UNIDADE 1 Arte e povo brasileiro

As propostas desta unidade do seu livro foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam:

Pintura. Em primeiro plano, em tons de bege, marrom e preto, um aglomerado de rostos de homens e mulheres de diferentes etnias e com expressão facial neutra. Eles estão dispostos de modo a formar uma diagonal e se concentram em todo o  canto direito e no canto inferior esquerdo. Ao fundo, no canto superior esquerdo, em tons de cinza, há uma paisagem urbana composta de edifícios retangulares e chaminés cilíndricas soltando fumaças.

eu SEI

Como é o nosso povo?

Observar como a pintura Operários, de Tarsila do Amaral (18851973), retrata o povo e elaborar uma selfie com proposta semelhante.

Pintura. Um mulher nua com cabeça sem cabelos, muito pequena e arredondada. O tamanho da cabeça  contrasta com o do nariz largo e dos lábios grossos. Ela está sentada com as pernas cruzadas e o seio direito caído sobre o braço do mesmo lado. Os tons de bege do corpo da mulher se destacam no fundo composto de faixas retas horizontais em tons de marrom, branco, azul e verde e, na diagonal semicurvada, há duas faixas retas verdes.

eu vou APRENDER

Capítulo 1 – Arte como retrato do povo

Explorar a representação da paisagem e da diversidade do povo brasileiro.

Capítulo 2 – Arte e modernidade

Explorar o Modernismo no Brasil e os eventos ocorridos na Semana de Arte Moderna de 1922.

Pintura. Na obra, há uma valorização de cores intensas, como o amarelo, o verde, o rosa, o azul. Em primeiro plano e no canto inferior direito, há o tronco e a cabeça de um menino de nariz fino, lábios largos, de cabelo preto. Ele está com a mão esquerda levantada à direita e próxima a duas lagartixas amarelas que estão sobre a folhagem. Ao fundo, em diferentes tonalidades de verde, há uma paisagem repleta de folhas de bananeiras, em cuja composição predominam linhas retas.

eu APRENDI

Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.

Pintura. Em linhas pretas finas, há no centro da imagem, uma pipa na vertical em tons de rosa, vermelho, azul e branco. Duas crianças estão manipulando as linhas da pipa, enquanto outras observando. O tamanho da pipa é maior que as pessoas do entorno, as quais vestem roupas em tons de azul, vermelho, verde, amarelo e branco. Ao fundo, há edifícios onde há pessoas olhando pela janela.

vamos COMPARTILHAR

Djãnira da Motta e Silva: a arte e o povo

Elaborar um painel coletivo sobre cenas e temas relacionados ao povo brasileiro. 

OBJETIVO GERAL

Possibilitar a compreensão e a elaboração de manifestações artísticas que retratam a formação e a configuração da paisagem nacional e do povo brasileiro.

eu SEI

Como é o nosso povo?

A tela Operários, da artista Tarsila do Amaral, de 1933, é uma de suas obras mais conhecidas. A pintura é um registro poderoso de um momento histórico no Brasil marcado pela industrializaçãoglossário e migraçãoglossário de trabalhadores. Além disso, a imagem chama a atenção para 51 rostos de pessoas que pertencem a diferentes etniasglossário .

Pintura. Em primeiro plano, em tons de bege, marrom e preto, um aglomerado de rostos de homens e mulheres de diferentes etnias e com expressão facial neutra. Eles estão dispostos de modo a formar uma diagonal e se concentram em todo o  canto direito e no canto inferior esquerdo. Ao fundo, no canto superior esquerdo, em tons de cinza, há uma paisagem urbana composta de edifícios retangulares e chaminés cilíndricas soltando fumaças.
Operários, de Tarsila do Amaral, 1933. Óleo sobre tela, 230 centímetros por 150 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral. Dois balões de fala, um branco e outro rosa.
  1. Com a orientação do professor, observem atentamente o quadro e citem:
    1. os elementos que retratam o processo de industrialização;
    2. a diversidade de pessoas existentes na imagem;
    3. o significado dos rostos na imagem;
    4. o que as expressões faciais das pessoas retratadas de­monstram.
  2. Que tal a partir da proposta apresentada na obra de Tarsila do Amaral representar a diversidade de pessoas e etnias que podem existir na sua sala de aula? Para isso, vocês poderão fazer uma selfie ou elaborar um retrato evidenciando os rostos das pessoas da sua turma. Sigam as orientações.
    1. Selecionem um lugar da sala para se posicionar.
    2. Se acharem adequado, planejem um cenário de fundo como um desenho na lousa ou um lugar característico da escola.
    3. O professor ou um dos colegas deverá ser selecionado para fazer a imagem.
    4. O escolhido deverá segurar o celular na posição correta, de fórma que todos os estudantes apareçam na imagem.
    5. Pensem na luz mais adequada, buscando um lugar bem iluminado para a fotografia.
    6. Busquem o melhor ângulo para a composição da imagem.
    7. Se necessário, testem diferentes maneiras e posições para obter a imagem mais adequada a explorar a diversidade de pessoas da turma.
    8. Para finalizar, com a orientação do professor e organizados em uma roda, conversem sobre a imagem obtida e compartilhem impressões a respeito do que ela revela sobre a diversidade de pessoas existentes na turma.
Ilustração. Em fundo bege com formato oval, cinco mulheres estão de costas, abraçadas e uma delas segura um celular esticado à frente dos rostos para tirar selfie. Elas vestem roupas em tons de preto, branco, bege e marrom.

eu vou APRENDER Capítulo 1

Arte como retrato do povo

A formação do povo brasileiro deu-se, basicamente, da união de diferentes grupos étnicos: os povos originários que aqui viviam há centenas de anos; os europeus, com predomínio dos portugueses; e os africanos, que foram trazidos à fôrça alguns anos depois da chegada dos portugueses e escravizados.

Além desses grupos, descendentes de imigrantes italianos, espanhóis, japoneses, holandeses, armênios, entre outros que se espalharam por todo o território brasileiro, também contribuíram para a diversidade humana e a riqueza cultural do Brasil.

Pintura.  Vista de uma vila. No canto inferior direito, há uma ponte cinza e marrom sobre um rio. Do lado de lá da ponte, quatro casas em planos diferentes da cena. Entre elas, árvores com folhagens verdes. No canto superior direito, destaca-se um mamoeiro alto e, ao lado dele, uma mulher de roupa azul de mãos dadas com duas crianças caminha em direção a uma das casas do vilarejo. No último plano, um céu azul com tom mais claro que o rio.
Na obra, há um predomínio de formas geométricas simples, como triângulos, quadrados e retângulos, na composição das casas e da ponte, e formas circulares para retratar as árvores. Há uma valorização de cores fortes, como tons variados de verde, amarelo e azul.
O Mamoeiro, de Tarsila do Amaral, 1925. Óleo sobre tela, 70 centímetros por 65 centímetros.

Muitos artistas retrataram a população e a riqueza cultural do país em suas obras, como Tarsila do Amaral (18861973), que mostrou aspectos relacionados à paisagem e ao povo brasileiros em muitas das suas obras, como O Mamoeiro, de 1925.

A obra Tropical, da artista brasileira Anita Malfatti (18891964), apresenta diversos elementos ligados ao povo brasileiro.

Pintura. Em primeiro plano, à direita, uma mulher de cabelo castanho penteado para o lado, de sobrancelhas finas, nariz e lábios finos, rosto oval e lábios grossos. Ela veste uma blusa branca que contrasta com os tons de marrom da sua pele. Ela está segurando à sua direita um cesto grande com frutas em tons de amarelo e verde, como banana, mamão, abacaxi e manga. Em segundo plano, há folhagens verdes de bananeiras.
Tropical, de Anita Malfatti, 1917. Óleo sobre tela, 102 centímetros por 77 centímetros.

1. Observe as duas obras e, no caderno, descreva os elementos relacionados às paisagens e ao povo brasileiro retratados pelas artistas Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. Sugerimos um quadro que pode ser copiado e utilizado para a elaboração da atividade.

Ícone Modelo

O que observar

Pintura 1

Pintura 2

Nome das pinturas

Nome dos artistas

Elementos que se relacionam com as paisagens e o povo no Brasil

  1. As duas obras selecionadas retratam aspectos da paisagem e do povo brasileiro da época das artistas. Para aprofundar a temática, sigam as orientações.
    1. Selecionem uma imagem que retrate a paisagem e a população brasileira.
    2. Para a atividade, vocês devem pesquisar um desenho, uma pintura ou fotografia e elaborar uma legenda evidenciando elementos que considerem tipicamente brasileiros.
    3. Após a pesquisa e a seleção, compartilhem os resultados com os colegas da turma.
Versão adaptada acessível

Atividade 2.

As duas obras selecionadas retratam aspectos da paisagem e do povo brasileiro da época das artistas. Para aprofundar a temática, sigam as orientações.

a) Selecionem uma imagem ou outra manifestação artística que retrate a paisagem e a população brasileira.

b) Para a atividade, vocês devem pesquisar uma imagem ou outra representação artística e elaborar uma legenda ou sinopse evidenciando elementos que considerem tipicamente brasileiros.

c) Após a pesquisa e a seleção, compartilhem os resultados com os colegas da turma.

Para ampliar

BRAGA, Angela; REGO, Lígia. Tarsila do Amaral. São Paulo: Moderna, 1998. Conheça a diversidade de estilos, fórmas e temas desenvolvida pela artista Tarsila do Amaral.

O BRASIL DOS ARTISTAS VIAJANTES

Antes da invenção da fotografia, a única fórma de registrar a imagem de lugares, pessoas ou objetos era fazendo um desenho, uma gravura ou uma pintura. Interessados em conhecer e registrar o “Novo Mundoglossário ”, diversos artistas estrangeiros visitaram o Brasil e outros países das Américas e retrataram a fauna, a flora, as paisagens e os tipos humanos encontrados nessas viagens em diferentes épocas.

Um deles foi o pintor e desenhista holandês âubert équirráut(16101666), que chegou ao Brasil em 1637, com um grupo de artistas e cientistas encarregados de documentar o “Novo Mundo”. O artista se encantou com a exuberante natureza brasileira, as paisagens de grande beleza, a fauna e a flora, muito diferentes das encontradas em seu país: frutas, flores e animais que ele desconhecia.

Pintura. Em tons predominantes de verde, vermelho e amarelo, destaque para uma mesa marrom com diversas frutas acima: caju, abacaxi, laranja, maracujá, melão, pera, melancia.
Natureza morta com abacaxi, melão e outras frutas tropicais, de âubert équirráut, 1641. Óleo sobre tela, 103 centímetros por 103 centímetros.
Pintura. Em tons de verde, marrom, vermelho e amarelo, destaque para uma arara de bico fino e preto; penas vermelhas, amarelas e verdes. Ela está pousada em um galho fino de uma árvore. Ao fundo, o céu azul e, na parte inferior, algumas vegetações vistas de longe.
Arara Escarlate, de âubert équirráut, 1653-1659. Óleo sobre tela, 90 centímetros por 75 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. Descrevam as frutas e o animal retratados pelo artista.
  2. Com a orientação do professor, selecionem uma fruta e um animal característico para retratar, por meio de desenho, a cidade ou a região onde vocês moram.
Versão adaptada acessível

Atividade 4.

Com a orientação do professor, selecionem uma fruta e um animal característico para retratar, por meio de uma representação, a cidade ou a região onde vocês moram.

Eckhout e a população brasileira

No Brasil, équirráut percebeu que a população era resultante de diferentes origens: nativos indígenas, negros africanos e brancos europeus. Também observou que a cultura era muito diferente da europeia nos modos de viver, nas línguas, nas religiões, nas tradições, nos hábitos e nos costumes. Observe nas imagens como o artista retratou algumas dessas pessoas.

Pintura. Na imagem, predominam cores em tons de verde, marrom e cinza. Uma mulher indígena de cabelo curto e preto, nua, segurando plantas verdes, está com um cesto cuja alça está apoiada na cabeça. Ela está em pé e, junto dela, um cachorro marrom com patas brancas bebe água em um riacho. Ao redor, há uma árvore com tronco grosso, pedras e folhas grandes.
Mulher Tapuia, de âubert équirráut, 1641. Óleo sobre tela, 272 centímetros por 176 centímetros.
Pintura. Uma mulher negra usando saia branca, chapéu de palha com base larga, está em pé e segura um cesto de frutas com a mão direita, elevando-o na altura do ombro e da cabeça. Sua mão esquerda está sobre a  cabeça de uma criança em pé ao seu lado, a qual segura uma espiga de milho. No canto esquerdo, em tons de marrom e verde, há uma árvore com tronco grosso. À direita e ao fundo da cena, o mar com algumas embarcações vistas de longe. Na obra, predominam os tons de marrom, verde e cinza, mas há alguns elementos destacados em vermelho, como o colar, o lenço que ela usa sobre a saia branca e um detalhe do cesto de frutas.
Mulher Africana, de âubert équirráut, 1641. Óleo sobre tela, 178 centímetros por 267 centímetros.
Pintura. No centro, uma mulher de cabelo curto, usando colar e um arranjo de flores na cabeça. Ela veste um vestido branco longo de mangas compridas, está descalça e em pé. Com a mão direita, eleva na altura da cabeça um cesto delicado com flores e, com a mão esquerda, ergue levemente a barra do vestido, mostrando parte do tornozelo. À direita, um cajueiro e, abaixo dele, dois animais roedores. Ao fundo, há uma vasta vegetação verde e o céu. Na obra, predominam cores em tons de marrom, verde e branco, mas há detalhes em amarelo e vermelho nos frutos da árvore.
Mulher Mamelucaglossário , de âubert équirráut, 1641. Óleo sobre tela, 170 centímetros por 271 centímetros.

Em Mulher Tapuia, équirráut retratou a antropofagiaglossário – prática comum entre os Tapuia e Tupinambá – fóra de um contexto ritualístico, como se os indígenas fossem à caça de seres humanos para se alimentar, o que não condiz com a realidade.

  1. Com a orientação do professor, discutam:
    1. o que as imagens apresentam em comum;
    2. por que podemos afirmar que âubert équirráut idealizou os personagens vistos nessas pinturas.
  2. Você acredita que as mulheres da segunda e da terceira imagem se vestiam e se adornavam assim? Por quê? Explique a sua resposta.

ARTE E HISTÓRIA

Pinturas que retratam o trabalho escravo

No início do século dezenove, outros artistas viajantes europeus visitaram o Brasil e retrataram temas bem variados. Entre eles, destacam-se o francês Jãn Batiste Dêbret (17681848) e o alemão iôrram mórritis ruguendás (18021858).

rugêndas chegou ao Rio de Janeiro em 1822 e retratou a paisagem natural, a fauna, a flora e os tipos humanos que observou na cidade. Em 1824, o artista iniciou uma viagem a outros lugares do Brasil, os atuais estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco.

Nas cenas da vida cotidiana da população brasileira da época nota-se que o artista pintou imagens idealizadas que, muitas vezes, se afastam da realidade observada. Os corpos de pessoas negras e de indígenas têm traços europeizados, e a situação cruel à qual os escravizados eram submetidos é amenizada, como na obra Colheita de café na Tijuca, de 1835.

Apesar disso, o conjunto de trabalhos artísticos realizados por rugêndas no período em que esteve na América é um dos mais importantes materiais sobre a sociedade e as paisagens desse continente no século dezenove.

Desenho. Em uma paisagem com vários tipos de árvores, altas e baixas, com diferentes formatos e tipos de folhagens, um grupo de pessoas trabalha na colheita do café, realizando diferentes atividades. No canto inferior direito, um grupo colhe os frutos das árvores, depositando-os em cestos de palha. Ao centro, outras pessoas despejam os grãos sobre a terra, enquanto um homem passa um rastelo sobre os grãos, espalhando-os. À esquerda, algumas pessoas manuseiam sacas de café, enquanto dois homens vestindo chapéu assistem à colheita. Ao fundo, alguns morros e, entre eles, um rio. Na obra predominam tons de verde, marrom e cinza. Na vestimenta das pessoas, há uma variedade de cores, como amarelo, azul, vermelho, rosa, roxo.
Colheita de café na Tijuca, de iôrram mórritis ruguendás, 1835. Desenho litografado e colorido, 51,3 centímetros por 35,5 centímetros. Ao fundo, a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Pão de Açúcar.

debrê chegou ao Brasil em 1816, integrando a Missão Artística Francesa, que era composta de um grupo de artistas europeus liderados por joaquim lebrêtôn (17601819), com o objetivo de promover o ensino de Arte no Brasil. Mais tarde, em 1826, esses artistas tiveram importante papel na criação da primeira academia de arte do país, a Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), na cidade do Rio de Janeiro (érre jóta).

debrê trabalhou como pintor da côrte, retratando personagens e fatos do cotidiano brasileiro no período imperial. No entanto, ao visitar diversas cidades, pintou suas paisagens e os costumes do povo, revelando-se um artista atento às questões sociais do país. Por meio de suas obras, é possível compreender alguns aspectos relacionados ao dia a dia do povo e às condições de vida de pessoas que foram escravizadas e trazidas à fôrça da África para o Brasil.

Litografia. Em um ambiente interno com telhado e piso de madeira, dois homens negros sem camiseta estão com os braços flexionados e empurrando uma alavanca que gira em forma de círculo e, assim, impulsiona uma engrenagem composta por três objetos em formato cilíndrico, por onde a cana-de-açúcar é moída. À frente e atrás da engrenagem, há um homem de cada lado. Sentados em banco de madeira e manipulando a moagem da cana-de-açúcar. Ao fundo, uma prateleira com objetos de barro. No canto inferior direito, um amontoado de canas-de-açúcar dispostas verticalmente e apoiadas na parede. Predominam na obra tons de bege e marrom  e, na vestimenta das pessoas, há uso do vermelho, azul e cinza.
Pequena moenda portátil, de Jãn Batiste Dêbret, 1834‐1839. Litografia colorida à mão, 49 centímetros por 34 centímetros.
Na reprodução da obra de rugêndas e principalmente na reprodução da obra de debrê, podemos perceber alguns aspectos do cotidiano das pessoas escravizadas. Para se aprofundar na temática, siga as orientações.

1. Faça uma pesquisa na internet, em livros e revistas e selecione textos e imagens sobre as condições de vida dos africanos escravizados no Brasil.

Versão adaptada acessível

Atividade 1.

Faça uma pesquisa na internet e selecione textos, imagens, podcasts ou canções sobre as condições de vida dos africanos escravizados no Brasil.

Ícone de atividade em grupo.

2. Anote as informações no caderno. No dia marcado pelo professor, traga suas anotações. Reúna-se com mais três colegas para compartilhar o resultado das pesquisas.

Ícone de atividade oral.

3. Depois, apresentem aos colegas da sala um resumo do que foi descoberto e discutido.

RETRATOS: REGISTRO VISUAL

Os retratos podem ser feitos com diferentes técnicas, por meio da observação ou de memória. O retrato de memória é feito sem que a pessoa ou o grupo esteja presente. Um retrato falado, por exemplo, é um desenho feito com base na descrição de uma pessoa.

Muitos artistas estrangeiros e nacionais fizeram retratos de várias personalidades no Brasil. Observe o retrato de Dom João sexto, rei de Portugal, Brasil e Algarves, pintado pelo artista francês Jãn Batiste Dêbret.

Quando debrê fez esse retrato, a fotografia ainda não existia. Até hoje, para pintar o retrato de alguém, é necessário que a pessoa fique horas na mesma posição. O processo é demorado e cansativo, mas, dependendo do artista, o resultado pode ser muito positivo. Com a invenção da fotografia em 1839, sua popularização no decorrer do século dezenove e, mais recentemente, o aperfeiçoamento dessa mídia em câmeras digitais e smartphones, qualquer pessoa pode realizar retratos fotográficos e publicá-los em redes sociais, páginas virtuais de notícias, blogs, revistas, jornais etcétera

Pintura. Retrato realístico. Na obra, predominam os tons de vermelho, branco, dourado e preto. No centro da imagem e em primeiro plano, retratado de corpo inteiro, um homem de cabelo curto e branco, de sobrancelhas, nariz e lábios finos, usa trajes de realeza, como um manto branco, vermelho e detalhes dourados em ouro, blusa preta com diversas insígnias e o brasão real, calça branca e sapato preto. Em segundo plano, à direita,  uma cortina ornamentada e um trono; à sua esquerda, uma coroa e ao fundo uma coluna imponente. A cor branca do cabelo e das calças e o preto da blusa se destacam em um cenário em tons predominantes de vermelho e verde opacos.
Retrato de Dom João sexto, de Jãn Batiste Dêbret, 1817. Óleo sobre tela, 60 centímetros por 42 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. O que chama atenção no retrato pintado por debrê?
  2. Para vocês, qual é a importância do retrato fotográfico nos dias de hoje?
  3. Quais tipos de poses são feitas atualmente nos retratos e selfies publicados nas redes sociais?

VAMOS FAZER

Retratos de observação

Observe novamente os retratos realizados por âubert équirráut e Jãn Batiste Dêbret reproduzidos ao longo do capítulo. Agora é sua vez de fazer o retrato de um colega.

Ilustração. Um menino de cabelo encaracolado, usando uniforme branco e azul, está sentado à carteira escolar e com a mão direita segurando um lápis na direção de uma folha branca, onde há um desenho de uma menina. À sua frente, ele observa uma menina de cabelo preto penteado para o lado, usando uniforme e um colete rosa.

Material

  • Folha de papel sulfite ou vergê.
  • Lápis grafite.
  • Lápis de cor.
  • Giz de cera.
  • Canetas hidrográficas (cores variadas).

Como fazer

  1. Com a orientação do professor, organizem-se em dupla, de fórma que um deverá posar e outro pintar o retrato. Depois, vocês invertem as ações. Determinem um tempo para a elaboração dos retratos.
  2. Converse com o colega e planejem como ele gostaria de ser retratado. Se acharem adequado, selecionem elementos ou acessórios que podem compor a caracterização da pessoa retratada, da época e do lugar onde vive.
  3. Observe atentamente o colega que está posando como modelo. Com linha fina e leve, usando o lápis grafite, faça um desenho do modelo começando pela cabeça e descendo para o tronco, os braços e as pernas. Depois, repare nos detalhes: formato dos olhos, nariz, orelhas, boca, cabelos, roupas, acessórios e complemente seu desenho.
  4. Pinte o desenho finalizado com lápis de cor, canetas hidrográficas, giz de cera ou outro material que você queira utilizar.
    Ícone de atividade oral.
  5. Ao final, com os colegas, façam uma exposição dos desenhos e conversem sobre eles, trocando ideias a respeito do trabalho.

ARTISTAS AFRODESCENDENTES NOS SÉCULOS dezoito E dezenove

Sob a orientação de mestres portugueses, tanto escravizados quanto ex-escravizados desempenharam diferentes atividades artísticas. Um dos maiores expoentes desse período foi o pintor, entalhador, escultor e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho (17381814), que nasceu e viveu no atual estado de Minas Gerais. Ele deixou obras magníficas em várias cidades mineiras. Veja algumas delas.

Fotografia. Destaque para uma igreja com fachada tridimensional e com as duas torres recuadas. Acima da porta, há esculturas em relevo esculpidas. A pintura da igreja é branca, mas há adornos em tons de bronze e as portas e janelas são verdes.
Igreja São Francisco de Assis, construção do século dezoito, projetada por Antônio Francisco Lisboa, em Ouro Preto. Minas Gerais, 2017.
Fotografia. Destaque para esculturas em relevo, feitas com pedra-sabão. Diversos rostos humanos com cabelos ondulados estão esculpidos nela.
Esculturas em pedra-sabão de anjos na porta da Igreja São Francisco de Assis, projeto original de Antônio Francisco Lisboa, em São João del Rei. Minas Gerais, 2018.

Para ampliar

PLENARINHO. Quem foi Aleijadinho? ín: ê bê cê, abre colchetesem localfecha colchete, 20 maio 2022. Disponível em: https://oeds.link/2CYQgW. Acesso em: 19 maio 2022. O site apresenta aspectos da história e da importância do artista.

Fotografia. Escultura entalhada na madeira retratando um grupo de homens em pé ao redor de uma mesa redonda de madeira marrom. Eles vestem roupas coloridas e a maioria está com as mãos estendidas na direção da mesa
Cena da Santa Ceia com estátuas em tamanho natural entalhadas em madeira de cedro por Aleijadinho (entre 1796 e 1805), nas capelas do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas. Minas Gerais, 2014.
Ícone de atividade em dupla. Silhueta de duas pessoas e um balão de fala rosa.
Ícone de atividade oral.

1. Leiam um trecho da história de Antônio Francisco Lisboa.

Quando criança, Antônio foi um menino muito curioso. Determinado, ele queria saber de tudo. Adorava passar seu tempo na oficina do pai, onde aprendeu desenho, arquitetura e ornamentos. Mas a arte que ele mais amava fazer era a escultura. Ainda pequeno, aprendeu música, latim e religião com os padres da cidade. Conta a história que ele sofreu terríveis preconceitos por ser mulatoglossário e que só conseguiu estudar os primeiros anos do colégio.

Quando jovem, Antônio decidiu que seguiria os passos do pai e foi trabalhar na oficina. Depois de um tempo, seu trabalho começou a ser disputado entre várias igrejas. Ah, suas esculturas eram feitas de pedra-sabão, uma matéria-prima brasileira.

PLENARINHO. Quem foi Aleijadinho? ín: ê bê cê, abre colchetesem localfecha colchete, 18 novembro 2018. Disponível em: https://oeds.link/2CYQgW. Acesso em: 24 abr. 2023.

2. Com orientação do professor, continuem a narrativa do texto descrevendo a história da vida e a beleza da obra do artista a partir da sua observação e das pesquisas realizadas em livros, revistas ou na internet.

As pinturas dos irmãos Timótheo da Costa

Na chamada pintura de paisagens e figuras humanas sobressaíram-se notáveis artistas afro-brasileiros, entre eles, os irmãos João Timótheo da Costa (18791932) e Arthur Timótheo da Costa (18821922). Nascidos em família pobre e muito numerosa, os irmãos João e Arthur estudaram na Escola Nacional de Belas Artes.

Arthur dedicou-se especialmente à pintura de figuras humanas e paisagens. O artista não seguia fielmente os padrões da pintura da época e trabalhava de fórma mais livre.

Pintura. Autorretrato realístico. Destaque para um homem visto do tronco para cima. Ele tem cabelos pretos e curtos, sobrancelhas e nariz finos e lábios grossos. Usa uma boina em tons de verde e um agasalho branco. Ele está de perfil, mas com o rosto virado para o espectador.
Autorretrato, de Arthur Timótheo da Costa, cêrca de 19101920. Óleo sobre tela, 64 centímetros por 48,5 centímetros.
Pintura. Retrato realístico. À esquerda, um homem de cabelo curto, sobrancelhas e lábios grossos, nariz redondo, está  de frente, mas com a cabeça inclinada para sua esquerda. À direita, o mesmo homem é retratado em três planos diferentes que se sobrepõem. Ora ele sorri ora ele está com expressão neutra
Estudo de quatro cabeças, de Arthur Timótheo da Costa, cêrca de 19101920. Óleo sobre tela, 30 centímetros por 36,5 centímetros.
Pintura. Retrato realístico. Visto do joelho para cima, um homem de cabelo preto e curto, de sobrancelhas finas, bigode grosso, usando camisa branca, gravata vermelha e terno preto, está segurando um pincel na frente da barriga e apoiado sobre uma cadeira. Ao fundo, há uma parede com quadros pequenos.
Retrato de João Timótheo da Costa, de João Timótheo da Costa, 1908. Óleo sobre tela, 29,7 centímetros por 49,5 centímetros.
Pintura. Vista de um rio com três barcos ancorados em um porto de madeira. Acima do porto, algumas pessoas caminham. O rio é retratado com luminosidade delicada e sutil em tons de azul e cinza. Nas embarcações, predominam as cores vibrantes, como o vermelho.
Barcos, João Timótheo da Costa. Óleo sobre tela, 30,5 centímetros por 35 centímetros.

As composições de João são estruturadas pela cor, principalmente as marinhas, que apresentam uma luminosidade delicada e sutil.

Algumas das obras dos irmãos pertencem atualmente aos acervos de importantes museus brasileiros como o Museu de Arte de São Paulo Assis chatôbrian (maspi), o Museu Afro Brasil e a Pinacoteca em São Paulo, entre outros, e também a coleções particulares.

  1. Observe os retratos feitos por Arthur Timótheo da Costa. Podemos dizer que o artista trabalhava de fórma mais livre. Em sua opinião, que elementos presentes nessas pinturas indicam essa liberdade?
  2. Compare os autorretratos de Arthur e de João com a imagem realizada por debrê, que mostra pessoas negras escravizadas no Brasil naquela época. Quais diferenças, nas obras dos dois pintores com relação às de debrê, chamam mais sua atenção?

Rosana Paulino e a condição da mulher negra

A artista Rosana Paulino (1967) utiliza elementos da história pessoal como ponto de partida para discutir, entre outras coisas, padrões de beleza, comportamento, violência física e psicológica e a inserção social da mulher negra. Nas palavras da artista:

Sempre pensei em arte como um sistema que devesse ser sincero. reticências No meu caso, tocaram-me sempre as questões referentes à minha condição de mulher e negra. Olhar no espelho e me localizar em um mundo que muitas vezes se mostra preconceituoso e hostil é um desafio diário.

PAULINO, Rosana. A respeito dos trabalhos expostos. Blog Rosana Paulino. abre colchetesem localfecha colchete, 27 julho 2009. Disponível em: https://oeds.link/klN4vy. Acesso em: 19 maio 2022.

Nas obras da série Bastidores, Rosana ressaltou a condição da mulher negra nos dias de hoje. De acordo com a artista, o recurso da costura diz respeito às

reticências Linhas que modificam o sentido, costurando novos significados, transformando um objeto banal, ridículo, alterando-o, tornando-o um elemento de violência, de repressão. O fio que torce, puxa, modifica o formato do rosto, produzindo bocas que não gritam, dando nós na garganta. Olhos costurados, fechados para o mundo e, principalmente, para sua condição de mundo. reticências

PIMENTEL, Jonas. Rosana Paulino: a mulher negra na arte. ín: Portal Gueledés. abre colchetesem localfecha colchete, 13 abril 2016. Disponível em: https://oeds.link/dl3Ral. Acesso em: 19 maio 2022.

Fotografia em preto e branco. Busto de um mulher de cabelo curto e encaracolado penteado para cima, de sobrancelhas finas, nariz e lábios largos, usando óculos com armação retangular, colar e camiseta, está sorrindo.
Retrato da artista visual Rosana Paulino, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2021.
Fotografia. Em uma moldura circular e marrom, destaca-se uma fotografia preto e branco de uma mulher de cabelo curto, nariz largo e lábios grossos. Sobre os olhos, há um bordado em linha de costura preta, semelhante a um borrão.
[Sem título], de Rosana Paulino, 1977. Imagem transferida sobre tecido, bastidor e linha de costura, 31,3 centímetros (diâmetro). Série Bastidores.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Diálogos ausentes – um olhar

contemporâneo da arte negra

Locutor: Diálogos ausentes – um olhar contemporâneo da arte negra.

Vinheta musical

Locutor: Em 2010, 54% da população brasileira se declarou negra ou parda, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.

Mesmo sendo maioria no país, os artistas negros não são protagonistas. Não têm papel de destaque com suas obras no universo das artes em geral.

A exceção pode ser observada na música, cujo apelo é mais popular.

Nela, é notória a influência de grandes compositores e intérpretes negros. É até incontável o número de pessoas negras com destaque: Ataulfo Alves, Pixinguinha, Cartola e Elza Soares são alguns grandes nomes.

Mas há representatividade em outras formas de arte?

Você pode até lembrar de Machado de Assis, Mário de Andrade e Carolina Maria de Jesus na literatura. Mas consegue citar outras personalidades e suas obras? Ou os nomes mais consagrados são de artistas brancos e de origem europeia?

Vinheta musical

Locutor: Tradicionalmente, o trabalho dos artistas negros, principalmente os das artes visuais, como pintura, escultura, desenho e gravura, estavam ligados apenas a temáticas como as raízes africanas e a religião. O escultor Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho, é um desses exemplos populares.

Mas, hoje, os artistas contemporâneos, ou seja, do nosso tempo, se voltam para os problemas das pessoas negras em nossa sociedade.

Esta análise é feita por Rosana Paulino. Artista visual e pesquisadora, Rosana é também uma mulher negra e expoente da arte contemporânea visual brasileira, assim como o fotógrafo Eustáquio Neves.

Doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – a ECA da USP, essa paulistana é também especialista em gravura pelo London Print Studio, de Londres, na Inglaterra. Tem obras expostas tanto em grandes museus brasileiros como em Portugal, na França e nos Estados Unidos.

Vinheta musical

Locutor: Dona de um sorriso largo e acolhedor, Rosana não mostra fragilidade em suas criações. Ao contrário, exprime força e coloca as mulheres negras no centro do seu trabalho, discutindo relações de poder, a subjetividade e os estereótipos.

Ela une diferentes formas de expressão artística, produzindo esculturas- objetos, escritas-gravuras, fotografias-pinturas e instalações-performances.

Tudo isso utilizando elementos do nosso dia a dia, como linhas, tecidos, bordados e fotos, só para citar alguns.

Vemos em suas obras a repressão, a dominação e a violência sofridas pelas mulheres negras por meio de suas bocas costuradas e seus corpos desconstruídos.

Se você ainda não conhece o trabalho, procure pelo nome de Rosana Paulino na internet e veja de que maneira ela representa a mulher negra contemporânea em sua arte.

Vinheta musical

Locutor: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

A série Bastidores é formada por seis cópias de fotografias provenientes de álbuns de família da artista, transferidas para tecido esticado em bastidoresglossário de madeira.

A costura transforma as cópias dos retratos em exemplares da difícil condição dos afrodescendentes no Brasil. São retratos de mulheres negras impedidas de ver, de pensar, de falar ou de gritar, assim como aconteceu com os africanos ao serem amordaçados, amarrados e silenciados durante o período de escravidão. Na série Bastidores é possível encontrar um resgate dessa realidade.

Pintura. Retrata o busto de uma mulher negra de cabelo encaracolado curto, de sobrancelhas finas, nariz arredondado. Ela está usando um grilhão dourado no pescoço. Na boca há uma mordaça em tom de cinza, a qual está fixada no rosto por fitas amarelas que estão dispostas na horizontal, passando pelo rosto abaixo da orelha e, na vertical, contornando o nariz e cruzando a cabeça.
Castigo de escravos, de Jaque Etiêne Arragô, 1839. Litografia aquarelada sobre papel (sem dimensões definidas). Durante a escravidão, a máscara de flandres impedia os africanos escravizados de ingerir qualquer alimento sem o consentimento do proprietário.
Fotografia. Retrato em preto e branco com moldura circular em tom de marrom. Nele, há  o busto de uma mulher de cabelo curto, sobrancelhas finas, nariz largo. Sobre sua boca, há um bordado em linha de costura preta, semelhante a um borrão. Ao redor dela, há texturas em linhas retas em tons de cinza e branco.
[Sem título], de Rosana Paulino, 1977. Imagem transferida sobre tecido, bastidor e linha de costura, 30 centímetros (diâmetro). Série Bastidores.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. Com a orientação do professor, descreva o que, para vocês, as imagens da série Bastidores da artista Rosana Paulino retratam.
  2. Compare as obras da artista com a obra de Arragô e estabeleça relações entre elas.
  3. Amplie a reflexão dos temas tratados pela artista conversando sobre as fórmas possíveis de combater o preconceito, o racismo e a discriminação nos dias de hoje.

O caipira de Almeida Júnior

O campo foi utilizado como tema de várias obras realizadas por artistas brasileiros. Entre eles, merece destaque o pintor José Ferraz de Almeida Júnior, mais conhecido como Almeida Júnior (18501899). Nascido e criado no meio rural, Almeida Júnior estudou na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro (érre jóta), e na Escola de Belas Artes, em Paris.

O artista aproveitou sua experiência no campo e destinou um olhar especial a esse tema, retratando homens e mulheres em seus afazeres cotidianos, como cozinhar, tocar a viola ou amolar a ferramenta de trabalho, enfatizando o modo simples de ser e agir dos habitantes do meio rural.

Pintura. No centro, ocupando quase todo o quadro, há uma janela de madeira envelhecida e aberta, mostrando uma casa feita de pau a pique. Nela, predominam tons de cinza. Abaixo da janela, a pintura descascada mostra as varas entrelaçadas e as camadas de barro da parede, onde predominam tons de marrom e cinza. Sentado na janela, com as costas apoiadas no batente esquerdo, há um homem usando chapéu redondo e preto, camisa quadriculada em branco e azul, calça branca. Ele está com as pernas viradas para o lado de dentro da casa e toca uma viola. Do lado de fora, apoiada no canto direito da janela, há uma mulher em pé, de cabelo preto penteado para trás, usando camisa vermelha. Ela segura um pano branco com detalhes em vermelho ao redor do pescoço e dos ombros e observa o homem.
O violeiro, de Almeida Júnior, 1899. Óleo sobre tela, 141 centímetros por 172 centímetros.
Pintura. Em tons de bege, marrom, branco e cinza, retrato de um homem sentando sobre toras de madeira, em frente a uma casa feita de taipa. Ele está no centro da imagem e veste camisa branca com gola V, calça desbotada em tons de marrom e cinza e com as barras dobradas. Atrás de sua orelha esquerda e no chão, há palhas de milho. Está descalço e cortando fumo com uma faca pontiaguda. A cena é marcada por pinceladas em tons claros no centro da imagem, evidenciando a presença da luminosidade solar.
Caipira picando fumo, de Almeida Júnior, 1893. Óleo sobre tela, 202 centímetros por 141 centímetros.

Segundo estudiosos de sua obra, Almeida Júnior teria escolhido a figura do caipira para a construção de uma imagem rural do estado de São Paulo, cuja origem estaria nos bandeirantes, desbravadores das matas, que iniciaram a ocupação do território pertencente aos povos indígenas da região, e dos quais os caipiras seriam os descendentes.

Pintura. Há uma valorização de tons de vermelho e preto. A obra retrata a parte interna de um cômodo de uma casa rural antiga. Na parte inferior e mais à direita, há uma mulher de cócoras no chão e diante de uma peneira, onde ela seleciona alguns grãos. No entorno da mulher, há um forno e um fogão de barro, um tacho redondo, um pilão de madeira. No canto direito da obra, uma porta entreaberta e uma galinha adentrando o cômodo. Na parte superior da obra, há um telhado inclinado e em tons mais escuros.
Cozinha caipira, de Almeida Júnior, 1895. Óleo sobre tela, 63 centímetros por 87 centímetros.

O artista também retratou figuras da elite da época, o que ajudou a construir outra imagem do Brasil, associada à modernidade e ao progresso. Apesar de ter abordado diferentes assuntos em suas pinturas, suas obras com temas regionais ganharam maior destaque na história da arte brasileira.

Ícone de atividade em grupo.
  1. Que temas e elementos da vida no campo, na época das pinturas, foram retratados nas obras de Almeida Junior?
  2. Caipira é uma palavra de origem tupi, “caapora”, que significa “morador do mato”. O termo é cercado de preconceitos, relacionado com pessoas que vivem isoladas no espaço rural e sem acesso a recursos tecnológicos. Vamos investigar e conhecer um pouco mais sobre a cultura e a identidade do caipira. Para isso:
    1. investiguem em livros e na internet informações relacionadas ao significado da palavra, à cultura e ao modo de vida do caipira.
    2. com os resultados da investigação, elaborem um texto e, se acharem adequado, insiram imagens para ilustrar.
Ícone de atividade oral.

c. apresentem o texto aos colegas e conversem sobre os aspectos comuns existentes entre os trabalhos produzidos.

Mazzaropi e a figura do caipira

O cineasta, roteirista, cantor, produtor e ator Amácio Mazzaropi (19121981) começou sua carreira artística no circo, por volta dos 14 anos de idade. A partir dos anos 1930, fez enorme sucesso no teatro, no rádio e na tê vê e, em 1952, estreou no cinema com o filme Sai da frente (Companhia Cinematográfica Vera Cruz), tornando-se um dos artistas mais populares e queridos do país.

Para agradar ao grande público, nas suas produções, Mazzaropi se preocupava com todos os detalhes, desde a criação do roteiro até a produção das cenas e a distribuição dos materiais. O artista tinha como principal objetivo retratar principalmente o modo de vida do meio rural.

Fotografia em preto e branco. Destaque para o rosto de um homem de sobrancelhas grossas, bigode, lábios grossos, usando chapéu de palha redondo, lápis pretos nos olhos e uma camisa clara. Ele está com os olhos arregalados olhando para seu lado direito.
O ator e cineasta brasileiro Amácio Mazzaropi. São Paulo, 1958.

Inspirado em sua vivência no interior de São Paulo, Mazzaropi eternizou nas telas de cinema a figura do personagem Jeca Tatu, criado pelo escritor Monteiro Lobato (18821948). Seus filmes buscavam refletir a cultura popular das pessoas que moravam no interior, pois ele retratava fatos do cotidiano, histórias e “causos” contados pelos mais velhos, além de adotar o vocabulário de quem vive no campo.

A figura do caipira teve papel central nas produções de Mazzaropi, sendo interpretado como um homem simples, honesto, ingênuo, um tanto preguiçoso, mas astuto. Essa caricatura do caipira reforçou o estereótipo construído pelo escritor Monteiro Lobato. Entretanto, em seus filmes, Mazzaropi também criticou as más condições de trabalho e a falta de oportunidades dos moradores do campo.

A música é um elemento importante em grande parte dos 32 filmes realizados por Mazzaropi. O artista interpretou diversas canções criadas em parceria com o compositor Elpídio dos Santos (19091970). Um exemplo é a canção “Sopro do vento” (1961), que faz parte do filme Tristeza do Jeca (1961, produção Amácio Mazzaropi Filmes), o 13º filme de sua carreira e o primeiro em cores.

Cartaz. Na parte inferior, o título em azul: O LAMPARINA. Na parte superior, a informação: PAM APRESENTA MAZZAROPI. No centro, em fundo amarelo, ilustração de um homem usando chapéu de cangaceiro marrom, camisa azul, calça marrom, segurando uma espingarda com as duas mãos e um colete de balas cruzando o peito. Ao fundo, há ilustrações de uma mulher, um homem idoso e alguns cangaceiros.
Fotografia em preto e branco. Um homem de sobrancelhas grossas, nariz comprido e fino, bigode grosso, lábios finos, usando chapéu redondo de palha, camisa xadrez, calça, está ajoelhado no chão com as mãos dentro de um cesto de palha.
Cartaz e cena do filme "O Lamparina", de Mazzaropi, 1964.

10. Compare todas as imagens de Mazzaropi, reproduzidas nesta página, com o personagem na pintura Caipira picando fumo, de Almeida Júnior. Quais semelhanças podem ser percebidas entre elas?

eu vou APRENDER Capítulo 2

Arte e modernidade

Nas primeiras décadas do século vinte, o Brasil passou por grandes mudanças. A cidade de São Paulo se tornou um importante centro econômico, em virtude da produção do café, que na época era a maior riqueza do país. A construção de ferrovias que chegavam até o interior ajudou na instalação de muitas indústrias.

Fotografia em preto e branco. Vista parcial de um bairro. No centro, há uma avenida extensa com casas ao redor. Ao fundo, prédios e torres industriais.
Vista do Brás a partir do Palácio das Indústrias. Ao fundo, prédio do Moinho Matarazzo. São Paulo, cêrca de 1910.
Fotografia em preto e branco. Vista de uma rua onde circulam carros e bondes. Nas laterais, há prédios de três andares, casas, pessoas nas calçadas e postes de iluminação.
Rua Florêncio de Abreu, na cidade de São Paulo. São Paulo, década de 1920.

Muitos imigrantes chegaram a São Paulo para substituir nas fazendas de café a mão de obra escravizada, legalmente abolida pela Lei Áurea, em 1888. Com a vinda dos imigrantes, a cidade de São Paulo passou a ter novas referências e influências culturais. A paisagem da cidade se transformou, com a construção de edifícios e avenidas, bondes elétricos e veículos motorizados nas ruas.

Esse desenvolvimento proporcionou à cidade de São Paulo entusiasmo e vibração para uma renovação na arte e na literatura. Na sequência, leia um texto que descreve algumas das mudanças no mundo e na arte no começo do século vinte.

reticências Mas o que significava exatamente uma arte moderna? Significava criar uma nova estética para dar conta das grandes transformações pelas quais o mundo passava no começo do século vinte. O acontecimento mais marcante foi a Primeira Guerra Mundial (19141918). Mas era também o tempo da industrialização em ritmo acelerado e do surgimento das grandes cidades.

Na Europa, surgiram os movimentos chamados de vanguarda, propostas revolucionárias que colocavam em xeque a arte da época, presa a regras muito restritas e que tolhiam a liberdade dos criadores. Por isso, muitos artistas paulistas, que vinham de famílias com bastante dinheiro, viajavam ao Velho Mundo para saber o que acontecia por lá. Queriam trazer ao Brasil uma arte diferente, que correspondesse à realidade de um país em transformação reticências.

CANTON, Katia. Ana e a semana: pequena história do modernismo em 1922. Cotia: vê érre Editora, 2022. página 9.

  1. No caderno, explique como o texto apresenta:
    1. as transformações pelas quais o mundo passava no começo do século vinte.
    2. o que buscavam os artistas paulistas que viajavam para a Europa, chamada de Velho Mundo.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Com a orientação do professor, pesquisem na internet imagens das grandes cidades brasileiras nas primeiras décadas do século vinte. Apos a seleção das imagens:
    1. produzam legendas evidenciando o local e a época;
    2. elaborem um painel que mostre as grandes transformações da época, como a industrialização ou o crescimento das cidades.

SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922

Em 1922, o Brasil comemorava os cem anos de sua independência política de Portugal, mas ainda não havia encontrado sua independência cultural, pois era predominante no país a valorização da cultura europeia.

Assim, a Semana de Arte Moderna representou o início de uma nova fase para as artes no Brasil. Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, foram realizadas sessões literárias e musicais no auditório do Teatro Municipal de São Paulo (ésse pê), com a participação de escritores e poetas, pintores, escultores, arquitetos e intelectuais, como Mário de Andrade, Menóti del Píquia, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novaes, Anita Malfatti, Zina Aita, Emiliano Di Cavalcanti, vitor brêchêrê, entre outros.

Capa. Na parte superior, o título: SEMANA DE ARTE MODERNA. Na parte inferior, uma árvore preta e seca com poucas flores vermelhas no topo. Na parte inferior, a informação: SÃO PAULO – 1922.
Capa do programa da Semana de Arte Moderna de 1922, de Emiliano Di Cavalcanti.

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Transcrição do áudio

Arte e povo brasileiro –

a Semana de 22

Locutor: Arte e povo brasileiro – a Semana de 22.

Vinheta musical

Locutor: Em 1922, um grupo de artistas brasileiros, influenciados por movimentos vanguardistas europeus como Cubismo, Futurismo e Surrealismo, decidiu voltar o olhar para a produção artística nacional e iniciar uma verdadeira transformação nas artes.

O desejo era promover a experimentação e a liberdade de criação.

Pensando em valorizar uma cultura tipicamente brasileira, segundo a visão da época, o grupo inaugurou a primeira fase do modernismo aqui no Brasil, mais especificamente em São Paulo. O movimento tinha como uma das características a radicalização dessa visão de privilegiar a cultura nacional, justamente para romper com estruturas artísticas preestabelecidas no passado.

Vinheta musical

Locutor: Tudo isso foi feito por meio de manifestos e revistas.

Mas principalmente em um grande evento, de 3 dias, no Theatro Municipal de São Paulo, ocorrido em fevereiro de 1922.

A semana de 22, como é conhecida, reuniu diversos artistas das mais variadas expressões culturais, todos com o intuito de emancipar a produção nacional e firmar compromisso com uma renovação estética, valorizando nosso povo, nossa paisagem e nossa língua, incluindo a cultura dos povos originários.

O objetivo era romper com o tradicionalismo associado a correntes literárias e artísticas como o parnasianismo, o simbolismo e a arte acadêmica.

Foi possível admirar obras da pintora Anita Malfatti, ouvir poemas de Mário de Andrade e Oswald de Andrade e apreciar obras de Heitor Villa-Lobos.

Nosso grande compositor e pianista, aliás, causou estranhamento mais pelo que estava vestindo do que pela sua música, já que subiu ao palco de casaca e chinelos.

A recepção na época não foi boa. Vaias no teatro e textos ácidos nos jornais marcaram a reação negativa do público e da crítica especializada.

Porém nada disso parou “os modernistas”. Mas, afinal, quem são esses artistas dos quais estamos falando?

Vinheta musical

Locutor: Oswald de Andrade e Mário de Andrade se destacaram na literatura com obras como o Manifesto antropofágico.

Nele, se lançou o questionamento: Tupy or not tupy that is the question, uma alusão ao clássico do escritor inglês William Shakespeare To be or not to be that is the question dita pelo personagem Hamlet, que, traduzindo para o português, quer dizer: ser ou não ser, eis a questão.

Outro trabalho de destaque foram os poemas publicados no livro Pauliceia desvairada.

Anita Malfatti apresentou entre os seus quadros O homem amarelo, que ganhou muitas críticas negativas pelo uso excessivo da cor. Heitor Villa-Lobos não se empolgou muito com o evento, mas dizem que a possibilidade de tocar para o público paulista pela primeira vez atraiu o maestro carioca e ele apresentou, entre outras composições, “Danças características africanas”.

Vinheta musical

Locutor: Se você já ouviu falar desse grupo de modernistas, deve estar se perguntando: mas e Tarsila do Amaral, uma das maiores modernistas?

Pois é, na famosa Semana de 22, Tarsila não estava no Brasil. Ela tomou conhecimento da Semana de 22 por meio das cartas de Anita Malfatti e, na sua volta, foi apresentada aos artistas modernistas.

A sua primeira obra modernista, A negra, foi pintada em 1923.

Vinheta musical

Locutor: Agora que já se passaram mais de 100 anos da Semana de 22, conseguimos entender a importância deste movimento para a cultura nacional.

Você consegue perceber a influência dele na arte contemporânea?

Vinheta musical

Locutor: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Veja algumas das obras expostas no saguão do Teatro Municipal de São Paulo (ésse pê), que apresentou cêrca de 100 trabalhos de diferentes artistas.

Pintura. Em tons de vermelho e marrom, há dois homens na penumbra. Um deles está sentado à esquerda e tem cabelo liso penteado para o lado, barba longa, usa óculos com armação redonda e roupa escura. À direita, o outro homem está em pé, tem cabelo penteado para o lado, barba longa. Ele usa roupa escura e está com a mão esquerda sobre o ombro do outro homem. Na pintura, predominam tons  pastel.
Amigos, de Di Cavalcanti, 1921. Pastel sobre papel, 23 centímetros por 34 centímetros.
Pintura. Valoriza-se na obra a cor ocre em degradê. Em primeiro plano à esquerda, um homem de sobrancelhas finas, nariz e lábios grossos, usando chapéu marrom de couro, camisa branca, calça clara com cinto marrom, está em pé e segura um chicote sobre os ombros, formando uma linha diagonal. À sua frente, há um cavalo marrom com feno nas costas. A posição das pernas do homem e das patas do animal indica movimento. Em segundo plano, diversas linhas diagonais se cruzam formando montanhas. Em terceiro plano, no canto superior da obra, aponta o céu em tons de azul e branco.
Cambiteiro, de Vicente do Rêgo Monteiro, década de 1920. Óleo sobre tela, 59 centímetros por 72 centímetros.
Pintura. Em cores vibrantes e intensas e pinceladas longas e firmes, a obra retrata uma mulher de cabelo marrom-avermelhado curto e penteado para o lado, de sobrancelhas e nariz finos, lábios grossos, usando agasalho amarelo e calça xadrez azul e branca. Ela está sentada em uma cadeira preta, com as mãos cruzadas sobre as pernas e o tronco inclinado para frente.
Uma estudante, de Anita Malfatti, 19151916. Óleo sobre tela, 76,5 centímetros por 60,5 centímetros.

Os eventos ocorridos durante a Semana causaram grande impacto e foram mal recebidos pelo público, formado basicamente pela elite paulistana, que não estava preparada para receber e aceitar as fórmas e as cores das pinturas e os versos pouco tradicionais apresentados pelos artistas. Porém as manifestações artísticas exibidas na Semana de Arte Moderna serviram como inspiração para os movimentos artísticos que surgiram nas décadas seguintes.

3. Para ampliar seus conhecimentos, pesquisem vídeos na internet que apresentem informações sobre a Semana de Arte Moderna de 22. Em sala, discutam a importância desse evento.

Para ampliar

CANTON, Katia. Ana e a semana: pequena história do modernismo em 1922. Cotia: vê érre Editora, 2022. A obra descreve a viagem no tempo de Ana e João para fevereiro de 1922, período em que ocorria a Semana de Arte Moderna.

VAMOS FAZER

Escultura de rosto modernista

A escultura Cabeça de Cristo foi uma das obras expostas na Semana de Arte Moderna. Feita pelo artista vitor brêchêrê(18941955), a obra apresenta um rosto bastante expressivo. Ela foi fundida em bronze, mas é possível fazer esculturas com diferentes materiais, como argila ou massa de modelar.

Escultura. Em tons escuros, uma cabeça com cabelos penteados com tranças para baixo, sobrancelhas finas, nariz comprido, cavanhaque, lábios grossos. A cabeça é vista de perfil e está inclinada para baixo e com a boca aberta.
Cabeça de Cristo, de vitor brêchêrê, 19191920. Escultura de bronze, 32 centímetros por 14 centímetros por 24,2 centímetros.

Vamos agora modelar uma cabeça, como fez brêchêrê, e criar um rosto bem expressivo.

Material

  • Argila ou massa de modelar.
  • Pente de plástico.
  • Palito de churrasco.
  • colhér.
  • Plástico, para forrar as mesas.
  • Fita adesiva, para fixar o plástico à mesa.

Como fazer

1. Forre a mesa com o plástico e prenda-o com a fita adesiva.

Ícone de atividade oral.
  1. Modele sua argila ou massa no formato de uma esfera e comece a dar a fórma de um rosto, mais oval.
  2. Trabalhe a modelagem, procurando dar ao rosto uma expressão feliz, triste, brava, tranquila ou qualquer outra, como você preferir.
  3. Modele o cabelo, as orelhas e outros detalhes com o auxílio do pente de plástico, do palito de churrasco, da colhér ou de outros objetos que você queira utilizar.
  4. Deixe sua escultura secar em local seco e arejado.
  5. Elabore uma ficha para sua produção inserindo informações como nome, data e a técnica utilizada na produção da escultura.
  6. Em uma roda de conversa, compartilhe com os colegas seu processo de criação.
  7. Depois de prontos, combinem uma exposição na escola para que outras turmas vejam os trabalhos.
Ilustração. Em linhas finas e pretas, destaque para uma cabeça com cabelo curto penteado para o lado, sobrancelhas finas, nariz e lábios finos, com a cabeça inclinada para o lado. Ao fundo há círculos e formas em tons de azul e roxo.

Música na Semana de 1922

Nas atividades musicais apresentadas na Semana de 1922, destacaram-se os pianistas Ernâni Braga (18881948) e Guiomar Novaes (18941979) e o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos (18871959), cuja carreira estava em ascensão mundialmente.

Nessa época, mantinha-se no Brasil a tradicional classificação da música em eruditaglossário e popular. Para Mário de Andrade, a música erudita deveria incorporar elementos da música popular, contribuindo assim para a busca e o amadurecimento de uma identidade nacional.

Villa-Lobos saiu em busca de uma identidade brasileira na música, compondo partituras com mescla de elementos da linguagem da tradição clássica de concerto com sons que tinham inspiração em diferentes lugares do Brasil e formariam a “alma brasileira”, como animais, pássaros, selvas e florestas, lendas, danças etcétera, além de sons que remetessem à diversidade étnica brasileira.

A primeira tentativa de Villa-Lobos em misturar música erudita com elementos afro-indígenas foi a peça intitulada Danças características africanas, realizada entre 1914 e 1916, originalmente composta para piano solo e apresentada na Semana de 1922 com outros instrumentos: flauta, clarinete, piano e quinteto de cordas. Além de incorporar instrumentos de origem africana, como o caxambuglossário e o reco-reco, essa obra explora os ritmos afro-brasileiros e de raízes indígenas.

Fotografia em preto e branco. Destaque para um homem de cabelos escuros penteados para trás, de sobrancelhas, nariz e lábios finos, usando camisa branca e gravata escura.
O maestro e compositor Heitor Villa-Lobos. São Paulo, 1945.

Para ampliar

SANTA ROSA, Nereide; BONITO, Angelo. Crianças famosas: Villa-Lobos. São Paulo: Callis, 2016. O livro conta a infância do menino Heitor, que demonstrava na música o que sentia, e que, ao crescer, se transformaria em Villa-Lobos, o mestre do modernismo brasileiro.

Apesar da execução das composições que integram a peça Danças características africanas na Semana de 1922, a maioria das obras musicais que fizeram parte desse evento era fortemente influenciada pela música francesa.

Cartaz. Em tons de verde, na parte superior, o local: THEATRO MUNICIPAL. Abaixo, o evento: AMANHÃ – 17 DE FEVEREIRO – ÚLTIMO GRANDE FESTIVAL DA SEMANA DE ARTE MODERNA COM O CONCERTO DE VILLA-LOBOS.
Cartaz da Semana de Arte Moderna, na cidade de São Paulo. São Paulo, 1922.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Heitor Villa-Lobos buscou a identidade e a alma brasileiras incorporando sons característicos das pessoas, dos povos e dos elementos da natureza como animais e florestas nas suas composições. Que tal investigar alguns dos sons característicos da sua cidade ou do seu bairro que poderiam ser incorporados a uma composição musical? Para a atividade, sigam as orientações.
    1. Cada grupo deverá pesquisar e selecionar apenas um exemplo de som característico do bairro.
    2. Diversos ambientes do bairro podem ser utilizados para investigar e coletar o som. Para isso, combinem previamente com o professor quais lugares poderão ser visitados e o tempo previsto para a pesquisa e gravação ou memorização do som.
    3. Combinem como os sons deverão ser obtidos e registrados; para isso, vocês poderão utilizar simplesmente a memória ou algum aparelho que possa gravar e resgatar o som investigado.
    4. Para obter e gravar na memória ou em celulares e outros tipos de aparelho que gravam sons, são necessárias a observação e a escuta atentas. Portanto, busquem se manter em silêncio durante a atividade.
    5. Após seleção, memorização ou gravação do som, compartilhem com os colegas de sala os resultados da investigação.
  2. Como muitos outros artistas presentes na Semana de 1922, Heitor Villa-Lobos foi muito vaiado durante a sua apresentação. Para ampliar informações sobre os temas, com a orientação do professor, pesquisem em livros ou na internet as razões dessa manifestação da plateia.

Para ampliar

VILLA-LOBOS e os brinquedos de roda. Grupo de Percussão da ú éfe ême gê e Coral Infantil da Fundação Clóvis Salgado. ême cê dê, 2004. As músicas tradicionais de roda foram arranjadas por Villa-Lobos, ainda na década de 1930, e, recentemente, foram gravadas nesse álbum pelo Grupo de Percussão da Universidade Federal de Minas Gerais e pelo Coral Infantil da Fundação Clóvis Salgado.

VAMOS CONHECER MAIS

Pixinguinha e a música brasileira na França

Entre vaias e aplausos, a Semana de 1922 foi palco da busca pela renovação das artes no Brasil e por uma identidade nacional. Porém a pequena participação de artistas afro-brasileiros e mulheres mostra que grande parte da sociedade não foi representada no evento. Além disso, a inovação e a busca da brasilidade já se faziam presentes na cultura popular há muito tempo. Por exemplo, quando a Semana estava acontecendo em São Paulo, Pixinguinha (18971973) e Os Oito Batutas estavam se apresentando nos palcos da França. Conheça mais da história desse importante artista.

Fotografia em preto e branco. Um homem de nariz e lábios largos, usando chapéu redondo e branco, terno branco, está com um saxofone perto do rosto, a boca fechada no bocal e as bochechas contraídas.
O músico e compositor Pixinguinha. São Paulo, 1961.

Alfredo da Rocha Viana Filho, ou Pixinguinha, foi autor de dezenas de valsas, sambas, choros e polcas. Compôs orquestrações para cinema, teatro e circo, além de arranjos para intérpretes famosos, entre os quais Carmen Miranda, Francisco Alves e Mário Reis. Considerado o maior flautista brasileiro de todos os tempos e mestre do chorinho, Pixinguinha desde pequeno dedicou-se à música. Aprendeu a tocar cavaquinho com os irmãos Leo e Henrique e aos 11 anos já dominava o instrumento. Seu pai, um excelente flautista, também foi mais um dos mestres que Pixinguinha teve em seu ambiente familiar. reticências

A história de Pixinguinha também conta com conjuntos musicais que marcaram época, como os Oito Batutas (1919), grupo formado por ele (flauta), Donga (violão), Nelson Alves (cavaquinho), China (canto, violão e piano), Raul Palmieri (violão), José Alves (bandolim e ganzá) e Luis de Oliveira (bandola e reco-reco), tocando um repertório que incluía maxixes, canções sertanejas, batuques, cateretês e choros.

Continua

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Transcrição do áudio

Pixinguinha, o carinhoso

Locutora: Pixinguinha, o carinhoso.

Música

Locutora: Enquanto no Brasil acontecia, entre vaias e aplausos, a Semana de 22, que propunha uma transformação na produção artística nacional, um grupo bem brasileiro “Os Oito Batutas” ganhava o mundo.

Música

Locutora: Os Oito Batutas tinha Pixinguinha na flauta, Donga e Raul Palmieri no violão, Nelson Alves no cavaquinho, China no piano, José Alves no bandolim e ganzá, Jacó Palmieri no pandeiro e Luis de Oliveira na bandola e no reco-reco. No repertório, canções sertanejas, batuques, cateretês e choros.

A temporada francesa, em 1922, foi um grande sucesso. Teatro lotado e muitos elogios da imprensa internacional e mesmo da nacional.

Mas, nem sempre foi assim. Eles já haviam sofrido muito preconceito na pátria-mãe, desde que fundaram o grupo, em 1919, e se apresentaram no cine Palais, no Rio de Janeiro. As críticas aos músicos, em sua maioria negros, vinham sobretudo porque muitos não aceitavam que eles tocassem em locais frequentados pela dita alta sociedade da época. O escritor André Diniz destaca a história de preconceito em seu livro Pixinguinha.

Vinheta

Narradora: “Imagine o escândalo que foi a chegada do grupo de oito músicos negros! O preconceito era tanto que muita gente protestou contra a presença deles e de seus instrumentos populares, dizendo que aquilo era ‘uma vergonha’. E pensar que a escravidão tinha sido abolida havia mais de 30 anos.”

Vinheta musical

Locutora: Apesar de toda discriminação, Pixinguinha e Os Oito Batutas inspiraram a musicalidade de muitas gerações e eram admirados por artistas e fãs de várias classes sociais.

Junto com João de Barro, Pixinguinha compôs a canção que você escutou no início deste podcast, chamada “Carinhoso”. E fez história com inúmeros outros sucessos populares, além de orquestrações para cinema, teatro e circo. Fez também arranjos para intérpretes famosos, entre os quais Carmen Miranda, Francisco Alves e Mário Reis.

Vinheta musical

Locutora: Voltando à Semana de Arte Moderna, talvez você já tenha ouvido falar que a pintora Tarsila do Amaral não participou dela. O mesmo aconteceu com Pixinguinha, já que como dissemos tocava em Paris.

Mesmo sem Pixinguinha, Tarsila e tantos outros artistas que ficaram de fora da Semana de 22, esse evento tem a importância que é dada a ele para representar a produção artística nacional da época?

Qual a sua opinião?

Créditos. Neste podcast, ouvimos a leitura de um trecho do livro Pixinguinha,

escrito por André Diniz e publicado em 2002 pela editora Moderna. O trecho do áudio ouvido pertence à Freesound. Ouvimos também pequenos trechos das seguintes músicas: “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro; e “Urubu malandro”, motivo folclórico adaptado por Lourival Inácio de Carvalho, com interpretação de Os Oito Batutas.

Continuação

Foi em 1922, ano da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, que os Oito Batutas ganharam o mundo. Em janeiro de 22, eles foram para a Europa como o primeiro regional brasileiro a sair do país para uma excursão. Foram para ficar 30 dias e ficaram seis meses. Tocaram só música brasileira para os nobres europeus. Só voltaram por saudades do Brasil e para não perder as comemorações do Centenário da Independência.

reticências

ROSCHEL, Renato. Pixinguinha. Almanaque Música/uól, abre colchetesem localfecha colchete, [ano desconhecido no século vinte]. Disponível em: https://oeds.link/1qQlTu. Acesso em: 19 maio 2022.

A temporada em Paris foi um sucesso e o grupo lotou teatros e recebeu muitos elogios da imprensa internacional e nacional. Mas nem sempre foi assim. No passado, foram vítimas de críticas e preconceito ao fazer shows em locais da alta sociedade, onde se apresentavam apenas músicos clássicos e considerados “refinados” no Brasil:

Fotografia em preto e branco. Grupo musical formado por homens usando terno preto, camisas brancas, em pé e segurando instrumentos como saxofone, trompete, trombone, clarinete, piano e bateria. Eles estão com os corpos inclinados e as bochechas contraídas.
Os Oito Batutas, em apresentação na cidade de Paris. França, 1923.

reticências Imagine o escândalo que foi a chegada do grupo de oito músicos negros! O preconceito era tanto que muita gente protestou contra a presença deles e de seus instrumentos populares, dizendo que aquilo era “uma vergonha”. E pensar que a escravidão tinha sido abolida havia mais de 30 anos. reticências

DINIZ, André. Pixinguinha. São Paulo: Moderna, 2002. página 15.

Apesar da crueldade de pessoas e críticos que não se davam conta de que a mistura de pessoas e sons fizeram, e ainda fazem, da cultura brasileira uma riqueza, Pixinguinha e os Oito Batutas inspiraram a musicalidade de muitas gerações.

Ícone de atividade em dupla.
Que tal contar um pouco da história desse importante artista brasileiro para outros colegas da escola e da comunidade? Para isso, observem as orientações a seguir.
  1. Releiam o texto sobre a vida de Pixinguinha e, se necessário, pesquisem novas informações em livros ou na internet.
  2. Elaborem uma história em quadrinhos com os aspectos da vida do artista que mais chamaram sua atenção.
Versão adaptada acessível

Atividade 2.

Elaborem uma narrativa, que pode ser uma HQ ou um texto com os aspectos da vida do artista que mais chamaram sua atenção. 

Dança e bailado nacional

Heros Volúsia Machado (19142004), conhecida como Eros Volúsia, nasceu no Rio de Janeiro (érre jóta) e, principalmente nas décadas de 1930 e 1940, a bailarina ousou inventar um “bailado nacional”, incorporando elementos das culturas afro-brasileiras e indígenas na tradicional dança clássica.

Volúsia teve papel central na proposta de criação de um bailado genuinamente nacional. Bailarina de formação clássica e originalmente integrante do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, desde jovem se dedicava à pesquisa de danças, buscando a formulação de movimentos que traduzissem o que ela chamava de o “corpo mestiço”. Eros viajou pelo Brasil estudando e recolhendo aspectos de danças que identificava como de origem colonial, africana ou indígena.

CARLONI, Karla. Eros Volúsia e a moderna dança nacional. ín: ARQUIVO NACIONAL. Que República é essa?: portal de estudos do Brasil republicano. abre colchetesem localfecha colchete, 8 fevereiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/KUF41S. Acesso em: 19 maio 2022.

Fotografia em preto e branco. Vista do joelho para cima, uma mulher de cabelo preto, ondulado, comprido e penteado para trás, usando brincos grandes, colares, biquíni de flores, adornos nos braços, pulsos e calcanhares. Ela está sobre o pé direito, a perna esquerda esticada para o lado, os dois braços levantados e sorrindo.
Eros Volúsia, 1941.

A bailarina buscou elementos de danças típicas brasileiras, como o lundu, o maxixe, o maracatu e as danças indígenas, para refletir a diversidade de culturas e a busca por uma identidade para a dança brasileira.

3. Descrevam como Eros Volúsia “ousou” inventar um “bailado nacional” no Brasil. Respondam no caderno.

Capa de revista. Na parte superior esquerda, o título da revista: LIFE. Na parte inferior, a informação: SEPTEMBER 22, 1941. No centro, fotografia preto e branca de uma mulher de cabelos escuros, ondulados e penteados para trás, usando um tecido na cabeça, dois brincos grandes de argola, um top feito com bolinhas pequenas, adornos e pulseiras de bolinhas e uma saia escura. Ela está em pé, com os braços flexionados na cintura e sorrindo.
Capa da revista Life, de 22 de setembro de 1941.
Fotografia. Uma mulher de cabelo preto penteado para trás, sobrancelhas finas, lábios vermelhos, usando um lenço azul na cabeça, um top branco com um tecido sobre ele em linhas vermelhas e azuis, colares redondos, pulseiras e adornos coloridos, uma calça branca com panos coloridos. Ela está em pé, com a mão direita na cintura, o braço esquerdo cruzando o peito, a cabeça inclinada para o lado e sorrindo.
Carmen Miranda, na década de 1940.

Em 1941, a revista Life publicou a foto da bailarina na capa e na matéria destacou a valorização das culturas indígenas e africanas no trabalho da jovem Eros Volúsia. O estilo da bailarina teria influenciado o trabalho de Carmen Miranda (19091955), cantora, dançarina e atriz nascida em Portugal, mas que veio para o Brasil ainda pequena. Sua carreira artística ocorreu no Brasil e nos Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950.

4. Com base nas imagens, citem como a bailarina Eros influenciou a cantora Carmen Miranda em suas apresentações. Responda no caderno.

Antecedentes do Teatro moderno no Brasil

O teatro no Brasil passou por transformações graduais que somente foram consolidadas em 1950. Esse longo período da história do Teatro no Brasil marca uma passagem importante, pois considera-se que, somente a partir do surgimento do teatro moderno, passa a existir efetivamente um teatro com valores e influências culturais brasileiras. Vamos conhecer algumas dessas transformações no infográfico a seguir.

Infográfico. Em formato quadriculado e com fundo vermelho, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: CHEGADA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL. À direita, uma pintura retratando uma vila com vista de prédios de três andares com fachadas brancas ou beges e telhados vermelhos. Na rua, há pessoas. O quadro apresenta uma moldura com adornos dourados.  Ao lado, o texto: Apenas depois de chegar ao Brasil, em 1808, D. João VI se interessou pela vida cultural brasileira. Em 1810, ele assinou um decreto que recomendava a construção de teatros para a nobreza. Grandes espetáculos de companhias teatrais vindas da Europa passaram a excursionar pelo país, mas apenas os nobres e as pessoas ligadas à corte tinham acesso a esses espetáculos, que apresentavam temas alheios à realidade brasileira.
Continuação do infográfico. Em formato quadriculado e com fundo laranja, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: INOVAÇÕES A PARTIR DE JOÃO CAETANO. À direita, um quadro de um desenho feito com linhas finas e pretas retratando uma escultura de um homem com o braço esquerdo levantado. Essa escultura é sustentada por uma pilastra em formato retangular com um círculo esculpido no centro. O quadro apresenta uma moldura com adornos de bronze.  Ao lado, o texto: No século XIX, o teatro no Brasil teve como marco a representação da tragédia Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães (1811-1882). A peça foi encenada em 1838 por uma companhia de atores brasileiros, com destaque para o ator João Caetano (1806-1863), também diretor e empresário, que foi pioneiro no estudo de atuar, propagando valores artísticos e procedimentos de atuação que não eram ainda conhecidos no Brasil.
Continuação do infográfico. Em formato quadriculado e com fundo marrom, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: COMÉDIAS DE MARTINS PENA. À direita, um retrato de um homem de cabelo escuro, curto e penteado para o lado, de sobrancelhas grossas, barba escura, usando terno e gravata preta e camisa branca. O quadro apresenta uma moldura em tons de marrom. Ao lado, o texto: Também em 1838, estreou a comédia de costumes O juiz da roça, de Martins Pena (1815-1848). No enredo desse tipo de comédia, já era possível reconhecer críticas a problemas ainda hoje presentes na sociedade brasileira, como a corrupção e o descumprimento de leis, entre outros. Em suas comédias, Martins Pena abordava questões sobre a escravidão, a família e o nascimento de uma camada social, a burguesia urbana.
Continuação do infográfico. Em formato quadriculado e com fundo amarelo, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: TEATRO DE REVISTA E ARTUR DE AZEVEDO. À direita, retrato de um homem de cabelo escuro penteado para trás, de sobrancelhas finas, bigode fino, usando terno cinza e camisa branca. O quadro apresenta uma moldura com adornos dourados. Ao lado, o texto: A partir de 1859, o teatro de revista passou a agradar às plateias das cidades em crescimento. Inicialmente, tinha como base os modelos franceses, mas aos poucos foi se modificando e ganhando mais espaço, até seu declínio na década de 1960. No teatro de revista, mesclaram-se formas de divertimento popular, música, dança, carnaval, folia e crítica social por meio do deboche. O dramaturgo Artur de Azevedo (1855-1908) foi um dos autores principais do teatro de revista na época.
Continuação do infográfico. Em formato retangular e com fundo verde, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: TEATRO ENTRE FIM DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX. Abaixo, fotografia em preto e branco de uma multidão de pessoas usando ternos pretos, cinzas e descendo as escadas de um teatro. Ao lado, o texto: No final do século XIX e nas primeiras décadas dos anos 1900, as companhias encenavam comédias, dramas e melodramas para as famílias ricas e os intelectuais. Era do interesse do público e da crítica teatral no Brasil que as peças apresentassem as normas sociais da sociedade da época, sem afrontar a moral e os bons costumes. Os personagens retratados eram esposas obedientes, criados subalternos e proprietários de terras abastados. Ir ao teatro era um acontecimento social nas cidades. As pessoas mais ricas da sociedade aproveitavam esses eventos para mostrar prestígio social ou exibir roupas e carruagens novas. Os empresários teatrais da época não se interessavam pelas obras de dramaturgos brasileiros, e o público não estava acostumado a inovações na linguagem teatral. Em razão disso, por um bom tempo, o Brasil não entrou em contato com as inovações da cena teatral que já aconteciam na Europa no fim do século XIX e início do século XX.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. No passado, ir ao teatro era um acontecimento social. Você acha que ocorre o mesmo na atualidade? Explique a sua resposta.
  2. Você já assistiu a algum espetáculo de teatro? Quantos? Quando?
  3. O que ou quem levou você ao teatro para assistir ao espetáculo?
  4. O que você buscava quando foi ao teatro assistir ao espetáculo?
  5. O espetáculo teatral dialogou com seu cotidiano ou com a realidade brasileira?
  6. Que tipo de espetáculo teatral você gostaria de assistir?
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Atividades 6 a 10.

6. Você já foi a algum espetáculo de teatro? Quantos? Quando?

7. O que ou quem levou você ao teatro?

8. O que você buscava quando foi ao teatro?

9. O modo como os atores falavam ou os acontecimentos representados dialogavam com seu cotidiano ou com a realidade brasileira?

10. A que tipo de espetáculo teatral você gostaria de ir?

Depois da Semana de 1922

O desejo de “descobrir o Brasil” permaneceu vivo entre os artistas e os escritores ligados ao movimento modernista, mesmo depois da Semana de 1922, como Tarsila, que fez uma ampla pesquisa sobre a paisagem e o povo brasileiros para produzir seus trabalhos.

Nesse período, Tarsila pintou algumas de suas obras mais importantes, como A negra e A caipirinha, inspiradas no povo brasileiro. De acordo com o depoimento da própria Tarsila, a pintura A negra nasceu de histórias ouvidas na infância, contadas pelas mucamasglossário que trabalhavam na fazenda da família.

Segundo esses relatos, as mulheres escravizadas que trabalhavam nas plantações de café não podiam parar de trabalhar para amamentar os filhos, então penduravam pedrinhas nos seios para alongá-los, de modo que pudessem ser postos sobre os ombros para alimentar as crianças que elas carregavam nas costas. Por isso, a imagem criada por Tarsila mostra um seio tão alongado.

Pintura. Um mulher nua com cabeça sem cabelos, muito pequena e arredondada. O tamanho da cabeça  contrasta com o do nariz largo e dos lábios grossos. Ela está sentada com as pernas cruzadas e o seio direito caído sobre o braço do mesmo lado. Os tons de bege do corpo da mulher se destacam no fundo composto de faixas retas horizontais em tons de marrom, branco, azul e verde e, na diagonal semicurvada, há duas faixas retas verdes.
A negra, de Tarsila do Amaral, 1923. Óleo sobre tela, 100 centímetros por 81,3 centímetros.

Em 1924, Tarsila viajou com Mário de Andrade, Oswald de Andrade e outros intelectuais para conhecer o carnaval do Rio de Janeiro e as cidades históricas de Minas Gerais. Dos esboços realizados nessa viagem, nasceram pinturas com características modernistas, que retratam o processo de urbanização das cidades, personagens do cotidiano brasileiro e as cores do país. Tarsila aplicou técnicas aprendidas com os artistas europeus para retratar os temas de sua terra. Assim se inicia, em 1924, a chamada fase Pau-Brasil, em que a artista explora temas nacionais.

Pintura. Vista panorâmica de um morro retratado em diversos planos e com significativa exuberância de cores. Na parte inferior da obra e pulverizada em alguns planos, há árvores em tons de verde e com copas em formas geométricas com linhas circulares. Na parte superior, um aglomerado de casas coloridas retratadas em linhas retas horizontais, verticais e inclinadas, priorizando formas geométricas retangulares e triangulares. No centro, algumas pessoas com pele em tons de marrom subindo o morro, um cachorro caramelo farejando o chão e um bicho com bico fino entre a vegetação. Em último plano, um céu em tons de azul.
Morro da favela, de Tarsila do Amaral, 1924. Óleo sobre tela, 64 centímetros por 76 centímetros.
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11. Com orientação do professor, investiguem em livros ou na internet outras imagens que mostrem a viagem que os artistas modernistas fizeram em 1924 para retratar temas nacionais e montem um painel interativo. Não se esqueçam de evidenciar no painel o nome dos artistas, das obras e a época de produção. Destaquem também os elementos presentes nas imagens que expressam a paisagem, os personagens e as cores brasileiras.

Abaporu e o movimento antropofágico

Como vimos anteriormente, o artista holandês âubert équirráut registrou em suas pinturas – entre elas, Mulher Tapuia – a prática da antropofagia, comum entre alguns povos indígenas que habitavam terras brasileiras. Entre esses povos, a antropofagia consistia em ritual complexo e elaborado no qual havia a prática de comer parte ou várias partes de um prisioneiro, pois eles acreditavam que, dessa fórma, poderiam adquirir as habilidades e a fôrça do inimigo.

Para os modernistas, o movimento antropofágico propunha absorver influências dos movimentos artísticos europeus para depois transformar esses elementos em fórmas de expressão genuinamente brasileiras.

Em 1928, Tarsila pintou um quadro que se tornaria o símbolo do movimento antropofágico, Abaporu, palavra de origem tupi-guarani que significa “homem que come” (aba = homem; poru = que come). Essa obra exemplifica a ideia antropofágica: as cores podem representar o Brasil e os elementos exagerados da obra, como o pé e a mão da figura, mostram a influência do movimento surrealista.

Pintura. Na obra predominam as cores em tons vibrantes, como o amarelo, o verde e o azul. Retrata uma figura humana de pele amarelada sentada de perfil sobre um gramado verde. Ela é caracterizada pela cabeça bem pequena, a qual contrasta com o tamanho exagerado de outros membros, como os braços e as pernas, mas especialmente os pés. Em segundo plano, há um cacto verde. Em terceiro plano, um céu azul e um sol esférico amarelado.
Abaporu, de Tarsila do Amaral, 1928. Óleo sobre tela, 85 centímetros por 73 centímetros.

O movimento antropofágico – ou simplesmente Antropofagia – foi uma síntese radical das ideias artísticas e intelectuais surgidas no Modernismo brasileiro. O Manifesto antropófago, escrito por Oswald de Andrade e publicado em maio de 1928 no primeiro número da então recém-fundada Revista de Antropofagia, apresenta as principais ideias do movimento.

Página de revista. Na parte superior, o título da revista: REVISTA DE ANTROPOFAGIA. Abaixo, o título do artigo: MANIFESTO ANTROPOFAGO. Abaixo há textos e uma ilustração em linhas finas e pretas de uma figura humana com cabeça pequena e pernas, braços e pés grandes.
Reprodução do Manifesto antropófago, com desenho de Tarsila do Amaral, publicado no primeiro número da Revista de Antropofagia, em maio de 1928.

Na década de 1930, quando Tarsila do Amaral viajou para a então União Soviética, sua obra sofreu significativas modificações e suas telas se tornaram mais realistas, revelando preocupações sociais.

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Ícone de atividade oral.

12. Orientados pelo professor, citem no que vocês acham que Tarsila do Amaral se inspirou para pintar Abaporu.

VAMOS FAZER

Recriando o Abaporu

O Abaporu é uma figura humana que tem partes do corpo aumentadas e distorcidas. Que tal fazer um desenho que tenha distorções no tamanho e na fórma das figuras, assim como a pintura de Tarsila? Pense na fórma humana e nas partes que serão destacadas e em outros elementos adequados para contextualizar o seu desenho. Vamos lá!

Versão adaptada acessível

O Abaporu é uma figura humana que tem partes do corpo aumentadas e distorcidas. Que tal fazer uma colagem com distorções no tamanho e nas formas? Pense no corpo humano e nas partes que serão alteradas e em outros elementos adequados para contextualizar sua representação. Vamos lá!

Ilustração. Em linhas pretas grossas e fundo branco, retrata uma figura humana sentada de perfil. Ela é caracterizada pela cabeça bem pequena, a qual contrasta com o tamanho exagerado de outros membros, como os braços e as pernas, mas especialmente os pés. Em segundo plano, há um cacto. Em terceiro plano, na parte superior, uma forma circular em preto.
Ilustração. Duas crianças com roupas coloridas seguram lápis de cor e desenham sobre uma folha.
Ilustração. Três crianças sentadas no chão e pintando um desenho sobre uma folha; uma delas segura um pote de tinta.

Material

  • Papel sulfite ou cartolina.
  • Lápis grafite.
  • Lápis, canetas coloridas ou outro material de pintura que considerar adequado.

Como fazer

  1. Observe atentamente a obra Abaporu, de Tarsila do Amaral, e veja como ela inseriu a figura humana e a paisagem na pintura.
  2. Planeje o seu desenho, pensando que partes do corpo humano deverão ser evidenciadas e em uma paisagem brasileira que já viram ou visitaram para inserir no desenho.
  3. Utilizando lápis grafite, elabore estudos da proposta do desenho, como rascunho, conforme modelo presente na página 50. Não se esqueça que o desenho deve apresentar algum tipo de distorção nas fórmas, como aumento ou diminuição de algumas partes.
  4. Como na obra de Tarsila, selecione cores vibrantes para pintar o seu desenho.
  5. Após a elaboração dos rascunhos, quando considerar adequado, faça o desenho final e pinte-o da fórma que você planejou.
  6. Compartilhe os desenhos e observe as semelhanças e as diferenças entre o seu e os elaborados pelos colegas.
    Ilustração. Uma menina sentada de perna cruzada, segurando lápis na mão direita e uma folha na mão esquerda
Ilustração. Um menino deitado com o peito no chão, segurando lápis na direção de uma folha onde há um desenho.
Ilustração. Um menino está saltando com as pernas e braços abertos; abaixo dele, há uma folha com desenhos.
Ilustração. Três crianças estão apoiadas em uma mesa marrom, segurando lápis na direção de folhas com desenhos.
Ilustração. Um menino e uma menina estão sentados no chão e segurando lápis de cor na direção de folhas

eu APRENDI

  1. O artista holandês âubert équirráut visitou Brasil e outros países das Américas para conhecer e registrar o chamado “Novo Mundo” em 1637. Sobre a sua obra e o artista, identifique a alternativa incorreta e reescreva-a de fórma correta.
    1. Retratou a fauna, a flora, as paisagens e a diversidade humana encontradas.
    2. équirráut percebeu que a população era resultante de diferentes origens, como indígenas, negros africanos e brancos europeus.
    3. Observou que a cultura era muito semelhante ao modo de vida na Europa.
    4. O artista se encantou com a exuberante natureza brasileira, muito distinta da encontrada em seu país.
  2. Que elementos da pintura Menino com lagartixas, de Lasár Sêgál, podem ser interpretados como temas brasileiros?
Pintura. Na obra, há uma valorização de cores intensas, como o amarelo, o verde, o rosa, o azul. Em primeiro plano e no canto inferior direito, há o tronco e a cabeça de um menino de nariz fino, lábios largos, de cabelo preto. Ele está com a mão esquerda levantada à direita e próxima a duas lagartixas amarelas que estão sobre a folhagem. Ao fundo, em diferentes tonalidades de verde, há uma paisagem repleta de folhas de bananeiras, em cuja composição predominam linhas retas.
Menino com lagartixas, de Lasár Sêgál, 1924. Óleo sobre tela, 98 centímetros por 61 centímetros.

3. Compare a tela A caipirinha, de Tarsila do Amaral, a seguir, com a pintura Caipira picando fumo, de Almeida Júnior, apresentada na página 28. Em que essas obras se assemelham e em que diferem?

Pintura. Em formas geométricas simples e em cores vivas, a obra retrata uma mulher de cabelo preto, lábios vermelhos, usando camisa azul e saia vermelha. Ela está em pé e com a cabeça inclinada para o lado. Ao fundo há casas em linhas retas e diagonais e árvores verdes com copas feitas em linhas curvas.
A caipirinha, de Tarsila do Amaral, 1923. Óleo sobre tela, 60 centímetros por 81 centímetros.
  1. Sobre a obra Lavrador de café, de Candido Portinari (19031962), é correto afirmar:
    1. Com forte preocupação social, o artista retratou nesta obra o universo do trabalho na lavoura.
    2. A figura humana adquire fórmas robustas, com agi­gantamento das mãos e dos pés para ressaltar a fórma do trabalho e do trabalhador.
    3. A pintura ressalta a fórma do traba­lho e do trabalhador da cidade.
      1. Todas as alternativas estão corretas.
      2. As alternativas um e três estão corretas.
      3. As alternativas um e dois estão corretas.
      4. Apenas a alternativa um está correta.
Pintura. Em primeiro plano, destaque para um homem negro de corpo inteiro, com mãos e pés exageradamente grandes, usando camiseta rosa e calça branca. Ele está em pé, com a cabeça inclinada para seu lado direito e segura uma enxada com a mão direita. Em segundo plano, há um tronco de árvore cortado. Em terceiro plano, terra vermelha com plantação de café. À esquerda da imagem, cortando a cena na diagonal, um trem passando entre a plantação e soltando fumaça. Em último plano, um céu em tons claros de azul e branco, contrastando com a pele escura do homem retratado.
O lavrador de café, de Candido Portinari, 1934. Óleo sobre tela, 100 centímetros por 81 centímetros.
  1. Sobre a Semana de Arte Moderna, evento que ocorreu entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, em São Paulo (ésse pê), descreva:
    1. O que ela representou;
    2. Os principais artistas que participaram.
Versão adaptada acessível

Atividade 6.

Assim como os artistas modernistas estavam preocupados em retratar os temas nacionais, agora é sua vez de montar uma representação com elementos que simbolizem o Brasil. Observe as orientações a seguir.

  1. Pense na população, nas paisagens, nos tipos de trabalho comuns no lugar onde você vive, nas belezas naturais, nas construções, na música, enfim, em tudo aquilo que você considera como símbolo do Brasil.
  2. Depois de decidir, elabore as representações de acordo com os materiais escolhidos por você.
  3. Por fim, elabore uma legenda explicativa e apresente sua produção aos colegas.
  1. Assim como os artistas modernistas estavam preocupados em retratar os temas nacionais, agora é sua vez de montar um desenho com elementos que representem o Brasil. Observe as orientações a seguir.
    1. Pense na população, nas paisagens, nos tipos de trabalho comuns no lugar onde você vive, nas belezas naturais, nas construções, na música, enfim, em tudo aquilo que você considera representativo do Brasil.
    2. Depois de decidir, elabore os desenhos correspondentes com o lápis grafite em uma folha avulsa.
    3. Por fim, elabore uma legenda explicativa e apresente sua produção aos colegas.

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Djãnira da Motta e Silva: a arte e o povo

A pintora e desenhista Djãnira da Motta e Silva nasceu em 1914 na cidade de Avaré (São Paulo) e faleceu no Rio de Janeiro (érre jóta) em 1979. A artista foi autodidataglossário e começou a desenhar em 1937, após ser internada com tuberculose em um sanatório. Em 1939, Djãnira abriu uma pensão em Santa Tereza (Rio de Janeiro) e começou a assistir a aulas de pintura e conviver com vários artistas da época.

Pintura. Com predomínio de linhas simplificadas, a obra retrata a vista de cima de um circo. No centro, em formato circular, há um picadeiro onde há algumas bailarinas, dois contorcionistas, um homem subindo uma escada que está sobre uma mesa, um cachorro se equilibrando em uma bola esverdeada. Acima, duas acrobatas realizam uma performance. À direita, na parte de cima, há uma banda com músicos tocando instrumentos de percussão e sopro. Ao fundo, uma plateia assiste ao espetáculo de uma arquibancada. A obra é bem colorida, mas predominam as cores quentes em tons de vermelho, laranja e amarelo.
O Circo, de Djãnira da Motta e Silva, 1944. Óleo sobre tela, 117,2 centímetros por 97 centímetros.
Pintura. A cena é composta por duas mesas compridas marrons, dispostas paralelamente e na horizontal da obra. Nas mesas, há uma variedade de peixes estendidos. Acima das mesas, algumas balanças para pesar os peixes. Ao redor das mesas, diversas pessoas. Na parte inferior, há um cesto com alguns peixes e uma rede de pesca preta. Na obra, há um contraste entre as roupas coloridas das pessoas e os tons em marrom das mesas e das balanças.
Mercado de Peixe, de Djãnira da Motta e Silva, 1957. Óleo sobre tela, 90 centímetros por 116,5 centímetros.
Pintura. Vista de cima de uma área com terra vermelha e formas quadriculadas verdes que se repetem em toda a cena. Entre esses canteiros, há diversas mulheres em pé, usando lenços ou chapéus na cabeça e vestidos. Elas estão realizando uma colheita e colocando as plantas em cestos cilíndricos marrons. Nas extremidades horizontais da obra, há duas árvores com troncos alongados e finos e com folhas em tons de verde-escuro.
Fazenda de Chá no Itacolomi, de Djãnira da Motta e Silva, 1958. Óleo sobre tela, 116 centímetros por 81 centímetros.
Pintura. Em linhas pretas finas, há no centro da imagem, uma pipa na vertical em tons de rosa, vermelho, azul e branco. Duas crianças estão manipulando as linhas da pipa, enquanto outras observando. O tamanho da pipa é maior que as pessoas do entorno, as quais vestem roupas em tons de azul, vermelho, verde, amarelo e branco. Ao fundo, há edifícios onde há pessoas olhando pela janela.
Empinando Pipa, de Djãnira da Motta e Silva, 1950. Óleo sobre tela, 96,5 centímetros por 115,5 centímetros. As atividades de trabalho e de lazer e as das festas populares são temas frequentes nas obras de Djãnira, que remetem à vida cotidiana e à cultura popular brasileira.
Ícone de atividade em grupo.
Inspirados nas obras de Djãnira, conversem e selecionem imagens de paisagens, pessoas e atividades de trabalho ou de lazer que vocês conhecem ou outra cena inspiradora que represente o cotidiano dos lugares onde vocês moram ou frequentam. Escolham uma cena marcante que evidencie com fidelidade o cotidiano da sua comunidade e sigam as orientações.
  1. Juntos, escolham uma técnica para representar a cena em um cartaz com um desenho, uma colagem ou até a elaboração de uma apresentação gravada em um vídeo.
  2. Após a seleção da técnica, determinem as tarefas de cada integrante do grupo. Se necessário, com a orientação do professor, organizem um roteiro com todas as etapas e o tempo de elaboração de cada tarefa.
  3. Garantam a participação de todos os colegas e conversem sobre possíveis mudanças ou adaptações da proposta no decorrer do trabalho coletivo.
  4. Para finalizar, com a orientação do professor, organizem fórmas de apresentar ou compartilhar os trabalhos aos colegas de sala, a outras turmas da escola ou mesmo às pessoas da comunidade.

Glossário

industrialização
: processo histórico, econômico e social que marca a expansão e o crescimento das indústrias. No Brasil, ocorreu a partir de 1930 e foi considerado tardio em relação à industrialização de alguns países da Europa que já a experienciavam desde os primeiros anos do século dezenove.
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migração
: deslocamento de pessoas de um lugar para o outro, que pode ser temporário ou permanente e ocorre por diversas razões, como a busca por melhores condições de vida e a fuga de conflitos ou guerras.
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etnia
: termo que se refere ao sentimento de pertencer a um mesmo grupo de pessoas que apresentam em comum características sociais e culturais, como língua, modos de vida, tradições, história e origem territorial.
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Novo Mundo
: expressão usada a partir do século quinze para designar o continente americano no contexto da Expansão Marítima Europeia.
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mameluco
: fórma como os descendentes de europeus (brancos) com indígenas eram denominados no passado. Atualmente, por ser termo carregado de estereótipos, está em desuso.
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antropofagia
: prática, geralmente com caráter ritualístico, de canibalismo entre seres humanos.
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mulato
: no passado, se referia aos descendentes de africanos (negros) com europeus (brancos). Na atualidade, há grande debate sobre o termo ser considerado preconceituoso. Por essa razão, tem entrado em desuso.
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bastidor
: suporte de madeira utilizado para se prender um tecido sobre o qual será realizado um bordado ou pintura.
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erudito
: designação de música clássica. Diferentemente da música popular, a música erudita não vem das tradições folclóricas ou populares e não incorpora a improvisação, ou seja, é composta previamente e executada de acordo com a escrita musical (partitura).
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caxambu
: tambor volumoso, de som grave, semelhante à zabumba, que se usa em acompanhamentos de danças folclóricas e populares de origem africana.
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mucama
: mulher escravizada que executava serviços domésticos, acompanhava a “senhora” nos passeios e por vezes também atuava como ama de leite dos filhos dos proprietários da fazenda.
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autodidata
: pessoa que apresenta a capacidade de aprender por conta própria, administrando seu processo de estudo, sem o auxílio de um professor.
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