UNIDADE 1 Costumes, culturas e história

As propostas desta unidade do seu livro de Arte foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam:

Fotografia. Uma pessoa usando fantasia de um boi preto com chifres dourados e pontas escuras. Na parte inferior da fantasia, um tecido em tons de branco e azul com um brasão e algumas estrelas. As pernas da pessoa fantasiada estão aparecendo abaixo desse tecido. Ao fundo, há outras pessoas fantasiadas com roupas em tons dourado e azul e com algumas partes coloridas.

eu SEI

Manifestações culturais

Observar fotografias que retratam as manifestações culturais que se evidenciam nos nossos lugares de vivência.

Fotografia. No canto direito, duas pessoas em pé usam máscara tribal de madeira com o rosto alongado, chifres altos e finos e vestimentas tradicionais em tons predominantes de rosa e azul. Ao fundo, há um grupo de pessoas sentadas e com vestimentas semelhantes. Atrás delas, há um muro e algumas construções feitas com cobertura de palhas.

eu vou APRENDER

Capítulo 1 – Povos e culturas

Explorar a diversidade cultural de diferentes povos e as tradições de comunidades indígenas.

Capítulo 2 – Histórias e rituais

Conhecer a arte rupestre e rituais e mitos de diferentes povos.

Fotografia. Quatro pessoas enfileiradas usam fantasias coloridas em tons de azul, rosa, verde e amarelo. Ao fundo, há um boneco gigante de um homem de chapéu e óculos sorrindo e tocando um violino.

eu APRENDI

Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.

Ilustração. Um menino de cabelo encaracolado, usando camiseta roxa e calça jeans; está em pé e segura uma cartolina amarela apresentando uma pintura com padronagem composta de formas triangulares laranja e, entre elas, linhas retas verdes; em frente a ele há dois alunos sentados nas carteiras com cadernos abertos e olhando na direção da cartolina.

vamos COMPARTILHAR

Dramatização dos mitos

Elaborar pesquisa e dramatização sôbre mitos que tenham relação com a comunidade em que você vive.

OBJETIVOS GERAIS

Possibilitar a compreensão das tradições, dos rituais, dos costumes e das manifestações históricas e artísticas de diferentes povos. Identificar as manifestações culturais que ocorrem na comunidade escolar para familiarização com a complexidade do mundo e o respeito às diversidades.

eu SEI

Manifestações culturais

Observe as imagens a seguir que retratam manifestações culturaisglossário de diferentes lugares do Brasil.

Fotografia. Uma pessoa usando fantasia de um boi preto com chifres dourados e pontas escuras. Na parte inferior da fantasia, um tecido em tons de branco e azul com um brasão e algumas estrelas. As pernas da pessoa fantasiada estão aparecendo abaixo desse tecido. Ao fundo, há outras pessoas fantasiadas com roupas em tons dourado e azul e com algumas partes coloridas.
Festival de Folclore em Parintins. Amazonas, 2019.
Fotografia. Destaque para as mãos de um homem segurando dois queijos. Ao fundo, há uma mesa com outros queijos empilhados perto de uma janela de madeira azul.
Queijo da canastra produzido em fazenda de São Roque de Minas. Minas Gerais, 2020.
Fotografia. Destaque para um varal com diversos adereços de fios coloridos em tons de roxo, laranja, vermelho, verde, amarelo e azul.
Adereço Kalapalo, Parque Indígena do Xingu, em Gaúcha do Norte. Mato Grosso, 2018.
Fotografia. Uma mulher de cabelos castanhos penteados para trás, usando camiseta com listras coloridas, está sentada à mesa, sorrindo e segurando um livro aberto. Ao lado dela, há uma criança de cabelo encaracolado penteado para trás, usando regata amarela, com a mão no queixo e observando.
Bibliotecária contando histórias na cidade de Rio das Contas. Bahia, 2014.
Ícone de atividade em grupo. Silhueta de três pessoas e dois balões de fala, um branco e outro rosa.
Que manifestações culturais se evidenciam no lugar onde vocês moram? Para responder à pergunta, sigam as orientações.
  1. Organizados em grupos, investiguem em livros, revistas ou na internet uma imagem que melhor retrate uma manifestação cultural característica do lugar onde vocês moram. Evidenciem festas, danças, músicas ou peças de artesanato como exemplo.
  2. Usando a imagem selecionada, elaborem no caderno uma legenda explicativa para a manifestação retratada.
  3. Com a orientação do professor, confeccionem um painel com as imagens e as legendas das manifestações artísticas selecionadas e compartilhem com os colegas.

eu vou APRENDER Capítulo 1

Povos e culturas

No decorrer do tempo, os seres humanos utilizaram inúmeras ferramentas para se expressar e transmitir conhecimentos. Em muitos casos, fomos capazes de encontrar meios para manter viva a nossa história e a de nosso povo.

Com o passar do tempo e o desenvolvimento humano, ampliaram-se as possibilidades de criação e de transmissão de conhecimentos. Ao ler livros, acessar redes sociais, jogar vídeogueimes e assistir a filmes, séries ou telenovelas, entre outras possibilidades, as pessoas buscam adquirir informações, lazer ou entretenimento.

Ilustração. Um menino de cabelo escuro está sentado à mesa; na sua frente há um monitor grande, um teclado, papéis e canetas. Ao redor dele, há pequenas telas de videochamada com o rosto de pessoas.
Ilustração. Um homem e uma mulher estão sentados em um sofá. Eles estão segurando livros abertos e lendo. No centro, há um gato branco. Ao redor, há um relógio, um abajur, uma planta em um vaso e uma mesa de centro com livros empilhados.
Ilustração. Um homem, uma mulher e duas crianças estão sentados no sofá, segurando canecas e sorrindo na direção da televisão.
Ilustração. Um menino está sentado à mesa, usando fone de ouvido, com o corpo inclinado para frente, as mãos sobre o teclado e olhando na direção de um monitor, onde há um personagem atirando em monstros.
Ícone de atividade oral. Dois balões de fala, um branco e outro rosa.
Ícone de atividade em grupo.

1. Observem as imagens e, com base nelas, elaborem uma lista com as fórmas que vocês utilizam no cotidiano para adquirir informações ou se divertir.

ARTE CONECTANDO POVOS

Por meio de expressões, sons, palavras e imagens podemos compartilhar conhecimentos, sentimentos e impressões sôbre nós mesmos e o mundo à nossa volta.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
Observem as imagens com atenção e descubram o que elas têm em comum.
Fotografia. Duas mulheres  usando roupas brancas jogam capoeira; uma está agachada e com uma perna dobrada e a outra estendida; a outra mulher está em pé e com a perna esquerda levantada. Ao fundo, diversas pessoas em pé e tocando instrumentos musicais.
Roda de capoeira em Salvador. Bahia, 2022.
Fotografia. Duas mulheres de perfil usando roupas pretas dançam. Elas estão com os braços levantados; uma delas está com uma perna estendida para frente; atrás, há duas pessoas usando camiseta branca e em pé; ao fundo, uma multidão de pessoas em pé observando; ao redor há vários prédios.
Jovens em festival de dança. Coreia do Sul, 2016.
Fotografia. Destaque para uma boneca gigante de cabelos pretos, usando vestido verde e em pé; abaixo há diversas pessoas usando roupas vermelhas ou brancas. À direita, há um cachorro gigante e preto sentado. Ao fundo, diversos equipamentos e andaimes.
Apresentação teatral em uma rua de Montreal. Canadá, 2018.
Fotografia em preto e branco. Um homem de pouco cabelo, usando macacão escuro, está apoiado com o joelho direito no chão; ele segura um pincel cheio de tinta e aponta para uma tela no chão. Ao fundo há potes de tintas.
Djéksôn Póloqui trabalhando em uma de suas pinturas, em Nova Iorque. Estados Unidos, cêrca de 1940.

Nas imagens, observamos diferentes manifestações artísticas e culturais no Brasil e no mundo. A arte como fórma de comunicação e expressão possibilita nossa conexão com diferentes pessoas e culturas. Muitos elementos compõem a cultura de um povo ou de uma comunidade. Vamos conhecer algumas dessas culturas nesta unidade.

O QUE É CULTURA?

Originalmente, a palavra cultura foi associada ao ato de tratar ou de cultivar plantas. Com o decorrer do tempo, a palavra começou a ser utilizada para a ação de desenvolver conhecimentos, no sentido de “cultivar” o pensamento.

A cultura, na atualidade, retrata o conjunto de práticas, comportamentos e tradições que caracterizam um povo, uma comunidade ou um grupo. As diversas culturas presentes em um país podem ser expressas por meio de suas línguas, comidas, roupas, festas populares, danças, músicas, histórias e costumes.

Fotografia. Destaque para um grupo de indígenas de cabelos escuros e lisos, com cocares de penas coloridas em tons de amarelo, preto, azul e vermelho, corpos pintados de tinta preta e vermelha; no rosto, há linhas pretas desenhadas; eles sorriem e correm.
Pintura corporal e adereços tradicionais dos Kamaiurá na Festa do Pequi, no Parque Indígena do Xingu, em Gaúcha do Norte. Mato Grosso, 2022.
Ícone de atividade oral.

2. Observem a imagem e descrevam os adornos e adereços utilizados pelos Kamaiurá que se destacam na vestimenta da festa.

Ícone de atividade em grupo.

3. A fórma como vocês se vestem ou se penteiam diz algo sôbre vocês ou sôbre o lugar onde vocês vivem? Expliquem a resposta.

Para algumas comunidades indígenas, por exemplo, enfeitar o corpo com pinturas e ornamentosglossário é uma prática que pode ocorrer no dia a dia ou em festas e outros eventos, como observamos na fotografia dos Kamaiurá.

Esses aspectos culturais geralmente são transmitidos de geração a geração e variam em cada povo. Dessa fórma, pode-se dizer que não existe uma única cultura, mas várias culturas.

Várias culturas

A cultura abrange muitos aspectos da vida das pessoas e de um povo, entre eles está a alimentação. O preparo de alimentos, por exemplo, pode seguir alguns costumes, dependendo de onde será consumido. Nas culturas japonesa e peruana, entre outras, o peixe geralmente é ingerido cru. Já em alguns lugares do Brasil é comum consumir o peixe cozido.

Fotografia. Destaque para uma panela preta vista de cima. Nela, há um alimento com um molho amarelo escuro e, sobre ele, pedaços de tomate, cebola e coentro.
A moqueca é um prato tradicional da culinária da Bahia e do Espírito Santo, feita com peixe temperado com coentro.
Fotografia. Destaque para uma tábua de pedra vista de cima contendo diversos bolinhos feitos de peixe cru em tons de laranja e arroz. Dos dois lados da tábua há uma vasilha arredondada com molho e dois hashis.
O sushi é um prato de origem japonesa, caracterizado por ser feito com arroz temperado e peixe cru.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Que tal conhecer pratos típicos brasileiros? Para esta atividade, sigam as orientações.
    1. Organizados em grupos, pesquisem em livros ou na internet textos e imagens de pratos típicos de diferentes lugares do Brasil.
    2. Investiguem e descrevam os pratos escolhidos pêlo grupo, indicando a origem e a história, os principais ingredientes e o modo de preparo.
    3. Compartilhem os resultados das investigações com os colegas da turma.

Além da alimentação, a língua é outro aspecto da cultura de um povo. Utilizadas para a comunicação, as línguas ou os idiomas falados expressam as diferentes fórmas que os povos compreendem o mundo. No Brasil, apesar de a maioria das pessoas falar a mesma língua, cada lugar pode apresentar palavras diferentes para nomear o mesmo objeto ou produto, como aipim, mandioca e macaxeira, que são palavras que designam o mesmo alimento, muito utilizado em diferentes partes do país.

Línguas e culturas

As palavras trazem significados e revelam muito da fórma como as pessoas entendem o mundo. Ao descrever paisagens, acontecimentos ou objetos, a língua ou o idioma expressa o modo de pensar e os saberes construídos no decorrer da história de um povo.

Estudiosos do assunto dizem que no mundo são faladas mais de 6 mil línguas e aproximadamente 150 delas são faladas pelos povos originários no Brasil.

No passado, antes da chegada dos portugueses ao Brasil, eram faladas cêrca de uma duzentas línguas diferentes. Isso quer dizer que mais de mil delas deixaram de existir ao longo do processo de colonização.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Minha pátria, minha língua

Locutora: Minha pátria, minha língua.

Áudio com música de mulheres da tribo Kayapó

Locutora: Nada é mais marcante para um povo, para uma comunidade, do que sua cultura. O conjunto de tradições, de condutas e de expressões artísticas ajuda a determinar a identidade das pessoas.

Comidas e trajes típicos, danças e estilos de música próprios, a história e os costumes são os elementos que, juntos, formam a cultura de uma nação.

Áudio com música de mulheres da tribo Kayapó

Locutora: Entre todos esses elementos, vale destacar a língua, um dos grandes pilares da cultura de um povo. A língua que falamos não é apenas um conjunto de regras gramaticais e palavras que se unem para que possamos nos comunicar. Tem a ver com quem somos, como vivemos e quais nossas tradições. Quando falamos ou escrevemos, a escolha de palavras traduz nossa origem, a forma como vemos o mundo e como queremos que as pessoas nos entendam.

Áudio com música de mulheres da tribo Kayapó

Locutora: O português que falamos no Brasil, apesar de ser um pouco diferente de região para região, é uma união da língua falada em Portugal, que vem do latim, com as línguas dos nossos povos originários. Nomes de locais, alimentos, animais e plantas comumente têm origem nos idiomas indígenas. Quer alguns exemplos?

Pipoca, tamanduá, Jaboatão dos Guararapes e samambaia.

Áudio com música de mulheres da tribo Kayapó

Locutora: Segundo dados do censo 2010 do IBGE, 274 línguas indígenas são faladas no Brasil por 305 etnias diferentes, sendo que 17,5% da população indígena não fala o português. Mas mesmo esses números parecendo tão altos, 190 dessas línguas indígenas estão correndo risco de desaparecer. Esse é o mapeamento que aparece no Atlas das Línguas em Perigo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Unesco, publicado em 2009. O êxodo rural e a ocupação indiscriminada da Amazônia são alguns dos fatores que estão levando ao desaparecimento dessas línguas.

Áudio com música de mulheres da tribo Kayapó

Locutora: E qual é o motivo de a preservação das línguas nativas ser tão importante? Um pequeno trecho do texto “Povos indígenas no Brasil mirim”, publicado pelo Instituto Socioambiental dá a resposta:

Vinheta musical

Narradora: “A diversidade das línguas é importante porque cada língua reúne um conjunto de conhecimentos únicos, saberes de um povo. Assim a perda de qualquer língua é, antes de tudo, uma perda para toda a humanidade.”

Vinheta musical

Locutora: Para manter viva não só a língua originária, mas preservar também a cultura de uma população, muitos povos indígenas ensinam tanto o português quanto a língua local às crianças. Ouça agora o depoimento de Adão Francisco Henrique, falante de Nheengatu, da etnia Baré.

Depoimento de Adão Francisco Henrique: “A língua para a gente é uma identidade. Onde vamos andar, seja na cidade, em outras comunidades, em outros povos, nós vamos falar a nossa língua.

Preservar nossa imagem, nossa cultura através da língua. Para isso, as crianças são ensinadas, alfabetizadas primeiramente com Nheengatu. Logo em seguida, aprendem português.”

Áudio com música de mulheres da tribo Kayapó

Locutora: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound. A entrevista com Adão Francisco foi veiculada no “Minuto IBGE”, programa da Rede Nacional de Rádio. O texto “Povos indígenas no Brasil mirim”, publicado pelo Instituto Socioambiental, pode ser encontrado no site mirim.org.

 

Leia o trecho do texto a seguir.

Como uma língua deixa de existir?

Uma língua está em risco de extinção quando ela deixa de ser transmitida de uma geração para outra; quando os falantes param de usá-la ou só a usam em um número pequeno de situações de comunicação.

Na maioria das vezes, a quebra da transmissão da língua se dá quando os pais ainda falam com seus próprios pais na língua materna, mas não fazem o mesmo com seus filhos.

A diversidade das línguas é importante porque cada língua reúne um conjunto de conhecimentos únicos, saberes de um povo. Assim, a perda de qualquer língua é, antes de tudo, uma perda para toda a humanidade.

reticências

POVOS indígenas no Brasil mirim. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2015. página 15.

Ilustração. Em primeiro plano, bustos de seis crianças dispostos lado a lado. Entre elas, há meninos e meninas com diferentes cores de cabelo e de blusa. Acima de cada uma das crianças há um balão de fala com a palavra olá em  línguas diferentes: italiano, árabe, inglês, francês, português e chinês. Ao fundo, a silhueta de um mapa-múndi.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.

5. Releiam a frase:

reticências Assim, a perda de qualquer língua é, antes de tudo, uma perda para toda a humanidade. reticências

Conversem com os colegas e expliquem por que o desaparecimento de uma língua é uma perda para a humanidade.

Línguas se mesclam

No Brasil, a língua portuguesa possui muitas palavras que têm origem em idiomas dos povos originários e dão nome a alimentos, plantas, animais, lugares etcétera Descubra algumas palavras derivadas das línguas indígenas que foram incorporadas ao nosso vocabulário.

Ilustração. Uma cumbuca arredondada em tons de amarelo e com líquido branco na parte interna. Ao lado, uma colher marrom contendo um pouco de mingau.

Mingau mi-caú = feito de papas. Papa de farinha de trigo ou de mandioca.

Ilustração. Alimento em formato retangular envolto em casca de milho verde, amarrado nas duas extremidades por um cordão branco. Acima, a palavra PAMONHA.

Pamonha apá-mimõia = envolvido e cozido. bôlo de milho verde, leite de coco, manteiga, canela, erva-doce, açúcar e cozido nas folhas do próprio milho.

Ilustração. Diversas pipocas brancas.

Pipoca pi(ra) = pele; poca = rebentar; a pele rebentada. É o produto dos grãos de milho estourados/arrebentados em panela, no calor do fogo (eles explodem quando aquecidos).

Ilustração. Um tamanduá com pelo preto e bico fino e comprido inclinado para o chão.

Tamanduá ta-monduá = o caçador de formiga. Habita regiões da América Central e América do Sul. No Brasil, é encontrado principalmente na região Centro-Oeste. Alimenta-se de formigas e de cupins que apanha com sua longa língua.

Ilustração. Um tucano com  bico largo, longo e amarelo com mancha preta. Na região abaixo dos olhos, as penas são brancas; no restante do corpo, são pretas.

Tucano tu-can = que bate forte. Seu bico é muito grande, quase com o tamanho do resto do corpo e é oco. Alimenta-se principalmente de larvas, ovos e frutas.

Fonte: DICIONÁRIO Ilustrado Tupi Guarani. Disponível em: https://oeds.link/zhjP5h. Acesso em: 9 abril 2022.

Imagens fora de proporção real.

Ícone de atividade em grupo.
  1. Que tal descobrir palavras de origem indígena? Para a atividade, sigam as orientações.
    1. Pesquisem em livros ou na internet três palavras de origem indígena que utilizamos no dia a dia.
    2. Investiguem e descrevam a que língua essas palavras pertencem e o significado delas. Façam desenhos para ilustrar cada palavra.
    3. Compartilhem os resultados das investigações com os colegas da turma.

COSTUMES E TRADIÇÕES INDÍGENAS

Os uaiãpí são um povo originário de aproximadamente uma duzentas pessoas distribuídas em 48 aldeias no Brasil (nos estados do Pará e do Amapá) e na Guiana Francesa, país que faz fronteira com o Brasil.

Fotografia. Destaque para quatro homens indígenas de diferentes idades, sem camisa e usando saias vermelhas. Alguns deles possuem partes do corpo pintadas com tinta preta. Eles estão em pé e tocam flautas finas feitas de bambu.
Comunidade uaiãpí, na aldeia Mariry. Amapá, 2019.

Para os uaiãpí, dar o nome a um bebê recém-nascido é algo de grande importância, pois eles acreditam que, se o nome não for dado lógo que a criança nasce, ela pode adoecer e até mesmo morrer. Na maior parte das vezes, são os avós ou os pais que escolhem os nomes dos recém-nascidos e, geralmente, são os mesmos nomes de seus antepassados.

Este texto descreve como o nome é algo pessoal para os uaiãpí e não pode ser pronunciado sem cuidado.

Fotografia. Destaque para quatro homens indígenas adultos vestindo saias vermelhas, vistos de costas e apoiados sobre uma mureta feita de tijolos. Entre eles, há uma criança indígena vista de frente e outra vista de costas e sentada na mureta. Ao fundo, há uma lousa e alguns cartazes fixados na parede.
Comunidade uaiãpí, Serra do Tumucumaque. Amapá, 2019.

reticências

Quando ainda é criança, a gente pode chamar a pessoa pelo nome.

Quando é jovem ou já está começando a ficar adulta, é impossível chamar a pessoa pelo nome próprio, senão ela fica brava.

Quando a pessoa está longe, daí pode chamar pelo nome.

Quando ela está perto, não pode chamar pelo nome.

Existe outro jeito de chamar a pessoa sem ser pelo nome.

Chamamos as pessoas pela relação de parentesco.

Existem palavras certas para diferenciar qualquer pessoa da comunidade.

Tem palavras usadas só pelas mulheres e outras usadas só pelos homens. Para nós, existem mais de 60 palavras diferentes para tratar e respeitar cada pessoa do jeito certo.

reticências

apina – Conselho de Aldeias uaiãpí. Jane Reko Mokasia: Organização Social uaiãpí. Disponível em: https://oeds.link/zay1Dr. Acesso em: 9 abril 2022.

Ícone de atividade em grupo.
  1. sôbre a escolha do seu nome, responda às perguntas no caderno.
    1. Quem escolheu o seu nome? Você sabe quais foram as razões para escolhê-lo?
    2. Tem alguém que você chame por um nome especial e carinhoso? Quem? Por que você chama essa pessoa assim?
Ícone de atividade oral.

c. Com a orientação do professor, conversem e compartilhem as respostas elaboradas.

Arte cussíua

Os uaiãpí decoram o corpo e os seus objetos com muita criatividade, como se pode ver nas imagens a seguir. A pintura corporal e a arte gráfica deles são chamadas de arte cussíua. Por meio dela, eles expressam suas tradições e lendas, que ressaltam a diversidade de seres que habitam o Universo.

Fotografia. Destaque para três homens indígenas adultos vistos de costas; em suas costas, há pinturas feitas com linhas pretas e formas triangulares e linhas finas e grossas. O indígena em primeiro plano veste uma bandoleira feita de miçangas brancas.
Exemplo de pinturas e adornos utilizados pelos uaiãpí. Amapá, 2009.
Fotografia. Homem indígena de cabelo curto está de costas e sentado à mesa, onde há computador, impressora e caderno. Em suas costas, há desenhos feitos com linhas pretas grossas e formas triangulares. Ao fundo, algumas pessoas sentadas e vistas de frente e de perfil.
Indivíduo uaiãpí. Amapá, 2014. Na imagem, é possível observar alguns adornos, como a bandoleira de miçangas e a pintura corporal.

A pintura corporal é uma atividade do cotidiano dos uaiãpí. Geralmente, os homens são pintados pêlas esposas e as esposas, pelos maridos. Os rapazes e as moças pintam o próprio corpo com o auxílio de espelhos e as mães enfeitam o corpo dos filhos pequenos.

Em ocasiões de festas, como na Festa do Pacu Açu, além das pinturas corporais, os uaiãpí enfeitam-se com colares, bandoleirasglossário glossário e outros adornos de arte plumária.

Fotografia. Destaque para cestos redondos, grandes e em tons de marrom; nos cestos, há linhas pretas retas, onduladas e formando quadrados.
Cestos produzidos pelos uaiãpí que compõem a Coleção da Fundação Memorial da América Latina. São Paulo, 2005.

A arte cussíua, que recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterialglossário da Humanidade em 2003, é utilizada para decorar peças de cerâmica e de tecelagem, como bolsas, tipoiasglossário e cestos, como representado nas fotografias.

Ícone de atividade oral.

8. Com a orientação do professor, descrevam as ocasiões em que vocês enfeitam seu corpo.

Ícone de atividade em grupo.
  1. Citem o tipo de adornos ou enfeites que vocês utilizam e o tipo de material com os quais eles são produzidos.
  2. Citem alguns costumes e tradições de suas famílias ou de suas comunidades em que esses adornos ou enfeites são utilizados.

Pintura corporal entre os uaiãpí

Para decorar o corpo, os uaiãpí produzem três cores de tinta: o vermelho-claro, o vermelho-escuro e o preto-azulado.

Fotografia. Destaque para quatro sementes marrons e grandes dentro de uma cápsula branca.
Fotografia. Destaque para sementes vermelhas e pequenas dentro de cápsulas arredondadas e com cascas de fios finos e vermelhos.
Fotografia. Destaque para sementes pequenas e redondas em tons de marrom e bege; a casca é marrom e a polpa é verde.
Nas imagens, sementes de andiroba (1) e de urucum (2) e um fruto verde de jenipapo (3). Além dos uaiãpí, outras comunidades indígenas utilizam esses materiais para produzir tinta.

O vermelho-claro é feito de uma mistura de sementes de urucum amassadas e gordura animal ou óleo de semente de andiroba, e o vermelho-escuro é preparado com diversas resinasglossário e sementes de urucum. O preto-azulado é elaborado com suco de jenipapo verde misturado com carvão.

Os símbolos desenhados no corpo dos uaiãpí são feitos com pincéis, finas lascas de bambu ou talos de folhas de palmeira com fios de algodão enrolados nas pontas.

O conjunto de símbolos que se repetem constantemente nos desenhos são denominados padrões gráficos. Na arte cussíua muitos dêsses padrões são inspirados em animais. Veja alguns.

Ilustração. A imagem representa uma padronagem. Em fundo branco, são apresentadas oito linhas horizontais paralelas em cor preta. Entre cada par de linhas, desenhos repetidos formam padrões. Usam-se formas e linhas em tons de preto, vermelho, azul, verde, amarelo e preto e branco.
Ilustração. A imagem representa uma padronagem. Nas extremidades, há um fio preto emoldurando a obra com desenhos repetidos que formam padrões. No centro, há fios pretos que formam vários losangos dentro de outros. Eles são divididos ao meio por uma linha grossa vermelha. A parte central dos losangos é simétrica. Dentro dos losangos, há padrões geométricos, especialmente triangulares. Usam-se formas e linhas em tons de preto, branco, azul e vermelho.
Ilustração. A imagem representa uma padronagem. Ao centro, há três losangos um dentro do outro. Acima e abaixo, de forma quase simétrica, há formas triangulares e retangulares com padrões de mesma forma em seu interior. Nas laterais, há formas triangulares e linhas  que apontam para o centro da imagem. Usam-se formas e linhas em tons de vermelho, verde, laranja e preto.
Ilustração. A imagem apresenta um selo dos Correios. Em um fundo amarelo, há  uma moldura contendo formas triangulares que se repetem e formam um padrão. Ao centro, há seis linhas retas pretas na diagonal. Em cada par de linhas, desenhos repetidos formam padrões. Acima e abaixo dessas linhas, há um triângulo verde. Usam-se formas e linhas em tons de verde, vermelho, preto e laranja.
Padrões gráficos de arte cussíua inspirados em diferentes animais: espinha de peixe (1); espinha de cobra (2); pernas de rã (3); borboleta (4).

11. Escolha um padrão identificado na pele de um animal e elabore um desenho tendo como inspiração padrões gráficos da arte cussíua.

Versão adaptada acessível

Atividade 11. Escolha um padrão identificado na pele de um animal e represente-o tendo como inspiração padrões gráficos da arte cussíua.

Pintura corporal em diferentes povos

Para os povos originários do Brasil, as pinturas corporais apresentam muitos sentidos. Elas podem estar associadas a rituaisglossário de proteção dos indivíduos ou da comunidade, cerimônias relacionadas com casamento, cura de doenças ou luto, ou às funções de guerra e religião.

Conheça agora um texto que apresenta rituais de pintura corporal de diferentes povos no Brasil.

reticências Entre os Kayapó, reticências do Pará, a aprendizagem tem início com o nascimento do primeiro filho. Pintar o corpo da criança é parte do processo de socialização.

As mães passam horas pintando, aprendendo, explorando e inventando diferentes padrões visuais. reticências

Se entre os Kayapó-Xikrin a pintura facial é feita com uma delicadeza especial, para os cachináua, habitantes do Acre reticências, a pintura facial de meninos e meninas no ritual de passagem para a puberdade deve ser feita com linhas grossas e imprecisas, por considerarem que elas protegem com mais eficácia o corpo em transformação.

Entre os cadiuéu, grupo reticências que vive no Mato Grosso, na fronteira com o Paraguai, a pintura corporal facial é bastante sofisticada. reticências

Cada grupo possui um repertório próprio de técnicas e padrões que se encontram estreitamente associados à sua organização social, à sua cosmologiaglossário e às relações que o grupo mantém com elementos da natureza, com o mundo sobrenatural e também seus inimigos. Mais do que um simples ato de decorar ou enfeitar o corpo, a pintura corporal reflete um modo específico de pensar e estar no mundo.

reticências

MARTINS, Alberto; KOK, Gloria. Roteiros visuais do Brasil: artes indígenas. São Paulo: Claro Enigma, 2014. página 65-67.

Para ampliar

POVOS indígenas no Brasil mirim. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2015. A obra apresenta informações sôbre alguns dos 246 povos indígenas que vivem atualmente no Brasil.

Fotografia. Destaque de uma mulher indígena com o rosto pintado com linhas pretas: na bochecha, há linhas horizontais retas e tracejadas; ao redor da boca e na testa, linhas circulares; no queixo, linhas retas na vertical.
Adolescente cadiuéu com pinturas corporais tradicionais, em Porto Murtinho. Mato Grosso do Sul, 2015.
Fotografia. Destaque para um homem indígena com o rosto e o corpo pintado. Na sua testa e em sua bochecha esquerda, há desenhos com linhas circulares; nos braços, há uma padronagem com linhas retas pretas e formas triangulares; em seu peito, pinturas simétricas vermelhas com linhas pretas.
Adolescente cadiuéu se pintando, em Porto Murtinho. Mato Grosso do Sul, 2015.
Fotografia. Destaque para o rosto de uma menina vista de lado; em sua bochecha, há um quadrado desenhado feito com linhas pretas e finas e, dentro dele, desenhos que se repetem e foram um padrão; ao redor dos olhos, há uma pintura vermelha horizontal.
Criança kayapó sendo pintada, em São Félix do Xingu. Pará, 2016.
Fotografia. Destaque para o rosto de uma menina; ela está com as bochechas, o nariz e ao redor dos lábios pintados com linhas pretas retas e circulares e com formas que se repetem. Na testa, ela usa uma faixa com linhas retas coloridas que também formam um padrão.
Menina caxinauá em Jordão. Acre, 2021.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
  1. sôbre as pinturas corporais dos povos originários, descrevam:
    1. o que elas refletem;
    2. a que elas estão associadas.

VAMOS FAZER

Padrões gráficos indígenas

Para realizar as composições artísticas das pinturas corporais que foram apresentadas anteriormente, os diferentes povos que estudamos combinam alguns padrões gráficos. Agora é a sua vez de compor alguns padrões gráficos.

Ilustração. Destaque para uma cartolina amarela com desenhos que formam um padrão composto de linhas horizontais pretas e retas e triângulos entre os pares de linhas.
Ilustração. Um menino de cabelo encaracolado, usando camiseta roxa, calça jeans, está de joelhos no chão, pintando o desenho da cartolina: triângulos em laranja e as linhas retas de verde.

Material

  • Lápis grafite.
  • Folha de papel sulfite a quatro.
  • Canetas hidrográficas (cores variadas).

Como fazer

  1. Observe novamente os padrões gráficos dos povos apresentados nas páginas deste capítulo e identifique o que eles retratam e representam. Relembre que esses padrões são associados à organização social, aos rituais, às cerimônias ou às relações que o grupo mantém com elementos da natureza.
  2. Planeje a composição de padrões gráficos. Para isso, pense nas fórmas, nas cores e nos padrões que se relacionam com o seu modo de pensar e estar no mundo. Considere festas, rituais ou mesmo a fauna e a flora do lugar onde você reside.
  3. Reflita sôbre em quais situações, rituais ou cerimônias você utilizaria os padrões gráficos que planejou.
  4. Após a reflexão, utilize o lápis grafite e a folha de papel sulfite para desenhar os padrões gráficos planejados.
  5. Finalize o desenho cobrindo as linhas com caneta hidrográfica colorida ou pinte os espaços entre elas.
  6. Com a orientação do professor, exponha seu trabalho na sala de aula para que os colegas possam apreciá-lo.
  7. Para finalizar, após a exposição, converse com o professor e os colegas sôbre os diferentes resultados obtidos.
Ilustração. Um menino de cabelo encaracolado, usando camiseta roxa e calça jeans; está em pé e segura uma cartolina amarela apresentando uma pintura com padronagem composta de formas triangulares laranja e, entre elas, linhas retas verdes; em frente a ele há dois alunos sentados nas carteiras com cadernos abertos e olhando na direção da cartolina.

VAMOS CONHECER MAIS

Arte indígena anônima

Elaborada ao longo dos séculos por muitos grupos indígenas, as obras de arte tradicionais apresentam algo em comum: todas estão associadas à natureza e aos costumes dêsses grupos. Além disso, grande parte das produções artísticas indígenas é feita por artistas anônimos, ou seja, que não são conhecidos, e a obra não leva a assinatura do autor. Para saber mais sôbre o tema, leia o texto e veja as imagens que destacam o trabalho de mulheres indígenas ceramistas.

reticências Utilizando o barro como principal matéria-prima, nossos índiosglossário – ou melhor: nossas índias, porque esse é um trabalho quase exclusivo das mulheres – produziram (e ainda produzem) uma variedade enorme de objetos, desde cumbuca para usar no dia a dia, até urna para enterrar os mortos.

A primeira coisa que a índia ceramista faz é pegar uma boa quantidade de barro na beira do rio, na margem do lago, na fonte de água mais próxima. Depois de limpar bem esse material, retirando pedrinhas, folhas mortas e outros detritos, ela o deixa de lado por alguns dias, para escorrer o resto da sujeira. Então começa a modelar a peça que tem em mente.

Fotografia. Uma mulher está em pé diante de uma mesa grande e modelando o barro para fazer um objeto. Ao lado dela, outra mulher a observa.
Fotografia. Destaque para duas mãos modelando um objeto de barro.
Artesã macuxi produzindo panela de barro, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Roraima, 2021.

Continua

Continuação

Para fazer um vaso, por exemplo, ela geralmente molda uma base redonda e chata, como um disco. Depois, com as mãos, fórma um cordão de barro e o prende em toda a volta dessa base redonda. A partir daí vai enrolando mais cordões e dispondo-os em círculos, um sôbre o outro, até obter o tamanho desejado. Ao mesmo tempo, vai alisando a peça com uma pedra, um osso, um caco de cabaça, uma concha. Também pode ir criando desenhos, com reentrâncias e saliências. Para isso se vale dos dedos, de um pauzinho, de uma corda – enfim, do que tiver a mão e do jeito que a imaginação sugerir.

No fim dessa etapa, cava um buraco no chão, amontoa nele uma porção de galhos secos e põe fogo. Quando restam apenas brasas, coloca a peça de barro cru diretamente sôbre elas, cobre-a com mais galhos secos e torna a acender a fogueira. A peça cozida pode ser usada tal como sai do fogo, mas também pode ser pintada. Nesse caso, a ceramista geralmente usa suco de urucum, suco de jenipapo e carvão vegetal. reticências

feist, ríldegár. Arte indígena. São Paulo: Moderna, 2010. página 6-7.

Fotografia. Destaque para uma mulher vista de cima segurando um objeto redondo de cerâmica e o pintando de laranja .
Mulher uaurá pintando cerâmica artesanal, Aldeia Piyulaga em Gaúcha do Norte. Mato Grosso, 2019.
Ícone de atividade oral.

1. O que são artistas anônimos?

Ícone de atividade em grupo.
  1. As peças de cerâmica apresentadas no texto são elaboradas em um processo artesanal. Com a orientação do professor, relatem e organizem as etapas de produção dessas peças.
  2. Para ampliar as informações sôbre a arte indígena, com a orientação do professor, investiguem em livros, revistas ou na internet outros exemplos de peças e objetos artísticos e construam um relato sôbre eles.

eu vou APRENDER Capítulo 2

Histórias e rituais

Considerada uma importante fórma de expressão e comunicação, a arte reflete e retrata as necessidades, as crenças e os desejos das pessoas. Além disso, as manifestações artísticas oferecem recursos para entendermos a história de povos e grupos em diferentes épocas e lugares. A arte rupestreglossário é um exemplo de que o ser humano apresentou necessidade de se expressar e de se comunicar há muito tempo.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
Observem a pintura rupestre a seguir e descrevam o que, para vocês, ela representa.
Fotografia. Destaque para uma parede de caverna em tons de azul; sobre ela há uma pintura rupestre em tons de vermelho retratando formas humanas e animais.
Pintura rupestre em Kolo. Tanzânia, 2007.

ARTE RUPESTRE

As pinturas rupestres foram realizadas em diferentes tempos, por pessoas diferentes e com histórias diferentes, e não é possível afirmar com exatidão o que seus autores queriam expressar, porém, estudos e pesquisas recentes apontam algumas hipótesesglossário a respeito dos seus significados.

De acôrdo com estudos da Arqueologiaglossário , o domínio do fogo pelos seres humanos durante o período da Pré-História foi decisivo, pois possibilitou a conquista de territórios que apresentavam baixas temperaturas e climas frios, o afastamento de animais predadores e a preparação de alimentos, entre outras atividades que melhoraram as condições de sobrevivência. O ser humano passou, então, a registrar, em fórma de gravura ou pintura, pensamentos, limites, conquistas, medos, entre outras ações e sentimentos.

Não é possível afirmar se essas imagens tinham intenção artística, porém existem indícios de que as pinturas rupestres foram a fórma encontrada por aquelas pessoas para preservar tradições e representar alguns dos seus rituais.

Fotografia. Destaque para uma parede de caverna amarelada; sobre ela há a silhueta de diversas mãos abertas.
Pintura rupestre em Santa Cruz. Argentina, 2010.
Arte rupestre no Brasil

Os sítios arqueológicos são os locais onde existem vestígios da ocupação humana no passado distante. Esses lugares apresentam importância para a compreensão da história do ser humano. De acôrdo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Ifã, existem cêrca de 24 mil sítios arqueológicos cadastrados no Brasil.

O Parque Nacional da Serra da Capivara, por exemplo, nos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias, no estado do Piauí, abriga cêrca de 900 sítios arqueológicos, sendo mais de 500 deles de arte rupestre. Em 1991, o Parque Nacional foi declarado Patrimônio Cultural pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Fotografia. Destaque para uma ponte margeando uma montanha marrom com diversas pedras. No centro da ponte, há uma pessoa em pé.
Turista visitando o Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato. Piauí, 2018.
Fotografia. Destaque para uma mulher de cabelos grisalhos e curtos, usando camiseta branca e calças jeans; ela está entre diversas pedras em tons de marrom.
niêd guidôn trabalhando em uma escavação no Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato. Piauí, 2005.

Foi por iniciativa da arqueóloga niêd guidôn que, em 1978, o governo brasileiro criou o Parque Nacional da Serra da Capivara. Seus estudos provaram a presença humana nas Américas muito antes do que se havia pensado anteriormente e suas descobertas ganharam destaque internacional em 1986.

No Parque Nacional, há mais de 30 mil pinturas que mostram um pouco do cotidiano de homens e mulheres que podem ter sido os primeiros brasileiros, com cenas de caça, de dança e de diferentes animais. Na localidade, foram encontrados esqueletos humanos datados de 10 mil anos e fósseis de animais extintos há muito tempo, como tigres-dentes-de-sabre e preguiças-gigantes, além de cerâmicas e artefatos de uso cotidiano.

Fotografia. Destaque para uma parede de pedra em tom marrom e cinza; sobre ela há pinturas rupestres de formas arredondadas e grandes; ao lado há silhuetas humanas, pequenas e finas.
Pinturas rupestres na Toca do Paraguaio, no Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato. Piauí, 2018.
Fotografia. Diversas pessoas estão em pé diante de uma mesa com tábuas e objetos e pedras sendo expostos. Ao fundo, há três telas com molduras pretas e imagens de reproduções de animais.
Pessoas observando acervo da extinta fauna brasileira no Museu da Natureza, no entôrno do Parque Nacional da Serra da Capivara, em Coronel José Dias. Piauí, 2019.
Ícone de atividade oral.

1. Citem o que as hipóteses e os estudos sôbre as pinturas rupestres registram.

Ícone de atividade em grupo.

2. Se vocês tivessem que elaborar pinturas sôbre o momento em que vivemos, que imagens deixariam para as futuras gerações?

ARTE E LÍNGUA PORTUGUESA

Pintores pré-históricos

Leiam juntos uma aventura imaginária que busca retratar a história e as emoções de seres humanos no período pré-histórico em suas empreitadas pela sobrevivência.
Ilustração. Silhueta de um elefante redondo, trombas inclinadas para baixo e com chifres grandes inclinados para o alto.
Ilustração. Silhueta de um lagarto.
Ilustração. Silhueta de uma pessoa em traços finos segurando um arco e flecha apontado para frente.
Ilustração. Silhueta de uma onça saltando para frente.
Ilustração. Silhueta de uma cobra em linhas sinuosas.

reticências

Quando o fogo de suas tochas clareou as paredes de pedras afundadas na cavidade sombria, no meio do nada de tudo o que ainda estava para ser feito, a caverna escura transformou-se em Arte.

Diante deles, no teto e nas paredes rochosas, as pinturas rupestres enchiam-lhes os olhos com sua surpreendente beleza.

Provavelmente, elas vieram se acumulando durante séculos. Pinturas em tons negros, vermelhos, azuis, marrons e amarelos muito vivos. Figuras humanas, bisontes, cavalos e cervos.

Eram imensas. Alguns animais chegavam a ter até cinco metros de largura.

Também havia marcas de mãos assinalando seu domínio e vários sinais, registros simbólicos, que com certeza eram repletos de significados.

Em um canto abaixo das pinturas estavam os instrumentos e os pigmentos utilizados pelos pintores primitivos.

Cada um deles pegou uma pequena pedra lascada na ponta e, em atrito com a rocha, pedra contra pedra, foi fazendo incisões que formavam o contôrno de um animal.

Aquele trabalho rude, mas ao mesmo tempo paciente e delicado, ganhava um movimento encantado em suas mãos rústicas.

sôbre os sulcos do desenho, eles iam colocando o carvão dos galhos queimados, que, dissolvido na gordura animal, adquiria um tom preto-escuro, de um brilho intenso.

Imagens fora de proporção real.

Continua

Continuação

Ilustração. Silhueta de um esqueleto de peixe.
Ilustração. Silhueta de um animal com quatro patas e  com chifres grandes inclinados para trás.
Ilustração. Silhueta de um animal com quatro patas e dois chifres pequenos.
Ilustração. Silhueta de um animal com quatro patas e com dois chifres grandes e enrolados.

Suas tintas eram pigmentos naturais extraídos da própria terra, como o pó do óxido de ferro avermelhado que encontravam nas cavernas, ou os amarelos, ocres e marrons da lama sêca.

Apropriados do poder que lhes trazia o ato de pintar, mergulhavam seus dedos nos pigmentos e espalhavam a tinta com as mãos, cobrindo as rochas com as cores encharcadas pêlo óleo dos animais. Depois, com os seus pincéis rudimentares, feitos de penas e pelos de animais, finalizavam os detalhes mais delicados.

Dominavam o trabalho com uma habilidade surpreendente e revelaram, nas pinturas, um conhecimento extraordinário sôbre sua técnica precisa.

Por certo, esse era um ritual de grande importância e respeito.

Suas pinturas, extraordinariamente naturalistas, nos falam com clareza do que pretendiam na representação fiel daqueles animais. Certamente os homens acreditavam que, ao representá-los de fórma tão realista, podiam possuí-los e dominá-los. Era como se, a partir das imagens, pudessem antecipar o resultado desejado, a caça indispensável à sobrevivência.

Suas pinturas e suas vidas eram uma coisa só, às quais tinham que prestar conta de sua luta contínua e incansável na construção do mundo.

reticências

rochaél, Denise. Testemunha calada. São Paulo: Cortez, 2014. página 29-30.

Imagens fora de proporção real.

Ícone de atividade em grupo.
Identifiquem no texto os trechos que descrevem:
  1. as imagens que se evidenciam nas pinturas rupestres;
  2. os materiais e os pigmentos utilizados como tintas para as pinturas;
  3. as técnicas utilizadas para pintar;
  4. em que os seres humanos acreditavam ao representar os animais nas pinturas.

O MÁGICO E O SAGRADO NA ARTE

A arte sempre esteve presente na história do ser humano. No passado, muitas das manifestações artísticas estavam relacionadas com a vida das pessoas. Havia uma ligação entre elas e o reconhecimento dos ritos presentes no cotidiano.

Como vimos anteriormente, os primeiros humanos acreditavam que as pinturas rupestres tinham a função de facilitar a caçada ou até de afastar animais ferozes. Desde as épocas mais remotas, uma das funções da arte era reconhecer algo sagrado ou mágico no dia a dia, como caçar, plantar e colhêr, ou o nascimento e a morte, entre outros aspectos da vida. Tal magia, para esses grupos, baseava-se em ritos ou cerimônias que evidenciam, por exemplo, a relação entre divindadesglossário e seres humanos ou a passagem entre o mundo dos vivos e dos mortos.

Conheça alguns aspectos da arte dos egípcios, que nasceu antes de 3000 antes de Cristo, e se relacionava a temas essenciais para eles, como a vida após a morte. A maior parte das estátuas, pinturas, monumentos e obras arquitetônicas manifesta temas sagrados voltados para a perpetuação do espírito humano.

Fotografia. Destaque para pintura em parede em tons de marrom, amarelo e bege com hieróglifos. No centro de um barco há um ser cujo corpo é de homem e a cabeça, de animal. Ao seu redor há uma moldura dourada em formato retangular. À sua frente e atrás dele há outras pessoas. Todos estão em pé e são representados com olhos e troncos vistos de frente; cabeças, pernas e pés, vistos de perfil. À frente da embarcação há duas serpentes. Atrás, dois remos.
Barco sagrado que conduziria o falecido faraó Ramsés nono em seu caminho na busca pela vida eterna. Tumba de Ramsés nono (cá vê seis), no Vale dos Reis, lúcsor. Egito, 2018.
Fotografia. Em primeiro plano, destaque para uma tumba marrom com vidro transparente; dentro dela, há uma múmia. Ao fundo, há uma pintura egípcia na parede, representando o faraó Tutancâmon sendo recebido por Osíris. A pessoa representada no centro da imagem segura um cetro, um tipo de bastão, e um ankh, ou seja, uma cruz com um laço acima. Na pintura, as cores predominantes são branco, marrom, amarelo, bege e azul. As pessoas são representadas com olhos e troncos vistos de frente; cabeças, pernas e pés vistos de perfil.
Pintura no túmulo do faraó Tutancâmon que o retrata sendo recebido por Osíris, conhecido como deus dos mortos. Vale dos Reis, lúcsor. Egito, 2018.

Em muitas das pinturas egípcias, as cores tinham importância simbólica. Observe o que elas representavam nas pinturas que destacamos.

Preto: a morte e a vida após a morte.

Amarelo ou dourado: o Sol e seu poder de revitalização.

Azul: a água e o céu.

Verde: elementos da natureza e a vegetação.

Vermelho: o sangue e a fôrça da vida.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Pensando no lugar onde vocês moram e nos aspectos culturais e nas cerimônias das suas famílias e da comunidade onde vocês estão inseridos, que cores vocês utilizariam para representar em uma pintura:
    1. a fôrça da vida;
    2. os aspectos relacionados aos rituais de nascimento e de morte.
  2. A função mágica da arte não estava presente apenas na cultura dos povos antigos, mas também está contida nas manifestações artísticas e na indústria do entretenimento na atualidade. Com a orientação do professor, conversem sôbre filmes, histórias em quadrinhos ou videogames que vocês conhecem, nos quais a magia é retratada nos enredos que apresentam seres fantásticos ou divindades com poderes sobrenaturais.

RITOS E RITUAIS

Rito é uma palavra utilizada para se referir ao conjunto de crenças estabelecidas para um evento ou cerimônia. Realizados de maneira individual ou coletiva, os ritos são práticas repletas de significados baseados nas ideias e costumes das pessoas que o realizam. Para colocar em prática o rito, são utilizados rituais. Em muitas sociedades, são comuns os rituais de nascimento, casamento ou morte das pessoas. Veja um exemplo de ritual fúnebre, o Kuarup.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Os ritos e os mitos na cultura

Locutora: Os ritos e os mitos na cultura.

Vinheta musical

Locutora: Você já parou para pensar na diferença entre ritos e mitos?

Os ritos são práticas individuais ou coletivas cheias de significados para um povo. Normalmente, são eventos ou cerimônias que mobilizam a comunidade e envolvem trajes especiais, pinturas corporais e músicas específicas para aquele momento.

Para que os ritos sejam colocados em prática, são utilizados rituais, que são comuns em momentos marcantes da vida de uma pessoa, como o nascimento, casamento ou a morte de alguém.

Entre os Karajá, existe um rito para marcar e celebrar a passagem da infância para a adolescência, chamado Hetohoky. Segundo uma reportagem publicada pelo portal G1 em 17 de março de 2018:

Vinheta musical

Narradora: “As crianças indígenas são preparadas para o ritual por cerca de um mês. A preparação inclui ida para a floresta, onde, como parte do ritual, os meninos aprendem a caçar, pescar e valorizar os bens da natureza de onde a aldeia tira o sustento para a família.”

Vinheta musical

Locutora: Ficou curioso para ver alguns desses rituais? Hoje, graças à internet, podemos ter acesso a vários registros de diferentes povos ao redor do mundo.

Locutora: Os mitos são histórias usadas para transmitir conhecimentos, explicar fatos sobre a vida e a morte, a origem de um povo e até mesmo para entender fenômenos da natureza.

Esse recurso, muito utilizado pelos povos antigos e pelos povos originários, faz parte da tradição oral e garante que a cultura de um grupo não se perca no tempo.

Vinheta musical

Locutora: Em países da África Ocidental, por exemplo, o griot é uma pessoa que atua em cerimônias sociais ou festivais narrando mitos e histórias para o restante da comunidade.

Aqui no Brasil, os mitos contados pelos povos originários nos explicam a gênese de diversos elementos da natureza. Como a história da guerreira Naiá, que se apaixonou pela Lua e, ao ver o reflexo de sua paixão em um rio, por lá ficou, transformando-se no que conhecemos como vitória-régia, a grande flor amazônica.

Outro mito mostra o porquê de a fruta do guaraná se parecer com pequenos olhos. Tudo começou quando Jurupari, uma entidade do mal, se transformou em serpente e picou um menino que colhia frutas para sua tribo. Tupã, então, mandou que os pais da criança enterrassem os olhos do filho no chão da tribo e de lá nasceu um pé de guaraná.

Você conhecia alguma dessas histórias?

Vinheta musical

Locutora: Agora que você já sabe um pouquinho sobre o significado de ritos, mitos e rituais, consegue lembrar se conhece algum deles?

Vinheta musical

Locutora: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound. A reportagem sobre o Hetohoky do G1 de Tocantins, publicada em 17 de março de 2018, pode ser conferida na íntegra no site g1.globo.com.

reticências

O Kuarup ocorre sempre um ano após a morte dos parentes indígenas. Os troncos de madeira representam cada homenageado. Eles são colocados no centro do pátio da aldeia, ornamentados, como ponto principal de todo o ritual. Em tôrno deles, a família faz uma homenagem aos mortos. reticências

ECOAMAZÔNIA. Kuarup – o ritual fúnebre que expressa a riqueza cultural do Xingu. órgui ponto bê érre. [sem local], 6 agosto 2018. Disponível em: https://oeds.link/7s1NUQ. Acesso em: 8 agosto 2022.

Fotografia. Vista de cima de uma aldeia indígena. Em primeiro plano, na diagonal da imagem, há uma fila indiana extensa de indígenas em pé e olhando para a frente; eles vestem trajes coloridos. Ao redor deles, uma imensidão de terra marrom. Em segundo plano, ao fundo, algumas ocas e vegetação verdes.
Ritual Kuarup no Parque Indígena do Xingu, em Querência. Mato Grosso, 2021.
Fotografia. Destaque para um indígena de cabelos avermelhados pintando o tronco de uma árvore com um pincel. Ele desenha uma imagem preta e branca com formas que se repetem, formando um padrão.
Indivíduo kuikuro pintando tronco de madeira que simboliza os mortos homenageados durante a cerimônia do Kuarup, em Querência. Mato Grosso, 2021.
Ritos de passagem ou de iniciação

Os ritos de passagem ou de iniciação são procedimentos que simbolizam ou dramatizam orientações para as pessoas sôbre as etapas de sua vida. Muitos deles revelam aos participantes quais são os seus papéis, que trabalhos devem realizar e quais são as regras que precisam seguir para que se sintam integrados na comunidade.

Em determinadas comunidades indígenas, alguns ritos submetem os participantes a situações de dores físicas, em geral, com o objetivo de ganharem fôrça e resistência. Além disso, os ritos servem para torná-los transmissores da cultura e dos conhecimentos que devem ser propagados às futuras gerações.

Fotografia. Destaque para duas pessoas ao centro da imagem usando roupas de feno cobrindo o corpo inteiro e a cabeça. Elas estão correndo na grama na direção de uma casa retangular de bambu e feno. Ao fundo, uma vegetação verde.
Ritual retorrôqui, que marca a passagem da adolescência para a vida adulta entre os Karajá, do qual participam meninos entre 13 e 14 anos, na Ilha do Bananal. Tocantins, 2001.
Leiam o texto que apresenta o ritual retorrôqui.

reticências é o maior ritual indígena entre os povos do Tocantins. As crianças indígenas são preparadas para o ritual por cêrca de um mês. A preparação inclui ida para a floresta, onde, como parte do ritual, os meninos aprendem a caçar, pescar e valorizar os bens da natureza de onde a aldeia tira o sustento para a família. reticências

INDÍGENAS fazem ritual para celebrar passagem da infância para a vida adulta. gê um-Tocantins, 17 março 2018. Disponível em: https://oeds.link/gOYFvQ. Acesso em: 6 abril 2022.

Ícone de atividade oral.
  1. Explique a importância dos ritos e dos rituais para os povos que observamos neste capítulo.
  2. Você já participou de algum ritual? Se sim, descreva-o e, se possível, compartilhe sua experiência com os demais colegas.
  3. Qual é a importância dêsses rituais para você e para a sua comunidade?
Ritos e máscaras
Fotografia. No canto direito, duas pessoas em pé usam máscara tribal de madeira com o rosto alongado, chifres altos e finos e vestimentas tradicionais em tons predominantes de rosa e azul. Ao fundo, há um grupo de pessoas sentadas e com vestimentas semelhantes. Atrás delas, há um muro e algumas construções feitas com cobertura de palhas.
Rito fúnebre dos Dogon, grupo étnico que habita o Mali, na África, em 2015. Nessa dança, os Dogon utilizam máscaras feitas, geralmente, de madeira e dançam para libertar as almas dos falecidos.

Os rituais são compostos de gestos, ações, palavras, entre outras fórmas de transmitir o rito. Muitos rituais são feitos em lugares considerados sagrados e utilizam ferramentas e objetos que apresentam valor simbólico, como roupas ou máscaras.

A máscara é considerada um elemento de ligação e de transformação utilizado em diversos ritos. Em algumas culturas, as máscaras são um veículo de experiências místicas e uma fórma de os ancestrais se comunicarem com os indivíduos de um povo ou um grupo.

Nos rituais, a máscara não é apenas um objeto de decoração ou enfeite. Ela simboliza a transformação momentânea do participante do rito em um ser mítico ou divindade simbolizada pela máscara. Nesse contexto, usar uma máscara significa tornar-se “outro”, estar a serviço de outra existência diferente daquela vivida no cotidiano.

Máscaras no teatro grego

O teatro da Grécia antiga surgiu por volta do século cinco antes de Cristo e teve suas origens ligadas a Dionísio, deus da vegetação, da fertilidade e do vinho, e seus rituais tinham um caráter festivo.

Nas festas dionisíacas, as máscaras, além de outros adereços, faziam com que os atores adquirissem um porte sobre-humano e fossem vistos de longe por todos os espectadores. Para os gregos, seria um desrespeito com os deuses se algum ator mostrasse o seu rosto ao representar uma divindade.

Como os teatros gregos eram espaços enormes e ao ar livre, alguns estudiosos afirmam que a máscara que os atores da Grécia antiga portavam permitia que a voz ressoasse melhor, atingindo todos os milhares de espectadores que frequentavam as festividades.

Nas manifestações teatrais mais antigas, as máscaras eram utilizadas para representar personagens femininos, como na Grécia antiga, já que as mulheres, por não serem consideradas cidadãs, não participavam das atuações.

Fotografia. Destaque para uma máscara bege, arredondada, de olhos arregalados, sobrancelhas arqueadas e a boca aberta.
Máscara de teatro trágico, da Grécia antiga, do século quatro antes de Cristo

VAMOS CONHECER MAIS

Teatro Nô

Fotografia. Uma pessoa de cabelo liso e preto, usando máscara de madeira com olhos finos, nariz largo e boca fina; ela veste um traje típico azul com detalhes em cinza e vermelho e está em pé; atrás dela, há um homem sentado e usando roupa e chapéu preto. Ao fundo, uma parede de madeira com decoração verde.
Teatro Nô na Ilha de itsucuchimá. Japão, 2019.
Fotografia. Destaque para uma máscara de madeira com olhos finos, nariz largo e lábios finos.
As máscaras de Nô são feitas de madeira e, por si só, consideradas obras de arte.

O teatro clássico japonês, chamado de Teatro Nô, é uma fórma que combina poesia, canto, música e mímica. Surgido no século catorze, é caracterizado pelos seus movimentos lentos e sutis e, na maioria das vezes, apenas o personagem principal atua com máscara e desempenha vários papéis, como guerreiros, mulheres, deuses ou demônios. Atualmente, existem dezenas de tipos de máscaras categorizadas de acôrdo com a função, o gênero e a idade dos personagens.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
Nos rituais e nas manifestações artísticas apresentados nesta e na página 42, as máscaras tinham outras funções além de enfeitar. Citem essas funções desempenhadas por elas.

MITOS

Os mitos são narrativas tradicionais utilizadas pelos povos antigos e pelos povos originários de diversos lugares para transmitir conhecimentos e explicar fatos sôbre as origens e mistérios da vida e da morte. Eles narram grandes acontecimentos sôbre as origens de animais, pessoas, costumes e culturas, que frequentemente incluem elementos religiosos e fantásticos.

Na tradição africana, o griô ou Dieli (que é como se autodenominam) atua em cerimônias sociais ou festivas narrando mitos e histórias para a comunidade. Eles são músicos, cantores e contadores de histórias que transmitem conhecimentos por meio da palavra e da oralidade.

Fotografia. Em um ambiente externo, há um tapete com detalhes em amarelo e vermelho no chão. Sobre ele, algumas pessoas estão sentadas. No centro do tapete, há um homem idoso vestindo um roupão branco, uma touca amarela e vermelha e segurando um cajado. Atrás dele, há um grupo de pessoas vestindo roupas coloridas; todos estão ouvindo atentamente o senhor.
Dieli griô em evento social narrando a história dos antepassados da Vila de cuquemnúrr. Burquina Fasso, 2007.

Por meio dos mitos, diversos povos contam suas crenças sôbre a origem do mundo e das coisas. Essas narrativas são chamadas de mitos de origem ou mitos de criação de elementos, materiais ou objetos da natureza. Existem diversos mitos que relatam o surgimento da noite, da mandioca, de animais, do arco-íris, dos rios e das matas, do vento e do fogo, entre outros.

Para a memória não se perder, os mitos são contados de geração a geração, muitas vezes no escuro da noite ao redor de uma fogueira. O ato de obter e dominar o fogo é algo muito valorizado, e existem vários mitos que retratam como foi realizada essa tarefa pelos seres humanos. Conheça alguns deles a seguir.

Para ampliar

OBEID, César. Quando tudo começou: mitos da criação universal. São Paulo: Panda búks 2015. Mitos da criação contados por diferentes povos, cada qual com suas crenças e tradições, mas com algo em comum: a busca de respostas para o grande mistério da origem do mundo e da vida.

A origem do fogo na mitologia grega

Mitologia é o estudo das origens e dos significados dos mitos. Muitos dos mitos que conhecemos são da mitologia grega, que reúne o conjunto de mitos e lendas da civilização grega do passado. Leia o mito grego sôbre a origem do fogo.

Ilustração. Um homem de cabelo curto e castanho, barba curta, de corpo robusto e forte, usando um pano vermelho ao redor do corpo. Ele está sorrindo e da sua mão esquerda aberta sai um fogo. Ao fundo, em tons de azul, cinza e branco, há o detalhe do rosto de um homem idoso com sobrancelha e barba  grisalhas e cenho franzido.
Ilustração representando Prometeu.

reticências Zeus decide esconder dos homens o fogo, antes disponível para todos, mortais e imortais, na copa de certas árvores – os freixos – porque Prometeu tentara tapeá-lo numa repartição da carne de um touro entre deuses e homens. Prometeu envolvera os ossos do animal em sebo, com a aparência de muita carne, e separara a carne num bucho pouco apetitoso. Zeus escolhera o primeiro embrulho para os deuses. Furioso reticências, esconde o fogo, o que é uma catástrofe para os homens, impedidos de cozinhar. Prometeu sobe ao céu com um galho de uma planta – o funcho –, rouba uma semente do fogo de Zeus e a traz para a terra ardendo no funcho. Prometeu distribui o fogo entre os homens, novamente provocando a ira de Zeus reticências.

O fogo que redescobrem não é o mesmo que Zeus escondeu. O de Zeus é o fogo celeste, que nunca enfraquece, um fogo imortal. O fogo roubado por Prometeu, que vem de uma semente de fogo, é um fogo que morre, deve ser vigiado para ser preservado. Tem um apetite semelhante ao dos mortais, faminto. reticências Agora o fogo tem que ser alimentado com lenha.

reticências

Míndlin, Betty. Queimadas: o fogo e as chamas dos mitos. Estudos avançados, São Paulo, volume 16, número 44, abrilponto 2002. Disponível em: https://oeds.link/k0NRuP. Acesso em: 6 abril 2022.

A origem do fogo na mitologia guarani

Conhecemos anteriormente o mito grego de Prometeu. Leia a seguir o texto que retrata o mito guarani da origem do fogo.

O roubo do fogo

Povo Guarani (Mito Guarani)

Em tempos antigos os Guarani não sabiam acender fogo. Na verdade, eles apenas sabiam que existia o fogo, mas comiam alimentos crus, pois o fogo estava em poder dos urubus.

reticências

Todos queriam roubar o fogo dos urubus, mas ninguém se atrevia a desafiá-los.

Um dia, o grande herói reticências Nhanderequeí reticências decidiu que iria roubar o fogo dos urubus. Reuniu todos os animais, aves e homens da floresta e contou o plano que tinha para enfrentar os temidos urubus, guardiões do fogo. reticências

Todos já reunidos, Nhanderequeí expôs seu plano:

— Todos vocês sabem que os urubus usam fogo para cozinhar. Eles não sabem comer alimento cru. Por isso vou me fingir de morto bem debaixo do ninho deles. Todos vocês devem ficar escondidos e quando eu der uma ordem, avancem para cima deles e os espantem daqui. Dessa fórma, poderemos pegar o fogo para nós.

Todos concordaram e procuraram um lugar para se esconder. reticências Nhanderequeí deitou-se. Permaneceu imóvel por um dia inteiro.

Os urubus, lá do alto das árvores, observaram com desconfiança. Será que aquele homem estava morto mesmo ou estava apenas querendo enganá-los? Por via das dúvidas preferiram aguardar mais um pouco.

reticências

Ilustração. Na parte inferior, um menino indígena com cabelos pretos e liso, uma saia cinza e uma pintura rosa horizontal feita nos olhos. Ele está deitado e dormindo em um gramado verde. Ao redor dele, há uma onça, um sapo e um tamanduá. À esquerda da cena, uma árvore com tronco alto e folhas verdes; em um dos galhos, uma arara azul. Atrás da árvore, dois meninos indígenas observam aquele que está deitado no gramado.

Continua

Continuação

— Olhem, meus parentes urubus – dizia o chefe urubu — nenhum homem pode fingir-se de morto assim. Já decidi: vamos comê-lo. Podem trazer as brasas para fazermos a fogueira.

reticências

Eles colocaram Nhanderequeí sôbre o fogo, mas graças a uma resina que ele passara pêlo corpo, o fogo não o queimava. Num certo momento, o herói se levantou do meio das brasas dando um grande susto nos urubus que, atônitos, voaram todos. Nhanderequeí aproveitou-se da surpresa e gritou a todos os amigos que estavam escondidos para que atacassem os urubus e salvassem alguma daquelas brasas ardentes.

Quando tudo se acalmou, Nhanderequeí chamou a todos e perguntou quantas brasas haviam conseguido. reticências

— Só temos carvão e cinzas – disse alguém no meio da multidão.

— E para que nos há de servir isso? – falou Nhanderequeí. — Nossa batalha contra os urubus de nada valeu!

Acontece que, por trás de todos, saiu o pequeno cururu, dizendo:

— Durante a luta os urubus se preocuparam apenas com os animais grandes e não notaram que eu peguei uma brasinha e coloquei na minha boca. Espero que ainda esteja acesa. Mas pode ser que…

— Depressa. Pare de falar, meu caro cururu. Não podemos perder tempo. Dê-me esta brasa imediatamente – disse Nhanderequeí, tomando a brasa em suas mãos e assoprando levemente.

reticências Com isso ele conseguiu um pequeno riozinho de fumaça. reticências

reticências Nhanderequeí soprou ainda mais forte e, finalmente, as chamas apareceram no meio da palha e do carvão que sustentaram o fogo aceso para sempre. reticências

MUNDURUKU, Daniel. Contos indígenas brasileiros. segunda edição São Paulo: Global, 2005. página 13-19.

Ilustração. Uma árvore de tronco fino e marrom; no topo há folhas verdes e, no centro, galhos com pássaros pretos pousados e voando. Na parte inferior, há um gramado e uma fogueira.

1. Cite as semelhanças e as diferenças que existem entre as narrativas grega e guarani. Responda no caderno.

Ícone de atividade oral.

2. Compartilhe com os colegas o que mais chamou a sua atenção nos mitos apresentados.

VAMOS FAZER

Pesquisa sôbre mitos

Muitos povos possuem mitos de origem que narram como surgiram o Universo, os seres humanos, os animais, as plantas e outros elementos da natureza. Eles são contados e recontados pêlas pessoas mais velhas para as mais novas. É assim que importantes fatos, momentos ou conhecimentos são transmitidos oralmente de uma geração para outra. Que tal pesquisar um mito importante para vocês, para o lugar e a comunidade onde vivem?

Fotografia. Hieróglifo egípcio em parede de pirâmide. Destaque para uma parede marrom dividida horizontalmente em três cenas. No centro da primeira cena, há uma pessoa com trajes em tons de bege e azul sentada em uma cadeira e diante de um jogo de tabuleiro. À sua frente e atrás dela, há alguns homens em pé; três deles seguram um cetro. Na cena seguinte, à direita, há duas divindades egípcias em pé e segurando um cetro sobre uma embarcação em cujas pontas há duas aves. À sua frente, há duas mulheres sentadas segurando flores e um homem em pé. Nos espaços entre as cenas, há um cachorro preto e alguns símbolos egípcios, como um ankh (cruz com um laço), um olho de Hórus, um escaravelho. As pessoas são representadas com olhos e troncos vistos de frente; cabeças, pernas e pés vistos de perfil. Na última cena, há algumas flores, aves e um peixe.
A mitologia egípcia é rica em exemplos de mitos de origem; alguns, inclusive, estão representados em hieróglifos nas paredes das pirâmides, como vemos nesta representação.

Material

  • Livros, revistas, jornais ou dispositivo com acesso à internet para pesquisa.
  • Material para escrita, como caderno, lápis, borracha etcétera

Como fazer

  1. Com a orientação do professor, organizados em grupos de quatro ou cinco integrantes, pensem e selecionem um mito que apresente um tema de destaque e importância para o lugar ou para as pessoas que vivem ao seu redor. Pode ser um mito sôbre os elementos da natureza ou sôbre o diálogo entre seres humanos, muito presentes nos enredos dos mitos indígenas ou africanos. Para pesquisar e selecionar o mito, busquem por aqueles que apresentem situações ou problemas relacionados com questões:
    1. ambientais, como poluição das águas e do ar, a destruição da flora e da fauna, destino do lixo ou qualquer outro problema que envolva o meio ambiente do local onde vocês vivem;
    2. de conflito, desrespeito às regras sociais, violência ou qualquer outra situação que envolva a busca pela empatia, o diálogo e a boa convivência entre as pessoas.
  2. Pesquisem em livros ou revistas na biblioteca ou na internet mitos sôbre o tema selecionado pêlo grupo.
  3. Ao selecionar o mito, identifiquem a origem e a localização do povo que se destaca nele.
  4. Leiam o mito com atenção para conhecerem bem a narrativa.
  5. Com a orientação do professor, organizem a leitura dos mitos selecionados pelos grupos.
  6. Para finalizar, conversem e expliquem para o restante da turma como o mito selecionado se relaciona com o cotidiano ou com os problemas da sua comunidade.
Ilustração. Uma mulher de cabelo ruivo, usando roupa azul e sentada a uma mesa redonda, segura uma fotografia e estende-a para frente; ao redor dela, há diversas crianças sentadas à mesa e com tablets e notebooks.

eu APRENDI

1. Observe as imagens, leia as legendas e descreva o que elas representam.

Fotografia. Quatro pessoas enfileiradas usam fantasias coloridas em tons de azul, rosa, verde e amarelo. Ao fundo, há um boneco gigante de um homem de chapéu e óculos sorrindo e tocando um violino.
Maracatu, em Olinda. Pernambuco, 2020.
Fotografia. Vista lateral de uma orquestra com músicos à esquerda e público à direita; ao fundo há paredes e estruturas marrons.
Apresentação de orquestra sinfônica, em Belo Horizonte. Minas Gerais, 2021.
Fotografia. Vista de pessoas em pé na frente e ao redor de quadros e pinturas em um museu de arte.
Pessoas observando exposição no Museu de Arte de São Paulo (maspi). São Paulo (São Paulo), 2019.
Fotografia. Destaque para um prato branco com comida marrom dentro; ao lado há uma panela marrom e uma pessoa cortando pedaços de banana sobre o prato.
Barreado, prato típico em Morretes. Paraná, 2019.
  1. Cultura representa o conjunto de tradições, práticas e comportamentos de um povo, de uma comunidade ou de um grupo. Ela está presente em muitos aspectos do nosso cotidiano. Cite um exemplo de uma manifestação cultural presente na sua vida.
  2. O texto a seguir é a definição de um tipo de manifestação artística do passado.

Manifesta a necessidade de comunicação e expressão de alguns ritos presentes no cotidiano de seres humanos que viviam na Pré-História.

  1. Que tipo de manifestação foi descrita?
  2. Não é possível afirmar se essas imagens tinham intenção artística, porém existem indícios do que elas representavam para os seres humanos daquela época. Cite o que os cientistas acreditam que elas representam.
  1. Leia os textos dos itens e indique qual alternativa apresenta a resposta correta.
    1. Conjunto de crenças estabelecidas para um evento ou cerimônia. Realizados de maneira individual ou coletiva, são práticas repletas de significados baseados nas ideias e costumes das pessoas que o realizam.
    2. Conjunto de gestos, palavras e ações que apresentam um valor que pode simbolizar nascimento, morte ou união de pessoas.
    3. Considerada um veículo de comunicação espiritual e uma fórma de os ancestrais se comunicarem com os indivíduos de um povo.
    1. um Ritual; dois Máscara; três Ritos.
    2. um Máscara; dois Ritual; três Ritos.
    3. um Ritual; dois Ritos; três Máscara.
  2. Releia o trecho e, em seguida, faça o que se pede.

Elaborada ao longo dos séculos por muitos grupos indígenas, as obras de arte tradicionais apresentam algo em comum: todas elas estão associadas à natureza e aos costumes dessas comunidades. Além disso, grande parte das produções artísticas indígenas é feita por artistas anônimos.

  1. Descreva os temas que são tradicionalmente tratados nas artes indígenas.
  2. Quem são os artistas anônimos?
Ícone de atividade em grupo.
  1. Com a orientação do professor, sigam os passos para ampliar seus conhecimentos sôbre manifestações relacionadas à arte indígena.
    1. Investiguem em livros, revistas, jornais ou na internet imagens que retratem artes indígenas.
    2. Elaborem um painel com as imagens e não se esqueçam de produzir legendas que destaquem o local, o nome da comunidade indígena, o tipo de manifestação e a data das imagens investigadas.
  2. Em uma folha de papel sulfite elabore uma história em quadrinhos para retratar a função mágica da arte na nossa cultura. Planeje a atividade utilizando enredos mágicos com seres ou divindades com poderes sobrenaturais.
Versão adaptada acessível

Atividade 7. Elabore uma história em quadrinhos para retratar a função mágica da arte na nossa cultura. Planeje a atividade utilizando enredos mágicos com seres ou divindades com poderes sobrenaturais.

vamos COMPARTILHAR

Dramatização dos mitos

Em atividades anteriores, você e os colegas da turma selecionaram mitos que apresentam forte relação com a sua comunidade. Nesta proposta, vamos elaborar uma leitura ou uma dramatização de um dos mitos selecionados. Para esta atividade, sigam as orientações propostas em etapas.

Etapa 1 – Organização do texto e da dramatização

  1. Organizados em grupos de trabalho, conversem sôbre o mito selecionado pêlo grupo e, em uma folha avulsa, planejem um roteiro de dramatização que contenha enrêdo, número de personagens, ações principais e o desfecho da história.
  2. Após o planejamento, escrevam o roteiro da dramatização do mito. Neste momento, reescrevam partes do mito para torná-lo mais agradável ou adequado para a leitura e a identificação das situações relacionadas com a comunidade.
  3. Compartilhem os roteiros com o professor e com os colegas de sala e conversem com a intenção de aprimorar e tornar os textos agradáveis e interessantes para o grupo e a comunidade escolar.
  4. Para encenar o mito, na etapa 2, vocês deverão elaborar máscaras que retratem os personagens presentes no enrêdo.
  5. Pensem e planejem o local e o cenário mais adequado na sala de aula ou na escola para as apresentações.
  6. Além do roteiro e da elaboração das máscaras, planejem a apresentação e decidam se deve ser compartilhada apenas com os colegas da turma ou também com convidados da comunidade.

Etapa 2 – Confecção das máscaras

Para melhor representar os personagens, sugerimos um modêlo de máscara simples.

Material

  • Papel-cartão.
  • Lápis de cera.
  • Canetas hidrográficas (cores variadas).
  • Tesoura com pontas arredondadas.
  • Apontador.
  • Elástico fino (30 centímetros)
  • Papel sulfite a quatro.
  • Cola branca.

Para ampliar

  • Mitos indígenas em travessia. Disponível em: https://oeds.link/IyPaXz. Acesso em: 26 abril. 2023. Histórias de tradições de povos indígenas de Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul fazem parte desse projeto audiovisual.
  • LEÃO, Raimundo Matos de. Orum Aye: um mito africano da criação. São Paulo: Scipione, 2014. Reconto de mitos africanos trazidos ao Brasil pelos povos africanos escravizados e contados e ritualizados pelos seguidores do candomblé até hoje.

Se julgar adequado decorar com outros elementos além da pintura, você pode utilizar retalhos de tecido coloridos ou miçangas.

Orientações para a elaboração da máscara

  1. Pense nas características do seu personagem e, em uma folha de papel sulfite, faça o esbôço de uma máscara. Para isso, é adequado medir previamente os espaços onde ficarão os olhos, a boca e o nariz na máscara. Coloque a folha sôbre o rosto e peça a um colega que marque levemente e com muito cuidado, para não perfurar o papel nem machucar o seu rosto, com um lápis de cera, do lado de fóra da máscara, cada local a ser furado.
  2. Definida como será a máscara, transponha o desenho para o papel-cartão.
  3. Usando a tesoura, recorte a máscara.
  4. Aponte bem um lápis e faça dois furos bem pequenos nas laterais da máscara, perto das orelhas.
  5. Passe o elástico pelos furos e amarre-o.
  6. Faça o acabamento de sua máscara enfeitando-a com pedaços de tecido, papel, miçangas etcétera e deixa-a secar.
Ilustração. Destaque para uma mão segurando uma tesoura e cortando uma folha rosa com formato de uma máscara com dois olhos e uma boca. Ao lado há uma cola.

Etapa 3 – Ensaio, apresentação e conversa

  1. Com as máscaras prontas e o roteiro em mãos, é hora de ensaiar o mito, ou seja, cada grupo deverá treinar os gestos, a movimentação corporal, as entradas e saídas de cena.
  2. Planejem com o professor o cenário e a ordem das apresentações.
  3. Após as apresentações, organizem uma roda de conversa para compartilhar as experiências sôbre os conhecimentos adquiridos durante a vivência.
Ilustração. Seis crianças vestindo roupas coloridas realizam uma apresentação. Algumas estão segurando ou vestindo uma máscara teatral; uma está lendo uma folha avulsa e outras duas estão mais à frente do grupo.

Glossário

manifestação cultural
: fórma de expressão de um povo, uma comunidade ou um grupo e da sua cultura representada em costumes, tradições, rituais, celebrações, entre outros.
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ornamento
: adôrno ou aderêço usado para enfeitar ou decorar algo ou o corpo de uma pessoa.
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bandoleira
: correia de uso transversal utilizada como enfeite corporal, geralmente feita com fibras de palmeira, sementes, miçangas e penas.
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Patrimônio Cultural Imaterial
: conjunto de saberes, ofícios, modos de fazer, celebrações, fórmas de expressão e tradições transmitidas e recriadas de geração a geração protegido pêlo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ifãn).
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tipoia
: no contexto apresentado, é uma espécie de rede utilizada para transportar as crianças junto ao corpo das mães.
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resina
: substância natural pastosa ou sólida que se obtém de certas plantas e é usada como base para perfumes, vernizes, adesivos etcétera
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cosmologia
: estudo da origem e da composição do Universo, da sua organização e origem.
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ritual
: conjunto de ações praticadas em cerimônias.
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índio
: fórma como as populações originárias foram chamadas pelos colonizadores ao longo do tempo. Atualmente, ainda que seja mencionado em documentos oficiais, o termo está em desuso por ser tida como expressão que não considera as especificidades entre os povos indígenas. Por esta razão, a adoção do termo "indígena", que significa "natural do lugar que se habita", é indicada como correta para se referir aos povos originários.
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rupestre
: que foi inscrito, gravado ou desenhado em rochas.
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Arqueologia
: ciência que trata de estudar culturas por meio de escavações, pinturas, objetos e monumentos para investigar os ambientes, os costumes e o modo de vida dos nossos antepassados.
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hipótese
: conjunto de argumentos que justificam as informações ou os dados que ainda não foram confirmados pelos métodos científicos.
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divindade
: nas culturas antigas, era um ser superior com poderes especiais, criado espontaneamente ou por outra divindade. As divindades podiam assumir uma variedade de fórmas, semelhantes aos seres humanos ou aos animais.
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