Capítulo 5

Práticas com leitura de crônicas, canções e produção de crônicas por meio de paródias

Meme. Uma ave em tons de marrom voando de frente com o par de asas bem abertas e garras a vista, com a cabeça de um cachorro com focinho preto. Na ponta inferior, tronco de árvore marrom e ao fundo, elementos desfocados. Texto: SE ESTÁ NA INTERNET É PORQUE É VERDADE.
Reprodução de meme que circulou pela internet em 2022.

Converse com a turma

1. A imagem reproduz um texto do gênero meme. Você já viu outros textos dêsse gênero? Sabe onde e como textos assim circulam? É possível saber quem são seus autores?

2. O que você vê na imagem? Como provavelmente ela foi produzida?

3. Leia o boxe a seguir e relembre esse jeito figurado de usar a linguagem.

Ironia é o nome dado a algo que se diz ou escreve querendo significar o contrário. Para perceber a ironia, é preciso considerar a situação de interação em que o texto aparece. Assim, por exemplo, se em um dia de muito frio uma pessoa passa e esquece a porta aberta, e outra, incomodada com isso, lhe diz: “Que calor, não?!”, ocorre ironia.

Considerando o que você respondeu nas questões 1 e 2, por que o texto verbal que acompanha a imagem causa efeitos de ironia nesse meme?

4. Que reflexão crítica o meme provoca?

5. E você, o que pensa sobre isso? Acha que essa reflexão é necessária? Por quê?

6. Você já ouviu falar em falsa autoria de textos que circulam pela internet? O que sabe sobre isso?

O que você poderá aprender

  1. O que você já conhece das crônicas de Luis Fernando Verissimo?
  2. Como suas crônicas colocam em reflexão questões contemporâneas, com efeitos de humor?
  3. Como você pode obter conhecimentos sobre o movimento musical Bossa Nova, para aproveitar bem a leitura de uma crônica de Verissimo e, ao mesmo tempo, ampliar o que sabe dêsse movimento da música e da cultura brasileira?
  4. O que é fazer paródia?
  5. De que maneira você pode se valer dêsses e de outros conhecimentos para produzir uma crônica de fórma colaborativa?

Quem é?

Fotografia. Escritor Luis Fernando Veríssimo, visto dos ombros para cima. Ele tem cabelos grisalhos, usa óculos de grau e camisa cinza. Ele olha para frente. Ao fundo, local desfocado com partes em marrom e branco.
O escritor em 2016.

Luis Fernando Verissimo nasceu em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936. É escritor, humorista, cartunista, roteirista de televisão, autor de teatro, romancista e músico. Com mais de sessenta livros publicados, é um dos mais conhecidos cronistas contemporâneos. É também um dos autores que mais têm seu nome usado na internet por outras pessoas, que publicam textos como se fossem dele nas redes sociais.

Leitura

Vale a pena ler!

Comédias para se ler na escola, de Luis Fernando Verissimo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.

Capa de livro. Fundo  laranja. Na parte inferior, à direita, um senhor sentado em cadeira com livros em carteira escolar. Ele tem cabelos brancos, com camisa branca de gola, blusa verde, calça e sapatos marrons e óculos de grau. Ele segura na mão direita, um avião de papel. Sobre a carteira, materiais escolares. Na parte central, título do livro: COMÉDIAS PARA SE LER NA ESCOLA. Acima nome do autor: Luis Fernando Verissimo.
Observe a capa, leia a sinopse a seguir e se pergunte: “Por que ler as crônicas dessa antologia pode me interessar?”. Se decidir ler, procure-as em bibliotecas e/ou sites seguros, a partir dos títulos.

A dobradinha não podia ser melhor. De um lado, as histórias de um mestre do humor. Do outro, o olhar perspicaz de uma das mais talentosas escritoras do país, especialista em literatura para jovens. Ana Maria Machado, leitora de carteirinha de Luis Fernando Verissimo, preparou uma seleção de crônicas capaz de despertar nos estudantes o prazer e a paixão pela leitura. O resultado pode ser conferido em Comédias para se ler na escola reticências indispensável para a sala de aula. A seleção de textos permite ao leitor reticências conhecer os múltiplos recursos deste artesão das letras. A habilidade para os exercícios de linguagem ou de estilo pode ser vista em crônicas como “Palavreado” reticências. A competência para desenvolver as comédias de erro está presente em “O homem trocado” reticências. A mestria para criar pequenas fábulas, com moral não explícita, aparece em “A novata”. A aptidão para resgatar memórias é a marca de “Adolescência”. E, por fim, o dom para abordagens originais de temas recorrentes revela-se em “Da Timidez”, “Fobias” e “á bê cê”.

iscubi. Comédias para se ler na escola. Disponível em: https://oeds.link/lmmC5v. Acesso em: 29 abril. 2022.

Na crônica que você lerá a seguir, o autor trata com humor do fato de terem atribuído a ele, pela internet, um texto que ele não escreveu. Acompanhe com escuta interessada a leitura, que poderá ser feita por você, por um ou uma colega ou pelo ou pela professor ou professora.

Outro você

E dizem que rolaglossário um texto na internet com minha assinatura baixando o pauglossário no “Big Brother Brasil”.

Não fui eu que escrevi.

Não poderia escrever nada sobre o “Big Brother Brasil”, a favor ou contra, porque sou um dos três ou quatro brasileiros que nunca o acompanharam.

O pouco que vi do programa, de passagem, zapeandoglossário entre canais, só me deixou perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas – além do voyeurismoglossário natural da espécieglossário – numa jaula de gente em exibição?

Falha minha, sem dúvida. Se prestasse mais atenção talvez descobrisse o valor sociológicoglossário que, como já ouvi dizerem, redimeglossário o programa e explica seu fascínioglossário .

Pode ser. Os “Big Brothers” e similares fazem sucesso no mundo todo. Provavelmente eu e os outros três ou quatro resistentes apenas não pegamos o espírito da coisa.

Também me dizem que, além de textos meus que nunca escrevi (como textos igualmente apócrifosglossário do Jabor, da Martha Medeiros e até do Jorge Luís Borges), agora frequento a internet com um Twitter.

Aviso: não tenho tuiter, não recebo tuiter, não sei o que é tuiter.

E desautorizo qualquer frase de tuiter atribuída a mim a não ser que ela seja absolutamente genial. Brincadeira, mas já fui obrigado a aceitar a autoria de mais de um texto apócrifo (e agradecer o elogio) para não causar desgosto, ou até revolta.

Como a daquela senhora que reagiu com indignação quando eu inventei de dizer que um texto que ela lera não era meu:

— É sim.

— Não, eu acho quereticências

— É sim senhor!

Concordei que era, para não apanhar.

O curioso, e o assustador, é que, em textos de outros com sua assinatura e em tuiters falsos, você passa a ter uma vida paralela dentro das fronteiras infinitas da internet.

É outro você, um fantasma eletrônico com opiniões próprias, muitas vezes antagônicasglossário , sobre o qual você não tem nenhum contrôle.

— Olha, adorei o que você escreveu sobre o “Big Brother”. É isso aí!

— Não fui eu quereticências

— Foi sim!

VERISSIMO, Luis Fernando. O Globo, página. 7, 4 abril. 2010.

Primeiras impressões

1. Releia:

“Também me dizem que, além de textos meus que nunca escrevi (como textos igualmente apócrifos do Jabor, da Martha Medeiros e até do Jorge Luís Borges) [...].”

  1. O que você infere sobre os nomes citados? O que eles podem ter em comum com o autor da crônica?
  2. Em sua opinião, por que pessoas publicam na internet textos atribuindo a autoria deles a escritores famosos?
  1. Que desafio Verissimo costuma enfrentar junto a seus leitores como consequência de textos apócrifos?
  2. Que relações você estabeleceria entre o título e o que discute o cronista sobre como se sente com o uso de seu nome em casos de falsa autoria na internet?

O texto em construção

Forme dupla com um ou uma colega e converse com ele ou ela sobre as questões a seguir , exercitando a escuta e o diálogo. Elas foram pensadas para você perceber recursos da linguagem e procedimentos literários que contribuem para os efeitos de sentido da crônica, com especial atenção à exploração de figuras de linguagem. Anote as soluções a que chegar no caderno, para depois discutir com a turma as possibilidades de respostas.

1. Releia:

“Não poderia escrever nada sobre o ‘Big Brother Brasil’, a favor ou contra, porque sou um dos três ou quatro brasileiros que nunca o acompanharam.

a. Você sabe quantos cidadãos há na população brasileira?

Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

No site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), você encontra um aplicativo que atualiza o número de brasileiros, conforme os nascimentos e as mortes (disponível em: https://oeds.link/M2p8Gn, acesso em: 10 abr. 2022).

  1. Considerando esse número de habitantes, como você avalia o que o narrador diz sobre a quantidade de pessoas que nunca acompanharam o programa? Você considera que ele foi realista ou exagerou? Por quê?
  2. Relacionando o boxe a seguir com o que você respondeu antes, conclua: que imagem possivelmente o narrador quis passar sobre si mesmo e sobre o programa, com o uso da hipérbole?

Hipérbole

Hipérbole é uma figura de linguagem que usamos para expressar de fórma exagerada um fato, uma ideia ou um sentimento, com o objetivo de dar mais ênfase ao que queremos dizer.

2. Leia, a seguir, o boxe sobre anáfora e relembre essa figura de linguagem.

Anáfora

É a repetição intencional de uma mesma palavra em início de frases e versos.

a. Releia:

“Aviso: não tenho tuiter, não recebo tuiter, não sei o que é tuiter.”

  1. Como a anáfora usada também contribui para o narrador passar uma imagem de si mesmo?
  2. Considerando os verbos que o narrador usa, pode-se concluir que ele também está exagerando quando diz “não sei o que é tuiter”? Por quê?

3. Releia o diálogo:

Ilustração. Três balões de fala. . Balão à direita em laranja com o texto: É SIM. Balão à esquerda em azul com o texto: NÃO, EU ACHO QUE... Balão à direita em laranja com o texto: É SIM SENHOR!
  1. Entre quem teria acontecido esse diálogo representado no texto?
  2. Em qual fala percebe-se que houve uma modalização, ou seja, é possível perceber a intenção de não fazer uma fala “fechada”, com uma certeza única? Que palavra escolhida e usada ajuda a perceber isso?

Modalização

A modalização consiste em escolher com muita atenção as palavras que usamos no enunciado para demonstrar ao interlocutor (aquele que nos ouve ou lê) um cuidado, uma preocupação, em relação a como ele interpretará nosso texto.

  1. Que sensação as falas não modalizadas do diálogo criam sobre quem as diz?
  2. De que modo a pontuação empregada ajuda a expressar como foi o diálogo?

4. Leia o boxe a seguir sobre paradoxo.

Paradoxo

O paradoxo é uma maneira figurada de usar a linguagem. Em um paradoxo, rompe-se com a lógica, com o esperado, sugerindo-se uma realidade nova, expressa na união de contrários. Um exemplo: “o escuro me ilumina”.

Que paradoxo há no título da crônica? Ele tem coerência com o que se discute no texto? Justifique.

Você percebeu como nessa crônica o narrador combinou sua fala – contando e refletindo sobre acontecimentos – com falas de outras personagens, como se o diálogo estivesse acontecendo no mesmo momento em que o lemos?

Mais adiante, você vai ler outra crônica do mesmo autor. Com muita criatividade, ele usa trechos de outros textos para produzi-la. Para poder perceber e significar bem esse processo, vale a pena antes você conhecer os textos que ele trabalhará.

Observe as fotografias a seguir, reflita sobre o que você já sabe sobre essas e esses artistas. Que importância tiveram para um momento de nossa canção? Aguce sua curiosidade e prepare-se para fazer isso na oficina de curadoria de canções para a composição de playlist proposta a seguir!

Fotografias em preto e branco. Um. Cantora Elizete Cardoso vista da cintura para cima, perto do microfone. Ela tem cabelos curtos pretos, blusa clara de alça fina. Ela olha para frente com o braço direito perto do microfone. Fotografia em preto e branco. Dois. Cantora Nara Leão vista dos joelhos para cima, cabelos escuros na altura do queixo com franja, ela veste vestido branco de alça. Ela está com a cabeça para a direita, segurando nas mãos um violão. Uma pessoa fora da cena, segura o microfone perto da boca da cantora. Homens de terno desfocados ao fundo. Fotografia em preto e branco. Três. Cantor e compositor Vinicius de Moraes sentado para a esquerda, de cabelos castanhos, com camisa, calça preta. Ele segura nas mãos, um violão. Fotografia em preto e branco. Quatro. Cantor João Gilberto sentado, com o corpo para a direita, cabelos e terno escuros, segurando um violão e de frente para microfone em um pedestal. Fotografia em preto e branco. Cinco. Músico Tom Jobim visto dos ombros para cima, com a cabeça para a esquerda, cabelos escuros penteados para a esquerda e blusa clara. Fotografia em preto e branco. Seis. Cantora Elis Regina vista da cintura para cima, com o corpo para a esquerda, cabelos escuros para trás, olhando para frente sorrindo, ela  segura um troféu na mão.
1. Elizete Cardoso (1965); 2. Nara Leão (1968); 3. Vinicius de Moraes (1959); 4. João Gilberto (1966); 5. Tom Jobim (1968); 6. Elis Regina (1966).
Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Fotografia em preto e branco. Logotipo com uma esfera à esquerda, montada com peças de quebra-cabeça, parte superior com furo, sem peças e à direita, texto em preto: WIKIPEDIA – THE FREE ENCYCLOPEDIA.
Foto de logo da Wikipedia, 2022.

Uma lista de reprodução (em inglês, playlist) designa uma determinada lista de canções, que podem ser tocadas em sequência ou em ordem aleatória. O termo, geralmente utilizado no meio da radiodifusão, tem vários significados especializados, quer nos domínios da radiodifusão, quer no domínio dos computadores pessoais.

PLAYLIST. ín: uíquepídia: the free encyclopedia. [San Francisco, Califórnia: Uíquimídia Fandêichion, 2010]. Disponível em: https://oeds.link/DnRvlF. Acesso em: 22 fevereiro 2022.

Oficina de leitura e criação – Curadoria de canções da Bossa Nova para composição de playlist

Condições de produção

O quê?

Você comporá uma playlist com as principais canções da Bossa Nova.

Para quem?

Para a própria turma, de modo que você e os ou as colegas possam ampliar os conhecimentos sobre a cultura musical brasileira, conhecendo sobretudo canções da Bossa Nova, e assim se preparar para interpretar passagens da crônica de Luis Fernando Verissimo que lerão.

Para outras pessoas interessadas em MPB conhecerem as playlists da turma.

lustração. Garota sobre uma banqueta, sentada para a esquerda. Ela tem cabelos encaracolados em castanho-escuro, veste regata vermelha, bermuda azul e par de tênis laranja e branco. Ela segura na mão direita, uma folha de papel. Sobre a cabeça dela, notas musicais em preto.

Como fazer?

1. Aprendendo o que foi a Bossa Nova

Investigue em sites seguros, voltados para a difusão de conhecimentos, o que foi o movimento musical Bossa Nova, buscando saber:

a. Quando e onde surgiu?

b. O que marcou a história e a cultura do país naquela época?

c. Quem foram os ou as compositores ou compositoras, cantores e cantoras desse movimento?

d. O que você já conhece sobre eles e elas? O que mais quer conhecer?

e. Que estilos musicais influenciaram esse movimento?

f. Como são a melodia, a harmonia e os ritmos da Bossa Nova?

g. Quais são as canções mais conhecidas dêsse movimento?

h. De que temas costumam tratar as canções?

i. Que importância esse movimento teve para a música brasileira?

j. Produza um esquema como este com as informações levantadas.

Esquema com sete quadros. De baixo para cima: Quadro um: Principais acontecimentos no período Quadro um se liga ao quadro dois e ao quadro três: Quadro dois: Bossa Nova. Compositores, cantores e cantoras Quadro três: Importância para a música brasileira Quadro dois se liga ao quado quatro, cinco, seis e sete: Quadro quatro: Títulos das principais canções Quadro cinco: Características melodia, harmonia e ritmo Quadro seis: Estilos musicais de influência Quadro sete: Temas das canções

Oficina de leitura e criação

2. Escolhendo canções da Bossa Nova para a playlist

a. Escolha uma fórma de compor e salvar sua playlist. Caso você nunca tenha feito isso, procure aprender com colegas, familiares, amigos ou amigas e ô á professor ou professora. Você também pode se valer, com autonomia, de tutoriais disponíveis na internet.

b. Componha uma playlist com sete canções da Bossa Nova.

c. Escute-as, prestando atenção no que elas têm em comum quanto à melodia, à harmonia e ao ritmo.

d. Busque perceber de que situações e temas os versos tratam.

e. Reflita sobre como os recursos da música (melodia, harmonia, ritmo, instrumentos escolhidos) “casam” com os versos da canção e sobre as sensações e emoções que isso sugere para você.

f. Procure perceber como esse conjunto de canções expressa o jeito de viver de um grupo social em determinada época. Nesse sentido, as canções da Bossa Nova fazem uma crônica do cotidiano dêsse grupo.

g. Você já tinha ouvido canções da Bossa Nova antes? O que achou dessa experiência? Qual canção chamou mais a sua atenção? Por quê?

h. Com base no que você fez e pensou até aqui, produza um parágrafo no caderno sobre as canções da Bossa Nova.

Vale a pena ouvir!

Com o apoio de seu ou sua responsável, procure pelo podcast Troca o Disco #133: O surgimento da Bossa Nova, combinando palavras-chave.

O episódio narra o surgimento da Bossa Nova e traz trechos de canções do movimento.

Logotipo. Fundo em vermelho, com texto em contorno preto, preenchida em branco: TROCA O DISCO. Na ponta da direita, um tocador de disco antigo em branco, com contorno preto.
Logo do podcast Troca o disco, 2022.

3. Comparando sua playlist com a de outros ou outras colegas

a. Forme, com três colegas, um grupo de trabalho.

b. Comparem as playlists de vocês e discutam:

Que canções vocês escolheram em comum?

Há algumas que não são comuns?

O que cada um quer contar sobre o que aprendeu investigando o que foi a Bossa Nova e ouvindo suas canções?

Que canção cada um gostaria de destacar e comentar?

4. Compondo e circulando a playlist da turma

Conforme as orientações dô ou dá professor ou professora, participe da composição e circulação da playlist comentada da turma.

Ilustração. Menino sentado visto da cintura pra cima, sentado atrás de uma mesa marrom. Ele tem cabelos castanhos, veste camiseta azul e segura caneta na mão direita, sobre a mesa, caderno com folhas brancas. Ele olha para cima, à direita. Perto dele, notas musicais em preto e linhas finas da mesma cor.

E então, você entrou no clima de “muita calma pra pensar e ter tempo pra sonhar”?

Leia a crônica de Luis Fernando Verissimo e descubra como ele narra com criatividade uma história que pode ter sido vivida por ele e por muitos de sua geração, usando canções da Bossa Nova. Acompanhe com escuta interessada a leitura, que poderá ser feita por você, por um ou uma colega ou pelo ou pela professor ou professora, com uso intencional da entonação, de pausas e do ritmo.

Leitura

O apagar da velha chama

Eu, você, nós dois, um cantinho, um violãoreticências Da janela, mesmo em Porto Alegre, via-se o Corcovado, o Redentorglossário (que lindo!) e um barquinho a deslizar no macio azul do mar. Tinha-se, geralmente, de vinte anos para menos quando, em 1958, chegou a Elizete com abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim e João Gilberto com o amor, o sorriso, a flor e aquela batidaglossário diferente, mas que era bossa-nova e era muito natural, mesmo que você não pudesse acompanhar e ficasse numa nota só, porque no peito dos desafinados também batia um coração, lembra? Na vida, uma nova canção, um doce balanço. Era carioca, era carioca, certo, mas a juventude que aquela brisa trazia também trazia pra cá e daqui se via a mesma luz, o mesmo céu, o mesmo mar, milhões de festas ao luar, e sempre se podia pegar um Electraglossário e mandar descer no Beco das Garrafas, olha que coisa mais linda. Queríamos a vida sempre assim, si, dó, ré, mi, fá, sol, muito sol, e lá. Mas era preciso ficar e trabalhar, envelhecer, acabar com esse negócio de Rio, céu tão azul, ilhas do sul, muita calma pra pensar e ter tempo pra sonhar, onde já se viu? Até um dia, até talvez, até quem sabe. O amor, o sorriso e a flor se transformavam depressa demais. Quem no coração abrigou a tristeza de ver tudo isso se perder, para não falar nos seus vinte anos, nos seus desenganosglossário e no seu violão, nem pode dizer ó brisa fica, porque nem mais se entende, nem mais pretende seguir fingindo e seguir seguindo. A realidade é que sem ela não há paz, não há beleza, é só a melancoliaglossário que não sai de mim, não sai de mim, não sai. E dê-lhe rock.

VERISSIMO, Luis Fernando. O apagar da velha chama. In: VERISSIMO, Luis Fernando. Peças íntimas. Porto Alegre: Ele e Pê ême Editores, 1990.

Ilustração. Dois meninos em pé, um ao lado do outro. À esquerda, menino de cabelos castanhos, camiseta azul, bermuda verde e par de tênis azul. Ele está com com a parte interna dos ombros apoiado em muletas e segura com as duas mãos, folha em branco. À direita, menino de cabelos encaracolados em castanho-escuro, com camiseta amarela, bermuda vermelha, com par de tênis marrom. Ele olha para a folha do menino à esquerda e segura nas mãos, folha branca à frente do corpo.

Vale a pena ouvir!

Que tal conhecer mais sobre músicas citadas e parodiadas na crônica? A cantora fluminense Elizete Moreira Cardoso (1920-1990) foi considerada uma das maiores intérpretes da música brasileira. Sua voz e interpretação foram consagradas na gravação do disco Canção do amor demais, em 1958, com canções de Vinicius de Moraes e Tom Jobim. A canção “Chega de saudade” figura entre as faixas dêsse disco, que se tornou histórico por ter revelado pela primeira vez o ritmo da Bossa Nova. Procure ouvir algumas de suas canções.

João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (1931-2019) foi um cantor, violonista e compositor reconhecido por ser o criador da Bossa Nova. Foi eleito pela revista Rolling Stone Brasil o segundo maior artista brasileiro de todos os tempos. Em 1968, lançou o disco O amor, o sorriso e a flor, que também é um verso da canção “Meditação”. Busque na internet as canções dêsse disco para conhecer as composições de João Gilberto.

Capa de álbum fonográfico. Cantora Elizete Cardoso vista dos ombros para cima, cabelos escuros curtos, com blusa de gola com faixas em marrom e branco. Ela olha para frente, sorrindo. Ao fundo, estante em marrom com livros na vertical de capas de cores diferentes.
Capa do álbum Canção do amor demais, de Elizete Cardoso, gravado em abril de 1958.
Capa de álbum fonográfico. Fundo branco, com silhueta em cinza de homem da cintura para cima tocando violão à esquerda. À direita, texto e título: João Gilberto, O amor, o sorriso e a flor. BOSSA NOVA.
Capa do éle pê O amor, o sorriso e a flor, de João Gilberto, lançado em 1960 pela gravadora Odeon.
Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Fotografia. Album fonográfico. Capa em bege-claro, com círculo em preto, com título: BECO DAS GARRAFAS e outros textos em branco.

O Beco das Garrafas (que também já foi conhecido como Beco das Garrafadas) é uma espécie de vão entre dois prédios, no Rio de Janeiro. Na década de 1960, pessoas disputavam lugar na plateia das três boates que havia ali para assistir a shows de Bossa Nova. O beco recebeu esse nome porque um morador vizinho, insatisfeito com o barulho, jogava garrafas e outros objetos em quem ali se encontrava.

Primeiras impressões

Leia o boxe e discuta as questões com a turma e o professor ou a professora:

Intertextualidade (relações entre textos) por meio de paródia

A paródia é um dos tipos de relação que podemos estabelecer entre textos. Para provocá-la, o autor deixa em seu texto marcas que nos ajudam a lembrar outro texto e, ao mesmo tempo, promove uma atualização de significados inesperados, quase sempre com efeitos de humor e crítica.

  1. Que canções vocês percebem que foram parodiadas no texto?
  2. Que idade tinha o narrador, possivelmente, quando viveu a Bossa Nova? Que passagem do texto permite chegar a essa conclusão?
  3. O narrador fala de experiências individuais ou coletivas? Justifique indicando o uso de pronomes e de verbos.
  4. A perspectiva com que o narrador olha a vida no final da crônica também é a dessa idade? Que passagens você gostaria de indicar para justificar sua resposta?
  5. O que chama sua atenção na paragrafação? E quanto ao emprego de vírgulas e pontos, qual dêsses sinais de pontuação é mais recorrente?
  6. Você acha que essas escolhas foram coerentes para a sugestão de um ritmo para o texto? Por quê? Responda exemplificando com a leitura em voz alta de um trecho da crônica.
Ilustração. Um violão marrom-claro, na vertical e saindo dele, notas musicais em preto, com linhas finas em laranja.

O texto em construção

  • Organize-se em duplas e converse com ô á colega sobre as questões a seguir. Escute com atenção a fala dele ou dela, dialogue com o que ele ou ela traz, procurando expressar com clareza suas ideias. Elas foram pensadas para você perceber especialmente como o narrador cria com humor uma visão sobre músicas e valores culturais de sua juventude, por meio de um trabalho de linguagem. Anote no caderno as soluções a que chegar, para depois discutir com a turma todas as diferentes possibilidades de respostas.

1. Considere a definição de paródia que você leu neste capítulo e releia, em voz alta e com expressividade, o trecho a seguir:

“Eu, você, nós dois, um cantinho, um violãoreticências Da janela, mesmo em Porto Alegre, via-se o Corcovado, o Redentor (que lindo!) e um barquinho a deslizar no macio azul do mar.”

a. É possível ver paisagens do Rio de Janeiro de uma janela em Porto Alegre? Como você interpreta o trecho em destaque, considerando que é uma paródia?

Versão adaptada acessível

Atividade 1, item a.

É possível ver paisagens do Rio de Janeiro de uma janela em Porto Alegre? Como você interpreta o trecho, considerando que é uma paródia?

b. A que se pode referir a expressão “(que lindo!)”, considerando o contexto da paródia dos versos? Como ela pode ser interpretada?

2. Releia em voz alta, usando com intencionalidade a entonação, o ritmo, as pausas:

“Era carioca, era carioca, certo, mas a juventude que aquela brisa trazia também trazia pra e daqui se via a mesma luz, o mesmo céu, o mesmo mar, milhões de festas ao luar, e sempre se podia pegar um Electra e mandar descer no Beco das Garrafas, olha que coisa mais linda.”

  1. Que lugar é retomado pelo advérbio e pela locução adverbial daqui?
  2. Que efeitos de humor ganha a anáfora “a mesma luz”, “o mesmo céu”, “o mesmo mar” no contexto da paródia?
  3. Que verso de “Garota de Ipanema” é citado e ganha efeitos de humor na paródia? Por quê?
Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Um texto traz em si marcas de outros textos, explícitas ou implícitas. A esse fenômeno chamamos intertextualidade. Essa ligação entre textos pode ir de uma simples citação explícita a uma leve alusão, ou até mesmo a uma paródia completa, em que a estrutura do texto inicial é utilizada como base para o novo texto. Essa associação é prevista pelo autor e deve ser feita pelo leitor de fórma espontânea, na proporção em que partilhe conhecimentos com o autor.

GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. 2. edição. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

  1. Se você não tivesse investigado antes o que foi a Bossa Nova e apreciado canções dêsse movimento, teria compreendido bem a crônica? Por quê?
    • Identifique uma passagem em que o narrador se dirige diretamente ao leitor, explicitando que pressupõe que o leitor sabe do que ele está falando.
  2. O título da crônica é um verso retirado da canção “Corcovado”. Que efeitos de sentido ele ganha na crônica? O que pode ser a “velha chama”?
  3. Como você interpreta a última frase da crônica: “E dê-lhe rock”? Estabeleça relações com o boxe Clipe sobre esse gênero musical no Brasil.
Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

O ritmo róquinrôl (sinônimo de dançar, balançar), que depois passou a ser chamado somente de rock, nasceu nos Estados Unidos no final da década de 1940 e começou a fazer sucesso no Brasil nos anos 1960, com as canções da Jovem Guarda, outro movimento cultural brasileiro que mesclava música, moda e comportamento. Aos poucos o rock foi tomando o lugar da Bossa Nova no gosto popular.

O que você achou de aprender sobre uma época por meio de uma crônica que faz uso de trechos de canções? Percebeu como atribuir sentidos a um texto depende não só do que está escrito, mas também de conhecimentos prévios que se pressupõe que o leitor tenha e de sua capacidade de estabelecer relações com outros textos? Agora é sua vez de provocar relações de intertextualidade e sentido em outros leitores, na oficina de produção de crônicas com paródias de canções.

Oficina de leitura e criação

Crônicas com paródias de canções

Condições de produção

O quê?

Uma crônica no estilo de composição de “O apagar da velha chama”, de Luis Fernando Verissimo, parodiando músicas da sua geração.

Para quem?

Para a própria turma, que poderá:

trocar apreciações de músicas que estão no cotidiano de sua geração;

experimentar a colaboração, em processo de criação e autoria coletiva;

produzir crônica por meio da paródia, tirando versos de composições musicais, adaptando-os e recontextualizando-os para alcançarem efeitos de sentido.

Além disso, com o apoio dô ou dá professor ou professora, vocês poderão definir outros públicos leitores de interesse, planejando as fórmasde circulação das crônicas da turma.

Ilustração. Garoto em pé, à esquerda de frente para uma garota à direita. Ele tem cabelos castanhos, usa um fone de ouvido cinza sobre a cabeça, conectado ao celular cinza, bermuda e sapatos roxos. Ele aponta o dedo indicador da mão esquerda para cima e segura na mão esquerda, o celular. Acima da cabeça dele, notas musicais. A garota à direita, tem cabelos longos encaracolados em preto, camiseta e faixa sobre a cabeça em roxo, calça azul, par de sapatos laranja e segura nas mãos, folhas de papel. Os dois sorriem.

Como fazer?

1. Compondo uma playlist

  1. Você e três colegas vão compor uma playlist com versos ou trechos de sete canções de um estilo musical que, na opinião de vocês, esteja bem presente no cotidiano de sua geração. Para isso, escolham um estilo musical que apreciem: samba, sertanejo, rock, ême pê bê, funk, entre outros.
  2. Ouçam as músicas, prestando atenção no ritmo, na melodia, na harmonia, nos temas, nas opiniões que elas expressam, e se posicionem com perspectiva crítica, discutindo entre vocês: o que pensamos sobre os temas, as ideias, o jeito de viver que essas músicas expressam?
  3. Anotem no caderno a opinião a que vocês chegarem depois da discussão.
  4. Durante a escrita da crônica, vocês vão precisar consultar a letra das sete canções escolhidas: vocês podem copiá-las no caderno, imprimir da internet ou consultar o arquivo digital, de acôrdo com a orientação dô ou dá professor ou professora.

Oficina de leitura e criação

2. Planejando o texto

Ilustração. Garoto à esquerda, visto da cintura para cima, cabelos encaracolados pretos, usa camiseta azul. Ele segura na mão direita uma caneta e escreve em um caderno de folhas brancas. À direita, garota de cabelos encaracolados em marrom, camiseta rosa e mão direita sobre o queixo. Ela está com o dedo indicador esquerdo sobre o braço direito dele. À frente dos dois, mesa marrom, com um celular conectado ao fone, um livro de capa verde e folhas brancas e caneta amarela.
Discutam e anotem as ideias de vocês no caderno. Lembrem-se de que o narrador precisa representar um grupo de pessoas, falar de si como parte de uma geração. Assim, a voz que vai falar no texto deve ser a de um narrador em 1ª pessoa do plural. Decidam:
  1. Em que situações da vida dêsse narrador vamos demonstrar, com efeitos de humor, sua ligação com as músicas que escolhemos para a playlist?
  2. Essas situações são também gerais, coletivas, pertencentes ao cotidiano de outras pessoas?
  3. Que verbos, substantivos e adjetivos poderão nos ajudar na criação dessas situações? Façam uma lista dessas palavras.
  4. Qual vai ser a sequência dos acontecimentos no texto?
  5. Quantos e quais versos das músicas escolhidas usaremos para compor o texto de nossa crônica? O que citaremos, o que adaptaremos, para que os leitores percebam que estamos fazendo uma paródia?
  6. Como marcaremos, com efeitos de humor, nosso ponto de vista sobre os temas, as ideias, o jeito de viver que essas músicas expressam? Há versos ou trechos das canções que podem ser colocados entre parênteses para criar efeitos de ironia, ambiguidade, humor, como faz Verissimo com “(que lindo!)”?
  7. Qual verso escolheremos como título da crônica?
  8. Que frase de efeito queremos criar no final do texto para marcar uma mudança nos acontecimentos e/ou no estilo musical?

3. Escrevendo o texto

  1. Elejam entre vocês quem será o redator. À medida que o grupo constrói o texto oralmente, o redator vai escrevendo, apagando, reformulando, reescrevendo, frase por frase, até o grupo achar que chegou a um resultado satisfatório.
  2. Consultem previamente a “Ficha de apoio à produção e à avaliação da crônica”, no final desta seção. Se tiverem dúvida sobre algum ponto, peçam apoio dô ou dá professor ou professora.
  3. Escrevam um texto curto (entre 15 e 20 linhas), em parágrafo único, no mesmo estilo de Verissimo. Combinem com ô á professor ou professora se vão usar um editor de textos, no computador, ou redigir numa folha para rascunho. Usem a pontuação com intencionalidade e os parênteses para marcarem comentários irônicos e ambíguos.

4. Avaliando o texto

  1. Retomem a “Ficha de apoio à produção e à avaliação da crônica” e, com base nos critérios indicados, avaliem se há necessidade de fazer alguma alteração ou reescrita de algum trecho.
  2. Apresentem a crônica ao ou à professor ou professora, para que ele ou ela traga sugestões do que pode ser aprimorado.
  3. Depois da análise dô ou dá professor ou professora, trabalhem na versão final do texto.

5. Circulando as crônicas

Junto com ô á professor ou professora, determinem como circularão as crônicas produzidas.
Ficha de apoio à produção e à avaliação da crônica

1. Adequação à proposta

• O texto é uma crônica que parodia versos de músicas de sua geração?

2. Atenção às características estudadas do gênero e ao trabalho de linguagem

a) Conseguimos criar um narrador que fala de si como parte de uma geração?

b) Os acontecimentos são narrados por meio da paródia de versos de músicas?

3. Construção da coesão/coerência do texto (textualidade)

a) A composição com versos ficou coerente, sugere uma sequência?

b) Usamos elementos para fazer a coesão textual, como pronomes e advérbios?

c) O texto está em um parágrafo único, sugerindo um ritmo mais fluido, como o das músicas?

d) O verso ou trecho escolhido como título contribui para os sentidos, as ideias e os pontos de vista que queremos sugerir com a crônica?

e) O desfecho marca uma mudança nos acontecimentos e no estilo musical?

4. Uso das regras e convenções da norma-padrão escrita e de outras variedades da língua portuguesa

• Nas falas do narrador usamos verbos predominantemente conjugados na primeira pessoa do plural, no passado?

5. Ortografia, pontuação e construção de sentidos

a) Identificamos em nosso texto palavras com desvios ortográficos? Procuramos resolvê-los?

b) Usamos com intencionalidade a pontuação? Empregamos parênteses para comentários irônicos, ambíguos, com efeitos de humor?

6. Quanto à colaboração e à comunicação na atividade em grupo

• Buscamos nos entender de modo respeitoso e interessado na aprendizagem colaborativa, ouvindo com interesse e abertura a opinião do(a) outro(a)?

O que levo de aprendizagens deste capítulo

  1. O que você achou de conhecer melhor o trabalho de um cronista e de refletir sobre questões do dia a dia, com base na leitura de suas crônicas: a falsa autoria na internet, a música como parte de uma geração?
  2. Gostou de conhecer uma parte da história da música brasileira, investigando a Bossa Nova e produzindo uma playlist ? E de conhecer o recurso da paródia?
  3. Como foi a experiência de poder trabalhar a autoria coletiva, ao produzir uma crônica parodiando músicas de sua geração? O que foi produtivo no trabalho em grupo? Em que você avalia que pode melhorar em outra produção colaborativa? Você se interessou em conhecer e aprender com as propostas de outros grupos?
  4. Com base em suas reflexões, produza um parágrafo indicando as aprendizagens que alcançou.

Galeria

Na música brasileira, é rica a tradição de compositores que fazem letras que revelam, como as crônicas, aspectos do cotidiano, de jeito bem-humorado e surpreendente.

Você já ouviu falar de Noel Rosa? Que tal conhecer como era o Rio de Janeiro nos anos 30 do século vinte por meio de suas composições? Nessa época, as canções de Noel Rosa tocavam muito no rádio e entraram no gosto e no imaginário da população de todo o país. Vale a pena ler o post feito no blog de uma biblioteca de faculdade a seguir e depois buscar na internet playlists com as canções desse compositor.

Vale a pena assistir!

O Canal tê vê Brasil dedicou um programa de sua série “De lá pra cá” a Noel Rosa. Vale a pena combinar essas palavras-chave em seu navegador de internet e assistir ao programa, para ter uma visão do contexto em que viveu o “poeta da Vila” – assim chamado por ter nascido na Vila Isabel, bairro da cidade do Rio de Janeiro.

Você sabia que Noel Rosa também foi cronista?

A primeira geração de grandes cancionistas brasileiros aparece no final do século dezenove, com destaque para a compositora Chiquinha Gonzaga e suas polcas. No início do século vinte, surgem o choro e o samba, com nomes como os de Pixinguinha e Sinhô, refletindo traços da cultura africana trazida para o Brasil.

Nos anos 30, aparecem os sambistas brancos de classe média, como Ary Barroso, ao lado dos compositores do morro, como Cartola e Ismael Silva. É neste período que o samba começa a fazer a crônica da sociedade brasileira, na voz de Noel Rosa.

Com Noel Rosa o samba conheceu um jeito novo de se expressar, com letras mais complexas e poéticas e, através da divulgação pelo rádio, alcançou regiões distantes no país, elevando-se à condição de samba nacional.

Seu primeiro grande sucesso, a canção “Com que roupa?” tornou-se um bordão popular para aqueles que se encontravam em dificuldades financeiras, no auge das repercussões da queda da bolsa de Nova Iorque, em 1929. Sua canção foi cantada em todo o Brasil durante o carnaval de 1931.

Na peculiaridade de sua crônica-poesia, Noel mostrou-se em perfeita sintonia com o momento brasileiro, apresentando temas sociais como o trabalho na fábrica – início do desenvolvimento industrial capitalista no País – de que é exemplo a canção “Três apitos”, do cotidiano, como em “Conversa de botequim” reticências

Na letra de “Quando o samba acabou”, Noel fala dos códigos de convivência no morro e do estilo de seus habitantes, suas crenças e as leis que todos conhecem e seguem. Nos versos da canção, os dois malandros sabem que para conquistar Rosinha, terão de ser vitoriosos no samba. Mas “em toda façanha/ sempre um perde e outro ganha”. Quando o sambista “parou de versejar”, pois a inspiração se foi, perdeu, também, o direito ao amor da musa. Só lhe resta abandonar a vila. A música passa a dar a medida dos sentimentos e assume temas até então só trazidos pela poesia. Através de suas descrições da vida cotidiana e seus tipos humanos, das referências a acontecimentos políticos e culturais, Noel fez a fotografia da Nação e colaborou para que o samba viesse a ser reconhecido como “símbolo nacional”.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL. Curiosidades Literárias, 17 outubro. 2011. Disponível em: https://oeds.link/hOaY9V. Acesso em: 22 fevereiro. 2022.

Ilustração em preto e branco. Cartum representando o cantor Noel Rosa, à esquerda,  sentado em cadeira de frente para uma mesa. Ele tem cabelos pretos, sobrancelhas grossas, nariz fino e queixo pequeno para dentro, de terno claro, gravata vermelha, sapatos em preto e branco. Sobre a mesa, um copo e toalha xadrez. Na ponta da direita, um violão escuro.
Noel Rosa, pelo cartunista Baptistão.

Quem é?

Fotografia em tons de sépia de Noel Rosa. Ele é visto dos ombros para cima, camiseta de gola branca, terno e gravata escuro, cabelos pretos. Ele tem nariz fino, sobrancelhas grossas e queixo pequeno.
Noel Rosa em 1921.

Noel Rosa (1910-1937) nasceu no Rio de Janeiro, foi compositor, cantor e violonista. Em pouco tempo de vida compôs mais de trezentas músicas e é considerado um dos mais importantes artistas da música popular brasileira. Muito cedo aprendeu a tocar violão e bandolim.

Noel Rosa na sua galeria!

Procure na internet, combinando palavras-chave, uma das canções citadas no post da biblioteca.

Ouça, acompanhe a letra e, se quiser, cante junto, aprendendo a melodia.

Reflita e registre na sua galeria: O que você aprendeu sobre costumes, acontecimentos, com essas canções? Qual achou mais criativa? Por quê?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Locutor: Noel Rosa, cronista de seu tempo

[Ruído estático de rádio]

[Música “São coisas nossas”, de Noel Rosa ]

Saudade do violão e da palhoça,

Coisa nossa, coisa nossa

Voz masculina: E aí, galera, vocês conhecem essa música? Certamente ela não está entre os sucessos da semana, mas não é por isso que não vale a pena escutá-la. Essa música foi composta pelo sambista carioca Noel Rosa. Ele nasceu em 1910 e morreu muito jovem, com apenas 26 anos, por causa da tuberculose. Mas mesmo com uma carreira bem curta, ele fez mais de 200 músicas. Sério mesmo! Em muitas delas, falou com profundidade e poesia sobre o cotidiano do Brasil dos anos 1930. E é justamente por isso que ele é considerado um cronista de seu tempo. Que tal conhecer melhor essa característica do Noel? Vamos prestar atenção em outro trecho da mesma música, intitulada “São coisas nossas”, em uma gravação de 1932.

[Música “São coisas nossas”, de Noel Rosa ]

Baleiro, jornaleiro

Motorneiro, condutor e passageiro,

Prestamista e o vigarista

E o bonde que parece uma carroça,

Coisa nossa, muito nossa

[Som ambiente de movimento das ruas e som de bonde]

Voz masculina: O cotidiano carioca dos anos 1930 aparece representado na referência ao bonde, principal meio de transporte da época, e na menção a alguns tipos de profissionais comuns naquele tempo, como o motorneiro, que dirigia o bonde, e o condutor, que comandava as partidas desse meio de transporte usando um apito. Noel também fala do prestamista, que era aquela pessoa que emprestava dinheiro a juros e que hoje chamamos de agiota. O artista cita ainda o vigarista, que, infelizmente, também não é coisa do passado. Sacaram que não é só um retrato da sociedade? A música também traz uma crítica pessoal do autor. Noel lembra não só as funções honestas, mas também as condenáveis, e até compara os bondes cariocas a carroças. Tudo isso, para ele, é coisa nossa, muito nossa. Essa intenção também é reforçada pela pouca variação de ritmo e entonação com que Noel canta essas passagens, como se todos os elementos descritos fossem igualmente corriqueiros e representativos da sociedade brasileira.

[Música “João Ninguém”, de Noel Rosa]

A marca pessoal e crítica do cantor e compositor carioca também aparece em muitas outras de suas composições. Vamos acompanhar agora, também na voz de Noel, o trecho inicial da canção “João Ninguém”, em uma gravação de 1935.

[Música “João Ninguém”, de Noel Rosa]

João Ninguém

Que não é velho nem moço

Come bastante no almoço

Pra se esquecer do jantar

Num vão de escada

Fez a sua moradia

Sem pensar na gritaria

Que vem do primeiro andar

Voz masculina: O próprio título “João Ninguém” já sugere uma pessoa marginalizada, não é mesmo? E quando a gente ouve o trecho, essa intenção se confirma, pois descobrimos que João Ninguém não tem jantar e seu lar é o vão da escada de um prédio. Em outro trecho, a gente percebe que o João é bem diferente de boa parte da sociedade carioca, que trabalha e cultiva ideais de ostentação. João não se identifica com os valores dessas pessoas, e, por isso, é marginalizado por elas. Vamos ouvir outro trecho:

[Música “João Ninguém”, de Noel Rosa]

João Ninguém

Não tem ideal na vida

Além de casa e comida

Tem seus amores também

E muita gente

Que ostenta luxo e vaidade

Não goza a felicidade

Que goza João Ninguém!

Voz masculina: Mas como a gente pôde perceber, viver à margem da sociedade, nesse caso, não significa ser infeliz, porque muita gente que ostenta luxo e vaidade não alcança a felicidade que tem João Ninguém. Noel Rosa mostra a individualidade desse personagem humilde; mostra que ele, na verdade, é sim alguém. João só é ninguém para aqueles que vivem em função de valores para os quais ele não está nem aí. Essa canção foi gravada no período conhecido como Era Vargas, tempos em que a propaganda do governo federal exaltava a imagem do operário em oposição à do malandro, personagem típico dos morros cariocas, visto pelo governo e por parte da sociedade como preguiçoso e desleixado. Nessa canção, o Noel inverte essa perspectiva, exaltando o malandro, que, para ser feliz, não precisa de trabalho, luxo e vaidade. Outra canção que representa o lado cronista do Noel é “Não tem tradução”, gravada pela primeira vez por Francisco Alves, em 1933. Vamos ouvir a primeira estrofe dessa versão:

[Música “Não tem tradução”, de Noel Rosa]

O cinema falado

é o grande culpado

da transformação

Dessa gente que sente

que um barracão

prende mais que um xadrez

Lá no morro,

se eu fizer uma falseta

A Risoleta desiste logo

do francês e do inglês

Voz masculina: A transformação de que fala a canção é o uso de estrangeirismos de língua inglesa pela sociedade carioca daquele tempo. A culpa, segundo a canção, era do cinema falado, que tinha surgido nos Estados Unidos poucos anos antes, em 1927. Isso sem contar que naquela época a língua francesa tinha muita influência por aqui. Era tipo o inglês hoje em dia. Noel se incomoda com isso. Para ele, essa língua cheia de estrangeirismos, falada no Rio de Janeiro daquela época, não representa o Brasil. O nosso verdadeiro país estaria na língua popular e macia falada nos morros cariocas, e também se refletiria no samba, que, sendo genuinamente nacional, não teria tradução no idioma francês. No morro, segundo a canção, nem português se fala mais. É brasileiro mesmo, com suas gírias e expressões populares. No morro, estrangeirismo não tem vez.

[Música “Não tem tradução”, de Noel Rosa]

Essa gente hoje em dia

que tem a mania

da exibição

Não se lembra que o samba

não tem tradução

no idioma francês

Tudo aquilo

que o malandro pronuncia

com voz macia é brasileiro,

já passou de português

Amor lá no morro é amor pra chuchu

As rimas do samba não são I love you

E esse negócio de alô, alô boy, alô Johnny

Só pode ser conversa de telefone

Voz masculina: Esse choque cultural entre a cidade e o morro representa também a desigualdade social que já caracterizava o Rio de Janeiro, então capital do país. No início do século XX, o Rio passou por reformas que expulsaram a população trabalhadora mais pobre do centro da cidade. Essas pessoas começaram, então, a ocupar os morros, o que deu início à marginalização dessas áreas em relação às regiões modernizadas pelas reformas. E então, curtiram o Noel Rosa? Ele se foi há tanto tempo, mas parece que muito do que cantou ainda é atual, né? Perceberam que a linguagem e o enfoque usados nessas canções são bem típicos da crônica? E vocês? Conhecem artistas que falem sobre os tempos atuais com a sensibilidade e o talento do Noel? Quem seriam os compositores-cronistas de hoje? Aposto que vocês conhecem vários! Até a próxima!

[Ruído estático de rádio]

Locutor: Créditos: Os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound. As canções “São coisas nossas”, “João Ninguém” e “Não tem tradução” são de Noel Rosa e estão em domínio público.

LiTERatitudes

As canções de Noel Rosa vão ao teatro

Os textos a seguir são registros do musical Canção de amor em Rosa, dirigido por Fernanda Maia em 2011. Leia cada um, com autonomia, estabelecendo relações entre eles.

Texto 1 – Fotografia com cena de espetáculo teatral

Observe os figurinos, os gestos e as expressões das personagens na fotografia a seguir.

Fotografia. Quatro atores encenando, todos visto dos joelhos para cima. Na ponta da esquerda, mulher com cabelos escuros longos, de blusa de mangas curtas e saia rosa. Mais à direita, homem de chapéu e terno em bege. Ao lado, luminária de rua em tons de cinza. Mais à direita,  homem de cabelos e barba pretos, com boina marrom sobre a cabeça e calça escura, segurando um bastão em bege na mão esquerda e a mão direita para cima, de punho fechado. Na ponta da direita, mulher com cabelos na altura do queixo em castanho, mão direita sobre a bochecha direita e braço esquerdo cruzado a frente do corpo, ela veste chapéu e vestido bege.
Foto de cena do musical A noiva do condutor de Noel Rosa, da Cia de Teatro A Boca de Adoniran (2017). Direção: Mussa Daniel.

Vale a pena assistir!

Fotografia. Sete atores visíveis da canela para cima com roupas da década ente 1920 e 1930. Dois atores mais à direita virados para direita e o restante do grupo na parte esquerda virados para para frente com braços para frente e boca aberta.
Foto de cena do musical A noiva do condutor de Noel Rosa, da Companhia de Teatro A Boca de Adoniran (2017). Direção: Mussa Daniel.

Combine em um navegador as palavras-chave “A Noiva do Condutor” mais Companhia de Teatro Boca de Adoniran” para localizar o espetáculo e assisti-lo.

Texto 2 – Sinopse

O texto a seguir foi publicado no site de uma instituição cultural e resume o enredo do espetáculo teatral A noiva do condutor.

  • Com base nas informações trazidas, quem são possivelmente as personagens na fotografia?
  • Que importância as canções de Noel Rosa têm na peça?
    Reprodução de página da internet.

A noiva do condutor

Companhia de Teatro Boca de Adoniran

A narrativa acompanha Helena, moça que sonha em se casar com um rapaz abastado, e é traída pela paixão quando conhece Joaquim. Embalado pelos clássicos do samba como “Com que roupa eu vou” e outras canções menos populares, o espetáculo revela um olhar crítico sobre a sociedade da década de 1930 e dá uma nova roupagem à opereta original.

No palco, artistas se entregam na energética mistura de cantar, dançar e atuar para divertir a plateia. A Noiva do Condutor é uma revista radiofônica escrita pelo genial sambista Noel Rosa. Mesmo com a morte precoce, Noel criou uma série de inesquecíveis músicas tocadas ao longo dos anos. O Grupo K’Os Coletivo resolveu repaginar o musical escrito em 1935, batizando-o de “A Noiva e o Condutor”.

A obra fala da história do Brasil, do apogeu do samba e dos costumes. Além disso, o musical favorece a pesquisa do samba, gênero tão importante na formação da cultura.

séziEventos. Disponível em: https://oeds.link/cMIZ8H. Acesso em: 12 junho. 2022.

Texto 3 – Fragmento de entrevista

O texto a seguir é trecho da uma entrevista que a diretora Fernanda Maia concedeu ao pesquisador de teatro musical Gerson da Silva Esteves. Leia e reflita:

O que ela pretendia com esse espetáculo e por quê?

Resuma o ponto de vista dela na galeria e se pergunte: O que eu penso sobre isso?

éfe ême reticências No Canção de Amor em Rosa, a música é narrativa. Era minha primeira produção e eu queria fazer teatro musical para crianças. Eu escrevi um texto que pudesse ter canções de Noel Rosa reticências e é uma historinha de amor, uma comediazinha de costumes, com canções que servem para que os personagens emitam suas opiniões a respeito de alguma coisa. Elas são importantes na narrativa. Elas são importantes para definir quem são aqueles personagens, de que maneira eles se relacionam, de que maneira eles se antagonizam. Era o centenário do Noel e eu pensei: daqui a pouco essas crianças não têm mais acesso a isso, as novas gerações não vão ouvir no rádio, não vai aparecer na televisão – pelo menos não num horário em que as crianças estejam acordadas, ninguém vai gravar com distribuição em larga escala, essas músicas não vão aparecer no show de final de ano do Roberto Carlos, o Jósten Bíber não vai gravarreticências enfim! Eu me disse: puxa, esse material se perde? Outra coisa que me intrigava era o fato de as pessoas acreditarem que não existe um ponto de contato entre uma produção mais antiga da música brasileira e as novas gerações. E eu fico muito invocada com isso.

ESTEVES, Gerson da Silva. A Broadway não é aqui – Teatro musical no Brasil e do Brasil: uma diferença a se estudar. 2014. Dissertação (Mestrado) – Fundação Cásper Líbero, São Paulo, 2014. Disponível em: https://oeds.link/h2PFmb. Acesso em: 22 fevereiro. 2022.

LiTERatitudes

Existe ponto de contato entre a canção de Noel Rosa e as novas gerações?

1. Leia o trecho de resenha a seguir, em que o pesquisador de música Rafael Caldas avalia o trabalho do grupo musical Ordinarius.

Ilustração. Emoji de círculo amarelo com características humanas, com a mão direita e dedo indicador debaixo do queixo, olhos azuis, olhando para cima e sobrancelha esquerda para cima e direita para baixo. Em cima da cabeça dele, balão de pensamento em azul.

Ordinarius

O Ordinarius tem no repertório uma variedade de gêneros musicais, brasileiros e estrangeiros. Chama atenção a beleza dos arranjos escritos por Augusto Ordine e a facilidade que o grupo tem para executar efeitos de virtuosismo vocal.

Seu primeiro cedê (Ordinarius) foi considerado, pelo site “O Embrulhador”, como um dos melhores de música brasileira no ano de 2012, e o conjunto vocal Ordinarius foi indicado ao Prêmio da Música, como Melhor Grupo de ême pê bê, em 2018, pelo trabalho no disco Notável. Ganhar mais prêmios é só uma questão de tempo, se o grupo permanecer nesse ritmo de produção. reticências

Grupos vocais surgem em todo lugar do mundo mostrando a cultura local, e a maneira autêntica de lidar com os gêneros internacionais de cada lugar. O Ordinarius é uma excelente representação nacional nessa área, não só mostrando como a música brasileira combina perfeitamente com a formação vocal, bem como continuando a tradição deixada por grupos como Os Cariocas, Quarteto em Cy e ême pê bê quatro.

asterisco Rafael Caldas é Mestre em Musicologia pela UNIRIO, Bacharel em Regência e Licenciado em Música pela ú éfe érre jota. É premiado como Agente Jovem da Cultura – Ministério da Cultura.

CALDAS, Rafael. Resenha Coral – Um grupo Extra Ordinarius, notável! Disponível em: https://oeds.link/Y2D4vw. Acesso em: 28 fevereiro. 2022.

2. Conheça a interpretação que o grupo Ordinarius faz da canção “Tipo zero”, de Noel Rosa, visitando o canal de vídeos do grupo na internet ou combinando palavras-chave no navegador.

Vale a pena ouvir!

Fotografia. Local aberto, com piso cinza e parede de tijolos marrom ao fundo, seis pessoas cantando e tocando instrumentos. Da esquerda para direita: baterista de cabelos escuros, camisa branca, calça cinza e par de sapatos pretos. À direita, duas mulheres de vestidos estampados, cantando de frente para microfones. Entre elas, um homem cantando, ele tem  cabelos e barba escuro, camisa branca, calça cinza e sapatos marrons. Ele segura na mão direita, um microfone cinza. Na ponta da direita, outros dois homens cantando de frente para microfones. Um deles tem cabelos castanhos e usa blusa vinho, calça branca e sapatos marrons e tocando um cavaquinho. Ao fundo, sobre as paredes, uma fita na horizontal com muitas bandeirinhas coloridas.
O grupo Ordinarius em interpretação da canção “Tipo zero”, de Noel Rosa, no Parque das Ruínas, Santa Teresa, Rio de Janeiro (2015).
  1. Agora é com você:
    1. Retome sua galeria e reveja seus registros. Reflita sobre o que você aprendeu ouvindo as canções de Noel Rosa e conhecendo a recriação delas pelo teatro.
    2. Reflita sobre o ponto de vista trazido pela diretora do espetáculo Canção de amor em Rosa, Fernanda Maia: “Outra coisa que me intrigava era o fato de as pessoas acreditarem que não existe um ponto de contato entre uma produção mais antiga da música brasileira e as novas gerações”.
    3. Qual é a sua opinião:
      • Jovens como você podem se conectar com as canções de Noel Rosa? Por quê?
      • O que você achou da interpretação que o grupo contemporâneo Ordinarius fez da canção de Noel Rosa? Por quê?
      • O que você gostaria de publicar como comentário, em cerca de cinco linhas, na página em que o grupo musical disponibilizou o vídeo?
  2. Conforme as orientações dô ou dá professor ou professora, produza um comentário para o canal de vídeos dêsse grupo musical, falando sobre a experiência de ouvi-los e da importância que você atribui ao trabalho desses(as) artistas para conectar novas gerações à música de Noel Rosa!

Glossário

Rola
: expressão de gíria que significa aproximadamente “circula”.
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Baixando o pau
: expressão de gíria que significa aproximadamente “avaliando muito mal”.
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Zapeando
: trocando seguidamente de canal de TV para percorrer sua programação.
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Voyeurismo
: forma de curiosidade doentia com relação ao que é privativo, privado ou íntimo de outras pessoas.
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Espécie
: conjunto de indivíduos que apresentam características comuns. No contexto da crônica, a espécie humana, os seres humanos.
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Sociológico
: relativo à Sociologia, estudo da organização e do funcionamento das sociedades humanas e de suas leis. Na crônica, o autor admite que o programa Big Brother pode ter seu valor no contexto da sociedade em que vivemos.
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Redime
: repara falhas.
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Fascínio
: forte atração, encantamento.
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Apócrifos
: textos falsamente atribuídos a um autor ou de cuja autoria se tenha dúvida.
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Antagônicas
: contrárias.
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Corcovado, o Redentor
: menção ao Morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, e à estátua do Cristo Redentor, que se encontra no pico do morro.
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Batida
: ritmo musical, cadência.
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Electra
: provável menção à Electra International Brazil, um dos fundos de investimento da concessionária Supervia, operadora da rede de trens urbanos do Rio de Janeiro. A expressão “sempre se podia pegar um Electra e mandar descer no Beco das Garrafas” deve significar pegar um trem e descer numa estação próxima ao beco.
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Desenganos
: desilusões, falta de esperança.
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Melancolia
: estado de grande tristeza sem causa definida, desencanto geral; depressão. Às vezes, está associada à saudade.
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