Capítulo 8 

A poesia do cordel

Xilogravura. Impressão de xilogravura em preto e branco. Um quadrado com o contorno em preto, em pequenos triângulos e na parte inferior, solo. À esquerda, pequena parte de vegetação e um animal quadrúpede, similar a um burro e sobre ele, um homem montado. Ele veste um casaco comprido e calça e está com o braço direito estendido para frente. À direita, uma criança em pé, com o corpo para a esquerda, com braço direito para frente, segurando objeto arredondado oferecendo para o homem montado no animal. Na parte superior, à esquerda, um pássaro sobrevoando de asas abertas para a esquerda. Na parte inferior, à esquerda, escrita: BRABO.
Ilustração da xilogravura do cordel As proezas de João Grilo, 2005.

Converse com a turma

1. Você conhece a arte com que foi produzida originalmente a imagem reproduzida anteriormente? Sabe que materiais e técnicas são utilizados nessa arte? Onde e como costumam circular as imagens produzidas por meio dela?

  1. O que você já conhece sobre a personagem João Grilo? Com base na legenda que acompanha a imagem, responda: O que a cena pode estar representando?
  2. Você conhece poetas e poetisas de cordel? O que sabe sobre a literatura que fazem? Que tipos de história contam? Essas histórias são contadas em prosa ou versos? Sabe como circulam entre os ou asouvintes/leitores ou leitorea?
  3. Você já leu ou ouviu histórias como O romance do pavão misterioso, Peleja do cego Aderaldo com Zé Pretinho, A moça que morreu e o cão não deixou enterrar? Se sim, quer contar alguma?
Titulo do carrossel
Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

O que você poderá aprender

  1. O que é a literatura de cordel?
  2. Que trabalho poético é característico em suas histórias?
  3. Que relações a literatura de cordel tem com a arte da xilogravura?
  4. Como você pode se valer do que aprenderá para produzir colaborativamente uma história de cordel?

Leitura

Você acompanhará a leitura de um texto da literatura de cordel. Preste atenção nas rimas, no ritmo com que o texto vai se tecendo e em como isso se relaciona com o tema que ele desenvolve.

Em versos singelosglossário

Cordel quer dizer barbante

Ou senão mesmo cordão,

Mas cordel-literatura

É a real expressão

Como fonte de cultura

Ou melhor poesia pura

Dos poetas do sertão.

O chamado trovadorglossário

Ou poeta popular

Era semianalfabeto

Pom sabia rimar,

Seus folhetos escrevia

E os sertanejos os liam

Por ser o seu linguajarglossário .

O cordel é dividido

Escrito, cantado, oral,

Porém o cordel legítimoglossário

É aquele tipo jornal,

Que trazia a notícia nova

Em sextilhas, nunca em trova

Que agrada o pessoal.

O cordel sendo cultura

Hoje tem sua tradiçãoglossário ,

Chamado literatura

Veículo de educação

Retrata histórias passadas

Que estão documentadas

Para toda geração.

PAVAN, Alexandre. Em versos singelos. Plano de aula: Língua Portuguesa. Disponível em: https://oeds.link/VhvlQt. Acesso em: 15 julho 2018.

Quem é?

Alexandre Pavan (1977-) é jornalista, roteirista e autor de livros sobre música popular brasileira. Já escreveu para televisão, rádio, jornais e também foi redator e pesquisador da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras, uma obra de referência virtual que reúne informações sobre artes visuais, literatura, teatro, cinema, dança e música produzidos no Brasil.

Primeiras impressões

1. Leia:

Metalinguagem

Uma das funções das linguagens é tratar de si mesmas, por exemplo: um filme pode tratar do universo do cinema; uma canção pode expressar o que é fazer canções. A gramática é outro exemplo: nela, regras da língua escrita explicam a própria língua.

  • Pode-se dizer que o cordel que você leu é metalinguístico? Por quê?

2. A que lugar e cultura o cordel é relacionado?

3. Leia:

Multimodalidade

É o uso das diferentes linguagens (verbal e oral, verbal e escrita, visual, gestual, musical, fotográfica etc.) combinadas em nossas interações.

  • Que verso informa as diferentes linguagens em que o cordel pode ser apresentado?

4. Qual foi a primeira função do cordel: entreter ou informar? Que versos permitiram a você concluir isso?

O texto em construção

Organize-se em dupla e combine a releitura do texto em voz alta: uma estrofe para cada um ou uma, trabalhando o ritmo, as pausas, a entonação. Depois, converse com ô á colega sobre as questões a seguir. Elas foram pensadas especialmente para vocês perceberem os recursos da linguagem e os procedimentos poéticos do cordel. Escutem-se com atenção e respeitem a vez de fala dô ou dá colega, discutindo o que analisaram.

  1. Vocês perceberam, durante a leitura, que há um ritmo bem marcado, constante no texto? Por que vocês acham que isso acontece?
  2. O que vocês percebem quanto às estrofes? O que todas elas têm em comum? Estabeleçam relações com o boxe a seguir.

Classificação das estrofes

Dependendo da quantidade de versos, as estrofes classificam-se em: monóstico (1 verso); dístico (2 versos); terceto (3 versos); quarteto ou quadra (4 versos); quintilha (5 versos); sextilha (6 versos); septilha (7 versos); oitava (8 versos); nona (9 versos), décima (10 versos).

3. Leia:

Métrica

É a quantidade de sílabas poéticas de um verso. Para saber a métrica de um verso, contamos apenas até sua última sílaba tônica e desprezamos as demais. Outro ponto importante: a métrica tem a ver com a oralidade, com a pronúncia dos versos; por essa razão, muitas vezes o poeta considera o final de uma sílaba e o início da outra uma única sílaba poética. Assim, por exemplo:

1

2

3

4

5

6

7

8

Que

tra

zia + a

no

cia

no

va

Conforme o número de sílabas poéticas, os versos recebem classificações: pentassílabo ou redondilha menor (5 sílabas poéticas); heptassílabo ou redondilha maior (7 sílabas poéticas); e decassílabo (10 sílabas poéticas).

Releia o cordel em voz alta. Qual métrica foi usada no texto?

4. Observe a estrofe seguinte, com especial atenção em como os versos rimam entre si. Lembre-se de que no quadro os versos estão separados conforme são pronunciados, sem seguir as regras ortográficas de separação de sílabas na escrita.

1

2

3

4

5

6

7

cor

del

quer

di

zer

bar

ban

te

Verso 1

a

ou

se

não

mes

mo

cor

dão

Verso 2

b

mas

cor

del

li

te

ra

tu

ra

Verso 3

c

é

a

re

al

ex

pre

ssão

Verso 4

b

co

mo

fon

te

de

cul

tu

ra

Verso 5

c

ou

me

lhor

poe

si

a

pu

ra

Verso 6

c

dos

po

e

tas

do

ser

tão

Verso 7

b

Como você vê, nessa estrofe rimam entre si: os versos 2, 4 e 7; os versos 3, 5 e 6. As rimas se dão tanto entre as sílabas tônicas das últimas palavras como entre as sílabas finais (mas nem sempre é assim; às vezes, escolhe-se apenas uma dessas fórmas de rimar). Se quiséssemos fazer isso, esquematicamente, usando uma letra para representar cada jeito de um verso terminar e rimar com outro, teríamos: a/b/c/b/c/c/b.

Leia novamente as estrofes e, fazendo anotações no caderno, identifique que outras rimas foram exploradas entre os versos, usando letras para representá-las esquematicamente (a, b etcétera.).

Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Sextilha

Capa de cordel. Fundo amarelo com imagem e texto em preto. Ao centro, mulher virada para a direita e homem virado para a esquerda. Texto: Autor: Severino Borges Silva. Romance do Reino do Mar-Sem-Fim. J. BORGES.
Capa do cordel Romance do Reino do Mar-Sem-Fim.

A sextilha é o formato mais popular de estrofes no cordel. É formada por seis versos, com versos de sete sílabas poéticas (redondilha maior). A rima segue um esquema em que o segundo, o quarto e o sexto versos rimam entre si. Ele é conhecido como esquema , em que o xis representa qualquer terminação, e o A, a terminação dos versos que rimam entre si.

5. Você percebeu que, para compor versos de cordel, o poeta precisa ter uma consciência bem grande dos sons das palavras e combiná-las com criatividade para expressar um tema? O que acha de poder conhecer histórias de cordel feitas pelos poetas do sertão? Por quê?

Santa musa, irmão de Apolo,

Manda um anjo querubim

Trazer as setas poéticas

Para auxiliar a mim,

Que vou contar o romance

Do Reino do Mar-Sem-Fim. reticências

SILVA, Severino Borges. Romance do Reino do Mar-Sem-Fim. Disponível em: https://oeds.link/N63wPc. Acesso em: 12 agosto 2022.

Vale a pena ouvir!

No site mantido pelo Méqui com obras em domínio público, você encontra um programa de rádio que trata especialmente do cordel. Confira e, se curtir, compartilhe com familiares, amigos, em canais das redes sociais. Disponível em: https://oeds.link/NhaIzt. Acesso em: 7 março 2022.

Oficina de leitura e criação

Consulta a cordeltecas, curadoria e leitura de folhetos de cordel

Condições de produção

O quê?

Curadoria e leitura de folheto de cordel para compartilhar em roda de leitura.

Para quem?

Para a própria turma, que vai ampliar seus conhecimentos sobre a literatura de cordel. Além disso, o(a) professor(a) poderá também combinar que outros públicos ouçam as leituras de vocês. Assim, vocês poderão difundir o cordel.

Como fazer?

  1. Para fazer a curadoria (escolha) do cordel que deseja ler, acesse e conheça cordeltecas, isto é, coleções de folhetos de cordel que foram digitalizados e disponibilizados em sites de instituições culturais que preservam e difundem o cordel:
    • Fundação Casa de Rui Barbosa. Disponível em: https://oeds.link/UBZ0gb. Acesso em: 7 março 2022. O acervo, com cêrca de 9 mil folhetos de cordel, está disponível na base de dados da biblioteca para consulta on-line por meio de suas referências catalográficas, que podem ser pesquisadas por índices, como o de autor, título, assunto, local de publicação, editora/tipografia, data, gênero literatura de cordel etcétera.
    • Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. Disponível em: https://oeds.link/BnRuID. Acesso em: 7 março 2022. O acervo digitalizado é composto de mais de 6 mil títulos de folhetos de cordel, provenientes, em sua maioria, de pesquisas de campo e doações de cordelistas. Além da diversidade temática (cantorias, desafios, cangaço, religiosidade popular, fatos políticos, do cotidiano, entre outros), destacam-se autores consagrados e vários títulos raros – alguns datam de 1908.
  2. Navegue pelos sites e procure compreender como os folhetos estão organizados e qual é a melhor fórma de conhecê-los. “Folheie” digitalmente vários textos, até encontrar o que você gostaria de ler com mais calma. Se preferir, você também pode combinar nos espaços de busca das cordeltecas títulos que já conhece da literatura de cordel e que deseja ler. Assim, por exemplo, pode digitar pavão mais misterioso. Se quiser algumas sugestões, conte com esta lista de nossos folhetos preferidos:

Roldão no leão de ouro, de João Martins Atahyde.

Ali Babá e os 40 ladrões, de João José Silva.

O casamento do bode com a raposa, de Manuel Diegues jota érre.

A chegada de Lampião no inferno, de José Pacheco.

Ariano Suassuna – sessenta anos de vida encantada, de João José da Silva.

As grandes aventuras de Armando e Rosa, conhecidos por Coco verde e melancia, de José Camelo de Melo.

As proezas de João Grilo, de João Ferreira de Lima.

O pavão misterioso, de José Camelo de Melo.

Ilustração. Homem em pé, com o corpo para a esquerda. Ele usa um chapéu redondo, blusa de mangas compridas e calça marrom. Ele está com pulando uma fogueira laranja.
  1. Para refletir durante a leitura do cordel escolhido.
    1. Leia com calma seu folheto, observe as rimas, o ritmo, as personagens e como os versos vão compondo a história.
    2. Qual é a métrica (quantidade de sílabas poéticas) e o esquema de rimas trabalhado (, por exemplo)?
    3. Imagine como seriam as personagens, os lugares em que os acontecimentos se passam, a época.
    4. Como você resumiria os acontecimentos dessa história?
    5. Com que outra ou outras (de livros, filmes, desenhos ou jogos) você relacionaria essa que escolheu? Por quê?
    6. Alguma parte da história você considera fantasia, imaginação? Por quê?
    7. Algo lembra situações, ideias, valores de outro tempo? Por quê?
    8. O que você considera que também diz respeito a seu tempo? Por quê?
    9. Há alguma personagem feminina? Em caso afirmativo, observando as ações em que ela está envolvida, os diálogos e as falas atribuídos a ela, o que você conclui: essa personagem tem um lugar de protagonismo na história ou seu destino é decidido por outros? O que você pensa sobre isso?

Oficina de leitura e criação

j. Com base no que você analisou e refletiu durante a leitura do texto escolhido, escreva no caderno um comentário breve apresentando e avaliando o cordel, para apresentar em uma roda de leitura. Você também pode, com o apoio de seu ou suaresponsável, publicar em comunidades de leitores na internet de que você faça parte ou, ainda, divulgar entre familiares e amigos ou amigas pelas redes sociais. Se quiser, apoie-se neste jeito de organizar o texto, usando apenas o que fizer sentido para sua leitura:

Ilustração. Folha na horizontal em branco, com linhas finas na horizontal e texto manuscrito em azul. Estrelas pequenas para indicar espaço para resposta. O cordel que eu li chama-se (espaço para resposta), foi escrito por (espaço para resposta), possivelmente em (espaço para resposta) (ano, década etc.). Ele tem estrofes com versos (espaço para resposta) e as rimas seguem o esquema (espaço para resposta). Ele conta a história de (espaço para resposta) (resumo da história). Isso me lembra a história de (espaço para resposta) (relação com outros textos), porque (espaço para resposta). O que mais chamou minha atenção como elemento de fantasia foi (espaço para resposta). A história ajuda a refletir sobre os seguintes temas e valores: (espaço para resposta). Especialmente em relação à representação das mulheres, eu percebi que (espaço para resposta).
  1. Para preparar uma leitura bem expressiva do cordel.
    1. Escolha um conjunto de duas ou três estrofes que você gostaria de compartilhar com outros ou outras leitores ou leitorea, para treinar sua leitura.
    2. Leia-as em voz alta, muitas e muitas vezes, sentindo sua musicalidade, seu ritmo e suas rimas.
    3. Procure realizar outras leituras de cordel em voz alta, observando a entonação, as pausas, o ritmo e o modo como esses elementos dão “vida ao texto”. Para isso, consulte na internet canais de leitores de cordel ou confira as nossas sugestões em Vale a pena ver e ouvir!.

Vale a pena ver e ouvir!

O poeta, declamador e ativista pela cultura nordestina Bráulio Bessa nasceu em Alto Santo, no Vale do Jaguaribe (Ceará), no ano de 1986. Seus vídeos com declamações de cordel têm contribuído para difundir e despertar o gosto por essa literatura.

O adolescente João Neto é da cidade de Equador (Rio Grande do Norte) e apaixonado pela cultura nordestina. Declama cordéis desde que aprendeu a ler, aos 4 anos. Sua inspiração vem de Bráulio Bessa, seu ídolo, mas também de Patativa do Assaré, Ariano Suassuna e Luís Gonzaga.

Pesquise na internet vídeos e áudios dêsses dois artistas.

Fotografia. À esquerda, tronco de árvore marrom. Um menino apoia as costas e a perna direita flexionada no tronco. Ele tem cabelos escuros, usa óculos de grau, camiseta e tênis em vermelho e bermuda azul. O menino olha para frente sorrindo e  Mais ao fundo, à direita, solo em grama em verde e vegetação.
João Neto em 2017.
  1. Planeje seu trabalho de oralidade com as estrofes. Pense no que quer destacar em cada verso e como pode fazer isso usando a entonação. Experimente em voz alta, até alcançar os efeitos que deseja. Reflita sobre que gestos e movimentos você pode incluir na leitura, contribuindo para a expressividade.
  2. Com base no comentário que você escreveu no caderno, prepare uma fala de apresentação. Ela servirá de introdução à leitura que você fará das estrofes, de modo que os ou as ouvintes tenham o contexto de onde elas foram retiradas.
  3. Ensaie o comentário e a leitura expressiva, valorizando seu trabalho com o texto. Grave, pedindo apoio ao ou à professor ou professora, se necessário, e ouça, analisando onde pode melhorar. Peça também sugestões de outros ou outras ouvintes.
  1. Para participar da roda de leitura
    1. Tenha interesse e abertura para conhecer as leituras feitas pelos ou pelas colegas. Durante a fala de cada um ou uma, faça anotações do que achou mais interessante, tanto em relação ao texto em si quanto ao trabalho de oralidade feito na apresentação. Anote também sugestões de como poderia ser feita a leitura de alguma passagem, para ficar ainda mais expressiva. Se for convidado ou convidada a opinar, faça-o de modo respeitoso, com sugestões que realmente contribuam para a aprendizagem de todos ou todas.
    2. No seu momento de participar, procure controlar suas emoções (sim, é normal aquele “friozinho na barriga”!) para aproveitar ao máximo sua oportunidade de se apresentar. Após a leitura, escolha um ou uma colega para comentar:
      1. Do que você mais gostou no cordel que eu escolhi? Por quê?
      2. E sobre minha leitura, você tem alguma sugestão para ela ficar ainda mais interessante? Fique atento às dicas dôs ou dás outros ou outras leitores ou leitorea para seu aprimoramento.
    1. Durante todo o processo, apoie-se na ficha de critérios para produção e avaliação da curadoria de cordel e do preparo da leitura para ser apresentada em roda – sim, a leitura expressiva é uma produção de texto oral!
Ficha de apoio à produção e à avaliação da curadoria de cordel e preparo da leitura para ser apresentada em roda

O texto atendeu aos critérios de:

1. Adequação à proposta

Consultei com autonomia cordeltecas e selecionei com interesse um folheto?

2. Atenção às características do gênero estudadas e ao trabalho de linguagem feito nele

Consegui identificar aspectos poéticos do cordel, com especial atenção à métrica, à rima e ao ritmo?

Oficina de leitura e criação

3. Quanto à leitura ensaiada

a) Consegui fazer uma leitura expressiva com ritmo interessante para valorizar e “dar vida” ao cordel?

b) Fiz uso de pausas, entonação, recursos de gestualidade e movimentação?

4. Quanto ao preparo para a roda de leitura

Preparei bem meu comentário de introdução para o cordel escolhido? Ele contextualiza os(as) ouvintes, contendo título, autoria, resumo da história, relações com outros textos, minha opinião sobre os temas e valores que aparecem no texto?

5. Quanto à colaboração e à comunicação na roda de leitura

a) Tive abertura, interesse e escuta nas leituras apresentadas pelos(as) colegas?

b) Quando chamado(a) a opinar, trouxe sugestões significativas para o aprimoramento na leitura expressiva?

c) Acolhi com interesse as opiniões dos(as) colegas em relação à minha leitura?

Leitura

O cordel chegou ao Brasil por influência da literatura de tradição oral portuguesa. Por essa razão, são comuns nos cordéis dos poetas do sertão temas típicos da literatura medieval europeia, como: as aventuras de cavalaria; histórias de amor impossível entre homem do povo e figuras femininas da nobreza; animais matutos e falantes, como nas fábulas. Além disso, os cordéis também podem noticiar e criticar, com humor, acontecimentos de seu tempo.

Que tal ler uma aventura em cordel? O texto que você vai ler a seguir inspira-se muito nas aventuras de cavalaria medievais, em que cavaleiros viajavam, lutavam, enfrentavam perigos, oferecendo seu heroísmo como prova de honra a seu reino e como demonstração de amor a uma donzela. Inspira-se também nos contos de tradição oral, com princesas em situação de perigo. É um fragmento do cordel Romance do Reino do Mar-Sem-Fim, de Severino Borges Silva. Como o texto circulava ora por declamação em feiras, ora por escrito, nos folhetos, seu título pode variar também como O Rei do Mar-Sem-Fim ou, ainda, O romance da princesa do Reino do Mar-Sem-Fim.

Quem é?

Severino Borges Silva (1919-1991) nasceu em Aliança (Pernambuco). Violeiro, poeta e repentista, criava folhetos da literatura de cordel. Foi considerado um dos maiores repentistas do Nordeste – improvisadores capazes de criar rapidamente versos, sem preparo prévio, sobre qualquer tema. Muitos de seus títulos foram publicados em Recife (Pernambuco).

O Rei do Mar-Sem-Fim

Santa musa irmã de apolo

manda um anjo querubimglossário

trazer as setas poéticas

para auxiliar a mim

que vou contar um romance

do Reino do Mar-Sem-Fim


A herdeira dêsse reino

era uma linda donzelaglossário

chamava-se Elizabete

risonha, atraente e bela

por isto todos os príncipes

queriam casar com ela


E já por ser muito linda

um dia foi raptada

da corte do seu reinado

por um bruxo e uma fada

e num reino desabitado

deixaram ela encantada


Transformaram a linda jovem

num pé de rosa amarela

no centro de um jardim

eles encantaram ela

para que príncipe nenhum

casasse com a donzela


O rei quando sentiu falta

de sua filha querida

chorou copiosamenteglossário

ficou de alma abatida

vendo a hora que perdia

o resto de sua vida


E assim ficou o rei

neste tormento sem fim

chorando pela filhinha

o seu anjo querubim

dizia ele chorando

meu Deus socorrei a mim


Leitor aqui deixo o rei

entregue ao desengano

para falar de um moço

por nome de Adriano

do reino das maravilhas

filho do rei Herculano


Este príncipe era forçoso

valente, forte e guerreiro

e gostava de caçar

por serras e despenhadeiro

mas só caçava sozinho

não levava companheiro


E um dia ele saiu

pra fazer uma caçada

porém dessa vez perdeu-se

numa montanha elevada

na mesma montanha tinha

uma cidade encantada

Viu umas paredes velhas

com um muro dum reinado

ele com este espetáculo

ficou atemorizado

disse consigo isto aqui

só sendo um reino encantado


Ele entrou por uma porta

com uma espada na mão

adiante viu uma mesa

que chamou sua atenção

porque tinha o que quizesse

para fazer refeição


Ele que estava atacado

de fome, sêde e fadigaglossário

disse: primeiro eu vou

botar comer na barriga

depois de comer estou pronto

para enfrentar qualquer briga


Quando acabou de jantar

disse: agora eu vou também

percorrer o reino todo

para ver que gente tem

percorreu canto por canto

mas não encontrou ninguém


Porém avistou um quarto

por detrás duma cortina

no mesmo tinha uma cama

forrada com seda fina

com as tariscasglossário de ouro

e os espelhos de pratínaglossário


Ele deitou-se e dormiu

naquela cama macia

quando dormia sonhava

que uma moça aparecia

chegava pertinho dele

por esta fórma dizia


Ou príncipe por caridade

vinde socorrer a mim

que sou a princesa herdeira

do Reino do Mar-Sem-Fim

porém devido uma fada

estou encantada assim


Aqui existe um gigante

enviado pela fada

tem a minha sorte preza

numa caixinha guardada

mais você matando ele

eu fico desencantada


Se matares o gigante

casar contigo eu garanto

e se não matares ele

eu nunca me desencanto

porém você faça tudo

para enxugar o meu pranto


Porque matando o gigante

com sua pessanteglossário espada

verás cair uma caixa

de fita toda enrolada

corte a fita e abra ela

que fico desencantada

reticências

SILVA, Severino Borges. O Rei do Mar-Sem-Fim. São Paulo: Luzeiro Editora, 1979. p. 3-6.

Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Apolo era filho de Zeus, o pai dos deuses na mitologia grega. Conhecido como o deus da poesia e da música, Apolo quase sempre é representado tocando uma lira (antigo instrumento de cordas) de ouro. Ele era considerado o chefe das musas, entidades que inspiravam a criação artística ou científica.

Primeiras impressões

  1. Como você resumiria o enredo, isto é, os acontecimentos do cordel O Rei do Mar-Sem-Fim?
  2. Que histórias dos contos de fadas esse cordel lembra? Por quê?
  3. Com base no que você sabe sobre essas histórias, o que imagina que acontecerá na continuidade do cordel?

O texto em construção

Organize-se em dupla e converse com ô á colega sobre as questões a seguir. Exercitem a escuta interessada e o diálogo. Elas foram pensadas para vocês perceberem especialmente como o cordel retoma temas dos contos de fadas, com foco na análise da personagem-tipo princesa, e refletirem sobre o uso da variação linguística na escrita, o que é bastante recorrente no cordel.

1. Leiam o seguinte verbete de dicionário:

personagem-tipo

per·so·na·gem-ti·po

cim, têat Aquele que representa um tipo de comportamento-padrão, conhecido e previsível.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

pê éle : personagens-tipos e personagens-tipo.

PERSONAGEM-TIPO. In: Dicionário Michaelis Digital. Disponível em: https://oeds.link/9POTI4. Acesso em: 29 julho 2018.

  1. Para vocês, Elizabete pode ser considerada uma personagem-tipo, com características e comportamentos típicos das princesas dos contos de fadas? Cite versos que fizeram você concluir isso.
  2. Narrativas contemporâneas, especialmente cinematográficas, fazem paródias da personagem-tipo princesa. Vocês já leram algum livro ou assistiram a algum desenho ou filme em que tenham percebido isso?
    • Em sua opinião, que ponto de vista crítico essas paródias trazem em relação às princesas?
Ilustração. Mulher em pé de cabelos encaracolados em castanho, com uma coroa e vestido longo em laranja e mangas bufantes em rosa. Ela olha para frente e segura na mão direita, uma flor de pétalas em rosa.
  1. Vocês lembram o que é ortografia?
    • Se tivessem sido usadas as regras da escrita mais formal, como seria a escrita das palavras quizesse e preza (no sentido de estar privada da liberdade, como sugere o contexto)?
Versão adaptada acessível

Atividade 4.

Vocês lembram o que é ortografia?

As palavras “quizesse” e “preza” (no sentido de estar privada da liberdade, como sugere o contexto) foram escritas com “z”. Se tivessem sido usadas as regras da escrita mais formal, como seria a escrita dessas palavras?

5. Leiam:

Vamos lembrar

Na escrita, em situações formais, é preciso observar regras como as de regência verbal e as funções dos pronomes. Assim, algumas ocorrências nesse cordel, se estivessem em um contexto mais formal e controlado da escrita, precisariam ser revistas:

para auxiliar a mim  para auxiliar-me

eles encantaram ela  eles a encantaram

  1. Retomem no cordel as estrofes de que fazem parte os versos “para auxiliar a mim” e “eles encantaram ela”. Que prejuízos haveria para os efeitos de sonoridade da estrofe, se tivessem sido usadas as regras da escrita formal, como exemplificado anteriormente?
  2. Retomem, no cordel de Alexandre Pavan, a cultura em que a literatura de cordel foi originalmente produzida. Considerando-a, o que vocês concluem: por que nos versos de Severino Borges Silva há uso de uma escrita mais próxima da oralidade?
  3. Qual estrofe do cordel de Alexandre Pavan vocês escolheriam para expressar o que refletiram e responderam na questão anterior?
Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Fotografia. Vários cordéis presos por prendedores de madeira. As capas dos livros são de cores variadas em cinza, branco, amarelo, verde e vermelho.
Folhetos de literatura de cordel na Feira de Caruaru (Pernambuco).

Em setembro de 2018, a literatura de cordel foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial brasileiro. Fazem parte dêsse patrimônio as práticas, as representações, as expressões, os conhecimentos e as técnicas transmitidos de geração a geração.

O que levo de aprendizagens deste capítulo

  1. O que você achou de aprender mais sobre a literatura de cordel e a cultura que ela representa?
  2. Você considera que aprendeu a ter mais escuta para o trabalho de sonoridade lendo e ouvindo a poesia de cordel?
  3. O que aprendeu sobre a arte da xilogravura?
  4. O que achou de experimentar a autoria com a produção colaborativa de cordel?
  5. O que você considera que aprendeu e desenvolveu com essa atividade?
  6. Com base nessas reflexões, escreva um parágrafo no caderno se autoavaliando.
  7. Procure também incluir mais cordéis em suas práticas de leitura.
  8. Quando puder, confira algumas proezas de João Grilo na seção Galeria da página seguinte.

Galeria

João Grilo é uma das personagens mais conhecidas do cordel brasileiro. No trecho a seguir, você vai conhecer uma de suas peraltices, ou, na expressão do poeta João Ferreira de Lima, suas “proezas”. Leia-o com autonomia e depois registre em sua Galeria: Você recomendaria esse cordel para outros ou outras leitores ou leitorea? Por quê? Que tal fazer uma busca nas cordeltecas e ler o cordel completo? Boa leitura!

Capa de cordel. Cordel em azul-claro. Ilustração de xilogravura em preto e branco. à esquerda da capa homem de chapéu redondo, blusa de mangas compridas escura e calça clara, ele segura na mão esquerda, coleira com um grilo grande na outra ponta. Na parte superior, texto em preto: Autor: João Ferreira de Lima e título do livro: As Proêzas de João Grilo.
Capa do cordel As proezas de João Grilo.

As proezas de João Grilo

Um dia a mãe de João Grilo

Foi buscar água à tardinha

Deixou João Grilo em casa

E quando deu fé, lá vinha

Um padre pedindo água

Nessa ocasião não tinha


João disse: só tem garapa

Disse o padre: d’onde é?

João Grilo lhe respondeu:

É do engenho Catolé

Disse o padre: pois eu quero

João levou uma coité.


O padre bebeu e disse:

Oh! Que garapa boa!

João Grilo disse: quer mais?

O padre disse: e a patroa

Não brigará com você?

João disse: tem uma canoa


João trouxe uma coité

Naquele mesmo momento

Disse ao padre: bebe mais

Não precisa acanhamento

Na garapa tinha um rato

Estava podre e fedorento


O padre disse: menino

Tenha mais educação

E por que não me disseste?

Oh! Natureza do cão!

Pegou a dita coité

Arrebentou-a no chão.


João Grilo disse: danou-se!

Misericórdia, São Bento!

Com isso mamãe se dana

Me pague mil e quinhentos

Essa coité, seu vigário

É de mamãe mijar dentro.

LIMA, João Ferreira de. As proezas de João Grilo. Disponível em: https://oeds.link/ZGljn4. Acesso em: 21 setembro 2018.

Quem é?

João Ferreira de Lima (1902-1972) nasceu em São José do Egito (PE). Entre suas obras, destaca-se um dos grandes clássicos da literatura de cordel, As proezas de João Grilo, cujo protagonista foi retomado na obra O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Em seus folhetos, percorreu vários temas da poesia popular, valendo-se da crítica e da sátira social.

Vale a pena assistir!

Procure na internet a declamação que o ator João Alves, da Companhia Teatral Nóis na Mata, faz dêsse texto para uma edição especial do Jornal Digital Nexo. Para isso, procure o canal de vídeo do Nexo, combinando em seu navegador as palavras-chave: “João Alves” mais “cordel” mais “proezas” mais “João” mais “Grilo”. Se você curtir, compartilhe com um comentário para familiares e amigos, pelas redes sociais. Peça apoio de seu ou sua responsável.

Fotografia. Homem visto da cintura para cima, com o corpo para a esquerda. Ele tem  cabelos e barba escuros, usa chapéu bege, com roupa de mangas curtas em laranja e colete cinza. Ele segura livros sob o braço direito e braço esquerdo levantado para o lado.
João Alves declama As proezas de João Grilo, em 2017.

LiTERatitudes

Que tal criar versos de cordel com protagonismo de personagem feminina?

Como fazer?

  1. Para conhecer mais a xilogravura
    1. Você e três colegas vão pesquisar a arte da xilogravura feita por J. Borges. Para isso, procurem assistir a uma das várias reportagens disponíveis na internet sobre esse artista pernambucano. Uma sugestão é o documentário A arte do poeta cordelista e gravador J. BORGES (sete minutos e três), produzido por Laurita Caldas e disponível no canal Curta.doc.

Vale a pena assistir!

“Tudo é mentira. A mentira, ela vai além de gerações. E a verdade aparece ligeira e morre. No cordel é assim.”

Essa é uma das reflexões de J. Borges no documentário produzido por Laurita Caldas.

Fotografia. Captura de tela. Um objeto redondo de cor marrom na diagonal, à direita. Sobre ele, texto: J. BORGES.
Cena do curta J. Borges, da diretora Laurita Caldas, 2003.
  1. Depois da pesquisa, conversem em grupo:
    1. Que temas e assuntos são trabalhados por J. Borges?
    2. Em sua arte, parecem predominar imagens do cordel de informação (nos quais circulam notícias, fatos) ou do cordel de ficção, com histórias inventadas?
    3. O que mais chamou a atenção do grupo na arte feita por ele? Por quê?

c. Observem as reproduções de xilogravuras de J. Borges:

Xilogravura. Um retângulo na vertical em preto e dentro, ilustração de mulher com contorno preto, camiseta vermelha e saia azul. Ela tem cabelos longos, está em pé e segura com as duas mãos para cima uma cobra vermelha que contorna toda o quadro. Abaixo, texto em branco: A MULHER VALENTE. J. BORGES.
Xilogravura Mulher valente.
Xilogravura. Uma mulher em pé, de cabelos longos pretos, com gorro vermelho sobre a cabeça, de blusa azul de mangas compridas, saia vermelha longa ao redor dela, plantas de pétalas em amarelo, caules e folhas em verde. Ela segura uma flor em cada mão. Na ponta inferior, texto em branco: A JARDINEIRA J. BORGES.
Xilogravura A jardineira.
Xilogravura. Uma onça marrom com ponto brancos com o corpo para a esquerda e montada sobre ela, uma mulher com o rosto bem próximo ao dorso da onça. A mulher tem cabelos pretos longos, veste blusa azul e saia vermelha e está descalça. Na parte inferior e à direita, cactos verde com espinhos. Na ponta inferior, texto: A MULHER ONÇA. J. Borges
Xilogravura A mulher e a onça.
  • Discutam entre vocês:
    1. Que representações de mulheres estão sugeridas nelas: mulheres mais ou menos protagonistas? O que vocês observaram para chegar a essa conclusão?
    2. Qual xilogravura mais agradou vocês? Por quê?
    3. Qual vocês gostariam de recontextualizar, usando-a como ilustração para os versos que vão produzir?
  1. Planejando o cordel
    1. Releiam duas estrofes do cordel e a nova sextilha criada para dar continuidade a ele:

reticências

A herdeira dêsse reino

era uma linda donzela

chamava-se Elizabete

risonha, atraente e bela

por isto todos os príncipes

queriam casar com ela


E já por ser muito linda

um dia foi raptada

da corte do seu reinado

por um bruxo e uma fada

num reino desabitado

deixaram ela encantada

reticências

Elizabete porém

não se deixou dominar

usou a imaginação

e de tanto matutar

um plano bem arretado

conseguiu arquitetar

LIMA, João Ferreira de. As proezas de João Grilo. Disponível em: https://oeds.link/ZGljn4. Acesso em: 12 agosto 2022.

b. Com base na xilogravura que escolheram para recontex­tualizar, planejem acontecimentos para continuar a história, de modo que o leitor ou a leitora fique sabendo qual era o plano da personagem e o resultado dele.

Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Xilogravura

Fotografia. Vista de cima para baixo: duas mãos entalhando madeira. Na mão direita, uma lâmina de cor cinza sobre a madeira com riscos e relevos. A mão esquerda segura a madeira.
Artista entalhando matriz de xilogravura (Bezerros, Pernambuco), 2012.

“As gravuras talhadas em madeira (imburana, cedro ou pinho) possibilitaram aos artistas populares o domínio de todo o processo b de edição dos folhetos. Os desenhos acompanham o conteúdo do folheto. A simplicidade das fórmas, as cores chapadas, a presença de motivos, paisagens e personagens nordestinas, transportam os leitores para o mundo da fantasia, imprimindo aos reis e rainhas, criaturas fantásticas e sobrenaturais, características próprias ao seu universo de experiências.”

PINHEIRO, Hélder; LÚCIO, Ana Cristina Marinho. Cordel na sala de aula. São Paulo: Duas Cidades, 2010.

  1. Escrevendo os versos
    1. Elejam entre vocês quem será o escriba. À medida que o grupo for discutindo propostas de versos, o escriba vai escrevendo, apagando, reformulando, reescrevendo, palavra por palavra, até o grupo achar que chegou a um resultado satisfatório, considerando os efeitos sonoros (ritmo, métrica, rima) e a coerência com o desenvolvimento da história. Como vocês estão escrevendo especialmente para leitores ou leitorea/ouvintes do contexto escolar, usem as regras da norma-padrão, como fez Alexandre Pavan em seu cordel.
    2. Vocês poderão criar duas ou três estrofes do tipo sextilhas. Lembrem-se:

Sextilhas

As sextilhas são estrofes de seis versos, com sete sílabas poéticas cada um (redondilha maior) e esquema de rima em (segundo, quarto e sexto versos rimam entre si).

LiTERatitudes

  1. Avaliando o texto
    • Avaliem a produção, peçam a avaliação de outros ou outrascolegas e também dô ou dá professor ou professora. Façam os ajustes necessários.
Ilustração. Três crianças, uma ao lado da outra. À esquerda, menino de cabelos ruivos, de blusa de mangas compridas e tênis vermelhos e calça azul. Ele segura na mão direita a contracapa de um livro amarelo. Ao lado dele, uma criança de cabelos escuros, camiseta e calça azul e tënis amarelo. Na ponta da direita, uma menina segura com a outra mão, a outra parte do livro. Ela tem cabelos até os ombros ruivos, par de óculos de grau redondo, camiseta e tênis roxos, calça verde e sapatos roxo e branco. Todos olham para o livro aberto.
  1. Circulando os cordéis da turma Com ô á professor ou professora, determinem como circularão os cordéis da turma. Algumas ideias para vocês discutirem juntos:
    1. Pesquisar na internet as xilogravuras que usaram e, em um editor de texto, compor folhetos de cordel criando outro desfecho para O Rei do Mar-sem-Fim.
    2. Imprimir e promover a declamação de cordéis em algum evento da escola.
    3. Compor cordéis digitais e divulgá-los nas redes sociais.
    4. Criar uma cordelteca na biblioteca da escola.

Vale a pena ver!

O que as capas dêsses folhetos de cordel têm em comum?

A jovem poetisa Jarid Arraes faz cordéis com histórias de mulheres negras protagonistas. Por meio de seus versos, é possível conhecer, por exemplo, Acotirene, matriarca do Quilombo dos Palmares, que já vivia ali antes de Ganga-Zumba e Zumbi. Ela era respeitada como conselheira para casos rotineiros e de batalha, considerada mãe de todos.

Reflita:

  • Por que vale a pena conhecer essa proposta de cordel?
  • Em que ela inova?
  • Se achar interessante, procure conhecer o trabalho da autora pesquisando seus canais na internet.
Capa de cordel. Fundo amarelo com imagem e textos em preto. Ao centro mulher negra virada para a direita vista do peito para cima, com turbante, brinco de argola, a mão esquerda sob o queixo. Texto: Heroínas Negras do Brasil Zacimba Gaba AutoraL Jarid Arraes.
Folheto de cordel da poetisa Jarid Arraes.

Glossário

Singelos
: simples, acessíveis, compreensíveis.
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Trovador
: poeta-músico que criava e, por vezes, cantava composições poéticas por volta do século onze, na Europa. Atualmente chamamos de trovador aquele que divulga, cantando ou declamando, poemas próprios ou alheios.
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Linguajar
: maneira de falar, fala, linguagem.
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Legítimo
: autêntico. Diz-se de criação, obra de arte etcétera. que é realmente do autor ou da origem à qual é atribuída.
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Tradição
: costumes, fatos, lendas, ritos etcétera. transmitidos de geração a geração. No texto, pode-se estender para algo consagrado, reconhecido.
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Querubim
: uma das categorias existentes de anjos, que conta com arcanjos, querubins e serafins. Os anjos, segundo a tradição bíblica, são seres celestiais mensageiros de Deus.
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Donzela
: como era chamada na Europa, na Idade Média, a filha solteira de reis e de fidalgos.
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Copiosamente
: em grande quantidade, com fartura, abundantemente.
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Fadiga
: grande cansaço, esgotamento físico.
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Tariscas
: no dicionário, encontra-se a palavra talisca: pedaço de madeira fina e comprida cortada de fórma retilínea para determinado fim. Provavelmente o autor quis dizer que a cama era enfeitada com lascas de ouro.
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Pratína
: é provável que o autor tenha querido dizer platina e que, por sua vez, no texto, sua intenção tenha sido a de atribuir ao espelho a cor cinza-prateada.
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Pessante
: é provável que o autor tenha querido dizer possante, que tem grande capacidade de desempenho, poderoso, forte.
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