CAPÍTULO 11  Mercantilismo: uma economia de transição

Fotografia. Dois homens sentados em cadeiras de encosto alto. Estão olhando para diversos monitores com informações financeiras. Os dois homens estão com uma mão na boca e a outra no mouse do computador. Ambos usam roupas azuis.
Pregão da bolsa de valores de Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 2022.

As bolsas assemelham-se. O espetáculo nas breves horas de atividade é quase sempre, pelo menos a partir do século dezessete, o das multidões ruidosas, comprimidas e apertadas. reticências A bolsa é, guardadas as devidas proporções, o último andar de uma feira, mas de uma feira que não se interrompe. Graças aos encontros entre negociantes importantes e a uma multidão de intermediários, trata-se de tudo ao mesmo tempo, operações sobre mercadorias, câmbios, participações, seguros marítimos reticências; é também um mercado monetário, um mercado financeiro, um mercado de valores. reticências Já no início do século dezessete, constituiu-se, à parte, uma bolsa de cereais que se reúne três vezes por semana reticências num imenso galpão de madeira onde cada mercador tem seu corretor ‘que tem o cuidado de levar as amostras dos cereais que quer vender. reticências o preço dos cereais é fixado tanto pelo pêso [específico] quanto pela boa ou má qualidade [do produto]’. Esses cereais são importados para reticências revenda ou reexportação.

Broudel, Fernan. Civilização material, economia e capitalismo: séculos quinze a dezoito. São Paulo: Martins Fontes, 1998. volume 2. página 80-81.

As bolsas de valores começaram a funcionar na Baixa Idade Média com o Renascimento Comercial e Urbano. Nessas instituições, comerciantes e intermediários negociavam a produção agrícola, aproximando os compradores dos produtores. Eles se reuniam em locais abertos, anunciavam seus produtos no grito e aguardavam a realização das vendas. Com o tempo, outros negociantes, como cambistas, banqueiros e corretores de valores, passaram a participar das negociações. Começaram, então, a ser negociados nas bolsas de valores diversos tipos de mercadoria, e essas instituições tornaram-se indispensáveis para a prática comercial. Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, as negociações são feitas de maneira eletrônica. É possível comprar e vender ações de empresas e mercadorias sem sair de casa. E a gritaria virou coisa do passado!

  • Para que servem as bolsas de valores?
  • Por que essas instituições começaram a funcionar entre o final da Idade Média e o período moderno?
  • Que relações é possível estabelecer entre a imagem e o texto apresentados nesta abertura?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo contempla a habilidade ê éfe zero sete agá ih um sete (ao abordar práticas e princípios econômicos relacionados à experiência mercantil europeia, avaliando o mercantilismo como economia de transição para o capitalismo).

Objetivos do capítulo

  • Conhecer as principais características do mercantilismo.
  • Compreender o mercantilismo como um conjunto de práticas e princípios econômicos que contribuíram para a formação do capitalismo.
  • Discutir como o mercantilismo, ao mesmo tempo que integrou as nações pelo comércio, estabeleceu forte concorrência entre elas.
  • Compreender como a prática mercantilista levou à modificação nas fórmas de uso do solo, impulsionando o desenvolvimento do capitalismo agrário.
  • Identificar novas relações de produção e consumo características do capitalismo que foram impulsionadas pelo mercantilismo.

Abertura do capítulo

A abertura apresenta a origem das bolsas de valores, instituições ainda presentes nas sociedades contemporâneas, que remonta à Baixa Idade Média e à Idade Moderna.

A importância da bolsa de valores para a economia de nossos dias é uma característica do capitalismo comercial-financeiro e expressões como “a bolsa operou em alta” ou “as ações da bolsa despencaram” fazem parte do noticiário cotidiano. Para levantar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema, explore com eles o significado dessas expressões e de outras como operações sobre o câmbio, que é a compra ou troca de moedas de um país pelas de outro; participação, que é a associação de pessoas dispostas a investir no mesmo negócio; mercado monetário, mercado financeiro e mercado de valores, que consistem na negociação de ações. Espera-se que os alunos associem a função atual das bolsas de valores à regulação do mercado financeiro e à negociação de ações de empresas. As bolsas de valores se desenvolveram em função da atividade comercial que teve impulso entre o final da Idade Média e o período moderno. Espera-se que os alunos identifiquem o contraste entre a descrição da atividade das bolsas de valores feita no texto, que menciona negociações ruidosas, e a mostrada na fotografia, em que as negociações ocorrem de maneira silenciosa usando computadores.

A Europa moderna

Você chegou ao último capítulo do livro do 7º ano e estudou temas importantes: a formação dos Estados nacionais, o Humanismo, o Renascimento e as Reformas Religiosas, o desenvolvimento científico, a expansão marítima europeia e a colonização da América. Esses eventos e processos produziram rupturas com o passado medieval na Europa e orientaram o desenvolvimento de uma sociedade cada vez mais interligada pela prática comercial.

O comércio de especiarias fez a fortuna de muitos mercadores e foi disputado por diversas nações europeias, como Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra. O tráfico de seres humanos escravizados tornou-se um empreendimento lucrativo ligado, sobretudo, às lavouras agroexportadoras coloniais, que forneciam matérias-primas e produtos para as metrópoles. Com a descoberta de metais preciosos nas colônias, as nações europeias foram inundadas pelos valiosos minérios.

As relações produtivas alteraram-se profundamente. A terra virou mercadoria, com valor comercial, disponível para aluguel, compra e venda. A produção rural foi direcionada para suprir tanto a demanda urbana local de mercadorias como o mercado externo.

Atreladas a esse conjunto de fatores que marcaram a Idade Moderna, ideias, práticas e políticas econômicas desenvolviam-se com o intuito de ampliar o potencial do comércio como fonte geradora de riquezas para o Estado. Entretanto, a busca por novos mercados estimulava uma situação que muitas vezes acabava em conflitos armados entre os Estados nacionais europeus que disputavam o monopólioglossário sobre o comércio.

Fotografia. Grande prédio retangular com dois andares e muitas janelas. À frente cavalo puxando uma carroça, algumas pessoas e árvores.
Arquivo Geral das Índias, em Sevilha, Espanha. Foto de 2019. Até o século dezoito funcionava no local a antiga Casa de Contratação, responsável pelo contrôle político e comercial das colônias espanholas na América.

Saiba mais

A moeda

O sistema monetário que conhecemos foi desenvolvido ao longo do tempo. Da prática do escambo até os sistemas de compra e venda de mercadorias por meio eletrônico, muitas etapas foram percorridas. Somente no século quinze, por exemplo, foi popularizado, na Europa, o uso das cédulas de dinheiro ainda vigentes, uma invenção chinesa do século um antes de Cristo.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao apresentar o mercantilismo como um conjunto de princípios e práticas transitórias que contribuíram para a formação do capitalismo, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih um sete.

Ampliando: economia-mundo

“Uma economia-mundo possui sempre um polo-urbano, uma cidade no centro da logística dos seus negócios: as informações, as mercadorias, os capitais, os créditos, os homens, as encomendas, as cartas comerciais chegam a ela e dela voltam a sair. reticências

As cidades dominantes não o são in etérnum: substituem-se umas às outras. reticências

Uma economia-mundo é um encaixe, uma justaposição de zonas ligadas entre si, mas a níveis diferentes. Desenham-se no local três ‘áreas’, três categorias pelo menos: um centro restrito, regiões secundárias bastante desenvolvidas e, finalmente, enormes margens exteriores. E, obrigatoriamente, as qualidades e características da sociedade, da economia, da técnica, da cultura, da ordem política, mudam conforme nos deslocamos de uma zona para outra. reticências

Seja qual for a evidência das sujeições econômicas, sejam quais forem as suas consequências, seria um erro imaginar a ordem da economia-mundo governando toda a sociedade, determinando, por si só, as outras ordens da sociedade. Pois há outras ordens. Uma economia nunca está isolada. O seu território, o seu espaço são os mesmos onde se instalam e vivem outras entidades – a cultura, o social, a política – que incessantemente interferem nela para a favorecer, ou então para a contrariar.”

Broudel, Fernan. Civilização material, economia e capitalismo: séculos quinze a dezoito. São Paulo: Martins Fontes, 1998. volume 3, página 20, 22, 29 e 35.

A Europa moderna

Ao longo deste capítulo, serão apresentadas medidas mercantilistas adotadas por diferentes países, contribuindo para relativizar a ideia de que havia homogeneidade de práticas econômicas na Europa desse período, que foi marcado por intensas transformações. Esse tema encerra o conteúdo de História do 7º ano e será retomado no volume do 8º ano.

Mercantilismo

O termo mercantilismo foi criado em meados do século dezenove por estudiosos das transações comerciais e dos princípios econômicos adotados pelos Estados europeus durante a Idade Moderna.

Conforme você estudou no capítulo 1 deste volume, o mercantilismo foi a política econômica que teve como base o metalismo (acúmulo de metais preciosos), a perseguição de uma balança comercial favorável (exportação maior que a importação), o colonialismo (conquista de territórios e exploração de suas riquezas) e o protecionismo alfandegário (taxação de produtos importados). Algumas potências europeias estimulavam também a produção manufatureira, isto é, a fabricação local de objetos e tecidos destinada ao abastecimento dos mercados interno e externo.

As experiências comerciais e os princípios mercantilistas adotados nos Estados europeus variaram no tempo e no espaço, ou seja, cada Estado adotava práticas condizentes com suas possibilidades e expectativas mercantis específicas. Entretanto, todos apresentavam um objetivo em comum: enriquecer o próprio reino.

Entre os séculos quinze e dezoito, a adoção de tais princípios propiciou um sólido acúmulo de capitais, possibilitando aos Estados e à burguesia reunirem recursos financeiros suficientes para impulsionar o desenvolvimento do capitalismo.

Na sequência, veremos como alguns Estados europeus empreenderam suas práticas mercantilistas.

Fotografia. Moedas douradas alinhadas em uma esteira plana. Atrás, uma máquina.
A Casa da Moeda Real, em Londres, Reino Unido. Foto de 2017. Nesse local são cunhadas as moedas que circulam no Reino Unido.
Gravura em preto e branco. À frente, no centro, pessoa manuseando uma placa e um martelo. À esquerda, outra pessoa corta peças com uma grande tesoura. À frente dela, cestos com diversas moedas. À direita da imagem, pessoa sentada batendo em uma estaca com um martelo. A estaca está apoiada em um suporte e rodeada por moedas. No canto direito, uma criança recolhe essas moedas.  
Ao fundo, senhor de barba grande, aponta o dedo para um livro sobre a mesa. Ao lado dele uma pessoa em pé. Sobre a mesa uma balança.
Gravura representando uma oficina de cunhagem em uma casa da moeda, século dezesseis. Museu Real da Moeda, Llantrisant, Reino Unido.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O mercantilismo foi o conjunto de práticas e princípios econômicos vigentes em que período da história?
  2. Os Estados europeus aplicavam todos os princípios econômicos do mercantilismo simultaneamente? Qual era o objetivo principal desses Estados ao adotar as práticas mercantilistas?

Respostas e comentários

Mercantilismo

Apresenta-se um panorama político e econômico da Europa, representado pelo absolutismo monárquico e pelo mercantilismo. Ao discutir as práticas mercantilistas, enfatize o caráter fortemente protecionista que as fundamentou. Pergunte aos alunos o que eles consideram riqueza material: somente os metais nobres entesourados ou também outros elementos, em diferentes condições e circunstâncias?

A pergunta permite historicizar a noção de riqueza e perceber que nossa concepção diverge da que era adotada por alguns Estados europeus entre os séculos quinze e dezoito.

Interdisciplinaridade

Ao abordar eventos ocorridos entre o período mercantilista e o advento do capitalismo, o conteúdo favorece o desenvolvimento de habilidades do componente curricular geografia, especificamente a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero cinco.

Recapitulando

  1. O mercantilismo foi um conjunto de práticas e princípios políticos e econômicos adotados entre os séculos quinze e dezoito; portanto, no período moderno.
  2. Os Estados europeus não adotavam ao mesmo tempo nem no mesmo período o conjunto de práticas e políticas mercantilistas. Tal adoção dependia das possibilidades de cada Estado e das convicções econômicas e políticas de seus governantes. O objetivo principal de todas as monarquias era enriquecer o próprio reino, o que, com o tempo, permitiu o desenvolvimento de práticas capitalistas cada vez mais modernas.

A Península Ibérica e suas práticas mercantis

Entre os séculos quinze e dezoito, a riqueza dos impérios Português e Espanhol resultou da posse de suas colônias ultramarinas. Com o intuito de fortalecer o Estado nacional, esses impérios se beneficiavam da exploração colonial dos metais preciosos e dos artigos de alto valor comercial no mercado europeu. Para garantir vantagens comerciais, as metrópoles buscavam orientar e controlar a produção de metais preciosos e da agricultura e monopolizar as relações comerciais.

Os impérios Português e Espanhol impunham o contrôle comercial sobre suas colônias e associavam a riqueza da coroa à capacidade de acumular e reter o máximo de ouro e prata nos cofres do reino. Estima-se que a coroa espanhola, por exemplo, com a descoberta das minas entre os séculos dezesseis e dezessete, tenha extraído de suas possessões coloniais na América cêrca de duzentas toneladas de ouro e 18 mil toneladas de prata. Vale destacar o fato de que o tráfico de africanos escravizados e a agropecuária incrementavam as receitas do reino.

Pintura. Embarcações de tamanhos variados em um porto. O rio é sinuoso. Ao fundo, uma cidade com construções altas e uma torre. O céu está encoberto por nuvens escuras.
Vista de Sevilha, pintura de alônsso sânches Coello, século dezesseis. Museu da América, Madri, Espanha. O porto da cidade de Sevilha era o único autorizado pela coroa espanhola a enviar navios à América e a receber embarcações desse continente.

A coroa portuguesa, no início de sua experiência com as colônias, buscou estabelecer uma política econômica que lhe assegurasse uma balança comercial favorável, ou seja, maior volume de receitas do que de despesas. Portugal concentrou-se no comércio de especiarias orientais, da pimenta-da-costa africana e do pau-brasil, na costa leste do continente americano. Mais tarde, desenvolveu a exploração colonial de maneira mais efetiva com base na produção de açúcar no Nordeste brasileiro e na mineração das regiões auríferas entre os séculos dezessete e dezoito.

Fotografia. Duas moedas de ouro. Têm símbolos e inscrições em sua superfície.
Moedas de ouro portuguesas, século dezesseis. Museu Britânico, Londres, Reino Unido.

Respostas e comentários

Ampliando: Portugal e o Estado moderno

“Desde os primórdios do tempo moderno, Portugal manifestou-se como uma das nações que mais cedo deu fórma a um Estado, síntese de um rei e de um reino, com instituições, território, cultura e autonomia econômica, perfilando-se no areópago das nações cristãs como constante aliada do papado, reconhecendo a matriz cristã e latina da sua tradição histórica, caldeada com as várias culturas e etnias que enriqueceram o seu convívio em tempos medievais (sueva, goda, hebraica e muçulmana). Experimentando e extraindo da experiência uma atitude política de acautelamento perante a existência estrutural de duas fronteiras de equivalente importância, a terrestre e a marítima, o fim dos tempos medievais em Portugal e o início das diretrizes modernas afirmam-se na 2ª dinastia, de Dom João primeiro a Dom João segundo, começando, nesta mesma altura, aquilo a que Jorge Borges de Macedo chamou de ‘exportação de Estado’, ou seja, a exportação, para áreas civilizacionais extra-europeias, dos modelos de organização política, social, econômica, cultural e religiosa já experimentados na Europa, no sentido de contribuir para uma relação global dos vários contextos evolutivos à escala mundial.”

BARATA, Maria do Rosário Themudo. Portugal e a Europa na época moderna. In: TENGARRINHA, José (organizador). História de Portugal. Bauru: êdúsqui; São Paulo: Editora Unésp; Lisboa: Instituto Camões, 2000. página 109. (Coleção História).

A França e suas práticas mercantis

O Estado francês não dispunha de minas de ouro nem de prata. Em razão disso, sua principal preocupação era criar uma prática econômica e comercial para obter esses metais preciosos. Sua estratégia baseava-se em desenvolver e proteger a produção manufatureira e a marinha mercante, bem como conquistar mercados coloniais e outros mercados externos.

Os franceses buscaram regulamentar a produção, assumindo a tarefa de impor às fábricas reais e particulares o aperfeiçoamento das técnicas de manufatura, e, ao mesmo tempo, estabelecer uma política protecionista para coibirglossário a importação e a exportação de matérias-primas. Na prática, o Estado tributava pesadamente as matérias-primas estrangeiras e incentivava a exportação de produtos manufaturados franceses.

A produção manufatureira e o comércio de tapeçaria, malharia, tecidos de luxo, papéis, armas, objetos de vidro e porcelana passaram a constar na pauta de exportações francesas durante o século dezessete. A exploração colonial do Haiti, de Guadalupe e da Martinica, na América, foi importante por fornecer matérias-primas para as manufaturas francesas.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Quais foram as principais práticas mercantilistas adotadas pelos impérios da Península Ibérica?
  2. Qual foi a principal estratégia mercantilista da França?

História em construção

As ideias de Jan Batiste Colbér

O principal expoente do mercantilismo francês foi Jan Batiste Colbér, ministro das finanças entre os anos de 1665 e 1683. Leia a seguir o trecho de uma carta endereçada ao rei francês Luís catorze em que o ministro deixa antever suas concepções.

Creio que permanecerá facilmente de acôrdo neste princípio de que somente a abundância de prata num Estado faz a diferença de grandeza e de seu poder. Sobre este princípio, é certo que saem todos os anos do reino, em gêneros de sua produção, necessários ao consumo dos países estrangeiros, cêrca de 12 a 18 milhões de libras. Estão aí as minas do nosso reino, para a conservação das quais é preciso trabalhar cuidadosamente. reticências

Podemos obter a mesma consequência em relação às mercadorias de entreposto, isto é, aquelas que poderíamos ir pegar nas Índias Orientais e Ocidentais para trazer para o norte, donde traríamos por nós mesmos as mercadorias necessárias à construção dos navios, em que consiste a outra parte da grandeza e do poder do Estado.

Além das vantagens que produzirá a entrada de uma quantidade maior de prata corrente no reino, é certo que, através das manufaturas, milhões de pessoas que enlanguescemglossário na indolênciaglossário ganharão sua vida.

colbér, jãn baptíst. Libertar o comércio exterior da França da tutela holandesa. In: dêiôn, piérre. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973. página 121-123.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. O que são as “minas” a que colbér se refere na carta? Quais seriam as estratégias para atrair prata para o reino francês?
  2. Quais são os princípios mercantilistas apresentados no trecho selecionado da carta de colbér?
  3. Por que esse documento é importante para a escrita da história da Europa moderna?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. As principais práticas mercantilistas adotadas foram a busca de balança comercial favorável por meio da compra e da venda de mercadorias, a exploração colonial e o metalismo. Essas práticas foram adotadas com o propósito de aumentar o volume de metais preciosos em poder dos impérios ibéricos.
  2. A principal estratégia mercantilista da França foi conquistar mercados coloniais, aperfeiçoar sua produção manufatureira, manter sua balança comercial estável, evitando importar e exportar matérias-primas (para dificultar a concorrência), e, ao mesmo tempo, incentivar a exportação de produtos manufaturados desenvolvidos no país.

História em construção

  1. As “minas” a que colbér se refere são uma analogia para designar a produção de mercadorias exportáveis. Para atrair metais preciosos como ouro e prata, a estratégia da França seria desenvolver o comércio por meio da marinha mercante, transportando e cobrando frete, e estimular a produção, exportando bens de consumo em troca da entrada desses valiosos minérios.
  2. No trecho selecionado, foram apresentados o princípio do metalismo, quando colbér afirma que “a abundância de prata num Estado faz a diferença de grandeza e de seu poder”, e, também, o da balança comercial favorável, ao mencionar o desenvolvimento de uma marinha mercante articulando as então chamadas Índias Orientais e Ocidentais ao mercado do norte da Europa, além do desenvolvimento das manufaturas, com o mesmo princípio de atrair prata.
  3. Por meio da análise e das comparações desse documento com outros do mesmo tipo, o historiador pode traçar um panorama das ideias e ações que sustentaram as práticas comerciais nos reinos europeus no século dezessete.

Bê êne cê cê

A seção “História em construção” contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 2, da Competência específica de Ciências Humanas nº 6, bem como das Competências específicas de História nº 3 e nº 6.

A Holanda e suas práticas mercantis

Na Holanda, o apôio da burguesia à política mercantilista verificou-se no desenvolvimento de uma frota mercante moderna para transportar cargas pesadas ao longo das rótas marítimas, na criação da Companhia das Índias Orientais (1602) e da Companhia das Índias Ocidentais (1621) e no papel do Banco de Amsterdã.

A Companhia das Índias Orientais e a das Índias Ocidentais eram instituições holandesas responsáveis pela exploração de recursos nos territórios ultramarinos e pelo comércio holandês entre as colônias, atividade que consistia no transporte de ouro e na compra e venda de mercadorias. Tais instituições rivalizavam com as marinhas mercantes portuguesa e espanhola, disputando o comércio europeu e ultramarino.

Pintura. Brasão oval. Nele o desenho de um homem e uma mulher nus. Ele segura um tridente, e ela, um espelho. Entre eles um quadro com um barco a vela. Acima dele diversas lanças agrupadas e instrumentos náuticos, como a bússola e a esfera armilar.
Brasão da Companhia das Índias Orientais, pintura de Ieronímus béquis, 1651. Museu Nacional dos Países Baixos, Amsterdã.

O Banco de Amsterdã dava suporte à atividade comercial holandesa. A instituição realizava empréstimos e fornecia moedas de todos os reinos aos mercadores. Assim, eles podiam comprar e comercializar mercadorias de qualquer origem. Como você estudou no capítulo 7, no decorrer do século dezessete o crescimento econômico holandês foi tão grande que ameaçou reinos que protagonizaram a expansão ultramarina, como os ibéricos.

Os holandeses desenvolveram várias atividades manufatureiras. Entre elas, destacaram-se a destilaria, a tecelagem, o tingimento, o acabamento de tecidos ingleses, o córte de diamantes, o refinamento de açúcar, a preparação de sal, cacau e tabaco, o polimento de lentes ópticas, a fabricação de microscópios, pêndulos e instrumentos de navegação e a impressão de livros e de mapas (terrestres e marítimos).

Pintura. Um homem e um menino sentados em um degrau na rua. O homem utiliza roupas laranjas e um turbante branco. Ao redor deles, caixas e cestas. Em segundo plano, no topo da escada, na porta de um estabelecimento, dois homens em pé. Eles vestem chapéus e roupas pretas.
Negociação entre mercadores da Holanda e do Oriente Médio em um porto do Mediterrâneo, pintura de tômas uíquis, século dezessete. bônãmis, Londres, Reino Unido.

Responda em seu caderno.

Explore

  1. Identifique na pintura de tômas uíquis os mercadores da Holanda e do Oriente Médio.
  2. De acôrdo com essa pintura, que tipos de troca podem ocorrer em uma cidade portuária?

Respostas e comentários

Brasão da Companhia das Índias Orientais

No brasão estão representados, à esquerda, Netuno, deus romano dos mares, oceanos e rios, e, à direita, a Beleza. A essas entidades era atribuído o papel de proteção do projeto expansionista da companhia. No centro da imagem, o navio mercante está protegido pelas armas retratadas acima dele. Junto às armas, estão instrumentos de navegação, como a bússola, o astrolábio e o quadrante.

Explore

  1. Os mercadores holandeses, representados no segundo plano da pintura, vestem chapéus e roupas pretas; o mercador do Oriente Médio, localizado no centro da tela, veste turbante e roupa alaranjada.
  2. De acôrdo com a pintura, além das trocas comerciais, as cidades portuárias podiam promover contato e trocas culturais entre mercadores de diferentes locais, tradições e costumes.
A Inglaterra e suas práticas mercantis

O mercantilismo inglês caracterizou-se pela produção manufatureira, principalmente têxtil, e pelo comércio ultramarino. Os ingleses criaram uma marinha mercante competitiva e apoiaram a ação de corsários contra os galeõesglossário espanhóis que se dirigiam à Europa.

A política mercantilista inglesa esteve ligada à expansão marítima. A Companhia Inglesa das Índias Orientais (1600) estabeleceu entrepostos na Índia e na Indonésia, oferecendo concorrência ao Império Português e à marinha mercante holandesa. Os ingleses também se instalaram na região da Pérsia (atual Irã) e no continente americano, no qual fundaram as Treze Colônias.

O govêrno inglês editou leis protecionistas a fim de estabelecer uma supremacia naval. Os chamados Atos de Navegação causaram enorme impacto para o desenvolvimento da marinha mercante inglesa. De acôrdo com o primeiro ato, publicado em 1651, as mercadorias destinadas aos portos ingleses só poderiam ser transportadas por navios ingleses ou por navios do país de origem, estimulando o lucro dos mercadores ingleses e evitando a ação de atravessadores.

Em 1660, foi promulgado o segundo ato determinando que a tripulação dos navios mercantes fosse formada por um capitão inglês e pelo menos três quartos de britânicos. Três anos depois, o terceiro ato obrigou os colonos a adquirir dos mercadores ingleses quaisquer produtos europeus que precisassem comprar. Tais medidas mostraram-se cruciais para o enriquecimento do Estado inglês, para a expansão colonial do país e para a vitória sobre seus concorrentes, sobretudo a Holanda.

Pintura. Grandes embarcações com bandeiras da marinha britânica. Entre elas, barcos menores, todos com pessoas dentro remando. No céu algumas nuvens.
Embarcações da marinha britânica, pintura de djôn clíveli, século dezoito. Museu Marítimo Nacional, Londres, Reino Unido.

Refletindo sobre

O mercantilismo estimulava a concorrência entre as nações. O empobrecimento de uma era a razão do enriquecimento de outra; para que isso acontecesse, os monarcas não mediam esforços. Transpondo para sua vida o que você aprendeu sobre o período, reflita: Em que circunstâncias da vida social a concorrência pode ser prejudicial? Em que situações ela pode ser benéfica?


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Quais são as principais semelhanças entre as práticas mercantilistas holandesas e inglesas?
  2. Explique a afirmativa: “Os Atos de Navegação foram medidas de muita importância para o enriquecimento do Estado inglês e para a vitória sobre seus concorrentes”.

Respostas e comentários

Atos de Navegação

Os Atos de Navegação foram promulgados durante a ditadura militar liderada por Óliver Crom-uél, comandante e líder político inglês que governou entre 1649 e 1658, período conhecido como República de crómuél. Esse assunto será retomado no capítulo 1 do livro do 8º ano.

Refletindo sobre

Espera-se que os alunos percebam que muitas vezes se encontram em situação de concorrência, seja durante uma competição esportiva, seja em um processo seletivo. Momentos de concorrência fazem parte de nossa vida em sociedade. Entretanto, é importante que argumentem em favor do comportamento respeitoso e empático em relação ao ser humano mesmo nessas situações, de modo a promover a cultura de paz.

Bê êne cê cê

Ao promover a reflexão sobre a empatia e a adoção da competição saudável em todos os âmbitos da sociedade, a atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Vida familiar e social e favorece o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 9.

Recapitulando

  1. A principal semelhança entre as práticas mercantilistas da Holanda e as da Inglaterra é o desenvolvimento da marinha mercante, responsável por articular as regiões ultramarinas ao continente europeu. Ingleses e holandeses também investiram em atividades manufatureiras com o intuito de atrair metais preciosos.
  2. Os Atos de Navegação tiveram muita importância para o enriquecimento do Estado inglês porque foram medidas protecionistas criadas para, entre outras finalidades, garantir que mercadorias destinadas aos portos ingleses fossem transportadas exclusivamente por navios ingleses e assegurar que os colonos de suas possessões comprassem apenas produtos do país. Dessa fórma, não havia espaço para a concorrência das demais nações.

Leitura complementar

Concorrência comercial e guerra

O conjunto de princípios e práticas comerciais adotados pelos Estados europeus entre os séculos quinze e dezoito criava uma situação de concorrência e conflitos.

Com o declínio da Espanha em fins do século dezesseis, a pequena Holanda passou ao primeiro lugar como potência da época. Era pequena, mas rica e forte, e uma das razões de sua fôrça era a capacidade marítima. Os habitantes da Holanda, como os de Veneza, eram obrigados, pelas suas condições geográficas, a saber tudo sobre embarcações. O Mar do Norte, com seu maravilhoso tesouro de peixes, atraía constantemente o holandês. A corrente de produtos do norte que ia para o Mediterrâneo, e vice-versa, passava quase que exatamente no meio da Holanda – e sem dúvida os dinâmicos holandeses aproveitaram a oportunidade. Lançaram-se ao mar e tornaram-se os transportadores das mercadorias mundiais. Barcos holandeses iam a toda parte – levando mercadoria de todo mundo a todo lugar.

Mas Inglaterra e França não estavam satisfeitas de ver as mercadorias inglesas e francesas sendo transportadas pelos navios holandeses. Parte de seu plano de autossuficiência incluía a construção de frotas próprias. Não lhes agradava pagar bom dinheiro aos marinheiros holandeses para servir de transportadores de seus produtos. As Leis de Navegação inglesas, tão famosas, tinham como um dos objetivos principais tomar aos holandeses o contrôle dos serviços de transportes marítimos. reticências


Fotografia. Grande navio com mastros altos. Tem aberturas na lateral do casco. Está atracado. Ao fundo, prédios espelhados e algumas árvores.
Réplica de navio de carga holandês do século dezessete, próximo ao Museu Marítimo, em Amsterdã, Países Baixos. Foto de 2020.

Respostas e comentários

Concorrência comercial

Atualmente a concorrência comercial ocorre, sobretudo, por meio da ação de transnacionais, empresas que buscam dominar mercados para explorar matérias-primas, monopolizar a produção e a comercialização de uma ou mais mercadorias, abrir filiais em países emergentes para ampliação dos lucros, entre outras estratégias. Essas transnacionais estão concentradas nos atuais países desenvolvidos, entre eles os europeus, que, como estudado nos capítulos do 7º ano, já dominavam o comércio em várias regiões do mundo desde o século quinze.

Incentive os alunos a refletir sobre o tema, apresentando elementos que evidenciem a continuidade do domínio econômico europeu e de outras nações, como Estados Unidos e China, que concorrem pelo contrôle do comércio internacional de mercadorias no mundo contemporâneo.

Os mercantilistas acreditavam que, no comércio, o prejuízo de um país era lucro de outro – isto é, um país só podia aumentar seu comércio a expensas de outro. Não consideravam o comércio como algo que proporciona benefício mútuo – uma troca vantajosa – mas como uma quantidade fixa, da qual todos procuravam tirar a maior parte. reticências

reticências colbér escreveu a M. pompône, embaixador francês em Haia, em 1670: ‘Como o comércio e a manufatura não podem diminuir na Holanda sem passar às mãos de algum outro país reticências não há nada mais importante e necessário para o bem geral do Estado que, ao mesmo tempo que vemos crescer nosso comércio e indústria dentro do nosso reino, vejamos também sua diminuição real e efetiva nos Estados da Holanda’.

Vemos que a crença de que ‘não há nada mais importante e necessário para o bem geral do Estado’ do que a redução do comércio e indústria de um Estado rival só poderia levar a uma coisa: guerra. O fruto da política mercantilista é a guerra. A luta pelos mercados, pelas colônias – tudo isso mergulhou as nações rivais numa guerra após outra. Algumas foram travadas abertamente como guerras comerciais. O objetivo de outras foi disfarçado com nomes pomposos, como acontece frequentemente ainda hoje. Mas dizia o arcebispo de Canterbury em 1690, que ‘em todas as lutas e disputas que nos últimos anos ocorreram nesta parte do mundo, julgo que, embora alegassem objetivos altos e espirituais, o fim e o objetivo verdadeiro era o ouro, a grandeza e a glória secular’.

úbermãn, léo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 1981. página 138-142.


Pintura. Grandes navios no mar agitado, com ondas. Um deles carrega bandeiras da Holanda. No canto direito, pequenos barcos vazios boiando.
A Batalha de téssôl, pintura de luí eugêne gabriél izabêi, século dezenove. Museu da Marinha, Paris, França. Entre os séculos dezessete e dezoito, Holanda e Inglaterra envolveram-se em quatro conflitos derivados de disputas mercantis. Ao final deles, a Inglaterra consolidou seu domínio marítimo.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Qual foi o papel da Holanda no comércio europeu entre os séculos dezesseis e dezessete?
  2. Que reações o desenvolvimento econômico holandês desencadeava nas outras nações? Como colbér se pronunciou sobre o tema?
  3. Por que o autor afirma que o resultado do mercantilismo é a guerra entre as nações?

Respostas e comentários

Representação de batalha mercantil

Em paralelo com a leitura do texto apresentado na seção, trabalhe a análise da pintura, que representa uma batalha entre holandeses e ingleses, envolvidos em disputas mercantis. Peça aos alunos que descrevam as cores usadas e o modo como o céu e o mar foram representados, solicitando também que interpretem as escolhas do artista. O céu é cinzento e nublado e o mar verde escuro e turbulento, sendo uma figuração da própria batalha. Além disso, peça a eles que notem as bandeiras distintas fixadas nas embarcações, que denotam a presença de diferentes nações em disputa.

Leitura complementar

  1. Entre os séculos dezesseis e dezessete, a Holanda desempenhou papel de destaque no cenário econômico europeu. Sua marinha mercante articulava a distribuição de mercadorias entre as regiões norte e mediterrânica, transportando produtos que também entrariam nos portos franceses e ingleses. Do valor do frete resultava boa parte da riqueza da Holanda.
  2. Conforme a Holanda se afirmava nesse cenário, monarquias nacionais como a francesa e a inglesa buscavam desenvolver estratégias para suplantá-la. colbér, por exemplo, defendia a ampliação do comércio e da produção manufatureira francesa como fórma de frear o desenvolvimento econômico holandês.
  3. Segundo o autor, as disputas por possessões coloniais ultramarinas por novos mercados e monopólios comerciais fomentavam um comportamento beligerante entre as nações. O autor argumenta ainda que, mesmo nos conflitos que externaram motivos religiosos, o pano de fundo eram as guerras comerciais.

As fases do mercantilismo

Os efeitos do mercantilismo logo foram sentidos pela população europeia. No início do período moderno, a Europa passou por um forte processo inflacionário. Entre os anos de 1460 e 1620, o crescimento demográfico superou a produtividade agrícola. Além disso, com o rápido aumento da quantidade de metais preciosos em circulação no continente, os preços dos alimentos dispararam. O preço dos cereais foi o mais afetado (mais que triplicou), espalhando a miséria e a fome entre os camponeses e trabalhadores pobres das cidades da Europa.

Esse movimento inflacionário foi altamente prejudicial ao Império Espanhol. A situação dos espanhóis agravou-se ainda em razão dos diversos conflitos armados contra França, Holanda e Inglaterra, que lhes custaram grandes somas de ouro e prata.

Na primeira metade do século dezessete, a produtividade das minas coloniais na América chegou próximo ao esgotamento, interferindo na capacidade de importação de produtos de outros reinos. Em razão disso, parte do continente europeu passou por um período de estagnação econômica.

Entretanto, no século dezoito, uma nova conjuntura aqueceu novamente a economia europeia. O afluxo de metais preciosos foi intensificado, dessa vez pela coroa portuguesa. Houve também aumento da produção agrícola e manufatureira, demarcando a retomada do comércio externo, e a intensificação do movimento migratório das áreas rurais para as urbanas, principalmente em partes da Europa Ocidental.

Entre os séculos quinze e dezoito, portanto, o continente europeu passou por fases de expansão e retração da atividade econômica e pela progressiva alteração nas relações de produção e consumo nos ambientes rural e urbano. Nesse período, a Inglaterra despontou como a principal potência europeia.

Pintura. Pessoas em uma fila contornando o ambiente. Mulheres e crianças estão sentadas. Na fila há alguns idosos. A maioria das pessoas está descalça. No centro, um homem de cabelos ruivos, em pé, descalço segurando um prato.
Distribuição de comida aos pobres, pintura de andíes bóf, século dezessete. Galeria djônni van réfitên, Londres, Reino Unido.

Saiba mais

Desigualdade na Europa mercantilista

Entre os séculos dezesseis e dezoito, as monarquias ibéricas foram responsáveis pela transferência de enorme quantidade de metais preciosos da América para a Europa. Todavia, essa riqueza jamais foi acessível à maior parte da população europeia, especialmente aos camponeses, cujo modo de vida continuou sendo muito parecido com o da época medieval, suscetível às crises na produção e às flutuações nos preços.


Respostas e comentários

Estagnação econômica, comércio e concorrência

A crise econômica no Império Espanhol ocorreu em razão do declínio da produtividade das minas de prata e ouro da América, resultando na retração das importações. Com isso, os efeitos da crise do século dezessete também foram sentidos pelos outros países da Europa. Outro motivo para a crise econômica foi o deslocamento do eixo comercial do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, afetando principalmente as regiões que atualmente correspondem à Itália. É importante destacar que houve uma expansão da atividade mercantil, sobretudo na esfera marítima e colonial, desempenhada pelas companhias de comércio das metrópoles. Essa situação acirrou a concorrência entre os Estados.

Ampliando: a crise econômica

reticências o século dezessete e a crise que geralmente lhe está associada reticências na Europa certas características são mais ou menos comuns: diminui ou mesmo estaciona o ritmo das atividades econômicas produtivas e mercantis; reduz-se drasticamente o afluxo de metais preciosos, fazendo escassear o ouro e a prata e criando dificuldades monetárias inversas àquelas típicas do século dezesseis; muitos países sofrem sensível redução da sua capacidade de importar, pois veem cair bastante as suas exportações; ocorre também uma queda bastante sensível do crescimento demográfico, associada, segundo alguns historiadores, à intensificação das crises de subsistência, à fome e à guerra tornadas epidêmicas, tal como as epidemias propriamente ditas. A incidência de tais fenômenos revela-se bastante desigual de um país a outro, ou no interior de um mesmo país. Afinal, este é o século da grande prosperidade das Províncias Unidas e, em menor escala, da Inglaterra e da Suécia reticências. As grandes oscilações conjunturais não impedem uma atividade mercantil em expansão, sobretudo na esfera marítima reticências onde se destacam as companhias de comércio.”

FALCON, Francisco. Mercantilismo e transição. São Paulo: Brasiliense, 1994. página 46. (Coleção Tudo é história).

Mudanças no campo

Até o século quinze, grande parte das terras agricultáveis da Europa eram feudos ocupados por camponeses que detinham direitos hereditários. Em troca de prestação de serviços e de pagamento de tributos ao senhor feudal, eles podiam transmitir sua posse a terceiros e usufruir dos campos comunais. Essas áreas, formadas por bosques e pastos, forneciam lenha e turfaglossário e serviam à criação de animais.

Entretanto, o processo inflacionário dos séculos quinze e dezesseis acelerou as mudanças que já vinham ocorrendo. Com a alta do preço dos alimentos e das manufaturas, o valor da terra aumentou e a produção foi paulatinamente se orientando para o mercado.

O caso da Inglaterra

A Inglaterra estabeleceu rapidamente novas fórmas contratuais e de uso da terra. O processo de cercamento das terras comunais, que já ocorria desde o século treze, intensificou-se entre os séculos quinze e dezoito. Por meio de negociações políticas, confisco e conquistas, os proprietários convertiam as áreas de uso coletivo em propriedades privadas. A população foi expulsa desses locais, os bosques foram derrubados e os sítios e fazendas deram lugar, em sua maioria, à formação de pastagem destinada à criação de ovelhas, que forneciam lã às nascentes manufaturas têxteis.

O arrendamentoglossário hereditário foi substituído por aluguéis com prazo fixo e de curta duração. Com esse sistema, o camponês arrendatário ficou muito vulnerável, pois qualquer safra ruim o impedia de quitar sua dívida. Assim, a terra foi transformada em mercadoria (podia ser comprada, alugada e vendida) e o seu valor passou a oscilar conforme o preço dos alimentos ou da lã nos mercados. Os camponeses, forçados a abandonar as terras que tradicionalmente ocupavam, tiveram de oferecer sua fôrça de trabalho em troca de salário tanto nos campos como nas cidades.

Pintura. Pessoa arando a terra com o auxílio de dois animais que puxam o arado. À direita, um moinho no alto do morro e uma pequena casa entre as árvores.
Camponês em lavoura na Inglaterra, pintura de tômas guéinsburu, século dezoito. Galeria de Arte Laing, Newcastle upon Tyne, Reino Unido.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao discutir os impactos do mercantilismo sobre o modo de organização do campo e da cidade, impulsionando a transformação da terra em mercadoria e a consolidação do trabalho assalariado – fenômenos típicos da sociedade capitalista –, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero sete agá ih um sete.

Desenvolvimento de um capitalismo agrário

Na Inglaterra, logo no início do período moderno, a própria terra passou a ter valor financeiro, podendo ser comprada, vendida, alugada, dada como hipoteca etcétera Em outras palavras, a própria terra foi transformada em mercadoria.

Transformando a terra em mercadoria e, ao mesmo tempo, favorecendo a criação e o desenvolvimento de mão de obra assalariada, os cercamentos foram responsáveis pela realização dessas duas principais condições características de um novo sistema de organização social, que se tornaria predominante somente no século seguinte (tema abordado no livro do 8º ano): o capitalismo.

Emergência de novos costumes

As transformações da sociedade britânica foram enormes com o crescimento das manufaturas e do regime de salários, entre 1650 e 1750. O ritmo de vida da população urbana passou a ser cada vez mais influenciado pelos tempos da produção manufatureira: o cotidiano dos trabalhadores começou a ser orientado pelo tempo dos relógios públicos, que determinavam os horários de trabalho, descanso e cultos religiosos. Além disso, os homens e as mulheres, contratados pelos donos das manufaturas, passaram a se identificar como “trabalhadores pobres”, estabelecendo laços de solidariedade.

Os efeitos sobre o comércio e a produção

No século dezessete, enquanto grande parte da população sofria com a alta dos preços e com a crise de desabastecimento, mercadores abastados expandiam seus negócios comercializando alimentos básicos de outras regiões do continente para a Europa Ocidental.

O aumento da renda de mercadores e proprietários coincidiu com o fortalecimento de algumas monarquias nacionais. A crescente demanda por navios, uniforme, papel e tecidos estimulou o desenvolvimento econômico da França, da Holanda e, sobretudo, da Inglaterra. Nos principais centros urbanos, como Paris, Amsterdã e Londres, uma nascente burguesia financeira consolidou-se como classe social privilegiada, destacando-se por seu alto poder de acumulação de capitais.

A Inglaterra e a manufatura têxtil

Para suprir a crescente demanda de tecidos, os mercadores e banqueiros compravam a lã dos proprietários que haviam adotado a política de cercamentos e levavam o material para fiação e tecelagem nas proximidades.

Nesse sistema, conhecido como sistema doméstico, os artesãos recebiam a matéria-prima, a encomenda e o pagamento pelo trabalho. Dependentes dos comerciantes, acabavam perdendo o contato com o mercado.

Em alguns casos, as manufaturas originaram-se do compartilhamento das tarefas pelos integrantes de uma família; em outros, um grupo de artesãos interessados em tornar sua produção maior e mais eficiente se reunia, atendendo às necessidades de uma população urbana em pleno crescimento demográfico. Nos dois casos, o desenvolvimento das manufaturas consolidou a remuneração em fórma de salário.

Saiba mais

As críticas ao mercantilismo

Em razão das crises do mercantilismo europeu resultantes dos processos inflacionários, foram propostas outras teorias econômicas.

No século dezoito, na França, pensadores, conhecidos hoje como “fisiocratas”, passaram a defender a ideia de que a fonte de riqueza mais segura seria o trabalho agrícola, e não o comércio ultramarino. Havia também o “liberalismo” britânico, que defendia a livre negociação entre os indivíduos.

Tanto para os fisiocratas quanto para os liberais, o mais importante fundamento do mercantilismo (a forte interferência do Estado na economia) seria a principal barreira para o progresso.


Conexão

A Utopia

André Diniz e Antonio Eder. São Paulo: Escala Educacional, 2008. (Filosofia em quadrinhos).

André Diniz e Antonio Eder adaptaram para os quadrinhos a obra A Utopia, escrita, em 1516, pelo filósofo Tômas Morus. Em uma crítica à Europa mercantilista do início do período moderno, mais especificamente à Inglaterra e sua política dos cercamentos, a obra apresenta uma comunidade imaginária, sem intolerância religiosa e sem injustiças.


Capa de livro. Na parte superior, à direita, o título e o nome do autor. No centro, o desenho de um mapa.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que foi o processo inflacionário europeu no início do período moderno?
  2. Como foram retomadas as atividades econômicas no século dezoito?
  3. Como o mercantilismo influenciou mudanças no mundo rural europeu?

Respostas e comentários

Conexão

O livro aproxima os conteúdos estudados das culturas juvenis por meio da linguagem dos quadrinhos. Para explorá-lo, é possível solicitar aos alunos que desenvolvam, em duplas, uma resenha da história em quadrinhos, enfatizando como foram explorados os temas históricos. Ao final, peça a cada dupla que apresente o resultado da resenha para a turma.

Bê êne cê cê

Ao propor a elaboração de uma resenha, instrumento de análise de obras comum no meio acadêmico, a atividade favorece o exercício do método científico de pesquisa e contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 3, por propor uma produção autoral.

Teorias econômicas decorrentes da crise mercantilista

A teoria econômica do liberalismo ganhou fórma e fôrça com a prosperidade e o crescimento das cidades e das manufaturas, uma vez que as críticas e ideias defendidas pelos fisiocratas se tornaram insuficientes para explicar as transformações econômicas do período.

Recapitulando

  1. O processo inflacionário europeu foi o conjunto de fatores que acarretou a elevação dos preços dos produtos e a desvalorização da moeda na Europa. Ele foi desencadeado pelo crescimento demográfico superior à capacidade de produção agrícola e pelo intenso afluxo de metais preciosos para a Europa, oriundos, sobretudo, das possessões espanholas ultramarinas.
  2. No século dezoito, as atividades econômicas foram retomadas em um cenário em que o afluxo de metais preciosos, extraídos sobretudo das possessões coloniais portuguesas, aqueceu a economia europeia. Nesse século, também houve expansão da agricultura e da produção manufatureira, entre outras atividades.
  3. As mudanças desencadeadas pelo mercantilismo afetaram proprietários e camponeses. Com o processo inflacionário do início do período moderno, a terra valorizou-se pela alta dos gêneros alimentícios. A orientação para a produção implicaria ainda a formação de grandes propriedades e a dissolução de antigos costumes e direitos hereditários, como o de transmitir herança e o de acessar as terras comunais.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

  1. Relacione no caderno cada termo à descrição correspondente.
    1. Protecionismo alfandegário.
    2. Balança comercial favorável.
    3. Metalismo.
    4. Colonialismo.
    5. Produção manufatureira.
    1. Por meio do estabelecimento de monopólios, as metrópoles procuravam garantir a exclusividade comercial de matérias-primas, metais preciosos e manufaturas em suas possessões ultramarinas.
    2. Sobretaxação de importação de matérias-primas e de produtos estrangeiros e incentivos fiscais à exportação.
    3. Estímulo à produção local de ferramentas, tecidos e objetos destinados a suprir as demandas do mercado interno e externo.
    4. Estímulo ao acúmulo de metais preciosos, meio pelo qual se media a riqueza de um reino.
    5. Manutenção do volume de exportações superior ao volume de importações.
  2. Analise a imagem, leia a legenda e relacione os elementos representados aos princípios mercantilistas do período.
Pintura. Em primeiro plano, no canto esquerdo, um casal de pele branca. O homem de chapéu e casaco pretos e a mulher com um longo e largo vestido preto. Ela tem o cabelo preso em um coque. Eles estão de mão dadas. Com uma bengala ele aponta na direção de grandes navios, vistos em segundo plano, à direita. Os navios carregam bandeiras da Holanda em seus mastros. Atrás do casal, um homem com traços asiáticos segura um sombreiro dourado para protegê-los. Próximo a eles, árvore de folhas verdes e pequenas.
Mercador acionista da Companhia das Índias Orientais, pintura de álberti cuípi, século dezessete. Museu Nacional dos Países Baixos, Amsterdã.

3. Leia o texto e, depois, responda às questões.

reticências este fluxo de prata [extraído na América] é despejado em um país protecionista, barricado de alfândegas. Nada sai ou entra da Espanha sem o consentimento de um govêrno desconfiado, tenaz em vigiar as entradas e as saídas dos metais preciosos. reticências Mas as maiores saídas de prata eram obra do próprio rei da política universal da Espanha. Em vez de gastar seu dinheiro no local, de o fazer frutificar em criações diversas, os Habsburgos da Espanha deixaram-se arrastar para despesas externas, consideráveis na época de Carlos quinto, fabulosas na época de Filipe segundo [1527-1598].

Broudel, Fernan. O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe segundo. São Paulo: Martins Fontes, 1983. volume 1, página 523-527.


Respostas e comentários

Atividades

  1. Relações corretas: a - dois, b - cinco, c - quatro, d - um, e - três.
    1. De acôrdo com a legenda, no primeiro plano da pintura foi representado um mercador acionista da Companhia das Índias Orientais, instituição responsável por dirigir o comércio e os negócios da Holanda. No segundo plano da tela, várias embarcações indicam tratar-se de uma área portuária bastante movimentada, possivelmente com atividade comercial intensa. Analisando a vegetação representada e o homem com traços não europeus protegendo o casal com uma espécie de sombreiro, supõe-se que o lugar representado não era a Holanda, mas alguma colônia. Assim, podemos relacionar a imagem diretamente à prática comercial e à balança comercial favorável sugeridas pela intensa atividade portuária. Segundo informações disponíveis no site do Museu Nacional dos Países Baixos, o mercador é provavelmente djêicób Martesen, com sua esposa. O local onde eles estão é a ilha de Java (atual Indonésia), e, ao fundo, está a cidade de Batavia (atual Jacarta), fundada pelos holandeses em 1619, principal centro de coordenação das operações holandesas no Oriente.
  1. Que práticas mercantilistas adotadas pela coroa espanhola é possível identificar no texto?
  2. Qual é a crítica feita pelo historiador fernã brôdél à monarquia espanhola no trecho selecionado?
  1. Os Estados europeus adotaram diferentes práticas mercantilistas. Transcreva em seu caderno a alternativa que descreve as práticas da Inglaterra.
    1. A produção de açúcar e a exploração do ouro em sua colônia americana promoveram a balança comercial favorável.
    2. Ao criar leis protecionistas como os Atos de Navegação, sua marinha mercante se desenvolveu e o lucro dos mercadores aumentou.
    3. Incentivou sua produção manufatureira e a exportação de produtos como tapeçaria, porcelanas e armas para manter balança comercial favorável.
    4. A política mercantilista foi apoiada pela ativa burguesia criadora da instituição que realizava empréstimos e fornecia moedas de diversos reinos aos mercadores.

Aluno cidadão

  1. Entre os séculos quinze e dezoito, as sociedades europeias vivenciaram uma maior integração motivada pelo comércio e pela expansão do consumo. De lá para cá, o consumo tornou-se um dos pilares das sociedades ocidentais. A diversificação das fórmas de produção, a queda dos preços e a expansão do crédito ampliaram o acesso ao consumo. Hoje, vivemos numa sociedade de mercado, em que as propagandas veiculadas pela mídia têm papel fundamental. Após essas considerações, reúna-se em grupo para responder às questões.
    1. As propagandas estimulam o consumo? Elas criam necessidades?
    2. O que sentimos quando não podemos consumir algo que desejamos?
    3. Como a produção do que consumimos afeta o meio ambiente?
    4. Podemos ser considerados consumistas?

Conversando com língua portuguesa

6. Tômas Morus, no livro A Utopia, discorreu sobre as mudanças no ambiente rural da Inglaterra do século dezesseis. Leia o trecho a seguir e, depois, responda às questões.

reticências Efetivamente, em todos os pontos do reino onde se obtém a mais fina lã, portanto a mais preciosa, os senhores, os nobres e até santos abades não se contentam mais com os rendimentos e o produto que seus antepassados costumavam retirar de seus domínios. Não lhes é mais suficiente viver na preguiça e nos prazeres; estes homens, que nunca foram úteis à sociedade, querem ser ainda, positivamente, nocivos. Não deixam nenhuma parcela de terra para ser lavrada; toda ela transformou-se em pastagens. Derrubam casas, destroem aldeias e, se poupam as igrejas, é, provavelmente, porque servem de estábulos a seus carneiros.

mórus, tômas. A Utopia. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2004. página 17. (Clássicos ípri).

  1. Como os senhores, os nobres e os abades são apresentados por mórus?
  2. A que processo histórico mórus se refere no texto?
  3. Qual é a crítica presente no texto?

Você é o autor

7. Tômas Morus, no livro A Utopia, apresenta uma série de críticas à sociedade inglesa e à Europa do início do século dezesseis. Na segunda parte do livro, o autor apresenta uma ilha imaginária chamada Utopia. A palavra utopia vem do grego e significa “lugar irreal”. O nome da capital do reino, Amaurota, significa “cidade inexistente”. É nesse ambiente imaginário que o autor cria um cenário avesso à ostentação europeia. Na ilha de Utopia, os homens são virtuosos, o comércio é justo, as instituições são decentes, e os cidadãos e os estrangeiros recebem o mesmo tratamento. Agora é a sua vez de criar uma sociedade imaginária! Elabore um texto descrevendo uma sociedade na qual você gostaria de viver. Apresente os aspectos geográficos, econômicos, políticos e sociais de sua sociedade. Depois, compartilhe suas ideias com os colegas.


Respostas e comentários
    1. No texto, é possível identificar as práticas mercantilistas colonialismo e metalismo.
    2. O historiador critica a displicência da coroa espanhola em não utilizar seus recursos para fomentar a produção interna e ao despender grandes somas de metais preciosos para adquirir produtos estrangeiros, gerando, assim, déficit na balança comercial.
  1. Alternativa b.
  2. A atividade pretende promover a reflexão sobre alguns elementos que envolvem o consumo e o consumismo, este último caracterizado pelo acúmulo de produtos supérfluos ou pelo desejo insaciável de consumir, que pode gerar prejuízos financeiros e endividamento, por exemplo. Ao final da atividade, proponha o compartilhamento das respostas às questões e permita que os alunos apresentem seus argumentos e pontos de vista. Lembre-os de que a produção de uma mercadoria envolve uma longa cadeia, da extração da matéria-prima ao acabamento do produto e o descarte de rejeitos na natureza. Por isso a redução do consumo está diretamente ligada à consciência socioambiental e ao desenvolvimento econômico sustentável.

Bê êne cê cê

A atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Educação para o consumo, Educação ambiental e Educação financeira e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 6 e nº 7.

    1. Os senhores, os nobres e os abades são apresentados por mórus como figuras inúteis à sociedade, gananciosas, cujas sanha e avidez pelo acúmulo de riqueza desorganizam a sociedade, lançam camponeses na miséria e transformam a paisagem rural.
    2. O autor Tômas Morus, nesse trecho do texto, se refere à política dos cercamentos, ao descrever a substituição das áreas de cultivo por pastagens em função do comércio de lã.
    3. O autor critica o fato de que, com a ascensão comercial da lã, os empresários intensificaram as modificações nas fórmas de uso da terra a fim de estender as pastagens mesmo à custa do despejo de milhares de famílias camponesas. Aliás, essa é a crítica presente em todo o livro: a valorização dos bens de consumo em face da desvalorização dos seres humanos.

Interdisciplinaridade

Ao propor a análise de um texto literário, a atividade desenvolve habilidades do componente curricular língua portuguesa, especificamente as habilidades ê éfe seis nove éle pê quatro quatro e ê éfe seis nove éle pê quatro sete.

7. Ao propor a elaboração de um texto, a atividade permite aos alunos exercitar a imaginação, incentivando-os a pensar e a escrever sobre a sociedade em que gostariam de viver. Oriente-os a mencionar os aspectos referentes ao ambiente (paisagem e clima), à economia (práticas comerciais, uso da terra e trabalho), à política (fórmas de govêrno, leis, políticas públicas de bem-estar social), entre outros aspectos da sociedade imaginada. Oriente-os a expor aspectos relativos aos direitos humanos, à cidadania e à existência de diversidade de variados tipos (ambiental, cultural, étnica etcétera). O objetivo da atividade é estimular a reflexão sobre como seria uma sociedade ideal em todos os sentidos.

Fazendo e aprendendo

Pôster

Um pôster serve para divulgar informações utilizando linguagem visual. Essas informações devem ser apresentadas de modo claro, organizado, legível e com distribuição equilibrada dos elementos. Além de transmitir uma informação, um pôster precisa atrair a atenção das pessoas; por isso, quem o elabora deve estar atento ao fator estético, e não só ao conteúdo. Observe o exemplo a seguir.


Pôster. Composto por imagem e informações. À esquerda, em letras maiores, o texto: FEIRA POPULAR DO LIVRO. Logo abaixo, em letras um pouco menores, o texto: LIVROS COM DESCONTO DE ATÉ 80 POR CENTO. No centro, a fotografia de uma moça de cabelo cacheado e óculos lendo um livro. À direita, o logotipo da feira e informação: MAIS DE 2 MIL TÍTULOS. Abaixo, ilustração de livros empilhados e as informações: DE 04 A 15 DE DEZEMBRO. DE 09 HORAS ÀS 21 HORAS. TODOS OS DIAS. Abaixo dessas informações, mais textos em letras menores e o logotipo da prefeitura e do Departamento de Cultura de Janaúba.
Cartaz da Feira Popular do Livro em Janaúba, Minas Gerais, 2020.

Para transmitir as informações com clareza e legibilidade, um pôster deve apresentar:

1. Título destacado em letras grandes. O título deve ser preciso, claro e curto, e pode apresentar uma pergunta aberta, uma afirmativa, uma explicação (normalmente com a utilização da palavra como) ou anunciar uma lista de top 10”, como 10 dicas para a prevenção da dengue” ou os 10 melhores documentários de história do Brasil etcétera


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao utilizar diferentes linguagens para a confecção do pôster com o objetivo de expressar e compartilhar informações, produzindo sentido que leve ao entendimento mútuo entre produtor e receptor, a atividade auxilia no desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 4.

Fazendo e aprendendo

Espera-se que, ao realizar a composição do pôster informativo, os alunos exercitem a habilidade de expor informações essenciais do conteúdo por meio de texto e imagens. A atividade envolve competências e habilidades trabalhadas no resumo que os alunos desenvolveram na seção “Fazendo e aprendendo” da unidade 2 deste livro, e as complementa por meio de procedimentos de seleção, agrupamento e apresentação de informações de maneira lógica e coerente. A possibilidade de explicar o pôster para outras pessoas desenvolve a oralidade, a argumentação e a habilidade de expor o tema com base em uma ordem preestabelecida, o que contribui também para compreender melhor e consolidar o conteúdo estudado.

  1. Imagens bem distribuídas no espaço utilizado, formando uma composição equilibrada – devem ser nítidas e grandes o suficiente para que possam ser observadas a certa distância.
  2. Textos curtos e legendas explicativas que informem com precisão o assunto exposto – devem ter tamanho adequado para que sejam consultados a distância.
  3. Organização dos elementos (imagens e textos) de modo que facilite a compreensão do todo, sem confundir o observador.

Agora você já pode responder a estas questões.

  • Para que serve um pôster?
  • Que elementos ele deve conter?
  • O pôster reproduzido anteriormente apresenta os elementos necessários para divulgar a informação com clareza?

Responda em seu caderno.

Aprendendo na prática

Chegou o momento de praticar!

Junte-se a dois colegas e elaborem um pôster sobre um tema tratado na unidade. Para isso, sigam estes procedimentos.

  1. Consultem os materiais de estudo e façam um resumo com os conceitos-chave que farão parte do pôster. Por exemplo, se o tema escolhido for mineração no período colonial, o pôster deve apresentar: locais onde os minérios eram extraídos, fórmas de extração, destino do ouro extraído, contrôle da coroa portuguesa sobre o ouro etcétera
  2. Pesquisem fotografias, mapas, gráficos e ilustrações sobre o assunto para compor o pôster. Lembrem-se de que esses elementos devem ter tamanho suficiente para observação a certa distância.
  3. Planejem a execução: determinem o suporte do pôster – cartolina, folhas avulsas etcétera – e façam um esboço pensando na melhor maneira de distribuir as informações no espaço.
  4. Definam o título e coloquem-no em destaque no pôster. Distribuam os outros elementos, tendo o cuidado de organizá-los com equilíbrio, sem carregar demais um dos lados da composição.
  5. Elaborem legendas para imagens, gráficos e mapas, informando do que se trata.
  6. Escrevam um texto para complementar as informações apresentadas nas imagens e nas legendas. Sejam sucintos, isto é, os textos não podem ser longos e detalhados, devendo conter ideias principais e conceitos-chave.

Bom trabalho!


Respostas e comentários

Aprendendo na prática

Espera-se que o pôster produzido apresente as ideias principais e os conceitos-chave pertinentes a um dos assuntos estudados na unidade de maneira clara, legível, informativa e bem organizada, fazendo da atividade um recurso de estudo para quem o produzir e para quem lê-lo. Os elementos que compõem o pôster devem ser levados em consideração na avaliação, assim como a correção dos conceitos históricos apresentados. Se possível, incentive os trios a produzir o pôster em formato digital e a compartilhá-lo em blogs ou outras páginas da internet, de modo a contribuir para o letramento digital.

Ao exigir que os alunos observem o formato característico do pôster, identificando padrões na maneira de apresentar as informações, a atividade desenvolve o pensamento computacional.

Glossário

Monopólio
: estabelecimento de relações comerciais exclusivas, sem concorrência.
Voltar para o texto
Coibir
: refrear, impedir.
Voltar para o texto
Enlanguescer
: definhar.
Voltar para o texto
Indolência
: nesse caso, falta de ocupação; preguiça.
Voltar para o texto
Galeão
: navio a vela com quatro mastros, utilizado no transporte de cargas de elevado valor entre os séculos dezesseis e dezoito.
Voltar para o texto
Turfa
: massa formada pelo acúmulo de várias plantas em decomposição. Pode ser utilizada como fertilizante e como material combustível.
Voltar para o texto
Arrendamento
: contrato em que o dono de um imóvel ou de um terreno assegura a outra pessoa, mediante pagamento e prazo determinado, o direito de usufruir da propriedade.
Voltar para o texto