Capítulo 5 – Um olhar atento e crítico

Ser cronista é perceber, nas situações do dia a dia, algo que a maioria das pessoas não vê. Passando pela rua, recebendo informações pela ­mídia, lendo literatura, o cronista capta um detalhe da realidade e ­procura apresentá-lo a seus leitores de um modo inovador. Vamos conhecer, neste capítulo, um dos tipos de crônica: a crônica reflexiva.

Leitura 1 CRÔNICA REFLEXIVA

Iniciaremos com a leitura de uma crônica de Marina Colasanti, ­escritora de grande prestígio no Brasil. Antes de ler o texto, responda:

  1. O que chama a atenção no título da crônica “Generosa vingança”?
  2. De que assuntos uma crônica com esse título pode tratar?

Agora, leia o texto e descubra se o que imaginou realmente se ­aproxima do que foi apresentado pela cronista.

Generosa vingança

Passei num ponto da calçada onde sempre passo, e já não era a mesma calçada. Justo no dia anterior eu havia me detido naquele ponto, surpresa de nunca ter reparado na árvore que agora me atraía. Um fícus. Mas, para lá de toda definição botânica, uma presença majestosa, um verde amplo como campo suspenso, plena harmonia de ramos e folhas, de luz refletida e sombra projetada. O tronco plural – fícus nunca têm um único tronco, mas uma entidade tronco feita de filamentos, acréscimos, ondulações – projetava-se um tanto sobre a rua para escapar dos edifícios. Reparei, não sem uma ponta de inquietação, que raízes haviam quebrado uma parte da calçada e protuberavamglossário no asfalto. E me iludi pensando que as autoridades, sempre tão cegas, não reparariam nesse avançar.

Repararam. Passei na calçada onde sempre passo, e todo aquele ­trecho, antes acolhedor como um bosque, havia sido brutalmente despido. Uma luz descarada alastrava-se como inundação por toda parte, rodeando o tronco que, justo no dia anterior, eu havia acariciado com o olhar. E não havia uma única folha.

Não foi uma poda razoável. Foi uma tentativa de assassinato. Cortaram os galhos junto ao tronco como se decepassem braços junto ao ombro. Nada sobrou além do monólitoglossário vegetal, espécie de menirglossário urbano com que só os deuses podem dialogar. E não duvido que funcionários venham com serras mais potentes para eliminá-lo.

Respostas e comentários

1 e 2. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

CAPÍTULO 5

Leia sobre o percurso de aprendizagem proposto para este capítulo na parte específica deste ême pê.

Leitura 1

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4 e 8.

cél: 1, 2, 3 e 5.

céupi: 1, 2, 3, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis nove éle pê cinco três, ê éfe oito nove éle pê zero seis, ê éfe oito nove éle pê três três, ê éfe zero oito éle pê zero nove e ê éfe zero oito éle pê um seis.

Orientações didáticas

Questões 1 e 2 – Antes de iniciar a leitura da crônica, converse com a turma sobre as questões propostas. É esperado que o título provoque interpretações diferentes, tendo em vista que generosa pode expressar a ideia de grande quantidade (sentido de abundante) ou de qualidade nobre, superior (sentido de magnânimo, benévolo). No primeiro caso, o título sugere uma desforra em grau elevado; no segundo, uma relação inusitada, já que o ato de revide é qualificado positivamente. A interpretação do título será retomada na última questão da subseção Desvendando o texto.

Na sequência, solicite aos estudantes que façam uma leitura silenciosa da crônica. Depois, peça a eles que formem trios – ou quartetos no caso de turmas muito numerosas. Os estudantes devem fazer uma paráfrase (dizer com as próprias palavras), acompanhando os parágrafos. Em seguida, peça-lhes para dividir o texto em três partes, observando a mudança na abordagem da experiência, e para dar um título a cada bloco. Para isso, devem observar que os parágrafos 1 a 3 tratam da experiência da cronista com o fícus; 4 a 6 abordam seu conhecimento sobre o comportamento das plantas proveniente das teorias de um especialista; 7 e 8 mostram o sentimento da autora diante de uma nova planta observada. Convide um grupo para apresentar sua divisão e títulos e verifique se uma segmentação diferente foi feita. Se ocorreu, compare-as. Por fim, peça a um ou mais estudantes para fazer a leitura em voz alta, respeitando o ritmo, as pausas, as hesitações e a entonação indicados pela pontuação.

Fotomontagem. Fotografia em preto e branco de uma cidade com grandes prédios. Sobreposta entre eles, a fotografia de uma árvore frondosa. Atrás dela, ilustração de aves e insetos e retalhos coloridos.

Justamente nesses dias, Daniel [estadunidense radicado em Israel] havia nos dito que as plantas sentem quando são tocadas, percebem cheiros e gostos, podem ver. Chamovitz sabe tudo do assunto, é geneticistaglossário de plantas, autor de um livro What a plant knows [O que uma planta sabe].

Já sabíamos que tomateiros reagem com pavor quando um tomateiro vizinho é atacado, que estremecem quando feridos ou queimados com fósforo. O que não sabíamos – eu, pelo menos – é que, ao ser atacada, uma árvore – suponho que também um tomateiro – libera no ar substâncias químicas que outra árvore – ou tomateiro – sente. Sistema defensivo útil quando se trata de um ataque de insetos ou de uma praga, contra a qual a criatura vegetal ao lado pode criar mecanismos de defesa. Mas esforço sem resultado se o atacante é um ser humano. E patético quando ele vem armado de serra e machado.

Teriam as outras árvores da calçada, tão menos exuberantes, captado a tortura à qual a companheira estava sendo submetida? Árvores sabem distinguir luzes, as azuis, das vermelhas. Mas desconhecem intenções, e não tinham como saber que só o fícus havia sido marcado para morrer. Durante horas, um pavor desnecessário e invisível habitou aquele trecho de calçada. Impossibilitadas de fugir, elas temeram igual destino.

Hoje tive minha vingança. Voltando para casa, com a alma ainda amarrotada pelo ataque ao fícus, reparei num mamoeiro que o acaso, ou a mão devota de alguém, plantou no canteiro frente a um prédio. Um mamoeiro inesperado e tão jovem, da minha altura, delicado como sabem ser os mamoeiros, tronco esguio e limpo, folhas de longo talo simetricamenteglossário esparsasglossário no alto. Jovem, mas já trabalhando com firmeza. Junto ao tronco, no despontar dos talos, havia produzido brotos que logo seriam flores, e flores brancas que mais lentamente seriam frutos.

A vingança é da natureza, respondendo, com multiplicação e abundância, à brutalidade dos ataques. Mas a faço minha, pelo vazio que senti com a ausência na calçada, e pelo risco de atropelamento que corro atendendo aos encantos vegetais.

COLASANTI, Marina. Generosa vingança. Marina Colasanti, 21 julho 2016. Disponível em: https://oeds.link/NGSHmm. Acesso em: 20 abril 2022.

De quem é o texto?

Fotografia. Marina Colasanti, senhora de cerca de 80 anos, branca de cabelos ruivos. Tem olhos pequenos e lábios rosados. Usa um grande colar com um pingente circular.
Marina Colasanti em foto de 2017.

Marina ­Colasanti () nasceu na Eritreia, então colônia italiana na África, e chegou ao Brasil após a Segunda Guerra Mundial. Trabalhou como jornalista e tradutora. Publicou várias obras de poesia e prosa. Em suas crônicas, a escritora usa uma linguagem simples, despojada, para refletir sobre as várias experiências humanas.

Biblioteca cultural

Conheça a página da escritora Marina Colasanti na internet: https://oeds.link/iWn9tg. Acesso em: 5 maio 2022. Outras crônicas e entrevistas dadas por ela podem ser lidas ali.

DESVENDANDO O TEXTO

  1. A crônica trata da poda radical feita em uma árvore.
    1. Como a cronista soube dêsse fato?
    2. A relação dela com a árvore era recente ou antiga? Justifique sua resposta.
    3. A cronista achava que a árvore poderia sofrer alguma intervenção humana? Explique sua resposta.
  2. Releia os três primeiros parágrafos.
    1. Devido à cor, com o que a árvore foi comparada no primeiro parágrafo?
    2. No momento da escrita da crônica, como a árvore se apresentava?
    3. A cronista menciona o surgimento de uma luz descarada. Consulte um dicionário e anote o significado do adjetivo. A expressão poderia ser trocada por luz forte sem alteração de seu efeito? Por quê?
  3. Para a cronista, a poda foi, na verdade, uma tentativa de assassinato.
Versão adaptada acessível

Atividade 3, itens a até c.

a) Por que classificar o ocorrido dessa maneira humaniza a árvore?

b) Escreva a comparação que explicita essa humanização.

c) Escreva o trecho que revela uma atitude carinhosa da cronista com a árvore, portanto oposta à violência que a levou a chamar o ocorrido de tentativa de assassinato.

  1. Por que classificar o ocorrido dessa maneira humaniza a árvore?
  2. Transcreva a comparação que explicita essa humanização.
  3. Copie no caderno o trecho que revela uma atitude carinhosa da cronista com a árvore, portanto oposta à violência que a levou a chamar o ocorrido de tentativa de assassinato.
  1. A menção ao que disse um especialista em plantas introduz um aspecto novo no relato.
    1. O que o exemplo dos tomateiros revela?
    2. Como essa informação sobre as plantas foi usada na reflexão sobre a poda do fícus?
    3. Por que a reflexão sobre certas habilidades das plantas torna a poda do fícus mais impactante para o leitor?
    4. A cronista afirma que o sistema defensivo das plantas é patético diante de serras e machados. Qual é o significado da palavra nesse contexto: “o que causa piedade” ou “o que provoca riso”?
  2. Para concluir o texto, a cronista relata mais uma situação envolvendo plantas.
    1. Por que ela considerou o mamoeiro observado como uma vingança da natureza?
    2. A expressão generosa vingança, que é o título da crônica, contém uma contradição. Por quê?
    3. Qual é a sua interpretação dêsse título?
Fotomontagem. Cidade com muitos prédios e três grandes árvores à frente. Sobreposta a fotografia, ilustração de aves. Ao fundo, grafismos.
Respostas e comentários

A cronista costumava passar pela calçada onde se encontrava a árvore que foi podada.

1b. Era recente, pois ela diz ter se surpreendido, justamente no dia anterior, com o fato de não ter reparado na árvore antes.

1c. Sim. A cronista relata ter ficado inquieta com a possibilidade de uma intervenção, pois as raízes da planta tinham invadido a calçada, mas acreditou que nada aconteceria porque as autoridades não costumam perceber os problemas urbanos.

2a. Com um campo suspenso.

2b. A árvore estava reduzida ao tronco, sem galhos nem folhas.

2c. Descarada é o mesmo que sem-vergonha, cínica. Embora o adjetivo forte seja compatível com a imagem da luz que substituiu a sombra, não expressa o efeito negativo, crítico, pretendido pela cronista.

3a. Podar é uma ação feita apenas em vegetais. Tentativa de assassinar é um crime cometido contra humanos.

3b. “Cortaram os galhos junto ao tronco como se decepassem braços junto ao ombro.”

3c. O trecho é “eu havia acariciado com o olhar”.

4a. Revela que as plantas têm sentimentos e reações semelhantes às dos seres humanos.

4b. Sabendo que as plantas podem reagir a ataques, a cronista imaginou como se sentiram as demais árvores da rua diante do ataque ao fícus.

4c. Porque a observação dêsse aspecto personifica as plantas, aproximando-as do universo humano e favorecendo a compreensão do drama delas.

4d. “O que causa piedade”.

5a. Porque ele cresce em um canteiro na frente de um prédio, sobrevivendo aos atos de brutalidade contra as plantas.

5b. Porque a vingança pressupõe um ataque ao outro, enquanto a generosidade é uma ação em benefício do outro.

5c. Resposta ­pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que o título mostra que a natureza insiste em sobreviver aos ataques humanos e se impor, o que corresponderia à vingança, mas, ao fazer isso, oferece, ao mesmo tempo, benefícios.

COMO FUNCIONA UMA CRÔNICA REFLEXIVA?

Tomando por base o texto de Marina Colasanti, vamos agora refletir sobre algumas características do gênero textual crônica reflexiva.

1. Explique de onde podem surgir as ideias para a escrita de uma crônica.

Versão adaptada acessível

Atividade 2.

Escreva o item que melhor analisa a crônica lida.

I. Usa o humor para fazer uma crítica.

II. Apresenta uma confissão sentimental.

III. Faz observações sobre um fato cotidiano.

  1. Copie no caderno o item que melhor analisa a crônica lida.
    1. Usa o humor para fazer uma crítica.
    2. Apresenta uma confissão sentimental.
    3. Faz observações sobre um fato cotidiano.
  2. Ainda em relação ao texto, responda:
    1. A cronista diz que voltou para casa com a alma ainda amarrotada. Como você interpreta essa expressão?
    2. Você acha que essa crônica tem aspectos mais objetivos ou mais subjetivos? Por quê?

Lembra?

A objetividade relaciona-se àquilo que está fóra de nós, enquanto a subjetividade envolve o espaço íntimo do indivíduo, seus sentimentos, impressões e opiniões.

Da observação para a teoria

O gênero textual crônica abrange textos que apresentam um fato da vida comum sob uma perspectiva nova e pessoal.

Entre os vários tipos de crônica, destacam-se as crônicas narrativas, que desenvolvem um enredo, e as crônicas reflexivas, que apresentam observações e impressões do cronista acerca de um assunto. Nos dois casos, predominam o tom de conversa (linguagem informal) e o estilo criativo.

Leitura 2 CRÔNICA REFLEXIVA

A seguir, você vai ler mais uma crônica e observar como ela é construída. Quem a escreveu foi o escritor Edweine Loureiro.

Robôs 

O futuro chegou! No outro dia, em Kameido, bairro de Tóquio, parei em uma loja de conveniência para comprar uma garrafa de água. Distraído como só um escritor pode ser, fui até o peguei a garrafa e dirigi-me ao caixa. Mas qual não foi minha surpresa quando, chegando ao local do pagamento, não vi ninguém! Nesse instante, olhando ao redor, gritei um “sumimassên” (algo como “desculpe, mas ninguém vai me atender?!”). A resposta, porém, não veio. E foi aí que me dei conta: diante de mim, no caixa, havia uma máquina na qual o cliente poderia fazer o pagamento por sua conta e levar o produto. Ainda desconfiado, olhei mais uma vez para os quatro cantos da loja: até que finalmente entendendo o processo, efetuei o pagamento e saí correndo daquele lugar frio e medonho.

Respostas e comentários

1. As ideias podem surgir de situações banais do dia a dia, como passar por uma calçada e observar que uma árvore foi podada.

2. Item III.

3a. Espera-se que os estudantes associem a expressão com a ideia de que a cronista voltou para casa muito triste, incomodada com a situação.

3b. Espera-se que os estudantes indiquem que essa crônica tem aspectos mais subjetivos, porque o assunto é apresentado com base em uma perspectiva pessoal, com a inclusão de experiências particulares e a expressão de sentimentos.

Orientações didáticas

Como funciona uma crônica reflexiva? – Sugerimos que as questões sejam resolvidas coletivamente e que você amplie as observações sobre o gênero a partir do que os estudantes apontarem.

Leitura 2

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4, 7, 8, 9 e 10.

cél: 1, 2, 3, 4 e 5.

céupi: 1, 2, 3, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis nove éle pê cinco três, ê éfe oito nove éle pê zero seis, ê éfe oito nove éle pê três dois e ê éfe oito nove éle pê três três.

Orientações didáticas

Peça aos estudantes que façam a leitura silenciosa e planejem um modo de ler a crônica em voz alta, considerando o sentido do texto. Veja se há voluntários para uma apresentação à turma e oriente-os a ler respeitando o ritmo, as pausas, as hesitações e a entonação indicados pela pontuação.

Sim, acreditem: a experiência pode ser assustadora. Entrar em um local e ter de lidar apenas com uma máquina, sem nenhuma interação humana, parece um prenúncio do fim de nossa espécie – algo do tipo “O Exterminador do Futuro”. Sei que muitos podem contra-argumentar: é melhor isso do que receber na cara as grosserias próprias de muitos atendentes de lojas. De fato, não vou discordar: tem essa vantagem. Mas mesmo esse aspecto torna-se preocupante; pois uma palavra amarga, pelo menos, ainda tem um quê de calor humano.

Estou exagerando? As máquinas podem também ser amigas da humanidade? Claro que podem. E podem, inclusive, salvar nossas vidas. É o caso das cirurgias que hoje são uma realidade graças à ajuda da tecnologia robótica (li isso em algum lugarreticências teria sido num livro de Isaac Asimov?). De todos os modos, os robôs estão aí e já começam a dividir conosco várias tarefas. E o Japão, naturalmente, tem sido mais uma vez referência nesse campo. Há um mês, levei meu filho a uma dessas exposições realizadas por universidades de tecnologia locais. O pequeno obviamente ficou fascinado com os movimentos dos robôs. E eu também. Havia, por exemplo, um deles, gigantesco, creio que com uns três ou quatro metros de altura, que levantava objetos pesados – era este um robô programado para ajudar em construções e afins. Confesso que, enquanto observava tal gigante, fiquei imaginando se algo do tipo caísse em mãos erradas. Um perigo que, infelizmente, sempre há. 

Pois sim, para o bem ou para o mal, o fato é que a chamada inteligência artificial já domina as nossas vidas. Mas ainda é cedo para saber se vamos precisar da ajuda de Por enquanto, no Japão, ainda há lojas de conveniência com sorrisos humanos ao balcãoreticências Esperem. Aquela atendente japonesa não sorri jamais e, toda vez que um cliente vai pagar, ela repete automaticamente a mesma frase. O seu colega, ao lado, a mesma coisa. Seriam androides? Na dúvida, vou pagar logo e dar o fóra daqui!reticências

LOUREIRO, eduêine. Robôs. Jornal em Dia, Bragança Paulista, 11 dezembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/Oab8lV. Acesso em: 20 abril 2022.

De quem é o texto?

Fotografia. Edweine Loureiro, homem de cerca de 50 anos, com cabelo grisalho e curto. Usa óculos de armação retangular. Tem o nariz grande e o rosto arredondado.
eduêine Loureiro em foto de 2021.

eduêine ­Loureiro (1975-) nasceu em Manaus e hoje reside no Japão. É ­cronista, contista, poeta e pro­- fessor. Recebeu prêmios literários no Brasil e no exterior. É autor da obra Crônicas de um latino sol nascente, entre outros livros.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

  1. A frase O futuro chegou!” abre a crônica.
    1. A que experiência vivida pelo narrador ela se refere?
    2. Que efeito de sentido essa frase exclamativa produz em relação ao que será lido?
Versão adaptada acessível

Atividade 2, itens a e b.

No segundo parágrafo, o cronista analisa a experiência que viveu.

a) Que sentimento ela provocou?

b) Escreva um trecho do texto que evidencie o que provoca esse sentimento.

  1. No segundo parágrafo, o cronista analisa a experiência que viveu.
    1. Que sentimento ela provocou?
    2. Transcreva um trecho que evidencie o que provoca esse sentimento.
  2. O cronista reconhece que os robôs já fazem parte da vida cotidiana.

a) Qual é a opinião dele sobre essa realidade?

Respostas e comentários

1a. À presença de uma máquina no lugar de um atendente de caixa em uma loja de conveniência.

1b. A frase gera expectativa ao sugerir o espanto ou admiração do cronista.

2a. A experiência provocou apreensão.

2b. Segundo ele, a ausência de figuras humanas na loja “parece um prenúncio do fim da nossa espécie”.

3a. Ele é crítico em relação a essa realidade. Reconhece os benefícios, mas também as perdas e os possíveis riscos da inteligência artificial.

b) Ao refletir sobre o uso de robôs, o cronista afirma: “enquanto observava tal gigante, fiquei imaginando se algo do tipo caísse em mãos erradas”. No contexto, qual é o sentido da expressão cair em mãos erradas e qual é a sua função na argumentação?

  1. Releia o último parágrafo do texto.
    1. O que leva o cronista a supor que os atendentes sejam androides?
    2. O leitor não deve concluir que o cronista acredita estar, de fato, diante de androides. Que efeito ele produziu com esse desfecho?
  2. Um dos recursos dessa crônica é a intertextualidade.

a) Releia este trecho.

As máquinas podem também ser amigas da humanidade? Claro que podem. E podem, inclusive, salvar nossas vidas. É o caso das cirurgias que hoje são uma realidade graças à ajuda da tecnologia robótica (li isso em algum lugarreticências teria sido num livro de Áizek Ázimóv?).

O escritor russo naturalizado estadunidense Áizek Ázimóv (19201992) é um dos escritores de ficção científica de maior destaque. O que a referência a suas obras sugere sobre o avanço tecnológico?

Fala aí!

Se você tivesse vivido a mesma experiência do cronista, também a consideraria assustadora? Qual é a sua opinião sobre o uso crescente da inteligência artificial na vida cotidiana?

b) Leia a sinopse do filme de ficção científica O Exterminador do Futuro (1984), a que o cronista se refere em dois momentos.

Num futuro próximo, a guerra entre humanos e máquinas foi deflagrada. Com a tecnologia a seu dispor, um plano inusitado é arquitetado pelas máquinas ao enviar para o passado um androide (Arnold com a missão de matar a mãe ( daquele que viria a se transformar num líder e seu pior inimigo. Contudo, os humanos também conseguem enviar um representante (máicol bin) para proteger a mulher e tentar garantir o futuro da humanidade.

VICTOR, Marco. 10 filmes com viagem no tempo para quem gostou de O Projeto Adam. Jornada giqui, Juiz de fóra, 14 março 2022. Disponível em: https://oeds.link/tkO3h0. Acesso em: 2 agosto 2022.

O cronista se equivocou ao citar o ator , que, no filme, interpreta o androide. Explique esse equívoco.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Locutor: O nascimento da crônica”, de Machado de Assis

Locutora: Nascido em 1839 na cidade do Rio de Janeiro, Machado de Assis viveu por 69 anos na capital fluminense. Dono de incomparável talento, ele publicou textos dos mais diversos gêneros. Em grande parte deles, voltava o olhar para a sociedade local, a fim de estabelecer críticas a alguns costumes.

Em O nascimento da crônica, que você ouvirá a seguir, Machado de Assis reflete sobre a origem da crônica, tomando como base uma situação bastante simples do dia a dia, o que nos faz pensar sobre as ações e reações cotidianas das pessoas, além de algumas características desse gênero.

[Música de fundo]

Narrador: Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica.

Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas.

[som de passarinhos]

No paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que esta razão é provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do primeiro homem.

Quando a fatal curiosidade de Eva fez-lhes perder o paraíso, cessou, com essa degradação, a vantagem de uma temperatura igual e agradável.

[som de trovão]

Nasceu o calor e o inverno; vieram as neves, os tufões, as secas, todo o cortejo de males, distribuídos pelos doze meses do ano.

Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda a probabilidade de crer que foi coetânea das primeiras duas vizinhas.

[Música chorinho de fundo]

Essas vizinhas, entre o jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia. Provavelmente começaram a lastimar-se do calor. Uma dizia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha a camisa mais ensopada que as ervas que comera. Passar das ervas às plantações do morador fronteiro, e logo às tropelias amatórias do dito morador, e ao resto, era a coisa mais fácil, natural e possível do mundo. Eis a origem da crônica.

Que eu, sabedor ou conjeturador de tão alta prosápia, queira repetir o meio de que lançaram mãos as duas avós do cronista, é realmente cometer uma trivialidade; e contudo, leitor, seria difícil falar desta quinzena sem dar à canícula o lugar de honra que lhe compete. Seria; mas eu dispensarei esse meio quase tão velho como o mundo, para somente dizer que a verdade mais incontestável que achei debaixo do sol é que ninguém se deve queixar, porque cada pessoa é sempre mais feliz do que outra.

Não afirmo sem prova.

[Som de sino]

Fui há dias a um cemitério, a um enterro, logo de manhã, num dia ardente como todos os diabos e suas respectivas habitações. Em volta de mim ouvia o estribilho geral: que calor! Que sol! É de rachar passarinho! É de fazer um homem doido!

Íamos em carros! Apeamo-nos à porta do cemitério e caminhamos um longo pedaço.

[som de passos]

O sol das onze horas batia de chapa em todos nós; mas sem tirarmos os chapéus, abríamos os de sol e seguíamos a suar até o lugar onde devia verificar-se o enterramento. Naquele lugar esbarramos com seis ou oito homens ocupados em abrir covas: [som de covas] estavam de cabeça descoberta, a erguer e fazer cair a enxada. Nós enterramos o morto, voltamos nos carros, e daí às nossas casas ou repartições.

[som de enxada batendo na terra]

E eles? Lá os achamos, lá os deixamos, ao sol, de cabeça descoberta, a trabalhar com a enxada. Se o sol nos fazia mal, que não faria àqueles pobres-diabos, durante todas as horas quentes do dia?

1 de novembro de 1877.

Locutor: Crédito: "O nascimento da crônica", está em Crônicas Escolhidas de Machado de Assis, da Coleção Folha, foi publicada pela Editora Ática em 1994 e está em Domínio Público.

Da observação para a teoria

As crônicas costumam ser publicadas em jornais, revistas e blogs. Muitas vezes, são criadas com base nos mesmos fatos relatados em notícias e reportagens ou apresentados em gêneros opinativos. No entanto, nas crônicas é empregada uma linguagem mais criativa e semelhante a um bate-papo, pois o objetivo delas não é informar ou persuadir, mas entreter o leitor, surpreendê-lo com um ponto de vista diferente, encantá-lo com um novo modo de expressar as ideias.

Respostas e comentários

3b. A expressão significa, no contexto, que os robôs podem ser usados por pessoas mal-intencionadas. A menção ao risco é um dos argumentos que sustentam o ponto de vista que o cronista está defendendo.

4a. O comportamento robótico, frio deles.

4b. O cronista reforçou o tom bem-humorado ao sugerir, com exagero, que ficou receo­so a ponto de fugir do lugar, além de retomar a crítica às relações que não envolvem o aspecto humano.

5a. O cronista menciona que, talvez, as cirurgias com a ajuda da tecnologia robótica de que se lembra sejam eventos citados na ficção de asimóvi, sugerindo que o universo futurista da ficção científica já está se confundindo com o mundo real.

5b. O cronista sugere que xuarznéguer seja chamado para resolver um possível domínio do ser humano pela inteligência artificial, mas, na realidade, o personagem interpretado pelo ator representa a máquina e não a resistência a ela.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Refletindo sobre o texto – Fala aí! – Em grupos, incentive os estudantes a comentar os prós e contras do uso crescente da i á no cotidiano e a analisar exemplos. Depois, peça a um dos estudantes de cada grupo que faça uma síntese da discussão em, no máximo, um minuto. O próprio grupo deve avaliar se a síntese é fiel à discussão e destaca os dados mais importantes. Faça um comentário de encerramento, com foco nas relações humanas no contexto da robotização, fator discutido na crônica.

Atividade complementar

O cronista cita o autor Isaac Asimov. Proponha questões com base na leitura do trecho de uma de suas obras.

Diante dele, do outro lado da escrivaninha, via-se o cirurgião. A placa em cima da mesa incluía uma série de letras e números de identificação completa que Andrew nem se preocupou em examinar. Bastava chamá-lo de “doutor” e pronto.

— Quando poderá ser feita a operação, doutor? — perguntou.

Em voz baixa, no imperturbável tom de respeito que os robôs sempre usavam com as criaturas humanas, o médico respondeu:

— Creio que não estou entendendo. A que operação o senhor se refere e quem seria submetido a ela?

Poderia ter demonstrado certo ar de intransigência respeitosa, se um robô dessa espécie, de aço inoxidável meio bronzeado, fosse capaz de demonstrar qualquer tipo de expressão.

Andrew Martin observou atentamente a mão direita do médico, acostumada a empunhar o bisturi, pousada sobre a escrivaninha. Os dedos longos eram modelados com articulações metálicas em curvas artísticas tão elegantes e apropriadas que se tornava fácil visualizar os instrumentos cirúrgicos com que deviam, temporariamente, se confundir. O seu trabalho não admitia hesitações, nem tropeços, tremores ou erros. Essa confiança em si mesmo, naturalmente, provinha da especialização, uma aspiração tão ardentemente desejada pela humanidade que raros robôs continuavam dotados de cérebros autônomos. Como esse cirurgião, por exemplo. Só que possuía uma capacidade de inteligência tão limitada que nem reconheceu Andrew e, provavelmente, jamais ouvira falar nele.

asimóvi, I. O homem bicentenário. In: asimóvi, I. êti áli. Histórias de robôs. [sem local]: éle pê ême póqueti, 2005. verbo 2. ibúk.

a) Na crônica, são citadas algumas funções desempenhadas por robôs hoje em dia. Qual delas também aparece nesse trecho de ficção científica?

O robô usado para realizar cirurgias em seres humanos.

b) Que vantagens citadas na crônica e no texto de asimóvi o robô que exerce essa função oferece aos humanos?

Na crônica, os robôs usados em cirurgias podem “salvar nossas vidas”. No texto de ficção científica, o robô cirurgião é preciso e não apresenta comportamentos humanos indesejáveis nessa função, como “hesitações, reticências tropeços, tremores ou erros”.

c) Para o cronista, há também desvantagens na relação entre robôs e humanos. Nesse texto de ficção científica, é possível identificar desvantagens? Explique.

Sim. Embora preciso na execução, o robô cirurgião é frio e sequer reconhece seu paciente, ou seja, falta o trato humano no relacionamento, algo já apontado na crônica.

d) Na sua opinião, com o tempo, a situação representada no texto de Asimov poderá se assemelhar à realidade ou será sempre fantasiosa? Por quê?

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes notem que a situação narrada na crônica, se pensada há muitas décadas, poderia ser vista apenas como história de ficção científica, ao passo que, hoje, é uma realidade.

Se eu quiser aprender MAIS

A conversa com o leitor

Em uma crônica, como você pôde ver, existe certa proximidade entre o autor e o leitor. Esse gênero textual permite construções que, algumas vezes, lembram as de uma conversa. Um dos recursos usados para criar essa sensação é a interlocução explícita, a fala dirigida diretamente ao leitor. Vamos observar esse aspecto.

1. Releia o segundo parágrafo da crônica de eduêine Loureiro.

Sim, acreditem: a experiência pode ser assustadora. Entrar em um local e ter de lidar apenas com uma máquina, sem nenhuma interação humana, parece um prenúncio do fim de nossa espécie – algo do tipo “O Exterminador do Futuro”. Sei que muitos podem contra-argumentar: é melhor isso do que receber na cara as grosserias próprias de muitos atendentes de lojas. De fato, não vou discordar: tem essa vantagem. Mas mesmo esse aspecto torna-se preocupante; pois uma palavra amarga, pelo menos, ainda tem um quê de calor humano.

  1. Na primeira frase, que fórma verbal é usada pelo cronista para falar diretamente com o leitor?
  2. Para marcar a interlocução, que vocativo você colocaria após essa fórma verbal?

Lembra?

Vocativo é um termo utilizado para chamar ou nomear uma pessoa ou algo personificado. É independente dos demais termos da oração e isolado por vírgula.

  1. O cronista cita um suposto contra-argumento mobilizado por quem discorda dele. Transcreva-o no caderno.
  2. O contra-argumento é citado em discurso direto. Explique o efeito buscado com o tipo de discurso na crônica.
  3. De que fórma o cronista responde a esse contra-argumento? Que ideia sua resposta reforça?

2. Leia agora esta tira do cartunista paranaense José Aguiar.

Tirinha. Homem com o rosto traçado em linhas retas. O queixo é triangular. Tem bigode fino e olhos pequenos. Usa cartola, paletó, colete e gravata borboleta. Quadrinho 1: Com uma mão na cintura e a outra na cartola, ele diz: QUER VER UM TRUQUE? Quadrinho 2: De olhos fechados, com as duas mãos na cartola, ele pergunta: GOSTOU? Quadrinho 3: Com os braços abaixados e olhando para frente, ele continua: COMO ASSIM NÃO VIU NADA? Quadrinho 4: De costas e braços cruzados, ele diz: NÃO MANDEI PISCAR ENTRE OS QUADRINHOS...

AGUIAR, José. [Sem título]. [2010 década certa]. uma tirinha.

Respostas e comentários

1a. O imperativo afirmativo acreditem.

1b. Sugestão: Amigos, colegas, caros leitores.

1c. O trecho é: “é melhor isso do que receber na cara as grosserias próprias de muitos atendentes de lojas”.

1d. O uso do discurso direto contribui para aproximar a crônica de uma conversa.

1e. Ele afirma concordar com o contra-argumento, mas sugere haver algo mais importante a considerar, no caso, a manutenção do calor humano. Assim, o cronista reforça sua opinião de que a frieza dos robôs é um aspecto preocupante.

Se eu quiser aprender mais

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1 e 4.

cél: 1, 2 e 3.

céupi: 1, 2, 3 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê um sete, ê éfe seis nove éle pê quatro dois e ê éfe zero oito éle pê um seis.

Orientações didáticas

A seção dá continuidade ao estudo do gênero crônica, focando a interlocução explícita. Esse recurso também é examinado em dois outros gêneros para que os estudantes percebam sutilezas de construção.

Questão 1b – Aproveite a resposta para indicar que cada escolha implica um tom diferente no texto. Amigo ou colega são fórmas mais afetivas, enquanto leitor é uma fórma mais técnica. Observe que palavras e expressões muito informais ou gírias específicas do público adolescente destoariam da linguagem empregada na crônica.

Questão 1d – Comente que o cronista constrói uma formulação que simula o discurso usado por algumas pessoas, o que corresponde ao discurso direto, ainda que não tenha usado marcas que o identificam, como o travessão ou as aspas.

  1. Como percebemos que o personagem da tira está falando diretamente com o leitor?
  2. Em qual quadro o personagem parece reagir a uma resposta?
  3. A palavra amigo poderia ser utilizada como um vocativo na fala do primeiro quadro? Por quê?
  4. No último quadro, a fala e a postura do personagem indicam qual é o sentimento dele com relação ao leitor?

3. Leia a introdução de um artigo publicado em uma revista de curiosidades científicas e culturais.

Não deixe seu cachorro lamber você

As lambidas de amor do seu cãozinho são bem-intencionadas, mas podem dar um banho de perigos na sua saúde.

A mania que seu cachorro tem de lamber todos ao seu redor vem do tempo em que seus ancestrais andavam em matilhas. A lambida era reservada para a “família”, para os animais de quem o cachorro gosta. Hoje em dia, essa família é você – e o pobre do cãozinho tem as melhores intenções do mundo.

O problema é que a saliva dele é cheia de bactérias. A maioria delas não faz mal nenhum aos cachorros, mas pode levar a infecções em outras espécies, como a nossa.

Uma bactéria em especial, a capnotitofága canimorsus, está presente na boca de 75% dos cachorros saudáveis e, na maioria das vezes, uma lambidinha deles não vai causar nenhum problema. Mas a infecção causada por esse microrganismo traz uma taxa de mortalidade de 30%, o que é bastante significativo.

Fotografia. Cachorro na grama. Ele é pequeno, de pelo curto e claro e rabo curvo. Orelhas, olhos e focinho são escuros. Tem a cabeça redonda e está com a língua para fora.
Cachorro da raça pug.

LEONARDI, Ana Carolina. Não deixe seu cachorro lamber você. Superinteressante, São Paulo, 15 julho 2016 [atualização: 31 outubro 2016]. Disponível em: https://oeds.link/sMIOzx. Acesso em: 2 maio 2022.

  1. O produtor do texto expõe um conhecimento científico a um público leigo, isto é, que não conhece o assunto abordado. Qual é esse assunto?
  2. Que estratégia foi empregada no título para motivar a leitura do texto?
  3. Que palavras usadas no título e na linha fina referem-se ao leitor?
  4. Que vantagem há em estabelecer uma relação entre o assunto científico e os aspectos da vida do leitor?
  5. Nem todos os leitores dessa revista são donos de cães. A interlocução com o leitor que possui esses animais tende a provocar o desinteresse dos outros? Explique sua resposta.
Respostas e comentários

2a. Não há outro personagem na tira para que possa ocorrer um diálogo; além disso, o olhar do personagem está voltado para a frente e ele faz referência aos quadrinhos, evidenciando que está consciente da existência do leitor.

2b. No terceiro quadro.

2c. Sim. A primeira fala é um chamamento amistoso.

2d. A fala do personagem e a postura dele, de costas, indicam que ele ficou contrariado com o leitor, que não viu o suposto truque por ter piscado entre os quadrinhos.

3a. A presença de bactérias na saliva dos cães, as quais podem causar infecções em outras espécies e levar à morte.

3b. O título faz uma advertência direta ao leitor, relativa a um comportamento muito comum.

3c. Deixe (sujeito desinencial), seu, você, sua.

3d. O assunto científico torna-se mais próximo do leitor, despertando-lhe o interesse.

3e. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes respondam negativamente. O leitor consegue perceber que se trata de uma estratégia para a exposição das ideias e que estas têm validade não apenas para o grupo de pessoas que têm cachorros.

Falando sobre a nossa língua

Regência verbal, preposição e crase

Releia um trecho da crônica de Marina Colasanti: “A vingança é da natu­reza, respondendo, com multiplicação e abundância, à brutalidade dos ataques”. Note que o verbo responder recebe um complemento: “respondendo” a quê? – à brutalidade dos ataques. As relações de complementação são o foco desta seção.

COMEÇANDO A INVESTIGAÇÃO

Para começar, releia este outro trecho de “Generosa vingança”, prestando atenção aos usos do verbo reparar destacados no texto e responda às questões.

Passei num ponto da calçada onde sempre passo, e já não era a mesma calçada. Justo no dia anterior eu havia me detido naquele ponto, surpresa de nunca ter reparado na árvore que agora me atraía. Um fícus. Mas, para lá de toda definição botânica, uma presença majestosa, um verde amplo como campo suspenso, plena harmonia de ramos e folhas, de luz refletida e sombra projetada. O tronco plural – fícus nunca têm um único tronco, mas uma entidade tronco feita de filamentos, acréscimos, ondulações – projetava-se um tanto sobre a rua para escapar dos edifícios. Reparei, não sem uma ponta de inquietação, que raízes haviam quebrado uma parte da calçada e protuberavam no asfalto. E me iludi pensando que as autoridades, sempre tão cegas, não reparariam nesse avançar.

Repararam. Passei na calçada onde sempre passo, e todo aquele trecho, antes acolhedor como um bosque, havia sido brutalmente despido. Uma luz descarada alastrava-se como inundação por toda parte, rodeando o tronco que, justo no dia anterior, eu havia acariciado com o olhar. E não havia uma única folha.

  1. Quais são os sujeitos do verbo reparar nas três ocorrências?
  2. Em que ocorrências o complemento do verbo reparar é introduzido por preposição?
  3. O sentido do verbo nas ocorrências com e sem complemento é o mesmo. Explique-o.
  4. O que possibilita que o verbo reparar seja entendido com esse sentido, mesmo sem complemento?
  5. O verbo reparar também pode receber diretamente um complemento, sem preposição. Nesse caso, que outros sentidos ele pode ter?

O verbo reparar tem papel importante na construção dessa crônica, já que a escrita do texto é motivada por aquilo que chama a atenção da cronista: um fícus que sofreu poda excessiva, mencionado no início do texto, e um mamoeiro nascido em um canteiro, no final. O ato de reparar é, em geral, um motivador importante das crônicas reflexivas, porque a ideia para sua composição surge, muitas vezes, da percepção de algo banal, que se torna objeto de atenção.

Respostas e comentários

1. Sujeito desinencial na primeira e na terceira ocorrência (referindo-se à cronista e às autoridades, respectivamente) e as autoridades na segunda ocorrência.

2. Em nunca ter reparado na árvore e em não reparariam nesse avançar.

3. O sentido é o de notar.

4. O contexto. É possível inferir, com base no período anterior, que o complemento do verbo reparar, na terceira ocorrência, é nesse avançar. dêsse modo, evidencia-se que seu sentido é, como nas ocorrências anteriores, notar.

5. Sentidos mais comuns de reparar como verbo transitivo direto: (1) consertar; (2) remediar, corrigir.

Falando sobre a nossa língua

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1 e 4.

cél: 1, 2 e 3.

céupi: 1, 2, 3, 4 e 5.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê cinco cinco, ê éfe seis nove éle pê cinco seis, ê éfe zero oito éle pê zero seis e ê éfe zero oito éle pê zero sete.

Tópicos trabalhados na parte de linguagem deste capítulo

  • Preposição.
  • Verbo transitivo e verbo intransitivo.
  • Regência verbal.
  • Regência nominal.
  • Crase.

Orientações didáticas

A Bê êne cê cê prevê, no 8º ano, a ampliação das análises relativas aos aspectos morfossintáticos e da reflexão sobre os elementos constitutivos da oração. Neste capítulo, reiteramos o estudo do verbo como elemento nuclear das orações, de seus complementos e da noção de transitividade para estudar o conceito de regência. Propomos, ainda, o estudo da preposição e do fenômeno da crase, que se articulam com esses tópicos. Vinculamos o estudo ao desenvolvimento de habilidades relativas ao uso consciente e reflexivo das regras da norma-padrão. A identificação de artigos e de pronomes é um pré-requisito desejável.

Como estratégia, sugerimos que você conduza o início do estudo. Após a discussão oral das questões, apresente o conceito de regência e convide os estudantes a explicar a diferença entre verbos intransitivos e transitivos e entre os transitivos diretos e indiretos. Após a exposição, peça que leiam a explicação teórica para consolidação e preparação para a abordagem do conceito de regência e de alguns casos de regência verbal.

Começando a investigação – Questão 5 – Caso os estudantes tenham dificuldade em indicar outros sentidos, apresente exemplos que os ajudem, como “O marceneiro reparou a perna da mesa” ou “O delegado tentou reparar a injustiça”.

No trecho que você leu, o verbo reparar exige complementos: “reparar em quê?” Na árvore e nesse avançar. Tais complementos serão, sintati­camente, dependentes do verbo. Esse tipo de relação de dependência ou subordinação é chamado de regência. Os termos envolvidos são o regente, termo que exige a presença do complemento, e o regido, que assume a função de complemento. Nos casos em que o regente é um verbo, a relação que se estabelece chama-se regência verbal. Quando o regente é um nome, temos a regência nominal.

Acompanhe a análise dos períodos a seguir.

Esquema. Regência verbal. Eu reparei na árvore. reparei: termo regente (verbo) na árvore: termo regido Seta demonstra que na árvore é complemento de reparei.
Esquema. Regência nominal. Passei a sentir saudade da árvore. saudade: termo regente (nome) da árvore: termo regido Seta demonstra que da árvore é complemento de saudade.

Observe, novamente, a relação entre reparar e seu complemento no primeiro período. Como você já estudou, o verbo que prevê um complemento é chamado de verbo transitivo. O verbo transitivo indireto (VTI) tem seu complemento – o objeto indireto – introduzido por uma preposição: A cronista repara na natureza. O verbo transitivo direto (VTD) é aquele cujo complemento – o objeto direto – é introduzido sem a necessidade de uma preposição: A cronista aprecia o mamoeiro.

Lembra?

As preposições mais usadas para introduzir os objetos indiretos são a, de, com, contra, em e para, que podem estar associadas a artigos ou pronomes: do (de + o), naquele (em + aquele), ao (a + o), à (a + a) etcétera

Há também o verbo que não prevê complemento, chamado verbo intransitivo (VI): A cronista andava em uma rua do bairro. Nesse ­exemplo, o verbo andar é acompanhado por um termo acessório, o adjunto ­adverbial, que expressa a circunstância da ação – onde ocorre. Não é um complemento previsto pelo verbo, que já tem seu sentido completo.

Regência verbal

Leia a tira “Avanços tecnológicos”, da cartunista fluminense Clara Gomes.

Tirinha. Quadrinho 1: Joaninha usando notebook. Ela diz: É ÓTIMO ASSISTIR AO DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA... Quadrinho 2: Ela continua falando: OS APARELHOS ESTÃO CADA VEZ MAIS INTELIGENTES... Quadrinho 3: sorridente, finaliza a fala: ...ENQUANTO A GENTE ESTÁ MAIS BURRA, O QUE DÁ UMA EQUILIBRADA!

GOMES, Clara. Avanços tecnólogicos. 2015. uma tirinha. Disponível em: https://oeds.link/gNv7am. Acesso em: 11 maio 2022.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Inicie essa segunda parte discutindo as questões com a turma e, por suas particularidades, dê sequência à leitura da exposição teórica, acompanhando-a por paráfrases. Se considerar conveniente, solicite a realização das atividades 1 a 3 para verificar se houve compreensão da exposição. Já com as dúvidas esclarecidas e a compreensão reencaminhada, podem realizar as atividades 4 e 5, sobre o mesmo conteúdo.

Sugerimos, na sequência, que os estudantes leiam, em duplas, a seção Preposição e crase, procurando compreender a exposição apoiados no que se explica e no conhecimento prévio. Você pode, então, anotar frases na lousa para que eles sinalizem ou não o uso do acento grave. Caso demostrem dificuldade, volte ao texto teórico e, aproveitando os exemplos, explique o conteúdo. Em seguida, eles podem realizar as atividades 6 e 7.

  1. O principal recurso da tira é a quebra de expectativa. Explique como essa quebra foi construída.
  2. Você acha que a personagem parece incomodada com o que está vendo acontecer? Justifique sua resposta.
  3. O termo burra é pejorativo, mas seu uso, nesse contexto, não é ofensivo. Por quê?
  4. Como o verbo assistir, empregado na primeira fala, classifica-se quanto à transitividade? Justifique sua resposta.
  5. Haveria alteração na classificação do complemento de assistir se esse verbo fosse trocado por ver? Por quê?
  6. Seria possível usar outra preposição em lugar de a em “ao desenvolvimento”?

Como você notou, o uso do objeto direto ou do objeto indireto, assim como da preposição que estabelece a regência verbal, não é livre. As construções já estão fixadas na língua. Foi por essa razão que a Joaninha empregou a construção assistir ao desenvolvimento, no sentido de presenciar, ver o desenvolvimento acontecer. Da mesma fórma, utilizamos gostar de, referir-se a, sonhar com, pois esses verbos necessitam de complementos introduzidos por preposições específicas.

Isso não significa, contudo, que esse uso seja rigorosamente seguido em todas as situações de comunicação. É comum que, no dia a dia, em contextos menos formais, as preposições deixem de ser empregadas, como vemos no terceiro quadrinho desta tira da ilustradora mineira Bianca Reis, no qual assistir foi usado como verbo transitivo direto em lugar de indireto.

Tirinha. Quadrinho 1: EI GAROTO BOBO. Silhueta de uma pessoa de cabelo longo. Atrás dela uma faixa horizontal metade vermelha e metade com listras diagonais. Quadrinho 2: FICA MAIS AQUI. Relógio marcando três horas. Em cada ponteiro, um coração. Quadrinho 3: EU ASSISTO SENHOR DOS ANÉIS DE NOVO. Silhueta de uma criatura com cabeça grande, orelhas grandes e queixo fino. Quadrinho 4: SÓ PRA VER VOCÊ SORRIR. Silhueta de uma boca grande e fechada.

REIS, Bianca. [Sem título]. [201-]. 1 tirinha.

Alguns casos de regência verbal

Assistir

O sentido dêsse verbo modifica-se dependendo da regência. Veja a seguir seus dois sentidos mais comuns.

1. presenciar, ver:

Esquema. Assistimos ao desenvolvimento da tecnologia. Assistimos: verbo transitivo indireto ao desenvolvimento da tecnologia: objeto indireto ao: o a é preposição
Respostas e comentários

1. Os dois primeiros quadros são elogiosos em relação à tecnologia, mas o último faz uma crítica à maneira como as pessoas lidam com ela.

2. Não. A personagem, que mantém o sorriso em todos os quadros, afirma que a evolução dos aparelhos tecnológicos equilibra a falta de inteligência humana.

3. A Joaninha não está insultando outra pessoa. Ela está emitindo a opinião de que todos, inclusive ela, estão mais tolos.

4. Assistir é um verbo transitivo indireto, ou seja, necessita de um complemento introduzido por preposição para completar seu sentido.

5. Sim, já que ver é um verbo transitivo direto, cujo complemento não requer ­preposição.

6. Não.

Orientações didáticas

Regência verbal – Questão 2 – Verifique se os estudantes percebem que, embora a Joaninha seja um inseto, a temática é humana.

Questão 3 – Pergunte aos estudantes sobre a crítica feita na tira. Eles devem perceber certo comportamento dos usuários, como fazer discurso de ódio ou divulgar fake news.

2. socorrer, ajudar, prestar assistência:

Esquema. Os enfermeiros assistiam os doentes. assistiam: verbo transitivo direto
os doentes: objeto direto

Percebe-se, atualmente, a tendência dos falantes brasileiros a usar o verbo assistir como verbo transitivo direto em todas as construções, mesmo nas comunicações monitoradas.

Chegar e ir

A norma-padrão recomenda o uso da preposição a para introduzir o adjunto adverbial de lugar dêsses dois verbos intransitivos.

Esquema. Meus amigos chegaram ao sítio. chegaram: verbo intransitivo ao sítio: adjunto adverbial de lugar ao: o a é preposição.
Esquema. Na semana passada, fomos ao teatro. fomos: verbo intransitivo ao teatro: adjunto adverbial de lugar ao: o a é preposição.

Contudo, nas comunicações informais, os brasileiros têm feito uso frequente da preposição em: Na semana passada, fomos no teatro.

Esquecer e lembrar

Esses verbos admitem as seguintes construções.

Fotomontagem. Rapaz em pé com um celular na mão. A outra mão está na testa. Ao fundo, círculo de papel amassado, com triângulos e riscos, grafismos e céu com nuvens.
Esquema. Esqueci o nome daquela artista. Esqueci: verbo transitivo direto o nome daquela artista: objeto direto
Esquema. Esqueci-me do nome daquela artista. Esqueci-me: verbo transitivo indireto com pronome do nome daquela artista: objeto indireto do: o "d" indica a presença da preposição "de"

Na linguagem informal, vemos também essas duas construções misturadas: Esqueci do nome daquela artista.

Obedecer e desobedecer

Apesar do uso frequente como verbos transitivos diretos, obedecer e desobedecer são verbos transitivos indiretos, que regem a preposição a.

Esquema. Os jogadores devem obedecer ao regulamento do campeonato. obedecer: verbo transitivo indireto ao regulamento do campeonato: objeto indireto ao: o a é preposição.

Pagar e perdoar

Esses verbos costumam ter objeto direto quando o complemento deles é uma “coisa”; quando o complemento é uma “pessoa”, o objeto é indireto.

Esquema. O turista pagou a corrida ao taxista. pagou: verbo transitivo direto e indireto a corrida: objeto direto ao taxista: objeto indireto ao: o a é preposição.

Hoje, a construção pagar alguém tem uso frequente na linguagem coloquial: O secretário pagou o palestrante.

Preferir

É um verbo transitivo direto e indireto.

Fotomontagem. Rapaz de camisa xadrez vermelha e boné vermelho. Está com a cabeça inclinada para frente com as duas mãos na aba do boné. A imagem dele se repete em uma sequência para trás, em cores diferentes. À frente, uma sequência de microfones. Ao fundo, grafismos.
Esquema. O jovem preferia o rap ao samba.
preferia: verbo transitivo direto e indireto
o rap: objeto direto
ao samba: objeto indireto
ao: o "a" é preposição

Na linguagem informal, é comum o emprêgo de que e do que no lugar da preposição a: Prefiro maçã (do) que banana.

Também se verificam com frequência o pleonasmo (repetição) e até mesmo a hipérbole (exagero).

Prefiro muito mais maçã (do) que banana.

Prefiro mil vezes maçã (do) que banana.

A regência é uma área da língua que passa por modificações constantes, e, em muitos casos, o uso feito pelos falantes vai se afastando das recomendações da norma-padrão. Apesar disso, as comunicações formais, por serem mais conservadoras, tendem a manter-se próximas dessa norma. Assim, procure usar sempre as regências que a seguem nas situações em que se exige um uso bem monitorado da língua, como a escrita de um artigo de opinião ou uma apresentação oral pública (um seminário, por exemplo).

Preposição e crase

Você observou, nos casos anteriores, que as preposições cumprem a função de elo sintático; elas são exigidas pelos termos regentes e seu significado é praticamente desconsiderado.

No entanto, há preposições que estabelecem relações de sentido mais evidentes. Veja a análise do valor das preposições no título e na linha fina da notícia a seguir.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Preposição e crase – Vários estudiosos associam a dificuldade de o falante brasileiro empregar o acento grave indicativo de crase ao fato de não haver, em nossa pronúncia, diferença entre o emprêgo do artigo a e da preposição a associada ao artigo a. Por essa razão, é importante que a escola apresente as regras relativas a esse emprêgo nos textos monitorados, sem, evidentemente, reforçar a ideia de que esse conhecimento diferencia, de modo significativo, o usuário competente da língua dos demais.

Embora tenhamos optado por uma abordagem mais clássica pelo fato de, em geral, ela ser mais familiar a professores e estudantes, recomendamos a você a leitura da obra sugerida em Biblioteca do professor para a aquisição de informações que ampliam o conhecimento do tópico.

Biblioteca do professor

Banho, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

Na obra, o autor apresenta uma síntese de estudos linguísticos recentes acerca da classe gramatical preposição, destacando um pequeno conjunto delas com função nuclear, ligado ao fenômeno da regência, em torno do qual estariam outras palavras que podem exercer tanto a função de preposição como outras funções gramaticais.

Reprodução de página da internet. ESTAÇÕES DO METRÔ PAULISTANO CADASTRAM ESTUDANTES PARA VAGA DE ESTÁGIO Inscrições podem ser feitas em quatro linhas do metrô até 1º de julho. Posse: do, em do metrô Finalidade: para cada vaga de estágio Lugar: em quatro linhas do metrô Limite: até, em até 1º de julho.

boêm, Camila. Estações do metrô paulistano cadastram estudantes para vaga de estágio. Agência Brasil, São Paulo, 11 maio 2022. Disponível em: https://oeds.link/VmWTxu. Acesso em: 16 maio 2022.

Observe novamente o papel sintático das preposições: elas permitem que uma palavra ou grupo de palavras exerça uma determinada função sintática. Nesse título, por exemplo, o substantivo metrô pode funcionar com um modi­ficador do substantivo estações, atuando como adjunto adnominal, graças à preposição.

As preposições podem ser simples ou formar locuções prepositivas, caso em que a última palavra deve ser, necessariamente, uma preposição simples.

Estas são algumas das mais usadas:

Preposições

a
ante
após
até
com
contra

de
desde
em
entre
para
perante

por
sem
sob
sobre
trás


Locuções prepositivas

abaixo de
acerca de
a fim de
antes de
ao lado de
apesar de

através de
de acordo com
dentro de
depois de
em frente de (a)
em lugar de

graças a
junto a
para baixo de
perto de
por causa de


Além dêsses termos, outros podem, eventualmente, atuar como preposição.

Preposição é uma palavra invariável que relaciona dois termos. Nessa relação, o segundo termo completa ou explica o sentido do primeiro.

Com bastante frequência, as preposições associam-se com artigos, pronomes e advérbios. Veja alguns exemplos.

Tabela. Primeira coluna. Preposição de mais artigo o igual a do. Preposição de mais pronome ela igual a dela. Preposição de mais pronome isso igual a disso. Preposição de mais advérbio aqui igual a daqui. Segunda coluna. Preposição em mais artigo as igual a nas. Preposição em mais artigo um igual a num. Preposição em mais pronome ele igual a dele. Preposição em mais pronome aquilo igual a naquilo. Terceira coluna. Preposição per (forma antiga da preposição por) mais artigo o igual a pelo. Preposição per mais artigo a igual a pela. Preposição per mais artigo os igual a pelos. Preposição per mais artigo as igual a pelas. Quarta coluna. Preposição a mais artigo o igual a ao. Preposição a mais artigo os igual a aos. Preposição a mais advérbio onde igual a aonde.

Porém, quando a preposição a associa-se ao artigo definido a, ocorre a fusão das duas letras. Tal fusão recebe o nome de crase e é marcada pelo acento grave (`). Compare as duas frases a seguir.

Fotomontagem. Estrada asfaltada com uma longa linha branca no meio. Nas laterais, grama. Ao fundo, recortes de linhas coloridas diagonais e linhas emaranhadas.
Esquema. O acesso ao pontilhão foi interrompido.
ao: o "a" é preposição exigida pelo substantivo acesso; o "o" é artigo definido masculino admitido pelo substantivo pontilhão
Esquema. O acesso à estrada foi interrompido.
à: corresponde a "a" (preposição exigida pelo substantivo acesso) mais "a" (artigo definido feminino admitido pelo substantivo estrada)

Como é possível notar, a crase ocorre quando o termo regente exige a preposição a e o termo regido admite o artigo a. Por isso, não ocorre antes de:

  • palavras masculinas, pois não admitem o artigo a;
  • verbos, porque não admitem nenhum artigo;
  • artigos indefinidos, já que não caberá um segundo artigo;
  • pronomes que não admitem artigo (ela, esta, essas, ninguém, que etcétera).

Dica de professor

1. Para saber se o termo regente exige a preposição a, basta usar um complemento masculino; se surgir a combinação ao, há preposição.

Entregou ao professor 

 à professora.

Entregou o livro 

 a agenda. 

2. Para saber se o substantivo feminino admite artigo, basta usá-lo após a preposição de; se surgir a combinação da, há preposição.

Voltaram da Paraíba.   Foram à Paraíba.

Voltaram de Madri.    Foram a Madri.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

O linguista Evanildo Bechara distingue os processos de combinação, quando a associação da preposição com o artigo se faz sem alterações (a + o = ao), e de contração, quando há mudanças (em + a = na). Celso Cunha e Cintra empregam apenas o termo combinação. Já Marcos Banho emprega contração. Consideramos que essa distinção não precisa ser levada à sala de aula.

Biblioteca do professor

Banho, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

CUNHA, Celso; CINTRA, lindlei. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon, 2021.

Consulte as obras para aprofundar a discussão sobre o tema.

Leia, a seguir, mais algumas informações sobre esse tópico.

1. acento grave no a em locuções formadas com palavras femininas.

Vire à esquerda.

Às vezes, distrai-se durante a aula.

Ia ao clube à tarde.

A loja ficava à beira da estrada.

2. Há crase antes de palavras femininas no plural quando é usado o artigo as.

Esquema. O acesso às notas foi liberado pela escola. às: corresponde a a (preposição exigida por acesso) mais as (artigo admitido por notas).

3. Há crase antes dos pronomes demonstrativos iniciados pela letra a (aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo).

Esquema. Estava atento àquelas regras.
àquelas: corresponde a "a" (preposição exigida por atento) mais "a" (vogal inicial do pronome demonstrativo)
  1. Em algumas construções, a presença do artigo a é facultativa (opcional), portanto a crase também o será. Veja os seguintes casos.
    • Antes de pronomes possessivos femininos: Entreguei o texto a minha aluna. Entreguei o texto à minha aluna.
    • Antes de nomes próprios femininos: Confessara seu amor a Clara. Confessara seu amor à Clara.
    • Depois da preposição até: Foi calmamente até a porta. Foi calmamente até à porta.
Fotomontagem. Um menino e uma menina sentados lado a lado, olhando para a tela de um tablet nas mãos da menina. Ela tem um fone pendurado no pescoço. O menino tem um celular na mão. Atrás deles, o recorte de gotas verdes e roxas, corações e flores. Entre as gotas, a palavra AMOR.

investigando mais

1. Leia este trecho do romance Bom dia, camaradas, do escritor angolano ñdalú de Almeida, mais conhecido como Ondjék.

O fim dos anos letivos era sempre uma coisa muito chata para mim porque ficava com saudades dos meus colegas, das nossas brincadeiras, até dos camaradas professores, até das palavras de ordem, até de cantar o hino, até de ir ao quadro, até da limpeza geral da escola, até de jogar estátua nos corredores embora quando se levasse uma bem esquentada as costas ficassem a arder, ou jogar estica até sermos apanhados pelo camarada subdiretor e levarmos todos duas reguadas em cada mão, tudo isso era uma só coisa que um dia destes ia mesmo acabar.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Optamos por não apresentar, neste momento, algumas particularidades acerca da crase. Preferimos familiarizar os estudantes com os casos mais recorrentes, que, em nossa observação, já oferecem dificuldade, e deixar para momentos futuros o contato com casos singulares. A apropriação do mecanismo geral já representará avanço significativo no domínio das regras da norma-padrão.

Investigando mais – Questões 1 e 2 – Estas são atividades voltadas à observação das relações sintáticas entre termos. Se possível, projete o texto ou escreva-o na lousa e, valendo-se de sublinhados e setas, ajude os estudantes a visualizar as relações.

Nesses dias, quando me acontecia não conseguir evitar pensar nessas coisas, ficava muito triste, porque embora ainda faltassem muitos anos para o fim dos anos letivos, um dia eles iam acabar reticências.

Ondjék. Bom dia, camaradas. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. página 90.

Biblioteca cultural

Para conhecer a prosa e a poesia de Ondjék, pesquise sites na internet que tragam obras do escritor.

Versão adaptada acessível

Atividade 1, itens a até f. a) Nas escolas brasileiras, no passado, havia uma prática de castigo dado aos alunos com o uso de um artefato chamado palmatória. Escreva o trecho do texto que revela práticas semelhantes na educação angolana. b) No início do primeiro parágrafo, há uma sequência de nove segmentos, separados por vírgulas, que completam um único termo que expressa o sentimento do narrador. Que termo é esse? c) Quais palavras foram usadas para relacionar esses segmentos ao termo indicado na resposta anterior? A que classe de palavras pertencem? d) A palavra até foi usada em alguns dos segmentos. Que diferença há no sentido desses segmentos em relação aos que não foram introduzidos por ela? e) O narrador indica que os nove segmentos constituem, em seu imaginário, um único bloco. Escreva o trecho do texto em que se explicita isso. f) Sintetize, em um período, a ideia central do trecho.

  1. Nas escolas brasileiras, no passado, havia uma prática de ­castigo dado aos alunos com o uso de um artefato chamado ­palmatória. Copie o trecho que revela práticas semelhantes na educação angolana.
  2. No início do primeiro parágrafo, há uma sequência de nove segmentos, separados por vírgulas, que completam um único termo que expressa o sentimento do narrador. Que termo é esse?
  3. Quais palavras foram usadas para relacionar esses segmentos ao termo indicado na resposta anterior? A que classe de palavras pertencem?
  4. A palavra até foi usada em alguns dos segmentos. Que diferença há no sentido dêsses segmentos em relação aos que não foram introduzidos por ela?
  5. O narrador indica que os nove segmentos constituem, em seu imaginário, um único bloco. Copie o trecho em que se explicita isso.
  6. Sintetize, em um período, a ideia central do trecho.
Fotomontagem. Crianças sorridentes. À esquerda, duas delas estão sentadas, se olhando com mochila nas costas. À direita, outras duas estão de braços cruzados olhando para frente. Ao redor das quatro crianças, bolhas flutuando e grafismos.
Respostas e comentários

1a. O trecho é “jogar estica até sermos apanhados pelo camarada subdiretor e levarmos todos duas reguadas em cada mão”.

1b. O termo é saudades.

1c. As palavras de, dos e das. São preposições associadas a artigos.

1d. Os segmentos introduzidos por até indicam situações que não eram agradáveis, mas que, ainda assim, provocavam saudades no narrador do texto.

1e. O trecho é: “tudo isso era uma só coisa”.

1f. Sugestão: Nas férias, o narrador sentia falta da rotina escolar e sofria pelo fato de saber que, no futuro, ela não existiria mais.

2. Leia uma definição retirada de um dicionário de Sociologia.

reticências Meritocracia é um sistema social no qual o sucesso do indivíduo depende principalmente de seu mérito – de seus talentos, habilidades e esforço. A ideia de meritocracia tem servido como ideologia, baseada no argumento de que a desigualdade social resulta de mérito desigual, e não de preconceito, discriminação e opressão. Serviu também como orientação para a mudança, em especial no sistema educacional britânico.

Os principais elementos para compreender a meritocracia incluem uma maneira válida de medir mérito e proporcionar oportunidade igual nele baseado, sistema este que cria também a mais alta barreira para ingresso. Argumentam os críticos, por exemplo, que séculos de desigualdade e opressão social colocaram as minorias raciais e as classes baixas em uma situação inerentemente desprivilegiada, na qual elas parecem sempre carecer de mérito. reticências

djonson, állan di Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: zarrár, 1997. página 146.

Fala aí!

Você concorda com a ideia de meritocracia?

  1. O texto apresenta duas linhas de raciocínio diferentes para explicar por que uma pessoa tem sucesso e outra não. Quais são elas?
  2. Qual é o termo regente da sequência “de seu mérito – de seus talentos, habilidades e esforço”?
  3. Explique o uso do travessão na sequência transcrita no item b.
  4. Quais termos são regidos pela fórma verbal resulta?
  5. Esses termos formam dois grupos. Separe-os.
  6. Que expressão foi usada, na definição, para separar os dois grupos?

3. Releia a definição de meritocracia, observando o emprêgo de resulta, e veja como o verbo resultar aparece em um dicionário.

resultar (re.sul.tar) verbo

1 Ser o resultado, a consequência. [ti. + de: O acidente resultou de imprudência.] 

2 Transformar-se, acabar. [ti. + em: O bate-papo resultou em bate-boca.] 

reticências

AULETE, Caldas; GEIGER, Paulo (edição). Minidicionário da língua portuguesa. terceira edição Rio de Janeiro: Lexikon, 2011. página 761.

  1. Qual é a regência do verbo resultar? Como o verbete a indica?
  2. Se no trecho “a desigualdade resulta de mérito desigual” substituíssemos a preposição de por em, o significado seria o mesmo?
  3. Agora, conclua: por que é relevante que o dicionário informe a regência do verbo e a preposição relacionada a cada sentido?

Dica de professor

Existem dicionários específicos de regência verbal, mas dicionários gerais também costumam trazer informações relativas a esse mecanismo. Observe a classificação sintática relacionada a cada sentido e os exemplos fornecidos.

Respostas e comentários

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

A primeira diz que o sucesso de uma pessoa depende principalmente de seu mérito; a outra, que a desigualdade social pode comprometer esse sucesso.

2b. A fórma verbal depende.

2c. O travessão introduz uma enumeração que explica o termo anterior, mérito.

2d. Mérito desigual; preconceito; discriminação; opressão.

2e. Grupo 1: mérito desigual. Grupo 2: preconceito; discriminação; opressão.

2f. E não.

3a. O verbo é transitivo indireto, conforme indica a abreviação ti., que introduz cada um dos sentidos.

3b. Não. Com a preposição de, entende-se que a desigualdade surge do mérito desigual, ou seja, é criada por ele. Com a preposição em, o sentido seria o de que a desigualdade provoca mérito desigual.

3c. Essas informações ajudam o leitor a selecionar, entre os sentidos disponíveis, aquele que é adequado à construção que ele está analisando.

Orientações didáticas

Questão dois á Os estudantes precisarão de seu auxílio nesta questão. O verbete opõe uma concepção que atribui o sucesso de alguém essencialmente a seu mérito (talentos, habilidades e esforço) a outra, que aponta que o sucesso também resulta de condições socioeconômicas, sendo mais difícil quando alguém vive em um contexto desfavorável e é alvo de preconceito, discriminação e opressão.

Fala aí! – Esta é uma questão polêmica e importante. Procure ajudar os estudantes a sustentar o ponto de vista deles com argumentos consistentes e gerais, sem que se restrinjam a exemplos relativos apenas ao universo do qual fazem parte. Não coíba nenhuma linha argumentativa, a não ser que expresse preconceito e intolerância.

Questões 3 e 4 – O objetivo dessas atividades é familiarizar os estudantes com o uso do dicionário para conhecer regência.

4. Leia esta tirinha do quadrinista catarinense Alexandre béc.

Tirinha. Quadrinho 1: Destaque para as pernas e pés do pai e da mãe de Armandinho. O pai usa calça comprida e sapato de bico fino. A mãe está de vestido, meia-calça e sapato alto. Ele diz: O DINHO ESTÁ NAMORANDO A... e a mãe reage: COMO ASSIM?! Quadrinho 2: A mãe continua: ELE É UMA CRIANÇA! COMO PODE?! E VOCÊ AÍ TODO TRANQUILO?! QUEM ELE ESTÁ NAMORANDO?! Quadrinho 3: Armandinho está sobre uma caixa, olhando contente para goiabas no pé. Ao lado dele, um sapo sorridente. O pai finaliza: ...A GOIABEIRA DO VIZINHO...

béc, Alexandre. Namorando a goiabeira. 2015. uma tirinha.

  1. Que substantivo pode nomear o sentimento da mãe de Armandinho implícito na pergunta “Como assim?!”?
  2. O pai de Armandinho estava tentando brincar com a esposa ao falar do namoro do menino? Justifique a resposta.
  3. Qual é o sentido de namorar, na fala do pai? O que a mãe havia entendido?
  4. Indique a regência do verbo namorar conforme seu uso na tira.
  5. Veja o verbete namorar em um dicionário escolar.

namorar (na.mo.rar) verbo 1. ter relações amorosas (com) alguém: Mário namora Mariana; Mário namora com Mariana; Namoramos há cinco meses. 2. figura Olhar para algo desejando; cobiçar, desejar: Há muito namoro um carro novo na concessionária da cidade.

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Dicionário escolar da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

O que significa a abreviação figura, na acepção 2? O que o dicionário está informando sobre esse sentido?

  1. O sentido que a mãe atribui ao verbo poderia ser expresso por duas regências diferentes. Quais são elas?
  2. Esse dicionário escolar não informa a regência do verbo. Como o leitor pode identificá-la?

Desafio da linguagem

A mesma preposição pode estabelecer diferentes relações de sentido. Veja:

A médica veio de Portugal. (lugar)

Ele falou das novas obras. (assunto)

Agora é a sua vez. Crie frases em que a preposição de indique causa, posse e matéria. Redija também frases em que a preposição com indique causa, companhia, instrumento e modo.

Respostas e comentários

4a. Indignação, revolta.

4b. Não. Antes que ele concluísse o que ia dizer, a esposa o interrompeu com um questionamento.

4c. O pai usou namorar com o sentido de desejar, cobiçar, enquanto a mãe entendeu como “manter um relacionamento amoroso”.

4d. Verbo transitivo direto.

4e. figura significa figurado, portanto o dicionário está informando que a acepção traduz o valor conotativo, não literal do verbo.

4f. O sentido de ter relações amorosas pode ser expresso pelo verbo usado como transitivo direto ou como transitivo indireto, com a preposição com.

4g. O leitor deve observar os exemplos dados.

Desafio da linguagem. Sugestão: Ele chorou de medo (causa); A carteira de Pedro foi encontrada (posse); O doce de coco é o melhor (matéria); Com a epidemia, a população migrou (causa); Chegou com o filho (companhia); Vire a carne com um garfo (instrumento); Dirija com cuidado (modo).

Orientações didáticas

Questão 4a Caso parte dos estudantes mencione “surpresa”, peça que considerem o contexto da comunicação, o que implica analisar também o quadrinho seguinte.

  1. Esta ilustração foi produzida pela desenhista cearense ­Natália Matos. Analise-a e responda às questões.
    1. Como se explicam os sinais de pontuação usados no final do período?
    2. Qual sentido deve ser atribuído à palavra besta nesse contexto? Trata-se de um emprêgo formal?
    3. A regência de uma das fórmas verbais do texto não está de acordo com a norma-padrão. Identifique essa fórma e explique qual foi o desvio.
    4. Esse uso é inadequado no contexto dessa produção?
Ilustração. Sobre fundo amarelo, uma moça de rosto pequeno e arredondado. Tem o cabelo liso, curto e azul. Está de olhos fechados. Veste camiseta de manga longa com listras e um macacão. Ao lado dela, a frase: VOCÊ ESTÁ ANDANDO E LEMBRA DE ALGO BESTA E LEGAL QUE TE FAZ SORRIR. No fim da frase, representação gráfica de sorriso, formada por dois pontos e parêntese.

MATOS, Natália. [Sem título]. [2010 década certa]. 1 ilustração.

6. Leia este anúncio de divulgação das tradicionais festas juninas de Pernambuco.

Anúncio Orientação retangular. À esquerda, a ilustração de um casal dançando ao luar. Ele está de xadrez e um chapéu de palha. Ela usa um vestido longo e rodado com uma faixa floral no cabelo. À direita, as informações: DO CAIS ATÉ O SERTÃO, PERNAMBUCO É SÃO JOÃO. 40 dias de festa no Estado todo. Aproveite. No fundo, ilustração de céu estrelado.
Reprodução do anúncio de divulgação de festas juninas em Pernambuco veiculado em 2009.
  1. Descreva os recursos visuais usados na composição do casal ilustrado e explique por que são coerentes com o anúncio.
  2. Como deve ser entendida a afirmação “Pernambuco é São João?
  3. Qual é a relação de sentido produzida pelas preposições empregadas em do cais até o sertão?
  4. Embora expresse a mesma ideia presente em do cais até o sertão, a locução no estado todo é menos expressiva. Explique por quê.
  5. Leia esta frase reelaborada a partir do texto do anúncio:

Aproveitefesta no estado todo.

A estrela deveria ser substituída por a ou por à? Por quê?

Respostas e comentários

5a. Os dois-pontos e o parêntese foram combinados para reproduzir um sorriso, seguindo um código comum na internet.

5b. Besta significa “banal”, “sem importância”, e tem uso informal.

5c. O desvio ocorre no emprêgo da fórma verbal lembra, que pode ser construída de duas maneiras: acompanhada de pronome e da proposição de (se lembra de algo) ou como vê tê dê, sem o pronome (lembra algo).

5d. Não. Trata-se de uma situação de comunicação informal, em que se está empregando uma fórma corrente no português informal do Brasil.

6a. A imagem é formada por recortes, simulando uma colagem. Ela destaca vários tecidos e remete às padronagens usadas nos trajes de festas juninas.

6b. O anúncio cria uma identidade entre Pernambuco e São João para mostrar que o estado está totalmente dedicado a essa festa junina.

6c. A preposição de (+ o = do) indica origem, e até indica limite.

6d. A expressão do cais até o sertão mostra que a festa chega a espaços muito diversificados, algo que não fica explícito na locução no estado todo.

6e. Por a, porque o verbo aproveitar não exige preposição.

7. Leia esta tirinha da cartunista paranaense Pryscila Vieira.

Tirinha. Quadrinho 1: Mulher de rosto comprido, olhos redondos e nariz grande. Tem o cabelo comprido e preto, e o corpo pequeno. Está andando na calçada de mãos dadas com um menino de touca. Ela diz: VAMOS FAZER SUA CARTEIRA DE IDENTIDADE!
Tirinha. Quadrinho 2: Abraçando o urso, o menino diz: MÃE... EU NÃO GOSTO DE IR AO DENTISTA.  Olhando para ele, ela responde: NÃO ESTAMOS INDO AO DENTISTA...
Tirinha. Quadrinho 3: Ele então pergunta; AH, É? ENTÃO QUEM É ESSA TAL “DENTIDADE”?

VIEIRA, Pryscila. [Sem título]. [2010 década certa]. uma tirinha.

  1. O humor do quadrinho é produzido pela relação equivocada feita pela criança. Qual é essa relação e o que a justifica?
  2. O sorriso da mãe, no último quadrinho, sugere complacência. Observe a imagem e indique, dentre as palavras a seguir, a que tem o mesmo sentido de complacência: irritação, tolerância, ­ironia ou comoção.
  3. Reescreva duas vezes a oração Eu não gósto de ir ao dentista, substituindo o dentista por a clínica e aquela clínica.
  4. Explique os critérios que você empregou para decidir pelo uso ou não do sinal que indica crase nas duas reescritas.
  5. Em geral, os cartunistas costumam reproduzir, nos balões, as fórmas mais usuais da língua falada. Se Pryscila Vieira tivesse seguido essa tendência, como seria a fala do menino, no segundo quadrinho?

A língua nas ruas

Será que os falantes da língua portuguesa sabem usar corretamente o acento indicativo de crase abre parênteses fecha parênteses? Entre no site de um jornal prestigiado em sua região e leia os comentários de leitor de algumas notícias. Anote, no mínimo, três exemplos de uso de à e explique se estão de acordo com a norma-padrão.

Respostas e comentários

7a. O menino relacionou a palavra identidade, dita pela mãe, com dente, pela proximidade sonora.

7b. A palavra tolerância.

7c. Eu não gósto de ir à clínica. Eu não gósto de ir àquela clínica.

7d. O verbo ir rege a preposição a, que se associa com o artigo a que antecede o substantivo clínica (primeira reescrita) e com a vogal inicial do pronome demonstrativo aquela (segunda reescrita).

7e. Mãereticências eu não gósto de ir no dentista.

A língua nas ruas. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

A língua nas ruas – Se considerar conveniente, selecione previamente notícias e comentários do site de alguns jornais como Folha de São Paulo, O Tempo (Minas Gerais), Gazeta do Povo (Paraná), Diário de Pernambuco e Folha de Boa Vista. Evite os comentários dos jornais impressos porque o texto já terá passado pela revisão de profissionais. 

Preparando o terreno

Em busca da crônica

Você vai ler parte de uma crônica que trata do processo de criação nesse gênero. Ela foi escrita por Vinicius de Moraes, um dos grandes cronistas brasileiros. Confira.

O exercício da crônica

Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, reticências olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um ­sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.

Fotomontagem. Rapaz de cabelo escuro e curto está olhando atento para a tela de um notebook. Uma das mãos está perto da boca. Ao fundo, à direita, foto de uma cidade com prédios altos. Atrás deles, um jornal. À esquerda, fotografia de uma rua movimentada por pedestres. Acima, imagem de dois jornalistas no estúdio.

MORAES, Vinicius. O exercício da crônica. Para viver um grande amor, [1991 ano provável]. Disponível em: https://oeds.link/HkzNGm. Acesso em: 7 maio 2022.

Biblioteca cultural

Fotografia. Em preto e branco. Vinicius de Moraes, com cerca de 60 anos. Tem a testa larga, cabelos grisalhos e ondulados, e está sorrindo.
Vinicius de Moraes em foto de 1973.

Vinicius de ­Moraes (1913-1980) foi um artista plural. Além de escrever poe­mas e crônicas, foi compositor e formou, com Tom Jobim e, depois, com Toquinho, parcerias famosas da música brasileira. Ouça, na internet, as canções “Chega de saudade” e “Tarde em Itapuã”.

  1. O texto destaca o papel da vida cotidiana na escrita de crônicas.
    1. Que expressão usada como sinônimo de cronista reforça esse papel?
    2. Relembre as crônicas que você leu neste capítulo. Para você, essa expressão se aplica aos cronistas Marina Colasanti e Edweine ­Loureiro? Explique.
    3. De onde provêm, segundo o texto, os fatos que servem de ­matéria-prima para o cronista?
    4. Vinicius trata com igual importância as fontes de fatos que inspiram o cronista? Explique.
Respostas e comentários

1a. A expressão prosador do cotidiano.

1b. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes relembrem o olhar subjetivo para o cotidiano em ambas as crônicas.

1c. Da vida exterior (noticiário) e da vida pessoal.

1d. Não. Ele busca de preferência um fato colhido no noticiário matutino. Se não encontrar, recorre então à vida pessoal.

Preparando o terreno

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2 e 4.

cél: 1, 2, 3 e 5.

céupi: 1, 2, 3, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro quatro e ê éfe seis nove éle pê cinco um.

Orientações didáticas

Esta é uma etapa de preparação para a produção de texto, cujas orientações serão apresentadas na próxima seção. É importante que, entre o lançamento da produção e sua efetivação, os estudantes contem com, pelo menos, dois dias para encontrarem seu tema.

As questões não precisam ser respondidas por escrito; elas servem para instigar a produção dos estudantes proposta na próxima seção. Use-as como apoio para uma discussão sobre a função do cronista, mostrando que grande parte do trabalho dele está em encontrar o assunto. Se achar conveniente, comente também que os cronistas costumam ser contratados por jornais, revistas e sites, portanto, têm a obrigação de entregar as crônicas que vão compor a publicação em determinados dias, o que os leva a produzir não apenas quando têm inspiração ou vontade.

Questão 1d – Pergunte aos estudantes se acham que um acontecimento de conhecimento coletivo, como um fato noticiado pela imprensa, é mais relevante para o cronista do que sua experiência pessoal. É importante que eles nunca percam de vista que, independentemente do assunto, coletivo ou pessoal, a subjetividade está presente na crônica.

  1. A imaginação também é apontada como parte do processo criativo da crônica.
    1. Segundo o autor, o que faz o trabalho de escrita da prosa de ficção (contos e romances, por exemplo) avançar?
    2. O que, segundo o texto, é mais difícil: escrever crônica e/ou prosa de ficção? Por quê?
  2. Vinicius afirma que o cronista deve buscar algo em que possa ”injetar um sangue novo”.
    1. O que significa, nesse contexto, injetar um sangue novo?
    2. Releia este trecho.

Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.

Quando não encontra assunto para escrever, resta ao cronista um recurso “já bastante gasto”. Qual é esse recurso?

c. É possível, para o autor, injetar sangue novo nesse recurso ­bastante gasto? Explique.

Inspirado na discussão sobre o texto, chegou o momento de você procurar o assunto da crônica que vai escrever na próxima seção. Como destaca Vinicius e mostram as crônicas do capítulo, o cotidiano é a base da crônica, por isso é preciso aguçar a atenção e a sensibilidade ao olhar para ele. Encontrar o assunto ideal para a crônica, em geral, exige paciên­cia. Confira algumas instruções que poderão ajudá-lo.

  1. Primeiro, aprimore o olhar. Observe com atenção o que está à volta: as coisas (casas, ruas, objetos), a natureza (clima, animais, plantas), as pessoas (comportamentos, histórias, atitudes), os ­fatos noticiados. De alguma dessas fontes, pode nascer o assunto no qual você poderá “injetar um sangue novo”. Faça anotações e pesquisas.
  2. Para “injetar um sangue novo”, é preciso abrir espaço para a sensibilidade. Quando olhar ao redor, pode ser que fique em dúvida sobre o que escolher entre tantas opções. Um dos meios (se não o principal) de definir o critério de escolha é olhar para dentro. Investigue qual elemento cotidiano mais tocou você. Lembre-se de que a crônica reflexiva é marcada pela subjetividade do cronista. Mobilizar sua sensibilidade é um modo de revelar uma marca particular.
  3. Olhar para dentro pode implicar também a busca por experiências, fatos pessoais que tenham marcado você. Se o assunto escolhido tiver essa origem na experiência pessoal, apresente-o como um fato vivido, sem recorrer a personagens.
Respostas e comentários

2a. A própria história inventada e seus personagens, que acabam conduzindo a continuidade da escrita.

2b. Escrever prosa de ficção é mais fácil, pois o escritor apenas inventa, enquanto o cronista busca o tema naquilo que está no mundo real.

3a. Transformar em algo original, submetido a um novo olhar.

3b. O assunto da falta de assunto.

3c. Sim, Vinicius defende que mesmo quando se trata dêsse assunto já gasto é possível surgir o inesperado durante a escrita.

Orientações didáticas

Questão 3 – Ajude os estudantes a compreender a importância da originalidade, isto é, da marca ou do olhar pessoal. A crônica pode abordar um fato bastante conhecido, já tratado em textos de outros gêneros; ela trará, no entanto, um olhar pessoal para ele, com o objetivo de oferecer ao leitor uma visão inédita (curiosa, emocionante etcétera).

Minha crônica reflexiva NA PRÁTICA

Para esta produção, você vai desenvolver o tema que definiu na seção anterior. Sua crônica será postada no blog da turma. Veja, a seguir, as orientações.

MOMENTO DE PRODUZIR

Planejando minha crônica reflexiva

Antes de iniciar a produção, planeje seu texto com atenção, considerando os passos indicados a seguir.

Esquema. Da teoria para a... ...prática

Nas crônicas reflexivas, a observação de um elemento do cotidiano estimula uma reflexão que amplia o sentido dele.:
Escolhido o assunto, pense em um acontecimento que você possa apresentar ao leitor como mote para introduzir suas reflexões.

No desenvolvimento da crônica, são
expostos vários pensamentos despertados pelo assunto motivador.:
O que há de inusitado nesse assunto? Ele desperta alguma curiosidade? Que reflexões sobre o mundo atual e sobre as relações humanas ele pode provocar?

No gênero textual crônica, a figura
do cronista está em destaque. Em
geral, ele fala em primeira pessoa,
revelando experiências pessoais
e sentimentos diante do que expõe.:
Planeje sua inserção na crônica: qual é o seu olhar para o assunto? Que sentimentos e pensamentos ele desperta em você? Com quais outros temas ou experiências ele está relacionado?

As crônicas não buscam a neutralidade.
Além disso, usam recursos expressivos para produzir humor, comoção etc.:
Qual efeito você pretende produzir no leitor: riso, incômodo, comoção, indignação? Essa decisão é importante
porque o ajuda a selecionar os recursos expressivos necessários à construção da crônica.

Elaborando minha crônica reflexiva

  1. Inicie a crônica apresentando ao leitor o acontecimento que motivou sua reflexão. Neste momento, privilegie a descrição e a narração. A ideia é representar sua reação inicial a esse acontecimento como se o leitor fosse uma testemunha da sua descoberta.
  2. Desenvolva o texto fazendo relações entre o acontecimento e os comportamentos humanos individuais e coletivos. Procure incluir reflexões que fujam daquilo que todos dizem sobre o assunto.
  3. Não deixe de incluir sua figura de cronista no texto, expressando um ponto de vista pessoal. Posicione-se em relação às ações e aos comportamentos humanos envolvidos nesse acontecimento.
  4. Procure se aproximar do leitor, usando uma linguagem que lembre uma conversa. Você pode, inclusive, fazer dele um interlocutor.
Respostas e comentários

Minha crônica reflexiva na prática

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 3, 4, 6, 9 e 10.

cél: 3 e 5.

céupi: 1, 2, 3, 5, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê cinco um, ê éfe oito nove éle pê três cinco, ê éfe zero oito éle pê zero quatro, ê éfe zero oito éle pê um zero e ê éfe zero oito éle pê um quatro.

Orientações didáticas

Nesta seção, os estudantes mobilizarão seus conhecimentos sobre o gênero crônica reflexiva para desenvolver o tema que selecionaram, estimulados pela seção anterior.

Se possível, solicite aos estudantes que digitem suas crônicas para facilitar a revisão e a postagem.

  1. Aprimore a linguagem do texto usando recursos expressivos. Veja se é possível fazer comparações, criar imagens poéticas, usar advérbios e expressões adverbiais que possam enriquecer o sentido dos verbos etcétera
  2. Conclua a crônica com um parágrafo de efeito marcante.
  3. Inclua um título atraente e coerente com o conteúdo.

Revisando minha crônica reflexiva

Faça uma boa revisão do texto. Fique especialmente atento ao uso de pronomes que exercem diferentes funções sintáticas no texto.

Esquema.
Frase. Empreste o disco para eu ouvir.  

eu relaciona-se com ouvir.

Eu é sujeito do verbo, e essa função é exercida pelos pronomes pessoais retos.

Esquema.
Frase. Empreste o disco para mim.
Empreste relaciona-se a mim.
Esquema
Frase. O músico tinha afeto por mim.
Afeto relaciona-se a mim.

Mim atua como complemento de um verbo ou de um nome, e essa função é exercida pelos pronomes pessoais oblíquos tônicos.

Como você viu, embora se refiram à mesma pessoa, o emprêgo dos pronomes depende de sua função na oração.

Volte ao seu texto e verifique se usou adequadamente os pronomes. Aproveite para observar também outros aspectos, como a regência dos verbos e o emprêgo do acento grave.

Fotomontagem. No centro, um gramado com flores amarelas à esquerda e flores roxas ao fundo. Sobre o gramado, recorte de fotos de um casal abraçado, uma moça passeando com um cachorro na coleira e uma família com duas crianças fazendo piquenique. À direita, recorte de uma foto de um garoto andando de skate entre as árvores.

MOMENTO DE REESCREVER

Avaliando minha crônica reflexiva

Esta produção será avaliada em trios. Um dos estudantes informará o assunto escolhido por ele e lerá a própria crônica, enquanto os ­outros dois vão ouvi-la e fazer comentários, considerando as perguntas do quadro a seguir. Depois, a dupla voltará a ler a produção, agora com o objetivo de indicar ajustes relativos à ortografia, ao uso dos pronomes, à regência verbal etcétera

A

A crônica tem como assunto aquilo que foi informado por seu autor?

B

A crônica estabelece relações entre esse assunto e os comportamentos humanos?

C

As ideias apresentadas têm originalidade e revelam um ponto de vista pessoal?

D

O cronista estabelece uma relação de proximidade com seus leitores?

E

O título da crônica é coerente e chamativo?

F

A linguagem está adequada a uma publicação que circulará em ambiente escolar?

G

Nota-se que as palavras foram exploradas para obter um efeito expressivo?

É lógico!

O quadro de critérios decompõe a avaliação em partes. Assim, o avaliador analisa cada uma delas e, com o conjunto de dados, volta ao problema a resolver: fazer uma avaliação consistente.

Reescrevendo minha crônica reflexiva

  1. Reflita sobre os comentários feitos pelos colegas e veja quais ajustes são necessários para aprimorar seu texto.
  2. Passe o texto a limpo, seguindo as orientações do professor.

MOMENTO DE APRESENTAR

Inserindo minha crônica reflexiva no blog

  1. A turma deve escolher uma equipe de editores, que se responsa­bilizará pela preparação do material para o blog.
  2. Os textos serão enviados à equipe, que fará uma lista com os nomes dos autores, em ordem alfabética, seguidos pelos títulos das crônicas. Esses nomes serão links para o acesso aos textos.
  3. Um dos estudantes deve ser convidado a produzir uma ilustração para a abertura dessa seção no blog. É possível, por exemplo, criar uma imagem com recortes, customizar uma fotografia etcétera
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Reescrevendo minha crônica reflexiva – Se não for possível criar o blog, faça uma coletânea dos textos da turma, adaptando a proposta. Também, neste caso, é preferível que os estudantes digitem suas crônicas para facilitar a montagem do material. Sugerimos a distribuição do texto em duas colunas, como costuma ocorrer nos jornais. Oriente-os a definir o tamanho da letra para, se possível, fazer com que o texto caiba em uma página. Caso ultrapasse, peça que completem a segunda página, que deve ser impressa no verso, com uma ilustração. Se não for possível digitar os textos, oriente-os a escrever o texto à mão, ocupando no máximo a frente e o verso de uma folha. A ilustração para a capa e o sumário deverão ser produzidos conforme as orientações principais.

Textos em conversa

Você vai ler a transcrição e ver a reprodução de quadros de um (ou webinar) realizado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (ú éfe érre pê é) e pela Escola de Referência do Ensino Médio (erém) Joaquim ­Távora. Os uébinários são videoconferências feitas com objetivos comerciais ou ­educacionais. Este tratou do tema “Pensamento computacional como ­habilidade do futuro”. As falas transcritas são da palestrante Taciana Pontual, professora pesquisadora da ú éfe érre pê é.

Trecho 1

Então, pessoal, o tema dessareticências dêsse uébinário, né?, dessa jornada é o “Pensamento computacional como habilidade do futuro”. Éreticências seremos três hoje falando aqui pra vocês sobre esse tema, e a minha fala ela vai ser um pouco mais teórica tá?, ela vai falar um pouco dos conceitos, né?, dos currículos, dos materiais, éreticências e depois vocês vão ver que as falas das minhas colegas né? Rozelma e Audaci vão complementar de maneira bem interessante éreticências essa esse conceito de pensamento computacional. Pode passar [o slide].

Então, o que é que seria o pensamento computacional? Eu resolvi éreticências começar dizendo na verdade o que é que ele não é. Pode passar.

Cena de vídeo. À esquerda, fotografia de Taciana Pontual, moça de cabelo escuro e liso, na altura do ombro. Usa óculos e está com fones de ouvido. No centro da imagem, um slide, em que se lê: NÃO É SABER MEXER NO COMPUTADOR! Saber usar programas de computador, aplicativos de celular, etc... é letramento digital. Ao lado, ilustração de um monitor.
Reprodução de quadro do vídeo da apresentação de Taciana Pontual.

Então, o pensamento computacional ele não é saber mexer no computador. Muitas vezes a gente pensa isso, né?, porque vê a palavra computacional, então ah tem a ver com computador, é mexer no computador. Mas na verdade quando a gente sabe usar programas de computador ou sabe usar aplicativos de celular, isso não tem relação direta com o pensamento computacional. Isso é o que a gente chama de letramento digital, quer dizer que você sabe usar aqueles dispositivos pra se comunicar, pra escrever um texto, pra fazer uma ­ligação e etcétera Pode passar.

Respostas e comentários

Textos em conversa

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 5, 7, 9 e 10.

cél: 1, 2, 3 e 6.

céupi: 1, 2, 5, 7 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro zero, ê éfe oito nove éle pê dois sete, ê éfe oito nove éle pê dois oito e ê éfe oito nove éle pê dois nove.

Orientações didáticas

Muitas das atividades propostas nesta coleção mobilizam e desenvolvem habilidades ligadas ao pensamento computacional e há, inclusive, o boxe É lógico!, que chama a atenção para elas. As atividades desta seção e da próxima têm como particularidade transformar o processo em objeto de reflexão mais detida, além de apresentar ao estudante ideias que se tornam cada vez mais recorrentes na mídia.

Se possível, exiba o vídeo aos estudantes (os trechos transcritos são 6 minutos 13 segundos a 8 minutos 24 segundos e 12 minutos 40 segundos a 14 minutos 55 segundos) e peça a eles que tomem nota durante a exibição para sintetizar informações principais e elementos que chamem a atenção deles, o que vai ao encontro da habilidade ê éfe oito nove éle pê dois oito. Caso não possa exibi-lo, procure ler a transcrição para que eles exercitem a tomada de notas.

Se houver a exibição, eles poderão, ainda, identificar e avaliar os elementos paralinguísticos e cinésicos mobilizados durante a fala, o que contribui para contemplar plenamente a habilidade ê éfe seis nove éle pê quatro zero. Pergunte que aspectos da fala da palestrante contribuem para plena compreensão do que está sendo exposto. Eles devem observar que se trata de uma fala com boa dicção e articulação das palavras, ritmo tranquilo e entonação que contribui para a compreensão dos sentidos (perguntas claramente marcadas, por exemplo).

O pensamento computacional ele também não é pensar como um computador, né? É fácil a gente ir por esse caminho por causa dessa terminologia, né?, pensamento computacional, né?, na mesma expressão, ah, deve ser pensar como um computador pensa. Só que o computador ele não pensa, tá? Quem pensa são os humanos, nós pensamos. O computador ele apena apenas executa instruções que nós pensamos e comunicamos ao computador através de uma linguagem de programação. Então, o pensamento computacional também não é a gente pensar como um computador. Pode passar.

Então, o que é que seria o pensamento computacional?

  1. Preste atenção ao trecho 1.
    1. O trecho corresponde a que etapa da fala da professora?
    2. Que pergunta norteia a fala da professora?
    3. Que estratégia ela adota para respondê-la?
    4. O trecho termina com uma pergunta. Para que ela serve?
  2. Preste atenção à primeira imagem.
    1. O vídeo apresenta dois enquadramentos. O que eles exibem?
    2. Qual deles está em destaque? Considerando o contexto, qual é a razão dêsse destaque?
    3. Qual é a função daquilo que está exposto no enquadramento maior?

Trecho 2

Então, vocês vejam que uma coisa que converge bastante é que o pensamento computacional ele serve para resolver problemas. É uma fórma de pensar, é uma fórma sistemática de pensar que nos ajuda a sermos mais eficientes e eficazes na solução de problemas. Que problemas? Qualquer problema. Problemas do nosso cotidiano. A nossa vida é feita de problemas, não necessariamente no sentido negativo, né? É feita, digamos, de desafios. reticências

Mas o que é que seria solucionar problemas usando o que se sabe sobre computação? Como assim? Isso tá muito vago, né? Pode passar.

O que os pesquisadores querem dizer com isso, com o que se sabe sobre computação, com fundamentos da computação, a gente pode resumir nesses quatro principais pilares do pensamento computacional. Esses pilares eles são fundamentos da ciência da computação que nos ajudam a sistematizar nosso pensamento na resolução de problemas. Então a decomposição, o reconhe­cimento de padrões, a abstração e os algoritmos.

Respostas e comentários

1a. Corresponde à apresentação.

1b. O que é pensamento computacional?

1c. Ela prefere começar esclarecendo o que não é pensamento computacional.

1d. Para introduzir a próxima etapa da fala, que responderá a essa pergunta. Isso gera expectativa em quem está ouvindo.

2a. A palestrante e o slide de sua apresentação.

2b. O slide. A razão principal é destacar o conteúdo da apresentação.

2c. Ele serve de apoio para a fala da palestrante.

Orientações didáticas

Questão 2c – É importante identificarem que a fala da palestrante desenvolve o conteúdo do slide, conduta esperada durante seminários. Chame a atenção para a quantidade adequada de texto no slide e para os recursos visuais: blocos de textos escritos com letras de diferentes tamanhos para sugerir hierarquia e presença de imagem coerente com o conteúdo.

Pra explicar um pouquinho melhor cada um dêsses pilares, eu trouxe aqui, no próximo slide éreticências uma definição de da pesquisadora Rosa Vicari reticências que ela resume muito bem, né?, em um parágrafo ela ela agrupa esses quatro pilares né? explicando um pouco como eles se conectam quando a gente tá resolvendo um problema. Esse essa citação vem de uma de um documento muito interessante que a pesquisadora elaborou com base em uma vasta revisão de literatura. Ela estudou várias fontes, vários documentos, e chegou a esses pilares. E aí ela fala que [texto do slide]:

Cena de vídeo. Taciana Pontual apresentando um novo slide, onde se lê: O Pensamento Computacional envolve identificar um problema (que pode ser complexo) e quebrá-lo em pedaços menores de mais fácil análise, compreensão e solução (decomposição). Cada um desses problemas menores pode ser analisado individualmente em profundidade, identificando problemas parecidos que já foram solucionados anteriormente (reconhecimento de padrões), focando apenas nos detalhes que são importantes, enquanto informações irrelevantes são ignoradas (abstração). Passos ou sequências de instruções pode ser criados para resolver cada um dos subproblemas encontrados (algoritmos). - Roda Vicari, 2018.
Reprodução de quadro do vídeo em que Pontual cita a pesquisadora Vicari.

PENSAMENTO computacional como habilidade do futuro. [sem local]: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2020. (1 vídeo) 6 minutos 13 segundos a 8 minutos 24 segundos (trecho 1) e 12 minutos 40 segundos a 14 minutos 55 segundos (trecho 2). Disponível em: https://oeds.link/8OUIb2. Acesso em: 30 abril 2022.

  1. Preste atenção ao trecho 2.
    1. Por que ele é uma nova etapa em relação ao ­trecho 1?
    2. Taciana cita a pesquisadora Rosa Vicari. Por quê?
    3. Que recursos deixam claro para o espectador que o texto exibido é uma citação?
    4. O texto é escrito em duas cores. Apresente uma hipótese que justifique o uso dêsse recurso.
    5. Em sua opinião, esse recurso favorece, dificulta ou não altera a assimilação do conteúdo?
  2. O pensamento computacional é formado por quatro pilares.
    1. Identifique-os e explique a que corresponde cada um deles.
    2. Para chegar a um diagnóstico, um médico faz perguntas ao paciente. Relacione-as à ideia de padrão.

Fala !

Se você estivesse acompanhando essa apresentação e pudesse fazer uma pergunta à palestrante, qual seria ela?

5. Que relação existe entre o que foi dito neste uébinário e a crônica “Robôs”, de eduêine Loureiro?

Respostas e comentários

No trecho 2, Taciana responde o que é pensamento computacional, ao passo que, no primeiro, respondeu o que não é. Trata-se, portanto, de uma nova etapa da fala.

3b. A definição de Rosa Vicari contribui para explicar o pensamento computacional e é construída a partir de uma pesquisa em vasta literatura.

3c. As aspas e o nome da autora da citação, ambos em tamanho maior.

3d. A autora quis destacar parte do conteúdo.

3e. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

4a. Decomposição: divisão do problema em partes menores para facilitar sua resolução; reconhecimento de padrões: identificação de características semelhantes que nos permitem resolver problemas com estratégias que já conhecemos; abstração: filtrar os dados, identificando os essenciais para resolver o problema e descartando os demais; algoritmos: conjunto de instruções ordenadas para resolver um problema ou subproblema.

4b. Por meio das perguntas, o médico verifica as semelhanças entre o que sente o paciente e as doenças que estudou, ou seja, aplica padrões.

5. Os dois textos fazem aproximações entre o mundo das máquinas e dos humanos. Na crônica, o contato com a inteligência artificial provoca apreensão no cronista. Neste texto, a pesquisadora esclarece que os robôs executam ações programadas por humanos e explica que a expressão pensamento computacional não se refere a pensar como um computador, mas, sim, ao pensamento humano usado para resolver problemas.

Fala aí! Reposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Questão 3e – Para estimular a discussão, pergunte aos estudantes que cor é responsável pelo destaque e por quê. Ajude-os a perceber que, em amarelo, aparecem informações relativas aos pilares do pensamento computacional. Volte a perguntar sobre a composição dos slides para que os estudantes observem que o texto é longo, o que normalmente deve ser evitado, mas se justifica por ser uma citação. Comente que, na sequência do uébinário, a palestrante lê partes dêsse slide e as comenta, desenvolvendo as ideias. Dessa fórma, o slide não compete com sua fala; o espectador acompanha a leitura e as explicações que surgem a partir dela.

Fala aí! – Em plataformas de apresentação ao vivo, em geral, há uma janela de mensagens. Trata-se de espaço de chat (bate-papo) para os espectadores fazerem comentários e perguntas ao palestrante ou aos palestrantes e entre eles próprios. Se possível, mostre essa janela na transmissão do uébinário, elemento comum nesse tipo de apresentação.

Peça a vários estudantes que apresentem suas perguntas e verifique se é preciso ajudá-los a formular com mais clareza o conteúdo, inclusive a relação entre a pergunta e o que foi dito pela palestrante. É importante que eles usem linguagem monitorada, tendo em vista a situação comunicativa.

E se a gentereticências

reticências usasse o pensamento computacional?

Como você aprendeu, o pensamento computacional nos ajuda a resolver problemas com mais eficiência. Nesta seção, você e seus colegas, em grupos, vão criar um esquema com esse propósito.

Etapa 1 Analisando um esquema

Para começar, conheçam um esquema criado pelo Ministério das Relações Exteriores para validar o uso de documentos brasileiros no exterior e de documentos internacionais no Brasil.

Esquema. O documento foi emitido no Brasil ou no exterior? – Documento emitido no BRASIL para ter validade no exterior – O país onde o documento vai ser utilizado está na lista da Convenção da Apostila de Haia? – NÃO, o país não está na lista da Convenção da Apostila – O seu documento deve ser LEGALIZADO – Procure a Seção de Legalização da Divisão de Documentos e Atos Consulares do Ministério das Relações Exteriores em Brasília ou um dos Escritórios Regionais do MRE. O documento foi emitido no Brasil ou no exterior? – Documento emitido no BRASIL para ter validade no exterior – O país onde o documento vai ser utilizado está na lista da Convenção da Apostila de Haia? – SIM, o país está na lista da Convenção da Apostila – O seu documento deve ser APOSTILADO – Procure um cartório autorizado na sua cidade. O documento foi emitido no Brasil ou no exterior? – Documento emitido no EXTERIOR para ter validade no Brasil – O país onde o documento foi emitido está na lista da Convenção da Apostila de Haia? – NÃO, o país não está na lista da Convenção da Apostila – O seu documento deve ser LEGALIZADO – procure a repartição consular brasileira no país onde o documento foi emitido. O documento foi emitido no Brasil ou no exterior? – Documento emitido no EXTERIOR para ter validade no Brasil – O país onde o documento foi emitido está na lista da Convenção da Apostila de Haia? – SIM, o país está na lista da Convenção da Apostila – O seu documento deve ser APOSTILADO – Procure a autoridade apostilante do país onde o documento foi emitido.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Fluxograma de validação de documentos. Brasília, Distrito Federal: Portal Consular, 2021. Disponível em: https://oeds.link/CwMXqn. Acesso em: 29 abril 2022.

Sabia?

A Convenção da Apostila de Haia é um tratado internacional em vigor em mais de cem países. Ela comprova que documentos públicos são verdadeiros e facilita sua circulação no exterior, evitando que sejam submetidos a um extenso processo de regula­rização.

Respostas e comentários

E se a gente... usasse o pensamento computacional?

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 9 e 10.

cél: 1, 2 e 3.

céupi: 1, 2, 3 e 5.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê três três e ê éfe oito nove éle pê dois sete.

Orientações didáticas

Etapa 1 – Acompanhe o processo para verificar se os estudantes têm dúvidas. Não há uma resposta certa: o importante é que percebam as diferenças entre a exposição apenas com linguagem verbal e aquela que se vale de quadros e flechas. Não entraremos em detalhes acerca da diferença entre esquemas e fluxogramas, que preveem notações específicas.

Em grupos, transformem esse esquema em texto verbal. O objetivo é o mesmo: explicar se um documento deve ser legalizado ou apostilado e como fazer isso.

Depois, cada grupo vai ler os textos produzidos para a turma e, juntos, vocês vão discutir as vantagens e as desvantagens das duas maneiras de apresentar o conteúdo.

Etapa 2 Criando um esquema

Como vocês notaram, para explicar como proceder para validar os documentos, o esquema feito pelo governo brasileiro separou as informações em “trilhas”, com conjuntos específicos de informações e passos. dêsse modo, construiu um raciocínio lógico e facilitou a compreensão dos dados.

No boxe a seguir, há uma explicação sobre quem deve recolher impostos usando o Carnê-Leão e como fazer isso. Agora é a vez de vocês criarem um esquema com os passos necessários para resolver esse problema. Ele poderá ser feito no computador ou em papel. Além de fórmas como setas e quadros, vocês podem variar cores e usar outros recursos de destaque que contribuam para organizar as informações. Ao final, façam uma breve revisão para checar se o esquema representa corretamente as etapas dessa fórma de recolhimento de impostos.

O Carnê-Leão é um meio de pagar mensalmente o Imposto de Renda. Ele é obrigatório para pessoas físicas que recebem valores de outras pessoas físicas (e não de empresas, chamadas “pessoas jurídicas”). É o caso, por exemplo, de quem presta serviço como autônomo (um vendedor que trabalha por conta própria, por exemplo), tem um imóvel alugado ou recebe pensão alimentícia.

Para preencher o Carnê-Leão e fazer o pagamento, o contribuinte deve acessar a área específica do site da Receita Federal, chamada “Acessar Carnê-Leão”.

Inicialmente, o contribuinte precisará preencher o formulário referente ao mês, informando todos os rendimentos recebidos por trabalhos prestados a outras pessoas físicas, pensão alimentícia e aluguéis. Na etapa seguinte, ele deve informar as despesas mensais para exercer a atividade (como aluguel do espaço no qual exerce as atividades, despesas com materiais etcétera), que geram desconto no valor do imposto.

Após preencher esses dados, o contribuinte deve emitir o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (dárfi), que terá sido preenchido automaticamente pelo sistema com o valor devido. O pagamento deve ser feito dentro do prazo indicado no documento. Caso o prazo seja ultrapassado, será preciso atualizar o dárfi para poder pagá-lo.

Sabia?

Impostos são tributos obrigatórios recolhidos pelos governos federal, estaduais e municipais e servem para custear despesas públicas em diversas áreas, como Saúde, Educação, Segurança, Transporte e Habitação. Eles incidem sobre pessoas físicas (cidadãos) e jurídicas (empresas). Mas essa obrigação não se aplica a todo mundo. No caso do Imposto de Renda da Pessoa Física (i érre pê éfe), por exemplo, há um valor mínimo de rendimentos anuais para que seja cobrado. Quem tiver rendimento abaixo dele está isento de pagar esse imposto.

Etapa 3 Avaliando o esquema

Revisados pelos grupos, os esquemas devem ser afixados na sala de aula para que todos tenham acesso. Procurem fazer uma versão em tamanho grande para facilitar a leitura.

Depois de afixados, os esquemas devem ser comentados pela ­turma. A proposta é escolher qual deles apresentou a melhor solução para o problema, justificando a escolha. Aproveitem para comentar a expe­riên­cia, expondo desafios, aprendizagens e descobertas.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapa 2 – Optamos por apresentar as principais informações acerca do Carnê-Leão por ser uma fórma de pagamento de imposto bastante comum no Brasil. Apresentando esses dados, dialogamos com o Tema Contemporâneo Transversal Educação Fiscal. Embora pareça um tema complexo, o tratamento dado a ele (inclusive pela seleção dos dados) corresponde ao grau de dificuldade de outros conteúdos e processos presentes neste volume.

Observe que estamos solicitando um esquema, o que permite aos estudantes explorar fórmas de representação das etapas de resolução do problema, sem a preocupação em usar o código específico de fluxogramas.

Etapa 3 – Oriente os estudantes sobre a melhor fórma de preparar os esquemas para a apresentação. Se houver possibilidade, forneça cartolina ou outro papel de dimensão grande para que o anotem. Se optarem por computador, considere a possibilidade de projetar os esquemas e comentar um a um ou de fazer a impressão. Nesse caso, talvez seja necessário imprimir partes e montar o esquema com elas.

Analise as produções com base na clareza do raciocínio indicado e na coerência com os dados apresentados. Construir esquemas não é uma tarefa simples e não é uma expectativa que os estudantes consigam realizá-la com perfeição neste momento do curso. O importante é que eles tenham experimentado “automatizar” o processo, o que reforça a consciência de procedimentos para resolução de problemas. Se achar conveniente, apresente a eles o esquema que preparamos como referência.

Sugestão de esquema

Esquema. Você é trabalhador autônomo? SIM. Deve usar o Carnê-Leão. Acesse o site da Receita Federal. Lance os rendimentos. Lance as despesas. Emita o DARF. Você pagou no prazo? SIM. Fim do processo.
Você é trabalhador autônomo? SIM. Deve usar o Carnê-Leão. Acesse o site da Receita Federal. Lance os rendimentos. Lance as despesas. Emita o DARF. Você pagou no prazo? NÃO. Atualize o DARF. Você pagou no prazo? SIM. Fim do processo.
Você é trabalhador autônomo? NÃO. Você recebe renda de aluguel? SIM. Deve usar o Carnê-Leão. Acesse o site da Receita Federal. Lance os rendimentos. Lance as despesas. Emita o DARF. Você pagou no prazo? SIM. Fim do processo.
Você é trabalhador autônomo? NÃO. Você recebe renda de aluguel? SIM. Deve usar o Carnê-Leão. Acesse o site da Receita Federal. Lance os rendimentos. Lance as despesas. Emita o DARF. Você pagou no prazo? NÃO. Atualize o DARF. Você pagou no prazo? SIM. Fim do processo.
Você é trabalhador autônomo? NÃO. Você recebe renda de aluguel? NÃO. Você recebe pensão alimentícia? SIM. Deve usar o Carnê-Leão. Acesse o site da Receita Federal. Lance os rendimentos. Lance as despesas. Emita o DARF. Você pagou no prazo? SIM. Fim do processo.
Você é trabalhador autônomo? NÃO. Você recebe renda de aluguel? NÃO. Você recebe pensão alimentícia? SIM. Deve usar o Carnê-Leão. Acesse o site da Receita Federal. Lance os rendimentos. Lance as despesas. Emita o DARF. Você pagou no prazo? NÃO. Atualize o DARF. Você pagou no prazo? SIM. Fim do processo.
Você é trabalhador autônomo? NÃO. Você recebe renda de aluguel? NÃO. Você recebe pensão alimentícia? NÃO. Não deve usar o Carnê-Leão.
Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, você pode propor a análise da pintura em duplas.

Conversa com arte

Neste capítulo, você estudou a crônica reflexiva, gênero textual que apresenta novas perspectivas sobre fatos e temas do cotidiano. Conheça agora Alex Gross, um artista que faz algo semelhante aos autores de crônica, mas por meio de sua pintura.

São muitos os elementos que influenciam a pintura dêsse artista plástico estadunidense: a cultura pop, a publicidade, as cores das grandes metrópoles, entre outros.

Observe atentamente os detalhes que compõem esta tela reproduzida: personagens e ambiente.

Obra de arte. Moça sentada à mesa fazendo uma refeição. Ela tem o semblante sério, olhando fixamente para frente com os lábios cerrados e segurando um garfo em frente a seu prato, que contém carne. Sobre a mesa, uma caneca e uma tigela com frutas. Ao lado da moça, a imagem meio translúcida de um homem sentado à mesa, segurando um garfo, também sério e olhando para a frente. O prato e o copo dele estão vazios. Ao fundo, grandes armários de cozinha e eletrodomésticos.
GROSS, Alex. The meal (A refeição). 2016. Óleo sobre tela, 29 por 33 centímetros.

Agora, participe da discussão proposta por seu professor com base nas questões a seguir.

Respostas e comentários

Conversa com arte

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.

cél: 1, 2, 3, 5 e 6.

céupi: 2, 3, 5, 7, 9 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê três cinco, ê éfe seis nove éle pê três seis, ê éfe seis nove éle pê quatro seis, ê éfe seis nove éle pê quatro nove, ê éfe oito nove éle pê dois quatro, ê éfe oito nove éle pê dois cinco e ê éfe oito nove éle pê dois nove.

Orientações didáticas

Nesta seção, os estudantes conhecerão uma pintura, em uma exploração que está voltada à reflexão e não à criação, embora possa ser um desdobramento voluntário no caso de alguns deles. Nosso objetivo é contribuir para que eles possam fruir linguagens artísticas e tecer apreciações consistentes sobre obras.

Para o estudo, os estudantes serão convidados a exercer a curadoria de arte, ou seja, a planejar uma exposição reunindo algumas das obras mais conhecidas produzidas na Europa e no Brasil entre o século quinze e o século vinte. Entendemos ser um processo que exercita a curiosidade intelectual, a investigação e a análise crítica para criar uma solução, objetivos citados na cê gê 2, uma vez que é preciso levantar dados sobre as obras em fontes confiáveis; definir critérios de agrupamento, promovendo exclusões; e produzir justificativas. Com as atividades, contribuímos para o desenvolvimento das habilidades ligadas à realização de pesquisas e divulgação de resultados.

Sugerimos enfaticamente que o professor de Arte seja convidado a participar da atividade para ampliá-la. Ele pode, no final do processo, escolher algumas das obras que fizeram parte das exposições para analisar as técnicas envolvidas em sua produção. Junto delas, pode apresentar e explorar, com os estudantes, obras produzidas nos mesmos períodos em outras partes do mundo, ampliando o estudo. dêsse modo, poderá desenvolver a habilidade, ligada ao componente Arte, ê éfe seis nove á érre zero um, que prevê pesquisa, apreciação e análise de obras visuais tradicionais e contemporâneas em diferentes matrizes estéticas e culturais.

Mesmo que não seja possível a parceria, considere a possibilidade de ampliar a pesquisa, buscando algumas obras para comparações em sites de museus. O Museu Oscar Niemáier (mon) dispõe de uma coleção de arte asiática, e o Museu Afro-Brasil, de uma coleção de arte africana. Pesquise antecipadamente os sites para verificar quais materiais estão disponíveis.

Sugerimos, ainda, uma visita a algum museu de arte de sua cidade. Os estudantes podem ser orientados a fazer a visita e a elaborar, posteriormente, uma carta coletiva à direção do museu, elogiando a exposição visitada e sustentando essa opinião ou sugerindo algumas ações que tornem a visita mais estimulante. dêsse modo, além de conhecer o acervo, poderão estabelecer um diálogo com a instituição.

  1. Tal qual uma crônica, o pintor apresenta em sua tela um fato corriqueiro, cotidiano. Que fato é esse?
  2. Os personagens em cena olham para o mesmo lado. O que você imagina que eles estão vendo?
  3. A pintura de Gross é bastante detalhada.
    1. Comprove essa afirmação descrevendo os móveis que aparecem ao fundo.
    2. Cite mais um exemplo de representação com grande detalhismo.
  4. A impressão de realidade criada pelo pintor contrasta com um elemento da tela. Qual?
  5. Que recurso o pintor usou para representar esse elemento?
  6. Quais recursos empregou o pintor para evidenciar que, embora acom­panhados, os personagens estão sozinhos?
  7. Por meio da pintura A refeição, Alex Gross faz uma crítica ao compor­tamento das pessoas. Que crítica é essa?
  8. Você acha que essa crítica é pertinente na atualidade? Por quê?
  9. Suponha que você fosse fazer uma pintura como essa de Alex Gross, para representar uma crítica semelhante.
    1. Quais seriam os personagens pintados?
    2. Onde eles estariam?
    3. Que situação seria retratada?
    4. O recurso de que se valeu Gross na pintura A refeição também serviria para a pintura que você imaginou? Justifique sua resposta.
  10. Na sua opinião, de que fórma a pintura de Alex Gross consegue retratar um mundo de fantasia e, ao mesmo tempo, refletir uma visão contemporânea da sociedade?

Os trabalhos de Alex Gross podem ser vistos em diversos museus e gale­rias, assim como em livros de arte. O artista estadunidense é conhecido por fazer um encaixe entre o mundo real e um mundo imaginado, onírico, ­fantasioso. Trata-se de um tipo de arte conhecido como surrealismo pop. Nela, ele mistura, por exemplo, elementos tradicionais, como figuras que parecem ter saído de fotografias e estampas antigas, com elementos contemporâneos, como as marcas, que remetem ao consumismo.

Pesquisa de obras de arte

Como você já sabe, A refeição, de Alex Gross, é uma pintura. A ação de cobrir uma superfície com pigmento para expressar ideias é quase tão antiga quanto os seres humanos, e as pessoas gostam tanto de pintura que grande parte dos museus é dedicada a essa arte.

Respostas e comentários

1.Ele apresenta uma mulher e um homem sentados à mesa durante uma refeição.

2. Sugestão: Provavelmente, um aparelho de tê vê ou computador.

3a. Sugestão: Os veios da madeira e os relevos, criados pela representação das portas e gavetas, sugerem textura e contribuem para a representação da luz, que parece incidir de fórma natural.

3b. Sugestão: O brilho no copo de vidro.

4. A figura translúcida do rapaz.

5. O pintor fez com que a imagem do fundo aparecesse através do corpo do rapaz, que, por sua vez, parece translúcido.

6. Ele os pintou lado a lado, com os braços se tocando, mas os olhos fixos em um ponto à frente mostram que não é dada atenção ao companheiro.

7. A crítica à robotização diante dos aparelhos de entretenimento (tê vê, computador etcétera) e à falta de comunicação.

8. Espera-se uma resposta afirmativa, considerando que muitas pessoas têm deixado de se comunicar frente a frente e optado pela comunicação a distância ou por atividades solitárias.

9a, 9b e 9c. Sugestão: Um adulto que balança um berço em um quarto usando o celular, sem observar que o filho está pedindo colo, por exemplo.

9d. Espera-se que os estudantes considerem o fato de que o apagamento sugere a ausência de atenção e participação apesar de o indivíduo estar presente.

10. Espera-se que os estudantes concluam, com base nas respostas anteriores, que a obra se utiliza de uma representação fictícia, fantasiosa, para fazer uma crítica ao contexto real da sociedade contemporânea, especialmente em relação ao uso da tecnologia e ao seu nas relações interpessoais.

Sua tarefa agora será pesquisar na internet algumas obras de arte indicadas nestas páginas para observá-las detalhadamente. Todas elas são obras muito conhecidas.

Linha do tempo. Em duas partes. Primeira parte. 1485. O nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli. 1503 – Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Mulher de olhos compridos, nariz e boca pequenos. Tem o cabelo longo, dividido ao meio. Usa roupas escuras e largas. Está sentada, com um braço apoiado sobre o outro. 1509-1511 – Escola de Atenas, de Rafael Sanzio. Diversos homens vestindo túnicas coloridas reunidos dentro de um grande salão iluminado de um palácio. O teto é em arco e todo ornamentado. Alguns homens estão sentados na escadaria que separa o ambiente em dois níveis. 1598 – Cabeça de Medusa, de Michelangelo Merisi da Caravaggio. Mulher branca, com a boca aberta, olhos arregalados e sobrancelhas franzidas. Do pescoço, escorre sangue. Na cabeça, no lugar dos cabelos, serpentes. 1665 – Moça com brinco de pérola, de Johannes Vermeer; 1793 – A morte de Marat, de Jacques-Louis David. 1818 – Viajante sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich. Homem de costas, no topo de uma pedra, a beira de um precipício. Ele usa sobretudo e botas. Uma densa névoa branca encobre o horizonte. 1875 – Mulher com sombrinha, de Claude Monet. 1888 – Doze girassóis numa jarra, de Vincent van Gogh.
Respostas e comentários

DA VINCI, Leonardo. Mona Lisa. 1503. Óleo sobre madeira, 76,8 × 53 cm.

SANZIO, Rafael. Escola de Atenas. 1509-1511. Afresco, 500 × 700 cm.

FRIEDRICH, Caspar David. Viajante sobre o mar de névoa. 1818. Óleo sobre tela, 98,4 × 74,8 cm.

CARAVAGGIO, Michelangelo Merisi da. Cabeça de Medusa. 1598. Óleo sobre tela, 60 × 55 cm.

Linha do tempo. Em duas partes. Segunda parte. 1893 – O grito, de Edvard Munch. 1928 – Abaporu, de Tarsila do Amaral. Pessoa representada com o corpo em tamanho desproporcional. Está sentada de lado com uma das pernas flexionadas. As costas, um dos braços e a perna são gigantes. A cabeça é bem pequena e fina. Ao lado, um cacto comprido e sol. 1937 – A mulher que chora, de Pablo Picasso; 1944 – Os retirantes, de Candido Portinari. Família cadavérica. Estão em pé, carregando crianças e trouxas de roupa. Um senhor com o esqueleto em evidência tem um longo cajado. As crianças são esqueléticas. Uma delas tem uma barriga muito grande e arredondada. Ao redor deles, solo sujo e sem vegetação e aves pretas voando. 1948 – Nº 5, de Jackson Pollock; 1981 – [Sem título], de Jean-Michel Basquiat. Silhueta de cabeça humana, cheia de retalhos e engrenagens. Um dos olhos está esbugalhado. Os dentes estão a mostra, são grandes e amarelos. Ao redor, borrões coloridos. 1999 – Dupla Mona Lisa, de Vik Muniz. 2010 – A bebedora de café, de Alex Flemming. Silhueta de uma mulher sentada, com um dos braços sobre a mesa e uma xícara na outra mão. Ele usa um lenço colorido no cabelo e óculos avermelhados. Está sorrindo. Os lábios são roxos. Ela foi pintada sobreposta a um fundo composto por traços pretos.
Respostas e comentários

AMARAL, Tarsila do. Abaporu. 1928. Óleo sobre tela, 85 × 73 cm.

PORTINARI, Candido. Os retirantes. 1944. Óleo sobre tela, 190 × 180 cm.

BASQUIAT, Jean-Michel. [Sem título]. 1981. Acrílico e óleo sobre tela, 205,7 × 175,9 cm.

FLEMMING, Alex. A bebedora de café. 2010. Acrílico sobre tela, 130 × 130 cm.

Curadoria de arte

O curador de arte é o profissional responsável pela organização das exposições de um museu. Geralmente, organiza uma exposição escolhendo um tema ou um recorte temporal que justifica a junção de determinadas obras. Ele pode, por exemplo, fazer uma exposição reunindo telas com a presença de animais ou escolher como tema as pinturas produzidas no Brasil nos anos 1920.

Agora, vocês serão os curadores de uma exposição.

É lógico!

Você já precisou fazer pesquisas antes. Use estratégias que foram bem-sucedidas em momentos anteriores para resolver seu novo desafio.

  1. Reúnam-se em quintetos, analisem cuidadosamente o con- ­junto de pinturas reproduzidas ou citadas nesta seção e ­escolham cinco delas com base em um elemento comum que vocês considerem interessante.
  2. Cada estudante será responsável por pesquisar informações sobre uma das obras: dados técnicos, como o tamanho da tela e as técnicas usadas; informações sobre o pintor, seu estilo e a época em que a obra foi produzida; história da tela; interpretações propostas etcétera Esses dados serão a base para a escrita de placas explicativas que acompanharão as obras na exposição. Veja um exemplo presente no site do Museu de Arte de São Paulo (maspi).

As pinturas de Carmézia Emiliano retratam atividades cotidianas, festas, mitos e hábitos da nação macuxi, oriundas da região fronteiriça com a Venezuela e a Guiana, perto do monte Roraima. A profusão de detalhes espelhados, intrincados e interconectados em suas obras ressaltam a dimensão do coletivo e sua confluência com a natureza e o entorno. reticências O termo [parixara] é utilizado para designar um ritual de comemoração e agradecimento à natureza, de culto à caça e à colheita, e é um tema recorrente no repertório iconográficoglossário de Emiliano. Na versão do maspi, a composição organizada em diferentes registros é particularmente precisa e quase simétrica, e expressa também o movimento. Duas ocas com suas respectivas redes e duas árvores estão posicionadas no eixo central da parte superior da pintura. As figuras ocupam o resto do campo pictóricoglossário em três fileiras sobrepostas e alternam a direção de sua dança-caminhada de uma para a outra. A repetição de módulos de indivíduos com o mesmo traje de palha e seus bastões-instrumentos ornados de pequenas esculturas de animais e que adotam posições similares confere um ritmo visual à pintura evocando o compasso marcado dos cantos e o acompanhamento musical dessa prática. Assim, tanto a dança ritual como as escolhas formais de Emiliano para delineá-la podem ser lidas a partir de uma cosmovisãoglossário na qual cada elemento é parte integrante de um todo harmônico, complementar e interconectado.

Obra de arte. Casais indígenas em um ritual, alinhados em três filas. Os homens vestem um longo saiote e seguram um cajado com uma ave na ponta. As mulheres usam longo saiote e cobertura no busto. Eles têm pinturas pelo corpo. Ao fundo, redes de descanso penduradas entre as árvores e ocas.
EMILIANO, Carmézia. Parixara. 2020. Óleo sobre tela, 63 por 63 centímetros.

ARDUI, Olivia. Parixara. Acervo. São Paulo: maspi, 2020. Disponível em: https://oeds.link/M0KbfI. Acesso em: 19 abril 2022.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Curadoria de arte – Toda a atividade pode ser feita pelo grupo fóra da sala de aula se você considerar que estão preparados para isso. Caso contrário, sugerimos que, pelo menos, o item 2 e os dois primeiros passos do item 4 sejam feitos como tarefa de casa.

Lembre os estudantes de que já vêm praticando procedimentos de pesquisa: definir palavras-chave, comparar fontes para avaliar sua confiabilidade, descartar informações que não possam ser confirmadas etcétera Eles devem se valer dos mesmos procedimentos para encontrar informações consistentes e corretas sobre as obras. Alerte-os para o fato de que, no campo da interpretação de obras artísticas, existem muitas produções que expressam ou reproduzem dados não confiáveis.

Considere a possibilidade de fazer a exposição em uma área coletiva, se possível unindo esse material àquele produzido por outras turmas. Permita que os estudantes circulem pelo espaço para conhecer outras soluções de agrupamento e outras placas explicativas feitas com base no mesmo conjunto de obras que exploraram. Os estudantes podem atuar como educadores de museus, tirando as dúvidas dos visitantes.

  1. Definam um título para a exposição. Ele deve ser coerente com o critério que vocês escolheram. Escrevam um texto introdutório para explicar esse critério aos visitantes.
  2. É o momento de preparar a exposição:
    • imprimam as pinturas em um tamanho que permita sua apreciação;
    • escrevam placas explicativas, usando expressões como ou seja e isto é seguidas de explicação, para esclarecer informações que podem ser ­desconhecidas pelo público;
    • digitem os textos ou escrevam-nos à mão, garantindo a unidade visual;
    • afixem as obras com as placas explicativas em um espaço da escola;
    • junto das obras, afixem o texto introdutório.

Biblioteca cultural

Visitar exposições de arte virtualmente pode ser uma ótima opção para quem não pode ir ao museu ou à galeria e até mesmo para quem deseja um primeiro contato com a exposição antes de conhecê-la ­presencialmente. Além disso, a visita virtual, geralmente, é gratuita, o que democratiza o acesso à arte.

Como sugestão, faça um tour pelo Museu de Arte Indígena (mái): https://oeds.link/n9oq7I. Acesso em: 29 abril 2022.

Biblioteca cultural em expansão

Confira algumas dicas de livros e obras de arte para ampliar seus conhecimentos sobre os temas estudados neste capítulo. Você pode pesquisá-los, realizar leitura parcial ou integral dos livros, apreciar as obras de arte e partilhar suas impressões com os colegas.

Marina Colasanti, seleção de Marisa Lajolo. São Paulo: Global, 2016. (Coleção Melhores Crônicas).

Por que devo ler esse livro?

Para conhecer crônicas muito especiais que a professora Marisa Lajolo selecionou para os leitores de Marina Colasanti. Nesses textos, a autora tira a capa de situações aparentemente banais e nos faz ver novas versões da realidade.

Seta na cor verde.

Pinturas de Alex Gross. Disponível em: https://oeds.link/UK2TqH. Acesso em: 21 julho 2022.

Por que devo contemplar essas pinturas?

Para ter acesso à colorida e incômoda arte dêsse artista que nos apresenta outras facetas da realidade.

Seta na cor verde.

Crônicas para jovens, de Affonso Romano de santana. São Paulo: Global, 2011.

Por que devo ler esse livro?

Para entrar em contato com outro investigador do cotidiano. “Mundo jovem”, “Antes que elas cresçam”, “Porta de colégio”, “Como namoram os animais”, “O surgimento da beleza”, “O que se perde com o tempo” e “Limpar as palavras” são alguns dos belos textos que compõem essa antologia.

Seta na cor verde.

A arte brasileira em 25 quadros (1790-1930), de Rafael Cardoso. Rio de Janeiro: Record, 2008.

Por que devo conhecer esse livro?

Para acessar obras importantes da pintura brasileira e saber quando e como foram produzidas.

Além dessas dicas, que indicação você faria? Escolha uma crônica, um cronista, uma obra de arte ou um museu e escreva sua dica no caderno. Compartilhe-a com seus colegas.

Respostas e comentários

Biblioteca cultural em expansão

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3 e 6.

cél: 2 e 5.

céupi: 8 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro seis e ê éfe seis nove éle pê quatro nove.

Orientações didáticas

Sugerimos que sejam formados grupos com seis estudantes e que cada um leia sua indicação aos demais. Ao final, cada integrante deve dizer que dica preferiu entre aquelas lidas no grupo e justificar sua resposta. Verifique se é possível emprestar as obras na biblioteca da escola ou em bibliotecas públicas. No caso das indicações de obras de arte, veja se é possível projetá-las ou mostrar na tela do computador.

Glossário

Protuberavam
: formavam elevações.
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Monólito
: obra de pedra em bloco único.
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Menir
: monumento em pedra de fórma alongada fixado verticalmente no solo.
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Geneticista
: em biologia, especialista que estuda a hereditariedade e os genes.
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Simetricamente
: regularmente, equilibradamente.
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Esparsas
: dispersas, espalhadas.
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Iconográfico
: referente à arte de representar por meio da imagem.
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Pictórico
: referente à pintura.
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Cosmovisão
: visão de mundo.
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