CAPÍTULO 8 O Segundo Reinado
Fruto de um longo processo histórico de exploração e depreciação dos africanos e seus descendentes em favor de uma suposta “superioridade branca”, o racismo é um grave problema em diferentes países, incluindo o Brasil. Esse preconceito está presente ainda na atualidade e se manifesta, por exemplo, na valorização social e midiática de um padrão de beleza que se baseia no fenótipo dos brancos europeus e na desqualificação de outras características físicas.
Nesse contexto, nos últimos anos, os movimentos negros e outras organizações sociais têm crescido e colocado em evidência o preconceito racial, desnaturalizando-o por meio do debate e da criação de ações que valorizam os negros, suas religiões, suas estéticas, suas artes, seus modos de ser, isto é, sua grande diversidade étnica e cultural. Umas das fórmas mais efetivas de promover transformações na sociedade brasileira no que se refere à questão racial é garantir espaço para que as pessoas negras participem ativamente das decisões políticas do país.
- Em que situações você reconhece o preconceito racial no Brasil?
- Você já presenciou episódios de racismo ou foi vítima dele? Se sim, o que aconteceu?
- De que maneira o passado escravista brasileiro se relaciona com o preconceito racial na atualidade?
- Em sua opinião, qual é a melhor fórma de combater a discriminação racial? Converse com os colegas sobre isso.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Este capítulo contempla as habilidades ê éfe zero oito agá ih dois um e ê éfe zero oito agá ih dois sete (por meio da análise das políticas oficiais com relação aos povos indígenas e do reconhecimento dos impactos negativos dos discursos civilizatórios para esses povos e para as populações negras) e as habilidades ê éfe zero oito agá ih um sete e ê éfe zero oito agá ih um oito (ao investigar o contexto que levou à eclosão da Guerra do Paraguai, suas consequências e o debate historiográfico sobre o tema). Também contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero oito agá ih um cinco (ao analisar os grupos políticos e seus interesses durante o Segundo Reinado), ê éfe zero oito agá ih um seis (ao tratar da Revolução Praieira como movimento contestatório do poder centralizado), ê éfe zero oito agá ih um nove e ê éfe zero oito agá ih dois zero (ao explorar o processo que levou ao fim da escravidão, propondo a análise de fontes do período e discutindo o legado e a herança da escravidão no Brasil atual) e ê éfe zero oito agá ih dois dois (ao analisar aspectos culturais do Segundo Reinado). O trabalho para o desenvolvimento dessas habilidades se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações no quadro de habilidades do ano.
Objetivos do capítulo
- Caracterizar o cenário político, socioeconômico e cultural do Segundo Reinado.
- Analisar as políticas indigenistas do período.
- Identificar os embates entre liberais e conservadores.
- Analisar a Guerra do Paraguai e o debate historiográfico sobre o tema.
- Caracterizar a produção cafeeira no Oeste paulista e no Vale do Paraíba, reconhecendo a importância do cultivo de outros gêneros para a economia nacional.
- Compreender o contexto que levou à abolição da escravidão no Brasil, avaliando as possibilidades de inserção social dos libertos e valorizando o protagonismo dos negros nesse processo.
- Analisar a política cultural do Segundo Reinado, identificando os contrastes entre a cultura erudita e a cultura popular.
- Analisar como o Romantismo brasileiro contribuiu para criar uma identidade nacional, exaltando e idealizando a imagem do indígena.
- Explicar os acontecimentos que levaram ao fim do regime monárquico no Brasil.
- Analisar o legado da escravidão no Brasil atual, reconhecendo a importância das políticas afirmativas voltadas para os afrodescendentes.
Abertura do capítulo
A abertura do capítulo promove a reflexão sobre o racismo contra populações negras na atualidade e a valorização das ações que estimulam a participação efetiva desses grupos nas decisões políticas. Entre as situações comuns de preconceito racial no Brasil estão o uso de expressões e termos pejorativos associados à cor preta, como “a coisa está preta”, “denegrir” e “serviço de preto”; depreciação social das características físicas das pessoas negras, como tipo do cabelo, formato do nariz e cor da pele; impedimento à livre circulação em locais como shoppings e lojas; impunidade dos que cometem crime de racismo, entre outras.
Espera-se que os alunos identifiquem o sistema escravista mantido por quase quatrocentos anos no Brasil como uma das principais estruturas sobre a qual se formou a sociedade brasileira, que é responsável pela persistência no racismo nas relações sociais atuais. Espera-se também que associem a maior participação das pessoas negras nas decisões políticas no país como caminho essencial para combater a discriminação racial na sociedade.
A política no Segundo Reinado
Após assumir o trono em 1840, Dom Pedro segundo convocou políticos do grupo liberal, que haviam conduzido a campanha pela antecipação de sua maioridade, para compor o ministério. A decisão desagradou os conservadores, que constituíam a maioria na Câmara dos Deputados. Pressionado, Dom Pedro segundo dissolveu a Câmara e convocou eleições.
Os liberais se valeram de todo tipo de artifício para garantir a vitória no pleito, realizado em outubro de 1840: falsificação de votos, roubo de urnas e até uso da violência contra eleitores e adversários políticos. Em razão disso, essas eleições ficaram conhecidas como Eleições do Cacete.
A vitória dos liberais, no entanto, não garantiu a estabilidade política. A Revolta dos Farrapos continuava no Sul, fortalecendo o argumento dos conservadores, que defendiam a centralização política para restabelecer a ordem interna. Em março de 1841, o imperador convocou os conservadores para compor o gabinete.
Essa medida, contudo, revoltou os liberais. Nas províncias de São Paulo e de Minas Gerais, em 1842, eles se rebelaram contra o imperador para preservar seus poderes. Porém, nos dois locais o movimento foi rapidamente controlado pelas tropas imperiais.
Depois desses episódios, começou a se manifestar entre os dois partidos uma diferença política que, na prática, garantiu o modelo de centralização defendido pelos conservadores.
Do final da década de 1830 até a segunda metade da década de 1860, os conservadores conseguiram se impor na política do Segundo Reinado. Os liberais, ainda que defendessem um projeto distinto, quando assumiam o poder, seguiam as políticas estabelecidas pelos conservadores.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao apresentar e analisar os grupos políticos e seus interesses durante o Segundo Reinado, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih um cinco.
Ampliando: luzias e saquaremas
“ reticências Ficou célebre uma frase atribuída ao político pernambucano Holanda Cavalcanti: ‘Nada se assemelha mais a um saquarema do que um luzia no poder’. ‘Saquarema’, nos primeiros anos do Segundo Império, era o apelido dos conservadores. reticências ‘Luzia’ era o apelido dos liberais, em uma alusão à Vila de Santa Luzia, em Minas Gerais, onde ocorreu a maior derrota destes, no curso da Revolução de 1842. A ideia de indiferenciação dos partidos parecia também confirmar-se pelo fato de ser frequente a passagem de políticos de um campo para o outro. reticências
Ao considerar a questão, devemos ter em conta que reticências Conservadores e liberais utilizavam-se dos mesmos recursos para lograr vitórias eleitorais, concedendo favores aos amigos e empregando a violência com relação aos indecisos e aos adversários. Aliás, havia uma dose considerada aceitável no uso desses recursos, e certas eleições ficaram famosas por superarem essa dose. É o caso da ‘Eleição do Cacete’, que, em 1840, garantiu a permanência dos liberais no governo. A divisão entre liberais e conservadores tem, assim, muito de uma disputa entre clientelas opostas, em busca das vantagens ou das migalhas do poder.”
FAUSTO, Boris. História do Brasil. quinta edição São Paulo: êduspi/ éfe dê é, 1997. página 180-181.
O parlamentarismo às avessas
Com a chegada de Dom Pedro segundo ao trono, o Poder Moderador e o Conselho de Estado foram restaurados. Em 1847, por meio de um decreto, o governo criou o cargo de presidente do Conselho de Ministros, nomeado pessoalmente por Dom Pedro segundo.
Aparentemente, o sistema inspirava-se no modelo parlamentarista do Reino Unido, em que o primeiro-ministro, figura que de fato governava, era escolhido pelo partido que obtinha a maioria dos votos nas eleições e definia os nomes para compor seu gabinete.
Contudo, no parlamentarismo do Brasil do Segundo Reinado, o Poder Executivo, em vez de ser nomeado pelo Legislativo, era subordinado ao imperador. Dom Pedro segundo, por meio do Poder Moderador, escolhia o presidente do Conselho de Ministros, o equivalente ao primeiro-ministro no parlamentarismo britânico. O monarca podia ainda demitir o presidente do Conselho e todo o ministério, dissolver a Câmara e convocar novas eleições. Por isso, esse sistema político ficou conhecido como “parlamentarismo às avessas”.
Por causa da rotatividade que caracterizou os ministérios de Dom Pedro segundo, conservadores e liberais se enfrentavam continuamente. Em 1853, o conservador Honório Carneiro Leão chefiou um gabinete conservador que incluiu alguns representantes liberais. Foi o Ministério da Conciliação. As divergências se abrandaram e teve início um período de estabilidade política.
Com a derrota dos praieiros (consulte o texto do boxe “Saiba mais”), os últimos rebeldes radicais do império, a unidade territorial foi assegurada e o Estado nacional brasileiro se consolidou.
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- Quem é a figura no centro da charge e quem ela manipula?
- Que relação é possível estabelecer entre um carrossel e a política partidária do Segundo Reinado?
Saiba mais
A Revolução Praieira
Em 1848, ocorreu a última grande revolta do Segundo Reinado. O movimento foi liderado por membros do Partido Liberal, que se reuniam na séde do jornal Diário Novo, localizado na Rua da Praia, em Recife. Por isso, os integrantes do partido eram conhecidos como praieiros. Eles defendiam a república, o fim do Poder Moderador, a liberdade de imprensa, o sufrágio universal e a nacionalização do comércio, controlado na província pelos portugueses.
Partindo de Olinda em 1848, as tropas revolucionárias iniciaram sua marcha em direção ao Recife. Usando táticas de guerrilha, os rebeldes tomaram a cidade no ano seguinte. A vitória dos praieiros, contudo, durou pouco. No fim de 1849, as fôrças imperiais já tinham vencido os rebeldes e retomado o contrôle da província.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao tratar da Revolução Praieira como uma das grandes revoltas contra o poder centralizado no Segundo Reinado, o boxe “Saiba mais” desta página contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih um seis.
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- A figura no centro da charge é Dom Pedro segundo. Ele manipula o Partido Liberal e o Partido Conservador, controlando a alternância de poder entre eles.
- Como em um carrossel, enquanto um “cavalo” sobe, o outro “desce”, ou seja, enquanto o Partido Liberal está no poder, o Partido Conservador sai, e vice-versa. A palavra diplomacia está escrita no vestido da mulher que empurra o eixo do carrossel. Seu sorriso é irônico e sarcástico, sugerindo que a diplomacia imperial se movia apenas na aparência, pois, como em um carrossel, os partidos sempre voltavam ao local de partida.
Ampliando: Revolução Praieira
“ reticências De fato, a Praieira encerra o ciclo das insurreições liberais do nordeste com uma retumbante derrota da oposição à oligarquia que vencera a disputa pelo poder na província durante a Independência. A história do movimento praieiro está, portanto, vinculada aos episódios formadores do Brasil como corpo político autônomo, o que não é de estranhar, afinal de contas, a Confederação do Equador ocorrera apenas 24 anos antes. Alguns dos jovens simpatizantes do movimento de 1824 seriam veteranos, liberais históricos como se dizia na época, em 1848.”
CARVALHO, Marcus J. M. de; CÂMARA, Bruno A. D. A Insurreição Praieira. Almanaque Braziliense, São Paulo, número 8, novembro 2008. página 6-7. Disponível em: https://oeds.link/mRQAL7. Acesso em: 14 abril 2022.
A política indigenista do Segundo Reinado
Desde 1500, a postura dos colonizadores europeus tinha sido a de considerar os povos indígenas que viviam nas terras do Brasil como um obstáculo à colonização ou como indivíduos que deveriam ser assimilados à cultura europeia para que se tornassem civilizados.
A assimilação dos indígenas era feita principalmente por meio de aldeamentos onde os indígenas eram agrupados para receber educação e ser disciplinados para o trabalho na agricultura. Desse modo, a violência em relação aos povos indígenas foi a regra: tanto por meio de conflitos que levaram ao extermínio das populações indígenas como por meio de ações civilizadoras, que invalidavam as culturas indígenas.
Essa fórma de proceder não foi significativamente alterada durante o Segundo Reinado, quando foram criadas algumas leis para regulamentar o contrôle sobre os indígenas e as terras que ocupavam. Em 1845, Dom Pedro segundo promulgou o Regulamento acerca das missões de catequese e civilização dos índios, que definia que as terras onde vivessem indígenas junto de indivíduos “civilizados”, isto é, a população de origem europeia e luso-brasileira, fossem incorporadas como propriedade do Estado. Além disso, a lei previa a instauração de aldeamentos, sob a administração de frades italianos da Ordem Menor dos Capuchinhos, onde as populações indígenas seriam doutrinadas no cristianismo e convertidas em mão de obra disponível. A ideia era que as aldeias se tornassem unidades agrícolas produtivas e lucrativas para o Estado.
Em 1850, a Lei de Terras representou um avanço no sentido de garantir aos indígenas alguns direitos sobre as terras que ocupavam; porém, na prática, o Estado continuava a basear suas ações na ideia de assimilação dessas populações.
Saiba mais
O discurso civilizatório
A política indigenista do Segundo Reinado se baseava em teorias criadas pelos europeus que afirmavam uma suposta superioridade racial dos brancos em relação aos negros, indígenas e outros. Assim, os brancos teriam a missão de civilizar os povos considerados por eles atrasados do ponto de vista tecnológico e cultural. Essas teorias sustentaram a escravização dos negros africanos e orientaram as políticas de assimilação dos indígenas americanos à cultura ocidental. O desrespeito aos seus modos de vida e à sua cultura levou ao extermínio de inúmeros povos nativos em diversas partes do mundo nesse período.
Refletindo sobre
Desde o início da Idade Moderna, as sociedades europeias buscaram impor seu modo de vida aos povos originários, pois os consideravam culturalmente inferiores. Hoje, diante dos impactos das mudanças climáticas causadas pelas ações humanas sobre o ambiente, as sociedades ocidentais têm buscado inspiração nos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas com o objetivo de reverter esse quadro. Em sua opinião, isso afeta o significado do conceito de civilização?
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao abordar a Lei de Terras, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih um sete. Ao analisar as políticas indigenistas durante o Segundo Reinado, contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois um. A seção “Saiba mais”, ao relacionar essas políticas indigenistas às teorias raciais do século dezenove, contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois sete.
Refletindo sobre
Espera-se que os alunos reflitam sobre os critérios que costumam ser usados para determinar o que é uma civilização e sobre a positividade que lhe é atribuída. Na acepção construída ao longo dos séculos dezoito e dezenove, o conceito é atrelado à ideia de que as sociedades humanas se desenvolvem segundo etapas progressivas e o grau mais avançado desse desenvolvimento corresponde a uma fórma de vida específica que inclui, entre outras características, modo de vida sedentário, sistema religioso organizado, hierarquia social, uso de tecnologia que pretende submeter a natureza às determinações humanas e estrutura estatal. Segundo esse entendimento, as sociedades indígenas não são consideradas civilizadas e estariam “atrasadas” em relação às sociedades industriais. Porém, esse entendimento vem sendo questionado desde o século vinte. Além disso, o atual cenário de desequilíbrio ambiental promovido pelas sociedades ocidentais, que se expressa principalmente na mudança no clima do planeta, afetou a percepção de que a chamada civilização seja de fato um grau mais elevado das sociedades humanas e colocou em xeque sua positividade. Por essa razão, no presente, o modo de vida sustentável das populações tradicionais vem sendo valorizado e seus ensinamentos têm ecoado em fóruns internacionais que discutem as questões ambientais.
Bê êne cê cê
Ao abordar o impacto do desenvolvimento tecnológico sobre o ambiente em diferentes sociedades, a atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Ciência e tecnologia, Educação ambiental e Diversidade cultural.
Atividade complementar
A partir da promulgação da Lei de Terras, em setembro de 1850, as terras somente poderiam ser obtidas por meio da compra e não mais por meio da posse ou doação pela coroa como acontecia antes. Isso favoreceu os mais ricos, pois os trabalhadores pobres e ex-escravizados dificilmente teriam recursos para comprar as próprias terras, tornando-se mão de obra disponível e barata para os grandes proprietários rurais. Para ampliar a compreensão da lei, sugira aos alunos que façam a leitura de seu texto integral, registrando os principais pontos relativos à propriedade de terras no período imperial do Brasil. O texto da lei está disponível em: https://oeds.link/hI0r6n. Acesso em: 14 abril 2022. Em seguida, oriente-os a refletir sobre quais foram os impactos dessa lei para os menos favorecidos, como indígenas, trabalhadores rurais e ex-escravizados.
A Guerra do Paraguai (1864-1870)
Durante o Segundo Reinado, o Brasil se envolveu em um grave conflito com o Paraguai, que durou quase seis anos e causou a morte de milhares de pessoas. A Guerra do Paraguai, ou Guerra da Tríplice Aliança, uniu Brasil, Uruguai e Argentina contra o Paraguai, no maior e um dos mais importantes conflitos ocorridos na América do Sul.
Desde que havia se tornado um Estado nacional, o Paraguai enfrentou dificuldades para garantir espaço no comércio externo e nas relações com os países vizinhos. A Argentina não reconheceu imediatamente a sua independência, conquistada em 1811, e dificultou a navegação dos paraguaios na Bacia Platina, formada pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Sem saída para o mar e sem poder contar com acordos de navegação com a Argentina, o Paraguai iniciou uma política de desenvolvimento voltada para a autossustentação.
Ao chegar ao poder em 1814, o presidente josé gaspár de frância manteve o país relativamente isolado de seus vizinhos e do comércio exterior. Com a morte de frância em 1840, Cárlos Antônio Lópes assumiu o governo e procurou romper o isolamento do Paraguai, promovendo a construção de ferrovias e estimulando as exportações.
Francisco Solano lópes, filho de Carlos, assumiu a presidência após a morte do pai, em 1862, e deu continuidade ao projeto de modernização do país. Porém, o Paraguai ainda dependia de acordos de navegação nos rios da Bacia Platina para o escoamento de suas exportações, ficando à mercê de seus vizinhos, principalmente da Argentina e do Uruguai.
A Guerra do Paraguai (1864-1870)
Fonte: jôfili, Bernardo. isto é Brasil 500 anos: atlas histórico. São Paulo: Três, 1998. página 75.
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• Explique por que a localização geográfica do Paraguai foi uma das causas do conflito entre o país e a Tríplice Aliança.
Início do conflito
No Uruguai, desde sua independência em 1828, dois grupos políticos disputavam o poder: os blancos, composto de proprietários rurais, e os colorados, do qual faziam parte, sobretudo, os comerciantes. Em 1864, por causa de interesses comerciais, tropas brasileiras invadiram o Uruguai e colocaram o colorado venâncio Flores na presidência, tirando os blancos do poder.
Aliado dos blancos, Solano lópes viu na vitória dos colorados uma ameaça à navegação dos navios paraguaios na Bacia Platina, o que isolaria completamente o país. Por isso, rompeu relações diplomáticas com o Brasil, invadiu a província do Mato Grosso e aprisionou um navio brasileiro no Rio Paraguai. A partir desse acontecimento, o Brasil assinou com a Argentina e com os colorados uruguaios, em maio de 1865, o Tratado da Tríplice Aliança, pelo qual os três países declararam guerra ao Paraguai.
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Bê êne cê cê
Ao abordar o problema das fronteiras nos conflitos do Império Brasileiro, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih um sete. Ao tratar do contexto interno e externo que levou à eclosão da Guerra do Paraguai, suas consequências e o debate historiográfico em torno desse conflito, contempla a habilidade ê éfe zero oito agá ih um oito.
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Por não ter parte de seu território no litoral, o Paraguai não tem acesso direto ao mar; localização geográfica que dificulta o escoamento e a importação de produtos e o transporte de pessoas. Para chegar ao mar, os paraguaios tinham de navegar pelos rios Paraná e Uruguai, que cortavam os territórios da Argentina, do Brasil e do Uruguai, situação que foi considerada uma das causas do conflito entre os quatro países.
Por relacionar a localização geográfica do Paraguai às causas da Guerra do Paraguai, a atividade favorece o desenvolvimento dos princípios referenciais do saber geográfico de localização e causalidade.
Desenvolvimento e desfecho da guerra
O Paraguai obteve algumas vitórias no início do conflito e demonstrou muita capacidade de resistência. Em razão disso, a guerra tornou-se longa, cara e penosa, e os governos aliados, sobretudo o brasileiro, aumentaram seus gastos e recorreram até a empréstimos externos. Muitos brasileiros foram forçados a se alistar no exército, e o governo imperial prometeu alforria aos escravizados que participassem da guerra.
A partir de 1868, as tropas das fôrças aliadas conquistaram várias vitórias até a derrota final do Paraguai, em 1870, com a morte de Solano lópes. Além de arrasado ao fim do conflito, o Paraguai perdeu parte de seu território para o Brasil e para a Argentina e teve sua população masculina dizimada. O país ainda foi obrigado a pagar indenizações de guerra, que só foram perdoadas pelo governo brasileiro em 1943.
O Brasil não obteve grandes vantagens com o conflito. Estima-se que cêrca de 50 mil brasileiros tenham morrido na guerra, e a economia nacional ficou muito prejudicada, com grande endividamento e inflação alta.
História em construção
A Guerra do Paraguai na historiografia
A Guerra do Paraguai é um tema muito controverso. Logo após seu término, foi divulgada a primeira versão oficial do conflito pelo exército brasileiro. Essa narrativa memorialístico-patriótica enaltecia os comandantes militares e acusava Solano lópes de ser o culpado da guerra por ter agredido o Império Brasileiro. Após a proclamação da república, em 1889, desenvolveu-se uma vertente historiográfica que, por um lado, criticava a ação do Estado imperial na Guerra do Paraguai, em razão dos interesses republicanos, mas, por outro, tendia a exaltar os feitos militares.
Essa visão começou a ser desconstruída a partir do final dos anos 1960, com os estudos de Leôn pômer e Júlio José quiavenáto. Segundo eles, os interesses econômicos britânicos na América Latina contribuíram decisivamente, ainda que não tenham sido o único fator, para a eclosão da Guerra do Paraguai. Ansiosos por manter seus produtos circulando na região, os britânicos financiaram o conflito, contando com o apoio da elite local.
A partir dos anos 1980, estudiosos como Francisco Doratioto questionaram essa visão, argumentando que ela tinha raízes em um pensamento colonialista, pois usava um país europeu para explicar um conflito na América e desconsiderava os latino-americanos como sujeitos de sua história. A guerra, segundo ele, seria fruto do contexto de consolidação dos Estados nacionais na região. Além disso, o Paraguai teria boas relações com os britânicos, que contribuíram para a modernização do exército paraguaio.
Responda em seu caderno.
Questões
- Por que não é possível afirmar que há consenso historiográfico sobre a Guerra do Paraguai? Explique, identificando as principais interpretações do conflito.
- O que os debates sobre a Guerra do Paraguai revelam sobre o ofício do historiador e a história?
Respostas e comentários
A Guerra do Paraguai para o Império Brasileiro
Ao final do conflito, o governo brasileiro alcançou todos os seus objetivos: a livre navegação no Rio Paraguai, os territórios reivindicados, a intervenção no Estado paraguaio e a influência sobre o Uruguai. Ou seja, o Brasil consolidou sua hegemonia na região. No entanto, o país sofreu baixas de aproximadamente 50 mil homens. O custo financeiro da guerra comprometeu as finanças do Brasil, e o fortalecimento do exército gerou complicações políticas que iriam contribuir para a derrocada do império e a implementação da república.
História em construção
- Porque existem diferentes visões sobre os motivos que levaram ao conflito. A primeira interpretação foi difundida pelo exército brasileiro logo após a guerra e enaltecia os feitos militares, assim como apontava Solano lópes como o grande causador da guerra. Após 1889, os republicanos criticaram as ações de Dom Pedro segundo na guerra, mas, ao mesmo tempo, glorificaram os militares. A partir do final dos anos 1960, surgiu uma vertente que desconstruiu a narrativa memorialístico-patriótica e apontou os interesses econômicos do Reino Unido como causa fundamental do conflito. Essa visão foi rebatida nos anos 1980 por estudiosos que argumentaram que explicar a guerra por meio de um fator externo desqualificava o protagonismo dos latino-americanos, sendo, portanto, uma interpretação colonialista. Para eles, o Paraguai teria boas relações com os britânicos, e o conflito decorreria das dinâmicas de construção dos Estados nacionais latino-americanos.
- Os debates sobre a Guerra do Paraguai revelam como os acontecimentos históricos sofrem revisionismo ao longo do tempo com base em novos estudos e novas análises de documentos. A história está em constante construção e desconstrução, e, por isso, um mesmo fato pode apresentar diversas interpretações baseadas na análise de novas fontes ou em novas abordagens.
Bê êne cê cê
Ao examinar as diferentes interpretações a respeito das causas da Guerra do Paraguai e o questionamento sobre a construção de marcos históricos, a atividade promove a reflexão histórica, favorecendo o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 1, das Competências específicas de História nº 3, nº 4 e nº 6. Além disso, favorece a compreensão do método científico na construção do conhecimento histórico, que deve ser isento de voluntarismo (seleção e análise tendenciosa das fontes para confirmar a hipótese do pesquisador) e estar em contínuo processo de revisão.
O império do café
As primeiras mudas de café que chegaram ao Brasil foram trazidas da Guiana Francesa no início do século dezoito. Inicialmente, o café foi cultivado em residências, nos arredores da cidade do Rio de Janeiro, apenas para consumo doméstico. Com o tempo, o cultivo foi ampliado, motivado principalmente pelo aumento do consumo do produto em outros países.
As primeiras plantações em grande escala, voltadas à exportação, ocorreram na região da Baixada Fluminense, expandindo-se posteriormente para a Zona da Mata mineira e para o Vale do Paraíba fluminense e paulista (consulte o mapa da página 159). A proximidade da região produtora com a capital imperial facilitava a obtenção de créditos e o escoamento do café para o exterior pelo porto do Rio de Janeiro. Algumas condições naturais, como a regularidade das chuvas e o solo fértil, também contribuíram para a expansão da cafeicultura na região.
No início da década de 1830, o café se tornou o principal produto de exportação do Brasil, superando o açúcar. Os Estados Unidos e alguns países da Europa se tornaram os principais compradores do café brasileiro. Até por volta de 1870, o Vale do Paraíba foi o maior produtor nacional de café. Nessa região, a produção cafeeira foi organizada no mesmo modelo que predominou na agricultura canavieira do Nordeste: cultivo em grandes propriedades monocultoras, trabalho escravo e produção destinada ao mercado externo. A partir daquela década, porém, a produção cafeeira do Vale do Paraíba entrou em declínio e a região foi perdendo, a cada ano, sua hegemonia política.
Responda em seu caderno.
Recapitulando
- Por que as primeiras eleições ocorridas no Brasil, após a coroação de Dom Pedro segundo, ficaram conhecidas como Eleições do Cacete?
- Explique por que o parlamentarismo implantado no Brasil durante o Segundo Reinado funcionava às avessas do modelo britânico.
- Quais foram as principais políticas do Segundo Reinado em relação às populações indígenas?
- Elabore uma ficha sobre a Guerra do Paraguai, identificando data, países envolvidos, motivos e desfecho.
- Quais foram as primeiras regiões onde o café foi cultivado em grande escala no Brasil?
Respostas e comentários
Recapitulando
- Porque políticos liberais utilizaram sua influência para convocar as tropas do governo e falsificar votos. Os liberais queriam exercer influência sobre o imperador e, para defender seus interesses e obter a maioria na Câmara, cometeram ilegalidades e atos violentos, como roubo de urnas, falsificação de votos, espancamentos e até assassinatos.
- No Brasil, o imperador indicava o presidente do Conselho de Ministros, cargo equivalente ao de primeiro-ministro, diferentemente do modelo inglês, em que o chefe de governo era escolhido pelo Parlamento. No Brasil, cabia ao presidente do Conselho de Ministros compor o gabinete ministerial, que exerceria o Poder Executivo. Caso houvesse discordância, o imperador tinha a autoridade do Poder Moderador para dissolver o gabinete ou a Câmara. A Câmara, legalmente, precisava acatar as decisões do imperador, mas isso não significa que ela não tivesse fôrça política, pois o imperador necessitava de seu apoio para governar.
- No Segundo Reinado, predominou a política de assimilação cultural dos indígenas, principalmente por meio de aldeamentos onde eles recebiam educação religiosa para tornarem-se “civilizados”. Porém, essa prática tinha a intenção de transformar os indígenas em mão de obra disponível, de modo que as aldeias se tornassem unidades agrícolas produtivas e lucrativas para o Estado.
- A Guerra do Paraguai ocorreu entre 1864 e 1870 e opôs o Paraguai à Tríplice Aliança, formada por Argentina, Brasil e Uruguai. Os motivos foram: o isolamento político e comercial do Paraguai; o fato de o Paraguai não ter saída direta para o mar; os interesses comerciais do Brasil, que ajudou a colocar no poder do Uruguai o grupo dos colorados; a aliança de Solano lópes com os blancos uruguaios. O estopim para a eclosão da guerra foi o rompimento das relações diplomáticas do Paraguai com o Brasil, seguido da invasão do Mato Grosso pelos paraguaios e do aprisionamento de um navio brasileiro no Rio Paraguai. O Paraguai saiu derrotado, com muitas perdas humanas e territoriais, tendo ainda de pagar indenizações aos vencedores.
- O cultivo do café em grande escala teve início na província do Rio de Janeiro, na região da Baixada Fluminense, expandindo-se para a Zona da Mata mineira e para o Vale do Paraíba fluminense e paulista.
Do Vale do Paraíba ao Oeste paulista
Um dos fatores que contribuíram para o declínio das lavouras de café no Vale do Paraíba foi a limitação geográfica da região, localizada entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira.
Outro problema que restringia o aumento da produção do café era a prática tradicional de derrubada e queima da mata para o plantio. Esse sistema provocava o esgotamento do solo, pois, quando chovia, a ausência de vegetação facilitava o escoamento da água, que carregava os nutrientes presentes no solo. Esse processo era agravado pelos longos períodos de plantio sem descanso.
Enquanto a produção no Vale do Paraíba declinava, outra região cafeicultora se formava no cenário brasileiro: o Oeste paulista. Essa área ocupou, no fim da década de 1880, o posto de principal produtora de café no Brasil. As condições naturais da região, como o solo de terra roxa, de origem vulcânica e extremamente fértil, favoreceram a intensa produção dos cafezais durante mais tempo. Além disso, a grande quantidade de terras pouco exploradas e terrenos com inclinações suaves também colaboraram para a expansão da produção cafeeira na região.
Apesar dessas vantagens, a expansão dos cafezais em direção ao oeste apresentava uma dificuldade: quanto mais longe do litoral as fazendas se localizavam, mais difícil e caro ficava o transporte do café até o porto, que era feito por tropas de muares ou por carros de bois. Isso encarecia o produto e prejudicava as exportações. O problema foi resolvido com a construção de estradas de ferro no Brasil.
Inicialmente, as ferrovias foram construídas próximo às áreas onde já se cultivava o café, para garantir o escoamento da produção. Depois, a ampliação das vias férreas abriu novos caminhos para a expansão das áreas cultivadas. A infraestrutura criada para atender o setor cafeeiro contribuiu para o crescimento de importantes municípios do interior de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
Expansão cafeeira no sudeste do Brasil
Fonte: RODRIGUES, João Antonio. Atlas para estudos sociais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1977. página 26.
Refletindo sobre
A cafeicultura no Vale do Paraíba declinou em função de problemas ambientais decorrentes do mau uso da terra. Ainda hoje, algumas práticas agrícolas, como a monocultura e o uso intensivo de agrotóxicos, prejudicam o ambiente. Quais problemas ambientais estão relacionados à agricultura? Que fórmas de cultivo mais sustentáveis podem ser praticadas?
Respostas e comentários
Refletindo sobre
A atividade promove uma reflexão sobre os impactos ambientais gerados pela agricultura, como o desmatamento e a contaminação de lençóis freáticos causada pelo uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos. Espera-se que os alunos também percebam a importância do manejo sustentável nas atividades agrícolas e citem fórmas de produção menos prejudiciais ao ambiente, como a prática de rotação de culturas e o cultivo em sistemas agroflorestais, baseado nos preceitos da agroecologia.
Bê êne cê cê
Por envolver a abordagem própria das ciências, a explicação das consequências da intervenção do ser humano na natureza e a promoção da consciência socioambiental, a atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Educação ambiental e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 2, nº 4 e nº 7, bem como das Competências específicas de Ciências Humanas nº 2, nº 3 e nº 6.
O café
Trata-se de uma planta nativa da Etiópia, país da África Oriental, que possui propriedades estimulantes e teve seu plantio e preparo dominados pelos árabes, que disseminaram a planta pela Península Arábica. Posteriormente, ela foi levada para o Ocidente. Foi com a prática de torrar os grãos e beber o líquido quente com o gosto que se conhece hoje que o hábito de tomar café tornou-se mais comum.
A expansão ferroviária e urbana
A primeira ferrovia brasileira foi inaugurada na província do Rio de Janeiro, em 1854. Ligando o porto de Mauá, na Baía da Guanabara, à cidade de Fragoso, próxima de Petrópolis, a Estrada de Ferro Petrópolis atendia, principalmente, às necessidades das zonas produtoras de café. Foi, no entanto, em São Paulo que as ferrovias mais se expandiram. Na província paulista, a dificuldade para chegar ao porto de Santos, por causa da Serra do Mar, foi vencida com a construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, inaugurada em 1867 pela companhia britânica São Paulo Railway ( ésse pê érre).
Além da São Paulo Railway, várias outras empresas construíram ferrovias que cortaram o território paulista. Entre as principais ferrovias, destacaram-se a Mogiana, a Ituana e a Sorocabana. No período imperial, foram construídos no Brasil cêrca de 10 mil quilômetros de estradas de ferro.
A construção das ferrovias contou com capitais provenientes de investimentos da burguesia cafeeira e de empresários britânicos. No Oeste paulista, os cafeicultores eram capitalistas que investiam em bancos, em casas de exportação e na infraestrutura necessária ao desenvolvimento da economia cafeeira, como transportes e energia. Assim, houve intenso crescimento urbano no período.
Os capitais gerados pela expansão do café também possibilitaram o desenvolvimento da indústria na Região Sudeste do Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Esse crescimento industrial foi auxiliado pela Tarifa Alves Branco, criada em 1844 pelo governo imperial. Por meio desse decreto, o valor das taxas cobradas sobre os produtos importados foi elevado, aumentando a arrecadação do governo e, indiretamente, incentivando a instalação de indústrias no país.
Responda em seu caderno.
Recapitulando
- Indique as razões ambientais do declínio da produção cafeeira no Vale do Paraíba.
- Que fatores contribuíram para o sucesso da cafeicultura no Oeste paulista?
Respostas e comentários
Recapitulando
- O desmatamento e a queima da mata para a implantação da lavoura cafeeira e os longos períodos de plantio sem descanso causaram o esgotamento do solo de extensas áreas do Vale do Paraíba.
- No Oeste paulista, os fatores que contribuíram para o sucesso da cafeicultura foram a presença do solo de terra roxa, muito fértil, grandes extensões de terra pouco exploradas e o relevo local, de áreas planas.
Atividade complementar
Proponha aos alunos uma pesquisa com o objetivo de levantar e analisar os dados atuais sobre a produção cafeeira no Brasil para, na sequência, compará-los com as informações estudadas. Oriente-os a pesquisar estes itens.
- Os estados brasileiros que produzem café.
- A posição ocupada pelo Brasil no mercado internacional de produtores de café.
- Os números relativos às exportações brasileiras de café.
Peça aos alunos que construam um quadro comparativo e elaborem um texto com as conclusões da análise.
Comente que, atualmente, a produção cafeeira se expandiu por mais estados, a principal área produtora se deslocou para o estado de Minas Gerais e, embora o Brasil seja o maior produtor e exportador de grãos de café, o produto já não ocupa o posto de principal item da exportação do país. Pode-se aproveitar para discutir a atual diversificação da economia do país.
Dados atualizados sobre a produção cafeeira no Brasil podem ser obtidos por meio da consulta ao site do Consórcio Pesquisa Café, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), disponível em: https://oeds.link/z1xe9D. Acesso em: 14 abril 2022.
Barão de Mauá
Entre os empresários do século dezenove, destacou-se o gaúcho Irineu Evangelista de Sousa, conhecido como barão de Mauá. Um dos mais importantes investimentos de Mauá foi a compra do Estabelecimento de Fundição e Estaleiros Ponta da Areia, em Niterói, que deu origem à Companhia Estaleiro Ponta da Areia, primeira indústria naval do país. Esse foi o primeiro investimento industrial de Mauá ligado à instituição da Tarifa Alves Branco. Em 1854, ele inaugurou a primeira ferrovia do país. Mauá também foi acionista da São Paulo Railway e da Estrada de Ferro Dom Pedro segundo (atual Central do Brasil), que ligaria o Rio de Janeiro a São Paulo e a Minas Gerais.
O Brasil não era só café
Ao longo do século dezenove, o café se tornou o principal produto de exportação do Brasil, mas não era o único.
O açúcar, produzido principalmente no Nordeste, ainda ocupava um importante lugar nas exportações brasileiras, mas enfrentava forte concorrência das produções antilhana e asiática e do açúcar da beterraba produzido no continente europeu. O atraso técnico na produção brasileira foi considerado responsável pela baixa qualidade do açúcar e por sua dificuldade de competir no mercado externo.
Diante disso, a partir de 1875, o governo imperial, em parceria com os produtores, passou a investir na modernização da produção, com incentivos à instalação de máquinas e de novas tecnologias na fabricação do açúcar. Foram fundados, assim, os engenhos centrais, estabelecimentos que, diferentemente dos engenhos tradicionais, apenas cuidavam da etapa industrial. A iniciativa, porém, logo esbarrou na falta de capitais, no atraso da entrega da matéria-prima e na escassez de mão de obra.
O algodão, outro artigo importante na economia brasileira do período, foi cultivado em Minas Gerais, em Goiás, na Bahia, no Maranhão e no Pará. A lavoura não requeria muitos investimentos, e a produção alimentava o mercado externo em virtude da grande procura de matéria-prima para as indústrias têxteis britânicas. No início do século dezenove, porém, o produto brasileiro perdeu espaço no mercado mundial para a produção do sul dos Estados Unidos. Apenas durante a guerra civil estadunidense (1861-1865) as exportações brasileiras voltaram a crescer notavelmente.
A extração de látex das seringueiras, matéria-prima da borracha, foi muito importante para o desenvolvimento da Região Amazônica. Na transição do século dezenove para o século vinte, a exploração da borracha gerou muita riqueza para os empresários seringalistas e impulsionou o crescimento econômico e demográfico da região, principalmente com a chegada de migrantes nordestinos, que fugiam da pobreza e dos efeitos da grande seca da década de 1870. A borracha era enviada para os Estados Unidos e para a Europa, onde era utilizada principalmente na fabricação de pneus pela nascente indústria automobilística.
1831-1840 |
1851-1860 |
1881-1890 |
|
---|---|---|---|
Café |
44 |
49 |
61 |
Açúcar |
24 |
21 |
10 |
Algodão |
11 |
6 |
4 |
Borracha |
0,3 |
2 |
8 |
Fonte: PAULA, João Antônio de. O processo econômico. In: CARVALHO, José Murilo de ( coordenação). A construção nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. página 183-184, volume 2. (Coleção História do Brasil Nação).
Respostas e comentários
Atividade complementar
Se possível, proponha aos alunos visitas virtuais ao Museu do Café, localizado em Santos, São Paulo (disponível em: https://oeds.link/x7461T; acesso em: 12 maio 2022) e ao Museu da Imigração situado no município de São Paulo, São Paulo (disponível: https://oeds.link/BMuDyo; acesso em: 12 maio 2022). Sugira aos alunos que se reúnam em grupos e percorram as instalações desses museus, observando as suas características arquitetônicas e as peças expostas. Peça a eles que tomem nota das semelhanças e diferenças entre os museus e que escolham uma das peças disponíveis nas exposições para realizar uma análise. Para conduzir a atividade, pode-se fazer os seguintes questionamentos aos alunos: O que há de interessante nesse objeto? Por que você o selecionou? O que esse objeto pode representar para a história do Brasil? Ao final, solicite que sistematizem em um relatório as observações realizadas nessas visitas guiadas.
Ampliando: a diversidade econômica brasileira
“É uma importante conquista da historiografia brasileira a superação da perspectiva em que a história econômica do Brasil era tomada como um somatório de ciclos de produtos (açúcar, ouro, café), os quais teriam trajetórias similares (nascimento, auge, declínio). Tal maneira de ver as coisas resultou num reducionismo problemático, ao ignorar a existência de ‘complexos econômicos’, para além da exportação de alguns produtos. A economia nordestina, mesmo no auge da exportação de açúcar, nunca foi apenas açucareira, como também não foi só mineratória (ouro e diamantes) a economia de Minas Gerais no século dezoito e assim por diante. Trata-se, então, de entender a economia brasileira no século dezenove como regionalmente diversificada do ponto de vista da produção, dos mercados, das relações de trabalho, das estruturas fundiárias. reticências ”
PAULA, João Antônio de. O processo econômico. In: CARVALHO, José Murilo de ( coordenação). A construção nacional: 1830-1889. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. volume 2. página 183. (Coleção História do Brasil nação: 1808-2010).
O fim do tráfico negreiro
No início do século dezenove, o Reino Unido, grande potência industrial, iniciou forte campanha pelo fim da escravidão. Em 1807, os britânicos proibiram o tráfico de africanos escravizados para suas colônias e, em 1833, aboliram a escravidão em todos os seus domínios. Essas medidas afetaram diretamente a produção de açúcar nas Antilhas britânicas e tornaram o artigo mais caro que o feito no Brasil. Para reverter essa desvantagem, os britânicos começaram a pressionar o governo português e, posteriormente, o Império Brasileiro a abolir o tráfico negreiro.
Outros motivos, ainda, impulsionaram a política britânica. O Reino Unido dominava as rotas marítimas e o mercado latino-americano. O tráfico de africanos escravizados, dominado por comerciantes brasileiros, era uma ameaça potencial a esse domínio e drenava recursos humanos do interior da África, que começava a ser objeto de interesse britânico. Outra razão que muitos historiadores hoje destacam para explicar essa política britânica era a crescente campanha de intelectuais e de grupos humanitários britânicos pelo fim da escravidão no mundo.
Por diversas vezes, o governo brasileiro aprovou leis que previam o fim gradual do tráfico negreiro, mas elas não foram cumpridas. O quadro começou a ser alterado em agosto de 1845, quando o Parlamento britânico aprovou o Bill Aberdeen, lei que autorizava os britânicos a aprisionar qualquer navio suspeito de transportar africanos escravizados e julgar os responsáveis em tribunais britânicos. Muitos navios brasileiros, para escapar do cerco britânico, atiravam os escravizados ao mar com pedras amarradas ao corpo, para que eles afundassem e não fossem usados como provas contra a tripulação.
As pressões britânicas podiam criar uma crise diplomática entre os dois países. Diante dessa situação, o Parlamento brasileiro aprovou, em setembro de 1850, a Lei Eusébio de Queiroz, que proibia o tráfico de africanos escravizados para o Brasil.
Responda em seu caderno.
Recapitulando
- Elabore uma ficha-resumo sobre a expansão da economia cafeeira no Brasil do século dezenove com os dados a seguir.
- Principais regiões produtoras.
- Organização da produção cafeeira.
- Mercado ao qual o produto se destinava.
- Meios utilizados para transportar o produto até os portos.
- Resultados da expansão cafeeira para a Região Sudeste do Brasil.
- O que podemos concluir sobre as exportações brasileiras de café, açúcar e borracha no século dezenove?
- Por que os britânicos passaram a pressionar o governo brasileiro pelo fim do tráfico negreiro?
- O que foi a Lei Eusébio de Queiroz? Por que ela foi aprovada no Brasil?
Respostas e comentários
Recapitulando
-
- Vale do Paraíba fluminense e paulista e o Oeste paulista.
- A produção de café organizou-se de fórma semelhante à da cultura canavieira nordestina, com base na grande propriedade, no trabalho de escravizados, na produção voltada para o exterior e no baixo investimento tecnológico. No Oeste paulista, a partir da segunda metade do século dezenove, houve o crescimento do trabalho livre imigrante, embora o trabalho de escravizados tenha predominado até a década de 1880.
- Mercado exterior: Europa e Estados Unidos.
- Até por volta de 1860, as tropas de mulas constituíam o principal meio de transporte. Depois disso, o café passou a ser transportado por trem.
- Grande parte dos lucros gerados pela venda de café foi investida na instalação de indústrias e de bancos e na modernização dos transportes na Região Sudeste. O impulso dado à indústria, ao comércio e às finanças contribuiu para o desenvolvimento urbano, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
- O café tornou-se, ao longo do século dezenove, o produto de exportação mais importante do Brasil, enquanto a exportação de açúcar declinou significativamente. A exportação de borracha, explorada na Região Amazônica, teve aumento expressivo em meados do século dezenove.
- Além das razões humanitárias, os britânicos passaram a pressionar o governo brasileiro a abolir o tráfico negreiro para tornar o açúcar antilhano britânico competitivo e desestimular a presença de mercadores brasileiros no Atlântico. Outro motivo era o fato de que o tráfico drenava recursos humanos do continente africano, que se tornava alvo de interesse dos britânicos.
- A Lei Eusébio de Queiroz estabeleceu a proibição do tráfico de escravizados africanos no Império Brasileiro. Sua promulgação estava relacionada, principalmente, às pressões britânicas sobre o governo brasileiro para a extinção da escravidão no país.
O lento fim da escravidão
Percebendo o fim da escravidão como inevitável, muitos senhores de escravizados e o governo brasileiro preferiam que a abolição fosse feita de maneira gradual e controlada, sem riscos de um levante social.
Em 1871, o governo aprovou a Lei Rio Branco, ou Lei do Ventre Livre. Ela declarava que seriam livres os filhos de escravizadas nascidos a partir daquela data, os quais deveriam permanecer com as mães até os 8 anos de idade. Depois disso, os senhores poderiam escolher entre receber uma indenização ou utilizar os serviços do menor até que ele completasse 21 anos.
A partir da década de 1880, quando a campanha abolicionista se fortaleceu, as ações de resistência dos escravizados tornaram-se decisivas. Fugas em massa, invasão de propriedades para libertar outros cativos, formação de quilombos, desobediência e recusa em trabalhar foram alguns dos meios utilizados para combater o regime escravista no Brasil.
A luta dos cativos foi apoiada por intelectuais, jornalistas, políticos, juristas e poetas – vários deles negros –, que lançaram uma campanha pelo fim da escravidão.
Entre os abolicionistas mais conhecidos, destacaram-se Luís Gama, André Rebouças, Joaquim Nabuco e José do Patrocínio.
Luís Gama nasceu em Salvador, na Bahia, em 1830. Filho de mãe africana e pai português, foi vendido pelo pai como escravizado quando tinha dez anos de idade. Em 1848, fugiu da casa de seus senhores e começou a trabalhar na polícia e como jornalista, tornando-se também advogado. A partir de 1860, notabilizou-se por conseguir a liberdade para centenas de escravizados e por seus artigos em defesa da abolição.
José do Patrocínio, por sua vez, nasceu em Campos, no Rio de Janeiro, em 1853. Tendo passado a infância em uma fazenda, acompanhou a vida de castigos a que os escravizados eram submetidos. Aos catorze anos, foi morar no Rio de Janeiro e, em 1879, iniciou sua campanha pela abolição da escravatura trabalhando como jornalista.
A Lei dos Sexagenários e a Lei Áurea
Com o aumento da pressão social, foi aprovada, em 1885, a Lei Saraiva Cotegipe, ou Lei dos Sexagenários, que tornou livres os escravizados com mais de 60 anos de idade. Essa lei, porém, quase não teve efeito, já que poucos chegavam a essa idade e os que conseguiam atingi-la não tinham mais resistência física para o trabalho.
A abolição da escravidão no Brasil só ocorreu com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Contudo, ela não promoveu a integração dos negros à sociedade, em razão, sobretudo, do racismo, presente na ideia de que os afrodescendentes não poderiam usufruir dos mesmos direitos que os brancos. Na área rural, grande parte dos ex-escravizados, sem condições de garantir seu sustento, continuou dependendo dos ex-senhores. Em algumas regiões, os libertos estabeleceram parcerias, tornando-se arrendatários dos antigos senhores. Nas áreas urbanas, os ex-escravizados, muitos deles sem qualificação profissional, tiveram de se submeter a atividades pesadas e mal remuneradas. Muitos que não conseguiam trabalho iam viver nas ruas em condições miseráveis.
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Transcrição do áudio
Trabalho escravo, ontem e hoje
[Locutora]:
Neste podcast o jornalista Leonardo Sakamoto vai falar sobre trabalho escravo. O que foi exatamente o trabalho escravo no Brasil? Ainda existem consequências desse processo em nosso país? E o que seria o trabalho escravo hoje? Esses são alguns dos temas que o nosso convidado vai abordar a seguir.
[Leonardo Sakamoto]:
O trabalho escravo contemporâneo, o trabalho escravo que a gente vive nos dias de hoje, ele é diferente do trabalho escravo que havia no Brasil Colônia e no Brasil Império por várias razões. A primeira delas, e a mais lógica, é que a propriedade legal de uma pessoa sobre outra por outra hoje em dia é proibida graças a Lei Áurea de 13 de maio de 1888 e, naquela época, era permitida. A outra coisa é que o custo de aquisição dessa mão de obra, antes, era muito alto, tanto é que a riqueza de uma pessoa era medida pela quantidade de trabalhadores escravizados que ela detinha na mão. Enquanto isso, hoje, não há compra legal, você não precisa gastar um dinheiro seu guardado para comprar essa mão de obra, pelo contrário, às vezes se gasta apenas o transporte dessa mão de obra do lugar onde ela está para o lugar do trabalho.
O relacionamento também, antes, era um relacionamento de longa duração. Durante toda a vida desse trabalhador ele era vítima do julgo desses fazendeiros, desses mineradores que acabavam utilizando-se de sua força de trabalho, muitas vezes também os seus descendentes, né? Filho de propriedade, propriedade era. Hoje é curto, terminado o serviço, eles são abandonados, porque não é necessário mais prover o sustento. Outro ponto são [sic] a manutenção da ordem, e aí é uma coisa interessante, porque, antes, você tinha ameaças, violência psicológica, coerção física, punição exemplar e até assassinato e hoje você tem ameaça, [tom de ironia] violência psicológica, coerção física, punição e até assassinato. Eu não quero dizer que o trabalho escravo de hoje, ele é pior do que o trabalho escravo que havia na Colônia e no Império, não. Só querendo dizer que são processos diferentes, contudo, para você manter a ordem desses processos, é o mesmo tipo de violência que é utilizado.
A Lei Áurea é uma das mais importantes leis, se não a mais importante lei da história brasileira, contudo ela não garantiu ou ela não foi seguida de outras lei que garantissem uma efetiva melhora na condição de vida desses trabalhadores, pelo contrário, na verdade, naquele momento, ela foi muito útil aos próprios produtores, porque eles pararam de mobilizar capital, ou seja, de investir dinheiro na compra de mão de obra e passaram a pagar salários de fome para manter aquela quantidade de pessoas trabalhando. É claro que eu não estou falando que a Lei Áurea não foi importante, foi importantíssima, estou só falando que, infelizmente, não veio seguida de ações para garantir a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho de forma decente.
Essa abolição incompleta, que ocorreu dia 13 de maio de 1888, ela se faz sentir até hoje, com uma parcela da população superexplorada, uma parcela da população mais pobre, com a quantidade de trabalhadores negros e negras recebendo menos do que trabalhadores brancos e brancas, isso é herança sim de 300 anos de escravidão do país que a gente não conseguiu ainda lidar totalmente. Os movimentos negros, os movimentos que têm um caráter, ainda hoje, muito grande emancipatório, libertador, eles atuam fortemente no sentido de tentar reduzir essa distância entre um lado e outro.
O principal valor que é negado no trabalho escravo contemporâneo não é a liberdade, é a dignidade. Essa digni [sic]. A dignidade que todos nós temos, esse pacote de direitos que todos nós temos simplesmente por termos nascido humanos. É negado a essa pessoa esse pacote mínimo, transformando ela nesse instrumento descartável de trabalho. De acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro, que define o que é trabalho escravo contemporâneo, que é o que eles chamam, no artigo, de condições análogas a de escravo, o governo não admite propriedade ilegal de uma pessoa por outra, então o que tem por aí são condições semelhantes àquela escravidão. A lei diz que quatro situações configuram trabalho análogo ao de escravo, que é: um, o trabalho forçado, você ter que trabalhar em algo para o qual você não se prontificou ou para o qual você foi enganado, aí você tem retenção de documento, você tem cerceamento de liberdade, você tem fraudes, retenção de salário, ameaças de [sic] psicológicas, ameaças de morte e por aí vai. Em segundo, você tem a servidão por dívida, né? Que é você contrair um débito de forma ilegal com o empregador na compra de equipamentos de proteção, de segurança, equipamentos de trabalho, em que a comida e o alojamento são cobrados, cobrados acima do valor, e você fica preso a uma dívida, e toda vez que vai receber o seu salário, o seu salário é menor do que a dívida e tem que ficar continuando trabalhando. Esses dois primeiros elementos dizem respeito à liberdade do trabalhador, só que os dois elementos seguintes dizem respeito à dignidade do trabalhador, que são condições degradantes de trabalho, que não é condição precária, condição ruim, condição miserável, não é. São condições que colocam em risco a saúde e a segurança do trabalhador e também colocam ele abaixo da linha de dignidade, você tomar a mesma água que o gado, você comer comida podre, você ter que caçar comida, dormir no meio da floresta, sem [sic] não ter banheiro e por aí vai. E, por final, a jornada exaustiva, que também não é não pagamento de hora extra, não é que você está trabalhando muito e ficando cansado simplesmente, não é que você trabalhou muitas horas e virou a noite trabalhando, não. É uma condição em que o trabalhador, que a pessoa trabalha tanto, e de forma tão intensa, que também a saúde, a segurança e a vida dela são colocados em risco. Um exemplo: tivemos mais de duas dezenas de trabalhadores que morreram de tanto cortar cana no interior de São Paulo nos últimos anos. Esses quatro elementos, junto ou separadamente, configuram trabalho escravo no Brasil, é um crime que prevê de dois a oito anos de cadeia.
É muito comum resgate de trabalhadores em fazendas de gado da Amazônia brasileira, como no Pará, no Mato Grosso, no Tocantins, no Maranhão, em Rondônia. Esses trabalhadores acabam atuando em uma atividade de extremo risco ou sobre uma condição degradante, sobre endividamento, sem poder sair, e em alguns casos tivemos até de assassinato de trabalhadores ao tentar fugir. E, por fim, uma situação que é bem [sic], tem sido bem comum, nós temos trabalho escravo também na construção civil. Os principais trabalhadores resgatados são brasileiros, mas temos encontrado bolivianos, peruanos, paraguaios, haitianos, chineses, flagrados em condição de trabalho escravo semelhantes em oficinas de costura fornecendo para grandes marcas de roupa que nos vestem. Agora, o grosso é brasileiro e o grosso desses trabalhadores são homens, apesar de também ter mulheres, e a maioria são de homens adultos. Os grupos mais vulneráveis no Brasil hoje são, de certa forma, os herdeiros daquela escravidão de 130 anos atrás, são trabalhadores que são pobres, que são negros, que são de regiões humildes, que contam com baixa alfabetização. Por quê? Porque eles tiveram que trabalhar ao invés de ir para a escola, o que mostra uma coisa interessante, tem uma quantidade muito grande de pessoas analfabetas ou com poucos anos de estudo que são resgatados do trabalho escravo, e aquela pessoa que trabalhou quando criança e não teve as mesmas condições para desenvolver suas aptidões e conseguir conhecimento do que outras pessoas acabam se tornando extremamente vulnerável [sic] tendo que acertar qualquer serviço, entre eles serviços que podem levar a sua escravização.
Durante anos a sociedade civil pressionou o governo para criar um sistema público de combate à escravidão. Em 95, o governo Fernando Henrique criou o grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. Desde 1995, esses grupos de fiscalização resgataram mais de 52 mil pessoas em condições análogas à de escravo em território nacional, principalmente no gado, em outras atividades agropecuárias, mas também atividades urbanas como a questão da costura, da construção civil. O Brasil, ele criou uma série de instrumentos ao longo das últimas décadas para combater esse crime, além do próprio grupo de fiscalização. Em 2003 foi criada a lista suja do trabalho escravo, que é o cadastro de empregadores flagrados cometendo esse crime. Temos pactos empresariais, temos processos e ações movidas pelo Ministério Público do Trabalho e Ministério Público Federal. Temos muitas ações e projetos de educação. Ou seja, o sistema de combate ao trabalho escravo ele avançou muito desde 95 quando foi criado, o problema é que ele se transformou em uma vitrine tão grande que acabou virando vidraça, porque grupos que lucravam ou grupos que defendiam aqueles que lucravam com o trabalho escravo passaram a criticar publicamente para tentar reduzir o impacto do combate a esse crime.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao tratar do movimento abolicionista e da abolição da escravidão, o conteúdo contribui para o desenvolvimento parcial da habilidade ê éfe zero oito agá ih um nove.
Ampliando: André Rebouças
“Rebouças nasceu em 1838 na cidade de Cachoeira, na Bahia. Pelo lado paterno, era neto de uma mulher que havia sido escravizada e conseguiu a liberdade e de um alfaiate português. Era filho de Carolina Pinto Rebouças e de Antônio Pereira Rebouças, advogado, deputado e conselheiro do imperador Dom Pedro segundo.
André Rebouças ganhou fama no Rio de Janeiro, então capital brasileira, ao solucionar o problema do abastecimento da água, captando o líquido de mananciais fóra da cidade. Rebouças também serviu como engenheiro militar na Guerra do Paraguai, quando desenvolveu um torpedo que alcançou êxito contra o exército inimigo. reticências
reticências André Rebouças defendeu com entusiasmo o fim da escravidão. Foi um dos criadores da Sociedade Brasileira contra a Escravidão, junto com Joaquim Nabuco. Também participou da Confederação Abolicionista e da Sociedade Central de Imigração.
Com o fim do império, embarcou com a família real para a Europa, morando dois anos em Lisboa. Em seguida, mudou-se para Cannes, na França. Em 1892, André viajou para Luanda, na África reticências. Depois, transferiu-se para Funchal, na Ilha da Madeira, local em que morreu, no dia 9 de maio de 1898.”
ARAÚJO, Marcelo Claudio. Nascido há 180 anos, André Rebouças revolucionou engenharia e defendeu abolição. Fundação Cultural Palmares, Brasília, 11 janeiro 2018. Disponível em: https://oeds.link/82kZY9. Acesso em: 13 maio 2022.
Enquanto isso…
baquáqua, a luta pela liberdade
marrômá gárdo baquáqua nasceu livre em djugú, na África Ocidental, no começo do século dezenove. Contudo, ele foi capturado e levado para Pernambuco, em 1845, onde foi vendido como escravizado para um padeiro e, depois, para um capitão de um navio no Rio de Janeiro. Com seu novo senhor, baquáqua viajou por diversas províncias do Brasil, até que, em 1847, um mercador britânico solicitou os serviços de seu senhor para enviar uma carga de café a Nova iórque, onde a escravidão era proibida desde 1827. baquáqua e outros escravizados foram escolhidos para acompanhá-lo. Lá, porém, ele conseguiu fugir e recuperar sua liberdade.
baquáqua acabou indo depois para o Haiti, mas logo retornou aos Estados Unidos, onde conseguiu estudar. Em 1854, ele publicou uma autobiografia na cidade de detróit, enquanto o Brasil dava passos lentos para abolir a escravidão. Leia um trecho dela a seguir, sobre o período em que baquáqua viajava para Nova iórque.
“A escravidão é má, a escravidão é um erro. Esse capitão fez uma enorme quantidade de coisas cruéis que seria horrível relatar. Ele tratava as escravas com imensa crueldade e barbaridade. Ele impunha toda a sua vontade, não havia ninguém para tomar o partido delas. Ele era, naquele tempo, o ‘monarca de tudo o que estivesse sob sua vista’, o ‘rei da casa flutuante’, ninguém ousava contestar seu poder ou controlar sua vontade. reticências
reticências Um dia reticências fui imprudente a ponto de dizer que não ficaria mais a bordo, que eu seria livre. O capitão, ouvindo isso, me chamou lá embaixo e ele e mais três reticências conseguiram me prender num quarto da proa. Fiquei confinado ali vários dias. reticências ao anoitecer, havendo alguns pedaços de ferro no quarto, apanhei um deles reticências e com esta [uma barra] abri a porta à fôrça e fui-me embora. reticências Havia uma prancha estendida do navio à terra. Atravessei-a andando e saí correndo como se fosse por minha vida, sem saber, é claro, para onde ia. reticências segui em frente até alcançar uma loja em cuja porta me detive um pouco para respirar. Eles me perguntaram o que é que havia, mas eu não podia lhes contar já que não sabia nada de inglês exceto a palavra livre . reticências Fui então levado para a casa de guarda e trancafiado ali a noite inteira.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao apresentar um documento histórico produzido no século dezenove que possibilita o estudo da luta dos negros contra a escravidão, a seção contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih um nove, além de contribuir para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 5, por mostrar a ocorrência simultânea de lutas contra a escravidão em lugares variados.
A escravidão nos Estados Unidos
A escravidão em Nova iórque foi abolida oficialmente em 1827. Naquela época, nos Estados Unidos, os estados tinham autonomia para definir se manteriam ou não o trabalho de escravizados. Cabe lembrar que os estados sulistas e os nortistas divergiam quanto ao fim da escravidão, o que foi um fator crucial para a eclosão da Guerra Civil Americana ou Guerra de Secessão (1861-1865), que será estudada no capítulo 10. A abolição da escravidão em todo o país só ocorreu em 1865.
Na manhã seguinte, o capitão chegou, pagou as despesas e me levou com ele de volta ao navio. reticências três carruagens chegaram, parando perto da embarcação. Alguns cavalheiros desceram delas e vieram a bordo. Eles andaram de um lado para o outro do convés conversando com o capitão, dizendo-lhe que todos a bordo eram livres reticências. Fomos, posteriormente, levados em suas carruagens reticências a um prédio muito bonito reticências. O cônsul brasileiro estava lá e, quando fomos chamados, perguntaram-me se desejávamos permanecer ali ou voltar para o Brasil. reticências disse audaciosamente que preferia morrer do que voltar ao cativeiro!! Depois reticências fomos levados ao que eu supunha ser uma prisão reticências. Enquanto estávamos encarcerados, alguns amigos que haviam se interessado muito por nossa causa tramaram um meio pelo qual as portas da prisão foram abertas enquanto o carcereiro dormia. Não encontramos dificuldade alguma em passar por ele e alcançar, mais uma vez, ‘o ar puro do paraíso’ reticências.”
baquáqua, marrômá G. Biography of Mahommah G. Baquaqua: a Native of Zoogoo, in the Interior of Africa. In: LARA, Silvia rânold. Biografia de marrômá G. baquáqua. Disponível em: https://oeds.link/xon8tY. Acesso em: 11 maio 2022.
Responda em seu caderno.
Questões
- Quem foi marrômá gárdo baquáqua?
- Identifique no relato de baquáqua os trechos que indicam que ele tinha posições consideradas afrontosas para um escravizado.
- Por que baquáqua se recusou a retornar ao Brasil?
- baquáqua relata uma tensão entre o capitão do navio e homens que ele identifica como “cavalheiros” que chegaram em carruagens. Qual é o motivo da tensão entre as duas partes?
- Qual é a importância da biografia de baquáqua para a pesquisa histórica?
Respostas e comentários
Enquanto isso reticências
- marrômá gárdo baquáqua foi um africano nascido em djugú, correspondente ao atual Benin. Ele foi escravizado e trazido ao Brasil em 1845, sendo vendido para um padeiro e, depois, para um comandante de navio. Com esse, ele teve a oportunidade de ir a Nova iórque, onde conseguiu fugir e conquistar a liberdade.
- Os trechos são: “fui imprudente a ponto de dizer que não ficaria mais a bordo, que eu seria livre” e “disse audaciosamente que preferia morrer do que voltar ao cativeiro!!”. Nos dois casos, as falas de baquáqua não se coadunam com a aceitação passiva de sua condição. Elas indicam que ele afirma sua condição original de homem livre e desafia as autoridades ao não se calar medrosamente diante delas. Chame a atenção dos alunos para o fato de que baquáqua não nasceu na condição de escravo, mas foi escravizado já adulto.
- Para responder à atividade, estimule os alunos a realizar uma leitura inferencial do texto, explicando-lhes que essa resposta não está explícita no relato de baquáqua. Com base nesse exercício, espera-se que eles concluam que, se retornasse ao Brasil, baquáqua continuaria a ser escravizado e certamente seria punido por seu senhor por tentar escapar.
- O capitão do navio é um indivíduo que se beneficia economicamente da escravidão, ao passo que os cavalheiros mencionados no texto, ao defenderem a ideia de que todos os homens a bordo do navio eram livres, eram certamente defensores da abolição da escravatura. Por conseguinte, esses personagens aos quais baquáqua se refere ocupavam posições conflitantes no debate sobre o sistema escravista: o capitão era um defensor do sistema e os cavalheiros, seus opositores.
- Os estudos sobre baquáqua e a divulgação deles são importantes para manter viva a memória dos africanos que foram escravizados e submetidos a terríveis condições de vida, bem como para reconhecer e valorizar tais personagens como protagonistas e sujeitos de sua história. Também são essenciais para que tenhamos uma perspectiva do sistema escravista pelo olhar de um ex-escravizado, uma vez que a maior parte das fontes sobre a escravidão foi produzida por indivíduos brancos livres.
O trabalho livre no Brasil
No Brasil, a primeira experiência com o trabalho livre imigrante na cafeicultura ocorreu em fazendas do município de Limeira, no interior paulista, na década de 1840, com a criação das chamadas colônias de parceria. Por meio desse sistema, os colonos, ao chegarem ao Brasil, recebiam do proprietário um lote de terras para o cultivo de café. Ao final da colheita, os lucros obtidos com as vendas eram divididos entre as partes.
Na prática, porém, o sistema favorecia apenas os grandes proprietários, que, na ocasião do acerto das contas, eram ressarcidos, com juros, pelas despesas com a viagem dos imigrantes, a compra de instrumentos de trabalho e outros gastos necessários ao sustento dos colonos. Assim, esses trabalhadores ficavam permanentemente endividados. Além disso, grande parte dos proprietários, acostumados a castigar os escravizados e a privá-los de qualquer direito, reproduzia com os imigrantes a mesma relação de violência.
Como fizeram os escravizados, os imigrantes reagiram contra essa situação. Muitos trabalhadores fugiram das fazendas em busca de melhores oportunidades nas cidades; outros utilizaram seus instrumentos de trabalho como armas para se rebelar contra os fazendeiros.
A partir de 1870, o governo (imperial e provincial) passou a subsidiar a imigração, promovendo campanhas na Europa para atrair imigrantes e custeando as viagens ao Brasil. Os imigrantes também começaram a receber salários por seu trabalho e um pedaço de terra para o cultivo de alimentos. Entre 1870 e 1890, mais de setecentas mil pessoas entraram no Brasil. A maior parte se dirigiu para fazendas paulistas; muitas outras se estabeleceram na Região Sul do país, onde formaram núcleos compostos de pequenas propriedades.
Essa política de incentivo à imigração europeia também era motivada pelo ideal de nação defendido por parte da elite brasileira, que adotou as ideias racistas em voga na Europa. Para esse grupo, só com o “branqueamento” da população o país ingressaria no rol das nações “prósperas e civilizadas”.
Os defensores dessas formulações se apropriaram das ideias de Charles Darwin sobre evolução e seleção natural na área da biologia para explicar a sociedade e “justificar” a superioridade dos brancos, com base em argumentos pseudocientíficos. O médico italiano tchézare Lombroso, por exemplo, afirmava que os traços físicos e hereditários caracterizavam o perfil de indivíduos criminosos. Portanto, o criminoso já teria predisposição – isto é, características anatômicas, psicológicas e sociológicas – para cometer delitos. Segundo ele, esses traços se encontrariam em sociedades como as africanas. A miscigenação era malvista pelos que acreditavam nessas ideias, pois eliminava a suposta pureza da raça branca.
Refletindo sobre
Muitos imigrantes europeus chegaram ao Brasil entre o final do século dezenove e o começo do século vinte. Ainda hoje, imigrantes de diferentes partes do mundo vêm ao Brasil. Você é imigrante, descendente de imigrantes ou conhece alguém que seja? Se for imigrante, você mantém práticas culturais de seu país de origem? Quais? Se for descendente de imigrantes, você tem algum hábito do país de origem de seus pais, avós ou bisavós?
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao analisar a influência da teoria do embranquecimento nas políticas de imigração do Brasil, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois sete.
Refletindo sobre
Com esta reflexão, pretende-se reforçar a ideia de que as histórias pessoais ou de determinados grupos sociais estão conectadas a diferentes aspectos e acontecimentos da história do Brasil. Espera-se, ainda, contribuir para que os alunos reconheçam e valorizem a diversidade cultural existente no país, aproximando o tema estudado do cotidiano deles e construindo uma aprendizagem mais significativa.
Bê êne cê cê
Por envolver a valorização de manifestações culturais do país e possibilitar a expressão de conhecimentos, ideias e sentimentos em diversos contextos para o entendimento mútuo, e, portanto, o exercício do respeito à diferença em uma sociedade plural, a atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Diversidade cultural e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 3, nº 4 e nº 8, e das Competências específicas de Ciências Humanas nº 1 e nº 4.
Saúde mental e emocional
A associação defendida por tchézare Lombroso entre traços físicos e a propensão para a prática de crimes reforçou, no Brasil, o racismo. No final do século dezenove, intelectuais brasileiros, como o médico maranhense Raimundo Nina Rodrigues, atribuíram ao indivíduo negro uma inclinação natural para a criminalidade. Essa ideia se difundiu pela sociedade brasileira e chegou até o presente. Ela está na base, por exemplo, das abordagens policiais ostensivas a jovens negros e na prática de estabelecimentos comerciais vigiarem consumidores negros nas dependências de suas lojas e até impedir sua entrada nelas. Como resultado, muitos jovens negros e seus familiares são submetidos frequentemente a situações de constrangimento, humilhação e violência que deixam marcas psicológicas profundas.
Transformações no Brasil imperial
Durante o Segundo Reinado, a expansão da economia cafeeira favoreceu o crescimento da indústria em parte do país. Além disso, a extinção do tráfico de escravizados implicou o aumento do trabalho assalariado, aquecendo a atividade comercial. Em razão disso, ocorreu um processo de modernização em algumas cidades, com pavimentação e iluminação de ruas, introdução de bondes puxados por animais e ampliação dos espaços de sociabilidade nos cafés, confeitarias e teatros.
As capitais brasileiras foram as principais beneficiadas desse processo. Salvador, por exemplo, manteve-se como importante núcleo de comércio, importação e exportação de produtos nordestinos, mesmo após a proibição do tráfico negreiro.
Respostas e comentários
Ampliando: urbanização e energia
“A segunda metade do século dezenove marcou o início da modernização da infraestrutura econômica e da estrutura urbana brasileiras: 1861 é o ano da construção da Estrada de Rodagem União Indústria, entre Juiz de fóra e Petrópolis; em 1872 dá-se a inauguração da primeira linha de telégrafo; em 1872-1874 ocorreu o lançamento do cabo submarino que ligou o Brasil à Europa; em 1880 iniciou-se a telefonia; data de 1888 a primeira usina hidroelétrica; entre 1872 e 1895 instalaram-se redes de tráfego urbano nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Campinas, São Luís e Recife.
Expandiram-se os núcleos urbanos. Cidades como Santos, Campinas e São Paulo vão crescer e diversificar suas estruturas no campo bancário e financeiro, ao mesmo tempo que instalam serviços de utilidade pública como iluminação a gás, transporte urbano a tração animal, serviços de água e esgoto.”
PAULA, João Antônio de. O processo econômico. In: CARVALHO, José Murilo de ( coordenação). A construção nacional: 1830-1889. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. volume 2. página 212-214. (Coleção História do Brasil nação: 1808-2010).
Cidade Baixa e Cidade Alta em Salvador
Durante a maior parte da história de Salvador, o centro econômico da cidade se localizou na Cidade Baixa, região em que estão a faixa litorânea e o porto da cidade, enquanto a Cidade Alta era o centro político, mais moderna. O Elevador Lacerda, por exemplo, se situa entre construções que representam esses dois setores.
Contraste social e cultural
Durante o Segundo Reinado, houve desenvolvimento expressivo da literatura, da música, do teatro e das artes plásticas no Brasil. Dom Pedro segundo procurou difundir a cultura europeia pelo país, ao mesmo tempo que criou e patrocinou várias instituições com o objetivo de estimular e ampliar a produção cultural nacional. Além de fundar colégios, museus, teatros, escolas de música e de medicina, o monarca foi entusiasta da fotografia, atuando como colecionador e patrocinador.
No Rio de Janeiro, capital do império, ele financiou o Colégio Pedro segundo. Fundado em 1837, o colégio tornou-se uma das melhores instituições de ensino do país, e nele estudaram os filhos das famílias mais ricas da capital. O monarca também financiou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ( í agá gê bê), onde participou de reuniões com os principais intelectuais do Rio de Janeiro. O í agá gê bê foi fundado em 1838 com o objetivo de construir a história oficial do Brasil, destacando os heróis do país e ajudando a criar uma identidade nacional.
Naquela época, as expressões artísticas e culturais da elite, encorajadas pelo imperador, conviveram com as produzidas por integrantes das camadas populares da sociedade. Leia o texto sobre a cisão entre a cultura erudita e a cultura popular.
“Com um índice de analfabetismo de 85% da população, o Brasil constituía uma ilha de letrados num mar de analfabetos. Era forte a presença da escultura e da pintura populares expressa na estatutária religiosa e nos ex-votos; existia grande variedade de ritmos populares, como a modinha e o extraordinário chorinho. O mesmo se pode dizer do mundo da dança, onde o reisadoglossário , o lunduglossário , o batuque, o maxixe contrastavam com a valsa e a polkaglossário dos salões. reticências Povo e elite mantiveram-se em mundos à parte no campo cultural, assim como no mundo social e político.”
CARVALHO, José Murilo de. As marcas do período. In: CARVALHO, José Murilo de ( coordenação). A construção nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. página 35, volume 2. (Coleção História do Brasil Nação).
Dessa maneira, a intensa vida cultural e artística, o luxo e a riqueza dos espaços privilegiados nas cidades eram cercados de pequenos becos sem saneamento básico e iluminação, onde viviam libertos, trabalhadores pobres, vendedores ambulantes e pessoas desempregadas. Apesar do crescimento e da modernização das cidades, o Brasil continuou a ser um país predominantemente analfabeto e agrário, com cêrca de 80% da população vivendo no campo.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao apresentar aspectos culturais do Segundo Reinado, como a discussão sobre as cisões entre a cultura popular e a cultura erudita, o Romantismo brasileiro e a ideia de construção de uma identidade nacional em torno da valorização do indígena, o conteúdo contempla a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois dois.
Ampliando: a ideologia da mestiçagem
“A miscigenação se transformou em assunto privilegiado no discurso nacionalista brasileiro após 1850, vista como mecanismo de formação da nação desde os tempos coloniais e base de uma futura raça histórica brasileira, de um tipo nacional, resultante de um processo seletivo direcionado para o branqueamento da população. Como consequência, será assunto obrigatório na discussão da política imigratória, especialmente relacionada com a colonização, porque nesta estava em jogo o outro elemento fundamental para a nação – a ocupação do território.”
seifért, Giralda. Construindo a nação: hierarquias raciais e o papel do racismo na política de imigração e colonização. In: MAIO, Marcos chór; SANTOS, Ricardo Ventura ( organizador). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz/ cê cê bê bê, 2006. página 43.
A construção da identidade nacional
A estreita relação da elite brasileira com a Europa refletiu-se na produção cultural do país. Essa produção foi influenciada, por exemplo, pelo Romantismo, um movimento artístico-cultural iniciado no continente europeu, no século dezenove, que valorizava a libertação do ser humano, a natureza idealizada e a expressão das emoções, assim como refutava a arte do período neoclássicoglossário em favor da criatividade.
Nas artes e na literatura, por exemplo, predominou a exaltação do indígena e da natureza exuberante do país. Esses dois elementos tornaram-se símbolos nacionais. O indígena passou a ser visto como o “bom selvagem”, o portador da singularidade brasileira e, portanto, o fundador da nação.
Essa busca pela formação da nacionalidade brasileira marcou, principalmente, a primeira geração de românticos no Brasil, destacando-se Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias. José de Alencar também foi um importante escritor romântico e indianista, que sobressaiu na segunda geração.
Cultura popular
Ao lado das elites letradas, as camadas populares também tinham suas expressões culturais, as quais contribuíram para a formação da identidade nacional. As festas, diversões, jogos e brincadeiras populares faziam parte do cotidiano das cidades e incluíam manifestações como o Dia de Reis, Dia do Divino, as Cavalhadas, as Congadas, os Batuques e o Entrudo.
Muitas dessas festas eram baseadas na mistura da cultura europeia cristã e da cultura africana e ainda hoje são parte da cultura brasileira, sendo comemoradas de diferentes fórmas em diversas partes do Brasil.
O entrudo, por exemplo, que era uma brincadeira feita nas ruas, na qual se jogava farinha e água entre os brincantes, é considerado a primeira manifestação carnavalesca no Brasil, isto é, está na origem de uma das festas mais significativas da cultura nacional atualmente.
Muitas vezes essas manifestações populares eram perseguidas pelo governo, que desejava manter a ordem e impor um modelo de civilização à sociedade brasileira em construção.
Responda em seu caderno.
Recapitulando
- Crie uma linha do tempo com as seguintes leis abolicionistas, incluindo um pequeno texto sobre as determinações de cada uma delas: Lei Áurea, Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários, Lei Eusébio de Queiroz.
- Como as ações dos escravizados contribuíram para o fim da escravidão no Brasil?
- O que foram as colônias de parceria do Segundo Reinado?
- Explique a afirmação: “Houve intenso desenvolvimento cultural no Brasil do Segundo Reinado, mas ele não era acessível a toda a população”.
- Como os artistas, intelectuais e poetas românticos contribuíram para a criação de uma identidade nacional no Brasil?
Versão adaptada acessível
12. Construa uma linha do tempo tátil com as seguintes leis abolicionistas, incluindo um pequeno texto sobre as determinações de cada uma delas: Lei Áurea, Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários, Lei Eusébio de Queiroz. Para esta atividade, você pode utilizar materiais emborrachados, papéis com texturas e espessuras variadas, bem como palitos, linhas, botões etcétera
Orientação para acessibilidade
Uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero, fino e espesso, tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Dessa forma, podem ser utilizados material emborrachado, diversos tipos de papéis, palitos, linhas, botões etcétera Auxilie os estudantes durante a seleção e a organização dos materiais. Para facilitar a percepção em alto-relevo, sugerimos que a estrutura principal seja feita com materiais mais espessos, como os emborrachados. Já os marcos temporais podem ser representados por materiais mais finos, como fios de linha ou pequenos palitos. Após a montagem dessa estrutura, oriente os estudantes que produzam textos referentes às determinações de cada uma das leis abolicionistas e os colem próximos aos respectivos marcos temporais indicados. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade. Os estudantes também podem destacar a cronologia dos acontecimentos em forma de texto ou oralmente, desde que as relações de anterioridade e posterioridade sejam evidenciadas.
Respostas e comentários
A construção da identidade nacional
Mais informações sobre o processo de formação da identidade nacional e sua expressão na literatura podem ser consultadas em: FIORIN, José Luiz. A construção da identidade nacional brasileira. baquitiniâna, São Paulo, volume 1, número 1, 2009. página 115-126. Disponível em: https://oeds.link/Z4qPHN. Acesso em: 14 abril 2022.
Recapitulando
- Espera-se que os alunos componham a linha do tempo com as seguintes informações: a Lei Eusébio de Queiroz extinguiu o tráfico de escravizados no Brasil em 1850. A Lei do Ventre Livre, de 1871, declarou livres os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir da data de sua publicação. Aprovada em 1885, a Lei dos Sexagenários, também chamada de Lei Saraiva-Cotegipe, tornou livres os escravizados maiores de 60 anos, que deveriam trabalhar para seus senhores, a título de indenização, por mais três anos. A Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888, aboliu a escravidão no Brasil.
- Os escravizados promoveram fugas em massa, invadiram as propriedades rurais para libertar outros cativos, formaram quilombos, recusaram-se a trabalhar, entre outras fórmas de resistência que contribuíram para o fim do sistema escravista no país.
- Por meio das colônias de parceria, os imigrantes recebiam um lote de terra do proprietário, que assumia as despesas com a viagem e de tudo o que era necessário para a instalação dos colonos. Parte dos lucros obtidos com as vendas das colheitas dessa terra era dada ao proprietário. Contudo, o proprietário também cobrava dos imigrantes os valores gastos para trazê-los e instalá-los na fazenda.
- Ao longo do Segundo Reinado, Dom Pedro segundo incentivou a literatura, a música, o teatro, as artes plásticas e a fotografia, fundando e financiando colégios, institutos de pesquisa, museus, teatros, escolas de música e de medicina. Essas medidas, no entanto, não atingiram a maior parte da população, que permaneceu sem acesso aos novos serviços de educação e cultura. Essa população, por outro lado, desenvolveu uma cultura popular própria, como as modinhas, o chorinho, o reisado, o lundu, o batuque e o maxixe.
- No Brasil, artistas, intelectuais e poetas, principalmente da primeira geração do Romantismo, contribuíram para a criação da identidade nacional por meio da exaltação do indígena e da natureza do país. O “bom selvagem” idealizado pelo Romantismo tornou-se símbolo nacional, o herói fundador da brasilidade.
O fim da monarquia no Brasil
No fim do século dezenove, o regime monárquico brasileiro perdeu, aos poucos, sua base de apoio e começou a apresentar sinais de crise. Várias razões explicam o enfraquecimento da monarquia e a vitória do movimento republicano.
Uma delas foi a participação do Brasil na Guerra do Paraguai, que elevou a dívida do país, criou um grupo forte de opositores ao imperador e fortaleceu o exército, que, vitorioso, passou a exigir mais poder de decisão na política nacional. Outra foi o desenvolvimento urbano, que facilitou a circulação de ideias e o crescimento de grupos políticos e setores da classe média que almejavam a modernização do país e eram cada vez mais simpáticos ao projeto republicano. Para esses grupos, a monarquia representava o Brasil escravocrata e agrário, que precisava ser superado.
Além disso, os cafeicultores do Oeste paulista, sem poder comprar escravizados na escala exigida pela expansão de suas fazendas e valendo-se, cada vez mais, da mão de obra dos imigrantes, afastaram-se da monarquia. Em 1873, fundou-se na cidade de Itu, no interior paulista, o Partido Republicano Paulista ( pê érre pê), que cresceu rapidamente e conquistou adeptos em todo o país.
A campanha pelo fim da monarquia e pela instauração da república no Brasil foi fortalecida pelo desgaste da imagem do imperador entre os integrantes da elite escravocrata. Os grandes produtores que tinham muitos escravizados, principalmente do Vale do Paraíba, sentiram-se traídos pela monarquia, que aboliu a escravidão sem indenizá-los.
Diante desse quadro, o exército se mobilizou para assumir o comando político do Estado brasileiro. Em 15 de novembro de 1889, a monarquia foi derrubada por um golpe militar liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, coordenado por elementos do exército e apoiado por um pequeno grupo de republicanos. Assim, por meio de um golpe militar e sem a participação do povo, a república foi proclamada no Brasil.
Derrubada a monarquia, em 18 de novembro Dom Pedro segundo, acompanhado de sua família, partiu para o exílio na Europa.
Saiba mais
Dom Pedro segundo e a imprensa
No Segundo Reinado havia liberdade de imprensa. Assim, jornalistas e cartunistas divulgavam sem receio suas ideias, críticas e interesses nos periódicos e nas revistas.
Dom Pedro segundo, por exemplo, foi muito pressionado pelos abolicionistas e republicanos e satirizado nas charges, principalmente no final de seu reinado, quando as inovações técnicas na produção de ilustrações foram impulsionadas. Esses documentos constituem um importante acervo para estudarmos a história do Brasil imperial e o desenvolvimento da imprensa no período.
Respostas e comentários
Ampliando: o fim da monarquia
“Concebido em 1822, o sistema político parecia pouco satisfatório aos setores novos, na década de 1880. As novas elites urbanas não se sentiam suficientemente representadas e os fazendeiros das áreas cafeeiras mais novas, que produziam boa parte da riqueza do país, sentiam-se peados pelas estruturas políticas do Império. O Partido Republicano recrutou adeptos nesses grupos sociais insatisfeitos. Republicanos e abolicionistas adotaram um estilo político novo. Pela primeira vez, a política saía dos limites estreitos dos conchavos familiares para a praça pública. Os políticos falavam às populações urbanas. Os poetas e escritores voltaram a falar do povo, redescobrindo-o, como fonte de inspiração. Apesar dessas tentativas de mobilização popular, a República se faria como a Independência se fizera – sem a colaboração das massas. O novo regime resultaria de um golpe militar. Nos meios republicanos, a estratégia conspiratória prevaleceu sobre a estratégia revolucionária. O Exército apareceu aos olhos das novas elites como o instrumento ideal para derrubar a Monarquia e instituir um novo regime que as colocasse no poder. Desde a Guerra do Paraguai, setores do Exército se indispuseram com o sistema monárquico. Convencidos de que os políticos civis eram corruptos, entenderam que cabia aos militares uma missão regeneradora, de salvação nacional. Nada mais natural, pois, do que a aliança entre esses setores militares e os republicanos, aliança que culminou na derrubada da Monarquia.”
COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: Unésp, 1999. página 15.
O legado e a superação da escravidão
A Lei Áurea aboliu a escravidão, mas não reparou os danos acumulados em quase quatro séculos de permanência desse sistema no Brasil. Além da violência do desterro, das viagens nos navios negreiros e da condição degradante do cativo, a escravidão deixou em nossa sociedade uma herança triste e duradoura: o preconceito racial.
O racismo está presente no dia a dia da população, como demonstram os indicadores sociais relativos aos negros no Brasil, que têm a renda mais baixa, os menores índices de escolaridade, as piores condições de moradia, constituem a maior parte da população prisional, são as principais vítimas da violência policial etcétera
O combate ao racismo tem ganhado fôrça em nosso país pela ação do movimento negro e de outros setores da sociedade civil e de políticas públicas reparatórias e afirmativas para a população negra.
Uma dessas políticas envolveu a criação de uma reserva de vagas nas universidades e institutos federais de ensino para pessoas que fizeram o Ensino Médio em escolas públicas, têm baixa renda ou se declaram negras ou indígenas. A Lei número .12711, mais conhecida como Lei de Cotas, foi sancionada em 2012. Dados sobre os alunos que ingressaram na Universidade Federal de Minas Gerais ( ú éfe ême gê) em 2016 mostraram que as notas dos cotistas superaram, na maior parte dos casos, as notas dos alunos que entraram na universidade em 2013, por vestibular. Esse é um exemplo de que as ações afirmativas podem ajudar a construir um país mais justo e inclusivo.
Conexão
Joaquim Nabuco: a voz da abolição
Lailson de Holanda Cavalcanti. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2019.
Esta agá quê apresenta a trajetória do político e abolicionista Joaquim Nabuco. É possível conhecer um pouco mais sobre a infância dele no Engenho de Massangana, no Recife, onde teve os primeiros contatos com a escravidão, bem como sua luta pela abolição da escravidão no Brasil.
Responda em seu caderno.
Recapitulando
- Explique as razões do enfraquecimento da monarquia de Dom Pedro segundo.
- Quais foram os principais efeitos da escravidão para a sociedade brasileira atual? Justifique.
- Que grupos e ações combatem a herança da sociedade escravista no Brasil?
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao abordar o legado da escravidão no Brasil e enfatizar a importância das políticas afirmativas para os negros, o conteúdo contempla as habilidades ê éfe zero oito agá ih um nove e ê éfe zero oito agá ih dois zero. Além disso, a discussão desse assunto se relaciona com os temas contemporâneos transversais Diversidade cultural e Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras.
Recapitulando
- Diversos fatores contribuíram para o enfraquecimento da monarquia: a Guerra do Paraguai, que elevou a dívida do país e aumentou a influência dos militares na política nacional; a oposição dos cafeicultores à monarquia, descontentes com o processo de abolição da escravidão; a urbanização, que facilitou a circulação de ideias e o crescimento de grupos para os quais a monarquia representava um país escravocrata e agrário, que precisava ser superado.
- A desigualdade social e o preconceito racial. Esses elementos podem ser verificados pelos indicadores sociais (renda, escolaridade, moradia, população prisional etcétera), que atestam o contraste entre as condições de vida da população negra e as da população branca do país.
- O movimento negro e outros setores da sociedade civil organizada se articulam, pressionando o governo a desenvolver políticas públicas que mitiguem, no Brasil atual, os efeitos da escravidão. Uma das ações desses grupos resultou na promulgação da Lei de Cotas, que ampliou a presença dos afrodescendentes nas universidades federais brasileiras e que será destacada na seção de “Atividades” deste capítulo.
Conexão
Ao apresentar a trajetória de Joaquim Nabuco no formato de agá quê, o livro aproxima a temática abolicionista das culturas juvenis. Se julgar conveniente, peça aos alunos que, inspirados no livro de Lailson de Holanda Cavalcanti, criem agá quês apresentando a trajetória de outros abolicionistas, como Luís Gama, José do Patrocínio e André Rebouças. Os trabalhos dos alunos podem ser expostos para a comunidade escolar ou compartilhados por meio das redes sociais digitais da escola.
Atividades
Responda em seu caderno.
Aprofundando
1. Leia o texto e responda às questões.
“A escola para índios e a catequese no século dezenove eram emblemáticas da política da brandura e dos bons tratos dirigida à população indígena. Isso se traduz, na prática, na violência assimilacionista que pretendia atingir e modificar a estrutura das sociedades e culturas indígenas. Catequese foi sinônimo de empresa colonial, de fôrça, de coerção, de imposição aos índios do medo e do respeito às autoridades coloniais. Mas foi também sinônimo de economia de mercado, comunicação dos povos, estradas transitáveis e escoamento dos produtos da lavoura dos índios. Possibilidade de as comunidades indígenas se comunicarem com o Brasil.”
AMOROSO, Marta Rosa. Mudança de hábito: catequese e educação para índios nos aldeamentos capuchinhos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, volume 13, número 37, junho 1998.
- De acordo com o texto, a política indigenista do Segundo Reinado foi, na prática, “branda” no trato com os indígenas? Por quê?
- Além de promover a “civilização” dos indígenas por meio da catequese, quais eram os outros interesses do governo imperial com as políticas indigenistas?
2. Leia o texto do historiador Luiz Felipe de Alencastro sobre a política de imigração no Segundo Reinado e responda às questões.
“‘Para quem se virá trabalhar em nosso país?’ Se o imigrante viesse trabalhar por conta de outra pessoa, para os fazendeiros, poderia ser de qualquer raça. Em compensação, se viesse cultivar terras por conta própria, deveria preencher as características étnicas e culturais desejadas pelos funcionários do império. reticências Os fazendeiros e o grande comércio buscavam angariar proletários de qualquer parte do mundo, de qualquer raça, para substituir, nas fazendas, os escravos. reticências [Entretanto,] a burocracia imperial e a intelectualidade tentavam fazer da imigração um instrumento de ‘civilização’ a qual, na época, referia-se ao embranquecimento do país.”
ALENCASTRO, Luiz Felipe de; rênô, Maria Luiza. Caras e modos dos migrantes e imigrantes. In: ALENCASTRO, Luiz Felipe de ( organizador). História da vida privada no Brasil: império: a côrte e a modernidade nacional. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, volume 2. página 293.
- Em que aspecto os critérios dos fazendeiros e das autoridades imperiais diferiam na procura por trabalhadores imigrantes?
- Como se explica a diferença de critérios mencionada na questão anterior?
- O projeto das autoridades imperiais de branqueamento da população, com o discurso de que isso tornaria o Brasil mais “próspero e civilizado”, se justifica do ponto de vista científico? Por quê?
3. Observe esta charge e leia a legenda. Depois, descreva-a, identificando a tensão social que ela revela.
Respostas e comentários
Atividades
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- Não, pois a catequese, principal instrumento dessa política, significou outro tipo de violência que não a física: a imposição de um modo de vida ocidental aos indígenas, forçando o abandono de suas tradições e culturas.
- Segundo o texto, a política indigenista, que tinha na catequese a principal ferramenta para “civilizar” os indígenas, atendia também aos interesses econômicos do Estado imperial, pois as missões ocuparam os territórios dos nativos, transformando esses locais com a abertura de estradas para o escoamento de produtos e a comunicação entre regiões diferentes, em atendimento às demandas do mercado.
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- Os fazendeiros não tinham preferência por raça nenhuma, ao passo que as autoridades imperiais buscavam trazer para o Brasil imigrantes brancos.
- Os fazendeiros estavam preocupados apenas em ter mão de obra para suas plantações, independentemente da etnia do trabalhador; já as autoridades imperiais desejavam trazer para o Brasil imigrantes brancos para que a população brasileira fosse embranquecida.
- Não. As teorias que pregavam a existência de raças humanas, atualmente, foram contestadas e deixaram de ser empregadas no âmbito dos estudos científicos. As pesquisas sustentam a tese de que não há nada que diferencie em inteligência, retidão moral ou fôrça física os indivíduos com diferentes colorações de pele ou origens étnicas. Assim, a ideia de que indivíduos brancos contribuiriam para uma melhoria do brasileiro não tem fundamentação científica.
- A charge representa um soldado negro, provavelmente ex-escravizado, que, ao retornar da Guerra do Paraguai, observa, abalado e revoltado, sua mãe presa a um tronco e sendo chicoteada. Os escravizados que ingressavam no exército eram alforriados, e seus proprietários recebiam indenização do governo brasileiro. Angelo Agostini revelou o choque e a tensão sentidos por esses soldados ao retornar ao Brasil depois da guerra, pois tinham de conviver com a estrutura escravista ainda vigente.
4. Observe o cartaz e faça o que se pede.
- Que leis abolicionistas antecederam a representada no cartaz?
- Descreva o cartaz e comente a impressão que ele transmite a respeito do processo abolicionista.
- A imagem do cartaz reflete a realidade do processo de abolição da escravidão? Justifique.
Aluno cidadão
- A superação do racismo começa com a admissão de que ele existe no Brasil, desmontando a ideologia da democracia racial, para depois criar meios efetivos de combatê-lo. As políticas públicas afirmativas voltadas para a população afrodescendente adotadas no Brasil nos últimos anos foram criadas com esse objetivo.
- Uma das principais políticas públicas afirmativas voltadas para os afrodescendentes no Brasil é a Lei número 12.711 (Lei de Cotas). Pesquise em livros, revistas ou na internet o impacto dessa lei para a população afrodescendente brasileira.
- Com base nas informações obtidas, debata a importância da Lei de Cotas com os colegas.
Conversando com ciências
- Como você estudou neste capítulo, ao longo do Segundo Reinado houve intenso desenvolvimento urbano no Brasil, especialmente na Região Sudeste do país, em razão dos lucros advindos da economia cafeeira. Entre as novidades urbanas, estava a energia elétrica, que começou a ser usada na década de 1880. Contudo, a oferta de eletricidade era limitada e se restringia a alguns serviços públicos e às atividades das nascentes indústrias. Somente no século seguinte, a energia elétrica se desenvolveria intensamente no Brasil. Hoje, é difícil imaginar como seria viver sem eletricidade. Pensando nisso, responda às questões.
- Em que atividades do seu dia a dia você utiliza energia elétrica?
- No Brasil, atualmente, a maior parte da eletricidade é gerada por que tipo de usina? Que outras usinas de energia existem no país, mas em menor quantidade?
- Por que é importante ter consciência dos impactos do uso de energia elétrica no meio ambiente? Que atitudes podemos tomar para não desperdiçar eletricidade?
enêm e vestibulares
7. ( enêm méqui) “Em 1879, cêrca de cinco mil pessoas reuniram-se para solicitar a Dom Pedro segundo a revogação de uma taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte urbano. O vintém era a moeda de menor valor da época. A polícia não permitiu que a multidão se aproximasse do palácio. Ao grito de ‘ fóra o vintém!’, os manifestantes espancaram condutores, esfaquearam mulas, viraram bondes e arrancaram trilhos. Um oficial ordenou fogo contra a multidão. As estatísticas de mortos e feridos são imprecisas. Muitos interesses se fundiram nessa revolta, de grandes e de políticos, de gente miúda e de simples cidadãos. Desmoralizado, o ministério caiu. Uma grande explosão social, detonada por um pobre vintém.”
Disponível em: https://oeds.link/yfZwfB. Acesso em: 7 abril 2022. (Adaptado).
A leitura do trecho indica que a coibição violenta das manifestações representou uma tentativa de:
- capturar os ativistas radicais.
- proteger o patrimônio privado.
- salvaguardar o espaço público.
- conservar o exercício do poder.
- sustentar o regime democrático.
Respostas e comentários
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- A Lei Eusébio de Queiroz, de 1850, a Lei do Ventre Livre, de 1871, e a Lei dos Sexagenários, de 1885.
- No centro do cartaz, um homem branco e um homem negro são representados sorrindo e se cumprimentando. Atrás deles está um estandarte com o número da Lei Áurea (nº 3.353) e a data de sua promulgação (13 de maio de 1888). Na parte inferior do cartaz, lê-se “Agora sim!”. Essas características do cartaz contribuem para criar uma narrativa sobre a abolição como um processo harmônico, fruto de um acordo pacífico entre brancos e negros, unindo senhores a escravizados.
- Não, pois a abolição não promoveu a integração cidadã dos negros à sociedade, em razão, sobretudo, do racismo, presente na ideia de que os afrodescendentes não poderiam usufruir dos mesmos direitos que os brancos. Na área rural, grande parte dos ex-escravizados, sem condições de garantir seu sustento, continuou dependendo dos ex-senhores.
- Pretende-se com essa atividade promover a desnaturalização do preconceito racial no Brasil, mostrando sua construção no contexto de uma cultura eurocêntrica e ressaltando fórmas de combate ao racismo e de reparação histórica dos afrodescendentes pelas injustiças do passado.
Oriente os alunos na realização da pesquisa, enfatizando a importância da consulta a fontes confiáveis e da obtenção de dados que permitam constatar se a aplicação da lei acarretou maior acesso ao sistema de educação e melhoria dos índices de formação universitária entre a população afrodescendente. Em uma data agendada, permita aos alunos que apresentem as informações pesquisadas e discutam o tema com base em argumentos pautados nos dados levantados. Vale destacar o fato de que os direitos conquistados pelos negros resultam de anos de atividade de movimentos sociais organizados e são fórmas de mitigar os efeitos do passado escravagista da sociedade brasileira.
Bê êne cê cê
A atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Diversidade cultural e Educação em direitos humanos e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 2, nº 4, nº 7, nº 9 e nº 10, além das Competências específicas de Ciências Humanas nº 1, nº 2, nº 3, nº 4 e nº 6.
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- Muito provavelmente, os alunos responderão que utilizam energia elétrica ao longo de todo o dia. Pode ser ao carregar algum aparelho eletrônico, acender lâmpadas à noite, entre tantas outras opções.
- A maior parte da eletricidade no Brasil é gerada pelas usinas hidrelétricas. Porém, também existem no país usinas termelétricas, de energia solar e de energia eólica.
- Espera-se que os alunos compreendam que a geração de eletricidade provoca diversos impactos ambientais, de maior ou menor grau, dependendo do tipo de usina. Por isso, é importante não desperdiçar energia elétrica. Entre as ações que cada um pode realizar estão: sempre apagar a lâmpada ao sair de um cômodo, aproveitar a luz do Sol e evitar abrir a geladeira com frequência.
Interdisciplinaridade
A atividade desenvolve habilidades do componente curricular ciências, especificamente as habilidades ê éfe zero oito cê ih zero cinco e ê éfe zero oito cê ih zero seis.
7. Alternativa d.
Fazendo e aprendendo
Poesia
Você costuma ler poemas? A principal característica de um poema é a escrita em versos, o que o difere dos textos em prosa. Além disso, o poema trabalha a linguagem imagética e faz um uso expressivo da língua por meio da sonoridade e do ritmo. Vários assuntos podem ser tratados em um poema, como o sentimento amoroso, a lembrança de um fato histórico e a denúncia de injustiças sociais.
Leia um poema escrito por Miriam Alves, professora e escritora nascida em São Paulo, em 1952, que homenageia Luísa Marrín, mãe de Luís Gama, importante abolicionista de seu tempo.
Marrín Amanhã
“Ouve-se nos cantos a conspiração
vozes baixas sussurram frases precisas
escorre nos becos a lâmina das adagasglossário
Multidão tropeça nas pedras
Revolta
há revoada de pássaros
sussurro, sussurro:
‘é amanhã, é amanhã.
Marrín falou, é amanhã’
A cidade toda se prepara
Malês
bântus
geges
nagôs
vestes coloridas resguardam esperanças
aguardam a luta
Arma-se a grande derrubada branca
a luta é tramada na língua dos Orixás
‘é aminhã, aminhã’
sussuram
Malês
bântus
geges
nagôs”
ALVES, Miriam. Cadernos Negros: os melhores poemas. Organização quilomboje. São Paulo: quilomboje / Fundo Nacional da Cultura, Ministério da Cultura, 1998. página 104.
Ao ler e analisar um poema, procure ter em mente alguns procedimentos:
- Reconheça a fórma. Um poema é quase sempre estruturado em versos, que formam estrofes. O poema Marrín Amanhã é formado apenas por uma estrofe irregular, que contém vinte e quatro versos livres. O ritmo é marcado principalmente pela aliteração e pelos versos intercalados que apresentam uma palavra.
- Conecte-se com a linguagem e com as imagens poéticas. Para compreender a linguagem poética, é preciso refletir um pouco. Por isso, não se preocupe se não entender algo em um primeiro momento: releia. O poema de Miriam Alves narra uma ação ficcional, uma cena de expectativa para uma luta. Observe como a linguagem poética apresenta as pessoas envolvidas nessa cena, quem são, suas vestes, sua religiosidade e a emoção que as envolve.
Respostas e comentários
Fazendo e aprendendo
Espera-se com essa atividade incentivar os alunos a ler poesias e extrair delas reflexões associadas aos conteúdos estudados no componente curricular história.
Comente que, mesmo sendo um gênero voltado primordialmente para a expressão individual, a poesia, ao longo da história, demonstrou sua faceta de intervenção social. Diversos poetas, como Miriam Alves, foram reconhecidos por produzir uma poesia engajada com as lutas contestatórias.
Bê êne cê cê
Ao proporcionar aos alunos a oportunidade de entrar em contato com a linguagem poética e exercitar a criação artística, destacando-a como modo de aprofundar conhecimentos e levantar questionamentos, a seção contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 3 e da Competência específica de História nº 3.
3. Considere a época e os temas. O poema de Miriam Alves foi escrito no final do século vinte, mas cria uma ação ficcional que tenta reconstruir as expectativas envolvidas na luta dos escravizados pela liberdade no século dezenove. E, ao mesmo tempo em que Miriam Alves permite ao leitor refletir sobre o passado, traz para a realidade contemporânea o tema do legado da escravidão na sociedade brasileira.
Considerando esses apontamentos, reflita: você acredita que a arte é um meio efetivo para denunciar uma situação degradante e ajudar na conscientização das pessoas?
Responda em seu caderno.
Aprendendo na prática
Agora é o momento de soltar a imaginação e criar! Escreva um poema tendo como inspiração um dos temas estudados na unidade.
Para desenvolver seu poema, siga os procedimentos.
- Escolha o tema. No exemplo citado, Miriam Alves usou uma fórma poética para refletir sobre a luta dos escravizados pela liberdade. Você poderá abordar diretamente um assunto da unidade ou buscar inspiração no que estudou para tratar de temas universais e atemporais: a liberdade, a passagem do tempo, os sentimentos, a inconformidade com as injustiças etcétera
- Faça as primeiras anotações. Em contato com o tema escolhido, escreva palavras e ideias que acha importantes e interessantes. Depois, faça associações entre elas, criando figuras de linguagem, como metáforas e personificações, para deixar o texto mais expressivo. Registre diversas sensações e impressões, pois é hora de deixar a imaginação fluir!
- Planeje o poema. Com base nas anotações feitas, comece a pensar em uma estrutura. Quantas estrofes deve ter seu poema? Como será a extensão dos versos? Haverá rimas? Muitos poemas modernos e contemporâneos se estruturam de fórma livre, com versos brancos (sem rimas). No entanto, neles a linguagem é usada de fórma expressiva, com ritmo, ideias e estruturas interessantes que desafiam e causam impacto no leitor, assim como fez Miriam Alves. Não perca isso de vista!
- Faça a primeira versão do poema e dê um título a ele. Depois, troque de poema com um colega e, juntos, façam apreciações sobre a primeira versão do trabalho. Verifiquem, por exemplo, como os textos dialogam com o tema escolhido, se estão bem organizados, se há trechos que não estão claros para o leitor e se os recursos utilizados são adequados à linguagem poética.
- Finalize seu poema e entregue-o ao ou à professor ou professora.
- Quando o professor ou a professora devolver o poema a você, faça as correções apontadas e combine com os colegas a fórma como vão publicar os trabalhos. Organizem, por exemplo, uma coletânea da turma, que pode ser exposta em murais da escola ou ficar disponível para leitura na sala de aula ou em outro local. Vocês poderão também organizar um sarau para apresentar os poemas ou registrá-los em uma página da internet e compartilhá-los com a comunidade escolar.
Respostas e comentários
Aprendendo na prática
Pergunte aos alunos se costumam ler ou escrever poesias, qual a relação deles com esse tipo de texto etcétera Se eles tiverem pouca familiaridade com o gênero, procure garantir que estejam confortáveis no momento da produção dos poemas.
Pode ser que os alunos procurem produzir um poema com a mesma estrutura do poema citado. Para que isso não ocorra, comente com eles que há várias fórmas de discurso e organização textual. Sugira, por exemplo, que pesquisem outras expressões de modo que se familiarizem com diferentes linguagens poéticas. Ressalte, ainda, a importância do processo. Destaque o fato de que o texto não nasce pronto, e os efeitos empregados nele devem ser considerados, pensados e repensados. Desse modo, os alunos ficarão mais seguros para testar, fazer e refazer o trabalho antes de concluí-lo.
A divulgação constitui uma etapa importante da atividade. Proponha um sarau para as apresentações, assim como o registro dos poemas criados em uma coletânea impressa ou publicada em uma página da internet.
Interdisciplinaridade
A atividade pode contribuir para que os alunos reflitam sobre o contexto atual da poesia e sua relação com a sociedade. Nesse sentido, pode ser realizado um projeto conjunto com o professor de língua portuguesa para explorar o fenômeno dos saraus em periferias, bem como a emergência de novas vozes poéticas, desenvolvendo a habilidade ê éfe seis nove éle pê quatro oito e a Competência específica de Língua Portuguesa nº 5.
Glossário
- Reisado
- : celebração popular com cantos e danças sobre o nascimento de Jesus, realizada principalmente durante as festividades natalinas.
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- Lundu
- : dança brasileira oriunda da mistura de batuques africanos com ritmos portugueses.
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- Polka ou polca
- : dança de origem europeia.
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- Neoclássico
- : relativo ao Neoclassicismo, movimento artístico que se desenvolveu na Europa no século dezoito inspirado nos ideais e modelos da Antiguidade Clássica greco-romana e do Renascimento.
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- Adaga
- : tipo de espada, de lâmina larga e curta.
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