portugueses a diversos grupos indígenas que usavam botoques (ornamentos circulares, geralmente de madeira) nas orelhas e nos lábios. Por esse motivo, aplicamos a grafia do termo no plural.

A extração do pau-brasil

Embora o interesse pelas terras americanas não fosse de início muito grande, a coroa portuguesa decidiu enviar algumas expedições para reconhecer o território. Os exploradores perceberam que uma árvore nativa, abundante no território, poderia ser explorada comercialmente: o pau-brasil.

O pau-brasil é uma árvore originária da Mata Atlântica, alta e coberta de espinhos. Os europeus extraíam de seu tronco um pigmento vermelho, que era muito valorizado na Europa, porque servia para tingir tecidos.

Além disso, a extração do pau-brasil não exigia a fixação dos portugueses no território. Por isso, como já faziam na costa da África, eles não se preocuparam em fundar povoados, mas instalaram feitorias, que serviam para estocar a madeira, abastecer os navios e proteger os exploradores de ataques indígenas e de incursões estrangeiras.

A prática do escambo

A exploração do pau-brasil foi a principal atividade econômica dos portugueses nos primeiros anos após a chegada à América. Os indígenas trabalhavam na extração e no transporte da madeira e, em troca, recebiam roupas, facas, ferramentas e outros objetos trazidos pelos portugueses. Essa prática comercial é conhecida como escambo.

Sabendo do valor comercial do pau-brasil, a coroa decretou o monopólio real sobre o produto. Isso significava que, para explorar a madeira, era necessária a autorização do rei de Portugal. Fernão de Noronha, um dos principais comerciantes portugueses daquela época, foi o primeiro a conseguir autorização para comerciar o produto, em 1503. Ele se comprometeu a enviar ao Brasil seis navios por ano para explorar a costa e a construir feitorias para proteger o litoral contra possíveis invasões.

Saiba mais

Os diversos nomes do Brasil

Antes da chegada dos portugueses, os povos Tupi chamavam o local em que viviam de Pindorama, que em Tupi significa “Terra das Palmeiras”. Após a primeira missa rezada em Porto Seguro, Cabral deu ao território o nome de Ilha de Vera Cruz, logo substituído por Terra de Santa Cruz. Outros nomes não oficiais também eram usados, como Terra dos Papagaios. Somente em 1503 o nome Terra do Brasil começou a ser utilizado, em razão da abundância do pau-brasil.

Charge. À esquerda, árvore em uma pequena ilha. Ao redor dela muitas folhagens e flores coloridas, e em cima dela está escrito Pindorama. À direita, uma cruz feita com estacas de madeira em uma pequena ilha cinzenta. Sobre a cruz uma coroa de flores. Em cima dela está escrito Brasil.
Pindorama – Brasil, charge de Gilmar, 2020.

Responda em seu caderno.

Explore

Como você interpreta a charge?


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Como os portugueses viram a ausência de Estado nas sociedades indígenas? Essa visão teve impacto sobre a colonização?
  2. No processo de colonização, como os portugueses aproveitaram os conflitos existentes entre povos indígenas nativos?
  3. De que fórma era feita a extração de pau-brasil no período colonial?

Respostas e comentários

Explore

Na charge, a terra de Pindorama aparenta abundância e beleza, ao passo que o Brasil atual é representado com uma paisagem cinza e estéril. A cruz, ornamentada com flores, transmite um aspecto fúnebre. Espera-se que os alunos identifiquem na charge uma crítica à ação dos europeus e ao legado da colonização, que reduziu a biodiversidade e a diversidade cultural das terras do Brasil por meio da exploração econômica e do extermínio dos povos indígenas.

Recapitulando

  1. A ausência de Estado nas sociedades indígenas foi vista pelos portugueses como atraso e, por isso, usada como motivo para justificar a imposição da cultura, da administração e das crenças religiosas europeias sobre os povos nativos.
  2. Os portugueses utilizaram a rivalidade e a tradição de guerras entre os indígenas em benefício próprio, visto que se aproveitavam dos conflitos para eliminar ou expulsar os grupos que apresentavam mais resistência à presença lusitana no território.
  3. A extração de pau-brasil era feita à base do escambo: os portugueses entregavam objetos, como roupas, facas e ferramentas, aos indígenas, os quais, em troca, trabalhavam na extração do pau-brasil e no carregamento das toras até as embarcações portuguesas.

O início da colonização

Ingleses, holandeses e franceses não reconheciam a divisão estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas e não aceitavam o monopólio português no comércio do pau-brasil. Por isso, as invasões de exploradores europeus na costa brasileira eram constantes e ameaçavam o domínio de Portugal sobre as terras americanas.

Outros problemas afetavam igualmente as atividades comerciais de Portugal. Mercadores turcos, holandeses e da Península Itálica disputavam o contrôle do comércio de especiarias do Oriente. Os muçulmanos retomaram o norte da África e tornaram-se importantes concorrentes dos comerciantes portugueses lá estabelecidos. Desse modo, para assegurar ao menos o contrôle das terras americanas, a coroa portuguesa decidiu colonizar efetivamente o Brasil.

A expedição de Martim Afonso de Sousa

Em dezembro de 1530, o rei de Portugal, dom João terceiro, enviou ao Brasil uma expedição comandada pelo militar português Martim Afonso de Sousa com o objetivo de colonizar as terras do Brasil. A expedição formada por cêrca de quinhentos homens tinha a intenção de expulsar os franceses do litoral, fundar núcleos de povoamento e avançar na exploração do território da colônia.

Os primeiros núcleos de povoamento fundados no Brasil foram São Vicente, no litoral, e Santo André da Borda do Campo, no Planalto de Piratininga, ambos no território correspondente ao do atual estado de São Paulo. Em São Vicente, os colonizadores tiveram sucesso ao cultivar cana-de-açúcar. Martim Afonso de Sousa, entusiasmado com a descoberta de prata na América espanhola, também enviou alguns homens para o interior da colônia com o objetivo de encontrar metais preciosos.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade com muitas casas e prédios. Ao fundo, várias montanhas.
Vista do município de São Vicente, São Paulo, com a Serra do Mar ao fundo. Foto de 2021.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao descrever a distribuição de portugueses e indígenas no litoral e no interior do Brasil, no período inicial da colonização, e ao tratar das primeiras medidas para a efetivação da colonização portuguesa do território, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih um dois.

As capitanias hereditárias

A partir de 1534, o rei dom João terceiro implantou na colônia o sistema de capitanias hereditárias. A colônia foi dividida em quinze faixas de terra, que iam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas.

As capitanias foram entregues a indivíduos chamados capitães-donatários. Eles eram a principal autoridade na sua capitania e tinham o compromisso de torná-la produtiva. Por não serem os proprietários das terras que recebiam, só tinham o direito de explorá-las. Caso um donatário morresse, a capitania era transferida a seu filho mais velho. Para isso, era estabelecido um compromisso por meio da Carta de Doação.

Os direitos e deveres dos donatários foram instituídos pelo Foral. De acôrdo com esse documento real, os capitães-donatários podiam ficar com uma parte dos tributos arrecadados, fundar vilas, alistar colonos para fins militares e conceder sesmarias (grandes extensões de terra doadas àqueles que tinham condições de torná-las produtivas).

Capitanias hereditárias (século dezesseis)

Mapa. Capitanias hereditárias, século dezesseis. Destaque para a costa leste do Brasil. 
Sem legenda.
As capitanias são porções de território dispostos na horizontal, agrupados de cima para baixo e tendo como limite, à esquerda, a Linha do Tratado de Tordesilhas (1494). As capitanias são: Maranhão, Ceará, Rio Grande, Itamaracá, Pernambuco, Bahia de Todos-os-Santos, Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo, São Tomé, São Vicente, Santo Amaro e Santana. As capitanias do Maranhão e São Vicente possuem mais de uma porção de território. Destaque no mapa para as cidades de Olinda, na capitania de Pernambuco, Porto Seguro, na capitania de mesmo nome, e São Vicente, na capitania de São Vicente. 
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 310 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M. de; REIS, Arthur C. F.; CARVALHO, Carlos D. de C. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 16.

O govêrno-geral

Apenas as capitanias de São Vicente e Pernambuco progrediram. As demais falharam em razão da falta de recursos, da falta de integração entre as capitanias e da dificuldade de comunicação com a coroa portuguesa, além dos conflitos com os indígenas. Diante desse quadro, em 1548, a metrópoleglossário decidiu centralizar a administração da colônia. Para isso, criou o govêrno-geral.

Tomé de Sousa foi o primeiro governador-geral do Brasil. Ele chegou à Bahia em 1549, acompanhado de um grupo de funcionários reais, trabalhadores, degredadosglossário e jesuítas liderados pelo padre Manuel da Nóbrega. Na capitania, Tomé de Sousa fundou a cidade de Salvador, que se tornou a primeira capital da colônia.

O governador-geral tinha a obrigação de promover a exploração econômica da colônia, proteger o território e incentivar a evangelização dos indígenas. Três outros administradores auxiliavam o governador-geral: o ouvidor-mor, que cuidava da justiça; o provedor-mor, que cobrava os tributos e zelava pelo Tesouro Real; e o capitão-mor, responsável pela defesa da colônia.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que o rei de Portugal decidiu efetivar a colonização das terras do Brasil?
  2. O que foram as capitanias hereditárias? Elas obtiveram sucesso?
  3. Defina as diferenças entre o sistema de capitanias hereditárias e o govêrno-geral.

Respostas e comentários

A divisão das capitanias hereditárias

Os estudos de Jorge Pimentel Cintra questionam a divisão territorial das capitanias do norte do Brasil. Segundo ele, a divisão era feita com base nos meridianos, e não nos paralelos. Mais informações sobre o tema podem ser consultadas em: CINTRA, Jorge Pimentel. Reconstruindo o mapa das capitanias hereditárias. Anais do Museu Paulista, São Paulo, volume 21, número 2, julho a dezembro 2013. Disponível em: https://oeds.link/EUJltb. Acesso em: 25 abril 2022.

Os degredados

No comêço da colonização, muitos portugueses vieram para o Brasil a contragosto. Eram os degredados, pessoas condenadas em Portugal por furto, adultério, impostos não pagos e outros delitos. Na colônia, os degredados que sobreviviam passavam a viver entre os nativos e aprendiam sua língua. Mais tarde, muitos deles se tornaram intérpretes dos colonos, o que facilitou o processo de ocupação e expansão da América portuguesa.

Recapitulando

  1. O rei de Portugal decidiu efetivar a colonização das terras do Brasil para assegurar que as terras da colônia não fossem invadidas, já que holandeses, franceses e ingleses não aceitavam a divisão estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas.
  2. As capitanias hereditárias foram grandes extensões de terra concedidas à administração e à exploração de capitães-donatários, cujos direitos e deveres eram expressos em um Foral. A maior parte das capitanias, com exceção das de Pernambuco e de São Vicente, fracassou.
  3. O sistema de capitanias hereditárias transferia aos donatários os custos, as responsabilidades e as vantagens do processo de colonização: cobrança de tributos, defesa do território, doação de sesmarias, desenvolvimento da agricultura etcétera Inicialmente, os capitães-donatários da América portuguesa deviam prestar contas apenas ao rei. Com a criação do govêrno-geral, em 1548, no entanto, estabeleceu-se no Brasil um poder centralizado na capital, Salvador, que estava acima dos donatários. Com essa mudança, a maior parte das atribuições dos donatários foi absorvida pelo governador-geral, que também assumia, em nome da coroa, os custos do empreendimento colonizador.

As Câmaras Municipais

Câmaras Municipais são órgãos do Poder Legislativo que existem desde o período colonial. Elas foram criadas para administrar as vilas e as cidades da colônia portuguesa na América. Somente os homens brancos e proprietários de terras podiam participar das eleições para ocupar os cargos em uma Câmara. Identificados pelo termo “homens bons”, eles eram os indivíduos mais importantes da política local e dominavam as ações na colônia. Indígenas, negros escravizados, mestiços, pessoas que exerciam trabalhos manuais e mulheres eram excluídos da política.

As Câmaras Municipais legislavam sobre a administração e a vida nas cidades, como a limpeza urbana, o fornecimento de alimentos, a segurança contra os ataques de inimigos e a construção de obras públicas. Elas também fiscalizavam a cobrança dos impostos devidos à coroa e podiam criar outras taxas e arrecadações. Isso demonstra que tinham certo grau de autonomia.

Com o tempo, a metrópole portuguesa criou mecanismos para reduzir o poder local das Câmaras Municipais, como a instituição dos juízes de fóra. O juiz de fóra era um magistrado nomeado pelo rei de Portugal para presidir os trabalhos das Câmaras. Assim, estabelecia-se um vínculo direto entre o govêrno local e a coroa portuguesa.

Fotografia. Vista aérea de uma vila com casas térreas e coloridas. No centro, uma igreja e alguns carros estacionados. Ao redor da vila, vegetação densa.
Vista de construções históricas, em Olinda, Pernambuco. Foto de 2021. Olinda é uma das cidades mais antigas do Brasil. Em 1548, a existência de sua Câmara Municipal foi citada pela primeira vez em carta do capitão-donatário Duarte Coelho ao rei de Portugal.

Saiba mais

Os jesuítas na América portuguesa

Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, com a expedição de Tomé de Sousa. Seus principais objetivos eram evangelizar os indígenas e zelar pela conduta cristã dos colonos e de seus filhos. Na colônia, fundaram núcleos jesuíticos e colégios onde hoje se localizam as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Salvador, Olinda e São Luís.

Em 1570, os jesuítas conseguiram convencer o rei de Portugal a assinar uma Carta Régia proibindo a escravização dos indígenas. A lei, porém, consentia a escravização em caso de guerra justa, quando portugueses ou seus aliados fossem hostilizados por algum grupo de nativos. O consentimento, nesse caso, era apoiado até por alguns jesuítas, como Manuel da Nóbrega. Contudo, na prática, a escravização acabou sendo permitida também quando os nativos se opunham à conversão ou reagiam à ocupação de suas terras.


Respostas e comentários

Os “homens bons” das Câmaras Municipais

As Câmaras Municipais representavam o poder metropolitano e, ao mesmo tempo, os interesses das elites proprietárias de terras e escravizados de cada localidade. As longas distâncias e as dificuldades de comunicação, comuns naquele período, eram obstáculos à pronta obediência das determinações da coroa portuguesa e facilitavam o enraizamento de interesses locais em tôrno dessas instituições.

A denominação “homens bons” para os proprietários de terras relaciona-se à mentalidade aristocrática dos colonizadores portugueses, cuja contrapartida era o desprezo pelo trabalho manual, visto como atividade pouco digna e reservada a grupos considerados subalternos, como indígenas e africanos escravizados.

Ampliando: o regimento de Tomé de Souza

reticências vinte e sete − Sou informado que, nas ditas terras e povoações do Brasil, há algumas pessoas que têm navios e caravelas, e reticências salteiam e roubam os gentios [indígenas] que estão de paz, e, enganosamente, os metem nos ditos navios e os levam a vender a seus inimigos e a outras partes, e que, por isso, os ditos gentios se alevantavam e fazem guerra aos cristãos reticências; e porque cumpre muito a serviço de Deus e meu prover-se nisto, de maneira que se evite, hei por bem que, daqui em diante, pessoa alguma, de qualquer qualidade e condição que seja, não vá saltear nem fazer guerra aos gentios, por terra nem por mar, em seus navios nem em outros alguns, sem vossa licença ou do capitão da capitania reticências.”

Regimento de Tomé de Souza, de 1548. In: PRIORE, Mary del; VENÂNCIO, Renato Pinto. O livro de ouro da História do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. página 33.

A Confederação dos Tamoios

Em meados do século dezesseis, os franceses invadiram a região do atual Rio de Janeiro, onde fundaram a França Antártica. Nesse contexto, em 1555, iniciou-se a Guerra dos Tamoios, ocorrida na área compreendida entre Cabo Frio e São Vicente. Os portugueses, preocupados em recuperar o território, aliaram-se aos povos Tupiniquim e Temiminó. Já os franceses se uniram aos Tamoios (grupo constituído por indígenas Tupinambá e aliados), formando a chamada Confederação dos Tamoios, para defender a colônia francesa recém-criada. Com isso, além do esforço de grupos indígenas para se livrar da dominação portuguesa, a guerra se configurou como uma disputa entre rivais europeus (portugueses contra franceses) e rivais indígenas (Tupiniquim e Temiminó contra Tupinambá).

O governador-geral organizou expedições para combater os invasores. Em 1565, os portugueses tomaram a Guanabara e fundaram a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. No entanto, os conflitos estenderam-se até 1567, quando ocorreu a conquista lusitana definitiva.

Vitoriosos nessas guerras, os portugueses escravizaram os indígenas derrotados. A Guerra dos Tamoios, portanto, foi mais um episódio em que os portugueses utilizaram a rivalidade entre os povos indígenas em benefício da colonização.

Gravura. Dois grupos de pessoas indígenas em uma batalha no rio. Elas estão agrupadas em canoas. A maioria tem arco e flecha. Alguns corpos estão boiando no rio.
Batalha entre tribos indígenas, gravura colorizada de teôdór de brí, 1564. Arquivo Histórico da Marinha Francesa, vãncêne, França.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Explique a função das Câmaras Municipais.
  2. Por que foi criado o cargo de juiz de fóra?
  3. O que foi a Guerra dos Tamoios?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar os impactos da conquista portuguesa da América sobre as populações ameríndias do Brasil, o conteúdo contempla a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero nove parcialmente.

Recapitulando

  1. As Câmaras Municipais tinham como função administrar as vilas e as cidades da colônia.
  2. O cargo de juiz de fóra foi criado para limitar a autonomia e o poder das Câmaras Municipais.
  3. A Guerra dos Tamoios foi uma guerra dos portugueses, associados aos Tupiniquim e aos Temiminó, contra os franceses, que ocuparam a região do atual Rio de Janeiro com o apôio dos Tamoios. Apesar das dificuldades, os portugueses venceram a guerra. Esse foi mais um episódio em que eles utilizaram a rivalidade entre os povos indígenas para consolidar seu domínio sobre o território.

Tamoios

Adotamos a grafia da palavra Tamoio no plural porque a Confederação dos Tamoios era composta de mais de um grupo indígena. Dessa fórma, o termo não denomina um povo específico e por isso não aplicamos a mesma grafia (no singular) utilizada nesta obra para identificar os povos indígenas do Brasil.

Sobre a Guerra dos Tamoios, foram consultadas as fontes: VAINFAS, Ronaldo direção Dicionário do Brasil colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000; MONTEIRO, Djón Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

Mulheres portuguesas na colônia

No início do período colonial, o número de mulheres que chegou à América portuguesa era muito menor que o de homens. A maioria dos primeiros colonos havia deixado suas famílias na expectativa de enriquecer e um dia retornar à Europa. Esse cenário favoreceu a existência de relações entre colonos e mulheres indígenas ou de origem africana. Porém, muitas vezes essas relações aconteciam por meio de violência sexual.

Em 1551, o padre Manoel da Nóbrega solicitou a vinda de meninas órfãs para as terras do Brasil com o objetivo de arranjar casamentos entre elas e os colonos, como fórma de moralizar o comportamento dos portugueses que viviam na colônia. Até o final do século dezesseis, as mulheres chegaram aos poucos, sempre em número menor do que o de homens. Muitas delas eram órfãs criadas por freiras em mosteiros e orfanatos e eram mandadas para as terras do Brasil ainda crianças.

As mulheres brancas, segundo a cultura europeia da época, deviam ocupar-se da educação das crianças e dos cuidados com a casa e a família. No entanto, algumas ousaram contrariar essa tradição e exerceram atividades que eram atribuídas aos homens. Na década de 1580, por exemplo, Inês de Souza, esposa do governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, comandou a defesa da cidade contra uma tentativa de invasão de corsários franceses.

Outro caso conhecido é o de Brites de Albuquerque, esposa de Duarte Coelho Pereira, primeiro capitão-donatário da capitania de Pernambuco. Dona Brites chegou ao Brasil em 1535 com o marido e o irmão, Jerônimo de Albuquerque, e nunca mais voltou a Portugal. Com a morte do marido e na ausência do filho mais velho, em 1554, foi nomeada capitã interina de Pernambuco, cargo que exerceu até 1561. Durante seu govêrno, Brites de Albuquerque pacificou as relações entre os colonos e os indígenas, contribuiu para o desenvolvimento da economia açucareira e promoveu a urbanização de Olinda, séde da capitania.

Fotografia. Pessoas aglomeradas em um protesto. A maioria é formada por mulheres. Estão em uma grande avenida segurando uma faixa roxa com a frase: 'MULHERES PELA DEMOCRACIA'.
Protesto de mulheres em favor da democracia realizado no município de São Paulo, São Paulo. Foto de 2020. Atualmente, as mulheres ainda precisam lutar por direitos, segurança e mais participação na política brasileira.

Conexão

Brasil, 500

Disponível em: https://oeds.link/LXjAD0. Acesso em: 18 maio 2022.

Nesse site, produzido pelo jornal Folha de semPaulo para lembrar os 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, é possível acessar informações, reportagens especiais e textos de historiadores, entre outros conteúdos relacionados à nossa história e às nossas tradições.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

13. É possível afirmar que Inês de Souza e Brites de Albuquerque contrariaram as regras sociais da época em que viveram? Justifique.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar a realidade das mulheres e os papéis que elas exerceram e exercem na construção da sociedade brasileira, incentivando o combate à violência contra a mulher e ao preconceito de gênero, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 4 e da Competência específica de História nº 4.

Ampliando: migrantes e degredados na Bahia em 1549

“Dos dois mil colonos que se fixaram na Bahia, em 1549, quatrocentos eram degredados; mas, a partir dessa data, o número de emigrantes voluntários ultrapassou largamente o daqueles que eram deportados para o bem de seu país. Além disso, ainda que o número de homens emigrantes fosse, naturalmente, muito maior do que o de mulheres, a proporção das que acompanhavam seus homens para o Brasil era bastante superior ao número ínfimo das que embarcavam para a Índia.”

bóquissêr, Charles R. O império marítimo português: 1415-1825. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. página 104.

Recapitulando

13. Segundo o costume português da época, as mulheres brancas deviam se ocupar do cuidado dos filhos e dos afazeres domésticos. Por esse motivo, pode-se dizer que Inês de Souza e Brites de Albuquerque contrariaram as regras sociais da época em que viveram ao assumir cargos políticos e militares.

Conexão

Oriente os alunos durante o acesso ao site e informe-os de que ele data do contexto das comemorações dos 500 anos da chegada de Cabral à América, completados em 2000. Por esse motivo, a aparência do site é diferente daquela que estamos acostumados a observar atualmente. A proposta de acesso à página incentiva o uso pedagógico da tecnologia digital, apresentando aos alunos uma fonte confiável de pesquisa escolar, bem como o contato com o desenvolvimento da linguagem digital ao longo do tempo.

Bê êne cê cê

Ao propor a análise e a compreensão do movimento de populações no tempo e no espaço e seus significados históricos, o boxe “Conexão” favorece o desenvolvimento da Competência específica de História nº 5.

Leitura complementar

A sêca na origem da colonização do Ceará

Em 1603, a coroa portuguesa concedeu ao capitão-mor Pero Coelho de Souza autorização para organizar uma expedição exploradora das capitanias do norte, inclusive a do Ceará.

Pero Coelho fundou, às margens do Rio Ceará, o Forte de São Tiago e o povoado de Nova Lisboa. Entretanto, esse primeiro núcleo colonial do Ceará fracassou por causa das dificuldades de comunicação, dos ataques e fugas de indígenas, da deserção de soldados e da primeira grande sêca registrada na região (1605-1607), fenômeno que se repetiria várias vezes nos séculos seguintes.

Leia o relato da última viagem de Pero Coelho, em 1606, quando partiu do Rio Jaguaribe, no atual Ceará, para o Forte dos Reis Magos, no atual Rio Grande do Norte, acompanhado de sua esposa e filhos, dezoito soldados e um indígena.

No segundo dia, o capitão-mor teve que carregar os dois filhos, que não podiam mais andar, e começou a falta de água. Só no terceiro, encontraram uma cacimbaglossário , junto à qual descansaram dois dias. reticências

Dentro em pouco, porém reticências, a fome e a sêde [começaram] a fazer vítimas.

A primeira foi um carpinteiro, e nesse transe os que não podiam mais andar disseram ao capitão-mor que os deixasse ficar reticências.

Animados por Pero Coelho, prosseguiram, mas logo morreu outro homem e dona Maria Tomazia, mulher do capitão-mor, o aconselhou a salvar-se, deixando-a morrer ali com os filhos.

O capitão-mor animava a todos, assegurando que, dentro em pouco, encontrariam água.

Duas cacimbas, porém, que encontraram, eram salgadas. reticências

Deste ponto saíram para Mossoró [no atual Rio Grande do Norte] e ali chegando após muitos dias de caminho, [acabou] morrendo o filho mais velho do capitão-mor.

SANTOS, João Brígido dos. Ceará: homens e fatos. Rio de Janeiro: Besnard, 1919. página 11-12.


Fotografia. Vegetação seca e baixa, característica do semiárido, sobre solo seco. Ao fundo, céu azul com poucas nuvens.
Vegetação de caatinga na região de Potiretama, no Ceará. Foto de 2017. A sêca ainda afeta milhares de famílias que vivem no Nordeste.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Por que era importante para a coroa portuguesa ocupar a região do Ceará?
  2. Cite uma conquista e uma derrota de Pero Coelho ocorridas em sua viagem.
  3. O que a viagem do capitão-mor revela sobre a ocupação do território que hoje corresponde à Região Nordeste?

Respostas e comentários

Leitura complementar

  1. O domínio português nas terras americanas estava ameaçado pela presença constante de franceses. Estimular a ocupação das terras por indivíduos portugueses era um meio de afastar a ameaça de invasão externa e de promover a exploração econômica da região em benefício de Portugal.
  2. Uma conquista de Pero Coelho foi a chegada ao Rio Grande do Norte. Uma derrota foi a morte de seu filho mais velho e de outras pessoas que o acompanhavam na viagem.
  3. A viagem revela as dificuldades da ocupação da atual Região Nordeste, sobretudo, em razão do clima semiárido e da escassez de água.

Atividade complementar

O tema da sêca pode ser aprofundado por meio de uma atividade interdisciplinar. Para isso, proponha aos alunos que avaliem os problemas relacionados à sêca no Nordeste atualmente com base nas orientações a seguir.

Após a leitura do texto da seção, apresente a figura de Pero Coelho, procurando discutir o agravamento de sua situação pela sêca. A seguir, com a participação dos professores de geografia e de ciências, proponha uma pesquisa sobre a maneira como, ao longo do tempo, o problema da sêca foi tratado pela sociedade e pelo poder público no Brasil. Se, de um lado, a sêca é um fenômeno natural, decorrente da distribuição irregular das chuvas, por outro, historicamente, a ação humana tem agravado os efeitos sociais das longas estiagens na região.

Nesse trabalho de investigação, é importante que os alunos se informem sobre o fenômeno climático e, ao mesmo tempo, observem como os sertanejos sobrevivem na região: que técnicas são empregadas na tentativa de amenizar os problemas decorrentes da estiagem; que alternativas o poder público desenvolveu na busca de solução para esses problemas; como outros países lidaram ou lidam com problemas semelhantes. Como resultado da pesquisa, os alunos podem produzir um panfleto sobre a sêca e seus efeitos sobre as populações humanas no Brasil ou no mundo.

Bê êne cê cê

A atividade está relacionada com os temas contemporâneos transversais Trabalho e Ciência e tecnologia, e favorece o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 1 e da Competência específica de Ciências Humanas nº 2.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Leia o texto para responder às questões.

A varíola podia manifestar-se sob uma fórma fulminante, denominada ‘púrpura variolosa’, cuja vítima era rapidamente levada à morte reticências. Esta terrível apresentação da varíola reticências foi a provável fórma que ocorreu entre os indígenas reticências no grande surto de 1563-64. Nele, os nativos morreram aos milhares reticências. A epidemia, iniciada em Portugal em 1562, chegou primeiramente a Itaparica [atual Bahia] e em menos de um ano foi reintroduzida em Ilhéus. Daquele local espalhou-se de norte a sul do Brasil reticências, não poupando sequer os mais fortes guerreiros.

GURGEL, Cristina B. F. Martin. Índios, jesuítas e bandeirantes: medicinas e doenças no Brasil dos séculos dezesseis e dezessete. 2009. Tese (Doutorado em Clínica Médica) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. página 123-124.

  1. Qual foi a origem da epidemia de varíola que se verificou na Bahia, entre 1563 e 1564?
  2. Por que os indígenas eram tão gravemente afetados pela varíola?
  3. Quais foram as consequências do surto de varíola para as populações nativas do Brasil?
  1. Consulte o mapa da página 109 e compare-o com um mapa atual do Brasil. Identifique estados ou municípios que mantêm o nome da época das capitanias hereditárias.
  2. Leia o trecho e, em seu caderno, classifique cada uma das afirmações em verdadeira ou falsa.

O govêrno-geral correspondia à necessidade de se uniformizar a administração, corrigir os abusos dos capitães-donatários contra os gentios, regular as relações entre as diversas capitanias, submetendo os donatários a uma autoridade superior, expulsar os corsários; em suma, organizar a política portuguesa na América.

NEVES, Cylaine Maria das. A vila de São Paulo de Piratininga: fundação e representação. São Paulo: Annablume; fapésp, 2007. página 231.

  1. O govêrno-geral foi fundado como alternativa ao fracasso do sistema de capitanias hereditárias.
  2. Ao reformar as capitanias-gerais e nomear capitães-donatários, o govêrno-geral foi desativado.
  3. A figura do governador-geral foi criada para organizar a colonização, centralizando sua administração.
  4. Muitos capitães-donatários venderam as terras da coroa para estrangeiros, por isso foi criado o cargo de governador-geral.
  1. Identifique a afirmação correta sobre as relações estabelecidas entre europeus e indígenas na Guerra dos Tamoios (1555-1567).
    1. Os franceses se uniram aos Tupiniquim para proteger a França Antártica dos ataques dos portugueses.
    2. Os Tupinambá se aliaram aos Temiminó para expulsar franceses e portugueses de suas terras.

Respostas e comentários

Atividades

    1. A epidemia de varíola que ocorreu na Bahia do século dezesseis originou-se da empresa colonizadora portuguesa. A doença atingiu Portugal em 1562 e um ano depois chegou ao Brasil, provavelmente trazida por colonos contaminados.
    2. Os nativos eram afetados pela varíola de maneira muito grave porque se tratava de uma doença estranha na América, para a qual não tinham imunidade.
    3. A disseminação da varíola no Brasil causou a morte de milhares de indígenas, reduzindo sensivelmente a população nativa.
  1. Os estados e as cidades que mantêm o mesmo nome da época das capitanias hereditárias são: Maranhão, Ceará, Pernambuco e Espírito Santo (estados) e Itamaracá (Pernambuco), Ilhéus (Bahia), Porto Seguro (Bahia) e São Vicente (São Paulo) (cidades).
    1. verdadeiro; b) F; c) verdadeiro; d) F.
  2. Alternativa c.
  1. Os portugueses se aproveitaram da rivalidade entre os Tupiniquim e os Tupinambá para combater os invasores franceses.
  2. Os Tupiniquim foram incentivados pelos portugueses a capturar inimigos Tupinambá e franceses para realizar rituais antropofágicos.

Aluno cidadão

5. Apesar do uso generalizado da moeda, o escambo nunca desapareceu e tem se tornado cada vez mais popular com o surgimento de sites e aplicativos que facilitam a conexão entre pessoas que desejam trocar objetos e serviços.

Faça uma pesquisa sobre economia colaborativa ou compartilhada. Com base nela, responda às questões.

  1. O que é economia colaborativa/compartilhada?
  2. Qual é o papel da prática do escambo nesse tipo de economia?
  3. Qual é a importância dos recursos digitais para esse tipo de economia atualmente?
  4. Em sua opinião, que benefícios a economia colaborativa/compartilhada pode ter para as sociedades contemporâneas?

Conversando com geografia

  1. Desde o início do século dezessete existem registros sobre a dificuldade de encontrar exemplares de pau-brasil nas matas próximas ao litoral. Apesar de a resina do pau-brasil ter deixado de ser utilizada na tinturaria no século dezenove, no início do século seguinte a espécie estava ameaçada de extinção.
    1. Reúna-se em grupo para fazer uma pesquisa e responder às seguintes questões:
      • A que se deve a escassez de exemplares da árvore pau-brasil nas florestas do litoral brasileiro?
      • Quais são os atuais usos da árvore pau-brasil?
      • Por que é importante preservar essa espécie de árvore?
    1. Após a pesquisa, organizem as informações levantadas, elaborando um esquema ilustrado.
    2. Preparem uma apresentação, por meio de cartazes ou recursos digitais, para os demais colegas.
    3. Ao final das apresentações, debatam a questão: Como extrair recursos da natureza de maneira sustentável?

Você é o autor

7. A carta de Pero Vaz de Caminha dirigida ao rei de Portugal tinha o objetivo de informar as possibilidades de exploração das novas terras além-mar. Depois de Caminha, outros funcionários da coroa vieram para as terras do Brasil a serviço dos monarcas portugueses e encaminharam ao rei relatórios de suas atividades na colônia. Imagine que você foi designado para ocupar o cargo de governador-geral do Brasil em meados do século dezesseis e escreva uma carta ao rei de Portugal relatando as dificuldades que encontrou na colônia e as decisões que tomou. Mas lembre-se: você não pode inventar nada! Sua carta deve conter informações históricas confiáveis, que podem ser pesquisadas neste capítulo, em outros livros, em sites da internet ou em revistas de história.


Respostas e comentários
    1. A economia colaborativa/compartilhada é um conjunto de atividades econômicas onde há compartilhamento de objetos e outros elementos, troca de favores e de conhecimento de modo que essas trocas podem ser baseadas em remuneração financeira, favor ou escambo.
    2. O escambo é um dos recursos utilizados na economia colaborativa/compartilhada. Por meio dele, é possível ter acesso a bens e serviços sem o uso de dinheiro.
    3. Os recursos digitais favorecem a divulgação do interesse nas trocas não monetárias, permitindo que interessados ofereçam ou acessem os objetos, serviços ou conhecimento de que necessitam.
    4. Espera-se que os alunos reflitam sobre o fato de que a economia colaborativa/compartilhada evita o consumo de produtos novos e o descarte de produtos que ainda estão em bom estado de uso, o que favorece a sustentabilidade e beneficia a preservação ambiental. Além disso, pessoas sem condições financeiras de adquirir determinados produtos ou serviços podem acessá-los oferecendo fórmas de pagamento não monetárias. Esse tipo de troca aproxima as pessoas e favorece os laços de solidariedade.

Bê êne cê cê

Ao propor uma pesquisa e uma reflexão sobre economia colaborativa/compartilhada, a atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Educação ambiental, Educação para o consumo, Educação financeira e Educação fiscal, e favorece o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 7.

6. A atividade promove a reflexão acerca da exploração dos recursos naturais do país e as possibilidades de desenvolvimento econômico sustentável, estimulando os alunos a construir argumentos com base em dados científicos para um debate sobre o tema. Estima-se que, legalmente, cêrca de quinhentas mil árvores de pau-brasil foram extraídas no período colonial de fórma intensiva e predatória. Atualmente, o pau-brasil é uma espécie sob risco de extinção e é matéria-prima para a fabricação de arcos de violino e objetos de artesanato, além de projetos de paisagismo. Os sites do Instituto Brasileiro de Florestas (disponível em: https://oeds.link/vEiIgu; acesso em: 19 maio 2022) e do projeto ésse ó ésse Mata Atlântica (disponível em: https://oeds.link/99WPrX; acesso em: 19 maio 2022) podem ser consultados para a pesquisa.

Interdisciplinaridade

Ao promover uma reflexão sobre os impactos ambientais do consumo, a atividade contribui para o desenvolvimento de habilidades do componente curricular geografia, especificamente a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero seis, e favorece o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 2 e nº 10.

7. A atividade de escrita pode ser feita em parceria com o professor de língua portuguesa, que orientará os alunos a respeito das características estruturais de um texto desse tipo, como a identificação do local, da data e do receptor ou interlocutor no início e a assinatura do autor ou remetente no fim do texto. Ao final da atividade, organize a turma em duplas e peça que cada integrante da dupla leia a carta do colega e escreva uma pequena avaliação sobre ela, apontando e justificando sugestões de melhoria. Solicite que avaliem se o autor da carta descreveu alguns desses aspectos: a posição do autor na hierarquia social e sua relação com os demais personagens da colônia em função dessa posição (homens bons, jesuítas, indígenas); as características da administração colonial na segunda metade do século dezesseis (capitanias hereditárias, govêrno-geral, Câmaras Municipais); e os aspectos econômicos envolvidos na colonização (produção voltada para exportação, sistema de monopólio).

Fazendo e aprendendo

Resumo

Resumir um texto ou trecho de uma obra significa torná-lo mais curto, sintetizando as ideias principais e os conceitos mais importantes, e eliminando o que é secundário. A prática de resumir, portanto, exige a habilidade de selecionar as partes mais importantes do texto-base ou original.

Leia o trecho de um texto.

A adesão mais ou menos sincera das camadas dirigentes à sociedade dos vencedores, o papel ativo dos índios de igreja, o desaparecimento do aparato dos antigos cultos substituído por instituições cristãs, a exploração colonial sob suas fórmas mais diversas e mais brutais e, para culminar, a colossal perda demográfica, transtornaram a existência cotidiana de todos os indígenas. As políticas de ‘congregações’, por sua vez, contribuíram para abalar o enraizamento territorial dos grupos que haviam escapado da morte. Ao longo da década de 1620, a população indígena do México central atingia seu ponto mais baixo, setecentas e trinta mil pessoas, representando apenas 3% do que fôra às vésperas da conquista. Se acrescentarmos a isso os efeitos da anomia causada pelo questionamento das normas e hierarquias tradicionais, se considerarmos o impacto da desorientação cultural produzida pela introdução de novos modelos de conduta (os rituais cristãos, o casamento e a aliança, o trabalho etcétera), todos os elementos de uma vertiginosa agonia humana e cultural pareciam reunidos no final do século dezesseis. reticências

Mas não podemos ignorar o outro aspecto dessa derrocada: a aculturação progressiva dos nobres cristianizados no âmbito dos pueblos coloniais, em tôrno das igrejas e dos conventos, e sob o jugo de um clero cada vez mais numeroso diante de fiéis em vias de extinção. Os oitocentos regulares [religiosos] de 1559 eram 1500 por volta de 1580 e aproximadamente 3 mil por volta de 1650. Essa aculturação suscitou desde cedo o triunfalismo, que estimava mal a falta de meios e de efetivos por parte da Igreja e, mais ainda, as profundas distâncias que separavam as culturas que se enfrentavam. reticências

gruzínski, Serge. A colonização do imaginário. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. página 218.

Agora, leia o resumo do mesmo trecho.

Nesse trecho, sérge gruzínsqui afirma que a colonização, por meio de suas variadas práticas, e a perda populacional causaram enorme transtorno à vida de todos os indígenas. Além disso, fatores como a desorientação cultural causada pelo questionamento às normas e hierarquias indígenas, transformadas por modelos europeus, foram responsáveis por uma enorme agonia humana e cultural no final do século dezesseis.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A elaboração de resumos propicia o desenvolvimento da autonomia dos alunos, que precisam exercitar a flexibilidade e a determinação para sintetizar o conteúdo, sem desconsiderar os principais conceitos explicitados (capacidade de detectar e eleger prioridades). Assim, a atividade contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 10. Além disso, ao promover a compreensão de conceitos históricos, a atividade contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História nº 6.

Fazendo e aprendendo

A elaboração de resumos favorece a consolidação dos conteúdos estudados. Por meio do resumo, os alunos podem revisar e trabalhar os conteúdos com relativa autonomia, desenvolvendo as habilidades de compreensão e síntese. Além disso, podem exercitar a leitura e a escrita e ampliar o léxico.

Nesse sentido, espera-se que os resumos criados sirvam de instrumento de estudo. É importante observar se os alunos são capazes de sintetizar os capítulos, apresentando as ideias principais e os conceitos-chave, que serão naturalmente objeto de avaliação ao longo do processo de ensino e aprendizagem.

Para fazer um bom resumo, você pode seguir estes passos.

  1. A princípio, leia e releia atentamente o texto-base a ser resumido quantas vezes achar necessário.
  2. Se houver palavras desconhecidas, procure o significado delas no dicionário.
  3. Transcreva o texto-base em seu caderno e identifique as ideias principais e os conceitos-chave, grifando-os com um marca-texto; faça isso em cada parágrafo.
  4. Resumir não significa copiar: você deve abreviar o conteúdo e escrever com suas palavras as ideias principais e os conceitos-chave que aparecem no texto-base.
  5. Apresente as ideias na mesma ordem do texto original.
  6. Releia o resumo e verifique se ele apresenta as ideias principais do texto-base. Caso necessário, faça ajustes, excluindo ou acrescentando trechos, até chegar ao resultado ideal.

Responda em seu caderno.

Aprendendo na prática

A função do resumo é tornar o estudo mais proveitoso, permitindo a compreensão do conteúdo por meio do levantamento das ideias principais e dos conceitos-chave acerca do tema tratado no texto original.

Agora que você sabe o que é um resumo, para que ele serve e como fazê-lo, é hora de colocar a mão na massa.

Elabore o resumo de um texto apresentado nesta unidade, por exemplo, o texto “Mulheres portuguesas na colônia”, da página 112 deste capítulo.

Siga os procedimentos e lembre-se: o resumo é um texto abreviado e escrito com suas palavras.

  1. Selecione o texto original a ser resumido. Evite um texto-base muito curto, pois não propiciará muitas possibilidades de resumo.
  2. Escolhido o texto-base, resuma-o em tópicos. Dessa fórma, você conseguirá organizar as ideias principais do texto original na ordem em que elas aparecem. Isso facilitará a elaboração do seu resumo.
  3. Elabore o resumo. Para isso, de preferência, utilize lápis, que permite apagar e reescrever trechos com facilidade, até chegar ao formato final do resumo.
  4. Revise o resumo para corrigir possíveis erros ortográficos e confronte-o com o texto original para verificar se as principais ideias realmente foram apresentadas.
  5. Quando considerar o trabalho concluído, apresente-o ao professor ou à professora.

Versão adaptada acessível

Aprendendo na prática

A função do resumo é tornar o estudo mais proveitoso, permitindo a compreensão do conteúdo por meio do levantamento das ideias principais e dos conceitos-chave acerca do tema tratado no texto original.

Agora que você sabe o que é um resumo, para que ele serve e como fazê-lo, é hora de colocar a mão na massa.

Elabore o resumo de um texto apresentado nesta unidade, por exemplo, o texto “Mulheres portuguesas na colônia”, da página 112 deste capítulo.

Siga os procedimentos e lembre-se: o resumo é um texto abreviado e escrito com suas palavras.

  1. Selecione o texto original a ser resumido. Evite um texto-base muito curto, pois não propiciará muitas possibilidades de resumo.
  2. Escolhido o texto-base, resuma-o em tópicos. Dessa forma, você conseguirá organizar as ideias principais do texto original na ordem em que elas aparecem. Isso facilitará a elaboração do seu resumo.
  3. Elabore o resumo. Para isso, se possível, utilize ferramentas que permitam apagar e reescrever trechos com facilidade, até chegar ao formato final do resumo.
  4. Revise o resumo para corrigir possíveis erros ortográficos e confronte-o com o texto original para verificar se as principais ideias realmente foram apresentadas.
  5. Quando considerar o trabalho concluído, apresente-o.
Orientação para acessibilidade

3. Proponha a elaboração do resumo com o uso das ferramentas de escrita disponíveis aos estudantes, sejam elas digitais, como conversores de voz em texto, ou sistemas de escrita, como o Sistema Braile. Outras possibilidades são, ainda, solicitar a produção do resumo em formato de áudio ou a realização de uma apresentação oral.

Respostas e comentários

Aprendendo na prática

Sugestão de resumo.

Mulheres portuguesas na colônia

Os colonos portugueses se deslocavam para a América e deixavam suas esposas, quando as tinham, em Portugal, o que os levava a manter relações com mulheres nativas ou africanas, muitas vezes com uso da violência.

A Igreja Católica decidiu, em 1551, enviar mulheres cristãs para o Brasil, a fim de evitar as relações fóra do matrimônio, considerado sagrado. Também era comum que crianças órfãs fossem retiradas de mosteiros e orfanatos de Portugal para serem enviadas à América.

Muitas dessas mulheres criadas na colônia rompiam com os papéis sociais e religiosos previstos para elas. Um exemplo é Brites de Albuquerque, que assumiu o govêrno da capitania de Pernambuco, atuando para pacificar as relações entre colonos e indígenas, desenvolver a economia do açúcar e urbanizar a cidade de Olinda, então séde da capitania.

Glossário

Pascoela
: domingo seguinte ao da Páscoa dos cristãos.
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Tanger
: fazer soar instrumento, tocar.
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Metrópole
: nesse caso, refere-se a Portugal, centro do Império Português, em oposição às colônias.
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Degredado
: expulso do país de origem; exilado.
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Cacimba
: buraco no chão que dá acesso a águas subterrâneas.
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