Capítulo 5  Práticas de leitura com romance juvenil

Capa de livro. Ao centro de uma cortina vermelha aberta, destaque para uma mulher em pé e de cabelos escuros, curtos e lisos, com bochechas avermelhadas, vestido verde de mangas compridas e, sobre o peito dela, saem um par de asas transparentes em fios rosas. Ao fundo, plantas com galhos finos, folhas verdes e rosas. Na parte inferior, nome da autora, ALICE VIEIRA, e título do livro, MEIA HORA PARA MUDAR A MINHA VIDA.
Capa do livro Meia hora para mudar a minha vida, de Alice Vieira, de 2014.

Converse com a turma

  • Observe a capa da edição brasileira do romance Meia hora para mudar a minha vida, de Alice Vieira, com ilustração da artista Anna Cunha.
  1. Relembre o que você já leu desse romance. Que elementos dessa capa remetem ao enredo?
  2. As cores e as fórmas presentes na ilustração trazem que efeitos de sentido para você? Como você relaciona esses efeitos com o que respondeu na questão anterior?
  3. O que você achou dessa proposta de capa? Por quê?

Quem é?

Anna Cunha mil novecentos e oitenta e cinco é graduada em Artes Plásticas pela u ê ême gê e pós-graduada em Ilustração pela Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha. Já ilustrou mais de 30 livros, para editoras brasileiras e estrangeiras, e esteve entre os ilustradores selecionados para a Bienal de Ilustração de Bratislava em 2021.

Orientações e sugestões didáticas

CAPÍTULO 5

Competências gerais da Educação Básica: 3, 4, 5 e 9.

Competências específicas da área de Linguagens: 2, 3, 5 e 6.

Competências específicas de Língua Portuguesa: 1, 2, 3, 7, 8, 9.

HABILIDADES Bê êne cê cê

(ê éfe zero nove éle pê zero quatro), (ê éfe zero nove éle pê um zero), (ê éfe oito nove éle pê três dois), (ê éfe oito nove éle pê três três), (ê éfe oito nove éle pê três cinco), (ê éfe oito nove éle pê três sete), (ê éfe seis nove éle pê dois um), (ê éfe seis nove éle pê três dois), (ê éfe seis nove éle pê quatro quatro), (ê éfe seis nove éle pê quatro cinco), (ê éfe seis nove éle pê quatro seis), (ê éfe seis nove éle pê quatro sete), (ê éfe seis nove éle pê quatro nove), (ê éfe seis nove éle pê cinco um), (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro), (ê éfe seis nove éle pê cinco seis)

Abertura do capítulo

Neste capítulo, os ou as estudantes poderão relembrar as leituras e as aprendizagens que tiveram em relação aos trechos lidos do romance Meia hora para mudar a minha vida, de Alice Vieira, com foco na análise de recursos explorados em seu estilo narrativo; avançar na leitura de novos trechos, de modo que possam perceber particularidades no estilo narrativo trabalhado pela autora; fazer a apreciação de questões éticas e estéticas suscitadas pelas leituras; produzir, em coautoria, conto inspirado no estilo narrativo da autora; discutir e planejar fórmas de circular suas produções para

Converse com a turma

  1. Espera-se que os ou as estudantes percebam que a representação de uma jovem no centro de uma cortina remete ao enredo, ao dialogar com a vida de uma personagem feminina, a feira e o espaço teatral.
  2. Resposta pessoal. , em diálogo com as contribuições dos ou das estudantes, faça intervenções que os ou as ajudem a perceberem os efeitos de profundidade, graças à fórma da cortina, como primeiro plano, causando a sensação de que vemos uma personagem dentro do espaço teatral. Além disso, a mesma cor usada para representar esse espaço preenche parte do corpo da personagem, sugerindo visualmente a ligação entre ela e o universo do teatro. Por fim, há uma sobreposição de fórmas que lembram asas de insetos, leves e translúcidas, o que pode ser uma sugestão de “voo”, de liberdade.
  3. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro cinco) Resposta pessoal. aproveite a atividade para questionar estudantes a respeito de como uma capa pode despertar nosso interesse pela leitura de um livro. Esse tipo de questionamento favorece uma postura mais consciente a respeito das preferências e da construção do gosto pessoal dos ou das estudantes.

O que você poderá aprender

  1. O que me lembro do estilo narrativo do prólogo de Meia hora para mudar a minha vida? O que mais a respeito desse estilo é trabalhado no epílogo do romance e quais são os efeitos de sentido disso?
  2. A leitura do novo trecho do romance pode trazer quais reflexões sobre as relações entre as famílias e os jovens?
  3. Como posso me inspirar na técnica narrativa da autora para um conto em parceria com um ou uma colega?
  4. Que ideias quero levar para outros leitores ou outras leitoras ao fazer circular a nossa produção?

Leitura

Antes da leitura: releia os trechos de Meia hora para mudar a minha vida, no Capítulo 2, para reviver as emoções e sensações da trama. Essas idas e vindas são comuns quando lemos romances e nos ajudam a apreciar a história.

Reviva em sua releitura: o diálogo entre os jovens, no prólogo, e como era o lugar em que Maria Augusta vivia. Depois, como a reencontramos na feira, vivendo Branca-a-Brava, e a visita das personagens Elas e a ameaça que trouxeram para a jovem mãe e a criança recém-nascida.

Contextualizando o novo fragmento: no trecho que você lerá agora, mais ou menos dez anos depois dos acontecimentos que você releu, Maria Augusta, Branca-a-Brava, com problemas de saúde, morre. A criança, que também é chamada de Branca, é, então, retirada da feira por Elas e levada para sua avó, para a mesma casa, o mesmo bairro, a mesma cidade, de onde sua mãe havia saído dez anos antes. É a primeira vez que as personagens se encontrarão. Como você imagina que será esse encontro?

Texto 1

Capítulo 18

Nunca serei capaz de esquecer aquele cheiro.

Eu, que vinha de um lugar onde todos os cheiros se misturavam – tintas, óleos, vernizes, pó de arroz, cremes, desinfetantes, refogados, detergentes, já para não falar das tintas e das anilinasglossário e das lacasglossário e dos perfumes do Salão Princesa –, nunca tinha sentido um cheiro assim à minha volta.

Orientações e sugestões didáticas

Leitura

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe oito nove éle pê três três, ê éfe seis nove éle pê quatro nove) Como os ou as estudantes já conhecem a obra, sugerimos que o trecho a seguir seja lido individual e silenciosamente e que depois os ou as estudantes troquem suas compreensões e reflexões em uma roda de leitura, com base nas questões sugeridas em Converse com a turma. A função dessa leitura é dar mais contexto do desenvolvimento do enredo do romance, para a significação do texto seguinte, e por essa razão aqui não haverá a exploração da seção Texto em construção. Recomendamos que os ou as estudantes retomem, com autonomia, os trechos do romance trabalhados no capítulo 2, para “entrarem” novamente na trama romanesca. Aproveite para discutir com eles ou elas como essa é uma prática típica dô ou dá leitor ou leitora literário(a), que, com as idas e vindas, leituras e releituras, pode apreciar muitas vezes um texto sem que se esgotem as descobertas e as possibilidades de significá-lo, como acontece com leituras de notícias, por exemplo.

Texto 1

Sugerimos que você convide para leitura do texto três estudantes e oriente-os ou oriente-as no preparo prévio, distribuindo entre eles ou elas as vozes do narrador e das personagens ele (o pai) e ela (a filha, Branca). Explore com esse grupo intencionalidades, sugestões de sentidos e formas de expressá-los na leitura, por meio da construção de ritmos, pausas, entonação. Com essa estratégia, você tanto favorece uma vivência prazerosa e modelar de leitura, como dá aos ou às estudantes protagonismo nas situações de aprendizagem. Seria bastante interessante, como atividade complementar, ouvir com a turma toda a canção de Adriana Calcanhotto (“Vambora”) e discutir, após a leitura do texto, como suas sugestões de sentidos ficam renovadas no romance.

professor ou professora, comente com os ou as estudantes que a rede hi5 foi muito popular em Portugal entre 2007 e 2010, período em que foi publicado originalmente o livro de Alice Vieira. Se julgar oportuno, pergunte a eles ou elas qual rede social seria similar hoje.

A naftalinaglossário , as folhas secas, a poeira desprendendo-se dos objetos.

Assim como nunca serei capaz de esquecer as palavras da velha de cabeleira cinzenta que Elas me apresentaram como sendo a minha avó — olhando-me:

— E quem me garante que não se trata de mais um esquema da Maria Augusta, depois destes anos todos?

Claro que eu não esperava grandes declarações de amor, grandes abraços, grandes gritos de alegria.

Não esperava o vitelo morto para servir ao jantar, pelo regresso da neta pródiga que eu era — como na peça que na Feira se representava na semana da Páscoa.

Não esperava foguetes, nem a família reunida na sala. Afinal ninguém ali me conhecia de lado nenhum.

Mas esperava, pelo menos, um beijo rápido, de raspão, a espalhar, pois-sim-para-que-me-deixes.

Mas beijo, apesar de tudo.

Daqueles que Merencianaglossário dava na missa a toda gente.

Até A-Mais-Velha se admirou.

— Esta criança é sua neta. Temos aqui a papelada toda. Está tudo em ordem. Não vejo esquema nenhum nisto... A criança não tem mais ninguém além da senhora.

A-Mais-Nova tentou esclarecer melhor o assunto:

— Quer dizer, tem um pai, evidentemente, mas, tanto quanto sabemos encontra-se em parte incerta.

— Pois... — murmurou a velha. — Quando os problemas aparecem, os pais normalmente encontram-se sempre em parte incerta... E é então que descobrem os avós... É então que somos precisos.

Não aguentei mais e disparei:

— Eu não preciso de avós! Elas é que acham que eu preciso de avós, porque Elas estão sempre a achar que eu preciso de muitas coisas. Mas não preciso de avós, nem preciso de pai, nem preciso de ninguém. A minha mãe está na Feira, não tarda a entrar em cena Marta-a-Mansa. E também tenho o Mercúrio, e o Diabo, e o Serafim, e a Merenciana, e a Teodoraglossário , e o Tempo, que tratam todos muito bem de mim! E tenho que me ir embora porque a Justina vai precisar de mim para cantar o Filho Adotivo, e esta noite vou ser virgem ao fundo do palco, o Mercúrio prometeu que deixava, e...

— Mas que confusão vai nesta cabeça... — murmurou a minha vó.

Elas queriam despachar-se.

Iam ver-se livres de mim para sempre, e só isso já lhes fazia nascer um levíssimo sorriso na cara.

— Então, ficam aqui os documentos todos da criança, e nós depois telefonamos a marcar um dia para acertarmos tudo legalmente.

Fechou-se a porta.

reticências

VIEIRA, Alice. Meia hora para mudar a minha vida. São Paulo: Peirópolis, 2014. página 121-123.

Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

A parábola do filho pródigo é uma narrativa bíblica sobre um homem que tinha dois filhos. Um dia, o filho mais novo pediu sua parte da herança e saiu pelo mundo para aproveitar a vida. O jovem gastou tudo e acabou na pobreza. Ele se arrependeu, voltou para casa e pediu perdão ao pai, que o recebeu com festa. O filho mais velho, que sempre fazia tudo para agradar seu pai, ficou enciumado, e o pai explicou que a celebração era importante porque antes era como se o filho mais novo estivesse morto e agora tinha voltado à vida.

Primeiras impressões

  1. Relembre: a sinestesia explora sensações dos sentidos humanos (olfato, visão, paladar, tato, audição).
    • Como essa figura de linguagem é usada no texto para expressar o que a personagem sente em relação à feira em que vivia e à casa da avó?
  2. Relembre: a anáfora é a repetição intencional de uma mesma palavra ou expressão em início de frases ou versos, para sugerir efeitos de sentido.
    1. Em que trechos a narradora usa a anáfora para expressar sua baixa expectativa em relação ao encontro com a avó?
    2. E em qual passagem ela utiliza a anáfora para explicitar sua insatisfação em relação ao que estão decidindo por ela?
  3. Na narrativa bíblica, o filho pródigo, depois de conhecer o mundo, volta arrependido para a casa do pai. Que ironia existe na expressão “regresso da neta pródiga”?
  4. Que sentidos a referência à canção “Filho adotivo” agrega ao desejo de Branca de retornar à feira?
  5. O Estatuto da Criança e do Adolescente (éca) considera criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade. O éca determina que o consentimento do adolescente é obrigatório para os casos de adoção (Artigo 45, parágrafo 2º) ou para colocá-lo em uma família substituta (Artigo 28, parágrafo 2º).
    • O que você pensa sobre isso? Conhecendo esse direito, o que sente e pensa em relação à personagem e ao que ela vivencia? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Primeiras impressões

  1. Espera-se que os ou as estudantes percebam como, pela sinestesia, a feira é um espaço recordado por muitos cheiros e, por extensão, por muitas ações e vida; já a casa da avó cheira a coisas antigas, guardadas, sem vida.
  2. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe oito nove éle pê três sete), (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro)

2a. Espera-se que os ou as estudantes percebam o uso da anáfora em “Claro que eu não esperava grandes declarações de amor, grandes abraços, grandes gritos de alegria” e em “Não esperava o vitelo morto para servir ao jantar, pelo regresso da neta pródiga que eu era – como na peça que na Feira se representava na semana da Páscoa. Não esperava foguetes, nem a família reunida na sala. Afinal ninguém ali me conhecia de lado nenhum”. A anáfora contribui para expressar as expectativas da jovem em relação ao primeiro encontro.

2b. “— Eu não preciso de avós! Elas é que acham que eu preciso de avós, porque Elas estão sempre a achar que eu preciso de muitas coisas. Mas não preciso de avós, nem preciso de pai, nem preciso de ninguém.”

  1. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê três dois) essa questão é mais desafiadora e poderá exigir mediação. Caso seja necessário, faça intervenções que ajudem a turma a lembrar que Maria Augusta saiu de casa grávida de Branca e nunca quis retornar, não fez, portanto, o papel de filha pródiga, mas, ironicamente, com sua morte, Branca é que se vê às voltas com o retorno obrigatório.
  2. A referência pode ser compreendida como representação de como Branca sente que aquela é sua família.
  3. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê dois um) Resposta pessoal. essa questão visa promover o debate e a reflexão acerca da temática trazida pelo romance à luz dos direitos das crianças e dos adolescentes na legislação brasileira.

Texto 1

Um epílogo é o fechamento de uma narrativa. Durante a leitura do trecho a seguir, observe como há uma circularidade: a cena inicial do prólogo é revivida e atualizada: agora ele – o pai –, depois de anos ausente, aparece e quer levar a filha Branca (tratada no texto por ela, uma adolescente). Como você acha que será esse diálogo? Quais são suas expectativas? Ela aceitará o convite para ir viver com o pai?

Epílogo

Estão os dois sentados no velho café de bairro, com a telefonia em altos berros, e moscas poisandoglossário no tampo das mesas pouco limpas.

— Se a ASAE se lembra de cá vir... — murmura ele.

O café cheira a aguardente, a rebuçados para a tosse, a bolos da véspera, esfarelando-se nas mãos das velhas do bairro.

— Esta espelunca está na mesma...

— Podíamos ter ido a outro lado... — murmura ela.

— Não, deixa. Aqui estamos perto de tua casa.

Ela vai acrescentar que aquela não é a sua casa, que aquela nunca foi nem há-de ser a sua casa — mas trava a tempo, não fosse ele voltar com a conversa de há bocado.

Olha para ele e sabe que não tem nada para lhe dizer.

Que nunca há-de ter nada para lhe dizer.

— A tua avó disse-me que tens boas notas.

Ela ri.

Nunca se viram, é a primeira vez, em dezesseis anos, que se falam — e a única coisa que ele encontra para lhe dizer é “a tua avó disse-me que tens boas notas”.

— Pois tenho. E também tenho um ême pê três cheio de músicas, e também tenho uma dataglossário de amigos no hi5glossário , e também tenho...

Ele corta-lhe o discurso:

— Tens de perceber que esta não é uma conversa fácil para mim.

— E para mim, acha que é?

— Trata-me por tu.

— Só trato por tu as pessoas de quem gosto.

— Sou teu pai.

— Eu disse que só trato por tu as pessoas de...

Orientações e sugestões didáticas

Texto 2

Converse com os ou as estudantes sobre a decisão tomada pela personagem Branca de voltar para a feira, em ritmo rápido, expresso inclusive pela disposição das frases “Depois correu para casa / abriu a porta, / atravessou o corredor, / entrou no quarto, / abriu a gaveta, / encontrou a agenda” no espaço da página (essa disposição de frases será tratada adiante). A decisão de Branca ressignifica a “meia hora para mudar a minha vida”, seja por se contrapor à fala do pai, em suas simplificadas aproximações e decisões, seja porque expressa as personagens que, de fato, deram à jovem estrutura familiar e condições de saber quem é e o que quer, caso de Talita, a empregada brasileira, com quem ela aprende a canção de Adriana Calcanhotto.

— Eu ouvi.

— E acha que tenho razões para gostar de si?

Ele voltou a ficar calado.

A música continuava em altos berros.

— Acha que posso gostar de alguém que nunca me viu, de alguém quereticências

— Vi-te. Vi-te muitas vezes. E à tua mãe.

Ela parou.

E ficou em silêncio a olhar para ele.

À espera.

Como se aquele silêncio fosse a deixa que lhe dava. Ele baixou os olhos, falava devagar e muito baixo, com a telefonia até custava a ouvir.

— Sabia onde vocês viviamreticências

— Sabia?

— Sabia. E houve uma altura em que vim a Portugal de férias, e fui lá muitas vezes. Assisti a muitos espetáculos. Acho que já sabia aquilo tudo quase de cor. Mas nunca fui capaz de ir ter com vocês. Às vezes saía do hotel e dizia “é hoje, é hoje que lhes vou falar, que lhes vou dizer que estou cá, que um dia destes até sou capaz de voltar para cá de vez, a Suíça já deu o que tinha a dar, é hoje que lhes vou pedir desculpa...” Mas depois não conseguia. Assim que as luzes se acendiam, fugia logo da sala, antes que a tua mãe me pudesse reconhecer. Era mais forte do que eu.

— A minha mãe já morreu há seis anos. Nestes seis anos nunca se lembrou de me vir ver?

Ele baixou de novo os olhos.

— A Segurança Social andou à minha procura. E eu tive medo que me dissessem que tinha de ficar contigo. Desculpa... Mas eu não tinha estrutura para ficar contigo.

— E agora já tem?

Ele sorriu:

— Agora é diferente. Voltei de vez, e já estás uma mulher.

— Até já posso casar.

— Que disparate é esse?

— Não é disparate nenhum, foi o que a minha avó me disse no dia em que fiz 16 anos: “legalmente, já podes casar”.

— Está a querer ver-se livre de ti?

— Se calhar. E não lhe levo a mal: eu também estou a querer ver-me livre dela. Estamos quites.

Ele olhou para o relógio.

“Será que alguém o espera?”, pensa ela. “Será que tem mulher e filhos em casa?”

Durante a conversa que tinham tido em casa da avó ele não tinha tocado nesse assunto.

Tinha contado as suas aventuras e desventuras pela Suíça.

Tinha afirmado que se arrependimento matasse ele já estaria morto há muito — assim em jeito de telenovela de Manoel Carlos.

E tinha jurado que o que mais queria agora na vida era levá-la para a sua casa no Norte, e viverem juntos e felizes para sempre.

E ela não se lembrara de lhe perguntar nada.

Mas um homem não podia viver a vida inteira sozinho. Era bem possível que tivesse família numa qualquer casa de uma qualquer rua de uma qualquer cidade do Norte.

— Daqui a meia hora apanho o comboioglossário , mas não precisas de decidir já... — disse ele.

— Decidir o quê?

— Se vens viver comigo. E quando. Mas é evidente que em meia hora não se decidem essas coisas, não se muda de vida assim com essa facilidade.

— Às vezes, até bastam cinco minutos, dizia Justina.

— Quem?

— Ninguém. Esqueça.

Ela esteve para lhe responder que não tinha estruturas para ir viver com ele para uma cidade desconhecida, mas calou-se.

Estava quase a ter pena dele.

— Toma — disse ele, passando-lhe para as mãos um telemóvelglossário . — A tua avó é muito contra estas coisas, mas eu acho que é impossível uma raparigaglossário de 16 anos viver sem telemóvel.

— Também acho. É muito mais difícil sobreviver sem telemóvel do que sobreviver sem pai.

Ele suspirou fundo e fez que não entendeu. Estava com pressa, não ia entrar em discussões desnecessárias.

— Já te gravei o meu número na memória. Quando precisares, liga.

— Quando precisar, ligo.

— Assim, é como se eu estivesse mesmo ao teu ladoreticências

— Claroreticências É exatamente como se estivesse ao meu lado.

Ele levantou-se, pagou a despesa, e saíram.

A casa ficava mesmo em frente, ela iria a pé.

Ele apanhou um táxi para a estação.

Disse-lhe adeus, repetindo “quando precisares, já sabes!”.

Ela ficou a olhar para o carro, até que ele desapareceu ao fundo da rua.

Depois correu para casa

   abriu a porta,

      atravessou o corredor,

         entrou no quarto,

            abriu a gaveta,

               encontrou a agenda.

Teclou o número no telemóvel.

Talita estava cheia de razão: se ela não fosse mesmo, mesmo muito boa a fazer qualquer coisa, todo o mundo lhe passava à frente.

Era tempo de ser mesmo, mesmo muito boa a fazer aquilo para que tinha nascido. reticências

VIEIRA, Alice. Meia hora para mudar a minha vida. São Paulo: Peirópolis, 2014. página 151-155. (Fragmento).

Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (Asae) é o órgão administrativo de Portugal especializado nas áreas de segurança alimentar e fiscalização econômica. O órgão equivalente no Brasil, no que se refere à fiscalização da segurança alimentar, é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (anvisa).

Se liga nessa!

Em Portugal, o pronome tu é usado em situações informais, quando se fala com uma pessoa mais jovem ou uma pessoa com quem se tem intimidade, como um familiar ou amigos próximos. No tratamento formal, e com ou figuras de autoridade, usa-se o senhor/a senhora. Porém, o pronome você é bastante usado em Portugal, por representar uma alternativa entre a informalidade do tu e o tom formal de o senhor/a senhora.

Vale a pena ouvir!

“Você tem meia hora/ Pra mudar a minha vida” são versos da canção “Vambora”, de Adriana Calcanhotto. No romance, ela é cantada por Talita, uma personagem brasileira que vive em Portugal e trabalha como empregada doméstica da avó de Branca. Talita será a referência de amizade e afeto ao longo dos seis anos que a adolescente passará na casa. Você pode assistir ao clipe dessa música neste link: https://oeds.link/iVmt5d (acesso em: 29 abril 2022).

Fotografia. Ao centro, uma mulher sentada sobre banco, segurando com as mãos um violão marrom. Ela tem cabelos escuros em coque, veste blusa com um manto grande branco e calça em bege. De frente para ela, um microfone em pedestal em preto. Ao fundo, ambiente escuro com iluminação azul.
Adriana Calcanhotto em show no Rio de Janeiro, em 2015.

Primeiras impressões

  1. Quais semelhanças você percebeu entre o que é narrado no prólogo e no epílogo?
  2. Quanto tempo se passou entre o que é narrado no prólogo e o que é narrado no epílogo? O que você observou para chegar a essa conclusão?
  3. A intencionalidade do pai foi alcançada no diálogo com a filha? O que você considerou para chegar a essa conclusão?
  4. Que estratégia o pai usou para possibilitar um diálogo futuro com a filha? Você acha que essa foi uma boa estratégia? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Primeiras impressões

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro seis) configure esse momento como uma roda de leitura. Oriente a turma a retomar e comentar livremente trechos, durante a discussão das questões.

  1. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Resposta pessoal. com base nas respostas dos ou das estudantes, promova a percepção compartilhada de que em ambos se adotou um mesmo jeito de narrar, como se fossem cenas. Elas acontecem no mesmo espaço e as personagens são chamadas pelos pronomes ele e ela. Além disso, em ambos há relações difíceis de serem tratadas pelo diálogo.
  2. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Espera-se que os ou as estudantes percebam que se passaram dezesseis anos, já que no prólogo a mãe de Branca, Maria Augusta, estava tentando anunciar ao jovem sua gravidez, e agora Branca informa ao pai que tem dezesseis anos.
  3. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Espera-se que os ou as estudantes percebam que não, porque Branca não se sente nesse momento vinculada a ele e não se abre para o diálogo.
  4. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Espera-se que os ou as estudantes percebam que o pai deu à filha um telemóvel para tentar criar esse canal de comunicação com ela.

professor ou professora, promova a exposição de diferentes pontos de vista a respeito dessa estratégia do pai, sendo mais importante nessa questão que os ou as estudantes experimentem a empatia pelas personagens e sua situação, realizando apreciação de ordem ética.

O texto em construção

  • Organize-se em duplas e converse com o ou a colega sobre as questões a seguir. Elas foram pensadas especialmente para você perceber recursos de linguagem explorados para narrar o encontro entre as personagens.
  1. Como o uso da sinestesia contribui para caracterizar o espaço e permitir ao leitor ou à leitora reconhecer que esse espaço é o mesmo em que os pais de Branca se encontraram anos antes?
  2. Localizem os momentos de discurso indireto livre. Para revelar pensamentos e reflexões, o narrador assume a perspectiva de quais personagens?
  • Em comparação ao prólogo, a personagem feminina tem mais ou menos falas diretas?

3. Considerem no texto o momento em que a personagem diz:

“— Pois tenho. E também tenho um ême pê três cheio de músicas, e também tenho uma data de amigos no , e também tenho...”

  1. Como a anáfora, nessa fala, contribui para expressar o que a personagem pensa sobre o que acabou de ouvir do pai?
  2. Que frase Branca cita, por discurso indireto livre, do diálogo que aconteceu entre o pai e sua mãe, anos antes?

4. Releia:

Depois correu para casa

   abriu a porta,

      atravessou o corredor,

         entrou no quarto,

            abriu a gaveta,

               encontrou a agenda.

Teclou o número no telemóvel.”

  1. Essa disposição diferenciada das ações da personagem no espaço da página cria quais efeitos de sentido?
  2. Como você completaria as lacunas entre as ações, ou seja, entre o que não é dito e cabe ao leitor ou à leitora inferir: o que ela estava decidida a fazer quando entrou? Que número telefônico procurou em sua agenda e qual era a intenção dela?
Orientações e sugestões didáticas

O texto em construção

  1. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro, ê éfe oito nove éle pê três sete) Espera-se que os ou as estudantes percebam que a caracterização do espaço explora os mesmos cheiros (“O café cheira a aguardente, a rebuçados para a tosse, a bolos da véspera”) e sons (“A música continuava em altos berros”).
  2. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Espera-se que os ou as estudantes percebam que a voz narrativa acompanha a personagem Branca, dando voz a seu universo interno, como em “Olha para ele e sabe que não tem nada para lhe dizer. Que nunca há-de ter nada para lhe dizer”. aproveite essa questão para recordar os modos de dar voz às personagens: discurso direto, indireto e indireto livre. Se necessário, retome com a turma o boxe de conceito trabalhado no capítulo 2 (As vozes das personagens nas narrativas).
    • HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Espera-se que os ou as estudantes percebam que há predomínio do discurso direto, com a personagem feminina se colocando mais.

3a. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê cinco quatro, ê éfe oito nove éle pê três sete) essa questão é intencionalmente mais desafiadora e poderá exigir mediação. Espera-se que os ou as estudantes percebam que a personagem devolve informações superficiais que não dizem muito a seu respeito, mostrando como ela significou também dessa fórma a informação que o pai demonstrou ter dela: “— A tua avó disse-me que tens boas notas”.

3b. Espera-se que os ou as estudantes percebam a citação da fala que o pai, quando jovem, disse à mãe: “Ela esteve para lhe responder que não tinha estruturas para ir viver com ele para uma cidade desconhecida, mas calou-se. Estava quase a ter pena dele”.

4a. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Espera-se que os ou as estudantes percebam que é uma fórma de marcar bem cada uma das ações e atribuir-lhes um ritmo rápido na leitura, levando o leitor ou a leitora a ler de um jeito diferente do que aconteceria se estivessem organizadas de fórma mais convencional, em um parágrafo.

4b. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê quatro sete) essa questão é intencionalmente mais desafiadora. Com base nas hipóteses dos ou das estudantes, faça problematizações que os ou as ajudem a perceber como em todos os textos que leram foram se mostrando os vínculos que a personagem tinha com a feira. O mais provável é que tenha, agora com o telefone em mãos e já aos dezesseis anos, decidido ir viver lá. Destaque como a autora parece usar o branco da página para evidenciar essas lacunas, rompendo com a estrutura de prosa e apostando nessa disposição para capturar o leitor, provocá-lo nesse exercício de inferências.

Oficina de leitura e criação – Produção de contos inspirados no estilo de Alice Vieira – Variações de Meia hora para mudar a minha vida

Condições de produção

O quê?

Um conto (entre 30 e 50 linhas) inspirado no estilo de Alice Vieira.

Para quem?

Para os ou as colegas da turma e outros leitores ou outras leitoras que escolherem. A atividade permitirá que você e os ou as colegas:

  • experimentem a autoria em contos;
  • exercitem a criatividade e a colaboração, em processo de composição de uma antologia (digital ou impressa) coletiva;
  • discutam e decidam públicos-leitores de interesse, planejando as fórmas de circulação e divulgação da antologia.

Antologia

Reunião de diferentes textos (em prosa ou em verso) organizados em um único volume, selecionados de fórma que melhor representem a obra de um ou uma de um tema ou de determinado período histórico.

Como fazer?

  1. Relembrando as características da narrativa
    • Reúna-se com um ou uma colega e revejam, no prólogo e no epílogo do romance Meia hora para mudar a minha vida, de Alice Vieira, as características dessa narrativa:
    1. uso de narrador em 3ª pessoa que assume mais de perto a perspectiva de uma das personagens, com utilização do discurso indireto livre;
    2. uso do discurso direto nos diálogos diretos entre as personagens, como nos textos teatrais;
    3. apresentação de situações vivenciadas pelas personagens tornando os diálogos difíceis: ou não se completam (como no prólogo), ou são pouco amigáveis (como no epílogo);
    4. presença de figuras de linguagem, especialmente a sinestesia e a anáfora;
    5. uso criativo da pontuação, especialmente de aspas, para criar efeitos de quebra nos diálogos;
    6. distribuição diferenciada de frases nas páginas para sugerir ritmos de ações de personagem.
Orientações e sugestões didáticas

Oficina de leitura e criação

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe oito nove éle pê três sete, ê éfe oito nove éle pê três cinco, ê éfe zero nove éle pê zero quatro, ê éfe seis nove éle pê quatro quatro, ê éfe seis nove éle pê cinco um, ê éfe seis nove éle pê cinco seis, ê éfe seis nove éle pê cinco quatro, ê éfe seis nove éle pê quatro sete)

Nesta oficina, os ou as estudantes poderão trabalhar em duplas produtivas, com oportunidade de aprimorarem a colaboração e a comunicação. Será importante você discutir previamente os desafios e as oportunidades de trabalhar com pessoas diferentes daquelas com que estamos mais problematizando e buscando comeles ou elas combinados para que a atividade seja produtiva e traga oportunidade de aprendizagem e desenvolvimento para as duplas. Observe que dessa fórma você favorece especialmente aspectos da Competência geral 9.

Como fazer?

Preveja reserva de espaços (sala de informática, biblioteca e afins) que possam ocupar para esse processo. Como primeira ação, é fundamental que você coloque em discussão que público-leitor, além da própria turma, os ou as estudantes gostariam de ter, e de que modo poderia ser organizada uma antologia. Dê a eles ou elasprotagonismo nas decisões e faça intervenções que os ou as apoiem na percepção de propostas que melhor se adequem ao contexto de vocês. Combine um cronograma de ações. Sugerimos que as etapas 1, 2, 3, 5 e 6 sejam realizadas em situação de aula, com você acompanhando os processos das duplas e fazendo intervenções. Já a etapa 4 poderá ser realizada com autonomia pelos ou pelas estudantes, como atividade extraclasse.

  1. Escolhendo uma situação para desenvolver em um conto
    • Conversem entre as duplas sobre qual das situações gostariam de trabalhar em um conto.
    1. Situação 1: Encontro em uma pequena loja de materiais de construção. um filho ou uma filha está se preparando para contar ao pai que realizará seu sonho de cursar Artes Cênicas, porém o pai lhe comunica a decisão de que ele ou ela vai trabalhar no comércio da família, repetindo “não tenho estrutura para te bancar”.
    2. Situação 2: Encontro em uma classe, depois da aula. um ou uma jovem descobriu que um ou uma estudante fez cyberbullying com seu nome em uma rede social e conta ao amigo ou à amiga como está se sentindo, mas descobre, nesse momento, que já sabia havia algum tempo e tinha considerado melhor se omitir.
  2. Planejando o conto
    1. Caracterização do espaço: pensem em cheiros, sons, cores que podem ajudar a caracterizar o espaço. Façam no caderno uma lista de palavras que sugiram isso.
    2. As vozes do texto e o enredo da narrativa: discutam as questões seguintes e anotem no caderno as decisões que tomarem.
      1. Quem será a personagem principal e, por isso, acompanhada mais de perto pelo narrador?
      2. Como essa personagem deve se sentir no início da narrativa?
      3. Como os diálogos serão organizados? Quantas falas cada personagem terá? O que querem garantir em cada uma delas?
      4. Quais delas serão ditas por discurso indireto livre e quais por discurso direto?
      5. Haverá marcas de variedades linguísticas que ajudem a caracterizar as personagens, como, por exemplo, uso de gírias?
      6. Como a personagem principal passa a se sentir quando finalmente percebe o que o outro diz (esse será o ponto mais dramático da narrativa, seu clímax)?
      7. Como será o desfecho, de modo que a personagem principal tenha uma atitude decisiva para seu momento de vida?
  3. Produzindo o texto
    1. Retomem as anotações que fizeram no planejamento e façam uso da ficha de apoio à produção e à avaliação do conto.
    2. Em um programa de edição de textos ou em uma nuvem na internet (documento colaborativo) ou, ainda, em folhas de rascunho, de acordo com o que for mais interessante para a realidade de vocês, trabalhem a escrita do conto, parágrafo por parágrafo, usando com intencionalidade os recursos de linguagem a seguir.
      1. Observem os tempos verbais, de modo que a cena do encontro seja narrada no passado, mas os diálogos aconteçam no presente, como se estivéssemos assistindo, escondidos, ao encontro das personagens e acompanhando a conversa entre elas.
Orientações e sugestões didáticas

4. Produzindo o texto

Seria oportuno aproveitar essa atividade para incentivar que o processo de escrita das duplas aconteça em documento colaborativo, em um drive ou em uma nuvem. Nesse caso, procure envolver os ou as estudantes que já dominam essa estratégia de letramento para a realização de uma oficina, de modo que todos possam aprender a usar essa ferramenta que é própria para escritas colaborativas.

Oficina de leitura e criação

  1. Usem travessões para marcar os discursos diretos.
  2. Utilizem a pontuação de fórma que ela sugira sentidos, como as reticências, por exemplo, para marcar a interrupção de uma fala.
  3. Adotem uma distribuição diferenciada de palavras no espaço da página para sugerir ritmos para ações.
  4. Explorem as figuras de linguagem, sobretudo a sinestesia, para caracterizar o espaço em que as personagens se encontram, e a anáfora na fala das personagens. Dica: escrever é um processo, quanto mais vocês trabalharem no conto, experimentando diferentes possibilidades, mais chegarão a resultados significativos para seus leitores.
  1. Avaliando o texto
    1. Retomem a ficha de apoio à produção e à avaliação do conto e, com base nos critérios indicados, verifiquem se há necessidade de alguma alteração ou reescrita de algum trecho.
    2. Apresentem o conto para que ele ou ela traga sugestões do que pode ser aprimorado, e trabalhem na versão final.
  2. Circulando o conto
    1. Com o apoio discutam fórmas de compartilhar os contos entre vocês para apreciá-los.
    2. Pensem em como poderão compor uma antologia digital, impressa ou manuscrita, intitulada Variações de meia hora para mudar a minha vida, para que outros leitores ou outras leitoras possam conhecer as produções da turma.
Ficha de apoio à produção e à avaliação do conto

O texto atendeu aos critérios de:

1. Adequação à proposta

O texto é um conto inspirado no estilo de Alice Vieira?

2. Atenção às características estudadas do gênero e ao trabalho de linguagem feito nele

O conto é uma narrativa (30 a 50 linhas) que desenvolve uma das situações sugeridas?

3. Construção da coesão/coerência do texto (textualidade)

a) O texto se organiza em trechos narrativos e falas de personagens?

b) As falas das personagens, quando “internas” às personagens, são apresentadas por discurso indireto livre?

c) No conjunto, as falas caracterizam diálogos complicados, que não se completam ou são pouco amigáveis?

Orientações e sugestões didáticas

6. Circulando o conto

Algumas ideias que poderão ser discutidas: uma antologia digital, usando recursos de edição de texto, para circular pelas redes sociais ou ser publicada nos espaços da escola na internet (site, blog, fanpage); uma edição impressa, para ser integrada ao acervo da biblioteca escolar e/ou local; uma edição artesanal (com uso de pasta estilizada, costura de folhas etcétera

d) Quando apresentadas por discurso direto são marcadas pelo travessão e seguidas de comentários do narrador, como se fossem escritas para o teatro?

e) Houve uso intencional e significativo de figuras de linguagem, como a sinestesia e a anáfora?

4. Uso das normas e convenções da norma-padrão escrita e de outras variedades da Língua Portuguesa

a) O texto está escrito de acordo com as regras da norma-padrão, em situação de escrita?

b) Na fala das personagens houve uso intencional e coerente de marcas de uma variedade linguística?

5. Ortografia, pontuação, espaçamento de palavras e construção de sentidos

a) A pontuação foi usada de forma significativa, especialmente para marcar incompletude de falas?

b) Houve uso diferenciado de espaçamento de palavras no texto para sugerir ritmo para ações de uma personagem?

6. Quanto à colaboração e à comunicação na negociação de como será a antologia

Buscamos nos entender de modo respeitoso e interessado na aprendizagem colaborativa, ouvindo uns(umas) aos(às) outros(as) com interesse e abertura para a opinião alheia?

O que levo de aprendizagens deste capítulo

  1. Como foi a experiência de reler alguns trechos, para avançar na leitura de novos? Você já havia tido essa prática antes? Que importância atribui a ela?
  2. O que achou de poder analisar os recursos de linguagem trabalhados por uma autora, percebendo melhor seu estilo?
  3. O que mais chamou sua atenção no estilo de Alice Vieira nesse romance para jovens? Por quê? Você indicaria essa leitura para outras leitoras e leitores?
  4. O que achou da experiência de produzir em coautoria um conto, inspirando-se no estilo dessa autora?
  5. Que tal continuar tendo a experiência da escrita literária, com autonomia, em suas práticas de letramento?
  6. Com base em suas reflexões, escreva um parágrafo no caderno, autoavaliando-se.

Galeria

Ampliando referências da galeria de leituras

Neste capítulo você conheceu um livro de uma escritora portuguesa escrito especialmente para o público jovem. Que tal agora ampliar suas referências literárias, conhecendo um pouco dos livros produzidos em outros lugares onde se fala português? Você pode registrar suas descobertas como leitor em sua Galeria e ainda recomendar livros para alguns colegas, criando posts nas redes de leitores de que você participa.

Países onde se fala a língua portuguesa

Mapa. Na parte superior central, destaque para o título do mapa: PAÍSES ONDE SE FALA A LÍNGUA PORTUGUESA. Na parte inferior direita, destaque para a escala: 0 a 1280 quilômetros; e para a rosa dos ventos com as direções em sentido horário: Norte, Nordeste,  Leste, Sudeste, Sul, Sudoeste, Oeste, Noroeste. Ao centro, a vista parcial de um mapa múndi, com destaque em vermelho para os países que falam a língua portuguesa: Brasil na América do sul, na África: Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique; na Europa: Portugal; na Ásia: Macau e Timor-Leste. Os demais países aparecem em amarelo.
Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa cê pê éle pê tem como objetivo ”o aprofundamento da amizade mútua e da cooperação” entre nove países onde a língua portuguesa é idioma oficial. São eles: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Além desses países, em Macau, na China, o português também é uma língua oficial. Conheça o portal da instituição em: https://oeds.link/xesbB7. Acesso em: 3 junho 2022.

Orientações e sugestões didáticas

Galeria

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe oito nove éle pê três três, ê éfe seis nove éle pê três dois, ê éfe seis nove éle pê quatro cinco, ê éfe seis nove éle pê quatro seis, ê éfe seis nove éle pê quatro nove) esta seção auxilia no trabalho de formação de leitores, orientando os ou as estudantes em escolhas a partir de alguns critérios ao mesmo tempo que desenvolve a autonomia e a valorização e consciência da formação dos gostos pessoais. Neste capítulo, ela possibilita a vivência de pesquisas e suas práticas no campo artístico-literário, sugerindo uma pesquisa dirigida sobre autores e obras da literatura infantojuvenil feita na África – e em língua portuguesa.

Caso deseje aprofundar uma pesquisa prévia antes da atividade com os ou as estudantes, sugerimos o portal Literáfricas da disponível em: https://oeds.link/QBQQCy. No site, é possível ter acesso a textos críticos a respeito de literaturas angolana, caboverdiana, moçambicana, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe, além de uma aba dedicada a textos críticos sobre literaturas afrodiaspóricas.

Ampliando referências da galeria de leituras

no capítulo 2, os ou as estudantes tiveram a oportunidade de apreciar o documentário Língua: vidas em português (direção de Victor Lopes). Neste momento, portanto, é oportuno mobilizar e valorizar os conhecimentos prévios dos estudantes.

INTERDISCIPLINARIDADE

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe zero nove gê ê zero três, ê éfe zero nove agá ih um quatro, ê éfe zero nove agá ih três um) A atividade aqui proposta também permite um trabalho interdisciplinar com Geografia e História, componentes nos quais a temática África está prevista no 9o ano. Para um trabalho em conjunto com esses componentes, pode ser usada também como ponto de partida esta edição do programa Nova África dedicada à literatura africana, que destaca a obra de escritores de Cabo Verde, África do Sul, Moçambique e Angola entremeada por comentários de especialistas. Disponível em: https://oeds.link/pJNlRp. Acesso em: 2 maio 2022.

Um produto possível desse trabalho interdisciplinar pode ser a criação de um mapa da África (analógico ou digital), em que possam ser mencionados os nomes dos autores pesquisados.

Clipe

é importante comentar a respeito de Macau, que faz parte do território chinês desde 1999 e que foi colônia portuguesa na Ásia. Além disso, o caso de Guiné Equatorial é peculiar: embora tenha adotado o português como língua oficial, ele não é uma língua comum no território, e essa decisão esteve ligada a aspectos geopolíticos do país. Importante destacar que as trajetórias históricas desses países são repletas de singularidades e especificidades – o que afeta evidentemente a produção literária em língua portuguesa (caso, por exemplo, do Timor Leste). Desse modo, dada essa etapa de escolarização, se julgar conveniente, durante a pesquisa podem ser priorizados os países cujas literaturas têm tido maior circulação no Brasil, como Angola e Moçambique.

Literaturas africanas em Língua Portuguesa na sua galeria

Você notou no mapa que muitos dos países onde se fala português estão na África? O que você sabe a respeito desses países? Qual é a relação deles com Portugal e com o Brasil? Será que a história desses países africanos onde se fala português tem semelhanças com a nossa história?

Que tal pesquisar um pouco a história e a literatura infantojuvenil produzida nesses países? Você pode se surpreender ao descobrir autores e títulos de livros que poderão estar na sua lista de próximas leituras.

Como fazer?

  1. Para começar, você pode realizar uma pesquisa on-line com frases como “países onde se fala português” ou, se quiser mais informações históricas sobre esses países, poderá pesquisar o que ficou conhecido como “império colonial português”. Ao pesquisar esses países, anote algumas informações que julgar interessantes, como: desde quando se fala português nesses locais? Quando esses países conseguiram independência de Portugal? Você pode fazer anotações usando um mapa mental, anotando as informações que considerar mais relevantes.
  2. Depois dessa primeira investigação, você poderá selecionar um dos países onde se fala português e pesquisar a literatura produzida nele.
    • Quais são os principais escritores e escritoras do país escolhido?
    • Você já tinha ouvido falar de algum Procure registrar os nomes de alguns autores e autoras e obras que achar mais interessantes – afinal, muitas vezes escolhemos nossas próximas leituras com base no título e na autoria.
  3. Agora é o momento de deixar nossa pesquisa mais específica. que você conheceu na etapa anterior, quais têm obras específicas para o público infantil e juvenil? Para descobrir isso, você pode consultar a lista de obras publicadas em sites oficiais desses escritores ou dessas escritoras páginas de enciclopédias on-line ou mesmo sites de resenhas e redes sociais de leitores. Registre alguns dos títulos que você julgar mais interessantes compondo uma lista.
Orientações e sugestões didáticas

Literaturas africanas em Língua Portuguesa na sua galeria

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe oito nove éle pê três três, ê éfe seis nove éle pê quatro seis)

Como fazer?

No desenvolvimento da atividade, combine com os ou as estudantes a possibilidade de um cronograma para realização da pesquisa e uma roda de conversa sobre o que descobriram e quais livros lhes interessaram. Posteriormente, a realização da etapa de compartilhamento de leituras poderá ser feita também em conjunto em sala de aula antes da elaboração das postagens nas redes escolhidas pelos ou pelas estudantes para compartilhamento.

  1. Sugerimos, se possível, que os ou as estudantes tenham contato com algumas edições publicadas no Brasil, que estejam disponíveis na biblioteca escolar ou do bairro, pois desse modo, ao visualizarem as capas, poderão mobilizar interesses de leitura, selecionar e investigar o que mais lhes interessar. A seguir listamos alguns títulos publicados no Brasil. Avalie a disponibilidade deles nos acervos locais.
  • As aventuras de Ngunga, de Pepetela;
  • Nós matamos o cão tinhoso, de Luís Bernardo Honwana;
  • Tenta!, de Paulina Chiziane;
  • O pátio das sombras, de Mia Couto;
  • A triste história de Barcolino, o homem que não sabia morrer, de Lucílio Manjate;
  • Kanova e o segredo da caveira, de Pedro Pereira Lopes;
  • Leona, a filha do silêncio, de Marcelo Panguana;
  • O caçador de ossos, de Carlos dos Santos;
  • Na aldeia dos crocodilos, de Adelino Timóteo;
  • A guerra dos fazedores de chuva com os caçadores de nuvens. Guerra para crianças, de José Luandino Vieira;
  • A viagem, de Tatiana Pinto.
Fotografia. Um grupo de quatro jovens estão juntos e olhando para a tela de um computador. Um deles está mais à frente e digita no teclado, enquanto segura uma folha em uma das mãos. Ao lado dele, os demais olham atentamente. Eles vestem roupas azuis, verdes, rosa e cinza.
  1. Dos títulos que você encontrou, selecione dois ou três que mais chamaram a sua atenção. Você consegue descobrir como esses livros foram recebidos no Brasil? Isto é: que opiniões circulam em resenhas, comentários, vídeos e redes de leitores a respeito desses livros? Procure ler algumas dessas opiniões e verifique se elas o ajudam na escolha de um título. Qual ou quais deles você selecionaria para ser sua próxima leitura ou suas próximas leituras Por quê?
  2. Você poderá contar com a ajuda dos professores ou das professoras da escola e dos ou das responsáveis para buscar fórmas de ter acesso ao livro escolhido. É possível procurá-lo na biblioteca escolar ou em alguma biblioteca próxima de seu bairro, verificar a possibilidade de fazer um empréstimo de alguém que possua a edição que lhe interessa, pesquisar a possibilidade de leitura on-line no caso de uma obra em domínio público, entre outras possibilidades de trocas.
  3. Após conseguir acesso, procure registrar algumas das suas impressões a respeito do livro: O que chama a sua atenção na edição? Como é a capa da edição a que você teve acesso? Há outras edições disponíveis desse livro? O que o ou a capturou logo no primeiro momento? Você achou instigantes os temas e as histórias narradas? Ou eles são um pouco distantes do seu universo? O que achou de viajar por outra realidade por meio das páginas do livro que você escolheu?
Orientações e sugestões didáticas
  1. nesta etapa talvez seja interessante destacar o fato de que, em alguns casos, mesmo que escritos em português, alguns livros podem não ter tido um lançamento oficial no Brasil. Para descobrir edições brasileiras, os ou as estudantes podem consultar sites de editoras ou de livrarias em sala de aula ou em casa com o auxílio e monitoramento de um ou umaresponsável. Se julgar interessante, caso descubram alguma obra que lhes interessa e sem publicação nacional, pode haver uma pesquisa sobre como é possível ter acesso ao livro para leitura on-line.

6. Aproveite para comentar que a leitura de obras de escritores africanos pode ser uma oportunidade de entrar em contato com outras visões de mundo, outros hábitos e referências culturais. Comente que se trata de uma oportunidade de viajar sem sair do lugar, valorizar a diversidade de culturas, de pessoas e de saberes, auxiliando-nos a quebrar preconceitos e prejulgamento. Nesse sentido, a atividade contribui para o desenvolvimento de aspectos da Competência Geral da Educação Básica 9.

Ilustração. Vista de costas de um menino sentado diante de uma mesa com um notebook aberto. Ele tem cabelos encaracolados  castanhos, veste camiseta verde e está segurando um livro amarelo com a mão esquerda e digitando com a direita. Na tela, o layout de uma rede social, com a foto de uma menina e o seguinte texto: VOCÊ VAI AMAR ESSE LIVRO. É INCRÍVEL! Sobre a mesa, há um livro laranja visto parcialmente, e acima do menino, uma prateleira com outros livros. Ao fundo, uma janela cinza.

Compartilhando experiências e sugerindo leituras

Quando gostamos de um livro é muito natural fazermos comentários sobre ele com amigos e recomendarmos leituras. Você costuma fazer isso com as pessoas à sua volta?

Que tal aproveitar sua pesquisa sobre literatura infantojuvenil de países africanos de língua portuguesa e compartilhar um pouco da sua experiência?

Escreva um comentário a respeito do livro para, com apoio de seu ou sua responsável, publicar nas redes de leitura de que faz parte. Você pode se inspirar no estilo do autor ou da autora que leu, copiar um trecho curto que chamou sua atenção pelo trabalho de linguagem feito e comentar por que essa obra pode ser uma leitura prazerosa. O importante é compartilhar sua experiência de modo que seja instigante para quem vier a ler o seu post!

Orientações e sugestões didáticas

Compartilhando experiências e sugerindo leituras

busque estratégias para incluir digitalmente todos, seja com reserva de espaços e recursos da escola ou de instituições parceiras.

LiTERatitudes

Quais leituras o ou a marcaram este ano? Que tal falar um pouco sobre seus gostos – e sobre como eles foram se transformando nos últimos anos do Ensino Fundamental? Quais são as produções artísticas e culturais (leituras, games, agá quês músicas, literatura, séries etcétera) que você tem mais curtido ultimamente? Quais foram suas descobertas recentes? Quais produções têm mais sentido para você nestes tempos?

Leia a seguir a descrição de um episódio de podcast em que os apresentadores comentam um assunto pelo qual eles são apaixonados.

Reprodução de página da internet.

12.Livros

Ilustração. Triângulo para a direita indicando play. Texto Abrir 53 minutos. Ao lado, três pontos na vertical, três linhas na horizontal e sinal mais.

Podcast do arroba12.

Livros Um desafio de ler pelo menos 12 livros por ano. Aqui damos dicas de leitura, discutimos sobre autores, livros e muito mais.

Autores Favoritos

Depois de alguns livros, há alguns autores que você acaba se identificando mais. E há vários fatores para isso, como linguagem, temas, modo de abordar os assuntos, profundidade dos conteúdos e muito mais. Nesse episódio, falamos sobre os autores favoritos de cada um, e claro, de brinde, algumas boas recomendações de livros, afinal... São nossos autores preferidos, né? Então dê o play e confira agora mesmo! ;)

12.LIVROS. Disponível em: https://oeds.link/Y64yz6. Acesso em: 2 maio 2022.

Converse com a turma

  1. Você costuma ouvir podcasts? Se sim, você tem algum podcast preferido? Quais assuntos são debatidos nele?
  2. Considerando o nome do programa, o título e a descrição do episódio, responda:
    1. O que o título do podcast indica sobre os temas abordados?
    2. Qual é o assunto do episódio citado?
    3. Que outros temas você imagina que sejam discutidos nesse podcast?
  3. O que você acha que poderia ser mais divertido: conversar com colegas que gostam das mesmas coisas que você ou conversar com colegas que têm gostos diferentes? Por quê?

Um podcast para chamar de seu!

Que tal fazer como outros fãs de literatura e criar um podcast temático com alguns colegas da turma? Nele, vocês terão um espaço aberto para comentar sobre as leituras que fizeram nos últimos tempos, os autores e as autoras que mais lhes despertaram o interesse, os lugares imaginários visitados por meio das páginas dos livros, as personagens que gostariam de conhecer pessoalmente, entre outros.

Orientações e sugestões didáticas

Literatitudes

Converse com a turma

1. Resposta pessoal.

2a. A descrição do podcast sugere que se trata de um programa dedicado à literatura e ao compartilhamento de experiências de leituras realizadas ao longo de um ano, daí o título 12 livros (correspondendo ao desafio de ler um livro por mês)

2b. O episódio apresenta os autores preferidos dos apresentadores.

2c. Pela descrição é possível assumir que o programa inclui informações sobre dicas de leitura, informações sobre autores. Pode-se pressupor que o podcast se volta para comentar sobre autores e obras específicas além de temas (filmes, games, séries, quadrinhos inspirados na literatura, por exemplo).

3. Respostas pessoais. a intenção é que os ou as estudantes possam comentar livremente sobre essa preferência. É possível ainda que comentem que as duas situações podem ser divertidas em momentos específicos. Ao solicitar uma justificativa, a questão permite destacar a dimensão do respeito e da empatia pelos outros colegas, reconhecendo a capacidade de ouvir opiniões e gostos diferentes dos próprios.

Como fazer?

  1. O primeiro passo é pensar nos temas que desejam abordar. Afinal, os podcasts podem veicular diferentes conteúdos – desde notícias, análises e dicas culturais até informações de áreas específicas como tecnologia. Comecem fazendo uma lista de romances, contos, agá quês, poemas ou de que gostam. Assim, os grupos podem ir sendo criados organicamente com base nas afinidades.
  2. Que tal se inspirar ouvindo outros podcasts? Assim vocês conhecem um pouco da diversidade dos podcasts e poderão ter ideias de algo instigante para seus ouvintes.
  3. Depois de definir como gostariam de falar dos seus gostos e leituras no podcast, vocês poderão criar um episódio-piloto e registrar em uma lista os conteúdos que merecem aparecer nas edições do programa. Podem ser criados diferentes quadros no programa, como novidades, dicas culturais com referências para os ouvintes, perfis e biografias de autores preferidos, debates sobre questões atuais que remetem aos livros lidos recentemente, adaptações de livros e agá quês para tê vê ou cinema etcétera
  4. Ideias no papel: definam quem ficará responsável por cada um dos itens da lista: quem fará a apresentação do programa? Vocês planejam entrevistas ou participações especiais? Como será o início do programa? Como serão as saudações aos ouvintes e a finalização? Além dessa organização para um trabalho cooperativo, é importante criar um roteiro para o programa com a indicação de quem realiza cada etapa e quem deverá falar em cada momento, o que ajuda também a evitar interrupções ou sobreposição de vozes.
  5. Escolham um local bem silencioso para gravar o programa. É possível utilizar um celular ou um gravador de voz. Microfones e fones de ouvido podem ajudar a captar melhor o som evitando ruídos. No momento da gravação, procurem manter o tom de voz agradável ao ouvinte. Depois de gravarem, vocês poderão editar o áudio inserindo elementos sonoros como vinhetas para cada parte do programa.
Ilustração. Acima, um fone de ouvido vermelho e cinza, sem fio e com almofadinhas. Ao centro, um microfone de estúdio cinza com haste azul na vertical. Abaixo, um livro aberto com folha de fundo branco e silhueta de texto em preto. Ao fundo, ícones coloridos e pequenos, indicando redes sociais, localização, chamada, mensagem, sinal de wi-fi, entre outros.

Como divulgar

Vocês poderão pensar juntos sobre como difundir o podcast – e, claro, encontrar mais fãs das mesmas obras e autôres ou autôras que admiram!

Os podcasts são geralmente organizados em episódios, e os arquivos de áudio são distribuídos em diferentes sites. É possível disponibilizar o podcast em uma plataforma específica (os agregadores de conteúdos) ou veiculá-los em uma página de preferência de todos, como a página da escola, ou, ainda, em um perfil de rede social criado para a turma. Procure pelo método mais conveniente que permita que vocês agreguem e se comuniquem também com os ou as ouvintes do programa!

Orientações e sugestões didáticas

Como fazer?

o podcast exige poucos recursos para a criação: basicamente um computador, um microfone para captar o áudio e um programa para a edição final do áudio com inserção de trilha ou de vinhetas. Na internet há diversos tutoriais de como criar um podcast e compartilhá-lo. Esta matéria do site Comunique-se apresenta dicas de como fazer um podcast do zero: https://oeds.link/eAs9IB. Acesso em: 30 abril 2022.

Glossário

Anilinas
: substâncias corantes.
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Lacas
: resinas avermelhadas extraídas de certas árvores.
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Naftalina
: nome comercial do naftaleno, repelente natural muito usado antigamente para repelir traças e baratas: as pessoas colocavam pequenas bolas de naftalina dentro de armários e gavetas.
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Merenciana e Teodora
: personagens do elenco da peça Auto da Feira, do autor português Gil Vicente, de 1527, texto com o qual o romance de Alice Vieira dialoga.
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Poisando
: mesmo que pousando: desce ao chão, depois do voo.
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Data
: grande quantidade indefinida.
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hi5
: nome de uma rede social.
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Comboio
: em Portugal, como se chama o trem.
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Telemóvel
: em Portugal, nome dado ao aparelho de telefone celular.
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Rapariga
: feminino de rapaz; mulher jovem ou adolescente.
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