UNIDADE 3  A Guerra Fria e seus desdobramentos

O que estudaremos na unidade

O que foi a Guerra Fria? Qual foi o seu impacto no mundo? Nesta unidade, você compreenderá como a oposição entre o bloco capitalista, conduzido pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Soviética, dividiu política e ideologicamente o globo. Entenderá também de que fórma essa bipolarização influenciou a independência dos países colonizados da África e da Ásia e como impactou na implantação de ditaduras na América do Sul, sobretudo no Brasil, na Argentina e no Chile.

Fotografia. Pessoas observando desenhos e grafites coloridos em uma parte do Muro de Berlim. Ao fundo, atrás do muro, duas torres e prédios.
East Side Gallery, trecho remanescente do Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria em Berlim, Alemanha. Foto de 2014.

Respostas e comentários

Abertura da unidade

A abertura desta unidade tem como objetivo despertar o interesse dos alunos em relação à temática da Guerra Fria, cujas consequências podem ser percebidas até a atualidade. Aproveite as imagens apresentadas para sensibilizá-los sobre o tema. A foto de East Side Gallery mostra resquícios do muro que dividiu a cidade de Berlim em Berlim Oriental e Ocidental, entre 1961 e 1989. Após o fim da divisão da cidade de Berlim, parte do muro foi conservada e transformada em uma galeria de arte ao ar livre, com pinturas de artistas de vários lugares do mundo. O Monumento da Renascença Africana mede aproximadamente 49 metros de altura e foi construído em 2008 com o objetivo de celebrar os cinquenta anos da independência do Senegal. O Monumento Tortura Nunca Mais, do arquiteto Demetrio Albuquerque, por sua vez, foi erguido em 1993, em homenagem aos presos políticos no Brasil, muitos dos quais foram presos e torturados durante a ditadura civil-militar brasileira. Converse com os alunos sobre a função desses monumentos na construção da memória coletiva de eventos históricos.

Algumas das consequências da disputa entre soviéticos e estadunidenses durante a Guerra Fria serão conhecidas no capítulo 8, que aborda os conflitos armados do período, como as guerras da Coreia e do Vietnã, e as revoluções Cubana e Chinesa. Nos capítulos seguintes, serão abordados os processos de descolonização na África e na Ásia (capítulo 9) e a influência estadunidense nas ditaduras em boa parte da América Latina (capítulos 10 e 11), como no Brasil (1964-1985), na Argentina (1976-1983) e no Chile (1973-1990).

Fotografia. Estátua gigante de um casal. O homem segura um bebê no ombro. Os três olham para o horizonte. Seus corpos são torneados e formam uma linha diagonal ascendente.
Turistas visitam o Monumento da Renascença Africana, construído para celebrar o cinquentenário da independência do Senegal em 2008. dacár, Senegal. Foto de 2019.
Fotografia. Dois homens observam uma escultura em uma região arborizada. Moldura retangular, com uma placa retangular disposta horizontalmente no centro. Abaixo da placa, uma pessoa com o corpo encolhido, abraçando as pernas.
Visitantes observam o Monumento Tortura Nunca Mais, concebido pelo arquiteto Demetrio Albuquerque em homenagem às vítimas da ditadura civil-militar brasileira, no município do Recife, Pernambuco. Foto de 2022.

Sumário da unidade

Capítulo 8

A Guerra Fria, 138

Capítulo 9

A descolonização na África e na Ásia, 158

Capítulo 10

O Brasil entre duas ditaduras, 174

Capítulo 11

Experiências ditatoriais na América Latina e a ditadura civil-militar no Brasil, 193


Respostas e comentários

Unidade 3: justificativas

Na primeira página de cada capítulo desta unidade, estão listados os objetivos previstos para serem trabalhados com os alunos.

Os objetivos do capítulo 8 se justificam pois apresentam aos alunos a formação de uma lógica geopolítica global, em que potências econômicas, políticas e militares entram em conflito ou tensionam as relações entre si em busca de hegemonia, apresentando os mecanismos empregados para atingi-la, como desenvolvimento tecnológico, propaganda política e condenaçãobarraperseguição dos opositores.

No capítulo 9, a pertinência dos objetivos se deve à importância de os alunos realizarem uma análise crítica dos processos de independência da Ásia e da África, verificando em que sentidos eles criaram novas lógicas de organização interna e de inserção dos países desses dois continentes no contexto internacional. Além disso, o estudo do capítulo contribui para conhecer como tais processos contribuíram para a perpetuação da exploração dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento pelas maiores potências mundiais.

Os objetivos dos capítulos 10 e 11 se justificam pela relevância e atualidade dos conceitos democracia e autoritarismo, política econômica e qualidade de vida, soberania nacional e internacionalização da economia, todos permeados por uma noção de modernidade e modernização conservadoras, calcadas na inclusão das classes médias urbanas como consumidoras.

Nesse sentido, o capítulo 10 apresenta as fórmas de luta cívica adotadas pelos trabalhadores pobres, baseadas na demanda por alargamento da cidadania, bem como as atitudes tomadas pelo govêrno e pelas elites no sentido de cerceamento de liberdades e redução de direitos que culminaram no golpe civil-militar de 1964.

No capítulo 11, a pertinência dos objetivos se deve, ainda, à importância de conhecer, compreender, avaliar e julgar atitudes que ferem os direitos humanos adotadas por governos latino-americanos apoiados pelos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria. Trata-se de compreender, portanto, a implantação de governos autoritários como um movimento amplo que teve, no Brasil, um desfecho ameno com a anistia e o fracasso das Diretas Já, que serão tema de estudo do capítulo 13.

CAPÍTULO 8  A Guerra Fria

Fotografia. Pessoas assistem a uma partida de basquete. O time dos Estados unidos usa uniforme branco com números vermelhos. O time da união Soviética usa uniforme vermelho com números em brancos. Os jogadores tem as pernas e braços compridos.
Disputa pêla medalha de ouro de basquete entre Estados Unidos (de branco) e União Soviética (de vermelho) nos Jogos Olímpicos de Verão, realizados em Munique, Alemanha Ocidental. Foto de 1972.

Você já ouviu falar na Guerra Fria? Foi o período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, em que ocorreu intensa disputa entre os Estados Unidos, capitalista, e a União Soviética, socialista. Os embates entre os dois países ultrapassaram os campos político e ideológico, afetando até o esporte.

Na final de basquete dos Jogos Olímpicos de Verão de 1972, disputada entre estadunidenses e soviéticos, em Munique, na Alemanha Ocidental, os jogadores da União Soviética venceram os adversários e levaram a medalha de ouro. O resultado, contudo, foi muito contestado pelos Estados Unidos, porque a virada dos soviéticos aconteceu depois que o árbitro decidiu prorrogar o fim da partida em três segundos. Assim, no momento de entregar as medalhas, os jogadores estadunidenses não compareceram ao pódio. Essa tensão na quadra era um reflexo do contexto da Guerra Fria.

  • Você sabe por que a disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética é chamada de Guerra Fria?
  • Conhece um fato histórico que teve relação com a Guerra Fria?
  • O mundo ainda vive a Guerra Fria ou esse conflito pode ser considerado superado?
  • Em sua opinião, o esporte também pode servir como espaço de discussão política e social? Por quê? De que modo isso ocorre atualmente?

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Este capítulo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito (ao analisar as disputas pela hegemonia mundial entre Estados Unidos e União Soviética nos campos político, econômico, militar, ideológico, tecnológico e cultural, bem como o envolvimento das duas superpotências nos conflitos com Coreia, Vietnã, Cuba e China). Também são parcialmente contempladas as habilidades ê éfe zero nove agá ih um zero (quando são discutidos aspectos da Questão Palestina) e ê éfe zero nove agá ih três um (quando trata da descolonização da Indochina em relação à França). O trabalho para o desenvolvimento dessas habilidades se completa ao longo de outros capítulos, conforme indicações no quadro de habilidades do ano.

Objetivos do capítulo

  • Identificar e compreender o significado da Guerra Fria, em especial o confronto político-ideológico entre Estados Unidos e União Soviética.
  • Reconhecer e analisar os mecanismos institucionais da Guerra Fria: a Doutrina Trúman, o Plano márchal, o comecôn e as alianças militares entre os países de orientação capitalista e entre os de orientação socialista.
  • Identificar as características das corridas armamentista e espacial, bem como das estruturas de espionagem e repressão de ambas as superpotências.
  • Analisar e avaliar conflitos e tensões resultantes da bipolaridade político-ideológica.
  • Contextualizar os discursos ideológicos e de propaganda dos regimes socialista e capitalista, bem como os movimentos de contestação política que surgiram nesse período.

Abertura do capítulo

A abertura tem como objetivo investigar o entendimento que os alunos têm sobre a natureza do conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética e sondar que elementos eles associam à Guerra Fria. A proposta também pretende averiguar se os alunos identificam o período em que o conflito ocorreu e seus reflexos no tempo presente. Alguns acontecimentos do período podem já terem sido vistos pelos alunos em telejornais ou na internet, como os que marcaram a corrida espacial entre as duas superpotências e a queda do Muro de Berlim. Incentive-os a relacionar esses e outros fatos ligados à Guerra Fria com a atual configuração de poder entre os países, que conta com a participação econômica e política de outras nações. Atualmente, elas se relacionam por meio da diplomacia e acôrdos comerciais, por exemplo, ainda que conflitos e tensões continuem ocorrendo em certas regiões, inclusive com ameaças de uso de armas nucleares.

Pretende-se ainda ressaltar o fato de que o campo esportivo é um espaço de discussão e de reflexão política, não podendo ser desvinculado dos debates que permeiam a sociedade. Nesse sentido, incentive os alunos a pensar em acontecimentos ocorridos no Brasil nos últimos anos, como os que envolveram casos de racismo no futebol por parte de jogadores e determinadas torcidas ou apôio a determinada causa social, ambiental ou política por parte dos clubes. Aproveite para incentivar os alunos a exercitar a habilidade argumentativa para defender opiniões sobre o tema abordado.

Os acôrdos de paz após a Segunda Guerra Mundial

No final de 1943, os líderes dos Estados Unidos (Frânclin Delano Rúsvelt), do Reino Unido (uinstãn tchãrtchil) e da União Soviética (Josef Stálin) reuniram-se na Conferência de Teerã, no Irã. Mesmo havendo diferenças ideológicas entre a União Soviética e os outros dois países, os três líderes definiram ações conjuntas contra o Eixo e discutiram as primeiras medidas a serem tomadas após o término da Segunda Guerra Mundial.

Em fevereiro de 1945 (três meses antes da rendição da Alemanha), esses líderes voltaram a se reunir na Conferência de Ialta, na Crimeia, território soviético. A guerra estava terminando, e a necessidade de definir o novo equilíbrio de fôrças era ainda maior. Nesse encontro, foram discutidos diversos pontos, como a criação da Organização das Nações Unidas (ônu), o futuro da Polônia e a assistência econômica no pós-guerra. O caso da Polônia foi polêmico, pois os soviéticos haviam se instalado no país, e tchârtchil e Rusevélt temiam que isso contribuísse para o avanço da União Soviética na Europa Central.

Fotografia. Três homens sentados em cadeiras, lado a lado. À esquerda, Winston Churchill, senhor de cabeça arredondada, calvo, olhos pequenos e boca grande. Veste um sobretudo bege. No centro, Franklin Roosevelt, senhor de rosto comprido, cabelo grisalho, lábios finos e marcas de expressão ao redor da boca. Tem um longo casaco azul sobre os ombros. À direita, Josef Stálin, militar de boina. Tem o cabelo e o bigode grisalhos. Veste um casaco verde escuro com abotoaduras douradas e detalhes vermelhos na gola. Atrás deles, homens de vestes militares com muitas insígnias.
Da esquerda para a direita, uinstãn tchãrtchil, Frânclin Delano Rúsvelt e Jôsef Istálin durante a Conferência de Ialta, União Soviética. Foto de fevereiro de 1945.

Pouco mais de dois meses após a rendição da Alemanha, outra reunião ocorreu na cidade alemã de Potsdam. Como você estudou no capítulo 6, na Conferência de Potsdam foi estabelecida a divisão da Alemanha e da cidade de Berlim em quatro áreas de ocupação: soviética, estadunidense, britânica e francesa (consulte o mapa da página 110). Decidiu-se, ainda, o modo como os derrotados pagariam as indenizações de guerra e outras fórmas de punição.

Após o encontro, Estados Unidos e União Soviética passaram a disputar a supremacia mundial. Os estadunidenses tinham como objetivo fortalecer o capitalismo no mundo, principalmente na Europa. Os soviéticos, por sua vez, pretendiam formar um bloco de países alinhados com o regime de Moscou. Iniciou-se, então, um período marcado por outra guerra, igualmente sombria, que ficou conhecida como Guerra Fria.

Saiba mais

Berlim, cidade dividida

A primeira grave crise da Guerra Fria ocorreu em Berlim, na Alemanha. Em junho de 1948, a União Soviética bloqueou os acessos por terra às áreas da cidade sob contrôle das potências ocidentais. Em 1961, o govêrno da Alemanha Oriental, controlado pelos soviéticos, iniciou a construção de um muro para separar Berlim Oriental de Berlim Ocidental. Ele tinha 155 quilômetros de extensão e cêrca de trezentas torres de vigilância.

O muro foi um dos principais símbolos da Guerra Fria, pois dividia a cidade entre os dois blocos de influência. Até sua derrubada, no final de 1989, o muro separou famílias, e muitas pessoas que tentaram ultrapassá-lo foram mortas.


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Conflito indireto

É importante ressaltar que, nesse período, Estados Unidos e União Soviética nunca entraram em conflito direto, mas apenas indiretamente por meio da corrida armamentista, da corrida espacial e do apôio em conflitos armados deflagrados em outros Estados, principalmente da Ásia e da África, entre outros aspectos que serão estudados ao longo do capítulo.

A cortina de ferro

Após a Segunda Guerra Mundial, já era claro o clima hostil entre as potências capitalistas e a União Soviética. A disputa geoestratégica se manifestava continuamente nas conferências entre os líderes dos países aliados. Em 5 de março de 1946, o ex-primeiro-ministro britânico uinstãn tchãrtchil expôs sua visão sobre os objetivos da União Soviética no Leste Europeu.

“De Istétín, no Báltico, até Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro foi baixada através do continente europeu. reticências Os Partidos Comunistas, que eram muito pequenos em todos esses Estados orientais da Europa, foram colocados num destaque e desfrutam de um poderio muito superior à sua proporção numérica, e buscam obter, em toda parte, o contrôle totalitário. reticências

Quaisquer que sejam as conclusões que possamos tirar desses fatos reticências sem dúvida não estará entre elas a de que essa é a Europa libertada que lutamos para conseguir. Nem que reúna os elementos essenciais de uma paz permanente.”

tchârtchil, uínston . Discurso na Universidade de Fúlton, Mizûri, 5 março 1946. In: FARIA, Ricardo de Moura; MIRANDA, Mônica Liz. Da Guerra Fria à nova ordem mundial. São Paulo: Contexto, 2003. página 15-16. (Coleção Repensando a história).

Surgia a expressão “cortina de ferro”, imagem-símbolo da divisão da Europa em áreas de influência. Um ano depois do discurso de tchârtchil, o presidente dos Estados Unidos, Réri Trúman, enviou mensagem ao Congresso solicitando aprovação para ajudar os governos grego e turco, que estariam ameaçados pelo comunismo. Para a maioria dos historiadores, esse é o ato que marcou o início da Guerra Fria.

A disputa por áreas de influência

Grande parte do continente europeu foi devastada pela Segunda Guerra Mundial. A Europa Oriental enfrentava altas taxas de desemprego e falta de recursos para obras de infraestrutura, como abastecimento de água, redes coletoras de esgoto e fornecimento de energia elétrica. Essas condições impulsionaram o crescimento eleitoral dos partidos socialistas e a formação de governos alinhados com a União Soviética.

Em março de 1947, o presidente dos Estados Unidos, Réri Trúman, pronunciou ao Congresso seu compromisso de impedir o avanço da influência soviética na Europa Ocidental. Nascia, então, a Doutrina Trúman, um amplo conjunto de diretrizes para a política externa dos Estados Unidos a fim de consolidar a presença do país na Europa Ocidental.

O esforço anticomunista incluía concessão de créditos para a reconstrução europeia e auxílio militar aos países da região. Os primeiros alvos foram a Grécia e a Turquia, países situados na fronteira da área de influência soviética, que enfrentavam profundas tensões internas. A interferência estadunidense contribuiu para conter o avanço do socialismo nos dois países e para aproximar seus governos dos Estados Unidos.

Em mais um ato da política anticomunista, em junho do mesmo ano, o govêrno dos Estados Unidos aprovou o Plano márchal, um programa de ajuda econômica e tecnológica aos países europeus, incluindo a Alemanha Ocidental. Bilhões de dólares foram injetados na economia desses países, acelerando a recuperação da capacidade produtiva e facilitando a criação de empregos e o desenvolvimento de políticas sociais.

A resposta soviética ao Plano márchal foi dada em 1949, com a criação do Conselho de Assistência Econômica Mútua (comecôn). Embora com menos recursos financeiros, o Comecon contribuiu para ampliar a dependência econômica dos países-membros em relação à União Soviética.

Charge. Vaca branca de corpo comprido atravessada sobre um rio, com as patas dianteiras e traseiras em margens diferentes do rio. Em seu corpo, a palavra MARSHALL, com a letra S substituída por um cifrão. Suas patas traseiras estão em uma margem identificada com a frase USA WALL STREET. Deste lado, dois homens ordenham a vaca e enchem dois baldes de leite. Atrás deles, grandes prédios e um grande cofre. As patas dianteiras da vaca estão na outra margem, identificada com a palavra EUROPA. Um homem está montado na vaca, segurando em uma corrente ao redor do pescoço dela. Ela está mastigando um prédio que representa uma indústria. Ao lado dela, dois homens.
Charge do cartunista tcheco radicado na Alemanha Oriental Lío Rás satirizando o Plano márchal, cêrca de 1950. Museu Histórico da Alemanha, Berlim. Em primeiro plano, foram representados o secretário de Estado estadunidense, Dín Átiêssan (montado na vaca), o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Êrnest Bévin, e o primeiro-ministro da França, Robér Chumán.

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Como você interpreta a crítica feita ao Plano márchal na charge de Lío Rás?


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Bê êne cê cê

Ao abordar as disputas por áreas de influência, as corridas espacial e armamentista e os conflitos armados durante a Guerra Fria, o conteúdo contempla a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

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Espera-se que os alunos, com base em uma leitura inferencial da charge, percebam que o Plano márchal aparece como um mecanismo de exploração da riqueza produzida na Europa Ocidental em benefício do capital financeiro dos Estados Unidos, representado por Wall Street. Para isso, devem mobilizar conhecimentos prévios sobre as relações desiguais entre países e os mecanismos de dominação econômica de um país sobre o outro. Por meio dessas habilidades, eles devem perceber que a vaca e o leite dela extraído, bem como a posição dos personagens representados na charge e mencionados na legenda, simbolizam o lucro dos investidores estadunidenses beneficiados com o financiamento da reconstrução dos países europeus ocidentais.

O mundo se arma

As superpotências também estabeleceram alianças para assegurar a defesa militar de suas respectivas áreas de influência. Em outubro de 1949, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França e outros países europeus fundaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm), também conhecida como Aliança Atlântica, que previa ajuda mútua e cooperação militar entre seus membros. Na prática, com a iniciativa, esses países buscavam demonstrar a fôrça e a união do Ocidente diante da União Soviética.

A Alemanha Ocidental ingressou na otâm em 6 de maio de 1955, contrariando acôrdos assinados no pós-guerra que estabeleciam a neutralidade militar das duas Alemanhas. A resposta do bloco socialista ocorreu alguns dias depois. Em 14 de maio, a União Soviética reuniu os países socialistas do Leste Europeu e estabeleceu o Pacto de Varsóvia. A aliança foi comandada pela União Soviética com o mesmo objetivo do grupo rival: demonstrar ao mundo a coesão de seu bloco. Inicialmente, o Pacto de Varsóvia era composto de União Soviética, Albânia, Hungria, Romênia, Bulgária, Polônia, Alemanha Oriental e Tchécoslováquia.

As duas superpotências começaram a disputar o domínio de novas tecnologias e o desenvolvimento de armas sofisticadas, dando origem à chamada corrida armamentista. Já na década de 1950, os Estados Unidos e a União Soviética dispunham de um poderoso arsenal nuclear e de bombas de hidrogênio, que tinham capacidade destrutiva muito maior do que as bombas utilizadas na Segunda Guerra Mundial.

Dessa maneira, evidenciou-se que Estados Unidos e União Soviética tinham tecnologia suficiente para exterminar a vida no planeta. O mundo estava dividido e aterrorizado com a possibilidade de assistir, a qualquer momento, a uma guerra que poderia destruí-lo.

O mundo dividido pêla Guerra Fria (1977)

Mapa. O mundo dividido pela Guerra Fria (1977). Planisfério que identifica apenas os Estados Unidos e a União Soviética.
Legenda: 
Verde: Países capitalistas.
Verde listrado: Otan.
Laranja: Países socialistas.
Laranja listrado: Pacto de Varsóvia.
No mapa: Países capitalistas, todos os países do continente americano (com exceção de Cuba), todos os países da África (com exceção de Angola e Moçambique), países da Europa Ocidental, todos os países da Ásia (com exceção de União Soviética, Iêmen, China, Mongólia e Vietnã) e todos os países da Oceania.
Otan: Estados Unidos, Canadá e todos os países da Europa Ocidental (com exceção da Suíça e da Áustria). 
Países socialistas: União Soviética, países da Europa Oriental, China Mongólia, Vietnã, Iêmen, Angola, Moçambique e Cuba. Pacto de Varsóvia: União Soviética e todos os países da Europa Oriental (com exceção da Iugoslávia).
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.680 quilômetros.

Fonte: ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de São Paulo; Londres: The Times, 1995. página 292-293.


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De acôrdo com o mapa, Estados Unidos e União Soviética tiveram mais influência em quais continentes?


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Recapitulando

  1. O que foi a Guerra Fria? Por que ela recebeu esse nome?
  2. Quais foram as alianças militares formadas durante a Guerra Fria? Quais eram os objetivos dos participantes dessas alianças?
  3. Resuma estas políticas adotadas pelo govêrno dos Estados Unidos na Guerra Fria.
    1. Doutrina Trúman.
    2. Plano márchal.

Respostas e comentários

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Os Estados Unidos tiveram mais influência no continente americano, exceto Cuba, assim como na Europa Central, na Oceania, na África, no Oriente Médio e nas regiões Sul e Sudeste da Ásia. Já a União Soviética teve mais influência no Leste Europeu e na Ásia Oriental.

Recapitulando

  1. A Guerra Fria foi a disputa por hegemonia travada entre Estados Unidos e União Soviética após a Segunda Guerra Mundial, período em que esses países criaram um equilíbrio de fôrças com base em áreas de influência política e econômica e no desenvolvimento tecnológico e militar. Embora tivessem tecnologia suficiente para destruir a vida no planeta, essas potências nunca declararam guerra oficialmente nem se enfrentaram diretamente. Por isso, o conflito recebeu esse nome.
  2. As alianças militares formadas durante a Guerra Fria foram a otâm, sob a liderança dos Estados Unidos, que incluía o Canadá e mais dez países da Europa Ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que associava os países do Leste Europeu sob o comando da União Soviética. A otâm, além de ajudar os países-membros, cooperava militarmente com eles, representando os países capitalistas diante da União Soviética. O Pacto de Varsóvia tinha as mesmas pretensões: tornar evidente a coesão do bloco socialista. Apesar de o fim da União Soviética ter tido como desdobramento o fim do Pacto de Varsóvia, em 1991, a otâm seguiu existindo e se expandindo. Em 2022 ela contava com a participação de 30 países, inclusive alguns que haviam sido parte da antiga União Soviética. Essa situação se tornou motivo de atritos entre os Estados Unidos e a Rússia, que entende a expansão da otâm até suas fronteiras como uma ameaça à sua soberania. Se julgar conveniente, aborde os conflitos entre Rússia e Ucrânia iniciados em março de 2022 para contextualizar a ação da otâm atualmente e a influência russa em regiões ucranianas.
    1. Doutrina Trúman: foi um conjunto de políticas que procurava consolidar a influência dos Estados Unidos na Europa Ocidental que recebeu esse nome porque suas diretrizes foram traçadas em um discurso proferido pelo então presidente estadunidense Réri Trúman, em 1947.
    2. Plano márchal: lançado em junho de 1947, esse plano destinava ajuda financeira e tecnológica para a reconstrução dos países europeus arrasados pela guerra, colocando-os sob a influência dos Estados Unidos.
Corrida espacial, propaganda e cultura

A disputa por áreas de influência levou a Guerra Fria para fóra do planeta. Em outubro de 1957, a União Soviética lançou ao espaço o primeiro satélite artificial, o Isputiniqui. No ano seguinte, os Estados Unidos criaram a Agência Espacial Norte-Americana (Náza) e lançaram o satélite Explorer um. Em abril de 1961, os soviéticos enviaram o primeiro ser humano ao espaço, o cosmonauta Iuri Gagarin. Oito anos depois, a missão estadunidense Apólo 11 atingiu a superfície lunar.

A corrida espacial foi amplamente usada pela União Soviética em sua propaganda ideológica. Os soviéticos afirmavam que seus avanços tecnológicos e sua primaziaglossário no espaço eram provas da superioridade do socialismo. Por meio de cartazes, também procuravam construir sua imagem de sociedade igualitária, em que o Estado zelava pelo bem-estar coletivo, garantindo emprego, educação e moradia. O capitalismo era apontado como um sistema injusto, que beneficiava as elites e transformava os cidadãos em escravos do consumo.

Em contrapartida, a propaganda capitalista difundia a ideia de que o Estado liberal garantia a qualquer cidadão liberdade para realizar seus desejos e prosperar por meio do trabalho. O consumo era incentivado pela publicidade e pela facilidade de crédito. O socialismo era apresentado como um sistema que condenava as pessoas a uma vida triste e tolhida por um Estado controlador. Essas ideias eram divulgadas principalmente em cartazes, em gibis e no cinema.

História em construção

A Guerra Fria nas histórias em quadrinhos

Em meio à Guerra Fria, ganhou forte impulso nos Estados Unidos a indústria de gibis, principalmente as histórias em quadrinhos (agá quês) de super-heróis, como Batman, Capitão América, Homem-Aranha e rulc. Nas histórias, em geral, os heróis estadunidenses combatiam os vilões soviéticos, como o cientista russo Fantasma Vermelho, tendo como desfecho a vitória do “bem” contra o “mal”. Essas associações, porém, nem sempre eram diretas. Algumas histórias descreviam países fictícios governados por um tirano, fazendo referência à União Soviética e a Istálin. A corrida armamentista e a iminência de uma guerra nuclear também foram temas muito abordados nas agá quês. Contudo, aos poucos, alguns gibis começaram a incluir críticas à política e à sociedade estadunidenses nas narrativas.


Ilustração. Capa da revista Capitão América. Pendurado em um gancho, o Capitão América passa por cima de seus adversários, acertando os pés em alguns deles. Outros homens de boina azul atiram em sua direção. Abaixo dele um tanque de água com polvos. Ao fundo, outro super-herói pendurado combatendo um homem armado com uma faca. Perto dele, um senhor pendurado com os punhos amarrados.
Capa da agá quê Capitão América, de julho de 1954. Nela, lê-se: “Capitão Américareticências esmagador de comunistas. ‘Golpeando de volta os soviéticos!’.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Como os soviéticos foram representados nessa capa? E os super-heróis?
  2. Qual teria sido a intenção dos autores ao fazer isso?

Respostas e comentários

História em construção

  1. Na capa, os soviéticos foram representados com expressões severas, demonstrando maldade e perigo, e torturando uma pessoa amarrada pelos punhos e prestes a cair em um tanque cheio de polvos. Já os super-heróis, Capitão América e seu assistente Bâqui, foram representados como homens valentes e destemidos, que lutavam contra os soviéticos para salvar a vítima.
  2. Provavelmente, a intenção foi a de associar os vilões aos soviéticos e os heróis aos Estados Unidos, construindo a imagem de que essa nação tinha como compromisso deter o mal.

Atividade complementar

Organize os alunos em pequenos grupos para realizarem uma pesquisa a respeito das tecnologias desenvolvidas durante a Guerra Fria. Se possível, a atividade pode ser feita em parceria com o professor de ciências. Peça aos alunos que pesquisem as origens de criações como o telefone celular, a internet, os satélites, os detectores de fumaça e de vazamento de gás. Oriente-os a identificar os propósitos iniciais, a data e o local de criação de cada tecnologia.

Com base nos dados pesquisados, promova uma discussão sobre a mudança na aplicação dessas tecnologias, como o uso bélico, por exemplo. Discuta, também, o fato de o desenvolvimento tecnológico não ser neutro nem necessariamente positivo. A corrida espacial entre soviéticos e estadunidenses, por exemplo, abriu caminho para o desenvolvimento de satélites capazes de realizar tarefas diversificadas, e os aparatos sofisticados para os serviços de espionagem possibilitaram a criação da Arpanét (Advanced Research Projects Agency Network), primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes, sistema que originou a internet que utilizamos hoje.

Além do grande impulso dado às comunicações, os satélites possibilitaram aperfeiçoar a pesquisa sobre recursos naturais, desenvolver a cartografia, fiscalizar o desmatamentos e realizar previsões meteorológica, coletando dados como temperatura e índice pluviométrico, e, desse modo, favorecendo ações preventivas no caso de furacões, tsunamis e outros fenômenos da natureza.

Bê êne cê cê

Ao mobilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo para entender e explicar a realidade, exercitar a curiosidade intelectual e promover uma postura crítica, ética e responsável sobre o uso da tecnologia, a atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Trabalho e Ciência e tecnologia, e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 1, nº 2 e nº 5 e da Competência específica de História nº 7.

Ilustração. Dois homens, sentados um perto do outro. O homem da esquerda é calvo, tem a cabeça redonda, usa óculos e segura um cigarro com os lábios. O homem à direita é ruivo do cabelo grande e encaracolado. Tem um dos olhos arregalados. A orelha é pontuda. Está apontando o dedo indicador para o homem calvo. À frente deles, sobre uma mesa, uma bolsa com papéis, um cinzeiro com várias bitucas de cigarro e um maço de cigarro. No centro, uma frase escrita em russo. À direita, um terceiro homem, com o rosto parcialmente atrás de um jornal. Tem a orelha grande. Usa chapéu. À frente dele, sobre a mesa um copo cheio.
Litogravura de Viniamím Brísquim, de 1954, em que se lê: “Conversando e fofocando – direto para as mãos do inimigo”. Biblioteca do Estado Russo, Moscou, Rússia.

Espionagem e repressão

Os serviços secretos dos Estados Unidos e da União Soviética trabalharam incessantemente durante a Guerra Fria. A Agência Central de Inteligência (cía), estadunidense, e o Comitê de Segurança do Estado (cá gê bê), soviético, buscavam informações secretas clandestinamente, dentro e fóra de seus respectivos territórios. Os dois serviços de inteligência também mantinham agentes infiltrados em organismos internacionais e próximos aos governos dos países adversários.

Nos países alinhados a cada uma das superpotências, um amplo aparato de espionagem também foi acionado para vigiar pessoas consideradas suspeitas. O Serviço Secreto de Inteligência Britânico (ême i seis), por exemplo, atuou em muitos casos de investigação, inclusive no Leste Europeu.

A preocupação de que o inimigo estivesse infiltrado no país era um temor contínuo. Serviços secretos vigiavam o cotidiano da população e chegavam a controlar correspondências e ligações telefônicas. Alguns desses órgãos de vigilância interna tornaram-se conhecidos pela violência de suas ações, como a polícia secreta da Alemanha Oriental, conhecida como Istási, e a Securitáte, a temida polícia secreta da Romênia.

Nos Estados Unidos, a partir de 1950, o senador djôuzef macárti comandou uma intensa campanha anticomunista. Como presidente do Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado, macárti liderou investigações sobre supostas atividades pró-soviéticas de artistas, intelectuais, jornalistas e políticos do país. Na longa lista de acusados por meio dessa política, que ficou conhecida como macartismo, estavam, por exemplo, o ator Tcharls Tcháplin e os escritores Dáchiél Rêmet, Lillian Rélman e Ártur Míler.

Refletindo sobre

Durante a Guerra Fria, os serviços de espionagem estatais buscavam descobrir segredos dos Estados rivais e identificar indivíduos que tivessem ações ou ideias consideradas perigosas à segurança interna. Essa situação deixava as pessoas inseguras para falar espontaneamente ao telefone ou para escrever cartas porque poderiam ser presas se suas mensagens despertassem suspeita.

Atualmente, nossas conversas em redes sociais e pesquisas em meios digitais fornecem informações sobre o que fazemos e pensamos. Você se sente confortável com essa situação? Ela interfere na maneira como você interage com outras pessoas em redes sociais ou outros espaços virtuais?


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Estados Unidos e União Soviética não se limitavam a disputar a hegemonia política, econômica e ideológica durante a Guerra Fria. Explique essa afirmação.
  2. O que foi o macartismo?

Respostas e comentários

Os condenados aos gulags

Na União Soviética, muitos opositores do regime stalinista foram mortos ou enviados a hospitais psiquiátricos e campos de trabalho forçado: os guláguis. Recuperando a tradição do Império Russo de enviar prisioneiros para trabalhar compulsoriamente em locais distantes de Moscou, os soviéticos criaram os guláguis em regiões como a Sibéria e o extremo oriente do país, para onde mandavam criminosos políticos e comuns. Dados do govêrno soviético indicam que mais de um milhão de pessoas morreram nos guláguis entre 1934 e 1953.

Refletindo sobre

A atividade permite desenvolver habilidades de reflexão crítica e de argumentação sobre o uso responsável das redes sociais e dos meios digitais de comunicação. Vale destacar o funcionamento dos algoritmos e o uso comercial e político que é feito das informações que fornecemos para os mecanismos de inteligência artificial. Essas informações são usadas por empresas especializadas em coleta, seleção e análise de dados para a elaboração de estratégias de marketing direcionado em campanhas publicitárias, de ações políticas e de táticas de guerra híbrida, que envolvem ações militares atreladas à difusão de notícias falsas, ciberataques, entre outras estratégias.

Bê êne cê cê

Ao promover a reflexão crítica sobre o uso das tecnologias digitais de comunicação, a atividade se relaciona com o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia, e contribui para o desenvolvimento da Competência geral da Educação Básica nº 5 e da Competência específica de História nº 7.

Recapitulando

  1. Os Estados Unidos e a União Soviética também disputaram a hegemonia no campo da tecnologia, com a corrida armamentista e espacial, assim como na cultura, por meio de propagandas, e nas competições esportivas.
  2. macartismo foi o termo que designou a perseguição política, nos Estados Unidos, a comunistas, socialistas e a qualquer atividade que fosse associada ao socialismo. Em alguns casos, a perseguição também atingiu pessoas que criticavam o capitalismo ou o American way of life de modo geral. O termo criado fazia alusão a djôuzef macárti, senador que comandava o Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado dos Estados Unidos.

Os conflitos armados da Guerra Fria

Estados Unidos e União Soviética estabeleceram um equilíbrio de fôrças que tinha como base a formação de grandes áreas de influência e o contrôle de um enorme arsenal bélico, sem nunca terem se enfrentado diretamente. No entanto, na disputa por poder, os dois países se envolveram, de uma fórma ou de outra, em diversos conflitos regionais, como apresentado a seguir.

A Revolução Chinesa

No comêço do século vinte, a burguesia nacional chinesa mostrava-se profundamente insatisfeita com as numerosas concessões feitas pelo govêrno imperial às nações estrangeiras, e passou a defender uma mudança de regime no país.

Em 1912, sun iát sên, um defensor do republicanismo, fundou o cuomintâng (Partido Nacionalista) e mobilizou a população em várias regiões da China. Sem conseguir controlar a situação, o imperador abdicou do trono, e um govêrno provisório foi formado. Contudo, o novo govêrno foi incapaz de realizar reformas profundas e de conter a insatisfação no país. A tensão e a instabilidade política se agravaram e, fragilizada, a China viu os interesses estrangeiros avançarem, aumentando o risco de fragmentação política e territorial.

A Revolução de 1917 na Rússia refletiu diretamente no desenrolar dos acontecimentos na China. A partir de 1919, os operários chineses organizaram grandes mobilizações, que fortaleceram os nacionalistas. Com apôio soviético, em 1923, o cuomintâng assumiu a liderança da luta revolucionária na China e absorveu o ainda pequeno Partido Comunista Chinês, fundado dois anos antes.

Com a morte de sun iát sên, em 1925, a liderança do cuomintâng passou para chiân cái chéqui e o movimento revolucionário se intensificou. Nesse cenário, o Partido Comunista Chinês cresceu rapidamente com a adesão de um número expressivo de camponeses, contrariando as orientações de Istálin, para quem a China ainda não estava madura para uma revolução comunista.

Cartaz. À esquerda, militares perfilados carregando armas e bandeiras. À direita, outros militares perfilados, atrás de escudos e canhões. No centro, Chiang Kai-shek de farda avermelhada, montado em um cavalo empunhando uma espada. Acima, uma bandeira com o retrato de  Sun Yat-sen, homem de olhos pequenos, pele clara e bigode. Usa farda e quepe azuis. À esquerda, uma bandeira azul, e à direita, uma bandeira vermelha. Ao lado de ambas, militares em conflito.
A revolução ainda não está completa; seus camaradas devem continuar a fazer esforços, cartaz chinês, 1927. Biblioteca Britânica, Londres, Reino Unido. No cartaz, sun iát sên é representado em destaque, acima, entre as bandeiras. chiân cái chéqui, por sua vez, é representado ao centro, montado no cavalo.

Respostas e comentários

Ampliando: chiân cái chéqui vérçus máo tsé tung

“Os comunistas, obrigados a voltar a sua atenção principal para o campo, travaram então uma guerrilha contra o cuomintâng reticências. Em 1934, seus exércitos foram forçados a recuar para um canto remoto do extremo noroeste, na heroica ‘Longa Marcha’. Esses fatos fizeram de máo tsé tung, que há muito defendia a estratégia rural, o indisputado líder do Partido Comunista em seu exílio em Inán, mas não ofereceram nenhuma perspectiva imediata de progresso comunista. Ao contrário, o cuomintâng foi estendendo constantemente seu contrôle sobre a maior parte do país até a invasão japonesa de 1937.

Contudo, a falta de genuíno apelo de massa do cuomintâng para os chineses, além do abandono do projeto revolucionário, que era ao mesmo tempo um projeto de modernização e regeneração, não o tornava um páreo para seus rivais comunistas. reticências. chiân cái chéqui tinha bastante apôio da classe média urbana, e talvez mais ainda de ricos chineses do além-mar: mas 90% dos chineses, e quase todo o território do país, estavam fóra das cidades. Estas eram controladas, se eram, por notáveis locais e homens de fôrça, desde os chefes locais com seus homens armados até famílias fidalgas e relíquias da estrutura de poder imperial, com os quais chiân cái chéqui chegou a um acôrdo. Quando os japoneses partiram para conquistar a China a sério, os exércitos do cuomintâng não puderam impedi-los de quase imediatamente tomar as cidades costeiras, onde estava a sua verdadeira fôrça.”

ROBSBAUM, Eric J. Era dos extremos: o breve século vinte (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página 450-451.

máo tsé tung e a Longa Marcha

O crescimento das fôrças populares não estava nos planos de chiân cái chéqui, pois ameaçava a aliança política dos nacionalistas com os grandes proprietários e a burguesia nacional. Assim, com o objetivo de limitar o crescimento e a autonomia do movimento camponês e operário, em 1927, chiân cái chéqui determinou o massacre de milhares de comunistas nas principais cidades da China.

A repressão promovida pelo cuomintâng se desdobrou em uma sangrenta guerra civil. Cercados pelas tropas nacionalistas, os comunistas recuaram em direção ao norte, iniciando a chamada Longa Marcha, sob a liderança de máo tsé tung. Ao longo de um ano, os comunistas percorreram mais de 10 mil quilômetros enfrentando as fôrças nacionalistas e arregimentando camponeses para suas fileiras de combate.

Em 1937, o Japão ocupou militarmente a parte oriental do território chinês. Para expulsar o invasor, os nacionalistas precisaram unir fôrças com os comunistas que, no decorrer da luta, angariaram a admiração da população.

Com a derrota japonesa ao final da Segunda Guerra Mundial, as fôrças invasoras retiraram-se da China. Para combater as fileiras comunistas, os Estados Unidos passaram a dar apôio aos nacionalistas e o país mergulhou em nova guerra civil, que se estendeu até 1949, quando os exércitos de máo tsé tung ocuparam Pequim e proclamaram a República Popular da China, adotando um regime socialista. Os nacionalistas se retiraram para a Ilha de Formosa (taiuã), onde fundaram um govêrno de caráter liberal apoiado pelos Estados Unidos.

Fotografia em preto e branco. Mao Tsé-tung, homem de casaco e boina montado em um cavalo. Ao redor dele, pessoas caminham.
máo tsé tung (montado no cavalo) e outros comunistas durante a Longa Marcha, na China. Foto de 1935.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Por que a aliança firmada entre nacionalistas e comunistas chineses no início do século vinte foi desfeita?
  2. Qual é a importância da Longa Marcha para a Revolução Chinesa?

Respostas e comentários

Durante a Longa Marcha, cêrca de 100 mil pessoas percorreram 12,5 mil quilômetros a pé entre outubro de 1934 e outubro de 1935.

Recapitulando

  1. A aliança entre comunistas e nacionalistas firmada no início do século vinte foi desfeita porque o avanço das lutas operárias e camponesas ameaçava os interesses da burguesia nacional e dos grandes proprietários, que eram aliados dos nacionalistas.
  2. A Longa Marcha é um marco da Revolução Chinesa porque representa a resistência e perseverança dos revolucionários que, mesmo sob forte pressão dos nacionalistas, conseguiram angariar apôio popular em sua retirada para o norte, se reorganizar e fortalecer.

Os comunistas no poder da China

Uma vez no poder, máo tsé tung tratou de conduzir mudanças profundas na China. Porém, diferentemente do que fizera a Rússia, seu foco foram os camponeses. Com o apôio da União Soviética, ele adotou o modêlo de economia planificada, coletivizou as terras e proibiu a propriedade privada. Além disso, nacionalizou as empresas estrangeiras. Como no regime soviético, o poder foi concentrado no Partido Comunista e a oposição foi violentamente reprimida.

No final da década de 1950, máo tsé tung implantou um programa de aceleração econômica, conhecido como Grande Salto para a Frente, a fim de industrializar o país e aumentar a produção agropecuária em pouco tempo. Os camponeses foram reunidos em imensas fazendas coletivas. No entanto, em razão de falhas no planejamento, a produção agrícola se desorganizou, provocando uma grave escassez de alimentos. Com isso, cêrca de 20 milhões de chineses morreram de fome entre 1959 e 1962. A indústria também não obteve o desempenho esperado. Diante do fracasso, as críticas ao govêrno comunista aumentaram.

Com o objetivo de recuperar a imagem de máo tsé tung e de eliminar focos de oposição entre intelectuais e artistas, o govêrno iniciou, em 1966, um grande projeto político-ideológico que ficou conhecido como Revolução Cultural. O govêrno empreendeu uma campanha de forte doutrinação ideológica e adotou medidas repressivas que resultaram no fechamento de diversos cursos universitários, na perseguição e na morte de opositores ao regime. Nessa época, o principal veículo de divulgação das convicções políticas, sociais e culturais do regime chinês foi O Livro Vermelho, que, distribuído em todo o país, tornou-se leitura obrigatória nas escolas.

Após a morte de máo tsé tung, em 1976, dãn chiáo pín assumiu o govêrno na China e iniciou uma política de reformulação econômica de caráter capitalista. Com isso, o país manteve a centralização política e a ditadura do Partido Comunista, mas passou a participar ativamente do mercado mundial.

Fotografia. Jovens sentados em uma colina lendo um pequeno livro de capa vermelha. Atrás deles duas placas, uma com dizeres em chinês e outra com o retrato de Mao Tsé-tung, homem calvo de paletó cinza. Ao fundo plantações de arroz e outras plantações ao lado do vilarejo.
Crianças e adolescentes lendo O Livro Vermelho, durante a Revolução Cultural na China, cêrca de 1969.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Quais foram as principais medidas adotadas pelos comunistas ao tomar o poder na China?
  2. O que foi a Revolução Cultural promovida por máo tsé tung? De que fórma essa revolução se assemelha ao stalinismo na União Soviética?

Respostas e comentários

O Livro Vermelho, obra organizada por Lin Piáo, ministro da Defesa, é uma espécie de cartilha do Partido Comunista Chinês que contém discursos e frases pronunciados por máo tsé tung.

Recapitulando

  1. Ao tomar o poder na China, os comunistas adotaram o modêlo de economia planificada, coletivizaram as terras, nacionalizaram as empresas estrangeiras, concentraram o poder no Partido Comunista, reprimiram violentamente a oposição e criaram fazendas coletivas para alavancar a produção agrícola por meio do programa Grande Salto para a Frente.
  2. A Revolução Cultural promovida foi um projeto político-ideológico criado por máo tsé tung para doutrinar os chineses em prol do regime. O Livro Vermelho tornou-se obrigatório nas escolas, e aqueles que se opunham ao govêrno eram perseguidos e assassinados. A Revolução Cultural pode ser associada ao stalinismo, pois o regime de Istálin também promoveu ampla propaganda ideológica do govêrno para doutrinar a população soviética e adotou práticas repressoras e violentas contra seus opositores.

O conflito sino-soviético

A China começou a se desentender com as diretrizes do Partido Comunista da União Soviética no final da Guerra da Coreia (apresentada adiante). Em 1953, os tratados de paz e a divisão da Coreia aproximaram estadunidenses e soviéticos, iniciando a chamada Coexistência Pacífica. O objetivo era evitar uma guerra nuclear entre as duas superpotências. O Partido Comunista Chinês, contudo, era contrário a essa ideia.

Em 1957, máo tsé tung criticou publicamente Naiquita Crúchéf, primeiro-secretário do Partido Comunista da União Soviética, durante a Conferência Internacional dos Partidos Comunistas, realizada em Moscou. Máo havia declarado que os soviéticos não deveriam temer a guerra, mesmo que nuclear, contra os Estados Unidos. Para Máo, se fosse necessário um conflito nuclear para garantir a vitória do comunismo no mundo, ele deveria acontecer.

Charge em preto e branco. Mao Tsé-tung, homem grande, calvo de cabeça arredondada. Tem as bochechas salientes. As pernas estão cruzadas à frente do corpo. As mãos estão com os dedos entrelaçados e apoiadas sobre a barriga. Ao lado dele, à esquerda um homem de casaco escuro e chapéu. À frente dele, três homens o observam.
Nos confunda, ele diz..., charge inglesa de 1958 que representa Naiquita Crúchéf (à esquerda, sozinho), o presidente estadunidense duáit aizênrráuer, o presidente francês charle dê gôle e o primeiro-ministro britânico Rérold Maquimílan diante de máo tsé tung.
Fotografia em preto e branco. Dois homens sorridentes sentados lado a lado. À esquerda, Mao Tsé-tung, homem calvo, com olhos pequenos e bochechas salientes. Usa casaco com muitos botões à frente. À direita, Nikita Kruschev, homem de cabelos curtos e claros, tem o nariz grande e segura um leque aberto. Usa terno claro.
máo tsé tung e Naiquita Crúchéf conversam em Pequim, China. Foto de 1958.

Dois anos depois, a União Soviética decidiu não enviar armas nucleares para a China, quebrando um acôrdo secreto feito com os chineses em 1957. Na mesma época, Máo lançou o Grande Salto para a Frente, que foi duramente criticado pelos soviéticos. No comêço dos anos 1960, a ruptura entre os comunistas chineses e os soviéticos era muito clara. Uma equipe de técnicos e de especialistas soviéticos que estava na China foi convocada a retornar para a União Soviética. Na crise dos mísseis, Máo declarou que os soviéticos haviam capituladoglossário ante os estadunidenses. Em 1964, a China realizou seu primeiro teste atômico, sem o aval da União Soviética.

Desfeita a aliança, em 1969, China e União Soviética entraram em confronto direto, pois os soviéticos alegaram que os soldados chineses haviam ultrapassado as fronteiras do Rio Ussuri, que delimita a fronteira entre os dois países, e atirado contra eles. Já os soldados chineses afirmaram o contrário.

O conflito sino-soviético incentivou outros países do bloco socialista a adotar uma política mais independente em relação às diretrizes do Partido Comunista Soviético. Assim, a China se apresentava como uma nova potência comunista que ameaçava os interesses dos Estados Unidos e da União Soviética.


Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Quais foram as consequências do programa conhecido como Grande Salto para a Frente?
  2. Em que momento máo tsé tung passou a discordar do Partido Comunista da União Soviética?

Respostas e comentários

Ampliando: da China para o mundo

“A modernização da indústria [na década de 1970] seria feita passo a passo com a abertura para o exterior, pois o interesse [da China] era exportar o máximo possível de produtos e adquirir especialmente tecnologia. Para tanto, foram criadas Zonas Econômicas Especiais (zê ê ê), notadamente no leste do país. O govêrno estabeleceu nessas zonas toda a infraestrutura necessária para que as empresas estrangeiras pudessem se instalar e usufruir da mão de obra extremamente barata, com salários baixos e extensas jornadas de trabalho. O interesse das empresas estrangeiras logo se fez notar e, hoje, o litoral leste da China é ‘uma imensa fábrica’, com centenas de empresas e milhões de trabalhadores produzindo artigos que são vendidos para todo o mundo. reticências

Não há como negar que, em decorrência da modernização industrial, em termos de comércio global, de volume de mercado e de volume econômico absoluto, a China se transformou num polo importantíssimo do sistema internacional, em especial se levarmos em conta a ‘Grande China’, formada pela República Popular, por Róng Kóng e taiuã. reticências.”

FARIA, Ricardo de Moura. As revoluções do século vinte. O socialismo: utopia e prática; Rússia, China e Cuba; A Guerra Fria. São Paulo: Contexto, 2001. página 76-77.

Recapitulando

  1. O programa Grande Salto para a Frente teve falhas no planejamento da produção agrícola que causaram uma grave escassez de alimentos e, consequentemente, a morte de cêrca de 20 milhões de chineses. A indústria também não obteve o desempenho esperado e as críticas ao govêrno comunista chinês aumentaram.
  2. máo tsé tung defendia uma guerra nuclear, caso necessário, para garantir a vitória do comunismo no mundo e passou a criticar as medidas adotadas pelo Partido Comunista da União Soviética a partir de 1953, quando os soviéticos selaram acôrdos com os Estados Unidos, evitando o confronto nuclear.
A Guerra da Coreia

Em suas investidas expansionistas, o Japão ocupou a Coreia em 1910, impondo-lhe um regime de terror e exploração. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, com a rendição japonesa, os Estados Unidos e a União Soviética concordaram em dividir a região em duas áreas de influência: a Coreia do Sul, capitalista, apoiada pelos estadunidenses, e a Coreia do Norte, socialista, sob contrôle soviético.

A guerra entre as duas Coreias começou em junho de 1950, após a Coreia do Norte atacar a Coreia do Sul com o objetivo de unificar os dois países. O Conselho de Segurança da ônu condenou a invasão e autorizou uma intervenção militar para obrigar a Coreia do Norte a respeitar os limites do paralelo 38graus norte, que dividia as duas Coreias. Sob a liderança estadunidense, fôrças militares compostas de soldados de 15 países integrantes das Nações Unidas atacaram a Coreia do Norte. Durante os três anos de guerra, Estados Unidos e Reino Unido apoiaram abertamente a Coreia do Sul, enquanto União Soviética e China garantiram apôio militar e financeiro aos norte-coreanos. Em julho de 1953, um cessar-fogo pôs fim ao conflito, no qual morreram cêrca de 3,5 milhões de pessoas.

Cartaz. Ilustração de soldado em pé sobre o globo terrestre. Ele está de costas, com as pernas afastadas. Com uma arma ele fere pessoas. Em cima e embaixo do cartaz, escritos em coreano.
Cartaz anticomunista produzido na Coreia do Sul durante a Guerra da Coreia em que se lê: “Expulsar os comunistas para unificar o nosso país!”.
Fotografia aérea em preto e branco. Aviões sobrevoam plantações e vilarejos.
Bombardeiros estadunidenses durante a Guerra da Coreia, ocorrida entre 1950 e 1953.

No início do século vinte e um, houve novas ameaças de guerra na região: a Coreia do Norte declarou a intenção de avançar com seu projeto nuclear. Em resposta, o govêrno da Coreia do Sul mobilizou dezenas de tropas militares, aumentando as tensões nas áreas de fronteira entre os dois países.

Desde a morte do ditador norte-coreano Quim Dium il e a posse de seu filho, Quim Dium um, em 2011, as tensões entre Coreia do Norte e Estados Unidos aumentaram. As relações entre os dois países se configuraram em ameaças abertas, em 2017, quando o então presidente dos Estados Unidos, Donald trãmp, prometeu responder com "fogo e fúria" caso a Coreia do Norte desenvolvesse seu programa nuclear. Uma série de conversas entre Quim Dium um e trãmp, ocorridas em 2018, amenizou as tensões entre os dois países. Em 2022, novas sanções voltaram a ser feitas contra a Coreia do Norte pelo presidente estadunidense jou baiden.


Respostas e comentários

Declaração de Pan mundión

Em 2018, as Coreias do Norte e do Sul assinaram a Declaração de Pan mundión, que previa a retirada de todas as armas nucleares da península até o final daquele ano, com o objetivo de assinar um acôrdo de paz. Os países concordaram em desempenhar suas respectivas funções e responsabilidades nesse sentido e combinaram buscar ativamente o apôio e a cooperação da comunidade internacional para a desnuclearização da Península Coreana.

Ampliando: a intervenção na Coreia

“A intervenção americana na Coreia se realiza sob os auspícios das Nações Unidas, pois o Conselho de Segurança denuncia a agressão norte-coreana e, na ausência da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, decide intervir na Coreia. A ausência de veto soviético se explica pelo fato de que, desde 1º de janeiro de 1950, os soviéticos haviam declarado que não sentariam na cadeira do Conselho enquanto a China comunista não substituísse a China Nacionalista na ônu. reticências É nesse momento [em 1950] que a China se engaja na guerra. A intervenção de centenas de ‘voluntários chineses’ fôrça [o general estadunidense Douglas] Macártur a bater em retirada reticências. Em abril de 1951, Macártur pede o direito de bombardear as bases de voluntários chineses na Manchúria, mesmo com o risco de uma guerra aberta com a China. Trúman, então, o substitui pelo general [Méfiu] Rídiuei, que se contenta em manter as posições obtidas. Após dois anos de negociações, um acôrdo sobre a repatriação de prisioneiros, assinado em abril de 1953, encontra dificuldades para ser aplicado. A convenção de armistício assinada em Pan mundión, em 27 de julho de 1953, consagra uma paix blanche [paz branca, em português, que tem o sentido político de ‘sem vencedor, sem vencido’]. A fronteira entre o norte e o sul é bastante próxima daquela de 1950. No Extremo Oriente, também, o mundo está dividido em dois, entre a Coreia do Norte, pró-comunista, presidida pelo Marechal Quim il són, e a Coreia do Sul, pró-ocidental, dirigida por Sínguimam Rí.”

Vésse, Morríce. As relações internacionais depois de 1945. São Paulo: dáblio ême éfe Martins Fontes, 2013. página 41-42.

Guerras na Indochina

A Indochina, situada no Sudeste Asiático, tornou-se colônia francesa no final do século dezenove. Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, a região foi invadida pelo Japão, que não escondeu suas intenções de mantê-la na condição de colônia. Isso estimulou o fortalecimento de grupos nacionalistas, que passaram a se organizar para combater o invasor. Em 1941, foi fundada a Liga pela Independência (Viêtmin), sob a liderança do socialista rô chi min.

Com a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, os combatentes do Viêtmin proclamaram a República Democrática do Vietnã em 1945. Contudo, a França, que pretendia recuperar seus domínios coloniais, reagiu, dando início no ano seguinte à Guerra da Indochina.

Em 1954, depois de nove anos de conflito, os revolucionários venceram a França. No acôrdo de paz celebrado em Genebra, na Suíça, estabeleceu-se que o novo país ficaria dividido em duas regiões: ao norte, a República Democrática Popular do Vietnã, de linha socialista, permaneceria liderada por rô chi min, enquanto, no sul, a República Democrática do Vietnã seria governada pelo antigo imperador Báo Dái, submisso aos interesses do Ocidente. Conforme o acôrdo firmado, a situação deveria ser temporária, prevendo-se a realização de eleições livres em 1956 para reunificar o país.

A divisão da Indochina (1954)

Mapa. A divisão da Indochina (1954). Destaque para o Sudeste Asiático. Sem legenda.
Em amarelo, Laos, com destaque para as cidades de Sam Neua e Vientiane. Em lilás, Vietnã do Norte, com destaque para as cidades de Hanói, Haipong e Vinh. Em laranja, Vietnã do Sul, com destaque para as cidades de Da Nang, Kontum, Da Lat e Saigon. Em verde, Camboja, com destaque para a cidade de Phnom Penh. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 190 quilômetros.

Fonte: Ríguelmãn, Vérner; Quínder, Rérmãn; Albéc, Reimún . Atlas historique: de l’apparition de l’homme sur la terre à l’ère atomique. Paris: Perrin, 1992. página 512.

Os Estados Unidos, porém, temiam uma vitória eleitoral de rô chi min, pois consideravam que ela favoreceria o avanço do comunismo na Ásia. Por isso, eles dificultaram as tratativas diplomáticas para a realização das eleições e apoiaram a ascensão do ditador Nô Dim Díem no Vietnã do Sul e a suspensão das eleições.

O govêrno de Nô Dim Díem instalou um regime autoritário, marcado pela corrupção e por perseguições políticas. A principal oposição ao govêrno de Dím Díem surgiu em 1960, com a criação da Frente de Libertação Nacional (éfe éle êne), movimento comunista apoiado pelo Vietnã do Norte. Seus membros, que ficaram conhecidos como vietcongues, adotavam o método de guerrilha nos ataques contra o govêrno do Vietnã do Sul para derrubar Dím Díem e unificar o país sob um regime socialista.

Fotografia. Mão feminina segura fotografia em preto e branco de mulher de roupas escuras e chapéu atrás de um pedaço de tronco. Ela empunha uma arma. Ao redor dela troncos e arbustos secos.
Ex-integrante de uma unidade de combate secreta formada apenas por mulheres, Roán Ti No exibe uma fotografia em que aparece com uniforme vietcongue empunhando uma arma soviética. Foto de 2018.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar do processo de descolonização da Indochina em relação à França, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero nove agá ih três um.

Ampliando: os mortos da Guerra Fria

“Antes do colapso do sistema soviético, estimava-se que cêrca de 19 – talvez mesmo 20 – milhões de pessoas haviam sido mortas em mais de cem ‘guerras maiores e ações e conflitos militares’ entre 1945 e 1983, praticamente todas no Terceiro Mundo: mais de 9 milhões no leste da Ásia; 3,5 milhões na África; 2,5 milhões no sul da Ásia; cêrca de meio milhão no Oriente Médio reticências; e um pouco menos na América Latina reticências. A Guerra da Coreia, de 1950-1953, cujos mortos foram estimados em 3 e 4 milhões (em um país de 30 milhões) reticências, e os trinta anos de guerras do Vietnã (1945-1975) foram de longe as maiores guerras, e as únicas em que as próprias fôrças americanas se envolveram diretamente em grande escala. Em cada uma delas, cêrca de 50 mil americanos foram mortos. As perdas dos vietnamitas e outros povos indochineses são difíceis de estimar, mas a estimativa mais modesta chega a 2 milhões.”

ROBSBAUM, Eric J. Era dos extremos: o breve século vinte (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página 422.

Ampliando: a disputa ideológica na Indochina

“Desde dezembro de 1946, os franceses conduzem um combate ambíguo na Indochina. Afirmam querer proteger a independência e a integridade dos Estados Unidos da Indochina contra a agressão vietminh, mas nenhum govêrno quer tomar a iniciativa de negociações que levariam à retirada francesa. O combate colonial é um fardo cada vez mais pesado para o orçamento da França, que recebe ajuda cada vez maior dos Estados Unidos. A partir de junho de 1950, a guerra da Indochina dá uma guinada decisiva. A guerra colonial se torna uma guerra ideológica entre o campo comunista, com a China como líder, e o campo ocidental, representado pelos franceses apoiados pelos americanos.”

Vésse, Morríce. As relações internacionais depois de 1945. São Paulo: dáblio ême éfe Martins Fontes, 2013. página 40.

A Guerra do Vietnã

A partir de 1961, milhares de soldados estadunidenses foram enviados para o Vietnã. Os vietcongues, apoiados pelo Vietnã do Norte, pela China e pela União Soviética, combatiam as fôrças dos Estados Unidos em condição desigual. Com muito menos armas e recursos, eles se valiam do conhecimento do território e do apôio popular. Em uma guerra de guerrilhas, em que o inimigo é combatido com atos de sabotagem e ataques-surpresa, o conhecimento do território e a ajuda da população local davam vantagem aos vietcongues.

A Guerra do Vietnã foi o primeiro conflito armado transmitido ao vivo pela televisão. As notícias e as imagens que chegavam ao Ocidente, sem edição, mostravam a brutalidade do conflito. O número crescente de soldados dos Estados Unidos mortos em ação e a violência promovida contra os vietnamitas chocaram a sociedade estadunidense e a comunidade internacional. Nesse contexto, diversos protestos foram organizados para pressionar os Estados Unidos a se retirar da guerra.

Apesar do crescente número de baixas em suas tropas e da forte rejeição à guerra expressa pela população, o govêrno dos Estados Unidos manteve a ação militar até janeiro de 1973, quando retirou suas fôrças do Vietnã do Sul e assinou um acôrdo de cessar-fogo com o govêrno do Vietnã do Norte. As fôrças comunistas do Norte e do Sul prevaleceram e, em 1976, os dois Vietnãs foram reunificados sob o regime socialista, com a capital estabelecida em Ranói.

Estima-se que 60 mil soldados estadunidenses e 2,5 milhões de vietnamitas tenham morrido durante a guerra. Além disso, o uso de armas químicas no conflito, como o agente laranja, destruiu florestas e poluiu a água e o solo, o que tornou grandes extensões de terra impróprias para o cultivo e afetou gravemente a saúde de milhões de pessoas.

Fotografia. Duas crianças sem os braços escrevem em cadernos com os pés. Uma mulher de branco observa.
Crianças vítimas do agente laranja aprendem a escrever com os pés em escola localizada em hospital, em rô chi min (antiga Saigon), Vietnã. Foto de 2005.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Identifique os motivos e os desdobramentos dos dois conflitos a seguir, considerando o envolvimento dos Estados Unidos e da União Soviética no contexto da Guerra Fria.
    1. Guerra da Coreia.
    2. Guerra do Vietnã.

Respostas e comentários

Recapitulando

    1. A guerra da Coreia eclodiu em 1950, após a Coreia do Norte, apoiada pelos soviéticos, atacar a do Sul, apoiada pelos estadunidenses, a fim de unificar o país sob o regime socialista. O conflito terminou em 1953 com milhões de mortos entre civis e militares, sem alterações territoriais significativas. Até hoje os países se mantêm independentes, e, após um longo período de relações diplomáticas tensas, os líderes dos dois países abriram canais de diálogo em 2018.
    2. A Guerra do Vietnã iniciou com a luta dos vietcongues contra o govêrno autoritário do Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos. Os vietcongues, apoiados pelo Vietnã do Norte, pela China e pela União Soviética, queriam unificar o país sob o regime socialista. Os Estados Unidos se envolveram na guerra a partir de 1961, enviando soldados para combater ao lado das tropas do govêrno de Dím Díem. Eles permaneceram no Vietnã até 1973, mas a guerra continuou até 1976, quando os socialistas venceram e unificaram o país. Além de 2,5 milhões de vietnamitas mortos, o uso do agente laranja pelos estadunidenses teve efeitos graves, que ainda causam danos à população.
A Revolução Cubana

Em 1898, depois de três anos em guerra com a Espanha, Cuba obteve sua independência com a ajuda dos Estados Unidos. Após a emancipação, o govêrno estadunidense conseguiu introduzir na Constituição de Cuba a Emenda Plát, por meio da qual poderia intervir na ilha toda vez que seus interesses estivessem ameaçados.

Em 1952, com apôio dos Estados Unidos, o general Fulgêncio Batista liderou um golpe militar no país, impôs uma ditadura e protegeu os interesses de grandes grupos econômicos estadunidenses na ilha. Segmentos da sociedade cubana insatisfeitos com a política do ditador Batista reivindicavam medidas como a realização de uma reforma agrária e melhorias no sistema de saúde.

Um dos grupos de oposição ao govêrno, chamado Geração do Centenário, sob a liderança de Fidel Castro, tentou tomar o Quartel de Moncada, na cidade de Santiago de Cuba, em julho de 1953. O plano era obter armas para distribuí-las ao povo e, assim, espalhar a revolução pelo país e derrubar o govêrno de Batista. O movimento foi reprimido, resultando na morte e na prisão de muitos de seus participantes.

Preso, Fidel Castro foi julgado, condenado e, em 1955, libertado e banido do país. Exilado no México, Fidel reuniu-se a outros opositores do regime e ao médico argentino Ernesto “Tchê Guevára, que aderiu à causa revolucionária. Em 1956, eles e outros combatentes desembarcaram em Cuba e se refugiaram nas montanhas de Sierra Maestra, no leste da ilha, onde iniciaram a guerrilha contra o govêrno.

Os revolucionários procuraram se aproximar dos camponeses da região e difundir entre eles os princípios da reforma agrária e os ideais de democracia e de independência nacional contra o intervencionismo dos Estados Unidos. Aos poucos, os guerrilheiros conquistaram o apôio da população e derrotaram as fôrças militares do govêrno em diferentes pontos do território cubano.

Em 1º de janeiro de 1959, Fulgêncio Batista abandonou o país e refugiou-se na República Dominicana. Com a fuga de Batista, os revolucionários tomaram as principais cidades de Cuba, onde foram recebidos em clima de comemoração.

Após a tomada do poder, o novo govêrno cubano manifestou neutralidade em relação aos Estados Unidos e à União Soviética e tomou uma série de medidas, como a realização da reforma agrária, a universalização do acesso à educação, a nacionalização de empresas estrangeiras e a reforma no sistema de saúde pública.

Fotografia em preto e branco. Fidel Castro, homem de barba cheia e boina. Está sobre um palanque ao lado de diversas pessoas. Ao redor uma multidão o observa. Na parte de baixo do palanque, várias bandeiras de Cuba dependuradas.
Fidel Castro discursando para uma multidão diante do palácio presidencial em Havana, Cuba. Foto de janeiro de 1959.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar a Revolução Cubana e as tensões entre os Estados Unidos e Cuba, o conteúdo contempla parcialmente a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito e contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História nº 1.

Geração do Centenário

O grupo de jovens liderado por Fidel Castro ficou conhecido como “Geração do Centenário” em homenagem ao centenário do nascimento do intelectual cubano José Martí (1853-1895), fundador do Partido Revolucionário Cubano (PRC) e principal organizador dos movimentos de independência da ilha. Em 1955, o movimento foi rebatizado por Fidel e passou a se chamar “Movimento 26 de Julho”, em referência à data do ataque ao Quartel de Moncada, ocorrido em julho de 1953.

Ações do novo govêrno

O govêrno revolucionário promoveu melhorias sociais em Cuba, como erradicação do analfabetismo, implantação de um sistema de saúde pública universal e combate à mortalidade infantil. Esses investimentos ajudam a explicar o elevado í dê agá do país atualmente: segundo o relatório de desenvolvimento humano 2020 A próxima fronteira: o desenvolvimento humano e o Antropoceno, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (penúdi), Cuba ocupava a 70ª colocação mundial naquele ano. No mesmo ranking, o Brasil aparecia na 84ª posição. No terreno político, porém, Cuba converteu-se em um Estado ditatorial, comandado por um govêrno acusado de violar os direitos humanos ao perseguir opositores, grupos religiosos e homossexuais.

O alinhamento de Cuba à União Soviética

As reformas promovidas pelo novo govêrno cubano feriam os interesses de integrantes das elites, principalmente os latifundiários e as empresas estrangeiras. Por isso, foram interpretadas pelos Estados Unidos como um alinhamento de Cuba ao regime soviético, o que representava uma ameaça à hegemonia estadunidense na América Latina.

Assim, uma operação para derrubar o govêrno de Fidel Castro foi realizada em abril de 1961, unindo cubanos anticastristas exilados em Máiâmi e o govêrno estadunidense, na época sob o comando de djôn quênedi. Treinados e equipados pelas fôrças armadas dos Estados Unidos, os contrarrevolucionários invadiram a Baía dos Porcos, na costa cubana, mas foram rapidamente detidos pelas tropas do govêrno.

Diante das pressões estadunidenses sobre o programa de reformas em Cuba e do interesse do govêrno de Fidel Castro em garantir um mercado para o açúcar cubano e um fornecedor de petróleo para a ilha, ocorreu a progressiva aproximação de Cuba e União Soviética, que foi concluída após a tentativa de invasão da Baía dos Porcos. O govêrno de Cuba declarou sua adesão ao socialismo em 1961 e, no ano seguinte, os Estados Unidos decretaram o embargo econômico à ilha.

Para agravar a crise, em 1962, os estadunidenses descobriram a existência de mísseis nucleares soviéticos em Cuba e exigiram a retirada imediata deles. A Crise dos Mísseis, como ficou conhecida, foi superada quando a União Soviética decidiu atender às exigências dos Estados Unidos em troca de eles assumirem o compromisso de não mais invadir Cuba.

Saiba mais

O embargo a Cuba

Em abril de 2015, a sétima Cúpula das Américas foi palco de um encontro inédito desde o início da Guerra Fria. Raúl Castro, irmão e sucessor de Fidel no govêrno de Cuba, e baráqui obâma, presidente dos Estados Unidos, sentaram-se lado a lado e conversaram por cêrca de uma hora. Os dois chefes de Estado demonstraram a intenção de restabelecer o diálogo e promover a reaproximação econômica e diplomática dos dois países. Em 2016, Obama fez uma visita oficial de três dias a Cuba, depois de quase noventa anos sem que um presidente estadunidense pisasse na ilha. Contudo, em 2017, sob o govêrno de dônald tramp, os Estados Unidos cancelaram a política de aproximação a Cuba, e seu sucessor, jou baiden, ampliou as sanções à ilha em 2021. Assim, o embargo estadunidense, condenado por organismos internacionais e por diversos países, continuava, em 2022, sem perspectiva de ser revogado.

Fotografia. Carro conversível antigo estacionado em uma rua. Ele é comprido e tem três cores na lataria. É roxo na parte de baixo, azul no capô e bege na parte trás. Os bancos são claros, o volante grande e o vidro do para brisa é esverdeado. O para-choque e o para-lama são prateados e brilhantes. Os pneus são largos.
Sem renovação da frota de automóveis, modelos antigos ainda circulam nas ruas de Havana, capital de Cuba. Foto de 2020.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. Cite os principais objetivos dos revolucionários cubanos.
  2. Por que Cuba acabou se alinhando à União Soviética?
  3. O que foi a Crise dos Mísseis?

Respostas e comentários

Recapitulando

  1. Os revolucionários cubanos pretendiam derrubar a ditadura de Batista e acabar com o intervencionismo estadunidense no país.
  2. Embora inicialmente tenha se mantido neutra após a revolução, Cuba se alinhou à União Soviética após a invasão de cubanos anticastristas à Baía dos Porcos, que contou com o auxílio do govêrno estadunidense, em 1961.
  3. A Crise dos Mísseis ocorreu quando os Estados Unidos descobriram mísseis soviéticos em Cuba, em 1962. Os estadunidenses se comprometeram a não invadir a ilha se a União Soviética retirasse os artefatos de lá. Ambos cumpriram o acôrdo.

Ampliando: a tensão em Cuba

“Em outubro de 1960, os Estados Unidos suspendem toda ajuda financeira, interrompem toda importação de açúcar na esperança de asfixiar Cuba e rompem, enfim, as relações diplomáticas.

A tensão aumenta também por causa dos refugiados cubanos e dos efeitos da reforma agrária nas grandes companhias americanas proprietárias de terras. Exilados cubanos, hostis ao regime de Fidel Castro, preparam uma intervenção militar com apôio americano. Entretanto, o desembarque na Baía dos Porcos fracassa (15 de abril de 1961), o que é um duro golpe no prestígio do novo presidente americano e aumenta a inflexibilidade do castrismo. Visando reforçar os regimes anticomunistas na América Latina e assim canalizar a transmissão do anticastrismo, kenedí propõe, reticências em janeiro de 1962, a exclusão de Cuba da Organização dos Estados Americanos. Os cubanos, por sua vez, pedem e obtêm armas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.”

Vésse, Morríce. As relações internacionais depois de 1945. São Paulo: dáblio ême éfe Martins Fontes, 2013. página 95-96.

Enquanto isso…

O cinema estadunidense

Enquanto as tensões da Guerra Fria se intensificavam, o cinema Róliudiãno era impulsionado com produções que abordavam, direta ou indiretamente, o conflito. Muitos filmes reforçavam a imagem dos Estados Unidos como os grandes heróis que salvariam o mundo dos comunistas. Nos anos 1960, o Departamento de Defesa do país chegou a fazer uma parceria com os diretores e as produtoras de cinema para garantir que isso acontecesse.

Entre os filmes produzidos nesse período estão Moscou contra 007 (1963) e 007 contra a chantagem atômica (1965), adaptados dos livros de Iân Flêmin, sobre as missões do agente secreto britânico Diêimis Bond na luta contra o inimigo soviético. Outro filme característico da época é róqui quatro (1985), dirigido por silvéster istalône, que apresenta diversos símbolos da Guerra Fria por meio da luta entre o russo Áivan Drago e o estadunidense Róqui Balbôa.

Apesar de diversos filmes valorizarem a imagem dos Estados Unidos, muitos outros tiveram uma postura mais crítica em relação à Guerra Fria. Doutor Fantástico (1964), de Istanlei Cúbriqui, por exemplo, satirizou o instável poder nuclear dos estadunidenses e dos soviéticos. Por meio do personagem Doutor Fantástico, um general estadunidense que acreditava que os soviéticos estavam contaminando os reservatórios de água dos Estados Unidos, o filme criticou o orgulho de ambos os lados do conflito em desenvolver um arsenal nuclear capaz de destruir o mundo.


Cena de filme. Dois lutadores de boxe dentro do ringue. Estão frente a frente, sem camisa. Entre eles, o juiz de camisa branca e gravata borboleta.
Cena do filme róqui quatro, dirigido por silvéster istalône, 1985.

Responda em seu caderno.

Questões

  1. Como os filmes estadunidenses incorporaram em sua narrativa o contexto da Guerra Fria?
  2. Em sua avaliação, de que modo os filmes podem contribuir para formar a opinião do público sobre determinado assunto?

Respostas e comentários

Enquanto issoreticências

  1. Em muitos filmes Róliudianos, os Estados Unidos opunham-se à União Soviética por meio de narrativas e de personagens fictícios, exaltando a imagem dos estadunidenses em detrimento da dos soviéticos, considerados vilões. Outros filmes, contudo, apresentaram uma posição crítica em relação à Guerra Fria, questionando, por exemplo, o desenvolvimento de armas nucleares.
  2. Pretende-se com a questão promover a reflexão e exercitar a capacidade dos alunos de argumentar sobre o papel dos filmes na formação de opinião pública, levando-os a entender que as cenas de cinema são uma representação da realidade, e não seu retrato, constituindo um ponto de vista determinado sobre os acontecimentos. Nos filmes Róliudianos, os Estados Unidos procuraram divulgar uma imagem positiva de si mesmos, que justificasse e legitimasse as ações do país para o restante do mundo em meio à Guerra Fria. Isso contribuiu para que o país conquistasse o apôio de grande parte da população contra os comunistas. Contudo, muitos estadunidenses também criticavam as guerras e as tensões do período, o que foi revelado em filmes como Doutor Fantástico. Nesse sentido, a proposta da atividade se baseia nos estudos de recepção de produtos da indústria cultural, que vêm contribuindo para esclarecer como o espectador tem papel ativo ao consumir um produto, seja por meio da percepção crítica, seja por meio da discordância aberta em relação a seus postulados, o que vale para produções reiterativas, como róqui quatro, ou críticas, como Doutor Fantástico.

Bê êne cê cê

Por comparar eventos ocorridos simultaneamente em espaços diferentes, o estudo da seção contribui para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas nº 5.

A criação do Estado de Israel e a Questão Palestina

Como estudamos no capítulo 3, depois da Primeira Guerra Mundial, a Palestina passou para o contrôle do Reino Unido. A partir desse período, a migração de judeus para a região cresceu consideravelmente. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, os judeus estabelecidos na Palestina já representavam cêrca de 30% da população, o que agravou as tensões com os árabes muçulmanos.

Em 1947, o Reino Unido transferiu à ônu a tarefa de propor uma solução para a Palestina. No fim daquele ano, a entidade apresentou um plano de divisão do território em dois Estados: um árabe e um judeu. A proposta, aprovada pela Assembleia Geral, foi rejeitada pelos países árabes e pela maior parte da população árabe da Palestina. Em 1948, líderes judeus proclamaram unilateralmente a criação do Estado de Israel. Os países árabes reagiram, iniciando a primeira de várias guerras que seriam travadas entre eles e o Estado judeu, todas vencidas por Israel.

Quando terminou a primeira guerra entre Israel e os países árabes (1948-1949), os judeus já dominavam 78% da Palestina. Milhares de habitantes árabes do território se refugiaram em países vizinhos ou em enclavesglossário árabes dentro de Israel. Começou, então, a Questão Palestina, isto é, a luta dos palestinos (como os árabes do território passaram a ser chamados) pela criação de um Estado nacional. O marcoglossário do nacionalismo palestino foi a fundação, em 1964, da Organização para a Libertação da Palestina (ó éle pê). Liderada por Iásser Arafát, a entidade se transformou em símbolo do movimento palestino por um Estado soberano na região.

O grande salto na expansão territorial israelense na Palestina foi dado com a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel venceu uma aliança de países árabes e ocupou a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental, as Colinas de Golã, que pertenciam à Síria, e o Sinai (devolvido ao Egito posteriormente).

Israel e territórios palestinos (1917-2018)

Mapa. Israel e territórios palestinos, 1917-2018. Seis mapas, todos mostrando a região da Palestina em diferentes momentos.
Primeiro mapa: 1917. 
Legenda: 
Laranja: território palestino. 
No mapa, toda a região da Palestina incluindo as cidades de Haifa, Tel Aviv, Ramallah, Jerusalém, Belém e Gaza. 
Segundo mapa: 1946. 
Legenda: 
Laranja: Território palestino.
Amarelo: Território judaico.
No mapa, todo o território em laranja, incluindo as cidades de Haifa, Tel Aviv, Ramallah, Jerusalém, Belém e Gaza, com exceção de alguns pequenos pontos no norte do território, que estão em amarelo. 
Terceiro mapa: 1947.
Legenda: 
Laranja: Território palestino.
Amarelo: Território judaico.
No mapa: maior parte do território em amarelo, incluindo as cidades de Haifa e Tel Aviv, com exceção de uma pequena porção ao norte, território no centro do país e um trecho no sudoeste, próximo a Gaza, e incluindo as cidades de Ramallah, Jerusalém e Belém. 
Quarto mapa: 1948. 
Legenda: 
Laranja: Território palestino.
Amarelo: Israel.
No mapa, Maior parte do território em amarelo, incluindo as cidades de Haifa e Tel Aviv, com exceção de Gaza e da Cisjordânia, incluindo as cidades de Ramallah, Jerusalém e Belém. 
Quinto mapa: 1967. 
Legenda: 
Laranja: Território palestino.
Amarelo: Israel. 
No mapa: Maior parte do território em amarelo, incluindo as cidades de Haifa e Tel Aviv e a região das Colinas de Golã, na Síria, com exceção de Gaza e da Cisjordânia, incluindo as cidades de Ramallah, Jerusalém e Belém.
Sexto mapa: 2018. 
Legenda: 
Laranja: Território palestino.
Amarelo: Israel.
No mapa: quase todo o território em amarelo, incluindo as cidades de Haifa e Tel Aviv e a região das Colinas de Golã, na Síria, com exceção de Gaza e de pequenos trechos na Cisjordânia, incluindo as cidades de Ramallah, Jerusalém e Belém. No canto direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 80 quilômetros.

Fontes: EVOLUÇÃO do mapa da Palestina e de Israel. Rede Angola, Luanda, 25 julho 2014. Disponível em: https://oeds.link/WZCTdE; LA PALESTINE en cartes, citations, faits et chiffres. Le Monde Diplomatique, Paris, fevereiro a março 2018. Disponível em: https://oeds.link/FghGxS. Acessos em: 14 abril 2022.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.


Transcrição do áudio

A Questão Palestina

[Locutora]:

Neste podcast, o professor Samuel Feldberg fala sobre o conflito entre povos de origem árabe e judeus na região da Palestina, que teve início em meados do século vinte. As razões para o início do conflito político e os desdobramentos desse processo, que culminaram na criação do estado judeu e em um confronto armado que dura até os dias de hoje, são alguns dos temas que o convidado explica a seguir.

[Samuel Feldberg]:

O conflito entre palestinos e israelenses tem a sua origem fundamentalmente no final do século dezenove com o aumento da imigração judaica para a região da Palestina, que na época era uma província do Império Otomano. Ao longo do começo do século vinte, houve uma relação relativamente cordial entre as duas populações.

Essa situação vai se complicar ao longo das décadas seguintes e com as consequências da Segunda Guerra Mundial, principalmente o holocausto perpetrado contra a população judaica na Europa, há um aumento do apoio para a criação de um Estado judeu independente na Palestina, o que vai levar a uma reação da população palestina e dos países árabes da região, que termina com o conflito em 1947, 1948, depois de as Nações Unidas terem decidido pela partilha do território e a criação de dois Estados independentes: um Estado judeu e um Estado árabe. A população palestina e os Estados árabes da região recusam a decisão das Nações Unidas, invadem o território e depois de um conflito que é vencido pelos israelenses vai originar o problema dos refugiados palestinos, que hoje representam a maior parte da população da Faixa de Gaza e uma parte significativa da população da Cisjordânia.

A Faixa de Gaza é um território muito limitado geograficamente. Uma pequena área geográfica na fronteira entre Israel e o Egito, que esteve em disputa desde a criação do Estado de Israel em 1948. É um local de enorme densidade demográfica, habitado principalmente por refugiados palestinos originários da Guerra de Independência de 1948.

Desde 2007, o território vem sendo administrado pelo Hamas e, portanto, as suas ligações tanto com o Irã quanto com a Síria e o ex-governo da irmandade mulçumana no Egito dificultaram o acesso do Hamas aos organismos internacionais e, portanto, a população tem que viver a partir dos recursos disponíveis no território.

O que torna o problema extremamente difícil de resolver é que os judeus veem o seu direito na ocupação de um território que ancestralmente esteve ligado ao seu povo e que no passado foi a sede de um Estado judeu independente. Os palestinos por terem vivido na região por vários séculos entendem que também têm o direito ao território, à posse do território.

A única solução viável é uma solução de divisão do território e essa divisão implicaria, de certa forma, uma separação das populações. Portanto, num primeiro momento teria que haver uma separação da população civil. E, no segundo passo, uma alocação de território que permita a criação de um Estado palestino independente.

A questão da intolerância talvez seja hoje o maior problema que as sociedades enfrentam ao redor do mundo e nós não vemos esse problema somente na questão do conflito israelo-palestino. A exclusão do outro, o não reconhecimento dos direitos do outro, que está na base da maior parte desses conflitos. Nós vemos isso acontecendo nas relações entre a Ucrânia e a Rússia, nós vemos isso nas relações entre coptas e mulçumanos no Egito, entre xiitas e sunitas na Síria e no Iraque. É um problema que aflige o mundo todo e, sem dúvida nenhuma, as crianças têm que ser educadas para aceitar os valores daqueles que eles não conhecem. E um dos grandes problemas da perpetuação desse conflito no Oriente Médio é o fato de palestinos e israelenses serem educados para o conflito e não para a convivência.


Respostas e comentários

Em março de 1946, o govêrno do Emirado da Transjordânia aceitou a incorporação de parte de seu território à Palestina britânica; a partir de então, o país passou a se chamar Reino da Jordânia.

Bê êne cê cê

Ao tratar da criação do Estado de Israel e da Questão Palestina, o conteúdo contempla a habilidade ê éfe zero nove agá ih um zero e contribui para o desenvolvimento das Competências específicas de História nº 1, nº 4 e nº 5.

Ampliando: as consequências da Guerra dos Seis Dias

“A Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, dá a Israel o contrôle da Cisjordânia e do Golã e cria problemas duradouros. Os palestinos enfrentam o estado judeu, e alguns estados árabes não hesitam em recorrer ao terrorismo internacional. reticências

A guerra preventiva, desencadeada em 5 de junho [de 1967] por um ataque da aviação israelense, resulta em uma vitória espetacular de Israel. reticências. No momento em que termina essa ofensiva, o território ocupado pelos israelenses passa de .20300 quilômetros quadrados a .102400 quilômetros quadrados. Já em 23 de junho, apesar da oposição das Nações Unidas e das grandes potências, o parlamento israelense anexa a parte árabe de Jerusalém. reticências

Não apenas a Guerra dos Seis Dias não resolve nada como ainda desestabiliza toda a região, daquele momento em diante afligida por uma violência mais ou menos contida. reticências O problema palestino não nasceu em 1967, mas se exacerba consideravelmente a partir da Guerra dos Seis Dias.”

Vésse, Morríce. As relações internacionais a partir de 1945. São Paulo: dáblio ême éfe Martins Fontes, 2013. página 144-149.

A Intifada

Desde a guerra de 1967, os sucessivos governos israelenses implementaram uma política de assentamentos de colonos judeus nos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia ocupados pelos palestinos. As colônias da Faixa de Gaza foram removidas, mas na Cisjordânia, além de mantidas, foram expandidas com a criação de novos assentamentos judaicos, apesar dos protestos da ônu e da comunidade internacional.

Diante da política de colonização israelense e da dificuldade de concretizar a criação do Estado palestino, na década de 1980 iniciou-se uma obstinada resistência à ocupação israelense. A revolta começou de fórma espontânea, tendo à frente jovens palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, e ficou conhecida como Intifada, a “guerra das pedras”. Uma nova Intifada começou em 2000, mas dessa vez entraram em ação os ataques suicidas contra alvos civis e militares de Israel.

Fotografia. Manifestantes atirando pedras em militares que estão do outro lado da rua.
Manifestantes palestinos atirando pedras contra fôrças israelenses, que respondem com bombas de gás de efeito moral, em Nablus, Cisjordânia. Foto de 2015.
Tentativas de estabelecer a paz

A Intifada evidenciou a necessidade de um acôrdo político entre israelenses e palestinos. Foi nesse contexto que, em 1993, a ó éle pê e o govêrno de Israel firmaram, na Noruega, os acôrdos de Oslo, feitos com a mediação e a supervisão dos Estados Unidos.

Por meio do acôrdo, foi instituída, em 1994, a Autoridade Nacional Palestina, que administraria os territórios palestinos, sendo previstas a negociação posterior de um acôrdo de paz definitivo e, no prazo de alguns anos, a criação de um Estado palestino na região.

A maior parte das propostas dos acôrdos de Oslo, porém, não foi aplicada. Entre as razões para essa paralisia estão o radicalismo nacionalista e religioso, a intransigência de líderes − tanto de setores israelenses como de grupos palestinos − e a política do govêrno conservador de Israel, que continua a construir assentamentos na Cisjordânia, confinando os palestinos a espaços cada vez mais reduzidos.

Conexão

Promessas de um novo mundo

Direção: Justíne Chapiro, B. Z. gôldbérg, Carlos Bolado

País: Estados Unidos

Ano: 2001

Duração: 106 minutos

O documentário registra uma roda de conversa com crianças palestinas e israelenses em Jerusalém, em que elas expõem suas impressões sobre os conflitos entre Israel e Palestina e confrontam seus conhecimentos sobre “o outro”, descobrindo a possibilidade de diálogo.


Cena de filme. Dois meninos sorridentes. Ambos têm o cabelo escuro penteado de lado.
Cena do documentário Promessas de um novo mundo, 2001.

Responda em seu caderno.

Recapitulando

  1. O que motivou o início dos conflitos entre israelenses e palestinos?
  2. Explique os termos a seguir.
    1. Organização para a Libertação da Palestina.
    2. Guerra dos Seis Dias.
    3. Intifada.
  3. Identifique as propostas e os resultados dos acôrdos de Oslo, firmados em 1993.

Respostas e comentários

Conexão

O documentário Promessas de um novo mundo transmite uma mensagem de esperança e paz para o conflito árabe-israelense, e nesse aspecto pode favorecer uma discussão sobre tolerância e descoberta do “outro”. Porém, por não tratar das questões geopolíticas que estão associadas ao conflito e sugerir que ele não se resolve por má vontade dos envolvidos, o documentário pode ser problematizado pelo professor e sua exibição ser o ponto de partida para uma pesquisa sobre o assunto, seguida de uma discussão acerca do conflito e a necessidade de se promover a cultura de paz.

Recapitulando

  1. Os conflitos entre israelenses e palestinos foram motivados pela intensa imigração de judeus à Palestina, iniciada a partir da Primeira Guerra Mundial e intensificada durante e, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, em que muitos árabes muçulmanos que viviam na região perderam territórios. Após a criação do Estado de Israel, em 1948, agravaram-se os conflitos entre israelenses e palestinos.
    1. Organização para a Libertação da Palestina: entidade criada em 1964 e liderada por Iásser Arafát para lutar pela criação de um Estado palestino soberano.
    2. Guerra dos Seis Dias: conflito travado entre Israel e uma aliança de países árabes, em 1967. Como resultado, os israelenses ocuparam a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, as Colinas de Golã, Jerusalém Oriental e a Península do Sinai, devolvida ao Egito em 1979.
    3. Intifada: revolta popular de palestinos contra a política de colonização israelense na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Na Primeira Intifada, ocorrida no final da década de 1980, os palestinos usaram pedras como armas; na Segunda Intifada, ocorrida no início dos anos 2000, eles usaram principalmente bombas e ataques suicidas.
  2. Os acôrdos de Oslo propuseram o fim dos conflitos entre israelenses e palestinos e a criação da Autoridade Nacional Palestina em 1994. As medidas do acôrdo de paz e de criação do Estado palestino, porém, não progrediram.

Atividades

Responda em seu caderno.

Aprofundando

1. Junte-se a um colega e leiam o texto para responder às questões.

Um determinado filme, produzido em 1944, perturbou sobremaneira os membros do comitê [do Congresso]. Solicitaram o testemunho de uma perita em filmes, a novelista Áin Rend, e ela rapidamente identificou o principal pecado da película: exibia russos sorridentes.

– Mostrar essa gente sorrindo é um golpe-padrão da propaganda comunista. reticências

Apenas o deputado Diôn Méquidoél manifestou reservas:

– Ninguém sorri na Rússia?

– Se a pergunta é literal, a resposta é: quase ninguém.

– Eles nunca sorriem?

– Não assim. Se acaso sorriem, é na intimidade e por acidente. Certamente não se trata de um ato social. Não sorriem em aprovação ao sistema.

Uils, Guéri . Introdução. In: Rélman, Líliam. A caça às bruxas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1981. página 64-65.

  1. Que relação pode ser estabelecida entre o macartismo e o texto apresentado?
  2. A difusão de notícias distorcidas sobre o inimigo, com um objetivo claramente político-ideológico, foi uma prática muito comum durante a Guerra Fria. Atualmente, a manipulação de informações ainda existe. Por que é importante fazermos a leitura e a análise crítica de todas as notícias que recebemos? Discutam essas questões com os colegas e apresentem argumentos para sustentar as suas ideias.

2. Leia o trecho de uma reportagem publicada em 1963 pela revista Manchete.

cúper, o astronauta nº 9

Quando Lirói Górdon Cúper Diúnior foi escolhido para subir ao espaço sideral, nos Estados Unidos, declarou, risonhamente, no centro de treinamento, em que se submetia a duras provas:

— Cumpriu-se o meu desejo! Eu torcia, desesperadamente, para ficar entre os dez primeiros pioneiros do espaço. Agora estou certo de que serei o nono, a menos que os russos, para estragar a festa, resolvam lançar alguém, repentinamente, antes da minha ascensãoreticências reticências

cúper, o astronauta nº 9. Manchete, Rio de Janeiro, edição 579, página 23, 2 maio 1963.

  1. Segundo o astronauta Lirói Górdon Cúper Diúnior, o que poderia fazê-lo perder o lugar entre os dez primeiros astronautas a ir ao espaço?
  2. O que poderia explicar esse temor?

3. O agente laranja é um herbicida que contém dioxina, substância química altamente tóxica. Entre 1961 e 1971, os Estados Unidos jogaram dezenas de milhões de litros desse produto sobre o Vietnã para destruir as florestas e os cultivos em áreas onde se escondiam os vietcongues, contaminando o solo e a água. Até hoje, os vietnamitas sentem os efeitos dessa arma química. Como vimos anteriormente, muitas crianças, cujos pais foram contaminados pelo agente laranja, nascem com malformação congênita, e o solo vietnamita ainda apresenta sinais de contaminação 50 anos depois de terminada a guerra.


Respostas e comentários

Atividades

    1. O texto trata do anticomunismo, que posteriormente ficou conhecido pela política do macarthismo, pois apresenta a problematização de um filme que mostra russos sorrindo como se fosse propaganda comunista (aprovação ao regime socialista).
    2. Espera-se que os alunos reflitam sobre a importância de se adotar uma postura crítica em relação ao conteúdo informativo acessado no dia a dia. Como estudado no capítulo, muitas vezes as propagandas e notícias de cunho político têm o objetivo de manipular a opinião do receptor sobre determinado tema e atender aos interesses de determinados grupos. Desse modo, é importante ter consciência sobre essas estratégias de marketing político e da existência da disseminação das chamadas fake news pelas redes sociais, aprendendo a identificá-las.
    1. cúper temia perder o lugar caso os soviéticos lançassem uma missão espacial tripulada antes de os estadunidenses o enviarem ao espaço.
    2. O temor de Cúper pode ser explicado pela disputa entre Estados Unidos e União Soviética, que envolveu a primazia na conquista do espaço sideral e em outros campos.
  1. No presente, a pulverização de agentes químicos sobre populações ainda é usada com objetivos políticos ou militares? Investigue.
  2. O uso de agentes químicos com objetivos políticos e militares contraria os direitos humanos? Por quê?

Aluno cidadão

  1. Neste capítulo, você viu que a propaganda ideológica foi fundamental para os blocos socialista e capitalista. Nos países capitalistas, a publicidade identificava esse sistema político-econômico com a liberdade e a possibilidade de prosperar e consumir.
    1. Analise alguns anúncios publicitários na internet, em revistas, em jornais, na televisão e nas ruas. Que recursos são utilizados para convencer as pessoas a consumir determinado produto ou serviço?
    2. Avalie o impacto da publicidade em seus hábitos de consumo. De que maneira a publicidade influencia suas escolhas? Reflita e discuta o assunto com os colegas. Em seguida, registre suas conclusões.
    3. Atualmente, são muito discutidos os impactos ambientais, sociais e psicológicos do consumo não sustentável. Você conhece alguém que tenha adquirido um produto apenas para ter o modêlo “mais novo” ou para ser aceito em determinado grupo? O que foi feito com o produto “velho”? Que tipo de impacto social e ambiental essa atitude provoca?

Conversando com geografia

  1. Observe a sequência de mapas da página 154, que mostra os territórios ocupados por palestinos e judeus antes e depois da criação do Estado de Israel. Depois, faça o que se pede.
    1. De que maneira as mudanças verificadas na sequência de mapas ajudam a explicar os conflitos entre palestinos e israelenses?
    2. Por que esse território é importante para os dois povos?

enêm e vestibulares

6. (enêm-Méqui)

Os soviéticos tinham chegado a Cuba muito cedo na década de 1960, esgueirando-se pela fresta aberta pela imediata hostilidade norte-americana em relação ao processo social revolucionário. Durante três décadas os soviéticos mantiveram sua presença em Cuba com bases e ajuda militar, mas, sobretudo, com todo o apôio econômico que, como saberíamos anos mais tarde, mantinha o país à tona, embora nos deixasse em dívida com os irmãos soviéticos – e depois com seus herdeiros russos – por cifras que chegavam a trista e dois bilhões de dólares. Ou seja, o que era oferecido em nome da solidariedade socialista tinha um preço definido.

Padura, L. Cuba e os russos. Folha de São Paulo, 19 julho 2014. (Adaptado).

O texto indica que durante a Guerra Fria as relações internas em um mesmo bloco foram marcadas pelo ou pela:

  1. busca da neutralidade política.
  2. estímulo à competição comercial.
  3. subordinação à potência hegemônica.
  4. elasticidade das fronteiras geográficas.
  5. compartilhamento de pesquisas científicas.

Respostas e comentários
    1. Em 1997 entrou em vigor a Convenção sobre Armas Químicas, um tratado multilateral assinado pelos países-membros da Organização das Nações Unidas (ônu) com o objetivo de erradicar a produção e o uso de armas químicas. A Convenção atribuiu à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opáqui) a responsabilidade de extinguir as armas dessa natureza. A Opáqui é uma organização internacional independente que trabalha em colaboração com a ônu. Contudo, apesar do esfôrço em coibir o emprego de armas químicas, foi constatado seu uso recente em conflitos, como na Guerra da Síria, iniciada em 2011.
    2. Espera-se que os alunos relacionem o uso de armas químicas à violação dos direitos humanos. Esclareça que, desde o fim do século dezenove e, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, o direito internacional desenvolveu o conceito de “crimes de guerra” com a finalidade de proteger prisioneiros e civis em conflitos bélicos e de julgar as violações aos direitos humanos cometidas nessas ocasiões. Com base nele, vários processos já foram movidos contra o govêrno dos Estados Unidos e contra as sete empresas fabricantes do agente laranja na época da Guerra do Vietnã, exigindo medidas reparatórias pelos danos causados ao ambiente e à população vietnamita.

Bê êne cê cê

Ao incentivar a promoção da cultura de paz e dos direitos humanos, do pensamento autônomo e da argumentação, a atividade contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 7 e nº 9 e da Competência específica de Ciências Humanas nº 6.

    1. Espera-se que os alunos analisem os anúncios publicitários divulgados em diversas mídias, identificando o público-alvo de cada um e verificando se há apelo a emoções e sensações, como felicidade, satisfação, poder, autoconfiança etcétera, associadas à aquisição do produto ou serviço anunciado. Oriente-os a avaliar o uso de imagens, textos, cores, músicas, entre outras estratégias de convencimento do consumidor.
    2. Espera-se que os alunos percebam que a publicidade afeta os hábitos de consumo de todas as pessoas, especialmente quando não se tem uma postura crítica em relação a ela; e que reflitam sobre em que medida suas decisões de consumo estão sendo afetadas por ela.
    3. Espera-se que os alunos avaliem que o consumo excessivo de produtos provoca impactos ambientais e sociais, pois sua produção demanda recursos naturais e o descarte dos produtos “velhos” no ambiente, feitos de materiais como o plástico e os metais presentes nas baterias de equipamentos eletrônicos, pode prejudicar o solo, a água e os seres vivos. Além disso, existe o impacto financeiro do consumo excessivo, pois algumas pessoas chegam a se endividar para adquirir produtos que as fazem sentir pertencentes a um grupo social.

Bê êne cê cê

Ao propor uma reflexão sobre o consumo e seus impactos ambientais e sociais, a atividade se relaciona com os temas contemporâneos transversais Educação para o consumo, Educação Ambiental e Educação financeira e contribui para o desenvolvimento das Competências gerais da Educação Básica nº 2, nº 4, nº 7 e nº 10 e das Competências específicas de Ciências Humanas nº 2, nº 3 e nº 6.

    1. A sequência de mapas mostra o aumento dos territórios judeus e a redução das áreas destinadas à população palestina, o que ampliou as tensões sociais e políticas na região.
    2. Espera-se que os alunos percebam que a terra é um símbolo de identidade e cultura para ambos os povos, constituindo uma fórma de garantir a continuidade das tradições e a própria existência desses povos tal como eles se reconhecem (judeus ou palestinos).

Interdisciplinaridade

Ao solicitar aos alunos que analisem as alterações nas fronteiras de territórios do Oriente Médio, considerando as tensões e os conflitos envolvidos entre árabes e israelenses, a atividade desenvolve a habilidade ê éfe zero nove gê ê zero oito do componente curricular geografia.

6. Alternativa c.

Glossário

Primazia
: superioridade; condição de quem está em primeiro lugar.
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Capitular
: entregar-se, render-se, ceder.
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Enclave
: reduto localizado em território alheio.
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Marco
: acontecimento importante que marca época na história pessoal ou coletiva.
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