UNIDADE 1 O público e a arte

As propostas desta unidade do seu livro foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam.

Ilustração. Nove cenas retratando artistas que executam diferentes atividades. Da esquerda para direita e de cima para baixo, na primeira cena, um rapaz pinta com aquarela uma tela sobre um cavalete; na segunda cena, um rapaz toca violão sentado em uma banqueta e, ao lado dele, há  outro rapaz em pé que toca violino; na terceira cena, um casal em pé canta ao microfone; na quarta cena, um homem ajoelhado  fotografa uma jovem à sua frente; na quinta cena, uma mulher manipula um grande vaso de barro; na sexta cena, um rapaz toca piano de cauda; na sétima cena, duas bailarinas realizam um movimento; na oitava cena, um rapaz molda uma escultura retratando uma figura humana; na nona cena, um jovem desenha linhas pretas e retas em num painel em um cavalete.

eu SEI

Como artistas e público se relacionam?

A proposta promove um jogo teatral que busca uma relação interativa entre artistas e espectadores.

Fotografia. Destaque de uma área aberta onde há uma grande escultura de formato curvo com superfície espelhada. No local, transitam algumas pessoas. Ao fundo, há prédios.

eu vou APRENDER

Capítulo 1 – Arte em constante movimento

Relacionar diferentes propostas artísticas ao contexto histórico.

Capítulo 2 – Arte Contemporânea e público

Reconhecer a Arte Contemporânea como proposta de encontro entre obra e público.

Fotografia. Interior de uma estufa que apresenta mudas plantadas em longos canos avermelhados e colocados na horizontal e em diferentes níveis. Essas mudas aparecem nos cantos e ao fundo.

eu APRENDI

Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.

Ilustração. Destaque de seis jovens de características físicas diferentes que compõem um grupo musical. Eles são vistos de corpo todo e estão em pé. Alguns seguram instrumentos musicais ou microfones; dois deles seguram cartazes.

vamos COMPARTILHAR

Sala de memórias

A turma organizará e desenvolverá propostas que exploram o uso de diversas linguagens e expressões para compartilhar reflexões e sentimentos.

OBJETIVO GERAL

Estabelecer relações entre as diversas linguagens artísticas em que a participação do público é valorizada e identificar como se estreitam os limites entre o artista e o espectador promovendo discussões e práticas no contexto escolar.

eu SEI

Como artistas e público se relacionam?

Os artistas são criadores de propostas que podem ter como objetivo a expressão de sentimentos, emoções e ideias traduzidas em obras que se manifestam em artes visuais, dança, música e teatro.

O público entra em contato com essas propostas que são compartilhadas e, portanto, só fazem sentido a partir do diálogo que se estabelece entre obra e espectador. Quem assiste não só recebe o que lhe é apresentado, mas é provocado por aquilo que vê, ouve, sente, tornando-se participante dessa dinâmica.

Ilustração. Nove cenas retratando artistas que executam diferentes atividades. Da esquerda para direita e de cima para baixo, na primeira cena, um rapaz pinta com aquarela uma tela sobre um cavalete; na segunda cena, um rapaz toca violão sentado em uma banqueta e, ao lado dele, há  outro rapaz em pé que toca violino; na terceira cena, um casal em pé canta ao microfone; na quarta cena, um homem ajoelhado  fotografa uma jovem à sua frente; na quinta cena, uma mulher manipula um grande vaso de barro; na sexta cena, um rapaz toca piano de cauda; na sétima cena, duas bailarinas realizam um movimento; na oitava cena, um rapaz molda uma escultura retratando uma figura humana; na nona cena, um jovem desenha linhas pretas e retas em num painel em um cavalete.

As obras de arte podem nascer das relações entre os indivíduos e o meio. É um processo que envolve o artista e o espectador.

ARTISTA E ESPECTADOR

A turma realizará uma prática teatral que envolve artista e espectador e consiste na construção de histórias entre os que serão os contadores e os que serão plateia. Sigam as orientações.
  1. Com a orientação do professor, definam os papéis: aqueles que contarão as histórias e aqueles que serão parte do público.
  2. Para iniciar a atividade, organizem a sala de aula selecionando um espaço, preferencialmente em roda, para contadores e espectadores.
  3. O grupo de contadores deverá inicialmente selecionar uma história descrevendo cenário, personagens e enredo. Pode ser um relato pessoal, um conto ou uma história clássica conhecida por todos.
  4. Quando considerar adequado, os contadores deverão fazer perguntas aos espectadores sobre a história ou as personagens. As respostas poderão mudar os rumos do que está sendo contado. Lembrem-se sempre de assumir uma postura respeitosa com os colegas.
  5. Os espectadores também devem interagir respondendo às perguntas de fórma coletiva ou individual, conforme as situações se desenrolarem.
  6. O professor mediará o processo, auxiliando no desenvolvimento da história, fazendo perguntas para artistas e espectadores ou intervindo quando necessário.
  7. Quando julgar conveniente, o professor pode substituir os artistas por um grupo que integra o público durante o desenvolvimento da história.
  8. O jogo termina quando artistas e plateia conseguirem concluir o enredo elaborando um final engraçado, criativo ou inusitado para a história.
  9. Para finalizar, discutam a experiência descrevendo como se sentiram nos papéis durante essa prática.
Ilustração. Vistos de corpo todo, quatro jovens de diferentes características físicas estão em pé e parados lado a lado. Há dois homens e duas mulheres. Eles sorriem e batem palmas.

eu vou APRENDER Capítulo 1

Arte em constante movimento

As obras do artista brasileiro Ernesto Neto (1964-) são grandes estruturas de fórmas lúdicasglossário que convidam o público a interagir tocando a obra e até caminhando sob as estruturas de fórmas orgânicas, como se pode observar na fotografia desta página. Essas estruturas têm como base o tecido, o crochê, e são realizadas à mão por meio de um extenso e minucioso trabalho colaborativo na confecção, pois envolve outras pessoas.

Muitas manifestações artísticas permitem aos artistas desenvolver propostas em que o espectador possa ser parte da obra, que já não é mais feita e acabada pelo artista, fechada e imutável, somente para mera contemplação. Isso se dá sobretudo na Arte Contemporâneaglossário , que, por meio da interação e da participação do público, pretende promover novas experiências.

Fotografia. Plano aberto de um local de passagem onde há uma grande estrutura suspensa composta de crochês coloridos firmes formando membros grossos e compridos ligados a um núcleo circular ao centro. Abaixo da obra, há uma pessoa parada.
O bicho SusPenso Na PaisaGen, de Ernesto Neto, 2012.

O artista apresentou uma grande instalação, elaborada à mão a partir de cordas coloridas e tramas de crochê, que permitiu que os visitantes pudessem viver diferentes experiências ao caminhar pela obra.

A criação de uma obra pode vir do desejo do artista de compartilhar coletivamente os processos de criação com o público. É o caso de Vivam os campos livres, obra instalativa do artista espanhol Antonio Ballester Moreno, idealizada para a 33ª Bienal de São Paulo de 2018 e que levava o título Afinidades afetivas. Foram modelados 6000 cogumelos em argila por estudantes de centros educacionais da rede municipal de ensino da capital paulista, que participaram desde a execução até a montagem da obra.

Fotografia. Destaque de pessoas, adultos e crianças, que manipulam argila ao redor de uma extensa bancada em tom terroso. Há algumas peças finalizadas que retratam cogumelos.
Estudantes de escolas paulistanas participam da confecção de obras em argila para instalação do artista Ernesto Neto na cidade de São Paulo. São Paulo, 2018.
Fotografia. Interior de uma ampla sala com pé-direito alto, sustentada por colunas robustas e arredondadas, parede de vidro e que apresenta quadros pendurados. Em destaque, no chão, há um grande círculo composto de cogumelos feitos de argila que conferem aspecto granular à obra.
Vivam os campos livres, obra colaborativa de Antonio Ballester Moreno e estudantes. Instalação para a 33ª Bienal de São Paulo, 2018.
Ícone de atividade oral. Dois balões de fala, um branco e outro rosa.

1. A partir das obras retratadas entre as páginas 14 e 15, expliquem como a participação do público acontece em cada uma.

Ícone de atividade em grupo. Silhueta de três pessoas e dois balões de fala, um branco e outro rosa.

2. Pesquisem em livros ou na internet outras obras e artistas que propõem uma aproximação e interação do espectador com a obra – apenas uma por grupo. Organizem uma apresentação da pesquisa e compartilhem os resultados para a turma.

Para ampliar

BIENAL: Estudantes da rede municipal participam de obra exposta na Bienal de São Paulo. SME Portal Institucional, 12 agosto 2018. Disponível em: https://oeds.link/jncopi. Acesso em: 23junho 2022. Trata-se de um artigo que apresenta a obra produzida pelos estudantes com o artista espanhol Antonio Ballester.

ARTE NO CONSTRUTIVISMO

Os movimentos artísticos são tendências seguidas por artistas com pensamentos e ideais em comum sobre a arte que produzem. Vamos entender como alguns desses movimentos se modificaram e influenciaram a visão sobre a arte ao longo dos tempos, especialmente aqueles que surgiram a partir da segunda metade do século vinte, até chegarmos à Arte Contemporânea, que busca uma arte mais próxima do espectador.

Cartaz. Na lateral esquerda, dentro de um círculo de contorno branco, há uma foto em preto e branco de uma pessoa que usa bandana e está com a mão ao lado da boca bem aberta. Letras grandes partem dos lábios e compõem um fundo em formato de um megafone. À frente, abaixo e acima da foto também há outras inscrições em letras brancas em fundo azul, preto e vermelho.
Cartaz construtivista para a imprensa de Leningrado, Rússia, de alequissânder rotchênco, 1925. Litografia colorida, 88 centímetros por 63 centímetros.

O Construtivismo foi um movimento artístico surgido na Rússia, por volta de 1914, que valorizou a geometria e o abstracionismo. Ele se conectava diretamente com os ideais modernos representados pelas máquinas, pela engenharia arquitetônica e pela tecnologia da época. Além da visualidade, muitas obras se aproximavam dessas características pelo uso de materiais industriais, como ferro, vidro e plástico. As influências do Construtivismo chegaram à América Latina no período do pós-Segunda Guerra Mundial. No Brasil, podemos identificar a influência do Construtivismo nos movimentos Concreto e Neoconcreto.

Fotografia em preto e branco. Dois homens estão parados próximos de uma plataforma sobre a qual há uma grande estrutura com formato piramidal e parte externa com uma linha espiralar. Acima da disposição, há uma faixa com inscrições.
Modelo para construção do Monumento à Terceira Internacional, de Tatlin, em exibição em Moscou, 1920. Madeira e metal, 4 000 centímetros por 300 centímetros por 80 centímetros.
Escultura. De cor cinza de aspecto firme e curvo nas extremidades e aparência sedosa em seu interior.
Construção linear no 2, de Naum Gabo, 1949. Escultura em plástico e náilon, 40,6 centímetros por 25,5 centímetros por 28 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.

3. Como a ideia de modernidade pode ser identificada nas obras do Construtivismo russo retratadas nesta página?

Ícone de atividade oral.

4. Para vocês, que características são necessárias para algo ser reconhecido como moderno?

Concretismo no Brasil

A indústria e o progresso eram fortes promessas no Brasil da década de 1950. Naquele contexto, considerava-se que a arte geométrica abstrata estava relacionada à modernidade e às tendências internacionais, como o Construtivismo, e que seria ideal para representar um novo país. Essa visão se relaciona diretamente com o Concretismo, movimento que se iniciou no Brasil em 1952, com a primeira exposição do Grupo Ruptura, em São Paulo, que propôs renovar os valores das artes visuais por meio de pesquisas geométricas e pela proximidade entre arte e produção industrial.

Pintura. Apresenta fundo azul com uma longa parte branca que aparece da lateral esquerda e termina na lateral direita com um círculo grande ao final. Acima dessa forma, há um círculo vermelho à esquerda e outro menor e preto à direita.
fórmas, de Ivan Serpa, 1951. Óleo sobre tela, 97 centímetros por 130,2 centímetros.
Pintura. Composição com fundo branco e oito linhas horizontais com pequenos triângulos pretos. As linhas alternam entre nove e oito triângulos lado a lado sucessivamente. Em diferentes ângulos, os pequenos triângulos compõem triângulos maiores.
Concreção 5629, de Luiz Sacilotto, 1956. Esmalte sintético sobre alumínio, 80 centímetros por 60 centímetros.

5. As obras concretas têm forte apelo abstrato e geométrico, racionalidade e medidas matemáticas. Diante disso, siga as orientações.

Versão adaptada acessível

Atividade 5, item a.

Inspire-se e faça uma colagem com materiais com diferentes texturas valorizando esses critérios.

a. Inspire-se e faça uma colagem com papéis coloridos valorizando esses critérios. Se necessário, utilize régua para medidas mais precisas.

Ícone de atividade em grupo.

b. Com a orientação do professor, organizem um painel para expor os trabalhos.

Poesia concreta

O que acontece quando a poesia encontra as artes visuais, o designglossário e a música? A poesia concreta é resultado do encontro de linguagens. Consequência das influências do Concretismo no Brasil, o poema concreto tem como característica principal a exploração dos aspectos gráficos da palavra, buscando estabelecer relações entre a palavra e o texto, a sonoridade e a imagem. Por esse motivo, eles são chamados de poemas-objetos. Veja exemplo de como as palavras ganham maior visualidade na poesia concreta.

Poema concreto. Com letras nas cores azul, vermelho e amarelo, há uma composição que forma um losango a partir da junção de pequenas frases em cada linha: ABRE; AMAZUL; VERMRELO; FECHA ENTRE; AZUL VERMELHO; ENTREVE TREABRE; AZUL FECHVERMELHO; REENTRE AZUL AMARELO; VERMELHO FECH AZUL; ENTREABRE FECHA; VERMEL REABRE; ENTRE FECHA; AMARELHO AZULRE; ABRE.
Poemóbiles, livro com poemas-objetos tridimensionais que se movimentam sendo manipulados. Augusto de Campos e Julio Plaza, 1969.

Os poetas concretos buscavam novas fórmas de expressão verbal, em um diálogo com a pintura, a escultura e a música. Priorizando os aspectos visuais e sonoros, o poema concreto desconstrói a fórma tradicional do verso, decompõe e inverte as palavras, apropria-se de neologismosglossário e termos estrangeiros, repete palavras e frases, preocupa-se com a visualidade da letra impressa e propõe múltiplas possibilidades de leituras.

O grupo Noigandres, de São Paulo, formado originalmente pelos poetas Haroldo de Campos (1929-2003), Augusto de Campos (1931-) e Décio Pignatari (1927-2012), destacou-se com suas publicações de poesia concreta a partir da década de 1950. Em 1956, a poesia concreta consolidou-se como uma nova vertente da literatura brasileira com a Exposição Nacional de Arte Concreta, ocorrida em São Paulo. É possível reconhecer influências da poesia concreta na obra de Paulo Leminski (1944-1989) e Ronaldo Azeredo (1937-2006). Veja a seguir.

Poema concreto. Composição quadrada que apresenta dez linhas horizontais e dez linhas verticais. Na primeira linha apresenta dez letras V. Na segunda, apresenta nove letras V e a última é a letra E. Na terceira, apresenta oito letras V seguidas por E e L. Na quarta, apresenta sete letras V seguidas de E, L e O. Na quinta, apresenta seis letras V seguidas de E, L, O e C. Na sexta, apresenta cinco letras V seguidas de E, L, O, C e I. Na sétima, apresenta quatro letras V seguidas de E, L, O C, I e D. Na oitava linha, apresenta três letras V seguidas de E, L, O, C, I, D e A. Na nona, apresenta duas letras VV seguidas por E, L, O, C, I, D, A e D. Na décima e última linha, está composta a palavra VELOCIDADE.
Velocidade, de Ronaldo Azeredo, 1958.
Poema concreto. Composição de letras cinzas espessas e soltas que formam um poema que: ATÉ ELA. DE PÉ. EM PÉTALA. DE PÉTALA. EM PÉTALA. ATÉ. DESPETALÁ-LA. A cada verso as letras finais ficam gradativamente mais espaçadas e desniveladas.
Sem título, de Paulo Leminski, 1983.
Ícone de atividade oral.

6. Observem as obras retratadas na página 18 e nesta e expliquem por que podem ser consideradas poemas concretos.

Ícone de atividade em grupo.
  1. Agora é a vez de vocês criarem uma poesia concreta explorando a visualidade (cores, fonte e disposição das letras no papel). Sigam os passos.
    1. Cada um será responsável pela criação de uma poesia concreta. Elas farão parte de um livro. Façam testes e rascunhos em folhas avulsas, explorando o potencial visual dos textos.
    2. Dobrem de três a quatro folhas sulfite ao meio e encaixem uma dentro da outra, formando um livro. Fixem as páginas com o auxílio de um grampeador na lombada. Elaborem um título que deverá estar na capa.
    3. Cada integrante do grupo terá uma dupla de páginas para incluir sua poesia concreta usando a criatividade. Lembrem-se de que o mais importante é utilizar o espaço das páginas para mostrar sua poesia.
    4. Ao final, compartilhem os livros com as turmas para apreciação de todos.

Música concreta

Sons cotidianos e produzidos por diferentes objetos, emitidos por fontes sonoras diversas, como utensílios domésticos, serras elétricas, apitos de trem, cantos de passarinho, entre outros, são incorporados à técnica experimental de composição chamada de Música Concreta, que é considerada precursora de métodos e técnicas que hoje são parte do processo de composição da música pop, do rock progressivo e da música eletrônica.

Na década de 1940, o compositor francês piérr anrrí (1927-2017) uniu-se ao também compositor e teórico da música francês Piérrchéfer (1910-1995), que vinha experimentando sonoridades reproduzidas por meio de fitas magnéticas, aparelhos elétricos e equipamentos de áudio. Em 1951, chéfer batizou essa nova abordagem criativa de Música Concreta.

Fotografia em preto e branco. Um homem de nariz fino comprido, lábios finos, cabelos curtos, pretos e ondulados está vestindo camisa xadrez e óculos de grau preto. Ele está sentado manipulando um conjunto de aparelhos eletrônicos com muitos botões.
Compositor piérr anrrí trabalhando na gravação de sons em estúdio. França, 1950.

O gênero desenvolvido por Enri e chéfer foi possível graças à fita magnética, invenção alemã do final da década de 1920, armazenada em grandes rolos. A fita magnética propiciava grande versatilidade, pois as gravações de sons de instrumentos, do ambiente ou de qualquer outra fonte sonora podiam ser utilizadas de diversas maneiras, como editar e remover trechos de lugar. Também era possível uma reprodução mais rápida ou mais lenta, ou tocar um trecho da fita ao contrário, criando diferentes efeitos. A matéria-prima da Música Concreta eram as gravações em áudio.

Ícone de atividade oral.

8. Os sons e os ruídos ao nosso redor podem ser material para a criação musical. Traga como referência uma música em que foram incorporados sons cotidianos como os citados no texto. Compartilhe com a turma para que os colegas possam identificar esses sons.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Música concreta: do ralador de coco aos sons da natureza

Locutor: Música concreta: do ralador de coco aos sons da natureza.

Na infância, a maioria de nós explorou o músico que há dentro de cada um. Batíamos com tampas ou com colher de pau na panela, criávamos chocalhos de arroz, assoprávamos pedaços de sacos plásticos.

Pois bem, se juntarmos todos esses elementos e conseguirmos compor um som que cause algum estranhamento, estaremos fazendo um experimento parecido com música concreta. O termo foi criado em 1948 pelo engenheiro e pesquisador francês Pierre Schaeffer.

A origem da música concreta vem da Revolução Industrial, quando o aparecimento de novas máquinas, dos motores, das buzinas que tomavam as cidades grandes, produziram uma gama de novos ruídos e sons. Um novo cenário auditivo passou a fazer parte da vida das pessoas, e graças às técnicas de captação, manipulação e reprodução eletrônicas, Schaeffer pôde criar um novo estilo musical. Vamos ouvir um trecho de uma obra de Pierre Schaeffer.

Música

Locutor: E então? O que achou? A essa altura, você já percebeu que a música concreta deu origem à música eletrônica, modalidade que pode ser tocada sem a presença de instrumentos ou músicos. Como é uma expressão artística, não precisa ser harmoniosa e melódica nem evocar sentimentos românticos, de alegria ou tristeza. Obras de arte também podem despertar em nós confusão, estranhamento, impaciência e até dor. Grandes grupos foram influenciados pela música concreta, entre eles Pink Floyd, The Beatles e Genesis. Músicos de jazz também fazem parte dessa lista. No Brasil, a primeira obra concreta foi criada por Jorge Antunes, em 1961. Depois, outro compositor, Rodolfo Cesar, aprimorou o estilo. O músico brasileiro contemporâneo que mais sofreu a influência da música concreta é Hermeto Pascoal, o versátil e respeitado pesquisador de novos timbres, que também toca diversos instrumentos musicais. Com seu estilo único, o alagoano de barba e longos cabelos brancos traz nas suas criações instrumentos não convencionais, como canos, chaleiras, raladores de alimentos e até ruídos e gritos que ele produz com a própria voz e sons de animais. Faz uso também do samples, gravações que podem ser modificadas eletronicamente. Ouça este trecho de uma música de Hermeto.

Sons de panela e balde com água, sons de gansos e galinhas, flauta, baixo e piano

Locutor: Interessante, não? Os sons que você ouviu foram feitos com panela e balde com água, além de sons de gansos e galinhas, e de flauta, baixo e piano. Como a música concreta e as experimentações desse nosso grande músico não dependem de registro em partituras, ouça nossa reprodução do que disse Hermeto Pascoal, que consta do livro O Menino Sinhô: Vida e Música de Hermeto Pascoal para crianças, escrito por Edmiriam Mólodo Villaça:

Narrador: “Música não é para ver. Música é para sentir. Se eu deixar de tocar só porque não consigo ler as notas no papel, eu tô é frito!”

Vinheta musical

Locutor: Agora é sua vez. Que tal criar poesia concreta com objetos do cotidiano ou da natureza? Quem sabe não nasce uma poesia concreta?

Locutor: Créditos. Neste Podcast ouvimos pequenos trechos da música Baroque (Second Interlude), de Pierre Schaeffer, e da música “Para Miles Davis”, de Hermeto Pascoal. O trecho sobre Hermeto Pascoal citado é do livro O Menino Sinhô: Vida e Música de Hermeto Pascoal para crianças, escrito por Edmiriam Mólodo Villaça e publicado em 2007 pela editora Ática.

VAMOS CONHECER MAIS

A música experimental de Hermeto Pascoal

No Brasil, um dos artistas mais influenciados pela Música Concreta é Hermeto Pascoal (1936-), compositor e multi-instrumentista alagoano. O músico é conhecido por suas experimentações sonoras que transformam objetos inusitados em instrumentos musicais: raladores, chaleiras, máquinas de costura, entre tantos outros objetos impensáveis para criar música. Outro recurso utilizado é o sample, que consiste em gravações que podem ser modificadas e remontadas eletronicamente. Além desses artefatos e engenhosidades, Hermeto também toca diversos instrumentos convencionais.

Fotografia. Vista lateral e do cotovelo para cima de um homem de cabelo grisalho liso e longo preso em rabo de cavalo. Ele usa óculos de grau, veste camisa florida, chapéu preto com detalhes em laranja e assopra o bico de uma chaleira diante do microfone.
Hermeto Pascoal utilizando uma chaleira como fonte sonora em show na cidade de São Paulo. São Paulo, 2022.
Fotografia. Vista frontal e da cintura para cima de um homem grisalho, de camisa florida, óculos de grau e barba volumosa. Ele está segurando um chapéu e diante de uma mesa com diversos objetos e instrumentos.
Mesa com objetos e instrumentos usados por Hermeto Pascoal em show na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.

Ao extrairmos sons por meio de gestos cotidianos, podemos desenvolver uma musicalidade. Isso acontece com gestos simples, como ao ouvirmos o ritmo de uma canção e acompanhá-la batendo os pés no chão etcétera.

Ícone de atividade em grupo.
Com inspiração no músico Hermeto Pascoal, a proposta é que experimentemos maneiras mais desafiadoras de extrair sons dos objetos.
  1. Cada grupo levará para a aula um objeto inusitado do qual seja possível extrair algum som.
  2. Reservem um momento para explorar a potência musical desses objetos com improvisações. Experimentem bater, friccionar ou soprar.
  3. Em roda, organizem-se e apresentem os resultados obtidos.

INOVAÇÕES DO NEOCONCRETISMO

Novos rumos são tomados desde o impacto do Concretismo para os artistas cariocas e paulistas. Em março de 1959, os artistas do Grupo Frente, do Rio de Janeiro, romperam com o Concretismo ao publicar o Manifesto Neoconcreto e realizar a 1ª Exposição de Arte Neoconcreta no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (mân/érre jóta).

Nesse Manifesto, os artistas defenderam maior liberdade por meio de uma renovação das propostas do Construtivismo, negando o racionalismo extremo e valorizando a participação efetiva do espectador, que, ao manipular e interagir com as proposições artísticas, tornava-se parte da obra.

Pintura. Uma barra retangular verticalizada com a parte superior pintada de azul e a parte inferior pintada de branco com uma pequena barra horizontal em cor azul na extremidade inferior.
Objeto Ativo (2ª versão), de Uílis de Castro, 1960. Óleo sobre tela colada sobre madeira, 11,3 centímetros por 69,8 cm por 2,2 centímetros.

Como pode ser observado nas obras retratadas na página 22 e nesta, ainda com forte geometrização e abstração, artistas como Aluísio Carvão (1920-2001), Hélio Oiticica (1937-1980) e Hércules Barsotti (1914-2010) exploravam a intensidade das cores. O destaque na escultura são Amílcar de Castro, Franz váismam e Uílis de Castro (1926-1988).

Pintura. Losango que apresenta subdivisões em linhas coloridas e espelhadas horizontalmente. Ao centro, as cores são rosa e amarelo-claro que escurecem e chegam à borda em cor lilás e amarelo-escuro.
Conexões cruzadas um, de Hércules Barsotti, 1973. Acrílico-vinílica sobre tela, 74,6 centímetros por 100,3 centímetros.
Pintura. Uma barra retangular verticalizada pintada de verde com a lateral branca.
Objeto Ativo (fino, verde e branco), de Uílis de Castro, 1961. Óleo sobre tela colada sobre madeira, 68,8 centímetros por 2,2 centímetros por 11,3 centímetros.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em dupla.
  1. Franz váismam, Lygia Pape, Amílcar de Castro e Uílis de Castro trouxeram importantes contribuições para o Neoconcretismo. Para conhecer mais o trabalho deles:
    1. pesquisem em livros ou na internet e escolham a obra de um deles para inspirar a criação de uma pequena escultura com bases neoconcretas;
    2. foquem na geometria e no uso de cores quentes e intensas. Utilizem papel-cartão ou papelão para criar propostas tridimensionais com dobras e recortes;
    3. Sob a orientação do professor, exponham os trabalhos e conversem sobre as produções. Não se esqueçam de criar legendas para as obras produzidas.

A participação na obra de Lygia Clark

Entre as várias limitações do público que visita um espaço expositivo, o alerta para não tocar nas obras expostas é uma das advertências mais frequentes. Essa relação de distanciamento entre obra e espectador inquietava a artista mineira Lygia Clark, que criou proposições que convidam o espectador a ser participante, possibilitando experiências sensoriais.

Caminhando, proposição criada em 1964, é a ação de cortar uma fita de Moebius (Möbius, no original), uma estrutura tridimensional obtida pela colagem das duas extremidades de uma fita de papel torcida. De acordo com a artista, Caminhando oferece ao participante a capacidade de, pela experimentação, recuperar o lúdico e a presença com uma simples ação. Após o participante cortar a fita, ela é descartada. Caminhando é um marco na trajetória da artista, pois corresponde à passagem do objeto permanente, como no caso dos Bichos, que veremos na sequência, para uma arte efêmeraglossário .

Fotografia em preto e branco. Uma mulher vista do tronco até os joelhos está sentada  com as pernas cruzadas e usando vestido largo. Ela recorta uma fita grossa branca.
Lygia Clark manipula sua obra Caminhando, em 1964.
Fotografia. Destaque das mãos de uma pessoa que recorta o centro de uma fita grossa de papel.
Exemplo de córte em uma fita de Moebius feita com papel.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.

2. Em Caminhando, Lygia Clark realiza uma ação com a fita de Moebius e, em seguida, a descarta. Se a fita, única materialidade presente na obra, é descartada, o que pode ser considerado mais importante em Caminhando?

Lygia Clark e as experiências sensoriais

Lygia propõe que o corpo seja ativado por uma arte que possa promover experiências sensoriais que ativem a memória e estimulem sensações e conexões, visando à descoberta de novas percepções que vão além apenas do visual.

Entre 1976 e 1981, ela se dedicou à prática terapêutica por meio dos Objetos relacionais, com materiais que exercem uma ação terapêutica no participante, como pedras; conchas; sacos plásticos com sementes, ar ou água; meias-calças com esferas etcétera. O participante se relaciona com os objetos ativando sentidos táteis e olfativos por meio de textura, peso, sonoridade, movimento, tamanho ou temperatura de cada um.

Fotografia em preto e branco. Destaque do rosto de um homem de nariz largo, lábios grossos e barba rala. Ele está deitado e de perfil com os olhos cobertos por um pano claro e uma grande concha ao lado da orelha.
Estruturação do Self com os Objetos relacionais, que consistia na experiência sensorial com objetos comuns, de Lygia Clark, 1976.

Interessada na participação do espectador na criação artística, Lygia reuniu experimentos sensoriais que acessam memórias afetivas e provocam reações de diversas ordens no espectador.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.

3. Expliquem por que podemos afirmar que as proposições de Lygia Clark não existem sem a participação do público.

Para ampliar

LYGIA Clark. Disponível em: https://oeds.link/NiDN3h. Acesso em: 23 junho 2022. Portal sobre a vida e a obra de Lygia Clark, o qual reúne imagens e documentos da produção artística e terapêutica da artista.

Bichos

Em 1959, Lygia Clark criou a série Bichos, objetos escultóricos que, manipulados pelo espectador, resultavam em novos formatos. Constituídos por dobradiças e por chapas de metal maleáveis com diferentes córtes, Bichos revolucionou alguns conceitos sobre arte, pois, pela primeira vez, o público podia manipular e alterar a obra, até então mantida intocada em museus e galerias. Desse modo, espectador e obra desenvolvem uma relação mútua: um não existe sem o outro. Sobre essa série, Lygia escreveu em 1960:

“Bichos” É esse o nome que dei às minhas obras desse período, pois seu caráter é fundamentalmente orgânico. Além disso, a dobradiça que une os planos me faz pensar em uma espinha dorsal. A disposição das placas de metal determina as posições do “Bicho”, que à primeira vista parecem ilimitadas. Quando me perguntam quantos movimentos o “Bicho” pode fazer, respondo: “Eu não sei, você não sabe, mas ele sabe...”

reticências

CLARK, Lygia. Os Bichos. Portal Lygia Clark, 2021. Disponível em: https://oeds.link/MKIAET. Acesso em: 12 maio 2022.

Escultura. Metálica, que apresenta forma circular e fina com partes compostas de chapas dobradas para baixo, criando uma base de sustentação.
Bicho, de Lygia Clark, 1960. Alumínio, 35,5 centímetros por 57 centímetros por 60 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

4. Expliquem por que Bichos é uma escultura que pode ser alterada e remontada.

Em 2013, em uma feira de arte na Suíça, a obra Bicho ganhou uma versão monumental de 7 métros de altura. A ideia já era um projeto de Lygia dos anos de 1960, em que as obras originalmente em menor escala ocupariam espaços em maior escala, trazendo outra relação do público comparada com a proposta inicial.

Lygia é uma artista reconhecida mundialmente, tendo participações em exposições nacionais e internacionais. Em 2021, foi homenageada com a exposição Lygia Clark (1920-1988) 100 anos por suas contribuições para a arte brasileira.

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  1. Para experimentar a criação de um objeto manipulável como Bichos, de Lygia Clark, siga os passos.
    1. Sobre um papel-cartão colorido, desenhem triângulos irregulares, sem uma medida exata, com o auxílio de uma régua. Depois, recorte as figuras, como no modelo 1.
    2. Unam os triângulos pelas laterais e, para fixá-los, utilizem fita adesiva, como no modelo 2.
    3. O objeto estará pronto assim que for possível mantê-lo apoiado ao ganhar uma fórma tridimensional, como no modelo 3.
    4. Manipulem as esculturas testando diferentes posições e formatos.
Ilustração. Conjunto de cinco tipos de triângulos azuis. Ilustração. Diversos triângulos azuis colados por pequenos pedaços de fita. Ilustração. Triângulos azuis colados por fita e dispostos formando uma figura tridimensional.

O experimental em Hélio Oiticica

O artista carioca Hélio Oiticica (1937-1980) destacou-se no cenário artístico brasileiro pelo caráter inovador e experimental de suas propostas. Suas obras e seu pensamento sobre a arte influenciam diversos artistas, por gerações. Assim como Lygia Clark, ele apostou nas ampliações de possibilidades vindas com o Neoconcretismo.

A partir de 1960, Oiticica criou as obras que compõem a série Penetráveis, labirintos nos quais o público é convidado a adentrar e interagir no ambiente (veja na fotografia). Com os Penetráveis, Oiticica enfatizou a participação do espectador na obra. A ação do público é tão importante quanto a proposta do artista. Sem a possibilidade do caminhar do espectador entre os espaços da obra, os Penetráveis seriam apenas esculturas convencionais.

Fotografia. Interior de uma ampla sala com objetos luminosos no teto e com uma figura laranja tridimensional suspensa em destaque ao centro. A obra apresenta conjunto de retângulos e quadrados que estão próximos e articulados uns aos outros.
Penetrável, de Hélio Oiticica, 1960. Acrílica sobre placas de madeiras e fios de náilon.

Sobre a necessidade de expansão do espaço em suas obras, Oiticica declarou:

Sinto que o quadro não satisfaz de fórma alguma as necessidades de expressão de nosso tempo. reticências Dado o quadro, temos um suporte para a figuração. No quadro, o sentido de espaço, está limitado ao retângulo reticências.

PELAES, M. L. W.; MASINI, E. A. F. S. As obras do artista Hélio Oiticica no espelho da fenomenologia da percepção. Revista Extraprensa, [sem local], volume 12, número 2, página 258-277, 2019. Disponível em: https://oeds.link/s9el0n. Acesso em: 15 abril 2022.

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6. Explique o que Oiticica quis dizer com o fato de o quadro limitar o espaço a um retângulo.

Outra criação do artista são os Bólides, caixas compostas de objetos diversificados em seus interiores. As primeiras peças dessa série foram chamadas de Bólides-Caixa, como o B30 Bólide-Caixa 17, contendo em seu interior um saco plástico com o seguinte poema: “do meu sangue/ do meu suor/ este amor viverá”. É necessário que o espectador manipule a caixa e manuseie os objetos para interagir com as peças.

Fotografia. Um homem de cabelo curto preto, nariz comprido fino, lábios grossos entreabertos está ajoelhado e manipula gavetas de uma estrutura retangular vermelha e laranja com elementos vazados. Ao fundo, há plantas e vista parcial de uma cidade.
Hélio Oiticica manipula a obra B11 Bólide-Caixa 9, de 1964. Madeira e vidro com acetato de polivinila e pigmento, 49,8 centímetros por 50 centímetros por 34 centímetros.
Escultura. Caixa retangular clara com uma das partes abertas e pela qual há um elemento plástico transparente alongado disposto para fora. Na extremidade inferior do plástico, há algo azul dentro.
B30 Bólide-Caixa 17, de Hélio Oiticica, 1965-1966, com poema “Bólide 1”: “do meu sangue / do meu suor / este amor viverá”. Madeira e vidro com acetato de polivinila e pigmento, 32 centímetros por 23 centímetros por 21,5 centímetros.

A instalação Tropicália é formada por uma estrutura labiríntica, criando um ambiente que mistura o tropical com o tecnológico e proporciona experiências visuais, táteis, sonoras, olfativas. Na Tropicália, o participante caminha sobre diferentes texturas, areia, pedras, tapetes, lê poemas colocados entre as folhagens, brinca com as araras, sente o cheiro de raízes, assiste às imagens transmitidas por um televisor etcétera.

Fotografia. Ampla sala com pé-direito alto e que apresenta em primeiro plano uma estrutura quadrada com vigas de madeira e com duas cortinhas lado a lado: uma laranja e outra de chita que cobrem toda superfície. Em segundo plano, há uma saleta aberta com vigas de madeiras e tecido cobrindo as paredes laterais. Há vasos de plantas dispostos pelo espaço.
Tropicália, Penetráveis PN2 e PN3, instalação de Hélio Oiticica, 1966-1967.
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7. Lygia Clark e Hélio Oiticica se destacaram nas novas propostas de um movimento que, a partir do Concretismo, mudou os rumos da arte para o que foi chamado de Neoconcretismo. Apontem as semelhanças entre os dois artistas.

Parangolés

Como seria uma obra que se torna um acontecimento ao ser usada pelo espectador ou participante ao se movimentar e dançar? Dança e música também são linguagens que integram a obra de Hélio Oiticica.

Os parangolés são capas, estandartes, tendas ou bandeiras para serem vestidos. São feitos com camadas de tecidos coloridos interligados que podem carregar palavras e imagens, revelando-se quando o participante se movimenta. O Parangolé torna-se uma espécie de extensão do corpo de quem o veste. De acordo com Oiticica, o Parangolé nasceu da ideia de unir cor, dança, palavra e imagem. A cor se expande no espaço com o ritmo da música e o movimento da dança. Nessa ação, o participante revela sua criatividade e capacidade de improvisação. Os parangolés exigem que todo o corpo participe da ação.

A primeira apresentação pública do Parangolé ocorreu em 1965 na abertura da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (mân/érre jóta). Essa apresentação contou com a participação de um grupo de passistas e ritmistas da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro, e do próprio artista. Entre outras razões, essa exposição ficou marcada pela expulsão de Oiticica e dos representantes da Mangueira do interior do museu, pois a performance do grupo foi considerada perigosa às outras obras da exposição. Oiticica e os demais participantes continuaram a performance nos jardins do museu.

Fotografia. Em primeiro plano, vista de corpo todo de um homem em pé segurando à frente do corpo um saco de estopa, um objeto de palha e uma almofada vermelha com a inscrição INCORPORO A REVOLTA. Seu tronco está levemente inclinado para trás e sua perna esquerda um pouco mais à frente. O homem está sobre um chão de paralelepípedo. Em segundo plano, há árvores e, ao fundo, vista de uma cidade à beira-mar.
Nildo da Mangueira veste Parangolé P15 capa11 – Incorporo a revolta, de Hélio Oiticica, 1967.
Fotografia. Em primeiro plano, destaque de um homem vestindo figurino verde e rosa que dança em uma via. Em segundo plano, outras pessoas com figurino diferente, mas da mesma cor, desfilam. Ao fundo, uma multidão as assiste.
Hélio Oiticica desfilando na escola de samba Estação Primeira de Mangueira na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Califórnia. 1965-1966.

Hélio Oiticica teve seu primeiro contato com a Estação Primeira de Mangueira por intermédio de Amílcar de Castro, artista pertencente aos neoconcretistas do Grupo Frente e que trabalhava em alegorias de carnaval no ano de 1964. A partir dali, a paixão pelo samba e a forte conexão com a escola verde-rosa moveram a vida de Hélio, que se tornou passista em seus desfiles.

  1. Os parangolés de Oiticica integram artes visuais, dança e música, convidando o público a participar da obra, que só acontece pelo movimento do corpo e das peças que a integram. Crie seu próprio parangolé e coloque o corpo em ação.
    1. Para a criação do seu parangolé, providencie pedaços de tecido, papel, fitas, sacos plásticos, papel de seda colorido, entre outros materiais maleáveis.
    2. Una-os com cola ou com o auxílio de um grampeador. Verifique se essa junção de diferentes peças se encaixa no seu corpo como se fosse um tipo de capa.
    3. Com a peça pronta, a turma performará movimentos criados a partir de uma música que deverá ser selecionada por todos, com a orientação do professor. Perceba que, enquanto dança, as camadas do parangolé também se movimentam. É nesse momento que a obra acontece.
Ícone de atividade oral.

d. Ao final da proposta, compartilhe as sensações com os colegas.

VAMOS FAZER

Bólide

Hélio Oiticica explorava o sensorial nos bólides, que não foram feitos apenas para serem apreciados pela visão, mas também por outros sentidos do espectador, que se torna ativo ao manipular esse objeto.

Essas obras consistem em caixas de madeira, geralmente pintadas com cores intensas, como amarelo e vermelho, fazendo com que a cor assuma uma fórma palpável e manipulável.

Oiticica produziu diferentes tipos de bólides, alguns com um sistema de abrir e fechar, como gavetas de um armário. Nesses espaços compartimentados podiam ser encontrados materiais como tecido, areia, terra, plástico, espelhos, e até frases, criando uma experiência de múltiplas experiências pelo toque, pela visão e pelo cheiro. Como proposta de uma obra multissensorial, siga as etapas para criar um bólide.

Escultura. Sobre um suporte retangular branco, há uma caixa retangular laranja da qual sai uma outra caixa nas cores amarela e rosa que apresenta uma parte frontal vazada, por onde se vê uma espécie de tecido colorido dentro.
Bólide-Caixa 12, de Hélio Oiticica, 1964. Acrílica com terra sobre estrutura de madeira, malha de náilon, papelão corrugado, espelho, vidro, pedra, terra e lâmpadas fluorescentes.

Material

  • Caixa de sapatos.
  • Caixas de fósforo (ou outras menores que a caixa de sapatos).
  • Papéis e tecidos coloridos.
  • Pedaços de tecido de diferentes estampas e cores.
  • Tecidos embebidos em perfume, saquinhos com aromas etcétera.
  • Terra ou areia.
  • Imagens e objetos que sejam significativos para o grupo: fotografias de familiares, amigos, lugares que conhecem ou gostariam de conhecer, recortes de revistas e jornais, adesivos etcétera.
  • Textos: poemas, letras de música, histórias etcétera.
  • Tinta guache.
  • Pincéis.
  • Cola.
  • Tesoura com pontas arredondadas.

Continua

Continuação

Como fazer

Etapa 1 – Preparação

  1. Organizem os materiais, especialmente aqueles que podem trazer o aspecto sensorial para o trabalho, como o tato e o olfato.
  2. Comecem preparando as caixas que serão os suportes principais para armazenar os outros objetos. Antes da pintura artística, verifiquem se será necessária uma demão de tinta branca sobre as caixas, caso sejam muito estampadas ou de cor escura.
  3. Pintem as caixas com tinta guache. Privilegiem as cores mais intensas, assim como os bólides de Oiticica.
  4. Após a secagem das caixas, cole-as umas sobre as outras, criando um único objeto com diferentes partes para serem manipuladas e abertas. Tomem a caixa maior como base e as menores para serem fixadas sobre ela.

Etapa 2 – Montagem

  1. A partir dos materiais coletados pelo grupo, façam uma seleção daqueles que melhor comporão o bólide e os espaços onde serão dispostos.
  2. Tomem cuidado com o excesso de materiais e verifiquem a resistência e o tamanho dos espaços das caixas para armazenar cada objeto.

Etapa 3 – Experiência sensorial

  1. Organizem os bólides sobre o chão ou sobre as mesas da sala. Os grupos manipularão os bólides de toda a turma e farão dessa ação uma experiência sensorial.
  2. Com a orientação do professor, façam um tipo de circuito pelos bólides até que todos possam ter manipulado as obras.
    Ícone de atividade oral.
  3. Reservem um momento para conversar sobre a experiência.

O PÚBLICO NO TEATRO DE BRECHT

Se a arte imita a vida, no sentido de representá-la e criar uma ilusão entre arte e realidade, no teatro épico de bréche o espectador é um observador que se posiciona de maneira ativa frente à cena e aos atores, estando consciente de que o teatro é apenas uma representação da realidade.

bértold Brécht (1898-1956) foi poeta, novelista e um dos teatrólogos mais encenados no mundo, além de um dos mais importantes autores do século vinte. Questões sociais, políticas e conflitos vividos entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial eram temas que atravessavam sua obra, convidando o espectador a refletir criticamente sobre eles.

No teatro épico de bréche, não era o bastante apenas retratar as desigualdades sociais, por exemplo; era fundamental que o espectador, de fórma analítica e crítica, pudesse se conscientizar dessas questões e formular o próprio ponto de vista. bréche convocava a participação do espectador, que deveria, além de interpretar e compreender a cena diante dele, atuar na sociedade ao seu redor.

Fotografia em preto e branco. Quatro pessoas estão paradas diante de uma carroceria coberta por tecido. Ao centro, um homem de blusa comprida e calça preta e uma mulher de casaco e saias longas estão sentados um de frente para o outro e conversam. Uma senhora de lenço na cabeça, saias longas e blusa comprida e um senhor de paletó escuro estão de pé nas laterais e os observam.
bértold Brécht (sentado ao centro) ensaiando Mãe coragem e seus filhos. Alemanha, 1951.
Fotografia. Em um local com iluminação difusa, há o boneco de uma criança vestindo roupas brancas e sentado ao centro. À esquerda, uma mulher com chapéu de bruxa e roupas pretas segura o braço estendido do boneco. À direita, uma senhora  com roupas em tons de bege e amarelo e com trança no cabelo segura o outro braço do boneco. As mulheres estão agachadas e com o tronco inclinado para a frente. Agachado atrás do boneco, um homem de roupa escura o observa atentamente. Ao fundo, há pessoas sentadas.
Encenação da peça O círculo de giz caucasiano, de bértold Brécht. Alemanha, 2010.

Brecht no Brasil

As adaptações das peças teatrais de brécheno Brasil tiveram início a partir da montagem de A exceção e a regra, em 1954, pelo ator e dramaturgo Alfredo Mesquita (1907-1986), em São Paulo, com alunos da Escola de Arte Dramática.

A obra de bréche foi ganhando notoriedade pela crítica, pelo público, e desde então continua sendo fonte de inspiração para inúmeras outras companhias. Observe na linha do tempo, entre as décadas 1950 a 1970, importantes peças de bréche adaptadas no Brasil.

Linha do tempo. Sobre uma folha envelhecida, há uma linha do tempo das PEÇAS DO BRECHT NO BRASIL. 1954: A exceção e a regra. 1958: A alma noa de Setsuan. 1968: Aquele que diz sim, aquele que diz não; A ópera dos três vinténs; Mãe coragem e seus filhos. 1961: Os fuzis da senhora Carrar. 1963: O círculo de giz caucasiano. 1968: Galileu Galileu. 1969: Na selva das cidades. Ao fim da linha do tempo, no canto inferior esquerdo, há uma fotografia preto e branco do busto de um homem de cabelo liso, curto e preto, nariz comprido e lábios finos. Ele usa  óculos de grau redondo e preto.
Fotografia em preto e branco. Em uma ampla sala com pé-direito alto e vários pontos de iluminação no teto, há três duplas que dançam juntas: uma ao centro e duas nas laterais. Na dupla do centro, uma mulher posa deitada sobre as mãos de homem que a segura pela cintura. Nas laterais, as duplas estão abraçadas. Ao fundo, uma pessoa está parada de pé sobre um pequeno altar e entre uma estrutura que forma uma pequena cabine.
A ópera dos três vinténs, de bértold Brécht, dirigida por José Renato, com cenário de Flávio Império, na cidade de São Paulo. São Paulo, 1964.

Para ampliar

Brécht, Bértold. Poemas 1913-1956. São Paulo: Editora 34, 2000. Os poemas de bréche são bastante interessantes – baladas, sátiras, canções – e tratam de temas variados: relações humanas, teatro, política etcétera.

Para conhecerem mais sobre a obra de bréche, sigam os passos.
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  1. Pesquisem a sinopse de uma das adaptações de bréche no Brasil, assim como o enredo e as principais personagens.
  2. A partir dessas informações, criem um cartaz fictício para divulgar a peça utilizando desenhos ou colagens.
  3. Compartilhem os cartazes com a turma, expondo-os em algum local de maior circulação na escola.

eu vou APRENDER Capítulo 2

Arte Contemporânea e público

Observe as imagens de Cloudgate, uma escultura monumental feita em aço, criação do artista britânico-indiano ênichi capúre localizada em Chicago, nos Estados Unidos. Os visitantes podem andar ao redor ou embaixo da escultura e observar as imagens refletidas e distorcidas de si mesmos e do espaço urbano ao redor.

Fotografia. Destaque de uma área aberta onde há uma grande escultura de formato curvo com superfície espelhada. No local, transitam algumas pessoas. Ao fundo, há prédios.
Fotografia. Destaque de uma obra com superfície espelhada refletindo as pessoas que tiram fotos diante dela e os prédios da cidade.
Fotografia. Destaque da obra com superfície espelhada e que apresenta uma parte inferior cavada onde estão algumas pessoas observando-a de baixo.
Cloudgate, de ênichi capúr, 2004. Escultura gigante em aço com efeito espelhado exposta em Chicago. Estados Unidos, 2011.

Essa obra pode ser considerada “bela” para os padrões de uma escultura clássica? Afinal, isso é arte? São algumas perguntas que o espectador pode fazer ao observar uma obra tão instigante. Entretanto, as reflexões geradas a partir de uma obra como essa, ou o que sentimos e como nos relacionamos com ela, são provocações trazidas pela Arte Contemporânea.

A Arte Contemporânea não tem um período demarcado, mas pode ser percebida desde a segunda metade do século vinte até a atualidade. Apesar de estarmos inseridos nesse período de tempo, é comum que, à primeira vista, esse tipo de arte gere um estranhamento, uma vez que a referência clássica do belo ainda faz parte do nosso imaginário. Por ser provocativa ou mesmo contestadora, o público é solicitado a refletir e encontrar respostas mais abertas para interpretá-la.

Na Arte Contemporânea, o conceito de beleza se expande. O “belo” clássico – traduzido por técnica, harmonia e equilíbrio – não é mais essencial, tornando o julgamento do que é “bonito” algo bastante impreciso, tanto pelas escolhas do artista quanto pelo que agrada ou não ao espectador.

A Arte Contemporânea também se desprende do uso de materiais convencionais como única fórma de pintar ou criar esculturas, por exemplo. É incontável a diversidade de materiais utilizados como industriais, naturais, sintéticos, entre outros. A obra pode estar exposta sobre a parede, sobre o chão, ou suspensa.

Escultura.  Um painel horizontal que apresenta cores em tons escuros de diversos itens de aço, madeira e plástico sobrepostos em relevo formando aspecto irregular e suspenso na parede.
Sem título, de Nuno Ramos, 1994-2006. Técnica mista sobre madeira, 321 centímetros por 663 centímetros por 235 centímetros.
Ícone de atividade em dupla.
  1. Observem a obra de Nuno Ramos e respondam no caderno:
    1. Quais materiais não convencionais foram utilizados?
    2. Por que essa obra rompe com a ideia do belo clássico na arte?

ARTE E HISTÓRIA

Beleza em diferentes épocas

No decorrer da história da arte europeia, é possível encontrar a representação de diferentes padrões de beleza que se modificam ao longo do tempo. Veja alguns marcos da representação do belo na arte.

Antiguidade

Na Antiguidade grega (oito antes de Cristo até vôlts Depois de Cristo), o filósofo e matemático Platão (cêrca dê 427 antes de Cristo- cêrca dê 347 antes de Cristo) associou a beleza às virtudes do ser humano. Uma pessoa que mente, por exemplo, era considerada feia pelos gregos. Já seu discípulo Aristóteles (384 antes de Cristo-322 antes de Cristo) compreendia que o belo estava na simetria das fórmas, dadas suas proporções e harmonia. Uma obra que simboliza esses ideais é Apolo de Belvedere. Apolo era a divindade grega da beleza, da perfeição, da harmonia, do equilíbrio e da razão. A escultura representaria o ideal de beleza masculina.

Escultura. Apresenta um homem nu em pé e olhando para o lado com o braço esquerdo estendido para a lateral. Ele tem cabelo cacheado curto e usa um tecido longo envolto no pescoço e braços. Do lado esquerdo, há um pilar com uma escultura esculpida, no qual ele apoia o antebraço direito.
Apolo de Belvedere, atribuída a Leocares, século quatro antes de CristoEscultura, 224 centímetros (altura).

Renascimento

Durante o Renascimento, movimento cultural, intelectual e científico que ocorreu na Europa entre os séculos catorze e dezesseis, buscou-se tomar por base os conceitos de beleza da Antiguidade Clássica greco-romana ressignificando-os. Leonardo da vinti é uma referência do período em relação a proporção, equilíbrio e beleza.

Pintura. Em primeiro plano, retrato de uma mulher de  cabelos escuros longos. Ela veste uma roupa escura de manga longa. Seus braços estão apoiados um sobre o outro no encosto de uma cadeira. Além dos tons predominante de amarelo, marrom e verde-escuro, há  gradações não bruscas de luz e sombra ao redor, especialmente, dos olhos e da boca. Ao fundo, há paisagens montanhosas em tons de marrom e o céu em tons de verde e amarelo.
Mona Lisa, de Leonardo da vinti, 1503-1506. Óleo sobre madeira de álamo, 77 centímetros por 53 centímetros.

Contemporaneidade

A partir do século vinte, no período entre a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os artistas não se preocupavam em representar o “belo” clássico, pois os horrores e os conflitos vividos pela humanidade geraram novas fórmas de ver o mundo e pensar a arte. A obra de Salvador Dalí é um exemplo de como a arte, na Europa, passou por modificações na representação do belo.

Pintura. Em primeiro plano, vista frontal de uma forma humana alongada verticalmente. Ela está em pé, com a cabeça voltada para trás e os braços levantados à frente do corpo. Seu rosto é composto de uma massa homogênea avermelhada, sem apresentar traços físicos definidos. Do seu peito e da sua perna esquerda, saem gavetas abertas em tons amarelados. Da parte traseira de seu corpo saem hastes horizontais conectadas por outra vertical. Em segundo plano, em cenário desértico, à direita há uma figura humana com características semelhantes, mas vista de perfil e, à esquerda, uma girafa em chamas. Na obra, predomina a cor azul, presente no céu que predomina o fundo da cena e na colorização do corpo das figuras humanas representadas.
Girafa em chamas, de Salvador Dalí, 1935. Óleo sobre tela, 35 centímetros por 27 centímetros.

1. Observe atentamente, em suas atividades cotidianas, detalhes que você considera belos ou interessantes. Anote, fotografe e traga para a sala de aula para mostrar aos colegas. Conversem a respeito dos diferentes pontos de vista sobre o que é belo ou feio para cada um.

Como entendemos ou identificamos o que é “belo” ou “feio”? Em uma obra de arte, esse julgamento é relativo. Algo que é belo para determinada cultura e época pode parecer estranho ou mesmo feio para outra, pois o conceito de beleza depende do contexto de tempo, lugar, bem como de valores e gostos de uma sociedade ou de cada indivíduo. Observe as obras e reflita sobre essas questões.

Pintura. Em tons escuros e com pinceladas livres e rápidas, a obra mostra duas pessoas idosas sentadas diante de uma mesa. Uma delas está com os olhos bem abertos e sorrindo, sem mostrar os dentes, e segura uma colher dentro de um prato. O outro apresenta fisionomia cadavérica, com os olhos sem forma, apenas um oco em preto.
Dois velhos comendo sopa, Francisco de Goya, 1819-1823. Óleo sobre tela, 53 centímetros por 85 centímetros.
Pintura. Em cores vivas, traços que delineiam três pessoas lado a lado. Em destaque, estão os olhos arregalados e as bocas sorridentes. Há alternância de linhas finas e grossas coloridas e sobrepostas.
Philistines, de jan michêl basquiá, 1982. Acrílico e pastel oleoso sobre tela, 183 centímetros por 312,5 centímetros.
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2. Quais sensações cada pintura provoca? Considerando as diferentes épocas e contextos em que foram criadas, como podemos refletir sobre o conceito de “belo” e “feio” nessas obras?

Versão adaptada acessível

Atividade 1.

Observe atentamente, em suas atividades cotidianas, detalhes que você considera belos ou interessantes. Registre e traga para a sala de aula para mostrar aos colegas. Conversem a respeito dos diferentes pontos de vista sobre o que é belo ou feio para cada um.

DA ARTE CONCEITUAL À ARTE CONTEMPORÂNEA

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Roda de bicicleta é considerada uma obra polêmica, pois rompe com os padrões da arte da época. Ao trazer objetos utilitários que perdem sua função pois estão no contexto de objeto artístico, a obra nos desafia a refletir sobre o sentido e os suportes da arte.

Escultura. Sobre uma banqueta branca, há uma roda de bicicleta preta apoiada num suporte sobre o assento.
Roda de bicicleta, de Marcél Diuchomp, 1913. Roda de bicicleta sobre banco de madeira.

1. Diante disso, junto aos colegas, conversem e respondam: tudo pode se tornar arte?

Uma das significativas contribuições para a Arte Contemporânea veio da Arte Conceitual, movimento artístico surgido nos Estados Unidos e na Europa entre os anos 1960 e 1970. A ideia e o pensamento são primordiais para os artistas conceituais, como o francês Marcél Diuchomp(1887-1968), que revolucionou o cenário artístico da época ao colocar a obra em segundo plano e a ideia em primeiro. O uso de materiais industriais fez com que a excelência da técnica desse lugar às reflexões envolvidas na obra, para que o público também fizesse perguntas sobre o que estava sendo colocado como arte.

Para ampliar

cláin, . O que é arte contemporânea. São Paulo: Claro Enigma, 2019. A obra apresenta os principais temas da arte contemporânea a partir das obras de artistas originários de diferentes partes do planeta.

2. Com base na observação das releituras de Mona Lisa, por que podemos afirmar que o modo de fazer arte passou por mudanças?

Pintura. Em primeiro plano, retrato de uma mulher de  cabelos escuros longos. Ela veste uma roupa escura de manga longa. Seus braços estão apoiados um sobre o outro no encosto de uma cadeira. Além dos tons predominante de marrom e verde-escuro, há  gradações não bruscas de luz e sombra ao redor, especialmente, dos olhos e da boca, sobre a qual há um bigode e um cavanhaque. Ao fundo, há paisagens montanhosas em tons de marrom e o céu em tons de verde e amarelo.
L.H.O.O.Q, Mona Lisa com bigode, de Marcél Diuchomp, 1919. Litografia, 19,7 centímetros por 12,4 centímetros.
Fotografia. Grafite que apresenta uma mulher de cabelo escuro que usa roupa preta e colete de segurança cor laranja com faixas brancas. Ela segura um tecido azul preso à cintura, um esfregão numa mão e uma pá na outra.
Grafite em muro da cidade de São pétersbúrgo. Rússia, 2016.
Pintura. Busto de uma mulher com os lábios fechados. Ela apresenta o contorno dos cabelos composto de elemento pastoso e brilhante.
Mona Lisa dupla, de Vik Muniz, 1999. Manteiga de amendoim e geleia. Duas cópias fotográficas por oxidação de corantes, 100 centímetros por 80 centímetros cada uma. (detalhe)

Outros movimentos e tendências continuaram a surgir, ligados diretamente à vida contemporânea e com o interesse pelo rompimento dos padrões estabelecidos. As pinturas do estadunidense Djéksôn Póloqui (1912-1956) registravam o movimento expressivo do corpo do artista no gotejamento da tinta sobre a superfície de grandes telas.

“Afinal, isso é arte?” é a pergunta que o espectador ainda pode fazer. Entretanto, outras indagações surgem na Arte Contemporânea, sobre o que sentimos e refletimos ao deparar com uma obra que dialoga com nosso pensamento e com nosso tempo.

3. No caderno, explique como alguns padrões clássicos foram rompidos na maneira de produzir arte. Escolha uma das obras presentes entre a página 40 e esta para embasar sua reflexão.

Fotografia em preto e branco. Um homem calvo está parado em pé segurando um pequeno balde de tinta diante de um painel pintado atrás de si e outro no chão. As pinturas apresentam linhas curvas emaranhadas feitas com cotejamento de tinta.
Djéksôn Póloqui pintando em seu estúdio em Nova iórque. Estados Unidos, 1950.

Arte Contemporânea: artistas e obras

Vamos identificar como a Arte Contemporânea se manifesta a partir de alguns exemplos de artistas e propostas que têm em comum a investigação de temas e questões bastante relevantes para o contexto atual, que orientam e motivam a produção contemporânea.

A arte pode despertar nossa curiosidade? Para refletir sobre a pergunta, imaginem uma situação em que, ao caminhar por uma rua ou avenida de uma grande cidade, deparemos com um enorme sorvete derretendo sobre o topo de um prédio. Certamente teremos alguma impressão ou curiosidade sobre ela.

Fotografia. Plano aberto da fachada de um prédio com janelas envidraçadas e que apresenta no topo a escultura de um sorvete de casquinha um pouco derretido e virado sobre o canto do prédio. Na via, muitas pessoas caminham. Fotografia. Destaque de uma escultura de sorvete de casquinha um pouco derretido e virado sobre o canto do prédio.
Cone caído, de Claes Oldenburg, em shopping center na Alemanha, 2001. Aços inoxidáveis e galvanizados, plástico reforçado com fibra, madeira balsa; pintado com gelcoat de poliéster, 12,1 métros de altura por 5,8 métros de diâmetro.

Claes Oldenburg (1929-), artista sueco-americano, amplia a escala de objetos banais do cotidiano – como alimentos, roupas, ferramentas etcétera. – que são retirados de seu local habitual e inseridos como esculturas em espaços públicos ou museus e galerias. Sobre suas esculturas, Claes explica:

Não se trata de uma escultura para ser vista apenas por si mesma, isolada; há uma lógica na relação com o espaço no qual ela é colocada.

FARIA, Oscar. Claes Oldenburg e Coosje Van Bruggen: metáforas do quotidiano. Público, 19 maio 2001. Disponível em: https://oeds.link/1nHiMd. Acesso em: 13 maio 2022.

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4. Qual é a relação da escultura de Claes Oldenburg com o local onde foi instalada?

A arte pode nos causar estranhamento?

Cada indivíduo estabelece relações com o que percebe na arte a partir de suas experiências. A representação de uma aranha, por exemplo, pode ter um significado diferente para o artista ou para cada espectador.

Fotografia. Plano aberto de uma via urbana e, ao centro, uma grande escultura de uma aranha em bronze com patas longas. Ao fundo, prédios baixos, carros e pessoas caminhando.
Maman, Louíse Bourjoá, 1999. Bronze, aço inoxidável e mármore, 927 centímetros por 891 centímetros por 1 024 centímetros.
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5. Quais reações e impressões a escultura de uma aranha gigante como essa causaria em vocês?

A aranha, para a artista franco-americana Louíse Bourjoá(1911-2010), tem significados que remetem à proteção da figura materna e ao trabalho de tecelagem dos pais. Bourjoá tem outras esculturas, como a retratada na fotografia desta página, instaladas em diversos museus pelo mundo, as quais são vistas pelo público que caminha sob a escultura. Segundo a própria artista, todos os seus temas encontraram inspiração na infância.

A minha mãe era a minha melhor amiga. Ela era inteligente, paciente, tranquilizadora, delicada, trabalhadora, indispensável e, sobretudo, ela era tecelã – como a aranha. Para mim, as aranhas não são aterradoras.

Louíse Bourjoá: uma vida que entrou para história da arte. Fundação Iberê, 17 maio 2019. Disponível em: https://oeds.link/SpNM02. Acesso em: 13 maio 2022.

Para ampliar

Louíse Bourjoá: uma vida que entrou para a história da arte. Fundação Iberê, Porto Alegre, 17 maio 2019. Disponível em: https://oeds.link/SpNM02. Acesso em: 13 maio 2022. Matéria que considera Louíse Bourjoá uma das artistas mais emblemáticas da história da arte.

A arte traduz quem somos?

O bordado é tradicionalmente associado ao ambiente doméstico e às mulheres. Na obra El Puerto, o artista Leonilson (1957-1993) utiliza a técnica para registrar seus dados biográficos – nome, idade, peso e altura – sobre um pedaço de sua camisa que cobre um espelho.

Fotografia. Um tecido com listras verticais em verde e branco está sobreposto a uma base de um pequeno espelho com moldura laranja. No tecido, há cinco trechos bordados na vertical com as informações: LEO, 35, 60, 179, EL PYERTO.
El Puerto, de Leonilson, 1992. Bordado sobre tecido de algodão e espelho emoldurado, 16 centímetros por 23 centímetros.

A única coisa que afirma quem sou eu neste trabalho são meus dados aqui bordados. De resto, qualquer um que levantar a cortina pode achar que está se vendo nesse trabalho, e que ele é seu...

LEONILSON apud D‘ÁVILA, Caroline Maria Gurgel. Presente ausência: escrevendo o corpo com Leonilson. Dissertação (Mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes) — Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, 2014, página 36.

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6. Nosso rosto está diretamente associado à nossa identidade, como nas fotografias de documentos, retratos e autorretratos de grandes pintores e fotógrafos. Explique de que maneira podemos identificar o artista retratado na obra e quais sensações ela pode nos passar.

A arte ativa nossas memórias?

Em Parede da memória, somos apresentados a fotografias que podem nos fazer relacionar às nossas próprias lembranças e aos retratos de familiares e de pessoas que fazem parte da nossa história. Cada peça quadrada de tecido pode ser vista individual ou coletivamente, conectando indivíduos por um laço afetivo. Rosana Paulino (1967-) buscou referências em retratos de antepassados que foram impressos nos saquinhos, semelhantes a patuás, que são amuletos carregados para proteção. No trabalho, a artista demonstra interesse pela memória, pela representatividade e pelas questões raciais.

Fotografia. Destaque de um painel que apresenta pequenos retratos quadriculados, em sua maioria em preto e branco, com pessoas diversas. Eles estão sobrepostos em tecido e dispostos lado a lado em seis linhas e nove colunas.
Parede da memória, de Rosana Paulino, 1994. Instalação. Microfibra, tecidos, imagem digital sobre papel, linha e aquarela, aproximadamente 8 centímetros por 8 centímetros por 3 centímetros cada elemento, dimensão total variável. (detalhe)

Sempre lidei com linhas e agulhas, desde pequena. Minha mãe foi bordadeira para ajudar nas despesas da casa. Ver as mulheres trocando pontos, conversando, costurando foi algo muito natural para mim reticências Ligar as histórias de pessoas, principalmente mulheres que não são valorizadas, é um modo de sobreviver em um meio que nos tira a humanidade, é falsear o esquecimento. É trazer esta mão negra no que ela tem de mais forte, de criação, é a mão de quem assentou esta terra em diversos sentidos.

CARVALHO, N. dos S.; TVARDOVSKAS, L. S.; FUREGATTI, S. H. Entrevista com Rosana Paulino. Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura, Campinas, São Paulo, volume 26, número 2, 2018, página 151. Disponível em: https://oeds.link/yi6xFx. Acesso em: 13 maio 2022.

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7. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É), mais da metade da população brasileira se identifica como parda ou negra. Com base nessa informação, estabeleça relações entre a obra de Rosana Paulino e as questões de identidade racial no Brasil.

VAMOS FAZER

Memórias afetivas

A investigação das nossas origens passa por nossas experiências de vida, como percebemos o mundo e também nossa família. Além dos nossos parentes, as relações afetivas que estabelecemos constituem uma família.

Com base na obra Parede da memória, da artista Rosana Paulino, a proposta é que a turma crie uma obra que retrate laços de afeto.

Ilustração. Ao centro, vista fragmentada de uma mulher morena de blusa vermelha segurando as duas mãos na altura do peito e com olhos fechados. Ao redor dela, formando um círculo, há  bustos, feitos em linhas pretas e sem colorização, de cinco pessoas de diferentes idades e gêneros. Todas sorriem.

Material

  • Quadrados de tecido de algodão, sem estampa, de até 8 centímetros por 8 centímetros.
  • Cola líquida.
  • Sementes, ervas secas diversas, folhas e algodão.
  • Canetas hidrocor.
  • Fita dupla face.

Como fazer

Etapa 1 – Organização

  1. Cada estudante escolherá até quatro pessoas importantes por quem nutrem um sentimento de amor, carinho, respeito etcétera. Podem ser familiares ou não.
  2. Essas pessoas serão representadas por um saquinho contendo sementes, ervas, folhas e algodão. Para cada pessoa representada serão necessários dois quadrados de tecido. Cada estudante será responsável pelo seu material.

Continua

Continuação

Etapa 2 – Confecção

Ilustração. Quatro crianças com características diversas estão sentadas ao redor de uma mesa quadriculada e realizam em grupo uma atividade com papéis, cola, grãos, lápis coloridos e caneta.
  1. Sobre um quadrado de tecido, cada estudante representará a pessoa querida pelo nome, por uma palavra que defina um sentimento ou por um desenho que a retrate.
  2. Em seguida, passem cola nas três laterais do tecido e unam as duas partes. Assim que secar, preencham o saquinho com ervas e demais itens. Fixem a última lateral com cola. Repitam o processo caso desejem representar mais pessoas.

Etapa 3 – Compartilhamento

  1. O professor definirá um momento para que a turma possa compartilhar suas produções com os colegas.
  2. Formem uma roda e expliquem quem cada saquinho representa, qual importância aquela pessoa tem para você e como ela foi representada – a escolha do desenho ou da palavra, do cheiro etcétera.
  3. Reservem esses trabalhos para uma próxima proposta na qual eles serão compartilhadas em uma exposição.

INSTALAÇÃO

Na Arte Contemporânea, a instalação é um recurso em que o objeto artístico é planejado e organizado para ocupar um local ou ambiente. Os materiais que compõem a obra constroem um cenário que permeia o ambiente, permitindo que o público interaja, observe e se movimente em relação à obra por ângulos variados. Nas instalações, podem ser ocupadas paredes, chão, teto, tornando-se suportes que ampliam a potência espacial da proposta artística.

Fotografia. Uma ampla sala onde há uma instalação composta de barco de madeira inclinado e, sobre ele, 180 mil chaves penduradas por um emaranhado de linhas vermelhas, cuja cor predomina na foto. Do lado direito, uma pessoa observa.
A chave na mão, de Chirráru Chiota. Instalação exibida na 56ª Bienal de Veneza, Itália, 2015.

A artista japonesa Chirráru Chiota (1972-) é conhecida por suas instalações empregando fotografia, vídeo, gravuras, desenhos e objetos que contribuem para investigações sobre memória e identidade. Em A chave na mão, Chirráru traz dois barcos de madeira onde são presas cêrca de 180 mil chaves por um emaranhado de linhas vermelhas, criando uma rede que ocupa o ambiente.

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  1. Expliquem de que maneiras pode ser observada pelo espectador a instalação de Chirráru Chiota.
  2. Quais interpretações podemos atribuir à conexão entre as chaves e os barcos em A chave na mão?
Fotografia. Uma pessoa está parada no interior de uma sala que apresenta o chão em preto e branco com aspecto em perspectiva de profundidade com contornos de múltiplas janelas. As paredes laterais apresentam cor preta e várias janelas arqueadas e com moldura branca, uma ao lado da outra.
abissal, de Regina Silveira, 2010. Vinil adesivo, paredes pintadas e filtros de luz. 10,41 métros por 13,57 métros.
Ilustração. Destaque do projeto de uma instalação. À direita, dois trechos desenhados em perspectiva que apresenta paredes e repetidas reproduções de janelas arqueadas. Ao lado, há uma terceira reprodução do mesmo espaço em perspectiva e com laterais de paredes pretas e janelas com contorno branco e arqueadas e lado a lado.
Projeto gráfico da obra abissal, 2010.

A palavra abissal, em sua concepção, é relativa a abismo e correspondente às profundidades oceânicas ou terrestres. A instalação Abyssal, da artista brasileira Regina Silveira, cria uma ilusão de óptica pelo uso da perspectiva de desenhos matematicamente calculados e instalados sobre o chão. O público é convidado a caminhar pelo espaço e sobre as imagens que distorcem a realidade. Em seus trabalhos, a artista cria projetos que brincam com a percepção do espectador pelo contraste entre luz e sombra e por um jogo de ilusionismo.

reticências eu acho que o que caracteriza meu trabalho é a minha relação com a arquitetura, por exemplo. Que eu tenho revestido muitas vezes com narrativas de imagens com a intenção de modificar a experiência daquele lugar.

NACCA, Giovana. Regina Silveira ainda é o nome do momento. Artequeacontece, 9 março 2022. Disponível em: https://oeds.link/SxeGns. Acesso em: 13 maio 2022.

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  1. Observem o projeto de Regina Silveira para a instalação Abyssale expliquem o efeito óptico causado pela sensação de profundidade na superfície plana do chão.
  2. Para ampliar as referências, pesquisem outras instalações em livros ou na internet, anotando nome do artista, nome da obra e como ela ocupa determinado espaço.

ARTE, TECNOLOGIA E INTERATIVIDADE

As novas tecnologias empregadas em propostas artísticas permitem outras fórmas de interação entre o público. Recursos digitais, computadores, telas sensíveis ao toque, softwares, internet, técnicas multimídia etcétera. são ferramentas, materiais e suportes cada vez mais presentes na atualidade e na Arte Contemporânea.

Os artistas da arte digital passam a colaborar com outros profissionais e técnicos, como engenheiros, programadores e animadores. Vídeos e projeções digitais, em duas ou três dimensões, podem proporcionar uma imersão em obras interativas que aguçam o visual, o auditivo e o tátil. Esses recursos não são exclusivos das exposições de arte, sendo utilizados em apresentações teatrais, musicais e de dança.

Fotografia. Plano aberto de uma ampla sala escura com iluminação difusa. As paredes e o chão apresentam iluminação com pontos brilhantes coloridos em tons de rosa, lilás, vermelho e laranja e riscos luminosos brancos sobre fundo azul escuro. Algumas pessoas estão paradas em pé no interior do espaço. No teto, há alguns projetores de luz.
Artes Digitais sendo exibidas no TeamLabBorderless, Museu de Arte Digital Mori, Tóquio. Japão, 2022. É considerado o primeiro museu completamente digital do mundo.
Fotografia. Interior de uma sala com paredes cinzas e quadros expostos com respectivas legendas. Ao centro da sala, um pequeno grupo de crianças e três adultos estão sentados em pufes claros com bases luminosas. Algumas das crianças usam óculos grossos, pretos e ligados por um fio.
Realidade virtual em uma exposição de arte, em Turim. Itália, 2019.
Fotografia. Destaque das mãos de pessoas que manipulam objetos geométricos sobre uma superfície redonda circular e luminosa em tom de azul. Na extremidade, há outras peças com formas geométricas e desenhos inscritos na superfície.
A reactable é uma mesa digital que permite a criação de som e música. Objetos geométricos são manipulados e, em contato com a mesa, ativam recursos sonoros que formam desenhos digitais que ilustram som e movimento. Festival Espaço Mídia, stutgart. Alemanha, 2011.

O Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (fáiol) é realizado na América do Sul desde os anos 2000. O evento conta com diversas obras e propostas de artistas nacionais e internacionais que envolvem arte e tecnologia. Em 2019, a instalação interativa Into the Wind era ativada pela interação do espectador. Programas de computador faziam uma leitura da intensidade do sopro dos participantes para criar bolhas de sabão de diversos formatos e tamanhos. Todo o processo e mecanismo para que as bolhas fossem criadas era observado por meio de uma estrutura transparente.

Fotografia. No interior de uma ampla sala, há uma mulher olhando de perto um objeto em forma quadriculada e vazado sobre uma coluna. Ao lado, há um grande objeto quadriculado com lados transparentes e um círculo ao centro de um dos lados; dentro dele, um losango de onde sai uma longa bolha de sabão.
Into the Wind do artista tailandês Witaya Junma. File, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.
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5. Pesquisem uma obra que utilize recursos digitais e interatividade. Ao compartilharem os resultados com a turma, anotem e classifiquem recursos e tipos de interatividade identificados nas pesquisas.

Arte e acessibilidade

Algumas exposições buscam democratizar o contato do público com a obra por meio de audiodescrições, tradução e escrita em libras, a Língua Brasileira de Sinais. Instituições e artistas têm dado a devida atenção à diversidade de público, especialmente às pessoas com algum tipo de deficiência.

Fotografia. Destaque das mãos de uma pessoa que passa os dedos sobre uma superfície metálica com inscrições em relevo e em braile. Ao lado dessa obra, há outras dispostas lado a lado sobre uma bancada marrom que cruza a imagem na diagonal.
Obra de arte e legenda em Braille no Centro Cultural Banco do Brasil (cê cê bê bê), na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.

Além do Braille, um recurso para os deficientes visuais são os mapas táteis, que permitem que o público perceba como são as fórmas e as figuras em uma pintura ao tocar em um protótipo com relevo. Algumas esculturas também são adaptadas ou criadas para que o toque proporcione aos visitantes uma experiência com as obras.

Fotografia. Destaque das mãos de duas pessoas que passam os dedos sobre um desenho em relevo que retrata a fachada de uma construção repleta de ornamentos.
Exemplo de mapa tátil sendo tocado por um visitante de museu. Os relevos permitem que a obra seja mais bem compreendida pelo espectador com deficiência visual. Rússia, 2018.
Fotografia. Destaque de um homem de cabelos pretos e curtos penteados para frente. Ele é visto de lado, veste camisa azul clara com colete azul escuro e está tateando uma escultura de uma ave com as asas abertas.
Exemplo de obra tátil para deficientes visuais ou não deficientes que permitem uma experiência sensorial e tátil. Rússia, 2017.
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6. Pesquisem exemplos de museus no Brasil e no exterior com obras e propostas adaptadas às pessoas com deficiência.

Som, uma coreografia para surdos é a proposta interativa da artista, dançarina e cineasta carioca Clara Kutner (1976-). O projeto – que contou com a parceria de diversos profissionais, incluindo bailarinos surdos e artistas da música – consiste em uma tecnologia interativa e inclusiva que permite que pessoas surdas também possam ter uma experiência com a música. Sobre uma plataforma de madeira, o público sente os estímulos vibratórios dos sons graves da música flamenca enquanto assiste, em vídeo, a uma coreografia de um bailarino surdo que também acompanhou as vibrações para dançar.

A música flamenca, assim como a dança, é muito percussiva. Escolhi esse ritmo pela minha experiência profissional. Eu estou muito feliz em ver esse projeto pronto e receber o feedback das pessoas surdas. É uma experiência para todos. Poder estabelecer essa comunicação com a cultura surda, através do som e das vibrações, é gratificante.

TOLIPAN, Heloisa. Unindo arte e acessibilidade, Clara Kutner estreia o projeto “Som, uma coreografia para surdos” na mostra ArtSonica. Heloisa Tolipan/Arte e Literatura, 10 agosto. 2013. Disponível em: https://oeds.link/xnMLW6. Acesso em: 13 maio 2022.

Fotografia. Destaque de duas pessoas, um homem e uma mulher, vistas do tronco para cima e posicionados lado a lado. À esquerda, o homem veste blusa cinza, tem cabelos pretos crespos e armado, barba rala e lábios cerrados; está com a palma da mão esquerda virada para cima e a mão direita estendida para a frente. À direita, a mulher veste blusa de mangas compridas sobre uma blusa sem mangas, ambas pretas. Ela está os lábios entreabertos, o rosto inclinado para o lado e o braço direito erguido para cima e segurando um leque preto aberto.
Still do vídeo que integra a obra Som, uma coreografia para surdos, de Clara Kutner, 2019.
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7. Com a orientação do professor, façam os experimentos em sala de aula. Experimento 1: Todos deverão ouvir músicas que destaquem os instrumentos percussivos. O objetivo é que a vibração sonora possa ser sentida. Para isso, tentem focar ao máximo nas sensações causadas pelas vibrações do som. Experimento 2: O professor combinará com a turma para que levem uma pequena escultura de casa. Pode ser um objeto de decoração ou mesmo um brinquedo. Com os estudantes de olhos vendados, esses objetos passarão de mão em mão. A ideia é que todos tentem, ao final, descobrir quais objetos tatearam. Ao final, compartilhem as impressões das experiências.

Performance

Como linguagem, a performance investiga os modos de agir do ser humano em sociedade, como nos comunicamos, nos expressamos e até como usamos a mecânica do corpo para realizar ações banais no cotidiano. Na Arte Contemporânea, a performance é uma proposta artística que busca desnaturalizar esses gestos habituais da rotina, a fim de que ganhem novos significados e alcancem uma dimensão poética e crítica.

Fotografia em preto e branco. Sequência de nove quadros distribuídos em três linhas e três colunas mostrando retratos de uma mulher de cabelo curto escuro penteado para o lado. Ela escova os dentes em todos os quadros, mas cada um deles há mais e mais espumas que progressivamente cobrem o corpo da mulher até ela ficar, no último quadro, totalmente coberta pela substância branca.
Em Homenagem a djórdji sígâl, a artista Lenora de Barros realiza o que ela chama de "performances fotográficas", sequências de registros em fotos de uma ação performática, 1990.
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8. A brasileira Lenora de Barros (1953-) usa fotografia e vídeo como registro para suas ações performáticas. Expliquem de que maneira a artista aciona o gestual do cotidiano para criar uma proposta que alcance novos significados e interpretações.

A performance utiliza-se do corpo como suporte para a arte, como objeto de arte e como procedimento para fazer arte. Nela, não cabe a definição de personagem, uma vez que o artista propositor não interpreta, e, sim, usa seu próprio corpo para ser agente de uma ação. Também não há uma narrativa ou história a ser contada. O artista-performer cria e vive um programa, um roteiro, com ou sem a participação do público.

A performer sérvia Marina Abramović (1946-) fez da performance um experimento constante, um espaço de investigação dos limites e das possibilidades do corpo. Em Energia de repouso, de 1980, Abramović e o artista Úlai (1943-2020) distendem ao máximo um arco com uma flecha. Porém, em função do equilíbrio dinâmico dos corpos dos performers, esse disparo é anulado.

Na performance A artista está presente, Abramović ficava sentada por várias horas em uma cadeira, à espera do público. Uma pessoa de cada vez podia se sentar em frente à artista para que houvesse algum tipo de contato, sem palavras e a certa distância. Em seguida, a performer abaixava os olhos e era a vez de outra pessoa do público sentar-se diante dela.

Fotografia em preto e branco. Um homem e uma mulher estão em pé e parados frente a frente, olhando um nos olhos do outro. Ambos vestem camisa clara e sapatos pretos, mas a mulher usa saia preta e o homem calça de mesma cor. A mulher segura a base de um arco e está o com o corpo inclinado para trás e o homem segura a flecha presa ao arco e também inclina o corpo para trás.
Energia de repouso, performance de Marina Abramović, 1980.
Fotografia. Em uma ampla sala, duas mulheres estão frente a frente sentadas diante de uma mesa. Os móveis são de madeira marrom. A mulher à esquerda veste um longo vestido vermelho; à da direita, usa um traje formal preto. Ao fundo, diante de uma parede acinzentada, há uma pessoa agachada e fotografando as mulheres.
A artista está presente, performance de Marina Abramović realizada na retrospectiva de sua carreira no Môma, Nova iórque. Estados Unidos, 2010.
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9. Em A artista está presente, as ações da artista e do público foram resumidas à comunicação visual. Sob orientação do professor, experimentem reproduzir a mesma performance em duplas.

Happening

O happening é uma fórma de Arte Contemporânea que combina elementos de várias linguagens artísticas, especialmente a do teatro, porém com a participação do espectador na proposta do artista. Não se trata de um espetáculo nem de uma representação; é um acontecimento real, passageiro, que só acontece de determinada fórma uma vez. Mesmo que seja reproduzido, os participantes poderão reagir de outro modo, e o evento terá um desdobramento diferente.

O termo happening foi criado no fim dos anos 1950 pelo artista visual e performer estadunidense Álan Cáprou (1927-2006). Fluidos, seu happening realizado em 1967, consistia em construir muros com blocos de gelo. Moradores voluntários da Califórnia, Estados Unidos, levantaram uma enorme estrutura deixada para que a ação do tempo e do estado próprio do material fizesse com que tudo acabasse ao derreter. Esse “acontecimento” nos põe em reflexão sobre a permanência do objeto da arte, além do empenho de fôrça, energia e tempo para construir algo sem o objetivo de trazer qualquer benefício, resultado concreto ou lucro.

Fotografia. Plano aberto de uma área externa onde um grupo de pessoas trabalha em conjunto numa composição de blocos grandes de gelo formando um grande retângulo com o interior vazado. Ao fundo, o horizonte com pôr do sol e árvores.
Fluidos, de Álan Cáprou, Califórnia. Estados Unidos, 1967.
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10. cáprou detalhava em textos como seriam as etapas para a realização de seus happenings. Elaborem um cartaz com as eta­pas da execução de um happening. Destaquem todos as etapas e os procedimentos e utilizem desenhos e ilustrações, se julgarem necessário.

VAMOS CONHECER MAIS

Performance ou happening? Flávio de Carvalho

Flávio de Carvalho (1899-1973) é considerado, por alguns estudiosos, o precursor da performance e do happening no Brasil. O artista usou o próprio corpo como suporte para ações artísticas, partindo de elementos da vida cotidiana, criando propostas artísticas provocativas de grande repercussão.

Em 1956, em São Paulo, o artista realizou Experiência nº 3, que consistia em uma passeata nas ruas onde desfilou vestindo saia e blusa de mangas curtas e bufantes – uma crítica ao vestuário de modelo europeu adotado, na época, em países de clima tropical, como o Brasil. A ideia era, além de provocar, propor um novo modelo de roupas masculinas à frente daquele tempo.

Fotografia em preto e branco. Vista de baixo para cima de um grupo de homens que caminha em uma via pública cercada por prédios. A maioria está de terno e gravata mas, ao centro, em destaque, um senhor de camisa fina com listras verticais, saia curta clara e tênis.
Experiência nº 3, Flávio de Carvalho andando com seu traje pelas ruas da cidade de São Paulo acompanhado pela multidão. São Paulo, 1956.
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  1. Por que em Experiência nº 3, de Flávio de Carvalho, as definições entre performance e happening se confundem?
  2. Façam uma análise da fotografia e compare os trajes dos transeuntes com o de Flávio de Carvalho. Em seguida, discutam como essa performance/happening promove uma discussão sobre como o que vestimos define e limita a maneira como podemos nos expressar.

ATORES E ESPECTADORES EM CENA

As inovações e o rompimento com o tradicional também marcam o teatro na contemporaneidade. Apresentações em diferentes espaços extrapolam a delimitação entre artista e público, como as realizadas em espaços abertos ou fóra dos palcos tradicionais. Também são bastante comuns outros formatos mais intimistas e com a participação do espectador.

Fotografia. Interior de uma sala escura com pontos de luzes espalhados no teto. No ambiente, há uma roda de pessoas sentadas e observando ao centro um pequeno grupo de atores que manipula papéis entre estruturas de madeira com retratos expostos.
Naquele instante, peça em que os atores se comunicam diretamente com o público compartilhando histórias e memórias. Companhia Código de Artes Cênicas, Japeri. Rio de Janeiro, 2016.

Naquele instante, da Companhia Código de Artes Cênicas de Japeri, do Rio de Janeiro, é um exemplo de peça que o público participa do andamento da narrativa posta em cena. Com um público reduzido e ao redor de um pequeno espaço reservado para o palco, os atores compartilham memórias da adolescência e da infância. A prática é resultado de técnicas em que as experiências biográficas dos atores são materiais para criação.

Público atuante no teatro de Augusto Boal

Como dramaturgo e diretor teatral nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil, Augusto Boal (1931-2009) buscava um teatro de denúncia social, discutindo questões próprias da cultura brasileira. Espect-ator é um neologismo criado por Boal para definir aquele espectador que deixa de ser passivo e pode se tornar um investigador ativo dos problemas dramatizados em cena.

O espect-ator é convidado a entrar em cena, intervindo nas ações da narrativa para propor alternativas que solucionem determinado conflito. Boal acreditava que essa prática era uma experiência para que o ser humano deixasse de ser espectador na vida e passasse a ser um agente de transformação, um ator do próprio espetáculo. Boal também desenvolveu uma diversidade de técnicas e ações dramáticas, sendo uma delas o Teatro-Jornal.

Fotografia em preto e branco. Um homem de cabelos volumosos escuros e na altura do ombro está parado de pé, gesticulando com as mãos abertas na altura dos ombros e os lábios abertos. Ele veste uma camisa xadrez em tons claros e um relógio preto no braço esquerdo. Ao redor, pessoas o observam.
Augusto Boal, São Paulo. São Paulo, 1981.
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Fazendo leitura cruzada

Com base na proposta de Boal, a turma se reunirá em grupos para realizar um exercício teatral chamado leitura cruzada.

Como fazer

  1. Cada grupo pesquisará a mesma notícia em jornais ou na internet. É necessário que duas fontes sejam escolhidas para que haja cruzamento entre mais de um ponto de vista sobre o mesmo acontecimento.
  2. Cada grupo improvisa duas cenas, dramatizando as informações das duas fontes das notícias.
  3. Enquanto um grupo se apresenta, os demais assistem e participam como espect-atores ao serem convidados a dar os próprios pontos de vista sobre os fatos apresentados e encenados.
  4. Ao final de todas as apresentações, compartilhem as impressões com a turma, dando destaque para as diferentes opiniões que o público desenvolveu.

DANÇA CONTEMPORÂNEA

Desde a década de 1960, após as mudanças ocorridas na arte pelo impacto dos movimentos de vanguarda e modernistas, a dança, assim como outras linguagens artísticas, também foi desenvolvendo e ampliando as possibilidades da expressão pelo corpo. Explorando peso, fluxo, níveis espaciais e os diferentes tempos no ritmo, os artistas propuseram outras maneiras de se relacionar com o próprio corpo e com o público pela experiência e pela expressão de sentimentos traduzidos na dança. A investigação do gesto e do movimento expressivo, o caráter experimental e o distanciamento de técnicas rígidas marcam a dança contemporânea, que pode se mesclar a outras linguagens, como o teatro e as artes visuais.

Fotografia. Destaque de um palco onde há um grupo de nove pessoas com figurinos tribais semelhantes, com rosto pintado, faixas cruzadas no peito, saia de tecido com palhas e mesmo material preso aos tornozelos. Essas pessoas formam  três fileiras compostas por três pessoas uma apoiada com os pés nos troncos da outra. A fileira ao centro apresenta uma pessoa de ponta cabeça no topo. Ao fundo, há uma estrutura amarelada e, ao centro dela, uma entrada circular vermelha com desenhos geométricos em preto e  branco.
A companhia Georges Momboye, em Paris, França, foi criada em 1992 e mescla influências da dança clássica, contemporânea, de danças africanas, entre outros estilos. Alemanha, 2005.
Fotografia. Ambiente com pouca iluminação onde um grupo de pessoas apresenta-se em um palco. Os homens usam calças pretas e blusas pretas ou brancas; as mulheres vestem vestidos em tons de rosa e verde. Ao centro, há uma grande estrutura de formato irregular sobre a qual algumas pessoas estão paradas. Ao lado, no chão, outro grupo faz passos de balé.
Espetáculo de dança contemporânea Tatyana, da Companhia de Dança Deborah Colker. Teatro Castro Alves, Salvador. Bahia, 2013.

A bailarina, coreógrafa e professora Angel Vianna (1928-) é referência na dança moderna e contemporânea no Brasil. Angel desenvolveu métodos para a conscientização do movimento, entre outras práticas e técnicas que buscavam o respeito à individualidade corporal de cada indivíduo.

Fotografia. Vista da cintura para cima de uma senhora de cabelo grisalho ondulado, nariz comprido, sobrancelhas finas e lábios bem vermelhos. Ela veste roupa vermelha com lenço de mesma cor e estampa florida e faz uma pose com as costas eretas, o braço esquerdo cruzando o corpo para a direita e o braço direito estendido para o alto, acima da cabeça.
Angel Vianna no espetáculo solo Amanhã é outro dia!, com coreografia de sua autoria e direção de Norberto Presta, 2018.
Pesquisem em sites, vídeos com apresentações de dança dos artistas citados no texto. Como exercício prático, improvisem movimentos com base no que foi descrito. Registrem com fotos ou desenhos os movimentos de outro colega e compartilhem as impressões dos resultados.
Fotografia em preto e branco. Em um ambiente claro, um homem sem camisa e calça estampada segura uma mulher com um dos braços. Ela veste figurino também estampado e está com o corpo horizontalizado no ar, na altura da cintura do rapaz.
Trícha Bráun e Stiven Petronio em Set and Reset, 1985.

Entre os grandes nomes que contribuíram para a cena da dança contemporânea está a estadunidense Trisha bróun (1936-2017). A coreógrafa e bailarina iniciou no balé clássico e logo se interessou por desenvolver a própria expressão na dança, distanciando-se dos padrões técnicos clássicos e modernos.

Em It's a Drawn, uma série de apresentações iniciada em 1999, Trisha bróun usava o corpo como ferramenta para o desenho, imprimindo sobre o papel as marcas expressivas dos seus movimentos. O giz traçava os rastros e vestígios do seu corpo que dançava e se movimentava em saltos, giros e coreografias espontâneas.

Trisha se dedicou ao uso da improvisação, incorporou movimentos cotidianos à dança, usou a fala e a voz para a composição de suas propostas, além de sair dos espaços habituais das apresentações para ocupar locais públicos e urbanos.

Pintura. Destaque de um fundo branco sobre o qual há um emaranhado de linhas finas curvas e irregulares em cor escura.
Sem título, desenho de Trícha Bráun, da série It's a Drawn, 2002.

PROPOSTAS ARTÍSTICAS HÍBRIDAS

Fotografia em preto e branco. Um grupo de atores em pé vestindo figurinos diversos. Entre eles, há vestidos rodados com comprimento firme em formato de disco, calça volumosa bicolor, calça com listras horizontais e camisa com franjas longas.
Figurinos de Óscar Chilêmer para Balé Triádico, no teatro Metropol em Berlim. Alemanha, 1926.
Ilustração. Cartela com conjunto de retângulos que emolduram diferentes figurinos, como vestidos rodados com comprimento firme em formato de disco, calça volumosa bicolor, calça com listras horizontais e camisa com franjas longas, entre outros. A maioria dos figurinos está colorizada com diferentes cores. Ao centro da cartela, está escrito: DAS TRIADISCHE BALLET.
Desenhos dos figurinos do Balé Triádico, 1926.

Óscar Chilêmer (1888-1943) foi um professor de teatro da Bauhaus, escola de artes fundada em 1919, na Alemanha. Idealizou em 1926 o Balé Triádico, espetáculo em que bailarinos usavam figurinos geométricos, com estética construtivista, para performar danças estilizadas. A proposta era uma junção de teatro, dança, música e artes visuais.

Na contemporaneidade, também é recorrente que as linguagens artísticas sejam fluidas e se inter-relacionem de maneira híbridaglossário .

Ícone de atividade em grupo.
Pesquisem, na internet ou em livros, outras propostas compostas de várias linguagens artísticas ao mesmo tempo. Ao final, compartilhem com os colegas os resultados e discutam sobre as possibilidades que se ampliam nessas combinações.

eu APRENDI

Faça as atividades desta seção no caderno.

  1. Na Arte Contemporânea e Conceitual, os artistas recorrem à diversidade de materiais para a produção de suas obras. Com base no que você aprendeu nesta unidade, descreva:
    1. materiais e suportes comuns na arte;
    2. diferentes tipos de material e suporte utilizados na Arte Contemporânea.
  2. Analise as informações a respeito da música e da poesia concreta.
    1. Sons e ruídos ao nosso redor podem ser material para a criação da música concreta.
    2. É considerado poeta concreto aquele que valoriza o pensamento racional.
    3. A música concreta é aquela percebida pelos fenômenos da natureza e que são captados por fitas magnéticas.
    4. O poema concreto desconstrói a fórma tradicional do verso.
    1. Somente dois está correta.
    2. Somente um e três estão corretas.
    3. Somente dois e quatro estão corretas.
  3. Lygia Clark e Hélio Oiticica foram importantes artistas do movimento Neoconcreto. Explique quais as semelhanças entre eles.
  4. Analise as alternativas. Identifique aquelas com informações falsas e reescreve-as no caderno.
    1. A performance utiliza-se do corpo como suporte para a arte.
    2. No Brasil, todos os espaços expositivos da arte estão acessíveis para o público que apresenta alguma deficiência.
    3. É comum o uso de recursos digitais e tecnológicos em obras interativas.
    4. Na performance e no happening pode haver participação do público.
    5. Na Arte Contemporânea, os artistas abordam diversas temáticas.
  1. O alemão bértoldbréche e o brasileiro Augusto Boal foram importantes nomes do teatro, cada qual em seu contexto e época. Em ambos, a posição ativa e crítica do público é fundamental. Explique a relação do espectador com a obra de ambos os artistas.
  2. Transcreva a alternativa com os artistas de referência na dança contemporânea.
    1. Angel Vianna e Trícha Bráun.
    2. Trícha Brown e Marina Abramović.
    3. Regina Silveira e Djéksôn Póloqui.
    4. Angel Vianna e Flávio de Carvalho.
  3. A obra retratada na imagem foi planejada e organizada para um ambiente. Diferentemente de um quadro sobre a parede, ela se relaciona com o espaço de modo a ocupar uma área específica. Cite a alternativa que corresponde a obra retratada.
    1. Happening.
    2. Bólide.
    3. Instalação.
    4. Ready-made.
Fotografia. Interior de uma estufa que apresenta mudas plantadas em longos canos avermelhados e colocados na horizontal e em diferentes níveis. Essas mudas aparecem nos cantos e ao fundo.
Insurgencias botanicas: Phaseolus Lunatus, de Ximena Garrido-Lecca, na 34ª Bienal de São Paulo. São Paulo, 2021. 

8. Observe as duas manifestações artísticas propostas nas imagens e descreva o que se pede.

Fotografia. Durante a noite, em ambiente aberto, um grupo de pessoas está ao redor de um grande cubo composto por painéis com imagens luminosas.
Exposição organizada em parque na cidade de Atenas. Grécia, 2022.
Fotografia. Durante a noite, em um ambiente aberto, um grupo de pessoas está ao redor de um conjunto de cubos com superfície transparente com projeção de linhas coloridas. Ao fundo, prédios com luzes acesas.
Instalação do Islandês Marcos Zotes, intitulada Amaze, um labirinto de luzes e sons, provocando sensações multissensoriais no público, em Toronto. Canadá, 2014.
  1. O que elas apresentam em comum.
  2. Cite o tipo de recurso proposto nas obras para permitir a interação com o público.

vamos COMPARTILHAR

Sala de memórias

Ao encerrar esta unidade, entendemos que na Arte Contemporânea existe uma amplitude de linguagens para expressar diversas questões ligadas ao cotidiano e à vida, como a performance, a dança, a música, a instalação, o vídeo, entre outras, desde que relacionadas ao tema.

Ilustração. Destaque de seis jovens de características físicas diferentes que compõem um grupo musical. Eles são vistos de corpo todo e estão em pé. Alguns seguram instrumentos musicais ou microfones; dois deles seguram cartazes.

A proposta é que a turma, utilizando uma das linguagens da Arte Contemporânea, organize uma exposição coletiva com o tema “memórias”, refletindo sobre como nossas memórias afetivas fazem parte da nossa história e sobre a importância desses sentimentos que envolvem experiências de vida, lugares e pessoas.

Etapa 1 – Definição e organização das propostas

Ícone de atividade em grupo.
  1. Com a orientação do professor, cada grupo escolherá um tipo de obra diferente para expressar o tema “memórias”.
  2. As obras poderão ser desenvolvidas em diferentes linguagens e expressões, como performance, dança, música, instalação, vídeo etcétera., desde que relacionadas ao tema.

Etapa 2 – Ensaio e preparo

De acordo com o tipo de proposta escolhida, preparem-se para o ensaio e os ajustes. Por exemplo, se for uma apresentação de dança, definam a coreografia, os figurinos, o cenário, a música. Se houver registro em vídeo, testem as possibilidades de gravação. Lembrem-se de que esse tipo de proposta deve ser curta, não devendo ultrapassar o limite de 5 minutos para cada grupo.
Fotografia. Em primeiro plano, duas meninas estão sentadas frente a frente diante de uma mesa. À da esquerda veste blusa de manga comprida azul; a da direita usa camiseta verde. Em segundo plano, vista desfocada de pessoas sentadas em cadeiras observando as meninas.

Etapa 3 – Organização do espaço e montagem

  1. Organizem a melhor maneira para expor os trabalhos: caixas de som ou fones de ouvido para a música, a exibição de um vídeo de dança realizado pela turma ou performance, desenhos e pinturas, entre outras possibilidades. Explorem e ocupem esse espaço.
  2. Retomem o trabalho de memórias afetivas feitas nos saquinhos de tecido. Com a fita dupla face, fixem os saquinhos sobre uma parede ou mural. Planejem como ficará a disposição de cada um sobre a parede, se estarão enfileirados ou organizados de modo mais orgânico.

Etapa 4 – Evento

  1. Com a orientação do professor, combinem o melhor dia e horário para que a família e a comunidade possam prestigiar o evento.
  2. Permitam que os espectadores possam interagir com a obra de algum modo, principalmente pela reflexão. Se possível, reservem um momento ao final para que haja uma conversa sobre as sensações que as propostas provocaram no público.

Glossário

lúdico
: que estimula o divertimento.
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Arte Contemporânea
: de fórma geral, refere-se à arte produzida na atualidade e que se manifesta nas diferentes linguagens artísticas, com propostas, expressões e técnicas inovadoras.
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: conceito relacionado à criação de um projeto, objeto ou produto que valorize o funcional e o estético.
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neologismo
: criação de novos termos e expressões ou novo significado para uma palavra já existente.
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efêmero
: aquilo que dura pouco. Temporário, passageiro.
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híbrido
: junção de elementos diferentes na sua composição.
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