Capítulo 2 – O coletivo em primeiro plano

Você se sente um cidadão? Acredita que já pode atuar para melhorar a vida das demais pessoas? Neste capítulo, você vai refletir sobre fórmas de participação na vida pública.

E se a gentereticências

reticências analisasse argumentos?

João não é doador de órgãos. A convite de um hospital de Curitiba Paraná, ele vai a uma praça da cidade e ouve três pessoas favoráveis à ­doação de órgãos: Priscilla, Osvaldo e Moacir. Será que elas vão conseguir ­fazê-lo mudar de opinião? Leia a seguir transcrições de alguns trechos dessa conversa e preste bastante atenção nos argumentos dessas pessoas.

Lembra?

As transcrições procuram reproduzir as características da fala: pausas, repetições, orações que ficaram incompletas, marcadores de conversa (tá?, né?), entre outras.

Falas de Priscilla

Trecho 1

Priscilla: Eu sou enfermeira, de formação reticências e eu passei por uma situação particular de um sobrinho meu, de quatro meses, que ele nasceu com um problema muito grave de coração e ele acabou falecendo porque a gente não conseguiu doador no tempo hábil pra ele. Porque os órgãos, eles passam por todo um processo, né? E, por exemplo, assimreticências o meu órgão não necessariamente vai servir pra você, né? Então tem tamanho, tem peso, tem compatibilidade, tem várias outras coisas para que isso aconteça. E não deu tempo do meu sobrinho, do Arthur, conseguir receber esse órgão, e ele acabou falecendo. Isso já fazem treze anos e é uma dor assim muito grande dessa nossa impossibilidade, assim, né? Uma das coisas que a gente vê muito é: “Ah, mas eu não vou conseguir velar o corpo do meu ente querido, ele vai ficar desconfigurado”reticências

João: É, é uma das coisas que eu me preocupo. Imagine, caixão fechado!

Priscilla: Isso, mas não acontece. É feita toda uma recomposição, né? Então, é feito estratégias para que o corpo se mantenha igual.

Respostas e comentários

CAPÍTULO 2

Leia sobre o percurso de aprendizagem proposto para este capítulo na parte específica deste ême pê.

E se a gentereticências analisasse argumentos?

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 7, 8, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2 e 4.

cê e éle pê : 1, 3, 5, 6 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê um um, ê éfe seis nove éle pê um quatro, ê éfe seis nove éle pê um cinco, ê éfe seis nove éle pê dois cinco, ê éfe oito nove éle pê zero seis e ê éfe oito nove éle pê um cinco.

Orientações didáticas

A atividade será realizada em duas etapas. Na primeira, os estudantes responderão a questões sobre o conteúdo de um debate; na segunda, farão a discussão do tema em duplas. Para esta etapa, é necessário que realizem, previamente, uma pesquisa para levantamento de dados. O principal objetivo da atividade é despertar a atenção do estudante para recursos mobilizados em uma argumentação, diferenciando dados de apelos emocionais.

É importante atentar ao tema: embora a doação de órgãos faça parte das políticas públicas do Brasil, não é igualmente aceita por todas as famílias. Acompanhe as discussões para evitar desrespeito a pontos de vista; os estudantes devem poder expressar suas concepções e ouvir posições discordantes, sem que a divergência resulte em uma comunicação desrespeitosa ou agressiva. Observe, ainda, que a atividade leva ao pensamento sobre a morte, que deve fazer parte das referências dos adolescentes. O tema deve ser tratado com naturalidade. Lembramos que a doação de órgãos já foi tema de atividades no 6º ano, em um capítulo que explorava uma campanha publicitária.

Para viabilizar a realização da atividade mesmo sem o acesso ao vídeo, transcrevemos parte das falas e incluímos imagens que as contextualizam. Caso seja possível exibir o vídeo, oriente os estudantes a tomar notas dos argumentos que não aparecem nos trechos transcritos para que comentem a eles durante o debate em duplas.

Interrompa a exibição em alguns momentos para que os estudantes possam comentar as performances dos debatedores: postura corporal, gesticulação, expressão facial (limitada à parte superior do rosto devido à máscara), ritmo da fala, alternância de turnos etcétera Faça perguntas que conduzam à observação. Eles podem, por exemplo, comparar a gesticulação enfática de Osvaldo com a opção de Priscilla por manter suas mãos ocultas durante grande parte da fala (1 minuto 37 segundos a 3 minutos) e responder se um deles parece mais convincente do que o outro. Podem observar o ritmo sereno da fala de Priscilla (5 minutos 14 segundos a 6 minutos 11 segundos) e relacioná-lo ao efeito didático que alcança. Se considerar o vídeo longo, encerre a exibição em 6 minutos 23 segundos, aproveitando o trecho que já concentra bons argumentos.

Trecho 2

Priscilla: Falta muita informação. Então as pessoas têm medo, as pessoas acham que vão ficar desconfiguradas, né? As pessoas achamque realmente vão vender os órgãos no mercado negro, né? E não sabem que hoje tem uma estrutura muito forte em todos os estados. Os países estrangeiros, quando vêm profissionais de fora, eles falam que a nossa legislação em transplante é uma das mais rígidas. Nós fazemos mais testes, nós temos o maior cuidado com a família e com o paciente, sabe? Então eles ficam até bastantereticências estranham bastante. “Nossa, mas vocês fazem tudo isso e mesmo assim têm uma baixa ­doação de órgãos?” Sim, pela falta de informação e este medo que nós temos.

Fotografia. Um homem e uma mulher conversando em uma área aberta e arborizada. João é um homem branco de cabelo curto e pintado de loiro. Ele tem o corpo grande. Usa uma camiseta justa ao corpo. Estão sentados em cadeiras. Entre eles uma mesa quadrada. Na frente dela um banner pendurado que diz: NÃO SOU DOADOR DE ÓRGÃOS. MUDE MINHA OPINIÃO.
Reprodução de quadro do vídeo em que João conversa com Priscilla.

Trecho 3

João: Pelo que eu percebi, além de ter bastante argumento que você me apresentou agora, eu vejo que não basta somente eu mudar essa minha opinião. Bastam várias combinações acontecerem. Mas que tem que partir dessa opinião ser mudada.

Priscilla: Isso.

João: Priscilla, eu prometo que eu vou pensar sobre o assunto.

Falas de Osvaldo

Trecho 1

Osvaldo: Conheço histórias de pessoas que já receberam órgãos, cara. E quem doou, carareticências Existe um relato de pessoas que hoje, contaminou tanto, que viraram uma família, uma família! Aquela pessoa que ficoureticências a família daquele morto que ficou ela se transformou na família daquele que recebeu órgãos.

João: Incentivou um ao outroreticências

Osvaldo: Cara, virou uma festa, virou uma famíliareticências O bem contagia, meu irmão, o bem contagia!

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Após terem lido as transcrições do vídeo, e antes da realização das atividades, converse com os estudantes sobre o discurso usado pelos participantes. Em geral, o discurso é monitorado, mas em alguns momentos deixa de ser, o que pode ocorrer principalmente em função da situação de comunicação. Até mesmo Priscilla, que afirma ser enfermeira, apresenta alguns momentos de discurso não monitorado em sua fala, como “fazem treze anos” e “é feito estratégias”, de modo que o grau de letramento talvez não seja aqui o fator preponderante; talvez a situação de comunicação faça com que o tempo de planejamento da fala seja muito curto; ela pode estar nervosa por estar sendo filmada; a interação simula um debate informal etcétera Vale a pena também chamar atenção para o emprego de recursos comuns na linguagem falada, como o uso do marcador conversacional né?, além de hesitações e pausas. Cabe, ainda, falar sobre a marca de racismo presente na expressão mercado negro, pois o adjetivo negro, neste caso, está associado a algo de sentido negativo e ilegal. Você pode lembrar de outras expressões com essa mesma marca, como a coisa tá preta, entre outras, e levá-los refletir sobre isso. Convém estimulá-los a pensar em uma alternativa a essa expressão no contexto da fala da entrevistada, como contrabando, mercado ilegal, por exemplo, que não carregam marcas de racismo.

Finalize a atividade perguntando aos estudantes se algum deles mudou de opinião e por quê. Faça um quadro ou lista com os argumentos novos, trazidos por eles. Depois, ajude-os a verificar se não há contradições entre informações ou dados que não pareçam confiáveis e oriente-os a checá-los. Por exemplo, no site do Ministério da Saúde, no setor destinado a informações da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (saes), há muitas informações sobre o Sistema Nacional de Transplantes. Sites de hospitais renomados, com tradição em transplantes, também apresentam dados.

Trecho 2

Osvaldo: A tua morte vai ser uma morte que não vai ser em vão. Vai causar algo muito positivo, muito verdadeiro e muito alegre porque vai salvar a vida de alguém. Cara, não tem coisa melhor!

Fotografia. Osvaldo, homem de cabelo liso e grisalho, usa óculos e máscara de proteção facial. Ele gesticula com uma das mãos.
Reprodução de quadro do vídeo em que Osvaldo se expressa de modo enfático.

Falas de Moacir

Trecho 1

Moacir: Pois então, João, você me chamou muita atenção mesmo porque éreticências eu sou um receptor de órgãos. E o que eu vi nessa doação que a pessoa fez pra mimreticências eu vi esperança. Esperança é o que move o mundo.

João: É muito delicado esse assunto realmente, né, Moacir? Você é um receptor.

Moacir: Exatamente.

João: Me explique mais a respeito disso, por favor.

Moacir: Entãoreticências eu sou doador há muito tempo. Eu doava sangue desde os meus 18 anos. Quando descobri que eu tinha Hepatite Creticências quando fui ao médico e ele falou que eu estava com câncer no fígado e ele estava sem esperança. Alguém veio e me trouxe esperança, que foi o doador.

Fotografia. Conversa entre dois homens, João e Moacir. João sentado à esquerda e Moacir, um homem de cabelo grisalho e curto, usando máscara de proteção facial e camiseta laranja, está sentado à direita.
Reprodução de quadro do vídeo em que João conversa com Moacir.

Trecho 2

João: Se não tivesse recebido esta doação, o senhor estaria aqui comigo hoje?

Moacir: Acho que não. Eu teria ido, né? Eu não estaria mais na Terra. Se não houvesse esse coração bondoso dessa pessoa que me doou o órgão, era uma vida a menos na Terra, que era a minha. E a dele já teria ido.

NÃO SOU DOADOR DE ÓRGÃOS. Mude minha opinião. Curitiba: Hospital Nossa Senhora das Graças, 22 setembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/Z0gV5v. Acesso em: 14 março 2022.

  1. Entre as pessoas ouvidas, há quem adote uma argumentação mais ­técnica, ou seja, embasada em dados e análises, e há quem prefira mobilizar ­principalmente as emoções para persuadir João.
    1. Quem é mais técnico ao argumentar? Explique.
    2. Quais dados são apresentados por essa pessoa e que argumentos contestam?
    3. É possível observar, nas imagens captadas do vídeo, elementos não ­verbais que permitem identificar o falante mais emocional? Justifique sua resposta.
    4. Que emoções são mobilizadas por ele?
    5. João é convencido a mudar de ­opinião? Explique.
    6. Para você, houve um entrevistado mais persuasivo? Por quê?
  2. Agora, você e um colega vão debater sobre o mesmo tema. Forme uma dupla com alguém que tenha opinião diferente da sua. Siga estas etapas:
    1. Formule os argumentos e encontre informações que permitam sustentá-los. Para isso, é importante consultar fontes confiáveis de informação. Para aprofundar a discussão e o seu conhecimento sobre o tema, levante argumentos que não aparecem nos trechos transcritos do vídeo.
    2. Recursos expressivos, como a ênfase, também podem contribuir para a fôrça da argumentação. Suas expressões faciais e seus gestos interferem no efeito de sua fala sobre o interlocutor.
    3. Ao longo do debate, é importante defender e contestar os ­argumentos de fórma objetiva e consistente e respeitar a fala do colega, ou seja, não a interromper. Combinem um tempo para cada fala (30 segundos ou 1 minuto, por exemplo) e respeitem-no.
    4. Lembre-se de que argumentos nem sempre geram concordância ou ­discordância total. Então, em caso de concordância ou discordância ­parcial, não se esqueça de empregar expressões como concordo em parte, ­discordo em parte.
Ilustração. Pessoa deitada em um leito de hospital. Ela está sentada na cama, sorridente e conectada a máquinas e com soro na veia. Perto dela uma enfermeira sorridente e um médico sorridente fazendo sinal de positivo com o dedão. Ao lado da cama um criado mudo e uma jarra. No pé da cama, pendurado, o prontuário do paciente em uma prancheta.
Respostas e comentários

1a. Embora parta de um relato de experiência pessoal sobre o assunto, Priscilla é quem adota uma argumentação mais técnica, como evidenciam as referências à compatibilidade necessária à doação e à legislação que regulamenta o processo. Já Osvaldo e Moacir adotam argumentação pautada essencialmente pela emoção, destacando enfaticamente os sentimentos dos envolvidos.

1b. Priscilla afirma haver uma técnica de preparação de cadáveres de doadores, o que contesta o argumento de que ficam desconfigurados. Ela afirma ainda que, aos olhos de profissionais estrangeiros, a legislação brasileira sobre doação de órgãos é uma das mais rígidas do mundo, o que rebate a ideia de que órgãos doados por aqui são facilmente contrabandeados.

1c. O caráter mais emocional da fala de Osvaldo também se traduz em gestos e expressões enfáticos, associados ao conteú­do da fala.

1d. Osvaldo se pauta no poder contagiante da doação, na corrente de energia positiva que se fórma com essa prática.

1e. Ele não chega a afirmar que mudou de opinião, mas, com base no que ouviu de Priscilla, promete que vai pensar sobre o assunto, ou seja, pensar sobre rever seu ponto de vista.

1f. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes se baseiem nas respostas aos itens anteriores para opinar. Alguns podem considerar que Priscilla, por trazer uma argumentação mais técnica, é mais persuasiva. Outros podem destacar a força da argumentação emocional dos outros entrevistados.

Orientações didáticas

Questão 2 – Procure formar duplas com estudantes que tenham posições diferentes. Se não for possível ter oposição em todas as formações, combine com eles quem assumirá cada papel. Informe a duração da atividade para que as duplas definam as regras de seu debate, alternando os turnos de fala.

Leitura CARTA ABERTA.

Existem vários instrumentos por meio dos quais nós ­podemos ­fazer solicitações para o bem coletivo ou protestar contra deter­minadas decisões políticas e certos comportamentos sociais. Um desses instrumentos é a carta aberta, gênero que será estudado neste capítulo.

A carta que você vai ler foi publicada em uma plataforma on-line que reúne abaixo-assinados. Versões escritas por lactantes de outros estados, como Espírito Santo, Maranhão e Mato Grosso, também fizeram parte da mobilização.

Antes de iniciar a leitura do texto, responda:

  1. Você se lembra de como nossa rotina foi alterada pela ­pandemia de Covid-19 de 2020 a 2022?
  2. A carta que será lida procura garantir que um grupo seja incluído na ordem de prioridade. Quais grupos foram vacinados primeiro?
  3. Se você fosse defender a priorização de um grupo, que argumentos usaria?

Vacina para todas as lactantes de Salvador

Tarsila Leão criou este abaixo-assinado para pressionar o excelentíssimo senhor ­Governador do Estado da Bahia, Prefeito de Salvador, Secretários de Saúde etcétera

Carta aberta de mães lactantesglossário do município de Salvador-Bahia Salvador, 7 de maio de 2021.

Ao excelentíssimo senhor Governador do Estado da Bahia, Prefeito de Salvador, Secretários de Saúde e demais gestores interessados.

Fotografia. Moça amamentando uma criança de aproximadamente 3 anos. A mãe está sendo vacinada enquanto amamenta. #LACTANTESPELAVACINA #IMUNIZAMAMA.
Foto da campanha Lactantes pela vacina, realizada em 2021.
Respostas e comentários

1. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

2. Embora estados e municípios tenham tido certa autonomia para estabelecer planos de vacinação, no geral, os grupos prioritários foram: trabalhadores da área da saúde, idosos e pessoas com deficiência, comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas, população em situação de rua e pessoas com comorbidades etcétera

3. Resposta pessoal. Avalie se os argumentos apresentados pelos estudantes são convincentes para validar uma reivindicação desse tipo.

Investigue. Sugestão: O leite materno é um dos alimentos mais completos. Entre outros benefícios, ele contribui para a formação do sistema imunológico, é fundamental para o desenvolvimento cerebral e ainda reduz a mortalidade infantil.

Leitura

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 6, 7, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2 e 4.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 5, 6 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois sete, ê éfe seis nove éle pê dois oito, ê éfe oito nove éle pê um cinco, ê éfe oito nove éle pê um nove, ê éfe oito nove éle pê dois zero, ê éfe oito nove éle pê dois dois e ê éfe oito nove éle pê dois três.

Orientações didáticas

As cartas abertas, em geral, são textos que exigem leitura concentrada e esforço, tanto para perceber efeitos produzidos por estratégias argumentativas quanto para compreender o vocabulário menos comum e as referências a elementos da sociedade com os quais os estudantes não estão familiarizados. Nesse sentido, demanda resiliência. Sugerimos que, antes de responder às questões, os estudantes façam uma leitura silenciosa do texto e que, em seguida, formem trios para discutir, primeiramente, o conteúdo de cada parágrafo e, depois, o texto como um todo. A resolução das questões exigirá que eles voltem ao texto várias vezes, o que os levará, progressivamente, a dominar seu conteúdo.

Não é preciso que os estudantes respondam às questões por escrito. A ideia é utilizá-las para contextualizar a leitura e para reavivar a ideia de argumentação, já em foco na seção anterior.

Questão 1 – Se considerar adequado, promova uma conversa sobre como os estudantes sentiram os efeitos da pandemia, se conseguiram se organizar bem com os estudos on-line etcétera Esse assunto deve ser tratado com delicadeza, pois muitos podem ter vivenciado o processo de luto em decorrência da pandemia.

Nós, mães lactantes de Salvador, utilizamos desta carta para manifestar nossa satisfação diante da inclusão de gestantes, puérperasglossário e lactantes no público prioritário, conforme decisão da Comissão Intergestores ­Bipartiteglossário da Bahia (síbi) no Programa de Vacinação local, a qual consi­derou a necessidade de preservação do funcionamento dos serviços de saúde, de proteção dos indivíduos com maior risco de desenvolver fórmas graves da doença e dos indivíduos mais vulneráveis aos ­maiores impactos da pandemia e de manutenção dos serviços essenciais. O objetivo expresso e acertado de acelerar a vacinação de gestantes, puérperas e lactantes ressoou em nossos lares como um horizonte de esperança nestes tempos sombrios de medo.

Estamos conscientes da limitação quantitativa de doses liberadas pelo Ministério da Saúde ême ésse para os grupos prioritários na Bahia. Contudo, lamentamos a exclusão da previsão da inserção das lactantes na estratégia de imunização realizada pela Prefeitura de Salvador, dado o avanço da pandemia e o surgimento de novas variantes que ameaçam as nossas vidas e dos nossos bebês.

Pesquisas desenvolvidas ao longo do ano de 2020 comprovam que os anticorpos da mãe vacinada são transmitidos ao bebê através do leite materno sem riscos para o lactenteglossário , o que garante a imunização de duas pessoas a partir de uma única dose de vacina. Essa se mostra uma ­estratégia de imunização eficiente e econômica, além de estar associada a uma política pública de incentivo à amamentação, cuja média de tempo do aleitamento materno exclusivo (ame), no Brasil, é de apenas 54 dias, ainda que se preconizeglossário o ame por 6 meses.

Em documento publicado recentemente pela Organização Mundial de Saúde ó ême ésse e endossadoglossário pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (saje), são fornecidas orientações globais para alocaçãoglossário de vacinas contra a Covid-19 entre os países e orientações nacionais de priorização de grupos para vacinação dentro dos países em caso de oferta limitada. Norteado pelo princípio do bem-estar humano com o objetivo de “reduzir as mortes e a carga da doença relativa à pandemia de Covid-19”, o documento recomenda a vacinação em “Grupos com comorbidadesglossário ou estados de saúde (por exemplo, gravidez/amamentação) que implicam risco significativamente maior de doença grave ou morte”.

Cabe lembrar que bebês menores de 2 anos não podem usar máscara em função do risco de sufocamento, o que faz com que a contenção de contaminação e contágio através dos mesmos seja um obstáculo, bem como sua exposição muito arriscada, provando que a imunização das mães e a consequente imunização do bebê pelo leite materno sejam uma saída eficiente e sem maiores custos para o poder público, o que, evidentemente, configura uma estratégia de imunização extremamente inteligente.

Segundo um cálculo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (ipéa), já se contam pelo menos 45 mil bebês, crianças e adolescentes que perderam pai e mãe na pandemia. As consequências do número

de mortes e desestruturação familiar ainda são desconhecidas, mas temos condições de dtiminuir esses impactos a partir do momento que também vislumbrarmos o horizonte de imunização de mães e bebês como ­estratégia de proteção e sobrevivência familiar. É preciso acelerar a vacinação de todas as mulheres lactantes, especialmente no país que mais perde bebês com menos de 2 anos para a Covid-19 no mundo.

Vacinar todas as lactantes é investir em saúde e bem-estar da população brasileira e suas futuras gerações! Vacinar as lactantes é proteger o futuro representado na figura de nossos bebês. Vacinar lactantes é reconhecer o direito humano à saúde e proteção constitucional da maternidade como objetivo prioritário dos gestores públicos do Estado da Bahia e Município de Salvador.

O nosso apelo ressalta que não se pode repetir a omissão e o erro do Ministério da Saúde em não ter contemplado expressamente a categoria lactantes, estabelecendo uma equívoca limitação temporal para o período puerperal. Sabemos que as mulheres que amamentam são consideradas grupo vulnerável e já são objeto de diversas políticas públicas de proteção, havendo inclusive recomendação para que estas mulheres mães trabalhem remotamente no período da pandemia. Há diversos projetos de Lei em trâmiteglossário contemplando esse público como prioritário para imunização contra a Covid-19.

Foi com muita surpresa, apreensão e uma certa confusão, que nos deparamos com diversas notícias e orientações que ora anunciavam a vacinação deste público de mães lactantes, ora excluíam-nas da estratégia imunizadora do calendário de vacinação. Entendemos que as grávidas, puérperas e lactantes sem comorbidades devam ser vacinadas após as grávidas, puérperas e lactantes com comorbidades, em razão do óbvio risco de agravamento e complicações que envolve este último público.

Salientamos que a autonomia dos Estados e Municípios em relação às diretrizes do Pê ene ih permite que se façam adaptações locais e inclusão de novos públicos, a depender das peculiaridades e gestão de políticas públicas locais. O Ministério da Saúde inclusive já se pronunciou no sentido de que Estados e Municípios dispõem de autonomia para organizar e montar o seu próprio esquema de vacinação, bem como dar vazão à fila de acordo com as características de sua população, demandas específicas de cada região e doses disponibilizadas. O que, inclusive foi adotado em nosso Estado, com a contemplação de categorias que inicialmente não constavam expressamente no Pê ene ih do ême ésse.

Em razão deste contexto, requeremos que todo este equívoco seja sanado com a necessária inclusão de todas as mulheres lactantes, com e sem comorbidades, no chamamento para vacinação contra a Covid-19, juntamente com as gestantes e puérperas, observada a ordem definida pela Comissão Intergestores Bipartite da Bahia – síbi, nos artigos dezoito e dezenove da Resolução 077-2021.

Certas de contar com o apoio de Vossas Excelências, agradecemos desde já.

Assinam essa carta centenas de mulheres lactantes da cidade de ­Salvador.

LEÃO, Tarsila. Carta aberta de mães lactantes do município de Salvador-Bahia. tiênci ponto órgui, [sem local], 7 maio 2021. Disponível em: https://oeds.link/zRZioM. Acesso em: 5 março 2022.

Investigue

A ó ême ésse recomenda a amamentação como alimento exclusivo até os 6 meses e como alimento complementar até os 2 anos. Qual é a importância da amamentação para o desenvolvimento de uma criança?

Fala aí!

O que você achou da proposta da ­carta? É uma proposta válida? Por quê? Discuta sua opinião com os colegas e, para marcar sua posição em relação às deles, use as expressões do meu ponto de vista, concordo parcialmente etcétera

Respostas e comentários

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Fala aí! – É importante que, para construir uma opinião, os estudantes mobilizem informações apresentadas na carta, ou seja, não se limitem a fazer um comentário geral sobre o tema em questão. Eles precisam compreender que o posicionamento responde aos argumentos, e não apenas ao mérito de uma determinada proposta. Faça perguntas, citando ou solicitando argumentos específicos, para ­incentivá-los a esse olhar.

DESVENDANDO O TEXTO

  1. A carta aberta que você leu expressa a reivindicação de um grupo de pessoas.
    1. O primeiro parágrafo apresenta um dos objetivos da carta. Qual?
    2. A exposição desse objetivo prepara a apresentação, no parágrafo seguinte, do principal objetivo da carta. Identifique-o.
    3. Explique por que o primeiro parágrafo ajuda a sustentar e a esclarecer a reivindicação feita no segundo.
    4. No segundo parágrafo, qual verbo introduz a ideia de insatisfação coletiva em destaque na carta? Explique.
    5. No parágrafo anterior, a expressão de um ponto de vista também está marcada na escolha do vocabulário. Que grupo de palavras revela opinião sobre a decisão exposta?
    6. Embora expresse insatisfação com a medida municipal, o texto evidencia uma visão justa da situação. Como isso se evidencia?
  2. No terceiro parágrafo, desaparecem as marcas de primeira pessoa do plural.
    1. Que tipo de conteúdo é introduzido nesse parágrafo e no seguinte?
    2. Qual é a relação entre esse tipo de conteúdo e o desaparecimento das marcas de primeira pessoa?
    3. De que maneira esse conteúdo favorece a argumentação?
    4. No sexto parágrafo, reaparecem marcas de primeira pessoa do plural. A quem essas marcas se referem? Explique.
  3. As estatísticas ou documentos usados para sustentar a argumentação podem ou não vir acompanhados de suas fontes.
    1. Releia os parágrafos 3 e 4 e indique qual deles apresenta uma informação sem fonte.
    2. Por que as informações cujas fontes são citadas e aquelas cujas fontes não são citadas não têm o mesmo peso na argumentação?
  4. O parágrafo 5 defende que a amamentação é uma estratégia de ­imunização “extremamente inteligente”.
    1. Que vantagem o argumento leva em conta para chegar a essa conclusão?
    2. Para você, esse argumento é convincente? Explique.
  5. Releia a primeira frase do parágrafo 9. Qual dos advérbios modalizadores expressa a mesma ideia do trecho “Foi com muita surpresa, apreensão e uma certa confusão, reticências”: francamente, surpreendentemente ou infelizmente? Justifique sua resposta.

Lembra?

São chamados ­advérbios modalizadores aqueles que exprimem uma avaliação acerca daquilo que é expresso.

  1. Releia o parágrafo 10 e responda.
    1. O que as signatárias da carta demonstram saber sobre a relação entre o Plano Nacional de Imunizações pê êne í e a vacinação em estados e municípios?
    2. De que maneira esse conhecimento favorece o pedido feito na carta?
Respostas e comentários

1a. Manifestar a satisfação das mães lactantes de Salvador ao verem incluídas no grupo prioritário de vacinação gestantes, puérperas e lactantes, por decisão da Comissão Intergestores Bipartite da Bahia cê í bê.

1b. Solicitar a inclusão das lactantes de Salvador no grupo prioritário da vacinação municipal contra a Covid-19.

1c. O primeiro parágrafo evidencia que já houve uma decisão favorável à vacinação das lactantes no estado da Bahia; portanto, a solicitação feita deve ser considerada com a devida atenção.

1d. O verbo é lamentar (conjugado na primeira pessoa do plural, lamentamos). Ele expressa a insatisfação das signatárias com sua exclusão da estratégia de vacinação em Salvador.

1e. “Objetivo expresso e acertado”.

1f. Com a menção ao número limitado de doses de vacina disponíveis, o que exige escolhas.

2a. Dados de documentos e pesquisas sobre amamentação e vacinação contra a Covid-19.

2b. Como o conteúdo é informativo, sua abordagem é mais impessoal, o que explica a ausência de marcas de primeira pessoa, que expressam viés mais parcial.

2c. O conteúdo embasa a argumentação com dados estatísticos e documentos, o que vai além das observações pessoais.

2d. O emprego da primeira pessoa do plural refere-se à sociedade como um todo, e não apenas às signatárias da carta.

3a. O parágrafo 3 cita apenas “pesquisas desenvolvidas ao longo de 2020”, sem citar as fontes delas.

3b. A citação da fonte amplia a sua confiabilidade.

4a. Vacinar lactantes imuniza também o lactente, ou seja, é uma dupla imunização; daí ser, segundo o texto, uma estratégia inteligente.

4b. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que a imunização das lactantes permite proteger bebês menores de 2 anos, que não podem usar máscara, além de impedir que eles se tornem um obstáculo para a contenção da doença na sociedade.

5. O advérbio surpreendentemente, pois há ideia de surpresa (no caso, negativa) com as notícias sobre a vacinação de lactantes.

6a. Elas sabem que os municípios e estados têm autonomia em relação às diretrizes do Plano Nacional de Imunização, ou seja, mudanças na vacinação podem ser feitas para atender às necessidades locais.

6b. Saber que o município tem poder de incluir as lactantes na vacinação contribui para pressionar o governo municipal a fazer valer isso.

Orientações didáticas

Desvendando o texto - Questão 1d – Se convier, destaque ainda o papel de contudo, que abre a segunda frase do segundo parágrafo. O termo sinaliza a mudança de enfoque para o tom reivindicatório que norteia a carta.

COMO FUNCIONA UMA CARTA ABERTA?

Existem vários tipos de carta – a pessoal, a comercial, a de reclamação etcétera Nesta seção, você vai refletir sobre a carta aberta, comparando-a com outras produções.

1. Leia este trecho de uma carta pessoal do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924) à noiva dele, Felice, e compare-a com a carta aberta em estudo.

Querida Felice!

Vou agora te pedir um favor que soa um tanto louco, e que eu deveria considerar como tal se fosse eu a receber a carta. É também o maior teste possível até mesmo para a pessoa mais bondosa do mundo. Bem, é isto: escreve para mim apenas uma vez por semana, de fórma que a sua carta chegue no domingo – porque não consigo suportar suas cartas diárias, sou incapaz de suportá-las. Por exemplo, eu respondo uma de suas cartas, depois deito na cama em aparente calma, mas meu coração retumba através do meu corpo inteiro e está consciente apenas de ti. Eu pertenço a ti; não há realmente outra fórma de expressar isso, e não há fôrça o bastante. Mas por essa mesma razão eu não quero saber o que estás vestindo; isso me ­atormenta tanto que não consigo lidar com a minha rotina; e é por essa mesma razão que não quero saber se gostas de mim. Se eu soubesse, como poderia, bobo que sou, ir e sentar no meu escri­tório, ou aqui em casa, em vez de saltar em um trem com meus olhos fechados e apenas abri-los quando estiver contigo?

GOMES, víni. Cartas de amor de personalidades da literatura. Facetas culturais, [sem local], 19 maio 2018. Disponível em: https://oeds.link/Xw7Ytf. Acesso em: 5 março 2022.

  1. Quais são os objetivos de cada carta?
  2. As duas cartas contêm argumentos. O que os diferencia?
  3. Qual das duas cartas tem uma circulação originalmente restrita? Por quê?
  4. O que muda no grau de distanciamento entre os interlocutores? Explique sua resposta.

Fala aí!

Embora se dirija especialmente a alguns interlocutores, essa carta teve circulação pública. O que se garante com essa circulação?

  1. Agora, volte à carta de Tarsila Leão para analisar sua composição.
    1. Por que o local e a data são elementos importantes na carta aberta?
    2. A autora do texto está correta em dirigir seu pedido aos inter­locutores que nomeou? Justifique sua resposta.
    3. Algumas cartas abertas apresentam títulos. Tomando essa como exemplo, responda: a principal função do título é despertar a curiosidade do leitor, destacar o objetivo da carta ou contex­tualizar a produção do texto?

Biblioteca cultural

Franz Kafka nasceu em Praga, capital da República Tcheca, em 3 de julho de 1883. Era filho de um rico comerciante judeu e sua formação foi ­influenciada por três culturas: a judaica, a tcheca e a alemã. Leia ­textos desse autor e obtenha mais informações sobre ele em Almanaque de ­autores. São Paulo: Folha da Manhã, . Disponível em: https://oeds.link/dZFBSB. Acesso em: 5 março 2022.

Respostas e comentários

1a. A carta de Kafka visa confessar o sentimento de amor que ele tem por Felice, enquanto o objetivo da carta aberta é incluir as lactantes residentes em Salvador no plano municipal de vacinação contra a Covid-19.

1b. Os argumentos de Kafka são subjetivos; referem-se à sua maneira pessoal de viver a experiência amorosa, enquanto os da carta aberta são objetivos e apoiam-se em comprovações, como pesquisas e dados numéricos.

1c. A carta de Kafka, já que se destina a um único leitor, o destinatário.

1d. A carta de Kafka é uma carta íntima, que contém confissões pessoais, enquanto a carta aberta apresenta grande distanciamento entre os interlocutores e um assunto de interesse coletivo.

2a. São informações que contribuem para esclarecer o contexto em que foi escrita a carta.

2b. A autora dirige-se, corretamente, a profissionais cujas funções permitem a revisão da medida: o governador da Bahia, o prefeito de Salvador, os secretários de saúde e demais gestores interessados. Trata-se de uma decisão tomada no nível do Poder Executivo.

2c. Sua principal função é destacar o objetivo da carta.

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Fala aí! – Verifique se os estudantes notam que a ampliação do número de leitores pode ajudar as signatárias a obter a atenção das autoridades para o problema e a pressioná-las a dar a resposta pretendida.

  1. O título, o local, a data, os destinatários, a despedida e/ou agradecimento e a assinatura são elementos composicionais das cartas abertas. No corpo da carta, percebem-se a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, também elementos composicionais do gênero.
    1. Identifique os trechos que correspondem a cada uma dessas partes.
    2. Como poderia ser descrito o conteúdo típico de cada parte do corpo da carta?
  2. Com base no que você viu até aqui, por que essa é uma carta aberta? O que explica o uso desse adjetivo para classificá-la?
  3. A carta aberta das lactantes de Salvador inicia-se com a manifestação de contentamento. Por que um leitor que conhece o gênero inferiria que esse não era o objetivo da carta?
  4. Releia os parágrafos 11 e 12.

Em razão deste contexto, requeremos que todo este equívoco seja sanado com a necessária inclusão de todas as mulheres lactantes, com e sem comorbidades, no chamamento para vacinação contra a Covid-19, juntamente com as gestantes e puérperas, observada a ordem definida pela Comissão Intergestores Bipartite da Bahia – cê í bê, nos artigos 18 e 19 da Resolução 077-2021.

Certas de contar com o apoio de Vossas Excelências, agrade­cemos desde já.

  1. Qual palavra empregada no parágrafo 11 revela uma avaliação sobre as decisões das autoridades do município de Salvador?
  2. A avaliação expressa por essa palavra torna a comunicação menos respeitosa? Explique.
  3. A despedida, no parágrafo 12, segue uma fórmula convencional. O que ela expressa? Qual é seu efeito?

Da observação para a teoria

O gênero textual carta aberta trata de um tema de interesse social, coletivo. É um instrumento para a conscientização, além de exprimir solicitações, sugestões e protestos, podendo se tornar uma importante ferramenta de pressão social.

O produtor assina a carta em nome dele ou em nome do grupo que representa (uma associação, por exemplo) e destina-a a um interlocutor específico ou à sociedade como um todo, sempre considerando uma ­circulação pública, já que a carta será divulgada em revistas, jornais, blogs ou panfletos. As cartas abertas costumam empregar linguagem formal.

Respostas e comentários

3a. Introdução: “Nós, mães lactantes de Salvador reticências dos nossos bebês”. Desenvolvimento: “Pesquisas desenvolvidas ao longo reticências expressamente no Pê ene ih do ême ésse.”. Conclusão: “Em razão desse contexto reticências nos artigos 18 e 19 da Resolução 077-2021.”.

3b. A introdução contextua­liza a carta e apresenta a reivindicação; o desenvolvimento sustenta o pedido; a conclusão arremata a linha de raciocínio e retoma a reivindicação.

4. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes levem em consideração o contexto de publicação (um site de acesso aberto). Embora a reivindicação seja endereçada a poucos interlocutores, a carta, por ser de interesse público, tem acesso livre, aberto, portanto.

5. As cartas abertas têm o objetivo de apresentar problemas e fazer reivindicações; portanto, o objetivo do texto ainda estava por ser apresentado.

6a. Equívoco.

6b. A palavra sugere que as autoridades cometeram um erro, sem sugerir que foi algo intencional ou perverso, não havendo, portanto, uma comunicação desrespeitosa ou agressiva.

6c. A despedida declara confiança nas autoridades às quais a carta se dirige, o que reforça o tom apelativo.

Orientações didáticas

Questão 6b – Pergunte aos estudantes por que é importante que a comunicação se mantenha respeitosa e verifique se eles compreendem que, além de esse ser um pressuposto para qualquer comunicação, é especialmente importante quando se espera uma resposta favorável do interlocutor.

Textos em CONVERSA

Para atuar politicamente não é preciso ter um cargo político ou estar filiado a um partido. Existem instrumentos que permitem a qualquer cidadão se envolver na administração pública e mobilizar a atenção para causas de interesse coletivo.

Recentemente, por exemplo, surgiram sites de petições on-line, um gênero que, como a carta aberta, expressa reivindicações, ­protestos ou apoio a algo ou a alguém. É bastante simples tanto produzi-las (os sites que as hospedam orientam a criação do documento) quanto assiná-las. Porém, é preciso ter responsabilidade: o leitor deve fazer uma leitura atenta do texto e refletir sobre a proposta para verificar se concorda ou não com ela. Leia a seguir uma petição on-line.

Reprodução de página de internet com petição on-line. Na parte superior, o título: PRIORIZAR A VACINAÇÃO DAS PESSOAS COM SÍNDROME DE DOWN COTRA A COVID-19 É URGENTE. Eu exijo #umadosederespeito. No centro, a fotografia de uma menina com síndrome de Down usando máscara de proteção facial. Ao lado dela, um selo com as informações: PESSOAS COM SÍNDROME DE DOWN DEVEM SER VACINADAS IMEDIATAMENTE! Ao lado da fotografia, número de pessoas que já assinaram a petição e espaço para assinar.
Reprodução da página da petição on-line sobre prioridade na vacinação de pessoas com síndrome de dáun contra a Covid-19, campanha realizada em 2021.

A campanha rréchitégui (cerquilha, sustenido)UmaDosedeRespeito é uma iniciativa de mobilização da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de dáun junto às suas 38 instituições associadas, em busca do reconhecimento da priorização da vacinação para as pessoas com síndrome de dáun, que recebe apoio de organizações internacionais como a dáun síndrome internéchional, a disêibou pípous organizeichions dên márqui e a íuquêidi.

O objetivo da campanha é pressionar o governo federal e também os estaduais e ­municipais para que as pessoas com síndrome de dáun sejam vacinadas de imediato, levando em consi­deração a vulnerabilidade, o risco de contaminação, a baixa imunidade e probabilidade de desenvolver uma fórma grave de Covid-19.

No cenário atual, mesmo estando no grupo prioritário, as pessoas com síndrome de dáun só serão vacinadas na 3ª fase do Programa Nacional de Imunizações pê êne í, junto ao grupo de comorbidades; logo depois, estão as pessoas com deficiência permanente grave.

O que está se pedindo é que se cumpra a lei e que sejam considerados os estudos científicos que comprovam essa necessidade. A Lei Brasileira de Inclusão assegura que, em situações de risco, emergência ou estado de calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua proteção e segurança.

Então, junte-se a nós nesse grande ­movimento!

Juntos vamos exigir a priorização da vacinação às pessoas com síndrome de dáun contra a Covid-19. Use a hashtag rréchitégui (cerquilha, sustenido)­UmaDoseDeRespeito nas redes sociais, em publicações e também nas páginas oficiais dos governos e secretarias de saúde. A saúde das pessoas com deficiência pede urgência!

FEDERAÇÃO Brasileira das Associações de síndrome de dáun. Priorizar a vacinação das pessoas com síndrome de dáun contra a Covid-19 é urgente. aváz, [sem local], 24 março 2021 [atualização: 31 março 2021]. Disponível em: https://oeds.link/xBOYLG. Acesso em: 5 março 2022.

Respostas e comentários

Textos em conversa

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 5, 7 e 10.

cê e éle : 2, 4 e 6.

cê e éle pê : 3, 5, 6, 7 e 10.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê dois oito, ê éfe oito nove éle pê um nove, ê éfe oito nove éle pê dois zero e ê éfe oito nove éle pê dois três.

Atividade complementar

Acesse um site de petições on-line e escolha uma proposta atual e adequada para o contexto da sala de aula. Produza cópias ou leia o texto da petição para os estudantes e peça-lhes que, em grupos, discutam a viabilidade e as consequências do que está sendo proposto. Por exemplo, uma proposta sobre proibir a produção de rojões para evitar o sofrimento auditivo de animais, como cães e gatos, tem vantagens para o bem-estar dos animais, mas pode ser criticada por pessoas que gostam de fazer uso desses artefatos. Cada grupo deve chegar a um consenso sobre assinar ou não a petição e justificar sua decisão para a turma.

  1. Em que parte do texto se apresenta, pela primeira vez, o objetivo dessa petição on-line? Explique.
  2. A imagem que acompanha a petição on-line traz um círculo ­amarelo dentro do qual há uma frase.
    1. Essa frase expressa obrigatoriedade ou possilidade? Explique.
    2. Qual recurso não verbal contribui para reforçar a ideia expressa na frase?
  3. Para sustentar seu objetivo, a petição apresenta argumentos.
    1. Resuma esses argumentos.
    2. Quais estratégias de argumentação foram empregadas tanto na petição quanto na carta aberta que você leu?
    3. Qual é a força dessas estratégias argumentativas?
  4. Releia a frase que aparece em destaque: “Então, junte-se a nós nesse grande movimento!”.
    1. Os autores se dirigem ao interlocutor da petição. Quem é esse ­interlocutor?
    2. Que recurso textual é usado para estabelecer um diálogo direto com ele?
    3. Qual é a diferença entre a ação esperada do interlocutor de uma petição on-line e de uma carta aberta?
  5. Compare agora a petição on-line e o abaixo-assinado.
Fotografia de um texto impresso. Texto: ABAIXO ASSINADO CONTRA MUDANÇA DA LINHA DE ÔNIBUS. Em razão da mudança dos itinerários e pontos de ônibus, o que ocasiona maior distanciamento dos pontos comerciais, mercado e farmácias na região da Rua Paschoal Bernardino, no Centro e o aumento de tempo do percurso, os usuários do transporte público municipal, a exemplo das linhas Encoberta; Santo Antônio; São Cristóvão, Napoleão, protestam para que seja mantido o antigo itinerário e respectivos pontos, através desse abaixo assinado: (Data recolhimento 05/01/2018).
Abaixo-assinado que circulou na cidade de Muriaé Minas Gerais, em 2018.
  1. Em geral, no abaixo-assinado, o título explicita o objetivo; um vocativo identifica o destinatário; e há local e data. Esse abaixo- assinado não apresenta um destinatário explícito. A quem, provavelmente, será entregue?
  2. Quais casos parecem ser mais bem atendidos por uma petição on-line do que por um abaixo-assinado?
Ilustração. Pessoas em um ponto de ônibus, homens, mulheres e crianças de etnias variadas.

Sabia?

Veja um ­comentário que revela a importância de petições com circulação mundial. Ele reproduz a fala do presidente do Parlamento Europeu, depois do voto contra a aquita (tratado que teria permitido a censura da internet).

Fiquei muito impressionado com a petição da aváz com 2,8 milhões de assinaturas. As ­preo­cupações dos cidadãos foram levadas a sério pelo Parlamento Europeu.

chúz mártin. aváz, . Disponível em: https://oeds.link/OMotQZ. Acesso em: 25 março 2022.

As petições e os abaixo-assinados não obrigam o destinatário a ­atender à reivindicação, mas são instrumentos de pressão e podem chamar a atenção da mídia.

Respostas e comentários

1. No título, que adianta a informação de que é preciso vacinar urgentemente contra a Covid-19 as pessoas com síndrome de dáun.

2a. A frase, que emprega o verbo dever, expressa obrigatoriedade: “Pessoas com síndrome de dáun devem ser vacinadas imediatamente!”.

2b. A escrita da palavra imediatamente com letras maiúsculas, que reforça a urgência da solicitação.

3a. A argumentação da petição menciona a baixa imunidade das pessoas com ­síndrome de dáun e a probabilidade de desenvolver uma fórma grave da doença, cita o apoio de entidades internacionais para sua priorização e menciona também uma lei brasileira que assegura que, em situações de risco, as pessoas com deficiência sejam tratadas como vulneráveis.

3b. Tanto a petição quanto a carta das mães lactantes sustentam seu pedido com a recomendação de entidades internacionais prestigiadas (no caso da carta, a ó ême ésse) e com a citação de leis.

3c. Citar leis e apoio de renomadas entidades internacionais de saúde ajuda a sustentar as solicitações e, consequentemente, a pressionar as autoridades para que as façam valer.

4a. O interlocutor é o leitor do site onde a carta foi publicada.

4b. A referência direta a esse interlocutor é feita por meio do imperativo junte-se.

4c. Espera-se do interlocutor de uma petição on-line uma assinatura, que corresponde a seu apoio à causa e contribui para pressionar aqueles que devem resolver o problema levantado; já do interlocutor da carta aberta espera-se a resolução do problema.

5a. À empresa de ônibus e ao departamento de trânsito da cidade, responsáveis por definir os itinerários dos ônibus.

5b. Casos em que a reivindicação não é local, portanto o documento precisa atingir grandes áreas. A tentativa de criação ou mudança de uma lei, por exemplo, pode exigir mobilização nacional.

Orientações didáticas

Questões 1 a 5 – Sugerimos que, durante a correção das atividades, você acrescente perguntas àquelas que já estão sendo feitas. Veja algumas sugestões.

1. Vocês já produziram uma petição? (No Capítulo 3 do volume do 8º ano, propõe-se a produção de uma petição para a implementação de um projeto da turma para ocupação de espaço ocioso na escola.)

2. Vocês já assinaram uma petição on-line ou física?

3. Já houve circulação de um abaixo-assinado na escola? Em que circunstância? Qual foi o resultado?

4. Vocês já tiveram contato com um abaixo-assinado em outras situações? Quais?

Se eu quiser aprender MAIS

Os argumentos

Uma carta aberta defende um ponto de vista e, para isso, emprega argumentos. Eles são provas que servem para negar ou afirmar um fato e constituem o principal alicerce de um texto persuasivo. Sem eles, o texto limita-se a expressar julgamentos pessoais e perde boa parte de seu poder de convencimento.

Você vai analisar agora como os argumentos podem ser mobilizados para sustentar pontos de vista.

1. O pedido pela inclusão de lactantes no grupo prioritário da ­vaci­nação contra a Covid-19 por meio de carta aberta mobilizou pessoas de vários estados e municípios do país.

Releia um trecho do parágrafo 3 da carta das lactantes de Salvador e, em seguida, leia um trecho da carta aberta das lactantes do estado do Maranhão.

Trecho da carta de lactantes de Salvador:

Pesquisas desenvolvidas ao longo do ano de 2020 comprovam que os anticorpos da mãe vacinada são transmitidos ao bebê através do leite materno sem riscos para o lactente, o que garante a imunização de duas pessoas a partir de uma única dose de vacina. reticências

Trecho da carta de lactantes do Maranhão

Já é comprovado que o leite materno contém anticorpos da mãe vacinada, imunizando assim as crianças que o mamam. reticências (­COMPROVADO: Um estudo publicado em abril deste ano na revista JAMAglossário realizou vacinação reticências em 84 lactantes de Israel. O resultado foi com secreção robusta de anticorpos IgA e IgGglossário no leite materno, 6 semanas após a vacinação. Os anticorpos encontrados no éle ême ­mostraram forte capacidade neutralizante, indicando uma provável proteção para os bebês).

PARAÍSO, Adrianne. Lactantes pela Vacina Maranhão. tiênci ponto órgui, [sem local], 2021.Disponível em: https://oeds.link/vKZc9W. Acesso em: 5 março 2022.

  1. Ambas as cartas comprovam seu ponto de vista com o mesmo argumento. Qual?
  2. Como essa comprovação contribui para embasar a reivindicação expressa nas cartas?
  3. Há, porém, uma diferença entre as cartas na apresentação dessa ­comprovação. Qual?
  4. Essa diferença impacta a força da argumentação ou não? ­Explique.
Respostas e comentários

1a. Os anticorpos da mãe vacinada passam para o bebê por meio do leite.

1b. Ao demonstrar que a vacinação de lactantes traz duplo benefício, essa comprovação científica sustenta ainda mais a reivindicação feita nas cartas.

1c. A diferença diz respeito à citação do estudo que fez essa comprovação. Apenas a carta das lactantes do Maranhão menciona o estudo, publicado na revista científica jâma.

1d. Sim, pois citar fontes de dados ou informações mobilizadas ao se defender uma ideia dá mais credibilidade à argumentação.

Se eu quiser aprender mais

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 2, 4, 6 e 7.

cê e éle : 1, 2 e 4.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 6 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê um oito, ê éfe oito nove éle pê zero seis, ê éfe oito nove éle pê um quatro, ê éfe oito nove éle pê dois três e ê éfe zero nove éle pê zero oito.

Orientações didáticas

Como os estudantes estão iniciando a escrita regular de textos argumentativos, amplamente explorados no Ensino Médio, optamos, nesta etapa do desenvolvimento deles, por uma abordagem gradativa e destacamos, neste capítulo, os principais tipos de argumento. Adiante, serão estudados outros aspectos.

2. Releia o parágrafo 4 da carta das lactantes de Salvador.

Em documento publicado recentemente pela Organização Mundial de Saúde ó ême ésse e endossado pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (saje), são fornecidas orientações globais para alocação de vacinas contra a Covid-19 entre os países e orientações nacionais de priorização de grupos para vacinação dentro dos países em caso de oferta limitada. Norteado pelo princípio do bem-estar humano com o objetivo de “reduzir as mortes e a carga da doença relativa à pandemia de Covid-19”, o documento recomenda a vacinação em “Grupos com comorbidades ou estados de saúde (por exemplo, gravidez/amamentação) que implicam risco significativamente maior de doença grave ou morte”.

Considerando o objetivo principal da carta e a quem ela se destina, explique a importância de citar essa orientação da ó ême ésse na argumentação.

3. Releia o parágrafo 6 e responda à questão.

Segundo um cálculo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (ipéa), já se contam pelo menos 45 mil bebês, crianças e adolescentes que perderam pai e mãe na pandemia. As consequências do número de mortes e desestruturação familiar ainda são desconhecidas, mas temos condições de diminuir esses impactos a partir do momento que também vislumbrarmos o horizonte de imunização de mães e bebês como estratégia de proteção e sobrevivência familiar. É preciso acelerar a vacinação de todas as mulheres lactantes, especialmente no país que mais perde bebês com menos de 2 anos para a Covid-19 no mundo.

Qual é o efeito do dado estatístico citado na argumentação?

4. Releia um trecho do parágrafo 7 e responda às questões.

Vacinar todas as lactantes é investir em saúde e bem-estar da população brasileira e suas futuras gerações! Vacinar as lactantes é proteger o futuro representado na figura de nossos bebês. Vacinar lactantes é ­reconhecer o direito humano à saúde reticências.

  1. A expressão “Vacinar todas as lactantes” se repete com variações mínimas nas três frases. Explique o efeito de sentido gerado por essa repetição.
  2. Essas afirmações são constatações de valor universal, isto é, princípios ­básicos, validados por todos. Qual é o efeito delas na argumentação?
Ilustração. Mulher sentada em uma poltrona segurando um bebê. Ela usa máscara de proteção facial. Ao lado dela, um vaso com planta.
Respostas e comentários

2. A ó ême ésse é um respeitado órgão de saúde de âmbito mundial. Usar suas orientações para confirmar a necessidade de incluir as lactantes no grupo que terá prioridade no recebimento de vacinas reforça o pedido e pressiona autoridades municipais e estaduais (destinatários da carta) a realizá-lo.

3. O dado foi usado para chamar a atenção das autoridades para a importância de se vacinar as lactantes, pois contribuiria para evitar mortes de mães e, consequentemente, para não aumentar ainda mais a estatística negativa.

4a. A repetição enfatiza o objetivo principal, a reivindicação principal da carta, e produz um tom apelativo.

4b. Enumerar afirmações que não dão margem à contestação reforça a argumentação.

5. Agora, analise a argumentação em um fragmento transcrito do artigo de opinião “Por que o movimento antivacina não tem um pingo de sentido”.

Você consegue imaginar um mundo sem vacinas? Pois essa rea­lidade não é tão antiga assim. Vamos voltar no tempo, lá para o início do século 20. Naquela época, uma em cada cinco crianças morria de alguma doença infecciosa antes de completar 5 anos de idade.

Hoje parece que a gente não faz ideia de quão cruéis eram essas moléstias. E mal podemos imaginar a dor de perder nossos filhos para enfermidades que atualmente são passíveis de prevenção por meio de imunizantes. Quem é que morre de caxumba hoje em dia?

Graças às vacinas, doenças terríveis e altamente contagiosas foram quase erradicadas. Algumas, como a varíola, de fato sumiram do mapa.

táchinêr, Natalia Pasternak. Por que o movimento antivacina não tem um pingo de sentido. Veja Saúde. São Paulo, 16 dezembro 2017 [atualização: 2 março 2020]. Disponível em: https://oeds.link/2LCxTo. Acesso em: 5 março 2022.

  1. O que você imagina que será exposto na sequência? Justifique sua resposta.
  2. Qual estratégia foi empregada pela produtora do artigo para ­iniciar a exposição de seu ponto de vista? Essa estratégia parece eficiente?
  3. Descreva a maneira como a articulista se relaciona com seu ­leitor. Qual é o efeito dessa fórma de escrita?
  4. Quais são os objetivos da frase “Quem é que morre de caxumba hoje em dia?”: sugerir a comparação dos dados do passado e do presente, indicar o absurdo da morte de crianças por doenças desse tipo ou solicitar o número de casos da doença citada para ampliar a argumentação?

Existem estratégias que ajudam o produtor de um texto argumentativo a sustentar seu ponto de vista. Eis algumas: examinar as causas e as consequências de uma situação; fornecer dados numéricos que provem as afirmações; oferecer exemplos; analisar a evolução histórica de um problema; fazer comparações que confirmem as afirmações; citar a opinião de especialistas.

6. Agora, leia este fragmento de um artigo de opinião escrito pelo médico paulistano Drauzio Varella.

Desperdício nababesco

É nababescoglossário o desperdício de exames no Brasil. No consultório, canso de ouvir a frase: “Doutor, já que vou colher sangue, pede todos os exames, tenho plano de saúde”. Nos atendimentos na Penitenciária Feminina de São Paulo, a mesma solicitação, com a justificativa: “Tenho direito, é o sús que paga”.

Fico impressionado com o número de exames inúteis que os pacientes trazem nas consultas. Chegam com sacolas ­abarrotadas de radiografias, tomografias computadorizadas, ressonâncias ­magnéticas e uma infinidade de provas laboratoriais que pouco ou nada contribuíram para ajudá-los.

Respostas e comentários

5a. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes concluam que a sequência tratará do movimento antivacina, como sugere o título, apresentando argumentos que mostrem por que ele não é correto.

5b. A autora aborda o tema sob uma perspectiva histórica. Espera-se que os estudantes apontem que se trata de uma estratégia eficiente, pois evidencia a alta mortalidade provocada por doenças infecciosas e, com isso, sugere a importância de preveni-las.

5c. A articulista estabelece uma relação próxima e informal com seu leitor, o que pode favorecer a abertura para a opinião que está sendo apresentada.

5d. Os objetivos da frase são sugerir a comparação dos dados do passado e do presente e indicar o absurdo da morte de crianças por doenças desse tipo.

Num dos grandes laboratórios da cidade, mais de 90% dos resultados caem dentro da faixa de normalidade. Numa das operadoras da Saúde Suplementar, pelo menos um terço das imagens realizadas junta pó nas prateleiras, sem que ninguém se dê ao trabalho de retirá-las.

São múltiplas as causas dessas distorções.

Nas consultas-relâmpago em ambulatórios do serviço público e dos convênios, os médicos se defendem pedindo exames, que poderiam ser evitados caso dispusessem de mais tempo para ouvir as queixas, o histórico da doença e examinar os pacientes.

Para solicitar ultrassom ou tomografia para alguém que se queixa de dores abdominais, basta preencher o pedido. Dá menos trabalho do que avaliar as características e a intensidade da dor, os fatores de melhora e piora, e palpar o abdômen com atenção.

O sús e a Saúde Suplementar estão diante do mesmo desafio: como reduzir os custos. Sem fazê-lo, ambos os sistemas se tornarão inviáveis, antes do que imaginamos.

Como regra, o paciente sai da consulta confiante de que as ­imagens revelarão o que se passa no interior de seu organismo, com muito mais precisão do que o médico seria capaz de fazê-lo.

O problema é que, muitas vezes, o exame será marcado para semanas ou meses mais tarde, porque os serviços de imagem ficam ­sobrecarregados com o excesso de demanda. A demora prejudicará, sobretudo, aqueles em que há urgência para chegar ao diagnóstico, ­deixados para trás pela enxurrada de pedidos desnecessários.

VARELLA, Drauzio. Desperdício nababesco. Drauzio, [sem local], 29 novembro 2016 [atualização 21 outubro 2021]. Disponível em: https://oeds.link/OuqeMa. Acesso em: 5 março 2022.

  1. Explique, com suas palavras, a tese do texto.
  2. Qual é a contribuição da palavra nababesco para a fôrça dessa tese?
  3. Por que as frases ouvidas dos pacientes podem ser consideradas argumentos nesse contexto?
  4. Explique a estratégia usada no terceiro parágrafo para confirmar a validade da tese.
  5. Para desenvolver a argumentação, o produtor do texto, no sexto parágrafo transcrito, cria uma relação de causa e consequência. Escreva um período para explicitar essa relação e articule suas partes com o conector uma vez que.

Lembra?

A tese é a formulação que resume o ponto de vista defendido pelo autor.

Biblioteca cultural

Preocupado com saúde pública, o médico oncologista Drauzio Varella publica periodicamente artigos que ajudam os leigos a aprender como podem ter uma vida saudável. Para conhecer mais alguns de seus artigos, acesse o site Drauzio. Disponível em: https://oeds.link/9DUWOr. Acesso em: 11 abril 2022.

Respostas e comentários

6a. O articulista defende a ideia de que grande parte dos exames realizados no Brasil é desnecessária.

6b. Como nababesco indica algo extremamente custoso, reforça a dimensão do desperdício e, com isso, enfatiza a crítica.

6c. As frases provam que os pacientes exigem exames apenas porque têm direito a eles, evidenciando a falta de utilidade de muitos deles.

6d. O autor cita dados numéricos que confirmam a tese.

6e. Sugestão: Os médicos pedem muitos exames, uma vez que não têm tempo ou interesse em analisar o paciente para fazer um diagnóstico.

Orientações didáticas

Questão 6e – Peça aos estudantes que mencionem outros conectores com valor semântico equivalente. Depois, sugira que empreguem logo e veja se fizeram a alteração na ordem das orações respeitando o valor conclusivo dessa conjunção.

Falando sobre a NOSSA LÍNGUA

Adequação e preconceito linguístico

A carta aberta reproduzida neste capítulo conta com uma ­linguagem monitorada. O gênero prevê uma comunicação formal, com vocabulário preciso, construções sintáticas mais complexas e maior consideração das fórmas previstas na norma-padrão. Essa adequação da linguagem ao contexto de produção e de circulação do texto é o assunto da seção.

COMEÇANDO A INVESTIGAÇÃO

Releia um trecho da carta aberta assinada pelas mães lactantes de Salvador e responda às perguntas.

Salientamos que a autonomia dos Estados e Municípios em relação às diretrizes do Pê ene ih permite que se façam adaptações locais e inclusão de novos públicos, a depender das peculiaridades e gestão de políticas públicas locais. O Ministério da Saúde inclusive já se pronunciou no sentido de que Estados e Municípios dispõem de autonomia para organizar e montar o seu próprio esquema de vacinação, bem como dar vazão à fila de acordo com as características de sua população, demandas específicas de cada região e doses disponibilizadas. O que, inclusive foi adotado em nosso Estado, com a contemplação de categorias que inicialmente não constavam expressamente no Pê ene ih do ême ésse.

Em razão deste contexto, requeremos que todo este equívoco seja sanado com a necessária inclusão de todas as mulheres lactantes, com e sem comorbidades, no chamamento para vacinação contra a Covid-19, juntamente com as gestantes e puérperas, observada a ordem definida pela Comissão Intergestores Bipartite da Bahia – síbi, nos artigos da Resolução 077-2021.

  1. Cite palavras ou trechos que evidenciem o uso de linguagem formal.
  2. Analise o segmento “todas as mulheres lactantes” e verifique se há concordância entre os termos. Explique sua resposta.
  3. Considerando o objetivo da carta e a quem ela se destina, que tipo de consequência haveria se ela apresentasse linguagem informal?

No capítulo anterior, você estudou fatores sociais que determinam a variação da língua. Além das questões relativas às particularidades dos falantes, é importante considerar a situação de comunicação em que eles estão inseridos.

O assunto, o objetivo, o interlocutor e o lugar em que ocorre a interação são alguns dos fatores que podem determinar diferenças no uso da língua.

Respostas e comentários

1. Sugestão: O emprego dos verbos salientar, dispor, requerer e de expressões como dar vazão e a depender ilustram o emprego de um discurso monitorado.

2. Em “todas as mulheres lactantes”, o pronome todas, o artigo as e o adjetivo lactantes concordam com o substantivo mulheres, que está no plural.

3. A carta manifesta uma reivindicação coletiva e é destinada a autoridades públicas. Se contivesse marcas de informalidade, ela perderia credibilidade em razão da quebra de seriedade exigida nesse tipo de comunicação.

Falando sobre a nossa língua

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 6, 7 e 9.

cê e éle : 1, 2, 4 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê um nove e ê éfe seis nove éle pê cinco cinco.

Tópicos trabalhados na parte de linguagem deste capítulo

  • Adequação da linguagem à situação de comunicação.
  • Preconceito linguístico.

Orientações didáticas

A reflexão sobre os níveis de linguagem e o combate ao preconceito linguístico iniciaram-se no volume do 6º ano, quando os conceitos foram apresentados e discutidos nas atividades, e tiveram continuidade nos anos seguintes. Toda a abordagem da língua e dos gêneros textuais considerou essa dimensão. Neste capítulo, o objetivo é ampliar a proficiência dos estudantes na enunciação dos fenômenos que observa.

Veja, nesta sequência de imagens, alguns usos da língua em ­situações do dia a dia.

Composição de ilustrações. Sequência da rotina diária de uma mulher negra com um filho. 6h30 Saindo de casa com o filho. Ele está com a mochila nas costas. Ela pergunta: FILHO, CADÊ A MAÇÃ: COLOCOU ELA NA MOCHILA? 6h45 Ela embarca o filho no transporte escolar e cumprimenta o motorista: BOM DIA, SEU ZÉ! TUDO NA PAZ? Outras crianças já estão sentadas. Situações mais informais aceitam uma linguagem menos monitorada. Expressões coloquiais são comuns. 9h Ela é dentista e está em seu consultório, toda paramentada, atendendo um paciente. Com um instrumento nas mãos ela diz: VICTOR, NÃO SEJA NEGLIGENTE COM A ESCOVAÇÃO! TODOS OS DENTES PRECISAM SER LIMPOS. Certas situações, como aquelas que envolvem o trabalho, exigem um comportamento linguístico mais refletido.
Respostas e comentários

Biblioteca do professor

Banho, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

É frequente a referência aos estudos do linguista Marcos Banho quando se pretende discutir a educação linguística. Destacamos as páginas iniciais do capítulo “Errei, sim: a hipercorreção e suas consequências”, em que Banho discute o papel da escola, considerando sua ação em uma zona que considera tanto a posição dos especialistas, para quem não existe erro, quanto a tendência da sociedade a combater aquilo que vê como erro.

Continuação, composição de ilustrações. Sequência da rotina diária de uma mulher negra com um filho. 12h30 almoçando com uma amiga. Ela diz: OBA! AQUI TEM O DOCE QUE EU GOSTO. ME PASSA O CARDÁPIO POR FAVOR! Situações informais são marcadas por um uso descontraído da língua, em que nem sempre se observam as normas de regência, as frases são mais simples, entre outros exemplos. 19h A mulher está apresentando em um seminário. Ela diz para a plateia: O BRUXISMO É UMA DESORDEM FUNCIONAL QUE SE CARACTERIZA PELO APERTAR E RANGER DOS DENTES DURANTE O SONO. A PRESSÃO OCASIONA UM SEVERO DESGASTE. Situações muito formais exigem maior monitoramento. Há mais atenção às marcas de número (singular e plural) e a estrutura das frases e o vocabulário são mais complexos. 21h Ela está em casa, assistindo televisão com o filho. Ela comenta: CARAMBA! TÁ IMPEDIDO! CADÊ ESSE JUIZÃO RUINZÃO?! Também as emoções interferem na linguagem que usamos. Elas podem determinar, por exemplo, a escolha do diminutivo para expressar afeto, ou ganhar termos mais grosseiros quando expressamos nossa insatisfação.

Adequação da linguagem à situação de comunicação

Usamos a língua de modo diferente em cada situação de comunicação. Em situações mais cerimoniosas, como uma aula universitária ou um noticiário de tê vê, empregamos a linguagem formal, em que há um alto monitoramento do discurso. Os falantes se preocupam, por exemplo, em garantir que o sujeito e o verbo concordem. Já situações mais descontraídas, como bate-papos ou debates esportivos, permitem o uso da linguagem informal, que pode estar marcada por gírias e palavras de uso mais comum, nem sempre precisas. Nesse tipo de comunicação, há variação no grau de monitoramento do discurso, que pode se revelar menos ou mais atento a mecanismos como a concordância verbal, por exemplo.

O emprego desses níveis de linguagem é flexível; ele depende do ­contexto e do objetivo do falante. Um político pode, por exemplo, preferir o uso da linguagem informal em um discurso para se aproximar do eleitor. Além disso, há graus de formalidade, que vão de nada formal a muito formal.

Um falante competente é quem consegue transitar entre esses níveis de linguagem, reconhecendo o que é adequado a cada situação de ­comunicação. Para isso, precisa se apropriar das fórmas usadas nas chamadas ­variedades urbanas de prestígio. Elas estão associadas, em geral, aos moradores dos grandes centros urbanos, com maior letramento, com acesso a mais ­atividades educacionais, culturais e científicas e atuam com atividades profissionais ­prestigiadas socialmente.

O modo de falar desse grupo também varia conforme as situações de comunicação, como vimos nas ilustrações das páginas 71 e 72. Apesar disso, observa-se que, em geral, as variedades urbanas de prestígio estão mais próximas da chamada norma-padrão, o modelo de uso da língua descrito nas gramáticas. Nenhum falante – ­mesmo aquele que é muito culto – obedece à ­norma-padrão todo o tempo, mas essa norma é uma referência.

Ilustração. Moça conversando com duas pessoas ao mesmo tempo. Ela está no meio. À esquerda um rapaz de roupa social e a direita um senhor de bigode e chapéu. Ela movimenta a cabeça para falar com os dois.

Preconceito linguístico

A compreensão de que a língua varia leva, necessariamente, ao reconhecimento de que não há uma língua “correta” ou “bonita”. Todas as variações são legítimas porque servem ao propósito da língua: permitir a comunicação entre os indivíduos. Assim, o preconceito contra algumas variedades, como aquelas usadas por pessoas com pouca escolaridade, revela um equívoco no entendimento do funcionamento da língua.

Apesar disso, não é correto concluir que esses falares são bem-vindos em todas as situações de comunicação. Uma das mais importantes funções da escola é justamente a de aproximar os estudantes das variedades urbanas de prestígio para que eles possam adquirir progressivamente novos hábitos linguísticos, que lhes permitirão participar de todas as atividades culturais, científicas e profissionais disponíveis, inclusive aquelas que exigem a produção ou a compreensão de gêneros mais monitorados.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Verifique se os estudantes compreendem a noção de prestígio atribuída a determinadas variedades. Aplicada de modo equivocado, essa noção pode levar à ideia de superioridade de um grupo social em detrimento de outro, ou seja, ao preconceito. Evidencie que o termo indica, nesse contexto, variedades esperadas em situações de comunicação que exigem certa formalidade.

Biblioteca do professor

Banho, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Parábola, 2015.

Para aprofundar a reflexão sobre o tema, sugerimos a leitura dessa obra. Nela, o autor discute as implicações sociais da língua e propõe uma educação em língua materna mais democrática e coerente.

INVESTIGANDO MAIS

1. Você vai ler um trecho da transcrição de uma conversa durante o programa de tê vê Papo de Segunda, exibido pelo canal gê êne tê. Após a leitura, responda às questões.

Fotografia. Cinco homens em um programa de televisão. Estão sentados em poltronas, uma ao lado da outra, formando um meio círculo. Ao fundo, cenário com quadradinhos coloridos. No centro, a frente deles, uma mesa circular com canecas em cima.
Da esquerda para a direita: o filósofo Francisco Bosco, o ator e publicitário Vicente de Castro, o escritor Geovani Martins, o rapper Emicida e o apresentador Fábio pôrchá.

Emicida: A intelectualidade ela é um conceito que foi sequestrado e aí colocaram na porta desse lugar onde ela tá trancada a língua, sacou? Várias pessoas que não têm acesso à norma culta, que são talvez a maioria das pessoas no país, tá ligado?, elas são diminuídas por não ter acesso a esse tipo dereticências de conhecimento, tá ligado? E eu acho quereticências você falou uma parada muito louca no começo que é de como a gente corrige alguém que tá falando errado: se a gentereticências éreticências corrige elareticênciassereticências agora eu já até me perdi do que eu ia falar, mas tá firmãoreticências se a gente corrige ela, se é educado ou se isso é um preconceito, a gente precisa fazer isso ou se é um preconceito. Éreticências eu acho que a gente temreticências a bondade de fazer isso, tá ligado?, mas tem uma parada muito bacana que é a maneira como você faz, de você mostrar isso não querendo humilhar aquela pessoa.

pôrchá: Não querer se mostrar superior porque eu sei como é o correto.

Emicida: É, porque nem todo mundo tem acesso a essa norma culta, sabe? O que eu acho mais interessante de uma escrita que nem a dele [em referência ao escritor Geovani Martins] é porque ela traz todo um universo junto com ela, sabe? E me choca muito que o Brasil quando olha pra esse universo, tá ligado?, isso me deixa triste porque esse é um universo que todos nós em alguma instância tem contato com ele na rua, então quão distante você tá e quão você considera esse ­Brasil um Brasil maldito a ponto de olhar pra o momento que ele escreve com uma linguagem coloquial você dizer que isso é errado e você às vezes nem mergulhou no conteúdo do que ele tá falando.

Biblioteca cultural

O sol na cabeça, primeiro livro do escritor Geovani Martins, foi lançado em 2018 e reúne contos sobre a vivência de diversos personagens na periferia. Sua linguagem é marcada por traços de oralidade, respeitando os falares de seus personagens. Para conhecer um pouco mais sobre esse escritor carioca, veja a entrevista que concedeu ao programa Conexão, no Canal Futura, disponível em: https://oeds.link/HeNiBm. Acesso em: 5 março 2022.

Fala aí!

Para você, um texto literário só é bom se empregar um discurso mais próximo da norma-padrão? Por quê?

Respostas e comentários

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Investigando mais – Questões 1 a 5 – As questões podem ser resolvidas com a leitura dos trechos transcritos e a observação das imagens. Se for possível exibir o vídeo, explore também outros aspectos da interação. Apresente o vídeo integralmente uma vez e, em seguida, reapresente-o, interrompendo para fazer perguntas.

Entre os trechos 1 minuto 3 segundos e 1 minuto 13 segundos, além de usar palavras, como Emicida expressa o conteúdo nesse trecho? Os estudantes devem observar que a ideia de choque ou surpresa é expressa pelo movimento das mãos, que sugere afastamento, e pela abertura dos olhos.

Fala aí! – Espera-se que os estudantes recorram aos conceitos de preconceito linguístico e de adequação linguística, este especialmente útil para discutir a coerência entre as características dos personagens e a linguagem que empregam. Pergunte se eles têm lido textos literários que empregam linguagem informal ou discurso menos monitorado e, em caso afirmativo, solicite um comentário pessoal sobre a obra. Procure associar o que o estudante expõe aos conceitos em estudo e valorize a dedicação à leitura literária. Vale a pena também trazer para a discussão exemplos de obras literárias de valor estético que não seguem a norma-padrão à risca, como a poesia de Patativa do Assaré. Seria interessante, ainda, apresentar um trecho de um conto de Geovani Martins adequado à faixa etária e trabalhá-lo com alguma profundidade, explorando seus recursos e, assim, acessar o conteúdo de que fala Emicida.

Francisco Bosco: Acho muito importante isso que o Emicida tá falando porque a noção de certo e errado no que diz respeito ao uso da língua ela nasce com a própria ideia de gramática. “Gramática”, lá vou eu com meu grego [risos]reticências

pôrchá: Que vem do grego gramis! [risos]

Emicida: Que veio do latimreticências

João Vicente: Que é escrever corretamentereticências

Francisco Bosco: Que é grama, que a vaca come. [risos] Grama é “escrita”. Então gramática é o estudo ou a arte de ­escrever. Ora, você pensar a língua a partir da escrita, e não da fala, já é uma decisão cheia de consequências políticas e sociais, porque em vez de você pensar a língua como um organismo vivo, dinâmico, você pensa a língua como um registro escrito e pensemreticências a gramática foi inventada há mais de 2 mil anosreticências pensa o que é que foi o registro escrito nesses séculos todos. Só uma pequena elite social gozava dessereticências

pôrchá: Quem podia saber ler e escreverreticências mulher não podiareticências

Francisco Bosco: reticências então a invenção da gramática já nasce como uma invenção de classe e permanece assim ao longo do tempo.

O PRECONCEITO linguístico. gê êne tê, Papo de Segunda, [sem local], 16 maio 2018. Disponível em: https://oeds.link/eSLieP. Acesso em: 14 março 2022.

  1. Defina, com suas palavras, o tema dessa conversa.
  2. Francisco Bosco valoriza ou minimiza a fala de Emicida? Cite um trecho que explicite seu posicionamento.
  3. Observe, na fotografia, a posição dos participantes da conversa durante a fala de Emicida. O que se pode concluir sobre a interação com base nesta imagem? Explique sua resposta.
  4. Considerando o grau de formalidade da fala, quem é mais formal: Emicida ou Francisco Bosco? Explique.
  5. Essa diferença de formalidade é adequada a essa situação de comunicação? Justifique sua resposta.
  6. Francisco Bosco explica a noção de certo e errado na língua com base na origem da palavra gramática. Como esse dado ­histórico contribui para a discussão?
  7. Ao mobilizar esse dado, Francisco Bosco evidencia o fator que o faz discordar de quem pensa a língua apenas com base na ­gramática tradicional, ou seja, na norma-padrão. Qual é esse fator? Explique sua resposta.
  8. Emicida afirma que a escrita coloquial de Geovani Martins “traz todo um universo junto com ela”. Qual é o risco de se entrar em contato com a obra desse escritor sem abandonar a noção comum de certo e errado?

Fala aí!

A diferença no grau de formalidade nas falas de Emicida e Francisco Bosco interferiu no modo com que você recebeu as ideias deles? Um deles pareceu mais convincente?

Respostas e comentários

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

1a. Sugestão: O tema é o preconceito linguístico.

1b. Bosco valoriza a fala de Emicida, como indica este início de frase: “Acho muito importante isso que o Emicida tá falando”.

1c. Os participantes estão atentos a Emicida, que tem o turno da fala. Seus corpos e cabeças estão voltados para ele, sugerindo atenção.

1d. Francisco Bosco é mais formal. Essa diferença é marcada principalmente pelo uso de gírias, presentes apenas na fala de Emicida.

1e. Sim. Trata-se de uma conversa em um programa de bate-papo, o que permite mais liberdade no registro linguístico utilizado.

1f. Bosco lembra que a gramática, na qual se baseia a noção comum de certo e errado na língua, é norteada, desde sua origem, pelas regras da escrita, o que ajuda a explicar por que tende a ignorar o dinamismo da língua falada.

1g. A exclusão social. Segundo Bosco, a relação da gramática com a escrita privilegia um determinado grupo social, que historicamente teve acesso a essa fórma de registro.

1h. Se alguém considera a escrita coloquial de Geovani Martins errada, possivelmente não vai valorizar a obra nem acessará o universo representado nessa escrita.

Orientações didáticas

Questão 1 – Entre os trechos 1 minuto 40 segundos e 1 minuto 49 segundos: o que justifica a sobreposição de vozes? A disputa de turnos é marcante nessa conversa? Os estudantes devem perceber que a sobreposição ocorreu em um momento de descontração, de brincadeira. A conversa transcorre, predominantemente, sem a disputa de turnos.

Entre os trechos 1 minuto 49 segundos e 2 minuto 50 segundos: como se caracteriza a fala de Francisco Bosco? O ritmo é adequado? As palavras estão bem pronunciadas? A altura da voz possibilita que o texto seja ouvido sem dificuldade? Qual é o efeito dessas características? Use as mesmas questões para retomar o trecho 1 minuto 3 segundos a 1 minuto 13 segundos. Incentive os estudantes a observar que, apesar de usarem registros pessoais diferentes, tanto Emicida quanto Bosco usam ritmo nem acelerado nem monótono; pronunciam as palavras com clareza, e a altura da voz não prejudica o ­entendimento. Essas características favorecem a compreensão daquilo que estão expressando. O objetivo é que, ao observar esses elementos, os estudantes encontrem critérios para avaliar as próprias produções orais.

Fala aí! – Procure ouvir opiniões divergentes para que os argumentos sejam comparados. É possível que, entre as várias manifestações, alguns apontem a informalidade de Emicida como um fator que reduz sua credibilidade; outros poderão reconhecer que o artista se comunica dessa fórma para, intencionalmente, reforçar sua identidade (rapper ligado à cultura da periferia), elemento importante quando se discutem língua e exclusão social. É válido salientar que, se as gírias de Emicida despertam preconceito linguístico, ocorrerá exatamente o que é discutido na conversa: a noção equivocada de “certo” e “errado” na língua vai gerar um bloqueio em relação ao conteúdo da fala, desconsiderando que ela traz importante contribuição para o debate sobre relações sociais e uso da língua.

2. Em uma conversa, gestos, expressões faciais, entre outros recursos não verbais, têm força expressiva e constroem ­significados. Observe as imagens acompanhadas das falas e ­responda às questões.

a) Que informação Emicida está reforçando quando gira sua mão?

Fotografia. Emicida, rapaz negro com o cabelo trançado. Tem olhos pequenos barba grande e usa óculos de armação grande. Ele está com uma das mãos levantadas e os dedos curvos. Ele diz: VÁRIAS PESSOAS QUE NÃO TEM ACESSO À NORMA CULTA, QUE SÃO TALVEZ A MAIORIA DAS PESSOAS NO PAÍS, TÁ LIGADO?, ELAS SÃO DIMINUÍDAS.

b) O que explica a expressão facial de Emicida?

Fotografia. Emicida sorridente, com as mãos para frente e a perna cruzada. Ele fala: AGORA EU JÁ ATÉ ME PERDI DO QUE EU IA FALAR, MAS TÁ FIRMÃO...

c) Com que ideia o giro aber­to das mãos de Bosco se relaciona? Qual é sua função nes­se ponto da argumentação?

Fotografia. Francisco Bosco, homem de cabelo curto e barba grisalhos. Está gesticulando com as duas mãos a frente do corpo. Ele diz: ... EM VEZ DE VOCÊ PENSAR A LÍNGUA COMO UM ORGANISMO VIVO, DINÂMICO...

d) Enquanto Bosco fala, Geovani Martins movimenta a cabeça de cima para baixo, várias vezes. O que esse movimento significa? Qual é sua importância para a interação?

Fotografia. Geovani Martins, homem branco de cabelo cacheado comprido. Tem olhos e lábios pequenos. Usa cavanhaque.

Lembra?

Em conversações, o texto é construído coletivamente. Mesmo quando não fala, o interlocutor contribui com suas reações para determinar a progressão do texto.

Respostas e comentários

2a. A informação de quantidade expressa por várias pessoas. Ao girar a mão, o artista sugere grande número, abrangência.

2b. O artista sorri, divertindo-se com a ideia de que perdeu a linha do raciocínio.

2c. O giro aberto das mãos se relaciona a organismo vivo, dinâmico. Salientar a ideia de dinamismo.

2d. O movimento indica concordância e é importante para marcar, mesmo sem a fala, o ponto de vista do interlocutor, aspecto que também contribui para a construção do texto.

Orientações didáticas

Lembra? – Comente com os estudantes que, se Geovani Martins indicasse dúvida, por exemplo, Bosco provavelmente retomaria o que havia dito para explicar de modo mais detalhado ou assertivo sua ideia.

3. Leia o trecho de uma crônica protagonizada pela personagem Malu, de Thalita Rebouças, e responda às questões.

— Gosta de baleia? — quis saber ele.

— Nunca parei pra pensar nisso, mas acho que gostoreticências

Acha que gosta? Acha? Fala sério! Baleia é demais! Aquele bicho gordo, de nado manso, mamife dos mar. Meus amigo tudo são louco por baleia.

Para! Para tudo! Mamife? Ele disse mamife dos mar em vez de mamífero dos mares! Meu Deus do céu! Sujeito bonitinho era um sujeito burrinho! Meus amigo tudo? Que é que é isso? E o cara estava na faculdade! Como essa pessoa passou pra faculdade? Pra onde caminha a humanidade?

— Ih, olha aí, coisa linda. Olha quem tá chegano! É a minha sogrinha. E tá com a minha cunhadinha — disse, assim que viu mamãe e Malena se aproximarem da mesa. E falou chegano, mesmo. Não é erro de digitação!

REBOUÇAS, Thalita. Fala sério, amor! Rio de Janeiro: rôco Digital, 2012.

  1. A situação comunicativa é formal ou informal? Explique.
  2. A fala do interlocutor da narradora apresenta desvios em relação à norma-padrão. Aponte os mais evidentes.
  3. A narradora tolera esses desvios nessa situação comunicativa? Que relação ela estabelece entre eles e a imagem desse interlocutor?
  4. Que característica do interlocutor é levada em conta pela narradora ao avaliar o uso que ele faz da língua? Explique.

4. Leia este trecho de notícia sobre um fato ocorrido no Rio de Janeiro.

Fala aí!

Você já ouviu alguém usar construções semelhantes às do personagem da crônica? A imagem que você fez dessa pessoa foi parecida com a que a narra­dora fez do interlocu­tor dela?

Placa com erro ortográfico no Túnel Marcello Alencar será trocada na noite desta quinta

Na inauguração da segunda galeria do Túnel Prefeito Marcello Alencar, no sentido Parque do Flamengo e Rodoviária, nesta quinta-feira, um detalhe na placa, logo na entrada, chamou a atenção: “Extenção: 3 394 métros”. A palavra escrita de fórma errada – o correto é extensão – não passou despercebida. Segundo a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (cêdurpi), a responsabilidade pelo erro ortográfico é da Concessionária Porto Novo. A cêdurpi informou também que a placa será trocada na noite desta quinta, já que a via precisa ser fechada para a troca. Assim que o erro foi constatado, a Porto Novo foi notificada.

Fotografia. Homens em cima de um viaduto. Estão olhando para baixo, na direção de carros entrando no túnel. Acima da entrada para o túnel, vê-se uma placa azul e branca. A placa exibe o logotipo da Prefeitura do Rio de Janeiro, e o texto: Túnel Prefeito Marcello Alencar. Extensão: 3.394 metros. A palavra "extensão" está grafada com cê cedilha.
Foto de 2016.

GUERRA, Rayanderson. Placa com erro ortográfico no Túnel Marcello Alencar será trocada na noite desta quinta. Extra, [sem local], 21 julho 2016. Disponível em: https://oeds.link/yrjk0k. Acesso em: 5 março 2022.

Respostas e comentários

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

3a. Informal. Trata-se de um bate-papo em que são discutidas amenidades, como o gosto por baleias, por exemplo.

3b. Mamife dos mar, meus amigo, chegano.

3c. A narradora não tolera esses desvios. Para ela, o interlocutor, ao apresentar esses desvios na fala, demonstra ser burrinho.

3d. A característica de ser um estudante universitário, que, para ela, deveria garantir um uso da língua isento desse tipo de desvio.

Orientações didáticas

Fala aí! – Incentive os estudantes a comentar casos livremente e os ajude a analisá-los, retomando conceitos como adequação linguística e preconceito linguístico. Vale perguntar se eles acreditam que um falante que comete esses desvios em uma conversa informal fará o mesmo em uma situação formal, como um seminário na universidade, ou, ainda, se a narradora também não apresenta desvios como esses em outras situações. Faça-os, também, refletir sobre a construção da imagem de falantes mais ou menos competentes comparando o personagem que aparece nesse texto com Emicida, artista cuja fala foi analisada na primeira atividade. Eles podem pensar sobre o uso da língua como um fator de identidade, evidente no caso de Emicida; discutir o uso dela em situações que envolvem menor ou maior intimidade entre os falantes; e, ainda, refletir sobre o papel da escola.

  1. É correto concluir que o erro na placa preocupou os responsáveis pela obra? Justifique sua resposta.
  2. Considerando seus estudos sobre o uso da língua, você diria que a troca imediata da placa era realmente necessária? Por quê?
  3. Releia o trecho “A palavra escrita de fórma errada – o correto é extensão – não passou despercebida”. Qual é o provável motivo para a inclusão do trecho entre travessões?

5. Leia este meme.

Meme. Fotografia de cachorro de pelo curto e claro, está sentado no sofá, usando um roupão, com o controle remoto no colo e comendo pipoca. No canto superior esquerdo da foto a frase: NÃO VEJO A HORA DE CHEGAR EM CASA, SÓ PARA FICAR ASSIM.

Meme criado pelos autores especialmente para esta obra.

  1. Que relação existe entre o texto verbal e os recursos visuais?
  2. Os memes, em geral, provocam um efeito de humor. Como a ­imagem contribui para isso?
  3. A construção chegar em casa não é validada pela norma-padrão; a fórma prevista por ela é chegar a casa. Esse uso seria esperado nessa situação comunicativa? Por quê?
  4. Suponha que você fosse um estudioso da língua, que conselho daria a quem deseja empregar o verbo chegar acompanhado por casa?
  5. Observe, agora, estes dois títulos de notícias.

Seleção de softbol da Austrália é a primeira a chegar no Japão para as Olimpíadas

gê é, 1º junho 2021. Disponível em: https://oeds.link/bTs0Lo. Acesso em: 5 março 2022.

Ana Sátila se torna a primeira atleta do Brasil a chegar ao Japão para as Olimpíadas

GAZETA ESPORTIVA, 5 julho 2021. Disponível em: https://oeds.link/S8cpTT. Acesso em: 5 março 2022.

Considerando a situação comunicativa, é correto dizer que ­apenas um dos títulos está adequado? Por quê?

Dica de professor

Para avaliar a adequação do nível de linguagem, observe o contexto da comunicação: quem são os interlocutores? O assunto é mais sério ou menos sério? Em que lugar se comunicam? Qual é a finalidade da comunicação?

Respostas e comentários

4a. Sim, é correto, como mostra a notificação imediata e a promessa de substituição naquela mesma noite.

4b. Espera-se uma resposta afirmativa. Os estudantes devem reconhecer que uma comunicação oficial deve resultar de um uso atento, monitorado, da língua.

4c. Provavelmente, o produtor do texto temia que alguns leitores não conhecessem a grafia correta da palavra extensão.

5a. O texto verbal sugere o desejo intenso de ir para casa, e a imagem evidencia o motivo: momentos de folga e atividades prazerosas, como assistir a um programa de tê vê comendo pipoca.

5b. A imagem mostra o cachorro em uma situação que simula um comportamento humano. Por sua posição, ele parece realmente estar usando o contrôle remoto, olhando a tê vê e pegando a pipoca. O roupão rosa, por sua vez, reforça a ideia de folga.

5c. Não. Trata-se de um texto ligado a uma situação corriqueira e íntima, portanto que não exige monitoramento.

5d. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

5e. Sim. Como se trata de um título de notícia, há expectativa de uso da regência prevista pela norma-padrão, o que só ocorre no segundo caso.

Orientações didáticas

Diante da impossibilidade de confirmar a autoria da maioria dos memes e solicitar autorização de uso, criamos este especificamente para fins didáticos.

Questão 5c – Caso os estudantes perguntem, comente que não é empregado o acento grave – indicador de crase – no a antes de casa quando a palavra não está especificada: Cheguei a casa. Cheguei à casa de minha avó.

Questão 5d – Veja se os estudantes entendem que a construção chegar em casa já está generalizada, não sendo um desvio da norma-padrão que provoque uma reação negativa. Eles podem também pensar em alternativas: dizer chegar a minha casa, por exemplo, torna a construção menos estranha aos falantes.

Preparando o TERRENO

O que a comunidade tem a nos dizer?

Este é o momento de descobrir como anda a saúde da sua comu­nidade. Para isso, vocês farão uma enquete.

Etapa 1 O planejamento da enquete

Nesta etapa, a turma deverá planejar as perguntas da enquete. O objetivo é descobrir os principais problemas da área da saúde em sua comunidade. Estamos abordando saúde, neste caso, em sentido amplo, ou seja, não só problemas de acesso à saúde básica (como ­dificuldade para conseguir determinada vacina, por exemplo) mas também de ­saneamento básico, coleta de lixo, poluição (sonora, visual, do ar), entre outros que podem acarretar doenças e mal-estar.

  1. Pensem em possíveis problemas de saúde em sua comunidade. Como moradores, vocês podem já ter identificado alguns deles, mas, para uma abordagem mais precisa, ouça o que líderes comunitários e agentes de saúde têm a dizer sobre isso. Por estarem em contato direto com a ­população local, essas pessoas possivelmente saberão apontar as principais queixas da comunidade em relação à saúde. Para entrevistar o agente de saúde, ­entrem em contato com alguma ­unidade ­básica de saúde da ­comunidade, e, para entrevistar algum agente ­comunitário, procurem saber se há associações comunitárias locais. Levantados os ­problemas, selecionem três que se ­repitam nas falas do agente de saúde e do líder comunitário ou que foram apre­sentados com ênfase por um deles.
  2. Incluam na formulação da pergunta básica da enquete os ­problemas levantados na seção anterior e também a opção “outro”, pois, como o grupo de entrevistados será maior, pode haver algum problema importante para a comunidade que eventu­almente seja desconhecido pelas pessoas consultadas na etapa anterior. Desse modo, a pergunta será: Para você, qual o principal problema de saúde desta comunidade: x, y, z ou outro?. Será preciso também elaborar outra pergunta para que o entrevistado que ­responder “outro” possa especificar o problema: Se você ­respondeu outro”, qual é esse problema?.
Ilustração. Menino de uniforme, em pé, com uma prancheta e um lápis nas mãos. Ele está pensativo. Dentro do balão de pensamento dele um ponto de interrogação.

É lógico!

Nesta atividade, vocês precisam resolver um problema: identificar a principal queixa da comunidade em relação à saúde. ­Observe que ele está decomposto em etapas, que facilitam sua ­resolução.

Respostas e comentários

Preparando o terreno

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2 e 4.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 5, 6 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê um quatro, ê éfe seis nove éle pê dois cinco, ê éfe oito nove éle pê um três, ê éfe oito nove éle pê dois um e ê éfe oito nove éle pê dois quatro.

Orientações didáticas

Uma das metas do volume do 9º ano é criar situações que permitam ao adolescente ampliar sua área de atuação, o que deve contribuir para a “descentração” e para o desenvolvimento da autonomia. Para isso, nesta seção e na seção Nossa carta aberta na prática, um projeto de intervenção social será proposto e orientado. Você ficará na retaguarda para que os estudantes tenham, de fato, de gerenciar o trabalho coletivo, o que colabora para o desenvolvimento da cê gê 9 e da cê gê 10, relativas ao exercício da cooperação, à responsabilidade e à resiliência.

Os estudantes devem produzir uma carta aberta cobrando a solução para um problema da área de saúde que efetivamente interfere no bem-estar da comunidade e que foi identificado com base no resultado de uma pesquisa. Para isso, farão inicialmente uma enquete com metodologia que lhes permita, dentro do possível, abarcar vários segmentos da comunidade, de modo a identificar um problema geral. Em seguida, eles deverão pesquisar em documentos e outras fontes confiáveis dados e argumentos que embasem a carta aberta, por meio da qual reivindicarão providências contra o problema de saúde detectado na comunidade. Trata-se de uma atividade que estimula o protagonismo e o desejo de envolvimento contínuo nas questões de interesse público e coletivo.

Esse projeto envolve algumas etapas. Será preciso montar um planejamento considerando o tempo necessário para reuniões e atividades durante as aulas.

Para isso, sugerimos que as tarefas sejam distribuídas entre grupos: dois grupos maiores ficam encarregados de realizar as etapas 1 e 2, e um grupo menor se responsabiliza pela etapa 3. Nessa estratégia, o planejamento das etapas de trabalho deve ser feito por todos (pode-se escolher uma liderança ou favorecer que ela surja espontaneamente); as ações serão efetivadas por grupos menores e comunicadas aos demais para que o trabalho progrida. Observe a ação dos estudantes e interfira apenas se alguma condição inviabilizar o trabalho. Observe e registre boas estratégias de trabalho em equipe e ações menos eficientes para comentar no final do processo.

Caso mais de uma turma esteja fazendo a atividade simultaneamente, combine com os grupos uma fórma de identificar os trabalhos quando forem entrevistar os moradores da comunidade.

Etapa 2 Preparação e aplicação da enquete

Nesta etapa, vocês devem planejar a aplicação da enquete. É ­preciso abranger um contingente variado de moradores da comunidade para que o problema apontado não seja uma reivindicação restrita a ­determinado grupo. Busquem conversar com pessoas de diferentes faixas etárias e estratos sociais.

  1. Elaborem uma estratégia para que a enquete chegue aos diferentes grupos ­definidos. Pode-se entrevistar presencialmente, por telefone ou por plataformas de videoconferências, que podem ser baixadas gratuitamente na internet.
  2. Lembrem-se de que, para obter uma amostragem significativa, a enquete tem de chegar a muitas pessoas e é preciso garantir que não ocorra a repetição dos entrevistados.
  3. Com as perguntas prontas e a estratégia de ­abordagem definida, iniciem a coleta de dados, considerando o prazo definido.

Fala aí!

O jornalismo também é uma fórma de participação social. Muitos jornais e revistas publicam cartas de leitores e artigos de opinião. Alguns incluem notícias e reportagens produzidas por leitores, as quais podem chamar a atenção para uma causa que interesse à comunidade. Você tem vontade de atuar como jornalista aprendiz para tratar das questões da ­comunidade?

Etapa 3 Compilação e análise das informações

Neste passo, vocês devem analisar o conjunto de dados obtidos. ­Inicialmente, quantifiquem o número de entrevistados e de respostas para cada um dos ­problemas de saúde apresentados. Caso, na opção “outro”, um problema tenha sido mais apontado do que os três nomeados na pergunta, ele deve substituir o menos citado entre os três.

  1. Preparem um gráfico de setores (também conhecido como gráfico de pítsa ) com os dados coletados, indicando a porcentagem de respostas dos três ­principais problemas levantados e da opção “outro”.
  2. Façam uma rigorosa revisão do material para verificar se não houve algum equívoco no lançamento das informações.
Ilustração. Jovens alunos em pé, ao redor de uma colega que está sentada na frente de um computador. Ela está com as mãos no teclado. Na tela um gráfico em pizza. Alguns deles estão com o dedo levantado.
Respostas e comentários

Fala aí! Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

Orientações didáticas

Etapa 1 – Peça aos estudantes que expliquem como pretendem contactar o líder comunitário e o agente de saúde e oriente a abordagem. Confira se planejam elaborar um roteiro de perguntas e, em caso negativo, sugira isso. Verifique, igualmente, a formulação da pergunta da enquete: ela depende de alternativas definidas e, também, de espaço para acréscimo de alguma situação não prevista.

Etapa 2 – Reforce com os estudantes a importância de ter o material organizado na hora da aplicação da enquete, especialmente se for realizada presencialmente ou por telefone. A precisão dos dados depende de anotações cuidadosas. Combine com a turma uma data para finalizar esta etapa.

Etapa 3 – Acompanhe o processo e, se for preciso, ofereça subsídios para que elaborem o gráfico. Uma sugestão é convidar o professor de Matemática para aproveitar o material, realizando uma proposta interdisciplinar. A ideia de fazer o gráfico apenas com os três principais problemas indicados pelos entrevistados contribuirá para uma abordagem mais focada na elaboração da carta aberta.

Fala aí! – Caso algum estudante responda positivamente, pergunte como o desejo surgiu e se ele pretende ser um jornalista profissional no futuro. Pergunte também se outros têm vontade de seguir profissões voltadas aos interesses coletivos, como ser um assistente social ou ter uma carreira política. Esse bate-papo sobre profissões é importante quando pensamos em um trabalho mais sistematizado com projeto de vida, proposta bastante enfatizada pela Bê êne cê cê, não só do Ensino Médio.

Nossa carta aberta NA PRÁTICA

Vocês vão produzir uma carta aberta destinada a uma autoridade pública local (subprefeito, se houver, ou prefeito). Ela deverá tratar do principal problema de saúde em sua comunidade, identificado na enquete produzida na seção anterior.

A produção será feita em grupos e deverá ter, no máximo, 45 linhas.

MOMENTO DE PRODUZIR

Planejando nossa carta aberta

Leiam as orientações e iniciem o planejamento da carta.

Quadro. Equivalente textual a seguir. Da teoria para a...: As cartas abertas usam tratamento formal, quer se dirijam a autoridades públicas, quer falem com o cidadão comum. ... prática: Vocês se dirigirão a uma ou mais autoridades públicas. Qual é o tom mais adequado para fazer a denúncia e a reivindicação? Vocês preferem cobrar ações ou, de forma mais conciliadora, sugeri-las? Como farão para suas ideias serem efetivamente consideradas? Da teoria para a...: A carta aberta pretende levar o leitor a aceitar a validade do ponto de vista defendido. ... prática: O convencimento será facilitado se o texto tiver uma linha de raciocínio clara. Definam o que vão abordar: como o problema em foco surge na comunidade? Quais prejuízos ele acarreta? Da teoria para a...: As cartas abertas apresentam argumentos, e não opiniões. ... prática: Façam pesquisas que lhes permitam reunir dados numéricos, exemplos, comparações, relações de causa e consequência etc. Da teoria para a...: Como tem circulação pública, a carta aberta torna-se um instrumento de conscientização da população em geral e de pressão sobre os interlocutores de quem se espera uma ação. ... prática: Definam uma estratégia para conseguir a parceria de todos e para garantir que eventuais conquistas não sejam abandonadas com o passar do tempo.

Elaborando nossa carta aberta

  1. Iniciem a carta com os elementos de contextualização: o título, o local, a data e o interlocutor. Mencionem o assunto no título.
  2. Usem os primeiros parágrafos para expor o fato que motivou a escrita da carta, ou seja, o principal problema de saúde na comunidade, apontado pelos entrevistados na enquete. Descrevam brevemente a metodologia usada na coleta de dados.
  3. Explicitem a reivindicação e escrevam mais três ou quatro parágrafos com argumentos que a sustentem.
Respostas e comentários

Nossa carta aberta na prática

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 6, 7, 9 e 10.

cê e éle : 1, 2 e 4.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 5, 6 e 7.

Habilidades: ê éfe seis nove éle pê um oito e ê éfe seis nove éle pê dois dois.

Orientações didáticas

Planejando nossa carta aberta – Use o quadro para retomar com os estudantes as reflexões feitas a respeito do gênero carta aberta. A atividade é uma oportunidade para praticar a produção desse gênero textual, tirar dúvidas e, desse modo, consolidar conhecimentos. Reforce a orientação de pesquisa de informações para sustentar os argumentos. Os estudantes poderão encontrar muitos dados relativos aos efeitos de determinados problemas – como a poluição do ar, por exemplo – para a saúde: comentários de especialistas, situações que sirvam para comparação, dados estatísticos etcétera

  1. Evitem comentários que revelem interesses pessoais; a carta deve defender o bem-estar coletivo.
  2. Reforcem, no encerramento da carta, o pedido feito à autoridade pública ou às autoridades públicas.
  3. Observem se ficou claro a quem a reivindicação se dirige. Usem ­vocativos no interior do texto para reforçar essa identificação. Como o interlocutor é uma autoridade pública, usem o pronome de ­tratamento Vossa Excelência para se dirigir a ele.
Ilustração. Menina sentada à mesa. Ela tem uma caneta na mão. À frente dela, folhas sobre a mesa.
  1. Incluam uma expressão formal de despedida, como Cordialmente ou Atenciosamente, seguida por vírgula, antes da assinatura.
  2. Assinem a carta e identifiquem-se como estudantes. Incluam a ­denominação da turma e o nome da escola.
  3. Releiam o texto e verifiquem se a linguagem é formal, e o tom, ­respeitoso. Mesmo quando faz uma crítica, a carta aberta deve buscar a conciliação entre as partes.
  4. Reforcem o posicionamento empregando palavras e expressões que revelem sua confiança no que está sendo apresentado: realmente, não há dúvida, certamente etcéteraponto
  5. Usem recursos que marquem a relação entre períodos ou parágrafos: primeiramente, desse modo, em conclusão.

Revisando nossa carta aberta

Nessa etapa, é necessário reler atentamente a carta buscando eventuais desvios gramaticais e ortográficos e trechos que possam estar confusos. Além disso, vocês deverão focar na concordância verbal.

Releia um período da petição on-line que reivindicava a vacina para pessoas com síndrome de dáun e acompanhe a análise.

O que está se pedindo é que se cumpra a lei e que sejam considerados os estudos científicos que comprovam essa necessidade.

Acompanhe a análise de duas orações formuladas na voz passiva:

Esquema. Voz passiva sintética: que se cumpra a lei se: partícula apassivadora cumpra: verbo lei: núcleo do sujeito.
Esquema. Voz passiva analítica: que sejam considerados os estudos científicos sejam considerados: verbo estudos: núcleo do sujeito.

Nesses exemplos, há concordância entre os núcleos do sujeito e os verbos. Observe que, se a primeira construção tivesse as leis como sujeito, teríamos: que se cumpram as leis.

Lembra?

Nas construções em voz passiva, o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo. A voz passiva analítica é construída com o verbo auxiliar ser + particípio; a voz passiva sintética, com o verbo, geralmente antes do sujeito, acompanhado pela partícula apassiva­dora se.

Localizem, na carta elaborada por vocês, todas as ocorrências de verbo, identifiquem seu sujeito e verifiquem se estão concordando.

É lógico!

Mesmo que você não tenha se apropriado dos conceitos relativos à voz passiva, pode verificar a concordância comparando o exemplo analisado à sua produção. Você precisará reconhecer padrões, isto é, similaridades entre as construções.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Revisando nossa carta aberta – O tópico voz passiva já foi abordado no 8º ano. Se preciso, revise alguns pontos com os estudantes, com foco na concordância verbal.

MOMENTO DE REESCREVER

Avaliando nossa carta aberta

A avaliação será feita por pares de grupos, que trocarão as cartas abertas entre si e usarão os critérios a seguir para guiar suas observações.

Não se esqueçam de anotar na carta, a lápis, problemas de linguagem ­relativos a ortografia, acentuação, concordância verbal e nominal, vocabulário inadequado etcétera

A

A carta apresenta título, local e data?

B

O título informa o motivo da escrita da carta?

C

A carta é destinada a uma ou mais autoridades públicas locais?

D

O tratamento dado ao(s) interlocutor(es) é respeitoso?

E

O texto informa, com objetividade, a reivindicação dos autores?

F

A carta apresenta argumentos consistentes?

G

O texto apresenta uma conclusão que reforça o pedido?

H

No final do texto há uma despedida formal?

I

O produtor do texto se identifica?

J

A linguagem do texto é adequada à situação de comunicação formal?

K

Houve uma revisão cuidadosa do texto?

Reescrevendo nossa carta aberta

Após os grupos conversarem sobre as cartas abertas, iniciem o processo de reescrita. Considerem as observações de seus colegas e reflitam sobre como aprimorar o texto. Façam, então, uma nova versão.

MOMENTO DE APRESENTAR

Apresentando nossa carta aberta

Em conversa com seus colegas e o professor, escolham uma carta aberta para circular em nome da turma. Com a ajuda do professor, a carta será encaminhada a um veículo de comunicação comunitário (jornal de bairro on-line ou impresso, blog) e também distribuída em órgãos municipais de saúde, como unidades ­básicas ou de pronto-atendimento.

Respostas e comentários

Orientações didáticas

Apresentando nossa carta aberta – Avalie os efeitos da distribuição da carta considerando seu conteúdo e eventuais consequências. A solicitação de intervenção da prefeitura para impedir ou regular determinadas atividades pode criar tensão em algumas comunidades, por exemplo. Converse com seus pares sobre isso e consulte os responsáveis pelos estudantes caso entendam que a divulgação deve ocorrer.

Fora da caixa

Plataformas de participação cidadã

Você sabia que o Estatuto da Juventude assegura ao jovem a participação social e política? Segundo o artigo 4o desta lei federal de 2013, “O jovem tem direito à participação social e política e na formulação, ­execução e avaliação das políticas públicas de juventude”. Entre as ações de ­participação juvenil enumeradas nessa lei, estão “a inclusão dos jovens nos espaços públicos de decisão com direito a voz e voto”. Mais recentemente houve, ­inclusive, discussões para que o Estatuto também garanta ao jovem o acesso à ­informação sobre os mecanismos de participação política, como plebiscitos e referendos. Esta atividade propõe a você conhecer plataformas que ­favorecem o exercício da cidadania.

Biblioteca cultural

O Estatuto da Juventude considera “jovens” as pessoas com idade entre 15 anos e 29 anos. Você pode acessá-lo pela internet.

Etapa 1.

Neste capítulo, você leu uma carta aberta e uma petição on-line. Agora é o momento de conhecer melhor outro meio importante de participação cidadã: a consulta pública. Ela funciona assim: o órgão público disponibiliza por um tempo determinado acesso a projetos de políticas públicas para que o cidadão se manifeste sobre eles. Quando a consulta chega ao fim, o órgão público divulga um relatório com as decisões tomadas sobre o projeto.

O governo federal disponibiliza uma plataforma on-line para isso, chamada Participa + Brasil. Para participar da consulta, basta se cadastrar na ­plataforma, acessar as consultas públicas disponíveis, escolher um projeto em aberto e enviar sua contribuição. Depois, o cidadão recebe, por e-mail, o relatório final sobre o projeto. Que tal conhecer essa plataforma?

Reprodução de página de internet. Na parte superior as informações: gov.br. presidência da República. Participa + Brasil. No canto superior direito, links de acesso rápido e o campo de busca. Abaixo as informações: PARTICIPA + BRASIL. SAIBA ONDE VOCÊ PODE PARTICIPAR.
Reprodução da página inicial da plataforma Participa + Brasil.
Respostas e comentários

Fora da caixa

Bê êne cê cê em foco

cê gê: 1, 2, 4, 5, 6 e 7.

cê e éle : 1, 2, 3, 4 e 5.

cê e éle pê : 1, 2, 3, 5, 6, 7 e 10.

Habilidade: ê éfe oito nove éle pê um oito.

Orientações didáticas

A seção fecha o capítulo com mais uma atividade centrada no campo de atuação na vida pública. Seu objetivo é promover a familiaridade com outras fórmas de participação política (institucionalizadas ou não), de modo a convidar os estudantes a se engajar no debate público e nas questões de interesse coletivo.

Etapa 1 – Sugerimos que os estudantes, em grupos, conheçam a plataforma Participa + Brasil e os projetos abertos para consulta pública. Se houver interesse da turma por elaborar um comentário, você pode organizar uma discussão para levantamento de argumentos, efetuar a escrita coletiva do texto e criar uma conta para enviá-lo.

Biblioteca do professor

O Estatuto da Juventude, completo, está disponível em: https://oeds.link/RKURTz. Acesso em: 5 março 2022.

  1. Por meio de um site de busca, procure e acesse a plataforma Participa + Brasil e confira alguns dos projetos abertos para consulta pública. Se você se interessar por algum deles, clique para saber mais sobre ele, o que é permitido mesmo sem ter uma conta.
  2. Caso tenha se interessado por algum deles e deseje comentá-lo, com a ajuda de seu responsável, crie sua conta na plataforma góvi ponto bê érre (disponível em: https://oeds.link/89NWnq. Acesso em: 28março 2022) e a utilize para acessar o Participa + Brasil. Ao escrever, adote um tom respeitoso e mobilize argumentos para embasar seu comentário, sua ­sugestão ou opinião. Lembre-se de monitorar seu discurso, uma vez que a comunicação ocorre em uma situação formal.

Etapa 2.

Existem, ainda, várias outras fórmas de participação política, inclusive nos âmbitos municipal, comunitário e estudantil. Nesta etapa, você será convidado a refletir sobre algumas delas. Quem sabe se sinta motivado a participar de uma ou mais.

  1. A administração municipal costuma dispor de canais de participação política. São comuns a Ouvidoria Pública e o Portal da Transparência.
    1. Com base apenas nos nomes, como você acha que são esses canais de participação política? Explique.
    2. Após uma breve pesquisa, defina esses canais de participação política. Eles são como você imaginava? Você se sentiu interessado em participar deles? Por quê?
  2. Além dos canais oficiais de participação política, os cidadãos podem organizar-se entre si para defender seus interesses. Um dos meios de atuação política é o chamado coletivo.
    1. Após uma breve pesquisa, defina coletivo.
    2. Agora que você sabe o que é, em sua opinião, como deve ser a atuação de um coletivo para que os interesses defendidos por ele sejam atendidos?
    3. Pesquise alguns exemplos de coletivo e comente um que tenha chamado a sua atenção.
  3. O ambiente escolar também oferece fórmas de participação política aos estudantes.
    1. Você já ouviu falar em grêmio estudantil? Se sim, defina-o com suas palavras.
    2. Você acha importante a escola ter um grêmio? Por quê?
    3. Sua escola tem um? Se sim, como você avalia a atuação dele?
    4. Você já participou de um grêmio ou sente vontade de participar? Por quê?
    5. De que outra fórma os estudantes podem atuar politicamente na escola?
Ilustração. Alunos com folhas nas mãos. Um deles está com o braço levantado. Ao fundo uma placa:  VOTAÇÃO.
Respostas e comentários

1a, 2b, 2c e 3b. Resposta pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

1b. A Ouvidoria Pública é um canal que recebe demandas do cidadão, como reclamações, solicitações e denúncias. O Portal da Transparência é uma ferramenta que permite ao munícipe acessar informações e dados sobre a administração pública, como orçamento e gastos com funcionários ou obras.

A segunda parte da resposta é pessoal. Ver comentário nas Orientações didáticas.

2a. Coletivo é um grupo de pessoas da sociedade civil que se une em prol de uma mesma causa. Seus membros se reúnem e formulam propostas para que seus interesses sejam ouvidos e atendidos pelo poder público.

3a. Sugestão: Trata-se de uma organização discente que discute assuntos importantes para a comunidade escolar.

3c. Resposta pessoal. Cuide para que as possíveis críticas sejam formuladas de modo construtivo e respeitoso.

3d. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a pensar em suas próprias demandas ou sugestões para a escola.

3e. Além do grêmio estudantil, pode-se atuar politicamente como líder ou representante de sala, por exemplo.

Orientações didáticas

Etapa 2 – Os itens 1 e 2 preveem pesquisa de dados. Sugerimos que sejam solicitados como tarefa de casa se os estudantes não tiverem acesso a meios de pesquisa na sala de aula. O item 3 pode ser realizado oralmente e ser antecipado, se conveniente.

Questão 1a – É importante que os estudantes justifiquem suas hipóteses. Ressalte a presença, nos nomes, de termos como pública e transparência, que remetem às noções de coletividade e de acesso de todos a informações importantes.

Questão 1b – Promova um momento de socialização das respostas, de modo que todos tenham oportunidade de expressar suas ideias a respeito da participação política.

Questão 2b – Espera-se que os estudantes reconheçam que o coletivo deve definir com precisão suas reivindicações e entender como funcionam as políticas públicas para que suas propostas não caiam no vazio.

Questão 2c – Se necessário, apresente aos estudantes alguns coletivos, como o Margem Cultural, que promove oficinas musicais em escolas públicas na cidade de Campinas (São Paulo), valorizando a arte e a cultura periféricas, e o Coletivo Diálogos Insubmissos, voltado ao mapeamento e à divulgação da literatura feita por mulheres negras e nordestinas. Para conhecer melhor esses coletivos, visite: https://oeds.link/Td0GgI e https://oeds.link/X58h0I. Acessos em: 5 março 2022.

Questão 3b – Verifique se os estudantes, ao responder, levam em consideração questões como interesses coletivos e representatividade. Estimule-os a falar sobre o tema para verificar se conhecem, de fato, o papel do grêmio.

Biblioteca do professor

Oficina legislativa. Disponível em: https://oeds.link/I8IA0S. Acesso em: 14 abril 2022.

O site do Senado Federal disponibiliza uma oficina legislativa voltada a estudantes de 12 anos ou mais. Ela tem por objetivos debater problemas que afetam a população e incentivar os jovens a propor ideias e a levá-las adiante por meio de cadastro no portal e-Cidadania. Dividida em cinco aulas, ela apresenta os poderes da república e explica o processo de criação de leis. Aplicar a oficina pode ser produtivo para aprofundar o assunto atuação política, que norteia essa atividade.

Glossário

Lactantes
: pessoas que amamentam.
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Puérperas
: pessoas que deram à luz há pouco tempo e cujo corpo, por isso, está em processo de recuperação das condições pós-gestação.
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Bipartite
: formado por duas partes (nesse caso, uma das partes é o governo estadual da Bahia e a outra é constituída pelos gestores municipais desse estado).
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Lactente
: criança que mama.
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Preconize
: recomende.
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Endossado
: apoiado.
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Alocação
: destinação de algo a um fim específico.
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Comorbidades
: ocorrência de duas ou mais doenças simultâneas em um paciente.
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Em trâmite
: em andamento.
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JAMA
: Importante revista publicada pela com estudos na área da bio­medicina.
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Anticorpos IgA e IgG
: Os anticorpos í gê á são produzidos na fase inicial de uma infecção. Os anticorpos í gê gê são produzidos em etapa posterior. Eles indicam que a pessoa contraiu a doença no passado ​e permanecem por um período protegendo o organismo de uma nova infecção pelo mesmo patógeno.
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Nababesco
: extremamente custoso, ostentoso.
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