Capítulo 7 – Um eu poético

Poemas são textos que encantam porque usam a língua do dia a dia de modo especial. Os sons das palavras e o poder delas de sugerir imagens e propor novos sentidos podem ser fascinantes em um texto poético.

Leitura 1 POEMA

Antes de ler o poema selecionado para iniciar os estudos do ­gênero, tente se lembrar de algum poema que você tenha estudado na ­escola ou tenha lido em alguma obra e de que tenha gostado bastante. Procure esse texto e se prepare para participar de uma roda de leitura. Treine a leitura em voz alta para que ela fique expressiva e fluente.

Depois da roda de leitura, vamos iniciar o estudo do gênero conhecendo um poema de Arnaldo Antunes e refletindo sobre o trabalho com a linguagem.

Para reparar

as coisas são

invisíveis

como o ar

se você não

para     para

reparar

ANTUNES, Arnaldo. Agora aqui ninguém precisa de si. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. página 111.

De quem é o poema?

Fotografia. Arnaldo Antunes, home de aproximadamente 60 anos, pele clara, cabelo curto e grisalho. Tem o rosto fino, sobrancelha grossa e boca pequena.
Arnaldo Antunes em foto de 2013.

O paulista Arnaldo Antunes (1960-) ficou conhecido como músico e cantor da banda de rock Titãs. Saiu do grupo em 1992, mas continuou produzindo letras de canções em parceria com os integrantes da banda e também com outros músicos, como Marisa Monte e Carlinhos bróun. Além disso, tem publicado livros de poemas e se dedicado às artes plásticas.

DESVENDANDO O TEXTO

  1. O poema faz uma comparação entre “as coisas” e “o ar”.
    1. Embora o ar esteja em nossa volta, não prestamos atenção nele. Que característica do ar é responsável por isso?
    2. Cite uma prova de que o ar existe.
    3. Segundo o poema, quando as coisas ficam parecidas com o ar?
  2. Olhe em sua volta neste momento para descobrir uma coisa que passou despercebida até agora.
    1. O que você viu?
    2. O que foi necessário para que você passasse a ver essa coisa?
Respostas e comentários

1a. Sua transparência ou invisibilidade.

1b. Sugestão: Sentimos nosso peito mais cheio quando inspiramos; o vento é o ar em movimento, e podemos senti-lo no rosto e nos cabelos; uma bexiga cheia é mais pesada que uma vazia.

1c. Quando não reparamos nelas.

2a e 2b. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

CAPÍTULO 7

Leia sobre o percurso de aprendizagem proposto para este capítulo na parte específica deste ême pê.

Leitura 1

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2 e 3.

cê e éle : 1, 2 e 5.

cê e éle pê : 1, 3 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro oito, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro, ê éfe seis sete éle pê dois oito e ê éfe seis sete éle pê três oito.

Orientações didáticas

Para estimular o trabalho com o gênero poema, cada estudante deve preparar a leitura em voz alta de um poema de seu repertório pessoal. Prepare uma roda de leitura, fóra da sala de aula – na biblio­teca, no pátio, em uma praça etcétera – e peça aos estudantes que tragam almofadas ou travesseiros para se acomodarem. Provavelmente, será preciso formar duas ou mais rodas simultâneas. Se sua turma for muito numerosa, crie três ou quatro rodas. O ideal é que os estudantes vejam até 12 leituras para não perderem o interesse e a concentração.

Oriente a preparação da roda de leitura, explicando aos estudantes que podem ler ou declamar o poema. É importante que treinem a leitura para que a altura da voz e o ritmo estejam adequados, as palavras sejam pronunciadas claramente, as pausas ocorram nos pontos certos, a entonação acompanhe o sentido e a pontuação. Eles podem também planejar gestos e expressões faciais que contribuam para os efeitos de sentido dos poemas.

Após a roda de leitura, conversem sobre a experiência e sobre a relação que os estudantes têm com os poemas. Eles podem indicar e comentar algumas obras de que gostem particularmente.

Leitura 1 – Pergunte aos estudantes se o poema de Arnaldo Antunes se parece com algum que eles já tenham lido ou ouvido. A questão tem o objetivo de estimular a recuperação de repertório, da “biblio­teca cultural” pessoal dos ­estudantes.

Talvez alguns estudantes tragam letras de canção para serem lidas pensando nelas como poemas, o que não seria ideal nessa atividades. Se isso ocorrer, não os iniba, mas problematize o fato de muitas vezes, sobretudo no Brasil, letras de canção serem vistas como sinônimos de poemas. A discussão pode ser interessante.

Em geral, os estudantes têm acesso a poemas com versos distribuídos em estrofes ou a poemas visuais, cujas palavras simulam figuras mencionadas no texto.

Questão 2 – Espera-se que os estudantes identifiquem algo no ambiente que ainda não haviam notado e respondam que é necessário prestar atenção, reparar em uma coisa para passar a vê-la.

  1. Você acha que o termo coisas, no poema, refere-se apenas a objetos? ­Explique sua resposta.
  2. Quais são os sentidos da palavra para no penúltimo verso?
  3. A última palavra do poema é o verbo reparar.
    1. Que palavras ou expressões têm sentido semelhante ao dela?
    2. Por que o poeta decidiu usar a palavra reparar, e não uma de sentido parecido?

COMO FUNCIONA UM POEMA?

1. Compare o poema de Arnaldo Antunes com trechos de dois textos que você conheceu no Capítulo 1 e responda à pergunta a seguir.

Quando eu saio e não há tiros, fico com a sensação de que a guerra ­acabou, mas os córtes de água e eletricidade, o inverno, a falta de lenha e de comida me trazem para a realidade e percebo que a guerra continua por aqui. E por quê? Por que esses “moleques” não entram num acôrdo? Estão se ­divertindo à beça. A nossas custas.

. O diário de isláta: a vida de uma menina na guerra. Tradução Antonio de Macedo Soares e Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. página 112-113.

Na época em que seu diário ajudou a dar publicidade aos horrores do conflito étnico em seu país, isláta foi chamada de én frênqui bósnia, em alusão à menina judia morta em um campo de concentração nazista aos 15 anos de idade. O título, no entanto, nunca a agradou. “Sou um pouco supersticiosa e ser comparada a alguém que teve um final tão triste me deixava preocupada com a possibilidade de ter a minha vida terminada de maneira tão trágica também”, conta.

GOMBATA, Marcilea. A não ficção de . Carta Capital. Cultura, São Paulo, 5 setembro 2013. Disponível em: https://oeds.link/5LhJaS. Acesso em: 14 março 2022.

Que diferença há na maneira como as palavras ocupam a linha?
  1. Leia mais uma vez o poema, agora em voz alta, considerando o espaço ­deixado entre os versos ou no meio deles.
    1. A releitura foi feita em ritmo rápido ou lento?
    2. No meio de qual verso fazemos uma pausa na leitura? Copie-o no caderno.
    3. O que nos leva a fazer essa pausa?
    4. Que relação existe entre o assunto do poema e essa fórma de escrever o verso?

Da observação para a teoria

O poema é um gênero textual do campo literário. Ele se caracteriza pelo trabalho apurado com as palavras, mas também por outros recursos de linguagem, como o formato do texto na página ou a diagramação das letras, que podem ser mobilizados intencionalmente para construir sentidos e causar efeito sobre o leitor.

Respostas e comentários

3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes respondam negativamente e justifiquem dizendo que também não reparamos em algumas pessoas, por ­exemplo.

4. A primeira ocorrência de para (verbo) significa estagnar, deixar de mover; a segunda (preposição) tem o sentido de a fim de, com o objetivo de.

5a. Notar, perceber, observar, prestar atenção, fixar o olhar.

5b. Porque, além de rimar com ar, a palavra reparar contém as letras que formam a palavra para, usada duas vezes no verso anterior.

1. No diário e na reportagem, as palavras ocupam toda a extensão das linhas; no poema, apenas parte delas.

2a. Resposta ­pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

2b. Verso 5: “para [espaço] para”.

2c. O espaço entre as palavras.

2d. O poema fala da necessidade de reduzir nosso ritmo para que possamos notar as coisas ao nosso redor. O espaço entre as palavras nos obriga a fazer uma pausa, já realizando aquilo que é sugerido no texto.

Orientações didáticas

Como funciona um poema? – Questão 2a Espera-se que os estudantes apontem um ritmo lento.

Textos em CONVERSA

Conheça um projeto do artista plástico paranaense Diego .

Fotografia de obra de arte. Cobertor cinza; parte está no chão e parte está erguida como se houvesse algo embaixo. O ambiente é uma construção de paredes manchadas e chão de cimento. Ao fundo, abertura ampla, de onde se vê um prédio. Na parede lateral à abertura, figuras humanas em relevo, erguendo bastões.
, Diego. Dingo. 2014. uma escultura, fibra de vidro sobre tecido, 100 por 100 por 100 centímetros. Curitiba (Paraná).
  1. De que material parece ter sido feita essa escultura?
  2. Esse material e a fórma da escultura levam o público a relacioná-la com uma figura humana presente nas grandes cidades. Qual?
  3. Observe que não há nada dentro da fórma. Levante uma hipótese: o que o artista sugere quando substitui a figura humana pelo vazio?
  4. Em sua opinião, o que o artista procurou causar no público?
  5. Que relação pode ser estabelecida entre essa escultura e o poema de Arnaldo Antunes da abertura do capítulo?
Respostas e comentários

1. De tecido usado na fabricação de cobertores.

2. Uma pessoa em situação de rua.

3. Sugestão: O artista sugere que os moradores de rua se tornam “invisíveis”, isto é, não enxergamos sua história, os motivos de estarem ali etcétera

4. Resposta ­pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

5. Assim como a escultura, o poema nos alerta para o fato de que nos acostumamos com certos lugares e situações e deixamos de prestar atenção neles e nas pessoas.

Textos em conversa

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4 e 9.

cê e éle : 1, 2, 3, 4 e 5.

cê e éle pê : 1 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois um e ê éfe seis sete éle pê dois sete.

Orientações didáticas

A cê gê 9 cita a importância de o estudante desenvolver a empatia e promover o respeito ao outro e aos direitos humanos. Esta seção, aquecida pela discussão do poema de Arnaldo Antunes (Leitura 1), concorre para a reflexão acerca da condição da população em situação de rua e da “invisibilidade” a que é submetida. Convide os estudantes a responder às questões antes de conversar com eles sobre a obra. Isso exigirá que formem uma opinião própria antes de aceitar as leituras alheias.

A seção permite um interessante trabalho interdisciplinar. Verifique se o professor de Geografia tem interesse em ampliar a abordagem, retomando a escultura de Diego em sua aula para tratar das noções de pertencimento e identidade, bem como para discutir o fato de que o sujeito expressa uma singularidade e compõe, simultaneamente, uma categoria social ampla. Notícias, reportagens e depoimentos podem ser usados para ancorar a discussão no contexto atual.

Questão 4 Espera-se que os estudantes compreendam que o artista desejou provocar a reflexão sobre a condição da população em situação de rua e sobre a indiferença das pessoas.

Leitura 2 POEMA

Leia, a seguir, um poema do escritor fluminense Ivan Junqueira e responda às questões.

O aeroplano

Quando eu fiz cinco anos,

meu pai deu-me de presente um aeroplano

que ele próprio construíra

com finas hastes de bambu e papel de seda.

Tão leve quanto uma libélula,

o frágil engenho voou até desaparecer

por detrás do muro do quintal

e dos últimos reflexos de um poente de verão.

Ninguém jamais o encontrou.

Eu ia na cabine. Eu e minha infância,

que nunca mais voltou.

JUNQUEIRA, Ivan. Essa música. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.

De quem é o texto?

Fotografia. Ivan Junqueira, senhor de pele clara, cabelo e barba brancos. Usa óculos de armação retangular.
Ivan Junqueira em foto de 2013.

Ivan Junqueira (1934-2014) trabalhou como jornalista em vários jornais do Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e viveu. Foi também crítico literário e editor. Seus livros de poemas foram traduzidos para vários idiomas. Foi membro da Academia Brasileira de Letras.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

  1. O poema “O aeroplano” relata um acontecimento.
    1. Em que momento da vida do eu lírico esse fato ocorreu?
    2. Como você imagina a pessoa que está relatando o fato?
    3. É possível saber se Ivan Junqueira, autor do poema, viveu essa experiência ou se ele apenas a inventou?

A voz que fala em um poema é chamada de eu lírico ou eu poético. Ela expressa um sentimento ou conta algo que pode ou não corresponder a uma experiência real vivida pelo autor ou por outra pessoa. Por exemplo, um poeta pode escrever colocando-se no lugar de uma senhora que está triste porque seu neto adoeceu, assim como pode fingir ser um caranguejo e falar sobre a experiência de ser lançado pelo mar em uma praia desconhecida.

  1. No poema, o eu lírico descreve o aeroplano que ganhou do pai.
    1. O brinquedo era feito de “finas hastes de bambu” e de “papel de seda”. O que são hastes? Qual é sua função?
    2. Que característica do aeroplano é sugerida pelo uso desses materiais?
    3. Transcreva do poema a expressão equivalente à palavra ­aeroplano e que revela essa mesma característica.
    4. O eu lírico compara o aeroplano com uma libélula. Explique o que é uma libélula, consultando, se preciso, um dicionário.
Respostas e comentários

1a. Quando o eu lírico tinha cinco anos.

1b. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

1c. Espera-se que os estudantes afirmem que não é possível saber isso.

2a. São pedaços de madeira usados como armação ou apôio.

2b. Fragilidade.

2c. Frágil engenho.

2d. Libélula é um inseto com asas longas e transparentes.

Leitura 2

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3 e 4.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 1, 3, 6, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis nove éle pê quatro oito, ê éfe seis nove éle pê cinco três, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro, ê éfe seis sete éle pê dois oito e ê éfe seis sete éle pê três oito.

Orientações didáticas

Nesta seção, diferentemente do que acontece nas demais, propomos um percurso formado pela exploração de um conjunto de textos. Com ele, levamos os estudantes a observar várias realizações distintas do gênero. As atividades promovem a leitura dos textos considerando a interpretação de recursos expressivos sonoros e semânticos e de elementos visuais.

Sugerimos, em um primeiro momento, a leitura silenciosa do poema de Ivan Junqueira. Adiante, orientaremos uma atividade de leitura em voz alta.

Refletindo sobre o texto – Questão 1b Espera-se que os estudantes indiquem que é um adulto, pois fala da infância como uma etapa distante. É possível que apontem, predominantemente, que se trata de um homem, visto que o brinquedo recebido costumava ser dado a meninos.

  1. Que característica citada no poema justifica a aproximação entre o aeroplano e uma libélula? Que outras características também poderiam ser citadas?
  2. O eu lírico afirma que “ia na cabine” do aeroplano. Como isso é possível se este era pequeno e de brinquedo?

Dica de professor

Para compreender bem um poema, leia as frases em voz alta, sem isolar os versos, pois elas formam unidades de sentido. Note as pausas, o ritmo de leitura, as palavras enfatizadas. Procure interpretar a leitura com gestos e expressões faciais.

  1. Para o eu lírico, ser criança é como voar no pequeno avião. Então, o que é a infância para ele?
  2. Como o eu lírico expressa ao leitor a ideia de que sua infância terminou com aquela experiência?

Os poemas estão repletos de imagens poéticas. Em vez de apresentar uma ideia de modo direto, os poetas criam relações inesperadas. Nesse poema, o autor associa o fim da infância à imagem do aeroplano que desapareceu.

  1. Observe a fórma do poema.
    1. Quantos versos ele tem?
    2. Quantas são as frases? Considere que cada uma delas termina com um ponto-final.
    3. Há o mesmo número de versos e de frases? Por quê?
  2. Leia agora este poema de Lázaro Ramos.

Viagem

Compra passagem, faz mala,

de ônibus, trem ou avião.

É sair da sua casa

e achar outra opção.


Conhecer outros lugares,

visitar ente querido,

é provar novos sabores,

descobrir, correr perigo.


Sentir saudade de casa,

pra voltar, se deitar na cama

e ficar aconchegado,

lembrando o que se ama.


Mas existe outra viagem,

já aprendi essa lição,

que é bacana, divertida:

é usar a imaginação.

RAMOS, Lázaro. Viagem. ín: MUNHOZ, Yasmin. Personagem do Quintal da Cultura recita poema escrito por Lázaro Ramos. Cultura uól. [sem local], 19 janeiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/soRwES. Acesso em: 14 março 2022.

Biblioteca cultural

Fotografia. Lázaro Ramos, rapaz negro, de cabelo curto e barba. Tem olhos redondos e a sobrancelha arqueada.
Lázaro Ramos em foto de 2019.

Lázaro Ramos (1978-) construiu uma bem-sucedida carreira no cinema, no teatro e na tê vê, atuando como ator, diretor, produtor, roteirista e apresentador. Conheça o Bando de Teatro Olodum, importante companhia de teatro de Salvador, em que o artista começou sua carreira. Para isso, acesse a Enciclopédia do Itaú Cultural e procure o verbete sobre a companhia.

  1. Qual é o assunto do poema?
  2. Quais são os temas específicos de cada estrofe?
  3. No oitavo verso, o eu lírico afirma que viajar é “correr perigo”. A que você acha que ele se refere?
  4. Quantos versos e quantas estrofes tem o poema?
  5. Observe as palavras que formam o final dos versos. Copie as duplas que terminam com sons iguais.
  6. Há um padrão nessa repetição de sons. Como poderia descrevê-lo?
Respostas e comentários

2e. O poema cita a leveza. Também poderiam ser mencionadas a capacidade de voar, a estrutura delgada, a fragilidade e a delicadeza.

2f. Espera-se que os estudantes notem que não se trata de uma situação real; o eu lírico sugere que se sentia como se pudesse voar no aeroplano, simulando essa sensação.

3. Sugestão: Para o eu lírico, a infância é um momento de diversão e liberdade, em que há espaço para a imaginação.

4. O eu lírico afirma que o avião voou por trás do muro e nunca mais voltou, assim como sua infância.

5a. Onze.

5b. Cinco.

5c. Não, porque há frases que ocupam mais de um verso.

6a. A experiência de viajar.

6b. Sugestão: Partida (primeira), motivos ou objetivos (segunda), retorno (terceira), viajar com a imaginação (quarta). Aceite outras identificações pertinentes.

6c. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

6d. Dezesseis versos e quatro estrofes.

6e. Avião/opção; cama/ama; lição/imaginação.

6f. Em cada estrofe, o segundo verso rima com o quarto verso. Apenas na segunda estrofe, essa rima não é perfeita porque os sons são muito parecidos, mas não iguais.

Orientações didáticas

Questão 5 Aproveite para trabalhar com sua turma a oralização. Depois das atividades com o poema, que contribuem para uma compreensão mais profunda do texto, organize os estudantes em grupos. Cada equipe escolherá um leitor e orientará sua leitura, indicando palavras a serem enfatizadas, pausas, expressões faciais, ritmo etcétera Observe se os leitores fazem pausas mais longas no final das frases, e não dos versos.

Questão 6 – Promova uma atividade de declamação do poema. Forme quartetos e atribua uma estrofe a cada integrante. O grupo deve definir uma maneira de ler o texto – incluindo recursos de gestualidade – que revele uma interpretação. Oriente-os a prestar atenção às pausas, a valorizar as rimas e a definir ênfases. Também devem cuidar para que a altura da voz, o ritmo de leitura e a postura sejam adequados.

Questão 6b – Comente com os estudantes que, além da viagem convencional, aquela em que nos deslocamos, o eu lírico cita a viagem com a imaginação, descrita como bacana e divertida. Pergunte se concordam com ele e peça que expliquem sua opinião. Incentive-os a descrever experiências de viagem usando a imaginação.

Questão 6c Espera-se que os estudantes mencionem a sensação que o viajante tem de viver uma aventura, enfrentar um mundo novo.

Verifique se os estudantes compreenderam que, no contexto do poema, a viagem é exaltada, não sendo coerente imaginar que o viajante corra um risco real.

Questão 6e – Leia em voz alta a segunda e a terceira estrofes do poema, para que os estudantes percebam que há igualdade na terminação de “cama” e “ama”, mas não de “querido” e “perigo” ou de “lugares” e “sabores”, apesar da semelhança.

Dizemos que há rima entre palavras quando elas terminam com sons iguais ou semelhantes. A rima pode acontecer no final dos versos (rima externa) ou no meio deles (rima interna). Veja.

Pescaria

Cochilo. Na linha

eu ponho a isca de um sonho.

Pesco uma estrelinha.

Ilustração. Estrelinha amarela sorridente. Está em pé dentro de uma nuvem. A nuvem está presa em um anzol.

ALMEIDA, Guilherme de. Os melhores poemas de Guilherme de Almeida. Seleção Carlos vôguit. segunda edição São Paulo: Global, 2001. página 91. (Os melhores poemas; 28).

  1. Releia os poemas de Arnaldo Antunes, Ivan Junqueira, Lázaro Ramos e Guilherme de Almeida.
    1. Observe o uso das letras maiúsculas e da pontuação. Por que o poema de Arnaldo Antunes é diferente dos outros?
    2. Observe como as palavras ocupam o espaço da página. Por que temos a impressão de que o poema de Antunes fórma uma figura?
  2. Leia este outro poema, do autor mineiro áu-caér.
Poesia visual. Meia lua em três posições diferentes, formando a palavra Lua.

áu-caér. Lua. ín: ANTONIO MIRANDA. Poesia visual. [sem local], []. Disponível em: https://oeds.link/wLg3O4. Acesso em: 17 maio 2022.

  1. Que relação existe entre o significado da palavra que fórma o poema e a maneira como ela foi escrita?
  2. Além de fórmas, o poeta explorou cores. Como as empregou e com qual propósito?
  3. Esse poema é mais parecido com o de Antunes, o de Junqueira, o de Lázaro ou o de Almeida? Por quê?
  4. O poema de áu-caér é um exemplo da chamada poesia visual. Pense nas características dele e conclua: o que seria um poema visual?

Fala aí!

Dos cinco poemas vistos até este ponto do capítulo, de qual você gostou mais? Por quê?

Da observação para a teoria

No gênero textual poema, as palavras são escolhidas, ­dispostas e eventualmente articuladas com outros recursos visuais de modo a construir sentidos inusitados e efeitos expressivos.

Respostas e comentários

7aponto Porque nele não há letras maiúsculas nem pontuação.

7b. Porque as palavras estão centralizadas, e o espaço entre elas é desigual.

8a. As letras da palavra lua imitam suas fases.

8b. Ele usou o preto para compor o fundo e o branco para escrever as letras, sugerindo, assim, a noite e a lua iluminada.

8c. Com o de Antunes, porque procurou trabalhar não apenas o sentido e o som das palavras, mas também o aspecto visual.

8d. Um poema que explora imagens e fórmas.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Fala aí! – Estimule os estudantes a justificar suas preferências. Dê espaço para que todos os poemas sejam comentados, sempre de fórma respeitosa. Aproveite para avaliar como o grupo se comporta quando precisa falar de seus próprios gostos e como os estudantes recebem a expressão do gosto dos colegas, sobretudo quando são bem diferentes dos seus.

Atividade complementar

Se quiser complementar a discussão de elementos básicos do poema, principalmente a musicalidade, sugerimos que realize uma atividade com o ciberpoema “acôrdo”, de Arnaldo Antunes, disponível em: https://oeds.link/M3fKMU acesso em: 18 junho 2022. Trabalhe o duplo sentido da palavra acôrdo, que, no contexto, remete tanto a estar de acôrdo (dada a oposição entre concordar e discordar) como despertar, já que ela é pronunciada ao fundo com a vogal o aberta /ó/. É possível também trabalhar a ênfase na primeira sílaba de concordo e ­discordo. Os estudantes devem observar, ainda, o movimento das palavras na tela e relacioná-lo à vibração das cordas do violão, instrumento musical que acompanha a declamação do poema.

Se eu quiser aprender MAIS

A linguagem poética

O trabalho dos poetas é alterar o significado das palavras ao criar associações novas, inesperadas. Eles usam a linguagem figurada, que se caracteriza por palavras usadas com sentido diferente do usual. Explore mais esse aspecto, realizando as atividades a seguir.

1. Leia esta tirinha do cartunista goiano Galvão Bertazzi.

Tirinha. Quadrinho 1: Pessoa cinza, de lado, com uma nuvem de chuva sobre a cabeça. O dia está ensolarado e cidade tem cores. NEM IMPORTA SE O DIA ESTÁ LINDO... ANTUNES LEVE SEMPRE UMA NUVEM ESCURA SOBRE A CABEÇA. Quadrinho 2: Alice, moça correndo com o Sol acima dela. AO redor, cidade cinza e chuvosa. As pessoas estão de guarda-chuva. NÃO IMPORTA SE O DIA ESTÁ FEIO, ALICE CARREGA UM SOL PARTICULAR ONDE QUER QUE VÁ.

BERTAZZI, Galvão. Vida besta. uma tirinha. []. Disponível em: https://oeds.link/7wIg25. Acesso em: 12 julho 2022.

  1. O que significa, no contexto, levar uma “nuvem escura sobre a cabeça”? E ­carregar um “sol particular”?
  2. O cartunista explora tanto o sentido denotativo (literal, usual) quanto o sentido conotativo (novo, criativo) das expressões “nuvem escura” e “sol particular”. Explique essa ideia.
  3. Explique o uso das cores na tirinha.

Desafio da linguagem

Agora é sua vez de brincar com os sentidos. Desenhe uma situação que represente, de modo literal, uma expressão conotativa. Você pode desenhar, por exemplo, um doce de garoto, uma colega que é um crânio e uma professora fera em Matemática, entre tantas outras.

2. Leia este poema da escritora portuguesa Matilde Rosa Araújo.

Um amigo

Esta noite deitei-me triste.

Abri um livro, passei uma folha, outra folha.

Quando cheguei ao fim tinha o coração cheio

de folhas e de floresreticências

Ilustração. Menina deitada na cama, coberta por folhas. Uma das mão está sobre um livro, apoiado no móvel na cabeceira da cama.

ARAÚJO, Matilde Rosa. Cantar da Tila. Lisboa: Livros Horizonte, 1986.

Respostas e comentários

1a. Levar uma “nuvem escura sobre a cabeça” significa estar sempre preocupado, de mau humor; ter um “sol particular” significa estar sempre otimista, alegre.

1b. No texto verbal, as expressões são empregadas com sentido conotativo, mas, na ilustração, são representadas com sentido literal.

1c. O cartunista explora o contraste entre o cenário e a situação dos personagens. Para representar as ideias de animação e leveza, usa azul, amarelo e tons de marrom; para situações que sugerem tristeza ou dificuldade, usa o cinza.

Se eu quiser aprender mais

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 3 e 4.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 3, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê zero cinco, ê éfe seis nove éle pê quatro oito, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro, ê éfe seis sete éle pê dois oito e ê éfe seis sete éle pê três oito.

Orientações didáticas

As atividades desta seção promovem a reflexão acerca de efeitos produzidos pelo uso de recursos semânticos na construção do sentido do poema.

Desafio da linguagem – Propomos afixar as produções na lousa ou em uma parede para os estudantes verem o que os colegas desenharam. Peça a cada um deles que explique o sentido da expressão usada como base. Comente eventuais equívocos.

  1. O eu lírico sentia-se triste quando se deitou. O que ele resolveu fazer enquanto não dormia?
  2. Depois disso, o estado de espírito dele mudou ou continuou igual? Justifique sua resposta.
  3. A palavra folha foi usada com dois sentidos no texto. Quais são eles?
  4. O segundo sentido de folha permitiu ao eu lírico relacioná-la a uma palavra que não se refere normalmente aos livros. Qual é ela?
  5. No último verso, as palavras folhas e flores foram usadas com ­sentido conotativo. O que elas passaram a significar? Por quê?
  6. O leitor precisa deduzir que o “amigo” citado no título é o livro. Transcreva a frase a seguir em seu caderno e complete-a, valendo-se das ideias expressas no poema.

O livro é como um amigo, porquereticências

A comparação implícita, que não é dita claramente, chama-se metáfora. O leitor precisa deduzir o sentido, contando com as outras palavras do texto. A metáfora é um dos principais recursos da linguagem conotativa.

3. Haicais são poemas de origem japonesa compostos de três versos. Seus temas são ligados à natureza ou à percepção da passagem do tempo. Conheça um haicai da poeta paulista setsuko geni oiakaua.

Pétalas de seda

Flutuam, fazem festa

Borboletas.

Ilustração. Borboletas coloridas ao redor do poema. Pétalas de seda Flutuam, fazem festa Borboletas.

Oiacaua, Setsuko Geni. Escritas.órgui. [sem local], [Década de dois mil e dez]. Disponível em: https://oeds.link/85ZAE3. Acesso em: 14 março 2022.

  1. Com o que as borboletas são comparadas no poema?
  2. Quais características são comuns aos elementos comparados?
  3. Redija no caderno uma frase que explicite a comparação.
  4. Por que podemos dizer que esse haicai apresenta uma metáfora?

4. Leia outro haicai, este da escritora capixaba Lena Jesus Ponte.

Cuidadoso, o pai

descascava a tangerina.

Perfumava a infância.

PONTE, Lena Jesus. Ávida palavra. Rio de Janeiro: Editoração, 2007.

  1. Esse poema pode ser considerado um bom exemplo de haicai? Justifique sua resposta observando a fórma e o tema.
  2. Como você entendeu a ideia de que o pai “perfumava a infância”?
  3. A palavra perfumar está ligada a outra palavra no poema. Qual? Explique sua resposta.

Biblioteca cultural

Fotografia. Lena Jesus Ponte, senhora sorridente, de cabelo grisalho penteado para trás. Tem a pele clara, usa colar e óculos.

Assista a um vídeo em que a poeta Lena Jesus Ponte (1950-) fala sobre os haicais, disponível em: https://oeds.link/UX7L3G. Acesso em: 17 maio 2022.

Respostas e comentários

2a. Ler um livro.

2b. Mudou, porque seu coração ficou “cheio de folhas e de flores”, o que sugere que a tristeza passou.

2c. “Pedaço de papel” e “parte de árvore ou de planta”.

2d. Flores.

2e. Alegria, felicidade, porque são elementos que remetem a coisas belas, positivas.

2f. Sugestão: O livro é como um amigo, porque nos conforta quando estamos tristes.

3a. Pétalas de seda.

3b. Leveza, fragilidade, delicadeza, capacidade de flutuar.

3c. Sugestão: Borboletas são como pétalas de seda porque flutuam delicadamente.

3d. Porque há uma comparação entre as borboletas e as pétalas de seda, mas isso não está expresso claramente. É preciso que o leitor perceba a relação.

4a. Sim. O poema é formado por três versos e menciona uma fase da vida, portanto tem as características que identificam um haicai.

4b. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

4c. À palavra tangerina, fruta que, quando descascada, exala um cheiro forte e doce.

Orientações didáticas

Questão 3c – Escolha, entre as frases produzidas pelos estudantes, uma resposta que considere modelar. Anote-a na lousa e evidencie como o estudante organizou os dados de modo a expressar, com clareza, as particularidades da metáfora.

Questão 4b – Os estudantes devem reconhecer a ideia de que o pai é visto como alguém que tor­na a infância melhor, estando associado ao cuidado e ao carinho. Também podem entender que, na memória do eu lírico, a infância está relacionada ao cheiro da tangerina.

Trabalhe com os estudantes a ideia de que a maioria das imagens de um poema não oferece uma inter­pretação única e fechada, mas reforce que o importante é que eles apresentem uma ideia coerente com o contexto em que a imagem está colocada.

Falando sobre a NOSSA LÍNGUA

Sujeito

Você já estudou a estrutura das orações e, provavelmente, lembra-se de que são compostas de um predicado, que pode se referir a um sujeito.

Observe:

Haicais são poemas de origem japonesa.

Nesta seção, você vai voltar a ler o poema “O aeroplano” para ­observar os diferentes efeitos produzidos pela escolha do sujeito e conhecer três de seus tipos.

COMEÇANDO A INVESTIGAÇÃO

Releia o poema “O aeroplano”, de Ivan Junqueira, e responda a novas perguntas.

O aeroplano

Quando eu fiz cinco anos,

meu pai deu-me de presente um aeroplano

que ele próprio construíra

com finas hastes de bambu e papel de seda.

Tão leve quanto uma libélula,

o frágil engenho voou até desaparecer

por detrás do muro do quintal

e dos últimos reflexos de um poente de verão.

Ninguém jamais o encontrou.

Eu ia na cabine. Eu e minha infância,

que nunca mais voltou.

Ilustração. Menino brincando com um avião de brinquedo. Ele usa touca de aviador e óculos na testa. Na camiseta dele o desenho de um avião. O céu está alaranjado.

JUNQUEIRA, Ivan. Essa música. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.

  1. Perder o aeroplano, que simboliza a infância, provocou um ­sentimento que não foi mais mudado. Quais palavras do poema ­sugerem esse efeito irreversível, eterno?
  2. A experiência com o aeroplano ficou gravada na memória do eu lírico associada a uma cor.
    1. Que cor é essa?
    2. Que imagem sugere essa cor?
  3. Embora se intitule “O aeroplano”, o foco do poema é o eu lírico. ­Explique como o primeiro e os dois últimos versos do poema enfatizam a figura do eu.
Respostas e comentários

1. Jamais e nunca.

2a. A cor laranja ou vermelha.

2b. Essa cor é sugerida pelo “poente de verão” (pôr do sol).

3. Tanto o primeiro como os dois últimos versos tratam do eu lírico, mostrando que a referência ao aeroplano foi feita para falar de uma experiência do eu.

Falando sobre a nossa língua

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4 e 9.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 4, 5 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê zero três, ê éfe seis nove éle pê cinco seis, ê éfe zero seis éle pê zero seis, ê éfe zero seis éle pê zero oito e ê éfe zero seis éle pê um zero.

Tópicos trabalhados na parte de linguagem deste capítulo

• Concordância verbal.

• Sujeito.

Orientações didáticas

Neste capítulo, propomos o estudo de três tipos de sujeito – simples, composto e desinencial – e de alguns casos de concordância verbal, sempre ancorados pelo texto. Nesta coleção, optamos por inserir, de fórma produtiva, os estudos de concordância verbal e nominal. Esses estudos são feitos conforme são estudadas as funções sintáticas de sujeito, adjunto adnominal e predicativo do sujeito, pois, refletindo sobre o funcionamento desses termos sintáticos, o estudante está preparado para compreender, de fato, o mecanismo de concordância.

O sujeito indeterminado e a oração sem sujeito serão estudados no volume do 8º ano, quando os estudantes já terão conhecimento da estrutura da oração e mais consciência do fenômeno de concordância verbal e nominal.

Começando a investigação – Questões 1 a 3 – Sugerimos que os estudantes retomem o que já discutiram sobre o poema antes de iniciar a nova exploração do texto.

Biblioteca do professor

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Uáis da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2010.

Nessa obra, o autor alerta para a necessidade de não confundir as funções semântica e sintática quando falamos de sujeito. Sujeito é uma categoria sintática e diz respeito à posição estrutural que palavras e sintagmas ocupam no contexto gramatical. Assim, não é correto definir sujeito como aquele que realiza a ação do verbo ou aquele de quem o verbo declara algo, informações pertinentes ao universo semântico e que não se aplicam à análise do sujeito em parte significativa das orações. Dialogamos com a explicação do estudioso atentando ao que é pertinente para o Ensino Fundamental – Anos Finais. Para ler mais sobre o tema, consulte as páginas 150, 151 e 223 da referida obra.

Como você pode notar, esse poema é marcado pela subjetividade, ou seja, ele expressa o universo particular do eu lírico. Isso acontece, entre outros recursos, graças à repetição do pronome eu, sujeito de algumas das orações. Privilegiar o eu como sujeito é um sinal de subjetividade.

Vamos retomar o estudo dessa função sintática acompanhando a análise da seguinte frase.

Esquema. 'Eu ia na cabine' eu: sujeito, ia: verbo, ia na cabine: predicado.

Você já sabe que, em geral, as orações são constituídas de duas unidades. Aquela que contém o verbo é chamada de predicado e sempre está presente na oração. A outra unidade é o sujeito, ser ou objeto sobre o qual se faz uma declaração.

A função de sujeito pode ser exercida por uma ou mais palavras. Observe.

Esquema. 'meu pai deu-me de presente um aeroplano' meu pai: sujeito pai: núcleo do sujeito deu: verbo deu-me de presente um aeroplano: predicado.

Entre as palavras que formam o sujeito, pai é a central, por isso é chamada núcleo do sujeito. O núcleo pode vir acompanhado de outros termos que o determinam: meu pai, meu querido pai, o pai da criança etcétera  

O sujeito pode ser constituído de um ou mais núcleos ou, ainda, pode não estar explícito. Essa diferença determina sua classificação. Acompanhe a análise. 

Esquema. 'meu pai deu-me de presente um aeroplano' meu pai: sujeito simples deu-me de presente um aeroplano: predicado Voou o frágil engenho por trás do muro do quintal. Voou: predicado o frágil engenho: sujeito simples engenho: núcleo do sujeito por trás do muro do quintal: predicado Sujeito simples: formado por um só núcleo. Esquema. Eu e minha infância íamos na cabine. Eu e minha infância: sujeito composto Eu: núcleo do sujeito infância: núcleo do sujeito íamos na cabine: predicado Sujeito composto: formado por dois ou mais núcleos. Esquema. (eu) Jamais o encontrei. (eu): sujeito desinencial Jamais o encontrei: predicado 'ei', em encontrei: desinência Sujeito desinencial: identificado pela desinência do verbo e pelo contexto.

O sujeito simples e o sujeito composto sempre estão expressos na ­frase, enquanto o sujeito desinencial está implícito na desinência (terminação) do verbo e pode ser reconhecido pelo contexto. 

Há, ainda, mais duas classificações (o sujeito indeterminado e a oração sem sujeito), que você estudará nos próximos anos. 

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Sujeito desinencial A Nomenclatura Gramatical Brasileira (êne gê bê) classifica o sujeito como simples, composto, indeterminado e oração sem sujeito. O sujeito que é reconhecido pela desinência do verbo é incluído em sujeito simples, uma vez que a maneira particular como se apresenta na oração não constitui uma nova classificação. O documento não faz uso das terminologias sujeito oculto, sujeito implícito na desinência verbal ou sujeito desinencial, mas, por ser esta a fórma como o tópico tem sido tratado nas coleções didáticas, recorreremos a ela.

Biblioteca do professor

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Uáis da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2018.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa: cursos de 1º e 2º graus. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1992.

CUNHA, Celso; CINTRA, lindlei. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

cúri, Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática. São Paulo: Ática, 1987.

SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 2001.

Observamos que as obras de Bechara, Cunha e Cintra e cúri referem-se a sujeito oculto e que Azeredo menciona a ocultação do sujeito. Já Sacconi emprega a designação sujeito desinencial. Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, consulte essas obras.

investigando mais

1. Leia esta notícia. 

Casal é resgatado pela Marinha americana de ilha deserta no Pacífico 

Linus e Sabina Djék escreveram um pedido de socorro na areia da ilha de faiú, na Micronésia 

ILHA faiú, MICRONÉSIA. Parece roteiro de cinema, mas é verdade. Um casal foi resgatado de uma ilha deserta no Pacífico depois que seu pedido de socorro foi avistado por um avião da Marinha dos Estados Unidos. As fotos com o pedido de ésse ó ésse desenhado na areia da ilha de faiú, na Micronésia, foram divulgadas neste sábado reticências, embora o resgate tenha acontecido no último dia 25.

Linus e Sabina Djék, ambos de 50 anos, ficaram desaparecidos por uma semana. O casal saiu da ilha de no dia 17 de agosto sem o equipamento de emergência e esperava chegar à ilha de Tamatam no dia seguinte. Como não chegaram, foi iniciada uma busca, que contou com 14 barcos e dois aviões que rastrearam 30 mil quilômetros quadrados. O sinal de ésse ó ésse foi visto por um avião da Marinha americana, que acionou a guarda costeira para o ­salvamento de Linus e Sabina. reticências

Ilustração. Casal de costas, sentados em uma ilha. À esquerda pessoa branca de cabelo comprido, usando calça e camiseta. À direita pessoa negra, cabelo curto, usando regata. Estão abraçadas. Na frente dela um coqueiro. Atrás dois caranguejos.

CASAL é resgatado pela Marinha americana de ilha deserta no Pacífico. O Globo. [sem local], 28 agosto 2016. Disponível em: https://oeds.link/Duynnh. Acesso em: 24 março 2022. 

  1. Ao afirmar que a situação vivida pelo casal “parece roteiro de cinema”, o produtor da notícia inclui, no relato dos fatos, uma observação pessoal. O que ele sugere quando faz essa comparação? 
  2. Reelabore o título trocando “casal” por “Linus e Sabina Djék” e explique a alteração sofrida pelo verbo.

De acôrdo com a norma-padrão, o núcleo do sujeito e o verbo concordam em pessoa e número.

O avião da Marinha viu o sinal de ésse ó ésse.

Os aviões da Marinha viram o sinal de ésse ó ésse.

Quando o sujeito composto está antes do verbo, este vai para o plural.

O avião e os barcos procuraram o casal.

Se o sujeito composto estiver depois do verbo, a concordância pode ser feita no plural ou com o núcleo mais próximo.

partiu um avião e vários barcos.

Respostas e comentários

1a. Sugere que os fatos são quase inacreditáveis, estão distantes do que costuma acontecer cotidianamente.

1b. Linus e Sabina Djék foram resgatados pela Marinha americana de ilha deserta no Pacífico. O verbo foi flexionado no plural para haver concordância entre ele e o sujeito composto.

Orientações didáticas

Questão 1b – Aproveite a concordância entre o verbo no singular e o núcleo “casal”, no título, para reforçar a noção de que a concordância é feita com a palavra, e não com a ideia. Apresente mais um exemplo: O povo comemorou o ano-novo.

  1. Na linha fina, o sujeito faz a ação, enquanto, no título, ele sofre a ação. Reelabore o título iniciando-o por quem realiza a ação.
  2. Qual das formulações – a original ou a reelaboração – parece mais ­adequada ao conteúdo da notícia? Por quê?
  3. Anote no caderno mais duas orações em que o sujeito sofre a ação e ­sublinhe a locução verbal que expressa tal ação.
  4. Em algumas orações com sujeito que sofre a ação, informa-se quem a praticou. Transcreva dois exemplos desses praticantes. 

O sujeito (simples, composto ou desinencial) também pode ser classificado como sujeito agente, quando realiza a ação expressa pelo verbo, ou sujeito paciente, quando sofre o processo expresso pelo verbo:

Esquema. O casal escreveu o pedido de socorro. O casal: sujeito agente. Esquema. O pedido de socorro foi escrito pelo casal. O pedido de socorro: sujeito paciente.

Quando, em uma oração com sujeito paciente, há um termo responsável pela ação expressa pelo verbo, esse termo é chamado de agente da passiva:

Esquema. O casal foi resgatado por marinheiros. por marinheiros: agente da passiva.

2. Leia esta tira do quadrinista fluminense André dãmer e responda às questões.

Tirinha. Quadrinho 1: Criatura de corpo grande e irregular com várias patas e cabeça redonda. Ela diz: COMO FUNCIONAM AS GRANDES EMPRESAS? Quadrinho 2: Com o rosto franzido em destaque ela diz: FUNCIONAM COMO A MAMÃE NATUREZA. Quadrinho 3: Ela diz: QUE BONITO! Outra voz responde: OS PEIXES MAIORES DEVORAM OS MENORES.

dãmer, André. Malvados. 2015. uma tirinha.

  1. Quantos personagens há na tira? Quais são as falas de cada um?
  2. Qual é o sujeito da primeira oração da tirinha?
  3. Na ordem direta de uma oração, o sujeito vem antes do predicado. O que a inversão destaca nessa oração?
  4. O verbo da oração do segundo quadrinho não se refere a um sujeito ­explícito. A que sujeito ele se refere? Como foi possível identificá-lo?
  5. Esse sujeito é comparado a outro expresso no último quadrinho. Identifique os sujeitos comparados. O que há de semelhante entre eles?
Respostas e comentários

1c. Marinha americana resgata casal de ilha deserta no Pacífico.

1d. A formulação original enfatiza o resgate do casal, sendo mais adequada ao conteúdo da notícia, que relata o que aconteceu com Linus e Sabina. A reformulação destaca o feito da Marinha americana, que é uma informação secundária.

1e. “Um casal foi resgatado”; “seu pedido de socorro foi avistado”; “As fotos com o pedido de ésse ó ésse desenhado na areia da ilha de faiú, na Micronésia, foram divulgadas”; “foi iniciada uma busca”; “O sinal de ésse ó ésse foi visto”. 

1f. Exemplos: “pela Marinha americana”; “por um avião da Marinha dos Estados Unidos”; “por um avião da Marinha americana”. 

2a. Há dois personagens. Um deles aparece no primeiro e no último quadrinho, e suas falas são “Como funcionam as grandes empresas?” e “Que bonito!”. O outro personagem aparece no segundo quadrinho com a fala “Funcionam como a ma­mãe natureza.”; no último quadrinho aparece apenas a fala dele: “Os peixes maiores devoram os menores.”.

2b. O sujeito é as grandes empresas.

2c. A inversão, que põe no início da frase “como funcionam”, destaca a dúvida do personagem.

2d. Refere-se ao sujeito as grandes empresas, citado na oração do primeiro quadrinho e indicado pela desinência verbal (3ª pessoa do plural).

2e. O sujeito as grandes empresas é comparado a “os peixes maiores”. Ambos são caracterizados como predadores que eliminam os concorrentes.

Orientações didáticas

Questão 2a – É possível que, em virtude da semelhança entre os personagens, alguns estudantes reconheçam um único. Peça à turma que indique pistas de que há dois. Eles podem se referir ao conteúdo da interação (pergunta e resposta, por exemplo) e as falas associadas a duas origens, no último quadrinho.

Questão 2e – Veja se os estudantes conseguem chegar à outra camada de sentido, que prevê a percepção da ironia. Mostre que o enunciado “Que bonito!” vem antes de “Os peixes maiores devoram os menores.” e pergunte a eles que característica do personagem se explica quando diz “Que bonito!”. Os estudantes devem perceber que ele parece ser ingênuo, pois imaginou algo positivo, considerando a comparação das “grandes empresas” com a “mamãe natureza”, ideia desconstruída pela comparação das “grandes empresas” com “Os peixes maiores” a devorar “os menores” (as pequenas empresas).

3. Leia esta notícia. 

Este é um girino de perereca da espécie Frenquiquecelês . Durante um século, se acreditou que esses animais haviam desaparecido da natureza. Mas, em uma noite de 2007, uma equipe de pesquisadores indianos estavam na floresta pesquisando sobre outros anfíbios quando teriam ouvido uma “verdadeira orquestra” vinda do topo das árvores. Eles iniciaram uma investigação e descobriram que o animal, além de não ter desaparecido, faz parte de um novo gênero de pererecas, o Frenquiquecelês. Os resultados do estudo foram publicados reticências na revista científica Pi Él Ou É Uãn. 

Fotografia. Destaque para a cara de um girino. Ela é oval, clara, tem olhos grandes e avermelhados. A abertura da boca é azulada.
Girino da espécie .

BICHOS que foram notícia. uól Notícias. [sem local], 21 janeiro 2016. Disponível em: https://oeds.link/E0w2Dn. Acesso em: 25 março 2022. 

  1. Por que as pererecas da espécie citada no texto tornaram-se assunto de uma notícia? 
  2. De acôrdo com a notícia, havia muitas pererecas da espécie Frenquiquecelês na floresta onde estavam os pesquisadores indianos. Como esse fato foi ­indicado no texto? 
  3. Qual é o sujeito da oração “Mas, em uma noite de 2007, uma equipe de pesquisadores indianos estavam na floresta”? Classifique-o e indique seu núcleo. 
  4. Segundo a norma-padrão, o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito. Que equívoco pode ser observado na oração transcrita no item c? O que, provavelmente, causou esse equívoco? 
  5. Reescreva no caderno a mesma oração quatro vezes, trocando o sujeito por: 
    1. vários pesquisadores; 
    2. um grupo de pesquisadores; 
    3. cêrca de dez pesquisadores;
    4. a maioria dos pesquisadores.

Se precisar, consulte o quadro a seguir.

Confira como fica a concordância verbal, segundo a norma-padrão, quando faz parte do sujeito:

uma expressão partitiva (parte de, a maioria de, metade de etcétera) – quando está acompanhada por um substantivo ou pronome no plural, a concordância pode ser feita no singular ou no plural. 

A maioria de vocês pode sair de férias.

A maioria de vocês podem sair de férias.

uma expressão que indica quantidade aproximada (cêrca de, mais de, menos de, perto de etcétera) acompanhada de numeral + substantivo – o verbo concorda com o substantivo. 

cêrca de trinta moradores compareceram à reunião do condomínio. 

Mais de um morador contraiu dengue.

Respostas e comentários

3a. Porque se acreditava que elas estavam extintas da natureza, até uma equipe de pesquisadores indianos descobrir que isso não era verdade.

3b. O texto menciona uma “verdadeira orquestra” ouvida pelos pesquisadores, o que sugere uma quantidade grande desses animais. 

3c. Uma equipe de pesquisadores indianos: sujeito simples; núcleo: equipe. 

3d. O verbo está no plural, portanto não concorda com o núcleo do sujeito: (­equipe). É possível indicar dois motivos para o equívoco: a concordância teria sido feita com a expressão no plural que acompanha o núcleo, pesquisadores indianos, ou com a ideia de que equipe é uma palavra que sugere várias pessoas. 

3e. um Mas, em uma noite de 2007, vários pesquisadores estavam na floresta; dois reticências um grupo de pesquisadores estava na floresta; três reticências cêrca de dez pesquisadores estavam na floresta; quatro reticências a maioria dos pesquisadores estava/estavam na floresta.

Orientações didáticas

Questão 3e – Sugerimos que as reformulações sejam anotadas na lousa e que a concordância seja mostrada caso a caso. 

4. Agora, leia este conto curto do escritor uruguaio Eduardo ­Galeano. 

Noite de Natal 

Fernando Silva dirige o hospital de crianças, em ­Manáguaglossário . Na véspera do Natal, ficou trabalhando até muito tarde. Os foguetes espocavamglossário e os fogos de artifício começavam a iluminar o céu quando Fernando decidiu ir embora. Em casa, esperavam por ele para festejar. 

Fez um último percorrido pelas salas, vendo se tudo ficava em ordem, e estava nessa quando sentiu que passos o seguiam. Passos de algodão: virou e descobriu que um dos doentinhos andava atrás dele. Na penumbraglossário , reconheceu-o. Era um menino que estava sozinho. Fernando reconheceu sua cara marcada pela morte e aqueles olhos que pediam desculpas ou talvez pedissem licença. 

Fernando aproximou-se e o menino roçou-o com a mão: 

Diga parareticências – sussurrou o menino – Diga para alguém que eu estou aqui. 

Ilustração. Menino de perfil, cabisbaixo, no escuro da noite. Ao fundo fogos de artifício clareando o céu.

GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. São Paulo: Ele e Pê ême, 2005. volume 465. (Coleção Ele e Pê ême Póquét). 

  1. Neste conto, o homem e o menino vivem experiências diferentes na véspera do Natal. Explique essa diferença e comprove sua resposta com trechos do texto. 
  2. As características da criança destacadas no texto constroem uma imagem de fragilidade. Explique o objetivo com que é cons­truída essa imagem. 
  3. No caderno, crie duas colunas: na primeira, anote os verbos ou as locuções verbais que se referem ao sujeito Fernando Silva ou Fernando explícito na oração; na segunda, os verbos ou as locuções verbais que remetem a esse sujeito que está implícito. 
  4. Por que é importante que o sujeito possa ficar implícito em algumas passagens do texto? 
  5. Por que a oração “ou talvez pedissem licença” apresenta um verbo na terceira pessoa do plural? 
  6. Por que a oração “que um dos doentinhos andava atrás dele” tem o verbo na terceira pessoa do singular? 

Dica de professor

Em algumas situações, precisamos citar trechos do texto que estamos analisando para comprovar nossas respostas. Eles devem aparecer entre aspas. 

A língua nas ruas

Neste capítulo, você estudou os casos de sujeito simples. Nos próximos dias, preste atenção na fala das pessoas ao seu redor e verifique como é feita a concordância entre o verbo e os sujeitos desse tipo. Anote exemplos que chamem sua atenção e traga para a aula. 

Respostas e comentários

4a. O personagem Fernando Silva está saindo do trabalho, um hospital que ele dirige, para ir para casa, onde vai comemorar o Natal, como revela o trecho “Em casa, esperavam por ele para festejar”. Já o menino, doente e sozinho, e cujos olhos pareciam pedir desculpas ou licença, sussurra com dificuldade “Diga para alguém que eu estou aqui”, indicando o desejo de ter alguém, fosse quem fosse, ao lado dele. 

4b. Essa imagem reforça a sensação de abandono e sensibiliza o leitor. 

4c. Primeira coluna: dirige, decidiu ir, reconheceu, aproximou. Segunda coluna: ficou trabalhando, fez, vendo, estava, sentiu, virou, descobriu, reconheceu.

4d. Para evitar que o texto se torne monótono e enfadonho com a repetição do sujeito. 

4e. Porque o verbo se refere ao sujeito desinencial aqueles olhos, que está no plural.

4f. Porque o verbo concorda com a palavra um, que é o núcleo do sujeito. 

A língua nas ruas. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

A língua nas ruas – É provável que os estudantes tragam exemplos de orações em que há inadequações em relação ao que é previsto na norma-padrão. Anote algumas delas na lousa e, evitando o uso da palavra erro, discuta qual seria a fórma adequada a essa norma. Depois, explique a eles que, nas variedades populares, não é incomum que a ideia de plural seja expressa apenas por um dos termos, como ocorre em Os menino adora feijão-preto ou Nós pegou o ônibus errado. Reforce que o uso feito nas variedades urbanas de prestígio considera a concordância de todos os termos que podem ser flexionados no plural quando se deseja indicar esse número e que, como eles estão avançando em seus estudos, é interessante que se valham dessas fórmas que são prestigiadas. Não obstante, reafirme que não é correto considerar construções correntes nas variedades populares como inferiores ou precárias. A maior valorização de uma fórma em detrimento da outra, como eles já vêm estudando, reflete a maneira como a sociedade se estrutura. 

Atividade complementar

Sugerimos que os estudantes sejam convidados a criar mais alguns parágrafos para o conto. Não determine o número deles. No retorno, peça a leitura das produções para estudantes voluntários e, com os demais, conversem sobre a coerência da continuidade, considerando as características do narrador, dos personagens, do espaço e do tempo. Pergunte a eles se gostaram de fazer essa produção e os motivos. É possível que alguns mencionem o sentimento despertado pelo menino; nomeie esse sentimento como empatia e explique aos estu­dantes que a literatura tem um potencial humanizador porque nos põe em contato com o outro.

Meu poema NA PRÁTICA

Você conheceu poemas bem diferentes neste capítulo. Alguns são mais tradi­cionais e exploram, por exemplo, a rima ou o número fixo de versos por estrofe. Outros buscam inovar, como ocorre quando o poeta maneja o formato e as cores das palavras para sugerir sentidos. E essas são algumas das várias possibilidades.

Agora é sua vez de produzir um poema, mais especificamente um poema visual. Se houver recursos técnicos, você poderá, ainda, animá-lo.

Para se inspirar, observe a reprodução de um quadro do poema visual “Gota” de Janaína Figueira da Costa, estudante da Rede Pública Municipal do Rio de Janeiro.

Poema visual. Gota. O contorno dela é feito pelo poema: O pingo pinga, pinga sem parar, ele pinga a todo instante,  e não para de pingar.

GOTA. Poema de Janaína Figueira da Costa. ín: POESIA concreta na escola. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro; MultiRio, 2013. (1 vídeo) 0 minuto 8 segundos a 0 minuto e 15 segundos. Disponível em: https://oeds.link/FO6TwJ. Acesso em: 4 abril 2022.

Se você ouvisse a leitura do texto, perceberia rimas, pausas e um certo ritmo. Se fosse transcrevê-lo, possivelmente escreveria uma estrofe de quatro versos.

Gota

O pingo pinga,

pinga sem parar,

ele pinga a todo instante

e não para de pingar.

Mas a autora optou também por explorar visualmente o sentido do título e dos versos e, para isso, dispôs as palavras em formato de gota e grafou-as com a cor azul.

Respostas e comentários

Meu poema na prática

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4, 5, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2, 3, 5 e 6.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 5, 6, 9 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê cinco um, ê éfe seis sete éle pê dois oito e ê éfe seis sete éle pê três um.

Orientações didáticas

A produção solicitada desafiará o estudante a valer-se de várias semioses, uma vez que o sentido de seu poema deve considerar não apenas os aspectos verbais, mas também o formato das letras, suas cores, a diagramação dos versos, a complementaridade com o ­fundo etcétera O objetivo é acessar a dimensão lúdica pela exploração da linguagem. A produção em computador favorece essa experimentação, porém não há prejuízo se o poema for produzido à mão.

Caso os estudantes mencionem que já fizeram produções semelhantes, lembre-os de que agora conhecem melhor o gênero e seus recursos. É o momento de conseguirem produções mais complexas e interessantes. Se houver essa conversa, no final da atividade, incentive-os a falar das diferenças que notaram entre as produções anteriores e essa produção.

MOMENTO DE PRODUZIR

Planejando meu poema

Veja orientações para sua produção no quadro a seguir.

Quadro. Equivalente textual a seguir. Da teoria para a...: A voz que fala no poema é o eu lírico. Ele pode se expressar em 1ª pessoa ou tratar do tema em 3ª pessoa. ... prática: Imagine o eu lírico de seu texto. Ele destacará experiencias e sentimentos, como fez o escritor Ivan Junqueira, ou o foco estará no tema, como fez a estudante Janaína? Da teoria para a...: Muitos poemas exploram recursos visuais para produzir efeitos de sentido. ... prática: Planeje a ocupação da página, escolha escrever os versos em posição horizontal ou em outras posições, use cores, pense em diferentes tamanhos para letras e palavras etc. Da teoria para a...: Alguns poemas relacionam o texto verbal com imagens. ... prática: Forme, com as palavras, uma figura ligada ao tema do poema e ao sentido dos versos ou inclua figuras no texto. Da teoria para a...: Os poemas podem apresentar rimas ou versos brancos (sem rimas). ... prática: Além da rima, você pode explorar outros recursos sonoros: repetição de palavras, termos com sons semelhantes, refrão (um ou mais versos que se repetem no final da estrofe) etc.

Elaborando meu poema

  1. Reflita sobre os motivos que levaram você a escolher o assunto do poema e faça uma lista com palavras relacionadas a ele.
  2. Usando algumas das palavras da lista, crie versos que emocionem ou despertem a imaginação do leitor.
  3. Escreva quantos versos desejar e organize-os em uma ou mais estrofes.
  4. Explore a sonoridade dos versos, trabalhando a rima, a repetição de palavras, o uso de termos com sons similares etcétera
  5. Faça experiências até encontrar recursos visuais que construam sentidos ou provoquem sensações. Explore tipo, cor, tamanho e posição das letras. Se estiver usando papel, faça rascunhos do texto explorando novas fórmas, outras cores.

Revisando meu poema

Há poetas que não seguem à risca a ortografia padrão ao produzir seus ­poe­mas porque buscam alguns efeitos expressivos. Veja, por exemplo, estes versos de “A festa da natureza”, do poeta sertanejo Patativa do Assaré. Para representar a oralidade de sua região, ele opta por usar “incan” em vez de encantar.

Neste quadro de beleza

A gente vê com certeza

Que a musga da natureza

Tem riqueza de incantá.

ASSARÉ, Patativa do. A festa da natureza. ín: PEIXOTO, Ariane Luna. Conhecendo a biodiversidade. Brasília, Distrito Federal: ême cê tê Í cê; cê ene pê quê; pê pêBio, 2016. página 106. Disponível em: https://oeds.link/2WHUP2. Acesso em: 31 março 2022.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Revisando meu poema – Reforce a ideia de que, em alguns poemas, as alterações ortográficas correspondem a um recurso planejado e resultam em um efeito de sentido específico. O leitor pode perceber que deve atribuir um sentido àquele uso.

Se não houver um propósito expressivo como esse, a ortografia-padrão deve ser respeitada. Por isso, revise seu poema atentamente.

MOMENTO DE REESCREVER

Avaliando meu poema

Essa produção será avaliada em grupos. Reúna-se com quatro colegas e mostrem os poemas uns aos outros. Em um primeiro momento, ninguém deve explicar sua produção; os leitores devem tentar compreender o sentido do texto observando os vários recursos mobilizados. Em uma segunda etapa, cada ­integrante deve explicar seu objetivo e os recursos que usou.

Ao terminar a troca de impressões, usem os critérios do quadro para avaliar os poemas. Respondam “sim” ou “não” e expliquem suas respostas.

A

O poema combina linguagem verbal e linguagem visual?

B

O poema leva o leitor a construir um sentido?

C

O poema está organizado em versos e estrofes (uma ou mais)?

D

O poema explora recursos sonoros?

E

Os recursos visuais do poema são criativos?

Reescrevendo meu poema

  1. Reflita sobre os comentários dos colegas. Se eles disseram “não” aos itens A, B ou C, você precisará refazer seu poema, porque deixou de considerar itens fundamentais na proposta.
  2. Caso seus colegas tenham dito “não” aos itens D ou E, você poderá escolher entre alterar o texto ou mantê-lo, já que os critérios se referem a escolhas pessoais.

MOMENTO DE APRESENTAR

Inserindo meu poema no varal de poesia

  1. O varal de poesia será montado no pátio da escola ou em outro local de grande circulação, para que toda a comunidade escolar possa conhecer os poemas.
  2. Após a reescrita, reimprima o poema ou faça a versão final dele no papel, lembrando que as letras devem ser grandes o suficiente para serem lidas com facilidade.
  3. A primeira folha desse varal deve conter um texto explicativo da exposição preparado por um estudante voluntário.

Animando meu poema

Você pode tornar seu poema mais expressivo se animá-lo. Acompanhe, a seguir, a reprodução e a descrição de alguns quadros do vídeo do poema “Gota”, da estudante Janaína Figueira da Costa.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Avaliando meu poema – Item B – Explique aos estudantes que o sentido produzido pelo poema não precisa ser entendido exatamente da mesma forma por todos os leitores, mas é importante que os versos consigam sugerir ideias.

Item E – Caso os estudantes tenham dificuldade em avaliar a criatividade, mencione que algumas letras provocam um efeito mais divertido, enquanto outras resultam em uma aparência mais séria, formal. Outro exemplo pode ser o uso das cores: o efeito produzido por um texto escrito com letras azuis é diferente de outro anotado com letras vermelhas. É interes­sante que isso tenha sido considerado na produção do poema.

Animando meu poema – ­Comente que o poema da estudante Janaína Figueira da Costa foi publicado no livro Poesia concreta na escola, que reuniu produções de estudantes do 6º ano da Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. Algumas das peças foram animadas por uma equipe artística. Se possível, exiba a animação do poema “Gota” (disponível em: https://oeds.link/FO6TwJ acesso em: 4 abril 2022) para permitir melhor análise dos recursos audiovisuais utilizados. O contato com o exemplo contribui para a percepção das diferentes fórmas de construir sentidos, além de promover a reflexão sobre as transformações do gênero em decorrência do desenvolvi­mento de tecnologias.

Avalie se a atividade de animação é viável. Se houver um técnico de informática na escola, vocês podem desenvolver um projeto conjunto. Se for preciso reduzir o número de produções, ­considere a possibilidade de trabalho em grupos, com a escolha de um dos poemas produzidos pelos integrantes. A atividade pode também ser feita como trabalho fóra da escola, igualmente em grupos, para que os estudantes possam compartilhar equipamentos e se apoiar na solução de problemas técnicos.

Reprodução de página da internet. Tela em branco com a palavra GOTA em letras maiúsculas no centro. O contorno das letras é irregular e tremido.
O título do poema aparece. Ao fundo, um som de água pingando permanece durante toda a animação, enfatizando a ideia da gota.
Reprodução de página da internet. Tela em branco com a palavra GOTA em letras maiúsculas no centro. O contorno das letras é irregular em zigue zague.
Aos poucos, o título vai desaparecendo como uma gota que se dispersa em círculos na superfície da água.
Reprodução de página da internet. Tela em branco com o trecho O PINGO PINGA, disposto verticalmente no centro. Está escrito em letra minúscula.
Em seguida, os versos começam a ser declamados e, à medida que aparecem, grafados em azul, vão formando o desenho de uma gota.
Reprodução de página da internet. Tela em branco com o poema escrito no formato de uma gota.
Quando o poema está completo, adquire o formato alongado de uma gota de água, representando seu processo de queda.
Reprodução de página da internet. Tela em branco com a palavra pingo escrita três vezes, de tamanhos diferentes e letra minúscula.
Por fim, a gota cai e as palavras se espalham ao tocar a base, respingando para cima, como pequenas gotículas.

GOTA. Poema de Janaína Figueira da Costa. ín: POESIA concreta na escola. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro; MultiRio, 2013. (1 vídeo) 0 minuto 4 segundos a 0 minuto 18 segundos. Disponível em: https://oeds.link/FO6TwJ. Acesso em: 4 abril 2022.

Biblioteca cultural

Há vários poemas visuais em vídeos bem interessantes na internet. Pesquise e divirta-se!

Inspirado nessa animação e em outras que conheça, anime seu ­poema, conforme algumas instruções.

1. Se o seu poema visual foi feito em papel, será preciso digitalizá-lo para criar a animação.

Dica de professor

Pesquise na internet aplicativos e tutoriais de animação gratuitos para a criação do vídeo.

  1. Pense em recursos que podem dar mais expressividade ao seu poema visual, como mudança de cores e de fórmas, efeitos sonoros etcétera
  2. Elabore um roteiro descrevendo as cenas e os recursos sonoros a serem utilizados na animação, com indicação da duração. Por ­exemplo, de 1 segundo a 6 segundos: som de pássaros cantando.
  3. Trabalhe em seu poema visual e salve-o em formato de vídeo.
  4. Com o auxílio do professor, publique seu poema visual animado no blog da turma. Ele organizará a apresentação das produções.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Item 5 Quando os poemas estiverem prontos, disponibilize-os no blog da turma e incentive os estudantes a conhecê-los. Você pode organizar uma seção para que os estudantes assistam a todas as produções ou optar por distribuí-los em várias aulas, de modo a manter em pauta o estudo do gênero e a memória da experiência.

Caso seja inviável fazer a animação dos poemas, solicite aos estudantes que elaborem o roteiro, pois o planejamento permite mobilizar conhecimentos de linguagem multissemiótica. Para definir os recursos, eles podem se apoiar na experiência como consumidores de produções multimodais. Nesse caso, forme grupos para que os estudantes apresentem seus roteiros e possam conversar sobre as ideias que tiveram.

E se a gente fizesse um evento de troca de livros?

Trocar livros é permitir ao outro e a si mesmo viver novas experiên­cias e viajar com a imaginação. Então, que tal realizar um evento de troca de livros? Nele, também será possível trocar impressões de leitura. Mas, para que o evento aconteça, você e seus colegas devem fazer uma proposta e encaminhá-la à direção da escola. Vamos começar.

É lógico!

No Capítulo 6, vocês experimentaram a escrita coletiva de uma carta ou o preen­chimento de um formulário de reclamação. Usem aquela experiência para definir estratégias que permitam resolver de modo eficiente esse problema semelhante.

Etapa 1 Conversando sobre acesso à literatura

A fim de se inspirar para idealizar o evento, converse com seus ­colegas sobre as questões a seguir.

  1. Há biblioteca ou sala de leitura na sua escola? Se houver, vocês ­costumam frequentar? Como avaliam essa experiência?
  2. Vocês já visitaram bibliotecas públicas? Quais? Elas são parecidas com a da escola? Como é feita a consulta do material?
  3. Vocês conhecem iniciativas de troca de livros em espaços públicos, como praças, estações de metrô etcétera? Já participaram dessas iniciativas?

Dica de professor

Posicione-se de fórma consistente e respeitosa na discussão da proposta. Justifique sua opinião quando não concordar com algo e procure propostas alternativas quando forem necessárias. Faça anotações para se lembrar de argumentos dos colegas que queira retomar.

Etapa 2 Comunicando nossa proposta

Vocês vão escrever, coletivamente, uma carta a ser entregue à direção da escola, solicitando a permissão para a relização do evento.

Para escrevê-la, iniciem definindo a proposta da turma.

  • Quando: o evento ocorrerá durante o intervalo? Em um sábado?
  • Como: a troca dos livros será definitiva ou temporária? Quanto tempo cada leitor poderá ficar com o livro? Como será a devolução? Outras publicações também poderão ser trocadas?
  • Programação paralela: haverá leituras expressivas, declamação de poemas, rodas de conversa sobre obras e contação de histórias?
  • Participantes: apenas estudantes ou também outros membros da comunidade escolar poderão participar do evento?

Sabia?

Na contação de histórias, o contador não se apoia na leitura do texto. Ele apresenta a história movimentando-se, fazendo gestos, manipulando objetos, usando vozes diferentes para cada personagem, entre outros recursos.

Agora, iniciem a escrita da carta, em parceria com o professor.

  • Cabeçalho: citem a data e o local em que a carta está sendo escrita.
  • Saudação: insiram o nome do destinatário (no caso, a diretora ou diretor da escola), acompanhado de uma expressão de tratamento respeitosa, como .
  • Corpo do texto: elaborem os parágrafos, apresentando a ­proposta e justificando o interesse por ela. Forneçam os detalhes que ­justifiquem o projeto da turma e o que esperam do interlocutor.
  • Despedida e assinatura: finalizem com uma despedida cordial e a assinatura dos autores (no caso, a identificação da turma).

Para finalizar, revisem o texto, verificando se a linguagem é formal e monitorada. Se necessário, façam ajustes antes de entregar a carta ao professor, que vai encaminhá-la à direção.

Respostas e comentários

E se a gentereticências fizesse um evento de troca de livros?

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 5, 7, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2, 3, 4 e 6

cê e éle pê : 1, 3, 5, 6 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois dois e ê éfe seis nove éle pê dois cinco.

Orientações didáticas

Nesta atividade, os estudantes vão planejar um evento de troca ou empréstimo de livros e escrever uma carta solicitando autorização da escola para a realização do evento. Aqui, estão sendo desenvolvidas habilidades relativas à participação em discussões de propostas e à produção de textos propositivos.

A atividade pode resultar em um evento na escola que permita aos estudantes participar de práticas de compartilhamento de leitura. Procure viabilizar sua realização, atuando como mediador junto à direção e propondo alternativas que permitam uma dimensão condizente com a estrutura disponível. Verifique, entre as propostas das várias turmas, aquela que seja mais adequada ao contexto da escola e ao seu planejamento. Quando as condições para realização do evento estiverem definidas, converse com as turmas para expor o formato e justificá-lo.

Etapa 1 – Questão 1 – Avalie se vale a pena levar os estudantes à biblioteca para entrevistar o bibliotecário. Eles podem conversar sobre o trabalho que ele realiza e a formação necessária para isso, sobre o acervo disponível e a aquisição de material, entre outros ­temas.

Questão 2 – Verifique se é possível levar a turma para conhecer uma biblioteca pública da região. Se for possível, combine com o responsável pelo local uma visita guiada e a possibilidade de uma entrevista.

Em algumas cidades, as bibliotecas estão instaladas em espaços que se destacam pela arquitetura: ocupam prédios com valor histórico ou que foram construídos com projetos inovadores para valorizar sua função social. Esse aspecto também pode ser explorado durante a visita.

Questão 3 Apresente à turma ações de trocas de livros que julgar interessantes. Podem ser ações de outras localidades, inclusive do exterior, desde que sirvam de inspiração para a criação do evento.

Etapa 2 – Nesta etapa, os estudantes vão discutir o projeto, o que pressupõe posicionar-se de fórma sustentada. Conduza a conversa solicitando que justifiquem suas propostas e opiniões em relação às sugestões dos colegas. Fique atento para que não ocorram situações de desrespeito e silenciamento e chame para a discussão estudantes que, por características pessoais, como a timidez, tenham dificuldade para assumir o turno de fala. Faça perguntas que problematizem as propostas sempre que elas se afastarem daquilo que é viável no contexto da escola.

Na etapa de elaboração coletiva da carta, se for possível, projete a escrita enquanto a realiza; se não for viável, elabore o texto na lousa. Lembre-se de que, no Capítulo 6, o grupo já experimentou a elaboração coletiva de uma carta ou o preenchimento de um formulário de reclamação. Vocês podem se apoiar naquela experiência para definir as melhores estratégias para essa nova produção coletiva.

Continua

Conversa com arte

Seminário sobre poetas brasileiros

Nesta atividade, você e seus colegas terão a oportunidade de conhecer o trabalho de outros poetas brasileiros que escrevem para o público ­infantojuvenil. Para isso, vocês vão fazer seminários.

Etapa 1 Pesquisando sobre um poeta brasileiro

1. Reúnam-se em grupos e escolham um dos autores a seguir. Vocês vão ­apresentar o poeta aos colegas e analisar um de seus poemas.

Poetas brasileiros

Ana Maria Machado

Rosana Rios

André Ricardo Aguiar

Ruth Rocha

Edimilson de Almeida Pereira

Sérgio Capparelli

Elias José

Sérgio de Castro Pinto

Graça Graúna

Sidônio Muralha

Ricardo Azevedo

Tiago Hakiy

Roseana Murray

Outros sugeridos pelo professor


Sigam os processos de pesquisa que vocês já conhecem:

  • consulta de fontes confiáveis;
  • seleção de informações dentro do tema específico (recorte temático);
  • comparação de dados;
  • descarte de informações que não possam ser confirmadas.

2. A pesquisa deve obter as seguintes informações sobre o autor.

Ilustração. Ícone de duas pegadas humanas. Dados pessoais: quando e onde nasceu e quando faleceu (se for o caso). Ilustração. Ícone de um chapéu de formatura. Estudo e trabalho: o que estudou e que profissões tem ou teve. Ilustração. Ícone de três livros empilhados. Carreira: livros publicados e gêneros que escreve. Ilustração. Ícone de uma pessoa segurando um livro aberto. Obra: um poema do autor para ser declamado e analisado. Ilustração. Ícone de um troféu sobre um livro. Reconhecimento: prêmios recebidos (se houver), homenagens, participação como palestrante em eventos importantes (como feiras literárias) etc.
Respostas e comentários

Conversa com arte

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4, 5, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2, 3, 5 e 6.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 5, 6, 8, 9 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê três um, ê éfe seis nove éle pê três três, ê éfe seis nove éle pê três oito, ê éfe seis nove éle pê quatro zero, ê éfe seis nove éle pê quatro um, ê éfe seis nove éle pê cinco três, ê éfe seis sete éle pê dois zero, ê éfe seis sete éle pê dois um, ê éfe seis sete éle pê três seis, ê éfe zero seis éle pê um um e ê éfe zero seis éle pê um dois.

Orientações didáticas

As habilidades referentes à produção de seminário serão desenvolvidas ao longo dos quatro anos e, no volume do 9º ano, o gênero será explorado detidamente. Esta atividade, por seu caráter introdutório, apresenta as principais orientações para uma fala pública planejada, sem pretender uma abordagem pormenorizada. Propõe-se uma primeira experiência em que se articulam habilidades anteriormente trabalhadas, como pesquisa, leitura expressiva e análise de poemas ao novo desafio de oralidade.

Etapa 1 – As sugestões no quadro de autores consideram a idade dos estudantes e tendem mais à literatura infantil que à juvenil. Ainda assim, se julgar que uma ou mais sugestões são inadequadas para a turma, sugira outros nomes.

Peça aos estudantes que definam como vocês procederão. Não se esqueça de, durante a elaboração, fazer perguntas que façam os estudantes tomar decisões sobre aspectos relativos ao monitoramento da língua e ao emprego de recursos de coesão.

No caso de o evento se concretizar, será preciso organizar a programação paralela. Os estudantes devem se candidatar para a leitura expressiva ou contação de histórias e será necessário fazer um cronograma das apresentações, já com a indicação dos textos selecionados. Trata-se de uma oportunidade interessante para desenvolver habilidades ligadas à oralização e podem ser criados ensaios na sala de aula em que a turma oriente os leitores e contadores quanto ao aprimoramento da performance. A roda de conversa sobre obras pode ter como objeto livros de sucesso ou obras que a turma já tenha estudado no ano letivo ou que já tenham sido exploradas, para permitir uma conversa entre estudantes de diferentes anos.

3. Analisem o poema:

justifiquem a escolha do texto;

identifiquem seu tema e expliquem com as próprias palavras as ideias do poema;

analisem os recursos estudados no capítulo: número de ­versos e de estrofes, exploração de recursos sonoros e visuais, uso de linguagem figurada, entre outros.

Etapa 2 Organizando as informações coletadas

1. O conteúdo da pesquisa deve ser organizado em blocos, que formarão slides ou cartazes. Eles devem ser compostos de ­frases curtas, com as principais informações. Esse material visual servirá de apôio para o seminário; o conteúdo mais importante será apresentado por meio das falas.

2. Cuidem para que o texto dos slides ou cartazes seja lido com facilidade a distância: as letras precisam ter um tamanho adequado e deve haver um bom contraste entre a cor do fundo e a das letras.

3. Procurem incluir uma ou mais imagens do autor e de capas de seus livros mais representativos.

4. Incluam o poema escolhido a fim de que os colegas possam acompanhar a declamação e a análise do grupo. Pode ser preciso distribuir os versos em mais de um slide ou cartaz, para facilitar a visualização. Não se esqueçam de ­anotar, no final do poema, o título da obra à qual pertence o texto ou o site de que foi copiado.

5. Para finalizar, revisem todo o conteúdo para que não haja equívocos na ortografia, concordância entre verbo e sujeito, ­pontuação etcétera

Ilustração. Notebook aberto. Na tela a imagem de uma pessoa de cabelo curto e um documento.

Etapa 3 Ensaiando a apresentação

Com os slides ou cartazes finalizados, é hora de se preparar para a apresentação, pois o seminário não é um texto a ser lido, mas, sim, produzido oralmente para o público, como se fosse uma aula. O grupo deverá se apresentar em 15 minutos no máximo.

A fala deve ser planejada e formal. Por isso, é importante ­ensaiar algumas vezes o texto para que vocês ganhem desenvoltura. ­Prestem atenção às orientações a seguir.

1. O conteúdo do seminário deve ser distribuído entre os apresen­tadores de modo que todos falem.

2. O primeiro apresentador deve saudar a plateia e informar o tema que será abordado, antes de iniciar a sua parte específica.

3. Cada apresentador deve anunciar o seguinte usando ­fórmulas como Agora, Ana dará continuidade à exposição.

Dica de professor

Se possível, filmem o ensaio para poder se autoavaliar.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapas 2 e 3 – Se possível, exiba alguma gravação de seminário para que os estudantes possam observar a organização do conteúdo e a performance de apresentadores. Também é possível comentar características dos seminários, contando o que acontece e como os apresentadores interagem com o conteúdo, material visual de apôio e espectadores.

  1. O último apresentador deve fazer uma breve conclusão para retomar as principais ideias e agradecer a atenção.
  2. É preciso que as falas estejam bem organizadas. Vocês podem usar expressões como primeiro, ou seja, por exemplo, para organizar o conteúdo. Também é importante cuidar do volume da voz e do ritmo da fala para ser entendida.
  3. Procurem, durante a fala, evitar gestos repetitivos, como mexer no cabelo, porque eles distraem o público. Tentem olhar para vários pontos da plateia, em lugar de focar a atenção em um único, e não fiquem virados para os slides ou cartazes.
  4. Ao declamar o poema, usem os recursos de leitura expressiva que já estudaram.

Após o ensaio, discutam eventuais ajustes nas falas e na ­declamação do poema para a apresentação final.

Lembra?

Na leitura expressiva, a fórma de ler revela a interpretação do texto. É preciso garantir o tom de voz audível, respeitar o ritmo e a entonação indicada pela pontuação, usar gestos e expressões faciais que transmitam emoções ao ouvinte.

Etapa 4 Apresentando o seminário

É hora de fazer a apresentação. Os integrantes do grupo devem se acomodar em cadeiras colocadas na frente da sala e levantar-se apenas no momento de falar.

Evitem ler os slides ou cartazes; eles são apenas um apôio para a apresentação. Se possível, utilizem um cronômetro para controlar o tempo e fazer ajustes se algum tópico se estender mais do que foi previsto.

Os espectadores devem tomar nota das apresentações para construir individualmente, no final, um quadro com os nomes dos poetas estudados e as características que consideraram importantes para descrever sua poesia.

Ilustração. Quadro branco grande com o título escrito e em letras maiúsculas: POETAS BRASIELIROS. À frente, um notebook apoiado sobre uma estrutura retangular comprida.

Etapa 5 Avaliando o seminário

No final de cada seminário, avaliem a produção, respondendo “sim” ou “não” às perguntas do quadro e explicando suas respostas.

A

O seminário atendeu ao objetivo de apresentar um poeta brasileiro e analisar um de seus poemas?

B

Os slides ou cartazes apresentaram boas sínteses do conteúdo?

C

O tamanho das letras usadas nos slides ou cartazes e as imagens ofereceram boa leitura?

D

A fala permitiu uma boa compreensão do conteúdo? As ideias foram expostas com clareza?

E

A altura da voz e o ritmo da fala estavam adequados?

F

A movimentação e as expressões faciais contribuíram para a boa compreensão do que estava sendo exposto?

G

Os falantes mantiveram contato visual com o público?

H

A declamação do poema foi expressiva?

Dica de professor

É importante que os comentários sejam construtivos e visem ajudar a todos a aprimorar suas habilidades. A relação de confiança na sala de aula é fundamental.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapas 4 e 5 – Se for possível, filme os seminários a fim de que os estudantes possam rever suas apresentações e discuti-las com o grupo. Uma possibilidade é formar grupos parceiros: um ficará responsável pela filmagem do outro. Se puder guardar algumas dessas gravações, você terá um bom material para exemplificação nos anos seguintes.

Oriente os estudantes a tomar notas durante os seminários para que possam justificar a avaliação, que deverá acontecer após cada apresentação. Nesta atividade, por seu caráter inaugural, não prevemos que os grupos respondam a questões ou que os estudantes problematizem alguma fala.

Se preferir, faça apenas uma roda de conversa após todas as apresentações para comentar, em linhas gerais, o desempenho dos grupos.

Sugerimos que os estudantes, no final, montem um quadro com os poetas e a caracterização de sua poesia. O objetivo é desenvolver a escuta atenta e a capacidade de anotação. Uma atividade em duplas ou trios pode ser planejada para comparação do quadro e das anotações feitas durante os seminários, o que permitirá aos estudantes observar diferentes estratégias.

Biblioteca cultural em expansão

Você iniciou este capítulo lendo um poema que fazia parte de seu repertório pessoal. Ao longo do estudo, entrou em contato com vários outros, de que pode ter gostado. Confira mais algumas sugestões de livros e sáites de poesia.

Poemas de áu-caér. Disponível em: https://oeds.link/YtSaey. Acesso em: 17 maio 2022.

Por que devo conhecer esses poemas?

Para conhecer outros poemas visuais do poeta áu-caér e perceber como ele manipula as fórmas e as cores.

A menina transparente, de Elisa Lucinda. Rio de Janeiro: Galerinha, 2010.

Por que devo ler esse livro?

Para se deixar envolver por um poema todo feito de jogo de adivinha e descobrir quem é a menina transparente. Visite o site do professor Antonio Miranda para conhecer um trecho dessa obra de Elisa Lucinda. Disponível em: https://oeds.link/hbcnRg. Acesso em: 17 maio 2022.

A pescaria do Curumim e outros poemas indígenas, de Tiago raki. São Paulo: Panda búks, 2015.

Por que devo ler esse livro?

Para conhecer, em fórma de poesia, histórias da cultura indígena amazônica. No linque indicado a ­seguir, você encontrará uma das poesias desse livro, declamada pela booktuber Fafá. Disponível em: https://oeds.link/VJ3yQK. Acesso em: 17 maio 2022.

sáite de Roseana mãrrei. Disponível em: https://oeds.link/Rr4leQ. Acesso em: 17 maio 2022.

Por que devo acessar esse sáite?

Para ver o poeta Guilherme Aniceto apresentando, em libras, o poema “A alma é invisível”, de Roseana mãrrei (disponível em: https://oeds.link/vZi7PB acesso em: 17 maio 2022) e conhecer outros trabalhos da escritora.

Agora é a sua vez: qual é a sua dica? Escreva-a no caderno e, depois, apresente aos colegas.

Respostas e comentários

Biblioteca cultural em expansão

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3 e 6.

cê e éle : 2 e 5.

cê e éle pê : 8 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro seis e ê éfe seis nove éle pê quatro nove.

Orientações didáticas

Convide os estudantes a dar suas dicas. Eles podem repetir o poema que leram logo no início do capítulo e com o qual têm afinidade, mas também é possível que tenham ampliado seu repertório ao realizar as propostas do capítulo, preparar seus seminários ou assistir aos dos colegas. Estimule-os a selecionar uma dica de leitura que realmente apreciem e apresentar essa sugestão por meio de um texto cativante.

Glossário

Manágua
: capital da Nicarágua, país da América Central. 
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Espocavam
: estouravam, pipocavam. 
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Penumbra
: ponto entre a luz e a sombra. 
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