Capítulo 2 – Imagens e palavras em ação

Você costuma ler tirinhas e histórias em quadrinhos (agá quê)? Muitas pessoas são apaixonadas por esses gêneros textuais. Neste capítulo, vamos estudá-los para conhecer melhor suas características.

E se a gentereticências

reticências entrevistasse alguém que entende de quadrinhos?

agá quês e tirinhas são ou já foram fonte de diversão para muitas pessoas. Mas será que elas são interessantes apenas para os leitores? O que será que pensam os profissionais que as produzem, publicam ou vendem?

Para descobrir, você e seus colegas vão fazer uma entrevista filmada com alguém que possa contribuir com informações e curiosidades sobre esse universo. As entrevistas serão apresentadas para a turma, que vai eleger uma delas para que o professor compartilhe com outras turmas. As entrevistas não devem ultrapassar os 10 minutos.

Etapa 1 Seleção do entrevistado e convite

Reúnam-se em grupos. A ideia é que cada equipe se responsabilize por entrevistar uma pessoa ligada à área das histórias em quadrinhos, explorando, assim, diferentes visões e experiências. São muitas as possibilidades: quadrinistas, ilustradores, editores, jornaleiros, funcionários de livrarias ou sebos, colecionadores de gibis, membros de fã clubes etcétera

Sabia?

Sebo é o nome dado a lojas que comercializam produtos culturais usados: livros, revistas, gibis, CDs, DVDs. Além de permitir economia, podem oferecer obras que já não são mais publicadas.

Façam uma lista dos possíveis entrevistados, anotando sua relação com o tema. Vocês podem entrevistar pessoas presencialmente ou pela internet, o que abre muitas possibilidades. Criem uma lista e organizem os nomes iniciando por aquele que desperta maior interesse em vocês.

Depois, procurem a pessoa escolhida e façam o convite. Se for ­alguém com quem não têm intimidade, elaborem um convite e enviem por imêiou ou por mensagem em redes sociais.

É importante que vocês expliquem o objetivo da entrevista e como a utilizarão. Também é preciso mencionar que será filmada ou gravada. Caso a pessoa aceite conceder a entrevista, definam um horário que seja conveniente para ela e para os integrantes do grupo.

Etapa 2 Roteiro

A entrevista tem como objetivo explorar a experiência do entrevistado a fim de obter mais conhecimento sobre o tema. Por isso, elaborem um roteiro para orientar .

Pesquisem sobre o tema e o entrevistado. Por exemplo, se ele for um jorna­leiro, pesquisem quais revistinhas estão sendo publicadas, se algum gibi de sucesso deixou de ser produzido, se há pesquisas falando sobre o aumento ou a redução do consumo de agá quês etcétera Essas informações vão ajudá-los a aproveitar o conhecimento do profissional.

Depois, definam e registrem uma lista de perguntas de apôio; outras questões podem surgir durante a entrevista, motivadas por algo que o entrevistado falar.

Etapa 3 Gravação e edição

Antes da entrevista, definam quem será o entrevistador. Caso mais de uma pessoa tenha essa função, é importante que vocês combinem como vão atuar para que um não atrapalhe o outro.

A entrevista deverá ser filmada. Usem um celular para captar as imagens. Garantam boa luminosidade e ausência de ruídos para produzir um material de boa qualidade.

No caso de entrevista em ambiente virtual, feita por meio de um programa de videoconferência, utilizem a ferramenta de gravação. Se tiverem dúvida em relação aos recursos de gravação, peçam ajuda aos colegas ou ao professor.

  1. Apresentem o entrevistado e contextualizem o objetivo do encontro.
  2. Façam as perguntas e deixem o entrevistado respondê-las.
  3. Aproveitem as respostas para elaborar novas perguntas.
  4. Expressem-se com clareza, pronunciando as palavras em voz alta e com calma.
  5. Fiquem atentos às falas do entrevistado, mostrando interesse com gestos e expressões faciais.
  6. Agradeçam ao entrevistado e despeçam-se dele ao final.

Reúnam-se para assistir ao vídeo e verificar a necessidade de ­melhorias, como córtes, utilizando aplicativos de edição gratuitos. Caso tenham dúvidas, procurem profissionais da escola familiarizados com tecnologia ou pesquisem tutoriais na internet.

Etapa 4 Apresentação

Em data previamente combinada, o professor vai providenciar a apresen­tação dos vídeos para a turma. Assistam com atenção, ­analisando as informações trazidas e a qualidade das gravações.

Depois, troquem impressões sobre as descobertas:

  • Vocês identificaram informações complementares, isto é, dados trazidos por outro entrevistado que completaram ou explicaram melhor algo dito pela pessoa com quem falaram?
  • Há contradições entre os dados ou as opiniões?

No final do processo, escolham o vídeo mais interessante para ser compar­tilhado com outras turmas. Vocês também poderão conhecer produções feitas por colegas de outras classes.

Leitura 1 TIRINHA

O estudo sobre tirinhas e agá quês já foi iniciado. O próximo passo é explorar alguns exemplos desses gêneros textuais. O primeiro deles é uma tirinha que dialoga com o mundo dos super-heróis.

  1. Você já leu agá quês de super-heróis? O que achou dessa experiência? Prefere as agá quês aos filmes?
  2. Agora, leia a tirinha produzida por Fernando Gonsales e responda às questões de Desvendando o texto.

Tirinha. Thor, um homem musculoso, cabelo loiro comprido. Veste botas e regata preta. Usa um chapéu com duas asas. Ele carrega um grande martelo. Quadrinho 1: Ele está conversando com duas mulheres. Elas usam vestido com os seios destacados e usam chapéus com asas. Thor diz: ODIN ESTÁ ME CHAMANDO PARA UMA MISSÃO. Elas dizem: OH!. Quadrinho 2: Odin, homem baixo e gordo. Tem cabelo e barba longos e claros. Usa um chapéu com duas asas. Ele diz para Thor que está ao fundo martelando um prego na parede para pendurar um quadro: MAIS PARA CIMA!

GONSALES, Fernando. Níquel Náusea. 2015. uma tirinha.

De quem é o texto?

Fotografia. Fernando Gonsales, homem sorridente de aproximadamente 50 anos. É calvo e tem a barba e cavanhaque grisalhos. Tem o nariz grande e olhos arredondados.
Foto de 2016.

Formado em Veterinária e Biologia, o quadrinista paulista Fernando Gonsales (1961-) costuma retratar animais como personagens em muitas de suas tiras. O rato Níquel Náusea é seu personagem principal. Suas tirinhas são publicadas em vários jornais do Brasil e da Europa.

DESVENDANDO O TEXTO

  1. Que palavra empregada por Thor no primeiro quadrinho sugere que ele tem algo importante a fazer?
  2. Qual é o sentimento expresso pela interjeição Oh! na fala das moças?
  3. Explique de que maneira a reação das garotas gera uma expectativa em relação à ação do herói.
  4. O personagem Thor, que inspirou Fernando Gonsales, tem origem na mitologia nórdica. Que elementos permitem a associação do personagem da tirinha com essa referência mais antiga, vista, por exemplo, na pintura reproduzida no boxe Investigue, na ­próxima página?
  5. O humor da tirinha é produzido por uma quebra de expectativa. Como essa quebra é produzida?

A quebra de expectativa ocorre quando a narrativa leva o leitor a esperar determinado desfecho, mas o texto lhe apresenta algo diferente, que, em geral, provoca graça, humor, emoção.

6. Como o martelo foi usado para o efeito de quebra de expectativa?

Investigue

Além de super-herói de quadrinhos, Thor se transformou em personagem de filmes de grande sucesso. Você sabe qual é o papel desse personagem na mitologia nórdica? Investigue!

Pintura. Thor, homem loiro e forte. Veste uma roupa vermelha e um cinto dourado. Segura um martelo no alto, acima da cabeça. Atrás do martelo, alguns raios. Ao redor dele homens caídos e alguns animais.

. A luta de Thor contra os gigantes. 1872. Óleo sobre tela, 484 por 333 centímetros.

  1. O quadrinista brincou com as proporções físicas de Thor.
    1. Como isso é percebido na tirinha?
    2. Que efeito esse recurso provoca?
  2. Odin (pai de Thor) é considerado o principal deus da mitologia ­nórdica. É possível a um leitor que não conheça esse dado chegar à conclusão de que ele é importante em sua sociedade? Por quê?

Fala aí!

Estereótipo é uma visão generalizada que se fixou culturalmente sobre algo ou alguém. Na tirinha, por exemplo, ao representar Thor sendo admirado apenas por moças, o autor reproduz a ideia de que a mulher é um ser frágil, dependente. Por que é necessário evitar o reforço de estereótipos?

Como funciona UMA TIRINHA?

Responda a estas outras questões sobre a tirinha de Fernando Gonsales.

  1. Que recursos são usados para narrar a história?
  2. Em uma tira, cabe ao leitor imaginar cenas que não são apresentadas explicitamente. Imagine o que se passou entre o primeiro e o segundo quadrinho e represente essa ideia por escrito ou por desenho.
  3. O acréscimo de um quadrinho com esse conteúdo seria útil ou ­prejudicial ao efeito de humor da tira? Por quê?
Ilustração. Palavra SMASH! Escrita de maneira curva em fonte vermelha com contorno branco. Ao redor traços e estrelas.

Da observação para a teoria

No gênero textual tirinha ou tira, apresenta-se, por meio de alguns poucos quadrinhos em sequência, uma narrativa com o objetivo de produzir humor ou motivar uma reflexão. Em geral, as tirinhas são ­compostas de imagens e balões de fala e de pensamento, mas existem muitos exemplos de produções sem linguagem verbal. Nesse gênero textual, é comum que informações fiquem implícitas, sendo necessário que o leitor as “complete” com sua imaginação.

Muitas tirinhas têm publicação diária ou semanal em jornais, revistas e sáites, podendo ou não (o que é mais comum) fazer parte de uma história maior, que vai sendo construída pouco a pouco.

Se eu quiser aprender MAIS

Tirinhas e efeitos de humor e crítica

A tirinha é um gênero textual multissemiótico, isto é, articula várias linguagens. Para ler uma tirinha e analisar os efeitos que ela produz, é preciso compreender a relação entre a linguagem verbal e a linguagem não verbal.

Vamos estudar um pouco mais essa articulação.

1. Leia esta tirinha.

Tirinha. Quadrinho 1: Gatinho preto com orelhas brancas está sentado em frente a um notebook aberto. Ele diz: VEJO GATOS BRINCANDO COM PASSARINHOS, CÃES BRINCANDO COM GATOS... Quadrinho 2: Gatinho branco e preto com a orelha rosada está sentado na frente de um notebook aberto. Ele diz: HUMANOS BRIGANDO POR POLÍTICA, INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, BULLYNG... Quadrinho 3: O gatinho preto, o gatinho branco e preto e um gatinho branco estão sentados em frente ao notebook. O gatinho branco diz: OS ANIMAIS ESTÃO MAIS HUMANOS E OS HUMANOS ESTÃO MAIS ANIMAIS!

FAVERO, Michelle stélko. GeekCats. [2016]. uma tirinha.

  1. Observe a representação dos personagens nos dois primeiros quadrinhos. Explique a mudança na expressão facial e a associe ao texto verbal.
  2. Na fala do terceiro quadrinho, os termos animais e humanos apresentam duplo sentido. Explique o que significam em (1) “Os animais estão mais humanos” e em (2) “os humanos estão mais animais”.
  3. Que sentimentos expressam os gatinhos diante da conclusão do gato branco: tristeza, irritação ou indiferença? Justifique sua resposta.

Biblioteca cultural

As tirinhas dos ­GeekCats são produzidas por uma dupla de quadrinistas paranaenses: Leandro Favero é responsável pelo texto e Michelle Stelko Favero, pelas ilustrações. Procure, na internet, outras tirinhas desses gatinhos que adoram tecnologia.

2. Conheça uma tirinha produzida pelo quadrinista baiano uéslei Mercês.

Tirinha. Quadrinho 1: Uma moça ruiva de cabelo curto e olhos azuis. Ela carrega um caderno com a foto de um rapaz na capa. Ele tem cabelo castanho escuro e usa casaco vermelho. Acenando ela diz: OI, FOFINHO! Quadrinho 2: Rapaz de cabelo castanho escuro e casaco vermelho está com a mão no queixo. Ele diz: SERÁ QUE ELA GOSTA DE MIM? Quadrinho 3: Abraçada ao caderno ela pisca com um olho. Perto dela um pequeno coração. Quadrinho 4: O rapaz ainda como a mão no queixo diz: QUERIA TANTO PODER SABER... Quadrinho 5: A moça abraça o rapaz que ainda continua com a mão no queixo. Ele diz: TALVEZ EU SÓ ESTEJA DELIRANDO... Quadrinho 6: Ela está nas costas dele, beijando a cabeça dele. E ele continua com a mão no queixo. Ele diz: SE AO MENOS ELA ME DESSE UM SINAL.

MERCÊS, uéslei. As crônicas de uéslei. [2020]. uma tirinha.

  1. O tema da tirinha é a dificuldade do rapaz em reconhecer o interesse da moça. Que elementos visuais o autor usou para representar o interesse dela?
  2. Que elemento visual foi empregado para mostrar a dificuldade dele?
  3. Qual é a importância da linguagem verbal para compreender o que se passa com ele?
  4. Um dos recursos usados para produzir humor é o exagero. Explique como ele foi usado nessa tirinha.
  5. É correto afirmar que a dificuldade do rapaz para compreender os interesses da moça é resultado do fato de ela ter empregado a linguagem não verbal? Justifique sua resposta.

Biblioteca cultural

Fotografia. Wesley Mercês, rapaz de cabelo curto e preto. Tem sobrancelhas grossas. Usa óculos de armação retangular e tem cavanhaque.
Foto de 2017.

Você pode conhecer outras tirinhas divertidas de uéslei Mercês na internet. Procure por “As crônicas de uéslei”.

Fala aí!

As tirinhas publicadas por jornais e revistas costumam ser quadrinhos organizados em uma faixa horizontal. O que poderia explicar a opção dos quadrinistas que fizeram as tiras estudadas nesta seção por um outro formato?

3. Observe esta tirinha e veja como o quadrinista paulista Fabio Coala (1978-) “brinca” com o uso dos balões e dos espaços.

Tirinha. Dois rapazes conversando. Um de camiseta verde e cabelo castanho claro. O outro tem o cabelo escuro e camiseta vermelha. Quadrinho 1: O rapaz de camiseta verde está com as mãos no rosto como os olhos arregalados na direção da palavra FIM, no canto inferior direito do quadrinho. Ele diz: É O FIM! ESTA TIRINHA JÁ ERA! ESTÁ TUDO ACABADO PARA NÓS! Quadrinho 2: O rapaz de camiseta vermelha, com o corpo inclinado, saindo do quadrinho anterior diz: CALMA, CARA! NÃO É POR QUE ESTÁ ESCRITO 'FIM' QUE ACABOU. OLHE ISTO. O rapaz de camiseta verde diz então: NÃO FAÇA ISSO! VOCÊ ESTÁ INDO CONTRA AS LEIS QUE NOS REGEM! ISSO É PERIGOSO. Quadrinho 3: O rapaz de camiseta vermelha está sorridente e em pé. Ele diz: NÃO TEM PERIGO NENHUM. É SÓ SEGUIR EM FRENTE, VEM! O de camiseta verde diz: PARE COMO ESSA LOUCURA. NÃO É ASSIM QUE AS TIRINHAS FUNCIONAM! Quadrinho 4: O rapaz de camiseta verde continua dizendo:  NÃO SE PODE IR CONTRA TUDO O QUE APRENDEMOS SOBRE A VIDA NOS QUADRINHOS. O de camiseta vermelha, saindo do quadrinho diz: OK, FIQUE AÍ, ENTÃO. VOU VER O QUE ESTÁ ROLANDO NO SITE DO WILL.

COALA, Fabio. Mentirinhas. 29 setembro 2016. uma tirinha. Disponível em: https://oeds.link/MUC1aV. Acesso em: 8 julho 2022.

  1. “É o fim! Esta tirinha já era! Está tudo acabado pra nós!” Do que exatamente o personagem está falando? O que a expressão facial dele sugere sobre isso?
  2. É possível perceber que o autor altera a posição comum dos balões nos quadrinhos. Como você identificou de quem é cada fala?
  3. Observe os balões com as falas do personagem de camiseta verde. Qual sentido é criado pela posição dos balões?
  4. Que recursos o quadrinista usou para indicar que o perso­nagem de camiseta vermelha não respeita os limites dados pelos quadrinhos?
  5. Os dois personagens apresentam opiniões diferentes acerca da produção de uma história em quadrinhos. Apresente cada uma dessas opiniões.

O quadrinista Fabio Coala “brincou” com a linguagem das tirinhas e agá quês ao mostrar que o personagem podia transitar entre os quadrinhos. Quando uma obra chama a atenção para sua própria linguagem, dizemos que ela é metalinguística.

Biblioteca cultural

Ilustração. Anésia, senhora de cabelo branco preso em um coque no alto da cabeça. Ela tem marcas de expressão na testa, olhos cerrados e boca franzida.
Personagem Anésia, deuil Leite.

O personagem da tirinha menciona o sáite do uil, provável referência ao quadrinista paranaense uil Leite. Procure tirinhas com a mal-humorada Anésia e com outros personagens engraçados criados por esse quadrinista.

4. Leia esta tirinha do quadrinista paulista Junião.

Tirinha. Dona Isaura. Senhora negra, de cabelo branco Black Power. Usa óculos e veste uma regata azul e calça branca. Ela conversa com uma menina negra de vestido laranja e cabelo Black Power adornado com uma fita laranja. Quadrinho 1: A senhora pergunta para a menina que está com uma bola de futebol nos pés: E O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER? Quadrinho 2: Chutando a bola, POW!, a menina responde: O QUE EU QUISER UÉ?!! Quadrinho 3: A senhora sozinha então diz: ESSA VAI SER CRAQUE!

JUNIÃO. Dona Isaura. 30 setembro 2015. uma tirinha.Disponível em: https://oeds.link/WFd1Bs. Acesso em: 8 julho 2022.

Sabia?

Fotografia. Junião, homem negro, com longas tranças no cabelo. Tem cavanhaque grisalho. Está sentado e os cotovelos estão apoiados nos joelhos. Ao fundo vasos coloridos e porta retratos em uma prateleira.
Foto de 2017.

A personagem Dona Isaura, criada pelo cartunista Junião, é uma mulher que se posiciona contra o preconceito racial e defende o empoderamento feminino.

  1. A tirinha mostra a conversa entre Dona Isaura e sua neta. Por que o primeiro quadrinho pode ser visto como uma conversa comum entre pessoas idosas e crianças?
  2. A resposta da menina, no segundo quadrinho, sugere que ela vai escolher conforme sua vontade e que se considera capaz de seguir qualquer caminho.

Copie no caderno a afirmação que explica a função da inter­jeição “ué?!!” nessa resposta.

  1. A interjeição sugere espanto, pois a avó não deveria ter dúvida em relação ao que a menina faria.
  2. A interjeição indica incômodo, porque a avó não deveria se intrometer no assunto.
  3. A interjeição expressa dúvida, pois a menina não tem certeza do que acontecerá no futuro.
  1. A linguagem não verbal desse quadrinho complementa aquilo que a menina diz. O que ela está fazendo? Por que essa ação ­contribui para reforçar a resposta?
  2. Nesse mesmo quadrinho, existe a palavra pow. Que sentido ela ajuda a construir?
  3. Dona Isaura conclui que sua neta “vai ser craque”. Explique o sentido dessa afirmação.
  4. Por meio da interação representada, a tirinha faz uma reflexão sobre a sociedade. Que tipo de pensamento ela questiona?
  5. A maioria das tirinhas tem cenários simplificados e ­personagens desenhados com traços básicos e poucas nuances de cores. Nesse caso, é possível reconhecer onde as personagens estão? Isso fez diferença na construção do sentido?

Fala aí!

De qual das tirinhas você gostou mais? O que explica sua preferência?

Falando sobre a NOSSA LÍNGUA

Língua falada e língua escrita

As tirinhas utilizam a língua escrita para representar as falas dos personagens. As fórmas escrita e falada da língua têm semelhanças e diferenças. Esse é o assunto desta seção.

COMEÇANDO A INVESTIGAÇÃO

Convencer as crianças a comer certos alimentos nem sempre é fácil. Observe o que acontece entre Calvin e seu pai na tira a seguir. Depois, responda às questões.

Tirinha. Calvin, menino de cabelo arrepiado, cabeça grande e olhos pequenos. Quadrinho 1: Sentado à mesa ele olha para o prato com comida à frente diz: O QUE É ISTO? Quadrinho 2: O pai dele, de cabelo curto e óculos, também está sentado à mesa. Ele está levando uma colherada de comida até a boca e diz: PROVE, VOCÊ VAI ADORAR. Quadrinho 3: Calvin emburrado continua encarando o prato com comida. Quadrinho 4: Empurrando o prato para longe e fazendo uma careta com a língua para fora, Calvin pensa: VOCÊ SABE QUE VAI ODIAR ALGUMA COISA QUANDO ELES NÃO QUEREM DIZER O QUE É.
A palavra SABE no quadrinho 4 está destacada.

uáterson, Bill. Calvin e Haroldo. 1987. uma tirinha.

  1. Nos três primeiros quadrinhos, as expressões corporal e facial de Calvin demonstram qual sensação em relação aos alimentos que estão no prato?
  2. O pai quer convencer o menino a comer. Como sua expressão facial contribui para essa finalidade?
  3. No contexto da tirinha, a que se referem as palavras isto (primeiro quadrinho) e eles (quarto quadrinho)?
  4. Calvin não experimenta a comida e afasta o prato com expressão de nojo. Considere a fala do menino no último quadrinho e explique essa atitude.

Na maior parte das tirinhas, são retratadas situações de ­conversação nas quais o texto é criado coletivamente, por meio da interação. Nas conversações, os gestos e as expressões faciais exprimem atitudes diversas, como irritação, rejeição e concordância. Além disso, ­complementam ideias expostas por meio de palavras. É possível, por exemplo, apontar os objetos com as mãos ou com o olhar, como fez Calvin no primeiro quadrinho.

As falas nos balões representam o conteúdo verbal da interação. Nelas podemos ver, associados às palavras, recursos como a pontuação e o tamanho, a cor e os tipos de letra, usados nas tiras para reproduzir a maneira como o texto seria falado, considerando a entonação. No primeiro quadrinho, o ponto de interrogação indica que a fala de Calvin é uma pergunta. No último, a palavra sabe destacada em negrito sugere que ela foi dita com mais ênfase.

Dica de professor

A entonação é a variação no modo de emitir uma frase. Preste atenção ao som de “Ele é seu amigo.” e “Ele é seu amigo?”. Na primeira frase, que é uma declaração, a voz abaixa no final; na segunda, uma pergunta, a voz se eleva na última palavra.

Nem todas as situações que envolvem a fala são interações face a face, mas a maior parte dos recursos citados está presente também nos seminários, nas conversas telefônicas, nos programas de rádio etcétera Já a escrita vale-se de recursos diferentes e envolve, geralmente, uma interação ­realizada a distância e com um determinado intervalo de tempo entre a escrita do texto e sua leitura. A escrita e a fala são duas modalidades da língua. Existem particularidades que as diferenciam.

O planejamento da fala e da escrita

O texto a seguir é a transcrição de parte de uma entrevista concedida pelo animador brasileiro Leo Santos ao jornalista Paulo Gustavo Pereira a respeito do filme Divertida Mente.

As transcrições procuram reproduzir as características da fala. Por isso, no texto são anotadas as pausas, as repetições, os sons alongados, as palavras ou as orações que ficaram incompletas etcétera

Paulo Gustavo Pereira: O que que foi mais dipontoreticências mais interessante, mais divertido fazer no Divertida Mente?

Leo Santos: Eu, eu sempre quis fazer esse filme por causareticências basicamente por causa do estilo. Eu gosto do diretor pra caramba. Ele tem um estilo que eu gosto, que é animação dos anos 50, música de jazz e tudo maisreticências Então, ele traz esse, essa, esse sabor para os filmes dele, que são o Monstros S.A. e o âpí Ereticências eu sempre gostei muito, então eu, tipo assim, assim que me deram a opção de escolher qual filme que eu ia fazer, eu falei “Eu quero aquele filme”.

: Te deram a opção?

: Sim, sim, sim.

: Os caras falaram “Oh, vem cá! Você é do Brasil. Pode escolher o que você quiser”?

: Porque temreticências éreticências éreticências tem muitos filmes em produção agora. Assimreticências tiporeticências tem o Bom dinossauro, tem o Procurando Nemo. Entãoreticências tiporeticências nesse caso aqui apareceu a oportunidade: “Qual é o próximo que você quer fazer?”. Aí eu falei: “Eu quero trabalhar nesse aqui porque éreticências éreticências é a minha praia, assimreticências”.

Cena de animação. Menina de pele clara, cabelo loiro e curto, na altura do ombro. Tem olhos grande, redondos e azuis. A boca é pequena. Está em pé. Atrás dela, alunos sentados em carteiras, uma estante com livros, um mapa e quadro de avisos.
Cena da animação Divertida Mente, direção de pít dóquiter, Estados Unidos da América, 2015.

DIVERTIDA MENTE 2015, entrevista Leo Santos. 17 julho 2015. Publicado pelo canal BESTV Oficial. Transcrição do vídeo de 1 minuto 37 segundos a 2 minutos 20 segundos. Disponível em: https://oeds.link/eYqxoK. Acesso em: 15 março 2022.

  1. No trecho “Eu, eu sempre quis fazer esse filme por causareticências basica­mente por causa do estilo.”, em que o animador Leo Santos responde à pergunta do entrevistador, o que, provavelmente, levou à pausa (indicada pelas reticências)?
  2. Neste outro trecho: “Então, ele traz esse, essa, esse sabor para os filmes dele, que são o Monstros S.A. e o ãp!”, como você explicaria a sequência “esse, essa, esse”?

Investigue

Pesquise em que consiste a profissão de um animador.

Em interações como bate-papos, entrevistas e conversas tele­fônicas, os falantes precisam construir sua fala rapidamente porque o interlocutor está esperando para tomar para si o turno conversacional, isto é, para começar a perguntar, a responder ou a apresentar novas ideias.

O planejamento da fala conta com um tempo bem pequeno, ou seja, o falante não pode demorar muito para construir seu texto. Como consequência, as falas são marcadas por hesitações, repetições, pausas e correções, pois o falante está procurando a maneira mais eficiente de comunicar suas ideias. Essas são marcas típicas da oralidade.

Já nas situações de escrita, em geral, o leitor não tem acesso ao processo de formulação do texto. Quem o escreve pode corrigir aquilo que não ficou claro, eliminar repetições, reorganizar a ordem das palavras, entre outras intervenções, e o texto só será lido quando o autor estiver satisfeito com a maneira como expressou suas ideias. Há, na escrita, um tempo maior de planejamento.

As particularidades que diferenciam a língua escrita da língua falada são produzidas, principalmente, por diferentes tempos de planejamento e fórmas de interação.

Veja como poderia ser escrita a terceira resposta do entrevistado no trecho transcrito:

Há muitos filmes em produção agora: o Bom dinossauro, o ­Procurando Nemo. Assim apareceu a oportunidade. Perguntaram-me: “Qual é o próximo que você quer fazer?”. Eu respondi que trabalharia nesse porque era a “minha praia”.

Essa diferença não significa, contudo, que a modalidade oral seja mais descontraída que a escrita e vice-versa. Algumas situações de fala são formais e exigem um uso cuidadoso da língua, com vocabulário mais preciso, frases mais complexas e maior monitoramento (contrôle) em relação aos usos indicados pela norma-padrão. Em contrapartida, há situações de escrita informais, em que se nota um uso mais descontraído da língua.

O uso monitorado da língua caracteriza-se pela maior atenção à maneira de formular o texto, o que costuma ser mais comum em situações de comunicação formais.

Observe alguns exemplos de uso da língua falada e da língua escrita no quadro a seguir e reflita sobre suas diferenças e semelhanças.

Língua falada

Língua escrita

Informal

Bate-papo presencial

Troca de mensagens entre amigos pelo celular

• Troca rápida dos papéis de falante e de ouvinte.
• Fala produzida no momento da conversa, sem planejamento.
• Uso descontraído da língua.

• Troca rápida dos papéis de quem envia e de quem recebe as mensagens.
• Planejamento rápido.
• Uso descontraído da língua.

Mais ou menos formal

Entrevista com médico

Letra de música popular

• Troca constante dos papéis de falante e de ouvinte.
• Fala produzida no momento da conversa, sem planejamento.
• Uso monitorado da língua.

• Produção do texto sem interação com o leitor/ouvinte.
• Planejamento longo.
• Uso descontraído da língua.

Formal

Palestra para profissionais da saúde

Reportagem sobre economia

• Texto produzido pelo palestrante sem interrupção.
• Fala produzida no momento da interação, com planejamento anterior.
• Uso monitorado da língua.

• Texto produzido sem interação com o leitor.
• Planejamento longo.
• Uso monitorado da língua.

INVESTIGANDO MAIS

1. A tira a seguir é protagonizada pelos gatos Blue (coleira azul) e Branco (coleira rosa), personagens criados pelo quadrinista paulista Paulo kilvagen.

Tirinha. Dois gatos, Blue, de pelo cinza e branco com uma coleira azul. O outro gato é Branco, tem o pelo todo branco e uma coleira rosa. Quadrinho 1: O gato Branco está com a língua para fora, embaixo de uma torneira gotejando. Quadrinho 2: Branco fica todo coberto de água, apenas com os olhos azuis a mostra. Quadrinho 3: Blue mexendo no registro da torneira diz:  OLHA, ENTÃO É AQUI QUE AUMENTA. Branco está com o pelo todo molhado.

kilvagen, Paulo. e os gatos. 2015. uma tirinha.

  1. Descreva a imagem do segundo quadrinho e explique como o leitor deve entendê-la.
  2. As onomatopeias são representações de sons ou ruídos do ambiente, como bum!, para representar um estouro. Qual onomatopeia poderia ­contribuir para a construção do sentido desse quadrinho?
  3. No último quadrinho, para qual objeto a fala do gato chama a atenção?
  1. Que palavra usada por Blue faz referência a esse objeto?
  2. O que fez o gato Branco reconhecer o referente dessa palavra?
  3. Que problema ocorreria se a fala do gato Blue fosse usada, sem alterações, em uma comunicação escrita, como uma mensagem enviada pelo celular? Explique sua resposta.

O termo referente é usado para indicar o elemento (ser, objeto, lugar, ideia etcétera) a que uma palavra se refere. No trecho “O jovem acabou de sair; ele estava se sentindo mal”, a palavra ele não tem sentido próprio; remete a jovem, seu referente.

  1. Explique por que o humor da tira está na possibilidade de interpretarmos a atitude e a fala de Blue, no último quadrinho, de duas formas diferentes.
  2. Considerando a reflexão que você fez ao analisar a tirinha, ­conclua: que vantagem tem uma interação face a face quando comparada à comunicação a distância?

2. Leia a transcrição de um trecho de reportagem da tê vê gê cêMais do Ceará sobre o projeto de um estudante para produzir plástico biodegradável.

[Repórter em off – imagens de um estudante manipulando utensílios e batatas em um laboratório]: Matheus é estudante do 3º ano do Ensino Médio de uma escola particular em Juazeiro do Norte. Ele é o autor do projeto que transforma batata inglesa estragada, que iria para o lixo, em um plástico biodegradávelglossário . Foram 3 anos de pesquisa até chegar ao polímero que se decompõe em aproximadamente 6 meses.

[Matheus]: O projeto iniciou a partir de uma feira quereticências de química que teve aqui no proreticências no colégio quando eu tava no 8º ano. A gente viu um vídeo na internet de umreticências plástico biodegradável bem simples que era feito na época com maisena e vinagre, só que aí a gente foi fazendo vários testes e melhorando oreticências produto.

[Repórter]: Estima-se que cada pessoa produz aproximadamente 1 quilo de lixo plástico por semana. A maior parte desses resíduos é descartada de fórma irregular no meio ambiente. Cada sacola dessas de supermercado, por exemplo, leva cêrca de 400 anos para se decompor.

[Repórter em off – novas imagens do jovem no laboratório]: Foi pensando nessa realidade que impacta a vida de todos nós que o Matheus desenvolveu o projeto. A matéria-prima do plástico biodegradável é o amido presente na batata e alguns reagentes químicos que dão ao polímero características como flexibilidade, maleabilidade e leveza.

[Matheus]: De acôrdo com os testes a gente tava vendo que o amido não estava sendo tão eficiente, então a gente pensou na batata, que é uma grande produtora de amido então a gente pereticências pensou nessa ideia dereticências substituir pela batatareticências estragada, que além de nos ajudar tanto no processo ela também taria resolvendo um dos problemas do nossoreticências do nosso protótipo que seria a a utilização de alimentos.

[Repórter em off – imagens do professor acompanhando o trabalho do estudante, no mesmo laboratório]: O professor Leonardo é o orientador do projeto que já foi premiado em feiras e competições científicas, além de ter sido publicado na revista científica É Ciência na categoria de Iniciação Científica Júnior. O produto ainda está em fases de desenvolvimento. A meta agora é produzir o polímero em escala industrial.

[professor Leonardo]: A finalidade principal do projeto foi desenvolver um bioplástico, né? a partir de um extrato extraído de batatas inglesas estragadas e que tivesse a capacidade, né? de se decompor em torno de 6 meses, claro, buscando sempre trazer características parecidas com polímero polietileno, que é o plástico utilizado na confecção de sacolas. A partir desse aperfeiçoamento, a gente pode já pensar ali numa escala industrial para a confecção de sacolas pro uso doméstico.

ESTUDANTE cria projeto que transforma batata em plástico biodegradável. 4 outubro 2021. Publicado pelo canal gê cêMais. Transcrição do vídeo de 0 minuto 9 segundos a 2 minutos 37 segundos.Disponível em: https://oeds.link/MRB8P7. Acesso em: 19 março 2022.

  1. A expressão em off significa que apenas a voz do repórter está sendo ouvida enquanto são mostradas imagens em que ele não aparece. Por que o editor da reportagem teria optado por mostrar o estudante, seu orientador e o laboratório, e não o repórter?
  2. Releia as duas falas do estudante Matheus, entrevistado na reportagem, e a fala do professor. Quais marcas de oralidade você percebeu? Cite algumas delas.

Certos termos, como né?, tá?, certo?, sabe?, são marcadores conversacionais. Nós os utilizamos com frequência em interações orais como fórma de pedir o apôio e a atenção do interlocutor para aquilo que estamos dizendo.

  1. Nas falas do repórter, não é possível identificar marcas típicas da oralidade, como acontece nas dos entrevistados. O que explica essa diferença? Para responder, considere que a reportagem é gravada, não é apresentada ao vivo.
  2. Releia:

O projeto iniciou a partir de uma feira quereticências de química que teve aqui no proreticências no colégio quando eu tava no 8º ano. 

.Por que o falante optou por dizer “aqui no colégio” em lugar de empregar apenas “aqui”?

Desafio da linguagem

A pesquisa do estudante cearense foi descrita pelos três falantes: o estudante, seu professor e o repórter. Neste desafio, você vai elaborar um resumo da reportagem. Siga o roteiro.

  • Na primeira frase, apresente o fato que deu início à pesquisa, informando quando ocorreu e que ideia sugeriu.
  • Na segunda, identifique o objetivo da pesquisa: o produto e as características desejadas.
  • Inicie a terceira frase com “Para isso, o estudantereticências” e apresente as matérias-primas que utilizou.
  • Na quarta, exponha os benefícios do projeto de Matheus.
  • Releia seu texto para verificar se as principais informações sobre o projeto foram apresentadas e se estão claras.

3. Leia um trecho da crônica “”, do escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo.

Chamava-se Odacir e desde pequeno, desde que começara a falar, demonstrara uma estranha peculiaridade. Odacir falava como se escreve. reticências

reticências

Um dia, a mãe veio correndo. Ouvira, do berço, o Odacir chamando:

– Mama .

E, quando ela chegou perto:

– Mama isfotoim póqui..

Só depois de muito tempo os pais se deram conta. “” era ponto de exclamação e “isfotoim póqui.”, ponto de interrogação.

Na escola, tentaram corrigir o menino.

– Odacir!

– Presente .

– Vá para a sala da diretora!

– Mas o que foi que eu fiz isfotoim póqui..

Com o tempo e as leituras, Odacir foi enriquecendo seu repertório de sons. Quando citava um trecho literário, começava e terminava a citação com “”. Eram as aspas. Aliás, não dizia nada sem antes prefaciar um “zit”. Era o travessão. Foi para a sua primeira namorada que ele disse certa vez, maravilhado com a própria descoberta:

– Zit Marilda plic (vírgula) você já se deu conta que a gente sempre fala diálogo isfotoim póqui..

– O quê?

– Zit nós . Tudo que a gente diz é diálogo .

– Olhe, Odacir. Você tem que parar de falar desse jeito. Eu gosto de você, mas o pessoal fala que você é meio biruta.

– Zit éssepítí éssepíti biruta .

– Viu só? Você não para de fazer esses ruídos. E ainda por cima, quando diz “”, cospe no meu ôlho.

O namoro acabou. reticências

Ilustração. Odacir, menino de pele clara, cabelo castanho e olhos escuros. Está com a mão levantada. Acima dele um balão de fala com um ponto de exclamação. Atrás dele uma menina loira e um menino negro observam.

VERISSIMO, Luis Fernando. O analista de Bagé. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 1981. página 51-52.

  1. O narrador afirma que existe uma “estranha peculiaridade” na fala de ­Odacir. O que significa a palavra peculiaridade?
  2. Você já conhecia a palavra peculiaridade? Se não, como descobriu o seu sentido?
  3. Além dos problemas em casa, que outras dificuldades Odacir enfrentou pela peculiaridade de sua fala?
  4. Como seriam escritas as duas primeiras falas do personagem se ele falasse como as outras crianças?
  5. Reescreva a fala “– Zit éssepítí éssepíti biruta ” conforme as regras da modalidade escrita.
  6. Explique por que nessa fala foram empregados os sinais de pontuação ­correspondentes a “éssepítí éssepíti” e “isfotoim póqui.”.

4. Veja a reprodução de uma página disponível no site Viaje legal, que é um guia criado pelo Ministério do Turismo do Brasil.

Reprodução de página da internet. Na parte superior barra com atalhos e campo de busca. Na página, o desenho de uma máquina e um chapéu apoiados em uma mala de viagem. Ao lado as informações: VIAJE LEGAL. CONFIRA COMO EVITAR PROBLEMAS E TER UMA BOA VIAGEM. Abaixo uma barra com os atalhos, HOME, TRANSPORTE, PACOTE, SAÚDE, TURISTA, + DICA. Em seguida o desenho de um avião e um carro. TRANSPORTE, PASSAGEM E BAGAGEM. SAIBA COMO SE ORGANIZAR E EVITAR IMPREVISTOS QUE PODEM COMPROMETER SUA VIAGEM. No canto superior direito da página links de redes sociais e outras informações.

VIAJE LEGAL. Acervo do Ministério do Turismo. [2010 década certa]. Disponível em: https://oeds.link/lXaD1R. Acesso em: 5 março 2022.

  1. Segundo os dados disponíveis, qual é o objetivo do site?
  2. Qual é a vantagem de buscar informações em um site de uma instituição pública como esse?
  3. Compare as palavras viaje e viagem. A que classe de palavras cada uma delas pertence?
  4. Agora, leia as palavras viaje e viagem em voz alta. Em que outras palavras da página do sáite ocorre o mesmo som representado pelas letras j e g?
  5. Compare o som da letra g em viagem e legal. Ela representa o mesmo som nas duas palavras?

Os fonemas são as unidades mínimas de sons da língua. As letras são as representações escritas dos fonemas. Pronuncie em voz alta algumas palavras e observe a correspondência entre sons e letras.

  • hoje: a letra h não representa nenhum som.
  • barro: duas letras representam um único som.
  • xi: uma letra representa dois sons.
  • exame e azar: letras diferentes representam o mesmo som.
  • caixa e exercício: a mesma letra representa sons diferentes.

As letras usadas para representar os sons seguem regras ortográficas, que ­determinam como as palavras devem ser escritas, independentemente da maneira como os sons da língua são produzidos.

5. Veja, agora, uma explicação sobre o nome da cidade de Jaboticabal, no interior do estado de São Paulo, disponível no sáite da prefeitura daquele município.

Reprodução de página da internet.

Origem do nome

A origem do nome deriva de um bosque de jabuticabeiras nativas, existente dentro do primeiro perímetro demarcado.

Jabuticabal significa, portanto, “bosque das jabuticabeiras”. A origem da palavra jabuticaba é indígena (tupi), iaouti kaua, fruto de que se alimenta o jabuti.

A palavra tem diversas variações: jaboticaba, jabuticaba, jabaticaba, jabotecaba e jabuticava.

A grafia tradicional do nome [da cidade] foi sempre Jaboticabal e tornou-se oficial pela Lei Municipal nº 421 de 20 de setembro de 1960.

PREFEITURA DE JABOTICABAL. História. Origem e Evolução de Jaboticabal. Origem do nome. [2010 década certa]. Disponível em: https://oeds.link/3pFrXy. Acesso em: 5 março 2022.

  1. Explique a relação que há entre os substantivos jabuti e jabuticabal.
  2. Pesquise em um dicionário as palavras jabuti e jaboti e iden­tifique a fórma correta de escrita.
  3. As informações sobre a palavra jaboti ajudam a entender as variações de jabuticaba?
  4. O fato de existirem as fórmas jabuticaba e jaboticaba permite que o nome da cidade seja grafado tanto com o quanto com u? Justifique sua resposta.

Dica de professor

Existem casos em que se aceitam duas fórmas de escrever uma palavra. No entanto, essa variação não é um fenômeno frequente, e, na maioria das vezes, uma fórma já fixada deve ser seguida na escrita.

A língua nas ruas

Você já reparou que alguns moradores do Brasil nascidos e criados em outros países não pronunciam os sons da língua portuguesa da mesma maneira que os que nasceram e cresceram aqui? Mesmo sabendo usar determinada palavra no contexto adequado, o sotaque evidencia que a pessoa não é um falante nativo do português.

Em grupo, entrevistem um imigrante para saber as maiores dificuldades dele no aprendizado e no uso da língua portuguesa. Peçam autorização para gravar estas palavras pronunciadas por ele: você, coração, leite, acerto, cola, carro e milho. Levem o material para a sala de aula para partilhar suas observações com os demais colegas. Não se esqueçam de anotar o nome do entrevistado, o país de origem e a língua nativa dele.

Minha tirinha NA PRÁTICA

Agora é sua vez de produzir uma tirinha. Você decidirá a situação a ser apresentada e o número de quadrinhos e de personagens. Se quiser, poderá usar personagens já conhecidos. Há uma ­única exi­gência: entreter seus leitores, que são os colegas de turma. Sua produção fará parte de uma revistinha da classe.

Ilustração. A palavra POW! escrita em letras grandes e maiúsculas. A parte superior é amarelada e a parte de baixo alaranjada. Ela está sobre um balão com contorno em zigue e zague pontiagudo.

MOMENTO DE PRODUZIR

Planejando minha tirinha

A etapa de planejamento é fundamental para qualquer produção textual. É nesse momento que definimos todos os elementos do texto, o que nos dá oportunidade de perceber falhas ou pontos que deverão ser melhorados. O tempo empregado nessa etapa facilitará a produção do texto.

Ilustração. A palavra BOOM! escrita em letras grandes vermelhas e maiúsculas. O primeiro O é maior que as demais letras. A palavra está sobre um balão com contorno em zigue e zague pontiagudo. Ao redor traços e nuvens.

No quadro a seguir, você encontrará orientações para sua produção.

Quadro. Equivalente textual a seguir. Da teoria para a...: As tirinhas são textos sintéticos. ... prática: Que ações serão apresentadas para que o leitor compreenda a situação e seu desfecho? Lembre-se de que uma tirinha contém poucos quadros. Da teoria para a...: As tirinhas costumam ter poucos personagens. ... prática: Se for usar personagens já conhecidos, cuide para que a aparência e o comportamento deles estejam coerentes com as figuras originais ou modifique-os intencionalmente para produzir humor. Da teoria para a...: Nesse gênero, predomina a linguagem informal. ... prática:  Empregue palavras e frases simples, que pareçam com aquelas que usamos no dia a dia. Embora nas tirinhas sejam representadas falas, em geral, não são utilizadas abreviações como tá ou tou. Use está, estou etc. Da teoria para a...: O formato dos balões contribui para a construção do sentido das tirinhas. ... prática: Balões com contorno ondulado indicam pensamento ou sonho; tracejados, uma fala sussurrada; pontiagudos, grito. Reflita sobre o conteúdo dos balões e defina o contorno mais adequado. Da teoria para a...: Nas tirinhas, são usados recursos de construção muito variados. ... prática: Além dos desenhos e dos balões de fala, procure empregar onomatopeias, palavras destacadas e linhas para indicar movimento. Lembre-se de que personagens e cenários podem ser representados por traços simples.

Elaborando minha tirinha

  1. Desenhe os quadrinhos na página. Você pode organizá-los em uma linha horizontal, como na tirinha da Leitura 1, ou “em andares”, como nas tirinhas da seção Se eu quiser aprender mais. Procure construir sua tirinha com, no máximo, seis quadrinhos.
  2. Desenhe as ações necessárias à construção do sentido. Lembre-se de que o leitor pode deduzir algumas ações que não estejam ­explícitas. Nessa fase, use lápis grafite (que pode ser apagado) para que sejam feitas possíveis correções.
  3. Inclua os balões de fala. Cuide para que as falas sejam bem curtas, de modo que caibam neles. Se possível, use letra de fôrma, que ocupa menos espaço e é mais legível. Preste atenção ao formato dos balões para que eles também comuniquem sentidos, se for o caso.

É lógico!

Observe que os itens 1 a 3 apresentam passos necessários para atingir o objetivo. Eles constroem um algoritmo para a produção de uma tirinha.

  1. Releia a produção para aprimorar desenhos e balões de fala e ­incluir outros recursos, como as onomatopeias e as letras expressivas (em tamanho maior ou em destaque, por exemplo).
  2. Se desejar, use lápis de cor, giz de cera, canetinhas hidrocor ou tinta guache para colorir a produção. Você pode deixar para usar esse material quando produzir a versão final.
  3. Finalize e assine sua produção. O nome do autor costuma aparecer no primeiro ou no último quadrinho.
  4. As tirinhas não costumam ter título.

Revisando minha tirinha

Revise sua produção observando se o conteúdo está dividido em partes, de fórma que a situação inicial, o desenvolvimento e o desfecho da história estejam claros e bem construídos entre os quadrinhos.

Verifique também se o texto fez bom uso dos sinais de pontuação:

  • ponto de exclamação, que pode sugerir emoções, como entusiasmo, dor, alegria etcétera
  • ponto de interrogação, que evidencia se tratar de uma pergunta. Ele pode aparecer combinado com o ponto de exclamação para sugerir surpresa, espanto.
  • reticências, que podem indicar que uma frase ainda não foi ­concluída. Nesse caso, use reticências no final da primeira parte e no início da seguinte.
Ilustração. Dois balões de fala. No balão de cima alguém diz: ATENÇÃO: EU QUERO QUE TODOS SAIBAM...
No de baixo, lê-se: ... QUE EU SOU MUITO ESPERTO!

MOMENTO DE REESCREVER

Avaliando minha tirinha

Essa produção será avaliada em trios. Analise com muita atenção o trabalho de mais dois colegas para avaliar se os critérios a seguir foram atendidos. Anote a lápis no caderno as letras de A a G maiúsculas e responda Sim ou Não a cada uma das perguntas do quadro. Por fim, comente com eles a avaliação feita, justificando-a.

Ilustração. Palavra BANG! Escrita em letras grandes e maiúsculas. Elas e o ponto de exclamação são amarelos e estão em ordem crescente. A letra B é menor que a letra G. A palavra está sobre uma nuvem com espinhos.

A

A tirinha obtém o efeito de humor ou motiva a reflexão?

B

Todas as ações necessárias à construção do sentido foram apresentadas?

C

Os personagens, quando inspirados em outros já existentes, agem de modo coerente com os personagens originais ou “brincam” com suas características?

D

Os textos dos balões são curtos e coerentes com a situação?

E

A linguagem usada é adequada à situação vivida pelos personagens?

F

Recursos como onomatopeia, formato dos balões de fala e pontuação foram empregados de modo adequado?

G

A produção foi feita com capricho, isto é, a folha está limpa e bem cuidada?

Reelaborando minha tirinha

  1. Reflita sobre os comentários dos colegas e planeje as alterações necessárias em sua tirinha.
  2. Teste em sua própria produção as alterações que sugeriu para a ­tirinha de seus colegas, já que ela será refeita. Mesmo que os colegas tenham gostado de sua tirinha, verifique se você pode aprimorá-la com base no que observou nas produções deles.
  3. Prepare novamente sua tirinha. Decida se vai colorir a produção ou fazer o acabamento usando somente o lápis grafite, uma técnica interessante para trabalhar tonalidades e texturas variadas.

Sabia?

Neste desenho, o artista usou lápis grafite. Observe que ele cobriu apenas algumas partes e aplicou diferentes pressões do lápis no papel, criando, assim, tons e texturas distintos.

Grafite em preto e branco. Pessoa com o rosto triangular, com desenhos contornando os olhos, a boca e o nariz. Tem olhos ovais. Usa um chapéu grande e arredondado. Veste uma roupa listrada com gola alt.
AGOSTINI, Zeca. O paiaço. 2008. Grafite sobre papel, 42 por 29,5 cm.

MOMENTO DE APRESENTAR

Inserindo minha tirinha na revistinha

  1. A turma deverá eleger uma equipe de estudantes editores para ­elaborar uma revistinha para a classe.
  2. A equipe deve criar uma capa, reproduzindo e colando alguns dos quadrinhos feitos pelos colegas para formar um mosaico. Nessa capa deve aparecer o nome escolhido para a revistinha, assim como a identificação da turma e o nome da escola e do professor que orientou a atividade.
Ilustração de Capa de revista preta com o título TIRINHAS na parte superior. O restante da capa é preenchido por quadrinhos coloridos. Alguns deles têm balões.
Exemplo de capa de revista em quadrinhos.
  1. Na primeira página, deve ser colocado um texto de abertura com a explicação da atividade e, na página seguinte, um sumário com o nome dos autores em ordem alfabética e o número das páginas em que estão suas tirinhas.
  2. Cada página pode conter uma ou mais tirinhas. Criem um layout bonito e interessante.
  3. Deve ser incluída uma página em branco no final do bloco.
  4. Se possível, preparem duas ou três cópias da revistinha para que possam ser emprestadas aos colegas para leitura em casa.

Leitura 2 HISTÓRIA EM QUADRINHOS (HQ)

Você já sabe que as tirinhas articulam várias linguagens, têm poucos personagens e uma narrativa curta. As histórias em quadrinhos também resultam dessa articulação, mas são narrativas mais extensas.

Leia a agá quê Perfeição, criada pelo ilustrador paulista Fabio Coala. Em seguida, responda às questões.

História em quadrinhos referente às páginas 61 e 62. Quadrinho 1: Menino de cabelo escuro e boné verde segura uma caixa grande papelão. Ela tem vários furos na lateral Ele pergunta: O QUE É ISSO, MÃE? Ela responde: ABRA! Quadrinho 2: A mãe em pé, com as mãos na cintura. A frente dele a caixa aberta com um cachorrinho dentro. Ele não tem uma das patas dianteiras. O menino diz: UM CACHORRINHO! Quadrinho 3: Segurando o cachorrinho o menino diz: PERAÍ... QUE DROGA DE CACHORRO É ESSE QUE NÃO TEM UMA PERNA?! Quadrinho 4: Chorando com raiva o menino deixa o cachorro no chão e diz: PRA QUE ESSE CACHORRO DOENTE?! QUE PORCARIA! EU NÃO QUERO CACHORRO. NÃO QUERO NADA. EU ODEIO VOCÊS! Quadrinho 5: Com a língua de fora o cachorro olha para uma bolinha perto dele. Quadrinho 6: O cachorro pega a bolinha com a boca.
História em quadrinhos referente às páginas 61 e 62. Quadrinho 7: Ele corre com a bolinha na boca. Quadrinho 8: POF, ele cai com a cara no chão. A bolinha vai para longe dele. Quadrinho 9: Ele se levanta e volta a correr com a bolinha na boca. Quadrinho 10: O cachorrinho vai com a bolinha na boca perto do menino. Ele está sentado na poltrona jogando vídeo game. Quadrinho 11: Ele diz para o cachorro: SAI DAQUI COM ESSA BOLA! VOCÊ NÃO É IGUAL AOS OUTROS CÃES... VOCÊ NÃO PODE BRINCAR. SÓ SERVE PARA AS PESSOAS SENTIREM PENA. NÃO FINJA QUE É FELIZ... Quadrinho 12: Ele pega a bolinha da boca do cachorro e diz: DÁ ISSO AQUI. VAI PEGAR... E DESAPAREÇA! Quadrinho 13: ele então arremessa a bolinha.
História em quadrinhos referente às páginas 61 e 62. Quadrinho 10: O cachorrinho vai com a bolinha na boca perto do menino. Ele está sentado na poltrona jogando vídeo game. Quadrinho 11: Ele diz para o cachorro: SAI DAQUI COM ESSA BOLA! VOCÊ NÃO É IGUAL AOS OUTROS CÃES... VOCÊ NÃO PODE BRINCAR. SÓ SERVE PARA AS PESSOAS SENTIREM PENA. NÃO FINJA QUE É FELIZ... Quadrinho 12: Ele pega a bolinha da boca do cachorro e diz: DÁ ISSO AQUI. VAI PEGAR... E DESAPAREÇA! Quadrinho 13: ele então arremessa a bolinha.
História em quadrinhos referente às páginas 61 e 62. Quadrinho 14: O cachorrinho corre animado. Quadrinho 15: POF, cai com a cara no chão. Quadrinho 16: O menino chorando diz: NÃO FALEI!? VOCÊ NÃO É IGUAL AOS OUTROS... Quadrinho 17: O cachorrinho se levanta. Quadrinho 18: Ele pega a bola. Quadrinho 19: ainda chorando o menino sorri. Quadrinho 20: Enxugando as lágrimas e sorrindo o menino diz: NÃO ADIANTA, NÉ?! VOCÊ NÃO TÁ NEM AÍ PARA SUA PERNA... VOCÊ É PERFEITO MESMO ASSIM. Quadrinho 21: O cachorrinho olha atento para o menino. Quadrinho 22: Ele fica sorridente com a língua de fora. Quadrinho 23: O menino se levanta, com o auxílio de duas muletas. Ele não tem uma das pernas. Ele diz: OK, VAMOS BRINCAR LÁ FORA. O cachorro sai latindo AU AU AU.
COALA, Fabio. Perfeição. 2012. uma história em quadrinhos.

De quem é o texto?

Fotografia. Fabio Coala, homem de pele clara, careca, com as sobrancelhas escuras e grossos. Tem nariz grande e lábios grossos. Segura um boneco roxo sorridente.
Foto de 2014.

Fabio Coala (1978-) nasceu em Santos-São Paulo. É formado em publicidade e é quadrinista. Ficou famoso por criar o sáite Mentirinhas, no qual publica uébtiras e agá quês com personagens variados. A história em quadrinhos Perfeição inspirou o curta-­metragem alemão da présent, que ganhou mais de cinquenta prêmios em todo o mundo.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

  1. Analise a sequência de ações que compõem a narrativa dessa agá quê.
    1. Qual fato desestabiliza a situação em que estava o menino e cria um conflito (problema a ser enfrentado)?
    2. O clímax é o momento de maior tensão no conflito. Identifique-o.
    3. O desfecho é a solução do conflito. Como essa agá quê termina?
  2. No segundo quadrinho, a mãe do menino é desenhada apenas parcialmente.
História em quadrinhos. A mãe em pé, com as mãos na cintura. A frente dele a caixa aberta com um cachorrinho dentro. Ele não tem uma das patas dianteiras. O menino diz: UM CACHORRINHO!

Que efeito é produzido por esse recurso?

  1. Em vários quadrinhos, o menino aparece chorando.
    1. Quais recursos não verbais, além do choro, mostram que o menino não está feliz?
    2. Em todas as situações, o choro representa o mesmo sentimento?
  2. Ao longo da leitura, que sentimento o personagem principal despertou em você? E o que sentiu quando leu os últimos quadrinhos?
  3. Na sua opinião, por que o autor faz a escolha de mostrar a deficiência física do menino apenas no final?
  4. Observe novamente os quadrinhos 21 e 22. Descreva os recursos não verbais utilizados em sua construção e explique o sentido que produzem.
  5. O quadrinista usou duas onomatopeias. Identifique-as e explique a contribuição delas para a construção do sentido dos quadrinhos em que aparecem.
  6. Como você interpreta o título Perfeição?
  7. O gênero agá quê é, muitas vezes, escrito para entretenimento, mas pode também promover reflexões sobre temas importantes. Na sua ­opinião, qual reflexão essa agá quê pode despertar no leitor?

Da observação para a teoria

Como as tirinhas, as histórias em quadrinhos contam uma história por meio de recursos visuais, geralmente articulados à linguagem verbal. Por serem mais longas, podem incluir mais ações e mais personagens.

Em geral, as agá quês têm o objetivo de entreter o leitor por meio de narrativas ­engraçadas ou aventuras de heróis. Elas também podem estimular reflexões ou ter uma função didática, quando são usadas para transmitir ensinamentos (como ocorre em revistinhas que divulgam campanhas de vacinação, por exemplo).

Fala aí!

Capacitismo é uma fórma de preconceito dirigido a qualquer pessoa com deficiência física, sensorial ou intelectual, que envolve tratá-la como menos capaz de realizar atividades comuns do dia a dia. Você já observou atitudes ou situações preconceituosas ­assim?

Titulo do carrossel
Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

Textos em CONVERSA

A sinopse é um gênero textual que apresenta, de fórma sintética, o conteúdo de uma produção cultural (livro, gameálbum musical, peça teatral, filme etcétera) e antecipa informações sobre a obra.

Leia a sinopse do curta-metragem The present (2014), do animador alemão Djêicob Frei. Depois, responda às questões.

Sabia?

Um curta-metragem (ou curta) é um filme de pequena duração, geralmente de até 30 minutos. Os filmes de animação, que podem ser curtas ou não, caracterizam-se pela representação de movimento por meio da manipulação de uma sequência de desenhos.

O presente, um emocionante curta animado, ganhador de mais de 50 prêmios, baseado na agá quê do brasileiro Fabio Coala

The Present (O presente) conta a história de um garoto, agarrado aos videogames, que recebe como presente um cachorrinho que não tem uma perna. Primeiro, os dois não se entendem, o menino rejeita o pequeno animal por sua deficiência física. Até que a empatia surge e o final é uma história de amizade e superação.

The Present é baseado e adaptado pelo animador Djêicob Frei de uma pequena agá quê (tirinha Perfeição) do artista brasileiro Fabio Coala. O curta participou de mais de 180 festivais de filmes, é ganhador de mais de 50 prêmios.

Curta: The Present (O presente)

Direção e roteiro (adaptação): Djêicob Frei

Música: Tobias brurguer

Autor agá quê: Fabio Coala

Elenco: kuin Nili, Samantha bróun

“O PRESENTE”, um emocionante curta animado, ganhador de mais de 50 prêmios, baseado na agá quê do brasileiro Fabio Coala. Revista Prosa Verso e Arte. [sem local], [2010 década certa]. Disponível em: https://oeds.link/7A4a0f. Acesso em: 12 abril 2022.

  1. As sinopses resumem as principais informações da obra, sem antecipar seu desfecho.
    1. O que se descobre sobre a história do curta ao ler a sinopse?
    2. Considere as informações que você tem por conhecer a agá quê em que se baseou o curta The present e responda: a sinopse estraga a surpresa que o público terá no desfecho? Justifique sua resposta.
    3. Levando em conta as informações disponíveis, você acha que o filme foi fiel aos quadrinhos? Explique sua impressão.
  2. As sinopses apresentam resumos para despertar a curiosidade do leitor e muitas fazem parte do material de divulgação da obra.
    1. Que informação é utilizada para persuadir o leitor de que o curta tem boa qualidade?
    2. Que palavra empregada na sinopse revela uma boa avaliação?
  3. A sinopse lida foi divulgada em uma revista digital brasileira. Por que, na sua opinião, foi dado destaque à agá quê de Fabio Coala?

Fala aí!

A sinopse é um gênero que ajuda o leitor a fazer suas escolhas culturais. Essa sinopse ­teria sido suficiente para convencer você a assistir a da présent? Sustente seu ponto de vista.

Biblioteca cultural

Emocione-se assistindo ao curta-metragem présânt. Ele está disponível na internet.

Conversa com arte

Curta-metragem de animação

O curta-metragem de animação continuará a ser foco de nossa atenção nesta atividade. O objetivo é produzir um vídeo cultural  de análise de um curta para ser postado no blog da turma. Mas, antes, você e seus colegas devem se preparar.

Etapa 1 Analisando um curta-metragem

Para se familiarizar com o processo de análise de um curta-metragem, explorem, coletivamente, The easy life (A vida fácil), de jiak xion. Conheçam esse curta observando uma sequência de cenas reproduzidas e comentadas.

Cena de curta-metragem. Menina de cabelo castanho escuro, longo preso em duas marias chiquinhas. Ela tem olhos grandes e castanhos. Ela aponta um lápis para uma pequena boneca à frente, sobre a mesa. Perto da boneca um caderno aberto.
Uma menina mostra-se desmotivada para fazer suas tarefas escolares, mas, enquanto dorme, sua bonequinha de madeira ganha vida e faz sua lição.
Cena de curta-metragem. A menina sorridente mostra um desenho para a boneca, que está segurando o lápis.
Como obtém boas notas, a menina passa a encorajar sua boneca a continuar estudando em seu lugar. O tempo vai passando e, conforme faz as tarefas, a boneca começa a crescer. Enquanto isso, a menina se diverte apenas jogando videogame.
Cena de curta-metragem. A menina agora é uma boneca de madeira sem pés, com a base circular. Ela está deitada com os olhos arregalados. Ao lado dela um vídeo game portátil.
Encantada com seu boletim, a menina não percebe que a boneca está mudando, até que é acordada por ela, transformada em uma garota pronta para ir à escola em seu lugar. A boneca, então, oferece o videogame à garota, que mais uma vez escolhe jogar. Como resultado, a menina transforma-se em uma boneca de madeira.
Cena de curta-metragem. A boneca virou uma menina de cabelo escuro e curto, olhos redondos e claro. Ela está com uma mochila nas costas e a mão na maçaneta.
Saindo para a escola, a boneca observa a transformação e sorri.

The easy life. [2010 década certa]. Cenas do curta-metragem de 0 minuto 7 segundos a 2 minutos 21 segundos. Disponível em: https://oeds.link/EMMo5g. Acesso em: 8 março 2022.

  1. Um curta-metragem é um filme que precisa contar uma história de modo rápido e com efeito marcante.
    1. Qual é a situação que dá origem à história The easy life?
    2. O que modifica essa situação e qual é seu desfecho?
    3. Muitos curtas têm poucos cenários. Onde se passa essa história?
    4. Que elemento visual indica a passagem de tempo?
  2. As personagens passam por uma ­metamorfose: a menina se transforma em boneca, e a boneca se transforma em menina. Como você interpreta as metamorfoses? O que as motivou?
  3. Ao longo do curta, dois objetos são marcantes: o boletim  e o videogame. O que eles simbolizam? Explique.
  4. Na sua opinião, o que motivou a boneca a ajudar a menina? Havia um plano ou tudo aconteceu por acaso? Justifique sua resposta.

Biblioteca cultural

Assista ao curta-metragem The easy life. Ele está disponível na internet.

Fala aí!

Você se identifica mais com a menina ou com a boneca? A história contada nesse curta mexe com você particularmente?

  1. Se você fosse escrever uma sinopse sobre esse curta, que infor­mação não contaria no texto para manter a surpresa do leitor?
  2. Considere, agora, que você precisa convencer um leitor a ­conhecer o curta e deseja lhe dizer qual é o efeito da obra sobre quem a assiste. O que você diria?

Etapa 2 Escolhendo o curta-metragem

A discussão do curta The easy life contribuiu para vocês construírem critérios de análise, uma vez que o objetivo da turma agora é fazer um vídeo cultural comentando um outro curta.

Formem grupos e sigam as orientações.

  1. Assistam aos curtas sugeridos pelo professor e pesquisem sobre eles.
  2. Cada integrante deverá argumentar para defender a escolha de uma obra, considerando que o objetivo é divulgá-la para a turma.
  3. Feita a escolha, anotem o título (e sua tradução, se for o caso), o endereço de acesso e os dados técnicos: direção, data de produção, país de origem, estúdio responsável e duração.

Sabia?

São classificadas como indicação livre (L), portanto recomendadas a pessoas de todas as faixas etárias, as obras que não possuem conteúdos inapropriados, como violência.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Etapa 3 Escrevendo o roteiro do vídeo cultural

  1. Reúnam-se para discutir a história e os elementos visuais e sonoros utilizados na construção do curta. Discutam também a reflexão promovida por ele, caso não se destine apenas ao entretenimento.
  2. Elaborem um resumo da história de modo a conquistar a atenção do público. Lembrem-se de que, como na sinopse, vocês não podem estragar a surpresa do espectador.

É lógico!

Para produzir um resumo, você precisa usar a habilidade da abstração, isto é, selecionar, entre todas as informações disponíveis, aquelas que são fundamentais para explicar o que aconteceu com os personagens.

  1. Façam uma lista com os elementos que comprovam que a obra é interessante. Vocês podem comentar características dos personagens, discutir a reflexão promovida pela obra, descrever o cenário, comentar o estilo do desenho, analisar recursos sonoros (trilha musical, por exemplo), comparar a obra com outras etcétera
  2. Agora, para elaborar o roteiro, copiem este quadro no caderno e preencham com as informações solicitadas.
Ícone de modelo

Parte

Tempo de duração

Texto

Vinheta

Trecho sonoro, de curta duração, que abre o vídeo.

Contextualização

Informações técnicas sobre o vídeo e curiosidades.

Resumo

Principais acontecimentos, sem o desfecho.

Análise

Comentários sobre o tema, o enredo, os recursos visuais e sonoros etc.

Conclusão

Opinião do grupo, contendo aspectos positivos da obra e eventuais aspectos negativos.

Créditos

Nomes dos produtores do vídeo, com suas funções (apresentador, câmera, editor etc.).

  1. Façam a revisão e, se necessário, os ajustes.
    • Leiam o texto para verificar se as partes formam uma linha de raciocínio coerente.
    • Se acharem conveniente, alterem a ordem das informações.
    • Verifiquem se a linguagem é adequada à situação de comunicação: um comentário cultural geralmente é apresentado por meio de uma linguagem informal, mas monitorada.
    • Chequem se o texto é fluente e se não há termos que podem ser substituídos para maior clareza ou para evitar repetições indesejadas.
    • Leiam o texto para verificar quanto tempo dura cada parte e conferir se o conjunto está respeitando o tempo máximo.

Etapa 4 Gravando o vídeo

1. Pesquisem na internet alguns vlogs culturais para conhecer recursos usados nos vídeos: inclusão de músicas, fotografias, trechos de vídeos, legendas etcétera

Vlog é a abreviação da palavra (vídeo + blógui). É formado por um conjunto de vídeos publicados na internet, nos quais o autor compartilha ideias sobre diversos assuntos.

  1. Decidam se um ou mais integrantes vão apresentar o roteiro produzido. Lembrem-se de que todas as funções – apresentador, câmera, editor – são igualmente importantes.
  2. Ensaiem a apresentação. Lembrem-se de que os gestos e as expressões faciais também são recursos que comunicam.
  3. Utilizem a câmera de um celular para a gravação. Façam o vídeo em um lugar sossegado, livre de ruídos e bem iluminado.

Etapa 5 Editando o vídeo

  1. Após a gravação, assistam ao vídeo e verifiquem se há necessidade de regravá-lo. Pequenos ajustes podem ser feitos usando programas de edição gratuitos disponíveis na internet.
  2. Incluam a vinheta no início do vídeo e os créditos no final.
  3. Caso achem interessante, incluam legendas, trechos da animação, fotografias dos personagens ou de profissionais envolvidos na produção, reproduções do cartaz de divulgação etcétera

Dica de professor

Troquem experiências sobre a criação de vídeos para a internet. Alguns de vocês já conhecem vários procedimentos de edição e podem auxiliar os colegas. Quem ainda não aprendeu a lidar com programas de edição pode aproveitar a oportunidade para desenvolver essas habilidades.

Etapa 6 Compartilhando os vídeos

Compartilhem os vídeos no blog da turma.

Um grupo ficará responsável por escrever um texto introdutório para explicar a atividade e indicar os links dos vídeos.

Assistam aos vídeos e postem comentários contando se ficaram ou não interessados em conhecer a obra. Justifiquem essa opinião.

Biblioteca cultural em expansão

Veja algumas sugestões de livros e filme que podem ampliar seus conhecimentos sobre os temas estudados neste capítulo.

Níquel Náusea: siga seus instintos, de Fernando Gonsales. São Paulo: Devir, 2016.

Por que devo ler esse livro?

Para conhecer Níquel Náusea, Gatinha e outros personagens de Fernando Gonsales. Será que o cartunista brinca com outros heróis além de Thor?

As 100 melhores histórias da mitologia, de A. S. Franchini e Carmen Seganfredo. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2003.

Por que devo ler esse livro?

Para mergulhar nas deliciosas aventuras dos heróis da mitologia greco-romana. Descubra as explicações dos antigos para o surgimento do Universo, do ser humano e do fogo. Envolva-se com as histórias de Hércules, Jasão, Aquiles, Ulisses, entre tantos heróis que estão no imaginário ocidental.

As melhores histórias da mitologia africana, de A. S. Franchini e Carmen Seganfredo. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2008.

Por que devo ler este livro?

Você conhecerá Ogum, deus da guerra; Oxóssi, deus da caça; Iemanjá, deusa dos mares; Xangô, deus do fogo e dos metais; entre outras figuras que habitam a rica cultura mitológica africana.

Icamiabas na Amazônia de Pedra, de Otoniel Oliveira. Em: Canal Iluminuras Estúdio, 2018. Disponível em: https://oeds.link/coDxoC. Acesso em: 22 julho 2022.

Por que devo assistir a essa animação?

Ela se passa na fantástica Cidade Amazônia, onde os antigos deuses se aposentaram e agora os conflitos passaram a ser resolvidos pelas Icamiabas, quatro meninas guerreiras. A animação mistura lendas tupis às narrativas de aventura.

Qual seria sua contribuição para esse conjunto de sugestões? Escolha uma obra que esteja em conexão com as demais e redija, em seu caderno, um boxe para recomendá-la.

Glossário

Biodegradável
: Termo que indica que o material tem decomposição rápida e é absorvido pela natureza.
Voltar para o texto