Unidade 3

Capítulo 7

Corrupção: o que é e como se combate?

Capítulo 8

Africanidades, poesia e ritmo na música brasileira

Capítulo 9

Períodos compostos por subordinação três

Capítulo 7  Corrupção: o que é e como se combate?

Observe as duas tirinhas a seguir.

Texto 1

Gilmar

Charge composta por um quadro. Apresenta como personagens: dois homens vestidos com uniforme de futebol, caracterizado pela camiseta lilás, bermuda marrom e amarela e chuteiras pretas. No centro da camiseta, em branco, há a frase CORRUPÇÃO; mais acima, na altura do peito, o símbolo do cifrão em fundo amarelo redondo. Ambos usam óculos de sol preto e fumam um charuto. A cena ocorre em um campo com gramado verde. Na parte superior esquerda, o título: FUTEBOL x POLÍTICA. Os dois homens dizem: VESTIMOS A MESMA CAMISA!

GILMAR. Corrupção - futebol versus política. 22 junho 2015. Disponível em: https://oeds.link/P3u7Xg. Acesso em: 5 agosto 2022.

Quem é?

Conhecido pelo pseudônimo o cartunista das Cavernas, o baiano Gilmar Machado Barbosa tem mais de 35 anos de carreira e publica sua arte em jornais, revistas e livros. Premiado nacional e internacionalmente, suas charges são conhecidas pela crítica direta aos problemas gerados na esfera política. Em uma entrevista ao canal Radio Peão Brasil, ao falar de sua arte, o próprio cartunista se coloca como aquele que vive “cutucando monstros com lápis curto” e considera que, aliada à comunicação social, as charges e os cartuns possibilitam ao leitor refletir mais sobre a realidade e exercer sua cidadania em busca dos direitos e da liberdade.

Veja a entrevista, disponível em: https://oeds.link/XTR4l8. Acesso em: 22 agosto 2022.

Orientações e sugestões didáticas

CAPÍTULO 7

Competências gerais da Educação Básica: 1, 4, 7, 9 e 10.

Competências específicas de Linguagens: 2, 3 e 4.

Competências específicas de Língua Portuguesa: 2, 3, 5, 6 e 7.

HABILIDADES Bê êne cê cê

(ê éfe zero nove éle pê zero um), (ê éfe zero nove éle pê zero dois), (ê éfe zero nove éle pê zero três), (ê éfe zero nove éle pê zero oito), (ê éfe zero nove éle pê um um), (ê éfe seis nove éle pê zero três), (ê éfe seis nove éle pê zero cinco), (ê éfe seis nove éle pê zero seis), (ê éfe seis nove éle pê zero sete), (ê éfe seis nove éle pê zero oito), (ê éfe seis nove éle pê zero nove), (ê éfe seis nove éle pê um um), (ê éfe seis nove éle pê um três), (EF69LP15), (ê éfe seis nove éle pê um seis), (ê éfe seis nove éle pê um sete), (ê éfe seis nove éle pê um oito), (ê éfe seis nove éle pê dois dois), (ê éfe seis nove éle pê dois nove), (ê éfe seis nove éle pê três dois), (ê éfe seis nove éle pê três quatro), (ê éfe oito nove éle pê zero um), (ê éfe oito nove éle pê zero três), (ê éfe oito nove éle pê zero quatro), (ê éfe oito nove éle pê zero cinco), (ê éfe oito nove éle pê zero seis), (ê éfe oito nove éle pê um zero), (ê éfe oito nove éle pê um um), (ê éfe oito nove éle pê um dois), (ê éfe oito nove éle pê um quatro), (ê éfe oito nove éle pê um seis), (ê éfe oito nove éle pê um oito), (ê éfe oito nove éle pê um nove), (ê éfe oito nove éle pê dois zero), (ê éfe oito nove éle pê dois dois), (ê éfe oito nove éle pê dois três), (ê éfe oito nove éle pê dois sete), (ê éfe oito nove éle pê três sete)

Neste capítulo, os ou as estudantes refletirão sobre o conceito de ética não só na esfera pública, mas também na privada, no que diz respeito a pequenas ações do dia a dia. Serão propostas leituras de trechos de ensaio (do filósofo Fernando Savater) e de variados artigos de opinião, na íntegra ou em fragmentos. A produção prevista é um artigo de opinião sobre o tema abordado.

O percurso proposto, como se vê, favorece um trabalho intenso e sistemático com a argumentação. Dada a natureza do tema, é possível planejar atividades que articulem o conhecimento de diferentes disciplinas, ampliando a discussão sobre ética no contexto de todas as áreas de conhecimento.

Os Temas Contemporâneos Transversais contemplados no capítulo são: Educação em Direitos Humanos e Vida Familiar e Social (Cidadania e Civismo).

Abertura

A charge e a tirinha apresentadas possibilitam refletir sobre o tema da unidade, abordando-o da perspectiva da corrupção na vida pública e na vida privada.

Promova uma discussão inicial sobre os dois textos, possibilitando que os ou as estudantes expressem suas compreensões e dúvidas a respeito deles.

Na questão 2 do boxe Converse com a turma, será apresentado o contexto da produção e publicação da charge, com orientações para a sua mediação.

Texto 2

Anésia e Dolores/Willtirando

Tirinha. Tirinha composta por um quadro horizontal. Duas pessoas idosas, vistas de costas, estão olhando para uma manifestação, com placas indicando CORRUPÇÃO NÃO!, IMPEACHMENT, FORA, VERGONHA NA CARA. Ao fundo, prédios. A cena é composta de tons de rosa, branco e preto. Uma delas tem o cabelo encaracolado e a outra, liso amarrado em coque. Ambas vestem camisa rosa. A que usa coque diz fala: AQUELE ALI NÃO É O SUJEITO QUE VIVE FURANDO FILA NO MERCADINHO? A de cabelos encaracolados  pergunta: QUAL? A outra responde: AQUELE COM CARTAZ ESCRITO 'CHEGA DE CORRUPÇÃO.'

WILLTIRANDO. Anésia e Dolores. 16 mar. 2015.

Quem é?

uil Leite (-) é um cartunista paranaense premiado pelas suas tiras publicadas em sites de humor e em seu blog uil tirando. Anésia e Dolores são as personagens que dão título à série de tirinhas com duas amigas de longa data: Anésia (à direita) é a velhinha amarga e Dolores (à esquerda) a carismática.

Converse com a turma

  1. A charge e a tirinha abordam a corrupção, cada uma se referindo a duas esferas sociais diferentes.
    1. Qual esfera é citada em ambos os textos.
    2. Quais as outras esferas referidas?
  2. A charge faz referência ao escândalo mundial, envolvendo dirigentes da fifa Federação Internacional de Futebol Associado, em 2015, que movimentou milhões de dólares em propina.
    • Como você explica o sentido do “título” da charge e da fala das duas personagens?

Vamos lembrar

Ironia é uma fórma de expressão que consiste em criar contrastes entre o que está sendo dito e o sentido que efetivamente se pode atribuir ao que foi dito, com a finalidade de produzir efeitos humorísticos, em geral, envolvendo uma crítica. A observação do contexto é fundamental para se perceber a ironia.

  1. Explique como o cartunista usou da ironia na tirinha.
  2. A palavra corrupção vem do latim corrumpere, que significa corromper, destruir, estragar, como ocorre com a ferrugem que corrompe o ferro. O que é que se estraga ou fica destruído quando há corrupção na política? E quando a corrupção ocorre nos pequenos atos cotidianos?
  3. Relacione o que você sabe sobre a palavra ética com as tirinhas e escreva, no caderno, uma definição para ela. Guarde sua anotação, pois mais tarde voltaremos a ela.

O que você poderá aprender

  1. O que é ética e qual a sua importância para o convívio social?
  2. Qual é a relação entre ética, liberdade e moral?
  3. O que é corrupção? E o que a ética tem a ver com isso?
  4. Para que ler e escrever artigos de opinião?

O que você verá neste capítulo

Começaremos a refletir sobre ética lendo um trecho de um livro que um filósofo escreveu para seu filho adolescente. Depois, prosseguiremos refletindo sobre a relação entre ética e corrupção analisando um gênero do campo jornalístico: o artigo de opinião. Por fim, vamos produzir artigos para defender nossos pontos de vista a respeito desse importante tema.

Orientações e sugestões didáticas

Converse com a turma

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê zero três, ê éfe oito nove éle pê dois sete)

1. professor ou professora, o objetivo da pergunta é colocar no mesmo nível de relevância qualquer ato de corrupção. Espera-se que os ou as estudantes percebam que a corrupção que é praticada em pequenas ações do dia a dia é tão grave quanto os grandes escândalos de corrupção que vemos na política ou no futebol. E que percebam também que, de uma fórma ou de outra, todas nos dizem respeito.

1a. A esfera política, das ações que acontecem na vida pública: as ações corruptas dos dirigentes de clubes de futebol que realizam transações financeiras ilegais, em benefício próprio, como muitos políticos fazem, no caso da charge; e a manifestação política dos cidadãos em atos públicos contra a corrupção na política, no caso da tirinha.

1b. A esfera cotidiana, dos atos da vida mais privada dos cidadãos, como a ida ao mercadinho.

  1. professor ou professora, apoie os ou as estudantes, na observação e análise de elementos da linguagem visual utilizada na charge. Proponha que comparem as duas personagens, chamando a atenção para a vestimenta comum aos dois, com exceção da cartola, na personagem da esquerda. Pergunte-lhes o que a caracterização das personagens “dizem” sobre elas, de modo que percebam no uniforme a remissão ao futebol (presente no título) e no charuto e óculos escuros a remissão a personalidades de maior poder político ou econômico. Destaque o uso da cartola por uma das personagens e pergunte-lhes se sabem o que ela pode simbolizar nesse contexto. Pergunte se já ouviram falar em “cartolas do futebol”. Explique que o futebol era um esporte aristocrático e alguns dirigentes usavam cartola. Com o passar do tempo, o termo “cartola” passou a designar qualquer dirigente e ganhou conotação pejorativa, passando a classificar dirigentes de entidades esportivas que se aproveitam de sua posição em benefício próprio. A personagem com cartola, portanto, representaria os dirigentes dos clubes e de outras instituições às quais se ligam, como a Fifa, por exemplo; já a personagem sem cartola poderia representar tanto os jogadores mais bem pagos – cujos contratos, quando negociados pelos dirigentes, muitas vezes, podem envolver transações ilícitas –, quanto outras pessoas poderosas, como os políticos. Essa última hipótese pode ser sustentada pelo título da charge, que sinaliza para uma proximidade entre a corrupção que acontece na esfera política (sempre em evidência nas mídias) e a que acontece no mundo do futebol, envolvendo os dirigentes; também pode ser sustentada pela fala das personagens: as duas categorias de dirigentes (do futebol e da política) estão usando o mesmo uniforme, a mesma camisa, que é a de corruptos.
  2. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê três sete) No primeiro quadrinho, a ironia é construída pela situação em que a personagem questionada por Anésia é colocada: Anésia expõe a ironia da atitude do indivíduo que clama pelo fim da corrupção com um cartaz que diz “chega de corrupção”, quando ele mesmo tem atitudes corruptas no dia a dia.
  3. professor ou professora, ajude os ou as estudantes a compreenderem que atitudes corruptas, sejam elas grandes, sejam pequenas, destroem, estragam o convívio em sociedade, porque prejudicam quem está por perto ou mesmo a comunidade e a sociedade como um todo. Quem rouba ou desvia dinheiro dos cofres públicos, vende influências e tira benefícios próprios do cargo que ocupa prejudica grandes contingentes de pessoas que precisam de serviços públicos, como hospitais, escolas etcétera Quem fura a fila do supermercado, do ônibus ou trafega pelo acostamento da estrada quando há trânsito intenso prejudica as demais pessoas, que terão de esperar mais tempo. Da mesma fórma, outras atitudes que nem sempre são percebidas como corrupção – como comprar produtos piratas, desviar a internet do vizinho para sua casa, jogar lixo no chão, estacionar indevidamente em vaga preferencial etcétera – corrompem a vida em sociedade e, ao mesmo tempo, o caráter do corruptor, do corrompido, do conivente, que sabe da corrupção e não a denuncia, causando a deterioração e o desvirtuamento de hábitos e costumes, tornando-os imorais ou antiéticos.

Leitura

Atividade – Leitura colaborativa: ética e liberdade

Antecipando a leitura com a turma

Você vai ler mais adiante um trecho de um livro chamado Ética para meu filho, escrito pelo filósofo espanhol Fernando Savater (mil novecentos e quarenta sete). Nessa leitura, você terá oportunidade de refletir sobre a relação entre ética e liberdade. Para começar a pensar sobre o assunto, leia os quadrinhos a seguir e discuta as questões propostas.

Calvin e Haroldo/Bill Watterson

História em quadrinhos. Composta por oito quadros, distribuídos na horizontal em duas linhas. Apresenta como personagens: Haroldo, tigre laranja e listras em preto, orelhas pequenas e nariz preto e rabo comprido. Calvin, menino de cabelos lisos loiros, com camiseta vermelha com listras em preto, bermuda preta e tênis branco. As cenas se passam em local aberto com vegetação rasteira em bege e árvores de troncos em marrom. Quadro 1 – Calvin e Haroldo caminham ao lado de um tronco de árvore grosso. Calvin diz: HOJE NO COLÉGIO, TIVE QUE DECIDIR SE IA COLAR NA PROVA OU NÃO. Quadro 2 – Foco em Haroldo e Calvin vistos da cintura para cima. Haroldo à esquerda, com as mãos para trás do corpo, e Calvin, com as mãos abertas para frente, fala: ME PERGUNTEI SE ERA MELHOR SER HONRADO E REPROVAR, OU SE ERA MELHOR COPIAR E PASSAR... Quadro 3 – Quadro sem Haroldo. Calvin é visto da cintura para cima, com os braços abertos e fala: POR UM LADO, O ÊXITO NÃO MERECIDO NÃO TE SATISFAZ. MAS PELO OUTRO LADO UM FRACASSO MERECIDO TAMPOUCO. Quadro 4 – Eles andam sobre uma pedra grande cinza. À esquerda, Haroldo com o corpo na horizontal, com as patas dianteiras para frente e, perto dele, Calvin na ponta da pedra e mãos sobre as costas. Ele fala: QUASE TODO MUNDO TRAPACEIA UMA VEZ, PELO MENOS. AS PESSOAS BURLAM AS REGRAS E ACHAM QUE PODEM SE DAR BEM. MAS CLARO QUE ISSO NÃO JUSTIFICA MINHAS TRAPAÇAS. Quadro 5 – Silhueta em tons de marrom-claro de Haroldo e Calvin caminhando da esquerda para a direita, cruzando uma vegetação rasteira em tons de preto. Calvin, com as mãos abertas para frente, fala: ENTÃO PENSEI, COLAR NUMA PROVA NÃO É PRA TANTO. NÃO SE PREJUDICA NINGUÉM. PORÉM, LOGO ME PERGUNTEI SE ESTAVA RACIONALIZANDO MINHA NEGATIVA A ACEITAR AS CONSEQUÊNCIAS DE NÃO TER ESTUDADO. Quadro 6 – Destaque para Haroldo e Calvin, vistos da cintura para cima. Haroldo está com a mão direita sobre a cintura, a esquerda segurando o queixo e olhando para frente. Ao lado, Calvin, com os braços abertos, diz: NO MUNDO REAL, ÀS PESSOAS INTERESSA O ÊXITO, NÃO OS PRINCÍPIOS, MAS... QUEM SABE O MUNDO NÃO É UM DESASTRE POR CAUSA DISSO. QUE DILEMA! Ao fundo, algumas árvores. Quadro 7 - Sobreposto às árvores do quadro anterior, há um quadro menor. Nele, foco em Haroldo à esquerda, com as patas abertas, perguntando a Calvin: E O QUE VOCÊ DECIDIU? Calvin responde: NADA, ACABOU O TEMPO E ENTREGUEI A PROVA EM BRANCO. Quadro 8 - Visto de costas, Haroldo e Calvin caminham lado a lado. Haroldo à esquerda com as patas dianteiras para trás das costas, olhando para a direita, fala para Calvin: PODES TOMAR ISSO, COMO VITÓRIA MORAL. Calvin, diz: BEM, ME PARECIA ERRADO COLAR EM UM EXAME DE ÉTICA. Ao fundo, à esquerda, vegetação em cinza.

uáterson, Bill. Calvin e Haroldo.

  1. A personagem Calvin conta a Haroldo que no dia anterior enfrentou uma escolha difícil, ou seja, um dilema. Qual foi o dilema vivido por Calvin?
  2. Releia estas frases da fala de Calvin:

Mas claro que isso não justifica minhas trapaças.”

Porém, logo me perguntei se estava racionalizando minha negativa a aceitar as consequências de não ter estudado.”

Localize essas falas na tira e responda: por que elas se iniciam com as conjunções adversativas mas e porém? A quais ideias elas se opõem?

3. Volte à charge e à tirinha que você leu na abertura deste capítulo. Em qual delas é possível inferir que há, também, um questionamento ético do modo de agir? Explique.

Orientações e sugestões didáticas

5. Resposta pessoal. , o objetivo desta atividade é estimular os ou as estudantes a mobilizarem seus conhecimentos prévios sobre o conceito de ética e a registrarem suas impressões iniciais. O tema será debatido ao longo do capítulo, e eles ou elas serão convidados ou convidadas a retomarem e a reverem sua definição algumas vezes. Se necessário, os ou as a observarem que, antes de mais nada, a ética está ligada a uma postura mais reflexiva, que nos impede de agir de modo imediatista e egoísta – como agem as personagens da charge e da tirinha.

Antecipando a leitura com a turma

Este momento tem como objetivo antecipar aspectos do texto fornecido para leitura e possibilitar uma reflexão, seja da perspectiva dos gêneros priorizados para a leitura e a produção, seja da perspectiva da temática abordada. Sugerimos que, mesmo que a leitura seja proposta de fórma individual e silenciosa, o conteúdo do boxe Antecipando a leitura com a turma seja sempre tratado coletivamente, visando à promoção de uma discussão prévia oral que promova tanto a ativação e o compartilhamento de conhecimentos prévios relevantes para a leitura quanto a antecipação do que será objeto de discussão no e do texto.

O boxe Antecipando a leitura com a turma visa iniciar a reflexão em torno do conceito de ética, que será desenvolvido em um ensaio do filósofo Fernando Savater. Lembre-se de que não é necessário realizar o registro das questões propostas, uma vez que a finalidade é promover um momento para que os ou as estudantes ativem e compartilhem o que sabem sobre o assunto do texto, antecipando a abordagem que será feita.

  1. Ele teve de decidir se colava ou não na prova.
  2. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe zero nove éle pê zero oito, ê éfe zero nove éle pê um um) A primeira frase se opõe à ideia de que todo mundo trapaceia, todo mundo burla as regras. Já a segunda frase se opõe à ideia de que a cola não prejudicaria ninguém. As duas frases opõem-se, portanto, a desculpas que Calvin poderia dar a si mesmo para colar na prova.
  3. Na tirinha de Anésia e Dolores. Ao questionar se o sujeito que está segurando um cartaz com os dizeres “Chega de corrupção” é o mesmo que “vive furando fila no mercadinho”, é possível inferir que, na pergunta de Anésia, está implícito um questionamento sobre a ética desse sujeito que se manifesta contra a corrupção política, mas tem atitude corrupta ao desrespeitar as pessoas que estão na fila, passando na frente delas.
  1. Por que o desfecho da tirinha de Calvin é surpreendente e, por isso, provoca um efeito humorístico?
  2. Você concorda com o tigre Haroldo sobre a atitude de Calvin durante a prova ter sido uma “vitória moral”? Por quê? Em sua resposta, considere a informação dada na fala final de Calvin.
  3. A partir da leitura dessa tirinha de Calvin, reflita: existe uma relação entre ética e liberdade? Se sim, qual seria? Você pode usar suas reflexões para alterar ou complementar a definição de ética que escreveu na abertura deste capítulo.
  4. Agora você vai ler o fragmento inicial de um dos capítulos do livro Ética para meu filho. Durante a leitura, preste atenção à organização das ideias no texto e siga estes procedimentos:
    1. No primeiro parágrafo, o autor cita três motivações que, na maioria das vezes, levam as pessoas a agir dessa ou daquela maneira. Anote essas três motivações e depois, ao ler os parágrafos seguintes, anote também os questionamentos que o autor faz em relação a elas.
    2. Textos argumentativos abordam questões polêmicas, isto é, aquelas para as quais existe mais de uma resposta possível. Enquanto lê, busque identificar qual questão polêmica está sendo tratada e qual resposta o autor dá a ela, ou seja, qual é o ponto de vista (ou tese) que ele defende no texto.

O texto que você lerá foi extraído do livro Ética para meu filho. Como o nome indica, o filósofo Fernando Savater escreveu esse livro para seu filho, que era adolescente na época. Você notará que às vezes o autor se dirige diretamente ao filho, como se estivesse conversando com ele. O trecho selecionado para sua leitura é o fragmento inicial do Capítulo 3. Ele começa com a expressão “Dizíamos quereticências” porque o autor está se referindo ao que foi dito nos capítulos anteriores.

Capítulo 3

Faça o que quiser

Dizíamos que fazemos a maioria das coisas porque alguém manda (os pais quando somos jovens, os superiores ou as leis quando somos adultos), porque se costuma fazer assim (às vezes a rotina nos é imposta pelos outros através de seu exemplo ou sua pressão – medo do ridículo, da censura, de mexericos, desejo de aceitação no gruporeticências – e outras vezes nós mesmos a criamos) reticências ou simplesmente porque nos dá na veneta, ou pelo capricho de fazê-las assim, sem mais nem menos. Acontece que, em ocasiões importantes ou quando levamos realmente a sério o que vamos fazer, todas essas motivações correntes acabam sendo insatisfatórias, ou seja, não contam muito.

Orientações e sugestões didáticas
  1. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê zero três, ê éfe seis nove éle pê zero cinco) Porque não foi dito, até então, que Calvin estava em uma prova de ética. A revelação desse fato, no final, surpreende ô á leitor ou leitora e provoca graça, pois é paradoxal e descabido que alguém pense em colar em uma prova de ética.
  2. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê zero quatro) A resposta é pessoal, mas espera-se que os ou as estudantes concordem com a afirmação de Haroldo. Afinal, o menino não se deixou convencer pelas desculpas que normalmente levam as pessoas a agirem de fórma antiética. Ao entregar a prova em branco, ele não colou e, portanto, foi ético. Mesmo que tenha tirado nota zero na prova, ele agiu de acordo com os princípios da disciplina.
  3. Neste primeiro momento, o objetivo é que os ou as estudantes façam uma reflexão inicial sobre a relação entre ética e liberdade, a qual será aprofundada pela leitura do texto a seguir. Espera-se que eles ou elas respondam, com base na leitura da tira, que, assim como ocorreu com o menino Calvin, existem muitas situações em que temos a liberdade de agir de modo ético ou não e que cabe a nós refletirmos antes de tomar a decisão.
  4. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê três quatro) Os dois primeiros parágrafos do texto de Fernando Savater trazem três longas intercalações, isto é, passagens entre parênteses que apresentam exemplos e explicações adicionais. Essas intercalações podem provocar dificuldades de leitura para os ou as estudantes, visto que interrompem a linha de raciocínio. Por outro lado, elas oferecem uma boa oportunidade para familiarizar a turma com textos de organização mais , além de desenvolver a habilidade de identificar a tese defendida no texto (representada na BNCC pela habilidade ê éfe oito nove éle pê zero quatro). Sua mediação será essencial para garantir a compreensão do texto e o desenvolvimento dessas habilidades. Sugerimos, portanto, que a atividade de leitura seja realizada em duas etapas: 1ª etapa – Você lê o texto para a turma, enquanto os ou as estudantes o acompanham no livro. Durante a leitura das três intercalações, você pode usar uma entonação diferente para sinalizar a eles ou elas que se trata de uma suspensão na linha de raciocínio. Depois, ao final de cada um dos dois primeiros parágrafos, peça à turma que aponte quais informações poderiam ser excluídas do parágrafo, pois são acessórias. Eles devem perceber que as informações que poderiam ser excluídas são justamente as intercalações. Do terceiro parágrafo em diante, você pode optar por seguir lendo o texto para eles ou elas, ou passar diretamente para a próxima etapa. 2ª etapa – Depois da leitura coletiva (seja dos dois primeiros parágrafos, seja do texto inteiro), você orienta os ou as estudantes a lerem o texto individualmente, fazendo as anotações solicitadas no boxe Antecipando a leitura (questão 7). Em seguida, você passa para a seção Primeiras impressões, na qual se faz uma discussão coletiva do texto.

, durante a leitura, discuta com os ou as estudantes o sentido do substantivo capricho, conforme utilizado no texto. É possível que eles ou elas estejam mais familiarizados com o uso dessa palavra no sentido de “esmero, dedicação” e estranhem o significado que lhe é atribuído no texto, de “vontade repentina, sem justificativa”. Se achar interessante, convide-os ou convide-as a consultarem o vocábulo no dicionário e a discutirem suas diversas acepções. A expressão “dar na veneta” também pode provocar dúvidas, já que não é comum em todas as regiões do país nem entre todas as faixas etárias. os ou as estudantes talvez conheçam a expressão sinônima “dar na telha”.

Quando alguém tem de sair para expor a pele junto às muralhas de Troia desafiando o ataque de Aquiles, como fez Heitor; reticências oureticências em casos semelhantes, embora não tão dramáticos (um exemplo simples: devo votar no político que considero melhor para a maioria do país, embora vá prejudicar meus interesses pessoais aumentando os impostos, ou no que me permitirá enriquecer mais e os outros que se danem?), nem ordens nem costumes são suficientes, e não são questões de capricho. O comandante nazista do campo de concentração acusado de uma matança de judeus tenta se desculpar dizendo que “cumpriu ordens”, mas essa justificativa não me convence. Em certos países é costume não alugar apartamento para negros, por causa da cor de sua pele, ou para homossexuais, por causa de sua preferência amorosa; no entanto, por mais que essa discriminação seja habitual, para mim continua sendo inaceitável. O capricho de ir passar uns dias na praia é muito compreensível, mas, se alguém é responsável por um bebê e o deixa sem cuidados durante um fim de semana, esse capricho já não é simpático mas criminoso. Nestes casos, você não é da mesma opinião que eu?

Tudo isso tem a ver com a questão da liberdade, que é o assunto de que a ética se ocupa propriamente, conforme creio já ter dito. Liberdade é poder dizer “sim” ou “não”, digam o que disserem meus chefes ou os outros; isso me convém e eu o quero, aquilo não me convém e portanto não o quero. Liberdade é decidir, mas também, não esqueça, darmos conta de que estamos decidindo, o extremo oposto de deixar-nos levar, como decerto você compreenderá. Para não se deixar levar, o único meio é pensar pelo menos duas vezes no que se vai fazer; sim, duas vezes, sinto muito, por mais que lhe dê dor de cabeçareticências A primeira vez que pensamos o motivo de nossa ação, a resposta à pergunta “por que estou fazendo isso?” é do tipo daquela que estudamos acima: estou fazendo porque me mandaram, porque é costume, porque estou com vontade. Mas, ao pensarmos pela segunda vez, tudo muda de figura. Estou fazendo isso porque me mandaram, mas… por que estou obedecendo?, por medo de castigo, porque espero um prêmio?, então não estou como que escravizado por quem me mandou? Se estou obedecendo porque as ordens vêm de alguém que sabe mais do que eu, não seria aconselhável eu tentar me informar o suficiente para decidir por mim mesmo? reticências

O mesmo acontece com respeito aos costumes. Se eu não pensar no que faço mais de uma vez, talvez me baste a resposta de que estou agindo assim “porque é costume”. Mas por que diabos tenho de fazer sempre o que se costuma fazer (ou o que costumo fazer)? Nem que eu fosse escravo dos que me cercam, por mais que sejam meus amigos, ou do que fiz ontem, anteontem ou no mês passado! Se vivo cercado de gente que tem o costume de discriminar os negros, e se não acho isso certo de jeito algum, por que devo imitá-los? Se me acostumei a pedir dinheiro emprestado e não devolver, mas cada vez tenho mais vergonha de fazê-lo, por que não mudar de comportamento e começar, a partir de agora, a ser mais correto? Por acaso um costume não pode ser pouco conveniente para mim, por mais acostumado que eu esteja? Quando me interrogo pela segunda vez sobre meus caprichos, o resultado é parecido. Muitas vezes tenho vontade de fazer coisas que logo se voltam contra mim, das quais depois me arrependo. Em assuntos sem importância o capricho pode ser aceitável, mas, quando se trata de coisas mais sérias, deixar-me levar por ele, sem refletir sobre se é um capricho conveniente ou inconveniente, pode ser muito pouco aconselhável, até perigoso: o capricho de sempre atravessar os semáforos no vermelho pode até ser divertido uma ou duas vezes, mas será que vou conseguir viver muito se continuar a fazê-lo dia após dia?

Em resumo: pode haver ordens, costumes e caprichos que sejam motivos adequados para agir, mas em outros casos não há por que ser assim. Seria um pouco de idiotice querer opor-se a todas as ordens e a todos os costumes, como também a todos os caprichos, pois às vezes poderão ser convenientes ou agradáveis. Mas nunca uma ação é boa só por ser uma ordem, um costume ou um capricho. Para saber se alguma coisa é de fato conveniente para mim ou não, terei de examinar o que faço mais a fundo, raciocinando por mim mesmo. Ninguém pode ser livre em meu lugar, ou seja, ninguém pode me dispensar de escolher e de buscar por mim mesmo. Quando se é uma criança pequena, imatura, com pouco conhecimento da vida e da rea­lidade, a obediência, a rotina ou o caprichozinho são suficientes. Mas é porque ainda dependemos de alguém, estamos nas mãos de outro que cuida de nós. Depois é preciso tornar-se adulto, ou seja, capaz de inventar, de certo modo, a própria vida, e não simplesmente de viver a vida inventada pelos outros. Naturalmente, não podemos inventar totalmente, pois não vivemos sozinhos e muitas coisas nos são impostas, queiramos ou não reticências. Mas, entre as ordens que nos são dadas, entre os costumes que nos cercam ou que criamos, entre os caprichos que nos assaltam, teremos de aprender a escolher por nós mesmos. reticências

SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. tradução de Monica São Paulo: Martins Fontes, 2002. página 51-55.

Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Quem são as personagens Aquiles e Heitor, mencionadas no texto?

Na mitologia grega, Aquiles é um guerreiro aqueu (nascido na Acaia, região da Grécia antiga), herói de vários poemas épicos, em especial da Ilíada, de Homero. Já Heitor é filho de Príamo, rei de Troia (antiga cidade da Turquia). Quando os dois se enfrentam, durante a Guerra de Troia, Aquiles mata Heitor e, de fórma humilhante, amarra seu corpo a uma carroça e o arrasta até perto do acampamento grego, onde ele é deixado para ser devorado por cães.

Primeiras impressões

  1. Como você avalia o texto lido? Ele trouxe a você ideias novas a respeito de ética? Se sim, quais?
  2. A ética é um tema filosófico, e o autor do texto, Fernando Savater, é filósofo e professor de filosofia na Universidade do País Basco (Espanha). Leia uma definição de filosofia extraída de um dicionário:

filosofia

fi·lo·so·fi·a

substantivo feminino

reticências

2. FILOS Estudo e reflexão crítica, inicialmente teóricos e contemplativos, a respeito dos valores, dos fatos e princípios gerais da existência, realizados pelo ser humano com o objetivo de compreender a si mesmo e a realidade que o circunda e que, posteriormente, na prática, vão moldar suas ações e conduta e ajudá-lo a construir seu destino. reticências

Filosofia. Disponível em: https://oeds.link/uRpMmY. Acesso em: 3 junho 2022.

Orientações e sugestões didáticas

Primeiras impressões

HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê dois sete)

1. Resposta pessoal.

  1. Você já tinha lido algum texto sobre temas filosóficos? Se sim, compartilhe com os colegas como e quando isso ocorreu.
  2. O que você achou de ler sobre um tema filosófico? Considera importante esse tipo de leitura e a reflexão que provoca? Explique suas ideias.
  3. Considerando a definição do dicionário para filosofia, você acredita que ela pode ser aplicada ao texto lido? Por quê?
  1. Segundo o próprio autor, o livro Ética para meu filho foi “pensado e escrito para ser lido pelos adolescentes” (página 10). Apresente sua opinião e justificativas para as questões a seguir:
    1. O livro tem exemplos e argumentos realmente adequados para esse público? Explique.
    2. A linguagem usada parece atraente e compreensível para os ou as adolescentes?
  2. Compartilhe com a turma suas anotações sobre as três motivações que, de acordo com o texto, levam as pessoas, na maioria das vezes, a agir dessa ou daquela maneira.

O texto em construção

1. Releia este trecho do segundo parágrafo e também o boxe Clipe que aparece na sequência do texto:

“Quando alguém tem de sair para expor a pele junto às muralhas de Troia desafiando o ataque de Aquiles, como fez Heitor, reticências nem ordens nem costumes são suficientes, e não são questões de capricho”.

  1. Por que a decisão que Heitor tomou de enfrentar Aquiles é citada como um exemplo de decisão em que nem ordens, nem costumes, nem caprichos contam muito?
  2. Segundo Savater, a decisão sobre em quem votar não é tão dramática, mas também envolve um dilema ético. Por quê?

Vamos lembrar

Você já sabe que, para defender pontos de vista, podemos usar vários tipos de argumento. Os principais são:

  1. Por causa e consequência: também conhecido como raciocínio lógico: quando se busca construir a argumentação com base nas relações de causa (nos porquês, nos motivos) e nas de consequência (os efeitos provocados de acordo com as causas).
  2. Por dados comprováveis: quando se busca fortalecer a argumentação com dados concretos, reais, como informações estatísticas, resultados de pesquisa etcétera
  3. De autoridade/citação: a argumentação se sustenta pelo uso de citação de especialistas no assunto.
  4. Por exemplificação: apresentação de fatos que exemplificam, ilustram a ideia defendida.
  5. Por analogia: uso da comparação para validar uma ideia.
  6. De princípio ou crença pessoal: faz referência a valores éticos ou morais supostamente incontestáveis.
  7. Por generalização: apresenta um ou mais exemplos suficientemente significativos que conduzem a um princípio geral, à conclusão.
  1. Ainda nesse segundo parágrafo, nas quatro últimas frases, o autor usa alguns argumentos por exemplificação. Identifique:
    1. os exemplos dados nessas quatro últimas frases;
    2. qual ponto de vista esses exemplos pretendem sustentar.
  2. Explique por que, segundo o texto, precisamos pensar “pelo menos duas vezes” no que vamos fazer.

Como pensar duas vezes se relaciona com a liberdade?

Orientações e sugestões didáticas

Primeiras impressões (continuação)

2a. Resposta pessoal. é possível que os ou as estudantes tenham lido textos com temática filosófica na própria escola (dentro do componente de Ensino Religioso, por exemplo) ou fóra dela, por interesse próprio ou por sugestão de pais, familiares etcétera

2b. Resposta pessoal.

2c. Espera-se que os ou as estudantes concluam que sim, porque, embora o texto fale de ética de fórma um tanto abstrata, com exemplos genéricos, é possível que ô á leitor ou leitora aplique o que foi lido na prática para tomar decisões diante de situações concretas do dia a dia.

3. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê dois nove)

3a e 3b. Respostas pessoais. O objetivo dessas duas questões é chamar a atenção para os recursos utilizados pelo autor, visando tornar mais didática a exposição sobre o tema. Ele recorre a exemplos cotidianos que aparecem ao longo da exposição e, em alguns momentos, também entre parênteses. E, por apresentar muitos exemplos desse tipo, a linguagem usada no texto fica mais informal, como em uma conversa. O autor recorre, ainda, ao uso da primeira pessoa do plural, implicando-se no que fala e também chamando o leitor para a conversa, como nesse trecho: “Nestes casos, você não é da mesma opinião que eu?”.

4. As três motivações são: ordens (“porque alguém manda”), costumes (“porque se costuma fazer assim”) e caprichos (“simplesmente porque nos dá na veneta, ou pelo capricho de fazê-las assim”).

O texto em construção

1a. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê zero cinco)

Porque foi, certamente, uma decisão muito difícil, na qual Heitor se expôs a um grande risco. Nem ordens, nem costumes nem caprichos seriam suficientes para levar alguém a se arriscar tanto.

1b. Porque estão em jogo, de um lado, os interesses pessoais dô ou dá e, de outro, os interesses coletivos e o apreço por determinados valores, como a justiça social.

2a. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê zero quatro)

O primeiro exemplo é o do comandante nazista que, ao ser acusado pela matança de judeus, disse que estava “cumprindo ordens”; o segundo é o do costume, que ocorre em certos países, de não alugar apartamentos para negros ou homossexuais; e o terceiro é o de uma pessoa que abandona um bebê para ir passar uns dias na praia.

2b. Os exemplos sustentam o ponto de vista de que nem sempre é adequado seguir ordens, costumes e caprichos para tomar decisões.

  1. Se nos perguntarmos uma primeira vez por que vamos tomar certa decisão, a resposta será sempre a mesma: porque são ordens, porque é costume ou porque é um capricho. Apenas da segunda vez vamos conseguir questionar se aquela ordem merece ser cumprida, se aquele costume merece ser seguido, ou se aquele capricho merece ser levado adiante.
    • darmos conta de que estamos decidindo”), e não meros impulsos (“deixar-nos levar”).

4. Releia:

“Se estou obedecendo porque as ordens vêm de alguém que sabe mais do que eu, não seria aconselhável eu tentar me informar o suficiente para decidir por mim mesmo?”

  1. De acordo com as ideias apresentadas no texto, qual seria a resposta esperada para essa pergunta?
  2. Transcreva, do quarto parágrafo, mais uma pergunta apresentada no texto e dê também a resposta esperada para ela.

5. Essas perguntas que aparecem no texto são chamadas de perguntas retóricas. As que foram apresentadas no terceiro e no quarto parágrafos questionam primeiro as ordens, depois os costumes e por fim os caprichos.

Perguntas retóricas são aquelas para as quais não se espera uma resposta do interlocutor. É uma estratégia utilizada pelo autor do texto na construção da sua argumentação: ele faz uma pergunta que ele próprio pretende responder. Com essa estratégia, o autor acaba por envolver o leitor/o ouvinte no movimento de sua argumentação de fórma mais persuasiva.

  1. Releia esse trecho e transcreva a frase que o autor usa para indicar que terminou de questionar as ordens e passará a questionar os costumes.
  2. E que frase ele usa para indicar que terminou de questionar os costumes e passará a questionar os caprichos?
  3. Se nesse trecho o autor tivesse escolhido outra sequência para os questionamentos (por exemplo, primeiro os caprichos, depois os costumes e por fim as ordens), que efeito isso traria para a organização das ideias no texto? Explique sua resposta.
  1. Releia o último parágrafo e responda: que relação o texto estabelece entre liberdade e maturidade?
  2. Releia a fala do quarto quadrinho da tirinha analisada no boxe Antecipando a leitura com a turma:

“Quase todo mundo trapaceia uma vez, pelo menos. As pessoas burlam as regras e acham que podem se dar bem. Mas claro que isso não justifica minhas trapaças.”

  1. A qual das três motivações de que fala Savater esse quadrinho está ligado?
  2. Considerando o resto da tirinha, você diria que Calvin agiu com maturidade? Por quê?
  1. Levando em conta tudo o que discutiu, explique qual é, afinal, a questão polêmica e o ponto de vista defendido por Savater.
  2. Volte à definição de ética que você vem compondo desde a abertura deste capítulo. Depois da leitura do texto de Fernando Savater, você a mantém ou mudaria alguma coisa? Reescreva a definição, se achar necessário.
Orientações e sugestões didáticas

4a. Sim, é aconselhável que você tente se informar o suficiente para decidir por si mesmo.

4b. Há cinco perguntas retóricas nesse parágrafo: (1) “Mas por que diabos tenho de fazer sempre o que se costuma fazer reticências?”. Sugestão de resposta: Não há motivos para sempre se fazer o de costume; você não precisa fazer isso. (2) “Se vivo cercado de gente que tem o costume de discriminar os negros reticências por que devo imitá-los?”. Sugestão: Você não deve imitar quem age de maneira discriminatória. (3) “Se me acostumei a pedir dinheiro emprestado e não devolver, reticências por que não mudar de comportamento reticências?”. Sugestão: Sim, mudar de comportamento seria uma boa ideia. (4) “Por acaso um costume não pode ser pouco conveniente para mim, por mais acostumado que eu esteja?”. Sugestão: Sim, é possível que um costume não seja conveniente. (5) “O capricho de sempre atravessar os semáforos no vermelho pode até ser divertido reticências mas será que vou conseguir viver muito se continuar a fazê-lo dia após dia?”. Sugestão: Certamente não conseguirei viver muito tempo se continuar fazendo isso.

5. HABILIDADES FAVORECIDAS ajude os ou as estudantes a perceber que as perguntas retóricas funcionam como argumentos indiretos. Elas deixam a resposta “no ar”, direcionando ô á leitor ou leitorapara aquela conclusão.

5a. HABILIDADE FAVORECIDA O mesmo acontece com respeito aos costumes.

5b. “Quando me interrogo pela segunda vez sobre meus caprichos, o resultado é parecido.

5c. Espera-se que os ou as estudantes concluam que uma sequência diferente prejudicaria a organização das ideias no texto e, consequentemente, sua compreensão.

6. No texto, ser livre significa tomar decisões por si mesmo, refletidamente, e não em razão de ordens, costumes ou caprichos. Tornar-se adulto é justamente ser capaz de tomar essas decisões.

7a. Aos costumes, pois, segundo o personagem Calvin, é um costume as pessoas burlarem as regras.

7b. Sim, porque ele refletiu sobre a decisão a tomar, questionando seus primeiros impulsos. E, no fim, acabou tomando uma decisão ética.

  1. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê zero quatro) Questão polêmica: como devemos tomar decisões que envolvem escolhas éticas? A resposta que ele dá é que devemos sempre pensar duas vezes sobre como vamos agir, questionando ordens, costumes e caprichos, pois estes nem sempre são motivos suficientes.
  2. Resposta pessoal.

Vale a pena investigar!

Investigando campanhas de combate à corrupção e em defesa da ética

Você acabou de discutir um texto sobre ética na vida. Na seção seguinte, vai discutir mais a relação desse tema com a corrupção. Ambos os temas estão relacionados e têm presença constante, tanto em conversas do nosso cotidiano quanto em debates que acontecem na vida pública. Eles têm tanto impacto na sociedade que muitas campanhas de combate à corrupção e em defesa da ética têm sido realizadas nos últimos anos por diferentes setores da sociedade.

Você já viu alguma campanha desse tipo? Lembra-se de alguma? Será que campanhas dessa natureza têm engajamento do público? São muito comentadas, compartilhadas, curtidas? Onde circulam? Que tal investigar isso?

Vamos lembrar

Uma campanha publicitária é um conjunto de peças publicitárias articuladas em torno de uma mesma ideia ou um mesmo objetivo, planejadas para serem divulgadas em um tempo determinado. As diferentes peças publicitárias podem ser pensadas para atender a diferentes mídias. Por exemplo, é possível produzir outdoors, folhetos, cartilhas, spots de rádio ou anúncios para revistas, jornais e tê vê, bem como flyers ou panfletos para serem enviados por e-mail, em mala direta (pelo correio) ou mesmo divulgados por telefone. Quando a campanha visa engajar o público em certas causas ou orientar algo, costuma ser chamada de campanha social e educativa.

1. Sob a orientação do professor, forme grupos de trabalho. Organizem-se internamente para a busca na internet de campanhas e peças publicitárias em diferentes mídias relacionadas aos temas. Vocês poderão pesquisar, por exemplo, ética no trabalho, ética nas relações pessoais, combate à corrupção etcétera

Será necessário definir palavras-chave ou hashtags para filtrar mais os resultados. Outros filtros podem ser usados, como, por exemplo, combinar a palavra-chave e selecionar a opção de busca somente de imagens ou somente de vídeos. Lembrem-se de que pode também combinar palavras-chave com os tipos de peças publicitárias que queira pesquisar. Por exemplo: combate à corrupção + spot de rádio.

2. Em data marcada, os grupos deverão compartilhar suas seleções e, caso mais de um grupo tenha selecionado campanhas e/ou peças de propaganda iguais, vocês deverão negociar com quem elas ficarão, de modo que apenas um grupo fique responsável pela análise desse material.

3. Depois desse momento coletivo, o grupo irá se dedicar a analisar as peças que selecionou, considerando os recursos das mídias em que elas foram criadas (para tê vê, spot de rádio, folheto, cartilha, outdoor etcétera) e os efeitos de sentido provocados.

Para essa análise, considerem os tópicos a seguir:

umQual o enfoque da campanha/da peça? Que ideia ela quer propagar?

doisA peça causou que impacto em vocês? Teria levado a turma a considerar seu argumento e aderir à ideia, mobilizando para algum tipo de ação?

trêsAs estratégias persuasivas adotadas na criação da peça foram criativas, na visão do grupo? Por quê?

Para fundamentar essa análise observem: as escolhas lexicais e seus efeitos na composição do texto verbal, no slogan; o uso de metáforas, de jogos de palavras, o apelo à emoção ou à razão na composição texto e imagem. Se em vídeo, também avaliar a escolha da composição/montagem das cenas (incluindo sincronização com trilha sonora e outros efeitos) e a performance dôs ou dás profissionais; o ritmo e a duração do vídeo. Se em áudio, avaliar os efeitos sonoros na composição com a entonação e o ritmo na oralização do texto; a duração do áudio.

quatroA campanha teve grande abrangência, ou seja, circulou em vários espaços, apresentou peças diversificadas para esses diferentes espaços? Ela causou algum impacto na mídia, foi comentada nos jornais?

É possível verificar se houve o engajamento do público na campanha? Se sim, como foi? (No caso de campanhas que foram para as redes sociais, é possível verificar número de curtidas, de visualização da página, de compartilhamentos, reação nos comentários.)

4. Em data marcada, os grupos utilizarão esses mesmos tópicos para organizar e realizar suas apresentações. Lembrem-se de mostrar à turma a propaganda analisada. Após a apresentação da análise do grupo, os demais grupos poderão comentar a análise, concordando ou discordando dela. Por isso, enquanto um grupo apresenta, será importante que os demais tomem nota do que considerar relevante na apresentação, para usarem essas notas na formulação de seus comentários sobre as análises.

Orientações e sugestões didáticas

Vale a pena investigar!

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê zero dois, ê éfe seis nove éle pê zero quatro, ê éfe seis nove éle pê um um, ê éfe seis nove éle pê um três, ê éfe seis nove éle pê um cinco, ê éfe seis nove éle pê um sete, ê éfe seis nove éle pê um nove, ê éfe seis nove éle pê dois seis, ê éfe seis nove éle pê três oito, ê éfe oito nove éle pê zero seis, ê éfe oito nove éle pê zero sete)

professor ou professora, leia com os ou as estudantes a proposta de investigação, sanando eventuais dúvidas sobre o processo de busca e de análise. Avalie a pertinência de, antes de partirem para as análises, realizarem coletivamente a análise de um cartaz, um spot de rádio e uma propaganda para tê vê, utilizando os mesmos critérios apresentados no boxe. Sugerimos as seguintes peças:

  1. Campanha “Chega de jeitinho, mude o Brasil”, desenvolvida por alunos de Comunicação e premiada no Fésti Rádio, concurso de criação de campanha publicitária voltado a estudantes de Comunicação, uma iniciativa da rádio Transamérica em parceria com o Conselho Nacional do Ministério Público cê êne ême pê e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios ême pê dê éfe tê. Spot de rádio, disponível em: https://oeds.link/V3IxU4.
  2. Campanha #CORRUPÇÃONÃO (disponível em: https://oeds.link/TzNx5Q). Saiba mais sobre a campanha em: https://oeds.link/5HjHkN.
  3. Campanha de Combate à corrupção (peças de 2014). Você poderá escolher uma das peças impressas, disponíveis em: https://oeds.link/4FkuPi. Sugerimos especialmente o cartaz destinado às escolas, no link: https://oeds.link/5mRmjn.

Acessos em: 16 agosto 2022.

Esta atividade, bem como todo o capítulo, pode ser planejada e desenvolvida em parceria com o professor de História.

Mais adiante, no capítulo, sugerimos que a turma se organize para produzir uma campanha de combate à corrupção.

5. Depois de finalizadas as apresentações, discutam:

Qual das campanhas a turma considera mais criativa? Por quê?

Vocês acreditam que elas ajudam a conscientizar, a educar para o problema? Por quê? O que mais seria necessário ou contribuiria para isso?

Se vocês fossem realizar uma campanha contra a corrupção e em favor da ética em todos os setores da vida em sociedade, que aspecto abordariam? Em que tipos de peça vocês investiriam para realizar a campanha?

No final do capítulo, depois de produzir seus artigos de opinião, conforme previsto, discutam com a turma a possibilidade de efetivamente criar essa campanha esboçada e fazê-la circular nos espaços que definirem.

Produção de texto

Conhecendo o gênero: Artigo de opinião

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Locutor: Artigos de opinião na internet

Locutora: Ultimamente, muitas pessoas andam confundindo fake news, ou notícia falsa, baseada em mentiras, com artigo de opinião, um gênero jornalístico legítimo elaborado por um autor com base em informações verdadeiras. É tanto mal-entendido que resolvemos esclarecer algumas dúvidas com um especialista em textos opinativos.

Para isso, entrevistamos Leonardo Sakamoto, jornalista, professor universitário, cientista político, diretor da organização não governamental Repórter Brasil e comissário da ONU para o combate ao trabalho escravo. Ele mantém um blog, no qual publica diariamente textos de opinião sobre política e direitos humanos.

Leonardo, obrigada pela entrevista. Para começar, queremos saber: quais são as características do artigo de opinião?

Leonardo Sakamoto: Uma boa opinião, ela tem que ter obrigatoriamente boa informação. Para qualquer artigo de opinião bem feito funcionar, ele não pode ter apenas opinião, ele tem que ser embasado em fatos, embasado em acontecimentos, então você tem um trabalho prévio de pesquisa, eu converso com muita gente antes de escrever determinados textos, mesmo que elas não apareçam lá, mas eu conversei com muita gente que me ajudou a formar minha opinião e meu conceito sobre determinada coisa, pra eu avaliar, para eu interpretar, para eu analisar.

Locutora: Qual é o caminho para a escrita de um bom artigo de opinião?

Leonardo Sakamoto: A primeira, digamos, regra pessoal para mim é ler a maior quantidade possível de informação. Ler informação jornalística, ler conteúdo literário, ler outras opiniões, opiniões que divergem de mim totalmente para que eu entenda qual que é [sic] quais são as possibilidades do debate. E há caso inclusive que eu chamo especialistas para falar quando eu percebo que por mais que eu tente esse especialista tem legitimidade bem maior do que eu para poder falar desse assunto. Agora não há um critério, tipo três pessoas tá bom, cinco pessoas tá bom, duas, uma pessoa tá bom. Depende de eu me sentir confortável comigo mesmo para falar. Tenho noção dos diferentes pontos de vista envolvidos e com isso acho que eu consigo expor minha opinião para as pessoas e defendê-la em caso de crítica.

Eu tento garantir nos meus textos honestidade de propósito, eu tento garantir nos meus textos também balanceamento. É claro que eu não estou nos meus textos pra [sic] apenas para defender um ponto de vista, esse ponto de vista a ser defendido é em detrimento a outro, mas eu tento tratar o texto, o ponto de vista, o grupo, a pessoa que eu critico com honestidade e com ética, eu não vou em nenhum momento utilizar de subterfúgios, mentir, inventar, aumentar para poder fazer uma crítica. Isso é inaceitável porque isso torna meu texto simplesmente um pedaço de propaganda e não um texto jornalístico de opinião.

Locutora: Muitas pessoas têm confundido texto de opinião com notícia falsa ou fake news. Por que isso acontece tanto?

Leonardo Sakamoto: O sistema de desinformação como um todo, os textos que desinformam, né?  Eles resumidamente, você pode colocar eles no lado da manipulação ou do lado da incompreensão. O lado da manipulação tem fake news, você tem fraude, que é mudança, tem disfarce, que é você fazer de conta que um texto é sobre uma coisa, mas é sobre outra, tentar manipular a pessoa. O lado da incompreensão você tem sátiras, você tem humor, assim, paródias, que tentam imitar jornalismo e as pessoas não entendem e acham que é jornalismo mesmo. Engraçado, que dentro do sistema de desinformação, de acordo com a pesquisa em comunicação, tem a opinião. Por quê? Porque as pessoas não entendem opinião como opinião.

O problema das notícias falsas é anterior a elas. O problema é que determinadas pessoas não conseguem identificar o que é uma notícia e elas olham para um texto opinativo achando que esse texto, ele é noticioso. O texto noticioso, a estrutura dele, grosso modo, é para trazer uma informação nova para você colocar uma informação nova em cima da mesa. E o texto opinativo é para você analisar ou dar uma opinião sobre isso. Então, muita gente chama opinião de fake news, por quê? Porque elas não concordam e a gente tende a achar verdade tudo aquilo com o qual a gente concorda e mentira tudo aquilo do qual a gente discorda.

Locutora: Como podemos identificar quando o conteúdo é de boa qualidade e quando ele é falso ou ruim?

Leonardo Sakamoto: O ponto é que eu diria sempre para você solicitar quando você recebe via redes sociais, ou via aplicativos de mensagens, um texto, cheque qual a fonte, de onde veio, quem escreveu? No texto, qual a autoria, né? do texto, que veículo veio [sic] de que veículo veio, no texto procurar fontes de informação, se o texto é muito categoricamente está indo [sic], está estranho, está colocando as coisas de forma muito dura, vê quais as fontes que está citando, quais são os especialistas que está citando. A gente [sic], você vai perceber que muitas vezes aquele conteúdo que está circulando nas redes sociais, ele é falso, e ele foi construído simplesmente para enganar você. É claro que, no total, se você for pegar pelo total de conteúdo circulado, a tendência é que jornais mais conhecidos, revistas mais conhecidas, veículos mais tradicionais tenham textos que sejam mais confiáveis do que aqueles que são distribuídos nas redes sociais que não contam com autoria nem com fonte e não citam ninguém.

Se um veículo de comunicação A ou B erra ou mente, mente descaradamente, ele pode ser processado, porque tem o nome do repórter, tem o nome do veículo, tem o endereço do veículo. Como aquilo que é uma informação anônima sem autorias, sem fontes, sem sites, sem nada. Como acreditar? É muito difícil de acreditar porque a pessoa não pode ser responsabilizada legalmente se estiver publicando uma mentira.

Locutora: Falando agora do sistema de desinformação que você explicou: o que fazer para que as pessoas não caiam nas armadilhas da manipulação e da incompreensão?

Leonardo Sakamoto: A gente precisa atuar fortemente na formação de leitores, em primeiro lugar. As pessoas precisam ler, ler muito, e ler coisa diferente e depois de ler debater, botar para fora. Não é ler um, dois minutos na internet, depois soltar, não: é ler textos grandes, ler textos contrários do que a gente pensa, depois discutir com os amigos, debater muito. Assim a gente vai formar não apenas leitores críticos, mas pessoas críticas em geral, capazes de olhar com olhar desconfiado para aquilo que recebem. Da mesma forma a gente precisa alfabetizar para a mídia, mostrar para as pessoas quais são as funções de cada texto, para que cada texto serve. Tudo isso que estou falando, é claro que é uma coisa a longo prazo, eu estou falando de educação, mas que precisa ser feito em algum momento porque a gente vê como a sociedade está extremamente pulverizada, polarizada em muito por conta de incompreensão.

Locutora: Sobre a leitura de textos opinativos e o debate de temas polêmicos: como cada um de nós deve lidar com opiniões diferentes?

Leonardo Sakamoto: A gente precisa se educar e educar as pessoas para debater na esfera pública. As pessoas precisam aprender que a sociedade, o caminho para onde a gente vai, é uma resultante de diferentes opiniões.

O mundo é plural. O mundo tem várias opiniões, a sua opinião, ela é isso: uma opinião, uma visão de mundo diferente. Eu preciso ler visões diferentes, pontos de vista diferentes, para tentar entender o mundo na sua totalidade, na sua tridimensionalidade. Eu preciso de informações das outras pessoas, ver o que elas estão pensando, porque elas me fornecem pontos de vista que eu não estava pensando.

– Ah, mas eu preciso concordar com todas? Não, as pessoas também confundem ler algo com concordar. Eu posso ler não pra discordar, mas eu posso ler e discordar. Ou eu posso ler e concordar. Aliás, quanto mais preconceito eu tenho antes de ler algo, pior vai ser minha leitura porque ela vai ser enviesada. Agora se eu for de peito aberto ler, eu vou estar na verdade ajudando a colocar à prova inclusive minhas crenças e ver se elas estão corretas ou não.

Tem muita gente que tem medo de ouvir e acreditar em outra coisa, não quero ouvir que isso pode me levar a me confundir. Eu falo: “ué, eu acho que isso é incrível”, é se a sua crença pessoal em qualquer coisa, seja religiosa, seja mundana, seja qualquer coisa, ela sobrevive a um bombardeio de opiniões contrárias, significa que você está no bom caminho. Agora se ela balança, significa que você tem que refletir sobre as opiniões que você abraça porque talvez elas estejam equivocadas.

O mundo ele é muito mais complexo do que a gente imagina. Você não tem uma teoria única do mundo para explicar todas as coisas à nossa volta. É claro que a gente abraça uma ideologia. Todos têm ideologia. Desconfie de quem falar que não tem ideologia porque mais ideológico ainda é essa pessoa. Porque ela quer fazer crer que a ideologia dela é o bom senso. Sendo que o bom senso é algo construído, normalmente por quem está no poder. “Ah isso aqui é bom senso”. Não, isso não é bom senso. Isso é sua opinião que você quer que todo mundo considere como a sua opinião também.

Locutora: Ao escrever um artigo, como defender uma ideia ou fazer críticas respeitando opiniões divergentes?

Leonardo Sakamoto: A maior preocupação quando a gente escreve um texto de opinião deve ser com a opinião daquele que você está criticando, mais até do que a opinião daquele que você está defendendo, o que está defendendo não precisa de tanta preocupação. Agora: eu estou sendo justo e honesto ao criticar aquele posicionamento e aquele texto, ou não? Você precisa pensar naquela pessoa. Porque eu posso estar inclusive acabando com a vida de uma pessoa ao publicar alguma coisa que pode viralizar.

Eu acho que é, eu sou ético no meu trabalho ao respeitar a opinião divergente de mim e levá-la em consideração e não menosprezá-la. Ela é criticada, mas não deve ser menosprezada. Isso mesmo em detrimento da opinião do grupo que apoia o que eu escrevo. E aí é um ponto prin [sic] é um ponto importante: se você simplesmente faz aquilo que o grupo que te apoia concorda ou acha, você está sendo populista ou demagogo, você não está sendo ético, necessariamente. Você precisa manter os seus princípios e ao mesmo tempo garantir a proteção e dignidade de quem quer que seja. Mesmo que todo mundo vá reclamar de você, mesmo que todo mundo vá te xingar no final.

Locutora: Por falar nisso, há na sociedade brasileira um grande anseio por ética, tanto nas relações entre os indivíduos como nas relações deles com as instituições políticas e sociais. Por que você acha que isso acontece? Falta ética no Brasil, na vida dos brasileiros?

Leonardo Sakamoto: Todos os povos de perto são muito doidos, na verdade, cada um tem a sua loucura, sua esquisitice. E é claro que, ao longo de toda a história brasileira, você tem determinadas características dos países ibéricos, né?, contribuindo para uma situação em que a corrupção, ela estava presente. A corrupção brasileira não é fruto dos últimos vinte, trinta anos ou dez. Ela é uma coisa que está presente na história do país. Só que, ao mesmo tempo, isso não é determinista, isso não vai apontar nosso futuro porque, se fosse apontar nosso futuro, digamos que a escravidão apontaria nosso futuro até hoje. Então quer dizer, a gente seria escravagista até hoje, e a gente consegue tomar as rédeas da situação e alterar o curso das coisas.   

É claro que a corrupção ou coisas do gênero são coisas ilegais, é claro que tem uma pena, uma punição, é claro que ajuda a mudar esse quadro. Só que a gente precisa fazer com que as pessoas, inclusive a nossa elite perceba que ela precisa fazer essa discussão e alterar o curso das coisas. Porque por mais que a gente esteja vendo pessoas sendo presas aqui, ali, acolá, você ainda vê muita coisa acontecer, você ainda vê a vida do dia a dia ser impregnada de pequenas corrupções que as pessoas nem levam em consideração. “Ah não, mas isso é bobagem, ah não, mas é só um favorzinho, ah não é o jeitinho brasileiro.”   

Na verdade, na verdade, corrupção é o que outros fazem, ou seja, o antiético é o outro nunca sou eu. Agora se você faz autocrítica você percebe que você também é, as pessoas também são e que todo mundo deveria estar nesse exato momento fazendo uma discussão ampla, social ampla, de como combater isso.

Locutor: Crédito: Estúdio: Núcleo de Criação

O livro de Savater, do qual você leu um trecho, pode ser considerado um ensaio, gênero textual que busca discutir um assunto em profundidade, defendendo pontos de vista sobre ele. Ensaios são, portanto, um gênero argumentativo, muitas vezes publicados em livros, como foi o caso do texto de Savater, mas também podem ser publicados em jornais, revistas e sites jornalísticos. Nesses portadores também encontramos outros gêneros argumentativos, como os artigos de opinião, que passaremos a estudar agora.

Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Artigos de opinião podem ser escritos por especialistas convidados(as) ou por colaboradores(as) regulares, que escrevem frequentemente para o veículo. Pessoas que escrevem artigos de opinião regularmente para um jornal ou revista são também chamadas de colunistas.

Atividade 1 – Artigo de opinião: o que é, para que serve e como se faz?

Você vai ler, agora, um artigo de opinião publicado em uma revista digital da Universidade púquiRio Grande do Sul (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), em uma seção chamada Opinião, cujo título é “Ética e corrupção”.

Como se sabe, os artigos de opinião são textos argumentativos construídos a partir de questões polêmicas de grande interesse para a sociedade, sobre as quais pode-se ter diferentes opiniões.

  1. Durante sua leitura, então, faça anotações no caderno ao refletir sobre os seguintes tópicos:
    • Qual questão polêmica está sendo tratada e qual resposta o autor dá a ela, isto é, qual é o ponto de vista (ou tese) defendido pelo autor no texto?
    • O autor tem autoridade ou não para falar sobre o assunto?
    • Há relação entre esse artigo e o ensaio de Savater?
Reprodução de página da internet.

Revista púquiRio Grande do Sul

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Ética e corrupção

Todos os dias nos deparamos com escandalosos casos de corrupção, ativa ou passiva, tanto no Brasil quanto no exterior, praticados especialmente nas relações promíscuas entre políticos e empresários. A corrupção é definida como o ato de solicitar ou receber alguma vantagem indevida, segundo a “lei de Gérson”: “levar vantagem em tudo”, não importando o meio para se alcançar o que se almeja. Tanto o corrupto como o corruptor praticam algo ilícito, passível de reprovação jurídica, em notório conflito com os princípios elencados por Ulpiano: “viver honestamente (honeste vivere), não lesar ninguém (neminem laedere), dar a cada um o que lhe pertence (suum cuique tribuere)”. Sob o ponto de vista legal, há a previsão de uma série de sançõesglossário para os casos da conduta corrupta.

Orientações e sugestões didáticas

Produção de texto

Atividade 1

sugerimos que você proponha a formação de duplas ou trios de estudantes para a realização da análise proposta, com momento coletivo posterior para compartilharem e discutirem as análises feitas. É importante que haja registro escrito nessa atividade.

Como atividade complementar a essa sequência de exercícios da Atividade 1, sugerimos que realize com os ou as estudantes uma discussão sobre o uso dos operadores argumentativos que articulam as ideias do texto. Você poderá projetá-lo em uma versão que esteja com as conjunções e locuções conjuntivas grifadas. Reproduza as informações sobre os operadores argumentativos a seguir para os ou as estudantes e peça a eles ou elas que, inicialmente, analisem o uso de cada uma das conjunções e locuções apresentadas. Realize a atividade coletivamente. Peça aos(às) estudantes que mantenham acesso fácil a essas informações para poderem consultá-las no momento da escrita dos seus artigos de opinião.

Operadores argumentativos: são chamadas de operadores argumentativos as palavras usadas para organizar as ideias em um texto argumentativo, ajudando ô á ouvinte ou o leitor ou a leitora a entender o movimento de argumentação, a relação entre as ideias organizadas como argumentos para defender certa posição de um determinado interlocutor.

Relembre alguns operadores:

  • que introduzem um argumento mais forte em relação aos usados antes: até, mesmo, até mesmo, inclusive.
  • que acrescentam argumentos em favor de uma mesma conclusão: e, também, ainda, além disso.
  • que introduzem uma conclusão referente a argumentos apresentados antes: portanto, logo, assim, dessa fórma, pois, em decorrência, consequentemente.
  • que contrapõem argumentos: mas, porém, contudo, embora, ainda que, posto que, todavia.
  • que estabelecem relação de comparação: mais que, tão como.
  • que introduzem uma justificativa ou explicação: porque, pois, que, já que, visto que.
  • que indicam uma relação de condição entre um antecedente e um consequente: se, caso.
  • que indicam finalidade/objetivo: para que, a fim de, para.

1. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê três quatro, ê éfe oito nove éle pê zero quatro)

professor ou professora, as anotações que os ou as estudantes farão durante a leitura servirão de base para responderem a algumas das perguntas propostas após a leitura.

Mas não apenas o Direito recrimina a corrupção; também a reflexão ética reprova tal conduta. A Ética é a área da Filosofia que tem a ver com o estudo das normas, princípios que norteiam o agir humano. A palavra, de origem grega, significa etimologicamente hábito, costume, e é objeto de reflexão filosófica há mais de vinte e cinco séculos. Já em Sócrates, Platão e Aristóteles, encontramos profundas reflexões sobre temas éticos.

Exemplo disso é o diálogo de Platão intitulado “Críton”, em que a seguinte situação é relatada: Sócrates foi acusado, julgado e condenado à morte. Críton, um amigo de Sócrates, tenta persuadi-lo de fugir da prisão, dizendo, inclusive, que ele e seus amigos providenciariam meios para o suborno dos guardas. Apresenta vários argumentos que justificariam a fuga, mas Sócrates refuta o plano de Críton. Ainda que considere infundada sua condenação, Sócrates afirma ser preferível sofrer uma injustiça a cometer algo injusto. Em sua visão, é necessário respeitar as leis da cidade e cumprir sempre os termos de um acordo justo. Por isso, considera inadmissível que seus amigos cometam algo ilícito para reparar a injustiça que Atenas praticara com ele. Assim, Sócrates, na Antiguidade, dá uma resposta clara a tentativas de corrupção, ao recusar qualquer vantagem indevida.

Essa negação categórica da corrupção apresenta-se também na Ética do filósofo Immanuel Kant, muitos séculos depois. Para ele, o ser humano terá de agir corretamente “por dever”, não meramente “conforme o dever”. Isso quer dizer que a ação verdadeiramente moral é aquela que é motivada pelo dever e não a que tem a mera aparência de dever. Se um comerciante, num exemplo dado por Kant, devolve o troco certo ao cliente, não porque tem a convicção de que essa é a atitude correta, mas apenas por medo de perder a clientela, não está agindo moralmente, pois, para o filósofo, o ser humano deve agir corretamente sem fazer um cálculo das consequências.

Na ética kantiana, a pessoa nunca pode admitir a exceção, pensando, por exemplo, que, apesar de ser imoral mentir, vai se permitir tal atitude. Para Kant, devo sempre agir querendo que todos ajam como estou agindo! E seguramente ninguém gostaria que a mentira se tornasse uma prática universal. Ainda que, eventualmente, dizer a verdade possa-me trazer algum prejuízo, nunca devo permitir-me a exceção. Portanto, numa perspectiva kantiana, a corrupção é algo deplorável, porque a motivação do ser humano deve ser sempre o dever e não a indevida vantagem pessoal. Ao buscar o proveito pessoal, instrumentalizo os demais. Segundo Kant, no entanto, o ser humano deve ser sempre tratado como fim em si mesmo, e nunca como mero meio do meu proveito pessoal.

A corrupção não provoca apenas descrença nas instituições, quando praticada por agentes públicos. Não apenas traz grandes prejuízos à coletividade, ao desviar recursos vultosos que deveriam ser aplicados, por exemplo, na saúde e na educação. Além desses enormes malefícios, espero ter mostrado, com os exemplos de Sócrates e Kant, que a corrupção é o resultado da violação de elementos morais basilares que possibilitam a nossa convivência em sociedade.

SOUZA, Drêitom. Revista púquiRio Grande do Sul. Disponível em: https://oeds.link/vTTvGH/. Acesso em: 3 junho 2022.

Vinheta de seção. Contorno de um clipe.

Clipe

Eneu Domício Ulpiano (150-223 Depois de Cristo) foi um jurista romano, cuja obra influenciou a evolução dos direitos romano e bizantino. A frase Juris Praecepta Sunt haec: Honeste Vivere, Alterum Non Laedere, Suum Cuique Tribuere (“Tais são os preceitos do Direito: viver honestamente, não ofender ninguém, dar a cada um o que lhe pertence”) expressa os três princípios fundamentais do Direito Romano, baseados em concepções filosóficas dos helenos (povo que deu origem aos gregos) sobre o que é justiça.

A Escola de Humanidades da púquiRio Grande do Sul reúne onze cursos – Ciências Sociais, Escrita Criativa, Filosofia, Geografia, História, Letras: Língua Inglesa, Letras: Língua Portuguesa, Pedagogia, Serviço Social e Teologia –, além dos seus programas de pós-graduação em áreas afins. Tem hoje como seu diretor o professor Drêitom Gonzaga de Souza, doutor em Filosofia pela Universidade de Kassel (Alemanha).

  1. Qual a sua compreensão do artigo? Que relação o autor estabelece entre ética e corrupção? Você considera o assunto tratado importante para a sua vida e a da sociedade? Por quê?
  2. Qual das opções a seguir melhor expressa a questão polêmica sobre a qual o texto foi produzido? Copie no caderno a opção adequada.
    • A corrupção é um problema de conduta ilegal ou imoral?
    • As sanções legais previstas para os casos de conduta corrupta são suficientes?
  3. No caderno, transcreva o trecho do artigo em que o autor expõe seu ponto de vista (sua tese) sobre a pergunta apontada na questão 3.
  4. Considerando as informações sobre o autor, você acredita que ele tem autoridade para escrever um artigo como esse para a seção de Opinião da revista? Por quê?
  5. Releia o primeiro parágrafo do artigo.
  1. Por que o autor começou o texto falando de escândalos de corrupção praticados por políticos e empresários no mundo todo e, em seguida, passa a definir o que é corrupção?
  2. Neste parágrafo, o autor afirma:

“Tanto o corrupto como o corruptor praticam algo ilícito, passível de reprovação jurídica, em notório conflito com os princípios elencados por Ulpiano: ‘viver honestamente (), não lesar ninguém (), dar a cada um o que lhe pertence ()’”.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade 1

  1. O objetivo dessa questão é levar os ou as estudantes a apreenderem o sentido global do texto. Espera-se que em suas respostas eles considerem que o autor aponta a corrupção como um problema que envolve aspectos éticos – hábitos, modos de agir, que desconsideram o prejuízo ao outro em troca do benefício próprio. Espera-se, também, que considerem que se trata de uma discussão importante para toda a sociedade, uma vez que envolve desvio de recursos que deveriam garantir bons serviços à população, como saúde e educação, citados pelo autor no último parágrafo.
  2. A corrupção é um problema de conduta ilegal ou imoral? Explique para a turma que essa questão só é polêmica porque lança sobre o assunto uma outra perspectiva, que, para o cidadão comum, pode não ser conhecida ou compreendida. Entre é um consenso que a corrupção envolve antes um problema ético; portanto, se o autor decidisse escrever um artigo para uma revista especializada, dificilmente abordaria essa questão dessa perspectiva, visto que ela não seria polêmica para tal público.
  3. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê zero quatro) reticências Mas não apenas o Direito recrimina a corrupção; também a reflexão ética reprova tal conduta!”
  4. Espera-se que os estudantes entendam que sim, uma vez que o texto discorre sobre conceitos e exemplos de Filosofia e o autor é doutor na matéria. Além disso, ocupa um cargo importante na Universidade, como diretor de um departamento que reúne profissionais de diferentes áreas de conhecimento.
  5. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe seis nove éle pê um seis)

6a. Espera-se que os ou as estudantes concluam que o objetivo era chamar a atenção dô ou dá mencionando fatos que provavelmente aparecem nos jornais e estão próximos do cotidiano desse ou dessa .

6b. , essa questão exigirá mais mediação de sua parte. Auxilie os ou as estudantes a considerarem tanto as informações do texto quanto as do boxe lateral da questão para que percebam que o autor faz uso de uma citação de um antigo jurista que tem uma concepção do que deve ser a justiça baseada em concepções filosóficas. Uma vez que a Ética é uma área que estuda as normas, os princípios que norteiam o agir humano, ao usar essa citação, ele já antecipa que vai defender a ideia de que a corrupção é um problema legal e ético. Chame a atenção dôs ou dás estudantes para o fato de que todos os princípios citados envolvem a definição de normas para o agir do homem: o que é/como é viver honestamente?; o que ofende e o que não ofende?; a que cada um tem direito?

7. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe oito nove éle pê zero cinco, ê éfe oito nove éle pê zero seis)

7a. “Para ele”; “Na ética de Kant”; “Para Kant”; “Segundo Kant”.

7b. São citados para fundamentar, para sustentar o ponto de vista do autor do artigo de opinião.

7c. Ao citar dois grandes filósofos, que são da área de conhecimento que tem a Ética como um dos objetos de estudo, o autor fez uso de argumentos de autoridade.

7dum. Espera-se que os ou as estudantes identifiquem o trecho em que o autor cita um escrito de Platão que relata um diálogo entre Sócrates e o amigo Críton para justificar que a discussão sobre a violação de normas morais/corrupção, é antiga. Nesse diálogo, Sócrates se recusa a violar as normas (subornando os guardas), o que resultaria na sua liberdade, mesmo sabendo que sua prisão foi injusta. Ele defende a não exceção às normas porque a exceção resulta em ato ilícito. , aproveite a discussão dessa questão para abrir diálogo sobre o exemplo. Pergunte o que os ou as estudantes pensam a respeito, se concordam com a atitude de Sócrates, se concordam que a ideia de que é melhor ser o injustiçado do que ser aquele que comete a injustiça.

  • Pode-se afirmar que nesse trecho o autor já antecipa a sua tese? Por quê?
  1. Para defender a sua posição, o autor recorre a dois filósofos, Platão (que cita Sócrates) e Kant.
    1. Que recursos linguísticos (palavras ou expressões) o autor utiliza para introduzir a voz de Kant?
    2. Ao trazer as vozes desses autores para o seu texto, o professor os utiliza para sustentar o que está defendendo ou para contradizer o que eles defendem? Explique.
    3. Pode-se considerar que, ao recorrer a essas vozes com a finalidade que você apontou, o autor está fazendo uso de que tipo de argumento? Explique.
    4. É possível afirmar que, de modo indireto, um outro tipo de argumento usado pelo professor Drêitom é o argumento por exemplificação.
      1. Localize esse argumento e o sintetize em seu caderno.
      2. Escreva no caderno a palavra ou expressão usada para introduzir esse argumento.
    1. O que há em comum entre as ideias trazidas pelas citações de Platão e de Kant sobre ética e corrupção?
  2. É possível afirmar que o autor finaliza seu texto com uma conclusão que reafirma a sua tese? Explique.
  3. Leia o boxe a seguir, que descreve uma organização básica para os artigos de opinião.

Uma das possibilidades de organizar as ideias em um artigo de opinião é seguir esta estrutura:

  • um ou mais parágrafos introdutórios, em que ô á autor ou autora contextualiza o problema ou a questão polêmica que vai discutir;
  • uma frase ou um parágrafo em que ô á autor ou autora expressa o ponto de vista ou tese que vai defender;
  • os parágrafos de desenvolvimento, em que ô á autor ou autora apresenta argumentos e/ou contra-argumentos para fundamentar seu ponto de vista;
  • um ou mais parágrafos de conclusão, em que ô á autor ou autora arremata seu raciocínio, reafirmando sua tese ou propondo novos caminhos de reflexão ao leitor.

Releia o artigo de Drêitom de Souza e, com um ou uma colega, busque identificar a contextualização, a apresentação da tese, os parágrafos de desenvolvimento e a conclusão. Anote no caderno onde se inicia e onde termina cada uma dessas quatro partes.

Vinheta de boxe com imagem de seta curva.

Anexo

No Anexo de Textos de apoio do Capítulo 7, você vai encontrar dois textos importantes para a leitura: o primeiro discute a relação entre corrupção e desrespeito aos direitos humanos e o segundo destaca a importância da participação política para o exercício da cidadania e os canais possíveis de garantir isso. Busque esses textos e discuta-os com a turma, sob a orientação dô ou dá professor ou professora.

Orientações e sugestões didáticas

7ddois. “Exemplo disso”. , explore com os ou as estudantes a função coesiva do pronome demonstrativo preposicionado “disso”: retomada da ideia apresentada anteriormente.

7e. Os dois autores citados defendem a ideia de que não pode haver exceção às normas (a negação categórica da corrupção). , vale a pena explorar com os ou as estudantes o trecho em que o profes­sor Draiton retoma as ideias de Kant, de modo a garantir que compreendam a diferença entre “agir corretamente ’por dever‘“ e agir “meramente ‘conforme o dever’”: no primeiro caso há a convicção da pessoa sobre o que ela deve fazer; no segundo caso, o que faz é movido por motivos externos, como o medo da punição ou da crítica.

  1. Sim. O autor reafirma a sua tese de que a corrupção é um problema legal e moral, e complementa, apoiado na argumentação apresentada, que em termos legais ela é um crime porque traz prejuízos materiais para a coletividade; um crime cometido por meio da violação de normas morais importantes para a convivência em sociedade.
  2. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê um seis, ê éfe seis nove éle pê três quatro) Nesse artigo de opinião, podemos considerar que a contextualização é feita no primeiro parágrafo. A apresentação da tese é feita no início do segundo parágrafo. A partir de então, o autor passa a desenvolver, por meio da exemplificação e da citação, o quanto há de reflexão sobre ética a ser feita quando se trata de discutir corrupção. A conclusão acontece no último parágrafo, quando o autor reafirma a sua tese de que a corrupção é um problema legal e moral, ressaltando que em termos legais ela é um crime porque traz prejuízos materiais para a coletividade; um crime cometido pela violação de normas morais importantes para a convivência em sociedade. o objetivo dessa atividade não é traçar limites rígidos entre as partes do artigo, mas, sim, ajudar os ou as estudantes a compreenderem a estrutura básica desse gênero textual, que normalmente envolve contextualização na introdução do texto, seguida de apresentação da tese, desenvolvimento por meio de argumentos e, por fim, uma conclusão.

No momento da discussão coletiva, é importante comentar com os ou as estudantes que há outros modos de organizar um artigo de opinião. É possível, por exemplo, iniciar diretamente com a introdução da tese. Além disso, o modo de contextualizar também pode variar e levar a uma apresentação mais tardia da tese. Há muitos artigos de opinião que iniciam com uma história sendo contada – que funcionará como a própria argumentação para um ponto de vista inferido ou percebido no final do texto. Também a conclusão pode assumir diferentes “desenhos”: pode reafirmar a tese; pode sugerir intervenções em favor da solução de um problema constatado e comprovado pela argumentação; ou pode apontar algum tipo de consequência, por exemplo.

Atividade 2 – Os movimentos argumentativos

Nesta atividade, você e os ou as colegas vão observar como os argumentos são construídos e organizados no texto. Vamos analisar, primeiramente, os movimentos argumentativos que podem ser observados nessa construção.

Movimentos argumentativos

Como visto anteriormente, em um texto argumentativo, os argumentos apresentados podem ser de:

  • sustentação: sustentam ou reforçam o ponto de vista defendido no texto;
  • refutação: o autor apresenta argumentos contrários aos seus a fim de refutá-los ou invalidá-los. Quando isso ocorre, dizemos que o autor utiliza a contra-argumentação;
  • negociação: o autor apre­senta argumentos contrários aos seus e admite que eles têm alguma validade, mas ressalva que, ainda assim, não são suficientes para suplantar o seu ponto de vista.
  1. Junte-se a um ou uma colega e releiam dois trechos do texto de Savater. Qual movimento argumentativo predomina em cada trecho: sustentação, refutação ou negociação?

a.

“Seria um pouco de idiotice querer opor-se a todas as ordens e a todos os costumes, como também a todos os caprichos, pois às vezes poderão ser convenientes ou agradáveis. Mas nunca uma ação é boa só por ser uma ordem, um costume ou um capricho.”

b.

“Para saber se alguma coisa é de fato conveniente para mim ou não, terei de examinar o que faço mais a fundo, raciocinando por mim mesmo. Ninguém pode ser livre em meu lugar, ou seja, ninguém pode me dispensar de escolher e de buscar por mim mesmo.”

2. Permaneçam em dupla e leiam, a seguir, trechos de dois artigos de opinião. Prestem atenção aos movimentos argumentativos realizados por seus autores.

Texto 1
Reprodução de página da internet.

opinião

TENDÊNCIAS/DEBATES

Trote nas universidades deve ser proibido? Sim

21/03/2015 02horas00

No Estado de São Paulo, o trote é proibido pela lei estadual norteoeste 10454/99. Porém, a Comissão Parlamentar de Inquérito cê pê iaberta na Assembleia Legislativa do Estado sobre Violações de Direitos Humanos nas faculdades paulistas reticências revelou mortes, estupros, assédio e aliciamento sexual. reticências

Orientações e sugestões didáticas

Atividade 2

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe oito nove éle pê um quatro, ê éfe oito nove éle pê dois três)

1. Espera-se que os ou as estudantes concluam que no trecho a prevalece a negociação, visto que o autor reconhece alguma validade na ideia de seguir ordens, costumes e caprichos, mas depois ressalva que essas motivações não devem ser a única razão de nossas ações; no trecho b, prevalece a sustentação, porque ele está expressando seu ponto de vista, sem fazer referência a vozes eventualmente contrárias.

Há registros também de afogamentos em piscinas e em vasos sanitários; de tapas, de socos, de chutes, de espancamentos, de cárcere privado, de exercícios físicos extenuantes, de racismo, de homofobia, misoginiaglossário e de muitas outras humilhações, constrangimentos, difamações, ameaças e agressões. reticências

O trote não é rito de passagem. Dentro da universidade, ele é a reposição de abissaisglossário divisões que precisamos superar. É uma síntese violenta de preconceitos de raça, classe, gênero, orientação sexual, etnia, religião etcétera Ódios profundos que devemos remediar e não estimular. reticências

O trote deforma convicções e o caráter dos estudantes. As universidades deveriam reconhecê-lo como um grande problema do ensino superior. reticências

O trote é obstáculo à democratização da universidade e do país. Chega de omissão e conivência. Trote é tortura e deve ser abolido.

ANTONIO ALMEIDA, 53, é professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo -

ORIOWALDO QUEDA, 77, é professor aposentado da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo

ALMEIDA, Antonio; QUEDA, Oriowaldo. Trote nas universidades deve ser proibido? Sim. Folha de São Paulo, São Paulo, Ano 95, número 31 398, página A3, 21 março 2015.

Texto 2
Reprodução de página da internet.

opinião

TENDÊNCIAS/DEBATES

Trote nas universidades deve ser proibido? Não

21/03/2015 02horas00

A prática de trote aos ingressantes nas universidades do país causa inevitavelmente episódios de violência nesses tempos de inauguração de ano letivo.

Ainda que sejam eventos indesejáveis, a proibição ou o estrito contrôle desse costume universitário passa longe de significar um bem coletivo. Bem ao contrário, uma coibiçãoglossário excessiva somente serve para insuflarglossário o lento processo de infantilização e paternalismo que submete a nossos estudantes. reticências

Dizer que o trote aproxima-se de um ritual de passagem ao jovem calouro é algo tão cristalizado como verdadeiro, ao menos se resgatamos seu sentido original. reticências

Sem um marco firme que indique a transição, o jovem encara a universidade como a continuação do colégio, enquanto os professores nos espantamos com homens fisiologicamente adultos, a meses de controlar a vida alheia na mesa de cirurgia ou no tablado dos tribunais, pedirem socorro aos pais para discutir com a instituição de ensino questões como nota de prova ou exigirem o cumprimento do conteúdo programático pasteurizado como se estivessem no cursinho. reticências

VÍCTOR GABRIEL RODRÍGUEZ, 39, é professor de direito penal da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, membro da União Brasileira de Escritores e autor do livro “O Caso do Matemático Homicida” (edição Almedina)

RODRÍGUES, Víctor Gabriel. Trote nas universidades deve ser proibido? Não. Folha de São Paulo, São Paulo, Ano 95, número 31 398, página A3, 21 março 2015.

  1. Observe que os artigos foram publicados na mesma data, em resposta à mesma questão polêmica: “Trote nas universidades deve ser proibido?”.
    • Qual seria o objetivo do jornal ao publicar esses artigos, um com uma resposta positiva (sim, deve ser proibido) e outro com resposta negativa (não, não deve ser proibido)? Para responder, leve em conta o nome da seção em que os artigos foram publicados.
  1. Resuma os argumentos apresentados em cada texto.
  2. Qual argumentação lhe pareceu mais convincente? Justifique sua resposta.
  3. Os trotes nas faculdades também estão relacionados à ética? Por quê?
  4. Em qual parágrafo do texto 1 ocorre um movimento argumentativo de refutação, ou seja, os autores citam uma voz contrária com o intuito de rebatê-la, negá-la?
  5. À exceção desse parágrafo, qual movimento argumentativo predomina no texto 1?
  6. Releia a primeira frase do texto 2:

“A prática de trote aos ingressantes nas universidades do país causa inevitavelmente episódios de violência nesses tempos de inauguração de ano letivo.”

  • O fato de o trote causar episódios de violência é, em princípio, um argumento que sustentaria a proibição ou a liberação do trote? Por quê?

h. Releia agora a frase seguinte:

“Ainda que sejam eventos indesejáveis, a proibição ou o estrito contrôle desse costume universitário passa longe de significar um bem coletivo.”

I. Avalie qual das afirmações a seguir indica o sentido que a locução conjuntiva ainda que traz à frase. Anote a afirmação adequada no caderno.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade 2 (continuação)

2. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe zero nove éle pê zero oito, ê éfe zero nove éle pê um um, ê éfe oito nove éle pê zero quatro, ê éfe oito nove éle pê um quatro, ê éfe oito nove éle pê dois três)

2a. Espera-se que os ou as estudantes concluam que o objetivo do jornal é oferecer pontos de vista diferentes ao leitor, de modo que este conheça diversas argumentações e possa tirar suas próprias conclusões sobre o assunto. Chame a atenção da turma para o fato de a questão polêmica abordada nesta seção (Opinião) referir-se, geralmente, a um assunto que esteja em debate no momento. Esses artigos, por exemplo, foram publicados logo depois da divulgação dos resultados de uma cê pê i sobre trotes nas faculdades paulistas, conforme mencionado no primeiro texto.

2b. Para os autores do texto 1, o trote deve ser proibido porque é antidemocrático e reproduz violências e preconceitos que existem fóra do espaço universitário. Para o autor do texto 2, o trote não deve ser proibido porque é um ritual de passagem necessário ao amadurecimento dôs ou dás jovens.

2c. Resposta pessoal. , incentive os ou as estudantes a responderem de modo fundamentado. Peça que apontem os argumentos que consideraram mais relevantes no artigo de sua preferência.

2d. Espera-se que os ou as estudantes concluam que o tema está inegavelmente ligado à ética, visto que envolve uma reflexão sobre como devemos tomar decisões e orientar nossa conduta.

2e. No terceiro parágrafo: “O trote não é rito de passagem. Dentro da universidade, ele é a reposição de abissais divisões que precisamos superar. reticências”.

2f. O de sustentação.

2g. Em princípio, o argumento sustentaria a proibição dos trotes, visto que ninguém é a favor de episódios de violência.

2hum. HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe zero nove éle pê zero oito, ê éfe zero nove éle pê um um) O argumento da frase anterior tem sua validade, mas não é suficiente para convencer o autor.

  • o argumento da frase anterior opõe-se ao ponto de vista do autor e por isso deve ser refutado.
  • o argumento da frase anterior tem sua validade, mas não é suficiente para convencer o autor.

II. Quais das conjunções ou locuções conjuntivas a seguir poderiam substituir ainda que, mantendo-se sentido semelhante? Copie-as no caderno.

mesmo que desde que embora apesar de visto que

  1. Em qual parte dessa frase o autor expressa sua tese diante da questão polêmica proposta pelo jornal?
  1. Explique o papel que a expressão “Bem ao contrário” desempenha na articulação das ideias nesse segundo parágrafo do texto 2.
  2. Considerando as análises que fez nas questões de 3 a 5, responda: qual é o movimento argumentativo predominante na introdução do artigo de Víctor Rodríguez — sustentação, refutação ou negociação? Justifique.

Atividade 3 – A modalização no artigo de opinião

Você já sabe que a modalização é um recurso para marcar o nosso julgamento, a nossa opinião em relação ao que estamos dizendo. As escolhas linguísticas que fazemos podem ser orientadas pela intenção de deixar evidente ou incerta a posição sobre algo; ou de produzir um efeito de parcialidade ou imparcialidade/objetividade em relação a algo, por exemplo. Identificar e analisar essas marcas que ficam registradas no texto e saber como usá-las possibilita-nos compreender e produzir esses efeitos de sentido de modo consciente e intencional.

Em um artigo de opinião, a modalização é um recurso muito importante, especialmente quando existem movimentos de negociação. Por meio das marcas modalizadoras, o leitor consegue identificar a posição dô ou dá autor ou autora diante da questão polêmica e, ao mesmo tempo, perceber que ele ou ela está minimizando os argumentos contrários. Para analisar isso na prática, vamos rever trechos dos textos discutidos anteriormente: “Trote nas universidades deve ser proibido? Sim” (texto 1) e “Trote nas universidades deve ser proibido? Não” (texto 2).

1. Releia a primeira frase do artigo contrário à proibição dos trotes (texto 2) e compare-a com uma possível reescrita:

Original

“A prática de trote aos ingressantes nas universidades do país causa inevitavelmente episódios de violência nesses tempos de inauguração de ano letivo.”

Reescrita

A prática de trote aos ingressantes nas universidades do país causa episódios de violência nesses tempos de inauguração de ano letivo.

Orientações e sugestões didáticas

2hdois. mesmo que, embora, apesar de. recorde à turma que essas locuções conjuntivas classificam-se como concessivas, justamente porque expressam uma concessão – uma ideia opõe-se à outra, mas não chega a invalidá-la totalmente. Explique também que a substituição por apesar de exigiria uma mudança no tempo verbal de ser: em vez do presente do Subjuntivo, deveria ser usado o Infinitivo (“apesar de serem eventos indesejáveis...”).

2htrês. Na oração seguinte: “a proibição ou o estrito contrôle desse costume universitário passa longe de significar um bem coletivo”. , recorde aos ou às estudantes que essa é a oração principal. Nas construções concessivas, a tese do enunciador é sempre expressa na oração principal, enquanto a oração subordinada concessiva indica a concessão que ele faz à tese contrária.

2i. Ela marca e reforça o posicionamento do autor, contrário aos argumentos iniciais: “Bem ao contrário, uma coibição excessiva somente serve para insuflar o lento processo de infantilização e paternalismo reticências.”.

2j. Negociação, porque ele começa citando um argumento, em princípio, contrário à sua tese, admite que ele tem alguma validade (são “eventos indesejáveis”), mas ressalva que não é suficiente para mudar seu ponto de vista.

  1. Imagine que o autor do artigo fosse favorável à proibição dos trotes. Qual dessas versões ele provavelmente utilizaria? Por quê?
  2. Explique como o advérbio destacado promove uma modalização na frase original, deixando transparecer o posicionamento do autor.

Pesquisa em foco

A modalização está ligada à escolha de diversos elementos da língua, como verbos, tempos verbais, flexão de grau etcétera Nestas atividades, focalizamos os adjetivos e os advérbios porque eles são importantes marcas modalizadoras que indiciam a decisão do autor por ser mais ou menos enfático em suas posições.

Análises do uso de recursos como esses são muito aplicadas em pesquisas de análise documental, nas quais importa compreender as estratégias utilizadas e seus efeitos de sentido na construção dos discursos que circulam nos diferentes campos de atuação da vida humana.

2. Reveja agora a segunda frase do texto 2:

“Ainda que sejam eventos indesejáveis, a proibição ou o estrito contrôle desse costume universitário passa longe de significar um bem coletivo”.

a. O autor classifica os episódios violentos como “eventos indesejáveis”. Se fosse favorável à proibição dos trotes, quais dos adjetivos a seguir ele provavelmente usaria para descrever os eventos? Por quê? Anote no caderno as opções que poderiam ser usadas.

inconvenientes – inadmissíveis – deploráveis

  1. Você diria que o adjetivo indesejáveis também modaliza o enunciado em análise? Por quê?

3. Reveja agora um dos parágrafos do texto 1, favorável à proibição dos trotes:

“O trote não é rito de passagem. Dentro da universidade, ele é a reposição de abissais divisões que precisamos superar. É uma síntese violenta de preconceitos de raça, classe, gênero, orientação sexual, etnia, religião etcétera Ódios profundos que devemos remediar e não estimular. reticências.”

Explique como os autores também usaram os adjetivos, nesse parágrafo, para modalizar seu texto e marcar sua posição contrária aos trotes.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade 3

1a. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê um seis) A segunda, porque ela faz uma afirmação inegociável a respeito da prática do trote: ela causa episódios de violência.

1b. Espera-se que os ou as estudantes percebam que, ao utilizar o advérbio inevitavelmente, o autor marca sua atitude, seu ponto de vista diante do fato declarado. Como ele é contrário à proibição dos trotes, vê os episódios violentos como consequências inevitáveis de algo que, a seu ver, é positivo: a liberação dos trotes.

2a. HABILIDADE FAVORECIDA (ê éfe oito nove éle pê um seis) Espera-se que os ou as estudantes concluam que, se o autor fosse favorável à proibição dos trotes, provavelmente escolheria classificá-los como eventos inadmissíveis ou deploráveis, pois esses adjetivos são fortes e expressam uma intensa carga de desaprovação. Já o adjetivo inconvenientes tem uma carga semântica semelhante à de indesejáveis, expressando apenas uma ligeira reprovação aos episódios violentos.

2b. Espera-se que os ou as estudantes percebam que sim, pois, ao escolher um adjetivo que minimiza o caráter negativo dos episódios violentos, o autor reforça sua posição contrária à proibição dos trotes.

3. Espera-se que os ou as estudantes destaquem o uso dos adjetivos abissais, violenta e profundos, todos eles capazes de provocar intensa reprovação aos trotes e aos preconceitos que, segundo os autores, eles refletem.

De olho na imprensa

Nem todos os jornais ou revistas têm uma seção especial dedicada à publicação regular de artigos de opinião, como a que você conheceu na atividade anterior. Os veículos voltados para públicos de classes mais populares, por exemplo, em geral não têm seção dedicada a esse gênero.

Para começar esta seção, discuta com a turma:

  • Por que você acha que isso acontece? Faz alguma diferença se o jornal ou revista dá destaque a publicações regulares de artigos de opinião? Você considera que é importante que todos os jornais e revistas publiquem textos desse gênero? Por quê?
  • Se nem todos os jornais publicam artigos de opinião, significa, necessariamente, que esses jornais não publicam nenhum texto com opinião e defesa de ideias?
  • Será que esse gênero só aparece no jornalismo impresso e digital na linguagem escrita? Ou será que existe também em formatos diferentes, para programas jornalísticos televisivos e radiofônicos?

Dica: Caso não tenham segurança para discutir alguma das questões, façam pesquisas e consultas que considerarem necessárias para discuti-las com mais propriedade.

Depois dessa discussão, aproveitando o que você estudou sobre os artigos de opinião, você e sua turma terão como desafio, durante a semana, ler textos desse gênero em jornais ou revistas impressos ou digitais. Caso os jornais locais não tenham seção dedicada a esse gênero, procure pelos de grande circulação.

Depois de selecionar e ler o artigo de sua escolha, identifique e tome nota da questão polêmica, da posição do autor e dos principais argumentos usados para sustentá-la. Em seguida, verifique se há outros artigos sobre a mesma questão polêmica que expresse posicionamento diferente em relação ao primeiro que você leu. Se houver, tome nota também dos argumentos utilizados e compare com os do primeiro artigo lido. Finalmente, formule um comentário pessoal, posicionando-se em relação a eles. Caso não concorde com a posição de um dos autores, apresente em seu comentário um contra-argumento, ou seja, um argumento que se coloque contra algum dos argumentos apresentados pelo autor. Coloque em prática tudo o que aprendeu neste capítulo sobre como argumentar.

Na data marcada, siga as orientações dô ou dá professor ou professora para compartilhar o artigo lido e a sua opinião sobre ele. Você poderá conhecer os demais artigos lidos pela turma para, em seguida, concluir:

  • Quais as questões polêmicas que estão em evidência no momento?
  • Elas são relevantes para você e para a vida em sociedade? Argumente em favor da sua posição.
  • As posições assumidas pelos autores em relação a essas questões e as defesas delas, nos textos lidos, coincidem com as da turma? As opiniões e ideias sobre essas questões que a turma viu em circulação na imprensa são variadas ou poderiam ser tratadas de modo mais diverso?
Orientações e sugestões didáticas

De olho na imprensa

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe zero nove éle pê zero dois, ê éfe oito nove éle pê zero um, ê éfe oito nove éle pê zero três, ê éfe oito nove éle pê zero quatro, ê éfe oito nove éle pê um dois, ê éfe seis nove éle pê um um, ê éfe seis nove éle pê um três, ê éfe seis nove éle pê um cinco, ê éfe seis nove éle pê três quatro)

professor ou professora, faça a mediação da discussão sugerida inicialmente, sobre a presença de textos opinativos em jornais e revistas em diferentes mídias, elaborando outras questões que se fizerem necessárias para que os ou as estudantes compreendam que a presença de textos opinativos não se faz apenas por meio dos editoriais ou artigos de opinião. Outros textos, como crônicas políticas, charges, cartuns, tirinhas, reportagens, cartas de leitor, por exemplo, são produzidos com base em opiniões e argumentações. Se considerar pertinente, oriente os ou as estudantes a assistirem a determinados programas jornalísticos ou promova em sala de aula a exibição de trechos desses programas, em que há presença de comentaristas que opinam sobre os fatos, acontecimentos ou assuntos em destaque no programa. Em alguns casos, promovem-se pequenos debates em torno deles, com a presença de vários comentaristas em um mesmo momento. Exemplos disso podem ser observados especialmente em programas jornalísticos de TV a cabo, em canais como cê êne êne e Globo News. Nesses programas é possível observar textos argumentativos que se realizam na modalidade oral da língua. Também é possível encontrar programas de rádio que apresentam "colunas" com verdadeiros artigos de opinião em podcasts.

Para a busca, seleção e leitura dos artigos, os ou as estudantes poderão optar por buscar textos em outras mídias também, caso assim desejem.

Planeje como realizará o momento de compartilhamento das leituras e dos comentários feitos pelos ou pelas estudantes. Você poderá propor a realização de várias pequenas rodas de conversa simultâneas, com uma grande roda de sistematização, no final, ou uma única roda, com toda a turma.

Sugerimos que você faça o registro de sistematização da roda final ou proponha que algum ou alguma estudante o faça.

Você poderá propor que durante o restante do ano, esse tipo de roda aconteça ao menos uma vez por mês. Assim, poderá favorecer a regularidade dessa prática, que pode contribuir para o hábito de ler artigos opinativo-argumentativos.

Produzindo o texto

Condições de produção

O quê?

Você vai produzir um artigo de opinião sobre diferentes aspectos que envolvem o tema da corrupção.

Para quem?

Você e os ou as colegas também produzirão um livro com uma coletânea de artigos de opinião, que poderá ficar disponível na biblioteca da escola ou ser levado para casa, em sistema de rodízio. Portanto, imagine que seu público-alvo serão adultos e jovens da sua idade. Outra possibilidade será disponibilizar a coletânea na internet, em canais da escola.

Como fazer?

  1. Escolhendo um tema e definindo sua posição
    • Considerando que todos os artigos estarão reunidos, é importante que haja variação de recortes sobre o tema. A seguir, apresentamos algumas sugestões:
      • A corrupção no poder público é mais grave que os pequenos atos de corrupção no dia a dia?
      • O corrupto e o corruptor devem ser legalmente punidos pelo mesmo crime?
      • Comprar produtos pirata é tão corrupto quanto vendê-los?
      • Comprar e consumir álcool quando não se tem a idade permitida é um ato de corrupção?
      • A corrupção faz parte da cultura brasileira?
      • Campanhas contra corrupção dão resultado?
      • A ética é uma fórma de combater a corrupção?
  2. Informando-se sobre o tema e compartilhando as descobertas com a turma
    1. Pesquise outros textos que falem sobre corrupção e sobre ética na vida pública e privada. Troque com colegas os textos pesquisados sobre o mesmo recorte escolhido por você para ampliar seu conhecimento a respeito do tema.
    2. Durante a leitura dos textos, anote dados, estatísticas, exemplos, citações de especialistas e outros argumentos que poderão ser utilizados no texto.
    3. Finalmente, mediante as reflexões promovidas pelas leituras que você fez, decida:
Orientações e sugestões didáticas

Produzindo o texto

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe zero nove éle pê zero um, ê éfe zero nove éle pê zero três, ê éfe seis nove éle pê zero seis, ê éfe seis nove éle pê zero sete, ê éfe seis nove éle pê zero oito, ê éfe seis nove éle pê um seis, ê éfe seis nove éle pê um oito, ê éfe seis nove éle pê três dois, ê éfe seis nove éle pê três quatro, ê éfe oito nove éle pê um zero)

Condições de produção

Caso seja possível disponibilizar a coletânea em um canal da internet, avalie com os ou as estudantes a possibilidade de criar um espaço para comentários do leitor.

Como fazer?

  1. Avalie com os ou as estudantes a possibilidade de outros recortes.
  2. Durante esse processo de alimentação temática, promova várias rodas de conversa para que eles ou elas possam compartilhar as leituras feitas. Quanto mais souberem sobre os temas escolhidos, mais terão material para preparar suas próprias produções. Se considerar mais produtivo, você pode prever várias rodas de conversa simultaneamente. Nesse caso, elas seriam organizadas pelos temas escolhidos.

Também será interessante propor que, para essas rodas de conversa, as anotações assumam a fórma de paráfrases ou esquemas organizados em agrupamentos de argumentos de acordo com a posição em relação ao tema (favorável/desfavorável); a relevância/fôrça do argumento (mais fortes/mais fracos); os tipos de argumentos etcétera

  1. O que você pensa sobre o tema escolhido? Qual será a posição que você vai assumir?
  2. Das informações coletadas, quais podem ser usadas para a sua argumentação? Esboce ao menos três argumentos a favor e três argumentos contra, que você poderá refutar, se desejar.
  3. Compartilhe com a turma as suas anotações e ouça as contribuições do ou dos colegas.
  1. Esboçando o seu artigo de opinião
    1. A partir de agora você vai trabalhar individualmente. Até aqui, você já definiu seu ponto de vista (sua tese) diante da questão polêmica e preparou uma lista de argumentos que podem sustentar sua posição.
    2. Em uma folha de rascunho, faça um quadro como este a seguir e preencha-o com o que você pretende escrever em cada parte de seu artigo.
      Ícone modelo.

Contextualização (Introdução)

Apresentação da tese

Apresentação de argumentos e contra-argumentos (Desenvolvimento)

Conclusão

  1. Lembre-se de que a introdução deve cativar a atenção do público-alvo, mencionando fatos que sejam de seu conhecimento ou que estejam próximos de sua vivência.
  1. Produzindo o artigo
    1. Com base no planejamento, escreva seu artigo, seguindo os critérios da ficha de apoio à produção e avaliação do artigo de opinião.
    2. Lembre-se de que você pode adotar movimentos argumentativos de sustentação, refutação ou negociação, sempre considerando outras vozes contrárias ou favoráveis ao seu ponto de vista e dialogando com elas.
    3. Não se esqueça de utilizar conjunções e outros conectores que deixem clara a relação de sentido entre as frases e os parágrafos do texto.
    4. Escolha adjetivos e advérbios com cuidado, a fim de reforçar seu posicionamento (modalização).
    5. Use perguntas retóricas para deixar o texto persuasivo.
    6. Escolha um título atraente para seu artigo.

Avaliando

a. Releia seu artigo e avalie-o de acordo com a ficha de apoio à produção e avaliação do artigo de opinião.

Orientações e sugestões didáticas

3. Esboçando o seu artigo de opinião

A preparação do esboço é uma fórma de enfatizar a importância da etapa de planificação das ideias selecionadas para a produção de textos. É nesse momento do processo que os ou as estudantes podem pensar na progressão e na continuidade do texto: na ordem em que as informações/os argumentos serão apresentados, tendo em vista a intenção de dar maior ênfase para este ou para aquele argumento ou informação ou de utilizar os movimentos argumentativos pretendidos.

Dada a importância desse momento, planeje ao menos uma aula em que você possa mediar a planificação, chamando a atenção para esses aspectos com perguntas do tipo: Qual informação/argumento você acha que vai ser importante apresentar primeiro? E se você quiser criar um movimento de refutação? Qual teria que ser usado primeiro? Esse tipo de argumento é o mais adequado para tentar convencer o leitor ou um argumento de autoridade seria melhor? Você acha que os argumentos que selecionou são coerentes com o que você delineou como conclusão?

Com uma planificação bem-feita, os ou as estudantes passarão para a textualização de fórma mais segura, podendo focar mais os recursos de “costuras” do texto.

4. Produzindo o artigo

Oriente os estudantes a utilizarem desde o princípio da textualização, a ficha de critérios, de modo que se orientem por ela ao longo de todo o processo de escrita e revisão processual, checando continuamente se o texto em produção está se “desenhando” conforme os critérios de acordo com os quais seus textos serão avaliados.

Avaliando

Assim que finalizarem a produção, promova grupos de trabalho para revisarem os textos uns dos outros. Esses grupos podem ser organizados pelas temáticas escolhidas e em cada um deles podem ser formadas duplas de trabalho, ou você pode propor a formação de duplas de estudantes com conhecimentos heterogêneos.

Produzindo o texto

  1. Troque seu artigo com o de um ou uma colega. Avalie o texto dele ou dela a partir dos mesmos critérios.
  2. Revise seu artigo de acordo com a avaliação dô ou dá colega.
Ficha de apoio à produção e avaliação do artigo de opinião

O texto de opinião atendeu aos critérios de:

1. Adequação à proposta

• O artigo toma uma posição diante de uma das questões polêmicas propostas?

2. Adequação às características estudadas do gênero

a) O artigo contextualiza o tema abordado, apresenta claramente seu ponto de vista (tese), desenvolve-o com argumentos e traz uma conclusão coerente?

b) Foi apresentado mais de um argumento?

c) O artigo apoia-se em mais de um tipo de argumento (autoridade, comprovação, princípio, exemplificação, causa/consequência)?

3. Construção da coesão/coerência do texto (textualidade)

a) Foram usadas conjunções e outros conectores que mostram a relação de sentido entre ideias e parágrafos do texto?

b) As palavras (sobretudo adjetivos e advérbios) foram escolhidas a fim de marcar o posicionamento do(a) autor(a)?

4. Uso das regras e convenções da gramática normativa

a) O texto utiliza adequadamente os sinais de pontuação?

b) Foram respeitadas as regras de concordância entre as palavras?

c) O texto está correto em relação à ortografia?

  1. Produzindo e fazendo circular o livro de artigos de opinião
    1. Junte seu texto com o dôs ou dás colegas para produzir o livro com os artigos de opinião.
    2. Depois que todos os artigos da turma estiverem revisados e finalizados, vocês deverão encaderná-los num volume que ficará disponível na biblioteca da escola ou poderá ser emprestado e levado para casa.
    3. Se sua classe ou você tiver um blog, os artigos também poderão ser publicados lá para todo mundo ler. Comunique aos ou às autôres ou autôras dos textos (os ou as colegas) e ao ou à professor ou professora antes de tornar os textos públicos.
Orientações e sugestões didáticas

5. Produzindo e fazendo circular o livro de artigos de opinião

Caso os ou as estudantes optem pela publicação dos artigos, discuta com eles ou elas a possibilidade de abrirem um canal de interação com os leitores. Se houver essa possibilidade, será importante combinar com eles ou elas a elaboração de um texto de introdução enfatizando a importância de que as opiniões sejam expressas de fórma respeitosa, visando à promoção de uma cultura da paz e ao combate aos discursos de ódio. Caso os artigos circulem em blogs ou sites da escola e sejam acompanhados por fotos dos autores, será necessário ter a autorização dos responsáveis para a divulgação das imagens.

Campanha contra corrupção e em defesa da ética

Chegou o momento de decidir com a turma se vocês vão aderir à ideia de articular a esse trabalho a criação de uma campanha de combate à corrupcão ou em defesa da ética em todos os setores da vida.

Lembrem-se de seguir todos os passos previstos para a produção de textos como esse, levando em conta o que aprenderam em anos anteriores sobre os gêneros de propaganda e publicidade:

1. Definir as condições de produção: o que será produzido, para quem, com que finalidade, onde vai circular.

2. Realizar as ações previstas no Como fazer, decidindo os tipos de peça que serão produzidos, considerando onde vão circular; pensando nos recursos que serão utilizados e nas etapas de produção, que envolvem (1) planejar toda a campanha com a turma; (2) desenvolver as ideias das peças publicitárias em esboços ou roteiros (no caso de spots ou vídeos); (3) apresentá-los à turma, avaliar e colaborar com os ajustes; (4) editar o material; (5) fazê-lo circular.

A turma poderá, ainda, avaliar o impacto da campanha realizando uma enquete de opinião.

Vale a pena conhecer e se engajar!

Você sabia que todo cidadão tem o direito de propor ideias para novas leis e também de votar pelo apoio ou recusa dessas ideias? Um dos canais que possibilitam isso é o portal e-Cidadania, que você já conheceu em um dos textos sugeridos no Anexo Textos de apoio desse capítulo. Se você ainda não navegou pelo site, sugerimos que faça isso agora, conhecendo especialmente as seções Ideia Legislativa e Consulta Pública, que aparecem logo na página inicial do portal ou que podem ser acessadas nestas abas em destaque.

No portal, também há um material educativo organizado em oficinas, com apoio de textos e vídeos. Além de explicar muito sobre como atuam os Três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), orienta os ou as estudantes sobre como atuar no canal, propondo ideias para novas leis.

Captura de tela. Em fundo amarelo, destaque para o texto em preto à esquerda: O QUE É A OFICINA LEGISLATIVA? Na lateral direita, alguns ícones de lâmpadas e pessoas. Na parte inferior, logo de algumas entidades. Sobre a tela, o botão PLAY ao centro.
Orientações e sugestões didáticas

Campanha contra corrupção e em defesa da ética

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê zero nove, ê éfe oito nove éle pê um um)

professor ou professora, caso a turma decida por realizar a campanha, retome a atividade de investigação das campanhas, que realizaram nesse capítulo e relembre os tipos de peças publicitárias que poderão escolher fazer, considerando as diferentes mídias. Caso tenham utilizado a nossa coleção em anos anteriores, relembre-os das campanhas feitas em especial no 6º e no 7º anos.

Proponha que a turma toda realize uma única campanha, escolhendo um único islôgam e, a partir dele, planejem diferentes peças. Depois das decisões no coletivo, você pode propor que se organizem em grupos e cada um fique responsável por desenvolver uma peça diferente. Será importante que os grupos apresentem e discutam com a turma os seus esboços, antes de finalizarem as peças, de modo que todos acompanhem o processo de produção e sejam corresponsáveis pelo resultado final. Lembre-os da importância de cuidar dos direitos de imagem, caso utilizem imagens de pessoas dos grupos ou de terceiros.

Depois de cêrca de duas semanas da divulgação da campanha, oriente-os a realizarem uma enquete na escola e/ou na comunidade, caso a campanha tenha sido estendida para fóra da escola. A enquete deve ser única e as questões também devem ser elaboradas coletivamente, negociadas no grupo. Proponha que definam o número de entrevistados para a coleta de dados, combine o tempo para a aplicação e, finalmente, promova a discussão dos dados. A enquete pode ser realizada pelos aplicativos gratuitos disponíveis no mercado.

Vale a pena conhecer e se engajar!

HABILIDADES FAVORECIDAS (ê éfe seis nove éle pê dois dois, ê éfe oito nove éle pê um dois, ê éfe oito nove éle pê um oito, ê éfe oito nove éle pê um nove, ê éfe oito nove éle pê dois zero, ê éfe oito nove éle pê dois dois)

Antes de propor que os ou as estudantes realizem o proposto neste boxe, faça um reconhecimento detalhado do site e-Cidadania e planeje uma navegação orientada por ele. Você pode promover um momento coletivo para isso, seguido de organização dos grupos para realizarem o que está proposto no roteiro de perguntas (1 a 5).

A questão 6 propõe que os ou as estudantes elaborem uma ideia legislativa para publicar no canal. Para tanto, promova uma discussão coletiva, orientando o processo. Inicie por sugerir o levantamento de questões polêmicas relacionadas ao tema – que podem ter inspiração nos artigos produzidos. Em seguida, oriente a votação para chegarem à escolha de uma única questão a partir da qual a ideia legislativa será elaborada. Para esse processo, avalie a possibilidade de utilizar o material das Oficinas, disponível no site. Esse material é composto de atividades para os ou as estudantes e de orientações para ô á .

Recomendamos que a elaboração do esboço da ideia legislativa seja feita primeiramente em grupos, compartilhada posteriormente com a turma, que deverá negociar o esboço que afinal será a base da redação da ideia legislativa. Essa redação deverá ser realizada coletivamente, tendo você como o escriba do texto que será ditado pela turma. Será importante promover uma revisão final, para garantir que o texto a ser publicado esteja livre de inadequações quanto ao uso da língua mais formal e das regras da gramática normativa.

Com a turma, proceda à publicação da ideia legislativa e combine as fórmas de divulgação da proposta para que a ideia tenha o maior número de adesão possível, no prazo definido. Acompanhe com eles ou elas a evolução do número de adesão e discutam estratégias para conseguir mais votos à ideia.

No final do prazo definido para a validade da ideia legislativa, avaliem os resultados obtidos.

Produzindo o texto

Depois de toda a discussão feita neste capítulo, da pesquisa que você realizou para produzir o seu artigo de opinião sobre ética e corrupção, o que acha de você e sua turma proporem uma ideia para uma nova lei a respeito?

  1. Sob a orientação do(a) investigue ideias legislativas que tenham relação com corrupção. Clique em “ver mais eventos”, localize esse ícone e clique sobre ele. Será aberta uma página na qual você poderá fazer uma busca de temas/assuntos que foram objeto de ideias para novas leis. Faça uma busca com a palavra-chave “corrupção” e conheça as últimas ideias sobre o tema. Depois de conhecê-las, verifique a adesão do público à ideia. De acordo com as regras do canal, para uma ideia legislativa ir adiante é preciso alcançar 20 mil votos de apoio dos cidadãos.
  2. Avalie a proposta mais votada. Como o texto se organizou? Como iniciou a proposta? Que argumentos apresentou para justificá-la? Como foi finalizado o texto?
  3. Em seguida, avalie uma proposta que você considera que merecia ter recebido mais votos e pense se seria possível argumentar melhor em favor dela.
  4. Aproveite esse momento de reconhecimento e análise das propostas e vote naquelas em que acredita e que ainda estão em andamento.
  5. Apresente suas considerações na discussão coletiva.
  6. Sob a orientação dô ou dá organize-se com a turma para elaborarem uma ideia legislativa e publicar no canal.

Lembre-se de que, durante as discussões e o debate deliberativo para a escolha e redação final da ideia legislativa, você poderá utilizar todos os saberes que construiu sobre argumentação para se posicionar e defender seu ponto de vista, respeitando os turnos dos colegas e os diferentes pontos de vista, bem como as demais regras de participação definidas previamente com a turma. Será uma excelente oportunidade para uma participação ética!

O que levo de aprendizagens deste capítulo

Volte a discutir com os ou as colegas as possibilidades de respostas às questões apresentadas na abertura:

  1. O que é ética e qual a sua importância para o convívio social?
  2. Qual é a relação entre ética, liberdade e moral?
  3. Como a ética pode nos guiar tanto nas atitudes do dia a dia quanto nas tomadas de decisão na esfera pública?
  4. Como podemos defender um ponto de vista a respeito desses temas em um texto?

Glossário

Sanções
: penas, punições devidas ao desrespeito às leis.
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Misoginia
: ódio às mulheres.
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Abissais
: assombrosos, pavorosos.
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Coibição
: limitação, restrição.
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Insuflar
: atiçar, estimular.
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