CAPÍTULO 10  Os Estados Unidos no século dezenove

Cena de filme. Sete homens andando por uma rua de terra. Estão lado a lado. Seis deles usam chapéu, camisa e calça; alguns usam colete, outros um casaco ou sobretudo. Todos carregam armas. À direita, um homem com um colete preto aberto na frente, colar com dentes de animais, calça marrom e botas até a altura dos joelhos. Atrás deles, algumas construções, árvores e um rio.
Cena do filme Sete homens e um destino, do diretor antuâne fúqua, 2016. Ainda hoje o tema do faroeste é frequente no cinema.

O que você imagina ao ouvir o termo faroeste? Provavelmente, uma cidade inóspita em meio ao deserto, um duelo entre caubóis, e indígenas cavalgando na natureza selvagem ou enfrentando homens brancos. Esse imaginário do faroeste foi construído e imortalizado pelos estadunidenses com o objetivo de enaltecer a expansão territorial dos Estados Unidos para o oeste, no século dezenove.

Em muitos filmes do gênero western da primeira metade do século vinte, por exemplo, a conquista do oeste é representada como um ato heroico de homens brutos, porém justos, corajosos e destemidos. Esses personagens do oeste – em geral caubóis, garimpeiros e rancheiros – são apresentados como pessoas que persistem e trabalham em condições difíceis na criação de gado, nas minas ou na construção de trens para desenvolver a região. No conflito contra os indígenas – geralmente apresentados como selvagens – e bandidos, esses desbravadores são enaltecidos por promover a “civilização”.

Essa imagem do colono que expandiu as fronteiras dos Estados Unidos contribuiu para a formação de uma identidade estadunidense: a do homem desbravador que persiste para manter o processo civilizatório.

  • Você conhece algum filme ou série de faroeste? Qual? Como são apresentados os personagens e o oeste dos Estados Unidos nesse filme ou nessa série?
  • O que você sabe sobre a expansão territorial dos Estados Unidos no século dezenove?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

O capítulo contempla a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois cinco (ao analisar os conflitos territoriais entre Estados Unidos e México no século dezenove, a Doutrina Monroe e o Destino Manifesto, bem como a interferência estadunidense em questões internas de alguns países latino-americanos). Contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois sete (ao analisar os aspectos racistas do Destino Manifesto que levaram à dizimação de povos indígenas e à ocupação de suas terras; o debate escravista que culminou na Guerra de Secessão, bem como a manutenção da exclusão social, política e econômica dos negros, institucionalizada com as políticas de segregação racial nos Estados Unidos). O trabalho para o desenvolvimento dessa habilidade se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações da tabela de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Compreender o processo de expansão do território estadunidense nos séculos dezoito e dezenove, relacionando-o à Doutrina Monroe, ao Destino Manifesto e às teorias racistas da época.
  • Problematizar a questão das terras indígenas no processo de expansão territorial dos Estados Unidos.
  • Identificar as diferenças políticas, sociais e econômicas entre os estados do sul e os do norte dos Estados Unidos e o modo como elas se acentuaram, culminando na Guerra de Secessão ou Guerra Civil Americana.
  • Explicar a importância da Guerra Civil Americana para a formação do Estado nacional.
  • Identificar os interesses estadunidenses na América Latina, especialmente os relacionados ao México, a Cuba, a Porto Rico e ao Panamá.
  • Analisar como o fim da escravidão nos Estados Unidos, além de pouco alterar a vida dos negros, manteve a segregação racial no país.

Abertura do capítulo

O objetivo desta abertura é aproximar o tema que será estudado no capítulo ao cotidiano dos alunos, incentivando-os a recorrer a seus conhecimentos prévios sobre o assunto. Com base nos exemplos citados pelos alunos, pode-se incentivá-los a perceber que o imaginário sobre os Estados Unidos e sua história foi construído com o objetivo de apresentar uma visão heroica da formação do país. Por isso, cada filme ou série deve ser analisado como um produto da indústria cultural, considerando seu contexto de produção, distribuição e recepção. Atualmente, muitos filmes, séries e até games ainda recorrem ao tema faroeste, mas mudando o enredo da narrativa e sem necessariamente estar ligados à história da expansão territorial dos Estados Unidos. Mesmo assim, eles mantêm os estereótipos do caubói, do indígena e do bandido, personagens que vêm se perpetuando no imaginário das pessoas e atravessando gerações.

A expansão dos Estados Unidos

O território que a Grã-Bretanha cedeu aos Estados Unidos quando reconheceu sua independência, em 1783, representava apenas um terço da atual extensão do país. Naquela década, os estadunidenses iniciaram o avanço em direção ao oeste. Livres da metrópole, não precisavam mais respeitar a proibição de ultrapassar os Montes Apalaches. Nos primeiros anos do século dezenove, os Estados Unidos negociaram com a França a compra da Louisiana e com a Espanha a compra da Flórida e de territórios na região do Golfo do México (consulte o mapa).

A expansão territorial dos Estados Unidos (século dezenove)

Mapa. A expansão territorial dos Estados Unidos, século dezenove. Destaque para o atual território dos Estados Unidos.
Legenda: Formação dos Estados Unidos.
1ª fase:
Bege escuro: Treze colônias (1775). 
Bege claro: Cedido pela Grã-Bretanha (1783). 
2ª fase:
Laranja claro: Comprado da França (1803).
Marrom: Comprado da Espanha (1812 a 1819).
Lilás: Incorporação (1818).
3ª fase:
Amarelo: Anexado do México (1845).
Rosa escuro: Acordo com a Grã-Bretanha (1845).
Rosa claro: Anexado do México (1848).
Vermelho: Comprado do México (1853). 
4ª fase:
Verde claro: Comprado da Rússia (1867).
Laranja escuro: Anexação (1889).
Verde escuro: Cedido pela Espanha (1898).
Linha cinza: Atual divisão dos estados.
No mapa, as Treze Colônias localizam-se na atual costa leste dos Estados Unidos, banhada pelo Oceano Atlântico, abrangendo os atuais estados de Geórgia, Carolina do Sul, Carolina do Norte, Virgínia, Virgínia Ocidental, Maryland, Delaware, Pensilvânia, Nova Jersey, Connecticut, Rhode Island, Massachusetts, Nova York, New Hampshire, Vermont e Maine. O território cedido pela Grã-Bretanha em 1783 abrange os atuais estados de Mississípi, Alabama, Tennessee, Kentucky, Illinois, Indiana, Ohio, Michigan, Wisconsin e parte de Minnesota. A 2ª fase da expansão avança em sentido oeste. O território comprado da França em 1803 abrange os atuais estados de Arkansas, Oklahoma, Missouri, Kansas, Nebraska, Iowa, Dakota do Sul e parcela de Minnesota, Dakota do Norte, Montana, Wyoming, Colorado, e Louisiana. O território comprado da Espanha entre 1812 e 1819 abrange a Flórida e trechos de Alabama, Mississípi e Louisiana. A incorporação de 1818 abrange parte de Dakota do Norte e de Minnesota. A 3ª fase da expansão avança para o oeste atingindo a costa do Oceano Pacífico. O território anexado do México em 1845 abrange o Texas, o leste do Novo México, o sul do Colorado e pequeno trecho do Wyoming. O acordo com a Grã-Bretanha de 1845 incorporou os territórios de Washington, Oregon, Idaho e parcela de Montana e de Wyoming. O território anexado do México em 1848 abrange o restante do Novo México, do Colorado e de Wyoming, parte do Arizona, e os estados de Utah, Nevada e Califórnia. O território comprado do México em 1853 abrange o sul do Arizona e pequeno trecho do Novo México. A 4ª fase da expansão inclui territórios no extremo noroeste do continente, no Oceano Pacífico e no Mar do Caribe. O território comprado da Rússia abrange o Alasca, no extremo noroeste do continente. A anexação de 1889 incorporou o Havaí, arquipélago localizado no Oceano Pacífico. O território cedido pela Espanha em 1898 corresponde a Porto Rico, arquipélago no Mar do Caribe.
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 360 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M.; REIS, Arthur C. F.; CARVALHO, Carlos D. de C. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 70.

Na década de 1820, colonos estadunidenses migraram para o Texas, região que pertencia ao México. O governo mexicano garantiu terras a esses colonos; porém, em contrapartida, exigiu a libertação dos escravizados que chegavam ao Texas e a conversão dos colonos ao catolicismo. Descontentes, os texanos se rebelaram contra o governo mexicano e declararam sua independência em 1836, provocando uma guerra entre o México e os Estados Unidos. Após algumas vitórias, os mexicanos foram derrotados, e o Texas foi anexado aos Estados Unidos.

Em 1845, os estadunidenses entraram novamente em conflito com o México, dessa vez para conquistar a Califórnia. A guerra teve fim em 1848 com outra vitória dos Estados Unidos, que também conquistaram dos mexicanos o território dos atuais estados de Nevada, Utah, Arizona e partes do Novo México, Colorado e Wyoming.

Durante as décadas de 1830 e 1840, colonos da costa atlântica ocuparam o território do Oregon, que ainda se mantinha como possessão colonial britânica. Em 1846, britânicos e estadunidenses negociaram novos limites entre os territórios dessa região, e o Oregon se tornou parte dos Estados Unidos. Em 1867, o país comprou o Alasca da Rússia.

Saiba mais

Interesses no Caribe

Como você estudou no capítulo 5, os Estados Unidos exerceram muita influência em Cuba, antes e após a independência da ilha, em 1898. Em 1901, por meio de uma emenda inserida na Constituição cubana (a Emenda Plát), os Estados Unidos puderam intervir nos assuntos internos de Cuba sempre que seus interesses estivessem ameaçados. Porto Rico, por sua vez, foi cedido pela Espanha aos Estados Unidos após a guerra entre os dois países. Em 1952, a ilha se tornou um Estado livre associado aos Estados Unidos. Em 2017, os porto-riquenhos manifestaram, em um plebiscito, o desejo de que o território fosse integrado como um estado dos Estados Unidos.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar os conflitos decorrentes do avanço dos Estados Unidos para o oeste, o conteúdo contempla a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois cinco.

Ampliando: a anexação do Texas

“O Texas chegou a representar um grande dilema para os governos americano e mexicano. Oficialmente, o governo americano tinha desistido de anexar o Texas mas, logo depois da independência do México, quando proprietários de escravos do sul dos Estados Unidos foram colonizar o solo texano, onde plantaram algodão e milho, essa desistência foi relativizada. Por um lado, os colonos em 1836 pediram que o Texas fosse anexado aos Estados Unidos. Por outro lado, os antiescravistas do Norte pressionavam o governo para que não permitisse a entrada na Confederação de mais outro estado escravista. A escravidão tinha sido abolida no México desde 1829, e o governo mexicano tomava medidas para acabar com a introdução de escravos no seu território. Os texanos rebelaram-se contra os exércitos mexicanos e se declararam independentes, uma condição que permaneceu inalterada por algum tempo, até que os Estados Unidos anexaram o Texas em 1845.”

NARO, nancí priscila S. A formação dos Estados Unidos. terceira edição São Paulo: Atual; Campinas: Editora da unicâmpi, 1987. página 20-21. (Coleção Discutindo a história).

História em construção

Tensões entre México e Estados Unidos

Atualmente, México e Estados Unidos são parceiros comerciais, mas mantêm relações tensas quando o assunto é a fronteira entre os dois países. O principal motivo desse mal-estar é a presença ilegal de muitos mexicanos e centro-americanos nos Estados Unidos, que entram no país com o objetivo de melhorar sua condição socioeconômica. Diante dessa situação, o governo estadunidense aprovou, ao longo de sua história, várias políticas anti-imigratórias. Nos anos 1990, foi iniciada a construção de um muro na fronteira entre México e Estados Unidos, que hoje ocupa quase um terço dela.

Em 2017, o então presidente dônald tramp culpou os mexicanos e outros imigrantes latinos pelo aumento da criminalidade no país, apontando a necessidade imediata de ampliar o muro na fronteira. De acordo com especialistas, o aumento do número de imigrantes ilegais não esteve associado à ocorrência de delitos no país nas décadas anteriores, o que tornou a proposta bastante questionável. Até o final do mandato de trãmp, no início de 2021, 129 quilômetros de novas barreiras foram construídos ao longo da fronteira.

No governo de jou baiden, as tensões na região continuaram: em março de 2022, 210 mil imigrantes que tentavam cruzar o muro foram presos por patrulhas estadunidenses, o que representou o maior número mensal em pouco mais de duas décadas. Além de não solucionar efetivamente o problema, situações como essa reforçam em muitos cidadãos ideias que remetem à discriminação racial, à xenofobia e às manifestações de ódio, gerando mais conflitos sociais.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. De acordo com o texto, qual é o principal motivo das tensões entre México e Estados Unidos? 
  2. Em sua opinião, a política estadunidense em relação à imigração de latino-americanos é discriminatória? Justifique.
  3. Você considera a construção de um muro na fronteira entre Estados Unidos e México uma violação aos direitos humanos? Explique.

A missão estadunidense

Em 1845, o jornalista Djón Ou Sullivan associou a expansão dos Estados Unidos em direção às terras do oeste à doutrina do Destino Manifesto. Essa doutrina derivou da crença dos imigrantes puritanos do século dezessete de que a América seria a nova terra prometida e de que seus habitantes seriam o novo povo eleito por Deus para expandir seu poder na região.

ôu sâlivan defendeu a expansão para o oeste como um destino traçado pela providência divina, justificando a necessidade de ocupar, até por meios violentos, as terras onde viviam indígenas, franceses, espanhóis e mexicanos. A ideologia defendida por ôu sâlivan foi influenciada pela Doutrina Monroe, criada pelo presidente James Monrow, em 1823, com o objetivo de defender os interesses estadunidenses sobre o continente americano e de afastar a influência europeia. A frase “América para os americanos” definia essa doutrina.

Além disso, o Destino Manifesto também se aproximava das ideias europeias de superioridade étnica do indivíduo branco, que teria a missão de levar a civilização e o progresso à Ásia e à África, continentes considerados atrasados. No caso estadunidense, os indígenas e os negros seriam os povos de cultura inferior.

Charge em preto e branco. Homem de casaco, calça com listras verticais e cartola. Segura um grande bastão em uma das mãos. Tem as pernas compridas. O pé direito está na América do Norte e o pé esquerdo na América do Sul.
Charge estadunidense de lôuis darímpôl satirizando a Doutrina Monroe, 1905.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao apresentar as ideias que sustentavam os discursos do Destino Manifesto e da Doutrina Mônrou, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois sete.

História em construção

  1. A questão fronteiriça entre os dois países em razão da entrada irregular de imigrantes mexicanos e centro-americanos nos Estados Unidos. Essa tensão se agravou com as políticas anti-imigratórias do governo do presidente dônald tramp, que deu continuidade à construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México. As medidas para dificultar a entrada irregular de imigrantes foram continuadas também no governo de jou baiden, sob o qual houve aumento do número de prisões de pessoas que tentaram atravessar a fronteira.
  2. A atividade estimula os alunos a refletir sobre a postura anti-imigração do governo dos Estados Unidos e a construir argumentos para justificar suas opiniões. Na abordagem desse assunto, é importante considerar que, ao ser adotado por líderes do estado, o discurso xenófobo se difunde em toda a sociedade e promove a marginalização dos imigrantes e também ações violentas contra esse grupo.
  3. Espera-se que os alunos respondam que, ao construir uma barreira física na fronteira entre os dois países, o governo dos Estados Unidos viola o direito das pessoas que vivem próximo à região de circular livremente pelas terras que ocupam, independentemente das fronteiras políticas. Além disso, as barreiras físicas e a perseguição feita pelas patrulhas que vigiam a fronteira reforçam sentimentos de xenofobia e racismo contra os imigrantes latino-americanos.

Bê êne cê cê

Ao propor a reflexão sobre a relação atual entre Estados Unidos e México, a seção favorece o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 1.

Doutrina Monroe

A princípio, a Doutrina Monroe foi criada com os seguintes objetivos principais: reforçar a independência dos Estados Unidos, pondo fim a uma possível tentativa britânica de tentar recolonizar o país, e demonstrar a fôrça e a influência estadunidenses sobre o restante do continente americano. Mais tarde, porém, a Doutrina Monroe foi usada para justificar a expansão territorial estadunidense e suas tendências imperialistas.

Do ouro à ocupação efetiva do oeste

Em janeiro de 1848, quando a guerra contra o México estava terminando, começaram a circular notícias de que havia jazidas de ouro na Califórnia. A descoberta atraiu aventureiros de toda parte: caribenhos, sul-americanos, europeus e asiáticos. Durante a corrida do ouro, chegaram à Califórnia cêrca de 300 mil indivíduos. Relatos da época revelam o espanto das pessoas com as rápidas mudanças causadas pela descoberta do metal precioso. Vilarejos surgiam conforme o minério era encontrado e também desapareciam quando ele se esgotava. Algumas cidades ficaram praticamente desertas, pois muitos de seus habitantes mudaram-se para as regiões auríferas.

No curto período em que se encontrou ouro na Califórnia, entre 1848 e 1856, poucas pessoas enriqueceram, e as cidades que se formaram no local ficaram famosas pela violência e pelo descumprimento das leis. Após os primeiros cinco anos, os recursos minerais começaram a ficar escassos, e apenas as grandes empresas passaram a ter condições financeiras de explorar os territórios com essas riquezas.

Gravura. Em primeiro plano, um homem de barba grande, chapéu escuro e botas. Está dentro de um rio com uma bateia nas mãos. Ao seu lado, à esquerda, uma pá e outro homem cavando a margem do rio. Ao fundo, outros homens dentro do rio com bateias. Nas margens do rio, acampamentos com fogueira.
Lavagem de ouro por mineradores e escravizados no leito de um rio na Califórnia, Estados Unidos, gravura do século dezenove.

Com o declínio da mineração, o governo estadunidense tomou medidas para fixar a população no oeste e atrair mais pessoas para a região. A intenção era assegurar a ocupação do território pelos brancos e mantê-lo sob o contrôle do Estado. Assim, o Congresso dos Estados Unidos aprovou, em 1862, o Homestead Act, a lei de terras do país. Segundo essa lei, o governo podia vender terras públicas a preços baixos aos cidadãos, que tinham 21 anos de idade ou mais, exigindo do comprador que se estabelecesse na propriedade e comprovasse, no prazo de cinco anos, o desenvolvimento da agricultura no terreno.

A lei possibilitou a aquisição de terras por parte de cidadãos estadunidenses e de imigrantes que desejavam se naturalizar. Até a metade do século vinte, mais de 1 milhão de pessoas ocuparam o oeste, constituindo pequenas propriedades que representavam quase 10% do território dos Estados Unidos entre os séculos dezenove e vinte.

Saiba mais

Mudanças ambientais

A corrida do ouro alterou profundamente o ambiente do oeste estadunidense. As áreas conquistadas foram intensamente devastadas. Na extração do ouro foram empregados produtos tóxicos e poluentes, como mercúrio e arsênico, que eram usados para separar o mineral de outros materiais. À medida que o ouro escasseava, montanhas de cascalho e de lodo, resultantes do processo, se acumulavam, mudando significativamente o meio ambiente.

A fauna da região também sofreu os efeitos do avanço devastador dos exploradores. A dizimação do bisão é o principal exemplo. Calcula-se que, antes da conquista, havia dezenas de milhões deles nas pradarias estadunidenses. Atualmente, restam cêrca de 20 mil bisões selvagens, protegidos em parques florestais.


Fotografia. Animal grande, com quatro patas, pelagem marrom e dois chifres. A metade da frente, incluindo pescoço e cabeça, é toda peluda. Tem olhos pequenos.
Bisão-americano (bisôn bisôn) em Dakota do Sul, Estados Unidos. Foto de 2021.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao apresentar informações que promovem uma postura crítica em relação às questões socioambientais, o boxe “Saiba mais” se relaciona com o tema contemporâneo transversal Educação ambiental e contribui para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 6.

As corridas do ouro

A descoberta de ouro na Califórnia, em 1848, e o aumento da imigração nos Estados Unidos resultaram na intensificação do fluxo de pessoas para o oeste e no agravamento das tensões nos territórios indígenas. Entre 1859 e 1876 ocorreu uma nova corrida do ouro nas terras dos atuais estados de Nevada, Colorado, Idaho, Montana, Arizona e Dakota do Sul.

Ampliando: caminhos do ouro

“A descoberta do ouro na Califórnia, em 1848, atraiu uma multidão advinda principalmente da costa leste norte-americana, interessada nas promessas de fortuna; dirigir-se ao oeste, porém, não era uma tarefa simples. O interior dos Estados Unidos da América ainda era perigoso, repleto de obstáculos naturais e habitado por população hostil. A travessia pelo México era complicada, e a estrada transcontinental americana só seria inaugurada em 1869. A rota considerada mais segura consistia em contornar a América do Sul, passando pelo cabo rórn. O caminho era conhecido e já havia sido utilizado por baleeiros e viajantes que comercializavam com o Oriente. A cidade de Desterro [atual Florianópolis] era uma das opções de parada, e, inevitavelmente, seu porto atraiu um grande fluxo de visitantes.”

rátes, cecília L. O. L. Seguindo as pegadas do caminho do ouro: um começo para as pesquisas sobre a experiência norte-americana na ilha de Santa Catarina. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, volume 24, número 2, abril a junho 2017. página 547.

A guerra contra os indígenas

A expansão territorial dos Estados Unidos significou a expulsão dos indígenas de suas terras. Após a independência, diante do crescimento demográfico e dos interesses econômicos na exploração rural, o governo estadunidense promoveu a ocupação das terras recém-adquiridas entre o Rio Mississípi e o núcleo original das Treze Colônias.

Em 1830, o presidente éndriu djéquisson assinou a Lei de Remoção Indígena, que estabelecia a remoção de comunidades indígenas de suas terras de origem para um local além da margem oeste do Rio Mississípi. A cavalaria federal, entretanto, agia militarmente nesse local para a expulsão dos nativos, garantindo as áreas conquistadas para os grandes fazendeiros. Segundo relato de 1863 do general estadunidense djêimes cárleton:

[os indígenas] combateram-nos corajosamente anos e anos; defenderam suas montanhas e reticências com um heroísmo que qualquer povo poderia se orgulhar de igualar; mas, quando afinal descobriram que seu destino, também como o de seus irmãos, tribo após tribo reticências, era dar lugar ao insaciável progresso de nossa raça, depuseram suas armas reticências.

cárleton, djêimesapudbróun, di. Enterrem meu coração na curva do rio: a dramática história dos índios norte-americanos. Porto Alegre: Ele e Pê ême Pocket, 2010. página 48.


Responda em seu caderno.

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  1. Que ideia sobre os indígenas o general Djeimes cárleton quis transmitir em seu relato?
  2. Qual é a relação entre o relato e a ideologia do Destino Manifesto?

À medida que a expansão para o oeste avançava, os confrontos se tornavam mais constantes e mais violentos. Os colonos viam os indígenas como inimigos que precisavam ser expulsos. Estes, por sua vez, reagiam à ocupação de suas terras. Porém, mais bem equipados militarmente, os colonos em geral ficavam em vantagem. Uma das estratégias que utilizaram para vencer as populações indígenas foi o extermínio dos búfalos, fundamentais para a sobrevivência dos nativos, que consumiam a carne e o leite desses animais, usavam a gordura e o couro para fazer tendas, selas, vestimentas e calçados e os ossos na confecção de armas.

Gravura. Batalha entre colonos e indígenas. A maioria dos combatentes está montada a cavalo. À frente, alguns corpos de indígenas caídos. Ao redor da batalha, muita fumaça. Ao fundo, montanhas e o céu nublado.
A última parada do general câster na Batalha de Little Bighorn, 25 de junho de 1876, gravura representando o conflito entre colonos e indígenas siôúquis e chaiêne em Montana, Estados Unidos, século dezenove. Biblioteca do Congresso, uóshinton, Estados Unidos.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que os Estados Unidos entraram em guerra com o México na primeira metade do século dezenove?
  2. O que foi a doutrina do Destino Manifesto? De que modo ela está associada às teorias racistas europeias do século dezenove?
  3. Qual era o objetivo do governo dos Estados Unidos ao decretar o Homestead Act?
  4. Como o governo dos Estados Unidos agiu para remover os povos indígenas de suas terras tradicionais? Quais foram as consequências dessa atitude para esses povos?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das leis governamentais e das estratégias militares do governo estadunidense que impactaram negativamente a vida dos povos indígenas, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois sete.

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  1. cárleton reconheceu a bravura dos indígenas na luta para impedir o avanço do homem branco. Porém, esse reconhecimento serve de fato para exaltar o homem branco, a cuja superioridade atribui a rendição dos nativos.
  2. O general faz referência à ideologia de Destino Manifesto ao afirmar que o destino dos indígenas “era dar lugar ao insaciável progresso de nossa raça”. Essa declaração evidencia o sentimento de superioridade dos estadunidenses, já que coloca os indígenas como o oposto do progresso, como símbolos do atraso. O racismo e o discurso de superioridade são uma das bases da ideologia do Destino Manifesto.

Recapitulando

  1. Para conquistar as regiões do Texas, da Califórnia, de Nevada, de Utah, do Arizona e de partes do Novo México, do Colorado e de Wyoming.
  2. O Destino Manifesto foi a crença de que os estadunidenses tinham a missão divina de expandir seu poder para o oeste do país, ocupando a região inclusive por meio da fôrça. Essa doutrina está associada às teorias racistas europeias do século dezenove, na medida em que aponta uma suposta superioridade do indivíduo branco em relação a outros povos.
  3. O objetivo era ocupar as terras do oeste dos Estados Unidos por meio da venda de terrenos a qualquer cidadão maior de 21 anos de idade a preços baixíssimos em troca de os novos proprietários ocuparem a terra e desenvolverem a agricultura em até cinco anos.
  4. Por meio da Lei de Remoção Indígena e de outras leis, o governo federal expulsou, com o auxílio do exército, os povos nativos da América do Norte de seus territórios tradicionais. Esses conflitos resultaram no deslocamento desses povos e na morte de milhares de indígenas.

As tensões entre o norte e o sul

A economia dos Estados Unidos no século dezenove desenvolvia-se aceleradamente, tanto no setor industrial quanto no setor agrícola. A produção de tecidos no Reino Unido impulsionou a cultura algodoeira das terras sulistas. Em 1850, os Estados Unidos eram o maior fornecedor de algodão do mundo. O crescimento acelerado da economia estadunidense não ocultava, porém, os contrastes regionais. A divisão entre o norte e o sul do país, que tinha origem na formação das Treze Colônias, continuou no século dezenove.

No sul, o predomínio da agricultura e a grande procura, principalmente, de algodão no mercado internacional contribuíram para a manutenção da estrutura escravista. Grandes fazendeiros, além de dominar as terras férteis, controlavam a maior parte dos escravizados, estimados, em 1860, em quase 4 milhões. As pequenas propriedades ocupavam menos de 20% da área total de estabelecimentos rurais da região e eram pouco produtivas. Com a população concentrada no campo, poucas cidades sulistas tinham mais de mil habitantes.

Os estados industrializados do norte, já nas primeiras décadas do século dezenove, ultrapassaram os estados do sul na produção de riqueza. A maior parte deles já tinha abolido a escravidão e adotado o modelo capitalista de trabalho assalariado. No campo, o predomínio das pequenas propriedades rurais favoreceu a formação de uma classe média forte e numerosa. Nas cidades, a elite financeira atuava no comércio internacional e nas atividades industriais e bancárias.

O crescimento populacional dos estados do norte e do oeste foi impulsionado pela imigração, principalmente de europeus. Calcula-se que, entre 1800 e 1930, quase 35 milhões de pessoas tenham deixado o país de origem em busca de melhores condições de vida nos Estados Unidos. Um dos principais objetivos desses imigrantes era conseguir trabalho nas indústrias do norte ou exercer atividades agrícolas, pastoris e extrativistas nas terras do oeste.

Fotografia colorizada. Pessoas negras de roupas largas, lenço e chapéu na cabeça. Estão em uma plantação de algodão, planta de haste fina e verde com a ponta branca. Ao fundo, um homem negro carrega um cesto com o algodão colhido nas costas, e um homem branco, de roupas e chapéu pretos e montado em um cavalo, observa.
Trabalhadores colhendo algodão na Geórgia, Estados Unidos. Foto de cêrca de 1900.
Fotografia em preto e branco. Rua comprida e larga, com calçamento de pedra. Por ela passam várias charretes e carroças puxadas por cavalos. Nas calçadas, grandes prédios com toldos cobrindo a entrada e diversas pessoas circulando.
Esquina entre a Avenida Broadway e a Rua Duane, em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 1870.

Responda em seu caderno.

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Compare as duas imagens reproduzidas nesta página. Qual é o contraste existente entre elas?


Respostas e comentários

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Enquanto a foto da Geórgia, estado do sul dos Estados Unidos, mostra um ambiente essencialmente rural, com trabalhadores negros colhendo algodão, a foto de Nova iórque, no norte do país, mostra um ambiente urbano repleto de estabelecimentos comerciais e de pessoas nas ruas e nas calçadas.

Ampliando: expansão territorial e disputa entre o norte e o sul

“Durante os anos 1820 a expansão de uma economia de mercado acirrou as divergências regionais. Enquanto o norte movia-se rapidamente na direção de um capitalismo comercial, o sul, leal à inspiração jéfersoniâna, manteve-se fortemente rural e agrícola. Essa assimetria não foi suficiente para colocar o sul numa posição subalterna no contexto da nação. A política foi o canal através do qual os líderes sulistas contrabalançaram as inferioridades estruturais da sua região. Esses políticos foram capazes de colonizar muitas posições governamentais, impondo a defesa dos interesses sulistas às necessidades das bancadas do norte. Dessa fórma, o sul escravista ao mesmo tempo controlava o Estado americano e tornava-se o mais sério adversário da sua expansão nos anos que antecederam a guerra. O contrôle dessas posições seria beneficiado pela ideologia política professada pelo Partido Democrata, que propunha um forte compromisso ao igualitarismo entre os brancos enquanto ignorava a existência da escravidão.”

izéquisson, Vitor. Escravidão, federalismo e democracia: a luta pelo contrôle do Estado nacional norte-americano antes da Secessão. Topoi, Rio de Janeiro, número 6, 2003. página 57-58.

Atividade complementar

Proponha uma atividade de análise das imagens apresentadas ao longo do capítulo como documentos históricos. Auxilie os alunos a analisar cada uma delas por meio de questões como: Quando a imagem foi produzida? Quais personagens aparecem nela? O que o autor buscou representar? O que chama a sua atenção na imagem? O que podemos conhecer sobre a história dos Estados Unidos por meio desse conjunto de imagens?

Se achar conveniente, pergunte a opinião deles sobre os motivos pelos quais essas imagens foram escolhidas para compor o livro.

Os interesses opostos

Consolidada a conquista do oeste, a definição das leis que regeriam cada um dos novos estados tornou-se motivo de divergência entre o norte e o sul. Os fazendeiros do sul queriam ampliar as áreas de cultivo de algodão no oeste, assim como o modelo de mão de obra escravizada que prevalecia na agricultura de exportação sulista. Os capitalistas do norte, por sua vez, lutavam pela ampliação das áreas destinadas às pequenas propriedades rurais, para que elas abastecessem as grandes cidades da costa atlântica com produtos agropecuários. Além disso, o oeste também poderia ser um mercado consumidor das manufaturas e dos produtos industrializados do norte.

Em razão das diferenças entre os estados do norte e do sul, houve enfrentamentos políticos no Congresso. Um tema que acirrou as divergências entre as duas regiões dizia respeito às taxas cobradas sobre as importações. Os estados do sul, com poucas indústrias, preferiam manter as taxas sobre as importações baixas, enquanto os industriais do norte desejavam taxas mais altas, para que suas mercadorias não sofressem concorrência dos produtos importados.

A questão escravista

O principal motivo de discórdia entre o norte e o sul era a escravidão nos novos estados admitidos na Uniãoglossário . A partir de 1820, por meio de um acordo, determinou-se que, para cada estado escravista admitido na União, um não escravista também seria incorporado. O objetivo era manter um equilíbrio entre parlamentares do sul e do norte em uóshinton.

Contudo, em 1850, por meio de uma grande negociação, a Califórnia ingressou na União como estado não escravista, sem que houvesse a entrada simultânea de um estado escravista. Em contrapartida, os fazendeiros do sul conseguiram aprovar uma lei bastante rigorosa contra as fugas de escravizados: os foragidos podiam ser capturados em qualquer estado e enviados aos seus proprietários. Além disso, quem ajudasse um fugitivo receberia uma multa alta e poderia ser preso.

Em 1854, por meio de outra lei (Kansas-Nebraska), autorizou-se a criação e o ingresso de estados na União independentemente de sua opção abolicionista ou escravista, rompendo definitivamente com o acordo de 1820. Com essa decisão, nortistas e sulistas buscaram apoio dos novos estados para conseguir a hegemonia no Congresso. A disputa política entre os dois grupos logo se transformou em conflito armado.

Charge. No centro, um homem negro descalço rasgando o mapa dos Estados Unidos ao meio. À esquerda, um homem branco e magro, com chapéu de palha. Segura uma arma comprida. Está de casaco e calças. À direita, um homem branco de casaco social, lenço no pescoço, calça social e cartola. Ele está com uma das mãos no queixo. Ambos olham para o homem rasgando o mapa.
Os Estados Des-Unidos, um negócio negro, charge britânica publicada na revista Punch satirizando a questão escravista, que fez aumentar as disputas entre sulistas e nortistas, 1856.

Respostas e comentários

Ampliando: a Lei Kansas-Nebraska

“Mais um exemplo das disputas [do sul] com o norte foi o projeto de governo territorial pensado para as novas regiões de Kansas e Nebraska. Os sulistas reticências propuseram uma lei em que nenhum projeto de administração territorial poderia ser aprovado a não ser que contivesse uma cláusula que anulasse a proibição da escravidão. O Congresso aprovou o projeto, que passou a se chamar Lei Kansas-Nebraska, e os nortistas ficaram indignados pelo fato de o governo federal e o presidente frãnklin pírce reticências terem se curvado diante da ‘escravocracia’. Desse modo, o império do algodão desafiava, de uma vez por todas, o ‘imperialismo do solo livre’.

O território do Kansas tornou-se um verdadeiro palco de disputas políticas em torno do contrôle político da região, além de ficar amplamente aberto aos imigrantes que acabavam apresentando posturas pró e contra o regime da escravidão. Os abolicionistas da Nova Inglaterra colaboravam e apoiavam os defensores do ‘solo livre’ com armas e dinheiro, ao passo que alguns imigrantes apoiavam o regime sulista, vendendo votos ilegalmente. O presidente pírce, mais uma vez, acabou autorizando a criação de um Legislativo formado por escravistas eleitos por esses votos ilegais. Indignados, políticos do Kansas favoráveis ao solo livre separaram-se, formaram um Legislativo próprio e elegeram para si um novo governador. A partir de agora, ‘a casa’ estava, de fato, dividida.”

KARNAL, Leandro êti ól História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. São Paulo: Contexto, 2007. página 130.

Eclode a guerra civil

Nas eleições de 1860, Êibrarram Linkón, candidato do Partido Republicano, ligado aos estados do norte, foi eleito presidente. Com isso, os fazendeiros sulistas perceberam que o fim da escravidão estava próximo.

Nesse contexto, menos de dois meses após as eleições, a Carolina do Sul anunciou sua separação dos Estados Unidos, seguida por Mississípi, Flórida, Alabama, Geórgia, Louisiana e Texas. Em fevereiro de 1861, os estados separatistas proclamaram a formação dos Estados Confederados da América e escolheram jéfêrson dêivis como presidente. Também elaboraram uma constituição, que, em muitos aspectos, era semelhante à dos Estados Unidos. A principal diferença estava na escravidão, protegida por lei em todos os territórios confederados.

Em março de 1861, Êibrarram Linkón tomou posse como presidente dos Estados Unidos e declarou ilegal a iniciativa dos confederados, dando início a uma guerra civil, que ficou conhecida como Guerra de Secessão ou Guerra Civil Americana. O conflito foi marcado, desde o início, pela desigualdade. O norte era mais populoso, mais poderoso economicamente, era servido por uma estrutura eficiente de transportes, tinha grandes reservas de minérios e cêrca de 85% das indústrias do país. Apesar de os sulistas contarem com generais experientes e a vantagem de conhecer melhor o território onde ocorreu a maioria das batalhas, não obtiveram a vitória.

A longa duração da guerra exauriu os recursos dos estados confederados, que passaram a sofrer várias derrotas. Além disso, para acelerar o fim da guerra, Lincon aboliu a escravidão no país em 1863. A vitória decisiva da União ocorreu na Batalha de Gettysburg, na Pensilvânia, em julho daquele ano. Após esse conflito, os confederados passaram a depositar suas esperanças no apoio da França e do Reino Unido, seus principais parceiros comerciais. Mas, apesar dos interesses no algodão do sul, os dois países permaneceram neutros e mantiveram relações comerciais com as duas regiões. Em 1865, as tropas sulistas, enfraquecidas, finalmente se renderam.

Fotografia em preto e branco. Homens de farda escura perto de um canhão grande e largo. Está preso em um tablado de madeira.
Canhão montado em vagão ferroviário utilizado durante a Guerra de Secessão em Petersburg, Estados Unidos. Foto de 1864. Arquivos Nacionais dos Estados Unidos, uóshinton.

Saiba mais

Um pioneiro da luta antiescravista

Um dos primeiros movimentos abolicionistas na sociedade estadunidense foi iniciado por dêivid uólquer, em 1829. Negro livre de Massachusetts, uólquer conclamou os escravizados a se rebelar contra seus senhores, mesmo que isso lhes custasse a vida. A ação de uólquer recebeu o apoio de um jornal da cidade, O Libertador, dirigido pelo abolicionista uíliam lóid guérisson.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Sintetize as principais diferenças entre os interesses dos estados do norte e os do sul dos Estados Unidos em relação aos itens a seguir.
    1. Economia.
    2. Integração dos estados do oeste.
    3. Escravidão.
  2. De que fórma a Lei Kansas-Nebraska acirrou as disputas entre nortistas e sulistas, culminando na guerra civil?
  3. Qual é a relação entre a eleição de Êibrarram Linkón à presidência dos Estados Unidos e a Guerra de Secessão?

Respostas e comentários

Recapitulando

    1. O norte abrigava indústrias e era formado por pequenas propriedades rurais em que a mão de obra livre assalariada era predominante. Seus habitantes defendiam o aumento das taxas sobre as importações para frear a concorrência dos produtos estrangeiros. No sul, predominava a grande propriedade monocultora e a mão de obra escravizada de origem africana. Os sulistas, como não tinham indústrias, defendiam as baixas tarifas sobre as importações.
    2. Os estados do norte queriam que os novos territórios do oeste seguissem o modelo de pequenas propriedades rurais para abastecer as cidades da costa atlântica e servissem de mercados consumidores de suas manufaturas e de seus produtos industrializados. Já os sulistas queriam que os estados do oeste servissem para ampliar as grandes propriedades monocultoras escravistas voltadas para a exportação, especialmente de algodão.
    3. Os nortistas eram a favor da abolição da escravidão, enquanto os sulistas queriam mantê-la.
  1. Essa lei permitia a criação de estados independentemente da escolha de ser um território livre ou não de escravizados, rompendo o equilíbrio que datava de 1820. Isso provocou uma disputa entre sulistas e nortistas pelo apoio desses dois estados. Dessa fórma, a guerra civil ocorreu em razão das disputas entre as elites das duas regiões pelo futuro da escravidão no país.
  2. Com a vitória de Êibrarram Linkón nas eleições presidenciais, os estados do sul decidiram se separar dos Estados Unidos e formar os Estados Confederados da América. Como a União considerou a iniciativa ilegal, os Estados Unidos declararam guerra aos confederados.

A reconstrução dos Estados Unidos

Em pouco mais de quatro anos de guerra civil, mais de 600 mil pessoas perderam a vida nos combates e em razão de doenças, como tifo, febre amarela e varíola. O país saiu da guerra politicamente unificado, mas as diferenças pelas quais as duas regiões entraram em conflito permaneceriam nas décadas seguintes.

A maioria dos territórios do norte estava preservada, uma vez que grande parte das batalhas foi travada no sul. Era preciso, no entanto, reorganizar a economia e financiar a reconstrução do país, pois o sul saía da guerra arruinado. Cidades e fazendas foram atacadas, saqueadas e queimadas. A estrutura econômica do período anterior deixou de existir quando os estados sulistas foram obrigados a libertar os escravizados. Os grandes proprietários de terras sofreram perdas drásticas e precisaram se ajustar a um mundo sem escravidão.

A reconstrução começou com a prisão dos antigos líderes confederados e a ocupação dos estados rebeldes por tropas do governo federal. Esses estados não foram readmitidos logo de início na União; por isso, ficaram algum tempo sem representantes em uóshinton.

O ritmo de desenvolvimento industrial tornou-se mais acelerado depois da vitória dos nortistas. Diversas ferrovias foram construídas com o objetivo de transportar pessoas, minérios e mercadorias por todo o país, sendo importantes também para consolidar a ocupação do oeste. A produção de aço e carvão foi impulsionada por leis protecionistas, e os modernos equipamentos agrícolas possibilitaram o aumento da produtividade no campo. Assim, o modelo nortista de industrialização foi imposto no país.

Fotografia em preto e branco. Trem carregando troncos de árvore passando por ferrovia suspensa em uma ponte de madeira. Na locomotiva, rodas grandes e uma chaminé.
Trem de carga passando pelo estado do Oregon, Estados Unidos. Foto de cêrca de 1880. As ferrovias otimizaram o transporte de pessoas e cargas.

Saiba mais

A readmissão dos estados confederados

O Tennessee foi o primeiro estado a reingressar na União, em 1866. Arkansas, Alabama, Flórida, Geórgia, Louisiana, Carolina do Norte e Carolina do Sul foram readmitidos no final de 1868. Mississípi, Texas e Virgínia, por sua vez, só reingressaram em 1870.


Respostas e comentários

Diligências

Em filmes e animações estadunidenses, a diligência, uma espécie de caravana com uma ou mais carroças puxadas por cavalos, aparece como um dos traços mais característicos da ocupação do oeste dos Estados Unidos. As diligências transportavam pessoas, mercadorias e dinheiro, e, por isso, eram alvos constantes de assaltos. Entretanto, vale destacar que o grande impulso na ocupação do oeste foi dado pela construção de ferrovias, que agilizaram a comunicação entre o leste e o oeste. A primeira estrada de ferro a cruzar o continente foi a Central Pacific Railroad, que começou a ser construída em 1861 e foi inaugurada seis anos depois.

Ampliando: o surgimento da fotografia e a história

“A nova invenção [a fotografia] veio para ficar. reticências A enorme aceitação que a fotografia teve, notadamente a partir da década de 1860, propiciou o surgimento de verdadeiros impérios industriais e comerciais.

A expressão cultural dos povos exteriorizada através de seus costumes, habitação, monumentos, mitos e religiões, fatos sociais e políticos passou a ser gradativamente documentada pela câmera. O registro das paisagens urbana e rural, a arquitetura das cidades, as obras de implantação das estradas de ferro, os conflitos armados e as expedições científicas, a par dos convencionais retratos de estúdio – gênero que provocou a mais expressiva demanda que a fotografia conheceu desde seu aparecimento e ao longo de toda a segunda metade do século dezenove –, são alguns dos temas solicitados aos fotógrafos do passado.”

cossói, bóris. Fotografia e história. segunda edição São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. página 26.

As relações com a América Latina

O rápido desenvolvimento industrial e urbano dos Estados Unidos após a guerra civil proporcionou um grande crescimento econômico do país. Esse fator contribuiu para que o governo estadunidense se voltasse para a política externa, visando principalmente garantir seus interesses nos países latino-americanos.

De um lado, havia os objetivos econômicos, que eram basicamente obter matérias-primas e conquistar mercados consumidores para seus produtos industrializados. Do outro, existia a ideologia do Destino Manifesto, que justificava as pretensões imperialistas do país no continente americano.

Como você estudou, movidos por essas pretensões, os Estados Unidos entraram em conflito com o México, conquistando diversos territórios no oeste, e, no fim do século dezenove, envolveram-se nas questões internas de Cuba e Porto Rico. A influência estadunidense sobre essas duas ilhas caribenhas favorecia a expansão de seu comércio exterior. Essa influência também estreitou os laços políticos entre os Estados Unidos e sua antiga metrópole, o Reino Unido, interessada em manter a estabilidade na América Latina para fins comerciais.

Além disso, na década de 1880, os estadunidenses iniciaram uma negociação com os panamenhos sobre o direito de levar adiante a construção de um canal, iniciada pelos franceses, que cortaria o Istmo do Panamá para ligar os oceanos Atlântico e Pacífico. Porém, a Colômbia, que dominava o Panamá, recusou-se a conceder a construção do canal aos Estados Unidos. A questão só foi resolvida em 1903, quando o então presidente estadunidense teodór rúsvelt apoiou a emancipação do Panamá em troca da licença para construir o Canal do Panamá e obter diversas vantagens econômicas. O canal foi inaugurado em 1914.

A política externa dos Estados Unidos de intervenção na América Latina se intensificou no decorrer do século vinte, consolidando a forte presença estadunidense na região.

Fotografia. Pátio interno de uma prisão. São dois andares com paredes cinzentas, portas e janelas finas e compridas. O andar de cima tem grades de proteção. No pátio, uma mesa com bancos fixos.
Interior de prisão estadunidense na Baía de guantânamo, em Cuba. Foto de 2019. Após a independência de Cuba, os Estados Unidos estabeleceram uma base naval em guantânamo, que ainda abriga prisões militares fortemente vigiadas.

Refletindo sobre

Atualmente, os Estados Unidos têm forte presença econômica e cultural em diversos países da América Latina. No Brasil, de que fórma você percebe a influência da cultura estadunidense? Você se considera um consumidor dessa cultura? Converse com os colegas sobre o tema.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar os interesses estadunidenses em suas relações com os países latino-americanos, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois cinco.

Refletindo sobre

A atividade promove uma reflexão sobre a influência da cultura estadunidense no Brasil. Provavelmente os alunos perceberão que essa cultura está presente nas músicas, nos filmes, na comunicação e nos diversos produtos industrializados, como alimentos, roupas, maquiagens e eletrônicos. Espera-se, ainda, que os alunos assumam uma postura crítica em relação à assimilação dessa cultura.

Bê êne cê cê

Ao propor uma reflexão sobre a influência da cultura estadunidense na vida cotidiana brasileira, a atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Vida familiar e social e Diversidade cultural e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1 e nº 4, das Competências específicas de Ciências Humanas nº 2 e nº 4, bem como da Competência específica de História nº 2.

Ampliando: Canal do Panamá

“O Canal do Panamá foi inaugurado em 1914 e, desde então, vem prestando serviços para dinamizar o comércio mundial. No entanto, a construção de sua totalidade terminou em 1921. reticências

Durante quase um século, os Estados Unidos controlaram e administraram o Canal. Mesmo assim, a economia do Panamá se fortaleceu, particularmente, desde que os Estados Unidos realizaram a devolução [do Canal] em 1999.”

argu éles-ARREDONDO, Carlos Gabriel. El Canal de Panamá: Puente Marítimo del Mundo Global. Ciencia y Mar, volume 19, número 55, 2015. página 18. (Tradução nossa).

A segregação racial nos Estados Unidos

Como você estudou, em 1863 o presidente Êibrarram Linkón decretou o fim da escravidão em todos os estados do país. A proibição do trabalho escravo, porém, só foi formalizada na constituição três meses antes da rendição dos confederados, em 1865, por meio da 13ª Emenda. Com essa medida, cêrca de 4 milhões de escravizados foram libertados nos Estados Unidos.

Um ano antes da abolição da escravidão, Lincon propôs ao Império do Brasil a criação de um empreendimento binacional para colonização da Floresta Amazônica. O objetivo dessa parceria era transferir 4 milhões de “negros preparados para o trabalho” para a região do Vale do Rio Amazonas. Para o governo estadunidense, a solução resolveria os conflitos raciais que surgiriam com a abolição da escravidão e, além disso, excluiria do território dos Estados Unidos uma população vista pelos brancos como degenerada e mentalmente inferior. Tentando convencer o governo brasileiro, o correspondente dos Estados Unidos argumentou que o Vale do Amazonas estava ocupado por “bestas selvagens”, e que os “dóceis” negros poderiam suprir a falta de braços provocada pela abolição do tráfico de africanos para o Brasil em 1850. Dom Pedro segundo, imperador do Brasil, recusou a oferta.

A abolição da escravidão e a vitória do norte antiescravista na guerra não garantiram aos negros a conquista da cidadania. Ao contrário, a discriminação continuou. Eram vetados à maioria dos negros estadunidenses o exercício de cargos públicos, o porte de armas, o direito ao voto e até o acesso a postos de trabalho ocupados por brancos.

As teorias racistas, elaboradas com base na ideologia da supremacia branca, foram usadas em estados do sul do país para justificar a violência da segregação racial e a aprovação das Leis Jim Crow, que vigoraram entre 1876 e 1965. Nesses estados do sul, por exemplo, as escolas, as estações ferroviárias e outros estabelecimentos públicos apresentavam instalações físicas para separar negros de brancos. A mesma segregação existia no acesso a ônibus, parques, salas de aula, bibliotecas, bebedouros, calçadas e restaurantes, entre outros locais.

Fotografia em preto e branco. Destaque para um homem de chapéu, camisa e suspensório parado embaixo de uma placa com escritos em outro idioma. Ao fundo, outras pessoas e um ônibus visto parcialmente.
Pessoas aguardando ônibus em estação rodoviária em Durham, Estados Unidos. Foto de 1940. No cartaz, lê-se: “Local de espera para pessoas de cor”.

O aval desses estados à segregação racial encorajou a formação de sociedades secretas racistas, como a Cu Clús Clã (ká ká ká), criada em 1866, que perseguia, torturava e assassinava afrodescendentes. Estima-se que a Cu Clús Clã tenha feito mais de 20 mil vítimas entre 1866 e 1871, ano em que a organização foi declarada ilegal.

Diante dessa situação, a partir dos anos 1950 e 1960 foram realizados movimentos contra a segregação e o preconceito racial nos Estados Unidos.

Conexão

Tempo de glória

Direção: Eduard Zuíque

País: Estados Unidos

Ano: 1989

Duração: 122 minutos

Nesse drama de guerra estadunidense, uma tropa formada exclusivamente por afrodescendentes e comandada por um oficial branco combate heroicamente na Guerra de Secessão. As contradições sociais e culturais são expostas nas relações dos soldados com o comandante. O roteiro é baseado nas cartas pessoais do coronel róbert gúld chó, um jovem sem experiência, mas de influente família, que recebeu o comando do batalhão.


Capa de filme. Destaque para o rosto de três homens de uniforme militar. Dois deles são negros. Todos usam chapéu militar.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Entre o final do século dezenove e o início do século vinte, quais eram os principais interesses estadunidenses na América Latina?
  2. Como era a condição de vida dos negros após o fim da escravidão nos Estados Unidos?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao discutir a segregação racial que existiu nos Estados Unidos por aproximadamente um século após a abolição da escravidão no país, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois sete.

Recapitulando

  1. Os Estados Unidos tinham interesses econômicos (explorar matérias-primas e mercados consumidores) e ideológicos (com base na doutrina do Destino Manifesto, impor seu modelo econômico, político, social e cultural) na América Latina.
  2. Após o fim da escravidão nos Estados Unidos, os ex-escravizados não tiveram seus direitos reconhecidos e, portanto, continuaram sofrendo exclusão social e preconceito racial. O Estado adotou políticas oficiais que institucionalizaram a segregação entre os negros e os brancos. Tais práticas foram abolidas somente na segunda metade do século vinte.

Ampliando: violência e segregacionismo

“Dentro dessa postura segregacionista surgiu uma corrente ainda mais extremada, que defendia, em última instância, o extermínio da ‘população inferior’. Desse grupo emergiu a Cu Clús Clã (ká ká ká) reticências. Ancorada numa antiga tradição de linchamentos de negros, a Cu Clús Clã combatia, além dos negros, os brancos liberais que apoiavam o fim da segregação, também chamados de negro lovers (amantes de negros, com duplo sentido), os chineses, os judeus e outras ‘raças’ consideradas inferiores.

reticências Nos anos de 1871 e 1872, o governo federal aprovou leis e tomou providências que contiveram o avanço dessas organizações. Mesmo assim, outras semelhantes como a Linha Branca, o Clube do Povo, os Camisas Vermelhas e a Liga Branca surgiram no sul, contando com a complacência dos governos locais.”

KARNAL, Leandro êti ól História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. São Paulo: Contexto, 2007. página 145-146.

Conexão

A linguagem do cinema tem a capacidade de sensibilizar, despertar a curiosidade e motivar a análise crítica. Diferentemente da leitura de textos, que exige mais formalidade, análise lógica e rigor, o cinema investe na imaginação e na afetividade como fórma de mediar a relação do espectador com o conteúdo do filme. Assim, produções audiovisuais com roteiro histórico podem ser uma ferramenta efetiva de ensino por dialogar com as culturas juvenis. No filme apresentado, é possível analisar a construção dos personagens heroicos da trama, ressaltando a dificuldade de os soldados negros conquistarem a posição de soldados.

Leitura complementar

O blues

Entre o fim do século dezenove e o início do vinte, desenvolveu-se no sul dos Estados Unidos uma das maiores riquezas musicais do país e símbolo da resistência negra: o blues.

reticências As definições em torno do blues estão impregnadas, em sua maioria, por representações melancólicas sobre a vida. Pou Óliver, pesquisador do tema, sintetiza: ‘o blues é um estado de espírito e a música que dá voz a ele. O blues é o lamento dos oprimidos, o grito de independência, a paixão dos lascivos, a raiva dos frustrados e a gargalhada do fatalista. É a agonia da indecisão, o desespero dos desempregados, a angústia dos destituídos e o humor seco do cínico. O blues é a emoção pessoal do indivíduo que encontra na música um veículo para se expressar reticências’.

reticências o blues nasceu com a chegada dos escravos negros vindos da África para os Estados Unidos, durante o século dezessete. Em sua formação inicial, encontraremos as chamadas worksongs. Estas eram fórmas de canto que os negros entoavam durante os trabalhos no campo, às margens do Rio Mississípi. Uma vez que o uso de instrumentos musicais reticências pelos escravos não era permitido, a voz passou a ser o principal instrumento musical do negro. A marcação do ritmo da música por meio do canto funcionava como uma espécie de elemento unificador do trabalho nas lavouras. reticências as worksongs eram canções em que o feitor cadenciava o trabalho dos escravos a fim de amenizá-lo, tornando-o mais rentável; além disso, tranquilizava o proprietário que as ouvia, garantindo que os seus escravos estavam todos em seus devidos lugares.

Alguns especialistas salientam que o blues surgiu da música religiosa e dos spirituals. No início do século dezenove, os escravos passaram por um processo de evangelização, e o canto religioso se tornou um importante meio de expressão. Essa música e seus intérpretes nasceram da capacidade desses homens de transformar os hinos batistas e metodistas em cantos que mesclavam as origens africana e europeia. reticências Com a abolição do tráfico de escravos nos Estados Unidos, em 1808, a influência musical e religiosa da África Ocidental diminuiu. O canto de hinos, antes compartilhado pelos brancos, tornou-se algo próprio do convívio entre os negros. As letras adquiriram duplo sentido e foram sutilmente modificadas reticências. Os temas da salvação, do acesso ao paraíso (céu) e da terra prometida expressavam o anseio pela liberdade na vida terrena, e as melodias se reportavam à herança musical dos próprios negros.

Gravura. Grupo de pessoas negras de idades variadas. Vestem roupas coloridas e estão descalços. Estão cantando e batendo palmas.
Grupo de escravizados afro-americanos cantando em uma plantation do sul dos Estados Unidos, no século dezenove. A gravura foi produzida com base na descrição de méri lívermór, que testemunhou o evento, cêrca de 1850.

Respostas e comentários

Em 1900, o blues já tinha chegado à típica estrofe de três versos, com estilo vocal derivado dos cânticos e canções de trabalho dos escravizados sulistas.

O blues

Durante o trabalho com a seção, se possível, reproduza a canção Crazy blues, interpretada por mémi ismíti, considerada a primeira gravação do gênero blues. Com a tradução da letra em mãos, interprete com os alunos os temas abordados, a melodia, as rimas, entre outros aspectos. Esse trabalho pode ser feito, também, com outras canções do mesmo gênero elaboradas no início do século vinte.

Interdisciplinaridade

Ao propor a análise crítica da canção e relacioná-la às dimensões sociais, históricas e estéticas, a atividade desenvolve habilidades do componente curricular Arte, especificamente a habilidade ê éfe seis nove á érre um seis.

Tanto as worksongs como o negro spiritual desempenharam um papel muito importante na elaboração do blues. Todavia, segundo guérrar rêrtzrraft, não podemos alegar que o blues existia na época da escravidão. Os testemunhos escritos e orais consultados e recolhidos pelo autor indicam que essa fórma de música não nasceu da emancipação em si mesma, mas das transformações da música negra inserida em novas condições socioeconômicas. Logo, seu nascimento, propriamente dito, estaria situado muito provavelmente entre o fim do século dezenove e meados do vinte.

Mas, afinal, onde teria nascido o blues? Trata-se de uma questão polêmica. Roberto mugiáti atesta que, se o blues teve um berço, este seria o Delta. Contudo, o delta ao qual o autor se refere não é o do Mississípi (nas proximidades de Nova Orleãns), e sim o delta do Rio iazú. Inclusive, na língua dos índios Choctaw, este nome significa Rio da Morte, e a região do delta era conhecida como cinturão negro devido ao alto índice de linchamentos de negros em Mississípi, entre os anos 1920 e 1930. rêrtzrraft discorda de mugiáti ao afirmar que a terra nascente do gênero seria, provavelmente, a região do delta do Mississípi.

reticências De acordo com rêrtzrraft, vários são os testemunhos que demonstram a onipresença de cantos de fazendeiros negros no fim do século dezenove. Às vezes, um som longo e tenso chamava o arrendatário do campo vizinho, que lhe respondia em contracanto; esses eram os chamados hoolies, arhoolies ou, mais frequentemente, hollers. Entretanto, ao serem obrigados a entregar mais de 80% dos lucros da colheita aos donos das terras, esses trabalhadores contraíam débitos até que o algodão fosse vendido. Muitos fazendeiros e comerciantes aproveitavam a oportunidade para comercializar produtos de primeira necessidade a preços altos, resultando em um longo processo de endividamento. Outros ex-escravos, porém, migraram em direção às cidades sulistas em busca de novas oportunidades de trabalho.

reticências Em Chicago e Nova iórque (principalmente no bairro do Rárlem), já havia uma considerável população negra que frequentava os cabarés para ouvir blues; inclusive, rêrtzrraft relata que em uma dessas casas surgiu a primeira gravação do gênero: Crazy blues. A canção, interpretada por mémi ismíti em 1920, obteve um enorme sucesso não apenas em Nova iórque, mas também entre os habitantes de cidades sulistas que compravam seus gramofones por correspondência. De acordo com árnold chó, mémi ismíti era característica do grupo de vocalistas negras que vieram a ser conhecidas como a figura da classic blues singer da década de 1920’.

ALVES, Amanda Palomo. Do blues ao movimento pelos direitos civis: o surgimento da “black music” nos Estados Unidos. Revista de História da úfiba, Salvador, volume 3, número 1, página 51-56, 2011. Disponível em: https://oeds.link/lQuUv6. Acesso em: 6 fevereiro 2022.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. O que eram as worksongs e o negro spiritual? De que maneira eles representaram uma fórma de resistência à escravidão?
  2. Qual seria o significado de blues?
  3. De acordo com o texto, a origem do blues estava vinculada às condições socioeconômicas dos negros nos Estados Unidos no fim do século dezenove. Quais eram essas condições e de que modo elas se relacionam ao significado do blues?
  4. Pesquise e ouça canções de chárli péton, W. C. réndi ou béssi ismíti para conhecer alguns dos mais renomados artistas desse gênero musical. Compare as canções que você ouviu com as informações do texto e converse com os colegas sobre as impressões que teve.
  5. O blues representou os anseios e os dramas das comunidades negras estadunidenses do século dezenove. Em sua opinião, algum estilo musical atual representa as comunidades negras das periferias dos grandes centros urbanos brasileiros? Argumente para defender sua opinião.

Respostas e comentários

Leitura complementar

  1. As worksongs eram músicas cantadas pelos escravizados estadunidenses durante o trabalho nas lavouras e são consideradas manifestações culturais e sociais próprias dos negros diante da segregação e da situação opressora em que viviam. As letras e a fórma como as músicas eram cantadas, com melancolia e o coro de vozes, expressavam o sofrimento da vida cotidiana dos escravizados. Eles criaram uma expressão cultural que relembrava sua origem étnica e promovia um distanciamento do modo de vida imposto por seus senhores. O negro spiritual era a mistura das origens africanas dos escravizados com a religiosidade protestante adquirida por meio da evangelização. Os cantos religiosos passaram a ter duplo sentido, principalmente relacionando o paraíso à liberdade. Assim, as worksongs e o negro spiritual foram utilizados como fórma de atenuar o sofrimento diante da escravidão e das pesadas jornadas de trabalho.
  2. A palavra blues, em inglês, significa “tristeza” ou “melancolia”. Ela descreve tanto um estado de espírito melancólico quanto a harmonia típica da improvisação desse gênero musical.
  3. Essas condições eram as de pobreza e exclusão, em razão das políticas de segregação racial. O texto mostra que o blues é “o lamento dos oprimidos, o grito de independência, reticências a raiva dos frustrados e reticências o desespero dos desempregados, a angústia dos destituídosreticências”. Dessa fórma, o blues expressava a dor e a angústia das populações negras do país diante da segregação racial e consequente marginalização social. Mais que um estilo musical, o blues se manifestou como representação e ferramenta cultural de afirmação dos negros na sociedade estadunidense.
  4. Espera-se que os alunos possam ir além da leitura, acessando a produção de alguns dos mais renomados artistas de blues citados, complementando seu conhecimento sobre o tema. Dessa fórma, poderão exercitar a prática da pesquisa, além de expandir o seu repertório musical.
  5. A atividade visa trabalhar com as culturas juvenis e exercitar a habilidade de argumentação dos alunos. Organize uma roda de conversa para os alunos compartilharem e defenderem suas opiniões. Também é possível executar algumas músicas sugeridas pelos alunos e analisar suas letras, buscando identificar nelas quais são as principais questões que envolvem a vida dos negros nos centros urbanos brasileiros atuais.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Observe a imagem e, depois, faça o que se pede.

Pintura. Mulher de cabelos grandes e loiros, pele branca, vestida com um tecido largo e claro. Está flutuando sobre uma área rural, como se estivesse voando em direção ao lado esquerdo da gravura. Leva nas mãos um livro e um rolo de fio, que segue ao fundo em postes de eletricidade. Atrás dela, do lado direito da gravura, caravanas de migrantes brancos em carroças, trens e barcos rumam na mesma direção. À sua frente, do lado esquerdo, indígenas, cavalos, manadas de bisões e outro animais fogem. O céu à direita é claro e iluminado pelo sol; o céu à esquerda é escuro, com nuvens densas.
O progresso americano, gravura de jorge a crófut, 1873. Biblioteca do Congresso, uóshinton, Estados Unidos.
  1. Que elementos o artista introduziu na gravura para diferenciar o lado mais escuro do lado mais claro? O que cada um desses lados representa na cena? E a mulher ao centro?
  2. Essa imagem diz respeito a uma ideologia presente nos Estados Unidos do século dezenove. Identifique-a e explique-a.
  1. Identifique uma das consequências da Guerra de Secessão.
    1. A destruição das cidades do norte, onde a maior parte dos conflitos ocorreram.
    2. A legalização da escravidão estadunidense por Êibrarram Linkón no fim do conflito.
    3. A morte de mais de 600 mil pessoas em razão dos combates e de doenças como o tifo.
    4. A unificação do país ao fim do conflito e o bom relacionamento entre as regiões norte e sul.
  2. Leia um trecho da carta do presidente estadunidense éndriu djéquisson, de 1829, e responda à questão.

Pode ter certeza de que tenho começado uma política justa e humana a respeito dos índios. Neste espírito, avisei a eles para deixarem suas posses desse lado do Rio Mississípi e irem para uma terra onde é bem possível que estejam sempre livres das influências mercenárias dos brancos e longe das autoridades locais: nessas circunstâncias, o Governo Geral [Federal] pode exercer uma tutela sobre os seus interesses e, possivelmente, eles poderão perpetuar a raça.

prúcha, fréncis pôl. The Great Father. Lincon: University of Nebraska, 1984. página 72. Apud blanchéte, tadêus grégori. Entre acomodação e extermínio: as raízes da Questão Indígena nos Estados Unidos. In: ENCONTRO ANUAL DA anpócs, 35., 2011, Caxambu. anais reticências, São Paulo: anpócs, 2011. página 30.

A declaração de éndriu djéquisson é coerente ou contraditória em relação ao projeto de ocupação das terras a oeste? Por quê? Justifique sua resposta utilizando trechos da carta apresentada.


Respostas e comentários

Atividades

    1. Na parte clara da gravura, foram representados as diligências, os mineiros, o trem e os fazendeiros simbolizando o progresso e a “civilização” introduzidos pelos colonos nas terras do oeste. Na parte mais escura da gravura, foram representados indígenas em fuga. A mulher é uma alegoria da civilização.
    2. A imagem expressa a ideologia do Destino Manifesto. Essa ideologia legitimou a conquista do oeste como o cumprimento da missão divina dos estadunidenses de levar o progresso, a “civilização” e o cristianismo para os “povos selvagens”. Por essa razão, na gravura, a marcha avança no sentido do leste “civilizado” para o oeste ainda em estado “selvagem”.
  1. Alternativa c.
  2. Na declaração, éndriu djéquisson usa expressões como “política justa e humana a respeito dos índios” e “estejam sempre livres das influências mercenárias dos brancos” para sugerir que o deslocamento dos povos indígenas para o outro lado do Rio Mississípi visava protegê-los e assegurar a preservação de seu modo de vida. Porém, o objetivo do governo estadunidense era tomar as terras dos indígenas para que elas fossem distribuídas entre colonos e usadas para a instalação de propriedades agrícolas. Espera-se que os alunos percebam que o discurso do presidente é falacioso, pois afirma que a política de colonização do oeste seria protetiva em relação aos indígenas e, na realidade, promoveu o deslocamento forçado e a dizimação dos povos originários nos Estados Unidos.
  1. Nos Estados Unidos, foram produzidos muitos filmes sobre o avanço da colonização para o oeste, que são chamados faroestes (westerns, em inglês). Esse tipo de filme tornou-se muito popular nas décadas de 1950 e 1960. Em grupo, vocês vão fazer um estudo de recepção desses filmes.
    1. Cada integrante do grupo deve entrevistar um familiar, perguntando: Você já assistiu a um filme de faroeste? Se sim, qual era o título do filme? Que personagens apareciam? Qual era o principal conflito mostrado? Como era a vida dos indígenas que apareciam no filme? E a dos colonos? Em sua percepção, que imagem do Velho Oeste o diretor procurou transmitir ao espectador? Que recursos ele usou para isso?
    2. Registrem as respostas por escrito ou gravem-nas com um smartphone.
    3. Após as entrevistas, comparem as respostas dos entrevistados, pesquisem o ano e o local de produção dos títulos citados e respondam às questões: Que personagens são mais mostrados nesse tipo de filme? A imagem que os entrevistados criaram sobre o processo de colonização do oeste da América do Norte é semelhante ou diferente do que vocês aprenderam sobre o assunto? Se houver elementos que estão em desacordo com o que vocês estudaram, quais são eles?

Aluno cidadão

  1. Apesar de a maioria dos povos indígenas ter sido dizimada ao longo da história dos Estados Unidos, alguns povos conseguiram sobreviver. Leia os itens a seguir e faça o que se pede.
    1. Junte-se a alguns colegas e pesquisem informações sobre um destes povos: navárro, tcherôquí, siôúquis, apache, iroquês, blackfeet ou choctaw. Investiguem quantos indivíduos existem hoje, onde vivem e como sobreviveram.
    2. Em seguida, busquem informações sobre ao menos três aspectos culturais do povo indígena escolhido (religião, alimentação, moradia, festividades etcétera).
    3. Façam um relatório sobre as informações pesquisadas e debatam com os colegas a seguinte questão: Qual é a importância da preservação da cultura desses povos?

Conversando com língua portuguesa

6. Leia um trecho de um poema de blues escrito por léngston riúgs, em 1927.

No sul profundo em Dixie

(Me parte o coração)

Enforcaram meu jovem amado negro

Em uma árvore no meio da encruzilhada.

No sul profundo em Dixie

(O corpo machucado pairando no ar)

Eu perguntei ao Senhor Jesus branco

De que adianta rezar.

No sul profundo em Dixie

(Me parte o coração)

O amor é uma sombra nua

Em uma árvore seca e torta.

riúgs, léngston. Song for a dark girl, 1927. (Tradução nossa).

  1. Qual é a ironia e a crítica no uso do termo “Senhor Jesus branco”?
  2. Que figuras de linguagem o poeta usou para descrever o sentimento do eu lírico e qual é o efeito desse uso?

Enem e vestibulares

7. (u éfe érre gê ésse-Rio Grande do Sul) A guerra civil entre o norte e o sul dos Estados Unidos, ocorrida entre 1861-1865, teve por consequência profundas mudanças na economia e na sociedade do país.

Assinale a alternativa que apresenta essas mudanças.

  1. A abolição da escravidão e a afirmação do modelo capitalista de inspiração nortista em todo o país.
  2. A manutenção da escravidão e a disseminação do modelo de agricultura monocultora sulista para toda a nação.
  3. A conquista do México e a ampliação da escravidão em direção aos territórios recém-conquistados.
  4. A vitória do sul industrial diante do norte rural e sua separação permanente da União.
  5. A conciliação entre norte e sul e a manutenção da escravidão em ambas as regiões.

Respostas e comentários

Dixie é um termo usado para designar o sul “profundo” dos Estados Unidos, como os estados de Mississípi, Alabama, Louisiana, Geórgia e Texas.

  1. Os personagens mais comuns nos filmes de faroeste são pistoleiros, famílias de pequenos agricultores, fazendeiros, banqueiros, indígenas, xerifes e marginalizados. Os conflitos mostrados, em geral, focam nas disputas por terra e/ou riqueza (seja com os indígenas, seja com outros colonos ou grandes empreendedores, como empresários do sistema ferroviário e latifundiários), a defesa da honra, da família e da propriedade e a aplicação da lei. Já as produções mais recentes exploram novos focos, como aspectos sociais, a relação entre homem e natureza, conflitos psicológicos das personagens, entre outros. A atividade permite desenvolver noções sobre estudo de recepção de produtos da indústria cultural por meio de entrevistas.
  2. Para a realização da atividade, organize grupos heterogêneos de alunos. Oriente-os a realizar a pesquisa em livros, sites educacionais, revistas de divulgação científica da área de ciências humanas e agências de notícias confiáveis. Espera-se que eles reflitam sobre a importância da preservação das culturas pesquisadas, valorizando a memória desses povos e a diversidade cultural.

Bê êne cê cê

Por envolver o respeito à diversidade cultural, a atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Diversidade cultural e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 2, nº 3, nº 4 e nº 5, bem como das Competências específicas de Ciências Humanas nº 1, nº 2 e nº 4.

    1. O termo Senhor Jesus branco se refere ao deus cristão, que foi adotado pelos povos de origem africana. A ironia e a crítica do uso do termo estão no fato de que esse deus não parecia estar protegendo os negros, que estavam sendo segregados, torturados e mortos pelos brancos no sul dos Estados Unidos naquele momento, como é relatado no poema. Daí o questionamento do poeta sobre a validade de rezar para esse deus.
    2. O poeta usou a hipérbole no verso “me parte o coração” e a metáfora nos versos “o amor é uma sombra nua” e “em uma árvore seca e torta”, para demonstrar a intensidade do sofrimento em relação à morte do ente querido, que é descrita no poema.

Interdisciplinaridade

A atividade desenvolve habilidades do componente curricular língua portuguesa, especificamente as habilidades ê éfe seis nove éle pê quatro oito e ê éfe oito nove éle pê três sete.

7. Alternativa a.

Glossário

União
: conjunto dos estados que passaram a compor os Estados Unidos após a independência.
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