CAPÍTULO 2  Cotidiano e cultura na Primeira República

Fotografia. Mulheres na praia, em uma roda de samba. Vestem saias longas e coloridas. Usam faixas e adornos nos cabelos. Algumas estão sentadas tocando instrumentos ao lado de um homem de chapéu. Ao redor, outras mulheres dançam.
Samba de roda do grupo Voa Voa Maria de Matarandiba, em Vera Cruz, Bahia. Foto de 2019.

Você conhece o samba de roda? Sabia que essa manifestação cultural afro-brasileira existe, pelo menos, desde o século dezenove e que ela é resultado dos encontros e das trocas entre os africanos escravizados que viviam na Bahia?

Trata-se de uma expressão musical, coreográfica, poética e festiva, caracterizada pela disposição das pessoas em roda, pelos cantos com estrofes curtas e repetitivas, pelas danças que focam o movimento da cintura, pelo uso de instrumentos musicais, como o pandeiro e a viola, e pela participação dos espectadores, que cantam e batem palmas.

Durante a Primeira República, o samba de roda foi uma das principais expressões culturais da população negra. Porém, naquela época, os afrodescendentes eram marginalizados e quase tudo o que se referia a eles era reprimido e discriminado. Apesar da repressão, o samba de roda continuou a ser praticado e influenciou a formação de outros estilos musicais, como o samba carioca. Por sua importância, o samba de roda foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ifãn), em 2004, como patrimônio cultural imaterial brasileiro e, em 2005, como patrimônio cultural imaterial da humanidade pela unêsco.

  • Qual é a importância de preservar manifestações culturais como o samba de roda?
  • De que fórma a preservação do samba de roda contribui para valorizar a cultura afrodescendente e combater o preconceito racial?

O início da industrialização brasileira

Durante o Segundo Reinado, o café tornou-se o principal produto de exportação brasileiro. Desse modo, os cafeicultores ampliaram seu poder e sua influência na condução da política nacional. Com a instauração da república, os grandes cafeicultores tinham o Estado a serviço de seus interesses.

No início do século vinte, tanto o consumo mundial quanto a produção de café cresceram. Os Estados Unidos e os países da Europa eram os principais consumidores do grão, e o Brasil era o maior fornecedor. Ao longo da Primeira República, o govêrno brasileiro criou algumas medidas para valorizar o café, mantendo-o como principal produto de exportação do país. Essa política de defesa do café, somada à entrada do capital estrangeiro, gerou muitos lucros, que foram reinvestidos na industrialização e na modernização de algumas cidades brasileiras.

Os cafeicultores deslocaram parte de seus ganhos para a instalação de indústrias e investiram em infraestrutura para o escoamento do café, construindo ferrovias, portos e estradas. Empresas estrangeiras passaram a investir sobretudo em transportes, em bancos e no setor de energia elétrica. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a dificuldade de importar produtos industrializados também contribuiu para o aumento da produção interna, concentrada, principalmente, nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.

A maioria dos estabelecimentos industriais desse período era pequena, tinha poucos operários e abastecia apenas a localidade em que estava instalada. Algumas indústrias, no entanto, eram de grande porte e chegavam a empregar centenas de trabalhadores. Havia fábricas de bebidas, sapatos e chapéus, mas os setores têxtil e alimentício predominavam. Investimentos nacionais e estrangeiros facilitaram a instalação de indústrias de cimento, ferro e papel.

Fotografia em preto e branco. Mulheres em uma sala grande e iluminada. Estão em grupos, ao redor de mesas. Algumas estão em pé. Sobre as mesas, caixa de papelão desmontadas. Ao fundo, caixas montadas empilhadas.
Trabalhadoras em fábrica de caixas de papelão, em Juiz de fóra, Minas Gerais. Foto de 1925.

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A disputa pelo Acre

Além do café, outros artigos eram importantes para a economia brasileira, como a borracha, produzida desde o final do século dezenove. O látex, matéria-prima da borracha, era extraído de seringueiras da Amazônia. As principais reservas estavam concentradas no Alto Acre, o que atraiu milhares de brasileiros para a região. Contudo, nessa área, as fronteiras com a Bolívia ainda não tinham sido demarcadas. Assim, a expansão da produção de borracha e a intensa entrada de brasileiros na região geraram conflitos com os bolivianos.

Em 1898, a Bolívia passou a cobrar um imposto sobre a borracha, desagradando os seringueiros brasileiros, que chegaram a se rebelar. Em 1901, com o auxílio dos Estados Unidos, o país criou a Bolivian Syndicate com o objetivo de explorar e ocupar definitivamente o Acre como uma empresa colonizadora. Essa decisão alarmou o govêrno brasileiro, que decidiu negociar o território com os bolivianos. Em 1903, os dois países firmaram o Tratado de Petrópolis, por meio do qual o Acre foi reconhecido oficialmente como território brasileiro em troca da indenização de 2 milhões de libras esterlinas à Bolívia.

Entre 1903 e 1913, a produção de borracha expandiu-se por causa da crescente industrialização. Ela era muito utilizada na fabricação de pneus e de instrumentos cirúrgicos e laboratoriais.


Fotografia. Bonde amarelo andando sobre os trilhos em uma rua de paralelepípedo. À esquerda, um grande muro, e à direita, algumas casas. Alguns carros estão estacionados na rua.
Bonde circulando no bairro Santa Teresa, no município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Foto de 2019. A instalação de linhas de bonde para transporte público foi fruto da urbanização das cidades entre o final do século dezenove e início do século vinte.

Urbanização e mudanças sociais

Com o crescimento das indústrias, foi necessário contratar operários. Muitos dos quase 4 milhões de imigrantes que entraram no Brasil entre 1889 e 1930 tornaram-se a principal fôrça de trabalho utilizada nas fábricas. A maior parte deles vinha da Europa, atraída pelas promessas de emprego e prosperidade nas fazendas de café. Portugal, Itália, Espanha e Alemanha eram os principais países de origem desses estrangeiros.

Com o passar do tempo, muitos imigrantes empregados nos cafezais, descontentes com as condições de trabalho, resolveram migrar para as cidades, onde havia mais oportunidades.

Os cafeicultores, interessados em manter os salários baixos, constantemente reclamavam da falta de braços para a lavoura e promoviam a entrada de imigrantes numa escala muito superior às suas reais necessidades. Depois de passar pelo campo, muitos trabalhadores, sem esperanças de tornarem-se proprietários de terras, dirigiam-se para as cidades, proporcionando uma vasta oferta de fôrça de trabalho para a indústria nascente. O excesso de ofertas permitia não só comprimir os ganhos salariais, como também impor condições de trabalho extremamente duras, que acabavam por comprometer a saúde do operário. Em certos setores, a utilização de mulheres e crianças contribuía para diminuir ainda mais os já parcos rendimentos.

LUCA, Tânia Regina de. Indústria e trabalho na história do Brasil. São Paulo: Contexto, 2001. página 23.

A expansão da indústria e a chegada de imigrantes promoveram um intenso desenvolvimento em algumas cidades do país. Esse crescimento, porém, ocorreu sem o planejamento urbano adequado, criando problemas de infraestrutura, como a falta de saneamento básico e a proliferação de habitações precárias, além de epidemias de varíola, tifo e febre amarela.

CRESCIMENTO INDUSTRIAL (SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO)

Nº de empresas

Nº de operários

SP

RJ

SP

RJ

1907

326

662

24186

34850

1920

4145

1542

83998

56517

1929

6923

1937

148376

93525

Fonte: SILVA, Sérgio. Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega, 1976. página 79.


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Relacione os dados do quadro com o texto de Tânia Regina de Luca no que se refere ao aumento do número de indústrias e de operários nas cidades.


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Recapitulando

1. Relacione a expansão industrial brasileira à urbanização do país no começo do século vinte.


A reforma da capital federal

Em 1902, Rodrigues Alves assumiu a presidência do país. Ele apresentou um plano de modernização da capital federal, o Rio de Janeiro, e incumbiu o prefeito Pereira Passos de realizar as reformas, inspiradas em obras feitas nas grandes capitais europeias, como a abertura de avenidas largas e a criação de praças e jardins.

Oswaldo Cruz, médico sanitarista e diretor-geral de Saúde Pública, comandou ações de extermínio de vetoresglossário de doenças, como ratos e mosquitos. Brigadas sanitárias visitavam as habitações populares e determinavam se elas apresentavam riscos à saúde dos moradores e se deviam ser demolidas. Nesse processo, vários cortiços foram derrubados e milhares de pessoas foram obrigadas a buscar outros locais para morar.

A expressão “bota-abaixo”, usada pelos funcionários que avaliavam as construções e recomendavam sua demolição, tornou-se famosa e temida. Essa situação contribuiu para a formação de favelas, pois muitos dos antigos habitantes dos cortiços se alojaram nas encostas dos morros ou na periferia da cidade, em condições ainda mais precárias.

As reformas feitas na capital federal serviram de referência para os planos de remodelação urbana de outras cidades brasileiras. Nelas, a elite podia circular pelas praças, jardins e bulevaresglossário recém-criados ou reformados, ir ao cinema, frequentar confeitarias e cafés e se atualizar sobre a vida cultural europeia.

Charge em preto e branco. Capa da Revista da Semana. No centro da imagem, Zé Povo, homem de calça xadrez, casaco largo e chapéu, está em pé. À esquerda, um sanitarista, homem de bigode com uniforme branco, segura seu braço. À direita, um bacharel, homem de bigode fino curvado para cima, vestindo uma túnica comprida e chapéu segura seu outro braço. Ao redor dos três há vários mosquitos. À frente deles uma fumaça. Nela a palavra ENXOFRE. Embaixo da charge está escrito PRAGAS DE FARAÓ.
“Pragas de pharaó”, capa da Revista da Semana, de 16 de outubro de 1904. Zé Povo, representado entre um bacharel e um sanitarista, rodeado de mosquitos, pergunta: “Que mais querem eles de mim?”. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

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Explique a crítica apresentada na charge.

A Revolta da Vacina

Em 1904, Oswaldo Cruz convenceu o Congresso a aprovar uma lei que determinava a vacinação obrigatória contra a varíola. Essa medida, aparentemente sensata diante do volume de mortes causadas pela doença, produziu uma crise social em razão do método usado para aplicá-la. As brigadas sanitárias tinham autorização para recorrer à fôrça na imunização das pessoas. Com isso, denúncias de violência circularam pela cidade e instauraram pânico na população, que desconhecia e temia os efeitos da vacina.

No dia 9 de novembro de 1904, a Revolta da Vacina, como ficou conhecida, começou no centro do Rio de Janeiro: a população incendiou bondes, arrancou trilhos e entrou em choque com a polícia. Alguns políticos e militares, críticos e oposicionistas do govêrno, tentaram assumir a liderança do levante, mas não foram seguidos pelos insurgentes. O govêrno desencadeou uma violenta repressão e conteve a agitação.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Qual era o objetivo do govêrno com as reformas urbanas na Primeira República?
  2. Explique a afirmação: “A Revolta da Vacina foi reflexo da arbitrariedade do govêrno para tratar uma questão de saúde pública”.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.


Leitura complementar

A ditadura do “bota-abaixo” e a revolta popular

Neste texto, o historiador Nicolau SEVITCHENCO analisa o processo que desencadeou a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro.

Como era de se prever, reticências [as reformas urbanas] se voltaram contra os casarões da área central, que congregavam o grosso da população pobre. reticências Iniciou-se então o processo de demolição das residências da área central, que a grande imprensa saudou denominando-a com simpatia de a ‘regeneração’. Para os atingidos pelo ato era a ditadura do ‘bota-abaixo’, já que não estavam previstas quaisquer indenizações para os despejados e suas famílias, nem se tomou qualquer providência para realocá-los. reticências Na inexistência de alternativas, essas multidões juntaram restos de madeira dos caixotes de mercadorias descartados no porto e se puseram a montar com eles toscos barracões nas encostas íngremes dos morros que cercam a cidade reticências. Era a disseminação das favelas.

Além de se acumular nas favelas, os despejados o fizeram em cortiços e hotéis baratos, os ‘zungas’, em que famílias inteiras alugavam esteiras no chão, alinhadas umas ao lado das outras, em condições subumanas. Como essas alternativas ainda acarretavam riscos de ordem sanitária, a administração da saúde se voltou contra elas. Desencadeando uma campanha maciça para erradicação da varíola, foram criados os batalhões de visitadores que, acompanhados da fôrça policial, invadiam as casas a pretexto de vistoria e da vacinação dos residentes. Se constatassem sinais de risco sanitário, o que naquelas condições era quase inevitável, tinham autorização para mandar evacuar a casa, cortiço, fregeglossário , zunga ou barraco, condenando-os eventualmente à demolição compulsória, e seus moradores não tinham direito à indenização. Foi a gota-d’água para a população pobre, despejada e humilhada. Num surto espontâneo, massas de cidadãos se voltaram contra os batalhões de visitadores e a fôrça policial, dirigindo-se para o centro da cidade, onde as obras de reforma urbana prosseguiam. Lá chegando, entrincheiraram-se entre as valas abertas, tomando ferramentas e materiais de construção como armas, com as quais se puseram a enfrentar os reforços enviados pela polícia.

SEVITCHENCO, Nicolau. O prelúdio republicano, astúcias da ordem e ilusões do progresso (Introdução). In: SEVITCHENCO, Nicolau (organizador). História da vida privada no Brasil: república: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. volume 3, página 23-24.


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Identifique no texto os dois pontos de vista sobre as reformas urbanas do Rio de Janeiro.
  2. Relacione as reformas urbanas realizadas no Rio de Janeiro à deflagração da Revolta da Vacina.
  3. Pesquise informações sobre a situação da população carioca que habita as regiões de morro atualmente e discuta com os colegas o que mudou e o que permanece em relação ao contexto analisado por SEVITCHENCO.

Movimento operário

Como você estudou, no início do século vinte, muitos imigrantes deslocaram-se do campo para as cidades com o objetivo de trabalhar nas indústrias e, assim, buscar a oportunidade de uma vida melhor. Porém, nas fábricas brasileiras, as condições de trabalho eram muito precárias. Os trabalhadores se sujeitavam a jornadas superiores a dez horas diárias e recebiam salários baixos. Os locais de trabalho, geralmente insalubres, não ofereciam nenhuma segurança. Além disso, não havia também uma legislação que lhes garantisse direitos, visto que podiam ser demitidos a qualquer momento, sem assistência ou indenização, caso sofressem algum acidente.

As mulheres operárias enfrentavam situações ainda piores, pois recebiam salários inferiores aos dos homens. Também estavam sujeitas aos maus-tratos e ao constante assédio sexual. Quando engravidavam, não tinham direito à licença-maternidade ou garantia de continuarem empregadas.

Descontentes com as condições de trabalho, os operários mobilizaram-se e organizaram-se. Em 1906, no Rio de Janeiro, ocorreu o Primeiro Congresso Operário Brasileiro, que reuniu trabalhadores de várias partes do país, iniciando a luta pela formação de sindicatos livres e pela jornada de oito horas diárias de trabalho. Por meio de assembleias, os sindicatos definiam as greves e reivindicações, como aumentos de salário e melhores condições de trabalho.

O anarcossindicalismo

O início do movimento operário brasileiro foi marcado por uma forte influência das ideias anarquistas, difundidas pelos imigrantes. Grande parte deles já havia participado de mobilizações operárias em seus países de origem.

O anarcossindicalismo foi a corrente que teve maior expressão no início do movimento operário do Brasil. Os anarcossindicalistas defendiam a ação direta dos trabalhadores por meio dos sindicatos, das greves e de outras fórmas de mobilização e condenavam a participação em eleições, partidos políticos e órgãos do govêrno.

Fotografia em preto e branco. Homens posando para foto com diversos exemplares do jornal Spartacus em cima de uma mesa grande. Um deles usa uniforme militar. Os outros usam roupas sociais e chapéus.
Apreensão do jornal anarquista Ispártacus, no Rio de Janeiro. Foto de 1919. Os anarquistas tiveram muita importância no movimento operário da Primeira República e, por isso, eram perseguidos pelo Estado.

Refletindo sobre

Atualmente, muitas categorias de trabalhadores brasileiros permanecem organizadas em sindicatos. Em sua opinião, qual é o papel dos sindicatos hoje? Que outras fórmas de luta os trabalhadores podem usar para exigir seus direitos?


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Recapitulando

4. Como eram as condições de trabalho no Brasil na época da Primeira República?


Saiba mais

Mulheres anarquistas em São Paulo

Na cidade de São Paulo, no início do século vinte, as mulheres anarquistas, como Isa Ruti, Maria Lacerda de Moura, Matilde Magrassi e Isabel Cerruti, tiveram importante participação na luta pelos direitos trabalhistas e pela regulamentação do trabalho feminino por meio da organização de greves e de espaços para discussão sobre suas reivindicações.

A luta nas fábricas abriu espaço para que as anarquistas colocassem em debate, principalmente por meio dos jornais operários, outras questões, como a educação sexual e libertária, a maternidade livre e consciente, o amor livre, a crítica ao casamento monogâmico, a importância da educação para a emancipação da mulher e a contestação à hierarquia masculina no interior do movimento operário. Além disso, as ativistas anarquistas debatiam os rumos políticos do país e procuravam desconstruir o ideal da mulher burguesa existente no período: a de esposa, mãe, dona de casa, que deveria cuidar do lar, dos filhos e do marido. Dessa maneira, essas mulheres delinearam um movimento anarcofeminista, que influenciaria o feminismo dos anos 1960 e 1970.


Fotografia em preto e branco. Busto de mulher de perfil. Ela tem a pele clara, olhos pequenos, cabelos curtos e ondulados.
Retrato de Maria Lacerda de Moura (1887-1945). Biblioteca Brasiliana da Universidade de São Paulo. A ativista defendia a ideia de que a libertação da mulher dependia do fim da sociedade capitalista.
Da greve de mulheres à greve geral

A maior onda de greves da Primeira República ocorreu a partir de 1915 e culminou na greve geral de 1917. Em junho daquele ano, mulheres operárias da indústria têxtil Cotonifício Crespi, no bairro da Mooca, em São Paulo, cruzaram os braços para pedir aumento de salários e redução da jornada de trabalho, bem como denunciar o assédio que sofriam dos contramestresglossário . O movimento espalhou-se por outros setores e foram realizadas diversas manifestações.

Em uma delas, ocorrida no dia 9 de julho, o jovem sapateiro e militante anarquista espanhol José Martinez foi morto durante um confronto entre trabalhadores e a polícia. Seu entêrro parou a cidade e desencadeou uma onda de protestos. Dias depois, cêrca de 70 mil trabalhadores de vários estados entraram em greve.

Fotografia. Homens e mulheres vestidos socialmente, aglomerados ao redor de um caixão. Sobre ele, flores claras.
Trabalhadores no funeral do sapateiro José Martinez no município de São Paulo, São Paulo. Foto de 1917. Arquivo Édigar Laenrrôti, Campinas.

As principais reivindicações dos operários eram a jornada de trabalho de oito horas diárias, a liberdade de organização sindical, o aumento de salário, o fim da exploração do trabalho de menores de 14 anos e do trabalho noturno feminino, a libertação de todos os grevistas detidos pela polícia e a garantia de que nenhum operário seria demitido por ter participado da greve.

Embora não tenham atendido a todas as reivindicações, os patrões aceitaram aumentar os salários e não demitir os grevistas. A greve, então, encerrou-se. Logo após a desmobilização dos trabalhadores, entretanto, vários líderes do movimento foram demitidos e passaram a ser perseguidos.


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Recapitulando

  1. Como foi a participação das mulheres no movimento operário? 
  2. Quais eram as principais reivindicações dos trabalhadores em greve?

A Semana de Arte Moderna

Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, um grupo de artistas, escritores e intelectuais brasileiros realizou a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo. A programação do evento incluiu exposições de artes visuais, declamação de poemas, concertos e espetáculos de dança. Entre os artistas participantes estavam os escritores Mário de Andrade, Graça Aranha e osváld de Andrade, o escultor ítalo-brasileiro vitor brêchêrê, o compositor Heitor Villa-Lobos e as pintoras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti.

O objetivo dos participantes da Semana de 1922 era apresentar ao público novas fórmas de expressão, em busca de uma identidade para a arte brasileira, rompendo com os padrões estéticos acadêmicos importados da Europa. Leia um trecho do texto de Tarsila do Amaral.

Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Segui o ramerrãoglossário do gôsto apurado... Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante reticências. Pintura limpa, sobretudo, sem medo de cânones convencionais. Liberdade e sinceridade, uma certa estilização que adaptava à época moderna.

AMARAL, Tarsila. Pintura Pau-Brasil e antropofagia. érre a ésse ême: Revista Anual do Salão de Maio. São Paulo: [sem nome], 1939. [172] página

Influenciados por movimentos de vanguarda, como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo, os artistas apresentaram obras em que criticavam a arte brasileira do final do século dezenove e valorizavam temas da cultura nacional.

No Modernismo inaugurado pela Semana de 1922, houve forte participação feminina. Além de artistas, como Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, destacou-se a jornalista, poeta e desenhista Patrícia Galvão. Pagu, como era mais conhecida, envolveu-se nas atividades políticas, escrevendo sobre os trabalhadores e a condição de vida das mulheres de seu tempo.

Pintura. Mulher de olhos grandes, sobrancelhas finas e boca vermelha. Tem um lenço encobrindo os cabelos. Veste uma blusa branca de manga curta. Segura uma tigela grande com frutas diversas, entre elas, banana, cacau, abacaxi e laranja. Ao fundo, folhas de bananeira e um coqueiro.
Tropical, pintura de Anita Malfatti, 1917. Pinacoteca do Estado de São Paulo.

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De que fórma Anita Malfatti valorizou a cultura brasileira nesta pintura?


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Recapitulando

7. Qual era o principal objetivo dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922?


O negro na Primeira República

A abolição da escravidão, em 1888, libertou os escravizados, mas não rompeu com a mentalidade escravista e racista da época. Assim, o início do período republicano no Brasil mantinha uma estrutura social e econômica marcada pela marginalização dos negros.

A Constituição de 1891, por exemplo, concedia o direito de votar somente aos alfabetizados, o que excluía os ex-escravizados pelo fato de a maioria ser analfabeta. No campo educacional, não foram criadas políticas de inserção dos negros na educação formal e profissional, o que lhes dificultava o acesso a melhores postos de trabalho, obrigando-os a dedicar-se a atividades mal remuneradas. Assim, apesar de o direito à educação ser garantido aos libertos formalmente, não foram criadas condições materiais para que usufruíssem dele.

Outro fator que dificultava a integração dos negros libertos na sociedade era a falta de trabalho, pois, com a chegada dos imigrantes, os fazendeiros e os industriais preferiam contratar os europeus em lugar dos negros. Sem emprego ou sujeitos a trabalhos precários e mal remunerados, os ex-escravizados ficaram à margem da sociedade.

Refletindo sobre

Após a abolição, não houve políticas de assimilação social dos negros, que ficaram marginalizados. Essa marginalização repercute nas condições sociais dos afrodescendentes até hoje. Em sua opinião, como essa marginalização social dos afrodescendentes se expressa na sociedade brasileira atualmente? As políticas criadas no século vinte e um para reparar essa questão histórica têm sido efetivas? Discuta com os colegas.

A Revolta da Chibata

A mentalidade escravista repercutiu também na marinha. Os marinheiros de baixa patente eram, em geral, negros e mestiços. Eles recebiam baixos salários, eram mal alimentados e submetidos a castigos físicos, embora essa penalidade fosse proibida.

Em novembro de 1910, o marinheiro Marcelino Menezes recebeu centenas de chibatadas diante do restante da tripulação. Indignados, os marinheiros de dois encouraçadosglossário atracados no Rio de Janeiro se rebelaram. Sob a liderança do marinheiro João Cândido, eles assumiram o contrôle dos navios e exigiram o fim dos castigos corporais na marinha, bem como aumento salarial e melhores condições de trabalho. Caso não fossem atendidos, bombardeariam a capital federal. Iniciava-se, assim, a Revolta da Chibata.

O então presidente érmes da Fonseca aceitou negociar. Os castigos corporais foram proibidos e os rebeldes, anistiados. Porém, dois dias após o fim da revolta, os líderes foram presos. Alguns foram fuzilados e outros, deportados para o Acre, sendo forçados a trabalhar na extração do látex.

Fotografia em preto e branco. À direita, João Cândido com um jornal escrito DIÁRIO OFICIAL nas mãos. Veste uniforme de marinheiro amarrotado, com a camisa saindo frouxa de dentro da calça, e chapéu branco sobre a cabeça. Ao seu lado esquerdo, um marinheiro mais baixo que ele, com uma pequena bolsa pendurada transversalmente. Também veste uniforme e chapéu claros de marinheiro.
João Cândido lendo a comunicação governamental Diário Oficial, ao lado de outro marinheiro, durante o motim da Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro. Foto de Augusto Malta, 1910.

Movimentos sociais e a imprensa negra

A população negra não se calou diante da discriminação racial que sofria. No final do século dezenove e no comêço do século vinte, muitos ex-escravizados e seus descendentes criaram associações de caráter assistencialista e cultural, começando a delinear a identidade e a solidariedade negras no Brasil.

Mesmo sem contar com uma política nacional que os inserisse na educação, alguns negros conseguiram obter formação intelectual e criaram escolas para a população negra. O objetivo era conscientizá-los da importância da educação como fórma de emancipação. Desse modo, formou-se uma elite intelectual negra, que criou meios para discutir publicamente a condição dos afrodescendentes na sociedade brasileira, como a precariedade nas condições de trabalho, educação, saúde e moradia.

A chamada “imprensa negra” foi desenvolvida nesse contexto. Revistas e jornais produzidos por negros e dirigidos ao público negro com o objetivo de tratar das suas necessidades e dos seus direitos, bem como combater o preconceito racial, eram publicados e passaram a circular nas cidades maiores, principalmente no estado de São Paulo. Entre os principais jornais do período, estavam A Pátria (1899), O Combate (1912), A Liberdade (1918), A Sentinela (1920), o Getulino (1923-1926) e o Clarim da Alvorada (1924-1932). Arlindo Veiga dos Santos, Lino Guedes, Gervásio de Morais, Jayme de Aguiar, José Correia Leite e Deocleciano Nascimento foram alguns dos jornalistas que se destacaram na imprensa negra.

Em 1931, as principais lideranças da imprensa negra formaram a Frente Negra Brasileira (éfe êne bê), importante organização política que atuou na luta pelos direitos dos afrodescendentes até 1937.

Fotografia em preto e branco. Capa do jornal Auriverde. No centro uma grande ilustração que mostra uma mulher ajoelhada na frente de uma mulher que segura uma lamparina a óleo. Ao fundo, a imagem da Princesa Isabel e a frase SALVE 13 DE MAIO. Acima da ilustração, a frase A LEI ÁUREA. Ao redor, texto.
Capa do jornal Auriverde, publicado em comemoração ao aniversário da Lei Áurea em 13 de maio de 1926, no município de São Paulo, São Paulo. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. O jornal semanal, definido como “literário, humorístico e noticioso”, era dirigido por João Augusto de Campos.
Fotografia em preto e branco. Homens negros na redação do Jornal Clarim da Alvorada. Eles vestem roupa social: sapatos, calça, camisa e gravata. No canto esquerdo da imagem, ao fundo, um homem está em pé, olhando atento para as folhas que está segurando. À frente dele, há dois homens sentados à mesa, o da esquerda está usando uma máquina datilográfica. No canto direito da imagem, dois homens estão de pé, próximos a um gaveteiro. Na frente do gaveteiro, um menino de aproximadamente cinco anos, vestindo uma blusa de manga comprida,  shorts e meia comprida.
Redação do jornal Clarim da Alvorada em que se veem, da esquerda para a direita, Átila José Gonçalves, Manoel Antônio dos Santos, Luiz Gonzaga Braga, Henrique Antunes Cunha, o pequeno filho de José Correia Leite, e Sebastião Gentil de Castro, no município de São Paulo, São Paulo. Foto de cêrca de 1920.

História em construção

Educação para os negros

Leia o texto da historiadora Maria Cristina Vissembá sobre a visão de diferentes grupos e organizações sociais sobre a educação para os negros no início da república no Brasil.

reticências Entre as falas dos abolicionistas e as pautas das associações negras dos inícios da república, a instrução [escolar] era entendida como meio de afirmação social e de acesso à cidadania pelos setores negros da sociedade. reticências Já entre os movimentos sociais do século vinte, da Frente Negra Brasileira aos jornais da imprensa negra, a inclusão dos negros na escola pública e o acesso à educação em todos os seus níveis eram reinvindicações feitas ao Estado republicano reticências. Além disso, apostavam na centralidade da formação intelectual para o processo de reversão da posição de inferioridade atribuída aos negros pelas ideologias que dominaram grande parte do pensamento social brasileiro e justificaram os séculos da escravidão.”

Vissembá, Maria C. Cortez. Letramento e escolas. In: Chuárquis, Lilia Moritz; GOMES, Flávio dos Santos (organizador). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. página 297.


Responda em seu caderno.

Questão

Qual era a visão de cada grupo ou organização social mencionado no texto sobre a educação para os negros? Você concorda com alguma delas?

A cultura afro-brasileira como resistência

Os negros procuraram lutar contra a discriminação racial por meio da preservação de suas expressões culturais e religiosas.

A capoeira, cujos primeiros registros datam do início do século dezenove, é uma prática cultural que mistura luta, dança e canto. Em 1890, a prática da capoeira tornou-se crime previsto em lei. Em fins de 1930, deixou de ser considerada crime. Em 2014, a capoeira foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial da humanidade pela unêsco.

Como já estudamos, o samba é uma das principais expressões culturais afro-brasileiras. Por meio das rodas de samba, as comunidades afrodescendentes criaram espaços de diversão, troca de experiências e redes de solidariedade. Assim como os capoeiristas, os sambistas foram perseguidos e resistiram à repressão.

Outro símbolo da resistência negra é o candomblé. A princípio, o culto aos orixás era realizado às escondidas, pois as religiões de matriz africana eram perseguidas. No comêço do século vinte, contudo, começaram a ser organizados terreiros de candomblé no Rio de Janeiro. Assim como no caso da capoeira e do samba, os espaços de sociabilidade criados pelo candomblé possibilitaram aos negros preservar a cultura de seus antepassados e reafirmar sua identidade.

Conexão

Musicada História. episódio 5: Botabaixo: quando o Rio de Janeiro tentou ser Europa e virou favela

Ano: 2021

Duração: 29 minutos

O projeto Musicada História, do Instituto Casa Comum, apresenta uma série de podcasts que abordam a história do Brasil por meio de diferentes gêneros musicais. O episódio 5 trata da reforma urbana do Rio de Janeiro e suas consequências para a população.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

8. Quais foram as fórmas de resistência cultural dos negros na Primeira República? E qual é a importância delas hoje?


Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Leia o texto sobre as reformas urbanas recomendadas pelos médicos sanitaristas para combater a endemia de febre amarela na cidade do Rio de Janeiro, no início do século vinte. Depois, responda às questões.

reticências para expelir a terrível endemia da nossa capital eram indispensáveis e urgentes três ordens de melhoramentos reticências: 1º, enxugo do solo urbano; 2º, calçamento estanque; 3º, reconstrução dos esgotos nos três primeiros distritos construídos, estando já em execução os que se referem a habitações para a classe proletária.

Ora, tais melhoramentos são capazes, a nosso ver, não só de expelir completamente a febre amarela do Rio de Janeiro, como a expeliu de um de seus mais formidáveis focos – Nova Orleans –, mas também hão de reduzir ao mínimo as depredações da malária e do beribéri, atuando, portanto, beneficamente sobre todas as outras moléstias do nosso quadro patológico reticências. A mesma tuberculose não será insensível a esses melhoramentos, como demonstra um quadro da magistral tese do concurso do eminente higienista, Senhor professor Rocha Faria reticências.

PORTUGAL, Aureliano. Anuário de Estatistica Demográfo Sanitaria da Cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, ano 1, 1891, página 130-131.

  1. O texto menciona a reconstrução dos esgotos que atendem as habitações da classe proletária. Como se explica a preocupação específica com esse grupo social?
  2. Com base no que você estudou sobre a Primeira República, o poder público seguiu as orientações dos médicos sanitaristas para combater a febre amarela? Justifique.
  1. Sobre o movimento operário no início do século vinte, identifique a alternativa incorreta e corrija-a em seu caderno.
    1. A presença de imigrantes no Brasil, muitos do quais com experiência de participação no movimento operário na Europa, foi fundamental para a formação da classe operária brasileira.
    2. A situação das mulheres operárias era melhor do que a dos homens, pois elas tinham direitos como estabilidade no emprego e licença-maternidade.
    3. Os anarcossindicalistas defendiam a ação direta por meio dos sindicatos e das greves e se recusavam a tomar parte nas eleições e nos partidos políticos existentes.
    4. Algumas das principais reivindicações do operariado brasileiro eram a jornada de trabalho de oito horas diárias, a liberdade de organização sindical, o aumento de salário, o fim da exploração do trabalho de menores de 14 anos e do trabalho noturno feminino.
    5. A luta das mulheres anarquistas nas fábricas abriu espaço para o debate de temas como a educação sexual e libertária, a maternidade livre e consciente e a importância da educação para a emancipação da mulher.
  2. Leia o texto do historiador Boris Fausto para responder às questões.

Os sintomas de ativação das reivindicações dos trabalhadores reticências surgem em São Paulo nos primeiros meses de 1917, localizando-se no ramo têxtil. O centro de prolongados atritos é o Cotonifício Crespi, grande empresa de fiação e tecelagem de algodão, localizada na Mooca, com mais de .2000 trabalhadores. A 9 de junho de 1917, a resolução patronal prolongando o serviço noturno é mal recebida pelos operários, que respondem com a exigência de aumento de 15% a 20% do salário. Uma seção da fábrica, abrangendo 400 trabalhadores, entra em greve e as reivindicações se ampliam reticências.

FAUSTO, Boris. Trabalho urbano e conflito social. São Paulo: Difél, 1983. página 192.

  1. A que evento político-social o texto se refere?
  2. De acordo com o texto, como se iniciou esse evento?
  3. Como eram as condições de trabalho nas fábricas nesse período?

Aluno cidadão

4. Leia o texto para responder às questões.

O ano de 1916 marca talvez o ponto de inflexão na evolução do movimento de saúde pública brasileira. É o ano de publicação, pelo Instituto Oswaldo Cruz, dos cadernos de viagem dos médicos Artur Neiva e Belisáro Pena através de vários estados do Nordeste e Goiás. A missão do Instituto, realizada em 1912, denunciou as péssimas condições de vida no interior do país. A partir da publicação do Relatório Neiva-Pena, o movimento sanitarista superou sua fase urbana, com a nova bandeira do ‘saneamento dos sertões’. reticências

Nos anos vinte, a intervenção do Estado nacional na política e na economia ganhou impulso considerável. Por sua vez, a ideologia sanitarista no Brasil era marcadamente intervencionista, ‘estatista’, à diferença do caso inglês e norte-americano, países em que a ampla participação das comunidades locais e a descentralização administrativa eram encorajadas.

SANTOS, Luiz Antonio de Castro. O pensamento sanitarista na Primeira República: uma ideologia de construção da nacionalidade. Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, volume 28, número 2, página 7-10, 1985.

  1. Qual foi a mudança ocorrida nas políticas de saúde pública a partir de 1916?
  2. Aponte uma característica marcante da ideologia sanitarista no Brasil. No que ela difere dos casos inglês e norte-americano?
  3. Em 2020, durante a pandemia de covide dezenove, parte da sociedade se posicionou contra a imunização obrigatória, tal como aconteceu durante a Revolta da Vacina, nos anos 1910, na cidade do Rio de Janeiro. Em dupla, criem um meme satirizando a polêmica em torno da obrigatoriedade de vacinação no Brasil.

Conversando com arte

5. Analise a pintura do artista Emiliano Di Cavalcanti, que participou da Semana de Arte Moderna de 1922. Depois, responda às questões.

Pintura. Personagens em traços longos e arredondados. À esquerda, homem sentado tocando violão. Ao lado dele, no centro, uma mulher de olhos puxados e nariz largo. Está sentada com os braços sobre os joelhos e o queixo apoiado em uma das mãos. Na frente do homem, outra mulher sentada. Ela está com uma das mãos no cabelo, sentada de costas e com o rosto de perfil.
Roda de samba, pintura de Di Cavalcanti, 1928. Coleção Hecilda e Sergio Fadel, Rio de Janeiro.
  1. Que elemento da cultura brasileira foi representado na pintura?
  2. Por que essa obra pode ser considerada modernista? Explique com base nas características da representação.

Enem e vestibulares

6. (enêm-Méqui)

A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente.

MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.

Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas:

  1. permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.
  2. perderam a relação com o seu passado histórico.
  3. derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.
  4. contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.
  5. demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.

Glossário

Vetor
: nesse caso, ser vivo capaz de transmitir um agente infeccioso, como um parasita, uma bactéria ou um vírus.
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Bulevar
: tipo de via urbana, avenida ou rua larga, geralmente construída com planejamento paisagístico, como o uso de arborização.
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Frege
: restaurante popular de má qualidade, também chamado de frege-moscas.
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Contramestre
: supervisor dos operários.
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Ramerrão
: nesse caso, padrão que se segue sem reflexão.
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Encouraçado
: navio de guerra de grande porte, dotado de poderosa artilharia e protegido por forte couraça.
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