CAPÍTULO 8 

Lugares da infância – lugares de poesia

Texto 1

Obra de arte. Pintura em tela na horizontal. Fundo em cor bege com azul na parte superior, com formas abstratas que se assemelham a pessoas e diferentes atividades e animais de várias cores espalhadas. Predominam tons de vermelho, branco, azul, verde e amarelo. Há algumas linhas finas na vertical, com partes pequenas de cor verde-claro e amarelo.
BARROS, Martha. Oficinaglossário de transfazerglossário natureza. 2016. Acrílica sobre tela, 130 centímetros por 70 centímetros.

Quem é?

Fotografia. Artista plástica Martha Barros, mulher vista do busto para cima. Ela tem cabelos vermelhos na altura do pescoço, com franja para a esquerda, sobrancelhas e olhos castanhos. Ela olha para frente sorrindo. Ela usa blusa de cor azul-escuro e detalhe na gola em branco e brincos. Ao fundo, tela vista parcial de cor laranja com pinturas abstratas.
A artista, no Rio de Janeiro, em 2018.

Martha Barros nasceu no Rio de Janeiro, em 1951. A pintura da artista plástica, filha do poeta Manoel de Barros, é inspirada na obra do pai, que certa vez escreveu: “Imagens são palavras que nos faltaram”. Utiliza texturas e materiais diversos em suas produções, influenciada pelo mundo dos seres humanos, dos animais e das plantas, em comunhão com a natureza.

Orientações e sugestões didáticas

CAPÍTULO 8

Competências gerais da Educação Básica: 3 e 4.

Competências específicas de Linguagens: 2, 3 e 5.

Competências específicas de Língua Portuguesa: 1, 2, 3, 4, 5, 8 e 9.

HABILIDADES Bê êne cê cê

(ê éfe zero seis éle pê zero três), (ê éfe zero seis éle pê zero seis), (ê éfe zero seis éle pê um um), (ê éfe zero sete éle pê zero três), (ê éfe seis sete éle pê dois zero), (ê éfe seis sete éle pê dois três), (ê éfe seis sete éle pê dois quatro), (ê éfe seis sete éle pê dois sete), (ê éfe seis sete éle pê dois oito), (ê éfe seis sete éle pê três um), (ê éfe seis sete éle pê três dois), (ê éfe seis sete éle pê três três), (ê éfe seis sete éle pê três seis), (ê éfe seis sete éle pê três oito), (ê éfe seis nove éle pê três zero), (ê éfe seis nove éle pê três dois), (ê éfe seis nove éle pê quatro quatro), (ê éfe seis nove éle pê quatro cinco), (ê éfe seis nove éle pê quatro seis), (ê éfe seis nove éle pê quatro oito), (ê éfe seis nove éle pê quatro nove), (ê éfe seis nove éle pê cinco um), (ê éfe seis nove éle pê cinco três), (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro), (ê éfe seis nove éle pê cinco cinco), (ê éfe seis nove éle pê cinco seis)

Abertura

Este capítulo busca apoiar suas práticas com a ampliação do letramento dôs ou dás estudantes no campo artístico-literário, por meio de atividades voltadas para a fruição da poesia. O foco estará na leitura comparativa de poemas que tratam de aspectos biográficos, mais especificamente de lugares em que os poetas e as poetisas passaram a infância. Como a temática faz processo com os capítulos 2 e 5, os ou as estudantes poderão, de jeito leve e prazeroso, perceber as diferenças entre os recursos literários do narrar e os da poesia, ao mesmo tempo que realizam leituras significativas de estilos diferenciados da rica tradição da poesia brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, Manoel de Barros e Elisa Lucinda. Além disso, o capítulo apoia a experiência de autoria, com produção e circulação de poemas escritos pelos ou pelas estudantes, de modo que possam ter atitudes protagonistas na formação de outros leitores ou outras leitoras de poesia.

Texto 2

Manoel por Manoel

reticências Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentosglossário . Eu tinha mais comunhãoglossário com as coisas do que comparação.

Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceirasglossário a visão comungante e oblíquaglossário das coisas. Eu sei dizer sem pudorglossário que o escuro me ilumina. É um paradoxoglossário que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores.

BARROS, Manoel de. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010. página 187. (Fragmento).

Quem é?

Fotografia. Poeta Manoel de Barros, homem visto dos ombros para cima,  cabelos e bigode grisalhos, com par de óculos de sol em marrom. Ele olha para frente sorrindo, usando camisa de gola em azul-claro. Ao fundo, local com parede branca e partes em marrom na vertical.
O poeta, no Rio de Janeiro, em 1990.

Nascido em Cuiabá, Mato Grosso, em 1916, Manoel de Barros tem uma poesia marcada pelo brincar com as palavras, com a produção de imagens e sensações que reinventam e universalizam elementos da paisagem pantaneira. Fechou o seu ciclo de vida aos 97 anos, morrendo em Corumbá.

Vale a pena ver e ouvir!

O aplicativo “Crianceiras” traz um conjunto de dez clipes e ainda alguns poemas interativos, com recursos para a criação de fotos e desenhos, baseados em iluminuras compostas por Martha.

“Crianceiras”: poemas de Manuel de Barros para crianças. Laboratório de Educação, 20 junho 2018. Disponível em: https://oeds.link/vIS4bM. Acesso em: 14 fevereiro 2022.

Fotografia. Duas meninas vistas da cintura para cima. À esquerda, menina de cabelos longos e franja em castanho, usando mangas compridas em bege. Ela olha para frente, com a mão direita sobre folha. Na ponta da direita, menina de cabelos escuros e longos e franja, com blusa de mangas compridas em bege e com fone sobre a cabeça. De frente para ela, um microfone preto em um pedestal. Ela olha para a esquerda. Ao fundo, local de parede bege e porta  amarelo.
Crianças do projeto Crianceiras interpretam canções inspiradas na poesia de Manoel de Barros.

O que você achou dessa sugestão de aplicativo, de uso gratuito, feita em um blog educativo? Em que e por que esse conteúdo pode interessar para suas descobertas na literatura e na arte? Se quiser, combine palavras-chave em seu navegador para fazer a busca desse conteúdo.

A poesia é a arte de compor versos livres, como os de Manoel de Barros, ou com rimas. Nos versos, as palavras são combinadas de fórma que sugiram imagens verbais e efeitos sonoros, para assim exprimirem ideias, estados de alma, sentimentos, impressões. Diferentes gêneros da arte e da literatura se valem da poesia, como: o rap, a letra de canção, o cordel, o limerique e o poema, gênero privilegiado neste capítulo.

Converse com a turma

  1. O que você sente e imagina ao observar a pintura de Martha Barros?
  2. Considerando as cores, as a combinação entre elas, como você interpreta o título dado à pintura?
  3. Que relações você estabeleceria entre a pintura e o poema que leu?
  4. O que mais chamou a sua atenção no modo como a linguagem é usada no poema? Escolha trecho ou trechos como exemplo e comente.
  5. O texto que você leu pertence ao gênero poema. Você já leu ou ouviu outros poemas? Como eles eram?
  6. Você se lembra do nome de algum poeta ou de alguma poetisa?
  7. Já ouviu falar de Carlos Drummond de Andrade e de Elisa Lucinda?
  8. O que acha de conhecer poemas sobre os lugares onde cada um deles passou a infância e de ler outro poema de Manoel de Barros?
Ilustração. Representação do poeta Manoel de Barros. Homem em pé sobre grama verde, com o corpo virado para a esquerda. Ele tem cabelos brancos, usa camisa de mangas curtas de cor amarela, calça em azul, cinto e sapatos em preto. No rosto, par de óculos de grau em vermelho. Na mão esquerda, folhas de papel em azul e na mão direita, um lápis. À esquerda, sobre galho fino com folhas pequenas, um pássaro verde pequeno. No alto, uma pipa colorida, em amarelo, vermelho, verde e branco e rabiola longa.

O que você poderá aprender

  1. O que você já conhece da poesia feita por Drummond, Manoel de Barros e Elisa Lucinda?
  2. Como pode partir desse conhecimento e ampliá-lo, lendo poemas desses autores e dessa autora sobre lugares em que passaram a infância?
  3. Como é o trabalho de linguagem na poesia?
  4. Como você pode se valer dessas aprendizagens para experimentar produzir e circular poemas?
  5. Como você poderá ter atitude protagonista, incentivando outros leitores e leitoras de poesia?
Orientações e sugestões didáticas

Converse com a turma

Sugerimos que esta seção seja conduzida como uma roda de leitura, envolvendo diferentes estudantes, de modo que, no coletivo, a turma faça apreciações sobre a pintura e o poema como mobilização para a troca de conhecimentos e experiências com a poesia e para outras leituras de poemas. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro seis)

  1. Resposta pessoal.
  2. Resposta pessoal. professor ou professora espera-se que os ou as estudantes percebam que a pintura não retrata fielmente elementos da natureza, mas os recria. Há fórmas que lembram, por exemplo, pássaros transmutados em plantas. Assim, o título, de certo modo, nomeia a criação feita pela própria pintura. Se achar oportuno, você pode aproveitar para esclarecer que se trata de um título poético e metalinguístico, já que nele se busca expressar e explicar o próprio processo de criação da pintura.
  3. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) Resposta pessoal. professor ou professora acolha as hipóteses dôs ou dás estudantes e, em diálogo com eles ou elas faça intervenções que os ou as ajudem a perceberem que o poema também fala de um lugar “onde havia transfusão da natureza”, isto é, do processo de recriação artística.
  4. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) Resposta pessoal. professor ou professora acolha as observações dôs ou dás estudantes e faça intervenções que os ou as ajudem a perceberem que o poema não trata só da “transfusão da natureza”, mas também a expressa e sugere realidades novas, fazendo a comunhão “de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore”. Destaque ainda o uso do paradoxo, de neologismos e a repetição de uma mesma estrutura de orações que contribuem para o ritmo do texto: “Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores”. Sintetize, esclarecendo que a esse trabalho mais inventivo com a linguagem é dado o nome de poesia, em oposição à prosa. Esclareça, entretanto, que em um mesmo texto podemos ter traços da prosa e da poesia, com predomínio de um ou de outro jeito de usar a linguagem. Assim, o poema de Manoel de Barros também se vale de elementos da prosa, na medida em que ele inicia com uma pequena narrativa, “Cresci brincando no chão, entre formigas”, e depois parte para expressar a comunhão com o lugar, com predomínio absoluto da poesia. Ilustre também com gêneros da poesia que possivelmente sejam mais próximos dôs ou dás estudantes: cordel, letra de canção, limeriques, rap.
  5. Resposta pessoal. Incentive os ou as estudantes a falarem trechos, se souberem de cor. Se houver acesso à internet, essa é uma boa hora para buscarem poemas de que se recordam parcialmente, de modo que possam relê-los.
  6. Resposta pessoal.
  7. Resposta pessoal. Sugerimos que aproveite esse momento para ler o boxe Quem é?, referente a cada autor, destacando aspectos como onde cada um nasceu e foi criado.
  8. Resposta pessoal.

O que você poderá aprender

professor ou professorasugerimos que você chame a atenção dôs ou dásestudantes para estas questões-chave, que proponha a eles ou elas falarem de suas expectativas em relação a essas aprendizagens, os sentidos que veem nelas e como querem se implicar nelas, e também que as retomem no final do capítulo para poderem avaliar o que aprenderam.

Leitura

Você lerá dois poemas, um de Carlos Drummond de Andrade e outro de Elisa Lucinda, com sugestões de imagens e sensações que remetem aos lugares em que cada um deles passou a infância. A voz que se expressa nos poemas é uma voz “inventada”, o chamado eu lírico, e que cria no leitor ou na leitora a sensação de ser a voz do poeta e da poetisa. Preste atenção no que você sente enquanto escuta os poemas e procure imaginar como foi a infância nesses lugares recriados pela poesia.

Texto 1

Boitempo

Entardece na roça

de modo diferente.

A sombra vem nos cascosglossário ,

no mugido da vaca

separada da cria.

O gado é que anoitece

e na luz que a vidraça

da casa fazendeira

derrama no curralglossário

surge multiplicada

sua estátua de sal,

escultura da noite.

Os chifres delimitam

o sono privativoglossário

de cada rêsglossário e tecem

de curva em curva a ilha

do sono universal.

No gado é que dormimos

e nele que acordamos.

Amanhece na roça

de modo diferente.

A luz chega no leite,

morno esguichoglossário das tetas

e o dia é um pasto azul

que o gado reconquista.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. oitava edição Rio de Janeiro: José Aguilar, 1992. página 465. Carlos Drummond de Andrade cópiráiti Graña Drummond (https://oeds.link/fT2DbD).

Quem é?

Fotografia em preto e branco. Imagem do poeta Carlos Drummond de Andrade. Homem senhor visto do busto para cima, branco, careca, com par de óculos de grau de formato quadrado, com camisa de mangas compridas escuro com pontos claros e braço direito apoiando a cabeça. Ele olha para frente sorrindo.
Carlos Drummond de Andrade.

Nasceu em Itabira de Mato Dentro, interior de Minas Gerais, em 1902. Sua família era proprietária de terras e dedicava-se à criação de gado. Ele seguiu outros rumos: foi servidor público e escreveu para jornais. O que fez mesmo sua história de vida, porém, foi o trabalho de escritor, sobretudo, de poeta. Cultivou vários estilos de fazer poesia, levando para os versos temas diversos, inclusive a própria arte de fazer poesia. Consagrado e celebrado em vida, faleceu em 1987. Desde então tem sido lido e relido por diferentes gerações.

Texto 2

Boi tenho

tá certo

Não nasci na roça é certo como Drummond e outros bois

reticências

Mas vim do subúrbioglossário onde finquei infância e lá tinha um jeito de ser vizinho

que só de hoje eu lembrar vai me fazer morrer comovidaglossário com uma xícara de açúcar emprestado pra completar ingrediente.

gente, não nasci na roça

Orientações e sugestões didáticas

Leitura

Faça uma leitura bem expressiva e em voz alta de um poema por vez, ou convide os ou as estudantes a se prepararem previamente, trabalhando com eles ou elas entonação, ritmo, pausas e seus efeitos de sentido, favorecendo as habilidades (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) e (ê éfe seis nove éle pê quatro oito). Envolver os ou as estudantes em leituras modelares para os demais é uma estratégia de trabalhar de modo mais personalizado com alguns e de dar a eles ou elas protagonismo nas aprendizagens de outros. Você pode ir dando diferentes oportunidades ao longo do ano. Oriente a turma a acompanhar silenciosamente as leituras e a procurar imaginar o que os versos sugerem e sentir seus sons. Peça também que procurem perceber como um poema “conversa” com outro, favorecendo aspectos da habilidade (ê éfe seis nove éle pê quatro nove). Combine que, nessa aula, eles ou elas vão apenas “curtir” a leitura/escuta dos dois poemas e que depois terão oportunidade de relê-los. Peça que contem o que sentiram e aprofunde a análise do trabalho de linguagem que há em cada um dos textos. Caso sua escola possibilite o trabalho com acesso à internet, valeria a pena planejar uma aula extra para a exploração conjunta do site Crianceiras, que traz criações multimodais (vídeos, games, ilustrações, podcasts com declamações de poemas feitas por crianças), favorecendo a habilidade (ê éfe seis nove éle pê quatro seis).

mas tinha padeiro com pães combinando com o vimeglossário da cesta e

o cheiro morno anunciando passado recente de forno e fortes mãos na boa massa.

Não nasci na roça

mas peguei muita fruta no pé trepei em árvore e chupei de escorrer pelos antebraços manga-rosa de todo tamanho e tipo.

sou do tipo que se fosse uma laranjaglossário seria seletaglossário , tamanha fóra a festa desse caldo em mim.

não nasci na roça, tá certo mas todo mundo tinha uma roça dentro:

nas quermesses nas procissões nos pregões dos verdureirosglossário como o sino da igreja e a aquarelaglossário das manhãs.

reticências

tá certo tá certo

não nasci na roça

mas pôr de sol e céu estrelado de ofuscar os olhos eu sempre vi de perto

Foi esse o meu rebanhoglossário iniciáticoglossário

essa infância sortidaglossário de subúrbio essa roça paralalelepípedaglossário com intervalos de terra vermelha e tanajurasglossário

uma jura que fincou metáfora de boi na minha história e deu esse tipo de pasto à minha memória.

LUCINDA, Elisa. Boi tenho. In: A fúria da beleza. Rio de Janeiro: Record, 2009. (Fragmentos).

Quem é?

Fotografia. Artista Elisa Lucinda, mulher negra, vista do busto para cima, cabelos encaracolados  marrom, com uma faixa sobre os cabelos em cinza. Ela usa batom vermelho-escuro, olha para frente sorrindo com a cabeça levemente inclinada para direita, colar no pescoço e roupa em branco e marrom.
A poetisa, no Rio de Janeiro, em 2015.

Nascida no subúrbio de Cariacica, Espírito Santo, em 1958, Elisa Lucinda dos Campos Gomes conta que em sua infância “tinha quintal, jardim, peru, gato, galinha e cachorro”. Estudou interpretação da poesia teatral e atuou como jornalista, até mudar-se para o Rio de Janeiro, onde consolidou sua carreira como atriz, cantora e poetisa. Participante ativa em eventos que debatem a garantia dos direitos dos negros.

Vale a pena ver!

Fotografia. Uma estátua vista parcialmente, do busto para cima  em tons de cinza, com roupa marrom e capacete sobre a cabeça dele. No fundo tons de cinza.
Imagem do documentário Só dez por cento é mentira. Direção: Pedro Cezar. Brasil, 2008.

Só dez por cento é mentira

O documentário é um original mergulho cinematográfico na biografia inventada e nos versos fantásticos do poeta mato-grossense Manoel de Barros.

Alternando sequências de entrevistas inéditas do escritor, versos de sua obra e depoimentos de “leitores contagiados” por sua literatura, o filme constrói um painel revelador da linguagem do poeta, considerado o mais inovador em língua portuguesa.

Faça uma busca na internet, combinando palavras-chave, e encontre o filme.

Que tal procurar resenhas e comentários sobre esse documentário, para avaliar se quer assistir a ele?

Orientações e sugestões didáticas

Vale a pena ver!

professor ou professorasugerimos que crie um momento para que os ou as estudantes, com base nas informações da sinopse reproduzida no boxe, façam a curadoria de textos opinativos (comentários, resenhas, posts de blogs ou vlogs etcétera) com a apreciação do filme, trabalhando em favor do desenvolvimento das habilidades (ê éfe seis nove éle pê quatro cinco) e (ê éfe seis nove éle pê quatro seis). Conforme o interesse da turma, após essas consultas, você pode organizar uma “sessão de cinedebate”, oportunizando que eles ou elas adentrem mais a poesia de Manoel de Barros, assistindo ao filme e conversando sobre as escolhas que ele faz para dialogar com essa poesia.

Você se lembra do poeta Manoel de Barros, autor do poema que você leu na abertura do capítulo? Lembra-se do estilo de sua poesia, com “raízes crianceiras”, em “comunhão com a natureza”? O poema a seguir também é dele. Faça uma primeira leitura silenciosa, sentindo, significando e imaginando os versos. Depois, reúna-se com um ou uma colega e experimentem “dar vida ao poema”, trabalhando entonação, ritmo, pausas etcétera.

Texto 3

Canção do ver

2.

A de muito que na Corruptelaglossário onde a gente Vivia

Não passava ninguém

Nem mascateglossário muleiroglossário

Nem anta batizada

Nem cachorro de bugreglossário .

O dia demorava de uma lesma.

Até uma lacraiaglossário ondeante atravessava o dia

por primeiro do que o sol.

E essa lacraia ainda fazia uma estação de

recreio no circo das crianças

a fim de pular corda.

Lembrava a tartaruga de Creonteglossário

Que quando chegava na outra margem do rio

As águas já tinham até criado cabelo.

Por isso a gente pensava sempre que o dia

de hoje ainda era ontem.

A gente se acostumou de enxergar antigamentesglossário .

3.

Por fórma que o dia era parado de poste.

Os homens passavam as horas sentados na

porta da Venda de Seo Mané quinhentos Réis

que tinha esse nome porque todas as coisas que vendia

custavam o seu preço e mais quinhentos réisglossário .

Seria qualquer coisa como a Caixa Dois dos prefeitos.

O mato era atrás da Venda e servia também

Para a gente desocuparglossário .

Os cachorros não precisavam do mato para desocupar

Nem as emas solteiras que despejavam correndo.

No arruadoglossário havia nove ranchos.

Orientações e sugestões didáticas

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê quatro nove, ê éfe seis nove éle pê cinco três, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro)

Texto 3

professor ou professoraleia sobre os neologismos do poema no comentário da questão 3e. na página 167.

Araras cruzavam por cima dos ranchos

conversando em ararês.

Ninguém de nós sabia conversar em ararês.

reticências

Por tudo isso, na corruptela parecia nada

acontecer.

4.

Por fórma que a nossa tarefa principal

era a de aumentar

o que não acontecia.

(Nós era um rebanho de guris.)

A gente era bem-dotado para aquele serviço

de aumentar o que não acontecia.

A gente operava a domicílio e pra fóra.

E aquele colega que tinha ganho um olhar

de pássaro

era o campeão de aumentar os desacontecimentosglossário .

Uma tarde ele falou pra nós que enxergara um

lagarto espichado na areia a beber um copo de sol.

Apareceu um homem que era adeptoglossário da razão e disse:

Lagarto não bebe sol no copo!

Isso é uma estultíciaglossário .

Ele falou de sério.

Ficamos instruídos.

BARROS, Manoel de. Canção do ver. Poemas rupestres. Coleção Biblioteca Manoel de Barros (Obra completa). São Paulo: Leya, 2013. páginas dez a treze. (Fragmentos).

Primeiras impressões

Você se lembra dos três poemas que leu? Localize-os no livro, recorde-se de cada um deles e depois participe da discussão das questões com os ou as colegas e o professor ou a professora.

  1. Assim como o narrador é uma voz inventada para contar uma história, nos poemas existe um “eu poético”, ou “eu lírico”, isto é, a voz que se expressa no poema. Indique em qual dos poemas o eu lírico trata de:
    1. uma vida aparentemente sem muitas relações com outras pessoas;
    2. um lugar em que não havia muitos acontecimentos, mas muita invenção por parte das crianças;
    3. uma infância marcada pela presença de outras pessoas, especialmente trabalhadoras;
Orientações e sugestões didáticas

Primeiras impressões

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro seis) professor ou professora neste capítulo, optamos por trabalhar as seções Primeiras impressões e O texto em construção com questões que articulam os três poemas, favorecendo a percepção de regularidades do gênero, particularidades dos estilos dos poetas e da poetisa e relações de intertextualidade. Sugerimos que inicie a aula relembrando os poemas que foram lidos, o título de cada um deles, o nome do poeta/da poetisa que o escreveu e que as questões sejam discutidas oralmente, no coletivo, em uma roda de leitura, sempre com o envolvimento de diferentes estudantes.

1. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro quatro)

1a. Espera-se que os ou as estudantes percebam que, no poema Boitempo, não se faz alusão a nenhuma pessoa e que a vida na fazenda é marcada, na perspectiva do eu lírico, muito mais pela presença do gado.

1b. Espera-se que os ou as estudantes percebam que no poema Canção de ver.

1c. Espera-se que os ou as estudantes percebam que no poema Boi tenho.

  1. uma vida em perspectiva mais coletiva, como se representasse um grupo de crianças como o eu lírico;
  2. si mesmo diretamente, com muita expressividade;
  3. uma vida em perspectiva coletiva, mas indiretamente projetando em um animal costumes, sentimentos e reflexões.

2. Com qual poema inicialmente você se identificou mais? Por que acha que isso aconteceu?

O texto em construção

Vamos retomar cada poema para pensar nas “técnicas” que foram usadas pelos poetas e pela poetisa para que os textos provocassem no leitor emoções, sentimentos, ideias, prazer de escuta, entre outras coisas. Esta seção está organizada em quatro blocos, para você explorar, em colaboração com outros ou outras colegas, em diferentes momentos, conforme a orientação do professor ou da professora.

Bloco 1

1. Releia em voz alta o poema “Boitempo” para um ou uma colega e ouça a leitura dele ou dela. Usem entonação e pausa e trabalhem o ritmo.

Ilustração. Vista do alto de local com solo em marrom-claro, com vegetação rasteira em verde. À frente, dentro de um cercado marrom, um animal bovino em branco e manchas em preto, pastando. Ao fundo, outro cercado e mais atrás, cavalo marrom, árvores e à direita, casa de paredes  brancas e telhado marrom. Em segundo plano, mais vegetações em verde.
  1. Que sensações você teve? O que imaginou para os versos? De qual imagem sugerida pelo poema você mais gostou? Por quê?
  2. O que, segundo o eu lírico, é o elemento central da vida na roça e define o ritmo do dia, a passagem do tempo?
  3. Que relações você estabeleceria entre o que respondeu na questão b e o título do poema?
  4. O ritmo da vida na roça parece ser lento ou acelerado?
  5. Leia o boxe a seguir e, depois, releia os cinco primeiros versos, prestando atenção nas sílabas mais fortes de cada verso.

Verso

É cada uma das linhas de um poema. Em conjunto, os versos constroem a musicalidade do poema (seu ritmo), sugerem imagens para o leitor, provocam sentidos. Os versos podem variar de tamanho (métrica), podem ou não ter rimas. Em vez de se dividirem em parágrafos, como nos textos escritos em prosa, os textos poéticos são organizados em conjuntos de versos, chamados de estrofes.

Entardece na roça

de modo diferente.

A sombra vem nos cascos,

no mugido da vaca

separada da cria.

f. Para saber o “tamanho” de um verso, contamos as sílabas de suas palavras até a última sílaba forte. Quantas sílabas há em cada verso?

Orientações e sugestões didáticas

1d. Espera-se que os ou as estudantes percebam que no poema Canção de ver, como indicam os pronomes “nós”, “a gente”.

1e. Espera-se que os ou as estudantes percebam que no poema Boi tenho, em que todos os verbos remetem à primeira pessoa do singular.

1f. Espera-se que os ou as estudantes percebam que no poema Boitempo, em que o gado é central.

2. Resposta pessoal.

O texto em construção

professor ou professorasugerimos que os ou as estudantes se organizem em duplas, a serem trocadas a cada etapa da atividade. Assim, você oportuniza que eles ou elas trabalhem com diferentes perfis, exercitando a empatia e a colaboração. Oriente-os ou as a retomarem cada poema, a discutirem as questões propostas e a conversarem entre si para chegarem a uma conclusão comum, mas fazendo anotações individuais no caderno. Sugerimos que esta seção seja trabalhada em quatro aulas, uma para as questões do bloco 1 (foco na análise do poema “Boitempo” e na construção da noção de ritmo); outra aula para as questões do bloco 2 (foco na análise de “Boi tenho”, com percepção dos efeitos de sentido da intertextualidade); outra aula para as questões do bloco 3 (foco em “Canção de ver” e a expressividade da subversão da norma da variedade culta, com uso de regras de outras variedades e neologismos); e, por fim, outra aula para cotejo dos poemas, percepção de regularidades do gênero e de como elas ganham jeitos diferentes, no estilo de cada poeta e poetisa, e para a livre apreciação de metáforas dos poemas. Optamos por esse caminho processual a fim de que os ou as estudantes possam construir gradativamente uma relação mais qualitativa e consciente com os fazeres da poesia, com base em suas leituras. Aproveite para trabalhar com os ou as estudantes a noção de que diferentes objetivos de leitura, envolvendo diferentes gêneros, requerem comportamentos e procedimentos de leitura também diferentes. Nesse sentido, a leitura literária não se esgota em poucas leituras, como aconteceria com uma notícia, por exemplo. A leitura para fruição estética convida o leitor a ir e vir, a ler e reler, em diferentes momentos.

1. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco três)

1a. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis sete éle pê dois oito) Resposta pessoal.

1b. professor ou professora esta questão pode ser mais desafiadora e exigir mediação, por demandar compreensão mais global do poema. Espera-se que os ou as estudantes percebam que o gado é o elemento central da vida na roça. Possivelmente os ou as estudantes se valerão de vários termos referenciados no poema: vaca, rês, boi. Ajude-os ou as a perceberem que a palavra gado é a mais geral e engloba todas as outras, favorecendo o desenvolvimento da habilidade (ê éfe zero seis éle pê zero três). Se considerar oportuno, explique a eles ou elas brevemente, que, nesse caso, temos um hiperônimo, e provoque a reflexão sobre outros exemplos.

1c. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro oito) Espera-se que os ou as estudantes percebam que o título condensa duas palavras, inventando uma terceira: Boitempo”. Com isso, o título já traz a relação que o gado (boi) terá na vida das pessoas na fazenda: ele define a passagem do tempo. professor ou professora aproveite para chamar a atenção para a semelhança fonética com a expressão “bom tempo”, que pode estar implícita como recordação do passado do eu lírico.

1d. Espera-se que os ou as estudantes percebam sugestões de um ritmo mais lento, marcado pelos movimentos do gado.

  1. Observe as sílabas fortes em cada verso. Há um padrão, isto é, uma regularidade?
  2. O que você analisou nesse trecho serve também para o restante do poema?

Ritmo

Se prestar atenção nas batidas de seu coração, na sua pulsação, vai perceber que possuem ritmo e que isso varia conforme a situação em que você está. O mesmo acontece com sua fala, alternando sons e silêncios, entonações. Tudo tem um ritmo. Na música, ele se constrói pela alternância de sons. Na dança, pela alternância de movimentos.

Na poesia, o ritmo nasce da alternância de sílabas. Os versos escritos apenas sugerem um ritmo. É a leitura, com atribuição de sentido ao todo do poema, que vai “dar vida e movimento” ao seu ritmo.

Conheça o poema de Alice Ruiz, em que o ritmo da vida e das ações humanas, inclusive o de fazer canção e poesia, é celebrado. Procure lê-lo em voz alta sentindo esse ritmo. Depois, com apoio dô ou dá responsável, grave sua declamação e compartilhe-a em redes sociais de familiares e amigos. Inclua breve comentário, contando o que você achou do poema e da experiência de interpretá-lo por meio de sua leitura.

No princípio era o silêncio

só quebrado pelas marés

no princípio eram as marés

e seu ritmo

no princípio era o ritmo

e o ritmo transformou-se em som

e fez-se o verbo

e o verbo viu que o som era bom

no princípio o ritmo serviu

para que todos juntos

conduzissem melhor

sua embarcação

depois virou canção

e poesia, por princípio

RUIZ, Alice. Ritmo. In: Leitura: Teoria & Prática, Campinas, volume 31, número 60, páginas duzentos e treze a duzentos e dezesseis, junho 2013.

Quem é?

Fotografia. Poetisa Alice Ruiz, mulher vista dos ombros para cima. Cabelos curtos brancos, com tons de marrom, sobrancelhas finas escuras, olhando para frente, sorrindo com os lábios fechados. Ela usa blusa de cor verde. Ao fundo, desfocada, estante com livros.
A poetisa, em São Paulo, em 2013.

Alice Ruiz Scherone nasceu em Curitiba, Paraná, em 1946. Atua como poetisa, compositora (letrista de música), publicitária e tradutora. Sua poesia é marcada pela escrita de raicáis (fórma poética de origem japonesa), e suas canções são bastante apreciadas, bem como seus ensaios feministas. Foi casada com Paulo Leminski, poeta brasileiro.

i. Pense no que você respondeu nas questões a, b e c e no ritmo que o texto sugere para a leitura, com a distribuição das sílabas nos versos. O que você conclui: no poe­ma o ritmo também importa para sugerir sentidos em relação a seu tema, seu assunto?

Orientações e sugestões didáticas

1e. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro oito) Resposta pessoal.

1f. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro oito) Espera-se que os ou as estudantes percebam que há seis.

1g. Espera-se que os ou as estudantes percebam que há uma regularidade, são fortes ou a segunda ou a terceira sílabas e sempre a sexta.

1h. Espera-se que os ou as estudantes percebam que sim. professor ou professora aproveite esta questão para explorar com eles ou elas como essa regularidade com a acentuação cria uma espécie de melodia, de musicalidade para o poema, o seu ritmo. Pergunte se esse ritmo combina com o ritmo da vida na roça que é criada pelos versos, favorecendo aspectos das habilidades (ê éfe seis nove éle pê quatro oito) e de (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro).

Ritmo

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis sete éle pê dois oito, ê éfe seis nove éle pê cinco três, ê éfe seis nove éle pê quatro nove, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro, ê éfe seis nove éle pê quatro seis)

1i. Esta questão pode ser mais desafiadora e exigir mediação. Caso seja necessário, ajude os ou as estudantes a perceberem que o ritmo é parte do poema e precisa ser coerente com todas as sugestões que os versos fazem sobre o assunto, o tema. No caso, o ritmo lento e cíclico da vida na roça, mediado pelo gado, tem correspondência com o ritmo sugerido pelo texto, um ritmo mais constante e bem marcado.

j. Agora que você já se apropriou do poema, experimente relê-lo em voz alta, com especial atenção ao ritmo e aos sentidos que ele agrega ao poema. Grave sua leitura e, depois, escute-a. O que achou da experiência de reler com mais consciência do trabalho de linguagem feito no poema? Por quê?

Bloco 2

2. Releia o texto “Boi tenho”, com especial atenção ao ritmo, ao tema/assunto e a como o poema provoca o leitor a se recordar também do texto 1.

Ilustração. Garota com cabelos crespos armados em preto, vestindo faixa azul na cabeça, regata rosa, bermuda azul e par de tênis laranja com detalhes em branco. Ela está sentada com as pernas flexionadas, com as mãos sobre as bochechas, sorrindo com a boca aberta e olhos para cima. Sobre os cabelos, elementos diversos agrupados, frutas: laranja, maçã, bananas; pães; uma igreja marrom; plantas de pétalas coloridas e pássaro de penas em laranja. Ela está sobre local com grama verde.
  1. Cite passagens que lhe permitiram se lembrar do poema de Drummond.
  2. Como é o ritmo sugerido pelo poema: há um padrão, uma regularidade, ou ele varia ao longo do poema? Por que isso ocorre?
  3. Como parece ter sido a vida do eu lírico no subúrbio: a criança era presa em casa ou livre? Fazia poucas ou muitas coisas? Conhecia ou não outras pessoas?
  4. Estabeleça relações entre o ritmo da vida dessa criança e o ritmo sugerido pelo poema.
  5. Nesse poema a palavra boi está sendo empregada no sentido mais usual, isto é, de animal, gado? Explique.
  6. Você lembra o que é uma metáfora? Se for preciso, relembre, consultando o Capítulo 2 deste volume. Como você explicaria a metáfora seguinte no contexto do poema?

Foi esse o meu rebanho iniciático.

g. Releia em voz alta o verso, com atenção à repetição do som representado pelas letras s e c:

reticências essa infância sortida de subúrbio.

Figuras sonoras

A repetição intencional de sons consonantais (nesse caso, falamos em aliteração) ou vocálicos (assonâncias) pode tornar o verso mais sinestésico, de fórma que o leitor imagine e de certa maneira sinta o que sugere o verso.

Orientações e sugestões didáticas

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro)

1j. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco três) Resposta pessoal.

2a. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis sete éle pê dois sete) Espera-se que os ou as estudantes percebam a semelhança entre os títulos Boitempo e Boi tenho e a referência explícita a Drummond: “Não nasci na roça é certo como Drummond e outros bois”.

2b. Espera-se que os ou as estudantes percebam que o ritmo varia porque os versos são de “tamanhos” (métrica) diferentes e têm diferentes distribuições de sílabas fortes (acento poético).

2c. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) Espera-se que os ou as estudantes percebam que o eu lírico era uma criança livre, que fazia muitas coisas (pegou muita fruta no pé, trepou em árvore, participou de quermesses, procissões etcétera) e que tinha contato com muitas pessoas (vizinhos, padeiro, verdureiros).

2d. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) professor ou professora esta questão pode ser mais desafiadora. Caso seja necessário, faça intervenções que ajudem os ou as estudantes a perceberem que o ritmo sugerido pelos versos está em sintonia com o ritmo variado e intenso da vida experimentada pelo eu lírico quando criança no subúrbio.

2e. Espera-se que os ou as estudantes percebam que não, que o boi parece fazer referência a pessoas e coisas que marcaram para sempre a memória do eu lírico.

2f. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis sete éle pê três oito) Espera-se que os ou as estudantes percebam que a palavra rebanho, que designa coletivo de gado, está sendo usada aqui como metáfora para a vida em comunidade, experimentada no subúrbio.

2g. Resposta pessoal.

  1. Por preconceito, muitas pessoas associam a vida no subúrbio apenas à miséria, à carência. Ao considerar esse verso no todo do poema, que outras associações você faz? Que outras palavras você escolheria para dizer como era a vida do eu lírico no subúrbio?
  2. Explique como a aliteração (repetição do som representado pelas letras s e c) no verso ajudou você a fazer essas associações. Que sensações essa repetição causou?

Bloco 3

  1. Releia o texto “Canção do ver”.
    1. Como parece ser o ritmo da vida na corruptela em que o eu lírico morava?
    2. Escolha um verso que para você expresse bem o ritmo de vida do eu lírico e destaque o que chamou a sua atenção. Observe:
      • se há metáfora ou comparação que sugerem imagens para o leitor;
      • se há uso de aliteração ou de assonância;
      • qual é a métrica (tamanho) do verso e a distribuição das sílabas fortes e o ritmo que isso sugere.
    1. Releia:

Nós era um rebanho de guris.

  1. O que você acha: essa fórma de dizer é considerada de prestígio, isto é, tem maior valorização social? Se quiser, amplie sua resposta com comentários e exemplos.
  2. Há no poema neologismos, isto é, palavras ou expressões que não são dicionarizadas e foram inventadas com base na estrutura de outras conhecidas? Qual você escolhe como exemplo?
  3. Há palavras e expressões que parecem ser mais eruditas, pouco usadas no dia a dia?
  4. Considerando o que você respondeu nos itens d, e e f, comente brevemente como resumiria o trabalho com a linguagem no poema. Depois, comente o que você achou desse trabalho.
  5. Toda língua tem expressões idiomáticas. Elas são difíceis de traduzir para outros idiomas, porque as palavras não podem ser consideradas uma a uma; elas são tomadas “juntas” e possuem um sentido só. Esse é o caso da expressão “caixa dois”. Você sabe o que ela significa e em que situações costuma ser usada?
  6. Retome, no glossário referente ao poema, os sentidos possíveis da palavra corruptela.
  7. qual ou quais desses sentidos cabe ou cabem no texto, considerando o contexto do poema?
Orientações e sugestões didáticas

2h. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro quatro) Resposta pessoal. Espera-se que os ou as estudantes tragam perspectivas contrárias a esse preconceito e palavras que semanticamente expressem ideias como solidariedade, partilha, fartura etcétera

2i. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê quatro oito, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) Resposta pessoal. Espera-se que os ou as estudantes tragam percepções de como a repetição, um intencional excesso desse som, de certo modo, sugere sonoramente a fartura do subúrbio e que relacionem isso a sensações experimentadas em suas leituras.

3a. Espera-se que os ou as estudantes façam associações com lento, devagar e outras expressões afins.

3b. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) Resposta pessoal. professor ou professora o importante é que os ou as estudantes estabeleçam relações entre os recursos trabalhados no verso e a expressão do ritmo da vida em corruptela. Com base nas contribuições da turma, ajude os ou as estudantes a observarem que os versos só ganham esses sentidos porque fazem parte do todo do poema.

3d. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco cinco) Resposta pessoal. professor ou professora aproveite esta questão para avaliar o que os ou as estudantes já trazem de conceitos e preconceitos em relação às variedades da língua. Caso seja necessário, ajude a turma a compreender que essa marcação econômica do plural, representada pelo uso da primeira pessoa, mas não no verbo, é uma tendência de simplificação e funcionalidade bastante recorrente em normas consideradas não padrão.

3e. Espera-se que os ou as estudantes percebam como neo­logismos: “de uma lesma” (significando aproximadamente “como uma lesma”), “parado de poste” (significando aproximadamente “como poste”), “ararês” (em analogia com a formação morfológica típica da indicação de nomes de idiomas: português, inglês etcétera) “desacontecimentos” (ver comentários no Glossário), “de sério” (significando aproximadamente “seriamente”).

3f. Espera-se que os ou as estudantes percebam que sim, em ocorrências como corruptela, antigamentes, estultícia.

3g. Resposta pessoal. professor ou professora dialogando com as opiniões dôs ou dás estudantes, se necessário, ajude-os ou as a perceberem que o poema trabalha a linguagem com irreverência, utilizando ora palavras eruditas e pouco usadas em situações informais, ora palavras e expressões que traduzem coisas banais, cotidianas, com criatividade e, inclusive, neologismos.

3h. Resposta pessoal.

3j. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) professor ou professora esta questão pressupõe compreensão global do poema, com relações de sentido entre ele e o título. Destaque a polissemia que cabe no poema: “lugar onde vive um agrupamento de pessoas”, uma vez que parece nomear um local de moradia (“na Corruptela onde a gente/ Vivia”), mas também é possível que o título brinque com o desvio da norma culta (Nós era um rebanho de guris) e com a prática de corrupção (que em pequena escala estava em Seo Mané quinhentos Réis, e, em larga escala, na alusão generalizada ao caixa dois dos prefeitos).

Bloco 4

  1. Faça em seu caderno uma tabela com quatro colunas. Na primeira coluna, anote as características a seguir. Na segunda coluna, o título “Boitempo”. Na terceira, o título “Boi tenho”. Na quarta, o título “Canção do ver”. Depois, complete a tabela relacionando as características a seguir com os poemas.
    1. O eu lírico expressa sensações de seu local de origem, provocando a imaginação do leitor.
    2. O ritmo do poema é regular, sugerindo o tempo bem marcado da vida nesse lugar.
    3. O ritmo é variado e em vários momentos parece o da prosa, expressando uma vida vagarosa, de poucas, mas significativas, ações.
    4. O ritmo é variado e intenso, sugerindo uma vida cheia de ações.
    5. As metáforas boi e pasto remetem a uma diversidade de experiências do eu lírico com outras pessoas.
    6. A metáfora boi marca a organização do tempo.
    7. A metáfora rebanho sugere como as crianças viviam e brincavam juntas.
    8. A linguagem trabalhada é mais formal.
    9. A linguagem é mais expressiva, com muitas marcas do “eu”.
    10. A linguagem explora arcaísmos (termos antigos), neologismos (termos e expressões inventadas) e diferentes registros, com maior ou menor formalidade.
  2. As imagens feitas de palavras que aparecem no boxe a seguir foram retiradas dos poemas que você leu, curtiu e analisou. Escolha a de que mais gostou e comente com um ou uma colega o que achou dela. Preste atenção nas cores, sensações e emoções que os versos sugerem, considerando sempre o todo do poema. Escute com interesse a escolha dô ou dá colega.

[...] o dia é um pasto azul que o gado reconquista [...]

[...] um lagarto espichado na areia a beber um copo de sol [...]

[...] fosse uma laranja seria seleta, tamanha fora a festa desse caldo em mim. [...]

[...] essa roça paralalelepípeda com intervalos de terra vermelha e tanajuras [...]

[...] O gado é que anoitece e na luz que a vidraça da casa fazendeira derrama no curral surge multiplicada sua estátua de sal [...]

[...] Araras cruzavam por cima dos ranchos conversando em ararês [...]

Ilustração. Arara azul. Pássaro azul voando com as duas asas arqueadas para cima, cauda longa, bico arredondando e área amarela ao redor dos olhos. Atrás céu azul com duas nuvens brancas.

6. Foi possível perceber que cada leitor reage de jeito diferente diante das sugestões de imagens da poesia? Por que vocês acham que isso acontece?

Orientações e sugestões didáticas

4. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro)

“Boitempo”: a, b, f, h. “Boi tenho”: a, d, e, i. “Canção de ver”: a, c, g, j.

  1. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) Resposta pessoal.
  2. Resposta pessoal. Destaque como cada leitor ou leitora preenche o texto com suas histórias, experiências, sensibilidades, conhecimentos de mundo e de outros textos.

Oficina de leitura e criação

Produção de poemas

Converse com a turma

  1. Em qual lugar você passou a maior parte da infância: na cidade onde vive hoje ou em outra?
  2. Das coisas que aconteceram e acontecem no dia a dia desse lugar, qual ou quais para você é ou são mais marcante ou marcantes? Pense em grandes ou pequenas ações da vida do lugar (pesca, colheita, cuidado do gado, relações com a vizinhança, eventos de cultura, música, dança) e nos espaços (como são as casas, as ruas, os principais lugares de convivência das crianças).
  3. Por que você acha que diferentes poetas/poetisas “revisitam” os lugares da infância por meio da poesia?
  4. O que você já sabe em relação à recriação de aspectos biográficos (histórias vividas) em narrativas e em poesia: o que há de parecido e o que há de diferente?
  5. Que importância você atribui à ideia de produzir poemas ligados às experiências de vida do lugar em que vive e de fazê-los chegar a leitores ou leitorea que também vivem nesse lugar? Por quê?

Vale a pena conhecer!

Você já participou ou ouviu falar da Olimpíada da Língua Portuguesa?

Estudantes de todo o país participam dessa olimpíada, inscrevendo textos de suas próprias autorias. Vale a pena conhecer os finalistas da categoria Poema, com “Versos de diversos lugares”.

Visite o site para conhecer: https://oeds.link/hIEReg.

Acesso em: 18 fevereiro 2022.

Condições de produção

O quê?

Que tal colocar poesia na vida das pessoas que moram no entorno? Para isso, você e sua turma escreverão poemas que expressem sensações, emoções, conhecimentos, em relação ao lugar em que vivem.

Para quem?

Vocês podem decidir quem será o principal público de vocês: leitores ou leitorea da comunidade escolar, moradores ou moradoras do asilo mais próximo, entre outros leitores ou outras leitoras possíveis.

Como os textos circularão?

De acôrdo com o que decidiram em relação ao público-leitor, vocês poderão discutir fórmas de fazer circular os poemas: escrevê-los em folhas para presentear outros leitores ou outras leitoras, publicá-los nas redes sociais, expor os poemas em um painel, em algum espaço da escola.

Ilustração. Uma garota sentada na cadeira atrás da mesa, com o corpo virado para direita, cabelos encaracolados, camiseta azul e sapato verde. Ela olha para baixo, com a mão esquerda ela segura um lápis e escreve em um caderno aberto.
Orientações e sugestões didáticas

Oficina de leitura e criação

professor ou professora sugerimos que a seção Converse com a turma funcione como uma roda de conversa para a troca de experiências prévias acerca da produção: os ou as estudantes se expressarão por meio da poesia. Antes da produção, oriente bem os ou as estudantes, repassando e discutindo com eles ou elas Condições de produção, Como fazer e a Ficha de apoio à produção, favorecendo a habilidade (ê éfe seis nove éle pê cinco um). É fundamental decidir com a turma: como os poemas circularão, para que possíveis leitores ou leitorea em que meios e suportes. Procure problematizar com a turma sugestões como: asilo local, escolas de êja, famílias, entre outras possibilidades, incentivando e permitindo atitudes protagonistas em favor da difusão da poesia no cotidiano das pessoas. Esta é uma ocasião privilegiada para você articular o trabalho que poderá fazer com a sequência didática de leitura expressiva de poemas, em função de um sarau. Durante o processo de produção textual, busque apoiar um pouco cada estudante, com foco no desenvolvimento da habilidade (ê éfe seis sete éle pê três um). Em sua leitura, faça sugestões sempre a partir do que os ou as estudantes alcançaram, valorizando suas buscas e, ao mesmo tempo, pontuando outras possibilidades. Sugerimos que se baseie também nos critérios indicados na Ficha de apoio à produção.

Converse com a turma

  1. Resposta pessoal.
  2. Resposta pessoal. professor ou professora procure provocar o maior número de participações possível e ajudar os ou as estudantes a terem um olhar mais plural sobre o contexto em que estão inseridos ou inseridas. É importante equilibrar perspectivas positivas e negativas e incentivar a discussão de pontos de vista diferentes.
  3. Resposta pessoal.
  4. Resposta pessoal. professor ou professora essa questão oferece uma ótima oportunidade para ajudar os ou as estudantes a sistematizarem o que já sabem sobre o narrar (a arte de contar histórias) e sobre a poesia (a arte de trabalhar imagens, efeitos sonoros e sentidos, em versos verbais ou verbo-visuais). Dialogando com as contribuições deles ou delas faça intervenções que os ou as ajudem a perceber que, em narrativas, há uma voz que conta e organiza acontecimentos, ordenados no tempo, de fórma que o leitor ou leitora imagine e reviva, de certo modo, a história. Assim, na narrativa, relações de sequência lógica entre os parágrafos são fundamentais. Já na poesia, não se contam histórias, embora em alguns poemas possa haver um pouco de narrativa, e por isso não há preocupação com a ordenação de acontecimentos. O eu lírico sugere emoções, sensações, por meio da organização da linguagem em versos. Os versos apoiam a construção do ritmo do poema e sugerem imagens feitas de palavras. Tanto na narrativa quanto na poesia ocorre o uso figurado da linguagem, como a metáfora e a comparação, mas na poesia é ainda mais recorrente o uso figurado que explora sons e sentidos, caso das assonâncias e das aliterações.
  5. Resposta pessoal. professor ou professora aproveite esta questão para mobilizar o engajamento dôs ou dás estudantes na divulgação da poesia, problematizando com eles ou elas possíveis fórmas de fazer isso.

Oficina de leitura e criação

Como fazer?

  1. Preparando-se para escrever o texto. Faça uma lista de ações, lugares, pessoas, coisas, que para você são marcantes no lugar em que passou a maior parte de sua infância.
    • Escolha qual ou quais dessas coisas será ou serão matéria-prima para a criação de seu poema. No caderno, faça um comentário para sua escolha ou suas escolhas. Se quiser, apoie-se nas indicações seguintes e acrescente o que mais julgar necessário:

essa escolha pode ou essas escolhas podem ser relacionada ou relacionadas a ideias como espaço para resposta, espaço para resposta, que para mim são marcantes na cidade espaço para resposta, ou no bairro espaço para resposta. Relaciono a elas as seguintes emoções e sentimentos: espaço para resposta.

  1. Com base nas questões seguintes, planeje seu processo de criação do poema. Escolha apenas o que for importante para você imaginar e experimentar criar na linguagem da poesia.
    1. Quero que o eu lírico trate das coisas:
      • de fórma mais contida, em linguagem mais monitorada, mais próxima da norma culta escrita;
      • de fórma mais coletiva, usando a primeira pessoa do plural (nós, em um registro mais formal, ou a gente, em um menos formal), com variação da linguagem, com passagens escritas com menos formalidade e ocorrências de regras também de outras variedades da língua (marcação mais econômica do plural, por exemplo);
      • de fórma bem expressiva, usando a primeira pessoa do singular (eu), em linguagem mais simples, com palavras cotidianas e respeito às regras da variedade culta da língua.
    1. Escolha dois ou três substantivos, que serão palavras-chave, isto é, centrais para o poema (como a palavra boi, por exemplo, nos poemas de Drummond e de Elisa Lucinda, ou a palavra corruptela, no de Manoel de Barros).
    2. Que comparações e ou ou metáforas quer criar com elas?
    3. Quer criar algum neologismo a partir delas (como ararês, por exemplo)?
    4. Procure outras palavras que combinem sonoramente com as palavras centrais, por terem os mesmos sons de vogais ou de consoantes. Quais poderiam ser combinadas em um mesmo verso, para sugerir efeitos de som e de sentidos bem interessantes?
Orientações e sugestões didáticas

Vale a pena conhecer!

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro seis) Preveja a possibilidade de planejar uma aula complementar com exploração do site Olimpíadas da Língua Portuguesa, ampliando a escuta e o contato com a poesia e valorizando a autoria de jovens.

Condições de produção

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco um)

Como fazer?

2. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco um, ê éfe seis sete éle pê três um)

2c. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis sete éle pê três oito)

2d. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe zero sete éle pê zero três)

2e. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro)

2h. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis sete éle pê dois sete)

  1. Quantas estrofes e versos terá seu poema? Algumas sugestões:
    • uma única estrofe, com cêrca de dez versos;
    • quatro estrofes, com três ou quatro versos cada uma.
  1. O ritmo será mais regular ou variado, sugerindo um tempo lento ou um tempo mais acelerado, ou ainda combinando diferentes sensações de tempo?
  2. Haverá intertextualidade, isto é, uso de alguma palavra, ou mesmo de algum verso, que permita ao leitor estabelecer relações com outros poemas (como acontece com boitempo/boi tenho, por exemplo)?

3. Feito o planejamento, mãos à obra! Em uma folha de rascunho, a lápis, ou em um editor de texto no computador, comece a dar fórma ao poema, escrevendo cada um de seus versos. Esse momento é de criação. Assim, guiado ou guiada pela sua intencionalidade, isto é, pelo que você planejou até aqui, mas também inspirado ou inspirada pela criatividade, que só nasce na hora da escrita, sentindo as palavras, a combinação entre elas, os sentidos que sugerem, os efeitos que provocam no leitor ou na leitora, vá trabalhando verso por verso. Apague e reescreva, até achar que alcançou os resultados desejados.

Avaliando

Tudo pronto? Revise o texto, usando a Ficha de apoio à produção e à avaliação do poema e, se necessário, corrija problemas, melhore trechos. o professor ou a professora também trará contribuições para você melhorar ainda mais seu poema. Após as contribuições dele ou dela, faça a reescrita, se necessário.

Ficha de apoio à produção e à avaliação do poema

O texto atendeu aos critérios de:

1. Adequação à proposta

O poema expressa emoções, sentimentos sobre o lugar em que o eu lírico vive, despertando interesse, prazer, outras emoções em ouvintes/leitores(as)?

2. Adequação às características estudadas do gênero

a) O ritmo do poema está adequado à matéria/ao assunto de que trata?

b) Percebe-se intencionalidade no uso da linguagem figurada: metáfora, comparação, aliteração, assonância?

Orientações e sugestões didáticas

3. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis sete éle pê três um)

Avaliando

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê cinco um, ê éfe seis sete éle pê três dois, ê éfe seis sete éle pê três três, ê éfe zero seis éle pê zero seis, ê éfe zero seis éle pê um um, ê éfe seis sete éle pê três seis, ê éfe seis sete éle pê três oito, ê éfe seis nove éle pê cinco seis)

Ficha de apoio à produção e à avaliação do poema

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê cinco um, ê éfe seis sete éle pê três um) professor ou professora sugerimos que use os mesmos critérios que pautaram a produção dôs ou dás estudantes, indicados na Ficha de apoio à produção. Caso não seja favorável a seu contexto escolar o uso de uma versão digital ou impressa, você pode usar o verso da folha entregue aos ou às estudantes e marcar com os mesmos números empregados na ficha o que deseja observar, combinando com eles ou elas que aspectos já estão bem trabalhados não serão indicados.

Oficina de leitura e criação

2. Adequação às características estudadas do gênero

c) Houve uso de neologismo? Em caso afirmativo, ele combinou com o poema e contribuiu para o leitor atribuir sentidos?

d) Os versos sugerem imagens poéticas?

e) Houve a escolha de provocar o leitor a fazer relações com outros textos (intertextualidade)? Nesse caso, a intertextualidade foi criativa?

3. Construção da coesão/coerência do texto (textualidade)

a) Há um título criativo, que tem relações com o poema?

b) O texto está organizado em estrofes/versos, ajudando o leitor a atribuir ritmo e sentido ao texto?

4. Uso das normas e convenções da norma culta escrita e de outras variedades da Língua Portuguesa

a) O texto segue as regras da norma culta escrita da Língua Portuguesa?

b) Houve uso intencional de regras de outras variedades?

5. Ortografia, pontuação e construção de sentidos

a) As palavras foram escritas de acordo com a ortografia?

b) Houve uso intencional da pontuação, contribuindo para os sentidos do texto?

O que levo de aprendizagens deste capítulo

  1. O que você achou de conhecer poemas inspirados nas experiências que poe­tas tiveram com os lugares em que passaram a infância?
  2. Como percebe que a sua relação com a poesia se modificou depois da leitura desses poemas?
  3. Como foi a experiência de produzir poemas?
  4. E a de poder ter atitudes protagonistas em favor da circulação da poesia na vida de outras pessoas de seu lugar?
  5. Escreva em seu caderno um parágrafo contando suas aprendizagens.

Galeria

Coloque poesia na sua Galeria!

Retome sua Galeria e ou ou seu perfil de leitura em rede de leitores ou leitorea, se tiver um. Observe os títulos que você já leu, o que registrou sobre seus gostos e suas preferências, suas metas de leitura. Reflita: Tem aparecido a poesia?

Que tal aproveitar o que aprendeu sobre o trabalho de linguagem na poesia para se aventurar por novos versos, ampliando suas experiências de leitura?

Construindo conhecimentos para “dialogar” com um comentário de leitor

Para melhor compreender a indicação de uma leitora, você precisará construir conhecimentos citados por ela. Trata-se de um desastre ambiental, que ocorreu em 5 de novembro de 2015, no Brasil.

Com o apoio deseu ou sua responsável e as orientações do professor ou da professora, selecione diferentes notícias e reportagens do dia e outras mais recentes sobre o mesmo desastre, atualizando o que aconteceu depois disso. Leia, compare as informações e organize em seu caderno um quadro como este:

O que aconteceu nesse dia?

Quem foram os responsáveis?

Que danos foram causados ao meio ambiente e às pessoas?

Como está a área do desastre hoje?

Que fontes consultei? (Nome dos portais de conteúdos, jornais, revistas etc.)

Participe da roda de conversa que o professor ou a professora promoverá, para vocês analisarem se as informações que a turma levantou coincidem, se são diferentes, se são complementares, para conhecerem as fontes que usaram e pensarem mais sobre isso.

Conhecendo a indicação de uma leitora de poesia

Agora que você já levantou informações sobre o acontecimento, conheça a indicação que uma leitora faz de um trabalho literário, que torna esse desastre matéria de poesia e pintura:

Lisi Olsen16/03/2021

Eu fui um rio, um dia...

Sabe quando as palavras descrevem uma dor?

E as imagens gritam por socorro?

Esses são os principais sentimentos dos leitores de Um dia, um rio.

Impossível não sentir dor ao se lançar sobre sua leitura, pensar em como tantas vidas foram transformadas pelo descaso com a vida. A vida na água, vida na terra, vida pela vida.

A cada página navegamos por um rio que só resta lembranças, e que junto vai tentando costurar uma colcha de esperança. Um rio menino, como os futuros destruídos na tragédia em Mariana, Minas Gerais.

Orientações e sugestões didáticas

Galeria

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis sete éle pê dois oito, ê éfe seis nove éle pê quatro cinco, ê éfe seis nove éle pê quatro seis) professor ou professora, esta seção favorece a formação de leituras escolhidas com critérios e com autonomia e o compartilhamento delas em práticas próprias do campo artístico-literário. Em continuidade ao trabalho iniciado nos capítulos anteriores, serão trabalhadas práticas com a poesia, tomando-se comentários de leitores e book trailers como fontes de informação na orientação de escolhas.

Construindo conhecimentos para “dialogar” com um comentário de leitor

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê três zero, ê éfe seis nove éle pê três dois) professor ou professora, avalie qual estratégia é mais interessante para o contexto da turma: realizar a navegação em sites seguros de notícias na escola ou como atividade extraclasse. Relembre com eles ou elas o que já aprenderam em outras atividades sobre como fazer busca precisa de um assunto, combinando as palavras-chave “desastre ambiental” mais “5 de novembro” mais “2015” mais “Brasil”. Será importante variar fontes, para que a turma possa, em um momento coletivo, analisar como o mesmo fato pode receber diferentes tratamentos. Dentre as problematizações possíveis, você pode perguntar se os sentidos de expressões como “tragédia ambiental”, “desastre ambiental” e “crime ambiental” são os mesmos. Observe quais fontes pessoais são citadas nas notícias e que papel elas têm no acontecimento, apoiando a apreciação crítica das notícias, de modo que a turma processualmente compreenda a necessidade de cruzar diferentes fontes para a seleção de informações.

Galeria

Através da poesia da escrita e do desenho lamentamos junto ao rio, o rio que um dia ele foi.

Esperançando que um dia volte a ser, o que um dia foi.

Uma leitura necessária! Dolorosa! Poética! Fantástica!

siteCanal e página Devaneios em arte

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Disponível em: https://oeds.link/Idme55. Acesso em: 14 abril 2022.

Reflita: Por que esse livro pode interessar a você? Que estratégias das que foram trabalhadas nos capítulos 2 e 5 você pode usar para conseguir ter acesso a ele? Quem poderá apoiá-lo ou apoiá-la para isso?

Vale a pena ver!

Cena de audiovisual. À esquerda na parte superior, menino com o corpo no ar. Cabeça e braço esquerdo apoiado em superfície no alto que se assemelha à lama, o braço direito está dobrado e parte do cotovelo está afundada nessa superfície. O menino tem nariz fino, macacão com touca em tons de bege e verde e pés descalços. À direita, título em azul-claro: UM DIA, UM RIO.
Cena do book trailer Um dia, um rio. Disponível em: https://oeds.link/gM6B7e. Acesso em: 8 fevereiro 2022.

Book trailers são narrativas visuais ou audiovisuais, em que passagens de um livro recebem animação e, às vezes, efeitos sonoros. Vindo do cinema, a ideia é oferecer um trailer, isto é, uma amostra de um livro, para mobilizar o interesse do leitor ou da leitora. Para o leitor ou a leitora, pode ser uma fórma de conhecer o texto, o trabalho de linguagem, o estilo, para avaliar o que poderia ser a experiência de leitura.

Com apoio de seu ou sua responsável e ou ou orientado ou orientada pelo professor ou pela professora, escreva em seu navegador o título do livro “Um dia, um rio” mais book trailer” e assista a ele, para melhor refletir sobre seu possível interesse pela obra.

Compartilhando sua experiência de leitura

Leitura feita? Dialogue em redes de leitores ou leitorea com outras pessoas que tenham lido a obra, compartilhando sua experiência. Use o que já aprendeu sobre como comentar e indicar um livro.

Orientações e sugestões didáticas

Conhecendo a indicação de uma leitora de poesia

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis sete éle pê dois oito, ê éfe seis nove éle pê quatro seis) professor ou professora, relembre com a turma as regularidades do gênero “comentários de leitor”, considerando o contexto de publicação em redes de leitores de literatura, os cuidados no uso crítico, ético e responsável desses canais e a necessidade do acompanhamento de responsáveis. Incentive a turma a conhecer os perfis dôs ou dás colegas e os comentários que serão publicados. Se você avaliar ser mais adequado para sua realidade, pode também criar um perfil coletivo, com sua gestão de usuário e senha, e a partir de sua postagem publicar os diferentes comentários da turma.

Vale a pena ver!

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro cinco) professor ou professora, avalie se é mais adequado ao contexto de sua turma a exploração conjunta desse trailer no contexto da aula ou a realização como atividade extraclasse. Sugerimos que você faça com a turma a curadoria de outros book trailers, em diálogo com textos que componham o acervo escolar e ou ou da biblioteca local ou das bibliotecas locais e que organizem a lista de links em uma ferramenta digital que agregue esses links, como a “árvore de links”. Dessa vocês terão um catálogo de book trailers como uma ferramenta a mais para as escolhas da turma, com mobilização para a circulação de títulos que estão ao alcance mais imediato.

LiTERatitudes

Saraus para conhecer, se inspirar e fazer!

Converse com a turma

Converse com a turma e o professor ou a professora, trocando as experiências de vocês:

  1. O que você já sabe sobre saraus?
  2. Já participou de algum?
  3. Sabe se seu bairro ou cidade tem saraus?
  4. Em caso afirmativo, busque comentários e resenhas, para saber como os ou as participantes os avaliam.

Rotação por estações: aprendendo juntos sobre saraus

Com orientação do professor ou da professora, você participará de uma rotação por estações: isto é, trabalhará com os ou as colegas em três mesas, que terão diferentes desafios e materiais de apoio.

Participe, exercitando a escuta atenta, expressando de fórma clara o que você pensa. Registre no caderno o que aprender com essas trocas.

Ilustração. Três mesas redondas, cada mesa tem cinco adolescentes sentados ao redor com diferentes tipos e características físicas. Sobre as mesas cadernos, canetas, lápis, tintas.
Orientações e sugestões didáticas

Literatitudes

Converse com a turma

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro seis) professor ou professora, nesta seção você poderá oportunizar o protagonismo dôs ou dás estudantes na ideação e na proposição de evento de letramento literário: um sarau na escola. A ideia é partir das experiências dôs ou dás estudantes com essa prática, ampliar repertórios, em uma estratégia de rotação por estações de trabalho, para, então, discutirem, planejarem e vivenciarem um sarau na escola. A experiência culminará na divulgação do evento por meio de resenha, escrita colaborativamente, acrescida de fotografia, para circular nas redes sociais da escola  se você avaliar adequado, pelas redes sociais dôs ou dás estudantes, lembrando-se de construir antes o sentido da atividade com os ou as responsáveis e de contar com o acompanhamento deles ou delas. Faça uma fotografia da turma toda, durante o evento, para integrar o texto da resenha.

Rotação por estações

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis sete éle pê dois zero, ê éfe seis sete éle pê dois três, ê éfe seis sete éle pê dois quatro) professor ou professora para esta atividade, escolha como fontes de pesquisa textos breves, mas significativos sobre saraus. Você pode combinar diferentes gêneros e mídias. O ideal é que você tenha três conteúdos diferentes e que os disponibilize em seis estações, repetindo o conteúdo duas vezes. Assim, você divide a turma em duas, e cada metade em três grupos de trabalho, que passarão por três mesas diferentes. O trabalho em cada mesa poderá durar em torno de quinze minutos, sendo importante que o conteúdo não exija muito tempo de leitura/escuta/apreciação. Além do conteúdo, importa já deixar a questão de discussão em cada estação/mesa de trabalho. Estas são nossas sugestões:

Mesas 1 e 2

Entrevista audiovisual, com o professor Rodrigo Ciríaco à TV Univesp (assistir até 5’). Disponível em: https://oeds.link/jW2BcW. Acesso em: 14 fev. 2022.

Questão para o grupo:
Qual foi a iniciativa do professor Rodrigo?
Que estratégias ele usou para ganhar o interesse dos estudantes para o sarau?

Mesas 3 e 4

Vídeo instrucional do canal Nova Escola Como Organizar um sarau?. Disponível em: https://oeds.link/yYRCQs. Acesso em: 14 fev. 2022.

O que acontece nesse sarau?
Quais são as três regras do Sarau dos Mesquiteiros para as apresentações?

Mesas 5 e 6

Podcast “Trago Boas Notícias”, da ECOA-UOL. Episódio “Artistas criam sarau para salvar o São Francisco”. Disponível em: https://oeds.link/Qom8in. Acesso em: 14 fev. 2022.

Qual é o principal objetivo do sarau Olha o Chico?
Como as memórias de infância de Linete foram importantes para a origem desse sarau?

LiTERatitudes

Sarau da turma

Converse com a turma

Converse com a turma e o professor ou a professora, trazendo ideias, ouvindo as dôs ou dás colegas e contribuindo para decisões.

  1. O que queremos no sarau da turma, além da declamação de poemas nossos e de outros ou outras autôres ou autôras?
  2. Onde e quando queremos que aconteça o sarau?
  3. Quem gostaríamos que assistisse ao nosso sarau?
  4. Qual será a responsabilidade de cada um ou uma nesse evento?

Resenhando a experiência do sarau

Quando não for sua vez de se apresentar no sarau, procure observar:

  • Como os ou as colegas estão se envolvendo? O que parecem sentir?
  • O que você percebe que estão aprendendo?
  • E o público, como está se comportando?

Com base nessas reflexões, participe da escrita colaborativa de uma resenha, que o professor ou a professora orientará, para divulgar a experiência de vocês com o sarau.

Vale a pena ver!

Sarau da Cooperifa é poesia e cultura na zona sul de SP

Fotografia. Homem ao centro com calça e blusa verde e boné na cabeça, ele está falando em um microfone em um pedestal. Ao redor, no chão, refletores de luz iluminam o homem. Ao redor dos refletores, círculo de pessoas em pé e sentadas, assistindo o homem no centro. Teto em cinza com luzes amarelas acesas
Apresentação no sarau da Cooperifa, em São Paulo (ésse pê).

É ao som de “Uh Cooperifa! Uh Cooperifa! Uh Cooperifa!” que tem início um dos saraus mais importantes da periferia de São Paulo. Todas as terças, a partir das 20horas30, o Bar do Zé Batidão abre seu salão para que poetas, cantores, escritores, pintores, êmi cis e artistas em geral se apresentem no Sarau da Cooperifa.

Com entrada Catraca Livre, o sarau é símbolo da democratização da literatura nas periferias e empodera a população local, muitas vezes excluída da efervescência cultural do centro.

Fonte: CATRACA LIVRE. Disponível em https://oeds.link/RwNlT4. Acesso em: 8 fevereiro 2022.

Orientações e sugestões didáticas

Sarau da turma

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro seis) professor ou professora envolva os ou as estudantes nas decisões. Preveja o cronograma e as responsabilidades e busque, se possível, parceria com a biblioteca escolar ou com a biblioteca local.

Converse com a turma

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro seis) professor ou professora, com base nas aprendizagens que ocorreram nas seções de produção textual dos capítulos anteriores, defina com a turma o contexto de produção da resenha. Planeje colaborativamente os conteúdos que comporão cada uma das partes da resenha: dados do evento, breve descrição de seu conteúdo e avaliação. Para ser ô á escriba, você pode projetar uma tela e ir digitando ou valer-se de lousa. Aproveite para trabalhar com a turma os aspectos que você tem percebido serem os mais recorrentes quanto à coesão e à coerência textuais.

Vale a pena ver!

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro seis) professor ou professora, destaque como o trecho de resenha traz informações do evento cultural e o avalia brevemente.

Glossário

Oficina
: lugar onde se elabora, fabrica ou conserta algo.
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Transfazer
: transformar.
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Comparamentos
: a palavra comparamento é um neologismo, isto é, foi inventada com base em regras de formação de palavras da nossa língua. Assim: encantar encantamento, sofrer sofrimento. Por analogia: comparar comparamento.
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Comunhão
: no contexto do poema, união, identificação, sintonia de sentimentos, de modo de pensar, agir ou sentir.
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Crianceiras
: outro neologismo. Observe que ao radical (morfema com o significado principal) criança foi acrescentado o sufixo eira, como acontece em doce doceira. Além disso, como a palavra está qualificando outra (“raízes crianceiras”), ela funciona como se fosse um adjetivo.
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Oblíqua
: no contexto do poema, que não é direta; torta, tortuosa.
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Pudor
: no contexto do poema, sentimento de vergonha, timidez.
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Paradoxo
: como a metáfora e a comparação, o paradoxo, é um jeito figurado de usar a linguagem. Em um paradoxo, rompe-se com a lógica, com o esperado, sugerindo-se uma realidade nova, expressa na união de contrários. No poema, um exemplo de paradoxo é “o escuro me ilumina”.
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Cascos
: unha que protege os dedos dos cavalos.
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Curral
: lugar cercado onde se prende o gado.
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Privativo
: particular, relativo a cada um. No poema, opõe­‑se ao universal, que é relativo a todos.
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Rês
: qualquer animal quadrúpede que se abate para a alimentação do ser humano. No contexto do poema, o boi, o gado.
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Esguicho
: ato de esguichar, expelir (líquido) com fôrça.
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Subúrbio
: periferia das cidades, onde geralmente moram as famílias com menores salários.
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Comovida
: emocionada.
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Vime
: vara flexível usada para fabricar utensílios, móveis No texto, cor da cesta de pães.
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Laranja seleta
: laranja suculenta e adocicada.
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Pregões dos verdureiros
:as falas altas dos vendedores ambulantes oferecendo verduras.
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Aquarela
: processo de pintura sobre papel, em que são utilizadas tintas diluídas em água. No poema, entra como metáfora “aquarela da manhã”, sugerindo a beleza da combinação das cores das manhãs relembradas/recriadas.
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Rebanho
: coletivo de gado; no contexto do poema, boi.
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Iniciático
: relativo à iniciação, à formação de alguém.
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Sortida
: cheia, repleta.
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Paralalelepípeda
: relativo a paralelepípedos, pedras que fazem o calçamento de espaços urbanos.
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Tanajuras
: espécie de formiga.
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Corruptela
: ato, processo ou efeito de corromper; corrupção; lugar de agrupamento de moradores; pronúncia ou escrita de palavra, expressão etcétera distanciada de uma linguagem com maior prestígio social.
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Mascate
: mercador ambulante, vendedor que oferece mercadorias de porta em porta.
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Muleiro
: relativo a mula; no contexto do poema, vendedor que vinha de mula.
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Bugre
: pertencente a grupo indígena (os Bugres) que habitava o Sul do Brasil.
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Lacraia
: espécie de inseto presente em todo o Brasil; mede de 6 milímetros a 20 centímetros e possui 15 ou mais pares de pernas.
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Creonte
: personagem da mitologia grega, rei de Tebas, que se arrependeu das decisões precipitadas do início de seu reinado e se tornou um rei sábio.
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Antigamentes
: épocas mais ou menos distantes no tempo; tempos passados.
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Réis
: é o plural do nome das unidades monetárias adotadas no Brasil e em Portugal no século passado (singular: real).
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Desocupar
: tornar vazio; liberar, esvaziar. No contexto do poema, defecar, fazer cocô.
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Arruado
: conjunto de ruas, povoado.
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Desacontecimentos
: é um neologismo, uma palavra inventada com base nas regras da língua. Assim, acrescentou-se o prefixo des ao substantivo acontecimento, em sua fórma plural. O sentido pode ser aproximadamente “o que não aconteceu”, mas dizer isso por meio de um neologismo reforça a ideia.
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Adepto
: aquele que tem adesão a determinada coisa; no caso, a razão, a lógica, a racionalidade.
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Estultícia
: estupidez; tolice.
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