CAPÍTULO 11  A nova ordem econômica e o imperialismo

Fotografia. Dez jogadores de futebol, na maioria negros, abraçados, lado a lado no gramado de um estádio. Um deles está abaixado. O uniforme dos atletas é composto por meião vermelho, bermuda azul e camiseta azul com listras horizontais em dois tons diferentes de azul, e uma listra vermelha na altura do peito. Ao fundo, arquibancada lotada de torcedores.
Jogadores da seleção francesa observam a cobrança de pênaltis durante partida contra a Suíça na Eurocopa 2020, disputada em 2021 em razão da pandemia de côvid dezenóve. Bucareste, Romênia. Foto de 2021.

Você acompanhou os jogos de futebol da Eurocopa disputada em 2021 na Romênia? A seleção francesa contava com vários jogadores que não tinham origem europeia. Eram filhos ou netos de pessoas que nasceram em países africanos, como Mali, Guiné, Argélia, entre outros. Os antepassados desses atletas migraram para a França por diversas razões, mas principalmente em busca de melhores condições de vida, visto que, muitas vezes, enfrentavam adversidades socioeconômicas e políticas em seus países de origem.

O atual contexto de crises econômicas e políticas vivenciadas em países da África e da Ásia se relacionam, sobretudo, ao processo colonizador e exploratório promovido pelas grandes potências mundiais no final do século dezenove. Neste capítulo, você vai estudar esse processo.

  • A chegada de famílias africanas durante o século vinte na França foi motivo de controvérsia e preconceito no país. Por que os imigrantes sofreram constrangimentos e preconceito?
  • De que fórma a prática de esportes pode mobilizar pessoas e governos para uma nova atitude em relação aos direitos das pessoas, independentemente de suas origens?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo contempla a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois três (ao relacionar o determinismo e as ideologias raciais desenvolvidas no século dezenove com a colonização dos continentes africano e asiático), ê éfe zero oito agá ih dois quatro (ao abordar as demandas do capitalismo industrial e o lugar das economias africanas e asiáticas naquele contexto, bem como analisar o impacto sobre as comunidades locais) e ê éfe zero oito agá ih dois seis (ao tratar da partilha dos continentes africano e asiático, identificando e contextualizando o protagonismo das populações locais nos movimentos de resistência à colonização).

Objetivos do capítulo

  • Compreender os termos imperialismo e neocolonialismo.
  • Relacionar a Segunda Revolução Industrial com o imperialismo empreendido na África e na Ásia.
  • Identificar os interesses envolvidos no processo de expansão e dominação imperialista promovido pelos países europeus no século dezenove.
  • Analisar criticamente os elementos do darvinísmo social.
  • Reconhecer as diferentes características do imperialismo no continente asiático.
  • Perceber a diversidade cultural, histórica e social que caracterizava os diferentes povos que habitavam a África e a Ásia no século dezenove.
  • Reconhecer alguns dos movimentos de resistência ao imperialismo.
  • Compreender as consequências econômicas e sociais do imperialismo vivenciadas pelas sociedades africanas no século dezenove e atualmente.

Abertura do capítulo

A foto desta abertura mostra jogadores da seleção francesa de futebol reunidos durante a Eurocopa, em 2021. Por iniciar o estudo por meio de um tema que se aproxima dos interesses dos jovens, espera-se despertar a curiosidade dos alunos para os processos históricos que serão apresentados neste capítulo. Espera-se, também, que associem o imperialismo a preconceitos e situações constrangedoras enfrentadas por imigrantes e seus descendentes, sobretudo africanos, na atualidade.

Pergunte aos alunos se conhecem casos em que os atletas negros tenham sofrido preconceito em campo, na Europa ou no Brasil, e proponha uma discussão sobre o tema. Questione se lembram das atitudes de alguns desses jogadores ao reagir a esses preconceitos e se acreditam que a postura deles pode contribuir para a superação da intolerância e a promoção da cultura de paz. Pergunte se o esporte poderia ajudar a trabalhar o sentimento de pertencimento e de união, independentemente das origens dos atletas.

A Segunda Revolução Industrial

A partir da segunda metade do século dezenove, o desenvolvimento de tecnologias possibilitou o aperfeiçoamento ou a substituição de antigos processos industriais empregados desde a Primeira Revolução Industrial. Na Europa, sobretudo no Reino Unido, na França e na Alemanha, a industrialização intensificou-se e expandiu-se para os Estados Unidos e o Japão.

Esse período, conhecido como Segunda Revolução Industrial, caracterizou-se pelo desenvolvimento de inovações técnicas aplicadas à indústria, aos transportes e às comunicações, acompanhadas pelo uso de novos tipos de energia, como a elétrica e a obtida de derivados do petróleo.

Conheça alguns inventos desse período.

  • Processo béssemer. O engenheiro britânico Rênri Béssemer desenvolveu um processo de produção de aço que consistia em injetar ar frio no ferro fundido, o que possibilitou o barateamento e a agilização da produção. O aço passou a ser utilizado na construção de prédios, pontes, viadutos e trilhos ferroviários.
  • Dínamo. Inventado por volta de 1870, o dínamo é um aparelho que converte energia mecânica em energia elétrica. A eletricidade gerada pelos dínamos era utilizada para iluminar ruas e praças e para mover as máquinas na produção industrial. A grande vantagem da eletricidade em relação ao vapor era a possibilidade de transportar a energia por dezenas de quilômetros em linhas de transmissão elétrica.
  • Motor de combustão interna. Em 1861 foi criado, na Alemanha, o primeiro motor de combustão interna. O motor tinha esse nome porque o combustível, o gás de carvão, era queimado dentro dele. O invento recebeu novo impulso no final do século dezenove, quando os motores passaram a funcionar com derivados do petróleo e a ser utilizados na indústria e em meios de transporte (como navios e trens), possibilitando o desenvolvimento de produtos como o automóvel e o avião.
Gravura. À esquerda, várias mulheres sentadas em cadeiras, lado a lado. Estão com fone no ouvido, e manuseiam fios em um grande painel na parede. À direita, rapaz em pé, apoiado sobre a mesa de uma moça com fones. Na parede um relógio.
Telefonistas, gravura publicada no Le Petit Journal, 1904. Antes da invenção do sistema discado, as ligações telefônicas eram completadas pelas telefonistas em centrais telefônicas como a da gravura.

Refletindo sobre

As tecnologias desenvolvidas durante a Segunda Revolução Industrial possibilitaram uma série de inovações. Com a invenção do telégrafo sem fio e, posteriormente, do telefone, a comunicação a distância tornou-se mais rápida; o desenvolvimento dos trens e a invenção do automóvel facilitaram o transporte de pessoas e de mercadorias. As possibilidades de lazer também se ampliaram com a invenção do cinema. No entanto, naquela época, a maioria das pessoas não pôde desfrutar desses inventos, que eram restritos às camadas médias e ricas dos grandes centros urbanos. Atualmente, que novidades tecnológicas facilitam a vida das pessoas? Você acha que a maioria da população mundial tem acesso a elas? Discuta o assunto com os colegas.


Respostas e comentários

Refletindo sobre

A atividade promove uma reflexão sobre o desenvolvimento tecnológico, potencializado pela Segunda Revolução Industrial, como um processo que apresenta contradições. Comente, por exemplo, que a tecnologia pode facilitar o dia a dia, como agilizar a comunicação ou ampliar as opções de lazer, mas apresenta também problemas que envolvem o uso excessivo de recursos naturais, a dependência nociva que as pessoas têm dos dispositivos eletrônicos ou o elevado custo de acesso a eles. No caso específico das desigualdades de acesso às tecnologias digitais de informação e comunicação, é importante que os alunos percebam que a exclusão digital é uma fórma de exclusão social.

Bê êne cê cê

Por envolver a relação entre o mundo social e o mundo digital e técnico-científico, a fim de avaliar o uso de tecnologias digitais, a atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia e contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 5, da Competência específica de Ciências Humanas nº 2 e da Competência específica de História nº 7.

Criação da patente

Uma característica marcante do período da Segunda Revolução Industrial foi a criação da patente, isto é, o direito obtido pelo autor de uma invenção de explorar comercialmente seu invento com exclusividade, o que proibia qualquer pessoa ou empresa de fabricar ou comercializar a invenção. Um dos maiores inventores do período foi o estadunidense tômas édiçon, que registrou .1093 patentes, incluindo a lâmpada, o fonógrafo e o gramofone.

Atividade complementar

Proponha uma atividade sobre o uso da tecnologia pelos alunos, por meio da consulta de métricas de acesso às redes sociais digitais. A proposta é que eles analisem o tempo que gastam em redes sociais e outros aplicativos. Para isso, peça que acessem as configurações do smartphone que será analisado – que pode ser do próprio aluno ou de algum familiar –, busquem o item que aponta as métricas do “bem-estar digital” e interpretem o gráfico apresentado com as respectivas informações sobre o uso de aplicativos. Dessa fórma, poderão identificar, por exemplo, quais aplicativos são mais utilizados e por quanto tempo. Com base nos dados obtidos, peça que respondam às seguintes questões: Gastei muito ou pouco tempo acessando redes sociais? Minha relação com as redes sociais é saudável? Por quê? Por fim, discuta as respostas deles coletivamente.

A atividade desenvolve habilidades de análise das métricas de mídias sociais digitais.

A crise do capitalismo industrial

Ao longo do século dezenove, os avanços tecnológicos proporcionados pela Segunda Revolução Industrial aumentaram a produtividade e baratearam a produção de bens industriais, matérias-primas e alimentos. A euforia gerada por essas conquistas, entretanto, foi abalada em 1873 pela primeira grande crise mundial do capitalismo, com efeitos que se arrastaram por vários anos.

Na Europa, a crise decorreu de uma combinação de fatores que resultou em uma prolongada instabilidade. O aumento da especulação na Alemanha e na Áustria levou à quebra da bolsa de valores de Viena e, por consequência, à falência de diversos bancos e à queda da produção e dos preços.

Em uma reação em cadeia, a crise se difundiu para outros países. Na Inglaterra, que ocupava posição central da economia capitalista, a retração econômica provocou falências, desemprego e queda acentuada dos preços.

A dificuldade de escoar a elevada produção das indústrias inglesas agravou o cenário de instabilidade. Em grande parte dos países europeus e nos Estados Unidos, onde o setor ferroviário foi gravemente afetado, as tensões sociais decorrentes da crise desencadearam revoltas e violência.

Na Tompkins Square, Nova iórque, em 1874, a polícia entrou em conflito com a multidão, espancando milhares de homens e mulheres. Um dos mais sangrentos conflitos da história americana aconteceu nos campos de carvão da Pensilvânia em 1875, quando operários foram massacrados por uma fôrça privada encomendada pelo Estado.

CURVO, Raul Murilo Chaves. Comparação entre as grandes crises sistêmicas do sistema capitalista (1873, 1929 e 2008). 2009. Tese (Doutorado) – Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. página 64.

Xilografia. Homens aglomerados. A maioria deles usa chapéu. Ao fundo, um policial montado em um cavalo, está com um cacetete erguido, com o qual bate nos homens aglomerados.
A bandeira vermelha em Nova iórque, xilografia publicada no jornal ilustrado frãnk lésli, 1874. Biblioteca do Congresso, uóshinton, Estados Unidos. Policiais dispersam multidão em manifestação organizada pela Associação de Trabalhadores Desempregados na Tompkins Square, Nova iórque, Estados Unidos.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. A Segunda Revolução Industrial caracterizou-se pelo desenvolvimento de uma série de inovações técnicas. Cite algumas dessas inovações e comente a importância delas para as potências industrializadas do final do século dezenove.
  2. Qual foi o motivo da grande crise do capitalismo de 1873?
  3. Quais foram as consequências da crise na Europa no final do século dezenove para os Estados Unidos?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. São desse período importantes invenções e desenvolvimentos técnicos, como o processo Bessemer de produção de aço, que consistia na injeção de ar frio no ferro fundido; o dínamo, aparelho que converte energia mecânica em energia elétrica; os motores de combustão interna; os telégrafos e os telefones. Essas invenções proporcionaram melhorias na produção de algumas mercadorias e dinamizaram as comunicações e os transportes. De maneira geral, esses inventos elevaram os índices de bem-estar e conforto de quem podia pagar pelos benefícios gerados por eles.
  2. A primeira grande crise do capitalismo decorreu de uma combinação de fatores. Pode-se mencionar, entre eles, o aumento da especulação na Alemanha e na Áustria, processo que ocasionou a queda da bolsa de valores de Viena e, como consequência, a falência de bancos e a retração da produção industrial. Em uma reação em cadeia, a crise atingiu outros países, levando a falências, desemprego e a queda dos preços das mercadorias.
  3. Nos Estados Unidos, com a crise europeia, gerou-se um cenário de instabilidade, no qual o setor ferroviário foi gravemente afetado, desencadeando tensões sociais, revoltas e violência.

Ampliando: Revoluções Industriais

“A partir da [Primeira] Revolução Industrial, a transformação da economia tornou-se contínua, mas de vez em quando os resultados cumulativos dessas mudanças aparecem com tanta intensidade que os observadores são tentados a falar de uma ‘segunda’ revolução industrial. reticências

Os principais progressos técnicos da segunda metade do século dezenove foram essencialmente científicos; ou seja, exigiam como mínimo indispensável para invenções originais algum conhecimento das novas evoluções no campo da ciência pura, um processo muito mais organizado de experimentação científica e de comprovação prática para aperfeiçoamento daquelas invenções, e uma ligação cada vez mais estreita e contínua entre industriais, tecnologistas e cientistas profissionais e instituições científicas.”

róbisbáum, érik diei Da Revolução Industrial Inglesa ao imperialismo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009. página 160-164.

A era do capitalismo financeiro

Até meados do século dezenove, as empresas familiares eram responsáveis por grande parte da produção industrial. Nesse contexto, os empresários investiam parte dos lucros de suas fábricas na ampliação da produção. Porém, na Segunda Revolução Industrial, essa prática mudou com a crise da economia capitalista industrial.

Em razão dos efeitos da crise, os donos de grandes empresas perceberam que tinham mais condições de sobreviver e crescer com a aquisição de empresas em dificuldades. O resultado dessa avaliação foi o fortalecimento do capital bancário. As empresas, carentes de capitais para financiar as tecnologias aplicadas à produção e conseguir, assim, produzir a preços mais competitivos, fundiram-se aos bancos. Estes, então, além de conceder créditos às empresas, passaram a controlá-las por meio da compra de suas ações.

A fusão do capital bancário com o capital produtivo deu origem ao capital financeiro. Ao controlar cada vez mais o crédito, a produção agroindustrial e o comércio, o capitalismo financeiro se transformou na maior fonte de lucros e passou a abastecer a economia capitalista mundial, promovendo, com isso, uma enorme concentração de riqueza.

O processo de concentração de capitais foi, ainda, impulsionado pela criação de diferentes fórmas de associação empresarial, como o truste, o cartel e a holding (leia o boxe Saiba mais). Quando um número limitado de empresas domina determinado ramo do mercado, cria-se uma situação conhecida como oligopólio, na qual a competição é limitada, reduzindo as opções de quem vai adquirir um produto ou serviço. A formação de oligopólios ampliou o poder financeiro desses grupos, de modo que passaram a exercer grande influência sobre o Estado nacional.

Gravura. À esquerda, pequeno destaque que mostra um homem sentado, de roupa preta com mangas bufantes, e outros homens com casacos e botas, segurando espadas e machados ao seu lado. Na frente dele, à direita, homens entregam objetos e metais preciosos para o homem sentado. Ao fundo, um castelo. Na parte maior da gravura, à direita, homens gordos de cartola preta. Alguns empunham espada. Eles observam homens ajoelhados no chão na frente de diversos sacos brancos. Os homens ajoelhados entregam sacos de dinheiro aos homens gordos. Ao fundo, fumaça preta sai da chaminé de uma indústria.
A história se repete: os barões ladrões da Idade Média e os barões ladrões de hoje, charge de 1889. Biblioteca da Universidade do Estado da Geórgia, Atlanta, Estados Unidos. A charge ironiza a permanência da desigualdade social.

Saiba mais

Associações empresariais

O truste é a fusão de várias empresas com o objetivo de controlar todo o processo produtivo, desde a obtenção das matérias-primas até a venda da mercadoria. O cartel é o acordo estabelecido entre diferentes empresas com o objetivo de dividir o mercado e combater a concorrência. Holding, por sua vez, é a participação de uma empresa como principal acionista e controladora de empresas de diversos setores.


Respostas e comentários

Ampliando: empresas transnacionais e economia nacional

“É verdade que havia e há atividades econômicas, como as finanças internacionais, que são essencialmente cosmopolitas, escapando assim às restrições nacionais, na medida em que estas eram eficazes. Mesmo assim, essas empresas transnacionais tiveram o cuidado de se vincular a uma economia nacional convenientemente importante. Assim, as famílias de banqueiros comerciais reticências tenderam a transferir seus escritórios centrais de Paris para Londres após 1860. E o mais internacional dos grandes bancos, o Rothschild, floresceu quando operava na capital de um Estado importante reticências.

Se o protecionismo era a reação política instintiva do produtor preocupado com a depressão [econômica], essa não era, contudo, a reação mais significativa do capitalismo a suas dificuldades. Ela resultava da combinação de concentração econômica e racionalização empresarial ou reticências ‘trustes’ e ‘administração científica’. Ambos eram tentativas de ampliar as margens de lucro, comprimidas pela concorrência e pela queda de preços.

A concentração econômica não deve ser confundida com o monopólio em sentido estrito (contrôle do mercado por uma única empresa), nem no sentido amplo mais usual de contrôle do mercado por um pequeno número de firmas dominantes (oligopólio).”

róbisbáum, érik diei A era dos impérios: 1875-1914. décima terceira edição São Paulo: Paz e Terra, 2009. página 74-77.

Atividade complementar

Analise a charge com os alunos e peça que expliquem, por meio de seus elementos, como se fez a crítica da manutenção da desigualdade social entre a Idade Média e o período da Revolução Industrial.

A imagem estabelece uma continuidade entre os dois períodos em relação às desigualdades sociais, abordando a exploração do trabalho e o destino da riqueza gerada por ele durante a Idade Média: no lugar dos castelos, as fábricas; no lugar dos senhores feudais, os capitalistas ligados aos trustes; e no lugar dos camponeses, os trabalhadores. Tanto no quadro maior quanto no menor, os trabalhadores são retratados na mesma posição de submissão, sendo obrigados a pagar taxas e tributos a seus “senhores”. Com o título da charge, o autor critica a exploração da classe trabalhadora por uma classe dominante, proprietária da terra, dos meios de produção ou do capital financeiro.

A expansão imperialista

A formação de oligopólios ligados ao capital financeiro (produtivo e bancário) não foi suficiente para combater os efeitos da crise econômica, conter a queda dos preços e garantir mercados para os produtos da indústria. Para tentar solucionar o problema, as potências econômicas do período adotaram uma série de medidas protecionistas, que restringiram a entrada de mercadorias industrializadas em seu território.

Além disso, em parceria com empresas oligopolistas, os governos dos países industrializados iniciaram um processo de expansão colonial em diferentes regiões, especialmente na África e na Ásia, em busca de investimentos, fontes de matérias-primas e mercados para os produtos das indústrias. Esse processo de expansão territorial das potências industrializadas e de dominação política e econômica imposta aos territórios sob seu contrôle é conhecido como imperialismo ou neocolonialismo.

As regiões colonizadas ajudaram a minimizar as tensões sociais causadas pela crise econômica e pela modernização da agricultura, que geraram um grande contingente de desempregados nas cidades europeias. Os territórios coloniais também se tornaram mercados seguros para os investimentos dos capitais excedentes na Europa. Nesses locais, grandes grupos econômicos europeus financiaram a construção de ferrovias, fundaram empresas de energia e navegação e exploraram minérios, entre outras atividades. Por isso, o imperialismo pode ser entendido como o movimento de expansão do capital financeiro para diferentes áreas do planeta.

Charge. Cabeça gigante de um homem no meio do mar. Ele usa uma cartola e tem uma plaquinha no pescoço que diz ENGLAND. Dele saem vários tentáculos e mãos que estão posicionadas sobre diversos países.
O peixe-diabo em águas egípcias, charge de 1882. Note que o Reino Unido foi representado como um polvo que se apossa de vários territórios em continentes diferentes.

História em construção

Neocolonialismo

O termo neocolonialismo passou a ser empregado para designar a etapa do desenvolvimento do capitalismo iniciada com a Segunda Revolução Industrial, em meados do século dezenove. Ele se diferencia do colonialismo, processo de expansão europeia ocorrido entre os séculos quinze e dezoito, com o objetivo de conquistar colônias para a exploração de metais preciosos e de produtos tropicais, como açúcar, algodão e tabaco. Naquele período, em que vigoravam as práticas econômicas do mercantilismo, a colonização da Ásia e da África caracterizou-se pela conquista de áreas próximas ao litoral para facilitar o embarque de escravizados e outros produtos.

No neocolonialismo, a exportação de capitais era tão importante quanto a exportação de mercadorias. O caráter internacionalista dessa economia capitalista globalizada a distingue dos impérios coloniais do mercantilismo: no século dezenove, um continente inteiro (a África) foi dominado por diversas potências capitalistas.


Responda em seu caderno.

Questão

O que diferencia o colonialismo mercantilista do neocolonialismo, iniciado após a Segunda Revolução Industrial?


Respostas e comentários

História em construção

Durante o período em que vigoravam as práticas mercantilistas, a preocupação das potências coloniais era a de manter positivas suas balanças comerciais. Assim, esses países exploravam seus territórios coloniais em busca de metais preciosos e de produtos tropicais, como algodão, tabaco e açúcar, que eram valorizados na Europa. Já durante o neocolonialismo, as potências coloniais, além de dominarem territórios em busca de matérias-primas, fontes de energia, mercados consumidores para seus produtos industrializados, almejavam, sobretudo, novos territórios onde os capitais excedentes da Europa pudessem ser investidos.

Bê êne cê cê

Ao discutir as diferenças entre colonialismo e neocolonialismo, a seção contribui para o desenvolvimento das Competências específicas de História nº 1, nº 2 e nº 6.

Imperialismo e exploração das riquezas

A expansão imperialista foi motivada por diversos fatores, entre os quais destaca-se a exploração de recursos naturais disponíveis em territórios africanos e asiáticos. A descoberta de diamante, ouro e cobre no sul da África, durante a segunda metade do século dezenove, foi um fator que despertou o interesse dos ingleses em controlar essa parte do continente africano.

O marfim e a borracha também são exemplos importantes de recursos naturais que foram explorados no continente africano. Essas matérias-primas passaram a ter grande demanda na produção industrial e tiveram papel fundamental na ampliação do contrôle da região da Bacia Hidrográfica do Rio Congo pelos belgas.

Fotografia em preto e branco. À frente, diversos chifres de marfim espalhados pelo chão. Ao fundo, homens posando para a foto. De um lado, homens brancos usando chapéu, camisa de manga comprida e calça; do outro, homens negros, sem camisa. Atrás deles, construção com telhado de palha.
Caçadores de marfim belgas diante de chifres desse material, na região do Congo. Foto de 1900.

A borracha tinha uma importância econômica muito grande, por isso outras potências imperialistas também exploraram esse recurso nos territórios que controlavam. Os franceses, por exemplo, passaram a cultivar seringueiras na Indochina, visando à produção dessa mercadoria para abastecer suas indústrias.

Além da borracha, outro recurso que começou a ganhar importância no final do século dezenove foi o petróleo. Essa fonte de energia se tornou valiosa para as indústrias nesse período, passando a ser intensamente explorada nos territórios coloniais. Os ingleses, por exemplo, exploraram importantes reservas de petróleo na Índia.

Além dos mencionados, vários outros recursos foram extraídos da Ásia e da África pelas potências europeias. Esse sistema de exploração teve significativo impacto nas sociedades submetidas ao contrôle imperialista, desorganizando modos de vida tradicionais ou reforçando práticas violentas de trabalho forçado nessas comunidades.

Além disso, esse processo de extração de riquezas fez com que as economias africanas e asiáticas fossem integradas ao capitalismo global de fórma subordinada, já que as riquezas geradas por esses recursos eram transferidas para os países europeus.

Assim, outro impacto da exploração imperialista foi a ampliação das desigualdades regionais no planeta, empobrecendo as comunidades africanas e asiáticas e promovendo a rápida expansão das práticas capitalistas nos países imperialistas.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao identificar alguns dos principais produtos explorados pelos europeus procedentes dos continentes africano e asiático durante o imperialismo e favorecer a reflexão sobre o impacto do imperialismo na organização das comunidades locais, o conteúdo contempla a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois quatro.

Ampliando: exploração imperialista e trabalho forçado

“É o caso, em particular, da África subsaariana, onde a partir dos anos 1880 o trabalho forçado ocupa o lugar da escravidão: mesmo sendo livres por direito, os trabalhadores são requisitados à fôrça, em condições de rara brutalidade, para trabalhos não remunerados e frequentemente bastante penosos. O fenômeno é maciço e generalizado em todo o continente africano. Quando a demanda pelo marfim e a borracha explodem no final do século dezenove, esse tipo de exploração é implantado de modo particularmente rígido no reino do Congo. Perde-se a conta do número de vilarejos despovoados; os trabalhadores às vezes são mandados a centenas de quilômetros de distância do seu lugar de nascimento. O administrador negocia com os potentados locais: são eles que organizam as marchas forçadas e o trabalho para que determinada estrada seja construída, para que certo trabalho de interesse econômico seja realizado.”

ferrô, márc. A colonização explicada a todos. São Paulo: Unésp, 2017. [E-book]

O “fardo” do homem branco

Além dos motivos econômicos, argumentos políticos e ideológicos foram utilizados pelas potências industrializadas para justificar a exploração e a dominação de territórios na África e na Ásia.

Vários empresários, escritores, religiosos e políticos declaravam que era benéfica a colonização de povos africanos e asiáticos, considerados atrasados do ponto de vista tecnológico e cultural. Aos olhos dos europeus, as instituições políticas e econômicas e o desenvolvimento industrial de seu continente eram evidências da superioridade dos brancos. Eles acreditavam que deveriam “libertar” os povos africanos e asiáticos da suposta “barbárie” em que viviam e fazê-los ingressar na chamada “civilização”.

Teorias racistas pseudocientíficas – supostamente baseadas nas teorias da evolução e da seleção natural das espécies, de Chárles Dárvin, no ramo da biologia – foram utilizadas para justificar a exploração da África e da Ásia. Difundiu-se a ideia do darvinísmo social, segundo a qual “sociedades superiores” deveriam “civilizar” as “sociedades inferiores”. Essa distorção das teorias darvinístas, legitimada por vários biólogos e antropólogos, foi amplamente popularizada na literatura e nos meios de comunicação.

Em 1899, o poeta britânico rúdiard quíplin compôs um poema no qual justificava a política expansionista afirmando que os países desenvolvidos tinham o “fardo” de levar os valores da “civilização europeia” para os povos “atrasados”, nem que para isso fosse necessário o uso da fôrça.

A ideia de “fardo do homem branco e o darvinísmo social foram elementos importantes no desenvolvimento de uma ideologia racial que servia de pretexto para a dominação imperialista. Essa passou a ser vista pela opinião pública dos países industriais como uma fórma de promover o suposto desenvolvimento de territórios africanos e asiáticos.

Porém, como visto anteriormente, na prática, o domínio imperialista provocou a desorganização de inúmeras sociedades e a exploração de recursos naturais na África e na Ásia.

Charge. Dois homens subindo uma montanha de pedras, carregando nas costas cestos cheios de pessoas. O homem mais ao topo, de casaco vermelho, calça branca e cartola preta, carrega homens com trajes típicos de orientais e árabes. O homem de trás tem as pernas compridas, usa um casaco azul, calça com listras vermelhas e brancas verticais e uma cartola com a bandeira dos Estados Unidos. Dentro do cesto dele africanos e indígenas, representados com feições e gestos estereotipados. Nas pedras estão escritas palavras como superstição, ignorância, brutalidade e escravidão, todas em inglês. No alto da montanha, iluminado em amarelo, a estátua de uma figura feminina sentada em um trono. Sobre ela está escrito a palavra civilização, também em inglês.
O fardo do homem branco (Apologia a Kipling), charge de F. Victor Gillám, publicada na revista estadunidense Judge, 1899. Biblioteca de Cartuns e Museu Billy Ireland, Universidade de Ohio, Columbus, Estados Unidos. Nas pedras leem-se palavras como superstição, ignorância, opressão, canibalismo etcétera

Responda em seu caderno.

Explore

  1. Identifique na charge os países representados pelos personagens que carregam os balaios e os continentes representados pelos personagens dentro dos balaios.
  2. O chargista reproduz as ideias do período estudado? Argumente com base nos elementos da charge.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao estabelecer relação entre ideologias raciais e a colonização europeia nos continentes africano e asiático, o conteúdo contempla a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois três.

Explore

  1. Os personagens que carregam os balaios representam o Reino Unido (à frente) e os Estados Unidos (atrás). Nos balaios há personagens que representam os territórios dominados na Ásia, na África e na América.
  2. As pessoas dentro dos balaios são levadas em direção a uma estátua iluminada, no alto do morro, na qual se lê a palavra civilização. O morro que eles sobem é composto de pedras, nas quais é possível ler superstição, ignorância, brutalidade e escravidão, entre outros termos. O chargista reproduz as ideias do período estudado ao mostrar os homens brancos como responsáveis por “carregar o fardo” de levar os povos colonizados à civilização.

Atividade complementar

Considerando a reflexão feita a respeito da oposição entre civilização e barbárie, solicite aos alunos que criem uma charge ou tirinha expressando uma crítica às concepções preconceituosas, pautadas em critérios pseudocientíficos a respeito do “outro”. A linguagem das charges e das tirinhas foi marcante nos séculos dezenove e vinte, e, ao criar uma com esse tema, os alunos poderão exercitar e promover atitudes de tolerância, o que favorece a construção da cultura de paz. Ao avaliar as charges, verifique se aplicaram os conceitos históricos corretamente e se a crítica, em fórma de humor ou ironia, foi pertinente.

A partilha da África

Até cêrca de 1880, algumas regiões do continente africano eram praticamente desconhecidas dos europeus. Porém, exploradores franceses, britânicos, belgas, alemães e italianos, movidos pela busca por riquezas, lançaram-se a percorrer a África. Eles atravessaram os desertos do Saara e da Líbia, subiram os cursos dos rios e acessaram o interior do continente.

Os franceses se dirigiram ao norte e ao noroeste africano. Os britânicos se dirigiram inicialmente para o Egito e, depois, para a região sul do continente. Os belgas deram início à exploração da Bacia Hidrográfica do Rio Congo em 1876. A Alemanha e a Itália entraram mais tarde na corrida imperialista pela exploração do continente africano.

Para evitar um conflito de grandes proporções motivado pela disputa colonial, representantes de quinze países organizaram, entre o fim de 1884 e o início de 1885, a Conferência de Berlim, em que definiram as regras de “ocupação” da África. Proposta pelo chanceler da Alemanha, Otto von Bismarck, a política de interiorização do continente determinava que toda nação estabelecida em algum ponto do litoral africano tinha o direito de expandir suas fronteiras em direção ao interior.

A Conferência de Berlim marcou oficialmente o início da corrida colonial pelo continente africano. Longe de apaziguar as rivalidades, a conferência as acirrou. Ao longo de décadas, diversas nações industrializadas entraram em choque pelo contrôle dos territórios africanos.

O imperialismo na África, na Ásia e na Oceania (1900)

Mapa. O imperialismo na África, na Ásia e na Oceania, 1900. Destaque para o continente africano, o sudeste asiático e a Oceania.
Legenda: 
Amarelo: Reino Unido.
Roxo: Bélgica.
Bege: França.
Marrom: Itália.
Laranja: Alemanha.
Rosa escuro: Espanha.
Rosa claro: Portugal.
Verde escuro: Holanda.
Vermelho: Japão.
Verde claro: Estados independentes.
No mapa, os territórios sob domínio do Reino Unido são: Nova Zelândia, Tasmânia, Austrália, parte de Nova Guiné, Sarawak, Cingapura, Ilhas Gilbert, Ilhas Salomão, Hong Kong, Wai-Hai-Wei, Birmânia, Índia, Pérsia, Ceilão, Ilha Socotra, Áden, Somália Britânica, União Sul-Africana, Basutolândia, Suazilândia, Rodésia do Sul, Rodésia do Norte, Bechuanalândia, Niassalândia, Zanzibar, Sudão Anglo-Egípcio, Egito, Nigéria, Costa do Ouro e Serra Leoa. O domínio da Bélgica foi exercido no Estado do Congo. Os territórios dominados pela França são: Marrocos, Argélia, Tunísia, África Ocidental Francesa, Gâmbia, África Equatorial Francesa, Trípoli (Otomana), Madagascar, Comores, Somália Francesa, Mahé, Karikal, Pondicherry, Yanaon, Indochina, Kuang-Tcheu e Nova Caledônia. Os territórios dominados pela Itália são: Somália Italiana e Eritreia. Os territórios dominados pela Alemanha são: Togo, Camarões, África Oriental Alemã, Sudoeste Africano, Kiaut-Cheu e parte de Nova Guiné. Os territórios dominados pela Espanha são: Rio de Ouro, Ilhas Canárias e Guiné Espanhola. Os territórios dominados por Portugal são: Guiné Portuguesa, São Tomé e Príncipe, Cabinda, Angola, Moçambique, Diu, Damão, Goa, Macau e Timor. Os territórios dominados pela Holanda são: Sumatra, Java, Bornéu, Celebes, Índias Holandesas e parte de Nova Guiné. Os territórios dominados pelo Japão são: Formosa (Taiwan), Porto Artur e Coreia. Os Estados que permaneceram independentes são: Etiópia e Libéria.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.330 quilômetros.

Fontes: HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à África contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. página 68; parquer djéfri. Atlas Verbo de história universal. Lisboa: Verbo, 1997. página 113.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Que relação pode ser estabelecida entre a Segunda Revolução Industrial e o início da expansão imperialista na Ásia e na África?
  2. Qual era o objetivo dos participantes da Conferência de Berlim?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. As diversas inovações técnicas surgidas em meados do século dezenove aumentaram a produtividade industrial. Contudo, o consumo não cresceu no mesmo ritmo, provocando uma crise de lucratividade. Em reação à crise, as grandes economias do período adotaram medidas protecionistas e as empresas passaram a buscar locais para fazer investimentos, fontes de matérias-primas e mercados consumidores na Ásia e na África.
  2. O objetivo dos participantes da Conferência de Berlim era regulamentar a partilha do continente africano a fim de evitar um conflito entre as potências europeias. Eles decidiram, por exemplo, que as nações estabelecidas no litoral da África tinham o direito de expandir suas fronteiras em direção ao interior.

A dominação britânica na África

A entrada formal do Reino Unido na África ocorreu em 1875, quando o governo britânico comprou uma parte do Canal de Suez, canal marítimo que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. Dessa maneira, o Império Britânico assegurou o contrôle de uma via marítima estratégica, que facilitava a circulação de navios entre a Europa, a Península Arábica e a Índia.

Buscando alargar o perímetro de segurança do canal, os britânicos anexaram o Vale do Nilo e partiram em direção ao Sudão, território onde tanto o Reino Unido como a França pretendiam construir uma ferrovia. Em 1898, houve um confronto militar entre os dois países. Conhecido como Incidente de Fachoda, o episódio ocorrido no local correspondente ao da atual cidade de codóc, no Sudão do Sul, foi uma das piores crises diplomáticas da era imperialista. Após um ano de confrontos militares, a França teve de se retirar do Sudão.

Para explorar o interior do continente africano, a coroa britânica incentivava conflitos entre os grupos nativos rivais, dificultando a união entre eles. O comércio era administrado por companhias privadas, que possuíam o estatuto de representantes da coroa britânica.

Dessa fórma, o governo britânico envolveu-se pouco na administração colonial direta. Inicialmente, os britânicos não alteravam as bases dos governos locais: adicionavam representantes para atuar como intermediários. Assim, “concediam” aos chefes locais dos territórios conquistados certa liberdade em suas decisões, desde que não entrassem em conflito com os interesses da metrópole.

Fotografia. Vista de um grande navio cargueiro atravessando um canal marítimo. Ele carrega diversos contêineres empilhados.
Vista do Canal de Suez, no Egito. Foto de 2021. Inaugurado em 1869, o canal demorou dez anos para ser construído.

Saiba mais

Protetorados, domínios e colônias

O Império Britânico era composto de territórios subordinados à coroa que podiam ter a condição de protetorados, domínios ou colônias.

  • Protetorado é um Estado subordinado a uma potência, que assume a gestão da diplomacia, do comércio exterior e, eventualmente, do exército.
  • Domínio é um território que mantém relativa autonomia política, mas responde ao centro do império em questões de política externa e comércio internacional.
  • Colônia é um território administrado por um Estado que, apesar de localizado em uma região distante, domina a economia, a política e a cultura dessa região.

Respostas e comentários

Os britânicos na exploração do interior da África

Para analisar de modo crítico como ocorreu a conquista da África pelas nações europeias, pode-se solicitar aos alunos que pesquisem sobre as viagens de exploração nesse continente. Os nomes de dêivid lívinstoune, ríchard fréncis bârton e outros podem servir de ponto de partida. O uso do conhecimento geográfico e antropológico produzido por esses exploradores os transformava, voluntariamente ou não, em agentes do imperialismo europeu.

dêivid lívinstoune, médico de origem escocesa, explorou a região do Deserto do kalarrári (que abrange partes de Angola, Namíbia, Botsuana e África do Sul) e o sudeste da África. Inicialmente, Livingstone tinha a intenção de divulgar o cristianismo e o modo de vida ocidental para as populações africanas. Com o tempo, dedicou-se a explorar as características naturais do continente, principalmente a flora, que registrou em artigos, cartas e diários de viagem. Ele também estudou doenças como a febre tifoide e criou um medicamento que combatia os sintomas da malária. ríchard fréncis bârton, viajante inglês, percorreu o continente na companhia de caravanas árabes, vestido como um deles, passando despercebido para a população local.

Missionários de diversas denominações religiosas cristãs acompanhavam essas expedições. Os discursos civilizatórios do período difundiam a ideia de que a fé cristã, o ensino sobre o perdão e a doçura ajudariam a combater as “práticas selvagens” e a salvar a alma dos nativos.

A Guerra dos Bôeres (1899-1902)

A região que hoje corresponde à África do Sul começou a ser colonizada pelos europeus no século dezessete. Os primeiros colonizadores eram holandeses, e seus descendentes ficaram conhecidos como bôeres. Os britânicos começaram a chegar à região no século seguinte e, por volta de 1895, quase todo o sul do continente africano estava sob domínio britânico, exceto a República do Transvaal e a República do Estado Livre de Orange, que continuavam sob o domínio dos bôeres.

Os britânicos, movidos por interesses imperialistas pelas terras dos bôeres, ricas em pedras preciosas, provocaram uma série de conflitos. Um dos mais violentos, a Segunda Guerra dos Bôeres, teve início em 1899. Os britânicos acreditavam que venceriam a guerra rapidamente, mas foi preciso um poderoso exército para subjugar os bôeres. Em 1902, foi reconhecida a vitória britânica e as terras bôeres tornaram-se colônias do Reino Unido.

Movimentos de resistência

Entre 1880 e 1914, diversos movimentos de contestação à dominação colonial europeia ocorreram na África. O fim da soberania de muitos Estados africanos, a repressão às manifestações culturais e religiosas tradicionais, o confisco de terras e a exploração econômica foram algumas das razões das revoltas locais contra colonizadores de diversas nacionalidades.

No processo de resistência à colonização, as autoridades e os dirigentes africanos aceitaram algumas alianças, mas, em geral, reagiram energicamente contra os colonizadores. Para os povos que viviam em regiões invadidas pelos franceses, a imposição do domínio branco significava, além do contrôle político e econômico, a submissão religiosa, causa de muitos movimentos de reação de reis e chefes tribais africanos em defesa de sua soberania e de seu modo de vida.

Em 1895, uôgobo, rei dos mossís (na atual Burkina fázo, no oeste africano), declarou ao oficial francês, capitão Destenave:

Sei que os brancos querem me matar para tomar o meu país, e, ainda assim, você insiste em que eles me ajudarão a organizá-lo. Por mim, acho que meu país está muito bom como está. Não preciso deles. Sei o que me falta e o que desejo: tenho meus próprios mercadores; considere-se feliz por não mandar cortar-lhe a cabeça. Parta agora mesmo e, principalmente, não volte nunca mais.

boên, ábert adú. A África diante do desafio colonial. In: boên, ábert adú (edição). História geral da África: África sob dominação colonial, 1880-1935. São Paulo: Cortez; Brasília, Distrito Federal: unêsco, 2011. volume sete, página 4. (Coleção História geral da África).

Os africanos expressavam seu descontentamento diante dos estrangeiros por meio de revoltas sociais, movimentos religiosos de muçulmanos, de cristãos e das religiões tradicionais africanas, assim como da organização de associações e partidos que representavam as populações nativas. Houve levantes contra a cobrança de impostos, o trabalho forçado e a requisição de africanos para fazer parte do exército dos colonizadores.

Cartaz em preto e branco. Homens negros, de costas, olhando para uma grande pedra. Eles usam uma espécie de saiote branco. Alguns estão ajoelhados. Uma pessoa está montada em um camelo. Na pedra a frase: PEARS SOAP IS THE BEST. No alto do cartaz, a frase THE FORMULA OF BRITISH CONQUEST.
A fórmula da conquista britânica: sabão Pears é o melhor, propaganda apresentada no Sudão, 1844. O cartaz mostra pessoas espantadas, como se estivessem à frente de algo surpreendente. Essa imagem é um exemplo da influência de ideologias racistas no pensamento europeu do século dezenove, visto que representa as populações africanas de fórma negativa.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das fórmas de resistência ao imperialismo europeu na África, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois seis.

Campos de concentração na África

Durante a Guerra dos Bôeres, oficiais britânicos criaram centros de detenção e confinamento de presos que ficaram conhecidos como campos de concentração. Militares e civis, homens e mulheres de todas as idades foram aprisionados nesses locais. Os encarcerados eram submetidos a péssimas condições sanitárias, alimentação precária e forçados a executar diferentes tipos de trabalho. A mortalidade nos campos de concentração era altíssima, principalmente entre as crianças.

Ampliando: levantes contra o domínio colonial

“A insatisfação diante do estrangeiro se fazia sentir em vários níveis e em diferentes modalidades, desde revoltas sociais, movimentos religiosos, até a organização de partidos e sindicatos que pudessem representar o anseio das populações coloniais.

O preço do domínio colonial foi ter que conviver todo o tempo num clima de tensão latente, e as revoltas ocorriam por diferentes motivos. Houve levantes contra a fixação de impostos nas comunidades de aldeia dos povos mendes, em Serra Leoa (1889), dos povos acholis, em Uganda (1911), dos povos ôlís, no Daomé (1914, 1920); contra a requisição de mão de obra e a prestação de trabalho forçado nas comunidades dos povos majanga, no Congo (1893-1894) e em toda a região do Rio Zambeze. Mas esses eram movimentos localizados, expressavam insatisfação, mas não punham em causa o funcionamento global do sistema de exploração.

Muitas vezes, as manifestações religiosas canalizaram a insatisfação coletiva e se tornaram veículos privilegiados de resistência social. Não dispondo de quadros políticos ou ideológicos para conceitualizar e criticar a colonização, os africanos valeram-se do discurso de cunho religioso para demonstrar sua inconformidade e materializar fórmas concretas de contestação.”

MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2017. página 154. (Coleção História na Universidade).

Rebelião Axânti (1890-1900)

Na Costa do Ouro (atual Gana), os colonizadores britânicos enfrentaram, entre 1890 e 1900, forte resistência do povo Axânti. Os britânicos depuseram os chefes tradicionais achântis e designaram outros, que não foram reconhecidos pelos nativos. Esses novos líderes provocaram a indignação dos achântis ao se sentar no “tamboreteglossário de ouro”, símbolo sagrado que legitimava o poder dos soberanos. Além disso, o Reino Unido cobrou dos achântis pesadas indenizações por revoltas ocorridas anteriormente.

As rebeliões chegaram ao fim após a violenta repressão britânica e a prisão, em 1900, de nâna ía azantêua, rainha de eduêzo, líder do movimento. A reação britânica às revoltas achântis tornou-se símbolo da brutalidade que os colonizadores eram capazes de praticar para garantir a exploração das riquezas africanas.

Fotografia em preto e branco. Homem negro, usando um tecido listrado sobre o corpo. Está sentado com as pernas abertas. Atrás dele, um garoto segura uma sombrinha aberta. Ao redor, diversas pessoas negras. As crianças estão sentadas.
Boassine, rei nativo Axânti (sentado) com seu povo, no atual Gana. Foto de 1909. O povo Axânti era conhecido por sua tradição guerreira.
Revolta Maji-Maji (1905-1907)

Até 1914, a região de Tanganica, onde é hoje a Tanzânia, foi palco do maior desafio ao colonialismo europeu na África Oriental. O povo maji-maji organizou um movimento que uniu vinte diferentes grupos étnicos contra a exploração colonial alemã. O levante se ampliou por uma vasta região e atingiu 26 mil quilômetros quadrados.

O trabalho forçado na cultura do algodão, a expulsão de suas terras e de seus lares, a cobrança de altos impostos e os maus-tratos foram as causas imediatas da revolta. Os maji-majis protestavam contra as ameaças a sua economia doméstica, pois eram obrigados a deixar suas áreas de cultivo para trabalhar nas empresas agrícolas estrangeiras.

A rebelião teve início em julho de 1905. Em pouco tempo, o líder do movimento, quinjiquitíle inguále, foi capturado e enforcado pelas fôrças alemãs. O pai de inguále assumiu a liderança da revolta, que foi violentamente reprimida pelas autoridades alemãs.

O movimento dos maji-majis contra a exploração colonial foi vencido, mas o regime alemão foi obrigado a abandonar a cultura algodoeira e a promover algumas reformas na estrutura colonial, sem, contudo, renunciar à natureza violenta e predatória da colonização.


Respostas e comentários

Ampliando: a resistência Axânti

“Em nenhuma outra parte da África ocidental houve tão longa tradição de luta entre os africanos e os europeus como entre os Axânti e os britânicos na Costa do Ouro. Os conflitos surgiram por volta de 1760 e culminaram com um choque militar em 1824: os Axânti bateram as fôrças britânicas e seus aliados, matando-lhes o comandante, sãr chárles macárti, então governador da Costa do Ouro. Dois anos mais tarde, os ingleses foram à desforra na batalha de dodôua. Em 1850 e 1863, a guerra foi evitada por pouco, mas entre 1869 e 1872 os ashanti lançaram um ataque triplo que redundou na ocupação de praticamente todos os Estados costeiros e meridionais da Costa do Ouro. Para rechaçar os Axânti, o governo britânico lançou por sua vez uma das campanhas mais bem organizadas da época, sob o comando de um dos mais célebres oficiais ingleses do seu tempo, o general gárnet uôlselei. Equipados com as armas mais modernas, seus soldados conseguiram fazer recuar o exército dos ashanti para a outra margem do Rio Pra, ocupar e saquear Kumasi em fevereiro de 1874, após uma derradeira tentativa de resistência desesperada do exército Axânti em Amoafo, perto de Bêcuai.

A derrota decisiva dos Axânti pelos britânicos, em 1874, haveria de ter graves consequências para eles, condicionando em grande medida as suas reações entre 1880 e 1920. A primeira consequência, evidentemente, foi a desintegração do Império Axânti. Pelo tratado de Fomena, os Axânti reconheciam a independência de todos os Estados vassalos localizados ao sul do Pra. Aproveitando a debilitação do poderio militar dos Axânti, os Estados vassalos do norte do [Rio] Volta também se separaram. Até o que ainda restava do império começava agora a esboroar.”

gu êie imbáie; boên, ábert adú. Iniciativas e resistência africanas na África Ocidental, 1880-1914. In: boên, ábert adú (edição). História geral da África: África sob dominação colonial, 1880-1935. terceira edição São Paulo: Cortez; Brasília: unêsco, 2011. volume sete. página 147-148. (Coleção História geral da África).

A dominação francesa, belga e portuguesa na África

A França estendeu seu domínio sobre a África partindo da região correspondente à do atual Senegal, onde se localizavam feitorias francesas desde o século dezessete. Somente a partir do século dezenove, entretanto, a política de colonização foi organizada, sendo a administração direta confiada aos oficiais militares franceses. Nas colônias, os governadores-gerais centralizavam o poder, bem como tomavam as decisões nas áreas de economia e de justiça e nas fôrças armadas.

Entre 1830 e 1881, milhares de soldados franceses ocuparam a Argélia e a Tunísia. Ao longo de algumas décadas, a França dominou a Guiné, o Daomé (atual Benin), o Gabão e todo o território do Mali, de Burkina fázo, do Chade e do Marrocos. Os franceses promoveram uma política de assimilação cultural tão agressiva que chegaram a afirmar que os territórios africanos ocupados eram “partes” da França.

A maior parte do Congo (atual República Democrática do Congo) foi colonizada pela Associação Internacional do Congo, empresa fundada pelo rei da Bélgica, Leopoldo segundo. Essa associação era um grande empreendimento econômico que tinha por objetivo, como visto, explorar borracha, marfim e outros produtos minerais de alto valor comercial. A mão de obra local era recrutada à custa do terror, da mutilação física e da escravidão. Essas práticas tornaram a colonização do Congo uma das mais violentas da história.

Portugal concentrou suas ambições coloniais na África após a independência de sua principal colônia, o Brasil, em 1822. No fim do século dezenove, o governo português reforçou o poder econômico e político sobre suas colônias africanas, incrementando a agricultura de gêneros tropicais com o objetivo de fixar colonos nos territórios que dominava.

Os portugueses continuaram o processo de exploração de Angola, de Moçambique e das ilhas de Guiné, Cabo Verde e São Tomé.

Caricatura em preto e branco. Duas pessoas negras sentadas ao lado de um cacto. À esquerda, um soldado branco de calça branca, blusa e chapéu escuros, carregando uma arma. Ao fundo, três homens com vestes clericais caminham pelas dunas. Um deles carrega um grande crucifixo.
Submissão não é nada... espere até ver a missão..., caricatura publicada na revista francesa Monde satirizando a aliança entre o imperialismo francês no Marrocos e o trabalho missionário da Igreja para oprimir os povos nativos, 1933. Biblioteca Nacional da França, Paris.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Quem eram os bôeres e por que eles entraram em conflito com os britânicos no final do século dezenove?
  2. Explique a diferença entre protetorado e colônia.
  3. Onde ocorreram as rebeliões Axânti e maji-maji, quem eram os envolvidos e quais foram os motivos dos levantes?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao identificar os produtos procedentes do continente africano explorados pelos europeus no contexto do imperialismo e reconhecer o impacto social e econômico dessa exploração nas comunidades locais, o conteúdo contempla a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois quatro.

Recapitulando

  1. Os bôeres eram descendentes dos primeiros colonizadores holandeses do território correspondente ao da atual África do Sul. Quando os britânicos começaram a chegar à região, disputaram com os bôeres o domínio dos territórios ricos em ouro e pedras preciosas. Em 1902, foi reconhecida a vitória britânica, e as terras dos bôeres tornaram-se colônias do Reino Unido.
  2. Um protetorado é um território ou país que, apesar de manter-se como Estado independente, tem sua política externa controlada por outro. Em alguns casos, esse contrôle estende-se ao governo, bem como ao poder judiciário e às instituições financeiras. Já a colônia é um território dominado econômica, política e culturalmente por um Estado que se localiza em uma região geográfica distante.
  3. A Rebelião Axânti ocorreu na Costa do Ouro (atual Gana), entre 1890 e 1900, contra o domínio britânico, que depôs os principais líderes tradicionais e nomeou governantes para substituí-los. A Revolta Maji-Maji ocorreu na África Oriental (atual Tanzânia) contra o domínio alemão e durou de 1905 a 1907. Os revoltosos resistiam à desapropriação de suas terras, aos maus-tratos e à imposição, pelos alemães, dos altos impostos e de trabalhos forçados nas plantações de algodão.

A divisão geográfica da África

Na década de 1910, com exceção da Etiópia e da Libéria, a África inteira estava submetida à dominação de nações europeias, principalmente pela França e pelo Reino Unido – não apenas militar e economicamente, mas também culturalmente. Os africanos foram obrigados a se adaptar a novas crenças, práticas e ideias, como o cristianismo e a economia de mercado. Além disso, uma nova divisão geográfica foi imposta aos povos do continente: as fronteiras coloniais traçadas pelas nações europeias desconsideraram as relações políticas entre os africanos e as formações territoriais anteriores. Assim, povos inimigos foram reunidos em um mesmo território colonial enquanto populações de mesma etnia se viram espalhadas por colônias controladas por diferentes Estados da Europa.

Políticas imperialistas na Ásia

A partir de 1830, as principais potências europeias, os Estados Unidos e o Japão desenvolveram políticas imperialistas na Ásia, forçando nações desse continente a abrir seu mercado para a entrada de produtos e capitais estrangeiros. Entretanto, os países-alvo já eram impérios estabelecidos e unificados por tradições culturais e religiosas havia séculos.

O imperialismo na Ásia (início do século vinte)

Mapa. O imperialismo na Ásia, início do século vinte. Destaque para o Sudeste Asiático e Oceania. 
Legenda: Potências dominadoras. 
Verde: Reino Unido.
Amarelo: França.
Roxo: Alemanha.
Rosa: Holanda.
Vermelho: Portugal.
Laranja: Japão.
No mapa, o Reino Unido dominou: Tasmânia, Nova Zelândia, Austrália, Ilhas Salomão, parte de Nova Guiné, Ilhas Gilbert, Sarawak, Birmânia, Índia, Cingapura, Ceilão, Socotra, Áden Wai-Hai-Wei e Macau. A França dominou: Kuang-Tcheu, Indochina, Mahé, Karikal, Pondicherry, Yanaon, Nova Caledônia. A Alemanha dominou: parte de Nova Guiné e Kiaut-Cheu. A Holanda dominou: Sumatra, Índias Holandesas, Java, Bornéu, Celebes, e parte de Nova Guiné. Portugal dominou: Goa, Damão, Diu e Timor. O Japão dominou: Coreia, Porto Artur e Ilha Sakalina.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.210 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M.; REIS, Arthur C. F.; CARVALHO, Carlos D. de C. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: fei , 1991. página 138-139.

A dominação britânica na China

Os contatos regulares da China com os europeus se intensificaram no início do século dezesseis, quando os portugueses obtiveram o monopólio do comércio no porto chinês de Cantão (guanzú). Anos depois, eles instalaram uma feitoria em Macau, que servia de entreposto para as trocas comerciais entre chineses e europeus. Os produtos chineses mais cobiçados na Europa eram a seda, os tecidos de algodão e o chá, fornecidos por uma companhia chinesa que tinha o monopólio do comércio com o exterior.

Durante três séculos, os contatos comerciais com os europeus pouco ou nada afetaram a tradicional sociedade chinesa. Os rituais da côrte, visando engrandecer a figura do imperador, sobreviveram à chegada dos europeus. A administração imperial continuou sob a responsabilidade dos mandarins, funcionários públicos altamente eruditos e preparados intelectualmente para o cargo. A China mantinha seu mercado fechado aos produtos europeus, e a mentalidade capitalista de acumulação não havia se estabelecido no país.

A partir de 1840, entretanto, a expansão imperialista alterou completamente a relação dos chineses com os europeus. Com o objetivo de aumentar seus lucros na região, a Companhia Britânica das Índias Orientais passou a estimular o consumo de ópio pelos chineses, produto tradicionalmente empregado como remédio que passou a ser usado como droga. O governo chinês reagiu proibindo o comércio do ópio e destruindo as caixas com o entorpecente contrabandeadas pelos britânicos.

Começava, assim, o primeiro conflito armado entre o Reino Unido e a China. As Guerras do Ópio, ocorridas entre 1839 e 1842 e, mais tarde, entre 1856 e 1860, foram encerradas com a vitória britânica. A China foi obrigada a assinar uma série de acordos comerciais que garantiam o acesso dos ocidentais a portos chineses e a livre circulação de mercadores europeus e missionários cristãos no território do império, entre outros privilégios concedidos aos cidadãos britânicos. Além disso, o governo chinês teve de entregar Róng Kóng para o Reino Unido.


Respostas e comentários

Ampliando: Egito, China e o Ocidente

“Ambos [China e Egito] eram estados independentes com base em antigas civilizações e uma cultura não europeia, minados pela penetração do comércio e finanças ocidentais (aceitos com boa ou má vontade) e sem capacidade para resistir às fôrças militares e navais do Ocidente, mesmo que modestamente mobilizadas. As potências capitalistas nessa fase não estavam interessadas particularmente em ocupação e administração, na medida em que seus cidadãos tivessem total liberdade para fazer o que bem entendessem, incluindo os privilégios extraterritoriais. Tais cidadãos se viram envolvidos, de fórma crescente, nas questões desses países quando os governos locais começaram a se desintegrar diante do impacto ocidental, assim como devido à rivalidade entre as potências ocidentais. Os dirigentes da China e do Egito rejeitaram uma política de resistência nacional, preferindo – onde tivessem a opção – uma dependência do Ocidente, que mantinha o poder político próprio.”

róbisbáum, érik diei A era do capital: 1848-1875. décima quinta edição São Paulo: Paz e Terra, 2011. página 208-209.

A resistência chinesa

As potências industriais tiveram dificuldade para dominar a China. Camponeses, artesãos e setores nacionalistas exigiam do governo ações para recuperar a soberania chinesa. A insatisfação com o imperialismo ocidental transformou-se em luta armada em diversas ocasiões.

Um desses conflitos ocorreu entre 1898 e 1901 na chamada Guerra dos Boxers. Com o incentivo de tizú rissí, viúva do imperador chinês, formou-se uma organização clandestina de resistência popular chamada Sociedade dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros (Boxers, em inglês), cujo objetivo foi combater a presença de europeus e a difusão da cultural ocidental na China.

As primeiras ações dos boxers foram atos de sabotagem, como a destruição de linhas telegráficas e de ferrovias e a perseguição aos missionários cristãos, representantes simbólicos da cultura ocidental.

Os levantes foram se expandindo até que, em junho de 1900, os boxers cercaram o bairro das embaixadas ocidentais em Pequim e, durante 55 dias, isolaram o local, ameaçando civis estrangeiros, soldados e cristãos.

A reação das potências estrangeiras foi rápida e violenta: 20 mil soldados de uma frente de nações (Reino Unido, Japão, Rússia, França, Alemanha e Estados Unidos) saquearam Pequim e mataram milhares de boxers e membros do exército imperial chinês identificados com o levante.

Os acordos formalizados no Protocolo de Pequim, em 1901, impuseram à China o pagamento de pesadas indenizações e autorizaram a permanência de tropas estrangeiras no país e a execução de dez autoridades chinesas que haviam apoiado a rebelião.

Charge. Homens com roupas características de vários países diferentes puxam para si um tecido no qual está escrito China. Ele está parcialmente rasgado. Alguns dos homens usam uniforme militar, outros usam casacos e cartolas. Um deles está no chão, embaixo do tecido, e tem um pedaço do tecido nas mãos.
A divisão do território chinês entre Reino Unido, Rússia, França, Alemanha, Estados Unidos e Japão, após a Guerra dos Boxers, charge de cêrca de 1900.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que foram as Guerras do Ópio?
  2. Qual foi o motivo para o início da Guerra dos Boxers?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das manifestações de resistência dos chineses às imposições do imperialismo europeu, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois seis.

Recapitulando

  1. As Guerras do Ópio ocorreram entre 1839 e 1842 e entre 1856 e 1860, entre o Reino Unido e a China. Elas significaram as tentativas chinesas de se opor ao contrabando da droga promovido pelos britânicos, que estimulavam o consumo de ópio pelos chineses.
  2. A Guerra dos Boxers ocorreu na região do Vale do Rio Amarelo, entre 1898 e 1901, e foi um movimento nacionalista chinês que reagiu com violência à intervenção imperialista e à crescente presença de estrangeiros em seu território.

Ampliando: espólio chinês

“Desmoralizada, às voltas com a falência da dinastia Tchím, reticências a China não foi mais do que um espólio na década que se seguiu: em 1898, Inglaterra, França, Rússia, Alemanha e Japão ocupavam ou reivindicavam ‘áreas de influência’ em território chinês, o que compunha uma humilhação múltipla, multiforme. A violência da abertura forçada da China e o sentimento geral de humilhação dos chineses podem ser medidos pela reticências reação à Revolta dos Boxers, em 1900 reticências.

Para sun iát sên, que se tornaria o líder da revolução nacionalista-republicana de 1911, a China estava sendo esmagada pelo poder econômico das potências em grau mais severo do que qualquer outra colônia.”

lírio, Mauricio Carvalho. A ascensão da China como potência: fundamentos políticos internos. Brasília: funág , 2010. página 168-169.

O Império Britânico na Índia

Desde o século dezessete, nos territórios da atual Índia – a terra das especiarias que tanto lucro proporcionou aos portugueses durante o período das Grandes Navegações –, foram feitas alianças políticas e econômicas entre os reis e príncipes locais e a Companhia Britânica das Índias Orientais, formada por comerciantes britânicos ricos e aristocratas. Os principais objetivos da Companhia eram controlar o mercado do algodão, coletar os impostos, proteger as exportações das manufaturas britânicas e comandar os soldados nativos, conhecidos como cipaios.

Em 1858, o Parlamento britânico transferiu o poder detido pela Companhia para a coroa. O governo britânico, então, passou a administrar diretamente a maior parte dos territórios de Índia, Paquistão, Síri Lanca, bãngladéch, Birmânia (atual miãnmár) e uma pequena parte do Iêmen (a colônia de Áden). Os britânicos criaram um sistema uniformizado de administração civil e judiciária, padronizaram o sistema de pesos e medidas e adotaram a rupia indiana como moeda única.

O Reino Unido introduziu no mercado indiano os tecidos produzidos nas indústrias britânicas, o que prejudicou a produção artesanal local, causando a ruína econômica das comunidades tradicionais da Índia que dependiam do artesanato têxtil para sobreviver.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

11. Por que os tecidos britânicos passaram a ser consumidos na Índia? Quais foram as consequências desse fato para a sociedade daquela região?

A Revolta dos Cipaios

As medidas econômicas fixadas pelos britânicos, como a cobrança de impostos e a redução do valor das tarifas alfandegárias para as importações, abalaram profundamente a economia e os costumes da população da Índia a partir da década de 1850.

Uma das mais radicais reações a essas imposições econômicas foi a Revolta dos Cipaios. Ocorrido entre 1857 e 1858, o levante popular aliou soldados muçulmanos, hindus e príncipes, conscientes de que a real ameaça às autoridades indianas eram os britânicos. O movimento foi duramente reprimido pelos britânicos e serviu-lhes de pretexto para tomar o contrôle político do território. Em 1876, a Índia passou a integrar o Império Britânico, e a rainha Vitória recebeu o título de imperatriz da Índia.

Gravura. Um trem na estação. Tem vagões diferentes. Atrás da locomotiva a vapor, um compartimento de carga, com alguns homens em cima. O vagão de trás é fechado e tem janela. Dentro dele um homem fumando. O vagão seguinte tem mulheres e crianças. À esquerda, um homem com roupas coloridas e turbante segura uma bandeira amarela e verde sinalizando para o trem. Atrás dele, uma construção pequena com telhado triangular e uma janela.
Trem indiano com vagões para mulheres e crianças, gravura de cêrca de 1870.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao apresentar o protagonismo dos indianos na resistência à exploração imperialista dos britânicos em seus territórios, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois seis.

Recapitulando

11. Os tecidos britânicos, produzidos por máquinas, foram introduzidos no mercado indiano pela Companhia Britânica das Índias Orientais, passando a concorrer com os tecidos artesanais feitos na Índia. Esse fato provocou o empobrecimento dos artesãos locais e o gradativo empobrecimento das comunidades que dependiam dessa atividade.

Ampliando: a revolta dos Cipaios como prelúdio à libertação indiana

“A ‘ocidentalização’ viria finalmente produzir a liderança, as ideologias e os programas da luta de libertação indiana, cujos líderes culturais e políticos surgiriam dos flancos dos que haviam colaborado com os ingleses, beneficiando-se dessa dominação na qualidade de uma burguesia compradora ou lançando-se à ‘sua modernização’ pela imitação do Ocidente. reticências Quando havia resistência aos britânicos enquanto britânicos, ela vinha dos tradicionalistas e era mesmo muda – com uma importante exceção reticências.

A principal exceção foi o grande levante de 1857-58 no norte da planície indiana, conhecido na tradição histórica inglesa como o ‘Motim indiano’, um ponto crucial na história da administração britânica, que tem sido apontado retrospectivamente como um prelúdio ao movimento nacional indiano. Era o último sinal de reação do norte da Índia contra a imposição do domínio inglês direto e que finalmente fez ruir a velha East India Company.”

ROBSBAUM, Eric J. A era do capital: 1848-1875. décima quinta edição São Paulo: Paz e Terra, 2011. página 197-198.

Leitura complementar

O imperialismo e a religião

A dominação britânica na Índia não foi apenas econômica. O Reino Unido também adotou medidas para cristianizar os indianos.

Ao longo do século dezenove, principalmente após a extinção do monopólio da Companhia [das Índias Orientais] sobre o território indiano, em 1813, o serviço administrativo colonial, dirigido por políticos ou militares de alto escalão vindos da metrópole, adquiriu ‘um espírito de grupo cada vez mais conscientemente britânico, à medida que se profissionalizava em seus diferentes ramos de competência e formava um conceito mais alto de sua missão e de seus méritos’. Tornou-se predominante, então, a perspectiva anglicistaglossário de que, diante da inferioridade da colônia, o governo britânico deveria ser o agente de reformas moralizantes e progressistas, cujo objetivo seria impelir a sociedade indiana à modernidade, à civilização.

Em decorrência de tal perspectiva, reticências o Parlamento britânico autorizou, em 1813, a entrada de missões cristãs na Índia. Igualmente importante foi o fato de que o governo colonial favoreceu, ainda que indiretamente, a atividade missionária, uma vez que adotou uma legislação de proteção aos convertidos (direito à herança familiar e, no caso dos homens, de obrigar a esposa a converter-se à religião deles), encorajou a atuação de missões junto a tribos consideradas ‘atrasadas’ e permitiu iniciativas de reforma da sociedade, por meio da educação, área em que os missionários cristãos eram bastante ativos.


Fotografia em preto e branco. Homens de roupa escura, calça e casaco. Cinco estão à frente, sentados em cadeiras; na fila de trás, quatro estão em pé. Ao fundo, algumas plantas e paredes de uma construção.
Bispos cristãos da Índia e do Ceilão (atual Síri Lanca) em Calcutá, na Índia. Foto de 1900.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Por abordar as relações de poder e os mecanismos de transformação e de manutenção das estruturas sociais, culturais e políticas na Índia, o conteúdo da seção contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História nº 1.

Devem-se destacar, ainda, reformas realizadas pela administração colonial que tiveram impacto direto sobre as comunidades religiosas locais: reticências a promoção do extermínio de ‘tribos criminosas’ reticências e a retirada do apoio do governo colonial às instituições religiosas locais, o que culminou, em 1838, na proibição da atuação de oficiais britânicos na administração de templos. reticências

As atividades reticências educacionais das missões cristãs reticências e a intervenção da administração colonial em práticas religiosas evidenciaram, perante os indianos, a vinculação dos princípios fundamentais do projeto de modernização do Estado colonial – “desenvolvimento, progresso e evolução” –, expressos por meio do discurso anglicista, a um projeto de cristianização da sociedade indiana reticências. Se, no início do século dezenove, não parecia aos indianos que os britânicos tivessem uma 'fé nacional', algumas décadas depois puderam observar a proliferação de igrejas cristãs por toda a colônia, as quais os oficiais frequentavam com regularidade. Gradualmente, o governo britânico pareceu revelar aos colonos sua face cristã. Em decorrência disso, grande parte das instituições religiosas locais associou o consentimento à presença de missionários em território indiano a uma suposta pretensão do governo colonial de difundir o cristianismo. Tal percepção se fortaleceu diante da retirada do apoio da administração colonial às instituições religiosas indianas, medida interpretada como uma tentativa de debilitar as religiões autóctonesglossário .

reticências Diante do surgimento de um sentimento de vulnerabilidade entre as elites urbanas hindus, em decorrência da percepção de que o governo colonial, em sua defesa de religiões semíticasglossário , constituía uma ameaça às tradições religiosas indianas, diversos grupos religiosos – hindus, muçulmanos, siques e pársis – passaram a oferecer resistência à intervenção governamental. Tal resistência ocorreu nos moldes da cultura legal-representativa estabelecida pela administração britânica: sociedades legalmente constituídas reticências, com membros registrados e modos de prática reconhecidos, declararam-se representantes de grupos sociais específicos e dirigiram-se ao Estado colonial – por meio da imprensa, de petições e memoriais – em defesa de questões consideradas de interesse público. É possível identificar, no período em questão, a mobilização de diferentes organizações religiosas – hindus, muçulmanas e pársis –, que assinaram petições contra a proibição da atuação de oficiais da Companhia na administração de templos, por exemplo. reticências

OLIVEIRA, Mirian Santos Ribeiro de. Identidade e religião hindus na Índia britânica. Rever: Revista de Estudos da Religião, São Paulo, volume 14, número 1, página 156-157, janeiro a junho 2014.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Que característica da política colonial britânica na Índia é revelada nesse texto? Essa política foi a mesma adotada pelos britânicos em suas colônias africanas?
  2. Que meio importante para a execução dessa política foi utilizado pelos colonizadores na Índia?
  3. Como setores da população indiana reagiram às ações promovidas pelos colonizadores?

Respostas e comentários

Leitura complementar

  1. De acordo com o texto, o governo britânico adotou uma política eurocêntrica e exclusivista na Índia. A produção artesanal indiana, a sociedade de castas e os rituais hindus representavam, para os britânicos, componentes de um passado de atraso que precisava ser superado. Predominava nessa perspectiva a ideia da missão “civilizadora” do homem branco, destinado a conduzir os povos da Ásia e da África pelas trilhas da modernidade, da ciência e da civilização. Logicamente, a ideologia da superioridade do europeu servia ao projeto da colonização, pois seria difícil justificar a dominação colonial sem o discurso da supremacia étnico-cultural. Essa política foi a mesma que marcou a presença britânica nos territórios africanos.
  2. Esse meio foi o trabalho dos missionários cristãos, que cumpriu papel importante no processo de dominação cultural na Índia e nas demais colônias europeias. A dominação somente pela fôrça alimenta o ódio contra o colonizador e tende a gerar reações violentas. Desse modo, a atividade missionária serve como estratégia para amenizar a reação dos colonizados, ao agir no campo do discurso e da consciência e promover o estabelecimento de laços emocionais dos povos dominados com o colonizador. Além disso, a atividade missionária justificaria o propósito civilizador e altruísta da colonização.
  3. De acordo com o texto, setores da população indiana se sentiram fragilizados diante do avanço da atividade missionária cristã, por isso diversos grupos religiosos passaram a se organizar para resistir à intervenção governamental inglesa.

Os franceses na Indochina

A França, segundo maior império da era neocolonialista, explorou e dominou territórios na África, na Ásia (Indochinaglossário ) e na Oceania.

O colonialismo francês baseava-se no conceito de assimilação cultural. De acordo com essa ideia, os nativos que abandonassem seus costumes tradicionais e adotassem a cultura e os valores da metrópole poderiam ser considerados cidadãos franceses.

A expansão francesa na Ásia iniciou-se com a conquista do Reino do Vietnã, seguida do Reino do Camboja e dos principados do Laos, entre 1860 e 1867. Progressivamente, os franceses avançaram em direção à China. Porém, a presença britânica na Birmânia (atual miãnmár) frustrou os planos da França.

Para dominar a população da Indochina, os colonizadores incitaram rivalidades interétnicas e substituíram reis legítimos por governantes indicados pelo governo francês. Além disso, nomearam franceses para ocupar os altos postos da administração colonial, restando à população nativa os cargos de escalões inferiores.

Na região, os franceses cultivavam arroz, chá e café e extraíam carvão. Como já visto, eles também desenvolveram o cultivo da seringueira para a extração de látex, depois que os britânicos contrabandearam mudas da seringueira brasileira e a aclimataramglossário em suas possessões no Sudeste Asiático. O trabalho nessas atividades era exercido pelas famílias camponesas, submetidas a condições degradantes de vida e de trabalho.

Diante dos métodos cruéis que caracterizaram a dominação francesa na Indochina, a população nativa se revoltou diversas vezes. Com maior ou menor intensidade, em períodos e lugares diferentes do território, trabalhadores, estudantes e a elite política e intelectual organizaram rebeliões e protestos contra o domínio colonial.

Fotografia em preto e branco. Pessoas de chapéu largo e cesto nas costas estão em meio a uma plantação em uma colina. À direita, uma pequena estrutura de madeira com telhado de palha protege alguns cestos com folhas. Ao fundo, grande área de plantação.
Trabalhadores em colheita de chá na Indochina. Foto de 1930. Biblioteca do Congresso, uóshinton, Estados Unidos. O nome Indochina deveu-se ao fato de a região ficar entre a Índia e a China e ter recebido forte influência cultural desses países.

Respostas e comentários

Ampliando: a estratégica Indochina

“Em meados do século dezenove, durante a Guerra do Ópio, a Grã-Bretanha abre o mercado chinês; apoia-se numa base em Róng Kóng (1842), e, depois, na abertura dos portos chineses, o que a França também consegue. reticências

reticências [Sempre] em nome da defesa da religião, ingleses e franceses intervieram na China, e Napoleão terceiro determinou ao almirante rigô de genuí que, então, agisse na Indochina: ele bombardeou Tourane, instalou-se numa parte da Cochinchina e, em fevereiro de 1859, ocupou saigôn. reticências

Na verdade, três fôrças estimulam a intervenção francesa na Indochina: o zêlo evangelizador, cronologicamente o primeiro mas que permanece ativo durante todo o século dezenove; a anglofobia da marinha, encarnada pelo oficial frâncis garniê, que gostaria de dotar a França de um Império colonial no Extremo Oriente equivalente ao da Grã-Bretanha reticências; por último, o aférísmo dos círculos ligados à indústria têxtil e ao tráfico de armas, que reticências querem ocupar o Tonquim, e, mais ainda controlar o Rio Vermelho, via de acesso, julgam eles, ao mercado chinês, esse grande mito do século dezenove. reticências

‘A penetração no Tonquim [ou Tonkin, golfo na costa vietnamita] é uma questão de vida ou morte para o futuro de nossa dominação no Extremo Oriente’, julgam os círculos mercantis e os almirantes de saigôn. E Gambetta, em 1872, considera o Rio Vermelho como um outro Suez, ‘uma via para o comércio geral do mundo’.”

ferrô, márc. História das colonizações: das conquistas às independências, séculos treze a vinte. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. página 119-120.

O Japão da era Meiji

Durante centenas de anos, o poder político no Japão foi exercido por famílias de proprietários rurais lideradas pelo xogum, líder político e militar com poderes hereditários. O imperador era uma espécie de figura decorativa, como os reis na Europa feudal.

Durante o regime do xogunato, o Japão manteve-se fechado aos contatos comerciais e culturais com o Ocidente. No entanto, pressionados pelos Estados Unidos, em meados do século dezenove os japoneses abriram os portos do país às potências ocidentais.

A penetração de mercadorias estrangeiras desestabilizou a ordem feudal que caracterizava o Japão. O regime do xogunato se encerrou em 1868, quando o poder dos xoguns foi transferido para o imperador mugtissurríto, que subiu ao trono com o nome de Meiji.

O imperador Meiji iniciou uma série de reformas que modificaram profundamente a sociedade japonesa. Essas reformas incluíram o incentivo à industrialização, a criação de grandes unidades de produção agrícola, a centralização administrativa do país com a abolição das antigas províncias feudais e um amplo programa educacional para universalizar o ensino básico e alfabetizar os adultos.

As mudanças econômicas possibilitaram a criação dos zaibatsús, grandes conglomerados econômicos que controlavam o comércio, a indústria e o sistema financeiro. Para ampliar os negócios, o governo assegurou o equilíbrio entre a importação e a exportação de produtos. Assim, com essa solução tipicamente capitalista, o Japão transformou-se em uma potência imperialista na Ásia.

No fim do século dezenove, o Japão já disputava territórios e influência na Ásia com as grandes potências industrializadas do Ocidente. Por causa de suas ambições imperialistas na região, envolveu-se em duas guerras: a primeira contra a China, entre 1894 e 1895, na qual obteve o domínio sobre taiuã, e a segunda contra a Rússia, entre 1904 e 1905, obtendo o domínio sobre a Manchúria.

Conexão

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (cê pê éle pê)

Disponível em: https://oeds.link/xesbB7. Acesso em: 18 abril 2022.

O site reúne informações sobre os países cujo idioma oficial é o português: Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Apresenta vários textos sobre a cultura dos países que foram colônias portuguesas, trata de sua situação política, social e econômica atual, de projetos de difusão da língua portuguesa e de ações sociais conjuntas. Contém, ainda, notícias relacionadas a temas como direitos humanos, ciência e tecnologia, igualdade de gênero, finanças e saúde, envolvendo esses países.


Captura de tela. Site da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Na parte superior, ícones clicáveis, o nome do site e as bandeiras de Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, lado a lado. Abaixo três fotografias: ao centro, dois homens lado a lado em uma sala; à esquerda representantes de diversos países reunidos em uma conferência; à direita, representantes de diversos países sentadas em torno de uma mesa retangular.
Página inicial do site da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (cê pê éle pê).

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que foi o processo de assimilação cultural empregado pela França na Indochina?
  2. O que eram os chamados zaibatsús? Em que contexto eles foram instalados?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar as transformações das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais japonesas ao longo do tempo, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História nº 1.

Recapitulando

  1. Foi um processo de dominação cultural empregado pela França durante a colonização da Indochina. Segundo esse conceito, os nativos que abandonassem seus costumes e tradições e adotassem a cultura e os valores dos colonizadores conquistariam a cidadania francesa.
  2. Os zaibatsús eram conglomerados econômicos que controlavam o comércio, a indústria e o sistema financeiro no Japão. Eles foram instalados durante o processo de transformação do país, iniciado pelo imperador Meiji, que extinguiu o regime do xogunato e implementou medidas capitalistas que transformaram o Japão em uma potência imperialista na Ásia.

Conexão

O imperialismo português sobre alguns países africanos e asiáticos deixou inúmeros legados, como a língua portuguesa em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Se possível, acesse o site da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e apresente aos alunos as permanências históricas da presença portuguesa nesses locais, associando-as à história brasileira.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Leia o texto e faça o que se pede.

Se do ponto de vista político-econômico a colonização [da África] apoiava-se na exploração de recursos naturais e na imposição militar, do ponto de vista cultural, a supremacia europeia era justificada em princípios racistas, que colocavam os africanos na escala mais baixa da humanidade. Não é mera coincidência o fato de que o período da colonização tenha correspondido, no plano científico e intelectual, ao período de desenvolvimento das teorias deterministas e racistas nos meios acadêmicos ocidentais.

MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2017. página 146. (Coleção História na universidade).

  1. Cite uma fórma política e uma fórma cultural de dominação praticadas pelos europeus no processo de exploração e colonização da África.
  2. Qual foi a imagem que os europeus produziram sobre os africanos?
  3. Qual é o nome da teoria racista pseudocientífica a que o texto faz referência? Por que ela pode ser considerada uma deturpação do pensamento de Chárles Dárvin?

2. O telégrafo, uma das invenções do século dezenove, estabeleceu uma rede de comunicação global que garantia a troca de mensagens entre um emissor e um receptor sem a necessidade de meios físicos de transporte. Algo semelhante ocorre atualmente com a rede mundial de computadores, a internet. No entanto, ela nasceu sob a marca da comunicação em rede. Tanto o telégrafo quanto a internet, contudo, não são agentes inovadores em si; seu potencial transformador depende dos usos e do valor que as sociedades atribuem a eles.

Leia a esse respeito um trecho de uma entrevista concedida por Edgar Morrã, pensador francês.

A internet tornou-se um sistema nervoso artificial que tomou conta do planeta. É algo que ajuda muito na hora de desenvolver afinidades, encontrar amigos, amores ou parceiros de hobby. reticências Mas os sistemas de comunicação não criam compreensão. A comunicação apenas transmite informação. É preciso estimular o surgimento de uma consciência planetária. Se a internet não desenvolver a ideia da comunidade de destinos da humanidade, terá apenas uma função limitada e parcelar.

Morrã, Edgar. Mal-estar de maio de 68 é ainda mais profundo hoje. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 abril 2008. Mundo, página á catorze.

  1. Em que aspectos a internet se assemelha aos demais sistemas de comunicação, como o telégrafo? Em que sentido ela se difere desses sistemas?
  2. Que usos da internet Edgar Morrã defende? Qual é a sua opinião a respeito dessa proposta?
  3. Identifique cinco problemas recorrentes relacionados ao uso da internet e produza um texto sobre o assunto. Lembre-se de mencionar, no texto, qual é a origem social desses problemas. Em seguida, proponha uma questão aos colegas de turma, solicitando a eles que ofereçam soluções para esses problemas. Por fim, debatam as propostas mais relevantes.

3. Em 1840, um funcionário do imperador chinês escreveu uma carta à rainha britânica Vitória. Leia um trecho dessa carta e responda às questões.

Fui informado de que o consumo de ópio é proibido em vosso país com severas penas. Isso significa que sabeis muito bem o quanto ele é prejudicial. reticências Ao assegurar que os ingleses não fumem ópio, embora sigam produzindo e instigando os chineses a comprá-lo, estais demonstrando cuidado com a vossa vida, mas negligência diante da vida dos demais e ganância à custa do mal alheio; essa conduta é repugnante aos sentimentos humanos e um desvio do Caminho do Céu.

CARTA de lín zechú à rainha Vitória. In: uêili, ártur. The Opium War Through Chinese Eyes. Stanford: Stanford University Press, 1968. página 30. (Tradução nossa).

  1. O que o funcionário chinês denunciou nessa carta?
  2. A quem o autor se refere quando afirma que a rainha é negligente com a vida dos “demais”?

Respostas e comentários

Atividades

    1. fórma política: imposição militar. fórma cultural: elaboração de teorias racistas.
    2. Os europeus depreciavam os africanos alegando que eram racialmente inferiores.
    3. A pseudoteoria mais famosa é conhecida como darvinísmo social. Ela pode ser considerada uma deturpação das teorias evolucionistas de Chárles Dárvin porque associa a teoria da evolução das espécies às sociedades. Muitos cientistas hierarquizaram os povos e afirmaram que alguns eram mais evoluídos do que outros.
    1. Tanto a internet quanto o telégrafo permitem a comunicação sem a necessidade de um meio físico de transporte. A internet, contudo, se diferencia dos demais sistemas de comunicação em um aspecto importante. Quando se desenvolveu sob o cuidado de hackers, desvinculada dos setores militar, governamental e acadêmico, a rede não possuía contrôle legal nem autoridade supervisora. Desde sua origem, ela se baseia em uma rede mundial flexível, que interliga inúmeras e quase infinitas sub-redes. Daí a internet ser mais maleável e potencialmente mais criativa do que as demais fórmas de comunicação.
    2. O autor defende que a internet deve estimular a formação de uma “consciência planetária” e “desenvolver a ideia da comunidade de destinos da humanidade”. Incentive os alunos a debater os sentidos que a proposta de Morrã pode ter no mundo contemporâneo. Peça que se posicionem diante dessas propostas.
    3. Entre os problemas relacionados ao uso da internet, os alunos podem mencionar o aumento do discurso de ódio em ambientes virtuais, que reforçam ideias preconceituosas e o cyberbullying; a ação de hackers que acessam, compartilham e fazem uso indevido de dados pessoais e de empresas; a divulgação de imagens e vídeos de pessoas sem a sua devida autorização; o excesso de exposição de informações pessoais, o que pode facilitar a ação de criminosos. Também podem ser mencionados o tempo despendido nas redes sociais e as consequências negativas que o uso excessivo da internet pode causar: o desenvolvimento de problemas na cervical e nos tendões, dor de cabeça, cansaço visual, redução das interações presenciais, desenvolvimento de depressão, redução da capacidade de comunicação verbal etcétera

Bê êne cê cê

Ao promover uma reflexão sobre o uso das tecnologias digitais, a atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia e contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 5 e da Competência específica de Ciências Humanas nº 2.

    1. O funcionário chinês denunciou o incentivo do governo britânico à comercialização e ao consumo do ópio na China, ao mesmo tempo que proibiu a droga no Reino Unido, evidenciando que o Império Britânico colocou os interesses comerciais acima da vida dos chineses.
    2. O autor se refere aos chineses.

Aluno cidadão

  1. A presença colonial europeia na África durante os séculos dezenove e vinte resultou na desorganização do modo de vida das sociedades africanas, na exploração de seus recursos naturais, no estímulo aos conflitos entre diferentes grupos étnicos, entre outras consequências nefastas que produziram fome, pobreza e guerras no continente. Para fugir desse cenário, muitos africanos abandonam sua terra de origem e buscam condições de vida mais favoráveis em países da Europa e da América, inclusive o Brasil. Forme um grupo e pesquisem:
    1. Quantos africanos entraram no Brasil nos últimos anos?
    2. De que países da África eles vêm?
    3. Quais são os principais motivos que trazem africanos para o Brasil?
    4. Como é a adaptação dos africanos no Brasil e como eles são recebidos no país? Que dificuldades enfrentam?

Para a pesquisa, acesse livros recentes sobre o tema ou sites de agências internacionais, governamentais (federais, estaduais e municipais), de ônguis e instituições que mantêm programas de acolhimento de imigrantes e refugiados. Caso sua cidade tenha uma comunidade de africanos, busque contatá-los e entrevistá-los. Com base nos dados da pesquisa, desenvolva com seus colegas um plano de iniciativas com o objetivo acolher imigrantes e refugiados africanos.

Conversando com geografia

5. Observe o mapa e faça o que se pede.

O expansionismo japonês

Mapa. O expansionismo japonês. Destaque para o arquipélago japonês e países vizinhos.
Legenda: 
Vermelho: Japão em 1874.
Amarelo: Anexações 1875 a 1894. 
Laranja: Anexações 1895.
Verde: Anexações 1905 a 1910.
Lilás: Área de influência.
Setas vermelhas: Campanhas japonesas 1904 a 1905.
No mapa, o território do Japão em 1874 abrange o arquipélago japonês e a porção norte da Ilha Sakalina. As anexações de 1875 a1894 abrangem as Ilhas Ryukyu, a Ilha Borodino, as Ilhas Bonin, a Ilha Vulcano e as lhas Kurilas. As anexações de 1895 abrangem Formosa, (atual Taiwan), Ilhas Pescadores e Porto Artur. As anexações de 1905 a 1910 abrangem a Coreia, incluindo a cidade de Seul, e o sul da Ilha Sakalina. A área de influência japonesa localiza-se em Fukien, no sudeste da China. As campanhas japonesas de 1904 e 1905 partem do sul do Japão em direção à Coreia e à China, passando por Porto Artur e Charbin, na região da Manchúria. Outra rota parte do sul do Japão em direção à Coreia e ao Império Russo, nas proximidades de Vladivostok.
No canto esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 520 quilômetros.

Fonte: parquer djéfri. Atlas Verbo de história universal. Lisboa: Verbo, 1997. página 117.

  1. Identifique os países que, entre os séculos dezenove e vinte, se tornaram alvos do expansionismo japonês.
  2. Que potências teriam seus interesses ameaçados pela expansão japonesa na região do Oceano Pacífico?
  3. Compare o mapa apresentado a um mapa do Japão atual. Que território não se encontra mais sob o domínio nipônico? Essa região pertence a qual país nos dias de hoje?
  4. Explique o contexto histórico da expansão do Japão pelos territórios vizinhos.

enêm e vestibulares

6. (úpe-ésse ésse á)

O darvinísmo social pode ser definido como a aplicação das leis da teoria da seleção natural de Dárvin na vida e na sociedade humanas. Seu grande mentor foi o filósofo inglês rérbert ispêncer, criador da expressão ‘sobrevivência dos mais aptos’, que, mais tarde, também seria utilizada por Dárvin.

BOLSANELLO, Maria Augusta. darvinísmos social, eugenia e racismo “científico”: sua repercussão na sociedade e na educação brasileiras. Educar, Editora da ú éfe pê érre: Curitiba, número 12, página 154, 1996. (Adaptado).

Essa teoria foi utilizada no século dezenove pelas nações europeias para justificar a

  1. independência da Oceania.
  2. colonização dos Estados Unidos.
  3. dominação imperialista na Ásia e África.
  4. supremacia racial das nações latino-americanas.
  5. inferioridade dos Estados Unidos frente ao Japão.

Respostas e comentários

4. Os dados para a pesquisa podem ser levantados com base no Relatório Anual do Observatório da Imigração Internacional – 2020, publicado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (disponível em: https://oeds.link/8a8Wtp; acesso em: 23 junho 2022). Em geral, os africanos têm migrado para o país por causa de dificuldades econômicas, conflitos, perseguição política e étnica etc. no país de origem. Em situação de vulnerabilidade, aqui, muitos são obrigados a se dedicar a trabalhos informais (sem vínculo empregatício e direitos trabalhistas) e sofrem com xenofobia e racismo. Desse modo, políticas públicas que favoreçam a adaptação e a inserção dessas pessoas na sociedade brasileira têm importância fundamental.

Ao propor uma pesquisa a ser realizada de maneira autônoma pelos alunos, a atividade aproxima-os da realidade dos refugiados e imigrantes africanos no Brasil, estimula a empatia, a cooperação e o envolvimento emocional deles com as iniciativas de integração, diante do aumento do número desses estrangeiros e da violência contra eles no Brasil, nos últimos anos.

    1. Coreia e China.
    2. Estados Unidos e Rússia.
    3. O território que não pertence mais ao Japão é a Sakalina, atualmente pertencente à Rússia.
    4. O expansionismo japonês estava diretamente relacionado ao início do período de reformas da era Meiji, que criou as condições para a modernização e para a industrialização do país. O governo japonês, aliado aos grandes conglomerados familiares que se fortaleceram nesse processo, lançou-se à expansão imperialista visando, sobretudo, garantir matérias-primas para a nascente indústria do país.

Bê êne cê cê

Por envolver a análise da linguagem cartográfica, a atividade contribui para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 7.

Interdisciplinaridade

A atividade desenvolve habilidades do componente curricular geografia, especificamente a habilidade ê éfe zero oito gê ê zero um.

6. Alternativa c.

Bê êne cê cê

Por abordar a definição de darvinísmo social, a atividade contribui para o desenvolvimento parcial da habilidade ê éfe zero oito agá ih dois três.

Fazendo e aprendendo

Filme

É bem provável que você goste de assistir a filmes de vez em quando. E que também se interesse em comentar com colegas a respeito do que viu, manifestando sua opinião, falando do que gostou ou não etcétera

Conheça algumas informações a respeito de Germinal, filme que trata do contexto das greves de trabalhadores no século dezenove que você estudou nesta unidade.

Germinal

Gênero: Drama

Duração: 160 minutos

Ano de lançamento: 1993

País de origem: França

Idioma: Francês

Diretor: clôd bêrrí

Elenco: renô, miú miú, gerrár depardiê, jãn carmê, entre outros

Sinopse: Em meados do século dezenove, no norte da França, os trabalhadores de uma mina são explorados e vivem uma vida de miserabilidade. Um dia, eles decidem entrar em greve e as autoridades os reprimem. O filme foi realizado com base no romance homônimo de êmíl zolá, publicado em 1885.


Cartaz de filme. Imagem desfocada de pessoas aglomeradas. No centro, em letras grandes e brancas, o título do filme.

A realização de um filme não é tarefa fácil e envolve muitos profissionais, além dos atores que vemos interpretando os personagens. Por isso, para analisá-lo podem ser considerados critérios relacionados à fórma (a maneira como o diretor usa a câmera ou algum aspecto técnico, como trilha sonora, iluminação ou figurino) e ao conteúdo (o assunto do filme ou a mensagem que ele passa, por exemplo). Porém, podemos ter em mente para a análise pelo menos três perguntas básicas:

1. Qual é o gênero do filme? Assim como os textos escritos, os filmes podem ser categorizados em gêneros: documentário ou ficção, comédia ou drama, policial ou histórico etcétera Saber em que categoria um filme se encaixa ajuda a entender parte dos elementos que aparecem na tela.


Respostas e comentários

Fazendo e aprendendo

Espera-se com essa atividade incentivar os alunos a se relacionar de fórma mais lúdica e criativa com os temas da unidade.

Explique à turma que os filmes históricos, apesar de muitas vezes usarem uma estética realista e parecerem um fiel retrato do passado, geralmente dizem muito mais sobre a sua época de produção do que sobre o passado. Dessa fórma, é uma leitura possível dos fatos históricos que seus roteiristas e diretores fazem, influenciados pelos seus valores pessoais e pelas ideias correntes do momento de produção da obra cinematográfica. Esses procedimentos de análise documental são fundamentais para uma percepção crítica das fontes históricas cinematográficas e para que os alunos percebam que a recepção do filme, como produto da indústria cultural, pode variar dependendo da maneira como os espectadores o avaliam. Por isso, é importante procurar saber a que gênero pertence um filme (destaque, principalmente, a separação entre o documentário e a ficção), além de checar a ficha técnica para saber onde, quando e por quem foi realizado etcétera

Destaque o fato de que, realizando as questões propostas nos procedimentos de análise do filme, é possível se entreter com ele e também conhecer fatos de uma época. O importante é treinar o olhar para identificar o que é criação livre dos artistas envolvidos na confecção do filme e o que é a intenção de tentar registrar uma época.

  1. Qual é o assunto do filme? Essa questão é quase sempre resolvida com base na leitura da sinopse – um texto curto que sintetiza o assunto. No exemplo citado, note como em poucas linhas já é possível sabermos a época em que se passa Germinal, bem como os tipos de personagem e conflitos que vamos encontrar ao assistirmos a esse filme.
  2. Como o filme mostra o que pretende? No cinema, o trabalho com a câmera é fundamental. Ela funciona como o nosso olhar: capta algumas coisas enquanto deixa outras de fóra – o modo como algo é apresentado, o modo como uma história é contada, o modo como um personagem aparece em cena. Portanto, todos esses aspectos são importantes para encontrarmos o sentido de um filme.

Considerando esses apontamentos, converse com alguns colegas a respeito da seguinte questão: De que fórma podemos ampliar nossos conhecimentos históricos ao assistirmos a filmes?


Responda em seu caderno.

Aprendendo na prática

Agora, você e os colegas serão convidados a criar um curta-metragem – isto é, um pequeno filme, com duração de 1 a 3 minutos. A ideia é que vocês utilizem os recursos que tiverem disponíveis: pode ser uma câmera ou mesmo um celular emprestado. O importante é vivenciar o processo de criação e refletir sobre o conceito por trás do que pretendem criar. Acompanhem os passos a seguir.

  1. Definam o tema e o gênero. Escolham um dos assuntos estudados nesta unidade e decidam de que modo gostariam de abordá-lo: seria um documentário ou um filme de ficção? Se for ficção, seria uma comédia ou um drama? Soltem a imaginação e tomem nota das ideias que surgirem.
  2. Dividam as tarefas. O cinema é uma arte coletiva e colaborativa em que o resultado final depende do empenho de cada profissional em sua área específica. Tentem se dividir observando os interesses de cada um e sem deixar ninguém sobrecarregado com muitas tarefas: quem poderia atuar? Quem poderia escrever o roteiro? Quem poderia ser o diretor?
  3. Escrevam um roteiro. Esta etapa pode ser mais trabalhosa ou demorada. Isso porque o roteiro é a indicação escrita de tudo que deve ser realizado na filmagem, como: local onde se passa a ação, em que momento do dia, o que os personagens fazem, o que falam etcétera Façam mais de uma versão e troquem ideias com o grupo todo a respeito das escolhas.
  4. Gravem o filme. Depois do roteiro desenvolvido, comecem as gravações. Vocês poderão ensaiar bastante antes de gravar ou, se conseguirem utilizar bem os recursos de edição de vídeos de celulares e computadores, poderão gravar aos poucos as cenas e reuni-las ao final, montando o filme.
  5. Realizem a exibição dos filmes. Após serem finalizados, os filmes poderão ser apresentados a outras turmas da escola. Vocês poderão organizar uma mostra ou disponibilizar os filmes na biblioteca.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao proporcionar aos alunos a oportunidade de utilizar tecnologias digitais de fórma criativa, a seção contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 3, nº 4 e nº 5 e da Competência específica de História nº 7.

Aprendendo na prática

Para esta atividade, sugerimos a criação de grupos de 6 a 8 alunos com diferentes perfis para proporcionar a vivência de um processo de criação coletiva.

Sabemos que a realização de um filme é tarefa complexa e exige alguns cuidados. No entanto, propomos esta atividade tendo em vista a intensa presença da linguagem audiovisual no cotidiano dos alunos. Estando expostos a essa linguagem, é bem provável que eles demonstrem mais segurança na realização da atividade proposta (muitos já podem estar familiarizados com a criação de curtos vídeos caseiros).

Incentive-os a realizar o pequeno filme com os recursos disponíveis e a condensar as informações dentro do tempo proposto. Uma boa maneira de instigá-los é mostrar-lhes alguns curtas-metragens, como os realizados para o Festival do Minuto (disponível em: https://oeds.link/kx1AkL; acesso em: 12 abril 2022). Atente para a seleção dos filmes, que devem ser adequados à faixa etária dos alunos.

Se não for possível a realização do filme, uma sugestão é que os alunos realizem o roteiro e apresentem o projeto de filme criando um storyboard (a versão desenhada do roteiro).

Glossário

Tamborete
: assento sem encosto para uma pessoa.
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Anglicista
: neste caso, referente ao Reino Unido.
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Autóctone
: natural de um país.
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Semítico
: nesse caso, referente a tradições cristãs.
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Indochina
: região da Ásia que compreendia o território correspondente ao ocupado pelos atuais Vietnã, Laos e Camboja.
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Aclimatar
: passar por um processo de adaptação a novas condições climáticas e biológicas.
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