UNIDADE 4  A construção do mundo contemporâneo

O que estudaremos na unidade

Você já ouviu falar dos movimentos contestatórios dos anos 1960, como o hippie e o Black Power? Você sabe qual era o contexto cultural, social e político de tantas manifestações naquele período? Quais grupos sociais eram mais envolvidos e engajados nos movimentos pelo Brasil e pelo mundo? Ao final desta unidade, você reconhecerá as diferentes reivindicações dos movimentos culturais e políticos do período, bem como as que se deram no processo de redemocratização da América Latina e ao fim da Guerra Fria. Além disso, compreenderá a importância da crítica e da participação ativa da sociedade, especialmente na atualidade, com o uso de instrumentos como as redes sociais digitais na construção de uma cultura mais democrática.

Fotografia. Multidão com adereços coloridos em desfile do Orgulho LGBTQIA+. Ao fundo, um enorme coração colorido inflável pendurado em um prédio horizontal.
Parada do Orgulho éle gê bê tê quê i a mais, no município de São Paulo, São Paulo. Foto de 2019. A sigla éle gê bê tê quê i a mais refere-se a diferentes identidades de gênero e orientações sexuais, como lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e outros. Atualmente, diversos grupos lutam pelo reconhecimento de seus direitos no Brasil e no mundo.

Fotografia. Manifestantes na rua. Carregam bandeiras. Alguns estão sobre um monumento da cidade.
Manifestantes chilenos comemorando o segundo aniversário dos protestos por mais justiça social, que impulsionaram a redação de uma nova constituição para o país, em Santiago, Chile. Foto de outubro de 2021. Os países sul-americanos estão em constante efervescência política.
Fotografia. Pessoas na rua se manifestando e carregando cartazes com palavras de ordem.
Manifestação em apôio aos imigrantes em Madri, Espanha. Foto de 2022. Em julho de 2022, mais de vinte imigrantes morreram ao tentar cruzar a fronteira do Marrocos com Melilha, um enclave espanhol localizado no norte da África, o que gerou manifestações populares. Nos cartazes, lê-se: “Essa fronteira desumana revela nosso sistema”, “Direitos humanos!” e “Fechar já os Centros de Internação de Estrangeiros (Cíes)”. A questão da imigração e dos refugiados é tema constante em debates sobre os direitos humanos e mobiliza governos e a sociedade civil.

Sumário da unidade

Capítulo 12

Movimentos sociais e culturais da década de 1960, 220

Capítulo 13

A redemocratização na América do Sul, 233

Capítulo 14

Fim da Guerra Fria e os desafios do século vinteI, 248

Capítulo 15

O Brasil depois da Constituinte de 1988, 272


CAPÍTULO 12  Movimentos sociais e culturais da década de 1960

Fotografia. Menina skatista de capacete e joelheiras fazendo uma manobra. Está com as pernas flexionadas e um dos braços para trás. Usa camisa laranja e calça azul.
Atleta realizando manobra de skate durante competição dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Japão. Foto de 2021. Atualmente, parte de uma das maiores competições de esportes do mundo, a prática do skate já foi associada à contracultura, como o movimento punk, e chegou a ser proibida nas ruas da cidade de São Paulo em 1988 pelo então prefeito Jânio Quadros.

“Faça amor, não faça guerra”, “Paz e amor”, “É proibido proibir”, “Sejam realistas, exijam o impossível”, “Banir a bomba”, “O poder está nas ruas, não nas urnas”. Você já ouviu essas frases? Todas elas são palavras de ordem que foram pronunciadas pelos milhares de jovens que fizeram parte do movimento de contracultura nos anos 1960, em diferentes partes do mundo.

Naquele período, em meio à Guerra Fria, os jovens impulsionaram um movimento de contestação que questionava os valores vigentes na sociedade. As principais ideias do movimento eram a difusão da paz e da liberdade de criação, expressão e ação. Por meio de manifestações culturais, como os festivais de música, e do comportamento libertário, esses jovens pretendiam mudar o mundo.

  • Você conhece algum movimento de contestação jovem na atualidade? Se sim, qual é o objetivo dele?
  • Nos anos 1960, o rock era uma importante expressão cultural jovem. E hoje, quais são os gêneros musicais mais ouvidos pelos jovens?
  • Algumas pessoas afirmam que os jovens de hoje são menos rebeldes e idealistas e mais conformistas que os da geração dos anos 1960. O que você pensa sobre isso?

O mundo em transformação

Como você estudou, no contexto da Guerra Fria, a década de 1960 foi marcada por diversos conflitos, pêla implantação de ditaduras na América Latina e pêla independência das colônias na África. Mas esse período também foi caracterizado pêla formação de diversos movimentos de contestação e por grande transformação cultural e comportamental da juventude.

Nos países do bloco capitalista foram realizadas manifestações para criticar a sociedade de consumo e o conservadorismo moral e social impostos pelo imperialismo estadunidense. Em alguns países do bloco socialista, eclodiram protestos contra o autoritarismo soviético, a favor de mais liberdade e de reformas no socialismo. Apesar de suas especificidades, todos esses movimentos tiveram uma característica comum: o protagonismo dos jovens.

Os jovens dessa geração, chamada de baby boomers nos Estados Unidos, nasceram após a Segunda Guerra Mundial, na época do boom econômico dos anos 1950, que afetou principalmente os países capitalistas, mas também promoveu importantes mudanças nos países socialistas. Assim, esses jovens desfrutaram de um conforto material que seus pais, em razão das crises econômicas e dos conflitos mundiais da geração anterior, não tiveram. Esse modêlo de vida, marcado pelo American way of life nos países capitalistas, passou a ser visto pelos adolescentes como um padrão conservador que impedia a criatividade e a liberdade.

Esses jovens também questionavam a divisão do mundo entre capitalistas e socialistas. Além disso, passaram a criticar as universidades, considerando-as instituições tradicionais e elitistas que apenas produziam mão de obra especializada, e a reivindicar uma reforma universitária e a democratização das universidades, que deveriam promover o pensamento crítico.

Todos esses fatores, somados à emergência de uma cultura marginalizada, que você estudará a seguir, contribuíram para romper com antigos padrões e construir outra visão de mundo.

Fotografia em preto e branco. Grupo de jovens sorridentes andando abraçados, lado a lado.
Jovens se divertindo durante o festival Durham Miners’ Gala, em Durham, Reino Unido. Foto de 1960. O evento estava associado ao movimento sindical dos mineiros de carvão de Durham Coalfield e ainda acontece atualmente.

Saiba mais

Sociedade de consumo

A expressão sociedade de consumo começou a ser utilizada no século vinte e evidenciou uma das principais características das sociedades capitalistas contemporâneas: o desejo pelo consumo. O crescimento industrial consolidou uma sociedade de consumidores. De acôrdo com as críticas dos jovens contestadores da década de 1960, esse modêlo de sociedade identificava as pessoas mais pelos produtos que consumiam do que por seus valores ou suas realizações, além de gerar a cultura do desperdício e promover a degradação ambiental.


A contracultura: a juventude “fóra da caixa”

Nos Estados Unidos dos anos 1960, o anseio por transformações deu origem aos movimentos de contracultura, que se opunham à cultura tecnocrática dominante, criticando o consumismo, o materialismo e alguns padrões morais, principalmente os relacionados à família e ao casamento. Para compreender esses movimentos, é importante retroceder um pouco na história.

A contracultura estava diretamente ligada ao rock and roll, estilo musical surgido em meados dos anos 1950 nos Estados Unidos, que misturava o rhythm and blues, criado pelos negros estadunidenses, e o country, formado no sul do país nos anos 1920. Esse estilo expressava os novos padrões de comportamento, moda e linguagem, conquistando a juventude ao som de guitarras elétricas e ritmos dançantes. Assim, o rock era um esboço da liberdade criativa, da revolta e da contestação dos valôres tradicionais que marcariam os anos 1960.

Fotografia em preto e branco. Jovens de camisa, calça jeans e cabelos penteados com topete. Tocam instrumentos ao ar livre. Ao fundo, ruínas de uma construção do Império Romano.
Jovens tocando rock próximo às ruínas do antigo Fórum Romano, em Roma, Itália. Foto de 1960. Naquela época, o rock difundiu-se pêla Europa, principalmente com as bandas The Beatles, Rolling Stones e The Who.

Outro movimento que inspirou a contracultura foi o da geração beat. Também dos anos 1950, os beatniks eram jovens poetas e escritores que buscavam experiências místicas e esotéricas. Influenciados por religiões orientais, como o budismo, e pêla filosofia existencialista, eles desenvolveram uma literatura que abordava temas considerados tabus na época, como a liberdade sexual e as drogas.

Nessa confluência de experiências, o rock e a geração beat tiveram como desdobramento o surgimento da contracultura iniciada com o movimento hippie, a partir dos anos 1960, nos Estados Unidos. Os hippies defendiam um estilo de vida em comunhão com a natureza, a não violência e o amor livre. Usando barbas longas, cabelos compridos e roupas artesanais coloridas ou recicladas, eles condenavam o consumismo, o capitalismo, a alienação e outros valores da sociedade ocidental. Na década seguinte, o movimento perdeu fôrça nos Estados Unidos, mas conquistou adeptos em outros países do mundo, como o Brasil.

A associação do movimento hippie com o rock tornou-se uma das principais manifestações culturais de contestação política e social, especialmente contra a Guerra do Vietnã. Apesar disso, muitos especialistas consideram o movimento hippie apolítico, mais voltado para as questões individuais e os prazeres imediatos do que para as transformações profundas da sociedade.

Fotografia. Grupo de pessoas sentado no teto de um ônibus. Ao fundo, uma multidão em uma colina. O ônibus tem o teto branco com desenhos de flores e animais.
Hippies durante o Festival de Woodstock, em Bethel, Estados Unidos. Foto de 1969. O Festival de Woodstock foi representativo da contracultura, marcado pela presença maciça de hippies e de artistas como Janis Joplin, Jimi Hendrix e Carlos Santana, ícones do róqui mundial.

Os yippies

Influenciados pelas agitações contraculturais, em 1968, dois jovens estadunidenses formaram o Partido Internacional da Juventude, cuja sigla em inglês é Iípi (Youth International Party). Os integrantes desse movimento foram chamados de yippies, e seu objetivo era organizar um festival de rock em Chicago durante a tradicional Convenção do Partido Democrata – chamado por eles de Partido Nacional da Morte –, para protestar contra os valores tradicionais da sociedade e a política estadunidense.

Os yippies defendiam uma sociedade alternativa livre, a mobilização política constante, o recurso à violência para enfrentar a repressão, o fim do imperialismo estadunidense, a legalização das drogas e o uso livre e aberto da mídia. Eles promoveram diversas manifestações e muitas delas terminaram em confrontos com a polícia. Também tentaram conjugar diferentes movimentos contraculturais, como o dos hippies, na luta contra o govêrno, mas sem sucesso, já que estes não apoiavam a violência.

Fotografia em preto e branco. Abbie Hoffman, homem de cabelo cacheado, sem camisa, usando óculos escuros. Está sendo levado por dois policiais que seguram seus braços. Eles usam camisa clara, gravata e quepe preto. Um deles usa óculos escuros.
Ábi Rófman, um dos fundadores do Partido Internacional da Juventude, sendo preso ao chegar a uma reunião do Comitê de Atividades Antiamericanas, em uóshinton, Estados Unidos. Foto de 1968.

História em construção

O rock contra a Guerra do Vietnã

Entre os anos 1960 e 1970, muitos artistas criaram músicas de protesto contra a Guerra do Vietnã. Uma delas é a canção War pigs” (Porcos da guerra), que faz parte do álbum Paranoid, da banda britânica de heavy metal Black Sabbath, lançado em 1970. Leia a tradução de um trecho dela.

Morte e ódio à humanidade

Envenenando suas mentes esvaziadas

ó, sim, senhor!

Os políticos se escondem

Eles apenas começaram a guerra

Por que eles deveriam sair para lutar?

Eles deixam esse papel para os pobres

O tempo dirá a suas mentes poderosas

Fazendo guerra só por diversão

Tratando pessoas como peões no xadrez

Espere até o dia do julgamento deles chegar.

WAR pigs. Compositores: Ózi Ósborni, Tôni Aiômi, Guízer Bâtler e Bil Uórdi. Intérprete: Black Sabbath. In: PARANOID. Intérprete: Black Sabbath. [sem local.]: sôni/a tê vê Music Publishing LLC, 1970. 1 éle pê, faixa 1. (Tradução nossa).


Responda em seu caderno.

Questões

  1. Como essa canção descreve os políticos envolvidos na Guerra do Vietnã?
  2. Você conhece outras músicas de rock que contêm críticas à Guerra do Vietnã? Se sim, quais são elas?

1968: o ano da contestação

No ano de 1968, estimulada pelas expressões da juventude com a contracultura, uma onda de protestos agitou diversas partes do mundo. Nos Estados Unidos, movimentos pela defesa dos direitos civis da população negra e protestos contra a Guerra do Vietnã multiplicaram-se. Em países da América Latina, como Brasil e México, manifestantes fizeram greves e passeatas pelo fim das desigualdades sociais e contra a censura, desafiando os regimes ditatoriais.

Na Europa Ocidental, o principal movimento ocorreu na França e ficou conhecido como Maio de 1968. No início daquele mês, milhares de estudantes saíram às ruas de Paris para pedir mudanças na política educacional do país, enfrentando forte repressão policial. Nas semanas seguintes, operários e trabalhadores de outras categorias se uniram aos protestos entrando em greve. Estima-se que cêrca de 6 milhões de trabalhadores tenham paralisado suas atividades na capital francesa.

No bloco socialista, o principal movimento de contestação aconteceu na Tchécoslováquia e ficou conhecido como Primavera de Praga. Em janeiro de 1968, Alequissander Dubicequi, o novo primeiro-secretário do Partido Comunista da Tchecoslováquia, anunciou uma série de medidas para democratizar o socialismo no país. Ele recebeu amplo apôio da sociedade Tchéca, que desejava reformar o regime socialista, introduzindo liberdades democráticas. Isso, entretanto, desagradou a União Soviética, que rejeitou as iniciativas de Dubicéqui.

Em agosto, milhares de tanques e tropas do Pacto de Varsóvia invadiram a Tchécoslováquia. Estudantes, trabalhadores e integrantes de outros setores da população tentaram resistir, mas foram fortemente reprimidos. Alexander Dubicéqui foi deposto e iniciou-se uma série de perseguições políticas aos opositores do regime.

Fotografia. Manifestação de estudantes aglomerados em uma rua em meio a tanques de guerra. Alguns deles estão em pé, sobre um veículo. Um deles segura uma bandeira da Tchecoslováquia. No canto esquerdo da imagem e ao fundo, militares observam a cena.
Tanques soviéticos durante manifestação estudantil em Praga, Tchécoslováquia. Foto de 1968.

Na Polônia, em março de 1968, os estudantes organizaram diversas manifestações contra a censura cultural promovida pelo govêrno, que fechou revistas e prendeu artistas e escritores sob a alegação de incitarem sentimentos antissoviéticos. Os trabalhadores apoiaram a luta estudantil, mas o movimento foi violentamente reprimido. Mesmo assim, os estudantes convocaram uma greve nacional para reivindicar, entre outros direitos, a democratização da universidade e a liberdade de imprensa e expressão. Diversos estudantes, professores e operários foram detidos.

Refletindo sobre

Os jovens estudantes geralmente estão à frente de movimentos pêla conquista de direitos ou de protestos contra guerras, regimes ditatoriais ou situações de injustiça. Em sua opinião, por que isso ocorre? Você participa ou já participou de alguma manifestação estudantil? Por quê? Compartilhe suas ideias com os colegas.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Como se caracterizava a vida dos jovens que nasceram logo após a Segunda Guerra Mundial? De que modo a situação econômica desse período contribuiu para despertar um espírito contestador na juventude?
  2. Quais foram o gênero musical e o movimento cultural que favoreceram a formação da contracultura? Quais eram as principais características deles?
  3. Identifique os principais objetivos dos hippies e dos yippies, apontando as diferenças entre eles.
  4. Por que o ano de 1968 foi um marco na história dos movimentos políticos e sociais?

A luta dos negros pela igualdade nos Estados Unidos

Como você estudou nos anos anteriores, a questão racial nos Estados Unidos sempre foi muito complexa. Por séculos, os negros foram tratados como inferiores e marginalizados. Com a abolição da escravidão no país, em 1863, a violência do racismo se agravou. Criaram-se leis segregacionistas, como as Leis Dim Crôu, institucionalizando práticas racistas. Negros e brancos não podiam conviver. Escolas, restaurantes, ônibus, banheiros públicos, trens e demais espaços públicos eram divididos: uns podiam ser usados apenas por brancos, outros somente por negros.

Em 1955, no Alabama, a costureira Rosa Parcs se recusou a ceder seu lugar no ônibus para uma pessoa branca. Por causa disso, ela foi presa. Esse acontecimento gerou uma onda de protestos contra o segregacionismo. Nos anos 1960, diante das agitações no mundo todo em meio à Guerra Fria, o movimento negro se fortaleceu. O líder e pastor batista Mártin Lúter Quing Júnior teve papel central na organização e no impulsionamento da luta dos negros por direitos civis. Inspirado nas ideias do indiano morrandas caramchând gândi, ele propunha a desobediência civil para alcançar reformas econômicas, sociais e políticas que colocassem fim à discriminação racial. Assim, foram realizadas diversas passeatas no país.

No comêço dos anos 1960, foram fundadas outras organizações de luta contra o racismo, como o Comitê Estudantil de Coordenação Não Violenta (ésse êne cê cê) e o Congresso pêla Igualdade Racial (cór). Ambos os movimentos criaram uma cultura de protesto das populações afrodescendentes e promoveram as chamadas “viagens da liberdade”, que consistiam em transportar negros e brancos juntos em ônibus interestaduais, a fim de desobedecer às leis segregacionistas.

Em agosto de 1963, foi realizada uma grande manifestação contra a discriminação racial e a favor dos direitos civis dos negros na capital estadunidense, que reuniu cêrca de duzentas mil pessoas. Na chamada Marcha de uóshinton, Lúter Quing fez o seu famoso discurso I have a dream (Eu tenho um sonho), no qual clamou pela libertação do povo negro, pelo fim da segregação racial, pela igualdade de direitos e por justiça.

Fotografia. Martin Luther King Junior, homem negro, vestindo terno e gravata. Está no topo de uma colina acenando para uma multidão. Segura um papel com uma das mãos.
Mártin Lúter Quing Júnior discursando para a multidão reunida em uóshinton, Estados Unidos. Foto de agosto de 1963. Quíngui foi assassinado em 1968, durante uma visita em apôio a uma greve de trabalhadores negros em Memphis, Tennessee.
Fotografia. Pessoas reunidas em uma manifestação contra o racismo. Carregam cartazes com os dizeres: “I AM A MAN”.
Manifestação contra o racismo na data que marcou os cinquenta anos do assassinato de Mártin Lúter Quing Júnior, em Memphis, Estados Unidos. Foto de 4 de abril de 2018. Os manifestantes seguravam placas com a frase “Eu sou um homem”.

Responda em seu caderno.

Explore

  1. O que significa o uso da frase “Eu sou um homem” pelos manifestantes?
  2. A manifestação revela o desejo de ruptura ou de permanência da situação vigente? Explique.

A radicalização do movimento negro

Nos anos 1960, ocorreram nos Estados Unidos movimentos radicais que, além de lutar contra a discriminação, criticavam a exploração econômica e o imperialismo estadunidense e apoiavam um “nacionalismo negro”. Mélcolme Équis, por exemplo, era líder do Nação do Islã, movimento que incentivava o empoderamento dos negros e defendia a criação de um Estado negro. Em razão de divergências internas, Málcom xis se afastou do grupo e passou a se envolver mais com o movimento dos direitos civis, pregando a autodefesa contra a violência racista e a valorização das tradições afro-americanas.

As ideias de Mélcolme Équis ganharam muita popularidade entre os negros estadunidenses, influenciando a formação de outros grupos, como o Partido dos Panteras Negras, na Califórnia, em 1966. Os Panteras Negras andavam armados e atuavam na intimidação de pessoas racistas e, principalmente, no monitoramento das atividades da polícia para impedir ações violentas contra os negros. Eles pregavam o orgulho negro e promoviam programas de assistência social para as comunidades.

Os Panteras Negras se espalharam pelos Estados Unidos e, em 1968, tinham o apôio de vários grupos de esquerda do país. Em razão de sua popularidade, o movimento foi violentamente reprimido pelo govêrno. Por meio de infiltrações e sabotagens, o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (éfe bê i) prendeu e assassinou muitos de seus líderes.

Fotografia em preto branco. Homens negros de roupas escuras fazendo poses. Alguns usam óculos escuros.
Membros dos Panteras Negras durante protesto em frente ao tribunal criminal em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 1969. Na ocasião, vinte e um ativistas haviam sido acusados de explodir lojas, uma delegacia e uma via férrea com dinamites.

Diante das pressões do movimento negro, o então presidente Líndon Diônsan (1963-1969) estabeleceu diversas leis que proibiam a discriminação racial no trabalho, nos departamentos de serviços públicos e nas eleições. Também foram criados alguns programas de ação afirmativa para a população negra. As mudanças, porém, foram lentas e, muitas vezes, as medidas do govêrno foram ineficazes, pois o preconceito racial estava enraizado na mentalidade de grande parte da população.

Saiba mais

O Black Power

O termo Black Power, que ficou conhecido em 1966 ao ser utilizado pelo líder do SNCC Stokely Carmichael, incentivava o empoderamento dos negros para que eles reagissem à opressão, ocupando espaços de poder na sociedade, em instituições políticas e econômicas, por exemplo. Era, portanto, um direcionamento para a conquista dos direitos civis.

Com o passar do tempo, essa concepção foi ampliada, e se tornou sinônimo da valorização da cultura e da estética africanas, como o cabelo crespo comprido, passando a definir um modo de agir e de viver de muitas comunidades negras nos Estados Unidos. Assim, o Black Power difundia o orgulho negro.


Fotografia. Angela Davis, senhora sorridente de cabelos cacheados e brancos. Usa óculos. Está sentada falando em um microfone. Usa uma echarpe laranja sobre uma blusa preta.
Angela dêivis, que foi ativista dos Panteras Negras, durante palestra em Birmingham, Estados Unidos. Foto de 2019. Angela continua lutando contra o racismo e defendendo os direitos humanos.

Enquanto isso…

O regime do apartheid na África do Sul

No fim do século dezenove, o território que hoje corresponde à África do Sul, rico em diamantes, era disputado por britânicos e bôeres, colonos que tinham origem principalmente holandesa. Depois de vencer os bôeres, o govêrno britânico criou, em 1910, a União Sul-Africana, área que ficou sob seu domínio com alguma autonomia.

Os britânicos, contudo, se reconciliaram com os africânderes, minoria branca composta sobretudo de descendentes de holandeses, que defendiam políticas segregacionistas. Em 1913, a União Sul-Africana instituiu o Natives Land Act, que estabeleceu que os nativos ficariam com apenas 7,5% das terras do país, mesmo sendo 78% da população. Os negros ficaram com as terras menos férteis, afastadas das cidades e superlotadas. fóra dessas regiões, eles podiam circular, mas não morar.

Durante a Segunda Guerra Mundial, com a rápida industrialização da África do Sul, o crescimento urbano se acelerou e a população negra nas cidades se tornou mais numerosa que a branca. Temendo o fortalecimento da população negra, em 1950, o Parlamento sul-africano, sob domínio dos africânderes, aprovou duas leis que serviram de base jurídica para o regime do apartheid, palavra do idioma africânder que significa “separação”.

  • Ato do registro de populações, que classificou a população sul-africana em quatro grupos raciais: negro, mestiço, asiático e branco.
  • Ato dos grupos e áreas, que dividiu a África do Sul em regiões e estabeleceu o local em que cada grupo poderia se fixar.

Outras leis criadas posteriormente complementaram esses dois atos. A segregação racial atingiu todos os níveis da vida social e política do país. O apartheid separou brancos e não brancos nos espaços públicos, nos meios de transporte, nas escolas e proibiu casamentos entre brancos e negros. Além disso, os negros não podiam participar das eleições, tampouco concorrer a cargos públicos.

A política racista do apartheid foi mantida com violenta repressão a todo tipo de contestação política ao regime. Em 1960, na cidade de Sharpeville, policiais atiraram contra civis negros que realizavam uma manifestação pacífica e mataram 67 pessoas.

Os líderes do movimento, entre eles Nelson Mandéla, aderiram à luta armada para derrotar o regime. Outros foram presos ou deixaram o país. Nesse período, partidos de oposição, como o Congresso Nacional Africano (cê êne á), fundado na década de 1910, foram declarados ilegais. Em 1962, Mandéla foi preso e condenado à prisão perpétua.


Fotografia em preto e branco. Mulher negra com um lenço na cabeça e vestido com listras horizontais está perto da porta de um banheiro. Sobre a porta, uma placa com a informação: Banheiro reservado para mulheres não brancas. A informação está grafada em três idiomas diferentes.
Banheiro reservado para mulheres não brancas durante o regime do apartheid, em souêto, África do Sul. Foto de 1970.

O fim do apartheid

Durante a década de 1970, a luta contra o apartheid, que havia sido duramente reprimida nos anos 1960, retornou com fôrça. Em 16 de junho de 1976, um protesto de jovens estudantes da townshipglossário de Soweto contra a imposição do africânder como língua obrigatória nas escolas foi atacado com tiros pela polícia. Segundo dados oficiais, seiscentas e dezoito pessoas morreram e .1550 ficaram feridas. A maior parte delas tinha menos de 17 anos de idade. Seguiram-se meses de motins, nos quais os edifícios públicos das townships foram destruídos pelos habitantes. As lutas pelo fim do regime se intensificaram. As pressões internacionais e a aproximação do fim da Guerra Fria também ajudaram a enfraquecer a resistência do govêrno em abolir as leis segregacionistas.

Em 1989, Fréderic de Clérc, líder do Partido Nacional, chegou ao poder com a promessa de conduzir um govêrno de conciliação. Em 1990, os partidos de oposição foram legalizados e Nelson Mandéla foi libertado. Em seguida, o cê êne á renunciou à luta armada em troca da liberdade de prisioneiros políticos. Em 1992, as leis racistas do apartheid foram abolidas. Nas eleições realizadas em 1994, Mandéla foi eleito presidente, iniciando uma nova era na África do Sul.

Fotografia em preto e branco. Manifestação de estudantes. Multidão em uma rua larga carregando cartazes.
Estudantes durante manifestação contra a imposição do africânder como língua obrigatória nas escolas, em souêto, África do Sul. Foto de 1976.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Explique o que foi o apartheid.
  2. Como os negros lutaram contra o apartheid?
  3. Em sua opinião, ainda existe segregação (social, racial, de gênero ou cultural) na sociedade atual? Se sim, como ela se expressa?
  4. No Brasil, existem políticas de combate à discriminação racial? Quais são elas?

A emancipação feminina

No clima de contestação dos anos 1960, destacou-se a luta do movimento feminista nos Estados Unidos e na Europa. As mulheres lutavam por direitos sociais e políticos iguais aos dos homens há muito tempo e suas reivindicações foram revistas e aperfeiçoadas nesse período.

Em 1966, com a fundação da Organização Nacional das Mulheres (NOW) pela escritora estadunidense Bédi Frídam, formou-se um “novo feminismo”, que criticava as desigualdades de gênero, lutava pela criação de leis que permitissem maior participação das mulheres nas instituições políticas e econômicas e atuava nos movimentos pelos direitos civis dos negros e contra a Guerra do Vietnã. As mulheres também começaram a criticar o machismo nesses movimentos, evidenciando a falta de lideranças femininas. No mundo socialista, essa característica também era comum: poucas mulheres eram figuras de destaque nos partidos e movimentos revolucionários.

Outra questão que se colocou em debate foi a conciliação da carreira profissional das mulheres com a família e o casamento. Na época, o feminismo incentivou as mulheres a trabalhar fora de casa para conquistar liberdade e autonomia em relação aos maridos. Cabe ressaltar que esse problema dizia respeito principalmente às mulheres casadas de classe média, que, a princípio, não se preocupavam com a questão financeira, mas com a ideia de serem reconhecidas como seres humanos independentes. As mulheres das camadas mais pobres já estavam inseridas no mercado de trabalho desde o fim da Segunda Guerra Mundial e não viam nessa questão uma carga ideológica tão profunda.

Com a revolução moral e cultural dos anos 1960, outras ideias foram incorporadas ao movimento feminista, como a crítica às instituições tradicionais, principalmente ao casamento, a defesa da liberdade sexual, o uso da pílula anticoncepcional, o direito ao prazer e a legalização do aborto. Um dos livros que influenciaram o feminismo dos anos 1960 foi O segundo sexo, de Simone de Buvuár, lançado em 1949. Nessa obra, a autora lançou a ideia de que “não se nasce mulher, torna-se mulher”, questionando a condição de fragilidade e subserviência imposta às mulheres pêla sociedade patriarcal.

Fotografia em preto e branco. À frente, duas mulheres segurando cartazes com palavras de ordem. Ao fundo, outras pessoas na manifestação.
Manifestação do movimento Mulheres Radicais de Nova iórque pelo fim do concurso de beleza Miss America, em New Jersey, Estados Unidos. Foto de 1968. Nos cartazes, lê-se: “Mulheres, não objetos” e “Todas as mulheres são bonitas”.
Fotografia em preto e branco. Mulheres negras e brancas reunidas em uma manifestação na rua. Carregam faixas.
Manifestação de mulheres organizada por ativistas dos Panteras Negras e pelo Movimento de Libertação da Mulher, em New Haven, Estados Unidos. Foto de 1969.

O respeito à diversidade

As manifestações pela liberdade sexual, pelo amor livre e contra o patriarcado, lideradas principalmente pelos movimentos hippie e feminista, foram importantes para impulsionar a luta dos homossexuais contra o preconceito e pelo reconhecimento de seus direitos civis.

O ano de 1969 foi um marco nessa luta. Em 28 de junho daquele ano, homossexuais que frequentavam o bar Stonewall, em Nova iórque, entraram em confronto com policiais, que abusavam de seu poder ao fazer operações ilegais no estabelecimento, extorquindo dinheiro das pessoas e realizando prisões sem motivos. O acontecimento teve ampla cobertura da imprensa e contribuiu para que gays, lésbicas e travestis se unissem para colocar em discussão seus direitos e combater a homofobia. No ano seguinte, eles realizaram uma grande passeata pelo orgulho gay.

O movimento iniciado em Nova iórque influenciou a formação de outros, como a Frente de Libertação Gay, em Londres, que reivindicava, principalmente, a retirada da homossexualidade da lista de doenças nas universidades de medicina.

Fotografia. Grupo de pessoas celebrando na rua. Carregam bexigas e faixas.
Parada do Dia da Libertação Gay realizada em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 1971.

Conexão

Cabeça de nêgo

Direção: Deo Cardoso

País: Brasil

Ano: 2020

Duração: 86 minutos

O filme mostra uma situação de racismo sofrida pelo jovem Saulo na escola em que estuda. Inspirado pelo movimento dos Panteras Negras, o jovem reage ao evento tentando modificar a realidade em que vive, dando início a uma grande mobilização coletiva.


Cartaz de filme. No centro, jovem negro de cabelos cacheados e usando óculos. Está cabisbaixo. O fundo é alaranjado.
Cartaz de divulgação do filme Cabeça de nêgo, 2020.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Como era a vida da população negra nos Estados Unidos no comêço dos anos 1960?
  2. Caracterize o movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, identificando os seus resultados.
  3. O que foi o “novo feminismo” iniciado nos anos 1960 nos Estados Unidos e na Europa? Quais eram as reivindicações das mulheres naquele período?
  4. De que fórma as transformações comportamentais e culturais dos anos 1960 contribuíram para impulsionar a luta dos homossexuais contra o preconceito?

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Analise o cartaz. Depois, faça o que se pede.

Cartaz. Ilustração de ovelhas cabisbaixas voltadas para a esquerda. No topo do cartaz a informação: RETOUR A LA NORMALE...
Cartaz francês distribuído pelas ruas de Paris durante os movimentos estudantis de 1968. Nele, lê-se: “De volta ao normal”.

Explique de que maneira o cartaz expressa as ideias do movimento Maio de 1968.

2. Leia o texto que analisa a situação dos afro-americanos nos Estados Unidos, cêrca de 50 anos após o fim da discriminação institucionalizada no país. Depois, responda à questão.

reticências a discriminação não desapareceu: manifesta-se por outros canais. reticências ‘Em uóshinton reticências, estima-se que três em cada quatro jovens negros reticências possivelmente passarão algum tempo da vida na cadeia.’ reticências

reticências A taxa de pobreza entre os negros é de 28,1%, enquanto entre os brancos ela chega a 12%. A taxa de desemprego é de 11,4% para os negros e de 5,3% para os brancos. A taxa de abandono escolar entre os negros é de 5,2% e entre os brancos, menos da metade disso.

Bássets Márc. Os Estados Unidos, depois do Missouri. El País Brasil, São Paulo, 23 agosto 2014. Disponível em: https://oeds.link/LyPnMH. Acesso em: 31 março 2022.

De acôrdo com o texto, a discriminação dos negros ainda pode ser observada nos Estados Unidos? Explique.

3. Analise a imagem para responder às questões.

Cartaz. Fotografia com duas mãos entrelaçadas. Uma delas é masculina, e a outra é feminina. Ambas usam o mesmo relógio analógico dourado no punho. O relógio do homem é maior que o da mulher. Sobre a foto, a frase: EQUAL PAY. EQUAL TIME.
Cartaz de propaganda de relógios veiculada em 1972, em que se lê: “Pagamento igual, tempo igual”.
  1. De que tipo de igualdade a propaganda trata?
  2. A que movimento social essa reivindicação está atrelada?

Aluno cidadão

4. Você estudou que os movimentos sociais, políticos e culturais dos anos 1960 colocaram em debate temas como igualdade de gênero, não violência, preconceito racial e homossexualidade. Com base nisso, discuta as seguintes questões com os colegas.

  1. De que modo esses movimentos dos anos 1960 impulsionaram a luta contra as diversas fórmas de preconceito?
  2. Qual é a importância dos movimentos sociais, políticos e culturais para a conquista e a manutenção dos direitos humanos?
  3. É importante que os jovens se preocupem com as questões políticas de seu tempo? Por quê?
  4. O que é ser politizado?

Conversando com arte

5. Nos anos 1950 e 1960, surgiu o movimento artístico conhecido como pop art. Os artistas da pop art criticavam a visão tradicional da arte e criavam obras utilizando elementos da cultura de massa, como filmes Róliudianos, quadrinhos, propagandas, embalagens de produtos etcétera Analise esta obra representativa da pop art. Depois, faça o que se pede.

Pintura. Aviões militares em combate no céu. O avião à esquerda, com uma estrela na lataria, lança um míssil na direção do outro. O piloto diz:  I PRESSED THE FIRE CONTROL... AND AHEAD OF ME ROCKETS BLAZED THROUGH THE SKY… O míssil atinge o outro avião causando uma grande explosão WHAAM!.
Uâm!, pintura de Rói Líctenstaim, 1963. Tate Modern, Londres, Reino Unido. Nela, lê-se: “Eu apertei o contrôle de fogo… e à minha frente foguetes brilharam no céu”.
  1. Que elemento da cultura de massa da época foi usado nessa obra?
  2. Você acha que essa pintura representa a juventude dos anos 1960? Por quê?
  3. Pesquise outros exemplos de obras da pop art e, inspirando-se neles, crie um desenho, uma pintura, uma colagem, uma estampa etcétera considerando a cultura de massa atual. Depois, compartilhe seu trabalho com os colegas.

Versão adaptada acessível
  1. Que elemento da cultura de massa da época foi usado nessa obra?
  2. Você acha que essa pintura representa a juventude dos anos 1960? Por quê?
  3. Pesquise na internet três pintores que representam esse período e descrições sobre as principais obras criadas por eles. Escreva um texto sintetizando o resultado de sua pesquisa e, depois, compartilhe-o oralmente com os colegas.

enêm e vestibulares

6. (enêm-Méqui) O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência social, tal como se pode comprovar pelo seguinte trecho, retirado de texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural:

É preciso discutir em todos os lugares e com todos. O dever de ser responsável e pensar politicamente diz respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos surpreender com o caos das ideias, pois essa é a condição para a emergência de novas ideias. Os pais do regime devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e não precisa delas.

Journal de la comune étudiante. Textes et documents. Paris: Seuil, 1969. (Adaptado).

Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968:

  1. foram manifestações desprovidas de conotação política, que tinham o objetivo de questionar a rigidez dos padrões de comportamento social fundados em valores tradicionais da moral religiosa.
  2. restringiram-se às sociedades de países desenvolvidos, onde a industrialização avançada, a penetração dos meios de comunicação de massa e a alienação cultural que deles resultava eram mais evidentes.
  3. resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social e religioso que prevaleceu nos países ocidentais durante as décadas de 70 e 80.
  4. tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus fortes desdobramentos nos planos social e cultural, expressos na mudança de costumes e na contracultura.
  5. inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o ambientalismo, a promoção da equidade de gêneros e a defesa dos direitos das minorias.

Glossário

Township
: denominação dada a bairros situados na periferia das cidades sul-africanas, nos quais a população não branca era obrigada a viver.
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