UNIDADE 4 As artes chegam ao público
As propostas desta unidade do seu livro foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam:
eu SEI
Dos bastidores à recepção do público
As etapas que envolvem os bastidores da produção à recepção de uma obra pelo público serão o foco de uma dinâmica.
eu vou APRENDER
Capítulo 1 – Produção, circulação e mediação nas artes
Analisar os processos envolvidos na produção de obras cênicas.
Capítulo 2 – Espaços de criação, mediação e mercado das artes
Conhecer espaços de criação e modos de mediação artística.
eu APRENDI
Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.
vamos COMPARTILHAR
Objetos de valor simbólico
Investigar o valor simbólico de um artefato ou objeto pessoal que será exposto e compartilhado com o acompanhamento de uma audiodescrição.
OBJETIVO GERAL
▶ Conhecer e analisar as questões relativas à produção, circulação, mediação e fruição de uma obra cênica ou exposição visual.eu SEI
Dos bastidores à recepção do público
Para que uma obra chegue ao público, são necessárias várias etapas que envolvem diversos profissionais nos bastidores, além de outras ações após a realização de um espetáculo cênico ou exposição de arte.
▶ Que profissionais envolvidos na produção de um espetáculo cênico, ou exposição de arte, vocês conhecem? ▶ Com a orientação do professor, organizem-se em grupos para a realização da dinâmica a seguir. ▶ Em uma folha avulsa, enumerem as definições de cada uma das etapas de acordo com o esquema. Vocês devem levar em consideração a ordem em que elas são seguidas para que a obra chegue ao público. Por exemplo: será que antes da etapa de “Apresentação” de um espetáculo cênico acontece a etapa de “Mediação”?Artes cênicas
- Apresentação.
- Divulgação/Circulação.
- Mediação.
- Produção.
Artes visuais
- Exposição.
- Curadoria/Montagem.
- Mediação.
- Produção.
Artes cênicas: definições
Apresentação
É o momento em que o espetáculo cênico é apresentado ao público, porém o processo de aproximação entre público e obra não se encerra nesta etapa.
Divulgação/Circulação
A obra cênica entra nos meios de divulgação e nos sistemas de exibição: edifícios teatrais, espaços não convencionais, bibliotecas, ruas e praças.
Mediação
É criado um caminho facilitador para que o público conheça e desfrute da obra cênica de maneira mais ampla por meio de elaboração de catálogos, palestras, cursos, seminários, debates etcétera
Produção
Processo de criação e organização da obra cênica envolvendo dramaturgia, coreografia, coordenação do espetáculo, trabalho de intérpretes, técnicos etcétera
Artes visuais: definições
Exposição
Diz respeito ao espaço onde as obras são exibidas para o público (instituições culturais, museus, galerias), porém o processo de aproximação entre público e obra não se encerra nesta etapa.
Curadoria/Montagem
O curador é o profissional responsável pelo planejamento e escolha das obras que vão compor a exposição, que depois passam pelo processo de fixação e montagem no espaço expositivo.
Mediação
Envolve visitas guiadas ou orientadas às exposições, atividades complementares às visitas, biblioteca, material impresso, como livros, catálogos, oficinas de arte, palestras etcétera
Produção
O artista visual elabora, cria ou produz suas obras em ateliês de arte, oficinas ou estúdios.
eu vou APRENDER Capítulo 1
Produção, circulação e mediação nas artes
Ao pensar na palavra “arte”, é comum nos lembrarmos de obras de artistas famosos, que vemos em museus, de espetáculos de dança e teatro apresentados em grandes e belos teatros, ou de esculturas e monumentos que encontramos pela cidade. Porém, além das instituições culturais e dos espaços privilegiados da cidade, a arte pode circular por outros meios.
A arte também está na casa das pessoas, quando se liga a TV e se assiste a um filme reconhecido por suas qualidades técnicas e estéticas, nas estações de metrô, nos muros da cidade, na música que se ouve nas praças.
Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.
1. Além dos espaços já citados e retratados nas imagens, reflitam sobre outros lugares onde a arte também circula.
Depois que manifestações artísticas como espetáculo de dança ou teatro, escultura, pintura, música ou livro são produzidas, é necessário um sistema de circulação para que esses bens culturais cheguem ao público.
Esse sistema envolve a ação de agentes especializados, como produtores culturais de instituições como museus e galerias de arte, ou a ação do próprio artista, que pode levar sua arte até o público.
- Observem as fotografias e respondam.
- Você conhecia o tipo de manifestação artística retratado na fotografia 1? Com base nela, ou do que você já conhece, explique como essa arte acontece e em que espaços circula.
- A fotografia 2 retrata um espaço considerado oficial para a circulação de arte. Expliquem por que esses espaços não limitam as possibilidades de circulação da arte.
TEATRO: DA PRODUÇÃO À APRESENTAÇÃO
Uma apresentação teatral não começa e se encerra no momento em que é assistida e apreciada pelo público. É preciso relacionar e sincronizar quatro etapas antes, durante e depois desse momento: produção, distribuição, troca e mediação do bem cultural, no caso o teatro enquanto obra cênica.
▶ Produção: estão incluídas as funções de dramaturgia, coreografia, coordenação do espetáculo, trabalho de intérpretes, técnicos etcétera ▶ Distribuição: profissionais como o diretor de produção teatral (ou produtor) reúne condições para que a obra entre em um sistema de exibição: edifícios teatrais, espaços não convencionais, bibliotecas, ruas e praças etcétera ▶ Troca: são envolvidos nessa fase profissionais como o secretário ou o empresário teatral, que organiza a administração da companhia, controla o caixa, fiscaliza a bilheteria e tudo o que diz respeito aos aspectos financeiros. Pode haver, ainda, o financiador/patrocinador, que favorece o acesso a uma obra cênica promovendo apresentações gratuitas ou de baixo custo e garantindo o fácil acesso a esses bens culturais. ▶ Mediação: recorre-se à elaboração de catálogos, programas de apresentação de um espetáculo ou filme, palestras, cursos, seminários, debates etcéteraPara ampliar
Programa Teatro em Comunidades. Disponível em: https://oeds.link/gQFacB. Acesso em: 25 junho 2022. O programa realiza atividades artísticas com crianças, adolescentes e jovens no Complexo da Maré, comunidade do Rio de Janeiro ( érre jóta).
Diversos profissionais são envolvidos na elaboração de um espetáculo cênico, e muitas dessas funções acabam ficando nos bastidores, mas são essenciais para que a obra chegue à apreciação do público.
- Observem atentamente a ilustração e como as diferentes funções são destacadas nos bastidores de uma apresentação teatral.
- Com qual das etapas envolvidas nos bastidores do teatro, e descritas anteriormente, a ilustração mais se relaciona?
- Citem a função de um dos profissionais que aparecem na ilustração.
Recepção da obra cênica pelo público
Na história das artes cênicas existem diferentes fórmas de acesso e consumo do espetáculo pelo público. Os estudiosos caracterizam diferenças entre determinados períodos históricos, ainda que de modo aproximado.
Segundo especialistas, do Renascimento ao século dezenove, na Europa, e até os anos 1950, no Brasil, o público era visto pelos artistas e empresários ou produtores como aquele que basicamente custeava a produção da obra por meio do pagamento dos ingressos. Quem pagava mais ocupava lugares de melhor visibilidade e conforto na sala de espetáculo, como ocorre ainda hoje. As obras cênicas podiam oferecer entretenimento e lazer, mas nem sempre estavam comprometidas com a formação cultural do público.
4. Para você, qual tipo de arte pode ser considerado apenas entretenimento?
No teatro moderno, desenvolvido na Europa e nos Estados Unidos no início do século vinte e no Brasil a partir da década de 1950, o público atraído para as apresentações era formado, principalmente, por amantes da arte e especialistas no assunto. O espectador queria conhecer a obra apresentada, ser um espectador treinado. Para isso, ao longo dos anos surgiram estratégias de mediação cultural que previam programas impressos, palestras, debates após os espetáculos. O público buscava estar de acordo com o gosto da elite cultural e consumia teatro, dança ou cinema considerados “de arte”.
No teatro contemporâneo, o público é bastante segmentado e produções diversas se voltam a espectadores diversos. Algumas produções buscam vias fóra do circuito comercial de arte, criando canais próprios de sustentação financeira, de divulgação e de aproximação (mediação) na relação com o público.
No Brasil atual, há cada vez mais iniciativas em que os espectadores participam do processo de criação do espetáculo cênico. Por exemplo, os espectadores são convidados a narrar fatos da vida pessoal e do entorno; são propostas oficinas artísticas de vivência das práticas cênicas; são organizados debates e rodas de conversa com os artistas.
- Vocês já viram, ou ouviram, a divulgação de um espetáculo cênico sendo vinculado pelo rádio ou pela TV? Se não, em quais outros meios?
- Por que é importante um debate, palestra ou uma oficina após ou antes de uma apresentação teatral?
Ação cultural
Uma ação cultural de criação propõe-se estabelecer pontes entre as pessoas e a obra de arte, para que assim participem do universo cultural e artístico. Nesse caso, o termo “criação” é usado no sentido mais amplo. Não se refere apenas à construção de uma obra, mas também ao desenvolvimento das relações entre as pessoas e uma obra.
Essa modalidade de ação cultural caracteriza-se pelo propósito não apenas de oferecer a um público cada vez mais amplo um número cada vez maior de obras culturais, mas também de criar condições para que essas obras sejam entendidas e apreciadas em sua natureza específica.
São classificadas, nessa modalidade, não só a produção e a circulação de obras cênicas, mas também a realização de debates, palestras, oficinas, atividades de mediação em que o espectador possa vivenciar um processo que lhe possibilite ser um criador, se não com as mesmas finalidades de um artista profissional, pelo menos para o enriquecimento da formação pessoal.
7. Existem diversos tipos de oficinas que podem ser relacionadas ao teatro: preparação de atores, elaboração de roteiro, criação de personagens, entre outras. Se você fosse participar de uma dessas oficinas, de qual participaria e por quê?
Mediação e sensibilização artística
Como observamos, é preciso trabalhar na mediação das obras e buscar fórmas de estudar, analisar e refletir como serão recebidas pelo público e como poderiam ser mais apreciadas.
É necessário também oferecer oportunidades de educação e sensibilização artística em todas as etapas da vida, desde crianças pequenas até pessoas mais velhas, tanto no meio escolar como em outros espaços de convivência. Uma ação cultural não visa, necessariamente, a formação em arte, mas sim a uma sensibilização artística, que promove um aguçamento dos sentidos e um olhar mais humano e sensível para o mundo.
O Festival do Teatro Brasileiro ( éfe tê bê) acontece desde 1999 e já passou por diversas cidades brasileiras em várias regiões do país. O festival nômade é um exemplo de evento que busca desenvolver ações de formação, em um programa de mediação voltado para a inclusão de escolas públicas nas apresentações do festival.
Consiste em atividades e jogos teatrais ligados ao universo da peça escolhida para a ação e relacionados ao ato de ir ao teatro, envolvendo uma coordenação pedagógica e uma equipe de arte-educadores. A ideia é ampliar o acesso de estudantes a espetáculos de teatro, compartilhar códigos de ética do espaço teatral e proporcionar maiores possibilidades de contato com a obra assistida.
8. Sabendo como uma ação cultural acontece, como seria assistir a um espetáculo teatral com uma ação cultural envolvida? Qual é a importância dessa ação?
VAMOS FAZER
Projeto de ações culturais
Agora é o momento de colocar seus conhecimentos em ação!
A proposta é elaborar ações culturais para que uma obra cênica seja apreciada de maneira ampla pelo público.
Como fazer
- A turma se dividirá em grupos. Cada um deverá pesquisar um espetáculo teatral ou de dança e uma sinopse que explique a obra cênica.
- A partir da sugestão pesquisada por cada grupo, o professor fará uma votação para que um único espetáculo seja eleito pela turma. Esse espetáculo mobilizará a organização de ações culturais.
Continua
Continuação
- Sigam a organização a seguir pensando em como cada tema pode ser desenvolvido no projeto. ▶ Grupos 1 e 2: Debate Que temas podem ser apresentados ao público para que as discussões do espetáculo sejam ampliadas ou enriquecidas? Que perguntas podem ser feitas ao público? ▶ Grupos 3 e 4: Palestra Quais temas podem ser abordados? Quais profissionais podem ser convidados para esse momento? Serão outros artistas, pesquisadores, influenciadores?▶ Grupos 5 e 6: Oficina Que práticas podem ser desenvolvidas nas oficinas? Criação de roteiro? Preparação de atores? Dramatizações? Exercícios de consciência corporal?
- Planejamento: tendo sempre como base o espetáculo cênico definido, cada grupo pensará em como desenvolver sua ação cultural. Para isso pesquisem ações culturais divulgadas pela mídia e façam as devidas anotações para planejar a ação que melhor se conecte com o tema do espetáculo. O objetivo principal é criar relações com o público, seja pelo debate, palestra ou oficina.
- Apresentação: cada grupo apresentará sua proposta para a turma. Usem recursos diversos, como apresentação de slides, imagens, cartazes. O importante é que a turma entenda o evento planejado, para que o projeto da ação cultural aconteça.
VAMOS CONHECER MAIS
Mediação cultural em espetáculos cênicos
Será que o acesso ao teatro acontece somente quando o espetáculo está pronto para ser apresentado? De que maneiras é possível estimular o espectador a entender o teatro como experiência artística e como espaço de troca e de formação?
Atividades de mediação teatral ou em dança começam com a preparação do público para o espetáculo, passando pelo acompanhamento pedagógico pouco antes do início da apresentação (regras e código de ética do espectador), além de outras ações que auxiliam o público no entendimento do que assistiu e na absorção das sensações experienciadas.
O mediador cultural é o profissional que auxilia o público na compreensão das obras, enriquecendo a leitura do espectador por meio do diálogo. É ele quem tem o papel de estimular e instigar o público, fazendo com que o espetáculo não se encerre ao final das apresentações, e sim que o público continue a se sentir movido pelo contato que teve com a obra.
Pensar em mediação no teatro, na dança, na música ou mesmo no circo é entendê-la como uma relação que envolve a emoção, o corpo, o pensamento dos artistas e dos espectadores, em um contato direto com a obra.
Leiam o texto do pesquisador, diretor teatral e performer Clóvis Domingos, que compartilha suas experiências como mediador cultural.
Pensar crítica e mediação em artes cênicas, a meu ver, não se dissocia da ideia de se pensar em modalidades de criação. E quando penso em criação, não me refiro apenas ao campo estético e cênico, mas num sentido mais amplo: criação de vínculos, criação de discursividades, criação de possibilidades de espaços de encontro, criação de experiências [ reticências]. Ações de mediação, de alguma fórma, visam acessibilidade, são de natureza democrática, criam aproximações e minimizam distâncias. A mediação é uma rede composta pela ação de curadores, artistas, programadores, espetáculos, críticos, o programa gráfico, a imprensa, os espectadores [ reticências]. Artistas e instituições acreditam que uma vez oferecendo seus trabalhos ao público, o sucesso da empreitada já está garantido. Sejamos honestos: artistas precisam de público e quando esse público não comparece ao nosso espetáculo, o que fazer? Por que então não procurá-lo, oferecer nosso trabalho, programar uma conversa? [ reticências]
DOMINGOS, Clóvis. Notas sobre Crítica e Mediação Cultural em Artes Cênicas: uma experiência com o Palco Giratório. In: Horizonte da Cena, Belo Horizonte, 28 junho 2019. Disponível em: https://oeds.link/wqXocv. Acesso em: 11 junho 2022.
- Clóvis Domingos descreve a mediação cultural como criação de vínculos, possibilidades, experiências e encontros. Que interpretações podemos dar para essa visão?
- Deveriam existir mais iniciativas de mediação cultural no Brasil? Por quê?
- Por que é necessário valorizar iniciativas culturais fóra do eixo das grandes capitais brasileiras?
VAMOS FAZER
Entrevista com espectadores de obras cênicas
A mediação cultural possibilita uma ponte entre o público e o espetáculo cênico, seja em uma apresentação de teatro, dança, circo ou ópera. É com essa mediação que se estabelece uma aproximação entre espectador e a obra a partir do diálogo com o mediador cultural.
A diversidade de público e as dificuldades ou facilidades para acessar espaços culturais são pontos em que esse profissional pode atuar. Pensemos nas seguintes questões: Como um público de adolescentes, estudantes de uma escola de região periférica, organiza condições para acessar o teatro em uma região central da cidade? Como pensar a formação desse público? A abordagem do mediador cultural será a mesma que se faria para um público acostumado a frequentar o teatro?
A turma fará entrevistas com pessoas que já assistiram a espetáculos cênicos, ou mantêm esse hábito, para investigar como esse tipo de arte chega ao público.
Como fazer
- Nesta atividade, o professor organizará grupos para que as entrevistas sejam realizadas.
- Cada grupo deverá entrevistar duas pessoas e fazer registros por meio de gravação de áudio ou texto.
- O roteiro a seguir será um ponto de partida para as entrevistas: ▶ Você se considera um apreciador/apreciadora das artes cênicas? ▶ Para você, o teatro, ou outro espaço cultural, é acessível ou não? Por quê? ▶ Qual foi a última vez que você assistiu a uma apresentação de teatro, dança, circo ou ópera? Qual era o tema abordado? ▶ Você se sentiu sensibilizado/sensibilizada por essa obra cênica? ▶ Como foi seu entendimento sobre a obra cênica apresentada? Você sentiu que pôde ter um entendimento da obra sem a mediação de algum profissional? ▶ Caso tenha acontecido a mediação, como ela foi conduzida? Foi um debate, conversa feita antes ou ao final da apresentação? ▶ Se não houve essa oportunidade, você sentiu que isso poderia ter enriquecido a obra cênica? ▶ Em sua opinião, qual é a importância de haver uma mediação cultural com esse tipo de abordagem por meio do diálogo?
- Assim que todas as entrevistas forem registradas, o professor organizará um momento para a apresentação das informações coletadas pela entrevista.
- Ao final, conversem sobre as entrevistas que mais chamaram a atenção. Comparem os perfis dos entrevistados e como cada um percebe a mediação cultural.
eu vou APRENDER Capítulo 2
Espaços de criação, mediação e mercado das artes
O artista visual elabora, cria ou produz suas obras em ateliês de arte, oficinas ou estúdios. Mas como o público pode ter acesso a essas obras?
Para que as obras de arte circulem dos espaços de criação para os espaços de exposição, são necessárias diversas ações, como as relações entre o artista e o espaço de exposição (museu, galeria de arte etcétera), o transporte da obra, a elaboração, a direção e a supervisão da exposição pelo curadorglossário , montagem e divulgação, trabalho do setor educativo, que faz a mediação entre a obra de arte e o público, entre outras coisas.
A montagem de uma exposição de arte passa pelo trabalho de diversos profissionais, como o montador e o curador, responsáveis por definir a melhor maneira de expor as obras no espaço expositivo.
1. Em sua opinião, qual é a importância de planejar e organizar como as obras serão apresentadas em uma exposição?
O ATELIÊ COMO ESPAÇO DE CRIAÇÃO
Ateliês são espaços físicos onde os artistas realizam seu trabalho. Esses locais, também chamados de oficinas ou estúdios, são destinados às investigações e às criações dos artistas. Nesses espaços é possível melhor compreender o processo criativo, as técnicas utilizadas, os temas selecionados e as referências do trabalho. Observem atentamente como foram retratados os dois ateliês a seguir:
2. Descrevam o que evidencia que os ambientes retratados nas imagens são ateliês.
Os materiais nos ateliês
Nos ateliês, são encontrados muitos materiais artísticos e obras em andamento. O escultor francês Oguíst Rodán (1840-1917) era conhecido por seu estilo próprio na representação da figura humana. O mármore e o bronze eram os materiais utilizados em suas criações.
O francês Ãnri Matisse (1869-1954), a partir da década de 1940, começou a usar a técnica de recorte de colagem de papéis coloridos, em razão da sua dificuldade de pintar com tinta a óleo após algumas complicações de saúde.
3. De acordo com o que se vê nas imagens, expliquem como Rodã e Matís utilizam seus respectivos materiais para suas criações.
A Casa Azul: lar, ateliê e museu
Em muitos casos, o ateliê é também a casa do artista, como a Casa Azul, na Cidade do México, que foi residência da artista mexicana Frida Kahlo (1907-1954) e de seu marido, o pintor Diego Rivera (1886-1957).
Em 1958, a Casa Azul foi transformada em museu. No local, que fica em Coyoacán, distrito da Cidade do México, onde Frida Kahlo nasceu e viveu, são expostas diversas de suas obras, além de fotografias, documentos, móveis, entre outros objetos pessoais.
4. Além dos materiais do ateliê de Frida, por que podemos considerar que seus os objetos pessoais também são importantes para serem expostos?
VAMOS FAZER
Um ateliê na escola
Nas aulas de arte a fruição e a reflexão fazem parte do processo de aprendizagem, juntamente com o fazer. As técnicas artísticas permitem a experimentação de diferentes materiais para dar fórma às ideias ou à livre expressão.
Vamos organizar um espaço de ateliê na escola com ciclos de oficinas.
▶ Para dar início à proposta, a turma se dividirá em 3 grupos, sob a orientação do professor. ▶ Como sugestão estão elencadas algumas oficinas e temas que podem fazer parte do ateliê.Oficina de modelagem em argila
▶ Sugestões: esculturas abstratas, modelagem de partes do corpo, modelagem de utensílios etcéteraOficina de recorte e colagem de papéis coloridos
▶ Sugestões: recorte e colagem de elementos da natureza, fórmas geométricas, colagem abstrata etcéteraOficina de pintura com guache
▶ Sugestões: pintura de retratos, modelo vivo, paisagem etcéteraComo fazer
- Cada grupo será responsável por ministrar uma oficina diferente, ou seja, orientar e ensinar alguma técnica e tema específicos.
- O funcionamento das oficinas será dividido em 3 momentos: no primeiro dia, um grupo conduzirá a oficina de argila; no segundo dia o outro grupo conduzirá a oficina de recorte e colagem; no último, um grupo conduzirá a oficina de pintura. Os grupos que não ministrarem suas oficinas naquele dia serão participantes.
- Antes de a oficina acontecer, o grupo responsável pela oficina deve combinar com os participantes os materiais de que cada um precisará. É importante que essa lista seja simples e com materiais acessíveis.
- O professor combinará com cada grupo o dia adequado para as oficinas e os espaços que poderão ser usados como ateliês.
MUSEUS
Obras de arte podem ser encontradas em muitos lugares: no metrô, nas ruas da cidade, na internet, compartilhadas nas redes sociais etcétera Mas existem alguns espaços específicos destinados à exposição, como museus, instituições culturais e galerias de arte.
Museu é uma instituição sem fins lucrativosglossário , a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, que adquire, conserva, investiga, interpreta, difunde, comunica e expõe objetos e coleções de valor histórico, artístico, científico ou de qualquer outra natureza cultural, visando ao estudo, à educação e ao lazer. Algumas funções do museu são preservar e salvaguardar o patrimônio natural e cultural, produzir conhecimento, promover a reflexão crítica, realizar ações educativas e socioculturais e promover a circulação da produção artística.
No decorrer da história, o ser humano apresentou interesse em possuir e colecionar uma grande variedade de objetos, considerando seu valor histórico, estético, científico, religioso, afetivo, simbólico etcétera
1. Que objetos importantes de valor simbólico você guarda?
2. Em sua opinião, por que o ser humano desenvolveu o hábito de colecionar e guardar coisas?
História dos museus
Estima-se que o primeiro museu foi construído em Atenas, na Grécia, sendo um espaço de conhecimento, mesmo sem possuir e expor coleções.
O museu de Alexandria, no Egito, construído entre 305 antes de Cristo e 283 antes de Cristo, era acessível apenas à nobreza e aos estudiosos, sendo proibida a entrada do povo.
Desde a Idade Média, a Igreja e a nobreza possuíam coleções de artefatos valiosos e relíquias. As coleções reais, constituídas até o século quinze, reuniam obras de arte, pedras preciosas, porcelanas, instrumentos astronômicos e musicais, joias, entre outros. Essas coleções também eram inacessíveis ao povo.
Durante o Renascimento, na Europa, reis, príncipes e comerciantes ricos passaram a financiar artistas para produzir obras e, assim, ampliar suas coleções e riquezas. De acordo com pesquisadores, as coleções privadas no Renascimento deram origem ao que se conhece hoje como “museu”.
3. No passado o povo não tinha acesso às coleções de arte, artefatos valiosos e relíquias, que pertenciam à igreja, à nobreza e à elite formada principalmente pelos ricos comerciantes, que deram origem aos museus. Na sua cidade existem museus? O acesso a esses locais é facilitado para a população?
Para ampliar
SCALEA, Neusa Schilaro. Vamos ao museu? São Paulo: Moderna, 2013. A obra retrata o museu como um lugar de conhecimento, cultura, ciência e manifestações populares que busca guardar a memória e a história de um povo, de um país e de uma época.
No século dezenove, distinguiram-se os museus que colecionavam artefatos científicos (museus de história natural) e os que colecionavam objetos estéticos (museus de arte).
Durante o século vinte, os museus conheceram outras especializações: alguns dedicados à arte do século dezenove, como o Museu d’Orsay (1986), na França; outros voltados à arte moderna e contemporânea, como o Museu de Arte Moderna, na cidade de Nova Iorque (MoMA) (1929); e museus organizados em torno da obra de um único artista, como o Museu Picasso, em Barcelona, Espanha (1963), e o Museu Van Gogh, de Amsterdã, Holanda (1973), entre outros.
Pesquisando sobre museus
Como fazer
- Em grupos, façam uma pesquisa sobre algum museu da cidade ou do estado onde vivem. Destaquem a época em que o museu foi fundado e o tipo de obras que abriga.
- Organizem os dados da pesquisa em um painel coletivo criado por todos os grupos.
- Após a pesquisa, cada grupo entrevistará 2 pessoas de diferentes idades perguntando sobre quantas vezes elas já visitaram os museus da cidade. Se a resposta for negativa, perguntar o porquê.
- As respostas da entrevista poderão ser organizadas em informativos ou gráficos que mostrem, por exemplo, a faixa etária dos entrevistados e a quantidade de vezes que cada um desses grupos já visitou museus. Essas informações também serão dispostas no painel coletivo sobre os museus.
VAMOS CONHECER MAIS
Gabinete de curiosidades
Na Europa, durante o Renascimento, além de coleta e crescimento das coleções, os museus passaram a se ocupar do restauro e da preservação das peças. Nesse período, surgiram os museus de arte e os gabinetes de curiosidades, salas com coleções de objetos raros e exóticos, provenientes de terras distantes, como animais marinhos, insetos, serpentes, artefatos etcétera
[ reticências] coleções de objetos raros ou curiosos receberam o nome de Gabinetes de Curiosidades ou Câmaras de Maravilhas [ reticências]. Pomian, no texto “La culture de la Curiosité”, conta que existiram centenas, senão milhares, de gabinetes pela Europa, neste período, mantidos por príncipes ou casas reais, humanistas, artistas ou ricos burgueses; elementos representantes da cultura erudita interessada em conhecer e colecionar o mundo que os cercava.
RAFFAINI, Patrícia Tavares. Museu contemporâneo e os gabinetes de curiosidades. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo, 3, 159-164, 1993. Disponível em: https://oeds.link/NIPQJE. Acesso em: 13 junho 2022.
VAMOS FAZER
Pequeno gabinete de curiosidades
Como o próprio nome diz, um gabinete de curiosidades desperta a curiosidade e o interesse do espectador. Não há limites definidos, regras ou métodos específicos para esses gabinetes, que se tornaram museus de história natural ao serem adquiridos e doados às universidades.
Como fazer
- Por se tratar de um formato menor, esse gabinete suportará somente pequenos objetos.
- Durante o período de uma a duas semanas, ou de acordo com a orientação do professor, cada dupla coletará pequenos objetos que encontrar. Podem ser pedras, conchas, penas, moedas antigas, selos, recortes de livros e revistas antigos, botões, figurinhas, peças de eletrônicos, bijuterias reticências A diversidade é essencial para essa coleção.
Continua
Continuação
3. Cada um desses objetos terá uma legenda com algumas informações. Ela pode ser feita com etiquetas. Essa legenda não possui um formato definido; pode ter a data em que o objeto foi encontrado, o local e uma breve descrição do que é.
- É interessante que as legendas sejam criativas. Uma pedra comum pode datar de mais de 5 000 anos, um pequeno osso pode ter sido de um dinossauro ou animal raro, uma concha pode ter sido encontrada em ilhas desertas do pacífico, um botão pode ter pertencido a um rei do período medieval reticências Deixem a imaginação fluir.
- No dia combinado pelo professor, cada dupla vai expor suas caixas na sala de aula.
- A turma poderá organizar as carteiras para que as caixas sejam expostas da melhor maneira.
- A ideia é que todos circulem pelo espaço e possam pegar os objetos, ler as legendas e fazer perguntas para a dupla responsável pela coleção.
Museus de arte no Brasil
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o ifãn, existem mais de 2500 instituições museológicas no Brasil. São instituições de caráter público e particular e que atuam no âmbito nacional, regional e comunitário. Além disso, os museus podem ser históricos, artísticos, antropológicos e etnográficos, científicos e tecnológicos, entre outros.
O órgão responsável pela Política Nacional de Museus é o Instituto Brasileiro de Museus. Ele é responsável pela melhoria dos serviços do setor, evidenciando, principalmente, o fomento de políticas de aquisição e preservação de acervos, a ampliação de ações relacionadas com a visitação, a arrecadação e a criação de projetos de integração entre os museus brasileiros.
A história dos museus de arte no Brasil caminhou com a história da instituição do ensino de arte no país. Com a vinda da Família Real de Portugal para o Brasil, no início do século dezenove, dona João sexto trouxe uma grande bagagem, que incluía coleções de arte e literatura, porcelanas, tapetes, móveis e outras riquezas. Vamos conhecer alguns museus brasileiros que se destacam no país.
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Tempos depois, em 1905, havia sido inaugurada a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o mais antigo museu de artes plásticas do estado. A Pinacoteca conta hoje com um acervo de cêrca de 5 mil obras, na maioria realizadas por artistas brasileiros do século dezenove.
Para ampliar
Conhecendo Museus. O projeto fica disponível em: https://oeds.link/plQXNy. Acesso em: 25 junho 2022. A obra apresenta os principais museus do Brasil com o objetivo de promover o resgate da memória e divulgar bens e valores culturais da humanidade, democratizando o conhecimento gerado por essas instituições.
Gire o seu dispositivo para a posição vertical
Museu Nacional de Belas Artes
A Academia Imperial de Belas Artes foi criada em 1826, no Rio de Janeiro, e inaugurou o ensino formal de Artes no Brasil. A partir de 1829, começaram as exposições de arte oficiais públicas, exibindo trabalhos de professores e estudantes da Academia.
O diretor da Academia, Félix toné (1795-1881), fundou a Pinacoteca da Academia Imperial de Belas Artes. Apenas em 1937, ela adquiriu o caráter de museu e passou a ser conhecida como Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Museu de Arte de São Paulo
Em 1947, foi fundado por Assis chatôbrian (1892-1968) o Museu de Arte de São Paulo ( maspi). Em 1968, esse museu ganhou nova séde, projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992). O acervo do maspi é formado por cêrca de 10 mil obras, entre pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos, abrangendo a produção de artistas europeus, asiáticos, africanos e das Américas. Trata-se do mais importante acervo de arte europeia da América Latina.
4. Vocês conhecem a origem dos principais museus da cidade ou estado onde vivem? Façam uma pesquisa para saber a data em que foram inaugurados, quem foram seus fundadores e o tipo de acervo que abrigam.
Instituto Ricardo brenãn
O Instituto Ricardo brenãn é uma instituição cultural fundada em 2001 por Ricardo brenãn (1927-2020), empresário e colecionador pernambucano. Localiza-se na cidade de Recife, Pernambuco. O espaço conta com o Museu Castelo São João, a Pinacoteca e a Galeria de Exposições Temporárias e Eventos. Possui um vasto acervo, entre artes decorativas, mobiliário, tapeçaria, armamento, com destaque para o acervo de pinturas do holandês Frans Post (1612-1680), considerado o primeiro pintor a retratar as paisagens das Américas.
Museus de Arte Moderna
Alguns museus brasileiros dedicados a coleções de arte moderna são o Museu de Arte Moderna de São Paulo ( mân/ ésse pê) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro ( mân/ érre jóta), ambos fundados em 1948. Desde 1951, o / mân ésse pê promove as bienais internacionais de São Paulo, importante exposição de arte que ocorre a cada dois anos na cidade.
Museus de arte contemporânea
No Brasil, também existem museus dedicados a coleções de arte contemporâneaglossário , como o Museu de Arte Contemporânea de Goiás, em Goiânia, o Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico, Inhotim, em Brumadinho ( Minas Gerais) e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói ( Rio de Janeiro).
Pesquisando museus brasileiros
Como fazer
- Em grupos, façam uma pesquisa de museus brasileiros de arte.
- Cada grupo deverá criar um mapa destacando um museu para cada estado.
- Para identificar o museu poderá ser usada a imagem do prédio, em fotografia ou desenho, ou uma obra que faça parte do acervo.
- Com orientação do professor, exponham os mapas e comparem as produções, analisando quais museus foram identificados no mapa de cada grupo.
Para ampliar
Era Virtual. Disponível em: https://oeds.link/oPzwQQ. Acesso em: 25 junho 2022. Projeto pioneiro que disponibiliza visitas virtuais com visualização de 360° a diversos museus, exposições temporárias e patrimônios culturais do Brasil.
Mediação em museus
A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século dezoito, provocou profundas transformações econômicas e sociais. Com o crescimento das cidades, a industrialização e a modernização, houve a necessidade de atualizar os recursos humanos dos museus. Em 1852, foi criado, em Londres, o Museu victória e Albert, em homenagem à Rainha Vitória e seu marido, protetor das artes. A direção do Museu victória e Albert criou a função do educador em museus, profissional responsável por fazer a mediação entre as obras de arte e o público visitante das exposições.
No século vinte, após a Segunda Guerra Mundial, museus europeus e estadunidenses investiram em serviços educativos, buscando conciliar as necessidades sociais e o potencial dessas instituições.
Os museus têm a importante missão de promover ações educativas e de atrair a comunidade. Diversos museus brasileiros têm programas com uma variedade de propostas que têm por objetivo possibilitar uma experiência significativa para o visitante em contato com as obras. Muitos oferecem visitas guiadas ou orientadas, atividades complementares às visitas, biblioteca, material impresso, como livros, fôlderes e catálogos, oficinas de arte, palestras, apresentações artísticas, entre outras ações.
5. Escolham um artista ou uma obra de que vocês gostam e elaborem algumas perguntas que fariam para um público se fosse o responsável por coordenar uma visita guiada em um museu.
Uso da tecnologia em museus e espaços culturais
A tecnologia tem sido bastante explorada em museus e centros culturais brasileiros e estrangeiros, com o objetivo de intensificar a interação do visitante com as obras. Isso acontece de fórmas variadas, desde o livre acesso à rede wi-fi até aplicativos para celular e jogos eletrônicos. Alguns museus e centros culturais usam diferentes recursos tecnológicos, como os seguintes:
▶ Acesso a aplicativos com programação, informações e fotografias das obras pertencentes ao acervo. ▶ QR codeglossário com dados sobre o contexto e o processo de criação das obras expostas. Basta apontar o leitor do celular para o QR code das obras sinalizadas para receber as informações no próprio aparelho. ▶ Audioguia com equipamento eletrônico que oferece informações em áudio sobre artistas, obras, contextos de produção, processos de criação, influências, repercussões da obra etcétera É essencial para visitantes estrangeiros, que podem ouvir as informações em sua língua natal, e para pessoas com deficiência visual, que podem acompanhar a exposição por meio da descrição em áudio.6. Além das tecnologias apresentadas, quais outras poderiam facilitar a interação do público com as obras em museus e espaços expositivos? Expliquem de que maneiras elas seriam usadas e com qual finalidade.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
Transcrição do áudio
Da tecnologia aos museus virtuais
Locutor: Da tecnologia aos museus virtuais.
Vinheta musical
Locutor: Quem vive de passado é museu. Por mais que seja usada atualmente, essa frase está bem desatualizada. Embora museus exponham, guardem e conservem nosso patrimônio histórico, nossa cultura material e imaterial, eles não pararam no tempo.
Ao contrário. Mesmo trazendo muitas vezes obras e objetos do passado, eles têm utilizado de muita tecnologia para inovar e conquistar os visitantes.
Vinheta musical
Locutor: Explicar o que as obras significam e situá-las na época em que foram feitas ajudam a aproximar o público da arte. Por isso, grande parte dos museus e centros culturais pelo mundo colocam à disposição dos visitantes uma série de informações, e não só por meio das tradicionais visitas guiadas.
Hoje, quem vai a muitos museus tem autonomia e pode obter as informações sobre o que está exposto até no próprio celular, seja acessando os sites dos museus durante a visita ou mesmo apontando o aparelho para códigos de barras bidimensionais, os QR codes, que estão ao lado de objetos e obras. Para você ter uma ideia de como isso funciona, ouça agora a audiodescrição de Pintura de emergência, obra de Marcius Galan, que está exposta no MAM, o Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Vinheta musical
Narrador: Estamos numa época de temperaturas altas por conta do aquecimento global causado pelas mudanças climáticas, mas também num ambiente acalorado por conta do debate político.
Partindo da sinalização de emergência que serve para reduzir riscos de destruição e contribuir para a localização dos equipamentos de seguranças como: hidrantes e extintores de incêndio, o artista realiza uma pintura que faz uso da geometria mundana.
Aquela encontrada no cotidiano e sem qualquer sentido transcendente. Como estratégia de composição Marcius Galan se vale da repetição de um módulo básico de vermelho e amarelo. A justa posição na vertical e horizontal da sinalização enfatiza a ideia de urgência, e cria um ritmo, uma espécie de expectativa do próximo módulo.
Vinheta musical
Locutor: Museus temáticos também têm lançado mão da tecnologia, o que acaba enriquecendo a experiência dos visitantes. Um exemplo é o do Museu do Futebol, em São Paulo, que envolve quem vai visitá-lo com uma série de informações sobre a história do esporte.
Outro exemplo é o do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, que traz a ciência e o futuro do planeta e da humanidade como temas. Neles, as obras muitas vezes são expostas de maneira audiovisual e interativa.
A tecnologia aprimora e aprofunda a experiência dos usuários. Aprender História, entender o contexto de criação artística, conhecer detalhes do processo de produção das obras, tudo isso acaba sendo facilitado por meio da narrativa visual digital. É possível imergir na cena de um quadro por meio da realidade virtual, observar cores imperceptíveis a olho nu com recursos tecnológicos ou mesmo utilizar tecnologia 3D para reconstituir algo do passado. É uma viagem e tanto!
Vinheta musical
Locutor: A bem da verdade, graças à tecnologia, hoje nem é preciso mais ir a um museu para ter uma experiência quase completa. Mesmo quem mora longe consegue visitar os corredores do Museu do Louvre, em Paris, do Museu Metropolitan, de Nova York, e do maspi, em São Paulo. Sem falar nas várias exposições que estão em cartaz em diferentes museus e centros culturais que também oferecem essa possibilidade por meio de plataformas digitais. Já experimentou visitar um museu assim?
Vinheta musical
Locutor: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound. Exceto a audiodescrição da obra “Pintura de emergência”, que pode ser ouvida na íntegra no site do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM, em https://oeds.link/tjgbph.
Museus virtuais
As novas tecnologias possibilitam novos modos de comunicação e contato com a informação e a cultura. Imagens e conteúdos antes disponíveis apenas fisicamente em bibliotecas e museus podem hoje ser acessados pela internet, por intermédio de tablets, computadores e celulares.
O uso de novas tecnologias da informação na difusão cultural é um processo em constante evolução. Além de sites com informações e conteúdos interativos, alguns museus possuem uma versão virtual que permite que o público tenha contato com as obras de maneira não presencial, resolvendo dessa fórma a questão da distância geográfica.
- Em sua opinião, a visita a um museu virtual pode ser acessível a todos os públicos? Se existem limitações, quais são?
- A experiência virtual exclui a experiência presencial?
- Vocês já visitaram um museu virtual? Que tipo de conteúdo artístico ou cultural vocês acessam na internet?
Para ampliar
Acesse à página do tour virtual da Pinacoteca para conhecer mais sobre o acervo permanente. Disponível em: https://oeds.link/R9NGBK. Acesso em: 8 agosto 2022.
Museu Lasár Sêgál
O antigo casarão onde viveu o artista lituano Lasár Sêgál transformou-se em museu. Mesmo aqueles que não podem estar fisicamente no museu têm a possibilidade de acessar as audiodescrições das obras de pela internet.
Para ter acesso a esse material, basta visitar o site do museu e seguir para a opção de visita online com audioguia.
O recurso de audiodescrição permite saber detalhes da vasta obra do artista, entre pinturas, desenhos, gravuras e esculturas, além de sua biografia.
10. Qual é a importância de os museus disponibilizarem o recurso de audiodescrição de seus acervos?
11. Em grupos, façam uma pesquisa de duas obras de Lasár Sêgál para criar uma audiodescrição. Uma entre as reproduzidas nesta página e outra pesquisada na página virtual do museu. Enfatizem as caraterísticas formais da obra, como técnica, cores, fórmas e texturas, e informações que complementem seu entendimento. Se possível, gravem a audiodescrição ou leiam para a turma um texto que cumpra com a mesma função.
Para ampliar
Museu Lasár Sêgál. Disponível em: https://oeds.link/nvdYnG. Acesso em: 11 junho 2022. Nesse site você vai encontrar informações sobre o artista Lasár Sêgál, sobre o museu e seu acervo, imagens das obras, documentos e fotografias.
EXPOSIÇÕES DE ARTE E CURADORIA
Além do artista, que cria a obra, uma exposição de arte envolve profissionais de diferentes áreas, que realizam um trabalho conceitual e operacional, geralmente coordenados pela figura do curador.
A função do curador é organizar uma seleção de obras de um ou vários artistas para uma exposição. Esse profissional é responsável por estabelecer uma aproximação das obras com os espectadores. O planejamento e a escolha de cada obra para uma determinada exposição passam pelo olhar do curador, que define como cada obra ocupará o espaço, como ela será montada e fixada, a iluminação adequada, entre outras questões práticas e conceituais.
Para concretizar suas ideias da melhor fórma possível, ele dialoga com outros profissionais, como montadores, iluminadores, educadores etcétera Cabe ao curador criar condições para que o público perceba novas possibilidades de apreciação das obras, quando inseridas no contexto da exposição.
▶ Leia a seguir a fala de alguns curadores brasileiros sobre o que pensam da profissão:Um curador tenta passar para o público o sentimento de descoberta provocado pelo encontro face a face com uma obra de arte. A boa exposição é feita com inteligência e inventividade; com um ponto de vista.
LEONZINI, Nessia, apud PETSON, Vone. Sobre a diferença entre curador e marchand. In: Casa Visual Galeria, Palmas, 2 abril 2017. Disponível em: https://oeds.link/IDUDku. Acesso em: 24 junho 2022.
Eu penso curadoria sobretudo como pesquisa, fruto de um envolvimento profissional, mas também pessoal, detido com os artistas e os temas que você investiga.
MENEZES, Hélio, apud LOPES, Pétala. Hélio Menezes como fruto de seu tempo. In: Elastica, [ sem local], 19 outubro 2020. Disponível em: https://oeds.link/Ls78sW. Acesso em: 24 junho 2022.
[ reticências] acredito que a prática curatorial pode redesenhar mundos e incentivar a autonomia. Busco uma perspectiva de atuação em cultura que tenha como base conceitual a condução de práticas de aprendizagem e educação como potências radicais de expansão crítica e autoconhecimento.
LEMOS, Beatriz apud COPABIANCO, Marcela. Beatriz Lemos, nova curadora-adjunta do mân: “A arte redesenha mundos”. In: Veja/Rio, Rio de Janeiro, 25 novembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/knWANF. Acesso em: 24 junho 2022.
- Com base no texto e nos exemplos das falas dos curadores, elabore um pequeno texto que descreva a função desse profissional.
- Agora é sua vez de exercer a função curatorial, seguindo as orientações:
- em grupos, selecionem obras de artistas nacionais e/ou internacionais para uma exposição com algum tema específico que reúna todos esses artistas em uma única exposição fictícia;
- elaborem um cartaz com imagens das obras selecionadas e o título da exposição;
- apresentem para o professor e colegas o porquê das escolhas feitas pelo grupo.
MERCADO DA ARTE
Para comercializar seu trabalho, o artista conta com um sistema que envolve profissionais e instituições. Marchand é uma palavra francesa (em português, comerciante) que designa o profissional que negocia obras de arte e intermedeia a relação entre o artista e o comprador. A figura do marchand surgiu na França do século dezessete. Para atuar como marchand, são necessários conhecimentos de história da arte, do mercado de arte e dos vários agentes que o constituem.
A arte tem um público específico, formado por colecionadores, pessoas com recursos financeiros, instituições (museus, galerias) interessadas em ampliar suas coleções e também, simplesmente, apreciadores de arte.
Uma obra de arte, em geral, é adquirida por suas qualidades simbólicas, conceituais e estéticas, ou seja, o valor está relacionado ao que ela significa para determinado grupo de pessoas e às características que a tornam interessante. Essas qualidades são convertidas em valor econômico, de acordo com a dinâmica do mercado.
A produção de artistas contemporâneos brasileiros foi levada para feiras e instituições de prestígio no exterior. Obras de artistas como Beatriz Milhazes (1960-), Ernesto Neto (1964-) e Rosângela Rennó (1962-) alcançaram preços de mercado comparáveis aos de artistas internacionais, fato até então inédito na arte brasileira.
Atualmente, o mercado de arte contemporânea no Brasil caracteriza-se como dinâmico e em processo de expansão e internacionalização. Muitos artistas são representados por galerias de arte, espaços privados de exposição e comercialização que situam a produção artística no mercado de arte. O trabalho de representação envolve outras atividades que contribuem para a construção e a consolidação da carreira do artista, como a organização de exposições individuais.
Quanto vale uma obra de arte?
▶ Leia o trecho da reportagem a seguir:Mesmo no auge da crise econômica, uma tela da artista Beatriz Milhazes foi vendida por R$ 16 milhõesdezesseis reais na noite de abertura da feira ésse pê-Arte, batendo todos os recordes da artista em leilões. Há cinco anos, sua pintura “O Moderno” foi arrematada por US$ 1 milhãoum reais, na época R$ 1,8 milhãoum reais e oitenta centavos, num leilão em Londres. [ reticências]
Outras galerias relataram vendas acima do esperado em tempos de crise. Luisa Strina, uma das marchands mais poderosas do país, vendeu trabalhos de Cildo Meireles, Laura Lima e Marcius Galan, variando de R$ 48 milquarenta e oito reais a R$ 150 milcento e cinquenta reais. Márcia Fortes, sócia da [galeria] Fortes Vilaça, também do primeiro time de casas nacionais, diz ter vendido três quartos das obras que levou à feira, entre elas trabalhos de Cristiano , Erika Verzutti, Jac lêirner, Leda Catunda e Marina ”.
TELA de Beatriz Milhazes é vendida por R$ 16dezesseis reais milhões na abertura da ésse pê-Arte. In: Folha de São Paulo/Ilustrada, São Paulo, 6 abril 2016. Disponível em: https://oeds.link/HRjuHv. Acesso em: 24 junho 2022.
- Em sua opinião, o que ou quem determina o valor de uma obra de arte?
- Quais artistas da cidade ou do estado em que você vive poderiam ter um reconhecimento maior pelo trabalho que exercem?
- Em duplas, façam uma pesquisa sobre as obras de arte mais caras da história e escolham duas para tecer comentários. Se possível, tragam imagens da obra.
eu APRENDI
- Analise as etapas que fazem parte dos bastidores de uma apresentação cênica e relacione cada uma à sua descrição correta.
- Produção.
- Distribuição e circulação.
- Mediação.
- Profissionais como o diretor de produção teatral (ou produtor) reúnem condições para que a obra entre em um sistema de exibição.
- Auxilia o espectador a desfrutar plenamente da obra, o que envolve o entendimento de aspectos formais, de conteúdo, sociais e outros.
- Estão incluídas as funções de dramaturgia, coreografia, coordenação do espetáculo, trabalho de intérpretes, técnicos etcétera
- Nome dado ao recurso utilizado em obras cênicas que envolve debates, palestras, oficinas, atividades de mediação em que o espectador pode vivenciar um processo artístico.
- Recepção da obra cênica.
- Ação cultural.
- Acompanhamento pedagógico.
- Museu.
- Aponte a alternativa que apresenta os verbos que melhor se relacionam com a função e o compromisso dos museus. Em seguida, no caderno, reescreva o texto completando as lacunas.
.Museu é uma instituição sem fins lucrativos que , espaço para resposta , espaço para resposta , espaço para resposta , espaço para resposta espaço para resposta objetos e coleções de valor histórico, artístico, científico ou de qualquer outra natureza cultural, visando ao estudo, à educação e ao lazer.
- Analisa, conserva, ampara, investiga, difunde.
- Adquire, conserva, ampara, expõe, vende.
- Analisa, conserva, ampara, expõe, vende.
- Adquire, conserva, investiga, difunde, expõe.
4. Observe as imagens e faça uma descrição de como elas se relacionam com os modos de produção do artista visual.
- Sobre os primeiros gabinetes de curiosidades, aponte qual das alternativas é a incorreta e, no caderno, reformule a frase de modo que fique correta.
- Salas com coleções de objetos raros e exóticos.
- No período do Renascimento, existiam centenas desses gabinetes.
- Livros de botânica, fotografias e arquivos em vídeo faziam parte desses gabinetes.
- Eram mantidos por príncipes, artistas ou burgueses no Renascimento.
6. Cite exemplos de três museus de arte mencionados nesta unidade que estejam localizados em diferentes estados brasileiros.
vamos COMPARTILHAR
Objetos de valor simbólico
▶ Leia o texto que apresenta os objetos do museu da poetisa Cora Coralina (1889-1985):O Museu Casa de Cora Coralina localizado na cidade de Goiás busca preservar a memória e divulgar a obra da poetisa, a partir da exposição de espaços da casa e de peças de roupas, móveis, quadros de fotos antigas, utensílios domésticos, livros entre outros objetos de valor simbólico de Cora e personalidades que viveram ao lado dela.
DIAS, Uébêrsson. Universidade Federal de Goiás é parceira na modernização do Museu Casa de Cora Coralina. In: Universidade Federal de Goiás/Notícias, 25 abril 2016. Disponível em: https://oeds.link/ONJBDf. Acesso em: 24 junho 2022.
Aprendemos que, para que as artes cheguem ao público, é preciso o envolvimento de uma série de profissionais que se dedicam a criar caminhos que levam as pessoas para mais perto da obra.
A tecnologia é um dos facilitadores de exposições de arte. Ela se soma à experiência do espectador com a obra, como observado no uso das audiodescrições que contêm informações relevantes a respeito do artista e da obra em si.
Como proposta de encerramento desta unidade, você fará uma investigação de um artefato ou objeto de valor simbólico, que faça parte da sua vida ou do seu entorno. Esse objeto será exposto e compartilhado com o acompanhamento de uma audiodescrição.
Como fazer
- Escolha um objeto ou artefato. Essa escolha será o ponto de partida e o fio condutor da proposta. A ideia é que um valor simbólico esteja atribuído ao objeto, ou seja, o que ele representa. Por exemplo: uma roupa ou brinquedo que passou do seu pai ou sua mãe para você; a receita de um prato típico que você goste porque lembra alguém; um cartão-postal de um lugar que queria visitar reticências As possibilidades são inúmeras. Basta que o valor desse objeto não seja apenas utilitário, mas que seja único para você.
- Assim que escolher o objeto, escreva um texto que conte a história e a importância por trás dele.
- Com o texto pronto, é hora de gravar a audiodescrição. Use um smartphone, gravador de som, ou peça ao professor que auxilie com os recursos tecnológicos da escola.
- Organize o local onde os objetos serão expostos, seja na sala de aula ou outro espaço da escola. Fixe uma legenda próxima ao objeto com seu nome. Caso não seja possível levar o objeto, providencie uma foto dele.
- O professor vai providenciar um aparelho de som e, se for o caso, fones de ouvido para que as audiodescrições sejam compartilhadas. Uma ideia é anunciar o nome do estudante antes de iniciar o áudio correspondente. Assim, cria-se um roteiro em que todos possam apreciar as obras e ouvir as audiodescrições, uma a uma.
- Outra estratégia é deixar que o espectador se sinta livre para ouvir as audiodescrições que desejar. Para isso é preciso que um estudante ou o professor esteja no comando do aparelho de som.
- Para o dia da exposição, convide seus familiares e amigos. Se possível, organize um momento de mediação com uma conversa.
Glossário
- curador
- : profissional que desenvolve um projeto para apresentar as obras de artistas em um determinado espaço expositivo.
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- sem fins lucrativos
- : diz-se de organizações sem fins de acumulação de lucro para seus diretores, mas destinam seu trabalho em prol da sociedade.
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- arte contemporânea
- : de acordo com alguns autores, é a arte produzida a partir dos anos de 1950 e 1960 e que está profundamente ligada aos valores e às transformações sociais, culturais, econômicas e políticas desse período.
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- QR code
- : código de barras em dois dê que pode ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares que possuem câmera fotográfica. Quando escaneado e decodificado, o QR code passa a ser um trecho de texto, link etcétera
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