UNIDADE 1 Arte para ouvir e ver
As propostas desta unidade do seu livro foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam:
eu SEI
Onde eu faço arte?
Conhecer e identificar locais onde as manifestações artísticas acontecem nas cidades.
eu vou APRENDER
Capítulo 1 – Sons e artes visuais
Apresentar fontes sonoras e instrumentos musicais e identificar características da escultura e da instalação.
Capítulo 2 – O lugar teatral e o espaço cênico
Apresentar as relações entre o palco, o artista e o espectador.
eu APRENDI
Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.
vamos COMPARTILHAR
Espaços culturais ao alcance de todos
Elaborar proposta de planejamento de um espaço para manifestações artísticas na comunidade.
OBJETIVO GERAL
▶ Explorar conceitos e elementos das diversas linguagens artísticas, principalmente relacionadas às fontes sonoras, à escultura e ao uso e à ocupação do espaço das artes cênicas.eu SEI
Onde eu faço arte?
A arte é um meio de criar, por exemplo, escrever um poema, compor uma música, fazer um desenho, interpretar um personagem, elaborar uma coreografia etcétera Essas e outras fórmas de criação exigem do artista conhecimento, sensibilidade e imaginação.
O ser humano tem capacidade de criar e de inovar. Todas as pessoas nascem com essa capacidade, mas, em geral, as ideias surgem da pesquisa, do estudo, da investigação e da reflexão. Na criação artística, o autor transforma uma ideia em realização, por meio de esforço, trabalho e dedicação. Observe as imagens que apresentam pessoas fazendo arte.
- Cite os artistas e as manifestações que foram evidenciadas nas imagens presentes nesta seção.
- Você já praticou algumas dessas ou outra atividade artística? Responda às perguntas elaborando uma ilustração que evidencie sua relação com a arte.
Versão adaptada acessível
Atividade 2.
Você já praticou algumas dessas ou outra atividade artística? Responda às perguntas criando uma representação que evidencie sua relação com a arte.
- Após a elaboração, compartilhe com seus colegas as ilustrações e, juntos, conversem sobre:
- se existe diversidade de atividades elaboradas entre você e seus colegas de sala;
- atividades artísticas que vocês gostariam de praticar e experimentar;
- atividades que vocês gostariam de conhecer e apreciar.
Nesta unidade, vamos estudar algumas características e propriedades dos sons para conhecer alguns instrumentos musicais. Para isso, vamos exemplificar apresentando uma orquestra e seus instrumentos musicais. Vamos também ter contato com manifestações artísticas relacionadas com esculturas e instalações artísticas e explorar os espaços cênicos dedicados historicamente à arte.
eu vou APRENDER Capítulo 1
Sons e artes visuais
Existem diversos espaços onde podemos, de alguma fórma, ter contato com a arte:
▶ Espaços de criação, como ateliês e estúdios. ▶ Espaços de exposição, como museus, galerias de arte e centros culturais. ▶ Espaços de apresentação, como edifícios teatrais e salas de espetáculos. ▶ Espaços de aprendizagem, discussão, reflexão e criação, como escolas, universidades, cursos, oficinas.Podemos ver e apreciar monumentos, grafites, intervenções musicais teatrais, de dança, performances e outras manifestações artísticas nas ruas. Sem esquecer o espaço virtual, com sites de museus, galerias, artistas e manifestações artísticas do mundo inteiro acessíveis pela internet.
- Citem manifestações, espaços e lugares associados à apreciação, divulgação e aprendizagem das artes, semelhantes aos retratados nas imagens, que vocês conhecem ou já visualizaram na televisão ou em sites.
- Citem, se existirem, lugares de apresentação, de ensino e de manifestações artísticas no seu bairro ou cidade. Se houver, compartilhem com os colegas lugares que oferecem aulas ou possibilidades de vivenciar experiências artísticas.
- Para finalizar, façam uma lista coletiva dos espaços e dos lugares sugeridos.
SONS E FONTES SONORAS
Pare um instante e preste atenção aos sons que você ouve ao seu redor, como pio de passarinhos, carros passando, pessoas conversando, uma máquina sendo usada no conserto da rua, a TV ligada na sala, o liquidificador na cozinha, uma música sendo reproduzida na casa do vizinho etc. Os sons nos acompanham o tempo todo. Eles não podem ser vistos, mas são percebidos pela nossa audição.
Alguns são produzidos pela natureza, porém muitos dos sons que escutamos são elaborados pela atividade humana. Mas o que é som e como ele se origina? Leia a resposta no texto a seguir:
O som nasce do movimento de um objeto que vibra, isto é, que se movimenta. Quando não há movimento, não há som. A vibração do objeto se propaga pelo ar como ondas invisíveis.
Elas são chamadas de ondas sonoras e chegam aos nossos ouvidos e, consequentemente, ao nosso cérebro. Quando isso acontece, descobrimos o tipo de som, a sua localização, a sua origem etcétera
ROSA, Nereide Schilaro Santa. O mundo da música. São Paulo: Callis, 2013. página 10. volume 2.
O mundo está repleto de sons que são produzidos por vibrações que se deslocam no ar em fórma de ondas sonoras, que são captadas por nossos ouvidos. Os dispositivos que produzem ondas sonoras são chamados de fontes sonoras.
Identificando diferentes sons
A fonte sonora pode ser definida como o corpo que vibra e produz som como pessoas, automóveis e outras máquinas, ou mesmo elementos da natureza – como vento, trovão –, e animais – como pássaros e cachorros. Com a orientação do professor, vocês deverão escutar os sons do ambiente escolar e identificar as possíveis fontes sonoras; para isto, sigam as orientações.
Como fazer
- Durante um período de tempo determinado pelo professor, se permitam ficar em silêncio para escutar e identificar os sons e as fontes sonoras.
- Anotem os nomes e citem quais delas são fontes sonoras produzidas pela natureza ou pela ação humana.
- Indiquem também a proximidade e a intensidade dos sons reconhecidos.
- Para finalizar, compartilhem os resultados da experiência com os colegas e observem as semelhanças e as diferenças entre o que foi ouvido.
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Transcrição do áudio
Som em toda parte
Locutora: Som em toda parte.
Feche os olhos. Fique em total silêncio. Concentre-se. Escute os sons que o seu corpo produz. Escute os sons do ambiente onde você está. Após um tempo abra os olhos.
Som de automóveis, seguido pelo som de chuva, seguido de som de uma porta batendo, seguido por sons de pássaros e seguido por som de efeitos sonoros.
Locutora: E esses sons que você ouviu agora? Consegue identificá-los? São iguais ou diferentes dos sons que você ouviu quando estava de olhos fechados?
Além desses sons presentes em nosso cotidiano, podemos também ouvir os sons das manifestações artísticas.
Som de artista de rua se apresentando e em seguida o som de um coral de vozes.
Locutora: Pense no quadro Morro da Favela, pintado em 1924 por Tarsila do Amaral. Nele, a pintora retrata a população pobre que teve que sair dos grandes centros urbanos em direção à periferia.
Agora, imagine que você faz parte dessa paisagem. Não só da paisagem do quadro, mas da paisagem sonora que ele representa.
Som de pássaros.
Locutora: Como você pôde perceber até agora, estamos rodeados de sons.
Sejam os produzidos pela natureza, por objetos e máquinas que nos rodeiam, por nossos corpos ou os sons das manifestações artísticas.
E essa composição de variados sons em um ambiente, em um determinado contexto, essa interação de fatores físicos e humanos forma a paisagem sonora.
Mas como definir o que é o som que origina a paisagem sonora?
Nereide Schilaro Santa Rosa, no livro “O mundo da música” o define
da seguinte maneira:
Vinheta musical.
Narradora: “O som nasce do movimento de um objeto que vibra, isto é, que se movimenta. Quando não há movimento, não há som. A vibração do objeto se propaga pelo ar como ondas invisíveis.
Elas são chamadas de ondas sonoras e chegam aos nossos ouvidos e, consequentemente, ao nosso cérebro. Quando isso acontece, descobrimos o tipo de som, a sua localização, a sua origem.”
Vinheta musical.
Locutora: O som que ouvimos tem três características: intensidade, altura e timbre.
De acordo com a intensidade, dizemos que um som é forte ou fraco, ou seja, um som transportado com mais energia pela onda sonora é forte; ao passo que um som que tem menos amplitude dessa onda é considerado fraco.
Em relação à altura, dependendo da frequência, dizemos que um som é grave ou agudo. Ou seja, quanto menor a frequência, mais grave é o som, como o de contrabaixo e violoncelo, por exemplo.
Se for maior a frequência, mais agudo é o som, como o de clarinetes e flautas.
Já o timbre é o que distingue sons que podem ter altura e intensidade iguais, mas produzidos por instrumentos diferentes.
Você consegue identificar nos sons a intensidade, a altura, o timbre?
Quais você considera graves? E agudos?
Agora, é só sair por aí escutando os sons da natureza, das manifestações artísticas e do seu coração! Boa viagem!
Locutora: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound. O trecho lido do livro O Mundo da música - volume 1: Iniciação musical é de autoria de Nereide Schilaro Santa Rosa e foi publicado pela editora Callis em 2013.
Intensidade, altura e timbre
O som pode ser caracterizado com base na intensidade, na altura e no timbre. A intensidade é a quantidade de energia carregada pelo som; de acordo com a intensidade, o som pode ser muito fraco, fraco, forte ou muito forte. Por exemplo, ao tocar as cordas de um contrabaixo elétrico fortemente, a onda sonora terá maior amplitude; ao tocar as cordas de leve, a onda sonora terá menor amplitude.
A altura se relaciona com a frequência do som. Os sons gravesglossário apresentam menor frequência; e os sons agudosglossário , maior frequência. Portanto, o “som alto” ou o “som baixo” não se referem ao volume, mas, sim, à altura.
O timbre é o conjunto de ondas sonoras que formam um som. Ele diferencia fontes sonoras, como o som de uma guitarra e o som de uma flauta. Também é possível reconhecer a voz humana pelo timbre. Por fim, a velocidade ou a duração do som é a velocidade de propagação de uma onda sonora, ou seja, se esse som é rápido ou lento.
Experimentando a intensidade dos sons
Sobre a intensidade e a altura dos sons, organizem-se em duplas e realizem os passos a seguir.
Como fazer
- Imitem e comparem os sons de um trovão e de um sino. Qual deles é mais grave e qual é mais agudo?
- O professor deverá pedir que dois estudantes, de fórma alternada, cantem o trecho da cantiga popular a seguir.
Peixe vivo
Como pode o peixe vivo
Viver fóra da água fria
Como pode o peixe vivo
Viver fóra da água fria
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
[ reticências]
Cantiga popular
- Após as apresentações, identifiquem qual das vozes é mais grave e qual é mais aguda.
- Citem como vocês chegaram a essa conclusão.
Fontes sonoras e instrumentos musicais
Como vimos anteriormente, os dispositivos que produzem ondas sonoras são chamados de fontes sonoras. Os instrumentos musicais são considerados fontes sonoras e podem ser classificados como: idiofones, membranofones, cordofones e aerofones.
Os idiofones são os instrumentos de percussão, como os triângulos, os reco-recos, os pratos etcétera Nesses instrumentos, o som é produzido pelo próprio corpo do instrumento, ao ser percutido por uma baqueta ou sacudido, friccionado etcétera
Os membranofones são instrumentos de percussão que têm uma membrana esticada cuja vibração é dada pelas mãos ou por baquetas. Alguns exemplos são o surdo, o tamborim e o pandeiro, utilizados em certos gêneros musicais brasileiros, como o samba.
Os cordofones são os instrumentos em que o som é gerado por meio da vibração de uma ou de várias cordas. Alguns exemplos são: violão, baixo, guitarra, ukulele, cavaquinho, violino, viola, violoncelo, piano, harpa etcétera
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Transcrição do áudio
Sons, instrumentos e inclusão musical
Locutora: Sons, instrumentos e inclusão musical.
Música
Locutora: Você consegue identificar quais instrumentos foram usados na música do grupo Olodum que você acabou de ouvir? E você saberia como classificar esses dispositivos sonoros? Preste atenção no instrumento a seguir:
Som de castanholas
Locutora: Você ouviu o som das castanholas. Assim como triângulo, prato, sino, gongo, reco-reco, maracas e violino de prego, elas são classificadas como idiofones, pois o som é produzido pelo próprio corpo do instrumento.
Entre os idiofones, temos os instrumentos de percussão. Neles, o som é feito a partir de um impacto, um choque no instrumento, como em pratos ou castanholas. Já os instrumentos de agitamento são feitos com grãos dentro do corpo, como chocalhos. E os instrumentos de raspagem, como o reco-reco, têm uma superfície irregular onde, como o nome já diz, é raspado um corpo flexível.
Som de tambor, em seguida de tamborim e em seguida de pandeiro
Locutora: Na sequência que você acabou de ouvir, o primeiro som era o de um tambor, o segundo de um tamborim e o terceiro de um pandeiro, que como atabaque, cuíca, caixa e zabumba são membranofones.
Neles, o som é produzido por uma membrana esticada. Instrumentos assim podem ser percutidos, agitados, friccionados ou soprados.
Som de violino, em seguida de piano e em seguida de berimbau
Locutora: Agora, você ouviu sons de um violino, um piano e um berimbau.
Assim como violão, baixo, guitarra, cavaquinho e viola, eles são classificados como cordofones, pois neles o som é produzido por uma corda tensa.
Som de flauta e em seguida de trombone
Locutora: Já a flauta e o trombone são chamados de aerofones. Do mesmo modo que clarinete, saxofone, oboé, fagote e trompa, esses instrumentos produzem o som pela maneira que uma massa de ar passa por eles e vibra. Esses sons podem ser mais longos ou curtos por causa dos orifícios que são tampados com os dedos ou pelos tubos, válvulas e varas presentes. Além de classificá-los como idiofones, membranofones, cordofones e aerofones, os instrumentos musicais podem ainda ser rotulados
como europeus ou extraeuropeus, populares ou eruditos e atuais ou antigos.
Música
Locutora: Agora, independentemente da classificação que eles recebem, sem os instrumentos musicais que ouvimos não seria possível haver tantas manifestações sociais, projetos culturais e de inclusão musical.
O Olodum é talvez o mais conhecido desses projetos, nacional e internacionalmente. Afinal, quem não se lembra da participação do Olodum na música, They don´t care about us, de Michael Jackson.
E na sua cidade existe algum projeto de inclusão musical? Que tal gravar um áudio sobre ele e postar nas redes sociais da escola?
Locutora: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound. Exceto os pequenos trechos das músicas do Olodum, Um canto para igualdade, composta por De Cesares e Doce mel, de autoria de Gessica Rezende, Narcisinho e Zenilton Ferraz.
Os aerofones são os instrumentos de sopro em que o som é produzido por meio da vibração de uma coluna de ar que passa através de um tubo. Nos aerofones, o som pode ser modificado encurtando ou alongando a coluna de ar por meio da combinação de orifícios que são tapados ou abertos, como na flauta, ou por tubos, válvulas ou varas, como no trombone.
Outros exemplos desses instrumentos são: oboé, clarinete, saxofone, tuba etcétera Instrumentos de sopro são encontrados no naipe de madeiras e no naipe de metais.
Além da classificação apresentada, os instrumentos musicais podem ser categorizados como acústicos ou elétricos.
Instrumentos acústicos são os que não utilizam eletricidade para emitir som, pois o corpo do próprio instrumento realiza a propagação do som, em geral por meio de uma caixa acústica. Alguns exemplos de instrumentos acústicos são: violão, violino, viola, violoncelo, contrabaixo acústico, bandolim, ukulele, cavaquinho, piano, harpa, flauta, saxofone, gaita (de boca), bateria, metalofone, xilofone etcétera
Instrumentos elétricos são os que necessitam de energia elétrica por meio de caixas e amplificadores, que realizam a condução do som para posteriormente ocorrer a emissão dele. Alguns exemplos de instrumentos elétricos são: guitarra, contrabaixo elétrico, teclado, órgão, microfone etcétera
4. Qual dos instrumentos mencionados no texto vocês já conheciam? E qual deles vocês se interessaram em conhecer?
5. Dentre os instrumentos não conhecidos, escolham um, façam uma pesquisa e montem uma ficha-resumo sobre ele.
ORQUESTRA E INSTRUMENTOS MUSICAIS
Ao prestar atenção nos sons ao redor, notamos que existem diferentes fontes sonoras, inclusive as que são produzidas por instrumentos musicais.
Os instrumentos musicais são classificados de acordo com o modo que produzem o som: de corda, de sopro, de percussão e elétricos. Uma orquestra, por exemplo, é formada por diferentes instrumentos, organizados de acordo com suas características e com o tipo de som que produzem.
Como as ondas sonoras se propagam no ar, é possível ouvir uma orquestra executando uma obra musical em um teatro porque o som produzido pelos instrumentos se propaga e chega aos ouvidos dos espectadores.
- Você sabe tocar algum instrumento? Se sim, qual?
- Você gostaria de aprender a tocar algum instrumento? Compartilhe com seus colegas.
Para ampliar
LEVINE, Robert. Orquestra: uma introdução para crianças. São Paulo: Panda Books, 2012. O livro apresenta as características de cada instrumento da orquestra, a história da música orquestral, seus grandes compositores e as peças por eles criadas.
A orquestra
Uma orquestra é formada por um grupo de instrumentistas reunidos para executar obras musicais. Há orquestras pequenas e grandes; a orquestra sinfônica apresenta quatro seções de instrumentos: cordas, sopros de madeira, sopros de metal e percussão. Ao longo dos séculos, as orquestras apresentaram diferentes configurações. Atualmente, uma orquestra padrão segue algumas regras:
▶ os instrumentistas são organizados em semicírculo de acordo com as características e o som do instrumento que tocam, com pequenas variações, dependendo da música, do espaço e da acústica; ▶ o maestro fica à frente da orquestra, no centro, e indica aos instrumentistas como executar as músicas.Na organização da orquestra, o naipe de cordas situa-se à frente dos demais instrumentos. Ele é formado por violinos, violas, violoncelos e contrabaixos.
8. Com a orientação do professor, investiguem em sites textos e imagens sobre orquestras brasileiras, de preferência aquelas que se originaram e se estabeleceram na cidade ou estado onde vocês moram. Compartilhem os resultados da investigação com os colegas de sala.
Orquestra: disposição dos instrumentos
Observe a disposição dos instrumentos em uma grande orquestra moderna:
▶ os instrumentos de cordas estão na frente; ▶ atrás dos instrumentos de cordas estão os sopros de madeira; ▶ os sopros de metal estão atrás dos de madeira; ▶ a percussão fica ao fundo.Na organização da orquestra, o naipe de cordas situa-se à frente dos demais instrumentos. Ele é formado por violinos, violas, violoncelos e contrabaixos. Os violinos são divididos em dois grupos: os “primeiros violinos”, aqueles que ficam na frente e executam os trechos mais agudos da obra musical, e os “segundos violinos”, que ficam atrás dos primeiros e executam os trechos mais graves.
9. Em uma orquestra, os instrumentos são divididos em naipes ou famílias. Observe a imagem e responda: ▶ Em sua opinião, por que os instrumentos estão organizados dessa fórma?
Instrumentos de sopro de madeira, como a flauta, o flautim, o oboé, a clarineta, o fagote, entre outros, compõem o naipe de madeiras.
Atrás dele, encontra-se o naipe de metais, composto dos instrumentos de sopro de metal, como a trompa, o trompete, o trombone e a tuba. O trombone e a tuba são chamados de metais graves; a trompa e o trompete, de metais agudos, por causa da capacidade de cada um deles para emitir, respectivamente, sons mais baixos ou mais altos. Os instrumentos do naipe de metais têm grande potência.
No fundo, localizam-se os instrumentos de percussão. Entre os instrumentos tradicionais da percussão, estão o xilofone, o triângulo, as castanholas, o prato e a caixa, o tambor, o pandeiro e os tímpanos.
Em uma orquestra, é comum a utilização de outros instrumentos, como o piano e o cravo, que aparecem separados desses naipes, colocados entre a percussão e as cordas. A harpa aparece com frequência na orquestra. Sendo um instrumento musical de cordas dedilhadas, geralmente fica entre a percussão e os instrumentos de teclado.
10. Ouça com os colegas uma música executada por uma orquestra. Tentem adivinhar qual naipe está tocando. É preciso ter bastante atenção. Lembrem-se de que existe o naipe de cordas, o naipe de madeiras, o naipe de metais, o naipe de percussão e outros instrumentos, como a harpa, o piano e o cravo.
Música e inclusão social
A seguir, conheça alguns projetos espalhados pelo território nacional que utilizam a música como ferramenta de transformação social.
Projeto Guri
O Projeto Guri é um programa brasileiro que já atendeu cêrca de 900 mil jovens no estado de São Paulo. O Guri oferece cursos que vão desde a iniciação musical e ensino de diversos instrumentos, luteriaglossário , canto coral e tecnologia em música para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos. cêrca de 60 mil alunos são atendidos por ano, em quase 400 polos de ensino, distribuídos por todo o estado de São Paulo.
A premissa do “fazer musical coletivo” é a base desse Projeto, que integra em uma mesma turma crianças e adolescentes de diferentes idades, gêneros, condições sociais, econômicas ou físicas, promovendo igualdade de acesso aos que sonham em aprender a tocar um instrumento, seguir uma carreira profissional ou simplesmente fazer da música uma fórma de sentir-se parte de um propósito que tenha sentido em sua vida.
MARQUES, Raquel. Projeto Guri: a música que transforma a vida de jovens. In: Criança livre de trabalho infantil/Notícias, [ sem local], 29 dezembro 2016. Disponível em: https://oeds.link/bDhQFC. Acesso em: 15 junho 2022.
Para ampliar
ROSA, Nereide Schilaro Santa. O mundo da música. São Paulo: Callis, 2013. A coleção apresenta as características do som, dos instrumentos musicais e das principais manifestações culturais brasileiras relacionadas à música.
Escola Olodum
A Escola Olodum, inaugurada em 1984, é um espaço de educação e troca de experiências da comunidade afro-brasileira. A escola é uma referência nacional e internacional que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social na cidade de Salvador.
O Projeto Escola Olodum, quando nasceu, visava atender uma solicitação da comunidade do Maciel/Pelourinho para que fosse formada uma banda de percussão integrada por crianças e adolescentes do bairro, mas foi notada uma potencialidade maior e, atualmente, o projeto atende aos jovens de toda a cidade de Salvador. [ reticências]
Dentre os cursos ofertados na Escola Olodum estão o de Dança Afro, Canto/Coral, Empreendedorismo Cultura, Informática Cultural, Formação de Lideranças e Seminários. [ reticências]
FATEICHA, Xande. Escola Olodum: mais de três décadas cumprindo atendimento social. In: Sobrado — cultura em pauta, [ sem local], 31 outubro 2020. Disponível em: https://oeds.link/KDufjF. Acesso em: 15 junho 2022.
Para ampliar
FATEICHA, Xande. Escola Olodum: mais de três décadas cumprindo atendimento social. In: SOBRADO – cultura em pauta. [ sem local], 31 outubro 2020. Disponível em: https://oeds.link/KDufjF. Acesso em: 25 junho 2022. Artigo que retrata a importância de projetos como o Olodum na inclusão e transformação na vida de crianças e jovens.
Ação Social pela Música do Brasil ()
Fundada em 1994, a Ação Social pela Música do Brasil () nasceu do sonho do maestro Deivid Machado. A instituição é uma organização não governamental, que busca promover a inclusão social de crianças, adolescentes e jovens de comunidades em situação de vulnerabilidade social, fornecendo a educação social e cultural através do ensino da música clássica.
Em seu histórico, mais de 12 mil alunos já passaram pela instituição, colhendo resultados positivos, principalmente no que se refere à prevenção e ao combate às drogas e à violência intrafamiliar. Atualmente, o projeto atende no total 4.406 alunos em 11 núcleos de aprendizado musical e em 18 polos de musicalização. Dos 11 núcleos, 4 encontram-se na cidade do Rio de Janeiro, entre eles Rio das Pedras, Complexo do Alemão, Vila Isabel e Cidade de Deus, englobando um total de 20 comunidades atendidas. Além disso, 2 núcleos estão na cidade de Petrópolis, 4 núcleos em João Pessoa (Paraíba) e 1 núcleo em Ji-Paraná (Rondônia).
QUEM Somos. Ação Social pela Música do Brasil. Rio de Janeiro, 2021?. Disponível em: https://oeds.link/IwJtuJ. Acesso em: 15 junho 2022.
11. Citem o que os projetos apresentados entre as páginas 26 e 28 têm em comum.
12. Existe algum projeto que atue de fórma semelhante na cidade ou estado onde vocês moram? Investiguem informações sobre isso em sites, elaborem um texto sobre as ações da instituição e compartilhem com os colegas de sala.
ESCULTURAS
A escultura se faz presente em diversos espaços artísticos, desde museus, galerias ou mesmo em espaços públicos. Definida como uma fórma de expressão artística tridimensional, que consiste na criação de relevos e volumes, é possível observar uma escultura de vários pontos de vista: de frente, por trás, de lado, andar ao redor dela e assim ter várias imagens diferentes.
Há milhares de anos os grupos humanos fazem esculturas de várias fórmas e tamanhos usando diferentes materiais e técnicas. Por exemplo, por meio da modelagem de argila, do desbaste da pedra, da fundição do metal, da reunião de materiais ou objetos e de muitas outras técnicas contemporâneas. No passado, as esculturas tinham o objetivo de moldar animais e imagens humanas, muitas vezes associadas aos rituais de magia e religião. Conheça uma delas:
Algumas das representações artísticas mais antigas já encontradas, o conjunto de esculturas conhecidas como Vênus, em referência à deusa grega, há tempos intriga os acadêmicos. Elas foram esculpidas há cêrca de 30 mil anos e, até hoje, descobriram-se duzentas peças no continente europeu. Com tamanhos variando entre 6 centímetros e 16 centímetros, as voluptuosas imagens talhadas em pedra, marfim ou argila eram usadas como amuletos e, devido às fórmas generosas, uma das teorias é a de que representassem a fertilidade.
OLIVETO, Paloma. Sobrevivência ou fertilidade: cientistas tentam explicar as Vênus do Paleolítico. In: Correio Braziliense, Brasília/ Distrito Federal, 6 dezembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/iFOWUI. Acesso em: 15 junho 2022.
13. Citem os materiais que foram utilizados na elaboração das esculturas da Vênus.
- Segundo a teoria científica descrita no texto, citem como as estatuetas eram utilizadas e o que elas representavam.
- Com a ajuda de um colega e a orientação do professor, elaborem uma escultura que poderia ser utilizada, por vocês, como um amuleto.
Esculturas e temas
O corpo humano sempre foi um dos principais temas utilizados pelos artistas, porém com o decorrer do tempo a arte da escultura passou por muitas transformações, inclusive com a inserção de temas pouco convencionais.
Observe imagens de esculturas monumentais do italiano Lorenzo Quinn (1966-). O escultor acredita que especialmente uma parte do corpo humano representa valores essenciais e universais da humanidade, por essa razão ele a utilizou como tema em muitas de suas obras.
16. Que parte do corpo humano é um tema recorrente do artista Lorenzo Quinn?
17. Em 2019, durante a 58ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, a escultura monumental Construindo pontes foi instalada na cidade. A obra era composta de seis pares de mãos monumentais, que representaram a Amizade, a Fé, a Ajuda, o Amor, a Esperança e a Sabedoria. Organizados em duplas, com a orientação do professor, planejem uma escultura representando um dos valores universais inspiradores de Quinn. Para a tarefa, planejem o tema, a estrutura e o formato da obra e onde vocês a instalariam.
Esculturas e emoções
O artista australiano rãn mâc (1958-) é conhecido pelas suas obras que exploram o realismo. O objetivo é referir-se à vida social, de fórma detalhada e com muita realidade. Para isso, o artista trabalha com um notável domínio técnico e utiliza diferentes materiais como resina, fibra de vidro, silicone e acrílico.
Observe a escultura a seguir do artista romeno Constantin Brancusi (1876-1957). O beijo representa duas pessoas tão entrelaçadas que sugerem formar um ser único. Apenas o cabelo e a curvatura de um seio permitem distinguir o homem da mulher.
18. Observando as obras de rãn mâc e de Constantin Brancusi, em sua opinião, quais emoções são expressas pelos personagens?
Esculturas de diferentes materiais
A artista brasileira Maria Martins (1894-1973) produziu diversas esculturas em metal, com fórmas expressivas inspiradas em lendas do folclore amazônico, como a Boiuna, a Iara, o Boto, entre outras.
Para realizar uma escultura em metal, é necessário primeiro confeccionar um modelo em argila, no formato desejado. A partir dessa peça, é feito um molde de cera, resistente o suficiente para suportar o calor do metal derretido. Veja alguns exemplos.
A artista popular mineira Noemisa (1947-) aprendeu a modelar o barro com sua mãe. Na obra a seguir, utilizou como matéria-prima o barro e a técnica de modelagem, que consiste em moldar barro, argila ou outro material maleável com as mãos, até chegar à fórma desejada.
A obra a seguir foi esculpida em madeira pelo artista cearense Efrain Almeida (1964-), considerado um dos mais importantes escultores brasileiros da atualidade. Assim como nos trabalhos em pedra, para realizar uma escultura em madeira, são necessárias ferramentas que permitam desbastar o material original para chegar à fórma desejada.
- Cite o material utilizado nas esculturas representadas que chamou mais a sua atenção. Justifique a sua resposta.
- Investigue e selecione na sua moradia ou em outro lugar da sua convivência uma escultura. Se possível, traga a peça para a escola ou faça uma fotografia dela em uma aula agendada com o professor. Na aula, com a orientação do professor, compartilhem as esculturas e conversem sobre os temas, as emoções que elas expressam e os materiais utilizados nas obras.
VAMOS FAZER
Arte com materiais reutilizados
A arte reciclada busca transformar materiais reaproveitáveis, como papel, papelão, madeira, vidro, plásticos, metais ou borracha, em obras de arte e objetos com valor cultural, social e artístico. Veja na imagem um exemplo de uma escultura em taiuã.
Agora é hora de você criar uma escultura com reaproveitamento de materiais. Observe os materiais disponíveis em sua moradia ou na escola. Colete e organize o material e, com a orientação do professor, em sala de aula, construa um trabalho tridimensional. Para a atividade, observe as orientações.
Material
- Objetos que possam ser reutilizados: caixinhas de papelão, caixinhas de fósforo vazias, caixas de ovos, caixas de leite e embalagens de iogurte limpas e secas, colheres descartáveis, palitos de sorvete de madeira, tampinhas de garrafa péti, garrafas péti, restos de papéis coloridos etcétera
- Cola.
- Tesoura de pontas arredondadas.
- Tinta guache de várias cores.
- Pincel chato.
- Copo com água e pano para limpeza do pincel.
Continua
Versão adaptada acessível
Material
- Objetos que possam ser reutilizados: caixinhas de papelão, caixinhas de fósforo vazias, caixas de ovos, caixas de leite e embalagens de iogurte limpas e secas, colheres descartáveis, palitos de sorvete de madeira, tampinhas de garrafa PET, garrafas PET, restos de papéis coloridos etc.
- Cola.
- Tesoura adaptada.
- Itens para decoração com diferentes texturas, como linhas e botões.
Como fazer
- Reúna o maior número possível de material a ser descartado (sucata), que possa ser reutilizado, e traga para a sala de aula.
- Observe com atenção todos os materiais disponíveis. Pense que eles podem ser recortados, amassados, dobrados etc.
- Separe aqueles que você considera adequados.
- Planeje a sua escultura a partir do material que você selecionou.
- Depois da seleção do material e do seu planejamento, combine os reciclados de maneira que formem uma composição interessante.
- Após experimentar algumas possibilidades e quando estiver satisfeito com o resultado, peça ajuda ao professor para colar seu trabalho.
- Se achar que o trabalho ficará mais interessante enfeitado, aplique os materiais que você escolheu.
- Deixe sua escultura secar em local seco e arejado.
- Não se esqueça de elaborar uma ficha técnica para a sua escultura. Para isso, utilize as seguintes informações: nome do artista; título da obra; técnica e material utilizados; dimensões da obra e data em que ela foi concluída.
- Com a orientação do professor e a ajuda dos estudantes, elaborem uma exposição com os trabalhos produzidos.
Continuação
Como fazer
1. Reúna o maior número possível de material a ser descartado (sucata), que possa ser reutilizado, e traga para a sala de aula.
- Observe com atenção todos os materiais disponíveis. Pense que eles podem ser recortados, amassados, dobrados etcétera
- Separe aqueles que você considera adequados.
- Planeje a sua escultura a partir do material que você selecionou. Se achar adequado, elabore um desenho para organizar a sua produção.
- Depois da seleção do material e do seu planejamento, combine os reciclados de maneira que formem uma composição interessante.
- Após experimentar algumas possibilidades e quando estiver satisfeito com o resultado, peça ajuda ao professor para colar seu trabalho.
- Se achar que o trabalho ficará mais interessante colorido com uma ou mais cores, pinte-o utilizando pincel e tinta guache da cor ou das cores que desejar.
- Deixe sua escultura secar em local seco e arejado.
- Não se esqueça de elaborar uma ficha técnica para a sua escultura. Para isso, utilize as seguintes informações: nome do artista; título da obra; técnica e material utilizados; dimensões da obra e data em que ela foi concluída.
- Com a orientação do professor e a ajuda dos estudantes, elaborem uma exposição com os trabalhos produzidos.
INSTALAÇÃO
A partir do século vinte, ampliaram-se as possibilidades técnicas, expressivas e de materiais no campo das Artes Visuais. Isso não significou o fim da pintura, do desenho, da escultura ou da gravura como linguagens artísticas, mas, sim, a incorporação de novas fórmas de expressão nas manifestações artísticas.
Surgido nos anos 1960, o termo “instalação” refere-se a um ambiente ou cena especialmente construído em um museu, galeria ou outro espaço. Na instalação, a obra de arte não se limita a um objeto, como uma escultura ou pintura, mas ocupa determinado espaço com finalidade artística. Para apreciar uma instalação, o público precisa caminhar por dentro dela, interagindo com seus espaços, seus objetos, suas cores e suas propostas.
Na instalação Eu desejo o seu desejo, a artista mineira Rivane Nainchivander (1967-) coletou e registrou em fitinhas coloridas, semelhantes às do Senhor do Bonfim, os desejos de centenas de pessoas. Cada fitinha foi colocada em um furo na parede, de acordo com a imagem a seguir.
Para descobri-los, o público precisa se aproximar e ler os desejos impressos. Cada visitante da instalação é convidado a escolher uma fitinha e amarrá-la ao braço ou tornozelo, incorporando, dessa fórma, parte da obra.
Em troca, cada visitante deve registrar um desejo pessoal em um caderno, que posteriormente será impresso em uma fitinha colorida e adicionado à instalação. Essa obra percorreu várias cidades do mundo, entre elas Nova iórque e Paris. A partir de 2003, a instalação foi apresentada em cidades brasileiras, como Recife e São Paulo.
Criando uma instalação
Inspirados na obra de Rivane Nainchivander, vocês vão construir um painel para que toda a turma possa registrar seus desejos.
Material
- Papel Kraft ou cartolina.
- Papel sulfite.
- Tesoura de pontas arredondadas.
- Cola.
- Caneta hidrocor ou lápis coloridos.
Como fazer
- Montem um painel de papel Kraft ou cartolinas e fixem na sala de aula.
- Recortem tiras de papel em tamanho suficiente para escrever.
- Cada um deverá registrar em uma tira um desejo. Esses desejos podem visar ao bem comum, a questões ambientais, a questões relativas à escola ou à cidade, ao respeito, à resolução de conflitos, à amizade entre os estudantes etcétera
- Depois que todos tiverem registrado seus desejos, colem no painel.
- Com a orientação do professor, leiam alguns dos desejos inseridos no painel.
- Treinem a empatia conversando, de fórma afetuosa e respeitosa, sobre os desejos evidenciados.
- Para finalizar, elaborem um desenho do desejo que mais sensibilizou vocês, evidenciando uma fórma ou meio de torná-lo realidade.
ARTE E LÍNGUA PORTUGUESA
Animais em instalação?
Em 2010, o artista paulistano Nuno Ramos (1960-) utilizou animais vivos em uma instalação na 29ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo. A obra causou polêmica entre ativistas ambientais, que protestaram pedindo a libertação dos animais. A Fundação Bienal alegou, em nota à imprensa, que a obra atendia a todos os requisitos legais no que se referia ao trato e manejo dos animais.
Leiam trechos de dois artigos, que citam outra polêmica envolvendo o artista e a utilização de animais em uma instalação em uma biblioteca na cidade de São Paulo:
Criada pelo artista Nuno Ramos, a performance “Perdido”, que aconteceu entre o fim de janeiro e início deste mês, na Biblioteca Mário de Andrade, é mais um desses casos polêmicos em que bichos reais se transformam em obra de arte e atraem olhares curiosos, entusiastas e de reprovação.
[ reticências] Segundo o artista, todas as vezes em que usou animais em suas obras foi uma maneira de dignificar os bichos, não de prejudicar. Mas, claro, há quem discorde.
LOURENÇO, Marina. De urubus a bodes e peixes, animais em obras de arte voltam a detonar protestos. In: Folha de São Paulo/UOL, São Paulo, 7 fevereiro 2022. Disponível em: https://oeds.link/XuBIzj. Acesso em: 15 junho 2022.
A instalação propõe, em um primeiro momento, a leitura do livro Em Busca do Tempo Perdido, um clássico de Marcel Proust para peixes conectados a alto-falantes submersos nos aquários.
A palavra “tempo”, parte do título da obra de Proust, serve de gatilho para a segunda metade da performance. Cada vez que ela surge no texto, o leitor se direciona a um segundo microfone e repete em volume mais alto “tempo!”. A sua voz é então ampliada no lado de fóra da biblioteca, na rua da Consolação, através de um grande alto-falante.
Ao mesmo tempo, um motociclista circula pelas ruas da área central de São Paulo, e recebe um alerta, em sincronia com a leitura, para gritar “tempo” em um megafone. [ reticências]
TEMPO de peixe: Nuno Ramos lê integralmente clássico de Marcel Proust na performance “Perdido”. In: Carta Campinas/Cultura São Paulo, Campinas, 12 janeiro 2022. Disponível em: https://oeds.link/0mmKs4. Acesso em: 15 junho 2022.
Foram publicadas diversas críticas nas redes sociais acusando o artista e a Biblioteca Mário de Andrade de se aproveitarem dos animais para uma tarefa desnecessária. A instituição respondeu que foram tomados todos os cuidados necessários relacionados à qualidade de vida dos animais participantes.
▶ Com a orientação do professor, organizados em roda, façam o que é solicitado.- Após a leitura, identifiquem nos textos:
- o fato central que envolve a matéria.
- os personagens e os pontos de vista dos envolvidos na polêmica.
- Qual é a opinião de vocês sobre:
- o que a vibração da leitura do texto e da palavra “tempo” pode provocar nos animais e nas pessoas.
- o uso de animais em obras de arte.
eu vou APRENDER Capítulo 2
O lugar teatral e o espaço cênico
Um dos fatores fundamentais para compreender um espetáculo de teatro, de dança ou de outra manifestação cênica é o lugar teatral, entendido como o edifício e as construções onde estão abrigados o palco, a plateia, os bastidores da cena, os camarins, o guarda-roupa dos figurinos, os depósitos de cenários, a maquinaria, os equipamentos de som e a iluminação. Outro lugar fundamental é o espaço cênico, que é o local onde se desenvolve a ação cênica.
O local de atuação pode ser um palco, mas pode ser também outro tipo de espaço, podendo ou não coincidir com o edifício teatral. Atualmente se discute que qualquer espaço pode vir a ser usado como espaço cênico, desde que exista um processo de comunicação entre artista, obra e público. Ao longo da história das artes cênicas, os vários tipos de edifício teatral, de formatos de palco e de fórmas de localização da plateia revelam diversas visões dos processos de criação e de recepção da obra cênica.
1. Vocês já visitaram algum edifício teatral? Se sim, qual? Onde? Como era a visão desde o ponto de vista da plateia?
2. Vocês já estiveram em uma área de atuação ou palco alguma vez? O que puderam ver desde esse ponto de vista?
Para ampliar
Marchan Piérre. O teatro no mundo. Trad. Célia Regina de Lima. São Paulo: Melhoramentos, 1995. Nesse livro, o leitor pode conhecer as diversas possibilidades de teatro, desde seu início até os dias atuais, e sentir como é estar nas arquibancadas de um teatro romano ou nos bastidores, junto aos maquinistas.
ARQUITETURA TEATRAL
Ao longo da História do Teatro e da Dança ocorreram muitas modificações nas fórmas como eram contadas as histórias, na relação entre as obras e a plateia e entre a ação cênica e a arquitetura teatral.
O principal objetivo dos espaços de teatro é servir para o desenvolvimento da ação cênica, e no planejamento desse tipo de edifício devem-se considerar aspectos relacionados à arquitetura e à funcionalidade, como:
▶ conforto térmico, tátil, visual e acústico para os espectadores e para quem trabalha nesses espaços; ▶ capacidade de abrigar plateia e recursos técnicos, como maquinarias, cenários e aparelhagem de som e iluminação; ▶ questões de segurança, como prevenção a incêndios; ▶ circulação dos artistas e dos espectadores; ▶ custo e facilidade de manutenção e uso do espaço.Neste capítulo, vocês são convidados a explorar modelos de espaços cênicos que, ao longo do tempo, possibilitaram o desenvolvimento de espaços de relações de reflexão e diversão e de acolhimento e aconchego tanto para os artistas como para os espectadores.
Com a orientação do professor, vocês deverão se organizar em grupos de trabalho para conhecer alguns momentos da história dos espaços teatrais no mundo e no Brasil. Em cada espaço apresentado, vamos elaborar fichas-resumo de descrição sobre cada espaço cênico, e, no final do capítulo, cada grupo deverá elaborar uma maquete para representar um desses espaços.
Teatro grego
Originado na Grécia Antiga, por volta do século cinco antes de Cristo, as manifestações teatrais na Grécia estavam associadas às festividades religiosas e às celebrações sagradas aos deuses gregos.
Em meados do século um antes de Cristo, o arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio (80-15 antes de Cristo) observou os teatros gregos, levantou informações e organizou um tratado de arquitetura. Segundo o tratado de Vitruvius, as cerimônias religiosas que antes se realizavam fóra da cidade passaram a acontecer nesse espaço.
O teatro grego clássico era construído em formato semicircular, como pode ser observado no esquema, e tinha uma arena com a (espaço entre a plateia e o cenário), onde se apresentavam o coro, os cantos e as danças, consideradas o centro da representação. O espaço destinado ao público era conhecido como lugar “de onde se vê”, que em grego se diz têatrôn. Esse termo deu origem à palavra teatro. Os edifícios teatrais eram construídos ao ar livre e o público ficava em escadarias ou arquibancadas de pedra, cujas fileiras podiam receber quinze ou mesmo vinte mil espectadores. Uma grande parcela da população frequentava os festivais de teatro que aconteciam anualmente.
Para guardar figurinos e adereços havia uma tenda com uma espécie de camarim. As longas canções do coro permitiam aos atores sair de cena, ir até as tendas e retornar à cena. Com o passar do tempo, em lugar das tendas construiu-se uma parede fixa, impedindo que o público visse a parte posterior do palco e possibilitando a movimentação de atores e “cenários”. Posteriormente, surgiu o proscênio, uma espécie de extensão da cena, na qual ficavam o coro e os atores, aumentando o espaço de representação.
O teatro de Epidauro, projetado em 340 antes de Cristo, é famoso pela excelente acústica atribuída ao formato semicircular, ao acentuado declive em que as fileiras de assentos são dispostas e à qualidade do mármore, que facilita a propagação do som.
No decorrer do tempo, o teatro foi coberto pela vegetação e soterrado, o que favoreceu a conservação. Em 1881, foi redescoberto por um arquiteto grego. Após essa data, seguiram-se seis anos de escavações, até que ressurgisse o teatro, quase intacto. Entre todos os teatros antigos, o de Epidauro é o mais bem preservado e ainda é utilizado para representações teatrais, conforme pode ser observado na fotografia.
▶ Complete a ficha com as informações obtidas no texto.
Teatro na Grécia |
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Época e tipos de manifestação teatral |
Principais características dos teatros |
Teatro romano
Segundo historiadores, as primeiras experiências teatrais romanas aconteceram no século quatro antes de Cristo No início, o teatro romano imitou da cultura grega antiga os temas e o desenho dos edifícios teatrais. Aos poucos, os espaços foram se modificando e desenvolvendo seu próprio estilo. O Teatro de Pompeu, que surgiu em 55 antes de Cristo, foi o primeiro teatro romano permanente, financiado pelo próprio imperador. Veja a seguir algumas das características dos edifícios teatrais romanos.
No início, as peças do teatro romano eram adaptações de textos de dramaturgos gregos, e as apresentações aconteciam em edifícios teatrais cujos cenários imitavam Atenas ou Roma. No decorrer do tempo, o caráter sagrado e o gênero tragédia do teatro romano foram substituídos pelo público, que, em geral, preferia a comédia e as lutas de gladiadores.
Observe imagens do Teatro Marcellus, em Roma. Iniciado por Júlio César e concluído pelo seu sucessor Augusto, foi utilizado pela primeira vez no ano 17 antes de Cristo para os Jogos Seculares. O teatro tinha a capacidade de receber mais de 15 mil pessoas e, apesar da passagem do tempo e das restaurações realizadas, permanece até a atualidade.
▶ Complete a ficha com as informações obtidas no texto.
Teatro Romano |
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Época e tipos de manifestação teatral |
Principais características dos teatros |
VAMOS CONHECER MAIS
Manifestações religiosas teatrais
Durante o Período Medieval, entre cinco Depois de Cristo e quinze Depois de Cristo, grande parte das manifestações teatrais ficou a serviço da Igreja, como peças sobre a vida dos santos católicos, mistérios sobre passagens da Bíblia e especialmente sobre a morte e a ressurreição de Jesus. Era recorrente na dramaturgia o aparecimento de demônios e anjos, e muitas apresentações estavam ligadas às festas religiosas, sendo encenadas dentro ou diante das igrejas.
Algumas manifestações cênicas ocorriam em procissões, e tinham como característica o fato de cada trecho da narrativa ser encenado em local diferente, o que obrigava os espectadores a acompanhar a procissão para assistir à apresentação da narrativa completa.
Outras apresentações eram encenadas em palcos temporários construídos ao ar livre. Geralmente, o cenário consistia em uma grande mansão, que podia ser usada como diferentes locais: Céu e Inferno eram os dois reinos opostos, situados nos dois extremos do palco. Os atores podiam ser levantados e baixados por maquinarias, como portas com armadilhas, fogo e técnicas de voo.
Existem poucas informações disponíveis sobre o drama religioso medieval, pois muito pouco foi registrado. Esse teatro era feito na rua, em pequenos palcos montados sobre carroças, que se deslocavam para vilas, aldeias e cidades.
Um dos principais temas dos mistérios religiosos era a morte e a ressurreição de Jesus, em encenações que até hoje são conhecidas no Brasil como Paixão de Cristo, que contavam (e ainda contam), em cada apresentação anual, com a participação de muitos figurantes.
- Procurem informações em livros, revistas, jornais e na internet sobre as manifestações cênicas brasileiras da Paixão de Cristo, que recriam como teriam sido os últimos dias de Jesus e sua crucificação.
- Façam um levantamento para ver se existem manifestações cênicas similares em sua cidade, estado ou região. Elejam como foco pesquisar como se dá o uso do espaço cênico nesse tipo de manifestação e a relação entre o espaço, o artista e o espectador. Terminada a pesquisa, compartilhem as informações em uma roda de conversa.
Commedia dell’arte
▶ Observem as pinturas que retratam uma fórma de teatro popular que aparece no século quinze na Itália, e se desenvolveu posteriormente na França.Na commedia dell’arte, não eram utilizados cenários, apenas uma cortina de fundo e uma plataforma para que os atores ficassem em plano mais elevado, facilitando a visualização do público e estabelecendo interações espontâneas entre palco e plateia.
Na commedia dell’arte, a maior parte das apresentações era feita nas ruas, em pequenos palcos montados sobre um carrinho de madeira com rodas. Por um lado, esse tipo de palco era inconveniente para os atores, muito pequeno para movimentos amplos, além de dificultar que se mantivessem escondidos do público nas cenas em que não atuavam. Por outro lado, era conveniente para guardar os figurinos, adereços e cenários em carroças e deslocar-se a qualquer momento para vilas, aldeias e cidades.
Embora não exigisse um edifício teatral específico, a commedia dell’arte influenciou as interações humanas com a arquitetura ao apropriar-se de praças e ruas como espaços a serem ocupados. Essa maneira de pensar ecoou em muitas produções cênicas no século vinte e ainda permanece em experimentos cênicos, como o teatro de rua, as intervenções urbanas, entre outras.
▶ Complete a ficha com as informações obtidas no texto.
Teatro na commedia dell’arte |
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Época e tipos de manifestação teatral |
Principais características dos teatros |
Século de Ouro Espanhol (1492-1681)
Na Espanha, a formação teatral sofreu muita influência italiana. Textos e cenas de comédias italianas foram bastante encenados. E o espaço de apresentação das peças do teatro espanhol também se modificou com o passar do tempo, do interior das igrejas para palácios de nobres, mais tarde para praças públicas, pátios das casas ou hospedarias.
No início do século dezesseis, surgiram espaços cênicos denominados corrales, que eram espaços fechados na lateral, com um toldo cobrindo o pátio interno, um tablado que servia de palco e no qual eram instalados os camarins. Se o público estivesse sentado, as cadeiras móveis da plateia eram instaladas de frente para o palco e nas laterais do edifício, como balcões de dois ou três andares em formato quadrado. No quarto lado do quadrado, havia uma abertura para a entrada do público, que podia chegar a pé ou instalar-se sobre sua carroça ou outro tipo de montaria.
Os corrales foram os primeiros teatros permanentes da Espanha, após o fim do Império Romano. Grandes autores, como Lope de Vega (1562-1635), Tirso de Molina (1579-1648) e Calderón de la Barca (1600-1681), escreveram peças representadas nos corrales, que se tornaram famosas e são encenadas até hoje.
▶ Complete a ficha com as informações obtidas no texto.
Teatro no Século de Ouro Espanhol |
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Época e tipos de manifestação teatral |
Principais características dos teatros |
Teatro elisabetano
No reinado da rainha Elizabeth primeira (1583-1603), floresceram a literatura, a poesia e o teatro, que atendiam ao gosto das várias classes sociais, que assistiam às mesmas peças. Nessa época, foram construídos, fóra do centro de Londres, edifícios teatrais como o Teatro da Rosa (The Rose) e o do Cisne (The Swan), e pelo menos duas versões de O Globo (The Globe).
Nos palcos elisabetanos, não havia cenários fixos, contava-se com pequenos elementos alegóricos para compor as cenas sobre o palco. Os elementos cênicos em geral limitavam-se a portas e janelas; alçapões e elevadores eram muito utilizados para efeitos de aparecimento e desaparecimento. A área da cena deixava à mostra esses recursos técnicos e operacionais.
A plateia era disposta em três lados, à frente e nas laterais do palco, e se sentava no chão, ficava em pé ou trazia bancos de casa. Em alguns teatros da tipologia elisabetana, havia o avanço no palco, no mesmo nível que é o tablado, de modo que os atores podiam ficar bem próximos da plateia. Havia também três galerias, em níveis mais altos que o do palco, nas quais se sentavam confortavelmente burguesesglossário e intelectuais.
▶ Complete a ficha com as informações obtidas no texto.
Teatro no reinado da rainha Elizabeth I |
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Principais características dos teatros |
Teatro no Renascimento
Durante o Renascimento, que ocorreu na Europa entre os séculos quinze e dezesseis, os artistas passaram a se apresentar em edifícios fechados, sob a proteção de um mecenas, um patrocinador, de preferência um nobre. Novos edifícios teatrais foram erguidos e as possibilidades do espaço cênico se ampliaram.
Os estudos sobre representação de imagens em perspectiva e efeito de profundidade modificaram a concepção dos cenários. O Teatro Olímpico, em Vicenza, Itália, construído entre 1580 e 1585, foi o último projeto do arquiteto renascentista Andrea Palladio (1509-1580), terminado depois de sua morte.
O cenário criado por Vincenzo Scamozzi (1548-1616), com o efeito de perspectiva das ruas, foi instalado em 1585, por ocasião da inauguração do teatro. Essa pintura ilusionista, que reproduz as ruas estreitas de uma cidade, dá ao espectador a ilusão de que os personagens chegam pelas ruas e entram “na praça” onde se passa a ação, que na realidade é o telão de fundo do palco. A ilusão é reforçada pelos efeitos de luz, ao iluminar por trás as casas pintadas no cenário.
O palco italiano e a caixa cênica
Outras mudanças foram instaladas progressivamente: aumentou-se a profundidade do palco renascentista; aperfeiçoaram-se a maquinaria de palco e a cenotécnica; a iluminação cênica ganhou os primeiros refletores à luz de velas. Tudo isso culminou na invenção do palco italiano, no início do século dezessete, e é usado até os dias de hoje.
Nessa concepção, os espectadores assistem à representação pela frente. Em geral, há uma cortina, que é fechada para mudança de cenários, intervalo ou final da apresentação. Esse espaço cênico, por sua vez, moldou uma fórma de edifício teatral e se multiplicou internacionalmente.
Durante o século dezoito, surgem na França as primeiras Casas de Ópera, inspiradas no Teatro Farnese. Também usavam a tipologia frontal de palco, na qual a “quarta parede”, que separava o palco da plateia, possuía uma abertura (boca de cena), que se abria ao espectador por meio de cortinas. Entre o palco e a plateia, o fosso da orquestra fazia a separação.
▶ Complete a ficha com as informações obtidas no texto.
Teatro no Renascimento |
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Época e tipos de manifestação teatral |
Principais características dos teatros |
O Teatro de Bayreuth
No século dezenove, Ríchard Wagner (1813-1883), diretor e compositor alemão de óperas, inaugurou a prática de ser autor e diretor cenográfico das próprias obras, da concepção à realização no palco. Apesar de a música sempre representar um papel importante em sua obra, Wagner entendia o drama como resultado da fusão de música, poesia, dança, cenografia, pintura, iluminação e arquitetura, reunidos sob um conceito único, que ele denominou “obra de arte total”.
Em uma época em que a burguesia ia ao teatro para “ver e ser vista”, com pouco ou nenhum interesse pela encenação em si, o palco e a plateia eram igualmente iluminados. Wagner inovou na concepção da arquitetura teatral e do espaço cênico no Teatro de Bayreuth, projetado em 1876 pelo arquiteto alemão Otto (1841-1917).
Nesse projeto, renunciou-se ao espaço cênico italiano, predominante desde sua criação no século dezessete, rejeitando até mesmo galerias e camarotes, a fim de quebrar as barreiras com o espectador. A estrutura do teatro foi feita de madeira, com base em critérios estéticos, visuais e acústicos. Por fóra, o teatro foi revestido de tijolo aparente, lembrando uma fábrica ou galpão, valorizando a funcionalidade do edifício em detrimento da ornamentação.
Para Wagner, o mais importante era concentrar o espectador no espetáculo, eliminando tudo o que pudesse distrair o público. Da plateia semicircular foi retirada a luz direta, escurecendo o ambiente de modo a reduzir o contato do espectador com o cotidiano e dirigir todo o seu interesse para o palco.
Essas ideias ampliaram as possibilidades de criação dos atores e dos músicos. Foram adotadas as luzes da ribalta, uma fileira de luzes na boca da cena, criando uma fronteira física e luminosa entre dois mundos: o palco e a plateia. A orquestra foi escondida do público, em nível mais baixo do que o palco e a plateia. No fosso da orquestra, os músicos ficam na penumbra, enquanto o palco é o único local intensamente iluminado.
Wagner inovou ao controlar a intensidade e a cor da luz para dar fórma ao espetáculo, indicar a passagem das cenas, focalizar os atores e alterar o clima do ambiente, dirigindo toda a atenção do espectador para o que acontecia no palco. Todas essas inovações técnicas trazidas por Wagner modificaram a relação do espectador com o espaço cênico, criando efeitos de ilusão para a plateia e diferenciando o espaço teatral da realidade cotidiana.
▶ Complete a ficha com as informações obtidas no texto.
O Teatro de Bayreuth |
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Época e tipos de manifestação teatral |
Principais características dos teatros |
O Teatro moderno e contemporâneo
Ao longo do século vinte, vários encenadores e cenógrafos já não acreditavam que o espaço físico de um teatro à italiana fosse capaz de abrigar a cena moderna. Para eles, a caixa cênica e o palco frontal eram inadequados para a nova ação teatral. Diversos artistas buscaram um novo fazer teatral e não bastava eliminar o fosso da orquestra ou os telões pintados para aproximar o espectador do espetáculo.
De fórmas variadas, desde o início do século vinte, têm sido questionados no teatro o uso único e exclusivo do edifício teatral como local de apresentação e a relação da obra caracterizada pela contemplação passiva e estática do espectador. No teatro moderno e contemporâneo, as transformações dramatúrgicas, o trabalho do ator e do diretor e os novos recursos tecnológicos disponíveis interferiram na constituição do espaço cênico e na arquitetura teatral.
A estrutura tradicional do teatro foi abolida e colocada à vista do público. Assim, as montagens teatrais e os artistas foram se libertando da obrigatoriedade de um edifício teatral utilizado de fórma convencional. Por exemplo, na Rússia, em meados do século vinte, revelaram-se as estruturas cênicas sem cortinas e coxias. Com maquinarias à mostra, foram introduzidos estruturas móveis, andaimes, escadas, entre outros elementos, a fim de dar ao ator um espaço para a ação e deixar claro para o público que o que acontece em cena é uma representação, sem pretender nenhuma ilusão de realidade.
▶ Complete a ficha com as informações obtidas no texto.
Teatro moderno e contemporâneo |
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Época e tipos de manifestação teatral |
Principais características dos teatros |
Espaços de teatros alternativos
Tanto no Brasil como no exterior, muitos artistas e grupos teatrais trabalham em lugares que não foram originalmente construídos para ser “lugares teatrais”. Esse uso alternativo pode até se tornar permanente, adaptando-se às necessidades de cada evento.
No Brasil, vários coletivos ocupam espaços não convencionais, como os grupos paulistanos Grupo dezenove de Teatro, que ocupa uma vila de casas, e A Trupe Sinhá Zózima, que ocupa um ônibus urbano. Destaca-se também o Teatro da Vertigem, grupo paulistano dirigido por Antônio Araújo, que desde 1992 se apresenta em espaços não convencionais, e nos quais o próprio local de encenação traz impressões e desperta memórias e sensações no público.
- Vocês já assistiram a um espetáculo em um espaço não convencional, diferente de um teatro tradicional? Se a resposta for positiva, descrevam:
- o nome e as principais características do espetáculo;
- como era o espaço cênico não convencional;
- como foi a experiência de assistir ao espetáculo em um lugar não convencional.
Teatro Oficina: arrojado e moderno
No Brasil, existem edifícios teatrais reconhecidos pela arquitetura, que promovem uma relação diferenciada entre palco e plateia. Um deles é o Teatro Oficina, em São Paulo, fundado por José Celso Martinez Corrêa (1937-) em 1958, marcado como espaço de manifesto, com apresentações de espetáculos teatrais, musicais, de dança e performances até os dias atuais.
Entre 1984 e 1994, o teatro passou por um processo de reforma comandado pela dupla de arquitetos Lina Bo Bardi e Edson Elito, e recentemente o famoso projeto arquitetônico do Oficina foi eleito pelo jornal britânico The Guardian como melhor teatro do mundo. Veja um desenho da época em que Lina planejava o projeto.
Entre as diferentes décadas, o teatro revolucionou seus espetáculos cênicos de modo que a arquitetura colaborou para o acontecimento e permitiu que a dramaticidade dos espetáculos tivesse contato mais próximo ao público. [ reticências]
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Assim, o teatro desenvolve-se por meio de uma faixa de terra, conformando a passarela central com cêrca de 1,50 metro de largura sobre pranchas de madeira e com extensão de 50 metros de comprimento entre o acesso frontal e fundos, aproximando a ideia de Rua, marcando o eixo do espetáculo e desfragmentando os limites entre o palco e a plateia.
PEREIRA, Matheus. Clássicos da Arquitetura: Teatro Oficina / Lina Bo Bardi e Edson Elito. In: ArchDaily. São Paulo, 3 janeiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/cBGhcE. Acesso em: 16 junho 2022.
A tropicalidade brasileira se faz presente no projeto de Lina e Elito, com a incorporação poética e harmoniosa de um canteiro com elementos naturais no espaço teatral.
- Com a orientação do professor, com base no texto e nas imagens, descrevam as principais diferenças que existem entre palco e plateia de teatros tradicionais e do Teatro Oficina.
- Vocês já estiveram em uma sala de espetáculos arrojada e moderna como a do Teatro Oficina? Se a resposta for positiva, compartilhem as experiências com os colegas de sala.
VAMOS FAZER
Maquete de espaços cênicos
Até agora, foram estudadas várias tipologias de edifícios teatrais e de espaços cênicos. Com a orientação do professor, dividam-se em grupos de trabalho com 4 ou 5 componentes. Cada grupo será responsável por montar, com base em um desenho, uma maquete artesanal de uma das tipologias a seguir:
▶ Teatro grego. ▶ Teatro romano. ▶ Teatro da commedia dell’arte. ▶ Corrales na Espanha. ▶ Teatro elisabetano. ▶ Teatro no Renascimento. ▶ Teatro de Bayreuth. ▶ Teatro moderno e contemporâneo.Material
- Para a elaboração do desenho, uma folha de sulfite.
- Para a construção da maquete, sugerimos que vocês privilegiem materiais reutilizáveis tanto para a base como para a construção dos elementos que serão representados. Pensem em caixinhas de papelão, caixinhas de fósforo vazias, caixas de ovos, caixas de leite e embalagens de iogurte limpas e secas, colheres descartáveis, palitos de sorvete de madeira, tampinhas de garrafa péti, garrafas péti, papéis coloridos, entre outros.
- Lápis, régua, borracha, canetas ou tinta guache de várias cores.
- Cola e tesoura de pontas arredondadas.
Como fazer
- Resolvam, por sorteio ou por outro critério, que tipo de edifício teatral ou de espaço cênico cada grupo fará.
- Cada grupo deve planejar em um desenho simples a estrutura da maquete.
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Continuação
- Reúnam os materiais para a maquete.
- Confeccionem a base e o prédio do espaço cênico a partir do desenho estabelecido.
- Insiram na maquete uma legenda explicativa com as seguintes informações: nome, época e principais características dos espaços cênicos e edifícios teatrais. Para isso, levem em consideração as fichas elaboradas no final de cada texto, nas páginas anteriores.
- O grupo também deve estar preparado para explicar as manifestações cênicas que ocorriam ou ainda ocorrem nesses locais e como era ou é a relação dos espectadores com a manifestação cênica, de acordo com a configuração espacial do espaço.
- Em uma roda de conversa, cada grupo deverá apresentar a maquete elaborada.
- Para finalizar, troquem ideias sobre o trabalho realizado, avaliando os aspectos positivos do processo da atividade e também as dificuldades encontradas durante sua execução.
eu APRENDI
1. Observe a imagem e cite:
- o que ela retrata;
- como é constituída a manifestação artística retratada na imagem.
- Indique as frases corretas e identifique o erro apresentado na incorreta.
- O som não pode ser visto, mas é percebido pelo sentido da audição.
- Os sons são produzidos por vibrações que se deslocam no ar em fórma de ondas sonoras. As ondas sonoras são captadas por nossos ouvidos.
- Os instrumentos musicais são fontes sonoras e podem ser classificados de acordo com o modo que produzem o som.
- A fonte sonora pode ser definida como o corpo que vibra e produz apenas sons naturais, como som do vento ou de animais.
- Leia a frase e cite que tipo de edifício teatral que se multiplicou em diferentes lugares do mundo ela descreve.
Ocorrem mudanças na profundidade do palco e a maquinaria de palco, a cenotécnica e a iluminação cênica se aperfeiçoam. Nessa concepção, os espectadores assistem à representação pela frente. Em geral, há uma cortina, que é fechada para mudança de cenários, intervalo ou final da apresentação.
- Depois de ter conhecido vários edifícios teatrais e espaços cênicos, qual você achou mais interessante? Por quê?
- Observe e defina as manifestações artísticas retratadas nas imagens.
6. Em muitas salas de espetáculo algumas orientações ou regras devem ser seguidas. Entra-se na sala e encontra-se um lugar, muitas vezes marcado no ingresso. Depois, acontecem três avisos: ao primeiro sinal, todos devem entrar na sala de espetáculos; o segundo avisa que está na hora de se acomodar no assento e o terceiro pede silêncio, pois a apresentação vai começar. Apagam-se então as luzes da plateia e toda a atenção deve se concentrar no palco. Durante o espetáculo não se deve comer, beber ou conversar e muito menos consultar o celular. Após o término do espetáculo, espera-se que a plateia aplauda para demonstrar que apreciou a obra, e a luz de serviço é acesa para que todos saiam tranquilamente da sala de espetáculos. Todas essas convenções estão relacionadas às características do palco italiano e do Teatro de Bayreuth.
Versão adaptada acessível
▶ Elabore uma sequência de representações destacando como os espectadores devem se comportar em uma sala de espetáculos ou auditório.
▶ Com base nas representações, você e seus colegas vão trocar ideias sobre a proposta a seguir. O professor será o redator de vocês. Coletivamente, criem uma vinheta, um texto curto e simples, em que seja explicado como os espectadores devem se comportar em uma sala de espetáculos ou auditório. Essa vinheta poderá ser lida ou, então, gravada previamente e transmitida antes das apresentações na escola.
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Espaços culturais ao alcance de todos
Nesta unidade, conhecemos diversas linguagens artísticas e exploramos o uso e a ocupação do espaço das artes cênicas no decorrer da história. No Brasil, muitas pessoas ainda não têm acesso a teatros, centros de cultura, museus, cinemas, escola de arte, entre outros espaços culturais. Leiam o texto que descreve o acesso à cultura em alguns bairros da cidade de São Paulo.
O acesso à cultura ainda é privilégio de poucos em São Paulo. Enquanto o centro da cidade concentra as mais variadas opções de lazer, a população da periferia tem que enfrentar horas de transporte público para usufruir do direito à cultura. A situação se repete de norte a sul na capital. Quanto mais distante é o bairro da região central, menos opções culturais existem, o que vem fazendo com que os próprios moradores arregassem as mangas e abram os bolsos para mudar essa situação. “Não temos cinema, teatro, nada perto, para qualquer atividade temos que nos deslocar muito”, desabafa a estudante [ reticências] moradora de Ermelino Matarazzo, no extremo leste da cidade.
Na região central, administrada pela subprefeitura da Sé, há 147 salas de teatro, 53 de cinema e 38 museus, na área da subprefeitura de Ermelino Matarazzo, [ reticências] não há nenhum desses espaços. Mesmo sem os espaços físicos tradicionais, as manifestações artísticas têm se disseminado nas periferias de São Paulo, de saraus literários a apresentações teatrais, estabelecendo um cenário cultural formado por pessoas engajadas na tentativa de promover transformações sociais por meio da arte. Em Ermelino Matarazzo, diversos artistas, grupos e coletivos de cultura estão mobilizando a população a lutar para que a prefeitura instale uma Casa de Cultura no bairro, projeto municipal de espaço dedicado a entretenimento, oficinas, teatro, salas de literatura, música. [ reticências]
Continua
Continuação
Situação semelhante acontece no outro extremo da cidade, no bairro de Perus, zona norte, onde os moradores se reuniram e montaram seu próprio espaço para driblar a falta de espaços culturais. Assim, nasceu a Comunidade Cultural Quilombaque, que existe há sete anos, gerida de fórma autossustentável. O espaço abriga uma série de atividades e oficinas culturais gratuitas. [ reticências]
MOREIRA, Jéssica; LIMA, Lívia. Palanque BBC: Moradores da periferia de São Paulo lutam por espaços culturais. In: Terra, [ sem local, 2022?]. Disponível em: https://oeds.link/fgyxYP. Acesso em: 16 junho 2022.
- Com a orientação do professor, utilizando as informações do texto, descrevam como é a disponibilidade de espaços onde ocorrem manifestações culturais em alguns bairros da cidade de São Paulo.
- Vocês conhecem alguns desses espaços no bairro e na cidade onde vocês moram? Compartilhem seus conhecimentos.
- Inspirados no espaço cultural criado no bairro de São Paulo, planejem um espaço cultural e de lazer no bairro onde vocês moram. Para isso, organizem-se em grupos de trabalho e sigam as orientações: ▶ Pesquisem como e onde o espaço cultural será instalado. Vale pensar em imóveis que já existem, ou mesmo planejar um novo lugar. ▶ Planejem as atividades culturais disponíveis para a comunidade. Para isso, pensem nas manifestações que vocês acreditam que as pessoas da sua comunidade necessitam.
Glossário
- som grave
- : É um som com vibrações lentas e com menor frequência.
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- som agudo
- : É considerado um som com vibrações rápidas e com maior frequência.
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- luteria
- : definida como a arte de fabricar ou consertar instrumentos musicais de corda com caixa de ressonância, como a guitarra, o violino etcétera
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- burguês
- : indivíduo pertencente ao grupo social que se desenvolveu na Idade Média, composto de pequenos comerciantes que ascenderam socialmente, em função do excedente que obtiveram por meio da atividade comercial. O termo apresenta histórica e socialmente vários significados, porém, é frequentemente relacionado a banqueiros e proprietários de indústrias ou de fábricas.
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