UNIDADE 1 Arte e povo brasileiro

As propostas desta unidade do seu livro foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam:

Pintura. Em primeiro plano, em tons de bege, marrom e preto, um aglomerado de rostos de homens e mulheres de diferentes etnias e com expressão facial neutra. Eles estão dispostos de modo a formar uma diagonal e se concentram em todo o  canto direito e no canto inferior esquerdo. Ao fundo, no canto superior esquerdo, em tons de cinza, há uma paisagem urbana composta de edifícios retangulares e chaminés cilíndricas soltando fumaças.

eu SEI

Como é o nosso povo?

Observar como a pintura Operários, de Tarsila do Amaral (18851973), retrata o povo e elaborar uma selfie com proposta semelhante.

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, explique-lhes que a atividade em que serão convidados a elaborar uma selfie poderá ser reallizada em duplas ou grupos.

Pintura. Um mulher nua com cabeça sem cabelos, muito pequena e arredondada. O tamanho da cabeça  contrasta com o do nariz largo e dos lábios grossos. Ela está sentada com as pernas cruzadas e o seio direito caído sobre o braço do mesmo lado. Os tons de bege do corpo da mulher se destacam no fundo composto de faixas retas horizontais em tons de marrom, branco, azul e verde e, na diagonal semicurvada, há duas faixas retas verdes.

eu vou APRENDER

Capítulo 1 – Arte como retrato do povo

Explorar a representação da paisagem e da diversidade do povo brasileiro.

Capítulo 2 – Arte e modernidade

Explorar o Modernismo no Brasil e os eventos ocorridos na Semana de Arte Moderna de 1922.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê NA UNIDADE

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um), (ê éfe seis nove á érre zero dois), (ê éfe seis nove á érre zero três), (ê éfe seis nove á érre zero quatro), (ê éfe seis nove á érre zero cinco), (ê éfe seis nove á érre zero seis), (ê éfe seis nove á érre zero sete), (ê éfe seis nove á érre um zero), (ê éfe seis nove á érre um seis), (ê éfe seis nove á érre um oito), (ê éfe seis nove á érre dois quatro), (ê éfe seis nove á érre dois cinco), (ê éfe seis nove á érre três um), (ê éfe seis nove á érre três três), (ê éfe seis nove á érre três quatro)

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10

Competências específicas de Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Educação em Direitos Humanos
  • Trabalho

Objetivos

  • Explorar a representação da paisagem e da diversidade do povo brasileiro em diferentes manifestações artísticas, especialmente nas artes visuais.
  • Explorar o desenvolvimento do Modernismo no Brasil e discutir os eventos ocorridos durante a Semana de Arte Moderna de 1922.

Introdução

Nesta unidade, os estudantes serão apresentados à diversidade do povo brasileiro nas Artes Visuais, no Teatro, na Música e no Cinema. Por meio de atividades de sistematização, reflexão e pesquisa, os estudantes serão incentivados a analisar os aspectos históricos, sociais e políticos das artes visuais brasileiras, trabalhando a habilidade (ê éfe seis nove á érre três três). As atividades também vão proporcionar aos estudantes a capacidade de relacionar tais práticas artísticas às dimensões sociais, políticas, econômicas e culturais da vida do povo brasileiro, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre três um).

Durante a unidade, serão trabalhadas as diferentes fórmas e estilos de artes visuais presentes na cena artística brasileira, sendo eles integrados a diferentes fórmas de manifestações artísticas (audiovisual, gráfica, cenográfica, musical, entre outras). Assim, os estudantes vão trabalhar a habilidade de apreciação dessas distintas artes visuais, desde as fórmas mais tradicionais às mais contemporâneas – desenvolvendo a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero um) –, bem como serão incentivados a pesquisar os diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e espaço adequados, contemplando assim a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero dois).

Pintura. Na obra, há uma valorização de cores intensas, como o amarelo, o verde, o rosa, o azul. Em primeiro plano e no canto inferior direito, há o tronco e a cabeça de um menino de nariz fino, lábios largos, de cabelo preto. Ele está com a mão esquerda levantada à direita e próxima a duas lagartixas amarelas que estão sobre a folhagem. Ao fundo, em diferentes tonalidades de verde, há uma paisagem repleta de folhas de bananeiras, em cuja composição predominam linhas retas.

eu APRENDI

Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.

Pintura. Em linhas pretas finas, há no centro da imagem, uma pipa na vertical em tons de rosa, vermelho, azul e branco. Duas crianças estão manipulando as linhas da pipa, enquanto outras observando. O tamanho da pipa é maior que as pessoas do entorno, as quais vestem roupas em tons de azul, vermelho, verde, amarelo e branco. Ao fundo, há edifícios onde há pessoas olhando pela janela.

vamos COMPARTILHAR

Djãnira da Motta e Silva: a arte e o povo

Elaborar um painel coletivo sobre cenas e temas relacionados ao povo brasileiro. 

OBJETIVO GERAL

Possibilitar a compreensão e a elaboração de manifestações artísticas que retratam a formação e a configuração da paisagem nacional e do povo brasileiro.
Respostas e comentários

Após o período de contextualização e de pesquisa, os estudantes serão incentivados a analisar as diferentes linguagens de artes visuais, desenvolvendo a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero três), e, de fórma muito prática, vão participar de atividades que trabalham a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero seis) ao desenvolver processos de criação das artes visuais com base em temas pré-definidos ou interesses individuais (ou coletivos) próprios; da mesma fórma, as atividades vão incentivar a exploração e a criação de improvisações musicais, jingles, trilhas, entre outros, contemplando, dessa fórma, a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois três).

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Leia de fórma compartilhada a estrutura da unidade, explicando cada etapa: Eu sei, Eu vou aprender, Eu aprendi e Vamos compartilhar. Explique que os estudantes percorrerão todo o processo para a construção do conhecimento.

eu SEI

Como é o nosso povo?

A tela Operários, da artista Tarsila do Amaral, de 1933, é uma de suas obras mais conhecidas. A pintura é um registro poderoso de um momento histórico no Brasil marcado pela industrializaçãoglossário e migraçãoglossário de trabalhadores. Além disso, a imagem chama a atenção para 51 rostos de pessoas que pertencem a diferentes etniasglossário .

Pintura. Em primeiro plano, em tons de bege, marrom e preto, um aglomerado de rostos de homens e mulheres de diferentes etnias e com expressão facial neutra. Eles estão dispostos de modo a formar uma diagonal e se concentram em todo o  canto direito e no canto inferior esquerdo. Ao fundo, no canto superior esquerdo, em tons de cinza, há uma paisagem urbana composta de edifícios retangulares e chaminés cilíndricas soltando fumaças.
Operários, de Tarsila do Amaral, 1933. Óleo sobre tela, 230 centímetros por 150 centímetros.
Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 3, 4 e 9

Competências específicas de Arte: 1, 2, 3, 5, 7 e 8

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Trabalho

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Comece a leitura do texto de fórma compartilhada com os estudantes, realizando em seguida a descrição dos elementos visuais presentes na obra de Tarsila do Amaral. Questione-os quanto ao que sabem sobre o quadro Operários. Convide a turma a observar as diferentes cores, traços físicos e culturais das personagens que integram o quadro da artista. Pintada em 1933, a tela Operários reflete a revolução industrial, representada pelas chaminés ao fundo, e a crescente imigração, visível na diversidade étnica, ambas ocorridas no estado de São Paulo naquele período.

Leia com os estudantes o glossário, enfatizando as palavras novas a serem aprendidas e debatendo seus significados.

Depois da leitura do texto e das obras, debata com a turma a seguinte questão: “Vocês se identificam com algum desses personagens? Por quê?”. O objetivo é fazer com que os estudantes reflitam sobre como todos nós, por mais diferentes que possamos ser, fazemos parte de um mesmo povo e podemos nos identificar com diversos tipos humanos.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto, proponha a realização coletiva das atividades propostas, voltando a observar os elementos do quadro Operários. Debata com a turma as perguntas, convidando os estudantes a apresentar suas respostas coletivamente durante o debate.

Na primeira atividade, é esperado que os estudantes apontem elementos que representam a industrialização, assim como as suas interpretações acerca da diversidade étnica na imagem.

Oriente os estudantes acerca da segunda atividade, ajudando-os a escolher uma sala da escola que esteja vazia e livre para conseguirem fotografar. Você pode entrar em contato com a direção da escola para tal ou, caso não seja possível utilizar outra sala, instruir os estudantes a afastar mesas e cadeiras e realizar a atividade dentro da própria sala de aula. É interessante que o professor tire a foto para que toda a turma apareça e todos os estudantes possam fazer parte da atividade de análise. Atente-se para detalhes como iluminação, orientando-os a ficar de frente para a luz de uma janela, por exemplo, e solicitando que todos olhem para a câmera.

Ao final, mostre a imagem obtida e organize os estudantes em roda. Convide-os a compartilhar suas impressões sobre a diversidade de pessoas na turma. Faça perguntas sobre as etnias presentes entre os estudantes, as localidades e diversidades regionais.

Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral. Dois balões de fala, um branco e outro rosa.
  1. Com a orientação do professor, observem atentamente o quadro e citem:
    1. os elementos que retratam o processo de industrialização;
    2. a diversidade de pessoas existentes na imagem;
    3. o significado dos rostos na imagem;
    4. o que as expressões faciais das pessoas retratadas de­monstram.
  2. Que tal a partir da proposta apresentada na obra de Tarsila do Amaral representar a diversidade de pessoas e etnias que podem existir na sua sala de aula? Para isso, vocês poderão fazer uma selfie ou elaborar um retrato evidenciando os rostos das pessoas da sua turma. Sigam as orientações.
    1. Selecionem um lugar da sala para se posicionar.
    2. Se acharem adequado, planejem um cenário de fundo como um desenho na lousa ou um lugar característico da escola.
    3. O professor ou um dos colegas deverá ser selecionado para fazer a imagem.
    4. O escolhido deverá segurar o celular na posição correta, de fórma que todos os estudantes apareçam na imagem.
    5. Pensem na luz mais adequada, buscando um lugar bem iluminado para a fotografia.
    6. Busquem o melhor ângulo para a composição da imagem.
    7. Se necessário, testem diferentes maneiras e posições para obter a imagem mais adequada a explorar a diversidade de pessoas da turma.
    8. Para finalizar, com a orientação do professor e organizados em uma roda, conversem sobre a imagem obtida e compartilhem impressões a respeito do que ela revela sobre a diversidade de pessoas existentes na turma.
Ilustração. Em fundo bege com formato oval, cinco mulheres estão de costas, abraçadas e uma delas segura um celular esticado à frente dos rostos para tirar selfie. Elas vestem roupas em tons de preto, branco, bege e marrom.
Respostas e comentários

1. a) Espera-se que os estudantes descrevam a presença de chaminés no fundo da tela, o nome da obra e as pessoas retratadas que fazem referência aos trabalhadores nas indústrias.

1. b) Espera-se que os estudantes identifiquem a diversidade étnica que aparece na obra. Amplie a reflexão fazendo menção ao intenso processo de migração que ocorreu em diferentes locais do Brasil.

1. c) Espera-se que os estudantes identifiquem na pintura as expressões de cansaço, tristeza e indiferença.

1. d) Resposta pessoal. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

2. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

Texto complementar

Pintada em 1933, a tela Operários apresenta temática social e está exposta no Palácio Boa Vista, na cidade de Campos do Jordão. O quadro, que retrata 51 operários da indústria, pertence ao Acervo do Governo do Estado de São Paulo.

Significado da obra

A tela Operários pode ser considerada um dos melhores registros do período da industrialização brasileira (especialmente do Estado de São Paulo). Tratou-se de um momento histórico marcado pela migração de trabalhadores, uma classe ainda muito vulnerável e explorada, sem acesso a leis que a defendesse propriamente.

Tarsila imortaliza em seu quadro as feições dos trabalhadores das fábricas. Chama a atenção o fato de as faces serem bastante distintas: existem trabalhadores de todas as cores e raças representados lado a lado. É de se sublinhar que, apesar das diferenças, todos carregam no semblante feições extremamente cansadas e desesperançadas.

São cinquenta e um rostos, muitos deles sobrepostos, todos sem o corpo registrado. Essa mistura de trabalhadores exibidos em sequência aponta para a massificação do trabalho. Os operários olham todos na mesma direção ‒ para frente ‒ e não estabelecem qualquer contato visual uns com os outros. A disposição dos trabalhadores, em um formato crescente, de pirâmide, permite que se veja a paisagem ao fundo: uma série de chaminés cinzentas de fábricas.

Alguns dos rostos são conhecidos do grande público, como, por exemplo, o arquiteto Gregóri Várchávichi e a cantora Élsi Ríuston, outros são conhecidos apenas pela pintora, caso de Benedito Sampaio, o administrador da fazenda da família.

reticências

fúquis, Rebeca. Quadro Operários de Tarsila do Amaral: significado e contexto históricos. Cultura Genial, abre colchetesem localfecha colchete, [2010 década certa]. Disponível em: https://oeds.link/oan296. Acesso em: 20 maio 2022.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes participaram da atividade, trabalhando as habilidades de análise e reflexão do contexto social da diversidade na turma. Note também se todos compartilharam o aprendizado sobre o quadro Operários e sua importância para a arte brasileira. Do contrário, realize o atendimento individualizado para solucionar possíveis dúvidas sobre os temas.

eu vou APRENDER Capítulo 1

Arte como retrato do povo

A formação do povo brasileiro deu-se, basicamente, da união de diferentes grupos étnicos: os povos originários que aqui viviam há centenas de anos; os europeus, com predomínio dos portugueses; e os africanos, que foram trazidos à fôrça alguns anos depois da chegada dos portugueses e escravizados.

Além desses grupos, descendentes de imigrantes italianos, espanhóis, japoneses, holandeses, armênios, entre outros que se espalharam por todo o território brasileiro, também contribuíram para a diversidade humana e a riqueza cultural do Brasil.

Pintura.  Vista de uma vila. No canto inferior direito, há uma ponte cinza e marrom sobre um rio. Do lado de lá da ponte, quatro casas em planos diferentes da cena. Entre elas, árvores com folhagens verdes. No canto superior direito, destaca-se um mamoeiro alto e, ao lado dele, uma mulher de roupa azul de mãos dadas com duas crianças caminha em direção a uma das casas do vilarejo. No último plano, um céu azul com tom mais claro que o rio.
Na obra, há um predomínio de formas geométricas simples, como triângulos, quadrados e retângulos, na composição das casas e da ponte, e formas circulares para retratar as árvores. Há uma valorização de cores fortes, como tons variados de verde, amarelo e azul.
O Mamoeiro, de Tarsila do Amaral, 1925. Óleo sobre tela, 70 centímetros por 65 centímetros.

Muitos artistas retrataram a população e a riqueza cultural do país em suas obras, como Tarsila do Amaral (18861973), que mostrou aspectos relacionados à paisagem e ao povo brasileiros em muitas das suas obras, como O Mamoeiro, de 1925.

Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 3, 5 e 6

Competências específicas de Arte: 1, 3, 5 e 7

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Trabalho

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Converse com a turma sobre a análise que fizeram anteriormente das expressões, impressões e diversidade presentes na própria turma. Volte a debater sobre a diversidade do povo brasileiro e ao que isso se deve: à formação do Brasil e à junção dos povos.

Inicie a leitura do capítulo de fórma compartilhada. Você pode convidar um ou mais estudantes para realizar a leitura do texto em voz alta. Debata com eles as pinturas apresentadas no capítulo, analisando e descrevendo seus elementos visuais. Na obra Tropical, explique que a artista antevê uma questão que seria posteriormente abordada pelos modernistas: o povo brasileiro, sua identidade e sua formação étnica e cultural.

BNCC NO CAPÍTULO

OBJETOS DE CONHECIMENTO

HABILIDADES

Contextos e práticas

(EF69AR01)

Contextos e práticas

(EF69AR02)

Materialidades

(EF69AR05)

Processos de criação

(EF69AR06)

Contextos e práticas

(EF69AR31)

Matrizes estéticas e culturais

(EF69AR33)

Patrimônio cultural

(EF69AR34)

A obra Tropical, da artista brasileira Anita Malfatti (18891964), apresenta diversos elementos ligados ao povo brasileiro.

Pintura. Em primeiro plano, à direita, uma mulher de cabelo castanho penteado para o lado, de sobrancelhas finas, nariz e lábios finos, rosto oval e lábios grossos. Ela veste uma blusa branca que contrasta com os tons de marrom da sua pele. Ela está segurando à sua direita um cesto grande com frutas em tons de amarelo e verde, como banana, mamão, abacaxi e manga. Em segundo plano, há folhagens verdes de bananeiras.
Tropical, de Anita Malfatti, 1917. Óleo sobre tela, 102 centímetros por 77 centímetros.

1. Observe as duas obras e, no caderno, descreva os elementos relacionados às paisagens e ao povo brasileiro retratados pelas artistas Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. Sugerimos um quadro que pode ser copiado e utilizado para a elaboração da atividade.

Ícone Modelo

O que observar

Pintura 1

Pintura 2

Nome das pinturas

Nome dos artistas

Elementos que se relacionam com as paisagens e o povo no Brasil

  1. As duas obras selecionadas retratam aspectos da paisagem e do povo brasileiro da época das artistas. Para aprofundar a temática, sigam as orientações.
    1. Selecionem uma imagem que retrate a paisagem e a população brasileira.
    2. Para a atividade, vocês devem pesquisar um desenho, uma pintura ou fotografia e elaborar uma legenda evidenciando elementos que considerem tipicamente brasileiros.
    3. Após a pesquisa e a seleção, compartilhem os resultados com os colegas da turma.
Versão adaptada acessível

Atividade 2.

As duas obras selecionadas retratam aspectos da paisagem e do povo brasileiro da época das artistas. Para aprofundar a temática, sigam as orientações.

a) Selecionem uma imagem ou outra manifestação artística que retrate a paisagem e a população brasileira.

b) Para a atividade, vocês devem pesquisar uma imagem ou outra representação artística e elaborar uma legenda ou sinopse evidenciando elementos que considerem tipicamente brasileiros.

c) Após a pesquisa e a seleção, compartilhem os resultados com os colegas da turma.

Para ampliar

BRAGA, Angela; REGO, Lígia. Tarsila do Amaral. São Paulo: Moderna, 1998. Conheça a diversidade de estilos, fórmas e temas desenvolvida pela artista Tarsila do Amaral.

Respostas e comentários

1. Pintura 1: O Mamoeiro. Tarsila do Amaral.

Espera-se que os estudantes identifiquem nas obras elementos da típica paisagem brasileira, como o rio e a vegetação, construções simples, ruas de chão batido de terra e pessoas simples.

1. Pintura 2: Tropical. Anita Malfatti.

Espera-se que os estudantes identifiquem nas obras elementos da paisagem e do povo, como os traços físicos da mulher retratada em meio à vegetação nativa, carregando um cesto de frutas tropicais.

2. Resposta pessoal. Ver orientações em Atividade de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto e a análise das imagens, convide a turma a realizar a primeira atividade. Nesse caso, cada estudante deverá respondê-la individualmente – e poderá compartilhar com os colegas, caso seja interessante, na primeira parte.

Na segunda atividade, oriente os estudantes quanto à pesquisa a ser realizada – em livros, revistas ou na internet. Cada estudante deverá pesquisar uma imagem e escrever sua legenda, destacando elementos nitidamente brasileiros. Nesse caso, solicite que apresentem essa imagem escolhida e a legenda criada para o restante da turma. Peça a eles que expliquem os elementos destacados e o motivo para terem escolhido tal imagem.

A apresentação poderá ser feita em cartaz, fisicamente, ou em uma apresentação virtual. Ao final, proponha que toda a turma unifique suas apresentações em uma só e a disponibilize em algum meio digital para o acesso compartilhado com todas as outras turmas da escola – como uma exposição virtual.

Para observar e avaliar

Note se todos os estudantes compreenderam os elementos brasileiros destacados nas imagens e como tais elementos, presentes nas imagens, justificam a brasilidade presente nessas artes visuais – tornando-as extremamente representativas da diversidade nacional. Do contrário, divida a turma em duplas nas quais um estudante ajudará o outro na interpretação das imagens apresentadas nas páginas.

O BRASIL DOS ARTISTAS VIAJANTES

Antes da invenção da fotografia, a única fórma de registrar a imagem de lugares, pessoas ou objetos era fazendo um desenho, uma gravura ou uma pintura. Interessados em conhecer e registrar o “Novo Mundoglossário ”, diversos artistas estrangeiros visitaram o Brasil e outros países das Américas e retrataram a fauna, a flora, as paisagens e os tipos humanos encontrados nessas viagens em diferentes épocas.

Um deles foi o pintor e desenhista holandês âubert équirráut(16101666), que chegou ao Brasil em 1637, com um grupo de artistas e cientistas encarregados de documentar o “Novo Mundo”. O artista se encantou com a exuberante natureza brasileira, as paisagens de grande beleza, a fauna e a flora, muito diferentes das encontradas em seu país: frutas, flores e animais que ele desconhecia.

Pintura. Em tons predominantes de verde, vermelho e amarelo, destaque para uma mesa marrom com diversas frutas acima: caju, abacaxi, laranja, maracujá, melão, pera, melancia.
Natureza morta com abacaxi, melão e outras frutas tropicais, de âubert équirráut, 1641. Óleo sobre tela, 103 centímetros por 103 centímetros.
Pintura. Em tons de verde, marrom, vermelho e amarelo, destaque para uma arara de bico fino e preto; penas vermelhas, amarelas e verdes. Ela está pousada em um galho fino de uma árvore. Ao fundo, o céu azul e, na parte inferior, algumas vegetações vistas de longe.
Arara Escarlate, de âubert équirráut, 1653-1659. Óleo sobre tela, 90 centímetros por 75 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. Descrevam as frutas e o animal retratados pelo artista.
  2. Com a orientação do professor, selecionem uma fruta e um animal característico para retratar, por meio de desenho, a cidade ou a região onde vocês moram.
Versão adaptada acessível

Atividade 4.

Com a orientação do professor, selecionem uma fruta e um animal característico para retratar, por meio de uma representação, a cidade ou a região onde vocês moram.

Respostas e comentários

3. As frutas que se evidenciam são: abacaxi, melão, maracujá, caju, entre outras; e o animal é a arara.

4. Resposta pessoal. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competências específicas de Arte: 1 e 3

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Realize a leitura do texto de fórma compartilhada, podendo convidar um ou mais estudantes a lê-lo em voz alta para a turma. Após a leitura, descreva os elementos visuais das duas pinturas de âubert équirráut e comente com a turma o fato de que essa era a fórma de registro das paisagens brasileiras na época, antes da existência da fotografia. Os interesses diversos de équirráut estão registrados no conjunto de trabalhos artísticos que o artista realizou durante sua estada no Brasil.

São cêrca de 400 esboços e desenhos feitos com base na observação da fauna, da flora e de tipos humanos, além de um conjunto de pinturas a óleo com temas brasileiros. Entre essas pinturas, 12 naturezas-mortas apresentam detalhes internos e a textura de frutas e plantas, e quatro pares de retratos apresentam habitantes do Brasil da época: homem e mulher tapuia, homem e mulher tupi, homem mulato, mulher mameluca, homem e mulher negros.

Continue a leitura do texto, após a realização da atividade, e debata o antropofagismo representado nas pinturas. Pesquisadores acreditam que équirráut tenha escolhido uma figura feminina para essa representação porque eram as mulheres que preparavam as refeições canibais na comunidade.

Eckhout e a população brasileira

No Brasil, équirráut percebeu que a população era resultante de diferentes origens: nativos indígenas, negros africanos e brancos europeus. Também observou que a cultura era muito diferente da europeia nos modos de viver, nas línguas, nas religiões, nas tradições, nos hábitos e nos costumes. Observe nas imagens como o artista retratou algumas dessas pessoas.

Pintura. Na imagem, predominam cores em tons de verde, marrom e cinza. Uma mulher indígena de cabelo curto e preto, nua, segurando plantas verdes, está com um cesto cuja alça está apoiada na cabeça. Ela está em pé e, junto dela, um cachorro marrom com patas brancas bebe água em um riacho. Ao redor, há uma árvore com tronco grosso, pedras e folhas grandes.
Mulher Tapuia, de âubert équirráut, 1641. Óleo sobre tela, 272 centímetros por 176 centímetros.
Pintura. Uma mulher negra usando saia branca, chapéu de palha com base larga, está em pé e segura um cesto de frutas com a mão direita, elevando-o na altura do ombro e da cabeça. Sua mão esquerda está sobre a  cabeça de uma criança em pé ao seu lado, a qual segura uma espiga de milho. No canto esquerdo, em tons de marrom e verde, há uma árvore com tronco grosso. À direita e ao fundo da cena, o mar com algumas embarcações vistas de longe. Na obra, predominam os tons de marrom, verde e cinza, mas há alguns elementos destacados em vermelho, como o colar, o lenço que ela usa sobre a saia branca e um detalhe do cesto de frutas.
Mulher Africana, de âubert équirráut, 1641. Óleo sobre tela, 178 centímetros por 267 centímetros.
Pintura. No centro, uma mulher de cabelo curto, usando colar e um arranjo de flores na cabeça. Ela veste um vestido branco longo de mangas compridas, está descalça e em pé. Com a mão direita, eleva na altura da cabeça um cesto delicado com flores e, com a mão esquerda, ergue levemente a barra do vestido, mostrando parte do tornozelo. À direita, um cajueiro e, abaixo dele, dois animais roedores. Ao fundo, há uma vasta vegetação verde e o céu. Na obra, predominam cores em tons de marrom, verde e branco, mas há detalhes em amarelo e vermelho nos frutos da árvore.
Mulher Mamelucaglossário , de âubert équirráut, 1641. Óleo sobre tela, 170 centímetros por 271 centímetros.

Em Mulher Tapuia, équirráut retratou a antropofagiaglossário – prática comum entre os Tapuia e Tupinambá – fóra de um contexto ritualístico, como se os indígenas fossem à caça de seres humanos para se alimentar, o que não condiz com a realidade.

  1. Com a orientação do professor, discutam:
    1. o que as imagens apresentam em comum;
    2. por que podemos afirmar que âubert équirráut idealizou os personagens vistos nessas pinturas.
  2. Você acredita que as mulheres da segunda e da terceira imagem se vestiam e se adornavam assim? Por quê? Explique a sua resposta.
Respostas e comentários

5. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

6. Resposta pessoal. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Coletivamente, proponha a realização das atividades presentes nas páginas. Nesse caso, convide os estudantes a debater em voz alta suas respostas.

  • Na primeira parte, após a descrição das frutas e animais retratados pelo artista, oriente os estudantes a selecionar uma fruta e um animal característicos; isso poderá ser feito por meio de uma breve pesquisa na internet, por exemplo; proponha que cada estudante, na sua vez, fale sobre uma fruta e um animal – não há problema em repetir.
  • Na segunda parte, durante as duas atividades, volte a realizar a descrição das imagens com os estudantes para análise coletiva das pessoas selecionadas e suas semelhanças; incentive os estudantes a responder o questionamento e, então, informe-os de que a vestimenta das mulheres pouco se assemelha à realidade da época, na qual elas tinham uma rotina de trabalho árdua e viviam de maneira muito simples.

Permita que os estudantes expressem suas percepções sobre as obras. Explique-lhes que esses retratos não são cópias fiéis da realidade brasileira do século dezessete, apesar de seu valor documental, mas são fruto de uma relação entre realidade e idealização. Um exemplo disso é o fato de que as posturas dos habitantes brasileiros nos quadros remetem aos retratos europeus da época.

Nesse caso, além de âubert équirráut, fizeram parte dessa comitiva o pintor frãns pôst (16121680), o médico Uilem Páes (16111678) e o naturalista Gueiórg Márcgráf (16101644). Para ampliar os conhecimentos dos estudantes sobre o tema, peça-lhes que investiguem em livros, revistas ou na internet imagens de outros artistas que retratam o Brasil no passado e compartilhem com os colegas.

Para observar e avaliar

Avalie se todos os estudantes conseguiram compreender o antropofagismo como parte da arte visual brasileira e como ela se relaciona com as explorações das comitivas de pintores pelo interior do Brasil – como a de que âubert équirráut fez parte. Nesse caso, observe também se todos os estudantes trabalharam a habilidade de análise e reflexão das imagens apresentadas. Do contrário, você poderá propor uma breve pesquisa a ser apresentada pelos estudantes: solicite que busquem pinturas de outros artistas presentes na comitiva para a análise coletiva com a turma.

ARTE E HISTÓRIA

Pinturas que retratam o trabalho escravo

No início do século dezenove, outros artistas viajantes europeus visitaram o Brasil e retrataram temas bem variados. Entre eles, destacam-se o francês Jãn Batiste Dêbret (17681848) e o alemão iôrram mórritis ruguendás (18021858).

rugêndas chegou ao Rio de Janeiro em 1822 e retratou a paisagem natural, a fauna, a flora e os tipos humanos que observou na cidade. Em 1824, o artista iniciou uma viagem a outros lugares do Brasil, os atuais estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco.

Nas cenas da vida cotidiana da população brasileira da época nota-se que o artista pintou imagens idealizadas que, muitas vezes, se afastam da realidade observada. Os corpos de pessoas negras e de indígenas têm traços europeizados, e a situação cruel à qual os escravizados eram submetidos é amenizada, como na obra Colheita de café na Tijuca, de 1835.

Apesar disso, o conjunto de trabalhos artísticos realizados por rugêndas no período em que esteve na América é um dos mais importantes materiais sobre a sociedade e as paisagens desse continente no século dezenove.

Desenho. Em uma paisagem com vários tipos de árvores, altas e baixas, com diferentes formatos e tipos de folhagens, um grupo de pessoas trabalha na colheita do café, realizando diferentes atividades. No canto inferior direito, um grupo colhe os frutos das árvores, depositando-os em cestos de palha. Ao centro, outras pessoas despejam os grãos sobre a terra, enquanto um homem passa um rastelo sobre os grãos, espalhando-os. À esquerda, algumas pessoas manuseiam sacas de café, enquanto dois homens vestindo chapéu assistem à colheita. Ao fundo, alguns morros e, entre eles, um rio. Na obra predominam tons de verde, marrom e cinza. Na vestimenta das pessoas, há uma variedade de cores, como amarelo, azul, vermelho, rosa, roxo.
Colheita de café na Tijuca, de iôrram mórritis ruguendás, 1835. Desenho litografado e colorido, 51,3 centímetros por 35,5 centímetros. Ao fundo, a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Pão de Açúcar.
Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 5

Competência específica de Arte: 1

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Educação em direitos humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Retome o que foi debatido na página anterior, sobre as comitivas que exploraram o interior do Brasil com seus pintores, e mencione Jãn Batiste Dêbret e iôrram mórritis ruguendás. Pergunte se algum estudante já ouviu falar desses dois pintores e, após as respostas da turma, inicie a leitura compartilhada do texto apresentado.

Acompanhando o final do texto, faça a descrição dos elementos visuais das pinturas presentes nas páginas, conversando com os estudantes sobre os aspectos do cotidiano das pessoas escravizadas, que foram retratados nos quadros.

 Para ampliar 

Para saber mais sobre o tema, observe as imagens organizadas pela Folha de São Paulo sobre obras que retratam o trabalho escravo. Disponível em: https://oeds.link/oDg8X1. Acesso em 14 julho 2022.

debrê chegou ao Brasil em 1816, integrando a Missão Artística Francesa, que era composta de um grupo de artistas europeus liderados por joaquim lebrêtôn (17601819), com o objetivo de promover o ensino de Arte no Brasil. Mais tarde, em 1826, esses artistas tiveram importante papel na criação da primeira academia de arte do país, a Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), na cidade do Rio de Janeiro (érre jóta).

debrê trabalhou como pintor da côrte, retratando personagens e fatos do cotidiano brasileiro no período imperial. No entanto, ao visitar diversas cidades, pintou suas paisagens e os costumes do povo, revelando-se um artista atento às questões sociais do país. Por meio de suas obras, é possível compreender alguns aspectos relacionados ao dia a dia do povo e às condições de vida de pessoas que foram escravizadas e trazidas à fôrça da África para o Brasil.

Litografia. Em um ambiente interno com telhado e piso de madeira, dois homens negros sem camiseta estão com os braços flexionados e empurrando uma alavanca que gira em forma de círculo e, assim, impulsiona uma engrenagem composta por três objetos em formato cilíndrico, por onde a cana-de-açúcar é moída. À frente e atrás da engrenagem, há um homem de cada lado. Sentados em banco de madeira e manipulando a moagem da cana-de-açúcar. Ao fundo, uma prateleira com objetos de barro. No canto inferior direito, um amontoado de canas-de-açúcar dispostas verticalmente e apoiadas na parede. Predominam na obra tons de bege e marrom  e, na vestimenta das pessoas, há uso do vermelho, azul e cinza.
Pequena moenda portátil, de Jãn Batiste Dêbret, 1834‐1839. Litografia colorida à mão, 49 centímetros por 34 centímetros.
Na reprodução da obra de rugêndas e principalmente na reprodução da obra de debrê, podemos perceber alguns aspectos do cotidiano das pessoas escravizadas. Para se aprofundar na temática, siga as orientações.

1. Faça uma pesquisa na internet, em livros e revistas e selecione textos e imagens sobre as condições de vida dos africanos escravizados no Brasil.

Versão adaptada acessível

Atividade 1.

Faça uma pesquisa na internet e selecione textos, imagens, podcasts ou canções sobre as condições de vida dos africanos escravizados no Brasil.

Ícone de atividade em grupo.

2. Anote as informações no caderno. No dia marcado pelo professor, traga suas anotações. Reúna-se com mais três colegas para compartilhar o resultado das pesquisas.

Ícone de atividade oral.

3. Depois, apresentem aos colegas da sala um resumo do que foi descoberto e discutido.

Respostas e comentários

1. a 3. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Ao final, convide a turma a realizar a atividade proposta na página para aprofundar o conhecimento acerca da escravidão no Brasil. É possível propor ao docente responsável pelo componente de História que a atividade seja feita de fórma interdisciplinar, se desejar.

  • Oriente os estudantes durante a pesquisa, evidenciando a importância da utilização de fontes confiáveis; solicite que todos anotem os sites nos quais obtiveram informações.
  • Marque um dia para a apresentação dos estudantes e, nesse caso, divida a turma em trios de fórma que esses pequenos grupos compartilhem entre si o que foi encontrado em suas pesquisas.
  • Oriente os trios a anotar, de fórma sintetizada, o que descobriram durante as pesquisas; nesse caso, proponha que apresentem seus resultados para o restante da turma.

Para observar e avaliar

Avalie se os estudantes compreenderam a atividade proposta e se conseguiram pesquisar de fórma bem-sucedida informações sobre o tema proposto. Nesse caso, note se todos os estudantes entenderam o impacto e o cotidiano da escravidão no Brasil. Caso algum estudante não tenha conseguido alcançar os objetivos propostos, realize o atendimento individual, no qual poderá ser feita a releitura dos textos e nova interpretação das pinturas e das pesquisas realizadas.

RETRATOS: REGISTRO VISUAL

Os retratos podem ser feitos com diferentes técnicas, por meio da observação ou de memória. O retrato de memória é feito sem que a pessoa ou o grupo esteja presente. Um retrato falado, por exemplo, é um desenho feito com base na descrição de uma pessoa.

Muitos artistas estrangeiros e nacionais fizeram retratos de várias personalidades no Brasil. Observe o retrato de Dom João sexto, rei de Portugal, Brasil e Algarves, pintado pelo artista francês Jãn Batiste Dêbret.

Quando debrê fez esse retrato, a fotografia ainda não existia. Até hoje, para pintar o retrato de alguém, é necessário que a pessoa fique horas na mesma posição. O processo é demorado e cansativo, mas, dependendo do artista, o resultado pode ser muito positivo. Com a invenção da fotografia em 1839, sua popularização no decorrer do século dezenove e, mais recentemente, o aperfeiçoamento dessa mídia em câmeras digitais e smartphones, qualquer pessoa pode realizar retratos fotográficos e publicá-los em redes sociais, páginas virtuais de notícias, blogs, revistas, jornais etcétera

Pintura. Retrato realístico. Na obra, predominam os tons de vermelho, branco, dourado e preto. No centro da imagem e em primeiro plano, retratado de corpo inteiro, um homem de cabelo curto e branco, de sobrancelhas, nariz e lábios finos, usa trajes de realeza, como um manto branco, vermelho e detalhes dourados em ouro, blusa preta com diversas insígnias e o brasão real, calça branca e sapato preto. Em segundo plano, à direita,  uma cortina ornamentada e um trono; à sua esquerda, uma coroa e ao fundo uma coluna imponente. A cor branca do cabelo e das calças e o preto da blusa se destacam em um cenário em tons predominantes de vermelho e verde opacos.
Retrato de Dom João sexto, de Jãn Batiste Dêbret, 1817. Óleo sobre tela, 60 centímetros por 42 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. O que chama atenção no retrato pintado por debrê?
  2. Para vocês, qual é a importância do retrato fotográfico nos dias de hoje?
  3. Quais tipos de poses são feitas atualmente nos retratos e selfies publicados nas redes sociais?
Respostas e comentários

1 a 3. Respostas pessoais. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 3

Competência específica de Arte: 1

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Volte a conversar com a turma sobre os retratos feitos em pinturas na época em que a fotografia não existia. Pergunte se já viram ao vivo algum retrato desse tipo e o que acharam. Comente que existiam várias técnicas diferentes para a realização desses retratos e, então, inicie a leitura do texto de fórma compartilhada. Se achar adequado, peça ao professor de História que converse com a turma sobre quem foi Dom João sexto e quais foram seu papel e importância para a história do Brasil.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto, faça a descrição dos elementos visuais da pintura apresentada e realize as atividades com a turma, conversando sobre o que chama mais atenção dos estudantes no quadro pintado por debrê.

Nesse caso, organize uma roda para debater essas questões com a turma, deixando que os estudantes compartilhem as opiniões e impressões com os colegas. Perceba que poderão citar roupas do personagem, a expressão, pose e até o mobiliário. Pergunte o que sabem sobre Dom João sexto e como as informações se relacionam com o retrato observado.

Deixe que os estudantes respondam às questões sobre retratos e a importância nos dias atuais; poderão compartilhar relatos pessoais, por exemplo. É interessante explicar como a tecnologia permitiu fazer centenas de fotos e armazená-las em dispositivos como computadores, tablets e celulares. Entretanto, existem pontos negativos no fato de valorizarem mais o registro do que o momento em si. Debata com a turma e convide os estudantes a expor suas opiniões pessoais e pontos de vista.

VAMOS FAZER

Retratos de observação

Observe novamente os retratos realizados por âubert équirráut e Jãn Batiste Dêbret reproduzidos ao longo do capítulo. Agora é sua vez de fazer o retrato de um colega.

Ilustração. Um menino de cabelo encaracolado, usando uniforme branco e azul, está sentado à carteira escolar e com a mão direita segurando um lápis na direção de uma folha branca, onde há um desenho de uma menina. À sua frente, ele observa uma menina de cabelo preto penteado para o lado, usando uniforme e um colete rosa.

Material

  • Folha de papel sulfite ou vergê.
  • Lápis grafite.
  • Lápis de cor.
  • Giz de cera.
  • Canetas hidrográficas (cores variadas).

Como fazer

  1. Com a orientação do professor, organizem-se em dupla, de fórma que um deverá posar e outro pintar o retrato. Depois, vocês invertem as ações. Determinem um tempo para a elaboração dos retratos.
  2. Converse com o colega e planejem como ele gostaria de ser retratado. Se acharem adequado, selecionem elementos ou acessórios que podem compor a caracterização da pessoa retratada, da época e do lugar onde vive.
  3. Observe atentamente o colega que está posando como modelo. Com linha fina e leve, usando o lápis grafite, faça um desenho do modelo começando pela cabeça e descendo para o tronco, os braços e as pernas. Depois, repare nos detalhes: formato dos olhos, nariz, orelhas, boca, cabelos, roupas, acessórios e complemente seu desenho.
  4. Pinte o desenho finalizado com lápis de cor, canetas hidrográficas, giz de cera ou outro material que você queira utilizar.
    Ícone de atividade oral.
  5. Ao final, com os colegas, façam uma exposição dos desenhos e conversem sobre eles, trocando ideias a respeito do trabalho.
Orientação para acessibilidade

Orientação para acessibilidade

Se houver estudantes cegos na turma, proponha a elaboração de uma colagem com materiais de diferentes texturas, que correspondam aos elementos representados.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 3

Competência específica de Arte: 8

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Pensando em tudo o que foi estudado sobre os retratos e a importância do registro, convide a turma a realizar a atividade da página: a pintura do retrato de um colega.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Inicialmente, leia todas as instruções com os estudantes, enfatizando a necessidade de anotarem todos os passos importantes e materiais a serem utilizados.

Distribua os materiais necessários aos estudantes, explicando a importância de tomarem cuidado para não se machucarem durante o processo; de qualquer fórma, é importante assegurar a integridade física de todos.

Oriente a turma durante a realização da atividade, dividindo-a em duplas e pedindo aos estudantes que afastem algumas mesas e cadeiras. Nesse caso, poderão deixar uma cadeira de frente para a mesa na qual o colega vai pintar o retrato – isso facilita a observação e a pintura. Os estudantes deverão escolher suas poses antes de começarem as pinturas.

Estipule um tempo para a realização da pintura. Quando um colega tiver terminado a pintura, este deverá trocar de lugar para ser pintado também.

Ao final, solicite aos estudantes que mostrem as pinturas feitas para o restante da turma. Peça-lhes que escrevam o nome do colega que foi pintado, assinem e insiram a data. Proponha que as pinturas sejam expostas em um mural da escola, ou que se converse com a direção para realizar uma exposição de arte em uma sala da escola.

Para observar e avaliar

Note se os estudantes conseguiram compreender as instruções e seguir os passos na ordem específica. Observe se todos eles conseguiram compreender o que define um retrato pintado e se aplicaram as características aos seus próprios retratos durante a pintura. Oriente e realize o atendimento individualizado caso note alguma dúvida.

ARTISTAS AFRODESCENDENTES NOS SÉCULOS dezoito E dezenove

Sob a orientação de mestres portugueses, tanto escravizados quanto ex-escravizados desempenharam diferentes atividades artísticas. Um dos maiores expoentes desse período foi o pintor, entalhador, escultor e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho (17381814), que nasceu e viveu no atual estado de Minas Gerais. Ele deixou obras magníficas em várias cidades mineiras. Veja algumas delas.

Fotografia. Destaque para uma igreja com fachada tridimensional e com as duas torres recuadas. Acima da porta, há esculturas em relevo esculpidas. A pintura da igreja é branca, mas há adornos em tons de bronze e as portas e janelas são verdes.
Igreja São Francisco de Assis, construção do século dezoito, projetada por Antônio Francisco Lisboa, em Ouro Preto. Minas Gerais, 2017.
Fotografia. Destaque para esculturas em relevo, feitas com pedra-sabão. Diversos rostos humanos com cabelos ondulados estão esculpidos nela.
Esculturas em pedra-sabão de anjos na porta da Igreja São Francisco de Assis, projeto original de Antônio Francisco Lisboa, em São João del Rei. Minas Gerais, 2018.

Para ampliar

PLENARINHO. Quem foi Aleijadinho? ín: ê bê cê, abre colchetesem localfecha colchete, 20 maio 2022. Disponível em: https://oeds.link/2CYQgW. Acesso em: 19 maio 2022. O site apresenta aspectos da história e da importância do artista.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competência específica de Arte: 3

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Retome o debate acerca do cotidiano dos escravizados e o panorama da escravidão no Brasil, que foi retratado nas pinturas. Peça aos estudantes que relembrem o que descobriram em suas pesquisas sobre a escravidão no Brasil e comente o fato de que pouco se menciona sobre artistas brasileiros negros, por exemplo. Por que isso se dá? Existiram artistas negros no Brasil?

Convide a turma a fazer a leitura compartilhada do texto presente na página, analisando as imagens e seus elementos visuais. Converse sobre como os escravizados e ex-escravizados atuavam dentro das corporações de ofício, que eram associações que regulamentavam o processo de produção artesanal. Nessas associações, havia hierarquia, com mestres, oficiais e aprendizes, existindo, portanto, artistas negros.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Leia o texto com a turma e proponha que realizem as atividades individualmente. Para tal, os estudantes deverão pesquisar mais sobre a vida de Aleijadinho. Você poderá apresentar o texto complementar a seguir para auxiliar os estudantes em suas pesquisas.

  • Em todo caso, oriente a turma durante a pesquisa a ser realizada em livros, revistas ou no meio virtual. Para facilitar, você poderá apresentar o texto complementar a seguir e incentivar a turma a ler o restante na fonte citada.
  • Proponha aos estudantes que apresentem suas pesquisas uns aos outros, verificando o que cada um escreveu sobre o artista; deixe claro que eles poderão escrever sobre qualquer aspecto que acharem interessante na vida de Aleijadinho.
  • Durante as apresentações, pergunte o motivo para destacarem determinados trechos e por que eles se interessaram por determinadas partes.
Fotografia. Escultura entalhada na madeira retratando um grupo de homens em pé ao redor de uma mesa redonda de madeira marrom. Eles vestem roupas coloridas e a maioria está com as mãos estendidas na direção da mesa
Cena da Santa Ceia com estátuas em tamanho natural entalhadas em madeira de cedro por Aleijadinho (entre 1796 e 1805), nas capelas do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas. Minas Gerais, 2014.
Ícone de atividade em dupla. Silhueta de duas pessoas e um balão de fala rosa.
Ícone de atividade oral.

1. Leiam um trecho da história de Antônio Francisco Lisboa.

Quando criança, Antônio foi um menino muito curioso. Determinado, ele queria saber de tudo. Adorava passar seu tempo na oficina do pai, onde aprendeu desenho, arquitetura e ornamentos. Mas a arte que ele mais amava fazer era a escultura. Ainda pequeno, aprendeu música, latim e religião com os padres da cidade. Conta a história que ele sofreu terríveis preconceitos por ser mulatoglossário e que só conseguiu estudar os primeiros anos do colégio.

Quando jovem, Antônio decidiu que seguiria os passos do pai e foi trabalhar na oficina. Depois de um tempo, seu trabalho começou a ser disputado entre várias igrejas. Ah, suas esculturas eram feitas de pedra-sabão, uma matéria-prima brasileira.

PLENARINHO. Quem foi Aleijadinho? ín: ê bê cê, abre colchetesem localfecha colchete, 18 novembro 2018. Disponível em: https://oeds.link/2CYQgW. Acesso em: 24 abr. 2023.

2. Com orientação do professor, continuem a narrativa do texto descrevendo a história da vida e a beleza da obra do artista a partir da sua observação e das pesquisas realizadas em livros, revistas ou na internet.

Respostas e comentários

1 e 2. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

Texto complementar

reticências Antônio Lisboa é mais conhecido como Aleijadinho. Esse apelido veio de uma doença que o deixou deformado. Que doença? Ninguém sabe ao certo, mas que era grave, isso era. Com mais ou menos 40 anos de idade, lá por 1777, o nosso artista foi vítima de uma enfermidade que o fez perder os movimentos das mãos e dos pés. Mas se pensa que ele desistiu, está redondamente enganado. Aleijadinho continuou a trabalhar com os instrumentos amarrados nos punhos!

Com a doença, o escultor se fechou no seu mundo. De alegre e extrovertido, passou a ser triste e amargurado. Além de destruir mãos e pés, a doença também entortou seu rosto. Sua aparência assustava as pessoas. Por isso, saía de casa somente quando necessário, coberto por uma capa e usando um chapéu de abas bem longas.

No fim de sua vida, ele ainda trabalhava muito; e quando perdeu a visão, em 1812, deixou sua oficina. Morreu em 1814, com mais ou menos 76 anos, pobre e doente, na cidade de Ouro Preto.

reticências

PLENARINHO. Quem foi Aleijadinho? Empresa Brasil de Comunicação (EBC), https://oeds.link/2CYQgW. Acesso em: 24 abr. 2023.

Para observar e avaliar

Observe se toda a turma conseguiu realizar as pesquisas, sintetizando o conhecimento e analisando as informações apresentadas na fonte. Nesse caso, note se os estudantes compreenderam a importância de Aleijadinho para a arte brasileira e como a escravidão impacta ainda hoje o apagamento dos artistas negros que existiram no Brasil. Caso contrário, você poderá propor aos estudantes que realizem uma breve pesquisa listando artistas visuais negros brasileiros e que apresentem os nomes e as principais obras deles para o restante da turma.

As pinturas dos irmãos Timótheo da Costa

Na chamada pintura de paisagens e figuras humanas sobressaíram-se notáveis artistas afro-brasileiros, entre eles, os irmãos João Timótheo da Costa (18791932) e Arthur Timótheo da Costa (18821922). Nascidos em família pobre e muito numerosa, os irmãos João e Arthur estudaram na Escola Nacional de Belas Artes.

Arthur dedicou-se especialmente à pintura de figuras humanas e paisagens. O artista não seguia fielmente os padrões da pintura da época e trabalhava de fórma mais livre.

Pintura. Autorretrato realístico. Destaque para um homem visto do tronco para cima. Ele tem cabelos pretos e curtos, sobrancelhas e nariz finos e lábios grossos. Usa uma boina em tons de verde e um agasalho branco. Ele está de perfil, mas com o rosto virado para o espectador.
Autorretrato, de Arthur Timótheo da Costa, cêrca de 19101920. Óleo sobre tela, 64 centímetros por 48,5 centímetros.
Pintura. Retrato realístico. À esquerda, um homem de cabelo curto, sobrancelhas e lábios grossos, nariz redondo, está  de frente, mas com a cabeça inclinada para sua esquerda. À direita, o mesmo homem é retratado em três planos diferentes que se sobrepõem. Ora ele sorri ora ele está com expressão neutra
Estudo de quatro cabeças, de Arthur Timótheo da Costa, cêrca de 19101920. Óleo sobre tela, 30 centímetros por 36,5 centímetros.
Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos as diferentes linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competência específica de Arte: 3

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Prossiga a conversa sobre os artistas negros brasileiros e convide a turma a ler o texto sobre os irmãos Timótheo da Costa, que tiveram aulas com artistas renomados, como Rodolfo Amoedo (18581941) e Zeferino da Costa (18401915).

Durante a leitura, mencione que algumas das obras dos irmãos pertencem atualmente aos acervos do Museu de Arte de São Paulo Assis chatôbrian (maspi), do Museu Afro Brasil, em São Paulo, e a coleções particulares, entre outros. Com a criação da Academia Imperial de Belas Artes, as corporações de ofício foram extintas e a arte brasileira passou a sofrer forte influência do estilo neoclássico, predominante nas academias. Na chamada pintura acadêmica, em que predominavam os gêneros natureza-morta, paisagem, retrato e pintura histórica, sobressaíram-se notáveis artistas negros, entre eles, os irmãos Timótheo da Costa.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR

Solicite aos estudantes que pesquisem outras obras e informações sobre Arthur Timótheo da Costa nos sites a seguir, por exemplo:

  • Museu Afro Brasil. Disponível em: https://oeds.link/8uMFLG. Acesso em: 14 agosto 2022.
  • Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em: https://oeds.link/srYHLB. Acesso em: 14 agosto 2022.

Oriente-os a selecionar a obra que mais chamou sua atenção e imprimir ou compartilhar alguns resultados pelas redes sociais. Peça que tragam-na para a sala de aula no dia agendado e justifiquem a escolha.

Pintura. Retrato realístico. Visto do joelho para cima, um homem de cabelo preto e curto, de sobrancelhas finas, bigode grosso, usando camisa branca, gravata vermelha e terno preto, está segurando um pincel na frente da barriga e apoiado sobre uma cadeira. Ao fundo, há uma parede com quadros pequenos.
Retrato de João Timótheo da Costa, de João Timótheo da Costa, 1908. Óleo sobre tela, 29,7 centímetros por 49,5 centímetros.
Pintura. Vista de um rio com três barcos ancorados em um porto de madeira. Acima do porto, algumas pessoas caminham. O rio é retratado com luminosidade delicada e sutil em tons de azul e cinza. Nas embarcações, predominam as cores vibrantes, como o vermelho.
Barcos, João Timótheo da Costa. Óleo sobre tela, 30,5 centímetros por 35 centímetros.

As composições de João são estruturadas pela cor, principalmente as marinhas, que apresentam uma luminosidade delicada e sutil.

Algumas das obras dos irmãos pertencem atualmente aos acervos de importantes museus brasileiros como o Museu de Arte de São Paulo Assis chatôbrian (maspi), o Museu Afro Brasil e a Pinacoteca em São Paulo, entre outros, e também a coleções particulares.

  1. Observe os retratos feitos por Arthur Timótheo da Costa. Podemos dizer que o artista trabalhava de fórma mais livre. Em sua opinião, que elementos presentes nessas pinturas indicam essa liberdade?
  2. Compare os autorretratos de Arthur e de João com a imagem realizada por debrê, que mostra pessoas negras escravizadas no Brasil naquela época. Quais diferenças, nas obras dos dois pintores com relação às de debrê, chamam mais sua atenção?
Respostas e comentários

3 e 4. Respostas pessoais. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Ao final da leitura, volte às imagens apresentadas e faça a descrição dos elementos visuais das pinturas. Converse com a turma sobre os retratos feitos e pergunte o que eles têm em comum com os retratos de debrê, por exemplo, os quais já estudaram.

Você pode listar na lousa as principais diferenças e características – uma delas, por exemplo, é o fato de que ele não obedecia cegamente aos modelos impostos pela academia, priorizando a cor, a textura e a expressão em suas obras.

Convide os estudantes a apresentar e debater suas respostas.

Para observar e avaliar

Observe se todos os estudantes atingiram o objetivo de analisar e refletir acerca das imagens apresentadas na página, apresentando suas opiniões e pontos de vista de fórma ordenada e seguindo uma linha de raciocínio. Durante a realização da atividade, busque notar se a turma consegue perceber as características que marcam as obras dos irmãos Timótheo da Costa e a diferença com as pinturas de debrê, por exemplo. Do contrário, proponha uma pequena atividade de comparação: em uma tela, coloque o retrato de Dom João sexto feito por debrê e o feito por Timótheo da Costa. Peça aos estudantes que apontem as diferenças, uma a uma, enquanto você as anota na lousa.

Rosana Paulino e a condição da mulher negra

A artista Rosana Paulino (1967) utiliza elementos da história pessoal como ponto de partida para discutir, entre outras coisas, padrões de beleza, comportamento, violência física e psicológica e a inserção social da mulher negra. Nas palavras da artista:

Sempre pensei em arte como um sistema que devesse ser sincero. reticências No meu caso, tocaram-me sempre as questões referentes à minha condição de mulher e negra. Olhar no espelho e me localizar em um mundo que muitas vezes se mostra preconceituoso e hostil é um desafio diário.

PAULINO, Rosana. A respeito dos trabalhos expostos. Blog Rosana Paulino. abre colchetesem localfecha colchete, 27 julho 2009. Disponível em: https://oeds.link/klN4vy. Acesso em: 19 maio 2022.

Nas obras da série Bastidores, Rosana ressaltou a condição da mulher negra nos dias de hoje. De acordo com a artista, o recurso da costura diz respeito às

reticências Linhas que modificam o sentido, costurando novos significados, transformando um objeto banal, ridículo, alterando-o, tornando-o um elemento de violência, de repressão. O fio que torce, puxa, modifica o formato do rosto, produzindo bocas que não gritam, dando nós na garganta. Olhos costurados, fechados para o mundo e, principalmente, para sua condição de mundo. reticências

PIMENTEL, Jonas. Rosana Paulino: a mulher negra na arte. ín: Portal Gueledés. abre colchetesem localfecha colchete, 13 abril 2016. Disponível em: https://oeds.link/dl3Ral. Acesso em: 19 maio 2022.

Fotografia em preto e branco. Busto de um mulher de cabelo curto e encaracolado penteado para cima, de sobrancelhas finas, nariz e lábios largos, usando óculos com armação retangular, colar e camiseta, está sorrindo.
Retrato da artista visual Rosana Paulino, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2021.
Fotografia. Em uma moldura circular e marrom, destaca-se uma fotografia preto e branco de uma mulher de cabelo curto, nariz largo e lábios grossos. Sobre os olhos, há um bordado em linha de costura preta, semelhante a um borrão.
[Sem título], de Rosana Paulino, 1977. Imagem transferida sobre tecido, bastidor e linha de costura, 31,3 centímetros (diâmetro). Série Bastidores.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Diálogos ausentes – um olhar

contemporâneo da arte negra

Locutor: Diálogos ausentes – um olhar contemporâneo da arte negra.

Vinheta musical

Locutor: Em 2010, 54% da população brasileira se declarou negra ou parda, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.

Mesmo sendo maioria no país, os artistas negros não são protagonistas. Não têm papel de destaque com suas obras no universo das artes em geral.

A exceção pode ser observada na música, cujo apelo é mais popular.

Nela, é notória a influência de grandes compositores e intérpretes negros. É até incontável o número de pessoas negras com destaque: Ataulfo Alves, Pixinguinha, Cartola e Elza Soares são alguns grandes nomes.

Mas há representatividade em outras formas de arte?

Você pode até lembrar de Machado de Assis, Mário de Andrade e Carolina Maria de Jesus na literatura. Mas consegue citar outras personalidades e suas obras? Ou os nomes mais consagrados são de artistas brancos e de origem europeia?

Vinheta musical

Locutor: Tradicionalmente, o trabalho dos artistas negros, principalmente os das artes visuais, como pintura, escultura, desenho e gravura, estavam ligados apenas a temáticas como as raízes africanas e a religião. O escultor Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho, é um desses exemplos populares.

Mas, hoje, os artistas contemporâneos, ou seja, do nosso tempo, se voltam para os problemas das pessoas negras em nossa sociedade.

Esta análise é feita por Rosana Paulino. Artista visual e pesquisadora, Rosana é também uma mulher negra e expoente da arte contemporânea visual brasileira, assim como o fotógrafo Eustáquio Neves.

Doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – a ECA da USP, essa paulistana é também especialista em gravura pelo London Print Studio, de Londres, na Inglaterra. Tem obras expostas tanto em grandes museus brasileiros como em Portugal, na França e nos Estados Unidos.

Vinheta musical

Locutor: Dona de um sorriso largo e acolhedor, Rosana não mostra fragilidade em suas criações. Ao contrário, exprime força e coloca as mulheres negras no centro do seu trabalho, discutindo relações de poder, a subjetividade e os estereótipos.

Ela une diferentes formas de expressão artística, produzindo esculturas- objetos, escritas-gravuras, fotografias-pinturas e instalações-performances.

Tudo isso utilizando elementos do nosso dia a dia, como linhas, tecidos, bordados e fotos, só para citar alguns.

Vemos em suas obras a repressão, a dominação e a violência sofridas pelas mulheres negras por meio de suas bocas costuradas e seus corpos desconstruídos.

Se você ainda não conhece o trabalho, procure pelo nome de Rosana Paulino na internet e veja de que maneira ela representa a mulher negra contemporânea em sua arte.

Vinheta musical

Locutor: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 7

Competências específicas de Arte: 1 e 3

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Após a realização da atividade anterior, de comparação e reflexão acerca dos artistas negros brasileiros, convide a turma a aprofundar o pensamento e refletir sobre as mulheres negras artistas no Brasil.

Convide a turma a realizar a leitura compartilhada do texto. Você pode chamar um ou mais estudantes para ler o trecho indicado, por exemplo. Proponha aos estudantes que, coletivamente, descrevam os elementos visuais das imagens da série Bastidores. Nesse caso, busque a reflexão sobre os elementos, a expressão e o estilo de retrato.

 Para ampliar 

Site de Rosana Paulino com obras e notícias. Disponível em: https://oeds.link/3WdI3o. Acesso em: 14 de julho de 2022.

A série Bastidores é formada por seis cópias de fotografias provenientes de álbuns de família da artista, transferidas para tecido esticado em bastidoresglossário de madeira.

A costura transforma as cópias dos retratos em exemplares da difícil condição dos afrodescendentes no Brasil. São retratos de mulheres negras impedidas de ver, de pensar, de falar ou de gritar, assim como aconteceu com os africanos ao serem amordaçados, amarrados e silenciados durante o período de escravidão. Na série Bastidores é possível encontrar um resgate dessa realidade.

Pintura. Retrata o busto de uma mulher negra de cabelo encaracolado curto, de sobrancelhas finas, nariz arredondado. Ela está usando um grilhão dourado no pescoço. Na boca há uma mordaça em tom de cinza, a qual está fixada no rosto por fitas amarelas que estão dispostas na horizontal, passando pelo rosto abaixo da orelha e, na vertical, contornando o nariz e cruzando a cabeça.
Castigo de escravos, de Jaque Etiêne Arragô, 1839. Litografia aquarelada sobre papel (sem dimensões definidas). Durante a escravidão, a máscara de flandres impedia os africanos escravizados de ingerir qualquer alimento sem o consentimento do proprietário.
Fotografia. Retrato em preto e branco com moldura circular em tom de marrom. Nele, há  o busto de uma mulher de cabelo curto, sobrancelhas finas, nariz largo. Sobre sua boca, há um bordado em linha de costura preta, semelhante a um borrão. Ao redor dela, há texturas em linhas retas em tons de cinza e branco.
[Sem título], de Rosana Paulino, 1977. Imagem transferida sobre tecido, bastidor e linha de costura, 30 centímetros (diâmetro). Série Bastidores.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. Com a orientação do professor, descreva o que, para vocês, as imagens da série Bastidores da artista Rosana Paulino retratam.
  2. Compare as obras da artista com a obra de Arragô e estabeleça relações entre elas.
  3. Amplie a reflexão dos temas tratados pela artista conversando sobre as fórmas possíveis de combater o preconceito, o racismo e a discriminação nos dias de hoje.
Respostas e comentários

5 a 7. Respostas pessoais. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Organize uma roda de conversa e discuta a questão com os estudantes. Enfatize que ainda hoje vivemos em uma sociedade bastante preconceituosa e racista. Permita que eles expressem suas ideias e, se julgar pertinente, peça que comentem casos de discriminação que já viveram ou presenciaram.

Diga-lhes que, para a professora de História da Universidade de São Paulo Maria Luíza tutchi Carneiro, a educação é uma poderosa arma contra esses males. Para o filósofo alemão Theodor Adorno, a educação e a autorreflexão podem ajudar o ser humano a não mais cometer atos bárbaros. Para se aprofundar no tema, leia o artigo “A tolerância como virtude”, de Maria Luíza tutchi Carneiro, publicado em 2006 na Revista úspi. Disponível em: https://oeds.link/muE5ah. Acesso em: 16 agosto 2022.

Para observar e avaliar

Observe, durante o debate, se todos os estudantes participaram e se compreenderam a profundidade do tema abordado. Note se todos refletiram e conseguiram analisar os aspectos e elementos presentes nas imagens da página. Do contrário, você poderá propor uma breve pesquisa sobre as artistas negras no Brasil e como, até os dias atuais, elas são impactadas pelo racismo frente a todos os outros artistas. A pesquisa poderá versar sobre os temas “o que é ser artista” e “o impacto do racismo na arte da mulher negra”. Convide os estudantes a apresentar o que encontraram.

O caipira de Almeida Júnior

O campo foi utilizado como tema de várias obras realizadas por artistas brasileiros. Entre eles, merece destaque o pintor José Ferraz de Almeida Júnior, mais conhecido como Almeida Júnior (18501899). Nascido e criado no meio rural, Almeida Júnior estudou na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro (érre jóta), e na Escola de Belas Artes, em Paris.

O artista aproveitou sua experiência no campo e destinou um olhar especial a esse tema, retratando homens e mulheres em seus afazeres cotidianos, como cozinhar, tocar a viola ou amolar a ferramenta de trabalho, enfatizando o modo simples de ser e agir dos habitantes do meio rural.

Pintura. No centro, ocupando quase todo o quadro, há uma janela de madeira envelhecida e aberta, mostrando uma casa feita de pau a pique. Nela, predominam tons de cinza. Abaixo da janela, a pintura descascada mostra as varas entrelaçadas e as camadas de barro da parede, onde predominam tons de marrom e cinza. Sentado na janela, com as costas apoiadas no batente esquerdo, há um homem usando chapéu redondo e preto, camisa quadriculada em branco e azul, calça branca. Ele está com as pernas viradas para o lado de dentro da casa e toca uma viola. Do lado de fora, apoiada no canto direito da janela, há uma mulher em pé, de cabelo preto penteado para trás, usando camisa vermelha. Ela segura um pano branco com detalhes em vermelho ao redor do pescoço e dos ombros e observa o homem.
O violeiro, de Almeida Júnior, 1899. Óleo sobre tela, 141 centímetros por 172 centímetros.
Pintura. Em tons de bege, marrom, branco e cinza, retrato de um homem sentando sobre toras de madeira, em frente a uma casa feita de taipa. Ele está no centro da imagem e veste camisa branca com gola V, calça desbotada em tons de marrom e cinza e com as barras dobradas. Atrás de sua orelha esquerda e no chão, há palhas de milho. Está descalço e cortando fumo com uma faca pontiaguda. A cena é marcada por pinceladas em tons claros no centro da imagem, evidenciando a presença da luminosidade solar.
Caipira picando fumo, de Almeida Júnior, 1893. Óleo sobre tela, 202 centímetros por 141 centímetros.

Segundo estudiosos de sua obra, Almeida Júnior teria escolhido a figura do caipira para a construção de uma imagem rural do estado de São Paulo, cuja origem estaria nos bandeirantes, desbravadores das matas, que iniciaram a ocupação do território pertencente aos povos indígenas da região, e dos quais os caipiras seriam os descendentes.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competências específicas de Arte: 1 e 3

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADE PREPARATÓRIA

Realize a leitura compartilhada do texto com a turma, convidando um ou mais estudantes a lê-lo em voz alta. Converse com eles sobre a figura do campo e do “caipira brasileiro” e como o artista Almeida Júnior escolheu esse tema para suas pinturas. Suas obras, de tema regionalista, ganharam maior destaque na história da arte brasileira.

Converse com a turma sobre os temas observados nas pinturas da página e pergunte se os estudantes têm contato com pessoas que vivem no campo.

 Para ampliar 

Acervo do Museu Republicano de Itu com obras de Almeida Junior. O site conta com galeria de imagens, acervo histórico com jornais da época, exposições e material educativo. Disponível em: https://oeds.link/7RvIpR. Acesso em: 14 julho 2022.

Pintura. Há uma valorização de tons de vermelho e preto. A obra retrata a parte interna de um cômodo de uma casa rural antiga. Na parte inferior e mais à direita, há uma mulher de cócoras no chão e diante de uma peneira, onde ela seleciona alguns grãos. No entorno da mulher, há um forno e um fogão de barro, um tacho redondo, um pilão de madeira. No canto direito da obra, uma porta entreaberta e uma galinha adentrando o cômodo. Na parte superior da obra, há um telhado inclinado e em tons mais escuros.
Cozinha caipira, de Almeida Júnior, 1895. Óleo sobre tela, 63 centímetros por 87 centímetros.

O artista também retratou figuras da elite da época, o que ajudou a construir outra imagem do Brasil, associada à modernidade e ao progresso. Apesar de ter abordado diferentes assuntos em suas pinturas, suas obras com temas regionais ganharam maior destaque na história da arte brasileira.

Ícone de atividade em grupo.
  1. Que temas e elementos da vida no campo, na época das pinturas, foram retratados nas obras de Almeida Junior?
  2. Caipira é uma palavra de origem tupi, “caapora”, que significa “morador do mato”. O termo é cercado de preconceitos, relacionado com pessoas que vivem isoladas no espaço rural e sem acesso a recursos tecnológicos. Vamos investigar e conhecer um pouco mais sobre a cultura e a identidade do caipira. Para isso:
    1. investiguem em livros e na internet informações relacionadas ao significado da palavra, à cultura e ao modo de vida do caipira.
    2. com os resultados da investigação, elaborem um texto e, se acharem adequado, insiram imagens para ilustrar.
Ícone de atividade oral.

c. apresentem o texto aos colegas e conversem sobre os aspectos comuns existentes entre os trabalhos produzidos.

Respostas e comentários

8. Espera-se que os estudantes observem que as obras retrataram o modo de vida simples, com atividades de trabalho e de lazer de pessoas que habitavam a zona rural.

9. A atividade busca dar um significado novo e muito mais amplo ao termo e descrever aspectos relacionados ao modo de vida das pessoas, à identidade própria, aos costumes e à cultura caipira.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em grupos e peça-lhes que respondam às questões no caderno. Nesse caso, oriente-os de modo que todos os integrantes dos grupos participem do debate; é importante que os grupos apresentem uma resposta a partir de um consenso de ideias.

Oriente também os grupos durante a pesquisa a ser realizada, seja em livros, seja na internet. Ao final, solicite aos grupos que apresentem para o restante da turma os textos que foram produzidos por eles.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam a figura do campo e do “caipira brasileiro” apresentada, seus aspectos e sua importância na arte. É importante também notar nos estudantes a capacidade de observação, reflexão e análise das pinturas observadas, além de conseguirem relacionar os elementos visuais com conceitos aprendidos nas páginas. Caso contrário, você poderá realizar o atendimento individualizado para solucionar possíveis dúvidas.

Mazzaropi e a figura do caipira

O cineasta, roteirista, cantor, produtor e ator Amácio Mazzaropi (19121981) começou sua carreira artística no circo, por volta dos 14 anos de idade. A partir dos anos 1930, fez enorme sucesso no teatro, no rádio e na tê vê e, em 1952, estreou no cinema com o filme Sai da frente (Companhia Cinematográfica Vera Cruz), tornando-se um dos artistas mais populares e queridos do país.

Para agradar ao grande público, nas suas produções, Mazzaropi se preocupava com todos os detalhes, desde a criação do roteiro até a produção das cenas e a distribuição dos materiais. O artista tinha como principal objetivo retratar principalmente o modo de vida do meio rural.

Fotografia em preto e branco. Destaque para o rosto de um homem de sobrancelhas grossas, bigode, lábios grossos, usando chapéu de palha redondo, lápis pretos nos olhos e uma camisa clara. Ele está com os olhos arregalados olhando para seu lado direito.
O ator e cineasta brasileiro Amácio Mazzaropi. São Paulo, 1958.

Inspirado em sua vivência no interior de São Paulo, Mazzaropi eternizou nas telas de cinema a figura do personagem Jeca Tatu, criado pelo escritor Monteiro Lobato (18821948). Seus filmes buscavam refletir a cultura popular das pessoas que moravam no interior, pois ele retratava fatos do cotidiano, histórias e “causos” contados pelos mais velhos, além de adotar o vocabulário de quem vive no campo.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competências específicas de Arte: 1 e 3

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Ainda no debate sobre a figura do caipira dentro da arte, pergunte se os estudantes conhecem alguns personagens que sejam considerados “caipiras” pelo público em geral – deixe que a turma cite alguns personagens. Diga que essa figura se faz presente não somente em pinturas, mas também nas telas de cinema. Faça a leitura do texto com os estudantes, apresentando a figura do produtor Amácio Mazzaropi. Ele se preocupava com todos os detalhes: a criação do roteiro, a produção das cenas e a distribuição dos materiais. Seu maior objetivo era agradar ao grande público.

Realize a descrição dos elementos visuais da imagem apresentada apontando características que são semelhantes entre os “caipiras” normalmente vistos nas mídias e as pinturas feitas por Almeida Júnior.

 Para ampliar 

Filmografia de Amácio Mazzaropi, disponibilizada pelo Museu Mazzaropi com posteres de lançamento dos filmes. Disponível em: https://oeds.link/TATx19. Acesso em: 14 julho 2022.

• ATIVIDADE COMPLEMENTAR

Se achar pertinente, selecione um dos filmes da lista e assista a ele com os estudantes. Durante a exibição, solicite que anotem no caderno suas impressões sobre o ator Mazzaropi ou o personagem interpretado por ele, os cenários, a trilha sonora, a história e, ao final, compartilhem suas anotações com a turma.

A figura do caipira teve papel central nas produções de Mazzaropi, sendo interpretado como um homem simples, honesto, ingênuo, um tanto preguiçoso, mas astuto. Essa caricatura do caipira reforçou o estereótipo construído pelo escritor Monteiro Lobato. Entretanto, em seus filmes, Mazzaropi também criticou as más condições de trabalho e a falta de oportunidades dos moradores do campo.

A música é um elemento importante em grande parte dos 32 filmes realizados por Mazzaropi. O artista interpretou diversas canções criadas em parceria com o compositor Elpídio dos Santos (19091970). Um exemplo é a canção “Sopro do vento” (1961), que faz parte do filme Tristeza do Jeca (1961, produção Amácio Mazzaropi Filmes), o 13º filme de sua carreira e o primeiro em cores.

Cartaz. Na parte inferior, o título em azul: O LAMPARINA. Na parte superior, a informação: PAM APRESENTA MAZZAROPI. No centro, em fundo amarelo, ilustração de um homem usando chapéu de cangaceiro marrom, camisa azul, calça marrom, segurando uma espingarda com as duas mãos e um colete de balas cruzando o peito. Ao fundo, há ilustrações de uma mulher, um homem idoso e alguns cangaceiros.
Fotografia em preto e branco. Um homem de sobrancelhas grossas, nariz comprido e fino, bigode grosso, lábios finos, usando chapéu redondo de palha, camisa xadrez, calça, está ajoelhado no chão com as mãos dentro de um cesto de palha.
Cartaz e cena do filme "O Lamparina", de Mazzaropi, 1964.

10. Compare todas as imagens de Mazzaropi, reproduzidas nesta página, com o personagem na pintura Caipira picando fumo, de Almeida Júnior. Quais semelhanças podem ser percebidas entre elas?

Respostas e comentários

10. Respostas possíveis: os dois personagens estão em local simples, descalços e com roupas semelhantes. Mazzaropi traz um cachimbo (pito) em sua mão, enquanto o caipira está “picando fumo”.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Ao final da descrição, leia a pergunta em voz alta e proponha que os estudantes debatam entre si e apresentem suas respostas. Nesse caso, é interessante questionar se essas semelhanças notadas entre as pinturas de Almeida Junior e as imagens de Mazzaropi também se assemelham aos estereótipos da figura do caipira.

Deixe que a turma debata entre si.

Para observar e avaliar

Note se todos os estudantes participaram do debate, apresentando suas ideias e argumentos de fórma linear. Observe também se eles apresentaram as habilidades de pesquisa, reflexão e análise acerca das imagens e se conseguiram relacionar o que foi aprendido em teoria com as imagens em prática. Caso contrário, você poderá realizar o atendimento individualizado.

eu vou APRENDER Capítulo 2

Arte e modernidade

Nas primeiras décadas do século vinte, o Brasil passou por grandes mudanças. A cidade de São Paulo se tornou um importante centro econômico, em virtude da produção do café, que na época era a maior riqueza do país. A construção de ferrovias que chegavam até o interior ajudou na instalação de muitas indústrias.

Fotografia em preto e branco. Vista parcial de um bairro. No centro, há uma avenida extensa com casas ao redor. Ao fundo, prédios e torres industriais.
Vista do Brás a partir do Palácio das Indústrias. Ao fundo, prédio do Moinho Matarazzo. São Paulo, cêrca de 1910.
Fotografia em preto e branco. Vista de uma rua onde circulam carros e bondes. Nas laterais, há prédios de três andares, casas, pessoas nas calçadas e postes de iluminação.
Rua Florêncio de Abreu, na cidade de São Paulo. São Paulo, década de 1920.
Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 5

Competências específicas de Arte: 5 e 7

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Inicie o capítulo conversando com a turma sobre o que poderia ter mudado na arte brasileira com a modernidade e o fato de São Paulo ter se tornado um centro econômico importante durante o século vinte. Assim, inicie a leitura do texto de fórma compartilhada, convidando um ou mais estudantes para fazer a leitura em voz alta.

BNCC NO CAPÍTULO

OBJETOS DE CONHECIMENTO

HABILIDADES

Contextos e práticas

(EF69AR01)

Elementos da linguagem

(EF15AR04)

Materialidades

(EF69AR05)

Processos de criação

(EF69AR07)

Elementos da linguagem

(EF69AR10)

Contextos e práticas

(EF69AR16)

Contextos e práticas

(EF69AR18)

Contextos e práticas

(EF69AR24)

Contextos e práticas

(EF69AR25)

Matrizes estéticas e culturais

(EF69AR33)

Texto complementar

Para mais informações sobre o processo de urbanização da cidade de São Paulo, leia o texto e compartilhe-o com os estudantes, se julgar pertinente.

reticências Muitos desses imigrantes, como os numerosos italianos na Lapa e na Mooca permaneciam na cidade, por ser passagem obrigatória entre o porto de Santos e as regiões cafeeiras. Parte desses imigrantes se estabeleceram como comerciantes. Além dos imigrantes, a oligarquia cafeeira se transfere para a cidade a fim de usufruir das comodidades que a vida urbana começava a fornecer, tornando-se possível cuidar tanto dos negócios no interior quanto dos negócios de exportação em Santos. Havia também a presença dos ex-escravos que estavam à margem da sociedade buscando sua sobrevivência nos trabalhos subalternos.

reticências para SEVITCHENCO, as mudanças que se processavam no espaço físico da futura metrópole aconteciam de fórma segregada. As áreas altas reservadas à elite eram valorizadas com investimento público em infraestrutura. Já as áreas baixas, de várzea de rios, formavam os bairros populares desvalorizados por falta de investimento público e por distanciamento do centro. Por sua vez, o centro também se desvalorizava pela ocupação irregular dos velhos casarões e palacetes e também pela formação de cortiços.

SANTOS, Fernanda Oliveira Filgueiras; LEONEL, Mauro de Mello. Fome antropofágica – utopias e contradições. Revista de Estudos Culturais, número 1. Disponível em: https://oeds.link/bTKuuk. Acesso em: 14 agosto 2022.

Muitos imigrantes chegaram a São Paulo para substituir nas fazendas de café a mão de obra escravizada, legalmente abolida pela Lei Áurea, em 1888. Com a vinda dos imigrantes, a cidade de São Paulo passou a ter novas referências e influências culturais. A paisagem da cidade se transformou, com a construção de edifícios e avenidas, bondes elétricos e veículos motorizados nas ruas.

Esse desenvolvimento proporcionou à cidade de São Paulo entusiasmo e vibração para uma renovação na arte e na literatura. Na sequência, leia um texto que descreve algumas das mudanças no mundo e na arte no começo do século vinte.

reticências Mas o que significava exatamente uma arte moderna? Significava criar uma nova estética para dar conta das grandes transformações pelas quais o mundo passava no começo do século vinte. O acontecimento mais marcante foi a Primeira Guerra Mundial (19141918). Mas era também o tempo da industrialização em ritmo acelerado e do surgimento das grandes cidades.

Na Europa, surgiram os movimentos chamados de vanguarda, propostas revolucionárias que colocavam em xeque a arte da época, presa a regras muito restritas e que tolhiam a liberdade dos criadores. Por isso, muitos artistas paulistas, que vinham de famílias com bastante dinheiro, viajavam ao Velho Mundo para saber o que acontecia por lá. Queriam trazer ao Brasil uma arte diferente, que correspondesse à realidade de um país em transformação reticências.

CANTON, Katia. Ana e a semana: pequena história do modernismo em 1922. Cotia: vê érre Editora, 2022. página 9.

  1. No caderno, explique como o texto apresenta:
    1. as transformações pelas quais o mundo passava no começo do século vinte.
    2. o que buscavam os artistas paulistas que viajavam para a Europa, chamada de Velho Mundo.
Orientação para acessibilidade

Atividade 1.

Se houver estudantes cegos na sala, abra a possibilidade para que busquem informações sobre as principais mudanças ocorridas nas grandes cidades brasileiras, nas primeiras décadas do século XX, e as compartilhem com os colegas, a fim de ampliar o conhecimento da turma.

Ícone de atividade em grupo.
  1. Com a orientação do professor, pesquisem na internet imagens das grandes cidades brasileiras nas primeiras décadas do século vinte. Apos a seleção das imagens:
    1. produzam legendas evidenciando o local e a época;
    2. elaborem um painel que mostre as grandes transformações da época, como a industrialização ou o crescimento das cidades.
Respostas e comentários

1. a) Espera-se que os estudantes citem: Primeira Guerra Mundial; industrialização em ritmo acelerado; surgimento das grandes cidades.

1. b) Os artistas buscavam uma arte diferente, que correspondesse à realidade de um país em transformação.

2. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Peça a um estudante que leia o trecho destacado para o restante da turma e, então, solicite à turma que realize individualmente as atividades em questão. Eles poderão compartilhar as respostas ao final.

Oriente os estudantes na realização da segunda atividade, com relação à pesquisa a ser realizada. Eles poderão apresentar esse painel de fórma física ou virtual. O interessante é que os painéis fiquem disponíveis para consulta pelos próprios estudantes, posteriormente.

Você pode sugerir, também, que eles busquem expor os painéis para o restante da escola, seja em uma sala ou mural específicos, seja no meio digital – disponibilizando para outros colegas.

Para observar e avaliar

Durante a realização das atividades, observe se os estudantes conseguiram pesquisar e analisar o conteúdo observado, assim como relacionar as informações com o que foi aprendido na página. Além disso, note se eles entenderam como as transformações do século vinte foram impactantes para as artes. Do contrário, divida a turma em duplas e proponha que um estudante que realizou a atividade positivamente auxilie o outro que tenha dúvidas sobre a matéria.

SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922

Em 1922, o Brasil comemorava os cem anos de sua independência política de Portugal, mas ainda não havia encontrado sua independência cultural, pois era predominante no país a valorização da cultura europeia.

Assim, a Semana de Arte Moderna representou o início de uma nova fase para as artes no Brasil. Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, foram realizadas sessões literárias e musicais no auditório do Teatro Municipal de São Paulo (ésse pê), com a participação de escritores e poetas, pintores, escultores, arquitetos e intelectuais, como Mário de Andrade, Menóti del Píquia, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novaes, Anita Malfatti, Zina Aita, Emiliano Di Cavalcanti, vitor brêchêrê, entre outros.

Capa. Na parte superior, o título: SEMANA DE ARTE MODERNA. Na parte inferior, uma árvore preta e seca com poucas flores vermelhas no topo. Na parte inferior, a informação: SÃO PAULO – 1922.
Capa do programa da Semana de Arte Moderna de 1922, de Emiliano Di Cavalcanti.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Arte e povo brasileiro –

a Semana de 22

Locutor: Arte e povo brasileiro – a Semana de 22.

Vinheta musical

Locutor: Em 1922, um grupo de artistas brasileiros, influenciados por movimentos vanguardistas europeus como Cubismo, Futurismo e Surrealismo, decidiu voltar o olhar para a produção artística nacional e iniciar uma verdadeira transformação nas artes.

O desejo era promover a experimentação e a liberdade de criação.

Pensando em valorizar uma cultura tipicamente brasileira, segundo a visão da época, o grupo inaugurou a primeira fase do modernismo aqui no Brasil, mais especificamente em São Paulo. O movimento tinha como uma das características a radicalização dessa visão de privilegiar a cultura nacional, justamente para romper com estruturas artísticas preestabelecidas no passado.

Vinheta musical

Locutor: Tudo isso foi feito por meio de manifestos e revistas.

Mas principalmente em um grande evento, de 3 dias, no Theatro Municipal de São Paulo, ocorrido em fevereiro de 1922.

A semana de 22, como é conhecida, reuniu diversos artistas das mais variadas expressões culturais, todos com o intuito de emancipar a produção nacional e firmar compromisso com uma renovação estética, valorizando nosso povo, nossa paisagem e nossa língua, incluindo a cultura dos povos originários.

O objetivo era romper com o tradicionalismo associado a correntes literárias e artísticas como o parnasianismo, o simbolismo e a arte acadêmica.

Foi possível admirar obras da pintora Anita Malfatti, ouvir poemas de Mário de Andrade e Oswald de Andrade e apreciar obras de Heitor Villa-Lobos.

Nosso grande compositor e pianista, aliás, causou estranhamento mais pelo que estava vestindo do que pela sua música, já que subiu ao palco de casaca e chinelos.

A recepção na época não foi boa. Vaias no teatro e textos ácidos nos jornais marcaram a reação negativa do público e da crítica especializada.

Porém nada disso parou “os modernistas”. Mas, afinal, quem são esses artistas dos quais estamos falando?

Vinheta musical

Locutor: Oswald de Andrade e Mário de Andrade se destacaram na literatura com obras como o Manifesto antropofágico.

Nele, se lançou o questionamento: Tupy or not tupy that is the question, uma alusão ao clássico do escritor inglês William Shakespeare To be or not to be that is the question dita pelo personagem Hamlet, que, traduzindo para o português, quer dizer: ser ou não ser, eis a questão.

Outro trabalho de destaque foram os poemas publicados no livro Pauliceia desvairada.

Anita Malfatti apresentou entre os seus quadros O homem amarelo, que ganhou muitas críticas negativas pelo uso excessivo da cor. Heitor Villa-Lobos não se empolgou muito com o evento, mas dizem que a possibilidade de tocar para o público paulista pela primeira vez atraiu o maestro carioca e ele apresentou, entre outras composições, “Danças características africanas”.

Vinheta musical

Locutor: Se você já ouviu falar desse grupo de modernistas, deve estar se perguntando: mas e Tarsila do Amaral, uma das maiores modernistas?

Pois é, na famosa Semana de 22, Tarsila não estava no Brasil. Ela tomou conhecimento da Semana de 22 por meio das cartas de Anita Malfatti e, na sua volta, foi apresentada aos artistas modernistas.

A sua primeira obra modernista, A negra, foi pintada em 1923.

Vinheta musical

Locutor: Agora que já se passaram mais de 100 anos da Semana de 22, conseguimos entender a importância deste movimento para a cultura nacional.

Você consegue perceber a influência dele na arte contemporânea?

Vinheta musical

Locutor: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Veja algumas das obras expostas no saguão do Teatro Municipal de São Paulo (ésse pê), que apresentou cêrca de 100 trabalhos de diferentes artistas.

Pintura. Em tons de vermelho e marrom, há dois homens na penumbra. Um deles está sentado à esquerda e tem cabelo liso penteado para o lado, barba longa, usa óculos com armação redonda e roupa escura. À direita, o outro homem está em pé, tem cabelo penteado para o lado, barba longa. Ele usa roupa escura e está com a mão esquerda sobre o ombro do outro homem. Na pintura, predominam tons  pastel.
Amigos, de Di Cavalcanti, 1921. Pastel sobre papel, 23 centímetros por 34 centímetros.
Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 5

Competências específicas de Arte: 5 e 7

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Continue a conversa sobre as grandes mudanças que aconteceram no início do século vinte. Busque listar com os estudantes alguns dos principais acontecimentos – é interessante anotar na lousa, à medida que eles forem citando os fatos. Em seguida, contextualize a Semana de Arte Moderna de 1922: um acontecimento marcante para o início de uma nova fase para as artes no Brasil.

Inicie a leitura do texto, então, convidando um ou mais estudantes para ler em voz alta para o restante da turma. Realize também a descrição visual das imagens presentes.

 Para ampliar 

Você sabe o que foi a semana de arte moderna de 1922?, no canal ARTEQUEACONTECE. Disponível em: https://oeds.link/2BJQxs. Acesso em: 20 maio 2022.

Semana de Arte Moderna de 22 e seus principais artistas, no canal Olhar Extraordinário. Disponível em: https://oeds.link/SQSBDd. Acesso em: 20 maio 2022.

Texto complementar

Para saber mais, leia um trecho de um artigo sobre a Semana de Arte Moderna de 1922.

reticências Aos poucos, a Semana de 22, uma semana de verão que poucos entenderam, mas que constituiu um marco para o avanço cultural da cidade de São Paulo, foi ganhando importância histórica e passou a representar a confluência de tendências de renovação e afirmação da arte nacional. Significou uma ruptura com um passado arcaico que não representava as possibilidades estéticas brasileiras e, mais que tudo, tornou a cidade de São Paulo e o país mais receptivos ao novo e ao diferente. reticências

LEITE, Édson. Música na Semana de 22: tradição e ruptura na cidade de São Paulo. Revista úspi, São Paulo, número 94, páginas cinquenta e nove a setenta, julho-agosto 2012. Disponível em: https://oeds.link/ZnnZS4. Acesso em: 15 agosto 2022.

Pintura. Valoriza-se na obra a cor ocre em degradê. Em primeiro plano à esquerda, um homem de sobrancelhas finas, nariz e lábios grossos, usando chapéu marrom de couro, camisa branca, calça clara com cinto marrom, está em pé e segura um chicote sobre os ombros, formando uma linha diagonal. À sua frente, há um cavalo marrom com feno nas costas. A posição das pernas do homem e das patas do animal indica movimento. Em segundo plano, diversas linhas diagonais se cruzam formando montanhas. Em terceiro plano, no canto superior da obra, aponta o céu em tons de azul e branco.
Cambiteiro, de Vicente do Rêgo Monteiro, década de 1920. Óleo sobre tela, 59 centímetros por 72 centímetros.
Pintura. Em cores vibrantes e intensas e pinceladas longas e firmes, a obra retrata uma mulher de cabelo marrom-avermelhado curto e penteado para o lado, de sobrancelhas e nariz finos, lábios grossos, usando agasalho amarelo e calça xadrez azul e branca. Ela está sentada em uma cadeira preta, com as mãos cruzadas sobre as pernas e o tronco inclinado para frente.
Uma estudante, de Anita Malfatti, 19151916. Óleo sobre tela, 76,5 centímetros por 60,5 centímetros.

Os eventos ocorridos durante a Semana causaram grande impacto e foram mal recebidos pelo público, formado basicamente pela elite paulistana, que não estava preparada para receber e aceitar as fórmas e as cores das pinturas e os versos pouco tradicionais apresentados pelos artistas. Porém as manifestações artísticas exibidas na Semana de Arte Moderna serviram como inspiração para os movimentos artísticos que surgiram nas décadas seguintes.

3. Para ampliar seus conhecimentos, pesquisem vídeos na internet que apresentem informações sobre a Semana de Arte Moderna de 22. Em sala, discutam a importância desse evento.

Para ampliar

CANTON, Katia. Ana e a semana: pequena história do modernismo em 1922. Cotia: vê érre Editora, 2022. A obra descreve a viagem no tempo de Ana e João para fevereiro de 1922, período em que ocorria a Semana de Arte Moderna.

Respostas e comentários

3. Verificar orientações em Atividades de desenvolvimento.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Ao final da leitura e das análises, proponha aos estudantes que realizem uma investigação de vídeos na internet com informações sobre a Semana de Arte Moderna de 1922.

  • Para auxiliar a turma, apresente os dois vídeos citados na seção Para ampliar, a seguir.
  • Proponha também que os estudantes construam um carrossel de imagens sobre o Modernismo e a Semana de Arte Moderna de São Paulo: a partir dos vídeos pesquisados, os estudantes poderão selecionar algumas imagens para compor o carrossel, apresentando a ideia geral da Semana de Arte Moderna de 1922.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam a importância que teve a Semana de Arte Moderna de 1922 para a arte brasileira e como a arte moderna se contextualiza com os acontecimentos da época. Avalie também a capacidade dos estudantes de pesquisar, analisar e refletir acerca das pinturas da arte moderna, relacionando-as com o contexto histórico em que estavam inseridas. Do contrário, proponha que realizem uma pesquisa sobre as principais obras artísticas apresentadas na Semana de Arte Moderna de 1922 e o significado por trás das peças – assim como o contexto histórico do qual faziam parte.

VAMOS FAZER

Escultura de rosto modernista

A escultura Cabeça de Cristo foi uma das obras expostas na Semana de Arte Moderna. Feita pelo artista vitor brêchêrê(18941955), a obra apresenta um rosto bastante expressivo. Ela foi fundida em bronze, mas é possível fazer esculturas com diferentes materiais, como argila ou massa de modelar.

Escultura. Em tons escuros, uma cabeça com cabelos penteados com tranças para baixo, sobrancelhas finas, nariz comprido, cavanhaque, lábios grossos. A cabeça é vista de perfil e está inclinada para baixo e com a boca aberta.
Cabeça de Cristo, de vitor brêchêrê, 19191920. Escultura de bronze, 32 centímetros por 14 centímetros por 24,2 centímetros.

Vamos agora modelar uma cabeça, como fez brêchêrê, e criar um rosto bem expressivo.

Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 3

Competências específicas de Arte: 4 e 8

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Durante a Semana de Arte Moderna de 1922, os artistas presentes inovaram o conceito de artes visuais, impactando para sempre o que seria a arte brasileira por meio de manifestações artísticas, como esculturas modernistas. Uma delas foi a Cabeça de Cristo, feita por vitor brêchêrê.

Leia o texto introdutório, explicando aos estudantes que a atividade proposta será modelar um rosto bem expressivo, da mesma fórma como brêchêrê fez.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

  • Leia a lista de materiais e as instruções que os estudantes deverão seguir na atividade proposta; pergunte se todos entenderam os passos e enfatize a necessidade de segurança com relação aos materiais utilizados.
  • Proponha que, antes de começarem, os estudantes retomem as pesquisas feitas sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, buscando inspirações sobre o conceito da arte moderna para complementar a escultura feita.
  • Oriente a turma a seguir os passos, forrando a mesa com plástico e afastando possíveis objetos que podem atrapalhar a execução da tarefa. Enfatize as instruções a serem seguidas.
  • Auxilie os estudantes que mostrarem dificuldades e, nesse caso, oriente-os durante a realização da atividade; ao final, promova uma breve apresentação de cada escultura, na qual o estudante poderá explicar seu processo de criação, obras em que se inspirou e o conceito envolvido.
  • Promova também uma roda de conversa entre os estudantes da turma, de fórma que compartilhem suas técnicas e ideias; você pode sugerir que façam uma exposição para o resto da escola, de modo que outras turmas vejam o que foi produzido – para isso, converse com a direção a fim de disponibilizar uma sala a ser utilizada para a exposição.

Material

  • Argila ou massa de modelar.
  • Pente de plástico.
  • Palito de churrasco.
  • colhér.
  • Plástico, para forrar as mesas.
  • Fita adesiva, para fixar o plástico à mesa.

Como fazer

1. Forre a mesa com o plástico e prenda-o com a fita adesiva.

Ícone de atividade oral.
  1. Modele sua argila ou massa no formato de uma esfera e comece a dar a fórma de um rosto, mais oval.
  2. Trabalhe a modelagem, procurando dar ao rosto uma expressão feliz, triste, brava, tranquila ou qualquer outra, como você preferir.
  3. Modele o cabelo, as orelhas e outros detalhes com o auxílio do pente de plástico, do palito de churrasco, da colhér ou de outros objetos que você queira utilizar.
  4. Deixe sua escultura secar em local seco e arejado.
  5. Elabore uma ficha para sua produção inserindo informações como nome, data e a técnica utilizada na produção da escultura.
  6. Em uma roda de conversa, compartilhe com os colegas seu processo de criação.
  7. Depois de prontos, combinem uma exposição na escola para que outras turmas vejam os trabalhos.
Ilustração. Em linhas finas e pretas, destaque para uma cabeça com cabelo curto penteado para o lado, sobrancelhas finas, nariz e lábios finos, com a cabeça inclinada para o lado. Ao fundo há círculos e formas em tons de azul e roxo.
Respostas e comentários

Como fazer. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes realizaram a atividade com cuidado aos materiais e atenção às instruções. Avalie se eles integraram o que foi aprendido sobre a arte moderna e a escultura de brêchêrê às próprias esculturas de cabeças, e se seguiram algum conceito ou inspiração a partir de obras vistas anteriormente. Caso contrário, você poderá auxiliá-los durante a execução da atividade por meio do atendimento individualizado, ou, ao final, propor que os estudantes que alcançaram os objetivos da seção auxiliem os outros da turma.

Música na Semana de 1922

Nas atividades musicais apresentadas na Semana de 1922, destacaram-se os pianistas Ernâni Braga (18881948) e Guiomar Novaes (18941979) e o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos (18871959), cuja carreira estava em ascensão mundialmente.

Nessa época, mantinha-se no Brasil a tradicional classificação da música em eruditaglossário e popular. Para Mário de Andrade, a música erudita deveria incorporar elementos da música popular, contribuindo assim para a busca e o amadurecimento de uma identidade nacional.

Villa-Lobos saiu em busca de uma identidade brasileira na música, compondo partituras com mescla de elementos da linguagem da tradição clássica de concerto com sons que tinham inspiração em diferentes lugares do Brasil e formariam a “alma brasileira”, como animais, pássaros, selvas e florestas, lendas, danças etcétera, além de sons que remetessem à diversidade étnica brasileira.

A primeira tentativa de Villa-Lobos em misturar música erudita com elementos afro-indígenas foi a peça intitulada Danças características africanas, realizada entre 1914 e 1916, originalmente composta para piano solo e apresentada na Semana de 1922 com outros instrumentos: flauta, clarinete, piano e quinteto de cordas. Além de incorporar instrumentos de origem africana, como o caxambuglossário e o reco-reco, essa obra explora os ritmos afro-brasileiros e de raízes indígenas.

Fotografia em preto e branco. Destaque para um homem de cabelos escuros penteados para trás, de sobrancelhas, nariz e lábios finos, usando camisa branca e gravata escura.
O maestro e compositor Heitor Villa-Lobos. São Paulo, 1945.

Para ampliar

SANTA ROSA, Nereide; BONITO, Angelo. Crianças famosas: Villa-Lobos. São Paulo: Callis, 2016. O livro conta a infância do menino Heitor, que demonstrava na música o que sentia, e que, ao crescer, se transformaria em Villa-Lobos, o mestre do modernismo brasileiro.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 3

Competência específica de Arte: 5

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Debata com os estudantes a atividade realizada anteriormente, inspirada nas obras da Semana de Arte Moderna de 1922, e pergunte se acham que a Semana influenciou apenas as artes visuais. A música também passou por mudanças, visto que até então no Brasil mantinha-se a “divisão” da música entre erudita ou popular. Com a Semana de Arte Moderna de 1922, o compositor Villa-Lobos misturou, pela primeira vez, elementos populares à música erudita!

A partir de então, inicie a leitura do texto presente de fórma compartilhada com a turma, escrevendo na lousa as palavras em destaque para posterior debate sobre seus significados. Faça também a descrição visual dos elementos das imagens presentes na página.

Texto complementar

Para saber mais sobre a música na Semana de 1922, leia os textos a seguir e compartilhe o que julgar relevante com os estudantes.

reticências As atividades musicais da Semana de Arte Moderna de 1922 adiantaram o relógio da música brasileira que, anteriormente, jamais coincidiu com o da música europeia. Na Semana de 22, a absorção das novidades europeias foi mais rápida na música do que o amadurecimento técnico no nível da criação. Ligados às novas correntes musicais europeias pelas revistas estrangeiras, os modernistas têm informações que, contudo, não impedem a defasagem entre os acontecimentos musicais europeus e a música que compõem e interpretam (Leite, 2011, página 434).

reticências

A produção musical da Semana de 22 foi fundamental para o desenvolvimento da arte do século vinte no Brasil, contribuindo para o entendimento crítico da estética artística brasileira, especialmente de São Paulo, a partir desse marco de tradições e rupturas, rumo a um novo modernismo que partia do folclore, da música nacionalista, étnica e social, estabelecendo uma identidade nacional.

LEITE, Édson. Música na Semana de 22: tradição e ruptura na cidade de São Paulo. Revista úspi, São Paulo, número 94, página 69, julho-agosto2012. Disponível em: https://oeds.link/ZnnZS4. Acesso em: 15 agosto 2022.

Apesar da execução das composições que integram a peça Danças características africanas na Semana de 1922, a maioria das obras musicais que fizeram parte desse evento era fortemente influenciada pela música francesa.

Cartaz. Em tons de verde, na parte superior, o local: THEATRO MUNICIPAL. Abaixo, o evento: AMANHÃ – 17 DE FEVEREIRO – ÚLTIMO GRANDE FESTIVAL DA SEMANA DE ARTE MODERNA COM O CONCERTO DE VILLA-LOBOS.
Cartaz da Semana de Arte Moderna, na cidade de São Paulo. São Paulo, 1922.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Heitor Villa-Lobos buscou a identidade e a alma brasileiras incorporando sons característicos das pessoas, dos povos e dos elementos da natureza como animais e florestas nas suas composições. Que tal investigar alguns dos sons característicos da sua cidade ou do seu bairro que poderiam ser incorporados a uma composição musical? Para a atividade, sigam as orientações.
    1. Cada grupo deverá pesquisar e selecionar apenas um exemplo de som característico do bairro.
    2. Diversos ambientes do bairro podem ser utilizados para investigar e coletar o som. Para isso, combinem previamente com o professor quais lugares poderão ser visitados e o tempo previsto para a pesquisa e gravação ou memorização do som.
    3. Combinem como os sons deverão ser obtidos e registrados; para isso, vocês poderão utilizar simplesmente a memória ou algum aparelho que possa gravar e resgatar o som investigado.
    4. Para obter e gravar na memória ou em celulares e outros tipos de aparelho que gravam sons, são necessárias a observação e a escuta atentas. Portanto, busquem se manter em silêncio durante a atividade.
    5. Após seleção, memorização ou gravação do som, compartilhem com os colegas de sala os resultados da investigação.
  2. Como muitos outros artistas presentes na Semana de 1922, Heitor Villa-Lobos foi muito vaiado durante a sua apresentação. Para ampliar informações sobre os temas, com a orientação do professor, pesquisem em livros ou na internet as razões dessa manifestação da plateia.

Para ampliar

VILLA-LOBOS e os brinquedos de roda. Grupo de Percussão da ú éfe ême gê e Coral Infantil da Fundação Clóvis Salgado. ême cê dê, 2004. As músicas tradicionais de roda foram arranjadas por Villa-Lobos, ainda na década de 1930, e, recentemente, foram gravadas nesse álbum pelo Grupo de Percussão da Universidade Federal de Minas Gerais e pelo Coral Infantil da Fundação Clóvis Salgado.

Respostas e comentários

1. Verificar orientações em Atividades de desenvolvimento.

2. Quando se apresentou na Semana de Arte Moderna (de casaca e chinelo, consegue imaginar o figurino?), Villa-Lobos foi vaiado porque apresentou uma composição que mesclava ritmos folclóricos com música erudita.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Para explorar mais a percepção dos estudantes com relação aos sons, proponha a eles que realizem a atividade 1 desta página. Para tal, a turma deverá ser dividida em grupos cujos integrantes podem ser escolhidos de fórma aleatória para promover a integração entre a turma.

  • Leia as instruções para os grupos, listando quais materiais os estudantes deverão possuir para conseguir realizar a tarefa. Além disso, enfatize a necessidade do silêncio não só para conseguirem capturar os sons desejados, mas pelo respeito e bem-estar de toda a comunidade escolar.
  • Oriente os estudantes durante o momento de compartilhar os sons que foram obtidos pelos grupos; eles poderão classificar esses sons ou até mesmo desafiar outros grupos a tentarem adivinhar a origem dos sons coletados.
  • Ao final, peça aos grupos que respondam à segunda questão presente na página, acerca da apresentação de Villa-Lobos na Semana de Arte Moderna de 1922.

Para observar e avaliar

Durante a atividade proposta, avalie se os estudantes compreenderam o papel do som na composição da paisagem sonora dos ambientes – nesse caso, a escola. Observe também se a turma conseguiu realizar a atividade, promovendo a interação entre os integrantes dos grupos. Avalie, a partir dos sons, a habilidade de reflexão e análise musical dos estudantes. Caso algum estudante não tenha atingido os objetivos propostos, você poderá solicitar uma pesquisa mais aprofundada acerca da relação entre a apresentação vaiada de Villa-Lobos e os sons coletados da paisagem sonora escolar – e como a inovação, inicialmente, é rejeitada.

VAMOS CONHECER MAIS

Pixinguinha e a música brasileira na França

Entre vaias e aplausos, a Semana de 1922 foi palco da busca pela renovação das artes no Brasil e por uma identidade nacional. Porém a pequena participação de artistas afro-brasileiros e mulheres mostra que grande parte da sociedade não foi representada no evento. Além disso, a inovação e a busca da brasilidade já se faziam presentes na cultura popular há muito tempo. Por exemplo, quando a Semana estava acontecendo em São Paulo, Pixinguinha (18971973) e Os Oito Batutas estavam se apresentando nos palcos da França. Conheça mais da história desse importante artista.

Fotografia em preto e branco. Um homem de nariz e lábios largos, usando chapéu redondo e branco, terno branco, está com um saxofone perto do rosto, a boca fechada no bocal e as bochechas contraídas.
O músico e compositor Pixinguinha. São Paulo, 1961.

Alfredo da Rocha Viana Filho, ou Pixinguinha, foi autor de dezenas de valsas, sambas, choros e polcas. Compôs orquestrações para cinema, teatro e circo, além de arranjos para intérpretes famosos, entre os quais Carmen Miranda, Francisco Alves e Mário Reis. Considerado o maior flautista brasileiro de todos os tempos e mestre do chorinho, Pixinguinha desde pequeno dedicou-se à música. Aprendeu a tocar cavaquinho com os irmãos Leo e Henrique e aos 11 anos já dominava o instrumento. Seu pai, um excelente flautista, também foi mais um dos mestres que Pixinguinha teve em seu ambiente familiar. reticências

A história de Pixinguinha também conta com conjuntos musicais que marcaram época, como os Oito Batutas (1919), grupo formado por ele (flauta), Donga (violão), Nelson Alves (cavaquinho), China (canto, violão e piano), Raul Palmieri (violão), José Alves (bandolim e ganzá) e Luis de Oliveira (bandola e reco-reco), tocando um repertório que incluía maxixes, canções sertanejas, batuques, cateretês e choros.

Continua

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Pixinguinha, o carinhoso

Locutora: Pixinguinha, o carinhoso.

Música

Locutora: Enquanto no Brasil acontecia, entre vaias e aplausos, a Semana de 22, que propunha uma transformação na produção artística nacional, um grupo bem brasileiro “Os Oito Batutas” ganhava o mundo.

Música

Locutora: Os Oito Batutas tinha Pixinguinha na flauta, Donga e Raul Palmieri no violão, Nelson Alves no cavaquinho, China no piano, José Alves no bandolim e ganzá, Jacó Palmieri no pandeiro e Luis de Oliveira na bandola e no reco-reco. No repertório, canções sertanejas, batuques, cateretês e choros.

A temporada francesa, em 1922, foi um grande sucesso. Teatro lotado e muitos elogios da imprensa internacional e mesmo da nacional.

Mas, nem sempre foi assim. Eles já haviam sofrido muito preconceito na pátria-mãe, desde que fundaram o grupo, em 1919, e se apresentaram no cine Palais, no Rio de Janeiro. As críticas aos músicos, em sua maioria negros, vinham sobretudo porque muitos não aceitavam que eles tocassem em locais frequentados pela dita alta sociedade da época. O escritor André Diniz destaca a história de preconceito em seu livro Pixinguinha.

Vinheta

Narradora: “Imagine o escândalo que foi a chegada do grupo de oito músicos negros! O preconceito era tanto que muita gente protestou contra a presença deles e de seus instrumentos populares, dizendo que aquilo era ‘uma vergonha’. E pensar que a escravidão tinha sido abolida havia mais de 30 anos.”

Vinheta musical

Locutora: Apesar de toda discriminação, Pixinguinha e Os Oito Batutas inspiraram a musicalidade de muitas gerações e eram admirados por artistas e fãs de várias classes sociais.

Junto com João de Barro, Pixinguinha compôs a canção que você escutou no início deste podcast, chamada “Carinhoso”. E fez história com inúmeros outros sucessos populares, além de orquestrações para cinema, teatro e circo. Fez também arranjos para intérpretes famosos, entre os quais Carmen Miranda, Francisco Alves e Mário Reis.

Vinheta musical

Locutora: Voltando à Semana de Arte Moderna, talvez você já tenha ouvido falar que a pintora Tarsila do Amaral não participou dela. O mesmo aconteceu com Pixinguinha, já que como dissemos tocava em Paris.

Mesmo sem Pixinguinha, Tarsila e tantos outros artistas que ficaram de fora da Semana de 22, esse evento tem a importância que é dada a ele para representar a produção artística nacional da época?

Qual a sua opinião?

Créditos. Neste podcast, ouvimos a leitura de um trecho do livro Pixinguinha,

escrito por André Diniz e publicado em 2002 pela editora Moderna. O trecho do áudio ouvido pertence à Freesound. Ouvimos também pequenos trechos das seguintes músicas: “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro; e “Urubu malandro”, motivo folclórico adaptado por Lourival Inácio de Carvalho, com interpretação de Os Oito Batutas.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre um oito) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmas e gêneros musicais.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 3

Competências específicas de Arte: 3 e 4

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Faça a leitura do texto desta página de fórma compartilhada com os estudantes, descrevendo os elementos visuais presentes na imagem. Convide um estudante para ler o trecho presente na página e comente o fato de que, enquanto Villa-Lobos era vaiado no Brasil, Pixinguinha era aclamado nos palcos europeus. Isso porque a maior parte das manifestações artísticas presentes no evento da Semana de Arte Moderna de 1922 apenas realizava uma releitura do que se fazia na Europa – já que o movimento artístico europeu foi uma inspiração para a revolução artística de 1922 aqui no Brasil.

Após a leitura do texto, debata com os estudantes o fato de, mesmo revolucionando a musicalidade, Pixinguinha ainda ter sido alvo de racismo. Isso porque a Semana de Arte Moderna de 1922 foi majoritariamente composta de homens brancos. Tal perspectiva teórica nos guia pelo fato de Pixinguinha apresentar a sua construção artística de samba em uma Paris “capital do mundo” em plena efervescência de seu auge cultural e do impacto que essa arte afro-negra urbana causou em meio a esse cenário, enquanto uma das mais inovadoras fórmas de inventividade e sofisticação da existência humana. Uma revolução cultural em meio ao cerne da modernidade cultural mundial.

 Para ampliar 

MALTA, Pedro Paulo. Pixinguinha – Linha do tempo. Instituto Moreira Salles. Disponível em: https://oeds.link/Diiw8W. Acesso em: 23 agosto 2022.

Continuação

Foi em 1922, ano da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, que os Oito Batutas ganharam o mundo. Em janeiro de 22, eles foram para a Europa como o primeiro regional brasileiro a sair do país para uma excursão. Foram para ficar 30 dias e ficaram seis meses. Tocaram só música brasileira para os nobres europeus. Só voltaram por saudades do Brasil e para não perder as comemorações do Centenário da Independência.

reticências

ROSCHEL, Renato. Pixinguinha. Almanaque Música/uól, abre colchetesem localfecha colchete, [ano desconhecido no século vinte]. Disponível em: https://oeds.link/1qQlTu. Acesso em: 19 maio 2022.

A temporada em Paris foi um sucesso e o grupo lotou teatros e recebeu muitos elogios da imprensa internacional e nacional. Mas nem sempre foi assim. No passado, foram vítimas de críticas e preconceito ao fazer shows em locais da alta sociedade, onde se apresentavam apenas músicos clássicos e considerados “refinados” no Brasil:

Fotografia em preto e branco. Grupo musical formado por homens usando terno preto, camisas brancas, em pé e segurando instrumentos como saxofone, trompete, trombone, clarinete, piano e bateria. Eles estão com os corpos inclinados e as bochechas contraídas.
Os Oito Batutas, em apresentação na cidade de Paris. França, 1923.

reticências Imagine o escândalo que foi a chegada do grupo de oito músicos negros! O preconceito era tanto que muita gente protestou contra a presença deles e de seus instrumentos populares, dizendo que aquilo era “uma vergonha”. E pensar que a escravidão tinha sido abolida havia mais de 30 anos. reticências

DINIZ, André. Pixinguinha. São Paulo: Moderna, 2002. página 15.

Apesar da crueldade de pessoas e críticos que não se davam conta de que a mistura de pessoas e sons fizeram, e ainda fazem, da cultura brasileira uma riqueza, Pixinguinha e os Oito Batutas inspiraram a musicalidade de muitas gerações.

Ícone de atividade em dupla.
Que tal contar um pouco da história desse importante artista brasileiro para outros colegas da escola e da comunidade? Para isso, observem as orientações a seguir.
  1. Releiam o texto sobre a vida de Pixinguinha e, se necessário, pesquisem novas informações em livros ou na internet.
  2. Elaborem uma história em quadrinhos com os aspectos da vida do artista que mais chamaram sua atenção.
Versão adaptada acessível

Atividade 2.

Elaborem uma narrativa, que pode ser uma HQ ou um texto com os aspectos da vida do artista que mais chamaram sua atenção. 

Respostas e comentários

1. e 2. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Debata com os estudantes a história de Pixinguinha e peça-lhes que realizem a atividade proposta na página. Para tanto, divida a turma em duplas e leia o que deverão fazer no enunciado da atividade.

É possível, inclusive, conversar com a direção da escola sobre a possibilidade de a turma realizar uma exposição sobre a vida e importância de Pixinguinha para a música moderna brasileira e o impacto da arte afro-negra urbana. Caso seja possível, oriente as duplas da seguinte fórma:

  • Proponha que cada dupla pesquise sobre um tema diferente relacionado à história de Pixinguinha que foi lida na página em questão, podendo ser: a vida de Pixinguinha, a arte afro-negra urbana, a representatividade presente na Semana de Arte Moderna de 1922, entre outros.
  • Os temas poderão ser sugeridos pelas próprias duplas, a partir de uma pesquisa mais aprofundada sobre a vida de Pixinguinha, como é sugerido na atividade da página; caso sejam poucos os temas, é possível pensar em realizar a atividade em trios ou grupos de até quatro estudantes.
  • Os estudantes deverão compor suas histórias em quadrinhos e apresentar em cartazes os seus resultados, pensando em uma exposição a ser realizada na escola para outras turmas. É possível também conversar com a direção de fórma que a comunidade escolar seja integrada e a escola fique aberta para visitação da exposição sobre Pixinguinha.
  • Proponha que os grupos escolham um estudante para apresentar seu cartaz durante a exposição.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam a importância de Pixinguinha para a musicalidade brasileira e o impacto da arte afro-negra urbana na Semana de Arte Moderna de 1922 e na Europa. Avalie se eles trabalharam as habilidades de reflexão, análise e, especialmente, pesquisa no contexto musical histórico e como se dedicaram à pesquisa e exposição de Pixinguinha. Caso algum estudante não tenha alcançado os objetivos, é possível solicitar que a dupla (ou grupo) o auxilie.

Dança e bailado nacional

Heros Volúsia Machado (19142004), conhecida como Eros Volúsia, nasceu no Rio de Janeiro (érre jóta) e, principalmente nas décadas de 1930 e 1940, a bailarina ousou inventar um “bailado nacional”, incorporando elementos das culturas afro-brasileiras e indígenas na tradicional dança clássica.

Volúsia teve papel central na proposta de criação de um bailado genuinamente nacional. Bailarina de formação clássica e originalmente integrante do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, desde jovem se dedicava à pesquisa de danças, buscando a formulação de movimentos que traduzissem o que ela chamava de o “corpo mestiço”. Eros viajou pelo Brasil estudando e recolhendo aspectos de danças que identificava como de origem colonial, africana ou indígena.

CARLONI, Karla. Eros Volúsia e a moderna dança nacional. ín: ARQUIVO NACIONAL. Que República é essa?: portal de estudos do Brasil republicano. abre colchetesem localfecha colchete, 8 fevereiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/KUF41S. Acesso em: 19 maio 2022.

Fotografia em preto e branco. Vista do joelho para cima, uma mulher de cabelo preto, ondulado, comprido e penteado para trás, usando brincos grandes, colares, biquíni de flores, adornos nos braços, pulsos e calcanhares. Ela está sobre o pé direito, a perna esquerda esticada para o lado, os dois braços levantados e sorrindo.
Eros Volúsia, 1941.

A bailarina buscou elementos de danças típicas brasileiras, como o lundu, o maxixe, o maracatu e as danças indígenas, para refletir a diversidade de culturas e a busca por uma identidade para a dança brasileira.

3. Descrevam como Eros Volúsia “ousou” inventar um “bailado nacional” no Brasil. Respondam no caderno.

Respostas e comentários

3. Espera-se que os estudantes citem que a bailarina estudou e utilizou a incorporação de elementos da cultura negra e indígena na tradicional dança clássica.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre um zero) Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o desenvolvimento das fórmas da dança em sua história tradicional e contemporânea.

(ê éfe seis nove á érre dois cinco) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 3

Competência específica de Arte: 1

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Comente a maneira como a brasilidade e os elementos da cultura nacional foram utilizados tanto por Villa-Lobos quanto por Pixinguinha. Pergunte aos estudantes se isso faria parte do movimento antropofágico, presente nas obras de Tarsila do Amaral já estudadas anteriormente. Durante o debate, introduza a figura de Eros Volúsia, que, por meio de seu “bailado nacional”, atendeu às propostas do Manifesto Antropofágico e revelou em sua dança uma singularidade de movimentos que refletia a diversidade de culturas e a busca por uma identidade para a dança brasileira.

Eros Volúsia foi aluna da bailarina russa radicada no Brasil Maria Oleneuá (18961965) e foi influenciada pela Dança Moderna de Isadora Dâncan (18771927).

Realize a leitura do texto de fórma compartilhada, descrevendo os elementos visuais presentes na imagem.

 Para ampliar 

Eros Volúsia: a dança mestiça, de Dimas Oliveira Júnior. Rede ésse tê vê, 2004. (50 minutos). Nesse documentário, conta-se a história de Eros Volúsia, por meio de depoimentos de amigos e parentes, entrecortados por fotos e aparições da bailarina em programas de televisão brasileiros.

Para acessar, procure pelo título do documentário em um site de busca de sua preferência.

Capa de revista. Na parte superior esquerda, o título da revista: LIFE. Na parte inferior, a informação: SEPTEMBER 22, 1941. No centro, fotografia preto e branca de uma mulher de cabelos escuros, ondulados e penteados para trás, usando um tecido na cabeça, dois brincos grandes de argola, um top feito com bolinhas pequenas, adornos e pulseiras de bolinhas e uma saia escura. Ela está em pé, com os braços flexionados na cintura e sorrindo.
Capa da revista Life, de 22 de setembro de 1941.
Fotografia. Uma mulher de cabelo preto penteado para trás, sobrancelhas finas, lábios vermelhos, usando um lenço azul na cabeça, um top branco com um tecido sobre ele em linhas vermelhas e azuis, colares redondos, pulseiras e adornos coloridos, uma calça branca com panos coloridos. Ela está em pé, com a mão direita na cintura, o braço esquerdo cruzando o peito, a cabeça inclinada para o lado e sorrindo.
Carmen Miranda, na década de 1940.

Em 1941, a revista Life publicou a foto da bailarina na capa e na matéria destacou a valorização das culturas indígenas e africanas no trabalho da jovem Eros Volúsia. O estilo da bailarina teria influenciado o trabalho de Carmen Miranda (19091955), cantora, dançarina e atriz nascida em Portugal, mas que veio para o Brasil ainda pequena. Sua carreira artística ocorreu no Brasil e nos Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950.

4. Com base nas imagens, citem como a bailarina Eros influenciou a cantora Carmen Miranda em suas apresentações. Responda no caderno.

Respostas e comentários

4. Espera-se que os estudantes citem que o estilo, os movimentos e a fórma de se vestir retratam as influências da bailarina nas apresentações da cantora Carmen Miranda.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto, solicite que os estudantes realizem as atividades 3 e 4. Nesse caso, espera-se que eles citem a utilização de elementos das culturas negra e indígena na dança clássica de Eros Volúsia – que inspirou o figurino de Carmem Miranda.

A correção da atividade poderá ser feita de fórma coletiva, debatendo com os estudantes, inclusive, a maior popularidade de Carmem Miranda em comparação com a de Eros Volúsia.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes conseguiram refletir acerca da originalidade e revolução musical presentes no “bailado nacional” de Eros Volúsia, e como a bailarina inspirou Carmem Miranda. Nesse sentido, é importante avaliar com base na atividade de desenvolvimento se os estudantes compreenderam os conceitos ensinados acerca da modernidade presente “até mesmo” na dança, indo muito além das artes visuais, muito comentadas da Semana de Arte Moderna de 1922. Do contrário, é interessante propor ao estudante que não alcançou os objetivos uma breve pesquisa sobre a influência de Eros Volúsia sobre Carmem Miranda. Proponha que o estudante apresente seus resultados para o restante da turma, até mesmo expondo um cartaz com o que foi aprendido.

Antecedentes do Teatro moderno no Brasil

O teatro no Brasil passou por transformações graduais que somente foram consolidadas em 1950. Esse longo período da história do Teatro no Brasil marca uma passagem importante, pois considera-se que, somente a partir do surgimento do teatro moderno, passa a existir efetivamente um teatro com valores e influências culturais brasileiras. Vamos conhecer algumas dessas transformações no infográfico a seguir.

Infográfico. Em formato quadriculado e com fundo vermelho, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: CHEGADA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL. À direita, uma pintura retratando uma vila com vista de prédios de três andares com fachadas brancas ou beges e telhados vermelhos. Na rua, há pessoas. O quadro apresenta uma moldura com adornos dourados.  Ao lado, o texto: Apenas depois de chegar ao Brasil, em 1808, D. João VI se interessou pela vida cultural brasileira. Em 1810, ele assinou um decreto que recomendava a construção de teatros para a nobreza. Grandes espetáculos de companhias teatrais vindas da Europa passaram a excursionar pelo país, mas apenas os nobres e as pessoas ligadas à corte tinham acesso a esses espetáculos, que apresentavam temas alheios à realidade brasileira.
Continuação do infográfico. Em formato quadriculado e com fundo laranja, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: INOVAÇÕES A PARTIR DE JOÃO CAETANO. À direita, um quadro de um desenho feito com linhas finas e pretas retratando uma escultura de um homem com o braço esquerdo levantado. Essa escultura é sustentada por uma pilastra em formato retangular com um círculo esculpido no centro. O quadro apresenta uma moldura com adornos de bronze.  Ao lado, o texto: No século XIX, o teatro no Brasil teve como marco a representação da tragédia Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães (1811-1882). A peça foi encenada em 1838 por uma companhia de atores brasileiros, com destaque para o ator João Caetano (1806-1863), também diretor e empresário, que foi pioneiro no estudo de atuar, propagando valores artísticos e procedimentos de atuação que não eram ainda conhecidos no Brasil.
Continuação do infográfico. Em formato quadriculado e com fundo marrom, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: COMÉDIAS DE MARTINS PENA. À direita, um retrato de um homem de cabelo escuro, curto e penteado para o lado, de sobrancelhas grossas, barba escura, usando terno e gravata preta e camisa branca. O quadro apresenta uma moldura em tons de marrom. Ao lado, o texto: Também em 1838, estreou a comédia de costumes O juiz da roça, de Martins Pena (1815-1848). No enredo desse tipo de comédia, já era possível reconhecer críticas a problemas ainda hoje presentes na sociedade brasileira, como a corrupção e o descumprimento de leis, entre outros. Em suas comédias, Martins Pena abordava questões sobre a escravidão, a família e o nascimento de uma camada social, a burguesia urbana.
Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre dois quatro) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 3

Competência específica de Arte: 1

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Faça a leitura do texto de fórma compartilhada com a turma, descrevendo os elementos visuais presentes nas imagens. Converse com os estudantes sobre as mudanças pelas quais o teatro passou, e que foi somente em 1950 que consolidou a sua fase moderna.

É possível, na lousa, pontuar os principais anos citados, como o decreto assinado por Dom João sexto em 1810, seguido da apresentação marcante de O Poeta e a Inquisição, em 1838, entre outros.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto e análise das imagens, faça as atividades coletivamente com a turma, perguntando de fórma geral aos estudantes as questões feitas na página.

Nesse caso, organize a turma de modo que todos os estudantes possam responder às perguntas, incluindo a todos no debate. É fundamental que haja um ambiente propício à ampliação do conhecimento com base na mediação do professor, enfatizando a capacidade de argumentação dos estudantes.

Continuação do infográfico. Em formato quadriculado e com fundo amarelo, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: TEATRO DE REVISTA E ARTUR DE AZEVEDO. À direita, retrato de um homem de cabelo escuro penteado para trás, de sobrancelhas finas, bigode fino, usando terno cinza e camisa branca. O quadro apresenta uma moldura com adornos dourados. Ao lado, o texto: A partir de 1859, o teatro de revista passou a agradar às plateias das cidades em crescimento. Inicialmente, tinha como base os modelos franceses, mas aos poucos foi se modificando e ganhando mais espaço, até seu declínio na década de 1960. No teatro de revista, mesclaram-se formas de divertimento popular, música, dança, carnaval, folia e crítica social por meio do deboche. O dramaturgo Artur de Azevedo (1855-1908) foi um dos autores principais do teatro de revista na época.
Continuação do infográfico. Em formato retangular e com fundo verde, um arabesco na parte superior e a mensagem no centro: TEATRO ENTRE FIM DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX. Abaixo, fotografia em preto e branco de uma multidão de pessoas usando ternos pretos, cinzas e descendo as escadas de um teatro. Ao lado, o texto: No final do século XIX e nas primeiras décadas dos anos 1900, as companhias encenavam comédias, dramas e melodramas para as famílias ricas e os intelectuais. Era do interesse do público e da crítica teatral no Brasil que as peças apresentassem as normas sociais da sociedade da época, sem afrontar a moral e os bons costumes. Os personagens retratados eram esposas obedientes, criados subalternos e proprietários de terras abastados. Ir ao teatro era um acontecimento social nas cidades. As pessoas mais ricas da sociedade aproveitavam esses eventos para mostrar prestígio social ou exibir roupas e carruagens novas. Os empresários teatrais da época não se interessavam pelas obras de dramaturgos brasileiros, e o público não estava acostumado a inovações na linguagem teatral. Em razão disso, por um bom tempo, o Brasil não entrou em contato com as inovações da cena teatral que já aconteciam na Europa no fim do século XIX e início do século XX.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. No passado, ir ao teatro era um acontecimento social. Você acha que ocorre o mesmo na atualidade? Explique a sua resposta.
  2. Você já assistiu a algum espetáculo de teatro? Quantos? Quando?
  3. O que ou quem levou você ao teatro para assistir ao espetáculo?
  4. O que você buscava quando foi ao teatro assistir ao espetáculo?
  5. O espetáculo teatral dialogou com seu cotidiano ou com a realidade brasileira?
  6. Que tipo de espetáculo teatral você gostaria de assistir?
Versão adaptada acessível

Atividades 6 a 10.

6. Você já foi a algum espetáculo de teatro? Quantos? Quando?

7. O que ou quem levou você ao teatro?

8. O que você buscava quando foi ao teatro?

9. O modo como os atores falavam ou os acontecimentos representados dialogavam com seu cotidiano ou com a realidade brasileira?

10. A que tipo de espetáculo teatral você gostaria de ir?

Respostas e comentários

5 a 10. Respostas pessoais. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Estimule a capacidade de argumentação de cada estudante, bem como sua capacidade de escuta e respeito pelo ponto de vista dos colegas. Não é preciso que os estudantes concordem, mas é fundamental que haja um ambiente propício à ampliação do conhecimento, com a mediação do professor.

Escute, sem emitir julgamentos, as opiniões dos estudantes e solicite o registro dos principais pontos levantados por eles, de modo que depois seja possível recuperar essas ideias e concepções durante os estudos relacionados ao teatro.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam a construção do teatro no decorrer do tempo a partir das mudanças graduais. Nesse sentido, avalie, durante o debate promovido pela atividade de desenvolvimento, a capacidade de argumentação e reflexão dos estudantes com relação ao teatro e o cotidiano ou realidade brasileira. Do contrário, você poderá propor que eles se dividam em duplas, nas quais um vai auxiliar o outro.

Depois da Semana de 1922

O desejo de “descobrir o Brasil” permaneceu vivo entre os artistas e os escritores ligados ao movimento modernista, mesmo depois da Semana de 1922, como Tarsila, que fez uma ampla pesquisa sobre a paisagem e o povo brasileiros para produzir seus trabalhos.

Nesse período, Tarsila pintou algumas de suas obras mais importantes, como A negra e A caipirinha, inspiradas no povo brasileiro. De acordo com o depoimento da própria Tarsila, a pintura A negra nasceu de histórias ouvidas na infância, contadas pelas mucamasglossário que trabalhavam na fazenda da família.

Segundo esses relatos, as mulheres escravizadas que trabalhavam nas plantações de café não podiam parar de trabalhar para amamentar os filhos, então penduravam pedrinhas nos seios para alongá-los, de modo que pudessem ser postos sobre os ombros para alimentar as crianças que elas carregavam nas costas. Por isso, a imagem criada por Tarsila mostra um seio tão alongado.

Pintura. Um mulher nua com cabeça sem cabelos, muito pequena e arredondada. O tamanho da cabeça  contrasta com o do nariz largo e dos lábios grossos. Ela está sentada com as pernas cruzadas e o seio direito caído sobre o braço do mesmo lado. Os tons de bege do corpo da mulher se destacam no fundo composto de faixas retas horizontais em tons de marrom, branco, azul e verde e, na diagonal semicurvada, há duas faixas retas verdes.
A negra, de Tarsila do Amaral, 1923. Óleo sobre tela, 100 centímetros por 81,3 centímetros.
Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre zero sete) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 3

Competência específica de Arte: 1

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Converse com a turma sobre a importância da Semana de Arte Moderna de 1922 e o que foi aprendido até então sobre esse evento tão marcante. Pergunte aos estudantes o que acham que aconteceu “depois” dessa semana no movimento artístico brasileiro, em relação ao movimento antropofágico, por exemplo.

Leia o texto de fórma compartilhada com os estudantes, analisando e descrevendo os elementos das imagens presentes nas páginas. Após a leitura, comente que a obra A negra retrata, entre outras coisas, a dura condição das mulheres escravizadas que precisavam alongar o seio para amamentar seus filhos. Nesse caso, comente que Anita Malfatti e Tarsila do Amaral fizeram ampla pesquisa sobre a paisagem e o povo brasileiro. Dois meses após a Semana de Arte Moderna de 1922, Tarsila do Amaral retornou da Europa para o Brasil, conheceu Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menóti del Píquia, Anita Malfatti e, com eles, fundou o Grupo dos Cinco. Em 1923, Tarsila voltou a Paris e manteve contato com diversos artistas, entre eles Fernán Legê (18811955), que se tornou seu professor.

Em 1924, Tarsila viajou com Mário de Andrade, Oswald de Andrade e outros intelectuais para conhecer o carnaval do Rio de Janeiro e as cidades históricas de Minas Gerais. Dos esboços realizados nessa viagem, nasceram pinturas com características modernistas, que retratam o processo de urbanização das cidades, personagens do cotidiano brasileiro e as cores do país. Tarsila aplicou técnicas aprendidas com os artistas europeus para retratar os temas de sua terra. Assim se inicia, em 1924, a chamada fase Pau-Brasil, em que a artista explora temas nacionais.

Pintura. Vista panorâmica de um morro retratado em diversos planos e com significativa exuberância de cores. Na parte inferior da obra e pulverizada em alguns planos, há árvores em tons de verde e com copas em formas geométricas com linhas circulares. Na parte superior, um aglomerado de casas coloridas retratadas em linhas retas horizontais, verticais e inclinadas, priorizando formas geométricas retangulares e triangulares. No centro, algumas pessoas com pele em tons de marrom subindo o morro, um cachorro caramelo farejando o chão e um bicho com bico fino entre a vegetação. Em último plano, um céu em tons de azul.
Morro da favela, de Tarsila do Amaral, 1924. Óleo sobre tela, 64 centímetros por 76 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.

11. Com orientação do professor, investiguem em livros ou na internet outras imagens que mostrem a viagem que os artistas modernistas fizeram em 1924 para retratar temas nacionais e montem um painel interativo. Não se esqueçam de evidenciar no painel o nome dos artistas, das obras e a época de produção. Destaquem também os elementos presentes nas imagens que expressam a paisagem, os personagens e as cores brasileiras.

Respostas e comentários

11. Ver orientações em Atividade de desenvolvimento.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Oriente a turma durante a pesquisa a ser feita em livros ou na internet, solicitando que os estudantes anotem as fontes de onde estão retirando as imagens solicitadas. Nesse caso, enfatize o fato de que as imagens deverão retratar a viagem que artistas modernos fizeram em 1924, podendo ter diferentes inspirações – como um diário de viagem, por exemplo.

Convide os estudantes a apresentar as imagens que selecionaram, podendo até mesmo deixar disponível on-line para outras turmas da escola. Nesse caso, é importante a existência de um texto de legenda para explicar ao visitante o motivo da imagem selecionada e o que ela representaria.

Para observar e avaliar

Avalie se os estudantes compreenderam o que foi o movimento antropofágico e a necessidade dos artistas de “absorver o Brasil” após a Semana de Arte Moderna de 1922. Para tal, avalie e analise as imagens escolhidas durante a atividade da página e a argumentação dos estudantes para tais escolhas. Do contrário, você poderá propor que a turma se divida em duplas, nas quais os estudantes vão auxiliar uns aos outros no processo de entendimento.

Abaporu e o movimento antropofágico

Como vimos anteriormente, o artista holandês âubert équirráut registrou em suas pinturas – entre elas, Mulher Tapuia – a prática da antropofagia, comum entre alguns povos indígenas que habitavam terras brasileiras. Entre esses povos, a antropofagia consistia em ritual complexo e elaborado no qual havia a prática de comer parte ou várias partes de um prisioneiro, pois eles acreditavam que, dessa fórma, poderiam adquirir as habilidades e a fôrça do inimigo.

Para os modernistas, o movimento antropofágico propunha absorver influências dos movimentos artísticos europeus para depois transformar esses elementos em fórmas de expressão genuinamente brasileiras.

Em 1928, Tarsila pintou um quadro que se tornaria o símbolo do movimento antropofágico, Abaporu, palavra de origem tupi-guarani que significa “homem que come” (aba = homem; poru = que come). Essa obra exemplifica a ideia antropofágica: as cores podem representar o Brasil e os elementos exagerados da obra, como o pé e a mão da figura, mostram a influência do movimento surrealista.

Pintura. Na obra predominam as cores em tons vibrantes, como o amarelo, o verde e o azul. Retrata uma figura humana de pele amarelada sentada de perfil sobre um gramado verde. Ela é caracterizada pela cabeça bem pequena, a qual contrasta com o tamanho exagerado de outros membros, como os braços e as pernas, mas especialmente os pés. Em segundo plano, há um cacto verde. Em terceiro plano, um céu azul e um sol esférico amarelado.
Abaporu, de Tarsila do Amaral, 1928. Óleo sobre tela, 85 centímetros por 73 centímetros.
Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre zero sete) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 1

Competências específicas de Arte: 1 e 3

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Retome o que foi dito nas atividades anteriores sobre a necessidade dos artistas modernos de “absorver o Brasil”, quase como “engolir” o Brasil – o que seria o movimento antropofágico.

Faça a leitura do texto de fórma compartilhada com a turma, solicitando que um ou mais estudantes realizem a leitura em voz alta. Durante esse momento, comente a importância do movimento antropofágico para a redescoberta da cultura brasileira, descrevendo inclusive os elementos visuais do Abaporu presentes na página.

 Para ampliar 

Site dedicado a Tarsila do Amaral com galeria de obras, material didático e material de apoio a professores. Disponível em: https://oeds.link/0guGbl. Acesso em: 14 de julho 2022.

O movimento antropofágico – ou simplesmente Antropofagia – foi uma síntese radical das ideias artísticas e intelectuais surgidas no Modernismo brasileiro. O Manifesto antropófago, escrito por Oswald de Andrade e publicado em maio de 1928 no primeiro número da então recém-fundada Revista de Antropofagia, apresenta as principais ideias do movimento.

Página de revista. Na parte superior, o título da revista: REVISTA DE ANTROPOFAGIA. Abaixo, o título do artigo: MANIFESTO ANTROPOFAGO. Abaixo há textos e uma ilustração em linhas finas e pretas de uma figura humana com cabeça pequena e pernas, braços e pés grandes.
Reprodução do Manifesto antropófago, com desenho de Tarsila do Amaral, publicado no primeiro número da Revista de Antropofagia, em maio de 1928.

Na década de 1930, quando Tarsila do Amaral viajou para a então União Soviética, sua obra sofreu significativas modificações e suas telas se tornaram mais realistas, revelando preocupações sociais.

Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

12. Orientados pelo professor, citem no que vocês acham que Tarsila do Amaral se inspirou para pintar Abaporu.

Respostas e comentários

12. Resposta pessoal. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura, retome a descrição feita pelos estudantes dos elementos visuais presentes na obra. Oriente-os a responder à pergunta da página, formando grupos e questionando-os sobre as influências e inspirações que Tarsila teria tido para pintar o Abaporu.

Deixe que os estudantes deem suas opiniões e argumentem em relação ao que pensam sobre a obra da pintora. Ao final, revele a resposta sobre ter sido um elemento da imaginação de Tarsila. Em seguida, informe aos estudantes que, de acordo com a artista, o Abaporu foi fruto de imagens do seu inconsciente. Sua criação tem relação com as histórias que as mulheres negras da fazenda de seu pai contavam para a artista durante a infância.

Para observar e avaliar

Note, durante o debate, se os estudantes expressam e argumentam suas opiniões de fórma linear e com sentido; observe também se trabalham a habilidade de reflexão e análise da pintura mostrada na página, conseguindo relacionar seus elementos ao que foi aprendido até então. Caso contrário, você poderá solicitar uma breve pesquisa sobre a viagem de Tarsila do Amaral feita à União Soviética e como isso impactou suas obras.

VAMOS FAZER

Recriando o Abaporu

O Abaporu é uma figura humana que tem partes do corpo aumentadas e distorcidas. Que tal fazer um desenho que tenha distorções no tamanho e na fórma das figuras, assim como a pintura de Tarsila? Pense na fórma humana e nas partes que serão destacadas e em outros elementos adequados para contextualizar o seu desenho. Vamos lá!

Versão adaptada acessível

O Abaporu é uma figura humana que tem partes do corpo aumentadas e distorcidas. Que tal fazer uma colagem com distorções no tamanho e nas formas? Pense no corpo humano e nas partes que serão alteradas e em outros elementos adequados para contextualizar sua representação. Vamos lá!

Ilustração. Em linhas pretas grossas e fundo branco, retrata uma figura humana sentada de perfil. Ela é caracterizada pela cabeça bem pequena, a qual contrasta com o tamanho exagerado de outros membros, como os braços e as pernas, mas especialmente os pés. Em segundo plano, há um cacto. Em terceiro plano, na parte superior, uma forma circular em preto.
Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competência específica de Arte: 4

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Pergunte aos estudantes o que pensaram da obra de Tarsila do Amaral, o Abaporu, e então proponha que realizem a atividade da página: um desenho inspirado na obra surrealista.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

  • Inicialmente, leia com os estudantes a lista de materiais necessários, assim como as instruções para a realização do desenho; reforce o cuidado que deverão ter com os materiais para preservar a integridade física de todos os presentes na sala de aula, e a atenção necessária aos passos para conseguirem realizar a atividade.
  • Oriente os estudantes a começar a atividade, sempre lembrando-os dos passos a serem seguidos. Tente expor à turma o quadro do Abaporu ou permita que tenham uma representação da imagem de fórma virtual para consulta.
  • Ao final, peça aos estudantes que mostrem uns aos outros os seus quadros, explicando os conceitos envolvidos, as inspirações e o processo de criação da obra.
Ilustração. Duas crianças com roupas coloridas seguram lápis de cor e desenham sobre uma folha.
Ilustração. Três crianças sentadas no chão e pintando um desenho sobre uma folha; uma delas segura um pote de tinta.

Material

  • Papel sulfite ou cartolina.
  • Lápis grafite.
  • Lápis, canetas coloridas ou outro material de pintura que considerar adequado.

Como fazer

  1. Observe atentamente a obra Abaporu, de Tarsila do Amaral, e veja como ela inseriu a figura humana e a paisagem na pintura.
  2. Planeje o seu desenho, pensando que partes do corpo humano deverão ser evidenciadas e em uma paisagem brasileira que já viram ou visitaram para inserir no desenho.
  3. Utilizando lápis grafite, elabore estudos da proposta do desenho, como rascunho, conforme modelo presente na página 50. Não se esqueça que o desenho deve apresentar algum tipo de distorção nas fórmas, como aumento ou diminuição de algumas partes.
  4. Como na obra de Tarsila, selecione cores vibrantes para pintar o seu desenho.
  5. Após a elaboração dos rascunhos, quando considerar adequado, faça o desenho final e pinte-o da fórma que você planejou.
  6. Compartilhe os desenhos e observe as semelhanças e as diferenças entre o seu e os elaborados pelos colegas.
    Ilustração. Uma menina sentada de perna cruzada, segurando lápis na mão direita e uma folha na mão esquerda
Ilustração. Um menino deitado com o peito no chão, segurando lápis na direção de uma folha onde há um desenho.
Ilustração. Um menino está saltando com as pernas e braços abertos; abaixo dele, há uma folha com desenhos.
Ilustração. Três crianças estão apoiadas em uma mesa marrom, segurando lápis na direção de folhas com desenhos.
Ilustração. Um menino e uma menina estão sentados no chão e segurando lápis de cor na direção de folhas
Orientação para acessibilidade

Material.

Se houver estudantes cegos na turma, oriente-os a usar um papel mais rígido e fazer a representação do Abaporu, com a figura humana e os elementos da paisagem brasileira, em relevo ou em foma de colagem com materiais diversos, que sirvam para transmitir as ideias principais da obra. Outra possibilidade é o uso de ferramentas digitais acessíveis. 

Respostas e comentários

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Discuta os resultados com os estudantes. Crie uma roda de conversa para que possam compartilhar seus relatos e opiniões: do que mais gostaram na atividade, as dificuldades que tiveram, as produções que acharam mais interessantes, etcétera

Se for possível, finalize a atividade propondo à turma uma exposição na qual todos vão apresentar suas obras para outras turmas. Converse com a direção sobre a possibilidade de utilizar uma sala de aula para isso, combinando dia e horário com a turma para a realização da exposição.

Para observar e avaliar

Avalie, com base nas pinturas, se os estudantes compreenderam os conceitos envolvidos na criação de Abaporu, por Tarsila do Amaral, e se conseguiram colocar em prática o que foi aprendido também sobre o movimento antropofágico. Nesse caso, observe se as pinturas possuem elementos da cultura brasileira, a distorção do surrealismo e as cores quentes, muito presentes nos quadros da pintora. Do contrário, você poderá realizar o atendimento individualizado aos estudantes durante a realização da atividade.

eu APRENDI

  1. O artista holandês âubert équirráut visitou Brasil e outros países das Américas para conhecer e registrar o chamado “Novo Mundo” em 1637. Sobre a sua obra e o artista, identifique a alternativa incorreta e reescreva-a de fórma correta.
    1. Retratou a fauna, a flora, as paisagens e a diversidade humana encontradas.
    2. équirráut percebeu que a população era resultante de diferentes origens, como indígenas, negros africanos e brancos europeus.
    3. Observou que a cultura era muito semelhante ao modo de vida na Europa.
    4. O artista se encantou com a exuberante natureza brasileira, muito distinta da encontrada em seu país.
  2. Que elementos da pintura Menino com lagartixas, de Lasár Sêgál, podem ser interpretados como temas brasileiros?
Pintura. Na obra, há uma valorização de cores intensas, como o amarelo, o verde, o rosa, o azul. Em primeiro plano e no canto inferior direito, há o tronco e a cabeça de um menino de nariz fino, lábios largos, de cabelo preto. Ele está com a mão esquerda levantada à direita e próxima a duas lagartixas amarelas que estão sobre a folhagem. Ao fundo, em diferentes tonalidades de verde, há uma paisagem repleta de folhas de bananeiras, em cuja composição predominam linhas retas.
Menino com lagartixas, de Lasár Sêgál, 1924. Óleo sobre tela, 98 centímetros por 61 centímetros.

3. Compare a tela A caipirinha, de Tarsila do Amaral, a seguir, com a pintura Caipira picando fumo, de Almeida Júnior, apresentada na página 28. Em que essas obras se assemelham e em que diferem?

Pintura. Em formas geométricas simples e em cores vivas, a obra retrata uma mulher de cabelo preto, lábios vermelhos, usando camisa azul e saia vermelha. Ela está em pé e com a cabeça inclinada para o lado. Ao fundo há casas em linhas retas e diagonais e árvores verdes com copas feitas em linhas curvas.
A caipirinha, de Tarsila do Amaral, 1923. Óleo sobre tela, 60 centímetros por 81 centímetros.
Respostas e comentários

1. Resposta: item c). Correção: Observou que a cultura era muito diferente do modo de vida na Europa.

2. Os elementos da obra que revelam a escolha por temas brasileiros são a vegetação local e as cores vivas e vibrantes.

3. As obras de Tarsila do Amaral e de Almeida Júnior se assemelham na temática escolhida por ambos os artistas: a figura do caipira e seu universo rural. As diferenças estão nas pinturas em si, nos traços, nas vestimentas e no tipo de desenho feito em cada obra.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(ê éfe seis nove á érre zero três) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

(ê éfe seis nove á érre um oito) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmas e gêneros musicais.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 1

Competência específica de Arte: 1

tê cê tês

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

As atividades presentes na página vão reforçar os conceitos teóricos aprendidos no capítulo. Peça aos estudantes que respondam individualmente às questões, debatendo posteriormente com a turma durante a correção.

  • Na primeira questão, os estudantes deverão lembrar os quadros pintados por âubert équirráut e suas características marcantes.
  • Nas questões 2, 3 e 4, o estudante será cobrado acerca das características brasileiras presentes nas telas representadas nas páginas. Cada questão vai abordar o uso da brasilidade e elementos nacionais de diferentes fórmas, de acordo com o quadro demonstrado – inicialmente, Menino com lagartixa , de Lasár Sêgál; seguido de A caipirinha, de Tarsila do Amaral; e por fim Lavrador de café, de Candido Portinari. Os três quadros apresentam características brasileiras marcantes.
  1. Sobre a obra Lavrador de café, de Candido Portinari (19031962), é correto afirmar:
    1. Com forte preocupação social, o artista retratou nesta obra o universo do trabalho na lavoura.
    2. A figura humana adquire fórmas robustas, com agi­gantamento das mãos e dos pés para ressaltar a fórma do trabalho e do trabalhador.
    3. A pintura ressalta a fórma do traba­lho e do trabalhador da cidade.
      1. Todas as alternativas estão corretas.
      2. As alternativas um e três estão corretas.
      3. As alternativas um e dois estão corretas.
      4. Apenas a alternativa um está correta.
Pintura. Em primeiro plano, destaque para um homem negro de corpo inteiro, com mãos e pés exageradamente grandes, usando camiseta rosa e calça branca. Ele está em pé, com a cabeça inclinada para seu lado direito e segura uma enxada com a mão direita. Em segundo plano, há um tronco de árvore cortado. Em terceiro plano, terra vermelha com plantação de café. À esquerda da imagem, cortando a cena na diagonal, um trem passando entre a plantação e soltando fumaça. Em último plano, um céu em tons claros de azul e branco, contrastando com a pele escura do homem retratado.
O lavrador de café, de Candido Portinari, 1934. Óleo sobre tela, 100 centímetros por 81 centímetros.
  1. Sobre a Semana de Arte Moderna, evento que ocorreu entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, em São Paulo (ésse pê), descreva:
    1. O que ela representou;
    2. Os principais artistas que participaram.
Versão adaptada acessível

Atividade 6.

Assim como os artistas modernistas estavam preocupados em retratar os temas nacionais, agora é sua vez de montar uma representação com elementos que simbolizem o Brasil. Observe as orientações a seguir.

  1. Pense na população, nas paisagens, nos tipos de trabalho comuns no lugar onde você vive, nas belezas naturais, nas construções, na música, enfim, em tudo aquilo que você considera como símbolo do Brasil.
  2. Depois de decidir, elabore as representações de acordo com os materiais escolhidos por você.
  3. Por fim, elabore uma legenda explicativa e apresente sua produção aos colegas.
  1. Assim como os artistas modernistas estavam preocupados em retratar os temas nacionais, agora é sua vez de montar um desenho com elementos que representem o Brasil. Observe as orientações a seguir.
    1. Pense na população, nas paisagens, nos tipos de trabalho comuns no lugar onde você vive, nas belezas naturais, nas construções, na música, enfim, em tudo aquilo que você considera representativo do Brasil.
    2. Depois de decidir, elabore os desenhos correspondentes com o lápis grafite em uma folha avulsa.
    3. Por fim, elabore uma legenda explicativa e apresente sua produção aos colegas.
Respostas e comentários

4. Resposta: item c).

5. a) A Semana de Arte Moderna representou uma tentativa de renovação da linguagem artística e cultural e a busca pela independência cultural, pois eram predominantes no país a valorização da cultura europeia e os moldes neoclássicos das academias de arte.

5. b) Participaram da Semana nomes que mais tarde seriam consagrados no modernismo brasileiro, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, vitor brêchêrê, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, entre outros.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

  • Na quinta questão, é solicitado do estudante que lembre as características aprendidas sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, seu impacto na arte brasileira e os artistas consagrados.
  • Na última questão, o estudante será desafiado a fazer uma pintura que retrate os temas brasileiros, as paisagens e belezas naturais, questões sociais etcétera; é interessante observar se o estudante busca inspiração em quadros ou artistas citados anteriormente e se demonstra isso em elementos específicos das imagens.

Para observar e avaliar

Avalie o desempenho dos estudantes durante a correção, que poderá ser coletiva. Nesse caso, observe se eles compreenderam e lembraram corretamente o que foi ensinado de fórma teórica e prática acerca do Modernismo, da Semana de Arte Moderna de 1922 e do movimento antropofágico. Do contrário, realize o atendimento individualizado.

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Djãnira da Motta e Silva: a arte e o povo

A pintora e desenhista Djãnira da Motta e Silva nasceu em 1914 na cidade de Avaré (São Paulo) e faleceu no Rio de Janeiro (érre jóta) em 1979. A artista foi autodidataglossário e começou a desenhar em 1937, após ser internada com tuberculose em um sanatório. Em 1939, Djãnira abriu uma pensão em Santa Tereza (Rio de Janeiro) e começou a assistir a aulas de pintura e conviver com vários artistas da época.

Pintura. Com predomínio de linhas simplificadas, a obra retrata a vista de cima de um circo. No centro, em formato circular, há um picadeiro onde há algumas bailarinas, dois contorcionistas, um homem subindo uma escada que está sobre uma mesa, um cachorro se equilibrando em uma bola esverdeada. Acima, duas acrobatas realizam uma performance. À direita, na parte de cima, há uma banda com músicos tocando instrumentos de percussão e sopro. Ao fundo, uma plateia assiste ao espetáculo de uma arquibancada. A obra é bem colorida, mas predominam as cores quentes em tons de vermelho, laranja e amarelo.
O Circo, de Djãnira da Motta e Silva, 1944. Óleo sobre tela, 117,2 centímetros por 97 centímetros.
Pintura. A cena é composta por duas mesas compridas marrons, dispostas paralelamente e na horizontal da obra. Nas mesas, há uma variedade de peixes estendidos. Acima das mesas, algumas balanças para pesar os peixes. Ao redor das mesas, diversas pessoas. Na parte inferior, há um cesto com alguns peixes e uma rede de pesca preta. Na obra, há um contraste entre as roupas coloridas das pessoas e os tons em marrom das mesas e das balanças.
Mercado de Peixe, de Djãnira da Motta e Silva, 1957. Óleo sobre tela, 90 centímetros por 116,5 centímetros.
Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 10

Competências específicas de Arte: 4 e 5

tê cê tê

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

• ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Faça a leitura do texto apresentado de fórma compartilhada, enfatizando o significado da palavra em destaque. Realize também a descrição dos elementos visuais das imagens apresentadas, perguntando aos estudantes o que acham que as obras representam, como elas se assemelham ao que já foi aprendido e que elementos da cultura brasileira podem destacar. Convide os estudantes a conhecer mais a pintora e desenhista nas fontes indicadas a seguir.

 Para ampliar 

Para saber mais sobre a vida e a obra de Djãnira da Motta e Silva, indicamos os seguintes materiais:

CAMPOS, Paulo Mendes. Entrevista com Djãnira. Manchete, Rio de Janeiro, 1974. Especial Artistas Plásticos.

VALLADARES, José. Djãnira e a Bahia. ín: VALLADARES, José. Artes Maiores e Menores. Salvador: Livraria Progresso, 1957.

VALLADARES, Clarival do Prado. A visão retrospectiva da obra de Djãnira. Texto para catálogo da exposição Djãnira. Rio de Janeiro: Fundação Nacional de Arte; Museu Nacional de Belas Artes, 1976.

Djãnira da Motta, em Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em: https://oeds.link/BLoHVI. Acesso em: 24 maio 2022.

Pintura. Vista de cima de uma área com terra vermelha e formas quadriculadas verdes que se repetem em toda a cena. Entre esses canteiros, há diversas mulheres em pé, usando lenços ou chapéus na cabeça e vestidos. Elas estão realizando uma colheita e colocando as plantas em cestos cilíndricos marrons. Nas extremidades horizontais da obra, há duas árvores com troncos alongados e finos e com folhas em tons de verde-escuro.
Fazenda de Chá no Itacolomi, de Djãnira da Motta e Silva, 1958. Óleo sobre tela, 116 centímetros por 81 centímetros.
Pintura. Em linhas pretas finas, há no centro da imagem, uma pipa na vertical em tons de rosa, vermelho, azul e branco. Duas crianças estão manipulando as linhas da pipa, enquanto outras observando. O tamanho da pipa é maior que as pessoas do entorno, as quais vestem roupas em tons de azul, vermelho, verde, amarelo e branco. Ao fundo, há edifícios onde há pessoas olhando pela janela.
Empinando Pipa, de Djãnira da Motta e Silva, 1950. Óleo sobre tela, 96,5 centímetros por 115,5 centímetros. As atividades de trabalho e de lazer e as das festas populares são temas frequentes nas obras de Djãnira, que remetem à vida cotidiana e à cultura popular brasileira.
Ícone de atividade em grupo.
Inspirados nas obras de Djãnira, conversem e selecionem imagens de paisagens, pessoas e atividades de trabalho ou de lazer que vocês conhecem ou outra cena inspiradora que represente o cotidiano dos lugares onde vocês moram ou frequentam. Escolham uma cena marcante que evidencie com fidelidade o cotidiano da sua comunidade e sigam as orientações.
  1. Juntos, escolham uma técnica para representar a cena em um cartaz com um desenho, uma colagem ou até a elaboração de uma apresentação gravada em um vídeo.
  2. Após a seleção da técnica, determinem as tarefas de cada integrante do grupo. Se necessário, com a orientação do professor, organizem um roteiro com todas as etapas e o tempo de elaboração de cada tarefa.
  3. Garantam a participação de todos os colegas e conversem sobre possíveis mudanças ou adaptações da proposta no decorrer do trabalho coletivo.
  4. Para finalizar, com a orientação do professor, organizem fórmas de apresentar ou compartilhar os trabalhos aos colegas de sala, a outras turmas da escola ou mesmo às pessoas da comunidade.
Respostas e comentários

1. a 4. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

• ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Peça aos estudantes que realizem a atividade proposta na página, selecionando uma cena marcante da cidade onde moram ou frequentam para representar por meio de um desenho ou pintura.

  • Leia as instruções com os estudantes, orientando-os na escolha da técnica e nas tarefas de cada integrante do grupo; é interessante que os próprios grupos determinem as tarefas, conferindo autonomia aos estudantes.
  • Ao final, proponha que eles apresentem as pinturas que fizeram uns aos outros, dentro da própria turma, e converse com a direção da escola sobre a possibilidade de a turma expor as obras para outras turmas e membros da comunidade na qual a escola está inserida. Para isso, combine o melhor dia e horário, e oriente os grupos a escolher um integrante para apresentar a pintura aos visitantes.

Para observar e avaliar

Com base na atividade, note se os estudantes compreenderam as diferentes técnicas presentes nas pinturas de Djãnira da Motta e Silva se entenderam como elas se diferenciam das obras aprendidas anteriormente. Nesse caso, observe também se eles participaram igualmente da atividade, dentro dos grupos, e se conseguiram trabalhar habilidades de análise, reflexão e avaliação das obras. Do contrário, proponha que os estudantes que atingiram os objetivos auxiliem aqueles que demonstraram dificuldades.

Glossário

industrialização
: processo histórico, econômico e social que marca a expansão e o crescimento das indústrias. No Brasil, ocorreu a partir de 1930 e foi considerado tardio em relação à industrialização de alguns países da Europa que já a experienciavam desde os primeiros anos do século dezenove.
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migração
: deslocamento de pessoas de um lugar para o outro, que pode ser temporário ou permanente e ocorre por diversas razões, como a busca por melhores condições de vida e a fuga de conflitos ou guerras.
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etnia
: termo que se refere ao sentimento de pertencer a um mesmo grupo de pessoas que apresentam em comum características sociais e culturais, como língua, modos de vida, tradições, história e origem territorial.
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Novo Mundo
: expressão usada a partir do século quinze para designar o continente americano no contexto da Expansão Marítima Europeia.
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mameluco
: fórma como os descendentes de europeus (brancos) com indígenas eram denominados no passado. Atualmente, por ser termo carregado de estereótipos, está em desuso.
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antropofagia
: prática, geralmente com caráter ritualístico, de canibalismo entre seres humanos.
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mulato
: no passado, se referia aos descendentes de africanos (negros) com europeus (brancos). Na atualidade, há grande debate sobre o termo ser considerado preconceituoso. Por essa razão, tem entrado em desuso.
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bastidor
: suporte de madeira utilizado para se prender um tecido sobre o qual será realizado um bordado ou pintura.
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erudito
: designação de música clássica. Diferentemente da música popular, a música erudita não vem das tradições folclóricas ou populares e não incorpora a improvisação, ou seja, é composta previamente e executada de acordo com a escrita musical (partitura).
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caxambu
: tambor volumoso, de som grave, semelhante à zabumba, que se usa em acompanhamentos de danças folclóricas e populares de origem africana.
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mucama
: mulher escravizada que executava serviços domésticos, acompanhava a “senhora” nos passeios e por vezes também atuava como ama de leite dos filhos dos proprietários da fazenda.
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autodidata
: pessoa que apresenta a capacidade de aprender por conta própria, administrando seu processo de estudo, sem o auxílio de um professor.
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