CAPÍTULO 4  França: revolução e era napoleônica

Fotografia. Destaque para uma mulher de cabelos pretos e lisos, na altura dos ombros. Veste um longo vestido azul e usa um lenço da mesma cor cobrindo parcialmente os cabelos e o pescoço. Com uma das mãos ela segura o microfone. A outra está esticada para cima. Ao fundo, um painel com o título: THE MASSACHUSETTS CONFERENCE FOR WOMEN.
Malala iuçáfizái durante a Conferência para Mulheres, em bóston, nos Estados Unidos. Foto de 2019. Ela é uma jovem ativista paquistanesa que luta pelos direitos das mulheres e, em 2014, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

No trecho a seguir, o historiador francês michél vovéil explica a sua neta gabriéle o significado simbólico da Revolução Francesa para a atualidade.

A revolução é feita de sombra, mas, acima de tudo, de luz. Ela foi de uma enorme violência, por vezes descontrolada e selvagem, por vezes necessária para enfrentar um mundo antigo que se defendia ferozmente. reticências Mas foi, e continua sendo, a base para reticências a esperança de mudar o mundo reticências. reticências sabemos que seu êxito teve origem na união das aspirações da burguesia e das classes populares. E, por causa disso, percebe-se bem tudo o que fica faltando: a conquista da igualdade pela mulher, a ratificação do fim da escravidão, mas, sobretudo, a eliminação das desigualdades sociais reticências.

– Você acredita que para nós, jovens, que a vemos de tão longe, ela ainda tem sentido?

– Essa revolução na história continua sendo, também, a nossa revolução reticências. Conhecemos, daí em diante, outras revoluções que se diziam igualitárias, reticências e delas nos restou o gosto amargo de um terrível fracasso. Mas o sonho e a necessidade de mudar o mundo continuam intactos.”

vovéil, michél. A Revolução Francesa explicada à minha neta. São Paulo: Editora Unésp, 2007. página 99-101.

A Revolução Francesa foi um importante marco da história ocidental pela radicalidade das transformações que promoveu, delimitando o início da chamada Idade Contemporânea.

  • Segundo michél vovéil, qual é o significado simbólico da Revolução Francesa para a atualidade?
  • Em sua opinião, qual seria a melhor fórma de alterar situações intoleráveis de desigualdade e injustiça? Por quê?
  • Com base no exemplo de Malala iuçáfizái, explique a importância da atuação dos jovens para tornar a realidade mais justa, inclusiva e solidária.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

O capítulo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero oito agá ih zero um (ao discutir a presença de princípios iluministas no processo revolucionário francês), ê éfe zero oito agá ih zero quatro (ao analisar o processo revolucionário na França, suas consequências políticas, econômicas, sociais e culturais em diferentes escalas) e ê éfe zero oito agá ih zero cinco (ao abordar a repercussão dos ideais revolucionários franceses na América portuguesa). O trabalho para o desenvolvimento dessas habilidades se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações na tabela de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Situar o processo revolucionário no contexto da crise do Antigo Regime na França.
  • Identificar as diferentes fases da Revolução Francesa, seus principais atores e proposições políticas.
  • Reconhecer o papel das mulheres durante o processo revolucionário.
  • Identificar a presença das ideias iluministas nas medidas tomadas pelos revolucionários e na atualidade.
  • Explicar as principais transformações impulsionadas pelo processo revolucionário na França.
  • Incorporar a prática da cidadania, respeitando os direitos humanos, valorizando o debate democrático e intervindo de fórma crítica e colaborativa na sociedade.
  • Explicar as condições históricas que contribuíram para a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, as características de seu governo e os fatores que culminaram com o seu fim.
  • Caracterizar o novo contexto político estabelecido pelo Congresso de Viena.

Abertura do capítulo

Com base no texto de michél vovéil, espera-se que os alunos identifiquem o significado simbólico da Revolução Francesa, atualmente entendida como exemplo de transformação social, que ressignificou as discussões sobre liberdade, igualdade e direitos. Espera-se, também, que reflitam sobre fórmas de alterar situações de desigualdade e injustiça. Podem ser citadas ações individuais ou coletivas de combate ao preconceito, à misoginia, ao racismo, entre outras situações. Ao relacionar o impulso necessário para a mudança à figura da jovem Malala iuçáfizái, os alunos podem se ver como atores importantes na luta por transformações sociais. Em 2012, Malala, com apenas 15 anos de idade, sofreu um atentado terrorista após defender a igualdade de direito à educação no Vale do suót, no Paquistão, região dominada pelo Talibã. Sobrevivente, ela criou um blog e passou a criticar a violação dos direitos humanos em seu país, tornando-se uma importante ativista de causas humanitárias.

A França às vésperas da revolução

No final do século dezoito, a França era uma monarquia absolutista governada pelo rei Luís dezesseis, que concentrava todos os poderes do Estado. A sociedade ainda mantinha bases feudais e estava dividida em três ordens: o primeiro estado, formado pelo clero, o segundo estado, constituído pela nobreza, e o terceiro estado, composto de camponeses, operários, profissionais liberais e burgueses, ou seja, a maioria da população. Essa rígida divisão social era uma das principais características do Antigo Regime.

O clero, além das atividades religiosas, monopolizava o ensino, interferia nas publicações que circulavam na França e prestava assistência aos necessitados. A cobrança do dízimo e de impostos sobre o que era produzido nas propriedades da Igreja era a principal fonte de renda do clero.

A nobreza detinha a maior parte das terras do reino e cobrava impostos dos camponeses pelo uso das terras senhoriais, incluindo tributos feudais. Além disso, os nobres recebiam do rei uma série de privilégios e títulos honoríficosglossário e podiam participar de atividades políticas e militares.

O terceiro estado correspondia a aproximadamente 96% da população da França naquele período, estimada em 25 milhões de pessoas. Os camponeses constituíam o maior grupo dessa camada social. Eles pagavam tributos aos nobres pelo uso das suas propriedades e ao governo pela compra dos artigos de que precisavam.

A burguesia, que também compunha o terceiro estado, estava se tornando próspera em decorrência do crescimento da economia francesa ao longo do século dezoito. Por meio da diversificação das manufaturas, que inicialmente atendiam apenas às necessidades da côrte, os burgueses acumularam riquezas e propriedades. Essa condição lhes permitiu pressionar a coroa para obter postos no governo e, assim, participar da direção do Estado.

Charge. Homem de casaco vermelho, calça azul e chapéu marrom está deitado no chão, embaixo de uma pedra. Ao redor dele, ferramentas agrícolas como uma pá e um arado. Na pedra, estão escritas as palavras ‘Talha’, ‘Impostos’ e ‘Corveias’, em francês. Sobre a pedra, dois homens em pé. Um deles veste roupas parecidas com as do homem embaixo da pedra, mas com detalhes militares. Ele segura uma espada nas mãos, e a bainha está presa ao seu corpo por uma faixa transversal. Ao seu lado, homem vestindo uma batina escura comprida, que cobre todo seu corpo, com uma cinta de tecido marrom presa na cintura. Ele usa um chapéu comprido, e segura um livro nas mãos.
Charge do século dezoito representando as três ordens da sociedade francesa. Museu Carnavalet, Paris, França.

Responda em seu caderno.

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  1. Que grupos sociais da França do século dezoito foram representados na charge? Que elementos da imagem o ajudam a chegar a essa conclusão?
  2. Que aspecto da organização social francesa foi representado na charge?

Respostas e comentários

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  1. Foram representados o primeiro, o segundo e o terceiro estados. É possível identificá-los pelas roupas e objetos que portam. O clérigo, que representa o primeiro estado, usa uma batina e segura um livro na mão esquerda (provavelmente uma Bíblia). O nobre, que representa o segundo estado, usa trajes militares e segura uma espada na mão esquerda. O homem no chão, que representa o terceiro estado, pode ser associado aos camponeses, por encontrar-se em um ambiente rural e estar rodeado de ferramentas agrícolas, mas também pode ser associado à burguesia, pois usa trajes característicos dessa camada social (semelhantes aos da nobreza, mas sem identificações militares).
  2. A charge é uma alegoria da sociedade francesa do Antigo Regime, caracterizada pela divisão entre os grupos sociais com base na condição de nascimento e pela opressão dos dois primeiros estados sobre o terceiro. Os membros do primeiro e do segundo estados são representados sobre o integrante do terceiro estado, que sustenta o peso dos dois primeiros por meio dos impostos, simbolicamente representados pela pedra com as inscrições “Talha, Impostos e Corveias”. Com essa representação, a charge denuncia o peso dos privilégios dos dois primeiros estados, assegurados às custas do sufocamento do povo. A atividade favorece o desenvolvimento de habilidades de inferência, na medida em que o aluno deve se basear em informações não explícitas na imagem para analisá-la, mobilizando seus conhecimentos prévios sobre o tema.

A sociedade francesa no século dezoito

A nobreza possuía a maior parte das terras do país, mas deve-se entender que ela detinha o senhorio ou o domínio eminente sobre a terra. As terras diretamente exploradas, isto é, aquelas sobre as quais a nobreza detinha a propriedade útil, eram minoritárias. Apesar de a posse da terra ser fonte de riqueza, os setores da economia francesa que mais cresceram entre 1720 e 1770 foram a manufatura e o comércio. Nesse período, foram lançadas as bases para a indústria do ferro e do carvão, surgiram as primeiras fábricas têxteis e o comércio cresceu aceleradamente. O comércio exterior, sobretudo o de produtos vindos das colônias francesas, também gerou muito lucro no período. Como consequência desse crescimento econômico, a burguesia enriquecida passou a pressionar cada vez mais o Estado para obter participação em cargos públicos, enquanto a aristocracia aumentava a exploração sobre os camponeses.

A difusão das ideias iluministas

As mudanças que ocorriam na França pré-revolucionária, como o fortalecimento da burguesia, atingiam o terreno das ideias. Naquele período, circulavam jornais e panfletos pelo país divulgando ideias iluministas, como a da igualdade dos homens perante a lei e a da defesa da razão como guia de todas as ações e instituições humanas, entre elas o governo.

Inicialmente, para escapar da censura da Igreja e do Estado, os princípios iluministas circulavam em espaços restritos, como os clubes literários, por meio de obras clandestinas e de teor satírico que tratavam da devassidão da nobreza e do clero. Com o aumento da circulação desses impressos, as discussões públicas sobre política tornaram-se inevitáveis, e essas ideias passaram a ser discutidas em praças, cafés e outros locais públicos, atingindo a população não alfabetizada.

Aos poucos, os ideais iluministas ultrapassaram as fronteiras das cidades e chegaram aos campos. Eles foram essenciais para formular a crítica ao poder estabelecido na França.

A crise financeira e política

No fim do século dezoito, a rígida divisão social do Antigo Regime tornava-se inadequada às transformações pelas quais passava a sociedade francesa. O contrôle do Estado absolutista sobre a produção e o comércio, por exemplo, tornou-se um empecilho ao desenvolvimento econômico. Esse quadro agravou-se com a crise financeira da França.

O governo gastava muito mais dinheiro do que recolhia, e não havia nenhum tipo de contrôle sobre os gastos da côrte e da administração das províncias. Estas eram governadas por intendentes, isto é, nobres nomeados pelo rei, que recebiam uma série de privilégios. Muitos eram corruptos e desviavam dinheiro dos impostos arrecadados.

Fotografia. Ambiente amplo e bem iluminado. Tem o teto curvo decorado com pinturas. Todos os detalhes do espaço são dourados. Na parede do lado esquerdo, grandes espelhos com molduras em arco. Na parede direita, grandes janelas com abertura em arco. Diversos lustres de cristal estão pendurados pelo teto, e há, nas laterais, castiçais de cristal apoiados em suportes dourados.
Galeria dos Espelhos do Palácio de Versalhes, França. Foto de 2020. Residência oficial da família real francesa, o palácio também abrigava os membros da côrte, que, apesar da crise geral do país, mantinham seu luxo e seus privilégios.

A delicada situação financeira do país agravou-se com o apoio dado pela França ao movimento de independência das Treze Colônias britânicas na América. Com as despesas militares assumidas no conflito, as dívidas do governo francês cresceram tanto que os empréstimos solicitados aos bancos e o aumento dos tributos sobre o terceiro estado não foram suficientes para recuperar as finanças públicas.

Uma das propostas para contornar a grave crise financeira era efetuar uma austera reforma fiscal e cobrar impostos de toda a população, inclusive do primeiro e do segundo estados. A nobreza e o clero, diante da ameaça a seus privilégios, resistiram à mudança, criando mais um problema para o rei Luís dezesseis.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao analisar a influência das ideias iluministas na França pré-revolucionária, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero um.

Despesas na América

Sobre os fatores que elevaram a crise financeira francesa na segunda metade do século dezoito, pode-se retomar o conteúdo do capítulo 3 sobre a Guerra dos Sete Anos (páginas 53 e 54) e o auxílio francês aos colonos durante as guerras de independência dos Estados Unidos (página 57), estabelecendo um nexo entre os conhecimentos já adquiridos e o que está sendo estudado.

Ampliando: o Iluminismo e a Revolução Francesa

reticências Na interpretação clássica, o Iluminismo é a ideologia da burguesia. O Iluminismo, para os marquicístas, tem relação inequívoca com a Revolução Francesa. Ele configura um estágio historicamente importante no desenvolvimento do pensamento burguês ocidental, sendo que as principais categorias mentais da sociedade burguesa estavam presentes no pensamento iluminista: o individualismo, a ideia de contrato, a igualdade, a universalidade, a tolerância, a liberdade e a propriedade. Haveria, portanto, estreita correlação entre a revolução burguesa ocorrida na França e o ideário iluminista. Todavia, a associação rápida entre ideologia burguesa e ideologia iluminista perde de vista, segundo os revisionistas, a heterogeneidade social e ideológica reticências do Iluminismo. Além disso, argumentam eles, muitas parcelas da burguesia eram hostis ao Iluminismo, ao passo que muitos nobres assumiam as ideias liberais então em voga nos salões e nas academias. Não se poderia, portanto, fazer reticências generalizações do tipo: toda a burguesia é iluminista, ou a nobreza é avessa ao iluminismo. Segundo os revisionistas, as principais luzes haviam sido absorvidas pela alta sociedade do Antigo Regime. reticências Muitos filósofos faziam mais críticas à religião revelada, associada ao fanatismo, do que à nobreza da qual faziam parte.”

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. segunda edição São Paulo: Contexto, 2009. página 368-369.

Os Estados Gerais e a Assembleia Nacional Constituinte

Na esperança de conseguir aprovar mudanças fiscais na França, o rei Luís dezesseis convocou os Estados Gerais. Reunida pela última vez havia mais de um século, essa assembleia era composta do monarca e dos deputados representantes de cada estado.

No dia 5 de maio de 1789, os Estados Gerais se reuniram em Versalhes para a primeira sessão. Apesar de muitas discussões entre seus membros, nada foi decidido. Os representantes do terceiro estado, que eram maioria, queriam o voto individual. O clero e a nobreza, por sua vez, exigiam o voto por estado, pois eles se uniriam, garantindo a vitória de suas propostas e a manutenção de seus privilégios. Diante desse impasse, os deputados do terceiro estado se retiraram dos Estados Gerais. Em 17 de junho de 1789, eles declararam-se parte da Assembleia Nacional Permanente para elaborar uma constituiçãoglossário para o país.

Pressionado, o rei reconheceu a nova assembleia e ordenou que os deputados do primeiro e do segundo estados se unissem a ela. Em julho, a assembleia nomeou um comitê constituinte, passando a ser conhecida como Assembleia Nacional Constituinte.

O início da revolução

Os acontecimentos políticos eram acompanhados com grande expectativa pela população. Com a crise de desabastecimento, o custo de vida tornou-se muito alto e os saques a mercados e armazéns cresceram, sendo difícil para as tropas reais conter os famintos. Multiplicou-se a quantidade de mendigos que vagavam pelas cidades e amedrontavam o restante da população, que temia roubos e furtos. Para agravar a situação, muitas manufaturas francesas, prejudicadas pela concorrência dos produtos britânicos, foram à falência, elevando o desemprego a índices alarmantes.

No dia 14 de julho de 1789, em busca de armas e munição para combater as tropas reais, uma multidão invadiu a Bastilha, fortaleza utilizada como prisão real em Paris e símbolo do absolutismo na França. Com a tomada da Bastilha, a fôrça popular deu início à revolução. Paris sofreu uma onda de violência que as autoridades não conseguiram conter: funcionários do governo e aristocratas foram assassinados e tiveram suas casas saqueadas. Rapidamente o movimento se espalhou pelo campo e pelas províncias vizinhas.

Enquanto alguns nobres ainda mantinham tropas para enfrentar a população enfurecida, outros optaram por buscar abrigo em países vizinhos, como Áustria e Prússia, onde passaram a conspirar contra a revolução.

Charge. Homem de casaco vermelho e chapéu comprido preto, deitado no chão, segurando uma corrente. Ele parece fazer um movimento de quem está se levantando, enquanto segura uma arma que está no chão. Em pé, à sua esquerda, dois homens olham-no. Estão com a boca aberta e olhar assustado. Um dos homens veste uma batina preta que cobre todo o corpo, e o outro veste um uniforme azul e carrega uma espada embainhada na cintura, ao lado do seu corpo. Ao fundo, a Bastilha.
O despertar do terceiro estado, charge de 1789. Biblioteca Nacional, Paris, França.

Responda em seu caderno.

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Compare essa imagem com a charge da página 66. Qual foi a mudança de atitude do homem deitado no chão? O que isso representa?


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A Bastilha

A Bastilha era uma fortaleza utilizada como prisão, na qual ficavam detidos, por ordem real (sem processo ou julgamento), homens considerados uma ameaça à ordem pública. Era um dos grandes símbolos do absolutismo francês. Quando foi tomada pelo povo, em 14 de julho de 1789, a fortaleza abrigava apenas sete presos (quatro falsários, um aristocrata acusado de devassidão e dois loucos), o que reforça a tese de que a população buscava armas no interior da prisão.

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Nessa charge podemos observar a reação do terceiro estado, que está prestes a se levantar do chão segurando uma arma, diferentemente do que foi representado na charge da página 66. A cena, intitulada O despertar do terceiro estado, representa, portanto, a revolta desse setor, que se levantou contra a situação de opressão em que se encontrava. A Bastilha foi representada ao fundo da charge.

Atividade complementar

Proponha aos alunos iniciarem a composição de uma cronologia da Revolução Francesa, que deve ser preenchida no decorrer dos estudos, destacando os marcos do processo em uma linha do tempo. Oriente-os a selecionar as informações mais importantes sobre cada etapa da revolução e os incentive a compor frases objetivas para comunicar com clareza o que aprenderam. Durante a atividade, erros de informação ou interpretação, bem como informações importantes não inseridas na linha do tempo pelos alunos, devem ser observados e retomados posteriormente a título de recuperação do conteúdo trabalhado.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

A fim de conter as agitações populares que tomaram conta da França, a Assembleia Nacional, controlada pela grande burguesia mercantil e industrial, aprovou o fim dos direitos senhoriais, do dízimo e dos tributos feudais. No entanto, para libertar-se da terra, os camponeses deviam pagar uma taxa de resgate aos senhores.

As resoluções da Assembleia Nacional Constituinte aboliram, juridicamente, os privilégios feudais e a sociedade rigidamente hierarquizada do Antigo Regime. Essas resoluções foram reafirmadas em 26 de agosto de 1789, com a publicação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Composto de 17 artigos, esse documento estabeleceu a liberdade de expressão e culto e o direito à propriedade, à segurança e à resistência a qualquer tipo de opressão. Leia, a seguir, alguns artigos desse documento.

Artigo 1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos.

As distinções sociais só podem ter como fundamento a utilidade comum. reticências

Artigo 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudique o próximo. reticências

Artigo 6º. A lei reticências deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos. reticências

Artigo 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos dessa liberdade nos termos previstos na lei.

DECLARAÇÃO dos Direitos do Homem e do Cidadão [26 agosto 1789]. Disponível em: https://oeds.link/JbxweU. Acesso em: 9 maio 2022.

Fotografia. Pessoas em uma caminhada na rua. Elas estão vestidas de branco e carregam uma grande faixa escrito: CONTRA A INTOLERÂNCIA! PELA LIBERDADE RELIGIOSA.
Pessoas participam da 12ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa na orla de Copacabana, no município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Foto de 2019. Mais de duzentos anos após a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, algumas religiões, como as de matrizes africanas, ainda sofrem com violência, ataques e ofensas.

Refletindo sobre

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão estabeleceu a igualdade de todos perante a lei e o direito à liberdade. Com base nesses princípios, converse com os colegas sobre os direitos que vocês têm como estudantes e os limites necessários para que seja assegurado o bom convívio escolar.


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Bê êne cê cê

Ao analisar as ideias iluministas presentes na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero um.

Refletindo sobre

Espera-se que os alunos elenquem o direito à educação e o dever de preservar as instalações escolares, o direito de se manifestar sem ofender os colegas, professores ou funcionários etcétera Também pode fazer parte da discussão o problema da prática do bullying na escola. Converse com os alunos sobre as diferenças que existem entre a liberdade de expressão e o constrangimento, a intimidação e a violência presentes nas ações de bullying. Valorize a troca de ideias, incentive nos alunos atitudes de tolerância e de respeito à liberdade alheia, promovendo a cultura de paz na comunidade escolar.

Bê êne cê cê

Ao abordar boas práticas de convívio a fim de garantir os direitos à liberdade e à igualdade, a atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 4, nº 8, nº 9 e nº 10, bem como das Competências específicas de Ciências Humanas nº 1, nº 3, nº 4 e nº 6.

A Monarquia Constitucional

Em outubro de 1789, a família real foi retirada de Versalhes e levada para o Palácio das Tulherias, em Paris. Na cidade, que voltou a ser a capital, Luís dezesseis adotou uma postura ambígua em relação à política do país. Ele parecia aceitar as resoluções dos revolucionários, enquanto articulava com alguns emigrados um plano para retomar o poder.

A situação tornou-se tensa quando, em junho de 1791, o rei e sua família tentaram fugir do país. O plano era organizar tropas fóra da França com a ajuda de outros monarcas europeus e retornar ao país para restabelecer a antiga ordem. O plano, porém, fracassou. Eles foram detidos na cidade de Varennes e conduzidos de volta a Paris. Em setembro daquele ano, o rei Luís dezesseis foi obrigado a jurar a constituição aprovada pela Assembleia Constituinte.

Pintura. No centro, Luís dezesseis, homem de cabelos brancos, veste uma capa vermelha sobre um dos ombros, que cobre parte de suas roupas. Ele olha na direção de um feixe de luz, que vem do alto e o ilumina. À frente, em primeiro plano, mulher com roupas largas e parte do seio à mostra. Atrás dela, pessoas vestindo peças de tecido sentadas no chão. À direita, homem de vestes militares e instrumentos musicais no chão, próximos a ele. Todos olham para cima. No centro, à esquerda, homem segura o chapéu para o alto. A seu lado, homem apoiado em uma mesa de pedra. Mais acima, um homem com uma foice nas mãos, crianças de aparência angelical, uma mulher vestida toda de branco, apenas com o rosto à mostra, e um homem de feições angelicais segura uma coroa de louros.
Luís dezesseis jurando lealdade à constituição no altar da pátria, pintura de nicolá guí brenê, século dezoito. Museu de Belas Artes, Quimper, França.

Pela Carta Magna, o Estado francês foi organizado em três poderes: o Executivo (exercido pelo rei), o Legislativo (composto de 745 deputados eleitos por meio do voto censitário) e o Judiciário (constituído por juízes eleitos). Além disso, a Constituição francesa eliminou as restrições mercantilistas e garantiu a livre iniciativa e a liberdade de comércio, estabeleceu uma nova contribuição sobre a propriedade da terra e aboliu alguns impostos.

Os camponeses e os integrantes das camadas populares urbanas – os chamados sans-culottes –, porém, não ficaram satisfeitos com as reformas estabelecidas pela constituição. Elas pouco alteravam suas condições de vida, e, para piorar, a crise econômica ainda não havia sido solucionada. Entre as principais reivindicações dos sans-culottes estavam o fim das taxas cobradas sobre os alimentos, o direito ao voto universal masculino e a instituição de uma república na França.

Saiba mais

Quem eram os sans-culottes?

Em português, sans-culotte quer dizer “sem culote”. O culote era um tipo de calça curta, presa na altura dos joelhos, utilizada pelos nobres franceses. Em oposição a eles, o termo sans-culottes denominava os integrantes das camadas populares urbanas, como artesãos, operários e pequenos lojistas, que usavam calças compridas. Durante a revolução, os sans-culottes também usavam o barrete frígio, touca de cor vermelha semelhante à usada pelos escravizados libertos do Império Romano, em referência à sua libertação em relação ao Antigo Regime.


Ilustração. Pessoa de calças curtas com listras verticais brancas e vermelhas, casaco azul e um barrete frígio vermelho comprido. Tem os cabelos claros e ondulados, na altura dos ombros. Tem pendurado na lateral do corpo uma espada embainhada. Apoia com as mãos uma baioneta comprida. Está descalço.
Ilustração do século dezenove representando um sans-culotte.

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A Constituição Civil do Clero

O clero católico também perdeu seus privilégios e bens. A Constituição Civil do Clero, aprovada em 1790 pelos revolucionários, suprimiu a cobrança do dízimo e confiscou as terras da Igreja. Muitas igrejas foram transformadas em granjas, estábulos e até em salas de reunião dos clubes revolucionários. Padres e bispos deviam ser eleitos pelo povo e pagos pelo Estado, na condição de funcionários públicos.

Os sans-culottes

As divergências de interpretação entre os historiadores clássicos marquicístas e os revisionistas sobre o significado e os desdobramentos da Revolução Francesa também se estendem à participação dos sans-culottes e à própria definição de quem eram eles. Segundo a historiadora estadunidense lín rânt, os sans-culottes e os jacobinos eram ativos e engajados politicamente e tinham um princípio comum: a defesa da república pela visão de igualdade. A participação dos sans-culottes, nessa perspectiva, serviu aos interesses da burguesia a longo prazo. No entanto, segundo o historiador britânico ríchard cób, não é possível afirmar que havia uma “mentalidade revolucionária” dos sans-culottes. Ele propõe uma reflexão sobre a possibilidade de a posição desse grupo ter sido um produto da situação, e não o contrário.

Entre uma ponta e outra, é importante destacar que esse grupo social tinha uma composição bastante heterogênea. A definição apresentada no livro é aquela consagrada na historiografia e contempla as principais características dos sans-culottes.

A Assembleia Legislativa

Depois de aprovada a constituição, a Assembleia Nacional Constituinte foi substituída por uma Assembleia Legislativa, em outubro de 1791. Seus deputados estavam divididos em grupos com diferentes tendências políticas.

  • Jacobinos. Representando os membros da pequena burguesia, eles defendiam a igualdade de todos perante a lei. Suas reuniões eram realizadas no convento de sãn jáque, que deu origem ao nome do grupo.
  • Girondinos. Republicanos moderados, seus membros representavam a alta burguesia mercantil e financeira e os nobres liberais. Esses homens eram maioria na Assembleia Legislativa. Os líderes do grupo vinham da Gironda, região do interior da França; daí o nome girondinos.
  • Cordeliers. Defendiam mudanças radicais na França, como a proclamação da república e a realização de uma grande reforma agrária. Seus deputados estavam ligados aos sans-culottes.
  • Planície ou Pântano. Setor da burguesia representado por um grupo de deputados moderados e sem posições políticas definidas, os quais se opunham ao setor mais radical.
  • Monarquistas constitucionais. Também chamados de feuillants, eles defendiam a manutenção da ordem estabelecida pela constituição.

Em abril de 1792, a França entrou em guerra contra a Áustria e a Prússia. Os soberanos desses países temiam que a revolução se espalhasse pela Europa, ameaçando a preservação do Antigo Regime nos territórios governados por eles. Luís dezesseis e os deputados contrarrevolucionários apoiavam o conflito, pois acreditavam que o país seria facilmente derrotado e a antiga ordem seria restaurada. No entanto, a situação interna da França piorou. A população saiu às ruas para defender a revolução. Os revolucionários cercaram o Palácio das Tulherias e prenderam o rei e sua família, acusados de traição à pátria.

Fotografia. Monumento em pedra com uma estátua de bronze no topo. Ele tem inscrições em francês em sua superfície. A parte de cima é ornamentada. A estátua representa uma pessoa segurando uma espada com uma mão e erguendo o chapéu com outra.
Monumento na região de Valmy, França, em homenagem ao general quélermãn, líder francês da Batalha de Valmy (contra os prussianos, em setembro de 1792), considerada a primeira vitória militar da Revolução Francesa. Foto de 2014.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Explique como cada um dos fatores a seguir contribuiu para a eclosão da Revolução Francesa.
    1. Sociedade hierarquizada e desigual.
    2. Descontentamento da burguesia.
    3. Circulação de novas ideias.
    4. Crise financeira da França.
  2. O que foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão? Que medidas ela estabeleceu?
  3. Cite três resoluções estabelecidas na Constituição francesa e relacione-as com os princípios iluministas.
  4. Em outubro de 1791, a Assembleia Constituinte foi substituída por uma Assembleia Legislativa. Elabore uma ficha com as características das diferentes tendências políticas representadas nesse órgão.

Respostas e comentários

Recapitulando

    1. A sociedade francesa estava dividida em três grupos distintos, ou três estados. O primeiro estado era formado pelo clero; o segundo, pela nobreza; e o terceiro, pela maior parte da população (camponeses, operários, artesãos, profissionais liberais e burgueses). O primeiro e o segundo estados tinham privilégios e praticamente não pagavam impostos. Restava ao terceiro estado a obrigação de trabalhar e pagar tributos.
    2. Muitos burgueses acumularam riquezas e passaram a reivindicar participação na política do país. O contrôle do Estado absolutista sobre a produção e o comércio restringia o crescimento das atividades econômicas da burguesia, o que descontentava essa camada.
    3. Diversos impressos circulavam pela França divulgando os ideais iluministas de liberdade e igualdade, que foram essenciais para a formulação de uma crítica ao poder estabelecido.
    4. A situação econômica da monarquia se agravou quando a França lutou contra os britânicos na Guerra dos Sete Anos e, depois, apoiou o movimento de independência das Treze Colônias.
  1. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi um documento elaborado durante a Revolução Francesa que definiu os direitos individuais e coletivos das pessoas. Ela aboliu os privilégios feudais e a sociedade rigidamente hierarquizada do Antigo Regime, determinou a liberdade de expressão e de culto e o direito à propriedade e à segurança, entre outras medidas.
  2. A divisão do Estado em três poderes, que impedia a ação de governos absolutistas; o fim das restrições mercantilistas, que garantia a livre iniciativa e a liberdade de comércio; o fim de alguns impostos cobrados sobre produtos, o que significava reduzir o intervencionismo estatal na sociedade.
  3. A ficha deve conter os grupos e as características a seguir.

Girondinos: maioria na assembleia, representavam a alta burguesia e alguns nobres liberais.

Jacobinos: defendiam a igualdade de todos perante a lei. Representavam os interesses da pequena burguesia.

Deputados da Planície ou Pântano: opunham-se a medidas radicais e suas posições eram oscilantes.

Cordeliers: defendiam a fórma de governo republicana e mudanças radicais. Eram ligados aos sans-culottes.

Monarquistas constitucionais: defendiam a manutenção da ordem estabelecida.

A Batalha de Valmy

A fotografia desta página mostra um monumento referente à Batalha de Valmy. Apesar do grande significado histórico atribuído a essa batalha, considerada a primeira vitória militar da Revolução Francesa, ela não constitui um grande feito de guerra, pois o exército prussiano, em minoria, recuou após um breve enfrentamento.

A República Francesa

Imediatamente após a prisão do rei, foram convocadas eleições com base no sufrágio universal masculino, ou seja, sem restrições de renda ou origem social. Em setembro de 1792, a Assembleia Nacional Legislativa foi substituída pela Convenção Nacional (ou simplesmente Convenção), e a república foi proclamada na França.

Para destacar esse momento de ruptura, a Convenção elaborou um novo calendário. O dia da proclamação da república, 22 de setembro de 1792, foi considerado o primeiro dia do ano um (um) da República Francesa. Todas as festas religiosas, como o Natal, foram abolidas. Cada mês recebeu um nome ligado às características climáticas e às atividades agrícolas predominantes no período.

A maioria dos deputados da Convenção estava alinhada aos girondinos, que representavam os interesses da grande burguesia mercantil e financeira e defendiam medidas moderadas, bem como a manutenção da ordem estabelecida. Os girondinos sofriam forte oposição dos jacobinos, os quais desejavam mudanças mais radicais que atendessem aos interesses dos operários e da pequena e média burguesias (artesãos, profissionais liberais, lojistas e pequenos produtores). A política dos jacobinos também se aproximava das reivindicações dos sans-culottes.

Os deputados da Convenção precisavam decidir o destino de Luís dezesseis e sua família. Os girondinos defendiam o exílio do rei. Para os jacobinos, porém, se o monarca fosse mantido vivo, poderia servir de apoio aos movimentos de restauração do Antigo Regime. A situação de Luís dezesseis piorou após a descoberta de documentos que o ligavam aos franceses emigrados e aos monarcas europeus contrários à revolução.

O rei foi convocado a depor e, após um longo processo, foi considerado culpado de traição à pátria e condenado à morte. Luís dezesseis foi guilhotinado no dia 21 de janeiro de 1793, sob os aplausos da multidão. A rainha Maria Antonieta foi guilhotinada meses depois.

Gravura. No centro da imagem, um grande e alto palanque. Sobre ele, três homens. Um está ajoelhado, manuseando um tecido claro, que está no piso do palanque. Outro homem segura uma corda com as mãos. Ela está presa no alto de uma guilhotina, no centro do palco. Preso à guilhotina, um corpo. O terceiro homem no palanque exibe a cabeça de uma pessoa. Dela escorre sangue. Ao redor do palco, uma multidão assiste à cena. Entre estas pessoas. muitas usam fardamento militar, e carregam baionetas sobre os ombros.
Trágico fim de Luís dezesseis, rei da França, gravura do século dezoito representando a execução do monarca francês em Paris. Museu Carnavalet, Paris, França.

Respostas e comentários

O calendário revolucionário

O calendário aprovado em 1792 pela Convenção estava dividido em 12 meses, demarcados e nomeados de acordo com as estações do ano e as atividades agrícolas. O Termidor (que significa “calor”), por exemplo, estendia-se de 19 de julho até 17 de agosto, auge do verão europeu; o Brumário (que significa “bruma”, “nevoeiro”) se iniciava em 22 de outubro e terminava em 20 de novembro.

A elaboração de um novo calendário expressa a tentativa de laicização do tempo por parte do governo da Convenção. Ao tomar como base as estações do ano e as atividades agrícolas para a contagem do tempo, o calendário revolucionário contrapunha-se ao calendário cristão e a suas referências religiosas. Além disso, o marco inicial da contagem do tempo deixava de ser o nascimento de Cristo. No calendário da revolução, o ano um marcava o início da república na França, em setembro de 1792.

A execução de Luís dezesseis

Na gravura Trágico fim de Luís dezesseis, rei da França, o artista construiu uma representação heroica da figura do carrasco. Em pose resoluta e triunfante, ele exibe a cabeça do rei diante de uma multidão. Como em um espetáculo, o evento parece ser saudado pela população que está à frente do carrasco. Os alunos podem, porém, fazer outra interpretação; por exemplo, defender que o artista quis associar a execução do rei à violência jacobina, grupo que decidiu a sorte do monarca. O gesto do carrasco de mostrar à multidão a cabeça de Luís dezesseis pode ser interpretado como estratégia de manipulação do sentimento popular, utilizando, para isso, o prazer da população diante do espetáculo.

Os jacobinos no poder

Após a morte de Luís dezesseis, a situação da França tornou-se ainda mais instável. Tropas britânicas, holandesas e espanholas aliaram-se às fôrças austríacas e prussianas na luta contra a França revolucionária. A Convenção não conseguiu conter o movimento contrarrevolucionário, e uma guerra civil eclodiu no oeste do país. As diferenças entre jacobinos e girondinos na condução da França revolucionária os levaram à ruptura definitiva.

Os jacobinos defendiam a tomada de medidas radicais para deter o avanço das tropas estrangeiras e atender aos anseios populares. Em junho de 1793, apoiados pelos sans-culottes, eles expulsaram os girondinos da Convenção e prenderam seus principais líderes. Iniciava-se o Grande Terror.

O governo jacobino suspendeu as liberdades civis e buscou conter os contrarrevolucionários. Foram instaurados, em Paris, o Comitê de Salvação Pública, que dispunha de plenos poderes sobre o exército e a política interna, e um Tribunal Revolucionário, que julgava os suspeitos de tramar contra a república. Sob a liderança de maquissimiliâ de Rubespiér, a repressão jacobina silenciou até mesmo os líderes da revolução que divergiam do governo, como Danton, executado na guilhotina em 1794.

Fotografia. Guilhotina, estrutura de madeira presa com peças de ferro. A base é retangular. No centro, uma estrutura comprida verticalmente. Dentro dela, presa no alto, uma navalha com uma lâmina de corte diagonal, e na parte de baixo, um suporte para a cabeça com um buraco.
Réplica de uma guilhotina francesa do século dezoito. Museu Carnavalet, Paris, França.

História em construção

Críticas à Revolução Francesa

fóra da França, muitos países temiam que a revolução se espalhasse pela Europa. Os revolucionários franceses eram malvistos, sobretudo quando os jacobinos assumiram o poder e adotaram medidas radicais. Uma fórma de criticar a revolução foi por meio das charges. Na Grã-Bretanha, por exemplo, divulgavam-se imagens que depreciavam os líderes revolucionários (especialmente os jacobinos) e procurava-se construir uma imagem positiva das monarquias.


Charge dividida em dois quadros, um ao lado do outro. No da esquerda, três torres em uma colina. Próximos a ela, embarcações no mar e uma grande construção com uma cúpula no topo. A imagem é toda feita em cores claras. À direita, pessoas em uma colina, ao lado de uma guilhotina e uma forca. No alto de uma montanha, pessoas penduradas. Ao fundo, um lago. A imagem é toda feita em cores escuras.
O contraste, ou As coisas como elas são, charge de djêimes guílrêi, 1796. Instituto de Arte, Chicago, Estados Unidos. Na imagem, está escrito, no alto, à esquerda, “Velha Inglaterra” e, embaixo, “Na base, a felicidade do povo”. À direita, no alto, está escrito “Nova França” e, embaixo, “Na base, despotismo”.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Essa charge faz uma crítica ou uma defesa da Revolução Francesa? Justifique.
  2. Que mensagem o artista transmitiu ao inserir os termos “Velha Inglaterra” e “Nova França”?

Respostas e comentários

A guilhotina

Com o objetivo de diminuir o sofrimento dos condenados à morte e garantir a mesma pena a todos eles, o médico e deputado do terceiro estado jôsef guiotân propôs, em 1789, que os condenados fossem executados em um aparelho constituído de uma lâmina afiada que, em um movimento rápido, cortava a cabeça do indivíduo. No entanto, apesar de não ter sido criado por guiotân – e sim pelo médico antuân luí –, o aparelho acabou recebendo seu nome. A guilhotina foi usada pela primeira vez em 1792 e permaneceu sendo empregada durante muito tempo. A última execução na guilhotina na França ocorreu em 1977, e a pena de morte foi abolida no país apenas em 1981.

História em construção

  1. A charge critica a Revolução Francesa ao caracterizar a França (representada no lado direito da charge) como um país destruído e marcado pela violência e pela opressão.
  2. Uma das interpretações possíveis é a de que o “novo”, representado pela revolução, não proporcionou felicidade, igualdade, liberdade nem justiça, enquanto o “velho”, representado pela monarquia britânica, garantia a ordem e a segurança. Dessa fórma, o artista transmitiu a mensagem de que a monarquia representava o caminho a ser seguido por todos.

Bê êne cê cê

Por abordar os desdobramentos da Revolução Francesa, a seção contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero quatro e da Competência específica de História nº 3.

Realizações do governo jacobino

Apesar da violência praticada, o governo jacobino adotou medidas de caráter social. Os jacobinos aboliram a escravidão nas colônias francesas e tabelaram o preço do pão e de outros alimentos. Além disso, confiscaramglossário joias e outros bens dos nobres emigrados e os doaram para a população mais pobre.

O ponto alto das reformas promovidas pelos jacobinos foi a abolição, sem indenização, de todos os direitos senhoriais e a realização de uma ampla reforma agrária, que beneficiou cêrca de 3 milhões de camponeses.

Com o objetivo de sustentar a guerra contra as potências estrangeiras, o governo jacobino abriu manufaturas de armas, fundições de canhões e fábricas para produzir roupas e sapatos aos soldados. Além disso, instituiu programas de apoio aos indigentes, às viúvas e aos órfãos. No período do governo jacobino, foram ainda fundadas as primeiras escolas laicas, ou seja, desvinculadas da Igreja, e o ensino primário gratuito tornou-se obrigatório.

Outra ação importante do governo jacobino foi a unificação dos pesos e das medidas no país com a instituição do Sistema Métrico Decimal (ésse ême dê). Os cientistas da Academia de Ciências de Paris receberam a tarefa de criar um sistema de unidades com base em princípios científicos que pudesse ser adotado universalmente. Embora tenha havido certa resistência no início, o metro, o quilograma, o segundo e o litro tornaram-se muito populares e possibilitaram a criação do Sistema Internacional de Unidades (ésse Í), adotado atualmente na maior parte dos países.

Fotografia. Marmita de isopor sendo pesada em uma balança digital. Ela está cheia, com uma porção de comida. Está apoiada em um prato branco e raso. O visor da balança indica o peso da comida, o preço por quilo e o valor a ser pago.
Pesagem de marmita em balança digital na cidade de Londrina, Paraná. Foto de 2021. A unificação dos pesos e medidas com base em princípios científicos resultou na criação do litro, do quilograma e do metro. A utilização dessas unidades de medida foi essencial para o estudo dos fenômenos naturais e para a realização de transações comerciais e bancárias.

Ao promover essas mudanças, os jacobinos conquistaram a simpatia dos camponeses e da população mais pobre das cidades. O apoio popular ajuda a entender o êxito do governo jacobino na mobilização de soldados para expulsar as fôrças estrangeiras e preservar as fronteiras da França.


Respostas e comentários

Ampliando: o Sistema Métrico Decimal

“Muito distante de ser um processo evolutivo e linear, a adoção do Sistema Métrico Decimal francês esteve associada a um contexto histórico repleto de transformações. A ampliação em escala mundial das trocas e do sistema capitalista aumentou a necessidade de que fossem definidos padrões comuns entre os países. Até então, regiões específicas de vários países adotavam diferentes medidas, de acordo com suas necessidades locais, o que não demandava uma padronização além dos limites de províncias, vilas, departamentos, etcétera A França, por exemplo, no século dezessete, chegou a apresentar mais de .250000 medidas de peso, volume e comprimento diferentes reticências.”

GODOI, Lidiany C. de O.; FIGUEIRÔA, Silvia F. de M. Dois pesos e duas medidas: uma proposta para discutir a natureza do Sistema de Unidades de Medida na sala de aula. Caderno Brasileiro de Ensino de Física. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, volume 25, número 3, dezembro 2008. página 528. Disponível em: https://oeds.link/jlQaxh. Acesso em: 4 abril 2022.

O fim do processo revolucionário

O autoritarismo da fase do Grande Terror gerou divisões no governo. Os sans-culottes, mais radicais, queriam aprofundar as mudanças para destruir a aristocracia e implementar uma república popular. Os jacobinos, por sua vez (até mesmo os do grupo de Rubespiér), eram adeptos de uma democracia representativa e sofriam pressões para atender aos anseios dos sans-culottes.

Os excessos da política do Terror e a divisão entre a pequena burguesia e o movimento popular enfraqueceram a república jacobina. Aproveitando o isolamento dos jacobinos, a grande burguesia articulou um golpe e tomou o poder. Em 27 de julho de 1794 (9 Termidor no calendário republicano), Rubespiér e seus partidários foram presos e, no dia seguinte, guilhotinados.

Em 1795, o Tribunal Revolucionário foi extinto e outra constituição foi elaborada. O voto censitário foi restabelecido, e dividiu-se o Poder Executivo entre cinco diretores, que seriam trocados periodicamente. O novo governo, conhecido como Diretório, reuniu a antiga burguesia girondina e da Planície e os setores enriquecidos com as guerras e a especulação.

As dificuldades econômicas, no entanto, agravaram-se. A escalada dos preços, o esvaziamento dos cofres públicos e a miséria crescente eram sinais evidentes da fraqueza do novo regime. As revoltas dos sans-culottes parisienses e as rebeliões camponesas tornaram-se frequentes. O governo ainda precisou conter as fôrças monarquistas, que tentaram restaurar o Antigo Regime na França.

A rica burguesia francesa, ameaçada pela instabilidade interna, precisava de uma solução política que preservasse suas propriedades e favorecesse seus negócios. Para isso, o general Napoleão Bonaparte foi convidado a compor um governo que pacificasse a França. No dia 9 de novembro de 1799 (18 Brumário no calendário revolucionário), Bonaparte, com o apoio de dois diretores, dissolveu o Diretório e iniciou o Consulado.

O golpe logo recebeu amplo apoio da alta burguesia e dos camponeses. Para a burguesia, o general representava a preservação da ordem; para os camponeses, a certeza de que o Antigo Regime e as taxas feudais não seriam restabelecidos.

Charge. Crocodilo com os dentes à mostra. Ele está em pé, apoiado sobre as patas traseiras. Usa botas e uma coroa sobre a cabeça, e carrega uma espada embainhada na lateral do seu corpo. Atrás dele, crocodilos com roupas de soldado, alinhados lado a lado e empunhando lanças. À frente do crocodilo de coroa, dezenas de rãs vestindo capa vermelha sobre os ombros, e barretes frígios vermelhos sobre suas cabeças. Todas estão boquiabertas com os olhos arregalados. O crocodilo de coroa segura duas rãs com as mãos. Ao fundo, uma grande janela, por onde fogem algumas das rãs.
O crocodilo da Córsega dissolvendo o Conselho das Rãs, charge britânica sobre o 18 Brumário na França, 1799. A charge satiriza a dissolução do Poder Legislativo francês, cujos membros são representados como rãs, e Napoleão Bonaparte, como um crocodilo.

Responda em seu caderno.

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A charge expressa o ponto de vista britânico sobre o 18 Brumário. Esse ponto de vista parece positivo ou negativo? Explique.


Respostas e comentários

A Revolução Francesa e a historiografia

A Revolução Francesa ainda é tema de muitos debates entre os historiadores. Entre as décadas de 1960 e 1970, os debates historiográficos sobre o tema se deram em torno das interpretações de historiadores marquicístas, como álber sobúl, e dos estudos da Nova História, que teve como principal expoente Françuá Furré.

Para sobúl, a Revolução Francesa foi o momento em que as condições de desenvolvimento do capitalismo permitiram que a burguesia enfrentasse a aristocracia na luta pelo contrôle do Estado, rompendo com as estruturas econômicas e sociais e com a rigidez política do Antigo Regime. A reflexão feita por Françuá Furré apontou outro caminho, considerando que houve uma ruptura política, mas relativizando as transformações econômicas e sociais.

A historiadora lín rânt, em artigo publicado na revista History and Theory em 1981, afirmou que Furet assumiu o mesmo discurso dos revolucionários ao separar, em sua análise, a ideologia do aspecto social, fato que ele tanto criticou em outros historiadores. No entanto, alguns anos depois, rãnt relativizou as rupturas promovidas pela revolução. Ela usou aspectos culturais do movimento francês na sua análise, enfatizando seus impactos na fórma como as pessoas passaram a vivenciar a participação política.

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A charge expressa um ponto de vista negativo sobre o 18 Brumário. A imagem sugere Napoleão (representado como um crocodilo) como um traidor e os conselheiros (representados como rãs) como fracos e desorganizados, pois não conseguiram reagir ao golpe. Para desenvolver seus argumentos, os alunos devem analisar atentamente os elementos da imagem, o texto da legenda e o contexto em que a charge foi produzida, que diz respeito à ascensão de Bonaparte e seu papel na criação do Consulado.

A revolução dos costumes

A Revolução Francesa modificou profundamente o cotidiano não apenas dos nobres e dos burgueses, mas também dos camponeses, dos operários e dos artesãos. Os ideais revolucionários estavam em todos os lugares e situações: nas roupas, na decoração e até mesmo no vocabulário das pessoas.

No período do Antigo Regime, as roupas identificavam os diferentes grupos sociais e profissionais que compunham a sociedade francesa. Com o advento da revolução, o vestuário adquiriu um sentido político. Por exemplo, na abertura dos Estados Gerais, em 1789, os deputados do terceiro estado vestiam roupas pretas, enquanto os deputados do primeiro e do segundo estados usavam roupas luxuosas, algumas com detalhes de ouro. A ostentação dos nobres diante da terrível situação econômica da França tornou-se motivo de intensas críticas por parte dos burgueses.

Com a tomada da Bastilha, homens e mulheres passaram a demonstrar seu apoio à causa revolucionária usando roupas e acessórios com as cores da bandeira francesa: azul, branca e vermelha.

Ilustração. Mulher de vestido longo. Ela tem o rosto rosado e cabelos ondulados. Usa um chapéu de aba branca e detalhes vermelhos. O vestido tem três cores: a parte de cima tem mangas compridas, é branca e está justa ao corpo; e a parte de baixo é azul e vermelha.
Mulher vestindo o tricolor revolucionário, ilustração de françuá cláudius cônte calíquis publicada na obra Les modes parisiennes sous le Directoire (As modas parisienses sob o Diretório), em 1865. Biblioteca fórnei, Paris, França.

A preocupação em estabelecer a igualdade entre as pessoas não se manifestou apenas nas roupas, mas também no vocabulário adotado pelos revolucionários. Com o advento da revolução, todos os homens e mulheres passaram a se tratar por cidadãos e cidadãs. Essa regra foi aplicada até mesmo ao rei Luís dezesseis, que na ocasião de seu julgamento foi chamado de “cidadão Luís”.

Em 1793, os sans-culottes encaminharam à Convenção um requerimento sugerindo que todos os cidadãos se tratassem por tu, pronome informal na língua francesa e utilizado principalmente no ambiente familiar. Os sans-culottes alegavam que o uso do tu aproximaria as pessoas e, consequentemente, traria mais igualdade. Em pouco tempo, o uso do pronome se generalizou.

A Revolução Francesa também gerou profundas mudanças no mercado artístico e cultural. A aristocracia e a Igreja reduziram ou cortaram os investimentos nas artes. Quando as academias típicas do Antigo Regime foram suprimidas, toda uma geração de artistas e intelectuais marginalizados teve oportunidade de publicar suas obras. A poesia, o romance, o teatro, a pintura, a criação gráfica e a música foram expressos em novas linguagens e ampliaram seus temas, absorvendo o contexto geral de politização e de engajamento.

Saiba mais

Liberdade, igualdade e fraternidade

Os termos liberdade e igualdade eram mencionados repetidamente no início do processo revolucionário na França, mas somente a partir de 1790, com o acréscimo da palavra fraternidade, o bordão se tornou um dos principais símbolos do país. Inscrito nas fachadas dos prédios públicos, nas moedas, nas cédulas e nos selos de correio, é considerado atualmente parte do patrimônio nacional da França.


Fotografia. Mural pintado nas cores da bandeira da França: azul, branco e vermelho. No centro, a imagem do rosto de uma mulher com o cabelo enfeitado com rosas. Ao redor dela as palavras, LIBERTÉ, EGALITÉ, FRATERNITÉ. Nas bordas do mural ornamentos desenhados.
Lema da Revolução Francesa em mural do artista chépar féri na cidade de Paris, França. Foto de 2021. No mural, lê-se: “Liberdade, igualdade e fraternidade”.

Respostas e comentários

Ampliando: revolução e iconografia

“Novo regime político, novos símbolos. A república não podia sobreviver sem massas politicamente educadas, e para isso era preciso criar uma tradição e um repertório de símbolos republicanos, como o barrete vermelho, a marriâne deusa da liberdade, a bandeira tricolor. O idealismo jacobino preferiu a abstração, a alegoria, a metáfora à mera descrição factual, gostava do que era elevado e grandioso, como projeto da regeneração do homem. Assim a alegoria saiu da cultura de elite para falar ao povo. Não obstante, a compreensão das alegorias depende de um conhecimento erudito dos códigos de interpretação, o que não estava ao alcance de todos. Por essa razão, houve a preocupação do governo revolucionário em fornecer textos, por vezes bastante extensos, com a interpretação correta das imagens. Da fé sensualista no poder das imagens resultou uma enorme produção de pinturas, esculturas, gravuras e cartazes, além dos festivais, canções, medalhas, fitas, discursos, jornais, louças de mesa e até cartas de baralho ornamentados com os símbolos da república. Os meios mais variados foram empregados para difundir o ideário da revolução.”

Morrã, Tania Machado. Práticas e representações das mulheres na Revolução Francesa (1789-1795). 2009. Dissertação (Mestrado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. página 171.

Atividade complementar

Considerando a importância da produção imagética no período da Revolução Francesa, proponha aos alunos uma atividade de análise das imagens apresentadas ao longo do capítulo como fontes históricas. Peça a eles que selecionem uma imagem para analisar e oriente-os a compor uma ficha de identificação para a imagem, descrevendo a data de produção, o autor, o título e o conteúdo representado nela. Depois, eles devem associar a imagem ao contexto em que foi produzida e compor um pequeno texto explicativo sobre esse momento histórico.

Com base nesse exercício, organize a turma em grupos e solicite a cada grupo que pesquise outras imagens relativas à Revolução Francesa para criar uma animação usando recursos digitais, se possível.

A atividade favorece o desenvolvimento de habilidades de análise documental, exercitando a metodologia da ciência histórica.

Cidadãs, mas nem tanto...

Nos primeiros anos da revolução, a participação feminina na vida política do país foi aceita e até mesmo incentivada. Muitas mulheres fundaram clubes políticos, encabeçaram protestos e ações armadas e discursaram no Parlamento.

Em 1791, marrí gúze, conhecida pelo pseudônimo de Olamp de Gúge, escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, um manifesto reivindicando a igualdade de direitos entre homens e mulheres. O documento baseava-se no argumento de que, se as mulheres podiam ser condenadas pela lei, também deveriam ter seus direitos garantidos por ela.

Algumas leis implementadas durante a revolução garantiram às mulheres direitos importantes. Pela lei do divórcio, por exemplo, foi reconhecida a igualdade no casamento, permitindo que homens e mulheres usassem os mesmos argumentos para solicitar o divórcio.

Mas durante a revolução foram impostos limites à cidadania feminina. Em 1792, políne leôn apresentou à assembleia uma petição, assinada por mais de trezentas mulheres, solicitando autorização para lutarem ao lado dos homens na guarda nacional. Esse pedido foi negado.

Em pouco tempo, as proibições se transformaram em repressões. Em outubro de 1793, durante a política do Terror, todas as associações de mulheres foram fechadas (cêrca de sessenta grupos) e muitas ativistas foram guilhotinadas, entre elas Olamp de Gúge. Por muito tempo, as mulheres francesas não puderam ocupar funções públicas, e seu direito ao voto só foi aprovado em 1944.

Os homens responsáveis pela elaboração das leis na França acreditavam que, se as mulheres assumissem funções ou cargos públicos, não constituiriam família nem se dedicariam ao marido e aos filhos. Para esses homens, o lugar das mulheres era no lar, cuidando dos afazeres domésticos e educando os filhos.

Gravura. Mulheres em cima de uma carroça puxada por cavalos. Uma delas está com a cabeça deitada no ombro da mulher ao seu lado. Ao redor pessoas observando, e soldados escoltando a carroça.
Gravura de gustáv demulãn, de 1887, representando a condução de jêâne marrí rolân à guilhotina em 8 de novembro de 1793, após ter sido julgada pelo Tribunal Revolucionário. Ela dirigiu as atividades do marido, influenciando decisivamente a política dos girondinos, e foi condenada à guilhotina durante o Grande Terror.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Sobre a fase jacobina da revolução, faça o que se pede.
    1. Identifique as principais medidas tomadas pelos jacobinos que caracterizaram seu governo como o Grande Terror.
    2. Cite três políticas sociais implementadas pelos jacobinos.
    3. Que fatores contribuíram para o fim do governo jacobino e o início do Diretório?
  2. Como ficou conhecido o golpe de Estado liderado por Napoleão Bonaparte na França?
  3. Como as ideias de liberdade e igualdade se refletiram na cultura e nos costumes da população francesa?
  4. Escreva um parágrafo sobre a participação das mulheres na Revolução Francesa, identificando os limites impostos a elas.

Respostas e comentários

Recapitulando

    1. O governo jacobino suspendeu as liberdades civis e instaurou o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário. Essas instituições utilizaram métodos de violência e terror para impedir a restauração do Antigo Regime.
    2. Os alunos podem citar a abolição da escravidão nas colônias francesas, o fim dos direitos senhoriais, a reforma agrária, o tabelamento do preço do pão e de outros alimentos, o confisco de joias e bens dos nobres emigrados e sua distribuição à população mais pobre, a obrigação e gratuidade do ensino primário etcétera
    3. O governo jacobino chegou ao fim em virtude da divisão interna entre sans-culottes e jacobinos. Enquanto os sans-culottes queriam aprofundar as medidas radicais, os jacobinos defendiam uma democracia liberal e representativa. Isso enfraqueceu os jacobinos, abrindo espaço para os girondinos articularem um golpe e tomarem o poder.
  1. Golpe do 18 Brumário.
  2. As ideias de liberdade e igualdade da Revolução Francesa se refletiram de várias fórmas: nas vestimentas, que tinham as cores da bandeira francesa, no uso de termos como cidadão e tu, assim como nas artes (poesia, romance, teatro, pintura, música e criação gráfica), que passaram a explorar temáticas engajadas e politizadas.
  3. Sugestão de resposta: As mulheres participaram da revolução desde o início, fundando clubes políticos, realizando protestos, fazendo petições e pegando em armas para combater os partidários do Antigo Regime na França. Algumas delas se destacaram nesse processo. Olamp de Gúge chegou a elaborar a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, na qual reivindicava a igualdade de direitos entre homens e mulheres. políne leôn colheu assinaturas em uma petição que reivindicava o direito das mulheres de participar da guarda nacional, enquanto jêâne marrí rolân influenciou a política dos girondinos por meio da administração das atividades de seu marido. Contudo, a participação feminina era freada por uma mentalidade patriarcal enraizada na sociedade francesa da época: a de que as mulheres deviam se dedicar aos afazeres domésticos. Por isso, muitas reivindicações não eram atendidas. Na fase do Terror, Olamp de Gúge, jêâne marrí rolân e outras mulheres foram guilhotinadas.

Olamp de Gúge

Se julgar apropriado, aprofunde a análise sobre a trajetória e as ideias defendidas por Olamp de Gúge por meio da agá quê Olamp de Gúge, de josê luí bôquê e catél millêr. Rio de Janeiro: recór, 2014.

Enquanto isso…

As ideias revolucionárias chegam à América portuguesa

As ideias de liberdade difundidas pelo movimento revolucionário na França e a notícia do fim da escravidão nas colônias francesas chegaram à América portuguesa, influenciando a formação de diversos quilombos na capitania do Grão-Pará.

Em fins de 1794, o comandante militar de Mazagão, no Macapá [cidade juridicamente anexada ao Grão-Pará], destacava apreensivo quanto ao que os ‘franceses têm praticado nas suas ilhas, a respeito dos escravos’ e mais: na região era ‘sabido, pelos jornais que chegam da Europa, e até mesmo os escravos não o ignoram’. reticências Os contatos e as ideias de liberdade que circulavam naquela conjuntura eram compartilhados tanto por negros como por índios. reticências

A fuga de escravos e os estabelecimentos de mocambos eram já nessa época considerados problemas crônicos. Grande parte dos escravos que fugiam nesta região era formada por aqueles que trabalhavam nas fortificações militares em Macapá. Houve ocasiões de fugas em massa. Algumas expedições reescravizadoras capturaram de uma só vez mais de 40 cativos. reticências

Em várias ocasiões, embarcações estrangeiras, destacadamente francesas, adentravam o território português, visando perseguir e recuperar fugitivos. Autoridades e fazendeiros brasileiros denunciavam, igualmente, que seus escravos fugiam para Caiena [na Guiana Francesa] e encontravam proteção de comerciantes e autoridades francesas. Em 1798, a chegada ao Pará de duas canoas provenientes de Caiena com o objetivo de ‘recrutar os pretos que tinham fugido e se achavam ali refugiados’ foi acompanhada de grande tensão.

As constantes fugas escravas permitiram a constituição de mocambos grandes (formados por centenas de fugitivos), estáveis e duradouros na região. Proprietários de escravos reclamavam e autoridades coloniais sentiam-se impotentes: não havia fôrça militar na região suficiente para recapturar os fugitivos existentes e impedir novas deserções. reticências


Gravura em preto e branco que mostra uma grande área de vegetação baixa. No centro, pequenas casas entre a vegetação. Ao fundo, uma colina com grandes construções.
Gravura representando o Quilombo de Boucou, na Guiana, em 1772. Arquivo Nacional da Holanda, êmen. A formação de quilombos ocorreu em diversas partes do continente americano. Nessa gravura, é possível identificar edificações próprias para a moradia dos quilombolas.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao analisar a influência dos ideais da Revolução Francesa no Grão-Pará, o conteúdo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero oito agá ih zero quatro e ê éfe zero oito agá ih zero cinco. Ao abordar eventos ocorridos em um mesmo tempo, em espaços distintos, a seção contribui para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 5.

Havia, de fato, na capitania do Grão-Pará, quilombos por todas as partes, de norte a sul. reticências

Os quilombolas andavam armados, produziam roupas tingidas com vegetais da floresta, caçavam, ‘salgavam’ carne para comercializar e faziam ‘tijolos para os franceses fazerem uma fortaleza’. Nesse contexto, naquelas regiões da Amazônia colonial, negros reticências fugidos criaram um espaço para contatos e cooperação. Com expectativas diferenciadas e sonhando com a liberdade, promoviam não só comércio clandestino, mas fundamentalmente um campo de circulação de experiências. Estavam o tempo todo atentos aos acontecimentos a sua volta. reticências

Estabelecidos em mocambos, os quilombolas do Macapá atravessam os limites dos territórios coloniais, indo em busca de novos contatos. Misturavam-se com fugitivos, cativos nas plantações e soldados desertores da Guiana Francesa. Traziam (ou mesmo levavam) ideias de liberdade. Não ficaram impassíveis ou boquiabertos com as decisões políticas que lhes poderiam ser benéficas e nem permaneceram isolados na imensidão da floresta amazônica. Com essa migração constante conseguiram fundamentalmente proteção. Tornavam-se algumas vezes até anônimos aos olhos das autoridades coloniais. Essas, certamente, subestimaram as percepções que os escravos podiam ter destes acontecimentos. Subestimaram em parte. Ao mesmo tempo que diziam que os cativos podiam ser ‘contagiados’ pelas ‘ideias de liberdade’ advindas da Europa via comunicações com as colônias estrangeiras, temiam que os mesmos – a exemplo do Haiti – articulassem uma grande revolta. reticências

No Grão-Pará reticências temeu-se igualmente o ‘contágio revolucionário’ vindo da França. Tais temores promoveram, inclusive, uma militarização acelerada em áreas de fronteira, visto haver litígios territoriais com a Guiana Francesa. Tais ‘ideias de liberdade’ podiam não ter apenas uma leitura. Escravos, fossem crioulos ou africanos, homens livres, soldados, oficiais metropolitanos, europeus, marinheiros, mestiços, índios e outros tantos podiam reinterpretá-las diferentemente. Também os roteiros da sua circulação podiam ser diversos. Na Amazônia colonial, talvez tenham sido os quilombolas e fugitivos os responsáveis por sua difusão.

GOMES, Flávio dos Santos. Em torno dos bumerangues: outras histórias de mocambos na Amazônia colonial. Revista úspi, São Paulo, número 28, página 40-55, dezembro 1995/fevereiro 1996.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Por que as autoridades coloniais do Grão-Pará temiam o “contágio revolucionário vindo da França”?
  2. De acordo com o texto, como os princípios revolucionários chegaram à América portuguesa?
  3. Em sua opinião, nos dias de hoje, movimentos populares organizados podem ter também esse efeito “contagioso”? Justifique.

Respostas e comentários

Enquanto issoreticências

  1. As autoridades coloniais do Grão-Pará temiam que as “ideias perigosas” da Revolução Francesa, como a defesa da liberdade, da igualdade e do fim da escravidão, pudessem incentivar rebeliões e fugas de escravizados na região.
  2. Segundo o texto, as ideias de liberdade chegavam à América portuguesa por meio de jornais, bem como do contato de escravizados do Brasil que se refugiavam na Guiana Francesa com autoridades e comerciantes franceses. Essas ideias também penetravam na colônia por meio de intelectuais e membros da elite liberal, que viajavam para a Europa a negócios, a fim de estudar ou a passeio.
  3. Espera-se que os alunos percebam que atualmente, com a evolução dos meios e das tecnologias de comunicação, principalmente do rádio, da televisão, do telefone, dos smartphones e da internet e, em especial, das redes sociais digitais e de aplicativos de mensagens, o efeito “contagioso” dos movimentos populares e das ideias que os motivam adquiriu um poder de difusão extraordinário, tanto em velocidade quanto em extensão territorial. Os exemplos da Primavera Árabe (2010-2012), das mobilizações no sul da Europa contra os programas de austeridade fiscal, dos protestos no Brasil em junho de 2013, das manifestações a favor e contra o impeachment da ex-presidente Dilma russéf, em 2016, ou contra atos de violência, como o assassinato do imigrante congolês Moísi Cabagâmbe, na cidade do Rio de Janeiro, em 2022, mostram que o processo de globalização não atingiu apenas a economia, mas também a vida social. Ao orientar os alunos na resposta, incentive-os a desenvolver a argumentação para sustentar suas opiniões.

A ascensão de Napoleão Bonaparte

O Consulado foi instituído para garantir estabilidade política e econômica à França depois de dez anos de turbulência revolucionária. Inicialmente, foi composto de três cônsules provisórios, entre os quais Napoleão Bonaparte. Em dezembro de 1799, outra constituição foi assinada, elevando Napoleão ao cargo de primeiro cônsul.

Pintura. Homem jovem, veste um casaco com muitos botões na frente e uma calça justa ao corpo, ambos vermelhos, meias brancas até a altura dos joelhos, e sapatos pretos com detalhes dourados. Uma das mãos está dentro do casaco, e a outra está apoiada em uma mesa a seu lado, sobre a qual há muitos papéis. Na cintura, uma espada embainhada. Atrás dele, um trono e as cortinas de uma janela abertas, pela qual é possível ver uma igreja.
Bonaparte como primeiro cônsul, pintura de jãn ógust dominíque ângr, 1804. Museu de Belas Artes de liége, Bélgica.

Artigo 41. O primeiro cônsul promulga as leis, nomeia e revoga livremente os membros do Conselho de Estado, os ministros, os embaixadores e outros agentes internacionais, os oficiais do exército de terra e de mar, os membros das administrações locais e os comissários do governo junto aos tribunais. Nomeia ainda todos os juízes criminais e cíveis, que não sejam juízes de paz, e os juízes de cassação sem poder revogá-los.

Artigo 42. Para os outros atos do governo, o segundo e o terceiro cônsules têm voz consultiva: assinam o registro destes atos.

CONSTITUIÇÃO Francesa de 13 de dezembro de 1799. In: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Textos e documentos. Belo Horizonte: ú éfe ême gê, [20--]. Disponível em: https://oeds.link/DAM2Dc. Acesso em: 30 janeiro 2022.

Napoleão Bonaparte governou de fórma autoritária. Ele eliminou os principais focos de oposição a seu governo e instituiu a censura, fechando importantes jornais de Paris. Contudo, outras realizações lhe garantiram muita popularidade. No plano externo, ele assinou tratados com os países europeus, estabelecendo provisoriamente a paz, e implantou uma série de reformas jurídicas, econômicas e administrativas nas áreas a seguir.

  • Finanças. A implantação de uma política bem orientada de cobrança de impostos recuperou a economia francesa. Foi fundado o Banco da França, responsável pela emissão de dinheiro e pelo financiamento dos setores agrícola e industrial.
  • Segurança. O banditismo foi combatido, e tribunais militares especiais foram instalados para julgar os casos de contrarrevolução.
  • Administração pública. O governo dos departamentos franceses foi uniformizado e hierarquizado. Os prefeitos, chefes do Executivo de cada departamento, eram escolhidos por Napoleão.
  • Justiça. Os juízes deixaram de ser eleitos e passaram a ser nomeados. Os processos na justiça foram padronizados em todo o território.
  • Educação. A educação pública foi reorganizada com a criação de escolas secundáriasglossário e de liceusglossário .

Com essas medidas, Napoleão centralizou o governo da França, buscando conter as tensões sociais e gerando condições econômicas e políticas para o desenvolvimento da indústria e do capitalismo no país.


Respostas e comentários

A imagem do estadista

Napoleão Bonaparte cuidou de projetar sua imagem como herói e grande estadista, encomendando relatos, discursos, pinturas, jornais e monumentos, entre outros recursos, que foram utilizados para divulgar suas vitórias militares e os benefícios das ações de seu governo. Sem dúvida, a figura produzida pela máquina do Estado napoleônico, incorporada pelo imaginário coletivo da época, influenciou bastante as produções literárias e historiográficas de várias gerações posteriores.

A famosa obra Napoleão: uma biografia literária, de Alexandre diumá, publicada como livro em 1839 (reunindo artigos biográficos publicados anteriormente), narrou a epopeia de Bonaparte com base em memórias do próprio personagem (ditadas para emanuém ogustãn diêdonê josêf, o conde de Las Casas, em Santa Helena), ajudando a reforçar a imagem heroica do imperador. Escrita em 1836 e 1837, a biografia Napoleão, do escritor e novelista francês ãnrí marrí bêiê, conhecido pelo pseudônimo istêndál, é mais uma obra renomada que enalteceu a figura de Bonaparte.

Os movimentos nacionalistas do século dezenove, e mesmo do século vinte, deram novas expressões ao legado napoleônico, tornando ainda mais complexa a construção da imagem desse personagem.

Indicação de filme

Os duelistas, dirigido por Ridlei Iscóti (1977), conta a história de dois oficiais do exército de Napoleão que se tornam inimigos e iniciam sucessivos duelos em nome da honra e da soberania. O filme foi inspirado no livro homônimo de djôzef cônrad, que, com base em uma notícia de jornal, narra disputas entre dois homens e aborda o contexto da guerra e do processo de expansão napoleônica. A classificação indicativa do filme é a partir de 12 anos.

A relação política com a Igreja

Napoleão buscou reaproximar o Estado francês da Igreja Católica. Ele aboliu as perseguições religiosas e reconheceu o catolicismo como a opção religiosa da maioria dos franceses. Os bispos passaram a ser nomeados pelo Estado e a receber uma pensão mensal.

Essas ações foram muito bem recebidas pela população, pois a maior parte dela se manteve católica, apesar das medidas anticlericais adotadas pelos líderes revolucionários. Contudo, os registros de casamento, nascimento e morte, que durante o Antigo Regime eram emitidos pela Igreja, foram mantidos como responsabilidade do Estado. Além disso, o clero não foi indenizado pelo confisco de suas propriedades durante a revolução.

O Código Civil

Em agosto de 1800, Napoleão atribuiu a uma comissão de juristas a elaboração de um Código Civil para a França. O Código Civil Napoleônico, que entrou em vigor em março de 1804, incorporou importantes conquistas da revolução: a separação entre a Igreja e o Estado, o fim das obrigações feudais, o direito inviolável à propriedade e a igualdade dos homens perante a lei. A legislação do Antigo Regime, caracterizada pela fragmentação, foi substituída pela uniformidade da lei controlada pelo Estado.

Do ponto de vista de setores tradicionalmente oprimidos, porém, o código reafirmou práticas do Antigo Regime: estabeleceu a subordinação das mulheres à autoridade do pai ou do marido, considerando-as “civilmente incapazes”, proibiu as greves e as organizações dos trabalhadores e restabeleceu a escravidão nas colônias francesas.

Charge. Casal caminhando nas margens de um rio. O homem está à frente, com as calças levantadas e dobradas até a altura dos joelhos, e está descalço. Usa óculos e uma cartola preta, camisa branca e um colete vermelho por cima. Carrega com uma das mãos um tecido grande e uma vara, e com a outra ele carrega um guarda-chuva fechado, apoiado no ombro. No cabo do guarda-chuva estão pendurados um par de botas. Atrás dele, a mulher de vestido longo azul, e lenço lilás cobrindo os ombros. Na cabeça, um chapéu verde com um laço azul que esconde seu rosto. Ela está cabisbaixa e carrega uma cesta com uma das mãos.
A esposa deve seguir o marido onde quer que ele queira viver, charge de Onorrê Domiê satirizando o trecho do Código Civil Napoleônico que subordina as mulheres à autoridade dos homens, cêrca de 1840-1850. Arquivo do Ministério das Relações Exteriores, Paris, França.

Responda em seu caderno.

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  1. Que imagem da mulher francesa a charge de Onorrê Domiê apresenta?
  2. A charge faz alguma crítica à condição das mulheres na França napoleônica?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar o Código Civil Napoleônico, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero um.

Explore

  1. A charge apresenta a imagem da mulher submissa ao homem, que o segue aonde ele for.
  2. Sim. Ao representar a mulher com a cabeça baixa, sem liberdade e atrás de seu marido, e com uma frase afirmando seu dever de sempre segui-lo, a charge denuncia a subordinação das mulheres francesas oficializada pelo Código Civil Napoleônico.

A mulher sob a autoridade do pai ou do marido

O trecho do Código Civil francês ao qual a charge se refere está no Título cinco, “Do casamento”, Capítulo seis, “Dos respectivos direitos e deveres dos cônjuges”: “A esposa é obrigada a viver com o marido e a segui-lo aonde quer que ele queira viver: o marido é obrigado a recebê-la e a lhe fornecer tudo o que for necessário para as necessidades da vida, segundo suas faculdades e sua condição”.

Ampliando: a face conservadora do Código Civil

“A Revolução Francesa deixa marcas fundamentais na história das mulheres, tanto por seu significado geral na trajetória das lutas pela cidadania quanto por ter sido um período de questionamento das próprias relações entre os sexos. Naqueles momentos iniciais, os direitos das mulheres haviam sido reivindicados (ainda que por uma minoria de mulheres, defensoras da bandeira de igualdade) como parte dos direitos humanos universais e relacionados a um movimento que queria transformar a sociedade. Além disso, naquela ocasião histórica, vislumbrara-se uma sociedade completamente nova, na qual as mulheres pobres participariam como cidadãs plenas. Mulheres — legitimadas não pela ideia de igualdade com os homens, mas sim por sua atribuição tradicional de alimentar os familiares, defendendo seus interesses como donas de casa — haviam reivindicado o contrôle de preços e mostrado uma alternativa à economia capitalista exigindo que o Estado desempenhasse um papel de protetor dos menos favorecidos ao regular a economia. reticências Embora as ativistas da Revolução Francesa tenham sido derrotadas (e, posteriormente, por muito tempo, repudiadas e esquecidas) e conquistas femininas específicas tenham sido desprezadas, sua memória e seu legado serão retomados, mais tarde, nos diversos campos de ação de mulheres em suas lutas a partir da terceira década do século dezenove.”

Pínsqui, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria. Igualdade e especificidade. In: Pínsqui, Jaime; Pínsqui, Carla Bassanezi (organizador). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003. página 270-271.

De cônsul a imperador

Em agosto de 1802, Napoleão foi elevado à condição de cônsul vitalícioglossário , por meio de um plebiscito popular. Enquanto isso, as fôrças estrangeiras ligadas ao Antigo Regime, apoiadas pela Grã-Bretanha, reorganizavam-se para impedir a expansão das ideias liberais na Europa. A França controlava grande parte do litoral europeu e fazia o possível para dificultar o comércio dos produtos britânicos, que eram os principais concorrentes das mercadorias francesas.

Em maio de 1803, após alegar o descumprimento do tratado de paz assinado entre os dois países, a Grã-Bretanha declarou guerra aos franceses. A Prússia, a Rússia e a Áustria, que temiam o crescimento da influência de Napoleão na Europa, uniram-se aos britânicos.

Além disso, em setembro de 1803, um grupo de generais, descontentes com os rumos da França, procurou se aliar aos herdeiros da coroa francesa para restaurar a monarquia. O plano foi descoberto pela polícia, e os principais suspeitos foram presos e executados.

Nesse contexto, Napoleão difundia a ideia de que a nação estava em perigo, ameaçada por potências estrangeiras e conspirações internas, e por isso precisava de mais poderes para salvar a República Francesa. A estratégia deu resultado. Em maio de 1804, o império foi proclamado na França e uma nova constituição foi promulgada no país. No dia 2 de dezembro de 1804, na Catedral de Notre-Dame, em Paris, Napoleão Bonaparte coroou-se imperador.

Pintura. Muitas pessoas próximas ao altar de uma igreja. Uma mulher está ajoelhada em uma almofada diante do altar. Ela tem o cabelo preso, usa um vestido claro e um manto vermelho sobre ele. Mulheres atrás dela seguram as pontas do manto. À sua frente, um homem em pé, de roupas claras e manto vermelho igual ao da mulher, ergue uma coroa, num gesto de quem colocará a coroa sobre a cabeça da mulher. De frente para a mulher e atrás do homem, pessoas com vestes clericais, com mantos brancos com detalhes dourados e segurando cetros dourados. Um deles usa uma mitra sobre a cabeça. Ao redor, várias pessoas assistem à cena.
Sagração do imperador Napoleão primeiro e coroação da imperatriz Josefina, pintura de jác lui daví, 1806-1807. Museu do Louvre, Paris, França. Napoleão tomou a coroa das mãos do papa Pio sétimo e se coroou, de frente para o público e de costas para o pontífice, coroando a imperatriz logo em seguida.

A guerra contra a Grã-Bretanha continuava. Em 1805, na Batalha de Trafalgar, as fôrças napoleônicas foram derrotadas no mar pela superioridade naval britânica. Por terra, entretanto, Napoleão se mostrou imbatível. Em dezembro daquele ano, o imperador francês aniquilou as fôrças inimigas da Áustria e da Rússia na Batalha de austerlítz.

Após esse conflito, o Sacro Império Romano-Germânico foi abolido, e Napoleão reuniu dezesseis Estados alemães do antigo império na chamada Confederação do Reno, em 1806. O imperador francês estabeleceu ainda uma aliança bem-sucedida com o governo russo, em julho de 1807, e anexou territórios que antes pertenciam à Áustria e à Prússia.


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Medidas do cônsul vitalício

Em maio de 1803, Napoleão vendeu a Louisiana, território francês na América do Norte, para o governo dos Estados Unidos. Em 1806, o calendário da revolução foi abolido na França, e o termo república desapareceu dos documentos oficiais e das moedas do país. A França tornou-se oficialmente um império.

Ampliando: ascensão de Napoleão

“Não se pode precisar quando Napoleão começou a conceber que poderia completar seu poder já ‘monárquico’ (no sentido de poder único), com um título real ou imperial. No entanto, tudo na atitude do primeiro cônsul faz pensar em uma paciente ascensão, degrau por degrau, rumo a essa transição já embrionária no próprio princípio do consulado vitalício. reticências

Na impossibilidade de saber o que de fato pensava o primeiro cônsul, é possível, porém, revelar com mais certeza as circunstâncias que tornaram concebível, depois possível e, finalmente, inelutável sua marcha até o trono.

Após a eliminação das câmaras, a reorganização do exército, a reconciliação religiosa, o perdão dos emigrados, o sucesso do plebiscito de 1802 e a retomada econômica (que, no fundo, devia pouco à política governamental reticências) o Consulado não tinha mais inimigos interiores organizados. Com o Tratado de Amiens, também não havia mais inimigos externos. Até a ruptura da trégua com a Inglaterra, Bonaparte conheceu um ano de popularidade como raramente teve algum outro chefe de Estado francês. reticências O primeiro cônsul era legítimo por seus êxitos e vitórias. O golpe de Estado não havia deixado qualquer estigma.”

lênts, tiêrrí. Napoleão. São Paulo: Editora Unésp, 2008. página 85-87.

Crescimento e repressão

Napoleão investiu na construção civil, ordenando a reforma e a construção de estradas para diminuir o tempo de viagem entre as regiões do império. Na capital, Paris, ele efetuou várias melhorias: a pavimentação de ruas, a drenagem de pântanos, a construção de edifícios, pontes e mercados e a instalação de sistemas de iluminação pública a gás e de saneamento básico.

Em contrapartida, o imperador francês ampliou a censura sobre as artes e a imprensa: artistas e escritores foram perseguidos, e jornais e teatros, fechados. O imperador encomendava a impressão de boletins com suas versões sobre as batalhas. Esses impressos eram lidos em escolas, igrejas e praças públicas, contribuindo para o aumento de sua popularidade.

O Bloqueio Continental

Napoleão tinha conquistado grande parte da Europa, mas ainda não havia derrotado a Grã-Bretanha, principal adversária da França. Os britânicos tinham uma moeda mais forte, e o volume de comércio e a qualidade de suas manufaturas eram superiores aos dos franceses. O imperador francês sabia que para derrotar a Grã-Bretanha seria necessário debilitar suas atividades comerciais.

Em novembro de 1806, Napoleão determinou o bloqueio comercial às Ilhas Britânicas. A França, as nações aliadas e as áreas sob domínio francês foram proibidas de comercializar produtos e bens com os britânicos. Os países que descumprissem essa determinação sofreriam intervenção militar. Conhecida como Bloqueio Continental, essa medida foi tomada com o objetivo de garantir mercados para os produtos franceses e enfraquecer economicamente o país rival.

O Império Napoleônico (1811)

Mapa. O Império Napoleônico, 1811. Destaque para o território europeu.
Legenda: 
Vermelho: França em 1789. 
Listras rosas: Conquistas e anexações francesas de 1792 a 1795.
Listras laranjas: Territórios anexados ao império.
Amarelo: Países e Estados dominados por Napoleão.
Lilás: Estados independentes aliados de Napoleão. 
Verde claro: Principal País adversário. 
Linha verde-escuro: Limites do Império Napoleônico. 
Linha rosa: Confederação do Reno. 
Linha azul: Bloqueio Continental.
Ícone de navio: Base naval britânica.
No mapa, a França em 1789 corresponde ao território continental francês e à Ilha de Córsega. As conquistas e anexações francesas de 1792 a 1795 abrangem a área ao redor de Bruxelas e um pequeno território ao sul da França. Os territórios anexados ao império abrangem a área ao redor de Roma, o norte da atual Itália, a área dos Países Baixos em torno de Amsterdã, a área entre o sul da França e o leste da Espanha e o leste do Reino da Itália, no território próximo à atual Croácia. Os países e Estados dominados por Napoleão foram: Espanha com a capital Madri; Reino de Nápoles no sul da Península Itálica; Reino da Itália no norte da Península Itálica, incluindo a cidade de Milão; Suíça; Confederação do Reno, em território da atual Alemanha; e Grão-Ducado de Varsóvia, em território da atual Polônia. Os Estados independentes aliados de Napoleão foram: Império Austríaco, com a capital em Viena; Império Russo, com a capital em Moscou; Prússia; Dinamarca; Suécia; e Noruega. O principal país adversário da França era o Reino da Grã-Bretanha e Irlanda, com a capital em Londres. Os limites do Império Napoleônico localizam-se à oeste da Confederação do Reno, à sudoeste do Império Austríaco, à oeste da Suíça, à leste e à oeste do Reino da Itália, e à leste da Espanha. A Confederação do Reno abrangeu a área no centro da Europa, em território pertencente à atual Alemanha, incluindo as cidades de Hamburgo e Leipzig. O Bloqueio Continental abrangeu todo o litoral norte e sul da Europa, com exceção da costa de Portugal. Bases navais britânicas localizam-se ao sul da Ilha da Sicília; ao sul de Gibraltar; e na costa oeste da Dinamarca.
Na parte inferior, no centro, rosa dos ventos e escala de 0 a 290 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. página 82-85.

Saiba mais

Napoleão na Península Ibérica

Em outubro de 1807, França e Espanha assinaram o Tratado de Fontainebleau, pelo qual os dois países decidiram iniciar a invasão e a partilha de Portugal. As tropas franco-espanholas ocuparam o território português, e a família real portuguesa fugiu para o Brasil. Napoleão, contrariando as cláusulas do tratado, apoderou-se sozinho de Portugal e investiu contra a Espanha. As tropas francesas ocuparam Madri, e o imperador francês obrigou o rei da Espanha a renunciar ao trono, em maio de 1808.


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Leitura cartográfica

Oriente os alunos na leitura cartográfica, associando as cores e as linhas da legenda às representações do mapa e analisando as regiões para as quais o Império Napoleônico estendeu seus domínios. Sugere-se que a turma interprete cada uma das categorias da legenda e relacione as informações aos conteúdos estudados nas páginas 82 e 83. Nesse sentido, os alunos podem comentar a extensão dos territórios e Estados dominados pela França, a dimensão das restrições impostas pelo Bloqueio Continental, a posição geográfica da França em relação à sua principal rival no período (a Grã-Bretanha), entre outros aspectos.

Ampliando: a polícia política

No governo de Napoleão Bonaparte, a polícia política se transformou em um eficiente aparelho de censura e repressão na França. Comandada por josêf fuchê, essa instituição tinha como tarefa principal censurar as notícias negativas sobre o imperador, como exemplifica o trecho a seguir.

“Senhor fuchê [então comandante da polícia política francesa], reprima um pouco os jornais, faça com que sejam escritos bons artigos, faça os redatores dos debates compreenderem reticências que o tempo da revolução acabou, que na França há apenas um partido reticências.”

BONAPARTE, Napoleão. [Carta enviada para o comandante da polícia política francesa]. Destinatário: josêf fuchê. França, 22 abril 1804. nota de rodapé 1 carta. Disponível em: https://oeds.link/fNom2X. Acesso em: 1º abril 2022. (Tradução nossa).

Indicação de filme

Napoleão Bonaparte é um personagem da história que foi representado em vários meios, inclusive no cinema. O filme Désirée, o amor de Napoleão, dirigido por rênri cóster (1954), narra a trajetória de Napoleão abordando sua história de amor com Désirée. Filha de um modesto comerciante francês, Désirée é deixada de lado por Bonaparte em função das ambições políticas do líder francês. Enfatize para os alunos a importância de assistir ao filme com uma postura crítica, considerando que a obra expressa a perspectiva de seus realizadores, não sendo, portanto, um registro fiel dos acontecimentos históricos. A classificação indicativa do filme é livre.

O fim do Império Napoleônico

Com o avanço das conquistas napoleônicas na Europa, o Império Francês chegou a ter mais de 4 milhões de súditos. Para manter essas áreas integradas a Paris, Napoleão designou parentes para governá-las, prática que hoje é conhecida por nepotismo.

Embora as funções administrativas mais importantes fossem confiadas aos franceses, políticos naturais de cada área conquistada podiam participar da administração pública nos senados locais. Por meio de nomeações, reformas e concessões políticas, Napoleão conseguiu apoio de grande parte da população dos territórios conquistados. Nem todos, contudo, submeteram-se ao novo governo de fórma pacífica. Quando Napoleão obrigou o rei da Espanha a abdicar do trono, em 1808, em favor de seu irmão José Bonaparte, a população espanhola reagiu violentamente.

O maior problema para o governo de Napoleão começou quando a Rússia rompeu com o Bloqueio Continental. Em junho de 1812, o imperador francês reuniu mais de 600 mil homens e iniciou a campanha de invasão da Rússia. Os russos evitaram confrontos diretos, preferindo utilizar a tática da terra arrasada, que consistia em destruir os campos cultivados e tudo o que pudesse fornecer suprimentos para as fôrças de Napoleão.

As dificuldades para o exército napoleônico se tornaram maiores no inverno, pois as temperaturas atingiam 30grauscélsius negativos. Com muita dificuldade, Napoleão conseguiu chegar a Moscou, acompanhado por menos de 100 mil homens. A cidade estava abandonada, e o quizár russo, que se encontrava na então capital São Petersburgo, negou-se a iniciar qualquer tipo de negociação. Humilhado, o imperador francês foi obrigado a marchar de volta para Paris.

A derrota na Rússia não só enfraqueceu o exército de Napoleão, como também mostrou a seus inimigos que ele podia ser vencido. A população dos territórios ocupados começou a se rebelar: em 1813, a Holanda tornou-se independente e a Confederação do Reno foi dissolvida. Uma coligação encabeçada por Áustria, Prússia e Rússia invadiu a França em março de 1814. Napoleão aceitou abdicar em troca da soberania sobre a Ilha de Elba e da promessa de uma pensão anual de 2 milhões de francos, que seria paga pelo governo francês.

Pintura. Pessoas em fila, caminhando na neve. Usam roupas de pele e chapéus. O homem à frente da fila carrega uma pessoa nas costas. Na neve diversas marcas de pés.
Na marcha de Moscou, pintura de láslet djôn pót, 1873.

Refletindo sobre

O nepotismo é uma prática que afeta não só a política, mas também outros setores da esfera pública. Ele se caracteriza pela oferta e recebimento de vantagens profissionais entre familiares. Dessa fórma, valorizam-se os laços familiares em detrimento da capacidade profissional do indivíduo. Para você, qual é a importância de se combater o nepotismo na vida pública? Por que essa prática é injusta e de que fórma ela afeta toda a sociedade?


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O nepotismo

Luís Bonaparte, irmão de Napoleão, foi nomeado rei da Holanda; José Bonaparte, irmão mais velho do imperador, ocupou o trono de Nápoles, depois o da Espanha e o das Índias; o irmão caçula, Jerônimo, recebeu a coroa de Vestefália; sua irmã, Elisa Bonaparte, tornou-se a grã-duquesa da Toscana; o enteado, Eugênio de boarné, foi escolhido vice-rei da Itália; e Joaquim Múrát, cunhado de Napoleão, tornou-se rei de Nápoles.

Refletindo sobre

A atividade promove a reflexão dos alunos sobre o fato de que quem pratica o nepotismo não leva em consideração a competência técnica de um profissional, e sim seus vínculos de parentesco. Essa prática é injusta, pois a função ou os cargos públicos oferecidos não são ocupados pelos profissionais mais capacitados. Essa prática atenta contra a democracia, afetando toda a sociedade, na medida que, muitas vezes, desrespeita a legislação no que se refere ao acesso a cargos da administração pública, que devem ser conquistados por meio de concurso público (provas de seleção), por exemplo.

Bê êne cê cê

Ao promover uma reflexão a respeito do nepotismo contemporâneo e solicitar ao aluno que se posicione criticamente sobre essa prática, a atividade desenvolve habilidades de análise crítica e se relaciona com o tema contemporâneo transversal Vida familiar e social. Além disso, contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1 e nº 6, bem como da Competência específica de Ciências Humanas nº 2 e da Competência específica de História nº 1.

O governo dos cem dias

Na França, Luís dezoito, irmão do rei decapitado durante a revolução, assumiu o trono. Em maio de 1814, ele assinou o Tratado de Paris, que restabelecia as fronteiras francesas de 1792. O novo governante foi visto por muitos setores da sociedade francesa como uma imposição da coligação estrangeira que havia vencido Napoleão. Muitos temiam que a restauração da dinastia dos Bourbon e da antiga aristocracia promovesse um retrocesso e a supressão das conquistas revolucionárias.

Entretanto, Napoleão, exilado na Ilha de Elba, mantinha-se informado sobre a situação política francesa, dedicando-se a organizar sua volta ao governo. Após dez meses de exílio, o descontentamento dos franceses com a monarquia restaurada e a situação financeira de Napoleão, que não recebera a pensão prometida, foram suficientes para motivar o retorno do ex-imperador à França. Ao chegar ao país, ele foi aclamado por grande parte da população.

Com isso, o rei Luís dezoito saiu da França, e Napoleão assumiu o governo sem dificuldades. Seu exército, contudo, não foi suficiente para vencer as fôrças inimigas comandadas pelos britânicos. Depois de apenas cem dias de governo, Napoleão Bonaparte foi derrotado na Batalha de uóterlú, na Bélgica, em junho de 1815. Luís dezoito reassumiu o trono, e Napoleão foi exilado na Ilha de Santa Helena. Morreu em 1821, aos 51 anos de idade.

Charge. Napoleão sentado. Na metade esquerda da charge, ele está de farda, com paletó verde com detalhes em vermelho e dourado, calça branca e botas até a altura do joelho. Sobre sua cabeça, metade de uma coroa. Está sentado em um trono, com o pé apoiado em uma banqueta baixa. Com a mão ele segura um pequeno cetro que aponta para um globo terrestre, no qual é possível ler nomes de alguns países, grafados em inglês. Na metade direita da charge, Napoleão está com a farda rasgada no cotovelo e no joelho, chapéu preto no lugar da coroa e sentando sobre uma montanha. Sua perna está esticada e apoiada sobre o solo, no qual está escrito Santa Helena. Ao fundo embarcações com a bandeira da Inglaterra.
O que era/O que é, charge de J. L. márquis satirizando o exílio de Napoleão na Ilha de Santa Helena, século dezenove. Biblioteca Nacional da França, Paris.

Respostas e comentários

Ampliando: o exílio de Napoleão na Ilha de Santa Helena

“Santa Helena: um ponto no mapa, uma boia perdida no Atlântico Sul, castigada pelo vento e pela chuva. À medida que seu navio-prisão se aproximava, Napoleão olhava para os penhascos íngremes da ilhota através de seus binóculos de campanha. ‘Não é lugar bonito. Eu deveria ter ficado no Egito.’

reticências Santa Helena ainda era terrivelmente remota: a terra firme mais próxima, a costa ocidental da África, fica a .1800 quilômetros de distância, e a França, a 8 mil quilômetros. ‘Esta é uma ilha desgraçada. É uma prisão’, disse Napoleão quando desembarcou, acrescentando que para suportar a vida em tal lugar ‘necessitarei de muita fôrça e coragem’.

Após uma curta estadia em uma casa particular, sob ordens das autoridades inglesas, Napoleão se mudou para lông uúd, uma casa de fazenda reticências. Esta seria o lar de Napoleão pelos últimos cinco anos e meio de sua vida.”

cronân, vãnçan. Napoleão: uma vida. Barueri: amarílis, 2013. página 410.

O Congresso de Viena

Quando Napoleão estava na Ilha de Elba, representantes de Grã-Bretanha, Rússia, Prússia, Áustria e outros Estados europeus se reuniram na cidade de Viena, na Áustria, em setembro de 1814. Os objetivos centrais desses países, no Congresso de Viena, eram reorganizar as fronteiras da Europa e definir medidas para garantir a estabilidade política do continente.

Durante o congresso, que se estendeu até junho de 1815, decidiram-se o restabelecimento das bases políticas do Antigo Regime e a restauração das dinastias que haviam sido depostas por Napoleão. Também foi fixada uma pesada indenização que deveria ser paga pelos franceses. No Congresso de Viena definiu-se ainda uma nova configuração geográfica para o continente europeu: a França manteve as fronteiras que tinha antes de 1792 (conforme determinado no Tratado de Paris), a Prússia e a Áustria recuperaram seus territórios, e a Rússia anexou a Finlândia e a Polônia.

Foi estabelecido ainda um equilíbrio de poder político-militar entre as diversas nações europeias. Rússia, Prússia e Áustria se uniram na Santa Aliança, uma coligação militar, para garantir os acordos firmados durante o Congresso de Viena e combater os movimentos liberais e nacionalistas inspirados nos ideais da Revolução Francesa que eclodiam na Europa. Contudo, por influência britânica, a Santa Aliança não interferiu nos movimentos de emancipação que já haviam sido iniciados nas colônias espanholas da América.

Pintura feita em caixa circular. A borda do círculo está decorada com a imagem de vinte e dois homens, cada um dentro de um pequeno círculo. No centro, um anjo em uma estrutura puxada por quatro cavalos. Estão no topo de uma grande construção. À esquerda, pessoa montada em um animal alado, e à direita, soldado voando, abraçado a uma ave, ambos apoiados sobre um arco-íris. No centro, acima deles, uma estrela com noves pontas e o desenho de um homem dentro dela. Abaixo, mais duas estrelas de nove pontas com a imagem de dois homens de farda.
Caixa comemorativa da coalizão da Santa Aliança, 1815. Museu Nacional, Estocolmo, Suécia.

Conexão

A tríade: liberdade, igualdade e fraternidade

Disponível em: https://oeds.link/Syy7hw. Acesso em: 19 abr. 2023.

A tríade é um jogo educativo eletrônico criado pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento das Comunidades Virtuais da Universidade do Estado da Bahia (unébi). Nesse jogo, você será desafiado a tomar decisões e a resolver situações enfrentadas pelos personagens Enrri, jêâne e Clôd na França pré-revolucionária e durante a Revolução de 1789.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Identifique as principais medidas adotadas por Napoleão Bonaparte nos seguintes setores.
    1. Administrativo.
    2. Educacional.
    3. Financeiro.
    4. Jurídico.
    5. De segurança.
  2. Considerando as principais decisões de Napoleão relacionadas aos diferentes setores da sociedade francesa, reflita e descreva como seria a imagem do imperador diante dos seguintes grupos sociais: burguesia industrial, nobreza, clero, camponeses, mulheres e operários.
  3. O governo de Napoleão Bonaparte na França representava, para as potências ligadas ao Antigo Regime, uma grave ameaça. Explique essa afirmação.
  4. Qual era a principal finalidade dos países participantes do Congresso de Viena?

Respostas e comentários

Recapitulando

    1. Uniformizou e hierarquizou a administração dos departamentos franceses.
    2. Criou escolas secundárias, liceus e sistemas de diplomas para os graus acadêmicos.
    3. Criou o Banco da França e recuperou as finanças do país.
    4. Padronizou os processos jurídicos, os juízes passaram a ser nomeados e unificou as leis por meio do Código Civil.
    5. Combateu o banditismo e instalou tribunais militares especiais para julgar os casos de contrarrevolução.
  1. Burguesia industrial: apoiavam o imperador, pois ele reafirmou o direito inviolável à propriedade, criou um banco destinado a financiar o crescimento industrial e proibiu as greves e os sindicatos dos trabalhadores.

Nobreza: era o setor que mais desprezava Napoleão. Além de manter a reforma agrária, ele representava o homem do povo que chegou ao poder pelo mérito pessoal, o que contrariava o princípio da hierarquização social pelo critério do nascimento.

Clero: se, por um lado, Napoleão reaproximou o Estado da Igreja, por outro, transformou os clérigos em funcionários públicos e retirou do contrôle da Igreja atribuições que antes eram exclusivas dela, como a emissão dos registros de casamento e de nascimento.

Camponeses: favorecidos pela reforma agrária, pelo fim das obrigações feudais e pelo direito à propriedade conquistado durante a revolução, os camponeses representavam a base social mais importante de Napoleão.

Mulheres: provavelmente não tinham uma imagem positiva de Napoleão. Muitas tinham lutado na revolução e devem ter se sentido traídas ao serem consideradas “civilmente incapazes” no Código Civil.

Operários: o Código Civil Napoleônico proibiu as greves e as organizações de trabalhadores. É possível que eles também não tivessem mantido uma imagem positiva de Napoleão.

  1. As realizações de Napoleão eram vistas como a consolidação de importantes conquistas revolucionárias. As potências ligadas ao Antigo Regime temiam o confisco das terras e sua distribuição aos camponeses, o fim da servidão e dos privilégios de origem feudal, bem como a supressão da legitimidade das dinastias reinantes.
  2. O Congresso de Viena foi uma reunião ocorrida em 1814 entre as potências europeias que venceram a guerra contra a França. A principal finalidade dos países participantes era criar medidas para reorganizar as fronteiras da Europa e garantir a estabilidade política do continente. Desse modo, determinou-se a restauração das dinastias depostas por Napoleão e a formação da Santa Aliança para combater os movimentos liberais e nacionalistas na Europa.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Durante a Revolução Francesa, foram criadas diversas alegorias revolucionárias, como a liberdade, a república, a nação e a pátria, que eram representadas por figuras femininas e, muitas vezes, relacionadas à mitologia greco-romana. Sobre o tema, leia o texto a seguir.

reticências Poderiam servir de modelos de comportamento para as mulheres da época: as matronas romanas, as mães espartanas, ou os rostos virginais das ‘Liberdades’ [que] inspiravam valores eternos, mas dentro da austeridade da república. reticências Dessa fórma, enquanto as mulheres de carne e osso eram excluídas da vida pública, as deusas podiam ser exaltadas porque eram abstratas, coletivas, estavam acima das turbulências revolucionárias reticências: não votavam, não faziam petições à Assembleia nem protestavam nas ruas. Em outras palavras, não exerciam nenhum poder.

Morrã, Tania Machado. Práticas e representações das mulheres na Revolução Francesa (1789-1795). 2009. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. página 172.

  1. Segundo o texto, o que explicaria o uso de figuras femininas, como deusas da cultura clássica, nas alegorias da Revolução Francesa?
  2. As alegorias femininas revelam as contradições do processo revolucionário em relação às mulheres. Identifique-as.
  3. Na sua opinião, a sociedade ainda impõe um ideal de mulher? Por quê?

Aluno cidadão

2. Analise a charge a seguir e faça o que se pede.

Charge. Rapaz careca, de roupas largas, pichando um muro. No muro estava escrito três palavras. LIBERTÉ (liberdade), escrito em azul; EGALITÉ (igualdade), escrito em branco; e FRATERNITÉ (fraternidade), escrito em vermelho. Embaixo de LIBERTÉ ele escreveu PROVISOIRE (provisória); embaixo de EGALITÉ ele escreveu DÉRISOIRE (insignificante); e embaixo de FRATERNITÉ ele escreveu ALÉATOIRE (eventual). A pichação é feita em preto, e a tinta escorre das palavras pelo muro.
Na charge, lê-se, da esquerda para a direita e no sentido vertical, “Liberdade provisória, igualdade insignificante, fraternidade eventual”. Charge de michél quíchica, 2008.
  1. Identifique o que essa charge critica, citando exemplos recentes para justificar a mensagem contida nela.
  2. De que fórma a crítica da charge se aplica ao Brasil?
  3. As suas ações cotidianas promovem o respeito aos direitos de liberdade, igualdade e fraternidade? De que fórma? Que atitudes suas podem ser melhoradas para a construção de uma sociedade mais justa?

Respostas e comentários

Atividades

    1. O uso de figuras femininas nas alegorias procurou, além de divulgar os ideais da revolução, inserir um padrão de comportamento para as mulheres, que deviam ser esposas austeras, maternais e submissas. O uso de deusas também mostrava um contraponto às mulheres francesas para afirmar que aquelas eram superiores e representavam a coletividade e, por isso, podiam ser exaltadas, diferentemente das francesas que participaram ativamente do processo revolucionário.
    2. Apesar dos ideais de igualdade e liberdade e do fato de muitas mulheres terem participado da revolução, seus direitos eram limitados. Elas não podiam usufruir deles plenamente, sendo vistas como indivíduos que deviam submissão e respeito aos homens. As alegorias femininas que impunham um modelo ideal de mulher demonstravam essa dualidade: ao mesmo tempo que representavam os ideais da Revolução de 1789, reafirmavam a posição de submissão das mulheres.
    3. Espera-se que os alunos reflitam sobre a idealização da figura feminina, ainda recorrente em nossa sociedade, usando exemplos da atualidade. Propagandas, revistas, programas de televisão e ou ou postagens em redes sociais que divulguem a imagem de uma mulher idealizada podem ser mencionados.
    1. A charge critica o desrespeito aos direitos à liberdade, à igualdade e à fraternidade. Os alunos podem explicar, por exemplo, que a liberdade é provisória porque muitos indivíduos são censurados e sofrem repressão por manifestar seus pensamentos e reivindicações; a igualdade é ilusória porque a desigualdade social e os preconceitos racial, de gênero, étnico e religioso, entre outros, ainda existem em muitos países; e a fraternidade é eventual porque é muito comum que os interesses individuais se sobreponham às necessidades coletivas, dificultando a construção de um mundo mais justo.
    2. A desigualdade social é marcante em muitas cidades brasileiras. Além disso, ainda existem diversos tipos de preconceito, repressão aos movimentos sociais, entre outros problemas.
    3. Espera-se que os alunos identifiquem ações ligadas à promoção dos direitos humanos. Entre as atitudes que contribuem para uma sociedade mais justa é possível citar o combate ao preconceito racial, ao bullying e a práticas de exclusão, como a gordofobia e o capacitismo.

Bê êne cê cê

A atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 2, nº 4, nº 7, nº 8, nº 9 e nº 10, bem como das Competências específicas de Ciências Humanas nº 1, nº 2, nº 3, nº 4 e nº 6.

Conversando com arte

3. O pintor belga jãn joséf vírts se instalou em Paris em 1867 como estudante da tradicional Escola Imperial de Belas Artes. Na pintura O assassinato de marrá, ele representou a morte do médico, cientista e ativista político jãn pôl marrá. Aliado dos jacobinos e defensor de propostas radicais durante a Convenção, marrá foi assassinado pela girondina Charlóte Cordé. Junte-se a um colega, observem a imagem e respondam às questões.

Pintura. À direita, pessoas armadas com objetos e espadas nas mãos, estão da porta para dentro de um cômodo. Eles estão de boca aberta e olhos arregalados. A maioria utiliza roupas simples. Em destaque, um homem e uma mulher utilizando o barrete frígio. Eles estão inclinados para à esquerda, na direção de uma mulher encostada na parede de forma acuada. Ela veste um longo vestido azul de listras pretas e lenço azul claro na cabeça. Segura um objeto pontiagudo na mão. Entre ela e as pessoas na porta, o corpo de um homem estirado, sem roupa, com sangue no tórax. O corpo está em uma banheira, rodeada por cadeiras viradas.
O assassinato de marrá, pintura de jãn joséf vírts, 1886. Museu de Arte e da Indústria André díligênt, rubé, França.
  1. Identifiquem os personagens representados. A que grupo social e político da França revolucionária eles podem ser associados? Descrevam os elementos da imagem (vestuário, objetos, cores etcétera) que vocês utilizaram para responder a essa questão.
  2. No século dezenove, muitos artistas europeus que se dedicaram à pintura histórica procuraram incorporar, em suas obras, as camadas populares e os acontecimentos relacionados às lutas sociais. Vocês percebem essas características na obra de jãn joséf vírts? Justifiquem.
  3. Muitos artistas franceses contribuíram para a construção da imagem de marrá como mártir. Na opinião de vocês, vírts procurou fazer isso nessa obra? Por quê?

enêm e vestibulares

4. (enêmMéqui)

Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século dezoito – em 1789, precisamente – que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e das mentalidades: o Iluminismo.

FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado).

Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento que tem como uma de suas bases a

  1. modernização da educação escolar.
  2. atualização da disciplina moral cristã.
  3. divulgação de costumes aristocráticos.
  4. socialização do conhecimento científico.
  5. universalização do princípio da igualdade civil.

Respostas e comentários
    1. marrá é representado sem camisa na banheira, vítima da girondina Tchárlót, que está vestida de azul e segurando o objeto que utilizou para cometer o assassinato. Os demais personagens são do terceiro estado. Eles utilizam roupas simples; por isso, infere-se que representam trabalhadores urbanos e camponeses. À direita da pintura, o homem e a mulher que utilizam o barrete frígio representam os sans-culottes. Um deles está descalço, o que denota sua condição de pobreza.
    2. Essas características estão presentes na obra. marrá representa os jacobinos aliados dos sans-cullotes e Tchárlót representa os girondinos – justamente os grupos que disputavam o poder no momento da morte de marrá.
    3. Sim, pois o artista, ao compor a expressão facial e corporal de marrá, mostra sacrifício, martírio e devoção em uma cena trágica. A violência e a indignação das figuras, ao dirigir o olhar para a mulher que assassinou marrá, expressam a importância desse líder revolucionário para os sans-culottes.

Interdisciplinaridade

Ao propor a análise de uma obra de arte que representa elementos do processo revolucionário francês, a atividade desenvolve habilidades de análise documental iconográfica e habilidades do componente curricular arte, especificamente a habilidade ê éfe seis nove á érre três um.

4. Alternativa ê.

Glossário

Título honorífico
: título concedido a alguém por meio do qual se reconhece sua honra, distinção ou dignidade.
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Constituição
: conjunto das leis fundamentais que regem uma nação. Ela regula as relações entre governantes e governados, estabelecendo limites entre os poderes e garantindo os direitos individuais.
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Confiscar
: apreender em nome do fisco (setor da administração pública que cuida da arrecadação de impostos).
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Escola secundária
: equivalente, no Brasil, ao segundo ciclo do Ensino Fundamental.
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Liceu
: colégio interno exclusivo aos jovens do sexo masculino a fim de prepará-los para assumir os principais cargos da administração pública e do exército na França. Nos liceus, era priorizado o estudo de línguas e de ciência.
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Vitalício
: por toda a vida.
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