Capítulo 4 – Investigar para aprofundar

Os jornalistas são também investigadores. Atentos ao mundo, registram eventos ainda não conhecidos ou ampliam o conhecimento do público sobre algo.

Leitura 1 REPORTAGEM IMPRESSA

Leia a reportagem a seguir.

Quatro páginas de revista. No topo de cada uma, fotografias. Na primeira página, fotografia de cordéis expostos em uma parede, dentro de envelopes plásticos transparentes. Sobre a foto, o nome da seção, LITERATURA, e o título UMA CASA PARA A LITERATURA DE CORDEL. Na segunda página, fotografia de cordéis expostos em grade, presos com pregadores. Na terceira página, à esquerda, fotografia de homens e mulheres posando para foto, agrupados em três filas. As pessoas na fila da frente estão sentadas. Alguns homens usam camisa igual, escura, social com um emblema amarelo. A legenda diz: À esquerda: membros da ABLC reunidos para plenária. À direita, fotografia de Rosário Pinto, senhora branca, de cabelo castanho curto. Usa chapéu e óculos. Está em pé ao lado de uma mesa. Segura em uma das mãos um cordel. Com a outra mão apoia a tampa de uma caixa com cordéis dentro. A legenda diz: Acima: cordelista Rosário Pinto na IV Feira do Cordel Brasileiro, em Fortaleza. Na quarta página, fotografia de Beto Brito, homem de testa larga, boca pequena e barba no queixo. Usa chapéu, óculos escuros e um colar de miçangas grandes e escuras. Segura uma rabeca nas mãos. A legenda diz: Beto Brito, compositor e cordelista piauiense radicado na Paraíba. Continuação do texto: De poetisas a cordel na sala de aula, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel quer renovar a tradição. POR JOSÉ FONTENELE Patrimônio cultural imaterial do Brasil reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a literatura de cordel tem raízes no nordeste, mas há muito espalha seus galhos com versos e cantorias por todo o país. E como arte das mais refinadas. Muita gente desconhece que, desde 1988, ela conta com uma instituição para dar apoio aos cordelistas – a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), com sede no charmoso bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Para contar melhor essa história, contudo, é necessário falar sobre a maior feira nordestina fora do nordeste: a Feira de São Cristóvão, também no Rio de Janeiro. Importante local de divulgação da literatura de cordel no país, a atual Feira de São Cristóvão nasceu espontaneamente em meados da década de 1940, quando nordestinos chegaram no Rio de Janeiro para trabalhar na construção da rodovia Rio/Bahia, a BR-116. Naquele tempo, no Campo de São Cristóvão, funcionava uma espécie de terminal rodoviário precário onde chegavam pernambucanos, baianos, cearenses, paraibanos e outros, trazendo produtos do Nordeste que começavam a ser comercializados entre os moradores do Rio. Naquela época, sem qualquer apoio da prefeitura do Rio de Janeiro e com barracas e trabalhadores em condições insalubres de sobrevivência, a Feira de São Cristóvão do século 20 provava todos os dias a afirmação de Euclides da Cunha, em Os Sertões, de que o sertanejo é, antes de tudo, um forte. Mas como uma boa ideia pode nascer mesmo no campo mais imperfeito, foi a atmosfera de descaso aos cordelistas que inspirou o idealizador e atual presidente da Academia Brasileira de Cordel, o cearense Gonçalo Ferreira da Silva, a fundar a
Respostas e comentários

CAPÍTULO 4

Leia sobre o percurso de aprendizagem proposto para este capítulo na parte específica deste ême pê.

Leitura 1

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10.

cél: 1, 2, 3 e 5.

céupi: 1, 2, 3, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê zero três, ê éfe seis nove éle pê um seis e ê éfe seis nove éle pê um sete.

Orientações didáticas

Antes de iniciar a leitura, sugerimos que os estudantes observem a reprodução das páginas da revista e discutam as seguintes questões.

1. Além das revistas, onde mais encontramos reportagens?

2. Pelo título, é possível prever do que a reportagem tratará?

3. Os recursos visuais provocam qual impressão sobre a reportagem?

É provável que os estudantes mencionem que as reportagens são encontradas, principalmente, em programas de tê vê. Também poderão mencionar jornais e revistas on-line, sites e jornais impressos. É esperado que reconheçam a temática da reportagem, o cordel, e que levantem alguma hipótese para a ideia de “casa”. Quanto aos recursos visuais, a reportagem conta com fotografias, títulos em destaque e ôlho. São recursos recorrentes nos gêneros jornalísticos, que não destacam essa reportagem em relação às demais.

Após a discussão, sugerimos que a turma seja dividida em trios – ou quartetos no caso de grupos muito numerosos. A cada integrante caberão a leitura e a paráfrase oral de um dos blocos da reportagem. Peça aos estudantes que leiam em silêncio e depois apresentem sua parte, seguindo a ordem do texto. Por fim, solicite a leitura silenciosa completa do material.

Página de revista. CONTINUAÇÃO DO TEXTO: instituição. “Em 1978, passeando pela Feira de São Cristóvão, encontrei os cordelistas em condições subumanas de sobrevivência, cantando em condições inclementes. Somente a persistência fazia o pessoal ficar ali. Quando voltei para casa, pensei em fundar uma casa para a literatura de cordel que pudesse dar sustentação institucional àqueles repentistas, cordelistas, e assim começou o trabalho”, relembra Gonçalo. Foram dez anos de luta e planos até a fundação da Academia em 1988. Neste período, o principal apoio de Gonçalo foi a própria esposa, Maria do Livramento Lima da Silva, ou madrinha Mena, como é chamada. Enquanto ele buscava outras pessoas para auxiliar na fundação da academia, madrinha Mena mantinha uma banca na Feira de São Cristóvão que atraía professores, pesquisadores e interessados na literatura de cordel. “Saía de casa quatro horas da madrugada, pegava ônibus e andava um pedaço a pé com bolsa pesada, mas com felicidade porque ia vender cordel. Vendia bem e com esse dinheiro ia fazer mais, comprava cordel colorido de São Paulo e espalhava na banca”. A barraca ia prosperando e madrinha Mena começou a percorrer outras praças da cidade, o que atraía novos cordelistas. “Comecei a vender pela Praça de São Francisco, pela Carioca, Cinelândia, e por onde eu ia, aparecia gente querendo escrever cordel, mas eu não sabia como dizer, por isso eu passava tudo para o Gonçalo.” Pouco antes da fundação da Academia, Gonçalo também procurou apoio na Casa Rui Barbosa e na Academia Brasileira de Letras (ABL). Em busca de apoio institucional, ele conta que chegou a ser desencorajado pelo imortal Orígenes Lessa. O temor não foi levado em conta e a ABLC foi fundada em 7 de setembro de 1988 também por conta do sucesso da banca de madrinha Mena. “Embora o desestímulo do mestre Orígenes Lessa, a banca em São Cristóvão se tornou um local de convergência para alunos, professores e pesquisadores da literatura de cordel. Por isso, a Academia nasceu sobre esse signo de talento, força de vontade, aliado ao conhecimento muito grande.” Atualmente a ABLC (ablc.com.br) conta com 40 acadêmicos e todas as cadeiras estão ocupadas. Tanto os acadêmicos quanto os funcionários não recebem qualquer remuneração. A sede da instituição, em Santa Teresa, é pequena para abrigar o acervo de mais de 13 mil cordéis e, como também não possui auditório, as plenárias são realizadas no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), no centro do Rio de Janeiro. Cordéis variados podem ser adquiridos na sede da ABLC, que orça e produz livretos de cordelistas de dentro e fora da instituição, bem como compra e adquire por meio de troca folhetos de diversos autores. Até o momento, segundo o presidente Gonçalo, a instituição distribuiu mais de 300 mil cordéis no Brasil e no mundo.
Página de revista. Continuação do texto. LITERATURA FEMININA DE CORDEL A Academia Brasileira de Literatura de Cordel também é um espaço para se discutir a produção contemporânea de cordelistas mulheres. Rosário Pinto, uma entre as cinco cordelistas que compõem as quarenta cadeiras da instituição, concorda que o número de mulheres na Academia ainda é pouco, mas há um processo de mudança desse quadro. Há muitas poetisas de cordel que ainda não publicam seus folhetos. Os tempos passam, mas os valores precisam ser reafirmados a cada dia porque, mesmo atualmente, a mulher ainda sofre preconceitos e discriminação pelo simples fato de ser mulher. O seu saber é, muitas vezes, visto como especial, e não natural. A afirmação da acadêmica resgata a condição das cordelistas até a década de 1970 – até aquela época, o comum era que as mulheres não escrevessem cordel, ou, quando o faziam, assinavam com nomes masculinos. Para ilustrar o uso de nomes de homens na produção das cordelistas, a pesquisadora Doralice Alves de Queiroz conta o caso da histórica poetisa Maria das Neves Batista Pimentel. Em 1938 ela publica, sob o pseudônimo de Altino Alagoano, um cordel com o título O violino do diabo ou o valor da honestidade. Esse folheto pode ser o primeiro cordel feminino publicado no Brasil e o uso do pseudônimo foi a solução encontrada pela poetisa para vender seus folhetos. Em adicional, a cordelista utiliza um disfarce, uma máscara para obter a aceitação popular numa sociedade patriarcal. Fortuitamente, as épocas mudaram, e como destaca a também acadêmica da ABLC Erinalda Villenave, breve aquele passado será substituído. Há poucas mulheres no cordel em função desse passado, afinal, antes elas não podiam nem usar o nome próprio porque ninguém ia comprar. Mas como hoje ganhamos mais espaço, nós podemos falar mais, divulgar mais. Estamos chegando. Neste progresso, a poeta Rosário Pinto destaca o peso das instituições para cordelistas com igualdade entre homens e mulheres. A literatura de cordel desde seus primórdios é um reduto masculino. Mas este quadro está mudando com a criação de novas academias, associações, sociedades que têm em seus quadros uma paridade de homens e mulheres, como é o caso da Associação de Cordelistas de Crato [Ceará] e da Sociedade dos Poetas de Barbalha [Ceará], cuja presidenta é a poetisa de cordel Lindicássia Nascimento, e da Academia de Cordel de Alagoas, também com grande número de mulheres.
Página de revista. Continuação do texto. CORDEL É MÚSICA E EDUCAÇÃO Historicamente, antes de os versos ganharem os folhetinhos de cordel, eles eram declamados pelos cantadores, repentistas ou trovadores, para divertimento popular. Essa herança musical ainda se faz presente nos versos atuais de cordel e ganham também produção de artistas renomados, como é o caso do compositor e cordelista piauiense radicado na Paraíba, Beto Brito, também membro da ABLC. Quando perguntado sobre como o cordel transforma a música e vice-versa, o compositor explica que ambos são inseparáveis. O cordel e a música se abraçam e se entrelaçam, como no verso, portanto não dá para dizer quem chega primeiro. Cordel não é música, mas já nasce pedindo pra ser, música não é cordel, mas morre pedindo pra ser. Nos álbuns Banzófias (2013), e Imbolê (2014), o músico mistura o cordel com outros gêneros tradicionais como coco, ciranda, baião e xotes. Popular, musical e atraente, a literatura de cordel está cada vez mais presente também na educação de jovens e adultos. Para o presidente da ABLC, Gonçalo Ferreira da Silva, o principal atrativo do gênero como instrumento de aprendizado é a própria música dos versos. A musicalidade do cordel atrai a criança, facilita a aprendizagem, além de embevecer a própria localidade. É uma ferramenta mais fácil de se trabalhar, a união do útil ao agradável: a vontade de ler com a função pedagógica. Para Beto Brito, essa facilidade de os alunos receberem a musicalidade do cordel pode ser explicada por dois motivos. Em primeiro lugar, todo mundo gosta de rimar, de recitar um verso ou uma poesia, quem não o fez, com certeza já ouviu alguém fazê-lo e isso por si só provoca uma espécie de desejo insistente de fazê-lo também; em segundo lugar, a música brasileira e a nossa literatura estão recheadas de versos rimados – quer que sejam na estrutura do cordel ou não – então a rima já não é estranha para ninguém, a estrutura do cordel sim, essa ainda precisa ser aprendida. Uma vez que o aluno passe a exercitar as características do cordel, o compositor destaca que as possibilidades de texto mantêm a atração pelo gênero. O que atrai os jovens para escrever o seu próprio cordel é que não há um único tema que não possa ser desenvolvido com a sua estrutura, do futebol à política, do humor à história, da natureza às metáforas, do amor à rebeldia, das mentiras às verdades, dos fatos atuais ao passado, da matemática à linguística e por aí vai. Em destaque, o texto: CORDEL NÃO É MÚSICA, MAS JÁ NASCE PEDINDO PRA SER; MÚSICA NÃO É CORDEL, MAS MORRE PEDINDO PRA SER. BETO BRITO, COMPOSITOR E CORDELISTA

FONTENELE, José. Uma casa para a literatura de cordel. Revista Revestrés, Teresina, edição. 45, página 52-55, março/abril 2020. Disponível em: https://oeds.link/ncMEYZ. Acesso em: 21 abril 2022.

Biblioteca cultural

Os cordéis podem tratar de temas muito diversos. Acesse o link a seguir e assista a um cordel em vídeo, divulgado no canal da ônu Brasil para informar sobre a côvid dezenóve: https://oeds.link/GM6YH6. Acesso em: 22 abril 2022.

DESVENDANDO O TEXTO

  1. Saberes, celebrações, costumes, modos de fazer e outras tradições de uma comunidade, que devem ser mantidos para as gerações futuras, podem constituir patrimônio cultural imaterial. Qual é o objetivo do autor ao mencionar, logo no início da reportagem, que o cordel é um patrimônio cultural imaterial do Brasil?
  2. Explique a origem da Feira de São Cristóvão e sua importância para a literatura de cordel.
  3. No terceiro parágrafo, o autor do texto citou uma conhecida frase do escritor Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Explique a relação existente entre essa frase e a ideia que está sendo desenvolvida no parágrafo.
  4. Releia o primeiro parágrafo da reportagem e responda às questões seguintes.
    1. Nesse trecho, inicia-se a contextualização da Academia Bra­sileira de Literatura de Cordel (a bê éle cê). Que palavra sugere o sucesso da instituição? Por quê?
    2. No último período, o autor anunciou que apresentaria informações que se diferenciavam das expostas até então. Que palavra usou para marcar a oposição de ideias?
  5. O texto apresenta o depoimento de Gonçalo Ferreira da Silva, ideali­zador da a bê éle cê. O que o motivou a criar o espaço de cultura para a literatura de cordel?
  6. Ao longo da reportagem, são apresentados depoimentos de várias pessoas.
    1. Identifique-as e apresente, com brevidade, o tema abordado por elas.
    2. Qual é a importância dêsse conjunto de depoimentos?
    3. Que recurso foi usado pelo autor do texto para diferenciar a voz dos entrevistados da própria voz?
  7. Na parte intitulada “Literatura feminina de cordel”, o autor do texto trata da presença das mulheres entre os autores de cordel.
    1. Por que, antigamente, as mulheres que produziam cordéis usavam pseudônimos?
    2. Com base no texto, é correto concluir que houve uma mudança significativa no espaço da mulher? Justifique sua resposta.

Fala !

Antigamente, as cordelistas precisavam usar pseudônimos masculinos para apresentar sua obra. Você acha que essa atitude contribuiu para a manutenção das desigualdades entre gêneros ou foi uma atitude de resistência?

  1. Na última parte do texto, o repórter apresenta a relação entre a literatura de cordel e a educação.
    1. Qual informação histórica foi apresentada?
    2. O que o cordelista Beto Brito destaca com a frase: “Cordel não é música, mas já nasce pedindo pra ser”?
Respostas e comentários

1. O autor deseja que o leitor já inicie a leitura da reportagem tendo consciência da importância da literatura de cordel na cultura brasileira, provocando dessa maneira a atenção para o tema.

2. A Feira de São Cristóvão surgiu espontaneamente, em meados de 1940, como fórma de acolher os nordestinos que chegavam ao Rio de Janeiro para trabalhar. É a maior feira de cultura nordestina fóra do Nordeste.

3. Na frase, Euclides da Cunha destaca a fôrça dos nordestinos, mesmo diante das adversidades, tema que está sendo desenvolvido no trecho, voltado à descrição das condições de vida dos nordestinos na Feira de São Cristóvão, na década de 1940.

4a. A palavra charmoso. A atribuição da característica ao local em que está sediada a a bê éle cê sugere que ela é bem-sucedida.

4b. A palavra contudo.

5. Ele se sensibilizou com as condições subumanas de sobrevivência dos cordelistas e repentistas e resolveu criar um espaço para a literatura de cordel, o qual, após 10 anos, transformou-se na Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

6a. Maria do Livramento Lima da Silva (esposa de Gonçalo), que trata da banca que antecedeu a academia; Rosário Pinto (cordelista e membro da a bê éle cê), que fala sobre a representação feminina na literatura de cordel; Doralice Alves de Queiroz (pesquisadora), que traz informações sobre o universo masculino na literatura de cordel; Erinalda Villenave (membro da a bê éle cê), que defende o espaço das mulheres na literatura de cordel; Beto Brito (cordelista e músico), que fala sobre a importância do cordel na educação.

6b. Os depoimentos apresentam vários pontos de vista sobre o tema, contribuindo para seu aprofundamento.

6c. As aspas.

7a. O universo do cordel era estritamente masculino; com pseudônimos, elas conseguiam algum espaço para a divulgação de sua arte.

7b. Segundo o texto, houve um avanço no espaço da mulher, com a criação de academias em que estão em maior número, como afirma a poeta Rosário Pinto, mas ainda há luta, como sugere o próprio fato de haver apenas cinco mulheres entre os quarenta membros da a bê éle cê.

8a. A informação de que o cordel surgiu da declamação de versos feita por cantadores, repentistas ou trovadores para a diversão popular. Só depois ganhou lugar nos textos dos folhetinhos.

8b. Destaca que o cordel apresenta semelhanças com a música, como sonoridade, ritmo e rimas.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Desvendando o texto – Sugerimos que os estudantes realizem as atividades em grupos. Eles podem inicialmente fazer as atividades 1 a 3 por escrito e, enquanto resolvem as demais oralmente, você pode verificar um caderno de cada grupo para avaliar as respostas e orientá-los. Corrija as questões 4, 6b e 8, chamando alguns estudantes para apresentar as respostas formuladas pelo grupo.

Use as questões 1 e 2 para uma avaliação rápida: a primeira envolve uma inferência e a segunda, a localização de informação explícita.

Questão 6b – Reforce, na correção, o papel social dos entrevistados para que os estudantes percebam que, em conjunto, oferecem o olhar de quem participou do processo histórico de valorização do cordel, de quem está hoje ligado a essa arte e de quem estuda o tema.

Questão 6c – Comente que o autor da reportagem opta por isolar os depoimentos em períodos próprios, separados por aspas. Faz uso de verbo dicendi apenas uma vez (“relembra Gonçalo”). Se achar conveniente, selecione um ou mais exemplos e pergunte aos estudantes que verbo empregariam para descrever a fala (explicou, lamentou, destacou etcétera).

Questão 7b – A composição dessa resposta associa dados presentes em diferentes parágrafos. Observe se os estudantes não se limitaram a um único e, caso isso tenha ocorrido, chame a atenção para o fato.

Fala aí! – Sugerimos que a discussão seja feita, inicialmente, em pequenos grupos. Depois, podem discutir coletivamente. Peça aos estudantes que, ao se referir a argumentos trazidos por colegas de grupo, atribuam adequadamente a autoria da ideia, usando fórmulas como “Conforme apontou Ana, reticências”, “Concordo com Ana quando dizreticências etcétera Estimule-os a trazer outras situações da cultura patriarcal que observam ou experimentam e proponha um diálogo acerca do assunto.

9. Leia este trecho de um cordel escrito pela poeta Dalinha Catunda. Depois, responda às questões.

Barraca da Chiquita 42 anos

Certa vez uma guerreira

De linhagem nordestina

Não ficou chorando a sorte

Deu asas a sua sina

Escolheu bom paradeiro

E no Rio de Janeiro

Fez do trabalho rotina.


O ano foi setenta e nove

Que essa história começou

A guerreira pôs em prática

Tudo aquilo que sonhou

Numa visita inocente

Naquela feira ela sente

Que sua estrela brilhou.


A Feira de São Cristóvão

Lhe serviu de inspiração

Tinha tudo que ela amava

E tocou seu coração

Tinha comida gostosa

Bom forró e boa prosa

E lembrava o seu sertão.

Fotografia. Fachada de um prédio. Tem a estrutura curva com uma grande pintura. O letreiro com o nome do edifício é circular. Tem a entrada larga e alta. Na frente, algumas árvores.
Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, pavilhão da Feira de São Cristóvão. Rio de Janeiro (érre jóta), 2015.

CATUNDA, Dalinha. Barraca da Chiquita 42 anos. Blog Cordel de Saia. 16 dezembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/pMEIH9. Acesso em: 4 maio 2022.

  1. Que assuntos em comum esse cordel possui com a reportagem lida?
  2. Na reportagem, o cordelista Beto Brito relaciona o cordel e a música. Que elementos dão a esse cordel musicalidade?
Ícone. Lupa.

Investigue

Existe uma arte de rua atual, de bastante importância na cultura popular, chamada slam. O slam é um tipo de competição de poesia falada. Pesquise sobre essa arte e identifique pontos de contato com o cordel.

COMO FUNCIONA UMA REPORTAGEM?

Reflita mais um pouco sobre a reportagem que você leu.

  1. A reportagem é um gênero da esfera jornalística.
    1. Quem escreveu a reportagem “Uma casa para a literatura de cordel”?
    2. Cite um gênero jornalístico em que não há assinatura e outro em que ela apareça.
    3. O que justifica que, em geral, as reportagens tenham o nome de seus autores divulgados?
  2. A notícia é um texto que relata um evento pontual. Ela poderia, por exemplo, informar a ocorrência de uma festa em comemoração ao aniversário da a bê éle cê. O que você notou acerca do gênero reportagem?
  3. Embora apresente vários aspectos ligados à literatura de cordel, a reportagem traz um elemento central a que se associam os demais. Qual é esse elemento? Como se nota sua centralidade?
Respostas e comentários

9a. A Feira de São Cristóvão, a partir da qual se constrói a exposição sobre o cordel na reportagem, e a figura de uma nordestina, que chega ao Rio de Janeiro enfrentando dificuldades, mas lutando por seus sonhos.

9b. Em cada estrofe, rimam os versos 2, 4 e 7 e os versos 5 e 6. Há também a métrica de 7 sílabas, que constrói um ritmo regular.

Como funciona uma reportagem?

1a. José Fontenele.

1b. Em geral, não há assinatura em notícias ou editoriais e há nos artigos de opinião, por exemplo.

1c. As reportagens correspondem a um trabalho autoral, já que resultam de uma investigação ou pesquisa mais aprofundadas.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes observem que a reportagem aprofunda o tema, apresenta mais informações.

3. É a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, a que o título e a linha fina fazem referência e cuja criação e renovação dão origem a toda a exposição.

Orientações didáticas

Questão 9b – Não é preciso mencionar a métrica, mas ajude os estudantes a perceber a regularidade dos versos lendo-os de modo a chamar a atenção para as sílabas. Nesta coleção, há uma introdução ao estudo da métrica no Capítulo 3 do 9º ano.

Investigue – O slam será trabalhado no Capítulo 8 deste volume. Neste momento, a ideia é dar oportunidade aos estudantes para ter o primeiro contato com a chamada cultura de rua atual e reconhecer que essa arte tem elementos próximos ao cordel, pois são duas expressões de cunho oral, com musicalidade e com apoio em rimas para a construção textual.

Para apreciar slams, permita, sob sua orientação, que os estudantes recorram a vídeos ou podcasts na internet.

Como funciona uma reportagem? – Sugerimos que esta parte da atividade seja feita em duplas ou trios para que os estudantes troquem suas observações sobre as características do gênero. Indicamos, agora, o registro escrito e a correção completa.

  1. Tanto as notícias quanto as reportagens procuram ser objetivas, mas, principalmente nas últimas, os fatos podem ser apresentados segundo um ponto de vista particular.
    1. Que opinião sobre a literatura de cordel está implícita na reportagem?
    2. Qual é o sentido produzido pela escolha da palavra casa, no título, para referência à a bê éle cê?
    3. A reportagem comprova esse sentido? Explique sua resposta.
  2. Embora predomine a função informativa, nota-se, na passagem a seguir, que a linguagem foi trabalhada visando a um efeito estético. Observe.

reticências a literatura de cordel tem suas raízes no nordeste, mas há muito espalha seus galhos com versos e cantorias por todo o país.

  1. O que as imagens das raízes e dos galhos informam sobre essa arte?
  2. Qual é o efeito da linguagem mais criativa na reportagem?
  1. A reportagem costuma ser um texto relativamente longo se comparado à notícia. Algumas delas optam, inclusive, pela apresentação de um conjunto de blocos de textos, com temas relacionados.
    1. Em quantas partes essa reportagem se organiza? Como são identificadas?
    2. Qual é a vantagem dessa organização para o leitor?
    3. Justifique a escolha de parte do depoimento de Beto Brito para compor o ôlho dessa reportagem.

O ôlho é um recurso usado para destacar graficamente um trecho do texto jornalístico. Seu conteúdo pode sintetizar a ideia principal, ressaltar uma opinião polêmica ou comentário interessante etcétera

  1. Observe a composição das páginas: quantidade de texto, tamanho e cor da letra, fórma como são feitas as legendas e a qualidade das imagens.
    1. Você acha que essa composição favorece a leitura? Justifique sua resposta.
    2. As fotos inseridas na reportagem não têm a mesma qualidade técnica. O que explica a diferença?
    3. A reportagem não apresenta nenhum trecho de cordel. Que recurso você usaria se quisesse incluir o trecho de “Barraca da Chiquita 42 anos”, de Dalinha Catunda?

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Da observação para a teoria

O gênero textual reportagem não se limita a relatar um fato novo ou pontual, como faz uma notícia. A reportagem o aprofunda por meio de investigação, que conta com apuração de dados, entrevistas e pesquisa de documentos e resulta em um texto com relatos, exposições, depoimentos, gráficos, fotografias etcétera

O nível de subjetividade do texto pode variar: algumas reportagens procuram expor os dados de maneira mais neutra, enquanto outras deixam clara a opinião de quem as produziu.

Respostas e comentários

A opinião de que a literatura de cordel tem grande importância na cultura popular e pode fazer parte de situações educativas.

4b. A palavra casa associa a a bê éle cê à ideia de acolhimento e de local de proteção.

4c. Os dados do texto confirmam essa função ao relatar o trabalho do casal Gonçalo e Maria para criá-la a fim de dar melhores condições aos cordelistas no Rio de Janeiro e ao mencionar o trabalho de divulgação e incentivo que eles põem em prática.

5a. Informam que é uma arte que alcança muitos espaços sem perder sua identidade.

5b. Espera-se que os estudantes observem que a escrita se torna mais diversa e atraente por revelar um estilo pessoal.

6a. Ela é dividida em três partes, com títulos (intertítulos) específicos (exceto na primeira).

6b. A divisão em subtemas, que são indicados nos títulos, orienta a leitura e contribui para a compreensão do texto.

6c. Além de ter uma construção poética, o trecho escolhido destaca uma importante característica do cordel, que está sendo enfatizada naquela parte da reportagem.

7a. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

7b. Nota-se que as fotos dos folhetinhos e do cordelista têm produção profissional, o que se explica porque as primeiras têm função estética na reportagem e a segunda, de divulgação. Diferentemente, a foto do grupo é documental e a da cordelista, pessoal.

7c. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes, com base em outras experiências de leitura de reportagens, mencionem a possibilidade de criar um boxe, que destacaria o texto do cordel.

Orientações didáticas

Questão 7a – Esperam-se respostas divergentes. De um lado, o conteúdo é bem distribuído pelas páginas, havendo uma organização conveniente em partes, identificadas por intertítulos e associadas a fotografias. De outro, os parágrafos são longos e, uma vez iniciada a leitura da parte, não há pausas.

Questão 7b – Comente com os estudantes que algumas publicações se valem de fotografias com excepcional qualidade estética, que acabam valorizando a reportagem. Outras, como a que estão lendo, fazem um uso mais funcional das fotografias, como recursos de informação, ainda que sua qualidade não seja alta. Se puder, leve revistas para a sala de aula para mostrar diferentes qualidades dos recursos visuais.

Questão 7c – Aproveite para perguntar aos estudantes se a inclusão de um trecho de cordel seria interessante e ajude-os a perceber que sua presença poderia ampliar a informatividade da reportagem, além de contribuir para torná-la mais diversificada.

Leitura 2 REPORTAGEM FILMADA

A seguir, você vai ler a transcrição de uma reportagem produzida por um telejornal de alcance nacional. Leia o texto prestando atenção nas rubricas que descrevem como ele foi apresentado.

Cargueiro de duzentas e vinte mil toneladas encalha no Canal de Suez

Embarcação bloqueia a principal ligação marítima entre Europa e Ásia

Fotografia. Renata Vasconcellos, repórter branca, de rosto comprido. Tem o cabelo preto e liso, na altura dos ombros. O nariz é fino. Usa óculos de armação arredondada e grande. Atrás dela, no telão, a imagem de uma bandeira vermelha, branca e preta em listras horizontais.
A apresentadora Renata Vasconcellos em reprodução de quadro do vídeo.

Renata Vasconcellos [apresentadora]: [no estúdio] Um navio cargueiro de duzentas e vinte mil toneladas encalhou no Canal de Suez e bloqueou a principal ligação marítima entre a Europa e a Ásia.

Fotografia. Barco rebocando um navio cargueiro, carregado com grandes contêineres
Ao fundo, o meganavio éver guíven, operado pela empresa évergrín, encalhado no Canal de Suez, em 2021.

Pedro Vedova [repórter]: [em off, enquanto são mostradas imagens do engarrafamento] O engarrafamento histórico continua no radar. Lá se vão três dias com o supercargueiro no meio de uma das principais rotas marítimas do mundo. A empresa de reboque explicou que é como uma baleia pesadíssima encalhada. A nota oficial avisou que desatolar o éver guíven pode levar semanas. O certo seria dizer que é como pelo menos treze baleias encalhadas. O porta-contêiner tem 400 metros de comprimento e 59 de largura; entra na classificação de meganavio. Mas a única imprecisão que incomodou as 206 embarcações engarrafadas foi a palavra semanas, assim no plural. Os navios só topam pagar perto de quatro milhões de reais para atravessar o Canal de Suez porque ele é um corta-caminho. A alternativa entre a Europa e a Ásia seria rodear o Cabo da Boa Esperança, lá no extremo sul da África. Um desvio que acrescentaria uma semana/rota.

Respostas e comentários

Leitura 2

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 5, 6 e 7.

cél: 1, 2 e 3.

céupi: 1, 2, 3, 4 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê zero três, ê éfe seis nove éle pê um seis, ê éfe seis nove éle pê um sete e ê éfe oito nove éle pê um seis.

Orientações didáticas

A reportagem escolhida para a seção Leitura 2 trata de um incidente ocorrido no Canal de Suez, principal trecho de rota marítima comercial dos dias atuais. Recomendamos fortemente que os professores de Geografia e de História participem da discussão da reportagem abordando aspectos geopolíticos do comércio internacional atual e fatos históricos relativos ao comércio e transporte de mercadorias entre continentes. Se houver essa opção interdisciplinar, será necessário organizar como se dará a entrada dos professores. Ela poderá ocorrer nas aulas deles ou poderia ser estruturada uma aula com os três professores ao mesmo tempo.

Se possível, exiba para os estudantes a reportagem de modo que possa mobilizar a habilidade ê éfe oito nove éle pê zero sete. Sugerimos uma primeira exibição completa e outra, pausada, para observação de: 1. ênfases na fala da apresentadora; 2. recursos visuais (mapa animado) usados para construir a reportagem; 3. articulação entre imagens e texto verbal.

Caso não seja possível, combine a leitura previamente com três estudantes, para que se familiarizem com o texto.

A aposta de espera era de horas, no máximo poucos dias, tanto que a operadora permitiu que alguns navios ainda entrassem ontem no Canal de Suez. Hoje, suspendeu a navegação ao constatar a teimosia do meganavio.

As dragas tiram toneladas de lama e areia e oito rebocadores puxam com fôrça, mas o cargueiro de 220 milhões de quilos nem se mexe. O vice-presidente da Associação Internacional de Práticosglossário explica que uma possibilidade seria retirar parte da mercadoria pra deixar o éver guíven mais leve. Ricardo Falcão alerta que há riscos de demorar mais de um ano.

Fotografia. Destaque para pequenos barcos na lateral de um navio cargueiro.
Reprodução de quadro do vídeo que mostra alguns rebocadores em detalhe.

Ricardo Falcão [vice‑presidente da Associação Internacional de Práticos]: [em videoconferência] Porque quando você tá no porto, você tem máquinas especializadas pra fazer isso. Ali não! Você vai ter que chegar com uma barcaça da maneira mais arcaica possível, tirar contêiner por contêinerreticências uma operação complicada, cara, extremamente lenta e parou todo o tráfego.

Pedro: [em off, enquanto são mostradas imagens de caminhões em fila] São mais de 20 mil contêineres e num caminhão grande cabem dois. A fila de caminhões a postos mostra o tamanho do problema.

Fotografia. Pedro Vedova, rapaz branco, de cabelo escuro e ondulado. Está de máscara de proteção facial. Veste casaco e cachecol. Está com o dedo indicador levantado. Ao fundo, parte de um bairro iluminado pelas luzes da rua e dos prédios.
O repórter Pedro Vedova em reprodução de quadro do vídeo.

[em Londres] Se essa operação levar mesmo semanas, o impacto econômico seria gigantesco. Um em cada três contêineres que circulam pelo mundo passa pelo Canal de Suez. Pelo menos 24 petroleiros estão nesse engarrafamento e o impasse mexe com os preços do petróleo. As seguradoras também já começam a fazer as contas do prejuízo.

[em off, enquanto são mostradas imagens do Canal de Suez] A culpa seria de uma tempestade de areia. Os ventos de 50 quilômetros por hora teriam feito o éver guíven deslizar e o casco acabou atingindo a areia. Essas imagens antigas mostram que a navegação é apertada em alguns trechos. A construção começou na metade do século retrasado e durou onze anos. Essa passagem artificial incorporou três lagos naturais. Obras de expansão em 2015 permitiram que os navios navegassem em direções opostas, em parte da rota. Mas o cargueiro entalou logo numa zona de mão única. Ele levava uma boa carga de azar.

CARGUEIRO de duzentas e vinte mil toneladas encalha no Canal de Suez. Produção: TV Globo. Jornal Nacional. [sem local], 2021. (1 vídeo) 1 segundos a 2 minutos 53 segundos. Disponível em: https://oeds.link/aoFc0k. Acesso em: 21 abril 2022.

Ícone. Lupa.

Investigue

A situação com o navio éver guíven aconteceu em março de 2021. Pesquise como essa situação foi resolvida e quais os efetivos impactos na economia.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Investigue – A reportagem foi ao ar em 25 de março de 2021. Em 29 de março, o meganavio foi desencalhado, com a ajuda de rebocadores, aproveitando uma mudança na maré. Os estudantes encontrarão informações sobre os prejuízos causados às empresas cujos navios precisaram esperar, o aumento do custo do frete pela diminuição das embarcações disponíveis, a multa aplicada à empresa responsável pelo problema, o prejuízo ao Egito, que recebe valores pagos pelos navios que atravessam o canal, entre outros aspectos. Oriente os estudantes a buscar notícias e reportagens sobre o evento, sempre valendo-se de fontes confiáveis. Sugerimos que, antes da pesquisa, eles levantem hipóteses sobre os fatos e depois os confrontem com os dados pesquisados.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

1. Releia esta fala da apresentadora do telejornal.

Um navio cargueiro de duzentas e vinte mil toneladas encalhou no Canal de Suez e bloqueou a principal ligação marítima entre a Europa e a Ásia.

a) Explique por que essa fala cumpre uma função semelhante à do lide, comum em reportagens e notícias impressas.

Lembra?

O lide, que geralmente ocupa o primeiro parágrafo em notícias e reportagens, é um resumo do relato e responde a todas ou a algumas destas perguntas: o que aconteceu? Quando? Com quem? Onde? Por quê? Como?

b) Ao falar, a apresentadora destacou a palavra mil. Que sentido ela constrói com essa ênfase?

  1. Em algumas notícias divulgadas em telejornais, o apresentador dialoga com o repórter de campo.
    1. Por que isso não costuma ocorrer nas reportagens?
    2. Em boa parte da reportagem, ouve-se apenas a voz do repórter (indicação com o termo off no texto), sem sua imagem. O que explica essa escolha?
    3. Os telejornais a que você costuma assistir fazem uso dêsse recurso?
  2. A reportagem é constituída por duas vozes: a do repórter Pedro Vedova e a do especialista Ricardo Falcão.
    1. Por que, nesse contexto, é importante ouvir o vice-presidente da Associação Internacional de Práticos?
    2. Explique como a fala do repórter introduz a do especialista, que a complementa.
    3. Observe novamente a reprodução de um quadro do vídeo, que acompanha o primeiro turno de fala do repórter.
Fotografia. Destaque para pequenos barcos na lateral de um navio cargueiro.
Reprodução de quadro do vídeo que mostra alguns rebocadores em detalhe.

Qual é a contribuição dessa imagem para a construção do sentido do texto?

d) Embora a reportagem seja composta da fala de ambos, a do repórter não tem marcas de formulação. O que justifica essa diferença?

Respostas e comentários

1a. A apresentadora antecipou as informações principais: o que aconteceu e onde.

1b. Ao enfatizar o pêso do navio, a apresentadora sugere que o problema de que fala é grave, difícil de resolver.

2a. Ao contrário das notícias, que costumam tratar de fatos pontuais, muitas vezes logo após o acontecimento, a reportagem faz abordagens mais detalhadas, que demandam a reunião de mais material, o que não é compatível com uma entrada ao vivo.

2b. A função do repórter, nesse caso, é a de fazer um relato; ele não está obtendo dados naquele momento. Por isso, há preferência pelas imagens do acontecimento, que são mais informativas.

2c. Espera-se uma resposta afirmativa, uma vez que é comum apenas ouvir a fala do repórter (fala em off) enquanto são apresentadas imagens relativas às informações.

3a. Porque ele é um especialista no assunto tratado e, portanto, dá credibilidade às informações apresentadas.

3b. O repórter apresenta, por meio de paráfrase, a informação dada pelo especialista, segundo o qual seria possível tentar reduzir o pêso da embarcação, embora sendo um processo muito lento. Em seguida, o especialista apresenta a justificativa daquela informação: o meganavio está longe do porto, então não há máquinas que facilitem a remoção dos contêineres.

3c. A imagem contribui para a compreensão da dimensão do problema de que fala o repórter ao tornar concreta para o espectador a dificuldade de os rebocadores puxarem o meganavio por ele ser muito grande e pesado (“220 milhões de quilos”), reforçando que nem a mobilização de vários barcos projetados para rebocar navios faz o cargueiro se mexer, o que comprova não ser uma solução rápida.

3d. A fala do repórter provavelmente foi planejada, gravada e editada, enquanto a do especialista é resultado de uma interação mais espontânea.

Orientações didáticas

Refletindo sobre o texto – Sugerimos que as atividades da seção sejam feitas oralmente para que os estudantes possam usar seu repertório pessoal e enriquecê-lo com as contribuições dos colegas. Após a discussão de cada atividade, os estudantes podem registrar, por escrito, informações que possam ser generalizadas, isto é, aplicadas para a compreensão de qualquer reportagem filmada. Ofereça tempo para o registro e peça a alguns deles que leiam suas anotações de modo a construir referências comuns.

Questão 2b – Leve os estudantes a comparar a reportagem com uma notícia ao vivo, como ocorre, por exemplo, quando o repórter está em campo, cobrindo uma enchente.

e. Observe, na reprodução deste quadro do vídeo, como os falantes interagiram. Com base nesse exemplo, explique como a tecnologia impacta a produção de reportagens.

Fotografia. Rapaz em videochamada. À frente dele, um notebook aberto. Na tela, a imagem de Ricardo Falcão, homem de cabelo penteado de lado, rosto largo e óculos.
Pedro Vedova (à esquerda) em videoconferência com Ricardo Falcão, em reprodução de quadro do vídeo.

4. Releia este trecho transcrito da reportagem.

A aposta de espera era de horas, no máximo poucos dias, tanto que a operadora permitiu que alguns navios ainda entrassem ontem no Canal de Suez. Hoje, suspendeu a navegação ao constatar a teimosia do meganavio. As dragas tiram toneladas de lama e areia e oito rebocadores puxam com fôrça, mas o cargueiro de 220 milhões de quilos nem se mexe.

  1. O tema da reportagem é bastante técnico, mas o repórter emprega recursos para tornar o texto menos árido, aproximando-o do público. Identifique e explique o recurso usado nesse trecho.
  2. Identifique outro trecho do texto em que o repórter procura tornar a reportagem mais acessível e interessante.
  1. Essa reportagem foi exibida em um telejornal que divulga notícias de ­importância nacional.
    1. O público de um telejornal costuma ser homogêneo ou heterogêneo?
    2. Você acha que o tema da reportagem tem potencial para despertar o interesse dêsse público? Por quê?
    3. Uma reportagem como essa teria espaço em telejornais locais? Justifique.
  2. As reportagens podem revelar a opinião do repórter ou do órgão de ­imprensa que ele representa. O repórter emitiu, de modo implícito ou explícito, uma opinião sobre o fato? Justifique sua resposta.

Da observação para a teoria

As reportagens são divulgadas em veículos variados: jornais, revistas, sites, programas de rádio e de televisão. O perfil dêsses veículos determina o tema, o grau de aprofundamento e os recursos complementares (fotografias, gráficos, mapas, arquivos de vídeo etcétera).

Em geral, as reportagens empregam a linguagem formal, mas, dependendo do assunto e do veículo de publicação, podem empregar expressões mais informais e uma linguagem mais criativa.

Respostas e comentários

3e. Têm sido comuns as interações entre repórteres e entrevistados por meio de videoconferência, o que permite o acesso ao depoimento de pessoas diversas sem, necessariamente, o deslocamento até o local em que elas estão.

4a. O repórter personifica a embarcação ao mencionar sua “teimosia”, tornando-a um personagem e sugerindo que age por vontade.

4b. Sugestão: (1) “Os navios só topam pagar perto de quatro milhões de reais para atravessar o Canal de Suez porque ele é um corta-caminho” – além da humanização, nota-se o uso de linguagem informal (topam); (2) “Mas o cargueiro entalou logo numa zona de mão única. Ele levava uma boa carga de azar.” – explora o sentido da palavra carga.

5a. Heterogêneo.

5b. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes observem que a reportagem mostra um fato relevante nacionalmente por tratar de um problema que envolve a economia mundial.

5c. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que os telejornais locais buscam divulgar acontecimentos relacionados ao entorno da comunidade. Por ser um fato de caráter mundial, reportagens como essa costumam ser divulgadas em telejornais de alcance nacional.

6. Não. O repórter apenas relatou o fato e suas consequências.

Orientações didáticas

Questão 3e – Pergunte aos estudantes se eles teriam uma justificativa para essa opção do repórter. Eles podem mencionar o contexto da pandemia de côvid dezenóve, reconhecível pela cena em que o repórter aparece usando máscara, ou uma provável distância, já que o repórter está em Londres e há uma chance razoável de o especialista estar no Brasil (de fato, Ricardo Falcão atua no Amapá).

Questão 5b – Pergunte aos estudantes se conseguem associar os impactos do evento à rotina deles. Abra uma discussão para que, trocando percepções e levantando hipóteses, eles reconheçam que, direta ou indiretamente, impactos no setor econômico afetam a vida das pessoas, por exemplo, o repasse dos custos com o transporte para o preço dos produtos a serem comprados pelos consumidores.

Se possível, convide o professor de Geografia para uma explicação de caráter geopolítico. Dessa fórma, os estudantes podem tirar dúvidas e compreender a globalização da economia.

Questão 5c – Converse com os estudantes sobre a diferença entre as notícias vinculadas em jornais nacionais e locais, que geralmente contêm o nome da cidade mais importante da região. Observe se eles reconhecem que o conteúdo se diferencia, assim como a identificação do espectador com os eventos relatados. Por exemplo, uma reportagem sobre um surto de sarampo, em um jornal de alcance nacional, provavelmente estará a serviço de mostrar um problema relativo à vacinação; em um jornal local, alertará a comunidade para algo que está próximo dela.

Questão 6 – Ajude os estudantes a perceber que o fato, em si, é motivador de preocupação devido às suas consequências, mas o repórter apenas o relatou. O efeito seria outro se ele dissesse, por exemplo, que é preciso punir os responsáveis.

Se eu quiser aprender MAIS

A articulação das linguagens

As reportagens costumam articular o texto verbal a recursos visuais. Alguns deles, como esquemas, gráficos, infográficos, tabelas, mapas etcétera, contribuem para sintetizar dados, elucidar informações ou ampliar a abordagem do tema.

1. Na reportagem sobre o meganavio encalhado no Canal de Suez é mostrada uma animação. Veja a reprodução de dois quadros do vídeo e releia a transcrição do trecho em que eles são exibidos.

Cena de vídeo. Mapa com destaque para norte da África, sul da Europa e Oriente Médio. Entre o Oriente Médio e a África, o Canal de Suez.
Reprodução de quadro do vídeo da reportagem.
Cena de vídeo. Mapa com destaque para a Europa e a Ásia. Uma rota foi traçada ao redor do continente africano. No extremo sul, o Cabo da Boa Esperança.
Reprodução de quadro do vídeo da reportagem.

reticências Mas a única imprecisão que incomodou as duzentas e seis embarcações engarra­fadas foi a palavra semanas, assim no plural. Os navios só topam pagar perto de quatro milhões de reais para atravessar o Canal de Suez porque ele é um corta-caminho. A alternativa entre a Europa e a Ásia seria rodear o Cabo da Boa Esperança, lá no extremo sul da África. Um desvio que acrescentaria uma semana/rota. reticências

CARGUEIRO de duzentas e vinte mil toneladas encalha no Canal de Suez. Produção: tê vê Globo. Jornal Nacional. [sem local], 2021. (1 vídeo) 42 segundos a 1 minutos e 2 segundos. Disponível em: https://oeds.link/aoFc0k. Acesso em: 21 abril 2022.

  1. O que é mostrado em cada quadro?
  2. Considerando a informatividade, qual é a função dessa animação no contexto da reportagem?
  3. E considerando a manutenção do interesse do espectador?
Respostas e comentários

1a. O primeiro quadro mostra a localização do Canal de Suez e a rota percorrida pelos navios cargueiros atravessando o Canal; já o segundo, a rota dos navios entre a Europa e a Ásia pelo Cabo da Boa Esperança.

1b. Ajudar o espectador a compreender quais são as rotas dos navios e a diferença na extensão delas, contribuindo para a percepção da importância do Canal de Suez.

1c. O recurso torna a reportagem mais diversificada e dinâmica.

Se eu quiser aprender mais

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4 e 5.

cél: 1, 2, 3 e 6.

céupi: 1, 2 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois nove e ê éfe seis nove éle pê três três.

Orientações didáticas

Na seção anterior, os estudantes observaram a articulação entre o texto verbal falado e as imagens. Nesta, darão continuidade ao estudo da articulação de linguagens observando recursos que favorecem a compreensão da informação pelo interlocutor.

Questão 1c – A observação será mais precisa se os estudantes puderem assistir à reportagem. Destaque que alguns recursos simples, como a projeção de números, já confere mais dinamismo a algumas apresentações.

2. Leia, a seguir, um artigo divulgado em uma revista de curiosidades. Depois, responda às questões.

Reprodução de página da internet.
Reprodução de página da internet.

Como as águas-vivas queimam?

O animal tem um sistema de defesa constituído de uma série de micropicadas

Por Carol Castro

Atualizado em 14 fevereiro 2020, 17horas26 – Publicado em 12 abril 2018, 18horas05

Fotografia. Águas-vivas, seres arredondados e claros com filamentos longos.
PERGUNTA DO LEITOR Vitor Melloni Rodrigues, São Paulo, São Paulo ILUSTRA Alexandre de Souza EDIÇÃO Felipe van dírsen
Ilustração. Estrutura da água-viva. Corpo: 95% é água. Revestida pela epiderme. Dentro a mesogleia, estrutura extracelular parecida com um gel translúcido. Abaixo dela, no interior da estrutura, cavidade vascular, que tem as funções do intestino, estômago e esôfago. Na parte de baixo, um só orifício funciona como ânus e boca. Ao redor, tentáculos.
Reprodução de página da internet.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Questão 2 – Sugerimos que a atividade seja feita oralmente para que os estudantes possam sobre as particularidades das conversar semioses envolvidas na produção do artigo.

Reprodução de página da internet.

Todo banhista sempre terá um encontro com uma água-viva. Inevitavelmente. Mas o mais provável é que você nem perceba. Das mais de 5 mil espécies dêsse animal, cujo tamanho varia de 1 milímetro a 36 metros, só uma parcela causa algum dano a nós. É que o mecanismo de ação delas não tem a ver com queimadura – e sim com envenenamento. Quando você encosta em uma água-viva, ela ejeta filamentos cheios de toxinas, que perfuram a pele. Essas toxinas podem ou não causar dor aos seres humanos. Mas não é um ataque. É só uma fórma automática de defesa.

Ilustração. Reação automática da água-viva ao entrar em contato com um corpo estranho.1. Identificação dos cnidócitos e dos nematocistos. 2. Detalhe da ejeção do nematocisto.
3. Representação da liberação de toxinas durante a ejeção do nematocisto.
  1. Quando as células da água-viva recebem o estímulo químico ou físico (contato) de um corpo estranho, os cnidócitos se abrem. É automático e involuntário – as águas-vivas não têm capacidade neural ou percepção sensorial para atacar
  2. A água do mar entra no cnidócito e os nematocistos, cheios de toxinas, são ejetados. Como se fosse uma agulha hipodérmica, esse filamento penetra no corpo. A picada dá a sensação de queimadura
  3. Quando invadem o corpo, essas células liberam uma série de toxinas, que podem causar apenas coceira ou febre ou levar a algo mais sério, como problemas cardíacos e perda de consciência. A maioria das águas-vivas que vivem nos mares brasileiros tem veneno fraco
Reprodução de página da internet.
Reprodução de página da internet.
Ilustração. Comparação entre uma água-viva, uma baleia e uma pessoa nadando no mar. Água-viva-juba-de-leão: trinta e seis metros. Ser humano: um metro e setenta centímetros; Baleia-azul: vinte e cinco metros; Grupo das hidromedusas: um milímetro.

COMO CUIDAR DA PELE

Lave bem seu corpo com água do março A água doce tem um equilíbrio osmótico diferente dos nematocistos e, se ele ainda não tiver liberado o veneno, a água da torneira o fará disparar. Se as coceiras persistirem e desencadearem uma reação alérgica, procure ajuda médica

Reprodução de página de internet. Título: Tudo sobre. Botões em destaque no fundo cinza: água-viva, mundo animal, queimadura.

CASTRO, Carol. Como as águas-vivas queimam? Superinteressante, [sem local], 12 abril 2018 [atualização: 14 fevereiro 2020]. Disponível em: https://oeds.link/iY184z. Acesso em: 27 abril 2022.

  1. Qual é o principal objetivo dêsse artigo?
  2. Observe a segunda e a terceira ilustração. Que relação existe entre elas?
  3. A terceira ilustração é acompanhada por um texto verbal. Na sua opinião, seria entendida sem ele? Explique sua resposta.
  4. E o texto verbal? Ele seria entendido sem as figuras da terceira ilustração?
  5. Imagine a última ilustração sem a presença das palavras e dos números e responda: a informação seria compreendida? Justifique sua resposta.
  6. As ilustrações podem cumprir funções variadas. Explique a função de cada uma delas nesse artigo.
  7. As ilustrações contribuem para o caráter informativo do artigo? Justifique sua resposta.

Desafio da linguagem

Que tipo de material você faria para representar as ideias expostas no intertítulo “Como cuidar da pele”? Você pode preparar esse material ou descrevê-lo.

Ícone. Lupa.

Investigue

O que é mais perigoso para os humanos: a água-viva-juba-de-leão ou a vespa-do-mar?

Respostas e comentários

2a. Responder à pergunta de um leitor sobre como as águas-vivas queimam.

2b. A terceira ilustração amplia e detalha um trecho da segunda ilustração.

2c. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes indiquem compreensão parcial, pois as figuras mostram o contato dos tentáculos da água-viva com a pele e a ação das células, mas não permitem compreender exatamente o que se passa nelas.

2d. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes respondam afirmativamente, mas indiquem que as ilustrações facilitam a compreensão ao permitir a visualização da maneira como se dá o processo.

2e. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que a comparação de tamanhos seria compreendida, porém seriam perdidos detalhes, como os tipos de baleia e de água-viva usados na comparação.

2f. A primeira revela a aparência real de uma água-viva; a segunda e a terceira trazem informações esquematizadas – a estrutura de uma água-viva e a fórma de ação; a quarta compara seres para evidenciar que algumas águas-vivas são muito grandes.

2g. Sim. Elas completam e esclarecem as informações.

Desafio da linguagem. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Investigue. A vespa-do-mar.

Orientações didáticas

Desafio da linguagem – Caso os estudantes precisem de um exemplo, cite uma ilustração com dois pés avermelhados indicando um acidente com águas-vivas e uma garrafinha de água mineral ou uma torneira marcada com um grande xis, para indicar que a água doce não é indicada para o tratamento.

Investigue – A vespa-do-mar, que vive na região da Austrália, é mais venenosa, sendo capaz de matar uma pessoa em cinco minutos. A água-viva-juba-de-leão, que habita águas desde o México até o Ártico, é muito grande e pode provocar muita dor quando em contado com o corpo humano, mas só é letal aos seres humanos se os atingir com uma grande quantidade de tentáculos, que podem soltar muitos ferrões de uma só vez, potencializando o efeito do ­veneno.

Falando sobre a nossa língua

Vozes verbais

Um meganavio bloqueou o Canal de Suez. O Canal de Suez foi bloqueado por um meganavio. Embora constituídas pelo mesmo conteúdo, as duas formulações não constroem exatamente o mesmo sentido. Nesta seção, estudaremos os efeitos das vozes verbais para compreender esse tipo de diferença.

COMEÇANDO A INVESTIGAÇÃO

Releia este trecho da reportagem estudada na Leitura 1 e responda às questões.

Popular, musical e atraente, a literatura de cordel está cada vez mais presente também na educação de jovens e adultos. Para o presidente da a bê éle cê, Gonçalo Ferreira da Silva, o principal atrativo do gênero é a própria música dos versos. “A musicalidade do cordel atrai a criança, facilita a aprendizagem, além de embevecer a própria localidade.” reticências

  1. A a bê éle cê é o elemento em torno do qual se organiza o conteúdo da reportagem. Esse trecho está relacionado a um dos subtemas. Identifique-o.
  2. Releia o comentário atribuído ao presidente da entidade. Quantas orações compõem o período? Qual é o sujeito de cada uma delas?
  3. Leia esta reformulação.

A criança é atraída pela musicalidade do cordel.

  1. Como se classifica sintaticamente a criança nessa reformulação? E na oração original?
  2. Nessa reformulação, quem realiza a ação verbal? E na construção original?
  3. Como ficaria a reformulação, se a oração original fosse A musicalidade do cordel atraía as crianças?

Para realizar as atividades, você observou a relação entre o sujeito e o verbo e percebeu que o sujeito pode realizar a ação expressa pelo verbo, mas também sofrê-la. Em cada caso, houve o uso de uma determinada voz verbal.

Observe.

Voz ativa – o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo:

A musicalidade do cordel facilita a aprendizagem.

Voz passiva – o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo:

A aprendizagem é facilitada pela musicalidade do cordel.

Há, ainda, uma terceira voz verbal.

Voz reflexiva – o sujeito pratica e sofre a ação expressa pelo verbo:

Madrinha Mena arrumou-se para o encontro dos cordelistas.

Respostas e comentários

1. A relação entre o cordel e a educação.

2. São três orações, todas com o mesmo sujeito, a musicalidade do cordel.

3a. Na reformulação, é o sujeito; na oração original, o objeto direto.

3b. Em ambas, quem realiza a ação verbal é a musicalidade do cordel.

3c. As crianças eram atraídas pela musicalidade do cordel.

Falando sobre a nossa língua

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4 e 9.

cél: 1, 2 e 3.

céupi: 1, 2 e 3.

Habilidade: ê éfe zero oito éle pê zero oito.

Tópicos trabalhados na parte de linguagem deste capítulo

Vozes verbais e verbos pronominais.

Orientações didáticas

Nesta seção, estuda-se o tópico vozes verbais, com o objetivo de promover a reflexão sobre os efeitos de sentido no texto (Investigando mais) e a observação de regras de concordância verbal.

Sugerimos que as atividades 1 a 3, de Começando a investigação, sejam feitas oralmente e que a leitura da primeira parte da teoria seja feita em voz alta, com sua mediação para esclarecimentos. Em seguida, peça aos estudantes que leiam em voz baixa a subseção Voz passiva procurando entender o conteúdo. Coloque as frases na lousa e faça a análise com eles. Depois, leia o mesmo texto em voz alta para verificar se não há dúvida. Por fim, leia, comentando, a subseção Voz reflexiva.

Voz passiva

Apenas os verbos transitivos diretos podem ser expressos na voz passiva. Ela apresenta duas fórmas.

Voz passiva analítica – é constituída pelo verbo auxiliar ser + particípio:

A a bê éle cê foi fundada pelo casal de cordelistas.

Os cordéis serão lidos pelas crianças.

A literatura de cordel tem sido valorizada pelos professores.

Compare a análise de duas orações, uma expressa na voz ativa e outra na voz passiva:

Esquema. A musicalidade do cordel atrai a criança. Voz ativa A musicalidade do cordel: sujeito agente atrai: verbo transitivo direto a criança: objeto direto A criança é atraída pela musicalidade do cordel. Voz passiva analítica A criança: de objeto direto, passa a ser sujeito paciente é atraída: verbo transitivo direto na voz passiva pela musicalidade do cordel: de sujeito agente, passa a ser agente da passiva

Quando o verbo está na voz passiva, aquele que pratica a ação é chamado agente da passiva. Ele é introduzido pela preposição por (associada ou não com os artigos definidos – pelo, pela, pelos e pelas) ou de, que tem uso mais raro.

Voz passiva sintética – é constituída por um verbo transitivo direto (ou transitivo direto e indireto) acompanhado pelo pronome se, que recebe o nome de partícula apassivadora.

Acompanhe a análise de duas orações com verbos na voz passiva sintética:

Esquema. Voz passiva sintética. Fundou-se a academia em 1988.
Fundou-: verbo transitivo direto
se: partícula apassivadora
a academia: sujeito. Esquema. Voz passiva sintética. Vendem-se cordéis.
Vendem-: verbo transitivo direto
se: partícula apassivadora
cordéis: sujeito

Na voz passiva ­sintética, não aparece o agente da passiva. O sujeito geralmente vem após o verbo, e eles devem, necessariamente, concordar. Nos exemplos, o sujeito cordéis exigiu o verbo vender no plural (vendem), enquanto o sujeito a academia manteve o verbo fundar no singular (fundou).

Fotomontagem. Senhor de chapéu e óculos está em pé com um cordel na mão atrás de uma banca com diversos cordéis expostos. Atrás da foto dele, uma ilustração de um terreno com cactos e gramíneas, com uma colina ao fundo e o Sol.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Voz passiva – Sugerimos enfaticamente que o foco dêsse estudo não seja direcionado à classificação sintática dos termos envolvidos nas construções com índice de indeterminação do sujeito e partícula apassivadora. É mais importante que os estudantes ampliem seu repertório de construções, considerando essas possibilidades de formulação e o efeito por elas produzido, e observem o mecanismo de concordância.

Voz passiva analítica – Eventualmente, os verbos estar, viver, ficar, ir e vir podem atuar como auxiliares na construção da voz passiva analítica. Entendemos que não é necessário tratar disso com os estudantes nesta etapa dos estudos.

Observe que a concordância com o sujeito, nos exemplos anteriores, ocorre porque se trata de casos de sujeito determinado. Nos casos de verbo acompanhado pelo índice de indeterminação do sujeito, que caracteriza o sujeito indeterminado, o verbo ficará sempre na terceira pessoa do singular. Compare:

Esquema. Consertam-se bicicletas.
Consertam: verbo transitivo direto, terceira pessoa do plural.
-se: partícula apassivadora
bicicletas: sujeito. Seta indica que bicicletas concorda com consertam. Esquema. Precisa-se de operários.
Precisa: verbo transitivo indireto, terceira pessoa do singular.
-se: índice de indeterminação do sujeito de operários: objeto indireto.
Fotomontagem. Duas bicicletas em pé, apoiadas na roda traseira. Ao redor delas, rodas de bicicleta. Atrás feixes coloridos e grafismos.

Voz reflexiva

A voz reflexiva é formada juntando-se às fórmas verbais os pronomes me, te, nos, vos e se (singular e plural). Eles devem representar a mesma pessoa que o sujeito:

Esquema. Eu me feri. Eu: sujeito. me: pronome reflexivo. feri: verbo. Primeira pessoa do singular: eu (sujeito) me (pronome reflexivo). 
Esquema. João se barbeou. João: sujeito. se: pronome reflexivo. barbeou: verbo. Terceira pessoa do singular: João (sujeito) se (pronome reflexivo).
Fotomontagem.  Homem de cabelo liso e escuro, penteado de lado. Ele está fazendo a barba, com o rosto encoberto por espuma branca. Sobrepostas na frente dos olhos e do, nariz barras coloridas e linhas curvas. Ao redor, grafismos.

Note que os pronomes reflexivos têm, nesse contexto, os sentidos de “a mim mesmo”, “a ti mesmo”, “a ele mesmo” etcétera: Eu feri a mim mesmo.

A voz reflexiva pode indicar também reciprocidade, situação em que há uma ação mútua entre dois ou mais elementos:

Nós nos encontramos na lanchonete.

Os automóveis trombaram-se na esquina.

Nessas construções, os pronomes expressam as ideias de “um ao outro”, “um com o outro” etcétera: Nós encontramos um ao outro na lanchonete. Os automóveis trombaram um com o outro na esquina.

Respostas e comentários

Biblioteca do professor

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008. página 277-279.

Se desejar ler mais sobre voz reflexiva, sugerimos a leitura dessa gramática. Nela, é possível observar particularidades das construções tradicionalmente classificadas como voz reflexiva.

cúri, Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática. São Paulo: Ática, 2000. página 38-40.

Ainda sobre voz reflexiva, sugerimos também a leitura dessa obra, que apresenta o conteúdo de fórma crítica e objetiva.

INVESTIGANDO MAIS

1. O texto a seguir é trecho de uma reportagem sobre um acontecimento protagonizado pelo jogador droguibá, da seleção de futebol da Costa do Marfim, país do continente africano que acabava de se classificar para a Copa do Mundo de 2006.

Há dez anos, Drogba parava uma guerra civil na Costa do Marfim

Craque fez um discurso emocionado para ­acabar com a guerra em seu país

reticências No vestiário do estádio ála mariêrren, no Sudão, os ­jogadores da seleção da Costa do Marfim celebravam a classificação para a Copa do Mundo que seria realizada no ano seguinte.

Em meio às comemorações, uma rede de tê vê marfinense conseguiu acesso aos atletas, e reticências Drogba aproveitou para fazer um discurso que também mudaria a história de seu país fóra dos campos.

reticências Com o microfone na mão e atenção de seus compatriotas, fez um histórico apelo:

“Homens e mulheres da Costa do Marfim, do Sul, do Norte, do Centro e do Oeste. Nós provamos hoje que todos os marfinenses podem coexistir e se juntar por um objetivo: se classificar para a Copa do Mundo. Nós prometemos a vocês que a celebração iria unir as pessoas.

Hoje, nós nos ajoelhamos e imploramos: Perdoem! Perdoem! Perdoem! Um país com tantas riquezas não pode sofrer com uma guerra. Por favor, abaixem as armas. Vamos realizar as eleições, e tudo será melhor. Nós queremos nos divertir, então abaixem suas armas!”

O discurso teve efeitos quase imediatos. Em pouco menos de uma semana, líderes das duas frentes que controlavam o país buscaram uma reaproximação, por conta da comoção popular provocada pelas palavras do ídolo local.

Drogba, que já havia construí- ­do hospitais e escolas e buscado apoio em Organizações Não Governamentais para ajudar a reerguer seu país, conseguia se tornar uma referência ainda maior fóra do campo do que dentro dele.

Fotografia. Pessoas negras aglomeradas na rua. Uma delas carrega um grande cartaz com a foto de Drogba, rapaz negro, de sobrancelhas curtas e lábios grossos.
droguibá é reverenciado como uma divindade pelos marfinenses. Gabão, Adijan, em 2012.

LIMA, Arthur. Há dez anos, Drogba parava uma guerra civil na Costa do Marfim. Alambrado, [sem local], 8 outubro 2015. Disponível em: https://oeds.link/JZzRdY. Acesso em: 27 abril 2022.

Sabia?

Em 2002, a mudança de uma lei para a eleição do presidente da República da Costa do Marfim colocou o Norte e o Sul do país em disputa. Os desdobramentos dêsse conflito armado e da instabilidade política, que se estenderam por muitos anos, resultaram na morte de centenas de civis.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Investigando mais – Questão 1 – A atividade pode ser realizada apenas com os dados disponíveis, mas pode ser interessante mostrá-la ao professor de Geografia que, no 8º ano, provavelmente abordará os conflitos e as tensões na África contemporânea, como preveem as habilidades ê éfe zero oito gê ê zero cinco e ê éfe zero oito gê ê zero oito.

Essa atividade permite avaliar se os estudantes compreenderam a exposição e se conseguem modificar as vozes verbais, realizar adequadamente a concordância verbal e analisar efeitos de sentido. Fique atento, durante a correção, se há equívocos que se repetem e avalie a necessidade de refazer o processo buscando novas fórmas de apresentação do conteúdo.

  1. O que justifica a adoração dos marfinenses por droguibá?
  2. Em seu discurso, o jogador de futebol fez um pedido: “Perdoem! Perdoem! Perdoem!”. Quem deveria perdoar e o que deveria ser perdoado?
  3. Compare a linha fina original a esta reelaboração:

Um discurso emocionado para acabar com a guerra em seu país foi feito pelo craque.

Qual das formulações destaca o protagonismo de droguibá? Por quê?

  1. O conjunto do texto dá destaque a esse protagonismo? Justifique.
  2. Reescreva a legenda da foto usando a voz ativa.
  3. O nome droguibá ganha mais ênfase quando colocado como sujeito paciente (texto da legenda) ou como objeto direto (texto da reformulação)? Explique sua resposta.
  4. Releia o seguinte trecho.

reticências No vestiário do estádio ála mariêrren, no Sudão, os jogadores da seleção da Costa do Marfim celebravam a classificação para a Copa do Mundo reticências.

Agora, reescreva o trecho usando a voz passiva sintética e, em seguida, explique a diferença existente quanto à informação transmitida.

  1. Justifique a concordância verbal usada na reformulação.
  2. Coloque os verbos das orações a seguir na voz passiva analítica. Faça as alterações necessárias.
    1. Um discurso mudaria a história de seu país fóra dos campos.
    2. droguibá fez um histórico apelo.
    3. A celebração iria unir as pessoas.
    4. Dro já havia construído hospitais e escolas.

Desafio da linguagem

É possível transformar a reportagem sobre Drogba em um resumo que apresente ao leitor de fórma sucinta, porém eficiente, o assunto tratado. Você deve fazer isso em um parágrafo.

  • Inicie descrevendo o sentimento dos marfinenses pelo craque droguibá.
  • No mesmo período, justifique esse sentimento citando o compor­tamento do jogador em relação ao país.
  • Em seguida, conte o fato mais importante da reportagem, relacionando-o com a introdução feita.
  • Insira uma síntese do discurso de droguibá, usando uma paráfrase.
  • Conclua com os resultados dessa ação.
  • Leia seu texto para verificar se as ideias estão expostas de modo claro e fluente.

Dica de professor

Não deixe de explicar quem é a personalidade que você menciona em um texto. Por exemplo, em lugar de “Clarice Lispector”, diga “a escritora Clarice Lispector” ou “Clarice Lispector, um dos maiores nomes da literatura brasileira”.

Respostas e comentários

1a. O fato de ele ter contribuído para negociações pelo fim da guerra civil na Costa do Marfim, por ajudar a realizar obras importantes e por conseguir apoio para reerguer seu país.

1b. Os grupos envolvidos na guerra civil, que deveriam se perdoar mutuamente.

1c. A redação usada na linha fina, que põe droguibá como um sujeito agente. A reformulação destaca o ato, e seu praticante é deslocado para a posição final, muito distante dele devido à extensão do período.

1d. Sim. O foco do texto não é a guerra nem a condição de vida dos marfinenses; estão em destaque as ações de droguibá para ajudar o país.

1e. Os marfinenses reverenciam droguibá como uma divindade. Gabão, Adijan, em 2012.

1f. Há mais ênfase quando o nome é colocado como sujeito paciente, porque se destaca a reação que ele provoca.

1g. No vestiário do estádio ála mariêrren, no Sudão, celebrava-se a classificação para a Copa do Mundo. A reformulação omite a identificação de quem participava da celebração.

1h. Foi usado o singular porque o sujeito, na voz passiva, é a classificação para a Copa do Mundo.

1i. um A história de seu país fóra dos campos seria mudada por um discurso.; dois Um histórico apelo foi feito por Drogba.; três As pessoas iriam ser unidas pela celebração.; quatro Hospitais e escolas já haviam sido construídos por droguibá.

Orientações didáticas

Questão 1i – Observe se os estudantes estão atentos à necessária alteração dos verbos.

Desafio da linguagem – Sugestão: Os marfinenses têm adoração pelo jogador de futebol droguibá porque ele sempre buscou ajudar o país a superar suas dificuldades políticas e econômicas. Sua ação mais importante ocorreu durante as comemorações pela classificação da equipe da Costa do Marfim para a Copa do Mundo, quando ele pediu, em um emocionado discurso, que os grupos em guerra superassem suas divergências e que eleições fossem feitas. O discurso provocou comoção popular e, pouco depois, os rivais se aproximaram.

Forme quintetos para que os estudantes troquem suas produções e possam fazer e ouvir apreciações. Eles devem verificar se as orientações de produção foram seguidas com eficiência. Cada quinteto deve escolher um texto para socialização com a turma.

2. Leia a tirinha a seguir.

Tirinha. Quadrinho 1: MUITOS ESTÃO SENTINDO FALTA DO FRED. Cartaz com a imagem de um cachorro de cabeça reta, focinho comprido e olhos arregalados. PROCURA-SE CÃOZINHO PERDIDO. Atende por Fred. Quadrinho 2: Destaque para o cartaz sendo arrancado da parede por uma pata. Quadrinho 3: O SENTIMENTO NÃO RECÍPROCO. Cachorro disfarçado, com bigode, óculos escuros, chapéu e casaco. Ele está jogando um papel amassado.

LEITE, uil. Viva Intensamente 54. 2012. uma tirinha. Disponível em: https://oeds.link/QOvr94. Acesso em: 2 maio 2022.

  1. Como se explica o traje e os acessórios usados pelo personagem do último quadrinho?
  2. Parte do humor da tira é obtida por meio de uma relação de ­contraste entre o primeiro e o último quadrinho. Explique-a.
  3. Em “procura-se cãozinho perdido”, não há um termo para indicar quem realiza a ação. O que explica a escolha dessa formulação?
  4. Como ficaria a oração caso mais de um cão estivesse perdido?

3. Leia este poema de Gastão Cruz e responda às questões.

A primavera canta

ouvi a sua voz

o rouxinol espanta-se

de ouvi-la como nós


A primavera canta

vais ouvi-la também

quando um pássaro canta

não se ouve mais ninguém


a primavera é ave

é ela o rouxinol

há pássaro que lave

melhor a luz do sol?

CRUZ, Gastão. A canção da primavera. In: FERRAZ, Eucanaã (organizador). A lua no cinema e outros poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. página 81.

  1. Qual verbo expressa a ação que aproxima a primavera e o rouxinol?
  2. Reescreva a oração “ouvi a sua voz” empregando a voz passiva analítica. Em seguida, releia a estrofe incluindo-a e explique por que o poeta optou pela voz ativa.
  3. Agora, transforme a oração “ouvi a sua voz” empregando a voz passiva sintética. A mudança altera a informação? Justifique.
  4. Explique por que o verbo espantar-se, empregado na primeira estrofe, não é um exemplo de voz reflexiva.
  5. Em que voz verbal está a oração “não se ouve mais ninguém”?

A língua nas ruas

Você acha que, atualmente, a voz passiva sintética é bastante usada nos textos escritos? Anote a sua hipótese e justifique-a. Em seguida, separe uma página de jornal e verifique ocorrências. Anote os exemplos no caderno. As páginas devem ser de notícias, reportagens ou textos opinativos.

Respostas e comentários

2a. O cachorro Fred, que está sendo procurado, não deseja ser encontrado. Por isso, ele utiliza um disfarce.

2b. No primeiro quadrinho, revela-se a tristeza dos humanos e a representação de um cãozinho assustado, enquanto, no último, revela-se o comportamento rebelde de Fred e seu desinteresse por aqueles que o procuram.

2c. A intenção de colocar a ênfase na ação de procurar e no sujeito que a sofre, e não em quem está realizando a ação.

2d. Procuram-se cãezinhos perdidos.

3a. Cantar.

3b. A sua voz foi ouvida por mim. Provavelmente porque o uso da voz passiva analítica eliminaria o final em oz, importante para a rima com nós, e romperia o padrão métrico do poema (versos de seis sílabas).

3c. Ouviu-se a sua voz. A reformulação exclui a participação do eu poético na ação relatada.

3d. Não é coerente a ideia de que o rouxinol praticou a ação de espantar e ele mesmo sofreu seu efeito.

3e. Trata-se de um caso de voz passiva sintética.

A língua nas ruas. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Questão 3b – Caso os estudantes não estejam familiarizados com noções de métrica, ajude-os a perceber a regularidade do verso, lendo-o de modo a destacar as sílabas.

Questão 3d – Espantar-se é um verbo pronominal. Esse tópico foi introduzido em “Revisando meu roteiro de cinema”, no Capítulo 2 deste volume.

A língua nas ruas – Aproveite a oportunidade para verificar se os estudantes, de fato, distinguem os casos de voz passiva sintética dos demais usos do se. A presençadêsse recurso é mais comum em textos formais, sobretudo naqueles cujos autores se preocuparam em garantir certa variedade na construção das frases.

Textos em conversa

Os jornais impressos e digitais e os sites noticiosos são organizados conforme linhas editoriais. Elas são definidas, entre outros fatores, pelos interesses comerciais e políticos da empresa, pelas expectativas dos leitores, pela experiência dos editores e pelos objetivos dos jornalistas.

Você verá, a seguir, a reprodução integral das capas de cinco jornais brasileiros: Metro (São Paulo), Estado de Minas (Minas Gerais), O Popular (Goiás), Correio do Povo (Rio Grande do Sul) e Diário de Pernambuco (Pernambuco). As capas costumam destacar e sintetizar as principais notícias do dia, chamando a atenção para o conteúdo interno das edições. Observe-as atentamente.

Capa de jornal. Título: Metro. Grande São Paulo. Ilustração de um grande vírus com olhos e boca aberta. Tem uma seringa com líquido verde dentro de um dos olhos. Abaixo, as informações:  A ARMA QUE FALTAVA. Anvisa aprova uso emergencial das vacinas CoronaVac e Oxford/AstraZeneca e, logo depois, Brasil assiste às primeiras aplicações em São Paulo. Lotes das doses começaram a ser distribuídos aos outros estados hoje. Campanha nacional de imunização terá início na quarta, às 10 h. Sequência em três fotografias de uma mulher sendo vacinada. Após receber a vacina, ela levanta os braços e comemora. Depois, posa para foto com o cartão de vacinação.
Reprodução da capa do jornal Metro, ano 14, número 3.423, 18 janeiro 2021.
Respostas e comentários

Textos em conversa

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 7 e 10.

cél: 1, 2, 3 e 6.

céupi: 2, 3, 7 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê um sete, ê éfe oito nove éle pê zero um, ê éfe zero oito éle pê zero um e ê éfe zero oito éle pê zero dois.

Orientações didáticas

Enfatizamos que, segundo o Parecer cê êne Ê/séb norteº 15/2000, “o uso didático de imagens comerciais identificadas pode ser pertinente desde que faça parte de um contexto pedagógico mais amplo, conducente à apropriação crítica das múltiplas fórmas de linguagens presentes em nossa sociedade, submetido às determinações gerais da legislação nacional e às específicas da educação brasileira, com comparecimento módico e variado”. Guiamo-nos por essa orientação oficial para selecionar os textos deste capítulo.

A reflexão sobre a atuação da imprensa é fundamental para que o estudante amplie suas possibilidades de entender a realidade, utilize as tecnologias da informação e comunicação de fórma crítica e reflexiva e atue como cidadão.

Capa de jornal. Título: Estado de Minas. Em letras grandes, o título ENFIM, A VACINAÇÃO. Texto ao redor da fotografia da mulher sendo vacinada. Ela está sentada, com um dos braços para fora do jaleco. Abaixo, informações em destaque: CIENTISTAS ESTIMAM QUE CASOS CAIAM PELA METADE. MÁSCARA E DISTANCIAMENTO PERMANECEM NA CARTILHA. ENQUANTO ISSO... Destacado em caixa de texto fora da imagem: EUROPA TENTA ACELAR IMUNIZAÇÃO. Destacado em outra caixa de texto fora da imagem: PANDEMIA ESVAZIA ENEM. Fotografias de jovens com máscaras de proteção. No fim da página, a manchete, em borda colorida, GALO MAIS VIVO DO QUE NUNCA. Fotografia de jogadores de futebol em campo.
Reprodução da capa do jornal Estado de Minas, 18 janeiro 2021.
Capa de jornal. Título: O Popular. VACINA ENCHE BRASIL DE EPERANÇA. Fotografia de mulher sendo vacinada. Destacado em caixa de texto fora da imagem:  ENEM TEM MAIOR ABSTENÇÃO DA HISTÓRIA
Reprodução da capa do jornal O Popular, ano 82, número 24.433, 18 janeiro 2021.
Capa de jornal. Título CORREIO DO POVO. COMEÇA A VACINAÇÃO NO BRASIL. Fotografia da mulher sendo vacinada. Ela está sentada, com um dos braços para fora do jaleco. Destacado em caixa de texto fora da imagem: ENEM Abstenção no primeiro dia foi de 51,5%.
Reprodução da capa do jornal Correio do Povo, ano 126, número 110, 18 janeiro 2021.
Capa de jornal. Título DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Enfim, a notícia que o Brasil mais esperava. Fotografia da mulher sendo vacinada. Ela está sentada, com um dos braços para fora do jaleco. Abaixo, destacado em caixa de texto fora da imagem: Enem tem abstenção recorde: 51,5%. Destacado em outra caixa de texto fora da imagem: Aumento da fiscalização não reduz movimento na orla do Recife.
Reprodução da capa do Diário de Pernambuco, número 18, 18 janeiro 2021.

As edições dêsses jornais, do dia 18 de janeiro de 2021, destacaram o início da vacinação contra a côvid dezenóve no Brasil. A primeira pessoa a ser vacinada contra a côvid dezenóve no país foi a enfer­meira Mônica ­Calazans, que recebeu o imunizante no Hospital das Clínicas de São Paulo.

Observe as referências a esse dia histórico nas capas reproduzidas e responda às questões a seguir.

1. Os jornais abordaram o início da vacinação contra a côvid dezenóve sob diferentes óticas.

a) Considerando o conteúdo de cada uma das capas, qual dos jornais dá mais valor ao início da vacinação? Justifique sua resposta.

b) Qual das manchetes comunica o fato de maneira mais ­neutra? Justifique sua resposta.

c) Qual sentido é construído pelo uso do advérbio enfim, empregado em duas das cinco manchetes?

d) Releia a manchete do jornal Metro.

Manchete de jornal. A ARMA QUE FALTAVA
Reprodução da manchete do jornal Metro, ano 14, número 3.423, 18 janeiro 2021.

O que a particulariza diante das demais?

e) Também existe uma particularização nos aspectos visuais da capa dêsse jornal? Justifique sua resposta.

  1. Além de abordar o início da vacinação, as capas dos demais jornais trazem outros conteúdos.
    1. Observe a configuração da capa do jornal Estado de Minas. Como a reportagem sobre o campeonato de futebol do estado também ganha destaque no conjunto de títulos?
    2. Compare a diagramação usada na capa do jornal Estado de Minas para compor a parte relativa à reportagem sobre o campeonato de ­futebol com aquela referente aos conteúdos relativos à vacinação ­contra a ­covid-19. Como se revelam conteúdos de naturezas diferentes?
    3. Estado de Minas, O Popular, Diário de Pernambuco e ­Correio do Povo fazem referência a uma notícia de grande importância nacional que se associa diretamente à notícia principal. Do que se trata? Explique sua resposta.
  2. As capas funcionam como uma vitrine da edição. Com base nas imagens e na disposição dos elementos das capas, qual jornal você escolheria para ler? Por quê?
Respostas e comentários

1a. A capa do jornal Metro é composta exclusivamente de referências ao início da vacinação, o que revela o grande enfoque dado à situação, enquanto as demais capas, ainda que destaquem o fato, também fazem referência a outros acontecimentos, como jogos de futebol que aconteceram no mesmo dia.

1b. A manchete “Começa a vacinação no Brasil” apenas comunica o início de uma campanha de vacinação, sem apresentar, explicitamente, uma avaliação positiva, como fazem as demais manchetes.

1c. Enfim sugere, nesse contexto, a ideia de que a vacina foi esperada por muito tempo.

1d. O jornal Metro faz uso de uma metáfora e associa a vacina a uma arma que combate um inimigo.

1e. Sim. A capa do jornal Metro diferencia-se por usar uma ilustração impactante; na parte inferior, em menor destaque, as fotos da enfermeira sendo vacinada constituem uma narrativa que registra o fato histórico.

2a. A reportagem está no centro inferior da página e seu título está em letras maiúsculas. Além disso, o conteúdo aparece em uma caixa de borda colorida.

2b. Na parte que se refere ao futebol, há bordas coloridas, que criam uma aparência mais lúdica, enquanto a parte referente à reportagem sobre a vacinação é mais convencional e séria, além de ocupar a parte superior, o que lhe dá maior importância.

2c. Trata-se de como a pandemia de côvid dezenóve prejudicou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), indicando altos números de abstenção de candidatos. A associação da abstenção com a pandemia é revelada no título “Pandemia esvazia Enem”, do jornal Estado de Minas.

3. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Questão 2b – Explique aos estudantes que a análise está sendo feita a partir de um único exemplar de cada jornal, portanto é insuficiente para, de fato, chegar-se a uma conclusão definitiva sobre eles.

Questão 3 – Insista para que os estudantes sustentem sua escolha com argumentos que mostrem análise das capas em foco.

  1. De acordo com o que você observou, como explicaria o que é uma linha editorial?
  2. De que maneira a observação das capas e das linhas editoriais influencia sua percepção acerca do trabalho da imprensa? Você diria que há imparcialidade? Por quê?
  3. Na época em que a vacina contra a côvid dezenóve estava em processo de desenvolvimento, muitas notícias falsas circularam em redes sociais. Leia o trecho de uma dessas notícias falsas e, depois, responda às questões.

reticências O plasma dessa vacina, que é o líquido, vem com uma codificação que traz uma leitura para inteligência artificial, então eles têm o nosso contrôle através disso. É como se fosse um chip, mas de fórma líquida, que é o plasma. reticências

DOMINGOS, Roney. É ráchtégFAKE que vacina contra côvid dezenóve tem chip líquido e inteligência artificial para contrôle populacional. G1, [sem local], 27 janeiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/RBWrP3. Acesso em: 23 abril 2022.

  1. O que faria você desconfiar da veracidade dêsse texto?
  2. Que procedimentos são usados pelos serviços de checagem para verificar um texto como esse?
  3. Agora, leia a declaração de liniê beatriz Ruiz ailôn, presidente da Sociedade Brasileira de Microeletrônica, sobre o chip em fórma líquida. Depois, responda à questão.

“Apesar de todo desenvolvimento que temos conseguido com o silício e de produzirmos quintilhões de dispositivos no mundo, não existem chips líquidos ou solúveis em plasma ou sangue e tampouco chips que possam estar ‘escondidos’ em vacinas. Em nosso conhecimento, isso não é possível. Fake news”, diz.

DOMINGOS, Roney. É ráchtégFAKE que vacina contra côvid dezenóve tem chip líquido e inteligência artificial para contrôle populacional. G1, [sem local], 27 janeiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/RBWrP3. Acesso em: 23 abril 2022.

Por que essa declaração tem mais credibilidade que o texto que circulou em redes sociais?

Biblioteca cultural

Assista a um vídeo produzido pelo serviço de checagem Fato ou Fake e aprenda a identificar se uma mensagem é falsa.

O vídeo está disponível em: https://oeds.link/mJNKp1. Acesso em: 21 abril 2022.

Ilustração. Meios de acesso a internet. Monitor de computador, notebook, tablet e celular.
Ícone. Lupa.

Investigue

Entre nos sites das agências de checagem para verificar um fato indicado por seu professor. Anote os procedimentos utilizados pelos serviços de checagem e o resultado das análises.

Respostas e comentários

4. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes observem que a linha editorial é o posicionamento ideológico do jornal, que define os fatos que serão abordados, o pêso (maior ou menor) que terão, os personagens que serão destacados ou omitidos e o tratamento que será dado às informações.

5. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes observem que não há imparcialidade total, pois as escolhas do que falar e da ênfase a ser dada já evidenciam um posicionamento.

6a. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes comentem que o conteúdo é alarmista, visto que sugere que as vacinas tinham como fim controlar a humanidade.

6b. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

6c. Trata-se da declaração de uma especialista, que analisa não o fim a que se prestaria um suposto chip, mas a própria existência do material citado, com base nos conhecimentos da área.

Orientações didáticas

Questão 6b – Tendo em vista o fato de os estudantes já terem tido contato com o papel social das agências de checagem e seus procedimentos, espera-se que consigam reconhecer que as agências procuram especialistas nas áreas em questão e fazem perguntas como “Existem chips em fórma líquida?”. Para esse caso, foram consultados especialistas na área de biomedicina, inteligência artificial e microeletrônica, principalmente.

Investigue – Pesquise nos principais sites e serviços de checagem notícias e assuntos que estão em evidência no momento da atividade e escolha um para indicar à turma. Garanta que o tema e a estejam adequados à faixa etária e não caracterizem posicionamento político, que deve ser evitado.

Para socialização, forme grupos. Os estudantes devem relatar aos demais quais serviços acessaram e que informações obtiveram. O objetivo é ampliar a familiarização dos estudantes com esse tipo de serviço.

Preparando o terreno

Organizando uma reportagem

Na próxima seção, você e seu grupo produzirão uma reportagem filmada. Ela deverá tratar de assunto relacionado à rotina da escola. Veja algumas possibi­lidades de tema:

  • preparação da merenda: desde a aquisição dos alimentos até a limpeza da cozinha após as refeições;
  • profissionais: fórmas de contratação de professores, interação entre eles etcétera;
  • canais de participação das famílias ou dos responsáveis na escola: quais são, quem desenvolve e se responsabiliza por eles, qualidade do uso etcétera;
  • participação da escola em eventos: campeonato esportivo, olimpíada de redação, estudos de meio, saídas pedagógicas etcétera;
  • funcionamento da biblioteca: seleção de títulos, aquisição de materiais, possibilidades de uso etcétera;
  • organização da documentação da escola: dados dos estudantes (notas, provas e demais documentos oficiais importantes), comunicação com a secretaria de educação etcétera;
  • manutenção da escola no dia a dia: limpeza, segurança, serviços de manutenção etcétera

Se preferirem outro tema, apresentem ao professor, que poderá validá-lo ou sugerir outro.

Etapa 1 Discutindo o tema

Após selecionar o tema, o grupo deve discutir sobre ele e levantar o tipo de informação que precisará obter: com quem vão conversar para conseguir as primeiras informações, quem vão entrevistar, quais imagens vão utilizar, que documentos precisarão conhecer etcétera Se possível, pesquisem exemplos de reportagens com temas seme­lhantes para ajudá-los a saber o que investigar.

A reportagem requer um trabalho de análise e precisa apresentar diferentes perspectivas do tema tratado para ampliar o interesse e o conhecimento do leitor ou do espectador. Quanto mais amplo for o levantamento de conteúdo, mais rica e completa ficará a reportagem.

Etapa 2 Coletando informações

Nesta etapa, o grupo vai organizar a coleta de material, conforme as orientações a seguir.

1. Pesquisa bibliográfica

1. Procurem material impresso e digital sobre o assunto que escolheram tratar. Por exemplo, se vão abordar a participação da escola em uma olimpíada de matemática, precisam saber como é esse evento: quem o organiza, desde quando existe, quem o idealizou, com que objetivo, entre outras perguntas.

2. Certifiquem-se de que as fontes sejam seguras e confiáveis.

Ilustração. Livros coloridos empilhados.
Respostas e comentários

Preparando o terreno

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 5, 6, 9 e 10.

cél: 1, 2, 3 e 6.

céupi: 2, 3, 5, 6, 7, 8 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê três dois, ê éfe oito nove éle pê zero oito e ê éfe oito nove éle pê um três.

Orientações didáticas

Esta seção prepara o material necessário à produção do texto orientado na seção Nossa reportagem na prática. Sugerimos que esta produção seja feita em grupos de cinco ou seis integrantes e que, se possível, cada grupo tenha um integrante familiarizado com a edição de vídeos.

Caso não existam condições materiais para filmagem e reprodução da reportagem, faça adaptações nas propostas de modo que os estudantes possam realizar as atividades por escrito. A reportagem pode ser apresentada no formato de roteiro detalhado.

Etapa 1 – Verifique, em função do contexto da escola, se o tema escolhido é produtivo o suficiente para a produção de uma reportagem e se não toca em questões polêmicas para a comunidade escolar.

Etapa 2 – O objetivo deste tópico é orientar os estudantes sobre os procedimentos adequados para a seleção e produção de materiais que serão usados na elaboração da reportagem. Inicie a atividade levantando com a turma as etapas necessárias para a produção de uma reportagem ou qualquer outro tipo de texto que dependa de pesquisa prévia. É essencial que os estudantes sistematizem o conhecimento das etapas procedimentais e entendam a importância da curadoria de informação. Conversem sobre procedimentos que garantam bom conteúdo, sem opiniões tendenciosas ou mentirosas.

2. Pesquisa de campo

1. Conversem com os integrantes da comunidade escolar – profissionais, estudantes e famílias – para levantar dados. Por exemplo, se pretendem falar sobre as merendas, vocês podem conversar com quem prepara a comida, com quem define o cardápio, com quem transporta os alimentos até a escola, com um responsável por esse setor na secretaria de educação do município, entre outros.

2. Registrem todos os dados levantados.

Etapa 3 Produzindo material

É lógico!

Assistam a reportagens filmadas para identificar estratégias que se repetem. Esse padrão vai ajudá-los a definir os recursos mais produtivos para a sua reportagem.

É hora de produzir a maior parte do material que será usado na reportagem. Sigam estas orientações.

1. Entrevistas

1. Selecionem as pessoas cujas falas vão ser parte da reportagem. Como vocês já sabem, os depoimentos e as explicações dos entrevistados dão credibilidade à reportagem. Procurem mostrar vozes diferentes, que não tenham os mesmos pontos de vista, para enriquecer o material.

2. Contatem os entrevistados, verifiquem o interesse deles em participar da reportagem e combinem uma data para a filmagem.

3. Elaborem um roteiro de perguntas para a entrevista, levando em conta que esse roteiro pode ser alterado no momento da filmagem, caso as respostas conduzam para outros temas interessantes.

4. Definam o responsável por conduzir a entrevista e por filmá-la.

5. Lembrem-se de que apenas alguns trechos gravados serão aproveitados na construção da reportagem. Se sentirem necessidade, peçam para o entrevistado regravar parte da fala que interessou a vocês, mas não estava tão clara ou foi prejudicada por ruídos, por exemplo.

6. No dia combinado, confirmem com o entrevistado sua autorização para a filmagem e para a publicação de suas declarações.

Dica de professor

O uso de trechos de produções de terceiros está sujeito à Lei de Direitos Autorais, mas pode ser feito, nesse caso, por ser apenas um trabalho escolar, sem fins lucrativos.

7. Iniciem a entrevista com apresentações, façam as perguntas do roteiro com clareza e finalizem com agradecimentos.

2. Imagens

Além dos trechos de entrevistas, vocês podem se valer de três tipos de materiais:

  • Imagens produzidas por terceiros – são imagens que fazem parte de outras produções e que vocês vão reaproveitar. Por exemplo, para introduzir uma reportagem sobre seus professores, vocês podem usar uma cena de filme.
  • Imagens produzidas por vocês para momentos de fala em off – são imagens que não incluem o repórter. Por exemplo, vocês podem filmar o momento em que os alimentos estão sendo levados do transporte para a despensa da escola. Para isso, precisam obter informações precisas e pedir autorização para publicação.
  • Imagens produzidas com o repórter em cena – nesse tipo de imagem, o repórter está inserido no espaço em que se dá um fato que interessa à reportagem. Por exemplo, vocês podem filmar o repórter entrando na sala dos professores durante uma reunião para mostrar como eles se organizam.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapa 3 – Solicite aos estudantes que leiam atentamente as orientações e se organizem para produzir o material, dividindo as tarefas. Oriente-os a montar um cronograma com os prazos máximos para cada etapa e com a indicação de como compartilharão o material já obtido (pasta compartilhada em serviço de armazenamento em nuvem, reuniões presenciais, reuniões por videoconferência etcétera).

Organize seu planejamento de modo a garantir o tempo necessário para a produção do material. Verifique se é preciso reservar uma ou mais aulas para reuniões de grupos. Sugerimos que, durante o processo, você pergunte, com frequência, como os grupos estão se organizando e se precisam esclarecer dúvidas.

Nossa reportagem NA PRÁTICA

A escola é um espaço que frequentamos desde criança e normalmente é o lugar onde passamos a maior parte do nosso dia. Mas possivelmente não conhecemos a estrutura escolar nem como os departamentos de uma escola funcionam para que ela seja um lugar adequado ao desenvolvimento de crianças e jovens.

Para esclarecer esse funcionamento, você e seus colegas já coletaram ­material. Agora, o grupo vai produzir a reportagem previamente organizada. Trata-se da reportagem filmada, que deverá durar de três a cinco minutos e será postada no blog da turma.

momento de produzir

Planejando nossa reportagem

Para planejar a reportagem, considerem as orientações a seguir.

Esquema. Da teoria para a... ... prática
Uma reportagem resulta de um trabalho investigativo.
A equipe faz o levantamento dos dados e a checagem de sua veracidade.:
Retomem o material impresso e digital pesquisado e as entrevistas feitas com pessoas relacionadas à escola. Verifiquem se alguma informação parece frágil: confirmem sua veracidade ou a descartem.

A reportagem associa as informações
pesquisadas e as hipóteses às situações reais, observadas no dia a dia.:
Revejam as entrevistas com os profissionais e os dados coletados e procurem verificar se eles correspondem ao que se observa na prática. Se isso não acontecer, voltem a investigar.
Reúnam bastante material; a seleção do que entra ou não na reportagem ocorrerá na etapa seguinte.

Uma reportagem produzida em vídeo conta com imagens informativas e, se possível, interessantes.:
Verifiquem as imagens que vocês já coletaram. Elas dão conta de mostrar o ambiente da escola e o tema escolhido? Há algo que precisa ser providenciado para uma melhor apresentação do tema?:

As reportagens são mais extensas do que as notícias. Elas procuram ser completas, mas não exaustivas.:
Esbocem a primeira versão do roteiro com a indicação da sequência que vai compor a reportagem: trechos com o repórter falando, trechos com a voz dele em off, trechos de entrevistas, imagens gravadas por vocês, imagens captadas da internet etc.

As reportagens podem ser mais formais ou menos formais (por exemplo, aquelas destinadas a fatos esportivos
ou cobertura de viagens).:
Definam o grau de formalidade do texto, considerando o tema, o veículo de divulgação e o público.
Respostas e comentários

Nossa reportagem na prática

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 5, 6, 9 e 10.

cél: 1, 2, 3 e 6.

céupi: 1, 2, 3, 5, 6, 7 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê zero seis, ê éfe seis nove éle pê zero sete, ê éfe seis nove éle pê zero oito, ê éfe seis nove éle pê um zero, ê éfe seis nove éle pê um dois, ê éfe seis nove éle pê um seis, ê éfe oito nove éle pê zero oito, ê éfe oito nove éle pê zero nove e ê éfe zero oito éle pê zero quatro.

Orientações didáticas

Nesta seção, os estudantes vão efetivar a reportagem para a qual coletaram material na seção anterior. Esse material será submetido à curadoria, sendo reorganizado para a produção da reportagem filmada.

Para que os estudantes tenham um parâmetro de extensão, mencione que a reportagem sobre o meganavio éver guíven tem duração de 2 minutos e 53 segundos.

Elaborando nossa reportagem

  1. Reelaborem o roteiro preparado na etapa de planejamento, agora especificando minuciosamente a sequência de imagens, o tempo que cada uma deve durar e os áudios articulados a elas: voz do repórter ou entrevistado, voz do repórter em off, som ambiente ou trilha sonora.
  2. Definam uma estratégia para iniciar a reportagem e atrair a atenção de seu público. Vocês podem mostrar uma ou mais cenas rápidas, referir-se a dados de uma pesquisa recente, expor uma observação sobre o dia a dia, fazer uma pergunta etcétera
  3. Redijam as falas do repórter, que é responsável por construir a lógica do relato, inserindo dados e contextualizando os depoimentos. A reportagem não deve se parecer com um apanhado de falas.
  4. Filmem as cenas em que o repórter ­aparecerá falando e gravem a leitura do texto para os mo­mentos em que estará em off.
  5. Analisem todo o material disponível e verifiquem se é conveniente apresentar informações em tabelas, gráficos, mapas etcétera
  6. Escolham um editor de vídeo gratuito e produzam o material, seguindo as instruções do programa.
  7. Não se esqueçam de acrescentar as legendas com os nomes do repórter, dos entrevistados, do cinegrafista e dos produtores. Caso usem material retirado da internet, incluam os créditos. Por exemplo, se for uma letra de música, citem o título e o compositor.
  8. Verifiquem se, ao final da reportagem, o público realmente estaria mais informado sobre o assunto. Se for o caso, refaçam a parte da reportagem que precisa ser melhorada.
Fotomontagem. Dois jovens sorridentes em pé. Entre eles, uma mulher adulta. Ela olha para a menina ao seu lado. O menino faz sinal de positivo com os polegares. Uma menina de rabo de cavalo faz o registro com um tablet. Atrás da foto, imagens de duas janelas e nuvens entre elas. Grafismo e folha quadriculada entremeiam as fotos.

Dica de professor

Vocês podem conseguir efeitos interessantes com recursos simples, como usar o zoom ao filmar um mapa, de modo a se aproximar de uma área que desejam mostrar.

Revisando nossa reportagem

Antes de gravar as falas do repórter, verifiquem atentamente o texto produzido para checar se não há repetições evitáveis, se o texto é fluente, entre outros aspectos.

Prestem atenção aos verbos para observar se há ­concordância entre eles e o sujeito e se estão flexionados adequadamente. Observem a correlação entre os tempos a fim de evitar incoerências. Vejamos três exemplos de como a correlação verbal se efetiva.

futuro do subjuntivo + futuro do presente do modo indicativo:

Se eu puder, farei a entrevista amanhã.

pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do indicativo:

Se eu pudesse, faria a entrevista amanhã.

pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo + futuro do pretérito composto do indicativo:

Se eu tivesse podido, teria feito a entrevista ontem.

MOMENTO DE REELABORAR

Avaliando nossa reportagem

As reportagens serão apresentadas a toda a turma, mas haverá um grupo parceiro responsável por avaliar a produção de vocês, assim como seu grupo fará com a dele.

O quadro de critérios a seguir deve orientar as observações, mas o grupo avaliador também precisará anotar construções inadequadas do ponto de vista da linguagem.

A

A reportagem trata da rotina e do funcionamento do setor da escola?

B

O texto apresenta uma linha de raciocínio clara, que permite ao leitor chegar a uma conclusão?

C

A reportagem comprova as afirmações que apresenta?

D

As falas dos entrevistados tornam a reportagem mais completa?

E

As imagens estão corretamente articuladas com o texto verbal?

F

As legendas informam os nomes dos produtores do texto e dos entrevistados? Trazem as fontes de imagens de terceiros?

G

A reportagem apresenta linguagem monitorada e tem grau de formalidade adequado a estudantes jovens?


Lembra?

A linguagem monitorada é aquela produzida com mais atenção, evitando deslizes em relação às fórmas prestigiadas socialmente.

Após assistir a todas as reportagens, os integrantes de cada grupo se reunirão para partilhar as observações e preparar a avaliação dos colegas. Em seguida, já com o grupo parceiro, apresentarão sua opinião e darão sugestões para o aprimoramento do trabalho. Também ouvirão a avaliação de sua reportagem.

Reelaborando nossa reportagem

Tendo em vista a avaliação que o grupo recebeu, decidam se vão refazer uma ou mais partes da reportagem, incluir sequências ou excluí-las. Essas alterações não são difíceis, já que se pode usar novamente o editor de vídeo.

Para finalizar a atividade, os grupos que fizeram reelaborações significativas devem reapresentar suas produções.

MOMENTO DE APRESENTAR

Divulgando nossa reportagem

Uma equipe deve se responsabilizar por preparar a divulgação das produções: vai ­redigir um post com a apresentação da atividade, escolher uma imagem interessante e coerente com o tema e preparar a lista com os títulos das reportagens. O material será enviado para o professor, que vai inseri-lo no blog da turma. Dessa fórma, vocês poderão assistir novamente às reportagens de que gostaram e mostrá-las aos familiares.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Avaliando nossa reportagem – Aproveite a etapa de avaliação para expor aos estudantes a importância de se familiarizar com toda a proposta antes de iniciar o planejamento. A ciência dos critérios de avaliação, por exemplo, é um importante recurso para desenvolver a habilidade de autocorreção, que pode antecipar a avaliação dos pares e levar a uma atuação mais consciente e autônoma.

Indique as parcerias previamente e oriente os estudantes a anotarem suas observações para que possam se apoiar nelas no momento da avaliação.

Lembra? – É sempre importante retomar a ideia de que não há uma língua “certa”, mas sim fórmas que são consideradas mais adequadas a determinadas situações comunicativas, sobretudo as formais.

Divulgando nossa reportagem – Caso a turma não tenha um blog ou tenha, mas não seja possível divulgar as reportagens nele, tente instalar um computador no pátio para que as reportagens possam ser vistas pelos demais estudantes durante os intervalos.

Ao longo do ano, serão propostas fórmas diferentes de divulgar as produções dos estudantes: revistas, coletâneas, blog etcétera Em muitos casos foi prevista a formação de uma equipe de estudantes que ficará responsável por organizar o material: recolher os textos, encadernar, produzir capa e sumário, descrever a atividade, entre outras funções. Sugerimos a renovação da equipe a cada atividade de modo a permitir que todos vivenciem o papel de editores e ampliem sua noção de responsabilidade.

E se a gentereticências

reticências retextualizasse a reportagem?

Neste capítulo, vocês produziram reportagens filmadas sobre a rotina e o funcionamento de diferentes setores de uma escola.

Agora, cada um vai transformar o material coletado em uma reportagem escrita, seguindo o exemplo estudado na Leitura 1. Será preciso rever o planejamento do texto e adaptá-lo a esse novo contexto de produção. Considere um público amplo, constituído por adolescentes e adultos.

  1. Defina o perfil da reportagem: ela buscará ser mais imparcial ou revelará implicitamente uma opinião?
  2. Faça a primeira versão do texto, organizando as informações e já incluindo as falas, que podem aparecer como citação direta ou paráfrase. Não se esqueça de indicar os produtores das falas.
  3. Verifique se é melhor dividir o texto em blocos, com intertítulos. Com eles, você pode explorar temas menores relacionados ao tema maior.
  4. Produza ou selecione em material já produzido fotos que contribuam para a exposição e escreva legendas.
  5. Se possível use recursos complementares, como mapas e gráficos.
  6. Defina um título preciso e atraente e redija uma linha fina.
  7. Faça a nova versão do texto, prestando atenção na linguagem, que deve ser adequada a um público amplo. Não deixe de fazer uma boa revisão da escrita.
Orientação para acessibilidade

Atividade 8

Caso haja estudantes cegos na turma, eles podem trabalhar a diagramação do texto do modo que acharem mais oportuno e com base nos recursos de que dispõem.

8. Trabalhe na diagramação do texto: usará colunas? Fará um ou mais olhos? Mesclará cores?

Fotomontagem. Dois garotos de camiseta preta segurando cadernos. Atrás deles, barras coloridas. Destaque para as mãos de uma pessoa segurando folhas de papel. Na primeira delas, o título: REPORTAGEM. Ao fundo, grafismos.

Vamos avaliar?

Reúna-se com seu grupo e avaliem os critérios a seguir.

A

A reportagem apresenta o tema com clareza e detalhes?

B

O tema conta com aprofundamento? O material pesquisado para a reportagem filmada foi bem aproveitado?

C

O texto é coerente, claro e conta com linguagem adequada ao contexto de produção?

D

O título é informativo e chama a atenção? A linha fina antecipa informações importantes?

E

Os recursos complementares, se presentes, contribuem para a abordagem do tema?

F

A diagramação colabora para tornar a leitura mais agradável?

É lógico!

Observe que as perguntas podem ser transformadas em uma lista de ações que você pode seguir em futuras produções de reportagens.

No final da avaliação, cada grupo deve eleger uma das reportagens produzidas por seus integrantes para divulgação no mural da escola. Depois, considerando o conjunto de produções, a turma deverá escolher um dos textos e tentar publicá-lo no jornal local.

Respostas e comentários

E se a gente... retextualizasse a reportagem?

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 4, 9 e 10.

cél: 1, 2 e 3.

céupi: 1, 2, 3, 6 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê zero seis, ê éfe seis nove éle pê zero sete, ê éfe seis nove éle pê zero oito, ê éfe oito nove éle pê zero oito e ê éfe oito nove éle pê zero nove.

Orientações didáticas

Nesta etapa, os estudantes devem elaborar, individualmente, uma reportagem escrita a partir do mesmo material que coletaram para a produção da reportagem filmada. Converse com eles sobre as adaptações que precisarão fazer para a produção do novo texto, considerando a transposição da modalidade falada para a escrita.

Para a divulgação, sugerimos a publicação em um mural acessível a todos os estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais. Os textos podem ficar dentro de sacos plásticos para que seja fácil retirá-los para leitura. Se considerar interessante, deixe, junto com os textos, papel e caneta para que os leitores possam fazer comentários acerca dos textos que leram. Eles podem colocá-los no mesmo saco plástico em que está a reportagem. Com isso, os estudantes têm a experiência de ser lidos por leitores diversos.

Sugerimos, ainda, que uma das produções da turma seja encaminhada a um jornal local com a proposta de publicação.

Vamos avaliar? – Reveze as reportagens entre os grupos para que todos as conheçam e seja possível fazer a eleição. A divulgação delas no blog facilita o processo. Entre em contato com um jornal, por e-mail, telefone ou pessoalmente, para tentar a publicação. Se achar adequado, forme uma comissão de estudantes que ficará responsável por esse contato.

Fora da caixa

Como as coisas acontecem fóra da escola?

Como estudantes, vivenciamos a rotina escolar e podemos contribuir com ideias para o bom funcionamento da instituição e para a construção de boas relações entre as pessoas ligadas a ela. fóra dêsse espaço, como cidadãos, também podemos participar ativamente de discussões relativas aos interesses coletivos e exercer nossa cidadania.

Veja, a seguir, trechos de um manifesto escrito por jovens de 16 a 24 anos com o propósito de mobilizar a juventude brasileira a pedir a inclusão de educação climática nos currículos das escolas.

Manifesto é um gênero textual que consiste em um tipo de declaração persua­siva com o objetivo de expor publicamente ideias e opiniões acerca de determinado assunto.

Etapa 1 Analisando um manifesto

Adesão ao Manifesto Jovens pela Educação Climática

Que alegria ter você aqui, nos ajudando a fazer com que a Educação Climática seja acessível a todos e construa um futuro saudável para o planeta.

MANIFESTO JOVENS PELA EDUCAÇÃO CLIMÁTICA

Recomendamos e demandamos que educação climática e socioambiental sejam implantadas em todas as escolas e institutos de Educação Básica do Brasil, de fórma que os estudantes não sejam somente preparados para o vestibular e o mercado de trabalho tradicionais, mas que se formem como cidadãos globais, atuantes no combate à crise climática. No mundo atual, todo profissional tem relação com o clima, a diferença é se ele está trabalhando contra ou a favor.

O manifesto é um gênero que assume tons bem diversos, da crítica contundente ao deboche, que aparece, por exemplo, em alguns manifestos artísticos.

1. Qual é o tom dêsse manifesto? Qual é o efeito produzido por esse tom?

O manifesto foi escrito por jovens para apresentar ao público propostas relacionadas à inclusão de educação climática e socioambiental nas escolas e institutos educacionais do país.

  1. Demandamos expressa a ideia de reivindicação e não de pedido. Qual é o efeito dessa fórma verbal no contexto do manifesto?
  2. Para justificar sua demanda, os jovens descrevem aqueles que são, na visão deles, os atuais objetivos da educação. Identifique-os.
  3. A meta do manifesto é substituir esses objetivos por aqueles que estão sendo apresentados? Justifique sua resposta.
Respostas e comentários

1. Há um tom afetivo, que contribui para aproximar o leitor da ideia que está sendo proposta.

2. Demandar evidencia que os jovens estão solicitando algo que consideram ser um direito.

3. Formar o jovem para o vestibular e para o mercado de trabalho.

4. Não. A meta é acrescentar educação climática e socioambiental, fator ligado à formação de cidadãos. O texto expressa a ideia de adição por meio de “não somentereticências mas”.

fóra da caixa

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 6, 7, 8, 9 e 10.

cél: 1, 2, 3 e 4.

céupi: 1, 2, 3, 6 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois sete, ê éfe seis nove éle pê dois oito, ê éfe oito nove éle pê um oito, ê éfe oito nove éle pê um nove e ê éfe oito nove éle pê dois zero.

Orientações didáticas

Em consonância com a Bê êne cê cê, procuramos, nesta coleção, colocar os estudantes em contato com gêneros que favoreçam o desenvolvimento da autonomia moral e intelectual (ler sobre este tópico no ême pê geral) e do pensamento crítico para que se sintam estimulados a se envolver nas questões de interesse coletivo.

Etapa 1 – Explique aos estudantes que estão lendo parte do manifesto e que há um formulário de adesão à causa.

Nossas propostas são:

– Implementar educação climática em todas as escolas do Ensino Básico do Brasil, sejam elas públicas ou privadas;

Garantir que os planos didáticos incluam conteúdo científico atualizado, desenvolvendo habilidades para além do foco no vestibular;

– Incentivar os alunos a se tornarem protagonistas de suas vidas, através de engajamento com atividades extracurriculares conectadas a suas localidades e integradas aos movimentos mundiais;

– Promover formação aos professores e à comunidade escolar nos temas relacionados à crise climática e sustentabilidade e incentivá-los a incluir as pautas em diversas disciplinas, já que este é um assunto complexo e multidisciplinar;

Aproximar os alunos com o meio ambiente, através de vivências escolares que os conectem com outros espaços em sua comunidade, buscando desenvolver esse contato e preocupação com a natureza;

– Preparar os ambientes físicos das escolas para se adaptarem às novas realidades climáticas como alagamentos, calor, falta de luz, insegurança alimentar e tantas outras.

Temos esperança no poder transformador da educação. Ela é capaz de engajar, mudar, conectar e transformar jovens agentes do presente, que irão garantir um futuro saudável para a humanidade e todos os outros seres que convivem conosco neste planeta. Chamamos, então, toda a sociedade, a juventude, escolas, professores e coordenadores, a ocuparem papéis ativos contra as mudanças climáticas e lutarem por uma educação que revolucione.

Se você se propõe a ser um agente de mudança para ver a educação climática em prática no Brasil, junte-se a nós neste manifesto reticências.

THE CLIMATE REALITY PROJECT BRASIL. Manifesto Jovens pela Educação Climática – Por uma Educação Climática no Ensino Básico Brasileiro. [sem local], 12 agosto 2021. Disponível em: https://oeds.link/Gk1iqQ. Acesso em: 30 abril 2022.

As propostas são apresentadas em itens.

  1. Qual recurso foi usado para estabelecer paralelismo entre todos os itens?
  2. Qual é a vantagem dessa fórma de apresentação?

Na conclusão, os autores reafirmam seu ponto de vista, enfatizando o papel da educação como agente de transformação.

7. Por que, consi­derando o contexto, a expressão é capaz tem valor ­persuasivo?

O texto é encerrado com uma convocação para participação na ação promovida pelo manifesto.

8. Segundo o texto, a responsabilidade por mudar a educação cabe aos educadores e aos estudantes? Explique sua resposta.

Respostas e comentários

5. Todos os itens são iniciados por verbos no infinitivo, que indicam ações que devem ser postas em prática.

6. Essa fórma de apresentação facilita a leitura do texto ao organizá-lo em blocos de dados, facilmente reconhecíveis.

7. A expressão indica, de modo assertivo, que a educação tem habilidades que permitem alcançar os objetivos pretendidos pelos autores.

8. Não. O manifesto dirige-se a “toda a sociedade”, convocando-a para lutar por uma educação transformadora.

Etapa 2 Debatendo as propostas do manifesto

Você assinaria o manifesto, juntando-se ao grupo de estudantes que reivindica a inclusão da educação climática no currículo escolar?

  1. A fim de preparar-se para um debate, forme uma dupla com um colega, releiam o manifesto e discutam entre vocês as propostas.
  2. Considerem as informações disponíveis neste trecho de uma reportagem e verifiquem se alteram sua opinião ou seus argumentos.
Fotografia aérea. Queimada na Amazônia. À direita, área desmatada com muita fumaça. À esquerda, parte da floresta.
Queimadas na Amazônia têm alta. Foto aérea de 2019.

reticências uma pesquisa divulgada em 5 de novembro [2021] pela Organização das Nações Unidas mostrou que apenas 53% dos currículos educacionais de 100 países mencionam as mudanças climáticas. Quando o fazem, é algo superficial.

Além disso, a ônu informou que somente 40% dos 58 mil professores entrevistados se sentem confiantes para ensinar sobre a gravidade do tema, e 1/3 diz ter segurança para explicar os impactos das mudanças climáticas nas regiões onde vivem.

orrana, Victor. Projeto de lei inclui mudanças climáticas nos currículos escolares. CartaCapital, [sem local], 9 novembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/E1B8u6. Acesso em: 30 abril 2022.

  1. Agora que já se dedicaram à reflexão, o professor vai organizar a turma para dar início ao debate. Não se esqueçam de que o princípio de um debate é a argumentação e o respeito ao posicionamento do outro, independentemente das opiniões. O limite, como vocês já sabem, é o respeito aos direitos humanos.
  2. Lembrem-se de que a comunicação clara e a escuta atenta são fundamentais para uma discussão saudável em prol da troca de conhecimento.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapa 2 – O debate é uma situação de aprendizado e de sistematização de conhecimento que deve ser sempre trazida para o espaço escolar. Como mediador, ofereça apoio aos estudantes que apresentarem dificuldade em participar.

Veja se, durante a discussão, a turma faz menção aos dados da reportagem, que problematizam a proposta dos estudantes. Caso não o faça, no final, retome esses dados e ajude os estudantes a perceber que as discussões ganham profundidade quando são considerados aspectos divergentes.

Glossário

Associação Internacional de Práticos
: O prático marítimo é um con­dutor de embarcações especializado em uma área específica. Ele orienta o comandante quando a embarcação se aproxima do porto e, depois, o substitui na pilotagem.
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