Capítulo 5 – Contar e mostrar

Você gosta de ouvir histórias? Adultos ou crianças, quase sempre paramos quando alguém nos conta uma boa história: um amigo narrando como finalmente encontrou o cachorrinho que havia fugido, uma reportagem relatando as dificuldades de um casal para chegar à maternidade, um entrevistado contando um episódio engraçado de sua carreira. Mas é a arte, em especial a literatura, que mais nos oferece histórias. Neste capítulo, vamos estudar duas fórmas de entrarmos em contato com elas: os contos e os textos teatrais.

E se a gentereticências

…refletisse sobre os livros?

Antes de mergulhar na literatura, vamos conversar sobre livros. Algum tempo atrás, os livros só eram publicados impressos, em papel, mas hoje em dia há também os livros digitais, que podem ser lidos no computador, em smartphones, tablets e dispositivos próprios para leitura desse formato.

Etapa 1 Comparando livros impressos e digitais

Leia o texto a seguir.

Olá, leitores!

“Livros Digitais ou Livros Impressos” é um debate que vem crescendo desde o início da popularização dos aparelhos digitais.

Muitas vezes é até difícil acompanhar a tecnologia, pois ela está sempre evoluindo, sempre trazendo novidades. Foi assim com o VHSglossário , o vinil e os celulares antigos, porém o livro físico ainda parece ser imbatível em relação à mídia digital. Muito disso se deve à preferência dos leitores pelo livro impresso, em razão da experiência sensorial que ele traz, mas seria apenas essa a vantagem dos livros impressos? E, por outro lado, seriam os livros digitais fórmas superiores de leitura? Tudo isso é relativo, depende do que cada um procura, e por isso é importante conhecer as vantagens e desvantagens de cada um para saber qual escolher.

Fotografia. Menina de camiseta branca segurando um livro com uma das mãos e com a outra um aparelho eletrônico semelhante a um tablet. Estão à frente do corpo dela, um de cada lado. Ela olha para um deles com as sobrancelhas levantadas.
Garota com um livro físico e um leitor digital.

As vantagens da mídia digital

• Não ocupa espaço

E-books não têm peso nem ocupam espaço físico, ou seja, você pode carregar apenas um ou uma centena dentro do seu bolso sem ­preocupações.

Além disso, livros digitais são mais práticos até mesmo para serem lidos, já que não é preciso ter uma posição exata para segurar, sem páginas dobrando na hora que não devem.

• Maior durabilidade

Os livros digitais também apresentam a vantagem de ter uma durabilidade, tecnicamente, infinita. Eles não podem ser rasgados ou fazer a famosa “orelha”.

• Nenhuma árvore usada na sua criação

Atualmente existe uma grande preocupação com o meio ambiente e, nesse quesito, os e-books também vencem, afinal não é necessária uma única árvore para a sua criação e distribuição.

• Preço

Cópias digitais são mais baratas para serem produzidas e não precisam de transporte, exportação ou qualquer gasto adicional. Por esse motivo, são muito mais baratas que uma versão física. Geralmente um e-book não custa mais do que 20 reais; alguns podem até custar centavos.

• Variedade

Outra grande vantagem dessa mídia é a facilidade de acesso a diversos títulos. Sabe aquele livro que você procura em toda biblioteca e não acha? Provavelmente ele está apenas a alguns clicks de distância no seu smartphone.

• Interatividade

Esse tipo de livro apresenta uma interatividade que não pode ser alcançada pelas versões impressas. A interatividade é talvez a maior vantagem do e-book. Você pode ter links funcionais, gráficos ­animados, pequenos vídeos, guífes, comentários em áudio, sites de desmembramento. Enfim, uma infinidade de recursos que podem acelerar o processo de aprendizado e otimizar a busca por informações.

Em suma, o e-book é uma alternativa mais barata, duradoura e com muito mais interatividade que os livros impressos, mas ainda assim não pode ser considerado uma versão superior, principalmente para os leitores que o utilizam com o objetivo de estudar. Nesses casos, o livro físico ainda pode ser a melhor opção, e isso não parece ser algo passageiro.

Fotografia. Livros de capa colorida empilhados verticalmente. AO lado, um aparelho eletrônico, retangular, com uma tela grande. Na tela, texto.
E-book em tablet e pilha de livros.

Para entender o porquê de os livros físicos não se tornarem obsoletos, é preciso entender suas vantagens, que vão muito além do sensorial.

As vantagens do livro físico

• Sensação de algo físico

A vantagem reticências das versões impressas é justamente a sensação de você ter algo em mãos, o cheiro do livro, a textura da página, tudo isso aumenta o prazer da leitura e a satisfação de comprar algo novo e excitante que não seja apenas um aplicativo.

• Concentração

Apesar de os livros digitais chamarem mais a atenção e serem mais interativos, essas duas qualidades podem prejudicar a leitura, principalmente no caso de crianças. Alguns estudos com grupos de teste lendo o mesmo livro nos diferentes formatos tiveram resultados diferentes de entendimento e de retenção de informação, com o livro impresso tendo melhores resultados.

Apesar de a interatividade ajudar na busca por informação, ela pode atrapalhar se causar muita distração, principalmente em leitores mais novos.

• Cansaço

Livros físicos são geralmente menos cansativos do que os digitais; a luz de fundo dos aparelhos celulares e tablets é cansativa para os olhos, podendo assim diminuir o tempo que você passa com um livro.

• Conclusão

O fato primordial é que não há uma versão superior a outra, ambas têm o que cada tipo de leitor precisa. Nessa discussão se encaixa muito o termo “Ferramenta certa para o trabalho certo”. Independentemente de qual seja o melhor, a principal coisa a se fazer na discussão “Livros Digitais ou Livros Impressos” é entender qual é a sua necessidade e qual dos dois deixa você mais confortável.

Já para os estudantes a recomendação é, sim, optar por livros físicos por terem menos fórmas de desviar a concentração. reticências

E para você, qual é a melhor opção e qual delas o ajuda a aprender mais?

Até mais!

HENRIQUE, Matheus. Saiba as vantagens e desvantagens entre livros impressos e digitais. Canal do Ensino. [sem local], [entre 2012 e 2018]. Disponível em: https://oeds.link/ttIUiZ. Acesso em: 13 abril 2022.

Com base no modelo a seguir, você e um colega vão elaborar no caderno um quadro comparativo com as vantagens dos dois formatos de livro, completando-o com informações extraídas do texto que acabaram de ler.

Ícone Modelo.

Livro digital

Livro impresso

É mais fácil de transportar.

X

A compra é mais excitante.

X

Tem menor preço.

É lógico!

Para criar o quadro, vocês deverão abstrair, isto é, selecionar, entre todas as informações disponíveis, apenas aquelas que são relevantes para a comparação que precisam fazer.

Completem e enriqueçam o quadro com outras informações retiradas de seu repertório pessoal e de fontes de pesquisa. Usem procedimentos de pesquisa estudados anteriormente: encontrar fontes confiáveis, comparar dados, descartar dados que não possam ser confirmados, selecionar informações mais relevantes, fazer marginálias etcétera

Etapa 2 Elaborando nosso podcast

Você e seu colega vão gravar um podcast simulando um debate e se revezar para mostrar as vantagens do livro impresso e as do livro digital. O objetivo é levar conhecimento ao leitor, mas vocês também vão se preocupar em fazer um podcast que seja agradável de ouvir.

A gravação deve durar, no máximo, dois minutos. Para a realização e a gravação do áudio, vocês podem utilizar um celular ou outros recursos disponíveis na escola.

  • Antes de gravar, planejem a apresentação e elaborem o roteiro, definindo quais serão os pontos abordados e em que ordem aparecerão. O roteiro deve listar e organizar o conteúdo, inclusive indicando o tempo disponível para cada momento de fala. Ele será um guia, e não um texto a ser lido.
  • Definam qual de vocês vai falar das vantagens do livro impresso e qual vai defender o livro digital.
  • Um de vocês iniciará a apresentação expondo uma característica vantajosa do livro impresso ou do livro digital, e o outro discordará dessa opinião, trazendo novos argumentos. Essa troca de turnos continuará até o final do podcast, momento em que vocês convidarão o ouvinte a refletir sobre o tema.
  • Iniciem o podcast cumprimentando o ouvinte e informando o tema que vão debater.
  • Procurem agir de fórma espontânea: muitos podcasts de divulgação de conhecimento costumam ter um tom mais descontraído e o tema em foco permite isso.
  • Lembrem-se de fazer a gravação em um lugar silencioso para que não haja ruídos interrompendo ou se sobrepondo às vozes. Façam um teste antes de iniciar a gravação definitiva.
  • No momento da gravação, falem em ritmo e volume adequados, tomando cuidado para que os turnos de fala sejam respeitados e as vozes não se sobreponham.

Dica de professor

Não deixem de ensaiar. O ensaio é fundamental para que vocês saibam como fazer a troca de turnos e para ganharem desenvoltura.

  • Escutem e analisem a gravação para ver se há necessidade de refazer o debate.
  • Para tornar o podcast mais interessante, vocês podem incluir efeitos sonoros, trechos de músicas, trechos de falas de personagens bem conhecidos etcétera Se optarem por isso, incluam os dados no roteiro.

O podcast será postado no blog da turma e também receberá ­comentários dos colegas.

Leitura 1 CONTO

É hora de literatura! Você vai conhecer um conto do escritor paulista Marcos Rey. Antes de iniciar a leitura, responda às questões.

  1. Quais expectativas você tem em relação ao conto, considerando seu título?
  2. Que tipo de situação pode ser narrada?
  3. Qual é o tom esperado (sério, bem-humorado, educativo etcétera)?

Pega ladrão, Papai Noel!

Ele não era bem um Papai Noel, era mais um Santa Clausglossário , pois trabalhava numa cadeia de lojas multinacionalglossário , a Emperor Presentes e Utilidades Domésticas, aquela grande, da avenida. Consta, inclusive, que fez um curso de seis semanas nos ­próprios Statesglossário para testar e aperfeiçoar sua tendência vocacionalglossário , obtendo boa nota, apesar de cantar o “Jingle Bell”glossário com imperdoável sotaque latino-americano. Mas seu visual, mesmo sem uniforme, impressionou favoravelmente a banca examinadoraglossário : era gordo, como convém a um Papai Noel; tinha olhos da cor do céu e a capacidade de sorrir durante horas inteiras sem nenhum motivo aparente. Aliás, um Papai Noel é isso: uma mancha vermelha que sabe rir e às vezes fala.

– Você está ótimo! – disse-lhe o chefe da seção de brinquedos. – As crianças vão adorá-lo!

Era véspera de Natal e a Emperor andava preocupadíssima com as vendas, inferiores ao ano anterior. E preocupada com outra coisa ainda: o incrível número de furtos, razão por que o Papai Noel além de sorrir e estimular as vendas teria que ser também um olheiroglossário , um insuspeito fiscal de seção.

Ele passeava pelo atraente departamento de brinquedos eletrônicos, juntamente com seu sorriso, e acabara de passar a mão nos cabelos louros de um garotinho, quando viu. Viu o quê? Um homem, e mais que ele, sua mão surrupiandoglossário um trenzinho de pilha, imediatamente metido numa bolsa promocional da Emperor. Interrompendo em meio seu sorriso, Papai Noel deu um passo firme e fez voz de vigia:

– Por favor, me deixe ver essa bolsa!

Nem todo susto é paralisante: o homem, sem largar a bolsa, saiu em disparada pela seção de brinquedos, empurrando pessoas, chutando coisas, derrubando e pisando em brinquedos. Atrás desse furacão, seguia outro furacão, este encarnadoglossário , o Papai Noel aludido, que repetia em cores mais vivas os desastres provocados pelo primeiro.

Ilustração. Papai Noel correndo atrás de um homem que está com o saco de presentes. Ele derruba um cesto de lixo e deixa presentes caírem pelo caminho.

A cena prosseguiu com mais dramaticidade e ruídos na escadaria da Emperor, pois a seção de brinquedos era no sexto andar. No quarto pavimento Papai Noel chegou a grampear o ladrão pelo braço, mas este conseguiu escapar, livrando oito degraus entre o quarto e o segundo andares. Aí, novamente Papai Noel pôs a mão enluvada no fugitivo, mas um grupo de pessoas que saía do elevador poluiu a imagem e ele tornou a ganhar distância.

Na avenida a perseguição teve novos aspectos e emoções. A pista era melhor para corridas apesar de ainda maior o número de pessoas e obstáculos. O ladrão logo à saída da loja chocou-se com uma mulher que carregava mil pacotes, pacotinhos e pacotões. Foram todos para o chão. Um propagandista de longas pernas de pau fez uma aterrissagem forçada, que o aeroporto de Congonhasglossário teria desaconselhado devido ao mau tempo. O Papai Noel também empurrava, esbarrava e derrubava, aduzindoglossário ao seu esforço o clássico “pega ladrão!”, um refrão tão comum na cidade que não entendo como ainda não musicaram. Na primeira esquina, quasereticências Um carro bloqueou a fuga do homem, que ficou hesitante enquanto seu colorido perseguidor se aproximava em alta velocidade.

Quando o ladrão do brinquedo entrou numa galeria da Barãoglossário , os espectadores, digamos assim, tiveram a impressão de que tinham se livrado do Papai Noel. Mas a câmera 2 logo mostrou o santo velhinho entrando também na galeria com o mesmo ímpeto dos primeiros fotogramasglossário . Todavia, embora corresse em milhasglossário e o outro em quilômetros, não conseguia alcançá-lo.

Consta que Papai Noel perseguiu o ladrão inclusive no ­Minhocãoglossário , de ponta a ponta, onde é proibida a circulação de pedestres. Também sem resultado.

A história, que nem história é, podia acabar aqui, mas prefiro que acabe lá.

Lá, onde?

Naquele quarto de subúrbio.

Ilustração. Pessoa dando um trem a pilha para um menino que está com as mãos esticadas para receber.

Aquela noite, o ladrão, à meia-noite em ponto, deu para o filho o belo presente das lojas Emperor, o trenzinho de pilha, que tinha luzes diversas e até apitava, excessivamente incrementado para qualquer garoto pobre.

O menino, que sabia dos apuros do pai, não recebeu alegremente a maravilha eletrônica.

– Papai, o senhor não devia ter comprado.

– Mas não comprei.

– Ahn?

– Ganhei.

– De quem?

– De Papai Noel, ora. Bom cara. Nem precisei pedir. Ele correu atrás de mim e me deu o presente. Disse que a pilha dura três meses. Legal, não?

REY, Marcos. Pega ladrão, Papai Noel! ín: MACHADO, António de Alcântara êti áli. De conto em conto. São Paulo: Ática, 2006. página 42-46. (Coleção Quero Ler: Contos).

De quem é o texto?

Fotografia. Marcos Rey, senhor de cabelo branco e liso, penteado de lado. Tem o rosto largo, olhos pequenos e lábios finos.
O escritor Marcos Rey em 1991.

Marcos Rey (1925­‑1999) nasceu na cidade de São Paulo, cenário da maior parte de seus livros. Escreveu contos, crônicas e romances para o público infantojuvenil, mas também obras para o público adulto, inclusive roteiros para rádio, cinema e tê vê. Adorava abusar do suspense e do humor. Talvez você conheça os famosos O mistério do cinco estrelas ou O rapto do garoto de ouro, que fizeram grande sucesso.

Agora, siga as orientações do professor. Você e os colegas vão discutir o texto e se preparar para uma leitura em voz alta que expresse, com os recursos da oralidade, a compreensão que tiveram.

DESVENDANDO O TEXTO

  1. O conto se inicia com a apresentação de um personagem: um Papai Noel recém-contratado.
    1. Que características tornavam aquele homem ideal para o cargo?
    2. Além das habituais funções, esse Papai Noel teria um trabalho especial. Qual? Por que ele havia se tornado necessário?

2. Releia o seguinte trecho.

Ele passeava pelo atraente departamento de brinquedos eletrônicos, juntamente com seu sorriso, e acabara de passar a mão nos cabelos louros de um garotinho, quando viu. Viu o quê? reticências

  1. A expressão juntamente com seu sorriso contribui para a impressão de que o Papai Noel age de modo simpático, divertido ou fingido? Por quê?
  2. As ações expressas por “acabara de passar” e “viu” ocorrem simultaneamente? Explique sua resposta.
  3. O narrador usou “quando viu. Viu o quê?” em lugar de contar diretamente o que foi visto. Que efeito essa estratégia produz?
  4. O que o Papai Noel fez depois de ter visto o que viu? Por que ele agiu assim?
  1. A partir do sexto parágrafo, a narrativa começa a ficar parecida com cenas de filmes de ação.
    1. Por que temos essa impressão?
    2. A relação com o cinema é explorada pelo próprio narrador no oitavo parágrafo. Que palavras ou expressões do texto se referem a essa arte?
    3. A narrativa se passa em São Paulo. Quais características dessa cidade contribuem para a construção das cenas de perseguição?
  2. O humor também foi um recurso usado pelo narrador. Cite uma passagem que você considere engraçada.
  3. O final da história surpreende o leitor.
    1. Que substantivos foram usados nos parágrafos 6 a 9 para nomear o personagem que pegou o brinquedo?
    2. Como esse mesmo personagem é visto pelo leitor no final da narrativa?
    3. A história se passa em uma época específica do ano. Como ela ajuda a justificar a ação do personagem?
  4. Releia um dos parágrafos do final do conto.

A história, que nem história é, podia acabar aqui, mas prefiro que acabe lá.

  1. A que se refere o termo ?
  2. Se a história terminasse “aqui”, falaria de um roubo. O que muda quando o narrador dá continuidade a ela?
  3. Esse é o único ponto do texto em que o narrador usa a primeira pessoa. Que palavra a revela?
  4. Esse uso da primeira pessoa revela que ele é um dos personagens ou que opina sobre os fatos?

O conto é narrado por um narrador-observador. Esse tipo de narrador conta a história sem participar dela e, por isso, usa a terceira pessoa. Ele pode ser onisciente, quando conhece todos os fatos, inclusive o que se passa no interior dos personagens (seus pensamentos e sentimentos). Pode, ainda, fazer comentários sobre aquilo que conta.

  1. Se você voltar ao início do texto, perceberá que o narrador já ­demonstrava antipatia pelo Papai Noel.
    1. O Papai Noel é visto no conto como um sujeito muito distante da realidade brasileira. Como essa ideia foi sugerida pelo narrador?
    2. No final do primeiro parágrafo, o narrador afirma que um Papai Noel é “uma mancha vermelha que sabe rir e às vezes fala”. Esse trecho revela antipatia pelo “bom velhinho” do conto ou por qualquer Papai Noel?
    3. A loja contratou um Papai Noel esperando aumentar suas ­vendas. Como é esse Papai Noel?

Fala aí!

Um conto como esse não é para ser lido ao pé da letra, isto é, não devemos concluir que o narrador (ou o autor) estimula ou justifica os furtos. O que a história sugere ao leitor?

Biblioteca cultural

Para conhecer mais sobre Marcos Rey, pesquise na Enciclopédia Itaú Cultural, disponível na internet. Aproveite para conhecer, na página da enciclopédia, um recurso que apresenta o conteúdo do texto usando Libras (Língua brasileira de sinais).

COMO FUNCIONA UM CONTO?

As atividades propostas até agora exploraram vários aspectos importantes do conto, ligados aos elementos básicos da narrativa. Vamos retomá-los.

A importância do espaço

A cidade movimentada contribui para as cenas emocionantes de perseguição, e a loja de departamentos explica a presença de um Papai Noel.

A questão do tempo

As ações narradas duram algumas horas e ocorrem na véspera de Natal, o que dá um sentido específico para o ato do ladrão.

As características dos personagens

A narrativa destaca a disputa do Papai Noel e do ladrão, que têm interesses conflitantes.

O comportamento do narrador

Ele conta uma história de que não participa, mas mostra antipatia por um dos personagens.

Vejamos o enredo, conjunto de fatos constituído de quatro partes.

  • Situação inicial: apresentação dos fatos iniciais, que contex­tualizam a história.
  • Conflito ou complicação: fato que altera a situação inicial.
  • Clímax: momento de maior tensão na narrativa.
  • Desfecho: solução do conflito.

As questões seguintes vão ajudar você a observar a construção do enredo.

  1. Que fato começa a modificar a situação inicial?
  2. O conflito opõe os interesses de dois personagens. Quais são esses interesses?
  3. Qual é o clímax do conto?
  4. Durante a perseguição, você torcia pela captura do ladrão? Por quê?
  5. Por que o narrador optou por não contar ao leitor o motivo do furto desde o início da história?
  6. O desfecho do conto mostra que essa narrativa tem um tema social. Que aspecto de nossa sociedade ela quer destacar?

Da observação para a teoria

O gênero textual conto é uma narrativa breve, geralmente construída em torno de um fato principal. A descrição dos personagens, do espaço e do tempo e a apresentação das ações pelo narrador não se alongam; limitam-se ao que é importante para narrar o acontecimento e produzir algum efeito sobre o leitor.

Leitura 2 CONTO

Para continuar refletindo sobre os contos, leia agora outra narrativa que destaca relações humanas. É o conto “Trem Fantasma”, do escritor gaúcho Moacyr Scliar.

Trem Fantasma

Afinal se confirmou: era leucemiaglossário mesmo a doença de Matias, e a mãe dele mandou me chamar. Chorando, disse-me que o maior desejo de Matias sempre fôra passear de Trem Fantasma; ela queria satisfazê-lo agora, e contava comigo. Matias tinha nove anos. Eu, dez. Cocei a cabeça. Não se poderia levá-lo ao parque onde funcionava o Trem Fantasma.

Teríamos de fazer uma improvisação na própria casa, um antigo palacete nos Moinhos de Ventoglossário , de móveis escuros e cortinas de veludo cor de vinho.

A mãe de Matias deu-me dinheiro; fui ao parque e andei de Trem Fantasma. Várias vezes. E escrevi tudo num papel, tal como escrevo agora. Fiz também um esquema. De posse destes dados, organizamos o Trem Fantasma.

A sessão teve lugar a 3 de julho de 1956, às vinte e uma horas. O minuanoglossário assobiava entre as árvores, mas a casa estava silenciosa. Acordamos o Matias. Tremia de frio. A mãe o envolveu em cobertores. Com todo o cuidado colocamo-lo num carrinho de bebê. Cabia bem, tão mirrado estava. Levei-o até o vestíbuloglossário da entrada e ali ficamos, sobre o piso de mármore, à espera. As luzes se apagaram. Era o sinal. Empurrando o carrinho, precipitei-me a toda velocidade pelo longo corredor. A porta do salão se abriu; entrei por ela.

Ilustração. Dois meninos brincando. Um está dentro de um carrinho de bebê e o outro empurrando. Ao redor deles caveiras e fantasmas. Atrás, uma porta aberta e fumaça.

Ali estava a mãe de Matias, disfarçada de bruxa (grossa maquilagem vermelha. Olhos pintados, arregalados. Vestes negras. Sobre o ombro, uma coruja empalhada. Invocava deuses malignos). Dei duas voltas pelo salão, perseguido pela mulher. Matias gritava de susto e de prazer. Voltei ao corredor. Outra porta se abriu – a do banheiro, um velho banheiro com vasos de samambaia e torneiras de bronze polido. reticências Saindo dali entrei num quarto de dormir onde estava o irmão de Matias, como esqueleto (sobre o tórax magro, costelas pintadas com tintas fosforescentes; nas mãos, uma corrente enferrujada). reticências Assim era o Trem Fantasma, em 1956.

Matias estava exausto. O irmão tirou-o do carrinho e, com todo o cuidado, colocou-o na cama. Os pais choravam baixinho. A mãe quis me dar dinheiro. Não aceitei. Corri para casa. Matias morreu algumas semanas depois. Não me lembro de ter andado de Trem Fantasma desde então.

Ilustração. Pessoas fantasiadas. Uma delas veste fantasia de caveira, a outra de bruxa, e outras pessoas estão vestidas como zumbis.

SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página 316-317.

De quem é o texto?

Fotografia. Moacyr Scliar, senhor de pele clara, e cabelo curto e castanho. Olhos arredondados, nariz grande e barba.
O escritor Moacyr Scliar em 2007.

Moacyr Scliar (1937-2011) formou-se em Medicina, mas adorava fazer literatura. Escreveu romances, crônicas e contos, muitos deles publicados também em outros países. Viajou bastante pelo Brasil e pelo mundo fazendo palestras sobre suas obras e recebeu vários prêmios literários por elas.

Biblioteca cultural

No sáite oficial de Moacyr Scliar há uma área com buk treiler: você pode ouvir trechos de suas obras.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

  1. Ao contrário da narrativa de “Pega ladrão, Papai Noel!”, a situação inicial de “Trem Fantasma” não é dada ao leitor. Ele precisa deduzi-la.
    1. Qual era a relação entre o narrador e Matias?
    2. A família de Matias já desconfiava de que ele sofria de leucemia?
    3. Como você imagina as semanas ou os meses anteriores da vida do menino e da família dele Justifique com dados do texto.
  2. A complicação tem início quando o narrador é chamado pela mãe do menino doente.
    1. O que ela lhe pede?
    2. Embora tivesse apenas 10 anos, o narrador levou muito a sério o pedido da mulher. Como ele agiu?
  3. O desfecho desse conto surpreende o leitor, como acontece com “Pega ladrão, Papai Noel!”? Explique sua resposta.
  4. O narrador não oferece informações detalhadas dos personagens do conto.
    1. Além de Matias, quais são esses personagens?
    2. Que objetivo é comum a todos eles?

c. Em sua opinião, a ausência de detalhes impede o leitor de ­simpatizar com os personagens? Por quê?

Nesse conto, o narrador é um dos personagens da história. Portanto, narra em primeira pessoa e é chamado de narrador-personagem. Esse tipo de narrador pode ser o personagem principal ou um personagem secundário que conta algo que testemunhou. Ambos têm uma visão limitada porque só podem contar aquilo que viram e não têm acesso ao que se passa na mente dos demais personagens.

  1. Nesse conto, o espaço é um recurso fundamental para o efeito da narrativa.
    1. Como era a casa da família de Matias?
    2. No momento da simulação do trem-fantasma, como estava o clima?
    3. As características da casa e do clima pareciam aliar-se (trabalhar em parceria) aos personagens para a simulação da brincadeira. Explique essa ideia.
  2. A narrativa em estudo nos revela dois tempos diferentes: o momento em que o fato acontece e aquele em que ele é narrado.
    1. Copie as duas frases que revelam o narrador já adulto.
    2. Em nenhum momento o narrador conta seus sentimentos, mas podemos deduzi-los. Releia o último parágrafo.

Matias estava exausto. O irmão tirou-o do carrinho e, com todo o cuidado, colocou-o na cama. Os pais choravam baixinho. A mãe quis me dar dinheiro. Não aceitei. Corri para casa. Matias morreu algumas semanas depois. Não me lembro de ter andado de Trem Fantasma desde então.

Identifique uma ação que releva os sentimentos do narrador e explique sua resposta.

Fala aí!

Como você se sentiu no final da leitura? Lembra-se de outra obra artística que tenha produzido o mesmo efeito em você?

Sabia?

A história do conto “Trem Fantasma” se passa em 1956, quando as perspectivas de cura do câncer infantojuvenil eram demasiado pequenas. Felizmente, hoje, com os avanços da ciência, a doença vem sendo tratada com sucesso. Crianças que recebem o tratamento adequado e o carinho de todos têm muito mais chances de sarar.

Fotografia. Criança sorridente, careca e sem sobrancelhas. Tem olhos azuis.
Criança em tratamento contra o câncer.

Da observação para a teoria

Os contos são muito diversificados e provocam diferentes efeitos nos leitores. Dependendo do assunto e das características, são classificados como contos sociais, de amor, de humor, de ficção científica, de terror, fantásticos, entre outros.

Se eu quiser aprender MAIS

Discurso direto e discurso indireto

Como você já estudou, a voz que conta os fatos em uma narrativa pertence ao narrador. Mas também é comum que os personagens falem, o que pode ocorrer de fórma direta ou indireta.

1. Vamos voltar aos contos deste capítulo para observar essas construções. Nos trechos a seguir, o destaque azul exemplifica o discurso direto; o verde, o discurso indireto.

Versão adaptada acessível

Atividade 1.

Vamos voltar aos contos deste capítulo para observar essas construções. Nos trechos a seguir, a frase "Por favor, me deixe ver essa bolsa!" exemplifica o discurso direto; e a frase "que o maior desejo de Matias sempre fora passear de Trem Fantasma; ela queria satisfazê-lo agora, e contava comigo" exemplifica o discurso indireto.

Pega ladrão, Papai Noel!

Ele passeava pelo atraente departamento de brinquedos eletrônicos, juntamente com seu sorriso, e acabara de passar a mão nos cabelos louros de um garotinho, quando viu. Viu o quê? Um homem, e mais que ele, sua mão surrupiando um trenzinho de pilha, imediatamente metido numa bolsa promocional da Emperor. Interrompendo em meio seu sorriso, Papai Noel deu um passo firme e fez voz de vigia:

– Por favor, me deixe ver essa bolsa!

Ilustração. Homem com o olhar espantado segurando o saco de presentes do Papai Noel. Dentro brinquedos.

Trem Fantasma

Afinal se confirmou: era leucemia mesmo a doença de Matias, e a mãe dele mandou me chamar. Chorando, disse-me que o maior desejo de Matias sempre fôra passear de Trem Fantasma; ela queria satisfazê-lo agora, e contava comigo. Matias tinha nove anos. Eu, dez. Cocei a cabeça. Não se poderia levá-lo ao parque onde funcionava o Trem Fantasma.

Ilustração. Menino com os olhos arregalados, coçando a cabeça com o dedo indicador. Atrás dele um trilho de trem e dois fantasmas.
  1. Que sinal de pontuação introduz a fala do personagem no discurso direto? Você se lembra de outro sinal de pontuação que poderia cumprir a mesma função?
  2. No discurso direto, a fala do personagem é apresentada diretamente ao leitor e, no indireto, é apresentada com as palavras do narrador. Como poderia ser a fala da mãe de Matias (fragmento em verde) em discurso direto?
  3. Compare o trecho em discurso indireto à fala que você criou para a mãe de Matias. Qual delas parece caracterizar melhor a personagem? Por quê?

d. As falas dos personagens são introduzidas por verbos de elocução, como dizer, perguntar, comentar etcétera, que podem ser acompanhados por palavras que detalham a maneira como algo foi dito. .um  Que palavra ou expressão poderia substituir chorando, que acompanha disse (destaque em laranja no segundo trecho), para descrever as emoções da mãe de Matias? .dois  Que palavra ou expressão poderia acompanhar a fórma ­verbal disse para substituir fez voz de vigia (destaque em laranja no primeiro trecho), expressando a mesma ideia?

Versão adaptada acessível

Atividade 1, item d.

As falas dos personagens são introduzidas por verbos de elocução, como dizer, perguntar, comentar etc., que podem ser acompanhados por palavras que detalham a maneira como algo foi dito.

I. Que palavra ou expressão poderia substituir chorando, que acompanha disse (no segundo trecho), para descrever as emoções da mãe de Matias? II. Que palavra ou expressão poderia acompanhar a forma verbal disse para substituir fez voz de vigia (no primeiro trecho), expressando a mesma ideia?

Fala aí!

Neste capítulo, você leu dois contos que abordam relações humanas. De qual você gostou mais? Por quê?

Vamos agora estudar esses dois tipos de discurso em uma anedota. Leia o texto e responda às questões 2 a 5.

Bat-competição

O morcego-pai reuniu seus três filhotes e disse:

– Hoje faremos um teste para descobrir quem é o mais rápido para encontrar sangue.

Depois disso, o pai pegou um cronômetro e disse ao mais velho:

– Sua vez.

O filho do morcego balançou suas asas: “flap, flap, flap”, e saiu voando. Quarenta minutos depois, voltou com a cara toda suja de sangue e explicou:

– Pai, tá vendo aquela morena com a pele branca lá embaixo?

O pai disse:

– Estou.

– Pois é, pai. Chupei todo o sangue dela.

Aí o pai disse ao filho do meio:

– Sua vez.

O filho do meio balançou suas asas: “flap, flap, flap”, e após vinte minutos, voltou com a cara toda suja de sangue. Ele explicou:

– Pai, tá vendo aquela vaca toda murcha e morta lá embaixo?

– Estou.

– Pois é, pai. Chupei todo o sangue dela!

Restando somente o caçula, o pai disse:

– Sua vez.

O caçula balançou suas asas: “flap, flap, flap”, e após cinco minutos, voltou com a cara toda suja de sangue e explicou:

– Pai, tá vendo aquele muro lá embaixo?

O pai disse:

– Estou.

– Pois é, pai. Eu não vi!

Ilustração. Morcego com o rosto sujo de sangue, olhos em espiral e estrelinhas ao redor da cabeça dele. Ele tem dentes pontiagudos.

BAT-COMPETIÇÃO. blógui Máquina de piadas. Ponta Grossa, 2011. Disponível em: https://oeds.link/VZMUO7. Acesso em: 8 março 2022.

  1. Para representar a fala dos personagens, a anedota usa o discurso direto.
    1. Que sinal de pontuação é empregado para introduzir as falas?
    2. Quais verbos de elocução foram utilizados?
    3. Cite duas fórmas verbais que poderiam substituir o verbo de ­elocução do primeiro parágrafo.
    4. A palavra explicou (quinto parágrafo) poderia ser trocada por ­perguntou. Nesse caso, que diferença haveria?
  2. Releia os dois primeiros parágrafos.
    1. Reescreva-os usando o discurso indireto.
    2. A troca do tipo de discurso altera o sentido do trecho?
    3. Quais palavras você precisou mudar para adaptar o texto?
  3. Leia uma reelaboração do trecho final da anedota usando o discurso indireto.

O caçula balançou suas asas, “flap, flap, flap”, e, após cinco minutos, voltou com a cara toda suja de sangue. Perguntou então ao pai se ele estava vendo o muro embaixo deles. O pai disse que estava, e o caçula explicou que ele, ao contrário, não o tinha visto.

Ilustração. Morcego grande, olhando desconfiado para o morcego pequeno, que está com a cara suja de sangue. Perto dele um ponto de exclamação e um ponto de interrogação.
  1. Em sua opinião, qual é a melhor formulação: em discurso direto, em discurso indireto ou você não vê diferença? Por quê?
  2. As anedotas e piadas são, em geral, apresentadas oralmente. Qual é a contribuição do discurso direto para o humor na situação oral?

Desafio da linguagem

Reúna-se com alguns colegas e memorizem a anedota para recontá-la à turma. Pratiquem a entonação, o tom de voz e os gestos que acompanharão a fala. Depois que todos se apresentarem para o grupo, elejam um integrante para contar a anedota à turma.

  1. As experiências dos três morcegos são narradas praticamente com a mesma fórmula.
    1. A repetição iguala ou diferencia as experiências dos morcegos?
    2. Por que a repetição ajuda a criar o humor no final da anedota?

Você já havia estudado os tipos de discurso? O uso de um ou de outro cria efeitos diferentes na narrativa. O discurso direto caracteriza melhor os personagens, mostrando a maneira particular pela qual se expressam; o discurso indireto permite ao narrador resumir uma fala que poderia ser longa, expondo apenas o que é importante.

Falando sobre a NOSSA LÍNGUA

Substantivo, adjetivo, numeral e artigo

Você já sabe que um período pode ser composto de mais de uma oração e que as orações são compostas de predicado, sempre obrigatório, e de sujeito. Sabe também que o predicado é organizado em torno do verbo.

Nesta seção, vamos estudar um pouco mais a constituição das orações e perceber como alguns de seus termos se relacionam.

COMEÇANDO A INVESTIGAÇÃO

Releia este trecho do conto “Pega ladrão, Papai Noel!”.

Aquela noite, o ladrão, à meia-noite em ponto, deu para o filho o belo presente das lojas Emperor, o trenzinho de pilha, que tinha luzes diversas e até apitava, excessivamente incrementado para qualquer garoto pobre.

  1. O que significa em ponto no grupo de palavras à meia-noite em ponto? Por que essa caracterização é importante para a narrativa?
  2. Em “o belo presente das lojas Emperor”, a palavra principal é presente. Que função tem o belo e das lojas Emperor em relação a ela?
  3. Segundo o texto, o brinquedo era excessivamente incrementado. A ideia de que algo é excessivo depende de um parâmetro. Que grupo de palavras expressa esse parâmetro?

As orações são formadas por grupos de palavras e cada um deles apresenta um núcleo, isto é, uma palavra principal a que se associam os demais termos. Observe.

Esquema. o belo presente das lojas Emperor presente: núcleo 'o', 'belo' e 'das lojas Emperor' associam-se a 'presente' Em 'das lojas Emperor',  o 'as' de 'das' e 'Emperor' associam-se a 'lojas'.

Há, nesse grupo, um termo central, presente. A ele se associam o e belo, que concordam com ele em gênero (masculino) e número (singular). Associa-se, igualmente, um outro grupo de palavras, das lojas Emperor. Nesse grupo, também há um núcleo, lojas, com o qual concorda as (das).

Os dois grupos destacados são grupos nominais que têm como núcleos substantivos. Os substantivos podem ter seu sentido determinado por outras classes de palavras. Observe.

Esquema. qualquer garoto pobre 'qualquer' e 'pobre' associam-se a 'garoto' qualquer: ideia de generalização garoto: núcleo pobre: caracterização social.

O sentido da palavra garoto se torna mais específico quando consideramos os termos que o acompanham.

Ilustração. Jovem de uniforme número 01. Usa óculos. Está com uma das mãos no queixo, observando um cartaz com as palavras: LOJAS, GAROTO PRESENTE.

Substantivo

Releia o início do conto “Trem Fantasma”.

Afinal se confirmou: era leucemia mesmo a doença de Matias, e a mãe dele mandou me chamar. Chorando, disse-me que o maior desejo de Matias sempre fôra passear de Trem Fantasma; ela queria satisfazê-lo agora, e contava comigo. Matias tinha nove anos. Eu, dez. Cocei a cabeça. Não se poderia levá-lo ao parque onde funcionava o Trem Fantasma.

Qual é o nome do amigo do narrador? Qual é o nome da atração que ele queria conhecer? Como se chama o lugar em que, normalmente, fica essa atração? Que sentimento é revelado pelo gesto de coçar a cabeça nesse contexto? As palavras que respondem a essas perguntas são substantivos: Matias; trem-fantasma; parque; preocupação.

Os substantivos nomeiam seres, objetos, lugares e sentimentos. Nomeiam também ações, como choro, e, ainda, conceitos, como ­solidariedade.

Em geral, eles exercem a função de núcleo dos grupos nominais. A eles se associam outras palavras que modificam seu sentido, como você já viu no bloco anterior.

Os substantivos apresentam informações gramaticais de número singular (menino) ou número plural (meninos), assim como de gênero masculino (menino) ou gênero feminino (menina).

Os substantivos que se aplicam a todos os seres de uma mesma espécie são chamados de substantivos comuns. Aqueles que dão nome a um indivíduo específico denominam-se substantivos próprios e são escritos com inicial maiúscula.

Os substantivos que nomeiam ações, sentimentos, qualidades e ideias são chamados de abstratos: combate, alegria, igualdade etcétera Eles nomeiam algo que depende de outro ser para se revelar. Inteligência, por exemplo, é algo que se manifesta como qualidade de alguém. Os demais substantivos são concretos.

Os substantivos nomeiam seres, objetos, lugares, instituições, ações, sentimentos, estados e conceitos. O adjetivo, o numeral e o artigo acompanham o substantivo com a função de caracterizá-lo, determiná-lo ou especificá-lo.

Adjetivo

Releia mais um trecho do conto “Trem Fantasma” para observar como o disfarce de bruxa da mãe de Matias é descrito.

Ali estava a mãe de Matias, disfarçada de bruxa (grossa maquilagem vermelha. Olhos pintados, arregalados. Vestes negras. Sobre o ombro, uma coruja empalhada. reticências).

Ilustração. Menina sentada a mesa, escrevendo com um lápis em um caderno. Sobre a mesa, ao lado do caderno, uma caneca com lápis de cor.
  1. Copie as palavras que caracterizam a maquilagem, os olhos, as vestes e a coruja.
  2. De que fórma essas palavras contribuem para a construção de sentido do que é narrado?

Para descrever a aparência da mãe de Matias, o narrador se valeu de palavras que se associaram aos substantivos para caracterizá-los. Essas palavras são adjetivos.

Observe alguns valores expressos por adjetivos.

Esquema. velho palacete velho: descreve a condição. Esquema. móveis escuros escuros: descreve a aparência. Esquema. carrinho de bebê de bebê: indica a finalidade.

Os adjetivos são fundamentais para a precisão e a clareza do sentido que está sendo construído. Por exemplo, o adjetivo mirrado, usado em outro trecho do conto para descrever Matias, é fundamental para que o leitor possa compreender sua fragilidade e como pôde ser carregado em um carrinho de bebê.

Alguns adjetivos se flexionam em número (singular ou plural) e ­gênero (masculino ou feminino) para acompanhar os substantivos: móvel escuro, móveis escuros; sala escura, salas escuras. Outros flexionam-se apenas em número: móvel grande, móveis grandes; sala grande, salas grandes.

O adjetivo caracteriza o substantivo, podendo descrever sua aparência, a matéria de que é feito, sua finalidade etcétera

Locução adjetiva é um conjunto de palavras com valor de adjetivo. Em geral, é formada por preposição + substantivo: carrinho de bebê.

Algumas locuções têm adjetivos equiva­lentes: ­trabalhador do campo = ­trabalhador rural; problema do coração = problema cardíaco.

Numeral

Releia outro trecho do conto “Trem Fantasma”.

Chorando, disse-me que o maior desejo de Matias sempre fôra passear de Trem Fantasma; ela queria satisfazê-lo agora, e contava comigo. Matias tinha nove anos. Eu, dez. Cocei a cabeça. Não se poderia levá-lo ao parque onde funcionava o Trem Fantasma.

Nesse trecho do conto, o narrador relata que Matias tinha nove anos, e ele, dez quando ocorreu a simulação do trem-fantasma. Esse dado é importante porque revela quão jovens eram o menino doente, e que viria a falecer, e o outro, responsável por ajudar a realizar o último desejo do amigo. Para informar essas idades, foram usados numerais.

No seu dia a dia, problemas de Matemática, estatísticas estudadas em Geografia, medidas de experimentos feitos em Ciências, assim como atividades de outras áreas do conhecimento (receitas culinárias, por exemplo), exigem o trato com números. Para representá-los em palavras, tanto na fala quanto na escrita, empregamos numerais.

Os numerais são classificados em quatro tipos. Veja.

Cardinal: expressa quantidade numérica inteira.

Matias tinha nove anos.

Ordinal: indica a ordem em uma sequência.

A seção de brinquedos era no sexto andar.

Retícula de texto. Sequência com duas retículas de borda cor de laranja com fundo branco e texto. Retícula um, texto em azul: um, dois, três, vinte, cem, mil etc. Retícula dois, texto em laranja: primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo etc.

Multiplicativo: expressa quantidades múltiplas.

Conseguiu o triplo do valor estipulado.

dobro, quádruplo, décuplo, cêntuplo, milésimo etcétera.

Fracionário: expressa quantidades fracionadas.

Usou um quarto da melancia para fazer o suco.

metade, um terço, dois quintos, um doze avos, três centésimos etcétera.

O numeral indica uma quantidade numérica precisa ou a posição de algo em uma sequência.

Dica de professor

Se não souber a fórma correta de um numeral multiplicativo, use o cardinal seguido pela palavra vezes: duodécuplo = doze vezes. Vale também para os casos em que não existe um termo específico.

Artigo

Releia dois trechos do conto “Pega ladrão, Papai Noel!”.

  1. Ele passeava pelo atraente departamento de brinquedos eletrônicos, juntamente com seu sorriso, e acabara de passar a mão nos cabelos louros de um garotinho, quando viu. Viu o quê? Um homem, e mais que ele, sua mão surrupiando um trenzinho de pilha reticências
  2. Aquela noite, o ladrão, à meia-noite em ponto, deu para o filho o belo presente das lojas Emperor, o trenzinho de pilha, reticências excessivamente incrementado para qualquer garoto pobre.

1. O substantivo trenzinho aparece, no primeiro trecho, antecedido por um e, no segundo, por o. O que explica essa mudança?

As palavras da classe gramatical artigo acompanham o substantivo para generalizar ou particularizar seu sentido. Quando o narrador diz que o Papai Noel passou a mão nos cabelos loiros de um garotinho, emprega um artigo indefinido, que não especifica o substantivo; é um garotinho qualquer. Já quando relata que o ladrão entregou o presente para o filho, opta pelo artigo definido, que restringe o sentido do substantivo. Trata-se de um filho específico, o do ladrão.

Caso a criança loira aparecesse mais vezes no conto, o ­substantivo garotinho seria antecedido pelo artigo definido, porque já é uma referência conhecida e particularizada. É o que ocorre com trenzinho.

Os artigos podem se associar com preposições. Veja.

Combinação ou contração com:

Preposição

artigos definidos

artigos indefinidos

a

ao, à, aos, às

de

do, da, dos, das

dum, duma, duns, dumas

em

no, na, nos, nas

num, numa, nuns, numas

por

pelo, pela, pelos, pelas

O artigo especifica o substantivo, mostrando-o de maneira particularizada ou genérica. Classifica-se como artigo definido (o, a, os e as) e artigo indefinido (um, uma, uns e umas). É uma palavra variável, que concorda em gênero e número com o substantivo que acompanha.

INVESTIGANDO MAIS

1. Leia um poema da escritora goiana Cora Coralina.

Considerações de Aninha

Melhor do que a criatura,

fez o criador a criação.

A criatura é limitada.

O tempo, o espaço,

normas e costumes.

Erros e acertos.

A criação é ilimitada.

Excede o tempo e o meio.

Projeta-se no Cosmos.

Ilustração. Céu estrelado. Entre as estrelas um feixe fino de luz.

CORALINA, Cora. Considerações de Aninha. ín: CORALINA, Cora. Vintém de cobre: meias confissões de Aninha. São Paulo: Global, 2012. E-book.

Biblioteca cultural

Fotografia. Cora Coralina, senhora de pele clara, cabelo branco e queixo oval. Usa óculos de armação grande.

Conheça a história de Cora Coralina (1889-1985) assistindo a esta breve reportagem, disponível em: https://oeds.link/kBQWM9. Acesso em: 27 abril 2022.

  1. Releia o título. Tanto considerações quanto Aninha são substantivos. Qual deles está exercendo a função de núcleo? Qual é o papel do outro substantivo?
  2. O eu lírico compara a criatura e a criação. Que diferença de ­sentido há entre essas palavras?
  3. Segundo o eu lírico, a criatura está relacionada a tempo, espaço, normas e costumes. Como você entende essa ideia?
  4. Criatura, criador e criação são substantivos formados a partir do radical de um mesmo verbo. Que verbo é esse?

Radical é a parte da palavra que contém a base de seu significado. Por exemplo: os termos livro, livreiro e livraria apresentam o mesmo radical: livr-.

  1. Os substantivos derivados podem ser formados com o ­acréscimo de uma terminação, o sufixo como em criador. O sufixo -or pode formar nomes de ­profissões. Cite algumas.
  2. O sufixo -ção fórma o resultado de uma ação, como em criação. Quais são os substantivos que indicam a ação resultante de trair, comemorar, agredir e compreender?
  3. A formação de substantivos derivados também pode acontecer com o acréscimo de um elemento no início da palavra, o prefixo, como em contramão. Quais substantivos nomeiam a ausência de felicidade e atenção?

Os substantivos que se originam de outras palavras são chamados de derivados: jardineiro, cafeteira, contramão. Aqueles que não se originam de outras palavras são os primitivos: jardim, café, mão.

2. Leia parte de uma resenha da obra Histórias de ninar para garotas rebeldes – 100 fábulas de mulheres extraordinárias, das autoras italianas Elena Favilli e Francesca Cavallo.

Histórias de ninar para um novo século

“Era uma vez uma casa em uma ponte. Lá vivia uma garotinha chamada Cora, que sabia que era poetisa. Sua família não achava isso. Eles não queriam que ela lesse livros e não queriam mandá-la para o ensino médio. Eles pensavam que seu trabalho era encontrar um bom marido e formar uma família.”

A garotinha em questão é a poeta e contista brasileira Cora ­Coralina, uma das cem “mulheres extraordinárias” que aparece no livro Histórias de ninar para garotas rebeldes, lançado em fevereiro [2017] no Brasil. Junto dela, há muitas outras, de países, culturas e épocas diferentes, como a matemática Ada lóvleice, a estilista Coco Chanel, a escritora Isabel Allende e a ativista Malala iuçáfizái. A surfista Maya Gabeira aparece ao lado de Cora como uma das únicas ­brasileiras cuja história é contada na publicação.

POMPERMAIER, Paulo Henrique. Histórias de ninar para um novo século. Revista cúlt. São Paulo, 13 março 2017. Disponível em: https://oeds.link/dJ0LbB. Acesso em: 13 abril 2022.

  1. Com base na história de Cora Coralina, que se tornou uma importante poeta do Brasil, infira: que tipo de mulheres aparece nessa obra?
  2. Qual é o sentido da expressão garotas rebeldes, que consta no título, nesse contexto?
  3. Veja a maneira como foi introduzida a história da poeta Cora Coralina no primeiro parágrafo. Que relação há entre o modo de contá-la e a ideia de histórias de ninar?
  4. No segundo parágrafo, o resenhista destacou a presença de Cora Coralina e Maya Gabeira, ambas brasileiras. Além delas, citou Ada lóvleice, Coco Chanel, Isabel Allende e Malala iuçáfizái, que nasceram na Inglaterra, França, Chile e Paquistão, respectivamente. Que adjetivos podem ser empregados para indicar a nacionalidade delas?

Os adjetivos pátrios (também chamados de gentílicos) nomeiam as pessoas conforme o lugar (continente, país, estado ou cidade) em que elas nascem ou vivem. Devem ser escritos com letra minúscula: africano, português, maranhense, belo-horizontino etcétera

  1. Se a obra abordasse apenas mulheres nascidas no Brasil, os adjetivos pátrios poderiam se referir a estados brasileiros. Quais seriam esses adjetivos para Roraima, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba e Paraná?
  2. Observe de que modo os adjetivos pátrios são formados para expressar a ideia de origem. O que há em comum entre eles?

3. Leia uma tirinha com os personagens gárfild e Jon, criados pelo quadrinista estadunidense Dim Dêivis.

Tirinha. Garfield, gato grande e amarelo. Tem manchas escuras nas costas e rabo. Tem olhos grandes e ovais. Quadrinho 1: Garfield está olhando dentro da geladeira. Atrás dele, Jon, homem de cabelo castanho, olhos grandes e boca pequena. Está de camisa rosa e calça preta. Jon pergunta: QUE CHEIRO É ESSE? Quadrinho 2: Ainda dentro da geladeira Garfield pensa: NEM IDEIA. Quadrinho 3: Jon com os olhos baixos encara Garfield que está olhando para ele. Garfield pensa: MAS SE VOCÊ QUISER, EU POSSO PERGUNTAR PRO MEU AMIGO, O SENHOR REPOLHO-DE-SETE-MESES-DE-IDADE.

gárfild. 2010. uma tirinha. Disponível em: https://oeds.link/N303cj. Acesso em: 18 julho 2022.

  1. Que percepção a pergunta de Jon revela?
  2. gárfild é sincero quando responde que não faz ideia da origem do cheiro? Por quê?
  3. gárfild cria um nome especial para o alimento que está na ­geladeira. Descreva como esse nome é formado.

Os substantivos formados por um único radical são chamados de substantivos simples: roupa, flor, , sol. Aqueles formados por dois ou mais radicais são substantivos compostos: guarda-roupa, couve-flor, pontapé, girassol.

  1. Como você percebeu, gárfild criou um substantivo composto. Além disso, é um substantivo próprio. Como sabemos disso?
  2. O nome próprio humaniza o alimento, isto é, dá a ele o papel de pessoa. Por que isso contribui para o efeito de sarcasmo (­deboche) da fala de gárfild?

4. Leia esta notícia e responda às questões a seguir.

Celular em museu; indignação na internet

Conheça a história da foto de adolescentes ignorando obra de arte que se tornou viral na rede

A foto dos adolescentes de ôlho no celular dando as costas à Ronda noturna de Rêmbrânt se tornou viral. Vira e mexe ela aparece nas taimeláines do feicibúk, de outras redes sociais e em blóguis. A aparente displicência dos adolescentes tem a fórmula perfeita para causar indignação na ­internet. Os comentários, sempre negativos, ou apontam para o efeito devastador da tecnologia nas mãos dos jovens – a geração de crianças zumbis, escreveu um blogueiro – ou para a indesejada presença de celulares e outros aparelhos eletrônicos nos museus. reticências

Fotografia. À frente grupo de adolescentes sentados em um banco longo. Estão olhando celular. Ao fundo, uma grande pintura exposta. Pintura em tons escuros. Diversos homens de chapéu.
O fotógrafo guisbert van de val quis mostrar a perplexidade do personagem do quadro, mas a foto ganhou outro significado. Amsterdã, 2014.

ENTINI, Carlos Eduardo. Celular em museu; indignação na internet. O Estado de São Paulo. São Paulo, 24 junho 2015. Acervo.

  1. Em sua opinião, por que a atitude dos adolescentes chamou tanta atenção?
  2. Segundo a linha fina, a foto dos adolescentes “se tornou viral na rede”. O que isso significa? Há, na notícia, comprovação dessa informação?
  3. O produtor da notícia procurou relatar os fatos sem reafirmar a ideia de que os adolescentes são displicentes. Que palavra sugere isso? A que classe de palavras pertence?
  4. Veja um comentário escrito no blógui de uma professora.

Em 2015, a imagem reticências circulou pela internet. Eu recebi textos até de colegas furiosos com a falta de interesse dos jovens. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a foto – tirada em 2014 – foi compartilhada quinhentas vezes. Ninguém imaginou que o grupo poderia ser uma turma de alunos em um passeio pedagógico com o professor de História da Arte! Ninguém imaginou que o tal profissional talvez tenha pedido, ali mesmo, uma pesquisa sobre a tela do fundo (Ronda noturna, de Rêmbrânt). reticências

MOTTA, Andrea. [Dicas para professores] 5 dicas de uso do celular na sala de aula. Conversa de português. Rio de Janeiro, 3 abril 2017. Disponível em: https://oeds.link/wFaj9t. Acesso em: 14 abril 2022.

Turma é um substantivo coletivo, classificação dada àqueles que designam um conjunto de seres ou objetos da mesma espécie: enxame, cardume, constelação, ramalhete, cacho, arquipélago etcétera Mesmo estando no singular, o substantivo coletivo indica vários seres.

Biblioteca cultural

Para conhecer o quadro Ronda noturna, procure-o na internet e clique na imagem. A ampliação permitirá observar detalhes dessa obra-prima de Rêmbrânt.

O comentário da professora apresenta o mesmo fato sob uma perspectiva diferente. Por quê?
  1. Observe agora o uso de alguns substantivos na notícia. Inicialmente, o substantivo adolescentes não é acompanhado por artigo. Por que, em seguida, ele aparece antecedido por os?
  2. Se em lugar de um blogueiro estivesse escrito o blogueiro, ­haveria alteração de sentido? Explique sua resposta.
  3. O texto menciona uma geração de “crianças zumbis”. Qual é a função de zumbis nessa expressão? O que a palavra significa?

Fala aí!

Você acha que a descrição “crianças zumbis” para falar dos adolescentes de hoje é justa ou exagerada? Por quê?

h. A linha fina da notícia constrói um sentido ambíguo porque “que se tornou viral na rede” pode se relacionar com dois diferentes grupos nominais. Quais são eles?

Desafio da linguagem

Escolha alguma rotina de seu dia: o caminho para a escola, o horário do almoço, o momento de fazer a lição de casa etcétera Crie um pequeno texto (entre 8 e 10 linhas) usando apenas grupos nominais para identificar os elementos envolvidos nesse período de tempo. Traga-o para a sala de aula e leia-o para seus colegas.

Meu conto NA PRÁTICA

Desenvolva o seguinte enredo: um ou uma jovem trabalhava como de flores em uma avenida de uma cidade grande brasileira. Um dia, o calor estava muito forte e havia risco de as flores murcharem antes de serem vendidas. Se isso acontecesse, ele ou ela perderia o dinheiro que gastou para comprá-las, o qual faria muita falta. O que aconteceu?

Seu conto ficará acessível no blog da turma e poderá ser conhecido por meio de uma gravação, como aquelas que compõem os audiobooks.

Dica de professor

Durante o planejamento, faça anotações a lápis em uma folha grande. Você poderá modificá-las, incluir novos dados, numerá-las para organizar melhor a sequência etcétera Só depois inicie o conto. Isso ajudará você a criar um texto mais organizado e a perceber as partes que podem ser melhoradas.

MOMENTO DE PRODUZIR

Planejando meu conto

Veja algumas orientações para auxiliar você em sua produção.

Quadro. Equivalente textual a seguir. Da teoria para a...: O narrador representa a posição ou ponto de vista a partir do qual a história será contada. ... prática: Escolha quem vai narrar: um rapaz? Um motorista? Alguém que observa a cena de uma janela? Um narrador onisciente? Essa escolha define o tipo de informação que você poderá incluir. O rapaz conta seus próprios sentimentos porque fala em primeira pessoa; um observador pode apenas deduzi-los; um narrador onisciente pode comentar sentimentos de todos os envolvidos etc. Da teoria para a...: O enredo é a sequência de ações da narrativa e começa com uma contextualização (situação inicial). ... prática: Comece dando as informações necessárias para que o leitor saiba quem é o personagem principal. Esses dados constroem a situação inicial e preparam a entrada do conflito (complicação). Da teoria para a...: Os personagens são os responsáveis por realizar as ações que formam o desenvolvimento do conto. ... prática: Além do rapaz, quais personagens estarão em cena e como vão se caracterizar? Alguns podem ser mencionados de maneira genérica (os motoristas dos carros, por exemplo), e outros podem ser individualizados, como um colega do vendedor, que pode ter um nome e dizer algo. Da teoria para a...: O enredo é desenvolvido com a apresentação de ações que caminham para um ponto de grande tensão e depois se resolvem. ... prática: Faça uma lista com as ações para observar se a tensão está aumentando e para definir o clímax. Depois, pense em como a história vai terminar.

Elaborando meu conto

  1. Comece com um ou mais parágrafos que ajudem seu leitor a imaginar como é a vida do personagem principal: rotina de trabalho, preocupações financeiras, vida familiar, amigos etcétera
  2. Inicie a complicação descrevendo a situação que altera a rotina do personagem. O que está acontecendo? Por que isso é um problema? Que sentimentos e pensamentos são provocados pelo acontecimento?
  1. Desenvolva o conto, relatando ações que mostrem como o personagem principal lidou com o que estava acontecendo. É o momento de fazê-lo interagir com outros personagens que podem ajudá-lo ou atrapalhá-lo. Veja que discurso – direto ou indireto – é mais adequado a cada situação.
  2. As ações devem resultar em um clímax, o momento de maior tensão.
  3. Por fim, apresente um desfecho para o que foi narrado. O que acontece com as flores? Como o narrador reage a isso?
  4. Dê um título ao texto, buscando algo que possa atrair a curiosidade do leitor.
  5. Releia seu texto para observar e corrigir, se for o caso, a organização dos ­parágrafos e das frases.
  6. As relações de causa e consequência são muito importantes nas narrativas: uma ação provoca outra e assim vai sendo criada a progressão textual. Veja se essas relações estão bem claras, lembrando-se de utilizar termos como em seguida, embora, além disso etcétera

Revisando meu conto

Releia o conto que elaborou para observar se as palavras foram escritas corretamente e se os sinais de pontuação foram bem empregados.

Dê atenção à concordância entre os termos que formam os grupos nominais. Veja duas orientações que podem ajudá-lo.

Quando modifica dois ou mais substantivos que o antecedem, o adjetivo vai para o masculino e concorda com o conjunto:

Encontrou o vestido e a camisa rasgados.

Quando modifica dois ou mais substantivos que o sucedem, o adjetivo concorda com o primeiro deles:

Escutei velhas canções e poemas.

Escutei velhos poemas e canções.

MOMENTO DE REESCREVER

Avaliando meu conto

Troque seu texto com o de um colega. Enquanto ele avalia sua produção, você faz o mesmo com a dele. Anotem, no final do texto, as letras maiúsculas de A a I, que correspondem às questões do quadro a seguir. Respondam, em cada item, “sim”, “não” ou “mais ou menos”. Em uma segunda leitura, usando lápis, anotem equívocos de ortografia, pontuação e concordância.

Ao terminar, destroquem os textos e conversem sobre as respostas dadas.

A

O título é coerente com o conto e atrai o leitor?

B

O leitor tem informações sobre a rotina do personagem?

C

Existe uma complicação relacionada às flores e ao calor?

D

As ações contadas tornam-se mais intensas até chegar a um clímax?

E

O desfecho explica o que aconteceu com as flores e o personagem principal?

F

As informações para que o leitor compreenda a história foram apresentadas?

G

Houve um bom uso dos tipos de discurso?

H

O narrador conta apenas aquilo que poderia saber, de forma coerente?

I

Os parágrafos e as frases estão bem organizados?

Reescrevendo meu conto

  1. O conto que você criou ficará disponível no blog da turma. Assim, considere os comentários de seu colega e decida se vai manter o conto como está ou se vai reescrever uma ou mais partes para aprimorá-lo.
  2. Verifique também as anotações relativas à linguagem. Corrija equívocos, ­consultando um dicionário, uma gramática ou o professor.

MOMENTO DE APRESENTAR

Publicando meu conto no blog da turma

O próximo passo é preparar a postagem no blog. Um grupo de quatro ou cinco estudantes formará a equipe de editores, responsável por receber os contos, organizá-los, criar um texto de apresentação da atividade e enviar os materiais para o professor fazer a postagem.

Sua parte

  1. Utilizando um editor de textos, digite seu conto e explore a ocupação da ­página, escolhendo o tipo e o tamanho da letra, o espaçamento, a distância da margem etcétera Você é responsável pela aparência final de seu texto.
  2. Envie o texto para a equipe de editores.
  3. Considere o convite para gravar a leitura do conto.

Editores

  1. Produzam um vídeo curto apresentando a proposta de produção.
  2. Criem uma lista com os títulos dos contos, os nomes dos autores e os links para acessar os textos.
  3. Convidem a turma para gravar a leitura de alguns dos contos.
  4. Ajudem os voluntários a preparar o material. Lembrem-se de orientar a leitura, que deve ser fluente e expressiva, a fim de traduzir a compreensão e a interpretação do conto. O leitor deve estar atento ao ritmo, às pausas e à entonação indicada pela pontuação. E, para garantir uma boa audição, as palavras devem ser pronunciadas com clareza.
  5. Cuidem para que o local de captação da voz esteja silencioso. A gravação pode ser feita usando aparelhos simples, mas não pode ser comprometida por ruídos.
  6. Disponibilizem os áudios com os textos.
  7. Pesquisem textos de outros gêneros que também falem de vendedores de flores: uma animação, uma fotorreportagem etcétera O blog ficará mais rico se vocês acrescentarem conteúdo de gêneros e linguagens diversos.
  8. Apresentem a página pronta para a turma.

Textos em CONVERSA

Neste capítulo você leu o conto “Trem Fantasma”, em que o narrador, um menino de dez anos, ajuda a mãe de um amigo a preparar uma surpresa para o filho. Matias, o amigo, tem apenas nove anos e sofre de leucemia, o que o leva a falecer pouco tempo depois da surpresa.

Agora você vai ler um trecho de um texto teatral que tem algo em comum com o conto que você leu.

Mas por quê??! A história de Elvis

Cecília abre sua enorme bolsa, cujo interior o público não consegue ver, apenas imaginar. Sebastião, Max e Lili se aproximam e olham pra dentro da mala. Suas expressões mudam instantaneamente, passando da euforia ao choque.

Gilda, já influenciada pelos demais, é a última a se aproximar, devagar, de olhos fechados. Por fim, para diante da abertura da mala, respira fundo e olha.

GILDA

(resistente)

É de cortar o coração. Um pequeno passarinho, amarelo com penas vermelhas no peito. (tempo) E ele está morto.

Cecília fecha sua bolsa e volta a chorar, cobrindo o rosto. Os quatro estão tristes e consternados, além de envergonhados por terem duvidado de Cecília.

LILI

Isso mexeu comigo.

MAX

É muito triste.

SEBASTIÃO

Triste de verdade.

GILDA

(para Cecília)

Será que a gente pode te dar um abraço?

Cecília estranha. Limpa um pouco o rosto e consente. Todos caminham em direção a ela e ficam ao seu redor, formando um abraço coletivo.

CECÍLIA

Eu me lembro bem de quando meu avô me deu o Elvis de presente.

Ele perguntou:

(faz voz grossa)

“Se eu te der uma coisa você promete que vai cuidar dela muito bem?”.

E eu respondi: “É claro que sim, vovô!”.

Então ele me dissereticências

A partir desse momento, os atores começam a dobrar os papéis que porventura surjam nas histórias contadas. Nesse primeiro momento, Sebastião faz o papel do avô.

SEBASTIÃO/AVÔ

Então feche os olhos e só abra quando eu disser.

CECÍLIA

(fecha os olhos, vivendo e contando sua história ao mesmo tempo)

Então eu fechei os olhos e senti meu coração disparar até quase saltar pra fóra do peito.

SEBASTIÃO/AVÔ

Pronto, pode abrir.

CECÍLIA

Um passarinho!!!!!

SEBASTIÃO/AVÔ

É um canário belga. E agora ele é seu!

CECÍLIA

E como é o nome dele?

SEBASTIÃO/AVÔ

Ele ainda não tem nome. Você é quem tem que dar o nome a ele.

CECÍLIA

Então eu me lembrei de outra coisa que meu avô tinha me ensinado e que era uma das coisas de que eu mais gostava no mundo – quer dizer, era uma pessoa. O cara mais legal que já existiu na Terra – depois do meu avô, é claro.

LILI

E como é que você sabe? Você conheceu todas as pessoas que já existiram na Terra?

Gilda cutuca Lili, querendo dizer “você vai mesmo insistir em perguntas desse tipo?”.

SEBASTIÃO/AVÔ

E então? Já decidiu o nome dele?

CECÍLIA

O nome dele vai ser Elvis. Porque ele vai cantar tão bonito quanto o Elvis , vovô.

SEBASTIÃO/AVÔ

É uma bela escolha, Cecília.

CECÍLIA

E então eu tirei o Elvis da gaiola e peguei ele com a minha mão. Ele pousou no meu dedoreticências

Cecília segue falando, mas sua voz fica mais baixa, em segundo plano. Max, Sebastião, Lili e Gilda vão para a frente do palco, num aparte entre eles. Cecília segue falando, sem perceber a movimentação dos demais.

GOMES, Rafael; CALDERONI, Vinicius. Mas por quê??! A história de Elvis: uma peça musical. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2008. página 18-20.

Biblioteca cultural

Os personagens desse texto não são convencionais. Max é um urso de pelúcia, Sebastião é um pirata e Gilda é uma mulher que saiu de um porta-retrato.

A peça Mas por quê??! A história de Elvis foi encenada em 2015 no Teatro Claro Rio (Rio de Janeiro). No canal de vídeos do teatro, você pode ver algumas cenas do espetáculo.

Fotografia. Letícia Colin, moça de peruca curta e avermelhada. Tem sardas nas bochechas. Veste uma blusa com gola e uma saia de tule claro. Está sentada de pernas cruzadas no palco, com o tronco inclinado para frente com as mãos em um objeto. Sobre ela, uma luz intensa.
A atriz Letícia Colin interpretou a personagem Cecília no espetáculo Mas por quê??! A história de Elvis, em 2015.
  1. Quais são os personagens dessa peça teatral?
  2. Qual é o personagem principal?
  3. Como Cecília está se sentindo na cena que você leu? Por quê?
  4. O que há em comum entre o texto teatral que você leu e o conto “Trem Fantasma”?
  5. Os textos teatrais têm uma fórma própria de organização.
    1. Por que o nome dos personagens aparece em destaque e se repete tanto ao longo do texto?
    2. Releia esta rubrica.

GILDA

(resistente)

É de cortar o coração. Um pequeno passarinho, amarelo com penas vermelhas no peito. (tempo) E ele está morto.

Cecília fecha sua bolsa e volta a chorar reticências

Como você entende a indicação “(tempo)”? Que efeito é ­produzido por ela na cena?

c. Agora, procure imaginar a cena acontecendo no palco, diante da plateia. Na sua opinião, por que Gilda descreveu o con­teúdo da bolsa?

As rubricas são indicações sobre cenário, modo de representar, movimentação de personagens no palco, entre outras orientações.

6. Agora conheça a primeira rubrica do texto teatral que você leu.

O público entra no teatro. Sobre o palco, quatro pessoas habitam seus diferentes universos. Max, Lili, Sebastião e Gilda. Talvez “pessoas” não seja a melhor palavra para isso – pode-se dizer que são quatro seres. Todos estão em um lugar que parece um parque, mas que, na verdade, é o interior da cabeça de Cecília.

GOMES, Rafael; CALDERONI, Vinicius. Mas por quê??! A história de Elvis: uma peça musical. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2008. página 10.

  1. De acôrdo com a rubrica, onde se passam as cenas dessa peça teatral?
  2. O que essa informação traz de novidade sobre os outros ­personagens da peça teatral?
  3. Que relação pode haver entre o acontecimento trágico na cena que você leu e a informação que essa rubrica traz sobre os personagens?

Fala aí!

O luto é um momento muito difícil pelo qual as pessoas passam ao perder alguém ou algo importante. O que os amigos e as pessoas que estão por perto podem fazer para ajudar alguém que está em luto?

Conversa com arte

Na seção anterior, você leu e analisou um texto teatral. Agora, com a ajuda de colegas, vai elaborar um texto teatral a partir da adaptação de um conto. Depois, você e seu grupo vão encenar a peça que escreveram.

Etapa 1 Conhecendo uma peça teatral adaptada de um romance

Muitas pessoas já adaptaram romances, novelas, contos, entre outros gêneros, para o teatro, assim como você vai fazer. Um exemplo é a peça infantojuvenil Momo e o Senhor do Tempo, dirigida por Carla Candiotto, que também é atriz. A peça é uma adaptação do romance de mesmo título, escrito por máikol Ende. Ela estreou no Teatro Alfredo Mesquita, na cidade de São Paulo, em 2022.

Essa adaptação fala, para crianças e adultos, sobre a importância do tempo para as pessoas e sobre como podemos aproveitá-lo. Momo (interpretada pela atriz Camila Couén) surge misteriosamente em uma cidade e passa a morar nas ruínas de um teatro abandonado. Veja a seguir a reprodução de duas cenas da peça.

Fotografia. Pessoas encenando uma peça teatral. Quatro homens de roupa escura. Vestem calça e camisa de manga comprida em tons de cinza. Sobre a camisa um colete preto com uma faixa prateada no centro. Usam chapéu preto. Estão em pé equilibrado em caixotes. Entre eles, no chão, uma moça de vestido floral e casaco vermelho. Ela segura uma haste de madeira que está encaixada em um caixote verde com rodinhas. Ao redor deles, caixotes empilhados.
Reprodução de cena da peça Momo e o Senhor do Tempo.

Nesse lugar, ela ensina o prazer de brincar, de ouvir as pessoas, de estar na companhia de amigos, de observar a natureza e, principalmente, mostra a importância do tempo, que nos permite fazer tudo isso.

Fotografia. Caixotes dispostos formando a silhueta de um barco. Dentro dele os homens de roupa cinza, sem o colete. No centro, sobre alguns caixotes empilhados, a moça de vestido floral. Está segurando uma bandeira. Todos estão boquiabertos.
Reprodução de cena da peça Momo e o Senhor do Tempo.

Oriente-se pelas questões a seguir e participe da discussão proposta pelo professor.

  1. Observe novamente a reprodução das duas cenas da peça Momo e o Senhor do Tempo. É possível notar que nelas há objetos do mesmo tipo sendo utilizados pelos atores. Que objetos são esses? Para você, o que eles poderiam representar em cada cena?
  2. O que você achou da escolha desses ­objetos para criar os ­cenários da peça?
  3. A caixa de madeira verde mostrada na primeira imagem ­representa uma das personagens: a tartaruga Cassiopeia. Na sua opinião, por que foi utilizada uma caixa para retratar essa personagem, e não um boneco mais parecido com uma tartaruga?
  4. Somente vendo a primeira imagem, é possível saber que a caixa verde r­epresenta uma tartaruga? E assistindo à peça, você acha que é possível perceber que a caixa retrata uma personagem? Por quê?
  5. Durante a apresentação de Momo e o Senhor do Tempo, os atores manipulam as caixas de madeira de diferentes maneiras para contar a história. Você acha que os espectadores da peça precisam utilizar a imaginação enquanto assistem a essa peça?
  6. Os cenários mostrados na reprodução das duas cenas poderiam ter sido formados com outros objetos em vez de caixas de madeira? Se sim, quais?
  7. Além das caixas, que outros elementos em cena podem ser observados nas imagens?
  8. Você já assistiu a uma peça teatral? Como era o cenário?
  9. Como você sabe, essa peça é uma adaptação do romance Momo e o Senhor do Tempo, de máikol Ende. Se você fosse adaptar um livro que já leu para o teatro, que livro seria?
  10. Como você imagina que é o processo de adaptar um ­romance ou um conto, por exemplo, para o teatro? O que acha que precisa ser feito?

Sabia?

Vários livros do escritor alemão máikol Ende foram adaptados para o teatro. Um dos mais conhecidos é A história sem fim, que já inspirou espetáculos de balé e ópera, séries de tê vê, filmes, animações e jogos eletrônicos.

Capa de livro. Na parte superior o nome do autor e o título. No centro a ilustração de uma longa criatura de pelo branco e olhos vermelhos voando entre as nuvens com um rapaz em suas costas. Abaixo mais informações.
Reprodução da capa do livro A história sem fim, de Michael Ende, Martins Fontes, 2022.

 Etapa 2 Criando um texto teatral

1. A escolha do conto que será adaptado

Com alguns colegas, você vai escrever um texto teatral a partir de um conto escolhido por vocês. Podem utilizar um dos contos lidos neste capítulo: “Pega ladrão, Papai Noel!”, de Marcos Rey, ou “Trem Fantasma”, de Moacyr Scliar.

Vocês podem também escolher outro conto de que gostem. É possível que, na biblioteca da escola ou em outra biblioteca da cidade, vocês encontrem contos que já conhecem ou descubram contos novos, que gostariam de adaptar para o teatro. Não deixem de visitar esses espaços.

Depois de selecionar algumas opções de conto, conversem e decidam qual deles será transformado em peça teatral.

2. O planejamento do texto teatral

Escolhido o conto, é hora de começar a planejar o texto teatral.

Leiam, individualmente, o conto que será adaptado pensando nas mudanças que precisarão ser feitas para que ele se torne um texto teatral.

Durante a leitura, observem e façam anotações sobre os aspectos a seguir.

1. Quais são os personagens do conto?

2. Como sua maneira de falar pode ajudar a caracterizá-los?

3. Que figurinos poderiam ser usados para caracterizá-los considerando idade, personalidade, situação em que estão envolvidos etcétera?

4. Em que cenários a história se passa? Qual é o principal?

5. Como pode ser representado cada um desses cenários?

6. Quando a história se passa?

7. É interessante que o cenário ou o figurino remetam a esse tempo ou a peça será adaptada para o presente?

8. Quais são os principais acontecimentos da história, aqueles que precisam estar no texto teatral?

9. Quais cenas podem ser criadas com base nesses acontecimentos?

10. Quais falas do conto devem aparecer no texto teatral?

11. Quais falas precisam ser criadas para que a história seja contada?

12. A peça terá uma cena única ou mais de uma, caracterizadas pela entrada e saída dos personagens?

Ilustração. Estudantes em uma biblioteca. À frente um menino lendo um livro. Ao fundo dois estudantes buscam livros nas estantes.

Dica de professor

A adaptação precisa preservar aspectos do texto original, porém não é uma cópia. O autor da adaptação pode usar a criatividade para transformar alguns elementos do texto original.

Em seguida, conversem sobre as observações anotadas ­durante a leitura do conto.

Não deixem de considerar o espaço da encenação e a duração da peça informados por seu professor.

3. A elaboração do texto teatral

Agora, vocês vão elaborar o texto teatral. Não se esqueçam das características desse gênero. Se for preciso, sigam o modelo de texto teatral estudado em Textos em conversa.

O texto precisa apresentar as seguintes informações:

1. Nome dos personagens antes de cada fala.

2. Falas que possam, junto com as ações, contar a história.

3. Rubricas que indiquem o lugar em que a cena ocorre, o ­momento do dia (se isso for relevante), a entrada de atores no palco, indicações de como apresentar determinadas falas etcétera

4. Se for o caso, a divisão das cenas, indicadas como “CENA 1”, “CENA 2” etcétera

Dica de professor

As rubricas trazem indicações relevantes para a compreensão da história, mas não detalha tudo o que vai acontecer no espetáculo teatral, que resulta de decisões do diretor e de sua equipe.

4. A produção da versão final

Ao finalizar, revisem o texto para verificar se está organizado de acôrdo com o gênero e se as falas e as rubricas são suficientes para contar a história, sem deixar lacunas.

Para ter uma opinião sobre o texto antes de iniciarem a próxima etapa, trabalhem com um grupo parceiro para troca de ­observações. Leiam o texto do outro grupo e ­escrevam, a lápis, possíveis comentários que possam contribuir para melhorar o texto dos colegas ou corrigir alguma falha.

Devolvam o texto e leiam os comentários. Avaliem o que foi dito e façam uma versão final de sua produção, já com os ajustes que acharem necessários.

Etapa 3 Encenando a peça teatral

Cada grupo vai encenar a peça teatral que escreveu.

1. A definição dos papéis

Conversem e definam quem vai representar cada personagem e quem ficará responsável pela direção, pelos figurinos, pelo cenário, pelo som e pela iluminação.

Caso a história tenha muitos personagens, uma mesma pessoa pode representar mais de um papel.

Ilustração. Menino fazendo sombras com o corpo. Ele está com uma das mãos acima da cabeça, os dedos separados e curvados. Atrás a sombra de uma criatura com dois olhos, dentes e um corpo. O corpo é resultado da sombra do braço.

2. O ensaio

Com as decisões tomadas, cada estudante deve se empenhar para realizar a função que lhe cabe, conforme as orientações a seguir.

1. Os atores devem decorar suas falas e ensaiar para representá-las com expressividade e desenvoltura.

2. Os responsáveis por figurino, cenário, som e iluminação devem planejar o uso desses recursos e providenciar os materiais, contando com a ajuda dos colegas.

3. O diretor deve observar o conjunto e garantir, com suas intervenções, que as ações individuais resultem em uma peça coerente e interessante.

Quanto mais vocês ensaiarem, mais seguros vão se sentir no momento de apresentar a peça para a turma.

É importante que alguns dos ensaios sejam realizados no espaço de apresentação, já com figurino, luz e som planejados.

3. A apresentação e a avaliação da peça teatral

No dia combinado, apresentem a peça para a turma e assistam às apresentações dos demais grupos com respeito.

Após as apresentações, em uma roda de conversa, contem para a turma o que acharam dessa atividade, de acôrdo com os seguintes aspectos:

  • como foi escrever um texto teatral e apresentá-lo;
  • o que foi mais difícil para vocês (escrever o texto ou realizar a apresentação);
  • os aspectos de que mais gostaram e aqueles de que não gostaram nas atividades;
  • o que fariam de diferente em uma próxima vez;

outras observações que julgarem pertinentes.

Ilustração. Estudantes em uma apresentação teatral. Uma menina está usando um chapéu azul de estrelinhas amarelas e um tecido azul sobre o corpo. Ao lado dela um menino segurando uma tampa grande como escudo e um desentupidor de pia. Perto deles um menino vestido de dinossauro. Outros estudantes assistem.

Biblioteca cultural em expansão

Veja algumas sugestões de livros e filme que podem ampliar seus conhecimentos sobre os temas estudados neste capítulo.

Contos reunidos, de Moa­cyr Scliar. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Por que devo ler esse livro?

Para conhecer outros contos do autor de “Trem Fantasma”. As relações entre pais e filhos, paixões e religião são alguns dos temas abordados nessa reunião de histórias marcadas pela fantasia e pelo inusitado.

A distância das coisas, de Flávio Carneiro. São Paulo: ésse eme, 2017.

Por que devo ler esse livro?

Para conhecer um adolescente em luto após a morte da mãe. Ele, porém, não acredita que ela realmente tenha morrido e decide investigar por conta própria. Nessa trama, o garoto vai ter de enfrentar as crises típicas da adolescência enquanto lida com a falta da mãe, suas hipóteses e com a incredulidade dos adultos.

Marley & Eu, roteiro de iscót frênk e Don Roos. Direção: deividi francól. Estados Unidos da América: Regency Enterpraises, 2008.

Por que devo assistir a esse filme?

Para conhecer uma comédia dramática que fala da amizade e da perda. O filme foi baseado em um livro de memórias de um jornalista.

Naquele ano, de cristiãn deividi. São Paulo: Paulinas, 2017.

Por que devo ler esse livro?

 Para conhecer três amigos de classes sociais distintas, mas inseparáveis. Um deles terá de acompanhar a família, que se muda, o que dá origem ao conflito da narrativa. Vale a pena ver como o texto de cristiãn deividi e as ilustrações de Rogério Borges contam essa história sobre amizade e perda.

Agora é sua vez de fazer uma recomendação. Escolha uma obra que se relacione com as sugeridas e prepare um comentário oral de, no máximo, 30 segundos para apresentá-la.

Glossário

VHS
: (vídeo rome sistem, em inglês, ou Sistema Doméstico de Vídeo, em português) é um tipo de mídia de gravação analógica em fitas de vídeo.
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Santa Claus
: nome do Papai Noel em inglês.
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Multinacional
: que opera em vários países.
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States
: fórma usada, em inglês, para fazer referência aos Estados Unidos da América.
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Vocacional
: relativa a um talento natural.
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“Jingle Bell”
: famosa canção de Natal estadunidense.
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Banca examinadora
: grupo de pessoas que avalia o desempenho de um estudante durante a apresentação do trabalho final de um curso.
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Olheiro
: pessoa paga para observar determinada atividade e reportar informações a quem a contratou.
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Surrupiando
: roubando.
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Encarnado
: de cor vermelha.
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Aduzindo
: trazendo.
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Fotogramas
: imagens de um filme.
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Milhas
: unidade de distância utilizada em países de língua inglesa. Equivale a 1.609 metros.
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Congonhas
: Aeroporto na cidade de São Paulo.
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Barão
: Referência à rua comercial ­Barão de Itapetininga, no centro da ­capital paulista.
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Minhocão
: Nome popular do Elevado Presidente João gulár, viaduto no centro de São Paulo.
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Leucemia
: tipo de câncer.
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Moinhos de Vento
: Bairro da cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.
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Minuano
: vento forte e frio que sopra no Rio Grande do Sul após as chuvas de inverno.
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Vestíbulo
: entrada principal da casa.
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