Capítulo 1 – O registro do eu no mundo

Neste capítulo, você conhecerá dois trechos de diários. Por meio da leitura de suas páginas, conhecerá diferentes experiências relatadas pelas pessoas que os escreveram.

Leitura 1 DIÁRIO 

Antes de ler o primeiro texto, responda:

  1. Você tem um diário? Já conheceu alguém que tenha?
  2. Você lerá trechos de diários escritos por meninas de 11 anos e 12 anos. O que espera ler?

A página de diário a seguir foi escrita por Maria Luísa E. Nela, a menina relata o primeiro dia de aula do ano.

Reprodução de página de diário.
Carta escrita a mão em uma folha de caderno decorada com flores e bonecos. Três de fevereiro de dois mil e vinte. Querido diário, Hoje foi um dia muiiito legal! Reencontrei minhas amigas e conheci novos professores. Eu estava muito ansiosa para saber a minha turma. Mas também com medinho. E se não caísse com ninguém? Ia ter de começar tudo de novo. Mas até que deu tudo certo. Como era o primeiro dia de aula, a professora deixou a gente brincar de batata-quente, mas era uma batata-quente diferente, com desafio. Em quem parasse, essa pessoa deveria aceitar ou não o desafio e ninguém sabia se era bom ou ruim. Foi muito engraçado! O estojo que estava sendo usado como 'batata' caiu pela janela da sala e a gente riu muito. Depois de recuperar o estojo, a minha amiga Mariana aceitou o desafio e ganhou um chocolate. Sortuda! Fiquei feliz por ela apesar de que eu queria ser 'desafiada'. E não era nada difícil: ela tinha que dizer, bem rápido, um trava-língua do 'o doce perguntou pro doce...'. Mais ou menos isso.
Respostas e comentários

1 e 2. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

CAPÍTULO 1

Leia sobre o percurso de aprendizagem proposto para este capítulo na parte específica deste ême pêponto

Leitura 1

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 4, 6, 8 e 9.

cê e éle : 1 e 3.

cê e éle pê : 2 e 3.

Habilidade: ê éfe seis sete éle pê três sete.

Orientações didáticas

Antes de iniciar o estudo do gênero, incentive os estudantes a compartilhar suas experiências com o diário e converse sobre as expectativas que criaram ao tomar conhecimento da informação de que leriam páginas de diário e que seriam de pré-adolescentes e adolescentes (meninas de 11 anos e 12 anos). Ao terminar cada leitura, retome essa conversa inicial para refletir sobre aquilo que coincide ou não com as expectativas dos estudantes, fazendo-os perceber os diferentes contextos de produção. É provável que a primeira página coincida com o que anteciparam, mas não a segunda, cujo contexto é uma guerra. Caso algum estudante mencione um diário relativo a conflitos, como O diário de én frênqui, valorize a informação e guarde-a para o momento de comparação com O diário de isláta, quando será possível destacar como é interessante ler obras diversas e construir uma “biblioteca cultural” (ler sobre este conceito neste ême pê), isto é, um acervo pessoal de referências culturais que vão contribuir para tornar mais precisas e/ou complexas as leituras posteriores. O professor francês jon marrí gulemô (2009, página 116) nos lembra de que toda leitura é um processo comparativo; daí a importância de o estudante ter um acervo extenso e variado.

Continuação de reprodução de página de diário.
Em casa, a rotina de sempre. Puxa vida, que chato, lição logo no primeiro dia! Ninguém merece! No tempinho que sobrou, joguei online com minhas amigas e ganhei quase todas as partidas, menos uma, que a Ana ganhou. Não foi bem um dia típico porque foi mais diversão do que trabalho. E, ainda mais, pra fechar a minha noite, comi pizza de pepperoni. Adoro! Bjs, Malu.
Reprodução de página do diário de Maria Luísa E.
Fotografia. Maria Luísa, moça sorridente, de pele branca. Tem olhos escuros e cabelo longo e ondulado. Veste uma roupa avermelhada.
Maria Luísa E. em foto de 2022.

DESVENDANDO O TEXTO

  1. A página de diário de Maria Luísa trata do primeiro dia de volta às aulas. Foi um dia comum? O que permitiu a você chegar a essa conclusão?
  2. A menina revela suas expectativas em relação ao que viveria no primeiro dia de aula.
    1. Transcreva o trecho em que ela as apresenta.
    2. O primeiro dia de aula frustrou as expectativas dela? Justifique sua resposta.

Dica de professor

Sempre que transcrever, isto é, copiar um trecho (parágrafo, frase, palavra etcétera), use aspas (reticências) no início e no final.

  1. Além de relatar fatos, o texto apresenta impressões e opiniões. ­Transcreva um trecho que comprove sua resposta.
  2. Além da escola, o relato se passa em outro ambiente: a casa de Maria Luísa.
    1. Os dois ambientes despertam reações semelhantes ou diferentes em Maria Luísa?
    2. O que possibilitou a você chegar a essa conclusão?

Fala aí!

Em geral, como são suas expectativas sobre o primeiro dia de aula? São parecidas com as de Maria Luísa?

5. Releia o seguinte trecho:

E se não caísse com ninguém? Ia ter de começar tudo de novo. Mas até que deu tudo certo.

A seguir há duas interpretações para a expressão até que deu tudo certo. Qual delas é válida? Copie-a no caderno.

  1. Maria Luísa sugere que tudo o que ela esperava de positivo deu certo no primeiro dia de aula.
  2. Maria Luísa sugere que, embora nem tudo tenha dado certo, ­predominaram os aspectos positivos no primeiro dia de aula.
Ilustração. Menina de perfil. Ela está de uniforme e carrega uma mochila nas costas. Tem o cabelo longo e o tênis roxo.
Respostas e comentários

1. Não. O retorno às aulas apresentou novidades, como os novos professores e a brincadeira com os colegas. Maria Luísa destaca logo no início que foi um dia muiiito legal, o que deixa claro não ser um dia de rotina, um dia comum.

2a. “Eu estava muito ansiosa pra saber a minha turma. Mas também com medinho.”

2b. Não. No relato, Maria Luísa destaca sua esperança de estar com alguns colegas conhecidos e isso se confirma. Para a menina, o dia na escola foi divertido, e ela não se mostra descontente.

3. Sugestão: “Puxa vida, que chato, lição logo no primeiro dia! Ninguém merece!”.

4a. Diferentes.

4b. Na escola, a menina vive novidades, mostra-se eufórica; em casa, “a rotina de sempre”.

5. Interpretação dois.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Desvendando o texto – Nas questões propostas nesta subseção, predominam a localização de informações explícitas e as inferências simples. Sugerimos que você recolha as atividades para analisar o nível de desenvolvimento dessas habilidades relativas à leitura e planejar intervenções pontuais ou gerais caso perceba dificuldades. As atividades do volume continuarão desenvolvendo essas habilidades, mas, ciente do grau de seu desenvolvimento, você poderá orientar melhor a realização das propostas, bem como fazer adaptações necessárias e correções mais focadas.

Questão 4 – A distinção entre fato e opinião é uma das habilidades relativas ao campo jornalístico/midiático (ê éfe seis sete éle pê zero quatro), mas também pode ser observada e estudada em textos de outros campos, como o gênero diário, em que se misturam os acontecimentos e as impressões sobre eles.

Fala aí! – Neste momento, os estudantes provavelmente vivenciam seus primeiros dias de aula no 6º ano. Essa pode ser uma boa oportunidade para ouvi-los sobre suas impressões e para determinar coletivamente alguns combinados sobre momentos em que debaterão com os outros colegas: pedir a palavra levantando a mão; ouvir os colegas com respeito (mesmo quando não se concorda com alguma opinião); considerar as falas dos colegas, contemplando-as nas suas; respeitar direitos humanos independentemente da posição que se tenha.

COMO FUNCIONA UM DIÁRIO?

Nesta seção, você responderá a perguntas que o ajudarão a ­refletir sobre as características do gênero textual diário.

1. Releia o início da página de diário escrita por Maria Luísa.

Querido diário,

Hoje foi um dia muiiito legal! Reencontrei minhas amigas e conheci os novos professores. Eu estava muito ansiosa pra saber a minha turma. Mas também com medinho. E se não caísse com ninguém? Ia ter de começar tudo de novo. Mas até que deu tudo certo.

  1. O relato apresentado é feito em primeira pessoa, que pode ser ­expressa pelas palavras eu e nós. Copie do trecho outras palavras que indicam que o relato é feito nessa pessoa.
  2. Na sua opinião, por que a primeira pessoa é muito usada em um relato como esse?
  1. O relato é feito, predominantemente, por meio de verbos que ­expressam a noção de passado.
    1. Transcreva uma frase que exemplifique essa informação.
    2. Explique por que os verbos que expressam passado costumam predominar em um diário.
  2. Observe a maneira como Maria Luísa estabelece uma interlocução, isto é, uma comunicação com o diário.
    1. Que expressão é usada para iniciar essa comunicação?
    2. E para encerrá-la?
    3. Considerando essas expressões, como você descreveria a relação de Maria Luísa com o diário?
    4. Por que algumas pessoas guardam seus diários escondidos ou trancados?

O vocativo é um chamamento. Nós o usamos em cartas, e-mails e bilhetes para indicar a quem nos dirigimos (Caro Roberto) e também nos diálogos (­Joana, você trouxe o livro?). A expressão Querido diário também é um vocativo.

4. Em sua opinião, por que algumas pessoas se dedicam a escrever diários?

Fala aí!

O diário conta a vida íntima de uma pessoa. O que pode fazer com que ele seja interessante não apenas para quem o escreve? Quando ele pode despertar o interesse do leitor em geral?

Da observação para a teoria

Os textos do gênero diário relatam fatos vividos pelo autor e apresentam reflexões, opiniões e sentimentos. Trata-se de uma comunicação íntima. As páginas são escritas diariamente ou há um pequeno intervalo de tempo entre elas. Não há uma estrutura fixa, mas, em geral, possuem data, vocativo e assinatura.

Respostas e comentários

1a. Sugestão: fórmas verbais: reencontrei, conheci, caísse; pronomes: minhas, minha.

1b. A primeira pessoa refere-se a quem fala/escreve, e esse relato traz uma experiên­cia pessoal.

2a. Sugestão: “Reencontrei minhas amigas e conheci os novos professores.”.

2b. No diário, em geral, relatam-se experiências que a pessoa viveu antes do momento da escrita.

3a. Querido diário.

3b. .

3c. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

3d. O diário é uma comunicação íntima, que registra opiniões e sentimentos que o produtor não deseja que se tornem públicos.

4. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Como funciona um diário? – Questão 3c – Espera-se que os estudantes percebam que há um tratamento carinhoso, como se o diário fosse um amigo, um confessor de Maria Luísa.

Questão 4 – Retome a resposta que os estudantes deram à questão de antecipação: se um ou mais estudantes mantêm diários, pergunte por que fazem isso. Caso mencionem diários produzidos por familiares, peça que conversem com as pessoas que os escrevem e perguntem seus motivos.

Fala aí! – Com essa pergunta, espera-se que os estudantes prestem atenção a fatores como identificação e curiosidade, que podem levar um diário a despertar o interesse do leitor comum. Vale a pena perguntar se eles se identificam em alguma medida com o relato de Maria Luísa ou, de modo mais geral, se o texto lhes despertou interesse.

Leitura 2 DIÁRIO PUBLICADO

Você vai conhecer, agora, um trecho do diário de outra menina: islata filipovitchi (pronuncia-se “filipovitch”). isláta tinha 11 anos quando seu país enfrentou uma guerra. O texto revela o confinamento da família em um apartamento durante o dia e no porão do vizinho à noite, a preocupação com as bombas lançadas sobre as casas, as dificuldades cotidianas e as reações da garota diante de um conflito político que ela não entende.

Segunda-feira, 28 de dezembro de 1992

Dearglossário ,

Quanta coisa eu fiz nestes últimos dias!

Hoje fiquei em casa. Tive minha primeira aula de piano. Que abraço apertado nós nos demos, Bílhana Tcháncovitche e eu. Desde março a gente não se via. Depois nos dedicamos a Czerny, Bach, Mozart e Chopinglossário um estudo, uma fuga, uma sonata e uma peçaglossário . Foi uma barra. Mas, como não vou mais à escola, vou poder me dedicar ao piano. Que bom! Você sabe, , na escola de música estou no quinto ano.

Estamos sem água – e quanto à eletricidade, a coisa vai mais ou menos.

Quando eu saio e não há tiros, fico com a sensação de que a guerra acabou, mas os córtes de água e eletricidade, o inverno, a falta de lenha e de comida me trazem para a realidade e percebo que a guerra continua por aqui. E por quê? Por que esses “moleques” não entram num acôrdo? Estão se divertindo à beça. A nossas custas.

Escrevo você sentada na mesa, dier mími. Estou vendo papai e mamãe. Os dois estão lendo. Quando eles levantam os olhos do livro, ficam pensando. Em que eles pensam? No livro que estão lendo? Ou será que tentam recolher os pedaços que a guerra espalhou? Sinto uma coisa esquisita vendo os dois assim. À luz da lamparina (como nossas velas acabaram, fabricamos lamparinas com óleo) eles me parecem cada vez mais tristes. ólho para papai. Como ele emagreceu! Perdeu vinte e cinco quilos pesados na balança, mas quando ólho tenho a impressão de que deve ter sido até mais. Dá a impressão de que os óculos ficaram grandes demais para seu rosto. Mamãe também emagreceu muito. Parece que ela murchou, a guerra cavou rugas em seu rosto. Meu Deus, o que esta guerra fez de meus pais!reticências Eles já não se parecem com meu pai e minha mãe. Será que tudo isso acaba um dia, será que nossos sofrimentos em breve vão chegar ao fim para que eles voltem a ser o que eram – pessoas alegres, sorridentes, elegantes?

Esta guerra estúpida destrói minha infância e estraga a vida de meus pais. Mas POR QUÊ? STOP THE WAR! PEACE! I NEED PEACE!glossário

Tudo bem, vou jogar uma partida de cartas com eles!

isláta, que ama você.

filipovitch, isláta. O diário de isláta: a vida de uma menina na guerra. Tradução Antonio de Macedo Soares e Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. página 112-113.

De quem é o texto?

Fotografia. Zlata Filipović, menina sorridente de pele branca, cabelo castanho, liso e curto na altura do pescoço. Tem as bochechas rosadas.
Foto de 1995.

islata filipovitchi (1980-) escreveu seu diário motivada pelo unicéfi, instituição internacional que protege a infância. Foi pedido às crianças que mantivessem registros de seu cotidiano e sentimentos durante o conflito. Pouco depois, o diário de isláta foi selecionado para publicação. Desde então, ela tem divulgado sua experiência pelo mundo e atuado em áreas ligadas à luta pela paz e pela tolerância.

Respostas e comentários

Leitura 2

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 6 e 8.

cê e éle : 1, 2 e 5.

cê e éle pê : 2, 5, 7, 8 e 9.

Habilidade:ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis sete éle pê zero quatro e ê éfe seis sete éle pê dois oito.

Orientações didáticas

Nossa opção por explorar um diário pessoal e um diário publicado está relacionada, entre outros fatores, ao objetivo de evidenciar para os estudantes exigências próprias das comunicações públicas, introduzindo ou recuperando a ideia de adequação de linguagem, que será explorada a seguir e é indicada pela cê e éle pê 5.

Os dados apresentados junto do fragmento de O diário de isláta para contextualização são suficientes, mas sugerimos que você mostre o capítulo ao professor de História para verificar se há possibilidade de uma abordagem interdisciplinar. Esse colega pode selecionar textos acessíveis acerca do conflito na ex-Iugoslávia para que os estudantes possam comparar o que é dito pela imprensa e/ou pelas autoridades àquilo que relata a adolescente isláta. Abordagens como essa contribuem para o desenvolvimento da quarta competência específica da Bê êne cê cê de História, que prevê a identificação de interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos sobre um mesmo contexto histórico. O professor de História poderia, se fosse possível, estar presente em uma aula conjunta e tratar do contexto histórico que emoldura o diário. Outra opção seria, na impossibilidade da aula conjunta (ideal), o professor de História tratar na aula dele do contexto ou, pelo menos, fornecer subsídios para você falar do conflito na ex-Iugoslávia com mais propriedade.

Biblioteca do professor

LEJEUNE, P. Diários de garotas francesas no século XIX: constituição e transgressão de um gênero literário. Cadernos Pagu, n. 8/9, p. 99-114. Disponível em: https://oeds.link/bj1oZy. Acesso em: 30 mar. 2022. Para conhecer mais sobre o gênero diário e as motivações de sua produção, sugerimos a você a leitura deste ensaio: SCHWARZ, R. Duas meninas: uma leitura comparada de Machado de Assis e Helena Morley. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Se desejar informações sobre a obra Minha vida de menina, leia esse livro do crítico Roberto Schwarz. Trata-se de um estudo comparativo desse diário com o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

1. Releia o início das páginas dos diários de Maria Luísa e isláta:

03/02/2020

Querido diário,

Segunda-feira, 28 de dezembro de 1992

dier mími,

.Por que as datas são importantes nesse gênero?
  1. Em seu texto, isláta conta como ela e a família viviam durante a guerra.
    1. No início do relato, por que a menina está feliz?
    2. No segundo parágrafo, a garota mostra que a guerra provocou uma importante alteração em sua rotina. O que aconteceu?
    3. Que privações materiais a família de isláta sofreu naquele período?
    4. isláta chama de moleques os líderes dos exércitos em conflito. Que opinião o uso dessa palavra revela? Por quê?
  2. Além de apresentar fatos e narrar ações, os diários apresentam ­sequências de textos com outras finalidades.
    1. isláta percebe que a guerra afetou seus pais. O que ela observa?
    2. No parágrafo em que a menina trata desse tema, predomina o relato de ações ou a reflexão?
    3. Além de expor um fato, o que mais a frase a seguir revela: “Como ele emagreceu!”?
    4. Ao referir-se à guerra como estúpida, isláta faz uma descrição objetiva ou apresenta um ponto de vista pessoal (subjetivo)? Justifique sua resposta.

Sabia?

A guerra na ex-Iugoslávia

Entre 1991 e 2001, a Iugoslávia, uma nação que hoje não existe mais, enfrentou uma guerra interna que resultou em milhares de mortos. Os combates ocorreram por conflitos entre grupos que viviam no território, principalmente sérvios, croatas, eslovênios e muçulmanos, desejosos de criar países independentes, nos quais assumiriam o govêrno.

saraiêvo (pronuncia-se “Saraiêvo”), cidade em que isláta morava, é a capital da Bósnia-Herzegovina, um dos países que integravam a antiga Iugoslávia.

  1. Quando isláta escreveu seu diário, não sabia se seria publicado.
    1. Para quem ela escrevia inicialmente?
    2. Após a publicação, quem passa a ser seu leitor?
    3. Em sua opinião, por que houve interesse em publicar esse diário?
    4. Levante uma hipótese: que alterações podem ter sido necessárias no texto para que ele pudesse ser publicado?

Da observação para a teoria

Em geral, o leitor de um diário é o próprio autor. Trata-se de um texto particular, íntimo, usado para registro pessoal, por isso a linguagem costuma ser mais descontraída, com palavras e frases simples, embora alguns autores tenham um estilo mais elaborado.

Quando publicados, os diários ganham leitores diversos, e sua linguagem e conteúdo podem sofrer alterações para se adequar a uma comunicação pública.

Respostas e comentários

1. Porque contextualizam os acontecimentos, relacionando-os à idade do autor, à época do ano etcétera

2a. isláta está feliz porque voltou a ter aulas de piano.

2b. isláta deixou de ir à escola.

2c. A família de isláta enfrentou córtes de água e eletricidade e falta de lenha e comida.

2d. O emprego de moleques revela uma opinião crítica, pois sugere que os líderes são irresponsáveis.

3a. isláta nota que os pais estão desatentos e tristes. Afirma que ambos emagreceram e que o rosto da mãe ganhou rugas.

3b. A reflexão.

3c. O sentimento de pena, de dor da menina.

3d. Apresenta um ponto de vista pessoal, pois expressa uma opinião.

4a. isláta escrevia para ela mesma.

4b. Todas as pessoas que leem a obra.

4c e 4d. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Refletindo sobre o texto – Sugerimos que as questões 1 a 3 sejam respondidas individualmente, no caderno. Aproveite a correção da questão 2 para observar como os estudantes respondem a questões de localização de informação explícita (itens a a c) e como se saem no reconhecimento de efeitos de sentido (item d).

Questão 2b – Comente com os estudantes que a escola de isláta foi fechada quando a cidade começou a ser bombardeada, reabrindo quase um ano depois.

Questão 3d – Reforce o significado dos termos objetividade e subjetividade. O primeiro refere-se ao que se observa e é livre da interferência de sentimentos, tendências e opiniões. O segundo remete àquilo que está relacionado ao sujeito, seu íntimo e suas particularidades.

Questão 4c – Espera-se que os estudantes reconheçam que, ao tratar de um período de guerra, o diário tornou-se um documento histórico.

Questão 4d – Levante os aspectos indicados pelos estudantes. É importante que eles notem que o diário é produzido em um contexto mais íntimo e, por isso, de maior liberdade. No caso de uma divulgação pública, podem ser necessárias adequações na ortografia, na pontuação e em outros aspectos gramaticais. Também podem ser desejáveis alterações para evitar repetições de termos ou buscar palavras mais precisas. É possível, ainda, que algumas informações tenham de ser completadas, pois o leitor não conhece todas as referências do escritor.

Da observação para a teoria – Pergunte aos estudantes se eles gostaram de conhecer O diário de isláta e se já tiveram alguma expe­riência na leitura desse gênero textual. Abra espaço para opiniões divergentes. Parte da turma pode não ter sido tocada pela história, considerando-a uma leitura difícil ou pouco interessante, enquanto outra parte pode ter visto ali a possibilidade de conhecer uma realidade diferente. Caso alguém tenha mencionado antes o popular O diário de én frênqui, peça que fale da obra e de sua experiência de leitura.

Desafio da linguagem

Em outras páginas do diário, isláta relata como é difícil, no contexto do conflito, cuidar de seu bichinho de estimação, o canário cico. Redija um parágrafo sobre isso, imaginando-o como parte do texto da menina.

  • Reflita sobre o tipo de problema que poderia acontecer com a ave.
  • Identifique o melhor ponto do texto para incluir seu parágrafo, ­tomando cuidado para não interromper a exposição de uma ideia.
  • Como você está dando continuidade ao texto, mantenha-se coerente com suas características: use a primeira pessoa e procure misturar fatos, impressões e opiniões, como faz isláta.
  • Releia o parágrafo para checar eventuais problemas de coerência.

Investigue

é o nome que isláta dá ao diário. Esse era o nome de um peixinho dourado que havia morrido. A ideia foi inspirada em én frênqui, outra menina que escreveu um diário, o qual era chamado kiti. No Brasil, uma menina que ficou conhecida por seu diário foi Alice dáirel Caldeira brânti, que usou o pseudônimo Helena Morley para publicar ­Minha vida de menina.

Faça uma pesquisa e responda: em que contextos én frênqui e Alice dáirel escreveram seus diários?

Capa de livro. Na parte superior o título: O DIÁRIO DE ZLATA. A VIDADE UMA MENINA NA GUERRA. Abaixo a foto rasgada de uma menina sorrindo para um soldado de capacete. Abaixo as informações: ZLATA FILIPOVIC e o logotipo da editora.
Reprodução da capa da publicação O diário de isláta. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
Capa de livro. Na parte superior a foto em preto e branco de uma menina sorridente de cabelo escuro comprido. Ela está com a cabeça inclinada de lado. No centro, sobre uma faixa preta, o título, O DIÁRIO DE ANNE FRANK. Abaixo uma foto azulada de várias casas altas, com as paredes juntas.
Reprodução da capa da publicação O diário de én frênqui. São Paulo: Record, 2003.
Capa de livro. Dividida em três faixas horizontais, cada uma com uma cor. A faixa de cima é amarela. Sobre ela o nome da autora, HELENA MORLEY. A faixa central é laranja. Sobre ela o título: MINHA VIDA DE MENINA. A última faixa tem tons de verde. Nela a ilustração de uma moça de saia, deitada de bruços na grama. Ela está escrevendo. Abaixo dela o nome da editora.
Reprodução da capa da publicação Minha vida de menina. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Sabia?

Nem todos os diá­rios retratam fatos reais. Alguns escritores reproduzem a estrutura desse gênero, mas inventam o conteúdo. Nesse caso, tanto a história de vida quanto o personagem que a conta em fórma de diário são inventados. Trata-se de diários ficcionais.

Respostas e comentários

Investigue. A adolescente én frênqui registrou a Segunda Guerra Mundial e a perseguição imposta a ela e a outros judeus pelos nazistas. én morreu em um campo de concentração, e seu pai, posteriormente, publicou o diário dela. A brasileira Alice dáirel Caldeira brânti, já adulta, revisitou seu diário de adolescente e fez pequenas alterações para publicá-lo com o título Minha vida de menina. A obra mergulha na subjetividade da adolescente e no cotidiano da cidade mineira de Diamantina no final do século dezenove.

Orientações didáticas

Desafio da linguagem – Selecione alguns parágrafos dos estudantes para comentar exemplos bem-sucedidos no estabelecimento da coerência com o contexto de guerra, com o texto original e estabelecimento da coerência interna (articulação entre parágrafos). Explique-lhes, por fim, que, em O diário de isláta, os problemas são o frio e a falta de comida para pássaros, o que obriga a família a pedir ajuda aos amigos, já que cico não consegue comer nenhuma outra coisa. O canário morre ainda durante a guerra.

Caso haja dificuldades, selecione outro relato e repita a atividade. É possível, por exemplo, aproveitar o texto disponível na seção Textos em conversa.

Investigue – Pergunte aos estudantes se eles têm uma hipótese acerca do maior número de diários escritos por meninas. Depois, conte-lhes que a escrita de diários, realizada principalmente pelas jovens das classes sociais mais privilegiadas, no século dezenove, era sugerida para as meninas porque elas não tinham a expectativa de atuar profissionalmente; apenas se preparavam para ser esposas e mães. Os diários eram vistos como fórma de examinar a consciência e de praticar a escrita, e, muitas vezes, o texto era lido e corrigido pelas professoras particulares. Explique também que, atualmente, muitos blóguis e postagens em redes sociais cumprem uma função semelhante à dos diários e sua produção é feita por homens e por mulheres indistintamente.

Para encerrar essa etapa, oriente uma pesquisa na internet: os estudantes devem entrar em sáites de bibliotecas, editoras e de livrarias para encontrar diários reais ou ficcionais, adequados à sua faixa etária. Após ler as sinopses ou resenhas, em atividade individual escrita, eles devem indicar um diário que gostariam de ler e justificar sua opinião. Essa atividade dialoga com a cê e éle pê  8, que trata da seleção de obras de acôrdo com interesses pessoais. No final, verifique se existe, na biblioteca, um ou mais diários disponíveis; em caso afirmativo, leve-os para a sala de aula e sugira a leitura deles. Verifique a possibilidade de a escola adquirir uma ou duas obras desse gênero.

Se eu quiser aprender MAIS

Divisão do texto em parágrafos

Mesmo quando são escritos apenas para a leitura do próprio produtor do texto, ou seja, quando não têm a finalidade de serem publicados, os relatos contidos nos diários são organizados em parágrafos, porque, em geral, estes são as unidades de composição dos textos escritos.

Como você sabe, frequentemente os parágrafos são identificados por um ­pequeno afastamento da margem esquerda na primeira linha. Nos textos das publicações digitais, no lugar desse afastamento, essa identificação pode ser feita por meio de uma entrelinha maior entre os parágrafos.

Não há uma quantidade de linhas determinada; o importante é que cada parágrafo tenha uma ideia ou um tema central, que pode ser acompanhado por ideias complementares. Quando uma nova ideia central é introduzida no texto, deve-se formar um novo parágrafo.

1. Observe como foi organizado um trecho de reportagem sobre islata filipovitchi e responda às questões.

Na época em que seu diário ajudou a dar publicidade aos horrores do conflito étnicoglossário  em seu país, isláta foi chamada de én frênqui bósnia, em alusão à menina judia morta em um campo de concentração nazista aos 15 anos de idade. O título, no entanto, nunca a agradou. “Sou um pouco supersticiosa e ser comparada a alguém que teve um final tão triste me deixava preocupada com a possibilidade de ter a minha vida terminada de maneira tão trágica também”, conta. “Além disso, infelizmente depois surgiram em mais lugares como Afeganistão, Iraque e Síria.”

Apesar de ter vivido 18 de seus 32 anos na Irlanda, isláta conta que Dublin não é sua casa como considera saraiêvo. A capital bósnia continua sendo o lugar ao qual pertence e destino para onde vai sempre que pode, apesar das sequelas deixadas pelo conflito .

GOMBATA, Marcilea. A não ficção de islata filipovitchi. Carta Capital. Cultura, São Paulo, 5 setembro 2013. Disponível em: https://oeds.link/5LhJaS. Acesso em: 14 março 2022.

  1. Qual é a ideia central do primeiro parágrafo?
  2. Qual é a ideia complementar?
  3. Em torno de qual ideia central se organiza o segundo parágrafo?
  4. Como essa ideia é complementada?
  5. Está adequada a divisão do trecho em dois parágrafos? Justifique sua resposta.
Respostas e comentários

1a. A comparação entre isláta e én frênqui.

1b. A explicação de isláta sobre o motivo pelo qual não lhe agrada a comparação com a menina judia.

1c. Em torno da ideia de que isláta considera saraiêvo sua casa, e não dãblin, onde viveu durante dezoito anos.

1d. Com a explicação de que isláta visita sua cidade sempre que pode, apesar de o conflito ter deixado problemas.

1e. Sim. O trecho apresenta duas ideias centrais diferentes: a comparação entre ­isláta e én frênqui e a relação de isláta com sua cidade. Portanto, é correto que esteja dividido em dois parágrafos.

Se eu quiser aprender mais

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 6.

cê e éle : 2.

cê e éle pê : 2 e 3.

Habilidade: ê éfe seis sete éle pê dois cinco.

Orientações didáticas

As atividades da seção destacam a organização do texto em parágrafos correspondentes a unidades de sentido. Trata-se de revisão de um objeto de conhecimento muito enfatizado entre o 3º e o 5º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. Verifique se esse conhecimento está consolidado e, caso note dificuldades, explore-o em novas atividades destinadas a toda a turma ou a estudantes específicos.

2. Na página de diário reproduzida no início deste capítulo, Maria Luísa dividiu seu texto em parágrafos.

a) Quantos são os parágrafos?

b) Atribua um título a cada parágrafo, formado por uma palavra ou expressão que informe o conteúdo principal.

É lógico!

Para dar um título ao parágrafo, você precisa reconhecer a informação mais importante e dispensar as demais. Essa habilidade é chamada abstração e faz parte do pensamento computacional.

c) Se você fosse segmentar (dividir) esse texto, repetiria ou alte­raria a organização feita por Maria Luísa? Por quê?

3. O trecho a seguir foi extraído de uma reportagem e reproduzido em um bloco único. Copie-o no caderno, segmentando-o em cinco parágrafos, os quais foram unidos para fins didáticos.

Estatuto da Criança e do Adolescente completa 30 anos

No dia 13 de julho, o Estatuto da Criança e do Adolescente (éca) completa 30 anos. O éca é um compromisso dos adultos de proteger as crianças (até 11 anos) e adolescentes (de 12 a 18 anos) usando um conjunto de normas. Antes do estatuto, existiam ­poucas leis especificamente sobre crianças e adolescentes. Em 1989, a Organização das Nações Unidas fez uma reunião com 196 países para discutir o assunto e pensar em fórmas de garantir uma infância e adolescência saudável e feliz. Essas ideias discutidas na ônu influenciaram a criação do éca, em 1990. O éca garante, por exemplo, que crianças sejam atendidas primeiro em postos de saúde e hospitais. Em caso de acidente de trânsito, elas devem ser as primeiras resgatadas e socorridas. Até os direitos de brincar, ter opinião e estudar estão assegurados pelo estatuto. Assim como o direito de descansar e a proibição do trabalho infantil. Tudo de que um jovem precisa para crescer com dignidade está incluso no texto. A responsabilidade de assegurar que o éca seja cumprido é de todos os ­adultos — seja no govêrno, na sociedade ou dentro da família. reticências

ESTATUTO da Criança e do Adolescente completa 30 anos. Jornal Joca, São Paulo, 13 julho 2020. Disponível em: https://oeds.link/FWOIWR. Acesso em: 14 março 2022.

Ilustração. Duas crianças de uniforme segurando um cartaz. À esquerda uma menina de cabelo Black Power e à direita um menino cadeirante. No cartaz está escrito ESTATUTO.
Respostas e comentários

2a. Seis.

2b. Sugestão: 1. De volta à escola; 2. Brincadeira de batata-quente; 3. Gosto por desafios; 4. Rotina em casa. 5. Jogo on láine; 6. Conclusão sobre o dia.

2c. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

3. 

Estatuto da Criança e do Adolescente completa 30 anos

1º parágrafo - No dia 13 de julho, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 30 anos. O ECA é um compromisso dos adultos de proteger as crianças (até 11 anos) e adolescentes (de 12 a 18 anos) usando um conjunto de normas.

2º parágrafo -  Antes do estatuto, existiam poucas leis especificamente sobre crianças e adolescentes. Em 1989, a Organização das Nações Unidas fez uma reunião com 196 países para discutir o assunto e pensar em formas de garantir uma infância e adolescência saudável e feliz. Essas ideias discutidas na ONU influenciaram a criação do ECA, em 1990.

3º parágrafo - O ECA garante, por exemplo, que crianças sejam atendidas primeiro em postos de saúde e hospitais. Em caso de acidente de trânsito, elas devem ser as primeiras resgatadas e socorridas.

4º parágrafo - Até os direitos de brincar, ter opinião e estudar estão assegurados pelo estatuto. Assim como o direito de descansar e a proibição do trabalho infantil. Tudo de que um jovem precisa para crescer com dignidade está incluso no texto.

5º parágrafo - A responsabilidade de assegurar que o ECA seja cumprido é de todos os adultos — seja no governo, na sociedade ou dentro da família. [...]

Orientações didáticas

Questão 2c – Mostre que Maria Luísa definiu critérios para agrupar determinadas frases e separá-las de outras, como sugerem os títulos dados. Entretanto, não há uma fórma única de organizar o texto; os estudantes poderiam, por exemplo, dividir o primeiro parágrafo em dois, colocando o reencontro com a escola em um e a expectativa por esse momento em outro; ou, ainda, unir o quarto e o quinto, já que ambos relatam atividades feitas em casa.

É lógico! – Ao longo do volume, o estudante encontrará boxes como este. Eles tornam consciente o fato de que várias das ações realizadas para resolver atividades envolvem habilidades ligadas ao chamado pensamento computacional (no ême pê geral este tópico está desenvolvido em detalhes). O objetivo é que ele vá percebendo, aos poucos, que pode criar padrões para resolver tarefas, o que facilita suas respostas e permite avanços. Se a escola contar com um professor de Pensamento computacional e/ou de Programação, procure organizar com ele algumas aulas conjuntas. O importante é o aluno perceber que o pensamento computacional não está necessariamente ligado a um computador, mas que um especialista pode transformar essa estrutura de pensamento em oportunidades de programação.

Questão 3 – Os cinco parágrafos do texto estão delimitados com um asterisco (*). Se preferir evitar a cópia integral do texto, peça aos estudantes que escrevam apenas o início da primeira frase de cada um. Ajude-os a perceber que a divisão dos parágrafos foi realizada levando-se em conta o assunto apresentado em cada um: o primeiro parágrafo explica brevemente o que é o estatuto; o segundo menciona algumas datas, situando o documento historicamente; o terceiro e o quarto dão exemplos dos direitos assegurados pelo éca; e o quinto lista os responsáveis pelo cumprimento do estatuto. Mostre também que outro critério para a divisão em parágrafos é o fato de que algumas frases se relacionam diretamente às anteriores, não devendo ser isoladas. É o caso da terceira frase do segundo parágrafo, que retoma as discussões mencionadas na frase anterior.

Esse importante documento, o éca, será explorado no volume do 8º ano, no estudo do gênero estatuto. Não obstante, dada sua relevância, assegure-se de que a turma entendeu o que ele é e a importância que tem. Pergunte também a quem se destina a reportagem, ou seja, qual é o leitor previsto, para verificar se os estudantes compreenderam que a informação dada se destina a eles, beneficiários diretos do éca. A fim de ampliar a familiaridade da turma com o estatuto, realizando uma atividade breve, organize os estudantes em quartetos e oriente-os a criar mais um parágrafo para a reportagem, com a abordagem de dois direitos previstos no estatuto que consideram fundamentais. Uma das fontes confiáveis que podem ser consultadas por eles é éca em tirinhas para crianças, produzido pela Câmara dos Deputados, que está disponível em: https://oeds.link/I0MGTL. Acesso em: 14 março 2022.

Textos em CONVERSA

Leia agora a transcrição do relato do médico Jayme para o Museu da Pessoa, em São Paulo (São Paulo).

Esse museu virtual (o acervo não está exposto em uma casa; existe apenas na internet) colhe e mantém relatos feitos por pessoas diversas a respeito de suas experiências de vida. Observe como o texto conversa com O diário de isláta.

Eu ia pro Mackenzieglossário , né? Então eu tinha que sair cedo, porque começava meio-dia, meio-dia e pouco, saía de casa onze horas, então tinha que almoçar um pouquinho antes das onze. E como é que eu sabia que era hora do almoço? O Ipirangaglossário era um bairro fabril. Tinha muitas fábricas e tocava a sirene. Quando tocava a sirene, era hora de almoçar, então me lembro um dia, eu estava brincando no quintal, tinha um quintal lá, e tocou a sirene. Eu disse: “Ué! Tá muito cedo. Será que eu me enganei?”. Então, eu disse pra minha mãe: “Tá na hora?”. Ela também ficou espantada. Aí olhamos o relógio, e era cedo. Era dez horas, talvez um pouco depois das dez. Era cedo. “Será que tá certo o relógio?”. O único relógio da casa, né? “Então, eu vou no Bar Azul”, que era um barreticências tem até hoje lá, era só atravessar a rua, tinha um bar azul na esquina, que lá tinha um outro relógio. Quando eu atravessei a rua, e estava me aproximando do Bar Azul, eu ouvi tocar no rádio do Bar Azul, tava tocando o Hino Nacional. Me bateu, acabou a guerra! Realmente, era aquele dia oito de maio, né?, de 1945, em que terminou a Segunda Grande Guerra.

A fôrça Expedicionária Brasileira voltou, e fez um desfile no Anhangabaúglossário , e meu pai me levou pra ver, né? E depois, aí erareticências olhareticências uma festa. A guerra terminou. Toda aquela desgraça, né? Então, realmente, assim, foi inesquecível, né?

Ilustração. Criança de costas. Tem o cabelo preto e cacheado. Veste bermuda, suspensório e camiseta de listras. As meias são listradas. Em uma das mãos segura a corda de um caminhão de brinquedo. Ao fundo, uma fábrica de telhado triangular, com duas grandes chaminés. Delas sai muita fumaça escura.

MUSEU DA PESSOA. Gente simples, mas sonhava isso: História de Jayme murarovitch. São Paulo, 2 novembro 2014. Disponível em: https://oeds.link/lavSqc. Acesso em: 14 março 2022.

  1. Com base no relato, identifique e descreva o local em que morava o falante.
  2. É possível deduzir sua idade no momento em que ocorreu o fato relatado? Explique sua resposta.
  3. Que importante fato histórico ocorreu na data escolhida para o relato?
  4. Uma ação que fugia da rotina levou Jayme a perceber que estava acontecendo algo diferente naquele dia. Que ação foi essa?
  5. Foi preciso que alguém explicasse a Jayme o que estava acontecendo? Justifique.
Respostas e comentários

1. Ele morava no Ipiranga, um bairro fabril da cidade de São Paulo. Sua casa tinha quintal e ficava perto do Bar Azul.

2. Na época, o falante era uma criança, porque relatou que estava brincando no quintal quando ouviu o som das sirenes.

3. O final da Segunda Guerra Mundial.

4. As sirenes das fábricas começaram a tocar mais cedo, antes da hora do almoço.

5. Não. Jayme, já alertado pelas sirenes, concluiu, ao ouvir o Hino Nacional, que a guerra tinha terminado.

Textos em conversa

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1 e 4.

cê e éle : 1 e 3.

cê e éle pê : 1, 3 e 7.

Orientações didáticas

No Capítulo 2, iniciaremos a discussão sobre língua falada e língua escrita e passaremos a incluir marcas de oralidade nas transcrições. Como este é o capítulo inicial, optamos por não inserir algumas delas (como pausas ou omissão de sílabas) no relato do médico, pois poderiam confundir os estudantes.

Sugerimos que, se possível, a ­turma assista ao vídeo do depoimento e responda às questões oral e cole­tivamente, sem o apôio da trans­crição. Para isso:

1. Exiba o vídeo duas vezes;

2. Pergunte aos estudantes se eles têm dúvidas;

3. Inicie a verificação da compreensão e o debate da última pergunta.

Caso não seja possível assistir ao vídeo, faça a leitura do texto, em voz alta, sem oferecer aos estudantes o apôio do texto escrito. Não é preciso que tomem nota durante a apresentação do texto. Eles ­devem exercitar a escuta atenta.

  1. Que expressão usada pelo falante revela a maneira como ele interpretava os acontecimentos que antecederam aquele dia?
  2. Que acontecimentos, ocorridos após o fato, ficaram na memória do falante?
  3. Aponte semelhanças e diferenças de conteúdo entre os relatos do médico e de isláta.
  4. Para estudar fatos antigos, costumamos recorrer a livros de História, ­enciclopédias, reportagens etcétera Você acha que o diário de isláta e o relato de Jayme são documentos confiáveis para estudarmos os fatos históricos abordados? Por quê?

Sabia?

O Brasil na Segunda Guerra Mundial

A guerra durou seis anos, de 1939 a 1945, e foi travada por dois blocos: de um lado, Alemanha, Itália e Japão formaram o Eixo; de outro, França, Grã-Bretanha, Estados Unidos, União Soviética e China eram os Aliados. O conflito produziu milhões de mortes, incluindo as causadas pela perseguição dos nazistas aos judeus e pelo uso da bomba atômica no Japão. Os Aliados saíram vencedores.

O Brasil manteve-se neutro até 1942. Em 1944, a fôrça Expedicionária ­Brasileira (féb), formada por 25 mil soldados, chegou à Itália para ajudar os Aliados. Algumas bases navais e aéreas do Nordeste brasileiro também foram usadas durante a guerra.

Estilo padrão;Fotografia em preto e branco. Soldados em filas marchando. Usam uniforme e quepe. Ao fundo, grandes construções.
Soldados da fôrça Expedicionária Brasileira marcham em direção ao porto de Nápoles, na Itália, em julho de 1944. Ao fundo, vê-se o Castello Nuovo.
Respostas e comentários

6. Aquela desgraça toda.

7. O retorno da Força Expedicionária Brasileira e seu desfile no Anhangabaú.

8. Os dois relatos mostram a visão de crianças a respeito de fatos históricos muito relevantes, ambos conflitos armados. Zlata, porém, aborda uma guerra que atingia diretamente sua família, portanto era motivo de desespero, enquanto Jayme fala de uma guerra travada longe de sua casa, já em seu final, por isso o tom é mais leve.

9. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Questão 9 – Escute a opinião dos estudantes e ajude-os a perceber que os dois relatos revelam pontos de vista pessoais, mais relacionados às emoções sentidas e menos precisos e completos em relação aos fatos. Ainda assim são textos úteis para complementar fontes históricas, pois oferecem uma visão de como as pessoas comuns viveram os acontecimentos. O termo fonte (de pesquisa) será introduzido no Capítulo 3.

Falando sobre a NOSSA LÍNGUA

Como nos comunicamos?

Como você viu, os diários de Maria Luísa e isláta envolvem situações comunicativas diferentes: o primeiro é um texto íntimo, que a menina fez pensando nela mesma como leitora; o segundo também foi pensado assim a princípio, mas depois foi reorganizado para ser publicado e lido por muitas pessoas.

Nas próximas seções, você estudará a maneira como interagimos uns com os outros.

COMEÇANDO A INVESTIGAÇÃO

Vamos reler o final da página do diário de isláta.

Esta guerra estúpida destrói minha infância e estraga a vida de meus pais. Mas POR QUÊ? STOP THE WAR! PEACE! I NEED PEACE!

Tudo bem, vou jogar uma partida de cartas com eles!

isláta, que ama você.

1. Há um trecho em que as palavras estão escritas só com letras ­maiúsculas. Considerando o contexto, por que estão grafadas assim?

Versão adaptada acessível

Atividade 1.

O trecho “POR QUÊ? STOP THE WAR! PEACE! I NEED PEACE!” está escrito só com letras maiúsculas. Considerando o contexto, por que estão grafadas assim?

  1. O texto que você leu foi publicado em livro, usando letra de imprensa. A primeira versão dele, no entanto, foi manuscrita. Que recursos a menina ­poderia ter usado, nessa versão, para obter o mesmo efeito das palavras ­escritas com letras maiúsculas?
  2. Após esse trecho, a menina usa a expressão tudo bem e comenta que vai ­jogar cartas com os pais. Essa decisão parece incoerente, se considerarmos o que expressou no parágrafo anterior? Explique sua resposta.

4. Se o trecho “que ama você” fosse substituído pelo desenho

Ilustração. Um pequeno coração vermelho.
 , seu sentido seria preservado? Explique.

Nas questões anteriores, você explorou recursos usados por isláta para relatar fatos e expressar sentimentos e opiniões. Como pôde observar, ela não se valeu apenas de palavras; a maneira como as registrou também construiu o sentido do texto. E ela poderia, ainda, ter empregado outros recursos para isso.

Ilustração. Menina sentada à mesa escrevendo em um caderno. Ela usa maria Chiquinha. Sobre a mesa um abajur, borracha e uma chave no chaveiro de boneca.
Respostas e comentários

1. Elas expressam a indignação de isláta com a guerra: ela não consegue entender o que motiva a guerra, tamanho o estrago que ela causa; também clama enfaticamente pelo fim da guerra e pela paz.

2. Sugestão: Além de usar o mesmo recurso, ela poderia ter grifado as palavras, reforçado a cor das letras, usado uma cor diferente da que usou nas outras partes do texto.

3. Não. A menina havia falado da preocupação com os pais e decidir jogar cartas com eles é uma fórma de aproximação e de estabelecer alguma normalidade nas relações.

4. Sim. Nesse caso, expressaria o amor de isláta pelo interlocutor, o diário.

Falando sobre a nossa língua

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4, 6 e 7.

cê e éle : 1, 2, 3, 4 e 5.

cê e éle pê : 1, 3, 6, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis sete éle pê zero sete, ê éfe seis sete éle pê zero oito, ê éfe seis sete éle pê três oito e ê éfe seis nove éle pê um sete.

Tópicos trabalhados na parte de linguagem deste capítulo

  • Comunicação, interação, linguagem e língua.
  • Linguagem verbal e linguagem não verbal.

Orientações didáticas

No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a abordagem das práticas linguísticas considera o processo interativo ocorrendo em dado contexto social. A primeira habilidade citada no ciclo (ê éfe um cinco éle pê zero um) é “identificar a função social de textos que circulam em campos da vida social dos quais [o estudante] participa cotidianamente (a casa, a rua, a comunidade, a escola) e nas mídias impressa, de massa e digital, reconhecendo para que foram produzidos, onde circulam, quem os produziu e a quem se destinam” (Bê êne cê cê, página 95). A partir disso, são definidas as práticas relativas à abordagem dos vários gêneros propostos.

A primeira seção Falando sobre a nossa língua do 6º ano procura ressignificar e aprofundar essa aprendizagem – no caminho da progressão de aprendizagens – com a ampliação da dimensão analítica. Coloca-se como um ponto de partida para os estudos de todos os eixos – Leitura/­Escuta – Produção de texto, Oralidade e Análise linguística/semiótica – a serem desenvolvidos neste e nos próximos anos, ao mesmo tempo que espera, por meio deles, ganhar mais precisão e abrangência.

Para entender como a coleção aborda a análise linguística/ semiótica, leia a introdução do ême pê na parte geral.

Para continuar refletindo sobre esses recursos, observe, agora, a reprodução das páginas que abrem um capítulo do livro Sinceramente Maisa: histórias de uma garota nada convencional e responda às questões.

Reprodução de duas páginas de um livro. Na primeira página, a fotografia de Maisa, adolescente de cabelo longo, liso e castanho. Ela veste camiseta preta e saia rosa. Está sorrindo e olha para a câmera. As mãos apontam para o título da página ao lado. A foto está sobreposta em um fundo rosa mais escuro com um retângulo de linhas brancas. 1. Estas linhas sugerem uma moldura, mas a foto de Maisa não está dentro dela. Como é criada a impressão de que a foto está 'à frente' da moldura? Que efeito isso provoca? 2. Maisa também se comunica com o corpo. O que sua expressão facial expressa? E suas mãos? A segunda página tem um título com letras grandes em rosa e roxo na parte superior: 'ISTO NÃO É UMA BIOGRAFIA, KIRIDINHA!'. Abaixo, há a palavra Boooo! em preto e negrito, dentro de um balão de fala. Logo após, vem um texto em letras pretas sobre fundo branco: O título começa assustando, né? Antes de mais nada, este livro não é uma biografia. Não mesmo! Ai, desculpa se estou te desapontando. Miiiil perdões se te decepcionei, mas, definitivamente, não se trata disso. E vou te contar o porquê! No momento em que estou aqui escrevendo e pensando, com Pipoca esquentando meus pés, eu tenho quatorze anos. Hã? Ah, Pipoca? Não estou com meus pés cobertos de pipoca. Pipoca é o nome do meu cachorro-gato. 3. A quem Maisa se dirige, ou seja, quem é seu interlocutor? Como você chegou a essa conclusão? 4. Descreva o uso das cores na composição dessas páginas. 5. Em que situações é usada a palavra que aparece dentro do balão? Que efeito a presença do balão causa no texto? 6. Maisa dirige-se ao interlocutor como se estivesse conversando com ele. Identifique alguns recursos usados por ela, nos parágrafos, para sugerir que está falando.

SILVA, Maisa. Sinceramente Maisa: histórias de uma garota nada convencional. São Paulo: Gutenberg, 2016. página 24-25.

Nas páginas reproduzidas, há um ato de comunicação, que se dá pela interação entre os interlocutores, ou seja, entre quem fala (Maisa) e com quem ela fala (a leitora, a quem se refere como kiridinha). O mesmo ocorre no diário de isláta: ela imagina o diário como um interlocutor, um amigo querido a quem conta o que está se passando.

Respostas e comentários

1. Parte dos cabelos, um dos dedos e o quadril de Maisa estão sobrepostos ao fio branco, cobrindo-o, o que dá a impressão de que a imagem dela está “à frente”. Esse recurso faz a imagem da artista parecer mais perto do leitor, sugerindo proximidade entre ambos.

2. O olhar de Maisa estabelece contato direto com o interlocutor, o sorriso expressa cordialidade, simpatia e descontração, reforçando a impressão de proximidade. As mãos de Maisa apontam para o título do capítulo, o que enfatiza a relação entre ela, o livro e o leitor.

3. O interlocutor é o leitor do livro, sobretudo adolescentes e jovens. Espera-se que os estu­dantes mencionem o olhar de Maisa (ela olha diretamente para a câmera, o que causa a sensação de que ela olha para o leitor) e o título do capítulo, no qual há um vocativo (kiridinha, isto é, a leitora).

4. Predominam, nas páginas, as cores lilás, preto, branco e roxo. Elas estão no fundo da imagem, na saia da jovem, nos parágrafos, no título e nos desenhos delicados que estão ao seu redor. Dessa fórma, cria-se uma continuidade entre as partes.

5. A palavra é usada para pregar um susto. Espera-se que os estudantes percebam que o balão confere informalidade, descontração ao texto.

6. Sugestão: Maisa usa algumas expressões típicas de conversas, como , ai e hã; emprega o termo kiridinha, que sugere uma fórma de pronunciar a palavra; emprega o termo miiiil, indicando, com a repetição das vogais, a ênfase que usaria ao falar.

Orientações didáticas

Sugere-se que os estudantes discutam, oralmente, as questões 1 a 4, relativas ao diário de isláta, e que você os ajude a perceber que estão iniciando um estudo sobre recursos usados nas interações. Em seguida, devem discutir as questões relativas à obra Sinceramente Maisa: histórias de uma garota nada convencional, novamente com o objetivo de reconhecer a articulação das várias linguagens para a construção do sentido do texto. Finalizadas as observações iniciais, faça a leitura do texto teórico fazendo paráfrases para ajudar a compreensão. Assegure-se de que estão compreendendo os conceitos e as explicações e que conseguem relacioná-los às questões que responderam no início da seção. Após terminar a exposição, solicite a eles que leiam nova­- mente o texto didático para verificar se não há dúvidas.

Embora estejamos apresentando conceitos, não é recomendável que os estudantes os anotem ou reproduzam. São conceitos complexos, cuja apropriação se dará progressivamente conforme eles forem convidados a aplicá-los ou mobilizá-los para compreender novas explicações.

Questão 5 – Pergunte aos estudantes por que Maisa usou a palavra . Eles devem observar que ela está sugerindo que o leitor pode se surpreender diante da informação de que seu livro não é uma biografia.

Questão 6 – É interessante que os estudantes saibam que, para a composição de um livro, é formada uma cartela de cores, isto é, são escolhidas algumas cores que serão exploradas na escrita de títulos, fundos de imagens, ilustrações etcétera Eles podem observar, por exemplo, que o verde e o vermelho predominam na composição deste volume.

O que possibilita a interação é a linguagem. A linguagem nos dá inúmeras possibilidades de apreender e explicar o mundo, além de nos permitir criar ­outras realidades. É por meio dela que expressamos sentimentos, fazemos pedidos, ­procuramos convencer alguém a fazer ou a pensar algo, entre tantas outras ações.

A linguagem é diversa

Como foi visto, para produzir o sentido das páginas do livro de Maisa, foram usados vários recursos – texto escrito, imagens, cores, a posição dos elementos no espaço da página. O emprego de palavras faladas ou escritas caracteriza a linguagem verbal. Também são linguagem as imagens estáticas ou em movimento, os arranjos de diagramação, o ritmo e a altura da voz quando se fala, as expressões faciais, os gestos, entre outros elementos não verbais. Todos eles juntos e articulados constroem os significados.

Toda interação ocorre em um contexto, termo que se refere às circunstâncias envolvidas nesse ato: momento, lugar, intenções dos interlocutores etcétera No caso do livro de Maisa, um dos principais elementos do contexto é a ­intenção de estabelecer uma conversa descontraída. Já no diário de isláta, chamam atenção no contexto as adversidades causadas pela guerra, que determinam o conteúdo do que diz e também sua fórma de se expressar, como revela o uso das letras maiúsculas no pedido de paz.

A língua: seleção e combinação

A língua é a maneira como realizamos a linguagem verbal. Ela envolve uma convenção. Quando ouvimos ou lemos a palavra estrela, por exemplo, sabemos que indica um corpo celeste. Em determinados contextos, também sabemos que o termo pode se referir a uma artista de destaque (a estrela da novela, por exemplo). Portanto, estabelecemos uma relação entre a palavra e o elemento representado por ela.

Contudo, para ser considerado falante de uma língua, não basta conhecer o conjunto de palavras que a compõem e os sentidos que podem expressar. É preciso dominar também sua gramaticalidade, isto é, a maneira própria como as palavras são selecionadas e combinadas para formar as frases e os textos.

Veja o que acontece com o personagem desta tirinha do cartunista para­naense José Aguiar.

Tirinha. Homem com a cabeça retangular, com nariz, orelhas e boca feitos com traços retos. Um olho está mais para cima que o outro. Ele está com um dos dedos indicadores na boca e diz: ANDO MEIO CONFUSO. Quadrinho 2: Com os olhos do mesmo lado do rosto, roendo as unhas ele diz: FUSO MEIO. ANDOCON. Quadrinho 3: Com os dentes serrados, as mãos na cabeça ele diz: ! CONFUSO ANO MEIO.

ÁGUIAR, José. Nada com coisa alguma. [2010 década certa]. uma tirinha.

  1. Se alguém ouvisse a fala do segundo quadrinho, poderia compreendê-la? Por quê?
  2. O que causa estranhamento na fala do terceiro quadrinho?

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Respostas e comentários

1. Não. As palavras e as sílabas estão embaralhadas.

2. A ordem em que as palavras foram colocadas.

Orientações didáticas

A língua: seleção e combinação – Questões 1 e 2 – É suficiente que os estudantes analisem a tira e respondam oralmente às questões. Elas contribuem para a exposição do tópico.

Para criar o humor, o cartunista usou construções que não seguem a gramaticalidade da língua portuguesa e, por isso, expressam o sentimento de confusão.

Quando produzimos um texto, selecionamos, entre os termos da língua, aqueles mais adequados para o sentido que desejamos construir. Além disso, usamos regras de combinação das palavras, valendo-nos de um conhecimento de regras gramaticais que fomos adquirindo conforme aprendemos a falar.

A língua é um conjunto de palavras selecionadas e combinadas para formar enunciados, isto é, construções com sentido. Por se tratar de um fenômeno cultural, a língua se modifica conforme o tempo passa e tem variações motivadas pelas características dos falantes e pelas situações em que é usada.

Sabia?

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua de modalidade visual-motora, ou seja, que comunica por meio de gestos, expressões faciais e sinais criados a partir da combinação da fórma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde eles são executados. É usada por pessoas surdas e surdo-cegas e por pessoas ouvintes que aprenderam a empregá-la.

Fotografia. Destaque para a mão de uma pessoa. Ela está com o dedo polegar esticado e o dedo mindinho esticado. Os outros dedos estão fechados na palma da mão.
Na foto, um pedido de desculpa em libras.

INVESTIGANDO MAIS

1. Leia a tirinha a seguir, observando a interação entre os personagens.

Tirinha. Armandinho, menino de cabeça grande e cabelo azul conversa com uma menina de cabelo alaranjado, preso em um coque. Ela segura uma bola nas mãos. Quadrinho 1: Armandinho olhando para a menina com a bola na mão diz: ' MEU PAI ESTÁ LESIONADO, FÊ... ... NÃO PODE PARTICIPAR DA GINCANA!' Quadrinho 2: Gesticulando com uma das mãos ela responde: MAS ELE NÃO IA MESMO JOGAR DINHO! É SÓ AJUDAR A PAGAR AS CAMISETAS! Quadrinho 3: Armandinho então responde: EU SEI... É QUE A LESÃO FOI BEM NO BOLSO!

béc, Alexandre. Armandinho. 20 junho 2017. uma tirinha. Disponível em: https://oeds.link/k3nOfv. Acesso em: 12 abril 2022.

a. Nesse contexto, o que significa estar lesionado no bolso?

Respostas e comentários

1a. Significa estar sem dinheiro.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Boxe conceito – O conceito de língua é complexo, e o apresentado no boxe não pretende ser definitivo. Optamos por colocar o estudante em contato com o conceito gradativamente ao longo dos primeiros capítulos, conforme são feitas as relações entre língua e cultura e é apresentado o fenômeno da variação linguística.

Sabia? – Comente com os estudantes que a Libras pode ser adaptada aos surdos-cegos com o uso do tato. Também comente que ela possui convenções e estrutura gramatical própria, por isso é uma língua.

Investigando mais – Sugerimos que, inicialmente, os estudantes realizem as questões 1 a 3, cujo foco é a construção do sentido a partir da articulação das linguagens. A correção lhes permitirá verificar se compreenderam os conceitos de interação, linguagem verbal e linguagem não verbal e se estão fazendo leituras adequadas dos textos, amparando-se neles. Ajude-os a identificar e a formular dúvidas. Solicite, então, a realização da quarta questão, em que precisarão mobilizar os mesmos conceitos em uma leitura mais desafiadora. Faça a correção para verificar o nível de compreensão do texto. A questão 5 também trata das várias linguagens, mas conduz as observações para a língua.

Sugerimos que os estudantes tenham tempo, no final da correção coletiva, para voltar às suas respostas a fim de tornar as correções mais completas e claras e verificar se ainda há dúvidas. Depois, solicite que algumas respostas sejam lidas para confirmar se, de fato, as correções estão sendo feitas de maneira atenta e se há algum conceito ou procedimento a reforçar.

Fala aí! – Estimule os estudantes a apresentar suas opiniões. Se possível, ouça tanto aqueles que acham o tema interessante como aqueles que o rejeitam. É importante que os estudantes reconheçam que o tema faz parte da vida das famílias brasileiras e que, ao trazê-lo para as tirinhas, o quadrinista Alexandre béc permite aos leitores mais novos e aos adultos que enfrentam o problema identificarem-se com os personagens e sentirem-se, assim, menos solitários. No caso dos leitores que não se identificam com a situação, reconhecê-la pode estimular a reflexão e a empatia.

  1. Fê não compreendeu, inicialmente, o que Armandinho estava lhe dizendo. Por que isso ocorreu?
  2. A menina acreditou que daria uma boa notícia para o amigo. Qual?
  3. Que recursos não verbais contribuem para a menina comunicar a seu interlocutor que estava dando uma boa notícia?

O termo recurso refere-se ao meio empregado para obter determinado efeito. Em uma tirinha, por exemplo, balões de fala desenhados com linhas tracejadas são um recurso gráfico para sugerir que o personagem murmura. Já o uso da expressão em primeiro lugar, em um artigo de opinião, é um recurso linguístico para organizar as ideias.

e. Armandinho explica o problema do pai e, ao mesmo tempo, comunica suas impressões sobre a situação. Explique como a linguagem verbal e a linguagem não verbal se relacionam para construir esse sentido.

Fala aí!

Em certo período, as tirinhas de Armandinho passaram a ter como tema o desemprego do pai do personagem. Na sua opinião, um tema como esse pode interessar aos leitores da tirinha, em especial às crianças e aos adolescentes? Por quê?

2. Leia uma peça publicitária feita para circular em redes sociais. Ela foi produzida pelo Conselho Nacional de Justiça para uma campanha de incentivo à adoção.

Cartaz retangular de fundo verde. Silhueta de um casal e uma criança abraçados. À direita um coração feito com uma linha que sai da silhueta da família. À esquerda as informações: #ADOTARÉ AMOR. ONDE COMEÇA UM NOVO LAR.

Reprodução de cartaz da campanha rréchitégui (cerquilha, sustenido)AdotarÉAmor 2021, produzida pelo Conselho Nacional de Justiça.

  1. Que ideia é comunicada nessa peça publicitária por meio da linguagem verbal?
  2. Observe a posição dos personagens desenhados no centro da peça. O que é comunicado por meio da posição do braço da criança? E do braço do homem?
  3. A campanha procura mostrar que famílias formadas por adoção também têm fortes laços afetivos. Qual recurso não verbal é o principal responsável por comunicar a ideia de laço, vínculo? Explique sua resposta.
  4. Releia o texto verbal. Que parte tem mais destaque: “adotar é amor” ou “onde começa um novo lar”? Que recurso garante esse destaque?

3. Veja algumas das imagens que compõem este gif. Tente imaginar o movimento.

Fotografia. Sequência em três fotografias de uma atleta saltando. Nas três fotos a frase: INDO EMBORA DO TRABALHO NA SEXTA. Na primeira foto ela está com uma perna no alto e um dos braços para frente.
Fotografia. Sequência em três fotografias de uma atleta saltando. Nas três fotos a frase: INDO EMBORA DO TRABALHO NA SEXTA. Na segunda foto as duas pernas estão no ar e o tronco dela está inclinado para frente.
Fotografia. Sequência em três fotografias de uma atleta saltando. Nas três fotos a frase: INDO EMBORA DO TRABALHO NA SEXTA. Na terceira foto ela está com o tronco mais inclinado e a perna da frente mais para baixo.
Gif criado pelos autores especialmente para esta obra.
Respostas e comentários

1b. Fê entendeu a palavra lesionado em seu sentido mais comum, que diz respeito a um problema físico.

1c. A notícia de que o pai do garoto, diferentemente do que pensava, poderia participar da gincana, já que deveria apenas ajudar com dinheiro, e não participando dos jogos.

1d. Seu sorriso e o braço estendido em direção a Armandinho.

1e. Por meio da linguagem verbal, Armandinho conta o que ocorreu; enquanto, por meio de seu semblante sério, mostra que a situação o entristece ou preocupa.

2a. A ideia de que a adoção permite construir um novo lar, repleto de amor.

2b. A posição do braço da criança sugere alegria, euforia; a do braço do homem, proteção e aproximação.

2c. O uso da linha contínua, que associa a palavra lar ao desenho da família e ao coração, usado tradicionalmente para sugerir amor.

2d. “Adotar é amor”. O uso de letras maiúsculas em “adotar é” e as letras em tamanho maior.

Orientações didáticas

Questão 2 – Para finalizar a análise, pergunte aos estudantes se iniciaram a leitura pela imagem central. Provavelmente, muitos indicarão que leram primeiro o texto verbal à esquerda. Explique que essa é a direção de leitura que seguimos no Ocidente e pergunte por que o produtor da peça optou por colocar o texto verbal naquela posição. A ideia é que os estudantes observem que o texto contextualiza a imagem, contribuindo para a construção de seu sentido.

Questão 3 – Diante da impossibilidade de confirmar a autoria dos gifs e solicitar autorização de uso, criamos este especialmente para fins didáticos.

  1. O gif relaciona imagens do esporte com uma frase que diz respeito ao mundo do trabalho. Que sentido é construído por essa relação?
  2. Explique por que os movimentos e expressões da atleta são importantes para a construção do sentido do gif.
  3. Sem a linguagem verbal, seria possível compreender o sentido do gif ? Explique sua resposta.
  4. É possível concluir, com base no gif, que a pessoa que o envia está contando que detesta o trabalho que tem? Justifique sua resposta.

4. O cartum a seguir foi produzido pelo desenhista pernambucano Jarbas. Observe-o com atenção.

Cartum. À esquerda um palhaço triste. Ele é careca e está com o rosto pintado. Faz malabarismo com três bolinhas. À frente dele, no chão, um chapéu vazio. À direita, pessoas e um cachorro observam sorridentes um homem com o rosto pintado e uma televisão encaixada na cabeça. Sobre ela uma antena. Ele faz malabarismo com três bolinhas.  À frente dele, no chão, um chapéu cheio de dinheiro.

JARBAS. [sem título]. [2010 década certa]. 1 cartum. Disponível em: https://oeds.link/GS7Xqq. Acesso em: 14 julho 2022.

  1. Quais são os sentimentos demonstrados pelos dois personagens que fazem malabarismos?
  2. Que recursos não verbais foram empregados pelo cartunista para mostrar tais sentimentos?
  3. Embora os dois malabaristas realizem a mesma atividade, ­apenas um deles consegue sucesso com o público. Como percebemos esse sucesso?
  4. De que forma o aparelho de televisão em volta da cabeça do ­malabarista à direita contribui para seu sucesso?
  5. O cartum é um gênero textual que retrata e critica comportamentos da sociedade. Em sua opinião, o que esse cartum está criticando?

Fala aí!

A dança e a música são fórmas de linguagem. Você dança ou toca instrumentos? Sua arte está relacionada à cultura contemporânea ou às manifestações mais tradicionais?

Respostas e comentários

3a. As imagens e a frase constroem a ideia de que a pessoa tem pressa para abandonar o trabalho na sexta-feira para iniciar o descanso ou a diversão do fim de semana.

3b. Eles mostram esforço e determinação e, assim, reforçam a ideia de que há muita vontade de deixar o trabalho.

3c. Não. A frase é responsável por criar um novo contexto para as imagens.

3d. Não. O gif sugere que a pessoa deseja a interrupção da rotina de trabalho apenas, não sendo possível chegar a uma conclusão acerca do motivo.

4a. Um deles expressa decepção, tristeza, enquanto o outro revela satisfação, alegria.

4b. As diferentes expressões faciais dos dois personagens.

4c. Um deles está cercado por pessoas e seu chapéu está repleto de dinheiro.

4d. Ao colocar um aparelho de televisão em volta da cabeça, o malabarista cria a impressão de que sua apresentação é transmitida pela tê vê, o que garante atenção do público.

4e. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Questão 4d – Essa é uma boa questão para você avaliar o nível de leitura dos estudantes. Alguns deles poderão alcançar um primeiro plano de sentido e relacionar o sucesso do malabarista ao fato de que estaria não apenas jogando as bolinhas como também equilibrando um aparelho de televisão. Outros observarão que está sendo construída uma crítica ao fato de que as pessoas atribuem muito valor àquilo que é transmitido pela televisão.

Questão 4e – Destaque, entre as opiniões apresentadas, aquelas que indicam o valor excessivo que as pessoas dão àquilo que é transmitido pela televisão.

Fala aí! – Estimule os estudantes a falar de suas experiências pessoais. Essa é uma boa estratégia para a turma se conhecer. Depois, aproveite os exemplos dados pelos estudantes para retomar a ideia de arte contemporânea e arte tradicional, mencione exemplos, como o breakdance e o frevo, e solicite aos estudantes que tragam novos exemplos. Pergunte, então, se, na opinião deles, as danças e os ritmos tradicionais deveriam ser mantidos ou seria melhor atualizá-los frequentemente, com a substituição das linguagens artísticas tradicionais pelas novas. A discussão deve contribuir para que eles notem a importância da cultura tradicional (popular ou erudita), que não deve ser a única prestigiada, mas que também não pode ser apagada, sob pena de se perder a história das comunidades. Há beleza tanto nas fórmas tradicionais quanto nas inovações contemporâneas.

Aproveite o momento para observar e orientar a atuação dos estu­dantes em debates. Relembre, novamente, que será preciso levantar a mão e esperar o momento de fala, sinalizado pelo mediador, que a princípio será você, mas posteriormente poderá ser um estudante escolhido.

5. Veja agora uma tirinha da cartunista fluminense Clara Gomes.

Tirinha. Conversa entre uma minhoca e uma joaninha. Quadrinho 1: A minhoca observa a joaninha que diz: ‘ESTOU COM TANTA FOME HOJE, QUE COMERIA ATÉ A LUA!’Quadrinho 2: A minhoca diz: ENTÃO É MELHOR ESCOLHER A MINGUANTE! A joaninha intrigada pergunta: POR QUÊ? Quadrinho 3: A minhoca então diz: É LIGHT! A joaninha fica com a testa franzida.

GOMES, Clara. Muita fome! 24 setembro 2014. uma tirinha. Disponível em: https://oeds.link/bqfRVt. Acesso em: 12 abril 2022.

  1. O que a joaninha quis dizer quando afirmou que “comeria até a lua”?
  2. A afirmação “comeria até a lua” provoca o mesmo estranhamento que as construções usadas pelo cartunista José Aguiar, na tirinha da página 27? Explique sua resposta.
  3. Que mudança de sentido ocorreria se fosse empregada a palavra comerei em lugar de comeria?
  4. Observe as ilustrações das quatro fases da lua.
Ilustração. Fases da lua. Lua Nova, está todo encoberta pela sombra. Lua Crescente, tem apenas um trecho a esquerda iluminado. Ilustração. Fases da lua. Lua Cheia. Toda iluminada. Lua Minguante. Tem apenas um trecho a direita iluminado.
.Por que a minhoca disse que a lua minguante é light?
  1. A palavra light não faz parte do português. A que língua ela pertence?
  2. Em sua opinião, um leitor brasileiro teria dificuldade em compreender a tirinha por ter sido usada essa palavra estrangeira? Por quê?
  3. Para indicar a reação ao comentário da minhoca, a quadrinista desenhou uma linha com curvas acima da cabeça da joaninha. Escreva uma fala que poderia substituir esse recurso não verbal.

Desafio da linguagem

O contexto é fundamental para definir o sentido de uma frase. Se alguém, na rua, escuta a pergunta O senhor tem relógio?, logo percebe que a intenção do interlocutor é saber as horas, e não se, de fato, tem aquele objeto.

Imagine que você precisa pôr em frente à sua casa uma placa para que as pessoas evitem que seus cães façam sujeira na calçada. Sem ser explícito, escreva o texto da placa. O texto deve ter apenas uma frase e é importante que a mensagem não seja desrespeitosa.

Respostas e comentários

5a. Quis dizer que sentia muita fome.

5b. Não. Nesse contexto, a oração “comeria até a lua” tem sentido figurado, não literal, e não causa estranhamento como a confusão na seleção das palavras.

5c. Comerei sugere que a ação vai realmente acontecer.

5d. Como a lua parece menor na fase minguante, a minhoca quis dizer que a joaninha engordaria menos se a comesse assim.

5e. À língua inglesa.

5f. Resposta ­pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

5g. Resposta pessoal, que deve ser condizente com a expressão de pasmo ou surpresa da joaninha. Sugestão: “É cada uma!” / “Era só o que faltava!” / “Afffreticências Essa minhoca está viajando!”

Orientações didáticas

Questão 5b – Para responder à questão, basta que os estudantes distingam entre uso literal e não literal da linguagem. Caso não conheçam os termos, apresente-os a eles. No Capítulo 7, haverá um estudo aprofundado da lingua­-gem figurada.

Questão 5f – Espera-se que os estudantes respondam que não, uma vez que láiti já é uma palavra muito conhecida dos brasileiros, sendo usada com frequência para classificar alimentos.

Desafio da linguagem – Podem ser criadas frases do tipo “Calçada não é banheiro” ou “Senhor cachorro, quando vier passear com seu dono, peça a ele que traga um saquinho”. Intervenha caso a mensagem criada não seja respeitosa; explique aos estudantes que é possível transmitir a reclamação de modo eficiente sem ofender o interlocutor. Sugira, por exemplo, o uso de humor.

Meu diário NA PRÁTICA

Agora, você vai escrever algumas páginas de diário. Nos próximos três dias, relate suas experiências e sentimentos: como é entrar nesta nova fase de aprendizagem, o Ensino Fundamental – Anos Finais? Que situações merecem ser relatadas: o momento em que encontrou a turma e entrou na sala? Alguma atitude de colega ou do professor? Como você se sente em relação à nova turma? E à antiga? Que expecta­tivas tem? Essas são questões de estímulo, mas você pode escolher relatar outras situações que tenham sido mais marcantes. Essas páginas serão guardadas pelos coordenadores e você as reencontrará daqui a alguns anos, no final deste ciclo.

Dica de professor

Antes de iniciar a redação do texto, anote as informações que você pretende incluir nele. Depois, use números para ordená-las e setas para juntar dados que pretende apresentar em conjunto.

MOMENTO DE PRODUZIR

Planejando meu diário

As informações e orientações a seguir vão auxiliar você a redigir o diário.

Quadro. Equivalente textual a seguir. Da teoria para a...: O relato deve possibilitar ao leitor entender o que se passou. Isso é importante quando o diário é usado para registros que o próprio autor lerá no futuro e também quando se prevê a leitura por outras pessoas.; ... prática: Apresente as principais informações relativas aos fatos que você quer destacar: quando e onde aconteceram, o que ocorreu e quais pessoas estavam envolvidas. Da teoria para a...:  Os diários apresentam uma visão pessoal dos eventos. ... prática: Use a primeira pessoa e empregue palavras que revelem sensações e opiniões. Da teoria para a...:  A linguagem de um diário espelha o estilo do autor. Pode ser mais descontraída ou mais formal. ... prática: Não se esqueça de que você está avançando em seus estudos e pode se comunicar com uma linguagem atenta as convenções da ortografia, a divisão dos parágrafos, a concordância etc. Da teoria para a...: Não há fórmula para compor o diário, mas alguns elementos costumam aparecer: data, vocativo e assinatura. ... prática: A referência ao diário como interlocutor pode ocorrer no início e no fechamento ou, ainda, ao longo do texto, como fez Zlata. Se desejar, de um nome ao diário.

Elaborando meu diário

  1. Anote na folha a data e o vocativo.
  2. Redija alguns parágrafos relatando os eventos a partir de uma visão pessoal. Inclua opiniões, reflexões e sentimentos.
  3. Verifique se o texto apresenta os eventos em uma ordem lógica. Devem predominar verbos no passado.
Respostas e comentários

Meu diário na prática

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 4, 6 e 8.

cê e éle : 1, 2 e 3.

cê e éle pê : 1, 2, 5 e 7.

Habilidades: ê éfe zero seis éle pê um um, ê éfe zero seis éle pê um dois e ê éfe seis sete éle pê três seis.

Orientações didáticas

Nesta coleção, as atividades de produção de texto dialogam, principalmente, com a cê e éle 1 e a cê e éle 2. Propomos aos estudantes a produção a partir de um processo de planejamento que envolve a mobilização do que foi aprendido nas seções anteriores (características, procedimentos linguísticos e contexto de produção e de circulação do gênero), a seleção e a organização das ideias e a efetivação delas na produção de sentido, considerando os objetivos da comunicação e o contexto de circulação. A prática pretende levar os estudantes a compreender a linguagem como construção humana, histórica, social e cultural produtora de sentido e promotora da participação social e do compartilhamento de informações, experiências, ideias e sentimentos.

A maioria dos estudantes ainda não foi apresentada às ideias de linguagem monitorada, norma-padrão e variedades urbanas de prestígio, ou o foi de modo incipiente; por isso, optamos, neste momento, por uma orientação acessível.

Por ser a primeira produção do ano, sugerimos que você analise os textos para identificar os estudantes com dificuldade, a fim de acompanhá-los mais detidamente.

  1. Escreva um parágrafo final explicando por que os fatos relatados ficarão em sua memória. Alguns verbos deverão aparecer no futuro para fazer referência a como você imagina estar daqui a alguns anos.
  2. Assine o texto, incluindo, se desejar, uma despedida.

Revisando meu diário

Quando escrevemos relatos pessoais, a escrita costuma ficar mais ágil, solta, afinal estamos muito envolvidos com o conteúdo. No entanto, isso pode também nos deixar menos atentos às convenções da escrita; por isso, a revisão é bem-vinda.

  1. Preste atenção na divisão em parágrafos. Veja se cada um deles tem um conteúdo próprio e se esse conteúdo foi bem desenvolvido e está coerente.
  2. Revise a ortografia e preste atenção ­naqueles ­casos em que pode haver dúvida se o que ­ouvimos corresponde a uma palavra ou a duas. Veja alguns casos:

de repente      a partir      de novo      devagar      em cima      com certeza      embaixo      o que      desde      por isso

Ilustração. Criança sentada e uma cadeira, escrevendo em um caderno sobre uma mesa pequena.

MOMENTO DE REESCREVER

Avaliando minha produção

Veja a seguir os critérios que serão usados na avaliação desta ­produção. Caso você prefira, pode fazer uma autoavaliação.

A

O diário apresenta data, vocativo e assinatura?

B

Há o relato de eventos marcantes? O texto explica por que os fatos serão lembrados?

C

O texto revela uma visão pessoal dos fatos?

D

Predominam verbos no passado?

E

A linguagem está atenta a convenções de ortografia, divisão de parágrafos etc.?

É lógico!

As perguntas do quadro fazem com que você observe um aspecto de cada vez. Elas decompõem o problema – avaliar – em partes para tornar mais fácil a resolução. A decomposição é uma habilidade do pensamento computacional.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Revisando meu diário – Para esta revisão, selecionamos palavras e expressões que recorrentemente causam dúvidas. Pergunte aos estudantes se gostariam de incluir outros termos à lista em que devem prestar atenção.

Avaliando minha produção Incluímos a opção de autoavaliação considerando a natureza íntima do diário. Talvez alguns alunos tenham relatado fatos e expressado sentimentos que não queiram tornar públicos. Nesse caso, pergunte se você poderia ler o texto para orientar a reescrita.

  1. Troque o caderno com um colega. Leia a página que ele produziu e verifique se os critérios anteriores foram atendidos.
  2. Use um lápis para apontar os aspectos da escrita que podem ser aprimorados: ortografia, uso correto de singular e plural, divisão dos parágrafos etcétera
  3. Devolva o caderno ao colega, esclarecendo a ele os itens avaliados. Sua ­explicação deve ajudá-lo a aprimorar o texto.

Reescrevendo meu diário

Observe os passos a seguir para reescrever seu texto.

  1. Aproveite os comentários feitos, releia a primeira versão e verifique o que pode ser melhorado.
  2. Reescreva o texto e, se desejar, ilustre a página com desenhos, colagens ou fotos.

MOMENTO DE APRESENTAR

Arquivando o diário

As páginas de diário de todos os estudantes serão guardadas pelos coordenadores da escola. Quando vocês encerrarem o Ensino Fundamental – Anos Finais, daqui a alguns anos, receberão novamente essas páginas e poderão perceber quanto terão amadurecido e aprendido nesse tempo.

E se a gentereticências

reticências fizesse um diário alternativo?

Você estudou e produziu o diário em sua fórma tradicional. Mas essa não é a única maneira de escrever um. Fazer um diário com um tema específico ou usar elementos de outros gêneros pode ser uma fórma interessante de relatar suas expectativas, alegrias ou frustrações diárias.

Conheça, a seguir, fórmas diferentes de diário e escolha uma delas para ­escrever a sua versão.

1. De listas

A ideia é fazer listas do que você gosta ou de quem você gosta e refletir sobre suas predileções ao longo do tempo. Você pode listar jogos, filmes, livros, músicas, destinos de viagem, amigos, artistas, comidas, entre outros. De tempos em tempos (a cada semestre, por exemplo), essa lista deve ser revisada e alterada caso suas predileções tenham mudado. Cada item deve ser acompanhado por um breve comentário para que você se lembre de seus motivos.

2. De recortes

Neste diário devem ser colados ou grampeados recortes que simbolizam momentos marcantes: o ingresso de um chôu, a nota fiscal de um livro, o embrulho de um presente, a embalagem de um bombom etcétera Para cada um desses recortes, você deve escrever um comentário explicando por que estão ali, o que simbolizam.

Respostas e comentários

1. Estão representados um gari, uma copeira e uma faxineira.

Orientações didáticas

Reescrevendo meu diário – Por ser a primeira produção do ano, sugerimos que você analise os textos para identificar os estudantes com dificuldade na expressão, a fim de acompanhá-los mais detidamente. Não desconsidere o fato de que inúmeros deles estiveram afastados da escola por muitos meses (ou anos) por conta da pandemia de covid-19 que assolou o planeta. A etapa de reescrita do texto deve ser bastante aproveitada, sobretudo pelos alunos que apresentaram mais dificuldades na produção da primeira versão do texto. Você poderá, se a sua escola contar com essa possibilidade, selecionar alguns grupos com mais fragilidades e convidá-los a participar de momentos de recuperação paralela no contraturno.

Arquivando o diário – É importante que você ritualize o recebimento das páginas de diário, indicando que, daqui a alguns anos, elas constituirão um registro de memória, ou seja, contarão aos adolescentes do presente não só o que acontecia, mas também como pensavam e sentiam os adolescentes de anos atrás. Combine com a coordenação o arquivamento do material em um lugar seguro para que, de fato, ele seja retomado ao final do processo.

E se a gentereticências fizesse um diário alternativo?

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 4, 8, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2 e 3.

cê e éle pê : 1, 2, 3 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê zero sete e ê éfe seis nove éle pê cinco seis.

Orientações didáticas

O estudo do gênero diário põe em foco o autoconhecimento. Relatar o dia e expressar emoções correspondem a uma pausa para refletir sobre as experiências. Nesta seção, o adolescente é convidado a experimentar, por meio de fórmas alternativas de diário, outros meios de autoconhecimento.

A preparação desse material, a depender da escolha, permite reconhecer interesses, pensar sobre o valor simbólico de algumas experiências, refletir sobre ações feitas e recebidas e desenvolver a autocrítica. Nessa mesma direção, propomos – na parte de Projeto de vida do ême pê geral – algumas ações que podem contribuir para o autoconhecimento.

Para iniciar, releia com os estudantes o boxe Da teoria para a prática, que reúne os elementos do gênero diário. Depois, convide-os a essa nova prática, antecipando que haverá uma etapa de socialização das produções para que eles possam escolher o que incluir ou não em suas produções.

3. De agradecimentos

A ideia é escrever agradecimentos para quem fez algo importante para você, como o acolher em um momento de tristeza ou dar um bom conselho. Mas você não vai enviar os comentários; mesmo que alternativo, este é um diário. O texto será um registro do que aconteceu e de como impactou você.

4. De emoções

Escreva sobre a emoção mais forte que você viveu no dia. É importante ­contextualizar essa emoção, relatando o que a provocou e como reagiu. Assim, você conseguirá refletir sobre suas experiências.

Etapa 1 Elaborando meu diário alternativo

Escolha uma das fórmas de diário alternativo e inicie a produção. Apesar das adaptações, ela vai contar com as principais marcas do ­gênero diário.

  1. Indique a data.
  2. Expresse suas opiniões, emoções, impressões, inquietações. A subje­tividade é a base do diário.
  3. Elabore relatos para contextualizar suas opiniões e seus sentimentos.
  4. Escreva com coerência e clareza. Mesmo quando registramos inquietações e sentimentos contraditórios, podemos encontrar fórmas de nos expressar de maneira organizada, tornando claras as causas do que nos inquieta e suas consequências.
  5. Ao terminar o texto, releia para verificar a ortografia, a pontuação, a concordância etcétera

Etapa 2 Compartilhando meu diário alternativo

Em grupo de até quatro integrantes, compartilhe seu diário alter­nativo e discuta com os colegas como foi a experiência.

  1. Compare essa experiência à escrita do diário tradicional, apontando fatores como dificuldade, prazer na escrita, maior ou menor identificação com determinada fórma.
  2. Comente as produções dos colegas de grupo e, se estiver à vontade, faça sugestões de ajustes.
  3. Diga se ficou ou não interessado em continuar a escrever essa fórma de diário e justifique sua resposta.
Ilustração. Criança sentada, com os braços apoiados na mesa. Está com um lápis na mão. À frente dela, sobre a mesa, um caderno aberto, um livro e um porta lápis.

Fala aí!

Você gostou de conhecer essas fórmas diferentes de diário e ficou pensando se há outras além delas? Você sugere outra fórma de diário?

Respostas e comentários

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Fala aí! – Incentive os estudantes a exercitar a criatividade, pensando em novas fórmas de diário. É possível, por exemplo, criar um diário de pequenas conquistas, em que sejam registrados momentos de superação, como conseguir fazer algo necessário mesmo estando desmotivado. Outro exemplo é um diário de boas ações, a exemplo do de agradecimentos.

Conversa com arte

Quando a arte altera um espaço público urbano, como uma praça, para dar um novo significado a ele e propor reflexões a quem passa, isso é chamado de intervenção ­urbana. Você vai conhecer obras que ajudam a entender esse tipo de manifestação artística. Vai também debater o assunto e até ser convidado a fazer uma intervenção.

Etapa 1 Discutindo a obra

Em uma movimentada praça do centro da cidade de São Paulo, existe um conjunto de esculturas chamado Monumento ao Trabalhador do Asseio e Conservação e Limpeza Urbana, de autoria de Murilo Sá Toledo. As esculturas foram objeto de uma intervenção artística. Confira o resultado e discuta as questões com seus colegas.

Fotografia. Estátua de um homem de boné e uniforme. Uma das mãos está aberta para o lado e na outra ele segura um cabo. Tem flores de crochê enfeitando seus braços, pescoço e o cabo.
Fotografia. Estátua de uma mulher de touca, usando um vestido de uniforme. Ela carrega à frente do corpo uma bandeja. Flores de crochê estão enfeitando seu pescoço, braços e estão sobre a bandeja.
Fotografia. Estátua de um homem de uniforme, como o corpo inclinado para frente torcendo um pano com as duas mãos. Ele tem flores de crochê enfeitando seu pescoço e braço.
Coletivo Meiofio. Projeto Fios da memória. Jornada do Patrimônio, São Paulo. 2020.

1. Considerando o título do conjunto de esculturas, que profissões estão representadas em cada uma das esculturas?

Respostas e comentários

Conversa com arte

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2, 3, 4 e 5.

cê e éle pê : 3, 5, 6 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê um quatro, ê éfe seis nove éle pê um cinco, ê éfe seis nove éle pê dois um, ê éfe seis nove éle pê dois cinco, ê éfe seis nove éle pê dois seis, ê éfe seis sete éle pê dois zero, ê éfe seis sete éle pê dois três e ê éfe seis sete éle pê dois quatro.

1. Estão representados um gari, uma copeira e uma faxineira.

Orientações didáticas

É um dos objetivos desta coleção –como exploramos no ême pê geral – colocar os estudantes em contato com diversas linguagens artísticas, não apenas com produções literárias. Nas atividades, sobretudo aquelas das seções Conversa com arte, os estudantes poderão conhecer alguns elementos relativos ao grafite, à arquitetura, à pintura, entre outras linguagens. Trata-se de uma abordagem introdutória, mas que permite aos estudantes valorizar e fruir manifestações culturais diversificadas – como preveem a cê gê3 e a cê e éle 5. O contato com o campo artístico-literário, como sugere a Bê êne cê cê (página 156), cria condições para que os estudantes reconheçam maneiras diferentes de pensar, agir e sentir por meio de confronto com o que é diverso e deve ser valorizado e respeitado, além de favorecer o desenvolvimento de critérios que possibilitam definir preferências e falar delas.

Esta seção marca o início do 6º ano como uma etapa nova, de maior protagonismo dos estudantes. É composta de uma sequência de atividades que contempla a análise de uma intervenção urbana para compreensão do conceito, desenvolvimento de critérios e fruição; a reflexão sobre o valor das intervenções urbanas, considerando a discussão sobre arte e vandalismo; o planejamento e a realização de uma intervenção urbana; e, por fim, a reflexão sobre a experiência de criação artística vivida.

Como enfatizamos no ême pê geral, esta seção abre oportunidade para você realizar um trabalho interdisciplinar rico e consistente com o componente Arte. Se isso for possível, você deverá realizar algumas reuniões prévias com seu colega dessa disciplina. Se for viável, você poderá contar com a participação dele em cada uma das etapas propostas na seção.

Se não for possível, programe com o professor de Arte algumas participações (por ­exemplo, nas etapas 3, 4 e 5). Caso seja impossível, peça ajuda dele para que haja um aprofundamento de sua parte em relação ao conceito de intervenção urbana. Se for impossível a participação mais efetiva de Arte, peça ao professor que atue, pelo menos, na etapa 5.

De qualquer fórma, sugerimos que você se familiarize com as etapas para adequá-las ao seu planejamento.

Etapa 1: Antes de iniciar o diálogo sobre as questões, peça à turma que descreva, detalhadamente, cada uma das esculturas. Pergunte se eles se lembram de esculturas em espaços públicos da cidade em que moram e ajude-os a fazer comparações. Depois, leia as perguntas e deixe que as discutam, uma a uma, livremente. Faça outras perguntas que possam estimular observações.

  1. Pessoas que desempenham essas funções são comumente homenageadas com monumentos? Explique.
  2. Considerando as respostas para as questões anteriores, apresente uma hipótese que explique o que motivou a criação dessas esculturas e sua localização.
  3. Descreva a intervenção artística feita pelo Coletivo Meiofio. De que maneira ela interagiu com o espaço público? Que novo sentido o público percebe no objeto que sofreu a intervenção?
  4. Ao fazer uma intervenção como essa, o coletivo está expressando um ponto de vista. Na sua opinião, que reflexão o grupo propõe ao público?
  5. Com base neste exemplo, você concluiria que as intervenções urbanas têm caráter temporário ou permanente? Explique.

Etapa 2 Debatendo intervenção urbana

Uma obra de arte pode despertar variadas reações: encanto, estranha­mento, indiferença. Mas quando se trata de intervenção urbana há quem sequer considere isso uma forma de arte e prefira chamar de vandalismo. O assunto gera polêmica, por isso rende um bom debate. É o que vamos fazer.

Para começar, preste atenção na fotografia de um muro onde foram colados cartazes do tipo lambe-lambe.

Fotografia. Muro com manchas de musgo e outras manchas. Sobre ele, diversos papéis colados. Na maioria deles está a frase: DÊ FLORES AOS VIVOS. Alguns dos papéis tem a seguinte pergunta: A VIDA O QUE É?
Coletivo Transverso. Dê flores aos vivos (lambe-lambe), Cemitério do Araçá, São Paulo. 2014.
Respostas e comentários

2. Não. Monumentos como esse costumam ser dedicados a personagens ilustres de variadas áreas: política, esporte, ciência etcétera

3. Como representam setores da sociedade que costumam ter pouca visibilidade, é de supor que essas esculturas tenham por objetivo chamar a atenção da sociedade para esses profissionais e sua importância. Estar em uma praça no centro de cidade, onde há maior circulação de pessoas, favorece esse propósito.

4. A intervenção se caracteriza por flores de crochê bem coloridas colocadas sobre as esculturas. As flores chamam a atenção para elas, as enfeitam e podem parecer um gesto de carinho.

5. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

6. Temporário. O material em crochê provavelmente se desgastará, uma vez que está submetido ao sol, à chuva, à poluição etcétera Além disso, pode ser retirado a qualquer momento.

Questão 5 – Espera-se que os estudantes notem que há uma homenagem aos trabalhadores e, por consequência, uma proposta para que as pessoas os valorizem mais.

Agora, reflita sobre esta pergunta: O que foi feito nesse muro é arte ou vandalismo?

  1. Para definir seu ponto de vista e conseguir sustentá-lo, pesquise sobre o assunto em fontes confiáveis, como reportagens produzidas por jornais e revistas conceituados. Leis podem ser fontes importantes de pesquisa, tanto as que tratam da regulamentação da arte urbana quanto as que tratam do vandalismo. Procure também opiniões de autoridades no assunto, como especialistas em Arte.
  2. A sala será dividida em dois grupos, e cada um defenderá uma posição. O grupo deve se reunir para levantar argumentos que possam sustentar a opinião e contra-argumentar, isto é, refutar os argumentos do outro grupo. Tomem nota desses argumentos.
  3. Cada grupo deve escolher um representante para participar do debate. As regras, como tempo disponível para cada momento de fala, devem ser elaboradas pela turma.
  4. Durante o debate, que será mediado pelo professor, cada participante deve sustentar sua fala de fórma clara, justificada, coerente e dentro do tempo estipulado. Deve ainda respeitar o turno de fala e as opiniões do outro ­participante, para que a discussão seja produtiva.
  5. Após o debate, a turma toda vai comentar como foi preparar o debate e participar dele e avaliar se a discussão foi proveitosa.

Etapa 3 Realizando uma intervenção urbana

Depois de se familiarizar com esse tipo de arte visual e debatê-la, chegou a hora de você e seus colegas fazerem uma intervenção urbana. Ela será realizada perto da sua escola em um fim de semana. Preste atenção nas orientações.

  1. A intervenção será feita em grupos de até oito estudantes.
  2. Ela será provisória e terá duas horas de duração. Essas condições são importantes para pensar a obra, sua mensagem e os materiais que serão usados na sua criação.
  3. Vocês devem escolher o lugar em que farão a intervenção e comunicá-lo ao professor, que poderá aceitá-lo ou sugerir alteração. Como vocês aprenderam, a intervenção urbana traz novos significados para o espaço onde ocorre, portanto essa escolha deve levar em consideração a reflexão que vocês querem provocar.
  4. Depois de o objetivo da intervenção ficar claro para o grupo, é hora de escolher os materiais que serão utilizados para alcançá-lo. Vocês podem usar cartazes, tecidos, objetos etcétera Há várias opções, mas é preciso considerar que os materiais precisam ser removidos com facilidade e não podem causar dano ao espaço público nem risco às pessoas que por ele passam.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapa 2 – Item 1 – Para tornar a atividade mais interessante, reserve a discussão da questão “O que foi feito nesse muro é arte ou vandalismo?” para o momento do debate. Insista para que pesquisem informações, ainda que possam encontrar textos pouco acessíveis, como é o caso das legislações. Nesse processo, poderão ter contato com argumentos que os farão refletir, dentro de suas possibilidades, sobre o campo artístico-literário e o campo de atuação na vida pública. Se achar conveniente, leve para os estudantes um trecho de lei municipal que regulamenta intervenções artísticas no espaço urbano e discuta o que se pensa sobre isso no município. A etapa de pesquisa pode ser feita como tarefa de casa.

Etapa 2 – Item 2 – Sugerimos que a divisão dos grupos respeite o ponto de vista que os estudantes gostariam de defender. Se os grupos forem muito desiguais, pergunte se alguns estudantes do grupo maior aceitariam o desafio de construir bons argumentos mesmo discordando da ideia. Reserve 15 ou 20 minutos para a preparação dos debatedores.

Etapa 2 – Item 4 – O debate deve durar, no máximo, 15 minutos. Encerre antes se perceber que se tornou circular e reoriente os debatedores e espectadores se observar desrespeito aos turnos de fala ou atitudes inadequadas. Ao discutir a realização do debate, ajude os estudantes a analisar a qualidade da argumentação, a performance (altura de voz e ritmos adequados, postura corporal etcétera) e a postura dos debatedores (contrôle emocional, respeito aos turnos de fala etcétera).

Etapa 3 – Item 3 – Os estudantes devem escolher o local em que farão suas intervenções e apresentar para sua aprovação. É preferível que façam suas intervenções em praças, parques, praias e ruas calmas para que não atrapalhem a circulação nem corram riscos.

Planeje adaptações da atividade considerando as características da região em que está localizada a escola. Se considerar mais adequado, predefina o lugar das intervenções e peça ajuda às famílias para o deslocamento dos estudantes. Verifique se é preciso avisar a prefeitura ou subprefeitura sobre o que vai ocorrer.

Reitere as orientações sobre procedimentos: usar material que possa ser retirado com facilidade e criar intervenções que não impliquem transtornos ou riscos para os transeuntes. Reforce também as orientações para o grupo: a obra ficará exposta por duas horas, sempre acompanhada por dois estudantes, que cuidarão para que seja preservada e prestarão esclarecimentos ao público. Eles devem revezar com os colegas para que um grupo possa conhecer a obra de outro.

Caso você tenha muitas turmas, sugerimos que crie dois ou mais horários para permitir que tanto os estudantes quanto você mesmo conheçam várias intervenções.

Reitere o convite para que os demais professores da escola visitem algumas obras. Veja se é possível distribuir as obras entre alguns professores para garantir que todos os grupos recebam atenção.

  1. A obra deve receber um título. Façam um cartaz com ele e o nome dos integrantes do grupo.
  2. O professor vai escrever um texto de apresentação do evento. No dia das intervenções, cópias dele deverão ser afixadas perto das obras de cada grupo.
  3. Os grupos devem criar convites, em formato digital ou impresso, para familiares e comunidade escolar (profissionais e demais estudantes). O texto de apresentação escrito pelo professor pode ser usado no convite, que deve informar onde estará sua obra e em que horário poderá ser visitada.
  4. No dia e na hora combinados, serão realizadas as intervenções. Ao ­]menos dois integrantes devem ficar o tempo todo junto da obra. Para isso, ­convém fazer um esquema de revezamento: enquanto dois permanecem, os demais podem conhecer as obras dos outros grupos.

Etapa 4 Documentando o processo

Todas as etapas do processo devem ser documentadas por fotos.

  1. Construção – Devem ser registrados momentos significativos dessa etapa: rodas de conversa, escolha e manuseio dos materiais, reações dos integrantes, desafios, conquistas etcétera
  2. Obra pronta – A obra deve ser fotografada com o máximo de qualidade possível. Façam fotos de vários ângulos para registrar detalhes.
  3. Reação do público – Registrar a reação do público é um modo de buscar saber se a intenção pensada pelo grupo se concretizou.

Etapa 5 Avaliando a intervenção

Os grupos mostrarão suas fotos para a turma e compartilharão suas experiências com os demais colegas. É interessante que vocês discutam se:

  • a experiência em grupo foi positiva;
  • a intervenção conseguiu agregar sentido ao espaço urbano escolhido;
  • o público reagiu conforme o esperado ou surpreendeu o grupo;
  • a experiência possibilitou a vocês conhecer mais sobre arte urbana.

Biblioteca cultural

O Brasil tem nomes importantes na arte visual urbana. Entre eles, os gêmeos: os paulistas Gustavo e Otávio Pandolfo. Além das ruas ao redor do mundo, suas obras conquistaram espaço em renomados museus. Acesse o sáite deles para ­conhecer sua história e seu trabalho, disponível em: https://oeds.link/Jz3pdU. Acesso em: 14 março 2022.

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Orientações didáticas

Etapa 3 – Item 6 – Elabore um texto para explicar a atividade dos estudantes. Ele deverá ser reproduzido para que todos os grupos possam ter uma cópia afixada junto da instalação. Além disso, deverá ser divulgado como convite para que familiares e comunidade escolar conheçam as obras. Nele deve constar o endereço em que estarão os vários grupos e os horários.

Etapa 4 – Os estudantes não conseguirão conhecer as intervenções de todos os colegas, por isso orientamos a documentação do processo. Isso também o ajudará a entrar em contato com obras que não conseguiu visitar.

Etapa 5 – Se for possível, projete as fotografias de cada grupo enquanto os integrantes falam sobre como criaram o projeto, o que pretendiam com a intervenção e como foi a experiência. Esse arremate é importante para que os estudantes valorizem a atividade e reconheçam o protagonismo que exerceram.

Biblioteca cultural em expansão

Se você gostou de conhecer a história de isláta, talvez se interesse por estes outros exemplares que também têm como foco as relações de uma pessoa com o mundo que a envolve. Conheça o conjunto de sugestões, escolha a que mais lhe interessa e, no caderno, escreva um comentário que justifique esse interesse.

Diário coletivo da pandemia, organização de Silvia López. São Paulo: Magia de Ler, 2021.

Por que devo ler esse livro?

Para conhecer o relato de 62 adolescentes, de 15 países, sobre suas memórias dos primeiros meses da pandemia de covid-19 e comparar com suas próprias lembranças.

Extraordinário, de R. J. Palacio. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.

Por que devo ler este livro?

Porque ele conta a história de , um garoto que nasceu com uma síndrome rara e precisou passar por várias cirurgias. Aos 10 anos, e com o rosto marcado por deformidades, ele terá de se adequar à rotina escolar e conviver com colegas que estranham sua condição.

A bolsa amarela, de Lygia Bojunga. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2013.

Por que devo ler este livro?

Para conhecer uma menina em conflito com a família e consigo mesma, que esconde em sua bolsa três grandes vontades: crescer, não ter as limitações impostas às meninas e tornar-se escritora.

Qual seria sua contribuição para esse conjunto de sugestões? Escolha uma obra que esteja em conexão com as demais e redija, em seu caderno, um boxe para recomendá-la.

Respostas e comentários

Biblioteca cultural em expansão

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3 e 6.

cê e éle : 2 e 5.

cê e éle pê : 8 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro seis e ê éfe seis nove éle pê quatro nove.

Orientações didáticas

O objetivo desta seção é estimular o contato dos estudantes com outras obras que dialogam com as que conheceu no capítulo. A trilha contém tanto diários quanto literatura de ficção, todas obras com foco na relação entre o sujeito e o mundo que o cérca, retomando, assim, o tema do capítulo: O registro do eu no mundo. Estimule os estudantes a escrever o comentário solicitado e convide alguns deles para ler. O propósito é contribuir para a seleção de texto para leitura integral de acôrdo com os interesses pessoais, competência identificada como cê e éle pê 8.

Glossário

Dear
: Querida, em inglês.
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: os austríacos (1781-1857) e môzar (1756-1791), o alemão (1685-1750) e o polonês (1810­‑1849) foram importantes compositores de peças para pianos e órgãos.
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Um estudo, uma fuga, uma sonata e uma peça
: composições musicais executadas com instrumentos, sem canto.
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Stop the war! Peace! I need peace!
: “Parem a guerra! Paz! Eu preciso de paz!”, em inglês.
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Conflito étnico
: Confronto entre grupos de diferentes origens culturais, religiosas, raciais ou geográficas.
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Mackenzie
: Colégio Presbiteriano maquênzi, instituição de ensino particular em São Paulo.
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Ipiranga
: bairro na capital paulista.
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Anhangabaú
: Vale do Anhangabaú, região situada no centro da cidade de São Paulo e lugar de manifestações e shows populares.
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