Capítulo 6 – Quando se pode ser o outro

Você tem ou já teve contato com o teatro? Sabe como as peças são montadas? Para montar uma peça teatral, o diretor parte de um texto que contém as falas e as ações dos personagens e orientações sobre como as cenas devem ser estruturadas. Você conhecerá, neste capítulo, dois exemplos do gênero texto teatral e refletirá sobre outros aspectos do teatro.

Leitura 1 Texto teatral

Antes de iniciar a leitura do texto teatral, converse com seus colegas sobre teatro.

  1. Você já assistiu a algum espetáculo teatral? Qual? Gostou da experiência?
  2. Você já teve a oportunidade de interpretar um personagem? O que sentiu ao representar?
  3. Você gostaria de interpretar algum personagem em especial? Por que é essa a sua escolha?

Agora, conheça a segunda cena da peça “O Dragão Verde”, escrita pela mineira Maria Clara Machado. Na primeira cena, os habitantes de um reino divertem-se assistindo a um espetáculo circense quando um monstro invade a praça.

O Dragão Verde

2ª CENA

côrte. Pajens entram e fazem a mudança do cenário. Arrumam em cena três tronos: um maior, um médio e um menor. O Rei, a Rainha e a Princesa entram e se instalam nos tronos. Segue o Primeiro-Ministro e a Ama. Por último entra o Bobo da côrte e senta-se próximo do Rei. O Rei está arrasado. Tira a coroa e entrega-a ao Primeiro-Ministro.

REI: Não aguento mais isto, Ministro. Me pesa demais. Mande fabricar uma mais levereticências

MINISTRO: Pois não, Ma­jestade.

RAINHA: Aguenta, Dagoberto! Aguenta!

Ilustração. Membros de família real sentados em poltronas. No centro, o rei. Ao lado, a rainha e, do outro lado, a princesa. Ambas usam vestido longo. O rei e a rainha usam coroas. Acima deles, uma estrutura arredondada adornada por tecidos largos e caídos. Tons de vermelho e dourado predominam na cena.
Respostas e comentários

Questões 1 a 3 – Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

CAPÍTULO 6

Leia sobre o percurso de aprendizagem proposto para este capítulo na parte específica deste ême pê.

Leitura 1

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 3 e 6.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 3 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois um, ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis sete éle pê dois nove e ê éfe seis sete éle pê três oito.

Orientações didáticas

Nesta seção, os estudantes vão ler uma cena de “O Dragão Verde”, espetáculo de Maria Clara Machado. Nesse primeiro contato com o gênero, destacaremos, com foco no estudo do contexto de circulação, elementos composicionais. Veremos também efeitos de sentido promovidos pelas escolhas da escritora, notadamente no que diz respeito às expectativas de reação do público. Procure perceber se os estudantes estão compreendendo o diálogo entre a história contada e os elementos de crítica social ­sugeridos.

Questões 1 a 3 – Antes de iniciar o trabalho com o texto, converse com os estudantes sobre as perguntas da abertura. Elas têm o objetivo de levantar algum conhecimento prévio e de criar uma conexão com a experiência teatral, que estará em foco no capítulo.

Com o mesmo objetivo, combine antecipadamente a leitura dramática da cena com alguns estudantes voluntários. Eles devem estudar o texto antes da aula para conseguir ler com fluidez, evidenciando as características e os sentimentos dos personagens por meio da entonação, do ritmo, das pausas etcétera Sugerimos enfaticamente que o professor de Arte participe dessa leitura. Ele tem condições de contribuir para a preparação da leitura dramática orientando as interpretações, as intenções nas quais os estudantes devem prestar atenção ao assumir os personagens etcétera

BOBO: Aguenta, Dagoberto! Aguenta!

REI: Tenho que aguentar, Fininha?

RAINHA: Claro, Dagoberto.

BOBO: Claro, Dagoberto.

REI: Então, vamos aos assuntos do dia, Ministro.

MINISTRO (desabafando): Desta vez, Majestade, ele abusou. Comeu seis damas da côrte, cinco deputados federais, um vereador municipal, dois tenentes, quatro crianças inteligentíssimas e um bispo aposentado.

REI (quase chorando): Não aguento maisreticências Pobre povo, pobre reino. Se isto continuar, acabaremos um deserto. Estou cansado de lutarreticências Estou velhoreticências (Começa a chorar.)

RAINHA: Pare de chorar, Dagoberto. Isto são maneiras de se comportar?

REI: Temos que matar este dragão!

MINISTRO: E se convocarmos o nosso exército de novo contra ele?

REI: Não adianta e você sabe disto. Da última vez que convoquei a infantariaglossário , a metade de nossos bravos soldados foi tragada numa nuvem de fogo. Um horror!

MINISTRO: E a artilharia?

REI: As balas pareciam bolas de gude. A casca do Dragão é intransponível!

MINISTRO: Aviões?

REI: Ele estraçalhou um jumboglossário com uma rabada só. Nada vence o Dragão!

MINISTRO: Temos que encontrar um herói.

REI: É isto, Ministro. Um herói! Só um herói é capaz de enfrentar este dragão. Mas onde? Onde encontrar este herói? Estão todos tão ocupados nas suas lutas particularesreticências íntimasreticências já se foi o temporeticências

MINISTRO: E se déssemos um prêmio ao vencedor? O senhor sabe, Rei, um pouco de incentivo não faz mal a ninguém, e o povo adora prêmios.

REI: Você quer dizer incentivos fiscaisglossário ?

MINISTRO: Não.

Ilustração. Busto de dragão verde, com um chifre no nariz e dois chifres grandes e curvados na cabeça. Tem os olhos puxados. A parte de baixo do corpo é marrom. A cabeça e o pescoço saem de uma moldura enfeitada.

De quem é o texto?

Fotografia. Maria Clara Machado, senhora de aproximadamente 60 anos. Ela tem rosto magro, olhos fundos e cabelo curto. Usa chapéu. Tem um largo cachecol enrolado no pescoço.
Maria Clara Machado em 1981, na montagem carioca da premiada peça Ensina-me a viver, de cólin rriguins.

Maria Clara Machado (1921-2001) sempre esteve ligada ao tea­tro. Escreveu peças para crianças e adultos, foi diretora e atriz. Uma de suas principais contribuições para a arte brasileira foi a fundação, no Rio de Janeiro, em 1951, do Tablado, uma escola de teatro que existe até hoje. Sua peça mais conhecida – e também a de que ela mais gostava – é Pluft, o fantasminha.

REI: Uma televisão a cores, carros, bicicletasreticências Coisas assim? (Bobo ri e bate palmas.)

MINISTRO: Não. Isto já está muito gasto. Batido. Tem que ser um prêmio maior.

REI: Uma viagem ao estrangeiro?

(Bobo ri e bate palmas.)

MINISTRO: Não.

REI: Um emprego na câmara dos vereadores?

(Bobo ri e bate palmas.)

MINISTRO: Não.

REI: Claro. Já sei. Um prêmio tão velho como o mundo! Aquele que vencer o Dragão Verde ganhará a mão de minha filha, a ­Princesa Filosel Aurora!

(Filosel se sobressalta e fica em pé.)

FILOSEL: Eu?

REI: Filha, você seria capaz de se sacrificar pelo povo?

FILOSEL: Como, pai?

REI: Se casando com o herói que vencer o Dragão Verde.

FILOSEL: É preciso, Rei-pai?

REI: É.

FILOSEL: Então, eu caso. (Suspiro. Filosel se abraça à Ama.)

Ilustração. Grande dragão de perfil. Ele tem escamas e a barriga marrom. Tem asas largas e cauda longa, com uma seta na ponta.

MACHADO, Maria Clara. Os cigarras e os formigas e outras peças. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

 

Conheça a carreira de Maria Clara Machado e comentários de artistas sobre seu legado. Acesse o site da Agência Brasil, disponível em: https://oeds.link/IqdN08; acesso em: 5 maio 2022.

Fotografia em preto e branco. Maria Clara Machado parada na porta de uma construção térrea e telhado triangular. No muro claro, as informações:  O TABLADO PLUFT, O FANTASMINHA, de Maria Clara Machado.
Maria Clara Machado na fachada do teatro O tablado, que anuncia a peça Pluft, o fantasminha, de sua autoria. Rio de Janeiro, cêrca de 1965.

DESVENDANDO O TEXTO

  1. O Rei afirma não aguentar mais determinada coisa.
    1. A que coisa ele se refere? Por que ela o incomoda?
    2. O que essa coisa simboliza?
    3. Quem estimula o Rei a prosseguir?
  2. Releia a fala a seguir:

MINISTRO (desabafando): Desta vez, Majestade, ele abusou. Comeu seis damas da côrte, cinco deputados federais, um vereador municipal, dois tenentes, quatro crianças inteligentíssimas e um bispo aposentado.

  1. Como se revela, nessa fala, que o ataque do Dragão na praça não foi uma novidade?
  2. De que maneira os ataques relatados nessa fala e nas seguintes contribuem para a construção do clímax da peça, que mostrará a luta do herói contra esse animal fabuloso?

3. Releia o trecho a seguir:

MINISTRO: E se déssemos um prêmio ao vencedor? O senhor sabe, Rei, um pouco de incentivo não faz mal a ninguém, e o povo adora prêmios.

REI: Você quer dizer incentivos fiscais?

  1. Em alguns gêneros literários, como os contos de fadas e as lendas, é comum encontrar referências a reinos e a dragões. Que contraste existe entre esses gêneros e a fala do Rei?
  2. A peça de Maria Clara Machado não se destina apenas a ­crianças. Que provável reação esse contraste produz no público mais velho? Por quê?
  3. Que outros elementos citados no texto não pertencem ao universo dos reinos e dragões?
  4. A decisão do Rei sobre o prêmio a ser dado ao herói distancia ou aproxima o texto da peça do universo dos reinos e dragões? Justifique sua resposta.
  1. Segundo o rei, “todos estão ocupados com suas lutas particularesreticências íntimasreticências”.
    1. Qual problema é gerado por esse comportamento?
    2. Embora se passe em um mundo fantasioso, a peça revela, nessa observação do rei, um modo de ser da sociedade que é criticado. Qual é a crítica feita?

Fala aí!

A peça “O Dragão Verde” tem caráter crítico. Você acha interessante que peças teatrais, além de divertir, também tenham essa função? Por quê?

Respostas e comentários

A sua coroa, porque ela pesa demais.

1b. O próprio ato de reinar.

1c. A Rainha e o Bobo, que repete tudo o que ela diz.

O ministro usa a expressão desta vez, que indica a ocorrência de ataques anteriores.

2b. Os ataques relatados reforçam a ideia de que o Dragão é um inimigo muito perigoso.

Esses gêneros mostram mundos fantasiosos, e a fala do Rei remete a algo do mundo real e atual.

3b. O contraste, provavelmente, produz o riso, porque o público não espera referências ao mundo em que vive.

3c. Deputados federais, vereador municipal, jumbo, televisão em cores, carros, bicicletas, viagem ao estrangeiro, emprego na câmara dos vereadores.

3d. A decisão de fazer a princesa se casar com o herói é típica das narrativas de contos de fadas e outros gêneros da cultura popular, por isso há aproximação.

Esse comportamento torna difícil encontrar um herói, alguém que possa enfrentar o Dragão pelo bem do povo.

4b. A peça mostra uma sociedade individualista, em que poucos estão disponíveis para lutar pelo coletivo.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Desvendando o texto Questão 2b – O clímax da peça e a luta do herói contra o Dragão não aparecem na cena aqui apresentada.

Questão 3c – Caso os estudantes deixem de mencionar parte dos elementos, faça uma nova leitura, pedindo a eles que a interrompam sempre que identificarem algo que não faça parte do universo “dos reinos e dragões”.

Questão 4 – Utilize a questão para avaliar a leitura dos estudantes. O item 4a trabalha com a identificação de uma informação explícita; o item 4b, uma inferência com base nela. Peça a vários estudantes para lerem suas respostas a fim de que você tenha um panorama do desempenho. Depois, se for preciso, ajude-os a construir a resposta 4b, fazendo-os perceber que o comportamento citado pelo Rei para descrever seus súditos e suas consequências podem ser transferidos para a sociedade fóra da peça.

É esperado que parte da turma tenha dificuldade em chegar sozinha a essa conclusão, mas é possível também, em contrapartida, que alguns estudantes façam leituras bem perspicazes e mencionem a crítica sutil à política, com a referência a “um emprego na câmara dos vereadores” como prêmio. Valorize essa observação.

Fala aí! É interessante que os estudantes notem que o teatro, bem como outras linguagens artísticas, pode convidar à reflexão sobre questões sociais. Pergunte se eles se lembram de outras produções artísticas que os tenham feito pensar criticamente sobre a sociedade. Pergunte também se alguma obra chamou atenção para algo – por exemplo, um comportamento preconceituoso – que até então passava despercebido.

COMO FUNCIONA UM TEXTO TEATRAL?

Responda às questões a seguir.

Orientação para acessibilidade

Atividade 1.

Se houver algum estudante cego na turma, considere ler o texto em voz alta para todos explicitando existência e localização das rubricas.

  1. Observe as rubricas, informações que aparecem entre parênteses ao longo do texto. O que elas indicam?
  2. Observe as três ocorrências de “(Bobo ri e bate palmas.)”.
    1. Qual é o tema da conversa na parte em que elas aparecem?
    2. Por que produzem um efeito de humor?
  3. As rubricas ajudam a caracterizar a personagem Filosel.
    1. Quais reações e sentimentos são sugeridos pelo trecho “(Filosel se sobressalta e fica em pé.)”?
    2. Explique o contraste entre a última fala da Princesa e a rubrica que a acompanha.
    3. Antes desse momento, a única referência a Filosel tinha sido feita na rubrica inicial. Como você imagina as ações da personagem entre um momento e outro?

Desafio da linguagem

Que tal trabalhar na sonoplastia dessa peça? Que recursos sonoros (ruídos, efeitos sonoros, música etcétera) você incluiria? Copie no caderno o trecho selecionado e anote a rubrica criada.

Da observação para a teoria

O gênero texto teatral dispensa, em geral, a figura de um narrador. Nele, a história costuma ser mostrada, e não contada. Grande parte das vezes, as ações são deduzidas a partir de falas ou descritas entre parênteses, nas chamadas rubricas, as quais também podem informar quando um personagem entra e sai de cena, os elementos que compõem o cenário e o tom de algumas falas. Embora as rubricas costumem orientar alguns aspectos da atuação, quando o texto é apresentado em um espaço teatral a decisão sobre como os atores devem encenar e interpretar seus personagens pode ser de um diretor ou, dependendo do tipo de encenação, dos próprios atores em um trabalho colaborativo.

Biblioteca cultural

Em muitas comunidades e regiões periféricas do Brasil existem grupos e companhias teatrais bastante ativos.

A Companhia de Teatro Heliópolis, por exemplo, reúne jovens da comunidade de Heliópolis, considerada a maior da capital paulista. Desde 2000, o grupo tem montado peças que tratam de questões que importam aos seus participantes. Os espetáculos nascem da criação coletiva, das experiências do grupo e das histórias de moradores. Acesse o site e conheça o trabalho da companhia, disponível em: https://oeds.link/zBFclQ. Acesso em: 25 maio 2022.

Fotografia em preto e branco. Jovem sorridente sentada em uma banqueta. Ela tem cabelos crespos e volumosos e veste camiseta de manga longa e uma saia. Segura uma mochila que encosta no chão.
Cena do espetáculo A inocência do que eu (não) sei, criação em processo colaborativo com a Companhia de Teatro Heliópolis. Foto de 2016.
Titulo do carrossel
Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

Fala aí!

O que você acha desse tipo de manifestação artística? Acredita que é um modo interessante de a comunidade expressar suas experiên­cias e suas reivindicações?

Respostas e comentários

1. Gestos e ações dos personagens, como exemplifica “(Filosel se sobressalta e fica em pé)”, e o tom de certas falas, como exemplifica “(quase chorando)”.

O Rei e o Ministro discutem o prêmio a ser dado ao herói que enfrentaria o Dragão.

2b. Porque sugerem que as propostas de prêmios agradariam aos tolos, e não aos heróis.

O susto e o medo ou desagrado.

3b. Na fala, Filosel parece estar segura de sua obrigação como princesa, mas o suspiro e o abraço na Ama mostram que ela está triste.

3c. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes sugiram que Filosel acompanhava a conversa em silêncio, demonstrando algumas reações por meio de expressões faciais.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Desafio da linguagem – É possível que as sugestões se repitam: grito do dragão, choro das pessoas na praça, falas sobrepostas do povo que cobra solução etcétera Peça a um estudante voluntário que leia sua solução e pergunte se há outras diferentes. Aponte se houver alguma que não seja coerente com a situação representada.

Da observação para a teoria – Explique aos estudantes que algumas peças podem contar com um narrador, que também pode ser um personagem, ou pode surgir em cena para relatar uma situação, para apresentar outros personagens etcétera

Fala aí! – Converse com os estudantes sobre esse tipo de iniciativa. É muito provável que eles não tenham repertório suficiente para uma discussão profunda, mas ajude-os a perceber que grupos como a Companhia de Teatro Heliópolis contribuem para uma arte mais plural, rica e inclusiva. Eles permitem que o teatro não seja apenas uma experiência de grupos sociais privilegiados; tanto a experiência de produzir quanto a de assistir tornam-se mais democráticas, não apenas porque chegam às periferias mas também porque divulgam a qualidade das produções periféricas, contribuindo para a redução dos preconceitos.

Se eu quiser aprender MAIS

O espaço

Chamamos de espaço o lugar onde se passa a ação. É um elemento importante tanto para textos teatrais como para contos, romances, agá quês etcétera, porque situa os personagens em um lugar geográfico (campo, praia etcétera) ou social (escritório, escola etcétera) e pode influenciar comportamentos (personagem incomodado em espaço barulhento, por exemplo), antecipar ações (um espaço assustador que anuncia o aparecimento de um fantasma), entre outras funções. Observe o uso do espaço nos textos a seguir e responda às questões.

1. Releia este trecho da peça “O Dragão Verde”.

côrte. Pajens entram e fazem a mudança do cenário. Arrumam em cena três tronos: um maior, um médio e um menor. O Rei, a Rainha e a Princesa entram e se instalam nos tronos. Segue o Primeiro-Ministro e a Ama. Por último entra o Bobo da côrte e senta-se próximo do Rei. O Rei está arrasado. Tira a coroa e entrega-a ao Primeiro-Ministro.

  1. A primeira cena mostra a praça invadida pelo Dragão. Como o público percebe que a segunda cena se passa em outro lugar?
  2. O fato de o cenário ter poucos objetos impede o reconhecimento do espaço da cena? Explique sua resposta.
  1. Observe uma cena de outra peça teatral e preste atenção aos elementos presentes na imagem.
    1. Onde e quando a história se passa? Que recursos o diretor da peça utilizou para mostrar isso?
    2. Nessa peça, atores adultos interpretam crianças. Que elementos contribuem para que o público reconheça a idade dos personagens?
    3. No teatro, é comum que determinados elementos cênicos sejam utilizados com mais de uma função. Explique essa ideia com base na cena fotografada.
Fotografia. Grupo teatral em apresentação. À esquerda, um rapaz de boina está com uma cadeira encaixada no pescoço. Atrás dele, uma moça de vestido social e sapato está com os braços levantados. Atrás dela, outro rapaz com uma cadeira encaixada no pescoço. Ao fundo, homem de colete social sobre a camisa e gravata borboleta. Está manuseando um pedaço de papel. Ao fundo, um painel escuro com palavras escritas em giz claro e desenhos.
Cena de Nossa classe, peça teatral do autor polonês tadeus islobôdzianéqui, dirigida por Zé Henrique de Paula e encenada em 2016 pelo Núcleo Experimental de Teatro.
Respostas e comentários

Pela alteração do cenário, agora uma sala de tronos, portanto um palácio.

1b. Não. A presença do trono e as falas dos personagens são suficientes para que o público imagine o espaço.

Espera-se que os estudantes reconheçam que há uma lousa ao fundo da sala, o que indica uma escola como espaço, e que os atores usam roupas que remetem a uma época passada.

2b. O figurino dos atores, composto de calças mais curtas.

2c. As cadeiras da escola estão sendo utilizadas para representar, na cena, uma espécie de veículo.

Se eu quiser aprender mais

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 3 e 6.

cê e éle : 1, 2 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 4, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro sete, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro, ê éfe seis sete éle pê dois zero e ê éfe seis sete éle pê dois nove.

Orientações didáticas

As questões desta seção chamam atenção para a configuração do cenário nas peças teatrais, evidenciando que pode ser constituído de poucos elementos ou ser sugerido ao leitor/espectador por meio de ações e falas.

Sugerimos que as questões sejam resolvidas em grupos de três ou quatro integrantes. As questões 1 e 2, mais simples, podem ser feitas oralmente; a questão 3 deve ser registrada por escrito e corrigida.

Questão 1b – Aceite também referências ao figurino sugerido pelas funções dos personagens.

Questão 2c – Chame a atenção dos estudantes para alguns elementos, como a disposição dos atores em fila, a atriz que fórma um triângulo com os braços etcétera Talvez isso os ajude a perceber a formação do veículo. Reforce que os atores da cena “estão” em um veículo sugerido pelas cadeiras.

3. Agora, leia o início de uma peça do ator e dramaturgo ítalo-brasileiro dianfrantchesco Guarnieri.

Eles não usam black-tie

PEÇA EM 3 ATOS E 6 QUADROS

ATO 1

(BARRACO DE ROMANA. MESA AO CENTRO. UM PEQUENO FOGAREIRO, CÔMODA, CAIXOTES SERVEM DE BANCOS. HÁ APENAS UMA CADEIRA. DOIS COLCHÕES ONDE DORMEM CHIQUINHO E TIÃO)

QUADRO 1

MARIA: (falando baixo, entre risos) Pronto, lá se foi o sapato. Enterrei o pé na lamareticências

TIÃO: Olha só como tá meu linho! (Passa a mão pela roupa, risonho. Para fóra.) Ei, Juvêncio! Tocando na chuva estraga a viola! (Pausa. O violão afasta-se.) É um malucopontoreticências Tocando na chuva.

MARIA: Fala baixo, tu acorda o pessoá!

TIÃO: Acorda, não.

MARIA: É melhó a gente ir andandoreticências é só um pedacinho.

TIÃO: Pra ficá enterrada na lama? Não senhora, vamo esperá estiáglossário .

Fotografia em preto e branco. Dois homens em uma encenação. À esquerda, rapaz magro, de cabelo escuro e brilhante, penteado para trás. Tem sobrancelhas escuras e bigode fino. Ele usa camisa de manga longa. À frente dele, um homem calvo, de camisa com as mangas arregaçadas. Ele segura uma cadeira.
dianfrantchesco Guarnieri (à esquerda) em cena da peça Eles não usam black-tie. São Paulo, 1962.

GUARNIERI, dianfrantchesco. Eles não usam black-tie. São Paulo: Civilização Brasileira, 2011.

  1. O que o cenário descrito na rubrica inicial revela sobre os personagens? Explique sua resposta.
  2. As características sugeridas pelo cenário são confirmadas por algum outro elemento do texto?
  3. Além do cenário descrito, existe outro que pode ser deduzido com base na fala. Qual?

O espaço em que se passa uma história pode contribuir para contá-la porque traz informações sobre os personagens e suas ações, podendo inclusive ajudar a explicitar seus sentimentos.

d. Black-tie é um traje masculino formal e sofisticado. O início da peça parece coerente com o título dela? Explique.

Investigue

Quais são as questões sociais destacadas na peça Eles não usam black-tie?

Respostas e comentários

Revela que são personagens da classe popular, já que estão em um barraco e os objetos são poucos e simples.

3b. Sim. Os personagens empregam variedades linguísticas populares.

3c. Pode-se deduzir um cenário externo, em que predominam ruas de terra, já que o personagem refere-se à lama formada pela chuva.

3d. O título informa que um grupo (“eles”) não usa o traje elegante e caro, sugerindo uma condição social modesta, o que coincide com o cenário e a linguagem dos personagens em cena.

Investigue. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Investigue – A pesquisa deve levar os estudantes a indicar que a peça coloca em cena personagens com poucos recursos financeiros, principalmente operários, que entram em greve para lutar por melhores condições de vida.

Se for possível, substitua essa pesquisa pela seguinte atividade:

1. Reproduza para os estudantes o áudio do programa da Radioagência Nacional, disponível em: https://oeds.link/3fbCEy, acesso em: 27 maio 2022. Peça-lhes que anotem as informações principais.

2. Forme duplas e oriente-as a produzir uma síntese organizada em itens para expor por que a peça inovou o teatro brasileiro. Anote na lousa a frase inicial “A peça Eles não usam black-tie inovou o teatro brasileiro porque:” e explique aos estudantes que devem completá-la com itens introduzidos por marcadores. Essa atividade desenvolve a habilidade de tomar notas e de organizar as informações, um recurso importante para a continuidade dos estudos.

Falando sobre a NOSSA LÍNGUA

Adjunto adnominal e complemento nominal

Ao nomear, em sua peça, o monstro que apavora o reino, Maria Clara Machado fez uso de um adjetivo, verde, que acrescenta uma característica ao substantivo dragão e, assim, o particulariza. Nesta seção, estudaremos a maneira como adjetivos e outras classes de palavras se articulam com substantivos para construir os sentidos.

COMEÇANDO A INVESTIGAÇÃO

Releia um trecho da peça “O Dragão Verde”:

REI: Então, vamos aos assuntos do dia, ­Ministro.

MINISTRO (desabafando): Desta vez, Majestade, ele abusou. Comeu seis damas da côrte, cinco deputados federais, um vereador municipal, dois tenentes, quatro crianças inteligentíssimas e um bispo aposentado.

REI (quase chorando): Não aguento maisreticências Pobre povo, pobre reino. Se isto continuar, acabaremos um deserto. Estou cansado de lutarreticências Estou velhoreticências (Começa a chorar.)

Ilustração. Pessoa de cabelo liso e comprido na altura dos ombros. Usa roupa larga e calça justa. Está em pé, na frente do rei, com as mãos para trás. O rei está de coroa, sentado no trono, cabisbaixo. Predominam tons de vermelho, azul-claro, bege e cinza.
  1. A primeira fala do Rei evidencia que seu encontro com o Ministro faz parte de uma rotina. Por que a locução do dia revela isso?
  2. Na fala do ministro, a caracterização das crianças e do bispo produz humor. Explique por quê.
  3. Qual é o sentido do adjetivo pobre, na fala do Rei?

Os assuntos levantados pelo Rei não são quaisquer assuntos, mas, sim, os do dia. As damas de que fala o Ministro são as da côrte, e as crianças são as inteligentíssimas. Note como os adjetivos e as locuções adjetivas usados nesses exemplos especificam o sentido dos substantivos, isto é, fornecem detalhes que tornam o significado dos substantivos mais preciso.

Lembra?

As locuções adjetivas são formadas por preposição + substantivo e têm o valor de um adjetivo. Exemplo: material de escola material escolar.

Também o adjetivo pobre especifica os substantivos povo e reino, com os quais se relaciona, revelando uma avaliação feita pelo Rei, isto é, um juízo de valor.

Todos esses adjetivos e locuções adjetivas estão funcionando como adjuntos adnominais.

Respostas e comentários

1. A locução sugere que o rei recebe o ministro para discutir temas atuais, o que sugere que há encontros diários e, portanto, que há uma rotina.

2. A caracterização das crianças como “inteligentíssimas” e do bispo como “aposentado” é totalmente dispensável, o que torna engraçada sua citação no momento em que algo tão terrível é anunciado.

3. Pobre tem o mesmo valor de sofrido, infeliz.

Falando sobre a nossa língua

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 4 e 9.

cê e éle : 1, 2 e 3.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 4 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê cinco seis, ê éfe seis sete éle pê três dois, ê éfe zero sete éle pê zero seis, ê éfe zero sete éle pê zero oito, ê éfe zero sete éle pê um dois e ê éfe zero sete éle pê um três.

Tópicos trabalhados na parte de linguagem deste capítulo

  • Pronome possessivo.
  • Pronome demonstrativo.
  • Pronome indefinido.
  • Adjunto adnominal.
  • Complemento nominal.
  • Concordância nominal.

Orientações didáticas

A Bê êne cê cê propõe como um dos objetivos da análise linguística o conhecimento e a análise das funções sintáticas. Nesta seção, os estudantes vão rever o papel de adjetivos e locuções adjetivas, artigos e numerais (estudados no 6º ano) e dos pronomes (estudados nos Capítulos 3 e 4 deste volume) para compreender a ampliação, especificação ou determinação dos substantivos, bem como a complementação dos nomes. Também explorarão situações que envolvem as regras de concordância nominal, com o objetivo de refletir sobre o uso de variedades linguísticas em função da situação comunicativa.

Adjunto adnominal

Além dos adjetivos, artigos, numerais e alguns tipos de pronomes também se relacionam com os substantivos para caracterizá-los, especificá-los ou determiná-los.

Observe como, no trecho da peça, o pronome esta (desta) especifica o substantivo vez, indicando a ideia de presente. Os numerais, por sua vez, quantificam os substantivos listados. Já o artigo um generaliza o sentido do substantivo deserto. Todos eles se classificam, sintaticamente, como adjuntos ­adnominais. 

Acompanhe a análise a seguir para observar artigos, numerais, pronomes e adjetivos atuando como adjuntos adnominais.

Esquema. O terrível dragão sobrevoou aquela região por três anos. O: artigo terrível: adjetivo dragão: substantivo Uma seta liga 'O' a 'dragão'. Outra seta liga 'terrível' a 'dragão'. aquela: pronome região: substantivo Uma seta liga 'aquela' a 'região'. três: numeral anos: substantivo Uma seta liga 'três' a 'anos'.

Também grupos de palavras podem funcionar como adjuntos ­adnominais. Observe.

Esquema. Um dragão com uma casca intransponível assustava o reino.
Há um retângulo em torno de "com uma casca instransponível", outro retângulo em torno de "uma" e outro em torno de "intransponível".
Uma seta liga "Um" a "dragão". Outra liga "com" a "dragão".
Outra seta liga "uma" a "casca", e outra liga "intransponível" a "casca".
Por fim, uma seta liga "o" a "reino".
Ilustração. Dragão verde sobrevoando um vilarejo. No centro, uma estrada de terra.

O artigo um e o grupo com uma casca intransponível são adjuntos adnominais de dragão. Uma e intransponível são adjuntos adnominais de casca.

Os adjuntos adnominais podem aparecer tanto na parte da oração que funciona como sujeito quanto na que funciona como predicado. Eles concordam com os substantivos que acompanham.

Adjetivo ou adjunto adnominal?

Por que classificamos uma palavra ora como adjetivo, ora como adjunto adnominal? 

Adjetivo é uma das dez classes de palavras, divididas conforme sua fórma e função. No título da peça, verde, que concorda com o substantivo dragão em número e atribui a ele uma característica, é classificado como adjetivo. Essa análise é feita nos estudos de morfologia.

Nos estudos de sintaxe, que tratam da relação entre as palavras da oração, verde desempenha a função de adjunto adnominal. Essa função não é exclusiva dos adjetivos. A modificação do substantivo pode ser feita por artigos, numerais, pronomes e também por grupos de palavras.

Por outro lado, um adjetivo pode funcionar como predicativo do sujeito ou do objeto, funções que você ainda vai estudar.

A morfologia e a sintaxe, embora complementares, tratam de aspectos diferentes.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Sugerimos que a exposição dos tópicos e as atividades sejam feitas em partes.

1. Começando a investigação (página anterior) e Adjunto adnominal: sugerimos que seja realizada uma leitura conjunta, acompanhada por paráfrase, seguida pela atividade 1. Trata-se de uma atividade de nível simples, que permite observar se os estudantes compreenderam a função desempenhada pelo adjunto adnominal. As atividades 2 e 3 podem ser feitas individualmente, na sequência, para nova exploração do tópico. Observe que a atividade 2 propõe uma leitura mais complexa em função da intertextualidade.

2. “O emprego dos pronomes como adjuntos adnominais”: nesta parte, apresentam-se informações centrais acerca do emprego de pronomes possessivos, demonstrativos e indefinidos. Sugerimos a leitura conjunta, acompanhada pela sistematização na lousa. A atividade 4, de Investigando mais, refere-se mais diretamente a esse conteúdo.

3. “Complemento nominal”: os estudantes podem ler individualmente a exposição para compreender o conceito; depois, um ou mais estudantes podem ser chamados para expor sua compreensão para a turma. A atividade 5, de Investigando mais, pode ser feita na sequência. Avalie, antecipadamente, se é preciso fazer uma paráfrase do texto junto com os estudantes antes de solicitar a produção das respostas.

4. As atividades 6 e 7, de Investigando mais, dizem respeito à concordância. Sugerimos que sejam feitas em duplas e corrigidas detalhamente para consolidação das regras e reflexão sobre diferenças entre a norma-padrão e algumas variedades linguísticas.

O emprego de pronomes como adjuntos adnominais

Como você já estudou no Capítulo 4, pronomes são palavras que se referem aos participantes do ato de comunicação, ou seja, às pessoas do discurso. Alguns deles acompanham o substantivo para determinar seu significado por meio dessa relação.

Para entender essa ideia, leia o título e o parágrafo inicial de uma reportagem sobre alimentação.

Reprodução de página de revista. Destaque para nota sobre insetos, com título de BARATAS FRITAS
Os insetos estão prestes a chegar ao seu prato. E são essenciais para o futuro da alimentação. Conheça sete razões (e três receitas) que podem convencer você a encarar esses  bichinhos do mesmo jeito que olha para o arroz e o feijão.

ROMERO, Luis. Superinteressante, edição 363, julho 2013, atualizado em 31 outubro 2016. página. 50.

Para chamar a atenção do leitor, o título da reportagem faz uma brincadeira, trocando o substantivo batatas, que muitas vezes vem acompanhado do adjetivo fritas, por baratas, cuja grafia e som são semelhantes. Desse modo, mexe com a reação de muitos brasileiros que, diante da imagem, sentem aflição ou repulsa.

O objetivo do texto é, após o choque, naturalizar o consumo de insetos como alimento. Para isso, faz referência ao prato do leitor, empregando o pronome seu, que estabelece uma relação de posse. Trata-se de um pronome possessivo, que atua como adjunto adnominal determinando prato.

Os pronomes possessivos concordam com a pessoa do possuidor e com o gênero e número da posse. Observe.

Esquema. Sabemos que os insetos chegarão ao nosso prato. Há um retângulo em torno de 'mos', de 'sabemos'. Outro retângulo envolve a palavra 'nosso'. Uma seta liga 'nosso' a 'mos'. Outra liga 'nosso' a 'prato'. 'nosso' - concorda com a pessoa do possuidor (primeira do plural) 'nosso' - concorda com o gênero (masculino) e o número (singular) da posse.

Os pronomes demonstrativos também podem atuar como adjuntos adnominais. Leia novamente parte do parágrafo sobre o consumo de insetos e observe os termos em destaque.

Os insetos estão prestes a chegar ao seu prato. reticências. Conheça sete razões (e três receitas) que podem convencer você a encarar esses bichinhos do mesmo jeito que olha para o arroz e o feijão.

A expressão esses bichinhos refere-se a os insetos. Para evidenciar que há uma retomada de algo já dito e especificar o substantivo bichinhos, foi usado o pronome esses.

Dica de professor

Repare que os pronomes demonstrativos contribuem para a coesão do texto, pois ajudam a organizar o discurso, relacionando as ideias.

Quando, diferentemente, se pretende usar um pronome demons­trativo para antecipar uma informação, emprega-se este. Compare.

A humanidade terá de se acostumar com este hábito: comer insetos.

Hoje comer insetos causa repulsa, mas esse hábito será comum em pouco tempo.

Este, esta, estes, estas, isto: referem-se a palavras ou ideias que ainda serão mencionadas.

Esse, essa, esses, essas, isso: retomam palavras ou ideias já mencionadas.

Os pronomes demonstrativos também podem indicar a posição do substantivo no espaço. Veja.

Este, esta, estes, estas, isto
(1ª pessoa)

Algo próximo do falante.

Não consigo tirar este anel do meu dedo!

Esse, essa, esses, essas, isso
(2ª pessoa)

Algo próximo do ouvinte.

Esse livro na sua carteira é o de Ciências?

Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo
(3ª pessoa)

Algo afastado dos interlocutores.

Aquela ilha fica muito distante do continente.

É lógico!

Repare que existe uma lógica na associação entre a pessoa do discurso expressa pelo pronome e a distância sugerida.

Vamos tratar, agora, de mais um tipo de pronome: o pronome ­indefinido. Esse tipo de pronome acompanha o substantivo para tornar seu sentido menos exato. Observe.

Certo homem saiu da sala.

Vamos enfrentar algumas dificuldades.

Várias professoras ficaram doentes na mesma época.

Além de acompanhar o substantivo, pronomes indefinidos também podem substituí-lo, fazendo referência à 3ª pessoa de maneira vaga ou generalizadora: Alguém esteve na sala; Ninguém deixou de se rematricular. Nesses casos, ele não exerce a função de adjunto adnominal.

Há pronomes indefinidos que são invariáveis, enquanto outros ­podem sofrer alterações para acompanhar o substantivo. Veja este quadro.

Pronomes indefinidos

Invariáveis

Variáveis

alguém
ninguém
tudo
nada
cada
algo
outrem

algum, alguma, alguns, algumas certo, certa, certos, certas
todo, toda, todos, todas
outro, outra, outros, outras
muito, muita, muitos, muitas
pouco, pouca, poucos, poucas
qualquer, quaisquer
vários, várias

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Explique aos estudantes que as pessoas têm usado indistintamente as fórmas esse e este, especialmente na fala, em que mal notamos a diferença de pronúncia. No entanto, a norma-padrão distingue os usos e devemos segui-la nas situações que exigem maior monitoramento, especialmente na escrita.

Verifique se os estudantes sabem que outrem é uma palavra paroxítona (outrem) e que tem o sentido de “outra pessoa”. Exemplo: O poema não era dele; era de outrem (outra pessoa qualquer).

Complemento nominal

Como você está vendo, o substantivo pode ser acompanhado por termos que especificam seu sentido. Há, também, a possibilidade de ele vir acompanhado por termos que complementam seu sentido.

Para observar esse tipo de construção, leia o anúncio a seguir, produzido para circular em redes sociais. Depois, responda às questões.

Reprodução de peça publicitária. O fundo é claro, e as letras são laranja e azuis. No centro, a frase, em letras grandes: PROTEJA A VIDA DOS IDOSOS. Ao lado da frase, a ilustração de um senhor de óculos, barba e cabelos brancos, com a mão no ombro de um menino de cabelo curto. O senhor veste camiseta laranja e o menino, camiseta verde. Ambos estão sorrindo. Na parte superior, as informações: 15 DE JUNHO - DIA INTERNACIONAL DE CONSCIENTIZAÇÃO E COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA. Devemos prevenir e identificar situações de violência, negligência e abuso contra as pessoas idosas oferecendo condições para uma vida plena. Na parte inferior, logotipos dos SUS e do Governo de Minas Gerais.
Reprodução de peça publicitária do Dia internacional de conscientização e combate à violência contra a pessoa idosa, produzida pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais. 2020.
  1. Muitas campanhas publicitárias com o mesmo tema mostram a imagem de pessoas idosas sozinhas e fragilizadas. O que essa peça publicitária preferiu mostrar? Que efeito obtém com isso?
  2. O texto indica situações que envolvem o idoso e precisam ser resolvidas pela sociedade. Identifique-as.
  3. O que é esperado do interlocutor em relação a essas situações?
  4. Em “Proteja a vida dos idosos”, o verbo poderia aparecer sem o complemento? Por quê? 
  5. Complete no caderno uma reelaboração do mesmo trecho: É fundamental a proteçãoreticências

No trecho reelaborado, o verbo se transformou em um substantivo, mas continua prevendo um complemento: proteger o quê? proteção de quê? Os sen­tidos do verbo e do substantivo não são completos.

Respostas e comentários

1. A peça destaca um homem idoso e outro bem jovem, ambos sorrindo, sugerindo uma relação entre avô e neto. Com isso, destaca a relação de companheirismo entre as gerações e não as ideias de isolamento e tristeza.

2. Violência, negligência e abuso.

3. É esperado que o interlocutor atue para identificar situações de desrespeito ao direito dos idosos e, assim, possa protegê-los.

4. Não. O sentido do verbo ficaria incompleto, porque faltaria informar o que ou quem deve ser protegido.

5. É fundamental a proteção da vida dos idosos.

Orientações didáticas

Enfatizamos que o parecer cê êne Ê/séb norteº 15/2000 afirma que “o uso didático de imagens comerciais identificadas pode ser pertinente desde que faça parte de um contexto pedagógico mais amplo, conducente à apropriação crítica das múltiplas fórmas de linguagens presentes em nossa sociedade, submetido às determinações gerais da legislação nacional e às específicas da educação brasileira, com comparecimento módico e variado”. Guiamo-nos por essa orientação oficial para selecionar os textos deste capítulo.

Agora, leia o trecho destacado com a cor laranja na parte superior do cartaz: “e combate à violência contra a pessoa idosa”. Observe que o substantivo combate também precisa ser complementado: combate a quê? O mesmo se dá com o substantivo violência: violência contra quem?

Esse tipo de complemento ligado a um substantivo é chamado de complemento nominal. Ele é sempre introduzido por uma preposição, acompanhada ou não de artigo. Observe.

Esquema. a proteção da vida dos idosos Uma seta liga 'da' a 'proteção'. da: proteção + artigo a violência contra a pessoa idosa Uma seta liga 'contra' a 'violência'. contra: preposição o combate à violência Uma seta liga 'violência' a 'combate'. à: preposição + artigo.

O complemento nominal também pode estar ligado a um adjetivo ou a um advérbio. Observe.

Esquema. área cheia de buracos Uma seta liga 'buracos' a 'cheia'. de: preposição espaço acessível a todos Uma seta liga 'todos' a 'acessível'. a: preposição perto da praça central Uma seta liga 'praça' a 'perto'. da: preposição + artigo.

Existe semelhança entre a fórma do complemento nominal e a de parte dos adjuntos adnominais, mas é possível diferenciá-los verificando o termo a que se ligam:

Esquema. Insisti na compra da casa. Uma seta liga 'da casa' a 'compra'. da casa: complemento nominal Pintei a parede da casa. Uma seta liga 'da casa' a 'a parede'. da casa: adjunto adnominal.

Compra é um substantivo de sentido incompleto, assim como o verbo comprar: compra de quê? comprar o quê? É preciso informar o que é comprado: a casa. O termo da casa, portanto, é um complemento nominal. Já parede é um termo de sentido completo; nesse caso, da casa apenas o especifica. Trata-se de um adjunto adnominal.

Complemento nominal é um termo integrante da oração, indispensável para completar o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio). Adjunto adnominal é um termo acessório; ele caracteriza, especifica ou determina um substantivo com sentido completo.

Ilustração. Moça com o cabelo preso em um rabo de cavalo pinta uma parede de azul. Ao lado dela, no chão, duas latas de tinta e uma bandeja com tinta.

INVESTIGANDO MAIS

1. Conheça uma tirinha do ilustrador estadunidense tôni carrilho.

Tirinha formada por um quadro. Homem cabisbaixo mostra a um menino sentado à mesa alimentos dentro da frigideira. O menino diz: PAI! OVOS CROCANTES? TORRADAS FRITAS? BACON MACIO? ACHO QUE VOCÊ MISTUROU OS ADJETIVOS!

. 2015. uma tirinha.

  1. Observe que a expressão do homem é de desânimo. O que ­despertou esse sentimento no personagem?
  2. A fala do filho reforça ou ameniza os sentimentos do pai? Por quê?
  3. Quais são os adjuntos adnominais presentes nas perguntas do menino? Reescreva os pares estabelecendo as relações esperadas entre os adjuntos adnominais e os termos a que se referem.
  4. Além de alterar a ordem das palavras, o que mais você precisou fazer para ajustar os pares?

2. Leia este poema do escritor paulista José Paulo Paes.

Borboleta

Mal saíra do casulo

para mostrar ao sol

o esplendor de suas asas

um pé distraído a pisou.

(A visão da beleza

dura um só instante

inesquecível.)

PAES, José Paulo. Poesia completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. página. 481.

Versão adaptada acessível

Atividade 2, item a.

Classifique sintaticamente as palavras que formam o seguinte verso do poema: “um pé distraído a pisou”.

  1. Copie o quarto verso do poema e classifique sintaticamente as palavras que o formam.
  2. A ação expressa nesse verso sugere um ato de perversidade? Explique sua resposta.
  3. A que palavra o termo inesquecível se relaciona? Qual é sua função sintática?
  4. O termo inesquecível está isolado no último verso da segunda estrofe. Que efeito produz essa posição da palavra? Para responder, leia o poema em voz alta, fazendo as pausas necessárias.
Respostas e comentários

O fato de não ter conseguido preparar uma boa refeição para o filho.

1b. Reforça os sentimentos, porque enfatiza que a preparação dos alimentos não foi adequada.

1c. Os adjuntos adnominais são: crocantes, fritas e macio. Ovos fritos, torradas macias e bêicom crocante.

1d. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mencionem os ajustes na concordância nominal.

Sujeito simples: um pé distraído; núcleo: pé; adjuntos adnominais: um, distraído; predicado verbal: a pisou; a: ó dê; pisou: vê tê dê.

2b. Não. O ato de pisar na borboleta foi involuntário, já que o pé é chamado de “distraído”, ou seja, não fez isso por mal, mas por descuido.

2c. Relaciona-se ao substantivo instante. Ele é um adjunto adnominal.

2d. O isolamento dá mais ênfase ao termo, destacando a ideia de que o momento de apreciação da beleza, embora curto, é uma experiência marcante, significativa.

3. Leia uma tirinha da ilustradora cearense .

Tirinha formada por dois quadros sem moldura, um acima do outro. Os personagens são uma menina de vestido cor-de-rosa e orelhas azuis e um relógio cor-de-rosa com braços, pernas, olhos e boca. Os ponteiros imitam um bigode. Quadrinho 1: No topo, em letras maiores, a frase: Às vezes eu me sinto só como o coelhinho louco do País das Maravilhas. A menina, correndo atrás do relógio, que foge, diz: TÔ ATRASADA TÔ ATRASADA TÔ ATRASADA. Quadrinho 2: No topo, em letras maiores, a frase: Correndo atrás do tempo. A menina para, com os ombros para frente e as mãos nas pernas, e faz AHHRR, UFF, UFF. Ela diz, olhando para o relógio que continua correndo: ESSE BICHINHO NUNCA ME ESPERA.

. [sem título]. [2010 década certa]. uma tirinha.

a. A tirinha emprega o recurso da intertextualidade. A que narrativa ela se refere?

Lembra?

O termo intertextualidade remete a referências explícitas ou implícitas que um texto faz a outro, do mesmo autor ou não.

  1. Releia a frase “Às vezes eu me sinto só como o coelhinho louco do País das Maravilhas”. Que função sintática exercem os termos em destaque?
  2. Por que esses termos são necessários para o estabelecimento da intertextualidade?
  3. Observe os personagens e suas ações. Que diferença há entre o que se vê na tirinha e no texto com o qual ela ­dialoga?
  4. Como você interpretou a sensação que a personagem confessa ter? Explique sua resposta.

4. Leia um poema de Gregório duviviê.

Receita para um dálmata

(ou: Soneto branco com bolinhas pretas)

Pegue um papel, ou uma parede, ou algo

que seja quase branco e bem vazio.

Amasse-o até que tome fórma

de um animal: focinho, corpo, patas.

   

Em cada pata ponha muitas unhas

e em sua boca muitos dentes. (Caso

queira, pinte o focinho de qualquer

cor que pareça rosa). Atrás, na bunda,

É lógico!

Observe que o poe­ma apresenta uma lista de instruções. Corresponde a um algoritmo!

Respostas e comentários

Alice no País das Maravilhas, de líuis quéról.

3b. São adjuntos adnominais.

3c. Louco e das Maravilhas especificam os substantivos coelhinho e País, permitindo ao leitor reconhecer a relação com a obra de líuis quéról.

3d. Em Alice no País das Maravilhas, a personagem corre atrás do coelhinho que se diz atrasado e carrega um relógio, enquanto na tirinha ela mesma é o coelhinho que persegue o relógio.

3e. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes tratem da sensação de estar sempre com a impressão de que deveria ter feito mais do que fez, apesar de todo o esforço, o que se expressa na condição ofegante sugerida pelas onomatopeias do segundo quadrinho.

Orientações didáticas

Investigando mais Questão 3 – A obra Alice no País das Maravilhas, de líuis quéról, é frequentemente adaptada para publicações infantis, além de ter sido adaptada para o cinema, por isso é provável que vários estudantes a conheçam. Antes de iniciar a atividade, verifique se algum deles poderia contar brevemente a história, de fórma a ajudar os que não têm essa referência. Se ninguém a conhecer, apresente uma breve paráfrase para a turma.

Comente, por fim, que é importante expandirmos nossa “biblioteca cultural” (ver neste ême pê tópico que trata deste conceito) porque ela nos permite ler adequadamente textos como essa tirinha, que propõe relações intertextuais.

ponha um fiapo nervoso: será seu

rabo. Pronto. Ou quase: deixe-o lá

fóra e espere chover nanquim. Agora

   

dê grama ao bicho. Se ele rejeitar,

é dálmata. Se comer (e mugir),

é uma vaca que tens. Tente outra vez.

duviviê, Gregório. A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora. Rio de Janeiro: 7Letras, 2011.

a. As duas versões do título fazem referência a gêneros textuais: a receita e o poema (no caso, com a fórma de soneto). Como o texto se relaciona com esses gêneros?

Chama-se soneto um poema formado por quatro estrofes. As duas primeiras são quartetos, isto é, estrofes formadas por quatro versos; as duas últimas são tercetos.

  1. Releia os versos 1 e 2. Na sequência formada por papel, parede e algo, o último item tem sentido menos preciso. Essa característica dificulta a compreensão das orientações dadas ao leitor? Justifique sua resposta.
  2. Releia os versos 5 e 6. Os adjuntos adnominais muitas e muitos expressam quantidade determinada ou indeterminada? Justifique.
  3. Que adjunto adnominal poderia ser empregado para sugerir a mesma noção de quantidade expressa por muitas e muitos?
  4. O adjunto adnominal cada, no verso 5, poderia ser substituído por todas as? Justifique.
  5. Embora destinado ao público infantil, o poema trata da expe­riência dos artistas ao comporem suas obras. O que ele destaca na quarta estrofe?

5. Leia parte do texto de apresentação de uma edição atualizada do Estatuto da Criança e do Adolescente (éca), publicada em 2021.

Todo o conjunto de leis e normas jurídicas embasaramglossário a construção de políticas públicasglossário voltadas a crianças e adolescentes, que contribuíram para diversos avanços, entre eles, ampliação do acesso à educação, reforço no combate ao trabalho infantil, mais cuidados com a primeira infânciaglossário e criação de novos instrumentos para atender às vítimas de violência.

No entanto, o Brasil ainda tem muitos desafios, como garantir a plena efetivaçãoglossário do éca, permitindo que todas as crianças e adolescentes tenham seus direitos respeitados, protegidos e assegurados. Mas nenhum desafio será realmente superado até que o Brasil promova, de fato, a mudança cultural idealizada pelo éca, ou seja, que a sociedade de modo geral proteja as crianças e adolescentes como pessoas vulneráveis e em desenvolvimento.

BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei norteº 8 069, de 13 de julho de 1990. Brasília, Distrito Federal, 2021. página. 11. Disponível em: https://oeds.link/Asso7L. Acesso em: 13 abr. 2022.

Respostas e comentários

Como uma receita, o poema apresenta instruções para a confecção de algo. A distribuição dos versos, em dois quartetos e dois tercetos, segue a fórma fixa dos sonetos.

4b. Não. O sentido de algo é genérico, mas a oração que seja quase branco e bem vazio especifica-o, tornando compreensível a orientação.

4c. Indeterminada. Sabe-se que se trata de algo numeroso, mas não se sabe a quantidade.

4d. Várias/vários.

4e. Sim. Os dois fazem referência às quatro patas do cão.

4f. A possibilidade de o artista não ter êxito, sendo necessárias novas tentativas para alcançar o resultado que planejou.

Orientações didáticas

Questão 4e – Para tratar da sutileza dos sentidos, pergunte aos estudantes se eles percebem diferença entre “em cada pata” e “em todas as patas”. A primeira formulação, com o emprego de “cada”, individualiza as patas, enquanto a segunda, com “todas as”, sugere a ideia de conjunto.

Questão 5 – Sugerimos que os estudantes leiam, silenciosamente, os dois parágrafos. Em seguida, um deles pode apresentar, auxiliado pelos demais, uma paráfrase do conteúdo. Após essa etapa, volte ao texto e, com eles, discuta o sentido de trechos. O objetivo é reforçar estratégias de enfrentamento de textos que podem, em um primeiro momento, parecer desafiadores.

  1. Releia o primeiro parágrafo e, no caderno, escreva o que a expressão “entre eles” indica sobre as informações que aparecem a seguir:
    1.  Elas correspondem a todos os avanços.
    2.  Elas correspondem à menor parte dos avanços.
    3.  Elas correspondem a alguns dos avanços.
  1. Complete a frase “As políticas públicas procuraramreticências” com o trecho “ampliação do acesso à educação, reforço no combate ao trabalho infantil reticências e criação de novos instrumentos para atender às vítimas de violência”. Faça as alterações necessárias.
  2. Identifique os complementos nominais presentes no trecho “ampliação do acesso à educação”.
  3. O conectivo no entanto é uma pista para o leitor quanto ao conteúdo que será apresentado na sequência. Explique por quê.
  4. Releia o seguinte trecho: “Mas nenhum desafio será realmente superado até que o Brasil promova, de fato, a mudança cultural idealizada pelo éca reticências”. O produtor do texto procurou reforçar a declaração que estava fazendo. Transcreva as palavras ou expressões usadas para esse efeito.
  5. Segundo o texto, crianças e adolescentes são “pessoas vulneráveis”. Qual é o sentido do adjunto adnominal nessa expressão?

6. Leia o texto a seguir.

A água é bastante terapêutica e não por acaso costuma ser um grande atrativo durante as viagens, seja numa piscina, no mar, nas cachoeiras ou até mesmo na versão termal. A verdade é que ninguém resiste a um bom mergulho! Para lavar a alma ou apenas contemplar essa beleza natural, confira lagoas e lagos maravilhosos ao redor do mundo. reticências

Lago – Itália

Na província de Bolzano está a pequena cidade de , onde há um vale homônimo que tem um belo lago de águas geladas e cristalinas. O visual é suficiente para que o destino seja procurado por italianos e turistas, encantados com sua beleza. Quem quiser ficar bem pertinho pode se hospedar num hotel por lá!

reticências

Lago tárrôe – Estados Unidos

A Califórnia não é só feita de belas praias e parques de diversões. O Lago tárrôe, na fronteira entre Califórnia e Nevada, é um dos pontos mais cobiçados do estado. Rodeada de picos majestosos e vegetação, a água azul como um topázio é palco para esportes aquáticos durante o verão, enquanto se torna cenário para os rressórts alpinos durante o inverno nevado. reticências

NUNES, Brunella. Pega esse visual: lagos e lagoas maravilhosos ao redor do mundo para incluir na sua lista. Blog: Quanto custa viajar. Ao Ar Livre. 4 maio 2017. Disponível em: https://oeds.link/oErTyj. Acesso em: 8 maio 2022.

Respostas e comentários

três.

5b. As políticas públicas procuraram ampliar o acesso à educação, reforçar o combate ao trabalho infantil e criar novos instrumentos para atender às vítimas de violência.

5c. “Do acesso à educação” é complemento nominal de “ampliação”; “à educação” é complemento nominal de “acesso”.

5d. “No entanto” é uma expressão que indica oposição. Ao encontrá-la, o leitor já deduz que o conteúdo a ser apresentado vai se contrapor ao que foi dito.

5e. Ele empregou a palavra “realmente” e a expressão “de fato”.

5f. “Vulneráveis” indica, nesse contexto, a necessidade de proteção e de ações que permitam o seu desenvolvimento pleno.

Orientações didáticas

Questão 5b – Sugerimos que o período seja anotado e completado na lousa para que os estudantes, com seu apoio, observem as relações sintáticas de complementação tanto de nomes quanto de verbos.

Questão 5d – Pergunte aos estudantes se o uso do conectivo no entanto é adequado ao contexto. É esperado que eles respondam afirmativamente e justifiquem explicando que no entanto introduz desafios a serem enfrentados em favor dos direitos de crianças e adolescentes, o que é um contraponto ao parágrafo anterior, que aborda os avanços de normas e políticas públicas para esse público.

  1. O texto foi transcrito de um blog de turismo. O que é comum a esse texto e a outros escritos nesse tipo de blog?
  2. Copie, da introdução do artigo, um trecho que faz uma generalização sobre o comportamento humano. Reescreva-o de modo a evitar esse efeito.

Fala aí!

Uma generalização como “Todos os produtos importados têm melhor qualidade” prejudica a argumentação porque é imprecisa e desconsidera aspectos relevantes para a discussão. Você acha que a generalização vista no artigo o prejudica? Por quê?

  1. Na frase “esse belo lago de águas geladas e cristalinas, exclua a expressão de águas, fazendo a concordância adequada.
  2. Observe a expressão “belas praias e parques”. Como deverá ser feita a concordância se a ordem dos substantivos for “parques e praias?
  3. Usando a mesma regra de concordância empregada no item anterior, complete as orações a seguir substituindo a estrela pelo adjetivo grandioso.
    1.  Venha conhecer espaço para resposta picos e cachoeiras.
    2.  Venha conhecer espaço para resposta cachoeiras e picos.

Quando um adjetivo modifica dois ou mais núcleos que vêm depois dele, concorda em gênero e número com o primeiro.

Leu belos poemas e narrativas.

Leu belas narrativas e poemas.

  1. Observe agora a concordância entre os adjetivos destacados e os termos anteriores, que são determinados por eles.
    1.  Lagoas e lagos maravilhosos.
    2.  Lagoas e praias maravilhosas. .Explique o uso do masculino “maravilhosos, em um, e do feminino “maravilhosas, em dois.
  1. Estão igualmente corretas as fórmas parques e praias belos e parques e praias belas, mas há diferença na fórma como as entendemos. Explique essa diferença.
  2. Reescreva a oração “Rodeada de picos majestosos e vegetação” fazendo com que o adjetivo se refira aos dois substantivos.

Quando um adjetivo modifica dois ou mais núcleos que vêm antes dele:

Vai para o plural, predominando o masculino se os núcleos forem de gêneros diferentes.

Ganhei duas pastas e uma agenda novas.

Ganhei livros e pastas novos.

Pode concordar com o núcleo mais próximo, formulação que relaciona a caracterização ao último núcleo.

Ganhei livros e pastas novas.

Ganhei uma pasta e um livro novo.

Respostas e comentários

Os textos divulgam os lugares, mostrando as atrações e encorajando os leitores a conhecê-los.

6b. O trecho é “ninguém resiste a um bom mergulho!”. Sugestão: “muitos de nós não resistimos a um bom mergulho!”.

6c. Esse belo lago gelado e cristalino.

6d. Belos parques e praias.

6e. um Grandiosos; dois grandiosas.

6f. um. O adjetivo “maravilhosos” refere-se a um termo feminino e a outro masculino, prevalecendo o gênero masculino; dois. refere-se a dois termos no feminino, por isso fica no feminino.

6g. A concordância no masculino mostra que o adjetivo se refere a todos os termos, enquanto a concordância no feminino destaca apenas o núcleo mais próximo.

6h. Rodeada de picos e vegetação majestosos.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Fala aí! – Inicie pedindo aos estudantes outros exemplos de generalização. Em seguida, peça que eles analisem a generalização “ninguém resiste a um bom mergulho!”, comparando com os demais exemplos. Ajude-os a perceber que, em função do assunto do texto, a generalização não é prejudicial; ela cumpre uma função de ênfase e de aproximação do leitor em relação ao conteúdo que é apresentado. Em outros casos, como em “Toda criança é agitada”, a generalização é um ponto fraco, já que desconsidera a diversidade de comportamentos.

Boxes Examine caso a caso com os estudantes, identificando o gênero e o número de cada núcleo. No primeiro grupo de exemplos, reforce a percepção de que a concordância com o núcleo mais próximo não caracteriza com precisão o núcleo mais distante.

7. Leia a transcrição do trecho de um depoimento disponível no site do Museu da Pessoa.

Aceitando o desafio dos 10 quilômetros

Depois dos 40 ano, lá, os meus filho já tavam crescendo, crescido mesmo, aí eu comecei a participar das corrida aqui dos Correio, aí eu sempre tirava, passei mais de oito anoreticências oito ano ganhando, tirando primeiro lugar aqui nos Correio. Eu fui a primeira mulher a correr os 10 quilômetros aqui dos Correio, porquereticências as mulheres daqui que ganhava, elasreticências não se interessava a correr 10 quilômetros, nem viajar pra Brasília, né? Aí eu disse assim: “Peraí, a mulher aqui ganhava, corria só 5 quilômetros, os home, 10 quilômetros, ereticências o dinheiro era menos da mulher, o do home era mais, que corria 10”. Aí eu fuireticências O primeiro ano ainda corri 5 quilômetros, ganhei, né?, o segundo aí não, o próximo ano, eu vou treinar junto com os home e vou ganhar o mesmo tanto que os home. Foi um desafio, né? Vou ter quereticências ficavam assim sem acreditar que eu ia correr os 10 quilômetros, né? Aí eu aceitei o desafio: “Vanda, você vai correr os 10 quilômetros? Vem que aqui vai ter a premiação pra mulher igual do homem. Você vai correr os 10 quilômetros.” Aí eu corri, ganhei e fui pra Brasília, ainda fiquei entre os quinze, que eram quinze classificado, né. Ereticências aí depois comecei a participar de São Silvestreglossário , fui também a umas oito São Silvestre, e sempre internacionalmente eu erareticências ficava entre as dez na faixa etária.

Aceitando o desafio dos 10 quilômetros. 26 agosto 2016. 1 vídeo (2 minutos). Depoimento publicado no canal Museu da Pessoa. Transcrição de vídeo de 0 minuto 10 segundos a 1 minuto 25 segundos. Disponível em: https://oeds.link/4zQ3f0. Acesso em: 9 maio 2022. 

  1. Por que Vanda se destacou entre os atletas que participavam da competição dos Correios?
  2. Que resultados esportivos importantes ela obteve após esse acontecimento?
  3. Por que a história da atleta ajuda a desconstruir a ideia de que os esportes são atividades de jovens? 
  4. A fala apresenta ocorrências de concordância que não seguem a norma-padrão da língua portuguesa, por exemplo com relação aos adjuntos adnominais e aos núcleos que eles determinam. O que se observa no trecho “aí eu comecei a participar das ­corrida aqui dos Correio”?
  5. O mesmo tipo de concordância repete-se na relação entre sujeito e verbo. Copie no caderno o trecho em que isso acontece.
  6. A concordância usada por Vanda impede a compreensão da noção de plural por quem a ouve? Explique.
  7. Nos contextos em que deve ser empregada a linguagem monitorada essa fórma de concordância costuma ser utilizada?

Observações sobre a concordância

A norma-padrão da língua portuguesa prevê que todas as palavras que podem ser flexionadas sejam colocadas no plural quando se quiser expressar esse número.

Em alguns contextos de comunicação, no entanto, verifica-se que apenas parte das palavras tem marcas de plural. Embora ela não seja adequada a contextos formais, existe uma lógica para essa concordância: ela prevê que basta o artigo ou o artigo e o substantivo estarem no plural para que todo o conteúdo seja entendido assim. É o que ocorre, por exemplo, em enunciados como “Participei das corrida” ou “As mulheres corria 5 quilômetros”.

Respostas e comentários

Porque optou por correr 10 quilômetros, modalidade praticada entre os homens, e teve sucesso nesse desafio.

7b. Vanda foi disputar em Brasília, ficou entre os quinze classificados e, depois, passou a participar da corrida de São Silvestre e a ficar entre as dez primeiras colocadas na faixa etária na qual participava.

7c. Porque Vanda começou a correr já na faixa dos 40 anos de idade, depois que os filhos haviam crescido. A prática esportiva tornou-se algo bastante importante para ela, que passou a participar de várias provas de corrida e a obter sucesso nelas. 

7d. Os adjuntos adnominais das e dos, e os substantivos que eles acompanham, corrida e Correio, respectivamente, não estão concordando. Segundo a norma-padrão, deveria ter sido utilizado das corridas e dos Correios.

7e. O trecho é: “as mulheres daqui que ganhava, elasreticências não se interessava a correr 10 quilômetros”.

7f. Não. A presença de alguns termos no plural já evidencia esse número.

Orientações didáticas

Questão 7 – Nesta atividade, os estudantes serão levados a analisar determinado tipo de concordância presente em algumas variedades linguísticas brasileiras. Sugerimos que você faça a leitura em voz alta para evitar que eles estigmatizem a fala antes de, efetivamente, compreenderem o fenômeno linguístico em foco.

Observações sobre a concordância – Verifique se os estudantes compreenderam o conteúdo do boxe e, principalmente, seu objetivo: a ideia é que identifiquem certas marcas de linguagem que caracterizam usos comuns em algumas variedades linguísticas, entendam a lógica que as sustenta e não sejam preconceituosos em relação aos falantes que as empregam. Ao mesmo tempo, devem perceber que, com o avanço dos estudos, é esperado que eles, cada vez mais, se apropriem das fórmas indicadas pela norma-padrão para que possam participar bem das situações que as exigirem.

Leitura 2 Texto teatral

Leia a seguir um trecho de uma adaptação da peça O burguês ­fidalgo, do dramaturgo francês Moliér, traduzida por José Almino de Alencar e adaptada e dirigida pelos pernambucanos Guel Arraes e João ­Falcão. Nessa montagem, foi criado um prólogo, isto é, uma cena que antecede o início da peça de Moliér, na qual ele aparece orientando os atores pessoalmente. Além disso, foram acrescentadas situações e falas de outras peças do autor francês, como As preciosas ridículas.

Capa de programa de peça teatral. Destaque para o rosto de um homem de olhos escuros e testa franzida. Ele tem uma haste na boca, entre os dentes. A boca está torta. Ele tem cabelo longo, castanho e cacheado. Sobreposto ao cabelo, o título: O BURGUÊS RIDÍCULO.
Reprodução da capa do programa da peça O burguês ridículo, encenada por Marco Nanini, e baseada em O burguês fidalgo e As preciosas ridículas, ambas de Moliér. Montagem de Pequena Central, com direção de João Falcão, José Almino e Guel Arraes, 1996.

O burguês ridículo

PERSONAGENS

: o burguês.

Nicóll: criada da casa de .

Lucill: filha de .

Cleônte: pretendente de Lucill.

Coviéll: criado de Cleônte.

Dorrânte: o conde.

Dorriménn: a marquesa.

PRÓLOGO

A peça ainda não começou. Moliér e sua trupe se agitam em cena. (Quase um balé do palco sendo arrumado.) Montam o palco, acendem as velas dos candelabros etcétera

Moliér: Vamos, senhores! Estamos atrasados. Ah, como ator é um bicho difícil de comandar.

ATRIZ QUE FAZ Lucill: (Ensaiando) De onde vem o veneno que invadiu minha almareticências

Moliér: (Para Lucill) Mais devagar. (Grita para outro ator) Mais rápido, o rei já deve estar chegando e não tem nada pronto ainda.

Lucill vai encontrar Cleônte.

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: A culpa é sua. Você prometeu aprontar uma peça em oito dias e agora vai nos matar de vergonha diante da côrte.

Moliér: O que é que eu podia fazer se o próprio rei me fez essa encomenda! O que os reis querem acima de tudo é uma pronta obediência. É melhor cumprir mal o que nos pedem do que não cumpri-lo a tempo!

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: Eu não vou conseguir decorar esse texto.

Moliér: Grande coisa, decorar um texto.

De quem é o texto?

Fotografia. Guel Arraes, homem de aproximadamente 60 anos, com cabelo penteado para trás, testa larga, olhos pequenos, nariz e boca grandes. Tem marcas de expressão nos cantos da boca. João Falcão, homem de aproximadamente 60 anos, com cabelo cacheado, testa achatada, olhos pequenos, nariz largo e cavanhaque claro.
Guel Arraes (à esquerda) e João Falcão (à direita), em fotos de 2016.

Guel Arraes (1953-) é diretor de telenovelas, criou programas de tê vê e produziu minisséries, algumas adaptadas de obras literárias.

João Falcão (1958-) atua principalmente no teatro. Escreveu vários textos que resultaram em montagens premiadas.

Respostas e comentários

Leitura 2

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2 e 3.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 4, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis nove éle pê quatro nove, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro e ê éfe seis sete éle pê dois nove.

Orientações didáticas

Apresentamos a pronúncia aproximada dos nomes em francês: “”, “”, “”, “”, “”, “”, “”. O -e final de Cleônte e Dorrânte, assim como o de Nicóll, Lucill e Coviéll, é quase imperceptível.

Assim como foi feito na Leitura 1, combine antecipadamente a apresentação da cena com alguns estudantes voluntários para que eles preparem uma leitura dramática.

Na sala de aula, peça, primeiramente, que os estudantes leiam o texto silenciosamente. Depois, solicite a leitura e, no final, peça que um estudante explique o que acontece na cena. Os demais podem completar ou retificar as informações quando o primeiro terminar sua exposição. Pergunte aos estudantes se ouvir a leitura dramática contribui para a compreensão da cena e os motivos disso. Espera-se que façam observações sobre o efeito de ouvir diferentes vozes, que contribuem para a identificação dos personagens e a compreensão de suas emoções.

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: Para você é fácil. Foi você que escreveu a peça.

Moliér: Estou escrevendo. Ainda não sei como terminá-la.

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: Como qualquer comédia: os amantes se casam e todos dançam numa grande festa.

Moliér: Não quero apresentar para o rei uma comédia qualquer. Lucill!

Lucill volta.

ATRIZ QUE FAZ Lucill: De onde vem o veneno que invadiu minha alma / E fustigou meu corpo, retirou-me a paz?

Moliér: Não é nada disso. Você está apaixonadareticências

ATRIZ QUE FAZ Lucill: (Olhando para Cleônte, por trás de Moliér). Estou.

Moliér: Você nunca sentiu isso antesreticências

ATRIZ QUE FAZ Lucill: Nunca.

Moliér: Você está muito felizreticências

ATRIZ QUE FAZ Lucill: Muito.

Moliér: (Para Cleônte) Vem cá, rapaz.

ATOR QUE FAZ Cleônte: Sim, senhor.

Moliér: Recite seu papel.

ATOR QUE FAZ Cleônte: Bem, senhorreticências

Moliér: Está errado.

ATOR QUE FAZ Cleônte: Mas é quereticências

Moliér: Não conferereticências

ATOR QUE FAZ Cleônte: A verdadereticências

Moliér: A verdade é que em vez de estudar seu texto você fica representando para as mocinhas.

ATOR QUE FAZ Cleônte: Não diga isso, senhor. Nada é mais sincero que meu amor por Lucill. Tão grande que chego a desejar que o céu não lhe tivesse dado nada ao nascer: nem beleza, nem fortuna, nada, para que eu dedicasse toda a minha vida a reparar essa injustiça do destino, e assim merecer a glória e a alegria de vê-la dever tudo ao meu amor.

Moliér: Muito bem. Você já decorou seu papel.

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: Pouco a pouco eureticências

ATOR QUE FAZ Coviéll: Por favorr, senhorr Moliérreticências

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: Pouco a pouco eureticências

Moliér: Eu vejo!

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: Pouco a pouco eu vejoreticências

Ilustração. Pessoa vestida com roupas largas e coloridas, em tons de laranja, roxo, amarelo e branco. Tem cabelo longo, avermelhado e cacheado. O rosto está maquiado, as bochechas rosadas, os lábios grandes e avermelhados. As sobrancelhas são curtas. Tem uma pinta perto do lábio superior. Usa cinto. A calça é justa e as meias são longas, acima do joelho. O sapato tem o bico estreito. Está com os braços dobrados para cima e as mãos levantadas.

ATOR QUE FAZ Coviéll: Con fossa permisionreticências

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: Pouco a pouco eu vejoreticências

Moliér: reticências que estou comprometendo cada vez maisreticências

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: reticências com os testemunhos da sua paixão.

ATOR QUE FAZ Coviéll: Gostarria falar assunto de sua interresse.

Moliér: E por que você está falando com sotaque alemão?

ATOR QUE FAZ Coviéll: É que pensei o senhorr precissar talvez de alemon parra fazer papel de alemon em peça autorria sua.

Moliér: Nada de alemão. Você vai fazer o criado como sempre. (Grita) E já que você vai fazer o criado aproveite para arrumar o palco que já estamos atrasadíssimos.

Moliér. O burguês ridículo. Tradução José Almino. . Guel Arraes e João Falcão. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1996. páginas .

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

1. Como você imagina a movimentação dos atores no início da peça? O que a justifica?

Fala aí!

Você consegue imaginar as cenas sendo apresentadas no palco apenas lendo o texto teatral? Você gosta do que está imaginando? Por quê?

  1. O texto que vai ser encenado é uma comédia.
    1. Que dificuldade o autor está enfrentando em sua composição?
    2. Segundo a atriz que faz Dorriménn, não seria difícil criar um desfecho para a peça. Por quê?
    3. A fala da atriz alude à principal característica dos finais das comédias. Qual é ela?
  2. Releia esta fala de Moliér.

Moliér: (Para Lucill) Mais devagar. (Grita para outro ator) Mais rápido, o rei já deve estar chegando e não tem nada pronto ainda.

  1. Como se explica que Moliér peça a Lucill que vá devagar e ao outro ator que vá depressa?
  2. Use a fala de Moliér para explicar a ideia de que, no texto teatral, a história precisa ser mostrada porque não há um narrador.
  1. Na peça, há uma intencional mistura entre o universo dos personagens criados por Moliér para a comédia que apresentará ao rei e o universo dos profissionais que os interpretam. Releia o trecho que se estende de “Lucill volta” até “Muito bem. Você já decorou seu papel”.
    1. A primeira fala é da personagem Lucill; as demais falas são da atriz que interpreta essa personagem. Como é possível distingui-las?
    2. Na fala “Não é nada disso. Você está apaixonadareticências”, Moliér se refere aos sentimentos da atriz que faz Lucill ou aos da personagem Lucill? Explique.
Respostas e comentários

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mencionem uma cena agitada, com várias pessoas andando rapidamente, de modo coordenado para não se trombarem, já que se fala em “quase um balé”. A agitação se justifica pelo atraso nos preparativos, como afirma Moliér em sua primeira fala.

Ele deve apresentar uma peça ao rei em poucos minutos, mas ainda não tem um final.

2b. Segundo ela, as comédias terminam sempre com o casamento dos amantes e uma grande festa.

2c. O final feliz.

Moliér refere-se a situações diferentes: Lucill deve falar seu texto mais devagar, e o outro ator deve ser mais rápido ao montar o palco.

3b. Moliér menciona que o rei vai chegar, explicitando para o público o motivo da correria. Não é preciso, portanto, que um narrador exponha isso ao público.

Quando está interpretando a personagem, a atriz usa uma linguagem mais poética, por repetir o texto escrito por Moliér; quando fala por si mesma, ela usa uma linguagem mais simples.

4b. Moliér refere-se aos sentimentos da personagem Lucill, porque está orientando a atriz para que saiba como falar seu texto corretamente.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Refletindo sobre o texto Fala aí! – Peça aos estudantes que justifiquem a maneira como estão avaliando os textos literários. Insista para que não se limitem a declarar um gosto. Pergunte a eles se notam semelhanças entre o gênero comédia, segundo o que descreve a atriz que faz Dorriménn, e as telenovelas atuais. Eles devem observar que as telenovelas também costumam terminar com a solução dos conflitos entre os casais, principalmente quando formados por protagonistas, e uma grande festa, em geral um casamento.

Questão 4 – Sugerimos que você releia o trecho (em que Lucill volta até o fim da página. 187) antes da correção, marcando, com sua entonação, a maneira como se revezam as falas dos personagens e dos atores que os interpretam. Caso os estudantes que realizaram a leitura dramática tenham conseguido fazê-la bem, podem ser chamados novamente. Em seguida, peça aos estudantes que releiam as respostas que construíram e façam correções caso tenham observado equívocos ou imprecisões. Só então faça a correção coletiva.

c. Releia a fala a seguir.

ATOR QUE FAZ Não diga isso, senhor. Nada é mais sincero que meu amor por Lucill. Tão grande que chego a desejar que o céu não lhe tivesse dado nada ao nascer: nem beleza, nem fortuna, nada, para que eu dedicasse toda a minha vida a reparar essa injustiça do destino, e assim merecer a glória e a alegria de vê-la dever tudo ao meu amor.

.O ator está falando de seus sentimentos pessoais ou assumindo seu personagem Cleônte? Justifique.

5. Releia o trecho a seguir e responda.

Moliér: Eu vejo!

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: Pouco a pouco eu vejoreticências

ATOR QUE FAZ Coviéll: Con fossa permisionreticências

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: Pouco a pouco eu vejoreticências

Moliér: reticências que estou comprometendo cada vez maisreticências

ATRIZ QUE FAZ Dorriménn: reticências com os testemunhos da sua paixão.

ATOR QUE FAZ Coviéll: Gostarria falar assunto de sua interresse.

Moliér: E por que você está falando com sotaque alemão?

ATOR QUE FAZ Coviéll: É que pensei o senhorr precissar talvez de alemon parra fazer papel de alemon em peça autorria sua.

  1. O que explica as alterações ortográficas em partes das palavras?
  2. Por que podemos dizer que, também nesse trecho, o universo pessoal dos profissionais que atuam na peça é revelado?
  1. Muitos espetáculos teatrais dão ao público a impressão de que a cena é real, e não uma encenação em um palco.
    1. Em sua opinião, esse prólogo contribui para essa impressão? Por quê?
    2. O prólogo corresponde a uma situação do mundo real ou encenado? Explique.

Lembra?

Há casos em que uma obra artística – livro, filme, peça teatral, pintura etcétera – faz referência à própria construção ou à sua linguagem. Esse procedimento é chamado de ­metalinguagem.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Da observação para a teoria

Os textos teatrais tradicionais costumam apresentar um conflito, que leva ao clímax e provoca a expectativa do público quanto ao desfecho. Nos contemporâneos, nem sempre isso acontece. Também há muitas variações naquilo que ocorre no palco. Existem monólogos (peças centradas em um único personagem), peças sem falas, peças em que atores interagem com o público, e até mesmo peças encenadas em lugares alternativos, como a rua.

Respostas e comentários

4c. Como recebeu uma bronca de Moliér, o ator passou a falar como o personagem Cleônte, repetindo o texto escrito pelo dramaturgo.

O ator está tentando simular o sotaque alemão, e as alterações ortográficas procuram reproduzir a fórma como ele pronuncia as palavras.

5b. Porque o profissional imitou o sotaque do personagem alemão para pedir ao diretor a chance de ter papéis em futuras peças do diretor.

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes respondam negativamente, porque o prólogo chama a atenção para a montagem do espetáculo e para as experiên­cias pessoais dos atores.

6b. Encenado. Embora represente a montagem do espetáculo, ele também é uma situação imaginada e encenada por atores.

Orientações didáticas

Questão 5b – Ajude os estudantes a perceber que, no final da fala do ator, ele explica a razão pela qual está falando com sotaque alemão: está mostrando para ­Moliér que é capaz de fazer papel de alemão em peças futuras, ou seja, está, de modo sutil, pedin­- do trabalho para o dramaturgo.

Textos em CONVERSA

Você vai ler um trecho de um artigo científico intitulado “Figurino – O traje de cena”. Como todo gênero textual, ele apresenta características que serão exploradas nesta seção. Conhecer esse gênero textual pode aprimorar sua prática de pesquisa. Tome notas das ideias principais durante a atividade de leitura e discussão conduzida por seu professor.

2.1 Critérios para a elaboração do figurino

reticências

2.1.4 Conhecimento do enredo / construção do personagem

reticências

O figurino é fruto da interpretação do enredo a ser trabalhado. Após uma análise profunda de cada personagem, é possível identificar as características de cada uma, seus gostos, manias, sua personalidade. A roupa tem que traduzir todas essas descobertas para que o ator possa entrar na alma do personagem e conseguir passar para o público.

Quando o ator está engatinhando no texto, ainda naquela fase de achar caminhos e intenções, podemos dizer com certa dose de humor que ele está nu. Nu, claro, no sentido figurado, mas, de certo modo, também nu fisicamente, porque ainda não sabe com que roupa irá colorir as fantasias que tece em torno do ser imponderávelglossário que está gestandoglossário no seu íntimo e que tem o nome bem apropriado de personagem. É nessa fase de incerteza dramática que a mão salvadora do mágico das roupas aparece para vestir os nus. (MUNIZ, 2004, página. 15)

Durante o processo criativo, o figurinista tem a opção de utilizar o estereótipoglossário para compor o personagem, carregando-o de signosglossário ligados ao nosso senso comum que fazem uma conexão direta com um personagem-tipoglossário .

reticências

Utilizando diversos elementos, como cor e volume, o figurinista é capaz de criar uma identidade de fácil leitura para o público, adaptando a personalidade de cada personagem ao estilo cênico. Quando cômico, por exemplo, utiliza cores mais fortes, o excesso de brilho, acessórios, enquanto o dramático utiliza cores escuras, o minimalismoglossário das roupas, mostrando-se mais introspectivoglossário .

A presença do figurinista nos ensaios, portanto, é de suma importância para que sejam estudadas as performances. O ator Marco Nanini (ápud MUNIZ, 2004, página. 46) declarou que o figurino dá subsídiosglossário para o ator desenvolver seu personagem, como o modo de andar, sentar, os movimentos, além de definir o seu comportamento.

ápud é usado para indicar uma citação que não foi lida na obra original, mas, sim, em outra que a citou.

Respostas e comentários

Textos em conversa

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3 e 4.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 3 e 6.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois nove, ê éfe seis nove éle pê quatro dois, ê éfe seis nove éle pê quatro três, ê éfe seis sete éle pê dois dois e ê éfe seis sete éle pê dois cinco.

Orientações didáticas

Nesta seção, os estudantes vão ler um breve trecho de um artigo científico que foi publicado em uma revista acadêmica ligada à área de pesquisa em moda, cultura e arte. Ele trata de figurino e estabelece, portanto, o diálogo com o gênero texto teatral em foco no capítulo. A escolha do gênero deve-se ao objetivo de chamar a atenção para alguns elementos composicionais, em especial as citações. A habilidade ê éfe seis nove éle pê quatro três propõe a identificação e o uso de modos de introdução de outras vozes nos textos e indica a importância de se familiarizar com elementos de normatização, como as regras de inclusão e formatação de citações e paráfrases e de organização de referências bibliográficas. Provavelmente, algumas normas são novidades para os estudantes e vão lhes parecer difíceis. O objetivo, neste momento, é colocá-los em contato com elas para que reconheçam a existência de normas para a exposição dessas referências e para que reflitam sobre sua importante presença nos gêneros do campo das práticas de estudo e pesquisa.

Como estratégia, sugerimos que os estudantes façam uma primeira leitura, procurando, com o apoio do glossário, compreender o sentido global do texto. Depois, solicite uma leitura em voz alta de cada parágrafo de texto ou citação, seguida por uma paráfrase produzida coletivamente. Ajude os estudantes a encontrar estratégias para compreender o sentido de alguma passagem que não seja imediatamente acessível.

O relacionamento entre o figurinista e o ator deve ser o mais próximo, pois a partir de conversas e ensaios serão definidos os acertos e defeitos do figurino. A experiência do ator pode, também, dar subsídios para a criação da veste cênica, que deve avaliar da estética ao conforto.

Coloco-me no lugar do ator para ajudá-lo em seu trabalho. Nem sempre consigo, mas constantemente procuro um conforto maior para o ator. Chega um período do trabalho, quase de análise, no qual tento explicar ao ator o que pretendo com o figurino. E sempre espero que ele compreenda a ideia para que eu possa ir além. É mais gratificante quando o ator compra uma briga, porque enriquece o trabalho. (NAMATAME ápud MUNIZ, 2004, página. 168)

CASTRO, Marta Sorelia Felix de; COSTA, Nara Célia Rolim. Figurino – O traje de cena. Iara – Revista de Moda, Cultura e Arte, São Paulo, volume 3, número 1, páginas noventa e noventa e um, ag 2010. Disponível em:https://oeds.link/5X8JxG. Acesso em: 8 maio 2022.

  1. O texto que você leu é parte de um artigo científico, isto é, de um texto que divulga um saber especializado. Em geral, os artigos científicos destinam-se a pesquisadores, professores e estudantes do ensino superior.
    1. O assunto do texto está ligado a qual área do saber?
    2. Você teve dificuldade para compreender o texto? Por quê?
  2. Releia o primeiro parágrafo e a citação que o segue. Segundo o artigo, o figurinista contribui para o trabalho do ator. Como ele faz isso?
  3. Com base no texto, também é correto afirmar que o ator contribui para o trabalho do figurista? Explique sua resposta.
  4. Segundo o texto, o figurino pode ajudar o espectador a compreen­der o que está sendo encenado.
    1. Um dos recursos que contribuem para essa compreensão é o uso de elementos que sejam facilmente associados à ideia que o personagem representa, como ocorre quando um médico aparece trajado de branco e com um estetoscópio no pescoço. Apresente mais um exemplo dessa ideia.
    2. Que recursos são frequentemente utilizados para representar os estilos cômico e dramático?
  5. Observe os números que acompanham os títulos: o primeiro (2.1) apresenta dois dígitos separados por ponto, e o segundo (2.1.4), três dígitos também separados por pontos. O que essa diferença de dígitos informa sobre a relação entre esses títulos?
Respostas e comentários

À área da Arte ou da Moda.

1b. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

2. O figurino é uma interpretação do enredo e procura traduzir as características dos personagens. Assim, ajuda o ator quando ele ainda está criando sua maneira de interpretar o personagem.

3. Sim. No final do texto, é dito que as conversas com os atores ajudam a identificar os acertos e os erros do figurino e a garantir que ele seja confortável.

Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

4b. Cores mais fortes e excesso de brilho para o estilo cômico, e cores escuras e minimalismo das roupas para o dramático.

5. Essa diferença indica que a parte com o título 2.1.4 compõe o conjunto de partes que formam 2.1, ou seja, está subordinada a ele.

Orientações didáticas

Finalizada a leitura, os estudantes podem realizar, em duplas ou trios, as atividades. As quatro primeiras questões exploram o tema. Se preferir, você pode corrigir esta parte antes de solicitar a realização das demais questões ou, ainda, optar por sua realização coletivamente. As questões 5 a 7, cujo foco são os elementos de normatização, devem ser feitas por escrito, preferencialmente em duplas, para que os estudantes se apoiem no trato com informações novas. Sugerimos que a seção Desafio da linguagem seja realizada após a correção desta segunda parte, quando os estudantes já sanaram suas dúvidas.

Questão 1b – É esperado que os estudantes relatem alguma dificuldade. Ajude-os a perceber o motivo dela. O vocabulário e as referências a uma área com a qual não têm muita familiaridade são algumas possibilidades.

Questão 4a – Ajude os estudantes a perceber que o recurso ao estereótipo é funcional principalmente quando se trata de personagem-tipo, ou seja, que representa uma ideia ou grupo. Nesse caso, não há ênfase nas marcas que individualizam a figura.

Questão 5 – Explique aos estudantes que o título 2.1 informa que serão apresentados “Critérios para a elaboração do figurino”. Um desses critérios é o “conhecimento do enredo/construção do personagem”.

  1. Os artigos científicos costumam incluir citações.
    1. Quantas citações há no trecho lido?
    2. Descreva as duas diferentes fórmas como as citações são incluí­das e apresente uma hipótese para justificar essa diferença.
    3. Uma das citações é introduzida pelo verbo “declarar.

O ator Marco Nanini declarou que o figurino dá subsídios para o ator desenvolver seu personagem, como o modo de andar, sentar, os movimentos, além de definir o seu comportamento.

Sugira outra fórma de introduzir a fala do ator.

d. Leia este trecho transcrito de outra parte do artigo.

Abrantes (2001, página. 15) descreve: “Os figurinos evidenciam uma dimensão e uma função na caracterização de tipos e personagens. Eles são capazes de integrar e diferenciar, de excluir ou acentuar comportamentos, conceitos e ideologias”.

Por que essa citação foi apresentada entre aspas, enquanto a citação examinada no item c não foi?

Fala aí!

Há quem, ao pesquisar, córte e cole partes de textos disponíveis na internet sem indicar as fontes e até mesmo sem deixar claro que usou citações. Por que citar fontes valoriza a própria pesquisa?

7. Os artigos científicos apresentam, em seu final, uma “Bibliografia”, em que são reunidas as fontes usadas na pesquisa. A referência bibliográfica da primeira citação que aparece nesse trecho é a seguinte:

MUNIZ, Rosane. Vestindo os nus: o figurino em cena. São Paulo: Editora , 2004.

  1. Com base nessa referência bibliográfica, descreva o tipo de informação que aparece entre parênteses na primeira citação do trecho.
  2. No caderno, seguindo o padrão dessa referência, componha a referência bibliográfica de outro livro usado como fonte de pesquisa pelas autoras: Heróis e bufões: o figurino encena, escrito por Samuel Abrantes, publicado em 2001 pela editora Ágora da Ilha, do Rio de Janeiro.

É lógico!

Para compor a referência bibliográfica, você precisa repetir o padrão que observa na referência oferecida como modelo.

Conheça a seguir regras de citação de algumas fontes on-line segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (á bê eni tê). Observe a ordem de apresentação das informações, o uso de letras maiúsculas, itálico, pontuação etcétera

Respostas e comentários

Três.

6b. Quando são curtas, as citações estão incorporadas ao texto (como ocorre com a segunda citação); quando longas, aparecem separadas dele, recuadas e escritas com letra menor.

6c. Sugestão: “Segundo Marco Nanini, o figurinoreticências”, “Para Marco Nanini, o figurinoreticências”, “Marco Nanini afirmou que o figurinoreticências”.

6d. A citação de Abrantes é uma transcrição literal do texto-fonte, ao passo que a de Marco Nanini é uma reelaboração ou paráfrase.

Sobrenome da autora, ano em que a obra foi publicada e página em que está a citação.

7b. ABRANTES, Samuel. Heróis e bufões: o figurino encena. Rio de Janeiro: Ágora da Ilha, 2001.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Questão 6b – Não é preciso uma descrição rigorosa da distinção. Basta que os estudantes observem que citações mais longas formam blocos que se separam visualmente do discurso do autor do texto. De qualquer fórma, observamos que, segundo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (á bê eni tê) para produções científicas, as citações diretas de até 3 linhas devem ser incorporadas ao texto autoral, sinalizadas entre aspas, e as citações maiores de 3 linhas devem ficar isoladas do texto autoral, com recuo de 4 cm na margem esquerda, escritas em fonte 10, e sem aspas, pois a própria formatação já evidencia a citação direta.

Questão 6c – É interessante que os estudantes façam referência tanto ao uso de verbos dicendi, como afirmou, disse, explicou etcétera quanto a conectivos, como segundo, conforme, de acôrdo com, para etcétera

Fala aí! – Ao indicar as fontes, o pesquisador mostra que as informações apresentadas são confiáveis e que realizou a pesqui­sa com uma postura adequada. Além disso, ele permite que pessoas interessadas nas informações produzidas ou reproduzidas possam chegar ao texto-fonte caso queiram conferir um dado ou ampliar o conhecimento sobre o conteúdo do texto-fonte.

Questão 7a – Comente que o ano é especialmente importante quando existem duas ou mais obras do mesmo autor. A presença exclusiva do sobrenome impediria a identificação da obra específica em que está a citação. Comente também que o número da página aparece quando há reprodução (citação direta) ou quando há paráfrase de um trecho específico.

Artigos em sites de jornais e revistas:

Esquema. NEVES, Lucas. Grupos de teatro da periferia de SP redescobrem o público em seus bairros. CartaCapital, São Paulo, 8 abr. 2022. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/cultura/grupos-de-teatro-daperiferia- de-sp-redescobrem-o-publico-em-seus-bairros/. Acesso em: 14 abr. 2022. sobrenome do autor: Neves nome do autor: Lucas título do artigo: Grupos de teatro da periferia de SP redescobrem o público em seus bairros nome do períodico (destaque em negrito): CartaCapital local de publicação: São Paulo data da publicação: 8 de abril de 2022 endereço eletrônico: https://www.cartacapital.com.br/cultura/grupos-de-teatro-daperiferia- de-sp-redescobrem-o-publico-em-seus-bairros/ elementos essenciais: Disponível em: e Acesso em:

Verbetes de enciclopédias on-line:

Esquema. MARCO Nanini. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18037/marco-nanini. Acesso em: 14 abr. 2022. nome do verbete: MARCO Nanini título da enciclopédia: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira local de publicação: São Paulo nome do publicador: Itaú Cultural data de acesso: 14 de abril de 2022 endereço eletrônico: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18037/marco-nanini elementos essenciais: In:, Disponível em: e Acesso em:

Desafio da linguagem

Você deve escrever, em seu caderno, um resumo do texto lido nesta seção. Antes de iniciá-lo, anote o título do artigo científico e o nome das autoras.

1. Identifique as ideias essenciais do texto. Para isso, apoie-se nas notas que você produziu no início do estudo.

2. Apresente essas ideias com suas palavras, procurando ser sintético.

3. Organize o texto de modo a construir uma linha de raciocínio.

Nesta atividade, você tem mais um desafio: incluir, no texto, uma citação do discurso das autoras, que pode ser direta ou parafraseada.

1. Fique atento ao uso ou não de aspas conforme o caso.

2. Use palavras ou expressões que indiquem que você está citando.

3. Anote a fonte, considerando que o artigo foi publicado em 2010 e que, na página 90, estavam o primeiro parágrafo e a citação que o ­segue e, na seguinte, o resto do texto. Lembre-se de que, quando há dois autores, os dois sobrenomes são citados, separados por ponto e vírgula.

Dica de professor

Existem aplicativos que geram referências segundo as normas da á bê eni tê. Eles podem ser encontrados na internet e facilitam bastante a anotação correta das fontes de pesquisa em trabalhos escolares. 

Fotografia. Casal em uma apresentação. O palco está na penumbra, com iluminação suave sobre os atores. Eles estão de frente um para o outro. A moça usa um vestido comprido e claro, com brilhos, e um adereço dourado no topo da cabeça. Ela tem o cabelo longo e com dreadlocks amarrado em um rabo de cavalo. O rapaz usa um casaco com brilhos sobre a camisa. Ele é branco, de cabelos curtos e despenteados, e usa uma máscara de baile posicionada na testa. Ambos estão com uma das mãos levantadas, e as mãos estão prestes a se tocar.
Cena do musical Romeu e Julieta. Os atores em destaque usam o figurino assinado pelo figurinista João Pimenta. Foto de 2018.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Boxe informativo – As normas da á bê eni tê apresentam particularidades relativas a cada tipo de fonte citada. Comente com os estudantes que, para outras orientações, podem procurar o site da á bê eni tê na internet.

Desafio da linguagem – Sugestão: O figurinista precisa estudar o enredo para criar trajes que traduzam as características do personagem e precisa acompanhar as performances para garantir roupas confortáveis e adequadas à interpretação. Segundo as autoras, “o relacionamento entre o figurinista e o ator deve ser o mais próximo, pois a partir de conversas e ensaios serão definidos os acertos e defeitos do figurino” (CASTRO; COSTA, 2010, página. 91). Cores e volumes podem ser usados pelo figurinista para expressar a identidade dos personagens, facilitando a compreensão da peça pelo público.

Para essa correção, sugerimos que duplas de estudantes troquem os cadernos. Eles devem ler e verificar se as informações apresentadas são coerentes com o artigo e se foram expressas de maneira sintética. A avaliação pode ser feita oralmente. Ofereça algum tempo para que os estudantes façam ajustes e escolha dois deles para ler suas produções. No final de cada uma, peça a releitura do discurso citado e a identificação dos recursos usados: verbo dicendi ou conectivo e presença ou não de aspas. Pergunte também como foi anotada a fonte. Apresente orientações que possam também contribuir para a autoavaliação dos demais estudantes.

Nosso texto teatral NA PRÁTICA

O breve conto a seguir, de Heloisa Seixas, será a base para a ­criação de um texto ­teatral formado por uma única cena. Essa produção será feita em grupos e, depois, será transformada em uma peça. Leiam o conto, imaginem a situação vivida pela narradora e transformem esse material em um diálogo que se iniciaria com o retorno do dono da loja. Lembrem-se de que, no texto teatral, a situação não deve ser narrada, mas, sim, revelada ao leitor por meio de falas e ações.

A casa das bonecas

Tive uma sensação imediata de desconforto ao entrar na loja. Por toda parte, sobre balcões e prateleiras, havia dezenas de bonecas, seus pequenos corpos inertesglossário amontoados.

O dono da loja não estava à vista e eu, que desde pequena sempre tivera medo de bonecas, me senti oprimida. Eram bonecas de vários tipos, todas muito antigas, com seus rostos de biscuitglossário , cabelos opacosglossário e seus olhos de cristal – fixos, mortos.

De repente, senti-me como se alguém me observasse pelas costas. Virei-me, devagar. E o terror me gelou os ossos. Vi, com toda nitidez, um daqueles olhos de cristal piscar para mim.

SEIXAS, Heloisa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010. página. 67.

Ilustração. Pequeno armário com duas divisões. Em cada uma delas, bonecas variadas, de cores de pele diferentes. Todas usam vestido e sapatos. Algumas usam laços na cabeça e outras, chapéus. Nos cantos do armário, duas cortinas amarradas. Toda a ilustração é em tons desbotados de marrom, vermelho, bege e roxo.

Biblioteca cultural

Heloisa Seixas contribuiu para tornar popular o gênero miniconto. Conheça mais alguns textos desse gênero visitando o site da autora: https://oeds.link/VnVjM3; acesso em: 19 abril 2022.

Respostas e comentários

Nosso texto teatral na prática

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 3, 4, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 4, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro seis, ê éfe seis nove éle pê cinco zero e ê éfe seis nove éle pê cinco um.

Orientações didáticas

Nesta seção, os estudantes vão elaborar um texto teatral com base na adaptação de um conto breve. Deverão construir rubricas para caracterizar cenário, personagens e modos de ação, compreendendo que o gênero não apresenta narrador, portanto elas não podem ocupar esse lugar. Na construção das falas, precisarão considerar o tipo de interação sugerida e encontrar um registro que seja adequado ao contexto criado e à caracterização dos personagens.

O texto teatral será base para uma segunda atividade, de representação, orientada na próxima seção. Sugerimos, por isso, que o grupo seja formado por seis ou sete estudantes.

MOMENTO DE PRODUZIR

Planejando nosso texto teatral

As próximas informações vão ajudar vocês a compor o texto teatral. Leiam-nas com atenção para planejar a produção.

Esquema. Da teoria para a prática. Teoria: A primeira rubrica de uma cena teatral costuma indicar o ambiente em que ocorrem as ações, além da posição inicial dos personagens. Prática: Transformem o cenário descrito no conto em uma rubrica. Indiquem os movimentos iniciais do personagem em cena. Teoria: O texto teatral é constituído por falas a partir das quais a história vai sendo contada. Indicam-se apenas as ações principais. Prática: Imaginem o diálogo da narradora com o dono da loja. Como as falas vão revelar o que aconteceu? Quais serão as reações do dono da loja? Teoria: No teatro, a linguagem usada pelos personagens ajuda a caracterizá-los, sugerindo origem, nível de escolaridade, maior ou menor simpatia etc. Prática: Definam a linguagem da visitante da loja. Ela revelará maior ou menor formalidade? Trará alguma marca de regionalismo? Terá gírias? E o dono da loja, como será? Teoria: Os textos teatrais costumam ser divididos em atos e cenas. Os atos são cenas interligadas por um tema; as cenas são divididas conforme a entrada e a saída de personagens do palco. Prática: Sua peça será formada por uma única cena. Imaginem o final dela. Quem sairá? Que motivo levará ao encerramento do diálogo? Qual será a última ação? Teoria:  As rubricas substituem o narrador. Elas são usadas em algumas falas para contextualizar a leitura do texto, mas não em todas, pois as decisões sobre a encenação cabem ao diretor do espetáculo. Prática: Procurem incluir rubricas que mostrem a entonação de algumas falas e os gestos que as acompanham. Considerem os sentimentos que estão envolvidos no diálogo dos personagens.

Elaborando nosso texto teatral

  1. Redijam a primeira rubrica para informar os elementos do cenário e os movimentos iniciais. Usem adjuntos adnominais como recurso de caracterização.
  2. Anotem, usando apenas letras maiúsculas, o nome do personagem que fala, seguido por dois-pontos. Na sequência, anotem a fala.
  3. Desenvolvam a história escrevendo o diálogo. Cuidem para que a sequência tenha uma lógica e revele a história ao leitor.
  1. Escrevam a última fala, que antecede o momento em que um dos ­personagens sai de cena.
  2. Redijam as rubricas para caracterizar as reações emocionais dos personagens. Vocês podem indicar o tom de voz, gestos, expressões faciais etcétera
  3. Incluam as rubricas lembrando-se de que são escritas entre parênteses. Se o texto for digitado, usem itálico.
  4. Releiam o texto para verificar se a linguagem empregada permanece igual em todas as falas do personagem de modo a manter a coerência.

Revisando nosso texto teatral

Em um texto teatral, a composição das falas deve levar em conta as situações de interação vividas pelos personagens. É muito frequente que essa interação envolva pouca formalidade, por isso a variedade linguística utilizada não segue, integralmente, a norma-padrão. Por exemplo, em lugar de dizer Encontre-me na praça, é esperado que o personagem diga Me encontre na praça, fórma que usamos no dia a dia.

Leia novamente seu texto para observar se as falas dos personagens não se prendem ao contexto da escrita formal. Por outro lado, veja se os desvios da norma-padrão são intencionais e contribuem para criar naturalidade ou caracterizar personagens.

MOMENTO DE AVALIAR

Formem grupos. Os integrantes de um grupo vão avaliar o texto teatral de outro e escolher um representante para comunicar essa avaliação. O grupo parceiro fará o mesmo.

A

A cena criada é coerente com a narrativa usada como estímulo?

B

A sequência de falas constrói uma história?

C

As rubricas contribuem para a contextualização das falas, indicando entonações e ações principais?

D

A primeira rubrica informa o cenário e os movimentos iniciais e é coerente com a narrativa usada como estímulo?

E

A linguagem dos personagens mantém-se coerente ao longo do texto?

Reescrevendo nosso texto teatral

  1. Considerem os comentários feitos pela turma e aprimorem as partes do texto que não ficaram satisfatórias, caso existam.
  2. Tirem cópias do texto para que todos os integrantes do grupo o tenham.
Ilustração. Três jovens vestidos com roupas de época sentados ao redor de uma mesa. Têm papéis nas mãos e estão declamando. Um deles segura um crânio em uma das mãos. Há papéis e um livro sobre a mesa.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Reescrevendo nosso texto teatral – Observe se, ao tentar caracterizar os personagens por meio de determinadas variedades linguísticas ou comportamentos, os estudantes não estão reproduzindo preconceitos. Se isso ocorrer, converse com a turma sobre a questão e procurem, coletivamente, uma solução para a representação pretendida.

E SE A GENTEreticências

reticências encenasse nossa peça teatral?

Agora, é o momento de encenar o texto teatral. Mãos à obra!

Etapa 1 Planejamento

Escolham a fórma de representação: atuar ou usar bonecos.

Se optarem pela atuação, definam os atores, o diretor, o figurinista, o cenógrafo e o técnico de iluminação e som.

Se optarem pelo teatro de bonecos, vocês também vão precisar de atores (que vão falar e manipular os bonecos), diretor, cenógrafo e técnico de iluminação e som. Em vez de figurinista, entrarão artesãos para confeccionar os bonecos ou assistentes de direção para encontrar bonecos prontos e adequados.

Sabia?

Há vários tipos de boneco de teatro: os fantoches (movimentados, em geral, pela mão de um manipulador); os de vara; as marionetes (movimentadas por finas cordas presas ao corpo do boneco) etcétera

No Nordeste do Brasil, sobretudo em Pernambuco, seguindo uma tradição que começou ainda no período colonial, são muito comuns os mamulengos, bonecos movidos por um ou mais manipuladores, que lhes dão movimento e voz.

Etapa 2 Criação

Leiam o texto teatral para distribuir as funções.

Depois, iniciem o trabalho individual: decorem falas; façam esboços de cenários e figurinos e definam os materiais que serão usados; planejem a iluminação e os recursos sonoros e providenciem o material. O diretor deve conversar com todos os participantes para orientar os trabalhos e verificar se estão alinhados.

No caso do teatro de bonecos, a criação deles exigirá criatividade. O boneco de vara, por exemplo, pode ser confeccionado com papelões, bolinhas de isopor, cartolinas, palitos de churrasco e de sorvete, copinhos de plástico etcétera

Etapa 3 Ensaio

Com cenários, figurinos, bonecos (se for o caso) criados e iluminação e som providenciados, ensaiem a representação do texto.

O diretor deve checar se as rubricas estão sendo respeitadas e se os recursos de interpretação (entonação, gestual, movimentação em cena) contribuem para a construção dos personagens e para a construção do sentido do texto.

Durante o ensaio, cenógrafos, figurinistas e técnico de iluminação e som também devem estar atentos para efetuar ajustes necessários.

Etapa 4 Apresentação

Durante a atividade, procurem assistir às peças dos colegas com atenção e respeito. No momento de se apresentar, façam isso com tranquilidade para que possam executar o que planejaram e também se divertir. Se possível, filmem a apresentação para assistir posteriormente.

No final de todas as apresentações, façam uma roda de conversa para contar como foi o processo de trabalho, os ensaios, as principais dificuldades etcétera

Investigue

Há uma lenda que envolve o teatro de sombras, tipo de arte que surgiu, provavelmente, na China e espalhou-se pelos países da Europa. Pesquise essa lenda e escreva um resumo dela em seu caderno.

Fotografia. Silhueta de três bonecos na penumbra. O boneco à direita é um esqueleto. O do centro está abaixado fazendo reverência para o boneco à esquerda.
Teatro de sombras.
Respostas e comentários

E se a gentereticências encenasse nossa peça teatral?

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 1, 3, 4, 6 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro seis e ê éfe seis nove éle pê cinco dois.

Orientações didáticas

Nesta atividade, os estudantes vão representar o texto dramático que produziram na seção Nosso texto teatral na prática. Assim, poderão verificar as virtudes e os limites do material produzido quando se tenta a transposição dele para o espaço cênico. Nesse processo, poderão explorar diferentes modos de interpretação e trabalhar aspectos como pausas, entonação, intenção, tom de voz, entre outros necessários à caracterização dos personagens. Poderão, ainda, experimentar outras funções relativas ao universo do teatro, o que amplia sua possibilidade de compreender e apreciar essa linguagem.

Verifique a possibilidade de ampliar a atividade, promovendo um festival de teatro. Se você tiver várias turmas, pode realizar uma eleição para que cada uma delas escolha uma ou duas peças para representá-la. O professor de Arte, componente curricular que explora a linguagem teatral, pode novamente participar orientando a construção de cada espetáculo e do festival.

Etapa 1 – Explique que o diretor deve ficar responsável por orientar os atores sobre adequação da fala, movimentações em cena e gestualidade. Se o grupo for grande, oriente os estudantes a dividir as funções.

Etapa 2 – Os estudantes podem utilizar bolinhas de isopor para compor a cabeça dos personagens. Sugira a possibilidade de confeccionar um fantoche com papel machê – um tipo de massa de modelar artesanal bastante versátil.

Etapa 4 – Peça aos estudantes que se organizem para que tudo esteja pronto na data combinada para a apresentação. Se a apresentação tiver sido filmada, a gravação poderá ser exibida em sala para motivar a discussão.

Biblioteca do professor

PUPO, Maria Lúcia. Teatro de educação formal. : CORADESQUI, Glauber. Teatro na escola – experiências e olhares. Brasília: Fundação Athos Bulcão, 2010.

Embora se dirija a professores especialistas, a reflexão sobre o ensino do teatro na escola oferece boas informações aos professores de Língua Portuguesa.

fóra da caixa

Direito ao teatro

Neste capítulo, vocês estudaram o texto teatral e fizeram uma encenação. Que tal, agora, assistir a uma peça fóra da escola? A turma vai pedir à direção autorização para uma ida ao teatro, custeada pela escola. Para isso, com a ajuda do professor, vocês vão redigir uma carta de solicitação justificando o pedido.

Etapa 1 Analisando uma carta de solicitação

Antes de mais nada, é preciso conhecer uma carta de solicitação para que vocês possam ter um modelo de escrita.

Leiam esta carta, prestando atenção à sua composição, e respondam, coletivamente, às questões.

ésse bê pê cê – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

São Paulo, 27 de março de 2017

ésse bê pê cê-066/

Excelentíssimo Senhor

Presidente PAULO RABELLO CASTRO

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É)

Rio de Janeiro, érre jóta.

Assunto: Censo agropecuário e a agricultura familiar

Senhor Presidente,

Informações extraoficiais nos dão conta de que o í bê gê É decidiu subtrair uma série de perguntas do questionário que possibilita a elaboração do censo agropecuário, em especial questões que servem para caracterizar a agricultura familiar.

Teriam sido suprimidas questões que abordam os modos de produção da agricultura familiar, sistemas de trabalho e situação fundiária, além de características da utilização de mão de obra e até mesmo aspectos como cor da pele do produtor. Teriam sido eliminadas também questões relacionadas ao uso de agrotóxicos.

Senhor Presidente: O vocativo identifica o destinatário da carta de solicitação.

1. O vocativo usado nesta carta indica linguagem formal ou informal?

Primeiro parágrafo: O primeiro parágrafo cita o contexto que levou à escrita da carta.

2. Que ação do í bê gê É criou esse contexto?

Respostas e comentários

1. Formal.

2. A suposta exclusão de uma série de perguntas do questionário de elaboração do censo agropecuário, em especial questões sobre a agricultura familiar.

fóra da caixa

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4 e 9.

cê e éle : 1, 2, 3 e 4.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 5 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois dois, ê éfe seis nove éle pê dois cinco, ê éfe seis nove éle pê dois seis, ê éfe seis nove éle pê dois sete, ê éfe seis sete éle pê um seis, ê éfe seis sete éle pê um sete, ê éfe seis sete éle pê um oito, ê éfe seis sete éle pê três seis e ê éfe zero sete éle pê um três.

Orientações didáticas

Nesta seção, os estudantes vão analisar uma carta de solicitação para conhecer sua organização e se apropriar de uma fórma de participação social a que podem recorrer para resolver questões que envolvam a escola, a comunidade ou algum de seus membros.

A solicitação em questão envolve a ida da turma ao teatro, projeto que pode concluir a exploração desenvolvida ao longo do capítulo ou dar ensejo para seu aprofundamento. Sugerimos que, em parceria com outros professores, especialmente o de Arte, seja, de fato, planejada uma ida ao teatro. Verifique se há apresentações na cidade e, ainda, se é possível que os atores, diretores, cenógrafos etcétera conversem com os estudantes após a apresentação para falar de suas carreiras e da montagem da peça, além de responder a dúvidas e curiosidades da turma. Muitos teatros, centros culturais e companhias atendem as escolas, gratuitamente ou com preços acessíveis, como parte do processo de formação de público.

Caso isso não seja possível, procure, na internet, peças que tenham sido apresentadas remotamente durante o período de distanciamento social motivado pela covid-19 e que ainda estejam disponíveis. Sites como o do Sésqui costumam manter um acervo digital de peças teatrais. A exibição do material pode promover um evento interessante, que motive a discussão e mantenha o interesse do grupo pelo teatro.

Etapa 1 – Sugerimos que, antes da leitura da carta, você explique aos estudantes o contexto a que remete. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência descobriu que, no questionário do censo agropecuário de 2017, haviam sido eliminadas perguntas importantes sobre a agricultura familiar, que é uma das atividades agropecuárias investigadas pelo censo. Então, dirigiu-se ao í bê gê É, responsável pelo questionário, solicitando a reinclusão.

Terceiro parágrafo: O terceiro parágrafo evidencia a opinião do remetente sobre a ação do IBGE descrita nos parágrafos anteriores.

  1. Que fórma verbal exprime essa opinião?
  2. Essa opinião é apresentada e justificada. Por que é importante justificar?

Pronomes demonstrativos: Os pronomes demonstrativos podem ser importantes recursos de coesão, contribuindo para a organização do texto.

5. Que informações do texto são retomadas pelo pronome dessas?

A supressão dessas questões por certo prejudicará a caracterização da agricultura familiar em aspectos essenciais para sua compreensão e consequente adoção de políticas públicas que possam envolver seu universo.

Entendemos ser desnecessário enfatizar aqui a importância da agricultura familiar para o Brasil, nos aspectos econômicos, sociais e ambientais, para solicitar ao í bê gê É que restabeleça as questões suprimidas ou em estudos para supressão, relativas à agricultura familiar, do censo agropecuário. Do contrário, o í bê gê É estará deixando de cumprir sua missão de “Retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania.”

Agradecemos a atenção, apresentamos nossos protestos de estima e apreço e nos mantemos à disposição de Vossa Senhoria.

Atenciosamente,

HELENA B. NADER

Presidente

ésse bê pê cê. Carta enviada ao presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É): censo agropecuário e a agricultura familiar. JC Notícias, 28 março 2017. Acervo digital. Disponível em: https://oeds.link/bp3OhF. Acesso em: 18 abril 2022.

Assinatura: A carta é assinada pela presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

6. Por que ela fez uso da primeira pessoa do plural?

Quarto parágrafo: A solicitação, principal objetivo da carta, é explicada no trecho final. 

7. Considerando o conteúdo apresentado no desenvolvimento da carta, por que há essa escolha?

Encerramento: o encerramento é respeitoso.

8. Qual é a importância de adotar esse tom em cartas de solicitação?

Respostas e comentários

3. A fórma verbal prejudicará.

4. O objetivo da carta é fazer uma solicitação, por isso é importante que a crítica feita seja justificada.

5. O pronome retoma, sem a necessidade de repetição, as questões sobre agricultura familiar que foram apresentadas no parágrafo anterior.

6. Porque está escrevendo em nome da organização; sua reivindicação é de interesse coletivo e não pessoal.

7. Quando a solicitação é expressa, ela já está fundamentada nos parágrafos anteriores.

8. Resposta pessoal. Espera-se, contudo, que os estudantes considerem que o tom respeitoso favorece o diálogo com o interlocutor e, consequentemente, a obtenção do pedido feito na carta.

Etapa 2 Escrevendo a carta de solicitação coletiva

Vocês vão, agora, discutir o conteúdo da carta de solicitação que será elaborada pela turma.

Dica de professor

Durante as discussões, procure tomar notas dos argumentos que você quer apoiar ou contestar. Isso facilita a retomada e o ajuda a se exprimir com mais segurança.

Definam argumentos que podem ser mobilizados e desenvolvidos para convencer a direção da escola a autorizar e custear a ida ao teatro. Tentem se valer de tudo o que vocês estudaram no capítulo para expor aquilo que o teatro pode trazer aos espectadores: fantasia, senso crítico, prazer estético etcétera

Pensem também em argumentos ligados à ampliação do ­estudo: o que mais vocês podem aprender se tiverem a oportu­nidade de assistir a uma ou mais peças?

Procurem ouvir com respeito todas as opiniões e os argu­mentos levantados pela turma. Como se trata de um pedido coletivo, devem prevalecer aqueles aceitos pela maioria.

Após a discussão, iniciem a elaboração do texto fazendo um planejamento que indique quais argumentos serão apresentados e em que ordem.

Depois, sigam o modelo da carta de solicitação estudada e redijam o texto com a ajuda do professor.

É importante finalizar o processo com uma revisão cuidadosa do texto. Um dos estudantes pode ler a carta em voz alta obedecendo à pontuação. Desse modo, vocês poderão observar a ­fluência das frases: A divisão delas está correta? Há alguma estrutura sintática com falhas?

Aproveitem também para observar se não há repetições evitáveis, se algum adjunto adnominal poderia tornar o texto mais preciso ou se palavras como realmente, de fato ou certamente poderiam tornar mais enfáticas as declarações.

Por fim, um estudante voluntário pode ficar responsável por digitar a versão final do texto.

Entreguem à direção da escola a carta de solicitação impressa ou enviem-na por e-mail, conforme orientação do professor.

Ilustração. Três jovens reunidos com uma senhora. Dois deles estão com mochilas nas costas. A senhora tem o cabelo branco amarrado em um coque. Ela tem uma folha nas mãos.

Biblioteca cultural em expansão

Neste capítulo, você leu um trecho do texto teatral O Dragão Verde, de Maria Clara ­Machado. Se você gostou, certamente vai querer ler o livro inteiro. Confira essa e outras dicas de obras dessa importante dramaturga brasileira.

“O Dragão Verde”. : Os cigarras e os ­formigas e outras peças, de Maria Clara ­Machado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.

Por que devo ler esse texto teatral?

Para conhecer em detalhes a luta do jardineiro Pedrinho contra o Dragão Verde a fim de con­quistar a Princesa Filosel Aurora.

A bruxinha que era boa e outras peças, de Maria Clara Machado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

Por que devo ler esse livro?

Para conhecer a história de Ângela, uma bruxinha muito diferente das outras que frequentam a ­Escola de Maldades da Floresta. Como essa jovem não gosta de fazer maldades, ela tem de enfrentar as provas exigidas por um terrível bruxo.

Grupo de teatro O Tablado. Disponível em: https://oeds.link/ozaWBA. Acesso em: 21 julho 2022.

Por que devo conhecer esse grupo?

Para encantar-se com o rico trabalho do grupo iniciado por Maria Clara Machado e outros ­artistas em 1951 e que existe até hoje.

Grupo Núcleo Experimental de Teatro. Disponível em: https://oeds.link/EGsNGl. Acesso em: 22 julho 2022.

Por que devo acessar o repertório desse grupo?

Para entrar em contato com um dos mais inventivos grupos experimentais de teatro do país e com seus projetos ousados.

“Pluft, o fantasminha”, de Maria Clara Machado. Montagem do Grupo Experimental de Teatro, de 1985.

Por que teria sido legal assistir a essa montagem?

Porque, para comemorar 30 anos da estreia da peça, Maria Clara Machado assumiu novamente a direção para contar a história desse fantasminha tímido, que teme as pessoas até conhecer a menina Maribel.

E se você e seus colegas fossem jornalistas e tivessem de produzir uma dica de espetáculo teatral? Em grupo, façam uma pesquisa dos espetáculos indicados pelo professor e escolham, entre eles, aquele sobre o qual vão escrever. Lembrem-se de que jornalistas são profissionais que não necessariamente expressam seus gostos em dicas culturais.

Respostas e comentários

Biblioteca cultural em expansão

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3 e 6.

cê e éle : 2 e 5.

cê e éle pê : 8 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro seis, ê éfe seis nove éle pê quatro nove e ê éfe seis sete éle pê dois zero.

Orientações didáticas

Por entendermos que parte significativa dos estudantes não teve contato com espetáculos teatrais e que uma pesquisa na biblioteca ou internet poderia levá-los a textos teatrais para o público adulto, optamos por sugerir a pesquisa de espetáculos infantojuvenis específicos. São montagens com ótima avaliação da crítica especializada e que podem ser referência para eles. No entanto, caso os estudantes tenham tido a oportunidade de assistir a espetáculos, o que é ideal nesta linguagem artística, pode-se solicitar a produção livre das dicas.

Espetáculos a serem indicados:

História de lenços e ventos, de Ilo Krugli – montagem do grupo Ventoforte, 1974.

O gato malhado e a andorinha Sinhá, de Jorge Amado – montagem dirigida por Vladimir Capella, 2003.

Pinóquio, de Carlo Collodi – montagem da Companhia lê plát du jur, 2009.

A menina que buscava o Sol, de Maria Helena – montagem do Núcleo de Pesquisa Cênica de Pernambuco, 2015.

Maria Borralheira, de Vladimir Capella – montagem do 42 Coletivo Teatral, 2016.

É tudo família, de Alexandra – montagem do grupo Catarsis, 2018.

Ao final do processo, pergunte aos estudantes se, de fato, sentiram vontade de conhecer a peça pesquisada e por quê.

Glossário

Infantaria
: grupo militar treinado para combater a pé.
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Jumbo
: avião de grande porte.
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Incentivos fiscais
: benefícios concedidos pelo governo que se caracterizam pela redução ou eliminação de impostos em troca de alguma atividade de interesse público.
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Estiá
: estiar, parar de chover.
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Embasaram
: serviram de fundamento a.
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Políticas públicas
: conjunto de ações e programas desenvolvidos pelo Estado para tentar solucionar problemas da sociedade.
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Primeira infância
: período dos primeiros anos de vida.
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Efetivação
: concretização, cumprimento, realização.
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São Silvestre
: Corrida Internacional de São Silvestre, realizada anualmente nas ruas da cidade de São Paulo.
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Imponderável
: que não pode ser previsto.
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Gestando
: formando.
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Estereótipo
: ideia ou imagem preconcebida que se tem de algo ou de alguém.
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Signos
: símbolos.
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Personagem-tipo
: aquele que representa um tipo padronizado.
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Minimalismo
: princípio que prega reduzir ao mínimo elementos ou recursos.
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Introspectivo
: que se refere à observação e descrição dos próprios pensamentos e sentimentos.
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Subsídios
: auxílio, ajuda.
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Inertes
: parados, imóveis.
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: porcelana branca, sem esmalte nem pintura.
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Opacos
: sem brilho.
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