CAPÍTULO 2  Novas ideias: o Iluminismo e os fundamentos do liberalismo econômico

Charge. À esquerda, um macaco pequeno apoiado nas quatro patas. À sua frente, um macaco maior anda de forma ereta, apoiado nas patas traseiras. À frente dele, um homem vestindo uma roupa de pele de animal e carregando um tacape. À frente deste, um homem sem roupas chuta para trás da fila outro homem, que usa óculos, veste um terno escuro e segura uma serra elétrica. Dele caem várias notas de dinheiro. Os outros na fila olham para cima e sorriem.
Amazônia, charge de Junião, 2007.

A questão passa a ser esta: o que se perde quando se obtém um progresso, um progresso técnico, um progresso material, um progresso urbanístico? reticências

Tudo isso nos remete à ideia de que precisamos superar o Iluminismo. Temos de buscar um [progresso] para além das Luzes. Quando digo ‘superar’, refiro-me reticências a integrar aquilo que existe de válido no progresso, mas com algo mais. reticências

O progresso depende também, de agora em diante, da consciência humana.

Morrã, Edgar. Para além do Iluminismo. Revista Famecos, Porto Alegre, número 26, página 25-27, abril 2005. Disponível em: https://oeds.link/iAUX6H. Acesso em: 31 janeiro 2022.

Você já pensou no significado da palavra progresso? Esse termo é geralmente empregado no sentido de “algo que avança”, “ação para a frente”, “crescimento incessante”. Pode significar também a transformação favorável das condições materiais da vida humana. Essa ideia de progresso foi muito difundida no século dezoito, quando intelectuais europeus que criticavam a organização política e social existente elaboraram novas concepções de mundo fundamentadas na razão e no progresso com o objetivo de proporcionar mudanças em benefício da qualidade de vida dos seres humanos.

A reflexão do filósofo francês Edgar Morrã questiona essa ideia de progresso, afirmando que ela apresenta sempre um lado negativo, uma perda, e, por isso, é necessário repensá-la.

  • Procure responder à questão apresentada por Edgar Morrã no início de seu texto.
  • De que modo a imagem desta abertura se relaciona à reflexão proposta pelo autor?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero um (ao abordar as principais características do pensamento iluminista e das teorias liberais na Europa e ao examinar de que modo esses conceitos ainda estão presentes na sociedade contemporânea). O trabalho para o desenvolvimento dessa habilidade se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações na tabela de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Compreender os conceitos de Iluminismo e de liberalismo econômico.
  • Identificar as propostas e os argumentos dos principais pensadores iluministas.
  • Reconhecer as ideias dos principais pensadores liberais.
  • Relacionar o Iluminismo ao surgimento do despotismo esclarecido.
  • Identificar as ideias iluministas e liberais que permanecem no mundo contemporâneo.

Abertura do capítulo

A abertura deste capítulo apresenta uma discussão sobre o conceito iluminista de progresso e suas contradições. O texto de Edgar Morrã incentiva os alunos a olhar para o mundo e perceber que o progresso precisa de “algo mais”. A charge apresenta uma linha evolutiva dos seres humanos que culmina em um homem que destrói a natureza por dinheiro. Ele é chutado para o fim da fila como se representasse a involução da espécie humana. A charge se relaciona com o texto na medida em que faz uma crítica ao desenvolvimento técnico e econômico sem consciência, distante dos preceitos iluministas, que levaram o ser humano a destruir o ambiente do qual depende para sobreviver em nome do progresso.

Bê êne cê cê

A reflexão proposta na abertura se relaciona com o tema contemporâneo transversal Educação ambiental e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 2, nº 3 e nº 7.

A luz da razão invade a Europa

O Iluminismo, também conhecido como Ilustração ou Esclarecimento, foi um movimento filosófico que atingiu o auge na Europa do século dezoito. No entanto, os princípios teóricos desse movimento começaram a se desenvolver a partir do século dezessete.

Defensores da liberdade, os pensadores iluministas combatiam a tirania dos reis e pregavam a igualdade de todos perante a lei. Rejeitando a fôrça da tradição e dos dogmas religiosos, pregavam uma sociedade guiada pela razão, que, segundo eles, permitiria aos seres humanos superar o atraso e conquistar o progresso e a plena felicidade.

No entendimento dos iluministas, o pensamento religioso que predominou na Europa medieval impedia os seres humanos de pensar livremente. Era como se eles vivessem na escuridão, incapazes de enxergar a verdade, sendo guiados cegamente pelas superstições e pelos dogmas bíblicos. Por isso, a Idade Média foi associada a uma suposta “Idade das Trevas”, termo cunhado ainda na Renascença.

Contrapondo-se a justificativas baseadas na fé, os iluministas defendiam que se buscassem explicações racionais para os acontecimentos políticos, econômicos e sociais, bem como para os fenômenos naturais. Para eles, a razão funcionaria como uma fonte de luz, capaz de revelar as coisas como elas são. Por isso, o século dezoito também tornou-se conhecido como o “Século das Luzes”.

O Iluminismo ajudou a criar a base intelectual para a independência dos Estados Unidos, as revoluções na França e no Haiti e os movimentos de independência na América Latina, entre outros acontecimentos importantes dos séculos dezoito e dezenove.

Pintura. Homem de cabelo branco, boca pequena e olhos escuros. Ele observa as sombras projetadas por uma estrutura circular, com arcos transpassados, iluminada por uma lâmpada. Ao lado dele, um homem de cabelo escuro penteado para trás, em pé, escrevendo em uma folha. À frente deles, crianças e outros adultos observam a estrutura circular.
Orrery, pintura de Josef Urait de dérbi, 1766. Museu e Galeria de Arte de dérbi, Reino Unido. A obra representa um filósofo explicando a crianças e adultos o movimento dos planetas em torno do Sol, simbolizado por uma lâmpada acesa.

Responda em seu caderno.

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De que fórma a pintura de Josef Urait de dérbi pode ser relacionada aos ideais iluministas?


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao expor as ideias iluministas e explicar como serviram de base para outros movimentos políticos e artísticos ao longo da história, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História nº 1.

Luzes × trevas

Caso considere conveniente, pode-se retomar a questão da referência à Idade Média como “Idade das Trevas”, conteúdo estudado no capítulo 11 do 6º ano desta coleção, estabelecendo, assim, nexos entre os conhecimentos adquiridos anteriormente e os abordados neste capítulo.

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A pintura representa um intelectual explicando o movimento dos planetas em torno do Sol por meio de um experimento, valorizando, dessa fórma, o uso da razão para compreender e explicar as manifestações da natureza. Além disso, representa o Sol como uma lâmpada acesa, o que também pode simbolizar a ideia de luz, de esclarecimento, característica do movimento iluminista.

História em construção

Iluminismo: homogeneidade ou heterogeneidade?

Diferentemente do que se pensa, o Iluminismo não pode ser visto como um sistema coeso de ideias ou como um modelo de pensamento único, pois havia importantes diferenças entre seus representantes. O único ponto sobre o qual todos os iluministas acordavam era o direito de o ser humano expressar livremente suas opiniões por meio da razão.

A Ilustração, ou Esclarecimento, não é um conjunto de ideias: é a atitude de falar publicamente usando a própria razão e recusando as explicações tradicionais. Os resultados deste método nem sempre formam um conjunto coerente e definitivo de ideais – assim como seria incoerente com o Esclarecimento se acreditássemos que as noções correntes de liberdade e democracia devem estar isentas de crítica.

ELIAS, Rodrigo. Essa luz. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, número 104, ano 9, página 21, maio 2014.


Responda em seu caderno.

Questão

Por que a ideia de que o Iluminismo é um conjunto coeso e definitivo de pensamentos contraria o conceito desse mesmo movimento filosófico?

Principais pensadores iluministas

Foi na França que o movimento iluminista mais cresceu e se radicalizou, com a adesão de muitos intelectuais. Alguns deles estiveram na Inglaterra após a Revolução Gloriosa e ficaram muito impressionados com o clima de liberdade que lá existia. Esse contato deu enorme impulso à luta antiabsolutista na França.

Um dos iluministas franceses que mais se destacaram foi françuá marré arruê, que ficou conhecido como voltér. Autor de várias obras, voltér dedicou sua vida à luta pela liberdade de expressão e contra a ignorância e a superstição em que, segundo ele, vivia a população francesa. Criticou com firmeza a Igreja Católica, que, no seu entender, mantinha o povo na ignorância. Convencido de que a tarefa de combater essa situação era também dos governos, voltér aproximou-se de monarcas absolutistas, como Frederico segundo, da Prússia, influenciando muitos atos de sua administração.

Outro intelectual importante do movimento iluminista foi o jurista chárle luí dê secondá, o barão de Montesquiê, que direcionou suas críticas ao poder absoluto dos reis. Na obra O espírito das leis, ele propôs a divisão dos poderes do Estado em três instâncias: o Executivo – responsável pela garantia do cumprimento das leis –, o Legislativo – encarregado de elaborar as leis – e o Judiciário – responsável pela análise da constitucionalidade das leis e pelo julgamento das situações de conflito. Os três poderes deveriam ser independentes entre si e estar em equilíbrio. Dessa fórma, segundo Montesquiê, haveria liberdade no país e todos os cidadãos seriam iguais perante a lei. A teoria da divisão do poder em três categorias influenciou a formação da maioria dos Estados contemporâneos, inclusive o Brasil.

Fotografia. Escultura de uma mulher sentada com uma espada nas mãos, apoiada no colo. Um tecido grande e largo cobre a parte inferior do corpo, com exceção de seus pés. Tem o rosto fino e está de olhos vendados.
A Justiça, escultura de Alfredo Cesquiáti, 1961. A obra localiza-se diante do Supremo Tribunal Federal, séde do Poder Judiciário. Brasília, Distrito Federal. Foto de 2018.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao problematizar o conceito de Iluminismo, a seção contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História nº 6.

História em construção

Espera-se que os alunos compreendam que a ideia de que o Iluminismo é um conjunto coeso e definitivo de pensamentos contraria o princípio desse movimento filosófico, pois os pensadores iluministas defendiam o direito à liberdade, o que implicava a diversidade de opiniões e ideias e, consequentemente, o debate e a crítica, envolvendo as ideias que eles mesmos desenvolveram.

Ampliando: Iluminismo

“Como conceito, foi criado pelo filósofo alemão imanuél cânti, em 1784, para definir a filosofia dominante na Europa ocidental no século dezoito. A palavra Iluminismo vem de Esclarecimento (Aufklärung no original alemão), usada para designar a condição para que o homem, a humanidade, fosse autônomo. Isso só seria possível, afirmava o Iluminismo, se cada indivíduo pensasse por si próprio, utilizando a razão. reticências

reticências Mas tais filósofos não seguiam uma única e coerente corrente de pensamento, pelo contrário, possuíam múltiplos discursos, não tinham nenhum manifesto ou programa de ideias, e muitos, inclusive, se contestavam mutuamente. Essas divergências dificultavam a definição do Iluminismo como um movimento, pois não havia coerência de pensamento. Todavia, a maioria desses pensadores compartilhava algumas ideias em comum: a defesa do pensamento racional, a crítica à autoridade religiosa e ao autoritarismo de qualquer tipo e a oposição ao fanatismo.”

SILVA, Kalina V.; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005. página 210.

A singularidade do pensamento de Russô

jeãn jác russô nasceu em Genebra, na Suíça, mas ainda na adolescência mudou-se para Paris. A produção intelectual de Russô diferenciou-o dos demais pensadores iluministas. Para ele, o indivíduo é um ser bom por natureza. Com o passar do tempo, porém, a sociedade o desvirtua, corrompendo suas características naturais, e ele se torna egoísta, vaidoso e apegado a seu amor-próprio. Por isso, segundo o filósofo, a sociedade deveria ser reorganizada, para que a natureza do ser humano pudesse ser fortalecida. Nesse processo, a educação das crianças teria papel fundamental. No romance pedagógico Emílio ou Da educação, Russô procurou demonstrar como a educação ajudaria a fortalecer a bondade natural do ser humano, pervertida pela sociedade.

Russô também se afastou dos demais iluministas ao atacar a propriedade privada, considerada por ele a origem da desigualdade social. Ele também afirmava que o poder pertencia ao povo, e não ao Estado, ou seja, o Estado apenas exercia o poder em nome do povo. Assim, um Estado só seria legítimo se as leis emanassem do povo, de acordo com a vontade geral. Segundo Russô, para que as pessoas fossem capazes de se opor à tirania e à opressão dos governos, precisariam ser criadas na liberdade. Somente um povo livre, educado para ter um pensamento autônomo, seria capaz de instituir governos democráticos.

De acordo com Russô, os seres humanos recuperariam a igualdade e a liberdade por meio de um contrato social no qual a vontade geral e a coletividade prevaleceriam. Para isso, o soberano, isto é, a vontade geral expressa pelo povo, deveria atender sempre às necessidades e aos interesses comuns dos cidadãos, enquanto estes obedeceriam às leis em benefício do corpo coletivo.

Ilustração em preto e branco. Homens de chapéu triangular e cabelo trançado, jogam livros em uma grande fogueira. Alguns homens carregam lanças. Ao redor da fogueira muita fumaça.
Ilustração de 1915 que representa a queima de exemplares da obra Do contrato social, de Russô, em Genebra, Suíça, em 1763. Biblioteca Nacional da Austrália, Camberra. As ideias de Russô foram tão revolucionárias para a época que muitas de suas obras foram queimadas em praça pública.
Fotografia. Relógio de parede. Seu mostrador possui os numerais romanos e os ponteiros dourados. A moldura dourada ao seu redor é comprida verticalmente e ricamente ornamentada.
Relógio francês do século dezoito ricamente adornado. Coleção uólace, Londres, Reino Unido. Segundo Russô, o luxo colaborava para o desenvolvimento de vícios sociais.

Respostas e comentários

Ampliando: a crítica aos iluministas

Durante o século vinte, alguns pensadores apontaram questionamentos relevantes à noção de progresso da razão defendida pelos iluministas, especialmente quando essa razão se tornara um instrumento voltado para o domínio da natureza. Como exemplo, podemos citar mács rôcáime e têodór Adorno, pensadores da chamada Escola de Fránquifut, que apontaram as “sombras” na razão iluminista.

“A razão ocidental configura-se, na crítica feita por Adorno e rórc ráimer, como razão de dominação, de contrôle da natureza exterior e interior, de renúncia e ascetismo. Mas aquilo a que se renunciou continua a ser desejado, o que determinará ‘o retorno do reprimido à civilização’. A racionalidade que separa sujeito de objeto, corpo e alma, eu e mundo, natureza e cultura, acaba por transformar as paixões, as emoções, os sentidos, a imaginação e a memória em inimigos do pensamento. Cabe ao sujeito, destituído de seus aspectos empíricos e individuais, ser o mestre e conhecedor da natureza; ele passa a dar ordens à natureza, que deve aceitar sua anexação ao sujeito e falar sua linguagem – linguagem das matemáticas e dos números. Só assim a natureza poderá ser conhecida, isto é, controlada, dominada, o que não significa ser compreendida em suas dissonâncias em relação ao sujeito e nos acasos que ela torna manifesto.”

MATOS, Olgária C. F. A Escola de Frankfurt: luzes e sombras do Iluminismo. São Paulo: Moderna, 1993. página 48. (Coleção Logos).

Os enciclopedistas

Os iluministas utilizaram todos os meios para divulgar o conhecimento: cartas, jornais, livros, livretos, panfletos etcétera Sem isso, pensavam eles, seria muito difícil a população abandonar suas crenças no sobrenatural, suas superstições e seus preconceitos e criar uma sociedade livre e fundada na razão. Em 1745, o editor e livreiro André lê bretôn obteve licença para publicar, em francês, a ciclopédia (Dicionário universal das ciências e das artes), obra que havia feito muito sucesso na Inglaterra e que muitos iluministas viam como modelo de manual do conhecimento.

Inspirado nela, o filósofo francês denî diderrô, com a ajuda do matemático francês jân lerôn dalembér, iniciou a criação da Enciclopédia, com o objetivo de sistematizar todo o conhecimento produzido pela humanidade até então. O primeiro volume desse conjunto de livros seguia os princípios da tolerância religiosa e do racionalismo, elogiando pensadores protestantes e desafiando dogmas religiosos. Em razão disso, foi alvo de forte oposição da sociedade francesa e da Igreja Católica.

Em 1759, a Igreja incluiu a Enciclopédia no Índice dos Livros Proibidos. Mas os enciclopedistas não se intimidaram. Com o apoio de algumas autoridades, o trabalho prosseguiu em sigilo até 1765, quando foi completada a primeira parte da coleção. A obra continuou a ser escrita até 1772, quando os últimos dos seus 28 volumes foram finalizados, e contou com a colaboração de 160 pessoas, entre editores, articulistas, resenhistas, gráficos e ilustradores.

Fotografia. Livro aberto. Na página da esquerda, a imagem de um homem de perfil dentro de uma moldura circular, sob a qual está escrito D. DIDEROT. Na página da direita, textos em francês, com o nome da obra e o ano da publicação, entre outras informações.
Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios, século dezoito. Biblioteca Municipal, ámiân, França. A obra tratava dos mais diversos assuntos, desde as chamadas ciências da natureza, com estudos sobre a fauna, a flora e a anatomia, até temas como a história do Egito e dos povos mesopotâmicos.

Saiba mais

A Enciclopédia nos tempos da tecnologia digital

A preocupação de produzir uma obra que reúna informações gerais sobre todas as áreas de conhecimento, de fórma organizada para consulta fácil, permanece até os dias de hoje. Até o fim do século vinte, quando ganharam versões digitais em cê dê rôm, as enciclopédias eram impressas em vários volumes, como no tempo de Diderrô e dalãmbér. Atualmente, as enciclopédias estão disponíveis na internet, o que possibilita atualizações regulares e ampliação de conteúdos inimagináveis no século dezoito, até mesmo com a participação de um número muito maior de autores e revisores, como no caso das enciclopédias colaborativas.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Defina, com suas palavras, o Iluminismo.
  2. Que críticas os iluministas faziam ao pensamento predominante na Europa medieval?
  3. Explique a teoria dos três poderes elaborada por Montesquiê.
  4. Em que aspectos Russô se diferenciava de outros pensadores iluministas?
  5. Qual era o objetivo principal dos idealizadores da Enciclopédia?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. O Iluminismo foi um movimento filosófico e intelectual que atingiu o auge na Europa durante o século dezoito e se caracterizou pela valorização da capacidade de elaborar conclusões com base na análise racional da realidade. Segundo os iluministas, a reflexão sobre o mundo não deveria se restringir ao âmbito intelectual, mas se expressar em atitudes e ações. Os iluministas acreditavam que os seres humanos, guiados pela razão, seriam capazes de melhorar o mundo, a sociedade e a si mesmos.
  2. De acordo com os iluministas, o pensamento religioso predominante na Europa medieval impedia a liberdade de pensamento, guiando os seres humanos pelas superstições e dogmas bíblicos.
  3. Montesquiê criou essa teoria como forma de combater o poder absoluto dos reis. O poder deveria ser dividido em Executivo – responsável por governar e dar garantia do cumprimento das leis –, Legislativo – encarregado de elaborar as leis – e Judiciário – responsável por analisar a constitucionalidade das leis e julgar as situações de conflito.
  4. Russô se diferenciava de outros pensadores iluministas por acreditar que os seres humanos nasciam sem vícios, sendo bons por natureza. A sociedade é que os teria desvirtuado e os transformado em pessoas egoístas. Além disso, Russô localizava a origem das desigualdades na instituição da propriedade privada e defendia que o Estado tivesse o papel de restaurar a igualdade entre os homens e o equilíbrio social por meio da defesa do bem comum, que só seria possível mediante a participação direta de todo o povo nos assuntos públicos.
  5. O objetivo dos idealizadores da Enciclopédia era reunir, em uma obra, todo o conhecimento produzido pela humanidade.

Atividade complementar

Com o desenvolvimento da internet e de recursos digitais que favorecem a interatividade, foi criado um tipo de enciclopédia que se expande e se aprofunda continuamente graças à contribuição ativa das pessoas: a uiquipédia. Mas, afinal, como é essa participação dos usuários?

Para abordar esse assunto, solicite aos alunos que acessem a uiquipédia, naveguem até o fim da página e cliquem em “Estatísticas”. Em seguida, solicite a eles que:

  1. Em “Resumo mensal”, selecionem “uiquipédia-Portuguese”. Quantas pessoas acessam a enciclopédia em língua portuguesa? Em que país é maior o número de acessos?
  2. Na página principal, pesquisem o verbete Iluminismo. Na aba “Discussão”, que informações eles identificam sobre a confiabilidade dos textos publicados?
  3. Na avaliação do alunos, como um estudante deve proceder para usar a uiquipédia de maneira segura?

A atividade introduz a análise de métricas ao solicitar que os alunos examinem os dados estatísticos do site, além de estimular a compreensão de como ocorre a construção da uiquipédia, a fim de que eles se tornem mais aptos a utilizar o recurso com segurança, sendo capazes de distinguir artigos mais e menos confiáveis.

Os princípios liberais

Entre os iluministas também estavam os pensadores liberais, que contestavam o Antigo Regime e apresentavam propostas de mudança na organização social. Na política, defendiam a limitação do poder do governante por uma constituição e um Parlamento com poder efetivo. Na economia, eles combatiam as restrições mercantilistas, como os monopólios e as taxas alfandegárias, e pregavam a liberdade do indivíduo de prosperar por mérito próprio.

O filósofo inglês Djón Lóque foi um dos formuladores dos princípios liberais. lóqui partiu da definição de direitos naturais: aqueles dados pela natureza, como o direito à vida, à liberdade e aos bens necessários para a conservação da vida e da liberdade. Diferentemente de Russô, para lóqui a propriedade privada era um direito natural, pois os frutos do trabalho deviam pertencer ao indivíduo que os conquistou. Essas ideias foram muito bem-aceitas pela burguesia, que considerava a terra e outros bens propriedades que podiam ser adquiridas pela compra.

lóqui acreditava que a função dos governos era garantir esses direitos naturais do ser humano. Caso os governantes não agissem assim, os indivíduos teriam o direito e o dever de se revoltar contra eles. Por causa de suas ideias, lóqui foi obrigado a fugir da Inglaterra.

Hoje, entretanto, os princípios defendidos por lóqui são seguidos pela maioria dos países do Ocidente. Os direitos naturais dos seres humanos, por exemplo, tornaram-se direitos fundamentais protegidos por lei e estão presentes em diversas constituições dos países ocidentais, como os Estados Unidos e o Brasil. O chamado Estado de direito, que pressupõe a limitação dos poderes públicos e sua subordinação às leis, é uma característica comum a muitos países.

Fotografia. Entrada de uma propriedade com uma cerca e um portão de madeira. No portão uma placa com os dizeres: PROPRIEDADE PARTICULAR. NÃO ENTRE SEM SER CONVIDADO. Ao redor, algumas árvores e, ao fundo, uma casa.
Placa indicando propriedade particular na Praia Riacho Doce, no Parque Estadual de Itaúnas, em Conceição da Barra, Espírito Santo. Foto de 2014.

Refletindo sobre

O pensamento de Djón Lóque baseia-se na ideia de que os seres humanos são naturalmente individualistas, pois se preocupam primeiro consigo e, depois, com os outros. Você concorda com esse fundamento? Por quê? Em sua opinião, o individualismo é um obstáculo para o desenvolvimento de uma sociedade solidária? Você tem atitudes individualistas? Se tiver, em que situações?


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao relacionar aspectos do pensamento iluminista ao liberalismo econômico, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero um.

Refletindo sobre

A atividade visa promover uma discussão sobre o individualismo em seus aspectos positivos e negativos, incentivando o autoconhecimento e a autocrítica por parte dos alunos. Eles podem mencionar fatores positivos do individualismo, como a importância de defender seus direitos, preservar a privacidade e evitar ações que possam prejudicá-los. Podem também relacionar fatores negativos, como o acúmulo de bens e o consumismo, que podem promover desigualdades sociais e prejuízos econômicos e ambientais. Espera-se que eles reflitam sobre a importância do desenvolvimento de ações colaborativas responsáveis para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e democrática.

Bê êne cê cê

Ao incentivar a autocrítica por parte dos alunos, ao favorecer o reconhecimento da diversidade de indivíduos e ao encorajar a formulação de dúvidas em relação a si mesmo, a atividade contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 8, nº 9 e nº 10, assim como da Competência específica de Ciências Humanas nº 4.

O liberalismo econômico de Adam Smifi

No século dezoito, o principal debate entre os economistas concentrava-se em compreender o que tornava uma nação rica. Na França, os chamados fisiocratas afirmavam que a riqueza de uma nação provinha dos recursos naturais, ou seja, das atividades econômicas ligadas à natureza, principalmente a agricultura. Nesse período, as atividades econômicas ainda estavam ligadas à terra, e a maior parte da população europeia vivia no campo.

Entretanto, essa teoria não atendia às necessidades de muitas nações, em especial daquelas que não tinham condições de desenvolver plenamente sua agricultura. Era o caso da Escócia, em que apenas 10% das terras eram adequadas para a agricultura e menos de 18%, para o pastoreio.

O escocês Adam Smifi, em sua obra A riqueza das nações, discordou dos fisiocratas e estabeleceu outro critério para explicar a produção de riqueza: o trabalho humano. Os indivíduos, livres para agir, sem o Estado intervindo nos negócios, trabalhariam motivados para satisfazer os próprios interesses e atender a suas necessidades. A soma de todos os trabalhos executados pelas pessoas produziria a riqueza da nação. Ele defendia também a divisão do trabalho, em que o trabalhador, ao dominar uma única etapa da produção, tornava-se especialista em uma pequena atividade e, assim, passava a ser mais produtivo.

Gravura. Pessoas vestindo roupas iguais e lenço na cabeça. Estão trabalhando em uma fábrica. À esquerda, uma pessoa manuseia um utensílio dentro de uma grande panela que está no fogo à lenha. Ao centro, uma pessoa sentada atrás de uma pequena mesinha tem um longo fio nas mãos, que sai de um grande novelo que está no chão, dentro de um pequeno cesto. Ao seu lado, outra pessoa em pé, com um objeto fino e comprido nas mãos, semelhante a um pente muito grande. Por fim, a pessoa à direita está em pé despejando um líquido dentro de pequenas formas apoiadas sobre uma bancada.
Gravura representando trabalhadoras em uma fábrica de velas publicada na Enciclopédia, de denî diderrô e jân lerôn dalembér, século dezoito.

Responda em seu caderno.

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Que elementos da imagem estão de acordo com a teoria defendida por Adam Smifi?

Com essas ideias, baseadas no individualismo e na capacidade criativa do ser humano, Ismíf criticava o mercantilismo e o colonialismo, pois acreditava que os países deveriam ser livres para estabelecer suas relações comerciais. A crescente burguesia industrial britânica, que desejava ampliar os mercados para seus produtos, adotou rapidamente essas ideias. Adam Smifi é considerado o pai do liberalismo econômico, e suas obras são ainda muito estudadas.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Quais são as principais ideias do liberalismo econômico de Adam Smifi?
  2. De que modo as ideias liberais de Djón Lóque e Adam Smifi estão presentes no mundo contemporâneo?

Respostas e comentários

Fisiocracia

Palavra de origem grega que significa literalmente “governo da natureza”. Por isso, eram designados como fisiocratas os economistas do século dezoito que defendiam a ideia de que a riqueza de uma nação provinha de seus recursos naturais.

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Os alunos devem inferir, pela observação da gravura, duas ideias defendidas por Adam Smifi: a realização do trabalho humano – fator que, segundo o filósofo, é gerador de riqueza – e a divisão e especialização do trabalho.

Recapitulando

  1. De acordo com Adam Smifi, a riqueza da nação é produzida pelos indivíduos em estado de liberdade, que trabalham para atender a seus interesses e necessidades. Por isso, o Estado não deve interferir na economia, mas deixar que o livre mercado seja orientado pela lei da oferta e da procura.
  2. Atualmente, as ideias liberais estão presentes em muitas medidas políticas e econômicas de governos ocidentais, como a elaboração de constituições que garantem a propriedade como direito fundamental dos seres humanos, a privatização de empresas estatais, a redução dos gastos públicos com programas sociais e a defesa do livre mercado.

Leitura complementar

A propriedade privada para Russô e lóqui

jeãn jác russô e Djón Lóque apresentavam argumentos diferentes a respeito da propriedade privada. Leia, a seguir, o que os dois filósofos escreveram sobre a questão.

Texto um

O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer ‘isto é meu’ e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado aos seus semelhantes: ‘Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e a terra não pertence a ninguém!’. Grande é a possibilidade, porém, de que as coisas já então tivessem chegado ao ponto de não poder mais permanecer como eram, pois essa ideia de propriedade, dependendo muito de ideias anteriores que só puderam nascer sucessivamente, não se formou repentinamente no espírito humano. Foi preciso fazer-se muitos progressos, adquirir-se muita indústria e luzes, transmiti-las e aumentá-las de geração em geração, antes de chegar a esse último termo do estado de natureza. reticências

O primeiro sentimento do homem foi o de sua existência, sua primeira preocupação a de sua conservação. As produções da terra forneciam-lhe todos os socorros necessários; o instinto levou-o a utilizar-se deles. reticências

reticências desde o instante que um homem sentiu necessidade do socorro de outro, desde que se percebeu ser útil a um só contar com provisões para dois, desapareceu a igualdade, introduziu-se a propriedade, o trabalho tornou-se necessário e as vastas florestas se transformaram em campos aprazíveis que se impôs regar com o suor dos homens e nos quais logo se viu a escravidão e a miséria germinarem e crescerem com as colheitas. reticências

reticências os mais fortes realizavam mais trabalho, o mais habilidoso tirava mais partido do seu, o mais engenhoso encontrava meios para abreviar a faina [trabalho], o lavrador sentia mais necessidade de ferro, ou o ferreiro mais necessidade de trigo e, trabalhando igualmente, um ganhava muito, enquanto outro tinha dificuldade de viver. Assim que a desigualdade natural insensivelmente se desenvolve junto com a desigualdade de combinação, e as diferenças dos homens, desenvolvidas pelas das circunstâncias, se tornam mais sensíveis, mais permanentes em seus efeitos e começam a influir na sorte dos particulares.

Russô, Jãn Jaque . Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens. São Paulo: Abril, 1983. página 259-266. (Coleção Os pensadores).


Ilustração. Representação de um homem com a cabeça grande, desproporcional ao corpo. Tem o cabelo grisalho e ondulado, olhos castanhos e sobrancelha escura. O nariz é grande e arredondado na ponta. Os lábios são finos. Veste um casaco marrom sobre um colete, calça e sapato social. Segura um lenço claro nas mãos.
Ilustração de Eber Evangelista representando jeãn jác russô. Criação de 2018 com cores-fantasia.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao propor a análise das fontes, a fim de que os alunos percebam a controvérsia entre os filósofos em relação à propriedade privada, a seção contribui para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 6 e das Competências específicas de História nº 2, nº 3 e nº 4.

A atividade favorece também o desenvolvimento da atitude historiadora dos alunos por meio da análise de fontes documentais, além de identificar um conceito fundamental do liberalismo, contemplando parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero um.

Atividade complementar

Proponha uma atividade de análise de um audiovisual, tendo como foco a noção de Russô do ser humano em estado de natureza, estágio anterior à propriedade privada. Diversas obras de ficção abordam o conceito russoniâno de “bom selvagem”, o qual seria um indivíduo livre e feliz, que vive na natureza para suprir suas necessidades e se autopreservar. Sugira que, considerando essas ideias, os alunos analisem o filme estadunidense Avatar, dirigido por djêimes quémeron, de 2009 (classificação etária: 10 anos). 

Organize a turma em duplas ou grupos e peça-lhes que façam uma sinopse do filme e identifiquem por escrito quais personagens eram os bons selvagens – os humanoides ná vi, que viviam em harmonia com a natureza – e caracterizem o elemento que desestabilizou esse modo de vida – a chegada do ser humano, já corrompido por ideias de propriedade e de contrôle, disposto a explorar os recursos naturais a fim de obter lucro. Ao final, os alunos devem apresentar o resultado do trabalho para o restante da turma.

Texto dois

27. Ainda que a terra e todas as criaturas inferiores pertençam em comum a todos os homens, cada um guarda a propriedade de sua própria pessoa; sobre esta ninguém tem qualquer direito, exceto ela. Podemos dizer que o trabalho de seu corpo e a obra produzida por suas mãos são propriedade sua. Sempre que ele tira um objeto do estado em que a natureza o colocou e deixou, mistura nisso o seu trabalho e a isso acrescenta algo que lhe pertence, por isso o tornando sua propriedade. reticências Sendo este trabalho uma propriedade inquestionável do trabalhador, nenhum homem, exceto ele, pode ter o direito ao que o trabalho lhe acrescentou, pelo menos quando o que resta é suficiente aos outros, em quantidade e em qualidade.

28. Aquele que se alimentou com bolotas que colheu sob um carvalho, ou das maçãs que retirou das árvores na floresta, certamente se apropriou delas para si. Ninguém pode negar que a alimentação é sua. reticências Será que alguém pode dizer que ele não tem direito àquelas bolotas do carvalho ou àquelas maçãs de que se apropriou porque não tinha o consentimento de toda a humanidade para agir dessa fórma? reticências Se tal consentimento fosse necessário, o homem teria morrido de fome, apesar da abundância que Deus lhe proporcionou. Sobre as terras comuns que assim permanecem por convenção, vemos que o fato gerador do direito de propriedade, sem o qual essas terras não servem para nada, é o ato de tomar uma parte qualquer dos bens e retirá-la do estado em que a natureza a deixou. E esse ato de tomar esta ou aquela parte não depende do consentimento expresso de todos. reticências

31. Talvez surja uma objeção que reticências qualquer um pode tomar tudo para si, se esta for a sua vontade. A isso eu respondo que não é bem assim. A mesma lei da natureza que nos concede dessa maneira a propriedade também lhe impõe limites. reticências Tudo o que um homem pode utilizar de maneira a retirar uma vantagem qualquer para sua existência sem desperdício, eis o que seu trabalho pode fixar como sua propriedade. Tudo o que excede a esse limite é mais que a sua parte e pertence aos outros.

LÓQUE, Djon. Segundo tratado sobre o governo civil e outros ensaios. Petrópolis: Vozes, 1994. página 98-100. (Coleção Clássicos do pensamento político).


Ilustração. Representação de um homem com a cabeça grande, desproporcional ao corpo. Ele tem o cabelo claro, liso e comprido na altura dos ombros. Os olhos são grandes e arredondados, o nariz fino e comprido. Usa um tecido sobre as costas, como uma capa, e roupa social marrom. Está com um dos braços dobrados à frente do corpo e o outro apoiado sobre ele. A mão está no queixo.
Ilustração de Eber Evangelista representando Djón Lóque. Criação de 2018 com cores-fantasia.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Quem é o “impostor” a que se refere o texto de Russô? Explique o ponto de vista desse filósofo.
  2. Segundo Russô, em que momento da história da humanidade a desigualdade surgiu? Que atividades econômicas causaram isso?
  3. Explique por que Russô criticava a existência da propriedade privada.
  4. Para lóqui, quando algo se torna propriedade privada? Que argumentos ele utiliza para defender essa ideia?
  5. lóqui afirma que há limite para que um indivíduo não tome posse de tudo. Que limite é esse?
  6. Quais são as diferenças entre o pensamento de Russô e o de lóqui em relação à propriedade privada?

Respostas e comentários

Leitura complementar

  1. De acordo com Russô, o “impostor” é aquele que cercou um terreno e se apropriou dele, ou seja, a primeira pessoa a se declarar proprietária das terras e a viver da exploração do trabalho dos camponeses e dos tributos pagos por eles.
  2. Segundo Russô, a desigualdade surgiu quando os seres humanos passaram a viver em comunidade e a depender do trabalho alheio para suprir suas necessidades. Segundo o texto, as atividades econômicas que iniciaram esse processo foram as realizadas no campo, como as colheitas em áreas que antes eram ocupadas por florestas, com uso de mão de obra escravizada.
  3. Para Russô, a propriedade privada foi a causa das misérias, das desigualdades sociais, das guerras e dos crimes que marcaram a história humana até aquele momento.
  4. Segundo lóqui, tudo o que o indivíduo produz por meio do seu trabalho é sua propriedade. Quando o ser humano retira algo da natureza e o transforma, apropria-se do que modificou e, pela lei da natureza, essa propriedade é protegida. Para defender sua tese, o filósofo cita o exemplo de um indivíduo que retira um fruto de uma árvore para se alimentar, argumentando que ele não precisaria ter o consenso de toda a humanidade para retirar esse fruto de seu estado de natureza e se apropriar dele como fonte de alimento.
  5. Para lóqui, todo indivíduo tem o direito natural à propriedade, mas isso deve ocorrer sem que haja desperdício e desde que o restante em seu estado de natureza seja suficiente para os outros, em quantidade e qualidade. Dessa fórma, essa lei teria limites para que um indivíduo não tomasse tudo para si.
  6. Russô condena a propriedade privada por considerá-la a causadora das desigualdades sociais, da escravidão, da miséria e de todos os males da humanidade, enquanto lóqui defende a propriedade privada como direito natural do ser humano, que deve ser protegido.

A atividade procura confrontar diferentes concepções acerca da propriedade privada com base em argumentos que refletem os ideais iluministas e o liberalismo econômico. O contato com esse pluralismo de ideias contribui para que os alunos desenvolvam a capacidade de produzir análises com base no método científico.

Despotismo esclarecido: uma nova concepção de Estado

No fim do século dezoito, na Europa, estabeleceu-se um tipo de governo que ficou conhecido como despotismo esclarecido. Déspota é sinônimo de indivíduo autoritário, tirano; esclarecido designa o indivíduo que tem conhecimento das coisas. Dessa fórma, o despotismo esclarecido caracterizou-se pela combinação do absolutismo real com algumas ideias iluministas. Os déspotas esclarecidos mantinham o poder centralizado, mas adotavam medidas que modernizavam a administração, como o incentivo à educação pública, o contrôle das finanças e a redução do poder da Igreja.

A Rússia, por exemplo, um Estado despótico e uma das economias menos desenvolvidas da Europa, adotou algumas ideias iluministas durante o governo da czarinaglossário Catarina segunda. Entre as medidas tomadas pela governante, destacaram-se a relativa liberdade de culto concedida aos súditos e o contrôle da Igreja Ortodoxa pelo Estado. Porém, a burguesia russa no século dezoito era inexpressiva. Assim, em um país essencialmente agrário e feudal, as medidas modernizadoras de Catarina segunda foram pouco eficientes.

Tal como aconteceu na Rússia, o Iluminismo foi introduzido no Império Austríaco por obra do monarca José segundo. Porém, suas reformas foram mais profundas e eficazes que as implementadas por Catarina segunda. O imperador austríaco aboliu a servidão, concedeu liberdade de culto, estabeleceu a igualdade de todos perante a lei e admitiu não católicos nos postos de trabalho da administração pública.

O monarca da Prússia, Frederico segundo, por sua vez, foi um grande amigo de voltér. Influenciado pelo filósofo francês, implantou em seu reino várias medidas defendidas pelos iluministas, como a abolição da tortura e dos direitos feudais, a criação de escolas, o incentivo à instrução pública e a tolerância religiosa.

Gravura. Voltaire, homem de nariz grande e lábios finos. Tem cabelo branco, longo e ondulado. Veste roupas largas vermelhas com detalhes brancos. Está sentado com um braço apoiado na mesa e uma pena na mão. Em pé, ao seu lado, Frederico Segundo, homem de vestes militares azuis, rosto pequeno e nariz pontudo. Tem o cabelo branco e enrolado. Usa um chapéu comprido, botas escuras e longas, até os joelhos. Ao fundo, muitos livros em uma estante.Pintura. Catarina Segunda, mulher de rosto rosado e redondo. Os cabelos estão penteados para trás. Ela está com a cabeça ereta, olhando para frente. Veste um longo e largo vestido dourado. Sobre ele uma faixa azul transpassada na diagonal.
1. Rei da Prússia, Frederico segundo (em pé), visitando voltér, gravura do século dezoito. Biblioteca Nacional da França, Paris. 2. Retrato da imperatriz Catarina segunda, pintura de pêtro semiônovítch drózdin, século dezoito. Galeria Estatal Tretyakov, Moscou, Rússia.

Respostas e comentários

Ampliando: os reis-filósofos

O texto a seguir apresenta as aspirações e os limites da incorporação das ideias iluministas pelos monarcas europeus.

“‘Tudo o que desejo é que aqueles que seguram o leme do Estado sejam um pouco filósofos; tudo o que penso é que não saberão sê-lo demasiado.’ Nas duas sentenças complementares contidas neste parágrafo de autoria do já citado La Mettrie estão expostos ao mesmo tempo um dos grandes sonhos do século [dezoito], como já vimos, e a consciência da sua dificuldade de concretização.

Alguns monarcas europeus tentaram encarnar o ideal sonhado nessa frase. A essa tentativa, onde as boas intenções talvez tenham primado definitivamente sobre as realizações efetivas, os historiadores do século dezenove batizaram com o nome de ‘despotismo esclarecido’. Na ação político-administrativa desses ‘déspotas esclarecidos’ seria possível, à primeira vista, ver a aplicação prática, em termos políticos, da grande aspiração própria do Iluminismo e de acordo com a qual a razão humana, apossando-se do poder político, estaria em condições de conduzir o homem à plena realização do seu destino.”

FORTES, Luiz Roberto Salinas. O Iluminismo e os reis-filósofos. terceira edição São Paulo: Brasiliense, 1985. página 75-76. (Coleção Tudo é História).

O despotismo esclarecido em Portugal

No século dezoito, mesmo sendo um grande império colonial, Portugal tinha uma economia muito dependente de suas colônias. Carente de indústrias, o reino português dependia das importações de manufaturados britânicos. Além disso, o peso da Igreja Católica sobre a moral, os costumes e o ensino era um dos mais fortes em toda a Europa.

O Iluminismo chegou a Portugal por meio de Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro marquês de Pombal. Ele assumiu o cargo de secretário de Estado em meio a uma forte crise econômica, agravada pela destruição de Lisboa por um violento terremoto, seguido de um tissunãmi, em novembro de 1755. Rapidamente, Pombal organizou a distribuição de alimentos e a construção de abrigos para as vítimas da catástrofe. Além disso, encomendou projetos de reconstrução da cidade. cêrca de um ano depois do início das obras, em 1758, Lisboa estava quase completamente reconstruída.

Pela competência demonstrada na condução da tarefa, Pombal conquistou a confiança do rei Dom José primeiro, concentrou vários poderes e iniciou um programa de reformas no governo. Suas medidas de caráter iluminista, racionalizando o uso dos recursos do Estado, não foram tomadas para combater o absolutismo português, mas para fortalecê-lo e tornar o Estado mais eficiente.

A fim de promover o enriquecimento de Portugal, Pombal estimulou a indústria, o comércio e a agricultura. Além disso, combateu o clero, particularmente os jesuítas, por entender que eles interferiam demais nos negócios do reino. Por ordem de Pombal, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de todas as possessões ultramarinas portuguesas.

Saiba mais

O Brasil e a reconstrução de Lisboa

Pouco mais de um mês após o terremoto em Lisboa, seis projetos foram apresentados para a reconstrução da cidade. Contudo, somente em maio de 1758 um alvaráglossário permitiu o início dos trabalhos. As obras foram financiadas, principalmente, pelo ouro e pelos diamantes extraídos das regiões mineradoras na América portuguesa nesse período.

Conexão

O contrato social

jeãn jác russô. Adaptação e ilustrações: Equipe East Press. Porto Alegre: Ele e Pê ême Póquét Mangá, 2014.

Essa obra clássica de jeãn jác russô foi adaptada para o formato de mangá. Com desenhos e linguagem clara e acessível, apresenta o contexto político, econômico e social da França no século dezoito, assim como a crítica do filósofo ao absolutismo e sua ideia de contrato social.


Capa de livro. No alto, nome da obra e do autor. No centro, ilustração de três pessoas de boca aberta e testa franzida. Ao redor deles palavras em japonês.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Defina o termo despotismo esclarecido.
  2. Por que é possível dizer que os déspotas esclarecidos foram inovadores na adoção de algumas medidas econômicas, mas conservadores na política?
  3. De que fórma os princípios iluministas foram adotados nas reformas pombalinas em Portugal? Quais eram os objetivos de Pombal ao empreender essas reformas?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. O despotismo esclarecido foi a incorporação de princípios e ideias iluministas aos governos absolutistas de alguns reinos europeus, no final do século dezoito, levando esses Estados a modernizar sua administração.
  2. Do ponto de vista da economia, os déspotas esclarecidos estimularam as manufaturas, a agricultura e o comércio, controlaram os gastos do reino, suprimiram antigos privilégios da nobreza e do clero e investiram na instrução pública. No que se refere às liberdades individuais, alguns deles concederam liberdade de culto aos súditos e aboliram a tortura. No entanto, do ponto de vista político, eles mantiveram o poder absoluto, sem abrir espaço para a participação dos súditos.
  3. Em suas reformas, Pombal adotou os princípios iluministas, buscando racionalizar o uso dos recursos do Estado português a fim de torná-lo mais eficiente para superar a grave crise na qual o reino se encontrava. Além disso, Pombal tentou limitar a influência da Igreja no reino expulsando os jesuítas de Portugal e de suas colônias.

Conexão

A indicação de uma adaptação da obra clássica de jeãn jác russô no formato de mangá favorece a aproximação com as culturas juvenis, contribuindo para tornar a leitura mais convidativa e despertar o interesse dos alunos pelo livro.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Copie o quadro em seu caderno e complete-o.

ILUMINISMO

País que foi o centro do movimento

Principais pensadores

Críticas que os iluministas faziam

Principais ideias


  1. Na obra Leviatã, publicada em 1651, o filósofo inglês Tômas Róbes afirmou que “a razão é o passo, o aumento da ciência, o caminho, e o benefício da humanidade, o fim”.
    1. Essa declaração prenunciou uma ideia-chave do Iluminismo, que se manifestaria no século dezoito. Identifique-a.
    2. Explique o sentido dessa declaração de Tômas Róbes.
    3. Você concorda com o ponto de vista do filósofo? Por quê?
  2. Observe a imagem e responda às questões.
Gravura. Homem alto, usando uma peruca de cabelos brancos e ondulados, elegantemente vestido com calça e casaco pretos e um lenço branco no pescoço. Está em pé ao lado de uma mesa e de um grupo de meninos. Seus braços estão abertos. Uma das mãos tem a palma voltada para cima, e a outra aponta para um quadro à sua frente. As crianças usam perucas de cabelos brancos e ondulados, semelhantes à do homem adulto, casacos de cores variadas, e parecem acompanhar as explicações do homem. Nas paredes, diversos desenhos de plantas e animais. Sobre a mesa, alguns papéis e uma régua em formato de semicírculo, semelhante a um transferidor.
Professor com um grupo de estudantes, gravura de Daniél chôdôvíqui, século dezoito. Biblioteca Estadual da Baviera, Munique, Alemanha.
  1. Qual parece ser, nessa representação, a condição social do professor e de seus alunos? Como aparenta ser a relação entre eles? Justifique seu ponto de vista.
  2. Que elementos dessa gravura remetem aos ideais iluministas?
  3. Que semelhanças e diferenças você identifica entre a sala de aula representada na gravura e a em que você estuda? Explique.
  1. Entre os pensadores que desenvolveram ideias que dariam início ao liberalismo político e econômico estavam o inglês Djón Lóque e o escocês Adam Smifi. Identifique a alternativa que descreve corretamente as ideias liberais.
    1. O Estado de direito e as práticas econômicas mercantilistas.
    2. A usurpação de terras pelo Estado e a socialização dos meios de produção.
    3. O direito à propriedade privada e a não intervenção do Estado na economia.
    4. A divisão tripartite do poder e a exploração de colônias pelos países europeus.
    5. O estabelecimento de monopólios e a taxação sobre o campo como fórma de um país gerar riquezas.

Aluno cidadão

5. Ao longo dos séculos dezenove e vinte, ideias iluministas, como a valorização da liberdade e a defesa dos direitos naturais das pessoas e da igualdade de todos perante as leis, foram ampliadas e deram origem ao conceito de direitos humanos. Além disso, foram reconhecidos os direitos de segmentos específicos da sociedade, como o das crianças e dos adolescentes. Vamos investigar quais são? Em grupos, sigam o roteiro.

a) Pesquisem e registrem no caderno.

  • Quais são os documentos que defendem os direitos das crianças e dos adolescentes no Brasil? Quando foram elaborados e por quem?
  • O que esses documentos determinam sobre educação, saúde e trabalho?

b) Discutam estas questões.

  • Essas determinações vêm sendo cumpridas? Existem aspectos que podem ser melhorados? Quais e como?
  • Na opinião de vocês, quais são os deveres das crianças e dos adolescentes?

c) Apresentem os resultados.

Organizem, em um cartaz ou em um arquivo digital, uma apresentação com as conclusões do grupo.


Respostas e comentários

Atividades

1. País que foi o centro do movimento: França.

Principais pensadores: jeãn jác russô, Montesquiê, jân lerôn dalembér, denî diderrô, voltér, Djón Lóque e Adam Smifi.

Críticas que os iluministas faziam: criticavam o misticismo e o Antigo Regime, ou seja, a influência política e cultural da Igreja, os privilégios da nobreza, a servidão no campo, os monopólios comerciais e a censura às ideias “perigosas”.

Principais ideias: os iluministas defendiam as liberdades individuais, a igualdade de todos perante a lei, o predomínio da razão e da ciência na aquisição de conhecimento e o progresso.

    1. A valorização da razão como princípio para todas as ações humanas.
    2. Para rróbis, o uso da razão é primordial para o desenvolvimento científico e para melhorar as condições de vida dos seres humanos, superando o atraso e conquistando o progresso e a plena felicidade.
    3. Espera-se que os alunos utilizem os conhecimentos desenvolvidos ao longo do capítulo e consigam expor seus argumentos de fórma coerente, organizada e crítica. Se, por um lado, os que concordam com a afirmação de rróbis podem defender que a razão é essencial para os estudos científicos, por outro, os que discordam podem declarar que nem sempre a razão e o desenvolvimento da ciência resultam em coisas positivas, como estudado ao longo deste capítulo. Por meio da atividade, espera-se que os alunos desenvolvam também a capacidade de produzir análises críticas.
    1. O professor e os alunos trajam roupas elegantes e usam perucas, típicas da elite intelectual do século dezoito. Percebe-se, assim, que a gravura representa uma situação de ensino de crianças ricas. O professor se dirige aos alunos com a postura de alguém que detém o conhecimento e tem a tarefa de transmiti-lo aos jovens. Os meninos acompanham com atenção e reverência a exposição do professor.
    2. Os alunos devem deduzir que o experimento, os cartazes na parede e as réguas sobre a mesa são elementos que evidenciam a valorização da razão e da ciência. Ao realizar essas deduções com base na leitura da imagem, os alunos são estimulados a desenvolver a capacidade de inferir.
    3. Entre outros elementos, os alunos poderão identificar a diferença nos trajes e no ambiente da classe, onde, atualmente, as turmas são mistas e há maior número de alunos.
  1. Alternativa c.
  2. Os documentos são a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (éca), de 1990. O Estatuto menciona o “direito à educação de qualidade”, enquanto a Constituição determina que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. As duas leis garantem à criança e ao adolescente o direito à vida e à saúde. Além disso, crianças e adolescentes até 14 anos de idade são proibidos de trabalhar; entre 14 e 15 anos de idade, só podem trabalhar na condição de menores aprendizes, garantida a frequência à escola; adolescentes entre 16 e 17 anos de idade podem trabalhar, seguindo leis específicas para eles. Os alunos podem citar vários direitos que são violados (trabalho infantil, falta de acesso à educação e à saúde de qualidade etcétera), assim como maneiras de garantir que eles sejam respeitados (fiscalização, punição para infratores, criação de campanhas de conscientização etcétera). Também podem elencar vários deveres das crianças e dos adolescentes: frequentar a escola, respeitar o outro, respeitar as leis do país etcétera

Bê êne cê cê

A atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Direitos da criança e do adolescente, e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 2, nº 4, nº 5 e nº 7 e das Competências específicas de Ciências Humanas nº 2, nº 3 e nº 6.

Conversando com ciências

6. Leia o texto e faça o que se pede.

Num momento em que o estudo dos fenômenos da natureza aparecia crescentemente associado à perspectiva da intervenção humana, o aumento da ciência representava a ampliação das possibilidades de transformação do meio, com vistas a promover o bem-estar da humanidade. reticências

Não por acaso o ideário do progresso se projetou como um dos temas fundamentais do Iluminismo europeu. reticências Considerava-se que a transposição das sociedades tradicionais às sociedades modernas se dava por meio da implementação de um conjunto de processos específicos, como industrialização, urbanização, mercantilização, ampliação da divisão do trabalho, burocratização, formação do Estado, racionalização.

FERREIRA, Rodrigo de Souza. Capitalismo, ciência e natureza: do ideário iluminista do progresso à crise ambiental contemporânea. 2016. Tese (Doutorado em Extensão Rural) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, 2016. página 44, 96.

  1. Segundo alguns iluministas, qual era o principal objetivo do estudo das ciências?
  2. Que processos marcariam a sociedade moderna, de acordo com o texto?
  3. Os iluministas associaram a ideia de progresso ao contínuo desenvolvimento científico e tecnológico. Para eles, o crescente domínio humano sobre a natureza estaria na base da construção de um modelo de sociedade superior ao das sociedades tradicionais. Contudo, ao longo da história, vimos que, apesar de os avanços científicos proporcionarem muitas melhorias à vida humana, também provocaram profundas transformações ambientais. Cite alguns problemas ambientais advindos desse processo.
  4. Junte-se a três colegas e pesquisem matérias jornalísticas que tratem das políticas voltadas para as populações indígenas no Brasil. Depois, respondam: Algum dos textos reproduz a perspectiva iluminista em relação às sociedades tradicionais? Na opinião de vocês, essa concepção é coerente com os desafios do século vinte e um? Justifiquem.

enêm e vestibulares

7. (enêmMéqui)

Tirinha em preto e branco, dividida em quatro partes. Calvin, menino de cabelo espetado, olhos pequenos vestindo uma camiseta de listras horizontais e shorts preto.
Parte 1: olhando para a esquerda, ele diz: AQUELE IDIOTA DO MOE! ELE NÃO VAI DEVOLVER O MEU CAMINHÃO. AQUELE TROGLODITA PROVAVELMENTE VAI QUEBRÁ-LO!
Parte 2: olhando para frente e com uma mão na boca e outra na cintura, ele diz: SERÁ QUE EU ROUBO DE VOLTA? EU SEI QUE ROUBAR É ERRADO, MAS ELE ROUBOU DE MIM, SE EU NÃO ROUBAR DE VOLTA, MOE VAI FICAR COM ELE, E ISTO NÃO É JUSTO!
Parte 3: ainda olhando para frente, mas com os braços abertos lateralmente, ele diz: DIZEM QUE DUAS AÇÕES ERRADAS NÃO FAZEM UMA CERTA. O QUE EU FARIA ENTÃO? DEIXAR A PESSOA MAIOR FAZER SUAS PRÓPRIAS REGRAS? DEIXAR A FORÇA SER O CERTO?
Parte 4: sentado, com as pernas encolhidas, um braço apoiado nas pernas e a mão no rosto. Com a outra mão ele segura um galho. Ele diz: É... PARECE RAZOÁVEL!
Tirinha de Cáuvin e Haroldo, de Bíl Uáterson, 1989.

De acordo com algumas teorias políticas, a formação do Estado é explicada pela renúncia que os indivíduos fazem de sua liberdade natural quando, em troca da garantia de direitos individuais, transferem a um terceiro o monopólio do exercício da fôrça. O conjunto dessas teorias é denominado de

  1. liberalismo.
  2. despotismo.
  3. socialismo.
  4. anarquismo.
  5. contratualismo.

Respostas e comentários
    1. Transformar o meio ambiente a fim de promover melhorias para a humanidade.
    2. A industrialização, a urbanização, a mercantilização, a ampliação da divisão do trabalho, a burocratização, a formação do Estado e a racionalização.
    3. Os alunos podem mencionar os graves problemas ambientais relacionados ao modo de vida das sociedades industriais, como produção de lixo, emissão de gases, esgotamento de recursos naturais, entre outros.
    4. É possível que os alunos encontrem textos que evidenciam a importância de respeitar a cultura e o modo de vida tradicional dos indígenas e outros que defendam que os povos indígenas sejam integrados aos hábitos e costumes da população não indígena e que suas terras sejam livremente exploradas por meio de atividades econômicas. É importante interpretar a intencionalidade dos argumentos propostos por esse segundo grupo, que, em geral, amparam-se na noção de “progresso” e defendem interesses financeiros de grandes empresas. Incentive os alunos a identificar fragilidades argumentativas nesse discurso, refletindo sobre a relação entre avanço tecnocientífico e a noção de “progresso”, e a argumentar com base nos preceitos do desenvolvimento sustentável e na necessidade em se garantir recursos naturais para as gerações futuras.

Interdisciplinaridade

Ao propor uma reflexão acerca dos impactos ambientais e sociais do desenvolvimento tecnológico ligado à ideia de progresso, a atividade favorece o desenvolvimento de habilidades do componente curricular ciências, especificamente a habilidade ê éfe zero oito cê ih um seis. Por isso, a atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Educação ambiental e Ciência e tecnologia.

7. Alternativa ê.

Fazendo e aprendendo

Pesquisa

Na era digital, realizar uma pesquisa pode parecer, à primeira vista, simplesmente buscar e coletar as informações na internet, que já tem pronto aquilo que procuramos. No entanto, a grande quantidade de informações existentes na internet, informações essas nem sempre verdadeiras, pode dificultar bastante esse trabalho. Para fazer uma boa pesquisa, é preciso prestar atenção a detalhes e tomar alguns cuidados. O que garante a confiabilidade das informações encontradas? Como saber se elas estão completas e se são adequadas à finalidade da pesquisa?

Se bem utilizada, a internet é uma ferramenta útil e poderosa. Adotando estes procedimentos, você poderá pesquisar com segurança em ambiente virtual, garantindo, assim, a qualidade no resultado final do seu trabalho.

  1. Acesse um site de buscas. Alguns buscadores funcionam melhor em um ou outro navegador; uns são mais rápidos, outros mais complexos. Escolha aquele com o qual você está acostumado.
  2. Utilize palavras-chave para fazer a busca. Por exemplo, se você precisar pesquisar sobre a sociedade inglesa durante a Revolução Industrial, digite no campo de busca do navegador “sociedade inglesa revolução industrial”. Se desejar encontrar duas ou mais palavras, use o sinal “+” entre elas (ex.: sociedade + inglesa + revolução + industrial) ou, ainda, caso queira pesquisar uma frase inteira, coloque-a entre aspas. Assim, o resultado da pesquisa será mais específico.
  3. Feita a busca, serão mostrados vários links, um após o outro. Cada link que aparece na pesquisa apresenta uma descrição. Leia as descrições para encontrar o que deseja.

Tenha cuidado com os sites que você vai acessar para obter as informações: dê preferência a páginas oficiais do governo (que apresentam a extensão “góv”), de organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (ó ême ésse) ou os órgãos ligados à Organização das Nações Unidas (como a unêsco e o unicéfi), de veículos de comunicação confiáveis, como revistas e jornais, de instituições de ensino, como universidades, museus etcétera

Para pesquisas em fontes impressas, siga estas dicas.

  1. Se a pesquisa for feita em livros, consulte o sumário da obra, no qual todos os assuntos são previamente listados. Depois, basta dirigir-se às páginas relacionadas ao tema da pesquisa e ler o texto contido nelas.
  2. Se a pesquisa for feita em revistas, uma espécie de sumário também poderá ser conferida no início.
  3. Para a busca em jornais, uma boa dica é pesquisar nos cadernos específicos de temas (economia, política, cultura etcétera).

Respostas e comentários

Fazendo e aprendendo

A elaboração de pesquisa em fontes diversas, além de promover a autonomia, proporciona aos alunos a possibilidade de desenvolver a habilidade de buscar informações sobre um conteúdo, selecionando-as, reunindo-as, comparando-as e organizando-as. O ato de pesquisar também possibilita o exercício de habilidades de produção textual, pois as informações precisam ser adaptadas e convertidas em um texto coerente e bem-organizado, com começo, meio e fim, para que se transformem em um trabalho. É importante orientar os alunos sobre o método científico de pesquisa, que consiste em selecionar fontes de informação de natureza diversa, como textos, imagens, entrevistas, comparar as fontes para selecionar os dados confiáveis, organizar os dados e sintetizá-los para chegar a uma conclusão a ser apresentada. Na apresentação dos resultados da pesquisa, é importante citar corretamente as fontes consultadas.

Fotografia. Alunos em uma sala de informática. Os computadores estão em uma mesa comprida dividida por baias. Estão sentados em cadeiras azuis de rodinha. Alguns alunos estão olhando para a tela do computador e outros estão olhando para trás, na direção de uma mulher, sentada em uma cadeira de rodinhas, no meio da sala.
Estudantes realizando pesquisa em sala de informática em uma escola do município de Sobral, Ceará. Foto de 2019.

Fique atento: uma pesquisa nunca deve se basear apenas em uma fonte. É recomendável consultar três ou mais fontes. Em um trabalho, você deve citar todas as fontes consultadas.

Levando essas orientações em consideração, converse com seus colegas sobre as seguintes questões: Por que é fundamental pesquisar em mais de uma fonte? Qual é a importância de citar as fontes quando se faz uma pesquisa para um trabalho?


Responda em seu caderno.

Aprendendo na prática

Junte-se a um colega e, com base em uma pesquisa, elaborem um texto sobre um dos temas estudados na unidade. Sigam estas dicas.

  1. Escolham o tema. Procurem um assunto que não tenha sido muito aprofundado na unidade, para que vocês possam expandir seus conhecimentos sobre ele.
  2. Pesquisem o assunto em mais de uma fonte. Se possível, utilizem fontes de tipos diferentes – livros e sites, por exemplo.
  3. Citem as fontes da pesquisa na parte final do trabalho. Se vocês reproduzirem trechos de alguma das fontes, insiram aspas no início e no final do trecho citado e indiquem o nome do autor, o nome da obra, a cidade, a editora, o ano da publicação e o número da página da qual foi retirada a citação. Se o trecho for retirado da internet, insiram o nome do autor, o título do texto, o nome do site, o link da página e a data do acesso.
  4. Ao fim do trabalho de escrita, revisem o texto e façam uma apresentação do que aprenderam na pesquisa para as outras duplas.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A atividade de pesquisa em fontes diversas, incluindo a utilização adequada das tecnologias digitais da informação, possibilita o exercício da curiosidade intelectual e a busca da abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão e a análise crítica, contribuindo para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 2 e nº 5.

Aprendendo na prática

Para a realização da atividade, oriente a formação de duplas (uma fórma de promover o trabalho colaborativo com uma divisão equilibrada das tarefas, o que nem sempre ocorre em trabalhos com grupos numerosos). Proponha temas para pesquisa relacionados aos conteúdos da unidade, por exemplo: a alteração da relação do ser humano com o tempo, as mudanças comportamentais de consumo após a Revolução Industrial, os ideais iluministas para a educação, entre outros. Outra possibilidade é relacionar um tema estudado à atualidade, como soluções sustentáveis para o mundo industrializado, o processo de industrialização da região em que vivem (abordando mudanças econômicas, sociais e políticas), o papel da mídia como formadora de opinião, o quarto poder (discussão atual relacionada aos princípios iluministas da divisão dos poderes), o limite do conhecimento por meio da razão, entre outros.

Glossário

: termo usado para designar uma imperatriz russa. É o feminino de quizár, palavra que tem origem no nome César, governante romano.
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Alvará
: documento ou licença emitida por uma autoridade administrativa que permite o exercício ou a prática de certas atividades, como comércio, construção, entre outras.
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