UNIDADE 4 Expressão e emoção

As propostas desta unidade do seu livro foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam:

Pintura. Com pinceladas onduladas e sombrias, uma pessoa de rosto distorcido com os olhos arregalados, a boca aberta e as duas mãos ao lado da cabeça está em pé e olhando para o espectador. Ela está em uma ponte, e, atrás dela, há duas pessoas de costas; ao fundo, linhas onduladas em tons de azul formam um rio e, em tons de vermelho e laranja formam o céu.

eu SEI

O que me emociona?

Interpretar as sensações e as emoções que a pintura O grito, do artista norueguês eduard mãntch, provocam nos estudantes.

Fotografia em preto e branco. Um palhaço com cabelo preto e curto, usando faixa na cabeça com uma pena, maquiagem branca no rosto, nariz postiço, roupa escura com bolinhas e mangas de pano, está com a mão esquerda levantada e apontando o dedo indicador para o alto.

eu vou APRENDER

Capítulo 1 – Explorando as emoções na arte

Reconhecer a Arte como meio de expressar emoções.

Capítulo 2 – A expressão no teatro, no circo e na mímica

Identificar expressões e sentimentos relacionados às manifestações artísticas.

Bordado com linhas. Dois pulmões com fios de linhas vermelhas com notas musicais dentro. Ao redor, também há notas musicais. Abaixo, a frase: FICAR SEM AR TE SUFOCA

eu APRENDI

Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.

Ilustração. Em fio preto, um cinema visto do fundo para a frente. Em primeiro plano, há pessoas sentadas nas cadeiras. Ao fundo, um telão retangular.

vamos COMPARTILHAR

Arte que me emociona

Observar, elaborar e compartilhar relatos de manifestações artísticas relevantes que emocionem as pessoas.

OBJETIVO GERAL

Reconhecer as diversas manifestações artísticas como meio para expressar e despertar emoções.

EU SEI

O que me emociona?

Observem atentamente a pintura O grito. Ela foi feita em 1893 pelo artista norueguês eduard mãntch, um dos mais importantes representantes do Expressionismoglossário na Europa.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Emoção e expressão

Locutor: Emoção e expressão.

Vinheta musical

Locutor: Olá! Se eu pedir a você para fazer uma pose de quem está gritando de susto, pense em como você se organizaria.

Vamos tentar? 1, 2, 3 e... já!

Silêncio de 3 segundos

Locutor: Aposto que você levou as mãos ao rosto e abriu a boca. Certo?

Vinheta musical

Locutor: O grito, obra do artista norueguês Edvard Munch, pode ter algo bem parecido com essa pose que você fez. Você a conhece?

Munch foi considerado um dos artistas mais importantes de um movimento artístico chamado Expressionismo. Esse movimento começou na Europa, no início do século 20, e tem como umas das características principais a valorização e a expressão das emoções humanas, principalmente sentimentos ligados à angústia e ao medo, revelando o lado mais absurdo da humanidade. No quadro de Munch, por exemplo, aspectos comuns do cotidiano que podem passar despercebidos são realçados de forma a propiciar essas emoções em quem o vê.

Vinheta musical

Locutor: Sobre o quadro, o próprio Munch dizia:

Vinheta musical

Narrador: “Eu andava pela rua com dois amigos – e o sol se pôs. O céu, de repente, tornou-se sangue – e eu senti como se fosse um sopro de tristeza. Eu parei – inclinado contra a grade morto de cansaço.

Sobre o fiorde negro azulado e a cidade assentaram nuvens de exalante sangue em pingos. Meus amigos continuaram caminhando, e eu fui deixado com medo e com uma ferida aberta em meu peito. Um grande grito veio através da natureza.”

Vinheta musical

Locutor: Você consegue sentir essa angústia descrita pelo artista ao ver a obra O grito? E não foi só Munch que produziu obras expressionistas focadas em retratar sentimentos humanos. Pablo Picasso pintou A mulher que chora, Gustave Coubert criou O homem desesperado, e Almeida Júnior produziu o quadro Saudade.

Vinheta musical

Locutor: Expoente de outro movimento artístico, a obra conhecida por nós como Mona Lisa, também encontra uma forma de representar a expressão e a sensibilidade humana, através de seu famoso sorriso enigmático. Segundo estudos, a obra de Leonardo da Vinci teria sido pintada em Florença, na Itália, e seria um retrato de Lisa di Noldo Gherardini, mulher de um rico comerciante, frantchêsco del diocondo. O quadro Mona Lisa é tema de diversas pesquisas no campo das artes. As cores, a forma, tudo foi analisado. O historiador Giorgio Vasari, por exemplo, disse que:

Vinheta musical

Narrador: “Nesta obra de Leonardo havia um sorriso tão agradável que era algo mais divino do que humano de se contemplar, e foi considerado algo maravilhoso, no sentido de que era algo vivo”.

Vinheta musical

Locutor: A Mona Lisa é uma das obras mais famosas da pintura universal e até hoje gera muita curiosidade nos visitantes, que se aglomeram na sala do Museu do Louvre, em Paris, onde está exposta.

E você, que recurso usaria para retratar os sentimentos humanos?

Vinheta musical

Locutor: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Pintura. Com pinceladas onduladas e sombrias, uma pessoa de rosto distorcido com os olhos arregalados, a boca aberta e as duas mãos ao lado da cabeça está em pé e olhando para o espectador. Ela está em uma ponte, e, atrás dela, há duas pessoas de costas; ao fundo, linhas onduladas em tons de azul formam um rio e, em tons de vermelho e laranja formam o céu.
O grito, de eduard mãntch, 1893. Óleo, têmpera e pastel sôbre cartão, 91 centímetros por 73,5 centímetros.

No diário do pintor, um registro na data de 22 de janeiro de 1892 descreve que mãntch estava com dois amigos em Oslo, na Noruega, e, quando passavam por uma ponte, o artista sentiu um misto de melancolia e ansiedade. Alguns estudiosos descrevem que esse episódio pode ter motivado a criação da tela. O pintor fez várias outras versões da obra, como o desenho a seguir.

Litografia. Em preto e branco, linhas onduladas e espessas formam o corpo de uma pessoa cujo rosto é distorcido, os olhos são arregalados, a boca está aberta e as duas mãos ao lado da cabeça está em pé e olhando para o espectador. Ao fundo, linhas retas inclinadas formam uma ponte e linhas onduladas pretas formam um rio e o céu.
O grito, de eduard mãntch. Litografia, 35,7 centímetros por 23,6 centímetros. Realizada dois anos após a pintura. Perceba como é possível visualizar melhor as linhas que compõem a obra.

Observe que o corpo da personagem está distorcido, os olhos estão arregalados e todas as linhas do quadro parecem acompanhar o movimento do rosto que grita. Nesse cenário caótico e assustador, a personagem parece ouvir um grito ensurdecedor do ambiente ao colocar as mãos nos ouvidos e expressar imenso espanto.

Não podemos afirmar o que o artista pensou quando criou a obra. Porém, podemos conversar e refletir sôbre as sensações que a obra nos provoca.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
Com orientação do professor, troquem ideias e façam o que se pede a seguir.
  1. Que sentimentos ou sensações esta obra provoca em vocês?
  2. Que elementos do quadro possibilitam essa interpretação?
  3. Como as cores e linhas dessa obra contribuem para a caracterização da personagem?
  4. Existem muitas teorias sôbre o quadro. Investiguem essas teorias ou pensem em uma história que pode estar por trás da pintura.

eu vou APRENDER Capítulo 1

Explorando as emoções na Arte

Cada pessoa tem um modo particular de expressar suas emoções e se sensibilizar com o mundo de várias maneiras, pois vivemos novas experiências em todos os momentos da vida.

O artista consegue expressar aspectos comuns do cotidiano e dos sentimentos humanos destacando elementos que poderiam passar despercebidos, como observamos na obra O grito, em que eduard mãntch expressa na pintura emoções relacionadas com o desespêro e a agonia.

Observe com atenção outras obras que também expressam sentimentos humanos. Elas foram elaboradas pelos pintores Almeida Júnior (1850-1899), gustáv curbê (1819-1877) e Pablo Picasso (1881-1973).

Pintura. Uma mulher de cabelo penteado para o lado, usando camisa,  saia e uma echarpe preta sobre os ombros está encostada em uma janela de madeira cinza aberta em uma parede com tijolos à vista. Ela está com a mão direita cobrindo a boca com a echarpe e a mão esquerda segura um papel, olhando para ele.
Saudade, de Almeida Júnior, 1899. Óleo sôbre tela, 197 centímetros por 101 centímetros.
Pintura realista. Destaque para o rosto de um homem de sobrancelhas finas, nariz comprido, cabelos escuros e grandes, usando camisa branca, com as mãos na cabeça, os olhos arregalados para o espectador e a boca entreaberta.
O homem desesperado, de gustáv curbê, cêrca dê 1843-1845. Óleo sôbre tela, 45 centímetros por 54 centímetros.
Pintura. Destaque para o rosto de uma mulher distorcido e fragmentado. Os olhos e a testa parecem ter se quebrado e dividido ao meio. No centro da imagem, na posição da boca e dos dentes mordendo um lenço, predominam as cores frias, como o azul e o branco, que se destacam no meio das cores verde, amarela, vermelha, azul e preta que aparecem no restante da imagem.
A mulher que chora, de Pablo Picasso, 1937. Óleo sôbre tela, 58,5 centímetros por 48 centímetros.

1. Copie e complete o quadro com informações sôbre as pinturas, conforme o modêlo.

Ícone modelo.

1

2

3

Nome do pintor

Almeida Júnior

Gustave Courbet

Pablo Picasso

Títulos que você daria a cada imagem

Sentimentos que as obras despertam em você

EMOÇÕES DE UM SORRISO

A Mona Lisa é considerada a obra-prima de Leonardo da vinti e encontra-se em um dos mais famosos museus do mundo, o Lúvri, em Paris, França. Estudos mostram que a tela foi pintada na cidade de Florença, Itália, entre 1503 e 1506, e que o retrato seria de Lisa di noldo guerardini, espôsa do rico comerciante Frantchesco del Giocondo.

Pintura. Em primeiro plano, retrato de uma mulher de pele clara e cabelos escuros longos. Ela veste uma roupa escura de manga longa. Seus braços estão apoiados um sobre o outro no encosto de uma cadeira. Além dos tons predominantes de amarelo, marrom e verde-escuro, há gradações não bruscas de luz e sombra ao redor, especialmente dos olhos e da boca. Ao fundo, há paisagens montanhosas em tons de marrom e o céu em tons de verde e amarelo.
Mona Lisa, de Leonardo da vinti, 1503-1506. Óleo sôbre tela, 77 centímetros por 53 centímetros.

De acôrdo com especialistas, a pintura de Da vinti é mais do que um retrato feminino; ela demonstra muito bem a posição social da personagem, que pode ser percebida, por exemplo, pelos ricos bordados dourados de seu vestido.

Da vinti, que buscava de fórma incansável a perfeição em suas obras, não terminou a Mona Lisa por completo. Acredita-se que ele tenha trabalhado de fórma obsessiva na pintura até a morte. Veja como o historiador djôrdjo vasári, que nasceu alguns anos depois de Da vinti, descreveu detalhes da obra:

“A boca, com a sua abertura e as suas pontas unidas pelo vermelho dos lábios às tonalidades da carne do rosto” reticências

“Pareciam, na verdade, não serem cores, mas a própria pele reticências do fundo da garganta, se você olhasse com atenção, dava para ver a batida do pulso”, escreveu.

E concluiu: “Nesta obra de Leonardo havia um sorriso tão agradável que era algo mais divino do que humano de se contemplar, e foi considerado algo maravilhoso, no sentido de que era algo vivo”. reticências

groviê, Kelly. Mona Lisa: a cadeira escondida que transforma o significado da obra-prima de Da vinti. bê bê cê News, [sem local], 3 março 2021. Disponível em: https://oeds.link/kZBW5c. Acesso em: 8 maio 2022.

Fotografia. Escultura em tons de cinza de um homem de barba grande e ondulada, usando chapéu redondo com pregas e um manto sobre o tronco.
Estátua de Leonardo da vinti, em Florença, Itália, 2018.
  1. Reescreva e reinterprete a frase do historiador que destaca o aspecto divino da pintura. Com a orientação do professor, compartilhe as frases elaboradas.
  2. O sorriso enigmático, sedutor e reservado da Mona Lisa parece conter algum mistério. Em sua opinião, ela está verdadeiramente sorrindo? Ela parece feliz ou triste?
  3. Para você, quais sentimentos o retrato expressa?

A EXPRESSÃO VOCAL E O TIMBRE

A voz tem um papel muito importante na comunicação e no relacionamento das pessoas. Em uma mensagem que recebemos pelo telefone, por exemplo, é possível notar na voz a entonação e o conteúdo emocional, identificando tanto quem é a pessoa que fala quanto a expressão de seus sentimentos ao pronunciar a mensagem.

O timbre é a característica própria de cada som, podendo ser natural, que é produzido pelo ser humano, por animais e pela natureza, ou artificial, produzido por instrumentos musicais, veículos de transportes, aparelhos eletroeletrônicos, entre outros. É o que distingue um violão de um cavaquinho, por exemplo, ou mesmo a voz de nossa mãe em relação à de nossa tia.

Ou seja, pelo timbre da voz é possível reconhecer uma pessoa, mesmo não a vendo. Até um bebê pode parar de chorar ao ouvir o som da voz da mãe ou do pai e reconhecê-la, por meio da característica vocal. Pela voz, podemos reconhecer determinado cantor ou banda, ou seja, pelo timbre de quem está cantando determinada música, sabemos quem é o artista.

Com relação à expressão vocal, na música popular coexistem diferentes características — por exemplo, o rock muitas vezes privilegia uma expressão vocal mais agressiva, enquanto a música pop romântica costuma privilegiar uma expressão vocal mais amena.

Fotografia. Uma mulher de cabelo penteado com tranças para trás, usando regata, casaco e calça pretos, está com cabeça inclinada para cima e segura um microfone na frente da boca. Ao fundo, há um círculo laranja e dois círculos verdes.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.

Experimentando jôgo das vozes

pêlo timbre da voz é possível reconhecer uma pessoa, mesmo não a vendo. Vamos experimentar o jôgo das vozes. Para a atividade, sigam as orientações.

Com as instruções do professor, organizem-se em dois grandes grupos. Para iniciar, todos os estudantes deverão falar seus nomes de fórma natural, duas ou três vezes.

Como fazer

  1. Observem e escutem com atenção para gravar ou identificar as vozes dos colegas.
  2. Em seguida, os grupos deverão se posicionar de costas, para não visualizar e identificar a origem das vozes.
  3. O professor deverá escolher um dos grupos para iniciar a proposta. Dois estudantes do grupo selecionado deverão, individualmente, reproduzir nomes dos colegas do seu grupo, de fórma natural. É importante que os estudantes não falem seus nomes, para confundir o outro grupo.
  4. Após ouvir a voz dos colegas, dois estudantes do outro grupo terão a oportunidade de identificar as vozes e os nomes.
  5. Os grupos e as pessoas deverão se revezar na tarefa de pronunciar e identificar as vozes dos estudantes.
  6. O grupo que apresentar o maior número de acertos é o vencedor do jôgo. Para organizar a atividade, o professor poderá anotar na lousa os acertos de cada grupo.
Ilustração. Dois grupos de crianças uniformizadas com camiseta branca e shorts azuis estão enfileiradas e de costas um para o outro. À frente de cada grupo, há duas mesas. Ao fundo, uma lousa verde.

ARTE E EXPERIÊNCIAS DE VIDA: Quêta Cóivitis

Xilogravura. Autorretrato com contraste entre claro e escuro. Traços brancos e, especialmente, pretos retratam um rosto arredondado com cabelo curto na altura da boca, sobrancelhas finas, olhos pequenos, nariz fino, lábios grossos.
Autorretrato, de Quêiti Côlvits, 1923. Xilogravura, 45,5 centímetros por 34,7 centímetros.

A cultura, as experiências de vida, o lugar e a época em que vivem influenciam a fórma como as pessoas expressam suas impressões sôbre si mesmas e sôbre o mundo por meio da arte. Exemplo disso são as obras criadas pela desenhista e gravadoraglossário alemã Quêiti Côlvits (1867-1945).

Ao longo da vida, a artista passou por experiências bastante significativas. Quêiti iniciou os estudos na Escola Berlinense para Mulheres Artistas e casou-se com o médico Cal Côlvits, que tratava de trabalhadores da indústria. Dessa fórma, passou a ter contato com a vida da classe operária realizando diversos trabalhos artísticos com esse tema.

Durante a Primeira Guerra Mundial, que ocorreu entre os anos 1914 e 1918, Quêiti perdeu um filho em batalha, o que reforçou suas ideias sôbre a importância da paz. Em 1919, ela se tornou a primeira mulher a ser nomeada professora na Academia de Belas-Artes de Berlim. No período da Segunda Guerra Mundial, entre os anos 1939 e 1945, a artista teve sua casa em Berlim bombardeada e destruída, bem como grande parte de suas obras.

Quêiti era bastante voltada às questões humanitárias, o que a levou a retratar em suas obras situações tristes – por exemplo, o desamparo dos operários, a fome, a guerra e a morte.

Litografia. Ao centro da imagem, há uma pessoa representada com blusa preta, a qual é o ponto mais escuro da obra. Atrás dela, à esquerda há dois adultos com os olhos vendados e, à esquerda dela, outros sem rosto delineado. Na parte inferior da obra, na horizontal, há sete crianças; três delas estão acolhidas pelos braços da pessoa ao centro. Na obra predomina o contraste entre claro e escuro. Os olhos borrados em preto das figuras humanas contrastam com os tons claros dos rostos.
Sobreviventes, de Quêiti Côlvits, 1923. Litografia, 22 centímetros por 27 centímetros.
Litografia. Na obra, predomina um contraste entre claro e escuro. Em fundo bege e com linhas pretas grossas, quatro crianças de cabelo curto estão com a cabeça inclinada para cima e seguram vasilhas cujo fundo branco evidenciam que elas estão vazias. De cima para baixo, as crianças estão lado a lado: a primeira criança é vista de costas; a segunda é vista com o rosto de perfil; a terceira aparece com o rosto em destaque, a última é vista com a testa cortada.
As crianças da Alemanha estão morrendo de fome, de Quêiti Côlvits, 1924. Litografia de giz, 42,5 centímetros por 29,5 centímetros.
Litografia. Na obra, predomina um contraste entre claro e escuro. Em fundo bege, linhas pretas finas e, sobretudo, grossas delineiam o corpo de uma pessoa adulta. Sobre seus braços grandes, três crianças são acolhidas. As linhas pretas grossas do braço dos adultos contrastam com a delicadeza das crianças.
As sementes não devem ser moídas, de Quêiti Côlvits, 1942. Litografia, 37 centímetros por 39,5 centímetros.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Descrevam o que as obras de Quêiti Côlvits expressam.
  2. Com a orientação do professor:
    1. reflitam sôbre os problemas do povo brasileiro. Pensem e conversem sôbre as três maiores dificuldades enfrentadas atualmente no Brasil;
    2. escolham, coletivamente, uma fórma para expressar essas dificuldades por meio da arte, como imagem, música, poema, vídeo, dança ou encenação teatral;
    3. para finalizar, apresentem a produção aos demais colegas.

VAMOS CONHECER MAIS

Lasár Sêgál

Lasár Sêgál foi um pintor, gravador, escultor e desenhista nascido em Vilna, atual Lituânia.

O artista estudou na Escola de Desenho de Vilna e, posteriormente, em algumas escolas de arte alemãs.

Durante suas viagens pela Europa, Lasár Sêgál teve contato com obras de Pablo Picasso (1881-1973), pol cezán (1839-1906), víncent van gógui (1853-1890) e eduard mãntch (1863-1944). Ele também esteve no Brasil na década de 1910 para realizar exposições.

Com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, a Alemanha e a Rússia entraram em conflito, e Sêgál, considerado cidadão russo, foi expulso da Academia de Belas-Artes de drêsden, na Alemanha.

Em 1932, o artista mudou-se para o Brasil definitivamente, fixando residência em São Paulo (São Paulo).

Pintura. Em tons de marrom, cinza e vermelho, um grupo de soldados, retratados com distorção de forma e cores. Alguns estão cobrindo o rosto com o braço, outros estão sem cabeça. Há também partes de corpos caídas no chão. Ao fundo, fumaça.
Guerra, de Lasár Sêgál, 1942. Óleo sôbre tela, 183 centímetros por 270 centímetros.

A casa onde ele viveu é hoje o Museu Lasár Sêgál. Suas obras apresentam, principalmente, temas ligados a dramas humanos como guerras e o universo de oprimidos e marginalizados pela sociedade. Para intensificar a expressão dêsses temas, Sêgál criou figuras deformadas que muitas vezes se encontram em espaços que oprimem, demonstrando um clima de sofrimento e tristeza.

Litografia. Na obra predomina tons contrastantes de claro e escuro, traços fortes e deformações da figura humana. À esquerda, duas formas humanas correm lado a lado e de cabeça baixa. Ao redor, há um espaço vazio bege e na parte superior e lateral direita há formas geométricas.
Aldeia russa, de Lasár Sêgál, 1914. Litografia sôbre papel, 36 centímetros por 26 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Observem as obras de Lasár Sêgál e citem:
    1. os temas presentes nas obras retratadas;
    2. os elementos que Sêgál utilizou para evidenciar os as­pectos emocionais nas obras.
  2. Com a orientação do professor:
    1. investiguem em livros e na internet outras obras de arte que utilizaram o mesmo tema apresentado nas obras que observamos de Lasár Sêgál.
    2. descrevam o nome dos artistas e das obras, as datas e as técnicas de produção e elaborem legendas paras as imagens selecionadas.
    3. produzam um painel, em cartolina ou digital, com as imagens.

EXPRESSIONISMO

Tanto Quêiti Côlvits quanto Lasár Sêgál foram importantes artistas do Expressionismo, que alcançou seu auge durante a Primeira Guerra Mundial. Naquele momento, a arte era um meio de denúncia social e de expressão do descontentamento com os rumos da sociedade da época. O Expressionismo valorizou as percepções pessoais dos artistas, por meio de cores e traços marcantes. Os artistas expressionistas distorciam fórmas e cores justamente para expressar sentimentos a respeito do que estava sendo reproduzido.

O movimento expressionista influenciou diversos artistas e esteve presente nas artes gráficas, na pintura, na escultura, na literatura, na música, na arquitetura, no teatro, na dança e no cinema. Sêgál foi o primeiro artista a introduzir o Expressionismo no Brasil, e jovens artistas brasileiros, como Anita Malfatti, foram influenciados por ele.

Candido Portinari (1903-1962) se destacou como um dos grandes representantes da pintura expressionista brasileira. Suas obras são repletas de críticas sociais e caracterizam o sofrimento humano.

Pintura. Na obra, predomina a distorção de formas e cores. As figuras humanas são retratadas com corpo raquítico com predomínio de tons terrosos. Há quatro adultos e cinco crianças. Um homem usando chapéu redondo, comprido e marrom, camisa e calça branca com retalhos segura uma trouxa de roupa e a mão de uma criança usando chapéu e um vestido verde. Ao lado esquerdo dele há mais duas crianças, uma delas com barriga d'água. Ao lado direito, há uma mulher de cabelo preto, segurando um saco na cabeça e um bebê ao colo. À direita dela, há um homem idoso de cabelo e barba brancos segurando um cajado de madeira. À frente dele, uma mulher carrega uma criança. Todos estão descalços e pisando um solo seco. Ao fundo, um céu em tom escuro de azul e aves pretas voando.
Retirantes, de Candido Portinari, 1944. Óleo sôbre tela, 190 centímetros por 180 centímetros.
Ícone de atividade em dupla.

1. Observem a obra e escrevam uma frase para descrever o que ela retrata e como o pintor utilizou cores e fórmas para representar o tema.

Para ampliar

ACEDO, Rosane. Encontro com Portinari. São Paulo: Formato, 2001. A obra descreve a arte brasileira para crianças. Nesse volume, os estudantes vão conhecer quem foi Candido Portinari e a importância da obra do pintor para o Brasil e para o mundo.

A renovação artística de Anita Malfatti

As pinturas realizadas por Anita Malfatti (1889-1964) também revelam seu aprendizado como artista expressionista. Ela foi pintora, desenhista, gravadora e professora. A artista nasceu em São Paulo (São Paulo) e, entre os anos 1910 e 1914, morou na Alemanha, que, nessa época, vivia a efervescência do Expressionismo. Contrapondo-se aos modelos tradicionais da arte acadêmica em termos de fórma, composiçãoglossário e côr, entre 12 de dezembro de 1917 e 11 de janeiro de 1918, Anita realizou uma exposição bastante polêmica na qual apresentou, entre outras obras, a pintura A boba.

O impacto causado pêlas pinturas de Anita tem a ver com o aspecto expressionista de suas obras, algo novo para os padrões da arte brasileira na época. Sua exposição recebeu duras críticas, mas também elogios. O escritor Oswald de Andrade (1890-1954) escreveu que o trabalho de Anita era muito pessoal e moderno. Essa exposição é considerada um marco na história da Arte Moderna no Brasil.

Pintura. Na obra, há linhas pretas em sua maioria na diagonal. Predominam tons de laranja, amarelo, azul e verde. Retratada de forma angulosa e assimétrica, uma mulher de cabelo preto penteado para trás, de sobrancelhas finas, nariz pontudo e lábios finos. Usa uma camisa amarela e está sentada em uma cadeira com os olhos voltados para cima. Ao fundo, com pinceladas rápidas, uma forma abstrata em tons de verde azul e laranja.
A boba, de Anita Malfatti, 1915-1916. Óleo sôbre tela, 61 centímetros por 50,6 centímetros.
Ícone de atividade oral.

2. Observe a obra e responda: em sua opinião, por que Anita deu o título A boba a esse trabalho?

Para ampliar

BRAGA, Torres. Anita Malfatti. São Paulo: Moderna, 2002. (Coleção mestres das artes no Brasil). O livro apresenta a biografia da artista, destacando o seu empenho para firmar-se no cenário artístico nacional.

Expressionismo e dança

No Expressionismo, os artistas de diferentes linguagens artísticas ansiavam por um modo de revelar necessidades humanas universais. Na dança, os bailarinos e as bailarinas buscavam liberdade para expressar emoções profundas, como a ansiedade e a inquietação provocadas no contexto da Primeira Guerra Mundial.

A dançarina e coreógrafa alemã méri uíguiman (1886-1973) deu origem à Dança de Expressão, que buscava meios para que o artista, em um processo de escuta de si mesmo, obtivesse ferramentas para exprimir fôrças e emoções em seus movimentos. méri uíguiman buscava expressar “o estado primitivo da emoção”, em que o movimento se manifesta por uma necessidade interna dos bailarinos.

Fotografia em preto e branco. Sete pessoas em pé e vestidas com fantasias de pano preto longo e uma máscara branca com olhos fechados.
Dança macabra, companhia de méri uíguiman, 1925. Os intérpretes de suas coreografias usavam máscaras para expressar emoções universais.
Fotografia. Uma pessoa de cabelo preto despenteado, usando maquiagem branca no rosto, tintas azuis e vermelhas ao lado dos olhos, uma roupa preta e um chapéu vermelho, está com a boca entreaberta e a mão direita aberta ao lado do rosto.
uatáchi no ocasã (Minha mãe), Kazuo Ohno. Sociedade Japonesa de Nova Iorque. Estados Unidos, 1996.

A Dança de Expressão de méri uíguiman influenciou o trabalho de Tatsumi ijicatá (1928-1986) e de Kazuo Ohno (1906-2010), dançarinos e coreógrafos japoneses (veja a fotografia de Kazuo na página 162). No final da década de 1940, no Japão pós-Segunda Guerra Mundial, ijicatá desenvolveu ações teatrais em locais marginalizados, para mostrar os horrores das consequências da guerra.

Já no final da década de 1950, Tatsumi ijicatá e Kazuo Ohno deram nome de ancôcu butô (“dança das trevas”) a um estilo de dança que ainda hoje é praticado, mas atualmente é chamado de Butô.

Fotografia. Ao centro, uma mulher de cabelo grisalho penteado para trás, com linhas vermelhas verticais no rosto, usando vestido comprido e preto, está em pé com as pernas juntas, os braços abertos ao lado do corpo, os olhos fechados e a boca bem aberta. Ao fundo, um cenário com ondas em tons escuro de azul e verde; ao redor vista parcial do corpo de quatro pessoas caídas.
du (Movimento de onda), tadáchi Endo, no Teatro Nacional de Dança. Budapeste, 2019.

3. Observe as fotografias das páginas 162 e 163. Em sua opinião, quais emoções são expressas pelos artistas retratados? Justifique sua resposta.

O cinema expressionista

Entre outras características, o cinema expressionista se distinguiu por traduzir visualmente emoções extremas e por apresentar temas relacionados à natureza humana, por meio de universos fantásticos, com personagens que passam por situações difíceis e até desesperadoras.

O cinema expressionista busca surpreender a plateia com imagens fortes e histórias profundas, como no filme Metrópolis, de 1927, dirigido por Fritz Lang. O filme conta a história de uma sociedade imaginária em que uma minoria de pessoas utiliza o poder político e econômico para oprimir e deixar a maioria da população em condições de vida precárias. O filme se passa em 2026, após o mundo ter passado por uma revolução industrial e tecnológica.

Em Metrópolis é utilizada a ideia e a imagem de um “Ser-Máquina”, que permanece presente no cinema e na televisão até hoje, mostrando o corpo-máquina como parte de uma realidade sufocante. O filme também inspirou outros artistas, como o diretor, roteirista e produtor cinematográfico George Lucas durante a criação do personagem C-3PO, um androide do filme Star Wars.

Fotografia em preto e branco de cena de filme. Destaque para o rosto de uma mulher de cabelo loiro penteado para trás, olhos claros e a boca aberta; ao redor, há diversos rostos de homens com cenhos franzidos e contraídos. No canto inferior esquerdo, destaque para um olho claro.
Cena do filme Metrópolis. Fritz Lang. Alemanha, 1927. 145 minutos
Fotografia em preto e branco de cena de filme. Um robô cinza com forma humana está sentado em uma poltrona; ao lado da poltrona há linhas claras com pontos de choque na cadeira e na cabeça do robô. Acima dele, há um círculo branco.
Fotografia de cena de filme. Um robô dourado está em pé, com a cabeça inclinada para o lado e o braço esquerdo estendido para frente e para o alto.
Corpo-máquina, de Metrópolis, 1927; e robô cê três pê ó, de Star Wars, George Lucas. Estados Unidos, 1977. 121 minutos

Tim Bârtân e o cinema expressionista

Até hoje o cinema expressionista continua influenciando a produção cinematográfica. Exemplo disso são as obras realizadas pelo diretor estadunidense Tim Bârtân (1958-). Em seus filmes, como Os fantasmas se divertem (1988), éduard mãos de tesoura (1990), O estranho mundo de Djék (1993), A fantástica fábrica de chocolate (2006), O lar das crianças peculiares (2016), entre outros, é possível perceber características do cinema expressionista, como personagens monstruosos, que muitas vezes oferecem perigo ou encantamento, e uma realidade fantástica pelas emoções dos personagens.

Fotografia de cena de filme. Um homem de cabelo grande despenteado, usando roupa preta, com as mãos em formato de tesouras grandes e pontiagudas, está abraçando uma mulher loira; ela está com a cabeça apoiada em seu peito e os braços ao redor do ombro dele.
Cena do filme éduard mãos de tesoura. 1990.
Fotografia de cena de filme. Um personagem de cabeça redonda, pequena e com cavidades escuras nos olhos, usando terno preto, com pernas e braços finos abertos, está acima de uma madeira; ao redor há monstros observando-o.
Cena do filme O estranho mundo de Djék, 1993.
Fotografia de cena de filme. Em primeiro plano, uma mulher de cabelo preto penteado para trás, usando roupa grossa e preta segura um arco e flecha marrom. À esquerda ao fundo, há um castelo, árvores verdes e diversas pessoas com superpoderes: soltando fogo pelas mãos, levitando, erguendo uma pedra gigante. À direita, em tons escuros e cores sombrias, árvores e pessoas com olhos brancos, usando ternos e sorrindo.
Cena do filme O lar das crianças peculiares, 2016.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Vocês já assistiram a algum dos filmes citados ou a outro de Tím Burton? Se a resposta for afirmativa, descrevam as principais características das histórias e dos personagens.
  2. Observem as fotografias de alguns dos filmes de Tim Bârtân e descrevam como maquiagem, figurino e cenários contribuem para uma maior expressividade.

VAMOS FAZER

Retrato expressionista

Agora vamos escolher uma pessoa para retratar na pintura com inspiração expressionista. Para começar, juntos, selecionem alguns artistas, figuras públicas ou pessoas conhecidas na comunidade apreciadas por você e seus colegas de sala. Para a seleção, considerem a carga emocional, ou seja, a intensidade de sentimentos e emoções que essas pessoas provocam em vocês. Depois, votem e escolham o nome mais apreciado por todos e busquem um retrato da pessoa, para servir de modêlo para a atividade.

Material

  • Caixa de papelão desmontada.
  • Tinta guache ou acrílica (cores variadas).
  • Tinta pê vê cê branca.
  • Cola branca.
  • Pincéis.
  • Panos velhos.
  • Copo com água.
  • Tesoura de pontas arredondadas.
  • Jornal velho.
  • Fita adesiva.
  • Camiseta velha.
  • Folha de papel sulfite branca.
  • Copinhos de café descartáveis.
  • Lápis grafite e borracha.
  • Recipiente de plástico (por exemplo, pote de sorvete de 2 litros).

Como fazer

Etapa 1 – Preparação da base

  1. Vista a camiseta velha que servirá de avental, forre a mesa com o jornal velho e prenda-o com fita adesiva.
  2. Coloque a cola branca e a tinta pê vê cê branca no recipiente de plástico e, com um pincel largo, misture até ficar homogêneo.
  3. Recorte uma das faces da caixa de papelão, aproximadamente do tamanho de uma folha de papel sulfite.

Continua

Continuação

Ilustração. Um menino de cabelo castanho e curto, usando óculos redondo, camiseta verde, está em pé e segura uma tesoura apontada na direção de uma cartolina marrom; no canto da cartolina há uma marcação com formato de um quadrado médio, aproximadamente um quarto da folha.
Ilustração. O menino está segurando um pincel na direção de um pote de tinta roxa; ao lado há dois potes de tintas e uma folha sobre a mesa.

4. Pinte um dos lados do retângulo de papelão com a mistura de cola e tinta pê vê cê. Espere secar, reaplique a mistura e deixe secar por 24 horas. Essa será a base do retrato.

Etapa 2 – O retrato

  1. Com a imagem da pessoa que será retratada, faça um esbôço com lápis grafite em uma folha de papel sulfite.
  2. Em seguida, pense e defina cores inusitadas e expressivas que possam representar a pessoa retratada. Misture as tintas, utilizando os pequenos copos descartáveis, para obter os tons desejados.
  3. Agora, reproduza o esbôço feito no suporte já sêco e comece seu retrato.
  4. Depois de pronto, deixe o retrato secando em um espaço arejado por 24 horas

Etapa 3 – Exposição

  1. Com todos os trabalhos prontos, junte-se aos seus colegas e realizem uma exposição em sala de aula.
  2. Organizem uma roda de conversa e descrevam as pessoas retratadas e as estratégias que vocês encontraram para expressar, por meio da pintura, as características do modêlo que mais admiram.
    Ilustração. Um menino e  duas meninas usando uniforme de camiseta branca e shorts azuis estão em pé de frente para três quadros com desenhos e pinturas de rostos humanos; eles conversam e sorriem.

eu vou APRENDER Capítulo 2

A expressão no teatro, no circo e na mímica

Neste capítulo, vamos tratar de alguns estilos teatrais, como a Commedia dell’arte, a Arte do palhaço e a Mímica. Nessas manifestações artísticas, a expressividade do artista é muito importante. Os corpos do ator, mímico, palhaço, acrobata, malabarista, dançarino, bailarino etcétera expressam emoções, pensamentos e sentimentos, que podem ser espontâneos ou decididos previamente.

Os artistas estudam e treinam para mover-se, falar, pensar e atuar. A atuação é fruto de um treino intenso que exige do artista muita atenção aos movimentos, à entonação da voz, aos ritmos do corpo e ao posicionamento no espaço. Veja imagens que retratam momentos de um espetáculo com artistas circenses.

Fotografia. Em primeiro plano, duas pessoas usando calças coloridas, camisetas brancas, perucas e chapéus coloridos. Elas estão em pernas de pau. Ao fundo, há pessoas de diferentes idades e de mãos dadas em uma roda.
Apresentação de artistas circenses, em Salvador. Bahia, 2017.
Fotografia. Uma pessoa sobre uma perna de pau, usando calça colorida, camiseta branca, chapéu amarelo e verde, está com o braço direito estendido para o lado; ao redor dela, diversas crianças e adultos estão de mãos dadas em roda.
Apresentação de artistas circenses, em Salvador. Bahia, 2017.
Fotografia. Em primeiro plano, uma menina de cabelo escuro com tranças longas, usando roupa vermelha. Ela está em pé sobre a perna direita. A perna esquerda está estendida para o lado e os dois braços esticados, um para cima e outro para a direita. Nas pernas e braços, há bambolês rosa girando. À sua frente, diversas pessoas e crianças estão sentadas em semicírculo assistindo à apresentação.
Apresentação de artistas em Londrina. Paraná, 2021.
Fotografia. Um grupo de crianças visto de costas está sentado em semicírculo no chão de uma praça. As crianças assistem à apresentação de um palhaço.
Apresentação de artistas em Londrina. Paraná, 2021.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Com a orientação do professor, observem e descrevam:
    1. quem são os artistas e as ações elaboradas por eles em cena;
    2. a localização dos artistas e do público no momento das apresentações.
  2. Releia a frase: “A atuação é fruto de um treino intenso que exige do artista muita atenção reticências”. Por que podemos considerar que o treino é necessário no processo de criação e desenvolvimento de atividades artísticas, como as das imagens representadas? Dialoguem sôbre as respostas.

COMMEDIA DELL'ARTE

A Commedia dell’arte é um estilo de teatro que surgiu entre os séculos quinze e dezesseis, na Itália, recuperando as tradições cômicas e populares, desenvolvidas desde a Antiguidade.

Com o objetivo de divertir e fazer com que o público encarasse a realidade de fórma cômica e bem-humorada, ao chegarem a uma localidade, as companhias itinerantesglossário pediam permissão para se apresentar sôbre suas carroças e, assim, iam conquistando o público de ruas, praças, feiras livres, mercados, casas de comerciantes e também palácios, apresentando-se para os nobres.

Gravura. Em preto e branco, destaque para cinco pessoas no centro de uma sala, usando roupas e fantasias. Acima, há lustres e um teto luxuosamente oramentado.
Pintura. Em pé sobre um tablado, um homem usando fantasia branca e segurando uma trombeta, ao lado há uma mulher usando blusa rosa com gola branca, saia azul e tocando um violino dourado. Ao redor deles,  diversas pessoas em pé e sentadas observam a apresentação. Ao fundo, uma muralha.
Representações ilustrativas de atores italianos da Commedia dell'arte originária da Itália, que foi popular na Europa do século dezesseis ao dezoito.

Como os meios de transporte e as estradas eram precários, o que tornava as viagens difíceis, os cenários e os figurinos da Commedia dell’arte eram inicialmente bastante simples.

Pintura. Um homem usando capacete e capa vermelha está sentado sobre um cavalo marrom e conduz uma charrete com seis pessoas; na parte de trás da charrete, há alguns papéis grandes. À frente do cavalo, um homem vestindo branco toca um violão; ao lado direito da charrete, dois homens caminham na mesma direção.
A ilustração retrata uma companhia de artistas viajando pela França. Eugêne Delacroá, 1818.
As apresentações

Os espetáculos eram realizados em palcos improvisados nas carroças e montados em um processo coletivo de criação, com base em um roteiro básico, cheio de falas e piadas já prontas. Porém, parte da apresentação era improvisada, já que os atores variavam o jôgo feito em cena de acôrdo com o público que assistia e com o local da apresentação. Os atores também realizavam acrobacias e malabarismos, além de incluir outras habilidades de artistas saltimbancosglossário , como o uso de pantomimasglossário .

Gravura. Em pé sobre um tablado de madeira marrom, há um homem usando roupa branca, máscara escura e um chapéu pontudo dourado; ao lado dele, há duas mulheres vestindo roupas coloridas e tocando um violino e um tambor. Ao redor do tablado, diversas pessoas estão em pé assistindo à apresentação.
Gravura representando espetáculo ao ar livre da Commedia dell'arte, século dezoito.

Muitas vezes, as companhias eram formadas por famílias inteiras, que passavam o ofício de geração a geração. Os personagens eram fixos, e muitos atores da Commedia dell’arte atuavam como um mesmo personagem durante toda a vida. Outro aspecto é que os personagens femininas eram feitas por atrizes, e não mais por homens, inovação desde o surgimento do Teatro.

3. Com a orientação do professor, pesquisem informações sôbre Commedia dell’arte em livros, revistas ou na internet e elaborem um verbete descrevendo aspectos históricos e as principais características dêsse gênero teatral.

Enredo e máscaras
Ilustração. Uma máscara marrom com olhos inclinados na diagonal, sobrancelhas grossas e nariz pontudo.

Na Commedia dell’arte, a maior parte das peças retratava sátiras sociais que representavam as relações de trabalho e encontros e desencontros amorosos. Os enredos das peças giravam em tôrno de patrões e criados e de casais de enamorados. Os personagens da Commedia dell’arte eram divididos em três categorias: os velhos, os criados e os enamorados.

A caracterização de cada personagem se dava pela postura e pela movimentação corporal, pelo figurino e, em especial, pelas máscaras, usadas por grande parte dos personagens. As máscaras deixavam a boca e o queixo descobertos e eram chamadas de meias máscaras. Elas permitiam a emissão da voz e uma respiração fácil, proporcionando o reconhecimento rápido do personagem pelo público.

A partir do século dezessete, a Commedia dell’arte entra em decadência, pois os intérpretes foram abandonando as praças e passaram a atender aos convites para apresentações nos palácios dos nobres. Com a perda de contato com o povo, e querendo agradar aos nobres, os temas abordados nas apresentações foram mudando.

Aos poucos, os atores profissionais transformaram suas apresentações, antes cheias de ironia e crítica social, em espetáculos de números dançados e cantados pelos enamorados, cheios de piadas e sem improvisação.

Ilustração. Uma máscara marrom com olhos arregalados, sobrancelhas arqueadas, nariz inclinado e boca aberta.
Ilustração. Uma máscara marrom com olhos arregalados, sobrancelhas franzidas, nariz largo e redondo e boca aberta.
Máscaras de couro representando personagens típicas da Commedia dell’arte
Os personagens da Commedia dell’arte

As apresentações de Commedia dell’arte brincavam com o modo de vida e os costumes dos poderosos. Eram divertidas e utilizavam o improviso e a ironia para se comunicar e surpreender a plateia. Vamos conhecer Arlequim, Pierrô, Colombina e Pantaleão, alguns personagens marcantes na Commedia dell’arte.

Arlequim era o servo de Pantaleão. Era espertalhão, insolente e preguiçoso, com movimentos ágeis e acrobáticos. Gostava de pregar peças em todos os personagens e estava sempre envolvido em confusões. Ele era sedutor e disputava com Pierrô o amor da criada Colombina. Seu figurino mais conhecido é um macacão com losangos.

Pierrô era o criado mais pobre. Honesto, ingênuo e introspectivo, era apaixonado pela Colombina, mas não tinha coragem para se declarar. Por isso, era alvo de piadas em cena. O personagem se vestia com roupas pobres feitas de saco de farinha e tinha o rosto pintado de branco.

Ilustração. Um homem usando máscara escura sobre o rosto, chapéu cinza, roupa com formas triangulares em tons de verde e laranja, cinto amarelo. Ele está em pé com o braço direito estendido para frente e o esquerdo segurando um bastão.
Ilustração de Arlequim publicada em Máscaras e bufões de Commedia dell’arte, de jan françoá morríce arnô dudevã. Paris, 1860.
Ilustração. Um homem usando máscara, chapéu comprido, roupa larga com gola arredondada e as mangas sobrando. Toda sua vestimenta é branca. Ele está com o braço direito estendido para frente.
Ilustração de Pierrô publicada em Máscaras e bufões de Commedia dell’arte, de jan françoá morríce arnô dudevã. Paris, 1860.

Colombina era um dos nomes da criada bela, esperta e inteligente, que, com outros criados, ajudava o casal de enamorados ricos a se encontrarem escondidos de seus pais. Era o pivô do triângulo amoroso que tinha, de um lado, o apaixonado Pierrô e, de outro, e espertalhão Arlequim.

Ilustração. Uma mulher de cabelo encaracolado penteado para cima, usando um vestido branco  comprido e com babados na barra, um casaco vermelho. Ela está com o rosto inclinado para o lado e a mão direita apoiada no queixo.
Ilustração de Colombina publicada em Máscaras e bufões de Commedia dell’arte, de jan françoá morríce arnô dudevã. Paris, 1860.
Ilustração de um homem de cabelo e barba branca, usando chapéu redondo e vermelho, roupa vermelha e uma capa escura. Ele está com o tronco inclinado para a frente, o braço direito flexionado para frente e a mão esquerda na cintura.
Ilustração de Pantaleão publicada em Máscaras e bufões de Commedia dell’arte, de jan françoá morríce arnô dudevã. Paris, 1860.

Pantaleão era o patrão, velho e rico, que representava a elite da sociedade na época. Era mandão, conservador, avarento e maltratava os servos, porém era alvo de constantes chacotas dos outros personagens.

Ícone de atividade em grupo.

Fazendo caracterização

Nessa proposta, vamos praticar a caracterização dos personagens da Commedia dell’arte. Para a atividade, organizem-se em grupos de quatro pessoas e sigam as orientações:

Como fazer

  1. Releiam os textos e se concentrem nas características de cada personagem descrito.
  2. Elaborem de fórma coletiva um pequeno texto, que possa ser desenvolvido em, no máximo, 5 minutos de cena. Envolva os quatro personagens e situações relacionadas ao modo de vida deles no passado. Não se esqueçam de respeitar as características de cada um deles.
  3. Se quiserem ousar, transportem o enrêdo e os personagens para a atualidade e coloquem no texto as questões sociais e emocionais da nossa época.
  4. Não esqueçam que a improvisação é uma característica marcante dêsse gênero teatral. Por isso, elaborem um texto simples e básico, que possibilite a improvisação envolvendo ações e perguntas que permitam a participação da plateia.
  5. Após a elaboração do texto, selecionem quem deverá fazer cada personagem e dialoguem sôbre como eles falam e se movimentam no espaço.
  6. Se julgarem adequado, criem adereços para identificar os personagens, como meias-máscaras.
  7. Com a orientação do professor, façam alguns ensaios e organizem uma apresentação para os colegas.
  8. Para finalizar a atividade, após as apresentações, faça uma roda de conversa para compartilharem experiências e sensações durante a atividade.
Ilustração. Uma pessoa usando chapéu vermelho e marrom com três pontas douradas, blusa marrom com formas de losango pretos, calça com listras verticais pretas e botas vermelhas com bico. Ela tem o rosto branco com lábios vermelhos e está com os dois braços e a perna direita levantados.
Ilustração. Uma pessoa usando chapéu de cinco pontas, máscara preta ao redor dos olhos, blusa avermelhada com formas de losangos, bermuda preta e meias longas brancas. Ele está com as pernas cruzadas e a mão esquerda levantada.
Ilustração. Uma pessoa usando chapéu dividido ao meio com duas pontas douradas, blusa com gola  em formato de leque aberto, saia arredondada sobre a calça. Na vestimenta predominam tons de azul, preto e dourado e formas geométricas, como os losangos. A pessoa está com a perna esquerda cruzada atrás da direita e os dois braços levantados.
Ilustração. Uma pessoa vestindo um chapéu preto e vermelho com quatro pontas para cima; blusa com manga balão em tons de verde, preto e vermelho; calça preta e saias rosa e verde com a parte inferior com formato triangular com bolinhas na ponta. Ela segura um bastão dourado e está saltando com a mão direita levantada.

ARTE E LÍNGUA PORTUGUESA

Canção de Carnaval

Era comum, nas manifestações carnavalescas brasileiras do século vinte, que mulheres se fantasiassem de Colombina e os homens, de Arlequim e Pierrô. Há várias músicas de Carnaval que citam esses personagens, como Máscara negra, composta por Zé Keti e Pereira Matos para o Carnaval de 1967. Vejam a letra da música.

Tanto riso,

Oh! quanta alegria,

Mais de mil palhaços no salão

Arlequim está chorando

Pelo amor da Colombina

No meio da multidão!

Foi bom te ver outra vez

Tá fazendo um ano,

Foi no carnaval que passou,

Eu sou aquele Pierrot,

Que te abraçou,

E te beijou, meu amor,

Na mesma máscara negra

Que esconde teu rosto

Eu quero matar a saudade.

Vou beijar-te agora,

Não me leve a mal,

Hoje é carnaval!

MÁSCARA negra. Compositores e intérpretes: Zé Kéti e Pereira Matos. ín: Máscara Negra / Acender as velas. Recife: Mocambo/éfe dê érre Discos, 1967. Vinil. Lado A.

Ilustração. Um homem de máscara branca, chapéu pequeno e pontudo preto, usando roupa com gola caída e botões grandes brancos, sapatos pretos e vermelhos, está chorando com a mão direita no peito.
Ilustração. Uma mulher usando chapéu de pirata,  vestido verde, amarelo e roxo, luvas longas pretas, meias longas amarelas e sapatos verdes. Ela ela está na ponta dos pés com as duas mãos levantadas.
Ilustração. Um homem com chapéu verde e amarelo com duas pontas, usando macacão com triângulos pretos, brancos e vermelhos. Ele está saltando com as pernas flexionadas e o braço esquerdo levantado na altura da cabeça.
Ícone de atividade em dupla.
  1. Descrevam a frase da canção que não reflete com fidelidade o contexto da história dos personagens Colombina, Arlequim e Pierrô.
  2. Com a orientação do professor, reescrevam trechos da canção com diferentes possibilidades para os personagens envolvidos e apresentem as versões aos colegas.
  3. Para ampliar seus conhecimentos sôbre o tema, investiguem outras canções ou poemas que tratam do triângulo amoroso formado por Colombina, Pierrô e Arlequim.

A ARTE DO PALHAÇO

Os bobos da côrte e os artistas itinerantes, entre outros, provocavam risadas nos nobres e nas plateias em ruas e mercados públicos desde cêrca de 4 mil anos atrás, em diferentes culturas e civilizações.

O palhaço é uma figura popular tradicionalmente relacionada ao circo. Nos circos ao redor do mundo, no final do século dezenove, a dupla de palhaços era, em geral, formada pelos personagens Augusto e Branco, que ainda continuam a aparecer na atualidade. Perfeitos para a cena cômica, os dois exploram as energias opostas do forte e do fraco ou do esperto e do ingênuo.

O Branco atua como o chefe mandão, intelectual, esperto, que se acha mais forte e dominador. O Augusto interpreta o tipo ingênuo, bobo, que segue as ordens, apanha e mantém a aparência de fraqueza, mas que em alguns momentos dá a “volta por cima”, possibilitando o triunfo do “bem” sôbre o “mal”.

Ilustração. Quatro cenas retratando dois palhaços em momentos diferentes. Um deles veste camisa azul, calça xadrez em tons de verde e vermelho, meias cinza, luvas brancas e sapato dourado; o outro veste blusa vermelha com a parte de trás longa, luvas brancas e calça cinza. Da esquerda para a direita e de cima para baixo, na primeira cena, o palhaço de camisa azul está tirando foto do outro com as mãos levantadas e fazendo uso de uma máquina de fotografar antiga, com um suporte grande de quatro pés; na segunda cena, o palhaço de camisa azul está apontando para baixo, na direção do homem de casaco vermelho, que está segurando uma arma apoiada no chão; na terceira cena, os dois estão diante da máquina fotográfica e com joelhos dobrados e as mãos levantadas em direção a ela; na última cena, os dois andam lado a lado com a perna direita estendida para frente; o homem de azul segura uma lanterna acesa e virada para o rosto deles.
A dupla de palhaços futí e chocolá criou a tipologia Augusto e Branco, no final do século dezenove. chocolá é considerado o primeiro palhaço negro na história da França.
Palhaçaria na atualidade

A tipologia de palhaço não é mais rígida, tanto em duplas quanto em grupos maiores de palhaços. Na atualidade, existem palhaços que cantam e tocam instrumentos, que são atores e que fazem acrobacias e malabarismos, como o brasileiro Abelardo Pinto (1897-1973).

Conhecido como Piolin, Abelardo viveu a infância dentro do circo, envolvido nas mais diferentes atividades. Seu treinamento teve início desde muito cedo. Ele aprendeu as modalidades de ciclista, saltador, acrobata e contorcionista.

Em certa ocasião, o circo do pai de Abelardo estava sem sua principal atração, pois o palhaço havia ido embora. Enquanto o pai procurava solucionar a situação, o filho Abelardo resolveu assumir a profissão.

A caracterização do palhaço Piolin foi sempre a mesma: jaquetão bem exagerado, bem maior do que o seu tamanho, sapatos número 84, bico largo, colarinho desajustado no pescoço e sua famosa bengala, que mais parecia um anzol.

Fotografia em preto e branco. Um palhaço com cabelo preto e curto, usando faixa na cabeça com uma pena, maquiagem branca no rosto, nariz postiço, roupa escura com bolinhas e mangas de pano, está com a mão esquerda levantada e apontando o dedo indicador para o alto.
Abelardo Pinto, conhecido por seu nome artístico Piolin. São Paulo, 1972.
Fotografia. Diversos palhaços em pé ou agachados e sorrindo. Eles usam maquiagem branca no rosto, nariz postiço vermelho. Um deles ergue uma bandeira com o desenho de um palhaço e outro segura uma trombeta verde. Usam roupas com combinações diferentes, mas sempre com listras pretas e brancas ou peças em tons de azul. Há vestimentas com alguns detalhes em vermelho e amarelo. Ao fundo, algumas árvores com folhagens verdes.
Grupo Sampalhaças. São Paulo, 2015.

A arte do palhaço não é exclusivamente masculina. Palhaças, como as da companhia Sampalhaças, arrancam o riso da plateia em ruas e parques das cidades.

Atrapalhados e divertidos, palhaços e palhaças encantam o público não apenas no circo, mas também em outros espaços, como televisão, cinema, teatros e até hospitais.

Ícone de atividade em grupo.

1. Vamos conhecer mais sôbre o tema elaborando um painel com a arte dos palhaços no Brasil. Investiguem em livros, revistas ou na internet a trajetória de palhaços e palhaças no país. Na pesquisa, identifiquem: nome, época e lugares onde atuaram. Insiram também fotografias para ilustrar as pesquisas.

Palhaços no cinema mudo

No cinema, assistimos às cenas e ouvimos os sons relacionados a elas, como vozes dos artistas ou trilhas sonoras que envolvem e chamam a atenção para a trama do filme. Pense em uma cena de explosão. Ao mesmo tempo que observamos a imagem da detonação, o som impactante do estouro atinge a sala de cinema inteira. Mas nem sempre foi assim.

No início do cinema, em 1895, os filmes eram “mudos”. Um filme “mudo” é aquele em que o diálogo é transmitido por meio de gestos, mímicas e letreiros explicativos, chamados intertítulos, que resumem em poucas linhas o diálogo.

Fotografia em preto e branco de uma cena de filme. Um homem de cabelo preto e curto, com bigode pequeno, usando macacão escuro e blusa de manga longa, está com a cabeça inclinada para frente e segura um martelo na direção de uma máquina formada por diversas engrenagens. Entre as peças da engrenagem, há um homem de bigode grande usando boina preta e óculos e com a boca aberta.
Cena do filme Tempos modernos (1936), com direção, atuação e trilha sonora de Chárli Chaplin. Com esse filme, o artista mostra a visão do corpo-máquina, a que o ser humano foi submetido a partir da Revolução Industrial.

Inicialmente, os filmes mudos não traziam trilha sonora para o acompanhamento da história e, a cada exibição, em cada sala de cinema, eram executadas músicas, geralmente com o piano e/ou efeitos sonoros, ao vivo. Outro modo de se referir a esse estilo de filme é cinema sem som sincronizado.

Dentro das limitações tecnológicas daquele momento, o cinema mudo se desenvolveu estabelecendo uma linguagem própria, com características peculiares de interpretação, de cenários e figurinos.

Os filmes sem som sincronizado produzidos naquela época eram em preto e branco, sendo alguns deles colorizados à mão ou por meio de diferentes “filtros” (verde, azul, vermelho), a fim de criar atmosferas diferentes de acôrdo com a história.

Muitos filmes foram produzidos durante a Era do Cinema Mudo, como grande parte dos de Chárli Chaplin (1889-1977) e bãster quíton (1895-1966). Esses artistas faziam uso da arte do palhaço. Porém, neles é possível perceber como a palhaçaria e a pantomima serviam e servem para encantar até os dias de hoje.

Fotografia em preto e branco de uma cena de filme. Um homem de sobrancelhas finas, usando chapéu pequeno, camisa branca, colete cinza e terno preto. Ele está segurando em seu braço direito um objeto com tripé longo fixado a uma parte com forma retangular. Ao lado dele, há malas e máquinas.
bãster quíton em O homem das novidades, de 1928.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Observem e descrevam as principais características do cinema mudo.
  2. Citem os personagens do cinema mudo descritos no texto.
  3. Vocês já assistiram a alguns dos filmes deles ou de outros astros do cinema mudo? Se a resposta for positiva, compartilhem as experiências com os colegas.
  4. Para ampliar a investigação, com a ajuda de um colega, pesquisem e selecionem uma cena divertida ou impactante de algum filme do cinema mudo. Para finalizar, compartilhem as cenas na sala de aula ou em um espaço virtual.
Mímica

Brincar de mímica é um jôgo muito comum entre crianças e adultos. Jogado em dois grupos, pelo menos, uma das pessoas escolhe um filme, um personagem, uma situação etcétera e executa gestos e expressões, sem usar palavras nem sons, para que os integrantes do outro grupo adivinhem o que é representado.

Ainda que seja mais complexa do que isso, a mímica teatral se caracteriza como uma linguagem artística derivada da pantomima, que foi o primeiro nome dado na Europa aos espetáculos que não utilizavam nem palavras nem música e em que o ator se manifestava apenas por gestos, expressões corporais ou do rosto.

Originada na Grécia antiga, a pantomima teve períodos de enfraquecimento e períodos em que voltou a se fortalecer. No século vinte, após a Primeira Guerra Mundial, houve uma renovação da mímica como estilo teatral, a chamada mímica corporal dramática, que tem como mestre jáqui copô (1879-1949), diretor, dramaturgo e ator francês.

Da escola do teatro viô colombiê, fundada por copô, surgiram grandes nomes da mímica, como Marcel marçô (1923-2007). Reconhecido em muitos países pelas suas performances impressionantes, Marcel criou personagens, figurinos e maquiagem que se tornaram clássicos e inspiram mímicos até os dias atuais.

Fotografia em preto e branco. Homem usando maquiagem clara no rosto, mas escura no canto dos olhos e com sobrancelhas desenhadas na testa. Ele está usando chapéu arredondado, alto e com flores acima; veste camiseta listrada e, sobre ela, uma blusa fina e escura; ele está em pé, com a mão esquerda apoiada na cabeça.
Mímico francês Marcel marçô, década de 1970.

VAMOS FAZER

Mímica

A mímica como fórma de expressão artística é um estilo baseado em movimentos ou gestos para contar uma história ou descrever uma situação, mas pode também utilizar palavras, sons ou outros recursos, desde que a ação principal seja baseada em movimentos e expressões do artista.

Nesta atividade, vamos brincar de mímica! São várias etapas, mas o jôgo é muito simples: basicamente, vocês vão representar o título de um filme utilizando gestos e expressões, sem sons nem palavras.

Ilustração. Em linhas pretas finas, uma pessoa de cabelo curto penteado para cima, com máscara branca, lábios vermelhos, usando roupa preta, está gesticulando com as mãos na frente do peito, realizando mímica.

Como fazer

Etapa 1 – Escolha dos filmes

  1. Formem quatro grupos: A, B, C e D.
  2. Os grupos deverão escolher um filme cada um. Atenção: um não poderá saber os filmes do outro.
  3. Cada grupo deve planejar as mímicas que serão realizadas para exprimir o filme escolhido. Para isso, vocês deverão fazer um resumo do filme e definir os personagens que cada um vai representar na mímica e as movimentações em cena, ou seja, entrada e saída de cena dos personagens.

Etapa 2 – O jôgo

4. Apresentem a narrativa resumida do filme, sem recorrer a explicações nem palavras, um integrante por vez, até que o outro grupo acerte a resposta. Depois é a vez do próximo grupo, e assim por diante. Vocês podem combinar um tempo máximo para fazer as mímicas para todos terem tempo de se apresentar.

Etapa 3 – Conversa

5. O professor poderá filmar os grupos durante as apresentações para que, ao final da atividade, todos possam observar e discutir movimentos, gestos, expressões e seus significados.

eu APRENDI

  1. Anote no caderno a alternativa correta sôbre o Expressionismo.
    1. Entre a segunda metade do século dezenove e a primeira do século vinte, vários artistas realizaram diversas experiências rompendo com os temas clássicos e as fórmas tradicionais nas manifestações artísticas até então vigentes.
    2. Neste movimento artístico ocorre a valorização da emoção e dos sentimentos do artista na elaboração de suas obras.
    3. Todas as obras relatam a realidade de fórma fiel, sem valorizar a emoção e a intuição.
      1. Todas as afirmações estão corretas.
      2. Somente a afirmação um está correta.
      3. As afirmações um e dois estão corretas.
      4. As afirmações um e três estão corretas.
  2. No cinema expressionista os cenários e os personagens da trama podem aparecer distorcidos, a trilha sonora é utilizada para conferir maior dramaticidade e as histórias são contadas por meio das sensações. Cite exemplos de filmes que tiveram inspiração neste movimento e descreva os elementos presentes no filme que são características do movimento expressionista.
  3. Observe a imagem, cite que tipo de teatro é retratado e descreva as principais características dessa manifestação artística.
Pintura. Em formato de quadro oval, vista panorâmica de uma apresentação teatral. Ao fundo, um palco em tons verdes com cortinas avermelhadas; no centro dele, alguns atores se apresentam. À frente do palco, uma multidão na plateia e nos camarotes. Alguns ainda estão prestes a se sentar. As mulheres usam vestidos coloridos longos e armados. Os homens vestem calça, blusa e peruca ou chapéu.
Uma comédia italiana em Verona, de Marco Marcola, 1772. Óleo sôbre tela, 115,3 centímetros por 84,2 centímetros.
  1. Observe a imagem.
    1. Que artista é evidenciado nas imagens e quais são os espaços onde ele geralmente pode atuar?
    2. Descreva em uma frase que sensações e emoções esse tipo de artista busca provocar no público.
    3. Cite o nome de um dêsses artistas que você já viu ou assistiu em qualquer veículo de comunicação.
Cartão-postal. Na parte superior, em francês, o anúncio de um sabão em pó. No centro, ilustração de um palhaço de rosto branco, lábios vermelhos, usando roupa amarela e vermelha. Ele está em pé e segura um sabão na direção do rosto de uma pessoa de lábios grossos vermelhos e usando roupa azul.
Cartão-postal francês anunciando sabão em pó com uma ilustração da dupla de comédia Augusto e Branco, cêrca dê 1896.

5. Rit Tanida é um artista que utiliza o bordado como fórma de expressão em defesa dos direitos humanos e da democracia. Veja uma das obras dela a seguir.

Bordado com linhas. Dois pulmões com fios de linhas vermelhas com notas musicais dentro. Ao redor, também há notas musicais. Abaixo, a frase: FICAR SEM AR TE SUFOCA
Ficar sem AR TE sufoca, de Rit Tanida, 2000 década certa. Bordado, linha e tecido, 16,5 centímetros por 13 centímetros.
  1. Descreva a mensagem expressa na obra bordada de Rit.
  2. A arte é importante na sua vida? Inspirado na manifestação da artista, elabore um desenho em uma folha de papel sulfite para responder à pergunta.

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Arte que me emociona

Desde que nascemos, a arte faz parte da nossa vida. Leiam e identifiquem que manifestações artísticas foram evidenciadas nos relatos de pessoas de diferentes idades.
Ilustração. Em fio preto, destaque para uma mão segurando um lápis apontado para baixo.

Eu tinha um irmão gêmeo e meu pai costumava desenhar para nós. Para ele, o desenho era brincadeira, e acredito que esse foi um dos fatores que fizeram com que eu continuasse a desenhar pela minha vida toda.

Claudinei, 58 anos.

Eu e minhas irmãs pegávamos folhas de sulfite e colocávamos em cima dos desenhos dos livros de escola. Depois ficávamos pintando. Essa era a nossa brincadeira.

Daniel, 29 anos.

Ilustração. Em fio preto, duas mulheres em pé sobre uma perna e com os dois braços e uma perna levantados.

Eu me lembro com muita clareza da minha mãe cantando e dançando pela casa o tempo todo.

Silvia, 50 anos.

Ilustração. Em fio preto, um homem usando casaco, calça, segurando um microfone na frente da boca e com a mão esquerda levantada.

Lá estava ele, o cantor no palco cantando para a gente. Naquele momento, ele deixou de ser uma voz no aparelho de som e virou gente!

Juliana, 39 anos.

Ilustração. Em fio preto, um cinema visto do fundo para a frente. Em primeiro plano, há pessoas sentadas nas cadeiras. Ao fundo, um telão retangular.

Não sei quantos anos eu tinha, mas era tão pequena que precisei de ajuda para me sentar na enorme cadeira. Eu me lembro do medo do escuro, que passou imediatamente quando a enorme tela se iluminou e o filme começou.

Clara, 63 anos.

Minha mãe me disse que um dos quadros mais famosos do mundo morava naquele lugar e que até eu já tinha visto ele em um livro da escola. Saí correndo pelo museu caçando a pintura e lá estava ela. Mas tinha tanta gente que tive que esperar minha vez para olhar com calma.

Diego, 19 anos.

Ilustração. Em fio preto, pessoas em pé diante de quadros quadrados e retangulares pendurados em paredes; ao lado há um cadeirante observando os quadros.

A arte tem o poder de provocar emoções, de contar histórias e de nos tornar mais humanos, sensíveis e criativos. Uma música, um filme, um livro, uma pintura, uma dança ou qualquer outra manifestação artística pode nos fazer rir, chorar ou até produzir memórias e emoções que nos transportam para diferentes épocas ou lugares do mundo.

Certamente você já deve ter se emocionado ao observar uma pintura, escutar uma canção, assistir a uma cena de filme ou de um espetáculo de teatro ou dança. Tristeza, angústia, indignação ou alegria podem ser algumas das emoções sentidas por você ao observar a manifestação artística.

Que tal compartilhar essa emoção com os colegas de sala? Para a atividade, siga as orientações.
  1. Escreva um relato descrevendo a emoção em relação à manifestação artística que você selecionou.
  2. Para ampliar, além do seu relato, selecione uma pessoa da família ou da sua convivência para relatar a experiência que ela teve ao entrar em contato com uma manifestação artística. Elabore junto com a pessoa selecionada o relato.
  3. Se possível, leve imagens, filmes, letras ou a canção que você evidenciou nos relatos.
  4. Para finalizar, com a orientação do professor, montem uma exposição presencial ou virtual com os relatos. Se possível, organizem o evento com as imagens e os sons das obras e manifestações e convidem a comunidade escolar para a mostra.

Glossário

Expressionismo
: movimento artístico que teve início no comêço do século vinte na Europa e apresenta como aspecto principal a valorização e a expressão das emoções humanas.
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gravador
: artista plástico que grava imagens em placas, geralmente de madeira, pedra ou metal, por processos manual, químico ou fotomecânico.
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composição
: maneira de dispor os elementos formais (linhas, fórmas, cores, figuras, materiais etcétera) compondo um conjunto integrado e harmonioso.
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Itinerante
: aquele ou aquilo que transita, que viaja.
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saltimbancos
: artistas populares itinerantes que exibem habilidades de acrobacia, teatro e música por feiras, praças etcétera
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pantomima
: representação teatral que consiste em se expressar basicamente por meio de gestos, movimentos, atitudes e expressões faciais e corporais, fazendo a menor utilização de palavras.
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