UNIDADE 2 A cidade como cenário e palco

As propostas desta unidade do seu livro foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam.

Fotografia. Destaque de uma via que apresenta duas estátuas de bronze: uma menina e um touro. De um lado, vista de costa, está uma menina de vestido parada com as mãos na cintura diante de um touro visto de frente com as patas flexionadas. Ao fundo, estão alguns prédios.

eu SEI

Arte nas ruas

Observar fotografias que retratam as manifestações artísticas no Brasil e no exterior e selecionar algumas na cidade em que vive.

Fotografia. À esquerda, destaque de um edifício com grafite na parede lateral que apresenta o desenho de uma mulher nua sentada sobre as pernas e uma meia-lua na parte superior. À direita, está uma ampla via e prédios.

eu vou APRENDER

Capítulo 1 – Propostas artísticas na cidade

Identificar diferentes manifestações culturais e artísticas.

Capítulo 2 – Propostas artísticas na rua

Exemplos de acontecimentos cênicos de diversas linguagens artísticas.

Fotografia. Destaque de grafite que apresenta muitos dedos em tons de azul ao redor da cabeça de uma pessoa e cobrindo sua boca. Estão visíveis apenas a testa e os olhos claros. Nas partes laterais esquerda e direita, há uma mão com os dedos fechados e vista parcialmente.

eu APRENDI

Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.

Ilustração. Destaque de um mapa ilustrado que apresenta uma área urbana com destaque para espaços diversos, como MUSEU DE ARTE MODERNA, PRAÇA DO RELÓGIO, TEATRO MUNICIPAL e CONCHA ACÚSTICA.

vamos COMPARTILHAR

Mapas artístico-afetivos

Desenvolver proposta de mapa cultural, com as manifestações artísticas que se evidenciam na cidade ou estado brasileiro onde vive.

OBJETIVO GERAL

Reconhecer os espaços públicos e os espaços urbanos como espaços para manifestação artística.

eu SEI

Arte nas ruas

Local de moradia, estudo, comércio, lazer e tantas outras atividades, a cidade é também um espaço de manifestações artísticas. Músicos, dançarinos, pintores, escultores e outros artistas atuam nela e interferem de diferentes maneiras no cotidiano, transformando a relação dos cidadãos com os espaços urbanos. Observem as imagens que retratam diferentes manifestações artísticas em diferentes cidades do mundo.

Fotografia. Durante a noite, plano aberto de uma área urbana que apresenta em destaque grafites nas paredes de edifícios. Em destaque, à direita, um deles representa duas mulheres vestindo hijab coloridos. De suas bocas, partem fios conectados por onde duas pessoas caminham ao centro.
Grafites em prédios de Belo Horizonte. Minas Gerais, 2021.
Fotografia. Destaque de uma via que apresenta duas estátuas de bronze: uma menina e um touro. De um lado, vista de costa, está uma menina de vestido parada com as mãos na cintura diante de um touro visto de frente com as patas flexionadas. Ao fundo, estão alguns prédios.
Estátua de menina encarando touro, em Nova iórque. Estados Unidos, 2017.
Fotografia. Em área aberta com bandeirolas penduradas, um grupo musical se apresenta diante de um público que está parcialmente em pé e parcialmente sentado. Ao fundo, há um restaurante com pessoas sentadas em mesas.
Músico nas ruas de Londres. Inglaterra, 2018.
Fotografia. Em área aberta, vista de costas de um grupo de instrumentistas e um pernalta utilizando figurinos com blusas e calças em tons de marrom e vermelho. Eles caminham em uma via assistidos por um público em pé. Ao redor, há prédios.
Músicos e artistas em uma festa nas ruas de Moscou. Rússia, 2019.
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Ícone de atividade oral.
  1. Observem as imagens e citem:
    1. as manifestações artísticas que se evidenciam e quais delas também ocorrem na cidade em que vocês vivem;
    2. que outras manifestações artísticas acontecem na sua cidade.
  2. Com a orientação do professor, elaborem uma lista coletiva com as manifestações artísticas que se fazem presentes nas ruas da cidade citadas pelos colegas da sala de aula.

eu vou APRENDER Capítulo 1

Propostas artísticas na cidade

As grandes cidades configuram-se pelo movimento acelerado de pessoas, veículos, máquinas e meios de comunicação. Transeuntesglossário glossário apressados, muitas vezes, não se dão conta do entorno, ocupados e absorvidos pelas tarefas do dia a dia.

A arte no espaço urbano não se limita a aspectos decorativos; ela pretende despertar sentimentos, ideias e reflexões relacionados com as vivências do indivíduo no espaço urbano. As obras realizadas em espaços públicos são definidas como arte pública.

A arte pública apresenta como característica ser fisicamente acessível à população, modificando e explorando a paisagem urbana, de fórma permanente ou temporária. Ela busca principalmente explorar os espaços públicos das cidades: monumentos localizados em ruas, parques e praças; obras integradas ao espaço urbano, como grafites e esculturas ao ar livre; obras instaladas em estações de metrô e intervenções urbanas, entre outras possibilidades.

Em muitos casos, esse tipo de arte visa alterar a paisagem das cidades para promover discussões sobre a relação do cidadão com o espaço público. O transeunte passa a ter uma relação ativa não somente como espectador, mas como participante, em diálogo com a obra e a cidade.

Fotografia. Plano aberto de uma via pública que apresenta retratos em preto e branco nas colunas abaixo de um viaduto. No canto direito, uma pessoa atravessa a rua. Ao fundo, há trânsito.
Vinte e nove fotografias, que fazem parte do projeto Giganto, estampam as pilastras do Minhocão, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.
Fotografia. Destaque de um retrato em preto e branco pintado na parede de um edifício. Apresenta o rosto de uma mulher de sobrancelhas e lábios grossos, nariz afilado e que usa um hijad cobrindo o entorno da cabeça.
Fotografia de Salsabia, cozinheira da Jordânia, no entorno do Minhocão, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.

Conheça uma proposta artística que busca retratar a diversidade de moradores que habitam uma grande cidade como São Paulo. O projeto Giganto, idealizado pela artista Raquel , desde 2009 destaca os moradores que formam o tecido da cidade em fotografias hiperdimensionadas, expostas em espaços públicos de grande circulação. Leia a descrição da artista sobre o projeto.

São Paulo é uma cidade agressiva, e por ver como as pessoas andam nela blindadas é que resolvi fazer o Giganto, esses rostos gigantes que não tem como ignorar. Em algum momento você vai olhar essa pessoa nos olhos e talvez preste mais atenção em seu vizinho, no motorista do ônibus, criando uma relação mais humana com as pessoas que estão à sua volta.

Projeto Giganto: artista agiganta em fotografias rostos diversos de São Paulo. UOL/Portal GARCIA, C. Aprendiz. 13 dezembro 2019. Disponível em: https://oeds.link/d4jY4p. Acesso em: 12 abril 2022.

Ícone de atividade em dupla.
Ícone de atividade oral.
  1. Com a orientação do professor, descrevam o projeto Giganto, destacando o que a artista buscou evidenciar e as principais características do projeto.
  2. Citem que tipo de impacto esses rostos poderiam gerar em quem os observa no cotidiano das cidades.
  3. Inspirados no projeto Giganto, citem que rostos se destacam na cidade onde vocês moram e pensem em um espaço público da cidade ideal para retratar essas imagens.

Para ampliar

Projeto Giganto: artista agiganta em fotografias rostos diversos de São Paulo. UOL/Portal GARCIA, C. Aprendiz. 13 dezembro 2019. Disponível em: https://oeds.link/d4jY4p. Acesso em: 27 jun. 2022. Para saber mais sobre o projeto, leia essa matéria.

MONUMENTOS PÚBLICOS

São considerados monumentos públicos os conjuntos arquitetônicos, as estátuas, os obeliscosglossário , os bustosglossário , os túmulos e as lápidesglossário que se encontram no espaço público. Os monumentos ilustram e rememoram fatos históricos, de relevância regional ou nacional, e homenageiam personalidades consideradas importantes. Por estarem em locais públicos de circulação de pessoas, são destinados a ser lembrados, construindo uma memória coletiva da população de determinado local. Assim, um monumento não diz respeito somente à criação artística em si, mas à paisagem e ao local do qual faz parte. O Brasil é rico em monumentos públicos, distribuídos por todos os estados. Conheça alguns deles.

Fotografia. Destaque de uma estátua robusta que apresenta pessoas indígenas sentadas na base ao lado de animais e plantas e um homem de farda a cavalo no topo. Ele está com um dos braços levantados e olha para o lado; o cavalo está com a pata esquerda erguida.
Estátua equestre de dona Pedro primeiro, de Luí Roché, Praça Tiradentes, na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2019.

A imagem anterior retrata a estátua equestre de dona Pedro primeiro, inaugurada em 30 de março de 1862, localizada na Praça Tiradentes, no centro da cidade do Rio de Janeiro, local onde, em 21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado. O monumento, do escultor Luí Roché (1813-1878), apresenta figuras indígenas junto a animais e plantas da fauna e da flora de diversas regiões brasileiras. As estátuas da base simbolizam os rios Madeira, Amazonas, São Francisco e Pará. O monumento homenageia a Independência do Brasil e a Constituição Política do Estado, dois acontecimentos ligados a dona Pedro primeiro. O imperador é representado segurando a Carta Magnaglossário .

Fotografia. Destaque de uma área aberta onde há um obelisco revestido por mármore branco. Ao fundo, há um prédio e o céu azul.
Obelisco de marco do centro geodésicoglossário da América do Sul, na Praça Pascoal Moreira Cabral, em Cuiabá. Mato Grosso, 2022.

Em Cuiabá, localiza-se um obelisco de cêrca de 20 metros de altura, como podemos observar na imagem anterior, revestido em mármore branco. O monumento sinaliza o centro da América do Sul de acordo com cálculos matemáticos, geográficos e astronômicos. Foi identificado pelo militar e sertanista brasileiro Cândido Mariano Rondon (1865-1958), conhecido como Marechal Rondon.

Fotografia. Destaque de uma escultura que apresenta duas pessoas com corpo longilíneo abraçadas lado a lado segurando lanças. Ao fundo, está um prédio horizontalizado com paredes de vidro e que apresenta uma rampa de acesso branca.
Os guerreiros, ou Os candangos, de Bruno Giorgi, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Distrito Federal, 2021.

Em Brasília, a escultura Os guerreiros, mais conhecida como Os candangos, inaugurada em 1959, celebra os primeiros habitantes da cidade, que trabalharam na sua construção. Na obra, do escultor Bruno Giorgi (1905-1993), duas figuras erguem suas hastes para homenagear aqueles que trabalharam para realizar o sonho do então presidente da República, Juscelino cubishéqui, de construir uma nova capital para o Brasil. A cidade foi projetada pelo arquiteto Lúcio Costa e inaugurada em 1960, após mais de três anos de obras.

O Cais do Valongo, monu­men­to localizado na zona por­tuá­ria da cidade do Rio de Ja­­neiro, é um espaço de memória e resistência ligado à comunidade afro-brasileira. Construído no início do século dezenove como ponto de desembarque e comércio de pessoas escravizadas, hoje é um local para promover a reflexão e a conscientização da sociedade brasileira sobre o período escravocrata e suas consequências. Em 2017, a Unesco concedeu o título de Patrimônio Mundial ao Cais do Valongo.

Fotografia. Plano aberto de uma área que apresenta chão com blocos descolados e uma coluna alta. Ao fundo, está um amplo prédio e algumas árvores.
Sítio arqueológico Cais do Valongo, no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2018.

Em 2021, o músico, cantor e compositor Itamar Assumpção foi homenageado com uma escultura em bronze no Largo do Rosário, Zona Leste da cidade de São Paulo, como vemos na imagem a seguir. Itamar transitou por diversos gêneros musicais misturando poesia, rap, reggae, funk, rock e samba, valorizando as tradições afro-brasileiras em suas experimentações. Teve destaque no cenário artístico desde a década de 1970 e dedicou-se a essa arte até sua morte, em 2003, deixando um imenso legado para a cultura brasileira.

Escultura. Busto de um homem de cabelo curto crespo, nariz largo e lábios grossos, que usa óculos escuros com laterais longas e adornadas. Ele segura um microfone.
Estátua de Itamar Assumpção, obra de Leandro Junior, Centro Cultural da Penha, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2021.
  1. Observe as imagens dos monumentos nas páginas 74 e 75 e cite os tipos de materiais mais comuns em sua fabricação.
  2. Faça uma lista dos monumentos públicos que você já conhece na cidade em que vive e explique a importância deles para a comunidade.

Monumento e memória

Alguns monumentos públicos levantaram fortes debates ao longo dos tempos. Em 2020, na cidade inglesa de Bristol, manifestantes derrubaram a estátua de éduardi côlstôn, personalidade da Inglaterra do século dezessete célebre pelos seus atos de caridade. Como reconhecimento, uma estátua foi erguida em 1895 em sua homenagem. Porém, o motivo que levou à retirada e derrubada da estátua, pouco mais de um século depois, envolveu um sentimento de indignação e reparação histórica por parte da sociedade britânica, já que côlstôn foi também um mercador de escravos.

Fotografia. Escultura que apresenta um homem de cabelo longo encaracolado. Ele usa casaco longo e está parado com a mão esquerda no queixo e a direita no cotovelo esquerdo. Abaixo dele, há um robusto pilar. Na base, há uma placa com inscrições e esculturas menores.
Estátua de éduardi côlstôn antes de sua retirada, no centro de Bristol. Inglaterra, 2019.

No Brasil, outros monumentos que representam personagens históricos são constantemente alvos de manifestações e intervenções diretas ao que, no passado, seria motivo de celebração e homenagens. É o caso de monumentos aos bandeirantes, na cidade de São Paulo, que já passaram por intervenções com placas, faixas, letreiros e outras. Segundo historiadores, os bandeirantes, que já foram considerados heróis e desbravadores de territórios no interior do país, capturavam, escravizavam e eliminavam indígenas e negros em suas jornadas.

Fotografia. Escultura robusta de um homem de barba clara que usa camisa branca listrada e colete, chapéu, calça e botas marrons. Ele segura uma espingarda apoiada no chão e disposta na vertical. Ao fundo, há árvores e construções.
Estátua de Borba Gato. São Paulo. São Paulo, 2007.
Fotografia. Destaque de uma escultura robusta e longa que apresenta dois homens de farda a cavalo à frente de um grupo de homens que caminha a pé formando duas longas fileiras na parte de trás. Esses homens na parte traseira da escultura estão puxando uma longa canoa
Monumento às bandeiras, escultura de vitor brêchêrê, Parque Ibirapuera, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.
Ícone de atividade em dupla.
Ícone de atividade oral.

6. Com a orientação do professor, conversem sobre como podemos, de fórma democrática, eleger personalidades representativas para a sociedade.

Preservação e educação patrimonial

A presença de monumentos nos espaços públicos urbanos abre muitas discussões sobre história, memória e identificação dos cidadãos com a cidade. Por já fazerem parte do cotidiano e da paisagem, é comum que não seja dada a devida atenção a quem representam, assim como a seus significados.

A manutenção e a conservação dos monumentos públicos devem ser realizadas pelos órgãos públicos responsáveis. Além disso, para que a população se identifique, usufrua e atue na preservação desses bens para as gerações futuras, é preciso implementar propostas de educação patrimonial.

A educação patrimonial atua no incentivo e no desenvolvimento de ações relacionadas com o envolvimento das pessoas e das comunidades no reconhecimento e na valorização dos bens culturais, históricos, paisagísticos, científicos e artísticos.

As discussões sobre espaço público, arte e representatividade e seus significados têm sido cada vez mais presentes na atualidade. O exercício de revisitar o passado é importante para que possamos entender o presente e, se possível, atualizarmos nossa visão de mundo para avançarmos como sociedade.

Fotografia. Plano aberto de um ambiente que apresenta chão de paralelepípedo e um edifício robusto em ruínas e estruturado com grossas colunas. Há também, à esquerda, uma escada que dá acesso ao prédio. Ao redor, estão muitas pessoas com capacetes. Ao fundo, alguns prédios.
Jornada do Patrimônio Histórico, nas ruínas de uma antiga vila, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Com base no que vimos até aqui sobre arte e memória:
    1. escolham uma estátua, busto ou lápide de alguma personalidade homenageada no seu estado. Façam uma breve pesquisa sobre ela em livros, revistas, jornais ou sites, destacando os principais feitos que possivelmente a tornaram reconhecida.
    2. Que personalidade de importância histórica ou relevância social vocês homenageariam em um espaço público da sua cidade? Justifiquem a resposta elaborando uma legenda para o monumento fictício.

VAMOS CONHECER MAIS

As esculturas públicas de Tomie Ohtake

No Brasil, assim como em outros países, muitos artistas criam esculturas para locais públicos. Conheça o trabalho desenvolvido pela pintora, gravadora e escultora japonesa naturalizada brasileira Tomie Ohtake (1913-2015), que aqui chegou em 1936 e, após um breve período dedicado à arte figurativa, seguiu criando obras abstratas. Em 1995, Tomie recebeu o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura (Minc), e, em 2000, foi criado o Instituto Tomie Ohtake, na cidade de São Paulo.

Realizadas em grandes dimensões, as esculturas de Tomie Ohtake ocupam o espaço público de centros urbanos pelo Brasil. A artista produziu mais de trinta obras públicas, instaladas na paisagem de 27 cidades brasileiras, como São Paulo (São Paulo), Belo Horizonte (Minas Gerais), Curitiba (Paraná), Brasília (Distrito Federal), Araxá (Minas Gerais) e Ipatinga (Minas Gerais).

Entre 2009 e 2010, a artista foi convidada a criar esculturas para os jardins do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio e para a província de oquinaua, no Japão. Em 2012, foi convidada pelo Mori Museum, em Tóquio, a produzir uma obra pública situada no jardim do edifício. Suas esculturas propõem grandes intervenções na paisagem urbana e homenageiam datas marcantes, como os oitenta anos da imigração japonesa no Brasil.

Fotografia. Plano aberto de uma área externa onde há uma escultura que apresenta uma longa faixa serpenteada na cor vermelha. Ao redor, há uma área gramada e algumas pessoas no ambiente. No horizonte, está o mar e os prédios.
Inaugurada em 2018, a escultura de aço de Tomie mede 15 métros de altura e é uma homenagem ao centenário da imigração japonesa no Brasil, em Santos. São Paulo, 2019.
Assim como as esculturas de Tomie Ohtake, existem outros artistas que criaram propostas com foco na geometria e nas fórmas mais sintéticas e abstratas. Com a orientação do professor, investigue em livros ou na internet exemplos de esculturas públicas nesse estilo. Compartilhe os resultados da pesquisa na sala de aula.

ARTE EM ESPAÇOS PÚBLICOS

Fotografia. Destaque de uma plataforma de estação de metrô que apresenta uma parede de vidro na qual há um conjunto de retratos de bustos de pessoas diversas em preto e branco com uma faixa colorida transpassada sobre a boca. Sobre o busto das pessoas no retrato, há palavras sobrepostas. Um homem está parado na plataforma usando máscara e com as mãos na cintura.
O artista Alex Flemin e sua intervenção na estação de metrô Sumaré, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2020.

Por todo o mundo, em cidades como Nova iórque, nos Estados Unidos; Estocolmo, na Suécia; Fránquifut, na Alemanha; Nápoles, na Itália, entre outras, existem estações de metrô que exibem obras de arte, como as retratadas nas imagens. Em São Paulo, cêrca de noventa obras de arte estão espalhadas por 37 estações de metrô. São murais, painéis, instalações e esculturas de artistas como Tomie Ohtake (1913-2015), Cícero Dias (1907-2003), Emanoel Araújo (1940-), Alex Flemin (1954-), entre outros.

A obra de Alex Flemin exposta na estação Sumaré do metrô de São Paulo (ésse pê) é composta de 44 retratos e 22 poemas de autores brasileiros impressos sobre vidro. Criadas em 1998, as fotografias se assemelham a fotos 3 por 4 do documento de érre gê (Registro Geral) ou dos passaportes e fazem referência à da identidade dos brasileiros. Em 2020, o artista fez uma intervenção na própria obra adicionando adesivos de máscaras de proteção aos rostos (veja a imagem anterior) para a conscientização da população contra a disseminação do novo coronavírus durante a pandemia.

1. Se você pudesse fazer uma proposta artística, a exemplo de flêmin, para alertar a população de um problema atual, qual seria o tema escolhido? Pense em alguma ação e elabore um esboço em desenho desse projeto.

Versão adaptada acessível

Atividade 1.

Se você pudesse fazer uma proposta artística, a exemplo de Flemming, para alertar a população de um problema atual, qual seria o tema escolhido? Pense em alguma ação e elabore um esboço desse projeto.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Espaços públicos: obras de arte no metrô

Locutor: Espaços públicos: obras de arte no metrô.

Som do trem do metrô

Condutor do metrô: Bem-vindos! Vamos iniciar o nosso itinerário artístico pelo mundo até chegar ao Brasil e conhecer estações de metrô que abrigam coleções subterrâneas. Preste atenção a cada embarque e desembarque para não se perder.

Som do trem do metrô

Locutor: É bom saber que a primeira estação de metrô do mundo foi inaugurada em 1863 em Londres, na Inglaterra. Com apenas 6 quilômetros e meio de extensão, os trens que lá circulavam eram movidos a vapor e atendiam a apenas 30 mil passageiros. Hoje o trem da capital inglesa já soma mais de 400 quilômetros de trilhos e 270 estações. Já no Brasil, a primeira linha de metrô foi inaugurada em 1974, na capital paulista. Ela transportava menos de 3 mil passageiros por dia e ligava os bairros do Jabaquara à Vila Mariana. Até 2022 já eram mais de 74 quilômetros de linhas ferroviárias e 64 estações.

Condutor do metrô: Primeira estação: Estocolmo, na Suécia.

Som do trem do metrô

Locutor: Aqui você poderá ver 150 obras de arte espalhadas em 90 das 110 estações da capital sueca. É a galeria de arte mais longa do mundo! Atenção especial às paredes das estações que trazem pinturas de diversos artistas e retratam desde a natureza até os jogos olímpicos.

Condutor do metrô: Próxima estação: Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Som do trem do metrô

Locutor: Chegamos na cidade dos Emirados Árabes Unidos que é conhecida pela arquitetura moderna e luxuosa. E esse luxo também pode ser conferido por exemplo na estação de metrô BurJuman, onde está exposta uma série de fotos da história pesqueira do emirado e traz uma iluminação muito peculiar, com lustres que lembram águas vivas.

Condutor do metrô: Próxima estação: Kaohsiung, em Taiwan.

Som do trem do metrô

Locutor: Não olhe apenas para baixo para tomar cuidado com a distância entre o trem e a plataforma. Volte seus olhos para cima para contemplar o Dome of Light. Essa Cúpula de Luz tem 30 metros quadrados de diâmetro e uma área total de mais de 2 mil metros quadrados de vidro colorido. Obra do artista italiano Narcissus Quagliata, ela fica na estação Formosa Boulevard.

Condutor do metrô: Atenção, passageiros! Vocês acabam de desembarcar no Brasil. Próxima estação: São Paulo.

Som do trem do metrô

Locutor: Chegamos na estação Sumaré da capital paulista. Aqui podemos apreciar painéis com 44 retratos de pessoas comuns colados nas paredes de vidro. Essa é a obra mais conhecida de Alex Flemming e pode ser vista mesmo fora da estação.

Condutor do metrô: Próxima estação: Rio de Janeiro.

Som do trem do metrô

Locutor: Estamos na estação Cinelândia, onde podemos ver um painel de autoria de Ozi e do Coletivo Nata Família. Com o nome de “Aquele Abraço” e inspiração no trabalho de Gilberto Gil, a obra é feita com técnicas de pintura em spray, pôster arte e estêncil.

Condutor do metrô: Estação final: Fortaleza.

Som do trem do metrô

Locutor: Desembarquem nesta estação da capital cearense e voltem sua atenção para os trens. Neles estão expostas obras com curadoria de ISE e OSGEMEOS, grafitadas na parte exterior das locomotivas. São 40 vagões de 15 trens que circulam não só por Fortaleza, mas também em Juazeiro do Norte e Sobral.

Condutor do metrô: Chegamos ao nosso destino final. Mas a viagem não precisa terminar aqui. Pesquise outras estações no mundo que têm obras de artes expostas, como Madri, Barcelona, Santiago, Moscou, dentre outras e boa viagem!

Locutor: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Grafite

Outra proposta artística em espaços públicos é o grafite. A palavra “grafite” vem do italiano grafito ou graffito, que significa arranhado, rabiscado, e foi incorporada ao inglês no plural, graffiti, para designar um tipo de arte pública realizado para interferir na paisagem das cidades. No início, caracterizava-se como uma arte anônima, em que o grafiteiro utilizava a cidade como importante veículo de comunicação urbana.

No grafite, as marcas nos muros, causadas pelo desgaste e pelo tempo, podem ser incorporadas às imagens criadas pelos grafiteiros, estabelecendo diálogo com o entorno. Muitas vezes, são paredes de lugares abandonados ou muros escolhidos por sua visibilidade. O desenho no muro intervém na paisagem urbana e cria certa identidade no lugar em que está inserido.

Materiais como giz, carimbos, pincéis, máscaras de pintura e, principalmente, tinta em spray são utilizados para criar fórmas, símbolos e imagens em diferentes espaços urbanos. Na sequência, conheça três grandes referências internacionais do grafite.

Fotografia. Destaque de uma plataforma de estação de trem que apresenta colunas e parede com grafite.
Mural de e Lil men, . Washington Heights, Manhattan, Nova iórque. Estados Unidos, 1986.
Imagem meramente ilustrativa

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Para ampliar

LEITÃO, Mercia Marcia. Grafite entre riscos e cores. São Paulo: Brasil, 2018. Em texto lúdico e interativo, uma professora explora a arte contemporânea com seus alunos e apresenta o grafite de fórma viva e vigorosa.

jan michêl basquiá (1960-1988). A obra desse artista marcou profundamente a cena artística e a vida social da cidade de Nova iórque, Estados Unidos, nos anos 1980. De origem humilde, basquiá iniciou a carreira artística trabalhando com grafite nos anos 1970 e rapidamente encontrou um estilo próprio, que incorporava suas experiências nas ruas da cidade e na cultura hip-hop. Sua inserção nas artes visuais foi de grande impacto, levando o estilo despojado do grafite das ruas para telas e painéis de galerias.

Fotografia. Retrato de um homem visto do tronco para cima; ele tem cabelos curtos, pretos e crespos, nariz largo e lábios grossos.  Ele usa chapéu preto e blusa verde escura. Ao fundo, há uma pintura colorida que apresenta silhueta de uma pessoa.
jan michêl basquiá em frente a uma de suas pinturas durante exposição na galeria Yvon Lambert, em Paris. França, centésima1985.

quíf rérin (1958-1990). Nos anos 1980, rérin, outro importante artista ligado ao grafite, começou a fazer desenhos com giz branco nas estações de metrô de Nova iórque. Em pouco tempo, essas imagens estavam presentes em inúmeras estações. Sua marca registrada são personagens com silhuetas de figuras humanas representando movimentos da break danceglossário .

Fotografia. Retrato de um homem visto da cintura para cima. Ele tem cabelos castanhos claros curtos, com entradas na frente, olhos azuis, nariz afilado e lábios finos. Usa óculos redondo de grau e gesticula diante de um painel com pintura que apresenta figuras contornadas ligadas entre si.
quíf rérin trabalhando em seu estúdio em Nova iórque. Estados Unidos, 1986.

bânquissi (1974-). Uma das grandes referências internacionais do grafite, bânquissi utiliza a técnica do estêncil para criar imagens potentes e diretas, com reflexões e críticas sociopolíticas em ruas, muros e pontes de diferentes cidades do mundo. A identidade do artista é desconhecida.

Fotografia. Destaque de grafite que apresenta um soldado em pé com as mãos na parede e uma criança que está com uma das mãos em sua perna.
Grafite de bânquissi em muros na cidade de Belém. Territórios Palestinos, 2010.

2. No texto, são apresentados alguns artistas com estilos diversificados de grafite. Como é para você a arte do grafite? Descreva suas impressões da ideia daquilo que assimilou como grafite. Se possível, traga exemplos de lugares da sua cidade ou cite artistas que conhece.

Brasileiros no grafite

No Brasil, o grafite tem sido visto como manifestação artística desde o final da década de 1970. Inicialmente influenciados pela cultura dos Estados Unidos, os grafiteiros brasileiros foram pouco a pouco inserindo características do país nas suas obras e, na atualidade, muitos são referência nos cenários nacional e internacional de grafite, como os artistas Alex Vallauri (1949-1987), Zezão (1971-), Nina Pandolfo (1977-), OSGEMEOS (1974-) e Eduardo Kobra (1975-).

Fotografia. Destaque de um prédio que apresenta um grafite na parede. Há uma mulher sentada que está com um dos pés sobre um espelho com moldura adornada e que aperta uma tinta spray. Na parte superior, há um texto que diz: É TAMBÉM O SEU LUGAR ELA VAI FAZ. E outra que diz: MULHER GIGANTE, MULHERÃO, CAMINHANDO COM AS AMIGAS QUE VIERAM INSPIRA AZAMIGA QUE VIRÃO.
Grafite em homenagem à pintora brasileira Tarsila do Amaral. Grafite de Simone Siss e lambe-lambe de Laura Guimarães, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2020.

As mulheres vêm se destacando cada vez mais no cenário do grafite. Muitas grafiteiras brasileiras ocupam o espaço das ruas, apesar de o grafite ser um meio ocupado na sua maioria por homens. Em meio a tantos nomes, o de Simone Sapienza Siss, ou apenas Siss, é o que assina trabalhos bastante poéticos sobre muros e outros suportes diversificados. A artista já participou de mostras nacionais e internacionais, além de exposições coletivas e individuais.

A artista brasileira, que assina como Magrela, inspira-se no cotidiano urbano da cidade de São Paulo, na cultura brasileira e no feminino. Desde 2007, ela explora as ruas e os muros como suporte para a criação de sua arte, tendo pintado em diversas cidades, como Belo Horizonte e Rio de Janeiro, e até fóra do país, como em Portugal e Inglaterra.

Fotografia. À esquerda, destaque de um edifício com grafite na parede lateral que apresenta o desenho de uma mulher nua sentada sobre as pernas e uma meia-lua na parte superior. À direita, está uma ampla via e prédios.
Eu resisto. Magrela. Grafite, 90 métros por 15 métros na parede lateral de edifício na cidade de São Paulo. São Paulo, 2020.

Para ampliar

OSGEMEOS. Disponível em: https://oeds.link/Jz3pdU. Acesso em: 24 junho 2022. O site apresenta a biografia e as obras dos diferentes projetos de autoria da famosa dupla de artistas Gustavo e Otávio Pandolfo.

Nascido em 1975, na cidade de São Paulo, Eduardo Kobra se tornou um dos mais reconhecidos grafiteiros e muralistas da atualidade. Seus grafites são reconhecidos pelo colorido e pelos temas, passando pelos retratos de grandes personalidades que mudaram e mudam o mundo positivamente. Leia o trecho de uma entrevista com o artista.

Os artistas brasileiros são espetaculares. Porque muitos deles utilizam materiais diferenciados. Até pela origem, muitos vêm de condição difícil, financeira, e aí acabaram tendo que improvisar de muitas maneiras. Isso fez da arte de rua brasileira uma das mais icônicas, significativas e importantes do mundo. Não é por acaso que muitos têm sido reconhecidos por grandes museus ao redor do mundo. reticências É importante os artistas levarem arte ao maior número de pessoas, tanto quanto possível. Arte é livre, é democracia, é muito interessante quando vê que quem só pintava em museus agora está indo para as ruas, ou os designers e ilustradores estão criando peças que podem ser vistas por todos nas ruas, nas cidades, nos muros, nas placas, nos painéis, nos outdoors, e tem ainda os grafiteiros e muralistas. Esses vão para as galerias e continuam nas ruas. Por mais que tenha trabalho ao redor do mundo, o principal é ter o contato com as pessoas. Isso é um privilégio. reticências

GALANI, Luan. “Quanto belo seria se simplesmente nos respeitássemos e respeitássemos nossas diferenças”, questiona Kobra. Gazeta do Povo. 28 janeiro 2022. Disponível em: https://oeds.link/FdOftv. Acesso em: 12 abril 2022.

Fotografia. Destaque de um painel grafitado que apresenta o rosto de uma menina negra com adereços no cabelo e com uma sobreposição em cores diversas que perpassa toda parede.
Etnias, de Eduardo Kobra. Grafite, 3 000 métros quadrados. Rio de Janeiro, 2017.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Com a orientação do professor, leiam a entrevista e discutam sobre a importância:
    1. dos artistas brasileiros no cenário mundial;
    2. do grafite reconhecido como arte, dentro e fóra dos museus.
  2. Pesquisem e elejam um grafite que vocês apreciem e que apresente relevância social. Elaborem uma legenda destacando o nome do artista, se houver, e um texto com a interpretação do seu significado.
Intervenções urbanas

Uma das características da intervenção urbana é a crítica como meio de denunciar o caráter elitista e excludente das instituições culturais e propor, dessa fórma, circuitos artísticos alternativos. Na atualidade, as intervenções continuam sendo um instrumento crítico de contestação, bem como uma alternativa aos artistas que estão fóra dos circuitos oficiais de arte, como galerias, museus etcétera.

Fotografia. Destaque de um prédio que apresenta uma instalação no topo com uma estrutura de ferro que suporta a composição do corpo de uma pessoa em tamanho aumentado e deitada com a barriga para cima e cabeça suspensa próximo da fachada.
Instalação criada pelo artista francês JR no topo do edifício Hilton Santos, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2016.

Diversas intervenções artísticas são realizadas no espaço urbano sem permissão das autoridades. Outras ocorrem com aprovação institucional ou como encomendas especialmente projetadas para determinados locais, financiadas por instituições ou órgãos públicos.

Fotografia. Destaque de um piso de uma via pública com faixas curvas coloridas, em tons de laranja, amarelo, verde e azul. Algumas pessoas caminham pelo espaço. Ao redor, há prédios.
Fotografia. Destaque de um piso em uma via pública com faixas retas e curvas coloridas, em tons de azul, verde, rosa, vermelho e amarelo. Ao redor, há prédios.
Paseo Bandera é um espaço urbano com pinturas feitas diretamente sobre o chão. A Intervenção é um projeto do artista Dasic Fernández cuja execução envolveu outros artistas, profissionais e colaboradores em Santiago do Chile. Chile, 2018.
Fotografia. Destaque de uma escultura que apresenta contorno grosso espelhado em formato de U invertido e disposto em área aberta de circulação de pedestres. Ao fundo, uma via e prédios.
Esculturas espelhadas do artista francês Daniel Buren na Piazza Giuseppe Verdi entre edifícios no centro histórico da cidade de La Spezia. Itália, 2018.
Fotografia. Plano aberto de uma área externa urbana que apresenta curtas colunas listradas dispostas espalhadas em um espaço de passagem. Ao fundo, ampla fachada de um prédio suspenso por colunas e uma passarela mais adiante.
Les deux plateaux (As duas bandejas), obra com colunas listradas, de Daniel Buren, instalada na frente do tribunal de honra do Palais-Royal, em Paris. França, 2021.

O artista chinês ái uêi uêi utiliza materiais inusitados para realizar suas intervenções. Com foco em questões sociais e políticas, busca estabelecer uma reflexão do público sobre temas complexos. Em trabalho de 2016, ái uêi uêi fixou coletes salva-vidas nas colunas de uma sala de concertos, em Berlim, como retratado nas imagens a seguir. A obra reflete sobre a crise internacional dos refugiados, chamando a atenção para como essas pessoas, em situação de vulnerabilidade, fazem travessias pelo mar fugindo da guerra.

Fotografia. Fachada de um prédio robusto com arquitetura clássica que é sustentado por seis colunas sobre as quais há diversos coletes salva-vidas laranjas.
Fotografia. À esquerda, destaque das colunas com coletes laranjas acoplados em sua superfície. À direita, há uma escultura de um anjo segurando um instrumento musical e sentado sobre um animal quadrúpede.
Intervenção de ái uêi uêi com cêrca de 14 000 coletes salva-vidas instalados em colunas da sala de concertos Cháuspirráu, em Berlim. Alemanha, 2016.

5. Escolha um espaço urbano da sua cidade de maior movimentação e fluxo de pessoas e eleja uma das propostas artísticas apresentadas no texto para intervir nesse espaço. Explique o porquê da escolha e como ela se conectaria com esse espaço.

As intervenções artísticas da dupla Christo e jani clôd

O artista búlgaro Christo (1935-2020) e a artista marroquina jani clôd (1935-2009) propunham novas soluções arquitetônicas para o espaço urbano por meio do empacotamento de monumentos, pontes e edifícios ou de interferências na paisagem, como mostram as imagens.

O trabalho da dupla, focado nos packages (empacotamento), teve início nos anos 1960 com objetos de diferentes dimensões, como telefones, televisores, camas, cadeiras, mesas etcétera., expandindo-se depois para o espaço urbano e outras áreas de dimensões monumentais. Suas criações passavam pela intervenção, pela instalação e pelo site-specificglossário (sítio específico). Os artistas utilizavam tecidos, lonas, cordas, cabos de aço e contavam com uma grande equipe de trabalho.

A maioria dos empacotamentos estabelece relações entre arte e o meio urbano ou o meio ambiente natural. O ato de empacotar está associado à preservação de algo e à valorização do objeto empacotado, surpreendendo e evocando a curiosidade.

De acordo com os artistas, ninguém poderia comprar o trabalho, possuí-lo ou cobrar ingresso para visitá-lo. As obras eram inteiramente financiadas por eles próprios, por meio dos recursos levantados com a venda de estudos preparatórios, desenhos, colagens, maquetes etcétera.

Fotografia. Plano aberto de uma área que apresenta uma faixa firme para circulação de pessoas, em formato de T, e é rodeada por água. No horizonte, montanhas verdes.
Fotografia. Destaque da faixa firme para circulação de pessoas envolta por água. Muitas pessoas caminham em ambas as direções.
Sítio específico de Christo e jani clôd criando um cais flutuante no Lago de Iseo. Itália, 2016.

O sonho de Christo desde a década de 1960 era empacotar o Arco do Triunfo, monumento em Paris, na França. A ação (observe as fotografias com o antes e o depois) foi realizada postumamente à morte do casal de artistas por um sobrinho, Vladimir iavatchéf, em 2021, e depois de pronta ficou exposta durante dezesseis dias.

Fotografia. Destaque de uma construção imponente com arabescos na superfície e formato arqueado em meio à via pública. À frente dela, alguns maquinários de reforma e carros e motos circulando na via.
Fotografia. Destaque da construção imponente e arqueada envolta por material branco e laminado. Há muitas pessoas transitando no entorno.
Empacotamento do Arco do Triunfo, em Paris. França, 2021.

As obras de empacotamento da dupla Christo e jani clôdpodem ter muitas leituras. A ação de cobrir algo pode ser interpretada como esconder, ao mesmo tempo que chamam muito mais a atenção por terem sofrido uma modificação, já que são monumentais e impossíveis de não serem notadas.

Ícone de atividade em dupla.
Ícone de atividade oral.
  1. Selecionem monumentos públicos, prédios ou recintos que estejam inseridos na cidade onde vivem. Identifiquem a importância deles para a comunidade.
  2. Em qual deles vocês fariam uma intervenção artística de empacotamento, como Christo e jani clôd? A ideia é que esse local seja protegido, escondido, ou que seja notado? Expliquem suas intenções compartilhando-as com a turma.
Lambe-lambe e sticker art

É comum que estejamos acostumados à poluição visual presente em muitas cidades, especialmente nos grandes centros urbanos. Outdoors, luminosos, folhetos e cartazes com propagandas ao lado de expressões artísticas, como o grafite e a pichação, dialogam e batalham por espaço para serem vistos. Os cartazes com propagandas costumam ser feitos com uma larga tiragem de cópias para serem fixados em muros, postes ou qualquer lugar à vista a fim de atrair o interesse de um comprador.

Os lambe-lambes são cartazes artísticos que vão na contramão da ideia de vender um produto, mas também se apropriam do espaço público e urbano para espalhar uma ideia ou imagem que alcance o olhar das pessoas que transitam nas ruas. Podem ser impressos em fotocopiadoras ou feitos de maneira artesanal com diversas técnicas, como pintura e gravuraglossário ou digitalmente. Os temas dos lambe-lambes são bastante variados, desde frases de impacto com cunho político e de humor, poesias, até imagens diversas.

Para afixar o lambe-lambe, uma mistura de cola e água é aplicada sobre a parede, ou outra superfície, e logo em seguida o papel é colocado, recebendo então outra camada de cola diluída para melhor aderência. Essa técnica é similar ao processo de aplicação de propagandas impressas nos outdoors.

Já a sticker art (arte de adesivos) tem como particularidade maior facilidade para ser colada em muros, postes e placas – já que o tamanho é muito menor do que um cartaz. Assim como o lambe-lambe, os adesivos podem ser confeccionados de diferentes maneiras. Quando colados junto a outros, podem obter uma estética desordenada e visualmente poluída, resultando em uma composição bastante interessante.

Fotografia. Destaque de uma parede com composição repleta de colagens com inscrições e imagens  sobrepostas.
Lambe-lambes na cidade de São Paulo, com frases diversas. São Paulo, 2021.
Fotografia. Destaque de uma parede que apresenta a colagem de um retrato em preto e branco de uma pessoa de nariz largo e lábios grossos que usa turbante e olha para o lado, com a boca semiaberta.
Lambe-lambe de autor desconhecido em Barcelona. Espanha, 2015.
Fotografia. Destaque da parte posterior de uma placa que apresenta uma sobreposição de itens colados. Ao fundo, uma via com carros e um viaduto.
Sticker art em placa de sinalização em bãncóc. Tailândia, 2019.
Fotografia. Destaque de uma parede com sobreposição de adesivos de diferentes cores e imagens.
Acúmulo de adesivos em parede de Shinjuku, centro comercial e administrativo de Tóquio. Japão, 2019.

A arte urbana é efêmera em essência. O lambe-lambe, o adesivo, o grafite ou a pichação sofrem com diversos problemas: exposição à ação do tempo, condições climáticas, limpeza dos espaços públicos, ou acabam sendo sobrepostos por outras intervenções.

Fotografia. Plano aberto de uma área urbana com muitos prédios que apresentam imagens de propagandas nas paredes externas e pessoas caminhando nas ruas.
Osaka, cidade portuária e centro comercial na costa japonesa. Japão, 2018.
Fotografia. Destaque do interior de um corredor que apresenta sobreposição de colagens com inscrições e imagens diversas. Nas paredes, também há grafites. Na lateral direita, detalhes de degraus de uma escada.
Lambe-lambes, cartazes, adesivos, grafites e pichações no bairro da Consolação, cidade de São Paulo. São Paulo, 2020.
  1. Observe as duas imagens anteriores. Quais relações de semelhanças e diferenças podemos estabelecer entre os outdoors e as propostas artísticas de lambe-lambes, grafites e adesivos?
  2. Como visto no texto, os lambe-lambes são um tipo de comunicação com os transeuntes. Muitos deles trazem a poesia como linguagem. Pensando nisso:
  1. escolha uma pequena poesia, trecho de um livro, fala de um filme ou o verso de uma música que você compartilharia em um lambe-lambe;
  2. escreva a frase em uma folha de papel colorido com uma letra que destaque o texto;
  3. com a orientação do professor, troque o seu cartaz com um colega da turma e compartilhe suas impressões sobre o que recebeu.
Poesia na rua

A poesia está presente em diversas manifestações artísticas – na literatura, na música ou nas artes visuais. O repente, também conhecido como cantoria, é um tipo de poesia cantada. Bastante presente na cultura da região Nordeste, os repentistas improvisam poesias musicadas acompanhados por violas, apresentando-se geralmente para o público nas ruas.

Outra manifestação que tem se espalhado pelo Brasil desde os anos 2000 é o slam, uma apresentação oral de poesia que vem ganhando espaço nas ruas.

Surgido na década de 1980 em Chicago, nos Estados Unidos, o slam tem suas origens na cultura hip-hop, especialmente no rap, estilo musical que tem como base rimas e poesias, já que rap quer dizer rhythm and poetry (ritmo e poesia). O significado da palavra inglesa pode ser também referência a uma onomatopeia que simboliza a batida de palmas do público ou ao grande impacto da batida de uma porta.

Os slammers, como são chamados aqueles que declamam suas poesias, têm até três minutos para a apresentação. As poesias precisam ser autorais, decoradas ou lidas na hora. Outra característica é que não há nenhum acompanhamento de música, figurino ou cenário no slam, e o slammer e o público se conectam diretamente com a poesia. O slam também tem caráter competitivo, sendo o público o responsável por avaliar os slammers com a escolha aleatória de alguns jurados da própria plateia.

Temas sociais e políticos com ênfase na diversidade são bastante abordados na poesia do slam, que pode ser visto como um símbolo de resistência que atravessa desde as periferias até os grandes centros urbanos, assim como as áreas rurais. As batalhas de poesia do slam têm tomado as ruas do Brasil, criando redes, fortalecendo grupos que se identificam com esse tipo de arte, resultando em vários coletivos de slam que organizam suas apresentações.

Fotografia. À direita, vista lateral de uma jovem vestindo camiseta cinza, shorts estampado, tênis e lenço no cabelo. Ela está em pé e fala ao microfone diante de um público sentado e que a observa. Ao fundo, há a fachada de um prédio com colunas com arabescos e passagens arqueadas.
Registro de apresentação do Slam das Minas, competição só para mulheres da periferia na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2020.
  1. No caderno, explique os possíveis motivos de não haver música, figurino e cenário nas apresentações de slam.
  2. Faça uma pesquisa sobre o repente e identifique, em tópicos, semelhanças e diferenças entre essa manifestação artística e o slam.
As polugrafias de Alexandre Orion

Se a tinta spray, os lambe-lambes e os adesivos são ferramentas e materiais que têm como suporte o concreto dos muros da cidade, Alexandre Orion se utiliza de materiais e ferramentas inusitados e presentes na cidade.

Polugrafia é o nome dado à série desse artista brasileiro que, com um jogo de palavras compostas, une as palavras poluição com grafia, sendo a última uma referência ao processo de gravação nas artes visuais, como a xilografia, que é a arte de fazer xilogravuras (técnica de entalhe de desenhos em madeira para servir como matriz para uma impressão da imagem, como um tipo de carimbo).

Orion prepara as matrizes, que são placas de metal como um molde vazado. As placas são fixadas em um suporte que é preso ao escapamento de um caminhão. A ideia é que a fuligemglossário acabe atravessando as áreas abertas da matriz e resulte em uma pintura no tecido atrás do metal. Após esse processo de gravação da imagem ao longo de sete dias recebendo fuligem, Orion fixa em uma moldura o tecido com a obra finalizada. Veja as etapas descritas retratadas nas imagens.

Fotografia. Destaque de uma estrutura metálica que apresenta moldura horizontal quadrada e uma chapa vertical com o desenho de uma caveira na superfície.
Matriz de metal e suporte para a polugrafia.
Fotografia. Na parte debaixo de um caminhão, destaque de uma chapa metálica presa por finas vigas de mesmo material a uma coluna de madeira.
Processo de impressão direta da fuligem.
Fotografia. Pintura emoldurada em dourado e preto que apresenta o esqueleto de um rosto humano com a parte central esfumaçada.
Polugrafia 3. Alexandre Orion, 2009. Poluição sobre algodão orgânico, 60 centímetros por 60 centímetros.
Ícone de atividade oral.

12. Em sua opinião, o artista Alexandre Orion apresenta que tipo de reflexão sobre o espaço urbano com sua série Polugrafia?

Paisagem sonora e poluição sonora
Fotografia. Plano aberto de uma área urbana que apresenta um viaduto e vias com trânsito. Ao redor, há árvores e prédios.
Engarrafamento na entrada no Túnel do Anhangabaú e Avenida 23 de Maio, no centro da cidade de São Paulo. São Paulo, 2021.

Observe a imagem. Você consegue imaginar os sons da paisagem retratada? Paisagem sonora é uma proposta criada pelo compositor, educador musical e ambientalista canadense Raymond Múri Chêifer (1933-2021), que tem como objetivo analisar o ambiente sonoro que nos rodeia.

O ambiente sonoro pode apresentar diferentes sons, como o latido de um cachorro, a correnteza de um rio, o escapamento de uma motocicleta, um instrumento musical sendo tocado, um dispositivo eletrônico, entre muitos outros. A ideia de paisagem sonora contempla não somente os sons da natureza, dos instrumentos musicais ou das vozes humanas, mas todo e qualquer som, contínuo ou repetitivo, produzido nas cidades grandes ou pequenas.

Uma cidade com trens e aeroportos geralmente apresenta sons diferentes em relação a uma com cachoeiras e animais em áreas protegidas. Em geral, a paisagem sonora de uma grande cidade é bem diferente da de uma pequena, pois aspectos como industrialização, sistema de transporte e natureza diferenciam os sons ambientes desses lugares.

No mundo todo, a paisagem sonora está em constante mudança em razão das novas tecnologias. As paisagens sonoras do mundo são diversas, podendo se transformar de acordo com a hora do dia, a estação do ano, os costumes da população e outras características.

Em seu livro O ouvido pensante, Schafer trata da importância de estarmos atentos à paisagem sonora da qual fazemos parte para que saibamos lidar com a questão da poluição sonora, que é o excesso de ruídos no cotidiano. Leia um trecho:

reticências Parece-me absolutamente essencial que comecemos a ouvir mais cuidadosa e criticamente a nova paisagem sonora do mundo moderno. Somente através da audição seremos capazes de solucionar o problema da poluição sonora. reticências Limpeza de ouvidos, em vez de entorpecimento de ouvidos. Basicamente, podemos ser capazes de projetar a paisagem sonora para melhorá-la esteticamente reticências.

xáfer reimond M. O ouvido pensante. São Paulo: Editora Unésp, 1991. página13-14.

Ícone de atividade em dupla.
Ícone de atividade oral.

13. Observem as imagens das páginas 92 e 93 e descrevam os sons que podem ser evidenciados nas paisagens sonoras de cada lugar retratado.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade permeada por árvores, poucos prédios e morros verdejantes no horizonte.
Vista da cidade de Lindoia, na Serra da Mantiqueira. São Paulo, 2020.

Analisando sons em espaços variados

Analisem os sons que fazem parte da paisagem sonora onde vivem. Em grupos, sigam os passos.

Como fazer

  1. Definam um espaço que possua sons bem particulares (campo, ruas ou mesmo um cômodo específico da casa etcétera.);
  2. Cada integrante gravará um som, ruído ou barulho do tema escolhido. Se não for possível a gravação, cada um poderá fazer um desenho da origem do som (um objeto, animal, som da natureza etcétera.).
  3. Discutam sobre as sensações desses sons (que podem ser classificados como incômodos, agradáveis, irritantes, tranquilos etcétera.) e qual grupo apresenta a coleção de sons mais incômoda ou mais agradável.

VAMOS FAZER

Adesivos poéticos

Retome o que foi apresentado sobre a arte urbana, especialmente a estética de rua vista no grafite, no lambe-lambe e na sticker art. A turma confeccionará adesivos e realizará uma ação para colá-los.

Materiais

  • Materiais diversos para colorir: lápis de cor, canetas hidrocor, tinta guache.
  • Papel sulfite.
  • Tesoura com pontas arredondadas.
  • Pincel.
  • Cola líquida.

Como fazer

Ícone de atividade em grupo.
  1. Definam um tema específico para a criação de frases poéticas, que podem variar por temas que visam à empatia, ao respeito, à diversidade, à igualdade, à luta contra o preconceito etcétera. A frase poética deverá ser trabalhada e elaborada para que seja direta, objetiva e curta. O ideal é que não ultrapasse vinte palavras.
  2. Vocês podem eleger a melhor frase de um dos integrantes ou cada um permanecer com a própria criação. Essa frase poética será tema de um desenho que cada integrante fará para acompanhá-la na confecção do adesivo.
  3. Usem os materiais mais adequados. Pensem nas cores, no tipo de letra e na composição do desenho com a frase poética. O ideal é que o espaço para o desenho e a frase no papel não ultrapasse mais do que 10 centímetros por 10 centímetros.
Ilustração. Destaque da mão de uma pessoa que usa lápis colorido para pintar e escrever em uma folha na qual no centro há um círculo com a inscrição SALVE O PLANE…

Continua

Continuação

4. Após a etapa anterior, passem uma camada de cola líquida sobre a área do papel que sua criação ocupou. Essa camada de cola criará uma proteção para o papel. Assim que ela secar por completo, recorte seu adesivo no formato que desejar.

Ilustração. Destaque da mão de uma pessoa usando um pincel com cola para passar sobre uma folha com borda colorida e um círculo central onde há a inscrição SALVE O PLANETA.

5. Na etapa final da colagem dos adesivos, outra camada de cola deve ser passada na parte de trás do papel e afixada diretamente na superfície escolhida, seguindo a orientação do professor.

Ilustração. Destaque das mãos de uma pessoa segurando uma tesoura e recortando as bordas de uma folha com moldura colorida e, ao centro, um círculo com a inscrição SALVE O PLANETA.

eu vou APRENDER Capítulo 2

Propostas artísticas na rua

Neste capítulo, vamos conhecer algumas modalidades cênicas que têm em comum a busca por novas relações com os espectadores em apresentação em ruas, praças, parques e outros espaços públicos.

Os espaços públicos são compartilhados por todos nós. É nesses locais de convivência e coletividade que as obras cênicas tiveram suas origens. Ao longo da história, com o surgimento das casas de espetáculos, das mais variadas fórmas e tamanhos, o uso do espaço público como local de apresentação de obras artísticas consolidou-se como uma escolha dos artistas, e a rua tornou-se espaço de manifestações artísticas ao ser ocupada por alguma das obras, como teatro, dança, circo, entre outros.

Uma das tendências das obras artísticas na atualidade é a improvisação e a criação contínua e em diálogo com a plateia. A partir das inúmeras possibilidades de manifestações cênicas, serão apresentados diferentes estilos, como teatro de rua, arte site-specific(sítio específico), performances, happenings e intervenções urbanas. Mais do que distingui-los, nosso objetivo é identificar os diferentes modos de criação, circulação e fruição dos acontecimentos cênicos que são fruto da escolha de artistas interessados em como fazer, para que fazer e para quem fazer sua arte.

Fotografia. Plano aberto que apresenta pessoas sentadas em banquinhos dispostos em várias fileiras em semicírculo. Essas pessoas observam uma mulher parada em pé ao centro e que interage com eles. No chão, no interior do semicírculo, há muitos pares de sapatos dispostos.
Espetáculo Quem vem de longe, da Companhia. das Graças, cidade de São Paulo. São Paulo, 2018.
Fotografia. Uma via onde pessoas caminham e há o destaque do lado direito de uma pessoa parada sobre uma base quadrada e com corpo coberto por tinta brilhante. Ao fundo, há prédios.
Artista de rua como estátua viva em guidânsk. Polônia, 2019.
Fotografia. Destaque de uma praça onde um grupo com figurino específico se apresenta ao centro próximo de blocos verdes e azuis. Ao redor, em semicírculo, está o público sentado e atento. .
Artistas numa performance em festival de teatro de rua, Conselheiro Lafaiete. Minas Gerais, 2018.
Fotografia. Destaque de um grupo de pessoas visto de costas e em primeiro plano que observa um espetáculo que ocorre sobre um palco com estrutura de iluminação e som em área aberta. Ao fundo, há tendas e prédios.
Grupo de teatro de rua. Polônia, 2021.
Fotografia. Em uma via púbica, destaque de uma mulher e um homem, ambos de camiseta regata branca e calça preta que se apresenta movimentando o corpo. Ao redor, há pessoas sentadas.
Espetáculo Falta de ar, Grupo Contemporâneo de Dança Livre, em Curitiba. Paraná, 2017.
Ícone de atividade em dupla.
Ícone de atividade oral.
  1. Vocês já observaram atores, músicos, dançarinos, malabaristas, estátuas vivas, entre outros artistas, atuando em ruas, praças ou outros espaços públicos da cidade? Se sim, com a orientação do professor, descrevam como era a manifestação artística, citando:
    1. a localização das apresentações;
    2. o tipo de apresentação;
    3. quem atuava;
    4. se o público participava da apresentação.
  2. Com a orientação do professor, façam um levantamento dos tipos de manifestações artísticas que mais se destacam nas ruas da cidade onde vocês moram e compartilhem as informações com a turma.

TEATRO DE RUA

O teatro de rua possibilita revelar ou ressignificar as características do espaço onde ele se realiza. Ao ocupar o espaço público, ele pode construir novas possibilidades de percepção e novos olhares sobre o espaço, sobre o próprio espetáculo e sobre as pessoas.

No teatro de rua, os espetáculos contam com textos cênicos elaborados especialmente para esse contexto, e os artistas de rua trabalham para atrair a atenção dos espectadores, planejando e adequando recursos específicos para amplificar a atuação, muitas vezes fazendo uso de máscaras, pernas de pau, bonecos, adereços e música. Também são enfatizados os gestos de mímica, e, se existem narrativas, elas tendem a ser fragmentadas em episódios, pois o público nem sempre acompanha uma apresentação inteira.

Os artistas de rua são levados a se relacionar com os imprevistos do espaço, que são principalmente as interferências sonoras e visuais do local da apresentação. Além disso, eles precisam conquistar o público, atraindo e mantendo a atenção de cada espectador, que, em muitas situações, não esperava o acontecimento cênico e não se programou para assisti-lo em ruas ou praças que frequenta ou pelas quais passa.

Fotografia. Plano aberto de uma via pública onde um grupo de pernaltas com figurino específico e instrumentos se apresenta. Dois deles usa uma fantasia reproduzindo o corpo de um cavalo, uma em tons de lilás e outra azul. O homem ao centro segura um tambor. Ao redor, há muitas pessoas que os observam em pé. Ao fundo, há construções.
Apresentação cênica em rua de Budapeste. Hungria, 2019.

As apresentações em espaços públicos alteram o cotidiano da cidade e dos transeuntes, que muitas vezes são convidados para interagir com os artistas. O espectador assume um papel diferente daquele desempenhado por um público convencional de uma sala de espetáculos, e a aproximação entre artistas e plateia é muito evidente no teatro de rua.

Além disso, o espectador decide se deseja permanecer no local da apresentação ou não, considerando se foi ou não tocado ou provocado pela cena. Geralmente são espetáculos com um público diversificado, que pode agregar pessoas de diferentes faixas etárias, classes sociais, escolaridades, religiões, etnias etcétera

O teatro de rua contribui para a relação do cidadão com a cidade, pois, quando assiste a um espetáculo em praças ou ruas, o cidadão está usufruindo um espaço público e o convívio urbano.

Fotografia. Destaque de uma mulher de nariz largo, lábios grossos, cabelos crespos volumosos que usa figurino específico, composto de blusa regata verde e saia bege com fitas e objetos pendurados. Ela sorri e está com os braços abertos. Ao fundo, estão outras pessoas com figurino semelhante sobre um tecido xadrez preto e branco. No horizonte, há via e prédios.
Artistas do grupo Revolução Teatral em apresentação em uma praça em Salvador. Bahia, 2019.
Ícone de atividade em dupla.
Ícone de atividade oral.
  1. Sobre o teatro de rua, descrevam o que se pede:
    1. as principais características do texto e dos recursos utilizados;
    2. as principais características do público;
    3. como o teatro de rua valoriza os espaços públicos e contribui para a relação do cidadão com a cidade.

Origens históricas do teatro de rua

As manifestações teatrais sempre estiveram presentes na história humana, e era por meio delas que os primeiros seres humanos faziam rituais para louvar seus deuses, contavam suas histórias ou expressavam seus sentimentos. Veja no infográfico alguns momentos que descrevem as origens históricas do teatro de rua.

Infográfico. Ícone: desenho de uma arpa. Tópico: Antiguidade clássica. Texto: O teatro de rua remonta à Antiguidade Clássica na Grécia, com os cortejos e as celebrações das divindades. Em Roma, destacavam-se as trupes de artistas populares profissionalizados, como mímicos, músicos, entre outros. Pintura. Uma superfície preta sobre a qual está desenhado um grupo de quatro instrumentistas que interagem entre si. Dois estão seminus e dois usam tecidos largos que cobrem o corpo. Ilustração em preto e branco. Muitas pessoas estão paradas numa via e observam um grupo que se apresenta em um palco com três andares estreitos do lado direito. Ao fundo, há casas com telhados triangulares. Legenda: Detalhe de vaso da antiga civilização grega, do século quatro antes de Cristo. Ícone: desenho de uma torre medieval. Tópico: Idade Média. Texto: Durante a Idade Média, na Europa, os artistas populares que formavam as trupes se deslocavam de um local para outro em busca de público, especialmente nas feiras. Nesse período, foi estabelecida uma ligação entre o teatro de rua e a religiosidade em espetáculos voltados para festas, eventos e outras situações que envolviam a religião católica. Na maior parte das vezes, os espetáculos ocorriam em espaços públicos em frente a igrejas e catedrais. Pintura. Uma superfície preta sobre a qual está desenhado um grupo de quatro instrumentistas que interagem entre si. Dois estão seminus e dois usam tecidos largos que cobrem o corpo. Ilustração em preto e branco. Muitas pessoas estão paradas numa via e observam um grupo que se apresenta em um palco com três andares estreitos do lado direito. Ao fundo, há casas com telhados triangulares. Legenda: Ilustração que retrata peça de teatro durante a Idade Média. Legenda: Ilustração que retrata peça de teatro durante a Idade Média.

Trupesglossário

Infográfico. Continuação. Ícone: desenho de uma torre renascentista. Tópico: Renascimento. Texto: Durante o Renascimento, em várias regiões da Europa, surgem os edifícios teatrais, alguns deles com o modelo de palco italiano. Torna-se mais nítida a separação entre o teatro erudito e o popular. A commedia dell’arte italiana estabelece, em fins do século dezesseis, alguns dos procedimentos cênicos e dramatúrgicos do que viria a ser chamado mais tarde de teatro de rua. Os artistas da commedia dell’arte estacionavam suas carroças, montavam um pequeno tablado e expunham sua arte onde era possível juntar gente: praças, ruas, feiras e mercados. Esses profissionais ganhavam o sustento recebendo algum dinheiro dos espectadores que os prestigiavam. Provavelmente seguindo uma tradição do período medieval, os artistas da commedia dell’arte mantiveram o costume de “passar o chapéu” ao final da apresentação, recebendo dinheiro, alimentos e até pequenos objetos como forma de retribuição pelo divertimento proporcionado pelo espetáculo que acabava de ser apresentado. Pintura. Plano aberto que apresenta muitas pessoas, entre adultos e crianças, que estão paradas e observam uma apresentação que ocorre em um pequeno palco à esquerda onde há uma estrutura com cortina na parte de trás. Atrás do palco, estão uma construção robusta com colunas e arabescos e entradas arqueadas. Ao fundo, há um rio e do outro lado dele, algumas casas. Legenda: Commedia dell’arte, em uma paisagem italiana, de Peeter van Bredael, século dezessete. Óleo sobre tela, 40,5 centímetros por 69 centímetros. Ícone: Desenho do globo terrestre. Tópico: Contemporaneidade. Texto: Somente após a Revolução Francesa, no final do século dezoito, com a instituição de casas de espetáculos em que a burguesia pagava ingresso para entrar e assistir às peças teatrais, pouco a pouco, é que o teatro foi deixando as ruas e esse tipo de apresentação começou a ser desvalorizado por aqueles que consideravam apenas o erudito como teatro de qualidade.

Palco italianoglossário

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4. Para ampliar os conhecimentos sobre o tema, investiguem em livros ou na internet imagens do teatro de rua em diferentes lugares e momentos da história e elaborem legendas explicativas. Compartilhe os resultados da investigação com os colegas.

Teatro de rua no Brasil

No Brasil, o teatro de rua tem como importantes referências as manifestações culturais como carnaval, bumba meu boi, maracatu, reisado e todos os folguedos que dramatizam ou contam narrativas com personagens definidos. Essas manifestações cênicas populares tradicionais são algumas das referências para a construção de determinados espetáculos de teatro de rua.

O primeiro registro de teatro de rua no Brasil data de 1946, uma iniciativa que envolveu nomes como Hermilo Borba Filho (1917-1976) e Ariano Suassuna (1927-2014).

A partir da década de 1970, no Brasil e principalmente na América Latina, Portugal e França, surgiu e se desenvolveu o teatro do oprimido, método sistematizado por Augusto Boal (1931-2009), que, muitas vezes, era apresentado na rua e visava à conscientização dos problemas sociais da época.

Fotografia. Durante a noite, destaque de um grupo de pessoas que usa figurino com blusas brancas e saias vermelhas com fitas de mesmas cores na cabeça. Elas estão frente a frente e formam um corredor. Ao fundo, há um grupo musical, com destaque para um homem tocando sanfona.
O reisado é um cortejo composto de músicos e personagens, sendo que os principais são o rei e a rainha. Grupo Reisado de Maria Jacinta. Santa Maria da Boa Vista. Pernambuco, 2020
  1. Algumas manifestações culturais populares têm relação direta com o teatro de rua, uma vez que apresentam certa narrativa e dramatização de personagens. Para se aprofundar sobre o tema, siga estes passos.
    1. Organizados em grupos, pesquisem em livros ou na internet imagens dessas manifestações populares. Cada grupo será responsável por uma manifestação diferente.
    2. Apresentem o enredo e os principais personagens que fazem parte dessa manifestação.
    3. Compartilhem as pesquisas com a turma utilizando cartazes ou recursos digitais.

VAMOS CONHECER MAIS

Teatro Popular União e Olho Vivo

No Brasil, durante o regime civil-militar (1964-1985), surgiram vários grupos de teatro de rua, como o Teatro Popular União e Olho Vivo (Tuov), companhia paulista fundada na década de 1960 e ainda em atuação. As apresentações, seguidas de debates, são realizadas nos bairros periféricos da Grande São Paulo e têm como referência a arte e a cultura popular brasileiras, o carnaval, o bumba meu boi, o circo, o futebol e a literatura de cordel.

César Vieira (1931-) foi um dos fundadores e é o principal dramaturgo e diretor do Tuov. O diretor foi um dos pioneiros dos processos de criação coletiva, em que a equipe artística atuava de fórma participativa nas produções. A itinerânciaglossário é uma das características mais marcantes do Tuov, grupo que já teve dezenas de integrantes, inclusive espectadores mais empolgados que decidiram acompanhar a trupe. Em geral, as peças têm como tema a luta contra a opressão.

Fotografia em preto e branco. Apresenta um grupo de pessoas que usa figurino composto por vestido, camisa e chapéus. Entre eles, há grandes bonecos expostos.
Tuov durante os ensaios de Bumba, meu queixada, de César Vieira, na antiga séde do grupo na Rua Capote Valente, no bairro de Pinheiros, cidade de São Paulo. São Paulo, década de 1970.

Além do teatro, o Tuov dedica-se à música, com diversos shows no repertório. Apresenta-se em sindicatos, salões paroquiais, quadras de escolas de samba, escolas, praças públicas e outros espaços da periferia de São Paulo e municípios próximos. O grupo fez muitas viagens para o exterior, participando de festivais que tornaram a iniciativa conhecida na América Latina e na Europa.

Fotografia. Destaque de um grupo de pessoas que usa figurino composto por macacão vermelho e se apresenta no interior de uma sala fechada, realizando diversos movimentos com o corpo.
Foto mais recente de apresentação do grupo Tuov. São Paulo, 2019.
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O Tuov é um exemplo de grupo teatral que realiza apresentações itinerantes e em locais distintos. Diante disso:
  1. discutam em quais lugares uma companhia de teatro itinerante de rua poderia se apresentar na comunidade em que vocês vivem;
  2. pensem e descrevam quais temas importantes para a comunidade poderiam ser abordados nas apresentações.

O coletivo no teatro de rua

A partir de 1960, a concepção de um “teatro de grupo”, em que o coletivo assume lugar de destaque na criação teatral, minimizou o papel central do diretor e originou o procedimento da criação coletiva.

Na criação coletiva, o texto cênico é gerado pelos intérpretes, guiados ou não por um diretor, que se debruçam sobre um tema, uma história ou outro tipo de material. Em muitos casos, não só a função do dramaturgo ou coreógrafo é substituída pelo trabalho dos intérpretes, mas também outras funções de criação, como a cenografia, o figurino, a iluminação e a direção musical.

Em geral, os atores que optam pela realização coletiva do teatro de grupo têm como objetivo ampliar sua participação e conceber personagens para a autoria e a produção por meio de um processo de estudos ou improvisações. Para isso, utiliza-se o imaginário dos intérpretes, o repertório pessoal de cada integrante do grupo.

No Brasil, a criação coletiva ganhou espaço no final dos anos 1960 e início dos 1970. Além do Teatro de Arena e do Teatro Oficina, vários outros grupos experimentaram esse procedimento de montagem, como o Asdrúbal Trouxe o Trombone, no Rio de Janeiro (érre jóta), e o Teatro do Ornitorrinco, o Mambembe, o Ventoforte e Pod Minoga, em São Paulo (ésse pê).

Fotografia em preto e branco. Apresenta um grupo de nove pessoas, entre homens e mulheres, que usa figurino composto por paletó, chapéu, saia e camisa. Eles posam para foto enquanto se entreolham de modo expressivo. Ao fundo, há um painel que apresenta desenhos de casas e árvores.
O Mambembe, apresentação na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1959.

ARTE E LÍNGUA PORTUGUESA

Texto teatral coletivo

O Auto da Compadecida é uma peça teatral do consagrado autor brasileiro Ariano Suassuna (1927-2014). Escrita em 1955, a história se passa na região Nordeste do Brasil e tem como características o humor, a tradição popular e a influência da literatura de cordel. Leia um trecho.

João Grilo: Que isso Chicó? (Passa o dedo na garganta). Já estou ficando por aqui com suas histórias. É sempre uma coisa toda esquisita. Quando se pede uma explicação, vem sempre com “não sei, só sei que foi assim”.

Chicó: Mas se eu tive mesmo o cavalo, meu filho, o que é que eu vou fazer? Vou mentir, dizer que não tive?

João Grilo: Você vem com uma história dessas e depois se queixa quando o povo diz que você é sem confiança.

Chicó: Eu sem confiança? Antônio Martinho está aí para dar as provas do que eu digo.

João Grilo: Antônio Martinho? Faz três anos que ele morreu.

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro: Agir, 2005. página 25-26.

Fotografia. Retrato que apresenta um grupo de sete pessoas maquiadas que usa figurino detalhado com tons de amarelo, palha e laranja e com adornos pendurados nas roupas e na cabeça. Três pessoas estão sentadas e quatro estão atrás delas, em pé. Uma delas segura um violão. Diante deles, há uma estrutura circular encapada por tecido estampado em tom escuro de rosa na borda e azul na parte de cima.
Atores do espetáculo Auto da Compadecida, com concepção e direção de Gabriel Villela, no Sesc Pompeia, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.
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Imaginem que vocês fazem parte de uma companhia de teatro de rua e farão a leitura dramática do fragmento citado do Auto da Compadecida.
  1. Após a leitura prévia, recriem a continuação do diálogo dos personagens. Trabalhem de fórma coletiva, de modo que todos os integrantes participem e opinem na construção do texto.
  2. Em seguida, façam uma leitura dramática a partir dos resultados, revezando a leitura entre os participantes.
  3. Compartilhem as leituras com a turma e discutam as impressões sobre as apresentações.

Teatro de rua a partir de 1970

A partir da década de 1970, diversos grupos se dedicaram à pesquisa de espetáculos para a rua e, eventualmente, também elaboraram apresentações para espaços fechados. Como exemplo, podemos citar o Ventoforte, o Tá na Rua e o Teatro de Anônimo (fundados no Rio de Janeiro); o Ói Nóis Aqui Traveiz (em Porto Alegre); o Imbuaça (em Aracaju); o Galpão (em Belo Horizonte); Alegria, o Alegria (no Rio Grande do Norte), entre outros. Existem grupos menos conhecidos e artistas anônimos – muitas vezes itinerantes – que até hoje, misturando as tradições teatrais e circenses, se apresentam pelas ruas do Brasil e do exterior.

Segundo estudiosos, no Brasil, o teatro de rua é mais viável economicamente do que as montagens em teatros e outros espaços institucionaisglossário . Ainda é comum “passar o chapéu” ao final das apresentações de teatro de rua ou de artistas como músicos, circenses, estátuas vivas etcétera. Alguns grupos têm lutado para que os espetáculos de rua sejam financiados com dinheiro público, de modo a preservar a acessibilidade irrestrita a que o teatro de rua se propõe.

Os festivais são uma das principais fórmas de circulação e difusão das produções cênicas que ocupam o espaço público. Destacam-se o Festival Internacional de Teatro de Rua de Porto Alegre, Rio Grande do Sul; de Santos, São Paulo; de Sorocaba, São Paulo; de Angra dos Reis, Rio de Janeiro; de Inhamuns, Ceará; a Mostra Lino Rojas, São Paulo; o Festcam, Mato Grosso do Sul; o Amazônia em Cena, Rondônia; o Encontro do Cerrado, Minas Gerais; entre outros.

Fotografia. Destaque de um casal ao centro vestindo um figurino colorido e máscaras. O homem usa calça verde e blusa com retalhos marrom, laranja e mostarda. A mulher veste vestido azul e laranja. Eles estão agachados e de mãos dadas para baixo e acima da cabeça. Ao redor deles, há pessoas com figurinos semelhantes dançando e um público que observa a apresentação.
Espetáculo O amargo santo da purificação, da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, encenado na Praça da Sé, centro da cidade de São Paulo. São Paulo, 2010.

ARTE COMO OBRA PÚBLICA

Desde 1980, o grupo carioca Tá na Rua leva a locais públicos espetáculos caracterizados por improviso e simplicidade, nos quais a participação do público é parte da cena. Em praças do centro e da periferia das cidades brasileiras, sem cenário e recursos técnicos complexos, o grupo trabalha em contato direto com o público. Leia o trecho de uma entrevista com Amir Adádi, diretor do grupo.

reticências O teatro nasceu no espaço público, mas ele pode e deve estar em todo e qualquer lugar. A "essência da rua" é o sentido público que toda arte deve ter. Arte é obra pública produzida por particular em todo e qualquer lugar, sem distinção de nenhuma espécie, para toda e qualquer pessoa.

reticências Meus mais de sessenta anos dedicados ao teatro me confirmam dia a dia que era isso mesmo que eu queria fazer. Nunca fiz outra coisa na vida a não ser teatro e sempre fiz do jeito que eu queria fazê-lo. O meu teatro, que acho que é o de todos, porque é feito nas ruas para todas as pessoas e invade os palcos com a liberdade das ruas.

MEDEIROS, Daniel. Entrevista: Amir Adádi, um ícone marcado pela resiliência. Folha de Pernambuco/Culturamais, 21 setembro 2019. Disponível em: https://oeds.link/CAireI. Acesso em: 19 abril 2022.

Fotografia. Destaque de uma área pública por onde passa um grupo de pessoas com roupas coloridas e que hasteia bandeiras, dentre elas a do Brasil. Alguns membros tocam instrumentos. Ao redor, há prédios.
Grupo Tá na Rua durante inauguração da revitalização da Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2011.
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1. Com base na entrevista de Amir Adádi, discuta com a turma por que a arte deveria ser uma “obra pública”.

Teatro site-specific

Como vimos anteriormente, o teatro estabelece uma forte relação de artistas e espectadores com a história e a memória de um lugar ou de um espaço.

O termo site-specific surgiu no contexto das artes visuais, mas também é empregado para obras cênicas. Essa fórma artística ganhou relevância com a tentativa de vários artistas de criarem obras específicas para um ambiente ou espaço determinado.

O teatro site-specific prioriza o espaço como aspecto central na concepção e na execução da ação. As apresentações ocorrem em edifícios de usos variados, como fábricas, casas, garagens, hospitais, presídios, jardins, praças e ruas. Vamos conhecer algumas companhias que se destacam nesse tipo de manifestação artística.

No Brasil, o grupo paulistano Teatro da Vertigem, dirigido por Antônio Araújo, desde 1992, apropria-se de espaços já existentes, mantendo a memória e a carga simbólica que têm para a sociedade e, ao mesmo tempo, transformando-os. Igrejas, hospitais e presídios desativados, ruas de bairros tradicionais ou mesmo o poluído rio Tietê já foram utilizados para as espetaculares montagens do grupo.

Fotografia. Durante a noite em um rio, estão três embarcações de tamanhos diferentes e com pouca tripulação. O local perto dos barcos está iluminado. Ao fundo, está uma parede de concreto.
Atores do grupo Teatro da Vertigem no rio Tietê. São Paulo, 2005.

Antídoto para impossibilidades e paralisias (2015) é outro exemplo de uma peça teatral em site-specific, fruto da parceria entre a Companhia Temporária de Investigação Cênica e o Coletivo Autônomo de Intervenção.

Na apresentação, o público foi convidado a percorrer as ruas do bairro da Liberdade, em São Paulo (ésse pê), e passar por experiências sensoriais caminhando junto aos atores. No decorrer das ações cênico-performáticas, os espectadores ouviam áudios contando histórias relacionadas ao bairro e músicas que compunham a trilha sonora. Ao final, os participantes compartilhavam suas sensações em uma conversa com os artistas.

Fotografia. Destaque de um grupo de pessoas que caminha atravessando a rua nos dois sentidos. Elas vestem capa plástica transparente e usam headphones vermelhos.
Apresentação de Antídoto para impossibilidades e paralisias, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2015.

Criando obra de site-specific

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Vimos exemplos de montagens de teatro como site-specificque exploram a história e a memória do local. Com a orientação do professor, investiguem lugares na região em que vivem que poderiam ser utilizados como espaços para uma criação cênica de site-specific.

Como fazer

  1. Selecionem o local e façam uma breve pesquisa em livros ou na internet, compartilhando com a turma as informações obtidas.
  2. Conversem sobre as possibilidades cênicas que o espaço oferece e imaginem como elas poderiam ser montadas. Para isso, assistam a vídeos ou vejam sites de companhias que atuam com teatro de site-specific no Brasil e no exterior.
  3. Planejem e escrevam de fórma coletiva um pequeno roteiro para uma cena.
Dança site-specific

Na dança, alguns acontecimentos cênicos têm sido nomeados como site-specific. Tais criações, muitas vezes, resultam de projetos coletivos e colaborativos entre artistas de diferentes linguagens. É importante destacar, a partir dos anos 1960 e 1970, as experimentações da coreógrafa e professora estadunidense rálprim (1920-2021). As artistas do coletivo Judson Dance Theater, em Nova iórque, e a coreógrafa e dançarina estadunidense Trisha bróun (1936-2017) fizeram uso de espaços não convencionais de apresentação, como fachadas e coberturas de prédios, muros e paredes, estacionamentos, parques etcétera.

Fotografia. Destaque de uma pessoa que usa roupa vermelha e se movimenta sobre um telhado em área urbana. Ao fundo, prédios.
Performance de RoofPiecenos telhados do SoHo, em Manhattan, Nova iórque. Estados Unidos, 1970.
Fotografia. Vista de baixo para cima de uma pessoa que usa roupa vermelha e se movimenta sobre uma plataforma em um telhado em área urbana. Em primeiro plano, há pessoas desfocadas que assistem à performance. Ao fundo, há prédios.
Apresentação da Companhia de Dança Trisha Brown recria a performance RoofPiece no 40º aniversário da obra, em Nova iórque. Estados Unidos, 2011.

No Brasil, vários grupos e coletivos de dança desenvolvem trabalhos em diálogo com o espaço urbano, como os paulistanos Núcleo Aqui Mesmo e Silenciosas + , Companhia. Artesãos do Corpo e outros, como a Companhia. Domínio Público (Campinas, São Paulo). Destaca-se também o trabalho da Companhia. Lagartixas na Janela, de São Paulo, que desenvolve propostas de dança contemporânea para o público infantojuvenil em praças, parques e espaços públicos da cidade.

Grupo Lagartixa na Janela

O grupo Lagartixa na Janela tem como proposta as investigações que partem da performance, do jogo, da relação entre corpo, cidade e espaço público – especialmente o corpo da criança no brincar. Em atividade desde 2010, o Lagartixa se inicia como um grupo de estudos e pesquisa que parte para a rua em busca de novas experiências sensoriais a fim de investigar a relação entre corpo e dança de fórma ampla.

Na performance Varal de nuvens, as artistas do grupo percorrem um trajeto e criam jogos de movimentos com tecidos coloridos e flutuantes chamados de objetos relacionais. Esses objetos são compartilhados enquanto as crianças acompanham o percurso e vão ganhando novas interpretações, ora enrolados na cabeça como uma trouxa em equilíbrio, ora enrolados ao corpo, inventando um varal de pessoas. Essas ações, entre outras, propõem um estado de presença e atenção contínua dos corpos em uma dança coletiva guiada por ações que contam com o imprevisível.

As propostas buscam a investigação de novos caminhos dos corpos pelos espaços de ruas, praças e parques, que são ambientes de relação e convívio coletivos e democráticos.

Fotografia. Destaque de pessoas com roupas coloridas em um caminho construído com tijolos cinzas e rodeado por área verde. Ao fundo, há um varal com tecidos pendurados.
Fotografia. Destaque de um grupo de pessoas que se debruça, com os braços estendidos para baixo, sobre um varal com tecidos coloridos e longos pendurados. Ao fundo, árvores e a fachada branca de uma casa com janelas vermelhas arqueadas
Apresentação Varal de nuvens, do grupo Lagartixa na Janela, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2014.

Explorando movimentos mecânicos

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Inspirado na performances do grupo Lagartixa na Janela, vamos investigar a relação do corpo e do movimento na sala de aula. Para a proposta, pensem que, dentro do nosso cotidiano, acabamos condicionados à repetição de movimentos previsíveis e automáticos. É possível realizarmos nossas tarefas do dia a dia de maneiras diferentes e menos mecânicas? Para a proposta, siga as etapas descritas:
  1. Com a orientação do professor, conversem sobre movimentos mecânicos que utilizamos no dia a dia.
  2. No espaço da sala de aula, explorem alguns desses movimentos mecânicos, como o caminhar ou manipular objetos, e busquem novas fórmas de realizá-los, preferencialmente de maneira mais consciente e com atenção ao espaço do entorno.
Performance e intervenções

Foram apresentados até aqui acontecimentos cênicos cuja característica comum é a escolha do espaço público. De modo geral, é possível perceber que as ações do teatro de rua permitem geralmente roteiros que exploram a narrativa, os personagens e a delimitação de espaço e dos comportamentos esperados entre artistas e espectadores.

É comum que acontecimentos site-specific também tenham uma roteirização prévia, resultantes de ensaios por parte dos artistas, em que aparecem narrativas ou coreografias, personagens, figurinos e adereços.

Na sequência, serão abordados outros acontecimentos cênicos que rompem com as estruturas de teatro e dança vigentes até a década de 1950. Esses acontecimentos e estilos têm nomes diversos, como happening, performance, intervenção artística, e é difícil estabelecer os limites entre cada um.

Nesses estilos, é bastante variável o risco que ocorre no diálogo entre acontecimento cênico e plateia, em espaços públicos ou inusitados. É importante enfatizar que os artistas sempre correm algum risco físico, em razão de condições meteorológicas, como chuva no momento da intervenção em um espaço aberto, ou interação com desconhecidos em ações de aproximação com transeuntes.

Fotografia. Em área aberta, destaque de pessoas vistas de costas e encostadas em uma barra de ferro. Elas observam um grupo se movimentar através de um tecido translúcido. Ao fundo, árvores desfocadas.
Performance Não cabe mais gente!, do grupo In-próprio Coletivo, em Teresina. A ação é baseada na situação precária enfrentada pelos usuários do transporte público. Piauí, 2017.
Intervenções artísticas em espaços públicos

A intervenção artística dialoga com os modos de vida nas cidades da contemporaneidade, costuma ter caráter ativista, ao questionar e problematizar situações cotidianas, e se propõe a lidar com a diversidade dos espaços públicos. Os artistas elaboram propostas de ações inusitadas que podem causar estranheza nos transeuntes e possibilitar a aproximação entre as pessoas e o espaço da cidade. De forte intenção ética, procura atuar de fórma quase anônima e/ou às margens do mercado da arte e de outras instituições.

O roteiro de uma intervenção pode ser definido em uma reunião dos artistas propositores, mas não necessariamente em um ensaio ou treinamento para definir personagens e uma narrativa, como no teatro. O que pode acontecer a partir dessas ações foge do total contrôle de um roteiro programado e conta com o imprevisível, tanto nas reações das pessoas quanto em algo inesperado que pode acontecer em um local público.

Fotografia. Em uma via urbana rodeada por prédios, um grupo de pessoas com corpo e roupas formais pintados de bege caminha na mesma direção e são vistos de frente. Ao redor, transeuntes passam em sentido contrário.
Performance Cegos, do grupo Desvio Coletivo, como crítica ao trabalho mecânico e maçante do meio corporativo, representado pelos performers com vendas nos olhos e vestidos com trajes sociais cobertos de lama. São Paulo, 2012.

Planejando uma intervenção

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A partir do que vimos, planejem como seria uma performance coletiva.

Como fazer

  1. Escolham um espaço específico da escola. Pode ser o corredor, a biblioteca, a quadra de esportes etcétera.
  2. Tenham como objetivo gerar alguma possível reflexão sobre determinado tema daquele espaço ou da escola como um todo.
  3. Decidam se haverá figurino ou música para dar maior ênfase à ação performática e quais movimentos e ações coletivas comporão a apresentação.
  4. Organizem as ideias no caderno. A execução dessa ação será realizada em etapa futura.
Performances em espaços públicos

Em performances e intervenções urbanas, em geral, a presença do artista no espaço urbano é fundamental, uma vez que ele é o artista-propositor que deflagra a ação.

A escolha do local da performance é essencial, como uma praça, uma avenida, uma estação de metrô. Cada lugar dá um sentido determinado à performance, que se conecta diretamente àquele espaço e às pessoas que ali frequentam ou transitam. Vale ressaltar inclusive o fato de que a performance e a intervenção urbana nem sequer sejam presenciadas por uma “plateia”, pois somente o público que presencia a ação é que se torna espectador.

Fotografia. Em área aberta e pública, destaque de uma mulher de cabelos curtos, nariz comprido e lábios cerrados. Ela veste calça jeans e  camiseta laranja sobre uma camiseta de mangas compridas brancas. Está sentada em um banco e segura um cartaz com a inscrição: CONVERSO SOBRE QUALQUER ASSUNTO.
Ação carioca 1: Converso sobre qualquer assunto, da performer Eleonora Fabião, Largo da Carioca, no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2014.

O trabalho da brasileira, performer e teórica da performance Eleonora Fabião (1968) se destaca com a série Ações cariocas. A artista coloca duas cadeiras em uma praça e, empunhando um cartaz com os dizeres “Converso sobre qualquer assunto”, convida pessoas a se sentarem e iniciarem um bate-papo. A performance da artista carioca cria um local de troca de histórias de vida, confissões, discussões sobre múltiplos assuntos que possam surgir. O objetivo não é fazer amizade com as pessoas, e sim interferir no espaço com algo imprevisto e de caráter afetivo.

Fotografia. Em área aberta, um via urbana, vista lateral de um homem de roupa preta que está sobre um cavalo pintado de vermelho, o qual caminha sobre uma via com faixas amarelas desenhadas no chão.
Palomo, da performer Berna Reale, em Belém, Pará, 2012.

Berna Reale (1965-) é uma artista brasileira que investiga temas sociais e da natureza humana, em especial a violência. Além de perita criminal da Polícia de Belém do Pará, a performance é seu principal meio de expressão, em que o corpo é posto sob diversas situações que geram tensão e reflexão. No trabalho intitulado Palomo (2012), Berna aparece com uma mordaça, montada em um cavalo pintado de vermelho, percorrendo as ruas desertas de Belém ao amanhecer. De acordo com a artista, a performance questiona o poder, a repressão e a imposição da ordem nos espaços públicos, como se o cavalo simbolizasse a repressão daqueles que vigiam a ordem.

De corpo presente (2021) foi uma performance colaborativa entre a artista brasileira Ana Teixeira e a chilena Claudia Vásquez Gómez. Desde 2006, Claudia já realiza a performance em diversos países, como França, Áustria e Chile.

Com a frase É tarde, mas ainda temos tempo, conforme retratado na imagem, a performance contou com um grupo de participantes que percorreram as ruas da cidade de São Paulo com camisetas estampadas com letras que compunham a frase. A mensagem de esperança pode ser interpretada como um sinal de alerta em meio aos problemas mundiais, e essa interpretação se dá dentro de diversos contextos, como a crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus.

Fotografia. Plano aberto que apresenta uma fileira de pessoas que usa calça preta e camiseta branca, cada uma com uma letra no peito. Elas estão paradas sobre uma faixa de pedestres no semáforo fechado e usam máscaras de proteção. Juntas lado a lado formam a frase: É TARDE MAS AINDA TEMOS TEMPO.
De corpo presente, performance colaborativa entre Ana Teixeira (Brasil) e Claudia Vásquez Gómez (Chile) no contexto pandêmico mundial, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2021.
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  1. Com base na performance De corpo presente, elaborem uma frase curta e direta que poderia estar estampada em camisetas de uma performance semelhante.
  2. Com a orientação do professor, elaborem um painel com as frases de toda a turma para ser exposto em algum local de maior circulação da escola.

VAMOS FAZER

Ícone de atividade em grupo.

Performance coletiva

A performance intervém no espaço e surge como um projeto de trocas com os transeuntes. Os artistas-propositores são movidos pela necessidade de comunicar uma mensagem, despertar reflexões ou mesmo sensações em quem presencia essa ação. Na performance de rua, a proposta está diretamente relacionada ao espaço público e ao coletivo.

Com base no que foi apresentado sobre essa modalidade artística, a turma retomará o projeto de performance elaborado anteriormente e seguirá estas etapas para sua execução no espaço escolar.

Etapa 1 – Preparação e ensaio

  1. Retomem a formação inicial dos grupos para os ensaios das performances. Esta etapa é essencial para que o grupo se sinta apto para o momento de execução. Releiam as anotações do caderno e façam os devidos ajustes.
  2. Se o grupo fizer uso de elementos como figurino ou música, deverá providenciar o material necessário.
  3. É importante que a ação seja uma surpresa para o público que a presenciará. Por esse motivo, a preparação e o ensaio devem ser feitos na sala de aula ou em um espaço mais reservado, com a supervisão do professor.
Fotografia. Interior de uma sala onde está um grupo de pessoas ensaiando uma performance coletiva com os braços direitos levantados
Grupo ensaiando com professor movimentos para montagem de performance coletiva.
Fotografia. No interior de uma sala, vista  de costas de uma pessoa. Em destaque, as pernas com calças pretas e seu tronco inclinado para a frente, voltado para o chão. Ao fundo, vista desfocada de umas pessoas.
Ensaio de movimento para performance.

Etapa 2 – Execução

  1. Com a orientação do professor, os grupos se prepararão para o dia da apresentação da performance. O ideal é que seja executada uma única performance por dia, porém o professor avaliará a melhor maneira de organizar os grupos de acordo com o momento propício do espaço e as intenções do grupo.
  2. Se possível, registrem a apresentação e a reação do público por meio de fotos e vídeos.
    Ícone de atividade oral.
  3. Assim que a performance terminar, o grupo deverá deixar o local sem aviso prévio. Diferentemente de espetáculos musicais e teatrais, a performance não gera uma reação de aplauso do público, já que o seu fim não é exatamente demarcado.
  4. Com a orientação do professor, reservem um momento para a troca de experiências relacionadas à proposta, discutindo pontos importantes, como o planejamento, as dificuldades durante o processo, os ensaios, as sensações ao realizar a performance, a reação dos espectadores etcétera.

eu APRENDI

1. Analise as imagens e indique a alternativa ou as aleternativas que melhor a manifestação artística retratada.

Fotografia. Destaque de uma parede de concreto com a inscrição em vermelho: O DIA QUE A TERRA PAROU #COVID19.
Parede com grafite no contexto da pandemia de covid-19, em São Paulo. São Paulo, 2020.
Fotografia. Destaque de grafite que apresenta muitos dedos em tons de azul ao redor da cabeça de uma pessoa e cobrindo sua boca. Estão visíveis apenas a testa e os olhos claros. Nas partes laterais esquerda e direita, há uma mão com os dedos fechados e vista parcialmente
Grafite em muro em Berlim. Alemanha, 2015.
  1. O grafite é um tipo de manifestação artística que interfere na paisagem urbana, modificando-a.
  2. Atualmente, o grafite se consolida como arte aceita no cenário artístico ao incorporar elementos da arte erudita às ruas.
  3. Por meio de textos verbais e não verbais, essa manifestação artística se comunica direta e indiretamente com os transeuntes no espaço urbano.
  4. O grafite faz do espaço urbano uma galeria a céu aberto ao deslocar a arte dos museus para ser exposta nos espaços públicos.
  1. Monumentos públicos são estruturas elaboradas para homenagear uma personalidade ou momento histórico e se relacionam com a memória de determinado local. Cite exemplos de diferentes tipos de monumentos públicos.
  2. Leia e selecione a alternativa mais adequada às frases que apresentam características determinantes de manifestações artísticas de rua.
    1. São cartazes artísticos que ocupam o espaço público e urbano para espalhar uma ideia ou imagem nas ruas.
    2. Manifestação artística que ocupa o espaço público e urbano e faz uso de etiquetas adesivas.
    3. Manifestação artística que ocupa, interfere e transforma visualmente o espaço urbano.
    1. As manifestações artísticas descritas são: um grafite; dois sticker art; três lambe-lambe.
    2. As manifestações artísticas descritas são: um grafite; dois lambe-lambe; três sticker art.
    3. As manifestações artísticas descritas são: um lambe-lambe; dois sticker art; três grafite.
  3. A commedia dell'arte é uma fórma de teatro popular de rua com origem no período do Renascimento italiano e tem como característica o improviso e a itinerância. Sobre esse gênero teatral, explique, no caderno:
    1. como eram as apresentações desses artistas;
    2. como os artistas se mantinham financeiramente com suas apresentações.
  4. Assinale a alternativa com a descrição incorreta:
    1. No teatro site-specific, o local é diretamente relacionado às apresentações, criando uma relação mútua entre obra e espaço.
    2. Na dança, as coreografias em site-specific podem dialogar com o ritmo da cidade ou seguir na contramão do ritmo frenético a que estamos habituados.
    3. É essencial que os acontecimentos site-specific sejam apresentados com personagens definidos, figurinos e adereços.
    4. Cada lugar dá um sentido determinado à performance em site-specific, que se conecta diretamente àquele espaço e às pessoas que ali frequentam ou transitam.
  5. Pesquise outros grupos e companhias de teatro de rua de diferentes regiões brasileiras. Elabore um mapa do Brasil com os nomes das companhias destacados em cada região pesquisada.
Versão adaptada acessível

Atividade 6.

Pesquise outros grupos e companhias de teatro de rua de diferentes regiões brasileiras. Exponha os resultados de sua pesquisa, destacando os nomes das companhias em cada região pesquisada.

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Mapas artístico-afetivos

Mapas são representações gráficas de um espaço real, em uma superfície plana, como um papel. Nesta seção, a proposta é a elaboração de um mapa artístico-afetivo da cidade, que também têm representações espaciais, porém expressam aspectos relacionados ao espaço e às manifestações culturais e artísticas das pessoas que habitam determinados territórios. Além disso, são afetivos na medida em que registram a memória e o modo de vida dos lugares e das pessoas evidenciados nessas representações.

Material

  • Cartolinas e papel Kraft.
  • Canetas hidrocor.
  • Lápis de cor.
  • Lápis grafite.
  • Tinta guache.
  • Pincéis.
  • Tesoura com pontas arredondadas.
  • Cola.
  • Imagens impressas e referências de arte pela cidade (fotografias, ilustrações, montagens etcétera.).
Ilustração. Destaque de um mapa ilustrado que apresenta uma área urbana com destaque para espaços diversos, como MUSEU DE ARTE MODERNA, PRAÇA DO RELÓGIO, TEATRO MUNICIPAL e CONCHA ACÚSTICA.
Ilustração que retrata lugares que poderiam ser inseridos em um mapa artístico-afetivo de uma cidade.
Ícone de atividade em grupo.

Etapa 1 – Projeto do mapa

  1. Sob a orientação do professor, pesquisem os espaços que serão representados no mapa. Nesta etapa, será realizado apenas um rascunho do mapa, em que todas as ideias e primeiras impressões serão incorporadas a ele. Por se tratar apenas de um projeto, é aconselhável não fazer nada definitivo no mapa, como uso de tinta ou colagens. Utilize apenas lápis grafite para sinalizar o que se pede.
  2. Cada grupo tomará a localização da escola como centro do mapa. Ela pode ser identificada por um desenho, símbolo, ícone ou fotografia.
  3. Localizem no mapa os pontos em que cada um mora a partir de uma distância aproximada da escola com uma frase escrita. Exemplo: “Casa da Isabela”, “Casa do Pedro” etcétera.
  4. Assim que o rascunho do mapa estiver com as localizações, representem com recursos visuais os pontos no mapa onde há na cidade algum tipo de obra ou proposição artística. As referências que fazem parte desta unidade devem ser tomadas como base para a escolha – um grafite, uma escultura ou qualquer outro tipo de arte que se apresente em locais públicos da cidade.

Etapa 2 – Definição dos pontos afetivos no mapa

  1. Assim que todos os pontos de referência estiverem definidos, reflitam sobre as seguintes questões das referências incluídas no mapa: aquele monumento é próximo à escola, no centro da cidade ou próximo à sua casa? É ou não é significativo para você? Qual palavra ou frase definiria sua relação ou distanciamento dele? E aquele grafite ou pichação no muro que você viu no trajeto até a escola? Como ele se comunica com você?
  2. Iniciem a escrita de frases curtas ou palavras-chave que identifiquem afetivamente esses pontos do mapa.

Etapa 3 ­– Finalização dos mapas

1. Este é o momento para finalizar os mapas. Utilizem materiais que criem um efeito visual interessante no trabalho (o tipo de papel e o tamanho; o uso de tinta, canetas hidrocor ou lápis de cor; o uso de colagem de imagens etcétera.).

Ícone de atividade oral.

2. Com a orientação do professor, apresentem os mapas a toda a turma. Reservem um momento para conversar sobre as referências de cada mapa, discutindo sobre a visualidade e as ideias de cada trabalho.

Glossário

transeunte
: aquele ou aquilo que passa por algo. Pessoas que andam pelas ruas são transeuntes.
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busto
: parte do corpo da cintura até a cabeça. Estátua que é escultura apenas com essa parte.
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lápide
: pedra com inscrição em memória a alguém.
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obelisco
: monumento arquitetônico com posição vertical.
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Carta Magna
: o mesmo que Constituição; no caso citado no texto, a primeira Constituição do Brasil.
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geodésico
: relativo à geodésia, ciência que estuda a forma e as dimensões da Terra, a posição de pontos sobre sua superfície e a modelagem do campo de gravidade.
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: estilo de dança nascido nas ruas de Nova York, Estados Unidos, que faz parte da cultura hip-hop.
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: tipo de obra, geralmente escultórica, criada e planejada para ocupar um local predeter­minado. A obra ocupa uma área urbana ou um ambiente natural, incorporando-se ao espaço circundante.
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gravura
: desenhos feitos em superfícies de placas de madeira, metal ou pedra que são riscadas ou entalhadas em baixo-relevo, recebem uma camada de tinta e servem como um tipo de carimbo para imprimir imagens.
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fuligem
: É uma camada de pó preto gerada pela queima de materiais combustíveis.
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trupe
: grupo ou companhia de artistas que atuam em conjunto.
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palco italiano
: tipo de palco retangular frontal a uma plateia que é organizada em fileiras, uma atrás da outra.
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itinerância
: qualidade daquilo que se desloca, viaja ou passeia. Exemplo: teatro mambembe é aquele que viaja se apresentando.
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institucional
: ligado a alguma instituição ou organização. Os espaços institucionais são aqueles administrados pelo governo e públicos, como praças, parques, ruas etcétera.
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