UNIDADE 4  Transformações no século dezenove

O que estudaremos na unidade

Você já ouviu falar nos conflitos existentes na Europa relacionados à intensa imigração para o continente? Muitos europeus, motivados por sentimentos xenofóbicos e nacionalistas, hostilizam os imigrantes, enquanto outros defendem que sejam acolhidos, como os organizadores e os artistas cujas obras vemos nas fotos desta abertura. As fronteiras e as restrições impostas à circulação de pessoas entre os países foram criações do século dezenove, período em que houve na Europa e nos Estados Unidos o fortalecimento de políticas nacionalistas, assunto que você vai estudar nesta unidade. Além disso, vai aprender sobre o imperialismo e seus impactos na Ásia, na África e na América Latina. E, por fim, compreender a razão pela qual o movimento operário se fortaleceu e os motivos que levaram os Estados Unidos a despontar como importante nação no século dezenove.

Imagem: Fotografia. Escultura de um grande bote com pessoas dentro de um lago. Ao redor, muitas árvores. Ao fundo, prédios. Fim da imagem.
Law of the Journey (Lei da Jornada), obra do artista chinês ái uêi uêi, que esteve em exposição no lago do Parque Ibirapuera, no município de São Paulo, São Paulo. Foto de 2018. Trata-se da representação de um barco de refugiados em direção à Europa.

Imagem: Fotografia. Pessoas carregando um grande fantoche de uma criança. Ao redor, bandeiras com desenhos coloridos. Fim da imagem.
Little Amal (Pequena Amal), fantoche representando uma criança refugiada síria de nove anos, criado pela Companhia Handspring Puppet, em Londres, Reino Unido. Foto de 2021. Esse fantoche percorreu 8.000 quilômetros, da Turquia ao Reino Unido, para chamar a atenção das pessoas para as necessidades dos refugiados.
Imagem: Fotografia. Estacas de madeira fincadas na areia da praia. Em cada uma delas nomes escritos e um coração desenhado. Fim da imagem.
Instalação no Dia Mundial do Refugiado (20 de junho), em Haia, Holanda. Foto de 2021. Essa instalação lembra as 44 mil vítimas que morreram nas fronteiras europeias nos últimos anos.

Sumário da unidade

Capítulo 9

Revoluções e novas teorias políticas do século dezenove, 178

Capítulo 10

Os Estados Unidos no século dezenove, 198

Capítulo 11

A nova ordem econômica e o imperialismo, 213


CAPÍTULO 9  Revoluções e novas teorias políticas do século dezenove

Imagem: Fotografia. Mulher inclinada na direção de uma grande horta. À frente dela uma pessoa de chapéu colhendo vegetais, também na horta. Ao fundo mais canteiros com plantações. Atrás, diversas casas. Fim da imagem.
Pessoas trabalhando na horta orgânica comunitária de Manguinhos, no município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Foto de 2021. A criação de hortas comunitárias, geralmente em ambientes urbanos, contribui para a melhoria dos hábitos alimentares, ressignifica espaços subutilizados e estimula o convívio entre os moradores.

A palavra utopia deriva do grego ou tópos, que significa “não lugar”, ou “lugar que não existe”. No século dezenove, o termo foi utilizado para designar teorias políticas e projetos de criação de sociedades alternativas à capitalista, nas quais as desigualdades sociais fossem atenuadas ou eliminadas e seus habitantes convivessem em harmonia e bem-estar.

Na atualidade, alguns autores defendem a ideia de que as pessoas deixaram de acreditar em utopias, em transformações radicais da realidade em que vivemos. Leia o que escreve o historiador José Alves de Freitas Neto sobre o assunto.

O esgotamento ou incapacidade de construção de um outro momento é o que, particularmente, imobiliza e cria a sensação de impotência nos dias atuais. Há sentimentos controversos: desejos de mudança, recuperação de elos com o passado e, paradoxalmente, uma aparente e incômoda ausência de projetos ou de manifestações utópicas.

Perdemos a capacidade de pensar e termos alguma ousadia? Nos faltam utopias?

FREITAS NETO, José Alves de. Sobre utopias e desencantos: a potência da imaginação na construção histórica. Jornal da unicâmpi, 16 agosto 2017. Disponível em: https://oeds.link/95NWOo. Acesso em: 15 abril 2022.

  • De que ideias utópicas você já ouviu falar?
  • Que reflexão José Alves de Freitas Neto faz sobre as utopias nos tempos atuais? Você concorda com ele?
  • Você já ouviu falar de comunidades como a apresentada na fotografia desta abertura? De que maneira elas se relacionam com a reflexão feita pelo historiador?

A Europa após o Congresso de Viena

Como você estudou no capítulo 4, após a derrota de Napoleão Bonaparte, as potências vitoriosas esperavam restabelecer no continente europeu a ordem social e política que havia sido rompida com a Revolução Francesa. No entanto, os esforços do Congresso de Viena para restaurar o Antigo Regime não foram suficientes para conter as ideias que circulavam na Europa desde a revolução. Assim, na primeira metade do século dezenove, diversas ondas revolucionárias ocorreram no continente europeu. Entre as bandeiras desses movimentos estavam, principalmente, o liberalismo e o nacionalismo.

O liberalismo foi um conjunto de ideias que se desenvolveram na Europa a partir do século dezoito, identificadas com os interesses da burguesia em ascensão. Os liberais defendiam as liberdades individuais, a liberdade econômica e a liberdade política. A garantia dessas liberdades dependia da instituição de um governo constitucional, subordinado à vontade soberana do povo.

Já o nacionalismo se desenvolveu a partir da Revolução Francesa e pode ser definido como uma doutrina baseada na união de indivíduos culturalmente próximos (língua, religião, história etcétera) em um Estado nacional.

Durante a revolução, as ideias nacionalistas estiveram presentes, de fórma embrionária, na luta dos franceses para combater a invasão das tropas austro-prussianas. Elas se reafirmaram e se desenvolveram durante e após os processos de independência das colônias europeias na América Latina. Após a queda de Napoleão na França e a realização do Congresso de Viena, os mesmos ideais, somados aos princípios liberais, foram adotados nas lutas revolucionárias que se espalharam pela Europa entre 1820 e 1848, assim como nos processos de unificação da Itália e da Alemanha.

Imagem: Charge. Homens com coroas em uma pequena embarcação em alto mar. Eles olham boquiabertos para uma serpente marinha gigante. Ela tem o rosto de uma pessoa, lábios pequenos, olhos arregalados e um gorro vermelho. Fim da imagem.
A grande serpente do mar de 1848, charge publicada na revista londrina Punch, em 1848. Biblioteca da Universidade de Harvard, Cambridge, Estados Unidos.

Responda em seu caderno.

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  1. O gorro vermelho usado pela criatura marinha está associado a que fato histórico que você estudou?
  2. O que a serpente do mar representa?
  3. Quem está sendo ameaçado pela serpente marinha?

As revoluções liberais do século dezenove

As primeiras revoltas populares de orientação liberal e nacionalista ocorreram em 1820, nas regiões da costa do Mediterrâneo onde o desenvolvimento industrial ainda era incipiente, como Espanha, Grécia e Nápoles.

De todas as revoltas, a ocorrida na Grécia, entre 1821 e 1829, foi a que obteve mais sucesso. O movimento recebeu o apoio de grupos liberais do Reino Unido, da França e da Rússia e deu início ao processo de independência da Grécia em relação ao Império Otomano.

Na década de 1830, a onda revolucionária irradiou-se por outros países da Europa de fórma mais radical.

Pintura. Mulher de vestido longo e chapéu grande empunhando uma arma. O outro braço está esticado e o punho cerrado. Está em pé sobre corpos no chão. Ao lado dela, no chão, uma criança ampara um soldado ferido sentado.
Uma barricada em 1830, pintura de Piérre mangân, 1834. Museu Carnavalet, Paris, França.
Ondas revolucionárias de 1830

O movimento revolucionário de 1830 iniciou-se na França, onde o rei Carlos décimo implantou um conjunto de medidas impopulares para restaurar práticas do absolutismo. Conhecidas como Ordenações de Julho, as medidas suprimiam a liberdade de imprensa, dissolviam a Câmara dos Deputados, de maioria liberal, e reduziam o eleitorado. O anúncio dessas medidas incitou a revolta nas camadas populares, que já sofriam com a escassez de alimentos e o desemprego.

Assim, nos dias 27, 28 e 29 de julho, os chamados Três Dias Gloriosos, a população francesa se mobilizou, saiu às ruas, organizou barricadas e enfrentou as tropas do governo. O resultado foi a queda do rei Carlos décimo e o fim da dinastia dos Bourbon na França.

Depois desse acontecimento, o movimento se espalhou rapidamente pela Bélgica, pela Polônia, pela Península Itálica, pelo Reino Unido, pela Suíça e pelos Estados germânicos. Na Bélgica, que estava incorporada ao Reino Unido dos Países Baixos desde o Congresso de Viena, a população lutou contra a imposição da cultura protestante pela Holanda. Em outubro daquele ano, a Bélgica conquistou a independência.

Nas Revoluções de 1830, a burguesia saiu fortalecida, e o liberalismo se difundiu no continente europeu.

Gravura. Confronto armado da população com soldados em uma rua com calçamento de pedra. À esquerda, soldados com armas de fogo e escudos atiram contra jovens armados, à direita. Ao centro, um rapaz tenta mudar a direção de um canhão. À direita, outro rapaz agita uma bandeira da França. Ao redor do confronto muita fumaça branca.
O corajoso ato de um estudante da Universidade de Paris, 28 de julho de 1830, gravura do século dezenove. Museu Carnavalet, Paris, França. A gravura representa o enfrentamento entre as tropas do governo francês e as fôrças populares.

1848: a Primavera dos Povos

No fim da década de 1840, pressões sociais por reformas políticas e democráticas se espalhavam por grande parte dos países europeus, dando origem a outra onda revolucionária. Em 1848, revoltas ocorreram quase simultaneamente em diversas regiões da Europa (consulte o mapa) e ficaram conhecidas como Primavera dos Povos. Embora as reivindicações variassem muito, os participantes dos movimentos exigiam, em geral, duas mudanças: a instituição de governos constitucionais e a realização de eleições para a escolha dos parlamentares.

Outra característica muito importante das Revoluções de 1848 foi a combinação das reivindicações liberais com os anseios nacionalistas. O nacionalismo se expressou tanto na busca pela unificação de territórios fragmentados politicamente (como a Itália e a Alemanha) quanto na luta de minorias étnicas pela independência nacional (caso das rebeliões de húngaros e tchecos contra o domínio austríaco).

As Revoluções de 1848

Mapa. As Revoluções de 1848. Destaque para a Europa ocidental.
Legenda: 
Ícone de fogo: Insurreições de 1848.
No mapa, insurreições são identificadas em: Paris, na França; Turim, no Reino de Piemonte-Sardenha; Florença, na Toscana; Roma, nos Estados da Igreja; Palermo e Nápoles, no Reino das duas Sicílias; Milão, Veneza, Budapeste, Viena e Praga, no Império Austríaco; Munique, Stuttgart e Frankfurt, nos Estados Germânicos; Colônia e Berlim, no Reino da Prússia. 
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 230 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 231-232.

O caso da França

Na França, vigorava o voto censitário. De acordo com a lei, o cidadão precisava ter uma renda mínima para votar ou para se candidatar a algum cargo político, excluindo assim os operários e boa parte da pequena burguesia.

Em fevereiro de 1848, estudantes e operários saíram às ruas de Paris para protestar contra a crise política e econômica que atingia o país, erguendo diversas barricadas. O rei Luís Filipe foi destituído do poder, e formou-se um governo provisório, que proclamou a Segunda República na França.

Pressionado pelas insurreições populares, o novo governo publicou algumas medidas para acalmar a população. Entre elas estavam o sufrágio universal masculino e a criação das oficinas nacionais, empresas públicas que garantiam trabalho aos operários.

Nas eleições para a Assembleia Constituinte, a burguesia e as camadas médias urbanas conquistaram a maior parte dos votos. Derrotados nas eleições, os operários reiniciaram as revoltas, mas foram violentamente reprimidos. Em novembro de 1848, a Assembleia promulgou uma nova constituição para a França, elaborada para manter o poder nas mãos das camadas mais ricas. Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, foi eleito presidente.

Gravura. Ao centro, um trono vermelho e dourado em chamas. Ao redor, pessoas colocando tábuas para alimentar o fogo. Algumas pessoas carregam a bandeira da França. Outras carregam armas e espadas. Ao fundo, muita fumaça branca.
O povo queimando o trono de Luís Filipe na Praça da Bastilha, 1848, gravura do século dezenove. Biblioteca Nacional da França, Paris.

Os frutos de 1848

Uma das principais consequências das Revoluções de 1848 foi o fortalecimento dos trabalhadores, que iniciaram um processo de maturidade, de consciência de classe e de formação de uma ideologia política. Apesar das mobilizações operárias, porém, pouca coisa mudou na vida deles.

Com as revoluções, a Europa ficou dividida em dois blocos: o da Europa Ocidental – composto de Reino Unido, Bélgica e França, onde se adotou um liberalismo moderado – e o da Europa Oriental – composto de Rússia, Império Austríaco, Hungria e Prússia, que preservaram estruturas do Antigo Regime.

Nesses países, a burguesia aliou-se às camadas médias urbanas e a setores da nobreza e do clero para aprovar leis nos parlamentos que dificultavam ainda mais a vida dos operários, como o congelamento de salários.

Nesse sentido, as Revoluções de 1848 fracassaram, como argumenta o historiador Érik Robsbaum.

Todas essas revoluções têm algo mais em comum, o que explica largamente o seu fracasso. Elas foram, de fato ou enquanto antecipação imediata, revoluções sociais dos trabalhadores pobres. Por isso elas assustaram os moderados liberais a quem elas próprias deram poder e proeminência – e mesmo alguns dos políticos mais radicais –, pelo menos tanto quanto os que apoiavam os antigos regimes. reticências

Quando as barricadas foram erguidas em Paris, todos os liberais moderados reticências eram conservadores potenciais. Como a opinião moderada mais ou menos rapidamente mudava de lado ou desertava, os trabalhadores, os intransigentes entre os radicais democratas, ficavam isolados ou, o que era mais fatal, viam-se diante de uma união de fôrças conservadoras e ex-moderadas aliadas ao velho regime: um partido da ordem reticências. Mil oitocentos e quarenta e oito fracassou porque ficou evidenciado que a confrontação decisiva não era entre os velhos regimes e as ‘fórmas do progresso’ unidas, mas entre ‘ordem’ e ‘revolução social’.

ROBSBAUM, Eric. A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. página 35-38.

Apesar de as condições de vida dos trabalhadores não terem mudado efetivamente para melhor, por causa, sobretudo, da falta de fôrça política e social, algumas regiões europeias conquistaram a independência, proclamaram a república ou aboliram a servidão (caso do Império Austríaco).

Imagem: Charge em branco e preto. Homem de camisa aberta e olhos arregalados. Segura um pedaço de papel sobre uma urna. A outra mão dele está apoiada em uma arma comprida. Fim da imagem.
O voto ou o rifle, charge de bosrrêdôn, 1848. Biblioteca Nacional da França, Paris. Na legenda da imagem lê-se: “Isto é para os inimigos externos; para os inimigos internos, vejam como se combate legalmente os adversários”.

Responda em seu caderno.

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O que o homem representado na charge oferece aos inimigos internos? E aos inimigos externos? Qual é o significado político dessa atitude no contexto das Revoluções de 1848?


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que é nacionalismo?
  2. Por que as guerras napoleônicas e seus resultados geográficos e políticos impulsionaram o crescimento dos movimentos nacionalistas na Europa?
  3. Identifique a principal diferença entre as Revoluções de 1848 em relação às de 1830 e explique como essa característica afetou o desenrolar das insurreições de 1848.

A unificação da Itália e da Alemanha

Durante o Antigo Regime, não havia, em grande parte da Europa, o sentimento de pertencer a uma nação e de compartilhar uma cultura e uma história. As pessoas se identificavam com a região em que viviam, com suas crenças ou com a dinastia que estava no poder. Com a Revolução Francesa e as conquistas napoleônicas, contudo, o nacionalismo expandiu-se pelo continente europeu.

A percepção de fazer parte de uma nação foi se desenvolvendo aos poucos. Escritores, líderes políticos, linguistas e historiadores atuaram para valorizar a língua, a história, as tradições e os costumes de um lugar, visando criar nas pessoas o sentimento de que elas tinham laços comuns.

A formação do Estado italiano

O movimento nacionalista italiano se fortaleceu após as Revoluções de 1830, quando se iniciaram as lutas para libertar alguns reinos da Península Itálica do domínio austríaco e reuni-los sob um mesmo Estado. As revoltas, no entanto, foram esmagadas pelas tropas estrangeiras.

Em 1848, outras revoltas foram organizadas com o objetivo de criar um Estado nacional italiano. Temendo a radicalização do movimento, porém, a burguesia retirou seu apoio e a insurreição fracassou.

Apesar da derrota, o projeto de unificação da Itália permaneceu entre a população e a burguesia do norte, que tinha interesse na unidade política para ampliar seus negócios em todo o território. Especialmente o Reino do Piemonte-Sardenha, no norte, tinha uma forte economia industrial e uma burguesia interessada em neutralizar os poderes locais.

Não por acaso, a nova iniciativa pela unificação partiu do rei do Piemonte-Sardenha, Vítor Emanuel segundo. Ele nomeou o conde Camilo de Cavúr, partidário da unificação, como primeiro-ministro e selou uma aliança com a França para combater a Áustria, vencida em 1859. Um ano depois, o revolucionário italiano djiuzépe Garibaldi organizou um movimento para libertar o Reino das Duas Sicílias, ao sul, do domínio francês. Com a vitória de Garibaldi, Vítor Emanuel segundo anexou esses territórios e tornou-se o rei da Itália.

Veneza foi conquistada em 1866 e, em 1870, os italianos invadiram Roma, que se tornou capital do recém-formado Estado nacional italiano.

A unificação italiana

Mapa. A unificação Italiana. Destaque para a Península Itálica.
Legenda: 
Verde escuro: Reino do Piemonte-Sardenha.
Verde claro: Ducados.
Rosa: Estados da Igreja.
Lilás: Território do Império Austríaco. Amarelo: Reino das Duas Sicílias. 
Listras cinzas: Territórios sob influência austríaca.
Laranja: Reino Lombardo-Veneziano.
Vermelho: Territórios cedidos à França (1860).
Ícone de fogo: Principais batalhas.
Seta roxa: Avanço do exército piemontês.
Seta vermelha: Expedição de Garibaldi.
Bolinha amarela: Movimentos revolucionários anteriores a 1848. 
Estrela verde: Insurreições de 1848.
No mapa, o Reino do Piemonte-Sardenha abrange a Ilha da Sardenha, incluindo a cidade de Caligari; a Ilha de Elba; e territórios ao norte da Península Itálica, incluindo as cidades de Turim e Gênova. Os Ducados abrangem a Toscana, incluindo a cidade de Florença. Os Estados da Igreja abrangem o território no centro da península, incluindo as cidades de Ancona, Roma, Castelfidardo e Ferrara. O território do Império Austríaco abrange a região do Tirol, ao norte da península, incluindo a cidade de Trento. O Reino das Duas Sicílias abrange territórios ao sul da península, incluindo as cidades de Nápoles e Messina, e a Ilha da Sicília, incluindo as cidades de Régio, Calatafimi, Palermo e Marsala. Os territórios sob influência austríaca abrangem Toscana, Lombardia, Tirol e Vêneto. O Reino Lombardo-Veneziano abrange as regiões do Vêneto e da Lombardia, incluindo as cidades de Milão, Solferino e Veneza. Os territórios cedidos à França em1860 localizam-se em dois pontos no noroeste da península, na fronteira com o Reino do Piemonte-Sardenha. As principais batalhas ocorreram em: Calarafimi, Castelfidardo, Solferino e Milão. O avanço do exército piemontês partiu de Turim para Milão e Solferino, e de Turim para Castelfidardo e Nápoles. A expedição de Garibaldi partiu de Gênova, passando pela Ilha de Elba, Marsala, Palermo, Messina e Nápoles. Os movimentos revolucionários anteriores a 1848 ocorreram em Régio, Palermo, Ferrara e Gênova. As Insurreições de 1848 ocorreram em Palermo, Nápoles, Roma, Florença, Turim, Milão e Veneza.
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 120 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 231, 234.


A Alemanha unificada

Desde o Congresso de Viena, os Estados alemães estavam reunidos na Confederação Germânica (consulte o mapa da página 196), uma associação política e econômica dominada pela Áustria e pelo Reino da Prússia.

Região industrializada, a Prússia era dominada por poderosos banqueiros, comerciantes e fazendeiros capitalistas, interessados em mercados para seus produtos. Assim, em 1834, o reino liderou a criação de uma área de livre-comércio entre os Estados germânicos: a Zollverein. A associação excluía a Áustria, o que permitiu à Prússia desenvolver livremente sua economia.

O projeto de unificar os Estados alemães ganhou fôrça com a coroação de Guilherme primeiro como rei da Prússia, em 1861, e com a nomeação de Otto vón Bismarque como primeiro-ministro, no ano seguinte. Hábil estrategista político e militar, bísmarc passou a alimentar a indignação da população germânica contra o domínio estrangeiro, procurando despertar o sentimento nacional alemão e o desejo de um Estado unificado.

Em 1864, a Prússia aliou-se à Áustria, derrotou a Dinamarca e anexou os territórios do norte que estavam sob seu domínio. Dois anos depois, declarou guerra à Áustria, dando início à Guerra Austro-Prussiana. Em 1867, vitoriosa, a Prússia criou a Confederação Germânica do Norte, que incorporou os Estados do norte. Os Estados do sul, por sua vez, corriam o risco de ser dominados pela França. Assim, bísmarc declarou guerra aos franceses em 1870, conseguindo a adesão desses Estados na luta contra o inimigo.

A Guerra Franco-Prussiana, como ficou conhecida, terminou em 1871, com a vitória alemã, que concluiu sua unificação. A França foi obrigada a entregar à Alemanha as regiões da Alsácia e Lorena, ricas em reservas de ferro e carvão.

Charge. Criatura grande com a cara peluda, vestindo uniforme militar com casaco vermelho e calça azul, um grande chapéu preto com penas verdes e botas pretas. Carrega uma bolsa pendurada no corpo e um facão na mão. Com a outra mão ele coloca uma pessoa na boca. Nas costas, carrega um cesto cheio de pessoas.
O grande ogro alemão, caricatura francesa representando Otto vón Bismarque, século dezenove. Biblioteca Nacional da França, Paris.

História em construção

Nacionalismo, racismo e xenofobia

O nacionalismo pode estar associado a atitudes racistas ou xenófobas, como explica o sociólogo Stuart Ral neste texto.

As culturas nacionais são tentadas, algumas vezes, a se voltar para o passado, a recuar defensivamente para aquele ‘tempo perdido’, quando a nação era ‘grande’. reticências Mas frequentemente esse mesmo retorno ao passado oculta uma luta para mobilizar as ‘pessoas’ para que ‘purifiquem’ suas fileiras, para que expulsem os ‘outros’ que ameaçam sua identidade e para que se preparem para uma nova marcha para frente.

ról, istiúart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: dê pê ê á, 2003. página 56.

Essas atitudes preconceituosas estão presentes em alguns países europeus, que recebem muitos imigrantes e refugiados de regiões em conflito, especialmente do Oriente Médio. Na Europa, atualmente, muitos culpam os estrangeiros pelo aumento da violência, da pobreza e do desemprego. Outros associam equivocadamente os imigrantes islâmicos ao terrorismo, revelando a intolerância religiosa existente na sociedade europeia.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Que aspecto negativo o nacionalismo pode despertar nas pessoas?
  2. Como o nacionalismo exacerbado na Europa atual se manifesta?
  3. Explique de que fórma é possível relacionar o nacionalismo à xenofobia.

Burguesia vérçus operariado

No século dezenove, as sociedades europeias passaram por mudanças consideráveis. A industrialização avançou em vários países da Europa Ocidental, consolidando a burguesia como classe dominante. O fim dos regimes absolutistas e o estabelecimento de governos liberais também favoreceram essa camada social. O direito de votar e de se candidatar a cargos públicos foi gradativamente ampliado a todos os cidadãos do sexo masculino, garantindo à burguesia as condições necessárias para interferir diretamente na vida política dos países.

O desenvolvimento industrial, porém, contribuiu, aos poucos, para a formação de uma consciência de classe do proletariado urbano. Entre outros motivos, isso ocorreu porque as condições de vida desse grupo permaneceram precárias ao longo do século dezenove, tanto no ambiente fabril como no doméstico.

Nos bairros operários de Londres, Manchester e Birmingham, os principais centros industriais do Reino Unido, por exemplo, as habitações populares eram pequenas, muitas vezes sem janelas, sem luz nem ventilação. O esgoto escoava no meio das ruas e juntava-se com o lixo das casas. As péssimas condições de higiene ocasionavam doenças, que se espalhavam e se transformavam em epidemias.

Os bairros da burguesia, em contrapartida, foram modernizados e embelezados por meio de reformas urbanas. Essas mudanças foram bastante evidentes em Paris, onde foram construídas largas avenidas que facilitavam a circulação de pessoas, de carros de tração animal e de tropas militares quando fosse necessário reprimir protestos.

Nesse cenário de aumento das desigualdades sociais, a união dos trabalhadores era a maneira mais eficaz de lutar contra a situação de miséria em que viviam, impulsionando mobilizações como as Revoluções de 1848.

Fotografia em preto e branco. Homem sentado no topo de uma colina olhando na direção de casebres próximos uns aos outros. As construções são simples e pequenas. As ruas são de terra. Ao fundo, diversos prédios.
Casebres na Rua Champlain, em Paris, cêrca de 1870. Museu Carnavalet, Paris, França.
Fotografia em preto e branco. Pessoas em uma rua larga com calçamento de pedra. À direita, grandes prédios, com muitas janelas. À frente, uma mulher de vestido longo e claro, e chapéu, ao lado de dois homens vestidos socialmente. À esquerda, um bonde puxado por dois cavalos.
Boulevard de Clichy, em Paris, cêrca de 1890.

Refletindo sobre

As grandes capitais europeias do século dezenove apresentavam muitos contrastes sociais e urbanos, como podemos observar nas fotos reproduzidas nesta página. Atualmente, muitos municípios do Brasil apresentam essas disparidades. Naquele em que você vive, existem esses contrastes? Se existirem, de que fórma eles estão presentes? Converse com seus colegas sobre o tema.


As lutas operárias e os sindicatos

A luta dos operários pela melhoria das condições de trabalho foi duradoura. Como você estudou no capítulo 1, durante a Revolução Industrial, os trabalhadores culpavam as máquinas introduzidas nas fábricas pela situação de miséria em que viviam e pelo desemprego. Por essa razão, no Reino Unido, artesãos arruinados pela concorrência industrial e operários desempregados invadiam as fábricas e quebravam as máquinas.

Do outro lado, a burguesia e as autoridades começaram a considerar a classe operária perigosa e a responsabilizá-la por sua pobreza. Acusavam os operários de ser preguiçosos, de não ter iniciativa e de gastar o salário com bebidas e jogos. Em razão disso e para lutar por melhores salários e condições de trabalho, no final do século dezoito os trabalhadores passaram a se organizar em sindicatos.

A reação dos industriais a essa organização, porém, foi rápida. No Reino Unido, por exemplo, foram criados dispositivos legais que proibiam as associações operárias. Os trabalhadores, entretanto, não se intimidaram. Após muita pressão, o governo britânico suprimiu, em 1824, a lei que proibia as associações operárias. Ao longo do século dezenove, seguiram-se novas conquistas do movimento operário do país, como a criação de leis de proteção ao trabalho e a realização de reformas eleitorais que ampliaram o direito de voto aos trabalhadores urbanos e rurais. Em 1871, as trade unions, associações predecessoras dos sindicatos, foram legalizadas.

Na França, em 1864, a lei que proibia as greves e as associações de trabalhadores foi revogada, conquista que deu forte impulso à mobilização dos trabalhadores. Na Alemanha, os sindicatos foram proibidos em 1878, sendo liberados apenas em 1890, quando foi criada a primeira federação sindical alemã.

Fotografia. Multidão durante protesto de rua. Elas usam máscaras faciais de proteção, e estão aglomeradas na rua. Carregam cartazes pretos com dizeres em outro idioma e os rostos de dois homens e uma mulher.
Manifestação organizada por sindicatos franceses para reivindicar mais empregos, proteção trabalhista e recuperação econômica em Paris, França. Foto de 2021. A atuação dos sindicatos, ainda hoje, é importante para a proteção dos direitos dos trabalhadores.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Qual foi o papel do Reino do Piemonte-Sardenha na unificação da Itália?
  2. O que foi a Zollverein? De que modo ela favoreceu a Prússia?
  3. Quais eram os interesses do Reino da Prússia na unificação dos Estados germânicos?
  4. Como a Prússia conseguiu anexar os Estados do sul para concluir a unificação da Alemanha?
  5. Qual foi a principal conquista do operariado na Europa na segunda metade do século dezenove? Por quê?

As teorias sociais e políticas

Com o tempo, o movimento operário, além de reivindicar melhores condições de vida e trabalho, passou a incorporar outros objetivos, muitos deles políticos e com críticas ao sistema capitalista.

Alguns intelectuais, interessados em compreender e explicar a pobreza e a desigualdade social e propor soluções para esses problemas, começaram a estudar o funcionamento do capitalismo e suas contradições. Com base nessas análises, elaboraram diversas teorias. As duas que mais influenciaram o movimento operário foram o socialismo e o anarquismo.

Os socialistas utópicos

A palavra socialismo designa o conjunto de ideias relacionadas, entre outros aspectos, à distribuição igualitária da riqueza e à melhora das condições de vida dos trabalhadores. O ideal de uma sociedade mais justa existia desde a Antiguidade, mas apenas no século dezenove ele se organizou como teoria política.

Os principais pensadores da fase inicial do socialismo ficaram conhecidos como socialistas utópicos. Conheça alguns deles e suas ideias.

  • clôd sãn simôn. Pensador francês que propunha uma sociedade sem militares, clérigos ou nobres, mas dividida em outras três camadas: a dos sábios, a dos proprietários e a dos que não possuíam bens. De acordo com sãn simôn, o governo deveria ficar nas mãos de um conselho de artistas e sábios, que seriam mais sensíveis às dificuldades da população pobre.
  • Róbert Ôuen. Galês que implantou, em suas indústrias têxteis na Escócia, algumas reformas trabalhistas e sociais, como a redução da jornada de trabalho e a criação de creches e escolas para os filhos dos operários. Nos Estados Unidos, em 1825, construiu uma comunidade cooperativa em que todos trabalhavam e dividiam os lucros entre si.
Gravura. Crianças em grupos dançando em um salão fechado. Elas usam vestidos claros e o cabelo preso. Nas laterais adultos observam a dança. Ao fundo, grandes janelas. Sobre elas, um painel com a representação de animais.
Crianças dançando quadrilha em uma instituição de Róbert Ôuen, gravura de jórge rãnt, 1825.

chárles furriê. Teórico francês que propôs a criação de falanstérios, comunidades autônomas e autossuficientes regidas pelo trabalho comunitário e pela partilha dos bens. No mundo imaginado por furriê, todos os indivíduos desenvolveriam sua habilidade para as artes e viveriam em harmonia. Era crítico do casamento monogâmico e defendia a emancipação feminina, considerando-a um dos mais importantes indicadores do nível de desenvolvimento de uma sociedade.

Saiba mais

A utopia no século dezenove

No século dezenove, desenvolveu-se uma corrente de pensamento cujos idealizadores defendiam fórmas de organização da sociedade com base nos princípios de justiça, cooperação e bem-estar coletivo, sem, contudo, fundamentarem as soluções propostas e apresentarem uma estratégia prática de como concretizá-las. Essas ideias foram denominadas utópicas por serem consideradas inalcançáveis, impossíveis de se concretizar.


O socialismo científico

Os primeiros socialistas do século dezenove acreditavam ser possível melhorar a vida do operariado por meio da cooperação e da solidariedade entre patrões e trabalhadores. Apesar de reconhecer a importância deles para o amadurecimento das ideias socialistas, os alemães cál marcs e fréderique ênguels viam as propostas desses pensadores como uma utopia e uma fórma de amenizar os efeitos nocivos do capitalismo, e não de superá-los.

Trilhando outro caminho, os dois alemães partiram do estudo das relações de trabalho no mundo industrial e suas consequências para elaborar uma teoria que permitisse compreender o sistema capitalista e apontar um caminho para sua superação. márks e ênguels, assim, foram além da crítica à sociedade industrial. Eles analisaram a fundo os mecanismos do capitalismo, investigaram a fonte de lucro na economia capitalista e o papel cumprido pela burguesia na construção de um mercado mundial, cujo processo destruiu culturas e fórmas econômicas tradicionais. A análise crítica e racional do capitalismo elaborada por eles recebeu o nome de socialismo científico ou marquicísmo.

Uma das bases da teoria marquicísta é a ideia de que a história da humanidade é movida pela luta de classes, ou seja, pelo conflito entre classes sociais com interesses opostos.

No capitalismo, as classes antagônicas são a burguesia, proprietária dos meios de produção, e o proletariado, detentor apenas de sua fôrça de trabalho. Segundo márks e ênguels, o proletariado deveria tomar o contrôle do Estado por meio de uma revolução e implantar um governo dos trabalhadores: a ditadura do proletariado. Caberia a eles eliminar a propriedade privada e construir uma sociedade sem classes, implantando, assim, o comunismo.

As atividades de márks e ênguels uniram a teoria e a prática. Eles participaram ativamente de movimentos políticos do século dezenove e contribuíram para a organização dos trabalhadores. Em 1864, fundaram a Associação Internacional dos Trabalhadores (a i tê), também conhecida como Primeira Internacional.

Charge. Vários homens de camisa azul e calça bege carregam juntos nos ombros uma poltrona vermelha com um homem gordo sentado nela. Ele tem cabelo branco e usa óculos, camisa clara, casaco azul, calça cinza e muitos anéis nos dedos. Sua expressão é de arrogância. A expressão no rosto dos homens que carregam a poltrona é de esforço e cansaço, e eles estão suados.
Capital e trabalho, charge britânica, século vinte.
Tirinha em preto e branco dividida em três quadros. Mafalda, menina de aproximadamente 8 anos, cabelo preto e volumoso com um lacinho enfeitando. Ela tem olhos pequenos e nariz redondo, e usa um vestido de bolinhas. Ela está com um menino de cabelo curto e penteado para frente. Ele tem dentes grandes.
Quadro1: os dois estão sentados à frente de uma porta. Ela olha para ele e diz: MAS VOCÊ DISSE QUE IA AO JARDIM DA INFÂNCIA... POR QUE NÃO ESTÁ LÁ AGORA? E ele responde: PORQUE ACABARAM COM AS CLASSES.
Quadro 2: pegando no colarinho do menino, com a boca aberta e os olhos arregalados, Mafalda grita: SOCIAIS? E ele responde: DA ESCOLA...
Quadro 3: Caída na calçada, Mafalda diz: ACHEI QUE TINHA CHEGADO O COMUNISMO!
Tirinha de Mafalda, do cartunista Quino, 1965.

Responda em seu caderno.

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  1. Qual é o tema comum à charge e à tirinha?
  2. Que relação podemos estabelecer entre a teoria marquicísta, a charge e a tirinha?

O anarquismo

O anarquismo surgiu na segunda metade do século dezenove. Seus principais teóricos foram piérre jôzéf prudôn e luíze michél, na França, micaíl bakunín e píter cropótiquin, na Rússia, érico malatésta, na Itália, e Êma Gôldmen, nos Estados Unidos. Os anarquistas, assim como os socialistas científicos, faziam a crítica da exploração promovida pelo sistema capitalista, mas apontavam o Estado e os regimes de governo como a causa de todos os males da sociedade.

Fotografia em preto e branco. Mulher se destacando em meio à multidão. Ela está mais alta que as pessoas que a assistem. Está com um dos braços erguidos e o dedo apontado para frente. Ao seu redor, muitas pessoas usando chapéus. Ao fundo, uma construção.
Êma Gôldmen discursando para os trabalhadores durante uma greve em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 1916. Arquivo Êma Gôldmen, Universidade da Califórnia, bârclei, Estados Unidos.

Os anarquistas, portanto, não propunham um governo dos trabalhadores. Eles defendiam uma sociedade fundada na livre associação dos indivíduos, sem instituições, como partidos políticos, Parlamento, polícia, prefeituras, presidência, tribunais e exército. Abolido qualquer tipo de poder político e hierárquico, os indivíduos estariam livres para viver com base na cooperação e na propriedade coletiva dos bens. Leia o que micaíl bakunín escreveu sobre os princípios anarquistas e sua diferença com os marquicístas.

Sou um amante reticências da liberdade, considerando que ela é o único meio em cujo seio podem se desenvolver e crescer a inteligência, a dignidade e a felicidade dos homens; não dessa liberdade formal, outorgada, medida e regulamentada pelo Estado, reticências que na realidade não representa nunca nada mais do que o privilégio de uns poucos fundado sobre a escravidão de todos reticências.

Sou um partidário convicto da igualdade econômica e social reticências. Mas, partidário incondicional da liberdade, essa condição primordial da humanidade, penso que a igualdade deve se estabelecer no mundo pela organização espontânea do trabalho e da propriedade coletiva das associações produtoras livremente organizadas e federadas nas comunas, reticências mas não pela ação suprema e tutelar do Estado.

Este é o ponto que separa antes de mais nada os [anarquistas] dos comunistas reticências, que defendem a iniciativa absoluta do Estado.

bakunín, micaíl. A Comuna de Paris e a noção de Estado. vérve, São Paulo, número 10, página 76-78, outubro 2006.


A primeira experiência socialista da história

Um importante acontecimento político ocorrido na França no final do século dezenove acentuou as divergências entre anarquistas e marquicístas na organização dos trabalhadores. Entre março e maio de 1871, a cidade de Paris foi administrada por um governo popular, formado sobretudo por operários. As decisões tomadas por esse governo atendiam a grande parte das aspirações da classe operária, motivo pelo qual essa curta experiência na capital francesa ficou conhecida como Comuna de Paris.

Para compreender a Comuna de Paris, é preciso retomar o processo de unificação da Alemanha. Durante a Guerra Franco-Prussiana, as tropas de Otto vón Bismarque cercaram a cidade de Paris. As camadas populares da capital, no entanto, decidiram resistir aos invasores. Durante o cerco, as condições de vida dos trabalhadores pioraram, pois faltava comida e as doenças se alastravam.

Em janeiro de 1871, o novo governo da França, que assumiu após a deposição do imperador Napoleão terceiro, negociou com bísmarc as condições da rendição na guerra. A população de Paris, no entanto, não aceitou depor as armas. Em março, os parisienses expulsaram o governo e proclamaram a Comuna de Paris.

Durante sua curta existência, o governo da comuna foi exercido pelas camadas populares, que se reuniam regularmente para decidir as principais questões relacionadas à administração da cidade. A comuna substituiu o exército permanente pelo armamento dos cidadãos, estabeleceu o ensino gratuito, obrigatório e laico, transferiu as diferentes funções do Estado para operários e produtores capacitados e passou o contrôle das indústrias para associações de trabalhadores.

A Comuna de Paris, no entanto, foi aniquilada. O governo francês, com o apoio da recém-unificada Alemanha, formou um exército e invadiu a cidade de Paris. Os revoltosos se defenderam como puderam. Ergueram barricadas, utilizando pedras do calçamento e sacos de areia, mas as tropas do governo, mais bem preparadas e em maior número, avançaram, matando milhares de pessoas.

Pintura. Ao centro, mulher de cabelo escuro e longo, rosto fino e boca pequena. Está com os braços atrás do corpo. Veste um longo sobretudo, e olha para o alto. Ao lado dela, à esquerda, uma criança de sobretudo e uma mulher com um bebê no colo. Atrás deles, soldados armados montados em cavalos e diversas outras pessoas.
A prisão de luíze michél, pintura de júles girrardê, 1883. Museu de Arte e História, sãn dení, França. A anarquista e professora luíze michél foi uma das líderes da Comuna de Paris.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Identifique as principais ideias dos socialistas utópicos.
  2. Quais são as principais diferenças entre o anarquismo e o marquicísmo?
  3. Aponte duas diferenças entre a experiência da Comuna de Paris e os movimentos revolucionários de 1830 e 1848.

Enquanto isso…

O falanstério do Saí: uma utopia no Sul do Brasil

O ideal de uma sociedade justa e harmônica, no modelo dos falanstérios, chegou ao Brasil por meio de colonos franceses, que fundaram, em 1841, uma comunidade na Península do Saí, no território correspondente ao do atual município de São Francisco do Sul, no estado de Santa Catarina.

Imagem: Fotografia. À esquerda pequenos prédios coloridos e muita vegetação à beira mar. À direita, o mar. Fim da imagem.
Centro histórico de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Foto de 2020. A construção de um falanstério projetada pelo francês benuá júles miúr não obteve sucesso.

A iniciativa coube ao médico homeopata francês benuá júles miúr, que chegou ao país disposto a angariar fundos e terras para construir o falanstério. Ele recebeu do governo imperial um adiantamento em dinheiro para garantir a subsistência da comunidade até que ela pudesse se autossustentar.

Leia o texto da historiadora Raquel S. Thiago sobre a recepção do imperador e da sociedade do Rio de Janeiro à chegada dos franceses falansterianos em 1841.

O porto do Rio de Janeiro foi o cenário da chegada, em 14 de dezembro de 1841, daqueles que tentavam fugir da história que se delineava na Europa, cujos caminhos estavam sendo traçados pelo capitalismo em plena consolidação. Eram 100 franceses, adeptos das ideias de furriê, e participaram do movimento sociocultural europeu, cujas características marcadas pela utopia apresentavam certa dose de romantismo. reticências

‘Vai nossa pátria ser teatro de uma experiência de que depende, talvez, a sorte das sociedades humanas’ anunciava o periódico Brasil na ocasião. Na mesma reportagem, intitulada Colônia Societária perguntava ao leitor, talvez curioso, talvez cético, ou quem sabe, um fervoroso adepto de furriê: ‘Serão realizáveis, serão meras utopias dos socialistas modernos? O mais razoável dentre eles, furriê, não imaginaria senão quimeras? A Colônia do Saí, em breve, responderá a esta pergunta reticências Na Europa, toda classe que sofre tem olhos fitos no Saí reticências’. Era esse o clima de expectativa que se apresentava, com relação à colônia furrieísta.

Por volta de 1840, as pessoas mais esclarecidas já pressentiam que a mão de obra escrava teria, um dia, que ser substituída e o mesmo periódico retratava essa preocupação: ‘reticências Se não prospera (a colônia), se o sistema desta sociedade for quimérico como os demais, ainda assim lucraremos homens industriosos, afeitos ao trabalho, morigeradosglossário , terão vindo aumentar nossa população.’


Quatro dias depois, esses imigrantes foram apresentados ao imperador dona Pedro segundo, que, certamente surpreso, ouviu-os, com suas mulheres e filhos pelas mãos, entoarem hinos repetindo em coro: ‘Adieu, terre de France! Salut, terre de l'avenir [em português: Adeus, terra da França! Olá, terra do porvir!]. O entusiasmo contagiante, movido pela utopia que estava prestes a realizar, certamente causou espanto naqueles que os ouviam. Já na França, haviam organizado coros que executavam com bastante harmonia diversos cantos que eles mesmos compunham, inspirados pela esperança de dias melhores.

Nas ruas do Rio de Janeiro, igualmente a centelha romântica e utópica que os animava causava admiração, reforçada pela originalidade de seus trajes e postura, pouco comuns entre imigrantes. Eram diferentes. Envoltos em um halo de dignidade citadina, já não eram – como afirmou o Jornal do comércio – o que se costumava compreender pela denominação de ‘colonos’. Seus trajes e aspectos denunciavam sua origem urbana, quase todos parisienses de diferentes profissõesreticências abridores de poços artesianos, alfaiates, boticários, bombeiros, chapeleiros, carreteiros, cirurgiões etcétera

Tal peculiaridade conferiu-lhes o privilégio de um convite, por parte do Imperador, para um jantar de despedida regado a vinho do Porto. A propaganda de miúr dera resultado. Inicialmente céticos, finalmente o governo Imperial e os políticos passaram a confiar no projeto, principalmente ao verificarem a qualidade dos imigrantes. reticências

Em 30 de dezembro de 1841, os franceses, levados por miúr, deixaram o Rio de Janeiro com destino ao Saí, no estado de Santa Catarina, a bordo do Caroline. Acompanhava-os a esperança de construírem uma sociedade que lhes permitisse uma vida mais digna. O francês vilenêv, proprietário do Jornal do comércio, simpatizante das ideias de furriê, tornava público o seu entusiasmo com a experiência prestes a concretizar-se: ‘Executem esses aventureiros seu nobre projeto; vençam eles os obstáculos e alcancem o fim sublime que esperam reticências’.

THIAGO, Raquel S. furriê: utopia e esperança na Península do Saí. Blumenau: edifúrbi; Florianópolis: Editora ú éfe ésse cê, 1995. página 81-83.

Apesar da ajuda do governo brasileiro, a colônia se desfez em 1864. A falta de infraestrutura, o isolamento da comunidade e as desavenças entre os colonos impediram o sucesso do falanstério. O próprio fundador retornou ao Rio de Janeiro, em 1843, para se dedicar à homeopatia.

Imagem: Fotografia em preto e branco. Duas mulheres em pé e algumas crianças. Estão na frente de uma grande construção de telhado dividido em vários triângulos. Tem janelas grandes no formato de arco. Ao fundo um prédio maior com mais janelas. Fim da imagem.
Mulheres e crianças em frente ao berçário do falanstério de Guise, na França, cêrca de 1894. Essa comunidade, assim como a do Saí, foi inspirada nas ideias de chárles furriê.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. A comunidade do Saí expressava a utopia e o romantismo do movimento de chárles furriê na Europa. Selecione argumentos que validam essa afirmação.
  2. Levante hipóteses que expliquem por que o governo brasileiro forneceu ajuda material ao projeto de miúr.

A arte europeia no século dezenove

Na Europa do século dezenove, a arte manteve um diálogo frutífero com os movimentos revolucionários de 1820, 1830 e 1848. Pintores e escritores, por exemplo, procuraram traduzir em suas obras as convulsões políticas e os antagonismos sociais que marcaram a época, dando origem a movimentos artísticos, literários e filosóficos, como o Romantismo e o Realismo.

Imagem: Pintura. Homem sobre uma formação rochosa escura. Ele está de casaco com uma bengala na mão. Um dos pés está mais para frente que o outro, apoiado na ponta da pedra. Ao fundo, densa névoa e a ponta de algumas outras formações rochosas. Fim da imagem.
Caminhante sobre o mar de névoa, pintura de quéspar dêivid fríderich, 1818. Museu Kunsthalle, Hamburgo, Alemanha.

A arte romântica

A relação entre a arte e as lutas do século dezenove ficou registrada em muitas obras, como no quadro A Liberdade guiando o povo, do pintor francês Eugêne Delacroá. A pintura representa uma das cenas mais representativas das Revoluções de 1830: as barricadas. Ao ressaltar um acontecimento popular, a tela se contrapôs à maioria dos quadros da época, que priorizavam personagens ilustres e temas religiosos e da Antiguidade Clássica.

A obra de delacroá é apenas um exemplo do Romantismo europeu. Esse movimento artístico, que começou a se desenvolver em meados do século dezoito e perdurou por todo o século dezenove, valorizou a imaginação, a emoção e a subjetividade em detrimento da harmonia, da racionalidade e da ordem, padrões que marcaram a pintura neoclássica do período anterior. Dessa maneira, a arte romântica, especialmente na pintura e na literatura, expressou dramaticidade, paixão, idealização, sonho e furor revolucionário, além de contemplar o espiritualismo do indivíduo e a natureza.

Entre os pintores que se destacaram no Romantismo europeu, além de delacroá, estão o alemão quéspar dêivid fríderich, o inglês uíliam târner e o francês teodór gêrricô. Entre os escritores, sobressaíram-se o francês Vítor Hugo e o alemão iôrran folfgâng fon guet.

Imagem: Pintura. Liberdade, mulher de vestido rasgado, com os seios a mostra. Ela tem o cabelo preso e um lenço sobre ele. Em uma das mãos carrega uma arma de fogo. Com a outra mão levanta um mastro com uma bandeira. Está sobre uma pilha de corpos estirados. Ao lado dela um menino empunhando duas armas de fogo. Perto deles, homens armados estão inclinados na direção dela. Ao fundo muita fumaça. Fim da imagem.
A Liberdade guiando o povo, pintura de Eugêne Delacroá, 1830. Museu do Lúvri, Paris, França.

A arte realista

Na segunda metade do século dezenove, muitos artistas deram continuidade à tendência do Romantismo de romper com o rigor e os padrões da arte neoclássica, valorizando os temas contemporâneos e as pessoas comuns. Alguns deles, no entanto, procuraram romper com a emoção da arte romântica e recuperar a objetividade da arte neoclássica.

Os pintores, por exemplo, se esforçaram em representar cenas com o rigor de um cientista e os detalhes de um registro fotográfico. Eles evitavam manifestar seus sentimentos e impressões pessoais nas obras que produziam, buscando a objetividade e a observação fria da realidade. A essa corrente artística foi dado o nome de Realismo.

A pintura realista inspirava-se em temas sociais, com representação de cenas do cotidiano, principalmente de trabalhadores do campo e das cidades. O trabalho de mulheres e de crianças e os contrastes sociais decorrentes da expansão industrial e urbana desse período serviram de inspiração para os pintores realistas, revelando a preocupação dos artistas com as questões de seu tempo.

O precursor do Realismo na pintura foi o francês gustáv curbê. Em sua tela Mulheres peneirando trigo, o artista não representou grandes acontecimentos históricos nem figuras míticas, mas o trabalho de duas mulheres peneirando trigo, enquanto uma criança abre a porta de um fogão, sem idealizar nem romantizar a cena.

Imagem: Pintura. No centro, uma mulher ajoelhada sobre um enorme pano branco, com uma grande peneira nas mãos. Ela está peneirando trigo. O pano está forrado de grãos. À esquerda uma mulher sentada e recostada colhe os grãos de um prato largo e raso. Atrás dela algumas sacas cheias. À direita um menino sentado mexendo na porta de um móvel. Fim da imagem.
Mulheres peneirando trigo, pintura de gustáv curbê, 1855. Museu de Belas Artes, nânt, França.

A literatura realista

Os escritores considerados realistas procuravam enfatizar a narrativa simples e direta e a descrição objetiva e meticulosa das cenas e dos personagens. A primeira obra da literatura considerada realista foi madâme bovarrí, de Gustave Flôbér, publicada em 1857. Nesse livro, a personagem principal chama-se êma, mulher bela e apaixonada que acredita que o casamento lhe proporcionará viver aventuras românticas. Entretanto, ao se casar com o pacato médico chárle bovarrí, êma se decepciona por perceber o tédio que o casamento lhe reserva.

êma sentia-se, de resto, cada vez mais irritada. Bem no íntimo, contudo, reticências esperava um acontecimento qualquer. reticências Após o aborrecimento desta decepção, seu coração ficou de novo vazio, recomeçando a série dos dias monótonos. Iam, pois, continuar assim, uns após outros, sempre os mesmos, incontáveis, sem surpresas! As outras existências, por mais insípidas que fossem, tinham, pelo menos, a possibilidade do inesperado. Uma aventura trazia consigo, às vezes, peripécias sem fim, o cenário transformava-se. Mas para ela nada surgia reticências. O futuro era um corredor escuro, que tinha, no extremo, a porta bem fechada.

flobér, gustáv. madâme bovarrí. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2003. página 71-72.

Imagem: Fotografia. Mulher sentada em uma cadeira. Ela veste blusa de manga comprida e um xale sobre as costas. Um homem está ajoelhado ao seu lado, com a cabeça no colo dela. Ela está com a mão no cabelo dele. Fim da imagem.
Cena da peça de teatro madâme bovarrí, baseada na obra homônima de Gustave Flôbér. Moscou, Rússia. Foto de 2018.

Grande parte da literatura realista conta histórias que desmascaram a sociedade burguesa da época. Narrados por uma ótica atenta e detalhista, os personagens e os acontecimentos vão revelando a hipocrisia da moral burguesa e a incapacidade do indivíduo de superar as limitações impostas pelo meio social. A obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicada em 1881, é considerada o marco do Realismo na literatura brasileira.

Conexão

O grito do povo: os canhões do 18 de março

jân votrân e jaque tardí. São Paulo: cônrad, 2005. volume 1 e 2.

Nessa história em quadrinhos, dividida em dois volumes, o cineasta jân votrân e o quadrinista jaque tardí narram a história da Comuna de Paris, desde a guerra que antecedeu sua formação até seu desfecho. Inspirada no estilo literário de Vítor Hugo e com base em pesquisas históricas, essa história apresenta uma trama romântica com personagens fictícios e reais, como a anarquista luíze michél e o pintor gustáv curbê, que também era adepto das ideias anarquistas. O nome da história é uma referência ao jornal O Grito do Povo, fundado por júle valê e piérre dení durante a Comuna de Paris.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Quais são as principais características do Romantismo europeu? De que fórma esse movimento artístico se relaciona às revoluções europeias do século dezenove?
  2. Que mudanças o movimento realista trouxe ao Romantismo?

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Analise o mapa para responder às questões.

A unificação alemã

Mapa. A unificação alemã. Destaque para a parte central do continente europeu.
Legenda: 
Lilás: Prússia em 1815.
Verde: Anexação resultante da Guerra dos Ducados da Prússia contra a Dinamarca (1864).
Roxo-escuro: Territórios incorporados na Guerra das Sete Semanas (1866).
Amarelo: Unificação resultante da adesão à guerra contra a França (1871).
Laranja: Anexação resultante da Paz de Frankfurt, com o fim da Guerra Franco-Prussiana (1871).
Linha verde: Confederação Germânica do Norte (1867 a 1871).
Linha vermelha: Império Alemão - Segundo Reich (1871 a 1918).
No mapa, a Prússia em 1815 abrange territórios de leste a oeste da Europa central, incluindo as cidades de Düsseldorf, Colônia, Münster, Dortmund, Magdeburgo, Berlim, Stettin, Dantzig, Posen, Breslau, Königsberg e Tilsit. A anexação resultante da Guerra dos Ducados da Prússia contra a Dinamarca abrange as regiões de Schleswig, incluindo a cidade de mesmo nome, e Holstein, incluindo as cidades de Kiel e Lübeck, localizadas ao sul da Dinamarca. Os territórios incorporados na Guerra das Sete Semanas abrangem áreas localizadas no centro-oeste da Prússia: a Saxônia, incluindo as cidades de Leipzig e Dresden; a Turíngia, incluindo Erfurt; Hesse-Kassel, incluindo as cidades de Kassel e Göttingen; Hesse; Nassau, incluindo a cidade de Frankfurt; Hannover, incluindo as cidades de Hannover, Bremen e Hamburgo; Oldemburgo; e Meckelemburgo, incluindo a cidade de Rostock. A unificação resultante da adesão à guerra contra a França abrange as regiões de Hesse, incluindo a cidade de Darmstadt; Palatinado, incluindo Karlsruhe; Baden; Baviera, incluindo as cidades de Nuremberg e Munique; e Würtemberg, incluindo as cidades de Stuttgart e Ulm, à sudoeste da Prússia.
A anexação resultante da Paz de Frankfurt, com o fim da Guerra Franco-Prussiana abrange Lorena e Alsácia, incluindo as cidades de Metz e Estrasburgo, na fronteira com a França. A
Confederação Germânica do Norte abrange Prússia, Saxônia, Turíngia, Hesse, Hesse-Kassel, Nassau, Hannover, Oldemburgo, Meckklemburgo, Holstein e Schleswig. O Império Alemão - Segundo Reich abrange Prússia, Saxônia, Turíngia, Hesse, Hesse-Kassel, Nassau, Hannover, Oldemburgo, Meckklemburgo, Holstein, Schleswig, Baviera, Würtemberg, Baden, Palatinado, Alsácia, Lorena.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Cipiône, 2011. página 135.

  1. Como as tropas de bísmarc conquistaram os Estados representados pelas cores roxo-escura e amarela?
  2. Qual foi a importância de a Alemanha conquistar as regiões representadas em laranja? A que país esses territórios pertenciam?
  3. Que linha representa os limites territoriais da Alemanha unificada?

2. Leia o que o geógrafo e militante anarquista píter cropótiquin escreveu sobre a Comuna de Paris. Depois, responda às questões.

Assim, a Comuna de Paris, reticências nascida sob a mira das armas prussianas, estava destinada a desaparecer. Mas pelo seu caráter eminentemente popular, ela deu origem a uma nova série de revoluções e pelas ideias que lançou tornou-se a precursora de todas as revoluções sociais. O povo aprendeu a lição e, quando surgirem mais uma vez na França os protestos das comunas revoltadas, ele já não esperará que o governo tome atitudes revolucionárias. reticências E quando tiver abolido totalmente a propriedade privada, o governo e o Estado, [o povo] irá se organizar livremente, de acordo com as necessidades indicadas pela própria vida.

cropótiquin, píter. A Comuna de Paris, 1871. In: uúdcóc, jorge (organizador). Grandes Escritos Anarquistas. Porto Alegre: éle pê e ême, 1977. página 222.

  1. Por que, segundo cropótiquin, a Comuna de Paris nasceu “sob a mira das armas prussianas”?
  2. Identifique no texto as principais ideias do anarquismo.
  3. Que concordâncias e divergências os marquicístas têm com as ideias expostas no texto?

Conversando com arte

3. A pintura a seguir, de teodór gêrricô, é uma das mais importantes do Romantismo na França. Nela, o artista representou uma barca com pessoas (escravizados, soldados, prisioneiros políticos e oficiais do governo) que viajavam no navio Medusa, o qual havia partido da França para Senegal, mas naufragou. Dias depois, os náufragos foram encontrados e resgatados por outro navio. Muitos condenaram a obra por ela fazer uma crítica ao governo de Napoleão, que mantinha o tráfico de escravizados.

Pintura. Corpos amontoados em uma barca em alto mar. O mastro está caído. Algumas pessoas vivas estão em pé ou sentadas entre os corpos. Outras estendem os braços para o alto em sinal de desespero. Os corpos das pessoas são pálidos e contrastam com o escuro do céu. No mar grandes ondas. No céu, nuvens escuras.
A barca da Medusa, pintura de teodór gêrricô, 1818-1819. Museu do Lúvri, Paris, França.

Que características do Romantismo estão presentes na obra?

Aluno cidadão

  1. O século dezenove na Europa ficou marcado pelas revoluções liberais, que deram projeção ao operariado no cenário político. Na virada para o século vinte, influenciado pelas ideias socialistas e anarquistas, o proletariado protagonizaria diversas greves e protestos por melhores condições de vida e trabalho. Atualmente, como é a situação do trabalho no Brasil? Vamos conhecer a realidade dos trabalhadores de seu município? Para a realização dessa atividade de pesquisa, siga as etapas.
    1. Formem grupos para realizar entrevistas estruturadas, com o uso de questionários, com dois trabalhadores assalariados que exerçam diferentes profissões.
    2. Reflitam sobre os aspectos que vocês querem investigar sobre o trabalho dessas pessoas, decidam se as perguntas serão abertas ou fechadas e elaborem um questionário. Nas questões abertas, deixem linhas para o registro das respostas. Nas fechadas, as respostas são predefinidas e vocês precisam elaborar as alternativas.
    3. Com base nas respostas, identifiquem as principais dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores. Anotem as suas conclusões e depois debatam com os colegas: O que poderia ser feito para melhorar as condições de trabalho dessas pessoas?

enêm e vestibulares

  1. (púqui-Rio de Janeiro) Ao longo do ano de 1848, o continente europeu passou por uma série de revoluções configurando um momento que muitos historiadores vieram a denominar de “Primavera dos Povos”. Sobre esses movimentos, é correto afirmar que:
    1. as revoluções de 1848 foram movimentos em defesa do retorno dos regimes monárquicos, uma vez que as tentativas de reformas políticas e econômicas de caráter burguês tinham fracassado e produzido uma grave crise econômica e social.
    2. este conjunto de revoluções, de caráter liberal e nacionalista, foi iniciado com demandas por governos constitucionais e, ao longo do processo, trabalhadores e camponeses se manifestaram contra os excessos da exploração capitalista.
    3. o movimento de 1848 deu prosseguimento às reformas religiosas estendendo o protestantismo para a Europa centro-oriental e enfraquecendo a posição dos regimes autocráticos católicos em países da região como a Áustria e Polônia.
    4. a “Primavera dos Povos” está relacionada à publicação do Manifesto Comunista em fevereiro de 1848 e com a organização de ações políticas revolucionárias de cunho anarquista, republicano e secular.
    5. essas revoluções estavam associadas às demandas burguesas por maior integração comercial e pelo fim das políticas mercantilistas intervencionistas ainda em vigor em países europeus dominados pela velha classe política aristocrática.

Glossário

Morigerado
: com bons costumes.
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