CAPÍTULO 3  A Primeira Guerra Mundial

Cena de filme. Militar de uniforme verde empunhando uma espada. Está montado em um cavalo preto, e olha para frente. Ao fundo, entre tendas triangulares, um homem aponta sua arma para o fundo da imagem. Também há chama e fumaça.
Cena do filme Cavalo de guerra, de Istiven Spilbérr, 2011. O filme conta a história de Diôui, um cavalo que foi vendido para o exército inglês e participou da Primeira Guerra Mundial.

Provavelmente, quando você ouve ou lê a palavra guerra, pensa nas batalhas, nos soldados, nas armas e nas vítimas, entre outras coisas relacionadas aos seres humanos. Mas você já parou para pensar no que acontece com os animais em períodos de conflito?

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), também chamada de Grande Guerra, cavalos foram utilizados nas linhas de combate e no transporte de armas, de soldados e de alimentos.

A historiadora estadunidense Dín Têmpést pesquisou esse tema e afirmou que a França e o Reino Unido utilizaram, respectivamente, 1,5 milhão e 1,2 milhão de cavalos durante o conflito. Estima-se que cêrca de 8 milhões de cavalos morreram nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.

A pesquisadora também afirma que os cavalos ajudaram os soldados a manter sua humanidade e sensibilidade em meio à brutalidade da guerra. Há cartas e relatos que demonstram a relação de companheirismo entre os combatentes e os animais, considerados entes queridos.

  • O que você sabe sobre a Primeira Guerra Mundial?
  • Além de cavalos, pombos e cães foram empregados no suporte aos conflitos durante a Primeira Guerra Mundial. Você considera legítimo o uso de animais em campos de batalha? Justifique.
  • Atualmente, antes de novos medicamentos, cosméticos, entre outros produtos serem consumidos por humanos, muitas empresas encomendam testes laboratoriais que utilizam animais como cobaias. O que você pensa sobre isso? Discuta o tema com os colegas.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo contempla parcialmente as habilidades ê éfe zero nove agá ih um zero (ao tratar dos antecedentes, do desenvolvimento e das consequências da Primeira Guerra Mundial) e ê éfe zero nove agá ih um quatro (ao abordar os processos de recrutamento de soldados africanos, bem como o crescimento do sentimento anticolonialista durante o conflito). O trabalho para o desenvolvimento dessas habilidades se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações no quadro de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Analisar o cenário da formação das vanguardas estéticas europeias e sua proposta de ruptura com a tradição artística vigente.
  • Relacionar os interesses imperialistas e o recrudescimento dos nacionalismos à eclosão da Primeira Guerra Mundial.
  • Identificar as principais etapas da expansão territorial do conflito e as táticas de guerra utilizadas pelas potências beligerantes.
  • Avaliar o impacto do desenvolvimento científico e tecnológico na produção de armamentos e suas consequências para a população civil.
  • Analisar a propaganda favorável ao alistamento militar e a atuação das mulheres durante a guerra.
  • Analisar as mudanças sociais, políticas, econômicas e geopolíticas no fim da Primeira Guerra Mundial.

Abertura do capítulo

A abertura visa levantar os conhecimentos prévios dos alunos sobre a Primeira Guerra Mundial, problematizando o uso de animais nos campos de batalha. Além de promover uma postura de empatia com a condição dos animais, o texto e as questões propostas visam levar os alunos a refletir sobre a relação, muitas vezes predatória, dos seres humanos com outros seres vivos e as consequências disso para ambos.

Atualmente, têm sido fomentadas reflexões sobre os limites éticos dos experimentos em animais para quaisquer fins, discutindo-se métodos alternativos para os testes científicos, como a utilização de culturas de células em laboratório e de modelos matemáticos e computacionais para restringir o uso de animais apenas para os casos em que não existe alternativa. Mais informações sobre o tema podem ser acessadas no site Ciência Hoje. Disponível em: https://oeds.link/XHxNQ4. Acesso em: 10 junho 2022. Considere o texto indicado para propor um debate, solicitando aos alunos que comentem em quais pontos concordam ou discordam sobre a experimentação com animais.

Bê êne cê cê

Ao incentivar os alunos a se posicionar de fórma responsável e a argumentar segundo princípios éticos, as questões de abertura contribuem para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 10.

Um período de otimismo e tensão

Na Europa e nos Estados Unidos, o final do século dezenove foi marcado pelo crescimento dos centros urbanos, pelas invenções tecnológicas que acompanharam o progresso da ciência e por novas fórmas de expressão artística (consulte a seção “Saiba mais”). Além disso, a elite urbana passou a adotar hábitos como o de frequentar cafés, bailes, teatros e parques. Esses locais de entretenimento e de sociabilidade tornaram-se moda e conferiram prestígio social às pessoas que os frequentavam.

Nesse cenário repleto de novidades, o século vinte era aguardado com bastante otimismo. A cidade de Paris, na França, tornou-se o centro da vida cultural do Ocidente, irradiando modas, ideias e costumes. As elites europeias e estadunidenses procuravam seguir os padrões da capital francesa, incorporando as tendências arquitetônicas, científicas, artísticas e de comportamento da burguesia parisiense.

Esse período de otimismo e progresso na Europa ficou conhecido como Belle Époque (Bela Época). O termo começou a ser usado depois da Primeira Guerra Mundial para designar o período entre 1871 e 1914. Após a guerra, o mundo observava o panorama de destruição que o conflito havia deixado e se lembrava, com nostalgia, desses anos de otimismo.

Pintura. Homens e mulheres agrupados em um salão luxuoso. Os homens têm barba longa e vestem fraque escuro. As mulheres estão sentadas, no centro. Usam vestidos longos e claros com detalhes florais. Nos cabelos, adornos florais combinando com o vestido. Ao fundo, quadros e esculturas, e um lustre no teto.
A noite, pintura de Jan Berrô, cêrca de 1880. Museu Carnavalet, Paris, França. O gôsto das elites europeias pelos espetáculos de teatro, cafés, óperas e livrarias marcou, no cenário cultural, o otimismo e o entusiasmo da Belle Époque.

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As artes na Belle Époque

Na passagem do século dezenove para o século vinte, grupos que se autointitulavam “vanguarda” procuravam novas expressões artísticas. O Impressionismo destacou-se ao incorporar várias características vanguardistas. Os pintores impressionistas valorizavam o jôgo de luzes e sombras, alteravam o tom das cores de acordo com a luminosidade e eliminavam a nitidez dos contornos. No lugar da objetividade da representação realista, eles procuravam registrar os tons que a paisagem adquiria ao refletir a luz natural em certos momentos.

As obras desse movimento foram muito criticadas em diversas exposições de arte. Contudo, com o tempo, os críticos de arte passaram a reconhecer o caráter inovador das obras impressionistas e a importância de sua proposta.


Pintura. Silhueta de pequenas embarcações em alto mar. Uma névoa clara encobre o céu avermelhado. O Sol vermelho está em destaque e seu brilho refletido no mar.
Impressão, sol nascente, pintura de Clôd Monê, 1872. Museu Marmotán Monê, Paris, França. O nome do movimento deriva do artigo “A exposição dos impressionistas”, do crítico de arte Luí Lerroá, que usou o termo de fórma pejorativa para criticar os artistas que, segundo ele, produziam um “rascunho de arte”.

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As vanguardas artísticas

Até o século dezenove, a palavra vanguarda existia apenas no vocabulário militar e se referia ao primeiro pelotão de ataque. O termo passou a ser utilizado no campo político no século dezenove e, em seguida, migrou para o meio cultural, em que foi associado às transformações artísticas inovadoras do final do século dezenove e início do século vinte. Vanguardistas seriam aqueles que artisticamente estavam à frente de seu tempo, conduzindo mudanças estéticas que rompiam com as convenções vigentes na época.

Interdisciplinaridade

O conteúdo desenvolve habilidades do componente curricular arte, especificamente as ê éfe seis nove á érre zero um e ê éfe seis nove á érre zero dois.

Ampliando: a escultura impressionista

“Embora o impressionismo fosse essencialmente uma nova fórma de pintar, [Edigár] Degá e [Pierre-Oguíste] Renoar criaram também esculturas. Escultores contemporâneos como Medardorôsso (1858-1928) e Oguíst Rodán (1840-1917) compartilharam o espírito do impressionismo ao rejeitar a precisão e o idealismo da escultura acadêmica em favor das vibrantes superfícies texturizadas que lembravam suas pinceladas.”

fárting, istífen. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. página 319.

A economia europeia

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos e da expansão urbana na Europa no fim do século dezenove, silenciosamente ia se instalando uma persistente e assustadora depressão econômica. Economistas, industriais e proprietários de terra europeus lamentavam a queda dos preços e a diminuição dos lucros do comércio causadas pelos graves problemas que atingiam a produção agrícola.

O preço do trigo no mercado, por exemplo, correspondia, em 1894, a um terço do alcançado em 1867. A produção vinícola na França, afetada por pragas nas plantações, diminuiu dois terços de 1875 a 1889. Famintos e sem terras, camponeses rebelaram-se em vários locais (como na Irlanda e na Sicília) e migraram para as cidades ou para outros países, reduzindo ainda mais a capacidade de produção do setor agrícola.

Nesse cenário, os governos da maioria das potências europeias adotaram medidas protecionistas para valorizar os produtos nacionais e garantir seus preços. Pressionados pelos industriais e por grandes proprietários de terra, eles criaram mecanismos para encarecer os produtos estrangeiros, assegurando o mercado interno para produção agrícola e industrial local.

Na Europa, os alemães e os italianos foram os primeiros a adotar tarifas protecionistas para seus produtos. Na Alemanha, a associação dessas medidas com outras ações de estímulo econômico resultou em forte crescimento industrial, sem paralelo até aquele momento.

Assim, no final do século dezenove, os países industrializados passaram a disputar mercados consumidores para seus produtos e áreas em que havia abundância de matérias-primas e fontes de energia, estabelecendo domínios coloniais na Ásia e na África. Essas disputas prenunciavam conflitos que extrapolariam o campo econômico. Assim, em meio à euforia da Belle Époque, havia certa tensão.

Charge. Dois militares de exércitos diferentes estão brindando com suas taças. O militar à direita está de uniforme vermelho com calça escura, tem uma espada no cinto e um chicote na mão. Está com um dos pés sobre crânios que estão espalhados pelo chão. À sua direita, uma pessoa enforcada e a palavra EGITO escrita em inglês. O militar à esquerda usa uniforme azul e calça vermelha. Está empunhando uma baioneta e carregando uma mochila escura nas costas. Está sobre crânios e o corpo de um homem morto. Atrás dele, a palavra MARROCOS escrita em inglês. Ao fundo, uma grande construção branca, na qual está escrito CASABLANCA, está em chamas.
A moderna civilização da Europa, charge de A. H. Zaquí, cêrca de 1912-1914. Biblioteca do Congresso, Washington, Estados Unidos. A charge representa a conquista do Marrocos pelos franceses e o domínio britânico no Egito.

Responda em seu caderno.

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O autor da charge apoia ou critica a política imperialista das potências europeias? Justifique.


Respostas e comentários

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O autor da charge parece criticar a política imperialista das potências europeias, pois mostra militares franceses e britânicos sobre pilhas de esqueletos e cadáveres em menção às conquistas do Marrocos e do Egito, respectivamente. O título da charge, A moderna civilização da Europa, ironiza o fato de essa civilização ser construída com base na morte de pessoas. Aproveite o momento para explorar a ideia de “civilização” e a fórma como as nações têm promovido destruição e morte de outros povos em nome desse conceito. Ao desenvolver a postura crítica dos alunos em relação à guerra, a atividade fortalece noções ligadas à cultura de paz.

França, Alemanha e Reino Unido antes da Primeira Guerra

A França rivalizava com a Alemanha desde 1871, quando foi derrotada na Guerra Franco-Prussiana. Ao final do conflito, a França perdeu a região da Alsácia-Lorena, rica em carvão e ferro, o que gerou um forte sentimento revanchista nos franceses.

Ao mesmo tempo, o Reino Unido, então a maior potência industrial do mundo, vinha perdendo espaço no mercado internacional, especialmente para a indústria alemã, que crescia de fórma acelerada.

Um cenário explosivo

No contexto marcado pela disputa de mercados e pela crescente rivalidade entre as potências europeias, formaram-se movimentos nacionalistas que acirraram as tensões internas na Europa e contribuíram para a eclosão da Primeira Guerra Mundial: o pan-eslavismo e o pangermanismo.

Parte das tensões nacionalistas às vésperas da guerra concentrava-se no Império Austro-Húngaro, um imenso território governado pela dinastia austríaca dos Habsburgo. O foco das lutas pela independência nacional situava-se na Península Balcânica (consulte a seção “Saiba mais”), região em que povos de origem eslava lutavam contra o domínio austríaco e onde se desenvolveu, no início do século dezenove, o pan-eslavismo, um movimento pela união de todos os povos de origem eslava da Europa Oriental.

Como resultado do pan-eslavismo, no final do século dezenove, a Sérvia passou a defender a criação de um Estado eslavo sob sua direção, chamado de Grande Sérvia. O projeto contava com o apôio russo porque favoreceria seu acesso ao Mar Mediterrâneo através do Mar Adriático.

Porém, ao anexar a Bósnia-Herzegovina, em 1908, o Império Austro-Húngaro frustrou o projeto sérvio de criar um Estado eslavo. Com isso, a Sérvia adotou uma postura revanchista em relação aos austríacos, acirrando o nacionalismo eslavo, o que instaurou um clima político explosivo.

Simultaneamente, expandia-se pela Europa Central o pangermanismo, que propunha a reunião dos países de origem e língua germânicas da Europa em um único Estado. Encabeçado pela Alemanha, esse movimento ganhou fôrça sobretudo após a unificação desse país, concluída em 1871. A partir de então, a ideia de unidade identitária e territorial germânica difundiu-se pelo Império Austro-Húngaro e por partes do Império Russo.

Charge. Homem de rosto largo, cabelos lisos e compridos. Usa os dedos para movimentar as linhas de dois bonecos de um teatro de marionetes. Os bonecos estão brigando. Atrás, outros três bonecos.
Atualmente ele trabalha na Bulgária, charge de údo quépler, 1903. A obra satiriza o envolvimento do Império Russo na questão dos Bálcãs ao retratar a personificação da Rússia brincando com marionetes que representam a Bulgária, a Macedônia, a Sérvia, a Romênia e a Rumélia (região dos Bálcãs então dominada pelos otomanos).

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A Península Balcânica

Também chamada de Bálcãs, a Península Balcânica é uma região do sul da Europa correspondente aos atuais territórios da Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Albânia, Macedônia do Norte, Grécia, Turquia (parte europeia), Bulgária e sul da Romênia. cossôvo declarou independência em 2008, mas a Sérvia e grande parte da comunidade internacional ainda não o reconhecem como Estado soberano. Voivodina, por sua vez, é uma província autônoma da Sérvia. O nome da península se deve aos Montes Bálcãs, que formam uma grande cordilheira situada a nordeste da região.

A região dos Bálcãs (2019)

Mapa. A região dos Bálcãs, 2019. Trecho da Península Balcânica, ao sul da Europa, banhado pelo Mar Adriático, Mar Mediterrâneo e Mar Negro. Sem legenda. Em verde, os territórios são: Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Macedônia do Norte, Albânia, Grécia, Romênia, Bulgária, Turquia (parte europeia). Kosovo e Voivodina aparecem sem destaque. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 200 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 89.


Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar dos antecedentes, do desenrolar e das consequências da Primeira Guerra Mundial, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero nove agá ih um zero.

Ampliando: o nacionalismo sérvio

reticências na manhã de 29 de maio de 1903, um grupo de oficiais [colocou] Pedro primeiro Cáridiordievit no trono sérvio reticências. O novo regime, instituído em moldes parlamentaristas, modernizou e moralizou as instituições do diminuto reino balcânico, democratizando relativamente a sociedade Sérvia.

Com os problemas internos razoavelmente bem encaminhados, a Sérvia do rei Pedro primeiro tinha agora condições de fazer face à sua grave questão externa: alguns dos seus territórios ainda estavam sob dominação estrangeira. Com efeito, a Macedônia e a velha Sérvia viviam sob ocupação turca e, por seu turno, a Bósnia-Herzegovina sob administração austríaca. reticências

Apesar do seu empenho em levar adiante a redenção das terras ocupadas, o govêrno sérvio agia com moderação e cautela. Em 1908, temendo uma guerra para a qual não estavam preparadas, as autoridades de Belgrado chegaram até mesmo a aceitar, embora a contragosto, a incorporação definitiva da Bósnia-Herzegovina ao território do Império Austro-Húngaro. Em resposta ao que consideraram um ato de covardia, alguns jovens oficiais sérvios reticências fundaram um movimento secreto: reticências a ‘Mão Negra’ reticências.

Tendo como objetivo a criação da Grande Sérvia, a ‘Mão Negra’, atuando sem o conhecimento ou autorização do govêrno, fomentou a proliferação de sociedades secretas pró-Sérvia em todos os territórios ocupados. reticências Inevitavelmente, a atuação violenta da ‘Mão Negra’ agravou ainda mais as já tensas relações entre Belgrado e os impérios Otomano e Austro-Húngaro.”

RODRIGUES, Luiz César Barreto. A Primeira Guerra Mundial. terceira edição São Paulo: Atual; Campinas: Editora da unicâmpi, 1986. página 26-27.

As alianças entre as potências imperialistas

As ambições imperialistas das grandes potências e os movimentos nacionalistas dos Bálcãs propiciaram um espaço de forte tensão na Europa, favorecendo a formação de alianças entre países com interesses comuns.

Desde sua unificação, a Alemanha apresentava um crescimento econômico acelerado. Para continuar se desenvolvendo, o país precisava de mercados consumidores que absorvessem sua produção, além de novos fornecedores de matérias-primas. Por isso, o recém-criado Estado alemão formou um grande exército com o objetivo de expandir seu território e suas áreas de influência. Apesar disso, na corrida por domínios coloniais, a liderança ficou com a França e o Reino Unido.

Diante da crescente rivalidade entre essas potências, a Alemanha estabeleceu uma aliança preventiva com o Império Austro-Húngaro, em 1879, apoiada no pangermanismo. Três anos depois, a Itália uniu-se aos dois Estados, formando a Tríplice Aliança. Como a Alemanha, a Itália foi unificada tardiamente, e ficou em desvantagem na divisão do mundo colonial.

Do outro lado, estavam Reino Unido e França, as duas maiores potências imperialistas, com vastos domínios coloniais na África e na Ásia. Por terem interesses econômicos e políticos comuns, contrários ao crescimento alemão, em 1904 os dois países firmaram um pacto de colaboração. A Rússia, que tinha grandes pretensões expansionistas e também era contrária à expansão alemã, uniu-se às duas potências, em 1907, formando a Tríplice Entente.

Àquela altura, os acordos já não eram apenas políticos. Eles preparavam as potências para uma guerra que a todos parecia inevitável.

Charge em preto e branco. Três mulheres sentadas lado a lado em um banco. Vestem túnicas compridas, lenço encobrindo parte da cabeça, e usam coroas. Estão descalças. Cada uma representa um país. À esquerda, a Itália, no centro, a Áustria, e à direita, a Alemanha. As três seguram um fio comprido do pavio de uma tocha que está encaixada embaixo do braço da mulher à direita.
Os países da Tríplice Aliança representados como as moiras, deusas da mitologia grega responsáveis por controlar o destino da humanidade, charge britânica de 1888. Biblioteca da Universidade de Toronto, Canadá.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Responda às questões sobre a Belle Époque.
    1. Por que o período recebeu esse nome?
    2. Que características do período indicavam uma realidade oposta à sugerida pela expressão Belle Époque?
  2. O pan-eslavismo e o pangermanismo marcaram o contexto político e cultural da Europa às vésperas da guerra.
    1. Qual era o propósito desses movimentos?
    2. Quais eram suas semelhanças?
    3. De que maneira eles contribuíram para o início da Primeira Guerra Mundial?
  3. Quais Estados compunham a Tríplice Aliança? E a Tríplice Entente?

Respostas e comentários

Explique aos alunos que a palavra entente significa “entendimento, acordo”. Nesse caso, refere-se a um pacto entre Estados baseado na confiança mútua.

Recapitulando

    1. O período recebeu esse nome porque foi de grande otimismo, em razão das inovações tecnológicas e melhorias que elas propiciaram nos transportes, nas comunicações e no conforto do cotidiano urbano (com o acesso a elevadores, eletrodomésticos etcétera), bem como na ampliação das fórmas de lazer (com a fonografia, o cinema, o teatro, as cafeterias etcétera).
    2. Diferentemente do que sugere a expressão Belle Époque, no período em questão alguns setores da economia europeia, como o de produção agrícola, enfrentavam dificuldades. Além disso, a concorrência entre as grandes potências por fontes de energia e matéria-prima, por espaço no mercado internacional e pela hegemonia nas áreas coloniais resultava em conflitos e tensões.
    1. O pangermanismo foi uma ideologia difundida no século dezenove cujos adeptos pregavam a união de todos os povos de origem e língua germânicas espalhados por vários países da Europa Central em um Estado comandado pela Alemanha. O pan-eslavismo, por sua vez, era um movimento nacionalista, dirigido pela Sérvia e apoiado pela Rússia. Seus adeptos desejavam a união dos povos eslavos da Europa Oriental em apenas um Estado: a Grande Sérvia.
    2. Os dois movimentos apoiavam-se na ideologia nacionalista, resgatando uma suposta identidade étnico-cultural comum para justificar a construção de um Estado nacional soberano, organizado sobre um território tradicionalmente habitado por uma maioria eslava (pan-eslavismo) ou germânica (pangermanismo).
    3. Os dois movimentos contribuíram para o início da Primeira Guerra Mundial porque alimentaram as rivalidades étnicas e o sentimento de autodeterminação nacional, muito fortes no Império Austro-Húngaro.
  1. A Tríplice Aliança era formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália. A Tríplice Entente reunia Reino Unido, França e Rússia. Comente com os alunos que, ao longo do conflito, a Itália mudou de lado e passou a combater junto aos países da Entente.

As moiras

Na mitologia grega, as moiras eram três irmãs responsáveis por tecer, medir e cortar o fio que representava a vida de todos os seres humanos. Por isso, eram conhecidas como deusas responsáveis pelo destino. Dessa maneira, a charge representa os países da Tríplice Aliança como responsáveis pelo destino do mundo ao decidir sobre a guerra e a paz.

A evolução da indústria da morte

Além da formação de alianças, o grande crescimento da indústria bélica europeia era um indício de que um conflito estava próximo.

No início do século vinte, já estavam em uso muitas tecnologias que revolucionaram a vida humana, como a fotografia, o cinema, o rádio, o telefone, o avião e o automóvel. Mas a mesma ciência que tornou possível esse desenvolvimento tecnológico, criou, na mesma época, armamento bélico como metralhadoras, bombas, lança-chamas, gases tóxicos e tanques de guerra.

O desenvolvimento da indústria bélica foi financiado pelas grandes potências europeias, interessadas em garantir seus mercados e suas possessões coloniais. Assim, a Europa vivia um período de paz aparente, enquanto as grandes nações armavam-se à espera da guerra. Por isso, esse período ficou conhecido como Paz Armada.

reticências às vésperas da Primeira Guerra Mundial, quase todo europeu qualificado do sexo masculino em idade militar tinha uma carteira de identidade militar entre seus papéis pessoais, informando onde apresentar-se em caso de mobilização geral. Os almoxarifados dos regimentos estavam abarrotados de uniformes e armas sobressalentes para os reservistas; até mesmo os cavalos nos campos das fazendas estavam listados para serem requisitados em caso de guerra.

quiigan djón. Uma história da guerra. São Paulo: Companhia de Bolso, 2006. página 43-44.

Nesse contexto, as nações imperialistas produziram grandes esquadras de navios encouraçados, armados com canhões de longo alcance. Os submarinos foram projetados para lançar torpedos e os aviões foram equipados com bombas e metralhadoras. O aprimoramento tecnológico também foi aplicado às armas portáteis, como metralhadoras, granadas, morteiros e pistolas semiautomáticas, e às armas químicas (consulte a seção “Saiba mais”).

Fotografia em preto e branco. Soldado ajoelhado na praia, manuseando um pequeno canhão. Ele está apoiado em uma estrutura com duas rodas grandes.
Soldado italiano operando arma de artilharia durante a guerra contra o Império Turco-Otomano pela posse da Líbia, na África. Foto de 1911.

Saiba mais

As armas químicas e sua proibição

Os alemães foram os primeiros a utilizar bomba de gás de cloro contra tropas inimigas, em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial. Estima-se que, no ataque, cêrca de 5 mil homens tenham morrido asfixiados em apenas dez minutos. A descoberta do gás mostarda, no ano seguinte, tornou a guerra ainda mais devastadora. Em contato direto com a pele, esse gás provocava graves queimaduras, além de matar em poucos minutos se inalado em grande quantidade.

As armas químicas continuaram sendo utilizadas ao longo do século vinte e só foram proibidas a partir de abril de 1997, quando entrou em vigor a Convenção de Armas Químicas. Os países que assinaram a convenção se comprometeram a destruir seus arsenais químicos até 2012. Em 2022, 193 países seguiam o tratado. Entre os que não aderiram ao acordo estavam Coreia do Norte, Egito, Israel e Sudão do Sul.

Refletindo sobre

As armas químicas e as armas nucleares têm grande poder de destruição em massa. Em sua opinião, deve haver regulamentação internacional sobre a produção de armas desse tipo? Por quê? Argumente para defender sua posição.


Respostas e comentários

Armas químicas

Em 1993, na Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Utilização de Armas Químicas e sobre a sua Destruição, realizada em Paris, foi assinado um acordo que entrou em vigor em 1997. A convenção reafirmou o Protocolo de Genebra de 1925, que proibiu o uso de gases tóxicos e métodos similares nas guerras, e a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e do Armazenamento de Armas Bacteriológicas ou à Base de Toxinas e sobre a sua Destruição, assinada em Londres, em 1972.

Refletindo sobre

Espera-se que os alunos reflitam sobre os motivos de as armas de destruição em massa, como as químicas e as nucleares, serem proibidas por tratados internacionais, enquanto outros tipos de armamento são permitidos. Essa é uma oportunidade para questionar os alunos sobre o que pensam em relação ao desarmamento e à importância de resolver conflitos por meio da diplomacia e de acordos, a fim de evitar guerras e os problemas decorrentes delas. Refletir sobre essas questões é importante para repensar o uso da tecnologia para fins bélicos, analisar o significado das guerras (que envolvem interesses políticos e econômicos de pequenos grupos) e encontrar alternativas pacíficas para a solução de conflitos, de modo que a população civil não seja afetada pela destruição e pela violência. Ao propor que os alunos se posicionem criticamente sobre temas políticos e sociais da atualidade, a atividade favorece o pensamento crítico e a argumentação com base em princípios éticos e democráticos, incentivando a cultura de paz.

Bê êne cê cê

Ao propor uma reflexão sobre o uso de tecnologias para fins bélicos e sobre a importância da resolução de conflitos de maneira pacífica, a atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Ciência e tecnologia e Vida familiar e social, além de contribuir para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 9 e nº 10 e das Competências específicas de Ciências Humanas nº 4, nº 5 e nº 6.

O início da guerra

Em 1914, um novo acontecimento na região dos Bálcãs aprofundou o clima de tensão. No dia 28 de junho daquele ano, o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando, herdeiro da coroa do Império Austro-Húngaro, visitava a cidade de saraiêvo, na Bósnia. O objetivo da visita era demonstrar aos rebeldes bósnios quem dava as ordens na região. No entanto, o resultado foi outro: o arquiduque e sua esposa foram assassinados por Gravrílo Príncip, um estudante do movimento nacionalista sérvio-bósnio.

Ilustração. Homem de casaco e boina pretos atira em um casal dentro de um carro aberto dirigido por militares. O casal está caído dentro do carro com as roupas ensanguentadas. Ao redor do carro, uma multidão na rua e nas sacadas assiste à cena.
Ilustração representando o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando e de sua esposa, a duquesa Sofia de Hohenberg, em saraiêvo, publicada no Le Petit Journal, de Paris, França, em 12 de julho de 1914. Biblioteca Nacional da França, Paris.
Fotografia em preto e branco. Diversos militares aglomerados  ao redor de Gavrilo Princip, rapaz de casaco e boina pretos. Estão na porta de um edifício.
Policiais conduzindo Gravrílo Príncip à prisão, logo após o atentado em saraiêvo, Bósnia, em 28 de junho de 1914.

Depois de um mês de pressões diplomáticas, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia. A Rússia, aliada da Sérvia, reagiu mobilizando suas tropas para a região. A França, que integrava o mesmo bloco da Rússia, também mobilizou suas tropas. A Alemanha, aliada do Império Austro-Húngaro, declarou guerra à Rússia e à França.

Marchando em direção ao território francês, os alemães ocuparam a Bélgica e Luxemburgo, que até aquele momento eram países neutros. Essa expansão da Alemanha violava o Tratado de Londres, de 1839, que comprometia seus signatários a reconhecer a independência da Bélgica e de Luxemburgo e a garantir sua neutralidade em caso de invasões externas. A investida da Alemanha contra esses países foi a justificativa para o Reino Unido entrar no conflito.

Em 1915, a Itália decidiu lutar ao lado da Entente após um acordo – feito com Reino Unido, França e Rússia – que lhe garantia uma compensação territorial e financeira. Por isso, naquele ano, declarou guerra ao Império Austro-Húngaro e, no ano seguinte, à Alemanha.

Já o Império Turco-Otomano, com fortes interesses na região dos Bálcãs, aliou-se à Tríplice Aliança. Na Ásia, o Japão juntou-se aos Aliados, como também passaram a ser chamados os países da Entente. A guerra tinha se generalizado.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que foi a Paz Armada?
  2. Identifique o contexto pelo qual cada um destes países entrou na Primeira Guerra Mundial.
    1. Rússia.
    2. Itália.
    3. Alemanha.
    4. Império Austro-Húngaro.
    5. França.
    6. Reino Unido.

Respostas e comentários

No jôgo de alianças firmadas no fim do século dezenove e início do século vinte, a Itália foi incorporada ao bloco da Áustria-Hungria. Porém, quando a guerra teve início, em 1914, a Itália declarou-se neutra.

Os movimentos da Itália

No jôgo de alianças firmadas no fim do século dezenove e no início do século vinte, a Itália incorporou-se ao bloco da Áustria-Hungria. Porém, quando a guerra iniciou, em 1914, a Itália declarou-se neutra no conflito. Somente em 1915 o país entrou na guerra ao lado da Entente.

Recapitulando

  1. A Paz Armada foi o nome dado ao período que precedeu a Primeira Guerra Mundial, no qual as potências europeias desenvolveram seu potencial bélico e se militarizaram para um possível conflito.
    1. Aliada da Sérvia, a Rússia entrou na guerra ao lado dos países da Entente com intenções expansionistas.
    2. No contexto das rivalidades nacionais e da corrida armamentista que ameaçavam a paz na Europa, a Itália juntou-se à Tríplice Aliança. No entanto, ao entrar na guerra, em 1915, lutou ao lado da Entente, tendo em vista a anexação de territórios e compensações financeiras.
    3. Após sua unificação, a Alemanha apresentou um acelerado desenvolvimento industrial. Interessada em expandir seu território, armou um poderoso exército que preocupava outras potências europeias.
    4. O Império Austro-Húngaro cobria um imenso território, que abrigava diferentes nacionalidades. As tensões nacionais, que colocavam em xeque o domínio do império sobre os territórios multiétnicos que controlava, concentravam-se na região dos Bálcãs, onde se formou a faísca que fez eclodir a guerra.
    5. Rival da Alemanha desde que foi derrotada na Guerra Franco-Prussiana, em 1871, na qual perdeu a região da Alsácia-Lorena, a França foi uma das protagonistas da Primeira Guerra Mundial.
    6. Desde o século dezoito, o Reino Unido era a maior potência econômica e industrial do mundo. Essa posição resultava, em grande parte, de sua política imperialista, que lhe garantia o domínio de vastos territórios.
A propaganda de guerra

Com o conflito declarado, as nações beligerantes envolvidas precisavam conquistar o apôio da população para o esfôrço de guerra. Para isso, investiram muito na propaganda nacionalista, por meio de fotografias, pôsteres e cartazes, que se tornaram os principais instrumentos da campanha oficial a favor da guerra.

Com a propaganda nacionalista, as potências pretendiam convocar voluntários para as equipes médicas e levantar recursos para as campanhas militares. Nos materiais produzidos, geralmente se apelava para a emoção e eram relembrados acontecimentos da história dos países que alimentavam o fervor patriótico. Esse efeito era potencializado pela linguagem utilizada: em pequenas frases impactantes, procurava-se construir a identificação do indivíduo com aquilo que se queria comunicar. Dessa fórma, buscava-se dialogar diretamente com o povo, seduzindo-o e transmitindo uma mensagem de unanimidade nacional, ou seja, a de que todos concordavam com o esfôrço de guerra.

No Reino Unido, a propaganda foi bastante significativa. Em 1914, mesmo sendo o maior império transoceânico do mundo, o país tinha apenas um exército profissional e não adotava uma política de alistamento militar, como a França e a Alemanha. Por isso, o govêrno britânico adotou algumas estratégias publicitárias, como a utilização de cartazes de convocação durante todo o conflito e o tema recorrente da ameaça de invasão da ilha pela Alemanha.

Cartaz. Ilustração que mostra soldado de uniforme verde, empunhando uma baioneta comprida, está abaixado, com os olhos arregalados, um dos joelhos no chão e a outra perna esticada. Uma grande moeda dourada está sobre ele, forçando seu corpo para baixo. Na moeda, um galo bravo com o bico na direção do soldado. Ao redor do galo as informações: Liberté, Egalité, Fraternité, 1915. No cartaz as informações: POUR LA FRANCE VERSEZ VOTRE OR. L’OR COMBAT POUR LA VICTOIRE.
Cartaz de 1915 representando um soldado alemão sendo derrubado por uma moeda francesa. Nele lê-se: “Entregue seu ouro pela França. O ouro luta pela vitória!”.
Cartaz. Ilustração de duas mulheres abraçadas na janela observando soldados do lado de fora. Uma é mais alta, e tem cabelos claros, e a outra é mais baixa, e tem cabelos escuros. Uma criança está segurando o xale da moça de cabelos escuros. Na parte superior o título: WOMEN OF BRITAIN SAY – GO!
Cartaz britânico de 1915 em que se lê: “Mulheres da Bretanha dizem – ‘Vão!’”. Bonhams, Londres, Reino Unido.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

6. Que estratégia os países participantes do conflito empregaram para garantir o apôio da população ao esfôrço de guerra?


Respostas e comentários

Propaganda de guerra contra a Alemanha

A Alemanha foi muito atacada e estereotipada nos pôsteres produzidos pelos países da Entente, principalmente por ter violado o Tratado de Londres. Na propaganda de guerra, os soldados alemães eram descritos como “selvagens”, representantes do militarismo e da barbárie que tentavam destruir a civilização e a democracia.

Recapitulando

6. As nações beligerantes procuraram investir na propaganda nacionalista, principalmente por meio de cartazes e pôsteres, para despertar o patriotismo da população e conquistar seu apôio à guerra.

Ampliando: a Frente Oriental

“O início da guerra foi um desastre para os austríacos. As tropas russas entraram facilmente na Prússia Oriental, hoje parte da Polônia, que não existia como país independente. Em poucas semanas morreram mais de 300 mil soldados austro-húngaros, e suas tropas foram obrigadas a um recuo imenso – 170 quilômetros. A vanguarda russa, sob o comando do general Samsonov, chegou a 50 quilômetros de Cracóvia, a mais importante cidade polonesa sob domínio da Áustria. Assustado com o avanço rápido dos russos, o Kaiser deslocou parte de suas fôrças em apôio aos aliados austro-húngaros. Eram comandadas pelos generais Êrrichi Ludendórf e Pól fon Rindemburg reticências. Era notável a superioridade do armamento e das tropas alemãs – na infantaria russa, muitos soldados marchavam sem armas, esperando a morte de um colega para tomar-lhe o fuzil. Só na batalha de Tannenberg, 30 mil russos morreram e 100 mil caíram prisioneiros. Desesperado, o general Samsonov suicidou-se. Começava a retirada russa. E também o calvário de seus soldados presos.”

BRENER, Jayme. A Primeira Guerra Mundial. segunda edição São Paulo: Ática, 2008. página 26-27.

A expansão do conflito

A Primeira Guerra Mundial estendeu-se por um imenso território e foi travada em diversas frentes de batalha. Nas fronteiras entre a França, a Alemanha e a Bélgica ficava a Frente Ocidental. Na Frente Oriental combatiam a Rússia, a Alemanha e o Império Austro-Húngaro. Na Frente dos Bálcãs, onde se iniciou a guerra, lutavam a Sérvia, a Romênia e a Grécia, pela Tríplice Entente, e o Império Austro-Húngaro, o Império Turco-Otomano e a Bulgária, pela Tríplice Aliança. Na fronteira da Áustria com a Itália formou-se a Frente Alpina.

No Oriente Médio, britânicos e turcos guerrearam na Síria, na Península Arábica e na Palestina. Na África, as operações tiveram como centro a África Oriental Alemã (atuais Tanzânia, Ruanda e Burundi). Nos prolongados combates travados nessa região, os alemães, sob o comando do coronel Pól Êmil fon Léto Vôobéc, não perderam nenhuma batalha. Por fim, boa parte do Oceano Atlântico e do Mar Mediterrâneo também foi tomada pela chamada guerra marítima.

Na Frente Ocidental, depois de invadir a Bélgica e Luxemburgo, o exército alemão planejava entrar na França e marchar até a capital, Paris. Com o apôio britânico, os franceses conseguiram deter o avanço alemão. Com isso, foi estabelecida uma guerra de posições, marcada por lutas em trincheiras. Na Frente Oriental, em que a área do conflito era mais ampla, as batalhas aconteciam de fórma direta. Nesse lado da guerra, a Alemanha conseguiu vitórias importantes sobre os russos. Na Ásia, porém, os alemães perderam para os japoneses vários territórios, como Qingdao, na China, e as Ilhas Carolinas e Marshall, no Oceano Pacífico.

Alianças e frentes de combate na Primeira Guerra Mundial

Mapa. Alianças e frentes de combate na Primeira Guerra Mundial. Destaque para o continente europeu. Legenda: Linha vermelha: Frentes em 1914. Linha verde: Frentes em 1915. Lilás: Tríplice Aliança. Verde: Tríplice Entente e aliados. Branco: Países neutros, branco. No mapa, as frentes em 1914 localizam-se na região entre a Bélgica e a França até a Suíça; no nordeste do Império Alemão, próximo à fronteira com a Rússia; no nordeste do Império Austro-Húngaro, na fronteira com a Rússia; e na divisa entre Sérvia e Império Austro-Húngaro. As frentes em 1915 localizam-se na divisa entre Itália e Império Austro-Húngaro; no sudoeste do Império Russo; e na divisa entre Sérvia e Grécia. A Tríplice Aliança é composto por Império Alemão, Império Austro-Húngaro, Bulgária e Império Turco-Otomano. A Tríplice Entente e aliados compreende Império Russo, Reino Unido, Romênia, Sérvia, Grécia, Itália, Montenegro, França e Portugal. Países neutros: Espanha, Albânia, Suíça, Noruega e Suécia. No canto esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 420 quilômetros.

Fontes: CHALIONDE, Gerrádi; RAGEÚ, Jean Piérre. Atlas stratégique. Paris: compléxe, 1988. página 34; Enciclopédia Britânica DO BRASIL. Atlas histórico. Barcelona: Marin, 1997. página 178.

Saiba mais

O genocídio armênio

Em 1913, o grupo político Jovens Turcos tomou o poder no Império Otomano objetivando “turquinizar” os povos subjugados e exterminar os armênios, que eram vistos como “uma praga”, uma ameaça à soberania nacional, pois lutavam havia décadas para ter direitos e autonomia. Com a Primeira Guerra Mundial, os Jovens Turcos viram uma oportunidade para concretizar seus ideais. O pretexto foi uma derrota do império para os russos, que teriam sido ajudados pelos armênios. Em 1915, os turcos enviaram os armênios aos “batalhões de trabalho” em áreas desérticas, onde viviam em condições deploráveis. Muitos morriam ou eram assassinados no caminho. Historiadores estimam que cêrca de 1,5 milhão de armênios tenham sido mortos. Até hoje, a Turquia não reconhece esse genocídio.


Respostas e comentários

Ampliando: a “guerra mundial de 31 anos”

“‘As luzes se apagaram em toda a Europa’, disse eduard grei, secretário das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, observando as luzes de Whitehall na noite em que a Grã-Bretanha e a Alemanha foram à guerra. ‘Não voltaremos a vê-las acender em nosso tempo de vida.’ Em Viena, o grande satirista Cálc raus preparava-se para documentar e denunciar essa guerra num extraordinário drama-reportagem a que deu o título Os últimos dias da humanidade. Ambos viram a guerra mundial como o fim do mundo, e não foram os únicos. Não foi o fim da humanidade, embora houvesse momentos, no curso dos 31 anos de conflito mundial, entre a declaração de guerra austríaca à Sérvia, a 28 de julho de 1914, e a rendição incondicional do Japão, a 14 de agosto de 1945 – quatro dias após a explosão da primeira bomba nuclear –, em que o fim de considerável proporção da raça humana não pareceu muito distante.

A humanidade sobreviveu. Contudo, o grande edifício da civilização do século vinte desmoronou nas chamas da guerra mundial, quando suas colunas ruíram. Não há como compreender o breve século vinte sem ela. Ele foi marcado pela guerra. Viveu e pensou em termos de guerra mundial, mesmo quando os canhões se calavam e as bombas não explodiam. Sua história e, mais especificamente, a história de sua era inicial de colapso e catástrofe devem começar com a da guerra mundial de 31 anos.”

ROBSBAUM, Eric J. Era dos extremos: o breve século vinte (1914-1991). segunda edição São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página 30.

A guerra de trincheiras

As trincheiras eram valas cavadas na terra em que os soldados se protegiam das investidas dos inimigos e aguardavam a próxima oportunidade de atacar. Nelas, os soldados podiam atirar contra o inimigo e ter alguma segurança para se movimentar durante os combates. Essa estratégia de guerra foi usada pela primeira vez na Guerra Civil Americana, entre 1861 e 1865.

Na Primeira Guerra Mundial, as trincheiras começaram a ser construídas em setembro de 1914, quando os alemães foram barrados pelos franceses. O exército alemão, que não queria retroceder, também utilizou trincheiras para aguardar uma nova oportunidade para atacar a França.

No decorrer da guerra, as trincheiras transformaram-se na principal estratégia militar, especialmente da Frente Ocidental. O sistema alemão de trincheiras era o mais sofisticado. Em pouco tempo, elas se estenderam do sudeste da França, na fronteira com a Alemanha e a Suíça, até a costa norte, na fronteira com a Bélgica. Os soldados passavam a maior parte do tempo nessas valas estreitas e úmidas e, por isso, muitos adoeciam.

Leia o texto sobre algumas dificuldades vivenciadas pelos soldados nas trincheiras.

Quando o solo estava molhado, era impossível se deitar – então os soldados tinham de dormir sentados, encostados uns nos outros. reticências Mergulhados no lodo, os soldados desenvolviam uma doença que ficou conhecida como ‘pé de trincheira’: a umidade deixava os pés azulados ou vermelhos, cheios de bolhas e úlceras, que muitas vezes acabavam em gangrena e amputação. reticências Havia uma praga adicional: os piolhos. Amontoados e com pouca higiene, os soldados não tinham como evitar a infestação. E os problemas não se resumiam à coceira das picadas. [A] bactéria Bartonéla cuintana – transmitida pelos piolhos – causava febre alta, tontura e terríveis dores nas pernas, nas costas e na cabeça.

BOTELHO, José Francisco. A guerra da lama. Aventuras na História, número 130, página 28-30, maio 2014. (Adaptado.)

Fotografia em preto e branco. Soldados empunhando armas, abaixados nas trincheiras feitas em buraco na terra. Algumas armas são de cano longo, outras de cano curto. Os soldados usam capacete raso e arredondado, e casaco militar.
Soldados em trincheira durante a Primeira Guerra Mundial em Vênlo, Países Baixos. Foto de cêrca de 1917.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que eram as trincheiras? Qual era sua função?
  2. Como era o cotidiano dos soldados nas trincheiras?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. As trincheiras eram valas cavadas na terra para que os soldados se protegessem das investidas do inimigo. Elas tinham a função de permitir que os soldados se movimentassem com maior segurança durante os combates.
  2. Os soldados passavam a maior parte do tempo nas trincheiras, que eram úmidas, o que os obrigava a dormir sentados. A umidade e a falta de higiene promoviam a proliferação de insetos, como piolhos, e de doenças.

Nas trincheiras, os soldados viviam situações que revelavam ora solidariedade, ora desumanidade. Leia dois trechos de cartas de combatentes na Primeira Guerra Mundial que tratam desses aspectos.

Carta do tenente britânico ártur cônuei iâng, de 1916:

Ao ouvir alguns gemidos quando eu ia para as trincheiras, olhei para um abrigo ou buraco cavado ao lado e achei nele um jovem alemão. Ele não podia se mover porque suas pernas estavam quebradas. Implorou-me que lhe desse água, eu corri atrás de alguma coisa e encontrei um pouco de café que logo lhe dei para beber. Ele dizia todo o tempo ‘Danke, kamerad, danke, danke’ (‘Obrigado, camarada, obrigado, obrigado’). Por mais que odeie os bochesglossário , quando você os está combatendo, a primeira reação que ocorre ao vê-los caídos por terra e feridos é sentir pena. reticências Não é raro ver um soldado inglês e outro alemão lado a lado num mesmo buraco, cuidando um do outro, fumando calmamente.

Carta encontrada no bolso de um soldado alemão em 1916:

Estamos tão cansados que dormimos, mesmo sob intenso barulho. A melhor coisa que poderia acontecer seria os ingleses avançarem e nos fazerem prisioneiros. Ninguém se importa conosco. Não somos revezados. Os aviões lançam projéteis sobre nós. Ninguém mais consegue pensar. As rações estão esgotadas, pão, conservas, biscoitos, tudo terminou! Não há uma única gota de água. É o próprio inferno!

MARQUES, Adhemar Martins; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. História contemporânea através de textos. décima segunda edição São Paulo: Contexto, 2013. volume 5, página 120. (Coleção Textos e documentos).


Responda em seu caderno.

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  1. O que o relato do tenente ártur cônuei iâng revela sobre o cotidiano dos soldados nas trincheiras?
  2. Que sentimento o soldado alemão expressa em seu relato?
  3. Com base nos relatos, explique o conflito emocional dos combatentes em relação ao inimigo.
Fotografia em preto e branco. Homens dentro das trincheiras. Um deles está aparando a barba do outro, que está sentado. Ao redor, estruturas com toras de madeira na base das trincheiras.
Soldados realizando atividade de higiene em uma trincheira da Frente Ocidental, durante a Primeira Guerra Mundial. Flandres, Bélgica. Foto de cêrca de 1917.

Refletindo sobre

Além das sequelas físicas, como amputação de membros e cegueira, muitos soldados sobreviventes ficam com sequelas psicológicas da guerra. Em sua opinião, como a guerra pode afetar a capacidade de empatia humana? Converse sobre o tema com os colegas.

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    1. O relato revela que existiam laços de solidariedade entre os soldados, mesmo quando se tratava de inimigos.
    2. O soldado alemão expressa o sentimento de abandono, pois ficou sem o apôio da própria corporação alemã e prefere ser capturado pelo inimigo.
    3. Os relatos revelam que os combatentes tinham sentimentos contraditórios em relação ao inimigo, pois, apesar de precisarem combatê-los, acabavam sentindo empatia ou desejando ser capturados para escapar do duro cotidiano das trincheiras e dos campos de batalha.

    Refletindo sobre

    Espera-se que os alunos reflitam sobre o fato de que, ao participar de uma guerra, os soldados precisam desenvolver uma postura de frieza emocional para conseguir combater os soldados inimigos. Essa postura depende da negação da empatia, que é a capacidade inata do ser humano mentalmente saudável de se colocar no lugar do outro, compreender o sofrimento dele e agir com compaixão. Dessa fórma, a vivência dos conflitos de guerra, nos quais é preciso atacar e matar o inimigo, muitas vezes sem o desejo pessoal de fazer isso, pode produzir efeito de desumanização ou traumas psicológicos irreparáveis, afetando a saúde mental dos combatentes por toda a vida. A discussão pode ser ampliada para a necessidade da propaganda de guerra, muitas vezes baseada em ufanismo (retomar os cartazes apresentados na página 45), como fórma de fornecer algum suporte psicológico e convencer os soldados e a população sobre a necessidade do conflito.

    Atividade complementar

    Com base na leitura dos relatos apresentados na página, peça aos alunos que se imaginem no lugar do destinatário das cartas enviadas pelos soldados de guerra (pai, mãe, irmãos, esposas, amigos, namoradas etcétera) e escrevam uma carta-resposta ao soldado. Oriente-os a descrever detalhes sobre o cotidiano da população civil durante o conflito, como a falta de alimentos, a necessidade de doar pertences para financiar a guerra, a saudade e preocupação com os entes queridos em combate etcétera Depois, os alunos que desejarem poderão ler as cartas produzidas para o restante da turma.

    Bê êne cê cê

    Ao propor avaliação dos aspectos emocionais relacionados à situação de guerra e o exercício da empatia, a atividade favorece o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 8 e nº 9.

    A África na Primeira Guerra Mundial

    O processo de colonização da África e da Ásia no final do século dezenove e no comêço do século vinte foi motivado pelo interesse de países europeus em conquistar fontes de energia, matérias-primas, mercados consumidores para seus produtos industrializados e negócios para o investimento dos capitais excedentes. Para justificar a dominação, os colonizadores adotaram um discurso civilizador, defendendo a ideia de que o homem branco estava predestinado a tirar os povos “atrasados” da “barbárie” em que se encontravam.

    No entanto, a eclosão da Primeira Guerra Mundial mudou os rumos da dominação colonial. No continente africano, que foi palco importante do conflito, a guerra começou em agosto de 1914 com um ataque da marinha britânica às cidades de Dar es Salaam e Tanga, na África Oriental Alemã. Em retaliação, os alemães destruíram um trecho da Estrada de Ferro Uganda, próximo à fronteira entre os territórios onde hoje se localizam o Quênia e a Tanzânia.

    Outras batalhas ocorreram na África e contaram com a participação maciça de soldados nativos. Eles lutaram no Sudoeste Africano (atual Namíbia), na África Oriental Alemã (atuais Tanzânia, Ruanda e Burundi), no Togo e em Camarões.

    Os colonizadores empregaram duas táticas para garantir a participação dos africanos no conflito: o aliciamento dos soldados, que obtinham alguns privilégios materiais e políticos compensatórios, e a coerção, pressionando-os a se alistar sob a ameaça de receberem punições em caso de recusa. Em algumas regiões, o alistamento era obrigatório, o que contribuiu para o surgimento de revoltas, como as ocorridas no sul da Costa do Marfim, na Líbia e em Uganda. Além do recrutamento forçado de soldados, ocorreram no continente africano rebeliões durante a guerra, motivadas pela oposição ao conflito, pelas restrições econômicas impostas pela guerra e pelo objetivo de emancipar-se da dominação imperialista.

    Fotografia em preto e branco. Soldados perfilados. Eles carregam as armas apoiadas nos ombros. São conduzidos por dois militares a cavalo. À frente deles, um soldado batendo dois pratos, instrumento metálico circular.
    Soldados africanos na África Oriental Alemã (na região da atual Tanzânia) durante a Primeira Guerra Mundial. Foto de 1914.

    Responda em seu caderno.

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    Observe, na foto, os oficiais a cavalo que comandam os soldados. O que esse detalhe revela sobre a relação dos europeus com os africanos na época?


    Respostas e comentários

    Bê êne cê cê

    Ao abordar o recrutamento de soldados das colônias africanas para lutar na Primeira Guerra Mundial e a contribuição dessa situação para o desenvolvimento de um sentimento anticolonialista entre os africanos, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero nove agá ih um quatro.

    Explore

    Espera-se que os alunos percebam que os oficiais comandantes são os únicos brancos, o que revela, por inferência, o reflexo do colonialismo europeu na África e a mentalidade, vigente no período, da “superioridade branca” em relação aos negros. Por esse motivo, em geral, os cargos de comando do exército, mesmo em território africano, eram atribuídos aos brancos.

    Territórios africanos

    Derrotada na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha teve seus territórios partilhados entre os vencedores: a França dividiu Togo e Camarões com o Reino Unido, que também incorporou a parte da África Oriental Alemã correspondente à parcela da atual Tanzânia; a Bélgica integrou em seus domínios os territórios dos atuais Burundi e Ruanda; a África do Sul anexou o Sudoeste Africano; e a Itália agregou o norte do Quênia à Somália Italiana.

    A entrada dos Estados Unidos na guerra

    Em 1917, os alemães declararam guerra a qualquer país que fornecesse suprimentos para seus inimigos. A intenção era isolar o Reino Unido e deixá-lo sem alimentos, medicamentos e armamentos. Os mais atingidos pela medida alemã foram os Estados Unidos, importantes parceiros comerciais do Reino Unido.

    Em abril de 1917, após um ataque alemão a um de seus navios, os Estados Unidos entraram na guerra. O govêrno estadunidense, então, investiu pesadamente na criação do Comitê de Informação Pública, órgão encarregado de preparar campanhas publicitárias com o objetivo de obter apôio popular à participação do país na guerra.

    Em um período no qual os exércitos europeus estavam muito desgastados por anos de conflito, o poder bélico estadunidense colaborou de fórma decisiva para a vitória da Entente.

    Cartaz. Ilustração de homem de cabelo e barba grisalhos, boca pequena, nariz fino e sobrancelhas franzidas. Veste uma cartola branca, decorada com uma faixa azul com estrelas brancas. Usa um casaco azul sobre uma camisa branca e um lenço vermelho no pescoço. Ele está com uma das mãos à frente, com o dedo apontado. Abaixo, as informações: I WANT YOU FOR U.S. ARMY. NEAREST RECRUTING STATION.
    Cartaz estadunidense de 1917 convocando homens para o exército. Biblioteca do Congresso, Washington, Estados Unidos.

    A participação do Brasil

    O Brasil manteve-se neutro no início da guerra, com o objetivo principal de não prejudicar as vendas de café no exterior, entrando no conflito somente após uma série de bombardeios alemães a navios brasileiros no primeiro semestre de 1917. Em 26 de outubro daquele ano, sob forte pressão popular, o govêrno declarou guerra à Tríplice Aliança.

    A participação militar do país restringiu-se a algumas ações de pilotos da fôrça aérea (ligados ao exército e à marinha, pois ainda não havia sido criada a fôrça Aérea Brasileira). Além disso, o Brasil contribuiu com apôio médico e fornecimento de alimentos e matérias-primas, e a marinha patrulhou o Oceano Atlântico à procura dos temidos submarinos alemães.

    Fotografia em preto e branco. Multidão aglomerada na rua em um protesto. Nas laterais as entradas de prédios.
    Protesto contra o torpedeamento de navios brasileiros pelos alemães durante a Primeira Guerra Mundial, no Rio de Janeiro. Foto de 1917.

    Respostas e comentários

    Ampliando: a participação do Brasil na Primeira Guerra

    “O Brasil foi o único país sul-americano a participar da Primeira Guerra Mundial. A participação se restringiu ao envio de 13 aviadores à Grã-Bretanha, que fizeram parte da Royal Air Force; uma missão médica à França, que instalou um hospital em Paris; de observadores do exército e uma frota de seis navios para patrulhar o Mediterrâneo, a Divisão Naval em Operações de Guerra. Esta não chegou a tomar parte nas hostilidades, pois navegando do Brasil para o Mediterrâneo imobilizou-se em Dacar ao ser atingida pela gripe espanhola, que matou mais de cem marinheiros. Embora simbólica, essa participação militar permitiu ao Brasil importantes ganhos no cenário internacional. No final de 1917, o país esteve presente na Conferência Interaliada de Paris e, terminada a guerra, nas negociações de paz de Versalhes, com uma delegação chefiada por Epitácio Pessoa. Nelas, o Brasil foi atendido em suas demandas principais, como a de ficar com os navios alemães apreendidos durante a guerra e a de obter reembolso do valor do café vendido pelo estado de São Paulo, em 1914, às casas comerciais alemãs e cujo pagamento ficou bloqueado em bancos na Alemanha.”

    DORATIOTO, Francisco. O Brasil no mundo. In: Chuárquis, Lilia Mórits (coordenação). A abertura para o mundo: 1889-1930. Madri: Fundación Mapfre; Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. volume 3. página 163-164. (Coleção História do Brasil nação: 1808-2010).

    Fotografia em preto e branco. Adultos e crianças de roupas escuras e largas em uma rua de terra. Ao redor deles, casas simples e inacabadas.
    Judeus no distrito Poríc, na atual Ucrânia, que pertencia ao Império Russo. Foto de 1917.

    No Oriente Médio: sionismo e pan-arabismo

    Um dos principais focos do conflito no Oriente Médio, que estava sob o domínio do Império Turco-Otomano, foi a região da Palestina e envolveu os judeus e os árabes muçulmanos.

    No século dezenove, os judeus concentravam-se principalmente no leste da Europa – que estava sob domínio do Império Russo – e sofriam constantes perseguições. Nesse cenário, começou a se delinear o sionismo, movimento nacionalista judaico cujos defensores pregavam a criação de um Estado judeu na Palestina. Em 1897, foi realizado na Suíça o Primeiro Congresso Sionista, no qual se reconheceu internacionalmente o estabelecimento dos judeus na Palestina. Assim, muitos judeus imigraram para a região, onde viviam milhares de árabes muçulmanos, dando início às hostilidades entre esses dois grupos.

    Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, esse cenário se agravou. Além de ser uma região estratégica que ligava o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, o Oriente Médio tinha as maiores jazidas de petróleo do mundo.Assim, interessado em controlar a região, em 1917 o Reino Unido declarou apôio ao movimento sionista por meio da Declaração de Balfour. Em troca, recebeu apôio dos judeus na luta contra o Império Turco-Otomano.

    Em 1918, com a derrota do Império Turco-Otomano, foi assinado o Armistício de Mudros, por meio do qual se determinou a divisão dos territórios que pertenciam aos otomanos entre os Estados vitoriosos na guerra. A Palestina tornou-se um mandato britânico, e intensificou-se a imigração de judeus para a região, agravando-se os conflitos com os árabes muçulmanos. Esse movimento contribuiu para fortalecer o pan-arabismo, cujos participantes defendiam a união de todos os árabes em uma grande comunidade, de modo que fossem superadas as barreiras e fronteiras historicamente construídas.


    Responda em seu caderno.

    Recapitulando

    1. Como as potências imperialistas recrutaram soldados africanos na guerra?
    2. Por que a Declaração de Balfour contribuiu para intensificar os conflitos entre judeus e árabes muçulmanos na Palestina?

    Respostas e comentários

    O termo Palestina

    Utilizamos o termo Palestina para designar a área geográfica da Antiguidade localizada entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, ao sul do atual Líbano e a nordeste da Península do Sinai.

    “O nome ‘Palestina’ é uma fórma grega do termo aramaico pelichtain (em hebraico pelichtin) e designava originalmente o território povoado pelos filisteus na planície litorânea.”

    Dôner, Rêrbert . História de Israel e dos povos vizinhos. São Leopoldo: Sinodal, 1997. volume 1, página 50.

    Bê êne cê cê

    Ao abordar os efeitos da Primeira Guerra Mundial no Oriente Médio, mencionando a questão da Palestina, o sionismo e o pan-arabismo, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero nove agá ih um zero.

    Judeus na Palestina e a Diáspora

    A disputa pela região da Palestina tem origem na Antiguidade. A região é considerada pelos judeus a Terra Prometida a eles por Deus, quando Abraão se converteu ao monoteísmo, conforme episódio narrado na Bíblia. Após se instalarem na Palestina, os judeus foram dominados por vários povos. No ano 70 Depois de Cristo, a população judaica foi expulsa da Palestina e se dispersou por várias regiões, processo conhecido como Diáspora.

    Recapitulando

    1. O recrutamento ocorria por meio do aliciamento dos soldados, que obtinham privilégios em troca de participação na guerra, ou da coerção, forçando os africanos a lutar no conflito sob ameaça de retaliações em caso de recusa. Havia também o alistamento voluntário.
    2. Ao declarar apôio ao movimento sionista em 1917, por meio da Declaração de Balfour, o Reino Unido contribuiu para intensificar a imigração de judeus para a Palestina, onde viviam milhares de árabes muçulmanos. A chegada dos judeus foi vista como uma ameaça aos territórios e à cultura árabes, acirrando, assim, as hostilidades entre os dois povos na região.
    Mulheres em tempo de guerra

    À medida que os combates se prolongavam, os efeitos da guerra se estendiam pelas sociedades europeias. Enquanto a fôrça de trabalho masculina era mobilizada para as frentes de batalha, as mulheres assumiam funções que antes eram desempenhadas exclusivamente por homens. Nas cidades, elas se tornaram chefes de família, operárias, condutoras de bondes, agentes do serviço postal etcétera Nas áreas rurais, exerciam as atividades agrícolas, garantindo, pelo menos minimamente, o suprimento de alimentos.

    Durante a guerra, as práticas sociais e os preconceitos que colocavam as mulheres em condição inferior à dos homens foram relativamente vencidos pela necessidade. Contudo, o fim do conflito mundial revelaria o quão resistentes eram as estruturas patriarcaisglossário das sociedades ocidentais do começo do século vinte.

    A guerra: um parêntese antes do retorno à normalidade, um teatro de sombras em que as mulheres, na retaguarda, só aparentemente desempenham os papéis principais. Mais do que isso, a guerra teria bloqueado o movimento de emancipação que se esboçava em toda a Europa do início do século vinte e que se encarnava numa nova mulher econômica e socialmente independente reticências. A guerra teria reforçado a identidade masculina em crise nas vésperas do conflito e reposto as mulheres no seu lugar de mães prolíficasglossário , de donas de casa reticências e de esposas submissas e admiradoras.

    Tebô, Françuási. A Grande Guerra: o triunfo da divisão sexual. In: dubí jórj; perrô michéle (organizador). História das mulheres no Ocidente: o século vinte. Porto: Afrontamento, 1991. volume 5, página 33.

    Fotografia em preto e branco. Mulheres em uma linha de produção. Estão em pé atrás de uma longa bancada baixa. Sobre ela diversos tubos. Ao fundo, grandes dutos interligados. Atrás e à esquerda, alguns homens observam.
    Mulheres trabalhando na produção de armas em Lyon, França. Foto de 1917.

    Responda em seu caderno.

    Recapitulando

    11. Os novos papéis desempenhados pelas mulheres durante a guerra fortaleceram a luta pela emancipação feminina? Justifique a sua resposta.


    Respostas e comentários

    Recapitulando

    11. Apesar de as mulheres terem assumido durante a guerra papéis de chefes de família, operárias e agentes de serviço postal, entre outras responsabilidades, não houve alteração em sua condição social. Em vez disso, a guerra reforçou a identidade masculina e enfatizou o papel da mulher como mãe, dona de casa, esposa submissa e admiradora, reafirmando a necessidade de continuar a luta pela emancipação feminina que se esboçara antes do conflito.

    Ampliando: tomada de consciência feminina

    “A guerra liquidou as estruturas tradicionais: os homens nas trincheiras levaram as mulheres, até então dedicadas às tarefas domésticas, a trabalharem nas indústrias. Rompia-se, assim, a ‘idílica’ e ‘romântica’ visão burguesa do ‘Lar’, mitologia baseada no preconceito do ‘caráter natural’ da ‘divisão sexual do trabalho’. Afinal, um ponto positivo: o conflito encerrado em 1918 contribuía, de certa maneira, para a tomada de consciência, por parte da mulher, de seus reais interesses e de seu valor como pessoa humana.”

    RODRIGUES, Luiz César Barreto. A Primeira Guerra Mundial. terceira edição São Paulo: Atual; Campinas: Editora da unicâmpi, 1986. página 71.

    O fim da guerra

    Em 1917, a guerra chegou a um impasse. Divisões e motins no interior dos exércitos expressavam o desgaste de um conflito que já durava três anos. A Rússia, debilitada pelas batalhas e dividida internamente pelo início de uma revolução socialista (que precedeu uma guerra civil), assinou a paz em separado com a Alemanha e saiu do conflito.

    Principalmente a partir de 1918, o reforço dos Estados Unidos em suprimentos agrícolas e industriais e tropas ajudou os Aliados a decidir o conflito. No início de novembro, uma revolução eclodiu em Berlim e em outras importantes cidades da Alemanha, e o imperador abdicou do trono. No dia 11 de novembro, o govêrno da recém-proclamada república alemã assinou a rendição. Em janeiro de 1919, os vencedores reuniram-se em Paris para discutir as condições da paz.

    Na Conferência de Paris, o presidente dos Estados Unidos, Uodrou Uilsom, apresentou uma proposta de paz sem indenizações nem anexações territoriais. Alguns pontos defendidos por Uílson acabaram se concretizando, como a independência de alguns Estados europeus e a criação da Sociedade das Nações, organização internacional que teria o papel de assegurar a paz.

    O continente europeu foi reconfigurado. O Império Austro-Húngaro foi desmembrado e de seu fatiamento surgiram o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (a partir de 1929 chamado de Iugoslávia), a Tchecoslováquia e a Hungria, que reconquistou a independência. A Turquia perdeu quase todos os seus domínios para os britânicos e os franceses. Independentes do Império Russo, formaram-se a Letônia, a Estônia, a Lituânia e a Finlândia. A Polônia, antes dividida entre os grandes impérios da região, também se tornou um Estado independente.

    A Europa depois da Primeira Guerra Mundial

    Mapa. A Europa depois da Primeira Guerra Mundial. Destaque para países do centro e leste europeu. Legenda: Verde: Rússia soviética. Laranja: Perdas do Império Russo. Roxo: Alemanha. Vermelho: Perdas do Império Alemão. Rosa: Áustria. Amarelo: Perdas do Império Austro-húngaro. A Rússia Soviética corresponde ao território da Rússia pós-revolução. As perdas do Império Russo abrangem: Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e pequeno trecho ao leste da Romênia. A Alemanha abrange o território alemão pós-primeira guerra. As perdas do Império Alemão compreendem: Lorena, Alsácia e Corredor polonês, território da Polônia entre os dois trechos do território alemão; A Áustria corresponde ao território austríaco pós-primeira guerra. As perdas do Império Austro-húngaro foram: Tchecoslováquia, Hungria, Iugoslávia, pequeno trecho ao norte da Itália e boa parte do território da Romênia, no oeste deste país. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 470 quilômetros.

    Fonte: CHALIONDE, Gerrádi; RAGEÚ, Jean Piérre. Atlas politique du XXe siècle. Paris: Seuil, 1988. página 52.


    Responda em seu caderno.

    Explore

    Compare este mapa com o mapa apresentado na página 46, que representa as frentes de combate na Primeira Guerra Mundial. Depois, descreva as mudanças territoriais ocorridas no período.


    Respostas e comentários

    Explore

    O Império Russo perdeu territórios, que deram origem à Finlândia, à Estônia, à Letônia, à Lituânia e à Polônia. O Império Austro-Húngaro deixou de existir, dando origem à Tchecoslováquia, à Hungria e à Iugoslávia. A Alemanha perdeu a região da Alsácia-Lorena, que voltou a pertencer à França, e o território conhecido como “corredor polonês”, que separava a Prússia Oriental do restante do país.

    Ao comparar os dois mapas e analisar as mudanças nas fronteiras europeias durante e depois da Primeira Guerra Mundial, os alunos desenvolvem importantes habilidades ligadas à leitura cartográfica. É importante que a interpretação dos mapas seja associada ao conteúdo textual, de modo a evidenciar que o cenário político e econômico do fim da Primeira Guerra Mundial resultou na reconfiguração territorial europeia, dando origem a novos países.

    Nos termos dos vencedores

    Algumas propostas apresentadas pelo presidente estadunidense, Uodrou Uilsom, não interessavam aos vencedores, sobretudo ao Reino Unido e à França, que pretendiam afastar a Alemanha do centro do cenário político, econômico e militar da Europa. Assim, ao final de meses de negociações, os tratados de paz ficaram muito distantes da proposta do govêrno dos Estados Unidos. O principal acordo político para o fim da guerra, o Tratado de Versalhes, foi firmado no Palácio de Versalhes, na França, em 28 de junho de 1919.

    As condições impostas à Alemanha, considerada única responsável pela guerra, foram duríssimas. O país teve parte do seu território ocupado e foi obrigado a devolver a região da Alsácia-Lorena para a França. Além disso, perdeu suas colônias e teve de pagar elevadas indenizações aos países vencedores.

    Para os alemães, iniciou-se um período de grave crise econômica e social. A humilhação imposta pelos termos do Tratado de Versalhes alimentou um sentimento revanchista, que foi decisivo para o início da Segunda Guerra Mundial anos depois.

    Os Estados Unidos saíram fortalecidos da Primeira Guerra Mundial. O número de baixas de suas tropas representou menos de 10% das baixas alemãs; seu território não foi atingido pelo conflito e o país tornou-se financiador da reconstrução dos Estados europeus arrasados pelos combates. Nos anos do pós-guerra, os Estados Unidos assumiriam a liderança econômica e política do mundo capitalista.

    Fotografia em preto e branco. Homens em meio a carcaças de veículos e equipamentos abandonados.
    Material bélico alemão destruído após o Tratado de Versalhes. Foto de cêrca de 1919. Por esse tratado, determinaram-se a redução drástica do contingente militar alemão e a entrega de canhões, metralhadoras, aviões e navios de guerra aos vencedores.

    História em construção

    De quem foi a culpa da guerra?

    A responsabilização da Alemanha pela Grande Guerra ainda é um tema muito discutido pelos estudiosos. Na década de 1960, o historiador alemão frítz fishá argumentou que a Alemanha teve a maior responsabilidade pela guerra, pois seus dirigentes políticos estavam conscientes das consequências do conflito e mesmo assim o planejaram para afirmar o país como potência mundial. O historiador australiano cristófer clárqui contesta essa tese, como revela o seguinte trecho de seu estudo, publicado em 2014.

    reticências a eclosão da guerra de 1914 não é um episódio de um drama reticências, no final do qual se descobre o culpado com uma arma na mão, ao lado de um cadáver. Nesta história, cada um dos personagens principais tem em mão um revólver. Se olharmos por esta perspectiva, a eclosão da guerra foi uma tragédia, não um delito com um único culpado. Reconhecer isso não significa minimizar aquelas obsessões de molde beligerante e imperialista dos políticos austríacos e alemães reticências. Mas os alemães não eram os únicos imperialistas, e não eram os únicos a serem vítimas de obsessões paranoicas.

    Clárc, Crístofer. Os sonâmbulos: como eclodiu a Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. página 604-605.


    Responda em seu caderno.

    Questão

    Qual é a contestação que cristófer clárqui faz das ideias defendidas por frítz fishá?


    Respostas e comentários

    História em construção

    cristófer clárqui afirma que não existiu um culpado pela Grande Guerra, pois todas as nações que participaram do conflito tiveram responsabilidade e interesses imperialistas, contestando o que defendia frítz fishá, que atribuía apenas à Alemanha a culpa pela eclosão da guerra.

    Bê êne cê cê

    Ao apresentar o ponto de vista de diferentes historiadores a respeito de um tema, a seção contribui para o desenvolvimento das Competências específicas de História nº 4 e nº 6.

    Ampliando: a experiência da guerra

    “Os horrores da guerra na Frente Ocidental teriam consequências ainda mais tristes. Sem dúvida, a própria experiência ajudou a brutalizar tanto a guerra como a política: se uma podia ser feita sem contar os custos humanos ou quaisquer outros, por que não a outra? Quase todos os que serviram na Primeira Guerra Mundial – em sua esmagadora maioria soldados rasos – saíram dela inimigos convictos da guerra. Contudo, os ex-soldados que haviam passado por aquele tipo de guerra sem se voltarem contra ela às vezes extraíam da experiência partilhada de viver com a morte e a coragem um sentimento de incomunicável e bárbara superioridade – inclusive em relação a mulheres e não combatentes – que viria a formar as primeiras fileiras da ultradireita do pós-guerra. ádolf rítler era apenas um desses homens para quem o fato de ter sido frontsoldat era a experiência formativa da vida.”

    ROBSBAUM, Eric J. Era dos extremos: o breve século vinte (1914-1991). segunda edição São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página 34.

    Os “filhos inválidos” da guerra

    A Primeira Guerra Mundial deixou um rastro de sangue e destruição. Estima-se que 9 milhões de soldados tenham morrido em combate, enquanto mais de 5 milhões de civis sucumbiram vitimados pelos bombardeios, pela fome e pelas epidemias. Além disso, a guerra deixou cêrca de 21,2 milhões de feridos.

    Os soldados sobreviventes que retornavam a suas casas, muitos deles mutilados, deformados e com graves problemas psiquiátricos, nunca mais seriam como antes. Reintegrar-se à sociedade seria um passo difícil por causa dos traumas da guerra e porque muitos ex-combatentes e seus familiares receberam, do govêrno, indenizações e pensões insuficientes para uma vida digna. Além disso, para receber a pensão por incapacidade física, era preciso provar que a deficiência havia sido provocada pela guerra, e muitos documentos se perderam durante o conflito.

    Outra dificuldade enfrentada pelos ex-combatentes estava no fato de que a sociedade em geral não havia se preparado para recebê-los ao final da guerra. Em vários países, por exemplo, não existia uma legislação que protegesse os que perderam membros, ficaram surdos ou tiveram o corpo queimado durante o conflito. Para agravar a situação, havia preconceito contra os ex-soldados. Muitos mutilados não conseguiam arranjar emprego e passaram a viver nas ruas.

    Nesse contexto de abandono, em muitos países, os veteranos de guerra uniram-se e formaram associações para ajudar-se mutuamente nas dificuldades e cobrar das autoridades leis e benefícios para os que tinham arriscado a vida pela nação. Em alguns casos, essas associações acabaram se envolvendo com partidos políticos para ampliar sua luta.

    Pintura. Homem de bigode, usando chapéu e terno. Ele não tem as pernas. Está com o corpo sobre uma tábua com rodinhas. Nas mãos carrega duas hastes de madeira para impulsionar seu carrinho. Ao lado dele, um senhor de chapéu e roupas rasgadas. Tem a barba grande e marcas de expressão no rosto. Ele também não tem as pernas. No lugar dos braços, pedaços de madeira. Ele recebe uma moeda de esmola de uma mão esticada em sua direção. Ao redor deles, partes de braços e um cachorro. Atrás deles, uma criança passando em frente a uma vitrine onde estão expostos próteses de membros, braços, pernas e pés.
    Rua de Praga, pintura de Otto Díquis, 1920. Museu de Arte de Stuttgart, Alemanha. A representação de homens deformados e mutilados faz referência à condição de muitos combatentes após a Primeira Guerra Mundial.

    Conexão

    O lobo do deserto

    Países: Jordânia, Catar, Estados Unidos, Rússia

    Direção: nádji ábu nouár

    Ano: 2014

    Duração: 100 minutos

    O filme narra a história de dois irmãos beduínos da província de Reijás, no Império Turco-Otomano, que ajudam um soldado britânico a encontrar um poço no deserto durante a Primeira Guerra Mundial. A narrativa é centrada na perspectiva do irmão mais novo, Riíb. O filme não exibe os conflitos da guerra, mas apresenta algumas questões do panorama político do período, como a interferência dos britânicos no Império Turco-Otomano, e mostra a cultura dos povos do deserto.


    Cena de filme. Menino em uma região árida. Ele veste uma longa túnica clara. Perto dele algumas pedras encaixadas na areia. À direita um pequeno burrinho.
    Cena do filme O lobo do deserto, 2014.

    Responda em seu caderno.

    Recapitulando

    1. Como a Primeira Guerra Mundial terminou?
    2. Quais foram as condições impostas à Alemanha ao final da guerra?

    Respostas e comentários

    Conexão

    O filme O lobo do deserto é uma narrativa de formação do jovem Riíb, que, em viagem pelo deserto, aprende a sobreviver, a dar água aos camelos e a atirar com um fuzil. Em sua jornada, ele se torna cada vez menos dependente dos adultos, aprende que os mais fortes dominam os mais fracos e é obrigado a tomar uma decisão sobre a legitimidade da vingança. Trata-se de uma história sobre a formação da identidade de uma criança no contexto da crise política e militar decisiva que remodelou as fronteiras e a história dos países do Oriente Médio. A classificação indicativa do filme é a partir de 14 anos.

    Recapitulando

    1. Ocorreram motins no interior dos exércitos, e a Rússia, bastante fragilizada, saiu da guerra. O reforço dos Estados Unidos ajudou os Aliados (Entente) a decidir o conflito, e protestos em importantes cidades da Alemanha pressionaram o govêrno a se render.
    2. A Alemanha teve parte do seu território ocupado e foi obrigada a devolver a região da Alsácia-Lorena para a França. O país também perdeu suas colônias e teve de pagar elevadas indenizações.

    Enquanto isso…

    As rivalidades entre Japão e China no Extremo Oriente

    Ao longo do século dezenove, o Japão promoveu uma política de modernização e expansão territorial que o transformou na principal potência do Extremo Oriente. Em razão da aliança econômica e militar com o Reino Unido, em 1902, e da vitória na guerra contra a Rússia (1904-1905), o país ascendeu internacionalmente. Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, o Japão tinha a quinta maior frota naval do mundo e um grande exército, duas vezes maior que o dos Estados Unidos.

    A China, em contrapartida, estava dividida em várias zonas de influência comandadas pelas potências europeias e pelos japoneses. O país havia perdido territórios para o Japão na Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-1895) e sido obrigado a assinar acordos que lhe eram desfavoráveis pela derrota na Revolta dos Boxers (1901) contra o domínio britânico, além de pagar uma pesada indenização aos vencedores.


    Xilogravura. Conflito militar em alto mar. Soldados em um navio quebrado manuseiam um grande canhão. Ao fundo navios em chamas e explosões no céu. No canto superior direito e no canto inferior esquerdo, inscrições em japonês.
    Xilogravura de Cobaiáchi Quiótica, representando a Batalha Naval do Mar Amarelo, na Coreia, durante a Primeira Guerra Sino-Japonesa, cêrca de 1894. Após essa guerra, o Japão expandiu sua influência sobre a Península da Coreia, antes dominada pela China.

    As rivalidades entre os dois países, portanto, eram intensas, e isso se refletiu na participação deles na Primeira Guerra Mundial. O Japão, a fim de se igualar às potências europeias e ampliar suas possessões na China e no Pacífico, entrou na guerra em agosto de 1914, ao lado da Tríplice Entente. As tropas japonesas venceram a Alemanha na província chinesa de Chandon e em colônias alemãs do Pacífico, dominando essas regiões.

    A China entrou no conflito somente em 1917, também ao lado da Entente, esperando que, com a provável vitória, conseguiria reverter sua condição de inferioridade em relação às grandes potências da época. Os chineses acreditavam que, ao lutar ao lado do Reino Unido e da França, poderiam ser reconhecidos internacionalmente e negociar a retomada de Chandon e o fim do pagamento das indenizações decorrentes da Revolta dos Boxers.

    Ao final do conflito, a China não reintegrou Shandong e, indignada, não assinou o Tratado de Versalhes. Já o Japão pôde continuar com seus domínios. Porém, não foi reconhecido como uma potência igual às ocidentais. Estados Unidos, Reino Unido e França sentiram-se incomodados com a predominância regional que o país conquistara.


    Responda em seu caderno.

    Questões

    1. A China entrou na Primeira Guerra Mundial ao lado de países como o Reino Unido e o Japão, que controlavam muitos de seus territórios. O que ela pretendia com esse envolvimento?
    2. É possível afirmar que o Japão saiu fortalecido da guerra, mesmo sem ser reconhecido como uma potência igual às ocidentais? Explique.

    Respostas e comentários

    Enquanto issoreticências

    1. A China estava dividida em áreas de influência administradas pelo Japão e pelas potências europeias, especialmente o Reino Unido, e seus portos estavam abertos a essas nações. Enfraquecido, o país viu na luta ao lado da Entente uma oportunidade para ser reconhecido internacionalmente e, com a ajuda no esfôrço da guerra, tentar negociar o fim dos acordos firmados após a Revolta dos Boxers e a retomada de Chandon. Além disso, a China não queria ser “representada” pelo Japão na guerra, revertendo sua posição de país de “segunda classe”. O Japão era aliado do Reino Unido desde 1902 e tinha pretensões de dominar territórios na China e no Pacífico que estavam sob o domínio da Alemanha. Isso explica seu envolvimento na guerra ao lado da Entente.
    2. Sim. O Japão ampliou sua influência no Extremo Oriente durante e após a Grande Guerra. Mesmo não sendo reconhecido em posição de igualdade pelas potências ocidentais, o país demonstrou com as vitórias na guerra sua capacidade imperialista.

    A China na guerra

    A principal participação da China na guerra foi o envio de homens à Europa para trabalhar como operários nas indústrias bélicas e para atuar nos campos de batalha abrindo trincheiras e enterrando mortos. É importante lembrar que, na Europa desse período, faltou mão de obra, já que a maior parte da população economicamente ativa foi enviada para lutar na guerra. Se considerar necessário, retome temas estudados no 8º ano desta coleção, relacionados ao imperialismo na Ásia no século dezenove.

    Atividades

    Responda em seu caderno.

    Aprofundando

    1. Analise o quadro para responder às questões.

    O EQUILÍBRIO DE FORÇAS ENTRE AS GRANDES POTÊNCIAS EUROPEIAS (1914)

    Reino Unido

    França

    Rússia

    Alemanha

    Áustria-Hungria

    Quadradinho laranja.População

    46.407.037

    39.601.509

    167.000.000

    65.000.000

    49.882.231

    Quadradinho verde.Soldados disponíveis para mobilização

    711.000

    3.500.000

    4.423.000

    8.500.000

    3.000.000

    Quadradinho rosa.Submarinos

    64

    28

    16

    40

    16

    Quadradinho roxo.Navios de guerra

    64

    73

    29

    23

    6

    Quadradinho amarelo.Valor anual do comércio exterior (em libras – £)

    1.223.152.000

    424.000.000

    190.247.000

    1.030.380.000

    198.712.000

    Fonte: HISTÓRIA do século 20: 1914-1919. São Paulo: Abril Cultural, 1968. página 497.

    1. Quais eram os países com maior atividade no comércio exterior?
    2. Qual país era mais bem preparado para a guerra naval?
    3. Qual país tinha o maior exército?
    4. Que relação pode ser estabelecida entre os dados do quadro e a Paz Armada?
    5. Com a eclosão da guerra, o Reino Unido precisou investir amplamente em propaganda para recrutar soldados. Explique essa informação com dados do quadro.

    2. Leia o poema escrito por um soldado britânico durante a Primeira Guerra Mundial.

    A mesma velha trincheira, a mesma paisagem

    Os mesmos ratos, crescendo como mato

    Os mesmos abrigos, nada de novo,

    Os mesmos e velhos cheiros, tudo na mesma,

    Os mesmos cadáveres no front,

    A mesma metralha, das duas às quatro,

    Como sempre cavando, como sempre caçando,

    A mesma velha guerra dos diabos.

    MARQUES, Adhemar Martins; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. História contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 2000. página 118. (Coleção Textos e documentos, volume 5).

    1. Do que o poema trata?
    2. A postura do autor do poema é positiva ou negativa em relação à guerra? Explique.
    3. Em sua avaliação, o planejamento e a construção das trincheiras consideraram o bem-estar dos soldados?

    3. Leia o texto e responda às questões.

    reticências os colonizadores incitavam os súditos uniformizados a matar o ‘inimigo’ branco, até então pertencente a um grupo considerado sacrossanto dada a côr de sua pele reticências.

    Em muitas regiões africanas, a guerra favoreceu, se não sempre o despertar de movimentos nacionalistas, ao menos o desenvolvimento de uma atitude mais crítica da elite culta em relação ao poder colonial. reticências

    ‘O soldado africano não tardou a descobrir os pontos fortes e a fraqueza do europeu reticências. De fato, sargentos africanos foram encarregados de ensinar a voluntários europeus técnicas da guerra moderna. Tornava-se evidente que os europeus não sabiam de tudo. De volta à sua terra, soldados e carregadores difundiram essa nova imagem do homem branco reticências’.

    Cráuder, Máicol . A Primeira Guerra Mundial e suas consequências. In: boên, ábert adú (edição). História geral da África: África sob dominação colonial, 1880-1935. Brasília, Distrito Federal: unêsco, 2011. página 330-344. (Coleção História geral da África, volume sete).

    1. Na Primeira Guerra Mundial, as nações europeias imperialistas recrutaram soldados africanos para lutar contra os “brancos” inimigos. Considerando o contexto histórico, qual era a contradição dessa situação?
    2. De que modo a Primeira Guerra Mundial contribuiu para despertar um sentimento anti-imperialista entre os africanos?

    Respostas e comentários

    Atividades

      1. Reino Unido e Alemanha.
      2. O Reino Unido estava mais bem preparado para a guerra naval.
      3. A Alemanha contava com o maior exército.
      4. A Paz Armada foi o período que antecedeu a Primeira Guerra, na qual havia o otimismo da Belle Époque, mas também uma grande tensão política decorrente das disputas imperialistas das nações europeias. Os dados do quadro confirmam que as principais potências do período tinham investido na indústria bélica e estavam se preparando para um possível conflito.
      5. O quadro mostra que o Reino Unido era a potência europeia com o menor número de soldados. Por isso, ao eclodir a guerra, o país teve de investir em campanhas de recrutamento.
      1. O poema trata das dificuldades da rotina dos soldados nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial.
      2. A postura do autor é negativa, pois a descrição remete a um lugar abandonado, com mato, ratos, cadáveres e com o constante barulho das metralhadoras.
      3. As trincheiras foram uma estratégia de guerra que, apesar de permitir a movimentação dos soldados com maior segurança durante os conflitos, não tinha preocupação com o conforto e o bem-estar dos soldados. As péssimas condições sanitárias descritas no poema são evidência disso.
      1. Os colonizadores europeus tinham a mentalidade racista de que eram superiores a outros povos. Nesse sentido, ao mandar os soldados africanos lutarem na guerra contra nações europeias inimigas, os imperialistas, incoerentemente, criavam condições para que eles derrotassem os brancos. O exemplo da capacidade dos africanos para a batalha poderia incitar um sentimento de luta contra o domínio europeu na África.
      2. Os africanos recrutados para servir o exército das potências europeias, como Reino Unido, Alemanha, França e Itália, adquiriram experiência de guerra, tiveram contato com a tecnologia bélica e perceberam os pontos fortes e fracos dos europeus. Somado à contradição de mandar soldados negros matarem inimigos brancos, isso contribuiu para despertar a ideia de que era possível derrotar os imperialistas europeus na África.

    Aluno cidadão

    1. Após a Primeira Guerra Mundial, grande número de soldados voltaram para seus países mutilados. Vários voltaram para suas casas cegos, surdos, sem um ou mais membros e com terríveis deformações. Apesar de, no comêço do século passado, já existirem instituições voltadas para os cuidados de pessoas com deficiência, os países europeus ainda não estavam preparados para reintegrar socialmente tantas pessoas nessa condição.
      1. Forme um grupo com mais três ou quatro colegas e pesquisem o que as leis brasileiras dispõem sobre os direitos da pessoa com deficiência.
      2. Façam uma pesquisa pelas vias públicas, estabelecimentos comerciais, instituições e órgãos públicos que existam nas proximidades da escola ou de suas moradias e avaliem se eles estão preparados para atender às necessidades das pessoas com deficiência. Registrem a pesquisa em fotografias.
      3. Em sala, debatam com a turma as seguintes questões: As necessidades das pessoas com deficiência são adequadamente atendidas em seus bairros? Há diferenças entre o atendimento prestado por órgãos públicos e privados? Que tipo ou tipos de deficiência é ou são mais atendida ou atendidas? qual ou quais não é ou são? O que pode ser feito para melhorar as condições de vida das pessoas com deficiência?

    Conversando com arte

    5. O terror da Primeira Guerra Mundial inspirou artistas. Durante o conflito, o pintor britânico Pou néshi foi recrutado como artista oficial e enviado para a Frente Ocidental. Observe a pintura feita por Néchi no final da guerra. Depois, responda às questões.

    Pintura. À frente, floresta destruída, com árvores mortas e o solo encoberto por uma densa camada de resíduos. Ao fundo, o Sol parcialmente encoberto pelas montanhas.
    Estamos construindo um novo mundo, pintura de Pou néshi, 1918. Museu Imperial da Guerra, Londres, Reino Unido.
    1. Que relação pode ser estabelecida entre a guerra e a pintura de Pou néshi?
    2. A pintura representa o Sol “se pondo”. O que esse elemento revela sobre a perspectiva do artista em relação à guerra?
    3. Explique a ironia contida no título da obra.

    Enem e vestibulares

    6. (enêm-Méqui)

    Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século dezenove – que terminou com a corrida dos países europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa – do século vinte, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.

    arent, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

    O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que:

    1. difundiu as teorias socialistas.
    2. acirrou as disputas territoriais.
    3. superou as crises econômicas.
    4. multiplicou os conflitos religiosos.
    5. conteve os sentimentos xenófobos.

    Respostas e comentários

    4. Uma boa fonte de pesquisa para iniciar a atividade é o Estatuto da pessoa com deficiência (Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015). Disponível em: https://oeds.link/K4bxi0. Acesso em 5 agosto 2022. Após a consulta aos direitos das pessoas com deficiência, oriente os alunos a realizar a pesquisa de campo, destacando a importância de refletirem sobre o lugar das pessoas com deficiência na sociedade e se seu direito de livre circulação e acesso a serviços públicos e privados têm sido respeitados pela sociedade. Oriente-os, também, sobre os procedimentos básicos de uma pesquisa de campo, como os materiais necessários para o registro textual ou fotográfico, o respeito às pessoas e às regras de acesso dos locais pesquisados. Atrelado a esse levantamento, os alunos são instigados a fazer uso pedagógico de tecnologias de registro e coleta de dados. Sugere-se que o professor ou outro adulto responsável acompanhe os alunos na pesquisa de campo.

    A proposta de discussão final tem o objetivo de levar os alunos, com base em dados coletados empiricamente, a propor soluções para os problemas identificados no que se refere à inclusão social de pessoas com deficiência. Desse modo, a atividade favorece o desenvolvimento de habilidades de pesquisa com base no método científico (coletar e analisar dados para propor soluções) e incentiva os alunos a produzir conhecimento de fórma autônoma.

    Bê êne cê cê

    A atividade contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 4 e nº 7 e da Competência específica de História nº 1.

      1. A guerra representou o estabelecimento de um ambiente hostil baseado na morte e na destruição, tal como foi retratado na pintura por meio de uma paisagem sem vida.
      2. Assim como o Sol “se pondo” representa o fim de um dia, na perspectiva do artista, a guerra representa o fim da humanidade não apenas pelas mortes causadas, mas pela violência e desumanização que o conflito evoca.
      3. A paisagem representada contraria a ideia de construção e de esperança expressa no título da obra, pois mostra um ambiente destruído e infértil. Pode-se chegar a essa conclusão observando as árvores parcialmente cortadas e sem folhagens.

    Interdisciplinaridade

    Ao contribuir para o desenvolvimento das capacidades de apreciar e analisar artes visuais e de entender seu contexto temporal e espacial, a atividade favorece o desenvolvimento de habilidades do componente curricular arte, especificamente as habilidades ê éfe seis nove á érre zero um e ê éfe seis nove á érre zero dois.

    6. Alternativa b.

    Glossário

    Boche
    : palavra utilizada pelos franceses para designar os alemães. A palavra é uma abreviação de Alboche, que significa “cabeça de madeira”, já que os franceses consideravam os alemães pessoas de caráter duro, assertivo.
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    Patriarcal
    : termo utilizado para se referir a sociedades caracterizadas pelo domínio masculino.
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    Prolífico
    : que gera a prole (filhos).
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