CAPÍTULO 14  Fim da Guerra Fria e os desafios do século vinte e um

Fotografia. Greta Thunberg, moça loira de cabelo comprido discursando em um palanque. À frente dela, fotógrafos, repórteres e uma multidão com cartazes.
A jovem ativista sueca Greta Tãnberg em manifestação a favor de ações políticas e econômicas para conter o aquecimento global, em Berlim, Alemanha. Foto de 2021.

O trecho a seguir foi retirado do livro Indignai-vos!, do diplomata franco-alemão Istefâne Essél. Nascido em uma família judaica, Essél combateu o nazismo como militante da resistência francesa e foi enviado a campos de concentração, de onde conseguiu fugir. Após a guerra e a criação da ônu, foi um dos redatores da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O livro de Essél, que trata de muitas questões do mundo contemporâneo, pode ser lido como um manifesto aos jovens de todo o planeta.

Eu desejo a todos, a cada um de vocês, que tenham seu motivo de indignação. Isso é precioso. Quando alguma coisa nos indigna, como fiquei indignado com o nazismo, nos transformamos em militantes; fortes e engajados, nos unimos à corrente da história, e a grande corrente da história prossegue graças a cada um de nós. Essa corrente vai em direção de mais justiça, de mais liberdade reticências.

A pior das atitudes é a indiferença, é dizer ‘não posso fazer nada, estou me virando’. Quando assim se comportam, vocês estão perdendo um dos componentes indispensáveis: a capacidade de se indignar e o engajamento, que é consequência desta capacidade.

Hoje, podemos identificar dois grandes novos desafios:

1. A imensa distância entre os muito pobres e os muito ricos, distância que não para de crescer. reticências

2. Os direitos humanos e o estado [ambiental] do planeta. reticências

A todos aqueles e aquelas que construirão o século vinte e um, dizemos com carinho: CRIAR É RESISTIR. RESISTIR É CRIAR.

Résssel, Istefâne. Indignai-vos! São Paulo: Lêia, 2011. página 16, 22 e 36.

  • Qual é a relação da imagem com o texto? Justifique seu ponto de vista para os colegas.
  • Você milita por alguma causa social? Se sim, por qual ou quais e por que você faz isso?

A desestalinização da União Soviética

Após a morte de Jôsef Istálin, em 1953, Naiquita Crúchéf assumiu a liderança do Partido Comunista da União Soviética e deu início a um programa de reformas que ficaram conhecidas como desestalinização, pois modificavam políticas importantes do govêrno stalinista.

O marco desse processo foi o vigésimo Congresso do Partido Comunista da União Soviética, ocorrido em 1956, no qual Cruchév denunciou os crimes cometidos pela ditadura stalinista, como perseguições, torturas e assassinatos, além do culto à personalidade promovido por Istálin. Iniciou-se, assim, uma política controlada de flexibilização do regime. Cruchév diminuiu a repressão aos opositores do govêrno, anistiou presos políticos e concedeu mais liberdade à imprensa.

No plano internacional, uma das medidas mais importantes foi a distensãoglossário das relações com os Estados Unidos. Cruchév foi o primeiro líder soviético a visitar o país rival, em 1959.

A abertura promovida por Cruchév gerou forte impacto no mundo socialista e contribuiu para que as diferenças políticas, econômicas e culturais aflorassem nos países do bloco soviético. Diversos movimentos se formaram exigindo o estabelecimento de um socialismo democrático e o direito à autodeterminação dos povos. Essas manifestações, contudo, como as que ocorreram na Polônia e na Hungria, foram reprimidas com violência.

No plano econômico, a agricultura e a produção industrial de bens de consumo continuaram insuficientes. No campo político, muitos se mostravam contrariados com as medidas democratizantes e o personalismo de Cruchév, que acabou derrubado por um golpe de Estado em 1964.

Fotografia em preto e branco. Dois homens de terno, com as mãos para trás, um ao lado do outro. À esquerda, Dwight Eisenhower, senhor alto, calvo e com os olhos arregalados. Usa terno escuro. À direita, Nikita Kruschev, sorridente. Senhor calvo, mais baixo de rosto arredondado. Usa terno claro com duas insígnias do lado esquerdo.
O presidente dos Estados Unidos, duáit aizênrráuer (à esquerda), e Naiquita Crúchéf durante visita do líder soviético aos Estados Unidos. Foto de 1959. A visita de Cruchév ao país rival foi um marco da política de coexistência pacífica.

O govêrno Brejinéve

O conservador Leonid Brejnev assumiu o govêrno soviético com a proposta de mobilizar esforços para solucionar problemas diagnosticados desde os anos 1950, como a dificuldade de aumentar a produção agrícola e a de implementar novos métodos de gestão e de organização do trabalho.

Brejinéve também reafirmou o poder do Partido Comunista da União Soviética e sua supremacia sobre os demais partidos comunistas do Leste Europeu. A defesa do princípio da hegemonia soviética no bloco socialista, incluindo o direito de a União Soviética intervir militarmente nos países dissidentesglossário , ficou conhecida como Doutrina Brejinéve. Foi baseada nessa política a invasão da Tchecoslováquia em 1968, na chamada Primavera de Praga, que você estudou no capítulo 12.


Sinais da crise soviética

Os indícios do enfraquecimento da economia soviética já eram evidentes na década de 1970 e se agravaram nos anos 1980, quando o setor industrial apresentou menor crescimento.

A agricultura, apesar dos investimentos, também decaía, e os problemas de infraestrutura, como ausência de locais adequados para o armazenamento dos produtos, meios de transporte precários e desorganização no abastecimento das cidades, multiplicaram-se. Para evitar uma situação de colapso, o govêrno soviético teve de aumentar as importações de cereais e subsidiar a produção de alimentos.

Enquanto os países capitalistas avançados davam saltos de produtividade desenvolvendo materiais e explorando áreas como informática, telecomunicações, robótica e biotecnologia, a União Soviética se deixava ultrapassar em quase todos esses setores. Os países socialistas pareciam incapazes de acompanhar a revolução científico-tecnológica em curso no bloco capitalista.

A crise econômica soviética agravou-se após a invasão do Afeganistão e a guerra nesse país (leia a seção "Saiba mais"). O conflito se estendeu por dez anos e consumiu enormes recursos do orçamento soviético, pois o govêrno de Moscou viu-se obrigado a aumentar os investimentos em armas e equipamentos militares.

Saiba mais

A Guerra do Afeganistão (1979-1989)

A Guerra do Afeganistão é considerada o último conflito armado da Guerra Fria. O confronto teve início em 1979, quando uma insurreição no Afeganistão ameaçou o govêrno pró-soviético estabelecido no país. Interessado em preservar o aliado afegão, Brejinéve ordenou a entrada de tropas soviéticas no território vizinho.

Durante os três primeiros anos de conflito, a ofensiva soviética estendeu-se por todo o país. Nos anos seguintes, os soviéticos perderam dois terços de seus aliados afegãos para a resistência local, dirigida pelos mujarrídim, os combatentes do islã. Apoiados e armados pelos Estados Unidos, os mujarrídim assumiram progressivamente o contrôle da maior parte do território.

Após dez anos de combates, as tropas soviéticas, derrotadas, retiraram-se do Afeganistão. A operação foi uma catástrofe para a economia da União Soviética e uma humilhação perante a comunidade internacional.


Fotografia. Homens de roupas largas e turbantes. Carregam armas. Estão em uma colina de terra com muitas pedras.
mujarrídim durante a Guerra do Afeganistão. Foto do comêço dos anos 1980.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que foi a desestalinização?
  2. Quais foram as consequências das denúncias feitas por Cruchév sobre os crimes cometidos por Stálin?
  3. Aponte três indícios da crise econômica soviética a partir dos anos 1970.

O govêrno Gorbatchóvi: reformas decisivas

micaíl gorbatchóv assumiu a secretaria-geral do Partido Comunista da União Soviética em março de 1985. Sua eleição revelava uma relativa disposição do partido para reformas no Estado soviético. Admitia-se, ainda que de maneira difusa, a necessidade de reduzir a excessiva centralização burocrática para enfrentar os problemas econômicos e políticos que afetavam o bloco soviético. Com o objetivo de renovar o regime político do país, Gorbatchóvi adotou medidas para reestruturar a economia e ampliar as liberdades políticas.

Algumas das primeiras ações de Gorbatchóvi relacionavam-se à corrida armamentista, pois a competição militar com os Estados Unidos impedia a aplicação de recursos em setores importantes da sociedade que se encontravam carentes de investimentos, como a indústria de bens de consumo, os transportes e a tecnologia de ponta.

Diante desse cenário, Gorbatchóvi decretou a suspensão dos testes nucleares, reduziu pela metade os investimentos em armamentos estratégicos, instituiu o contrôle rigoroso da produção de armas convencionais e determinou a destruição dos arsenais nucleares do país até o ano 2000. Além disso, defendeu a retirada soviética do Afeganistão, que foi concluída em 1989.

Em razão dessas medidas ousadas, Gorbatchóvi conquistou a simpatia de nações do mundo inteiro. O apôio da opinião pública internacional ajudava também a legitimar sua liderança na União Soviética e nos países do bloco socialista.

Fotografia. Dois homens de terno conversam na rua. À esquerda, Ronald Reagan, homem alto, de rosto comprido e cabelos escuros penteados de lado. Usa terno escuro e gravata vermelha. À direita, Mikhail Gorbachev, homem mais baixo, calvo e rosto arredondado. Usa terno claro e gravata cinza. Ao fundo, uma grande igreja de tijolos avermelhados com diversas torres. Cada torre tem uma cúpula colorida.
micaíl gorbatchóv (à direita) e o presidente estadunidense Rônald Rêiguen, em Moscou, União Soviética. Foto de 1988.
Charge em preto e branco. Esqueleto chutando uma bola no gol. Em sua camiseta, a palavra WAR. No gol, dois homens com os braços abertos. Um é Reagan, magro de cabelo penteado de lado, e o outro é Gorbachev, mais baixo, calvo de rosto arredondado.
Charge de Nícolas Gárland representando um esqueleto (com a palavra “guerra” escrita em inglês na camisa) chutando uma bola contra os presidentes da União Soviética e dos Estados Unidos, 1985.

Responda em seu caderno.

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Que relação pode ser estabelecida entre essa charge e a Guerra Fria?


perestróica: a reestruturação da economia

Para o govêrno Gorbatchóvi, os principais problemas da economia soviética eram o desperdício dos recursos públicos e a centralização excessiva da produção nas mãos do Estado. Era preciso, então, reformar a economia, torná-la mais eficiente, produtiva e autônoma. O conjunto de medidas adotadas para modernizar a economia do país ficou conhecido como perestróica (“reestruturação”).

Além do córte dos gastos com armas, a perestróica incluía o estímulo à produção de bens de consumo (como eletrodomésticos), a liberdade de ação para os pequenos negócios (como estabelecimentos comerciais), o aumento dos salários de acordo com a produtividade do trabalhador e o contrôle da qualidade dos produtos. A reforma também liberou a entrada de empresas estrangeiras no país.

glasnóst: a transparência política

Em abril de 1986, um acidente na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, expôs as dificuldades da administração soviética. Somente trinta horas depois do acidente, o govêrno admitiu a explosão do reator. Para os críticos, o desastre poderia ter sido evitado se houvesse transparência na gestão da usina. Foi adotado, então, um novo termo para designar as medidas políticas que seriam tomadas na União Soviética: a glasnóst (“transparência”).

Além de garantir liberdade de expressão e liberação de presos políticos, por meio da glasnóst o govêrno soviético permitiu que as informações referentes à administração do Estado fossem levadas a público. Dessa maneira, abriu-se um amplo debate a respeito dos problemas econômicos, políticos e sociais do país. Pela primeira vez na União Soviética as pessoas puderam discutir publicamente (por meio da imprensa, inclusive) temas como liberdade, corrupção e sexualidade. A abertura política também possibilitou que se expressassem críticas ao regime, que ficaram cada vez mais acirradas.

Fotografia. Em primeiro plano, pessoa segura uma fotografia de um grande prédio horizontal, com muitas pessoas ao redor. Em segundo plano, atrás da fotografia, o mesmo prédio em ruínas, cercado por vegetação alta.
Ao fundo, prédio abandonado na cidade de Pripiá, Ucrânia. Em primeiro plano, uma pessoa mostra uma fotografia do mesmo local em 1986 antes do acidente na usina nuclear de xernobíl. Foto de 2015. A explosão do reator da usina, localizada a três quilômetros de Pripiá, liberou na atmosfera radiação equivalente à de mais de duzentas bombas atômicas iguais à lançada em iroshíma, no Japão. Em razão do acidente, a cidade de Pripiá foi evacuada.

Refletindo sobre

A energia nuclear é um tema polêmico. Seus defensores argumentam que ela apresenta muitas vantagens: é limpa, não contribui para o aquecimento global e independe das condições climáticas. Seus críticos, em contrapartida, apontam como desvantagens o alto custo da construção das usinas, o risco de vazamento ou de explosão dos reatores e a dificuldade de dar um destino seguro ao lixo radioativo. Faça uma pesquisa sobre as diferentes fontes de energia, suas vantagens e desvantagens, considerando o impacto ambiental. Depois, debata com os colegas: Que fontes de energia são mais adequadas para o Brasil? Argumente em defesa do seu ponto de vista.


O fim do socialismo no Leste Europeu

Desde sua formação, a u érre ésse ésse abrigava grande variedade de povos, línguas e religiões submetidos ao domínio político e cultural da Rússia. Com o avanço das reformas defendidas por Gorbatchóvi e o agravamento da crise econômica, o clima de tensão se exacerbou e as rivalidades nacionais começaram a abalar o contrôle exercido pelo Estado soviético.

A partir de 1986, uma série de revoltas eclodiram nas repúblicas integrantes da u érre ésse ésse motivadas pelo afloramento dos nacionalismos. Levantes de grupos étnicos ou religiosos se espalharam por Cazaquistão, Crimeia e região do Cáucaso, abalando a unidade política soviética. Nessa região, armênios e azerbaijanos passaram a disputar o contrôle de Nagôrno Carabáqui, localidade situada no território do Azerbaijão, mas habitada, em sua maioria, por cristãos armênios, que manifestaram o desejo de incorporar-se à Armênia. Na Geórgia, outro país caucasiano, os conflitos também se multiplicaram: em 1989, o exército soviético abriu fogo contra manifestantes, deixando dezesseis mortos. As fôrças repressivas do Estado foram acionadas na tentativa de conter a expansão das revoltas e dos conflitos, mas não tiveram sucesso.

Fotografia em preto e branco. Militares passando por crianças na rua de um vilarejo.
Tropas soviéticas patrulhando as ruas após dezenove meses de conflitos étnicos entre azerbaijanos e armênios, em Nagôrno Carabáqui, Azerbaijão. Foto de outubro de 1989.

As mobilizações populares e guerras civis no Leste Europeu resultaram no fim do regime socialista e na progressiva inserção dos países da União Soviética na economia de mercado. Na Hungria (em 1988), na Polônia e na Tchecoslováquia (em 1989), governos comprometidos há tempos com Moscou foram substituídos. Nesses locais, o sistema político de partido único foi extinto.

Em 1989, a derrubada do Muro de Berlim (leia a seção "Saiba mais") se tornou um marco da derrocada do socialismo no Leste Europeu.

Saiba mais

A queda do Muro de Berlim

Em 9 de novembro de 1989, após meses de manifestações nas principais cidades da Alemanha Oriental, o govêrno anunciou a abertura de todas as fronteiras com a Alemanha Ocidental. O muro erguido em 1961 para dividir Berlim foi derrubado, e milhares de pessoas, dos dois lados da cidade, celebraram juntas um dos mais importantes eventos do século vinte. Em outubro de 1990, após a realização de eleições, concluiu-se o processo de reunificação da Alemanha.


O fim da União Soviética

Os movimentos democráticos do Leste Europeu repercutiram na União Soviética, aprofundando a crise política no país e fortalecendo os movimentos separatistas. Após a Lituânia declarar a independência, em 1990, outras repúblicas proclamaram a soberania das leis nacionais sobre as leis soviéticas. Diante do avanço do separatismo, Gorbatchóvi propôs um pacto federativo entre as repúblicas para tentar evitar o fim da União Soviética.

Em 12 de junho de 1991, Bóris Iéltsin, ex-dirigente comunista e favorável ao aprofundamento das mudanças, foi escolhido presidente da Rússia, em eleições diretas, o que desestabilizou ainda mais a unidade soviética. Aproveitando a crise política, as repúblicas soviéticas oficializaram a independência.

Em dezembro de 1991, apoiado pelos presidentes da Bielorrússia e da Ucrânia, Bóris Iéltsin anunciou a criação da Comunidade dos Estados Independentes (sei), à qual onze repúblicas aderiram. Com isso, Gorbatchóvi renunciou e a União Soviética deixou de existir, estabelecendo-se uma nova ordem mundial.

A difícil estabilidade

Os conflitos nacionalistas frequentemente estiveram associados a disputas por áreas e recursos naturais, como ocorreu na Ucrânia, país com uma parcela significativa de cidadãos falantes da língua russa.

Em 2014, depois de um golpe de Estado que derrubou o presidente Víctor Ianucôviti, aliado de Moscou, o govêrno russo aproveitou as rivalidades entre os ucranianos para invadir e anexar a Crimeia, região estratégica por abrigar importantes portos marítimos no Mar Negro. Ao mesmo tempo, grupos separatistas apoiados pela Rússia na região de Donbas, no leste do território ucraniano, entraram em conflito com as tropas oficiais da Ucrânia e formaram as repúblicas populares de Lurránsc (érre pê éle) e de donétiski (érre pê dê), não reconhecidas pelo govêrno ucraniano.

Em 2022, os conflitos culminaram na invasão da Ucrânia pela Rússia, dando início a uma guerra entre os dois países. O então presidente russo, Vladimir Pútin, alegou que a invasão fôra motivada pelos ataques sistemáticos de grupos neonazistas à população de origem russa em Donbas e pela intenção da Ucrânia de se integrar à otâm, o que, para ele, significava uma ameaça à segurança da Rússia.

Fotografia. Algumas pessoas agasalhadas com casacos em gorros descem de um ônibus carregando algumas malas e sacolas.
Civis chegando à cidade litorânea de Odessa, Ucrânia, após o ataque russo a Maicolêi, distante 130 quilômetros. Foto de 2022. Os objetivos da Rússia eram tomar a capital da Ucrânia, Quiévi, e forçar o país a se desmilitarizar e a adotar uma posição neutra em relação à otâm.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Explique por que a Guerra do Afeganistão agravou a crise soviética.
  2. Escreva dois parágrafos explicando as reformas conhecidas como perestróica e glasnóst e as consequências delas para os países do bloco socialista e para a União Soviética.

Enquanto isso…

O massacre da Praça da Paz Celestial

As mobilizações por liberdades democráticas inspiradas pelas reformas soviéticas também atingiram a China, um dos países mais fechados do bloco socialista. Após a morte de máo tsé tung, em 1976, dãn chiáo pín assumiu o poder e iniciou um programa de abertura econômica com foco no desenvolvimento da agricultura, na modernização das indústrias e na integração da economia chinesa ao mercado internacional. Com isso, a China conheceu um significativo crescimento econômico: o Produto Interno Bruto do país, que era de 149,5 bilhões de dólares em 1978, atingiu 961,6 bilhões de dólares em 1997, ano em que chiáo pín faleceu. Em 2021, o PIB chinês superou 17,7 trilhões de dólares.

No entanto, o programa de Xiaoping não previa reformas políticas, o que motivou estudantes e intelectuais chineses a se mobilizar para exigir a democratização do país. A resistência do líder reformista Rú Iaobén em apoiar as medidas repressivas contra manifestantes provocou seu afastamento do Partido Comunista, gerando ainda mais revolta. Seu falecimento, em abril de 1989, impulsionou os protestos estudantis que ocorriam na Praça Tianâmem, ou Praça da Paz Celestial, na capital chinesa.

No mês de maio de 1989, a China recepcionou o líder soviético micaíl gorbatchóv. O govêrno evitou levar Gorbatchóvi ao local onde aconteciam as manifestações, mas a imprensa internacional fez a cobertura delas. A crescente multidão concentrada na Praça da Paz Celestial repercutiu em todo o mundo.

Preocupado com a dimensão que as mobilizações tomavam, o govêrno decidiu reprimi-las com intensidade. Na noite de 3 de junho, tropas do exército ocuparam a Praça da Paz Celestial e dispararam contra os populares que ocupavam o local, promovendo um sangrento massacre. Embora o govêrno tenha reconhecido a morte de 200 pessoas, estima-se que cêrca de mil vidas tenham sido perdidas no episódio.

O trágico fim dos protestos da Praça da Paz Celestial acabou com os anseios por mais liberdade de toda uma geração de chineses e transformou a prosperidade material no principal instrumento de satisfação pessoal. reticências O consumo e a exibição de símbolos de státus passaram a definir a identidade dos emergentes.

TREVISAN, Cláudia. Os chineses. São Paulo: Contexto, 2014. página 265.

Fotografia. Em uma grande avenida, pessoa em pé, impedindo o fluxo de tanques de guerra que estão à sua frente.
Manifestante interrompendo o avanço de tanques chineses em Pequim, capital da China, no dia em que ocorreu o massacre da Praça da Paz Celestial. Foto de junho de 1989.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. De que modo as reformas promovidas por micaíl gorbatchóv na União Soviética contribuíram para incentivar os protestos dos estudantes chineses?
  2. Cláudia Trevisan afirmou que o fim trágico dos protestos da Praça da Paz Celestial acabou com os anseios por mais liberdade de toda uma geração, que passou a acreditar no consumo como meio de satisfação pessoal. Relacione essa afirmação à atual situação da China. Se necessário, faça uma pesquisa para responder à questão.

A desintegração da Iugoslávia

A Iugoslávia, que era formada por seis repúblicas (Sérvia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Montenegro e Eslovênia) e duas regiões autônomas (cossôvo e Voivodina), também foi atingida pelas reformas de Gorbatchóvi. Como em outros países do bloco comunista, às aspirações democráticas somava-se uma grave crise econômica, com queda da atividade industrial e crescimento do desemprego, da dívida externa e da inflação. Esse contexto despertou rivalidades nacionais que causaram a desintegração da Iugoslavia.

A primeira república a tornar-se independente foi a Eslovênia, em 1991, e a última foi cossôvo, em 2008. Nesse intervalo, ocorreu uma guerra civil na antiga Iugoslávia, com ações de extrema violência que chocaram o mundo.

A divisão da Iugoslávia

Mapa. A divisão da Iugoslávia. Destaque para o território da antiga Iugoslávia. 
Legenda: 
Linha verde: Limites da antiga Iugoslávia.
No mapa, os limites da antiga Iugoslávia englobavam: em laranja, Eslovênia, capital Luibliana; em roxo, Croácia, capital Zagreb; em amarelo, Bósnia-Herzegovina, capital Sarajevo; em verde, Montenegro, capital Podgorica; em rosa, Sérvia, capital Belgrado; em rosa, Kosovo, capital Pristina; em vermelho, Macedônia do Norte, capital Skopje. Na Sérvia há a região autônoma de Voivodina, capital Novi Sad.
No canto inferior, ao centro, rosa dos ventos e escala de 0 a 150 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 89.

A Guerra da Bósnia

A Bósnia-Herzegovina reunia os principais grupos étnicos e religiosos da Iugoslávia. Em 1991, eram 4,3 milhões de habitantes, sendo 44% bósnios muçulmanos; 31% sérvios, a maioria cristãos ortodoxos; 17% croatas, muitos dos quais adeptos do catolicismo; além de minorias étnico-religiosas.

Nesse ano, o parlamento bósnio manifestou a intenção da região de se separar da Iugoslávia. Naquele momento, Eslovênia, Croácia e Macedônia já haviam declarado independência, e a Iugoslávia estava reduzida a Sérvia e Montenegro. A minoria sérvia da Bósnia, no entanto, não aceitou a separação. Em março de 1992, o govêrno da Bósnia convocou um plebiscito para definir os destinos do país. Os bósnios muçulmanos e os croatas votaram pela independência. Os sérvios, em contrapartida, decidiram ir à guerra, apoiados pelo govêrno da Sérvia.

Os três anos de conflito foram marcados por chacinas promovidas pelos sérvios contra bósnios muçulmanos e croatas e pela criação de campos de concentração. Nesses campos, os sérvios realizaram uma brutal limpeza étnica. Em menor escala, bósnios muçulmanos e croatas também fizeram uso dessa prática.

A guerra só terminou em novembro de 1995, quando os Estados Unidos, com o apôio da União Europeia, forçaram os dois lados a assinar o acôrdo de deiton. A Bósnia foi, então, dividida em República Sérvia e Federação Bósnio-Croata.

Saiba mais

O Massacre de Sureibrenítiça

Na parte leste da Bósnia, na pequena cidade de Sureibrenítiça, em julho de 1995, soldados sérvios, auxiliados por grupos paramilitares, protagonizaram um massacre: mais de 8 mil homens e meninos bósnios muçulmanos foram assassinados e seus corpos atirados em valas comuns.

Srebrenica era uma área de segurança da ônu em uma região dominada pelos sérvios e deveria ser protegida pelas tropas holandesas que integravam a missão de paz. Mas, diante da aproximação das tropas sérvias, os soldados, que estavam em número reduzido, retornaram para a base em Potocaria.

A falha foi reconhecida pela ônu e a Holanda parcialmente responsabilizada pela tragédia. Em 2001, o general sérvio Radisláv Crustíti e o comandante militar sérvio Rátuco Muláditi foram condenados à prisão perpétua pelo Tribunal de Áia, que julga crimes contra a humanidade.


A globalização

O termo globalização pode ser definido como um processo bastante amplo, que identifica o intenso intercâmbio mundial de mercadorias, capitais, pessoas, serviços e informações. Para muitos especialistas, o fenômeno se iniciou com a expansão marítima europeia dos séculos quinze e dezesseis, mas se intensificou e se consolidou com a chamada Terceira Revolução Industrial. Iniciada na década de 1970, essa revolução se caracteriza pelo desenvolvimento de tecnologias, como a robótica, a informática e a biotecnologia, e resultou, entre outras mudanças, no aumento da produtividade, na extinção de profissões tradicionais e no barateamento de milhares de produtos.

História em construção

A internet popularizou-se na década de 1990 com o lançamento do sistema “WWW” (sigla da expressão em inglês World Wide Web, que significa “rede de abrangência mundial”). Atualmente, os bilhões de usuários podem acessar e divulgar informações, trocar experiências e mensagens, compartilhar opiniões etcétera

A internet tornou-se um dos principais símbolos do mundo globalizado. O acesso à rede, porém, não significa que as pessoas estejam de fato "conectadas" socialmente. É preciso ficar atento para que as relações virtuais não substituam as experiências não virtuais e o convívio pessoal. Além disso, a internet é um espaço que pode ser utilizado para a prática de crimes e manipulação, como roubo de dados bancários e disseminação de vírus, por exemplo.

Quando navegamos na internet e acessamos os sites, nossas informações pessoais são capturadas e integram imensas bases de dados. Com base neles, as empresas conseguem mapear informações sobre os usuários, como gostos e interesses, e direcionar publicidade para incentivar o consumo. As informações coletadas também são utilizadas com fins políticos para o direcionamento de mensagens que podem manipular a opinião do usuário sobre determinados temas. Nas eleições para a presidência dos Estados Unidos, em 2016, por exemplo, essa estratégia foi largamente utilizada na campanha de dônald tramp. A campanha do candidato foi produzida por Istívi Bênon, sócio de uma empresa especializada em análise de dados. Antes das eleições, por meio de um questionário criado pelo pesquisador Alequissênder Côgan, a empresa capturou dados privados de aproximadamente 87 milhões de usuários de uma rede social e os utilizou para produzir conteúdo político direcionado, moldando a campanha em função das tendências e impulsos do eleitorado dos Estados Unidos. Esse caso despertou a atenção do mundo para o risco de ameaça à democracia que a coleta de dados via internet representa.

Tirinha. Dividida em três quadrinhos.
Quadrinho 1: senhor calvo, usando óculos, está sentado usando o computador. Ele diz: A INTERNET ESTÁ MUDANDO AS RELAÇÕES HUMANAS.
Quadrinho 2: senhora de cabelos claros, sentada em uma poltrona. Ela vira o rosto para trás e diz: EU SEI, RODOLFO.  VOCÊ ME ESCUTA CADA VEZ MENOS.
Quadrinho 3: ainda olhando para a tela, o homem continua falando: SÃO QUASE DOIS BILHÕES DE PESSOAS CONECTADAS.
Quadrinhos dos anos 10, tirinha de André dãmer, 2010.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Estabeleça uma relação entre a tirinha, a internet e a globalização.
  2. Como a coleta de dados na internet pode afetar a liberdade de pensamento dos usuários?

A União Europeia

Um dos principais blocos econômicos da atualidade teve origem no Mercado Comum Europeu (ême cê ê), criado em 1957 por meio do Tratado de Roma. Inicialmente, apenas seis países faziam parte do bloco. Em 1992, o Tratado de mastríchi substituiu o de Roma, e o antigo ême cê ê passou a se chamar União Europeia (u ê), integrando 12 países. Porém, esse número aumentou significativamente, chegando a 27 em meados de 2022.

Entre as mudanças propostas pelo Tratado de mastríchi estava a criação de uma União Econômica Monetária, com o objetivo central de criar uma moeda comum para os Estados-membros, o euro, que começou a circular em 2002. Além disso, definiu-se que os cidadãos da União Europeia estão integrados a um mercado unificado e sujeitos a uma política externa e de segurança comum, tendo o direito de circular livremente entre as fronteiras dos países-membros.

O Brexit

O Reino Unido aderiu à Comunidade Europeia em 1973, mas, desde o início, permaneceu fóra da zona do euro. Em junho de 2016, os britânicos foram convocados a participar de um referendo para decidir a permanência do Reino Unido na União Europeia. A maioria (51,9%) votou pela saída dos britânicos do bloco econômico, em um processo que ficou conhecido por Brexit, termo formado pela junção das abreviações das palavras Britan (Grã-Bretanha) e exit (saída).

O resultado do referendo tem explicações econômicas, políticas e sociais. Entre elas estão o desejo popular de resgatar a soberania do govêrno britânico sobre as leis do Parlamento Europeu, a expectativa de que as contribuições do Reino Unido que iam para a União Europeia sejam destinadas aos setores internos, principalmente à saúde, e, para alguns, o fortalecimento do discurso nacionalista e o aumento da hostilidade contra imigrantes.

Em 2015, cêrca de 630 mil estrangeiros entraram no Reino Unido. Diante desse quadro, os defensores do Brexit atacaram o alto custo da imigração, que prejudicaria a prestação dos serviços essenciais à comunidade do país. No sudeste do Reino Unido, por exemplo, onde muitos trabalhadores estavam desempregados ou viviam de trabalhos precários, o discurso contra a imigração e pela saída da União Europeia teve mais adesão.

A saída dos britânicos da União Europeia deu novo ânimo aos movimentos separatistas na Escócia e na Irlanda do Norte, que preferem fazer parte da União Europeia a integrar o Reino Unido. Na Holanda, na França e na Itália, grupos de ultradireita passaram a defender a realização de uma consulta popular para decidir a permanência ou não desses países no bloco europeu. Segundo analistas e políticos, esses movimentos representariam uma reação em cadeia motivada pelo Brexit.

Fotografia. Jovens em uma manifestação. À frente um cartaz feito à mão com os dizeres cuja tradução é: Não ao Brexit. Ao fundo, uma grande torre com um relógio.
Jovens britânicos manifestando-se contra o Brexit, em Londres, Reino Unido. Foto de 2016. Os jovens, principalmente os moradores da capital britânica, estiveram à frente do movimento pela permanência do país na União Europeia.

Os Estados Unidos na nova ordem mundial

No final do século vinte, com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos impuseram-se como a maior potência econômica, financeira, militar e tecnológica do mundo, com poder para decidir as questões geopolíticas mais importantes do planeta. Assim, a palavra hiperpotência passou a designar a supremacia mundial do país.

Contudo, ao longo da primeira década do século vinte e um, o envolvimento dos Estados Unidos em conflitos internacionais – especialmente na invasão do Afeganistão (2001) e na do Iraque (2003) – e o crescimento dos chamados países emergentes significaram uma perda relativa de poder do país. Além disso, a crise econômica que eclodiu em 2008 (estudaremos esse assunto na página 261) abalou sua estabilidade e teve como consequência a diminuição da renda das famílias e o aumento da desigualdade social. Em 2022, a dívida públicaglossário dos Estados Unidos superou pela primeira vez 30 trilhões de dólares, e a inflação atingiu 7,9%, a maior taxa em 40 anos.

Soma-se a isso uma redução da confiança internacional nos Estados Unidos como resultado das revelações feitas por éduard isnôuden, em 2013. De acôrdo com o ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (êne ésse a), os Estados Unidos espionaram as comunicações e os serviços na internet de cidadãos, governos e empresas de todo o mundo, inclusive do Brasil, com o argumento de monitorar e prevenir atos terroristas. Desse modo, o país desrespeitou o princípio da inviolabilidade de correspondência, estabelecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Como consequência, no plano das relações internacionais, a liderança dos Estados Unidos vem se tornando menor. O govêrno estadunidense não pode tomar decisões unilaterais, pois é crescente a tendência mundial de que problemas como terrorismo, narcotráfico, proliferação de armas nucleares e mudanças climáticas sejam tratados por meio da cooperação entre governos.

Do ponto de vista econômico, o mundo caminha para a multipolaridade, ou seja, para a existência de vários centros econômicos, em que se destacam os países-membros do Acordo Estados Unidos, México e Canadá (u ésse ême cê á, sigla em inglês), da União Europeia, do bríquis e da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (apéqui). Essa tendência se aprofundou com a ascensão econômica e política da China e com a invasão russa na Ucrânia em 2022.

Charge. Senhor calvo com um casaco da NSA passando em uma rua vazia. Acima dele, um balão de pensamento com um ponto de exclamação. Nas janelas dos prédios, pessoas se comunicando por meio de latas interligadas por fios.
Evitando ser ouvido pela êne ésse a, charge de Mariã Camênsqui, 2013. Após as denúncias de éduard isnôuden, analistas sobre a globalização passaram a discutir de que fórma a vigilância da êne ésse a coloca em xeque a soberania dos países e a privacidade de milhões de pessoas.

Responda em seu caderno.

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Qual é a crítica apresentada na charge?


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Defina globalização e relacione-a ao desenvolvimento da internet.
  2. Explique o que é a União Europeia e quais são seus objetivos.
  3. O que caracteriza a multipolaridade econômica do mundo atual?

Brics: a ascensão dos emergentes

Em 2001, o economista britânico Djim Ôu Níl utilizou a sigla bríc para identificar um grupo heterogêneo de quatro economias emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China. Apenas em 2006, porém, o conceito formulado por Ôu Níl originou o grupo propriamente dito. Em 2011, a África do Sul foi admitida no bloco, o que levou à inclusão de um “S” (de South Africa) na sigla original, dando origem ao bríquis.

O objetivo do bríquis é estabelecer uma agenda de cooperação mútua a fim de favorecer o crescimento econômico e a influência geopolítica dos integrantes. Até 2022, essa cooperação estava prevista para as áreas da Saúde, Ciência e Tecnologia, Segurança e Empresarial. Além disso, em 2015 foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento do bríquis (êne dê bê) com a finalidade de alavancar investimentos em infraestrutura e favorecer o desenvolvimento sustentável dos países emergentes.

Fotografia. Chefes de Estado posando para foto, alinhados lado a lado. Homens e mulheres acenando com uma das mãos.
Presidentes do Brasil, da Rússia, da China e da África do Sul e o primeiro-ministro da Índia reunidos durante a 9ª Cúpula do Brics em Xiamen, na China. Foto de setembro de 2017. Nesse encontro compareceram representantes de países convidados como Egito, Guiné, Tajiquistão, México e Tailândia.

A ascensão chinesa

O programa de abertura econômica da China conduzido por dãn chiáo pín a partir da década de 1980 permitiu a instalação no país de empresas transnacionais. O objetivo era adotar alguns elementos do capitalismo, mas mantendo os bancos e as empresas energéticas sob contrôle do Estado. Esse sistema misto foi chamado de “economia socialista de mercado”.

Em 2001, a China entrou para a Organização Mundial do Comércio (ó ême cê), atraindo ainda mais investimentos externos. Em 2005, as empresas de capital privado já eram responsáveis por 60% do Produto Interno Bruto do país. Os produtos chineses, baratos e de qualidade, expandiram o comércio internacional de mercadorias e alteraram os padrões globais de consumo e de produção.

O crescimento econômico de 10% ao ano tornou a China, em 2011, a segunda maior economia do mundo, logo abaixo dos Estados Unidos. No entanto, considerando a paridade de poder de compra (pê pê cê) – método que calcula o poder de compra da população dos países por meio da conversão da moeda local para dólar ou euro –, a China já é o país mais rico do mundo. Além disso, tornou-se também um gigante tecnológico.

O impacto da inserção da China no mercado mundial foi imenso não apenas por sua competitividade, mas por tratar-se, também, de uma potência nuclear, com indústria armamentista própria e tecnologia aeroespacial, além de ser um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ônu.

Saiba mais

A “nova classe média”

A cooperação efetuada pelo bríquis favoreceu o crescimento econômico do Brasil na primeira década do seculo vinte e um. Uma das consequências disso foi o aumento do poder de consumo de parte da população do país, representada por cêrca de 30 milhões de cidadãos, que passaram a integrar a “nova classe média”. Porém, o sociólogo e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (ipéa) Jessé de Souza, considera essa classificação equivocada, pois o consumo e a renda não são os únicos critérios que definem a classe média. Elementos como tempo disponível e recursos financeiros para estudar, visitar museus e exposições, viajar e ler livros são características fundamentais dessa camada social. Os brasileiros da “nova classe média”, entretanto, começam a trabalhar cedo, em jornadas extenuantes, estudam em escolas de baixa qualidade e precisam de muita disciplina para melhorar a renda. Por isso, Jessé de Souza os nomeou “batalhadores” do Brasil.


Crises da economia globalizada

Todo processo inovador, como a globalização, traz desafios e oportunidades, mas também pode gerar crises profundas. Foi assim no México (1994), nos novos países industrializados da Ásia Oriental (1997), na Rússia (1998) e na Argentina (2001). Os governos desses países, sem condições de honrar suas dívidas, assinaram acôrdos com o Fundo Monetário Internacional (éfe ême í) para a liberação de empréstimos emergenciais a fim de financiar a recuperação econômica. Em contrapartida, o éfe ême í exigiu deles a adoção de políticas muito duras de austeridade fiscal e de combate à inflação.

Em 2008, uma crise atingiu as economias mais desenvolvidas. Iniciou-se no mercado imobiliário dos Estados Unidos, aquecido até então pela política descontrolada de expansão de crédito. O ápice da crise aconteceu em setembro daquele ano, quando uma tradicional instituição bancária estadunidense declarou falência. A notícia provocou uma reação em cadeia, com a queda drástica das ações negociadas nas bolsas, a falência de empresas e o fechamento de postos de trabalho no país.

A opção do govêrno estadunidense naquele ano para conter o pânico e evitar um desastre ainda maior foi socorrer empresas e bancos em dificuldade com empréstimos, os quais chegaram a 2 trilhões de dólares.

A crise na União Europeia

A crise econômica mundial de 2008 também abalou vários países da zona do euro. Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha foram os mais afetados. Isso aconteceu porque esses países não tinham mecanismos de defesa para evitar a queda da atividade econômica e a fuga de investidores e, ao mesmo tempo, manter as metas estabelecidas pelo Tratado de Maastricht. Conforme o tratado, a dívida pública e o déficit do orçamentoglossário não poderiam ultrapassar, respectivamente, 60% e 3% do Píbi. Todos os países citados superaram os dois tetos.

Se não fizessem parte da zona do euro, eles poderiam tentar recuperar a economia usando como estratégia a desvalorização de suas moedas nacionais. Mas como a moeda é única, se isso fosse feito, em última análise, teria início a dissolução da União Europeia. O Banco Central Europeu, o éfe ême í e o Banco Mundial, então, iniciaram uma ação para renegociar a dívida externa de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. A liberação de novos empréstimos, porém, foi condicionada ao cumprimento de rigorosas metas de contrôle dos gastos públicos.

Com o objetivo de cumprir essas obrigações, os governos desses países congelaram salários e aposentadorias e cortaram gastos, especialmente nos setores sociais, gerando fortes protestos populares. A queda do padrão de vida e o aumento do desemprego, principalmente entre os jovens, estão entre as consequências dessa crise.

Fotografia. Multidão reunida em uma manifestação de rua. Todos usam boné laranja. À frente, uma longa faixa e uma mulher com a boca aberta, segurando o boné na mão.
Manifestação contra as medidas de austeridade, em Atenas, Grécia. Foto de 2011. A população grega se revoltou contra o pacote de austeridade do govêrno, que reduziu salários, cortou serviços sociais e aumentou impostos, enquanto os empréstimos concedidos ao país foram utilizados para recuperar bancos e garantir que o Estado continuasse a operar.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

9. Escreva um parágrafo caracterizando os países que compõem o bríquis e o principal objetivo do grupo.


Concentração de renda

A dinâmica da globalização gerou fortes impactos sociais. Apesar da dinamização do comércio internacional e da crescente geração de riqueza, verificou-se nesse século o aumento das disparidades sociais, tanto no distanciamento entre países ricos e pobres como no interior de cada país. O relatório produzido por mais de uma centena de pesquisadores de todo o mundo para o World Inequality Lab, em 2021, aponta que 52% da renda global está concentrada nas mãos dos 10% mais ricos, ao passo que a metade mais pobre da população recebe apenas 8% dessa renda.

Quando a pesquisa trata da riqueza acumulada, o cenário é ainda mais dramático: a metade mais pobre de toda a população mundial tem apenas 2% da riqueza global, enquanto os 10% mais ricos detêm 76% de toda a riqueza existente no planeta. De acôrdo com o relatório, a menor desigualdade está na Europa e a maior desigualdade é encontrada no Norte da África e no Oriente Médio. Na América Latina, a desigualdade também é um problema grave, pois 55% de toda a riqueza nacional estão concentrados nas mãos de apenas 10% da população.

Pobreza, imigração e xenofobia

Além da concentração de riqueza, outra tendência que se acentuou com o processo de globalização foi o aumento expressivo do fluxo migratório em direção aos países desenvolvidos e aos integrantes do bríquis. As migrações são impulsionadas por dificuldades econômicas nos países em desenvolvimento, como o desemprego, por conflitos armados e por catástrofes ambientais.

Na mesma proporção do aumento da imigração, a intolerância da população e dos governos nacionais em relação aos estrangeiros também tendeu a crescer. Na Europa, manifestações e ataques a imigrantes vêm se tornando cada vez mais frequentes. Em competições esportivas realizadas em países europeus, por exemplo, atletas de origem africana, árabe e latino-americana, brasileiros inclusive, têm sido alvo de manifestações racistas.

Nos últimos anos, o aumento das restrições à entrada de imigrantes, os crescentes casos de xenofobia e a ascensão de novos mercados vêm provocando mudanças na dinâmica das migrações. Países emergentes passaram a receber números consideráveis de imigrantes. O Brasil, por exemplo, tornou-se o destino de muitos bolivianos, africanos, venezuelanos e haitianos.

Fotografia. Pessoas, em sua maioria homens, em um longa fila em uma região arborizada. Sobre elas uma placa com os dizeres em espanhol cuja tradução é: BEM VINDOS A BOA VISTA.
Refugiados venezuelanos aguardam em fila por comida, em Boa Vista, Roraima. Foto de 2018. Centenas de venezuelanos tiveram que se deslocar para o Brasil e a Colômbia para fugir da crise econômica em seu país. Muitos deles são vítimas de xenofobia no Brasil.

Os movimentos antiglobalização

As crises do mundo globalizado geraram problemas de governabilidade e representatividade dos sistemas políticos e do Estado de bem-estar social. Em razão disso, no final dos anos 1980, ocorreram protestos contra o éfe ême í e o Banco Mundial. Durante essas manifestações foram expostos, pela primeira vez, os problemas advindos da globalização, principalmente aqueles ligados à preservação do meio ambiente.

Na década de 1990, participantes de movimentos ambientalistas criticaram o modêlo de desenvolvimento econômico com base na produção e no consumo em larga escala, por ser responsável pela depredação dos recursos naturais, pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa e pela produção de dejetos poluentes. À questão ambiental somou-se o movimento internacionalista 500 anos de resistência, que apontou principalmente as demandas dos indígenas e camponeses da América Latina, como você estudou na abertura do capítulo 13. Promoveram-se, então, discussões sobre educação, cultura, dívida externa e a condição das mulheres, a fim de valorizar a autodeterminação dos povos, recuperar os movimentos populares e construir um projeto de justiça, igualdade e respeito entre as culturas da América Latina.

Em 1994, organizou-se no México o Exército Zapatista de Libertação Nacional (ê zê éle êne). Os integrantes do movimento promoveram uma insurreição armada contra a entrada do México no náfta (atual u ésse ême cê á) e denunciaram as precárias condições de vida dos povos indígenas, reivindicando “pão, saúde, educação, autonomia e paz”. Com o tempo, os zapatistas abandonaram a guerrilha e passaram a usar as novas tecnologias da informação como ferramentas de luta.

Em 1998, a reunião de diferentes movimentos sociais deu origem à Ação Global dos Povos (a gê pê). Com base na descentralização e na autonomia, a a gê pê tinha como princípios a rejeição dos blocos econômicos, a desobediência civil não violenta, a construção de alternativas locais e a iniciativa popular. Ela seria um instrumento de coordenação entre os movimentos sociais de todos os continentes na luta anticapitalista.

O marco desse movimento ocorreu em 1999, em Seattle, nos Estados Unidos, quando cêrca de 100 mil pessoas protestaram contra a Rodada do Milênio da Organização Mundial do Comércio (ó ême cê). Esse acontecimento deu origem a outras manifestações perante as reuniões internacionais do éfe ême í, da União Europeia, do gê sete (grupo formado pelas maiores economias industrializadas do mundo: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá) etcétera Nesse contexto antiglobalização, foi realizado pela primeira vez o Fórum Social Mundial (éfe ésse ême), em Porto Alegre, em 2001. O éfe ésse ême é um espaço de encontro e troca de experiências de diferentes movimentos sociais de todo o mundo.

Fotografia. Pessoas dentro de uma sala de paredes amarelas, janelas e portas verdes, com o pé direito alto e bem iluminada. Algumas pessoas estão sentadas ao redor de uma mesa oval assistindo um grupo de mulheres que vestem saias coloridas. Sobre a mesa um banner com as informações: FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 24 A 28/01/2022. UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL, GRISALHO.
Participantes do Fórum Social Mundial éfe ésse ême realizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foto de dezembro de 2021. O éfe ésse ême, que acontece desde 2001, propõe debater questões relativas a economia capitalista, democracia, direitos das minorias e acesso à tecnologia.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Como a crise econômica de 2008, iniciada nos Estados Unidos, afetou a União Europeia?
  2. A globalização gerou grandes lucros no mundo em razão do enorme crescimento das exportações de mercadorias e serviços. No entanto, as desigualdades sociais aumentaram. Explique por quê.
  3. O que são os movimentos antiglobalização?

A defesa do meio ambiente

O crescimento econômico das últimas décadas causou impactos ambientais de grande extensão, como desmatamento, poluição, desertificação e acúmulo de gases na atmosfera, principalmente de dióxido de carbono (cê ó dois), responsáveis pelo aumento do efeito estufa e consequente elevação da temperatura na superfície do planeta.

O problema da degradação ambiental vem sendo discutido há décadas, porém seu combate enfrenta grande resistência de governos e empresários.

Em junho de 1992, ocorreu no Rio de Janeiro a Cúpula Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a maior conferência internacional até então realizada no mundo. O evento foi o marco para a posterior elaboração do Protocolo de quiôto.

Protocolo de quiôto

Em 1997, milhares de cientistas e autoridades de todo o mundo, reunidos em quiôto, no Japão, debateram as medidas necessárias para reduzir ou reverter os efeitos do aquecimento global. O resultado da discussão foi a elaboração do Protocolo de quiôto, que estabeleceu metas para redução, até 2012, das emissões de gases em 5% do total emitido em 1990, assinado por vários países.

As metas de redução foram criticadas tanto por ambientalistas, que as consideravam muito tímidas, quanto pelos empresários e industriais, que afirmavam serem inviáveis pelo alto custo de implementação. Os Estados Unidos, que historicamente são os maiores emissores mundiais de dióxido de carbono, e o Canadá retiraram-se do Protocolo de quiôto em 2001.

Na Europa, no final de 2012, houve uma redução de cêrca de 18% na emissão de gases de efeito estufa em relação a 1990. Isso excedeu a meta de 8% (com a qual a União Europeia se comprometeu), porém, não foi suficiente para limitar o aumento da temperatura global entre 1,5 grauscélsius a 2 grauscélsius em comparação com o período pré-industrial.

Novos acôrdos

Em 2011, durante a Conferência do Clima da ônu, em Durban, na África do Sul, representantes dos quase 200 países participantes concordaram em ampliar as decisões de quiôto, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em 25% a 40% até 2020. Países que até então não eram signatários do Protocolo de quiôto, como Estados Unidos, China e Índia, também aderiram ao compromisso. Entretanto, a Rússia, o Japão e a Nova Zelândia não ratificaram o acôrdo.

A nova Conferência do Clima da ônu (cópi vinte e seis) foi realizada em novembro de 2021 em Glasgow, Escócia. O objetivo de limitar o aquecimento global em 1,5 grauscélsius não foi atingido e novas metas foram estabelecidas até 2030. Na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unéa cinco) em 2022, um dos temas discutidos foi a necessidade da redução da poluição plástica. De acôrdo com a ônu, a produção de plástico é de cêrca de 400 milhões de toneladas por ano, das quais apenas 9% são recicladas – o restante é incinerado ou descartado no meio ambiente, em aterros ou nos oceanos.

Fotografia. Estrela-do-mar dentro de um copo plástico jogado na praia. Ao lado, outros resíduos.
Estrela-do-mar em meio a lixo em praia da Ilha de vancúver, Canadá. Foto de 2018. Grande parte do lixo plástico descartado nas cidades alcança os oceanos, o que ameaça a vida marítima.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

13. Qual tem sido a principal meta das conferências do clima organizadas pêla ônu?


Terrorismo

O terrorismo pode ser definido, de maneira genérica, como um tipo de ação violenta que causa intimidação e medo e tem finalidade política. Os atos terroristas estão concentrados em regiões que sofrem com instabilidade governamental e conflitos armados, como ocorre em países do Oriente Médio, do Sael, da África Subsaariana e do sul da Ásia. Consulte o mapa.

Um dos atentados terroristas mais significativos do século vinte e um aconteceu em 11 de setembro de 2001, quando aviões foram lançados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova iórque, e contra o Pentágono, na Virgínia, símbolos do poder econômico e militar dos Estados Unidos. O grupo extremista islâmico Al Caeda, liderado pelo saudita ozâma bín ládem, assumiu a autoria dos ataques.

A guerra ao terror no Afeganistão

Depois da retirada soviética do Afeganistão, em 1989, os diferentes grupos afegãos que lutaram contra os invasores passaram a disputar o poder internamente. Entre eles, destacou-se, a partir de 1994, o grupo fundamentalista religioso Talibã.

Controlando aproximadamente 90% do território afegão, o govêrno do Talibã combateu a influência ocidental e se orientou por uma interpretação radical das leis islâmicas. Assim, as mulheres foram obrigadas a abandonar os estudos e o trabalho, e a homossexualidade passou a ser criminalizada. Quem desrespeitasse as leis sofria penas severas, como a morte por apedrejamento e a decepação das mãos.

A pressão contra os afegãos aumentou quando o Talibã deu abrigo a Osama bin Laden. Com a negativa do govêrno afegão de entregar o líder terrorista, uma coalizão de fôrças militares comandada pelos Estados Unidos invadiu o país em 2001, obrigando o Talibã a recuar para o Paquistão. Em 2021, o govêrno estadunidense iniciou a retirada das tropas de ocupação. Com isso, o Talibã retomou o contrôle do Afeganistão, sinalizando a intenção de governar diplomaticamente. Contudo, relatos de violação dos direitos humanos continuam ocorrendo no país.

Países impactados pelo terrorismo (2021)

Mapa. Países impactados pelo terrorismo, 2021. Planisfério político.
Legenda: Impacto do terrorismo. 
Vermelho escuro: Muito alto.
Vermelho: alto.
Laranja: médio.
Rosa: baixo.
Amarelo: muito baixo.
Verde: sem impacto. 
Cinza: sem dados.
Muito alto: Mali, Nigéria, Somália, Síria, Iraque e Afeganistão. Alto: Chile, Colômbia, Níger, Chade, Egito, República Democrática do Congo, Camarões, Moçambique, Quênia, Índia, Paquistão e Filipinas. Médio: Estados Unidos, Venezuela, Peru, Argélia, Líbia, Tanzânia, Congo, Costa do Marfim, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia, Grécia, Turquia, Irã, Iêmen, Myanmar, Malásia, Indonésia, Nova Zelândia. Baixo: Canadá, México, Equador, Argentina, Paraguai, Benin, Etiópia, Arábia Saudita, Líbano, Israel, Jordânia, Espanha, Itália, Suíça, Áustria, Ucrânia, Tajiquistão, Malásia, Austrália. Muito baixo: Brasil, Uruguai, Marrocos, Mauritânia, Sudão, Gabão, Angola, África do Sul, Zimbábue, Irlanda, Islândia, Bélgica, República Tcheca, Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Romênia, Moldávia, China, Vietnã, Japão. Sem impacto: Cuba, Haiti, República Dominicana, Porto Rico, Belize, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Bolívia, Guiana, Senegal, Gâmbia, Guiné Bissau, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Gana, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Namíbia, Botsuana, Zâmbia, Madagascar, Eritreia, Omã, Portugal, Polônia, Eslováquia, Letônia, Estônia, Lituânia, Bielorrússia, Hungria, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Bulgária, Cazaquistão, Usbequistão, Turcomenistão, Mongólia, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Laos, Camboja, Papua Nova Guiné. Sem dados: Suriname, Saara Ocidental, Tailândia.
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.510 quilômetros.

Fonte: GLOBAL Terrorism Index 2022: measuring and understanding the impact of terrorism. Sydney: Institute for Economics and Peace, 2022. página 8-9. Disponível em: https://oeds.link/exEU4Y. Acesso em: 18 julho 2022.

Saiba mais

O fundamentalismo religioso

O fundamentalismo é um tipo de pensamento presente em quase todas as religiões. Ele se caracteriza pela interpretação literal dos textos sagrados e a adoção deles como única orientação possível para os diversos aspectos da vida dos fiéis, como as relações familiares e sociais e a organização política. Os fundamentalistas se concentram nos dogmas de sua religião e não admitem os princípios de outras crenças.


A invasão do Iraque

Em 2003, sem o consentimento da ônu, tropas lideradas pelos Estados Unidos invadiram o Iraque sob a alegação de que o país possuía armas de destruição em massa e fornecia ajuda bélica e econômica a grupos radicais islâmicos, como a Al Caeda. Todavia, a ação militar tinha também motivação econômica, pois o Iraque tem uma das maiores reservas petrolíferas do mundo.

sadâm russein, presidente iraquiano, foi capturado no final de 2003 e condenado à morte. As armas de destruição em massa nunca foram encontradas, mas as tropas estadunidenses permaneceram no Iraque até 2011 sem nunca conseguir estabilizar o país. Grupos insurgentes passaram a promover atentados contra as fôrças estrangeiras presentes no Iraque, e uma guerra civil entre xiitas e sunitas teve início, deixando milhares de mortos. Mesmo depois da retirada das tropas estrangeiras, o Iraque continuou tendo violentos conflitos internos.

O Estado Islâmico

Um dos saldos da ação dos Estados Unidos e de seus aliados no Afeganistão e no Iraque foi a formação de grupos extremistas ainda mais violentos que o Talibã e a Al Caeda em vários países do Oriente Médio, especialmente Iraque e Síria, e da África, como Moçambique, Nigéria e Chade.

Esses grupos terroristas recrutam militantes fóra de suas zonas de influência, atraindo jovens muçulmanos ou de origem árabe, muitas vezes nascidos e criados em países europeus ou nos Estados Unidos. A exclusão social de jovens árabes imigrantes nos países do Ocidente e a política externa dos Estados Unidos são algumas das razões que explicam o rápido crescimento de grupos como o Estado Islâmico.

Formado durante a ocupação estadunidense no Iraque, em 2014 o grupo aproveitou a instabilidade política no país e na Síria para conquistar territórios na região e proclamar um Estado regido pela lei islâmica (charia), o que motivou os Estados Unidos a intervir no Oriente Médio para conter o avanço do grupo.

Entre 2017 e 2019, o Estado Islâmico sofreu vários revezes, tendo sido derrotado primeiro no Iraque e depois na Síria. Todavia, conseguiu se reorganizar e, desde 2021, voltou a promover ataques terroristas em vários países do Oriente Médio e do sudeste asiático, como Iraque, Afeganistão, Israel e Indonésia. Atualmente, o avanço do Estado Islâmico pêla África tem causado preocupação na comunidade internacional.

Fotografia. Dois homens de cabelo escuro e barba comprida. Um deles veste um colete sobre a túnica branca. O outro, de túnica escura, empurra com as duas mãos uma estátua.
Cena de vídeo postado na internet em fevereiro de 2015, no qual militantes do Estado Islâmico destroem estátua do Museu de Mosul, Iraque. A destruição de peças arqueológicas da Mesopotâmia foi uma prática recorrente desse grupo.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. De maneira genérica, como o terrorismo pode ser definido?
  2. Como a invasão do Iraque está relacionada à formação do Estado Islâmico?

Movimentos sociais e políticos contemporâneos

A dissolução da União Soviética e o fortalecimento da economia de mercado no mundo a partir dos anos 1990 produziram transformações também no campo das lutas políticas nas sociedades ocidentais. De um lado, implicaram a redução progressiva da organização dos trabalhadores em torno da defesa de seus interesses de classe e um recuo dos movimentos de caráter revolucionário e, de outro, o fortalecimento de um tipo de ativismo mais segmentado, como o movimento feminista, o movimento éle gê bê tê quê i a mais, a luta antirracista e o combate ao capacitismoglossário .

Se, no passado, essas pautas integravam a agenda progressista em uma posição subordinada à luta contra a exploração do trabalhador, no presente elas frequentemente se apresentam descoladas dela, o que tem suscitado acalorados debates sobre a natureza do ativismo contemporâneo.

O movimento feminista

No início da década de 1990, o movimento feminista dos Estados Unidos passou a dar maior visibilidade para questões que já haviam sido destacadas anteriormente, como o combate à violência física e psicológica contra a mulher, a luta contra a discriminação no trabalho e a defesa dos direitos reprodutivos das mulheres. As questões levantadas nesse período ampliaram-se globalmente na mídia tradicional e na internet, principalmente a partir de 2012.

O uso da mídia impressa e de ferramentas da internet, como blogs, vídeos, podcasts e redes sociais digitais, ampliou o movimento feminista, permitindo a mobilização de mais mulheres em todo o mundo. Campanhas virtuais disseminaram-se e ganharam rápida adesão. Em 2014, a ônu lançou a #HeForShe (“Ele por ela”), uma campanha de solidariedade para encorajar as pessoas, especialmente os homens, a se posicionarem contra a desigualdade de gênero.

Na premiação do Oscar 2015, atrizes protestaram contra perguntas sexistas com o lema #AskHerMore (“Pergunte mais a elas”), reivindicando que fossem feitas perguntas sobre a carreira das mulheres, e não somente sobre a aparência física delas. Em 2017, o movimento #MeToo (“Eu também”) ganhou fôrça no mundo artístico internacional ao incentivar as mulheres a denunciarem assédio sexual e abusos sofridos na profissão, levando à punição de homens poderosos da indústria do cinema.

Fotografia. Mulheres em uma manifestação. Carregam juntas uma faixa com os dizeres: DE #METOO #WETOGETHER. Na frente da faixa uma pessoa falando no megafone.
Manifestação do movimento From #MeToo to #WeToogether (“Do ‘Eu também’ ao ‘Nós juntas”) em protesto contra a cultura do estupro, do patriarcado e do assédio, em Paris, França. Foto de 2018. Na faixa, lê-se: “Todas juntas contra as violências sexistas”.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

16. Como as novas tecnologias digitais influenciaram o movimento feminista?


A luta antirracista

No capítulo 12, você estudou as mobilizações em defesa de direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Apesar das conquistas obtidas na legislação, o preconceito racial continuou sendo realidade no país. Um dos principais efeitos do racismo é a desigualdade econômica. Os bairros negros são os mais pobres e degradados das cidades estadunidenses, com escolas precárias, atendimento médico ineficiente ou inexistente, alto índice de desemprego, criminalidade e violência.

A eleição de Barác Obama, em 2008, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, e a de camála réris, em 2021, a primeira mulher e a primeira negra a ocupar o cargo de vice-presidente, sinalizaram mudanças na sociedade americana. Contudo, o racismo ainda se manifesta socialmente e tem gerado reações da população em geral. Em 2015, por exemplo, foi criada a campanha Black Lives Matter (“Vidas negras importam”), que pretendia dar visibilidade ao racismo existente na sociedade estadunidense e combater todas as suas manifestações.

Fotografia. Pessoas em uma manifestação. À frente, uma moça negra de cabeça baixa, usando um lenço amarelo nos cabelos, carrega uma pintura com rosto de George Floyd. Homem negro, rosto comprido, cabelo curto. Lábios grossos e marcas de expressão ao redor da boca. Ao lado dela um cartaz com os dizeres cuja tradução é: Vidas negras importam. Ao fundo, outras pessoas participam da manifestação.
Manifestação do movimento Black Lives Matter contra o assassinato de George Flóid, em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de junho de 2020. No dia 25 de maio de 2020, George Flóid foi asfixiado pelo policial Dérec Chovín durante uma abordagem na cidade de Mineápolis, Estados Unidos.
A Primavera Árabe

O início do século vinte e um também foi marcado pela eclosão, em diversos países, de protestos em massa contra o autoritarismo, a corrupção, o desemprego e a baixa qualidade de vida. Esses movimentos se caracterizaram pelo protagonismo juvenil e o uso das redes sociais digitais para sua organização e divulgação.

Os primeiros grandes movimentos dessa natureza eclodiram no Norte da África e no Oriente Médio e ficaram conhecidos como Primavera Árabe. Eles tiveram início em 2010 a partir de protestos populares contra a morte de um vendedor ambulante da Tunísia, que se suicidou após ter sofrido uma tentativa de extorsãoglossário por parte de inspetores do govêrno. Os protestos foram duramente reprimidos pela polícia, porém os manifestantes não cederam. Com isso, o presidente tunisiano Bên Áli abandonou o país, refugiando-se na Arábia Saudita.

No ano seguinte, movimentos semelhantes espalharam-se por outros países, como o Egito, a Líbia e a Síria, sempre acompanhados de forte repressão policial e promovendo instabilidade política. Diversos deles culminaram na derrubada dos governos locais, mas não conseguiram assegurar a melhoria das condições de vida da população nem instaurar governos democráticos. Na Síria, eles desencadearam uma violenta guerra civil iniciada em 2011 e que, em 2022, já havia deixado cêrca de 300 mil mortos e mais de 6,6 milhões de refugiados.

Conexão

fács de saraiêvo

Diôu Quíubert. São Paulo: Via Leitura; Lêvoar, 2016.

Durante a Guerra da Bósnia, o quadrinista estadunidense Diôu Quíubert acompanhou os horrores do cerco a saraiêvo por meio das mensagens via fács enviadas pelo amigo e editor Ervín Rustemaguít, que lutava para sobreviver ao ataque sérvio. Diôu Quíubert transformou os relatos do amigo em quadrinhos para que seu testemunho não se perdesse e mantivesse viva a memória de um dos conflitos mais sangrentos do século vinte.


Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Leia o trecho do livro perestróica, escrito por Mikhail Gorbatchóvi. Depois, responda às questões.

A política da reestruturação coloca tudo em seu devido lugar, pois estamos restaurando o princípio socialista: de cada um de acôrdo com sua capacidade, a cada um de acôrdo com seu trabalho. Procuramos também assegurar a justiça social para todos, iguais direitos, uma única lei, um só tipo de disciplina e altas responsabilidades para todos reticências. Precisamos ter suficiente experiência política, perspectiva teórica e coragem cívica para obter sucesso, para garantir que a perestróica satisfaça os altos padrões morais do socialismo. reticências Em resumo, precisamos da ampla democratização de todos os aspectos da sociedade. Esta democratização é também a principal garantia de irreversibilidade do curso atual. reticências

Gorbatióf, Miquêil . perestróica: novas ideias para meu país e o mundo. São Paulo: Nova Cultural, 1987. página 31-32.

  1. De acôrdo com a visão de Gorbatchóvi, quais seriam os princípios do socialismo?
  2. O que garantiria, segundo Gorbatchóvi, a manutenção da política da perestróica?
  3. Os objetivos de Gorbatchóvi, relacionados ao futuro do socialismo, foram atingidos na União Soviética? Justifique.

2. Em 2014, a atriz Êma Uátsan, conhecida por interpretar o personagem Rermáioni Grêndier na série Réui Póter, fez um discurso para a campanha #HeForShe, na séde da Organização das Nações Unidas, em Nova iórque. Leia trechos do discurso para responder às questões.

reticências quanto mais eu falo sobre feminismo, mais eu me deparo com a realidade de que lutar pelos direitos das mulheres, muitas vezes, se torna sinônimo de guerra dos sexos. Isso, com certeza, tem que acabar. Quero deixar claro que, por definição, feminismo é ‘a crença de que homens e mulheres devem ter direitos e oportunidades iguais. É a teoria da igualdade dos sexos nos planos político, econômico e social’.

reticências percebi que ‘feminismo’ era considerada uma palavra pouco popular. Mulheres escolhem não se identificar como feministas. reticências Por que essa palavra causa tanto desconforto?

reticências Homens, gostaria de aproveitar essa oportunidade para fazer um convite formal para que vocês façam parte dessa conversa, afinal, a igualdade de gênero é problema seu também. reticências. Tenho visto homens frágeis e inseguros por um entendimento distorcido do que é ser um homem de sucesso.

Se homens não precisarem ser agressivos para serem aceitos, mulheres não sentirão a obrigatoriedade de serem submissas.

Uátsan, Êma. Igualdade de gênero também é problema seu. ônu Mulheres, Nova iórque, 20 setembro 2014. Disponível em: https://oeds.link/cmSllW. Acesso em: 26 abril 2022. (Tradução nossa.)

  1. A definição de feminismo de Êma Uátsan é excludente ou inclusiva em relação aos homens? Explique.
  2. Você concorda que as palavras feminismo e feminista ainda causam desconforto? Por que isso acontece?
  3. Cite exemplos de estereótipos masculinos. Por que a existência desses estereótipos é negativa para os homens?
  1. O início do século vinte e um ficou marcado pela guerra ao terror, iniciada após os ataques de 11 de setembro de 2001. Explique a relação entre esses atentados e a invasão do Afeganistão (2001) e do Iraque (2003) pelo exército dos Estados Unidos.
  2. Analise a charge para responder às questões.
Charge. Quatro cestos de lixo, um verde para vidro, um azul para papel, um vermelho para o plástico e o último amarelo para metal. Ao lado desse cesto, um homem sentado no chão, sujo, descalço, com as roupas rasgadas. Tem os olhos amarelados. Ele segura uma placa com a palavra ORGÂNICO e aponta para a própria boca.
Globalização, charge de Rico, 2009.
  1. Descreva o personagem sentado ao lado dos cestos de materiais recicláveis. Quem ele representa?
  2. Qual teria sido a intenção do cartunista ao representar a globalização dessa fórma? Você concorda com essa ideia? Justifique.

5. Uma das características da globalização é a difusão de padrões culturais nos meios de comunicação. Os críticos argumentam que a globalização dilui a diversidade cultural, homogeneizando padrões e comportamentos. Embora esses elementos sejam observáveis, o fenômeno da globalização é muito complexo, e cada sociedade se apropria dele de maneira diferente. sôbre esse tema, leia o texto para responder às questões.

Denunciar crimes ambientais, preservar e divulgar sua cultura, defender seus direitos, mostrar suas condições de vida. Lutas diárias de diversas comunidades indígenas que, agora, ganharam uma aliada poderosa: a internet. Muitos povos indígenas têm usado a rede para atingir um público grande, dentro e fóra do país. reticências Uma das primeiras comunidades a se conectar à rede mundial de computadores foram os Ashaninka, que vivem na região do Alto Juruá (Acre), na divisa de Brasil e Peru. Para se defender dos madeireiros peruanos, que desmatavam as florestas, prejudicavam seus recursos e muitas vezes entravam em atrito com a comunidade, os Ashaninka resolveram inovar. Munidos de um painel solar para captar a energia e um computador, eles começaram a enviar e-mails para ônguis e para o govêrno, fazendo denúncias. reticências

Bueno, Cris. Comunidades indígenas usam internet e redes sociais para divulgar sua cultura. Ciência e Cultura, São Paulo, volume 65, número 2, abril a junho 2013.

  1. Quais são os desafios das comunidades indígenas?
  2. Qual foi a estratégia utilizada pelos Ashaninka para lutar por seus direitos? De que fórma essa estratégia está associada ao fenômeno da globalização?
  1. Em 2011, no contexto da chamada Primavera Árabe, teve início uma série de protestos na Síria contra o govêrno de Bachár al Assád. Diante da repressão violenta, iniciou-se uma guerra civil que fragmentou o país e estende-se há mais de uma década. Junte-se a mais três colegas para fazer uma pesquisa sobre o conflito e criar um infográfico explicando-o. Para isso, sigam os passos.
    • Elaborem cinco perguntas que julguem ser fundamentais para entender o conflito.
    • Pesquisem as respostas a elas em sites, livros e revistas e registrem-nas de maneira sintética.
    • Selecionem recursos visuais como fotos, mapas e gráficos que elucidem as informações sobre o conflito.
    • Elaborem um infográfico em papel ou em formato digital, organizando os textos criados e os recursos visuais selecionados de modo coerente.
    • Exponham o infográfico para o restante da turma.

Aluno cidadão

  1. Com a crise de 2008, que afetou principalmente a Europa e os Estados Unidos, as manifestações xenófobas cresceram. Alguns europeus se posicionam contra a entrada de imigrantes argumentando que eles são responsáveis pelo aumento da violência e do desemprego. A liberdade de expressão proporcionada pelas redes sociais digitais tem favorecido a difusão de posturas preconceituosas como essa. Tendo isso em mente, discuta com os colegas estas questões.
    1. Vocês usam as redes sociais digitais? Se sim, para quê?
    2. Por que é possível afirmar que o uso das redes sociais pode ter efeito contraditório?
    3. Em sua opinião, a liberdade de expressão deve ter limites? Por quê?

Conversando com ciências

  1. Um dos efeitos da globalização foi o aumento do consumo e, consequentemente, da produção de lixo. Algumas alternativas para reduzir a quantidade de lixo produzido são: evitar o desperdício, separar materiais para a coleta seletiva e reciclagem, reutilizar materiais e, principalmente, evitar o consumo de produtos embalados em plástico, isopor e com excesso de embalagens. Junte-se a alguns colegas para fazer uma pesquisa sobre o tema.
    1. Com a ajuda do professor, pesquisem informações sobre a existência de uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis no município em que vocês vivem.
    2. Investiguem como a cooperativa funciona, quantas pessoas trabalham nela, como ela foi organizada e se existe algum tipo de ajuda governamental para que ela funcione. Se possível, entrevistem alguns trabalhadores que fazem parte da cooperativa.
    3. Discutam maneiras de a escola colaborar para reduzir a quantidade de resíduos produzidos e aprimorar o descarte seletivo de materiais recicláveis.
    4. Exponham as conclusões da pesquisa e da discussão para o restante da turma.
    5. Avaliem coletivamente a possibilidade de firmar um acôrdo entre a escola e a cooperativa pesquisada para otimizar a destinação dos resíduos recicláveis gerados pela escola.

enêm e vestibulares

9. (enêm-Méqui)

Vida social sem internet?

Tirinha dividida em quatro quadros. Conversa entre duas pessoas. Uma moça de laranja com cabelo escuro e comprido. Um homem de baixa estatura, calvo e de óculos. 
Quadrinho 1: A moça diz: VOCÊ ESTÁ NO ORKUT? O homem responde: ESTOU!
Quadrinho 2: Andando atrás dele, ela pergunta:  E NO MSN, NO MYSPACE E FACEBOOK? Ele responde: EM TODOS!
Quadrinho 3: Com os braços abertos lateralmente, ela continua perguntando: ATÉ NO TWITTER? Ele com semblante irritado responde: CLARO!
Quadrinho 4: Ela então conclui: VOCÊ ESTÁ EM TANTOS LUGARES, POR ISSO RARAMENTE TE VEJO NO MUNDO REAL. Com um dedo na boca, ele olha pensativo para ela.
O blogueiro profissional, tirinha de Alexandre Affonso, 2009.

A tirinha revela uma crítica aos meios de comunicação, em especial à internet, porque:

  1. questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de relacionamento.
  2. considera as relações sociais como menos importantes que as virtuais.
  3. enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
  4. descreve com precisão as sociedades humanas no mundo globalizado.
  5. concebe a rede de computadores como o espaço mais eficaz para a construção de relações sociais.

Glossário

Distensão
: diminuição da tensão; afrouxamento; relaxamento.
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Dissidente
: aquele que se separa de um grupo em razão da divergência de opiniões.
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Dívida pública
: soma do valor devido por um Estado a credores públicos e privados.
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Déficit do orçamento
: diferença negativa entre o valor da arrecadação e o dos gastos do govêrno no ano.
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Capacitismo
: discriminação e preconceito social contra pessoas com algum tipo de deficiência.
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Extorsão
: uso de violência física ou psicológica para convencer alguém a seguir determinado comportamento, geralmente para se obter benefício econômico.
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