Capítulo 1 – História tem contexto

Quando ouvimos falar em “romance”, logo pensamos em uma ­história de amor. Todavia, essa ideia é bastante imprecisa, porque considera apenas o assunto do texto, e não a fórma como ele é apresentado. Neste capítulo, você vai estudar alguns elementos próprios do gênero textual romance e colocar-se no papel de um romancista para que possa compreender e apreciar melhor as produções literárias desse gênero.

Leitura 1 ROMANCE 

Inicie com a leitura de três capítulos do romance A máquina, de Adriana Falcão. Antes de ler o texto, reflita:

  1. Considerando o título do romance, em que tempo e espaço você imagina que o enredo é desenvolvido?
  2. Você já sabe que se trata de um romance, e não de um conto. Quais são as consequências disso para o contato que você terá com a história?

A máquina

Nordestina era uma cidadezinha desse tamanhinho assim da qual se dizia: eita lugarzinho sem futuro. Antônio ouviu dizer isso desde pequeno e deu por certo o fato.

Pra chegar a Nordestina tinha que se andar muito.

É claro que ninguém fazia isso. O que é que a pessoa ia fazer num lugar que não tinha nada para fazer? No entanto, quem fazia o caminho inverso contava pros outros o quanto tinha andado, e então se deduzia que se o caminho de saída era um, o caminho de chegada só podia ser o mesmo.

Antônio trabalhava na prefeitura da cidade, sendo pra folha de ­pagamento o funcionário de número 19.

Pro prefeito ele era o moço do café.

Pro povo em geral era Antônio da dona Nazaré. Pra dona Nazaré era seu filho mais velho. Toda noite dona Nazaré pedia a Deus por um filho seu, de modo que a cada um cabiam dois pedidos por mês mais um terço de pedido. Na falta de pedido retalhado, deixava juntar três meses e então fazia mais um, inteiro, pra cada filho. Nos meses de três pedidos – abril, agosto e dezembro – ela aproveitava pra pedir saúde, dinheiro e felicidade. Nos outros nove meses do ano os meninos tinham que se contentar com saúde e dinheiro somente, o que nunca coincidia com a realidade, pois se dona Nazaré fosse mesmo boa de pedido, há muito tempo Deus lhe teria enviado uma geladeira nova. Mesmo assim ela pedia, por costume, por insistência, porque, se deixasse de pedir, Deus podia esquecer que eles existiam, motivo é que não lhe faltava.

Respostas e comentários

1. Resposta pessoal. Se necessário, peça aos estudantes que registrem no caderno suas expectativas e retome-as após a leitura do texto.

2. Resposta pessoal. Aproveite esta atividade para avaliar o conhecimento prévio da turma sobre o gênero romance, observando as expectativas em relação ao gênero a ser lido.

Capítulo 1

Leia sobre o percurso de aprendizagem proposto para este capítulo na parte específica deste ême pê.

Leitura 1

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 3, 4, 8 e 9.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 2, 3, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis nove éle pê quatro sete, ê éfe seis nove éle pê quatro nove, ê éfe seis nove éle pê cinco três e ê éfe oito nove éle pê três três.

Orientações didáticas

Peça aos estudantes que reflitam sobre as questões e, após a leitura, solicite que confrontem as expectativas com aquilo que leram. Provavelmente, parte significativa dos estudantes terá se surpreendido com o espaço da narrativa por ter associado “máquina” à tecnologia de ponta e, consequentemente, a metrópoles ou cenários ­futuristas. Para que possam exercitar a apreciação, conduza as atividades de modo que, caso haja quebra de expectativa, isso não desestimule a continuidade da leitura. Quanto à segunda questão, espera-se que confirmem a ideia de que entraram em contato apenas com a situação inicial da narrativa e que identifiquem estratégias da autora para despertar a curiosidade sobre o que vai acontecer.

Proponha aos estudantes a leitura do texto A máquina em voz alta. Você pode ler o primeiro capítulo para demonstrar como fazer uma leitura fluente e expressiva, explorando entonação, ritmo, tom, gestualidade etcétera, sempre conforme os efeitos pretendidos pelo texto. Em seguida, divida os estudantes em trios para que cada um tenha a oportunidade de ler para seus colegas.

Se palavra gastasse, duvido que tivesse sobrado algum adeus em Nordestina, haja vista a frequência com que se usava naquele tempo essa palavra.

Era tanta gente indo embora que o povo até se acostumou com os vazios que ficavam e iam tomando conta da cidade, apagando cheiros, transformando em memória frases, olhares, gestos, e a cara daqueles que não tinham retrato.

Nos dias de faxina, e portanto principalmente nas quintas, sempre apareciam objetos esquecidos por um ou outro dos que já tinham se ido, que só serviam pra devolver rancores a abandonos superados. A estes objetos se davam diferentes fins, sendo o mais comum o fundo de uma gaveta, e o mais doído, a navalhada.

Os motivos da debandagem generalizada às vezes viravam bilhetes e alguns eram furiosamente rasgados. O motivo escrito quase sempre era um arremedo do verdadeiro e tinha por maior utilidade consolar o destinatário do que dar a se entender o remetente, pois como é que se explica, diga mesmo, que o motivo de ir embora era só o nada?

Algumas partidas eram anunciadas com antecedência devido à ­quantidade de providências a serem tomadas. As notícias se espalhavam de várias fórmas.

Vende-se mesa de fórmica com4 cadeiras, sofá 2 lugares, cama casal, berço, fogão e geladeira. Ótimo estado. Tratar com Lurdinha no cartório.

Vendo urgente casa perto da bica. Quarto, sala, quintal, banheiro dentro. Pechincha. Rua da Travessa, 38.

Vendo fiteiro ótimo ponto lucro excelente.

Fundos da Prefeitura. Falar com Marconi no local.

Por motivo de viagem vendo gado bom danado. Dois bois, três vacas, um garrote.

Nos primeiros meses, os que tinham se ido costumavam ligar aos domingos, quase sempre a cobrar, pra casa de uma vizinha. Depois as notícias iam se espaçando e se dizia deles que tinham sumido no oco do mundo, que já devia estar cheio, inclusive.

Quem olhava pro horizonte em Nordestina, querendo ou não, imaginava uma linha perpendicular a ele, a linha traçada pelo destino dos que se importavam com o destino, de modo que o povo de Nordestina todinho tinha o horizonte por uma cruz, e não por uma linha, e era por esse motivo que o verbo cruzar cabia em todo tipo de entendimento.

Ilustração. Duas pessoas de corpos cilíndricos, pernas e braços finos. A mulher tem o cabelo amarrado e carrega uma mala. O homem usa um chapéu comprido e também carrega uma mala. Abaixo, longe um do outro, uma xícara, uma cadeira, uma mesa, uma garrafa, folhas e uma casa simples, com uma janela e uma porta. Em seguida, casinhas em um terreno rachado. Entre elas um caminho.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

A temática de A máquina, principalmente nos capítulos iniciais, selecionados para esta abordagem, trata da migração dos nordestinos. É possível realizar uma atividade interdisciplinar em parceria com o professor de História, a quem cabe a discussão das dinâmicas internas de migração no Brasil a partir dos anos 1960. Trata-se de um conhecimento prévio para essa disciplina, cujo desenvolvimento já começa nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Também o professor de Geografia pode se interessar pelo tema, tendo em vista que analisa a dinâmica demográfica, considerando, entre outros aspectos, a mobilidade espacial (ê éfe zero oito gê ê zero três).

Entre Nordestina e a cidade que ficava antes dela, tinha uma placa com os dizeres “Bem-vindo a Nordestina”. Há quem diga que até o tempo de Antônio quase ninguém tomou conhecimento da existência dessa placa.

O povo que morava da placa pra dentro imaginava uma risca no chão que separava Nordestina do resto do mundo. O povo que morava da placa pra fora não imaginava nada, jamais pensou no assunto, e não tinha a menor ideia de que pra lá dali ainda tinha mais um pouco.

Vivia em Nordestina, mesmo ali na rua de baixo, uma moça que apertava os olhos pela metade quando olhava, por quem Antônio era completamente apaixonado. Ninguém sabe dizer até hoje se o que endoidecia ele era o olhar pelo meio de Karina ou o resto todo. Entenda-se por todo inclusive o perfume que ela ia deixando por onde passava.

Antônio, que pra cada pessoa era um, pra Karina era somente o rapaz que sempre dava um pulo na casa dela quando largava do trabalho.

Depois ficou diferente, mas só depois. Só depois que as coisas todas mudaram.

FALCÃO, Adriana. A máquina. São Paulo: Salamandra, 2015. páginas doze a dezessete.

De quem é o texto?

Fotografia. Adriana Falcão, mulher de aproximadamente 55 anos, branca, cabelo claro e ondulado. Tem o rosto comprido, sorriso largo e queixo pontudo.
Foto de 2016.

A escritora fluminense Adriana ­Falcão (1960-) é formada em Arquitetura, mas nunca exerceu a profissão. Escreve roteiros para séries e filmes, crônicas e romances, alguns deles destinados ao público infantojuvenil. Já morou no Recife Pernambuco e, frequentemente, fala do Nordeste em suas produções.

Biblioteca cultural

As ­mirabolantes aventuras ­narradas no romance A máquina já viraram pe­ça de teatro e filme, ambos dirigidos pelo diretor pernam­bucano João Falcão. Procure o trailer na internet.

DESVENDANDO O TEXTO

  1. Após a leitura do final do trecho, suas expectativas em relação à ­história foram confirmadas? Explique.
  2. Grande parte da população da cidade de Nordestina migra para outras regiões. O que motiva a saída dos moradores?
  3. Releia o seguinte trecho.

Os motivos da debandagem generalizada às vezes viravam ­bilhetes e alguns eram furiosamente rasgados. O motivo escrito quase sempre era um arremedo do verdadeiro e tinha por maior utilidade consolar o destinatário reticências.

  1. Que palavra do trecho exprime a ideia de saída?
  2. Essa palavra não costuma aparecer nos dicionários. Que fórma equivalente é registrada neles? Qual é o sentido da palavra?
  3. Por que essa palavra é mais expressiva que saída?
  4. Arremedo é uma cópia malfeita, uma imitação de baixo valor. Por que razão quem parte opta por informar um “arremedo do [motivo] verdadeiro”?
  5. Identifique, na sequência do trecho, o elemento do dia a dia que contribui para a sensação de que Nordestina é uma cidade em constante abandono.
  6. Que expressão usada pelos moradores sugere que o espaço fora de Nordestina, para onde vão os que partem, é um enigma?
Respostas e comentários

1. Resposta pessoal. Peça aos estudantes que justifiquem as expectativas apresentadas, observando as características dos personagens e do espaço (Nordestina) e o próprio título.

2. A ausência de qualquer ponto de interesse em Nordestina.

3a. Debandagem.

3b. A palavra é debandada, que significa “fuga”, “saída desordenada”.

3c. Porque reforça a ideia de que as pessoas fogem da cidade e querem se livrar dela.

3d. Porque não quer magoar aqueles que ficaram, contando que parte simplesmente por não haver motivo para permanecer.

3e. Os frequentes anúncios de venda de residências, pontos comerciais, móveis e animais.

3f. A expressão oco do mundo.

Orientações didáticas

Desvendando o texto – Questão 2 – Esta atividade é importante para que os estudantes reconheçam as relações de causa e consequência entre os acontecimentos em um texto narrativo como o romance.

Questão 3 – Leve os estudantes a reconhecer a importância das escolhas lexicais para os efeitos de sentido em um texto literário. Ressalte que essa é uma etapa importante da construção da linguagem e é um conhecimento que eles poderão mobilizar mais adiante, ao produzir um capítulo de romance e desenvolver habilidades específicas do campo artístico-literário.

4. Releia o seguinte fragmento.

Quem olhava pro horizonte em Nordestina, querendo ou não, imaginava uma linha perpendicular a ele, a linha traçada pelo ­destino dos que se importavam com o destino, de modo que o povo de Nordestina todinho tinha o horizonte por uma cruz, e não por uma linha, e era por esse motivo que o verbo cruzar cabia em todo tipo de entendimento.

Ilustração. Destaque para o rosto de várias pessoas aglomeradas, olhando para o horizonte, um intenso foco de luz vindo do topo de uma colina. Ao redor nuvens, traços e pequenas estrelas.
  1. O narrador se mostra compreensivo ou enraivecido em relação a quem parte de Nordestina? Justifique sua resposta com um ­trecho do fragmento transcrito.
  2. Apesar de A máquina ser uma ficção, aborda um tema da ­realidade. De que se trata?
  3. Você acha que esse tema está relacionado apenas a um contexto regional ou pode ser considerado universal? Explique sua resposta.

Fala aí!

Além de dificuldades relacionadas à sobrevivência, que outros motivos poderiam levar alguém a deixar sua cidade natal? Você gostaria de deixar a sua? Discuta com os colegas como é sua relação com o lugar onde vive e suas expectativas em relação a ele.

5. Os capítulos introduziram alguns personagens. Releia o trecho a seguir.

reticências Ninguém sabe dizer até hoje se o que endoidecia ele era o olhar pelo meio de Karina ou o resto todo. Entenda-se por todo inclusive o perfume que ela ia deixando por onde passava.

Antônio, que pra cada pessoa era um, pra Karina era somente o rapaz que sempre dava um pulo na casa dela quando largava do trabalho.

  1. De acordo com esse trecho, para cada pessoa Antônio era um. Colhendo todas as informações disponíveis nos três capítulos, o que é possível saber sobre Antônio?
  2. O que a oração “que pra cada pessoa era um” revela sobre ­Antônio?
  3. Explique por que a descrição de Karina mostra uma diferença ­significativa em relação aos demais moradores de Nordestina.
  4. No trecho “era o olhar pelo meio de Karina ou o resto todo”, o narrador usa a língua de maneira criativa. Como ele produz o efeito de humor?

É lógico!

Para realizar a atividade 5c, você precisa identificar um padrão. A particularidade de Karina é o elemento que foge dele.

Respostas e comentários

4a. O narrador compreende a partida, como sugere ao afirmar que os que partiam eram os que “se importavam com o destino”.

4b. O tema da migração, muito comum em cidades do interior nordestino, das quais os moradores partem procurando melhores oportunidades.

4c. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

5a. Trata-se de um funcionário da prefeitura que serve café, é filho de Dona Nazaré e tem vários irmãos. É apaixonado por Karina, que, como todos os outros, não lhe dá muita atenção.

5b. A oração revela que o personagem não chama muito a atenção das pessoas, sendo identificado por sua filiação ou trabalho, e não por características individuais.

5c. Karina diferencia-se dos demais por ser uma pessoa marcante, como sugere o fato de ela deixar um rastro de perfume nos espaços tão vazios de Nordestina.

5d. Por meio do emprego da dupla de palavras opostas meio e todo, usadas nas expressões olhar pelo meio e o resto todo.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Questão 4 – Aproveite para comentar que existe, na Bahia, um município chamado Nordestina. Peça aos estudantes que levantem uma hipótese sobre a escolha desse nome pela autora. Espera-se que notem que o termo possibilita a generalização, podendo se referir a muitas cidades da região Nordeste.

Questão 4c – Espera-se que os estudantes percebam que a busca por mais oportunidades de estudo, trabalho e lazer em cidades maiores não é um evento exclusivo do Nordeste brasileiro ou de regiões interioranas. Há contextos de migração no mundo todo.

Questão 5 – Proponha aos estudantes que esta atividade sobre os personagens seja resolvida em duplas. Determine um tempo para que eles registrem as respostas no caderno e depois corrija-a coletivamente, estimulando a participação de todos.

Fala aí! – Ajude os estudantes a perceber que a curiosidade e o desejo de conhecer o mundo também motivam partidas, e que esse é um fenômeno que não está restrito a uma época ou a um local específico; é parte da natureza humana.

COMO FUNCIONA UM ROMANCE?

Agora que você já conhece Antônio, Karina e a cidade de Nordestina, reflita sobre o que foi narrado e a fórma como isso foi feito.

  1. Observe como o espaço é descrito no texto lido.
    1. Essa descrição é breve ou detalhada? Qual é a importância dessa escolha para a visão do leitor sobre a cidade?
    2. Em sua opinião, esse tipo de descrição seria produtivo em um conto? Por quê?
  2. Além de descrever Nordestina, que outra função têm os capítulos lidos?
  3. Releia o seguinte fragmento.

Depois ficou diferente, mas só depois.

Só depois que as coisas todas mudaram.

  1. Que palavra foi empregada para indicar tempo?
  2. Qual é a função desse comentário em relação à continuidade da narrativa? Explique sua resposta.
  3. Transcreva outro trecho que tenha sido usado com a mesma ­função.
Ilustração em preto e branco. Silhueta de uma pessoa de lado, caminhando com uma mala nas mãos. O chão é escuro. À frente dela algumas plantas. Entre elas uma escadaria alta e placa MUNDO para a direita.  Acima, traços finos e escuros sobre uma mancha branca.
Ilustração de Fernando Vilela para o livro A máquina, de Adriana Falcão.

Biblioteca cultural

O artista paulista Fernando Vilela ilustrou uma das edições de A máquina, de Adriana Falcão. Gra­­vura, colagem, desenho, es­cultura, insta­lação e fotografia são as fórmas de ex­pressão utilizadas por esse artista plástico. Conheça sua obra em: https://oeds.link/kSGVz7. Acesso em: 8 fevereiro 2022.

Da observação para a teoria

O romance apresenta acontecimentos fictícios, organizados em uma sequência temporal geralmente longa, que não é, necessariamente, narrada em ordem cronológica. Como as demais narrativas literárias, os romances caracterizam-se por apresentar ­enredo, narrador, personagens, espaço e tempo. Por serem extensos, permitem a existência de mais de um conflito e o aprofundamento dos personagens, além de contarem com descrições mais detalhadas.

Os romances podem ser divididos em capítulos. As características do narrador e dos personagens, bem como o estilo do autor e a época em que o texto foi escrito, definem o emprego da linguagem, que poderá apresentar marcas de determinada variedade linguística, além de poder ser mais formal ou mais informal.

Respostas e comentários

1a. A descrição é detalhada e contribui para que o leitor construa uma imagem de uma cidade pacata e sem grandes atrativos.

1b. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes concluam que não, pois o conto costuma ser mais enxuto e centrado nos personagens.

2. Os capítulos introduzem Antônio e Karina, aparentemente protagonistas da história.

3a. A palavra depois.

3b. O comentário contribui para a criação de expectativas em relação ao que vai acontecer, sugerindo que algo mudaria a situação vivida em Nordestina.

3c. “Há quem diga que até o tempo de Antônio quase ninguém tomou conhecimento da existência dessa placa.”

Orientações didáticas

Como funciona um romance? – Questão 2 – Caso os estudantes tenham dificuldade em responder, proponha que realizem uma nova leitura silenciosa do texto, tomando notas no caderno.

Questão 3 – Ressalte aos estudantes a importância dos marcadores temporais, tanto para contribuir com a coesão e a continuidade textual quanto para atribuir efeitos de sentido ao texto.

Biblioteca cultural – Comente com o professor de Arte a referência às ilustrações de Fernando Vilela para A máquina e convide-o a realizar uma atividade interdisciplinar. As ilustrações têm inspiração na xilogravura e criam a oportunidade de pesquisar, analisar e experimentar essa fórma de arte visual tradicional. Em Língua Portuguesa, é possível explorar a relação entre os elementos da imagem e o enredo, refletir sobre a escolha da técnica da xilogravura para representar uma história contextualizada no Nordeste e discutir a leitura particular da obra feita pelo ilustrador. A atividade desenvolve a habilidade ê éfe oito nove éle pê três dois.

Falando sobre a NOSSA LÍNGUA

A língua varia

Vamos retomar os capítulos de A máquina para analisar a maneira como o narrador se expressa e refletir sobre aspectos que provocam variações no uso da língua.

COMEÇANDO A INVESTIGAÇÃO

Releia o trecho inicial.

Nordestina era uma cidadezinha desse tamanhinho assim da qual se dizia: eita lugarzinho sem futuro. Antônio ouviu dizer isso desde pequeno e deu por certo o fato.

  1. A expressão desse tamanhinho assim e a palavra eita são comuns em ­textos orais informais. Qual é o efeito de usar essas expressões em um texto escrito como o romance lido?
  2. Transcreva, do texto que você leu, outro trecho com o mesmo efeito.

A construção da figura do narrador na imaginação do leitor depende, em grande parte, da maneira como ele se expressa. Em A máquina, além de empregar marcas de oralidade e informalidade, o narrador usa algumas expressões e construções próprias dos falares nordestinos, como gado bom danado, a qual sugere sua origem e indica a intimidade com o contexto de Nordestina, seus moradores e os fatos que narra. Se estivéssemos ouvindo um ator nordestino interpretando o texto, a voz do personagem ganharia outras particularidades pela pronúncia.

Agora, leia a transcrição de um trecho do filme A máquina, adaptado do ­romance de Adriana Falcão, em que o personagem Antônio, interpretado pelo ator pernambucano Gustavo Falcão, dirige-se aos moradores da cidade.

Antônio: No futuro, medo vai virar lenda, falta vai virar sobra, palavra vai virar fato e ­alegria vai virar moda! Zé Honório, eu vi você lá no futuro. Dono de uma empresa de transporte de passageiros. Tu tava casado mais Jéssica. E o povo todo virou foi gente importante aqui em Nordestina. [Falas sobrepostas]

Narrador: Atéreticências que chegou a vez de Karina.

Antônio: Pelo jeito tu gosta mesmo de fazer pedido, poi no futuro, era noi dois, tu pedino, eu inventano, eu inventano e tu pedino.

Nas palavras Nordestina e noi, as vogais o e e são pronunciadas pelo ator com som aberto.

Fotografia. Gustavo Falcão, rapaz de pele clara, rosto arredondado, cabelo escuro e liso, com a franja caída sobre a testa. Os olhos e o nariz são pequenos. Veste um casaco preto. Ao fundo pessoas observam.
Gustavo Falcão interpretando Antônio no filme A máquina, lançado em 2005.

A MÁQUINA. Direção: João Falcão. [sem local], 2005. (1 vídeo) 5 minutos 5 segundos a 5 minutos 55 segundos. Disponível em: https://oeds.link/b9rCp3. Acesso em: 8 fevereiro 2022.

Respostas e comentários

1. O uso dessas expressões faz com que a narrativa se assemelhe a uma história contada oralmente, criando uma aproximação entre o narrador e os leitores.

2. “reticências pois como é que se explica, diga mesmo, que o motivo de ir embora era só o nada?”.

Falando sobre a nossa língua

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3 e 4.

cê e éle : 1, 2, 3, 4 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 4, 5 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê zero cinco, ê éfe seis nove éle pê três zero, ê éfe seis nove éle pê três nove, ê éfe seis nove éle pê quatro dois, ê éfe seis nove éle pê cinco cinco, ê éfe oito nove éle pê três um e ê éfe zero nove éle pê um dois.

Tópicos trabalhados na parte de linguagem deste capítulo

  • Variação linguística.
  • Formação do português brasileiro.
  • Gírias.
  • Estrangeirismo.

Orientações didáticas

A cê e éle pê 1 indica a importância de os estudantes compreenderem “a língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem” (Bê êne cê cê, página 87). Como desdobramentos, a cê e éle pê 4 e a cê e éle pê 5 tratam da compreensão do fenômeno da variação linguística e do emprego, nas interações sociais, da variedade e do estilo de linguagem adequados. Todas as atividades de leitura da coleção consideraram esses pressupostos; por isso, com frequência,os estudantes são chamados a pensar as particularidades da linguagem em relação à situação comunicativa, aos interlocutores e ao gênero em uso. Para amparar os estudantes, já no volume do 6º ano, foram exploradas as noções de variação, adequação e preconceito linguístico, de modo a organizar e ampliar as observações que eles já vinham fazendo desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Nas seções Falando sobre a nossa língua deste capítulo e do próximo, que abrem o volume do 9º ano, revisitamos essas noções, agora nos valendo do conhecimento que foi adquirido ao longo dos últimos anos, o qual proporciona observações mais acuradas.

Incluímos, também, uma breve apresentação do histórico de formação da língua portuguesa, apontando influências que resultaram na construção da variedade usada pelos brasileiros. Sugerimos que essa abordagem seja interdisciplinar, com a parceria do professor de História, que pode relacionar e ampliar os conhecimentos concernentes aos dois componentes curriculares. No 7º ano, esteve em foco a identificação das fórmas de interação entre as sociedades do “Novo Mundo” e a Europa, a África e a Ásia no contexto das navegações, inclusive com a observação dos impactos da ação europeia e das fórmas de resistência (citados, especialmente, em ê éfe zero sete agá ih zero dois e ê éfe zero sete agá ih zero nove). Como desdobramentos, nos anos seguintes, discutem-se o papel das culturas letradas e não letradas e das artes na produção das identidades do Brasil no século dezenove (ê éfe zero oito agá ih dois dois), a lógica de inclusão e de exclusão dos povos indígenas e das populações africanas (ê éfe zero nove agá ih zero sete) e as transformações ocorridas no debate sobre a diversidade no século vinte (ê éfe zero nove agá ih zero oito), habilidades que se comunicam com a discussão sobre a formação do português brasileiro. Lembramos que a análise das contribuições da migração para a formação da sociedade brasileira é um assunto previsto já nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

  1. O modo como Antônio pronuncia as palavras é menos ou mais ­parecido com a sua fórma de as pronunciar? Você nota diferenças? Como as descreveria?
  2. Além da pronúncia de algumas palavras, que outras marcas regionais há no trecho?

Variação linguística

A língua portuguesa varia em função de alguns fatores, como o ­geográfico. Ele distingue os falantes de diferentes países usuários de uma língua, bem como os falantes das várias regiões de um país, ­marcando diferenças, inclusive, entre as áreas urbanas e rurais. Tais diferenças decorrem, entre outros fatores, do maior ou menor contato dos falantes da região com outras línguas.

Outro fator responsável pela variação linguística é o histórico. Ao longo do tempo, a língua se transforma, palavras e construções são abandonadas e outras são introduzidas no vocabulário ou modificadas. Os falantes brasileiros, por exemplo, praticamente já abandonaram o uso da segunda pessoa do plural (vós). Algumas gírias entraram e saíram de moda, como o adjetivo supimpa, que indica algo excelente, muito bom.

A variação linguística é um fenô­meno que ocorre em todas as línguas. As características de cada falante, como idade, origem geo­gráfica, nível de escolaridade e atividades profissionais e de lazer, fazem com que a língua tenha variações. Além disso, ela se altera conforme o tempo passa e os falantes vão tendo novas necessidades expressivas.

Leia o trecho de um anúncio de 1923.

Um trampolim modelo

Parallelamente ao innegavel desenvolvimento dos ispórtis em nosso paiz, verifica-se o natural desenvolvimento da nossa industria nesse ramo de actividade. Ainda agora acaba de construir a firma Prado Peixoto e C., desta praça, o solido e elegante trampolim reticências.

AMERICA: Magazine Mensal Illustrado. Rio de Janeiro, ano 1, número 2, outubro1923. Disponível em: https://oeds.link/hphvMX. Acesso em: 4 junho 2022.

Além da formalidade, incomum nos anúncios publicitários atuais, o texto revela regras de ortografia que hoje já não são válidas, como o uso da consoante c na palavra actividade.

O terceiro fator que determina particularidades na língua é o social, relacionado a idade, gênero, nível de escolaridade, ­profissão, interesses do falante etcétera Leia o meme.

Meme. Fotografia de cachorro de patas curtas, pelo branco com manchas em tons de caramelo. Ele não tem rabo. A cara é redonda, achatada e com rugas. Tem orelhas pequenas. Está com as patas dianteiras sobre um skate com a língua de fora. Sobreposta a foto a mensagem: VÉI, NA BOA. ATÉ EU MANDO FLIP E TU NADA.
Meme criado pelos autores especialmente para esta obra.

A palavra véi e a expressão mando flip levam o leitor a associar a fala atribuída ao cachorrinho a alguns grupos jovens urbanos.

Respostas e comentários

3. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

4. O uso da expressão o povo todo, o pronome tu com verbo conjugado na 3a pessoa do singular e a expressão casado mais Jéssica em vez de casado com Jéssica.

Orientações didáticas

Começando a investigação – Questão 1 – Sugerimos que a atividade seja feita oralmente, preparando o contato com o texto teórico. Verifique se os estudantes percebem que assim sugere o gesto de mostrar e se compreendem que diga mesmo indica uma interpelação do ouvinte. Se possível, apresente o vídeo do filme A máquina aos estudantes. É recomendável que eles possam ouvir a fala do ator. Caso não seja possível utilizar um equipamento da escola, sugerimos que os estudantes formem grupos e utilizem um dos celulares disponíveis.

Questões 3 e 4 – As atividades objetivam levar os estudantes a observar como a variação opera no campo dos sons. Não se preocupe se eles não souberem descrever com precisão aquilo que percebem. Para os estudantes nordestinos, será interessante observar que, mesmo entre os falantes da região, há particularidades, resultantes, entre outros fatores, do contato com regiões próximas e das experiências linguísticas pessoais. É importante considerar, por exemplo, que o ator Gustavo Falcão é natural de Recife, mas já morava havia cinco anos no Rio de Janeiro quando protagonizou A máquina, o que pode ter influenciado sua pronúncia. Os estudantes das outras regiões dificilmente perceberão nuances, mas notarão diferenças marcantes em relação aos seus falares. Se achar conveniente, compare a pronúncia da palavra Nordestina na fala do ator e nas falas mais comuns de outras regiões: ele pronuncia as vogais o e e com sons abertos e a consonante T como barrabarra e não como

Diante da impossibilidade de confirmar a autoria da maioria dos memes e solicitar autorização de uso, criamos este especificamente para fins didáticos.

O português brasileiro

O trecho a seguir foi copiado da carta que o escrivão Pero Vaz de Caminha enviou ao rei D. Manuel, de Portugal, em 1500, contando sobre os primeiros contatos dos portugueses com os nativos do território que posteriormente seria chamado de Brasil.

Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéisglossário , mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora.

Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarradaglossário . Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora.

Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhasglossário ­dessem, folgouglossário muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo.

Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lhoglossário havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera.

BRASIL. Ministério da Cultura. A carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: https://oeds.link/ISTi26. Acesso em: 17 janeiro 2022.

Ilustração. Dois indígenas entre as arvores. Estão fazendo careta. Um está com a língua de fora e o outro com o rosto franzido e os dentes cerrados. Perto deles, dois portugueses com roupas largas de mangas bufantes. Um deles está escrevendo em um papel. Ao fundo, um navio.

A carta de Pero Vaz de Caminha não revela apenas aspectos da cultura do povo que aqui vivia antes do processo de colonização europeu; mostra, principalmente, a visão que o europeu tinha sobre tudo o que fosse diferente dele.

  1. Como o trecho revela, nos dois primeiros parágrafos, o estranhamento entre as duas culturas?
  2. O que permitia a interação entre indígenas e navegadores?
  3. Releia o terceiro e o quarto parágrafos.
    1. Segundo Pero Vaz de Caminha, os gestos do nativo que segurava as contas poderiam ter duas interpretações. Quais?
    2. Que fator determinava o sentido que os portugueses atribuíam ao que os indígenas comunicavam? Transcreva um trecho que comprove sua resposta.

Biblioteca cultural

Leia aquela que é considerada por alguns a “certidão de nascimento” do Brasil em: https://oeds.link/ISTi26vros_eletronicos/carta.pdf. Acesso em: 27 janeiro 2022.

Como você sabe, o português não é a língua original do Brasil. ­Quando os europeus aqui chegaram, no século dezesseis, encontraram vários povos ­indígenas, que, segundo os estudiosos, falavam, em sua maioria, variedades do tupi. Com o tempo, da mistura das línguas desses grupos com o português surgiu uma língua chamada língua geral, ­empregada por indígenas, por colonizadores e seus descendentes e por povos ­escravizados de origem africana.

Respostas e comentários

1. Nota-se que os indígenas não apreciaram a comida e a bebida dos portugueses, que usavam ingredientes e modos de preparo desconhecidos.

2. A linguagem não verbal, já que os dois grupos gesticulavam para se fazer entender.

3a. O nativo poderia estar oferecendo ouro que existia na terra em troca das contas e do colar ou avisando que os levaria consigo.

3b. A interpretação resultava das expectativas dos portugueses, como sugere o trecho “Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos”.

Orientações didáticas

Sugerimos que você leia o texto teórico fazendo paráfrases das explicações e oferecendo exemplos aos estudantes.

Se achar conveniente, comente que a língua geral teve dois ramos, o meridional, que se expandiu a partir de São Paulo, e o amazônico, que se formou no Maranhão e no Pará. Ela foi sistematizada pelos padres jesuítas que vieram ao Brasil e estudaram o tupi. Falar a língua geral era fundamental para seu trabalho de conversão dos indígenas à fé católica.

Se considerar conveniente, comente que a imposição da língua portuguesa se acentuou a partir dos anos 1750, com o crescimento dos centros urbanos e, no início do século seguinte, com a chegada de muitos portugueses que acompanharam a família real ao Brasil.

Biblioteca do professor

NAVARRO, Eduardo de Almeida. O último refúgio da língua geral no Brasil. Língua e prosa. 22 novembro 2012. Disponível em: https://oeds.link/8hDdTb. Acesso em: 8 fevereiro 2022.

Se desejar conhecer mais sobre a situação atual de uso da Língua Geral Amazônica, sugerimos a leitura do artigo “O último refúgio da língua geral no Brasil”, do professor Eduardo de Almeida Navarro.

Com o processo de colonização, marcado por políticas de exploração e domínio do espaço, a língua portuguesa foi imposta pela Coroa, mas, no uso cotidiano, manteve as contribuições indígenas e, ainda, incorporou palavras oferecidas pelas línguas de povos que foram trazidos para o ­Brasil ou migraram para cá. As línguas africanas contribuíram para ampliar o ­vocabulário do nosso português com palavras como bagunça, camundongo, caçula, mingau e nenê, entre muitas outras. Em menor grau, os imigrantes europeus e asiáticos, que chegaram nos séculos dezenove e vinte, influenciaram a língua usada na região em que se instalaram ou o português como um todo.

Além disso, a língua continua sendo modificada devido à criação de novas fórmas de expressão e ao contato com a cultura estrangeira. Por meio da música, do cinema, das relações comerciais, das comunicações pela internet etcétera, algumas palavras e construções de outras línguas acabam sendo incorporadas ao uso ­cotidiano, como shopping, delivery, self-service, selfie, playground, gourmet.

A língua de Portugal, por sua vez, também se modificou. Ao longo do tempo, sofreu influência de outras culturas e se afastou daquela língua que chegou ao Brasil. Como resultado, brasileiros e portugueses falam duas variedades distintas de português. Pode-se dizer o mesmo de outros países, também colonizados por Portugal, que empregam a língua portuguesa. Notamos particularidades quanto ao vocabulário, às construções sintáticas e à maneira como as palavras são pronunciadas.

No mapa a seguir, são indicadas as regiões que formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (cê pê éle pê), também conhecida como Comunidade Lusófona. Além desses países, Macau, na China, e Goa, na Índia, também têm comunidades falantes do português.

Ilustração. Pessoas de etnias diferentes. Uma mulher branca e loira do nariz fino; Rapaz moreno de cabelo avermelhado e orelhas grandes. Moça branca de cabelo cor de rosa. Homem de pele amarelada, com cabelo e barba grandes e castanhos. Usa um turbante. Pessoa oriental, de pele amarelada e cabelo preto. Usa um chapéu triangular.  Mulher negra de turbante nos cabelos e brincos coloridos. Indígena de cabelo liso e escuro, pele morena, usa colar e uma pena no cabelo. Homem branco de cabelo curto, usa roupas largas e uma boina.

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Mapa. Título: “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”. Mapa do mundo com a indicação do Trópico de Câncer, do Equador, do Trópico de Capricórnio, do Meridiano de Greenwich e dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico, com rosa dos ventos e escala no canto inferior direito. Os continentes estão em amarelo, com a fronteira entre os países em branco, porém sem o nome deles. Aparece apenas o nome dos seguintes países, que estão destacados em vermelho: Brasil (na América do Sul), Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe (na África), Timor-Leste (na Ásia) e Portugal (na Europa).

Fonte: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (cê pê éle pê). Disponível em: https://oeds.link/yitZQt. Acesso em: 7 abril 2022.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

A Guiné Equatorial foi aceita como membro da cê pê éle pê em 2014, três anos após sua Assembleia Nacional incluir o português como língua oficial, junto do francês e do espanhol. O país foi colônia portuguesa entre os séculos quinze e dezoito; algumas das línguas crioulas têm base no português; e existem conexões culturais entre a Guiné Equatorial e outros países da comunidade. Apesar disso, a aceitação provocou reações de alguns membros, que exigem o cumprimento de dois critérios: o respeito aos direitos civis e a promoção efetiva da língua portuguesa no território. Goa e Macau ainda não se inseriram oficialmente na Comunidade Lusófona, por isso não aparecem no mapa.

INVESTIGANDO MAIS

1. Leia uma tirinha do Urbanoide. Esse personagem emprega gírias típicas de alguns ­grupos urbanos.

Tirinha. Quadrinho 1: Homem com a cabeça em formato triangular, com a penas alguns fios de cabelo no topo. Tem nariz grande e largo. Boca pequena, e cavanhaque. Usa óculos escuros. Está sentado usando o computador. Ele diz: VÉIO, TÔ SEGUINDO VÁRIAS CELEBRIDADES NO TWITTER. Quadrinho 2: Ainda olhando para o monitor ele continua: DIZEM QUE É TUDO 'FAKE' ... Quadrinho 3: Olhando para frente ele finaliza: MAS TUDO BEM, EU TAMBÉM SOU 'FAKE', TA LIGADO?

SALLES, Diogo. Urbanoide. [2010 década certa]. uma tirinha. Disponível em: https://oeds.link/a6NcI6. Acesso em: 28 julho 2022.

  1. A rede social citada pelo personagem permite aos usuários enviar e receber informações postadas por meio de textos curtos. O que está sendo chamado de fake (falso) no segundo quadrinho?
  2. O que você entende quando Urbanoide diz que ele também é fake?
  3. Quais palavras ou expressões usadas por Urbanoide são gírias?
  4. Além do vocabulário, a variedade usada por Urbanoide apresenta uma particularidade em relação à concordância nominal. ­Identifique-a e explique o que esse uso confere à tirinha.

As gírias são palavras, expressões ou orações que pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, geralmente jovens, como os isqueitistas ou os .

2. Leia esta agá quê, produzida pelo cartunista paraibano Paulo Moreira.

História em quadrinhos. Quadrinho 1: Homem de cabeça quadrada sem cabelo. Com os olhos arregalados ele diz: DOIDO, VI UM FILME TÃO MASSA. Quadrinho 2: sorrindo com os olhos fechados ele continua falando: SÓ NÃO LEMBRO O NOOOME. Quadrinho 3: Gesticula com a mão e fala: É COM AQUELE BICHO. Quadrinho 4: Leva uma das mãos ao queixo. Quadrinho 5: Com os olhos arregalados ele diz: QUE SÓ FAZ FILME DOIDO. Quadrinho 6: Olha para cima com as sobrancelhas erguidas. Quadrinho 7: Arregala os olhos. Quadrinho 8: Franzi a testa. Quadrinho 9: Com as mãos para frente ele diz: E TEM AQUELA GALEGA. Quadrinho 10: Olha para cima atento. Quadrinho 11: Volta a dizer: ELA FEZ... COMÉ? Quadrinho 12: Com a cabeça inclinada para frente ele continua: UM DE GUERRA. Quadrinho 13: Coloca as mãos sobre a barriga e diz: COMO É. Quadrinho 14: Continua pensativo com as mãos na barriga e olhando para cima. Quadrinho 15: Franze a testa e boca fica torta. Quadrinho 16: Irritado ele termina: O FILME É MASSA TÁ LIGADO?!

MOREIRA, Paulo. [Sem título]. [2010 década certa]. uma história em quadrinhos.

a. Qual é a situação retratada na agá quê?

Respostas e comentários

1a. Provavelmente o personagem se refere a postagens falsas, produzidas com o fim de autopromoção.

1b. Há duas leituras possíveis. Urbanoide pode estar se referindo ao fato de ser um personagem de ficção, portanto, não real; ou estar sugerindo que tem um perfil falso na internet.

1c. Véio; tá ligado.

1d. Em várias celebridade, o pronome e o substantivo não concordam em número. Isso contribui para a construção da linguagem mais informal da tirinha.

2a. O personagem está tentando nomear, sem sucesso, um filme de que gostou.

Orientações didáticas

Investigando mais – Sugerimos que as atividades propostas sejam feitas individualmente e contem com correção completa para verificação de defasagens na habilidade de leitura e identificação de dificuldades na compreensão do conceito de variação linguística. A investigação da língua dispõe, ainda, de duas atividades em grupo: o levantamento de dados por meio de uma entrevista e um debate sobre a formação da língua e os estrangeirismos. As duas primeiras atividades associam observações sobre variações motivadas pelos fatores geográfico e social (faixa etária e grupo social urbano) e ajudam os estudantes a observar que as particularidades das falas decorrem de fatores articulados. Verifique, durante a correção, se eles alcançaram essa compreensão.

b. O personagem emprega a palavra massa. Leia parte da definição desse adjetivo em um dicionário.

massa

reticências

adjetivo masculino e feminino = adjetivo masculino e feminino

1 regionalismo (Bahia, Minas Gerais), coloquial Que denota excelência ou que é considerado muito especial.

regionalismo = regionalismo

Bahia = Bahia

Minas Gerais = Minas Gerais

coloquial = coloquial

2 regionalismo (Nordeste) Diz-se de pessoa atraente.

Nordeste = Nordeste

reticências

MASSA. ín: Dicionário Michaelis. [sem local]: Melhoramentos, 2015. Disponível em: https://oeds.link/tawHAc. Acesso em: 8 abril 2022.

Além dos significados da palavra e de sua classe gramatical, que outras informações o dicionário apresenta? Por que são ­relevantes?

  1. Que gíria o personagem da agá quê emprega para nomear seu interlocutor? E que gíria usou o personagem de Diogo Salles com a mesma função?
  2. Assim como o de Diogo Salles, o personagem de Paulo Moreira emprega a expressão tá ligado?. Com base nas tirinhas, é correto afirmar que jovens de todo o país c­ompartilham as mesmas gírias?
  3. Que elemento é apresentado em todos os quadrinhos da agá quê? O que muda de um quadro para outro?
  4. Que efeito de sentido essa mudança provoca, especialmente entre os quadrinhos 13 a 16? Explique sua resposta.

3. Leia o fragmento de um romance do escritor angolano Ondjék. Nele é ­narrado o diálogo de um menino com um empregado de sua casa.

reticências

Acordei novamente bem-disposto porque ia à praia com a tia Dada, as minhas irmãs tinham aulas, e eu era o único que podia lhe acompanhar. Isso também era bom porque como íamos estar só os dois, ia dar para lhe enfiar umas baldas que não tinha ninguém ali para me desconfirmar.

Bom dia, menino!, disse o camarada António quando eu já estava a acabar o matabicho. Bom dia, camarada António, tudo bem?, enquanto ele começava a arrumar melhor os copos, mudava os pratos de sítio, abria a geleira e espreitava, abria a janela da cozinha, tudo só por hábito, não é que aqueles gestos fossem para alguma coisa, não sei se já ­repararam que os mais velhos fazem muito isso.

Menino, hoje vai passear? – e continuava a mexer nas coisas.

Sim, vou com a tia Dada à praia, o camarada João vai nos levar.

A tia trouxe prenda, menino? – ele tava a rir, assim queria perguntar se a tia tinha trazido prendas pra todos.

Tu ainda não falaste com ela, António?

A tia tava a falar ainda com o pai, ainda não falei bemreticências

Humreticências eu sorri. – Acho que ela trouxe-te uns sapatos bem bonitosreticências

reticências

Ilustração. Dois jovens conversando. Um deles está sentado a mesa tomando café com pão. O outro está em pé olhando atento para cima. O jovem sentado fala sobre uma caixa de presente.

Ondjék. Bom dia, camaradas. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. páginas quarenta e sete e quarenta e oito.

Respostas e comentários

2b. O dicionário informa que a palavra tem emprego informal, que seu uso é regional, mais comum na região Nordeste em geral, na Bahia e em Minas Gerais. Esse tipo de informação é importante para ajudar quem o consulta a identificar a acepção mais adequada ao contexto de uso das palavras em cada situação comunicativa, de modo a compreendê-las.

2c. O personagem da agá quê de Paulo Moreira empregou doido, e o de Salles, véio.

2d. Não, as tirinhas revelam que há um compartilhamento parcial, já que tá ligado? foi usado em ambos os textos, mas houve preferência de um autor por véio e do outro por doido.

2e. O elemento comum em todos os quadrinhos é o personagem. O que muda de um quadrinho para outro são as expressões facial e gestual do personagem.

2f. A sequência de quadrinhos revela a crescente irritação do personagem, que não consegue recordar o nome do filme. No quadrinho 13, ainda aparece calmo; no 14, os traços retos usados para representar as sobrancelhas e a boca sugerem mudança de humor, que se confirma com o arqueamento dos traços no quadrinho seguinte. A sugestão de irritação é reforçada no último quadrinho, em que a boca aparece aberta e o arqueamento das sobrancelhas, mais acentuado, além de traços na testa sugerirem seu franzimento.

Orientações didáticas

Questão 2 – Destaque aos estudantes que o uso de coloquial no verbete destaca o sentido das palavras em situações informais de uso da língua.

Questão 2b – Aproveite essa atividade para reforçar conhecimentos acerca dos elementos composicionais do gênero verbete, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade ê éfe seis nove éle pê quatro dois, que indica a reflexão sobre as relações entre a construção composicional e os contextos de produção de gêneros de divulgação científica. Comente a presença de abreviações para tornar o texto mais sintético, aspecto importante dada a grande quantidade de verbetes de um dicionário, e o uso de vocabulário técnico/especializado (classe gramatical, classificação do gênero, nível de linguagem etcétera)

Questão 2d – Observe se os estudantes identificam uma generalização no enunciado e concluem que há diferenças entre os falares dos jovens dentro de um mesmo estado e até de uma mesma cidade, embora eles compartilhem algumas gírias.

Questões 2e e 2f – Peça a alguns estudantes que leiam as respostas para verificar se conseguiram realizar, com precisão, os dois comandos. É comum que apresentem apenas a identificação ou a associem a uma descrição incompleta.

  1. O que António queria saber?
  2. Que ações indicam que ele não se sente à vontade para perguntar ­abertamente?
  3. O menino emprega o pronome tu para falar com António. A que pessoa do discurso se refere esse pronome?
  4. Considerando a relação entre os personagens, revelada na maneira como conversam, deve-se concluir que o uso desse pronome, no português de Angola, indica intimidade ou distanciamento?
  5. No Brasil, o emprego de tu é uma marca de variação geográfica ou social? Justifique.
  6. A linguagem do texto exemplifica uma das variedades linguísticas do português angolano. Associe as palavras e expressões aos respectivos significados. (I) balda                      (A) lugar (II) desconfirmar        (B) geladeira (III) matabicho             (C) lorota, conversa fiada (IV) sítio                        (D) desmentir (V) geleira                    (E) café da manhã
  7. Que locução verbal os brasileiros costumam utilizar em lugar de “já estava a acabar” em “já estava a acabar o matabicho”?

A língua nas ruas

Reúnam-se em grupos. A tarefa de seu grupo é entrevistar um migrante que ­esteja morando em sua região, reconhecer a variedade linguística empregada por ele e investigar as diferenças entre ela e a usada por vocês.

Depois de definir o entrevistado, pesquisem informações sobre a ­variedade linguística que será observada e criem um roteiro com ­perguntas para guiar a entrevista, a qual deve ser gravada e, posteri­ormente, escrita e fixada em um mural para a leitura da turma.

O texto deve conter uma introdução, com a ­apresentação de seu entrevistado, e a sequência de perguntas e ­respostas, em que devem ser apresentados os motivos do deslocamento desse migrante e as facilidades ou dificuldades que ele encontrou na nova região, inclusive no que diz respeito ao uso da língua.

Procurem descobrir quais palavras típicas da região de origem ainda são muito usadas por seu entrevis­tado, se ele nota mudanças nas palavras que escolhe usar ou na maneira de pronunciá-las, entre outros aspectos. Lembrem-se de que a entrevista será apresentada na modalidade escrita, o que vai exigir a reformulação das falas gravadas. Assim, ­reorganizem os períodos para que fiquem mais claros e fluentes e evitem repetições desnecessárias.

Ilustração. Jovem anotando em uma caderneta o que um homem a sua frente diz. O homem está com o dedo indicador levantado.
Respostas e comentários

3a. Se a tia Dada havia trazido um presente para ele.

3b. Ele inicia a sequência com perguntas mais gerais e sorri para que o menino compreenda sua intenção.

3c. À 2a pessoa (singular).

3d. Intimidade.

3e. Geográfica, já que esse pronome é usado em algumas regiões, particularmente no Sul e no Nordeste.

3f. um-C, dois-D, três-E, quatro-A, cincomenosB.

3g. A fórma do gerúndio: estava acabando.

Orientações didáticas

Questão 3b – Reforce com os estudantes a ideia de que o sentido produzido por uma fala não depende apenas do que é dito explicitamente; ele resulta de vários fatores, entre os quais os mecanismos que o falante usa para sugerir ideias a seus interlocutores. Observações como essas contribuem para o desenvolvimento da cê e éle pê 7, que indica a importância de reconhecer o texto como lugar, entre outros, de manifestação e negociação de sentidos.

Questão 3g – Reforce a ideia de que a variação linguística não é observada apenas no vocabulário; também as construções sintáticas podem apresentar ­particularidades.

A língua nas ruas – A atividade tem o objetivo de despertar a consciência dos estudantes para as variedades linguísticas que estão ao redor deles, bem como de desenvolver a habilidade de interação e, principalmente, mobilizar as habilidades ê éfe seis nove éle pê três nove e ê éfe seis nove éle pê cinco cinco. Estimule-os a fazer entrevistas completas e a ser cuidadosos na retextualização, que envolve a mudança da modalidade oral para a escrita. O gênero já foi ­estudado na coleção, mas, caso perceba que o grupo precisa de orientação, sugira que leiam a seção Preparando o terreno do Capítulo 4. Se não encontrarem um migrante, permita aos estudantes entrevistar alguém que costume viajar para outras regiões. Para a socialização dos dados, solicite que a entrevista de cada grupo seja lida por uma dupla de estudantes, que farão o papel do entrevistador e do entrevistado, e, ao final de cada leitura, peça à turma para comparar os dados, identificando coincidências e contradições. Caso uma ou mais entrevistas tratem de situações de preconceito linguístico, leve-os a discutir o fato e, por fim, ajude-os a perceber, por meio de perguntas, que, embora o fator geográfico tenha estado no centro da discussão, outros fatores podem determinar as particularidades da fala do entrevistado em relação à deles, como a faixa etária e o nível de escolaridade. Os textos devem ser afixados em um mural na sala de aula e poderão ser retomados quando os estudantes estiverem vendo adequação e preconceito linguístico, no Capítulo 2. Procure fazer relações entre as discussões em sala e o material produzido para que o valorizem como fonte de pesquisa autoral.

4. Leia este trecho de uma reportagem sobre as influências que as ­línguas exercem umas sobre as outras.

As línguas do Brasil

As línguas indígenas e africanas também deixaram sua marca no Brasil – as indígenas descrevem a natureza exuberante, para a qual os europeus literalmenteglossário não tinham palavras, e as africanas impregnaramglossário nossa cultura, especialmente a religião e a culinária. Hoje, muita gente acha ruim a influência inglesa na língua. ­Nacionalismos à parte, esse pessoal vai ter que suar muito se quiser mesmo livrar o português do Brasil de todos os estrangeirismos.

narlóqui, Leandro. Superinteressante, edição cento e setenta e quatro, março 2002.

Ilustração. Pessoas aglomeradas. Algumas dizem palavras como: HELLO..., BURGER..., DELIVERY..., BYE...Outras estão com o semblante nervoso, ou tampando os ouvidos.
  1. A indicação “reticências” informa que foi suprimida uma parte anterior ao parágrafo. Que palavra evidencia a mesma ­informação? Justifique.
  2. É possível supor quem é “esse pessoal” citado no trecho? ­Explique sua resposta.
  3. Segundo o texto, a inclusão de palavras de outra língua no ­português é um fenômeno ocorrido apenas no passado? ­Justifique sua resposta.
  4. Explique os sentidos denotativo e conotativo da expressão não ter palavras.

Lembra?

O sentido denotativo é o literal e o sentido conotativo é o figurado, criativo.

  1. Qual desses sentidos está sugerido no texto? Que palavra é ­responsável por evidenciá-lo?
  2. Por que os europeus “não tinham ­palavras” para descrever a natureza?
  3. Reúna-se com um colega e pesquisem a ­origem das ­palavras a seguir. Copiem o quadro no caderno e ­completem-no com as palavras da lista.

samba – sanduíche – arroz – bife – azeite – senzala – envelope – nanquim – abajur – capim – carioca – abacaxi – pitanga – fubá – cafuné – ópera – açúcar – cenário – cipó – avenida – futebol – gabinete – chá – sucuri – turismo

Árabe

Chinês

Francês

Inglês

Italiano

Quimbundo

Tupi-guarani

Dica de professor

Lembre-se de pesquisar em mais de uma fonte e comparar as informações. Consulte sites da internet e, depois, comparem os resultados com os dicionários gerais ou de língua (estes trazem informações sobre a origem das palavras).

O quimbundo é uma língua usada, principalmente, em Angola. O tupi-guarani é uma família que engloba várias línguas empregadas pelos indígenas sul-americanos.

Respostas e comentários

4a. A palavra também mostra que o parágrafo acrescenta uma ideia ao que já vinha sendo dito.

4b. Sim. Pelo contexto, entende-se que “esse pessoal” são as pessoas que defendem um português sem a presença de palavras estrangeiras.

4c. Não. O texto menciona não só a incorporação de palavras das línguas indígenas e africanas no passado, mas também do inglês, mais recentemente.

4d. Sentido denotativo: o vocabulário de uma língua não conta com palavras que definam certos objetos ou ideias. Sentido conotativo: uma ideia ou emoção é excepcional e, por isso, as palavras da língua não parecem suficientes para expressá-las.

4e. O sentido denotativo, indicado pela palavra literalmente.

4f. Porque a terra recém-descoberta apresentava elementos naturais desconhecidos dos europeus; portanto, ainda não nomeados na língua portuguesa.

4g. Árabe: arroz, azeite, açúcar. Chinês: chá, nanquim. Francês: abajur, avenida, envelope, gabinete. Inglês: futebol, turismo, sanduíche, bife. Italiano: ópera, cenário. Quimbundo: senzala, samba, fubá, cafuné. Tupi-guarani: capim, carioca, cipó, abacaxi, pitanga, sucuri.

Orientações didáticas

Questão 4g – Para a realização desta atividade, verifique a possibilidade de levar os estudantes a uma sala com computadores, se houver, e faça uma pré-seleção de dicionários disponíveis na biblio­teca da escola para que eles possam consultar e realizar as pesquisas. Outra possibilidade é propor que a atividade seja realizada extraclasse. Durante a formação das duplas, favoreça o agrupamento de estudantes com diferentes perfis para que possam aprender com as diferenças e desenvolver a empatia.

5. Leia o texto a seguir, publicado em uma revista que aborda temas relativos à saúde e à prática esportiva, e faça as atividades para refletir sobre os estrangeirismos.

O novo bulletproof coffee promete dar ainda mais energia no pré-treino

Gengibre, cúrcuma, cravo e canela são as especiarias que compõem o tempero indiano

É provável que você já conheça o café batido com óleo de coco e gheeglossário glossário – e até aderiu à ideia para aguentar firme as sessões de agachamentos e ­burpeesglossário . Mas agora a nova onda é o bulletproof coffee com massála.

“As especiarias (gengibre, cúrcuma, cravo e canela) do tempero indiano combatem aquela preguicinha pré-treino e intensificam o poder da bebida de prolongar a disposição física”, diz a coachglossário especializada em alimentação ayurvédicaglossário Carol stôfela, do Rio de Janeiro. Você vai ter fôlego para fazer seu melhor WODglossário no crossfitglossário ou para ficar no pelotão da frente no treino de bike.

Fotografia. Vista de cima de uma caneca com café e espuma de leite. Sobre a espuma, um pouco de canela em pó e uma estrelinha de anis. Ao redor da caneca, canela em pó, canela em casca, estrelinhas de anis e pedaços de gengibre fatiado.
Bulletproof coffee

CONTRERAS, Elaine. O novo bulletproof coffee promete dar ainda mais energia no pré-treino. Boa fórma. [sem local], 22 abril 2018. Disponível em: https://oeds.link/my7QAw. Acesso em: 17 janeiro2022.

  1. Considere o perfil da revista em que o texto foi publicado: que expressão usada no primeiro período revela a expectativa de um público específico? Por quê? Como você reescreveria o período para evitar essa restrição?
  2. Considerando o tema e o vocabulário, como foi sua leitura do texto? Você compreendeu rapidamente as informações? Por quê?
  3. Quais palavras e expressões empregadas nessa matéria não fazem parte da língua portuguesa?
  4. Como a ortografia de algumas dessas palavras indica que elas não fazem parte de nossa língua? Dê exemplos.
  5. Sem buscar informações em outras fontes, você conseguiria dizer o que é bulletproof coffee e o que é massála?

Fala aí!

Alguns dos termos vindos de outras línguas não contam com equivalentes em português, mas há casos em que a substituição é possível. Em sua opinião, o que leva, por exemplo, os publicitários a usar termos como sêiol em lugar de promoção ou os funcionários das grandes empresas a incluir palavras da língua inglesa em suas comunicações? Para você, os estrangeirismos deveriam ser evitados? Por quê?

Estrangeirismo é o emprego de palavras emprestadas de outro idioma. A língua portuguesa incorporou, ao longo do tempo, muitas palavras de outras línguas. Parte delas passou por um processo de adaptação à grafia e à pronúncia do português, como futebol e abajur, que vieram, respectivamente, do inglês football e do francês abat-jour. Outras palavras foram incorporadas com sua fórma original, como post ou delivery.

Respostas e comentários

5a. A expressão é provável sugere que é quase certo que a maioria dos leitores tenha intimidade com a bebida usada como preparação para atividades físicas intensas. Sugestão: O café batido com óleo de coco e ghee tem agradado àqueles que buscam aguentar firme as sessões de agachamentos e burpees.

5b. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes relatem alguma dificuldade na compreensão dos termos empregados.

5c. Ghee, massála, aiurvédica (adaptada), bulletproof coffee, burpees, coach, WOD, crossfit, bike.

5d. Algumas sequências de letras não seguem as regras da língua portuguesa, como gê agá (ghee) ou éle éle e éfe éfe (bulletproof coffee).

Fala aí! Resposta pessoal. Sugerimos que os estudantes formem grupos para realizar essa discussão.

Orientações didáticas

Questão 5 – Peça aos estudantes que façam inicialmente uma leitura silenciosa do texto e copiem no caderno as palavras cujo sentido eles desconhecem. É provável que alguns dos estrangeirismos empregados não façam parte do repertório deles. Nesse caso, oriente-os a consultar o glossário.

Sobre o boxe que trata do estrangeirismo, entendemos que uma distinção rigorosa entre “empréstimo linguístico” e “estrangeirismo” não é produtiva para esta etapa de estudos. Tomamos, assim, o “estrangeirismo”, termo citado na Bê êne cê cê (ê éfe zero nove éle pê um dois), como o emprego de palavras e expressões alheias ao idioma, independentemente da conservação de sua fórma gráfica de origem ou de sua assimilação à língua. Esclarecemos, ainda, que optamos por não tratar de estrangeirismos relativos às construções sintáticas.

Fala aí! – Recomende que os estudantes procurem se lembrar de exemplos de estrangeirismos e que avaliem seu uso considerando os contextos mais comuns de ocorrência. No final, solicite que um relator de cada grupo apresente as conclusões. É importante que os estudantes consigam relacionar a discussão aos conceitos de língua que estão estudando, assim, caso não o façam, retome a ideia de a língua estar sempre se modificando e de ser natural que algumas palavras sejam abandonadas enquanto outras vão sendo incluídas no vocabulário de uso frequente. A atual facilidade de acesso a meios de comunicação tende a colocar o falante em contato com mais palavras estrangeiras e é provável que muitas delas sejam incorporadas ao seu dia a dia. Ao mesmo tempo, é preciso que os falantes mantenham um posicionamento crítico para evitar que o uso de estrangeirismos represente superioridade em relação aos falares locais, principalmente quando há termos equivalentes no idioma. Está sendo desenvolvida, em especial, a habilidade ê éfe zero nove éle pê um dois.

Meu capítulo de romance NA PRÁTICA

Sua tarefa nesta seção será criar mais um capítulo para o romance A máquina, dando continuidade ao trecho que você leu. Seu texto será apresentado em uma roda de leitura.

MOMENTO DE PRODUZIR

Planejando meu capítulo de romance

O romance é um texto longo e você só produzirá uma pequena parte dele. Tenha isso em mente no momento de definir os elementos que deseja incluir.

Quadro. Equivalente textual a seguir. Da teoria para a...: Os capítulos de um romance apresentam coerência entre si. ... prática: Examine os capítulos de A máquina para recolher dados sobre o foco narrativo, características dos personagens, fatos já anunciados, ações realizadas etc. Da teoria para a...:  Os capítulos de um romance seguem uma sequência lógica, que pode estar em ordem cronológica ou não. ... prática: Defina como você quer continuar o romance: Contará algo que acontece imediatamente depois ou algo que acontece paralelamente, em outro espaço? Fará um salto no tempo, contando algo que se passa dias ou anos depois? Retomará algo que ocorreu antes do momento narrado?  Introduzirá um capítulo para esclarecer ou descrever algo? Da teoria para a...:  Os capítulos introdutórios contribuem para criar o desejo de leitura. ... prática: Pense em formas de atrair o leitor. Ele deve ter expectativas em relação ao que será narrado. Da teoria para a...:  O romance é um texto longo, em que cabem descrições mais detalhadas, ações contadas em minúcias, mais falas de personagens etc. ... prática: Defina quanto espaço destinará às descrições, às ações e às falas. Prefira desenvolver uma ideia em detalhes a incluir várias ideias sem aprofundá-las.

Dica de professor

Todos nós usamos variedades linguísticas para nos comunicar, e elas têm marcas características. Seu uso, em um texto literário, contribui para destacar a identidade dos personagens, mas é preciso cuidado para não nos prendermos a estereótipos.

Elaborando meu capítulo de romance

  1. Desenvolva a narrativa incluindo novos dados, mas lembre-se de que o ­romance não pode se esgotar nas páginas iniciais nem apresentar nelas as ações mais importantes.
  2. Cuide para que as descrições, as situações narradas e a linguagem do narrador e dos personagens sejam coerentes com as da obra original.
Respostas e comentários

Meu capítulo de romance na prática

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4 e 10.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 5, 8 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro seis, ê éfe seis nove éle pê cinco um, ê éfe seis nove éle pê cinco três, ê éfe seis nove éle pê cinco seis, ê éfe oito nove éle pê três cinco e ê éfe zero nove éle pê zero quatro.

Orientações didáticas

Momento de produzir – Por ser um texto relativamente longo, é interessante que os estudantes, se possível, o produzam no computador, o que facilitará o processo de elaboração, revisão e reescrita. Nesse caso, oriente-os a escrever dentro do limite de 60 linhas, usando letra Arial 11 ou similar. Caso o texto seja produzido à mão, amplie o limite para 80 linhas.

A atividade pode ser desdobrada, transformando-se em um projeto do semestre. Após a roda de leitura, a turma pode escolher um dos capítulos como continuação oficial do romance. A partir daí, em intervalos de tempo definidos por seu planejamento, cada estudante deverá produzir uma continuação da obra, coerente com os capítulos produzidos pelos estudantes anteriores. O resultado final, após revisão, pode ser publicado na íntegra, e a turma pode assistir ao filme A máquina, tecendo comparações entre ele e o romance que produziram. A produção coletiva do texto contribui, em especial, para o desenvolvimento da cê gê 10.

Outra possibilidade é permitir que cada estudante dê continuidade a um ou mais capítulos iniciais de um romance escolhido por ele. As orientações podem ser facilmente adaptadas à nova proposta, sendo diferente a etapa de avaliação, pois o estudante avaliador deverá ler o início do romance escolhido, o que pode, inclusive, contribuir para seu interesse pela leitura. Esse encaminhamento contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe seis nove éle pê quatro nove. Caso essa opção seja posta em prática, o autor do texto e o estudante avaliador precisarão apresentar aos colegas da roda de leitura um resumo dos capítulos da obra original, de modo a viabilizar a compreensão da sequência lida.

  1. Inclua sugestões enigmáticas ou momentos de tensão para cativar o leitor sobre a continuidade da história.
  2. Detalhe a caracterização do personagem e do espaço e inclua falas diretas que ajudem a contar a história.

Revisando meu capítulo de romance

A revisão do texto é uma etapa importante, que evidencia um comprometimento com a qualidade do texto. Observe que, embora procure soar como a contação de uma história, com marcas de informalidade, o narrador de A máquina não dispensa a concordância entre o verbo e o sujeito e entre um nome e os termos que o determinam.

Releia um dos períodos do texto e observe, a seguir, a análise da concordância em um dos segmentos. 

Nos dias de faxina, e portanto principalmente nas quintas, sempre apareciam objetos esquecidos por um ou outro dos que já tinham se ido, que só serviam pra devolver rancores a abandonos superados.

Esquema. sempre apareciam objetos esquecidos que só serviam pra devolver rancores apareciam: verbo objetos: núcleo do sujeito esquecidos: termo determinante que: sujeito serviam: verbo 'objetos' associa-se a 'apareciam' Há concordância entre o verbo e o núcleo do sujeito. 'objetos' associa-se a 'esquecidos' Há concordância entre o nome e o termo que o determina 'que' associa-se a 'serviam' Há concordância entre o verbo e 'objetos esquecidos', antecedente do sujeito 'que'

Retome seus conhecimentos sobre concordância e faça uma leitura silenciosa do texto para identificar desvios nesse aspecto, bem como ­outros desvios ­gramaticais e ortográficos. Grife segmentos que causam dúvida e consulte uma gramática ou converse com o professor sobre eles.   

Depois, faça uma nova leitura para verificar se não há trechos truncados ou interrupções bruscas, que podem indicar falhas nas estruturas sintáticas. 

Ilustração. Moça de cabelo amarrado em um rabo de cavalo, está sentada a mesa com um lápis na mão. Sobre a mesa diversas folhas e uma borracha. Ela está pensando em duas pessoas.

É lógico!

Antes de iniciar a revisão, verifique se é possível “automatizá-la”. Por exemplo: 

Esquema. O pronome que é sujeito? Não Usar outro algoritmo; O pronome que é sujeito? Sim  Há concordância entre o verbo e o antecedente de que? Não  Fazer a concordância. O pronome que é sujeito? Sim  Há concordância entre o verbo e o antecedente de que?  Sim  Passar para o próximo caso.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Momento de produzir – Propomos, na etapa de revisão, ações que ajudem o estudante a desenvolver o hábito de revisar os textos, além de métodos para isso. Neste capítulo, o mecanismo de concordância verbal e nominal estará em foco. Não se pretende desenvolver exaustivamente o tópico, mas, sim, despertar a atenção dos estudantes para a importância de observá-lo, contando com conhecimentos prévios ou solucionando dúvidas com o professor ou material de consulta.

MOMENTO DE REESCREVER

Avaliando minha produção

Troque seu texto com o de um colega, que o avaliará usando os critérios do quadro. Ele também corrigirá, a lápis, os desvios de ortografia, acentuação, ­concordância etcétera

A

A sequência criada é coerente com os fatos e os personagens apresentados anteriormente?

B

O texto mantém o narrador em terceira pessoa?

C

As referências ao tempo e ao espaço são compatíveis com o que vinha sendo narrado?

D

O capítulo criado ainda é introdutório, ou seja, ele não finaliza a narrativa nem apresenta algo que parece ser o evento mais importante dela?

E

O formato do capítulo é semelhante ao do texto original, isto é, sem título?

F

A linguagem do narrador mantém as características do texto original, com traços de oralidade e informalidade?

G

Houve atenção à concordância entre sujeito e verbo? Os desvios que aparecem são intencionais e pretendem caracterizar algum personagem?

Reescrevendo meu capítulo de romance

Se concordar com os comentários e os ajustes sugeridos, faça alterações no texto, reescrevendo-o e deixando-o pronto para ser lido na roda de leitura.

MOMENTO DE APRESENTAR

Compartilhando meu texto

Formem grupos com cinco integrantes para a leitura dos textos. Cada um de vocês deve ler a produção em voz alta e com expressividade. Respeitem as pausas do texto, indicadas pela pontuação, e articulem bem as palavras. Usem o ritmo e a entonação para valorizar algumas passagens, como aquelas que criam expectativas.

Ao final de cada leitura, os ouvintes devem comentar o texto, justificando suas apreciações.

  • Têm desejo de continuar a leitura?
  • Os personagens são interessantes e estão envolvidos em situações que provocam emoções ou reflexões?
  • O estilo do autor é um fator que valoriza a narrativa?
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Momento de reescrever – Durante a avaliação, verifique se os estudantes compreenderam que o quadro lhes permite uma autoavaliação, que deveria ocorrer na etapa de revisão.

Momento de apresentar – Durante as rodas de leitura, reforce a importância de se posicionarem de fórma respeitosa em relação aos textos dos colegas, tecendo apreciações subjetivas.

E se a gentereticências

reticências tivesse de decidir se quer ou não ler um romance?

Anteriormente, você conheceu os primeiros capítulos de A máquina. Antes de iniciar a leitura, refletiu sobre as expectativas que o título criava e, depois, confrontou-as com o enredo, de fato, desenvolvido. Mas o que você faria se quisesse ter mais certeza quanto a começar ou não uma leitura? Existem gêneros textuais que podem auxiliá-lo nessa decisão.

Leia, a seguir, uma sinopse do romance O menino do pijama listrado e a quarta capa de uma de suas edições. O livro foi lançado em 2006, mas a narrativa se passa nos anos 1940, durante a Segunda Guerra Mundial.

Texto 1

Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também não faz ideia de que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos de que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cêrca, e, para além dela, centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com um frio na barriga.

Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cêrca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.

LAPA, Isabela. Dicas: leituras para o Carnaval. Universo dos leitores. Disponível em: https://oeds.link/8HPXwk. Acesso em: 9 fevereiro 2022.

Texto 2

Fotografia. Quarta capa do livro. Ela tem listras horizontais em tons de azul. Nela as informações: 'UM LIVRO MARAVILHOSO' The Guardian. 'INTENSO E PERTURBADOR [...], PODE SE TORNAR UMA INTRODUÇÃO TÃO MEMORÁVEL AO TEMA COMO 'O DIÁRIO DE ANNE FRANK' FOI EM SUA ÉPOCA.' USA Today. 'UM LIVRO SIMPLES E TÃO BEM ESCRITO QUE BEIRA A PERFEIÇÃO' The Irish Independent; MAIS DE 350 MIL LIVROS VENDIDOS EM TODO MUNDO. Tradução de Augusto Pacheco Calil. No fim da página fotografia. A sigla ISBN, seguida de um código de barras e do número 9788535911121.
Reprodução da quarta capa do livro O menino do pijama listrado.

Biblioteca cultural

Em 2008, a comovente história narrada no romance O menino do pijama listrado foi transformada em filme pelo diretor Marque Rerman. Que tal assistir à obra?

Cartaz de filme. Dois meninos sentados na grama. Entre eles uma grande cerca. À esquerda menino de cabelo preto e roupas sociais. À direita menino careca com roupa larga e listrada. O céu está azul com poucas nuvens. Sobreposto a imagem, o título: O MENINO DO PIJAMA LISTRADO e outras informações.
Reprodução do cartaz do filme O menino do pijama listrado.

Investigue

Você já reparou que todos os livros têm um número de í ésse bê êne? Faça uma pesquisa em fontes diversas e confiáveis para descobrir o que é esse número.

Respostas e comentários

E se a gentereticências tivesse de decidir se quer ou não ler um romance?

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4, 7, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2, 3 e 4.

cê e éle pê : 3 e 8.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê zero quatro, ê éfe seis nove éle pê dois cinco, ê éfe seis nove éle pê três zero, ê éfe seis nove éle pê três dois, ê éfe seis nove éle pê quatro cinco, ê éfe oito nove éle pê zero seis, ê éfe oito nove éle pê um seis, ê éfe oito nove éle pê dois quatro, ê éfe oito nove éle pê dois sete e ê éfe oito nove éle pê três dois.

Orientações didáticas

A atividade objetiva introduzir o romance que será estudado na sequência didática e desenvolver a habilidade ê éfe seis nove éle pê zero quatro, que trata da análise dos efeitos de sentido que reforçam a persuasão em textos publicitários, e a ê éfe seis nove éle pê quatro cinco, que preconiza a análise de gêneros que apoiam a seleção de produções culturais e o posicionamento frente a seu conteúdo. Considerando a natureza dos gêneros em foco, a quarta capa e a sinopse dialogam com os campos jornalístico-midiático e artístico-literário.

Investigue – O International Standard Book Number, ou í ésse bê êne, é um código de 13 números que torna o livro um produto reconhecível internacionalmente. Entre as informações codificadas estão a língua em que foi escrito, a editora e o título. Cada edição de um livro apresenta um í ésse bê êne diferente. Aproveite para perguntar aos estudantes quais fontes usaram na pesquisa e para enfatizar que, apesar de a pesquisa ter um tema fácil, é sempre importante pesquisar mais de uma fonte para garantir a qualidade da informação. Verifique se os estudantes, de fato, lembram de suas fontes e, no caso de faltar a informação, problematize a metodologia de pesquisa. A discussão contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe oito nove éle pê dois quatro.

Biblioteca cultural – Se possível, assista ao filme O menino do pijama listrado com a turma. Vocês podem discutir como o filme constrói o contexto dos anos 1940: cenários, adereços, figurinos e penteados. Além disso, leve os estudantes a relacionar as informações pesquisadas sobre esse período histórico às cenas do filme.

  1. Tanto a sinopse quanto o resumo podem sintetizar uma narrativa literária. O que os diferencia? O que justifica essa diferença?
  2. Releia os três primeiros períodos da sinopse. Qual é o efeito de sentido produzido pelas expressões não sabe nada, não faz ideia, muito menos e sabe apenas, que vão sendo adicionadas ­progressivamente?
  3. A sinopse é um gênero que cumpre uma função informativa e ­também publicitária. Qual trecho do texto está mais diretamente ligado a essa segunda função? Explique sua escolha.
  4. Por que, na sua opinião, predominam sinopses, e não peças abertamente publicitárias, na divulgação da maioria das obras literárias?
  5. As palavras centrais dos três comentários de jornais reprodu­zidos na quarta capa são adjetivos. Quais são elas? O que justifica essa escolha?
  6. O segundo comentário estabelece uma relação de intertextualidade entre a obra O menino do pijama listrado e O diário de én frênqui.
    1. Você conhece esse diário? O que é comum entre as obras?
    2. Na sua opinião, com que objetivo o produtor da quarta capa ­escolheu um comentário que destaca essa comparação?
  7. Por que são mencionados os jornais que publicaram os comentários, e não seus autores?
  8. Que relação há entre os comentários reproduzidos e as informações sobre vendas e tradução?
  9. Na sua opinião, os dados contidos nessa quarta capa são suficientes para o leitor decidir por ler ou não a obra? Por quê?
  10. O que você achou da sinopse e da quarta capa lidas? Caso ainda não tenha lido o livro O menino de pijama listrado, esses textos despertaram seu interesse pela leitura? Explique.
  11. Com os dados apresentados, você já pode construir algumas expec­tativas acerca do romance. O que você imagina sobre os personagens, o espaço e o enredo?

Investigue

A história narrada no romance ocorre durante um episódio ­histórico importante: o extermínio de judeus ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Pesquise esse acontecimento em diversas fontes e produza uma lista de tópicos com as principais informações. Depois, em grupos, comparem os dados para se certificar de sua correção e produzam quadros e tabelas para organizar as informações e compartilhá-las com os demais grupos da turma. Em sala, apresentem os dados coletados e discutam sobre a importância de conhecermos o passado para evitar que genocídios como esse se repitam.

Respostas e comentários

1. Diferentemente da sinopse, o resumo apresenta uma síntese completa, inclusive com o desfecho da narrativa, contendo informações que, se apresentadas na sinopse, estragariam as surpresas da leitura.

2. As expressões enfatizam a ingenuidade do protagonista, Bruno, em relação ao contexto com o qual entrou em contato.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes escolham o trecho “O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável” e justifiquem a escolha com base no fato de o período analisar a obra, contrapondo, de fórma apelativa, fábula sobre amizade e monstro terrível e inimaginável.

4. Resposta pessoal. Ajude os estudantes a perceber que uma peça abertamente publicitária poderia sugerir uma imposição de gosto ou de necessidade que não condiz com o produto livro, que se distingue, no imaginário do consumidor, de outros produtos.

5. Maravilhoso, intenso, perturbador, memorável, simples e (bem) escrito. Os adjetivos são responsáveis por qualificar os termos a que se referem, sendo um importante recurso persuasivo que favorece a apreciação positiva da obra.

6a. Resposta pessoal. O diário de én frênqui é uma obra bastante conhecida (há, inclusive, referências a ela no volume do 6o ano desta coleção). Conte com esse conhecimento prévio dos estudantes e, se for preciso, desloque componentes entre grupos para viabilizar a atividade. Na comparação, os estudantes devem se referir ao fato de que as duas obras mostram o ponto de vista de uma criança ou adolescente acerca das ações dos nazistas.

6b. O comentário contribui para instigar o leitor a ler a obra, uma vez que a comparação que apresenta valoriza o romance que está sendo divulgado ao compará-lo com outra obra muito conhecida e de grande prestígio.

7. Os jornais são veículos conhecidos e prestigiados, o que contribui para a valorização da obra que está sendo divulgada por meio da quarta capa.

8. O bom volume de vendas e a informação de que a obra contou com um tradutor experiente coincidem com os comentários elogiosos.

9 a 11. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Questões 1 a 11 – Sugerimos que as atividades sejam feitas em grupos, sendo eleito um dos integrantes como relator. Não é necessário corrigir as questões, pois as discussões coletivas são suficientes para informar e resolver dúvidas, mas é interessante, para encerramento, solicitar a um ou dois estudantes a apresentação das características dos gêneros em estudo. Faça anotações na lousa ou uma projeção durante a exposição, de modo a orientar os estudantes sobre como tomar notas para estudo.

Questões 9 a 11 – Chame alguns relatores para apresentar, de fórma resumida, a discussão dessas questões, explicitando se houve ou não consenso. Oriente-os a buscar fórmulas que permitam o tratamento não personalizado da informação, evitando, assim, relacionar os comentários aos estudantes que os apresentaram. Após as falas, destaque os argumentos apresentados e avalie se o conjunto é consistente. Desenvolve-se, assim, a habilidade ê éfe oito nove éle pê dois sete.

Questão 8 – Comente que, mesmo que o leitor não conheça o tradutor, sua citação na quarta capa sugere um valor positivo.

Questão 11 – O romance é uma narrativa longa e os estudantes precisam ser incentivados a enfrentar essa leitura, que pode se revelar prazerosa e interessante. Sugerimos que a discussão dessa resposta seja acompanhada pela apresentação e pela discussão do trailer do filme.

Investigue – A Bê êne cê cê determina o estudo da emergência do fascismo e do nazismo, da Segunda Guerra Mundial e do holocausto no 9º ano. Sugerimos que você apresente o trabalho com o romance para o professor de História e que compartilhem os planejamentos de modo a encontrar oportunidades de atividades interdisciplinares. Caso o professor prefira fazer essa abordagem posteriormente, apresente a proposta do boxe Investigue para que ele conduza a atividade com os estudantes: ouvir as informações que conhecem e ajudá-los a verificar o que é verdadeiro. Esse contexto tem sido retomado em várias produções culturais, e alguns dos termos ligados a ele, como “nazista” ou “genocídio”, têm sido aplicados em situações diversas, algumas vezes de modo impróprio. A atividade contribuirá para que os estudantes desenvolvam a atitude crítica diante de conteúdos e informações (ê éfe seis nove éle pê três zero).

Leitura 2 ROMANCE

Você já conheceu um pouco sobre o romance O menino do pijama listrado. Agora, vai ler um trecho do primeiro capítulo e confrontá-lo com suas expectativas.

1 Bruno faz uma descoberta

Certa tarde, quando Bruno chegou em casa vindo da escola, ­sur­preendeu-se ao ver Maria, a governanta da família – que sempre mantinha a cabeça abaixada e jamais levantava os olhos do tapete –, de pé no seu quarto, tirando todos os seus pertences do guarda-roupa e arrumando-os dentro de quatro caixotes de madeira, até mesmo ­aquelas coisas que ele escondera no fundo e que pertenciam somente a ele e não eram da conta de mais ninguém.

“O que você está fazendo?”, ele perguntou tão educadamente quanto pôde, pois, embora não estivesse contente por chegar em casa e descobrir alguém remexendo nas suas coisas, sua mãe sempre lhe dissera para tratar Maria com respeito e não simplesmente imitar a maneira com que seu pai a tratava. “Tire as mãos das minhas coisas.”

Maria sacudiu a cabeça e apontou para a escada atrás dele, onde a mãe de Bruno acabara de aparecer. Era uma mulher alta, de longos cabelos ruivos, presos numa espécie de rede atrás da cabeça; ela estava retorcendo as mãos em sinal de nervosismo, como se houvesse algo que ela não ­quisesse falar ou alguma coisa em que não quisesse acreditar.

“Mãe”, disse Bruno, marchando em direção a ela, “o que está acontecendo? Por que a Maria está mexendo nas minhas coisas?”

“Ela está fazendo suas malas”, a mãe explicou.

Ilustração. À esquerda, mulher de cabelo avermelhado, preso para trás. Tem nariz comprido. Usa blusa de mangas bufantes, pulseiras e uma saia longa. À frente dela, Bruno, um menino de cabelo curto avermelhado com a cara de espanto e olhos arregalados. Ele aponta para trás, na direção de Maria. Mulher branca, de vestido longo e cabelo amarrado em um coque. Usa avental. Está com roupas nas mãos. Ao redor dela outras roupas, boné e um livro.
Respostas e comentários

Leitura 2

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 3, 4, 7 e 8.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 2, 3, 7 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis nove éle pê quatro sete, ê éfe seis nove éle pê quatro nove e ê éfe oito nove éle pê três três.

Orientações didáticas

Sugerimos que a leitura do trecho de O menino do pijama listrado seja proposta como tarefa de casa. Já na sala de aula, proponha uma nova leitura, agora compartilhada e em voz alta, e conversem sobre a experiência de leitura dos estudantes. Eles encontraram dificuldade? Ficaram estimulados a continuar a ler? Compreenderam que um capítulo inicial pode ter a função de contextualizar a narrativa? Considere também que, por termos escolhido o capítulo inicial, a relação com o processo de emergência do nazismo e as práticas de extermínio de judeus e outros grupos é ainda incipiente, mas esse contexto pode estar, de um lado, incitando a leitura e, de outro, criando reservas, atitudes que podem ser discutidas.

“Fazendo minhas malas?”, ele perguntou, repassando rapidamente os eventos dos últimos dias para avaliar se fôra um mau menino ou se dissera em voz alta as palavras que ele sabia não poder dizer e, por isso, estava sendo mandado embora. Mas não conseguiu pensar em nada que justificasse tal pensamento. Na verdade, durante os últimos dias ele se comportara de maneira perfeitamente decente com todos e não conseguia se lembrar de ter criado nenhuma confusão. “Por quê?”, ele perguntou então. “O que eu fiz?”

A mãe já havia entrado em seu próprio quarto a essa altura, mas lars, o mordomo, estava lá, fazendo as malas dela também. Ela suspirou e jogou as mãos para o ar em sinal de frustração antes de marchar de volta à escada, seguida por Bruno, que não ia deixar o assunto morrer sem uma explicação satisfatória.

“Mãe”, ele insistiu. “O que está havendo? Estamos de mudança?”

“Venha comigo até o andar de baixo”, disse ela, levando-o até a ampla sala de jantar onde o Fúria estivera para comer com eles na semana anterior. “Conversaremos lá embaixo.”

Bruno desceu as escadas correndo e até a ultrapassou na descida, de maneira que já estava esperando pela mãe na sala de jantar quando ela chegou. Ele observou-a sem dizer nada por um momento e pensou consigo que ela não devia ter aplicado corretamente a maquiagem naquela manhã, pois as órbitas dos olhos estavam mais avermelhadas do que de costume, como os seus próprios olhos ficavam quando ele criava confusão e se metia em encrenca e acabava chorando.

“Veja, Bruno, não há motivo para se preocupar”, disse a mãe, sentando-se na cadeira na qual se sentara a bela mulher loira que viera jantar acompanhando o Fúria e que acenara para ele quando o pai fechou a porta. “Na verdade, acho que será uma grande aventura.”

Ilustração. Mulher ruiva abaixada de frente para Bruno, com as mãos nele. Ao redor deles diversas malas.

“Que aventura?”, ele perguntou. “Estão me mandando embora?”

“Não, não é apenas você”, ela disse, parecendo que ia abrir um sorriso momentâneo, mas mudando de ideia. “Todos nós vamos embora. Seu pai e eu, Grétel e você. Todos os quatro.”

Bruno pensou a respeito e franziu o cenho. Não o incomodava em especial se Grétel fosse mandada embora, porque ela era um Caso Perdido e só o metia em encrencas. Mas parecia um pouco injusto que todos tivessem que acompanhá-la.

“Mas para onde?”, ele perguntou. “Aonde vamos exatamente? Por que não podemos ficar aqui?”

“É o trabalho do seu pai”, explicou a mãe. “Sabe como isto é importante, não sabe?” “Sim, é claro”, disse Bruno, acenando com a cabeça, pois sempre havia na casa muitos visitantes – homens em uniformes fantásticos, mulheres com máquinas de escrever das quais ele deveria manter longe as mãos sujas –, e eram todos sempre muito educados com o pai e diziam que ele era um homem para ser observado e que o Fúria tinha grandes planos para ele.

“Bem, às vezes, quando uma pessoa é muito importante”, prosseguiu a mãe, “o homem que o emprega lhe pede que vá a outro lugar, porque lá há um trabalho muito especial que precisa ser feito.”

“Que tipo de trabalho?”, perguntou Bruno, porque, se fosse honesto consigo mesmo – e ele sempre tentava ser –, teria de admitir que não sabia ao certo qual era o trabalho do pai.

Ilustração. Três crianças falando sobre a profissão de seus pais. A criança à esquerda fala de um homem de bigode com um chapéu cilíndrico. A criança ao lado dela fala de um homem de rosto quadrado e chapéu de chef de cozinha. A terceira criança fala de um home de cabelo castanho e óculos. Bruno pensa em seu pai, homem de cabelo avermelhado e bigode. Ao redor diversos pontos de interrogação.

Na escola todos conversaram um dia sobre seus pais, e carl dissera que seu pai era quitandeiro, o que Bruno sabia ser verdade, porque o homem cuidava da quitanda no centro da cidade. E Daniel dissera que seu pai era professor, o que Bruno sabia ser verdade, porque o homem ensinava aos meninos maiores, dos quais era sempre melhor manter distância. E Martin dissera que seu pai era chéfi de cozinha, o que Bruno sabia ser verdade, porque, nas vezes em que o homem vinha buscar Martin na escola, sempre vestia bata branca e avental xadrez, como se tivesse acabado de deixar a cozinha.

Mas, quando perguntaram a Bruno o que seu pai fazia, ele abriu a boca para dizer-lhes e então percebeu que ele próprio não sabia. Só era capaz de dizer que seu pai era um homem para ser observado e que o Fúria tinha grandes planos para ele. Ah, e que ele também tinha um uniforme fantástico.

“É um trabalho muito importante”, disse a mãe, hesitando por um momento. “Um trabalho que precisa ser feito por um homem muito especial. Você consegue entender isso, não é?”

“E todos nós temos que ir também?”, indagou Bruno.

“Claro que sim”, disse a mãe. “Você não gostaria que seu pai fosse até o novo trabalho e se sentisse solitário lá, gostaria?”

“Acho que não”, disse Bruno.

reticências

“Mas e quanto à nossa casa?”, perguntou Bruno. “Quem vai cuidar dela enquanto estivermos longe?”

A mãe suspirou e olhou o quarto ao redor, como se nunca mais fosse vê-lo novamente.

Era uma casa muito bonita e tinha ao todo cinco andares, se incluirmos o porão, onde o cozinheiro preparava toda a comida e Maria e lars sentavam-se à mesa discutindo um com o outro e chamando-se de nomes que não se deviam empregar. E se considerássemos o pequeno quarto no topo da casa, que tinha as janelas oblíquas através das quais Bruno conseguia ver até o outro lado de Berlim, se ficasse na ponta dos pés e segurasse firme no parapeito.

“Teremos que fechar a casa por enquanto”, disse a mãe.

“Mas voltaremos algum dia.” “Mas e quanto ao cozinheiro?”, perguntou Bruno. “E lars? E Maria? Eles não vão ficar morando aqui na casa?”

“Eles vêm conosco”, explicou a mãe. “Mas agora basta de perguntas. Talvez seja melhor você subir e ajudar Maria a fazer as malas.”

reticências

Ele foi vagarosamente até as escadas, segurando o corrimão com uma das mãos, e se perguntou se a casa nova, onde seria o novo trabalho, tinha um corrimão tão bom de escorregar quanto aquela. Pois o corrimão daquela casa vinha desde o andar mais alto – começava do lado de fora do pequeno quarto onde, se ele ficasse na ponta dos pés e segurasse firme no parapeito da janela, era possível ver até o outro lado de Berlim – até o piso térreo, bem diante das duas enormes portas de carvalho. E o que Bruno mais gostava de fazer era subir a bordo do corrimão no andar de cima e escorregar pela casa toda, fazendo barulho de vento ao longo do caminho.

reticências

O corrimão era a melhor coisa da casa – além do fato de vovô e vovó morarem tão perto –, e quando pensou nisso ele se perguntou se eles também viriam até o emprego novo e acreditou que sim, pois seria impossível deixá-los para trás. Ninguém precisava muito de Grétel, porque ela era um Caso Perdido – seria bem mais fácil se ela ficasse para tomar conta da casa –, mas vovô e vovó? Aí já era outra história.

Ilustração. Bruno subindo as escadas com a mão no corrimão. No ambiente ao fundo dois lustres e janelas.

Bruno subiu devagar as escadas até seu quarto; porém, antes de entrar, olhou para trás e para baixo na direção do piso térreo e viu a mãe entrando no escritório do pai, que dava de frente para a sala de jantar – e onde era Proibido Entrar em Todos os Momentos Sem Exceção –, e escutou-a falando alto com ele, até que o pai falou mais alto do que a mãe era capaz, e isso terminou com a conversa entre eles. Então a porta do escritório se fechou, e, como Bruno não conseguiu mais ouvir nada, pensou que seria boa ideia voltar ao seu quarto e assumir a tarefa de fazer as malas, porque senão Maria era capaz de retirar todos os seus pertences do guarda-roupa sem o devido cuidado e consideração, até mesmo as coisas que ele escondera no fundo e que pertenciam somente a ele e não eram da conta de mais ninguém.

Ilustração. Bruno cabisbaixo na escada, com a mão na maçaneta da porta.

bóinã jdôn . O menino do pijama listrado. Tradução Augusto Pacheco Calil. São Paulo: Seguinte, 2007. páginas nove a dezessete.

De quem é o texto?

Fotografia. John Boyne, homem branco, careca, de sobrancelhas escuras e curvas. Tem nariz pequeno e barba curta e grisalha.
Foto de 2016.

O escritor irlandês jdôn bóinã (1971-) começou a escrever romances aos 19 anos. O primeiro foi publicado em 2000. A maioria deles é ambientada em épocas passadas e tem crianças e jovens como protagonistas.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

  1. Os capítulos iniciais de um romance costumam contextualizar a narrativa.
    1. Em que cidade e país Bruno e a família dele moram?
    2. Que elementos permitem concluir que a condição econômica da família é privilegiada?
    3. O que explica a necessidade de mudança da família de Bruno?
  2. Os dois primeiros parágrafos já colocam o protagonista Bruno diante de um problema.
    1. O que está acontecendo? Que palavra sugere que o acontecimento é algo estranho na rotina do personagem?
    2. Compare esses parágrafos aos capítulos de A máquina. O ritmo da narrativa é o mesmo? Explique.
  3. Os capítulos iniciais sugerem o tipo de relação entre os personagens.
    1. O que se revela sobre a relação entre a mãe e o pai de Bruno no segundo parágrafo? Explique sua resposta.
    2. Em que outra passagem essa informação é reforçada?
  4. Retome, agora, a caracterização do protagonista.
    1. Cite e justifique duas características que você atribuiria a ele.
    2. A frase “Tire as mãos das minhas coisas.”, no segundo parágrafo, foi dita por Bruno? Explique sua resposta.
  5. Analise a maneira como a mãe de Bruno fala com ele.

“É o trabalho do seu pai”, explicou a mãe. “Sabe como isso é importante, não sabe?”

Versão adaptada acessível

Atividade 5, itens a até c.

a) Ao perguntar “não sabe?”, a mãe espera qual comportamento de Bruno?

b) Identifique outra pergunta da mãe com a mesma finalidade.

c) Se o autor optasse por construções mais informais, como poderia substituir “não sabe?”?

  1. Ao perguntar “não sabe?”, a mãe espera qual comportamento de Bruno?
  2. Copie outra pergunta da mãe com a mesma finalidade.
  3. Se o autor optasse por construções mais informais, como poderia substituir “não sabe?”?
Respostas e comentários

1a. Em Berlim, na Alemanha.

1b. A família vive em uma casa grande, com cinco andares, e tem vários funcionários, o que sugere uma família abastada.

2a. A governanta está arrumando as malas dele e mexendo em coisas que ele considera particulares. A palavra é supreendeu ou surpreendeu-se.

2b. Não. O menino do pijama listrado já se inicia com uma ação e apresenta um ritmo mais rápido do que A máquina, cujos capítulos reproduzidos descrevem a cidade de Nordestina e não apresentam ações significativas logo de início.

3a. O pai e a mãe parecem não se dar bem, já que a mãe o critica indiretamente ao exigir que Bruno se comporte com os empregados da casa de modo mais respeitoso que o pai.

3b. Na passagem final do trecho em que, durante uma discussão, revela-se que o pai é autoritário com a mãe.

4a. Resposta pessoal. Sugestão: Obediente ou maduro, porque aceita as explicações da mãe sem discutir; observador, porque se lembra de detalhes dos pais dos colegas; preocupado, porque imagina, a princípio, que a mudança decorra de algum erro seu; ingênuo, porque não reconhece que a mãe havia chorado.

4b. Não. É uma frase semelhante à que usaria o pai e que ele evita repetir, seguindo as orientações de sua mãe.

5a. A mãe espera que ele concorde com a ideia que ela apresentou.

5b. “Você consegue entender isso, não é?” ou “Você não gostaria que seu pai fosse até um novo trabalho e se sentisse solitário lá, gostaria?”.

5c. Poderia usar “né?”.

Orientações didáticas

Refletindo sobre o texto – Questões 1 a 8 – Sugerimos que as atividades sejam resolvidas em grupo. As duas primeiras podem ser resolvidas oralmente; as demais devem ser escritas. Selecione algumas respostas para uma correção detida; sugerimos as das questões 3 e 5, por explorarem informações implícitas.

Questão 2b – Caso os estudantes tenham dificuldade nesta questão, explique a eles que o ritmo da narrativa está relacionado com a quantidade e a velocidade das ações apresentadas em determinado trecho. Pergunte-lhes em qual dos romances a narrativa avança mais.

Questão 4a – Os estudantes podem indicar características diversas; valide-as ou não considerando a coerência da justificativa.

6. Como você viu no início deste capítulo, diferentemente de um conto, que é uma narrativa breve, os romances têm espaço para o detalhamento de passagens. Releia o seguinte parágrafo.

Na escola todos conversaram um dia sobre seus pais, e carl dissera que seu pai era quitandeiro, o que Bruno sabia ser verdade, porque o homem cuidava da quitanda no centro da cidade. E Daniel dissera que seu pai era professor, o que Bruno sabia ser verdade, porque o homem ensinava aos meninos maiores, dos quais era sempre melhor manter distância. E Martin dissera que seu pai era chef de cozinha, o que Bruno sabia ser verdade, porque, nas vezes em que o homem vinha buscar Martin na escola, sempre vestia bata branca e avental xadrez, como se tivesse acabado de deixar a cozinha.

Ilustração. Bruno pensando em seu pai, homem de cabelo avermelhado e bigode. Ao redor diversos pontos de interrogação.
  1. Essa passagem se refere a um tempo simultâneo ao das ações narradas no capítulo? Explique sua resposta.
  2. Qual é o tema do parágrafo?
  3. Como os exemplos citados ajudam o leitor a entender que há algo enigmático envolvendo o pai de Bruno?
  4. Que outras informações confirmam a existência desse mistério?
  1. Embora os romances A máquina e O menino do pijama listrado sejam histórias fictícias, imaginadas, apresentam ao leitor contextos que estão associados à vida real.
    1. Qual ação apresentada nos capítulos iniciais do romance A máquina remete ao contexto social real?
    2. Em O menino do pijama listrado, o contexto explica grande parte dos acontecimentos, por isso há várias referências a ele, embora não sejam citados datas, nomes ou eventos específicos. Existem, no trecho lido, elementos que permitam reconhecer esse contexto?
  2. Romances como O menino do pijama listrado mostram que as manifestações artísticas, como a literatura, podem representar práticas de participação político-social. Explique o que você entende dessa afirmação.

Fala aí!

Em E se a gente tivesse de decidir se quer ou não ler um romance?, você leu uma sinopse e a quarta capa de O menino do pijama listrado e declarou, com base nelas, seu desejo de fazer ou não a leitura do livro. Agora que iniciou a leitura, você tem a mesma opinião? Você concorda com as avaliações contidas naqueles materiais?

Da observação para a teoria

A estrutura do gênero romance é, em geral, mais complexa que a do gênero conto. O romance apresenta uma série de personagens em torno dos quais se desenvolve a história central e também histórias paralelas, que resultam em outros conflitos.

Como as demais narrativas ficcionais, o romance inventa o mundo em que ocorrerão as ações, o qual pode ser muito parecido com o mundo real, a ponto de retomar eventos e personagens históricos, ou, pelo contrário, ser muito diferente dele, como ocorre, por exemplo, nos romances de ­ficção científica. Esse gênero textual apresenta diferentes tipos de história: romance romântico, policial, histórico, de aventuras, entre outros.

Respostas e comentários

6a. Não. São memórias de Bruno.

6b. O parágrafo informa a profissão dos pais dos colegas de escola de Bruno.

6c. Os exemplos mostram que é muito fácil reconhecer a profissão de alguém, o que não acontece no caso do pai de Bruno.

6d. A proibição de entrada no escritório do pai, as várias visitas de profissionais aparentemente importantes e a presença de um personagem conhecido apenas pelo nome Fúria.

7a. A debandagem generalizada dos nascidos em Nordestina remete à migração em busca de melhores condições de vida ou de uma vida mais interessante.

7b. Resposta pessoal. É possível que as referências a Berlim e aos uniformes fantásticos e o segredo quanto ao alto posto do pai de Bruno possam sugerir ao estudante o contexto sócio-histórico da Segunda Guerra Mundial.

8. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário em Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Questões 6 e 7 – A questão 6 pode ser ampliada a uma atividade oral: oriente os estudantes a se preparar para formular um comentário único com o conjunto de dados das respostas e escolha um deles para expor. Comente ou sugira o uso de recursos de articulação entre partes do texto. Os itens da questão 7 devem ser discutidos um a um para exploração da ideia de contexto e para destaque da função crítica da literatura.

Questão 8 – É importante que os estudantes percebam que muitos artistas usam suas obras para se posicionar diante de questões que interessam ao coletivo e para sensibilizar as pessoas ou estimulá-las a uma ação ou mudança de postura. Nesse sentido, suas produções artísticas correspondem a uma prática de participação político-social.

Fala aí! – A atividade desenvolve a habilidade ê éfe seis nove éle pê quatro cinco, voltada a tornar o estudante apto a posicionar-se criticamente diante de textos que apoiam a seleção de obras do campo artístico-literário. Inicie com a fala de estudantes voluntários e, depois, chame outros para participação, inclusive alguns que considerem que a leitura do trecho não é suficiente para levar a uma conclusão. Ajude-os a construir o discurso, pedindo precisão na retomada da sinopse e da quarta capa e na construção da apreciação do trecho do romance.

Se eu quiser aprender MAIS

O foco narrativo

O narrador é a voz escolhida pelo autor para relatar os acontecimentos em uma narrativa de ficção. Esses acontecimentos são apresentados a partir de um ponto de vista, que é chamado de foco narrativo. Dependendo do foco narrativo, os efeitos de sentido são diferentes, pois criam-se histórias mais confiáveis ou menos confiáveis, histórias que podem valorizar o mundo interno do personagem ou os eventos externos, entre outros.

Para compreender mais sobre os focos narrativos e seus efeitos de sentido, faça as atividades a seguir.

1. Releia o terceiro capítulo transcrito do romance A máquina, de Adriana Falcão.

Vivia em Nordestina, mesmo ali na rua de baixo, uma moça que apertava os olhos pela metade quando olhava, por quem Antônio era completamente apaixonado. Ninguém sabe dizer até hoje se o que endoidecia ele era o olhar pelo meio de Karina ou o resto todo. Entenda-se por todo inclusive o perfume que ela ia deixando por onde passava.

Antônio, que pra cada pessoa era um, pra Karina era somente o rapaz que sempre dava um pulo na casa dela quando largava do trabalho.

Depois ficou diferente, mas só depois.

Só depois que as coisas todas mudaram.

Ilustração. Rapaz de rosto comprido, cabelo escuro e tope. Está saltando, de olhos fechados, braços para trás, pernas flexionadas para trás. Ao redor dele dois corações. Ele está entre dois grandes olhos castanho. Nas laterais dos olhos, flores coloridas.
  1. Em que pessoa do discurso está sendo feita a narração?
  2. É possível dizer que o narrador conhece os eventos futuros em relação ao tempo que está contando? Justifique sua resposta.
  3. Que sentimentos dos personagens são revelados no trecho?
  4. Os conhecimentos do narrador são os mesmos de Antônio e de Karina a respeito dos acontecimentos narrados? Justifique.
Respostas e comentários

1a. Terceira pessoa do discurso.

1b. Sim. O narrador conhece o futuro, já que afirma que, posteriormente, “as coisas todas mudaram”.

1c. O narrador revela que Antônio era apaixonado por Karina e que ela não dava grande importância a ele.

1d. Não, porque o narrador não só conhece os acontecimentos futuros como também sabe os sentimentos dos personagens.

Se eu quiser aprender mais

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 3 e 4.

cê e éle : 1, 2, 3 e 5.

cê e éle pê : 3 e 9.

Habilidade: ê éfe seis nove éle pê quatro sete.

Orientações didáticas

O estudo dos textos narrativos nas atividades dos volumes de 6º, 7º e 8º anos contemplou a observação da atuação do narrador. Neste capítulo, recorremos à teoria literária para ampliar a abordagem desse elemento básico da narrativa, entendendo-a como um recurso para qualificar a análise do texto literário e ampliar a fruição. A introdução gradativa desse tipo de conhecimento, que amplia o acesso às várias camadas de sentido, concorre para o desenvolvimento de uma postura mais analítica diante do texto, antecipando o que será exigido no Ensino Médio.

Questões 1 a 3 – Peça aos estudantes que iniciem lendo com atenção os textos das atividades, buscando identificar as marcas linguísticas que evidenciam o tipo de narrador empregado. Oriente-os a registrar no caderno suas conclusões e, depois, retomá-las durante a produção das respostas.

2. Releia, agora, um trecho de O menino do pijama listrado, de jdôn bóinã.

Bruno desceu as escadas correndo e até a ultrapassou na descida, de maneira que já estava esperando pela mãe na sala de jantar quando ela chegou. Ele observou-a sem dizer nada por um momento e pensou consigo que ela não devia ter aplicado correta­mente a maquiagem naquela manhã, pois as órbitas dos olhos estavam mais avermelhadas do que de costume, como os seus próprios olhos ficavam quando ele criava confusão e se metia em encrenca e acabava chorando.

Ilustração. Bruno com os braços aberto, parado perto da escada. À frente, a mãe dele com lágrimas nos olhos.
  1. Em que pessoa está sendo feita a narração?
  2. O que é possível concluir com base na aparência dos olhos da mãe de Bruno?
  3. O que permite essa conclusão?
  4. O personagem Bruno chega à mesma conclusão sobre os olhos da mãe? Justifique.

O narrador em terceira pessoa não participa dos fatos narrados; ele apenas os observa.

Há casos em que esse narrador é onisciente, o que significa que conhece todos os fatos da história, além dos sentimentos e dos pensamentos dos personagens. É o que acontece nos capítulos do romance A máquina.

Em outras situações, ele apresenta a narrativa a partir de um ponto de vista limitado a um ângulo, que pode, por exemplo, ser o de um personagem. No caso de O menino do pijama listrado, o narrador apresenta aquilo que Bruno vê e pensa, embora dê algumas dicas do que o menino ainda não percebe.

Desafio da linguagem

Agora, imagine que é o personagem Bruno quem narra a história. Reescreva o trecho da atividade 2 fazendo os ajustes necessários.

  • Empregue verbos e pronomes em primeira pessoa.
  • Atenção à flexão das fórmas verbais. Lembre-se de que agora é Bruno quem vai narrar suas próprias ações e as dos demais personagens.
Respostas e comentários

2a. Na terceira pessoa.

2b. Pode-se concluir que ela havia chorado.

2c. O fato de que se compara o aspecto dos olhos da mãe de Bruno ao aspecto dos olhos do próprio Bruno quando ele chora.

2d. Não. Ele imaginou que ocorrera um erro na aplicação da maquiagem.

Orientações didáticas

Ao explorar o boxe sobre o narrador, se desejar aprofundar esse assunto, sugira aos estudantes a leitura do livro A máquina ou leve para a turma os capítulos finais, em que se revela que Antônio é o narrador. Você pode discutir as marcas linguísticas envolvidas nessa mudança, bem como as diferentes estratégias para apresentar fatos, sentimentos e pensamentos.

Desafio da linguagem – Oriente os estudantes a reler o trecho e a observar as marcas linguísticas de terceira pessoa, como os verbos e os pronomes. Depois, peça a eles que redijam o texto em primeira pessoa, como se Bruno estivesse contando sua própria história. Sugestão: Desci as escadas correndo e até a ultrapassei na descida, de maneira que já estava esperando pela minha mãe na sala de jantar quando ela chegou. Observei-a sem dizer nada por um momento e pensei comigo que ela não devia ter aplicado corretamente a maquiagem naquela manhã, pois as órbitas dos olhos estavam mais avermelhadas do que de costume, como os meus olhos ficavam quando criava confusão e me metia em encrenca e acabava chorando.

3. Leia o início do terceiro capítulo do romance Vinte mil léguas ­submarinas, de Júlio Verne.

Um criado fiel

Até receber o convite do secretário da Marinha, nem remotamente pensava em perseguir o narvalglossário . Três segundos depois, sentia que minha verdadeira vocação era livrar o mundo do monstro.

Retornava de uma expedição cansativa. Ansiava por repouso. Queria voltar a meu país, reencontrar os amigos, descansar no meu apartamento! Esqueci tudo! Aceitei o convite entusiasmado. Chamei meu criado:

conséie!

Era um rapaz delicado, que me acompanhava em todas as viagens. Um corajoso flamengoglossário de quem eu gostava, e que me pagava na mesma moeda. Fleumáticoglossário , metódico, cuidadoso, pouco se admirava com as surpresas da vida. Muito hábil com as mãos e sempre pronto a qualquer trabalho. Convivia com os pesquisadores e cientistas de meu meio.

VERNE, Júlio. Vinte mil léguas submarinas. Adaptação Walcyr Carrasco. São Paulo: Moderna, 2012. páginas quarente e dois e quarenta e três.

Ilustração. Homem de rosto comprido, cabelo castanho, longo e liso. Tem cavanhaque pontiagudo. Está com uma das mãos no queixo. Ele pensa em um NARVAL. Animal semelhante a uma baleia com um grande e pontiagudo chifre no meio da cabeça.
  1. Que classes de ­palavras evidenciam que a narrativa é feita em primeira pessoa? Cite exemplos.
  2. É possível conhecer opiniões e sentimentos íntimos do narrador, que é também o protagonista da história? Justifique sua resposta.
  3. A narrativa em primeira pessoa impede que o leitor tenha infor­mações sobre o personagem conséie, que não é o narrador? ­Explique sua resposta.
  4. A caracterização de conséie é objetiva, subjetiva ou ambas? Justifique.

O narrador em primeira pessoa participa da história; ele é um personagem e, por isso, seu campo de visão é parcial, limitado. Ele só pode contar o que viveu, pensou e sentiu ou aquilo que soube pelo relato de alguém. Não há acesso a todos os fatos nem aos sentimentos e pensamentos dos demais personagens. Além disso, parte do que conta é fruto de uma interpretação pessoal e, portanto, a visão dos fatos é subjetiva.

Esse tipo de narrador divide-se em narrador-protagonista e narrador-testemunha. No romance Vinte mil léguas submarinas, o narrador é o personagem principal; por isso, trata-se de um caso de narrador-protagonista. Se a história fosse contada pelo jovem conséie, um personagem secundário, haveria um narrador-testemunha.

Biblioteca cultural

O francês Júlio Verne era também um pesquisador amador. O autor, inclusive, antecipou muitos inventos tecnológicos. Aprenda mais sobre ele em https://oeds.link/bjxyLM. Acesso em: 9 fevereiro 2022.

Respostas e comentários

3a. Os verbos (fórmas verbais sentia, ansiava, por exemplo) e os pronomes (meu, me, por exemplo).

3b. Sim. O narrador comenta, por exemplo, que não pensava em perseguir o narval e que a decisão de persegui-lo foi firme e repentina, além de comentar desejos pessoais e opiniões sobre seu criado.

3c. Não. A narrativa oferece informações sobre sua origem, seu modo de agir, sua personalidade e seu caráter com base nos conhecimentos e no ponto de vista do narrador.

3d. Ambas. A referência à sua habilidade com as mãos, por exemplo, é objetiva, porque trata de algo que pode ser verificado, enquanto a ideia de que se admira pouco com as surpresas da vida é subjetiva, porque revela uma interpretação do narrador acerca das reações do rapaz.

Textos em CONVERSA

Como você já sabe, o enredo de O menino do pijama listrado está relacionado ao período da Segunda Guerra Mundial. Esse contexto levou à produção de um documento legal de i dial: a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Leia um trecho do documento e responda às questões a seguir.

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos ­bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum,

Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,

Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da mulher e que decidiram ­promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Países-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo 1

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2

1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou ­internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 7 e 9.

cê e éle : 2, 3 e 4.

cê e éle pê : 3 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois zero, ê éfe seis nove éle pê dois oito e ê éfe oito nove éle pê um sete.

Orientações didáticas

Para contextualizar os estudantes, destaque que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais, adotada em resolução da Assembleia Geral da ônu em 1948, e tem sido uma das bases em que se apoiam outros textos legais importantes, como a Constituição Federal do Brasil, de 1988, e o Estatuto da Juventude, de 2013.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um documento enxuto. Se possível, promova uma leitura integral dele na sala de aula. Disponível em: https://oeds.link/jFCPER. Acesso em: 14 julho 2022. A atividade desta seção promoverá a reflexão sobre o contexto de produção do documento, o mesmo que aparece em O ­menino do pijama listrado.

Artigo 3

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas fórmas.

Artigo 5

Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

unicéfi. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: https://oeds.link/eF4z7A. Acesso em: 31 janeiro 2022.

  1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem uma estrutura relativamente simples se comparada com outros documentos da esfera da lei. É formada pelo “Preâmbulo” e 30 artigos.
    1. Em um texto legal, o preâmbulo tem a função de declarar princípios e valores que sustentam o documento. Quais são os valores enfatizados no preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos?
    2. No segundo parágrafo, que palavras foram empregadas como marcas de apreciação em relação aos acontecimentos praticados durante a guerra? Explique o que elas indicam.
    3. No quarto e no quinto parágrafos, são citadas as finalidades do documento. Quais são elas?
    4. Considerando essas finalidades e outras apresentadas no documento, deve-se concluir que se esperam ações apenas no nível dos governos? Justifique sua resposta.
  2. Releia o conjunto de artigos reproduzidos.
    1. O “Artigo 1” determina que as relações sociais sejam baseadas na fraternidade. Qual palavra é responsável por revelar que essa condição não é negociável? Explique sua resposta.
    2. Relacione as informações do “Artigo 2” às do “Artigo 1”.
  3. Os artigos 4 e 5 remetem ao contexto de produção do documento e a eventos anteriores a ele.
    1. Qual é o efeito de sentido produzido pela flexão dos verbos no futuro do presente do indicativo?
    2. Reescreva o artigo 5 iniciando-o com uma construção que indica proibição das ações previstas.
  4. Que valores preconizados na Declaração Universal dos Direitos Humanos estão presentes na amizade entre uma criança judia e um filho de nazista em O menino do pijama listrado?

Fala aí!

Você conhece algum exemplo de desrespeito aos artigos 4 e 5 da Declaração Universal dos Direitos Humanos no contexto atual? Em sua opinião, como podemos garantir no dia a dia que os direitos humanos sejam respeitados?

Respostas e comentários

1a. A importância de se garantir a dignidade e a liberdade de todo ser humano, a proteção de seus direitos sem nenhum tipo de diferenciação e a paz entre as nações.

1b. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante indique, por exemplo, palavras como bárbaros e ultrajaram, que qualificam de modo negativo os atos praticados durante a guerra.

1c. Promover a paz, o progresso social e melhores condições de vida.

1d. Não. No último parágrafo do “Preâmbulo” é dito que se espera que “cada indivíduo” se esforce para promover os direitos e as liberdades declaradas no documento.

2a. A palavra devem, que indica, nesse contexto, obrigatoriedade.

2b. O “Artigo 1” afirma que os seres humanos “nascem iguais em dignidade e direitos” e o artigo 2 menciona critérios que indicam diferenças entre os indivíduos que não devem afetar essa igualdade.

3a. O futuro do presente indica condição certa, inalterável, evidenciando que as ações citadas terão de ser respeitadas.

3b. Sugestão: É proibido submeter qualquer pessoa a tortura, tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

4. A igualdade e a fraternidade.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Sugira aos estudantes que naveguem pelo site da ônu Brasil para conhecer documentos produzidos com base nos direitos humanos e ampliar seus conhecimentos sobre o assunto. Disponível em: https://oeds.link/yPrxGM. Acesso em: 31 janeiro 2022.

Questões 1 a 4 – O objetivo destas atividades é levar os estudantes a reconhecer a estrutura de textos normativos e sua função sociocomunicativa, as expressões de modalização comuns em textos legais e os valores preconizados pelo documento.

Fala aí! – É possível que os estudantes se refiram a situações frequentemente noticiadas pela mídia, como a existência de trabalho análogo ao escravo em alguns lugares do Brasil. Discutir situações como essa contribui para a consciência da desigualdade social e para o desenvolvimento da ética de responsabilidade, valor defendido pela Bê êne cê cê (página 137) e expresso, em especial, na cê gê 9. Chamamos a atenção para o fato de discussões com esse foco poderem trazer exemplos ou associações não previstas, surgidas do contexto particular dos estudantes. Ouça com atenção, valide ou não, com base no texto normativo em estudo, a relação proposta, exija respeito de todos durante a discussão e avalie a importância de conhecer melhor o caso e compartilhar com outros profissionais da escola se perceber a necessidade de alguma atuação. Durante a discussão oral, oriente-os a respeitar os turnos de fala e os posicionamentos dos colegas, mesmo quando forem divergentes.

Conversa com arte

O teatro musical

O espetáculo As cangaceiras, guerreiras do sertão estreou em São Paulo em 2019. Foi inspirado em informações sobre a vida das mulheres no cangaço, movimento armado ocorrido no Nordeste, na passagem do século dezenove para o vinte. Observe as fotografias a seguir.

Fotografia. Grupo de mulheres em uma apresentação teatral. Estão em pé no palco, juntas, com os punhos direitos fechados e levantados. Vestem camisa branca, saia marrom larga com pregas. Usa chapéu e carregam uma faca na cinta.
Reprodução de cena do espetáculo As cangaceiras, guerreiras do sertão, dirigido por Sérgio Módena.
Fotografia. Carol Bezerra em atuação. Está com o rosto maquiado, olhos e boca escuros. Cabelo ondulado solto. Veste um longo vestido em tons de roxo e verde. Ela está abaixada, com as pernas abertas lateralmente e os joelhos flexionados.
A atriz Carol Bezerra em atuação na peça As cangaceiras, guerreiras do sertão.

O espetáculo conta a história de Serena, uma mulher que foge do seu bando para buscar o filho que acreditava ter sido morto pelo poderoso cangaceiro Taturano. Em seu percurso, reúne outras mulheres ligadas ao cangaço e que também fogem de abusos e buscam seus sonhos. fórma, assim, seu próprio cangaço, em luta contra a opressão.

Leia um trecho do texto teatral escrito pelo pernambucano Niutom ­Moreno, a partir do qual foi montado o espetáculo. A história se passa em 1938, logo após a morte de um personagem histórico, o líder cangaceiro Lampião (1898-1938).

As cangaceiras, guerreiras do sertão

Parte 2.

Cena 16

O bando começa a se formar. Serena, Mocinha, Deodata, Zaroia e Viúva. Elas vão caminhando uma sobre a pegada da outra e apagando o rastro com ramo de mato.

MOCINHA

O sol tá quase me beiçano. Ele vai roubano as certeza da gente.

Respostas e comentários

Conversa com arte

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2, 3, 5 e 6.

cê e éle pê : 3, 5, 7 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê três um, ê éfe seis nove éle pê três quatro, ê éfe seis nove éle pê três oito, ê éfe seis nove éle pê quatro zero, ê éfe seis nove éle pê quatro um, ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis nove éle pê cinco dois, ê éfe seis nove éle pê cinco três, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro, ê éfe oito nove éle pê dois quatro, ê éfe oito nove éle pê dois cinco e ê éfe oito nove éle pê três quatro.

Orientações didáticas

Os multiletramentos envolvem o desenvolvimento de habilidades muito variadas. Nesta seção, vamos colocar os estudantes em contato com o teatro musical, levando-os a conhecer e a analisar parte de um texto teatral e a refletir sobre a maneira como foi transformado em espetáculo musical para que possam ampliar seu conhecimento dessa linguagem e aprimorar sua capacidade de produzir uma apreciação estética. Sabemos que parte significativa dos estudantes nunca teve contato com o teatro musical, mas acreditamos que o destaque dado a essa manifestação artística pode estimular o desejo de conhecê-la, mesmo que posteriormente, além de indiretamente promover a valorização das produções brasileiras. Continuam em foco as relações entre texto literário e contexto e o papel crítico da arte. A atividade dialoga com os Temas Contemporâneos Transversais Diversidade Cultural e Educação em Direitos Humanos.

O teatro musical Sugerimos que o professor de Arte conheça a seção e seu tema para a realização de uma atividade interdisciplinar. É possível que ele se interesse por criar ou recriar, com os estudantes, cenas de musicais, explorando, em articulação, as linguagens da dança, da música, do teatro e das artes visuais (caso considere figurinos e cenários), atendendo, assim, à habilidade ê éfe seis nove á érre três dois. A classificação indicativa da peça As cangaceiras, guerreiras do sertão é 12 anos. A referência à violência, no trecho reproduzido, contribui para a discussão do caráter crítico da obra, que levará os estudantes a refletir sobre a importância de a luta por justiça social não se dar por meio da força e da opressão.

ZAROIA

Tô descaída tumén; Jesus, me suba, Jesus, me suba. Dou um dedo por uma rede e um teto! Até maribondo tem casa, menina.

DEODATA

Eu juro que vi uma rocha suando. E outra derreteno.

SERENA

Vamo pernoitar aqui, são dois dias já de marcha.

VIÚVA

Quem tem inimigo num confia no sono! Nóis tem decisão urgente para tomar.

SERENA

Que decisão, viúva?

VIÚVA

Sem arma, é melhor se entregar de vei. Com a pouca munição que nóis tem, vamo ser encurralada mai rápido que filhote de passarim em arapucaglossário de criança.

DEODATA

E qual a ideia?

VIÚVA

Precisamo de alguém que nos acoiteglossário . Financie.

SERENA

Num quero me amigar com esses coroné não. Não quero seguir os ­processos de extorsão e ameaça dos home. (Para viúva). E nem quero deixar mais pegadas de sangue.

VIÚVA

Matar num é lei exclusiva dos home não, é lei do sertão. Tu quer que o sertão te proteja, tem que lhe oferecer sangue! Tem que derramar a seiva do abatido para satisfazer o danado. É o único jeito de sobreviver aqui, comarca cruel para home, gado ou planta; imagina para mulé!

SERENA

E tu num acha que esses coroné vão tudo entregar nóis para Taturano? Tão tudo combinado.

VIÚVA

Então nóis rouba as arma deles. Temo que se preparar, cuidar de nossa ­fortaleza. Tu num vai fazer nada não?

Viúva se altera, Zaroia intercede.

SERENA

Se acalme, mulé. Primeiro, nóis têm que ganhar chão antes que Taturano nos alcance, adepois pensamo como se proteger.

ZAROIA

Venha jogar água no quengoglossário que este sol freveu os hormonho tudo.

Saem. Caminham para boca de cenaglossário . Zaroia e Viúva no “açude”.

MORENO, Niutom. As cangaceiras, guerreiras do sertão. Terceiro tratamento, [sem local], 2019, páginas quarenta e sete e quarenta e oito.

Etapa 1 Discutindo sobre o texto

Guie-se pelas questões e participe da discussão proposta por seu professor.

  1. Em um texto teatral, em geral, não há narrador: a história é contada por meio de falas e ações dos personagens. O que as quatro primeiras falas informam ao público?
  2. Releia a seguir duas rubricas extraídas do texto lido.
    1. O bando começa a se formar. Serena, Mocinha, Deodata, Zaroia e Viúva. Elas vão caminhando uma sobre a pegada da outra e apagando o ­rastro com ramo de mato.”
    2. Saem. Caminham para boca de cena. Zaroia e Viúva no ‘açude’.
      1. Explique com que função as rubricas são empregadas.
      2. O que a rubrica dois sugere em relação à movimentação das perso­nagens em cena no palco?
  3. Nessa cena, opõem-se duas visões de mundo. Quais pontos de vista são confrontados? Quais personagens os defendem?
  4. Observe a linguagem empregada nas falas das personagens.
    1. Identifique alguns exemplos de marcas de oralidade.
    2. Identifique alguns exemplos de variedade regional.
    3. Cite exemplos de construções em que a concordância verbal e a ­concordância nominal não estejam de acordo com a norma-padrão.
    4. Por que esses recursos linguísticos foram empregados na construção das falas das personagens?
  5. Observe a cena representada na primeira fotografia da página 45.
    1. Como a expressão corporal e facial das personagens se relaciona com o tema da peça?
    2. Quais elementos contextualizam a história no universo do cangaço?
  6. Compare o texto teatral com o romance, gênero que você estudou neste capítulo. Que elementos há em comum entre eles? O que os difere?

Diferentemente de outros espetáculos teatrais, o teatro musical recorre a canções, que, sozinhas ou em ­conjunto com as falas, contribuem para contar uma história. Nesse tipo de peça, além de representar, as atrizes e os atores cantam e dançam.

Cartaz. Faixas diagonais em tons de marrom claro e amarelo. Sobre elas a ilustração em preto e branco de mulheres com um dos braços levantados. Usam chapéu e vestidos longos com pregas. Acima delas pássaros voando. Abaixo o título: AS CANGACEIRAS. GUERREIRAS DO SERTÃO.
Reprodução do cartaz da peça As cangaceiras, guerreiras do sertão.
Respostas e comentários

1. As falas informam que as cangaceiras estão caminhando sob sol forte há dois dias e se encontram muito cansadas.

2a. As rubricas apontam como os personagens devem agir e se expressar enquanto estão em cena.

2b. Sugere que elas estão saindo de cena, encerrando-a.

3. De um lado, está a ideia, defendida por Viúva, de buscar um coronel para financiar o grupo, fornecendo, em especial, armas. De outro, está a recusa de uso de violência e ameça, defendido por Serena, que considera tais métodos semelhantes ao dos homens.

4a. e roubano, por exemplo.

4b. O emprego de expressões como quengo e mulé.

4c. Sugestão: Concordância verbal: nóis tem, nóis rouba; concordância nominal: esses coroné, as arma.

4d. Esses recursos linguísticos são comuns na linguagem oral de alguns grupos sociais que vivem no sertão nordestino, portanto contribuem para a caracterização das personagens.

5a. Os braços levantados, os punhos cerrados e as expressões sérias sugerem a postura de resistência ou luta.

5b. Os figurinos das atrizes e o cenário, que remete à vegetação da caatinga.

6. Ambos contam histórias apresentando ações que se desenrolam ao longo do tempo e colocando o leitor ou o público em contato com personagens e seus sentimentos e valores. Como elementos que os diferem, destaca-se o modo de apresentação das ações: no texto ­teatral, elas são efetivamente mostradas; no romance, são apresentadas por um narrador.

Orientações didáticas

Etapa 1 – Sugerimos que as questões sejam discutidas coletivamente. O objetivo é que os estudantes possam revisar e ampliar seus conhecimentos acerca da organização do texto teatral, bem como compartilhar suas leituras da obra literária e de sua realização como peça teatral. Pergunte a eles se já assistiram a um espetáculo de teatro musical e peça que contem essa experiência e suas impressões. É importante que os estudantes possam analisar alguns elementos envolvidos na composição das cenas, bem como a gestualidade e os estilos cênicos, para que possam apreciar a estética teatral. Se não for possível projetar o vídeo para a turma, sugira que formem grupos e utilizem um celular.

Questão 4 – Destaque aos estudantes que a supressão do fonema d em fórmas verbais no gerúndio (terminadas em -ando) indica marca de oralidade.

Veja a cena final de As cangaceiras, guerreiras do sertão, disponível em: https://oeds.link/rsFI8K (acesso em: 5 julho 2022), e preste atenção na ocupação do palco.

Fotografia. Grupo teatral em apresentação no palco. O grupo é composto por atrizes e atores usando roupas típicas de cangaceiros. Estão em pé, um ao lado do outro, encarando o público. Alguns deles estão com a boca aberta, como se estivessem cantando. Todo o grupo é iluminado por uma luz vermelha. Ao fundo, cenário com grandes imagens de solo rachado pela seca.

Reprodução de cena do espetáculo As cangaceiras, guerreiras do sertão.

  1. Como a iluminação foi explorada nessa cena?
  2. No início do vídeo, enquanto ­Serena canta, outras personagens ­marcam o ritmo com os pés ou com a ­zabumba. Qual é o efeito desse recurso sonoro?
  3. A canção final, “O brado perdido”, é um chamado para a luta por justiça social. Seu refrão é:

Quando o povo vai cumprir seu destino de ser povo?

É a sina de ser junto

De ser muito

De ser bravo!

Quando a hora já sabida vai virar realidade

Quando o brado sepultado vai virar canção de novo

MORENO, Niutom; MAIA, Fernanda. O brado perdido. Disponível em: https://oeds.link/rsFI8K. Acesso em: 5 julho 2022.

  1. A canção é, a princípio, cantada pelas personagens femininas, mas os atores e os músicos se juntam a elas. Qual é o sentido desse ­movimento?
  2. A função crítica da arte está em evidência nessa peça. Você gosta de produções artísticas com esse caráter? Justifique sua resposta.
  3. Segundo o dramaturgo Niutom Moreno, a peça ecoa “as questões do lugar/empoderamento feminino nos nossos tempos”. Tendo em vista o trecho da peça que você leu e o fato de a perspectiva de Serena se impor, o que se defende como valor para a luta das mulheres?

Etapa 2 Dramatizando o texto

Agora, experimente uma leitura dramática. Reúna-se com mais cinco ­estudantes e ensaiem sua apresentação.

  1. Procurem explorar a variedade linguística empregada pelas personagens.
  2. Encontrem o tom de voz, as pausas e a entonação adequadas ao texto.
  3. Planejem expressões e gestos.

Na sequência de cada leitura, a turma deve discutir os efeitos dos recursos usados pelos leitores. Contribuição para a verossimilhança, aumento da tensão ou alívio dela são alguns dos efeitos possíveis.

Respostas e comentários

7. A iluminação projeta tons terrosos na parte do palco em que estão as atrizes e os atores, reforçando o contexto do cangaço.

8. O ritmo bem marcado sugere um tom épico e emocional, de luta, coincidindo com a letra, que chama as companheiras para a resistência.

9a. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes observem que, no final da peça, os atores abandonam o personagem e os músicos, suas funções e, assim como as atrizes, aparecem como artistas e indivíduos que defendem a luta contra a opressão.

9b. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

9c. Serena recusa a luta feita com violência e ameaça. A peça sugere que a luta feminina será feita com a união e sem repetir o processo de opressão característico do patriarcalismo.

Orientações didáticas

Questão 7 – Se possível, assista ao vídeo com os estudantes e leve-os a perceber que, quando há canto solo, a iluminação destaca o personagem que o entoa. Os músicos, por sua vez, recebem iluminação fragmentada, que contribui para inseri-los no cenário, o qual mostra imagens do solo rachado, característico do sertão nordestino, em que teve origem o movimento do cangaço.

Questão 9b – Não há uma resposta correta, uma vez que se pergunta acerca de interesses pessoais. O importante é que os estudantes tragam argumentos para a discussão e observem que a participação político-social também pode ocorrer por meio de práticas artísticas.

Etapa 2 – Sugerimos que os estudantes sejam convidados a representar a cena. Oriente-os a explorar a variedade linguística, a encontrar o tom de voz, as pausas e a entonação adequadas ao texto e a planejar expressões, gestos e deslocamentos no espaço cênico. Desenvolve-se, assim, a habilidade ê éfe seis nove éle pê cinco dois.

Aprendendo mais sobre o teatro

Além dos atores, um espetáculo teatral costuma contar com diretor, ­cenógrafo, técnico de som, iluminador, preparador vocal, entre outros ­profissionais que não aparecem para o público nas apresentações. O teatro musical, por sua vez, geralmente é um espetáculo mais complexo do que outras montagens teatrais, por isso pode contar com mais profissionais, como músicos, dançarinos e coreógrafos.

Etapa 1 Pesquisando

Nesta atividade, vocês vão pesquisar informações sobre os profissionais da área do teatro que trabalham muito para as peças acontecerem, mas que não são vistos pelo público. O resultado da pesquisa será apresentado para a turma em formato de seminário.

  1. Em seu trabalho, vocês deverão abordar:
    • as principais funções dos profissionais: o que eles fazem no processo de montagem da peça para que as apresentações possam acontecer;
    • a formação profissional: tipos de cursos necessários para que esses profissionais exerçam a profissão (cursos técnicos, cursos universitários etcétera);
    • experiências na área: trechos de entrevistas, perfis, depoimentos, biografias e outros gêneros que mostrem como se sentem os profissionais que trabalham na área – o que os motiva, quais são suas dificuldades etcétera;
    • trabalhos de destaque: exemplos de profissionais premiados ou ­elogiados por seu trabalho em espetáculos profissionais;
    • outras áreas em que o profissional pode atuar – por exemplo, um ­cenógrafo é, geralmente, um arquiteto;
    • dificuldades que esses profissionais enfrentam;
    • imagens ou vídeos que ilustrem os trabalhos que esses profissionais fazem.
Fotografia. Grupo teatral em apresentação no palco. Nas laterais, pessoas de túnica larga com capuz. Estão na penumbra. No centro, duas pessoas ajoelhadas em um degrau. Na frente delas um padre de braços abertos. Um intenso foco de luz incide sobre eles. O cenário é composto por grandes paredes lisas de coloração marrom que imitam pedra.
Observe o trabalho do cenógrafo e do iluminador nessa cena do musical Romeu e Julieta, dirigido por Guilherme Leme Garcia.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapa 1 – Nas atividades desta etapa, os estudantes desenvolverão habilidades relacionadas à pesquisa e à divulgação de conhecimentos. A pesquisa de profissões ligadas ao teatro relaciona-se com o Tema Contemporâneo Transversal Trabalho e pode contribuir para a reflexão sobre as escolhas de itinerários do Ensino Médio e para a construção do projeto de vida. Para o agrupamento de estudantes durante a pesquisa, sugerimos que eles sejam formados por interesse na profissão. Se houver desequilíbrio significativo, negocie mudanças.

Etapa 1 – Destaque aos estudantes que o material produzido neste momento é a matéria-prima do seminário. Ele precisará ser retrabalhado até ganhar o formato adequado à apresentação.

  1. Formem grupos e definam a profissão que será objeto de pesquisa: diretor, cenógrafo, técnico de som, iluminador, preparador vocal ou coreógrafo.
  2. Façam um levantamento prévio do material disponível em enciclopédias on-line, obras sobre teatro, reportagens e entrevistas impressas ou filmadas, ­documentários, sites de profissões etcétera e anotem o título e a fonte.
  3. Analisem criticamente o material pré-selecionado e identifiquem os mais confiáveis e completos. Prefiram materiais produzidos por instituições culturais, universidades, especialistas renomados, sites de profissões bem conceituados etcétera
  4. Preparem uma síntese do conteúdo desses materiais para que possam se lembrar dele depois. Essa síntese pode ser organizada em itens ou ser esquemática.
  5. Distribuam os temas e os materiais entre os integrantes do grupo, ­garantindo que o mesmo texto seja estudado por duas ou mais pessoas. Essa estratégia diminui a possibilidade de equívoco, porque um estudante corrige ou completa o material do outro.
  6. Definam subtemas de pesquisa para organizar as informações e elaborem um documento coletivo com os dados de cada um deles. Nessa etapa, verifiquem se as informações estão completas, excluam as redundâncias e verifiquem se há conflito de dados. Se houver, retome a pesquisa para verificar em mais fontes qual informação é a correta.
  7. Selecionem, no material pesquisado, imagens, gráficos, esquemas e outros materiais que contribuam para a compreensão das informações.
Ilustração. Notebook aberto. Na tela a palavra TEATRO e duas máscaras do teatro, uma de tristeza e uma de alegria. Ao lado um porta lápis e dois livros empilhados sobre teatro. Colado na parede duas folhas uma do Teatro Nacional e a outra Teatro.

Etapa 2 Preparando a apresentação

O objetivo da apresentação é divulgar conhecimento e, como vocês sabem, os seminários são textos predominantemente expositivos.

  1. Decidam como será feita a exposição dos dados coletados: a divisão das informações em ­blocos (que podem ou não coincidir com os subtemas de pesquisa) e a ordem deles.
  2. Preparem um roteiro com esses blocos e seu conteúdo. Esse roteiro é um material de apoio, uma vez que a apresentação não será uma leitura.
  3. Planejem os slides que vão apoiar cada bloco de informações.
    • Redijam textos curtos e procurem organizá-los em tópicos ou esquemas.
    • Se possível, incluam ilustrações, fotografias, gráficos e outros recursos visuais.
    • Evitem redundâncias: textos verbais e não verbais devem se complementar.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapa 2 – Antes da realização do ensaio, se achar interessante, pesquise e selecione um vídeo de apresentação de seminário para ser apresentado aos estudantes e instrumentalizá-los sobre esse tipo de apresentação oral formal. Leve-os a perceber a linguagem empregada, os recursos usados, a postura dos oradores e a organização dos slides, se houver.

  1. Para produzir os slides da apresentação, leiam as orientações a seguir.
    • Considerem dois aspectos fundamentais: a legibilidade e a visualidade.
    • Criem um slide de abertura com o título do seminário e o nome dos ­apresentadores.
    • Escolham um tipo de fundo para os slides. Vocês podem optar por uma ou mais cores combinadas ou buscar fundos disponíveis no programa. Avaliem se o fundo é adequado para uma comunicação formal.
    • Verifiquem se a fonte e a cor das letras escolhidas facilitam a leitura. A cada slide revejam o tamanho delas em função da quantidade de texto e dos recursos visuais.
    • Planejem cada slide avaliando a distribuição do conteúdo no espaço ­disponível.
    • Incluam o crédito das imagens, informando a autoria ou o material de onde foram copiadas.
    • Se desejarem, incluam links para vídeos ou áudios a serem exibidos durante o seminário. Se não souberem como fazê-lo, consultem ­tutoriais na internet.
    • O último slide deve conter as referências bibliográficas.

Etapa 3 Ensaiando

O seminário é uma fala pública planejada e formal. Isso determina como vocês vão utilizar a língua. O objetivo de transmitir conhecimento define as estratégias de construção da fala.

  1. Distribuam o conteúdo pelos integrantes do grupo de fórma equilibrada.
  2. Evitem repetir o que está escrito nos slides. Eles não devem ser memorizados nem lidos, exceto quando se quiser, por exemplo, ler uma citação.
  3. Procurem estratégias para apresentar os dados de maneira clara e atraente, como fazer uma pergunta retórica (“Mas será que algum diretor fez sucesso tanto no teatro quanto no cinema?”) e responder na sequência.
  4. Evitem empregar de fórma exagerada pausas, hesitações, repetições, interrupções, marcadores conversacionais (tipo, né? etcétera) e outras marcas que são comuns na fala espontânea, mas não na fala planejada.
  5. Para organizar a exposição das informações, empreguem expressões como: em primeiro lugar, isto é, por exemplo, para concluir etcéteraponto
  6. Os gestos devem enfatizar as ideias importantes, de maneira natural. Por isso, evitem movimentos que disputem atenção com a fala, como mexer excessivamente nos cabelos ou na roupa.
  7. Cuidem, ainda, do direcionamento do olhar, que deve se deslocar pelo público.
  8. Definam, por fim, como será a apresentação: enquanto um integrante fala, os outros podem ficar atrás dele em pé ou sentados. Outras organizações também podem ser adequadas, considerando o espaço disponível.
  9. Gravem as apresentações para avaliar os pontos que exigem mais atenção.
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapa 2 – Caso os estudantes tenham dificuldade para organizar a apresentação do seminário em slides, oriente-os a pesquisar e assistir a tutoriais na internet que ensinam os recursos de que esses programas costumam dispor.

Etapa 3 – Peça aos estudantes que realizem gravações em vídeo que possam ver juntos e que façam uma análise crítica dos pontos que precisam ser ajustados ou melhorados na apresentação oral.

Etapa 4 Apresentando

  1. Iniciem saudando o professor e os colegas, apresentando os integrantes do grupo e introduzindo o tema.
  2. Permaneçam em silêncio durante a apresentação, respeitando as falas dos colegas.
  3. Em caso de equívoco do colega, esperem o momento oportuno para corrigi-lo e de fórma educada.
  4. Deem sequência à fala de modo organizado.
  5. Mantenham um roteiro em mãos para consultá-lo, se houver necessidade.
  6. Fiquem calmos e pronunciem as palavras em voz alta e com nitidez.
  7. Encerrem com um agradecimento e abram espaço para ­perguntas e dúvidas.
Ilustração. Jovem de óculos, em pé na sala de aula, em frente a lousa. Ele aponta para os dizeres escritos nela: PROFISSÕES DO TEATRO.

Etapa 5 Avaliando

Durante a apresentação, um grupo parceiro vai avaliar os itens que compõem o quadro a seguir. Para isso, cada estudante deve copiar os critérios no ­caderno e marcar sim, parcialmente ou não e registrar uma breve ­justificativa.

A

O público ficou bem informado sobre o trabalho do profissional?

B

Houve uma distribuição equilibrada do conteúdo entre os componentes do grupo?

C

O início da exposição contou com o cumprimento e a indicação das partes da exposição?

D

O último orador agradeceu ao público e abriu a seção de perguntas?

E

Os oradores usaram discurso monitorado, evitando desvios de concordância, por exemplo?

F

Houve um bom emprego de expressões para organizar a fala, como em primeiro lugar ou para concluir?

G

O ritmo da fala e a altura da voz estavam adequados?

H

A fala tinha fluência e a gesticulação era natural?

I

Os slides estavam legíveis?

J

As imagens e os textos não verbais complementaram e esclareceram as informações?

Etapa 6 Conversando sobre a atividade

Para finalizar, a turma deve discutir a atividade.

  1. Sobre a pesquisa: Há muitas fontes para conseguir o tipo de dado solicitado? Quais fontes foram consideradas mais confiáveis?
  2. Sobre a apresentação oral: Houve alguma dificuldade na preparação para a fala pública? E no momento de apresentação? Vocês percebem diferenças entre as primeiras apresentações orais que fizeram na escola e aquelas que conseguem fazer agora?
  3. Sobre o papel de público: Vocês se sentiram bem informados acerca das profissões em foco? Alguém sentiu vontade de saber mais sobre a profissão e passou a considerá-la em seu projeto de vida?
Respostas e comentários

Orientações didáticas

Etapa 4 – Oriente os estudantes sobre a importância de se preparar previamente para a apresentação do seminário. Para isso, peça a eles que sintetizem em um roteiro de fala as principais informações que deverão expor. Ressalte que todos devem estar familiarizados com essas informações, caso seja necessário assumir a fala que caberia a um colega que, por qualquer motivo, não estará presente. Enquanto assistem às apresentações dos demais grupos, os estudantes podem registrar os pontos principais, fazendo uma síntese da apresentação e anotando as possíveis dúvidas, que podem ser lançadas ao final.

Etapa 5 – Defina previamente os grupos parceiros para que as análises possam ser feitas durante a apresentação. Chame a atenção para o quadro de critérios de avaliação: ele também funciona para a autoavaliação prévia do grupo, contribuindo para uma melhor performance.

Biblioteca cultural em expansão

Veja algumas sugestões de livros, sites e filmes que podem ampliar seus conhecimentos sobre os temas estudados neste capítulo. Você pode pesquisá-los, realizar a leitura integral ou assistir aos vídeos e compartilhar suas impressões com os colegas.

A máquina, de Adriana Falcão. São Paulo: Salamandra, 2013.

Por que devo ler esse livro?

Para conhecer o primeiro romance de Adriana Falcão. Nele, narra-se a linda história de amor entre Antônio e Karina e a tentativa do rapaz de levar o mundo à jovem para impedi-la de sair de Nordestina.

Lampião e Lancelote, de Fernando Vilela. Rio de Janeiro: Pequena zarrár, 2016.

Por que devo ler esse romance em versos?

Porque essa obra premiada contém textos poéticos e ilustrações incríveis. Seu autor, que também ilustrou uma das edições de A máquina, propõe um improvável encontro entre Lancelote, o ­famoso cavaleiro da Távola Redonda do rei Artur, e o cangaceiro Lampião.

Ilustrações de tchungô líi. Disponível em: https://oeds.link/7kslv3. Acesso em: 9 fevereiro 2022.

Por que devo acessar esse site?

Acessando o site de tchungô líi, você poderá conhecer as lindas obras de arte produzidas por esse artista coreano apaixonado por livros: https://oeds.link/7kslv3. Acesso em: 9 fevereiro 2022.

A invenção de Hugo , de bráiân séusniqui. São Paulo: ésse eme, 2007.

Por que devo ler esse romance?

Nele, os desenhos são tão importantes quanto o texto verbal para contar as aventuras do órfão Hugo Cabrê. Sem que o menino se dê conta, sua trajetória se cruza com a história do cinema.

“Felicidade clandestina”. Em: Felicidade clandestina, de Clarice Lispector. Rio de Janeiro: rôco, 2020.

Por que devo ler esse conto?

Para conhecer a história de uma menina que ­desejava profundamente um livro que não podia ter e precisou lidar com a maldade de outra, que não o queria emprestar.

Qual seria sua contribuição para esse conjunto de sugestões? Escolha uma obra que esteja em conexão com as demais e redija, em seu caderno, um boxe para recomendá-la.

Respostas e comentários

Biblioteca cultural em expansão

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 3 e 6.

cê e éle : 2 e 5.

cê e éle pê : 8 e 9.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê quatro seis e ê éfe seis nove éle pê quatro nove.

Orientações didáticas

Sugerimos que os estudantes formem quartetos (sobretudo em turmas grandes, com mais de 45 estudantes) e leiam suas recomendações aos demais. No final da leitura, pergunte se algum deles está convencido a ler uma das obras sugeridas e pergunte o motivo. Verifique se é possível viabilizar a leitura por meio do empréstimo da obra ou recorrendo à biblioteca.

Glossário

Fartéis
: doces.
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Albarrada
: jarro.
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Lhas
: lhe + as.
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Folgou
: brincou, divertiu-se.
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Lho
: lhe + o.
Voltar para o texto
Literalmente
: ao pé da letra.
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Impregnaram
: influenciaram profundamente.
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: tipo de manteiga indiana.
Voltar para o texto
: um dos exercícios do crósfiti.
Voltar para o texto
: treinadora.
Voltar para o texto
: relacionada a uma fórma de medicina tradicional da Índia.
Voltar para o texto
: (inglês) uôrqui áut ófi dê dêi, “treino do dia”.
Voltar para o texto
: metodologia de treinamento físico.
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Narval
: espécie de baleia dentada (no romance, trata--se de um animal maior, mais veloz e forte que o normal).
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Flamengo
: que nasceu em uma região que inclui parte da França, Bélgica e Holanda.
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Fleumático
: tranquilo, impassível.
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Arapuca
: armadilha.
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Acoite
: dê abrigo, favoreça.
Voltar para o texto
Quengo
: cabeça.
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Boca de cena
: frente do palco.
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